Edição 01
Outubro 2021
Ambiente-se
Revista da Engenharia Ambiental e Sanitária FEAU - UNIVAP
Edição de lançamento
Alvorecer e Rumo
Ambiente-se Corpo Editorial da Revista Valdirene Aparecida
Da Silva
Editora-Chefe e Coordenadora do Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária
Editora
Fernanda Viana Paiva Arguello
Editor
Júlio César Piementa dos Santos
na capa Para vislumbrar o nosso lançamento utilizamos a imagem que traz o prédio onde se localiza a Engenharia Ambiental e Sanitária FEAU - UNIVAP, sendo o berço da revista. Foto por Profª Drª Alessandra Abe Pacini
Apresentação O
Curso
de
Engenharias,
Engenharia Arquitetura
Ambiental e
e
Sanitária
Urbanismo
(FEAU)
da
Faculdade
Univap,
destina-se
de à
formação de discentes com senso crítico e com capacidade de identificar questões e problemas relevantes no contexto do meio ambiente; propor e avaliar
intervenções
tecnologias
eficientes
sustentáveis,
que
fomentem
considerando
os
o
desenvolvimento
aspectos
sociais,
de
ambientais,
econômicos e políticos.
A revista Ambiente-se é a realização do trabalho de uma equipe formada por
professores
e
alunos
que
buscam
expor
suas
ideias,
trabalhos
e
projetos na forma de artigos, valorando todo aprendizado e conhecimento e compartilhando com o meio acadêmico e com a sociedade. É a semente do conhecimento que está sendo plantada.
A temática abordada pela revista relaciona Engenharia e Sociedade por suas interações e relações com o meio ambiente e soluções inovadoras, sejam
elas
pelos
processos
de
desenvolvimento
e
pesquisa
ou
revisões
teóricas e práticas.
Buscamos com a revista facilitar a divulgação de trabalhos acadêmicos e científicos desenvolvidos e elaborados por alunos de graduação da FEAU, colocando ao conhecimento e à disposição da sociedade a divulgação das pesquisas, trabalhos e ideias.
É com imenso orgulho que apresentamos esse trabalho como veículo de comunicação acadêmico e que seja o caminho de grandes trabalhos e, essa
semente
plantada
hoje,
traga-nos
muitos
frutos
que
fomentem
o
desenvolvimento e progresso da ciência e da sociedade.
PROFA. DRA. VALDIRENE APARECIDA DA SILVA COORDENADORA CURSO ENG. AMBIENTAL E SANITÁRIA EDITORA CHEFE
Ambiente-se
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FOTOS POR JÚLIO PIMENTA
Meteorologia online Projeto
da
estação
meteorológica
iniciado em 2019, com a coordenação do
Prof.
Bastos
Dr.
e
a
Goncalves
Eduardo
ª
Prof . e
foi
ª
Jorge
Dr .
Erika
De
Brito
Peterson
desenvolvido
pelo
aluno Júlio César Pimenta dos Santos, um
dos
produtos
foi
disponibilizar
gerados em
no
tempo
projeto real
as
condições meteorológicas da UNIVAP por
aplicativo
para
Android
e
IOS:
WeatherLink e também site. Site disponível no QRcode e nos links da edição da revista.
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edição 01
índice Outubro de 2021
Foto do acervo da Profª Drª Maria Regina De Aquino Silva
8 DANOS AMBIENTAIS NO SOLO DECORRIDO DE USINAS FOTOVOLTAICAS
11 IDENTIFICAÇÃO DE PROCESSOS DE MITIGAÇÃO AOS IMPACTOS NO SOLO CONSEQUENTES DA MINERAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO
16 TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ATRAVÉS DA POLUIÇÃO DE SOLOS.
23 REVISÃO BIBLIOGRAFICA SOBRE O CRESCIMENTO URBANO E DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO, ANÁLISE DOS RISCOS ENVOLVIDOS E DA SUSCETIBILIDADE A INUNDAÇÕES E MOVIMENTAÇÕES DE TERRA, ESTUDO DO CASO DE ILHABELA-SP
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USO DE CISTERNAS PARA REUTILIZAÇÃO DE ÁGUA EM REGIÕES SEMIÁRIDAS
INTERFERÊNCIA DOS AGROTÓXICOS NO SOLO
37 CLASSIFICAÇÃO CLIMATOLÓGICA DE THORNTHWAITE (1948) E THORNTHWAITE E MATHER (1955) E CÁLCULO DO BALANÇO HÍDRICO PARA ODISTRITO DE MONTE VERDE - MG
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Revista Ambiente-se FEAU
Danos Ambientais No Solo Decorrido De Usinas Fotovoltaicas Júlio César Pimenta Dos Santos, Fernanda Viana Paiva Arguello, Eduardo Jorge De Brito Bastos.
Neste presente artigo buscamos entender conforme a bibliografia disponível, os impactos ambientais no solo causados pela mineração, instalação, permanência e desativação de usinas fotovoltaicas em escalas utilizáveis de matriz energética de alta produtividade. Abrangendo aspectos físicos e ambientais dos tipos de solo desse sistema, como o uso de área, água, radiação e metais raros. Sendo a alteração de design uma ótima adaptação para possibilitar outros empreendimentos no mesmo espaço como pecuária e lazer, e a necessidade de mais trabalhos experimentais deste tema para um melhor entendimento. Palavras-chave: energia fotovoltaica, solo, sustentável, uso do solo.
In this article we seek to understand, according to the available bibliography, the environmental impacts on the soil caused by the mining, installation, permanence and deactivation of photovoltaic plants in usable scales of high productivity energy matrix. Covering physical and environmental aspects of soil types in this system, such as use of area, water, radiation and rare metals. Being the design change a great adaptation to enable other ventures in the same space such as livestock and leisure, and the need for more experimental work on this topic for a better understanding. Keywords: photovoltaic energy, soil, sustainable, land use.
Revista Ambiente-se FEAU
Introdução A utilização de fontes renováveis de energia cresce a cada ano: eólica, solar, maremotriz, biomassa e hidrelétrica; todas elas são renováveis, porém isso não descarta o fato de serem poluidoras e que interferem em vários ciclos ambientais. Podemos citar sua construção, área de alagamento ou plantio, mineração de sua matéria prima, poluição sonora, alteração de albedo, manutenção, riscos aos animais, alteração de rotas migratórias e locais de reprodução da fauna, como alguns dos problemas ambientais causados por fontes renováveis de energia, sem destacar problemas sociais que também são relacionados aos pontos. Em uma usina solar fotovoltaica há diversos impactos no meio físico local, pois há modificações paisagísticas e muita movimentação de recursos humanos, maquinário, equipamentos e materiais que não compõem o meio onde o empreendimento será alocado. (BARBOSA FILHO; WILSON PEREIRA et al., 2015) Figura 1 – Usina instalada em Piauí.
Fonte: Câmara Brasileira da Indústria da Construção (2019).
Analizando uma usina solar fotovoltaica da maneira mais comum existente, a instalação e permanência funcional utiliza basicamente uma quantidade de área de solo limpa de vegetação, água, e incidência solar. Incidência solar que seria utilizada em: fotossíntese das plantas, aquecimento do solo e processos biogeoquímicos que ocorrem na presença de radiação, segundo Ayoade (1998) a radiação provida pelo sol era responsável por 99,97% dos processos TerraAtmosfera. Área de solo que poderia ter outros fins de uso como: floresta nativa, plantação de alimentos e outros insumos vegetais, criação de animais e construções Out de 2021
essenciais para a vida humana. Outro problema é p aquecimento do solo que implica: no aquecimento de massas de ar, reflexão de radiação para a atmosfera e temperatura ideal para formação de vida microbiana no solo. Ligado ao uso de área do solo, existem novas plantas novas plantas (área verde) inseridas em corpos d´água, eventualmente conhecido como painéis flutuantes, cuja função seria resfriar os painéis que perdem eficiência por altas temperaturas, assim colocando sobre lagos e represas. Em virtude do aumento da irradiância incidente e/ou da temperatura ambiente resultar na elevação da temperatura da célula fotovoltaica, há uma redução da eficiência de conversão (CRESESB, 2014). Contudo, outros métodos incluem novos problemas, por serem ainda mais recentes na tentativa em entender as ações negativas da área coberta e alteração da temperatura do corpo d’água. Outro problema identificado está na utilização do suprimento regular de água para limpeza e manutenção das placas, devido ao acúmulo de poeira que diminui a quantidade de energia absorvida. Além da água habitualmente potável utilizada para limpeza, seriamente criticada em função da perca de qualidade do recurso, ainda que fosse água de reuso poderia ter outras atuações. O presente artigo buscou entender dentro da bibliografia atual nos conceitos básicos de física, engenharia e áreas afins, a perturbação no sistema ambiental que uma usina de energia fotovoltaica provoca nas etapas de mineração, instalação, permanência e desativação.
Metodologia O processo de criação desse artigo surgiu com a realização de pesquisa, filtragem, compilação, interpretação e resumo dos acervos de artigos e livros acadêmicos, com as palavras de busca: energia, mineração, recurso renovável, impactos, célula e usina fotovoltaica. Sendo a pontuação deste problema raramente encontrado nos acervos de informação, principalmente em português, o método de revisão foi desenvolvido a partir do pouco que existe no assunto em outras línguas e em português, e se utilizou de temas e conceitos básicos que implicavam nos processos do sistema. Inicialmente realizou-se uma pesquisa para comtemplar uma visão introdutória do tema, relacionando as usinas Revista Ambiente-se FEAU
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fotovoltaicas aos seus possíveis problemas, considerando o fato que se o problema for brevemente identificado poderá prevenir e mitigar os mesmos. Para a realização dessa metodologia utilizou-se como base 2 artigos: Artigo 1 “Environmental impacts of utilityscale solar energy (HERNANDEZ, 2014) e Artigo 2 “Sustainability of utility‐scale solar energy–critical ecological concepts“ (MOORE‐O'LEARY, 2017). Ambos os artigos possuem estruturas semelhantes a uma revisão bibliográfica, na qual os problemas relacionados as usinas fotovoltaicas ou dados analisados da mesma, tem ligação direta com um desequilibrio dos processos ambientais. A metodologia estudada nos artigos identificou como ponto de interesse primeiramente classificar uma ordem de fatores: Produção de energia: energia solar, específica condição fotovoltaica (FIGURA 2). Com a classificação apontando um escopo, podemos trabalhar os problemas que foram encontrados, como: uso da terra, desperdício e redução de qualidade de recursos naturais, alteração da paisagem, aumento de partículas de poeira presentes na atmosfera local, degradação da qualidade do solo, ausência de vegetação e diminuição da absorção de CO2 pelo solo. Figura 2 – Fluxograma dos tipos de energia.
instalados os painéis nas residências, devem ser estabelecidos em cima dos telhados para geração de energia, assim não ocupando seu espaço útil, o mesmo pode ser utilizado para o caso das não residências: empresas, prédios públicos e outras edificações, que utilizam esse modelo de residências, em cima da construção pensando em otimizar a planta do local. Foi identificado uma maior incidência dos problemas anteriormente relacionados em usinas elétricas fotovoltaicas ou energia solar em escala de utilidade pública (USSE). Figura 3 - Classificação dos tipos de energia fotovoltaica e produção de energia em cada uma delas.
Fonte: Hernandez (2014).
Fonte: Autor (2020).
