CAMILA SABATIN
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REDAÇAO PARA OS CONCURSOS DE TÉCNICO EANALISTA
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Como projetar ide1as, interpretar e escrever o texto d1ssertat1vo Análise da estrutura do texto dissertahvo de forma detalhada Como obter coesão e coerência para um texto claro eobjetivo Como produm argumentos consistentes Análise teónca embasada em exemplos de textos Pnncipais tóp1cos gramaticais Prática da teona com questões de concursos Compilação de provas diSCurstvas e de redaçllo de concursos dos tribunais
3.8 edição Rev1sta e atualizada
CAMILASABATIN
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RED ÇA PARA OS CONCURSOS DE TÉCNICO EANALISTA
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revista e atualizada
2017
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EDITORA
JusPODIVM
www.editorajuspodivm.com.br Rua Mato Grosso, 175- Pituba, CEP: 41830-151 -Salvador- Bahia Te I: (71) 3363-8617 I Fax: (71) 3363-5050 • E-mail: fale@editorajuspodivm.com.br
Copyright: Edições JusPODIVM Conselho Editorial: Dirley da Cunha Jr., Leonardo de Medeiros Garcia, Fredie Didier Jr., José Henrique Mouta, José Marcelo Vigliar, Marcos Ehrhardt Júnior, Nestor Távora, Robério Nunes Filho, Roberval Rocha Ferreira Filho, Rodolfo Pamplona Filho, Rodrigo Reis Mazzei e Rogério Sanches Cunha. Capa: Marcelo S. Brandão (santibrando@gmail.com) Diagramação: Llnotec Fotocomposição e Fotolito Ltda. (www.linotec.com.br)
Todos os direitos desta edição reservados à EdiçõesJusPODIVM. E terminantemente proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio ou processo, sem a expressa autorização do autor e da Edições JusPODIVM. A violàção dos direitos autorais caracteriza crime descrito na legislação em vigor, sem prejufzo das sanções civis cabfveis.
"Gosto de ser homem, de ser gente, porque sei que minha passagem pelo mundo não é predeterminada, preestabelecida. Que o meu 'destino' não é um dado, mas algo que precisa ser feito e, de cuja responsabilidade, não posso me eximir. Gosto de ser gente, porque a história em que me faço com os outros e, de cuja feitura tomo parte, é um tempo de possibilidades e não de determinismo.
Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado, mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele. Essa é a diferença profunda entre ser condicionado e ser determinado. A diferença entre o inacabado, que não se sabe como tal, e o inacabado que, histórica e socialmente, alcançou a possibilidade de saber-se inacabado. Gosto de ser gente, porque, como tal, percebo, afinal, que a construção de minha presença no mundo, que não se faz no isolamento, isenta da inftuência das forças sociais, que não se compreende fora da tensão entre o que herdo geneticamente e o que herdo social, cultural e historicamente, tem muito haver comigo mesmo. Gosto de ser gente, porque, mesmo sabendo que as condições materiais, econômicas, sociais e políticas, culturais e ideológicas em que nos achamos geram quase sempre barreiras de difícil superação para o cumprimento de nossa tarefa histórica de mudar o mundo, sei também que os obstáculos não se eternizam".
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 43. ed., São Paulo: Paz e Terra, 2011. p.21-22 (com adaptações).
Lendo alguns dizeres do grande físico e teórico alemão Albert Einstein, deparei-me com dois que me chamaram a atenção: "Todo mundo é um gênio. Mas, se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em uma árvore, ela vai gastar toda a sua vida acreditando que ele é estúpido." "Há uma força mais poderosa que o vapor, a eletricidade e a energia atômica: a VONTADE."
A relação entre essas citações remete-me a você, concurseiro, que, muitas vezes exaurido, chega a se achar estúpido, principalmente diante de uma sociedade que não compreende o valor do estudo árduo e contínuo. As dificuldades pelas quais você passa não implicam ser um peixe tentando subir uma árvore. A genialidade, como bem ratifica Einstein, é múltipla, diz respeito às habilidades desenvolvidas ao longo da vida, dado o percurso de oportunidades e estímulos que receberam. Ora, ninguém melhor que você sabe onde seus pés pisaram e pisam, você pode superar suas dificuldades, se perceber que todos somos diferentes, e o que chamam de inteligência, nada mais é do que desenvolvimento humano, gerado a partir da mais poderosa força que existe no mundo: a VONTADE. Agradeço a você, leitor destes dizeres. Isso prova que busca aprimorar-se e não vai, nem quer, desistir dos seus objetivos. Mobilize sua vontade e saiba que pode ser o que quiser, o limite você determina. A sorte depende de você! Estendo o meu agradecimento àqueles que estiveram ao meu lado diante de mais uma edição deste livro: Deus, que me nutre de forças e ânimo para avançar na profissão que amo;
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REDAÇÃO· Camila Sabatin
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Meus pais, que me dão exemplos de trabalho árduo e honestidade; Minha irmã e cunhado, pela união em torno do bem maior: a família; Minha sobrinha Maria Vitória, cujo olhar e sorriso nutrem-me de amor; Minha afilhada Esteta, cujo abraço forte e alegria fazem de mim uma pessoa especial; Meus familiares, responsáveis pelo amor genuíno dentro de mim; Amigos queridos que, com carinho, sempre me apoiaram e estiveram por perto nesta nova etapa.
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APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO O objetivo da coleção é a preparação direcionada para os concursos de Técnico e Analista do TRT, TRE, TRF e Tribunais Superiores. Em todos os livros o candidato irá encontrar teoria específica prevista nos editais, questões recentes comentadas e questões de concurso com gabarito fundamentado. A ideia da coleção surgiu em virtude das reivindicações dos estudantes, que almejavam por obras direcionadas para os concursos de Técnico e Analista dos Tribunais. As apostilas específicas mostram-se, na maioria das vezes, insuficientes para o preparo adequado dos candidatos diante do alto grau de exigência das atuais provas, o que ocorre também com as obras clássicas do direito, por abordarem inúmeras matérias diferentes ao concurso. Nesta coleção, o candidato encontrará desde as cinco matérias básicas exigidas em todos os concursos, como português, raciocínio lógico ou matemática, informática, direito constitucional e administrativo, até as matérias específicas de outras áreas (arquivologia e administração pública) e todas as matérias dos diferentes ramos do direito. Portanto, com os livros da coleção o candidato conseguirá uma preparação direcionada e completa para os concursos de Técnico e Analista do TRT, TRE, TRF e Tribunais Superiores. Além da linguagem clara utilizada, os quadrinhos de resumo, esquemas e gráficos estão presentes em todos os livros da coleção, possibilitando ao leitor a memorização mais rápida da matéria. Temos certeza de que esta coleção irá ajudá-lo a alcançar o tão sonhado cargo público de Técnico ou Analista dos Tribunais.
Henrique Correia www.henriquecorreia.com.br henrique_constitucional@yahoo.com.br @profcorreia
NOTA DA AUTORA Este livro tem por objetivo ajudá-lo a ler; interpretar e escrever texto dissertativo sob uma perspectiva discursiva e dialógica. Isso significa que, ao ler um texto, acessamos o diálogo com o outro: o outro do texto e os outros que nos constituem como sujeitos, adquiridos ao longo da nossa formação por meio da leitura, experiência escolar, relações sociais. Assim, as nossas dificuldades de leitura e de interpretação de um tema estão vinculadas à nossa formação discursiva. Ovelho ditado, quanto mais aprendo, mais compreendo. Otexto não se inicia pela escrita, existe todo um projeto de dizer que passa pela leitura e interpretação de textos dados pelo outro em relação àqueles que estão no nosso repertório cultural. A produção textual jamais deve ser aleatória, é necessário projetar as ideias, assim como faz um arquiteto diante de uma obra. Essa é uma das discussões iniciais do livro, não é uma tentativa de fazer uma metodologia, mas de dar condições ao candidato de ter alguns recursos que o façam perder o medo de pensar e iniciar um texto. Após isso, por questões didáticas, a estrutura do texto dissertativo foi desmembrada e trabalhada de forma detalhada, dando condições ao candidato de analisar quais os objetivos e funções de cada parte que compõe uma dissertação. Em outro momento, já pensando o texto como um todo, é possível apreender o objetivo geral e as intenções desse gênero. o candidato pode, a partir disso, compreender, de fato, quais caminhos percorrer para produzir sua dissertação. Saberá como garantir a coesão e coerência que farão seu texto claro, objetivo e, ao mesmo tempo, estratégico e persuasivo no que se refere à consistência dos argumentos.
o diferencial do livro é que a análise teórica é sempre embasada em exemplos de textos- o que possibilita ao candidato ver; na prática, como determinada teoria fundamenta-se. Alémdisso, é possível ter os principais tópicos gramaticais que irão auxiliá-lo na expressão linguística do seu texto. Podendo ainda praticar essa teoria por meio de exercícios retirados dos principais concursos para os tribunais do país. Por fim, ainda é possível praticar a produção de texto, o último capítulo é uma compilação de provas discursivas e de redação que fizeram parte das avaliações escritas para os concursos dos tribunais.
REDAÇAO • Camila Sabatin
Esta foi uma breve apresentação do. que você terá de forma aprofundada ao longo do livro. Espero que todas as ideias trabalhadas possam capacitá-lo a escrever bons textos e, assim, garantir o seu sucesso profissional.
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PREFÁCIO liVRO PARA SER LIDO DE CABO A RABO A expressão "De cabo a rabo" surgiu no século das grandes navegações. Quem conhecesse a costa africana desde a Cidade do Cabo, na África do Sul, até a fortaleza de Rabah, no Marrocos, teria feito todo o percurso "de Cabo a Rabah". Os audazes marinheiros eram hábeis em resolver problemas da língua portuguesa, sobretudo no tocante à incorporação de novos modos de expressão, à luz de palavras que já estavam no Português desde o alvorecer da língua: cabo e rabo. E passaram à posteridade a variante "de cabo a rabo", isto é, do começo ao fim de qualquer coisa, não apenas de uma viagem.
A vida de cada pessoa é cheia de acontecimentos surpreendentes. A arte de contar o que houve, o que se sente e o que se pensa de tudo o que houve requer conhecimentos de Português, que é também ferramenta de trabalho, entre outras acepções fundamentais da língua. Quem diria, porém, que seus falantes e escreventes iriam tão longe? "Na quarta parte nova os campos ara/E se mais mundo houvera, lá chegara", disse Camões em Os Lusíadas. "Podem existir textos muito formais na língua falada e textos completamente informais na língua escrita", diz Camila Sabatin neste livro, que li de cabo a rabo, com um gosto adicional: a autora foi minha aluna no curso de Letras da UFSCar. "O passado não abre a sua porta/ E não quer entender a nossa pena", diz Cecília Meireles no Romanceiro da Inconfidência. Mas desta vez quis, e aqui está uma porta aberta para quem quer um novo olhar, nem demasiado torto em direção à botânica da língua portuguesa, ou seja, o lado linguístico e científico, nem por demais inclinado para a jardinagem, que nos permite falar e escrever bem e bonito. O que faz a autora, então? Faz exatamente aquilo de que tantos precisam. E por isso antevejo muitas pessoas a ler ou a consultar este livro. A autora faz com que se aproximem dos recursos da língua portuguesa aqueles que ouvem, falam, leem e escrevem em Português! Bem-vindo a este livro! sua referência solar é ajudar a escrever, principalmente o texto dissertativo, à luz de exemplos de a4tores muito bem indicados e muito pertinentes. Os textos corrigidos, apresentados pela autora, dão exem-
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REDAÇÃO • Camila Sabatin
pios concretos dos contrastes, mostran~o como é importante reescrever até atingir os objetivos propostos. Em vez de apenas teorizar, como fazem tantos e quase sempre de modo inadequado ou inútil, a autora dá à teoria uma função esclarecedora, que ajuda entender como e por quais razões um texto pode ser construído. Este lado prático haverá de ser muito útil a quem consultar ou ler este livro.
Épreciso garantir a conversa clara e o trato justo. Que os leitores não caiam na esparrela, na cilada, no engano daqueles que ensinam não ser necessário dominar a norma culta do Português! Sem ela, como entender o texto informal, seja na fala, seja na escrita dos outros? E como chegaram à cátedra esses que agora deformam de tal modo o ensino da língua? Fizeram suas provas no Português que propõem? É grande alegria apresentar livro de ex-aluna que agora ensina o que aprendeu! É este o percurso mais bonito da vida dos professores: o seu legado, a semente que caiu na boa terra e frutificou.
Com carinho, Deonísio da Silva'
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Professor, escritor e etimologista brasileiro, membro da Academia Brasileira de Filologia, da Academia Catarinense de Letras e membro honorário da Academia de Letras de Brasília, vinculado às universidades Unijuí (1972-1981), Ufscar (1981:2003) e Estácio (2003-2016). Autor de 34 livros cujos gêneros são romances, contos e livros de etimologia; Algumas dessas obras foram publicadas na Alemanha, Canadá, Cuba, Itália, Portugal e Suécia. Escreve, há vinte e três anos, uma coluna semanal de etimologia na revista Caras. E, há cinco anos, redige e apresenta o programa Sem Papas na Língua, na Rádio Bandnews, em companhia de Ricardo Boethat.
SUMÁRIO CAPITULO I A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL................................................................................................. 1. 2.
3· 4. 5·
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CONCEITO GERAL......................................................................................................... TEXTO: UM EVENTO COMUNICATIVO............................................................................ LEITURA: CONSTRUÇÃO DOS SIGNIFICADOS.................................................................. A LEITURA E A RELAÇÃO COM A ESCRITA..................................................................... ANÁLISE LINGUÍSTICA: UMA NOVA PERSPECTIVA DE REFLEXÃO DA LÍNGUA.................. 5.1. Análise textual............................................................................................. 5.2. Análise temática.......................................................................................... 5.3. Análise interpretativa................................................................................. AANÁLISE LINGUÍSTICA APLICADA À LEITURA DE UMA PROPOSTA TEMÁTICA............... 6.1. Análise da proposta................................................................................... 6.1.1. Análise textual............................................................................. 6.1.2. Análise temática e interpretativa.............................................. NÍVEIS DE LINGUAGEM: AS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS................................................... 7.1. Níveis de variação linguística..................................................................... 7.1.1. Nível fonológico........................................................................... 7.1.2. Nível morfossintático .................................................................. 7.1.3. Nível vocabular............................................................................ TIPOS DE VARIEDADES LINGUÍSTICAS ........................................................................... 8.1. Dialetos ....................................................................................................... . 8.1.1. Variação regional ou territorial ............................................... .. 8.1.2. variações socioculturais ............................................................ . 8.1.3. Variação cultural ou de profissão ........................................... .. 8.1.4. Variação de gênero.................................................................... 8.1.5. Variação etária............................................................................ 8.1.6. Variação histórica ou diacrônica............................................... 8.2. Discutindo o preconceito linguístico.......................................................... 8.3. Registro........................................................................................................ 8-4. Modalidade de uso.................................................................................... 8.5. Sintonia........................................................................................................ 8.6. Grau de formalismo.................................................................................... 8.6.1. Formal.......................................................................................... 8.6.2. Informal........................................................................................ 8.6.3. Coloquial......................................................................................
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30 30 33 34 36 36 36 36 38 38 39 40 41 41 42 42 42 42 42 45 46
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REDAÇÃO • Camila Sabatin
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ESTUDO DA SEMÂNTICA: ARELAÇÃO DA LÍN~UA E DA CULTURA.................................. 9.1. Denotação e conotação ...•......................................................................... 9.1.1. Denotação.................................................................................... 9.1.2. Conotação.................................................................................... 9.2. Polissemia.................................................................................................... 9.3. Polissemia x homonímia ............................................................................ 9.3.1. Homônimos.................................................................................. 9.4. Dialogismo ................................................................................................... 9.5. lntenextualidade ........................................................................................ 9.6. Paródia ........................................................................................................ 9.7. lntencionalidade discursiva....................................................................... PROBLEMAS DE SEMÂNTICA: OS VÍCIOS DE LINGUAGEM.............................................. 10.1. Barbarismo.................................................................................................. 10.1.1. Barbarismo onoépico: ............................................................... 10.1.2. Barbarismo onográfico: ............................................................. 10.1.3. Barbarismo gramatical:.............................................................. 10.1.4. Barbarismo semântico:............................................................... 10.1.5. Barbarismo moriológico:............................................................ 10.1.6. Barbarismo mórfrco:................................................................... 10.2. Solecismo..................................................................................................... 10.2.1. Concordância............................................................................... 10.2.2. Regência....................................................................................... 10.2.3. Colocação .................................................................................... 10.3. Ambiguidade ............................................................................................... 10.3.1. Uso indevido de pronomes possessivos.................................. 10.3-2. Colocação inadequada das palavras........................................ 10.3.3. Uso de forma indistinta entre o pronome relativo e a conjunção integrante:................................................................. 10.3.4. Uso indevido de formas nominais............................................ 10.4. Pleonasmo................................................................................................... 10.5. Cacófato....................................................................................................... 10.6. Colisão ......................................................................................................... 10.7. Eco ............................................................................. ,.................................. SENTIDO DE UMA PALAVRA: PALAVRAS PARÔNIMAS E HOMÔNIMAS............................ 11.1. Sinônimos .............................................................. ;..................................... 11.2. Antônimos.................................................................................................... 11.3. Palavras homônimas .............................................. ;................................... 11.3.1. Homônimos perieitos ....................... ;......................................... 11.3.2. Homônimos homófonos ............................. ;............................... 11.3.3. Homônimos homógrafos ............... ;....... /....................................
57 58 58 59 6o 62 62 62 63 63 64 64 64 64 65 65 65 66 66 66 66 66 66 67 67 67 67 67 68 69 70 70 70 71 72 72 72 72 73
SUMARIO
12.
13.
11.4. Quadro - palavras homônimas.................................................................. 11.5. Quadro: palavras parônimas..................................................................... 11.6. Palavras homônimas e parônimas nos textos......................................... FUNÇÕES DA liNGUAGEM............................................................................................ 12.1. o modelo linguístico de comunicação de Jakobson................................ 12.2. Função Referencial...................................................................................... 12.3. Função Emotiva........................................................................................... 12.4. Função Conativa ou Apelativa ................................................................... 12.5. Função Fática............................................................................................... 12.6. Função Metalinguística ............................................................................... 12.7. Função Poética............................................................................................ FIGURAS DE LINGUAGEM............................................................................................. 13.1. Conceitos básicos....................................................................................... 13.2. Figuras de som (harmonia)....................................................................... 13.2.1. Onomatopeia............................................................................... 13.2.1.1. Aonomatopeia no texto imagético......................... 13.2.2. Aliteração..................................................................................... 13.2.3. Assonância................................................................................... 13.2.4. Paronomásia................................................................................ 13.2.4.1. Aparonomásia no texto imagético ......................... 13.3. Figuras de pensamento ............................................................................. 13.3.1. Antítese........................................................................................ 13.3.1.1. Aantítese no texto imagético.................................. 13.3.2. Paradoxo...................................................................................... 13.3.3. Oparadoxo no texto imagético ................................................. 13.3.4. Eufemismo................................................................................... 13.3·4.1. Oeufemismo no texto imagético............................. 13.3.5. Ironia............................................................................................ 13.3.5.1. Aironia no texto imagético...................................... 13.3.6. Apóstrofe..................................................................................... 13.3.7. Gradação ..................................................................................... 13.3·7-1· Gradação Decrescente ............................................. 13·3·7-2· Gradação Crescente ................................................. 13·3·7·3· Gradação no texto imagético................................... 13.3.8. Prosopopeia ou personificação ................................................ 13.3.8.1. Apersonificação no texto imagético....................... 13.3.9. Hipérbole..................................................................................... 13.3.9.1. Ahipérbole no texto imagético............................... 13.3.10. Perífrase ou antonomásia ................... ;; ................................... ,,
73 75 77 79 79 8o 82 82 83 84 84 85 85 85 85 86 86 87 87 88 89 89 90 90 92 92 92 94 95 95 96 96 96 97 97 98 98 99 99 . 17
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
13.4.
13.5.
