Trabalho de Conclusão: NEUROCIÊNCIA APLICADA À ARQUITETURA DE INTERIORES – PROJETOS CORPORATIVOS

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UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

JULIA DE OLIVEIRA CARVALHO

NEUROCIÊNCIA APLICADA À ARQUITETURA DE INTERIORES – PROJETOS CORPORATIVOS

VILA VELHA 2020


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JULIA DE OLIVEIRA CARVALHO

NEUROCIÊNCIA APLICADA À ARQUITETURA DE INTERIORES – PROJETOS CORPORATIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vila Velha, como pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Melissa Ramos da Silva Oliveira.

VILA VELHA 2020


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JULIA DE OLIVEIRA CARVALHO

NEUROCIÊNCIA APLICADA À ARQUITETURA DE INTERIORES – PROJETOS CORPORATIVOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vila Velha, como pré-requisito para a obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Prof. Dra. Melissa Ramos da Silva Oliveira. Aprovado em 09 de dezembro de 2020.

COMISSÃO EXAMINADORA

____________________________________ Prof. Dra. Melissa Ramos da Silva Oliveira Universidade Vila Velha Orientadora

____________________________________ Arq. Esp. Maria Augusta Deprá Bittencourt Universidade Vila Velha Avaliadora

____________________________________ Arq. Esp. Iago Longue Martins Universidade Vila Velha Avaliador


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AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente à Deus, por estar comigo durante toda essa etapa me dando forças, me sustentando e me mostrando o caminho a ser seguido nos momentos difíceis. Agradeço aos meus pais por compreenderem as ocasiões em que não pude estar presente e pela paciência quando o cansaço e o estresse me dominavam. Agradeço também por sempre terem me motivado, amparado e auxiliado com todos os recursos necessários para a conclusão dessa etapa e concretização desse sonho. A minha orientadora Melissa, meus profundos agradecimentos por toda a assistência que foi dada desde o início, pelo entusiasmo e pelo conhecimento que foram compartilhados. Sua orientação foi essencial para a elaboração deste trabalho, todas as experiências trocadas em nossos encontros foram fonte de motivação além de transmitirem segurança e certeza de estar no caminho certo para conclui-lo. Aos meus amigos que se fizeram presentes durante esse percurso, muito obrigada. Serei sempre grata pelo amor e companheirismo de vocês, o que vivemos juntos estará marcado em mim eternamente, foram histórias que me proporcionaram felicidade, amadurecimento e crescimento para a minha vida pessoal e profissional. Agradeço pelo apoio e paciência quando os momentos não foram fáceis, pelas dúvidas que foram prontamente respondidas, pela motivação e por acreditarem na minha competência. Agradeço a todos que ajudaram diretamente e indiretamente para que a conclusão deste trabalho fosse possível. Em especial minha amiga Caroline Rossi, que esteve trabalhando comigo desde o início do desenvolvimento desta pesquisa, que foi companhia quando precisei de amparo assim como nos momentos em que vibramos as vitórias, sua ajuda foi essencial para a finalização desta etapa. Obrigada também a todos que que se prontificaram para auxiliar e se voluntariaram para participar da pesquisa. Dedico esse Trabalho de Conclusão de Curso a mim, por nunca ter desistido do meu sonho e por buscar realizá-lo como sempre acreditei e senti que deveria. Constatando que a Arquitetura vai além de questões estéticas e construções funcionais, mostrando que através dela é possível emocionar e transformar positivamente a vida das pessoas.


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“A tarefa do arquiteto consiste em proporcionar à vida uma estrutura mais sensível.” Alvar Aalto


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RESUMO Este trabalho visa apresentar os impactos fisiológicos, emocionais e comportamentais da arquitetura sobre as pessoas, de modo que seja possível demonstrar a importância que ela possui na vida de seus usuários e como é possível proporcionar melhor qualidade de vida, especificamente nos espaços de trabalho, através da mesma. Inicialmente, busca-se esclarecer como o meio físico é percebido pelo usuário e os efeitos que ele pode gerar no organismo e, em seguida, exemplificase como soluções e definições projetuais podem afetá-los na prática. Na etapa seguinte, o enfoque é direcionado a um experimento de simulação de projeto corporativo em realidade virtual para obter uma comprovação estatística a partir do mapeamento de efeitos físicos, cognitivos e psicológicos dos participantes durante a experiência proposta. Os resultados encontrados demonstram que através de características físicas do ambiente é possível promover diferentes experiências aos usuários. Palavras-chave: ambientes corporativos, neurociência, percepção afetivo-sensorial, Alvar Aalto.


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LISTA DE FIGURAS Figura 01: Esquema Gráfico da neurotransmissão de informações na célula sináptica.......................................................................................................................6 Figura 02: Localização do Lobo Occipital, onde acontece a recepção e interpretação das informações visuais..............................................................................................11 Figura 03: Localização da Amígdala..........................................................................15 Figura 04: Localização do Córtex Insular...................................................................16 Figura 05: Esquema Gráfico do processo de geração de sentimento.........................17 Figura 06: Ambiente “Essencial” 01...........................................................................19 Figura 07: Ambiente “Essencial” 02...........................................................................19 Figura 08: Ambiente “Vital” 01....................................................................................20 Figura 09: Ambiente “Vital” 02....................................................................................20 Figura 10: Ambiente “Transformativo” 01. .................................................................21 Figura 11: Ambiente “Transformativo” 02...................................................................21 Figura 12: Contraste entre as texturas da peça marmorizada e da obra de arte do ambiente “Transformativo”..........................................................................................22 Figura 13: Gráfico personalizado gerado após a experiência dos visitantes na exposição...................................................................................................................22 Figura 14: Ambiente positivo (esquerda) e negativo (direita) da simulação de realidade virtual..........................................................................................................24 Figura 15: Treinamento com simulação de ambiente virtual para os participantes da pesquisa.....................................................................................................................25 Figura 16: Mapas de calor das atividades, o da esquerda é referente a atividade realizada no ambiente positivo, enquanto o da direita é referente a realizada no ambiente negativo......................................................................................................26 Figura 17: UTI Neonatal Genérica..............................................................................27


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Figura 18: Projeto da Unidade Neonatal realizado pelo escritório Arto Arquitetura para o Hospital Santa Casa de Juiz de Fora/ MG......................................................28 Figura 19: Diferentes possibilidades de layout para espaços corporativos................31 Figura 20: Ripas de madeira e vidro sendo utilizados como divisória entre ambientes que permite permeabilidade visual.............................................................................32 Figuras 21 e 22: Divisórias articuláveis......................................................................32 Figura 23: Ambientes compartilhados........................................................................33 Figura 24: Vasos com plantas próximos às estações de trabalho – funcionando como elementos de dissociação...........................................................................................34 Figura 25: Espaços de descompressão integrados com o ambiente de trabalho.......34 Figuras 26 e 27: Mesas com alturas ajustáveis..........................................................35 Figuras 28 e 29: Iluminação sendo utilizada como elemento guia no ambiente, aplicando a técnica de Wayfinding..............................................................................36 Figura 30: Ambiente recebendo iluminação natural...................................................38 Figura 31: Ambiente de trabalho iluminado pela luz do sol.........................................39 Figura 32: Ambiente com predominância de iluminação artificial...............................40 Figura 33: Ambiente recebendo iluminação natural, com presença de vegetação e com design de mobiliário e forro orgânicos.................................................................41 Figura 34: Escritório biofílico com destaque para uso de vegetação na parede verde, no forro e nas prateleiras, além do design dos painéis em madeira presentes nas paredes e no teto........................................................................................................42 Figura 35: Diferentes possibilidades de design de cadeiras.......................................43 Figura 36: Ambiente com forma curva e design orgânico presente nas mesas e no detalhe no teto............................................................................................................44 Figura 37: Luminária Life Lamp..................................................................................45


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Figura 38: Esquema representando o desenvolvimento da peça Life Lamp, com os batimentos cardíacos de um bebê, um adulto e um idoso, e a forma concebida a partir dos sons.....................................................................................................................46 Figura 39: Luminária Life Lamp..................................................................................46 Figura 40: Materiais e Texturas diversas....................................................................47 Figura 41 e 42: Contraste de acabamentos entre a parede com tijolinho rústico aparente e o piso monolítico brilhoso junto as paredes com acabamentos brilhosos.....................................................................................................................48 Figura 43: Diferença entre dois trechos de um mesmo ambiente, sendo que à esquerda a parede possui um acabamento liso com pintura e à direita o assentamento de tijolinho rústico com aspecto áspero.......................................................................49 Figura 44: Exemplos de acordes cromáticos e seus significados...............................52 Figura 45 e 46: Sanatório Paimio, projetado em 1929-33.........................................54 Figura 47: Igreja de Riola, projetada em 1966-80.....................................................55 Figura 48: Igreja de Riola, projetada em 1966-80.....................................................55 Figura 49: Villa Mairea, projetada em 1937-39, com destaque para o interior da casa com grandes aberturas, vegetação nas paredes e aplicação da madeira no piso e no forro............................................................................................................................56 Figura 50: Fachada externa Studio Aalto...................................................................57 Figura 51: Pátio interno Studio Aalto..........................................................................58 Figura 52: Pátio interno Studio Aalto..........................................................................58 Figura 53: Funcionários utilizando o pátio interno......................................................58 Figura 54: Planta Baixa térreo e primeiro pavimento Studio Aalto..............................59 Figura 55: Visão voltada para uma das portas de acesso ao Studio...........................60 Figura 56 e 57: Sala de descanso e Refeitório...........................................................60


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Figura 58 e 59: Parede curva com aberturas voltadas para o pátio interno................61 Figura 60: Pendentes desenhados por Aalto.............................................................62 Figura 61: Sala principal............................................................................................63 Figura 62: Sala de conferência...................................................................................64 Figura 63: Sacada inclinada com abertura no teto para entrada de luz......................64 Figura 64: Iluminação natural da sala de desenho.....................................................65 Figura 65: Janelas da sala de desenho e suas vistas para o meio externo.................65 Figura 66: Luminárias nas mesas e paredes..............................................................66 Figura 67: Modelagem 3D Sala de desenho – Projeto Original Studio Aalto..............68 Figura 68: Modelagem 3D Sala de desenho – Projeto Original Studio Aalto..............69 Figura 69: Modelagem 3D Sala de desenho – Projeto Original Studio Aalto..............69 Figura 70: Modelagem 3D Sala de conferência – Projeto Original Studio Aalto..........70 Figura 71: Modelagem 3D Sala de desenho – Projeto Original Studio Aalto..............70 Figura 72: Modelagem 3D Sala de conferência – Projeto Original Studio Aalto..........71 Figura 73: Modelagem 3D Sala de conferência – Projeto Original e Propostas Elaboradas.................................................................................................................71 Figura 74: Acorde Cromático Aconchegante..............................................................72 Figura 75: : Proposta Aconchegante – Sala de desenho............................................73 Figura 76: Proposta Aconchegante – Sala de desenho e de conferência, respectivamente.........................................................................................................73 Figura 77: Proposta Aconchegante – Sala de desenho..............................................74 Figura 78: Proposta Aconchegante – Sala de desenho..............................................75


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Figura 79: Proposta Aconchegante – Sala de conferência.........................................75 Figura 80: Proposta Aconchegante – Sala de desenho..............................................76 Figura 81: Resumo da proposta Aconchegante – Imagens sala de desenho e de conferência.................................................................................................................76 Figura 82: Acorde Cromático Excitante......................................................................77 Figura 83: Proposta Excitante – Sala de desenho......................................................77 Figura 84: Proposta Excitante – Sala de conferência.................................................78 Figura 85: Proposta Excitante – Sala de desenho......................................................79 Figura 86: Proposta Excitante – Sala de desenho......................................................80 Figura 87: Proposta Excitante – Sala de conferência.................................................80 Figura 88: Proposta Excitante – Sala de desenho......................................................81 Figura 89: Resumo da proposta Excitante – Imagens sala de desenho e de conferência.................................................................................................................81 Figura 90: Acorde Cromático Tranquilo......................................................................82 Figura 91: Proposta Tranquila – Sala de desenho......................................................82 Figura 92: Proposta Tranquila – Sala de conferência.................................................83 Figura 93: Proposta Tranquila – Sala de desenho......................................................83 Figura 94: Proposta Tranquila – Sala de desenho......................................................84 Figura 95: Proposta Tranquila – Sala de conferência.................................................85 Figura 96: Proposta Tranquila – Sala de desenho......................................................86 Figura 97: Resumo da proposta Tranquila – Imagens sala de desenho e de conferência.................................................................................................................86


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Figura 98: Resumo modelagem 3D sala de desenho – Projeto Original e Propostas Elaboradas.................................................................................................................87 Figura 99: Resumo modelagem 3D sala de desenho – Projeto Original e Propostas Elaboradas.................................................................................................................88 Figura 100: Resumo modelagem 3D sala de conferência – Projeto Original e Propostas Elaboradas................................................................................................89 Figura 101: Voluntária 1 Participando da Primeira Etapa da pesquisa.......................92 Figura 102: Resumo da apresentação do vídeo A......................................................93 Figura 103: Pergunta 01 - Questionário.....................................................................95 Figura 104: Pergunta 02 – Questionário.....................................................................96 Figura 105: Pergunta 03 - Questionário.....................................................................97 Figura 106: Pergunta 04 - Questionário.....................................................................98 Figura 107: Pergunta 05 - Questionário.....................................................................99 Figura 108: Pergunta 06 - Questionário...................................................................100 Figura 109: Pergunta 07 - Questionário...................................................................100 Figura 110: Pergunta 08 – Questionário...................................................................101 Figura 111: Pergunta 09 - Questionário...................................................................102 Figura 112: Dispositivo Eye-Tracker da marca Pupil Lab.........................................103 Figura 113: Calibração do dispositivo Eye-tracker...................................................104 Figura 114: Cena da Proposta Tranquila com código QR para leitura do equipamento de eye-tracker...........................................................................................................104 Figura 115: Análise cena 01: sala de desenho – projeto original e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente......................................................106


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Figura 116: Análise cena 02: sala de desenho – projeto original e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente......................................................107 Figura 117: Análise cena 03: sala de conferência – projeto original e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente......................................................108 Figura 118: Análise cena 01: sala de desenho – proposta aconchegante e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente.............................................109 Figura 119: Análise cena 02: sala de desenho – proposta aconchegante e Mapa de Calor referente a voluntária 6....................................................................................110 Figura 120: Análise cena 02: sala de conferência – proposta aconchegante e Mapa de Calor referente a voluntária 6...............................................................................111 Figura 121: Análise cena 01: sala de desenho – proposta excitante e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente......................................................112 Figura 122: Análise cena 02: sala de desenho – proposta excitante e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente......................................................113 Figura 123: Análise cena 02: sala de conferência – proposta excitante e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6 respectivamente..............................................114 Figura 124: Análise cena 01: sala de desenho – proposta tranquila e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente......................................................115 Figura 125: Análise cena 02: sala de desenho – proposta tranquila e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente......................................................116 Figura 126: Análise cena 02: sala de conferência – proposta tranquila e Mapa de Calor referente a voluntária 6....................................................................................117 Figura 127: Comparação entre o forro orgânico em madeira e a laje branca inclinada...................................................................................................................118

Figura 128: Comparação entre as divisórias de mesas e ambientes........................119

Figura 129: Comparação entre cores semelhantes e sensações diferentes............119


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LISTA DE TABELAS Tabela 01: Cores, seus significados psicológicos e efeitos nos espaços....................50 Tabela 02: Gráfico referente as respostas da pergunta 01.........................................94 Tabela 03: Gráfico referente as respostas da pergunta 02.........................................95 Tabela 04: Gráfico referente as respostas da pergunta 03.........................................96 Tabela 05: Gráfico referente as respostas da pergunta 04.........................................97 Tabela 06: Gráfico referente as respostas da pergunta 05.........................................98 Tabela 07: Gráfico referente as respostas das perguntas 06 e 07..........................100 Tabela 08: Gráfico referente as respostas das perguntas 08 e 09..........................101


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LISTA DE ABREVIATURAS CIE - Comission Internationale de L’Eclairage (Comissão Internacional de Iluminação). FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. IRC - Índice de Reprodução de Cor. PNE – Portador de Necessidades Especiais. UTIN - Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. OMS – Organização Mundial da Saúde.


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SUMÁRIO INTRODUÇÃO.............................................................................................................1 OBJETIVOS.................................................................................................................2 Objetivo Principal..........................................................................................................2 Objetivos Secundários..................................................................................................2 1 CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS................................................................................3 1.1 Arquitetura e Neurociência......................................................................................3 1.1.1 A Arquitetura e a Psicologia.......................................................................4 1.2 Aspectos cognitivos – sentidos, emoções e sentimentos........................................7 1.2.1 Sentidos....................................................................................................7 1.2.2 Emoções.................................................................................................12 1.2.3 Sentimentos............................................................................................15 1.3 Estudos de caso – neurociência e arquitetura em espaços internos......................18 1.3.1 A Space for Being – Teste perceptivo com a utilização de pulseira..........18 1.3.2 Where do We Look – Teste perceptivo com a utilização de Eye Tracker..23 1.3.3 Unidade de Terapia Intensiva Neonatal...................................................27 2 ESPAÇOS CORPORATIVOS.................................................................................29 2.1 Projeto arquitetônico e critérios de projeto............................................................29 2.1.1 Definição de Layout.................................................................................30 2.1.2 Iluminação...............................................................................................37 2.1.3 Biofilia......................................................................................................40


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2.1.4 Design de Objetos e Mobiliários..............................................................43 2.1.5 Materiais e Texturas................................................................................47 2.1.6 Cores.......................................................................................................49 3 STUDIO AALTO......................................................................................................55 3.1 Alvar Aalto ............................................................................................................55 3.2 Studio Aalto – Leitura Arquitetônica......................................................................58 4 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO INTERNA NO STUDIO AALTO........................68 4.1 Projeto Original ....................................................................................................69 4.2 Proposta Aconchegante .......................................................................................73 4.3 Proposta Excitante ...............................................................................................78 4.4 Proposta Tranquila ...............................................................................................83 5 MÉTODO, RESULTADOS E DISCUSSÕES...........................................................91 5.1 Participantes.........................................................................................................91 5.2 Primeira Etapa – Percepção Espacial Neuro Científica através dos vídeos .......91 5.2.1 Metodologia ...........................................................................................91 5.2.2 Análise ...................................................................................................94 5.3 Segunda Etapa – Percepção Espacial Neuro Científica com Dispositivo Eye– Tracker ....................................................................................................................102 5.3.1 Metodologia .........................................................................................102 5.3.2 Análise .................................................................................................104 5.4 Considerações ...................................................................................................116 CONCLUSÃO .........................................................................................................121


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................123 REFERÊNCIAS DE FIGURAS ................................................................................129


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Introdução O estudo da Neurociência aplicada à Arquitetura é uma área de pesquisa recente e que têm despertado o interesse de estudiosos a respeito do assunto. Analisar e entender como o espaço é capaz de influenciar as pessoas, a forma como se sentem, o que pensam e como agem é um ponto importante capaz de contribuir na qualidade do espaço que será projetado e vivenciado. A escolha do ambiente corporativo para a aplicação desse estudo aconteceu porque, baseando-se em uma realidade de trabalho presencial em empresas, os escritórios são locais onde as pessoas passam grande parte do seu dia. Pensando nisso, o que se espera desses ambientes é que sejam agradáveis, que acolha seus usuários assim como os estimule a produzir, que os permitam criar laços com estes da mesma forma como são criados com suas casas ou outros espaços de afeto. Demonstrar também que o ambiente de produção, seja um escritório pequeno, uma grande empresa ou até um espaço de home office, não precisa ser estressante ou desestimulante, que é possível propor através da arquitetura um projeto que permita aos seus usuários ter prazer e sentir-se feliz enquanto trabalha, com um ambiente que influencie na criatividade e produtividade, e que também possibilite uma melhor qualidade de vida e trabalho para quem está inserido nele. Considerando isso, buscaremos analisar e evidenciar como escolhas e definições projetuais podem impactar diretamente na qualidade de vida das pessoas, nas suas sensações, ações, emoções e sentimentos, e especificamente nesse caso, no rendimento das pessoas no seu local de trabalho. A partir desse estudo, serão elaboradas diferentes propostas projetuais para um mesmo escritório com o objetivo de analisar como cada uma delas impacta as pessoas. Para isto foi escolhido o escritório Studio Aalto, desenvolvido pelo Alvar Aalto, como base de estudo e de projeto devido as características de design humanista aplicadas pelo arquiteto. Também será realizada uma pesquisa com apresentação em vídeo, realização de questionários e análises de imagens com dispositivo de rastreamento ocular (EyeTracker) com voluntários para validação dos estudos e projetos desenvolvidos. Deste modo, será possível entender e relacionar a forma como as pessoas se sentem e atuam no espaço onde estão inseridas.


