Animonas Fantásticas

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animonas fantásticas Jupiter Coroá


Jupiter Coroá ​é artista em multiplicidades, e trabalha atualmente com tatuagem, poesia, produção cultural, ilustração e publicações independentes. De Sobradinho/DF, busca cotidianamente o desenvolvimento de percepções poéticas, energéticas e políticas, e a promoção de experiências de conexão e afeto. As ilustrações contidas neste zine estão disponíveis para serem tatuadas (pelo autor e somente). jupiter@arte.lgbt instagram.com/jupitercoroa Todos os direitos reservados. Plágio é crime.


Animonas Fantásticas Há mais de 1500 espécies documentadas no mundo que naturalmente apresentam orientações bissexuais e homossexuais, assim como também há seres intersexuais e seres com vivências de gênero diversas, exercendo desde aspectos de transição corporal, até performance, hábitos e comportamento. Essas são biologicamente características desses bichos. E não são exceções, pelo contrário: muitas vezes tais características se encontram na ​maioria​ dos indivíduos de determinada espécie.

Seguindo variados modelos de ser e de se relacionar, essas espécies foram capazes de se desenvolver até a atualidade, o que significa que tais modelos: deram certo, são naturais, e foram também responsáveis pela sobrevivência desses seres. A reprodução entre “macho” e “fêmea” por si só não é capaz de assegurar a perpetuação de uma espécie. Nesse sentido, as práticas homo e bissexuais dentre os animais proporcionam: formação e fortalecimento de vínculos entre membros do mesmo grupo; momentos de prazer e cuidado mútuo; pares ou trios de adultos que chocam ovos e criam filhotes juntos. Assim ocorre também com as transições sexuais e com as performances e características corporais de outro gênero: exercem a manutenção do equilíbrio na proporção ideal de machos e fêmeas daquele grupo; além de apresentarem vantagens outras, seja para o indivíduo, seja para o grupo. Esse zine apresenta uma pequena lista de 30 seres vivos, com ilustrações para colorir, que convidam quem nos lê a interagir com nosso conteúdo. Você pode compartilhar suas contribuições, enviando para jupiter@arte.lgbt ou usando a hashtag #animonasfantasticas. A natureza é incrível. Ser LGBT+ é natural.


Há registros de mais de 30 espécies de primatas que praticam atividade homossexual, formando vínculos afetivo-sexuais de longa duração. As ​macacas japonesas​ se unem em pares por vários dias e semanas, andando juntas por aí, cuidando com primor da pelagem uma da outra, e provocando orgamos mútuos entre si.



Dentre os ​macacos bonobos​, a maioria é bissexual. Estima-se que 60% das atividades sexuais acontecem entre duas fêmeas. Algumas das funções dessas práticas são dissipar agressão e manter a coesão social do grupo. O sexo entre dois machos ou duas fêmeas também tende a durar mais tempo do que entre um macho e uma fêmea.



As ​girafas​ tendem a viver em grupos exclusivamente masculinos, nos quais 80% das interações entre os indivíduos são sexuais. Apenas se relacionam com fêmeas para reproduzir.



No país africano Botswana, registrou-se um grupo de ​leoas​ de nascença que apresentam aparência e comportamento evidentemente masculinos, exibindo lindas jubas. Já na interação entre l​ eões​ machos, é comum a prática de atividades sexuais.



Dentre grupos de h ​ ienas​, as fêmeas exercem o papel dominante. Apresentam maior agressividade, seus corpos são maiores do que os machos, e possuem falos, capazes de ereção. Também é comum que fêmeas “montem” em outras fêmeas, em atos sexuais.



Além dos indivíduos bissexuais, estima-se que pelo menos 10% dos carneiros​ são gays: jamais se envolvem sexualmente com ovelhas (fêmeas).



Caracóis​ não se dividem entre machos ou fêmeas. Os indivíduos possuem sistemas sexuais e reprodutivos mistos, capazes inclusive de autofecundação.



Os moluscos da espécie c ​ repidula fornicata​ nascem machos e se tornam fêmeas no decorrer da vida. É um processo que acontece com todos os indivíduos, sem exceção.



Quando um ovo de d ​ ragão barbudo​, contendo um embrião macho, é exposto a temperaturas quentes, o embrião passa a desenvolver-se como fêmea, embora sua genética permaneça a mesma. Essa fêmea, quando adulta, é capaz de procriar normalmente.



Na espécie de ​lagartos cauda-de-chicote do deserto​ há exclusivamente fêmeas. Elas praticam sexo entre si, e se reproduzem por partenogênese, sem necessidade de fertilização, botando ovos dos quais nascem também somente fêmeas.



Dentre os ​besouros-da-farinha​, comumente encontrados em trigos e outros grãos, os machos praticam sexo entre si, mantendo assim o ciclo de eliminação e renovação do sêmen que produzem.



