Uma terra para Moisés
Marisa Viegas e Silva, Justiça Global Dedico este relato ao Sr. Edvar e aos habitantes de Piquiá de Baixo pela sua luta. Dedico também aos companheiros que acompanham estas comunidades, a despeito das ameaças e dificuldades, em especial aos colegas da Rede Justiça nos Trilhos.
Introdução
Centro de acolhida missionária, bairro de Santa Teresa, cidade do Rio de Janeiro. No teto da cidade, na cima de um dos morros tão característicos do cenário carioca, homens e mulheres reúnem-se para contar suas histórias de luta, refletir sobre os fatos passados e recentes, planejar os próximos passos. À noite, no raro momento de descanso, ante um Cristo Redentor iluminado com o patrocínio da terceira maior mineradora do mundo, a Vale S.A., Edvard sentia o peso da viagem e da luta, mas animava-lhe o caminho trilhado e as atividades dos dias seguintes. Era 16 de abril de 2013 e realizava-se o 3o encontro da Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale, organização surgida em 2010 para denunciar os impactos e fazer resistência às atividades econômicas na área da mineração desenvolvidas pela Companhia Vale S.A. no Brasil e no exterior. A Articulação
reúne
famílias,
trabalhadores
das
minas,
sindicalistas,
ambientalistas, feministas, políticos, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores, camponeses, estudantes, professores, sem terra, migrantes que tiveram que deixar seus territórios de origem, entre outros afetados pela