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Objetivos Objetivo principal Este trabalho tem como objetivo estudar e analisar os impactos psicológicos e sensoriais que a arquitetura de interiores proporciona nos usuários em seu ambiente de trabalho. Visando entender como a disposição do layout de um projeto; a escolha de cores, formas, materiais; e a iluminação natural e artificial de um espaço impactam na produtividade e na qualidade de vida das pessoas. Objetivos secundários A fim de alcançar o objetivo geral proposto, serão desenvolvidas ações específicas que visam: a) A partir da teoria da neurociência, compreender os mecanismos cerebrais vinculados às emoções, sentimentos e cognição. b) Correlacionar esses conceitos à arquitetura, neurociência e projeto de interiores. c) Compreender os métodos de rastreamento ocular - Heat Maps e Scan path visualization. d) Estudar sobre os espaços corporativos e os principais critérios de projeto utilizados. e) Conhecer o projeto do Studio Aalto e seu design moderno e humanista. f) Mapear o comportamento dos dados físicos, cognitivos e fisiológicos dos voluntários durante a visualização do projeto do Studio Aalto. g) Fazer adaptações projetuais no Studio Aalto buscando desenvolver propostas que

causem

diferentes

experiências

nos

voluntários

e

mapear

o

comportamento dos dados físicos, cognitivos e fisiológicos dos mesmos. h) Realizar uma pesquisa com voluntários para analisar e validar os estudos e propostas projetuais desenvolvidas. i) Interpretar e analisar as informações obtidas nas pesquisas.


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1 Considerações teóricas Nesse capítulo será feita uma breve introdução sobre Arquitetura e Neurociência, demonstrando como a união dessas duas áreas de estudo deram origem a NeuroArquitetura. Também será explicado de maneira mais aprofundada como os sentidos, as emoções e os sentimentos humanos são influenciados pelo ambiente construído, a forma como isso acontece e os efeitos gerados a partir da interação usuário-espaço. Ao final serão apresentados alguns estudos de caso que auxiliarão na comprovação das teses teóricas descritas a respeito da arquitetura e dos impactos fisiológicos e emocionais causados por ela. 1.1 Arquitetura e neurociência A arquitetura já foi vista, criada e interpretada de formas diferentes, variando desde um espaço funcional que serviria como abrigo a intempéries e perigos externos, até uma forma de expressar através da sua estrutura e estética o luxo e poder de grandes famílias, governos e religiões. Muito se evoluiu a respeito de formas, materialidades e técnicas arquitetônicas, porém pouco foi estudado sobre como isso impacta fisiologicamente quem vivencia aquele espaço. A neurociência, explicando brevemente, é uma área de estudo da ciência voltada à compreensão do sistema nervoso e do cérebro humano, que abrange conhecimentos técnicos sobre as áreas cerebrais e os neurônios. O que mais nos interessa para esse trabalho é avaliar como a arquitetura influencia o comportamento, os sentimentos e as emoções humanas. A união entre essas duas áreas distintas deu origem à NeuroArquitetura (PAIVA, 2020), um termo recente usado para definir o estudo da Neurociência aplicada a Arquitetura. A neuroarquitetura busca entender o funcionamento cerebral e analisar nossas reações sensoriais e fisiológicas diante de uma obra arquitetônica, seja ela em pequena ou grande escala. O estudo da neuroarquitetura tem um papel importante para auxiliar os arquitetos no momento de projetar um espaço ou edificação. A consciência de que cada obra gera um impacto sobre seus usuários, de como isso acontece e quais são esses impactos poderá transformar a forma de projetar dos arquitetos. Projetar muito além da estética e funcionalidade, e pensar nas


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relações ocultas e às vezes inconscientes entre o espaço e o homem torna-se um desafio de projetos que buscam utilizar princípios da neurociência. Segundo a psicóloga Marivania Bocca em entrevista para o site Lori Crizel, “As pessoas se relacionam com o mundo por meio de um processo dialético de interiorização do exterior e de exteriorização do interior.” (CRIZEL, 2019). A citação introduz ao assunto, pontuando que cada espaço interfere no seu usuário, em seu comportamento psíquico e fisiológico e, em como interpreta e sente cada lugar. Consequentemente, a variação de ambientes gera também a variação de comportamentos, invocando personas1 diferentes de seus usuários em cada momento e lugar. As aplicações da NeuroArquitetura estão presentes desde a definição de layout, condições de iluminação, escala e proporção, até a escolhas de cores, formas e materiais (PAIVA, 2019). Essas são definições que afetam diretamente a interrelação com o espaço e como ele será interpretado interiormente (sensações e reações) por cada um. Para entender como o meio físico se relaciona com o homem e como ele pode interferir nas respostas cerebrais do usuário, é necessário analisar de maneira mais aprofundada os elementos projetuais e a minuciosidade das ligações neuronais. 1.1.1 A Arquitetura e a Psicologia O objetivo de nossos edifícios ainda é visto com demasiada frequência em termos de desempenho funcional, conforto físico, economia, representação simbólica ou valores estéticos. No entanto, a tarefa da arquitetura se estende além de suas dimensões materiais, funcionais e mensuráveis, e até além da estética, até a esfera mental e existencial da vida. Além disso, a arquitetura praticamente sempre tem um impacto e significado coletivos. Os edifícios não fornecem apenas abrigo físico ou facilitam atividades distintas. Além de abrigar nossos corpos e ações frágeis, eles também precisam abrigar nossas mentes, memórias, desejos e sonhos. Nossos prédios são extensões cruciais de nós mesmos, individual e coletivamente. Os edifícios mediam entre o mundo e nossa consciência, internalizando o mundo e exteriorizando a mente (PALLASMAA, 2013, p.7-8, tradução)2.

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Persona é uma versão de cada pessoa, um personagem que vai agir de forma diferente dependendo de estímulos externos como o lugar onde está, a forma como está vestido ou as pessoas que estão ao seu redor. Cada pessoa possui várias personas diferentes de si. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=yuhY1aWwHTI>. Acesso em: 19 Mai 2020. 2

The purpose of our buildings is still too often seen narrowly in terms of functional performance, physical comfort, economy, symbolic representation, or aesthetic values. However, the task of architecture extends beyond its material, functional, and measurable dimensions, and even beyond aesthetics, into


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A arquitetura é uma disciplina híbrida (PALLASMAA, 2013), que mistura em si e trabalha simultaneamente as técnicas e tecnologias construtivas, as particularidades e os detalhes na escolha de cada elemento estético do projeto. Todos esses aspectos atuam junto a análise de todas as necessidades, desejos e anseios do homem. Ao se iniciar um trabalho, o primeiro contato do arquiteto é com o cliente, isso porque lidar com pessoas é o elemento principal dos projetos. A arquitetura vai além de criar e atender listas de necessidades, também há uma psicologia inserida nela. Escutar histórias, entender hábitos e crenças têm grande importância, pois são eles que nos permitem identificar a persona que será alcançada naquele trabalho em específico. Cada novo projeto, assim como cada pessoa, é único, tem suas particularidades e complexidades, são comportamentos, hábitos e personalidades que precisam ser compreendidos e transferidos para o mundo físico no momento de projetar. Quando o arquiteto foca no ser humano e visa a persona a quem quer atingir, ele se sensibiliza e entende que cada escolha feita levará a uma consequência que poderá se aproximar ou se afastar da atmosfera que deseja ser criada. A

arquitetura

carrega

consigo

mensagens

que

são

passadas

inconscientemente para seu usuário, e cada mensagem pode ser interpretada de uma forma diferente por cada observador. A forma como o meio físico impacta e gera significados diferentes em cada pessoa está diretamente ligado a história pessoal e única de cada um (ELLARD, 2015). Tudo o que foi vivido e experienciado por alguém faz parte da memória e, como foi dito no livro E o cérebro criou o Homem por António Damásio, “todas as nossas memórias, herdadas da evolução e disponíveis já quando nascemos ou adquiridas depois pelo aprendizado – existem no cérebro sob a forma dispositiva, aguardando para tornar-se imagens explicitas ou ações.” (DAMÁSIO, 2011, p.188). O conhecimento está implícito, codificado, é como se estivesse inativo até o momento em que uma experiência é vivida e inconscientemente ela se liga a algo que já foi experimentado anteriormente, ativando nossa memória e acessando as informações. Dessa forma é possível entender como acontece esse processo que

the mental and existential sphere of life. Besides, architecture has practically always a collective impact and meaning. Buildings do not merely provide physical shelter or facilitate distinct activities. In addition to housing our fragile bodies and actions, they also need to house our minds, memories, desires, and dreams. Our buildings are crucial extensions of ourselves, both individually and collectively. Buildings mediate between the world and our consciousness through internalizing the world and externalizing the mind. (PALLASMAA, 2013, p. 7-8)


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relaciona momentos passados com o presente e que interfere diretamente na interpretação de cada espaço. A construção da memória passa por um processo de registro e conservação de informações. Ao experimentar uma nova experiência o cérebro recebe a informação, os neurônios codificam-nas através de sinapses3 e a partir disso acontece o armazenamento e conservação delas. A memória pode ser de curto ou longo prazo, o que irá influenciar nessa classificação são as emoções e experiências sensoriais relacionadas às informações que serão codificadas. Quanto mais complexa, diversificada e marcante forem as emoções sentidas na experiência, mais ligações sinápticas acontecerão e mais consolidada será essa memória (LIVE, 2020). Figura 01: Esquema Gráfico da neurotransmissão de informações na célula sináptica.

Fonte: Medicina Explicada, 2014.

O homem é um ser sensorial, movido por experiências e emoções, e a arquitetura tem um papel importante sendo capaz de influenciar no seu comportamento. Através dela é possível produzir atmosferas e ambientes que

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Sinapse é uma zona do neurônio responsável por realizar a neurotransmissão de informações através de impulsos nervosos; esse processo de neurotransmissão também leva o nome de sinapse. (TRISTÃO, 2019)


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despertem determinadas sensações, gerando emoções que permitem criar conexões entre as pessoas e os lugares. Todas as características sensoriais provocadas pelo espaço físico têm o poder de alterar o estado emocional e, consequentemente, o comportamento das pessoas, mas nem sempre isso acontece de forma consciente. Nos tópicos seguintes será aprofundado no assunto para entender como isso, de fato, acontece. 1.2 Aspectos cognitivos – sentidos, emoções e sentimentos 1.2.1 Sentidos Os sentidos humanos podem ser analisados como “canais de sensação” ou como “sistemas perceptivos”, isso segundo o psicólogo James Jerome Gibson em seu livro The Senses Considered as Perceptual Systems. Essa classificação considera que os sentidos vão além de canais de captação de informações do meio exterior, Gibson (1966) defende a ideia dos sistemas perceptivos por acreditar que sentir seja detectar alguma coisa, e não somente experimentar uma sensação. Nossas experiências diárias são mediadas pelo entorno material e suas formas, sons, odores, cores, sabores, texturas, temperaturas. As coisas e os espaços que nos rodeiam são expectadores, coadjuvantes e muitas vezes personagens principais de nossas ações diárias. (...) Os espaços e as coisas que nos cercam estabelecem significados sobre nós mesmos (NEVES, 2017, p.7).

Considerando

essa

classificação,

busca-se

compreender

como

esse

entendimento do meio acontece. Tradicionalmente é ensinado que os sentidos podem ser divididos em: visão, tato, paladar, olfato e audição, mas isso não significa que essas sejam as únicas formas perceptivas e que funcionem isoladamente. Gibson (1966) criou uma divisão para categorizá-los em sistemas, sendo eles: sistema paladar-olfato, sistema háptico, sistema básico de orientação, sistema auditivo e sistema visual. Essa abordagem possui uma perspectiva que agrupa alguns sentidos e traz novas categorias que contribuem para a percepção espacial do todo. A seguir será apresentado e explicado como funciona cada um desses sistemas segundo a abordagem de Gibson (1966), pontuando informações relevantes segundo a visão projetual.


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Sistema Paladar-Olfato O sistema paladar-olfato unifica dois sentidos diferentes, isso porque, em relação à percepção do ambiente, os dois atuam de maneira conjunta. Não é possível separar a experiência do paladar da experiência do olfato, eles estão tão intimamente vinculados que, por exemplo, se a pessoa está gripada ou com o nariz entupido, tem dificuldade para perceber e sentir os sabores dos alimentos. O paladar está relacionado ao ato de alimentar-se para sobrevivência ou prazer, à experimentação de sabores e, como destacado por Gibson (1966), esse sentido relaciona a ação de comer à experiência que o acompanha. Sentir os sabores e transmitir as informações é a principal função do paladar, mas a socialização e a troca de si com pessoas, lugares e com a comida são partes marcantes e envolventes daquela vivência. E é por esse motivo que em algumas situações, ao comer um prato específico, automaticamente faz relembrar de certos momentos e pessoas. O olfato é um sentido involuntário e, diferente de outros, não precisa ser interpretado, apenas sentido. Através dele é possível se comunicar, definir personalidades e marcar momentos. Ao sentir um odor, é possível evocar memórias e sentimentos em segundos. Esse sistema, ao ser utilizado em projetos, tem o poder de promover a socialização, aflorar emoções, resgatar memórias e criar conexões com os espaços. Sistema Háptico O sistema háptico está relacionado ao tato, ao toque, a percepção de temperatura e umidade, e à cinestesia. Iniciando com uma análise de Juhani Pallasmaa (2011) sobre o tato, o arquiteto argumenta que esse seria responsável pela conexão com o próprio corpo. O toque é um dos sentidos mais íntimos, para experimentá-lo é necessário estar em contato direto com um objeto. E, através do toque em materiais naturais, é possível remeter à conexão com a natureza, quanto mais diversas e naturais forem as texturas dos objetos, mais enriquecedora será a experiência tátil. Para iniciar a explicação sobre temperatura e umidade, utiliza-se a indagação da arquiteta Lisa Heschong (1979, p. 59-61) que leva ao questionamento sobre a realidade dos projetos:


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“Ninguém gostaria de um mundo monocromático – então porque só ter uma temperatura em todos os lugares?” A preocupação prioritária voltada à visão nas decisões projetuais é uma realidade em muitos dos projetos atuais, mas a arquiteta leva ao questionamento de que, se a ideia da monotonia visual desagrada, por que a monotonia na temperatura constante não? A variação da umidade e das temperaturas permite uma gama de possibilidades de estímulos, e através da alteração deles em determinados pontos do ambiente é possível despertar sensações, ampliando a relação do usuário com o espaço construído. E, mesmo sendo uma experiência ora ativa, ora passiva, o contato com a temperatura e umidade enriquece a experiência, principalmente quando está associado ao toque e a outros sentidos. Utilizar da ajuda de recursos visuais, por exemplo, permite imaginar sobre a temperatura de um objeto, mesmo sem entrar em contato direto com ele. Materiais com texturas felpudas, remetem a algo quente, enquanto superfícies metálicas, remetem a temperaturas menores. Cinestesia diz respeito à sensibilidade dos movimentos do corpo, envolvendo a posição, o deslocamento e a percepção da sensação dos movimentos (NEVES, 2017). A consciência da cinestesia acontece através do mapeamento e leitura das informações do movimento muscular. Ela proporciona a percepção do espaço, seu tamanho, suas distâncias e sua composição. A cinestesia se difere do tato pois, ao invés de suas informações serem adquiridas com o toque direto, são obtidas com todas as contrações musculares que envolveram o movimento para que àquele contato acontecesse. Segundo as análises de Malnar e Vodvarka (2004), o sistema háptico reúne elementos semelhantes e complementares, envolvendo desde o movimento para o contato com algum objeto, o contato de fato e a experimentação de texturas das superfícies, assim como temperatura e umidade delas. O projeto voltado a esse sistema permite que, manipulando as variáveis, seja possível ativar estados de alerta, mas também o relaxamento do corpo. Sistema básico de orientação De acordo com Gibson (1966), o sistema básico de orientação envolve a percepção do espaço através da relação do corpo humano com os planos dimensionais. Esse sistema é complementado pelo sentido da visão, porém não é


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dependente do mesmo, atuam em conjunto para melhor entendimento do meio físico, de suas características, escalas e proporções. Também é responsável pelo equilíbrio corporal e pelo norteamento espacial, interferindo no senso de direcionamento dentro de um ambiente. O entendimento da escala arquitetônica implica medir inconscientemente um objeto ou um prédio a partir do próprio corpo e projetar-se no espaço em questão. Desta maneira, sentimos prazer e proteção ao percebermos a ressonância do corpo no espaço. (PALLASMAA, 2011, p. 67).

Alterar inclinações e proporções dimensionais deixam o corpo em um estado mais sensível e, em busca de retomar seu equilíbrio, estabilidade e noção espacial, o força a direcionar sua atenção para o sistema de orientação. O sistema pode ser utilizado como estratégia projetual modificando o foco de percepção do usuário enquanto ele circula por um espaço. Alternar entre a regularidade e irregularidade dos planos e objetos permite direcionar a atenção das pessoas para esses pontos especificamente, além de influenciar na experiência que a pessoa terá no ambiente, modificando a agilidade ao percorrer o mesmo, e as sensações de segurança ou insegurança e estabilidade ou instabilidade que serão provocadas. Sistema Auditivo O sistema auditivo está presente e ativo desde o útero materno, os sons corporais internos, como o que é produzido pelos batimentos do coração da mãe, permitem que o bebê se sinta seguro (ACKERMAN, 1991). A visão é o sentido do observador solitário, enquanto a audição cria conexão e solidariedade; nosso olhar vaga solitariamente nas profundezas escuras de uma catedral, mas o som do órgão nos faz imediatamente experienciar nossa afinidade com o espaço. [...] O eco dos passos numa rua asfaltada tem um valor emocional, pois o som reverberando das paredes à nossa volta nos coloca em interação direta com o espaço; o som mede o espaço e faz com que sua escala seja compreensível (PALLASMAA, 2011, p. 51).

A audição, assim como outros sistemas, é responsável pela percepção espacial. Através dela é possível escutar um som, detectar a natureza do mesmo e direcionar-se pelo espaço através dele. Junto a isso, segundo Ackerman (1991), os sons são importantes para interpretar, comunicar e expressar o mundo. Um projeto voltado para o sistema auditivo preocupa-se com todos os sons que poderão se propagar pelo ambiente, com a música que será reproduzida e com os


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barulhos resultantes da interação entre a pessoa e os objetos e materiais existentes; além do cuidado com a forma como esse som será propagado e reverberado no mesmo. Sistema visual O sistema visual é considerado responsável por cerca de 80% da percepção do ambiente (CRIZEL, 2020), e quase metade do córtex cerebral é voltada para processar informações obtidas por ele (EBERHARD, 2009). Através dele é possível ler tudo o que está no meio físico, as cores, texturas, formas e, também nos informa sobre profundidade, localização, movimentos e distâncias (SILVA, 2010). Um ponto importante para a visão é a presença de luz. Para conseguir ver um objeto, é necessário que a luz seja refletida por ele pois, desta forma, será possível identificar o tamanho, forma, cores e sua localização no espaço. Assim como a iluminação é necessária para enxergar um objeto, é através das células da retina que será possível que a percepção dele aconteça. Ao olhar um objeto e/ou elemento as células da retina são estimuladas, decodificando a imagem que foi vista e, as mesmas, transmitem as informações para o córtex visual, no lobo occipital. Nele acontecerá a recepção e interpretação das informações visuais, dando sentido ao que foi visto (EBERHARD, 2009). Figura 02: Localização do Lobo Occipital, onde acontece a recepção e interpretação das informações visuais.

Fonte: Kenhub. Adaptado pelo autor, 2020.

Existe uma gama de possibilidade para impactar esse sistema por meio de definições projetuais, isso devido as suas diferentes formas de leitura do espaço. E, por isso, ele também possui um papel importante complementando a percepção de


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outros sentidos. “Somos, enfim, vários sentidos além da visão. Somos emoção.” (NEVES,2017, p.17). Cada experiência arquitetônica é multissensorial; qualidades do espaço, matéria e escala são medidas igualmente pelos olhos, ouvidos, nariz, pele, língua, esqueleto e músculos. Arquitetura reforça a experiência existencial, a sensação de estar no mundo [...] (PALLASMAA, 2011, p. 41).

