UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
O PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DOS MUSEUS: Do Surgimento á Contemporaneidade
Katia Akemi Katayama
Monografia apresentada a Universidade Presbiteriana Mackenzie, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo
Orientador: Prof. Dr. Roberto Righi São Paulo 2014
AGRADECIMENTOS Ao Professor Dr. Roberto Righi, por toda a sua atenção prestada gentileza e dedicação pelo seu sentido crítico e pelos conhecimentos compartilhados. Ao Professor Dr. Lucas Fehr por todo o apoio, paciência e que me fez acreditar no quanto eu sou capaz e sempre me incentivando a fazer o meu melhor. Aos meus amigos que estão comigo no dia-a-dia, com suas críticas construtivas, que estão sempre dispostos a ajudar e compartilham a mesma paixão pela arquitetura e olham hoje o mundo da mesma forma: com o olhar de arquiteto, em especial: Ângelo, Camila, Carol, Gianluca e Márcio. E aqueles que a distância não permite estar próximo, mas que de uma forma ou outra, participam e torcem pelo meu sucesso. Aos meus pais, que fizeram de tudo para que nunca faltasse nada em meus estudos, que me deram a educação necessária para crescer, amadurecer e me tornar a pessoa que sou hoje. Ao meu irmão, pelas horas dedicadas a me ajudar quando era necessário. E a Thaty, que acompanhou o começo dessa trajetória com as suas quatro patas, mas que hoje permanece em pensamentos e no coração. A Deus, que me permite sonhar.
RESUMO Nas últimas décadas, a construção de novos museus, ampliação ou restauração dos espaços das arquiteturas já existentes, tem se tornado mais comum nas atividades culturais, adquirindo grande importância nos países desenvolvidos e consequentemente nos subdesenvolvidos. O museu que é mais que um lugar de preservação da memória, buscando uma proximidade maior com o público, se transforma e abrange o seu programa de necessidades como local de aprendizado, estudo, pesquisa, informação, entretenimento, consumo e lazer. Em função de seu papel cultural e social não apenas a estrutura formal de seus que se modifica, mas também modifica e estabelece uma relação com a cidade. O trabalho tem como objetivo compreender o processo de desenvolvimento e a transformação do Museu desde a sua origem até os dias atuais.
SUMÁRIO 1.
A História dos Museus 1.1. Introdução 1.2. A origem 1.3. A evolução dos Museus 1.4. O museu no século XXI
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2.
Passarela: Novos vazios úteis na paisagem contemporânea 2.1. Introdução 2.2. O seu valor como símbolo 2.3. Passarela na arquitetura e na paisagem
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3.
Anexos de Museus Contemporâneos: Casos de Estudo 3.1. The Nelson Atkins Museum of Arts Expansion 3.2. Ampliação e Adequação do Museu Paulista da Universidade de São Paulo 3.3. Museu Rodin Bahia
51 53 61 66
4.
O Projeto – Anexo do Museu do Ipiranga 4.1. Arquitetura e Tempo 4.2. Arquitetura e Lugar 4.3. Diagramas, Plantas, Cortes e Fachadas 4.4. Imagens
71 73 75 85 86
5.
Referência Bibliográfica
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1.
A HISTÓRIA DOS MUSEUS
“O museu é uma instituição sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, aberta ao público, voltada a pesquisas dos testemunhos materiais do homem e de seu ambiente, que adquire, conserva, comunica em notadamente, expõe, visando a estudos, educação e lazer.” (ICOM, 2001)
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1.1. Introdução Os museus desde a sua origem, são vistos como instituições que atuam como vitrines de processos culturais e educativos da sociedade, com diversas orientações, onde o conhecimento preservado deve ser repassado a sociedade por meio de seu acervo, formado por imagens, documentos, objetos, demais materiais coletados e/ou doados, que são/foram considerados significativos para a comunidade. Assistir ás informações e atividades que um museu apresenta é mergulhar no passado para entender a sociedade contemporânea. Nesse sentido alguns museus são projetados para o processo educativo atingindo crianças e adultos, modernizando-se a cada passo para serem atrativos aos visitantes. Ao mesmo tempo, outros museus continuam configurando-se como espaços onde são armazenadas peças, objetos, documentos, que dependem de recursos para colocar seus acervos a disposição da comunidade, das escolas. Assim, na atualidade, existem museus que contam com recursos e investimentos para aqueles museus que se encontram funcionando de forma precária, mantendo-se com o apoio das comunidades que vêem nesses museus um espaço de memória. Desde então, as instituições chamadas de Museu passam por um contexto histórico em seu processo de formação, acompanhando as transformações conforme a evolução da sociedade (KOOLHAAS, 2010). A concepção de museu nos dias atuais é analisar a interatividade do museu que procura trabalhar com formas diferentes de apresentar o museu ao visitante, envolvendo desde atividades simples como tocar em certos objetos a jogos computadorizados e diferentes formas de tecnologias. Como a educação é um dos principais motivos do museu existir, este capítulo procura analisar a relevância do Museu Interativo nos dias de hoje.
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1.2. A origem dos museus A palavra “museu” vem do latim “museum” que por sua vez se origina do grego “mouseion”, de dominação grega, do templo ou santuário das musas. Segundo a mitologia grega havia nove musas que presidiam as chamadas artes liberais: história, música, comédia, tragédia, dança, elegia, poesia lírica, astronomia e a poesia épica e a eloquência. Esses templos eram utilizados para a contemplação, estudos e inspiração. A primeira instituição nomeada como museu foi a biblioteca de Alexandria onde recolhiam e conservavam objetos do passado e do presente. O acesso era restrito ao público e compreendia por uma biblioteca, anfiteatro, um observatório, uma coleção zoológica, salas de trabalho e refeitório. Em meados do século XVI as salas de exposições começaram a se chamar de “gabinetes de curiosidade” na Europa, onde praticamente todo membro da burguesia possuía o seu. Os gabinetes eram considerados espaços onde eram alocados objetos curiosos, antigos e muitas vezes consideradas exóticas tinham como objetivo preservá-los e entreter, mais do que educar na época. Segundo Lasmar et all (2005, p. 173) esse entendimento sofreu alterações:
“De gabinetes de Curiosidade nos séculos XVII e XVIII, de Enciclopédicos e de História Natural no século XIX, aos Ecomuseus dos anos 70 do século XX, foram muitas transformações ocorridas no campo dos museus. A museologia vem sofrendo reformas ereconceituações tanto em seus parâmetros teóricos como técnicos, redefinindo seus objetivos e seus objetos de estudo ao longo dos tempos. Por mais de um século os museus, considerados como os objetos de estudo por excelência da museologia, tinham como “tarefas” básicas pesquisar, preservar e expor. Durante as décadas de 1970 e 1980, os questionamentos sociais, políticos, éticos e conceituais, deflagradores de profundas transformações na organização da cultura, trouxeram implicações para a compreensão do que seria um museu com a museologia [...]”
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1_Gabinetes de Curiosidade
Fonte da Figura 1 http://peoniasemadreperola.blogspot.com.br/2012/10/gabinete-de-curiosidades.html (acessado em 20/05/14)
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O primeiro museu público surge a partir da doação da coleção de John Tradescant, feita por Elias Ashmole para a universidade de Oxford em 1677. O segundo museu público é o British Museum, fundado em 1753 por votação do parlamento inglês que decidiu comprar a coleção de Hans Sloane (1660-1753), abre-se ao público em 1759. Esses dois espaços apresentavam coleções de história natural, numismática e pintura e apesar de públicos, tinham o acesso reservado a visitantes credenciados. Com o aumento da democratização da sociedade provocada pela revolução Francesa fazem surgir novos conceitos de coleção como instituição pública, chamada “museu”. Com a abolição da monarquia, se cria no Palácio do Louvre o Museu Central das Artes que abre as portas em 1791 e para a visitação pública em 1793, ano em que também as coleções dos reis franceses são nacionalizadas. Além do Museu do Louvre na França, cria-se o Museu de História Natural e o Conservatório das Artes em 1794, e também o Museu dos Monumentos Franceses em 1796. A abertura dos museus na Europa e sua influência dos museus levam ao Iluminismo, conhecido como o Século das Luzes que foi um movimento cultural da elite intelectual que procurou mobilizar e perder a razão, a fim de permitir ao homem se aperfeiçoar e expandindo os museus ate chegarem em exposições universais em Londres acabam por induzir pela diversidade e materiais expostos, o surgimento de novos e variados espaços expositivos como museus de artes decorativas e artes populares em 1851.
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1.3. A evolução dos Museus Os que antes eram espaços definidos como “museu palácios” já existentes se adequavam para adquirir a função de museu. Vários museus foram criados baseado no modelo proposto por Boulléé em “Projeto para um Museu” (1783) ou J.N.L. Durand em “Précis des Lenços” (1802) (Montaner, 1995) que apresentava uma série de galerias organizadas ao entorno de quatro pátios e uma sala central circular recoberta por uma cúpula. Sua ideia de museu se baseava no vocabulário da antiga Grécia e antiga Roma.
2_Planta Projeto para um Museu, Boulléé.