Figuras de construção ...............""t,............................................................... 13-4.1. Assíndeto .................... .'................................................................ 13.4.1.1. Oassíndeto no texto imagético............................... 13.4.2. Elipse............................................................................................ 13-4·3· Zeugma ........................................................................................ 13-4.3.1. Ozeugma no texto imagético .................................. 13-4·4· Polissíndeto ................................................................................. 13·4·5· Anáfora ........................................................................................ 13.4.5.1. Aanáfora no texto imagético .................................. 13.4.6. Hipérbato..................................................................................... 13.4-7. Anacoluto..................................................................................... 13.4.8. Hipálage ....................................................................................... 13.4.9. Silepse.......................................................................................... 13.4·9·1. Silepse de gênero..................................................... 13-4.9.2. Silepse de número ................................................... 13·4·9-3· Silepse de pessoa .................................................... 13.4.10. Pleonasmo................................................................................... 13.4.10.1. Pleonasmo literário.................................................. 13.4.10.2. Pleonasmo vicioso.................................................... Figuras de palavra...................................................................................... 13.5.1. Comparação................................................................................ 13.5.1.1. Acomparação no texto imagético .......................... 13.5.2. Metáfora...................................................................................... 13.5.2.1. Ametáfora no texto imagético ................................ 13.5.3. Metonímia.................................................................................... 13.5.3.1. Oautor pela obra..................................................... 13.5.3-2· Ocontinente (o que contém) pelo conteúdo (o que está contido)............................... 13.5.3.3· A parte pelo todo..................................................... 13.5.3.4. Osingular pelo plural ............................................... 13.5.3-5. Oinstrumento pela pessoa que o utiliza............... 13.5.3.6. Oabstrato pelo concreto......................................... 13.5.3-7. O efeito pela causa................................................... 13.5.3.8. Amatéria pelo objeto.............................................. 13.5.3.9. Ametonímia no texto imagético ............................. 13.5.4. Catacrese ..................................................................................... 13.5.5. Sinestesia.....................................................................................
100 100 101 101 101 102 102 103 104 104 104 105 105 105 106 106 106 106 107 108 108 109 109 110 111 111 111 111 112 112 112 112 112 112 115 115
CAPITulO 11 FATORES IMPORTANTES PARA CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO.................................................. 117 1. REDAÇÃO E ORIGINALIDADE .........................................................,............................... 117
18
SUMÁRIO
2.
3.
4. 5.
1.1.
Análise da proposta temática e textual................................................... 118
1.2.
Estudo Crítico.............................................................................................. 119
ADEQUAÇÃO AO TEMA................................................................................................ 2.1. A diferença entre assunto e tema............................................................ 2.2. Atexto de apoio: motivação para compreensão temática.................... 2.3. Como escolher um posicionamento temático: a defesa da tese .......... 2.4. Compreensão geral do tema: qual a problemática em questão?......... DÚVIDAS COMUNS...................................................................................................... 3.1. Apresentação do texto............................................................................... p. Respeito às margens e indicação dos parágrafos.................................. 3.3. Limite máximo de linhas............................................................................ 3.4. Eliminação do candidato............................................................................ TÍTULO......................................................................................................................... EXEMPLO DE TEXTO.....................................................................................................
CAPÍTULO
2.
3. 4.
126
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O TEXTO DISSERTATIVO.........................................................................................................
1.
120 120 121 122 123 124 124 125 125 125 125
ADEQUAÇÃO AO GÊNERO: O QUE É DISSERTAR? ........................................................... ARGUMENTAR, CONVENCER E PERSUADIR................................................................... 2.1. Conceitos gerais.......................................................................................... 2.2. A retórica aristotélica: a arte de argumentar.......................................... 2.2.1. Exórdio......................................................................................... 2.2.2. Narração ou Exposição............................................................... 2.2.3. Provas.......................................................................................... 2.2.4. Peroração ou Epílogo................................................................. 2.3. O gênero editorial: uma análise retórica................................................. 2.3.1. Editorial: Cotas à paulista.......................................................... 2.3.2. Análise jornalística...................................................................... 2.3.3. Análise retórica........................................................................... 2.3.4. Ofechamento: Epílogo................................................................ COMO SELECIONAR OS ARGUMENTOS.......................................................................... FALHAS NA ARGUMENTAÇÃO ....................................................................................... 4.1. Generalização.............................................................................................. 4.2. Simplificação exagerada............................................................................ 4·3· Círculo vicioso............................................................................................. 4-4. Sofisma ........................................................................................................ 4.5. Slogans, palavras de ordem, provérbios e frases feitas........................ 4.6. Chistes.......................................................................................................... 4·7· Argumentos que ferem a lógica, ou se mostram em desacordo com a realidade.........................................................................................
129 129 130 130 131 132 132 132 132 133 133 134 135 136 136 137 137 137 138 138 138 138 139
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REDAÇÃO· Camila Sabatin
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O QUE 5.1. 5.2. 5.3. 5.4. 5.5. 5.6. 5.7. 5.8.
EVITAR EM UM TEXTO DISSERTATIV~ARGUMENTATIVO ..................................... Histórias pessoais, comoventes 'e discurso religioso.............................. Mudança de ponto de vista ...................................................................... Palavras difíceis.......................................................................................... Palavras de sentido vago .......................................................................... Posicionamento pessoal explícito............................................................. Gírias e palavras de baixo calão............................................................... Profetização ................................................................................................ Palavras e/ou expressões incorretas e desgastadas.............................. 5.8.1. Os adjetivos ................................................ ;................................ 5.8.2. O adjetivo é bem empregado................................................... 5.8.3. Palavras abstratas devem ser empregadas no singular na maioria das vezes................................................... 5.8.4. o gerúndio é bem empregado como: ...................................... 5.8.4.1. gerúndio modal........................................................ 5.8.4.2. gerúndio durativo..................................................... 5.8.4.3. gerúndio condicional................................................ 5.8.4.4. gerúndio causal ........................................................ 5-8·4·5· gerúndio temporal ................................................... ESCREVER É PENSAR: O PROJETO DE TEXTO................................................................. 6.1. Primeiro passo............................................................................................ 6.2. Segundo passo............................................................................................ 6.3. Terceiro passo............................................................................................. 6.4. Quarto passo............................................................................................... 6.5. Quinto passo ............................................................................................... 6.6. Aplicação do projeto de texto................................................................... DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA EARGUMENTATIVA .............................................................. 7.1. Exemplo de dissertação expositiva .......................................................... 7.2. Comentário do texto.................................................................................. 7-3· Exemplo de dissertação argumentativa ................................................... 7-3.1. Exemplo de dissertação argumentativa ............,...................... 7-4· Comentário do texto ................................................ ,................................. OUTROS TIPOS TEXTUAIS QUE PODEM COMPOR A DISSERTAÇÃO ... ,....,......................... 8.1. Texto narrativo ............................................................................................ 8.2. Texto descritivo........................................................................................... 8.3. Texto argumentativo ............................................ ~ ...................................... 8.4. Texto expositivo ....................................................... 77 ... :··· .. ······.................. 8.5. Texto injuntivo ..................................................... :~: ............ ,.,...................... ANÁLISE DE UM TEXTO HfBRIDO ................................................;:.................................
139 139 139 139 139 139 139 139 140 140 140 140 140 140 140 141 141 141 141 142 144 144 144 144 144 146 148 149 149 150 151 151 152 153 153 153 153 155
SUMARIO
CAPfTULO IV OPARÁGRAFO INlRODUTÓRIO.............................................................................................. 1. AESTRUTURA DO PARÁGRAFO..................................................................................... 1.1. ldeia central................................................................................................ 1.2. Desenvolvimento........................................................................................ 1.3. Conclusão .................................................................................................... 2. PARÁGRAFO INTRODUTÓRIO......................................................................................... 3. DICAS PARA REDIGIR OPARÁGRAFO INTRODUTÓRIO .................................................... 3.1. Introdução por citação............................................................................... 3.2. Introdução por definição........................................................................... 3.3. Introdução por analogia............................................................................ 3.4. Introdução por afirmação.......................................................................... 3.5. Introdução por descrição/relato............................................................... 3.6. Introdução por questionamento ............................................................... 3·7· Introdução por relação entre textos: obras de arte, literatura, filme, etc...................................................................................................... 3.8. Introdução por alusão histórica................................................................ 4. ESTRATÉGIAS DE RACIOCÍNIO: AINDUÇÃO EADEDUÇÃO............................................. 4.1. Dedução....................................................................................................... 4.1.1. Texto dedutivo............................................................................. 4.1.2. Análise do texto dedutivo.......................................................... 4.2. Indução........................................................................................................ 4.2.1. Texto indutivo.............................................................................. 4.2.2. Análise do texto indutivo........................................................... CAPITuLO V COMO CONSTRUIR ODESENVOLVIMENTO............................................................................. 1. AESTRUTURA DO PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO................................................. 1.1. ldeia central................................................................................................ 1.2. Desenvolvimento da ideia central............................................................ 1.3. Conclusão.................................................................................................... 1.4. Exemplo....................................................................................................... 2. AESCOLHA DOS ARGUMENTOS.................................................................................... 2.1. Argumentação por causa/consequência .................................................. 2.2. Argumentação por dados estatísticos .... :................................................. 2.3. Argumentação por relato de autoridade................................................. 2.4. Argumentação por exemplificação/alusão histórica/comparação......... 2.5. Argumentação por contra-argumentação .. ," ...... ~....................................
159
159 162 162 163 163 165 165 166 166 167 167 168 168 169 170 170 172 173 174 176 177 179
179 180 180 180 180 181 181 181 182 184 185 . 21
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
CAPÍTULO VI
"'
COMO CONSmUIR A CONCLUSÃO ........................................................................................ 1. ESTRUTURA DO PARÁGRAFO CONCLUSIVO.................................................................... 2. MODOS DE ENCADEAR A CONCLUSÃO ......................................................................... 2.1. Retomada da tese...................................................................................... 2.2. Síntese do desenvolvimento..................................................................... 2.3. Perspectiva de Solução.............................................................................. 2.4. Surpresa ...................................................................................................... 3. OTÍTULO..................................................................................................................... 3.1. Títulos criativos........................................................................................... p.1. Texto exemplificativo: Geração sinopse.................................... p.2. Texto exemplificativo: Muito barulho por cinco invenções..... 3-1.3. Texto exemplificativo: Guarani Kaiowá de boutique ............... 4. RETOMANDO ATEORIA: APRENDENDO ADISSERTAR COM PADRE ANTÔNIO VIEIRA...... 4.1. Colocando em prática a teoria ................................................................. CAPÍTUlO VIl ACOESÃO TEXTUAL.............................................................................................................. 1. O QUE É COESÃO TEXTUAL .......................................................................................... 2. MECANISMOS DE COESÃO........................................................................................... 2.1. Coesão Gramatical ...................................................................................... 2.2. Coesão Frásica ............................................................................................ 2.3. Coesão Referencial..................................................................................... 2.4. Coesão temporal........................................................................................ 2.5. Coesão lnterfrásica Gunção)...................................................................... 3. COESÃO LEXICAL.......................................................................................................... 3.1. Reiteração (da mesma palavra)............................................................... 3.2. Substituição................................................................................................. 3.2.1. Por associações........................................................................... 3.2.2. uso de sinônimos........................................................................ 3.2.3. uso de nomes genéricos............................................................ 3.2.4. de hiperônimo e hipônimo........................................................ 3.2.5. por elipse.................................................................................... 3.2.6. Nominalização .............................................. ,.............................. 4. ESTUDO EXTRA: USO DOS PRONOMES DEMONSTRATIVOS ..............:.,............................ 4.1. Emprego dos pronomes demonstrativos .................. ,.............................. 4.1.1. Em relação ao espaço ................................................................ 4.1.2. Em relação ao tempo................................................................. 4.1.3. Em relação ao contexto ESTE(S), ESTA(S), ISTO.......................... 5· TABELAS DAS PRINCIPAIS CONJUNÇÕES E LOCUÇÕES CONJUNTIVAS.............................. 22
187 187 187 187 188 190 191 191 192 192 194 195 197 198 201
201 204 204 205 205 209 210 213 213 213 213 214 214 214 215 215 216 216 216 217 218 218
SUMARIO
6.
EMPREGO DAS PREPOSIÇÕES ESEUS USOS SEMÂNTICOS............................................. 6.1. Essenciais são as que funcionam apenas como preposição................. 6.2. Acidentais - algumas palavras que, com origem em outra classe gramatical, desempenham a função de uma preposição em contextos específicos...........................................................................
220
220
222
CAPITULO VIII COER~NCIA 1. 2.
3.
TEXTUAL............................................................................................................ 223
OQUE ÉCOERÊNCIA.................................................................................................... FATORES DE COERÊNCIA.............................................................................................. Os fatores de coerência para Beaugrande a Dressler ........................... 2.1. Situacionalidade.......................................................................... 2.1.1. lnformatividade........................................................................... 2.1.2. lntertextualidade......................................................................... 2.1.3. 2.1.4. lntencionalidade ......................................................................... 2.1.5. Aceitabilidade.............................................................................. os fatores de coerência para Koch arravaglia........................................ 2.2. 2.2.1. Elementos linguísticos................................................................. Conhecimento de mundo........................................................... 2.2.2. Conhecimento partilhado........................................................... 2.2.3. 2.2.4. Inferência..................................................................................... Fatores de contextualização ...................................................... 2.2.5. Focalização.................................................................................. 2.2.6. Consistência e Relevância.......................................................... 2.2.7. LEITURA DE TEXTO: PRÁTICA TEÓRICA.......................................................................... p. Análise textual com base nos fatores de coerência................................
223 224 224 224 225 225 225 225 226 226 226 227 227 228 228 228 228 229
CAPfTULO IX
CRITÉRIOS DE CORREÇÃO..................................................................................................... 231 1. 2.
3.
4.
CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DA BANCA FCC .................................................................... PROPOSTA DE REDAÇÃO FCC....................................................................................... 2.1. Modelo de Redação ............................................ ,...................................... 2.2. Análise da redação 1de acordo com os critérios da FGC....................... CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DA PROVA DISCURSIVA CESPE/UNB ...................................... p. Espelho de correção da prova discursiva CESPE/UnB ............. ,............... p. Descrição dos aspectos macroestruturais................................ ,............... 3.3. Descrição dos aspectos microestruturais................................................. PROPOSTA DE REDAÇÃO CESPE/UNB ............................................................................. 4.1. Modelo de redação.................................................................................... 4.2. Análise da redação de acordo com os critérios da CESPE/UnB .............
231 233 238 239 240 240 241 241 241 242 243
23
REDAÇAO • Camila Sabatin
5.
ANÁLISES DE TEXTOS COM A PROPOSTA mJ{ÁTICA: SISTEMA DE COTAS RACIAIS EM CONCURSOS PÚBLICOS FEDERAIS .......................................................................... 5.1. Texto 1: abaixo da média ........................................................................... 5.1.1. Análise do texto 1 ....................................................................... 5.2. Texto 2: acima da média............................................................................ 5.2.1. Análise do texto 2....................................................................... 5.3. Texto 3: nota 'máxima' ............................................................................... 5.3.1. Análise do texto 3 .......................................................................
244 245 247 251 253 256 258
CAPITULO X
REVISÃO GRAMATICAL......................................................................................................... 263 1.
2.
3.
4.
24
ACENTUAÇÃO GRÁFICA EOATUAL ACORDO ORTOGRÁFICO........................................... 1.1. Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa................................................ 1.2. Mudanças no alfabeto................................................................................ 1.3. Trema........................................................................................................... ACENTUAÇÃO GRÁFICA................................................................................................ 2.1. Regras Básicas (nada muda com a atual ortografia) .............................. 2.1.1. Palavras com dupla pronúncia .................................................. 2.1.2. Palavras que admitem uma só pronúncia............................... 2.2. Regras Especiais (parcialmente afetadas pela reforma ortográfica).... 2.2.1. Regra dos ditongos abertos e tônicos ...................................... 2.2.2. Regra dos hiatos......................................................................... 2.2.3. Acento das palavras terminadas em -eem e -oo(s) ............... 2.2.4. Uso do acento nas formas verbais dos grupos que/ qui e gue/gui ............................................................................... 2.2.5. Acentos diferenciais.................................................................... ORTOGRAFIA - USO DO HfFEN NO ATUAL ACORDO ORTOGRÁFICO................................. p. Uso do hífen (com palavras compostas).................................................. 3.2. Uso do hífen com prefixos......................................................................... 3.2.1. Casos gerais................................................................................ 3.2.2. Casos particulares....................................................................... 3.3. Outros casos no uso do hífen.................................................................... PROBLEMAS COMUNS EM ORTOGRAFIA ....................................................................... 4.1. Dicas de Ortografia ........................................................................ :............ 4.1.1. Uso do "ç" ...............................................................;................... 4.1.2. Uso do "s~' ................................................................................... 4.1.3. Quando usar "ç" e "s" ...:............................................................ 4.1.4. Quando usar "s" e "z"................................................................ 4.1.5. Uso do "ss".................................................................................. 4.1.6. Quando usar "ç" e "ss" ............................:.................................
263 263 264 264 264 264 266 266 266 266 267 268 268 268 269 269 271 271 272 273 273 273 273 274 275 275 276 276
SUMARIO
5.
6.
7·
Uso do "i".................................................................................... Uso do "g'' ................................................................................... 4.1.9. Uso do "x" ................................................................................... 4.1.10. Uso do "-uir" e "-oer" ............................................................... 4.1.11. Uso do "-uar" "-oar" ................................................................. 4.2. Usos do porquê.......................................................................................... 4.3. Dificuldades mais comuns na ortografia da língua portuguesa............. 4.3-1. a cerca de I acerca de I cerca de I há cerca de..................... 4. 3.2. as custas/ à custa ....................................................................... 4.3.3. a fim/afim .................................................................................... 4.3.4. a menos de I há menos de....................................................... 4.3.5. a nível de I em nível de............................................................. 4.3.6. a par I ao par............................................................................. 4·3·7· a princípio I em princípio.......................................................... 4.3.8. afora I a fora............................................................................... 4.3.9. ao encontro de I de encontro a............................................... 4-3.10. ao invés de I em vez de............................................................ 4-3.11. aonde I onde.............................................................................. 4-3.12. há anos I anos atrás .................................................................. 4-3.13· há/ a............................................................................................. 4.3.14. mau I mal.................................................................................... 4.3.15. perca I perda.............................................................................. 4.3.16. nada a ver I nada haver............................................................ 4.3.17. senão I se não ............................................................................ CONCORDÂNCIA NOMINAL.......................................................................................... 5.1. Regra geral.................................................................................................. 5.2. Regras Especiais.......................................................................................... CONCORDÂNCIA VERBAL............................................................................................. 6.1. Regra Geral.................................................................................................. 6.2. Regras especiais......................................................................................... 6.2.1. Sujeito simples............................................................................ 6.2.2. Sujeito composto ........................................................................ 6.2.3. Casos Particulares....................................................................... 6.2.4. Outros Casos................................................................................ 6.2.5. Overbo "parecer"...................................................................... 6.2.6. Aexpressão "haja vista"............................................................ REGÊNCIA VERBAL ....................................................:................................................. p. Verbos que mudam a regência e mudam .o sentido.............................. 7.2. verbos que mudam as construções sintáticas e os sentidos permanecem os mesmos...............................:.......................................... 4.1.7.
277
4.1.8.
277
277 278 278 278 279 279 280 280 28o
280 281 281 281 281 281 282 282 282 282 283 283 283 284 284 285 288 289 289 289 292 293 295 298 299 299
300 302
25
REDAÇÃO • Camila Sabatin
Regências usadas na língua padtão e na língua coloquial/informal..... Regência dos pronomes relativos............................................................. Verbos de regências diferentes................................................................ 8. REGÊNCIA NOMINAL .................................................................................................... 8.1. Principais exemplos de regência nominal................................................ 9. CRASE......................................................................................................................... 9.1. Regra Geral.................................................................................................. 9.1.1. Preposição+ Artigo...................................................................... 9.1.2. Locuções adverbiais femininas.................................................. 9.1.3. Casos em que não ocorre crase............................................... 9.1.4. Casos especiais ............................................ ,.............................. 9.1.5. Crase facultativa.......................................................................... 9.1.6. Dúvidas comuns.......................................................................... 9.2. Contração da preposição "a" + "aquele(s)", "aquela(s)" e "aquilo"... 9.3. Contração da preposição "a"+ "a qual", "as quais"............................. 9.4. Contração da preposição "a" + pronome demonstrativo "a(s)", que equivale a "aquela(s)" ....................................................................... 9-5· Como evitar a ambiguidade ...................................................................... 10. COLOCAÇÃO PRONOMINAL.......................................................................................... 10.1. Casos de próclise........................................................................................ 10.2. Casos de mesóclise ....................................... :............................................ 10.3. Casos de ênclise ......................................................................................... 10.4. Colocação dos pronomes nas locuções verbais...................................... 11. PONTUAÇÃO ................................................................................................................ 11.1. Uso da vírgula............................................................................................. 11.2. Emprego do ponto e vírgula...................................................................... 11.3. Emprego do ponto final ............................................................................. 11.4. Emprego dos dois pontos.......................................................................... 11.5. Emprego do ponto de interrogação......................................................... 11.6. Emprego do ponto de exclamação........................................................... 11.7. Emprego das reticências............................................................................ 11.8. Uso dos parênteses.................................................................................... 11.9. Uso do travessão........................................................................................ 11.10. Uso das aspas............................................................................................. 12. EXERCiCIOS................................................................................................................. 12.1. Acentuação Gráfica..................................................................................... 12.2. Novo Acordo Ortográfico -Acentuação Gráfica........................................ 12.3. Novo Acordo Ortográfico - Uso do Hífen ....... ;•. ;;...................................... 12.4. Dificuldades mais Comuns na Ortografia da Língua Portuguesa............ 12.5. Semântica: paronímia e homonímia......................................................... 7-3· 7.4. 7-5·
26
302 304 305 306 307 307 308 309 309 311 312 313 313 314 314 315 315 315 316 317 317 318 319 319 320 321 321 322 322 322 322 322 323 323 323 335 342 350 359
SUMÁRIO
12.6. 12.7. 12.8. 12.9. 12.10. 12.11. 12.12.
