ENTRE
VOCĂŠ & EU voz urbana sobre preconceito
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Entre você & eu Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro DSG1032 - Projeto Final em Comunicação Visual Graduação em Design Habilitação em Comunicação Visual 2014.2 Aluna Julliane Soares Alberigi Orientação Roberta Portas Gonçalves Rodrigues Flavia Nizia da Fonseca Ribeiro
AGRADECIMENTOS A minha família, por todo apoio, dedicação e amor incondicional durante todos esses anos. Apesar de até hoje não entenderem no que consiste ser um Designer, sempre estiveram ao meu lado me dando suporte, carinho e acreditando em mim. A minha orientadora e tutora, Roberta Portas, por todas as contribuições, questionamentos e ensinamentos que durante esse processo, os quais me ajudaram a enriquecer cada vez mais o projeto. Nos momentos de exaustão mental, onde nem eu acreditava mais em mim, apoiava-me e dava-me inspiração em buscar coisas novas e aprofundar mais os meus estudos. Às vezes parecia entender mais a idéia que eu gostaria de passar do que eu mesma, sempre me ajudando a focar nos meus objetivos e não ficar viajando por caminhos errados. Não tenho palavras suficientes pra agradecer por todo apoio, atenção, dedicação e colaboração que me deu durante este período. Ademais, obrigada pela carta de recomendação que me deu em 2012 para poder seguir meu sonho e fazer o tão desejado intercâmbio. Você fez parte de uma mudança pessoal e profissional minha tão grande que não faz idéia. A vontade de fazer este projeto e as indignações que trago quanto ao comportamento da sociedade provêm desse choque cultural vivenciado neste ano fora. Dessa forma, agradeço mais uma vez por ter me possibilitado viver esta experiência e trazer esses questionamentos para cá. Por fim, agradeço por todas as palavras de incentivo, brincadeiras, momentos de sufoco, aprendizado e toda a ajuda que você me deu, não só neste período, mas em toda minha trajetória acadêmica.
AGRADECIMENTOS
A Flavia Nizia, minha segunda orientadora, que permaneceu comigo até o final deste projeto. Acompanhou todo o desenvolvimento da pesquisa e se colocou sempre atenta e esperançosa perante o meu desenvolvimento. Agradeço também pelo apoio durante todos esses anos de faculdade e por estar presente, acompanhando o meu desenvolvimento do início até esta etapa final. A todos aqueles que foram orientadores não oficiais deste projeto e que com seus comentários ajudaram no seu desenvolvimento. Ao Fábio Lopez, por todos ensinamentos e incentivos a buscar sempre melhorar o meu trabalho e me instigar a buscar mais referências. Agradeço também por ter mostrado interesse e estado presente em todo o processo deste projeto. Agradeço a Julia Ayres, Marina Magalhães e Mirella Toledo, por todo apoio e dedicação em me ajudarem a fazer este projeto. Nos momentos em que já estava exausta e sem inspiração, o apoio delas foi essencial, desde o momento de pesquisa e entendimento do projeto até a etapa final de desenvolvimento do produto. Ao Luiz Favilla e Clara Baluz, por toda a ajuda com textos e frases criativas para este projeto. A minha irmã, Amanda Alberigi por estar ao meu lado em todos os momentos e servir para mim como inspiração. Ao meu cunhado, Carlos Eduardo, por me ajudar em todos os momentos que preciso e por ter servido de modelo quando estava passando sufoco neste projeto.
AGRADECIMENTOS
Aos modelos deste projeto, Maria Helena, Rodrigo, Eelco e Thainan. Obrigada por seus depoimentos inspiradores e por me ajudar a tornar real este projeto. A todos meus amigos, que me ajudaram e deram apoio nos momentos mais difíceis, por me ouvirem reclamar da vida, de projeto e de mil e outras coisas. Muita obrigada por sempre estarem ao meu lado. Agradeço especialmente aos meus queridos amigos de curso, que estiveram presentes e compartilharam anseios, descobertas e muitas risadas durante esses quatro longos anos de PUC. Muito obrigada Julia, Marina, Mirella, Lais, Catherine, Nakitta, Mariana V., Victor Hugo, Carlos, Nathalia, Dora, Mariana C., Vinicius, Olívia, Eliza, Luma, Thais, Kevin, Douglas, Maria Eduarda, Marcelo, Carol, Ana Carol, Thaissa, e muitos outros queridos que fizeram parte desta trajetória. Aos meus colegas de trabalho, obrigada pelo apoio emocional e por toda ajuda durante o processo de investigação deste projeto. Agradeço a todos que, durante este projeto, me deram depoimentos que fizeram com que eu quisesse continuar cada vez com este trabalho, seja por algum comentário muito preconceituoso ou por comentários que inspiravam a continuar. Todos foram uma forma de motivação em perseverar neste estudo.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Foto retirada do Google Images ao buscar
Figura 8. Ilustrações retiradas do site oficial da ne-
pelo nome “Geisy Arruda”. Página 11.
grahamburguer. Página 24.
Figura 2. Foto retirada do Google Images ao buscar
Figura 9. Stop telling woman to smile. Página 25
pelo nome “Aynouk Tan”. Página 19.
Figura 10. Livro “Stick up!”. Página 25.
Figura 3. Campanha “A obesidade começa na infância’.
Figura 11 e 12. Lammily Doll. Página 26.
Página 20.
Figura 13. Foto retirada do Google Images ao buscar por
Figura 4 e 5. Matéria “Campanhas publicitárias contra
“barbie e lammily”. Página 26.
vários tipos de preconceito”. Página 20 e 22.
Figura 14. Fat girl and boy Tinder. Página 27.
Figura 6. “As melhores publicidades sobre questões
Figura 15. Arte urbana em Amsterdã. Página 29.
sociais”. Página 22.
Figura 16. Arte de bansky na rua. Página 30,
Figura 7. Ilustrações retiradas do site oficial de Carol
Figura 17. Exemplos de Lambe-Lambem. Página 21.
Rossetti. Página 23.
Figura 18. Imagens retiradas do GettyImages. Página 33.
SUMÁRIO DEFINIÇÕES
INTRODUÇÃO Sobre o projeto
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Abordagem
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Objetivos
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Suporte impresso urbano
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Público trabalhado
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Entrevistas
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Partido adotado
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CONTEXTO Cenário em que vivemos
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Individualidade
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Preconceito e discriminação
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PROCESSO
Estereótipo
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Primeiros estudos
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Segundos estudos
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Terceiro estudo
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Ensaio fotográfico
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Quartos estudos
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REFERÊNCIAS Aynouk Tan
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Campanhas Publicitárias
20
Ilustrações
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Arte Urbana
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CONCRETIZAÇÃO
Boneca “Normal”
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Produto final
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Experimento Social
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Especificações
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Na rua
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANEXOS
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SOBRE O PROJETO INTRODUÇÃO
O projeto pretende discutir questões sociais e comportamentais presentes no nosso cotidiano, através de uma sequência de três cartazes que estarão dispostos nas ruas e muros da cidade, buscando chamar a atenção de todos que por ali circulam. Entre você & eu propõe uma reflexão sobre as nossas atitudes preconceituosas com relação a outras pessoas. Tenta-se frisar que entre nós todos não há diferença, pois somos todos seres humanos e é necessário que haja respeito. No decorrer deste projeto pude entrar em contato com diversas pessoas que vivem este cenário, as quais foram atingidas pelo preconceito em algum momento. Poder trazer essa experiência empírica para o trabalho foi uma contribuição importante, além de bastante gratificante. Ademais, o contato com pessoas vítimas de preconceito permitiu o desenvolvimento deste trabalho se desnudasse de quaisquer pré-julgamentos. Neste documento será possível compreender o processo de investigação e concretização do projeto. Estes estudos e experimentos embasaram o desenvolvimento do projeto realizado para conclusão do curso de graduação em Design da PUC-Rio.
