Nostri Nonni 2014

Urussanga, Sexta-feira, 23 de maio de 2014 | Jornal Vanguarda

Nostri Nonni Terceira Edição

Para comemorar os 136 anos de Urussanga, o Jornal Vanguarda resgata com orgulho a história de mais sete famílias colonizadoras que aqui ajudaram a construir esta cidade. Uma justa homenagem a todas as famílias, as de ontem e de hoje, em especial, aos imigrantes que merecem a gratidão deste povo por meio da preservação de seus valores, ensinamentos e coragem.

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Nostri Nonni

Jornal Vanguarda, Sexta-feira, 23 de maio de 2014

Apresentação Seja por fuga da miséria, amor ou busca por dias melhores, centenas de italianos encontraram em Urussanga um lugar para viver e sobreviver. Imigrantes que aqui chegaram por volta de 1880, colonizaram cada pedacinho de chão com a experiência e audácia trazidos da Itália. Assim, edificaram uma terra nova com a força de um recomeço, a esperança de uma fé e uma coragem desbravadora. A cidade que hoje comemora 136 anos de colonização deve e muito a essas famílias que dia após dia foram estruturando cada cantinho deste lugar para hoje viver aqui, a terceira, quarta, quinta geração de

um legado que se manteve firme.

Para que essa história possa estar cada vez mais viva entre nós, o Jornal Vanguarda preparou a terceira edição de um caderno mais que especial, o Nostri Nonni. Nesta edição comemorativa são descritos trechos da vida de sete famílias: Baldin, Benedet, Cittadin, De Cesaro, Pilotto, Simon e Zanellato.

São histórias de coragem, que contribuíram para que Urussanga chegasse aos 136 anos como uma das cidades da região mais próspera e referência em qualidade de vida.

Recordamos com orgulho desse passado e preservamos seu valor como forma de agradecimento.

EXPEDIENTE Editora Maria Luiza Da Rolt - SC 3241 JP Comercial e Publicidade Maria Luiza Da Rolt Contato (48) 3465-3078 jvanguarda@jvanguarda.com.br www.jvanguarda.com.br

Textos Eliana Maria Maccari Thais Trevisol Diagramação e Produção Ilustre Comunicação e Design (48) 3465-4085

Registramos a história graças a sua colaboração leitor. Por esta razão, a equipe do Jornal Vanguarda agradece aos nossos parceiros, clientes e a todas as pessoas que tão bem nos receberam para a realização de mais um trabalho de resgate e compromisso com a nossa cultura. Aproveitamos ainda para parabenizar a todos os urussanguenses pela sua história e por toda a contribuição em prol do desenvolvimento desta cidade.

Parabéns e uma boa leitura a todos!

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Família Baldin,

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uma geração de talentos

Thais Trevisol

O

sprimeiros imigrantes da família Baldin que chegaram às terras de Urussanga foram os irmãos Antônio, Sabastiano, Giuseppe (José) e seu primo Angêlo. Desbravando as matas e passando por muitas dificuldades, eles chegaram a Benedetta as vésperas do Natal de 1879.

Antônio, Sebastiano e Giuseppe eram filhos de Giovani

Battista Baldin e de Maria Vendramini Baldin, oriundos da Paróquia de San Floriano, na Comune de Castelfranco Veneto, Província de Treviso, Itália. Antônio Baldin veio com sua esposa Maria Luigia Garbuio Baldin e tiveram 12 filhos. Destes, Mônica e Emília nasceram na Itália e Cândida, João, Maria (Marieta), Ângelo, Emílio, Virgínea, Fermínio, Érico, Tranquilo e Luiz, em

Urussanga.

Quando chegou à Benedetta, o imigrante Antônio se estabeleceu na localidade de Rio Carvão. “Após a derrubada da mata que cobria a colônia de terras, eles começaram a plantar tudo o que era necessário para sobreviverem, como milho, feijão, cereais, verduras, legumes, entre outros alimentos”, relata Nelma Baldin, bisneta de Antônio.

Brasão da Família Baldin

Um homem de História Homem dinâmico, Antônio Baldin sempre trabalhou ativamente na localidade de Rio Carvão e participou inclusive da construção da Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina. O italiano também arranjava tempo para exercer sua liderança na comunidade de Rio Carvão e trazia consigo as características dos montanheses criadores de cabras do norte da Itália. Quando jovem, o bravo homem também serviu durante oito anos no Exército Austro-Húngaro, em Viena.