Coesão e coerência: uso dos conectivos................................................. 368 Concordância verbal e nominal................................................................ 381 Regência verbal e nominal........................................................................ 400 Crase............................................................................................................ 407 Colocação pronominal................................................................................ 417 Pontuação.................................................................................................... 426 Gabaritos questões..................................................................................... 440
CAPITULO XI TEMAS DE REDAÇÃO............................................................................................................ 441 1. QUESTÕES DISCURSIVAS.............................................................................................. 441 2. PROVAS DE REDAÇÃO.................................................................................................. 468 TEXTOS DE REFERÊNCIA ........................................................................................................ 469 CONCLUSÃO......................................................................................................................... 483 BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................... 485
27
CAPÍTULO
I
A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL 1.
CONCEITO GERAl
A interpretação textual não é só importante para as provas de língua portuguesa, como também para prova de redação. Aprimorar nossa competência no sentido de analisarmos minuciosamente um texto é requisito básico para a eficácia dos resultados. Uma interpretação de texto competente depende de inúmeros fatores, mas nem por isso deixaremos de contemplar alguns que se fazem essenciais para esse exercício. Muitas vezes, apressados, descuidamo-nos das minúcias presentes em um texto, achamos que apenas uma leitura já é suficiente, o que não é verdade. Ofator primordial para o desenvolvimento da competência de interpretação de um texto, passa pela prática, o hábito constante de ler é decisivo para essa conquista. A busca constante por informações extratextuais é fundamental para que nos tornemos leitores e escritores cada vez mais conscientes e eficazes. Essa é uma competência adquirida ao longo de nossa experiência. A partir disso, haverá o enriquecimento do vocabulário, o domínio das estruturas linguísticas e dos gêneros discursivos, bem como as mensagens e intenções discursivas dada no eixo do explícito e implícito do texto. Quando falamos em interpretação, essa engloba uma série de particularidades, tais como pontuação, pois uma vírgula pode mudar o sentido de uma ideia, elementos gramaticais, como conjunções, preposições, acentuação, regências, entre outros. Por trás de uma questão gramatical ou de uma palavra pode haver mais de um dizer. Cabe ao .leitor, com seu conhecimento de mundo, torna-se capaz de decifrá-los de uma forma bastante eficiente. Assim, como mencionado anteriormente, é inegável a importância de estarmos aptos a interpretar todo e qualquer textQ, independente de sua finalidade. E, para que isto ocorra, é necessário dispor elos recursos da língua que nos são oferecidos. Para melhorar a sua forma de ler e interpretar os textos a que está exposto no dia a dia, nas questões de concursos públicos e redação, seguem itens importantes para esses intentos. 29
REDAÇÃO • Cami/a Sabatin
2. TEXTO: UM EVENTO COMUNICATIVO
~
Observamos que ainda há conceitos teóricos que retratam o texto numa visão delimitada e fragmentada, tocada em análises frasais, gramaticais, lexicais e em aspecto do conteúdo interno do texto. Diante dessa visão ultrapassada, há uma ênfase em repensar o texto em sua totalidade, inserindo-o numa perspectiva reflexiva, capaz de viabilizar a construção de sentido. Se analisarmos a origem da palavra texto, veremos que ela vem do latim textum, que significa tecido, entrelaçamento. Essa origem deixa clara a ideia de que texto resulta de um trabalho de tecer, de entrelaçar várias partes menores, a fim de se obter um todo inter-relacionado, um todo coeso e coerente. O conjunto de frases que compõem os parágrafos e estes o texto seguem um raciocínio lógico, produzindo significados de acordo com o contexto em que estão inseridas. Todo texto é expressão de algum propó~ito, não se escreve um texto sem uma função comunicativa. Torna-se, assim, necessário sempre fazer um confronto entre todas as partes que compõem o texto. É claro que não se trata de ignorar os elementos linguísticos, indícios e partes que compõem o texto. Trata-se de analisar e. compreender todos os níveis estruturais da língua para apreender informações por trás do texto, as inferências a que ele remete, descortinar a postura ideológica do autor diante da temática, enfim, buscar um sentido amplo e unificado que compõem a lógica do texto.
3. LEITURA: CONSTIWÇÃO DOS SIGNIFICADOS A leitura consiste em perceber e compreender as relações. existentes no mundo. Ler é atribuir sentido ao texto, e também relacioná-lo com o contexto e com as experiências vivenciadas pelo leitor. A atividade de leitura não corresponde a uma simples decodificação de signos lingúístitos que compõem a linguagem escrita convencional. A leitura precisa permifífiquê o leitor apreenda o sentido do texto, por meio da capacidade de interação com o mundo que o cerca. Sendo assim, nesta perspectiva Freire e Shor (1986/ p:. 22.):
[... ] "ler não é só caminhar sobre as palavras, e também não ~ voar sobre as palavras. Ler é reescrever o q(Je ,e,st~mos. lendo. E. descobrir a conexão entre o texto e o contexto, e tq{l'lbém como vincular o texto I contexto com meu contexto, o 'contexto do leitor". · · · · · · ····.·· O ato;deler,.nesse ponto de vista, não é.cooceb!do (lleramente como capacidade individual, mas compreendido como prática:de.linguagem que possi-
3Q
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
bilita formas específicas de o sujeito estabelecer relações sociais e construir sua identidade. Compreender a relação do sujeito com a palavra escrita demanda a compreensão da relação que esse indivíduo estabelece com os outros e com a própria linguagem. De fato, a leitura é um processo em que o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto. Os nossos alunos precisam se atentar para o trabalho com a leitura em um sentido de construir significados e não somente buscar significados. Por isso, é importante utilizar uma metodologia de ensino mais eficiente e que esteja de acordo com as necessidades do aluno, em que é preciso apoiar-se em diferentes estratégias, ligadas aos conhecimentos prévios do leitor: os linguísticos, que correspondem ao vocabulário e regras da língua e seu uso; os textuais, que englobam o conjunto de noções e conceitos sobre o texto; e os de mundo, que correspondem ao acervo pessoal do leitor. Assim, para se ter uma leitura satisfatória, na qual a compreensão do que se lê é alcançada, esses diversos tipos de conhecimento precisam estar em interação. Ocaráter subjetivo que essa atividade assume leva o teólogo e filósofo Leonardo Boff (1997, p. 9.) afirmar:
"Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura. A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiência tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação. Sendo assim, fica evidente que cada feitor é coautor. Porque cada um lê e relê com os olhos que tem. Porque compreende e interpreta a partir do mundo que habita." A afirmação de Boff conceitua a partir de uma metáfora a noção de leitura como interação entre mim e o(s) butro(s), uma atividade social. Podemos, pois, concluir que a leitura é um processo dinâmiCo, social; resultado da interação da informação presente no texto e os conhecimentos prévios do leitor. É nesta relação que a construção do sentido presente no texto sé dá. A leitura, como prática social, exige um leitor crítico que seja capaz de mobilizar seus conhecimentos prévios, quer linguísticos e textuais, quer de mundo, para preencher os vazios do texto, constn.iindo ;novos significados. Esse leitor parte do já sabido/conhecido, mas, superando esse limite, rncorpora, de forma
31
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
reflexiva, novos significados a seu uni~erso de conhecimento para melhor entender a realidade em que vive.
A ideia que nos é passada nos bancos escolares é a de que o texto é completo, contém todas as informações dentro de si. No entanto, de acordo com a perspectiva dialógica da linguagem em que nos embasamos, o sentido do texto é incompleto. Osentido dele só se produz no ato da leitura, na interação leitor-texto. Nas palavras de Brandão (1994), A concepção de leitura como um processo de enunciação se inscreve num quadro teórico mais amplo que considera como fundamental o caráter dialógico da linguagem e, consequentemente, sua dimensão social e histórica. A leitura como atividade de linguagem é uma prática social de alcance político. Ao promover a interação entre indivíduos, a feitura, compreendida não só como leitura da palavra, mas também como leitura de mundo, deve ser atividade constitutiva de sujeitos cae.azes de interligar o mundo e nele atuar como cidadãos. {BRANDAO, 1994, p. 89.)
Dessa maneira, a compreensão e a interpretação de um texto não se constituem em atos passivos, pois, se quem escreve sempre pressupõe o outro, "[ ... ] quem lê é produtivo, na medida em que, refazendo o percurso do autor, trabalha o texto e se institui em um coenunciador". (Brandão, 1994, p. 87.) Otexto é, portanto, refeito em cada leitura pelo leitor, o qual não é um objeto, mas sim sujeito do processo de ler, receptáculo de informações. · Muitos alunos classificam-se como incompetentes para leitura, dizem ter dificuldades de compreender e interpretar o que está posto nas linhas e entrelinhas. Cria-se, a partir disso, um imaginário de que é preciso ter competência para ler. Como já dito, "cada um /ê com os olhos que tem. Einterpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é a vista de um ponto", assim, para ser um leitor ~competente', é preciso criar situações de reflexão sobre o uso da língua, as quais poderão ser propiciadas por atividades de análise linguística, que permitem ao leitor compreender e interpretar textos de forma mais eficaz e segura. Assim, quando surgirem questões como ..,. por que se escreveu de tal
32
Cap. I ·A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
forma nesse texto? Qual o efeito de sentido provocado por determinada palavra naquela situação de uso? Qual a intenção do enunciador ao inserir determinadas informações? Qual a orientação argumentativa do texto? - as respostas somente serão encontradas quando a prática de leitura não atender só a critérios de decodificação, mas um processo de reflexão sobre a organização textual e o contexto de produção. Otexto, portanto, não traz tudo pronto para o leitor receber de modo passivo, já que usando seu conhecimento de mundo, o leitor interage com a informação presente no texto para tentar chegar a uma compreensão. O texto, nessa perspectiva, não carrega sentido em si mesmo, apenas fornece direções para que o leitor o construa. De acordo com o esquema:
4. A LEITURA EA RELAÇÃO COM A ESCRITA Ler e escrever são atitudes indissociáveis e complementares. Quem lê mais automaticamente desenvolve mais vocabulário e mais ideias. A pessoa que lê bons textos recebe informação e vê como se fazem as construções, logo, ela tem mais capacidade de usar as boas influências na hora da escrita. Como já dizia Paulo Freire, "a leitura da palavra precede a leitura do mundo", assim, apreendidas as leituras do mundo, falta falar com eiG\S, falta escrevê-las. Todo texto é fonte de informação, mas de nada adianta a leitura de um texto sem dialogar com ele. Sobre isso Bakhtin e Volochinov (2010) afirma: Compreender a enunciação de outrem significa orientar-se em relação a ela, encontrar o seu lugar adequado no contexto correspondente. A cada palavra da enunciação que estamos em processo de compreender, fazemos corresponder uma série de palavras nossas, formando uma réplica. Quanto mais numerosas
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REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
e substanciais forem, mais profunda e real é a nossa compreensão. [... ] A compreensão é uma forma de diálogo; ela está para a enunciação assim como uma réplica está para a outra no diálogo. Compreender é opor à palavra do locutor uma contrapalavra. (BAKHTIN; VOLOCHINOV, 2010, p. 137.)
Nessa perspectiva, a leitura é a demonstração concreta de que é possível aprender a pensar para compreender melhor o mundo que nos cerca, uma ação do sujeito e não uma atividade passiva. Dessa forma, de nada adianta a elaboração de técnicas de elaboração de um texto se não houver o trabalho com a leitura do tema, o trabalho com a linguagem de forma mais ampla e não restrita a uma atividade obrigatória. A escrita não existe sem a leitura. Para escrever, precisamos ter a leitura do mundo, capaz de nos tornarmos não apenas críticos, mas capazes de apreender as estruturas linguísticas que nos cercam. A partir disso, teremos base e preparação para a atividade escrita.
5. ANÁLISE LINGUfSTICA: UMA NOVA PERSPECTIVA DE REFLEXÃO DA LÍNGUA
o termo análise tinguística surgiu para denominar uma nova perspectiva de reflexão sobre o sistema e usos da língua, já que o que prevalecia era um tratamento do texto de acordo com fenômenos gramaticais e não textuais e discursivos. O objetivo central dessa perspectiva é a reflexão, isto é, fazer com que os leitores reflitam sobre os elementos e fenômenos linguísticos e sobre as estratégias discursivas, focalizando os usos da linguagem, integrar o texto a uma leitura mais ampla, que vai além das palavras postas e dadas. Dessa maneira, a análise linguística passa a ser instrumento fundamental para o desenvolvimento das competências de produção e interpretação de textos. Para que se possa compreender o que é análise linguística, seguem alguns itens citados por Mendonça (2006, p. 207.) os quais diferenciam o ensino de gramática da prática de análise linguística.
Concepção de língua como sistema, estrutura inflexível e invariável.
Concepção de língua como ação interlocutiva situada, sujeita às interferências dos falantes.
Fragmentação entre os erros de ensino: as aulas de gramática não se relacionam com as de leitura e · ução textual
Integração entte os eixos de ensino: a AL é ferramenta para a leitura e produção textual.
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Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Metodologia transmissiva, baseada na exposição Metodologia reflexiva, baseada na indução dedutiva (do geral para o particular, isto é, das (observação dos casos particulares para a regras para o exemplo) + treinamento. conclusão das regularidades/regras). Privilégio das habilidades metalinguísticas.
Trabalho paralelo com habilidades metalinguística e epilinguisticas.
Ênfase nos conteúdos gramaticais como objetos de ensino, abordados isoladamente e em sequência mais ou menos fixas.
Ênfase nos usos como objetos de ensino (habilidades de leitura e escrita), que remetem a vários outros objetos de ensino( estruturais, textuais, discursivos, normativos).
Centralidade da norma-padrão.
Centralidade dos efeitos de sentido.
Ausência de relação com as especificidades dos gêneros, desconsiderando o funcionamento desses gêneros nos contextos de interação verbal.
Fusão com o trabalho com os gêneros, na medida em que contempla as condições de produção e textos e as escolhas linguísticas.
Unidades privilegiadas: a palavra, a frase e o período.
Unidade privilegiada: o texto
Preferência pelos exercícios estruturais, de identificação e classificação de unidades/funções morfossintáticas e correção.
Preferência por questões abertas e atividades de pesquisa, que exigem comparação e reflexão sobre adequação e efeitos de sentido.
Diferenças entre o ensino de gramática e análise linguística. (MENDONÇA, 2006. p. 207 .)
Como se pode observar, as diferenças presentes em todos os itens elencados derivam da mudança na concepção de linguagem: de uma visão estrutural, passa-se a uma visão enunciativo-discursiva, centrada no texto, no diálogo e no discurso. Não se trata de negar a importância do estudo gramatical da língua, mas de analisar o sistema linguístico a partir da linguagem. Dessa forma, ao pensar e falar sobre a linguagem realiza-se uma atividade de natureza reflexiva, ou seja, quando se há interação, há sempre uma atividade de reflexão e, portanto, uma atividade de análise linguística. A leitura, a escrita e a reflexão linguística passam a ter verdadeiramente um "elo", uma articulação entre si. Segundo Mendonça (2oo6, p. 2o8.): A análise línguística é a reflexão recorrente e organizada, voltada para a produção de sentidos e I ou para a compreensão mais ampla dos usos e do sistema línguísticos, com o fim de contribuir para a formação de leitores - escrítdres de gêneros diversos, aptos a participarem de eventos de letramento com autonomia e eficiência.
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REDAÇÃO· Camila SabatJ'n
A partir dessa discussão abordarelnos a seguir alguns tipos de análise linguística que ajudarão nossos candidatos a concursos públicos compreender e interpretar melhor os textos a que estão expostos em avaliações objetivas de língua portuguesa, questões discursivas e redação.
5.1 Análise textual É a leitura que tem por objetivo uma visão global, tais como o vocabulário, autor, época em que foi escrito, estilo, ou seja, um levantamento dos elementos importantes do texto.
5.2 Análise temática Éa apreensão do conteúdo ou tema, isto é, identificação da ideia central e das secundárias, processos de raciocínio, tipos de argumentação, exemplos, problematizações, intervenções, enfim, o desenvolvimento do pensamento do autor.
5.3 Análise interpretativa .Está relacionada à associação de ideias do autor; considerando as ideologias vigentes, contexto científico, filosófico, histórico; além da análise crítica do texto.
6. A ANÁLISE LINGUfSTICA APLICADA À LEITURA DE UMA PROPOSTA TEMÁTICA A proposta deste item é fazer uma leitura sobre o aspecto da análise linguística, a qual visa a garantir todo o exposto sobre a importância da leitura para produção textual. Considerando que o nosso interesse, neste momento, é restrito à leitura de uma proposta temática como forma de orientar nossos candidatos a cerca de um interesse pontual. Claro que devemos considerar que as ideias acima expostas a cerca da leitura e sua relação com a produção textual deva ser mais ampla, aplicando-se a textos literários, jornalísticos, midiáticos, didáticos, etc. Com relação ao nosso objetivo - a leitura de propostas de redação - os textos propostos,pelas bancas são, geralmente, excertos e, na maioria dos concursos, apenas urn texto motivador. Espera-se, portanto, que o. candidato use algumas estratégias .de..leitura pertinentes para fundamentara proposta temática, trazendo para o texto suas leituras e conhecimentos prévios sobre o tema abordado.
Cap.l· A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
A leitura atenta do(s) texto(s) da proposta possibilita ao candidato obter informações das quais necessita para estruturar seus argumentos, a partir disso, o candidato deve, por meio de um resumo, selecionar o argumento principal de cada texto da coletânea. Após isso, o leitor deve verificar a consistência e a coerência dessas ideias e fazer uma leitura crítica, perguntando-se se concorda com a ideia defendida, o que sabe sobre o assunto, quais as outras posições que existem a cerca daquela ideia. Enfim, dialogar com o texto, questionar-se, este é o início de uma leitura crítica, em que o candidato inicia o processo de compreensão e interpretação do está dado pela banca, como coautor do texto e não mero depositário de informações dadas. Esse pontapé faz toda diferença no processo de produção escrita, visto que o candidato, sem que perceba, começa a pontuar os argumentos relevantes para tese/argumentação. Com base na proposta de redação a seguir, faremos uma análise das abordagens de leitura e exporemos a relevância da leitura para iniciar um projeto de texto. ; :
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(!{RT 6• RG - ANAUSTA JUDICtÃRIO ~~EA JUDiüiÂRIA ~ ESf>ECIAUDADE , , '', ' ,EXECU~O,,pE MAN~AQÔS- MAI0/2012) "',: ,'! , ,"' ,
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REDAÇÃO: Atenção: Na Prova Discursiva - Redação, a folha para rascunho é de preenchimento facultativo. Em hipótese alguma o rascunho elaborado pelo candidato será considerado na correção pela Banca Examinadora. A Declaração de Chapultepec é uma carta de princípios e coloca "uma imprensa livre como uma condição fundamental para que as sociedades resolvam os seus conflitos, promovam o bem-estar e protejam a sua liberdade. Não deve existir nenhuma lei ou ato de poder que restrinja a liberdade de expressão ou de imprensa, seja qual for o meio de comunicação". O documento foi adotado pela Conferência Hemisférica sobre Liberdade de Expressão realizada em Chapultepec, na cidade do México, em 11 de março de 1994. (DECLARAÇAO DE CHAPUL TEPEC. ABJ - Associação Brasileira dos Jornalistas, site, [s/d]. Disponível em: <http:/ /www. abjornalistas.org/legislacao_-_declaracao_chapultec.php>)
Ainda que o Brasil tenha assinado a declaração em 1996 e renovado o compromisso em 2006, não é incomum a defesa de que limites deveriam ser impostos à liberdade de imprensa, mas até que ponto isso poderia ser feito sem prejuízo da liberdade de expressão e do direito à informação? Considerando o que se afirma acima, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: 4
Liberd~de divid«~is.
de
im.prens~,
deSeY\VOIViW\en.to
d~ socied~de
e direitos ÍY\-
37
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
6.1 Análise da proposta A banca examinadora exigiu do candidato a leitura de um trecho sobre a Declaração de Chapultepec, um comentário sobre a declaração e um questionamento sobre os limites da imprensa e a liberdade de expressão. Por fim, a definição do tema a ser discutido com base nos excertos anteriores. Para fins didáticos, dividiremos a análise da proposta em etapas, utilizando conceitos da análise linguística. 6.1.1
Análise textual
•
Fazer uma primeira leitura de forma a captar a tendência geral da proposta e obter uma visão ampla do conteúdo do texto.
•
Quem é o autor do texto?
•
Em que época o texto foi escrito?
•
Qual o estilo do autor? Do texto?