Entender todos esses sentidos e sistemas humanos significa também compreender que, apesar de serem classificados como itens diferentes, todos eles atuam em conjunto, complementando um ao outro. E, por não agirem isoladamente, eles trabalham dando “pistas sensoriais” (NEVES, 2017) um ao outro, ajudando a melhorar a percepção do ambiente. Projetar a arquitetura sensorial é também projetar uma atmosfera que desperta determinadas reações e emoções. A arquitetura que busca ativar todos os sentidos e que harmoniza as “pistas sensoriais” cria experiências memoráveis para os usuários, capazes de modificar profundamente quem as experimenta. As atmosferas são intangíveis,

imensuráveis,

incontroláveis e

efêmeras

(NEVES,

2017).

São

impactantes, marcantes e pessoais. Os estímulos sensoriais podem surgir como resultado das ações no ambiente ou também, serem impostos por ele. Cada um percebe e sente o espaço e a sua atmosfera de forma diferente, sendo influenciado por suas vivências, suas crenças e pelo seu estado de espírito naquele determinado momento. As pessoas não estão sensíveis às experiências a todo instante ou da mesma forma. Às vezes elas sequer são percebidas, mas ainda assim são sentidas pelos corpos e mentes. 1.2.2 Emoções Damásio (2010; 2012) descreve que as emoções são respostas corporais à estímulos externos e internos, que acontecem de forma inconsciente. Podem refletir em expressões faciais, mudanças posturais e até alterações nas vísceras e em outras partes internas do corpo. É uma experiência diretamente relacionada aos sentidos, sendo multissensorial, e podendo ser influenciada pelo campo ambiental (o ambiente construído), ou por processos fisiológicos e mentais. Segundo Damásio (2012), as emoções são divididas em emoções primárias, secundárias e emoções de fundo. Emoções primárias são aquelas emoções universais, inatas a todo ser humano. São comuns a todos, independentemente de


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crenças e valores culturais. São facilmente identificadas por serem espontaneamente demonstradas em expressões faciais. Algumas delas: alegria, raiva, surpresa e medo. Já as emoções sociais ou secundárias variam com fatores socioculturais, são respostas à ação de outros seres, dependem da cultura, da experiência prévia e da época em que a pessoa está inserida. Como é apresentado por Damásio (2010), as emoções secundárias surgem a partir de uma relação entre o comportamento e o seu significado emocional, que pode variar sendo apropriado a um determinado contexto, porém ilógico em outro. E, por último, as emoções de fundo. Damásio (2010) descreve que essas normalmente são desencadeadas por circunstâncias internas, às vezes são resultado da exposição contínua a um estímulo externo ou até respostas corporais a doenças. Estão relacionadas ao estresse, calma, bem-estar e mal-estar. A arquitetura tem uma forte influência nas emoções humanas, através de características no espaço físico como tamanhos de objetos, formatos, cores, texturas, temperaturas, cheiros e outros, ativamos certos receptores sensoriais, criando gatilhos que induzem o cérebro a reagir com um estado emocional específico no usuário. A emoção também atua como um “filtro” sobre o qual analisamos o mundo, sendo capaz de transformar a nossa percepção do ambiente. Funciona da seguinte forma, a pessoa está em um estado emocional inicialmente, ela entra em contato com o ambiente, o mesmo a impacta emocionalmente e esse impacto gera uma transformação na percepção do espaço e consequentemente na experiência e comportamento que a pessoa terá no mesmo. A todo momento a maneira como o mundo é visto e interpretado está sendo influenciada pelas emoções, elas são consideradas passageiras e podem ser alteradas de acordo com a forma como o ambiente é organizado, pensando em como estimular os receptores sensoriais para, como resultado, obter uma resposta emocional e comportamental diferente. Altera-se o filtro emocional, a percepção e consequentemente a experiência que o usuário terá naquele ambiente. Além disso, esse filtro também é capaz de alterar o comportamento das pessoas e influenciar na tomada de decisões.


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A criação de espaços com começo, meio e fim são importantes para gerar essa mudança dos filtros emocionais e as pessoas conseguirem perceber o espaço e obter uma experiência da maneira como foi pensado e projetado. As emoções, além de todas as suas funções, biologicamente são vistas como uma forma de auxiliar na regulação e adaptação do corpo ao ambiente. Percebemos as características do espaço, o cérebro analisa as informações e há uma resposta fisiológica para se adaptar a essa condição. Através dos receptores sensoriais o corpo recebe as informações e, se percebemos uma ameaça ou um estímulo de prazer por exemplo, o corpo responde alterando a temperatura corporal, a frequência cardíaca, a contração muscular e, são através dessas mudanças que também se torna possível fazer as análises por meio de equipamentos (que será explicado mais a frente) para estudar e entender como o espaço impacta o seu usuário. O contraste entre nossas reações nos espaços pode ser lido em nossos corpos. É percebido em nossa postura, nos padrões de movimento dos nossos olhos e cabeças e até em nossa atividade cerebral. Onde quer que vamos, nosso sistema nervoso e nossa mente são manipulados por nossas experiências (ELLARD, 2015, p.16, tradução).4

Seguindo uma análise de como acontece o processo de reação emocional a partir de uma visão projetual, podemos descrever da seguinte forma: através de estímulos internos ou externos, por exemplo estímulos do ambiente onde a pessoa está inserida, acontece a ativação dos receptores sensoriais, que recebem e codificam informações do meio. Essas informações são transmitidas ao Sistema Nervoso Central e ao cérebro. No cérebro elas passam por um processamento e ativam regiões desencadeadoras de emoção, como a amígdala ou regiões especiais do córtex do lobo frontal. Após isso, são liberadas moléculas químicas no cérebro e no corpo, que geram reações comportamentais, alterações em expressões faciais e mudanças posturais.

Além

dessas

reações

visíveis,

também

acontecem

alterações

imperceptíveis, que são os pensamentos. Emoções negativas, como a tristeza, podem evocar pensamentos negativos e desacelerar o raciocínio, enquanto emoções positivas geram uma reação oposta. Esse conjunto de reações constitui um estado emocional (DAMÁSIO, 2011).

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El contraste entre nuestras reacciones a tales espacios puede leerse en nuestros cuerpos. Se aprecia en nuestra postura, en los patrones de movimiento de nuestros ojos y cabezas e incluso en nuestra atividade cerebral. Dondequiera que vayamos, nuestros sistemas nerviosos y nuestras mentes se ven manipulados por nuestras vivencias (ELLARD, 2015, p.16).


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Figura 03: Localização da Amígdala.

Fonte: Kenhub. Adaptado pelo autor, 2020.

O estado emocional reflete diretamente na experiência emocional (percepção da emoção pelo cérebro) e em como a pessoa se sente naquele ambiente, influenciando no comportamento, na tomada de decisão, na criatividade, na atenção, na socialização, na memória, no bem-estar e na felicidade. 1.2.3 Sentimentos Segundo Damásio (2011), os sentimentos são imagens de ação de mapas cerebrais, ou seja, são a percepção consciente ou parcialmente consciente de todas as reações mentais e corporais geradas durante o estado emocional. Mapas cerebrais são a forma que o cérebro possui de registrar tudo. Quando o cérebro produz um mapa, está informando a si mesmo o que está acontecendo no corpo (DAMÁSIO,2011). O mapa é o registro de todo o processo desde a ativação dos estímulos sensoriais, passando pelo processo de levar a informação ao cérebro, ter uma reação emocional e ocorrer a percepção da mesma. Ou seja, ele engloba o registro de informações entre a interação do corpo com a mente, e também é criado ao evocar memórias. Quando o cérebro cria mapas também está gerando imagens de ação e, essas imagens, são a percepção da reação resultante da interação ambiente – corpo – mente. Os mapas são úteis para guiar o comportamento humano, em sua forma mais simples, são usados para detectar a presença ou indicar a posição de algum objeto;


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em sua forma mais complexa, a partir de múltiplos mapas com variedades sensoriais, é possível reagir com maior precisão a eventos e objetos. (DAMÁSIO,2011) O processamento dos sentimentos acontece em diversas zonas cerebrais, vão desde estruturas no bulbo - estabelece comunicação entre o cérebro e a medula espinhal, relaciona-se com funções vitais como respiração e batimentos cardíacos, até partes superiores do córtex cerebral - relacionado a memória, consciência, percepção e razão (ELLARD, 2015). Mas a principal região envolvida nos sentimentos é o Córtex Insular, e essa mesma área do cérebro também é responsável e relacionada com determinadas emoções, como o nojo, e alguns receptores sensoriais, como paladar e olfato (DAMÁSIO, 2011). Figura 04: Localização do Córtex Insular.

Fonte: A mente é maravilhosa. Adaptado pelo autor, 2020.

De acordo com Damásio (2011), os sentimentos, além de possuírem a função emocional de criar conexões e memórias com lugares e experiências, têm um papel importante na regulação biológica do corpo humano. Influenciando na regulação homeostática, mantendo as funções vitais e reações químicas internas do organismo em constante equilíbrio. Além disso, apresentam outro papel importante na saúde humana, prevenindo e auxiliando no tratamento de doenças de cunho emocional. Esse tipo de doença tem sido cada vez mais presente na vida das pessoas, devido às rotinas cheias de afazeres e a falta de espaços projetados com foco na qualidade de vida, envolvendo uma análise de acordo com o conceito de NeuroArquitetura. Podemos citar algumas delas: o estresse, ansiedade, dores de cabeça crônicas, transtornos do sono e


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também a síndrome de Burnout - profundo esgotamento físico e mental (BENCKE, 2018). Através da arquitetura e de um bom projeto, é possível buscar e instalar bemestar, qualidade e felicidade na vida de seus usuários. Figura 05: Esquema Gráfico do processo de geração de sentimento.

Fonte: Autor, 2020.

A Figura 05 ajuda a entender como funciona todo o processo desde o estímulo sensorial até o sentimento gerado a partir dele. Após essa análise, é possível entender o que leva os usuários a terem sentimentos bons ou ruins no ambiente onde estão. Essa experiência varia segundo a arquitetura proposta e de acordo com as crenças, cultura, valores e tudo o que foi vivido pelo usuário até o momento presente. É dependente das memórias despertadas, das emoções sentidas e dos sentimentos gerados por essa interação mente, corpo e espaço físico. Conclui-se que a experiência arquitetônica é íntima, pessoal e efêmera. Capaz de transformar a forma como os espaços e as pessoas são interpretados pelos usuários, assim como pode alterar o humor, o comportamento e a maneira como as pessoas lidam umas com as outras. Demonstrando que a arquitetura tem o poder de influenciar pessoas, propiciando que sejam e se sintam melhores.


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1.3 Estudos de caso – neurociência e arquitetura em espaços internos 1.3.1 A Space for Being5 – Teste perceptivo com a utilização de pulseira Segundo o site Muuto, Space for Being, ou Um Espaço para Ser, foi uma instalação interativa projetada seguindo conceitos de neuroestética 6, buscando demonstrar como o design e o ambiente onde as pessoas estão inseridas tem o potencial de impactá-las fisiologicamente. O projeto foi realizado pela Google Design Studio em colaboração com a empresa Reddymade Architecture e a iniciativa de pesquisa International Arts + Mind Lab do Instituto de Ciências do Cérebro da Universidade Johns Hopkins. Com “A Space for Being” (Um espaço para ser), a ideia era descobrir o que nos leva a um determinado ambiente e enfatizar o papel que a estética, e o design em particular, podem desempenhar em nossa vida cotidiana. Foi uma exploração do impacto do design em nossa biologia e em como o design tem potencial para impactar nosso bem-estar. (GROSEN, 2019, tradução nossa).7

Na exposição foram desenvolvidas três propostas de ambientes diferentes, onde cada um deles predominava um conjunto de características desenvolvido para criar determinadas atmosferas. Cada espaço continha uma experiência única que era determinada pelos móveis, cores, texturas, iluminação, sons e aromas utilizados, e através deles era possível gerar diversos estímulos nos usuários. Como foi explicado pelo site da Muuto (empresa de design da Dinamarca que participou da produção dos ambientes para a o projeto), ao entrar na exposição cada visitante recebia uma pulseira desenvolvida pela Google especialmente para esse projeto, que fazia a medição de respostas físicas e fisiológicas como a frequência cardíaca, respiração e temperatura corporal. O primeiro ambiente foi intitulado como “Essencial”, a proposta era elaborar uma atmosfera convidativa e compreensiva. Para isso, utilizaram a combinação de uma iluminação tênue e indireta, um design do mobiliário com formas curvas, texturas 5

Um Espaço para Ser, em português. Neuroestética é uma área de estudo interdisciplinar, que busca estudar e entender como o cérebro responde a experiências estéticas, influenciando as respostas biológicas e emocionais das pessoas. O termo foi criado pelo professor e neurocientista Semir Zeki, em 1999. (DICKINSON, 2019) 7 With A Space for Being, the idea was to uncover what makes us gravitate towards a given environment and emphasize the role that aesthetics, and design in particular, can play in our everyday life. It was very much an exploration of design's impact on our biology and how design has the potential to impact our well-being. (GROSEN, 2019, tradução). Disponível em: <https://muuto.com/stories/a-space-forbeing>. Acesso em: 20 de Mai 2020. 6


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amadeiradas e um equilíbrio de cores quentes, como o laranja e o rosa, e frias, azul e verde. Para complementar, a sala possuía um aroma quente com notas cítricas e florais, e um som ambiente com toques instrumentais despojados e sutis. Figura 06: Ambiente “Essencial” 01.

Fonte: Reddymade, s.d. Figura 07: Ambiente “Essencial” 02.

Fonte: Muuto, s.d.

Vale destacar que, após sair de cada espaço, os visitantes passavam por uma área de transição que foi criada para que as pessoas pudessem redefinir seus sentidos antes de entrar no ambiente seguinte.


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O segundo ambiente, denominado “Vital”, propôs uma atmosfera vibrante e divertida. As paredes possuíam um gradiente colorido, variando entre tons de azul, rosa e bege, combinadas a ganchos circulares coloridos posicionados em alturas diferentes. Foi utilizada também uma iluminação linear marcante e com um desenho angular, que se estendia da parede ao teto. O mobiliário possuía cores como azul e laranja em tons fortes, além de um design variado com superfícies angulares e curvas. A trilha sonora era com ritmos percussivos, animados, porém equilibrados. E o aroma presente era de especiarias cítricas e florais. Figura 08: Ambiente “Vital” 01.

Fonte: Reddymade, s.d. Figura 09: Ambiente “Vital” 02.

Fonte: Muuto, s.d.


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No terceiro ambiente, nomeado como “Transformativo”, a proposta era produzir uma atmosfera honesta e elegante. Nesta sala reuniram diversas texturas, as paredes continham peças marmorizadas com detalhe tridimensional, mobiliário em couro e piso com um laminado sutil. Havia um predomínio de cores neutras, como branco, preto, cinza e um amarelo claro, presentes em um design com formas angulares. O espaço era bem iluminado, com luz indireta e alguns pendentes que faziam uma iluminação pontual. O aroma predominante apresentava um toque amadeirado fresco, e a paisagem sonora era de instrumentos de corda e piano. Figura 10: Ambiente “Transformativo” 01.

Fonte: Muuto, s.d. Figura 11: Ambiente “Transformativo” 02.

Fonte: Muuto, s.d.


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Figura 12: Contraste entre as texturas da peça marmorizada e da obra de arte do ambiente “Transformativo”.

Fonte: ARQA, 2019.

Ao finalizar o percurso proposto pela exposição, os visitantes retiravam suas pulseiras e era apresentado para cada um a leitura corporal feita pela pulseira em cada ambiente. O resultado era demonstrado através de uma espécie de gráfico circular em aquarela, os trechos onde o círculo apresentava uma forma mais calma, contida e com uma coloração azul, significava que a pessoa havia se sentido mais confortável no espaço, e onde apresentava uma forma mais agitada, bagunçada e possuía a cor rosa, simbolizavam os momentos onde os visitantes se sentiram estimulados por algo. Figura 13: Gráfico personalizado gerado após a experiência dos visitantes na exposição.

Fonte: Muuto, s.d.


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Através deste estudo de caso comprovou-se que o meio onde a pessoa está inserida é capaz de impactá-la de alguma forma e que, através de estímulos sensoriais, é possível gerar emoções positivas ou negativas no usuário. Mediante as informações obtidas com a pulseira sobre as respostas fisiológicas dos visitantes, o estudo mostrou que todo o impacto gerado é atrelado aos elementos presentes nos ambientes. Nestes em específico, o design de objetos e mobiliários, os materiais, texturas e cores utilizados, além de detalhes como o tipo de música e aroma dos espaços, foram determinantes para atingir o resultado desejado. 1.3.2 Where do We Look8 – Teste perceptivo com a utilização de Eye Tracker O dispositivo de rastreamento ocular (Eye Tracker) tem um papel importante para pesquisas em áreas como marketing, interação entre homem e computador, segurança de construção e, recentemente, se mostrou uma ferramenta útil para a análise em projetos de arquitetura. Através dessa tecnologia é possível obter informações sobre a atenção dos usuários, o comportamento de visualização ocular e também a preferência estética individual. Segundo as considerações de Zhengbo Zou e Semiha Ergan (2019), em seu estudo visual de características arquitetônicas no projeto de edifícios, as pessoas passam a maior parte do dia em edifícios e ambientes fechados logo, se esses espaços são mal projetados podem gerar desconforto físico e psicológico aos seus usuários (ZOU; ERGAN, 2019). A pesquisa foi realizada com o objetivo de analisar o impacto que certas características projetuais poderiam gerar em pessoas dentro de uma edificação. Além da análise, também foi feita uma quantificação desse impacto, para entender a maneira como acontecia. O estudo foi feito com 22 participantes, homens e mulheres, estudantes de pósgraduação na área de engenharia civil e urbanismo e, para a análise foram simulados dois ambientes semelhantes em realidade virtual. O que diferenciava cada um dos espaços era a presença ou falta de áreas de interesses – elementos como presença e tamanho de janelas, o nível de luz natural e vistas para a natureza (ZOU; ERGAN, 2019). Um dos ambientes continha elementos de áreas de interesses, sendo eles janelas maiores, luz natural e contato visual com uma área externa com vegetação

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Para Onde Olhamos, em português.


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através de uma cortina de vidro. Esse ambiente foi classificado como positivo, enquanto o outro ambiente possuía janelas menores, apenas iluminação artificial e paredes em concreto, sem contato com o exterior, foi classificado como negativo como ilustra a Figura 14. Figura 14: Ambiente positivo (esquerda) e negativo (direita) da simulação de realidade virtual.

Fonte: Zou e Ergan, 2019, p.5.

Propuseram aos participantes dois tipos de tarefas no ambiente virtual, uma informativa onde eles deveriam observar e memorizar palavras que seriam exibidas durante a simulação, e outra de navegação, onde eles deveriam encontrar determinados objetos dentro do ambiente virtual. Como foi explicado por Zhengbo Zou e Semiha Ergan (2019) em seu trabalho, a simulação foi realizada em uma tela de 98 polegadas, e a interação do usuário com o ambiente virtual aconteceu através de um dispositivo Apex com joystick que permitia que a pessoa se movimentasse e realizasse funções no ambiente. Para o rastreamento ocular foi utilizado um dispositivo móvel de Eye-Tracker com sensores infravermelhos e câmeras que permitiam acompanhar o movimento dos olhos dos participantes, como ilustra a Figura 15. O equipamento de rastreamento ocular é capaz de medir o movimento ocular ao observar uma cena, ambiente ou objeto, por exemplo. A partir dessa medição foi possível analisar a atenção visual e o padrão de olhar dos usuários (ZOU; ERGAN, 2019).


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Figura 15: Treinamento com simulação de ambiente virtual para os participantes da pesquisa.

Fonte: Zou e Ergan, 2019, p.6.

