Relé Magazine

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A revista Relé é uma iniciativa da livraria e galeria POP para documentar e valorizar a arte produzida nos dias de hoje. Aqui, todas as linguagens e manifestações artísticas são bem-vindas. Para mais informações, visite o site da Relé. www.rele.com.br Conselho Editorial: Roger Basseto, Mônica Fragoso, José Aluísio Guimarães, Daniel Trench, Juliana Martinhago e Bianca Nitrini. Editoras: Juliana Martinhago e Bianca Nitrini Redação: Mariana Bueno e Vina Choi Revisão: Andréia Cañadas Projeto Gráfico: Juliana Martinhago e Bianca Nitrini Arte: Juliana Martinhago e Bianca Nitrini Arte da abertura e editorial: Alexandre Shibao

A revista Relé é trimestral, impressa em papel alta alvura na Litokromia Gráfica e tem a tiragem de 8.000 exemplares distribuídos em São Paulo SP, Rio de Janeiro RJ, Porto Alegre e Florianópolis em livrarias e revistarias especializadas. Todos os artigos assinados e fotografias são de responsabilidade única de seus autores e não refletem necessariamente, a opinião da revista. Para contatar, escreva para contato@rele.com.br.

Agradecimentos muito especiais aos grandes artistas que cederam seus trabalhos para as galerias PAREDE desta edição: Arthur D’Araújo, Dimas Forchetti, Don Vital, Eduardo Belga, Estúdio Deveras, Julian Gallash, Kael Lima, Luís Felipe Volpe, Mariana Abasolo, Ori Toor (Israel), Pedro Covo (Colômbia), Talita Hoffman, Daniel Cantreel (Inglaterra), Tommy Pariah (Iltália) e Valeria Montero (Argentina).


cola bora dores

A cada edição, a Relé conta com a colaboração de grandes artistas e escritores. Sem eles, o projeto não seria possível. Aqui vai um grande agradecimento por parte da equipe de produção.

Mariana Nitrini é nascida em São Paulo. Formada em Letras, atua como escritora e professora de espanhol. Chico Spagnolo é estudante de jornalismo e gosta de praticar capoeira quando simpatiza com as pessoas.

Alexandre Shibao trabalha na área de ilustração e quadrinhos há 5 anos. Participou dessa edição mostrando seu amor por desenho. Luciano Scherer é pintor e escultor. Participou da exposição coletiva “Trimassa” na galeria Choque Cultural em 2008.

Emerson Pingarilho, desenhista gaúchoamazonense, atualmente dedica-se às possibilidades do desenho a nanquim.

Laura Sobenes fez da imagem sua performance de vida. Ama, sente, cresce, engorda, emagrece e registra o tempo passando.

Vina Choi é estudante de design de interiores no Instituto Europeu de Design. Atua também como tradutora de inglês.

Victor Castillo, artista nascido no Chile, atualmente vive em Barcelona. Já teve esposições individuais na Europa e EUA.


POR CHICO SPAGNOLO

do nascimento

Para um tipo particular de apreciadores de arte da nossa geração – ­ os que nasceram no final dos anos 80, no meio da muvuca verborrágica e vazia da época – o burburinho causado pela palavra vanguarda percorria um compêndio ilógico e sufocante de ideias: nasciam novas ferramentas para a pintura, outros olhares para a crítica, noções de linguagem visual inovadoras, mas a sensação que ficava era de algo sendo recriado, nada, por assim dizer, realmente novo. Talvez o problema fosse mesmo a palavra vanguarda. Era preciso aboli-la das discussões, pois ela resumia a obrigação ignorante de que carne boa é carne nova, fresca. Ela aparecia como justificativa retórica dos críticos para crucificar referências mal encobertas pelo artista e abria espaço para outras definições que pouco diziam respeito ao movimento artístico em voga: nasciam os pós e os neos, acentuando o sentido de recriação e banalizando a definição interpretativa. Talvez o problema fosse a arte em si. O inaceitável velório da criação causava irritação nos artistas e os protestos tornaramse corriqueiros. Ninguém ao certo os entendia e a arte ganhava uma conotação particular, estritamente intrínseca a atender os interesses de seu criador -- não havia a noção de reciprocidade com o público, que aos poucos foi se afastando. Talvez o problema fosse a nossa própria geração. No ano em que a Bauhaus, escola alemã de arquitetura e design, completa 90 anos, Relé nasce com uma nova proposta: discutir conscientemente os passos largos da arte. Enquanto o trâmite legislativo do Ministério da Cultura promove a peleja dos beneficiados pela lei Rouanet, Relé contempla e questiona a arte produzida atualmente, acudindo a volatilidade que é o mundo artístico e vangloriando seu colaborativismo: as ruas produzem, a criatividade rebate a adversidade, a intermitência é mais presente do que nunca. Justificando sua alcunha, Relé chega como um sinal de comando que permite comutar um circuito. O tema inaugural, maus pensamentos, serve como mote para acender a discussão entre a subjetividade dos elementos urbanos e a apropriação desses pela produção artística cosmopolita. Relé não é necessariamente presunçosa. É um ofício que faz mirrar os problemas da interpretação cultural: o passo perdido e a nostalgia do vazio.



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MOVIMENTO LOWBROW Como surgiu e influenciou o movimento undergound que revolucionou as artes visuais.

SORRISOS MALÉFICOS Processo criativo e influências do artista chileno Victor Castillo em matéria exclusiva.

DAVID LYNCH Uma coleção inédita dos desenhos e pinturas surrealistas do polêmico cineasta americano.

PAREDE: Eduardo Belga, Dimas Forchetti, Valeria Montero e Kael Lima.

MARIANA ABASOLO

Entrevista com a artista que com canetinhas e papel representa um universo de mensagens.

JACA Matéria exclusiva com o artista que foi mat´ ilustrador de grandes jornais do país. EXPOSIção ao medo Filmefobia, o primeiro curta do documentarista Kiko Goiffman que mistura realidade e ficção.o

parede Chis Alvarenga, Estúdio Deveras, Talita Hoffman e Luís Felipe Volpe.o

MAUREEN MIRANDA Entrevista com a artista multidisciplinar que desenha, pinta e sobe ao palco de teatro.

ENSAIO convidado Nesta edição, a interpretação da natureza humana sob o olhar de Laura Sobenes.

luciano scherer Entrevista com o artista gaúcho de 22 anos que exibe um trabalho forte e polêmico.

ARTISTA CONVIDADO Emerson Pingarilho mostra sua arte junto à um poema reflexivo sobre o tema desta edição.

PAREDE Tommy Pariah, Arthur D’Aaraújo, Julian Gallash e Pedro Covo.



