Curso de Redação e Revisão de Textos [TCU]

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO

CURSO DE REDAÇÃO E REVISÃO DE TEXTOS

Prof.ª LUCÍLIA HELENA DO CARMO GARCEZ

BRASÍLIA 2003


SUMÁRIO APRESENTAÇÃO .............................................................................................. 3 LÍNGUA PADRÃO .............................................................................................. 4 COMUNICAÇÃO NO AMBIENTE DO SERVIÇO PÚBLICO .............................. 5 DECISÕES EM RELAÇÃO ÀS ESTRUTURAS LINGÜÍSTICAS........................ 7 DISTINÇÕES ENTRE AS MODALIDADES ORAL E ESCRITA .................... 7 FORMALIDADE E INFORMALIDADE ............................................................ 8 O PADRÃO OFÍCIO ........................................................................................... 9 PARTES DO DOCUMENTO NO PADRÃO OFÍCIO ....................................... 9 FORMA DE DIAGRAMAÇÃO ....................................................................... 10 PRONOMES DE TRATAMENTO ..................................................................... 13 CONCORDÂNCIA COM OS PRONOMES DE TRATAMENTO ................... 13 EMPREGO DOS PRONOMES DE TRATAMENTO ..................................... 13 FECHOS PARA COMUNICAÇÕES ............................................................. 16 IDENTIFICAÇÃO DO SIGNATÁRIO............................................................. 16 MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL ......................................................... 17 COESÃO REFERENCIAL ............................................................................ 17 COESÃO LEXICAL....................................................................................... 18 COESÃO POR ELIPSE ................................................................................ 18 COESÃO POR SUBSTITUIÇÃO .................................................................. 18 A IMPESSOALIZAÇÃO DO TEXTO................................................................. 20 USO DO VOCABULÁRIO ................................................................................ 22 O USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE ................................................... 24 EXPRESSÕES QUE EXIGEM ATENÇÃO ESPECIAL .................................... 28 VÍRGULA.......................................................................................................... 33 CONCORDÂNCIA NOMINAL........................................................................... 37 CONCORDÂNCIA VERBAL............................................................................. 38 CONCORDÂNCIA COM PERCENTUAL ......................................................... 39 A QUESTÃO DA ORTOGRAFIA ...................................................................... 40 SISTEMA ORTOGRÁFICO - CORRESPONDÊNCIAS FONOGRÁFICAS... 40 HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS..................................................................... 42 PALAVRAS QUE SUSCITAM DÚVIDAS DE GRAFIA OU SENTIDO. ......... 42 ACENTUAÇÃO GRÁFICA................................................................................ 51 HÍFEN .............................................................................................................. 52 REAVALIAÇÃO DO TEXTO............................................................................. 53 BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 54

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APRESENTAÇÃO Nosso objetivo é proporcionar aos participantes da oficina oportunidade de desenvolver estratégias e habilidades que levem a um desempenho mais seguro e eficiente na produção de textos, consideradas as especificidades da linguagem em contexto oficial. Os objetivos específicos das atividades propostas são: - reconhecer a responsabilidade dos redatores do serviço público na conservação e manutenção da norma culta. - familiarizar-se com os gêneros textuais utilizados no ambiente de trabalho. - conhecer e utilizar as noções essenciais à estruturação de textos coesos e coerentes. - desenvolver estratégias de criação, seleção e ordenamento de idéias. - consolidar a prática de planejamento antecipado e de reavaliação do plano inicial. - estabelecer parâmetros críticos para revisão e reformulação de textos a partir do reconhecimento dos problemas mais freqüentes. - desenvolver estratégias de leitura, de consulta e de consolidação de conhecimentos necessários à produção escrita de acordo com as normas gramaticais da língua padrão. - conhecer estratégias que levam ao desenvolvimento contínuo de habilidades de produção de textos de acordo com as exigências de eficiência pragmática próprias da administração pública federal. Esses objetivos devem se estender por toda prática de escrita do funcionário para que o seu universo de comunicação e de domínio da língua escrita seja ampliado continuamente. Parte-se do pressuposto de que a língua é uma forma de ação, um modo de vida social, uma construção coletiva. A interação verbal e as relações coletivas e sociais constitutivas do jogo da linguagem são vistas como elementos fundamentais que se conjugam na construção da língua. Ou seja, a língua não se restringe a um conjunto restrito de regras que podem ser repassadas, memorizadas e aplicadas sem a participação e interferência do sujeito como agente de uma ação intencional e estratégica sobre o interlocutor numa determinada situação. Assim, a metodologia adotada vê a aprendizagem como um processo contínuo de construção negociada e solidária do objeto lingüístico, no qual a interação é indispensável. Sendo assim, a oficina que se propõe é apenas um elemento deflagrador de novas atitudes e posturas diante do ato de escrever e do aperfeiçoamento contínuo da língua.

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LÍNGUA PADRÃO Vejamos as definições do Dicionário Eletrônico Houaiss: língua padrão a variante de uma língua que é prestigiada pela comunidade falante e que supra-regionalmente se torna o meio unificado de comunicação, usada na mídia, no ensino etc. norma Rubrica: lingüística, gramática. conjunto dos preceitos estabelecidos na seleção do que deve ou não ser usado numa certa língua, levando em conta fatores lingüísticos e não lingüísticos, como tradição e valores socioculturais (prestígio, elegância, estética etc.) Rubrica: lingüística. tudo o que é de uso corrente numa língua relativamente estabilizada pelas instituições sociais O texto formal utiliza o que chamamos de norma, língua culta ou padrão. É muito difícil definir o que seja o padrão culto de uma língua, pois estamos lidando com um fenômeno vivo, sempre em evolução, sujeito a uma infinidade de influências e transformações. Assim, não há porque se portar perante a língua de modo submisso a um poder autoritário. O que define a norma ou padrão culto é o uso, consensualmente aceito e consagrado como correto pelos falantes que têm alto grau de escolaridade. Isso diz respeito tanto à fala quanto à escrita. Historicamente, o padrão depende do poder político, econômico e social daqueles que o definem e o codificam nas gramáticas escolares e o consagram na escrita formal. Assim, a língua padrão é o consenso que está nos documentos oficiais, nas leis, nos livros de qualidade, nos jornais e revistas tradicionais de grande circulação. No início do século, a norma estava nos textos literários de autores como Machado de Assis, Rui Barbosa e Euclides da Cunha. Eles são os exemplos mais citados em nossas gramáticas descritivas e normativas. Entretanto, os grandes escritores modernistas trouxeram para a literatura a fala do povo e novas criações de efeito estilístico (Guimarães Rosa, por exemplo) que constituem desvios, transgressões às formas aceitas até então na escrita culta formal. O modernismo constituiu uma forma de revolução na linguagem literária, libertando-a para novas experiências. Portanto, não se deve mais generalizar, como se fazia a respeito dos textos do fim do século dezenove, dizendo que a norma culta está na literatura. Atualmente, a norma culta deve distinguir os usos literários dos não-literários, ou seja, dos textos informativos. A norma padrão assegura a unidade lingüística do país, uma vez que essa norma se sobrepõe às variedades regionais e individuais, sem eliminá-las. É exigida em determinadas circunstâncias, mas os dialetos regionais e as particularidades estilísticas pessoais têm seu espaço na vida social. 4


COMUNICAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO É necessário assegurar clareza, objetividade e comunicação. Por isso, ao escrever, convém eliminar palavras muito técnicas, que fazem parte do jargão de uma determinada profissão, e dispensar palavras e expressões supérfluas, evitando redundâncias ou expressões vazias, que procuram apenas impressionar o leitor. Fuja das expressões gastas, dos clichês: Nós, enquanto brasileiros,... O sol nasceu para todos... A questão passa por A nível de filosofia, é importante... Desde tempos imemoriais Observe a seguir os quadros que ironizam a linguagem pedante da tecnocracia. Você pode escolher aleatoriamente um fragmento de cada coluna e conseguirá formar uma frase gramaticalmente aceitável, mas sem conteúdo definido ou consistente. MANUAL DA TECNOMISTIFICAÇÃO Madame Natasha tem horror a música. Ela confunde bola de Taffarel com bolero de Ravel. Habitualmente, a senhora distribui bolsas de estudo aos sábios da parolagem, mas desta vez, graças ao jornalista Walter Fontoura, passa adiante o tratado do blá-blá-blá. Trata-se do Guia de Discurso para Tecnocratas Principiantes. Sua versão original teria sido publicada numa revista polonesa. Fontoura teve acesso a uma tradução de autor desconhecido que vai publicada adiante, com algumas adaptações. É uma versão melhorada de uma compilação surgida pela primeira vez há mais de 20 anos, na revista Time. Talvez não seja coisa muito nova, mas certamente é divertida (para amigos do idioma) e útil (para os inimigos). O leitor pode combinar qualquer expressão listada na primeira coluna com outras, das demais, na ordem 1,2,3 e 4. As variações possíveis são cerca de 10 mil. Segundo os autores, permite ao empulhador que fale ininterruptamente por mais de 40 horas, sem dizer coisa nenhuma. Caros colegas, a execução deste projeto nos obriga à analise das nossas opções de desenvolvimento no futuro. Por outro lado, a complexidade dos cumpre um papel das nossas metas estudos efetuados essencial na formulação financeiras e administrativas. Assim mesmo, a expansão de nossa dos conceitos de exige a precisão e a atividade participação geral. definição Não que

podemos

esquecer a atual estrutura da organização

auxilia a preparação e a estruturação

das atitudes e das atribuições da diretoria.

contribui para a correta determinação assume importantes posições na definição

das novas proposições.

Nunca é demais insistir, a constante divulgação uma vez que das informações

facilita a definição

do nosso sistema de formação de quadros.

A experiência mostra que

prejudica a percepção da importância

das condições apropriadas para os negócios.

oferece uma boa oportunidade de verificação acarreta um processo de reformulação

dos índices pretendidos.

Do mesmo modo, A prática mostra que

É fundamental que

o novo modelo estrutural aqui preconizado o desenvolvimento de formas distintas de atuação

a consolidação das estruturas

ressaltar a análise dos diversos resultados

O incentivo ao avanço o início do programa de tecnológico, assim como formação de atitudes

Elio Gaspari - Jornal de Brasília. Brasília, 28, jun. 1998.

das opções básicas para o sucesso do programa.

das formas de ação.


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Quadro 2 COLUNA A

COLUNA B

1. A necessidade emergente

se caracteriza por

2.O quadro normativo 3.O critério metodológico 4.O modelo de desenvolvimento 5.O novo tema social 6. O método participativo 7. A utilização potencial

COLUNA C

uma correta relação entre estrutura e superestrutura Prefigura a superação de cada obstáculo e/ou resistência passiva reconduz a sínteses a pontual correspondência entre objetivos e recursos incrementa o redirecionamento das linhas de tendência em ato Propicia o incorporamento das funções e a descentralização decisionall propõe-se a o reconhecimento da demanda não satisfeita Privilegia uma coligação orgância interdisciplinar para uma praxis de trabalho de grupo,

COLUNA D

COLUNA E

COLUNA F

COLUNA G

no interesse primário da população, sem prejudicar o atual nível das contribuições, com critérios nãodirigísticos,

substanciando e vitalizando,

numa ótica preventiva e não mais curativa, no contexto de um sistema integrado,

a transparência de cada ato decisional.

para além das contradições e dificuldades iniciais, numa visão orgânica e não totalizante,

evidenciando e explicitando,

não assumindo nunca como implícito, potenciando e incrementando,

ativando e implementando,

mediante não omitindo ou mecanismos da calando, mas antes participação, particularizando, segundo um módulo recuperando, ou de interdependência antes revalorizando, horizontal,

um indispensável salto de qualidade.

na medida em que isso seja factível,

o aplainamento de discrepâncias e discrasias existentes. em termos de a adoção de uma eficácia e eficiência, metodologia diferenciada. a cavaleiro da a redefinição de situação uma nova figura contingente, profissional. com as devidas e imprescindíveis enfatizações, como sua premissa indispensável e condicionante,

o co-envolvimento ativo de operadores e utentes. uma congruente flexibilidade das estruturas.

Adriano da Gama Kury. Para falar e escrever melhor o português. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p.18.