•
Ler, reler, anotar;
•
Grifar as palavras-chave.
Com base nessa análise, observamos que a tendência geral da proposta é discutir o tema liberdade de imprensa e, em que medida, as tentativas de restrição a essa iriam limitar o direito da sociedade à informação. Considerando que a imprensa livre é fundamental para que as sociedades resolvam seus conflitos e garantam o bem-estar e a liberdade de cada indivíduo. O primeiro texto possui um estilo de documento, o que nos leva a ter as informações dadas como verdadeiras, já que passaram pelo crivo de um acordo internacional. Com relação às palavras-chave serão as que nortearão a não fuga do tema e ajudarão, ao mesmo tempo, na melhor organização dos argumentos. Sendo assim, temos as seguintes expressões para destacar: 7
liberdade de imprensa
7
desenvolvimento social
7
conflitos sociais
7
direito à informação
7
direitos individuais
Essas, necessariamente, deverão compor a introdução e tese da dissertação e dar sustentação aos argumentos, pois, caso o candidato. não selecione as palavraschave, poderá limitar ou extrapolar o tema proposto. Por exemplo, poderá discorrer sobre a questão da liberdade de imprensa, sem focalizar o desenvolvimento social e os direitos individuais. ou, ainda, discorrer sobre esses itens abarcando outras"perspectiva~.que não só a liberdade d.e imprensé\, mas a liberdade do indivíduo diante de conflitos no Oriente Médio e Norte da África.
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
6.1.2
Análise temática e interpretativa
•
Apreensão do conteúdo ou tema;
•
Identificação da ideia central e das secundárias;
•
Processos de raciocínio, tipos de argumentação, exemplos, problematizações, intervenções;
•
Desenvolvimento do pensamento do autor;
•
Associação de ideias do autor de cada texto e associação de ideias entre os textos;
•
ldeias implícitas;
•
Contexto histórico e ideologias vigentes;
•
Análise crítica do texto.
Observamos que a banca propôs, para essa proposta, um trecho da carta de princípios da imprensa adotada em 1994, denominada Declaração de Chapultepec. Percebe-se, nesse excerto, como ideia central, a defesa clara aos princípios de liberdade não só da imprensa, mas também do cidadão, levando-nos a concluir que a função primordial da imprensa está em divulgar e denunciar fatos pertinentes à garantia dos direitos sociais. Apreende-se também que o texto da carta é de autoria da Associação Nacional de jornais (ANJ), grupo que, desde 1979, luta pelo direito de liberdade da imprensa e que, com a Declaração de Chapultepec, em 1994, conseguiu, junto aos chefes de estado, juristas, entidades e cidadãos, um acordo internacional que garantisse à imprensa ser livre. Obviamente, muitas dessas informações fazem parte de um conhecimento extratextual, que auxilia o candidato a entender melhor as ideias contidas no raciocínio do documento e a relação com o texto seguinte, o qual afirma que há tentativas de restringir a liberdade de imprensa. Afirmação que nos faz inferir que, mesmo com todos os ganhos da ANJ, após de anos de ditadura, ainda existe um grupo defensor da imposição de limites à imprensa.
o primeiro texto, por ser parte de um documento, não deve ser contestado, a coletânea apenas permite um posicionamento do candidato no segundo texto, já que propõe um questionamento sobre até que ponto os limites dados à imprensa não prejudicariam a liberdade de expressão e informação. A partir disso, caberia ao candidato assumir um ponto de vista a cerca do tema "Liberdade de imprensa, desenvolvimento da sociedade e direitos individuais". Após isso, cabe ao candidato selecionar argumentos que defendam a tese adotada 39
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
de forma a discutir se a imprensa cumpre o papel descrito no documento, ou seja, se a imprensa realmente garante o desenvolvimento da sociedade e assegura os direitos de cada indivíduo. 7· NÍVEIS DE LINGUAGEM: AS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS
Operários, Tarsila do Amaral, 1933.
Assim como a obra de Tarsila do Amaral "Operários" retrata a diversidade cultural no Brasil. A língua, na concepção da sociolinguística, é intrinsecamente heterogênea, múltipla, variável, mutante, instável e está sempre em desconstrução e reconstrução. Ao contrário de um produto pronto e acabado, a língua é um processo, um fazer-se permanente e nunca concluído. É uma atividade social, um trabalho coletivo, produzido por todos os seus falantes, cada vez que eles se interagem por meio da fala ou da escrita. A língua, "[ ... ) sistema de sons vocais por que se processa numa comunidade humana o uso da linguagem", (CÂMARA JR., 1968, p. 223.) é renovação, pois expressa a vida. Se ela para, pode-se dizer que ela está morta, porque a história de uma língua é a história de um povo. Nenhuma língua permanece uniforme em todo o seu domínio e ainda num só local, apresenta um sem-número de diferenciações de maior ou menor amplitude. Porém, estas variedades não prejudicam a unidade da língua ou a consciência daqueles que a utilizam como instrumento de comunicação ou emoção. Existem tantas variedades linguísticas, quantos grupos sociais que compõem uma comunidade de fala. Essa variação pode acontecer de formas diferentes, até mesmo dentro de um único grupo social. Porém, ela não é aleatória, fortuita ou caótica, pelo contrário, apresenta-se organizada e condicionada por diferentes fatores. Essa heterogeneidade ordenada tem a ver com a característica própria da língua: o fato de ela s.eraltamente estruturada
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
e, sobretudo, um sistema que possibilita a expressão de um mesmo conteúdo informacional por meio de regras diversas, todas, igualmente, lógicas e com coerência funcional. É um sistema que proporciona aos falantes todos os elementos necessários para a sua plena interação sociocultural. A variedade de uma língua que um indivíduo usa é determinada por quem ele é. Todo falante aprendeu, tanto a sua língua materna como uma particular variedade da língua de sua comunidade linguística, e essa variedade pode ser diferente em algum ou em todos os níveis de outras variedades da mesma língua, aprendidas por outro falante dessa mesma língua. Tal variedade, identificada segundo essa dimensão, chama-se dialeto.
Nenhuma língua permanece estática. Ela apresenta variedades geográficas, sociais e individuais, já que o falante procura utilizar o sistema idiomático da melhor forma que convém. Com essas diferenciações, não há prejuízo na unidade da língua, o que existe é a comunicação. E nessa existe algo comum para o emissor e o receptor que lhes facilita a compreensão. Esse elemento é a norma linguística que ambos os interlocutores adquirem da comunidade. A norma é relativamente estável, pois está presa à estrutura político-social, mas pode mudar no curso do tempo, se o indivíduo mudar de um grupo social. A fala é a imagem de uma norma e varia de usuário para usuário. Dessa forma, é uma ilusão acreditar que a língua possa um dia ser estável, pois ela é a imagem e a voz de um povo, em constante mutação. 7.1 Níveis de variação linguística O processo de variação linguística ocorre em todos os níveis de funcionamento da linguagem, sendo mais perceptível na pronúncia e no vocabulário. p.1 Nível fonológico Corresponde às diferentes maneiras de se pronunciar uma mesma palavra. OI final de sílaba é pronunciado como consoante pelos gaúchos, enquanto, em quase todo o restante do Brasil, é vocalizado (pronunciado como um u); As pessoas do Rio de janeiro, ao pronunciarem a consoante "s" em palavras como rosto, pasta, história, liberam o som da consoante "X" (fala-se roxto, paxta, hixtória). O português do Maranhão é falado semelhante ao de Portugal. Os paulistanos e mineiros falam com bastante entonação o som da consoante "r". Em certos segmentos sociais, troca-se o I pelo r (diz-se arto e não alto).
41
REDAÇÃO· Camila Sabatin
p.2 Nível morjossintático Muitas vezes, por analogia, por exemplo, algumas pessoas conjugam verbos irregulares como se fossem regulares: "manteu", ao invés de "manteve", "quera" no lugar de "queira". Também existe a falta de concordância entre sujeito e verbo "As menina vão na festa". Mudanças na ordem sintática da frase "Não quero ir", "Quero ir não". Há ainda variedade em termos de regência: "eu lhe vi" ao invés de "eu o vi".
l-1·3 Nível vocabular Algumas palavras são empregadas em um sentido específico de acordo com a localidade. Exemplos: em Portugal diz-se "miúdo", ao passo que, no Brasil, usa-se "moleque", "garoto", "menino", "guri"; "curumim". Para mandioca, usamos "macaxeira", "aipim". As gírias são, tipicamente, um processo de variação vocabular. 8. TIPOS DE VARIEDADES liNGUfSTICAS
8.1 Dialetos São variedades originadas das diferenças de região ou território, classe social, evolução da língua, idade, profissão, sexo. 8.1.1. Variação regional ou territorial
O Brasil é um país de dimensões continentais, o que contribui para uma grande diversidade cultural, religiosa, econômica, mas, ainda assim, possui uma língua única. A influência de várias culturas deixou na língua portuguesa marcas que acentuam a riqueza de vocabulário e de pronúncia. Entre essas influências estão as indígenas, africanas, europeias que, com maior ou menor intensidade, deram origem a expressões típicas. Essa variedade linguística pode se manifestar na estrutura sintática, vocabular e fonética. Diferente do que muitos pensam, não existe erro ou acerto, um falar melhor ou pior, existe uma mesma língua, a Portuguesa, só que expressa de ma.neiras diferentes, graças aos regionalismos dada a dimensão territorial do nosso país. Também existe a variação territorial, visto que existem oito países do mundo a falar a Língua Portuguesa, os chamados países lusófonos (Portugal, Brasil, Moçambique,. j\ngola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné Bissau, Timor leste). · · ·
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Cap.l• A INTERPRETAÇAo TEXTUAL
DIFERENTES TIPOS DE ASSALTANTES BRASII..EIROS Assaltante Cearense
Ei, bichim ... Isso é um assalto ... Arribg os brqçQs e num se bula, num se cague e num faça munganga ... Arrébola odinheiro no mato e não faça pantim, se não enfio a peixeira no tíw bucho e boto teu fato pra fora ... Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tô com uma fome da moléstia.
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REDAÇAo • Camila Sabatin
Assaltante Baiano
Ô meu rei... (pausa) Isso é um assalto ... (longa pausa) Levanta os braços, mas não se avexe não ... (outra pausa) Se num quiser nem precisa levantar, pro num ficar cansado ... Vai passando a grana, bem devagarinho (pausa pra pausa) Num repara se o berro está sem bala, mas é pro não ficar muito pesado. Não esquenta, meu irmãozinho, (pausa) Vou deixar teus documentos na encruzilhada ... Assaltante Mineiro
Ô, sô, prestenção ... Isso é um assarto, uai. Levanta os braço e fica quetin quêsse trem na minha mão tá cheio de bala ... Mió passá logo os trocados que eu num tô bão hoje. Vai andando, uai! Tá esperando o quê, uai!l Assaltante Carioca
Seguiiiinnte, bicho ... Tu te fudeu. Isso é um assalto Passa a grana e levanta os braços rapá ... Não fica de bobeira que eu atiro bem pro caralho .... Vai andando e se olhar pro traz vira presunto ... Assaltante Paulista
Ôrra, meu .... Isso é um assalto, meu Alevanto os braços, meu ... Passa a grana logo, meu. Mais rápido, meu, que eu ainda preciso pegar a bilheteria aberta pa comprar o ingresso do jogo do Curintia, meu ... Pô, se manda, meu ... Assaltante Gaúcho
O, guri, ficas atento ... Bah, isso é um assalto. Levanta os braços e te aquieta, tchê! Não tentes nada e cuidado que esse facãó corta uma barbaridade, tchê. Passa as pilas pró cá! E te manda a lá cria, senão o quarenta e quatro fala. Assaltante Brasiliense
Querido povo brasileiro, estou aqui no horário nobre da TV para dizer que no final do mês, aumentaremos qs seguintes tarifas: Energia, Água, Esgoto, Gás, Passagem de ônibus, Imposto de renda, Licenciamento de veículos, Seguro Obrigatório, Gasolina, Álcool, IPTU, IPVA, IPI, CMS, PIS, COFINS ... .P(lra compensar, vamos também aumentar o salário mínimo para R$ 300,00 dar um aumento de l'Yo para os servidores púplicos e cobrar taxa de Previdência dos inativos ... http://www,gargalhandó.éom/2009/12/18/ os-diferentes-tipos-de-assaltantes/
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Cap.l· A INTERPRETAÇAo TEXTUAL
8.1.2
Variações socíoculturais
,_ http ://blogdoony x. files. wordpress.com/2011/05/ charge-portugueis.jpg
A charge ao lado usa uma linguagem com reduções "fessora", "achano", "manero", "tamo"; além de acréscimos "portugueis". Muitas gírias "broder", "paradinha" e problemas de concordância nominal"os broder'' "as paradinha". A maneira de falar do garoto reflete uma linguagem específica a que chamamos de "linguagem de mano", a grande contradição está na adequação à situação de comunicação, já que o garoto está numa sala de aula e se dirige à professora. Com isso, a intenção enunciativa da charge fica clara, visto que, para o enuncia dor, não resolve mudar a ortografia da Língua Portuguesa, se ainda existem vários problemas em relação ao uso da linguagem padrão da língua. VÍCIO NA FALA
Para dizerem milho dizem mio Para melhor dizem mió Para pior pió Para telha dizem teia Para telhado dizem teiado E vão fazendo telhados. Oswald de Andrade
O poema mostra a variante social da linguagem através do uso do dialeto caipira, que consiste em abreviar algumas pala'.(ras dando um sotaque característico. De acordo com oswald, é assim que a língua, genuinamente brasileira, constitui-se, "fazendo telhados", sem regras, cen<>s e errados. O poeta enfatizou a busca por uma "língua brasileira". CHOPIS CENTIS
Eu "di" um beijo nela E chamei pro passear. A gente fomos no shopping
REDAÇÃO • Camila Sabatin
Pro "mode" a gente lancha~. Comi uns bicho estranho, com um tal de gergelim. Até que "tava" gostoso, mas eu prefiro aipim. Quanta gente, Quanta alegria, A minha felicidade é um crediário nas Casas Bahia. Esse tal Chopis Centis é muito legalzinho. Pro levar a namorada e dar uns "rolezinho", Quando eu estou no trabalho, Não vejo a hora de descer dos andaime. Pro pegar um cinema, ver Schwarzneger E também o Van Damme. (Dinho e Júlio Rasec, encarte CD Mamonas Assassinas, 1995.)
A música acima também trabalha com um tipo de variante social que se reflete em abreviações "di" ao invés de "dei", "tava" ao invés de "estava". Além de problemas de concordância verbal, "A gente fomos", ao invés de "nós fo· mos". Problema de regência verbal, "no shopping", ao invés de "ao shopping". A intenção da banda era representar o dialeto nordestino, visto que o sotaque da música era esse, bem como atesta o uso de vocabulário específico, tal como "aipim". Trabalhar com essas variantes faz com que se gere humor; isso não é só percebido nas músicas, mas também nas novelas. o que nos faz acreditar que a variação social ou cultural é um erro e, por isso, motivo de riso. 8.1.3 Variação cultural ou de profissão
http:/ /emirlarangeira.blogspot.com/2011/03/ sobre'premiacao-de-policiais.html
Cap.l ·A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
A charge anterior evidencia um discurso específico da classe policial, graças ao uso de um vocabulário técnico "algemar", "meliante", "se evadir"; caracterizando uma variante cultural típica desse grupo profissional.
http://www.robertokroll.eom.br/
Na charge acima, há uma total incoerência entre o discurso proferido pelo homem de terno e o surfista ao lado, visto que os vocábulos utilizados pelos surfistas não são formais como na fala do homem de terno, na verdade, é um vocabulário específico da profissão e classe social que ocupa. Se a mesma fala fosse dita pelo surfista, seria da seguinte maneira: "Olha, brother, cada onda maneira. O mar está gringo hoje. Quero fazer vários 360° e elevadores. Vamos nessa, pegar onda ou vamos mais tarde?"
Percebemos, assim, uma variação social ligada à ocupação/profissão de cada um.
http://www.portalfiel.eom.br/charges.ph~?id=142-mesmo-discurso.html
A charge acima reflete os mesmos jargões u~ilizad<;>s pelos políticos em ano eleitoral. E a consequente descrença da população diante das promessas não realizadas.
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REDAÇAO • Camila Sabatin
8.1.4 Variação de gênero
o filme "Se eu fosse você" tem uma trama que gira em torno da troca de personalidades de um casal, o marido Cláudio, encenado por Tony Ramos, transforma-se em Helena, sua esposa, encenada por Glória Pires. Nessa troca de gêneros, percebemos claramente atitudes, gestos, tom de voz, linguajar típicos de homens e mulheres, apesar da homogeneidade cada vez maior entre os papéis sociais desempenhados pelo homem e pela mulher. Para entendermos melhor essas variações de gênero, observe o quadro abaixo:
http:/ /rizzolot.wordpress.com/page/17 /?archives-list=l
Podemos distinguir facilmente a linguagem de um adolescente da linguagem de um adulto, já que as diversas faixas etárias dos falantes apresentam
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
correlatos linguísticos, mais aparentes no plano do vocabulário, mas que podem, também, manifestar-se na pronúncia e nos tipos de construção da frase.
8.1.6 Variação histórica ou diacrônica Diz respeito à evolução da língua no tempo. Assim, o português utilizado numa cantiga de amigo da época medieval é muito diferente do português empregado num poema da atualidade. Essas mudanças podem ocorrer: no som/pronúncia; na flexão e na derivação; nos modelos de estruturação da frase; na significação dos vocábulos; pela introdução de novas palavras (neologismos e estrangeirismos). Fatores de variação: internos à língua (pelo desaparecimento de termos, expressões, estruturas sintáticas, ortografias que não são funcionais; pela prevalência do princípio da economia; pela introdução de novos elementos com a função de tornarem a comunicação clara e objetiva). externos à língua (relativos a mudanças políticas e sociais, por exemplo, o novo acordo ortográfico da língua portuguesa). CANTIGA DA RIBEIRINHA No mundo non me sei parelha, Mentre me for como me vai, Cá já moiro por vós, e- ai! Mia senhor branca e vermelha. Queredes que vos retraya Quando vos eu vi em saya! Mau dia me levantei, Que vos enton non vi fea! E, mia senhor, desdaqueldi, ai! Me foi a mi mui mal, E vós, filha de don Paai Moniz, e bem vos semelha Dhaver eu por vós guarvaia, Pois eu, mia senhor, dalfaia Nunca de vós houve nem hei Valia duo correo. Paio Soares de Taveirós
Vocabulário •
Nom me sei parelha: não conheço ninguém igual a mim.
•
Mentre: enquanto.
49
REDAÇÃO • Comi/a Sabatín
~
•
Ca: pois.
•
Branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando com o vermelho do rosto, rosada.
•
Retraya: descreva, pinte, retrate.
•
En saya: na intimidade; sem manto.
•
Que: pois.
•
oes: desde.
•
Semelha: parece.
•
D'haver eu por v6s: que eu vos cubra.
•
Guarvaya: manto vermelho que geralmente é usado pela nobreza.
•
Alfaya: presente.
