Lição 11 - Paulo: seu passado e seu chamado
Sábado à tarde VERSO PARA MEMORIZAR: “O Senhor lhe disse: Vai, porque este é para Mim um instrumento escolhido para levar o Meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois Eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo Meu nome” (At 9:15, 16). Leituras da Semana: At 9:1; Fp 3:6; 1Co 15:10; At 9:1-22; 26:18; Gl 2:1-17 Uma das figuras principais do Novo Testamento é Paulo, originalmente Saulo de Tarso. Paulo foi para a igreja cristã primitiva o que Moisés foi para os filhos de Israel. A diferença é que, Moisés tirou o povo de Deus do meio dos gentios para que Israel pudesse cumprir a vontade de Deus; Paulo levou a Palavra do Deus de Israel aos gentios, para que eles pudessem fazer a mesma coisa, isto é, cumprir a vontade de Deus. Sabe-se mais sobre Paulo do que qualquer outro cristão do primeiro século. Ele é especialmente lembrado pelas significativas contribuições que deu para a tremenda obra missionária cristã nos últimos dois milênios. Suas visitas às nações que rodeavam o Mar Mediterrâneo e suas atividades missionárias em favor delas constituíram um poderoso exemplo para as missões cristãs nas gerações futuras. Atribui-se a Paulo a obra de elevar os absolutos bíblicos acima da cultura judaica. Nesta, as leis civis, rituais e morais estavam integradas na estrutura da vida israelita. Assim, era difícil fazer separação entre os costumes dos judeus e aquilo que eles achavam ser a mensagem eterna de Deus para todas as nações.
Nesta semana, faremos nosso primeiro estudo sobre alguém que, com exceção do próprio Jesus, foi a figura mais importante do Novo Testamento. Escolha um amigo e ajude-o a se dedicar mais ao estudo da Lição da Escola Sabatina. Incentive alguém a fazer a assinatura da lição em sua igreja. Domingo Saulo de Tarso Saulo nasceu em Tarso, uma importante cidade localizada junto à rota comercial entre a Síria e a Ásia ocidental (At 22:3). Tarso era um centro multicultural de indústria e saber, e, durante breve tempo, foi o lar do mais famoso orador e senador de Roma, Cícero. Os pais de Saulo eram judeus da diáspora (isto é, judeus que não estavam morando na terra de Israel), originários da tribo de Benjamin. Seu nome de nascimento era Saulo (do hebraico sha’ul, “pedido a [Deus]”) – embora, depois de ter começado sua missão em favor dos gentios (At 13:9), ele tenha assumido o nome de Paulo (do latim Paulus, nome de uma destacada família romana). Além disso, uma vez que era fariseu, Paulo provavelmente tivesse uma esposa, embora não saibamos nada sobre ela. Na verdade, não sabemos muito sobre sua família, embora haja menção a uma irmã e um sobrinho (At 23:16). Paulo também era cidadão romano (At 22:25-28). Saulo provavelmente tenha sido educado na escola de uma sinagoga em Tarso até os 12 anos e, depois, seguido pelo estudo rabínico em Jerusalém com o famoso raban (esse título honorário significava “nosso rabi”) Gamaliel (At 22:3). Como a maioria dos homens judeus, ele aprendeu um ofício – nesse caso, a fabricação de tendas (At 18:3). Como já foi declarado, Paulo era fariseu (Fp 3:5). Os fariseus (que significa “os separados”) eram conhecidos por insistir que todas as leis de Deus, tanto as escritas nos livros de Moisés quanto as transmitidas verbalmente durante várias gerações de escribas, eram obrigatórias para todos os judeus. Aos olhos dos outros judeus, o estrito patriotismo dos fariseus, e sua detalhada obediência às leis judaicas, podia fazê-los parecer hipócritas e condenadores. Paulo, contudo, não ocultava o fato de que ele e seu pai eram fariseus (At 23:6). A experiência de Paulo como fariseu foi um importante elemento em sua obra missionária bemsucedida em favor dos judeus e dos gentios. Essa formação o capacitou com detalhado conhecimento do Antigo Testamento, a única parte das Escrituras que os cristãos primitivos possuíam. Também o tornou familiarizado com os acréscimos e ampliações dos escribas às leis do Antigo Testamento. Assim, ele era o apóstolo mais qualificado para discernir entre os absolutos divinos eternos, com base nas Escrituras, e as adições culturais judaicas posteriores, que não eram obrigatórias e que, portanto, podiam ser ignoradas pelos gentios seguidores de Jesus. Como vimos, essa questão se tornaria muito importante na vida da igreja primitiva. Hoje em dia, também, o papel da cultura na igreja continua sendo um assunto importante. Quais de nossas crenças parecem estar em mais forte conflito com a cultura que nos cerca? De que forma você lida com essa questão sem comprometer os princípios eternos? Segunda Paulo, o homem