DES T A QU E A QU I

este é para você

Chris Alvarenga

DE ST A QU E AQ U I

“Ayua” 2008



12-13 LOWBROW


lowbrow

MOVIMENTO UNDERGROUND QUE REVOLUCIONOU

AS ARTES VISUAIS POR MARIANA BUENO

A arte Lowbrow pode ser considerada causadora de impacto desde a origem de seu nome, afinal sua tradução ao pé da letra é baixo nível para surtir efeito de contraposição com o highbrow, uma arte voltada a intelectuais. As primeiras manifestações aconteceram no final dos anos 70, na cidade de Los Angeles, tendo como objetivo a descrição do movimento underground das artes visuais, imersa nesse mundo: comics, música punk, hiphop, cultura de rua, grafites, caricaturas, propaganda, cultura gótica contemporânea, Arte Ingênua (Naïf), dentre outras. É possível afirmar que o Lowbrow é uma arte com uma pluralidade de interpretações, sempre vencedoras na tentativa de surtir um efeito de impacto (positivo

ou não) ao sujeito que a observa: algumas obras sugerem uma sensação de bom humor, outras já introduzem uma abstração maligna, e ainda há aquelas que sugerem um tom sarcástico, uma mensagem satírica. Robert Williams e Gary Panter foram os primeiros nomes a manifestar esse tipo de arte em seus cartoons undergrounds, as exposições deste tipo de arte tiveram início em galerias alternativas em Nova York e Los Angeles, como a Psy-chedelic Soluções Gallery, em Greenwich Village, Nova York e Zero, em Hollywood. Desde então, o movimento foi se expandindo e recebendo novos associados, e consequentemente novas propostas de expressar essa linha de pensamento, mas para isso o percurso foi


difícil, o artista Robert Williams especialmente lutou contra infinitos preconceitos, e observou muitos artistas talentosos desistirem de lutar para a propagação desta arte, trabalhava com tiras e exposições de seus cartoons em editoriais pouco divulgados, depois passou a trabalhar em empresas de renome como Zap Comix e Ripp OFF Press, foi então que surgiu a oportunidade do artista fazer um livro com as suas principais pinturas. O livro “The Lowbrow Art of Robert Williams” foi o pontapé inicial para tornar essa vertente artítisca mais notada por todos. Além de notada, a arte passa a ser apreciada e o nome Lowbrow consagra-se de vez como o denominador deste pensamento artístico. O autor do livro e precursor desta arte se identifica cem por cento com o nome (baixo nível), ele afirma que o nome retrata exatamente que o artista tenta passar com sua arte.

O livro “The Lowbrow Art of Robert Williams” foi o pontapé inicial para tornar essa vertente artítisca mais notada por todos. Além dE notada, a arte passa a ser apreciada e o nome Lowbrow consagra-se de vez como o denominador deste pensamento artístico. É importante destacar que houve um veículo de comunicação que contribuiu para arte Lowbrow se difundir, primeiramente nos EUA, foi a revista “Justapox” criada pelo cartunista Robert Willians. Tal revista aborda temas de cultura e arte alternativa contemporânea focando no lowbrow. A revista também assume um perfil irreverente se comparada com as revistas de artes existentes até então. Ela assume postura reflexiva, através de imagens que transmitem reações positivas ou negativas diante do assunto abordado, mas sem sombra de dúvida inovadora e incomum.

Há nomes importantes que devem ser ressaltados neste artigo, como Daniel Cantrell, que vive em St Annes, uma cidadezinha que fica no norte da Inglaterra e trabalha como freelancer em edições de filmes pelo Reino Unido em geral, além disso faz desenhos que abordam temos como a selvageria do mundo moderno, e são feitos com caneta simples no papel. Seus personagens aparecem geralmente


sorrindo ironicamente, o que se pode interpretar que vida pode ser ligada ao horror. Seus desenhos tem uma forte ligação com seu gosto musical como um mon Punk Rock de qualidade. Cantrell afirma que desenhar é uma paixão real e que ele o faz quando tem tempo livre, quanto suas teorias de acordo como processo criativo de um artista, ele defende a idéia de que a emoção pessoal e a experiência diária são forte contribuintes para trilhar uma ideologia. Atualmente Daniel está experimentando materiais como o guache e a tinta acrílica, além de trabalhar com trabalhos digitais e suas técnicas mais conhecidas emarcantes. Outro nome de destaque é Vital Lordelo, de 25 anos, nascido no Brasil, que expõe suas imagens nos muros de Porto Alegre, que servem como mensagens para aqueles que a observam, elas seguem uma conotação de abstrato, sonho e nonsense.


O artista revela ter um estilo voltado ao processo experimental, que passa por evoluções temporais e ressalta que procura desenhar utilizando-se de poucos traços, pois assim cria uma idéia de movimento contínuo, ou algo que vibre. Para Vital, a mensagem que transmite flui de maneira ocasional, o nanquim, giz de cera derretido, hidrocor são alguns dos materiais que ele utiliza para fazer suas imagens, e ainda pretende voltar a pintar em tela e trabalhar com colagens para aproximar-se de uma perspectiva neodadaísta. Suas referências são amplas desde o Dadaísmo passando por Art PoP, Klint., Van Gogh entre outros e além disso tentar transformar sua vivência e abstração de mundo em obra artística. Sonha em ser artista plástico e cineasta e afirma retratar a idéia de maus pensamentos e perturbação em sua arte. Levando em consideração esses pensamentos e técnicas de artistas muito particulares é possível concluir que a arte Lowbrow adquiriu um papel de grande destaque no mundo da arte, podendo ser revisitado de diversas maneiras e explorar diversos assuntos passando uma mensagem coletiva de autenticidade e eficácia.

a arte Lowbrow vem adquirindo um papel de grande destaque no mundo da arte, podendo ser revisitado de diversas maneiras e explorar diversos assuntos passando uma mensagem coletiva de autenticidade e eficácia.


A forma rápida, prática e impactante do lowbrow entra em nossas cabeças de maneira imediata, mas não é fulgás, a mensagem fica e nos transforma, positiva ou negativamente depende do mundo particular de cada um, mas essa é a idéia central. As vezes feito em forma de cartoons, outras feito como anúncio em muros de rua, ora exposto na internet, ou numa tatuagem, ou mesmo em livros específicos essa forma de fazer arte adquire solidez e propagação de maneira muito notável. O nome da arte faz menção a pouco valor, pouco nível mas só estudando esta vertente é possível enxergar que o lowbrow é muito mais que isso, é sátira, é mensagem,

expressão, e sobretudo manifestações lúcidas, perversas, conscientes, sólidas, irreverentes sob um contexto histórico atual e muito dinâmico. A forma rápida, prática e impactante do lowbrow entra em nossas cabeças de maneira imediata, mas não é fulgás, a mensagem fica e nos transforma, positiva ou negativamente depende do mundo particular de cada observador, mas essa é a idéia central.


18-19 VICTOR CASTILLO

sor

risos maléficos POR VINA CHOI




Victor Castillo foi criado em um bairro humilde em Santiago, no Chile, um ambiente social com conflitos políticos. Sendo um país com ditaduras de Augusto Pinochet. Se historicamente o Chile foi fortemente influenciado pelo posto colonial da Espanha, durante este período político, economia e cultura eram excessivamente influenciadas por Washington, a força do dólar e Hollywood. Victor desenvolveu desde então uma relação ambígua com os EUA. Para ele era um país que exerce uma influência do estilo colonial, mas trouxe a cultura que rapidamente se tornou sua principal fonte de inspiração, longe de qualquer outra coisa que ele tinha conhecimento anteriormente. Em sua primeira esposição individual na Espanha, suas pinturas relatavam o sentimento de amor e ódio relacionando Espanha e Chile, as pinturas na primeira exposição individual apresentada nos Estados Unidos, mostrou um traço de ambigüidade relacionando admiração e critica ao país.