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OBJETIVOS INTRODUÇÃO
O projeto tem como objetivo principal fomentar o questionamento da sociedade acerca de questões sociais que envolvem preconceito, estereótipo, discriminação e qual seria o nosso papel diante dessa realidade. As sociedades contemporâneas protagonizam um sistema social segundo o qual quem tentamos ser e a nossa aparência possuem maior importância do que a nossa verdadeira essência. Muitas pessoas ofuscam sua individualidade por receio do julgamento alheio. Proponho com este projeto uma ação urbana que promova a reflexão das pessoas acerca das suas atitudes e dos seus pré-conceitos. Infelizmente, sabe-se não ser possível acabar com o preconceito e a discriminação de todas as pessoas que compõem a sociedade, no entanto, espera-se, através da reflexão aqui proposta, reduzi-los por meio da sensibilização do público, que contará com novos valores.
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CONTEXTO Cenário em que vivemos
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Individualidade
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Preconceito e Discriminação
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Estereótipo
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CENÁRIO EM QUE VIVEMOS CONTEXTO
A discriminação é latente na sociedade, seja por questões sociais, de aparência, de sexo ou religiosas. Diversas empresas estipulam como requisito para contratação de suas secretárias a “boa aparência”. Contudo, tal requisito se mostra extremamente subjetivo, pois a boa aparência pode ter significado diferente para cada pessoa. No entanto, tenta-se camuflar uma preferência pela contratação de pessoas que se enquadram nos padrões de beleza da atualidade. A mesma situação acontece na contratação de vendedores de lojas de roupa, onde as mulheres devem ser magras e belas como top models e os homens devem ser fortes, com músculos trabalhados e abdômen definido. Um caso de grande repercussão na mídia foi a situação vivida pela então estudante Geisy Arruda, que, em outubro de 2009, foi hostilizada pelos alunos da sua universidade, Uniban, por usar vestido rosa “curto e justo demais”, que não era compatível, no entendimento destes alunos, com o seu tipo físico. Geisy foi humilhada, vaiada, xingada, resultando na sua saída da faculdade cobrindo-se com um jaleco, em tentativa de esconder o vestido (e o próprio corpo), escoltada por policiais que contiveram a multidão de alunos com o uso de spray de pimenta. Outro caso internacionalmente conhecido por pré-julgamento de aparência é o da atriz Danièle Watts, que, em setembro de 2014, foi apreendida por policiais por ser confundida com uma “prostituta” apenas devido à sua aparência.
Figura 1. Geisy Arruda, com o famoso vestido rosa.
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CONTEXTO
CENÁRIO EM QUE VIVEMOS
Os fatos acima apontados acontecem porque a aparência física possui papel significativo na formação e no desenvolvimento dos estereótipos, visto ser a forma mais simples de diferenciar e homogeneizar os membros de determinado grupo. Deve-se ressaltar que o julgamento pela aparência fundamenta outras formas de preconceito, como aquele com relação a pessoas tatuadas, com cabelos com cores exóticas e com piercings. É comum ouvirmos histórias de indivíduos que precisam cobrir suas tatuagens no trabalho, seja porque seu empregador proíbe que seus funcionários tenham tatuagens ou piercings, seja porque as outras pessoas os desmerecem profissional e intelectualmente pelos seus adornos. Em contato com pessoas tatuadas, ouvi alguns relatos quanto ao modo com o qual a sociedade lida com o excesso de tatuagens no corpo. Várias pessoas que possuíam apenas uma tatuagem não percebiam tanto o pré-julgamento dos outros. No entanto, quem possuía o braço e o pescoço todo coberto de desenhos ou, até mesmo, a cabeça tatuada relatou que as pessoas os encaravam na rua e muitas vezes mantinham distância, como se tivessem medo. Outros contaram que seus familiares manifestaram receio de terem dificuldade de conseguir emprego devido aos desenhos no corpo. As discriminações e pré-julgamentos não ocorrem apenas no campo da aparência física, mas também nas questões sociais, comportamentais e sexuais. Ainda que se lamente, existem várias pessoas homofóbicas. Basta a leitura das manchetes dos jornais para se perceber a freqüência com a
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CONTEXTO
CENÁRIO EM QUE VIVEMOS
qual casais homoafetivos são agredidos, física e verbalmente, por expressarem seu amor em público. Muito desse preconceito, quanto à orientação sexual, advém de crenças religiosas. As Igrejas, de modo geral, ainda pregam que o casal deve ser composto por homem e mulher. Qualquer cenário diferente deste é repudiado por estas instituições. Assim, sendo a sociedade brasileira essencialmente religiosa, o preconceito ainda é grande. É importante esclarecer que nem todos os religiosos são preconceituosos, bem como nem todos os preconceituosos são religiosos. Há aqueles que defendem o paradigma da família sem qualquer ligação com práticas cristãs. Nesse sentido, os estereótipos impactam a forma pela qual as informações são processadas e, consequentemente, influenciam no comportamento interpessoal. Eles são usados para justificar o preconceito e os atos discriminatórios. Vivemos em uma sociedade na qual somos escravos da aparência, onde julgar o livro pela capa tornou-se regra instituída. As pessoas estão cada vez mais avessas a aceitar que “somos todos diferentes, mas todos iguais”. Convivemos com as diferenças diariamente, seja na tradição, cultura, crenças, costumes, línguas e aparências. Somos todos seres humanos racionais, pensadores e reflexivos. Portanto, somos iguais. Devemos respeitar os outros, independente das diferenças pontuais.
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INDIVIDUALIDADE CONTEXTO
Entende-se individualidade como um conjunto de atributos que desenvolvem a originalidade, no caso, a unicidade do indivíduo, e que a distingue de outras tantas. O caminho para os outros entenderem a nossa individualidade é quase sempre complicado. É mais simples viver de forma superficial o que acreditamos ser do que nos aprofundarmos na descoberta de quem realmente somos. Dessa forma, está intrinsecamente ligada à identidade do indivíduo, visto que esta é o conjunto das características e de traços próprios dele ou de sua comunidade. A individualidade se manifesta como externalização do ser. A pessoa expõe a sua identidade para o mundo. Todavia, a forma como a sociedade encara esta expressão de identidade varia. Há quem veja com maus olhos uma pessoa coberta de tatuagens e piercings, por exemplo, quando, na verdade, esta pessoa apenas tenta mostrar para o mundo e para si o que sente e o que acredita, utilizando-se dos adornos.