•
Valia d'ua correa: objeto de pequeno valor: SONETO DO AMOR TOTAL Amo-te tanto, meu amor ... não cante O humano coração com mais verdade Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade. Amo-te afim, de um calmo amor prestante E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante. Amo-te como um bicho, simplesmente De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente. E de te amar assim, muito e amiúde
É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude. Vinícius de Moraes
OLHOS NOS OLHOS Quando você me deixou, meu bem Me disse pra ser feliz e passar bem Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci Mas depois, como era de costume, obedeci Quando você me quiser rever Já vai me encontrar refeita, pode crer Olhos nos olhos, quero ver o que você faz Ao sentir que sem você eu passo bem demais
Cap.l· A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
E que venho até remoçando Me pego cantando Sem mas nem porque E tantas águas rolaram Quantos homens me amaram Bem mais e melhor que você Quando talvez precisar de mim Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim Olhos nos olhos, quero ver o que você diz Quero ver como suporta me ver tão feliz Chico Buarque de Holanda
Os três poemas representam histórias de amor em diferentes épocas. Paio Soares de Taveirós foi um trovador da metade do século XII e escreveu a célebre Cantiga da garvaia ou da Ribeirinha, considerada a primeira obra poética em língua galaico-portuguesa. É uma cantiga de amor cheia de ironia e, por isso, atualmente, considerada por diversos autores como uma cantiga satírica. Já o poema de Vinícius de Moraes é do início do século XX e o poema/música de Chico Buarque é da segunda metade do século XX. A linguagem dos três textos tem características específicas, o primeiro, em galaico-português tem um vocabulário que precísa ser traduzido, direciona-se ao interlocutor em 2• pessoa do plural "vós". Otexto de Vinícius de Moraes, por ser do início do século XX, tem vocábulos que não são comuns hoje, tais como "prestante", "amiúde", direciona-se ao interlocutor em 2• pessoa do singular "tu"; além da estrutura sintática em ênclise, "Amo-te", pouco utilizada no nosso cotidiano. E, por fim, a música de Chico Buarque tem construções típicas da linguagem utilizada atualmente com abreviações "pra", "cê" e construções em próclise "Me disse", "Me pego", consideradas típicas da língua oral e coloquial; além do direcionamento em 3• pessoa do singular "você", "sua" variação do tu muito utilizada em algumas regiões do Brasil. 8.2 Discutindo o preconceito linguístico Onosso objetivo, ao trabalhar questões de variação linguística, não é induzir o nosso aluno ao "erro", ao uso não padrão da língua, visto que objetivamos alcançar a norma culta da língua de acordo com a exigência dos concursos públicos. Trata-se de uma constatação de que as variaÇões existem e são condicionadas por fatores culturais, sociais, econômicos,. etários e de gênero. E, exatamente por saber desses fatores, é que não podemos agir de forma preconceituosa, reproduzindo discursos como "aquela pessoa é burra, fala tudo errado". Discursos como esse não levam· em conta o histórico da pessoa, a qual, provavelmente, não teve acesso à educação formal ou a uma educação
51
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
de qualidade, devido a questões soc~econômicas. Entenda um pouco mais a respeito com a leitura do texto abaixo. "AS PESSOAS SEM INSTRUÇÃO FALAM TUDO
ERRADO" O preconceito linguístico se baseia na crença de que só existe, como vimos no Mito n° 1, uma única língua portuguesa digna deste nome e que seria a língua ensinada nas escolas, explicada nas gramáticas e catalogada nos dicionários. Qualquer manifestação linguística que escape desse triângulo escola-gramática-dicionário é considerada, sob a ótica do preconceito linguístico, "errada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente", e não é raro ouvirmos que "isso não é português". Um exemplo. Na visão preconceituosa dos fenômenos da língua, a transformação de I em R nos encontros consonantais como em Cráudia, chicrete, praca, broco, pranto é tremendamente estigmatizada e, às vezes, é considerada até como um sinal do "atraso mental" das pessoas que falam assim. Ora, estudando cientificamente a questão, é fácil descobrir que não estamos diante de um traço de "atraso mental" dos falantes "ignorantes" do português, mas simplesmente de um fenômeno fonético que contribuiu para a formação da própria língua portuguesa padrão. Basta olharmos para o seguinte quadro:
Como é fácil notar, todas as palavras do português-padrão listadas acima tinham, na sua origem, um I bem nítido, que se transformou em R. E agora? Se fôssemos pensar que as pessoas que dizem Cráudia, chicrete e pronta têm ~lgum "defeito" ou "atraso mental", seríamos forçados a admitir que toda 'população da província romana da Lusitânia também tinha e;sse mesmo problema na época em que a língua portuguesa estava se formando. E que o grande Luís de Camões também sofria desse mesmo mal, já que ele escreveu ingrês, pubricar, pranta; frauta, frecha na obra que é considerada até hoje o maior monume(ltq literário do português clássico Os Lusíadas. E isso, é "craro", seria no mínimo absurdo.
a
(BAGNO, 1999, p. 39-40. Adaptado)
52
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
8.3 Registro É um tipo de variação em função do uso que se faz da língua, isso depende da situação em que o usuário e o interlocutor estão envolvidos, é o que chamamos sintonia, obseJVável na maneira como nos dirigimos, por exemplo, a uma criança, a um colega de trabalho, a uma autoridade. Escolhemos palavras, modos de dizer, para cada uma dessas situações. Pode-se dizer que o nível da linguagem deve se adaptar à situação. As variações de registro podem ser de três tipos: grau de formalismo, modalidade e sintonia. Cada tipo não se correlaciona.
8.4 Modalidade de uso A expressão da língua materna realiza-se em diferentes modalidades, dentre elas a escrita e a falada. Existem muitas diferenças entre as duas, obseJVe o quadro abaixo. É bom lembrar ainda que não podemos associar língua falada à informalidade, nem língua escrita à formalidade, porque, tanto em uma quanto em outra modalidade, verifica-se diferentes graus de formalidade. Podem existir textos muito formais na língua falada e textos completamente informais na língua escrita.
8.5 Sintonia É a adequação da linguagem
à situação de comunicação.
53
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
http://linguasdomeupais.blogspot.com/2011/04/ dependendo-do-grupo-social-que-joao-se.html
Dependendo do grupo social que João se encontra, ele muda a linguagem. Com um colega ele usa gírias; já com um professor, ele usa a linguagem formal. Essa mudança é justificada por João estar interagindo com grupos sociais diferentes. 8.6 Grau de formalismo 8.6.1 Formal É o uso da variedade culta padrão, usada com maior cuidado no uso dos recursos da língua. É a variedade linguística de maior prestígio social.
8.6.2 Informal É o caso de correspondência entre membros de uma mesma família ou amigos íntimos e caracteriza-se pelo uso de abreviações, ortografia simplificada (quando se trata de linguagem escrita), construções simples.
8.6.3 Coloquial
Refere-se à utilização da linguagem em contextos informais, diálogos íntimos e familiares, que permitem maior liberdade de expressão. Esse padrão mais informal também é encontrado em propagandas, programas de televisão e rádio.
http:/ /professor.bio.br/portugues/comentários.asp?q=5409&t=
54
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
A conversa entre a mãe e o filho, uma criança, revela um elevado grau de formalismo. Isso se deve ao uso da linguagem da mãe, que, ao ser extremamente formal, faz com que o filho, ironicamente, a copie, ou seja, entre em sintonia com o mesmo padrão de uso da mãe. Isso gera o humor da tira, visto que um adulto não se dirige de maneira tão formal para uma criança, e, em contrapartida, uma criança também não utiliza uma língua tão formalizada, carregada de termos, conjugações, e referências específicas, não típicas da sua idade.
http:/ /professor.bio.br/portugues/comentarios.asp?q=5409&t=
A charge acima revela uma linguagem informal, devido ao uso de abreviações "pra", "comê" "estudá", trocas da consoante I pela r. Problemas ortográficos "previlegiado", "casão". O diálogo é coloquial, visto que é uma conversa íntima entre amigos. Dessa forma, está adequada para os interlocutores, que, pelo que se pressupõe, têm baixo nível de escolaridade e, portanto, não têm o direito ao foro privilegiado, ou seja, cela para poucos detentos, com condições de higiene adequadas, etc., o que podemos confirmar pela imagem. AOS POETAS CLÁSSICOS
Patativa do Assaré Poetas niversitário, Poetas de Cademia, De rico vocabularo Cheio de mitologia; Se a gente canta o que pensa, Eu quero pedir licença,
55
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Pois mesmo sem português Neste livrinho apresento O prazê e o sofrimento De um poeta camponês. Eu nasci aqui no mato, Vivi sempre a trabaiá, Neste meu pobre recato, Eu não pude estudá No verdô de minha idade, Só tive a felicidade De dá um pequeno insaio In dois livro do iscritô, O famoso professô Filisberto de Carvaio. (. .. ) No premêro livro havia Belas figuras na capa, E no começo se lia: A pá - O dedo do Papa, Papa, pia, dedo, dado, Pua, o pote de melado, Dá-me o dado, a fera é má E tantas coisa bonita, Qui o meu coração parpita Quando eu pego a rescordá. Foi os livro de valô Mais maió que vi no mundo, Apenas daquele autô Li o premêro e o segundo; Mas, porém, esta leitura, Me tirô da treva escura, Mostrando o caminho certo, Bastante me protegeu; Eu juro que Jes4s deu Sarvação a Filisberto. (. .. )
Antônio Gonçalves da Silva, conhecido como Patativa do Assaré, nasceu numa pequena propriedade rural em Serra de Santana, município de Assaré, no sul do Ceará, em 05/03/1909. Filho mais velho de cinco irmãos, começou a vida trabalhando na roça. o fato de ter passado somente quatro meses na escola não impediu que sua vida poética florescesse e o transformasse em um inspirado cantor de sua região, de sua vida e da vida de sua gente.
Em reconhecimento ao seu trabalho, que é admirado internacionalmente, foi agraciado, no Brasil, com o título de doutor "honoris causa" por universidades locais. Publicou Inspiração Nordestina, em 1956. Cantos de Patativa, em
Cap. I • A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
1966. Em 1970, Figueiredo Filho publicou seus poemas comentados Patativa do Assaré. O poeta tem inúmeros folhetos de cordel e poemas publicados em revistas e jornais. Sua memória está preservada no centro da cidade de Assaré, num sobradão do século XIX, que abriga o Memorial Patativa do Assaré. Em seu livro "Cante lá que eu canto cá", Patativa afirma que o sertão enfrenta a fome, a dor e a miséria, e que "para ser poeta de verdade é preciso ter sofrimento". Faleceu no dia o8/o7/2oo2, aos 93 anos. Sua linguagem era totalmente informal e coloquial, adequada aos padrões linguísticos do sertanejo. Dessa maneira, sua linguagem reflete a cultura e o povo nordestino. Como era analfabeto, era a filha de Patativa quem escrevia seus textos. (ASSARÉ. (s/d). Adaptado)
9. ESTUDO DA SEMÂNTICA: A RELAÇÃO DA LÍNGUA E DA CULTURA
http://www.ivancabral.com/2010/04/charge-do-dia-semantica.html
Semântica é o estudo científico do significado das unidades linguísticas. Pode ser diacrônica (histórica) ou sincrônica (descritiva). A primeira estuda as mudanças de significado que, no decorrer do tempo, as palavras e expressões sofrem. A segunda estuda a significação das palavras no seu estado atual. Para isso, leva em conta os campos semânticos, a denotação, a conotação, homonímia, sinonímia, .polissemia, a relação entre língua e cultura na constituição de uma visão de mundo. A charge acima é uma prova de que as palavras, devido aos vários significados que podem comportar, têm o poder de influenciar as pessoas, convencer o outro. 57
REDAÇÃO· Camila Sabatin
9.1 Denotação e conotação Nem sempre a linguagem apresenta um único sentido, como o que é apresentado pelos dicionários, principalmente em textos literários, publicitários, charges, quadrinhos. Dependendo do contexto, as palavras ganham novos sentidos, carregados de valores afetivos, sociais, políticos. Alice tem um coração de gelo. (sentido figurado) Meu pai sempre toma uísque com gelo. (sentido próprio- dicionário)
9.1.1 Denotação Quando a palavra é utilizada com seu sentido comum, próprio (o que aparece no dicionário), dizemos que foi empregada denotativamente.
A imagem de uma pessoa que está prestes a abocanhar o globo terrestre espetado num garfo, corresponde ao sentido literal, isto é, denotativo da frase estamos devorando o planeta. A esse sentido denotativo de "comer a Terra" sobrepõe-se outro, o conotativo, de esgotar os recursos do planeta, como consequência do consumo exagerado . Esse sentido fica explícito na frase que sucede o enunciado principal: Água, carne, peixe: o mundo já consome mais do que a Terra pode oferecer. A interpretação figurada/conotativa só é possível graças ao contexto em que vivemos atualmente, o de crise ambiental.
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
http://emiliobarbosa.wordpress.com/2011/06/02/02jun-celular-cancer-sera-verdade/charge-celular/
A charge acima revela úm grande contraste da nossa sociedade, pois, ao mesmo tempo que as pessoas vivem em condições de pobreza, têm acesso a bens de consumo, como o celular. A palavra trânsito, utilizada no sentido literal/ denotativo, isto é, utilização das vias por veículos motorizados, veículos não motorizados, pedestres e animais, para fins de circulação, parada ou estacionamento. Assim, a graça da charge consiste em ironizar a falsa ideia de que ter acesso a bens de consumo, criando a ilusão de que as pessoas efetivamente mudaram suas condições socioeconômicas. 9.1 ..2 Conotação É quando a palavra é utiiizada com um sentido diferente daquele que lhe é usual, sentido não literal, figurado, assim dizemos que foi empregada conotativamente. A linguagem conotativa é muito utilizada na literatura, em letras de música, anúncios publicitários, charges, quadrinhos, conversas do dia a dia etc.
http:/ /veredasdalingua.blogspot.com/2011/06/d.~notacao-e-~onotacao.html
o último quadrinho revela a interpretação literal do amigo de Hagar, na verdade, ele não compreendeu que a pergunta ae''Hagarera abstrata, ligada ao transcendental. Ao responder "ao pé da letra'' a pergunta de Hagar, o amigo 59
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
usa uma expressão no sentido figurido/conotativo "pendurar a conta", que significa pagar a conta apenas no final do mês.
http:/ /karipuna.blogspot.com/2009_10_01_archive.html
A charge acima é uma crítica à exploração do trabalho indígena realizado no Brasil no período da colonização e, como consequência, reflete até hoje na vida desse povo. A crítica é revelada a partir da expressão "plantar batatas", que num primeiro momento pode soar como denotativo, já que estão falando em plantação. Porém, considerando o contexto exploratório do índio, chega-se à conclusão que "plantar batata" é a resposta dada pelo indígena diante de tanta exploração, significando, assim, "ir atrapalhar/encher outra pessoa".
9.2 Polissemia É o significado múltiplo que cada palavra pode adquirir dependendo do contexto em que se insere. Nos exemplos a seguir veremos que uma mesma palavra original tende a ganhar significados distintos, consoante os contextos.
Maria pegou gripe. (contrair) Maria pegou nojo de cigarro. (ficar) Maria pegou o filho que fumava. (flagrar) Maria pegou o filho nos braços. (segurar)
60
Cap. I • A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Trata-se de um recurso de estilo, muito utilizado em textos publicitários e de propaganda. Nas sentenças a seguir poderemos observar a existência da polissemia, mediante efeito de humor e crítica.
EXPLOR.A.Ç.Ã.O SEXUAL INFANTIL
. . .\_2 ANOS
PENA DE.. ~ A
'
~-
Denuncie Disque 100 http:/ /pontalnews.com/utilidadepublica/?p=12
O anúncio ao lado vale-se da polissemia da palavra "pena" para chamar a atenção do interlocutor. Podendo significar pena de sentir dó ou penalidade,
prisão.
BOM PRA BURRO. http://poluxcompany.blogspot.com.br/2010/05/ propaganda-dicionario-aurelio.html
A propaganda do dicionário Aurélio explora a polissemia da expressão "bom pra burro" que pode significar bom para pessoas chamadas vulgarmente de "burras", que precisam recorrer ao dicionário para sanar suas dúvidas. A expressão remete ao ditado de que o dicionário é o "pai dos burros". O outro significado remete à expressão positiva "muito bom"; ~'bom pra burro". ·
REDAÇAO • Comi/a Sabatin
http:/ /revistaaminuscu/a.blogspot.com/2010_02_01_archive.html
A charge acima satiriza um momento político em que José Roberto Arruda deixou o governo do DF em fevereiro de 2010 em meio às denúncias de pagamento de propina. Para isso, foi usado o recurso linguístico da polissemia, em que o verbo bater adquire o significado de provocar barulho com as mãos e furtar.
9.3 Polissemia x homonímia A polissemia é um processo de divergência semântica (uma mesma palavra original tende a ganhar significados distintos, consoante os contextos)- no dicionário, os vários significados aparecem, sequenciados, na mesma entrada. A homonímia é um processo de convergência lexical (várias palavras originais evoluíram para uma forma lexical igual, mas os significados mantêm-se diferentes)- no dicionário costumam aparecer em entradas diferentes. 9.3.1 Homônimos
Palavras que apresentam a mesma grafia e pronúncia, mas diferentes significados. O vale do São Francisco é uma área muito fértil. Quanto vale aquele vestido? ... O rio São Francisco é muito importante para região nordeste. Sempre rio de tudo.
9-4 Dialogismo Para Mikhail Bakhtin, o processo de interação entre textos ocorre na polifonia; tanto na escrita como na leitura, o texto não é visto isoladamente, mas sim correlacionado com outros discursos similares e/ou próximos.
62
Cap.l • A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
9-5 lntertextualidade "Todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto. Em lugar da noção de intersubjetividade, instala-se a de intertextualidade". (KRISTEVA, 1974, p. 64.) Meus oito anos
Meus oito anos
Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!
Oh que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida Das horas De minha infância Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra Da Rua de Santo Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais
Casimira de Abreu
Oswald de Andrade
9.6 Paródia É um tipo de intertextualidade, relação entre textos, imagens, geralmente usado na publicidade com a intenção de fazer uma crítica, inverter ou distorcer suas ideias de forma cômica e satírica.
Mona Lisa Leonardo da Vinci
Paródia da Bom Bril
A relação entre o que acontece em um anúncio da marca "Bom Bril" em que o ator se veste e se posiciona como se fosse a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e cujo enunciado-slogan é "Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima". Esse enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa a roupa bem macia e perfumada, uma verdadeira obra-prima (referência explícita ao quadro de Mona Lisa).
REDAÇAO • Camila Sabatin
9.7 lntencionalidade discursiva São as intenções explícitas ou implícitas existentes nos enunciados
http://jestudante.blogspot.com/2011/06/ harges-da-educacao-brasileira.html
A charge acima faz uma intertextualidade com a imagem clássica da evolução do homem ao longo do tempo. Dessa forma, se fôssemos analisar apenas a imagem, teríamos implícita a ideia de que só haverá evolução humana se tivermos educação de qualidade. Contudo, o texto verbal deixa essa ideia explícita para os interlocutores. A intenção discursiva, portanto, é maior graças à união entre texto verbal e não verbal. 10.
PROBLEMAS DE SEMÂNTICA: OS VfCIOS DE LINGUAGEM.
Os vícios de linguagem são desvios das normas da gramática-padrão. Geralmente, acontecem por descuido ou até mesmo por desconhecimento. 10.1
Barbarismo
O termo barbarismo é derivado da palavra bárbaro, ou seja, aquele que é contrário às regras ou ao seu uso, que agt7}Íe maneira incorreta. De acordo com o Didonário Michaelis da Língua Portugue~;a, uma das .significações de barbarismo "é o uso de formas vocabulares cori.tfárias à norma culta da língua". (BARBARISMO; [s/dD Os barbarismos ocorrem sem que sejam percebidos, pois acontecem por ignorarmos a norma padrão que Ç~ge o IJSO de algumas palavras ou expressões. É um termo empregado como referência aos erros de pronúncia, prosódia, ortografia, flexões, significado, palavras inexistentes na língua e formação irregular de palavras. Veja abaixo alguns exemplos em que o barbarismo ocorre: lO.l.l.
Barbarismo ortoépico:
•
p~éu ·por peneu.
•
rubrica por rúbrica.
Cap.l· A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
•
gratuito por gratuíto .
•
programa por pograma
•
etimologia por etmologia
•
opinião por opnião
•
lagartixa por /argartixa
•
mendigo por mendingo
•
mortadela por mortandela
•
advogado por adevogado
10.1.2
Barbarismo ortográfico:
•
exceção por excessão
•
proeza por proesa
•
ontem por honrem
•
concessiva por concessiva
•
asa por aza
10.1.3
Barbarismo gramatical:
•
quando eu vir por quando eu ver.
•
quando eu puser por quando eu pôr.
•
ela está meio cansada por ela está meia cansada.,
10.1.4
Barbarismo semântico:
(sentido das palavras e da interpretação das sentenças) •
ir de encontro a (chocar-se com) e ir ao encontro de (estar a favor de, na direção de)
•
tráfego (movimento intenso de carros) e tráfico (comércio ilegal)
•
comprimento (tamanho) e cumprimento (saudação)
REDAÇAO ·Comila Sabatin
10.1.5
Barbarismo morfológico:
•
cidadãos por cidadães
•
um telefonema por uma telefonema.
•
propuseram por proporam reouve por reavi
•
deteve por deteu
•
interveio por interviu
10.1.6 Barbarismo mórfico:
filmoteca por filmeteca. •
antediluviano por antidiluviano.
10.2 Solecismo
É uma inadequação na estrutura sintática da frase com relação à gramática normativa do idioma. O solecismo pode ser de: 10.2.1 Concordância
•
Haviam muitos alunos naquela sala. (Havia)
•
Eles são trabalhador. (trabalhadores)
•
Aqueles animais é do pantanal. (são)
•
Fazem seis meses que não vejo a minha mãe. (Faz)
10.2.2
Regência
•
Eu assisti o filme em casa. (ao)
•
Os filhos não obedecem os pais. (aos)
•
Vou no banheiro (ao)
10.2.3
Colocação
•
Dancei tanto na festa que não aguentei-me em pé. (não me aguentei)
•
Me passa o sal. (passe-me)
66
Cap.l ·A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
10.3 Ambiguidade
Na gramática, ambiguidade, também chamada de anfibologia, é todo duplo sentido causado pela má construção da frase. A função da ambiguidade é sugerir significados diversos para uma mesma mensagem. Embora possa funcionar como recurso estilístico, em sua maioria, a ambiguidade incorre em um vício de linguagem, que decorre da má colocação da palavra na frase, comprometendo o significado. Veja as causas que provocam a ambiguidade. 10.3.1 Uso indevido de pronomes possessivos
O cachorro do seu irmão avançou na minha amiga. (cachorro pode ser o animal (cão), ou uma depreciação para irmão). Reescrita: O cachorro cujo dono é seu irmão avançou na minha amiga. ou O seu irmão que é um cachorro avançou na minha amiga. Maria comeu um doce e sua irmã também. (Maria comeu um doce, e sua irmã também?). Reescrita: Maria e a irmã comeram o doce. A mãe de Pedro entrou com seu carro na garagem. (De quem era o carro?) Reescrita: A mãe de Pedro entrou na garagem com o carro dela. 10.3.2
Colocação inadequada das palavras
Os alunos insatisfeitos reclamaram da nota no trabalho. (Os alunos ficaram insatisfeitos naquele momento ou eram insatisfeitos sempre?) Reescrita: Insatisfeitos, os alunos reclamaram da nota no trabalho. 10.3.3 Uso de forma indistinta entre o pronome relativo e a conjunção integrante:
o aluno disse ao professor que era carioca. (Quem era carioca, o professor ou o aluno?) Reescrita: O aluno disse que era carioca ao professor. 10.3.4
Uso indevido de formas nominais
A mãe pegou o filho correndo na rua. (Quem corria? A mãe ou o filho?) Reescrita: A mãe pegou o filho que corria na rua.