Inicialmente os participantes receberam um treinamento e realizaram um teste rápido para se familiarizarem com o equipamento e o trabalho (Figura 15), também responderam um questionário demográfico e, após isso, seguiram para a experiência. Individualmente, realizaram os testes das tarefas de navegação e informacionais, experimentando os ambientes positivo e negativo de maneira aleatória. Após finalizar cada ambiente, os participantes escreveram as palavras que lembravam ter visto na simulação. No total, foram exibidas 10 palavras que se dividiam em duas categorias, uma remete a emoções positivas (ativo, animado, interessado) e outra a emoções negativas (assustado, nervoso, angustiado). Ao final do estudo foram gerados dois resultados. Um deles foi a métrica de rastreamento ocular, contendo um mapa de calor (Heat Map) como ilustra a Figura 16, e dados a respeito do tempo para concluírem as atividades determinadas e o número de fixações9 durante a realização delas. O segundo resultado foi da tarefa informacional, com as anotações das palavras exibidas para os participantes.

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A fixação é definida como um olhar relativamente imóvel em uma Área de Interesse. (ZOU; ERGAN, 2019).


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Figura 16: Mapas de calor das atividades, o da esquerda é referente a atividade realizada no ambiente positivo, enquanto o da direita é referente a realizada no ambiente negativo.

Fonte: Zou e Ergan, 2019, p.7.

Nos mapas de calor (Figura 16), as cores quentes (vermelho e laranja) apontam áreas de maior atenção do participante, enquanto as cores frias (verde) aponta menor atenção. O resultado demonstrou que no ambiente positivo as pessoas estavam mais focadas e atentas, consequentemente, conseguiram realizar as tarefas mais rapidamente, gastando menos tempo que no ambiente negativo (ZOU; ERGAN, 2019). Já nas anotações da etapa informativa o resultado foi que, no ambiente positivo, as pessoas conseguiram lembrar de uma quantidade maior de palavras (englobando as que remetem a emoções positivas e negativas) comparado ao ambiente negativo. Além dos participantes lembrarem em maior quantidade as palavras de emoções positivas quando estavam no ambiente positivo. Segundo Zhengbo Zou e Semiha Ergan (2019), esse resultado demonstra que os participantes recordavam de mais palavras positivas porque o ambiente despertava emoções positivas neles. Esse estudo de caso possibilita comprovar que os espaços, mesmo que em condição virtual, são capazes de gerar um impacto sobre seus usuários. E que, quando são combinadas características de áreas de interesse, utilizando elementos que propiciam maior qualidade no ambiente, as pessoas tendem a se sentir bem, gerando emoções positivas, mais focadas e capazes de realizar tarefas de maneira mais rápida e eficiente.


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1.3.3 Unidade de Terapia Intensiva Neonatal Um outro exemplo de como o espaço influencia no comportamento humano, especificamente no tratamento de pessoas, é o caso dos hospitais. Nesse estudo de caso, o foco será nas unidades de terapia intensivas neonatais (UTINs), que são os locais onde bebês que nascem prematuros ou com algum tipo de problema como baixo peso, problemas respiratórios e cardíacos, recebem cuidados e tratamentos, permanecendo lá até que sua melhora aconteça. As UTINs apresentam um papel importante nos primeiros momentos de vida de algumas crianças, sendo essenciais para o seu desenvolvimento sem gerar nenhum dano futuro em suas habilidades sensoriais e cognitivas (PAIVA, 2019). Figura 17: UTI Neonatal Genérica

Fonte: Tucano Org, 2015.

O ambiente da UTIN costumava ser projetado com soluções voltadas às necessidades de trabalho dos médicos e enfermeiros, não havia preocupação com as consequências que as características arquitetônicas presentes neste espaço poderiam causar nos bebês. O tipo de iluminação, o nível de ruído junto aos estímulos tácteis repetitivos e a ausência da mãe tornavam a unidade de tratamento estressante para os recém-nascidos, interferindo no seu desenvolvimento inicial e em etapas futuras (ZIELGER, 2017). O projeto da Unidade Neonatal do Hospital Santa Casa de Juiz de Fora, desenvolvido pelo escritório Arto Arquitetura, exemplifica um modelo ideal de UTIN. A Unidade foi criada com uma divisão em três núcleos, onde cada um deles era direcionado para tratamentos específicos. Os núcleos se diferenciam por cores, estas que foram definidas de acordo com o estímulo que desejavam causar nos recémnascidos.


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Em um estudo realizado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FRMPUSP) com apoio da FAPESP10, descobriu-se que, quanto maior o tempo que os bebês passam nas unidades de tratamento intensivo, maiores poderão ser os problemas comportamentais decorrentes dessa internação. Isso porque existe um tempo correto para a evolução de cada etapa da criança e, caso isso ocorra de forma precoce ou tardia, influenciará em disfunções comportamentais (EBERHARD, 2009). A regulação fisiológica inicial e emocional é uma precursora para a série de processos de regulação de comportamento. Por isso, é importante lembrar que a partir de problemas de comportamento nessa idade é possível identificar indicadores de risco de problemas de comportamento na vida adulta. (LINHARES, 2009). Os estudos neurocientíficos do feto humano em desenvolvimento identificaram três estágios: (1) o neurodesenvolvimento mais importante nos estágios iniciais da vida inclui a estrutura básica do cérebro, o desenvolvimento das trilhas nervosas, o desenvolvimento dos órgãos sensoriais e as conexões e vias básicas; (2) a estrutura básica dos olhos e ouvidos, com seus caminhos para os núcleos centrais e depois para o córtex - que é movido geneticamente, mas modificado ambientalmente; e (3) novas vias, circuitos de memória e toda a gama de conexões para os neurônios no córtex, feitas em resposta a estímulos. (EBERHARD, 2009, p.754, tradução).11 Figura 18: Projeto da Unidade Neonatal realizado pelo escritório Arto Arquitetura para o Hospital Santa Casa de Juiz de Fora/ MG.

Fonte: Dino, 2016.

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Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) Neuroscience studies of the developing human fetus have identified three stages: (1) the most important neurodevelopment in the early stages of life include the basic structure of the brain, the development of the nerve tracks, the development of the sensory organs, and the basic connections and pathways; (2) the basic structure of the eyes and ears, with their pathways into central nuclei and then to the cortex—which is genetically driven but environmentally modified; and (3) new pathways, memory circuits, and the whole range of connections for the neurons in the cortex, made in response to stimuli. 11


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Conclui-se que a prática da Neurociência aplicada à arquitetura das UTINs assumiu um papel importante e fez-se indispensável para executar medidas projetuais voltadas às necessidades dos recém-nascidos, tentando amenizar o impacto que o ambiente gerava neles e evitar que a evolução dos bebês ocorresse fora de sua ordem e tempo corretos, prevenindo problemas futuros (EBERHARD, 2009). 2 Espaços corporativos Neste capítulo serão apresentadas características e soluções projetuais que interferem diretamente na qualidade do espaço construído e na experiência que ele irá proporcionar. O layout, a iluminação, o design dos objetos, os materiais e as cores presentes no ambiente podem impactar seus usuários de diferentes formas, e a partir da escolha e definição dos mesmos será possível atingir a experiência desejada, influenciando em como cada pessoa irá se sentir naquele lugar. Será mostrado como o estudo dessas soluções em conjunto com a NeuroArquitetura contribui para criar ambientes de trabalho confortáveis e agradáveis, que oferecem melhor qualidade de vida, estimulam seus funcionários, desenvolvem a socialização e promovem a felicidade das pessoas. 2.1 Projeto arquitetônico e critérios de projeto Considerando uma jornada de trabalho convencional no Brasil, a maioria dos trabalhadores passam cerca de 8 a 9 horas do dia dentro de um espaço de trabalho. Sendo assim, são uma média de mais de 8 horas recebendo influência deste ambiente e sofrendo os efeitos decorrentes do contato com o mesmo. Esses efeitos podem ser positivos ou negativos, e variam desde um impacto imediato até o de longo prazo (STOUHI, 2020). As consequências dessas influências podem resultar em alterações físicas que podem ser percebidas no nível de criatividade, produtividade e motivação do trabalhador, ou em alterações psicológicas, como estresse, ansiedade e depressão (BENCKE, 2018). Um ambiente de trabalho que produz impactos positivos resulta em trabalhadores mais engajados e motivados, aumentando a concentração e produtividade, assim como a qualidade dos produtos entregues por eles. Já um ambiente negativo pode resultar em falta de estímulo dos trabalhadores,


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consequentemente gerando uma produtividade baixa e com menor qualidade, podendo também interferir na rotatividade de funcionários da empresa. Além disso, o espaço negativo também interfere em problemas de saúde como doenças de cunho emocional, que podem ser desencadeadas ou potencializadas pelo meio onde a pessoa está inserida. Embora a maior preocupação desses profissionais [arquitetos], por um grande período de tempo, tenha sido tornar esses espaços úteis e funcionais, abrigando e possibilitando que as atividades que seriam executadas nos mesmos pudessem ser desenvolvidas pura e simplesmente, atualmente sabe-se que várias questões precisam ser consideradas para que o ambiente, além de funcional, se torne confortável, agradável e eficiente. A questão primordial aqui é que a arquitetura pode contribuir, agora orientada por dados objetivos, para ampliar o bem-estar e a produtividade dos trabalhadores (OLIVEIRA, 2012, p. 8).

Através de um projeto baseado nos conceitos de NeuroArquitetura, é possível propor um espaço de trabalho saudável, que ofereça qualidade de vida aos seus usuários e que resultará em melhorias diretas e indiretas na empresa e na vida das pessoas. Como foi demonstrado no capítulo anterior, definições projetuais podem interferir diretamente nos estímulos sensoriais, emoções e comportamentos que serão gerados por aquele lugar. Logo, através do local de trabalho é possível gerar melhorias físicas e mentais nos trabalhadores. Estratégias que promovam a sociabilidade, transmitam segurança, ofereçam conforto e proporcionem bem-estar são importantes para construir um espaço corporativo saudável. É possível implementar esses conceitos com definições projetuais como proposta de layout, escolha de cores, materiais e mobiliário, projeto luminotécnico, térmico e outros. Porém, o que deve ser lembrado é que cada projeto e usuários têm suas necessidades específicas, não há um padrão pré-definido de decisões para desenvolver os espaços e é necessário adaptar as soluções arquitetônicas da maneira mais personalizada possível. Essas medidas serão essenciais para proporcionar a experiência desejada aos usuários daquele local. A seguir serão apresentadas algumas soluções projetuais que interferem diretamente na qualidade dos espaços construídos. 2.1.1 Definição de Layout A organização espacial de um ambiente é um dos pilares do projeto arquitetônico de interiores, seu desenvolvimento é pensado e realizado de acordo com as necessidades de usos e aproveitamento do local. Por meio do layout é possível


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articular todos os elementos projetuais e criar propostas diretamente relacionadas a experiência que se deseja ter em um determinado espaço. Serão citados alguns pontos que devem ser considerados durante a idealização de uma planta de layout para ambientes corporativos, e que podem fazer total diferença no resultado do projeto. Figura 19: Diferentes possibilidades de layout para espaços corporativos.

Fonte: Souza, 2019.

O layout pode e deve ser utilizado de maneira estratégica dentro de um ambiente corporativo. Criar espaços fluidos é essencial para a funcionalidade de um escritório, além da conexão, seja fisicamente ou visualmente, que contribui para criar a sensação de pertencer e estar interligado a uma equipe. A conexão do ambiente pode acontecer por meio de uma planta baixa integrada ou, em situações onde essa integração não é possível devido as atividades que são exercidas, por questões de acústica ou privacidade, é possível adotar soluções com divisórias permeáveis, em vidro, fixas ou articuláveis, que ora permitem integração e unificação, ora privacidade e delimitação de espaços (PANERO; ZELNIK, 2008).


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Figura 20: Ripas de madeira e vidro sendo utilizados como divisória entre ambientes que permite permeabilidade visual.

Fonte: ArchDaily, 2016. Figuras 21 e 22: Divisórias articuláveis.

Fonte: Pereira, 2020.

A forma como o mobiliário é disposto em um ambiente é importante, principalmente dependendo do design das peças utilizadas. A organização do espaço além de permitir uma integração ou delimitação de áreas, é necessária para setorizar, possibilitando maior personalização dos lugares, com características (como iluminação, móveis, materiais e acústica) adequadas ao seu uso, a proposta e a atmosfera que deseja ser criada. Uma proposta de layout que também pode ser positiva para ambientes corporativos é o de espaços com uso compartilhado. Ele pode acontecer em salas abertas com mesas grandes unificadas e utilizadas por várias pessoas, ou em salas menores com estações em forma de “U”, onde o compartilhamento de mesas acontece entre menos pessoas. Para essa definição devem ser avaliadas as


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características do ambiente e as necessidades do projeto que será executado. O uso compartilhado facilita a interação entre os funcionários e, dependendo do trabalho que está sendo executado, permite que ele seja desenvolvido com maior qualidade e agilidade devido à proximidade das pessoas, a possibilidade de comunicação e compartilhamento de ideias. Essa solução pode auxiliar interferindo na produtividade e na velocidade das soluções de problemas, assim como possibilita uma economia de espaços, criando áreas menos restritivas e mais agradáveis (PANERO; ZELNIK, 2008). Figura 23: Ambientes compartilhados.

Fonte: Iwan Baan, 2020.

Outro ponto considerável são os espaços de descompressão e os elementos de dissociação. Eles podem aparecer em diferentes soluções arquitetônicas, seja como uma área específica dentro do escritório, por exemplo um espaço de café e/ou descanso; um objeto, como quadros, vasos com plantas e outros elementos; ou através do contato visual com o ambiente externo. Esses pontos permitem uma distração e auxiliam no desestresse em momentos de sobrecarga de informações (CRIZEL, 2020). Porém, é necessário ter cautela e atenção ao utilizá-los, para não os transformar em áreas de distração, que retiram o foco das pessoas por um longo intervalo de tempo.


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Figura 24: Vasos com plantas próximos às estações de trabalho – funcionando como elementos de dissociação.

Fonte: Pereira, 2020. Figura 25: Espaços de descompressão integrados com o ambiente de trabalho.

Fonte: Pereira, 2019.

Além dessas soluções, um fator importante para um escritório ser bem projetado é a ergonomia presente no ambiente. As medidas e alturas de mesas e cadeiras, o posicionamento de luminárias e objetos, assim como os trechos livres para circulação e manipulação da superfície durante a execução do trabalho são definições importantes que afetam diretamente a qualidade do meio físico para o usuário. É


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relevante destacar a necessidade do reconhecimento das diferentes dimensões corporais, assim como as possíveis limitações das pessoas, dependendo da idade ou caso seja portador de necessidades especiais (PNE). Portanto, é pertinente que a área de trabalho seja adaptável para atender as dimensões mínimas e máximas de cada pessoa, assim como suas preferências. A qualidade desses espaços é determinante no nível de produtividade, assim como no grau de conforto e bem-estar dos usuários no local (PANERO, ZELNIK, 2008). Figuras 26 e 27: Mesas com alturas ajustáveis.

Fonte: Pereira, 2020.

Em conjunto a todas as soluções expostas, existem algumas técnicas de concepção projetual que estão relacionadas as propostas de layout e que permitem resultados que contribuem para a experiência do lugar. Entre elas destaca-se o Wayfinding, que corresponde a maneira como as pessoas irão transitar pelo espaço. Como é comentado pelo arquiteto Lori Crizel (2020), nessa técnica podem ser exploradas opções de paginação de piso, teto e paredes, em conjunto ao design de objetos e iluminação, propostas de variação de temperaturas, aromas e outros, para utilizar o ambiente como um guia que facilita a localização e navegação dos visitantes por ele. A técnica Wayfinding permite que, através desses elementos visuais, táteis, auditivos e outros propostos, o arquiteto pense e crie determinados percursos em projeto e transfira-os para o meio físico de maneira a descomplicar o trajeto do usuário, além de proporcionar as experiências desejadas.


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Figuras 28 e 29: Iluminação sendo utilizada como elemento guia no ambiente, aplicando a técnica de Wayfinding.

Fonte: Pereira, 2019.

Como foi demonstrado, através do layout será possível articular todas as outras soluções projetuais para adequar às necessidades específicas de cada projeto. Segundo Eberhard (2009, p. 152, tradução) em seu livro Brain Landscape, “(...) os atributos do ambiente físico podem potencialmente aprimorar os processos de formação de memória, é útil propor hipóteses que possam testar essas condições”

12

.

A maneira como um ambiente está organizado irá influenciar diretamente em todos os hábitos que serão criados, as experiências que serão vividas e as memórias que serão geradas pelos usuários dentro daquele local.

12

Because attributes of the physical environment can potentially enhance memory-forming processes, it is useful to pose hypotheses that might test such conditions. (EBERHARD, 2009, p.152)


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2.1.2 Iluminação A iluminação é outro ponto fundamental para o projeto, seja ela natural ou artificial, sua luminosidade, intensidade, IRC13 e temperatura de cor impactam fisiologicamente quem está utilizando o espaço que pelas luzes é iluminado. A luz é o principal sincronizador do relógio biológico humano. Pode mudar a fase do ritmo circadiano e regular o tempo e a qualidade do sono. A luz ao entardecer e à noite pode atrapalhar o sono e causar supressão aguda da liberação noturna do hormônio melatonina. Há também relatos de que a luz pode aumentar a frequência cardíaca, melhorar o estado de alerta, aliviar a depressão sazonal e não sazonal, influenciar a termorregulação e afetar a atividade cerebral (...) (CIE, 2019, tradução nossa).14

A iluminação interfere diretamente no ciclo circadiano humano15 e, para manter seu funcionamento regulado é necessário utilizar, sempre que possível, a luz natural, pois dessa forma o corpo consegue perceber e se adaptar aos períodos do dia. Quando não é possível utilizá-la ou seu uso acontece apenas em alguns momentos do dia, é importante explorar as diferentes possibilidades da iluminação artificial, manipulando suas características como temperatura de cor e intensidade, para adaptar ao ciclo e as necessidades inatas ao corpo. Por exemplo, utilizar lâmpadas com uma cor âmbar ou com uma temperatura próxima a 2500K (luz quente) em espaços que serão frequentados no entardecer é mais agradável e aconchegante aos usuários, isso porque o olho identifica essa fonte de luz artificial que está reproduzindo aproximadamente a cor lumínica que aquele momento do dia naturalmente produz, e o corpo a interpreta de maneira semelhante a como interpretaria o entardecer natural do dia (CRIZEL, 2020). Vale lembrar que, as luzes frias (com temperaturas próximas a 6500K) emitem mais luz azul do que as luzes quentes, e esse tipo de luz se assemelha a que é emitida pelo sol ao meio dia. Portanto, ao ser usada durante o dia favorece a atenção dos usuários, mas quando é aplicada em ambientes que são utilizados no turno da noite, podem interferir na produção corporal de melatonina,

13

IRC: sigla para índice de reprodução de cor. Light is the main synchronizer of the human biological clock. It can shift the phase of the circadian rhythm and can regulate the timing and quality of our sleep. Light in the evening and at night can disrupt sleep and can cause acute suppression of the nocturnal release of the hormone melatonin. There are also reports that light can increase heart rate, improve alertness, alleviate seasonal and non-seasonal depression, influence thermoregulation, and affect brain activity (...) 15 O ritmo circadiano (ou ciclo circadiano) é chamado de relógio biológico. Ele abrange o período de um dia (24 horas) no qual se completam as atividades do ciclo biológico dos seres vivos e regula tanto ritmos fisiológicos como psicológicos, com impactos diretos no estado de vigília e de sono, na secreção de hormônios, função celular e expressão genética (PAIVA, 2020). 14


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impactando o sono e perturbando o ciclo circadiano dos usuários daquele local (PAIVA, 2020; CIE, 2019). Figura 30: Ambiente recebendo iluminação natural.

Fonte: Pereira, 2019.

Cada atividade precisa receber a iluminação necessária para ser executada, a luz suave ou em excesso, inadequada para o serviço e o momento em que está sendo realizado, pode causar desconforto e interferir na produtividade das pessoas. A exposição constante à iluminação inapropriada pode desregular o ciclo circadiano e trazer efeitos negativos a saúde, alterando humor, o funcionamento do metabolismo e o sistema imunológico (BEDROSIAN, 2017). A presença de luz natural nos ambientes é capaz de aumentar a capacidade cognitiva de seus usuários (EBERHARD, 2009) e, como foi demonstrado nos estudos comportamentais realizado pelo escritório Lisa Heschong, a luminosidade do sol nos espaços tende a aumentar a atenção das pessoas presentes nele (OLIVEIRA, 2012). Explorar seu uso nos escritórios é uma estratégia que permite uma melhora não somente na propriedade do ambiente, mas também na qualidade do serviço prestado naquele local.