Num grupo de ​bisões americanos​, as práticas homossexuais são mais comuns do que as heterossexuais. Nos períodos de acasalamento, os machos fazem sexo entre si várias vezes ao dia.



Em inúmeras espécies de pássaros, é comum que jovens machos mantenham a aparência igual à das fêmeas por anos, mesmo após atingirem a maturidade. Em outras espécies, as características se mantêm de forma permanente. Na espécie do ​tartaranhão ruivo-dos-pauis​, 40% dos machos adultos exibem aparência de cores e tamanhos igual à das fêmeas.



Dentre os pássaros c ​ ombatentes​, também é comum que os machos mantenham características femininas durante toda a vida.



Já dentre os b ​ eija-flores​, é comum encontrar fêmeas com aparência masculina.



A ave c ​ asuar​ é considerada sagrada na cultura de povos originários da região da Oceania. Essa ave pode medir até 2 metros de altura, possui um casco vertical no topo da cabeça, pernas fortes e uma garra grande e afiada, que se assemelha a um punhal. As fêmeas são auto suficientes, independentes e territorialistas, de forma a apenas interagir com machos para procriar. Quando se faz um ninho, o macho é quem cuida dos ovos e dos filhotes, por meses, até que cresçam.



Há registros de indivíduos ​cardeais que são intersexuais (ou seja, naturalmente possuem características sexuais e reprodutivas tanto masculinas quanto femininas).



Há mais de 130 espécies de pássaros que vivem uma significativa parte da vida em relações homossexuais estáveis e duradouras. Na espécie de albatroz-de-laysan​, estima-se que um terço dos pares que chocam e criam filhotes sejam casais de fêmeas.



Casais de p ​ inguins​ machos que chocam ovos e criam juntos os filhotes também são comuns.



Casais de f​ lamingos​ machos também mantêm relações afetivas e sexuais duradouras, e criam filhotes juntos.



Og ​ alo-da-serra-do-pará​ é brasileiro e quase metade dos indivíduos dessa espécie se envolvem em atividades homossexuais ou bissexuais.



Casais machos de ​abutre-fouveiro também se envolvem sexualmente, chocam ovos e criam filhotes juntos.



Estima-se que 25% dos casais de cisnes-negros​ são de machos. É comum que tomem pra si ninhos que foram postos por outros casais, ou também que formem trios com uma cisne fêmea a fim de que ela bote ovos, e posteriormente o par homossexual possa chocá-los e criar os filhotes.



Grupos de p ​ eixe-palhaço​ são formados por uma fêmea dominante e vários machos. Quando, por algum motivo, a fêmea dominante não mais se encontra, o maior peixe macho transiciona seu corpo e a substitui.



Machos da espécie s ​ épia gigante australiana​ são capazes de modificar suas aparências e comportamentos temporariamente, imitando uma fêmea, em determinadas ocasiões. Essa prática assemelha-se à performance de drag queen.



Dentre os ​cavalos-marinhos​, são os machos que engravidam. Em seguida, botam os ovos e cuidam dos filhotes.



É extremamente comum, dentre golfinhos​ machos e fêmeas, relações homo e bissexuais.



A maioria dos p ​ eixes-papagaio nascem fêmeas e possuem órgãos sexuais masculinos, podendo se transicionar em machos a qualquer momento da vida.



A t​ etrahymena thermophila​ é um ser vivo unicelular cujas relações entre os indivíduos da espécies compreendem sete diferentes combinações - diferente de seres que se dividem entre homos, héteros e bissexuais, por exemplo.



Já as relações entre indivíduos da espécie de fungo s ​ chizophyllum commune​ se categorizam em 28 mil diferentes combinações.



Referências bibliográficas https://medium.com/how-we-do-sex/meet-the-scientist-working-on-the-crazy-sex-life-of-slipp er-limpets-ce7aa2ecc10a https://www.youtube.com/watch?v=bK6EwIoQl34 https://www.youtube.com/watch?v=jyRESjnZm-U https://broadly.vice.com/en_us/article/8x8bez/yes-there-are-trans-animals https://www.sbs.com.au/topics/science/nature/article/2016/09/29/7-gender-bending-animals-ani mal-kingdom https://www.quora.com/Can-you-find-transgender-animals-in-nature https://daily.jstor.org/transgender-proclivities-in-animals/ http://blogs.discovermagazine.com/d-brief/2017/11/06/fungus-genders/#.XDeVy1xKjIU https://www.newscientist.com/article/mg16321985-000-queer-creatures/ https://gayiceland.is/2016/queer-animals-common-believed/ http://www.abc.net.au/science/articles/2004/09/16/2844339.htm https://www.pride.com/lesbian2015/6/08/5-lesbian-animals-you-never-knew-played-your-team https://www.megacurioso.com.br/animais/99489-20-animais-que-apresentam-comportamentoshomossexuais.htm




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