Dono de uma voz encantadora, Antônio Baldin era quem cantava nas celebrações religiosas e civis e, nas reuniões familiares. Talento que após três gerações passaria para o seu bisneto, Aldo Baldin, o grande tenor dos últimos tempos que propagou a música para o mundo. “Nossa família era bem reservada, porém Antônio gostava muito de cantar e, ele era um cantor muito bom, de uma voz maravilhosa”, conta Nelma.

Família de Luiz Baldin

Herbert Von Karajan. Gravou mais de 100 discos e ganhou um Grammy em 1981 com o disco ‘A Criação’, de Haydn. Foi também catedrático na Escola Superior de Música de Karlruhe, sendo disputado por alunos de música do mundo inteiro. Aldo Baldin nasceu no dia 1º de janeiro de 1945, em Urussanga, e faleceu no dia 5 de O herdeiro da voz e do canto janeiro de 1994, na cidade de Waldbronn, na A propagação da voz e do talento da família Alemanha.

Baldin para o mundo viria na década de 60, com o consagrado tenor Aldo Baldin, nascido Uma família religiosa em Urussanga, na localidade de Belvedere. Aldo conquistou a Europa nos anos 80 e foi considerado A família Baldin ainda é referência por ser um dos melhores intérpretes de Bach. Baldin fiel à Igreja Católica. Antônio Baldin era o trabalhou ainda com os maiores regentes da representante da igreja em praticamente todas Europa, como Helmuth Rilling, Rolf Beck, Sir as comunidades da Colônia de Urussanga. “O Neville Marriner, Peter Schreier, Karl Richter e catolicismo era tão praticado na família Baldin, a

ponto de levarem uma vida discreta e até reclusa, eles se se divertiam pouco. Para eles, a diversão e alegria eram sinônimos de quase estar em estado de pecado”, relata Nelma.

Os padres que visitavam a colônia eram acompanhados por Antônio, bem como, o pároco Marzano que era levado a cavalo pelos postos onde era responsável. A religiosidade da família Baldin também os levou a praticar uma atitude carregada de pontas de desespero. “No ano de 1880, aconteceu uma epidemia de febre, que era chamada a peste e que acabou matando muitas pessoas. Então, a família Baldin, e outros imigrantes, organizaram uma missa comunitária, ao ar livre, que foi chamada Missa da Peste”, observa Nelma.

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Encontros da Família Baldin A família Baldin já realizou quatro encontros desde o ano 2000.

O primeiro foi realizado em 24 de novembro, em Novo Horizonte, no município de Lauro Müller.

O segundo aconteceu em 2007, também em Novo Horizonte. Já o terceiro encontro foi realizado em

Treviso, em 2010 e o último, em 2012, foi feito em Urussanga. Para eternizar a história desta importante família, um livro foi lançado em 1999. Intitulado como “Tão fortes quanto à vontade”, de autoria de Nelma Baldin, ele relata a história da chegada da família Baldin ao Brasil.

Gerações da Fam ília Baldin durant e o Terceiro Encontro da fam ília, em Urussanga .

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Família Benedet,

a família que ajudou a construir as moradias dos imigrantes Thais Trevisol

V

indos da região de Treviso, Itália, os imigrantes italianos José Benedet e seus irmãos Sebastião e Luiz, chegaram ao Brasil com a crença de que teriam uma vida melhor. O que não se concretizou. Ao pisarem em terras pertencentes à comunidade de Rio Salto, tiveram, assim como todos os imigrantes, que desbravarem a mata e buscar todos os recursos necessários para a nova vida.

A história é lembrada com muita saudade e ao mesmo tempo, com o

sentimento de tristeza pela muito voltar para a terra terceira geração da família. natal, mas não podiam.

O aposentado Olindo Mas com o tempo, todos Benedet, de 86 anos, é neto de José. Seus avôs dependiam da agricultura para sobreviver. Com a qualidade das terras, plantavam diversos tipos de alimentos, como: feijão, milho, arroz, café, entre outros. Segundo Olindo, o desejo da família Benedet era retornar para Itália, pois no início sofreram muito por causa dos roubos e ataques dos índios.

“Eles queriam

conseguiram se adaptar melhor a esta nova vida”, conta.

José Benedet faleceu quando adulto.

Muitas doenças eram desconhecidas e sem saber como tratá-las, o enfermo acabava falecendo.

“Infelizmente não tenho muita lembrança sobre a vida de meu

avô. Meu pai sempre falava que ele acabou adoecendo por conta de uma grave doença e que não existia tratamento adequado na época”, comenta Olindo.