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Figura 31: Ambiente de trabalho iluminado pela luz do sol.

Fonte: Pereira, 2019.

A luz artificial pode ser regulada e personalizada com mais facilidade, existe uma gama de possibilidades de lâmpadas e luminárias que permitem criar diferentes efeitos de iluminação. Usar dessas possibilidades estrategicamente aumenta a qualidade do espaço físico e permite a criação de cenas, contribuindo para a experiência proposta no local. Porém, ao aplicá-la em ambientes de uso contínuo, como áreas de trabalho, é necessário adaptá-la prioritariamente as necessidades inatas do usuário, para manter a regulação natural do corpo.


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Figura 32: Ambiente com predominância de iluminação artificial.

Fonte: ArchDaily, 2013.

Utilizar de maneira complementar a iluminação natural e artificial, explorar a variação entre lâmpadas quentes, frias e coloridas, além das possibilidades de design, e os efeitos de luz e sombra que podem ser criados permitem promover a ativação de estímulos sensoriais e consequentemente gerar reações fisiológicas e emocionais nas pessoas. É possível abaixar ou elevar níveis hormonais, alterar a frequência cardíaca e a temperatura corporal (CIE, 2019). A orquestração dessas opções luminotécnicas vai depender da proposta que deseja ser criada, através delas é possível transformar o espaço deixando-o mais relaxante ou excitante, mais aconchegante ou que desperta maior atenção, permitindo também estimular a criatividade e melhorar a concentração. 2.1.3 Biofilia Bios, em grego significa vida e philia, amor, afeição, ou seja, Biofilia significa literalmente “amor pela vida” ou “amor pelos seres vivos” (GONÇALVES, PAIVA, 2015, p.325).

Biofilia foi um termo criado pelo biólogo e entomologista Edward O. Wilson, para resumir a tendência inata do ser humano de se conectar com a natureza e com outros


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organismos vivos. Tal contato é importante para a qualidade da saúde física e mental das pessoas (RANGEL, 2018). Em aspectos projetuais, a biofilia é aplicada trazendo elementos que transformem os espaços de maneira a criar uma imersão, mesmo que as vezes artificial, na natureza. Isso pode acontecer através do contato visual com o meio externo por janelas e/ou fechamentos em vidro, do uso de iluminação e ventilação natural, de elementos com água, na escolha de materiais naturais como pedras e madeira, nos objetos com um design mais orgânico, em imagens que representem a natureza e, principalmente, por meio do uso de vegetação (PALMA, AGOSTINHO, 2018). Figura 33: Ambiente recebendo iluminação natural, com presença de vegetação e com design de mobiliário e forro orgânicos.

Fonte: Iwan Baan, 2020.

O autor Colin Ellard (2015) comenta em seu livro a respeito de um estudo realizado pelo psicólogo Peter Kahn, onde foram feitas simulações da natureza em realidade virtual e os resultados demonstraram que essas simulações também apresentavam benefícios para as pessoas assim como seria se elas estivessem imersas na paisagem natural real. Essa comprovação possibilita explorar alternativas para espaços com limitações e que não permitem uma integração total com a natureza. É possível adaptar as soluções para cada lugar com o uso complementar


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de vegetação (natural e/ou artificial), escolhas de design, objetos, cores e materiais. A experiência será aprimorada e poderá ter efeitos idênticos ou bem próximos ao que teriam se o contato fosse de fato com natureza (KAHN, 2011). (...) apenas contemplando a natureza, no formato que seja, diminuí a agitação, apresenta padrões mais saudáveis de frequência cardíaca, padrões mais relaxados de atividade cerebral e se consegue melhores pontuações em uma ampla variedade de exames psicológicos destinados a avaliar o afeto positivo (ELLARD, 2015, p.39-40, tradução nossa).16 “(...) as pessoas que vivem em um ambiente mais verde tendem a se sentir mais felizes e seguras.” (ELLARD, 2015, p.40, tradução nossa).17

O uso da vegetação, além dos efeitos positivos para a saúde, também reduz a probabilidade de sofrimento por patologias mentais e tende a promover maior socialização entre as pessoas (ELLARD, 2015). Figura 34: Escritório biofílico com destaque para uso de vegetação na parede verde, no forro e nas prateleiras, além do design dos painéis em madeira presentes nas paredes e no teto.

Fonte: Pereira, 2019.

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(...) sólo con contemplar naturaleza, en el formato que sea, disminuye la agitación, se potencian patrones más sanos de actividad cardíaca, patrones más relajados de actividad cerebral y se consiguen mejores puntuaciones en una amplia variedad de exámenes psicológicos destinados a sondear el afecto positivo. (ELLARD, 2015, p.39-40) 17 (...) las personas que viven en un entorno más verde tienden a sentirse más felices y seguras. (ELLARD, 2015, p.40)


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Aplicar a biofilia em projetos corporativos pode proporcionar melhoras no humor, na função cognitiva e reduzir o estresse de seus funcionários (GUEDES, s.d.). Segundo as arquitetas Sandra Palma e Dora Agostinho, e de acordo com o relatório Human Spaces no Impacto Global de Design Biofílico no Local de Trabalho ao utilizar elementos naturais nesses espaços, seus usuários apresentam melhores condições de saúde, assim como maior bem-estar, maior produtividade e criatividade. Escritórios com visões da natureza aumentam a qualidade da experiência de trabalho (EBERHARD, 2009). 2.1.4 Design de Objetos e Mobiliário O design de produtos é um mundo com infinitas possibilidades de criação, que vai variar de acordo com a criatividade de seus artistas. Devido ao conjunto de inúmeras alternativas e soluções de design, variando cores, materiais, texturas, formas e escalas, nesse tópico a discussão será voltada para duas de suas características que dizem respeito a forma dos objetos, organicidade e angulosidade, além de abordar sobre neurodesign (BRIDGER, 2019). Figura 35: Diferentes possibilidades de design de cadeiras.

Fonte: Baldwin, 2020.

Como é citado pelo autor Colin Ellard (2015), desde a infância as pessoas desenvolvem uma preferência por formas curvas e orgânicas, isso porque


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implicitamente aprende-se que objetos pontiagudos, como tesouras e facas, apresentam perigo. E, principalmente, devido as células nervosas presentes no córtex visual. Nessa área do cérebro, apresentam-se em maior quantidade células dedicadas a análise de formas curvas do que de formas angulares, e são elas as responsáveis pelo processamento neural destinado a formar as primeiras impressões e avaliar ameaças no ambiente. Logo, isso reflete na preferência por uma forma à outra (ELLARD, 2015, p.65). (...) as formas dos contornos ao nosso redor podem nos fazer sentir felizes e confortáveis ou nervosos e com medo, além de influenciar a maneira como tratamos os outros. Tais efeitos parecem ser muito profundos. (...) a reação adaptativa por nossa parte seria de afastar-se delas [formas angulares] e aproximar-se de superfícies mais agradáveis. A evidência de que a exposição a essas formas pode superar uma preferência simples e afetar comportamentos mais complexos, como julgamento social e comportamento cooperativo em grupo (...) (ELLARD, 2015, p.157, tradução).18 Figura 36: Ambiente com forma curva e design orgânico presente nas mesas e no detalhe no teto.

Fonte: OTT, 2019.

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(...) las formas de los contornos que nos rodean pueden hacernos sentir felices y cómodos o nerviosos y temerosos, además de influir em cómo tratamos a los demás. Tales efectos parecen ser muy profundos. (...) la reacción adaptativa por nuestra parte sería apartarnos de ellas y acercarnos a superficies más amables. La evidencia de que la exposición a tales formas podría rebasar una sencilla preferencia y afectar a conductas más complejas, como el juicio social y el comportamiento de cooperación del grupo (...).


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A escolha de objetos e mobiliários curvos para os ambientes tendem a deixálo mais agradável e convidativo, assim como contribui para melhorar o foco e a produtividade. Isso porque como esses objetos não representam certo perigo, diferente dos mais angulares, o cérebro não os identifica como ameaça, logo, não direciona o seu foco para eles. Dessa forma, permite que o usuário relaxe e volte a sua atenção para as tarefas que estão sendo realizadas. O designer Jorge Frascara defende que devemos mudar o foco do design de objetos para o do design de situações capazes de proporcionar experiências significativas, tais como focadas em socialização, bem-estar e solidariedade. (...) o design diz respeito ao impacto que os objetos exercem nas pessoas (NEVES, 2017, p.23).

O neurodesign, semelhante aos conceitos de neuroarquitetura, utiliza conhecimentos da neurociência para criar produtos humanizados e com significados. Seu objetivo é desenvolver peças que promovam alterações no comportamento dos usuários, que despertem emoção e que estimulem a cognição na interação usuárioobjeto-ambiente (LIVE, 2020). Figura 37: Luminária Life Lamp.

Fonte: Guto Requena Estúdio, 2018.

Uma peça de design que representa esse conceito é a luminária Life Lamp, desenvolvida pelo Estúdio Guto Requena para a marca Decimal. Segundo o site do Estúdio (2018), o produto foi criado para representar o ciclo de vida humano.


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Figura 38: Esquema representando o desenvolvimento da peça Life Lamp, com os batimentos cardíacos de um bebê, um adulto e um idoso, e a forma concebida a partir dos sons.

Fonte: Guto Requena Estúdio, 2018.

A Life Lamp foi produzida com base em três arquivos de áudio com o barulho dos batimentos cardíacos de um bebê na barriga da mãe, de um adulto com 35 anos e de um idoso com 80 anos. O áudio foi transferido para um software que fez a leitura desses batimentos e os transformou em linhas com espessuras e traços variados de acordo com o som reproduzido, e depois esses desenhos foram impressos em 3D. Figura 39: Luminária Life Lamp.

Fonte: Guto Requena Estúdio, 2018.

A luminária consiste em três módulos, um interno que corresponde ao coração do bebê, um intermediário, ao do adulto, e o externo ao do idoso. O Estúdio Guto Requena conta que ela foi elaborada para que, além de ser um produto que ilumina o ambiente, fosse também uma peça que proporcionasse uma reflexão das pessoas ao ser observada.


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O design de produtos tem grande influência no projeto, isso porque ele está presente desde o objeto que será observado na prateleira, até a luminária, a mesa e a cadeira que estão em contato direto com as pessoas enquanto trabalham. Cada pequeno detalhe presente no espaço pode interferir no foco, na concentração, no rendimento e no sentimento do usuário naquele local. Portanto, é necessário ser cauteloso na hora de compor o ambiente, a escolha de objetos que causem uma sensação de aproximação com o usuário, que não retirem o foco, ou que gerem uma reflexão e alteração positiva no comportamento ao serem observados, são boas escolhas para o projeto. 4.1.5 Materiais e Texturas Pense em uma pedra: você pode cerrá-la, moê-la, furá-la, dividi-la ou poli-la — será algo diferente cada vez. Depois pegue pequenas quantidades da mesma pedra, ou grandes quantidades, e será algo diferente novamente. Depois olhe-a contra a luz — ela será diferente de novo. Há milhões de possibilidades diferentes em um só material. (ZUMTHOR, 2006, p. 25.)

Os materiais e suas texturas são outros recursos que permitem uma série de alternativas quanto ao seu uso. Um único elemento pode ser trabalhado de diversas formas, resultando em diferentes acabamentos. Estes, conferem qualidade estética para os ambientes e permitem que com um mesmo produto seja gerada uma ativação sensorial diversificada e que desperta sensações únicas nas pessoas. Figura 40: Materiais e Texturas diversas.

Fonte: Arthur Casas, s.d.


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Além da estética, cada material possui suas características térmicas, acústicas e luminosas, assim como suas possibilidades de acabamento. Por exemplo, texturas lisas e brilhantes refletem mais o som e calor, tornam as cores dos materiais mais intensas e a superfície onde está aplicada possui um efeito visual que aparenta estar mais próxima do observador. Quando esse acabamento é utilizado em exagero pode deixar o espaço muito estimulante, o que contribui para um ambiente irritante e pouco relaxante (GURGEL, 2017). Figura 41 e 42: Contraste de acabamentos entre a parede com tijolinho rústico aparente e o piso monolítico brilhoso junto as paredes com acabamentos brilhosos.

Fonte: ACDF Architecture, s.d.

Já as texturas rústicas, ásperas e/ou opacas absorvem mais o som e o calor incidente, tornam as cores da superfície mais suaves e, consequentemente, aparentam estar mais distantes do observador. Quando utilizadas em excesso, esses acabamentos deixam o ambiente com um aspecto visualmente mais carregado e pesado (GURGEL, 2017).


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Figura 43: Diferença entre dois trechos de um mesmo ambiente, sendo que à esquerda a parede possui um acabamento liso com pintura e à direita o assentamento de tijolinho rústico com aspecto áspero.

Fonte: ArchDaily, 2017.

Cada material possui suas possibilidades de acabamento e suas propriedades físicas. Assim como contribuem visualmente para o resultado do ambiente, afetam diretamente o som e a temperatura do lugar (ZUMTHOR, 2006). Explorar as diversas alternativas, adequando-as para cada projeto e buscando balancear a composição através do design das peças, cores e iluminação, é recomendável para contribuir com a qualidade do espaço construído e a experiência do usuário (GURGEL, 2017). 4.1.6 Cores A psicologia das cores e seus efeitos emocionais sobre as pessoas é uma pesquisa complexa, as reações geradas através da percepção delas são situacionais e intrapessoais, dependendo de fatores como gênero, idade, cultura, tipo de tarefa que está sendo realizada, a quantidade e o tipo de luz sobre a cor, a distância a qual ela está sendo visualizada, assim como as outras cores presentes próximas à ela (ELLIOT, 2015).


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Segundo o professor e psicólogo Andrew J. Elliot (2015), a Teoria da cor no contexto, dos autores Elliot e Maier (2012), apresenta o conceito de que a condição física e psicológica na qual a cor é percebida irá influenciar no significado que ela terá para o usuário e as respostas que ela irá gerar no mesmo. Logo, uma mesma cor pode ter efeitos totalmente diferentes ao ser combinada com outras, a sensação será determinada pelas circunstâncias do meio no qual está inserida (HELLER, 2013). A cientista Eva Heller (2013) descreve em seu livro A psicologia das cores – como as cores afetam a emoção e a razão, as diversas interpretações psicológicas sobre as cores e como cada uma pode despertar sensações diferentes apenas alterando suas tonalidades e o seu contexto. A Tabela 01 foi criada baseada nas informações contidas no livro. Tabela 01: Cores, seus significados psicológicos e efeitos nos espaços.

IMAGEM

COR

Azul

Vermelho

Amarelo

SENSAÇÃO Frescor, harmonia e tranquilidade.

Quente, paixão e energia.

Iluminação, otimismo e espontaneidade.

Esperança,

Verde

tranquilidade e neutralidade.

Preto

Poder, elegância e negação.

COMENTÁRIO Adequada para ambientes que desejam transmitir um efeito calmante, com impressão visual de amplitude e frescor. Nos ambientes, o vermelho se projeta, gerando a sensação visual de proximidade. Adequada para ambientes ativos e movimentados.

Cor da luz, o amarelo irradia e possui efeito de leveza.

Enquanto algumas cores criam sensações de aproximação ou afastamento, aquecimento ou resfriamento das superfícies, o verde é a cor intermediária, que gera um efeito neutro, um equilíbrio entre os extremos. O preto impressiona. Os espaços nessa cor aparentam ser menores e, quando aplicado em objetos e móveis eles dominam o espaço, aparentam ser mais pesados, brutos e duros.


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Leveza, pureza,

Branco

objetividade e neutralidade.

Laranja

Violeta

Penetrante, alegria e sociabilidade.

Poder, extravagância e singularidade.

Sensibilidade,

Rosa

refinado, suavidade e/ou chocante.

Ouro

Luxuosidade e poder.

Velocidade,

Prata

singularidade, frieza e elegância.

Marrom

Preguiça, aconchego e segurança.

Falta de

Cinza

sensibilidade, conformidade e entediante.

Nas superfícies o branco irradia e gera um efeito visual de aumento. É uma cor neutra que não desvia a atenção, adequada para espaços que precisam de foco e concentração ou em superfícies que buscam dar destaque aos elementos que estão sobrepostos a elas. Nos ambientes o laranja clareia e aquece, uma mistura ideal para proporcionar alegria e estimular a mente. O violeta é visto como artificial, por ser uma cor rara na natureza. Usado para dar destaque e chamar atenção.

A partir da variação de tonalidades do rosa é possível criar o efeito de algo refinado. Quando utilizado em espaços que buscam estimular a criatividade, é interessante criar combinações pouco convencionais, usando tons suaves em elementos duros, ou grandes e pouco delicados.

Chama atenção para as superfícies onde foi aplicado, comumente usado em detalhes nos ambientes. A cor prata é muito utilizada em peças de design moderno, está presente nos objetos e nos acessórios metálicos dos ambientes. É discreta e elegante. Nos ambientes apresenta aspectos de naturalidade, é a cor dos materiais rústicos como o couro, a madeira e o algodão. Causa uma impressão de espaço reduzido, gerando uma sensação de aconchego e segurança. É uma cor que vai com tudo, dependendo da tonalidade e das circunstâncias pode ter um efeito claro ou escuro. Simboliza a falta de sensibilidade e dá a impressão de algo cru, bruto, pouco elaborado.

Fonte: Autor, 2020.


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Através da sua aplicação, as cores possibilitam transmitir mensagens e ideias, assim como são capazes de criar um espaço. Alternando entre as cores, suas tonalidades e as superfícies onde são aplicadas elas assumem ações móveis, ou seja, permitem modificar as sensações visuais de distâncias em um determinado lugar. Por exemplo, um ambiente com o forro de cor escura parece ser mais baixo, logo, o espaço fica mais acolhedor, caso altere o forro para uma cor clara, a sensação se torna de amplitude no espaço. Assim como nas superfícies, as cores nos objetos também alteram a percepção, deixando-os mais próximos ou mais afastados e maiores ou menores (FARINA et al, 2011). Como foi citado, cada cor pode produzir diferentes sensações, às vezes contraditórias, isso porque seus significados serão alterados de acordo com o acorde cromático da cor. O acorde cromático é a combinação de cores que acompanham a cor principal que está em análise e, que permite criar diferentes efeitos de acordo com a combinação de cores propostas. O conjunto de cores do acorde é o que determinará e irá caracterizar as sensações e os sentimentos gerados a partir da sua percepção (HELLER, 2013), como pode ser observado na Figura 44. Figura 44: Exemplos de acordes cromáticos e seus significados.

Fonte: Heller, 2013, p.32-33.

As cores podem ser manipuladas de diversas formas, buscando despertar certas emoções ou sensações. Mesmo que seja feita uma análise de cada cor


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isoladamente e os efeitos que ela transmite, não será um padrão inquestionável, uma vez que, as reações ao visualizarem determinadas cores serão diferentes para cada pessoa, isso porque elas estão estritamente relacionadas a fatores pessoais, além de variarem de acordo com o uso e local onde estão aplicadas. O espaço não age, quem age no espaço somos nós. O ambiente é uma variável que pode influenciar nossa ação, nossa percepção, nosso estado mental. Isto é, nós podemos apresentar diferentes comportamentos e percepções dependendo das características físicas do lugar onde nos encontramos, nós reagimos de maneiras diferentes em ambientes diferentes, mas nem todos responderão de forma semelhante ao mesmo espaço. (PAIVA, 2020).

Concluindo, a experiência que cada pessoa irá vivenciar em um espaço será inteiramente individualizada, dependerá de fatores pessoais e das circunstâncias emocionais do momento. Proporcionar ao usuário um ambiente rico em informações contribui para a experiência que será vivenciada por ele, além de possibilitar uma articulação de fatores que favorecem a qualidade do meio construído, a saúde e o bem-estar das pessoas. Explorar as variadas soluções projetuais comentadas anteriormente permite criar espaços significativos e que provoquem a formação de vínculos entre as pessoas e os lugares. Isso porque quanto mais diferenciada a experiência for, mais ela estimulará sensorialmente o usuário, apresentando informações inéditas ao seu cérebro e produzindo novas memórias, além de evocar outras existentes. Será a partir desse movimento que a pessoa irá estabelecer uma identificação e construirá laços emocionais com o espaço.