Resultados A partir da metodologia estudada nos artigos foram identificados alguns pontos de interesse, que delimitaram os resultados a seguir: A classificação dos locais que normalmente são Out de 2021
Outro ponto analizado nas metodologias de revisão dos artigos base para esse tema, apresentam a necessidade de alteração do local, para receber o investimento de uma usina fotoeletrica, na qual deve-se preparar o local do terreno de instalação do projeto, com um solo compactado e livre de vegetação para montagem da estrutura de fixação. Assim, a realização desse processo ocasiona a supressão de vida no local com possibilidade da redução no armazenamento de carbono orgânico no solo, tal como citado no primeiro artigo. Em um ecossistema semiárido, Li et al. (2007) regista uma perda de 25% de carbono (C) orgânico total e nitrogênio total nos 5 cm superiores do solo após ausência de vegetação. Os ecossistemas terrestres variam em sua rede Revista Ambiente-se FEAU
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produtividade primária (taxa de acumulação de C orgânico em plantas), de florestas tropicais verdes (1 a 3,2 kg / m 2 / ano 1) para desertos (até 0,6 kg / m 2 / ano 1), e na sua capacidade para sequestrar C no solo (SCHLESINGER, 2005). O mesmo problema também é evidenciado no segundo artigo relacionando diretamente a falta de vegetação com as usinas. Segundo De Marco et al. (2014) “Da mesma forma, na Itália, 66% das instalações USSE localizadas onde impactos adversos ecossistemas locais, incluindo perda de seqüestro de carbono, são elevados”. A presença de vegetação protege o solo do impacto direto da chuva, porque aumenta a resistência a lixiviação, também em relação alteração bioquímica reduz perca de matéria para atmosfera. Assim, a barreira física de matéria orgânica gera um próprio microclima, onde acima da barreira orgânica tem a velocidade do vento que em contato com o solo produz perca de matéria de forma substancial. Além disso, outros fatores são pontuados pelo artigo 1, tal como: a redução da cobertura vegetativa ser fortemente relacionada ao aumento da produção de poeira, sendo revelada nas reduções de cobertura da grama ou arbusto, que causam o aumento do fluxo de poeira (Li et al., 2007; MUNSON, 2011). Portanto, a ausência de vegetação tem relação direta com produção e transporte das massas de poeira, ocasionando um problema para o próprio projeto de usina. Para este investimento também é necessário a construção de vias de acesso internas e externas, visando a redução no aumento dos custos realizadas em terra batida, incluindo um fator a mais de extração de partículas do solo para atmosfera. O problema da perca de matéria do sistema solo-atmosfera se agrava quando possui materiais poluentes, os quais podem ser carregados juntos causando contaminação de reservas de água, pessoas e outros ambientes. Em áreas onde o solo superficial contém traços de contaminantes químicos e radioativos (por exemplo, radio nucleotídeos, agroquímicos), o aumento do transporte eólico resultante de perturbações do solo resulta em uma crescente na concentração de contaminantes na poeira transportada (RAVI, 2012). A quantidade de pó no ar, pode causar redução de umidade relativa, irritações oculares e respiratórias, mal funcionamento de equipamentos como o próprio painel Out de 2021
solar, levando a limpeza sistemática e consumindo ainda mais recursos naturais. Por exemplo, inalação de pó de sílica por longos períodos de tempo pode levar a silicose, uma doença que causa tecido cicatricial nos pulmões e declínio respiratório. Em casos graves, pode ser fatal (HNIZDO, 2003). O uso e ocupação do solo, não pode ser descartado, pois quando se instala esse empreendimento não pode ser adicionado outros em conjunto, então perdemos área de plantio, criação de animais, plantio de árvores e outros fins de utilidade. Até o momento, as instalações USSE são geralmente montados no solo e localizados fora do ambiente construído, com 1 corrente contínua de megawatt (MW dc) de saída que requer aproximadamente 3 hectares de terra (HERNANDEZ et al., 2014). Entretanto uma vez que as usinas fotovoltaicas em escala de utilidade pública tenham completado sua instalação, estima-se que aproximadamente 70-95% do solo permaneça disponível e que esta área tem potencial para apoiar a vida selvagem e contribuir para as metas nacionais de biodiversidade, se práticas de gestão forem implementadas em conjunto (ESTEVES, 2016)
Conclusão Como foi apresentado nos problemas, o modelo fotovoltaico USSE causa diversas mudanças no ambiente, porém se conseguirmos mitigar estes problemas será muito benéfico por se tratar de uma energia então renovável e sustentável. Como descrito na bibliografia, são necessários trabalhos empíricos que consigam compreender os fundamentos ambientais para melhor entendimento do tema e problemas acarretados. A mudança de design das plantas de USSE poderia então passar a compartilhar o terreno com outros usos como fonte de recurso, a pecuária, caso a altura dos painéis fossem maiores e as distâncias entre elas também, existiria a possibilidade de uso do pasto mesmo a quantidade de radiação sendo menor. Apenas alterando a altura, poderia ser criado espaços de recreação, lazer e apoio a biodiversidade, apenas sendo necessário estudos futuros de modo empírico.
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Referências BARBOSA FILHO, Wilson Pereira et al. Expansão da energia solar fotovoltaica no Brasil: impactos ambientais e políticas públicas. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, v. 4, p. 628-642, 2015. Centro de Referência para e Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito (CRESESB). Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos. Rio de Janeiro: CEPEL, 2014 SCHLESINGER, William H. (Ed.). Biogeochemistry. Elsevier, 2005. HNIZDO, E.; VALLYATHAN, V. Chronic obstructive pulmonary disease due to occupational exposure to silica dust: a review of epidemiological and pathological evidence. Occupational and environmental medicine, v. 60, n. 4, p. 237-243, 2003. RAVI, S.; LOBELL, D. B.; FIELD, C. B. Tradeoffs and synergies between biofuel production and large-scale solar infrastructure in deserts. AGUFM, v. 2012, p. H53H-1634, 2012. LI, Junran et al. Quantitative effects of vegetation cover on wind erosion and soil nutrient loss in a desert grassland of southern New Mexico, USA. Biogeochemistry, v. 85, n. 3, p. 317-332, 2007. MUNSON, Seth M.; BELNAP, Jayne; OKIN, Gregory S. Responses of wind erosion to climate-induced vegetation changes on the Colorado Plateau. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 108, n. 10, p. 38543859, 2011. HERNANDEZ, Rebecca R.; HOFFACKER, Madison K.; FIELD, Christopher B. Land-use efficiency of big solar. Environmental science & technology, v. 48, n. 2, p. 13151323, 2014.
ESTEVES, Ana Maria Rodrigues. Untapping the full potential of solar farms in the UK: different approaches to land management. 2016. Tese de Doutorado. Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Comissão de Meio Ambiente. Piauí instala a maior usina de energia fotovoltaica da América Latina. Disponível em: <https://cbic.org.br/sustentabilidade/2019/01/11/piauiinstala-a-maior-usina-de-energia-fotovoltaica-da-americalatina/>. Acesso em: 05 ago. 2020.
Júlio César Pimenta Dos Santos¹, Fernanda Viana Paiva Arguello², Eduardo Jorge De Brito Bastos³. ¹,²,³ Universidade do Vale do Paraíba/Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo, Avenida Shishima Hifumi, 2911, Urbanova - 12244-000 - São José dos CamposSP, Brasil, ¹ Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitaria pela UNIVAP. ² Graduada em Geografia e História pela UNIVAP, Mestra em Ciências Ambientais pela UNITAU, e Doutora em Ciência do Sistema Terrestre no INPE, é docente da UNIVAP. ³ Graduado em Meteorologia pela UFPB, Mestre em Meteorologia pela UFPB e Doutorado em Meteorologia pelo INPE, é docente da UNIVAP. E-mail: ¹ julio_cesarpimenta@hotmail.com ² fernanda.arguello@univap.br ³ ebbastos@univap.br
HERNANDEZ, Rebecca R. et al. Environmental impacts of utility-scale solar energy. Renewable and sustainable energy reviews, v. 29, p. 766-779, 2014.
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IDENTIFICAÇÃO DE PROCESSOS DE MITIGAÇÃO AOS IMPACTOS NO SOLO CONSEQUENTES DA MINERAÇÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO Mateus de Freitas Carvalho, Fernanda Viana Paiva Arguello.
A atividade mineradora sempre foi um pilar de importância sócio-econômica no Estado de São Paulo e no país como um todo, porém os seus impactos no meio ambiente, principalmente no solo da área onde ocorre a atividade, tem sido um problema significativo durante esse processo. A mineração paulista tem sua produção voltada praticamente em seu total para consumo interno, composta em sua maioria por pequenas e médias empresas, as quais ainda encontram dificuldades de padronização quando o assunto é a diminuição dos impactos ambientais causados pela atividade. Esta pesquisa apresenta uma revisão de dados bibliográficos sobre a mineração no Estado de São Paulo, seus impactos com ênfase no solo e as possíveis maneiras de mitigá-los. Palavras-chave: Mitigação, Impactos ambientais, Solo, Mineração, São Paulo.
The mining activity has always been a pillar of socio-economic importance in the State of São Paulo and in the country as a whole, but its impacts on the environment, especially on the soil of the area where the activity takes place, has been a significant problem during this process. . The production of mining in the state of São Paulo is practically entirely aimed at internal consumption, mostly composed of small and medium-sized companies, which still find it difficult to standardize when it comes to reducing the environmental impacts caused by the activity. This research presents a review of bibliographic data on mining in the State of São Paulo, its impacts with emphasis on the soil and possible ways to mitigate them.
Keywords: Mitigation, Environmental Impacts, Soil, Mining, São Paulo
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Introdução A mineração sempre foi uma importante fonte de renda, além de proporcionar suporte financeiro e econômico para o país. No Brasil, a mineração tem ganhado grande protagonismo nesse cenário, em função das riquezas e das características diferenciadas do solo. Nesse contexto, a indústria mineral de São Paulo é caracterizada como uma atividade econômica constituída pelo domínio de pequenas e médias empresas visando o mercado interno brasileiro, onde o seu desenvolvimento tem contribuído para o progresso urbano e industrial do Estado (CABRAL JUNIOR, 2008). Porém, os impactos ambientais são negativos, com ênfase ao solo, onde as consequências da atividade de mineração geram danos ao Meio Ambiente. Quando se trata da indústria mineral de São Paulo, grande parte apresenta deficiências tecnológicas, ainda mais quando se refere às pequenas empresas, que são a maioria da produção no Estado. Uma grande porção das minerações necessita de investimentos em pesquisa geológica das jazidas e na preparação tecnológica dos minérios, no planejamento das operações de lavra, beneficiamento do minério e principalmente da recuperação ambiental (MECHI; SANCHES, 2010). Figura 1 – Degradação ambiental gerada pela mineração na região de Guararema/SP.
Fonte: MECHI; SANCHES, 2010. Os efeitos ambientais estão associados às diversas fases de exploração dos bens minerais. Segundo Mechi e Sanches (2010), praticamente toda atividade de mineração implica supressão de vegetação ou impedimento de sua regeneração. Set de 2021
De acordo com Bacci (2006), alguns fatores geológicos proporcionam aos empreendimentos que a duração de suas atividades seja longa, principalmente aqueles relacionados à localização natural da jazida e ao grande volume das reservas que impedem a mudança das áreas de extração. Na extração, o acesso ao minério em minas tipo lavra a céu aberto, é feito por decapeamento, onde ocorre a remoção e o transporte do solo superficial, por conseguinte é feita a remoção do solo de alteração, onde temos como consequência, a imobilização de grandes áreas superficiais com a lavra do minério e com a construção de depósitos de estéreis e barragens de rejeitos. Neste contexto, a mineração tem sido uma das atividades mais impactantes, desde longo tempo, por meio da movimentação de material geológico e criação de formas de relevo, seja nos terrenos escavados, ou naqueles produzidos por deposição de material estéril, ou ainda naqueles afundados por movimentos de massa ou colapsos e subsidências. Assim, a mineração é capaz de alterar e até mesmo inverter processos e formas do relevo na escala do tempo histórico-humano (SILVA; VALADÃO, 2016). Deste modo, propõe-se identificar, descrever e analisar os danos ambientais no solo causados pela mineração e sua mitigação por meio de análises de dados da literatura.
Metodologia A fim de identificar e selecionar estudos considerados pertinentes ao desenvolvimento dessa pesquisa, foram efetivadas buscas e análise de conteúdos em diferentes fontes (artigos, livros, teses e pesquisas) de modo a contentar os princípios básicos, necessários para a efetivação deste artigo. Foram identificadas fontes primárias, com informações relevantes para a justificativa do tema e após essa etapa, foram obtidos artigos selecionados e examinados, além de consulta prévia às referências bibliográficas de cada artigo analisado, com a finalidade de selecionar fontes que auxiliariam essa pesquisa. Para a realização dessa metodologia, foram utilizados como artigos base, (CABRAL JUNIOR, 2008), (MECHI; SANCHES, 2010) e (DA SILVA; ANDRADE, 2017). No artigo 1, Cabral Junior, et al., 2008, objetiva a apresentação de uma síntese sobre características geológicas, econômicas e tecnológicas do setor mineral no estado de São Paulo e suas deficiências, abordando os Revista Ambiente-se FEAU
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gargalos tecnológicos e desafios ao aproveitamento dos recursos minerais e a necessidade de modernização do setor produtivo, além de políticas para planejamento e ordenamento da mineração no sentido de garantir o suprimento em bases sustentáveis. No artigo 2, Mechi e Sanches, et al., 2010, apresentam de modo geral as consequências causadas pela mineração, o déficit tecnológico da indústria mineral paulista e o desafio do setor em se adequar às leis vigentes. No artigo³, Da Silva e Andrade, et al., 2017, tem por objetivo apresentar os impactos causados pela atividade mineradora e as medidas que são utilizadas pelas empresas para mitigar esses danos através de políticas públicas. Através dessas informações, foi realizada uma análise somativa dos resultados encontrados nos artigos citados, que utilizam como método a exposição de consequências causadas pela atividade de mineração em todas suas etapas, explanando os principais impactos e possíveis falhas no processo, apresentando detalhes de melhoria que deveriam ser efetivadas para mitigar os impactos causados pela atividade mineradora.
