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A vida sem filtros Injúria e notícias falsas na internet

A epidemia das notícias falsas: A Jornalista Melissa Barbosa fala sobre as consequências

Life is plastic 1

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Apre ntação Assessora de imprensa, estudante de jornalismo, apaixonada pelo que faz. Ama cinema, comunicação e livros e está sempre em movimento.

Amanda Wolff

Redatora e Repórter

Designer Gráfico e Estudante de Jornalismo. Cria, escreve, lê, assiste e compartilha. Um pouco de tudo, tudo junto. Kamille com "K", prazer!

Redatora e responsável pelo Projeto Gráfico

Kamille Quadro

Estudante de jornalismo, paixão por tv, por ouvir histórias, escrever e fotografar. Sempre ligada ao universo da moda e do sertanejo. Coração enorme e pouca paciência. Prazer sou a Katiele.

Katiele Bortolini

Redatora e Repórter

Estudante de Jornalismo, curiosa e otimista. Adora comunicação, fotografia, beauty, moda e procura estar sempre aprendendo.

Redatora e Editora

e

Paula Guerra

team


Sumário

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Caçadores de cliques

06 Escola Base Redes Sociais: 08 Incitação ao crime 10 12

Notícias falsas no Facebook CAPA: A vida sem filtros


Caçadores de cliques ‘‘Na era da pós-verdade, os fatos têm menos relevância do que a emoção’’ As notícias falsas estão tomando conta das redes sociais e cada vez mais, pessoas publicam inverdades intencionalmente para conseguir cliques e conseguentemente, patrocínio. xxEstamos vivendo na era do das notícias falsas e que blogs e sites fazem tudo para ter os chamados cliques, não se importando com a veracidade dos fatos. Podemos dizer que estamos na era da pós-verdade. Mas o que significa isso? Bom, antes de explicar vamos a alguns fatos importantes. Pós-verdade foi escolhida a palavra do ano pelo dicionário Oxford. Isso, porque durante a polêmica eleição dos EUA no ano passado, ouve um grande número de notícias falsas sendo espalhadas.

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No final das eleições, as notícias falsas dos blogs sensacionalistas foram mais compartilhadas do que as verdadeiras. O mais interessante, é que eram notícias claramente falsas do tipo: "Hillary come crianças" ou "Papa Francisco choca o mundo e apoia Donald Trump".

Mas por que as pessoas acreditaram nisso? Porque estamos na era da pós-verdade.


xxiPara a jornalista Melissa Barbosa, pósverdade é quando as pessoas querem tanto que algo seja real, que quando encontram uma notícia que lhes agrada, simplesmente saem espalhando aquilo, sem se importar se é verídico ou não. "Na era da pós-verdade, os fatos têm menos relevância do que a emoção", destaca Melissa.

Barbosa também acrescenta que a mentira fica mais fácil de ser espalhada com a internet, pois todos têm acesso a diversos tipos de informação. iiiii"Infelizmente, os sites só estão preocupados em conseguir cliques e assim, ter anunciantes. Eles ficam tão aflitos para conseguir patrocínio, que publicam notícias descaradamente falsas para alcançar popularidade", diz a jornalista.

‘‘Na era da pós-verdade, os fatos têm menos relevância do que a emoção’’

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A Escola base

A internet disponibiliza centenas de informações todos os dias para seus usuários. As redes sociais, principalmente, são alvos para publicações de notícias falsas, tornando-se um problema devido a facilidade e velocidade com que informações sem teor jornalístico e verificação de fatos se propagam.

As notícias falsas são nossas velhas conhecidas e mesmo antes da internet, houveram casos deploráveis envolvendo boatos. Um destes, foi o famoso episódio da Escola Base, em que a imprensa ficou marcada pelos erros cometidos. Este caso ocorreu em março de 1994 e a história veio à tona quando duas mães de alunos da instituição procuraram a polícia para denunciar abusos sexuais supostamente cometidos pelos proprietários Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada, um casal de pais de outros estudantes, professores e até mesmo o porteiro da escola. 06

O delegado que cuidava do caso determinou a prisão de todos eles e a imprensa alegava em suas manchetes com toda certeza que todos os acusados eram culpados, transformando a situação na mais falada do momento. Dadas as circunstâncias, um mês após o ocorrido, diante da fragilidade das provas, a justiça determinou que outro delegado assumisse as investigações.