Castillo vai um passo a frente nesta técnica literal, estável e ilustrativa do começo de sua carreira, desenvolvendo relações atmosféricas mostrando forte domínio no uso de luz e cor princialmente. Suas principais influências estão na animação Ren e Stimpy, Os Simpsons, Vintage Animation, surrealismo pop e artistas como Manuel Ocampo, Mark Ryden ou Gary Baseman. Recentemente, ele tem focado em mestres clássicos da pintura como Goya ou Velázquez, dando o início a um estilo mais pessoal e adulto. Para a sua primeira exposição individual nos Estados Unidos, Victor Castillo escolheu um título bíblico estraído da letra de uma música de Violeta Parra, um comunista chileno, músico popular e artista plástico. O título e a letra são declarações do desprezo de Castillo pelo fundamentalismo da sociedade ocidental. Políticos abrangentes – Bombardeando, invasão e imposição da mesma cultura em países estrangeiros – racismo, onipresença da violência, armas, catolicismo extremista, são alguns temas de sua nova série de pinturas. Ele representa aspectos decadentes de nossa sociedade




por meio de uma poesia visual com caráter apocalíptico. Mais uma vez, crianças são os personagens principais de suas obras artísticas. Eles retratam cenas obscuras onde brinquedos se transformam em armas e crueldade substitui inocência. Esses personagens atuam com metáforas, mas na verdade não estão longe da realidade quando comparados a fatos como as tendências em sua juventude em relação a programação de sua própria violência executando brutalidade sem compaixão ou reconhecimento das atuais consequências. As pinturas de Victor Castillo ficaram no acervo da Galeria Iguapop. Esta galeria de Barcelona está apresentando os trabalhos deste artista Chileno que agora vive trabalha nesta mesma cidade.

Seu estilo e assunto é direto de Tim Burton, The Nightmare Before Christmas na maior inteligência e insinuante maneira possível. Tem uma certa pintura virtuosa que imita o estilo de uma animação translúcida CIG. Como o filme, seu trabalho é dirigido para ser obscuro sem se tornar berrante assustador, ser de coração sem ser irritantemente juvenil. Ele atingiu um equilíbrio impressionante entre extremos conflitantes. O nariz longo e vermelho de muitos dos trabalhos adicionam apelando pelo cômico e com referencias de Pinóquio. Tendo uma composição tenebrosa em muitas destas peças, que produz este clássico e fascinante brilho.



26-27 DAVID LYNCH


LYNCH POR ANDRÉ BRASIL


Lynch: da pintura ao quadrinho, do rabisco ao roteiro, do desenho à instalação, da fotografia à pintura.

Depois de visitar a megaexposição The air is on fire, de David Lynch, na Fondation Cartier pour l’art contemporaine, ficamos logo tentados a recorrer à velha brincadeira: “como artista plástico, você é um ótimo cineasta.” Brincadeira que mais engana do que esclarece. A ampla curadoria de obras do diretor nos revela um artista inquieto, múltiplo e, ao mesmo tempo, coerente em sua trajetória. No ano passado, Lynch recebeu o Leão de Ouro no Festival de Veneza, pelo conjunto de sua obra, e agora volta ao centro das atenções da imprensa européia com o lançamento de Inland Empire. Quanto à exposição, trata-se de uma seleção, exaustiva e irregular, de pinturas, desenhos, fotos, filmes experimentais, animações e criações sonoras, obras que ele acumula desde os anos 60. O artista plástico David Lynch carrega o “fardo” de ser um grande cineasta. Não poderia ser diferente. Vemos seus quadros sempre à

luz dos filmes. Mas podemos ensaiar um outro movimento crítico. Para além das hierarquias ou juízos de valor, nos atentar às passagens: da pintura ao quadrinho, do rabisco ao roteiro, do desenho à instalação, da fotografia à pintura. Passagens entre imagens, para lembrar a fórmula de Raymond Bellour. O próprio artista concebeu a cenografia que abriga suas obras: corredores, cortinas, portas, labirintos. Grandes, pequenos, largos, estreitos. Lynch adora as passagens, por onde perambulam seus personagens. E por onde perambulamos, nós que visitamos sua exposição. Por meio das passagens (seja em sua exposição, seja em seu cinema), o artista nos faz percorrer espaços de densidades e escalas diferentes. Espaço heterotópico, diria Foucault. “Há diferentes mundos em um mesmo lugar. Isso é maravilhoso. Basta pegar o ônibus e passamos de um mundo a outro”, nos diz o artista David Lynch.


O próprio artista concebeu a cenografia que abriga suas obras: corredores, cortinas, portas e labirintos.

O mesmo se pode dizer do tempo. Passar de um espaço a outro produz uma espécie de refração de nossa experiência temporal: o tempo aumenta ou diminui sua velocidade, o movimento dos corpos torna-se mais fluido, mais viscoso, ou mais denso. Nesse sentido, um belo ensaio fotográfico, escondido no fundo da exposição, é tão simples quanto revelador: abandonados sob a ação do tempo, bonecos de neve se desfazem. As fotos destoam do restante dos trabalhos. Foram tiradas em Idaho, cidade onde Lynch passou a infância. As imagens parecem suspensas em uma encruzilhada de temporalidades distintas: o tempo da infância, o tempo da decomposição dos bonecos e o tempo da imagem.



Diferentes mundos em um mesmo lugar: cada qual com sua linguagem, sua lógica interna, suas materialidades, suas densidades, suas velocidades. Diferentes, mas em ressonância. De um mundo a outro, não há ruptura, mas desvio, refração. Questão de memória. Lembrar aqui é, sempre, refratar. Mas, a dificuldade destas passagens, destas refrações, está em sua extrema precariedade: entre o que ainda será e o que já deixou de ser. The Man Was Shot 0,9502 Seconds Ago é o título de uma das pinturas de Lynch. Como apreender o instante pouco antes do tiro? Ou como pergunta Lynch, em uma de suas pinturas: “Can bob remember before it is too late?”

A série mais despretensiosa da exposição, talvez seja a mais desconcertante: 500 desenhos traçados sobre todo tipo de papel (post-its, guardanapos, caixas de fósforos, blocos de hotel, envelopes, cadernos de rascunho, capas de roteiro). Esboços, diagramas, fragmentos de diálogo, frases soltas. Uma proliferação de micro-cosmos e, entre eles, refrações mínimas. Vistos isoladamente ou em seu conjunto, estes esboços são como estilhaços do processo de criação de David Lynch. Explicitam as passagens, os interstícios, através dos quais o artista nos faz atravessar de um a outro universo. Exploramos seus desenhos atentos aos traços, às pistas, aos indícios que nos permitiriam refazer liames e conexões. Em um dos desenhos, por exemplo, Lynch escreve: “Fire walk with me.” Se Frank Booth (personagem de Denis Hopper, em Blue Velvet) tivesse uma tatuagem, seria essa a frase, ele imagina. Nos hotéis, nos restaurantes, nos intervalos entre as filmagens, o cineasta desenha. Compulsivamente. Esboça, rabisca: a distração do traço, o pensamento em ato. A variação da velocidade da caneta de acordo com a porosidade do suporte. Enquanto pensa, o pensamento se rascunha, inscrevendo ali suas velocidades. Durante as filmagens de seu primeiro longa, Eraserhead, ele brincava de fazer desenhos em caixas de fósforo. Dípticos, como gosta de chamá-los. Entre um e outro quadrinho, refrações. Ou ressonâncias, diria Deleuze: “É próprio da sensação passar por diferentes níveis sob a ação de forças. Mas, acontece também de duas sensações se confrontarem, cada uma tendo um nível ou uma zona, e fazendo comunicar seus respectivos níveis.


