[RE]VIVA O CENTRO PROJETO DE REQUALIFICAÇÃO URBANÍSTICA DA PRAÇA DA BANDEIRA, EM TERESINA-PI Julio de Paiva
Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Departamento de Projeto, Expressão e Representação Autor Julio de Paiva Vieira Junior Professora Orientadora Gabriela de Souza Tenorio Banca Avaliadora Giuliana de Brito Souza Flaviana Barreto Lira Mônica Fiúza Gondim Colaboradores Amanda Gabriela Júlio de Paiva Vieira Maria José Cunha Marina Lages Gonçalves Teixeira Nina Campos Vieira Victor Veríssimo 1
Agradecimentos Essa jornada foi especialmente longa! Mas talvez, de todas as experiências, a arquitetura, e tudo que ela me trouxe, me fizeram crescer de um jeito único: agora vejo um universo em cada um dos que estão próximos de mim, o que me inspira a crescer mais. O meu profundo agradecimento, de forma genérica, a todos os que eu conheci durante essa jornada na UnB, especialmente àqueles que contribuíram com um pedacinho de si. Levarei todos junto comigo. Ao semestre 2009.1, com vocês foi muito mais divertido! Mais do que isso! Vocês me ensinaram como é ter duas casas, duas famílias e o que é ter saudade sempre! Bando de coisa linda vocês! A minha admiração aos professores, que também me ofereceram muito e plantaram muitas sementes em mim. Prometo cultivá-las da melhor forma! Um agradecimento especial àqueles que fizeram parte dessa reta final: Mônica, Giuliana, Flaviana, Elane e claro, Gabi! Quando crescer, quero ser como vocês! Por último, serei sempre grato aos meus amores primeiros: minha família e amigos, que nutrem de forma indescritível o já imenso amor pela minha Teresina. Vocês estão comigo aonde quer que eu vá! Meu muito obrigado! 2
SUMÁRIO
Introdução
04
APRESENTAÇÃO DA ÁREA
06
Da Gênese
07
A cidade contemporânea
11
A área de intervenção
12
Integração com a cidade
12
Uso do solo
13
Mobilidade e sistema viário
14
Gabarito
15
Patrimônio arquitetônico
15
Mobiliário Urbano
17
O Rio Parnaíba
17
Levantamento da vida pública
19
DIRETRIZES DE PROJETO
24
Conexão/Integração
25
Atividades
26
Mobilidade e sistema viário
26
Redesenho da Praça da Bandeira e seus limites
27
Revitalização da margem do Parnaíba
28
O PROJETO
29
Plano de Mobilidade
31
Reestruturação viária
34
A Praça e a Orla do Parnaíba
43
Qual a mudança?
45
O que vai ter?
47
E o Patrimônio?
48
E a vegetação?
49
E o mobiliário?
50
PERSPECTIVAS
51
DESENHOS TÉCNICOS
57
3
Introdução As cidades brasileiras têm, desde meados do século XX, sofrido um processo de abandono de seus centros históricos, o que produziu um quadro de esvaziamento econômico e populacional com graves consequências para o tecido urbano e social. Foram suprimidas as condições mínimas necessárias ao estabelecimento da vida urbana, desfazendo o complexo e delicado equilíbrio entre as funções urbanas cotidianas, responsável pelos índices de vitalidade verificados nos tecidos urbanos tradicionais (JACOBS, 2007). Diante desse quadro de abandono, na década de 1990, diversas práticas de revitalização dessas áreas surgiram no cenário brasileiro. Tais práticas podem ter sido atribuídas a uma nova consciência de preservação dos conjuntos arquitetônicos urbanos, advinda do processo de redemocratização no país. A revitalização, desde então, vêm se afirmando como um anseio legítimo de determinados setores da população, como forma de preservação desse patrimônio cultural e de interesse coletivo na melhoria da qualidade de vida em suas cidades. Aliado a isso, há ainda a consciência de que as áreas centrais de uma cidade configuram o local onde a infraestrutura urbana já se encontra estabelecida, além de seu valor em termos de localização no tecido urbano. O que se vê hoje, com o abandono dessas áreas em algumas cidades, é um desperdício dessa infraestrutura, principalmente em termos da ausência de uso residencial e de lazer. Apesar do grande interesse da sociedade e das administrações públicas com relação à recuperação dos centros históricos, verifica-se uma resistência por parte de alguns setores da população em voltar a residir nas áreas centrais e, sobretudo, utilizar e vivenciar seus espaços públicos. Dessa forma, seria possível dizer que os centros históricos das cidades brasileiras estão mortos? Uma breve análise sobre algumas experiências de revitalização nessas áreas, em cidades como Salvador e Recife, por exemplo, nos levam à conclusão de que essas intervenções urbanas continuam a privilegiar valores cenográficos e a negligenciar outros que testemunham processos passados de produção do espaço (SANT’ANNA, 2001). O que se percebe, é que os processos de revitalização urbana estão ligados a conceitos como a higienização social e a gentrificação (expulsão das classes de mais baixa renda), que traz cultura e um aparente melhoramento no espaço urbano, mas, ao mesmo tempo, promove a exclusão social. Essa lógica se assenta na negação da cidade como o lugar de encontro dos diferentes, tal como fora historicamente instituída (LEFEBVRE, 1972). Dito isto, é possível constatar que há um grande equívoco em acreditar que essas áreas não possuem vitalidade, quando o que acontece é o oposto: os centros históricos são áreas vivas, que são vivenciadas, majoritariamente, por grupos sociais de baixa renda. Segundo o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Carlos Vainer, o que está sendo feito é renegar um tipo de vitalidade e recuperar áreas para determinados grupos sociais. Vê-se que, com essa dicotomia entre a decadência e a revitalização dos centros históricos, o que está sob ameaça é não somente a preservação do patrimônio histórico e cultural, mas, sobretudo, a própria sobrevivência de uma sociabilidade urbana, baseada na apropriação coletiva (com tolerância) dos espaços da cidade. É necessário que as intervenções urbanas sejam vistas do ponto de vista do melhoramento espacial e econômico, mas também sob o ponto de vista dos processos de produção em um contexto ampliado, no qual elas se inserem, criando condições para o desenvolvimento urbano das áreas em estudo, e não apenas uma nova imagem de cidade, que, de forma anacrônica, se torna um museu a céu aberto. Seguindo esta linha de raciocínio, este trabalho visa à criação um projeto de requalificação urbana para a Praça da Bandeira, em Teresina – PI, uma praça de grande interesse patrimonial e social para a cidade. Primeiramente, é preciso estabelecer que o conceito de requalificação urbana condensa algu-
mas práticas da revitalização e da reabilitação. Segundo MEDEIROS, 2002, reabilitar é intervir no espaço urbano por meio do uso “social”, da reutilização dos conjuntos urbanos, como habitações de caráter econômico. A ideia de progresso e de higiene cede espaço àquela da melhoria de vida para a população e para o próprio bairro no qual ela habita – um lugar cuja sobrevivência passa a estar indissociavelmente relacionada à sua ocupação e permanência. Revitalizar é intervir em um espaço urbano considerado social, cultural e, sobretudo, economicamente morto. Em oposição ao ato de reabilitar socialmente, tem-se aqui uma estratégia de revitalizar economicamente um bairro, um quarteirão, um espaço urbano qualquer, no sentido de resgatar seu direito à inserção da vida da cidade a qual pertence, buscando proporcionar uma qualidade de espaço físico adequado a uma prestação de serviço, de comércio e de atividades que permitam o consumo e gerem renda. Por fim, a requalificação é uma ação intervencionista que soma o viés mercadológico da revitalização àquele social da reabilitação, ela prima pela sustentabilidade do patrimônio urbano, via desenvolvimento humano e estratégia de gestão urbana.
Objeto de estudo O objeto de estudo desta intervenção é a Praça da Bandeira, em Teresina – PI, marco zero da cidade e local onde se implantaram os primeiros e principais equipamentos públicos da, então, nova capital do Piauí. O contexto, aqui discutido, de decadência dos centros históricos das cidades brasileiras se reflete também em Teresina, salvo o fator econômico, uma vez que no centro da cidade são desenvolvidas as principais atividades econômicas e é ofertada a maior porcentagem dos empregos. A decadência sofrida pelo centro de Teresina se deve ao abandono por parte de um segmento da população e pelo governo, situação que será mais detalhada na caracterização do objeto de estudo. Não diferente do que foi dito antes, a região central da cidade foi ocupada (ocupar, aqui, não se refere à moradia, mas à vivência do espaço no cotidiano) por uma população de mais baixa renda, após o abandono das classes mais altas que costumavam ter ali suas grandes residências. A consequência foi a negligência por parte dos gestores públicos, que se restringiram a agradar apenas as classes mais altas da cidade, promovendo melhorias urbanas apenas onde estas se encontravam. Dessa forma, durante décadas, o centro de Teresina foi negligenciado, esquecido, e seus espaços públicos e o patrimônio cultural seguiram sendo desperdiçados e degradados. Na última década, foram executados alguns pontos do programa de revitalização do Centro, que, de fato, amenizaram inúmeros problemas, mas que, no entanto, levaram a alguns outros não menos graves, e não foram bem-sucedidos em promover a preservação do patrimônio, a valorização cultural da área, assim como a sociabilidade e a co-presença em seus espaços públicos. A Praça da Bandeira, no contexto de Teresina, talvez seja o local que expressa toda a problemática da decadência do Centro. Além de ser marco zero, a praça se encontra às margens do Rio Parnaíba e ainda conta com alguns edifícios e monumentos de valor patrimonial apesar de diversas perdas, sendo eminente a preocupação com a preservação do mesmo; é ponto nodal na malha urbana, sendo o único local da cidade que conta com integração de modais de transporte público, conferindo grande fluxo de pessoas e atraindo o comércio informal, o que resultou na construção de um camelódromo no entorno da praça; por conta da ausência de uso noturno, durante esse turno, é ocupada apenas por usuários de droga; nas outras horas do dia, funciona basicamente como local de passagem, comércio informal e prostituição, sendo muito tímida a procura do local como forma de lazer ou descanso. Dessa forma, apesar de toda a vitalidade percebida, são constatáveis a presença de problemas sociais e a falta de uma vivência mais forte do local, por parte da maioria da população.
Justificativa
4
Nesse sentido, a justificativa da intervenção se dá, primeira e especialmente por uma relação afetiva do autor, teresinense, com o local, e claro, pela intenção de uma melhoria do espaço público de extrema importância na história e na dinâmica da cidade. A insatisfação com a falta de políticas públicas eficientes para a praça, leva à iniciativa projetual, na tentativa de se oferecer melhorias na infraestrutura do local e para a população que dele desfruta. As políticas de gentrificação no contexto da cidade, o descaso com o patrimônio histórico e cultural, a falta de conscientização e apego para com os bens da cidade, resultando numa desvalorização do que é coletivo, e as más condições físicas do local, que funcionam como motivo de desinteresse para a população, configuram o cenário no qual a intervenção de requalificação urbana se torna necessária.
Objetivos O objetivo final deste trabalho é a elaboração de um projeto de requalificação urbana para a Praça da Bandeira, em Teresina – PI, que contemple as escalas urbana, arquitetônica e de mobiliário, de acordo com as demandas do lugar. Porém, primeiramente é necessário entregar um diagnóstico da área, que contemple os fatores que contribuíram para a atual situação da Praça da Bandeira, bem como os condicionantes para uma intervenção justa, sensível e democrática. Como objetivos gerais, acima de tudo, o que se pretende com a intervenção não é uma nova imagem do local, mas que ele seja valorizado, de forma que a beleza, a cultura e a produção do espaço sejam ressaltadas e abraçadas pela população de Teresina como um todo, e assim seja despertado um sentimento coletivo de proteção e pertencimento àquele lugar. Pretende-se, por meio do projeto, a reconexão entre as pessoas e a memória da cidade, através da valorização do patrimônio arquitetônico, e do incentivo às manifestações culturais regionais no espaço. Além disso, pretende-se também a reconexão da população com o Rio Parnaíba, motivo do surgimento da cidade, e recurso natural que até hoje contribui para a vida do teresinense e, sobretudo, a reconexão entre as pessoas, de diferentes idades, diferentes classes sociais, diferentes histórias de vida. Dito isto, os objetivos específicos podem ser sintetizados em alguns tópicos: . Reintegrar a área ao Rio Parnaíba, devolvendo a cidade, ao seu elemento originador. . Promover a integração das Praças da Bandeira e Rio Branco, e dessas com o seu entorno, de modo que não apenas as praças, mas também, as ruas se tornem locais de permanência. . Valorizar esteticamente e culturalmente o patrimônio da área, de forma a reaproximar a população com a memória da cidade. . Recolocar o pedestre em destaque no que diz respeito à mobilidade, desencorajando o uso do automóvel particular. . Projetar espaços públicos atraentes, democráticos e de qualidade para a população de Teresina. . Incentivar o uso noturno da região, através de atividades comerciais, culturais e/ou através do uso residencial. . Conciliar as atuais atividades exercidas na área com as propostas, de forma a abraçar a informalidade e espontaneidade, evitando o processo de gentrificação.
Metodologia Para alcançar o objetivo, o trabalho segue uma metodologia de análise da área de intervenção, baseada no método de levantamento da vida pública (TENORIO, 2012) ao lançar mão de análises a partir da observação do espaço e das dimensões morfológicas do processo de urbanização. Serão levantados dados sobre a atual situação da área, contextualizando-a no ambiente construído do seu entorno 5
e na escala da cidade, caracterizando o objeto de estudo. Nesse sentido, é desenvolvida uma análise do lugar segundo método de levantamento da vida pública desenvolvido na tese de doutorado de Gabriela de Souza Tenorio. O método de análise leva em consideração as formas de ocupação do espaço, as atividades desenvolvidas em seu interior e nos seus limites, relacionando-as, quando possível às dimensões morfológicas, e sintetizando as avaliações em tabelas, para a melhor visualização de deficiências e avaliação da vida pública do lugar. Por fim, serão apresentadas as diretrizes de intervenção do projeto, resultando no projeto, cujo fruto será o redesenho da área: a proposta de requalificação em si, que condensará as informações levantadas anteriormente, tendo como horizonte os objetivos gerais e específicos relacionados aqui. Espera-se alcançar, ao fim da caminhada, um resultado que eleve a autoestima do teresinense, atraindo sua atenção para as potencialidades da cidade.