Foi então constatado de que tudo não passava de uma série de erros cometidos pelas mães que inicialmente denunciaram, do delegado e principalmente da imprensa que fomentou os boatos e os propagou de forma irresponsável. Meses se passaram e após a confirmação de inocência dos acusados o processo foi arquivado, porém, o estrago já estava feito. As publicações jornalísticas arruinaram a vida dos envolvidos, tornando o caso Escola Base um dos maiores erros já cometidos pela imprensa brasileira. As falhas cometidas nos deixam a lição de que é necessário ter cuidado redobrado na apuração dos fatos e informações antes de torná-las públicas.

Nesta situação os repórteres e profissionais do meio caíram na armadinha mais perigosa do jornalismo: a divulgação precipitada para potencializar as vendas. iiiiiSomos cercados de milhares de notícias diariamente, é o devem de quem informa contar a verdade e não publicar apenas as versões de um dos lados da história ou com interesses financeiros. O real jornalista é aquele que tem cuidado com o que publica, que constata todos os detalhes antes de construir sua matéria. Jornalista de verdade é responsável pelo material que produz pois sabe que seu serviço é voltado para toda sociedade.

Manchete do jornal ‘Notícias Populares’

Fachada da Escola Base, no bairro da Aclimação, São Paulo

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Redes sociais: Incitação ao crime

Somos a geração conectada. Tudo em nosso cotidiano, em nossa vida, vira post nas redes sociais. iiiiiNossa vida passou a ser contada em números: curtidas, compartilhamentos, seguidores... Mas e quando isso sai do controle e uma simples publicação leva a um desfecho violento? Um boato que teve início nas redes sociais resultou em um crime que chocou pelo nível extremo de violência e alerta para o que o mau uso dos meios de comunicação em massa pode gerar.

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iiiiiFabiane Maria de Jesus, morta aos 33 anos em 5 de maio de 2014, foi espancada até a morte após um falso rumor a seu respeito ser divulgado na internet. iiiiiEm uma publicação divulgada numa página no Facebook e um retrato falado, Fabiane foi acusada de praticar magia negra com crianças.


iiiiiO crime motivado pela falsa notícia e por relatos mentirosos incitou dezenas de moradores do Guarujá a espancar a mulher até a morte. Num ato violento, a dona de casa foi amarrada e agredida e, segundo i testemunhas presenciaram a situação, os agressores afirmavam que a mulher havia sequestrado uma criança para realizar trabalhos de magia negra.

Quase três anos após a morte de Fabiane, fotos do linchamento ainda são compartilhadas junto a falsos boatos sobre seu envolvimento em um caso de agressão de um bebê com soda cáustica. iiiiiiiiA família da vítima ainda tenta se recuperar, eles aguardam o julgamento dos recursos dos cinco condenados pelo crime.

Repercussão nas redes sociais

Projeto de lei iiiiiCasos como o da dona de casa Fabiane acontecem com mais frequência do que imaginamos. Com o objetivo de aumentar em 1/3 a punição quando a incitação de crimes ocorrer pela internet ou por meio de comunicação de massa, foi proposto o projeto de lei PL 7544/14.

iiiiii Se aprovado, a nova lei prevê alteração no código penal brasileiro para endurecer as penas para quem incita violência nas redes sociais ou de qualquer veículo de comunicação virtual. Fabiane poderá ainda dar nome à lei, que aguarda aprovação na Câmara.

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Notícias falsas no Facebook

Os boatos e a fofocas sempre foram comuns entre a população em geral, mas depois do surgimento das redes socias, ganharam mais força. Para evitar que as notícias se espalhem, o Facebook está criando novas ferramentas. Um estudo realizado pela agência Advice Comunicação Corporativa, por meio do aplicativo BonusQuest, em novembro do ano passado, indicou que 78% dos brasileiros se informam pelas redes sociais. Destes, 42% admitem já ter compartilhado notícias falsas e só 39% checam com frequência as notícias antes de difundi-las. O fundador do facebook Mark Zuckerberg, anunciou que a rede social, passará a ter uma ferramenta para reduzir o número de notícias falsas compartilhadas na rede social.

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O recurso fica em uma aba no topo do feed de notícias. Ao clicar na ferramenta, o usuário será direcionado para a Central de Ajuda do Facebook com o título "Dicas para detectar notícias falsas". A página contém uma lista de dez passos para checar uma informação, entre eles como verificar a URL, investigar uma fonte e identificar se o texto não se trata de uma piada. A internet democratizou informações e opiniões, mas com isso também contribuiu para uma montanha de notícias falsas compartilhas pelos usuários.