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3 STUDIO AALTO Neste capítulo será abordado brevemente sobre a carreira do arquiteto Alvar Aalto, até o momento da criação do Studio Aalto, edificação projetada pelo mesmo para funcionar como seu escritório. Serão apresentadas as principais características de seus trabalhos, pontuando os elementos do Design Amigável e relacionando-os com os conceitos da neurociência aplicada à arquitetura. Após isso, será feita uma leitura arquitetônica do projeto do Studio, destacando suas propriedades físicas. 3.1 Alvar Aalto Alvar Aalto (1898-1976) foi um grande arquiteto e designer finlandês, mundialmente reconhecido por suas obras e peças de design. Em 1921 concluiu sua formação em arquitetura pelo Instituto de Tecnologia de Helsinque e, logo após, iniciou seu trabalho no próprio escritório junto à sua esposa e também arquiteta, Aino Marsio. Inicialmente seus projetos seguiam os princípios do Classicismo Nórdico, estilo que predominava a arquitetura finlandesa na época. Na década de 1930, influenciado por suas vivências em viagens à Europa, começou a seguir os conceitos modernistas, tendência internacional desse período. Foi nesta fase, aplicando propriedades do funcionalismo, que as obras de Aalto receberam reconhecimento internacional. Destaca-se o projeto do Sanatório Paimio, importante marco funcionalista. (ALVAR AALTO FOUNDATION, [s.d.]). Figura 45 e 46: Sanatório Paimio, projetado em 1929-33.

Fonte: Alvar Aalto Foundation, s.d.


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(...) Em vez de combater a mentalidade racional, a fase mais recente da arquitetura moderna tenta projetar métodos racionais do campo técnico aos campos humanos e psicológicos... O funcionalismo técnico só é correto se ampliado para abranger até o campo psicofísico. Essa é a única maneira de humanizar a arquitetura. (AALTO, s.d. apud PALLASMAA et al, 2013, p.15, tradução nossa).

Na defesa e tentativa de construir espaços/ambientes mais humanos, Aalto usou o termo “racionalismo estendido” para afirmar a importância de expandir o método racional de projetar para áreas de estudos psicológicos e mentais (PALLASMAA et al, 2013). Após anos trabalhando com as concepções funcionalistas em seus projetos começou a seguir os princípios do Design Amigável e Funcional, projetando com propriedades e desenho modernistas, porém com formas mais orgânicas, ao pensar na internalidade dos espaços. O arquiteto preocupava-se com o homem e o ambiente, buscava transformar os desenhos ortogonais racionalistas em traços mais naturais, logo, mais irregulares. (ALVAR AALTO FOUNDATION, [s.d.]). Figura 47 e 48: Igreja de Riola, projetada em 1966-80.

Fonte: Alvar Aalto Foundation, s.d. Divisare, 2016.

Aalto atentava-se a criação de ambientes que tivessem liberdade e pudessem ser manuseados livremente, permitindo diversas possibilidades de usos e configurações. Assim como enxergava cada edificação e seus espaços internos com sensibilidade, preocupando-se com os efeitos de luz consequentes da forma arquitetônica, a relação entre o interior e exterior dos espaços, além da aplicação de materiais naturais, conciliando propostas humanistas ao desenho moderno. (ALVAR AALTO FOUNDATION, [s.d.]).


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Figura 49: Villa Mairea, projetada em 1937-39, com destaque para o interior da casa com grandes aberturas, vegetação nas paredes e aplicação da madeira no piso e no forro.

Fonte: Alvar Aalto Foundation, s.d. Tornar a arquitetura mais humana significa criar uma arquitetura melhor, o que por sua vez, implica um funcionalismo muito mais amplo do que aquele com bases exclusivamente técnicas. Esse objetivo só pode ser alcançado por métodos arquitetônicos – pela criação e combinação de coisas técnicas diferentes, de tal modo que elas possam oferecer ao ser humano uma vida extremamente harmoniosa (AALTO, s.d. apud MULLER, 2006).

As obras de Aalto são exemplos de uma arquitetura acolhedora e benevolente, que estão conectadas diretamente com a natureza e a vida humana através do conhecimento intuitivo do arquiteto. São propriedades que dificilmente conseguirão ser explicadas de maneira intelectual. Isso porque, segundo Pallasmaa (2015) em seu livro Mind in Architecture, a arquitetura é predominantemente uma arte do corpo e do sentido existencial, ligada aos sentimentos emotivos e inconscientes, e não uma obra que pode ser deduzida de modo racional. Como observado, as ideias executadas por Alvar Aalto décadas atrás assemelham-se aos conceitos e pesquisas atuais da neurociência aplicada à arquitetura. A preocupação com o humanismo em seus projetos, além dos estudos


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dedicados as áreas de neurofisiologia e psicologia são atributos característicos de seus trabalhos e em comum à NeuroArquitetura. (PALLASMAA et al, 2013). 3.2 Studio Aalto – Leitura Arquitetônica Por muitos anos Alvar Aalto seguiu com seu escritório funcionando em sua própria casa, mas em 1954, com a necessidade de um espaço maior para atender seus trabalhos, o arquiteto decidiu projetar o Studio Aalto, local que funcionaria como seu novo ateliê. O estúdio está localizado próximo a antiga casa de Aalto, e foi considerado uma de suas melhores obras da década de 50. (ALVAR AALTO FOUNDATION, [s.d.]). Figura 50: Fachada externa Studio Aalto.

Fonte: Divisare, 2017.

A fachada da edificação voltada para a rua não possui muitas aberturas e elementos, consiste em paredes brancas estruturais e árvores existentes no jardim do terreno. Já a fachada voltada para dentro do lote possui várias janelas em diferentes formatos e que permitem a visibilidade entre o interior das salas e o pátio. Este possui uma forma semelhante a um anfiteatro, com o terreno escalonado, pedras de ardósia e vegetação. O espaço, além de ser utilizado nos momentos de descontração dos funcionários, também era o local onde aconteciam palestras e apresentações. (ALVAR AALTO FOUNDATION, [s.d.]).


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Figura 51 e 52: Pátio interno Studio Aalto.

Fonte: Alvar Aalto Foundation, s.d. Divisare, 2017. Figura 53: Funcionários utilizando o pátio interno.

Fonte: Alvar Aalto Foundation, s.d.

A edificação possui dois pavimentos, sendo que a parte térrea conta com o hall de entrada, roupeiro, banheiros, refeitório e algumas salas – as quais os usos não foram identificados; e o primeiro pavimento, onde concentram-se as principais salas de trabalho/desenvolvimento de projetos.


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Figura 54: Planta Baixa térreo e primeiro pavimento Studio Aalto.

Fonte: Divisare, 2017.

Internamente, a edificação possui predominantemente paredes de tijolos pintadas

de

branco.

O

piso,

em

alguns

ambientes

possui

cerâmicas

vermelho/alaranjado, e em outros um que se assemelha ao cimento queimado, sendo utilizado na cor cinza, amarelo e verde. Complementando o projeto foi utilizada a marcenaria dos armários, mesas e painéis, presentes em sua maioria na madeira natural e no material com acabamento branco fosco, e com detalhes pontuais em material preto fosco. Além disso, também se destacam as peças de design de Aalto que foram utilizadas no projeto, como as luminárias, cadeiras, mesas e móveis de apoio. Térreo O pavimento térreo aparenta ser uma área com maior exclusividade para quem trabalha no ateliê. Na figura 55 é possível ver ao fundo uma das portas de acesso ao Studio, o hall de entrada e, na parte central a circulação que direciona para os demais ambientes. Nas laterais encontram se o roupeiro com banheiros, uma sala – a qual o uso não foi identificado, e outra que, aparentemente, é uma área de descanso e que também faz a transição com a circulação do refeitório, situado após este espaço. Nos locais de breve permanência, como o hall de entrada, possui pouco mobiliário. A iluminação natural proveniente das janelas é complementada por algumas luminárias gerais de teto. As paredes, como foi citado, predominantemente pintura branca; O


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piso, ao que parece, foi assentado de acordo com o uso de cada ambiente. Nas áreas comuns e de circulação dos funcionários foi utilizada a cerâmica vermelha, já na sala localizada a direita na imagem 55, que supostamente possui um uso diferente, foi aplicado o acabamento de cimento queimado verde. Figura 55: Visão voltada para uma das portas de acesso ao Studio.

Fonte: Google Maps, 2014.

Nos ambientes de maior permanência, como a sala de descanso e o refeitório, notam-se algumas diferenças dos demais espaços do térreo. Além da presença de mais mobiliários, destacam-se as aberturas posicionadas estrategicamente para ter uma visão do jardim interno, assim como permitir a entrada de ventilação e luz natural, contribuindo para a qualidade do ambiente. Nesses locais nota-se que a iluminação artificial foi empregada de forma cautelosa, complementando a natural. Foram utilizados pendentes pontuais onde era necessário e a luz geral do ambiente foi feita com focos de luz posicionados no teto e algumas lonas em tecido sobrepostos a eles, atuando como difusoras de luz. A estratégia adotada permite que o ambiente seja claro e iluminado de forma homogênea, evitando ofuscamentos. Figura 56 e 57: Sala de descanso e Refeitório.

Fonte: Google Maps, 2014.


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Pavimento Superior No primeiro pavimento estão localizadas a sala principal do ateliê, onde aconteciam exposições de projetos, a sala de conferência, sala de desenho, e outras que não foram identificadas. (ALVAR AALTO FOUNDATION, [s.d.]). A sala principal do ateliê conta com uma das portas de acesso ao Studio, logo também é uma área de recepção de quem chega no local. É um ambiente amplo e iluminado, possui pé direito duplo e uma parede curva com grandes aberturas voltadas para o pátio interno, estas que, junto as janelas altas da parede ao lado e da abertura zenital existente garantem a iluminação natural da sala, permitindo que o espaço seja agradável devido a luminosidade e a visibilidade para o meio externo onde há presença de vegetação. Figura 58 e 59: Parede curva com aberturas voltadas para o pátio interno.

Fonte: Google Maps, 2014.

A iluminação artificial foi utilizada de maneira cênica e pontual, com um conjunto de pendentes que são design de Aalto localizadas próximos a entrada, além


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de algumas luminárias de piso e parede, posicionadas estrategicamente para iluminar os projetos expostos. Figura 60: Pendentes desenhados por Aalto

Fonte: Divisare, 2017.

O contato visual com a natureza externa é complementado pelo contato físico, com a planta trepadeira existente na parte interna, aproximando o usuário da natureza. O espaço possui um layout livre e mutável, variando com as necessidades de uso do momento. As paredes seguem o padrão de todo o estúdio, na cor branca, já no piso foi aplicado o cimento queimado cinza, criando um ambiente neutro e permitindo que outros elementos como as peças de design, os projetos expostos e a vista se destaquem.


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Figura 61: Sala principal.

Fonte: Joelix, s.d.

Seguindo pelo ateliê, chega-se a uma pequena circulação que direciona à três áreas do escritório: o pátio interno, a sala de conferência e a sala de desenho. A área de conferência é uma pequena sala que era utilizada principalmente para analisar modelos de maquetes e projetos. Apesar de não ser um ambiente tão grande quanto os demais do pavimento, gera uma sensação de amplitude devido ao seu pé direito alto e a sacada inclinada, onde possui uma abertura no teto, sendo a única abertura da sala que permite a entrada direta de luz natural. A iluminação artificial é feita pelos pendentes e luminárias de piso desenhadas por Aalto. Neste espaço o piso segue uma cor diferenciada, com o cimento queimado amarelo. As paredes brancas recebem armários e estantes para acomodar os arquivos, e foram feitas em madeira com acabamento natural e branco. (ALVAR AALTO FOUNDATION, [s.d.]).


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Figura 62: Sala de conferência.

Fonte: Divisare, 2017. Figura 63: Sacada inclinada com abertura no teto para entrada de luz.

Fonte: Divisare, 2017.

A sala de desenho era o espaço principal de produção do ateliê, era compartilhada

pela equipe e, em alguns momentos, por Alvar Aalto (ICONIC

HOUSES, [s.d.]). Possui uma planta estreita e longilínea, rodeada pela luz natural proveniente das grandes janelas posicionadas ao longo das duas paredes mais extensas, essas aberturas, além de serem responsáveis pela iluminação do ambiente,


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permitem o contato visual com a vegetação externa. O pé direito alto com o teto branco e inclinado garantem que a luz natural se propague por toda o ambiente. Figura 64: Iluminação natural da sala de desenho.

Fonte: Joelix, s.d. Figura 65: Janelas da sala de desenho e suas vistas para o meio externo.

Fonte: Joelix, s.d.


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O cimento queimado presente no piso possui cor amarelada, assim como na sala de conferência e na área de circulação; as paredes possuem predominantemente a cor branca, diferencia-se apenas uma delas que é coberta por marcenaria preta. A iluminação do ambiente é feita apenas pela luz natural e pelas luminárias posicionadas nas mesas e paredes. Cada uma das mesas possui luminárias articuláveis, para uma luz de tarefa, e as presentes nas paredes são peças desenhadas por Aalto, que complementam a iluminação geral do ambiente. Figura 66: Luminárias nas mesas e paredes.

Fonte: Joelix, s.d.

Nota-se uma homogeneidade em todo o projeto. Paredes brancas, pisos aparentemente - mudando de acordo com a atividade realizada nos ambientes, uso da madeira natural nos objetos de design e na marcenaria do ateliê, além da cartela de cores reduzida, variando entre branco (nas paredes, marcenaria e luminárias), cinza (no tecido das cadeiras e poltronas) e preto (na marcenaria e em uma das paredes), além das aplicadas nos pisos: vermelho, amarelo, cinza e verde. Destacase também o abundante aproveitamento da luz natural, aliado ao contato visual com


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o meio externo e com a natureza. A iluminação artificial é utilizada cautelosamente, sem excessos, onde há necessidade devido a atividade exercida no local. O projeto traz inúmeros conceitos utilizados na Neuroarquitetura devido ao cuidado com a internalidade da obra e a qualidade dos espaços. A preocupação com o equilíbrio entre a iluminação natural e artificial, o contato visual e físico com o meio externo e a vegetação, as peças de design com formas mais irregulares e orgânicas geram qualidade na experiência de quem vivencia o espaço. Para a execução do projeto de intervenção do Studio Aalto foram escolhidos dois ambientes: a sala de desenho e a sala de conferência, como veremos no capítulo a seguir. 4 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO INTERNA NO STUDIO AALTO Como foi apresentado no capítulo anterior, o Studio Aalto, projetado pelo arquiteto Alvar Aalto, é uma das obras funcionalistas mais marcantes da década de 50 (ALVAR AALTO FOUNDATION, [s.d.]). O projeto possui diversas propriedades que estimulam os aspectos cognitivos e podem ser facilmente estudados pelos conceitos da neurociência aplicada à arquitetura. Por isso, esse projeto foi escolhido como base de estudo e de desenvolvimento do projeto deste Trabalho de Conclusão de Curso. Apesar de todas as qualidades citadas até o momento a respeito dessa obra de Aalto, após os estudos dos capítulos anteriores deste, foram identificados alguns elementos do projeto que poderiam ser propostos de maneiras diferentes, de modo que gerasse outra interpretação do espaço pelos usuários. Visando criar uma experiência mais diversificada, foram definidos dois ambientes do estúdio, a sala de conferência e a sala de desenho, para desenvolver os estudos de projeto. A escolha foi feita considerando que estes seriam os principais ambientes da edificação, onde acontecia a produção dos trabalhos do escritório logo, onde havia maior permanência da equipe de funcionários. Neste capítulo será apresentada a modelagem 3D desenvolvida pela autora com base no projeto original e, juntamente, serão pontuados e justificados os elementos que serão modificados. Além disso, serão apresentadas as imagens em 3D das novas propostas projetuais. O objetivo foi manter a identidade do projeto, sem descaracterizá-lo, porém, fazendo pequenas alterações que criassem algo diferente, e que enriquecesse a experiência de quem vivenciasse o espaço.


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4.1 Projeto Original Figura 67: Modelagem 3D Sala de desenho – Projeto Original Studio Aalto.

Fonte: Autor, 2020.

Após análise inicial do projeto original, observou-se que o elemento divisor entre as mesas de trabalho e a divisória presente nos fundos da sala gerava uma barreira visual não somente do próprio ambiente, mas também das janelas existentes e da vista para o meio externo com vegetação. Apesar deste elemento dar maior privacidade considera-se que, neste ambiente de ateliê, onde o trabalho é compartilhado e há maior interação entre as pessoas, este poderia ser um elemento dispensável e que, seria mais vantajoso propor algo que não causasse esse bloqueio na visão dos usuários. Isto considerando que o contato, mesmo que apenas visual, com o exterior e com a natureza são pontos importantes e que geram bem-estar aos usuários, podendo melhorar a qualidade do ambiente e do trabalho.


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Figura 68: Modelagem 3D Sala de desenho – Projeto Original Studio Aalto.

Fonte: Autor, 2020.

Além das divisórias, notaram-se outros pontos que poderiam ser explorados. O primeiro deles é o teto, como o pé direito de ambos os ambientes é alto e com cor branca, que gera um efeito visual de aumento (HELLER, 2013), pensou-se em explorá-lo de uma forma diferente, que o aproximasse do usuário. Como a curva é outro elemento muito trabalhado por Aalto, buscou-se explorá-la no teto. Figura 69: Modelagem 3D Sala de desenho – Projeto Original Studio Aalto.

Fonte: Autor, 2020.


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Figura 70: Modelagem 3D Sala de conferência – Projeto Original Studio Aalto.

Fonte: Autor, 2020.

Por fim, a última alteração realizada foi a cartela de cores do projeto. Com a base existente era neutra, variando basicamente entre branco, amarelo, marrom e preto, decidiu-se propor novas aplicações de cores, definidas baseadas nos conceitos e definições abordados no livro Psicologia das Cores, da autora Eva Heller (2013), buscando gerar diferentes atmosferas através dos acordes cromáticos. Figura 71: Modelagem 3D Sala de desenho – Projeto Original Studio Aalto.

Fonte: Autor, 2020.


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Figura 72: Modelagem 3D Sala de conferência – Projeto Original Studio Aalto.

Fonte: Autor, 2020.

Foram desenvolvidos três modelos diferentes de ambientes: Aconchegante, Excitante e Tranquilo, desenvolvidos e denominados com base nas definições feitas por Heller (2013). Em todos eles foram alterados os mesmos elementos, as divisórias e o teto, o que os diferenciam são as cartelas de cores utilizadas em cada ambiente. Figura 73: Modelagem 3D Sala de conferência – Projeto Original e Propostas Elaboradas.

Fonte: Autor, 2020.


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Para o teto de ambas as salas, foi proposto um forro orgânico, com uma forma mais natural e movimentada. A escolha por um forro de tal forma ocorreu pois, além de Aalto defender o uso de traços mais naturais e irregulares nos projetos (ALVAR AALTO FOUNDATION, [s.d.]), as pessoas tendem a se sentir mais confortáveis e ter maior foco em ambientes com formas curvas do que em locais com formas angulares, como foi pontuado no Capítulo 2. Quanto aos elementos divisores entre as mesas, foi desenhado outro modelo com o mesmo material, porém de altura menor, evitando que ocorresse o bloqueio visual. A divisória existente nos fundos da sala de desenho foi substituída por uma nova, vazada e com certa inclinação no seu assentamento para assim, garantir que haja simultaneamente permeabilidade visual e privacidade. As cores utilizadas nas três propostas foram escolhidas de acordo com o acorde cromático, definiu-se as combinações que geram sensação de aconchego, outros que foram considerados excitante e, o seu oposto, tranquilo. 4.2 Proposta Aconchegante Segundo o acorde cromático desenvolvido por Heller (2013), as cores da Figura 74 geram a sensação de aconchego. Neste projeto, o marrom foi representado pela cor da madeira, o verde aplicado nas paredes e na divisória de ambientes, o azul no piso, o amarelo e o laranja ficaram nas luminárias e no tecido das cadeiras e poltronas. Figura 74: Acorde Cromático Aconchegante.

Fonte: Autor, 2020.

Na primeira proposta, foi aplicado nos dois ambientes um forro orgânico em madeira, por ser um material de origem natural, com textura e aspecto mais rústico que se aproxima do usuário e gera identificação do mesmo com o objeto, além de tornar o espaço aconchegante.


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Figura 75: Proposta Aconchegante – Sala de desenho.

Fonte: Autor, 2020. Figura 75: Proposta Aconchegante – Sala de conferência.