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DECISÕES EM RELAÇÃO ÀS ESTRUTURAS LINGÜÍSTICAS O falante de uma língua é, de certa forma, um poliglota. Ele fala e usa a língua em diversas situações, com distintos objetivos, em diferentes níveis. Há distinções fundamentais nesses usos que é preciso considerar, como as que se dão entre: • modalidade oral e escrita • registro formal e informal • variedade padrão e não-padrão

DISTINÇÕES ENTRE AS MODALIDADES ORAL E ESCRITA Freqüentemente confundimos as modalidades da língua oral e escrita. Embora pertençam ao mesmo sistema, essas duas manifestações são apenas parcialmente semelhantes. Considere o seu próprio uso da linguagem e observe que a língua escrita não dispõe dos recursos contextuais, como expressões faciais, gestos, entonação, que enriquecem a oral. Ao escrever, precisamos seguir mais rigorosamente as exigências da língua padrão, porque o nosso interlocutor está distante e é necessário garantir a compreensão. Podemos esquematizar nossos procedimentos:

Na fala • • • • • •

somos mais espontâneos, não planejamos com antecedência o que vamos falar, a não ser em situações muito formais ou delicadas; temos apoio da situação física, do contexto, do conhecimento do interlocutor, das expressões faciais, dos gestos, das pausas, das modulações da voz, das referências ao ambiente; podemos repetir informações, explicar algum item mal compreendido, podemos resolver dúvidas do ouvinte; usamos frases mais simples, conjunções facilmente compreendidas; é muito comum surgirem na fala truncamentos, cortes, repetições, titubeios e problemas de concordância. Pensamos muito rapidamente e a expressão das nossas idéias pode ser, na fala, um pouco atrapalhada, pois podemos, a cada momento, corrigir e explicar melhor; usamos expressões dialetais com mais freqüência.

Na escrita •

• • • •

planejamos cuidadosamente o nosso texto para assegurar que o leitor compreenda nossas idéias sem precisar de mais explicações, pois não temos o apoio do contexto, ou seja, não podemos resolver dúvidas imediatamente, não dispomos de recursos como gestos, voz, expressões faciais; revisamos para avaliar o funcionamento do texto e evitar repetições desnecessárias de palavras, truncamentos, problemas de concordância, regência, colocação pronominal, pontuação, ortografia; utilizamos sintaxe mais complexa, que permite a exatidão e a clareza do pensamento; assim, as orações subordinadas são mais freqüentes na escrita que na fala; procuramos utilizar um vocabulário mais exato e preciso, pois temos tempo de procurar a palavra adequada; evitamos gíria e expressões coloquiais, principalmente quando o texto é formal.


Portanto, a escrita não é a simples transcrição da fala. Tem características próprias e exigências diferentes. Podemos sintetizar as diferenças no seguinte quadro: FALA Espontânea Evanescente Grande apoio contextual Face a face Repetições / redundâncias/ truncamentos/ desvios

ESCRITA Planejada Duradoura Ausência de apoio contextual Interlocutor distante Controle da sintaxe / das repetições / da redundância

Predomínio de orações coordenadas

Predomínio de orações subordinadas

FORMALIDADE E INFORMALIDADE Tanto a fala como a escrita podem variar quanto ao grau de formalidade. Há uma gradação que vai da fala mais descontraída Oi, tá tudo bem? à fala mais formal, planejada e mais próxima da escrita Caros ouvintes. Boa Tarde! e da escrita mais informal Tô chegando aí. Deixa o parabéns pra mais tarde! à mais formal Chegaremos ao local da cerimônia com um pequeno atraso em relação à programação anteriormente estabelecida. Solicitamos que as atividades sejam adiadas por alguns minutos. Cabe ao falante ou redator analisar a situação, o contexto, e decidir como usar as infinitas possibilidades da língua da forma mais adequada e aceitável, segundo os objetivos do momento. Para isso é imprescindível ampliar continuamente o acervo de opções, ou seja, o vocabulário e as formas de combinação das palavras em frases e textos. Um dos problemas mais freqüentes na produção de textos de jovens redatores é a confusão entre a modalidade oral, que permeia e escrita informal, e a modalidade escrita formal. Para que você tenha ferramentas para analisar essa questão, observe alguns itens que merecem atenção, porque representam estruturas próprias da fala, podem aparecer em textos informais, mas muitas vezes são utilizadas indevidamente na escrita formal: 1. formas reduzidas ou contraídas: pra (para); tô (estou); tá (está); né (não é); peraí (espere aí); cê (você); taí (está aí). 2. Palavras de articulação entre idéias (repetidas em excesso) que substituem conjunções mais exatas: então, daí; aí; e; que. 3. Sinais utilizados na fala para orientar a atenção do ouvinte: bem; bom; veja bem; certo?; viu?; entendeu?; de acordo?; não sabe?; sabe? 4. Verbos de sentido muito geral no lugar de verbos de sentido mais exato:dar, ficar, dizer, ter, fazer, achar, ser. 5. Gírias e coloquialismos: papo, enche, velho, manera, pega leve, amarra, se toca, rolando um papo, sem essa. 6. Inconsistência no uso de pronomes: te, você, seu, sua; a gente, nós. Esses elementos são próprios da fala espontânea, sem planejamento. Aparecem na escrita de forma eficiente apenas quando se deseja dar ao texto um tom coloquial, informal, um efeito de intimidade que simula a oralidade ou o diálogo.


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O PADRÃO OFÍCIO Há três tipos de expedientes que se diferenciam antes pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o memorando. Com o fito de uniformizálos, pode-se adotar uma diagramação única, que siga o que chamamos de padrão ofício. As peculiaridades de cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as suas semelhanças.

PARTES DO DOCUMENTO NO PADRÃO OFÍCIO O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes partes: a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede: Exemplos: Mem. 123/2002-MF

Aviso 123/2002-SG

Of. 123/2002-MME

b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita: Exemplo: Brasília, 15 de março de 1991. c) assunto: resumo do teor do documento Exemplos: Assunto: Produtividade do órgão em 2002. Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores. d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o endereço. e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura: – introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, empregue a forma direta; – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma idéia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição; – conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a posição recomendada sobre o assunto.

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Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos. Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estrutura é a seguinte: – introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula: “Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do servidor Fulano de Tal.” ou “Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.” – desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento. f) fecho; g) assinatura do autor da comunicação; e h) identificação do signatário. FORMA DE DIAGRAMAÇÃO Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte forma de apresentação: a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé; b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings; c) é obrigatória constar a partir da segunda página o número da página; d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direta terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”); e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda;

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f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0 cm de largura; g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm; h)deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco; i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento; j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e ilustrações; l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm; m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos documentos de texto; n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos; o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”

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5 cm

[Ministério] [Secretaria/Departamento/Setor/Entidade] [Endereço para correspondência]. [Endereço - continuação] [Telefone e Endereço de Correio Eletrônico]

Ofício no 524/1991/SG-PR Brasília, 27 de maio de 1991. A Sua Excelência o Senhor Deputado [Nome] Câmara dos Deputados 70.160-900 – Brasília – DF

3 cm


Assunt o: Demar cação de terras indíge nas

blica, estão amparadas pelo procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas instituído pelo Decreto no 22, de 4 de fevereiro de 1991 (cópia anexa). 2. Em sua comunicação, Vossa Excelência ressalva a necessidade de que – na definição e demarcação das terras indígenas – fossem levadas em consideração as características sócio-econômicas regionais.

3. Nos termos do Decreto no 22, a demarcação de terras indígenas deverá ser precedida de estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto no art. 231, § 1o, da Constituição Federal. Os estudos deverão incluir os aspectos etno-históricos, sociológicos, cartográficos e fundiários. O exame deste último aspecto deverá ser feito conjuntamente Senhor com o órgão federal ou estadual competente. Deputad o, 4. Os órgãos públicos federais, estaduais e municipais deverão encaminhar as informações que julgarem pertinentes sobre a área em estudo. É igualmente assegurada a 2,5 manifestação de entidades representativas da sociedade civil. cm 1. Em comple mento às observ ações transmi tidas pelo telegra ma no 154, de 24 de abril último, inform o Vossa Excelê ncia de que as medida s mencio nadas em sua carta no 6708, dirigi da ao Senh or Presi dente da Repú

5. Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índio serão publicados juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos e das entidades civis acima mencionadas. 6. Como Vossa Excelência pode verificar, o procedimento estabelecido assegura que a decisão a ser baixada pelo Ministro de Estado da Justiça sobre os limites e a demarcação de terras indígenas seja informada de todos os elementos necessários, inclusive daqueles assinalados em sua carta, com a necessária transparência e agilidade. Atenciosamente

1,5cm

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PRONOMES DE TRATAMENTO CONCORDÂNCIA COM OS PRONOMES DE TRATAMENTO Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”. Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”. EMPREGO DOS PRONOMES DE TRATAMENTO O emprego dos pronomes de tratamento obedece a secular tradição. São de uso consagrado: Vossa Excelência, para as seguintes autoridades: a) do Poder Executivo; Presidente da República; Vice-Presidente da República; Ministros de Estado; Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Distrito Federal; Oficiais-Generais das Forças Armadas; Embaixadores; Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial; Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Prefeitos Municipais. b) do Poder Legislativo: Deputados Federais e Senadores; Ministro do Tribunal de Contas da União;

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Deputados Estaduais e Distritais; Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. c) do Poder Judiciário: Ministros dos Tribunais Superiores; Membros de Tribunais; Juízes; Auditores da Justiça Militar. O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente da República, Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.

As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Senador, Senhor Juiz, Senhor Ministro, Senhor Governador,

No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência terá a seguinte forma: A Sua Excelência o Senhor Fulano de Tal Ministro de Estado da Justiça 70.064-900 – Brasília. DF A Sua Excelência o Senhor Senador Fulano de Tal Senado Federal 70.165-900 – Brasília. DF A Sua Excelência o Senhor Fulano de Tal Juiz de Direito da 10ª Vara Cível Rua ABC, no 123 01.010-000 – São Paulo. SP

Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD) às autoridades. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação.

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Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é: Senhor Fulano de Tal,

No envelope, deve constar do endereçamento: Ao Senhor Fulano de Tal Rua ABC, no 123 70.123 – Curitiba. PR

Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor. Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações. Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo: Magnífico Reitor,

Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia eclesiástica, são: Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é: Santíssimo Padre,

Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o vocativo: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,

Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos.

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FECHOS PARA COMUNICAÇÕES O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá-los e uniformizálos, este Manual estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial: a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República: Respeitosamente, b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior: Atenciosamente, Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.

IDENTIFICAÇÃO DO SIGNATÁRIO Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte: (espaço para assinatura) NOME Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República (espaço para assinatura) NOME Ministro de Estado da Justiça Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.

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MECANISMOS DE COESÃO TEXTUAL Pode-se construir a coesão do texto por meio de vários recursos. A manutenção do tema é um desses recursos, mas não é suficiente em textos dissertativos. A ordem das palavras no período, as marcas de gênero e de número, as preposições, os pronomes pessoais, os tempos verbais, os conectivos funcionam também como elos coesivos. Cada um desses elementos gramaticais estabelece conexões, articulações, ligações, concatenando as idéias. Ou seja, a estrutura gramatical das frases trata de criar coesão entre os constituintes de um texto. Um exemplo disso é a concordância. Sempre que respeitamos a concordância, estamos reforçando a coesão. Observe o texto a seguir: De qualquer forma, o conhecimento ou saber científico distingue-se dos demais tipos: o popular, o filosófico e o religioso. Em sua essência o conhecimento científico é real, racional, objetivo, transcendente aos fatos, analítico, claro, preciso, comunicável, verificável, dependente de investigação metódica, sistemático, acumulativo, falível, geral, explicativo, preditivo, aberto e útil. João Salvador Furtado. Expansão da informação científica. In: Anais do Seminário de Publicações Periódicas da Área da Educação. Brasília, INEP, MEC, 1983.