32-33 PAREDE

EDUARDO BELGA

DIMAS FORCHETTI

brasil

brasil

VALERIA MONTERO

KAEL LIMA

brasil

argentina


DANIEL CANTRELL inglaterra












44-45 MARIANA ABASOLO


TRAÇOS marcados A ARTISTA PAULISTANA MOSTRA COM SIMPLICIDADE suas REPRESENTAÇões em desenho. com origem despretenciosa, AS IMAGENS DE MARIANA ABASOLO São marcarcantes e criam FORTE presença VISUAL E INTERPRETATIVA POR MARIANA BUENO


Se apresente, fale um pouco sobre você! Sou a Mariana Abasolo, moro em São Paulo e atualmente sou estudante de design gráfico e jornalismo. Sim, faço duas faculdades. Desenho nas horas livres, desenho quase todo o tempo, leio muito também. Ah! Faço ilustrações como freelancer.

Quando e como você começou a se interessar por arte? Sempre gostei de desenhar, desde pequena, desenhava até nas paredes da minha casa, então me interesso por arte desde sempre. Fui amadurecendo e descobri que poderia fazer algo relacionado a isso, profissionalmente. E como foi esse amadurecimento? Antes eu acha que desenhar sempre seria um hobby, não pensava em fazer isso para viver, além disso, as pessoas ao meu redor faziam questão de me lembrar disso. Fui descobrindo aos poucos que estavam erradas, o universo do desenho é promissor.


DESENHO NAS HORAS LIVRES, NAS HORAS CHEIAS, DESENHO QUASE O TEMPO INTEIRO! É ALGO QUE ME FAZ UM BEM ENORME, ODIARIA QUEBRAR MINHA Mão direita!


E o jornalismo? Por que deciciu fazer essa faculdade também? Na verdade sempre gostei de escrever também, e para falar aind mais a verdade, gosto muito de estudar. Acho que com o jornalismo, consigo unir muito das duas coisas. Gosto do universo que o jornalismo está inserido, gosto de mídias e comunicação. O que você considera ter sido importante para moldar sua personalidade e estilo? Acredito que tudo que vivi até hoje foi importante para isso. Mas sempre me esforcei para moldar minha percepção visual, amo o que faço.

Desenhar sempre foi o que mais gostei de fazer, desenho compulsivamente, para me distrair, para debafar coisas boas e ruins que sinto. É algo que me completa. Quais são suas influências e referências? Admiro diversos artistas do passado e também da atualidade. Acho que Duchamp é um dos nomes que mais me influencia, não só como artista, mas pelo que representou na história da arte, rompendo com paradígmas e estuturas pré-definidas. Hoje me sinto influenciada pela cultura urbana, pelo movimento das grandes cidades, nos aspectos bons e ruins, Tento incorporar isso nos meus trabalhos, imagens e cenas cotidianas e expressivas. Encontramos diversas situações em seus desenhos, estranhamente familiares talvez pela simplicidade dos temas. De onde vêm a atitude desses personagens? Acho que é da minha percepção desse mundo caótico, meus desenhos acabam transmitindo um certo ruído. Os personagens estão em situações cotidianas, sim, mas procuro transpor neles algumas críticas, principalmente à cultura de massa.


Os personagens estão em situações cotidianas, sim, mas procuro transpor neles algumas críticas, principalmente à cultura de massa. E como funciona seu processo de criar um novo desenho ou colagem? É bem intuitivo. Começa sempre com algo que vi e me chamou a atencão. As vezes vejo uma imagem em uma revista e resolvo fazewr uma intervenção sobre ela, recorto, faço uma colagem e mistruro com grafismos. Pode ser algo que vi na rua e ime inspirou, uma situação que vivi, como eu disse gosto de desenhar o tempo todo, até para mim mesma. Você acha que a arte tem o papel de provocar, fazer pensar? Não acho que tenha apenas esse papel, mas com ceretza a imagem tem um grande poder, de transmitir ideias e de fazer as pessoas pensarem. Infelizmente acho que aqui no Brasil as pessoas ainda não se deram conta, veem como algo efêmero, não dão valor, as pessoas que entendem principalmente a arte urbana e caótica são minoria. Mas, acredito aos poucos isso está mudando, não podemos parar de tentar.


50-51 JACA

POR SYLVIO AYALA

Figura anti-notoriedade, Jaca é arredio a jornalistas desgraçados e fotógrafos que possam tirar sua alma. Primeiro esquivou-se, naturalmente. Só topou levar esse papo descritivo porque apelamos para o emocional. Benditos amigos em comum. Cerquei seu perfil com a ajuda de sua esposaTaís Rivoire, e do comparsa de longa data Fábio Zimbres. Embora ele não faça mal a ninguém, está longe de ser inofensivo. Ainda que alegue inocência, o Jaca é culpado. Paulo Carvalho Júnior é um cinqüentão (52) recluso, uma velha de verve gráfica assombrosa que passou por todos os grandes jornais

do Sul e Sudeste do país. Ilustrador por excelência, meteu histórias em quadrinhos nas revistas Dundum, Animal, Geraldão, Big Bang Bang, Edições Tonto, Front, Ragú, e por aí vai. Não economiza energia e joga tintas adoentadas em tábuas de gaveta, paredes e gravuras. Semi-analfabeto por julgamento próprio, seu intelecto está no traço. Puxa do rabisco infantil, pero mortal, contundentes denúncias visuais. Jaca se dá o direito à reserva, e arrebenta sempre que convocado. E assim, o calado se fez tagarela, e a sobrancelha semicerrada deu lugar ao sorriso largo de um homem feliz.



“Desde sempre em compensados, nas costas do armário, em pedaço de duratex, atrás da mesa de botão. Me lembro que desenhava uns bagulhos e já achava algo estranho. Pensava, com 5 anos: sou uma criança desenhando isso... Mas isso não é coisa de criança.”

“Desde semprevivendo em compensados, nas costas do armário, em pedaço de duratex, atrás da mesa de botão. Me lembro que desenhava uns bagulhos e já achava algo estranho. Pensava, com 5 anos: sou uma criança desenhando isso... Mas isso não é coisa de criança.” Jaca realmente curte ver suas criações impressas, registradas. Se orgulha. Só lembra que desenhava e desenhava. Imitava os desenhos pornográficos tipo Carlos Zéfiro, coisa de guri,incentivo do seu irmão. Descolou o primeiro emprego aos 15

anos, com carteira assinada e “salário de menor”, na empresa de painéis SORIPA, em Porto Alegre –, publicidade à base de cartazes gigantes, pintados a mão. Pegava um rolo de papel Quintana. Eu dormia clandestino pra não pagar diária, chegava de madrugada, só havia uma cama de solteiro, eu deitava ao lado, cobertor no chão. Quando melhorou um pouco, pegamos um quarto maior. Vez em quando íamos ao restaurante do hotel, decadente pacas. Garçons com paletós brancos, pra lá de puídos, e ratões enormes passando


pelos cantos.” Iniciou uma longeva trajetória pelos jornais como ilustrador da Folha da Tarde. Tentou fugir do lugar, por ter vergonha de seus desenhos. Ficou por lá quase quatro anos, aderindo à rotina das redações. Ao falir a FT, na crise que matou também o Correio do Povo, ficou como freelancer um ano. Quando abriu o lendário Diário do Sul nos anos 80, lá estava Jaca. Faliu o DS, um tempo em casa, e foi pra Zero Hora, da RBS, braço da Globo no Sul. Por lá tomou um chá de banco de três meses, do pior chargista do mundo, Marco Aurélio. Eles precisavam de ilustrações e infográficos, então contrataram o Eugênio Corvo, o Pit e o próprio Jaca. Na segunda vez no ZH (saído do Estadão), foi retalhado por outros ex-atuais colegas de ofício.