Olindo Benedet e esposa

07 Da serraria, o crescimento financeiro Nostri Nonni

Em busca de mais uma alternativa de trabalho, pai de Olindo, o senhor Arcângelo decidiu construir uma serraria com seus irmãos Abel, Virgínio, Elias e Marcos. Naquela época era necessário muito material de construção para que os novos imigrantes pudessem construir suas residências. “Meu pai e meus tios montaram a serraria movida a água.

A madeira era muito bem vendida por ser bastante utilizada na época para construção de casas. Com certeza para nós foi um bom

investimento”, observa Olindo.

Olindo foi quem continuou com o negócio da família, ajudando o seu pai no trabalho desde jovem. “Decidi dar continuidade ao que meu pai iniciou. Era algo que nos rendia e ficava bem perto de casa. Infelizmente meus filhos seguiram outro caminho. Mas fico contente por ter ajudado a construir Urussanga, mesmo que indiretamente”, conta.

A serraria ficou ativa por cerca de cinco anos, depois foi desmanchada.

“Durante o tempo em que a serraria esteve ativa, ela proporcionou para nossa família muito bens. Onde meu pai conseguiu pagar

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estudos para nós”, completa Olindo.

Olindo vive na mesma localidade, Rio Salto, até hoje com a esposa Tereza

Baldessar, 86 anos, com quem teve os filhos: Janete, José (em homenagem ao avô), Pedro, Maria Terezinha (in memoriam) e

Rosimere. Olindo e Tereza são casados há 61 anos. A casa onde seus avôs e pais moravam já não existe mais.

Cremilda, Adelinda, Angelina (mãe), Almerinda, Arcangelo e Gracioso. Em pé, a menina Darci, José e Olindo

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Família Cittadin

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a agricultura passada de geração em geração

Thais Trevisol

Envolvidos por tantos desafios e perigos em alto mar e em terra firme, os primos Pedro Cittadin, Raimundo Cittadin, Giovani Cittadin e Luigi Cittadin com seu filho de 18 anos, Paolo Cittadin partiram das terras de Treviso, na Itália em 1888. Após meses de viagem, chegaram ao Rio Grande do Sul, onde ficaram por alguns dias até seguirem em direção a Imbituba. De lá, a viagem os levou para a terra prometida: Rio América, onde desbravaram, viveram e permaneceram pelo resto de

suas vidas.

A vida desta família era semelhante aos de milhares de imigrantes recém-chegados.

A alternativa para garantir a alimentação era plantar diversos tipos de vegetais e criar animais.

Cultivo que foi passado de geração para geração. O neto do imigrante Paolo, Arcídio Cittadin, 76 anos, vive até hoje os costumes da família e herdou o amor pela agricultura. Seu pai, Luiz Cittadin e sua mãe Maria Amábile Benedet, mesmo indo residir na comunidade de Rio Salto após se casarem,

ensinaram com afinco o valor da agricultura. “Meu pai aprendeu com meu avô a plantar nas terras brasileiras.

Com meu pai, eu também cresci em meio às lavouras que se tornaram a fonte de renda de nossa família”, conta Arcídio.

Arcídio trabalhou por alguns anos na mineração, mas nunca deixou o cultivo.

Após se aposentar, continuou no campo e diariamente se dedicava a agricultura e, até hoje, cultiva ainda alguns alimentos.

Os Imigrantes Luigi e

Quadro Luigi e Madalena ao lado dos

As gerações da família CITTADIN O imigrante Luigi, bisavô de Arcídio, teve cinco filhos com Madalena Sanvido, sendo eles Francisca, Lúcia, Tereza, Santo e Paolo. Paolo, avô de Arcídio, casou-se com Catarina De Bona Sartor, natural de Belluno, na Itália. Eles tiveram 14 filhos: Luiz, David, Ângelo, Abel,

João, Ceverino, Elizeu, Anacreto, Olindo, Fidelis, Idebrande, Angelina, Madalena e Nina. Já Luiz, pai de Arcídio, teve nove filhos: Anilde, Paulo, Claudino, Florindo, Edinês, Gema, Antônia, Arcídio e José.

Arcídio é um dos filhos mais velhos de

Luiz e Maria Amábile.

Ele nasceu, cresceu e vive até hoje na comunidade de Rio Salto. Casado há 54 anos com Olinda Cittadin, o casal possui sete filhos: Sueli, Jaci, Juceli, Jucemar, Jucélia, Gilson e Jucinéia. Doze netos e três bisnetos também completam a família.