Resultados Segundo Mechi e Sanches (2010), praticamente, toda atividade de mineração tem como consequência a supressão de vegetação ou impedimento de sua regeneração. Em muitas situações, o solo superficial de maior fertilidade é também removido, e os solos remanescentes ficam expostos aos processos erosivos, onde dependendo da localização e do volume de escavação, também impactam na paisagem do local. Seguindo esse contexto, Cabral Junior (2008), diz que as deficiências de controle e a não recuperação ambiental satisfatória das áreas mineradas têm causado uma série de outros impactos indesejáveis ao meio ambiente, como alteração da paisagem, desmatamentos, deflagração de processos de erosão e assoreamento, emissões de ruídos e vibrações, e poluição do ar e da água. O principal impacto negativo da mineração é a sua alteração ao equilíbrio ecológico da área escolhida para a instalação do empreendimento. Essa alteração afeta o ar, água, solo, fauna, flora de Set de 2021
maneira direta, tendo a sua resposta quase que imediatamente, como no caso de atropelamento de animais por construção de estradas, poluição dos rios por rejeitos da mineração, a degradação da paisagem pelo desmatamento, além da poluição do solo (DA SILVA; ANDRADE, 2017). Figura 2- Mineração na área de Várzea do Paraíba do Sul (SP)
Fonte: MECHI; SANCHES, 2010. Visto todos impactos causados pela mineração em todas as suas etapas, Mechi e Sanches (2010), descrevem como instrumento previsto na Política Nacional de Meio Ambiente, a prevenção e a mitigação dos impactos da mineração sobre o meio ambiente no Estado de São Paulo, que vêm se fazendo por meio do licenciamento ambiental, com base no planejamento do empreendimento consubstanciado nos documentos denominados Relatório de Controle Ambiental (RCA), Plano de Controle Ambiental (PCA), Relatório Ambiental Preliminar (RAP), Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (Rima), a serem apresentados conforme os critérios estabelecidos na Resolução n.51, de 12 de dezembro de 2006, da Secretaria do Meio Ambiente. Em relação à minimização dos impactos, Cabral Junior (2008), propõe que a solução dessa equação passa necessariamente pela promoção de ações e projetos setoriais dirigidos ao planejamento, ordenamento e aprimoramento tecnológico da atividade de mineração no Estado. Esses desafios tecnológicos e de gestão do setor mineral, têm, em termos de resolução ou otimização, muito a ver com a ação pública, além da responsabilidade de modernização que cabe ao próprio setor produtivo, até por uma questão de competitividade e sobrevivência. Ainda segundo o autor, no que diz respeito à gestão pública, há necessidade de políticas governamentais voltadas ao desenvolvimento da atividade mineral em bases Revista Ambiente-se FEAU
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sustentáveis, o que requer a formulação e execução de ações para planejamento e ordenamento da mineração e de suporte ao setor empresarial em programas de aperfeiçoamento tecnológico e competitivo. Medidas mitigadoras para os impactos avaliados, segundo Da Silva e Andrade, (2017), são exigências de órgãos federais para o empreendimento de mineração, além de ser obrigatório o Licenciamento Ambiental para a operação da atividade. Algumas alternativas para a manutenção do empreendimento, como o uso de bioindicadores ambientais e os modelos de estadoimpacto-resposta. No caso dos bioindicadores, eles são tolerantes e sensíveis às adversidades do ambiente, podendo ajudar também nos procedimentos de estadoimpacto-resposta, que são modelos de avaliar o equilíbrio do ambiente, além de se fazer necessária uma legislação mais rígida, tendo como um dos principais requisitos a liberação da operação após todos os papéis do licenciamento ambiental apresentados.
Conclusão De acordo com as análises realizadas neste trabalho, pode-se observar que a atividade mineradora no Estado de São Paulo, assim como toda atividade de mineração, gera impactos significativos no meio ambiente, sendo o solo um dos maiores afetados. Desde o início do processo, com a retirada de vegetação da área a ser minerada, até o momento em que a mina é desativada, com a deposição de barragens de rejeitos, o equilíbrio ecológico da área escolhida para a atividade é modificado. Pode-se observar ainda, que ações mitigadoras desses impactos vêm sendo adotadas, porém há uma necessidade de maior investimento e empenho na busca por tornar a atividade mais sustentável, tanto por parte das empresas que realizam a mineração, quanto por parte dos órgãos responsáveis por realizar a liberação e fiscalização da prática.
Referências BACCI, Denise de La Corte; LANDIM, Paulo Milton Barbosa; ESTON, Sérgio Médici de. Aspectos e impactos ambientais de pedreira em área urbana. Rem: Rev. Esc. Mina. Ouro Preto, v. 59, n. 1, 2006. BITAR, O. Y. Avaliação da recuperação de áreas degradadas por mineração na Região Metropolitana de São Paulo. São Paulo, 1997. 185p. Tese (Doutorado) Set de 2021
Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. CABRAL JUNIOR, M. Caracterização dos arranjos produtivos (APLs) de base mineral no Estado de São Paulo: subsídios à mineração paulista. Campinas, 2008. 283p. Tese (Doutorado em Geociências) - Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas. DA SILVA, Marina Lima; ANDRADE, Márcia Cristiane Kravetz. Os impactos ambientais da atividade mineradora. Meio Ambiente e Sustentabilidade, v. 11, n. 6, 2017. INSTITUTO BRASILEIRO DE MINERAÇÃO (IBRAM). Informações sobre a economia mineral brasileira. Brasília, 2015. MECHI, Andréa; SANCHES, Djalma Luiz. Impactos ambientais da mineração no Estado de São Paulo. Estudos avançados, v. 24, n. 68, p. 209-220, 2010. MECHI E SANCHES, F. R. C. et al. Impactos socioambientais da mineração no Brasil. In: 2º SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SAÚDE & AMBIENTE (2ºSIBSA). Belo Horizonte, 2014 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (MMA). Caderno De Licenciamento Ambiental. Brasília, 2009. Disponível em: . Acesso em 02 Jul. de 2020. SILVA, C.F.A; VALADÃO, R.C. Relevo antropogênico: mineração de ferro e a interferência humana. 1o Ed. Curitiba: Appris. 2016.
Mateus de Freitas Carvalho¹, Fernanda Viana Paiva Arguello². ¹,²,³ Universidade do Vale do Paraíba/Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo, Avenida Shishima Hifumi, 2911, Urbanova - 12244-000 - São José dos CamposSP, Brasil, ¹ Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitaria pela UNIVAP. ² Graduada em Geografia e História pela UNIVAP, Mestra em Ciências Ambientais pela UNITAU, e Doutora em Ciência do Sistema Terrestre no INPE, é docente da UNIVAP. E-mail: ¹ mateussd019@gmail.com ² fernanda.arguello@univap.br
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TECNOLOGIAS DE APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS E IMPACTOS AMBIENTAIS ATRAVÉS DA POLUIÇÃO DE SOLOS. Liam Marques Chiovetti, Fernanda Viana Paiva Arguello, Adriana Mascarette Labinas.
Este artigo apresenta informações coletadas por meio de revisão de literatura, a respeito das tecnologias disponíveis atualmente para realizar a aplicação de agrotóxicos a fim de reduzir os impactos ao meio ambiente e aumentar a eficiência das aplicações, ou seja, permitir que possa ser utilizado menos produto, aumentando a precisão para que as gotas contendo o produto sejam aplicadas na superfície esperada. Uma vez bem sucedida a aplicação, não teremos efeitos adversos como o contato desse produto com o solo e sua percolação, contaminando até mesmo o lençol freático, gerando assim um impacto ambiental, muitas vezes difícil de remediar como é o caso de princípios ativos à base de organoclorados.
Palavras-chave: Agrotóxicos, Solos, Aplicação, Contaminação, Meio Ambiente. This article presents information collected through a literature review, regarding the technologies currently available to carry out the application of pesticides in order to reduce impacts to the environment and increase the efficiency of applications, that is, to allow less product to be used , increasing the precision so that the drops containing the product are applied on the expected surface. Once the application is successful, we will have no adverse effects such as the contact of this product with the soil and its percolation, even contaminating the water table, thus generating an environmental impact, often difficult to remedy as is the case with active ingredients based on of organochlorines.
Keywords: Pesticides, Soils, Application, Contamination, Environment.
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Introdução Tendo em vista o cenário atual, em que se discute uma agricultura mais sustentável, levando em consideração que cada vez mais a tecnologia tem se aproximado do campo par facilitar a vida do produtor rural, viu-se a necessidade de desenvolvimento de novas tecnologias que permitem uma agricultura de precisão, principalmente no que tange à aplicação de defensivos agrícolas ou agrotóxicos, uma vez que apesar de existirem métodos alternativos como a cultura de orgânicos, ainda não se conseguiu produzir alguns alimentos utilizando esses métodos mais naturais, em larga escala, ficando ainda a predominância destes na agricultura familiar. Nosso objeto de estudo, tem como foco na agricultura extensiva, no caso as monoculturas, que por se tratar de um mesmo produto, estão mais suscetíveis a ação de pragas e tem uma necessidade de adubação e fertilização a fim de manter a qualidade. Antes de discutirmos a problemática da aplicação desses defensivos agrícolas relacionada aos impactos ambientais da mesma, precisamos entender algumas informações, como a definição do que é agrotóxico: “Os agrotóxicos são substâncias químicas ou suas misturas, que apresentam finalidade, direta ou indireta, de prevenir, repelir ou acabar, com agentes infecciosos, nocivos e prejudiciais aos cultivos e criações” (PERES et al., 2003; ZIMBA; ZIMUDZI, 2016 apud OLIVEIRA, 2018). Então como ora citado, eles têm essa função de prevenir, repelir ou acabar com essas pragas de forma direta ou indireta, permitindo que a lavoura não tenha grandes percas de produção. Uma alternativa sustentável como já citada aqui é o cultivo de alimentos orgânicos, que segundo a legislação brasileira tem sua definição como sendo: “produto orgânico, seja ele in natura ou processado, aquele que é obtido em um sistema orgânico de produção agropecuária ou oriundo de processo extrativista sustentável e não prejudicial ao ecossistema local.” (BRASIL, 2020). As atividades antrópicas, portanto, nesse meio agrícola, tem gerado e acelerado, a degradação dos solos, uma vez que possui ação direta neste meio, alterando suas características tanto físicas como químicas, além dos microrganismos que habitam essa Out de 2021
superfície. Segundo SOUZA et al: “Essas práticas podem levar à contaminação e infertilidade do solo, contaminação dos reservatórios aquáticos, entre outros, tornando mais improdutivo ao longo do tempo e/ou aumentando o custo da manutenção, limitando assim o uso dos recursos e potencial para a produtividade agrícola” (SOUZA et al., 2015 apud OLIVEIRA, 2018). E ainda, segundo OLIVEIRA, 2018, o Brasil segue sendo um dos líderes mundiais no consumo de defensivos agrícolas. Em suma, tem-se a necessidade de buscarmos alternativas não só para o uso dos agrotóxicos, uma vez que os mesmos ainda são indispensáveis na agricultura extensiva, o que torna portanto de um ponto de vista mais realista, aprimorar e otimizar os métodos existentes e inovar do ponto de vista tecnológico a aplicação desses agrotóxicos além de estudar quais os métodos mais eficientes, para se adequar de forma mais simples à realidade e a vida no campo.
Metodologia Este artigo foi elaborado utilizando por meio de uma revisão bibliográfica, compilação, pesquisa, filtragem e resumo de artigos científicos, websites, legislação e literatura envolvendo tecnologias de aplicação de agrotóxicos e poluição de solos em detrimento dos mesmos, a fim de desmembrar a poluição de solos por compostos químicos presentes nesses defensivos agrícolas e as tecnologias atuais de pulverização e aplicação dos mesmos. Teremos uma breve introdução portando a respeito dos tipos de tecnologias existentes, dos casos de poluição de solos ocasionada por produtos químicos desse ramo de atividade econômica que é o agronegócio.