Os traços de personalidade são as respostas típicas de alguém às circunstâncias domésticas, culturais ou educacionais que o cercam. O caráter é a combinação de traços, qualidades e capacidades que compõem o tipo de pessoa que alguém é. 1. Leia Atos 9:1; Filipenses 3:6, 8; 1 Coríntios 15:9, 10; 1 Timóteo 1:16; Gálatas 1:14 e 2 Coríntios 11:23-33. O que essas passagens nos dizem sobre o caráter e a personalidade de Paulo? Paulo era claramente um homem de grande convicção e zelo. Antes de sua experiência do novo nascimento, ele usava seu zelo para perseguir a igreja primitiva. Apoiou o apedrejamento de Estêvão (At 7:58), tomou a iniciativa de aprisionar mulheres e homens cristãos (At 8:3), fez ameaças de morte aos discípulos (At 9:1) e organizou um ataque de surpresa aos cristãos num país estrangeiro (At 9:2; Gl 1:13). Ao mesmo tempo, também, podemos ver como seu zelo e fervor foram usados para o bem quando ele dedicou a vida à pregação do evangelho, apesar de incríveis dificuldades e desafios. Somente um homem totalmente dedicado ao que acreditava teria feito o que ele fez. E embora tivesse perdido todas as coisas por Cristo, considerou-as como “refugo” (Fp 3:8), termo oriundo de uma palavra grega que significa algo inútil, como o lixo. Paulo entendia o que era importante na vida e o que não era. Paulo também era humilde. Sem dúvida, em parte devido à culpa que sentia por ter perseguido os cristãos no passado, ele se via como indigno de seu alto chamado. Além disso, como alguém que pregava a justiça de Cristo como nossa única esperança de salvação, ele sabia exatamente quanto era pecaminoso em contraste com o Deus santo, e esse conhecimento foi mais do que suficiente para mantê-lo humilde, submisso e grato. “Um raio da glória de Deus, um lampejo da pureza de Cristo que penetre no coração, torna dolorosamente visível cada mancha de impureza, e revela claramente a deformidade e os defeitos do caráter humano. Os desejos não santificados, a infidelidade do coração e a impureza dos lábios ficam evidentes” (Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 29). Nenhum de nós está imune ao orgulho. Focalizar a cruz e o que ela significa pode curar qualquer pessoa desse pecado? Terça De Saulo para Paulo 2. Como a conversão de Paulo está relacionada a seu chamado missionário? At 9:1-22; 26:1618 Desde o princípio estava claro que o Senhor planejava usar Paulo para alcançar tanto judeus quanto pagãos. Nenhum evento na preparação de Paulo como missionário e teólogo se comparou, em importância, à sua conversão; na verdade, em seu testemunho ele falava frequentemente sobre essa experiência. “Agora, levante-se, fique de pé. Eu lhe apareci para constituí-lo servo e testemunha do que você viu a Meu respeito e do que lhe mostrarei” (At 26:16, NVI). Paulo não podia pregar nem ensinar sobre o que não sabia. Não, em vez disso, ele pregaria e ensinaria a partir de suas experiências
com o Senhor e de seu conhecimento dEle, sempre em harmonia com a Palavra de Deus (Rm 1:1, 2). 3. Leia Atos 26:18. Qual seria o resultado da obra de Paulo? A partir dessa passagem, podemos ver cinco resultados da obra missionária autêntica: Abrir os olhos das pessoas. Tornar Deus e Jesus reais, presentes, ativos e atraentes. Tirar as pessoas das trevas para a luz, da ignorância para o conhecimento – um tema central do evangelho (Lc 1:78, 79). Tirar as pessoas do poder de Satanás para o de Deus. Muitos recebem o perdão dos pecados. O problema do pecado tem uma solução. Essa é a mensagem viva, restauradora e central dos cristãos. Muitos recebem lugar entre os santificados; isso significa passar a ser membro da igreja de Deus, não importando a etnia, gênero nem nacionalidade. Se alguém lhe perguntasse: “Qual é sua experiência com Jesus? O que você pode me dizer sobre Ele?”, o que você responderia? Quarta Paulo no campo missionário 4. “Desde Jerusalém e circunvizinhanças até ao Ilírico, tenho divulgado o evangelho de Cristo” (Rm 15:19). Que elemento crucial para todo trabalho missionário encontramos nesse texto? 