Madalena Cittadin

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Nostri Nonni ARQUIVO PESSOAL: MARIANA DE CESARO

Família De Cesaro reunida no casamento de Norma De Cesaro e Vilmar Pucini

Família De Cesaro Uma referência na cidade

Francisco e Apolonia foram os filhos de imigrante que permaneceram em Urussanga ARQUIVO PESSOAL: ADENIS ZANATTA

Eliana Maccari

Azambuja foi o primeiro destino da família De Cesaro. Jacomo De Cesaro e Domenica Damiani De Cesaro se instalaram em Azambuja para iniciar a vida no Brasil. Na profissão de pedreiro, Jacomo auxiliou no desenvolvimento da comunidade e construiu diversas casas encaixando pedras e erguendo paredes.

Após algum tempo em Azambuja, Jacomo e Domenica vieram para Urussanga.

A família formada pelos filhos João, Valentino, Lorenzo, Luiz, Apolonia e Francisco em poucos anos se separou.

Valentino, um dos colonizadores de Urussanga, Luiz e João decidiram construir as suas vidas em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. Lorenzo escolheu outro destino: Santo Antonio da Patrulha, no Paraná. “João seguiu o ofício do pai e construiu casas em Passo Fundo. Luiz também trabalhava como pedreiro e participou da construção de uma igreja próximo a Bento Gonçalves, mas se perdeu com a abundância de vinho na região. Valentino chegou a participar

da Revolução de 30 no Rio Grande do Sul. Era muito esperto, ganhou terrenos e fez a sua vida. Já Lorenzo, para não ser preso aqui, foi para o Paraná”, conta o filho de Apolonia, Adenis Zanatta.

Dos seis filhos, apenas Apolonia e Francisco permaneceram em Urussanga para construir as suas vidas nestas terras.

Apolonia casou com Antonio Zanatta em 1911. A união resultou na formação de uma nova família com os filhos Anita, Atílio, Assis, Aires e Adenis. Enquanto o esposo Zanatta trabalhava na lavoura e também como carpinteiro, Apolonia assumia as funções de costureira, dona de casa, mãe, agricultora e cozinheira.

“Minha mãe era conhecida pelos quitutes que preparava para muitas comemorações como casamentos, festas de aniversários, entre outras”, lembra Adenis Zanatta.

Francisco De Cesaro também constituiu família ao lado de Vicenza Bez Batti, filha de Pedro Bez Batti e Francisca Perito De Cesaro, com a chegada dos filhos Salute, Primo José,

Vicenza Bez Batti com o esposo Francisco De Cesaro

Laurita, Cezarina e Mariana. Francisco atuou pouco tempo com sapateiro e ficou conhecido por sua inteligência ao ser um bom conselheiro e da maneira como se expressava. “Na época, De Cesaro era conhecido como Chico Batilana e emprestava dinheiro para agricultores.

Ele era consultado por muitas pessoas antes de firmarem negócios e em diversas situações”, explica a neta de Francisco e filha de Primo José, Ilda De Cesaro.

Para Armando Bettiol, dois momentos de Francisco foram marcantes.

Nostri Nonni “Na inauguração do chafariz ele fez um discurso. Ele se expressava muito bem. Neste discurso afirmou que se orgulhava muito do Brasil.

Em seguida puxou de um bolso uma bandeira da Itália e ressaltou que nunca esquecia a sua pátria amada. Em outro momento, quando precisou fazer uma cirurgia na Itália, Francisco pagou um seguro porque se acontecesse algo com ele gostaria de ser enterrado em Urussanga. De lá, trouxe um punhado de terra para que fosse colocado embaixo de seu corpo no caixão”, recorda.

Dos cinco filhos de Francisco De Cesaro e Vicenza Bez Batti, apenas Mariana não constituiu família.

Salute De Cesaro casou com Victorio Bez Batti e teve o filho Darvino Bez Batti, que formalizou uma união com Isolina Puccini e teve os filhos Renato e Maria Rejane.

Primo José De Cesaro casou com Madalena Mazzucco e teve sete filhos: Norma, Ilda, Idalina, Jaci, Marli, Antonio Luiz e Francisco Tadeu. Norma casou com Vilmar Puccini e teve os filhos Regina, Tales José e Vilmar. Ilda casou com Darci

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ARQUIVO PESSOAL: ADENIS ZANATTA

De Oliveira e teve o filho Genuino.