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
10.4 Pleonasmo
Pleonasmo é uma palavra de origem grega que significa superabundância. Chama-se pleonasmo o uso de uma expressão ou ideia redundante, também conhecido por tautologia. O pleonasmo vicioso é a repetição de um termo ou ideia, evidentes ou inúteis na frase. É uma repetição exagerada, redundante. Ela é completamente desnecessária. Muitas vezes, o uso do pleonasmo acontece porque, com o tempo, houve o esquecimento do significado das palavras ou expressões. Observe a lista de pleonasmos a seguir e não erre mais.
•
há anos atrás
•
vereador da cidade
•
prefeito da cidade
• •
elo de ligação acabamento final
•
duas metades iguais
•
sintomas indicativos
• •
certeza absoluta juntamente com
• •
continua a permanecer
•
a última versão definitiva
•
possivelmente poderá ocorrer
• • • • • • • • •
comparecer em pessoa
68
abertura inaugural
gritar bem alto propriedade característica a seu critério pessoal hemorragia de sangue entrar para dentro sair para fora plebiscito popular ilha fluvial
Cap. I • A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
• •
unanimidade de todos
•
encarar cara a cara
• •
repetir de novo
•
exultar de alegria
•
encarar frente a frente
consenso geral
enfrentar de frente
OBS.: Não há redundância em "intrometer-se no meio" e "voltar-se para trás". Uma pessoa pode intrometer-se no início, meio ou fim de uma conversa, assim como alguém pode voltar-se para o lado. 10.5 Cacófato
A palavra "cacófato", derivado dos elementos gregos "kakós" (= mau) e "phaton" (= que pode ser dito ou expresso), designa a produção de um som ruim oriundo da junção da sílaba final de uma palavra com a inicial da seguinte. Existem dois grupos de cacófatos: os que produzem formações obscenas, e os que não produzem formações obscenas.
Só os primeiros devem ser combatidos, pois, se cultivarmos uma obsessiva vigilância contra todo tipo de cacófato, incorreremos no erro de censurar construções como "ela tinha", "já tinha", "uma mão", "por cada", "por tal", "pouca fé", tão comuns até entre os melhores escritores. Como bem disse Rui Barbosa, "se a ideia de 'porta', suscitada em 'por tal', irrita a 'cacofatomania' desses críticos, outras locuções vernáculas têm de ser, como essa, refugadas". Há, porém, como dissemos, os cacófatos que produzem palavras obscenas e estes- por uma gama de razões, entre as quais as piadas que motivam- devem ser coibidos. Veja o quadro abaixo alguns exemplos e as respectivas adequações.
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
10.6
Colisão
Ocorre com a repetição de consoantes iguais ou semelhantes, provocando uma dissonância. Sua saia sujou. Pede o Papa paz ao povo. O sabido sempre sabe. 10.7
Eco
Caracteriza-se pela utilização de palavras com terminações iguais ou semelhantes na frase, provocando dissonância: Sua atuação causou comoção em toda a população. 11.
SENTIDO DE UMA PAlAVRA: PAlAVRAS PARÔNIMAS E HOMÔNIMAS DEl
http: I I mareio .avi la. blog.uo l.com. br I arch2010-12 -01_2ó10-12 -31.html
70
Cap.l· A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Só o contexto ajuda a definir o exato significado da palavra. A palavra "fogo" não significa a mesma coisa em contextos diferentes. Na charge ao lado, significa fogo para acender algo. Porém, se uma pessoa visse o veículo pegando fogo gritasse: "fogo!", o sentido seria outro. Da mesma forma, poderíamos pensar que um soldado na guerra dissesse: "fogo!", o sentido seria completamente outro, significando o início de um tiroteio. 11.1
Sinônimos
São sinônimas as palavras que têm significado equivalente ou semelhante. É preciso reconhecer o contexto em que a palavra está inserida para que o sentido não se altere.
•
fiel= leal
• • • •
oferecer = dar- dedicar oferta = dádiva - donativo triste = melancólico . resgatar = recuperar
•
maciço = compacto
•
ratificar = confirmar
•
digno = decente, honesto
•
reminiscências = lembranças
•
insipiente = ignorante . Não existem sinônimos perfeitos.
Em discursos técnicos, as diferenças de sentido podem ser relevantes e mudar todo um contexto, é o caso das palavras roubo e furto. Embora sejam consideradas sinônimas na linguagem cotidiana, na linguagem jurídica, são diferentes. Roubo é quando a vítima sofre algum tipo de violência ou ameaça, já o furto não possui agressão. As palavras também possuem graus de intensidade, dizer triste, melancólico, depressivo tem diferenças, embora, para muitos, sejam sinônimos em muitos contextos. Têm claramente significações diferentes. Assim: triste<melancólico<depressivo "Esses que pensam que existem sinônimos oesconfio que não sabem distinguir as diferenças nuanças de uma cor". (QUINTANA, [s/d])
71
REDAÇÃO· Camila Sabatín
11.2 Antônimos
São palavras que apresentam, entre si, sentidos opostos, contrários.
http:/ /www.portalentretextos.eom.br/noticias/ inscrito-no-enem-atente;se-ao-essencial,776.html
•
bom- mau
•
bem- mal
•
condenar- absolver
•
simplificar- complicar
• • •
soberba- humildade concórdia - discórdia
•
bendizer- maldizer
progredir- regredir
11.3 Palavras homônimas 11.3.1
Homônimos perfeitos
Têm a mesma grafia e o mesmo som. •
cedo (advérbio) e cedo (verbo ceder);
•
meio (numeral), meio (adjetivo) e meio (substantivo).
11.3.2
Homônimos homófonos
Têm o mesmo som e grafias diferentes. •
sessão (reunião), seção (repartição) e cessão (ato de ceder);
•
concerto (harmonia) e conserto (remendo),
72
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
11.3.3 Homônimos homógrafos Têm a mesma grafia e sons diferentes. •
almoço (refeição) e almoço (verbo almoçar);
11.4 QUadro - palavras homônimas Acento- sinal gráfico, tom de voz;
Assento -lugar, superfície onde se senta.
Acender- atear ou pegar fogo;
Ascender - subir, alçar, mover-se fisicamente para cima.
Acessório- que não é fundamental, adicional;
Assessório - referente ou pertencente a as· sessor.
Aço - liga de ferro e carbono;
Asso - 1• pessoa do indicativo presente do verbo assar.
Acerca de- sobre, a respeito de;
Há cerca de- perto de, ou faz(= tempo decorrido) perto de.
Afim -que tem afinidade, ligação, parentesco;
A fim - com intenção ou vontade de, com a finalidade de.
Apreçar- perguntar o preço de;
Apressar- tornar rápido, impor maior pressa.
Área- superfície;
Ária- canção, cantiga.
Arroxar [arroxear]- tornar roxo
Arrochar- apertar muito, criar dificuldade.
Az- divisão de um exército, esquadrão;
Ás- carta de jogar, campeão.
Caçar - ir ao encalço de, perseguir animais Cassar- anular, revogar. ou aves; Calda- líquido espesso e viscoso, xarope, espécie de molho;
Cauda- rabo, parte posterior de avião.
Cela - pequeno quarto, cômodo de reduzidas Sela- arreio (peça de couro). dimensões; Celeiro- galpão, depósito de provisões;
Seleiro- quem faz sela, arreio.
Censo- recenseamento, dados estatísticos;
Senso- juízo claro, raciocínio.
Censual- relativo ao censo;
Sensual- relativo ao sexo, aos sentidos.
Céptico- que duvida ou quem duvida;
Séptico - que causa infecção.
Cerração- nevoeiro denso;
Serração- ato de serrar, de cortar.
Cerrar- fechar;
Serrar - cortar.
Cessão - ato de ceder; Sessão - espaço de tempo que dura uma atividade (ou parte dela).
seção ou secção- corte, divisão: repa,rtição;
Sexto -ordinal de seis.
Cesto - balaio;
Servo- empregado, servente.
cervo -animal;
Xá- título do ex-imperador do Irã.
Chá - bebida;
73
REDAÇÃO· Camila Sabatin
Xeque-lance de jogo de xadrez, dirigente árabe.
Cheque -ordem de pagamento;
Sidra -vinho de maçã.
Cidra -fruto;
Sinta - subjuntivo presente e imperativo do verbo sentir.
Cinta - tira de pano;
Coxo -capenga, manco.
Cocho - recipiente de madeira;
Conserto- reparo.
Concerto- sessão musical;
ConsOio - assembleia, reunião, conselho.
Concflio- assembleia ou reunião de eclesiásticos;
Cozer- cozinhar.
Coser- costurar;
Desconsertado - desarranjado.
Desconcertado- descomposto;
Empossar- dar posse.
Empoçar- fazer poças;
Expectador- que tem expectativa ou que está. Espectador- o que observa um ato; Experto- perito, entendido.
Esperto- ativo, inteligente, vivo;
Expiar- sofrer castigo.
Espiar- observar, espionar;
Expirar- terminar.
Espirar- soprar, exalar;
Explanada (o)- particípio de o verbo explanar.
Esplanada -terreno plano;
Extasiado- arrebatado.
Estasiado- ressequido;
Extático- admirado, pasmado.
Estático- firme, imóvel;
Externo - que está por fora.
Esterno- osso dianteiro do peito;
Extirpe- flexão do v. extirpar.
Estirpe - raiz, linhagem;
Extrato- resumo, essência.
Estrato- tipo de nuvem;
Extremado - extraordinário.
Estremado - demarcado;
Inserto- inserido, incluído.
Incerto - duvidoso;
lnsipiente -ignorante, sem juízo, imprudente.
Incipiente- que inicia, principiante;
lntensão- intensidade; força.
Intenção - propósito;
Interseção- ponto onde duas linhas se cruzam.
Intercessão -ato de interceder;
Passo- marcha.
Paço- palácio real ou episcopal;
Profetisa- feminino de profeta.
Profetiza - do verbo profetizar;
Russo- da Rússia.
Ruço- grisalho, desbotado, situação grave;
Cerva -fêmea do cervo.
Serva -criada, escrava;
Sesta- descanso depois do almoço;
Sexta - numeral correspondente a seis; Cesta- utensílio de vime.
Tacha - pequeno prego;
Taxa - imposto, preço de um serviço público.
Tachar- atribuir defeito;
Taxar- fixar taxa.
Vês- 2• pessoa do presente do indicativo do Vez- momento, ocasião. verbo ver; Viagem -substantivo: a viagem;
Viajem- forma verbal: que eles viajem.
Vivido- experiente;
V'rvido -ardente, vivaz.
.74
Cap.l· A INTERPRETAÇAO TEXTUAL
11.5 Quadro: palavras parônimas
Palavras parecidas na escrita e na pronúncia, mas diferentes no significado. Acostumar- habituar-se, adaptar-se;
Costumar- ter o hábito, o costume de.
Acurado -feito com muito carinho;
Apurado- refinado, desvendado, averiguado.
Adotar-aceitar: alguém, doutrina, ide ia, opinião;
Dotar- conceder dote, beneficiar, favorecer.
Aferir- avaliar; julgar por meio de comparação;
Auferir- colher, obter ou receber vantagens.
Agourar - prever algo sobre si mesmo ou aiguém, pressentir;
Augurar- fazer prognósticos, pressagiar.
Amoral- pessoa destituída de senso moral;
Imoral- contrário à moral, à decência, libenino, devasso.
Apóstrofe- figura de linguagem;
Apóstrofo - sinal gráfico.
Aprender- instruir-se, adquirir conhecimento,
Apreender - assimilar mentalmente, captar, compreender.
Arrear- pôr arreios, encilhar, selar;
Arriar - abaixar, fazer descer o que estava no alto.
Assoar- limpar secreção nasal;
Assuar- dar vaia em, apupar.
Atuar- desempenhar um papel como ator;
Autuar -lavrar um auto de infração, processar.
Auto - ato público, peça teatral de um ato, peça processual;
Alto - de grande extensão venical, elevado.
Calção- calça cuna;
Caução-fiança, penhor; garantia de pagamento.
Calda - líquido espesso e viscoso, xarope, espécie de molho;
Cauda - rabo, pane posterior do avião.
Câmara -local onde se reúnem os deputados;
Câmera- aparelho que capta e reproduz imagens.
Cavaleiro- aquele que sabe andar a cavalo;
Cavalheiro- homem educado.
Celerado- aquele que cometeu ou é capaz de cometer crimes;
Acelerado -apressado.
Comprimento- extensão;
Cumprimento- saudação, ato de cumprir.
Conjetura- suposição, hipótese;
Conjuntura - situação, circunstância.
Costear- navegar pela costa;
Custear- pagar custos.
Deferir- atender; conceder;
Diferir- distinguir-se, ser diferente, adiar.
Degredado- desterrado, exilado;
Degradado- estragado, rebaixado, aviltado.
Delatar- denunciar;
Dilatar- alargar, ampliar.
Descrição- ato de descrever; expor;
Discrição- reserva; qualidade de discreto.
Descriminar- inocentar;
Discriminar- distinguir.
Desmistificar- desfazer um engano, uma ilusão;
Desmitificar- desfazer um mito.
Despensa- lugar de guardar mantimentos;
Dispensa- isenção, licença.
Desapercebido- desprevenido, desprovido;
Despercebido- não percebido, não notado.
75
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
~
Destratar- insultar;
Distratar- desfazer trato, anular, rescindir.
Destinto -desbotado;
Distinto- diferente, ilustre.
Discente -que aprende;
Docente- que ensina.
Eludir- evitar com destreza;
Iludir- enganar.
Emergir- vir à tona;
Imergir- mergulhar.
Emigrar- sair da pátria;
Imigrar - entrar num país estranho para nele morar.
Eminente- notável, célebre;
Iminente- prestes a acontecer.
Emissão -ato de emitir, pôr em circulação;
Imissão- fazer entrar.
Emitir- lançar fora de si;
lmitir- fazer entrar.
Esbaforido - ofegante, cansado;
Espavorido - apavorado, assustado.
Estada - permanência de pessoa;
Estadia- permanência de veículo.
Estância - morada;
Instância- jurisdição, urgência.
Estofar- cobrir de estofo;
Estufar- meter em estufa.
Flagrante - evidente, registrado no momento Fragrante -que exala bom odor, aromático. da realização; Fluir- correr com certa abundância, emanar;
Fruir- gozar, desfrutar.
Fuzil -arma de fogo;
Fusível- peça de instalação elétrica e/ou eletrônica.
Imergir- afundar;
Emergir- vir à tona.
Incerto- duvidoso;
Inserto- inserido, incluído.
Incidente- acontecimento imprevisível, episódio; Acidente- acontecimento casual, porém grave. Inflação- desvalorização do dinheiro;
Infração- violação, transgressão.
Informar- transmitir conhecimento;
Enformar- colocar na forma; Entornar- colocar no forno.
Infligir- aplicar pena ou castigo;
Infringir- transgredir, violar, não respeitar.
Mandado- ordem judicial;
Mandato- período de permanência em cargo.
Peão- peça de xadrez, quem lida com boi;
Pião - espécie de brinquedo de madeira.
Pequenez- qualidade de pequeno;
Pequinês- natural ou habitante de Pequim, raça de cães da china.
Pleito - escolha de pessoa para ocupar um Preito- manifestação de veneração, homenagem. cargo, disputa; Precedente- antecedente;
Procedente- proveniente, oriundo.
Proeminente- saliente (no aspecto físico);
Preeminente- nobr~, distinto.
Prescrição - ordem expressa;
Proscrição- eliminação, expulsão.
Previdência- faculdade de ver antecipadamente Providência - a suprema sabedoria atribuída o futuro; a Deus. Ratificar- confirmar;
Retificar- tornar reto, endireitar.
Recrear- divertir;
Recriar- criar novamente.
Soar- produzir som;
Suar- transpirar.
Sobrescrever, sobrescritar - escrever sobre, endereçar;
Subscrever, subscritar- assinar.
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Surtir- dar origem a, provocar, produzir (efeito ou resultado). Tráfico - comércio ilegal. Tráfego- trânsito; Treplicar- responder a uma réplica; Triplicar- multiplicar por três. Vadear- atravessar (rio) por onde dá pé; Vadiar- viver na vadiagem, vagabundear. Vultoso- volumoso, de grande vulto, enorme; Vultuoso -atacado de vultuosidade, inchado. zunido - som agudo do vento. zumbido- sussurro de insetos alados; Sortir- abastecer-se;
11.6 Palavras homônimas e parônimas nos textos
No texto acima, temos a presença de homônimos homógrafos, no caso, a palavra sede que, no contexto, significa cidades que receberam a copa. Porém, essa mesma palavra em outro contexto, pode significar sede (vontade de beber). Por exemplo: "Preciso de água, estou com muita sede".
1/tiJdo'em,·Cítna.t>log·spo .com/2010/02/ charges-o-negocio-.e'Í'ir-para-nao-chorar.html
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
A charge anterior traz o homônii\lo hom6fono cassa que, no contexto, significa anular, revogar. Porém, existe outro verbo com o mesmo som, mas grafias diferentes caçar, significando perseguir animais ou aves;
http://obfogdobarbosa.blogspot.com/2010/04/ apa-decrevista-veja-destaca-serra.htmf
A capa da revista acima traz a imagem do ex-candidato à presidência da república em 2010, )osé Serra. O sobrenome do candidato é um homônimo perfeito, visto que pode ser um substantivo, nome próprio, ou um verbo (serrar).
http:/ /www.dignow .org/postI charge-pafocci-e-otr%C3%Alfego-de-influ%C3'Y•. AAncia-2143397-88666.html
A charge acima traz a palavra tráfico (cométcio.ilegal) que é parônima da palavra tráf~go (trânsito). Embora sejam parecidas, essas palavras têm grafias, pronúncias e significados diferentes.
78
Cap. I· A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
12.
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
12.1
O modelo linguístico de comunicação de jahobson
Pensador russo e um dos maiores linguistas do século XX, Roman Osipovich jakobson nasceu em 11 de outubro de 1896, e faleceu em 18 de julho de 1982. Jakobson foi pioneiro da análise estrutural da linguagem, poesia e arte. Apresentou um modelo direcionado para o estudo da comunicação sob o prisma da linguística.
o modelo, de base linear, coloca em relação um destina dor de uma mensagem e o destinatário da mesma. No entanto, o modelo mostra que a mensagem tem que possuir um contexto, ou seja, tem de se referir a algo externo à própria mensagem. Omodelo acrescenta, ainda, o contato, que representa, simultaneamente, o canal físico em que a mensagem circula e as ligações psicológicas entre destinador e destinatário. Esses só percebem a mensagem, porque dominam o mesmo código. Os fatores constitutivos de qualquer processo linguístico, de qualquer ato de comunicação verbal, então, são os seguintes:
Emissor/ Remetente
•
Contexto: é o objeto ou a situação a que a mensagem se refere.
•
Mensagem: é o resultado, a comunicação em si.
•
Destinatário f Emissor: é aquele que envia a mensagem (pode ser uma única pessoa ou um grupo de pessoas);
79
REDAÇÃO· Camila Sabatin
•
Destinador I Receptor: é aquele a quem a mensagem é endereçada (um indivíduo ou um grupo), também conhecido como destinatário.
•
Canal de Comunicação I Contato: é o meio pelo qual a mensagem é transmitida.
•
Código: é o conjunto de signos e de regras de combinação desses signos utilizado para elaborar a mensagem: o emissor codifica aquilo que o receptor irá descodificar.