Na segunda linha, os três elementos citados concordam com tipo de conhecimento e por isso estão no masculino. Nas linhas grifadas, a partir da 3ª, todas as palavras estão sendo utilizadas em concordância com conhecimento científico, portanto, estão no masculino singular. Além dessas formas gramaticais sistemáticas de ligação entre palavras, existem quatro outras estratégias de coesão, que dependem das escolhas estilísticas do redator: • referencial • lexical • por elipse • por substituição Vejamos como funcionam essas formas de entrelaçamento dos elementos que constituem um texto. COESÃO REFERENCIAL Na elaboração de um texto, a coesão referencial se realiza pela citação de elementos do próprio texto. Para efetivar essas citações são utilizados pronomes pessoais, possessivos, demonstrativos ou expressões adverbiais que indicam localização (a seguir, acima, abaixo, anteriormente, aqui, onde). Esses recursos podem se referir, por antecipação, a elementos que serão citados na

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seqüência do texto. Podem, ainda, se referir a elementos já citados no texto ou que são facilmente identificáveis pelo leitor, como no exemplo: A explosão da informação é uma das causas do stress do homem moderno. Ela pode provocar diversas formas de ansiedade. COESÃO LEXICAL A manutenção da unidade temática de um texto exige uma certa carga de redundância. Assim, estabelecemos uma corrente de significados retomando as mesmas idéias e partes de idéias. Essa corrente é formada pela reutilização intencional de palavras, pelo uso de sinônimos, ou ainda pelo emprego de expressões equivalentes para substituir elementos que já são conhecidos do leitor, como no seguinte exemplo: O Doutor Fulano de tal falou ao nosso repórter no intervalo do congresso. O cientista entrevistado reconhece que a partir do emprego dos conhecimentos científicos foi possível racionalizar os sistemas de produção. Agora esse estudioso quer contribuir para a democratização do saber. COESÃO POR ELIPSE A estrutura gramatical dos períodos na língua portuguesa permite a omissão de elementos facilmente identificáveis ou que já foram citados anteriormente. Algumas vezes, essa omissão é marcada por uma vírgula. Pronomes, verbos, nomes e frases inteiras podem estar implícitos. Esse recurso tem o nome de elipse. Veja um exemplo de omissão de sujeito da oração: A metodologia científica é um conjunto de atividades sistematizadas, racionais, que, com segurança e economia, permite que os objetivos sejam atingidos. Implica a concepção das idéias quanto à delimitação do problema dentro do assunto, identificação de instrumentos, busca de soluções, análise, comprovação, proposição de uma teoria. No texto acima, o sujeito do verbo implica é A metodologia científica. Não precisa ser explicitado, pois é facilmente identificado pelo leitor. COESÃO POR SUBSTITUIÇÃO Pode-se substituir substantivos, verbos, períodos ou largas parcelas de texto por conectivos ou expressões que resumem e retomam o que já foi dito.

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Alguns exemplos de expressões que servem a esse objetivo são: Diante do que foi exposto; A partir dessas considerações; Diante desse quadro; Em vista disso; Tudo o que foi dito; Esse quadro...

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A IMPESSOALIZAÇÃO DO TEXTO Um texto é pessoal e subjetivo quando pronomes pessoais e possessivos, verbos conjugados em primeira e em terceira pessoa, contribuem para que o diálogo se estabeleça entre autor e leitor de forma explícita, evidente. Nem sempre temos interesse em deixar explícitas a nossa voz e as diversas vozes que são trazidas para compor um texto. Muitas vezes queremos adotar uma posição impessoal, aparentemente neutra, atenuando a dialogia e ocultando o agente das ações. Gramaticalmente há muitas maneiras de conseguir esse objetivo. Vejamos algumas delas. a) Generalizar o sujeito, colocando-o no plural. Uma forma elegante de se distanciar relativamente da subjetividade é pluralizar o agente. O uso da primeira e da terceira pessoa do plural é a estratégia recomendada quando a intenção é atenuar a subjetividade da primeira pessoa, sem adotar a neutralidade absoluta. Frases como Procuramos demonstrar..., Os pesquisadores reconhecem..., Nossas conclusões..., são menos subjetivas que Procurei demonstrar..., Reconheço..., Minhas conclusões... b) Ocultar o agente. A expressão é preciso serve a esse propósito de neutralidade. Assim também expressões como: é necessário, é urgente, é imprescindível, são utilizadas para ocultar o agente. Quem precisa? Quem necessita? Para quem é urgente? Para quem é imprescindível? Não podemos definir com clareza. Torna-se uma realidade geral, universal, neutra, objetiva. Os textos dissertativos, informativos, expositivos, científicos apresentam, muitas vezes, essa característica de ocultar o agente. Tudo é dito como se fosse uma realidade que se apresenta sem intermediários. c) Colocar um agente inanimado. Uma outra maneira de impessoalizar o texto é colocar como agente um ser inanimado, um fenômeno, uma instituição ou uma organização. Quando escrevo frases como O Ministério decidiu.., A diretoria ordenou..., O governo protelou..., a responsabilidade em relação à ação está diluída e não se pode identificar claramente de onde ou de quem emanou a iniciativa. É um recurso muito utilizado na administração pública e na política.

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d) Uso gramatical do sujeito indeterminado. Como a própria nomenclatura indica, não se pode determinar com precisão quem realizou uma ação quando usamos a estrutura de sujeito indeterminado. Ela é muito útil quando queremos inserir uma informação da qual não sabemos a procedência exata. Vive-se esperando o aumento de preços. Acreditava-se em uma diminuição dos impostos. Fala-se muito em renovação dos quadros funcionais. e) O uso da voz passiva Enquanto na voz ativa temos um agente explícito, na voz passiva esse agente pode estar oculto. Assim, usar a passiva sem esclarecer seu agente é um recurso gramatical para impessoalizar a informação. Veja o exemplo: Novas descobertas foram realizadas em centros de estudo e laboratórios ao redor do mundo. Está sendo revelado ao mundo que o cérebro é um órgão mais fascinante, complexo e poderoso do que antes se imaginava. Quem realizou? Quem está revelando? A voz passiva oculta o agente. Como vimos, há diversas maneiras de tornar o texto impessoal, e todas elas utilizam recursos e possibilidades presentes no sistema gramatical da língua. Mas cuidado, o excesso de impessoalização nos textos oficiais pode ser um fator negativo.

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USO DO VOCABULÁRIO Um dos pontos importantes para um texto bem estruturado, adequado à situação e aos objetivos do redator, é a escolha cuidadosa do vocabulário, ou seja, a questão lexical. Algumas pessoas têm dificuldade na seleção da palavra certa. A solução é ter paciência e esperar um pouco até que o “arquivo” mental processe o pedido e devolva uma série de possibilidades. Dessa lista ou paradigma é fácil eleger a palavra que mais combina com o contexto, que é mais exata para a idéia que se quer transmitir. Não se satisfaça com a primeira opção que vem à cabeça, pois quase sempre é a mais pobre. Imaginemos que você vai escrever um texto sobre trabalhadores rurais brasileiros de diversas regiões. Para não repetir essa mesma expressão, é necessário procurar outras opções, como: lavrador, camponês, agricultor, campestre, rústico, campeiro, campesino, campesinho, campino, agreste, rurícula, sem-terra, bóia-fria, morador, peão, vaqueiro, chapadeiro, caipira. Se você for ao dicionário ainda vai encontrar inúmeras expressões regionais como: araruama, babaquara, babeco, baiano, baiquara, beira-corgo, beiradeiro, biriba ou biriva, botocudo, brocoió, bruaqueiro, caapora, caboclo, caburé, cafumango, caiçara, cambembe, camisão, canguaí, canguçu, capa-bode, capiau, capicongo, capuava, capurreiro, cariazal, casaca, casacudo, casca-grossa, catatuá, catimbó, catrumano, curau, curumba, groteiro, guasca, jeca, macaqueiro, mambira, mandi ou mandim, mandioqueiro, mano-juca, maratimba, mateiro, matuto, mixanga, mixuango ou muxuango, mocorongo, moqueta, mucufo, pé-duro, pé-no-chão, pioca, piraguara, piraquara, queijeiro, restingueiro, roceiro, saquarema, sertanejo, sitiano, sitiante, tabaréu, tapiocano, urumbeba ou urumbeva. (Dicionário Aurélio Eletrônico). A escolha vai depender da análise dos objetivos do texto. Alguns termos enfatizam o trabalho ou a origem da pessoa, outros têm um sentido pejorativo associado à idéia de primitivo, em oposição à de civilizado. Uma seleção inadequada pode prejudicar o funcionamento do texto e causar efeito inverso ao que se deseja. O segredo do uso adequado do vocabulário é selecionar e combinar cuidadosamente. Na seleção dos verbos, o processo é semelhante. Não se pode ficar satisfeito com a primeira possibilidade que vem à mente. Assim, para o campo semântico do verbo ter, em cada uma de suas acepções, há uma série de outras opções, talvez mais ricas e mais exatas:

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1. Tem muitos bens. (É dono de, possui) 2. Tinha as pastas de documentos nos braços.(segurava, carregava, sustinha, trazia) 3. Os funcionários esperam ter férias em julho. (usufruir, desfrutar, gozar) 4. Tinha grande poder. (detinha) 5. Ainda tem recursos para a viagem. (dispõe de) 6. Não conseguia ter o poder por muito tempo. (manter, conservar) 7. Teve um cargo de chefia. (ocupou, obteve, alcançou, exerceu, conseguiu, conquistou) 8. Tinha a admiração de todos. (obtinha, conquistava, atraía, conseguia, despertava, provocava) 9.O documento tinha muitos argumentos. (continha, encerrava, apresentava, arrolava) 10.Ele tem uma doença contagiosa. (padece de, sofre de, é portador de) 11.Teve uma forte emoção. (sentiu, experimentou, viveu) 12. Tem bom aspecto. (apresenta, mostra, ostenta) 13.Tivemos em nossa casa um ilustre hóspede.(acolhemos, abrigamos, recebemos) 14. Na cerimônia, tinha um belo terno. (trajava, usava, vestia, trazia) 15. Ele teve muita iniciativa. (mostrou, revelou, deu prova de, demonstrou) 16. Tenho a mesma opinião. (adoto, acato, sigo, aceito) 17. Teve a punição merecida. (recebeu, sofreu) 18. Teve resposta positiva. (obteve, recebeu) 19. Cidadãos conscientes têm amor à história. (consagram, dedicam, devotam, tributam) 20. Ele já tem 90 anos. (completou, conta) 21.Tenho de falar. (devo, preciso, necessito) O verbo dar, que também é um verbo genérico, dependendo do contexto, pode ser substituído por: doar, ofertar, oferecer, produzir, resultar, ceder, conceder, apresentar, manifestar, revelar, cometer, causar, soltar, emitir, publicar, divulgar, realizar, vender, administrar, aplicar, ministrar, proferir, dedicar, consagrar, provocar, reservar, render, propor, trazer, conter, incluir, registrar, consignar, atribuir, encontrar, incidir, divisar, avistar, perceber, bastar, ser suficiente, ter vocação, cismar, sentir, acontecer... ou outros. Nosso léxico é muito rico e não devemos nos contentar com o mínimo. Vale a pena investir na ampliação do nosso acervo individual para produzir textos melhores.

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O USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE Compreender o funcionamento da crase é relativamente simples. Alguns verbos transitivos indiretos exigem o uso de uma preposição a; quando em seguida a esses verbos há uma palavra feminina que admite artigo feminino a, os dois as se encontram e acontece a crase: José entregou o livro a >>>>> a professora recebeu o livro. José entregou o livro à professora. Quando o sentido do complemento é indeterminado, genérico, o sinal indicativo de crase é dispensável. Sentido determinado (1) – Sentido indeterminado (2) Direito à licença de seis meses (1). Direito a licença remunerada (2). Transferência do ônus tributário a terceira pessoa (2). Corresponde a determinada função lógica (2). Direito à insalubridade de grau máximo (1). Faz jus à aposentadoria especial (1). Crimes sujeitos a ação penal pública (2). Caso em que a sentença está sujeita a apelação (2). Os portadores de necessidades especiais terão direito a sala própria (2). Não se usa sinal indicativo de crase antes de • verbo; • palavra masculina; • pronomes indefinidos; quem, alguém; • pronomes demonstrativos: esse, este (EXCETO AQUELA E AQUELE); • pronomes pessoais: ela, mim; porque essas palavras nunca são antecedidas por artigo feminino. Em todos estes exemplos, a é preposição. José entregou o livro ao amigo. José entregou o livro a quem pediu. José entregou o livro a ser lido. José entregou o livro a esse homem. José entregou o livro a ela. Não se usa crase também em expressões como: cara a cara dia a dia de alto a baixo face a face de baixo a cima frente a frente de fora a fora gota a gota

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Uso facultativo 1 - Antes do possessivo: Levou a encomenda a sua (ou à sua) tia. / Não fez menção a nossa empresa (ou à nossa empresa). Na maior parte dos casos, a crase dá clareza a este tipo de oração. 2 - Antes de nomes de mulheres: Declarou-se a Joana (ou à Joana). Em geral, se a pessoa for íntima de quem fala, usa-se a crase; caso contrário, não. 3 - Com até: Foi até a porta (ou até à). / Até a volta (ou até à). Locuções com e sem crase a álcool à altura (de) à americana à argentina à baiana à baila à baioneta calada à bala a bandeiras despregadas à base de à beça à beira (de) à beira-mar à beira-rio a bel-prazer a boa distância de à boca pequena à bomba a bordo a bordoadas a braçadas à brasileira à bruta à busca (de) a cabeçadas à cabeceira (de) à caça (de) a cacetadas a calhar a cântaros a caráter à carga a cargo de à cata (de) a cavalo a cerca de a certa distância à chave a chibatadas a chicotadas a começar de