3_Elevação Projeto para um Museu, Boulléé.
4_Planta e Elevação Précis des Leçons, J.N.L. Durand
Fonte da Figura 2 http://archiveofaffinities.tumblr.com/post/3553718480/etienne-louis-boullee-plan-for-a-museum (acessado em 20/05/14) Fonte da Figura 3 http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b7701028z.r=Boull%C3%A9e,+Etienne-Louis.langEN (acessado em 20/05/14) Fonte da Figura 4 http://2.bp.blogspot.com/-TTF2Y0JkW28/UKv6bJPcnkI/AAAAAAAAAPc/S1wG67ICZT8/s1600/plattegrond+durand.jpg (acessado em 20/05/14)vv
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5_ Planta Altes Museum, Schinkel
6_Planta British Museum, Sr, Robert Smirke.
7_Planta Gliptoteca de Munique, Leo von Klenze.
O Altes Museum, Berlim (1823-1830). Schinkel introduz dois pavimentos de exposições que se abrem para os pátios internos como também para a cidade. No volume central está projetada uma rotunda protegida por uma cúpula envidraçada. No primeiro pavimento um percurso lateral conecta as galerias. O arquiteto propõe colunas dóricas, jônicas e coríntias em sua arquitetura (Allégret, 1992).
O British Museum, Londres (18231847). Construído pelo Sr. Robert Smirke, o museu é construído ao entorno de um pátio retangular aberto e compostos de colunas jônicas nas suas fachadas externas (Yarwood, 1963). Em 1850, é adicionado um domus circular na parte central do pátio onde será destinado a sala de leitura da biblioteca.
A Gliptoteca de Munique (1816-1830). Leo Von Klenze cria um jardim central permitindo a entrada de iluminação as galerias dispostas em filas enquanto uma rotunda fornecia luz zenital.
Fonte da Figura 5 http://www.greatbuildings.com/cgi-bin/gbc-drawing.cgi/Altes_Museum.html/Altes_Plan_2.html (acessado em 20/05/14) Fonte da Figura 6 http://www.greatbuildings.com/cgi-bin/gbc-drawing.cgi/Altes_Museum.html/Altes_Plan_2.html (acessado em 20/05/14) Fonte da Figura 7 https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/2589867779198/O (acessado em 22/05/14)
Museus pseudo-Medievais John Ruskin (1819-1900), foi um escritor mais lembrado pelo seu trabalho como um crítico das artes e da sociedade britânica. Seus ensaios foram de suma importância na época Vitoriana (1850-1990), pois ele dá a origem a uma corrente gótica tanto que vários edifícios públicos na Inglaterra Vitoriana tiveram o gótico como suas referências. Ele acreditava que a linguagem clássica era a degradação da arte e da arquitetura. Todos os museus públicos do século XIX acende a abundância da decoração e com isso, a polêmica do excesso ou não do desenho em seu conteúdo arquitetônico. “Paralelamente a essas polêmicas, discute-se já no final do século XVIII e inicio do século XIX sobre a finalidade dos museus. Uma parte sustenta que o museu deva ser um centro de formação, um centro didático e universal que transmita o gosto acadêmico e os novos valores do progresso. Outra parte crê, que o museu deva resgatar as antiguidades nacionais, baseando-se numa percepção nostálgica e romântica que acaba por tornar o período medieval como fonte, salvando e cultuando os vestígios da Idade Média”. (dal Pian, 2002)
8_Imagem Crystal Palace, Sr. Joseph Paxton
Em Londres, acontece a Grande Exposição Universal em 1851 e o Crystal Palace (1850-1851) de Sr. Joseph Paxton junto com o engenheiro de estruturas Robert Stephenson foi construído com baixo custo e em tempo reduzido de execução de um ano. As grandes estruturas pré-fabricadas em ferro e vidro, moldava um grande espaço livre e transparente. Essa nova concepção de uso do espaço, se faz posteriormente em várias outras arquiteturas.
Fonte da Figura 8 http://www.architecture.com/HowWeBuiltBritain/HistoricalPeriods/Victorian/LeisureAndPleasure/TheCrystalPalace.aspx (acessado em 21/05/14)
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A Era Moderna No início do século XX a maioria dos museus configurava seus espaços através de salas e galerias ou grandes espaços livres, subdividindo espaços de ordem cronológica ou variando de acordo com as diferentes escolas a serem expostos diversos objetos ou obras de artistas. O movimento moderno na arquitetura é a rejeição dos estilos históricos, principalmente na arquitetura cheios de ornamentos que foi o neoclássico, e a criação de uma nova arquitetura de espaços geométrico, mínimos, planta livre, transparência e funcional. Le Corbusier projeta para os arredores de Paris o “museu do Crescimento Ilimitado” porém, nunca construído. Sua arquitetura se dá em forma de espiral quadrada e o visitante acessa o museu por uma rampa no centro do edifício e inicia seu percurso no pavimento superior. Esse percurso se transforma em um passeio sem escala, já que a sua forma permite que sejam adicionados módulos de acordo com a necessidade das exposições.
9_Maquete Museu do Crescimento Ilimitado, Le Corbusier
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10_Croqui Museu do Crescimento Ilimitado, Le Corbusier
Fonte da Figura 9 http://dc357.4shared.com/doc/Xy12D-9C/preview.html (acessado em 08/05/14) Fonte da Figura 10 http://transmuseus.net/?p=624 (acessado em 08/05/14)
“Deixe eu lhes trazer minha contribuição à idéia de criação de um museu de arte moderna em Paris. Não é um projeto de um museu que eu lhes dou aqui, não mesmo. É um meio de conseguir construir, em Paris, um museu em condições que não sejam arbitrárias, mas, ao contrário, que sigam as leis naturais do crescimento, de acordo com a ordem que a vida orgânica manifesta: um elemento sendo suscetível de se juntar a ideia de harmonia, à ideia a parte. (...) O museu não tem fachada; o visitante nunca verá fachadas; ele somente verá o interior do museu. Porque ele entra no coração do museu por um subterrâneo (...) O museu é expansível à vontade: sua planta é uma espiral; verdadeira forma de crescimento harmoniosa e regular” (BOESIGER, Willy. Le Corbusier. Barcelona: Gustavo Gilli, 1976.) Os outros edifícios construídos posteriormente como O Museu de Arte Ocidental em Tóquio (1957 – 1959) e o Museu Ahmedadad, em Punjab, Índia (1956 – 1957), reproduzem parte do seu conceito: base quadrada e sem aberturas para o exterior.
11_imagem Museu de Arte Ocidental, Le Corbusier.
12_Imagem Museu Ahmedabad, Le Corbusier
13_Planta Museu Ahmedabad, Le Corbusier
Fonte da Figura 11 - https://tresyuna.wordpress.com/2010/06/15/japon-tokio/p1030901/ (Acessado em 08/05/14). Fonte da Figura 12 - https://tresyuna.wordpress.com/2010/06/15/japon-tokio/p1030901/ (Acessado em 08/05/14). Fonte da Figura 13 - https://tresyuna.wordpress.com/2010/06/15/japon-tokio/p1030901/ (Acessado em 08/05/14).
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Diferente de Le Corbusier, Mies van der Rohe adota um sentido oposto no “Museu para uma pequena cidade”. O ambiente se define somente em um nível, toda aberta ao exterior com peles de vidros e de planta livre. O mesmo conceito é projetado para o “New Gallery na Kemperplatz” em Berlim (1962-1968). Mies aproveita o desnível do terreno e loca pequenas galerias e serviços no andar inferior e no posterior um local de planta livre toda em pele de vidro e em seu exterior, um grande jardim repleto de esculturas.
14_Planta Museu para uma pequena Cidade, Mies van der Rohe
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15_ Planta New National Gallery, Mies van der Rohe
Fonte da Figura 14 http://www.forumpermanente.org/revista/edicao-0/textos/transcricoes-arquitetonicas (acessado em 12/05/14) Fonte da Figura 15 http://archiveofaffinities.tumblr.com/post/8626090523/mies-van-der-rohe-neue-nationalgalerie-berlin (acessado em 12/05/14)
A partir da arquitetura de Le Corbusier e Mies van der Rohe, surgem novas reflexões. Frank Lloyd Wright, projeta O “Museu Guggenheim” em Nova York (1943-1959) adotando uma ideia parecida ao “Museu do Crescimento Ilimitado”: Wright cria uma espiral curva e ascendente de seis pavimentos em torno de um grande vazio central banhado por uma cobertura natural em seu átrio.
“Um museu deve ser extenso, contínuo e bem proporcionado, desde o nível inferior até o superior; que uma cadeira de rodas possa percorrê-lo, subir, baixar e atravessá-lo em todas as direções, sem interrupção alguma e com suas seções gloriosamente iluminadas internamente desde cima, de maneira apropriada a cada grupo de pinturas ou a cada quadro individual, segundo se queira classificá-los” (Pfeiffer, 1995).