1Co 1:23; 2:2; Gl 6:14; Fp 1:15-18 A respeito dos esforços missionários de Paulo, uma coisa é certa: não importava onde ele fosse, a pregação de Cristo e Este crucificado era o centro de sua mensagem. Ao fazer isso, ele estava sendo fiel ao chamado que havia recebido no princípio, para pregar sobre Jesus. A mensagem para a moderna obra das missões é óbvia: sejam quais forem as outras coisas que preguemos (e, como adventistas do sétimo dia, recebemos muitas coisas que precisam ser compartilhadas com o mundo), devemos manter Cristo e Este crucificado à frente e no centro de toda a nossa obra evangelizadora e missionária. Paulo, no entanto, não pregava Jesus simplesmente como um tipo de verdade objetiva e depois seguia seu caminho alegremente. Uma parte fundamental de sua obra era levantar igrejas, criar comunidades cristãs em um lugar após o outro, em todas as regiões do mundo que ele pudesse alcançar. No sentido mais verdadeiro, sua obra era “plantar igrejas”. Mas também há outro elemento na obra missionária de Paulo. 5. Leia Colossenses 1:28. O que Paulo disse? Isso era evangelismo ou discipulado? Para alguém que leia muitas das epístolas de Paulo, vai ficar claro que elas com frequência não são evangelísticas, pelo menos no sentido em que empregamos o termo, isto é, o de procurar
alcançar os que não pertencem à igreja. Ao contrário, muitas das cartas foram escritas para igrejas estabelecidas. Em outras palavras, estava incluída nos esforços missionários de Paulo a obra do cuidado pastoral, da edificação e da conservação de igrejas. Assim, podemos ver pelo menos três elementos centrais na atividade missionária de Paulo: proclamar Jesus, plantar igrejas e conservar as igrejas estabelecidas. Pense sobre a última vez que você testemunhou para alguém. Jesus estava no centro do que você disse? Como você pode ter certeza de que sempre O conservará no centro? Quinta A missão e o multiculturalismo “Multiculturalismo” é um termo recente, que começou a aparecer em publicações na década de 1960, segundo o Dicionário Inglês Oxford. Para muitos povos da Antiguidade, havia apenas duas categorias de seres humanos: nós e eles, nossa tribo e os que não pertencem à nossa tribo. Para os gregos, todos os não gregos eram “bárbaros”. Para os judeus, todos os não judeus eram “gentios”. Como já vimos, o sucesso da missão em favor dos gentios forçou a igreja nascente e seus líderes a tratar da divisão entre judeus e gentios. A questão, no fundo, era se um gentio podia se tornar cristão sem primeiro se tornar judeu. 6. Leia Gálatas 2:1-17. O que aconteceu ali e como esse relato ilustra o desafio do “multiculturalismo” na evangelização e na missão? “Quando Pedro, posteriormente, visitou Antioquia, conquistou a confiança de muitos por sua conduta prudente para com os conversos gentios. Por algum tempo ele agiu de acordo com a luz dada pelo Céu. Dominou seu natural preconceito até o ponto de sentar-se à mesa com os conversos gentios. Mas quando certos judeus zelosos da lei cerimonial vieram de Jerusalém, Pedro mudou, desavisadamente, seu procedimento para com os conversos do paganismo. Alguns ‘judeus também dissimulavam com ele, de maneira que até Barnabé se deixou levar pela sua dissimulação’ (Gl 2:13). Essa revelação de fraqueza da parte daqueles que haviam sido respeitados e amados como dirigentes, produziu dolorosa impressão na mente dos crentes gentios. A igreja foi ameaçada de divisão” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 197, 198). Paulo enfrentou a questão com Pedro e tomou firme posição em favor daquilo que hoje poderia ser chamado de uma igreja multicultural. Seus conversos gentios não teriam que se tornar judeus para ser cristãos. O passado complicado de Paulo como devoto fariseu, discípulo do rabi Gamaliel, cidadão romano, zelote fundamentalista perseguidor e, finalmente, converso e apóstolo de Jesus Cristo, logo o qualificou para distinguir os absolutos divinos imutáveis e eternos, por um lado, e seus instrumentos religiosos temporários e culturais, por outro. Como você distingue entre os pontos essenciais da fé e as preferências puramente culturais, sociais ou até pessoais? Sexta Estudo adicional