“Sou gaúcho sem gauchismo, do hospital Beneficência Portuguesa. Porto Alegre é uma cidade vazia, estatal. Vejo assim até porque minha família é toda de funcionários públicos. Acho bobagem esse ufanismo localista. Me acho um cara reacionário pra caralho. Não curto os charminhos da política, onde não cabe um pensamento mais desvairado. Sou reaça no sentido do rigor, vim de família alemã, rígida, onde todos são Krug. Menos eu, o único moreno.” Legítima ovelha negra da família, Jaca girou por todos os bairros da cidade. Ficou um bom tempo largado. Aos 12, 13 anos foi viver com a avó, grana apertada, bancava os anseios da adolescência com a venda de “baura, panka e meleca”. Maconha, mequalon e mandrix. Era o jeito de descolar grana pro cigarro, tênis ou dar aquela chegadinha no clube. No Baile do Cascalho, desopilava. Via com sua lupa clínica a horda dos enlouquecidos, antecipando os êxtases atuais. A língua chapada era um código, virou moda e sotaque. Essa fala carregada e enjoativa dos gaúchos gralhas é fruto dessa geração pankeka. Drugs também é cultura. Retiro, ou estilista de moda em sonhos juvenis. Passou a afeminar o traço, os personagens, buscando um ‘charme gay’. Dando vazão ao decorador e vitrinista que queria ser quando crescesse. Se valendo de aparências e simulacros, criou um contraponto ao estilo macho alfa dos desenhistas moderninhos metidos a rockstar. “Abichornei’ o desenho. Inspirado em alguns artistas gays que admiro, como Keith Haring e Leonilson. Clima anos 70, sem medo de assumir sua sexualidade. Eu poderia ser gay. Filho de pais desquitados, criado entre teatrinhos de fantoches, no meio da mulherada da família. Pelo meu traço, já acharam que eu era uma guria, a Jaca. Mas meu desenho não representa minha imagem, vai além disso.” O cara falsifica seu próprio trampo. Revisita outros feras, como Gary Panter e Mark Marek. É pré toy-art, fazia essa onda em 91 e já curtia os japas, mais ligado na estética que nos aspectos culturais.

Me acho um cara reacionário pra caralho. Não curto os charminhos da política, onde não cabe um pensamento mais desvairado. Sou reaça no sentido do rigor, vim de família alemã, rígida, onde todos são Krug. Menos eu, o único moreno.” Legítima ovelha negra da família.




Sabe mesmo é da embalagem. Se explica na repetição espontânea: laboratórios do cientista maluco, que não rouba doce, mas rouba desenho de criança. “Recorro aos olhinhos singelos, pegos mesmo. Mesclo um boneco sofisticado com guriazinha de pernas curtas e vestidinho. Gosto de desenhos de criança, não é frescura, acho bonito mesmo, melhor que muito adulto. Não é porque é de criancinha, sem ligação pedagógica. E vejo que tu pode copiar, chupar e ser honesto, fazer um plágio bagaceiro. Mesmo plagiando, se esquecer do plágio e redesenhar sem olhar, tu acaba transformando. Foco muito a mentira no meu desenho, pra parecer mais rico do que é, pra forjar um conhecimento que não tenho. Pode parecer complicado, mas é uma concepção minimalista, tá tudo simples ali: técnica, personagens, sem hachuras, sem excesso de traços. Faço uma

bolinha e algo mais.” Sua primeira expo foi em 2004, no Museu do Trabalho, em solo gaúcho, sob curadoria de Hugo Gusmão, com direito a anti-vernissage legalized, só pra quem chegou na hora. Cita os artistas plásticos Cynthia Vasconcellos, Tereza Poester e Lia Mena Barreto, que lhe abriram os canais.Rezando a lógica, a segunda expo foi em Sampa, 2007, na Choque Cultural. Pintou lá mesmo, no Tarja Preta & Verde.“O que me dá mais prazer não é ficar chapado; gosto de desenhar, e desenhar chapado é tão bom! Tu fica deslizando, foge do esquema, porque é mais anárquico. A cannabis, de certa forma, apaziguou minha vida. Eu era meio violento. O problema é o vício, ficar prisioneiro, não consigo fumar amadoramente. Acho que os usuários que pagam impostos mereciam um pneumologista para ajudar na redução de danos.” O Jaca é vegetariano. Filosofia alimentar capitaneada pela mulher, Taís. Mas eles são tão gente fina que permitem que assemos uma costela em sua churrasqueira. Fazem tudo juntos há 14 anos, inclusive algumas colagens. Se conheceram no consultório dentário – ela é dentista. O gaiato Jaca foi parar lá depois de uma encrenca desavisada, uma briga de casal. Amiga meio confidente mais chopinho que não deu em nada e ainda ex-maridão enfurecido.

“Pensei: tenho que ser mais malandro. E isso diz do meu desenho, tudo meio falso. Até minha vida, cheia de mitos. Tem cara que pensa que fui a Nova York, Japão, mas eu nunca saí do Brasil. Tem a ver com esse negócio de se esconder.”


Dentes pra que te quero “O cara nem esperou, eu tava encostado na porta da garagem, ele me deu um soco à queima roupa. Era goleiro, forte. Afundou meus dentes, ficou tudo pendurado. Daí foi foda, eu era um guri belo, dentição direitinha. Putz, fiquei cheio de grampo, pivô, cheio! Aquilo abalou minha auto-estima, me achava feinho. Pensei: tenho que ser mais malandro. E isso diz do meu desenho, é falso. Até minha vida, cheia de mitos. Tem cara que pensa que fui a Nova York, Japão, mas eu nunca saí do Brasil. Tem a ver com esse negócio de se esconder.” É isso mesmo. O Jaca traz monstros de lugares onde nunca esteve. As referências simplesmente estão lá. Reminiscências díspares de quando foi chapeiro no Bom 35 estranhamento. Não tinha sprays ou efeitos especiais, tinha o Jaca em cima de uma caixa.




60-61 FILMEFOBIA


EXPOSIÇÃO medo a

POR RICARDO CALIL FOTOS CRIS BIERRENBACH

Em Filmefobia, cuja primeira exibição pública será no Festival de Locarno (Suíça), no próximo sábado, o documentarista Jean-Claude, interpretado pelo crítico de cinema Jean-Claude Bernardet, acredita que “a única imagem verdadeira é a de um fóbico diante de sua fobia”. E parte atrás dela. O acordo que Jean-Claude faz com os fóbicos que aceitam aparecer em seu filme prevê que, na hora de rodar as cenas, eles serão atados de tal forma que não possam desviar nem o corpo nem o olhar da visão que os apavora: cobras, pombos, anões, ratos, palhaços, seringas, altura, sexo, etc. Além disso, a exposição aos objetos que causam fobia é sempre intensificada. Nua e com o corpo lambuzado de óleo, a fóbica de cabelos é exposta a uma chuva de fios, que grudam em sua pele. Em outra situação, a mulher que tem pavor de ralos de chuveiro é obrigada a tomar banho em um piso com quase uma dezena deles.