Idalina casou com Sidelnei Pereira e teve os filhos Brivaldo e Deyse.

Laurita De Cesaro casou com Alfredo Martins e teve as filhas Eleonora e Edemar. Eleonora casou com Alcino Zanatta e teve os filhos Sandra, Saulo e Sergio. Edemar não constituiu família e logo veio a falecer.

Cezarina De Cesaro casou com Alfredo Hilbert e teve os filhos Nilda e Vilson. Nilda casou com Lucio Ghisi e teve os filhos: Neria Celia e Adison Inacio.

A CONSAGRAÇÃO DO VINHO Salute De Cesaro e o esposo Victorio Bez Batti investiram em um negócio em 1932: a famosa Cantina Bez Batti. Uma edificação localizada no centro da cidade abrigava a família na parte superior e também era sede da fábrica de vinhos na parte inferior.

Construída com materiais muito modernos para a época, a residência foi feita com base em pedra bruta. Nas paredes internas o material utilizado foi o stuck, uma espécie de reboco em madeira, e nas externas, usado tijolo maciço com cimento, trazido diretamente da Turquia.

Conforme o neto de Victorio, Renato Bez Batti, o prédio foi projetado pelo Major Dormt, da cidade de Laguna. “A pintura foi feita por Nicolau Assarh. Era uma mistura de corante com leite de vaca. As paredes internas eram todas decoradas lindamente”, lembra.

Em pé: Lorenzo, João e Antonio Zanatta, esposo de Apolonia. Sentados: Francisco, Luiz e Valentino

Detalhadamente ornamentada, a edificação mistura linhas retas com curvas. Outra peculiaridade era o porão, que era mais alto que o padrão.

Victorio tornou-se um dos grandes produtores de vinho do país ao fabricar o vinho branco de Urussanga elaborado a partir da uva Goethe. O vinho branco da Cantina Bez Batti, da marca Samos, obteve reconhecimento internacional ao conquistar medalha de ouro na Exposição Internacional de New York em 1939.

A paixão pelo vinho foi passada para o filho Darvino Bez Batti.

Quando Victorio faleceu em 1958, Darvino assumiu os negócios do pai. Em 1967, devido as exigências

ARQUIVO PESSOAL: MARIANA DE CESARO

Domenica Damiani De Cesaro e Jacomo De Cesaro

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da legislação internacional de vinhos relacionadas à Indicação Geográfica, a marca Samos precisou ser substituída. Na época, padre Agenor, amigo da família, sugeriu a substituição da marca Samos por Santé. Depois de mais de 60 anos de atuação, a cantina Bez Batti encerrou suas atividades em 1993.

Jacomo e Domenica com a neta Anita

Vicenza Bez Batti e Francisco De Cesaro com os filhos Cezarina, Salute, Mariana, Laurita e Pimo José em 1915

Apolonia De Cesaro Zanatta com o esposo Antonio Zanatta e os filhos

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Família Pilotto

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de Rio Caeté a Política Nacional

Eliana Maccari

Dionísio Pilotto, neto do imigrante Antonio Pilotto, foi prefeito de Urussanga entre os anos de 1951 a 1955

Legenda Legenda

Oriundo da comune de Arsiè, da região do Vêneto, província de Belluno, Antonio Pilotto, com 46 anos, chegou sozinho no Brasil em 1880. Na localidade de Rio Caeté encontrou o local para iniciar a sua vida em Urussanga e construiu uma pequena casa de madeira.

Em 23 de abril de 1881, Antonio oficializou a união com a italiana Lucia Brunelli, natural de Combai, da região de Treviso.

Na comunidade, Antonio vivia como agricultor com o plantio de subsistência. Ao mesmo tempo passou a exercer a profissão de professor e ministrava aulas de italiano as pessoas quem habitavam na localidade. Naquela época, as maneiras para curar uma doença eram realizadas de acordo com

ensinamentos e conselhos dos antepassados. “Dionísio, neto de Antonio, contava uma história sobre uma epidemia que passou e ele acabou pegando. Para buscar a cura, Antonio passou 13 dias dentro de um rio”, recorda a viúva de Dionísio Pilotto, neto de Antonio, Anna Zin Pilotto.