“Tornei-me tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns. Faço tudo isso por causa do evangelho, para ser coparticipante dele” (1Co 9:22, 23, NVI). Leia 1 Coríntios 9:19-23. A missiologia moderna aplica o termo “contextualização” aos métodos missionários de Paulo mencionados ali. A contextualização é definida como “tentativas de comunicar o evangelho em palavras e atos, e de estabelecer a igreja através de meios que façam sentido para as pessoas dentro de seu contexto cultural local, apresentando o cristianismo de forma tal que satisfaça as mais profundas necessidades das pessoas e penetre na sua visão de mundo, permitindolhes, assim, seguir a Cristo e permanecer dentro de sua própria cultura” (Darrell L. Whiteman, “Contextualization: The Theory, the Gap, the Challenge”, International Bulletin of Missionary Research [“Contextualização: a teoria, a lacuna, o desafio”, Boletim Internacional de Pesquisa Missionária], v. 21 [janeiro de 1997], p. 2). “Os cristãos judeus, vivendo próximos do templo, naturalmente permitiam que sua mente se voltasse aos privilégios peculiares dos judeus como nação. Quando viram a igreja cristã se afastando das cerimônias e tradições do judaísmo, e perceberam que a peculiar santidade de que os costumes judeus eram revestidos seria logo perdida de vista, à luz da nova fé, muitos se mostraram indignados com Paulo como sendo a pessoa que, em grande medida, havia provocado essa mudança. Mesmo os discípulos não estavam todos preparados para aceitar de boa vontade a decisão do concílio. Alguns eram zelosos pela lei cerimonial, e consideravam Paulo com desfavor, pois pensavam que seus princípios referentes às obrigações da lei judaica fossem frouxos” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 197). Perguntas para reflexão 1. Leia 1 Coríntios 9:20. Que lições podemos extrair dessas palavras que nos ajudam a compreender e a contextualizar nossa forma de realizar a obra missionária em outros países, ou mesmo nossas atividades missionárias? 2. Apesar do passado pecaminoso e até vergonhoso de Paulo, Deus o perdoou e o usou de maneira poderosa. Como podemos aprender a perdoar a nós mesmos e reivindicar a justiça de Cristo, permitindo que Ele nos use poderosamente? Respostas sugestivas: 1. Paulo era extremamente zeloso; seu zelo o levou a perseguir a igreja, mas, quando se converteu, seu zelo foi usado para o bem, de forma que superou os outros apóstolos nos trabalhos e sacrifícios em favor do evangelho. Paulo era humilde: considerava-se o pior dos pecadores e indigno de ser chamado apóstolo. 2. Jesus, que lhe apareceu na estrada, o chamou para levar Sua Palavra e Seu nome perante os gentios, reis e os filhos de Israel. 3. Os olhos dos gentios seriam abertos, eles se converteriam das trevas para a luz e do poder de Satanás para Deus; receberiam o perdão dos pecados e herança entre os santificados. 4. A pregação do evangelho do Cristo crucificado. 5. Paulo falou sobre apresentar todo homem perfeito em Cristo, por meio da pregação, exortação e ensino da sabedoria. Isso se refere aos membros da igreja e, portanto, ao discipulado. 6. Quando Pedro foi a Antioquia, começou a comer com os gentios, mas quando chegaram crentes judeus vindos de Jerusalém, deixou de comer com eles. Paulo repreendeu Pedro, ensinando que a igreja não deve se prender a preferências culturais, mas deve se concentrar nos eternos princípios divinos.
Lição 11 - Paulo: seu passado e seu chamado
O aluno deverá: Saber: De que maneira a vida e a experiência anterior à conversão do apóstolo Paulo moldaram sua missão em favor dos gentios. Sentir: Como a maravilhosa graça e o perdão que Paulo experimentou se tornaram a principal força em sua vida, motivando sua estratégia missionária e seu serviço. Fazer: Recordar a obra divina em sua vida e reassumir o compromisso de estar aberto à orientação de Deus. Esboço I. Saber: O chamado do apóstolo Paulo A. Paulo jamais conseguiu esquecer a origem de sua experiência cristã na estrada de Damasco. Por que ele falou muitas vezes sobre isso? Como essa experiência moldou o restante de sua vida? B. De que maneira o passado de Paulo, como fariseu e respeitado líder judeu, ajudou, ou atrapalhou, seu ministério cristão? II. Sentir: A paixão do apóstolo Paulo A. Paulo “se vangloriava” frequentemente das mudanças radicais que Deus havia feito em sua vida (por exemplo, 2Co 11; 12). Você acha que Paulo se vangloriava de maneira imprópria? Alguma vez você se vangloriou da atuação de Deus em sua vida? B. Quando você vê a tremenda mudança em Paulo, da condição de “pior dos pecadores” a um grande missionário, como você se sente? (1Tm 1:12-16, NVI). Você vê algum paralelo em sua experiência?