Discussão A Segundo Carvalho (1968, apud CHAIM, 1999) durante o período entre 1867 e 1939 houve uma evolução tecnológica em relação à mecânica de bombas, tornando possível o uso de energia em forma de pressão para aplicar produtos fitossanitários nas plantações, assim inicia-se a pulverização. Sendo que anteriormente, utilizavam-se misturas tóxicas aplicadas Revista Ambiente-se FEAU
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pelos lavradores com o auxílio de regadores ou mesmo a superfície dessas plantas era esfregada com auxílio de escovas ou panos . Todo pulverizador, possui uma ponta, onde está o bico de pulverização (Figura 1), sendo o mais conhecido o pulverizador costal manual, que é operado e manuseado por uma pessoa, que deverá estar utilizando EPI’s rigorosamente, justamente por se tratar de um produto que, geralmente, apresenta alguma toxicidade. Assim, o bico de pulverização tem a função de transformar o líquido da calda contendo o princípio ativo em gotas, a fim de que atinjam o alvo uniformemente, evitando o desperdício. De acordo com a cartilha disponibilizada pelo SENAR, 2014. “A escolha errada do bico de pulverização ou uso inadequado pode levar à necessidade de uma nova aplicação ou redução da produtividade da lavoura.” Figura 1. Partes do bico de pulverização.
Fonte: SENAR (2014). A escolha errada do bico em conjunto com outros fatores como o volume de aplicação ou mesmo a velocidade da aplicação (o que acaba interferindo no fator de arrasto das gotículas contendo o produto), isso portanto irá gerar impactos ambientais, uma vez que o produto entre em contato com o solo, sendo lixiviado através do mesmo como descrito por Aldemir Chaim (1999). “As perdas que ocorrem durante as aplicações de agrotóxicos são originadas por um conjunto de causas. Nas pulverizações com altos volumes, muitas gotas caem entre as folhagens das plantas, especialmente nos espaços entre as linhas da cultura e entre as plantas, atingindo o solo. Uma grande quantidade de gotas atinge as folhas, coalescendo-se e formando gotas maiores, que não mais ficam retidas, escorrendo para as partes inferiores das plantas e caindo finalmente no solo” (COURSEE, 1960, apud CHAIM, 1999, p. 293). A maioria dos compostos poluentes encontrados no solo proveniente de pulverização de agrotóxicos pertence à classe dos organoclorados, que começaram a ser utilizados na agricultura por volta de 1940, com a redescoberta do Out de 2021
DDT (CHAIM, 1999). Sendo esses compostos encontrados em amostras de solo, água e gelo, até mesmo em áreas mais remotas como os Andes ou o Alaska (RODRIGUES, 1998). Esses compostos uma vez no solo apresentam comportamentos variados, a fim de se ter uma maior seguridade e maiores informações, foram feitas várias pesquisas como ainda cita Rodrigues (1998) “O interesse pela determinação da persistência de compostos biologicamente ativos no solo, tanto para efeito de efetividade no controle das pragas quanto para efeito de segurança e qualidade ambiental, motivou a realização de numerosos estudos empregando bioensaios” (BLANCO et al, 1989, OSTIZ & MUSUMECI, 1989, PECK ET AL, 1995, apud RODRIGUES, 1998). Sendo os bioensaios por definição, “(...) testes feitos em laboratório que determinam o grau ou o efeito biológico de uma substância desconhecida ou de uma substância-teste (como drogas, hormônio, químicos, etc); o teste é feito através de comparação experimental do efeito da substância testada com efeitos causados por uma substância conhecida, em uma cultura de células vivas ou em um organismo-teste (USEPA).” (CHAPMAN, 2006 apud MARIANI, 2009). É necessário portanto para se obter uma maior eficiência na aplicação dos agrotóxicos, além lógico das tecnologias, uma correta escolha do alvo biológico, definido numa janela de espaço e tempo para a praga, conhecendo sua biologia e portanto seu estágio de maior susceptibilidade à ação do agrotóxico, o que além de oferecer um maior eficiência no controle, também irá evitar uso além do necessário do produto a ser aplicado como economizar recursos financeiros, evitando gastos desnecessários, uma vez que o aparecimento de um inseto ou organismo ainda que tenha potencial para ser uma praga, não significa necessariamente que este trará prejuízos econômicos. Então teremos fatores determinantes no processo de aplicação desses agrotóxicos, sendo necessária uma avaliação precisa portanto da aplicação, a formula do produto que será aplicado, a dose aplicada, o número de aplicações, o tipo de equipamento que será utilizado, características dos bicos de pulverização que irão influenciar no diâmetro e na densidade das gotas, as condições meteorológicas no momento da aplicação, tudo isso interligado, deverá ser analisado e selecionado a fim Revista Ambiente-se FEAU
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de se conseguir os melhores resultados com o propósito da aplicação, isso fica ilustrado de maneira bem lúdica na Figura 2. O Manejo Integrado de Pragas (MIP), segundo Taguchi (2014), consiste em uma técnica que mantém as pragas sempre abaixo do nível em que causam danos para as lavouras, sendo que este controle pode ser feito através de insetos (controle biológico), uso de feromônios, retirada e queima da parte do vegetal que foi afetada, adubação equilibrada, além de poda e raleio. Sendo assim, além do uso das tecnologias de aplicação como novos produtos que requerem uma quantidade menor na sua aplicação, o uso correto dos bicos de pulverização e trabalhar em concomitância com as informações meteorológicas daquela microrregião onde será realizada a pulverização, vemos que temos outras alternativas também tecnológicas por meio de outras técnicas de manejo dessas pragas, e que muitas vezes mais de uma em conjunto pode ser tão eficaz quanto o uso somente de inseticidas e herbicidas.
ações de controle da mesma a permitindo reduzi-la a populações aceitáveis para a produção comercial da lavoura e do produto agrícola (CHAIM, 1999), da mesma forma, também pode ser importante, ao contribuir para a minimização de problemas que são desencadeados pelo uso de defensivos agrícolas convencionais, estando diretamente associado ao uso de organismos e novas alternativas tecnológicas que visam a diminuição no uso de agrotóxicos como prevê Santos; Silva (2015) apud Oliveira et al (2018). Por fim, segundo Chaim (1999) o MIP além de todas vantagens ora citadas, integra aspectos socioeconômicos, ecológicos e culturais, específicos para cada região onde será utilizado, podendo existir mais de uma proposta de MIP, inclusive para uma mesma região. Apesar de novas tecnologias e do Manejo Integrado de Pragas, os agrotóxicos convencionais ainda são muito utilizados, até mesmo pela eficácia e pela rapidez da sua ação ao ser utilizado como medida de intervenção em alguma lavoura. Figura 3. Modelo de Manejo Integrado de Pragas.
Figura 2. Dinâmica da Pulverização foliar.
Fonte: CHAIM (1999).
Fonte: CHAIM (1999). Ainda o MIP como podemos ver no gráfico da Figura 3, irá permitir que possamos acompanhar o nível populacional da praga presente na cultura e de sugerir Out de 2021
Entre tecnologias inovadoras de combate a pragas, os bioinseticidas tem se tornado uma alternativa até mesmo mais eficaz que os agrotóxicos convencionais como por exemplo o uso da bactéria entomopatogênica Bacillus thuringiensis (Bt), altamente eficaz no controle de lepidópteros e coleópteros, que compõe a ordem de insetos correspondente às lagartas, borboletas, mariposas e aos besouros e as joaninhas respectivamente. (PROMIP, 2016). Vale ressaltar que grandes companhias químicas que produzem agrotóxicos têm se adaptado às exigências do mercado, produzindo novos produtos e linhas que Revista Ambiente-se FEAU
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caminhem em conjunto com a sustentabilidade e preservação ambiental, além de promover pesquisas promissoras nessas áreas de controle biológico e bioinseticidas aliados ao manejo integrado de pragas.
Resultados Após revisar uma grande variedade de fontes bibliográficas, websites e revistas, podemos concluir que as causas de poluição do solo estão muito mais correlacionadas à escolha errada de tecnologias de aplicação de produtos, como o uso incorreto dos bicos de pulverização, escolha do produto a ser aplicado, além da análise de fatores climáticos e meteorológicos que terão influência no resultado final da aplicação, ficando clara que a aplicação correta desses agrotóxicos em conformidade com as recomendações do fabricante por um profissional devidamente qualificado, permite uma maior segurança tanto de quem aplica como para o meio ambiente, no caso o solo e corpos hídricos
Conclusão Em suma, conclui-se que o que traz impactos negativos para o solo é a aplicação incorreta e não o produto, que foi estudado e feito para ser utilizado sobre condições muito específicas, que vem inclusive descritas na sua bula. Apesar de tudo isso, a melhor alternativa ainda continua sendo o Manejo Integrado de Pragas que compõe mais de um método de controle de forma integrada, inclusive o controle químico, que irá tornar o manejo mais viável tanto do ponto de vista econômico como do ponto de vista ambiental e ecologicamente correto
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Liam Marques Chiovetti¹, Fernanda Viana Paiva Arguello², Adriana Mascarette Labinas³. ¹,² Universidade do Vale do Paraíba/Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Avenida Shishima Hifumi, 2911, Urbanova - 12244-000 - São José dos Campos-SP, Brasil, ³ Universidade de Taubaté/Departamento de Ciências Agrárias, Estrada Municipal Dr. José Luis Cembranelli, 5000, Fazenda Piloto, Itaim - 12081-010 - Taubaté-SP, Brasil, ¹ Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitaria pela UNIVAP. ² Graduada em Geografia e História pela UNIVAP, Mestra em Ciências Ambientais pela UNITAU, e Doutora em Ciência do Sistema Terrestre no INPE, é docente da UNIVAP.
³Graduada em Agronomia pela UNITAU, Mestra em Agronomia pela UNESP, Doutora em Agronomia pela UNESP. Revista Ambiente-se FEAU
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REVISÃO BIBLIOGRAFICA SOBRE O CRESCIMENTO URBANO E DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SÃO PAULO, ANÁLISE DOS RISCOS ENVOLVIDOS E DA SUSCETIBILIDADE A INUNDAÇÕES E MOVIMENTAÇÕES DE TERRA, ESTUDO DO CASO DE ILHABELA-SP Samuel Yamashita dos Santos, Fernanda Viana Paiva Arguello
Este presente artigo busca apresentar uma análise da suscetibilidade a riscos de inundações e movimentações de terra para o município de Ilhabela-SP, estabelecendo através do estudo bibliográfico e análise espacial, a correlação do tema com o crescimento e tendências da ocupação urbana em áreas suscetíveis a estes processos.
Palavras-chave: Crescimento urbano, Risco, Movimentações de terra, Inundações.
This article seeks to present an analysis of the susceptibility to flooding and land movement risks for the municipality of Ilhabela-SP, establishing through bibliographic study and spatial analysis, the correlation of the theme with the growth and trends of urban occupation in areas susceptible to these processes. Keywords: Urban growth, Risk, Land movements, Floods.
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Introdução
uma região com altos índices de pluviosidade, é importante que estas variáveis naturais sejam estudadas.” No Brasil, destacam-se os desastres causados por eventos meteorológicos extremos, sobretudo os que envolvem as chuvas. Estes eventos são caracterizados por deflagrarem intensos processos físicos de curta duração, tais como os movimentos de massa e inundações.” (CAMARINHA. 2016). O presente artigo busca através do levantamento de informações bibliográficas, buscar uma análise mais atual sobre estes temas para o litoral norte do estado de São Paulo, de maneira a utilizar as informações coletadas para levantar e analisar a suscetibilidade a riscos para a população ocasionados pelo crescimento no uso e ocupação do solo destas áreas, principalmente no que diz respeito aos riscos a inundações e movimentações de terra.
Ao longo dos últimos anos, devido ao constante crescimento demográfico e do uso e ocupação dos solos, o litoral norte paulista passou a possuir um maior impacto sobre os seus solos bem como uma maior suscetibilidade a riscos para as populações locais, tanto proveniente das mudanças no ambiente provocadas por ação antrópica quanto por meios naturais. Para MARANDOLA JR et al (2013) O crescimento e a expansão urbana, em seu desenvolvimento já desencadeia riscos e perigos pela falta de ordenamento deste processo com os sistemas naturais. Já segundo DINIZ (2015), de maneira geral, o Brasil tende a possuir um histórico de uso e ocupação do solo predominantemente de maneira desordenada, que é traduzido de uma forma que torna a população e o equipamento urbano sujeitos a processos geológicos exógenos como inundações e movimentos de massa.