E assim, Bernadet revida: “Você aceitou o acordo. Se sou sádico, você é masoquista”. Ao assistir o filme, a impressão é a de que a cena não foi ensaiada - seu registro é, portanto, documental. E aqui começa o que Goifman chama de “a ambivalência de “Filmefobia”. Nos papéis dos personagens fóbicos, Goifmann escalou “atores, pessoas fóbicas de verdade e atores que são fóbicos”, segundo afirma o diretor Para “encorajar o elenco” a produzir as impactantes imagens do longa, Goifman assumiu também um papel. Escolheu um que fosse relativamente fácil. “Meu personagem só tinha que desmaiar. Não era muito complicado”, diz o diretor. O personagem de Goifmann, que se chama Kiko, sofre de fobia de sangue - assim como o cineasta apresenta realmente na vida real. No filme, Kiko e Jean-Claude jogam um xadrez de sangue, do qual fazem parte cartas com imagens de feridas e testemunhos recíprocos. Num deles, Jean-Claude relata quando se deu conta de que seu sangue “estava podre”. Bernardet, para quem não sabe, é soropositivo. Com tantas imbricações, “Filmefobia” se insere, assim, no território que Bernardet define como “autoficção”. Quando fala como teórico do cinema, ele diz que “só pensa em fronteira entre documentário e ficção quem não quer ou não pode ter um pensamento fora dos moldes tradicionais”.

A imagem do pânico está, dessa forma, garantida? Não. Pelo menos no caso do fóbico que se mantém inerte diante da visão que lhe causa fobia e reage, depois de ser desamarrado, com uma acusação ao documentarista: “Você é sádico!”.


“FILMEFOBIA É MEU PRIMEIRO LONGA DE FICÇÃO, EMBORA TENHA ELEMENTOS DOCUMENTAIS. SE FOSSE UM DOCUMENTÁRIO PURO, EU SERIA PRESO”

A “autoficção”, que consiste em viver ficcionalmente a própria vida no cinema, não é diferente do que fazem os participantes do “Big Brother Brasil”, comparando, na avaliação do crítico. A tendência a “se representar, a ser ator de si mesmo, a inventarse como pessoa”, na opinião de Bernardet, deriva da falência da subjetividade. E essa falência “civilizatória” seria conseqüência do excesso da valorização do indivíduo ou daquilo que o pensador francês Gilles Deleuze, como cita Bernardet, chama de “imperialismo do eu”. Algo que atingiu até o cinema. “O filme de autor é uma manifestação da hipertrofia do “eu”, afirma. Goifman afirma “não concordar” com a catalogação de “Filmefobia” como um exemplar de “autoficção” cinematográfica. “Fiz um filme de ficção, com uma total atmosfera de documentário. Como não sou teórico do cinema, não me preocupa diagnosticar a falência dessas categorias, até porque sei que jamais vou conseguir inventar outras”, afirma. Faz parte da “atmosfera de documentário” do longa não deixar claro quem atua como fóbico e quem de fato o é. Parte das fobias foi incorporada ao filme a partir de relatos enviados a um blog da produção. Mas algumas foram inventadas pelo roteirista Hilton Lacerda. São as melhores, na avaliação de Goifman. “As histórias que mais nos convenceram foram as inventadas”, diz o diretor. O cineasta afirma que “esse embaralhamento faz todo o sentido” para aquilo a que o filme se propõe e o “coloca nessa zona de fronteira entre ficção e documentário” Quando se refere à fronteira, Goifman imagina “não uma linha de separação, mas um espaço que vai de um lado para o outro”.


64-65 PAREDE

CHRIS ALVARENGA

brasil

ESTÚDIO DEVERAS

brasil

TALITA HOFFMAN

LUÍS FELIPE VOLPE

brasil

brasil











70-71 MAUREEN MIRANDA


PERSONAS MAUREEN MIRANDA É UMA ARTISTA QUE NÃO DEIXA A DESEJAR. interpreta POR MEIO de papel e tinta, FORTES sensações EM PERSONAGENS DENSOS E TAMBÉM DELICADOS. ALÉM DISSO, SOBE o palco atuando como atriz. POR VINA CHOI


Fale um pouco sobre você. Sou atriz há quinze anos e desenho desde os 2 anos de idade. Nasci em Pato Branco, morei em Paranaguá,vim para Curitiba com 16 anos e comecei a trabalhar cedo. Com as artes plásticas só me firmei, mais ou menos,há 2 anos. Digo me “firmei” porque antes meus desenhos ficavam na gaveta ou eu dava pra amigos e agora eu posso dizer que me sustento também por causa deles. Sou uma artista, vivo de arte, da minha arte e claro,que é sempre muito difícil... Cavo oportunidades o tempo todo, luto por isso, carrego meu trabalho para onde vou, mas amo minha vida e amo muito o que faço. Como é ser uma atriz e artista plástica ao mesmo tempo? as duas profissões se relacionam? Muito. O trabalho de atriz me inspira profundamente na temática dos meus desenhos, é como se eu desenhasse os sentimentos dos personagens, as falas, as idéias, é como se algo que eu não entendesse direito se explicasse no papel, com tinta e nanquim. Conte do seu processo e as experiências que fizeram você ser o que é hoje. Essa pergunta é profunda, pois não sou só uma, sou várias, sou tantas e não quero ser nenhuma. Mas acho que a arte modifica o ser humano, às vezes pra melhor, e eu procuro aprender sempre, ensinar sem querer e parece que tem dado certo. Como você define seu estilo? Defino como um estilo Rococó, Barroco, rebuscado e cheio de sonhos. Digo que a mesma alegria que tenho pra cima,tenho igual em tristeza pra baixo e isso se mostra no meu estilo de desenhar, no resultado que provoca nas pessoas. Seus desenhos são bem femininos. Pode- se dizer que são um espelho de você? Pronto,você já respondeu. Pretende passar alguma mensagem com a sua arte? Na verdade, não penso racionalmente nisso. Penso em beleza, em tristezas, em conquistas, em alegrias, mas nunca em mensagens.


“O trabalho de atriz me inspira profundamente na temática dos meus desenhos, é como se eu desenhasse os sentimentos dos personagens, as falas, as idéias, é como se algo que eu não entendesse direito se explicasse no papel, com tinta e nanquim.”


O que te inspira e motiva na sua carreira artística? Quais são suas referências? As pessoas, a cidade, as palavras. Eu amo gente! A vida me inspira, eu sou irritantemente bem humorada. Minhas referências de atores são meus amigos: Guilherme Weber, Christiane de Macedo, Leonardo Medeiros, Magali Bife, Daniel Siwek. As minhas referências de arte são tantas, mas amo Gustav Klimt e Egon Shille, entre outros. Quais as técnicas e materiais utilizados nos seus desenhos? Pretende explorar outros tipos? Eu uso basicamente aquarela, caneta descartável de nanquim e colagens; por enquanto é isso, gosto, me identifico, não penso em outras técnicas . Você realizou diversos trabalhos como o projeto gráfico “As Puta Véia” e o livro de ilustrações “Botei um Ovo”. O levou a publicá-los? “As puta véia”, foi uma mulher que vi, fazendo seu trabalho, de noite, enconstada em um poste de luz. Fiquei tão bestificada com sua aparencia que cheguei em casa e desenhei. Foi assim que surgiu a ideia. O livro foi por causa da necessidade de mostrar meu trabalho para mais gente,uma necessidade vaidosa, mas sem vaidade não se é artista. Se eu não fosse vaidosa teria escolhido outra profissão par seguir.