APRESENTAÇÃO DA ÁREA
6
Da Gênese Berço da cidade, a história da Praça da Bandeira se confunde com a história da própria Teresina. Em fins do século XVIII e início do século XIX, inicia-se um debate sobre a mudança da capital da província do Piauí. Entre outras possibilidades, se destacou uma área próxima ao encontro dos rios Parnaíba e Poti, onde já havia se estabelecido uma comunidade de pescadores, a Vila do Poti. O governador da província, o Conselheiro Saraiva estava, então, determinado a implantar a seis léguas dali a nova capital, que passou a se chamar Vila Nova do Poti. Em 1851, a área contava apenas com um grande Largo, que constituía uma grande esplanada, da recém-transferida Igreja do Amparo até o Rio Parnaíba. Esse Largo, que levava o mesmo nome da padroeira da vila, foi como se constituiu primeiramente o que hoje conhecemos como a Praça da Bandeira. Em 1852, a Vila Nova do Poti, foi elevada à categoria de cidade, recebendo o nome de Teresina, uma homenagem à primeira dama do Império, Dona Teresa Cristina. À época, Saraiva dizia que a capital estava pronta para ser povoada e para receber o governo, além disso, já contava com o projeto do Mestre João Isidoro França, que determinaria o crescimento da cidade pelas próximas décadas: o Plano Saraiva. Em forma de tabuleiro de xadrez, inspirada nos princípios pombalinos do urbanismo português e tendo como elemento estruturador do espaço urbano, sua praça central, O Largo do Amparo, a malha urbana de Teresina foi crescendo e configurando a primeira capital planejada do Brasil Império (CHAVES, 1994). A partir daí, é possível ver como a Praça da Bandeira, desde o traçado regulador da cidade, já denota a maior centralidade e um papel de extrema importância para a dinâmica da nova capital. Durante as primeiras décadas, foi ali no Largo do Amparo, depois denominado Praça da Constituição, que se instalaram os principais edifícios públicos da cidade, e as residências dos nomes mais importantes da aristocracia teresinense. Do edifício mais antigo de Teresina: a Igreja de Nossa Senhora do Amparo, passando por edifícios institucionais, como o Tesouro Provincial, a Intendência Municipal, O Fórum e o Palácio do Governo da Província, até outros equipamentos como o cais do rio Parnaíba, o Mercado Central e o Teatro Santa Teresa. É importante notar a relação que se estabelece, desde o traçado do Plano Saraiva, entre os espaços públicos da cidade. É possível ver que eles estruturavam o tecido urbano por meio do equilíbrio entre os cheios e vazios e pela criação de eixos marcantes. Havia, ainda, uma continuidade desses espaços públicos, evidenciada pela relação entre a Praça da Constituição e a antiga Praça do Comércio (ou Uruguaiana), hoje conhecida como Praça Rio Branco. Juntas, essas duas praças, configuraram o principal centro de atividades e encontro da população teresinense, até meados das décadas de 1930 e 1940. Ali, se aglutinavam os órgãos públicos, os equipamentos de lazer e o comércio da nova capital. De fato, a partir desse período, gradativamente, a área perdeu uma certa popularidade, em virtude do crescimento de um novo eixo de expansão da cidade, em direção ao Rio Poti. Outra praça surgiu como pólo de atração, a Praça Aquibadã, hoje Praça Pedro II, e novos casarões de alto padrão passaram a se instalar nas suas imediações. Dessa forma, houve um leve deslocamento de centralidades, originando novas áreas de maior interesse, em detrimento daquela onde a cidade se originou.
7
Miniatura do Plano Saraiva, 1850. Em destaque a área das duas praças interligadas, e entre elas apenas três edifícios. Fonte: Fundação Monsenhor Chaves (1987, p. 5)
Praça Rio Branco, 2014, Foto do acervo do autor.
Entre as décadas de 1950 e 1990, a cidade experimentou um grande crescimento, em função da abertura de grandes estradas que a interligaram com importantes metrópoles regionais, como Fortaleza, Recife, Belém e com Brasília. Teresina, então, se tornou um importante entroncamento rodoviário, o que possibilitou uma circulação muito grande de bens e pessoas. Tal crescimento se refletiu na Praça da Constituição, que, depois, foi batizada de Praça Marechal Deodoro da Fonseca, mas, popularmente, passou a ser conhecida como Praça da Bandeira (devido às cerimônias de hasteamento da bandeira nacional que ali aconteciam). Além das mudanças em seu nome, o local sofreu fortes alterações na sua paisagem, por conta do crescimento da vegetação, o que lhe conferiu feições de parque, e também na sua produção espacial. Durante esses anos, a praça abrigou um zoológico, foi local de instalação dos circos itinerantes e, sua vocação comercial, devido à sua localização à margem do Rio Parnaíba e pela presença do Mercado Central, se consolidou, culminando na instalação de uma feira a céu aberto. De certa maneira, todas essas formas de ocupação contrastam com aquelas um dia exercidas no local, quando, em seu apogeu social, foi, junto com a Praça Rio Branco, ponto de encontro de namorados, senhores e senhoras da sociedade e intelectuais, locação de retretas, bailes e festas cívicas. A partir dessa diferenciação de usos fica evidenciado o processo de abandono do local pelas mais altas classes sociais, e a sua ocupação pela população menos abastada, com a oferta de atrações mais populares e informais.
A Praça Rio Branco, na década de 1950, Foto de Guilherme Müller, Fonte: Livro Teresina 18522002 Festividade na Praça da Bandeira, em 1984, Foto de autor desconhecido, Fonte: página “Teresina meu amor” no facebook Estação Central do Metrô na Praça da Bandeira, 2014, Foto do acervo do autor.
Rua Climatizada, 2014, Foto do acervo do autor. Praça Rio Branco, 2014, Foto do acervo do autor.
O cais do Rio Parnaíba, na década de 1970, Foto de Autor desconhecido, Fonte: página “Teresina meu amor” no facebook.
Camelôs nas ruas do centro da cidade, na década de 1990, Foto de Maria Nivea Rocha, Fonte: página “Teresina meu amor” no facebook.
Fontes na Praça da Bandeira, Foto de autor desconhecido, Fonte: página “Teresina meu amor” no facebook.
I Festival de Violeiros do Norte e Nordeste, em 1971, Foto de autor desconhecido, Fonte: acervo do arquivo público.
Contudo, a inserção de alguns equipamentos como o Teatro de Arena, em 1965, na parte mais baixa da praça, e das fontes, na parte mais alta, levou a uma valorização temporária do local, devido aos seus atrativos paisagísticos e culturais. Por outro lado, essa contribuição positiva não pode ser atribuída a outras intervenções que ali ocorreram, tais como a instalação de grades em todo o perímetro da Praça da Bandeira, impondo barreiras físicas e visuais, sem falar nas diversas demolições e descaracterizações de edifícios de gosto colonial e eclético (mostradas logo mais), em nome da modernização e do lucro comercial, atividade essa que ocupou, desorganizadamente, o centro da cidade, levando a situações caóticas a partir da década de 1990. Os anos 90 e 2000, até o fim da primeira década do século XXI, foram marcados pela decadência do centro da cidade. Foi nessa época que as ruas foram tomadas pelo comércio informal, uma alternativa encontrada por muitos para enfrentar a crise econômica do fim do século XX. A essa altura, muito do patrimônio arquitetônico e do casario antigo da cidade já havia sido destruído, seja para a construção de edifícios de caráter contemporâneo, ou apenas para a construção de estacionamentos, uma vez que o Centro começara a sofrer com problemas de trânsito. O inchaço na região levou a um cenário caótico. A população se destinava ao local apenas para resolver assuntos pessoais, a trabalho ou a negócios. Salvo pouquíssimas exceções, o espaço já não atraía cenas culturais ou momentos de lazer. As praças foram abandonadas pela população e pela gestão governamental. Com a Praça da Bandeira não foi diferente. O processo de degradação foi intenso, os camelôs tomaram o perímetro e o interior do local, congestionando a circulação de ônibus e pessoas, que se aglutinavam dos quatro lados da praça à espera do transporte público. O esvaziamento do local à noite, e as barreiras impostas pelas inúmeras barracas dos ambulantes, geraram um espaço propício à ocupação por usuários de drogas, prostitutas e também à degradação física, firmando essas atividades como práticas comuns até os dias atuais. Foi diante desse quadro, e com a criação do Estatuto das Cidades, que surgiram as primeiras discussões para o ordenamento da cidade contemporânea, no ano de 2001, culminando no Plano Diretor de Teresina: a “Agenda 2015”. Nele, era contemplada uma série de medidas para a revitalização do centro da cidade, das quais apenas uma parcela foi executada, trazendo sensíveis melhoras à dinâmica e paisagem da área. A primeira medida a ser tomada foi a retirada dos camelôs das ruas, desobstruindo
8
esses calçadões para a passagem de pedestres e transferindo os ambulantes para um edifício, construído entre a Praça da Bandeira e o Rio Parnaíba. Com isso foi possível executar um plano paisagístico – leia-se maquiagem nos espaços – para as ruas e praças do bairro, além da reorganização dos percursos de ônibus e carros. Contudo, é necessário avaliar até que ponto tais medidas se tornaram, de fato, benéficas para o local e a população como um todo, além de reavaliar a gestão do espaço e do patrimônio (VIEIRA, 2014).
9
Em sentido anti-horário: Largo do Amparo (antigo nome da praça da Bandeira), em 1916, Foto de autor desconhecido, Fonte: acervo do arquivo público de Teresina; Praça da Bandeira na década de 1970, Foto de autor desconhecido, Fonte: acervo do arquivo público de Teresina; Foto recente da Praça da Bandeira, autor: Juscelino Reis, Fonte: Flickr.
N Localização da rua no tecido urbano original (vermelho)
Perfil da rua Rui Barbosa em 1925
Perfil da rua Rui Barbosa atualmente
N Localização da rua no tecido urbano original (vermelho)
Perfil da rua Areolino de Abreu em 1925
N Perfil da rua Areolino de Abreu atualmente Localização da rua no tecido urbano original (vermelho)
Perfil da rua Coelho Rodrigues em 1925
Perfil da rua Coelho Rodrigues atualmente
10
A cidade contemporânea
Mapa de Localização de Teresina elaborado pelo autor
Teresina é a única das capitais do Nordeste localizada no interior, o que atribui a ela dinâmicas diferentes das demais capitais nordestinas. A sua localização também lhe permite fácil comunicação com essas cidades, sendo a capital que apresenta a melhor distância rodoviária com todas as outras, lhe conferindo importante posto de entroncamento rodoviário. Como já foi dito, esse foi um dos motivos que contribuíram bastante para o desenvolvimento da cidade, e que até hoje lhe confere potencial para o desenvolvimento de diversificadas atividades (PMT, 2013).
Fonte das imagens: Google Earth
Capital do Piauí, Teresina é considerada também a capital do Meio Norte do país, região que marca a transição entre o Sertão Nordestino e a Floresta Amazônica, pertencendo mais à primeira região citada. Com população estimada em 840.600 habitantes e área de 1.392 km², o município faz parte de uma Região Integrada de Desenvolvimento de cerca de 1.189.260 habitantes e área de 10.527 km², com mais doze municípios, incluindo Timon, cidade Maranhense que conforma uma conturbação com Teresina, sendo ambas separadas apenas pelo Rio Parnaíba (IBGE, 2014). Tais dados demográficos dão à capital do Piauí a posição de maior cidade do interior nordestino, o que se reflete na sua região de influência. Teresina se configura como centro regional e polo de atividades importantes, exercendo influência sobre todo o estado do Piauí, algumas cidades do Maranhão, e sob alguns aspectos econômicos, como a saúde, o comércio e os serviços, a área de influência da cidade se estende do Pará até o oeste de Pernambuco, passando também por Tocantins e oeste do Ceará, abrangendo uma população de cinco milhões de habitantes e gerando acúmulo de riquezas por um lado, mas sobrecarregando áreas como moradia e transporte, por outro (PMT, 2008). Com 162 anos, a cidade de Teresina, apesar de nova e inserida na região mais pobre do país (Estados do Maranhão e Piauí), apresenta bons índices de desenvolvimento. Segundo o IFDM (Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal) de 2010, a capital do Piauí aparece na 13ª posição, com o bom índice de 0,8181 (os valores do índice variam de 0 a 1). O fato de ser uma cidade relativamente pequena para uma capital, mas que dispõe de serviços diversificados e qualificados, atribui certa qualidade de vida à população. Contudo, em semelhança às demais cidades brasileiras de médio e grande porte, e como cidade que sofreu um boom populacional, aumentando em cinquenta anos, quase dez vezes a sua população, Teresina apresenta inúmeras deficiências em aspectos sociais, urbanos, de gestão e políticas públicas. Predomina na economia a forte presença do setor terciário (comércio e serviços), tanto na composição de seu PIB, quanto na participação de sua população ocupada e da massa salarial. O subsetor de confecções é um dos segmentos que mais geram emprego e renda. O turismo de negócios e eventos tem crescido muito nos últimos anos, juntamente com a rede hoteleira, contudo a estrutura ainda deixa muito a desejar, o que não permite que esse setor se firme como uma cadeia produtiva. Outro setor relevante, e talvez, o de maior reconhecimento regional, é o setor de saúde, que conta com clínicas de excelente estrutura e realização de exames de alta tecnologia (PMT, 2008). Muitas dessas atividades principais se desenvolvem no Centro, onde se localiza o pólo de saúde, e a maioria esmagadora dos estabelecimentos de comércio varejista da cidade. Dessa maneira, o número de pessoas que transitam pela região, durante o dia, é muito alto, assim como o número de carros, ônibus e bicicletas, sendo o centro da cidade o destino de 28% das viagens diárias, considerando as suas cinco regiões (Centro, Norte, Sul, Leste e Sudeste) e Timon, paralelamente aos 51,8% da oferta de empregos da cidade, que se localizam ali (PMT, 2008). Nesse sentido, um dos locais de maior fluxo de pessoas no centro de Teresina – a Praça da Bandeira e seu entorno – será o nosso objeto de estudo.
11
1 PIAUÍ
2 TERESINA
A área de intervenção Mapa de Localização da área de intervenção elaborado pelo autor Fonte das imagens: Google Earth
3 CENTRO
Como é possível ver, a área de intervenção não se restringe apenas à Praça da Bandeira. Ela é delimitada a Norte pela Rua Lisandro Nogueira, a Sul pela Rua Álvaro Mendes, a Leste pela Rua Barroso e a Oeste pelo Rio Parnaíba, formando uma área que contempla outros elementos importantes, como a Praça Rio Branco, a Rua Climatizada e, sobretudo, a margem do Rio Parnaíba. Acredita-se que essas áreas juntas contribuam com o seu enorme potencial paisagístico, histórico, social, entre outros, para que os objetivos do trabalho sejam alcançados. Contudo, é imprescindível que o estudo seja conduzido de forma que, em determinados momentos, a área de análise seja estendida até um entorno mais abrangente, uma vez que é necessário que se considere o ambiente construído como um todo, e as inter-relações da área de intervenção com uma escala mais macro.