Metodologia
Este fato implica no aumento dos riscos em função do modelo de ocupação do espaço físico, que, muita das vezes ocorre de maneira a não considerar as características geológicas e geotécnicas das áreas ocupadas. “Na Serra do Mar, como em grande parte da planície costeira dos estados do RJ, SP, PR e SC os espaços seguros para expansão urbana são muito restritos em função das condições naturais. Ao mesmo tempo, no litoral há uma fortíssima pressão para o crescimento urbano em decorrência das atividades industriais, portuárias, turísticas, bem como instalações de infraestrutura de suporte para exploração do petróleo do fundo marinho. “(ROSS et al. 2018). O crescimento urbano nas encostas da serra do mar e também do município de Ilhabela se dá em função da grande procura e valorização das áreas situadas no litoral norte do estado de São Paulo, ainda segundo ROSS et al (2018). Elevam-se os custos dos terrenos situados em áreas de menor risco, fazendo com que a ocupação das populações de menor renda ocorra onde os preços dos terrenos são mais baixos, e os riscos são mais altos. Tendendo a haver a um maior crescimento urbano nestas áreas é necessário que ocorra um devido controle destas dinâmicas ocupacionais. Aliado ao fator antrópico, por se tratar de
Para a elaboração do trabalho, foram utilizados como base principal o levantamento de material bibliográfico e metodológico de diferentes trabalhos, junto a obtenção de material cartográfico para aquisição de informações sobre a área de estudo. Também foi utilizado para elaboração deimagens o software “Google Earth Pro”. Foram analisados diferentes trabalhos e teses de maneira a adquirir embasamento bibliográfico sobre o tema em questão, como este tema possui diferentes fatores que podem ser correlacionados, foi necessária a elaboração de correlações entre as bibliografias para dar embasamento introdutório , os trabalhos de (MARANDOLA JR et al 2013), DINIZ (2015), (ROSS et al. 2018) e (CAMARINHA. 2016) fornecem um melhor entendimento de como estas dinâmicas entre o meio antrópico e o meio natural envolvidas nestes processos ocorrem, e permitem contextualizar a região de estudo e as dinâmicas antrópicas do local com objetivo de trazer a compreensão sobre a importância no estudo do tema em específico. Os resultados foram obtidos utilizando como base metodológica os trabalhos de (SOARES et al. 2006), que utilizou em seu trabalho “Impactos ambientais decorrentes da ocupação desordenada na área urbana do município de Viçosa, estado de Minas Gerais” um modelo metodológico Check-List, criando um fluxograma de processos da atividade antrópica e uma lista associando cada processo
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ao seu respectivo impacto, este método foi necessário para a caracterização das atividades antrópicas associadas ao uso e ocupação dos solos e seus respectivos impactos e consequências. Um método de caracterização parecido foi feito por (SANTOS et al 2017), em seu trabalho “Impactos da ocupação urbana na permeabilidade do solo: o caso de uma área de urbanização consolidada em Campina Grande - PB " que enumerou em tópicos os principais impactos associados diretamente com a questão da permeabilização urbana, descrevendo os eventuais impactos provenientes dos processos de permeabilização do solo e consequências a população. Como trabalho base principal para o desenvolvimento do tema para o município de Ilhabela, foi utilizado o trabalho realizado por DINIZ (2015), “Mapeamento Geológico Geotécnico do núcleo urbano do município de Ilhabela-SP”, sua dissertação de mestrado realiza a caracterização da área bem como elabora a classificação da área de estudo quanto as suas características geológicogeotécnicas através do geoprocessamento, sensoriamento remoto e análise em campo. Neste trabalho DINIZ caracteriza algumas áreas e enfatiza a suscetibilidade a riscos e inundações bem como cria projeções futuras sobre estas áreas. Foi realizada a associação destes trabalhos para identificação dos principais tópicos relacionados ao tema e a sua correlação com o trabalho base de (DINIZ 2015). para o caso de Ilhabela, a qual foi utilizada como base para a apresentação dos resultados no presente artigo. Com base nestas informações foi possível levantar material cartográfico contido na “Carta de suscetibilidade a movimentações gravitacionais de massa e inundações de Ilhabela Revisada em 2015” realizada pelo Instituto de pesquisas tecnológicas do estado de São Paulo (IPT), que foi utilizada para comparação de resultados com o trabalho de DINIZ (2015). Para as análises e comparações das áreas, foram demarcados polígonos usando o software Google Earth Pro, onde depois foram inseridos em ambas as Cartas, que foram devidamente georreferenciadas utilizando o software ArcGIS para a identificação precisa das áreas demarcadas e o estabelecimento dos resultados obtidos provindos das análises dos documentos cartográficos.
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Resultados Com a leitura da bibliografia disponível foi possível estabelecer correlações entre os trabalhos lidos, todos em geral estabelecem a relação do impacto antrópico nas modificações ambientais, onde pôde ser dado uma ênfase na caracterização dos impactos das ações antrópicas voltadas a ocupação desordenada do solo feita por (SOARES et al. 2006) e ( SANTOS et al 2017.), dentre as quais pode ser destacado: • “O aumento do risco e da suscetibilidade a processos erosivos” (SOARES et al. 2006) • “Aumento do escorrimento superficial das águas pluviais em decorrência do agravamento da impermeabilização do solo”. (SANTOS et al 2017.) • “A sobrecarga no sistema de drenagem urbana por meio do aumento da impermeabilização do solo e da diminuição da infiltração “(SANTOS et al 2017.) • “A perda da cobertura vegetal por pavimentos impermeáveis, diminuindo a infiltração da água no solo e aumentando a sua quantidade e a sua velocidade de escoamento”; (SANTOS et al 2017.). • “O acúmulo de resíduos sólidos nos elementos do sistema de drenagem (canais, bueiros, bocas de lobo, etc.), obstruindo-os e, com isso, ocasionando seus transbordamentos em períodos de chuva.” (SANTOS et al 2017.). Estes resultados foram de encontro com DINIZ (2015), que realizou uma análise geológico- geotécnica do núcleo central do município de Ilhabela, de maneira que incorporou com uma análise sobre a suscetibilidade da área a processos erosivos em diversos bairros da cidade, que foi separada e mapeada em seis diferentes unidades geológico geotécnicas. Seus dados nos permitiram relacionar dois casos distintos localizados segundo seu mapa respectivamente nas unidades 1 e 6 demarcadas e caracterizadas em seu trabalho. Na unidade 1, o caso a ser analisado é a suscetibilidade a inundações no Bairro do Perequê, que é um importante bairro comercial do município, onde apesar de não ser o mais densamente povoado, sua localização é classificada segundo o mapa de DINIZ(2015) como planícies de baixa declividade e altitude em geral, bem como baixa densidade de drenagem.
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Figura 1 - Representação do mapa geológico-geotécnico elaborado por DINIZ (2015).
Imagem 2 - Rua alagada no bairro do Perequê.
Fonte: fotografia.folha.uol.com.br “Chuva alaga Ilhabela na véspera do Carnaval" data da publicação 20/02/2020.
Fonte: (DINIZ 2015) Estas características associadas com uma alta taxa de permeabilização do solo nas proximidades costeiras, com o alto índice pluviométrico da área, que segundo os dados presentes na “Carta de suscetibilidade a movimentações gravitacionais de massa e inundações de Ilhabela Revisada em 2015” , possuem uma média anual variando entre 1800 a 1900 mm, este mesmo mapa caracteriza a bacia de drenagem da área a possuir uma alta suscetibilidade a geração de enxurradas, além de processos de inundação, alagamento e assoreamento. Imagem 1 - Demarcação do bairro do Perequê no Google Earth, data da imagem 14/01/2015.
Imagem 3 - Avenida alagada no bairro da Barra velha, localizada na mesma unidade classificada por DINIZ (2015).
Fonte: DINIZ (2015). Figura 2 - Representação da demarcação do bairro do Perequê georreferenciado na Carta de Suscetibilidade do IPT.
Fonte: Autoria Própria Estas informações vão de acordo com os registros frequentes de inundações que a área apresenta, ilustrados inclusive no próprio trabalho de DINIZ, que representa a área do bairro da Barra Velha, que se encontra nas proximidades ao bairro do Perequê, e está classificada segundo as mesmas características em ambas as cartas. Fonte: Autoria Própria Out de 2021
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Figura 3 - Representação da demarcação do bairro do Perequê georreferenciada na Carta elaborada por DINIZ (2015).
Fonte: Autoria Própria Imagem 5 - Representação da mesma área demarcada na imagem 4, a imagem é datada do ano de 2019, ano referente a ocorrência do deslizamento de terra ocorrido no local. Fonte: Autoria Própria. Para o caso da unidade 6, (DINIZ 2015) caracterizou a área como morros, cujos processos potenciais que podem ser observados são o escorregamento associado as encostas com maior declividade. Além da caracterização da unidade, foi feita uma avaliação em campo do local, representando inclusive em uma de suas imagens uma área ocupada por uma residência onde classificou-a dentro da unidade 6 como uma área de risco altamente suscetível a deslizamentos. Sobre a mesma área, segundo a carta de suscetibilidade do IPT, foi classificada entre os níveis de alto e médio risco, com processos que segundo a carta podem incluir deslizamento e rastejo. Ao realizar uma análise temporal desta mesma área pelo GE, foi possível identificar que esta área no ano de 2019, (ano este posterior a publicação do trabalho de (DINIZ 2015) e da carta de suscetibilidade do IPT de 2014 revisada em 2015), sofreu um grave deslizamento de terra, onde a mesma residência identificada e caracterizada por DINIZ anos antes ficou completamente destruída em decorrência do acontecimento, o que prejudicou inclusive o tráfego pelo local durante dias, uma vez que a massa de terra cobriu completamente a rota principal que liga as regiões norte e sul da ilha. Imagem 4 - Demarcação de área compreendida no bairro do Piúva, na unidade 6, onde ocorreu um deslizamento de terra no ano de 2019, a imagem foi retirada do Google Earth e é datada do ano de 2015. Out de 2021
Fonte: Autoria Própria Imagem 6 - Foto de casa no local do deslizamento tirada por (DINIZ (2015).
Fonte: (DINIZ 2015). Imagem 7 - Foto tirada horas após o deslizamento ocorrido na área.
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Fonte: g1.globo.com, matéria “Morro desliza, fecha estrada e isola costa sul de Ilhabela, SP” data de publicação 18/05/2019. Figura 4 - Área demarcada transposta na carta de suscetibilidade georreferenciada.
Fonte: Autoria Própria Figura 5 - Área demarcada transposta na Carta de (DINIZ 2015) também georreferenciada.
Fonte: Autoria Própria
Discussão Como pôde ser observado para o caso da cidade de Ilhabela, observando algumas áreas em específico do município com relação as suas características geológicas e geotécnicas, podem ser determinados diferentes parâmetros para análise da suscetibilidade da área a Out de 2021
processos exógenos. O que pode de fato ser comprovado de grande eficiência tanto para o entendimento dos processos já decorrentes na região como para a determinação de eventuais futuros processos, como foi o caso do deslizamento acontecido no bairro de Piúva, cuja área que o compreende foi caracterizada em ambas as cartas com indicadores de risco e que de fato foram comprovados em um ano posterior ao estudo, como retratado nas figuras e imagens anteriores. Da mesma maneira que (DINIZ 2015) e a equipe do IPT realizaram estes trabalhos em específico ao município de Ilhabela, existem outros trabalhos cartográficos disponíveis para a análise destes processos, porém de fato foi observado ao realizar o levantamento bibliográfico, existe uma certa necessidade de que estes estudos sejam implementados nas políticas públicas de planejamento urbano, como cita o próprio (DINIZ 2015), que enfatiza a importância destes mapeamentos geotécnicos e sua necessidade de ser um dos novos instrumentos que devem ser implementados no município como medida de planejamento social, tendo em vista que o município tende a ter um aumento na ocupação urbana de maneira desordenada, como boa parte dos municípios brasileiros porém com algumas peculiaridades que a tornam uma área de maior interesse a ocupação. Embora a aplicação destes estudos tenham sido designadas para dois casos em específico com relação ao município, um abordando inundações e o outro um caso em específico sobre deslizamento de terra, é possível obter mais informações e correlacionar com as áreas ocupadas hoje no município, como fez (DINIZ 2015) que identificou em seu trabalho alguns outros casos localizados nas diferentes unidades que mapeou, direcionando inclusive a tendência do crescimento para algumas áreas em seu trabalho. Deve-se atentar ao fato de que estes processos podem ser observados em toda a região do litoral norte do estado de São Paulo e se mostra de grande importância que sejam elaborados mais estudos científicos sobre o tema, tendo em vista que é uma ferramenta indispensável para a minimização de futuras catástrofes que envolvam a segurança e a vida humana.
Conclusão Revista Ambiente-se FEAU
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Este artigo pôde evidenciar a importância do estudo deste tema para o município de Ilhabela- SP, bem como trouxe a importância do conhecimento geotécnico do ambiente, podendo ser compreendido e analisado alguns dos processos comuns na área de estudo, bem como sua relação com o modo de ocupação urbana presente.