Quais são seus trabalhos no momento? Tem algum plano para trabalhos futuros? No momento ilustro pra Cavalera, para revistas como Joyce Pascowitch, para a Associação Brasileira dos Estilistas e para a marca Lunares Flamenco. Estou num momento de criação forte e intensa, estou produzindo muito e estou feliz. Planos? São tantos, mas com o tempo, aprendi a não falar sobre eles. Quais são seus sonhos? Quais já realizou? Meu sonho sempre foi e sempre será ter bons trabalhos, então posso dizer eles se realizam constantemente. O trabalho me nutre, me alimenta a alma. Há três anos casei de noiva e tudo, podese dizer que esse foi sim um sonho realizado, e quem nunca quis ou tem vergonha de assumir, eu só posso lamentar (risos). A mulher quer fazer ninho, construir casinha, eu tenho a nossa casa, com cachorros e peixes. Eu gosto de preservar isso. Procura expressar seus “maus pensamentos” em sua arte? Com certeza! “Maus pensamentos” de dor, desesperança, descrença... estão todos lá, retratados da maneira como eu os vejo. Para encerrar a entrevista, deixe um mensagem para os leitores em relação aos “maus pensamentos” de cada um. Tem uma frase que minha mãe me disse esses dias,que adorei, é assim: “Há tanta gente querendo levar a vida da gente sem saber que isso seria trocar problemas somente”.



80-81 ENSAIO CONVIDADO

A MINHA CONDIÇÃO

HUMANA FOTO E TEXTO POR LAURA SOBENES

Certa vez, disse Pierre Levy: “Eis a condição humana: somos sozinhos, perdidos, temos dor e uma imensa necessidade de amor. Todo o resto é construção artificial”. Dentro do contexto desta “pequena/grande” frase tentei montar uma série de imagens que mostrassem uma interação introspectiva do que seriam bons e maus pensamentos. Tentei mostrar, em forma de auto-retratos em pinhole digital, como minhas metades interagem entre si. Pois, como disse o autor da frase acima, somo sozinhos, portanto o ensaio tenta exteriorizar essa vivência solitária de um mesmo corpo físico. O espaço e o tempo são descontextualizados na imagem, pois desta forma, consigo mostrar que o resto alheio à imagem é a tal “construção artificial” de Pierre Levy que é não existe nesta série, justamente pelo meu interesse na tentativa de mostrar apenas a condição humana de um indivíduo vivendo e sofrendo sozinho.







86-87 LUCIANO SCHERER

LUCIANO SCHERER busca através da arte o rompimento de dogmas e a ascenção espiritual. cONHEÇA O OLHAR bastante particular E espontâneO DESSE ARTISTA GAÚCHO DE 22 ANOS DE IDADE

bu sca


Quais são os principais artistas que te influenciam? Alguns deles são Hyeronimus Bosch, Pieter Brueguel, Jockum Nordstrom, Luiz Alberto Solari, Manuscritos Alquímicos, Arte Sacra, Arte gótica, Arte Folk, Renascimento, Arte Naif, Neo-Naif, Escolas Uruguaias, Upgrade do Macaco, Albertinho dos Reys, Jaca, Clayton Brothers, jardinagem, arquitetura, entre outros. Você diz ser influenciado pela arte Naif. Como você alia isso aos trabalhos que realiza? O que realmente me impressiona na arte Naif é a espontaneidade e a ausência do medo com que os artistas concebem as obras, que

é exatamente o que eu procuro transportar para o meu trabalho. Além disso, o fator autodidata e também não-acadêmico. De onde vem a temática religiosa que encontramos em suas pinturas? Conte um pouco sobre isso. Acredito que a religião seja a forma mais presente da manifestação da necessidade do contato com o desconhecido, inerente à raça humana, e é também perceptível pelo constante interesse por questões sobrenaturais, pelos mistérios. Além disso, o valor dado ao universo das imagens religiosas é uma coisa que me instiga e isso acaba refletindo no meu trabalho.





Você cita ter como grande influência o coletivo “upgrade do macaco”, de que forma essa influência é percebida em seu trabalho? Quando mudei para Porto Alegre, o meu primeiro contato com alguma forma de arte acessível, por fazer parte da mesma cidade, que realmente me tocou foi o Coletivo, que me fez repensar os meus ideais de vida e o rumo que eu viria a seguir. Os personagens que compõe suas pinturas, aparentemente estão alinhados e buscando ou seguindo alguma coisa. O que você pretende passar ? Pretender me soa por demais pretencioso. Acho que essas manifestações ocorrem como fruto de minhas experiências religiosas, onde o alinhamento está constantemente presente, em diversas culturas. Também acredito ser a representação do uno, o que nos ligam num plano superior. Nota-se também em suas pinturas, grande influência da arquitetura gótica. De onde surgiu essa referência? Por que o gótico? Acho natural, cada trabalho é diferente, não é planejado, a qualquer momento as coisas podem ressurgir. O interesse pelo gótico estético; as formas, os adornos, a devoção com que foram construídos são o que me fascina. Acredito que você tenha críticas por trás de muitas imagens denotando que elas foram planejadas. Como pode ser considerado Surrealismo POP algo que trás tantas intenções? Surrealismo Pop é um termo novo, que passou a ser usado para muitas coisas, o que o tornou um tanto amplo. Mas cada um define como bem entender, eu apenas posso me dar o trabalho de discordar.

Você criou uma espécie de sociedade de seres fantásticos, de faces delicadas e espíritos agressivos.Como isso funciona? Acho que tudo é um pedaço de mim, não posso refutar nada. Mas nada tem um signifiado prédefinido, depende do contexto, ou de alguma aleatoriedade específica que percebo ou sinto. Podemos perceber uma linguagem, que de certa forma, une suas séries. Você segue alguma metodologia para o uso das cores? Nenhuma, todas as escolhas são bem naturais. Se pudesse definir o que faz, como um todo em seus trabalhos, como faria? Difícil definir com palavras, por isso, pinto. Mas acredito que Neo-Naif seja um termo aceitável.

Acredito que você tenha críticas por trás de muitas imagens denotando que elas foram planejadas. Como pode ser considerado Surrealismo POP algo que trás tantas intenções? Surrealismo Pop é um termo novo, que passou a ser usado para muitas coisas, o que o tornou um tanto amplo. Mas cada um define como bem entender, eu apenas posso me dar o trabalho de discordar. Qual sua opinião sobre o mercado de artes atualmente? E qual a sua visão para o futuro? Considerando ser um artista tão jovem. Conheço o mercado de artes há pouco tempo, tenho conhecido galeristas muito bons e alguns nem tanto. Minhas experiências nesse sentido foram todas positivas, o unico problema que tenho percebido, em âmbito nacional, é a dificuldade que o próprio governo acaba nos trazendo, negando vistos, cobrando altas taxas de exportação, não patrocinando viajens e projetos, isso faz com que eles acabem perdendo muito também, com certeza e o país, principalmente. Sobre o futuro eu não penso muito, tento me esforçar no tempo que vivo, no presente, mesmo. A maioria das pessoas tem uma visão um tanto glamourosa da vida de artista, principalmente os que alcançam status e reconhecimento. Fale um pouco de sua caminhada até agora e seu dia-a-dia. Cada artista é diferente, mas não acho minha vida muito glamourosa. Agora que tranquei a faculdade, acordo normalmente por volta das 7 horas da manhã, pinto até a hora de almoçar e parte da tarde. Assisto filmes, leio livros, toco música e fico com os amigos, as vezes tudo meio junto. Antigamente eu trabalhava menos, pois tinha menos tempo, e também menos compromissos, mas sempre levei a arte bastante a sério.