III. Fazer: Nunca se esqueça A. Tire tempo a cada dia para refletir sobre a maneira pela qual Deus dirigiu sua vida, e para orar a fim de estar aberto para que Ele continue a dirigi-la. B. Com que frequência você fala com pessoas sobre a diferença que Jesus fez em sua vida? Esse tipo de testemunho impacta sua vida cristã? Resumo: O apóstolo Paulo tirou forças de sua experiência com a misericórdia de Deus e usou seu conhecimento dos incrédulos para se comunicar melhor com eles sobre Jesus. Ciclo do Aprendizado
Motivação Focalizando as Escrituras: Atos 9:15, 16 Conceito-chave para o crescimento espiritual: Não há lugar mais seguro e gratificante para estar do que dentro dos limites da vontade de Deus. Ao ouvir o chamado divino, Paulo respondeu de maneira devotada, e, desde então, o mundo nunca mais foi o mesmo. Para o professor: Paulo foi uma fonte de energia missionária na igreja primitiva. Foi um formidável organizador, estrategista e líder espiritual. A oposição parecia fazer com que ele aumentasse ainda mais sua energia. Paulo também parecia considerar um raro prazer a chance de se envolver com diferentes filosofias e visões de mundo e de encontrar maneiras de tornar a mensagem de Cristo conhecida e compreendida em diferentes contextos. Por outro lado, as experiências que tivera no passado o haviam moldado, tornando-o humilde e continuamente aberto à orientação de Deus. Examine as qualidades que tornaram Paulo tão eficiente na obra missionária. Estimule os membros da classe a considerar a seguinte questão: De que mais Paulo precisava, além de sua capacidade inata e de suas óbvias habilidades? Atividade de abertura Recapitule brevemente com os alunos a experiência de Jonas, o profeta do Antigo Testamento, e depois analisem juntos os paralelos e as diferenças entre a experiência dele e a de Paulo. Vocês devem considerar, por exemplo, que tanto Jonas quanto Paulo (na época, Saulo) agiram, inicialmente, contra a vontade de Deus. Ambos foram confrontados por Deus; ambos levaram uma mensagem dada por Ele. Contudo, a experiência de cada um desses missionários foi profundamente diferente. Concentre-se especialmente na diferença entre a atitude de Jonas e a de Paulo para com as pessoas de diferentes culturas e para com os pecadores em geral. Perguntas para reflexão Por que nossa atitude para com as pessoas é tão crítica em nossa abordagem missionária? Vemos os não cristãos primariamente através das lentes de suas várias faltas e falhas? Ou os vemos, primariamente, como seres humanos que estão fazendo o melhor que podem e que são profundamente amados por Deus? Como podemos aprender a olhar para os outros através dos compassivos olhos de Deus? De que forma nossa jornada espiritual poderia moldar nosso método de testemunhar e nossa atitude para com as pessoas que estamos tentando alcançar?