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PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO CONTEXTO
O preconceito está intrinsecamente ligado ao estereótipo. Isto porque preconceito nada mais é do que um conceito pré-estabelecido sobre alguma coisa ou pessoa. É uma opinião formada antecipadamente e que não possui verdadeiro fundamento. Esse conceito estabelecido se manifesta através de atitudes discriminatórias de pessoas em função de crenças, de sentimentos e de comportamentos. O pré-julgamento se dá pautado nos conceitos incutidos na sociedade. Busca-se incansavelmente atingir o modelo ideal de corpo, mente, objetivo de vida. Qualquer situação que se afaste do dito modelo ideal é rapidamente condenada pelas pessoas, até mesmo por aquelas que também se encontram em situação diversa da ideal. A discriminação é consequência do preconceito, quando este deixa de fazer parte apenas do pensamento do preconceituoso e ganha forma através de ações. A atitude discriminatória atenta contra a dignidade da pessoa humana, prejudicando a vítima em seu contexto social, cultural, político e econômico.
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ESTEREÓTIPO CONTEXTO Os conceitos de estereótipo, de preconceito e de discriminação são bastante próximos, o que ocasiona muita confusão entre eles, embora tenham significados diferentes. Os estereótipos são considerados como o componente mais cognitivo e muitas vezes ocorrem sem percepção consciente, enquanto o preconceito é o componente afetivo dos estereótipos. Já a discriminação, por sua vez, é o componente comportamental de reações prejudiciais. Nessa visão, dentre esses três conceitos, os estereótipos refletem as expectativas e crenças sobre as características dos membros de grupos percebidos como diferentes do próprio, enquanto o preconceito representa a resposta emocional e a discriminação refere-se a ações. O autor Marcos Pereira, em Psicologia Social dos Estereótipos, afirma que a atribuição do estereótipo se dá, inicialmente, quando uma pessoa imagina e define o mundo a sua volta e, em seguida, observa-o. A interpretação daquele que estereotipa estaria fundamentalmente associada à sua cultura, a qual determinaria a noção interna sobre o mundo externo. Assim, já haveria uma opinião pré-formada, de acordo com os códigos da cultura, para analisar o mundo antes mesmo de observá-lo. No livro “Stereotype and Stereotyping”, o autor pede para o leitor exteriorizar os grupos sociais que vêm à sua cabeça ao pensar em “Europeus” e “Americanos”. Assim, monta-se automaticamente retratos característicos dessas pessoas mentalmente, generalizando as impressões que se possui desta cultura. Como exemplos de estereótipos, pode-se dizer que os gregos são amáveis, os irlandeses bebem demais e os negros afro-americanos são animados.
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CONTEXTO
ESTEREÓTIPO
“This type of thought process reflects the most traditional conceptualization of stereotypes whitin social psychology, in which stereotypes are considered to be the “Pictures in the head” of individuals looking out into their social worlds. But stereotypes also exist from the point of view of the person who is being stereotyped. Consider the African American man who is repeatedly denied employment because the White employers in his neighborhood have decided that blacks are lazy and ignorant. Or the frustration of a Catholic woman in Northern Ireland who is denied admission to a major university because of her religion. In these cases, the effects of stereotyping are much more than the simple “Picture in the head would indicate”. “ (Macrae, C. Neil, 1996, pp 3) Certamente, a discriminação dos indivíduos nas hipóteses da citação acima provém da crença da ideia negativa sobre os públicos atingidos. No entanto, o maior problema para a pessoa estereotipada é que o seu estereótipo não existe apenas para uma ou algumas pessoas. Várias pessoas atribuem o mesmo valor, de modo que não se trata de problema individual, que ocorreria em casos únicos e pequenos. Nesta hipótese, não há a possibilidade da pessoa poder ir a outra empresa procurar por emprego diferente, ou mesmo se inscrever para outra universidade. Entretanto, quando o estereótipo é um consenso compartilhado pela sociedade, suas consequências tornam-se muito mais perniciosas, porque um grupo de pessoas em comum é todo afetado por esse julgamento, que não atinge somente uma pessoa, mas várias. Do mesmo modo, não é praticado apenas por um grupo de pessoas, mas pela maioria da população.
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REFERÊNCIAS Aynouk Tan
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Campanhas Publicitárias
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Ilustrações
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Arte Urbana
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Boneca “Normal”
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Experimento Social
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AYNOUK TAN REFERÊNCIAS Jornalista de moda, artista performática, antropóloga cultural e empresária. Aynouk Tan aborda a temática de como a indústria da moda tem moldado a nossa realidade diária, influenciando nossa concepção de quem somos e de quem tentamos ser. “Fashion allows you to be who you want to be. But in reality... it is about who you are!” Seu trabalho foi grande inspiração para o meu projeto, porque ele aborda a teoria da moda, mostrando situações de nossa vida diária, como clipes, propagandas e fragmentos de programas de TV, de uma forma que nos faz refletir quanto à nossa percepção do mundo e de nossas atitudes. Durante os eventos e palestras realizados, Aynouk Tan tenta conscientizar as pessoas por meio de uma abordagem chocante, principalmente com sua própria forma de se vestir, sobre o poder da moda e da forma como esse sistema funciona. Seu objetivo é que reflitamos e encontremos o caminho para expressar a nossa individualidade. > clique aqui para assistir a palestra
Figura 2. Aynouk Tan
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CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS REFERÊNCIAS
“Winter Collection” New Ark Mission of India Esta campanha publicitária para New Ark Mission of India busca mostrar a falta de roupa para crianças indianas no inverno. Esta época do ano é muito difícil para as crianças de rua, porque depois de um longo e quente verão, vem um inverno com condições climáticas rigorosas para quem mora neste meio. Esta campanha incentiva a doação de roupas.
“L’obésité commence des le plus âge” Ministério da Saúde, França Esta campanha publicitária para o Ministério da Saúde da França destaca o crescente problema da obesidade em crianças. A ilustração caracteriza uma imagem de um sorvete, no formado de uma grande barriga, com a mensagem de que “a obesidade começa em uma idade jovem.”
Figura 3 e 4.
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REFERÊNCIAS
CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS
Considerações As duas campanhas abordam uma crítica de cunho social sobre obesidade e pobreza. No entanto, a mensagem é trabalhada de forma extremamente diferente. Na campanha sobre obesidade infantil, apesar de estar lidando com um assunto sério, a mensagem não é tão chocante quanto na questão da pobreza, por estar usando uma imagem de sorvete divertida. Quando olhamos uma pessoa acima do peso, o que mais nos incomoda é o fato dela poder ser magra mas não querer. Portanto, é uma situação que se a pessoa quiser, por força de vontade, consegue mudar a situação. Já no caso da pobreza, a mudança não acontece de imediato, existem muitos outros fatores sociais envolvidos. É uma abordagem chocante que causa angústia. Ao olhar a imagem e o título “winter collection”, pelos trajes precários usados pela menina, conseguimos associar que esta não possui renda para comprar uma roupa melhor e, portanto, sente frio no inverno. Ademais, ao concluirmos que esta não possui dinheiro e usa trajes precários, podemos dizer, também, que não possui dinheiro para comprar comida, logo, é magra. E esta magreza pode estar associada aos padrões estéticos estipulados pelo mundo da moda.
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REFERÊNCIAS
CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS
“Viver com aids é possível. Com preconceito não.” Ministério da Saúde, Brasil Cartaz desenvolvido pelo Governo Federal, uma campanha de conscientização da AIDS e das suas formas de transmissão, retrata o fato de muitas pessoas ainda terem receio de chegar perto de alguém que seja portador da doença.