A cada um dos fatores constitutivos do modelo de jakobson corresponde uma função da linguagem. Num ato comunicativo, as funções aparecem hierarquicamente organizadas, havendo sempre uma que é dominante. Cada um desses seis fatores dá origem a uma função linguística diferente. Podemos completar o esquema dos seis fatores fundamentais por um esquema correspondente das funções: Função Referencial (centrada no contexto)
Função Emotiva ,, , _i.. (centrada no remetente) ,l-r ''"'"'''''''''"'·"'''''···/
Então, partindo desses seis elementos, Roman jakobson elaborou estudos acerca das funções da linguagem, os quais são muito úteis para a análise e produção de textos. As seis funções são: 12.2
Função referencial
Referente é o objeto ou situação de que a mensagem trata. A função referencial privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas sobre ele. Essa função predomina nos textos de caráter científico e é privilegiado nos textos jornalísticos.
80
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Médico é preso em flagrante furtando paciente em J'undiaí, em SP Publicada em 23/10/2009 às 07h40m Bom Dia São Paulo SÃO PAULO- Um médico foi preso em flagrante em Jundiaí, a 65 km de São Paulo, acusado de furtar a carteira de um paciente dentro do consultório, durante o atendimento. A vítima, o ajudante geral Christian Caetano, da Silva, foi a uma unidade de pronto atendimento do Sistema Uni co de Saúde porque estava com dor nas costas e saiu do consultório sem a carteira, onde estavam R$ 170 em dinheiro. Fonte:http:/ /oglobo.globo.com/cidodes/sp/mat/2009/10/23/medicopreso-em-flagrante-furtando-paciente-er:n-jundiaí-em-sp-790985863.asp
http://veja.obril.com.br/arquivo.shtml
"Sob as trevas da noite o pavor aúmenta. Os raros focos de luz são dois faróis de carros, dos postes de quartéis com geradores e das fogueiras ... assustadoras fogueiras alimentadas por escombros e corpos. Do Hospjtal~~e~ql c/~ Porto Príncipe emergem urros de dor de pacientes. Com>oS; primeiros raios de sol chega a notícia do resgate de uma crianÇacçm vida, e a esperança renasce". ·
No texto acima publicado na capa da,·leVi~ta Veja, o emissor procurou fornecer ao receptor informações da realic;lade:'~tiJ~l em que se encontra o Haiti, sem a opinião pessoal, de forma óbjetMt, direta, denotativa. Contudo, 81
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
a ênfase dada ao título "Do caos à esperança" foi usada de uma forma "emotiva". Logo, em um mesmo contexto, duas ou mais funções podem ocorrer simultaneamente. 12.3
Função emotiva
Através dessa função, o emissor imprime no texto as marcas de sua atitude pessoal: emoções, avaliações, opiniões. O leitor sente no texto a presença do emissor. Como no exemplo abaixo, que é a transcrição da carta com que Goethe inicia sua monumental obra "Os sofrimentos do jovem Werther": 4 de maio de 1n1 Como estou feliz por ter partido! Meu bom amigo, o que é o coração do homem! Deixá-lo, a quem tanto estimo e de quem era inseparável, e ainda assim estar feliz! Sei que me perdoa. Mas outros relacionamentos que tive, não foram acaso criados pelo destino para atormentar um coração como o meu? 12.4
Função conativa ou apelativa
Essa função procura organizar texto de forma que se imponha sobre o receptor da mensagem, persuadindo-o, seduzindo-o. Nas mensagens em que predomina essa função, busca-se envolver o leitor com o conteúdo transmitido, levando-o a adotar esse ou aquele comportamento.
Cap.l· A INTERPRETAÇAO TEXTUAL
http://www.noticiasautomotivas.eom.br/citroen-90-anoscompre-um-carro-da-citroen-e-ganhe-uma-viagem-a-paris/
"COMPRE UM CITRÕEN E GANHE UMA VIAGEM A PARIS! Neste mês de janeiro, a CITRÕEN comemora seus 90 anos com mais uma grande inovação: ao comprar um CITROEN Okm, você leva todos os benefícios de um veículo da marca e ganha uma viagem a Paris para comemorar conosco em grande estilo. Não é sorteio, comprou, viajou."
As palavras "compre" e "ganhe" foram empregadas com o intuito de "seduzir" o receptor, convencê-lo a praticar à ação de comprar o automóvel, mostrando-lhe a vantagem de adquirir um ótimo produto e ainda ganhar uma viagem. 12.5
Função fática
A palavra 'fático' significa "ruído, rumor". Foi utilizada inicialmente para designar certas formas que se usa para chamar a atenção, ruídos como psiu, ahn, ei. Essa função ocorre quando a mensagem se orienta sobre o canal de comunicação ou contato, buscando verificar e fortalecer sua eficiência. - Alô, boneca. Silêncio -Eu topo Mais silêncio. - Como é, vamos? - O senhor quer fazer o favor de me deixar em paz?
- Ah, quer dizer que o decalco aí a trás
é falso?
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
- Por favor...
.,.;
- O tal "Siga-me, estou indo para o motel" é papo furado, hein? Luís Fernando Veríssimo in "Fofinhos"
12.6
Função metalinguística
Meta linguagem é quando a linguagem se volta sobre si mesma, transformando-se em seu próprio referente, a linguagem explicando a própria linguagem. Linguístíca: s.f ciência que estuda a língua humana, a estrutura das línguas e sua origem, desenvolvimento e evolução. In Dicionário Houaiss
As Meninas. Diego Velázquez
12.7
Função poética
É quando a mensagem é elaborada de forma inovadora e imprevista, utilizando combinações sonoras ou rítmicas, jogos de imagem ou de ideias, temos a manifestação da função poética da linguagem. Essa função é capaz de despertar no leitor prazer estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos publicitários.
Cap. I ·A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Essas funções não são exploradas isoladamente, de modo geral, ocorre a superposição de várias delas. Há, no entanto, aquela que se sobressai, assim, podemos identificar a finalidade principal do texto. 13.
FIGURAS DE liNGUAGEM
13.1
Conceitos básicos
As figuras de linguagem, também chamadas de figuras de estilo, são estratégias que o escritor pode aplicar no texto para conseguir um efeito de sentido na interpretação do texto. Podem relacionar-se com aspectos semânticos, fonológicos ou sintáticos. É muito usada no dia a dia das pessoas, nas canções e assim como um valioso recurso na linguagem literária.
As figuras podem apresentar diferentes aspectos da linguagem, a ponto de reconhecermos: •
Figuras de som: aquelas que exploram a sonoridade das palavras.
•
Figuras de pensamento: aquelas que exploram jogos conceituais.
•
Figuras de palavras: ocorrem toda vez que uma palavra ou expressão é empregada num sentido diferente do seu sentido convencional, ou seja, quando ocorre um desvio de sentido.
•
Figuras de construção ou sintaxe: aquelas que exploram a construção gramatical da frase.
13.2
Figuras de som (harmonia)
13.2.1
Onomatopeia
Significa imitar um som com um fonema ou palavra. Ruídos, gritos, canto de animais, sons da natureza, barulho de máquinas e o timbre da voz humana fazem parte do universo das onomatopeias. Elas são entendidas em qualquer parte do mundo, a maioria é derivada da língua inglesa. São muito usadas em histórias em quadrinhos, já que é necessário evocar a intensidade das ideias transmitidas pelo texto. "O silêncio fresco despenca das árvores. Veio de longe, das planícies altas, Dos cerrados onde o guaxe passe rápido ... Vvwww... passou." (Mário de Andrade)
"Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno." (Fernando Pessoa)
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
13.2.1.1
A onomatopeía no texto ítllagético
l:tttp:/ /www,creatíveguerríllamarketíng.com/guerrilla-IJlaí'keting/ 40-cool-and-creative-pepsí-advertisements/
A propaganda da Pepsi Max vale-se de um recurso onomatopaico ("zzzz mmmm") para mostrar aos consumidores da bebida a intensidade com que a Max Pepsi é saborosa (Max taste), indo do zero para o max em segundos.
http:/ /helenaconectada.blogspot.com/2010/12/o-que-e-onomatopeia.html
Os quadrinhos ao lado representaram uma história apenas com o uso de onomatopeias. 13.2.2
Aliteração
É uma figura de linguagem que consiste em repetir sons consonantais idênticos ou semelhantes em um verso ou em uma frase, especialmente as sílabas tônicas. A aliteração é largamente utilizada em poesias, valorizando musicalmente o texto literário. "Em horas inda louras, lindas Clorindas e Belindas, brandas Brincam nos tempos das Berlindas As vindas vendo das varandas." Fernando Pessoa
86
Cap.l • A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
O poema acima valoriza o som da consoante "n", reforçando o valor musi-
cal do poema de Pessoa.
http:/ /nanopieces.blogspot.com/2008/06/ catita-e-mafalda-mesma-pessoa.html
O uso da aliteração com a repetição da consoante "s" revela o espírito crítico da personagem Mafalda, completamente contrária às palavras bem postas, usa toda sua criatividade e eloquência para fazer arranjos nada convencionais do discurso.
13.2.3 Assonância É uma figura de linguagem que consiste em repetir sons de vogais em um verso ou em uma frase, especialmente as sílabas tônicas. É muito utilizada em poesias, como também em prosas, especialmente em frases curtas.
"Ó Formas alvas, brancas, Formas claras". Cruz e Sousa
"João foi pra os Estados Unidos, Teresa para o convento". Carlos Drummond de Andrade "A mágica presença das estrelas!". Mário Quintana "Sou Ana, da cama da cana, fulana, bacana Sou Ana de Amsterdam." (ChicQ Buarque)
13.2.4 Paronomásia -/,
É uma figura de linguagem que consiste no empn~Mcte palavras parônimas
(com sonoridade semelhante) numa mesma frase, fenômeno que é popular-
REDAÇÃO· Camila Sabatin
mente conhecido como trocadilho. Recurso muito utilizado em discursos humorísticos e publicitários.
"Com tais premissas ele sem dúvida leva-nos às primícias" (Padre Antônio Vieira) "Melancolias, mercadorias espreitam-me". (Carlos Drummond de Andrade)
"Berro pelo aterro pelo desterro berro por seu berro pelo seu erro quero que você ganhe que você me apanhe sou o seu bezerro gritando mamãe." (Caetano Veloso).
1,3.2.4.1
A paronomásia no texto imagético
http:/ /grupokane.blogspot.com/
A propaganda do Pó Royal faz uma intertextualidade com a fala do jornalista Nelson Rubens, a qual se baseia num trocadilho chamado de paronomásia.
88
Cap.t ·A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
A propaganda ao lado de uma empresa de cerveja "coroa" usou a imagem de Reynaldo Gianecchini que, na época, era casado com a jornalista Marma Gabriela, 24 anos mais velha que ele. Assim, a publicidade explorou a associação entre vida pessoal do ator com a marca da cerveja. Para isso, utilizou o trocadilho "boa" e "coroa", explorando o que chamamos de paronomásia. 13.3 Figuras de pensamento
13.3.1 Antítese É uma figura de linguagem que trabalha com a exposição de ideias opostas. Esse recurso foi especialmente utilizado pelos autores do período Barroco. o contraste entre palavras tem por finalidade dar ênfase aos conceitos envolvidos que não se conseguiria com a exposição isolada dos mesmos. A antítese é, muitas vezes, confundida com o paradoxo. "Eu vi a cara da morte, e ela estava viva". {Cazuza) FANATISMO "Minh'alma, de sonhar-te anda perdida. Meus olhos andam cegos de te ver! Não és sequer razão do meu viver Pois que tu és já toda a minha vida! Não. vejo nada assim enlouquecida ... Passo no mundo, meu amor, a ler No mist'rioso livro do teu ser A mesma história tantas vezes lida!. .. "Tudo no mundo é frágil, tudo passa ... " Quando me dizem isto, toda a graça Duma boca divina fala em mim! E, olhos postos em ti, digo de rastros: "Ah! podem voar mundos, morrer astros, Que tu és como Deus: princípio e fim!. .. " F/orbe/a Espanca
em
Encontramos muitas antíteses e paradoxos textos de poetas e músicos, pelo fato de trabalharem temáticas ligadas ao amor, à existência, que, de acordo com a visão desses e de muitas pessoas, gera111 S~J)timentos e sensações antitéticos e paradoxais.
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
13.3.1.1 A antítese
no texto imagétfco
http:/ /www.forumnow.com.br/vip/mensagens.asp? for um=15836&grupo=248034&topico=2754990&pag=l
A capa da veja acima discute um tema bastante polêmico, antitético, o qual opõe vida e morte. Para muitos, tema paradoxal, pois como pode, ao mesmo tempo, haver vida após a morte. 13.3.2
Paradoxo
É uma figura de pensamento que consiste quando a conotação extrapola o senso comum, ou seja, a lógica. As expressões assim formuladas tornam-se proposições falsas à luz do senso comum, mas que podem revelar verdades do ponto de vista psicológico ou poético. o poema "A flor e a Náusea" de Drummond revela alguns paradoxos vividos na modernidade, encerrando verdades que caracterizam nosso estado de espírito diante de tantas contradições. Observe a imagem abaixo e veja como ela resume a ideia central do poema. A FLOR E A NÁUSEA Preso à minha classe e a algumas roupas, Vou de branco pela rua cinzenta. Melancolias, mercadorias espreitam-me. Devo seguir até o enjoo? Posso, sem armas, revoltar-me'? Olhos sujos no relógio da torre: Não, o tempo não chegou de completa justiça. O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera. O tempo pobre, o poeta pobre fundem-se no mesmo impasse.
90
Cap.l· A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Em vão me tento explicar, os muros são surdos. Sob a pele das palavras há cifras e códigos. O sol consola os doentes e não os renova. As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase. Vomitar esse tédio sobre a cidade. Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado. Nenhuma carta escrita nem recebida. Todos os homens voltam para casa. Estão menos livres, mas levam jornais e soletram o mundo, sabendo que o perdem. Crimes da terra, como perdoá-los? Tomei parte em muitos, outros escondi. Alguns achei belos, foram publicados. Crimes suaves, que ajudam a viver. Ração diária de erro, distribuída em casa. Os ferozes padeiros do mal. Os ferozes leiteiros do mal. Pôr fogo em tudo, inclusive em mim. Ao menino de 1918, chamavam anarquista. Porém meu ódio é o melhor de mim. Com ele me salvo e dou a poucos uma esperança mínima. Uma flor nasceu na rua! Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego. Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto. Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu. Sua cor não se percebe. Suas pétalas não se abrem. Seu nome não está nos livros. É feia. Mas é realmente uma flor. Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde e lentamente passo a mão nessa forma insegura. Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se. Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico. É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio. Carlos Drummond de Andrade
91
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
13.3.3 O paradoxo no
texto imagélico
http://criacionistaconsciente.blogspot. com/2009/07/paradoxo-do-ateismo.html
13.3.4
Eufemismo
Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante. "Quando a indesejada das gentes chegar Encontrará lavrado o campo, a casa limpa, A mesa posta, Com cada coisa em seu lugar". Antologia. Manuel Bandeira
"E fizeste isto durante vinte e três anos (... ) até que um dia deste o grande mergulho nas trevas (... )". Machado de Assis
13.3.4.1 O eufemismo
no texto imagético
Gl,IJE{l.ll:ll, E.S'fd1 1 ~~-DEI'\I~po.
~:lõ"
http://blog.educacional.com.br/setepornove/2011/02/19/ fique-por-dentro-figuras-de-linguagem/
92
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
http://www.ivoviuauva.com:br/eufemismos
http:/ /intervaloscomerciais.blogspot.com/2010_07_Ol_archive.html
ATENÇÃO: Ao contrário do eufemismo, existe. o .disfemismo, figura retórica que, ao invés de atenuar ou suavizar algo desagradável; procura efetivamente torná-la mais negativa, mais crua ou mais grotesca.
93
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
http:/ /www.diversaoehumor.blogspot.com/
13.3.5 Ironia Ocorre ironia quando, pelo contexto, peta entonação, pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica. Também é chamado de antífrase. "Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor." (Mário de Andrade)
"A excelente dona Inácio era mestra na arte de judiar crianças". (Monteiro Lobato)
Produzida pelo fotógrafo Sharad Haksar para a agência publicitária lpointsize, a série de fotografias Brand lrony alerta para o uso indiscriminado da publicidade para marcas das grandes multinacionais que, num país pobre como a Índia, chega a ser insultuoso. Trabalho pleno de criatividade, humor e ironia. 94
Cap. I· A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
13.3.5.1 A ironia no texto imagético
http:/ /ironiaemserie.blogspot.com/
http:/ /paulavieira.wordpress.com/2011/03/09/m
13.3.6 Apóstrofe Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar presente ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática, é utilizada para dar ênfase à expressão. "Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?" (Castro Alves)
''Tende piedade de mim, Senhor, de todas as mulheres Que ninguém mais merece tanto amor e amizade". (Vinícius de Moraes)
. 95
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
"Ó mar salgado, quanto tlo teu sal São lágrimas de Portugal." · (Fernando Pessoa)
ATENÇÃO: No cotidiano, a apóstrofe é bastante utilizada. Ela está presente em orações religiosas: "Pai nosso, que estás no céu ... "; nos discursos políticos: "Povo de Campina Grande! É com grande satisfação ...", e em situações diversas: "Minha Nossa Senhora, o que foi isso?!"; "Valha-me, Deus, que ele está doido".
13.3.7 Gradação Consiste em dispor as ideias em ordem crescente ou decrescente. Quando o encadeamento das ideias se.faz na ordem crescente temos o "clímax", quando em ordem decrescente, tem-se o "anticlímax".
13.3.7-1 Gradação Decrescente "Ó não guardes, que a madura idade te converta essa flor, essa beleza, em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em nada." Gregório de Matos
I
MAR ELUA
1'
"( ... ] I Carregando flores I E a se desmanchar I E forma virando peixes, Virando conchas I Virando seixos /Virando areia I [... ]" Chico Buarque
13.3.7-2 Gradação Crescente No início do romance Quincas Borba, de Machado de Assis, o autor trabalha essa figura de linguagem para passar a ideia da meteórica ascensão de Rubião: "( ... ]. Cotejava o passado com o presente. Quem era há um ano? Professor. Que é agora? Capitalista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Tunis, que lhe deu recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e tudo,( ... ]".
A gradação crescente no texto argumentativo tem a finalidade de intensificar a força dos argumentos, como fazia Antônio Vieira nos seus sermões, para conduzir a atenção dos seus ouvintes até um ponto alto e decisivo das suas retóricas:
Cap.l· A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
"Tudo cura o tempo, tudo faz esquecer, tudo gasta, tudo digere, tudo acaba." "O trigo ... nasceu, cresceu, espinhou, amadureceu, colheu-se, mediu-se."
1J.J.J.J Gradação Psiu
no texto imagético
_____________,_____
Sim, Sonhot _,______..
Você
QUEM DIRIGE UM FORO FUSION fEZ POR MERECER.
QUEM DIRIGE UM FORO FUSION fU POR MERECER.
13J.J.8 PROSOPOPEIA ou PERSONIFICAÇÃO Ocorre prosopopeia ou personificação quando se atribui características humanas a seres inanimados ou imaginários. Muito comum nas fábulas e nos apólogos. Veja um exemplo: UM APÓLOGO Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: -Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo? - Deixe-me, senhora. - Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. - Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
[ ... ] Machado de Assis
97
REDAÇÃO • Comi/o Sobotin
O BÊBA[)l> E O EQUILIBRISTA Caía a tarde feito um viaduto E um bêbado trajando luto Me lembrou Carlitos ... Alua Tal qual a dona do bordel Pedia a cada estrela fria Um brilho de aluguel E nuvens! Lá no mata-borrão do céu Chupavam manchas torturadas [... ) Elís Regína
13.3.8.1 A personificação no texto imagétlco
http:/ /www.portaldapropaganda.com/comunicacao/2
13.3.9 Hipérbole Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de impacto.
"Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac) "Pela lente do amor Vejo tudo crescer Vejo a vida mil vezes melhor". Gilberto Gil
Cap.l· A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
13-3-9-1 A hipérbole no texto imagético
http:/ /naturezamelhor.blogspot.com/2011/04/ sagri-e-banco-do-brasil-querem.html
A publicidade do Banco do Brasil faz uso de uma hipérbole- "o banco que é todo seu"- para enfatizar o quanto o Banco é comprometido com seus clientes, o futuro do planeta e com a sustentabilidade. 13.3.10 PerÍfrase
ou antonomásia
Ocorre perífrase quando se cria um torneio de palavras para expressar algum objeto, acidente geográfico ou situação que não se quer nomear. A perífrase é muito parecida com a antonomásia, tanto é que muitos autores não fazem distinção entre essas duas figuras, ou mesmo confundem uma com a outra. Em termos práticos, a antonomásia refere-se somente a nomes próprios; e a perífrase serve para substituir qualquer palavra, seja ela um nome próprio ou não. "No geral, a perífrase é utilizada como uma quebra de estilo para evitar a monotonia das frases feitas e criar novas relações metafóricas." (MOISÉS, 1966.)
ANTONOMÁSIAS
• o Poeta dos Escravos - Castro Alves. • o Salvador, o Nazareno, o Redentor, O Divino Mestre -Jesus Cristo. •
O Herói de Troia- Aquiles.
•
O Berço dos Faraós- Egito.