Três anos após se casarem e se estabelecerem na comunidade de Rio Caeté, Antonio e Lucia tiveram seu primeiro e único herdeiro: Giuseppe. Em 24 de setembro de 1910, com 26 anos, Giuseppe casou com Italia Mariot. Nas terras da família, Giuseppe construiu uma casa pedra para abrigar os quatro filhos: Antonio, Dionísio, Maria e Lucia. Neste período, o imigrante Antonio, pai de Giuseppe, faleceu em 1911, com 77 anos, em Rio Caeté.

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Giuseppe tornou-se um grande agricultor com muitas propriedades em Jacinto Machado. Para trabalhar na lavoura, o longo trajeto era feito a pé ou a cavalo acompanhado dos filhos. Em 1925, Giuseppe faleceu repentinamente e Italia teve que vender as terras para cuidar dos filhos pequenos. “Dionísio dizia que a mãe era muito rígida na comunidade, conhecida como Maricotona, mas foi uma grande mulher”, conta Anna.

LAÇOS POLÍTICOS o lotto com o espos Italia Mariot Pi tonio, An os lh fi os e to Giuseppe Pilot Dionísio Lucia, Maria e

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Após o falecimento do pai, Dionísio, com apenas 12 anos, auxiliava sua mãe nas atividades agrícolas. Este trabalho foi exercido por ele até os 20 anos, quando ingressou como funcionário, no almoxarifado, na Companhia Carbonífera Urussanga (CCU), na comunidade de Rio Deserto. Mas ele desejava ir mais além. Quando completou 22 anos, apresentou-se como voluntário no 14º Batalhão de Caçadores, em Florianópolis, e atuou por 17 meses.

Nostri Nonni Algum tempo depois, Dionísio casou com Benigna Bez Fontana.

Deste matrimônio nasceram os filhos Ronaldo José, em 1944, e Ruberval Francisco, em 1947.

O trabalhado exercido na CCU até 1945 despertou a vontade de ser livre e o gosto pela política. Dionísio tornouse sócio da Casa Pilotto e De Bona, que posteriormente foi denominada Sociedade Comercial Santo Antônio Ltda. E foi eleito prefeito de Urussanga para atuar entre os anos de 1951 a 1955. “Ele foi o primeiro prefeito a comprar uma moto niveladora. Mas também a vendeu para pagar as dívidas antes de deixar o cargo. Entre as suas ações de governo, além de abrir muitas estradas, fez o aeroporto em São Pedro para receber turistas e empresários nas Águas Termais”, conta o filho de Dionísio, Ruberval Franscico. Após o falecimento da sua primeira esposa Benigna, Dionísio Pilotto casou com Anna Zin Pilotto em 1971.

Em 1974, após retornar do Rio Grande do Sul como engenheiro civil, o filho de Dionísio, Ruberval Francisco Pilotto decidiu seguir os passos do pai e ingressou na carreira política. Dois anos depois, Ruberval foi para a primeira

disputa eleitoral tendo como adversário o ex-prefeito Lydio De Brida. “Depois que ganhamos, o primeiro telegrama que recebi na época foi do senhor Lydio De Brida com cumprimentos a minha pessoa, um gesto de grandeza.

E a primeira visita foi do maior cabo eleitoral dele, Padre Agenor, que se colocou a disposição para trabalhar por Urussanga”, conta Ruberval.

Depois desta vitória, Ruberval permaneceu mais de duas décadas nos cenários da política municipal, estadual e nacional. Pilotto foi prefeito de Urussanga de 1976 a 1982 e de 1996 a 2000, eleito deputado estadual de 1983 a 1986, e atuou como deputado federal de 1986 a 1990, sendo reeleito de 1990 a 1994. Ruberval Francisco Pilotto foi um dos 19 catarinenses a representar a sociedade na reforma constituinte e teve duas emendas aprovadas. Em 1994, assumiu a Secretaria de Tecnologia, Energia e Meio Ambiente de Santa Catarina.

No ano seguinte, por indicação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foi presidente da Eletrosul em um período de seis meses. No ano 2000, recebeu o prêmio internacional “Bellunesi Nel Mondo”.

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Ruberval Franciso Pilotto e o pai Dionísio em 1978

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Família Simon

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Contribuição para o crescimento de São Pedro

Eliana Maccari

A segunda leva de imigrantes italianos que veio para Urussanga entre os anos de 1879 e 1880 trouxe a família Simon com destino a Azambuja.

Na época, um núcleo já estava formado no centro de Urussanga e a rivalidade entre famílias fez com que muitos imigrantes buscassem outras comunidades para iniciar uma nova vida no Brasil.