“Your skin color shouldn’t dictate your future” LICRA (Ligue Internationale Contre Le Racisme et l’Antisémitisme) Campanha contra o racismo, visando mostrar que a cor de sua pele não deve definir quem você é no futuro.
Considerações A abordagem desses dois trabalhos ao lado são extremamente contrastantes. No primeiro, está tratando de um assunto muito delicado que é a doença HIV, onde muitas pessoas sofrem preconceito por portar esta doença que não tem cura. O que mais me encanta é a forma positiva como foi trabalhado este assunto. Ele mostra uma situação de aceitação e felicidade. Quando você olha para essa imagem você se sente bem e feliz. Por outro lado, a abordagem da segunda imagem é chocante, principalmente por estar lidando com crianças indefesas em relação a um assunto tão crítico e delicado. O julgamento pela classe social e cor de pele sendo iniciado logo ao nascer, com bebês que não têm como se posicionar quanto a esta situação. É um choque de realidade. Figura 5 e 6.
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ILUSTRAÇÕES REFERÊNCIAS
Ilustrações de Carol Rossetti A ilustradora Carol Rossetti mostra através de seus desenhos uma luta contra o machismo, bem como veicula ideias que tornam a mulher mais livre, segura e feliz. Na sequência, a ilustradora também abordou temas como o racismo e a homofobia, problemas que são universais.
Considerações A ilustradora conseguiu trazer de forma divertida e leve temas que são bem fortes e críticos do nosso dia-a-dia. É interessante a forma como ela retrata situações de pré-julgamento específicas em decorrência da incidência de celulite, de tatuagens e opção por não ter filhos. Problemas subliminarmente presente no inconsciente de todos, mas pouco discutido abertamente.
Figura 7.
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REFERÊNCIAS
CAMPANHAS PUBLICITÁRIAS
Negahamburguer Negahamburguer vem realizando um trabalho de denuncia as situações de opressão e de preconceito sofrido por mulheres, principalmente, fora dos padrões estéticos de corpo. Padrões frequentemente reproduzidos pela grande mídia e normatizados pela sociedade, mas que provocam situações de conflito psicológico, desconforto e até mesmo segregação.
Considerações O que mais me encanta neste trabalho é a forma como a personagem Negahamburguer dá voz a milhares de mulheres por meio de ilustrações, nas quais, por sua vez, retratam a violência de gênero e os preconceitos produzidos por uma sociedade permeada por padronizações estéticas. Suas ilustrações mostram toda essa problemática de forma lúdica e inspiradora, expondo o corpo da mulher sem restrições.
Figura 8.
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ARTE URBANA REFERÊNCIAS
Tatyana Fazlalizadeh A artista postou suas peças em uma rua de Nova York para falar de abusos verbais que as pessoas sofrem na rua, Considerações Este trabalho foi muito inspirador para meu projeto. A forma como ele retrata estereótipos e preconceito, utilizando-se da figura humana (em expressão não muito satisfatória) com uma frase curta e direita, são detalhes que apliquei em meu projeto.
Morley O artista postou sua arte pelas ruas de Los Angeles, na qual faz uma crítica ao ato de se apaixonar nos relacionamentos da atualidade.
Figura 9.
Considerações Este trabalho, juntamente com o da Tatyana Fazlalizadeh, foi muito importante para o meu processo criativo. Morley usa uma tipografia em caixa alta e pesada, como se estivesse gritando sua mensagem e, nesta, traz uma crítica direta e chocante.
Figura 10.
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BONECA “NORMAL”
Figura 11 e 12.
REFERÊNCIAS
Lammily Doll Lammily é uma boneca americana desenvolvido por Nickolay Lamm em 2014. A boneca foi desenvolvida como uma alternativa para linha Barbie da Mattel, que gerou controvérsia sobre sua imagem corporal e proporções. Lammily possui proporções reais de um ser humano, diferente da boneca Barbie, que segue um padrão corporal humanamente inalcançável. Essa boneca é levada para uma escola onde crianças da segunda série dão sua opinião sobre a Lammily x Barbie. Celulite, estrias e padrões realistas de beleza A linha de bonecas Lammily possui um kit de acessórios que reproduz estrias, celulites, espinhas, sarda e outros padrões realistas de beleza. Nickolay Lamm conta que o objetivo deste projeto é mostrar a realidade e, apesar de não ser perfeita, pode ser bem legal e inspiradora. Considerações Este projeto é relevante para levantar críticas quanto aos padrões impostos pela sociedade. Retratar as proporções humanas e características realistas em uma boneca, mostrando que isto também é beleza, simplesmente faz deste projeto muito inspirador para o meu trabalho. E, os comentários das crianças quanto à carreira da Barbie x Lammily é algo que nos faz refletir quanto à estereotipação da aparência das pessoas com sua carreira profissional. > assista a reação das crianças Figura 13.
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EXPERIMENTO SOCIAL REFERÊNCIAS
Tinder x Aparência O Simple Pickup, canal no youtube, realizou um experimento pra ver a reação dos seres humanos com a quebra de expectativa. Escolheram fotos bonitas, onde os modelos se encontravam com roupa de banho e mostrando o corpo em forma, para o aplicativo de encontro (tinder). Entretanto, no momento do encontro, foram utilizados artifícios (enchimentos, truques de maquiagem, entre outros) para que os modelos aparentassem um corpo acima do peso, destoando da expectativa da pessoa que iria encontrá-los. Considerações Este experimento foi bastante relevante para o projeto, pois ele mostra como as pessoas, ao esperarem por alguém que fosse um ideal de beleza, reagem quando este não cumpre com suas expectativas e possui uma parência física fora do padrão. A relação da forma como as pessoas reagiram entre homem e mulher é espantosamente diferente. Os homens que foram se encontrar com a mulher gorda, ficaram revoltados e ofendidos pois esperavam uma modelo de revista. Já as mulheres que foram se encontrar com o homem gordo, estranhavam mas continuavam a conhecê-lo. Neste experimento, fica ainda mais evidente que, apesar de ser um problema para todos, a mulher sofre bem mais preconceito quanto à aparência física que o homem. > experimento com a mulher > experimento com o homem
Figura 14.
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DEFINIÇÕES Abordagem
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Suporte impresso urbano
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Público trabalhado
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Entrevistas
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Partido adotado
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ABORDAGEM DEFINIÇÕES
Nas ruas das cidades podemos ver diversas formas de manifestações, sejam elas para expressar sentimentos, valores, ideologias ou insatisfações. Cada vez mais esses tipos de manifestações vêm tomando força e sendo utilizadas como canal de expressão para dar voz e visibilidade às motivações de seus artistas, oferecendo ao público obras que permitam redescobrir o espaço urbano através da arte. Artistas escolhem as ruas como sua galeria, muitas vezes com o objetivo de se comunicar diretamente com o público em geral, livres de limites estipulados do mundo formal. Artistas de rua, por vezes, apresentam conteúdos socialmente relevantes juntamente com valor estético, com o objetivo de atrair a atenção para uma causa ou como forma de “provocação artística”. Essa manifestação artística pode ocorrer através do grafite, intervenções urbanas, cartazes, fragmentos de pôsteres que se encontram dispostos em muros, placas de metal, telas, canteiros de obras e vários outros espaços e equipamentos urbanos. As técnicas utilizadas são as mais diversas possíveis, sempre buscando trazer uma estética de fácil leitura e compreensão, mas, ao mesmo tempo, que chame a atenção e instigue o usuário. Artistas de rua costumam viajar entre cidades e países a fim de difundir seus projetos. Alguns desses já ganharam a atenção do mundo com seguidores e com a mídia à sua volta, e passaram a produzir comercialmente nos Figura 15.