Integração com a cidade Localizada no coração da cidade, a Praça da Bandeira configura uma área de grande integração no tecido urbano, como é perceptível a partir da análise do mapa axial de integração global, ao lado. Na prática, a sua proximidade com importantes vias, que se apresentam com os maiores graus de integração, como a Rua Rui Barbosa, a Avenida Miguel Rosa, a Avenida Maranhão e a Avenida Frei Serafim, a torna um local de fácil acesso. Esses eixos conectam a praça, e o Centro como um todo, com as demais regiões da cidade: Norte, Sul, Leste e Sudeste, além de Timon, através da Ponte Metálica e da Ponte da Amizade sobre o Rio Parnaíba. Hoje, a área em estudo é um ponto de convergência na malha urbana de Teresina, visto que se apresenta como centralidade e está próxima de eixos de distribuição dos fluxos em direção às periferias, nos levando à reafirmação de sua grande integração com a cidade como um todo. Esse papel de convergência espacial e de fluxos, aliado à grande oferta de empregos e serviços variados, confere ao local o potencial de agregar diferentes pessoas em diferentes horários e dias da semana, garantindo intensa movimentação.
4 ÁREA DE INTERVENÇÃO
N
Mapa de integração total da Praça da Bandeira no contexto da cidade Fonte: DepthMap, 2011
12
N
Uso do solo Fruto do processo histórico, o centro da cidade, em sua quase totalidade, sofreu um êxodo a partir da década de 1950, restando, hoje, poucas unidades residenciais. A área em estudo, centralizada no contexto do bairro, reflete fortemente essa ocupação não residencial, tendo predominância dos usos comercial, institucional e de serviços. As zonas residenciais podem ser verificadas no entorno da área de intervenção, uma vez que se afastam dos principais focos de muito movimento, configurando uma periferia, até mesmo dentro do próprio bairro. No que diz respeito à área de intervenção, quase não é verificado uso estritamente residencial (um caso). Na Praça da Bandeira e na Praça Rio Branco, nota-se os usos comercial, institucional e de serviços, com variadas atividades desenvolvidas. Em destaque o Luxor Hotel, que oferece um serviço distinto, e inúmeras opções de comércio varejista, que vão desde drogarias, óticas, vestuário, sapatarias a artigos regionais, artesanato e alimentação, com foco no Mercado Velho, e móveis e artigos para casa em grandes lojas âncora, sem falar no shopping da cidade (camelódromo). No que diz respeito ao uso institucional é notável a presença de serviços de iniciativa pública na Praça da Bandeira, com órgãos como a Prefeitura, o IPHAN, algumas secretarias e órgãos de assistência à população, como a Fundação Walter Alencar, a Casa da Cidadania, a SEMTCAS (Secretaria Municipal do Trabalho, Cidadania e de Assistência Social), entre outros. A inciativa privada também se faz presente na área, oferecendo serviços bancários de cartório. Vale ressaltar também a presença da Igreja Católica, com a Igreja de Nossa Senhora do Amparo, uma das principais arquidioceses da cidade, e também a Igreja Universal do Reino de Deus, na Praça da Bandeira. O uso institucional voltado à cultura é tímido, atualmente, apesar da importância do lugar, nesse quesito. Como exemplo, há o Museu do Piauí, com um bom acervo histórico de mobiliário, e artefatos históricos; a Casa da Cidadania, que também abriga um museu com belíssimo acervo de arte sacra piauiense; a Biblioteca Municipal Abdias Neves; o Teatro de Arena, que apesar da pouca projeção apresentada por seus eventos, ainda se encontra ativo, recebendo apresentações culturais, e aquele que um dia foi um dos maiores festivais da cidade: o Festival de Violeiros do Norte e Nordeste; e o Arquivo Público Municipal, na casa de Anísio Brito, todos eles na Praça da Bandeira. É possível citar também a previsão de construção do Museu da Imagem e do Som, com projeto do arquiteto Júlio Medeiros (responsável pelo projeto do shopping da cidade), e que se situará na Rua Barroso, ao lado do antigo edifício da Câmara dos Vereadores, à esquina da Rua Climatizada. As áreas verdes, na área de intervenção, não se restringem às duas praças, separadas apenas pelos três edifícios do Luxor Hotel, Igreja de Nossa Senhora do Amparo e o Ministério da Fazenda, e conectadas por uma passagem entre os dois últimos prédios. Apesar de não configurar uma área verde propriamente dita, a Rua Climatizada, um projeto incluído na série de medidas de revitalização do Centro, também se apresenta como um refúgio ao calor, e mais um local para descanso e apreciação da região (apesar de que, atualmente, os climatizadores não funcionam). Por último, porém não menos importante, tem-se a segunda maior área verde da cidade, que é a margem direita do Rio Parnaíba, bastante negligenciada pela população e alvo de atividades informais como a lavagem de carros. Também deve ser ressaltada a relação entre as praças do Centro, uma vez que, como dito no item 2.1 da caracterização, elas são o elemento estruturador do traçado urbano primário de Teresina. Os eixos que ligam a Praça da Bandeira à Praça Saraiva, e a Praça Rio Branco às praças Landri Sales (do Liceu) e João Luís Ferreira, além da Praça Pedro II, junto de seus equipamentos culturais, denotam a potencialidade de consolidação de um corredor cultural no centro da cidade.
13
Mapa de Uso e Ocupação do Solo da área de Intervenção Elaborado pelo autor
Mobilidade e sistema viário Como área de localização privilegiada e grande integração no contexto da cidade, a Praça da Bandeira, é uma das quatro praças no Centro que contam com terminais de ônibus, além da Avenida Frei Serafim, por onde passam todas as linhas que se dirigem a essa parte da cidade. Uma peculiaridade faz da Praça da Bandeira um local de maior fluxo de pessoas: dentre as praças com terminais de ônibus, é somente nela que param os ônibus, cujas linhas se destinam ou vêm das Zonas Norte, Leste e Sudeste (salvo algumas poucas exceções), as demais linhas relativas à Zona Sul se alimentam nas Praças João Luís Ferreira, Saraiva e Demóstenes Avelino (do FRIPISA). Nesse sentido, o fato de também ser o único local de Teresina, onde há integração entre modais de transporte, com a presença da Estação Central do Metrô, faz do local um dos principais pontos nodais na mobilidade urbana da capital.
Fonte:Plano Diretor de Transportes e Mobilidade de Teresina (2008)
Segundo dados do Plano Diretor de Transportes e Mobilidade de Teresina, a oferta máxima de ônibus na cidade, ocorre na Avenida Frei Serafim, com números da ordem de 224 ônibus por hora, sendo seguida pela Rua Areolino de Abreu (onde se situa o terminal da Praça da Bandeira), com 219 ônibus por hora, gerando um fluxo de 7.000 passageiros/hora/sentido (PMT, 2008). Acrescenta-se a isso a quantidade de passageiros do metrô (os dados quanto a este modal estão desatualizados), que é da ordem de 1.000 por dia (PMT, 2008).
N
A tabela de distribuição das viagens segundo a região de origem (ao lado) mostra um comparativo no contexto da cidade. O mesmo Plano Diretor de 2008 trata, ainda, da criação de um terminal de ônibus na Praça da Bandeira, englobando a Rua Areolino de Abreu e a área onde foi construído o shopping da cidade, em 2009, numa área prevista de 10.630 m² (PMT, 2008). Tal incoerência deixa clara a falta de comunicação entre a formulação do Plano Diretor e as medidas de ação da Prefeitura Municipal, o que resultou no abandono da proposta que constava no plano, para a instalação de paradas de ônibus simples, na rua acima citada, onde milhares de pessoas se aglutinam, desorganizadamente, todos os dias, na busca de transporte coletivo. Com esses dados é possível ver que a predominância dos meios de transporte utilizados para se chegar ao local é do transporte coletivo, sendo proporcionalmente expressivo também o uso de bicicletas. De fato, nos últimos anos, o uso do automóvel particular vem, naturalmente, se tornando uma prática quase impossível para se deslocar ao Centro. A busca por estacionamentos é exaustiva, uma vez que sua capacidade se encontra quase esgotada e os preços, em rotativos pagos, em elevação constante. A grande oferta de transporte coletivo à região central e as pequenas distâncias tem levado mais pessoas a abandonar seus carros na ida ao bairro. As reclamações, claro, são constantes. Porém, dados mostram que não faltam vagas para estacionamento no Centro: são quase 7.000 vagas em toda a região (PMT, 2008). O que se constata é o rápido crescimento da frota de automóveis na cidade.
Acima, Mapa de Hierarquia do Sistema Viário de Teresina. Fonte: PMT, 2008, p. 47 À direita, mapa esquemático do sistema viário e mobilidade da área de intervenção. Elabora pelo autor.
O sistema viário antigo, com ruas estreitas e em sentido único, não favorece o uso do carro, assim como as pequenas dimensões dos quarteirões (em média, cem metros) tornam o tráfego lento, exaurindo a paciência dos motoristas. Além disso, desde a retirada dos camelôs de algumas ruas do centro, em 2009, essas ruas se tornaram calçadões, com exclusividade para pedestres. Em algumas outras, foram implantadas zonas de traffic calm, a partir do desenho urbano, restringindo a velocidade de tráfego e priorizando o pedestre. Na área de intervenção é possível identificar que vários trechos de ruas foram fechados para pedestres, ou adotaram iniciativas como as zonas de traffic calm, tais como trechos das Ruas Firmino Pires, Riachuelo e João Cabral, no lado Norte da Praça da Bandeira, e também trechos da Rua Simplício Mendes e Eliseu Martins (referente à Rua Climatizada), no lado Leste da Praça Rio Branco. Vê-se, a partir daqui, que a malha urbana da região, e consequentemente da área de intervenção, assim como as medidas tomadas com os projetos de revitalização do Centro contribuem para o incentivo de outras formas alternativas de locomoção, como o transporte coletivo, a bicicleta e as viagens a pé, em detrimento do automóvel particular. 14
Gabarito
Patrimônio arquitetônico
A área de intervenção se caracteriza pela predominância de edifícios de baixo gabarito, com até três pavimentos. As exceções são pontuais, apenas cinco edifícios se destacam por sua altura, dentro da área. São eles, o edifício do INSS (esquina das Ruas Rui Barbosa e Areolino de Abreu), o Luxor Hotel, a Igreja de Nossa Senhora do Amparo, o Ministério da Fazenda, e um quinto edifício à esquina das ruas Rui Barbosa e Álvaro Mendes, onde é verificada a existência de comércio no térreo, porém são indeterminadas as atividades nos demais pavimentos. Essa característica se rebate no Centro como um todo, que conta com uma tímida verticalização, ao contrário de outras áreas próximas, como a região às margens do Rio Poti, que vem desde a década de 1990 sofrendo intenso processo de verticalização com a construção, principalmente, de condomínios residenciais. O baixo gabarito da área se deve tanto à produção histórica e econômica do espaço, devido à escassez de uso residencial (principal uso relacionado às edificações em altura de Teresina), quanto à sua proximidade com o aeroporto da cidade. A restrição de altura dos edifícios é imperativa, por resolução da INFRAERO, a fim de se evitar maiores complicações ao trânsito aéreo, uma vez que o aeroporto se encontra, literalmente, no meio da cidade.
A política patrimonial, em Teresina, é restrita à área central, fechando-se os olhos para as demais regiões, e ainda assim é uma política totalmente desestruturada, não existe uma gestão patrimonial de proteção e a equipe é formada somente por uma arquiteta e um fiscal. Apenas são conduzidas análises de reformas e demolições. Nesse sentido, a decadência do patrimônio arquitetônico é eminente, sendo necessário um incremento nas políticas públicas voltadas a essa questão. Além disso, não existem iniciativas no que diz respeito à consciência de patrimônio, na escala da cidade. O mapa ao lado aponta os edifícios e monumentos tombados, nas esferas municipal e estadual, assim como outros importantes, histórica e culturalmente, os quais se acredita que também deveriam ser tombados, e por fim, alguns edifícios secundários, com fachadas preservadas ou mesmo descaracterizados, mas que também deveriam ser contemplados por uma política de proteção mais eficaz. Logo após, algumas imagens ilustram esses edifícios. Vale ressaltar que o levantamento não tem a intenção de identificar os o patrimônio demolido, mas é possível afirmar que os demais lotes não avaliados no mapa provavelmente tiveram seus tipos edilícios antigos demolidos para a construção de outros contemporâneos.
Mapa de Gabaritos Existentes. Elaborado pelo autor
Mapa do Estado de Preservação de edifícios de interesse patrimonial. Indicação de quais imóveis são tombados. Elaborado pelo autor. *O critério avaliado foram as fachadas dos edifícios.
15
16
Mobiliário urbano Em termos de mobiliário urbano, a área de intervenção pode ser considerada pobre, pois apesar de ser notada a preservação de alguns bancos antigos (do começo do século passado) nas Praças da Bandeira e Rio Branco, os demais elementos do mobiliário urbano são bastante genéricos, não foram projetados especificamente para o local e não exercem atrativo sobre a população, além de não exercerem suas funções de maneira satisfatória, como é o caso das paradas de ônibus. Vale ressaltar que as duas praças ganharam novos bancos, nova iluminação e pavimentação dentro das medidas de revitalização do Centro. Contudo, muito desse novo mobiliário já se encontra depredado por estar em local sujeito a vandalismos devido à ausência de uso noturno, e pela pouca consciência coletiva de que esses elementos são um bem comum a todos.