Referências BERTOLO, L. S.; Medida de mudança espaço-temporal como fonte de identificação das linhas de evolução de paisagem costeira. Estudo de caso: Ilha de São Sebastião SP . Dissertação de Pós Graduação. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. Universidade Estadual de Campinas, 2009. CAMARINHA, P. I. ,M. Vulnerabilidade aos desastres naturais decorrentes de deslizamentos de terra em cenários de mudanças climáticas na porção paulista da serra do mar. Tese de Doutorado Pós-Graduação em Ciência do Sistema Terrestre. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais INPE. São José dos Campos . 2016. CANAVESI, V. et al. Análise da susceptibilidade a deslizamentos de terra: estudo de caso de Paraibuna, SP. Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR. Foz do Iguaçu, PR, Brasil, abril de 2013. DINIZ, T. D.; Mapeamento Geológico-Geotécnico do Núcleo Urbano Central do Município de Ilhabela-SP. Dissertação de Mestrado. Instituto de Geociências e Ciências Exatas. Universidade Estadual Paulista. Rio Claro. 2015 FOLHA DE SÃO PAULO. "Chuva alaga Ilhabela na véspera do Carnaval". 21/02/2019. Disponível em: <https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/16591838154 65582-chuva-alaga-ilhabela-navespera-docarnaval>.Acesso em: 12/07/2020 G1 VALE DO PARAÍBA E REGIÃO. "Morro desliza, fecha estrada e isola costa sul de Ilhabela, SP". 18/05/2019. Disponível em:https://g1.globo.com/sp/valedo-paraiba-regiao/noticia/2019/05/18/morro-desliza-fechaestrada-e-isola-costa-sul-de-ilhabela- sp.ghtml. Acesso em: 12/07/2020. Out de 2021
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO - IPT. Carta de Suscetibilidade a Movimentações Gravitacionais de Massa e Inundações, Município de Ilhabela - SP. Centro de Tecnologias Ambientais - CTGeo. São Paulo, Março de 2014. Revisado em Março de 2015. MARANDOLA JR, E.; MARQUES, C.; PAULA, L. T. Crescimento urbano e áreas de risco no litoral norte de São Paulo. Revista Brasileira de Estudos de População. vol.30 no.1 São Paulo Jan./Jun 2013 ROSEMBACK, R. G. et al. Demografia, planejamento territorial e a questão habitacional: prognóstico da situação habitacional do Litoral Norte Paulista. Revista Brasileira de Estudos de População. vol.34 no.2 São Paulo Mai/Ago. 2017. ROSS, J. L. S.; FIERZ, M. S. M. A Serra do Mar e a Planície Costeira em São Paulo: morfogênese, morfodinâmica e as suas fragilidades. Boletim Paulista de Geografia - BPG. Capa no.100. Edição comemorativa. São Paulo, 2018. SANTOS, K. A.; RUFINO, I. A. A.; FILHO, M. N. M. B.; Impactos da ocupação urbana na permeabilidade do solo: o caso de uma área de urbanização consolidada em Campina Grande - PB. Engenharia Sanitária e Ambiental vol.22 no.5. Rio de Janeiro Set./Out. 2017.
Samuel Yamashita dos Santos ¹, Fernanda Viana Paiva Arguello². ¹,²,³ Universidade do Vale do Paraíba/Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo, Avenida Shishima Hifumi, 2911, Urbanova - 12244-000 - São José dos CamposSP, Brasil, ¹ Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitaria pela UNIVAP. ² Graduada em Geografia e História pela UNIVAP, Mestra em Ciências Ambientais pela UNITAU, e Doutora em Ciência do Sistema Terrestre no INPE, é docente da UNIVAP. E-mail: ¹ samuel_yamashita@hotmail.com ² fernanda.arguello@univap.br Revista Ambiente-se FEAU
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Uso De Cisternas Para Reutilização De Água Em Regiões Semiáridas César Seith Nakamura Pereira Fernanda Viana Paiva Arguello Devidos aos impactos ambientais presentes e o com o aumento do aquecimento global, regiões áridas e semiáridas apresenta longos períodos de seca, a falta de água é uma das grandes problemáticas, com o manejo e gestão inadequada. Então é necessário a amostragem de sistemas de inovação para utilização nestes meios, para utilização de reutilização de água em todos os âmbitos, para manter a qualidade e quantidade para todos os tipos de vida, tanto para o consumo humano, animal e para a agricultura. Palavras-chave: Reuso de água, Cisternas, Inovação Due to the present environmental impacts and the increase in global warming, arid and semi-arid regions have long periods of drought, the lack of water is one of the major problems, with inadequate management and management. So it is necessary to sample innovation systems for use in these media, to use water reuse in all areas, to maintain quality and quantity for all types of life, both for human, animal and agricultural consumption. Keywords: Water Reuse, Cisterns, Innovation
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Introdução A região semiárida do Brasil apresenta longos períodos de estiagem e grandes processos agropastoris, com isto, aumentando a atividade de degradação do solo, resultando em processos de desertificação mais elevada. Na região semiárida predomina a pecuária extensiva, com o consumo de pasto nativo efêmero na época das chuvas e na seca, o rebanho sobrevive de folhas e frutos das espécies forrageiras arbustivas e arbóreas (Moreira et al., 2006). Por motivos da pecuária, extração de lenha e mineração, tem um avanço no processo de desertificação do bioma e com isso a extinção da flora e fauna do bioma. Na região nordeste do Brasil áreas que são suscetíveis ao processo de desertificação chegam a 980.711 km². A desertificação como o “processo de degradação das terras das regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultante de diferentes fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas” (United Nations, 2001). Estão ligados a essa conceituação, as degradações do solo, da fauna, da flora e dos recursos hídricos. Os estudos ligados aos processos de avanço da degradação do bioma da Caatinga por motivos da tecnologia e conscientização da população. Considerando que as regiões semi-áridas estão susceptíveis à degradação. A desertificação é um processo que envolve variáveis de natureza física, química e biológica e socioeconômica e o solo é que representa maior complexidade no processo. O termo desertificação muitas vezes é relacionado a degradação, onde na realidade, se trata de uma desertificação extrema e se aplica ao solo, cobertura vegetal e à biodiversidade e a perda da capacidade produtiva. (EMBRAPA, 2010). Com relação aos fatores humanos podemos destacar, o desmatamento, extração florestal, queimadas, sobrecarga animal, o uso intensivo do solo e manejo inadequado e o emprego de tecnologias não apropriadas. E em relação às mudanças climáticas, podemos destacar a relação das secas prolongadas e que intensificam os processos.
Objetivo Este trabalho tem por objetivo evidenciar de forma teórica as tecnologias para utilização de cisternas para ampliar a oferta de água no semiárido brasileiro. Mostrando Set de 2021
como são desenvolvidas atividades para o consumo humano e animal e para produção de alimentos.
Metodologia A falta de chuva é um dos maiores fatores que afetam o semiárido brasileiro, com isto, a utilização de diversas formas de tecnologias devem ser aplicadas para o reabastecimento das populações desta região. Onde a principal fonte de água do nordeste brasileiro é proveniente da chuva. Então, é necessário diferentes disponibilidades de soluções simples e de baixo custo para estas populações. Podemos citar algumas tecnologias como, cisternas, poços, dessalinização, irrigação de salvação, captação in situ, barragens subterrâneas. .(SÁ et al., 2010) As cisternas são tecnologias onde é um reservatório para receber e conservar as águas pluviais. Um dos sistemas de captação de chuva que foi idealizado pela Embrapa Semiárido é que a cisterna pode ser enterrada, de forma que área de captação de água, pode ser contemplada com uma área no próprio solo, para caso, que não exista a possibilidade de não encher em épocas de estiagem severas. Figura 1 – Cisterna com área de captação no solo, construída em 1982.
Retirado: Embrapa, 2010 Nas regiões áridas e semiáridas, a utilização da água para a produção agrícola é um fator limitante, portanto, o uso da água deve ser de maneira eficiente. Então de acordo com Christofidis (2008), encontrar meios de produzir mais alimentos com menos água é um dos maiores desafios enfrentados atualmente pela humanidade e, para isto, devese ter como base este conceito. Revista Ambiente-se FEAU
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Figura 2 – Esquema da área do pomar instalado com diversas espécies de fruteiras.
Retirado: Embrapa, 2010. Onde áreas de produção de sistema podem ser formados um pomar com várias espécies frutíferas e canteiros de hortaliças. Tendo assim, como objetivo diversificar as culturas para a melhorar a qualidade de alimentação das populações. Durante os períodos de estiagem, a falta de água para o consumo animal prejudica a qualidade e assim, podendo trazer influencias para o consumo humano. O uso da cisterna para o uso humano, com algumas alterações, dos pontos de vistas técnicos e econômico, para ser utilizados por pequenos produtores de caprinos e ovinos. (BRITO et. al., 2005, 2007a.) Figura 3 – Cisterna para armazenar água de chuva para consumo animal, incluindo área de captação na estrada, sistema de filtragem e bebedouro no campo Experimental da Caatinga da Embrapa Semiárido, Petrolina, PE.
Considerações finais Com o crescimento do aquecimento global e das projeções de intensificação da aridez, a utilização de novas tecnologias para a reutilização e conservação da água é de grande importância no âmbito global em principal em regiões áridas e semiáridas. A cisterna é uma ótima alternativa nestas regiões para a contenção e conservação das águas para o consumo humano, animal e para a agricultura familiar. Porém, muitos desafios são criados a partir deste cenário, que são criados para as instituições de desenvolvimento. O uso de tecnologias para a captação de água e promover uma maior eficiência e utilizar novas praticas conservacionistas. Ter um maior incentivo aos programas governamentais para promover a segurança hídrica da região, apoio as comunidades, para manter a quantidade e qualidade das águas, reduzindo desperdícios e assim, evitando contaminações para os usos diversos.
Referências SÁ, LÊDO B. et al. Processos de desertificação no Semiárido brasileiro. Semiárido brasileiro: pesquisa, desenvolvimento e inovação. Petrolina: Embrapa Semiárido, 2010., p. 127–158, 2010. Potencialidades da água de chuva no Semi-Árido brasileiro/Editores Técnicos, Luiza Teixeira de Lima Brito, Magna Soelma Beserra de Moura, Gislene Feitosa Brito Gama. – Petrolina, PE: Embrapa Semi-Árido, 2007.
César Seith Nakamura Pereira¹, Fernanda Viana Paiva Arguello² Retirado: Embrapa, 2010.
O maior desafio deste sistema é a o elevado número de animais por produtor, então é recomendado cria-lo em vários módulos na propriedade. Set de 2021
¹,² Universidade do Vale do Paraíba/Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo, Avenida Shishima Hifumi, 2911, Urbanova - 12244-000 - São José dos Campos-SP, Brasil. ¹ Graduando em Engenharia Ambiental e Sanitaria pela UNIVAP. ² Graduada em Geografia e História pela UNIVAP, Mestra em Ciências Ambientais pela UNITAU, e Doutora em Ciência do Sistema Terrestre no INPE, é docente da UNIVAP. Revista Ambiente-se FEAU
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INTERFERÊNCIA DOS AGROTÓXICOS NO SOLO Luciana Prado de Almeida Fernanda Viana Paiva Arguello
O ser humano altera o meio ambiente para suprir suas carências, entretanto, essas modificações podem causar numerosos problemas como o da poluição do solo. O uso de defensivos agrícolas constitui uma das principais ações que resultam nesta contaminação, modificando as propriedades qualitativas do solo. Segundo o tipo de praga controlada, os agrotóxicos podem ser classificados em: herbicidas, inseticidas, fungicidas e bactericidas, sendo produtos químicos, físicos ou biológicos utilizados nos setores de produção agrícola, e quando aplicados inadequadamente e em excesso prejudicam o meio ambiente. A partir do reconhecimento dos efeitos negativos de uma potencial contaminação por esses agroquímicos, foi realizado pesquisas e estudos em relação as interferências no solo causados por eles, apresentando informações por meio de pesquisas bibliográficas, e comparações de artigos publicadas, procurando reconhecer a contribuição de cada autor sobre o assunto em questão.
Palavras-chave: Solo, Agrotóxico, Poluição, Meio Ambiente, Impacto Ambiental
Human beings change the environment to meet their needs, however, these changes can cause numerous problems such as soil pollution. The use of pesticides is one of the main actions that result in this contamination, modifying the qualitative properties of the soil. According to the type of pest controlled, pesticides can be classified into: herbicides, insecticides, fungicides and bactericides, being chemical, physical or biological products used in agricultural production sectors, and when applied inappropriately and in excess, they harm the environment. From the recognition of the negative effects of a potential contamination by these agrochemicals, research and studies were carried out in relation to the interferences in the soil caused by them, presenting information through bibliographic research, and comparisons of published articles, seeking to recognize the contribution of each author on the subject in question. Keywords: Soil, Pesticides, Pollution, Environment, Environmental Impact.