16_Imagem Museu Guggenhein NY, Frank Lloyd Wright Fonte da Figura 16 - https://www.flickr.com/photos/h_ssan/3732415033/in/set-72157623390167059/ (acessado em 21/05/14)
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Outro museu modernista a ser falado é a “Fundação Maeght”, de Sert (1959-1964). O arquiteto utilizou o concreto como material para criar os sheds em curvas, um novo elemento arquitetônico utilizada nas coberturas a fim de melhorar a qualidade da luz natural e ventilação dos museus. O mesmo elemento se repetira na cobertura dos Arquivos da Bauhaus (1979) pelo Walter Gropius e na Fundação Miró (1975) pelo Sert.
17_ Imagem cobertura. Fundação Maeght, Nice, França
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18_Imagem cobertura. Bauhaus, Berlim, Alemanha
19_Imagem cobertura, Fundação Miró, Barcelona, Espanha
Fonte da Figura 17 https://www.flickr.com/photos/29727266@N02/6114227522/ (acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 18 http://www.tipografos.net/bauhaus/bauhaus-hoje.html (acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 19 http://11870.com/pro/fundacio-joan-miro/media/48f5287a (acessado em 21/05/14)
Também explorando o concreto à vista Reidy, em 1954, cria no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro um grande salão de 26x130m livre de pilares e com perfeito controle da iluminação natural e artificial e Lina Bo Bardi, em 1957, dentro do mesmo espírito e em função de peculiaridades do sítio, projeta um vão de 74m para o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Esses dois museus possuem transparência e a flexibilidade de plantas livres, onde corredores e área de exposições se integram em um mesmo espaço, e projetados com grandes estruturas que criam espaços livres em seus térreos.
20_Imagem MAM - RJ, Affonso Reidy
21_Imagem MASP, Lina Bo Bardi
Fonte da Figura 20 http://cyclopsdr.tumblr.com/post/8037029255/mam-rio-de-janeiro (acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 21 http://media-cache-ec0.pinimg.com/originals/39/6f/15/396f15ad51ff2c92542baf180e082d99.jpg (acessado em 21/05/14)--
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1.4. O museu do século XXI “É precisamente, a partir da inauguração do Centro Georges Pompidou em Paris em 31 de Janeiro de 1977, obra de Renzo Piano e Richard Rogers, que com seu extraordinário impacto internacional, é possível afirmar que se começa o fenômeno do museu contemporâneo” (Moreno et al, 1989). O Centro Georges Pompidou em Paris, (1972-1977) eclode com a tradição da planta em “caixa” como edifício-massa. A forma de um container toma como referência a imagem da fábrica e da refinaria de petróleo e enfatiza elementos de movimento como escadas rolantes, elevadores e passarelas.
22_Centro Georges Pompidou em Paris, França Renzo Piano & Richard Rogers
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23_Vista elevação
24_Vista panorâmica das escadas rolantes
Fonte da Figura 22 http://blogdegeografiadejuan.blogspot.com.br/2013/07/paris-desde-el-aire.html (acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 23 http://www.archdaily.com.br/br/01-41987/(acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 24 http://www.pinterest.com/pin/194569646374953185/ (acessado em 21/05/14)
Nos últimos trinta anos, a transformação dos museus tem crescido e se desenvolvido em diversos países da Europa, mas não era apenas a forma dos museus que estava mudando, havia toda uma nova conceituação por trás desses projetos. Os museus eram projetados para serem lugares agradáveis de ficar até mesmo independentemente do acervo que estava exposto, além disso, foram agregados novos serviços como restaurantes, lojas, parques e jardins. No editorial da revista AD-Architectural Design, aborda os museus contemporâneos. Maggie Toy os descreve como uma poderosa conexão cultural, oferecendo-se como espelho da sociedade, assim como, símbolo da conquista comercial e cultural. Afirma também, que até a metade do século XX o museu era um local de aprendizado, onde as noções de cultura dominante eram reforçadas visualmente através de uma severa e frequente intimidação por parte do edifício. O museu agora é muito mais acolhedor, não apresentando apenas uma visão estabelecida da sociedade e sua história, e sim, refletindo suas expectativas e diversidades culturais (AD, 1997). Outro artigo da AD-Architectural Design, Charles Jenks em sua crítica em “Museus Contemporâneos” apresenta uma contradição entre as velhas demandas e as novas oportunidades (AD, 1997) e quantifica em um número de seis, os principais papéis que cumprem os museus na sociedade contemporânea: preservar a memória, educar e reafirmar valores, substituir as catedrais (onde a cultura e a arte ganham espaços cedidos pelo declínio das sociedades religiosas), ser um lugar de entretenimento, ser lugar de comércio e de exibições consagradas e ser um nervo central da cultura industrial. (dal Pian, 2002) Essas colocações são uma afirmativa da transformação que o “papel” de museu mudou em relação as últimas três décadas. O número de instituições museográficas, a partir dos anos 70 cresce em um ritmo acelerado como também o número visitas.
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25_imagem aérea do Louvre
26_Louvre
27_Interior Louvre
“Esse crescimento é em parte, devido a ampliação de gama de seu material exposto. Mais que apenas obras de arte, também objeto e testemunhos banais são dignos de serem conservados. Não somente uns refúgios de belo e do único, nos museus se encontram quer riquezas do passado, quer uma seleção arbitrária de produtos contemporâneos e objetos produzidos em série. Essa situação remeta a discussão, a vocação e a imagem dos museus e, em consequência, a nossa própria escala de valores.” (Allégret, 1992) Com a valorização das coisas não artísticas, surgem museus de ciências naturais, arquitetura, cinema, e etc.; que geram uma nova relação do objeto e aproxima o público pela diversidade e amplitude de informações expostas. Entretanto, o aumento de público não está apenas ligado a amplitude de materiais expostos. O “tempo livre” e o “turismo cultural” em que vivemos hoje, desperta um interesse maior pela visita às exposições. Hoje o museu ocupa um lugar privilegiado nas cidades, raramente se é destruído para uma nova construção, o que temos atualmente são reestruturações, ampliações, restauros de edifícios como o Museu do Louvre. O arquiteto I. M. Pei, projeta uma grande pirâmide envidraçada no pátio e faz uma ampliação no subsolo com centros comerciais, auditório, cinema, ateliês e restaurantes.
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Fonte da Figura 25 http://www.wildstylemagazine.com/2013/05/paris-desde-el-cielo.html (acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 26 https://www.flickr.com/photos/co1nco1n/3108607845/in/photostream/ (acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 27 http://find-me-traveling-everywhere.tumblr.com/post/44428516974 (acessado em 21/05/14)
Com a importância crescente dos museus, surge uma política de investimentos em projetos culturais entre 1981 e 1986 que promove “Grandes Projetos”, uma grande obra urbana que visa dotar a cidade de grandes equipamentos culturais e com o sucesso, lança-se então, um programa de descentralização da cultura, visando criar novos centros culturais e museus de arte contemporânea nas diversas cidades francesas. Em Nîmes, Norman Foster vence um concurso para a Carré d’Art (1984-1993), um Centro de Artes contemporânea e Mediateca. O projeto se insere ao lado de um templo da Maison Carrèe que remonta ao século 1º a.C. no centro da cidade e ao meio de um pátio central. Construído em vidro, aço e concreto para transparecer a arquitetura do passado e a dos dias que se transcorrem.
28_Carré d’Art em Nîmes, França. Norman Foster
29_Carré d’Art ao fundo e a frente, o templo.
30_Fachada da Carré d’Art, Norman Foster
Fonte da Figura 28 http://media-cache-ec0.pinimg.com/originals/0a/ad/de/0aadde06f43cec082d0ee6c9b9559cc8.jpg 9 (acessado em 18/05/14) Fonte da Figura 29 http://www.cnap.fr/carre-dart-nimes (acessado em 18/05/14) Fonte da Figura 30 http://www.cnap.fr/carre-dart-nimes (acessado em 18/05/14)
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Outros países na Europa também passaram a ver os projetos culturais como símbolos de imagens para uma cidade visando uma modernização e transformação urbana. Portugal, Espanha no final dos anos 70, buscaram remodelar seus museus e criar novas infra-estrutturas culturais. Barcelona, capital da Espanha, remodelou-se para receber os jogos Olímpicos de 1992 e lançar a sua cidade como imagem de forte expressão na Europa. Para isso, Richard Meier foi o responsável pelo projeto do Museu de Arte contemporânea (1987 – 1995). O edifício, inserido no contexto histórico da cidade, se apropria da área de um antigo convento diante da praça dês Angels. O acesso ao museu está comunicado diretamente com o percurso do centro histórico. Internamente, a rampa de circulação envidraçada, que rege e estrutura o complexo, enfatiza a comunicação direta que o edifício pretende ter com os espaços urbanos.