à minha disposição à minha espera à minuta à moda (de) à moderna a montante à morte à mostra a nado à navalha à noite à noitinha à nossa disposição à nossa espera ante as à ocidental a óleo a olho nu à ordem à oriental a ouro à paisana a pão e água a par à parte a partir de a passarinho a passos largos a pauladas à paulista a pé a pedidos a pequena distância a pilha a pino à ponta de espada à ponta de faca a pontapés a ponto de a porretadas à porta a portas fechadas

À sorrelfa à sorte a sós às portas de às pressas às quais às que (=àquelas que) às quartas-feiras às quatro (horas) às quintas-feiras às quinze (horas) às segundas-feiras às seis (horas) às sete horas às sextas-feiras às sete (horas) às soltas às suas ordens às tantas às terças-feiras às tontas às três (horas) às turras à sua disposição à sua escolha à sua espera à sua maneira à sua moda à sua saúde às últimas à superfície (de) às vésperas (de) às vezes às vinte (horas) às vistas de às voltas com à tarde à tardinha a termo à testa (de) à tinta a tiracolo


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à conta (de) a contar de à cunha a curto prazo à custa (de) a dedo à deriva a desoras a diesel à direita à disparada à disposição a distância a duras penas a elas(s), a ele(s) a eletricidade à entrada (de) a escâncaras à escolha (de) à escovinha à escuta a esmo à espada à espera (de) à espora à espreita (de) à esquerda a esse(s), a essa(s) a este(s), a esta(s) a estibordo à evidência à exaustão à exceção de a expensas de à faca a facadas à falta de à fantasia à farta à feição (de) a ferro a ferro e fogo à flor da pele à flor de à fome à força (de) à francesa à frente (de) à fresca a frio a fundo a galope a gás a gasolina à gaúcha

à portuguesa a postos a pouca distância à praia a prazo à pressa à prestação a prestações à primeira vista a princípio à procura (de) à proporção que a propósito à prova à prova d'água à prova de fogo a público a punhaladas à pururuca a quatro mãos à que (=àquela que) àquela altura àquela hora àquelas horas àquele dia àqueles dias àquele tempo àqueloutro(s) àqueloutra(s) à queima-roupa a querosene à raiz de à razão (de) à ré à rédea curta a respeito de à retaguarda à revelia (de) a rigor a rir à risca à roda (de) a rodo à saciedade à saída às apalpadelas às armas ! à saúde de às ave-marias às avessas às bandeiras despregadas às barbas de às boas às cambalhotas

a tiro à toa à-toa a toda a toda a brida a toda força a toda hora à tona (de) a toque de caixa à traição a três por dois à tripa forra a trote à última hora à uma (hora) à unha à vaca-fria a valer à valentona a vapor a vela a velas pandas à venda avião a jato à Virgem à vista (de) à vista desarmada à vista disso à volta (de) à vontade à-vontade à vossa disposição a zero à zero hora bater à porta beber à saúde de cara a cara cheirar a perfume cheirar a rosas condenado à morte dar à estampa dar à luz dar a mão à palmatória dar tratos à bola dar vazão à de alto a baixo de cabo a rabo de fora a fora de mais a mais de mal a pior de parte a parte de ponta a ponta descer à sepultura de sol a sol de uma ponta à outra


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a gosto à grande a grande distância a granel à guisa de à imitação de à inglesa a instâncias de à italiana à janela a jato a joelhadas a juros a jusante a lápis à larga a lenha à livre escolha a longa distância a longo prazo a lufadas à Luís XV a lume à luz à Machado de Assis a mais a mando de à maneira de à mão à mão armada à mão direita à mão esquerda à máquina à margem (de) à marinheira a marteladas à matroca à medida que a medo a meia altura a meia distância à meia-noite a meio pau a menos à mercê (de) à mesa à mesma hora a meu ver à mexicana à milanesa à mineira à míngua (de)

às carradas às carreiras às catorze (horas) às cegas às centenas às cinco (horas) às claras às costas às de vila-diogo às dez (horas) às dezenas às direitas a distância à distância de às doze horas às duas (horas) às dúzias a seco a seguir à semelhança de às encobertas a sério a serviço às escâncaras às escondidas às escuras às esquerdas a sete chaves às expensas de às falas às favas às gargalhadas às lágrimas às léguas às mancheias às margens de às marteladas às mil maravilhas às moscas às nove (horas) às nuvens à sobremesa à socapa às ocultas às oito (horas) à solta à sombra (de) a sono solto às onze (horas) às ordens (de) a socos

dia a dia em que pese a exceção à regra face a face falar à razão faltar à aula fazer as vezes de folha a folha frente a frente gota a gota graças às hora a hora ir à bancarrota ir à forra ir às compras ir às do cabo ir às nuvens ir às urnas jogar às feras lado a lado mandar às favas mãos à obra marcha à ré meio a meio nem tanto ao mar, nemtanto à terra palmo a palmo para a frente passar à frente passo a passo perante as pôr à mostra pôr à prova pôr as mãos à cabeça pôr fim à vida quanto às recorrer à polícia reduzir à expressão mais simples reduzir a zero sair à rua saltar à vista terra a terra tirar à sorte todas as vezes uma à outra umas às outras valer a pena voltar à carga voltar à cena voltar às boas


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EXPRESSÕES QUE EXIGEM ATENÇÃO ESPECIAL Apresentamos, a seguir, lista de expressões cujo uso ou repetição deve ser evitado, indicando com que sentido devem ser empregadas e sugerindo alternativas vocabulares a palavras que costumam constar com excesso dos expedientes oficiais. à medida que/na medida em que À medida que (locução proporcional) – à proporção que, ao passo que, conforme: Os preços deveriam diminuir à medida que diminui a procura. Na medida em que (locução causal) – pelo fato de que, uma vez que: Na medida em que se esgotaram as possibilidades de negociação, o projeto foi integralmente vetado. Evite os cruzamentos – bisonhos, canhestros – *à medida em que, *na medida que... a partir de A partir de deve ser empregado preferencialmente no sentido temporal: A cobrança do imposto entra em vigor a partir do início do próximo ano. Evite repetila com o sentido de ‘com base em’, preferindo considerando, tomando-se por base, fundando-se em, baseando-se em. ambos/todos os dois Ambos significa ‘os dois’ ou ‘um e outro’. Evite expressões pleonásticas como ambos dois, ambos os dois, ambos de dois, ambos a dois. Quando for o caso de enfatizar a dualidade, empregue todos os dois: Todos os dois Ministros assinaram a Portaria.. anexo/em anexo O adjetivo anexo concorda em gênero e número com o substantivo ao qual se refere: Encaminho as minutas anexas. Dirigimos os anexos projetos à Chefia. Use também junto, apenso. A locução adverbial em anexo, como é próprio aos advérbios, é invariável: Encaminho as minutas em anexo. Em anexo, dirigimos os projetos à Chefia. Empregue também conjuntamente, juntamente com. ao nível de/em nível (de) A locução ao nível tem o sentido de à mesma altura de: Fortaleza localiza-se ao nível do mar. Evite seu uso com o sentido de em nível, com relação a, no que se refere a. Em nível significa ‘nessa instância’: A decisão foi tomada em nível Ministerial; Em nível político, será difícil chegar-se ao consenso. A nível (de) constitui modismo que é melhor evitar. assim Use após a apresentação de alguma situação ou proposta para ligá-la à idéia seguinte. Alterne com: dessa forma, desse modo, diante do exposto, diante disso, conseqüentemente, portanto, por conseguinte, assim sendo, em conseqüência, em vista disso, em face disso.

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através de/por intermédio de Através de quer dizer de lado a lado, por entre: A viagem incluía deslocamentos através de boa parte da floresta. Evite o emprego com o sentido de meio ou instrumento; nesse caso empregue por intermédio, por, mediante, por meio de, segundo, servindo-se de, valendo-se de: O projeto foi apresentado por intermédio do Departamento. O assunto deve ser regulado por meio de decreto. A comissão foi criada mediante portaria do Ministro de Estado. bem como Evite repetir; alterne com e, como (também), igualmente, da mesma forma. Evite o uso, polêmico para certos autores, da locução bem assim como equivalente. cada Este pronome indefinido deve ser usado em função adjetiva: Quanto às famílias presentes, foi distribuída uma cesta básica a cada uma. Evite a construção coloquial foi distribuída uma cesta básica a cada. causar Evite repetir. Use também originar, motivar, provocar, produzir, gerar, levar a, criar. constatar Evite repetir. Alterne com atestar, apurar, averiguar, certificar-se, comprovar, evidenciar, observar, notar, perceber, registrar, verificar. dado/visto/haja vista Os particípios dado e visto têm valor passivo e concordam em gênero e número com o substantivo a que se referem: Dados o interesse e o esforço demonstrados, optou-se pela permanência do servidor em sua função. Dadas as circunstâncias... Vistas as provas apresentadas, não houve mais hesitação no encaminhamento do inquérito. Já a expressão haja vista, com o sentido de uma vez que ou seja considerado, veja-se, é invariável: O servidor tem qualidades, haja vista o interesse e o esforço demonstrados. Haja visto (com -o) é inovação oral brasileira, evidentemente descabida em redação oficial ou outra qualquer. de forma que, de modo que/de forma a, de modo a De forma (ou maneira, modo) que nas orações desenvolvidas: Deu amplas explicações, de forma que tudo ficou claro. De forma (maneira ou modo) a nas orações reduzidas de infinitivo: Deu amplas explicações, de forma (maneira ou modo) a deixar tudo claro. São descabidas na língua escrita as pluralizações orais vulgares *de formas (maneiras ou modos) que... deste ponto de vista Evite repetir; empregue também sob este ângulo, sob este aspecto, por este prisma, desse prisma, deste modo, assim, destarte.

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detalhar Evite repetir; alterne com particularizar, pormenorizar, delinear, minudenciar. devido a Evite repetir; utilize igualmente em virtude de, por causa de, em razão de, graças a, provocado por. dirigir Quando empregado com o sentido de encaminhar, alterne com transmitir, mandar, encaminhar, remeter, enviar, endereçar. “disruptivo” Aportuguesamento do inglês disruptive (de disrupt: ‘desorganizar, destruir, despedaçar’), a ser evitado dada a existência de inúmeras palavras com o mesmo sentido em português (desorganizador, destrutivo, destruidor, e o bastante próximo, embora pouco usado, diruptivo). Acrescente-se, ainda, que, por ser de uso restrito ao jargão de economistas e sociólogos, o uso dessa palavra confunde e não esclarece em linguagens mais abrangentes. “ele é suposto saber” Construção tomada de empréstimo ao inglês he is supposed to know, sem tradição no português. Evite por ser má tradução. Em português: ele deve(ria) saber, supõe-se que ele saiba. em face de Sempre que a expressão em face de equivaler a diante de, é preferível a regência com a preposição de; evite, portanto, face a, frente a. enquanto Conjunção proporcional equivalente a ao passo que, à medida que. Evitar a construção coloquial enquanto que. especialmente Use também principalmente, mormente, notadamente, sobretudo, nomeadamente, em especial, em particular. inclusive Advérbio que indica inclusão; opõe-se a exclusive. Evite-se o seu abuso com o sentido de ‘até’; nesse caso utilize o próprio até ou ainda, igualmente, mesmo, também, ademais. informar

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Alterne com comunicar, avisar, noticiar, participar, inteirar, cientificar, instruir, confirmar, levar ao conhecimento, dar conhecimento; ou perguntar, interrogar, inquirir, indagar.