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DEFINIÇÕES
ABORDAGEM
estilos que fizeram o seu trabalho conhecido nas ruas. Banksy (pseudônimo de um grafiteiro inglês, pintor e ativista político) é um exemplo de artista que ganhou o mundo com sua arte de rua satírica e subversiva combinada de humor negro e grafite. Seus trabalhos possuem um cunho social e político e podem ser encontrados em ruas e em muros de cidades por todo o mundo. Alguns artistas de rua usam do “vandalismo inteligente” como forma de sensibilizar para essas questões supracitadas. Outros artistas de rua simplesmente veem o espaço urbano como um formato inexplorado para o trabalho artístico pessoal, enquanto alguns podem apreciar os desafios e os riscos que estão associados com o ato de colocar estas obras de arte ilícitas em lugares públicos. Visto que, muitas vezes, a apropriação do espaço urbano pode ser dada de forma guerrilheira, tornando este ato uma forma de manifestação. E é este contexto que inspira, desafia e confirma o poder da expressão urbana, que pode ser visto como um movimento social e uma experiência estética que procura produzir novas maneiras de perceber o cenário urbano trazendo uma reflexão para o usuário.
Figura 16. Arte de banksy
Acredito que a arte de rua é uma plataforma poderosa para atingir o público e uma forma potente de expressão para questões sociais. Por esses motivos, escolhi apropriar-me da expressão urbana como forma de abordagem para o meu projeto e usar da rua seu meio de comunicação e exposição.
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SUPORTE IMPRESSO URBANO DEFINIÇÕES
É possível ver nas ruas grafites, stencil, stickers e cartazes colados em postes, muros, pontos de ônibus e outros lugares similares. São muitas opções de suportes disponíveis para tornar real essa “expressão urbana”. Para o meu projeto, trabalharei com cartazes impressos dispostos na rua, usando a técnica de Lambe-lambe. O lambe-lambe consiste em pôsteres colados em lugares urbanos. É possível produzi-los em massa, portanto, permite que entregue a mensagem complexa em grande número de locais. É uma técnica de ação direta para se comunicar com as pessoas que estão passando na rua e tal repetição faz com que elas se familiarizem com a mensagem, aumentando as possibilidades de reflexões sobre ela. É importante enfatizar que este pôster será visto à distância, portanto é preciso que a imagem seja simples e o texto legível e ambos transmitam essa mensagem de forma direta.
Figura 17.
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PÚBLICO TRABALHADO DEFINIÇÕES
São inúmeros os preconceitos observados no dia-a-dia. Preconceito consiste em um juízo pré-concebido, expressado por meio de atitude discriminatória. Tornou-se corriqueiro o julgamento de pessoas pelo seu corpo, quando este não está de acordo com os padrões estéticos estipulados pela sociedade, refletidos na televisão, nas revistas, nas academias e etc. Se a pessoa não possui um corpo sarado ou simplesmente magro já é considerado gordo. E se, por acaso, for magro demais, já deduzem que a pessoa está com algum distúrbio alimentar. Se possuir tatuagens visíveis espalhadas pelo corpo (braço, pescoço, cabeça e etc.), as pessoas logo pré-julgam, lançando olhares de desdém e menosprezando a atividade intelectual que possa ser desenvolvida pelo tatuado. Se o indivíduo possui essas tatuagens, piercings e cabelo colorido, é tido como um “completo esquisito”. Em pleno século XXI, ainda existem muitas pessoas que não aceitam relacionamentos homossexuais. Como vimos nas eleições deste ano, candidatos, como Levy Fidelis, expuseram comentários extremamente preconceituosos e homofóbicos, tendo afirmado que “aparelho excretor não reproduz”. É defendido um paradigma da família, com filhos havidos de relações sexuais e famílias formadas por casais heterossexuais. No entanto, atualmente, as famílias se transformaram. As pessoas se unem pelo amor
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DEFINIÇÕES
PÚBLICO TRABALHADO
Figura 18.
que sentem umas pelas outras, independente do gênero sexual. As crianças adotadas ou concebidas pelos métodos de reprodução assistida têm direito a uma família que lhes dê amor e atenção, independente de seus pais serem hetero ou homossexuais. O homossexualismo ainda é bastante estereotipado. As pessoas o veem como se homens homossexuais tivessem tendências femininas e a mulher homossexual tivesse trejeitos masculinos. Há, na verdade, devido à falta de informação, confusão entre homossexual, transsexual, cross-dresser, travestis e etc. Desta forma, o trabalho se desenvolve com foco nos três grupos supracitados: físico, adornos no corpo e orientação sexual. Representar, através dos cartazes, preconceitos vividos nesses grupos. Com relação ao preconceito físico, destaca-se a questão da mulher sobrepesa, pois acredito que o preconceito físico ainda é muito forte para as mulheres, uma vez que a sociedade lhe impõe padrões estéticos, coagindo-a a seguir a ditadura dos ideais de beleza e da moda. Quanto aos adornos do corpo, evidenciam-se as tatuagens, haja vista se tratar de desenho definitivo na pele. A tatuagem se trata de opção da pessoa, que ao escolher fazê-la assume postura de assumir seus gostos e a sua individualidade, independente da opinião alheia.
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DEFINIÇÕES
PÚBLICO TRABALHADO
Por fim, no que diz respeito à orientação sexual, o trabalho abordará a relação de um casal de homens homossexuais. Foi decidido que o estudo focaria, neste momento, em um casal do sexo masculino porque, após pesquisa de campo, concluiu-se que casais homossexuais do sexo masculino sofrem mais preconceito do que casais homoafetivos do sexo feminino. Isto porque não é comum que lésbicas sofram violência física devido a preconceitos, diferente da realidade dos homossexuais homens, cuja violência física é manchete recorrente nos jornais. As escolhas acima explicitadas para o desenvolvimento desse trabalho não o vinculam definitivamente, pois se trata de um projeto de série, que pode ter continuidade com a exploração mais aprofundada dos temas já abordados e de outros tipos de preconceito, como o racial, o social, o comportamental, o regional, de deficientes, o de idade, dentre outros.