Compreensão Para o professor: É fácil ver Paulo como uma figura distante, um gigante da igreja cristã, um prodígio intelectual e de liderança, incrivelmente inteligente e determinado, extremamente hábil em seu método de comunicar a mensagem de Deus. Em resumo, pensamos nele como alguém muito distante de nós, no tempo, na experiência e nos dons. Mas Paulo também era um ser humano, e a Bíblia apresenta muitos vislumbres do processo interno de transformação espiritual dele num missionário por excelência. Analise com a classe de que maneira a compreensão de Paulo como ser humano pode nos ajudar em nossa tarefa missionária. Tentar nos colocar “na pele de Paulo” pode nos ajudar a compreender melhor os valores fundamentais que moldam e orientam a obra missionária? I. O poder da experiência pessoal ( Recapitule com a classe 1 Coríntios 15:10.) Não dá para subestimar o poder do testemunho pessoal. A experiência pessoal autêntica torna real nossa comunicação e lhe dá poder. Paulo escreveu aos coríntios: “Pela graça de Deus, sou o que sou” (1Co 15:10). Ao longo de seu ministério, ele mencionou constante e consistentemente sua experiência, especialmente o que aconteceu na estrada de Damasco. Embora Paulo tivesse experimentado a maravilhosa graça e o perdão de Deus, jamais conseguiu superar a tristeza por causa de sua vida passada. Lembrava-se do zelo que tivera pelas “tradições de [seus] pais” (Gl 1:14) e nunca se esquecia de “como sobremaneira perseguia [...] a igreja de Deus e a devastava” (Gl 1:13). Confessou a Timóteo: “Fui blasfemo, perseguidor e insolente” (1Tm 1:13, NVI), “o pior dos pecadores” (1Tm 1:16, NVI). Contudo, em vez de minar a eficácia de sua obra missionária, o testemunho de Paulo, na verdade, a fortalecia. Ele se mostrava transparente e vulnerável, um testemunho vivo da graça transformadora que é o assunto central de sua pregação. Pense nisto: Recapitule 2 Coríntios 5:17-20 à luz da experiência de Paulo na estrada de Damasco, de sua transformação súbita e radical e de seu subsequente zelo para pregar o evangelho. De que maneira essa passagem tem um significado ainda maior à luz da experiência de conversão de Paulo? II. Cultivo de igrejas ( Recapitule com a classe Atos 26:15-18.) Com todas as fibras de seu ser, Paulo sentia um chamado especial para levar as boas-novas aos gentios. Havia exemplos isolados de gentios que tinham vindo a Jesus, inclusive Cornélio e sua família. Mas a igreja primitiva não tinha um programa nem um plano sistemático para trabalhar com os gentios. Sem dúvida, Paulo teve que analisar com oração como iniciaria sua missão, e precisou estar aberto à orientação do Espírito Santo. É significativo que Paulo tenha ido para a Arábia durante certo tempo (Gl 1:17, 18) para comungar sozinho com Deus e se preparar para o ministério. Embora Paulo tenha usado vários métodos, a chave para sua abordagem missionária era dar início a novos grupos de cristãos em áreas urbanas estratégicas. Hoje nos referiríamos a Paulo como um plantador de igrejas, mas essa expressão não descreve plenamente seu método de
estabelecer comunidades cristãs. O texto bíblico o revela mais como um “cultivador de igrejas”, preocupado não só em plantar a semente, mas também em regá-la, em arrancar, quando necessário, perigosas ervas daninhas, e em nutrir a planta até que ela florescesse vigorosamente. O livro de Atos trata, fundamentalmente, do plantio de igrejas, e grande parte dos outros escritos do apóstolo Paulo são, basicamente, cartas para edificar e apoiar novos grupos de cristãos que haviam sido estabelecidos. Hoje, o método missionário de Paulo é igualmente importante para nós. Afinal de contas, o plantio de igrejas é uma ordem bíblica. A grande comissão de Mateus 28 é um chamado para fazer discípulos, não isolados, mas no contexto de grupos de cristãos. Ellen G. White escreveu: “Novas igrejas devem ser estabelecidas e novas congregações organizadas” (Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 24). Desde nossos primeiros tempos, o plantio de igrejas tem sido visto, não como uma opção extra, mas como o modo aceitável de cumprir nossa tarefa como igreja. É parte vital de nossa herança adventista. Nossa igreja tem crescido muito ao longo das décadas, primariamente por causa do plantio de igrejas, isto é, devido aos esforços intencionais de estabelecer grupos de cristãos em novas áreas. Estudos mostram, vez após vez, que igrejas mais antigas e institucionalizadas lutam para atrair novos membros e conservar os novos conversos. As igrejas novas tendem a se concentrar mais na comunidade, ser mais atraentes para os descrentes e mais dinâmicas para encontrar maneiras criativas de levar o amor de Jesus para a comunidade em que estão localizadas. Hoje, a cada quatro horas, uma nova igreja adventista, muitos grupos e pequenos grupos são estabelecidos em alguma parte do mundo. Perguntas para reflexão: Ao planejar o trabalho missionário, quanto esforço fazemos para planejar a conservação e o discipulado dos novos membros? Como esse esforço se compara à quantia que investimos no evento ou no programa de evangelismo inicial? Aplicação Para o professor: Em 1990, Foster Cline e Jim Fay escreveram um livro chamado Parenting With Love and Logic [Paternidade com amor e lógica], no qual usaram a frase “paternidade helicóptero”. A expressão se refere aos pais que controlam cada movimento dos filhos para garantir que eles não irão se ferir de alguma forma. Para pais ansiosos, às vezes pode ser difícil conseguir o equilíbrio entre proteção e independência. Como pai espiritual de muitas congregações, Paulo era o tipo de pai que seguia de perto (ou pairava como um helicóptero sobre) seus filhos, orando noite e dia por seu bem-estar. Nesta semana estamos estudando o amor e o cuidado de Paulo pelas congregações que havia estabelecido, muitas delas bem no centro do paganismo. Por meio de seu ministério, elas haviam abandonado seus ídolos. Então, desfrutavam uma vida nova em Cristo. Perguntas para reflexão 1. Quais são as vantagens e desvantagens da “paternidade helicóptero” no âmbito espiritual? Como encontramos o equilíbrio em relação aos novos conversos? Em relação aos cristãos mais antigos, a “paternidade helicóptero” constitui um perigo? Por quê? 2. Para você, que qualidades de liderança se destacam de maneira especial na vida de Paulo?