iAs mídias sociais se tornaram uma paixão entre muitos usuários, porque fornecem a cada pessoa a possibilidade de compartilhar o que quer com o mundo. É devido a esta liberdade que ninguém pode realmente impedir que as pessoas espalhem informações. O principal problema nesse caso é que muitas vezes as pessoas acreditam estar fazendo uma coisa boa. Estão compartilhando adiante uma informação que vai ajudar ou proteger alguém. Mas o efeito é o contrário, pois estão publicando um boato que parece ser verdade diante dos olhos de muitos. Um grande destaque de repercussão na web e na mídia, foi a fosfoetanolamina, chama de ‘‘pílula do câncer’’. iiiiSem nenhuma comprovação de eficácia na cura do câncer, seu uso passou a ser propagado quase como milagroso e dezenas de histórias de pessoas curadas circularam nas redes sociais. iiiiiUm dos boatos dizia que "brasileiro descobre a cura do câncer e é preso após dar de graça medicamentos a portadores da doença".

iiiiEssas notícias, acabam sendo espalhadas facilmente pelas redes sociais, gerando milhares de compartilhamentos. Por isso os usuários são alertados para verificar a fonte da publ i cação , an tes de pe ns ar em compartilhar a notícia. Os perfis e sites fakes costumam noticiar alguma informação verdadeira envolta aos boatos, o que faz com que o leito se confunda. Um exemplo foi o recente boato de que o guerra civil estava sendo iniciada por conta da reforma da previdência e que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) havia se posicionado "ao lado do povo". De fato, a OAB é contra a reforma, mas não existe nenhuma guerra começando. Os leitores devem ter em mente que uma situação de alta repercussão não passaria despercebida pela imprensa oportunista, ainda mais na internet. O que deve ser tido como um alerta para a quantidade de conteúdo disponível todos os dias nas redes sociais, pois grande parte das notícias correm risco de serem deturpadas visando lucros ou outras ações irresponsáveis.

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A vida sem filtros Uma mudança brusca nas redes sociais após a aceitação O Instagram é a rede social do momento. Utilizada por profissionais e influenciadores para bombar seus patrocínios, o aplicativo se transformou em uma verdadeira disputa entre seus usuários para apresentar a galeria mais organizada, com fotos impecáveis e ostentação.

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iiiiiiUma pesquisa de 2015 apresentou que nomes dos filtros do Instagram, como Juno e Valencia, estavam na lista dos mais escolhidos para recém nascidos no mundo todo, o que demonstra a popularidade deste recurso. Junto de outros aplicativos de edição, o Instagram acaba sendo uma vitrine humana. iiiiiVende a melhor aparência e os maiores números de seguidores e likes. Joanna Dieter se deixou levar entre 2015 e 2016 por este pensamento de que só se destacaria se estivesse dentro destes padrões dos "instagrammers".

Foto Instagram Joanna Dieter

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xxi"Usei diversos filtros e programas de edição para diminuir minhas medidas e esconder minhas imperfeições. Achava que desta forma seria mais aceita e receberia uma quantidade maior de likes e consequentemente, mais seguidores", disse a jornalista. Fotos com maquiagem pesada e fazendo o famoso "carão" eram muito utilizadas por Joanna, que hoje em dia tem uma opinião diferente do assunto. Após terapia e aceitação, ela abandonou hábitos tóxicos nas redes sociais por acreditar que utilizar filtros e selecionar os momentos que podem ou não ser fotografados para postar, é um tipo de mentira. "Eu desapeguei destas ferramentas. Hoje, eu posto jantares, festa com as amigas, meus gatos, meu rosto sem maquiagem sem nenhuma neura, afinal, esta sou eu! (Risos)"

‘‘Joanna está mudada. Até mesmo um ensaio boudoir para lá de sensual tem uma pegada clean face. Bem diferente do que ela costumava gostar anos atrás.’’

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iiiiiiQue desta forma seria mais aceita e receberia mais likes e consequentemente, mais seguidores", disse a jornalista. Fotos com maquiagem pesada e fazendo o famoso "carão" eram muito utilizadas por Joanna, que hoje em dia tem uma opinião diferente do assunto. iiiiiiA história da Joanna com o Instagram é uma grande lição. Que tal viver mais e postar menos? A vida não tem só um enquadramento e a felicidade pode ser vista e apreciada de vários ângulos


Sobre LUMI Projeto Gráfico e Textos produzidos para a Disciplina de: Projeto III - Jornalismo Gráfico Orientação: Marcos Emilio Santuario e Dinara Dal Pai Alunas: Amanda Wolf, Kamille R. Quadro, Katiele Bortolini e Paula Guerra.

Capa Modelo: Vitória Ludwig Produção: Kamille R. Quadro, Katiele Bortolini e Paula Guerra. Foto: Kamille R. Quadro

Curso de Jornalismo Universidade Feevale 2017/1



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