O Rio Parnaíba O Rio Parnaíba, carinhosamente apelidado de Velho Monge, pelo poeta Da Costa e Silva, foi o elemento motivador da mudança da capital de Oeiras para Teresina em 1852. Acreditava-se que a região dispunha de vocação comercial para alavancar o crescimento da província, e o Rio Parnaíba seria o meio de se alcançar esse desenvolvimento. Desde o princípio, ele foi a mola propulsora da vida na pequena cidade de Teresina. Após o apogeu da navegação, que recebeu grandes barcos transportadores de gêneros alimentícios, produtos industrializados e pessoas, o Parnaíba entrou em processo de esquecimento (CHAVES, 1994). Até a década de 1980 e início dos anos 1990, a frente de água na região central da cidade também desempenhou papel de lazer para a população, que se refrescava em suas águas ainda salubres, e desfrutava das coroas (bancos de areia no meio do rio) para a prática de esportes, encontros e cultura. Durante época de auge, um lugar se destacou entre os demais. Chamado de Voley Bar e localizado em uma das coroas do Rio Parnaíba, ele atraía a população e promovia festivais, levando vida ao local e conectando as pessoas com aquele que, sem dúvida, é o elemento mais importante de Teresina. Contudo, o intenso desenvolvimento da cidade, principalmente de outras regiões mais próximas ao seu afluente, o Rio Poti, levaram ao processo de esquecimento do Parnaíba. Sem a navegação, as águas do rio ainda favorecem a pesca, essencial para diversas famílias das periferias da cidade. Além disso, uma atividade informal se tornou característica em suas margens, e bastante comum, inclusive, no entorno da área de intervenção: a lavagem de carros. Prejudicial ao rio, avido ao despejo de poluentes químicos em suas águas, tal atividade também se configura um problema social, pois demonstra uma incapacidade do mercado de trabalho de absorver mão-de-obra. Por outro lado, ela atrai um bom número de pessoas à região, conferindo-lhe um potencial agregador. De certa forma, ainda ausente no cotidiano da maior parte dos teresinenses, o Rio Parnaíba segue seu fluxo, nos oferecendo diversos recursos naturais, e uma paisagem exuberante, refletida em suas águas, suas margens ainda arborizadas e em um pôr do sol de encher os olhos, destacando a arquitetura de suas pontes. É necessário trazer a população de volta às suas origens, promovendo a ocupação desse espaço de extremo valor para a cidade.
17
Em sentido horário: Festival Rock no Velho Monge, no Voley Bar. Foto de Alexander Galvão. Fonte: página “Teresina meu amor” no facebook. Lazer no Rio Parnaíba. Foto de autor desconhecido. Fonte: página “Teresina meu amor” no facebook. Por do sol no Rio Parnaíba, com vista para a Ponte Metálica, patrimônio e cartão postal da cidade. Foto de Stanley Moore. Fonte: https://www.flickr.com Barco que trazia sal a Teresina. Foto de autor desconhecido. Fonte: página “Teresina meu amor” no facebook. Banho nas águas do Parnaíba. Foto de autor desconhecido. Fonte: página “Teresina meu amor” no facebook.
18
Levantamento da vida pública Nesta parte do trabalho pretende-se avaliar os atributos da vida pública e as características do local, segundo o método desenvolvido por Tenorio. Dessa forma pretende-se, como a própria autora diz, conhecer, saber observar, avaliar e, consequentemente manipular esses atributos, visando uma maior vida aos espaços públicos da área de intervenção (TENORIO, 2012, p. 180). Divididas em dois grupos, estão 27 variáveis relacionadas a um espaço público específico – uma rua, uma praça, um parque. Este número de variáveis foi obtido a partir da elaboração das tabelas do Anexo 1. Nelas, foram reunidas todas as sugestões, estratégias e técnicas essenciais dos autores estudados. Isso permitiu sintetizá-las, encaixá-las nas dimensões morfológicas correspondentes (quando pertinente), verificar sua coincidência e complementaridade, eliminar redundâncias (TENORIO, 2012, p. 180).
Uma vez que já se obtém um conhecimento razoável sobre o objeto de estudo (a área de intervenção definida aqui), é possível avaliar os dois grupos de atributos estabelecidos pela autora, que consistem em uma avaliação da vida pública e uma avaliação do espaço público. A primeira avaliação se divide também em dois grupos de itens de verificação: os sujeitos, que são aqueles que exercem atividade qualquer no espaço público, seja ela passiva ou ativa; e essas atividades ali desenvolvidas. A segunda avaliação, da mesma forma, se divide em dois grupos de elementos de configuração: os atributos globais, que são relacionados a uma área macro, onde se encontra o espaço público (praça, parque ou rua) especificamente; e os atributos locais, que dizem respeito ao espaço público em si, seu interior e fronteiras. (TENORIO, 2012, p. 181-197). Para uma avaliação mais prática e de fácil verificação visual, a autora desenvolveu tabelas, onde se atribui juízo de valor aos atributos em questão, classificando-os como bons ou ruins a partir de uma gradação de cores em cinco níveis: a cor vermelha significa o resultado mais indesejável/inaceitável, e a verde o resultado mais desejável/ideal. De forma a complementar as informações há ainda itens sem gradação, estruturados como lista de verificação, assim como espaço para comentários sobre os itens em questão (TENORIO, 2012, p. 181-182). Este trabalho usará essas tabelas como método de avaliação (baseada em observações feitas pelo autor, no local), pois acredita-se que elas contemplem uma gama bastante satisfatória de atributos do espaço público, subsidiando na identificação dos pontos positivos e negativos, a fim de se obter diretrizes de intervenção abrangentes, condizentes com a realidade do local e que favoreçam a permanência das pessoas no espaço público.
Quanto aos sujeitos da vida pública da Praça da Bandeira, é possível afirmar que o local está cheio de gente, durante o dia inteiro, apresentando uma boa distribuição das pessoas no tempo durante o horário comercial, com uma variação durante os horários de pico, porém, ainda assim a diferença não é tão expressiva. O problema que leva a avaliação não tão positiva da distribuição das pessoas no tempo é a ausência de pessoas durante a noite. Quanto à variedade de pessoas que usa a praça, os gêneros são muito equilibrados, nota-se tanto homens quanto mulheres usando o Praça da Bandeira como local de passagem. No entanto, no que diz respeito às atividades estacionárias, a quantidade de homens é razoavelmente maior do que a de mulheres, especialmente se considerarmos a quantidade de vendedores ambulantes do sexo masculino. No que diz respeito à variedade de faixas etárias, é possível dizer que praticamente não há variedade, uma vez que a quantidade de crianças e adolescentes é muito baixa, durante o dia; a presença de homens idosos, por outro lado, é considerável, mas a maioria esmagadora de ocupantes e passantes da praça é de adultos. A suposição de quais classes sociais se utilizam do local é baseada em dados socioeconômicos e na compreensão da dinâmica do lugar, analisando as atividades desenvolvidas na sua área de entorno. Nesse sentido, é possível afirmar que a Praça da Bandeira é utilizada de forma majoritária por classes mais baixas e média-baixas. A próxima tabela, faz uma avaliação das atividades:
4
5
6
7
1
Número de pessoas
5.1
Número
5.2
Duração
6.1
Ocorrência
6.2
Tipo
Permanência
Encontros
Manutenção e vigilância
A seguir, a avaliação da vida pública, quanto aos sujeitos: Não há ninguém
Não há gente passando
Passagem
O lugar está cheio de gente
7.1
Ocorrência
7.2
Tipo
8.1
Número
8.2
Origem
8.3
Tipo
[ ] O lugar possui pessoas acima de sua capacidade 2.1
Equilíbrio de gêneros
Muito desequilibrado
Muito equilibrado 8
2
Variedade de pessoas
2.2
Variedade de faixas etárias
Não há variedade
Há grande variedade
2.3
Variedade de classes sociais
Não há variedade
Há grande variedade
Há predominância de grupos
Não há predominância de grupos
2.4
3
19
Distribuição das pessoas no tempo
Predominância de grupos
Grupos: apesar da não predominância de grupos é necessário ressaltar a grande presença de vendedores ambulantes e também de prostitutas, de forma mais tímida. Péssima distribuição das pesÓtima distribuição das pessoas no soas no tempo tempo
Demais atividades
Há muita gente passando
Não há gente permanecendo
Há muita gente permanecendo
As pessoas permanecem por muito pouco tempo
As pessoas permanecem por um longo tempo
Não há gente se encontrando
Há muita gente se encontrando
[X] Os encontros são casuais [X] Os encontros são programados Não há gente mantendo ou vigiando o lugar
Há muita gente mantendo ou vigiando o lugar
[X] O local é mantido ou vigiado por pessoas contratadas para isso [X] há indício de manutenção voluntária ou vigilância informal Há muitas atiNão há atividades ocorrendo vidades ocorrendo [X] Há atividades ocorrendo no próprio lugar [X] Há atividades ocorrendo nas fronteiras do lugar [X] Há atividades ocorrendo influenciadas pela presença de pessoas [ ] O lugar costuma abrigar atividades programadas [X] Há presença de atividades passivas [X] Há pessoas observando outras [X] Há pessoas aproveitando os efeitos positivos do clima, descansando, dormindo [X] Há atividades ativas [X] Há pessoas interagindo [X] Há pessoas demonstrando afeto e alegria
A Praça da Bandeira, definitivamente, não é um local “morto”, há muitas atividades ocorrendo em seu interior e no entorno. Basicamente, por todas as funções de comércio, serviços e institucionais, além da grande oferta de transporte público, o espaço é detentor de fluxos muito altos, durante todo o dia. Contudo, como é um espaço público de desenho não tão atraente e que apresenta algumas barreiras, ele não favorece a permanência de pessoas por muito tempo, não sendo considerado um local de
destino, especificamente. A sua infraestrutura básica, com bancos e lixeiras, convida apenas a um breve descanso à sombra de suas grandes árvores, em meio ao calor de Teresina. Enquanto isso, as pessoas observam o local e o seu movimento, fumam ou tomam uma água ou picolé. Nada mais que isso. Eventuais encontros acontecem com frequência, por conta do alto fluxo de pessoas, e concentração de atividades em seu entorno. Como ponto de referência no centro da cidade, há encontros programados, porém, verifica-se que as pessoas se encontram e logo partem a outros locais, não vivenciando a praça por si só. Além disso, não há atividades programadas muito frequentemente, como apresentações artísticas, aulas de esportes, professores levando alunos para conhecer a história do local, ou mesmo um simples jogo de cartas ou dama. Vez ou outra é possível se deparar com uma aglomeração de espectadores de um breve espetáculo de malabarismo ou mágica, ou ainda com um trio de forró pé-de-serra, mas esse último caso é bem mais esporádico. São manifestações espontâneas daqueles que vendem sua arte em um local de grande movimento. O mobiliário urbano e as condições do piso e da grama do local denunciam a fraca manutenção, apesar de ser sempre possível avistar um ou dois garis varrendo e recolhendo o lixo da praça. Esse é um ponto positivo do local que, apesar de mal cuidado, está sempre limpo. Quanto à segurança formal, o policiamento é frequente, devido à proximidade com órgãos públicos muito importantes, como a Prefeitura Municipal. Não é raro ver uma viatura da polícia civil no interior da praça. Além disso, a impressão que se tem, ao observar as interações das pessoas durante alguns dias, é a de que muitos ali se conhecem e mantém o lugar sob vigilância informal, se sentindo acuados com a chegada de “estranhos” (sentimento do autor deste trabalho). No geral, essas pessoas que vigiam o lugar são aquelas que o frequentam diariamente, e o fazem a trabalho, como os vendedores ambulantes. São eles que interagem mais no espaço público, formando grupos de conversa, enquanto aguardam entre uma venda e outra. Além disso, outro grupo que se forma é das prostitutas. E essa é uma questão delicada, no que diz respeito não só à Praça da Bandeira – mas aqui cabe dizer que, dentro da área de intervenção, é uma constatação que ocorre mais visivelmente nesse espaço público específico. Durante os diversos dias em que foram realizadas visitas ao local, onde se permaneceu por muito tempo (às vezes das 07:00h às 17:00h), foi possível identificar que muitas mulheres exercem essa atividade na praça, durante toda a manhã e a tarde. No entanto, o que se pôde constatar é que ela é de uma discrição muito grande, fugindo, inclusive, de diversos estereótipos: as mulheres não abordam os homens que passam, não usam vestuário acentuadamente provocativo e tampouco têm corpos perfeitos (segundo padrões de beleza dominantes). A impressão que se tem é de que existe uma clientela fixa pois, a princípio, quem não conhece o local e as pessoas que o frequentam diariamente poderia ter dificuldades em identificar essa atividade. O trabalho dessas mulheres se restringe ao dia (assim como todas as outras atividades da área), pois à noite o local é deserto e ocupado por usuários de droga. Dito isso, concluiu-se, com a observação da vida pública do local, que apesar da presença de um grupo “problemático”, as atividades normais do espaço continuam ocorrendo, as pessoas continuam passando e eventualmente permanecendo na praça, e as prostitutas continuam trabalhando de forma a não interferir na dinâmica do local. A tabela seguinte inicia a avaliação do espaço público, através de seus atributos globais: 9.1 9
Quantidade
Espaço livre público 9.2
Dimensões
O percentual de espaço livre público sobre a área é muito grande
O percentual de espaço livre público sobre a área é muito pequeno
O tamanho médio dos espaços convexos não é consoante com o papel da área no contexto da cidade
O tamanho médio dos espaços convexos é consoante com o papel da área no contexto da cidade
10
11
12
12
Integração global
O lugar é bem irrigado por linhas integradas
11.1
Variedade
Não há variedade de atividades
Há muita variedade de atividades
11.2
Distribuição
Atividades estão mal distribuídas
Atividades estão bem distribuídas
11.3
Complementaridade
As atividades não se complementam
As atividades se complementam
11.4
Distribuição temporal
Há péssima distribuição das atividades no tempo
Há ótima distribuição das atividades no tempo
12.1
Variedade
Há pouca variedade de tipos edilícios
Há muita variedade de tipos edilícios
12.2
Distribuição
Os tipos edilícios estão muito mal distribuídos
Os tipos edilícios estão muito bem distribuídos
Densidade
Não há densidade suficiente para assegurar concentração de pessoas
Há densidade suficiente para assegurar uma ótima concentração de pessoas
Atividades
Habitação
Habitação
O lugar é mal irrigado por linhas integradas
12.3
[ ] Há excessiva densidade Pedestres
A área não está estruturada para atender aos pedestres
A área está muito bem estruturada para atender aos pedestres
Ciclistas
A área não está estruturada para atender aos ciclistas
A área está muito bem estruturada para atender aos ciclistas
13.3
Transporte público
A área não está estruturada para atender ao transporte público
A área está muito bem estruturada para atender ao transporte público
13.4
Transporte particular
A estrutura da área prioriza o transporte particular
A estrutura da área não prioriza o transporte particular
13.1
13.2 13
Mobilidade
Considerando os atributos globais, que se referem à área de entorno não imediato do espaço público, no que diz respeito à integração global a Praça da Bandeira apresenta excelente situação, em local bastante integrado e acessível, como já foi mostrado antes, neste trabalho (na página 25). Por ser uma área bem localizada e de grande importância para a cidade, mesmo que os seus espaços públicos tenham grandes dimensões (vide Praça da Bandeira e Praça Saraiva), e sejam frequentes no tecido urbano do Centro, eles recebem grande quantidade de pessoas assim como apresentam grande valor histórico. Portanto, considera-se que suas dimensões e sua distribuição espacial sejam condizentes com a área onde se inserem. Quanto às atividades do entorno, são encontradas diversas opções distribuídas em três tipos de uso: comercial, institucional e de serviços. Apesar de serem contemplados apenas esses três tipos de atividades, dentro desses arcabouços a variedade é enorme, e a distribuição no espaço é boa, considerando-se que não há setorização. Entretanto, elas não são diretamente complementares, e nem se dividem bem no tempo, devido à pequena quantidade de oferta de atividades, tais como, as culturais, as de educação, hospitalares, de lazer (em termos de lazer noturno) e, sobretudo, à verificação de um uso residencial muito rarefeito.