31_Museu de Arte Contemporânea em Barcelona. 32_MACBA fachada Richard Meier
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Fonte da Figura 31 Google Earth (acessado em 18/05/14) Fonte da Figura 32 http://www.spain.info (acessado em 18/05/14) Fonte da Figura 33 https://www.flickr.com/photos/mvaccarini/5250132801/ (acessado 18/05/14)
33_Interior
34_Museu Guggenheim Bilbao, Espanha. Frank O. Gehry
35_Vista do Guggenheim Bilbao
36_Interior
Também a cidade basca de Bilbao em 1988, formula um plano de reestruturação e desenvolvimento urbano. Como primeiro porto espanhol e de grande importância e sentindo a crise naval e da industrialização, o governo busca dinamizar sua economia, potencializando suas infra-estruturas e aumentando projetos para novos edifícios culturais e em 1991, uma nova sede do Museu Guggenheim (1993-1997) é construída para o projeto de um Museu de Arte Contemporânea. O edifício, de uma volumetria articulada e variada se compõe de grandes chapas de aço galvanizado e recobertas por painéis de titânio. No interior, os três níveis se organizam de modos articulados por 19 galerias. O hall de entrada possui um pé direito de 50 metros de altura e em seu entorno, um complexo sistema estrutural curvilíneo, onde abriga as circulações verticais e elevadores. Através desse projeto, a cidade de Bilbao se insere de modo decisivo no circuito do turismo europeu e fazendo do Museu, um marco da cidade.
Fonte da Figura 34 http://www.panoramio.com/photo/38462179 (acessado em 18/05/14) Fonte da Figura 35 http://media-cache-ec0.pinimg.com/originals/24/12/1c/24121cd2dfc089794ffd20be67a0d918.jpg (acessado em 18/05/14) Fonte da Figura 36 http://form9.tumblr.com/page/7h (acessado em 18/05/14)
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Várias outras cidades espanholas tomaram a iniciativa de se fazer reformas ou a construção de museus e espaços culturais, como Santiago de Compostela, com o Centro Galego de Arte Contemporânea, projeto de Álvaro Siza e em Valência, que na virada do século XXI inaugurou o Museu das Ciências, projeto de Santiago Calatrava.
37_Cantro Galego de Arte Contemporânea em Santiago de Compostela, Espanha. Álvaro Siza
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38_Museu das Ciências em Valência, Espanha. Santiago Calatrava
Fonte da Figura 37 http://www.panoramio.com/photo/15236297 (acessado em 18/05/14) Fonte da Figura 38 http://www.pinterest.com/pin/43417583879833832/ (acessado em 18/05/14)
39_Tate Moder em Londres, Inglaterra. Projeto de ampliação. Herzog & de Meuron
40_Vista Interior
41_Vista Interior
Na Grã-Bretanha, lança-se uma série de projetos de edifícios de artes, ciências, esportes e entretenimento a partir de um projeto cultural intitulado de “Millenium Projects” devido a virada do milênio. Em Londres, dois museus são destaques: O Tate Modern (1995-2000) de Herzog & de Meuron. Como primeiro projeto público na Inglaterra feito por um escritório não britânico, se instala na antiga estação de energia da Bankside, em frente ao Rio Tâmisa, um local deteriorado que é transformado de um antigo monumento industrial em espaço que serve a emergência indústria turística de Londres. O projeto, conta com dois grandes espaços de acesso: um grande vestíbulo público em forma horizontal e uma via coberta de grande altura, no lugar que antes era a sala de turbinas. Os dois espaços conduzem o visitante as salas, nos três andares superiores, que se inspira na arquitetura do MOMA de Nova Iorque: um sistema de escadas e fluxos que lembram a estrutura do meio de transporte como o metrô. Com espirito minimalista e austero, a antiga fábrica é coroada por dois pavimentos de uma grande barra de luz de um ático cristalino, transparente de dia e iluminado a noite. Fonte da Figura 39 http://www.pinterest.com/pin/539095017867839051/ (acessado em 18/05/14) Fonte da Figura 40 http://www.pinterest.com/pin/223491200228129134/ (acessado em 18/05/14) Fonte da Figura 41http://www.pinterest.com/pin/359865826445863285/(acessado em 18/05/14)
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O British Museum, também em Londres, lança um concurso em 1993 para a remodelação da área do corpo central do Museu. Como vencedor, Norman Foster apropria-se do vazio ao entorno do salão e substitui uma marquise de cobertura, que havia sido instalada por uma nova cobertura transparente em forma de uma geometria ondulada em vidro. Esse vazio se transforma em um percurso de distribuição, o que permitiu organizar o funcionamento do museu.
42_British Museum em Londres, Inglaterra. Norman Foster
43_Vista da fachada
44_Vista da cobertura no interior.
Outro país que também demonstra intenções em investir em projetos culturais é a Itália. Apesar se ser conservadora em relação a inserções de novas arquiteturas contemporâneas dentro das cidades históricas e fechada ao trabalho de arquitetos não italianos, ela rompe com essa reserva e abre-se para escritórios estrangeiros, elaborando um novo plano diretor em 2000 para a cidade de Roma e lançado o programa de concursos “Grandi Progetti.”.
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Fonte da Figura 42 https://www.thinkingbob.co.uk/british-museum-london-museum-facts/ (acessado em 18/05/14) Fonte da Figura 43 https://www.thinkingbob.co.uk/british-museum-london-museum-facts/ (acessado em 18/05/14) Fonte da Figura 44 http://www.pinterest.com/pin/488922103268063652/ (acessado 18/05/14)
Zaha Hadid vence o concurso para o primeiro Centro de Arte Contemporâneo italiano (1998 – 2009) em uma das mais importantes inciativas museológica da Itália. A área de edifícios militares, é totalmente transformada na ambição de criar em Roma uma instituição de grande magnitude. O projeto prevê espaços para atividades experimentais, biblioteca, auditório, recepção, café e restaurante, lojas, e espaços públicos ao ar livre. Sua forma arquitetônica lembram trajetórias fluidas, principal foco do edifício. São três pavimentos que se articulam em variadas conexões e uma cobertura de vidro para a entrada de luz natural.
“As diferentes funções distribuídas no espaço estão unidas ao tecido urbano da área e- este é o aspecto mais importante – contribuem para a criação de uma urbanização interna do campus. O projeto parece descobrir itinerários dormentes no entorno: O MAXXI torna-se realmente parte da cidade, não é um local fortificado, mas antes um espaço para se atravessar e se mover com liberdade” (Zaha Hadid).
45_MAXXI em Roma, Itália Zaha Hadid
46_Vista da fachada
Fonte da Figura 45 http://www.zaha-hadid.com/architecture/maxxi/ (acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 46 http://www.zaha-hadid.com/architecture/maxxi/ (acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 47 http://www.zaha-hadid.com/architecture/maxxi/ (acessado em 21/05/14)
44_Vista interna das circulações verticais
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Em Milão lança-se o concurso internacional para “La Città dele Culture” (2000 – 2011) para uma proposta de um campus de museus e Cidade das Culturas em um complexo de edifícios industriais em desuso na antiga fábrica Ansaldo. O vencedor foi o arquiteto britânico David Chipperfield. Ele recompõe os edifícios existentes no entorno, cria uma grande via interna de pedestres e liga todo o complexo através de um volume transparente no centro do pátio. O programa para o Ansaldo mistura serviços particulares e públicos. O edifício industrial reformado hospedará o Museu Arqueológico de Milão, o Centro de Estudos Avançados para as Artes Visuais e a oficina de uma fábrica de fantoches. Ao lado dos edifícios existentes, estará o novo Centro das Culturas Não Europeias. O edifício contem um museu, um arquivo e um centro de estudos.
48_Ansaldo: Cidade das Culturas em Milão, Itália David Chipperfield
49_Maquete
Em 2000, outro concurso para o projeto do “Museo del Novecento” em Milão junto ao Palácio Real, e em frente ao Palácio do Duomo foi realizado e o arquiteto Italiano Italo Rota, vencedor do concurso foi o responsável pela restauração do projeto que rege através de um sistema de circulação em rampas, aberto a praça.
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Fonte da Figura 48 http://www.davidchipperfield.co.uk/ (acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 49 http://www.pinterest.com/pin/343047696587644524/ (acessado em 21/05/14)
No final da Segunda Guerra Mundial, a Alemanha se encontrava em um quadro onde 60% a 70% de suas estruturas urbanas destruídas. A renovação das cidades se iniciou através da recomposição do tecido histórico e na recuperação de monumentos significativos e passou a considerar uma construção de uma cidade racional e funcional. A implantação da cidade passou a exigir uma “cultura arquitetura moderna”. O novo programa passa a apresentar resultados insuficientes às soluções dos problemas das cidades pois os novos planos diretores acabou por privar a paisagem urbana moderna dos atributos de reconhecimento que a tradição e a história haviam sedimentado. Com a fragmentação do tecido urbano e a perda da simbologia, a modernidade não trazia melhorias na qualidade urbana. “Volta se a pensar na inter-relação das partes e na criação de símbolos arquitetônicos que reconstruam espaços onde o cidadão possa se reconhecer. Procura-se valorizar a presença histórica assim como, a das tradições construídas das cidades” (Dal Pian, 2002). Com a evolução das relações sociais e culturais, a restauração, ampliação ou construção dos museus reelabora o seu conceito e discute-se o seu papel dentro das estruturas urbanas.