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ENTREVISTAS DEFINIÇÕES
Para entender melhor este contexto, busquei pessoas que já foram vítimas de algum tipo de preconceito. Para preservar a intimidade dos entrevistados, não será divulgado o nome dos mesmos, mas apenas as iniciais. Conversei com uma mulher e cinco homens homossexuais, três mulheres gordinhas e uma mulher e quatro homens tatuados. Durante o processo, pude coletar relatos de mais pessoas que não foram entrevistadas oficialmente. Todos as conversas e dados coletados foram de suma importância para conseguir refletir todos os anseios e inseguranças que essas pessoas sentem nesses momentos de discriminação. Além disso, serviu como forma de entender e compreender como esse preconceito impacta na vida das pessoas e qual a reação delas quanto a isto. Orientação sexual K.J., homem, em seu depoimento relata que, regularmente, quando está com seu parceiro recebe desaforos pelas ruas da cidade. Desaforos esses que parecem bobos para quem faz, apenas palavras como “viado”, “boiola”, mas que no fundo fazem com que K.J. se incomode e não queira sair em casal na rua. Diversas vezes já teve medo de sofrer algum tipo de agressão física. Entretanto, no caso da C.B., mulher, quando está com sua parceira e recebe comentários do tipo “isso aí, beija ela na minha frente” de alguns homens, diz não ligar e tentar abstrair. Algumas vezes, por estar cansada deste tipo de atitude,
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DEFINIÇÕES
ENTREVISTAS
devolve a provocação mostrando que não se importa com o que esta pessoa pensa e reafirmando sua opção sexual. Porém, C.B. relata que, apesar da questão da homossexualidade ter melhorado bastante dos últimos tempos para cá, a sociedade brasileira ainda é bastante cruel em certos comentários, e aqueles que são mais sensíveis, acabam sofrendo mais com isto. “Eu me considero uma pessoas bem tranquila. Eu não quero o mal de ninguém, quero viver minha vida, quero trabalhar, quero ganhar dinheiro, quero ter filho, quero ter marido, quero ter minha família, eu só quero me divertir, dançar, fazer o bem. Eu só quero viver, sem atrapalhar ninguém e sem que ninguém me atrapalhe.” - T.L., 2014 T.L., homem, mostra sua indignação ao comentar as atitudes das pessoas perante situações de discriminação aos homossexuais. Segundo o entrevistado, diz não ficar com raiva e apenas ser um misto sentimentos que envolvem tristeza, em ver como as pessoas são limitadas, com indignação, de querer entender porque existem pessoas que ainda pensam desta forma. Físico R.L., mulher, conta que desde criança sofre com a questão do peso. Desde de brincadeiras que, aparentemente, deveriam ser inofensivas com xingamentos pelas ruas. Segundo a entrevista, muitas vezes sente-se limitada a usar a roupa que deseja, porque esta não corresponde ao seu tipo físico. Além disso, afirma que, no Rio de Janeiro, as mulheres são os maiores alvos de preconceito e discriminação quanto ao corpo. Por morarmos perto da
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DEFINIÇÕES
ENTREVISTAS
praia, há uma exigência de ter o corpo modelado, senão não poderá frequentar estes ambientes onde é preciso exibir o mesmo. R.L. sente-se muito frustrada e insatisfeita em como a sociedade trata as pessoas sobrepesas. “A sociedade nunca está satisfeita. Você nunca é perfeito o suficiente. Ou está magro demais, ou está gordo demais, ou é normal demais. As pessoas sempre encontram algo para criticar, mesmo elas não sendo tão perfeitas como exigem que os outros são. Não consigo compreender isso. Eu sou gorda, será que tenho que pedir permissão para usar uma minissaia?!” -M.C.., 2014. M.C., mulher, afirma que quando criança também sofria bastante preconceito na escola, nunca era a primeira a ser escolhida para os jogos extracurriculares. No entanto, conforme foi crescendo e propriamente se conhecendo, começou a se valorizar e descobrir sua própria beleza. Ela conta que, neste momento, onde começou a reconhecer que era bonita mesmo sendo gordinha, começou a abstrair toda forma de agressão verbal e visual que recebia dos outros, entretanto, afirma-se que isto não quer dizer que estas agressões não impactavam mais a sua vida. Impactam, mas é preciso abstrair para poder viver e ser quem deseja. Adornos no corpo G.D., homem e atualmente artista, trabalhou na área jurídica por muito tempo. Possui tatuagens aparentes e escondidas pelo corpo inteiro, além de piercings e barba. G.D. comenta que, uma das razões por sair desta ramo foi por questão de discriminação e como isto trouxe indignações e incômodos
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DEFINIÇÕES
ENTREVISTAS
para a realização do seu trabalho. O entrevistado conta que recebia muitos olhares e provocações por ter barba, tatuagens e piercings, destoando-se dos outros colegas de trabalho. E, muitas vezes, precisou cobrir seus desenhos para poder se preservar neste ambiente. Já N.A., homem, possui tatuagens nos braços e cabeça. Ele diz não ter muitos problemas com as tatuagens, no entanto, não há como negar certos olhares que recebe das pessoas. Principalmente quando está com a cabeça raspada e suas tatuagens desta área ficam aparentes. Muitas pessoas mostram surpresa e um pouco de medo. Segundo ele, nesta situação, jovens e adultos evitam sentar-se ao seu lado nos transportes públicos, entretanto, idosos nem percebem a existência destas tatuagens. N.A. diz não se sentir muito intimidado e agredido com isto, no entanto, relata que, a sociedade em geral, é bastante limitada neste aspectos. Como N.A., o caso de T.C. é bastante similar. T.C., homem, conta que sua família mostrou bastante indignação quando fez sua primeira tatuagem. Muita dessa indignação provêm de uma preocupação quanto ao que os outros, pessoas externas, iriam pensar destas tatuagens e como ele conseguiria um emprego com esses desenhos no corpo. T.C. relata que não se importa com estes tipos de comentários, apesar de, quando ouve algum caso sério de discriminação por conta dos desenhos no corpo, sente-se triste e desacreditado em como o ser humano pode ser cruel e não valorizar a individualidade do próximo.
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PARTIDO ADOTADO DEFINIÇÕES
Conceitos e Parâmetros Tracei como conceito do meu projeto criar uma experiência de algum modo impactante a fim de chamar imediatamente a atenção do público, promovendo identificação entre ele e o trabalho. Objetiva-se que o público reflita acerca do impacto de seu julgamento em relação ao outro. Parece fácil falar, definir, julgar as pessoas sem antes ponderar os efeitos de suas palavras. Assim, espera-se que, através do presente trabalho, promova-se uma reflexão sobre o “diferente”. Desta forma, o parâmetro principal deste projeto consiste em transmitir esta mensagem de forma rápida e ubíqua. Por isso utilizo a rua para espalhar e disseminar esta mensagem. Este projeto propõe chamar a atenção do usuário que está passando na rua despercebido. Trazer algo do dia-a-dia e de cunho pessoal, de modo a permitir essa identificação e, portanto, a reflexão sobre seus atos.
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DEFINIÇÕES
PARTIDO ADOTADO
As camadas das pessoas Ao longo dos estudos, percebi que esse julgamento que tanto já foi citado impacta a vida de todas as pessoas. Até a pessoa mais bem resolvida consigo mesma, quando se depara com alguma forma de agressão verbal ou física proveniente de um preconceito, é afetada por esse julgamento. Mesmo que não demonstre externamente sê-lo, em alguma esfera do seu interior, alguma de suas milhares de camadas internas, estará sendo afetada por este julgamento. Portanto, decidi trazer para o trabalho essa questão das camadas das pessoas e como elas interpretam este julgamento. A idéia é mostrar que mesmo que não possa ser visto, o seu preconceito é impactante na vida dessa pessoa. O produto Desta forma, o projeto consiste em trazer todos esses conceitos e parâmetros para uma sequência de cartazes que retratam situações de preconceito com Tatuados (adornos no corpo), Mulheres acima do peso (físico) e Casais homossexuais (orientação sexual). Esta série consiste em três cartazes que estarão expostos na rua, podendo ser apresentados em sequência ou individualmente.