20
Não é à toa que as piores avaliações, até este ponto, se encontram no item 11: habitação. A quantidade de moradores na zona central de Teresina é muito baixa, e a área de intervenção é reflexo disso, contando apenas com uma unidade residencial dentro de seu perímetro. Quanto à mobilidade, o traçado urbano original do Plano Saraiva, em forma de tabuleiro de xadrez, e cujas ruas permanecem ainda estreitas e os quarteirões com pequenas dimensões, não favorecem o uso do automóvel particular, uma vez que não dá chance ao tráfego rápido e pesado. Além disso, a “escassez” de estacionamentos no centro da cidade é motivo de reclamação para os cidadãos que se locomovem com o automóvel particular. Na teoria, a estrutura da área teria tudo para favorecer os pedestres, entretanto, não o faz de forma desejável devido à péssima qualidade das calçadas, que até hoje são feitas sem qualquer planejamento. De outro lado, os ciclistas são os mais preteridos, uma vez que não se encontra nenhuma rede cicloviária no centro de Teresina. A mobilidade dos ciclistas é restrita, e eles compartilham a rua com os carros, ou em uma situação bem mais positiva com os pedestres, nos poucos trechos de ruas pedestrianizadas do bairro. O transporte público, por sua vez, é o destaque da área, quanto à quantidade de linhas e de usuários. Contudo, a estrutura da área deixa a desejar em dois sentidos principais: a largura das ruas do Centro (situação dificilmente reversível) não permite um tráfego mais rápido, como analisado anteriormente, o que gera lentidão no deslocamento dos ônibus; e a má qualidade das paradas de ônibus, que não oferecem nenhum conforto para os usuários, nem do ponto de vista ergométrico, nem do bioclimático. São apenas estruturas simples instaladas para sinalizar que ali as linhas de ônibus devem parar e ser alimentadas.
18
19
O lugar não está no nível do solo
Piso
19.1
Acesso por transporte público
19.2
Acesso por pedestres e ciclistas
Conexões
Limites e dimensões 19.4
Circulação
14
15
15
14.1
Com relação à integração global
14.2
Com relação à integração local
15.1
Clareza dos limites
15.2
Contiguidade dos limites
15.3
Separação público/privado
Localização
Limites e dimensões
Limites e dimensões
15.4
16
17
Tipos edilícios
Portas e Janelas
17.1
17.2 17
Dimensões
O lugar está distante de uma linha integrada
O lugar está em ou próxima a uma linha integrada
Os limites do lugar não estão claros
Os limites do lugar estão muito claros
Os limites do lugar têm baixa contiguidade
Os limites do lugar têm alta contiguidade
A separação público/privado não é clara
A separação público/privado é clara
O tamanho do lugar não é condizente com suas características
O tamanho do lugar é condizente com suas características
Não há variedade de tipos edilícios
Há grande variedade de tipos edilícios
Espaços convexos cegos
A proporção de espaços convexos cegos é muito alta
Número de portas
Não há portas abrindo para o lugar
Há muitas portas abrindo para o lugar
Relação público/privado
Todas as relações público/privado são indiretas
Todas as relações público/privado são diretas
Portas e janelas 17.3
O lugar está em ou próxima a uma linha integrada
20
17.4
21
Fronteiras suaves
O lugar é facilmente acessível por pedestres e ciclistas
O lugar não se conecta adequadamente com seus limites O lugar tem obstáculos ou barreiras e não atende aos requisitos de acessibilidade
20.1
Variedade
20.2
Distribuição espacial
As atividades são mal distribuídas
20.3
Complementaridade
As atividades não se complementam
Atividades nos limites e arredores do lugar
21
21
Atividades no lugar
O lugar se conecta adequadamente com seus limites
O lugar não tem obstáculos ou barreiras e atende aos requisitos de acessibilidade Há grande variedade de atividades
[ ] Há presença de moradias [ ] Há presença de estabelecimentos que comercializem comida As atividades são bem distribuídas As atividades se complementam muito bem Há variada oferta de atividades
21.1
Variedade
21.2
Distribuição espacial
[X] Há locais para sentar [BN] Os locais para sentar são muito[M]/em bom número[BN]/poucos[P] [P] Os locais para sentar são muito[M]/pouco[P]/nada variados[NV] [ ] Há bancas e quiosques que comercializem comida [ ] Há presença de elementos com água (fontes, espelhos) [ ] Os elementos com água são muito[M]/pouco[P]/nada acessíveis[NA] [X] Há espaço para atividades improvisadas ou programadas [ ] O espaço oferece apoio às atividades identificadas no levantamento As atividades estão mal distriAs atividades estão buídas bem distribuídas
21.3
Complementaridade
As atividades não se complementam
21.4
Distribuição temporal
Há péssima distribuição das atividades no tempo
Há ótima distribuição das atividades no tempo
22.1
Higrotérmico
O lugar tem péssimo desempenho
O lugar tem ótimo desempenho
22.2
Luminoso
O lugar tem péssimo desempenho
O lugar tem ótimo desempenho
Atividades no lugar
Não há espaços convexos cegos
Há grande presença de fronteiras suaves
O lugar não é acessível por pedestres e ciclistas
Não há variada oferta de atividades
22 Não há presença de fronteiras suaves
O lugar é facilmente acessível por transporte público
Não há variedade de atividades
Sobre os atributos locais, a tabela, bem mais abrangente, mostra: O lugar está distante de uma linha integrada
O lugar não é acessível por transporte público
Acesso e circulação
19.3 19
O lugar está no nível do solo
Conforto
As atividades se complementam
23
Custos
23
Custos
24
22.3
Sonoro
[B] O lugar é mal[M] /razoavelmente[R] /bem iluminado[B] à noite O lugar tem péssimo desempe- O lugar tem ótimo denho sempenho
22.4
Qualidade do ar
O lugar tem péssimo desempenho
O lugar tem ótimo desempenho
Implantação
Os custos de implantação do lugar são muito altos
Os custos de implantação do lugar são muito baixos
23.2
Manutenção
Os custos de manutenção do lugar são muito altos
Os custos de manutenção do lugar são muito baixos
24.1
Orientabilidade
É difícil orientarmo-nos nele
É fácil orientarmo-nos nele
23.1
Orientabilidade e identificabilidade
Identificabilidade 24.2
25.1 25
Significado e simbolização
25.2
26
Afetos
26
Afetos
27
Significado
Beleza, conservação e manutenção
Simbolização
O lugar tem fraca identidade
O lugar tem forte identidade
O lugar não contém elementos que remetem a valores, ideias, história, etc. caros à sua população
O lugar contém elementos que remetem a valores, ideias, história, etc. caros à sua população
O lugar não contém elementos que o façam memorável
O lugar contém elementos que o façam memorável
O lugar evoca afetos negativos
O lugar evoca afetos positivos
[X] O lugar traz sensação de segurança [ ] O lugar traz sensação de que zelam por ele [ ] O lugar traz a sensação de pertencimento 27.1
Beleza do lugar
27.2
Beleza dos seus elementos constituintes
27.3
Conservação e manutenção
O lugar como um todo é feio
O lugar como um todo é belo
Os elementos constituintes do lugar são feios/mal desenhados
Os elementos constituintes do lugar são belos/bem desenhados
O lugar e seus elementos se encontram em péssimo estado de conservação e/ou manutenção
O lugar e seus elementos se encontram em péssimo estado de conservação e/ou manutenção
Ao analisar a tabela, relacionando-a com as outras e seus respectivos comentários complementares, uma série de questões vêm à tona. Primeiramente, é possível dizer que a localização da Praça da Bandeira é extremamente favorável, e que todas as suas ruas limítrofes são muito integradas, se estendendo por grandes distâncias a norte, sul e leste de Teresina, devido à malha ortogonal da cidade. Além disso, os seus limites são muito bem definidos pelas construções que o circundam de forma contígua – essa contiguidade é quebrada apenas pelas ruas que chegam perpendicularmente à praça – configurando um espaço tridimensional não complexo, em forma de prisma retangular.
Do ponto de vista sociológico, as fronteiras definidas, e o bom número de portas e janelas abrindo para o espaço público – esse número é um pouco menor nos limites sul e leste, porém muito grande no limite norte, devido ao comércio vivo nesta parte do lugar - trazem a sensação de conforto para quem passa em suas calçadas. Essa sensação seria incrementada se houvesse mais extensões das atividades privadas para o espaço público (sem o prejuízo na clareza das fronteiras entre o público e o privado), como cadeiras ou produtos à venda na calçada. Essas “fronteiras suaves” podem ser verificadas, poucas vezes, nas lojas do lado norte da praça, à Rua João Cabral, onde alguns produtos estão expostos na calçada, atraindo visibilidade e interesse. No que tange aos acessos e circulação, o lugar é de fácil acesso no geral, principalmente por transporte público, contando com terminais de ônibus e estação de metrô em seus limites. Porém é preciso fazer algumas ressalvas. O acesso por pedestres é descomplicado, como já foi dito antes, apresentando problemas apenas na infraestrutura, tais com as calçadas estreitas, sem planejamento e não muito aprazíveis. Para os ciclistas a situação é bem mais desconfortável, uma vez que não existe uma rede cicloviária dentro da área e do entorno. Há ciclovias apenas na Avenida Maranhão, nas margens do Rio Parnaíba, conectando, parcialmente, o lugar apenas à zona norte da cidade e a Timon. Outro problema é a presença de grades no perímetro da praça, que desconectam o espaço público do que acontece em seus limites, e dificultam a circulação homogênea de pessoas por ele, restringindo passagem a apenas cinco pontos. A acessibilidade também é restritiva, uma vez que as calçadas têm rampas apenas em pontos determinados, são estreitas e contam com grande fluxo de pessoas, dificultando bastante a locomoção de um cadeirante, ou pais com carrinho de bebê, por exemplo. Esse grande fluxo de pessoas é gerado pela variedade de atividades ofertadas nos limites do lugar, especialmente no lado norte, mais movimentado não só devido ao comércio local, mas também porque é ali que se encontram as paradas de ônibus, bastante movimentadas durante todo o dia. A presença do shopping da cidade (camelódromo) a oeste, entre a Praça da Bandeira e o Rio Parnaíba, também é um intenso gerador de fluxos e atividades relacionadas. No entanto, a leste e sul da praça, os limites do lugar abrigam funções muito específicas, como órgãos públicos, instituições e um hotel, que não atraem os que por ali passam sem compromisso, nem estabelecem uma relação de complementaridade entre si e com as demais atividades. Talvez se houvessem estabelecimentos como restaurantes ou bares, essa relação seria melhor trabalhada, pois geraria um fluxo de pessoas que trabalham na área em busca de almoço, lanches, ou até mesmo de um happy hour para descanso após a jornada de trabalho. Se houvesse o uso residencial, no entorno imediato ou mais adjacente, essa relação de complementaridade seria intensificada ainda mais. Mas essas atividades não são verificadas nos limites da praça. A venda de comida é uma oferta do comércio informal, e que acontece dentro da praça. É possível verificar a venda de salgados, água de coco e bebidas não alcoólicas em horários diversos, e de marmitas, em horário de almoço. No entanto, essa atividade não contribui expressivamente para a vida pública do local, pois as opções são muito poucas, o fornecimento é limitado, já que a forma de produção se dá em pequena escala, e ela contempla apenas determinado segmento de pessoas que frequentam o lugar, portanto, nesse sentido, não configura um atrativo do lugar. Além da venda de comida por ambulantes, há também a venda de produtos eletrônicos, relógios e algumas confecções, sendo o comércio informal a principal atividade exercida no interior da praça, e concentrada próxima ao shopping da cidade. Não há variedade de atividades cotidianas. Esporadicamente é possível ver atividades improvisadas, como apresentações de artistas de rua, que atraem bastante a atenção dos que por ali passam. Além disso, o lugar não abriga muitas atividades programadas. Quando elas ocorrem, são realizadas no Teatro de Arena apenas. É facilmente perceptível que não há uma complementaridade mais ampla dessas atividades, exceto a venda de comida, que se relaciona muito bem com o comércio informal, pois ela absorve esses demais vendedores também
22
como consumidores. Também é facilmente perceptível que a área mais próxima do shopping da cidade concentra as atividades, em sua quase totalidade, deixando as demais preteridas. Elas acabam sendo mais utilizadas para as atividades passivas, como contemplação e descanso. Nessa área mais acima do terreno do lugar, funcionava uma fonte decorativa, que atraia muitas pessoas, chamando a atenção das crianças, especialmente. Hoje ela encontra-se desativada, e constitui uma grande área ociosa no espaço público, pois a estrutura das fontes é elevada e não serve nem como local para sentar-se. Quanto ao conforto, o lugar se apresenta como um verdadeiro recanto no centro da cidade, é sombreado, apresenta temperaturas mais amenas e tem partes muito tranquilas, onde é possível até ler um livro ou uma revista sem ser incomodado por ruídos. É um ótimo lugar para apreciar o testemunho da história da cidade, uma vez que é o ponto de início de Teresina. Portanto seu valor e o seu significado são imprescindíveis à população, e são simbolizados também pelo patrimônio edificado. Quanto à orientabilidade, o patrimônio exerce um papel importante, pois é possível se situar no local facilmente, pela identificação de alguns edifícios como o Museu do Piauí, o Palácio da Cidade e, principalmente, pela Igreja de Nossa Senhora do Amparo, que extrapola sua contribuição de topoceptividade para o Centro como um todo, sendo possível avistar suas torres, excelentes marcos visuais, de vários pontos da região. A questão afetiva, da população para com o lugar é muito controversa, apesar de toda a sua significância. Entende-se que, na tabela de avaliação, a menção à sensação de pertencimento se refere aos frequentadores do lugar, à sua ocupação cotidiana. Como já dito, a impressão que se tem é a de que muitas pessoas que a ocupam diariamente se conhecem, e elas interagem de forma próxima. Isso leva à percepção de que a memória coletiva do lugar vai sendo preservada por esses grupos: são ambulantes que passam boa parte do dia no local; idosos que o frequentam sempre; taxistas que observam o fluxo de pessoas enquanto conversam à sombra de uma árvore, e até mesmo prostitutas que o vivenciam e que talvez tenham percepções diferentes dele a serem compartilhadas. De certa forma, é consenso que a Praça da Bandeira é muito importante para a cidade, não somente pela sua história, mas por todas as atividades que acontecem em seus limites, sua proximidade com o Rio Parnaíba, e pela quantidade de pessoas que passam por aquela área todos os dias. Contudo, não é consensual o sentimento de pertencimento ao lugar, pela população como um todo, uma vez que muitas pessoas desconhecem sua história e até mesmo sua localização. A fim de sintetizar as avaliações contidas no levantamento da vida pública, a tabela a seguir mostra de forma mais direta quais variáveis merecem maior atenção no traçado das diretrizes: Dessa tabela síntese, à direita (e dos comentários feitos no levantamento da vida pública), é possível extrair que as principais deficiências do lugar são: 1. 2. 3. 4. 5.