nem Conjunção aditiva que significa ‘e não’, ‘e tampouco’, dispensando, portanto, a conjunção e: Não foram feitos reparos à proposta inicial, nem à nova versão do projeto. Evite, ainda, a dupla negação não nem, nem tampouco, etc. *Não pôde encaminhar o trabalho no prazo, nem não teve tempo para revisá-lo. O correto é ...nem teve tempo para revisá-lo. no sentido de empregue também com vistas a, a fim de, com o fito (objetivo, intuito, fim) de, com a finalidade de, tendo em vista ou mira, tendo por fim. objetivar/ter por objetivo Ter por objetivo pode ser alternado com pretender, ter por fim, ter em mira, ter como propósito, no intuito de, com o fito de. Objetivar significa antes ‘materializar’, ‘tornar objetivo’ (objetivar idéias, planos, o abstrato), embora possa ser empregado também com o sentido de ‘ter por objetivo’. Evite-se o emprego abusivo alternando-o com sinônimos como os referidos. onde Como pronome relativo significa em que (lugar): A cidade onde nasceu. O país onde viveu. Evite, pois, construções como “a lei onde é fixada a pena” ou “o encontro onde o assunto foi tratado”. Nesses casos, substitua onde por em que, na qual, no qual, nas quais, nos quais. O correto é, portanto: a lei na qual é fixada a pena, o encontro no qual (em que) o assunto foi tratado. operacionalizar Neologismo verbal de que se tem abusado. Prefira realizar, fazer, executar, levar a cabo ou a efeito, pôr em obra, praticar, cumprir, desempenhar, produzir, efetuar, construir, compor, estabelecer. É da mesma família de agilizar, objetivar e outros cujo problema está antes no uso excessivo do que na forma, pois o acréscimo dos sufixos -izar e -ar é uma das possibilidades normais de criar novos verbos a partir de adjetivos (ágil + izar = agilizar; objetivo + ar = objetivar). Evite, pois, a repetição, que pode sugerir indigência vocabular ou ignorância dos recursos do idioma. opinião/“opinamento” Como sinônimo de parecer, prefira opinião a opinamento. Alterne com parecer, juízo, julgamento, voto, entendimento, percepção. opor veto (e não apor)

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Vetar é opor veto. Apor é acrescentar (daí aposto, (o) que vem junto). O veto, a contrariedade são opostos, nunca apostos. pertinente/pertencer Pertinente (derivado do verbo latino pertinere) significa pertencente ou oportuno. Pertencer se originou do latim pertinescere, derivado sufixal de pertinere. Esta forma não sobreviveu em português; não empregue, pois, formas inexistentes como “no que pertine ao projeto”; nesse contexto uso no que diz respeito, no que respeita, no tocante, com relação. posição/posicionamento Posição pode ser alterado com postura, ponto de vista, atitude, maneira, modo. Posicionamento significa disposição, arranjo’, e não deve ser confundido com posição. relativo a Empregue também referente a, concernente a, tocante a, atinente a, pertencente a, que diz respeito a, que trata de, que respeita. ressaltar Varie com destacar, sublinhar, salientar, relevar, distinguir, sobressair. pronome “se” Evite abusar de seu emprego como indeterminador do sujeito. O simples emprego da forma infinitiva já confere a almejada impessoalidade: “Para atingir esse objetivo há que evitar o uso de coloquialismo” (e não: Para atingir-se ... Há que se evitar...). É cacoete em certo registro da língua escrita no Brasil, dispensável porque inútil. tratar (de) Empregue também contemplar, discutir, debater, discorrer, cuidar, versar, referirse, ocupar-se de. viger Significa vigorar, ter vigor, funcionar. Verbo defectivo, sem forma para a primeira pessoa do singular do presente do indicativo, nem para qualquer pessoa do presente do subjuntivo, portanto. O decreto prossegue vigendo. A portaria vige. A lei tributária vigente naquele ano (...).

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VÍRGULA A vírgula é o sinal de pontuação que indica pequena pausa na leitura. Usa-se a vírgula: 1. Para separar palavras da mesma classe gramatical. Ex.: Cheguei, vi, observei e não gostei. Amor, fortuna, ciência, somente isso não traz felicidade. 2. Para separar os vocativos. Ex.:Recordem, alunos, as correções. Meus filhos, combatei vibrantemente a prepotência. 3. Para separar o aposto do termo fundamental. Ex.: Brasília, Capital da República, foi fundada em 1960. 4. Para separar certas palavras e expressões explicativas, retificativas, tais como: por exemplo, ou melhor, ou antes, isto é, por assim dizer, além disso, aliás, com efeito, então, outrossim etc. Ex.: O político era muito respeitado, ou antes, muito temido. Eles gastaram R$500,00, isto é, tudo o que tinham. A mercearia comercializou meia saca de feijão, ou seja, 30kg. Obs.: A locução conjuntiva ou seja é invariável, não apresenta variação de plural. 5. Para separar orações coordenadas assindéticas. Ex.:Nascemos nas lágrimas, vivemos no sofrimento, morremos na dor. É homem rico, simpático, inteligente. Cheguei, vi, venci. 6. Antes de todas as conjunções coordenativas (exceto e e nem). Ex.:leda queria falar, mas não podia. Não chore, que será pior. Cumprimos nossa obrigação, logo nada temos a temer. Quer chova, quer faça sol, iremos a Criciúma. 7. Para separar orações coordenadas pela conjunção e, quando os sujeitos forem diferentes. Ex.: A mulher aceita o homem por amor ao casamento, e o homem tolera o matrimônio por amor à mulher. Os primeiros têm efeitos, e os segundos, conseqüências. 9. Antes de e e nem repetidos, quer por ênfase, quer por enumeração. Ex.: “Ele fez o céu, e a terra, e o mar, e tudo quanto há neles.” (Padre Antônio Vieira) Não recebi mais dela nem carta, nem recado, nem telefonema, nem nada. Observações: a) A conjunção nem dispensa a vírgula quando liga orações, palavras ou expressões de pequena extensão. Ex.: Elisabete não ouve nem fala. Nem meu primo nem eu freqüentamos esse clube. Sendo outra a extensão, todavia: Ex.: João não casa, nem deixa que a noiva com outro se case.

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O garoto não dormia, nem deixava que os pais dormissem. b) A conjunção ou, quando liga palavras curtas, sem qualquer caráter enfático, dispensa a vírgula. Ex.:A boa ou má fortuna não o alteraram. Os mendigos pediam dinheiro ou comida? Só se houver ênfase poderá haver vírgula. Ex.: Os mendigos pediam dinheiro, ou comida? c) Das conjunções adversativas (mas, porém, todavia, contudo etc.), só mas aparece obrigatoriamente no começo da oração; as demais podem vir no início ou no meio dela. No primeiro caso, põe-se a vírgula antes da conjunção; no segundo, a conjunção deve aparecer entre vírgulas. Ex.: Ficarei com a casa, mas não posso pagá-la à vista. Ficarei com a casa, não posso, porém, pagá-la à vista. d) Entre as orações (em casos como nos exemplos acima) pode-se empregar o ponto e vírgula em vez da vírgula. Ex.: Ficarei com a casa; porém não posso pagá-la à vista. Ficarei com a casa; não posso, porém, pagá-la à vista. e) É facultativo, dependendo de ênfase ou não, o emprego da vírgula depois das conjunções que principiem períodos. Ex.: Muitos alunos são displicentes. Todavia, nem todos chegam à aula atrasados. Isso jamais aconteceu em nossa cidade. Portanto vamos festejar. 10. Para separar o adjunto adverbial anteposto. Ex.: Do nosso lugar, toda a cidade podia ser vista. Depois de algum tempo, os convidados chegaram. Se, no entanto, ao adjunto se segue imediatamente o verbo com o sujeito posposto, dispensa-se a vírgula. Ex.:Do nosso lugar podia ser vista toda a cidade. Depois de algum tempo chegaram os convidados. Adjuntos adverbiais de pequeno corpo costumam dispensar a vírgula, que só deve aparecer em casos de ênfase. Ex.: Cedo chegaram os viajantes. Aqui, trabalha-se muito. 11. Para separar adjetivos que exercem função predicativa. Ex.:Sereno e tranqüilo, caminhou o condenado à forca. Não esperava que ele, inteligente e culto, dissesse tamanha asneira. 12. Para separar objetos pleonásticos ou termos repetidos. Ex.: Amigos sinceros, já não os há. Os pobres de espírito, ignoro-os. Obs.: Omite-se a vírgula quando não se deseja dar ênfase ao objeto. Ex.: As rosas fê-Ias Deus para as mãos pequeninas de Bianca. 13.Para separar termos deslocados de sua posição normal da oração. Ex.: As laranjas, você chegou a comprar? De mim, elas gostam? 14. Para separar o nome da localidade, nas datas. Ex.: Brasília, 12 de janeiro de 1997.

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15. Para indicar a omissão de uma palavra (geralmente verbo) ou de um grupo de palavras. Ex.: Cristina ficou alegre; eu, muito triste. O espírito busca luz; o coração, o amor. 16. Para separar orações reduzidas de gerúndio, de particípio e de infinitivo. Ex.: Chegando o diretor, avise-me imediatamente! Terminada a conferência, foi-nos oferecido um jantar. Para chegar lá, faltavam-me apenas dois quilômetros. 17. Para separar orações adverbiais intercaladas. Ex.: Eu, para não ser indelicado, calei-me. A estrada, disse-nos o guarda, está alagada. 18. Para separar orações principais e coordenadas do tipo: Ex.:Nossa economia, insistia, melhora sensivelmente. Nossas exportações, dizia o ministro, aumentaram consideravelmente no ano que passou. 19. Para separar orações adverbiais e substantivas quando antepostas à principal. Ex.:Embora estivesse muito cansado, compareci à reunião. Se tudo correr bem, iremos a Madri ano que vem. Obs.:Quando a oração adverbial estiver posposta à principal, só é recomendável o uso da vírgula em dois casos: a) se a oração principal possui certa extensão. Ex.: O ar poluído das grandes cidades, como São Paulo, corrói a vida das pessoas, embora algumas não percebam a curto prazo. b) se a oração principal estiver seguida de qualquer outra. Ex.: Devemos escolher para esposa a mulher que escolheríamos para amigo, se ela fosse homem. 20. Para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas. Ex.: A beleza, que é fonte do amor, é também a fonte das maiores desgraças deste mundo. Obs.: As orações adjetivas explicativas podem ser eliminadas sem prejuízo do sentido da oração principal. 21. Depois de oração subordinada adjetiva restritiva (principalmente quando os verbos se seguem um ao outro). Ex.:A mobilidade que sobeja na mocidade, falece na velhice. Obs.:Quer no meio, quer no fim do período, a oração adjetiva restritiva não vem separada por vírgula; não se pode excluí-la do período. Ex.: O homem que esteve aqui ontem virá outra vez amanhã. Os pecadores que se arrependerem serão perdoados. 22.Para destacar palavras ou expressões isoladas. Ex.: Ação, não palavras, é o de que precisamos. 23.Para separar palavras repetidas que têm função superlativa. Ex.: A parede da casa era branquinha, branquinha! 24. Para separar os elementos paralelos de um provérbio. Ex.:Tal pai, tal filho. Nem sábado sem sol, nem moça sem amor. Cada terra com seu uso, cada roca com seu fuso.

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25. Depois do sim e do não, usados como resposta, no início da frase. Ex.: Sim, vou a Brasília. Não, é impossível satisfazer o seu desejo. Atenção! Constitui erro grave e imperdoável o emprego da vírgula entre o sujeito e o verbo e entre o verbo e seus complementos. Ex.: Luis mereceu o prêmio. (E não: Luís, mereceu o prêmio.) Você quer tomar vinho? (E não: Você quer tomar, vinho?) O Diretor resolve... (E não: O Diretor, resolve...) Em rigor, é redundância o uso de vírgula antes de etc., pois et coetera significa e outras coisas. Ex.: Comprei selos, papel, lápis e outras coisas. A abreviatura etc. só deve ser empregada para coisas; constitui erro dizer: Pedro, Paulo, João etc. De modo algum se justifica a repetição da abreviatura. Ex.: Compramos tomates, bananas etc. etc. Observem a colocação das vírgulas: Acrescenta § 6.º ao art. 478 da Consolidação das Leis do Trabalho. O disposto no § 1.º do art. 55 da Constituição... Exigências relativas à legitimidade de iniciativa exclusiva contidas no art. 61, caput, combinado com o art. 96, inciso II, alínea b, do Projeto de Lei n.º 1.640-A, de 1989. Nas ementas: Estabelece o Dia Universal da Liberdade, comemorado a 4 de junho, e dá outras providências. Dispõe sobre a organização da seguridade social, institui plano de custeio e dá outras providências. Institui contribuição social, cria o Fundo de Investimento Social - FINSOCIAL, e dá outras providências.