Fonte: Autor, 2020.

No piso foi utilizada o mesmo acabamento do original, porém na cor azul clara, buscando equilibrar com o forro. A madeira presente deixa o ambiente com uma aparência mais pesada, parecendo ser mais baixo e menor; o azul gera sensação de


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leveza, tranquilidade e amplitude, como resultado obtém-se um espaço equilibrado e harmonioso. Figura 77: Proposta Aconchegante – Sala de desenho.

Fonte: Autor, 2020.

Pensando em utilizar detalhes pontuais com tonalidades quentes e intensas, foram aplicadas nas luminárias, cadeiras e poltronas as cores laranja e amarelo. Como são objetos que estão mais próximos e em contato direto com o usuário, foram usadas de tal forma buscando gerar estímulo mental durante o trabalho.


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Figura 78: Proposta Aconchegante – Sala de desenho.

Fonte: Autor, 2020. Figura 79: Proposta Aconchegante – Sala de conferência.

Fonte: Autor, 2020.

Nas paredes e divisórias foram utilizadas diferentes tonalidades de verde. A cor possui característica de neutralidade e, na maneira como foi empregada, fez os elementos se camuflarem com as paisagens das árvores que são vistas através das janelas. Resultando em um ambiente tranquilo e harmônico.


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Figura 80: Proposta Aconchegante – Sala de desenho.

Fonte: Autor, 2020.

Resumindo, o conjunto de alterações supracitadas, compõem a atmosfera Aconchegante e podem ser observados na Figura 81. Figura 81: Resumo da proposta Aconchegante – Imagens sala de desenho e de conferência.

Fonte: Autor, 2020.


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4.3 Proposta Excitante Na segunda proposta, o projeto foi desenvolvido baseado no acorde cromático que gera excitação, ou seja, um ambiente estimulante. Seguindo as cores presentes na figura 82, o vermelho foi utilizado em objetos como as cadeiras e luminárias, o laranja foi aplicado nas paredes, o roxo nas luminárias da sala de desenho e no piso da sala de conferência, e o amarelo na divisória de ambientes e nas poltronas. Figura 82: Acorde Cromático Excitante.

Fonte: Autor, 2020.

Na sala de desenho, diferentemente da proposta anterior, o forro orgânico foi executado em material com acabamento liso e na cor branco fosco. Considerando que a forma da estrutura gera aproximação suficiente com o usuário, nesse ambiente foi aplicado este tipo de cor e acabamento visando um aspecto de leveza, neutralidade e objetividade. Já na sala de conferência, como o local possui dimensões menores, tirou-se partido disto e, na intenção de criar um espaço mais acolhedor, o forro foi utilizado em madeira natural. Figura 83: Proposta Excitante – Sala de desenho.

Fonte: Autor, 2020.


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Figura 84: Proposta Excitante – Sala de conferência.

Fonte: Autor, 2020

.

Para o piso, foi utilizado o cimento queimado laranja em uma das salas e roxo na outra. O primeiro foi empregado na sala de desenho, este ambiente onde o branco é predominante nas paredes e teto, a cor laranja, além de clarear e aquecer, promove o estímulo das atividades cerebrais. O segundo, presente na sala de conferência, foi aplicado em uma tonalidade clara pois, apesar de ser uma cor que naturalmente tende a chamar atenção, desta forma ela se equilibra com os elementos de maior destaque, como o forro e a parede pintada, harmonizando esteticamente com o ambiente.


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Figura 85: Proposta Excitante – Sala de desenho.

Fonte: Autor, 2020.

Nas luminárias, cadeiras e poltronas as cores foram variadas. Enquanto na área de desenho elas foram definidas com a intenção de estimular a energia e a atividade de uma sala compartilhada de trabalho, foi aplicado o vermelho nas cadeiras e, para dar destaque, porém de maneira harmônica e sem desviar a atenção de outros elementos, foi usado o roxo nas luminárias das mesas. Na área de conferência, a ideia era que os objetos fossem pontos de atenção e que estimulassem quem estivesse no espaço. Logo, as cores quentes e intensas, como o vermelho, laranja e amarelo, foram destinados aos elementos que estão próximos ao olhar do usuário.


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Figura 86: Proposta Excitante – Sala de desenho.

Fonte: Autor. Figura 87: Proposta Excitante – Sala de conferência.

Fonte: Autor.

As paredes das salas foram pintadas com uma tonalidade intensa de laranja e nas divisórias foi aplicado o amarelo, tornando-as pontos de destaque dos ambientes que, além de atuarem como áreas de descompressão, também proporcionam vivacidade ao espaço e provocam maior estímulo cerebral.


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Figura 88: Proposta Excitante – Sala de desenho.

Fonte: Autor, 2020.

O conjunto de alterações citadas acima e apresentados na Figura 89, compõem um ambiente estimulante, com atmosfera Excitante. Figura 89: Resumo da proposta Excitante – Imagens sala de desenho e de conferência.

Fonte: Autor, 2020.


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4.4 Proposta Tranquila O acorde cromático responsável pela sensação de tranquilidade apresenta-se na figura 89. Neste projeto as cores foram empregadas da seguinte forma: o verde foi aplicado em uma das paredes, nas luminárias, cadeiras e poltronas; o azul no piso, paredes e divisórias; o branco existente nas paredes foi mantido e proposto no novo forro; e o marrom, além de ter sido utilizado no piso de uma das salas, também foi representado pela madeira natural. Figura 90: Acorde Cromático Tranquilo.

Fonte: Autor, 2020.

Nesta última proposta, o forro orgânico de ambos os ambientes foi feito com acabamento branco fosco, criando uma aproximação com quem está no espaço apenas devido a sua forma – como foi explicado anteriormente, sendo utilizado em uma cor que provoca atmosfera de leveza e neutralidade. Figura 91: Proposta Tranquila – Sala de desenho.

Fonte: Autor, 2020.


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Figura 92: Proposta Tranquila – Sala de conferência.

Fonte: Autor, 2020.

No piso da sala de desenho foi aplicado uma tonalidade de azul claro, cor que proporciona a sensação de harmonia e tranquilidade e, ao ser utilizada em conjunto com o forro branco, gera uma sensação ainda maior de amplitude no ambiente. Na sala de conferência, o piso aparece em um tom de marrom claro que, no conjunto com os demais elementos em madeira, traz aconchego para o local. Figura 93: Proposta Tranquila – Sala de desenho.

Fonte: Autor, 2020.


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Na divisória de ambientes presente no ateliê de desenho também foi utilizada a cor azul, porém em tonalidade mais forte que o piso. Desta forma, ela se destaca de maneira harmoniosa e se torna um ponto de descompressão da sala, assim como a parede oposta a ela, que foi pintada na cor verde. O mesmo acontece na sala de conferência, com a pintura azul feita no trecho da parede com a sacada inclinada. Utilizando essas cores como elementos de destaque sobrepostos a uma base branca e clara predominante no ambiente, criam-se pontos de destaque, porém, mantendo um aspecto geral de neutralidade, leveza, tranquilidade e frescor. Figura 94: Proposta Tranquila – Sala de desenho.

Fonte: Autor, 2020.


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Figura 95: Proposta Tranquila – Sala de conferência.

Fonte: Autor, 2020.

Nos elementos acessórios – luminárias, cadeiras e poltronas, foram utilizadas as mesmas cores, verde e azul, variando a tonalidade entre eles. Consequentemente, o efeito de tranquilidade permanece no ambiente. Com a predominância de cores neutras e claras nas salas, a madeira se destaca com maior intensidade e, assim, acrescenta à experiência com seu aspecto e textura natural, além de provocar a identificação e aproximação entre o espaço e o usuário.


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Figura 96: Proposta Tranquila – Sala de desenho.

Fonte: Autor, 2020.

As alterações comentadas a respeito deste projeto, criam a atmosfera Tranquila e podem ser vistos na Figura 97. Figura 97: Resumo da proposta Tranquila – Imagens sala de desenho e de conferência.

Fonte: Autor, 2020.


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Concluindo, o projeto do Studio Aalto apresenta aspectos de um design amigável (ALVAR AALTO FOUNDATION, [s.d.]) – design que se assemelha aos estudos da neurociência aplicada à arquitetura – porém, com as mudanças propostas, foi possível deixá-lo ainda mais próximo às propriedades da neuroarquitetura. Figura 98: Resumo modelagem 3D sala de desenho – Projeto Original e Propostas Elaboradas.

Fonte: Autor, 2020.

O forro com uma forma natural e orgânica, diferentemente do original com desenho mais angular, é um dos pontos principais dos projetos propostos pois, através dele foi possível gerar um espaço mais acolhedor e agradável ao usuário.


88

Figura 99: Resumo modelagem 3D sala de desenho – Projeto Original e Propostas Elaboradas.

Fonte: Autor, 2020.

O novo modelo de divisórias entre mesas e ambientes foi outro fator que modificou eficientemente o ambiente. Onde antes havia barreiras que geravam uma limitação visual, ocultando a vista das janelas e bloqueando a visão interna da sala, foram propostos substitutos que permitem uma percepção panorâmica do espaço. Consequentemente, o ambiente ganhou aspecto de amplitude e se tornou mais agradável, gerando maior bem-estar devido ao contato ótico com a natureza.


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Figura 100: Resumo modelagem 3D sala de conferência – Projeto Original e Propostas Elaboradas.

Fonte: Autor, 2020.

E, para complementar essas alterações, os acordes cromáticos utilizados demonstraram que a definição cuidadosa das cores que serão empregadas no projeto, pensando individualmente em cada uma delas e no conjunto em que serão aplicadas, além de analisar cada elemento que receberá a cor, entendendo e justificando a sua importância, é possível alcançar resultados de diferentes atmosferas. Assim, obtendo ambientes opostos e/ou diversos, que promovam sensações e experiências variadas aos usuários em um único espaço. O conteúdo mental e o significado de uma experiência arquitetônica não são um determinado conjunto de fatos ou elementos; é uma reinterpretação imaginativa única e recriação por cada indivíduo (PALLASMAA, ROBINSON, p.59, 2015, tradução).


90

5 MÉTODOS, RESULTADOS E DISCUSSÕES A partir dos projetos desenvolvidos pela autora baseados nos fundamentos da neurociência aplicada à arquitetura, foi realizada uma pesquisa e análise experimentais da percepção neuro científica dos usuários diante das propostas arquitetônicas apresentadas no capítulo anterior. A pesquisa foi dividida em duas etapas, na primeira realizou-se a exibição de um vídeo com um questionário a ser respondido, com o intuito de investigar a reação emocional dos participantes ao serem expostos a cada um dos projetos. E, na segunda etapa, buscou-se verificar e compreender através do uso do dispositivo de rastreamento ocular Eye-Tracker, a reação fisiológica ocular inconsciente dos voluntários perante as cenas dos ambientes expostos. 5.1 Participantes A atividade foi realizada com um número restrito de participantes devido a situação da COVID-19, evitando qualquer tipo de aglomeração, seguindo os protocolos e orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para que os participantes não fossem expostos a algum risco. Na totalidade, seis pessoas participaram voluntariamente da pesquisa, assistindo as cenas e respondendo ao questionário presentes nos vídeos. Duas dessas seis pessoas - realizaram uma análise com dispositivo de rastreamento ocular, Eye-Tracker. Todas as voluntárias eram mulheres, com idades variando entre 18 e 70 anos. As participantes foram divididas em grupos A, B e C, onde os grupos A e B realizaram apenas a primeira etapa e o grupo C participou da primeira e segunda etapa da pesquisa. Com o intuito de preservar a identidade das participantes da pesquisa, seus nomes não serão citados. Apenas serão identificadas como voluntária 1, voluntária 2 e etc. 5.2 Primeira Etapa – Percepção Espacial Neuro Científica através dos vídeos 5.2.1 Metodologia Para a primeira etapa da pesquisa, foram desenvolvidas duas apresentações em vídeo, sendo divididas A e B. Os vídeos continham o mesmo conteúdo, porém,


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com as imagens exibidas em posicionamentos diferentes. Foram reproduzidos com fones de ouvido, para que os voluntários escutassem a melodia presente no vídeo, evitando que ruídos externos interferissem na percepção e concentração dos mesmos durante a realização da atividade. Inicialmente explicou-se brevemente sobre o que é a NeuroArquitetura, e a forma como ela influencia a vida das pessoas perante a uma obra arquitetônica. E, logo após, foram apresentadas as imagens de modelagem 3D dos projetos do Studio Aalto. Primeiro foi exibido o projeto original do arquiteto Alvar Aalto e, logo após, as propostas Aconchegante, Excitante e Tranquila desenvolvidas pela autora. Em seguida foi realizado um questionário no qual as perguntas eram exibidas no vídeo junto à algumas cenas selecionadas dos projetos, e os participantes respondiam às perguntas em voz alta enquanto a autora, responsável pela pesquisa, registrava as respostas. Figura 101: Voluntária 1 Participando da Primeira Etapa da pesquisa.

Fonte: Arquivo Pessoal.

Nos vídeos os voluntários foram questionados se tiveram diferentes sensações ao observar os projetos, sendo exibidas simultaneamente na tela uma imagem de cada um dos projetos; O que eles sentiam ao observar determinado ambiente – neste momento

cada

proposta

foi

questionada

e

teve

suas

cenas mostradas

separadamente; Qual ambiente mais os agradavam e o porquê; e qual eles escolheriam para trabalhar e a justificativa. Neste momento final onde foram realizadas as perguntas, estavam sendo exibidas quatro imagens, uma de cada projeto, simultaneamente para que o participante escolhesse um entre eles.


92

Figura 102: Resumo da apresentação do vídeo A.


93

Fonte: Autor, 2020.


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5.2.2 Análise Como explicado anteriormente, a parte inicial do vídeo consistiu em uma contextualização da NeuroArquitetura, do projeto e propostas do Studio Aalto. Em seguida, foi realizado o questionário, onde eram exibidas na tela cada pergunta e as imagens referentes aos projetos. Figura 103: Pergunta 01 - Questionário

Elaboração: Autor, 2020.

A primeira pergunta realizada foi se, ao observar todas as imagens dos projetos, o voluntário havia sentido diferentes sensações. E, em unanimidade, a resposta foi que sim, eles sentiram. Posteriormente, foram exibidas as imagens de cada projeto e questionado o que os participantes sentiam ao observá-las. As respostas obtidas nas Figuras 104, 105, 106 e 107 estão representadas nas tabelas 03, 04, 05 e 06, respectivamente Tabela 02: Gráfico referente as respostas da pergunta 01.

Teve diferentes sensações ao observar os projetos? 0%

Sim Não 100%

Elaboração: Autor, 2020.


95

Para a análise das informações coletadas, as respostas das perguntas foram sintetizadas e agrupadas de acordo com o nível de semelhança entre elas. Figura 104: Pergunta 02 – Questionário.

Elaboração: Autor, 2020.

Ao observar as imagens do projeto original de Alvar Aalto, as sensações que predominaram nas voluntárias foram de frieza, seriedade e calmaria. A voluntária 5 comentou que o ambiente não possuía atrativos e a voluntária 4 achou o ambiente vazio. Tabela 03: Gráfico referente as respostas da pergunta 02.

O que você sente ao observar esse ambiente? (Projeto Original)

13% 25%

Frieza Seriedade

12%

Calmaria Clareza/ Transparência 25%

25%

Elaboração: Autor, 2020.

Nada


96

Figura 105: Pergunta 03 - Questionário

Elaboração: Autor, 2020.

O sentimento de aconchego e a sensação de remeter à natureza prevaleceram na proposta de projeto Aconchegante. Foram ressaltados pelas voluntárias 5 e 6 a madeira e as cores presentes no espaço como responsáveis por remeter à natureza, e que tornavam o ambiente mais agradável. Tabela 04: Gráfico referente as respostas da pergunta 03.

O que você sente ao observar esse ambiente? (Proposta Aconchegante)

38% Aconchego

Bem-estar

13%

Harmonia

12%

37%

Elaboração: Autor, 2020.

Remete à natureza


97

Figura 106: Pergunta 04 - Questionário

Elaboração: Autor, 2020.

Na situação da proposta excitante, as sensações que predominaram as voluntárias foram opostas. Enquanto algumas sentiram energia e animação, como foi citado pela voluntária 6 ao observar o ambiente devido as cores presentes no mesmo; outras sentiram tranquilidade, por conta das cores utilizadas seguirem uma paleta próxima de tonalidades e, consequentemente, obteve-se um ambiente mais homogêneo e monocromático, como comentado pela voluntária 5. Tabela 05: Gráfico referente as respostas da pergunta 04.

O que você sente ao observar esse ambiente? (Proposta Excitante)

8% 33%

17%

Energia Tranquilidade Vitalidade

Aconchego 42%

Elaboração: Autor, 2020.


98

Figura 107: Pergunta 05 - Questionário

Elaboração: Autor, 2020.

No projeto da proposta Tranquila, foi dominante nas respostas das voluntárias o comentário de que o ambiente remetia a sensação de tranquilidade, como observase no resultado da tabela 06. Também foram destacados pelas voluntárias 5 e 6 o aspecto de leveza e fluidez observados nas imagens. Tabela 06: Gráfico referente as respostas da pergunta 05.

O que você sente ao observar esse ambiente? (Proposta Tranquila)

12%

6%

Leveza/Fluidez Frescor

17% 65%

Frieza Tranquilidade

Elaboração: Autor, 2020.


99

Figura 108: Pergunta 06 - Questionário

Elaboração: Autor, 2020.

Figura 109: Pergunta 07 - Questionário

Elaboração: Autor, 2020.

Ao questionar as voluntárias qual ambiente mais as agradava, a maioria escolheu o projeto Aconchegante. Destaca-se a fala da voluntária 5, que frisou que tal proposta possui atrativos e cores que agradam, sem deixar o ambiente com aparência pesada; e os comentários das voluntárias 1 e 2 que justificaram a escolha devido a sensação de conforto gerada no espaço. Observa-se que nenhuma das participantes escolheu o projeto original.


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Tabela 07: Gráfico referente as respostas das perguntas 06 e 07.

Qual dos ambientes mais te agrada? 0%

Original

29%

Aconchegante 54%

Excitante Tranquilo

17%

Elaboração: Autor, 2020.

Figura 110: Pergunta 08 – Questionário

Elaboração: Autor, 2020.


101

Figura 111: Pergunta 09 - Questionário

Elaboração: Autor, 2020.

A última pergunta foi sobre qual ambiente as participantes escolheriam para trabalhar, novamente as propostas dos projetos tranquilo e aconchegante predominaram nas respostas. Repete-se também a não-escolha do projeto original. Ao justificarem suas escolhas, as voluntárias ressaltaram elementos presentes no ambiente como o forro em madeira e a paleta de cores claras, que geram conforto, aconchego e tranquilidade para o ambiente de trabalho. Tabela 07: Gráfico referente as respostas das perguntas 08 e 09.

Qual dos ambientes você escolheria para trabalhar? 0%

36% 46%

Original Aconchegante Excitante Tranquilo

18%

Elaboração: Autor, 2020.


102

5.3 Segunda Etapa – Percepção Espacial Neuro Científica com Dispositivo Eye–Tracker 5.3.1 Metodologia Com o propósito de examinar a percepção espacial dos voluntários diante das imagens dos projetos e, verificar se há relação entre o que foi respondido no questionário da primeira e o comportamento ocular do participante ao observar as cenas, foi realizada esta etapa com o uso do dispositivo Eye-Tracker. Foram selecionadas duas participantes, que compõem o grupo C, para realizar a segunda etapa da pesquisa. Esta que consiste na observação de algumas imagens dos projetos, exibidos nos vídeos da etapa anterior, com o equipamento de rastreamento ocular, Eye-Tracker, da marca Pupil Lab. Figura 112: Dispositivo Eye-Tracker da marca Pupil Lab.

Fonte: Arquivo Pessoal.

Antes de dar início a observação, foi feita a calibração do dispositivo em cada uma das participantes, para reduzir a chance de erro na análise e garantir a eficiência do equipamento durante o uso.


103

Figura 113: Calibração do dispositivo Eye-tracker.

Fonte: Arquivo Pessoal.

Após a calibração foi possível iniciar o procedimento. Foram exibidas no computador três imagens de cada projeto (Original, propostas Aconchegante, Excitante e Tranquila), uma cena por vez e todas com códigos QR’s nas laterais. Estes códigos permitem que o dispositivo Eye-Tracker faça a leitura da imagem, do comportamento ocular de quem está utilizando-o e que gere mapas de calor que informam para onde o usuário está direcionando e fixando o seu olhar. Figura 114: Cena da Proposta Tranquila com código QR para leitura do equipamento de eye-tracker.