Desequilíbrio entre o número de usuários do sexo masculino e feminino; Falta de atividades atrativas para crianças e adolescentes; Ausência de atividade noturna no lugar e seu entorno; Falta de atrativos que incentivem as pessoas a se demorarem no lugar; Falta de manutenção e vigilância, em parte, por conta da ausência de um gerenciamento local; 6. Fraca complementaridade de atividades no entorno e dentro do espaço público; 7. Muito escasso uso habitacional no entorno e nos limites do lugar; 8. Má qualidade das calçadas na área como um todo; 9. Ausência de uma rede de ciclovias integradas; 10. Má qualidade das paradas de ônibus; 11. Perda de espaço das ruas, por conta das vagas de estacionamento, em baliza, dos dois lados da via; 12. Pouca presença de fronteiras suaves; 23
13. Existência de grandes barreiras entre a praça e os seus limites, como por exemplo as grades que a circundam; 14. Desconexão da Praça da Bandeira com o entorno; 15. Acessibilidade reduzida; 16. Concentração das atividades em determinados pontos do lugar; 17. Mal desenho e má qualidade dos elementos constituintes do espaço público; 18. Relações de afetividade com o lugar muito específicas e particulares somente àqueles que frequentam o lugar todos os dias. É preciso estendê-las à população como um todo devido à importância e significância do lugar. Aqui fica clara a necessidade do redesenho do espaço público, oferecendo não só pavimentação, calçadas e mobiliário de qualidade, como também novas atividades que se complementem às já existentes. É imperativo atentar para a necessidade de redistribuição dessas atividades pelo espaço, de forma que haja um equilíbrio em sua ocupação, incentivando a eliminação de área subutilizadas. Da mesma forma, devem ser oferecidas atividades noturnas e de novas moradias na área, a fim de distribuir melhor as atividades no tempo, e reverter a atual situação de esvaziamento do lugar durante a noite. Sobretudo, é necessário reintegrar o lugar com os seus limites e o entorno, reconectando a Praça da Bandeira com o Rio Parnaíba, a Praça Rio Branco e a Rua Climatizada, a fim de criar um eixo de integração de espaços públicos com potencial de se constituir um destino prioritário de lazer, cultura e simbolismo para Teresina. Dessa forma, seria possível alcançar a melhoria da vida pública, atraindo gente variada, gerando segurança, vida e afetos para o espaço público.
DIRETRIZES DE PROJETO
24
Nesta seção serão apresentadas as propostas de intervenção para a área de estudo, tendo em vista o diagnóstico elaborado neste trabalho, e partindo dos objetivos gerais, que são: . Nova imagem do local, de forma que a beleza, cultura e produção do espaço sejam ressaltadas e valorizadas pela população de Teresina; . Despertar o sentimento coletivo de proteção e pertencimento ao lugar; . Reconexão das pessoas com a memória da cidade, através da valorização do patrimônio arquitetônico, e do incentivo às manifestações culturais regionais no espaço; . Reconexão da população com o Rio Parnaíba; . Reconexão entre as pessoas, de diferentes idades, diferentes classes sociais, diferentes histórias de vida.
Conexão entre as Praças do Centro: As praças do centro histórico de Teresina são conectadas por eixos muito bem definidos, que podem ser traçados pelas ruas que as conectam. A intervenção pretende ressaltar essa interligação através de piso diferenciado nessas ruas, ressaltando a importância dessas praças na memória da cidade, e também reforçando a ideia de um corredor cultural a ser estabelecido, onde esses espaços públicos seriam o foco irradiador da vida cultural de Teresina.
A Praça da Bandeira deve ser o ponto mais privilegiado da cidade. Deve assumir sua função como elemento articulador no Centro, favorecendo a conexão com todas as regiões da cidade. Deve ser o ponto crucial, o exemplo para a vida urbana da cidade. As diretrizes de projeto serão divididas e desenvolvidas em cinco grupos. São eles: conexão/integração; atividades; sistema viário e mobilidade; Redesenho da Praça da Bandeira e seus limites; e revitalização da margem do Parnaíba.
Conexão/Integração Conexão do Rio Parnaíba, Praça da Bandeira, Praça Rio Branco e Rua Climatizada: A conexão desses quatro elementos se dará pela criação de um eixo Leste-Oeste, onde a circulação deverá ser o mais livre e desobstruída possível. O isolamento físico e visual do Rio Parnaíba seja sanado, e a sua comunicação com a Praça da Bandeira seja mais direta, no nível do pedestre, permanecendo entre eles apenas a Avenida Maranhão. Em direção a Leste, esse eixo levaria ao Monumento da Coluna Saraiva, na Praça da Bandeira, e chegaria em uma inflexão em frente à Igreja de Nossa Senhora do Amparo, onde o fluxo seria dividido em dois, configurando dois corredores de passagem para a Praça Rio Branco, lateralmente à igreja, culminando na Praça Rio Branco, que possui ligação direta com a Rua Climatizada. Dessa forma, seria criado um grande espaço público, configurado por espaços de forma e limites bem definidos. No entanto, para isso, seriam necessárias a remoção do shopping da cidade, e a desapropriação de parte do estacionamento do Luxor Hotel. Mas acredita-se que a consolidação desse eixo é de importância primeira no contexto da intervenção. Além disso, sua marcação seria sensível, a partir do direcionamento feito por iluminação vertical e desenho de piso diferenciado.
Reconexão visual entre a Praça da Bandeira e o Rio Parnaíba. Sistema de espaços públicos conectados.
25
Valorização dos eixos (em rosa) que conectam as praças históricas do Centro (em verde). Sistema de espaços públicos conectados.
Integração da praça com seus limites e com as ruas adjacentes: A integração com os limites do espaço público deve começar pela eliminação de barreiras. Nesse sentido as grades que circundam a Praça da Bandeira devem ser retiradas, de forma que as pessoas possam circular entre o lugar e os seus limites a partir de diversos pontos. A integração entre o espaço público de norte a sul seria evidenciada pela ausência de meios-fios, proporcionando a sensação de que um espaço único, no mesmo nível. A separação entre via e calçada se deve se dar por meio de balizadores. De forma a ressaltar essa conexão, será proposto um desenho de piso que valorize esse direcionamento Norte-Sul. Ele também deve extrapolar os limites da praça se estendendo até as ruas transversais: Firmino Pires, Riachuelo e João Cabral.
Eliminação de barreiras (em rosa) e reconhecimento de uma unidade (em amarelo).
Atividades Implantação de moradia: O uso residencial deve ser incentivado como forma de complementar as atividades existentes e distribuir melhor as atividades no tempo, oferecendo a possibilidade de ocupação durante a noite e consequentemente aumentando a segurança do local.
A intervenção prevê a remoção do shopping da cidade, com fins de promover a integração entre os espaços públicos. Em seu lugar deve ser construído o edifício da Escola de Artes Plásticas Nonato Oliveira (homenagem ao grande artista plástico piauiense). O edifício deve ser projetado de forma a deixar o térreo livre e desimpedido, além de possuir no máximo dois pavimentos a mais, a fim de que a paisagem não seja agredida. Devem ser oferecidas aulas nos turnos da manhã, tarde e noite. A intenção dessa diretriz é promover a educação, a cultura e a disseminação da arte no espaço da Praça da Bandeira, preenchendo uma lacuna desse tipo de ensino na cidade, além de promover o uso noturno do lugar.
Corredor cultural no Centro:
A área da Praça da Bandeira resguardada de moradias (em verde). Em laranja áreas passíveis de implantação do uso misto com edifícios de até 3 pavimentos, e em roxo de até 5 pavimento.
Quiosques, bares e restaurantes: Quiosques, bares e restaurantes devem se instalar dentro dos espaços públicos, e no entorno, de forma a promover o uso noturno no lugar. Quanto a bares e restaurantes não é possível estabelecer onde eles serão instalados, restando ao projeto apenas a recomendação de que eles o sejam, classificando-os como usos preferenciais no entorno imediato da praça e na Avenida Maranhão. Já quanto aos quiosques, eles serão desenhados como parte do mobiliário da Praça da Bandeira, e serão instalados em seu interior, assim como na Praça Rio Branco e nas margens do Rio Parnaíba, cumprindo a função de venda de comida e bebidas e oferecendo lazer à população em diversas horas do dia.
Atividade educacional voltada à arte na Praça da Bandeira:
As praças do centro de Teresina devem incentivar a cultura em seus espaços, de forma a unir o patrimônio edificado ao imaterial. A construção do edifício da Escola de Artes Plásticas, aliada ao Teatro de Arena, ao Museu do Piauí, à casa da Cidadania (o edifício abriga pequenas exposições) e ao Mercado Velho, e também o patrimônio arquitetônico da Praça da Bandeira, a colocarão dentro do circuito, sendo ela um dos irradiadores da vida cultural na cidade, juntamente com a Praça Saraiva, onde se encontra a Casa de Cultura, e a Praça Pedro II, onde estão o Theatro 4 de Setembro, o Clube dos Diários e o Centro de Artesanato.
Comércio formal e informal: O comércio formal deve ser fortalecido como atrativo de público para o lugar. Devem ser incentivadas as fronteiras suaves, e as pequenas unidades, de forma que mais portas se abram para as praças e as ruas. A intervenção proposta abraça o projeto da Prefeitura de restauração do Mercado Velho, tornando-o um polo de gastronomia, comércio de artesanatos e produtos regionais. Os vendedores ambulantes habilitados para o shopping da cidade retornarão às ruas, seu local natural de trabalho. Porém, desta vez, de forma organizada e planejada, conformando feiras em ruas pedestrianizadas e no calçadão da orla do Rio Parnaíba. Os vendedores da feira permanente da Rua João Cabral serão reorganizados em balcões (com desenho integrado ao do mobiliário da área) onde poderão expor seus produtos. Da mesma forma os vendedores ambulantes que usam o espaço da Praça serão reorganizados, usufruindo de mobiliário adequado às suas funções (venda de produtos pequenos como eletrônicos, roupas íntimas e vestuário). Eles serão posicionados em local de passagem, de forma que não sejam prejudicados. Pipoqueiros, sorveteiros, vendedores de balas, picolés, entre outros serão bem-vindos no espaço.
Atividades lúdicas e entretenimento: O espaço deve oferecer atividades frequentemente, a exemplo do Bryant Park, um dos estudos de caso que embasaram este trabalho. Para isso, sugere-se que a administração da Praça da Bandeira seja terceirizada, tomando-se as devidas providências na esfera pública para a fiscalização do gerenciamento do local.
Mobilidade e sistema viário Reestruturação viária: Escola de Artes em azul. Pólos de cultura existentes na praça, em laranja. Consolidação de um circuito cultural dentro da própria praça.
Será proposta reestruturação viária da área de intervenção, intervenção esta que poderá servir de modelo para adoção em outras áreas do centro da cidade. É previsto alargamento das calçadas, que serão projetadas seguindo a legislação local, deverão ter no mínimo 2,5 metros de largura, sempre que possível, com faixa de serviço e mobiliário e ser universalmente acessíveis. Para isso é preciso que a largura da via seja diminuída. Hoje, no centro de Teresina, 26
é muito comum, em quase todas as ruas, ver carros estacionados em baliza, dos dois lados da rua, restando apenas uma faixa para circulação de veículos, em sentido único Os trechos de ruas compartilhadas, dentro da área de intervenção, devem ser mantidos. No caso da Rua Simplício Mendes, o trecho de rua compartilhada deve ser estendido até a Praça do Liceu, conectando-a, com a Praça Rio Branco e a Praça Saraiva, consolidando o corredor cultural, em trecho onde a prioridade é dada ao pedestre. Demais conexões nesses moldes podem ser adotadas.
A estrutura elevada do metrô deve ser demolida, e é sugerida a substituição deste modal por uma linha duplicada de VLT. As alternativas para a conservação da estrutura existente não são coerentes com as demais diretrizes do projeto, uma vez a conservação da mesma vai no sentido contrário ao da eliminação de barreiras. As intenções projetuais se justificam na baixa demanda de uso deste modal (em torno de 15000 passageiros por dia), nas condições precárias de sua operabilidade e nos elevados custos para uma futura melhoria e duplicação da linha, sem falar nos custos econômicos de desvalorização da área, consequentes da imposição de uma estrutura tão agressiva à paisagem.
Ônibus: O transporte coletivo, sob a modalidade de ônibus, deve continuar sendo o principal meio de locomoção utilizado no local. A intervenção prevê a necessidade de redesenho das paradas de ônibus, de forma que elas ofereçam maior conforto aos seus usuários. Deve se considerar a possibilidade de sua transferência para o lado esquerdo da via, prevendo sua instalação no interior da Praça da Bandeira, a fim de que sua ligação com a estação do metrô seja mais direta.
Redesenho da Praça da Bandeira e seus limites Mobiliário: Ruas pedestrianizadas. Em linha contínua, consolidação de situação atual. Em pontilhado, proposta de novos trechos de ruas peatonais.