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CONCORDÂNCIA NOMINAL 1. Definição É a concordância do adjetivo com o substantivo. 2. Regra geral O adjetivo concorda com o substantivo em gênero e número Ex.: Rios imensos. Águas claras. 3. Regras especiais a) Adjetivo referente a dois ou mais Exército e povo brasileiros. substantivos do mesmo gênero vai para Exército e povo brasileiro. o plural, ou concorda com o mais Marinha e Aviação brasileiras. próximo. Marinha e Aviação brasileira. b) Adjetivo referente a dois ou mais Marinha e Exército brasileiros. substantivos de gênero diferente vai Marinha e Exército brasileiro. para o masculino plural, ou concorda Exército e Marinha brasileiros. com o mais próximo. Exército e Marinha brasileira. Se o adjetivo estiver colocado antes do Majestosos rios e florestas. substantivo, concordará com mais Majestosas florestas e rios. próximo. c) Um substantivo no plural pode ser Os povos francês e brasileiro. qualificado por dois ou mais adjetivos no bandeiras inglesa e americana. singular.

As

d) Os numerais cardinais, usados como Página dois (isto é, segunda). Casa vinte ordinais, ficam invariáveis. e um (vigésima primeira). e) Se o adjetivo se refere a Marta e Maria são estudiosas. sujeito representado por mais de Pedro e Mário são estudiosos. um substantivo do Notei Marta e Maria preocupadas. mesmo gênero, o adjetivo conserva o gênero e vai para o plural. Pedro e Marta são estudiosos. f) Se o adjetivo se refere a sujeito Marta e Pedro são estudiosos. representado por mais de um substantivo de gênero diferente, vai para Notei Mário e Pedro preocupados. Notei Pedro e Marta preocupados. o masculino plural.


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CONCORDÂNCIA VERBAL É a concordância do verbo com o sujeito. O verbo concorda com o sujeito em pessoa e número. Ex.: O aluno chegou. Os alunos chegaram. O jovem Alexandre conquistou a Índia. Sujeito composto e anteposto, o verbo O céu e a Terra passarão. vai para o plural. Sujeito composto e anteposto, de Eu, tu e ele iremos ao jogo. pessoas diferentes, o verbo vai para o Tu e ele ireis ao jogo. plural, na pessoa que tiver predominância. — a primeira sobre as outras — a segunda sobre a terceira pessoa. Sujeito composto e posposto, verbo no Passarão o céu e a Terra. plural, ou concordando com o mais Passará o céu e a Terra. próximo. Sujeito composto ligado pelas Nem a fome, nem a sede o abateram. alternativas ou... ou, nem... nem, o verbo Nem a fome, nem a sede o abateu. vai para o plural ou para o singular. Se houver exclusão de um deles, será Ou Manoel ou Joaquim será o artilheiro obrigatório o singular do campeonato. Sujeito representado pelo pronome Não fui eu quem riu. indefinido quem, o verbo vai para Não fui eu quem ri. a terceira pessoa do singular, ou concorda com a pessoa do sujeito da oração anterior. Sujeito representado por um pronome Qual de nos acertou o problema? Qual indefinido no singular, seguido de nós, de vós acertou o problema? de vós, de vocês, o verbo vai para o Qual de vocês acertou o problema? Quais de nós iremos (ou irão)? singular. Se o indefinido estiver no plural, o verbo Quais de vós ireis (ou irão)? concordará com nós, vós,vocês, ou com Quais de vocês irão? o indefinido. Sou um dos que mais anima. Sujeito representado pela expressão um Sou uma das que mais animam. dos que, uma das que, o verbo vai para o singular ou para o plural. Se a referência só for possível a um O rio Tietê é um dos rios paulistas que atravessa o Estado. único ser, o verbo ficará no singular. Mais de um avião sobrevoou o local. Sujeito representado por um substantivo, Mais de dez aviões sobrevoaram o local. precedido das expressões cerca de, mais de, menos de, perto de, o verbo concorda com o substantivo.

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Sujeito do verbo ser, representado por Tudo eram lembranças do colégio. tudo, nada, isto, aquilo, ou um A vida não serão flores apenas. substantivo no singular, o verbo ser pode concordar com o predicativo no plural. O verbo ser, usado impessoalmente Eram sete horas. (sem sujeito) concorda, normalmente, São 31 de dezembro. com o predicativo. O verbo fazer, usado em expressões Fez 380 à sombra. indicativas de temperatura, ou Faz quatro anos que ingressei aqui. passagem de tempo, é conjugado apenas na 3ª pessoa do singular, por ser impessoal (não tem sujeito). O verbo haver, com o sentido se existir, Houve muitas incompreensões, Deverá é usado, apenas, na 3ª pessoa do haver muitas incompreensões. singular, por ser impessoal (não tem sujeito). Sujeito representado por um coletivo A multidão aplaudiu o orador. leva o verbo para o singular. Sujeito representado por um coletivo, seguido por um nome no plural, leva o A maioria dos alunos estuda. A maioria dos alunos estudam. verbo para o singular ou para o plural. Sujeito representado por um substantivo no plural, indicando uma só coisa, o A Odisséia é uma grande epopéia. Os verbo concorda com o artigo que estiver Lusíadas são uma grande epopéia. antecedendo o nome.

CONCORDÂNCIA COM PERCENTUAL Cinqüenta por cento da lavoura de café está perdida. Cinqüenta por cento dos lavradores estão desesperados. Somente 2% da população mundial possui alto índice de informação literária. Se o verbo vier anteposto ao numero Estão perdidos 50% da lavoura de café. percentual, a concordância se fará com Ficaram alagados 10% da cidade. esse número. Plural obrigatório se o número Os 37% da produção serão exportados. Uns 15% da população morreram como percentual vier determinado. conseqüência do cataclismo. Esses 2% do lucro já me bastam. Bons 30% dão conta das obrigações. Sujeito representado por número percentual, prefere-se a concordância com o termo posposto ao número percentual.


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A QUESTÃO DA ORTOGRAFIA A ortografia das palavras é uma convenção que envolve decisões coletivas e históricas, oficializadas por segmentos como Academias de Letras, instituições de ensino, pesquisadores, publicações e leis. Não podemos individualmente modificar a ortografia conforme nossa preferência. A língua portuguesa oferece muitas dificuldades ortográficas. Hoje, uma grande parcela dessas dificuldades se resolve pelo uso do computador. À medida que se escreve, o programa aponta dúvidas, incorreções e palavras inexistentes, mas a decisão final é ainda do redator SISTEMA ORTOGRÁFICO - CORRESPONDÊNCIAS FONOGRÁFICAS 1º CASO REGULARIDADES OU PARES MÍNIMOS

P/B

T/D

F/V

2º CASO REGULARIDADES CONTEXTUAIS

• • • • • • • • •

R – RR

CARO,CARRO, GENRO, PORTA

G – GU

GAROTO/ GUERRA

C – QU

CASA / QUILO

J + A, O , U

JABUTI, JOGO, CAJU

Z INICIAL

ZINCO

S INICIAL + A, O, U

SAPO, SORTE, SUCO

O - U FINAL COM SOM U

BAMBU, BAMBO

E – I FINAL COM SOM I

PERDE, PERDI

M, N, NH , ~ NASAIS

CAMPO, CANTO, MANHA, MANHÃ, PÃO

3º CASO REGULARIDADES MORFOLÓGICO-GRAMATICAIS SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS.

• • • • • • •

ESA – adjetivos que indicam lugar de origem EZA – substantivos derivados de adjetivos

PORTUGUESA BELEZA

ÊS – adjetivos que indicam origem -

FRANCÊS

L – coletivos

MILHARAL

-OSO – adjetivos

CARINHOSO

-ICE – substantivos

DOIDICE

-ÊNCIA, -ANÇA E –ANCIA C OU Ç substantivos

CIÊNCIA

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4º CASO REGULARIDADES MORFOLÓGICO-GRAMATICAIS FLEXÕES VERBAIS

3ª PESSOA DO SINGULAR DO PRETÉRITO PERFEITO DO INDICATIVO U FINAL CANTOU , BEBEU, PARTIU

• •

3ª PESSOA DO PLURAL DO FUTURO – ÃO >CANTARÃO, BEBERÃO, PARTIRÃO

• •

FLEXÕES DO IMPERFEITO DO SUBJUNTIVO – SS>CANTASSE, BEBESSE, DORMISSE

3ª PESSOA DO PLURAL DOS OUTROS TEMPOS M FINAL> CANTAM, CANTAVAM, BEBAM, BEBERAM PARTAM TODOS OS INFINITIVOS – R FINAL

5º CASO IRREGULARIDADES

SOM “s” – ASSUNTO, ACENTO, AÇÚCAR, CIDADE, AUXÍLIO, PISCINA, CRESÇA, GIZ, GÁS, EXCETO

• • • • • • •

SOM “g” - GIRAFA – JILÓ SOM “Z” - ZEBU, CASA, EXAME SOM “x”- ENXADA, ENCHENTE H INICIAL – HOTEL HOSPITAL HORA E, I , O , U SÍLABAS ÁTONAS NO MEIO DAS PALAVRAS – LH OU L - JULIO, JULHO, FAMÍLIA, TOALHA DITONGOS DE PRONÚNCIA REDUZIDA - CAIXA, MADEIRA, VASSOURA

As principais dificuldades de grafia das palavras em português são decorrentes das muitas representações gráficas para um mesmo som ou dos encontros de consoantes: SS/C/S/Ç/SC/X: assunto, acento, ensaio, açúcar, nascer, crescer, máximo, exceção. PR/ BL/ CL/FL/DR: problema, proclama, flanela, flandre. RS: perspectiva, superstição, interstício. J/G: viagem e viajar. S/Z: riqueza, vazio, deslizar, atraso, visor, análise, analisar, estender. X/CH: ficha, fecho, baixeza, puxar. Essas ocorrências exigem maior atenção. O melhor e mais seguro é consultar o dicionário muitas vezes até memorizar a ortografia da palavra.

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HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS Muitas vezes temos dúvidas no uso de vocábulos distintos provocadas pela semelhança ou mesmo pela igualdade de pronúncia ou de grafia entre eles. É o caso dos fenômenos designados como homonímia e paronímia. A homonímia é a designação geral para os casos em que palavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia (os homônimos homógrafos) ou a mesma pronúncia (os homônimos homófonos). Os homógrafos podem coincidir ou não na pronúncia, como nos exemplos: quarto (aposento) e quarto (ordinal), manga (fruta) e manga (de camisa), em que temos pronúncia idêntica; e apelo (pedido) e apelo (com e aberto, 1a pess. do sing do pres. do ind. do verbo apelar), consolo (alívio) e consolo (com o aberto, 1a pess. do sing. do pres. do ind. do verbo consolar), com pronúncia diferente. Os homógrafos de idêntica pronúncia diferenciam-se pelo contexto em que são empregados. Não há dúvida, por exemplo, quanto ao emprego da palavra são nos três sentidos: a) verbo ser, 3a pess. do pl. do pres., b) saudável e c) santo. Palavras de grafia diferente e de pronúncia igual (homófonos) geram dúvidas ortográficas. Caso, por exemplo, de acento/assento, coser/cozer, dos prefixos ante-/anti-, etc. Aqui o contexto não é suficiente para resolver o problema, pois sabemos o sentido, a dúvida é de letra(s). sempre que houver incerteza, consulte a lista adiante, algum dicionário ou manual de ortografia. Já o termo paronímia designa o fenômeno que ocorre com palavras semelhantes (mas não idênticas) quanto à grafia ou à pronúncia. É fonte de muitas dúvidas, como entre descrição (‘ato de descrever’) e discrição (‘qualidade do que é discreto’), retificar (‘corrigir’) e ratificar (confirmar). PALAVRAS QUE SUSCITAM DÚVIDAS DE GRAFIA OU SENTIDO. Absolver: inocentar, relevar da culpa imputada: O júri absolveu o réu. Absorver: embeber em si, esgotar: O solo absorveu lentamente a água da chuva. Acender: atear (fogo), inflamar. Ascender: subir, elevar-se. Acento: sinal gráfico; inflexão vocal: Vocábulo sem acento. Assento: banco, cadeira: Tomar assento num cargo. Acerca de: sobre, a respeito de: No discurso, o Presidente falou acerca de seus planos. A cerca de: a uma distância aproximada de: O anexo fica a cerca de trinta metros do prédio principal. Estamos a cerca de um mês ou (ano) das eleições. Há cerca de: faz aproximadamente (tanto tempo): Há cerca de um ano, tratamos de caso idêntico; existem aproximadamente: Há cerca de mil títulos no catálogo. Acidente: acontecimento casual; desastre: A derrota foi um acidente na sua vida profissional. O súbito temporal provocou terrível acidente no parque.