Fonte: Autor, 2020.

As voluntárias iniciaram um modo de gravação disponível no aplicativo instalado no computador e no Eye-Tracker, que monitora os movimentos da glândula ocular durante o período que está ativado. Em seguida, foi apresentada uma das cenas dos projetos do Studio Aalto e as voluntárias passaram um período de 30 segundos observando a mesma. Em seguida a gravação foi finalizada e, por fim, o mapa de calor foi gerado. Este processo foi repetido 12 vezes com cada uma delas, até serem observadas 3 das cenas de cada projeto.


104

5.3.2 Análise Como resultado das observações feitas pelas voluntárias com o dispositivo Eye-Tracker, foram gerados mapas de calor que permitem obter com certa precisão as informações sobre o comportamento ocular individual em cada imagem observada. Os mapas são expressos por manchas na variação de cores entre azul-claro, verde, amarelo, laranja e vermelho. Sendo as primeiras representativas das áreas onde a glândula ocular percorreu, porém houve pouco tempo de fixação, e as últimas onde houve maior tempo de fixação do olhar. Vale salientar que, independente da eficiência do equipamento Eye-Tracker da marca Pupil Lab, podem ocorrer equívocos na leitura e interpretação dos mapas de calor. Isso devido a forma como as imagens devem ser apresentadas - com os códigos QR’s nas extremidades, pois assim os símbolos podem desviar de maneira inconsciente o foco do observador. Seguem as imagens observadas pelas participantes e os mapas de calor gerados pela observação de cada uma delas:


105

Figura 115: Anålise cena 01: sala de desenho – projeto original e Mapas de Calor referentes as voluntårias 5 e 6, respectivamente.

Fonte: Autor, 2020.

A primeira imagem apresentada foi uma vista do ambiente de desenho do projeto original de Aalto, nela o foco de ambas as voluntĂĄrias se fixou no teto branco e inclinado da sala.


106

Figura 116: Análise cena 02: sala de desenho – projeto original e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente.

Fonte: Autor, 2020.

Em outra vista da sala de desenho, a fixação da voluntária 5 se manteve no teto, de maneira centralizada. Já a voluntária 6, fixou seu olhar nas extremidades laterais da imagem, locais onde ficam posicionadas as janelas com vistas das árvores externas.


107

Figura 117: Análise cena 03: sala de conferência – projeto original e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente.

Fonte: Autor, 2020.

Na imagem da sala de conferência, a fixação das voluntárias se concentrou na área superior e central da cena, locais em que existem armários com estrutura em madeira e caixas posicionadas nas prateleiras superiores a eles. Observa-se que no projeto original do arquiteto Alvar Aalto, a glândula ocular das voluntárias se concentra nas áreas mais altas dos ambientes. Em determinadas cenas focando no teto inclinado branco, em outra a fixação se mantém na parte alta, porém mais próximo a janela ou também nos armários em madeira.


108

Figura 118: Análise cena 01: sala de desenho – proposta aconchegante e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente.

Fonte: Autor, 2020.

Na primeira imagem do projeto aconchegante, a fixação das duas observadoras se manteve na parte superior da cena, focando no forro orgânico em madeira.


109

Figura 119: Análise cena 02: sala de desenho – proposta aconchegante e Mapa de Calor referente a voluntária 6.

Fonte: Autor, 2020.

Nesta segunda cena da sala de desenho, a fixação ocular da voluntária 6 se manteve concentrada no forro.


110

Figura 120: Análise cena 02: sala de conferência – proposta aconchegante e Mapa de Calor referente a voluntária 6.

Fonte: Autor, 2020.

Na imagem da sala de conferência, a voluntária 6 fixou seu olhar nas paredes da sacada inclinada, que receberam pintura verde. Na proposta aconchegante, nota-se que o elemento de maior destaque da sala de desenho é o forro curvo em madeira. Já na sala de conferência, mesmo possuindo o forro orgânico no mesmo material, este não está no foco visual da voluntária, ele se concentra no recorte do a ambiente onde há pintura verde.


111

Figura 121: Análise cena 01: sala de desenho – proposta excitante e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente.

Fonte: Autor, 2020.

Na primeira cena analisada da proposta excitante, cada uma das observadoras teve fixações em pontos diferentes. Enquanto a voluntária 5 permaneceu olhando para a parte inferior esquerda da imagem, onde há o vão da escada, com uma meia parede e um armário em madeira, a voluntária 6 concentrou sua visão na parte superior direita da imagem, observando o forro orgânico que neste projeto é branco.


112

Figura 122: Análise cena 02: sala de desenho – proposta excitante e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente.

Fonte: Autor, 2020.

Nesta vista, a glândula ocular da voluntária 5 se concentra na parte esquerda da imagem, percorrendo trechos entre o piso e o forro, porém se concentrando por maior tempo centralizada no canto esquerdo. Já a voluntária 6, direciona seu olhar pela parede e forro nos fundos da sala, porém concentra-se em maior tempo na parte superior da cena, visualizando o forro.


113

Figura 123: Análise cena 02: sala de conferência – proposta excitante e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6 respectivamente.

Fonte: Autor, 2020.

Na última cena da proposta excitante, a concentração ocular das voluntárias também se diverge. Enquanto a voluntária 5 direciona o seu olhar para a parede da sacada com a cor laranja, a voluntária 6 se concentra na parte central da imagem, com foco nos armários com portas brancas e nas poltronas amarelas posicionadas na frente deles. O comportamento ocular das voluntárias no projeto Excitante foi diverso. Em algumas cenas a atenção voltou-se para o forro orgânico branco, em outras nos armários em madeira e em locais com pintura ou detalhes nas cores laranja e amarelo.


114

Figura 124: Análise cena 01: sala de desenho – proposta tranquila e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente.

Fonte: Autor, 2020.

Nesta imagem da proposta tranquila, observa-se que o olhar da voluntária 5 teve dois pontos de fixação maior, sendo um deles a parte central da imagem, abrangendo uma área onde estão posicionados os armários em madeira e a outra na parede branca posicionada na lateral da cena. A voluntária 6 concentrou-se em uma única área, onde existe um armário em madeira e o piso onde está sendo projetada a sombra gerada pela luz natural que atravessa as janelas.


115

Figura 125: Análise cena 02: sala de desenho – proposta tranquila e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente.

Fonte: Autor, 2020.

Na outra vista do projeto, a glândula ocular da voluntária 5 se fixou na parte inferior da tela, próximo ao piso e a um dos armários em madeira. Já o olhar da voluntária 6, concentrou-se na parte central da imagem, em uma área que possui armários em madeira e o piso com as sombras da luz do sol que entra através das janelas.


116

Figura 126: Análise cena 02: sala de conferência – proposta tranquila e Mapa de Calor referente a voluntária 6.

Fonte: Autor, 2020.

Na última imagem observada, a fixação ocular da voluntária 6 se concentrou na parte central, visualizando a mesa e cadeiras em madeira. Percebe-se que na proposta Tranquila, a fixação ocular das voluntárias ocorreu em sua maioria nas áreas onde há aplicação da textura de madeira e no piso, principalmente onde há a luz do sol e sombras das janelas projetadas. 5.4 Considerações Após realizar as duas etapas e análises da pesquisa, notam-se alguns aspectos de projeto que se destacaram nas propostas de intervenção: forro orgânico, divisórias menores e vazadas, paleta de cores e materialidade da madeira. Esses aspectos destacaram-se na etapa de testagem do projeto e influenciaram na


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preferência dos participantes pelas três propostas de projeto em comparação ao projeto original de Aalto. a) Forro Orgânico: Tal situação pode ser justificada pela maior diferença entre os projetos, que é o forro orgânico. Na opção original, as salas possuem um teto com laje inclinada e angular, enquanto nas novas propostas foi instalado um forro com formas curvas – em alguns foi utilizado na madeira e em outros na cor branca. Conforme foi comentado no tópico 2.1.4 deste trabalho, o design orgânico deixa o ambiente mais agradável e convidativo, e o cérebro tende a preferi-lo em comparação a elementos angulosos. Logo, justifica-se a escolha dos outros projetos frente ao original. Figura 127: Comparação entre o forro orgânico em madeira e a laje branca inclinada.

Fonte: Autor, 2020.

b) Divisórias menores e vazadas: Outro elemento marcante que difere os projetos são as divisórias de mesas e ambientes. Enquanto no projeto original elas atuavam como barreiras visuais, nas novas propostas foi possível ter total visão da sala e das janelas. Os elementos menores e os vazados, permitem o contato com a paisagem externa e a natureza. Importante item citado no tópico 2.1.3, onde foi afirmado que esta conexão entre homem e o ambiente externo e natural gera maior bem-estar, além de melhorar a qualidade do espaço e da experiência vivida pelo usuário no local.


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Figura 128: Comparação entre as divisórias de mesas e ambientes.

Fonte: Autor, 2020.

c) Cores: Para finalizar, outra mudança notável que pode justificar a preferência pelas propostas criadas, a cartela de cores. Ambientes que antes era dominados pelo branco, marrom, cinza e preto, foram sugeridos em três opções diferentes, com cores diversas. Conforme foi abordado no tópico 4.1.6, as cores possuem múltiplos significados e estímulos, que variam de acordo com o acorde cromático e com a interpretação individualizada de cada pessoa, como foi comprovado pela primeira etapa da pesquisa onde foram trabalhadas as mesmas cores nos ambientes criados, porém em combinações diferentes. No resultado da pesquisa, geraram sensações opostas em alguns dos voluntários, porém essa variação de sensações e estímulos geram uma experiência diferenciada e interessante ao usuário. Figura 129: Comparação entre cores semelhantes e sensações diferentes.

Fonte: Autor, 2020.

d) Materialidade da madeira: O segundo ponto que deve ser comentado a respeito da pesquisa é a preferência por propostas diferentes em cada ambiente específico. De acordo com a primeira etapa da pesquisa, na sala de desenho, aproximadamente 70% dos voluntários preferiram a opção aconchegante e, na sala de conferência mais de 80%


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preferiu a proposta tranquila, destacando que nesta última, o projeto aconchegante não foi escolhido por nenhum dos participantes. Como ambos os projetos possuem a mesma estrutura, sendo sua única variação algumas cores e materiais, tal situação pode ser justificada de acordo com os assuntos abordados nos tópicos 4.1.5 e 4.1.6. A madeira é um material que pode ser interpretado como positivo ou negativo, dependendo do ambiente. Sua cor, textura e aspectos naturais criam identificação entre o usuário e o objeto, além de gerar a sensação de aconchego e uma experiência sensorial mais diversa, mas, ao ser utilizada em ambientes pequenos, eles tendem a parecer ser ainda menores. Logo, ao ser utilizada no forro da sala de desenho, uma área ampla e aberta, ela possivelmente será vista de maneira mais positiva. Porém, ao utilizá-la na sala de conferência, onde o espaço é fechado e reduzido, a madeira aparentemente diminui mais o local, como pode ser observado na figura 129. Além disso, no projeto aconchegante foram aplicadas cores mais variadas, explorando melhor uma série de significados e interpretações das mesmas, enquanto a proposta tranquila possui uma variedade menor de cores e, como consequência da sua cartela, obteve-se um ambiente mais neutro, com aspecto de leveza e sensação de amplitude. Finaliza-se este capítulo reafirmando que a experiência experimentada por cada participante nessa atividade foi individualizada e determinada por sua vivência até o momento em que ela foi realizada. Porém, através de mudanças físicas no ambiente, também é possível provocar alterações fisiológicas e emocionais nos usuários, como foi demonstrado pelas respostas obtidas e pelos mapas de calor resultantes da pesquisa.


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CONCLUSÃO Esse trabalho teve como objetivo analisar como a arquitetura, especificamente os projetos de interiores de ambientes corporativos, têm impactos sobre as pessoas, suas emoções, sentimentos e comportamentos. Na primeira etapa do trabalho de revisão bibliográfica, realizada nos capítulos 1 e 2, o foco é demonstrar como acontece o processo de desenvolvimento e percepção dos efeitos da arquitetura sobre seus usuários, iniciando na ativação dos estímulos sensoriais propostos pelo ambiente, passando pela reação emocional e pelo despertar de sentimentos a partir do contato com o meio físico, até a formação de memórias e vínculos afetivos com o local. Também foi apresentado como determinadas soluções projetuais (definição de layout, iluminação, biofilia, design de objetos e mobiliários, materiais, texturas e cores) utilizadas em projetos de interiores podem contribuir para esses impactos fisiológicos pessoais, para a qualidade do ambiente projetado e para a experiência e o bem-estar dos seus usuários. Na etapa seguinte foi apresentado o projeto do Studio Aalto, projetado pelo arquiteto Alvar Aalto, que foi escolhido como objeto de estudo para o desenvolvimento de novas propostas de projetos de interiores. Os espaços de trabalho existentes foram adaptados incorporando aspectos da neurociência, com foco no comportamento humano, no seu bem-estar e desempenho, de acordo com a teoria, técnicas e soluções projetuais estudadas nos capítulos 1 e 2. Após a execução dos novos projetos, realizou-se uma pesquisa dividida em duas etapas, uma apresentação em vídeo e uma análise de imagens com dispositivo Eye-Tracker, para avaliar os impactos fisiológicos e emocionais causados pelas propostas desenvolvidas nos voluntários da atividade. Conclui-se, após os estudos e pesquisa realizados, que elementos projetuais são capazes de provocar mudanças de caráter físico e psicológico, influenciando na experiência vivida pelas pessoas. Como foi confirmado pelos resultados das análises, em algumas situações é possível direcionar as emoções e os sentimentos dos usuários através de definições projetuais, porém, o fator da história de vida pessoal tem grande peso sobre o assunto. Desta forma, demonstra-se que através da arquitetura é possível provocar mudanças que afetam diretamente e indiretamente os usuários, assim como gerar melhorias na qualidade de vida, bem-estar, influenciar na


121

produtividade e qualidade do trabalho exercido nos espaços. Portanto, nota-se que através de uma visão geral da pesquisa realizada, foi possível comprovar a veracidade dos assuntos abordados nesse Trabalho de Conclusão de Curso.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACKERMAN, D. A natural history of the senses. Nova Iorque: First Vintage Books Edition, 1991. BENCKE, Priscilla. Ambiente de trabalho negativo pode causar doenças e ansiedade.

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Figura 68: Modelagem 3D Sala de desenho – Projeto Original Studio Aalto. Fonte: Autor. Figura 69: Modelagem 3D Sala de desenho – Projeto Original Studio Aalto. Fonte: Autor. Figura 70: Modelagem 3D Sala de conferência – Projeto Original Studio Aalto. Fonte: Autor. Figura 71: Modelagem 3D Sala de desenho – Projeto Original Studio Aalto. Fonte: Autor. Figura 72: Modelagem 3D Sala de conferência – Projeto Original Studio Aalto. Fonte: Autor. Figura 73: Modelagem 3D Sala de conferência – Projeto Original e Propostas Elaboradas. Fonte: Autor. Figura 74: Acorde Cromático Aconchegante. Fonte: Autor. Figura 75: : Proposta Aconchegante – Sala de desenho. Fonte: Autor. Figura 76: Proposta Aconchegante – Sala de desenho e de conferência, respectivamente. Fonte: Autor. Figura 77: Proposta Aconchegante – Sala de desenho. Fonte: Autor. Figura 78: Proposta Aconchegante – Sala de desenho. Fonte: Autor. Figura 79: Proposta Aconchegante – Sala de conferência. Fonte: Autor. Figura 80: Proposta Aconchegante – Sala de desenho. Fonte: Autor.


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Figura 81: Resumo da proposta Aconchegante – Imagens sala de desenho e de conferência. Fonte: Autor. Figura 82: Acorde Cromático Excitante. Fonte: Autor. Figura 83: Proposta Excitante – Sala de desenho. Fonte: Autor. Figura 84: Proposta Excitante – Sala de conferência. Fonte: Autor. Figura 85: Proposta Excitante – Sala de desenho. Fonte: Autor. Figura 86: Proposta Excitante – Sala de desenho. Fonte: Autor. Figura 87: Proposta Excitante – Sala de conferência. Fonte: Autor. Figura 88: Proposta Excitante – Sala de desenho. Fonte: Autor. Figura 89: Resumo da proposta Excitante – Imagens sala de desenho e de conferência. Fonte: Autor. Figura 90: Acorde Cromático Tranquilo. Fonte: Autor. Figura 91: Proposta Tranquila – Sala de desenho. Fonte: Autor. Figura 92: Proposta Tranquila – Sala de conferência. Fonte: Autor. Figura 93: Proposta Tranquila – Sala de desenho. Fonte: Autor.


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Figura 94: Proposta Tranquila – Sala de desenho. Fonte: Autor. Figura 95: Proposta Tranquila – Sala de conferência. Fonte: Autor. Figura 96: Proposta Tranquila – Sala de desenho. Fonte: Autor. Figura 97: Resumo da proposta Tranquila – Imagens sala de desenho e de conferência. Fonte: Autor. Figura 98: Resumo modelagem 3D sala de desenho – Projeto Original e Propostas Elaboradas. Fonte: Autor. Figura 99: Resumo modelagem 3D sala de desenho – Projeto Original e Propostas Elaboradas. Fonte: Autor. Figura 100: Resumo modelagem 3D sala de conferência – Projeto Original e Propostas Elaboradas. Fonte: Autor. Figura 101: Voluntária 1 Participando da Primeira Etapa da pesquisa. Fonte: Arquivo pessoal. Figura 102: Resumo da apresentação do vídeo A. Fonte: Autor. Figura 103: Pergunta 01 - Questionário. Fonte: Autor. Figura 104: Pergunta 02 – Questionário. Fonte: Autor. Figura 105: Pergunta 03 - Questionário. Fonte: Autor.


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Figura 106: Pergunta 04 - Questionário. Fonte: Autor. Figura 107: Pergunta 05 - Questionário. Fonte: Autor. Figura 108: Pergunta 06 - Questionário. Fonte: Autor. Figura 109: Pergunta 07 - Questionário. Fonte: Autor. Figura 110: Pergunta 08 – Questionário. Fonte: Autor. Figura 111: Pergunta 09 - Questionário. Fonte: Autor. Figura 112: Dispositivo Eye-Tracker da marca Pupil Lab. Fonte: Arquivo pessoal. Figura 113: Calibração do dispositivo Eye-tracker. Fonte: Arquivo Pessoal. Figura 114: Cena da Proposta Tranquila com código QR para leitura do equipamento de eye-tracker. Fonte: Autor. Figura 115: Análise cena 01: sala de desenho – projeto original e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente. Fonte: Autor. Figura 116: Análise cena 02: sala de desenho – projeto original e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente. Fonte: Autor. Figura 117: Análise cena 03: sala de conferência – projeto original e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente. Fonte: Autor.


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Figura 118: Análise cena 01: sala de desenho – proposta aconchegante e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente. Fonte: Autor. Figura 119: Análise cena 02: sala de desenho – proposta aconchegante e Mapa de Calor referente a voluntária 6. Fonte: Autor. Figura 120: Análise cena 02: sala de conferência – proposta aconchegante e Mapa de Calor referente a voluntária 6. Fonte: Autor. Figura 121: Análise cena 01: sala de desenho – proposta excitante e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente. Fonte: Autor. Figura 122: Análise cena 02: sala de desenho – proposta excitante e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente. Fonte: Autor. Figura 123: Análise cena 02: sala de conferência – proposta excitante e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6 respectivamente. Fonte: Autor. Figura 124: Análise cena 01: sala de desenho – proposta tranquila e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente. Fonte: Autor. Figura 125: Análise cena 02: sala de desenho – proposta tranquila e Mapas de Calor referentes as voluntárias 5 e 6, respectivamente. Fonte: Autor. Figura 126: Análise cena 02: sala de conferência – proposta tranquila e Mapa de Calor referente a voluntária 6. Fonte: Autor. Figura 127: Comparação entre o forro orgânico em madeira e a laje branca inclinada. Fonte: Autor.


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Figura 128: Comparação entre as divisórias de mesas e ambientes. Fonte: Autor. Figura 129: Comparação entre cores semelhantes e sensações diferentes. Fonte: Autor.


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