50_Rampasdo Museo del Novecento 51_Interior do Museo del Novecento Fonte da Figura 50 http://www.pinterest.com/pin/275352964686675971/ (acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 51 http://www.pinterest.com/pin/164029611398562156/ (acessado em 21/05/14)
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A implantação de novos museu se inicia em Mönchengladbach com o Städtiches Museum (1972-1982) do arquiteto Hans Hollein. A sua inserção no terreno qualifica a cidade e estabelece uma relação direta com o usuário como as salas que encorajam ao ingresso ao prédio. A diversidade de espaços, planos e percursos transporta a dinâmica da cidade para o interior do museu
52_Städtisches Museum em Mönchengladbach, Alemanha. Hans Hollein
53_Vista Extena
54_Vista Interna
Em Sttugart, os arquitetos ingleses James Stirling e Michael Wildford ganham o concurso para a ampliação da Staatsgalerie (1977-1984). O projeto faz com que o eixo da circulação que corta sua estrutura e define uma rotunda interna, conecte duas vias onde esta implantada o museu.
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Fonte da Figura 52 http://www.gregorschneider.de/places/2008mgladbach/pages/20081108_museum_abteiberg_mgladbach_38.htm (acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 53 http://www.gregorschneider.de/places/2008mgladbach/pages/20081108_museum_abteiberg_mgladbach_38.htm (acessado em 21/05/14) Fonte da Figura 54 http://www.hollein.com/ger/Architektur/Chronologisch/1980-1989/Staedtisches-Museum-Abteiberg (acessado em 21/05/14)
55_Staatsgalerie em Stuttgart, Alemanha J. Stirling e M. Wilford
56_Vista Externa
Fonte da Figura 55 http://www.fotocommunity.de/pc/pc/display/6364656 Fonte da Figura 56 http://en.wikipedia.org/wiki/Neue_Staatsgalerie Fonte da Figura 57 http://www.fotocommunity.de/pc/pc/display/6364656
57_Vista Externa
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O Museu de Artes Decorativas de Richard Meier, inserido dentro de um parque na cidade, estabelece com a Villa Metzler, um edifício barroco, uma nova geometria para o museu compondo um conjunto de quatro corpos que se interligam. Através dessa pureza geométrica, Richard Meier interpreta os eixos da cidade e insere o edifício no tecido urbano. As fachadas em vidro relaciona uma conversa da cidade com o prédio.
58_Vista Passarela
59_Vista Externa
60_Museu de Artes Decorativas em Frankfurt, Alemanha. Richard Meier
A restauração ou construção de edifícios culturais com o objetivo de recompor a cidade depois da Segunda Guerra Mundial, oferecem ao cidadão uma nova sensação de vida urbana além de servir como inspiração.
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Fonte da Figura 58 e 59 http://www.richardmeier.com/www/#/projects/architecture/location/europe-a-m/germany/1/357/3/ Fonte da Figura 60 http://moleskinearquitectonico.blogspot.com.br/2010/11/richard-meier-museo-de-artes.html
Enquanto que nos países mais desenvolvidos a era dos novos museus emergia na década de 70, o Brasil vivenciava o período de Ditadura Militar (1964-1985). Um período que não favorece o país na construção de equipamentos culturais. O MUBE (1986-1995), já dentro do período de Restauração da democracia foi criado sem nenhum acervo, surgiu como resposta contra a construção de uma área comercial. O projeto de Paulo Mendes da Rocha é instalado em uma área de 6,9 mil m², sendo que quase todo o museu é enterrado. Possui áreas expositivas amplas e livres. Uma grande viga protendida de 60m de vão marca o museu. Sua volumetria produz uma arquitetura de espaços ricos.
61_Implantação
62_MUBE
Fonte da Figura 61 Google Earth (acessado em 22/05/2014) Fonte da Figura 62 http://alessandra-amato.blogspot.com.br/2011/01/museus-brasileiros-livro-reune-belas.html (acessado em 22/05/14)
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O Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói (1991-1996) de Oscar Niemeyer partiu da necessidade de se abrigar numerosas obras de arte. O partido arquitetônico teve como foco uma arquitetura leve, que flutuasse. “Quando comecei a desenhar o museu, tinha uma ideia em mente: uma forma circular e abstrata na paisagem. E um lugar sem outros edifícios, para destaca-la. Não queria repetir a frequente solução de um cilindro sobre o outro, mas seguir a ideia do Museu de Caracas, uma linha subindo curva com as linhas ortogonais do piso e da cobertura. O ponto inicial foi adotar o apoio central, daí surgindo a arquitetura livre como uma flor. Depois a forma circular, a galeria que contorna aberta a paisagem e salão de exposições. E, por fim, a rampa de acesso, longa, em curvas. Um passeio à volta da arquitetura, disse Ítalo Campofiorito. E a obra realizada, solta no espaço que se estende do mar até as montanhas do Rio de Janeiro” (Oscar Niemeyer, 1996). O museu se divide em duas partes separadas por uma esplanada de acesso: o embasamento, que contém as instalações de serviço, restaurante e acima, o museu de 50metros de diâmetro suportado por um cilindro estrutural oco de 8m de diâmetro.
63_MAC RIO, Oscar Niemeyer
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64_Vista Rampa
65_Vista interior
Fonte da Figura 63 http://www.timeout.com.br/rio-de-janeiro/en/art/venues/332/mac-niteroi (acessado em 22/05/14) Fonte da Figura 64 http://www.toolbase.org/TechInventory/techCAD.aspx?ContentDetailID=629 (acessado em 22/05/14) Fonte da Figura 65 http://cultura.culturamix.com/historia/monumentos-historicos-do-brasil (acessado e 22/05/14)
66_Implantação
67_Escada helicoidal
68_Passarela
Em São Paulo, a Pinacoteca (1993-1997) sofre por reformas e restaurações. Projeto de Paulo Mendes da Rocha, Eduardo Colonelli e Weliton Torres. O edifico neoclássico se encontrava em uma situação precária. Foi criado um depósito de acesso, áreas técnicas, laboratório de restauração, biblioteca, auditório e um bar. O projeto conta com uma cobertura em claraboia de grelhas metálicas e vidro recobrindo os pátios, passarelas de estrutura metálica estão localizada sobre os pátios, possibilitando fluidez nos percursos dispostos em três níveis.
Fonte da Figura 66 http://www.luisprado.com.br/ (acessado em 22/05/14) Fonte da Figura 67 http://www.pinterest.com/pin/162622236517498253/ (acessado em 22/05/14) Fonte da Figura 68 http://www.pinterest.com/pin/427982770809584779/ (acessado em 22/05/14)
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No ano de 2000, o arquiteto Português Álvaro Siza é chamado para a construção Fundação Iberê Camargo (2000 - 2007) para expor as obras do artista gaúcho em Porto Alegre. O corpo do museu é desenhado em quatro pavimentos sobrepostos irregularmente. Tem ligações feitas por rampas que percorrem o vazio central de distribuição das atividades e para fora do edifício. Com mais de 5mil m² de área, o projeto é composto por dois espaços, para o museu e serviços. O programa possui área de exposições, biblioteca, livraria, cafeteria, auditório, oficinas e áreas administrativas e de serviços. O museu se localiza em um lugar com uma vista privilegiada para o Rio Guaíba porém, Álvaro Siza não projeta nenhum tipo de pele de vidro ou aberturas para a fachada. “Eu não vou abrir grandes envidraçados sobre o rio, pois há aberturas que enquadram a paisagem como se fossem quadros...não se pretende que o exterior invada espaços das obras expostas... é necessário criar uma escala de qualidade de luz que não são compatíveis com grande envidraçados...quando uma paisagem é muito bonita não deve ser atirada à cara das pessoas. Deve haver um esforço para ver, porque, se isso não acontecer, a imagem perde a densidade” (Álvaro, 1999)
69_Implantação
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70_Vista Externa
71_Vista interior
Fonte da Figura 69 http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/projetos/08.093/2924 (acessado em 22/05/14) Fonte da Figura 70 http://www.trilhaseaventuras.com.br/blog/2013/02/por-do-sol-press-cafe-ibere-camargo-em-porto-alegre/ (acessado em 22/05/14) Fonte da Figura 71 http://www.pinterest.com/pin/462041242990721624/ (acessado em 22/05/14)
2. PASSARELAS: NOVOS VAZIOS ÚTEIS NA PAISAGEM CONTEMPORÂNEA “Porque uma passarela não precisa ser somente uma passarela”
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2.1. Introdução Os vazios de grande escala separados ora por rios, linhas férreas, largas avenidas ou vales, desconecta duas margens e impossibilita uma “conversa” e como resultado, é o isolamento entre duas extremidades. A criação de caminhos como as passarelas vêm se tornando frequente, principalmente pelos latos custos dos terrenos remanescentes da cidade. Passarelas requalificam os espaços urbanos integrando dois espaços antes desconhecidos entre si e muitas vezes, recuperam áreas sem vitalidade, de forma a vivenciar novos espaços com atividades constantes, valorizando o espaço público e o seu entorno e oferece novos acessos, segurança e lazer na travessia. Segundo Solá-Morales, a satisfação estética vem do caráter da arquitetura nova e antiga. Quando se faz uma relação entre elas através de uma passarela, se descobre o fundo e a forma em que o passado e o presente reconhecem.