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Incidente: episódio; que incide, que ocorre: O incidente da demissão já foi superado. Adotar: escolher, preferir; assumir; pôr em prática. Dotar: dar em doação, beneficiar. Afim: que apresenta afinidade, semelhança, relação (de parentesco): Se o assunto era afim, por que não foi tratado no mesmo parágrafo? A fim de: para, com a finalidade de, com o fito de: O projeto foi encaminhado com quinze dias de antecedência a fim de permitir a necessária reflexão sobre sua pertinência. Alto: de grande extensão vertical; elevado, grande. Auto: ato público, registro escrito de um ato, peça processual. Aleatório: casual, fortuito, acidental. Alheatório: que alheia, alienante, que desvia ou perturba. Amoral: desprovido de moral, sem senso de moral. Imoral: contrário à moral, aos bons costumes, devasso, indecente. Ante (preposição): diante de, perante: Ante tal situação, não teve alternativa. Ante- (prefixo): expressa anterioridade: antepor, antever, anteprojeto ante-diluviano. Anti- (prefixo): expressa contrariedade; contra: anticientífico, antibiótico, anti-higiênico, anti-Marx. Ao encontro de: para junto de; favorável a: Foi ao encontro dos colegas. O projeto salarial veio ao encontro dos anseios dos trabalhadores. De encontro a: contra; em prejuízo de: O carro foi de encontro a um muro. O governo não apoiou a medida, pois vinha de encontro aos interesses dos menores. Ao invés de: ao contrário de: Ao invés de demitir dez funcionários, a empresa contratou mais vinte. (Inaceitável o cruzamento *ao em vez de.) Em vez de: em lugar de: Em vez de demitir dez funcionário, a empresa demitiu vinte. A par: informado, ao corrente, ciente: O Ministro está a par (var.: ao par) do assunto; ao lado, junto; além de. Ao par: de acordo com a convenção legal: Fez a troca de mil dólares ao par. Aparte: interrupção, comentário à margem: O deputado concedeu ao colega um aparte em seu pronunciamento. À parte: em separado, isoladamente, de lado: O anexo ao projeto foi encaminhado por expediente à parte. Apreçar: avaliar, pôr preço: O perito apreçou irrisoriamente o imóvel. Apressar: dar pressa a, acelerar: Se o andamento das obras não for apressado, não será cumprido o cronograma. Área: superfície delimitada, região. Ária: canto, melodia. Aresto: acórdão, caso jurídico julgado: Neste caso, o aresto é irrecorrível. Arresto: apreensão judicial, embargo: Os bens do traficante preso foram arrestados.

todos

Arrochar: apertar com arrocho, apertar muito. Arroxar: ou arroxear, roxear: tornar roxo. Ás: exímio em sua atividade; carta do baralho.

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Az (p. us.): esquadrão, ala do exército. Atuar: agir, pôr em ação; pressionar. Autuar: lavrar um auto; processar. Auferir: obter, receber: Auferir lucros, vantagens. Aferir: avaliar, cotejar, medir, conferir: Aferir valores, resultados. Augurar: prognosticar, prever, auspiciar: O Presidente augurou sucesso ao seu par americano. Agourar: pressagiar, predizer (geralmente no mau sentido): Os técnicos agouram desastre na colheita. Avocar: atribuir-se, chamar: Avocou a si competências de outrem. Evocar: lembrar, invocar: Evocou no discurso o começo de sua carreira. Invocar: pedir (a ajuda de); chamar; proferir: Ao final do discurso, invocou a ajuda de Deus. Caçar: perseguir, procurar, apanhar (geralmente animais). Cassar: tornar nulo ou sem efeito, suspender, invalidar. Carear: atrair, ganhar, granjear. Cariar: criar cárie. Carrear: conduzir em carro, carregar. Casual: fortuito, aleatório, ocasional. Causal: causativo, relativo a causa. Cavaleiro: que anda a cavalo, cavalariano. Cavalheiro: indivíduo distinto, gentil, nobre. Censo: alistamento, recenseamento, contagem. Senso: entendimento, juízo, tino. Cerrar: fechar, encerrar, unir, juntar. Serrar: cortar com serra, separar, dividir. Cessão: ato de ceder: A cessão do local pelo município tornou possível a realização da obra. Seção: setor, subdivisão de um todo, repartição, divisão: Em qual seção do ministério ele trabalha? Sessão: espaço de tempo que dura uma reunião, um congresso; reunião; espaço de tempo durante o qual se realiza uma tarefa: A próxima sessão legislativa será iniciada em 1o de agosto. Chá: planta, infusão. Xá: antigo soberano persa. Cheque: ordem de pagamento à vista. Xeque: dirigente árabe; lance de xadrez; (fig.) perigo (pôr em xeque). Círio: vela de cera. Sírio: da Síria. Cível: relativo à jurisdição dos tribunais civis. Civil: relativo ao cidadão; cortês, polido (daí civilidade); não militar nem, eclesiástico.

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Colidir: trombar, chocar; contrariar: A nova proposta colide frontalmente com o entendimento havido. Coligir: colecionar, reunir, juntar: As leis foram coligidas pelo Ministério da Justiça. Comprimento: medida, tamanho, extensão, altura. Cumprimento: ato de cumprir, execução completa; saudação. Concelho: circunscrição administrativa ou município (em Portugal). Conselho: aviso, parecer, órgão colegiado. Concerto: acerto, combinação, composição, harmonização (cp. concertar): O concerto das nações... O concerto de Guarnieri... Conserto: reparo, remendo, restauração (cp. consertar): Certos problemas crônicos aparentemente não têm conserto. Conje(c)tura: suspeita, hipótese, opinião. Conjuntura: acontecimento, situação, ocasião, circunstância. Contravenção: transgressão ou infração a normas estabelecidas. Contraversão: versão contrária, inversão. Costear: navegar junto à costa, contornar. A fragata costeou inúmeras praias do litoral baiano antes de partir para alto-mar. Custear: pagar o custo de, prover, subsidiar. Qual a empresa disposta a custear tal projeto? Custar: valer, necessitar, ser penoso. Quanto custa o projeto? Custa-me crer que funcionará. Deferir: consentir, atender, despachar favoravelmente, conceder. Diferir: ser diferente, discordar; adiar, retardar, dilatar. Degradar: deteriorar, desgastar, diminuir, rebaixar. Degredar: impor pena de degredo, desterrar, banir. Delatar (delação): denunciar, revelar crime ou delito, acusar: Os traficantes foram delatados por membro de quadrilha rival. Dilatar (dilação): alargar, estender; adiar, diferir: A dilação do prazo de entrega das declarações depende de decisão do Diretor da Receita Federal. Derrogar: revogar parcialmente (uma lei), anular. Derrocar: destruir, arrasar, desmoronar. Descrição: ato de descrever, representação, definição. Discrição: discernimento, reserva, prudência, recato. Descriminar: absolver de crime, tirar a culpa de. Discriminar: diferençar, separar, discernir. Despensa: local em que se guardam mantimentos, depósito de provisões. Dispensa: licença ou permissão para deixar de fazer algo a que se estava obrigado; demissão. Despercebido: que não se notou, para o que não se atentou: Apesar de sua importância, o projeto passou despercebido. Desapercebido: desprevenido, desacautelado: Embarcou para a missão na Amazônia totalmente desapercebido dos desafios que lhe aguardavam.

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Dessecar: secar bem, enxugar, tornar seco. Dissecar: analisar minuciosamente, dividir anatomicamente. Destratar: insultar, maltratar com palavras. Distratar: desfazer um trato, anular. Distensão: ato ou efeito de distender, torção violenta dos ligamentos de uma articulação. Distinção: elegância, nobreza, boa educação: Todos devem portar-se com distinção. Dissensão: desavença, diferença de opiniões ou interesses: A dissensão sobre a matéria impossibilitou o acordo. Elidir: suprimir, eliminar. Ilidir: contestar, refutar, desmentir. Emenda: correção de falta ou defeito, regeneração, remendo: ao torná-lo mais claro e objetivo, a emenda melhorou o projeto. Ementa: apontamento, súmula de decisão judicial ou do objeto de uma lei. Procuro uma lei cuja ementa é “dispõe sobre a propriedade industrial”. Emergir: vir à tona, manifestar-se. Imergir: mergulhar, afundar submergir), entrar. Emigrar: deixar o país para residir em outro. Imigrar: entrar em país estrangeiro para nele viver. Eminente (eminência): alto, elevado, sublime. Iminente (iminência): que está prestes a acontecer, pendente, próximo. Emitir (emissão): produzir, expedir, publicar. Imitir (imissão): fazer entrar, introduzir, investir. Empoçar: reter em poço ou poça, formar poça. Empossar: dar posse a, tomar posse, apoderar-se. Encrostar: criar crosta. Incrustar: cobrir de crosta, adornar, revestir, prender-se, arraigar-se. Entender: compreender, perceber, deduzir. Intender: (p. us): exercer vigilância, superintender. Enumerar: numerar, enunciar, narrar, arrolar. Inúmero: inumerável, sem conta, sem número. Espectador: aquele que assiste qualquer ato ou espetáculo, testemunha. Expectador: que tem expectativa, que espera. Esperto: inteligente, vivo, ativo. Experto: perito, especialista. Espiar: espreitar, observar secretamente, olhar. Expiar: cumprir pena, pagar, purgar. Estada: ato de estar, permanência: Nossa estada em São Paulo foi muito agradável. Estadia: prazo para carga e descarga de navio ancorado em porto: O “Rio de Janeiro” foi autorizado a uma estadia de três dias. Estância: lugar onde se está, morada, recinto.

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Instância: solicitação, pedido, rogo; foro, jurisdição, juízo. Estrato: cada camada das rochas estratificadas. Extrato: coisa que se extraiu de outra; pagamento, resumo, cópia; perfume. Flagrante: ardente, acalorado; diz-se do ato que a pessoa é surpreendida a praticar (flagrante delito). Fragrante: que tem fragrância ou perfume; cheiroso. Florescente: que floresce, próspero, viçoso. Fluorescente: que tem a propriedade da fluorescência. Folhar: produzir folhas, ornar com folhagem, revestir lâminas. Folhear: percorrer as folhas de um livro, compulsar, consultar. Incerto: não certo, indeterminado, duvidoso, variável. Inserto: introduzido, incluído, inserido. Incipiente: iniciante, principiante. Insipiente: ignorante, insensato. Incontinente: imoderado, que não se contém, descontrolado. Incontinenti: imediatamente, sem demora, logo, sem interrupção. Induzir: causar, sugerir, aconselhar, levar a: O réu declarou que havia sido induzido a cometer o delito. Aduzir: expor, apresentar: A defesa, então, aduziu novas provas. Inflação: ato ou efeito de inflar; emissão exagerada de moeda, aumento persistente de preços. Infração: ato ou efeito de infringir ou violar uma norma. Infligir: cominar, aplicar (pena, castigo, repreensão, derrota): O juiz infligiu pesada pena ao réu. Infringir: transgredir, violar, desrespeitar (lei, regulamento, etc.) (cp. infração): A condenação decorreu de ter ele infringido um sem número de artigos do Código Penal. Inquerir: apertar (a carga de animais), encilhar. Inquirir: procurar informações sobre, indagar, investigar, interrogar. Intercessão: ato de interceder. Interse(c)ção: ação de se(c)cionar, cortar; ponto em que se encontram duas linhas ou superfícies. Inter- (prefixo): entre; preposição latina usada em locuções: inter alia (entre outros), inter pares (entre iguais). Intra- (prefixo): interior, dentro de. Judicial: que tem origem no Poder Judiciário ou que perante ele se realiza. Judiciário: relativo ao direito processual ou à organização da Justiça. Liberação: ato de liberar, quitação de dívida ou obrigação. Libertação: ato de libertar ou libertar-se. Lista: relação, catálogo; var. pop. de listra. Listra: risca de cor diferente num tecido (var. pop. de lista). Locador: que dá de aluguel, senhorio, arrendador.

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Locatário: alugador, inquilino: O locador reajustou o aluguel sem a concordância do locatário. Lustre: brilho, glória, fama; abajur. Lustro: qüinqüênio; polimento. Magistrado: juiz, desembargador, ministro. Magistral: relativo a mestre (latim: magister); perfeito, completo; exemplar.