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Introdução A utilização em massa de agrotóxicos na agricultura se iniciou com a chamada ‘Revolução Verde', que teria o intuito de modernizar a agricultura e aumentar sua produtividade. No Brasil, esse movimento chega na década de 1960 e, com a implantação do Programa Nacional de Defensivos Agrícolas (PNDA), ganha impulso na década de 1970, sendo atualmente um dos principais paises produtores agrícolas do mundo (LOPES; ALBUQUERQUE, 2018). Porém esse tipo de substância química também vem provocando uma das principais causas de poluição no solo, pois quando os métodos e instalações são empregues impropriamente, pode promover danos irreversíveis ao meio ambiente. Os agrotóxicos podem ser aplicados diretamente nas plantas ou no solo, e mesmo aqueles aplicados diretamente nas plantas têm como destino final o solo, sendo lavados das folhas através da ação da chuva ou da água de irrigação (BOHNER; ARAÚJO & NISHIJIMA, 2013). Quando essas substâncias são absorvidas, terminam por contaminar a superfície, causando problemas na redução da fertilidade do solo contaminado, na diminuição da biodiversidade e ocasionalmente a acidez. No solo a principal preucupação é referente a contaminação ocorrida após essa infiltração de substâncias químicas com potencial nocivo, causando alterações na sua fertilidade e composição (OLIVEIRA;LIMA;MININI & SILVA, 2018), por meio da interferência desses princípios ativos no processo biológico responsável pela oferta de nutrientes. São consideráveis as alterações sofridas na degradação da matéria orgânica, através da inativação e morte de microrganismos e invertebrados que se desenvolvem no solo. A ciclagem de nutrientes pode ser afetada quando, por exemplo, o princípio ativo persistente no solo interfere no desenvolvimento de bactérias fixadoras de nitrogênio, responsáveis pela disponibilização desse mineral às plantas (EDWARDS;RIBAS, Priscila & MATSUMURA, Aida, 2009). Estudos também citaram que algumas substâncias, como o spinosad e o imidacloprido encontradas em Out de 2021
agrotóxicos muito utilizados na agricultura brasileira podem ser prejudiciais ao desenvolvimento e levando a mortalidade de insetos como a das abelhas, interferindo em suas atividades de voo, na redução da taxa de sobrevivência de larvas expostas aos agrotóxicos e assimetria na forma das asas. Os sistemas agrícolas intensivos que usam grandes quantidades de pesticidas podem causar a acidez do solo pela concentração de metais pesados. O que deixa o solo com grande salinização ou torna as plantas tóxicas pelo excesso de nutrientes e metais pesados (GOMES;FELÍCIO;PEREIRA & MELO, 2010). Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi realizar uma pesquisa sobre a interferência de agrotóxicos no solo, analisando seus possíveis impactos no ponto de vista ambiental.
Metodologia Foram escolhidos atentamente 4 (quatro) artigos de pesquisas, referente ao tema em pauta, sendo analisados, estudados e posteriormente comparados para a elaboração deste resumo. Os artigos para esta revisão corresponderão aos temas e seus respectivos procedimentos, vistos a seguir: O tema1 trata-se da poluição do solo causada pelo uso excessivo de agrotóxico e fertilizantes, onde foi realizada uma visita à plantação de tomates situada na zona rural de Viçosa. Colhendo assim, uma amostra de solo da área na plantação, em uma profundidade de 20 cm, para realização posterior de uma análise de nutrientes e a concentração hidrogeniônica (pH). Essa amostra foi colhida nas porções extremas do terreno, e na localidade central da plantação para que se pudesse ter uma noção do nível médio de nutrientes do terreno total. No tema2 descreve o agrotóxico e seus impactos na saúde humana e ambiental em uma revisão sistemática, em que, realizou-se um levantamento nas bases de dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e da Web of Science e Scientific Electronic Library (SciELO) das produções científicas publicadas e a partir de estudos realizados no Brasil nos últimos 7 (sete) anos sobre o tema ‘agrotóxicos’, para o qual se utilizou uma metodologia descritivo-analítico-reflexiva. No tema3 relata o impacto ambiental do uso de Revista Ambiente-se FEAU
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agrotóxico no meio ambiente e na saúde dos trabalhadores rurais, onde o estudo foi desenvolvido em Santa Catarina, sendo coletado amostra de 30 agricultores locais. A participação foi voluntária, e os dados foram mantidos confidenciais. O nível do conhecimento dos participantes sobre a utilização de agrotóxicos foi determinado por meio de um questionário com questões abordando o nível de conhecimento e o grau de compreensão a respeito dos seguintes aspectos: legislação, do receituário agronômico, biossegurança, aplicação e descarte de agroquímicos. O tema4 corresponde ao potencial tóxico dos agrotóxicos na qualidade do solo, sendo esta pesquisa reporta, discutida e as informações compiladas da literatura científica sobre os usos, efeitos e teor tóxico dos agrotóxicos no solo. Tratando de uma revisão bibliográfica predominantemente de publicações dos últimos 10 anos. Desta forma, foi possível a construção desta escrita relativo à interferência dos agrotóxicos no solo.
Resultados Análise dos nutrientes do solo referente ao tema1 realizada no Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa-UFV, observou-se que o pH estava bom, visto que estava entre 5 e 6 que é um nível desejado, os níveis de potássio estavam extremamente altos, considerando que o fósforo foi 27,5 o solo é considerado de textura média e para solo de textura média a disponibilidade de fósforo acima de 20 mg/dcm³ é considerada alta, então de acordo com os resultado o solo apresenta alta disponibilidade de fósforo 49,9 mg/dcm³. Não é necessária aplicação de nenhum método de correção do nível de potássio visto que com o passar do tempo o próprio solo vai absorvendo esse nutriente e normalizando os seus níveis, mas esse aumento de nutriente é causado pelo excesso de fertilizantes, adubos e agrotóxicos. A saturação por alumínio foi nula, o que é importante, porque o alumínio em concentrações elevadas é tóxico para as plantas. Os outros nutrientes (K, Na, Ca, Mg, H+Al) estavam dentro dos limites desejados para o tipo de plantação realizada. Out de 2021
O tipo de solo, ou mais precisamente, suas características, interferem de maneira direta e indireta no comportamento dos agrotóxicos no solo. A quantidade de matéria orgânica, a textura e a estrutura, que resultam na porosidade de um solo, são fatores de extrema importância na determinação do comportamento dos agentes contaminantes no ambiente. Os parâmetros textura e porosidade são determinantes para a capacidade de reter ou não a solução do solo. Com relação à textura descobriu-se que o solo era argiloso, devido à proporção de partículas de argila que o constituíam e a consistência da amostra era extremamente plástica (pegajosa). Apesar da utilização de métodos como gaiolas e bambus em pé, para não contaminar os tomates, algumas vezes os resíduos acabam entrando em contato com o pé do produto e com o solo, podendo contaminar áreas próximas como lençóis freáticos e cursos de rios próximos a área de estudo. Foi observado também que as diversas pragas, bichos e doenças encontradas na plantação estão se tornando cada vez mais resistentes aos produtos que antes eram considerados eficazes, fazendo com que os produtos sejam empregados com concentrações cada vez maiores, visando uma maior oferta de produção em um intervalo de tempo menor. Os resultados referentes aos tema2 e tema3, mostraram os impactos dos agrotóxicos no meio ambiente e a saúde humana. Evidenciando os prejuízos causados a natureza sobre o solo, os insetos, a água, e os peixes pelo uso dessas substâncias, muitas vezes, por alterarem seu habitat natural. Um estudo identificou a presença de Dicloro-DifenilTricloroetano (DDT) em solo, e outros abordaram que a rápida dissipação dos agrotóxicos nos solos e nas águas e o seu poder de escoamento também devem ser levados em consideração para a discussão do impacto desses venenos sobre o meio ambiente. O número e o tamanho de estômatos em plantas podem ser influenciados pela presença de agrotóxicos na área de plantio. Até mesmo na água da chuva, em regiões de produção de soja, foi detectada a presença de diferentes agrotóxicos. Em peixes destinados ao consumo humano, coletados em algumas cidades brasileiras, também foram detectadas acumulações do agrotóxico DDT. Além dos impactos já demonstrados no meio ambiente, são diversos os casos de intoxicações e outros agravos à saúde humana demonstrados em estudos científicos. Revista Ambiente-se FEAU
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Um estudo realizado por Teixeira constatou um registro de quase 10 mil casos de intoxicação por agrotóxicos no Nordeste do Brasil, e também foram relatados riscos de acidentes de trabalho relacionados ao uso de agrotóxicos. Peres et al (1999) e Oliveira relacionam o impacto da contaminação humana por agrotóxicos à fatores socioeconômicos, como o nível educacional, a habilidade de leitura e escrita e a renda familiar. Segundo os autores, os níveis de escolaridade aliados à linguagem técnica das informações contidas nas embalagens justificam a deficiência na compreensão das informações pelos trabalhadores rurais, definindo a linguagem pouco acessível como um entrave ao entendimento dos usuários. Silva (2001) verificou que, mesmo os agricultores que utilizam EPIs, nem sempre o empregam adequadamente, atribuindo esta deficiência ao desconforto, dificuldade de locomoção e excessivo calor do EPI. Alguns estudos estabelecem relações entre a exposição aos agrotóxicos e prejuízos à saúde humana. Em Minas Gerais, Soares et al (2003) constatou através de análise sanguínea que 50% dos trabalhadores entrevistados estavam intoxicados. Ambos os autores identificaram como fatores de risco o não uso de EPI’s. Sabe-se, também, que a exposição aos agrotóxicos pode causar alterações celulares e, consequentemente, pode estar associada a alguns tipos de câncer, como neoplasia no cérebro. Mesmo diante de tamanha exposição a doenças relacionadas aos agrotóxicos, estudos revelam que muitos agricultores não possuem a percepção desse risco e que ainda existe uma escassez de práticas chamadas de segurança e saúde no trabalho. Muitas vezes, os trabalhadores armazenam tais venenos em casa, queimando ou enterrando embalagens vazias de agrotóxicos. O tema4 traz em seus resultados uma revisão bibliográfica do conceito de solo e o uso de agrotóxico. Onde o solo é a camada mais superficial da Terra, com a função de sustentar diversas formas de vida, constituído por uma parte orgânica (derivada de decomposição de animais e plantas, macrofauna, mesofauna e microfauna) e outra inorgânica, tais como fragmentos de rochas. Com o aumento populacional e a escassez de alimentos no mundo, algumas práticas como o anejo intensivo do solo, a monocultura e o uso de agrotóxicos e fertilizantes Out de 2021
químicos tornaram-se comuns para o aumento da produção de alimentos. Os principais objetivos no uso desses agroquímicos é a disponibilização e o aumento do suprimento de nutrientes e correção do pH do solo (fertilizantes e corretivos) e a proteção das lavouras pelo controle de pragas e doenças (defensivos agrícolas). A utilização destas práticas pode, entretanto, causar diminuição na qualidade do solo e a degradação química, como consequência da acumulação de elementos químicos e compostos em níveis acima do tolerável. Em algumas situações um só tipo de agrotóxico não é suficiente para promover o controle de algumas infestações, sendo necessário mistura de diferentes tipos de agrotóxicos. O uso intensivo de agrotóxicos pode contribuir para processos de contaminação do solo e da água. O uso inadequado, ausência de treinamento, informação, e fiscalização pode intensificar esses processos de contaminação ambiental. O processo de retenção, transporte e modificação dos agrotóxicos após entrarem em contato com o ambiente, dependem intrinsecamente de fenômenos de sorção, referindo os diversos mecanismos de retenção de íons e moléculas pela fase sólida, que estão diretamente relacionados a processos de lixiviação, e, estes, podem alcançam os recursos hídricos próximos ao local de descarga, causando sua contaminação. Os defensivos agrícolas, afetam principalmente os processos bioquímicos do solo, e chegam por aplicação direta ou por atividades indiretas. Algumas regiões do Cerrado brasileiro não apresentam solo muito fértil para prática da agricultura assim, há um uso intenso de agrotóxicos nas atividades de campo nessa região, gerando mais problemas quanto a contaminações do solo e/ou reservatórios de água. Observa-se também que o tipo de agrotóxico assim como as concentrações utilizadas e a quantidade de matéria orgânica em plantios influencia o solo de acordo com as características físicas e químicas, bem como a persistência residual.