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2.2. O seu valor como símbolo Segundo o texto do autor relata que os lugares onde há a presença do homem, ou seja, lugares construídos pelo homem se relacionam de três formas com a paisagem. Primeiro o homem visualiza o seu modo de entender a natureza do local e transforma a sua expressão em uma estrutura que ele interpretou seja onde a natureza insinua um espaço delimitado: uma área fechada, um espaço centralizado: um marco e quando indica uma direção: um caminho. Em segundo, o homem tem de simbolizar o seu modo de entendimento, que implica em traduzir sua visão da natureza. E por último, os significados absorvidos a fim de criar um imago mundi que de concretude a esse mundo. Generalizando, visualização, simbolização e reunião são aspectos do processo de gerar e fixar-se em um lugar e habita-la. Heidegger descreve o seguinte:
“A ponte se estende lépida e forte sobre o rio. Ela junta as margens que já existem, as margens é que surgem como margens somente porque a ponte cruza o rio. É a ponte propriamente dita que faz com que as margens fiquem uma defronte da outra. É pela ponte que um lado se opõe ao outro. Tampouco as margens da ponte levam ao rio as duas extensões de paisagem que se encontram atrás dela. Põe o rio, as margens e a terra numa vizinhança recíproca. A ponte junta a terra, como paisagem em torno do rio.” A ponte junta dois elementos opostos e assim revela o seu valor como símbolo. A paisagem obtém seu valor por intermédio da ponte. Antes dela o significado da paisagem estava oculto e a construção da ponte lhe retira o véu.
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3.3. Passarela na arquitetura e na paisagem A criação de novas superfícies elevadas vem de encontro com a escassez de terrenos nas grandes cidades e nas necessidades de acessibilidade e ligação entre as duas margens de um rio ou uma linha férrea e que faz com que esses espaços se tornem habitáveis. Da transição à permanência, a passarela passa por uma transformação de além de ser um espaço de fluxo, torna-se também um espaço público. Esse espaço acaba definindo a qualidade da cidade e do lugar por sua multifuncionalidade e uso social coletivo. Segundo o autor Jordi Borja, a qualidade do espaço público pode ser avaliada segundo a intensidade e a qualidade de misturar grupos e comportamentos, e por sua capacidade de estimular a identificação simbólica, a expressão e a integração cultural. As novas passarelas contemporâneas vão além da função original de mobilidade e acessibilidade, proporcionando um novo ambiente paisagístico entre duas ligações. São muitos os arquitetos que fazem do uso de passarelas presente como uma ampliação ou uma ligação do espaço público aos edifícios, permitindo aos usuários além de passagem de um lado ao outro, uma permanência e usufruto de mais uma área de lazer na cidade.
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No Brasil, o termo “praçarela” refere-se a passarelas que são praças, espaços que vão além da necessidade de atravessar até a outra margem. Elas têm como objetivo integrar bairros e recuperar áreas sem vitalidade, de forma a criar um espaço de permanência e uso, valorizando o espaço público e o seu entorno, e oferece segurança e acesso na travessia de pedestres. Essa alternativa aplica-se muito a espaços em via férreas, principalmente estações de trem, pois garante a segurança e movimento contínuo. A permanência, o conforto desses espaços e uma possibilidade de um novo caminho prazeroso são o motivo cujo qual as passarelas são utilizadas em projetos construídos recentemente. Pérgulas, bancos, bebedouros, jardineiras e belvederes oferecem a estes caminhos o desfrute de habitar o lugar. Outros oferecem somente um caminho para o pedestre ao longo de grandes e arrojadas estruturas iluminadas, marco contemporâneo da paisagem local. Alguns projetos merecem destaque por sua importância na reestruturação de espaços urbanos, revitalização de áreas, acessibilidade entre margens, e de novos espaços de convivência. Cidades como Barcelona, Lisboa, Sevilha e Hannover reestruturaram áreas às margens do mar e dos rios para abrigar seus eventos e pensando no desenvolvimento econômico e social através do incentivo ao turismo na cidade.
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3.
MUSEUS CONTEMPORÂNEOS: CASOS DE ESTUDO
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2.1
The Nelson Atkins Museum of Art Expansion
72_Nelson Atkins Museum em Kansas, EUA. Steven Holl
Localizado na cidade de Kansas nos Estados Unidos, A expansão do Museu Nelson Atkins surge em 1999, devido a um concurso para a ampliação do antigo Museu, um “templo de arte” clássico construído em 1933.
Fonte da Figura 72 http://www.stevenholl.com/project-detail.php?id=19&worldmap=true (acessado em 22/05/14)
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A ampliação do Museu Nelson Atkins desenhada pelo vencedor do concurso, o arquiteto americano Steven Holl, se localiza ao longo do extremo este do campus para o Emmanuel Cleaver Boulevard. O edifício se destaca por uma série de cinco blocos de vidro que o arquiteto chama de ‘lentes’ que acumulam luz. Essas múltiplas camadas de vidro difundem e refratam a luz como blocos de gelo. Durante o dia, as lentes injetam diferentes intensidades de luz natural para dentro das galerias. A noite, o jardim de esculturas brilha com sua luz interna. 73_Implantação
Fonte da Figura 73 Google Earth (acessado em 22/05/14)
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74_Blocos chamados de ‘lentes’ Fonte da Figura 74 http://www.pinterest.com/pin/262616221993064402/ (acessado em 22/05/14)
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Sua volumetria de cinco blocos cria caminhos sinuosos pelo subsolo e enquanto os visitantes se movem através dos blocos, experimentam fluxos entre luz, arte, arquitetura e paisagem e passear livremente para os pátios do telhado das galerias, voltar para as galerias, ou visitar outros níveis que dão acesso aos antigos e novos edifícios da praça superior. O fato de que a entrada do museu é franca, dá a liberdade ao arquiteto de criar vários acessos por esses módulos aumentando a sensação de descoberta.
75_Diagrama de fluxos
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Fonte da Figura 75 http://www.pinterest.com/pin/165999936236952523/ (acessado em 22/05/14)
76_Implantação Geral 1 - Praça de entrada 10 - Garagem 2 - Espelho d’água 11 - Entrada da Garagem 3 - Lente 1 (Lobby) 4 - Lente 2 5 - Lente 3 6 - Lente 4 7 - Lente 5 8 - Museu Original 9 - Parque das Esculturas
Fonte da Figura 76 http://www.pinterest.com/pin/6192518209978503/ (acessado em 22/05/14)
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A primeira das cinco ‘lentes’ nomeada como “the bloch building” forma uma entrada brilhante e transparente e cria um eixo cruzado com o edifício original convidando o público para visitar o museu e incentivando o movimento atráves de rampas rumo às galerias, que estão localizadas no subsolo. O lobby, possui um átrio de três andares equipado com café, biblioteca de arte e livraria.
77_Planta Térreo
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78_Entrada do lobby
Fonte da Figura 77 e 78 http://www.archdaily.com/4369/the-nelson-atkins-museum-of-art-steven-holl-architects/ (acessado em 22/05/14)
As galerias variam em sua altura de acordo com a altura dos blocos permitindo assim, a entrada e o deslocamento da luz que é um dos principais focos do projeto. Apesar dos avanços recentes na tecnologia de vidro que bloqueia a maior parte dos raios ultravioleta. O projeto para a nova adição utiliza conceitos de construção sustentável; o jardim de esculturas se prolonga por cima das coberturas das salas, criando tribunas entre as lentes, além de fornecer uma cobertura verde para atingir um alto isolamento e controle de águas pluviais. No coração das lentes da adição um conceito estrutural fundiu-se com uma luz e distribui ar conceito : transportam luz para dentro das galerias ao longo de suas partes inferiores enquanto carrega o vidro em suspensão e proporcionando um local para dutos de ventilação . As cavidades de duplo vidro das lentes reúnem ar aquecido pelo sol no inverno ou expulsam no verão. Níveis de luz ideal para todos os tipos de arte ou de instalações multimídia, assim como requisitos de flexibilidade sazonais são assegurados através do uso de telas controlados por computador e de material translúcido isolante especial incorporado nas cavidades de vidro.
79_Planta Térreo
80_Entrada do lobby
Fonte da Figura 79 e 80 http://www.archdaily.com/4369/the-nelson-atkins-museum-of-art-steven-holl-architects/ (acessado em 22/05/14)
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A engenhosa integração da arte e da arquitetura teve a colaboração do artista Walter de Maria , um dos maiores minimalista do nosso tempo . Sua escultura One Sun/34 moons, é a peça central da entrada grande praça com um lago espelho que cria um novo espaço para o acesso entre o edifício existente e o átrio. As luas do trabalho de De Maria são uma clarabóia circular localizado na parte inferior da lagoa que projetam luz refratada pela água na garagem subterrânea . Concebido como um hall de chegadas , a garagem tem proporções generosas , está diretamente ligado ao átrio do museu em dois níveis e é caracterizado por uma cúpulas ondulantes , com base em concreto protendido .