A comunidade de São Pedro foi a localidade na qual

algumas famílias como Simon, Cesca, Cechinel e Zanivan se instalaram. Segundo a lista de passageiros do navio, oriundos da província de Treviso, da comune de Follina, na frazione de Valmareno, Giacomo Simon, com 45 anos, e sua esposa Angela Gallon, com 33 anos, chegaram ao Brasil em 10 de dezembro de 1879 com os filhos Eugenio, com 3 anos, Giuseppina, 12 anos, Maria, 11 anos, Ermenegilda, 6 anos e Felix, que nasceu durante o trajeto no navio.

Em Urussanga, o casal teve

Nilton Simon, sobrinho de Eugenio, com a placa de homenagem

mais dois filhos: Pedro e Constantina.

Quando jovem, Eugenio, um dos colonizadores de Urussanga, auxiliou na construção da igreja de São Pedro. “Junto com o carpinteiro Pasqual Zaccaron e o pedreiro Alvise Zatta, Eugenio e um mutirão de imigrantes italianos se uniram para edificar um espaço dedicado a religião e concluíram a obra em 1900”, explica o sobrinho de Eugenio e filho de Antonio, Nilton Simon.

Anos depois, Eugenio Simon casou com Vitoria Botega e tiveram os filhos Frederico, Giacomo, Giovanni, Antonio, Guerino, Nina, Ines, Madalena, Joana e Maria. A esposa de Eugenio faleceu dias depois do nascimento de Guerino.

Viúvo, com um pouco mais de 40 anos, Simon criou os filhos sozinho e decidiu não casar mais.

Eugenio Simon chegou ao Brasil com apenas 3 anos e construiu sua vida em Urussanga

DEDICAÇÃO À RELIGIÃO

Além de cuidar dos filhos e da lavoura, Eugenio Simon dedicou sua vida as atividades religiosas na comunidade de São Pedro. Eugenio tornou-se um capelão, ou seja, uma pessoa a quem se confia o cuidado pastoral da localidade. Respeitado na cidade, Simon acompanhava e participava de enterros, novenas e missas. “Aos domingos, antes do Padre Agenor criar a rádio na década de 50, Eugenio rezava o terço em latim. Ele era um homem muito bom.

Todos da comunidade gostavam dele”, recorda o neto de Giuseppina, Armando Bettiol.

Eugenio possuía outro dom: uma voz lírica.

Segundo Bettiol, Simon cantava muito bem e tinha uma voz de tenor. “Ele cantava na igreja com o coral em latim e também na rua. A voz dele era invejável, não saia da melodia”, conta. Logo após seu falecimento, em 1957, Eugenio recebeu uma homenagem póstuma através de uma placa de bronze que foi colocada em frente à igreja de São Pedro. Um gesto de gratidão do povo pelos serviços prestados a comunidade.

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Família Zanellato te Pietro,

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Imigrante Pietro veio para o Brasil ainda criança e construiu sua vida no novo país

Eliana Maccari

A história da vida do imigrante Pietro Antonio Zanellato no Brasil, filho de Thomaso Zanellato e Mariana Simione, iniciou em 1878.

Com apenas nove anos, Pietro chegou ao novo país acompanhado dos pais e dos irmãos Ferdinando e Eugenio. Em 8 de maio de 1889, Pietro formalizou uma união com Veronica Stangherlin, filha de Luigi Stangherlin e Thereza Reagotta, que veio para o Brasil com 19 anos e logo

encontrou seu companheiro. O casal começou uma nova vida juntos ao construir uma pequena casa próximo ao centro de Urussanga, atual bairro Figueira.

O matrimônio resultou na formação de uma nova família com a chegada dos filhos José, Fidelis, Paulo, Maria, Irene, Serafina, Anna e Mariana. Em 1901, mesmo grávida de Paulo, Veronica se deslocou a pé até nas proximidades da comunidade

de Santaninha para trabalhar na plantação da família. Ao se esforçar e se dedicar para colher o sustento dos filhos, a italiana começou a sentir as dores do parto. “Lembro dessa história marcante, pois a Veronica veio para a casa onde moravam segurando uma pedra em cada mão com muita força para o bebê não nascer no caminho”, conta a neta de Pietro e Veronica, filha de Paulo, Enair Zanellato Silva.