Conclusão Com base nas pesquisas e resultados abordados em analise deste artigo de revisão, pode-se concluir a problemática do uso de agrotóxicos relacionado ao solo, onde com o manejo incorreto e uso excessivo destes produtos químicos acaba por afetar todo um ecossistema, envolvendo a fauna, a flora e a saúde Revista Ambiente-se FEAU
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humana. O uso de agrotóxicos quando analisado em curta escala, proporciona benefícios para a produtividade. Entretanto com o passar das colheitas o solo vai sendo degradado e diminui a sua oferta de nutrientes. Os compostos usados como agrotóxicos, possuem substâncias com altas concentrações que causam danos a todo o meio que circunda o terreno e configura uma nova caracterização para o solo, diferente daquela original, acabando por ficar empobrecido e destruído. É notório com base nos artigos estudados a falta de conhecimento dos trabalhadores rurais referente aos aspectos relacionados à compreensão das informações, manipulação, armazenamento, descarte e à legislação fitossanitária de agrotóxicos. Perante o exposto, são necessárias decisões urgentes para o esclarecimento e conscientização dos agricultores, instruindo e alertando a população sobre riscos eminentes tanto a toxidez a saúde quanto aos riscos causados para o solo pela utilização desses defensivos agrícolas. Diante desse cenário, é fundamental o controle do uso desses defensivos nas culturas agrícolas. Práticas agroecológicas é um importante alternativa de manutenção da qualidade ambiental, com menos uso de agroquímicos sintéticos, assim como, é fundamental uma produção pautada em sustentabilidade com princípios orgânicos de adubação, fertilização natural através da compostagem dos restos de culturas, fazendo rodízios dos campos de lavoura em interesse comercial com outras enriquecedoras do solo de modo a reduzir ao mínimo a aplicação de químicos. Sendo necessário a preservação das matas nativas, para o tratamento dos solos já fragilizados e seu reflorestamento. É também importante ressaltar, que mesmo não sendo necessário a aplicação de métodos de correção da concentração de nutrientes, visto que com o passar do tempo o próprio solo vai absorvendo esses nutrientes e normaliza seus níveis, com o passar do tempo esse solo ficará exausto se tornando improdutivo, já que este aumento é causado pelo excesso de agrotóxicos.
Referências
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Luciana Prado de Almeida¹, Fernanda Viana Paiva Arguello² ¹,² Universidade do Vale do Paraíba/Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo, Avenida Shishima Hifumi, 2911, Urbanova - 12244-000 - São José dos CamposSP, Brasil. ¹ Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitaria pela UNIVAP. ² Graduada em Geografia e História pela UNIVAP, Mestra em Ciências Ambientais pela UNITAU, e Doutora em Ciência do Sistema Terrestre no INPE, é docente da UNIVAP.
BOHNER, Lima; ARAÚJO, Luiz &NISHIJIMA, Toshio. O impacto ambiental do uso de agrotóxico no meio Out de 2021
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CLASSIFICAÇÃO CLIMATOLÓGICA DE THORNTHWAITE (1948) E THORNTHWAITE E MATHER (1955) E CÁLCULO DO BALANÇO HÍDRICO PARA ODISTRITO DE MONTE VERDE - MG Calita Adriane Rodrigues Monteiro, Sasha Marcela Rodrigues Monteiro, Iuri Rojahn da Silva.
A análise e definição de condições atmosféricas médias em uma certa região possibilitam compreender e monitorar as condicionantes de disponibilidade hídrica regional e o estabelecimento de estratégias de manejo adequado dos recursos naturais. Neste estudo foram utilizados a metodologia de Thornthwaite ( 1948) e Thornthwaite e Mather (1955), para a obtenção do balanço hídrico mensal e a classificação dos tipos climáticos da região de Monte Verde - MG. A aplicação dos métodos possibilitou a confrontação dos dados e o acesso a informações que permitiram o diagnóstico das características climatológicas da região classificando-a como super úmida e mesotérmica. Palavras-chave: climatologia, classificação climática, Balanço hídrico.
The analysis and definition of average atmospheric conditions in a certain region make it possible to understand and monitor the conditions of regional water availability and the establishment of strategies for adequate management of natural resources. In this study, the methodology of Thornthwaite (1948) and Thornthwaite and Mather (1955) were used to obtain the monthly water balance and the classification of climatic types in the region of Monte Verde - MG. The application of the methods allowed the confrontation of data and access to information that allowed the diagnosis of the climatological characteristics of the region, classifying it as super humid and mesothermal. Keywords: climatology, climatic classification, water balance.
Introdução O clima é definido como um conjunto de condições atmosféricas que caracterizam uma região, desta forma a classificação climática é utilizada para definir uma área ou região segundo suas similaridades, dispondo sobre seu potencial hídrico, suas condições ecológicas e potencialidades agrícolas. A classificação de Thornthwaite emprega grandezas diretas da evapotranspiração potencial em comparação com dados de precipitação da região, os cálculos obtidos a partir desta comparação estabelecem índices onde se estimam parâmetros por exemplo de excesso e deficiência hídrica. A classificação de Thornthwaite e Mather foi um aprimoramento do método de thornthwaite onde “A capacidade de campo (capacidade máxima de armazenamento d’água pelo solo) e a taxa de utilização da umidade do solo para a evapotranspiração passarão a depender da profundidade, do tipo e da estrutura do solo” ( Vianello, 2000, p 406) Atualmente existe uma preocupação crescente em relação às alterações do clima e suas consequências. Os impactos diretos do clima sobre a produção e a distribuição da produção agrícola no país são apenas alguns dos efeitos econômicos causados pela mudança no clima. Esses impactos propagam-se nos diversos setores econômicos. (Domingues et al., 2011), Segundo descrito por J.B de Jesus (2015) a classificação climática tem como base os dados meteorológicos médios mensais padronizados por um período de 30 anos recomendado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), podendo servir como base para o planejamento territorial bem como para o zoneamento econômicoecológico de determinada região. O objetivo deste estudo é apresentar o cálculo do balanço hídrico e a classificação climática através da metodologia de Thornthwaite e Thornthwaite e Mather para o subdistrito de Monte Verde.
Metodologia Monte Verde é um distrito do município de Camanducaia, localizado no extremo sul do estado de Minas Gerais, Latitude 22°51' 47.66"S Longitude 46° 2' 18.99"O e altitude de 1600 m. Figura 1. Localização de estudo.
Fonte: Site guia Monte Verde. Na metodologia adotada foram utilizados os seguintes dados: latitude, temperatura (ºC), precipitação (mm) no período de um ano, coletados do Instituto Nacional de Meteorologia ( INMET). Em seguida foi efetuado o cálculo do Balanço Hídrico Climático utilizando nomograma (figura 2), duração do brilho solar e os cálculos utilizados na metodologia de Thornthwaite, obtendo as seguintes variáveis: evapotranspiração potencial, saldo de precipitação somado a evapotranspiração, armazenamento disponível na zona das raízes, evapotranspiração real mensal, deficiência e excesso hídrico. A classificação climática foi realizada utilizando-se o método de Thornthwaite. Determinando se assim os seguintes Índices: Índice Hídrico (Ih) Ih= 100* Exc. / EP Índice de Aridez Ia = 100 * Def. / Ep Índice de Umidade Im = Ih - 0,6* Ia
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(Eq. 1)
(Eq. 2) (Eq. 3)
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Figura 2. Nomograma para cálculo da evapotranspiração potencial mensal não ajustada, pela fórmula de Thornthwaite, em função da temperatura média mensal e da anual normal.
Tabela 2. Subdivisão dos tipos climáticos com base no Índice de Aridez
Fonte:Vianello, 2000.
Tabela 3. Subdivisões dos tipos climáticos com base no Índice Térmico (evapotranspiração potencial anual - mm) Fonte: Vianello, 2000.
A classificação climática foi realizada utilizando a metodologia de Thornthwaite ( Tabelas 1,2,3 e 4 ). Tabela 1. Tipos climáticos segundo Thornthwaite 1948. Baseados no Índice de Umidade.
Fonte:Vianello, 2000. Tabela 4. Subdivisão dos tipos climáticos com base percentagem da evapotranspiração potencial acumulada no verão (ETV)
Fonte:Vianello, 2000. Out de 2021
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Resultados Os dados obtidos a partir do cálculo pelo método de Thornthwaite podem ser visualizados na Tabela 5. Nessa tabela podemos observar que a precipitação anual foi de 2737,57 mm apresentando nível menor nos meses de abril à agosto que coincidem com as estações de outono e inverno do ano. Tabela 5. Balanço hídrico, segundo Thornthwaite, 1948, Monte Verde - MG; Latitude 22°51'47.66"S Longitude 46°2'18.99"O, Altitude 1600 m
(Im ≥ 100), com pequena ou nula deficiência hídrica ( 0 ≤ Ia < 16,7), B’2 mesotérmico (855>EP ≥ 712), com EP de 831,97 mm e a ETV (evapotranspiração no verão) sendo o subtipo climático a’ (ETV < 48,0) de 34%. Os dados obtidos a partir do cálculo pelo método de Thornthwaite e Mather considerando a Capacidade de Água Disponível (CAD) igual à 100 mm, pode ser visualizado na Tabela 6. Para a classificação climática de Thornthwaite e Mather, os valores do índice Hídrico e índice de Aridez permaneceram os mesmos, enquanto o Índice de Umidade foi calculado segundo a equação abaixo: Im = 100* 1905,53 / 831,94 Im ≈ 229
Fonte: a autora
A evapotranspiração potencial (EP) apresenta baixo nível nos períodos de abril à setembro, demonstrando baixo nível de evaporação, transpiração e umidade do solo em comparação com os outros meses do ano, tendo um valor anual de 831,94 mm. Contatou-se que a deficiência hídrica é pequena ou nula durante todo período do ano. Para a classificação climática foram utilizados as seguintes tabelas já citadas ( Tabelas 1,2,3 e 4). Os resultados de índice hídrico, índice de aridez e índice de umidade são apresentados respectivamente a seguir:
Segundo o valor do Índice de Umidade calculado podemos concluir que o tipo climático (Tabela1) continua sendo A - Superúmido (Im ≥100), para ambas classificações climáticas. Tabela 6. Balanço hídrico, segundo Thornthwaite e Mather, 1955, Monte Verde - MG; Latitude 22°51'47.66"S Longitude 46° 2' 18.99"O, Altitude 1600 m.
Ih= 100 x (1749,35 / 831,94) ≈ 210,3 Ia= 100 x (-156,28 / 831,94) ≈ -18,78 Im= 210,3 - (0,6 x (-18,78)) ≈ 221,57 A classificação climática pelo método de Thornthwaite para Monte Verde - MG definiu-o como clima A - superúmido
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Fonte: Autora
Na Tabela 6 é possível se observar que a Classificação de Thornthwaite e Mather (1955) possui Evapotranspiração Real (ER) menor se comparada com a Classificação de Thornthwaite (1948), a deficiência hídrica não apresentou nenhuma alteração, sendo pequena ou nula durante todo o período do ano e o Excesso (Exc.) Revista Ambiente-se FEAU
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Apresentado pelo método de Thornthwaite, apresentou um aumento em comparação com o apresentado no cálculo de Thornthwaite e Mather.
Conclusão O método de Thornthwaite (1948) e Thornthwaite e Mather (1955) mostrou-se eficiente na classificação teórica dos tipos climáticos da região de Monte Verde, apesar de ser um território pequeno, essa região demonstrou possuir um clima complexo com altos níveis de precipitação durante o ano, consequentemente baixa ou nula deficiência hídrica sendo classificado como super úmido e mesotérmico. O estudo conclui também que outras variáveis não abordadas neste trabalho como: a vegetação, cursos d'água e relevo, podem ter influência sobre o clima da região.
Referências INMET, Instituto Nacional de Meteorologia. Disponível em: <http://sisdagro.inmet.gov.br/sisdagro/app/climatologia/bhcli matologicomensal/index;jsessionid=27ae337f323043386948 b524b3ea>. Acesso em: 12 jul. 2020. JESUS, Janisson Batista.Estimativa do balanço hídrico climatológico e classificação climática pelo método de Thornthwaite e Mather para o município de Aracaju-SE. Disponível em: <https://scientiaplena.emnuvens.com.br/sp/article/view/2161 /1210>. Acesso em: 15 jul. 2020.
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Calita Adriane Rodrigues Monteiro¹, Sasha Marcela Rodrigues Monteiro², Iuri Rojahn da Silva³. ¹,²,³ Universidade do Vale do Paraíba/Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo, Avenida Shishima Hifumi, 2911, Urbanova - 12244-000 - São José dos Campos-SP, Brasil. ¹,² Graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitaria pela UNIVAP. ³ Graduado em Física pela UFPEL, Mestre em Meteorologia pelo INPE e Doutor em Física e Astronomia pela UNIVAP
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