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PROCESSO Primeiros estudos
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Segundos estudos
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Terceiro estudo
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Ensaio fotogrรกfico
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Quartos estudos
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PRIMEIROS ESTUDOS PROCESSO
Nesses primeiros estudos, bem primários, tinha como objetivo entender como passaria esta de que um julgamento externo estar afetando uma pessoa. Tentei ser o mais realista, trabalhando com pessoas e imagens fotográficas, para que, assim, aconteça a identificação que estou buscando trazer.
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PROCESSO
PRIMEIROS ESTUDOS
Considerações Desse primeiro estudo, percebi que a expressão facial e corporal dos modelos, juntamente com a forma humana foi algo positivo para o projeto. Entretanto, a imagem fotográfica estava tornando o cartaz muito pessoal e detalhado. Quando as pessoas o analisavam, procuravam detalhes e outras imperfeições nessas pessoas. Dessa forma, é preciso manter a figura humana mas de um modo que afastasse a identidade desta pessoa retratada. Ademais, apesar das frases não estarem finalizadas, busquei conversar com o professor Luiz Favilla e com a redatora Clara Baluz, onde foi destacado que não era recomendado usar uma pergunta (“faz diferença?”) onde a resposta pudesse ser negativa, portanto, é preciso desenvolver uma frase que afirmasse o conceito do meu projeto e a mensagem a ser passada.
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SEGUNDOS ESTUDOS PROCESSO Nestes segundos estudos comecei a solucionar o problema da identidade dos modelos, trabalhando com o autocontraste e evidenciando apenas os traços importantes das pessoas (curvas, detalhes e expressão facial). Além disso, o texto não era apresentado mais em forma de pergunta e, sim, afirmação. Nesta primeira sequência trouxe para o primeiro plano o momento “pró”, onde a pessoa se encontra realizada e não importando-se com o que os outros pensam. Já o “contra”, é o segundo momento onde a pessoa apresenta-se em um momento de fragilidade. E trabalhei com um sistema de cor, onde cada grupo era representado com uma cor específica e o quarto cartaz, onde o preconceito era o destaque, foi representado com o fundo vermelho.
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PROCESSO
SEGUNDOS ESTUDOS
Já nesta segunda sequência os planos das pessoas estão inversos, o “contra” apresenta-se em destaque e o “pós” como uma camada interior. O quarto cartaz não existe e a mensagem é disposta da mesma forma nos outros três cartazes. O vermelho torna-se a cor padrão.
Versão apresentada na G1,5.
Considerações O importante deveria ser realçar o “pró” e deixar o “contra” numa das camadas mais profundas. E apropriar-me do vermelho como uma forma de representar o preconceito nos cartazes. Ademais, o autocontraste preto estava tornando a mensagem muito bruta. É preciso criar alguma estética que suavize esta relação da imagem da pessoa com o cartaz.
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TERCEIRO ESTUDO PROCESSO
Neste terceiro estudo trabalhei com um sistema de cor e retícula, para suavizar a dureza do autocontraste. A segunda camada apresenta-se mais simples, pois a idéia é que vá se desaparecendo. No quesito texto, “Entre você & eu, não há diferença. Há preconceito.”, fica definida a frase final do trabalho. Considerações Se estou me apropriando da retícula como parte da linguagem do trabalho e este cartaz será visto à metros de distância, é preciso que evidencie mais os pontos da retícula e o desencontro das camadas. Além disso, o fundo reticulado acabou criando um padrão quadriculado que não ficou interessante. O ângulo que o punho do modelo se encontra, está muito bruto e acaba evocando para outras coisas como drogas e violência. É preciso tornar a posição menos agressiva.
zoom da retícula
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ENSAIO FOTOGRÁFICO PROCESSO
O projeto tomou proporções que foram necessárias a execução de um ensaio fotográfico, para poder fotografar os ângulos que fossem necessários sem limitar-se à fotografias de banco de imagens. Além disso, queria poder trabalhar com pessoas que realmente enquadravam-se com a temática que estava trabalhando, pessoas que já sentiram o preconceito em algum momento de sua vida. Maria Helena, 24 anos, Brasileira, atriz e cantora, mora nos EUA e está passando férias no Rio de Janeiro. Maria foi muito simpática e bem útil para o meu trabalho. Ela conta que por muito tempo a questão do peso e corpo a incomodavam muito, mas que ao chegar numa etapa de sua vida ela começou a não se importar com o que os outros pensavam e tentava ao máximo não deixar comentários a abalarem. Por morar, atualmente nos EUA, Maria pôde fazer um comparatório de como é a relação das mulheres plus size no exterior com o Brasil. Lá fora, segundo ela, as pessoas não julgam tanto as mulheres que estão acima do peso como no Brasil. Acredita-se que, nós brasileiras, temos esses preconceitos e julgamentos com a questão do físico por vivermos em região de praia e nos importarmos tanto com o corpo em forma. Além disso, ela reforça que isso é uma característica dos moradores do Rio de Janeiro.
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PROCESSO
ENSAIO FOTOGRÁFICO
Rodrigo Maselli, 29 anos, Brasileiro, designer e seu marido Eelco van Duinkerken, 30 anos, Holandês, Neuropsicólogo. Casados há um ano, o casal acaba de retornar ao Brasil depois de muitos anos vivendo na Holanda. Foi muito bom fotografar este casal, principalmente pela facilidade e espontaniedade em fazer as poses para as fotos. O casal conta um pouco da relação do homossexualismo e outros tipos de preconceito no Brasil com comparação na Holanda. Contam que mesmo os Holandeses serem super tranquilos com relacionamento gay, sofreram preconceitos com comentários ofensivos por moradores da região onde habitavam. Além disso, com relação ao Brasil, eles acreditam que no Rio de Janeiro o preconceito gay é mais reduzido do que em outras cidades do Brasil e ao interior. Entretanto, a existência dele ainda é visível e traz um sentimento de tristeza.
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PROCESSO
ENSAIO FOTOGRÁFICO
Thainan Castro, 24 anos, Brasileiro, estudante. Durante a conversa com o Thainan, pude receber relatos bem interessantes. Com alargador nas duas orelhas, tatuagens nos braços, peito e pernas, Thainan conta que logo quando fez as tatuagens os primeiros comentários vieram de dentro de casa, como “e agora, como você vai arranjar emprego com essas tatuagens?”. Ademais, relata que já sofreu alguns olhares nas ruas quando suas tatuagens estão expostas, mas que tenta-se abstrair, porque a tatuagem é dele e só diz respeito à ele mesmo.
Por fim, todos os ensaios foram muito bons e os comentários dos fotografados foram de suma importância para este projeto. Poder ver ter relatos concretos de casos que já aconteceram com essas pessoas e que, de alguma forma, isso os atingiu e os incomodaram fazendo com que aceitassem fazer as fotos para esse projeto, por acreditarem nesta causa, foi totalmente gratificante. Além disso, a qualidade das imagens e expressão corporal dos modelos foram muitas boas.
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QUARTOS ESTUDOS PROCESSO
Após o ensaio fotográfico e com as considerações do terceiro estudo, comecei a desenvolver novos estudos de layout, tentando trabalhar com um sistema de cores e diferentes retículas.