Paulo Zanellato, filho de Pietro Zanellato e Veronica Stangherlin, implantou a primeira linha de ônibus em Urussanga na metade da década de 30. O veículo utilizado na época está identificado no lado esquerdo desta imagem

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Pietro era agricultor e plantava de tudo um pouco para sustentar a família. Com o carro de boi carregado, percorriam as comunidades para vender mandioca, trigo, entre outros alimentos. “As uvas eram vendidas para a Cantina Cadorin. O vinho, vinagre, pão e macarrão eram feitos em casa. Havia também a criação de porco, novilho, para ter a carne para as refeições. Pietro e os filhos saiam às 5 da manhã e às 8 horas tomava café com polenta e salame na lavoura. Quando nós levávamos almoço que tinha arroz ele dizia que não queria, pois em pouco tempo o arroz estaria no calcanhar, já se fosse polenta daria sustância”, recorda a filha de Paulo e neta de Pietro e

Veronica, Maria Ivany Zanellato Peron.

Após trabalhar alguns anos na lavoura, Pietro conseguiu um emprego como estafeta, ou seja, era entregador de telegrama e cartas e realizava a entrega a cavalo. O imigrante efetuava as entregas das correspondências de Sombrio a Tubarão. Por trabalhar e um emprego federal, Pietro perdeu a cidadania italiana e tornou-se cidadão brasileiro. “Como o nosso pai Paulo nasceu do Pietro perder a cidadania italiana, os herdeiros conseguiram conquistar o direito à cidadania”, conta a filha de Paulo e neta de Pietro e Veronica, Ester Zanellato. O imigrante Pietro Zanellato faleceu em 27 de junho de 1945.

Carteira de Paulo Zanellato Brasileir quando se o preserv rviu ada pela filha Mari ao Exército a Ivany

Paulo Zanellato e Mercedes Tramontin na década de 90

A PRIMEIRA LINHA DE ÔNIBUS O filho dos imigrantes Pietro Zanellato e Veronica Stangherlin, Paulo Zanellato, trabalhou um período na lavoura com os pais. Em 1921, com 20 anos, casou com Ester Benedet. Em 1923, Paulo foi chamado para servir ao exército e deixou a esposa grávida para cumprir esta missão. Neste período, após dar a luz a filha Mariana, Ester foi pegar um feixe de feno para dar aos gados. Ao passar o braço embaixo do feno, a esposa de Paulo foi picada por uma cobra.

“Ela procurou a farmácia de Torquato Tasso na época e só havia uma injeção antiofídica. O farmacêutico foi pegar a dose, subiu a escada, caiu e quebrou o frasco. Sem remédio, ela não resistiu e veio a falecer”, recorda a filha de

Paulo, Ester.

Depois de cumprir o período no exército, Paulo retornou a Urussanga em 1924 e encontrou a cova com sua esposa ainda aberta, mas não teve coragem de vê-la morta. Algum tempo depois, Paulo conheceu Mercedes Tramontin, filha de Luigi Tramontin e Emilia Zanatta. Na época, Mercedes saia de Rancho dos Bugres para aprender o oficio de costureira e encontrou o seu companheiro. O amor do casal foi oficializado em 6 de junho de 1929. A formação de uma nova família iniciou com a chegada da pequena Leontina, que nasceu com o estomago para fora do corpo e faleceu em poucos dias. A tristeza cedeu espaço para a alegria com o

nascimento da filha Maria Ivany, em 1931. Enair, Heitor, Paulo Aires, Lais, Ester, Mirtes e Glacir Antonio completaram a família.

Maria Ivany, Enair, Heitor e Paulo Aires

Nostri Nonni Para sustentar a família, Paulo desejava atuar em um negócio próprio. Por volta da metade da década de 30, Paulo implantou a primeira linha de ônibus que ia de Urussanga a Criciúma. O ponto de ônibus, de abastecimento e a agência de Paulo estavam localizados na Praça Anita Garibaldi. Com um veículo da marca Opell Blitz e poucos assentos de madeira sem cobertura, Zanellato auxiliava na locomoção dos urussanguenses. “Queríamos entrar no ônibus, mas ele não

deixava. Então entrávamos escondidas para se divertir no volante. Depois ele decidiu vender a linha e o automóvel e começou a trabalhar em obras para uma empreiteira.

Participou da obra do Túnel Rebouças na década de 60, no Rio de Janeiro, e em diversas obras no Rio Grande do Sul. Depois de longos anos de trabalho, voltou para trabalhar na lavoura em Urussanga. Ele nunca deixou de nos dar aquilo que precisávamos”, afirma a filha de Paulo, Enair.

Maria Ivany, Enair, Mirtes, Lais e Ester, filhas de Paulo Zanellato

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