O lugar deve aparentar ser bem cuidado e ter elementos configuradores bem desenhados, proporcionando conforto para seus usuários. Nesse sentido, a intervenção prevê o redesenho de mobiliário da Praça da Bandeira, tais como, bancos, bancas de revista, iluminação, espaço de compartilhamento de livros (reativando o espaço de leitura Torquato Neto, sob novo formato), identidade visual sistemática e mobiliário interativo para crianças. Deve-se atentar para a acessibilidade universal desses equipamentos, quando for necessário. Redesenho e Reativação das fontes:
Ciclovias e ciclofaixas: Um estudo mais aprofundado da mobilidade e do sistema viário, a ser realizado, deve indicar quais ruas são adequadas e preparadas (em termos de dimensões) para receber as ciclofaixas. Deve haver uma rede cicloviária integrada, visando atender ao Centro e conexões. A ciclovia existente na Avenida Maranhão deve ser redesenhada e redimensionada juntamente com a calçada da orla do Rio Parnaíba.
No lugar das fontes que ainda existem na praça, mas se encontram desativadas, devem ser instaladas novas fontes, projetadas para serem acessíveis, permitindo a interação com o elemento água. Piso:
Metrô:
A demolir em rosa. Reconexão visual entre a Praça da Bandeira e o Rio Parnaíba em amarelo. Linha de VLT, em duplo sentido, em verde.
27
Identificação de uma unidade através de piso em mesmo nível. Sugestão visual de direcionamento às bordas da praça, levando ao patrimônio e atividades que a margeiam
O piso deve ser pensado sob a ótica da integração dos espaços, ele deve exercer função de unificador do espaço público e suas fronteiras, extrapolando os limites da praça. Não deve ter desníveis, como meios-fios ou escadarias, seguindo a topografia natural do terreno. Seu desenho deve ter forma que aponte para as direção norte-sul, alongando-se nesses sentidos. Ele deve, ainda, ser pensado de forma a não agredir as árvores da praça e dos canteiros centrais, contando com golas ou áreas de gramado quando necessário. Contudo, é desejável que a área de piso ocupe um percentual elevado do espaço público, permitindo a circulação livre de pessoas por todas as áreas, de forma a evitar espaços subutilizados.
Arborização e canteiros: A maioria das árvores do local devem ser mantidas, de forma a preservar o conjunto paisagístico e oferecer sombra na maior área possível. No entanto, no local, verifica-se algumas áreas com alta densidade arbórea, prejudicando algumas atividades, por configurar locais mais escuros. Isso deve ser evitado, por meio da derrubada de algumas espécies vegetais, de modo a reduzir essa densidade.
A calçada da Avenida Maranhão, à margem do rio, deve ser pensada de forma a oferecer opções, como ciclovia, largo passeio, arborização e mobiliário próprio.
Troca-troca: O Troca-troca deve ser incorporado ao projeto de forma integrada. Suas atividades devem ser mantidas, e deve se ter o cuidado em intervir de forma a não prejudicá-la. Com esse conjunto de diretrizes espera-se superar a atual situação, e reverter o quadro de descaso com a praça e o rio, onde a área será dotada de espaços públicos acessíveis, confortáveis, seguros, vivos e diversos, reconectando a população ao Centro e à memória da cidade de Teresina.
Juntamente à vegetação de grande porte, devem ser desenhados, também, canteiros para o plantio de forração e arbustos, priorizando espécies regionais e/ou brasileiras. Canteiros comunitários para o plantio de gêneros alimentícios podem ser implantados, pois eles contribuem para a vigilância informal do lugar e a geração de afetos positivos com o espaço público.
Revitalização da margem do Parnaíba Instalação de píer: A margem do rio deve ser valorizada por meio de projeto paisagístico, e a valorização da água é o ponto principal. Às pessoas deve ser possibilitado o acesso a ela, seja para se sentar e olhá-la ou para pescar, e até mesmo para um mergulho. O píer deve possuir parte linear, percorrendo um trecho da margem, o oferecendo uma promenade aos usuários do local, mas também deve possuir uma área mais generosa, que possa dispersar os usuários, possibilitando-lhes a distância pública de interação. Nessa área mais generosa devem haver quiosques com guarda-sóis e cadeiras.
Áreas lúdicas em azul. Atividades passivas e de contemplação em verde. Atividade comercial com bares e restaurantes em laranja. Em pontilhado amarelo área de contato maior com as águas do Rio (bancos de areia)
Quiosques: Os quiosques devem ser desenhados como parte do mobiliário integrante da área. Podem possuir detalhes que os diferenciem dos quiosques da praça, como forma de identificar áreas diferentes através de pequenas alterações no desenho. Eles devem oferecer comida e bebida, e terem funcionamento noturno, também.
Atividades na água: As atividades na água devem ser oferecidas com segurança, por se tratar de um Rio de grande porte, cujas águas podem apresentar forte corrente e potencial ameaça aos usuários. Isso deve ser levado em consideração no processo de projeto.
Lazer nos bancos de areia: O Rio Parnaíba apresenta bancos de areia durante quase todo o ano. Esses bancos de areia, popularmente conhecidos por “coroas”, podem ser um foco de atividades de recreação. Nesse sentido, deve ser projetada uma ligação, aos pedestres, da margem para as coroas. Ela pode ser uma extensão do píer e ter inclinação direta, ou ser horizontal com finalização em rampa para o acesso universal. Deve se considerar a presença de quiosques também.
Desenho de mobiliário em calçada:
28
O PROJETO
29
30
Plano de Mobilidade Mapa elaborado pelo autor
Corredores metropolitanos Fonte: PMT, 2008, p. 50
LEGENDA: Rota de ônibus (existente) O
Parada de ônibus Linha duplicada de VLT (trecho de aproveitamento do leito do metrô existente) Linha duplicada de VLT (trecho novo proposto)
V
Estação de VLT Ciclovia ou ciclofaixa proposta
B
Ponto de aluguel de bicicleta Trecho de rua pedestrianizada existente Trecho de rua pedestrianizada proposto Perímetro da área de intervenção Área livre pública
31
Primeiramente, para melhorar a mobilidade na área central da cidade, e em especial, na área de intervenção, é essencial diminuir o número de automóveis particulares que por ali circulam. O centro de Teresina, é por sua configuração, uma área usada majoritariamente por pedestres. No entanto, seu espaço de circulação é inadequado e bastante inferior ao destinado aos automóveis. Além disso, apesar da implantação das primeiras faixas preferenciais para ônibus, nos últimos anos, o deslocamento destes ainda é lento e atrapalhado pelas inúmeras conversões realizadas pelos carros particulares. Nesse sentido, o projeto prevê a redução da oferta de estacionamento, nas ruas da área de intervenção, como forma de restringir o acesso de carros ao Centro. Com o uso do automóvel particular dificultado, uma parcela maior da população passará a usar o transporte coletivo como meio de acesso à região. Uma vez aumentado o número de passageiros, espera-se que haja uma pressão muito maior (agora por parte de classes sociais diversas) sobre o governo local a fim de que haja uma melhoria substancial no sistema de transporte público. As consequências tendem a ser a melhoria física dos veículos, reordenamento da frota, criação de corredores exclusivos, onde possível e necessário, maior velocidade média de tráfego, e até mesmo redução na tarifa. Vale ressaltar que essas consequências viriam a longo prazo, na medida em que um processo gradual de redução da oferta de estacionamentos na região fosse ocorrendo. É necessário que as medidas sejam implantadas de forma assistida, analisando a contrapartida da população e as melhorias na vida pública da área. Para isso, dois pontos principais do Plano Diretor de Transportes e Mobilidade de Teresina devem ser postos em prática: o funcionamento de oito terminais de integração, dois em cada zona da cidade, e o reordenamento das linhas de ônibus em alimentadoras, troncais e interterminais. Nesse sentido, o projeto sugere a implantação do sistema BRT, nas principais vias arteriais da cidade, com potencial para a instalação de corredores exclusivos e estações de pagamento antecipado. São elas: Avenidas Centenário e Duque de Caxias, na Zona Norte; Pres. Kennedy e João XXIII, na zona Leste; e Paulo Ferraz e Henry Wall de Carvalho, na zona Sul. Essas vias são identificadas no mapa de corredores urbanos (na página ao lado), e todas levariam à região central da cidade, uma parcela maior da população, com rapidez, conforto e numa rede integrada de transportes com grande capacidade. A fim de complementar e otimizar a mobilidade no Centro, o projeto prevê uma rede de ciclofaixas na região, promovendo também a integração entre modais de transporte. Para isso, é proposta a instalação de pontos de aluguel de bicicletas próximos a locais estratégicos, como paradas de ônibus, praças e pontos turísticos. Por fim, a intervenção prevê a demolição do trecho da linha de metrô em viaduto, e a substituição da linha férrea por uma nova linha de VLT, em duplo sentido.
Mas por que acabar com o metrô de Teresina? Metrô versus VLT O motivo dessa decisão de projeto vem a partir da incoerência entre a megaestrutura existente, a sua demanda diária de passageiros e o potencial paisagístico da área em questão. Atualmente, o metrô de Teresina opera em uma estrutura de trilhos ferroviários muito antigos, que não permitem uma velocidade de deslocamento maior. Além disso, a linha tem sentido único, e com trens em péssimo estado de conservação. Todos esses fatores, levam à baixa operabilidade do sistema. Esse meio de transporte atende, hoje, um contingente de apenas 15000 pessoas por dia, em média, realizando 12 viagens de ida e volta, em uma linha com apenas 13,5Km de extensão. Os custos financeiros são mais altos que os lucros. Os custos econômicos são imensuráveis, consequência da segregação espacial oriunda da falta de planejamento na instalação da linha de metrô, que hoje constitui uma barreira clara, em boa parte de sua extensão. A situação se torna mais grave, na área de intervenção, onde a estrutura elevada compromete agressivamente a qualidade do espaço, o potencial paisagístico, histórico e social de uma área de importância primeira para a cidade.
Durante o processo de projeto foram analisadas três alternativas e uma delas foi escolhida para ser representada em projeto. Vale ressaltar que qualquer uma delas seria coerente com as diretrizes de projeto. As alternativas, suas vantagens e desvantagens são: 1. Não demolir a estrutura elevada do metrô completamente; Realocar a estação para quarteirão próximo à praça; Demolir trecho de viaduto entre a Praça da Bandeira e o Rio Parnaíba. A vantagem dessa alternativa é o menor custo financeiro das operações propostas. Porém uma das desvantagens é o menor ganho econômico, a longo prazo, uma vez que estas medidas seriam paliativas, tendo em vista que a conexão visual entre a praça e o rio seria restabelecida, mas a estrutura elevada continuaria sendo um elemento de segregação e desvalorização do entorno imediato. Além disso, em alguns trechos, a linha do metrô segue em trincheiras ou taludes acima do nível da rua, rasgando o tecido da cidade e rompendo a continuidade de muitas ruas. Embora, ainda haja viadutos sobre a linha do metrô, estas não são soluções atrativas ao pedestre e solucionam de forma muito pontual os problemas causados por tal barreira. 2. Demolir a trecho do metrô em viaduto completamente; Retomar o antigo funcionamento da linha, com seu ponto final até a estação da Matinha, a cerca de 1,2km da Praça da Bandeira; Implantar sistema de BRT não apenas nos corredores metropolitanos, mas também na área central da cidade; Integrar todos os modais com redes cicloviária e sistema de aluguel de bicicletas, como complemento de percursos. Essa alternativa tem como vantagens a desobstrução da Avenida Maranhão e a reconexão do rio com o seu entorno, a fácil absorção da demanda de passageiros do metrô pelo sistema de BRT, o baixo custo de implantação desse sistema, em comparação com o sistema metroviário, e se utilizaria do meio de transporte que já predomina na cidade: o ônibus. Contudo, a dificuldade de implantação de corredores exclusivos e estações nas ruas muito estreitas da região, as pequenas dimensões dos quarteirões e a grande quantidade de cruzamentos, e o forte impacto visual das estações a serem implantadas em áreas de valor patrimonial, configuram impasses à instalação desse sistema na frágil região do Centro. 3. Desativar a linha de metrô; Demolir a estrutura elevada; Implantar o sistema de VLT, aproveitando o leito da via ferroviária existente; Implantar o sistema de BRT em vias arteriais e expressas da cidade, como forma de absorver a demanda de novos usuários do transporte público; Implantar faixas preferenciais de ônibus no Centro; Integrar todos os modais com redes cicloviária e sistema de aluguel de bicicletas, como complemento de percursos. As vantagens dessa alternativa são a desobstrução e reconexão das visuais do Rio Parnaíba com o seu entorno; o VLT, que é dotado de infraestrutura discreta, alimentado por energia limpa e opera em nível do solo, permite restabelecer a continuidade das ruas no tecido da cidade e a conexão visual rompida pela linha do metrô em desnível; o aumento da capacidade de usuários do transporte público; o sistema de BRT seria implantado em áreas mais adequadas à sua operabilidade, potencializando suas qualidades, e por fim, o número de percursos a pé e de bicicleta aumentaria, favorecido pela combinação de VLT + BRT + redução da oferta de estacionamentos + vagas com parquímetro. Com isso, a população teria maior contato com a cidade, afinal, dirigir não permite apreciar a cidade e não propicia o contato entre pessoas. Andar de ônibus, trem, de bicicleta e a pé sim! Nesse sentido a intervenção adota as medidas previstas na alternativa de número 3, uma vez que se mostra mais completa para uma maior urbanidade e melhoria da vida pública da cidade.
32
A intervenção se baseia nesse esquema de pirâmide invertida, onde o automóvel particular se encontra na base. Com poucos privilégios e espaço reduzido nas ruas; o VLT, modal de média capacidade se encontra acima, em seguida o ônibus, que continuará a ser o principal meio de transporte público na cidade; a bicicleta, com seus percursos aumentados, devido à implantação de rede cicloviária e, por fim, o pedestre no topo da pirâmide, com seu espaço de circulação valorizado ao máximo possível em toda a área de intervenção.
33
25% de calçada no perfil viário existente
A Avenida Maranhão recebe a intervenção mais transformadora do projeto, com aumento da caixa viária, avançando sobre talude subutilizado à margem do Rio Parnaíba, de forma a comportar um calçadão largo com ciclofaixa. O piso único de blocos intertravados, com desenho diferenciado e a redução da velocidade da via para 40km/h favorecem a escala do pedestre. As palmeiras e os postes de iluminação dão ritmo, monumentalidade e fazem a proteção dos pedestres em relação ao tráfego da via. O leito do VLT em grama aumenta a área de permeabilidade do solo.
41% de calçada no perfil viário proposto
34
30% de calçada no perfil viário existente
A Rua Coelho Rodrigues, em seu trecho ao lado da Praça da Bandeira ganha um generoso calçadão, valorizando a arquitetura de valor patrimonial e convidando os transeuntes a permanecerem e se aproximar da memória e identidade de Teresina. O piso em único nível dá a ideia de unidade com a praça, enquanto o desenho diferenciado da calçada define bem a área.