Atividades 1. Considere a seguinte declaração sobre as qualidades que uma eficiente testemunha de Deus deve possuir. Com a ajuda da classe, coloque essas qualidades em ordem de importância: Para ser uma testemunha eficiente, alguém precisa: ser um pensador lógico, ser humilde, ser orador eloquente, ser sensível e possuir tato, ser organizador competente, saber debater, ter conhecimento sólido, ser obediente a Deus, ser uma pessoa de oração. 2. Escreva os seguintes versos em folhas de papel e distribua aos alunos. Se a classe for grande, os alunos podem ser separados em pequenos grupos para comentar sobre o verso que receberam; se for pequena, peça respostas individuais. Isaías 6:5-7; Lucas 1:28-38; Êxodo 4:1017; Jeremias 1:6-9. Peça que os alunos estudem seu verso, identifiquem a reação de cada um desses personagens ao chamado de Deus e digam à classe como Ele respondeu ao que eles disseram. Lembre aos alunos que quando eles se sentirem incapacitados para a missão, é assim que Deus prefere que eles se sintam. Planejando atividades: O que sua classe pode fazer na próxima semana como resposta ao estudo da lição?
Lição 11 - Paulo: seu passado e seu chamado
Introdução Em todas as épocas, Deus tem utilizado líderes para conduzir Seu povo ao cumprimento da Sua missão. Na história de Paulo, temos um grande exemplo. Através da sua influência, as boasnovas cruzaram as fronteiras de Israel e alcançaram os gentios. Paulo era destemido, sua coragem e sabedoria o levaram a construir uma grande obra missionária, e os resultados fizeram dele o personagem mais importante do Novo Testamento, depois de Cristo. Saulo de Tarso “Entre os guias judeus, que ficaram profundamente abalados com o êxito que acompanhava a proclamação do evangelho, encontrava-se, preeminentemente, Saulo de Tarso. Cidadão romano de nascimento, Saulo era judeu por descendência, e foi educado em Jerusalém pelos mais eminentes rabis. ‘Da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim’, era Saulo ‘hebreu de hebreus’; segundo a lei, foi ‘fariseu, segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível’ (Fp 3:5, 6). Era considerado pelos rabinos um jovem altamente promissor, e grandes esperanças eram acariciadas com respeito a ele como capaz e zeloso defensor da antiga fé. Sua elevação a membro do Sinédrio o colocou numa posição de poder” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 76). Paulo, o homem A maior impressão causada por Paulo não vinha de sua aparência, nem de seu discurso. Mais importante do que sua presença, era sua qualidade da mente e do espírito. Um homem zeloso pela verdade, impetuoso, que transmitia sua mensagem de forma intensa e não artificial; alguém sociável, gregário. “O amplo espectro das suas amizades e o carinho do seu afeto são qualidades que nenhum leitor atento das suas cartas pode deixar de observar”. Seus amigos tinham elevada consideração por ele a ponto de arriscarem a vida em seu favor. Paulo queria ver seus convertidos unidos, tinha orgulho deles e, quando escrevia para eles, os aconselhava como um pai falando aos seus filhos. Deixava claro que honestidade devia ser praticada e percebida. Com uma força de vontade incomum, guiada pelo amor a Cristo, era impulsionado a pregar a
verdade. Sua prioridade era que seus conversos refletissem Cristo em sua vida. Suportou tudo com perseverança, alegria e fé, mesmo em meio às dificuldades. “Segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp 1:20-21) (F. F. Bruce, Paulo: o apóstolo da graça, sua vida, cartas e teologia). De Saulo para Paulo Sem dúvida alguma, Paulo é um dos grandes personagens do Novo Testamento. “Paulo tinha sido anteriormente reconhecido como zeloso defensor da religião judaica e implacável perseguidor dos seguidores de Jesus. Corajoso, independente, perseverante, seus talentos e preparo o teriam capacitado a servir quase em qualquer atividade. Era capaz de arrazoar com clareza extraordinária, e por seu fulminante sarcasmo podia colocar o adversário