Considerações “Entre você & eu” ainda não está bem resolvido e com leitura prejudicada. Fundo com retícula tão grande está infantilizando o cartaz e o uso de estrelas no terceiro não ficou bem resolvido e acabou não fazendo sentido com a temática.
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PROCESSO
QUARTOS ESTUDOS
Considerações Sistema de cores não funcionou e perdeu legibilidade nos personagens. Problemas tipográficos em questão de espaçamento.
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PROCESSO
QUARTOS ESTUDOS
Considerações Tipografia branca invadindo a imagem do personagem prejudica a legibilidade da informação. No segundo o texto esta muito escondido e tímido. Leitura da mensagem no terceiro cartaz está prejudicada pela organização da tipografia e cores. Muito contraste acontecendo no terceiro cartaz, uso do vermelho vivo, com branco e preto. Na questão tipográfica, melhorar o hífen e colocar a pontuação para fora da margem de texto, para não haver uma quebra no “A”/”A” de cada linha.
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PROCESSO
QUARTOS ESTUDOS
Considerações “Entre você & eu” não está integrado com o texto em destaque. O uso de sombra está tornando o cartaz mais volumoso, de forma que não é necessária. O segundo e terceiro cartaz apresentam imagem estouradas, já no primeiro a imagem encontra-se no centro do cartaz. É preciso tornar eles um sistema que conversem entre si, com características semelhantes.
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PROCESSO
QUARTOS ESTUDOS
Considerações Nesta verão a questão tipográfica já encontra-se bem resolvida com fácil legibilidade. Mas ainda é preciso fazer algumas pequenas alterações estéticas (trocar o hífen e colocar a pontuação para fora da mancha de texto). A retícula foi aumentada numa tentativa de evidenciar mais sua presença, entretanto, ficando exagerado demais. O texto, no cartaz da menina, encontra-se muito próximo da sua forma colorida e escondido para baixo, é preciso evidenciar mais essa mensagem. O figura em opacidade do terceiro cartaz não está integrada na composição, é preciso juntar mais com a principal.
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CONCRETIZAÇÃO Produto final
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Especificações
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Na rua
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PRODUTO FINAL
Adornos no corpo
CONCRETIZAÇÃO
Após todos os estudos de layout realizados, utilizei as considerações feitas para refinar o produto e conforme todas essas necessidades. Abaixo encontram-se as justificativas dos elementos dos cartazes.
Texto O uso de “Entre você & eu”, apesar de gramaticalmente incorreto, é a forma coloquial e de fácil compreensão do leitor. Ao conversar com Luiz Favilla e Clara Baluz, ambos do ramo da publicidade, explicaram-me que poderia me apropriar do “Entre você & eu” como um recurso linguistico publicitário sem nenhum problema. A parte complementar a este texto é “Não há diferença. Há preconceito”.
Zoom 100%
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CONCRETIZAÇÃO
PRODUTO FINAL
Orientação sexual
O vermelho Fiz uso da cor vermelha como forma de representar o preconceito ali vivido. O vermelho, por ser uma cor forte e que chama atenção, já possui no seu simbolismo uma relação de fogo, perigo, atenção, amor & ódio. É uma cor que evoca sentimento e tem um significado existencial. Portanto, escolhi usá-la neste projeto com este propósito. Outras cores Escolhi trabalhar com amarelo e azul por serem cores contrastantes e possuirem um efeito visual agradável para os olhos quando combinados com o vermelho. A escolha do azul, como uma das cores principais, consiste no fato dessa remeter à harmonia e à confiança.
Zoom 100%
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CONCRETIZAÇÃO
PRODUTO FINAL
Físico
O autocontraste e a retícula Como já dito anteriormente, a escolha de utilizar o autocontraste e a retícula provém da necessidade de despersonalizar a pessoa, apenas reforçando seus traços característicos e necessários para transmistir a mensagem da questão do preconceito. As cores e a retícula foram escolhidas como forma de trazer mais significados para este trabalho e tornar a mensagem menos agressiva.
Zoom 100%
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ESPECIFICAÇÕES CONCRETIZAÇÃO
Tamanho
1,5 m
1m
Tipografia
Alegreya Sans bold
abcdefgh1jklmnopqrstuvxz& ABCDEFGHIJKLPMNPQRSTUVXZ&
Alegreya Sans black
abcdefgh1jklmnopqrstuvxz& ABCDEFGHIJKLPMNPQRSTUVXZ& 59
CONCRETIZAÇÃO
ESPECIFICAÇÕES
Impressão A produção gráfica deste trabalho será feita em impressão digital. Podendo, no futuro, vir a ser impresso em serigrafia. Para ser impresso em serigrafia, utilizaramos de três cores especiais para fazer uma policromia e ter o resultado semelhante ao do cartaz proposto.
Cores
C: M: Y: K:
96 81 34 2
C: M: Y: K:
92 100 22 0
C: M: Y: K:
0 0 100 0
C: M: Y: K:
0 100 0 0
C: M: Y: K:
25 94 84 0
R: 44 G: 66 B: 115
R: 56 G: 42 B: 114
R: 255 G: 237 B: 0
R: 230 G: 0 B: 126
R: 191 G: 46 B: 48
Pantone P105-8c
Pantone P101-15C
Pantone Yellow C
Pantone Magenta C
Pantone P46-8C
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CONCRETIZAÇÃO
ESPECIFICAÇÕES
Retícula
C: M: Y: K:
0 27 36 0
C: M: Y: K:
96 81 34 2 sem utilização de color halftone
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NA RUA CONCRETIZAÇÃO
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63
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A riqueza deste projeto foi aceitar os rumos que ele tomou sozinho, vindos da necessidade de ser algo mais do que um simples trabalho sobre como as pessoas se vestem. Inicialmente, o meu foco estava em trabalhar com estereótipos e com a forma como as pessoas são percebidas através de seus trajes e como isto influencia no julgamento delas. Isso não quer dizer que a ideia inicial não era interesse, mas, no fundo, acredito que ja sabia da necessidade de ir mais além. Precisava aprofundar a problematização e o porquê das pessoas julgarem, o que transcende a forma de se vestir. Tinha a necessidade de entender, ainda que fosse difícil, como esse julgamento impacta a vida das pessoas. No começo, fiquei receosa em entrar na questão dos preconceitos e da discriminação, apesar de estarem muito conectados com a temática do estereótipo. Mas, hoje, sinto-me realizada por ter me aprofundado no assunto. Esse tema tem um valor muito importante e pessoal para mim, pois consigo me colocar em alguma dessas situações de preconceito. No entanto, ao mesmo tempo, existem outros tipos de preconceito dos quais não sou alvo, então a forma de compreender esta problematização não experimentada por mim, sem deixar nenhum de meus pré-conceitos influenciar, foi um processo bem enriquecedor.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sem dúvidas, a parte mais difícil do trabalho foi admitir o limite do tempo, “parar” as investigações e partir para o layout, além de transformar minhas pesquisas e idéias em representações visuais. Isto porque só assim conseguiria expor o que desejava passar através desse projeto. Consigo visualizar estes cartazes se replicando e se expalhando pelas ruas das cidades. Espero que eles cumpram com o seu dever. Ou seja, que, de alguma forma, impactem a vida de mais pessoas, como impactaram a minha durante todo o processo de desenvolvimento deles.
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Anexos 73
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Este relat贸rio foi composto em Mission Gothic. Rio de Janeiro, novembro de 2014.
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