66% de calçada no perfil viário proposto
35
37% de calçada no perfil viário existente
Neste outro ponto a Rua Coelho Rodrigues se configura atualmente como uma das mais movimentadas do Centro, devido à intensa atividade comercial e à proximidade com o calçadão da Simplício Mendes (trecho de rua de pedestres existente). Nesse sentido, é fundamental o alargamento das calçadas, e a implantação de mobiliário urbano, oferecendo possibilidade de descanso a quem por ali passa. A arborização é muito bem-vinda em qualquer contexto, na cidade de Teresina, oferece sombra e ameniza as altas temperaturas.
59% de calçada no perfil viário proposto
36
38% de calçada no perfil viário existente
A Rua Rui Barbosa é uma importante via de chegada na praça e conexão com outros espaços públicos e áreas de intenso comércio. Tendo em vista a diferenciação, a fim de atribuir uma identidade a essa rua, é proposta uma vegetação característica da cidade, a carnaúba. Como palmeiras tem sombra escassa, é também proposto mobiliário com bancos e pergolado, oferecendo sombra e favorecendo a permanência e encontros.
46% de calçada no perfil viário proposto
37
43% de calçada no perfil viário existente
Neste outro ponto a Rua Rui Barbosa apresenta grande fluxo de pedestres, que desembarcam dos ônibus e se dirigem aos seus trabalhos. Nessa direção, a rua também faz a conexão entre a Praça da Bandeira e a Praça Saraiva. O alargamento das calçadas, o piso em nível único e a presença de mobiliário para descanso convidam o pedestre a não somente passar por ali. A continuidade das palmeiras contribui também para a topoceptividade dentro da região.
67% de calçada no perfil viário proposto
38
38% de calçada no perfil viário existente
Atualmente, a rua Firmino Pires não é muito movimentada, se comparada à maioria das ruas do centro comercial. Tendo em vista isso, o projeto prevê atribuir a essa via o papel de importante acesso à Praça da Bandeira com a implantação de ciclofaixa que se estende no sentido sul. A faixa verde, com pavimento em concregrama aumenta a permeabilidade do solo e recebe vegetação para sombreamento. A largura de 1,20m, quando somada à da faixa de rolamento de 3,00m, faz as vezes de acostamento quando necessário, em caso de acidentes, evitando a obstrução da via. No mapa índice, em amarelo, outros trechos de rua, onde o perfil viário proposto será aplicado.
42% de calçada no perfil viário proposto
39
37% de calçada no perfil viário existente
A Rua Riachuelo é o típico exemplo de rua do centro de Teresina, com caixa viária estreita e vagas informais em baliza, dos dois lados. O projeto sugere “formalizar” essa situação onde há apenas uma faixa de rolamento efetivamente, e vagas em baliza, regulamentadas por parquímetro, o que propicia rotatividade durante o dia. No mapa índice, em amarelo, outros trechos de rua, onde o perfil proposto será aplicado.
51% de calçada no perfil viário proposto
40
100% de calçada no perfil viário existente
Este trecho da Rua João Cabral, ao lado do Mercado Velho, é ocupado atualmente por uma feira permanente de frutas, verduras e produtos naturais. No entanto as visuais são completamente obstruídas e o ambiente é insalubre. A intervenção sugere a liberação das visuais, e o reordenamento desses feirantes em módulos integrados ao mobiliário da região, tornando-se um espaço bastante atrativo, com a venda de produtos regionais, durante todos os dias da semana.
100% de calçada no perfil viário proposto
41
34% de calçada no perfil viário existente
A Rua Simplício Mendes é um dos eixos mais importantes dentro da área de intervenção. É a rua pedestrianizada mais importante do Centro, com comércio bastante consolidado e abrangente. A proposta de continuidade de trecho para pedestres até a Praça do Liceu transforma essa rua num grande sistema de espaços públicos conectados, abrindo diversas possibilidades de ocupação e usos, como feiras, bares, performances e eventos durante 24h por dia.
51% de calçada no perfil viário proposto
42
A Praça e a orla do Parnaíba: O que preservar/valorizar ou demolir/transformar? Preservar: Vegetação Monumento da Coluna Saraiva - 01 Bustos e estátuas - 02 Teatro de Arena - 03 Troca-Troca - 04 Edifícios tombados ou de interesse patrimonial - 05
Valorizar: Visuais ao entorno da praça e edifícios históricos Visual de conexão entre o Rio Parnaíba e a Praça da Bandeira Visuais do Rio Conexão entre a Praça da Bandeira e a Praça Rio Branco Conexão com demais praças do Centro Rua Climatizada - 06
Demolir: Grades Shopping da Cidade - 07 Metrô - 08
Modificar: Desenho de Piso Fontes antigas - 09 Talude à margem do rio
Preservar
Espaço de Leitura Torquato Neto - 10
Valorizar visual
Valorizar conexão Valorizar Demolir Modificar 43 Planta de Situação Atual | Escala 1:1500
05
05
09
02
07
01 05
06
10
02 03 08
04
05
05
05
05
05
44
A Praça e a orla do Parnaíba: Qual a mudança? De acordo com as diretrizes de preservação e transformação lançadas na planta de situação atual, e tendo em vista a planta de situação proposta pela intervenção é possível perceber que as modificações na Praça da Bandeira e na orla do Rio Parnaíba são: A valorização do monumento da Coluna Saraiva (01), e dos edifícios de interesse patrimonial (05) foi feita através de marcação pelo desenho de piso, delimitando áreas amplas de contemplação destes elementos, e destacando sua importância através de cor; Os bustos e estátuas (02) permanecem, se situando em locais de grande fluxo; O Teatro de Arena (03) é valorizado, se encaixando no conjunto do desenho de piso, e o seu fundo é retomado também como elemento principal, recebendo um espelho d’água com bancos, favorecendo a permanência e permitindo a apreciação de painéis existentes em sua lateral; O Troca-Troca agora pode ser acessado não só pela sua frente, na Avenida Maranhão, mas por todo seu perímetro, potencializando duas funções e estabelecendo-o como figura importante no calçadão da orla; As visuais importantes são valorizadas, a partir da liberação de barreiras; O shopping da cidade (07) e a estação do metrô (08) foram substituídos por dois edifícios enterrados, onde é proposto o uso institucional voltado à educação artística: uma escola de música e uma escola de artes plásticas com galeria de arte, sendo esta um volume que aflora na superfície e coloca quem passa por ali em contato com arte em seu cotidiano; O novo desenho de piso é pensado de forma a unir, destacar e trazer identidade ao local. A cor rosa destaca locais de grande importância para a memória do lugar como a margem do rio e o marco zero da cidade, e ainda indica importantes eixos de conexão, valorizando a ideia de um sistema de espaços públicos conectados. Vale ressaltar que o desenho de piso atual não convida as pessoas a permanecer na praça, uma vez que é linear, como grandes corredores. A ideia com a proposta é de criar áreas abertas e pavimentadas onde possam ser exercidas diversas atividades, favorecendo a ocupação cotidiana, através de atividades lúdicas, físicas, artísticas, educacionais, etc.; A antiga fonte (09) que existe no local é liberada, e substituída por outra entre a Igreja de Nossa Senhora do Amparo e o monumento da Coluna Saraiva, trazendo um outro elemento paisagístico de valorização para esse eixo, e ao mesmo tempo oferecendo uma opção de lazer e melhoria do microclima. É importante dizer, que a presença de água na Praça da Bandeira é um elemento de memória do lugar, no entanto, a forma das fontes antigas não, uma vez que ela não é apreendida pelo nível do pedestre; O espaço de leitura Torquato Neto sofre uma releitura e é realocado em outra área da Praça, em um formato mais aberto e interativo, com mobiliário adequado, e próxima a uma banca de revistas; Por fim, a orla do Rio Parnaíba é completamente transformada. São criados dois níveis de calçadão, um em nível com a Avenida Maranhão, e outro abaixo, mais próximo da água, em conformação de deck. Entre esses dois níveis é criada uma faixa de transição com circulação vertical, patamares de permanência e um espaço com cascatas e fontes, uma opção para se refrescar de forma mais segura e divertida. Ao longo desses calçadões é proposta atividade comercial. Ao nível da avenida, uma feira livre, que abrigaria os ambulantes habilitados no shopping da cidade (também distribuídos ao longo de ruas pedestrianizadas). No deck de madeira, quiosques, bares e restaurantes, oferecendo opções de lazer diurno e noturno.
Preservar
Valorizar visual
Valorizar conexão Valorizar Demolir Modificar Uso proposto: comércio Uso proposto: serviços Uso proposto: institucional educacional Uso indesejado: potencial de modificação
45 Planta de Situação Proposta | Escala 1:1500
05
05
10 07 02 01 09
05
06
02 03
08
04
05
05
05
05
05
46
Balanços
A Praça e a orla do Parnaíba:
Espaço de Memória
O que vai ter? Feira do Troca-Troca
Escola de Artes Plásticas e Música
Feira Livre
Bares e Restaurantes
Cascatas e fontes
Prainha
Aproximação com a água
Quiosques
47
Galeria de Artes Nonato Oliveira
Novo Espaço de Leitura Torquato Feira Li- Neto vre Mercado Velho (gastronomia e artesanato)
Esculturas Interativas
Museu Coluna do Piauí Saraiva
Mesas de xadrez
Quiosques
Fontes
Marco Zero da cidade
Igreja de N. Sra. Do Amparo
Rua de pedestres 24h Praça Rio Branco
Futuro Museu da Imagem e do Som Rua Climatizada
A Praça: E o patrimônio?
Edifício tombado Edifício de interesse patrimonial Conexão visual
48
O projeto E a vegetação? A vegetação em Teresina é indispensável devido às elevadas temperaturas, comuns durante todo o ano. Tendo em vista isso, a intervenção tem preocupação primeira com o sombreamento dos espaços públicos, de forma a favorecer sua ocupação e a permanência das pessoas. A Praça da Bandeira apresenta uma grande massa arbórea, o que atrai a população, uma vez que a temperatura sob suas copas é mais agradável, se tornando um refúgio para a população. pensando nisso, o projeto prevê a arborização das ruas do entorno, tornando o percurso de chegada à Praça da Bandeira mais agradável para o pedestre e o ciclista. Já dentro da Praça, por questões tanto estético-simbólicas quanto funcionais, se fez necessária a exclusão de alguns espécimes vegetais, a fim de liberar visuais e passagens, como também tornar algumas áreas de cobertura muito densa mais claras. Afinal, o excesso de vegetação e a consequente escuridão podem configurar espaços propícios a práticas não desejáveis no espaço público.
Vegetação preservada Vegetação excluída Vegetação proposta
49
O projeto E o mobiliário urbano? A Praça da Bandeira, como já dito antes, é carente de uma imagem positiva, de um espaço bem cuidado. Em parte isso se deve ao mobiliário genérico e escasso, que não oferece diferentes possibilidades de ocupação do espaço público. Dessa forma, a intervenção vê o estudo preliminar de um mobiliário como de fundamental importância para a paisagem do espaço, uma vez que um desenho integrado ao projeto constrói toda a identidade da Praça da Bandeira.
50
51
52
53
54
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEXANDER, C.; ISHIKAWA, S.; SILVERSTEIN, M. A pattern Language. New York: Oxford University Press, 1977. BRITTO, Fernanda. The Social Life of Small Urban Spaces - Recursos Hídricos 16 May 2013. ArchDaily Brasil. Disponível em: <http://www.archdaily.com.br/96986/the-social-life-of-small-urban-spaces-recursos-hidricos>, acessado em 17/11/2014.
TERESINA meu amor. Disponível em: <https://www.facebook.com/pages/TERESINA-MEU-AMOR /272388342841711?fref=ts>. Acesso em agosto de 2014. VIEIRA, Julio. O retrato de uma Teresina esquecida. Brasília, 2014 WHYTE, William. The social life of small urban spaces. Nova York: Project for Public Spaces, 2009.
CHAVES, Monsenhor. Teresina: Subsídios para a história do Piauí. Teresi-na: Fundação Cultural Monsenhor Chaves, 1994. DEL RIO, Vicente. Voltando às origens: A revitalização de áreas portuárias nos centros urbanos. Arquitextos 015.06 ano 2, ago. 2006, disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/02.015/859>, acessado em 17/11/2014. GEHL, Jan. Life between buildings: using public space. Copenhagen: The Danish Architectural Press, 2006. GEHL, Jan. Cidades para pessoas. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2013. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990. HOLANDA, Frederico de. O espaço de exceção. Brasília: Editora Universi-dade de Brasília, 2002. IBGE. Disponível em: <http.://www.ibge.gov.br> Acesso em: setembro de 2014. IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Dossiê para proteção: Praças: Mare-chal Deodoro, Rio Branco, Saraiva, João Luís Ferreira, Landri Sales e da Costa e Silva. Teresina: IPHAN, 2008. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2007. LEFEBVRE, Henri. La revolucion urbana. Madri: Alianza Editorial, 1972. LERNER, Jaime. Autorretrato. Veja, São Paulo, n. 2108, p.93, 15 abr. 2009. Entrevista concedida a Okky de Souza. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/150409/p_093.shtml>, acessado em 17/11/2014. MEDEIROS, Ana Elisabete. Patrimônio – visão geral. Reabilita: Brasília, 2013. PPS, Project for Public Spaces. Bryant Park. New York, 2001. Disponível em: <http://www.pps.org/great_public_spaces/one?public_place_id=26>, acessado em 17/11/2014. SANT’ANNA, Márcia.”El Centro Histórico de Salvador de Bahia: paisaje, espacio urbano y patrimônio”, publicado em Fernando Carrión (editor), Centros Históricos de América Latina y el Caribe. Quito: UNES-CO/BID/MCC/FLACSO, 2001, pp. 177-197. TENORIO, Gabriela. AO DESOCUPADO ENCIMA DA PONTE. BRASÍLIA, ARQUITETURA E VIDA PÚBLICA. Brasília, 2012. TERESINA. Plano de desenvolvimento sustentável: Teresina Agenda 2015. Teresina: Prefeitura Municipal de Tere-sina, 2002. TERESINA. Plano de desenvolvimento sustentável: Teresina Agenda 2030 (diagnóstico). Teresina: Prefeitura Muni-cipal de Tere-sina, 2013. TERESINA. Plano Diretor de transportes e Mobilidade urbana de Teresina. Teresina: Prefeitura Municipal de Teresina, 2008. 56
57
58