em posição nada invejável” (Ellen G.White, Atos dos Apóstolos, 84). “Os sacerdotes e príncipes tinham esperado que, por um esforço vigilante e severa perseguição, a heresia pudesse ser suprimida. Compreenderam então que deveriam prosseguir em outros lugares com as medidas decisivas tomadas em Jerusalém contra o novo ensino. Para o trabalho especial que desejavam fosse feito em Damasco, Saulo ofereceu sua ajuda... Saulo de Tarso, usando de toda a força e vigor, e ardendo em um zelo equivocado, pôs-se a caminho naquela memorável jornada, cujas estranhas ocorrências deveriam mudar todo o curso de sua vida” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 63). A conversão de Paulo é uma notável evidência do miraculoso poder do Espírito Santo para convencer os homens do pecado. A ação divina foi capaz de transformá-lo de perseguidor a perseguido. Seus talentos passaram a ser usados de uma forma extraordinária para cumprir a missão divina da proclamação do evangelho. A partir da sua conversão, tudo o que ele havia aprendido em sua educação rabínica foi de extrema importância para alcançar os diversos povos com que ele entraria em contato. Paulo no campo missionário A atividade de Paulo no campo missionário tem sido tradicionalmente dividida em três viagens. Paulo geralmente começava sua missão na nova cidade pregando na sinagoga. Assim, a comunidade judaica era influenciada. Então, ele buscava encontrar os gentios onde estavam. Apesar de não demonstrar exclusividade, Paulo dedicou seu ministério especialmente à expansão do evangelho entre os gentios. Ele via a missão de forma integral, envolvendo a glória de Deus, o reino de Cristo, a pregação do evangelho, a conversão de homens e mulheres, o desenvolvimento e edificação da igreja, a luta contra os poderes cósmicos, a busca pela santidade, o desejo de unidade e comunhão dentro da visão sobre Deus e centralizados em Jesus Cristo. A missão e o multiculturalismo Desde o primeiro século, como resultado da missão de Paulo, a igreja começou a lidar com a diversidade cultural. Nenhuma cultura está livre da degradação do pecado, enquanto
possivelmente nenhuma cultura esteja completamente corrompida que não tenha lampejos da verdade. A intercessão do evangelho com a cultura tem sido alvo de muitos estudos. Por um lado, todo ser humano pertence a uma cultura, assim como o evangelho sempre é expresso em termos culturais. Por outro lado, o evangelho nunca esteve submisso a uma cultura. Isso lhe dá a condição de apontar e julgar os aspectos culturais que estão distantes do ideal divino. Mais do que apreciar as diferentes culturas, é importante compreender a contribuição das diferentes perspectivas à vida e ao evangelho. Estudo adicional “É privilégio de todos dar ao mundo, em sua vida de família, em seus costumes, práticas e ordem, um testemunho do que o evangelho pode fazer pelos que lhe obedecem. Cristo veio ao mundo para dar-nos um exemplo do que podemos nos tornar. Espera que Seus seguidores sejam modelos de correção em todas as relações da vida. Deseja que o toque divino se manifeste nas coisas exteriores” (Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 196). “O amor de Cristo é profundo e ardente, fluindo como uma irreprimível torrente para todos que O aceitarem. Não há egoísmo em Seu amor. Esse amor, nascido no Céu, é um princípio permanente no coração, e que se tornará conhecido não apenas daqueles que consideramos mais queridos no relacionamento sagrado, mas de todos com quem entramos em contato. Ele nos levará a expressá-lo em pequenos atos de cortesia, a fazer concessões, a realizar ações de bondade, a falar palavras ternas, verdadeiras e encorajadoras. Ele nos levará a simpatizar com aqueles cujo coração anseia por simpatia” (SDA Bible Commentary, v. 5, p. 1.140). Esses princípios se aplicam aos diversos campos missionários e de discipulado que se nos apresentam: nosso próprio coração, nossa família, nossos vizinhos, nossa igreja e até os confins da Terra.