81_Clarabóia
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82 - Garagem
Fonte da Figura 81 e 82 http://www.archdaily.com/4369/the-nelson-atkins-museum-of-art-steven-holl-architects/ (acessado em 22/05/14)
2.2
Ampliação e Adequação do Museu Paulista da Universidade de São Paulo
83- Implantação
O anexo do Museu Paulista feito pelos arquitetos Eduardo Coloneli e Silvio Oskman do escritório Paulistano tem como proposta a ampliação e adequeção do antigo museu, que é considerado um dos mais conhecidos e visitados de São Paulo, no bairro do Ipiranga. O projeto nunca foi construído.
Fonte da Figura 83 http://www.epaulistano.com.br/pp_museu_paulista_m.html (acessado em 22/05/14)
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O museu Paulista foi projetado pelo engenheiro italiano Tommaso Gaudinzio Bezzi, contratado em 1884 para desenhar um edifício monumento na área onde foi proclamado a Independência do Brasil, próximo ao Rio Ipiranga. De arquitetura eclética, com ornamentações de diferentes épocas, sua volumetria simétrica, possui uma dimensão de mais de 100m de comprimento e 16m de largura, sendo inaugurado em 1890.
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Com a necessidade de mais espaços para atividades acadêmicas, cientificas e culturais, o escritório propõe um anexo ao Museu Paulista. Propondo dinamizar o museu e facilitar a circulação interior do edifício, criando novas opções de percurso. Atualmente, o único acesso ao pavimento superior é pela escada localizada no hall de entrada e que se direciona em dois sentidos opostos. Sendo assim, os arquitetos propõem inserir duas circulações se escadas e elevadores nas extremidades do lado externo do museu, na face posterior do edifício, essas torres de circulação são envidraçadas para não interferir na fachada do museu.
84 - Proposta. Duas torres verticais na face do museu Fonte da Figura 84 http://www.epaulistano.com.br/pp_museu_paulista_m.html (acessado em 22/05/14)
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Como solução para novos espaços de exposição, é implantada um edifício na área do Parque da Independência, onde atualmente é ocupada pela unidade de Corpo de Bombeiros. De uma volumetria cúbica e transparente ainda a ser definida pelos arquitetos, o anexo possui cinco pavimentos, sendo dois deles abaixo do nível do terreno, e que irá abrigar inicialmente uma reserva técnica, áreas destinadas a pesquisas cientificas, espaços administrativos, auditório e uma nova área para exposições temporárias. Na área externa do anexo e como parte da implantação, uma nova área foi utilizada no antigo Horto Botânico para a construção de um espelho d’agua que ao fundo, circunda a claraboia de iluminação no subsolo. O acesso a essa ala em especifico é por uma entrada independente conectada a uma rampa.
85- Implantação do térreo
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Fonte da Figura 85 http://www.epaulistano.com.br/pp_museu_paulista_m.html (acessado em 22/05/14)
86- Corte e fachadas
Fonte da Figura 86 http://www.epaulistano.com.br/pp_museu_paulista_m.html (acessado em 22/05/14)
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2.3
Museu Rodin Bahia O Museu Rodin Bahia, também chamado de Palacete das Artes, está localizado na cidade de Salvador, Bahia. O museu foi instalado nas dependências do Palacete Comendador Bernado Martins Catharino que foi construído em 1912 pelo arquiteto italiano Baptista Rossi, e serviu como sede da Secretária da Educação até 1990 e depois acolheu o Conselho Estadual de Educação, sendo desocupado em 2005 para abrigar o Museu Rodin.
87 - Museu Rodin Bahia, Brasil Arquitetura
Fonte da Figura 87 http://www.brasilarquitetura.com/projetos.php?mn=7&img=08&bg=img&pageNum_mn2=2 (acessado em 22/05/14)
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Os principais articuladores para se abrir um museu com obras internacionais foram Jacques Vilain, diretor do Museu Parisiense e Emanuel Araújo, artista plástico e ex-diretor da Pinacoteca de São Paulo que coordenou na década de 1990, a exposição do escultor Francês Auguste Rodin (1840-1917). O interesse demonstrado pelos brasileiros fez com que as obras de Rodin se fixasse, e graças ao governo estadual que cedeu o imóvel e arcou com os projetos e a execução da sede e firmou um acordo com o governo da França. A entidade é um espaço sem fins lucrativos e 62 peças originais podem ser encontradas no Palacete. O palacete, com uma área de 1.500m² eram insuficientes para abrigar todo o programa do museu e como solução, foi proposto um novo volume além de reestruturar o antigo edifício para um novo espaço a atividades educativas e a recepção no pavimento térreo. O pavimento com as coleções de Rodin ocupam o 1º e o 2º pavimento e foi acrescentada uma escada que se conecta ao sótão, onde funcionam as atividades administrativas. Novos equipamentos e climatização e iluminação foram instalados no prédio, o único elemento de intervenção é uma torre de circulação vertical na face externa do edifício.
88 - Intervenção no palacete para circulação
89 -Nova torre no prédio do palacete
90 - Circulação Vertical
Fonte da Figura 88, 89 e 90 http://www.brasilarquitetura.com/projetos.php?mn=7&img=08&bg=img&pageNum_mn2=2 (acessado em 22/05/14)
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O anexo foi construído para abrigar a reserva técnica, espaços para exposições temporárias, café e um restaurante. O novo volume de concreto aparente em formato de ‘caixote’ foi instalado no fundo do terreno e possui a mesma área construída que o Palacete. Para a implantação do volume, foi respeitada as árvores já existentes e centenárias do jardim, e também respeita o gabarito a não interferir no edifício histórico. Os arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucci do escritório Brasil implantaram o anexo de forma simétrica ao recuo do Palacete.
91- Volumetria Fonte da Figura 91 http://www.brasilarquitetura.com/projetos.php?mn=7&img=08&bg=img&pageNum_mn2=2 (acessado em 22/05/14)
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Uma passarela na cota do térreo do Palacete faz a ligação entre as duas construções a 3,20m de altura, sem pilares. Pelo Térreo ou pela passarela é possível acessar o novo edifício. O interior do pavilhão é formado por um espaço expositivo divisível em 3 ou mais ambientes conforme a necessidade da exposição. A composição espacial é influenciada pela planta livre de Mies van der Rohe, formada por planos de concreto e o mezanino que constitui em uma extensão da passarela. Sua configuração além do concreto aparente se associa com materiais como o vidro e treliças de madeira. Seu núcleo possui pé-direito duplo e iluminação zenital controlada. Na face voltada ao recuo entre os dois blocos, o café e a loja compõem um espeço que se expande por todo o jardim. Um pavimento em subsolo abriga as utilidades, as áreas dos funcionários e as áreas técnicas.
92- Planta Térreo
93 - Planta Subsolo
Fonte da Figura 92 e 93 http://www.brasilarquitetura.com/projetos.php?mn=7&img=08&bg=img&pageNum_mn2=2 (acessado em 22/05/14)
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4. O Projeto: Anexo do Museu do Ipiranga
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4.1. Arquitetura e Tempo
Desde o início, o Ipiranga está associado aos deslocamentos entre a capital estadual e o litoral paulista. Devido ao posicionamento geográfico, a região era passagem obrigatória daqueles que, vindo do núcleo central da cidade, se dirigiam aos caminhos que permitiriam cruzar a Serra do Mar em direção à Baixada Santista. Isso fez com que o bairro entrasse para a história do Brasil ao se tornar cenário do evento em que dom Pedro I, vindo de uma de suas andanças pela cidade de Santos, decidiu proclamar a independência do Brasil, em uma de suas paradas às margens do riacho do Ipiranga. O episódio ficou registrado no famoso quadro de Pedro Américo e na letra do Hino Nacional Brasileiro.
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Posteriormente, da inauguração da Estrada de Ferro Santos á Jundiaí, em 1867, permitiu que a região, até então um lugarejo nos arrabaldes da cidade de São Paulo, se integrasse definitivamente à malha da cidade. Também por causa da ferrovia o Ipiranga começou a ser caracterizado como um bairro industrial, já que muitas fábricas aproveitavam as facilidades proporcionadas pela proximidade com os trilhos que ligavam a cidade tanto com o litoral como com o interior para se estabelecerem na região. A região próxima ao Rio Tamanduateí era tão caracterizada pelas indústrias, que os bondes e ônibus que para lá se dirigiam tinham, no letreiro, o título "Fábrica". Em 1947, a inauguração da Rodovia Anchieta só viria reforçar essa vocação, trazendo uma nova leva de indústrias para a região. Paralelamente, a Rua Bom Pastor e Avenida D. Pedro I ficaram caracterizadas por casarões de famílias abastadas e pela classe média que trabalhava nas fábricas ou em outros bairros de São Paulo. Enquanto isso, na Avenida Nazaré, que corria ao longo do topo da colina do Ipiranga, instituições de ensino ou caridade ligadas à Igreja Católica despontavam, ocupando parte do espaço. A partir dos anos 1970, por motivos principalmente econômicos, o Ipiranga começou a perder essas indústrias para outras regiões e outras cidades. Os espaços vacantes passaram a serem gradualmente ocupados por comércio, serviços e, mais recentemente, por grandes empreendimentos residenciais. Atualmente, o distrito está passando por um intenso desenvolvimento, devido as estações Alto do Ipiranga e Sacomã do metrô, e o Expresso Tiradentes sobre a Avenida do Estado, e uma grande especulação imobiliária, com a construção de diversos edifícios (verticalização), na maioria deles, residenciais. O metrô desenvolveu a mobilidade da região, fazendo com que os carros e motos, muitas vezes, sejam trocados por ele, ocasionando uma melhora no trânsito da região. Nos arredores do distrito, próximo à divisa com São Caetano do Sul, está localizado o bairro de Vila Heliópolis, o qual deriva da favela de Heliópolis, a maior de São Paulo. A atual localização do bairro junto a algumas de suas cercanias (hoje, o distrito de Sacomã), era a antiga Heliópolis, porém, nos dias atuais, a área horizontal, carente e com falta de infraestrutura, foi reduzida em grande parte, ocasionando uma boa melhora na qualidade de vida do bairro, com a verticalização (urbanização) e regularização das áreas de risco.