Mandado: ato de mandar; ordem escrita expedida por autoridade judicial ou administrativa: um mandado de segurança, mandado de prisão. Mandato: garantia constitucional para proteger direito individual líquido e certo; autorização que alguém confere a outrem para praticar atos em seu nome; procuração; delegação: o mandato de um deputado, senador, do Presidente. Mandante: que manda; aquele que outorga um mandato. Mandatário: aquele que recebe um mandato, executor de mandato, representante, procurador. Mandatório: obrigatório. Obcecação: ato ou efeito de obcecar, teimosia, cegueira. Obsessão: impertinência, perseguição, idéia fixa. Ordinal: numeral que indica ordem ou série (primeiro, segundo, milésimo, etc.). Ordinário: comum, freqüente, trivial, vulgar. Original: com caráter próprio; inicial, primordial. Originário: que provém de, oriundo; inicial, primitivo. Paço: palácio real ou imperial; a corte. Passo: ato de avançar ou recuar um pé para andar; caminho, etapa. Pleito: questão em juízo, demanda, litígio, discussão: O pleito por mais escolas na região foi muito bem formulado. Preito: sujeição, respeito, homenagem: Os alunos renderam preito ao antigo reitor. Preceder: ir ou estar adiante de, anteceder, adiantar-se. Proceder: originar-se, derivar, provir; levar a efeito, executar. Pós- (prefixo): posterior a, que sucede, atrás de, após: pós-moderno, pós-operatório. Pré- (prefixo): anterior a, que precede, à frente de, antes de: pré-modernista, pré-primário. Pró (advérbio): em favor de, em defesa de. A maioria manifestou-se contra, mas dei meu parecer pró. Preeminente: que ocupa lugar elevado, nobre, distinto. Proeminente: alto, saliente, que se alteia acima do que o circunda. Preposição: ato de prepor, preferência; palavra invariável que liga constituintes da frase. Proposição: ato de propor, proposta; máxima, sentença; afirmativa, asserção. Prescrever: fixar limites, ordenar de modo explícito, determinar; ficar sem efeito, anular- se: O prazo para entrada do processo prescreveu há dois meses. Proscrever: abolir, extinguir, proibir, terminar; desterrar. O uso de várias substâncias psicotrópicas foi proscrito por recente portaria do Ministro.

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Prever: ver antecipadamente, profetizar; calcular: A assessoria previu acertadamente o desfecho do caso. Prover: providenciar, dotar, abastecer, nomear para cargo: O chefe do departamento de pessoal proveu os cargos vacantes. Provir: originar-se, proceder; resultar: A dúvida provém (Os erros provêm) da falta de leitura. Prolatar: proferir sentença, promulgar. Protelar: adiar, prorrogar.

Ratificar: validar, confirmar, comprovar. Retificar: corrigir, emendar, alterar: A diretoria ratificou a decisão após o texto ter sido retificado em suas passagens ambíguas. Recrear: proporcionar recreio, divertir, alegrar. Recriar: criar de novo. Reincidir: tornar a incidir, recair, repetir. Rescindir: dissolver, invalidar, romper, desfazer: Como ele reincidiu no erro, o contrato de trabalho foi rescindido. Remição: ato de remir, resgate, quitação. Remissão: ato de remitir, intermissão, intervalo; perdão, expiação. Repressão: ato de reprimir, contenção, impedimento, proibição. Repreensão: ato de repreender, enérgica admoestação, censura, advertência.

Ruço: grisalho, desbotado. Russo: referente à Rússia, nascido naquele país; língua falada na Rússia. Sanção: confirmação, aprovação; pena imposta pela lei ou por contrato para punir sua infração. Sansão: nome de personagem bíblico; certo tipo de guindaste. Sedento: que tem sede; sequioso (var. p. us.: sedente). Cedente: que cede, que dá. Sobrescritar: endereçar, destinar, dirigir. Subscritar: assinar, subscrever. Sortir: variar, combinar, misturar. Surtir: causar, originar, produzir (efeito). Subentender: perceber o que não estava claramente exposto; supor. Subintender: exercer função de subintendente, dirigir. Subtender: estender por baixo. Sustar: interromper, suspender; parar, interromper-se (sustar-se). Suster: sustentar, manter; fazer parar, deter. Tacha: pequeno prego; mancha, defeito, pecha. Taxa: espécie de tributo, tarifa. Tachar: censurar, qualificar, acoimar: tachar alguém (tachá-lo) de subversivo. Taxar: fixar a taxa de; regular, regrar: taxar mercadorias. Tenção: intenção, plano (deriv.: tencionar); assunto, tema.

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Tensão: estado de tenso, rigidez (deriv.: tensionar); diferencial elétrico. Tráfego: trânsito de veículos, percurso, transporte. Tráfico: negócio ilícito, comércio, negociação. Trás: atrás, detrás, em seguida, após (cf. em locuções: de trás, por trás). Traz: 3a pessoa do singular do presente do indicativo do verbo trazer. Vestiário: guarda-roupa; local em que se trocam roupas. Vestuário: as roupas que se vestem, traje.

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ACENTUAÇÃO GRÁFICA Acentuam-se todas a palavras proparoxítonas

ônibus, ínterim, tráfego, protótipo, êxtase, fôlego, rítmico, pêssego, bebêramos, Lúcifer, inédito, recebêssemos, áridos, ímprobo, êxodo, neurastênico, fenômeno, xícara, típico, aborígine, estrambótico, paralelepípedo. Acentuam-se todas as paroxítonas terminadas dândi, júri, míni, biquíni, táxis, hábil, têxtil, hífen, em I(s); L; N; OM, ON(s); PS; R; UM, UNS, US; pólen, iândom, cânon, próton, prótons, nêutrons, X; as terminadas em ditongo oral, seguidas ou bíceps, fórceps, Quéops, éter, âmbar, líder, não de s; as que tenham a vogal ou o ditongo fórum, álbum, bônus, Vênus, tórax, xérox, cálix, nasal átonos, seguidos ou não de s, na última Fênix, colégio, histórias, ímã, órgãos. sílaba, e a vogal tônica na penúltima sílaba. Não Jovens, item, polens, hifens. se acentuam as paroxítonas terminadas em EM e ENS. Acentuam-se todas as oxítonas terminadas em Maracá, ananás, atrás, através, café, vovó; mês, A, E, O, abertas; E, O, fechadas, seguidas ou bebê, avô, metrô; Jundiaí, baú, possuí (pretérito não de s; as terminadas em I e U só quando perfeito); harém, parabéns, Jerusalém; anã, formarem hiato; as terminadas em EM e ENS hortelã, irmãos; retém (3ª pessoa do singular), somente com palavras de mais de uma sílaba; mantêm (3ª pessoa do plural), provêm (3ª as oxítonas de vogal ou ditongo nasal tônicos, pessoa do plural). seguidos ou não de s; os verbos TER e VIR levam acento circunflexo na 3ª pessoa do plural Os prefixos tônicos pós, pré, pró são acentuados do presente do indicativo, e seus derivados e também as formas verbais que perdem as mantêm o circunflexo do plural e recebem o letras finais R, S, Z, às quais se associam os pronomes oblíquos la, lo, las, los: dá-la; pô-los; acento agudo na 3ª pessoa do singular. lê-lo; fê-las. Acentuam-se os ditongos abertos Él, ÉU, Ól, Colméia, véus, mausoléu, assembléia, seguidos ou não de s. paranóico, constrói, platéias, herói, heróico, apóio (verbo), bacharéis, jibóia, anzóis. Acentuam-se o I e o U tônicos, quando forem a Faísca, saúde, reúno, paraíso, balaústre, proíba, segunda vogal do hiato, seguidos ou não de s, saía (imperfeito), egoísta, traído, juizes; Ataulfo, salvo quando estiverem formando sílaba com L, ruim, constituinte, diurno, juiz, rainha; magôo, M, N, A, Z, ou seguidas do dígrafo NH; o hiato vôo, abençôo; crêem, descrêem, dêem, ÔO recebe o acento circunflexo no penúltimo O desdêem; lêem relêem, vêem, revêem. fechado, seguido ou não de s; apenas quatro verbos - CRER, DAR, LER, VER, e seus derivados - dobram o E na 3ª pessoa do plural, conservando o Ê da 3ª pessoa do singular. Leva trema o U dos grupos gue, gui, que, qui, Argüíssemos: argüissem, agüei, apazigúe, quando o U for pronunciado e átono; quando o U avengúe, qüinqüênio, cinqüenta, tranqüilo, for pronunciado e tônico levará acento agudo. conseqüência, lingüístico, agüentar, freqüência, argúis, pingüim, argúi (pres.), argüi (pretérito perfeito), delinqüem. Conservou-se o acento diferencial em pôde Côa (verbo), pára (verbo), pólo (verbo), péla (pretérito perfeito) por oposição a pode (presente (bola), pêlo (penugem), pêra (fruta), péra do indicativo). Continuam acentuados os (pedra), pêro (alcunha), póla (surra), pôla (ramo vocábulos que estão em homografia com outros novo de árvores), pólo (eixo, jogo), pólo (ave), pôr (verbo), fôrma (vasilha). por tonicidade, atonicidade e timbre.

Obs.: Em nenhuma palavra portuguesa a sílaba tônica pode aparecer antes da antepenúltima sílaba.


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HÍFEN

PREFIXO auto contra extra infra intra neo proto pseudo semi supra ultra ante anti arqui sobre hiper inter super ab/ad/ob sub sob (+antes de B) circum pan mal ântero entre

VOGAL

ADMITEM HÍFEN ANTES DE S H

R

SEMPRE COM HÍFEN além / aquém/ bem/ recém/ vice/ pré/ pós/ pró/ ex/ sem SEMPRE SEM HÍFEN aero/ bio/ retro/ pré/pos/pro/ habeas

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REAVALIAÇÃO DO TEXTO Consegue-se essa avaliação ao reler várias vezes o texto, de forma mais distanciada, tentando colocar-se no lugar do leitor. Analise as decisões e a realização, no texto, quanto: • ao leitor: inseri-lo no texto ou tratá-lo de forma neutra e distanciada. A opção escolhida foi mantida durante todo o texto? O leitor que você tem em mente é atendido durante todo o texto? • ao gênero de texto: que plano de escrita utilizar para a situação. O formato é adequado à situação? As exigências referentes ao gênero foram respeitadas ou há ambigüidades e inconsistências? • às informações: o que informar e o que considerar pressuposto. As informações fornecidas são suficientes ou o texto ficou muito denso, exigindo muito do leitor? A introdução de informações novas é bem realizada? Há informações irrelevantes que podem ser dispensadas? Há excesso de informação? Há informações incompletas ou confusas? As informações factuais estão corretas? • à linguagem: formal ou informal. A linguagem está adequada à situação? A opção escolhida tornou o texto harmonioso ou há oscilações súbitas e inadequadas? • à impessoalidade ou subjetividade. O posicionamento adotado como predominante mantém-se ou essa opção não ficou consistente no texto? • ao vocabulário. As escolhas estão adequadas ou há repetições enfadonhas e pobreza vocabular? Algum termo pode ser substituído por expressão mais exata? Há clichês, frases feitas, excesso de adjetivos, expressões coloquiais inadequadas, jargão profissional? • às estruturas sintáticas e gramaticais. O texto está correto quanto às exigências da língua padrão? As transições entre as idéias estão corretas e claras? Os conectivos são adequados às relações entre as idéias? A divisão de parágrafos corresponde às unidades de idéias? • ao objetivo e à situação. Está de acordo com o objetivo estabelecido inicialmente? As idéias principais estão evidentes?

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BIBLIOGRAFIA ABREU, Antônio Suárez. Curso de Redação. São Paulo, Ática, 1989. ALMEIDA, Napoleão M. Dicionário de questões vernáculas. 4ªed. São Paulo, Ática,1998. BARBOSA, Severino Antônio & AMARAL, Emília. Escrever é desvendar o mundo- a linguagem c r i a d o r a e o pensamento lógico. Campinas, Papiros, 1986. BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro, Editora Lucerna, 1999. BRASIL, Imprensa Nacional. Manual de Redação da Presidência da República, 2ªed. 2002. BRASIL, Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração e Publicações. Manual de Padronização de Textos – Normas básicas para elaboração de originais , composição e revisão. Brasília, reimpressão, 2000. CEGALLA, Domingos Paschoal. Dicionário de dificuldades da língua portuguesa. Rio de Janeiro, Nova Fronteira,1996. CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley L. F. de

Nova gramática do português contemporâneo. Rio

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