92-93 ARTSTA CONVIDADO

“Pensamentos em gotas todos os dias, a cada suspiro, no teu delírio. Em todo cristal que iluminamos o que se movimenta é vida, os pensamentos neles não existem, por isso bons pensamentos, maus pensamentos, numa mesma casca de noz, a tua casa, sem voz. Para cada cultivo um laço de amor, para cada profecia um laço de dor. A fenda que abre e goteja maus pensamentos é a mesma que rasga e jorra febris afogamentos. Pense no amor mais sangria, nele chorei de amor e alegria.” ARTE E TEXTO POR EMERSON PINGARILHO



94-95 PAREDE

TOMMY PARIAH

itália

TOMMY PARIAH

itália

ARTHUR D’ARAÚJO

JULIAN GALLASH

PEDRO COVO

brasil

brasil

colômbia













prÓxima

edição A RELÉ tem o objetivo de mostrar trabalhos de artistas do mundo inteiro e oferece a oportunidade de duvulgá-los em suas galerias PAREDE. A próxima edição será lançada em setembro, e o tema para que os artistas tomem como ponto de partida e inspiração será “Desafiando Limites”. Aceitamos todos os tipos de trabalhos de ilustração, fotografias ou manifestos gráficos, cumprindo o prazo de até o dia 10 de agosto Envie os seus trabalhos em baixa resolução, com 72 dpi, para parede@rele.com.br. Se seu trabalho for selecionado entraremos em contato para pedir seus dados e sua arte em 300 dpi.


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LANÇAMENTO

MUNNY SERIES 2009 Os Munnys são uma criação da Kidrobot, uma das maiores companhias de Toy Art do mundo. Eles vêm em branco, prontos para serem decorados por você. O Munny tem 18 cm é feito de vinil e vem com acessórios surpresas, O boneco original tem 18 centímetros. As três edições vêm com adesivos e mini fanzines. Preço promocional até 20 de julho corra lá!

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LIVRARIA ROCKET MAGAZINE

SIXTIES DESIGN

De Philippe Garner Para os amantes da arte pop, Twiggy, os Beatles e e o universo das artes dos anos 60, este livro é indispensável. Capaz de transformar os mais rigorosos modernista em um hippie.

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Japão Nesta edição especial Rocket Magazine has become a book, a união das cinco primeiras edições da fabulosa revista de arte e design de Tokio. Exemplares limitados, corra!

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GRAFIK MAGAZINE

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The art of Gary Baseman Esta obra resume com os mínimos detalhes a trajetória artística doentia e cômicado artista com pinturas e ilustrações habitam um mundo de beleza infantil e depravada. .

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Inglaterra Magnífica capa da nova edição da revista Grafik têm Tasarim mostrando a “anatomia” da letra “a”, impressionante efeito conseguido, um trabalho magnífico do designer Yeni Sayi..

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ROJO MAGAZINE

FUZZ & PLUCK

Espanha Edição imperdível com trabalhos de ilustrações e fotografias de artistas do mundo inteiro para campanhas experimentais e segmentadas da marca Nike

De Ted Stearn Irônica história em quadrinhos de uma dupla peculiar e divertida que se conhece por acaso e vivem juntos situações terríveis e nada convencionais.

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GRAPHIC #12

WALL AND PIECE

Banksy “Não há a menor possibilidade de vocês conseguirem publicar uma foto destas para a capa desse livro.” Palavras do porta-voz da Metropolitan Police de Londres..

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Inglaterra A revista semestral temática Graphic é uma das maiores referencias de revistas de arte e design do mundo. Na 12ª edição, tráz o tema “Customize this” com a capa em branco para interferir.

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SNNIPER BUNNY

GLOOMY Red Bloody

Novo lançamento da Span of Sunset! O Sniper Bunny é um personagem super violento de Andrew Brandou, pintor de Los Angeles, O boneco mede 30 cm e vêm com quatro armas AK-47 diferentes.

Criado por Mori Chack, o personagem questiona a incompatibilidade entre animais e seres humanos nas suas obras. com questões de amor e ódio.

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70,00 Miniogros - Quitty

Qee Gama-Go Yeti

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Um gigante gentil com humor sofisticado. Este toy acompanha um adaptador para chaveiro, basta tirar a cabeça dele, colocar a peça e encaixar novamente!

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Fantásticos personagens da série de toys Miniogros que acompanha uma exclusiva sacola plástica da Miniogros. Disponível em oito cores!

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Smorkin’ Labbit

I HEART GUTS

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A série divertida e bizarra que tráz pelúcias que representam as partes do corpo humano: coração, pulmão, útero, pâncreas, vesícula e fígado .

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A versão em pelúcia de bigodes inédita é exclusiva na POP, não perca! Dê amor, carinho e atenção ao seu novo Labbit. Mas não o encha de comida senão ele fica gordo e preguiçoso

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Hugh Hefner

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Exclusiva série de bonecos Peecol vêm diretamente da Playboy. Têm 6,5 cm de largura e 10,5 cm de altura! As caixinhas vêm com um adesivo com o desenho.

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HAPPY FRIENDS A série de miniaturas Happy Friends assinada pelo ilustrador Greg Holl vêm com três personágens sarcásticos e bem humorados.

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EXPOSIÇÕES

15.06 - 20.07 CHAMARELLI VIRACOXA

Elementos geométricos, formas orgânicas e harmônicas, linhas conectando símbolos, lendas, filosofias, religiões e costumes de civilizações antigas e modernas. A forte influência da cultura popular brasileira e indígena arte pré-colombiana.

11.08 - 20.09 OCHO INDIZIVEL

ROJO ® e POP unem-se para extpor 21 grandes artistas para lançar “Indizivel”, o quarto da série Ocho grupo exposição programada para ocorrer este ano em diferentes cidades ao redor do mundo. Mais de 150 artistas participarão.

LANÇAMENTOS

22.06 URBAN ARTS

12.07 POPTOGRAMAS

Lançamento do site da galeria virtual de arte que divulga trabalhos de artistas, designers e ilustradores do mundo.

Lançamento do livro Poptogramas Brasilis, de Daniel Motta. Coquetel e divulgação do trabalho.

08.08

18.09

Lançamento imperdível de MESMO DELIVERY, nova publicação em quadrinhos do ilustrador Rafael Grampá.

Lançamento do Fanzine FALSAS PALAVRAS CHINESAS que reúne trabalho de diversos artistas da América Latina.

GRAMPÁ

FANZINE

Rua Virgílio de Carvalho Pinto, 297 • Pinheiros • São Paulo SP • 11 3081 7865 Segunda as sexta das 11h às 20h • Sábado das 11h às 18h • livrariapop@uol.com.br




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