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4.1. Arquitetura e Lugar O projeto de TFG está localizado no bairro do Ipiranga, na zona Sul da cidade de São Paulo que é considerada uma área de grande valor histórico por ser um dos bairros mais antigos da cidade. Abriga grandes marcos históricos como O Museu do Ipiranga (ou Museu Paulista), O Parque da Independência em frente ao edifício do Museu onde há um monumento que simboliza a Independência do Brasil e, além disso, casarões da época do café, escolas, SESC, e clínicas e hospitais. O bairro é considerado de classe média a alta com predominância residencial.
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O distrito é atendido pela Linha verde 3 do Metrô com a estação Alto do Ipiranga na Av. Gentil de Moura e Sacomã na Rua Bom Pastor, a estação Ipiranga da CPTM na As. Presidente Wilson e o Expresso Tiradentes que liga a zona Sul ao centro da cidade pela Av. do Estado. As principais vias de acesso ao Bairro são a Av. Nazaré, Av. Ricardo Jafet, Vd. Pacheco e Chaves, Av. do Estado e Av. D. Pedro I. Atualmente o distrito antes predominado por galpões, está passando por um intenso desenvolvimento por áreas residências verticais devido as novas estações Alto do Ipiranga e Sacomã da linha verde do metrô que foram implantadas recentemente na região assim como o crescimento do comércio e de serviços. O entorno da área de projeto fica dentro do parque do Museu do Ipiranga, portanto há uma grande área de espaços verdes. Como é um parque inserido na cidade, todo o perímetro é cercado por grades restringindo assim, a entrada em pontos estratégicos. Para a entrada de automóveis, há um estacionamento localizado na ala Oeste do Museu, na Av. Nazaré, porém não suporta a quantidade de pessoas que visitam a área com automóveis e estes acabam estacionando nas ruas ao redor do parque. Em relação ao transporte público, há pontos de ônibus ao lado do Museu, porém mais utilizado por funcionários do Hospital São Camilo, próximo ao local. Há a necessidade de melhorias em questão ao acesso público que depende desse tipo de serviço. Há grandes problemas de iluminação a noite, e são pouca as pessoas que circulam neste horário na área devido a falta de iluminação e consequentemente, insegurança apesar do parque estar cercado por grades. É preciso um estudo para melhorias e incentivar o público a utilizar a área durante todo o funcionamento. O museu do Ipiranga atualmente se encontra em manutenção por falta de cuidados da situação estrutural do prédio e há também a falta de espaço para atender e expor todo o acervo que hoje o Museu possui.
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O objetivo da proposta é a ampliação do museu Paulista, projetado e construído no final do século XIX por Tommaso G. Bessi, tombado pelos órgãos de preservação patrimonial. O motivo a priori para tal escolha foi a necessidade de ampliação do edifício existente. Outro motivo levado em consideração é o desejo de atrair os frequentadores do parque para dentro do museu por meio de uma tecnologia interativa focando na história do imperialismo, que conta nossa historia através de vídeos, levando as pessoas a conhecer quem eram aqueles que fizeram parte da nossa história. A implantação foi pensada para não atrapalhar a fachada do museu do Ipiranga, sendo assim, não foi optado facear a volumetria do anexo no museu. Como solução, está sendo proposto um novo edifício localizado na área atualmente ocupada pelo Corpo de Bombeiro e, portanto, já impactada com relação à vegetação do parque. A localização é estratégica em relação ao edifício antigo: distante o suficiente para não interferir na visibilidade do bem tombado e próximo o necessário para permitir a interligação das duas áreas através da proposta que prevê a adição de dois acessos do Museu Paulista até ampliação pelo subsolo, feita por um túnel, e pelo primeiro pavimento que liga o Museu com o Anexo e indo mais além, terminando a passarela no Museu de Zoologia que se localiza no final do Parque, atrás do Museu Paulista. Sendo assim, O anexo faz a ligação com dois museus conectados pela passarela e fazendo disso um passeio “elevado” e agradável em meio ao antigo Horto Botânico.
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O projeto prevê a construção de um edifício com quatro pavimentos incluindo o térreo. Três pavimentos superiores e um inferior. Os pavimentos, com projeção em forma de “U” de 70x47m e uma praça central aberta que se é “dada para a cidade”. O edifício está implantado na cota do primeiro pavimento abaixo do térreo, e desenvolve-se numa área “escavada” e a 9m no recuo da Avenida Nazareth e da Praça interna do Parque. No Térreo está o controle, recepção, cafeteria e acesso geral aos pavimentos superiores e inferiores interligadas com a passarela. Este pavimento também deve abrigar a Biblioteca. No pavimento inferior, onde se localiza o túnel de acesso, a equipe técnica, Auditório, uma área de exposições e possibilita um acesso direto ao andar por uma escada localizada do lado externo do edifício. Para o primeiro pavimento está a passarela, administração e espaços interativos de exposição como vídeos e hologramas. No segundo pavimento se encontra um teto jardim com um deck, um espaço coberto para eventos gerais e o restaurante que se encontra em uma volumetria retangular transversal ao volume em “U”.
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Para o acesso do público ao Anexo do Museu do Ipiranga foram abertas entradas a partir do Saguão Principal onde há duas entradas: Uma para quem se encontra dentro da área do Museu Paulista, e outra através da cafeteria localizado em uma praça central da volumetria. Para aqueles que querem acessar o antigo Horto, foi feita uma conexão por dentro do anexo no térreo entre a biblioteca e a áreas de exposições e essa mesma, separada por uma pele de vidro. O acesso a biblioteca também se localiza na praça central da volumetria. O projeto possui duas escadas e um elevador como circulação vertical. A intervenção proposta no Museu Paulista está afinada com condutas adotadas em obras recentes, de significado e caráter semelhantes, onde o intuito da preservação está associado à transformação, modernização e adequação da construção às novas demandas. Mesmo considerando as peculiaridades de cada caso, não podemos deixar de relacioná-la com as intervenções propostas, por exemplo, para o museu Rodin, na Bahia, a proposta do escritório paulistano para esse mesmo projeto, e os projetos criados por Steven Holl em sua arquitetura como O Museu Nelson Atkins, nos estados Unidos, e a Universidade de Colômbia. Estas obras registram soluções para as questões de acesso e circulação, materialidade e volumetria que, transcendendo as possibilidades dos espaços internos e externos, acarretaram transformações que se revelam externamente nas relações do edifício com seu entorno próximo e criando uma linguagem contemporânea, estabelecendo uma relação entre o antigo e o novo.
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4. Referência Bibliográfica DAL PIAN, Luiz Renato; O Museu Contemporâneo: Sua emergência e seu desenvolvimento de 1970 a 2002. (2002) MONTANER, Josep Maria; Museus para o século XXI (2003) El Croqui, Steven Holl 2004-2008 (2008) RIBEIRO Maria Joana Gil; O Museu como lugar urbano: ruptura ou continuidade (2009) NESBITT,Kate; Uma nova Agenda para a Arquitetura (2010) KIEFER, Flávio; Arquitetura de Museus (2000) Coleção Grandes Arquitetos; Steven Holl; Folha de São Paulo (2011) Coleção Grandes Arquitetos; David Chipperfield; Folha de Sãoo Paulo (2011) Coleção Grandes arquitetos; Ávaro Siza; Folha de São Paulo (2011) http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/10.114/11 http://www.epaulistano.com.br/ http://www.brasilarquitetura.com/ http://www.stevenholl.com/project-detail.php?id=19&worldmap=true http://www.zaha-hadid.com/architecture/maxxi/ http://www.richardmeier.com/www/#/projects/architecture/location/europe-a-m/germany/1/357/0/ http://www.forumpermanente.org/revista/edicao-0/textos/as-arquiteturas-de-museus-contemporaneos-como-agentes-no-sistema-da-arte http://revistas.unilasalle.edu.br/documentos/Mouseion/Vol2/museus_contemporaneos.pdf http://www.mp.usp.br/o-museu/apresentacao http://www.pinterest.com/
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