•
O Pai da Medicina - Hipócrates.
99
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
• • •
o Filho de Deus (Jesus Cristo) "; o Rei da guitarra (Jimi Hendrix) A rainha do pop (Madonna)
o Rei do Rock (Eivis Presley) • o Rei do Futebol (Pelé) • o Rei do Cangaço (Lampião)
•
•
A Rainha dos baixinhos (Xuxa)
•
o rei do pop (Michael Jackson)
• •
Águia de Haia (Rui Barbosa)
•
Veneza Brasileira (Recife)
•
Terra da Garoa (São Paulo)
• •
Opoeta dos escravos (Castro Alves)
•
OHerói de Palmares (Zumbi)
• • •
A Marrom (cantora Alcione)
Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro)
o Pai da Aviação (Santos Dumont)
A Cidade-LUz (Paris) Orei das selvas (leão) Na linguagem popular, o apelido, a alcunha é uma forma de antonomásia.
•
Visitamos a Cidade Eterna (= Roma).
•
última flor do Lácio (= língua portuguesa), inculta e bela. (Bilac)
• o astro rei (= sol) brilha intensamente. •
Aquele que tudo pode (= Deus) nos protege.
•
O país do futebol (Brasil) é adorado por seus filhos.
•
As pessoas que tudo querem (= os gananciosos) nada conseguem.
13.4 Figuras de construção 13.4.1 Assíndeto ,,
I''
É uma figura de estilo que consiste na omissão das conjunções ou conectivos, geralmente a conjunção coordenativa "e", que é substituída por uma vírgula ou outro sinal de pontuação. A função dessa figura de linguagem é dar 100
Cap. I • A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
dinamismo, vivacidade, rapidez e ritmo ao discurso. A omissão de conjunções resulta no uso de orações justapostas ou orações coordenadas assindéticas, separadas por vírgulas. "A tua raça quer partir, guerrear, sofrer, vencer, voltar". Cecília Meireles
"Vim, vi, venci." (Júlio César, imperador romano)
13.4.1.1
o assíndeto no texto imagético
Revista Veja, 28/8/96.
13.4.2 Elipse
Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente podemos identificar ou subentender no contexto. Pode ocorrer a supressão de pronomes, conjunções, preposições ou verbos. É um poderoso recurso de concisão e dinamismo. "Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas." omissão do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (desandálias ... )
13.4.3 Zeugma Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando subentendida sua repetição. Em casa eu leio jornais; ela, revistas de moda. (omissão do verbo 'ler') 101
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
ATENÇÃO: Para muitas gramátiGts, a distinção entre elipse e zeugma é ultrapassada. Essa distinção corresponde a uma interpretação tradicional desses conceitos. Enfim, em termos modernos, elipse é o fenômeno linguístico geral, que compreende o caso particular da figura de linguagem zeugma.
13.4.3.1 Ozeugma no
texto imagético
http://veja.abril.com.br/blog/reinàldo/geral/a-garota-da-capa/
O texto principal da capa da Veja trabalha com a omissão de um verbo: "A realidade mudou, e nós (mudamos) com ela", esse recurso, chamado de elipse ou zeugma, já que o verbo "mudar" foi omitido da segunda oração. 13.4.4 Polissíndeto
Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige a norma gramatical (geralmente a conjunção e). É um recurso que sugere movimentos ininterruptos ou vertiginosos. "Vão chegando as burguesinhas pobres,
e as criadas das burguesinhas ricas e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza." Manuel Bandeira
"E sob as ondas ritmadas e sob as nuvens e os ventos e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito" Euclides da Cunha
"Longe do estéril turbilhão da rua~
102
Cap.l• A INTERPRETAÇAO TEXTUAL
Beneditino, escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! com calma sem sofrer". Olavo Bilac
13.4.5 Anáfora
Consiste na repetição intencional de palavras no início de um período, frase ou verso. É uma figura de linguagem muito usada nos quadrinhos populares, música e literatura em geral, especialmente na poesia. Tem a intenção de enfatizar determinados contextos. DO IT Tá cansada, senta Se acredita, tenta Se tá frio, esquenta Se tá fora, entra Se pediu, aguenta Se sujou, cai fora Se da pé, namora Tá doendo, chora Tá caindo, escora Não tá bom, melhora Lenine
A ESTRELA
Vi uma estrela tão alta, Vi uma estrela tão fria! Vi uma estrela luzindo Na minha vida vazia. Era uma estrela tão alta! Era uma estrela tão fria! Era uma estrela sozinha Luzindo no fim do dia. (Manuel Bandeira)
O QUE SERÁ (À FLOR DA PELE) O que será que me dá Que me bole por dentro, será que me dá Que brota à flor da pele, será que me dá ' E que me sobe às faces, e me faz corar
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
E que me salta aos olhos a ~e atraiçoar E que me aperta o peito e me faz confessar O que não tem mais jeito de dissimular E que nem é direito ninguém recusar E que me faz mendigo, me faz suplicar O que não tem medida, nem nunca terá O que não tem remédio, nem nunca terá O que não tem receita Chico Buarque de Holanda
13.4·5.1 A anáfora no texto imagétlco
http:/ /www.propmark.eom.br/publique/cgi/cgilua. exe/sys/start.htm?infoid=36639&sid=2
13.4.6 Hipérbato
Figura de linguagem também conhecida como inversão, consiste na troca da ordem direta dos termos da oração (sujeito, verbo, complementos, adjuntos) ou de nomes e seus determinantes. "Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, de um povo heroico o brado retumbante. ( ... )"
Ordem direta: As margens plácidas do lpiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico. "Passeiam de Andrade)
à tarde, as belas na Avenida." (Carlos Drummond
Ordem direta: As belas passeiam na Avenida à tarde.
13.4.7 Anacoluto Ocorre anacoluto quando há interrupção do plano sintático com que se inicia a frase, alterando-lhe a sequência lógica . .como se começássemos uma frase 104
Cap. I· A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
e houvesse uma mudança de rumo no pensamento. É um recurso de retórica frequente nos autores que utilizam o fluxo de consciência, como ]ames joyce. É também muito utilizado por Guimarães Rosa, como forma de retratar a fala coloquial típica dos moradores do sertão.
"O relógio da parede eu estou acostumado com ele, mas você precisa mais de relógio do que eu". (Rubem Braga) "Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas." (Alcântara Machado)
13.4.8 Hipálage Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adjetivo: uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase.
"... as lojas loquazes dos barbeiros." (Eça de Queiros) as lojas dos barbeiros loquazes. "Ao som do mar e
à luz do céu profundo" Hino Nacional
mar profundo e não o céu.
ATENÇÃO: Vale lembrar que não somente na linguagem literária a hipálage se faz presente, mas também em construções típicas do nosso cotidiano: "Cortei meu cabelo", referindo-se ao sentido de ir ao cabeleireiro. "Ela já fez várias cirurgias", o cirurgião quem as fez, e não a própria pessoa. "O sapato não entra nos pés", quando na verdade são os pés que não cabem no sapato.
13.4.9 Silepse Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas com a ideia a elas associada.
13.4.9.1 Silepse de gênero Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou masculino).
"Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito." (Guimarães Rosa) A concordância é feita com o gênero masculino da personagem.
São Paulo é movimentada. 105
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
São Paulo é um nome próprioX! o gênero masculino; adjetivo "movimentada" concorda, no entanto, com ideia subentendida de cidade: "(A cidade de) São Paulo é movimentada". 13.4.9.2 Silepse de
número
Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical (singular ou plural). Corria gente de todos os lados, e gritavam." (Mário Barreto) A concordância é feita com a ideia de plural que a palavra "gente" traz. Os lusíadas glorificou nossa literatura. A concordância é feita com a palavra subentendida "obra" (Os Lusíadas). 13.4.9.3 Silepse de pessoa
Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal: o sujeito que fala ou escreve se inclui no sujeito enunciado. Os brasileiros choramos a derrota da seleção. Overbo na 1" pessoa do plural, "choramos", indica que aquele que fala se inclui entre "os brasileiros", sujeito expresso na frase. 13.4.10 Pleonasmo
Ocorre pleonasmo quando há repetição da mesma ideia, isto é, redundância de significado. Ele pode ser considerado um recurso de estilo (literário) ou um vício de linguagem. 13.4.10.1
Pleonasmo literário
É o uso de palavras redundantes para reforçar uma ideia, tanto do ponto de vista semântico quanto do ponto de vista sintático. O que enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem. "Eu tenho vinte anos desde aquele dia Quando com os olhos eu quis ver de perto Quando em visão com os da saudade via." Alberto de Oliveira
"Ó mar salgado, quando do teu sal São lágrimas de Portugal". Fernando Pessoa
106
Cap. I • A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
13.4.10.2
Pleonasmo vicioso
É o desdobramento de ideias que já estavam implícitas em palavras an-
teriormente expressas. Devem ser evitados, pois não têm valor de reforço de uma ideia, sendo apenas fruto do descobrimento do sentido real das palavras.
• • • • • • •
Acabamento final
•
Decapitar a cabeça
• • • • • • • • • •
Demente mental
•
Há muitos anos atrás
• •
Habitat natural
•
Hepatite do fígado
•
Introduzir dentro
•
Labaredas de fogo
•
Metades iguais
• • •
Novidade inédita
•
Pequenos detalhes
Antecipar para antes Bonita caligrafia Brigadeiro da Aeronáutica Canja de galinha Conclusão final Conviver junto
Descer para baixo Elo de ligação Encarar de frente Entrar para dentro [ou] Entrar dentro Estrelas do céu Fraternidade humana Ganhar grátis [ou de graça] General do Exército Goteira no teto
Hemorragia de sangue
Países do mundo Panorama geral
107
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
o
Planos ou projetos para o futllfo
• • • •
Prefeitura Municipal
•
Sorriso nos lábios
•
Sua própria autobiografia
•
Subir para cima
•
Surpresa inesperada
•
Vereadores da Câmara Municipal
•
Viúva do falecido
Protagonista principal Repetir de novo Sair para fora [ou Sair fora]
13.5 Figuras de palavra 13.5.1 Comparação
Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos- feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem- e alguns verbos -parecer, assemelhar-se e outros. "Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina." Chico Buarque
"De sua formosura deixai-me que diga: é tão belo como um sim numa sala negativa." João Cabral de Melo Neto
"Bateram-lhe como nunca tinham visto.
você é tão bonita quanto o Rio de Janeiro em maio e quase tão bonita quanto a Revolução Cubana." Ferreira Gullar
108
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
13.5·1.1 A comparação no texto imagético O GOVERNO TÁ Q,UE NEM MARIDO TRAIOO: ,,.../' QUANDO VAI SABER. JÁ É METÁSTASEI
http://cartunistabraga.blogspot .com/2007/08/metforas.html
Revista Cães & Cio., mar. 1996.
13.5.2 Metáfora
Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma relação de semelhança resultante da subjetividade. de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas subentendido. METÁFORA Uma lata existe para conter algo Mas quando o poeta diz: "Lata" Pode estar querendo dizer o incontível 109
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Uma meta existe para ser ~m alvo Mas quando o poeta diz: "Meta" Pode estar querendo dizer o inatingível Por isso, não se meta a exigir do poeta Que determine o conteúdo em sua lata. Na lata do poeta tudo nada cabe Pois ao poeta cabe fazer Com que na lata venha caber O incabível Deixe a meta do poeta, não discuta Deixe a sua meta fora da disputa Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe-a simplesmente metáfora. Gilberto Gil
SEM AÇÚCAR
"Sua boca é um cadeado E meu corpo é uma fogueira". Chico Buarque
"Sua boca era um pássaro escarlate." (Castro Alves)
13.5.2.1 A metáfora no texto imagético FLORESTA AMAZÔNICA, PULMÃO DO MUNDO
·amaionii:a-pulmao-do-mundo.html
110
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Jornal Folha de S. Paulo, 10/8/1999
13.5.3 Metonímia Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra, havendo entre ambas algum grau de semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação mútua. Tal substituição fundamenta-se numa relação objetiva, real. Na metonímia, o processo é externo, pois a relação entre aquilo que os termos significam é verificável na realidade externa ao sujeito que estabelece tal relação. Veja os exemplos: 13.5.3-1 O autor pela obra •
Ouvi Mozart com emoção. (a música de Mozart)
•
Leio Graciliano Ramos porque ele fala da realidade brasileira. (obra de Graciliano Ramos)
13.5.3.2 O continente (o que contém) pelo conteúdo (o que está contido) •
Ele comemorou tomando um copo de caipirinha. (Continente: um copo; Conteúdo: caipirinha contida no copo)
13.5.3.3 A parte pelo todo •
"O bonde passa cheio de pernas." (Drummond) (pernas = pessoas)
•
São muitas as famílias que procuram um teto para morar. (teto
=casa) 111
REDAÇAO • Camila Sabatin
13-5·3·4 O singular pelo plural •
"Todo homem tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal." (Art.3o-Declaração Universal dos. Direitos Humanos)- (homem = Humanidade)
•
A mulher foi chamada pqra ir às ruas na luta contra a violência. (mulher = todas as mulheres)
13.5.3.5 O instrumento pela pessoa que o utiliza •
Os microfones corriam atropelando até o entrevistado. (microfone = repórteres)
•
Ele é um bom pincel, o problema é que seus quadros são caros. (pincel= pintor)
•
Ele é um bom garfo. (garfo = come de mais)
13.5.3.6 O abstrato pelo concreto •
A juventude é corajosa e nem sempre consequente. Quventude =jovens)
•
A infância é saudavelmente desordeira. (infância = crianças)
13.5.3.7 O efeito pela causa •
Com muito suor o operário construiu sua casa. (suor= trabalho)
•
As indústrias despejam a morte nos rios. (morte= poluição)
13.5.3.8 A matéria pelo objeto •
Os bronzes tangiam avisando a hora da missa. (bronze =sino)
•
Os cristais tiniam na bandeja de prata. (cristais= copos)
13·5·3·9 A metonímia no texto imagético
112
Cap.l· A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Nesse texto de propaganda, o processo metonímico se dá na relação, proximidade de sentido ou implicação mútua entre as mulheres e o produto Dermacyd.
http://sebonerd.blogspot.com/2011/07 I portugues-pvssg-figuras-de-linguagem.html
O processo metonímico acontece na substituição da substância (água) pela marca do produto "Crystal". (mate-a com Crystal).
REDAÇÃO· Cami/a Sabatin
A marca desses produtos passou a designar o produto em si. As pessoas, ao invés de dizerem goma de mascar, dizem 'Chiclete'; para esponja de aço, 'Bom Bril' e, ao invés de dizerem lâmina de barbear; dizem 'Gilete'. Temos, dessa forma, processos metonímicos- "a marca pelo produto". ATENÇÃO: Existe caso especial de metonímia, chamado sinédoque, que consiste em exprimir o mais restrito (a parte) pelo mais extenso (o todo), ou o todo pela parte: chaminé pela fábrica, o telhado pela casa, o singular pelo plural, a matéria pelo objeto, a nação pelo governo, o gênero pela espécie, etc. Observe:
•
As chaminés forjam a grandeza de São Paulo. (a parte: chaminé, pelo todo: fábrica).
•
O homem é mortal (a espécie pelo gênero).
•
A vela singrou os mares (a parte: vela, pelo todo: navio).
•
Oíndio é valente (o singular: índio, pelo plural: índios).
•
Não dá para viver sem um teto. (a parte pelo todo)
•
Lento, o bronze (o sino) soa. (a matéria p~IQ objeto que dela é feito)
Fica claro, portanto, que a sinédoque faz uma.relação de extensão, um termo de extensão menor substitui outro de extensão maior, e vice-versa. Nem sempre a metonímia e a sinédoque são perce?i~aS"COfT!O uma figura de estilo, pois algumas de suas construções já pertencE!'Íll :iJjnguagem cotidiana: o pão de cada dia, ter bocas para alimentar, dizem'aS/máslíhguas, os sem-teto, etc. 114
Cap.l• A INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
13.5.4 Catacrese Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro "emprestado". Assim, passamos a empregar algumas palavras fora de seu sentido original. "asa da xícara"
"batata da perna"
"maçã do rosto"
"pé da mesa"
"braço da cadeira"
"coroa do abacaxi"
13.5.5 Sinestesia Consiste no cruzamento dos sentidos, percepção de mais de um sentido de uma só vez, essa pode ser visual, olfativa, tátil ou auditiva. É um fenômeno sensorial que ocorre por meio da memória e pelo excesso da criatividade, típica de uma determinada categoria de poetas. Quanto mais sentidos cruzados em apenas um sintagma, ou sob uma única conjunção sensorial, mais rica será a frase ou poesia sinestésica. O cheiro doce e verde do capim trazia recordações da fazenda, para onde nunca mais retornou. (cheiro = sensação olfativa; doce = sensação gustativa; verde = sensação visual) Um doce abraço indicava que o pai desculpara. (doce =sensação gustativa; abraço = tátil) "Dia de luz, festa de sol Um barquinho a deslizar no macio azul do mar".
O barquinho- Tom Jobim (azul = sensação visual; macio =sensação tátil)
CAPÍTULO
li
FATORES IMPORTANTES PARA CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO 1. REDAÇÃO E ORIGINALIDADE
A prova de redação é considerada a maneira mais eficiente de avaliação dos candidatos. As habilidades necessárias para apresentar um bom texto são, de fato, diversas. Capacidade de argumentação, uso da norma culta da língua portuguesa e adequação à estrutura exigida são apenas algumas delas. Entretanto, para alcançar esses quesitos, é necessário o desenvolvimento da capacidade de reflexão do candidato como melhor forma de preparação, assim, uma vida cultural intensa é muito importante, tais como ler textos críticos e de relevância literária e assistir a clássicos do cinema. Sendo assim, não espere se tornar uma pessoa original no momento em que receber o tema da redação do concurso. Procure desenvolver gradativamente essa originalidade por meio da leitura e constante reflexão. Muitas vezes, achamos que os grandes redatores e escritores são pessoas geniais que têm ideias brilhantes de forma automática, como se fosse um dom. Enganam-se os que pensam dessa maneira, ideias brilhantes demandam muito trabalho e dedicação. De acordo com João Cabral de Melo Neto, o texto é concebido racionalmente, o trabalho com as palavras é composto de 99°k de transpiração e l b de inspiração. Sobre isso, o linguista brasileiro Mattoso Câmara ]r. (2001) afirma: 0
"Qualquer um de nós, senhor de um assunto, é, em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há um jeito especial para a redação, ao contrário do que muita gente pensa. Há apenas uma falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vencem." (CÂMARA JR., 2001, p. 47.)
Para ser original, muitos candidatos apropriam-se de suas leituras e empregam nos seus textos citações de pensadore$Jamosos, considerados rebuscados, na tentativa de mostrar à banca corretora um bom nível de leitura e originalidade. No entanto, é possível verificar que essas relações feitas serviram apenas de recurso para "florear" ou "preencher" o texto, sem que, efetivamente, essas citações servissem para fundamentar a argumentação. Além dessa falsa erudição, as citações, muitas vezes, encontram-se fora de contexto, já que
REDAÇAO • Comi/a Sabatin
não é possível identificar claramen{'t a relação estabelecida pelo autor entre a expressão citada e a temática. Outras questões também são pertinentes para evitar a falsa ideia de originalidade, tais como o uso de expressões "batidas e repisadas" pelo emprego repetitivo somente na linguagem coloquial ou popular. Bem como tentar dizer algo diferente do que foi abordado na coletânea e/ou na proposta, fugindo ou tangenciando a temática abordada. Enfim, escrever um texto original é saber enxergar além das aparências, dos clichês e sensos comuns, é buscar argumentos relevantes para sustentar a tese, sair, dessa forma, do óbvio. 1.1
Análise da proposta temática e textual
Para entendermos, na prática, o todo abordado nesse item, vamos analisar um texto dissertativo, considerado acima da média, portanto, original, divulgado pela banca corretora do vestibular da PUC - Campinas no processo seletivo de 2011.' PROPOSTA 11 - DISSERTAÇÃO
Leia, com atenção, o texto que se segue: A escola é uma instituição voltada para a formação do indivíduo, entendida esta como o reconhecimento e a prática de valores positivos. Ocorre, no entanto, que a escola também se volta para a literatura e o aluno entra em contato com grandes escritores, que nem sempre tratam de valores positivos; os melhores prosadores e poetas podem abordar aspectos negativos do homem e da sociedade: a força da ambição, o autoritarismo, a injustiça, a violência, as carências de toda espécie, o ódio, o ciúme, o despeito ... Com base no que diz o texto acima, redija uma na. qual você discutirá a seguinte tese: A literatura não apregoa bons costumes, mas estimula nosso senso crítico. TEXTO
LITERATURA: RELEVÂNCIA E PODER À escola cabe, sobretudo, incentivar o hdbito da leitura. A presença da literatura como disciplina obrigàtória uma grande oportunidade que os professores têm de· intutir hos àlunos este
e
1 ...
118
Processo Seletivo PUC- campinas
2011.
Cap.ll• FATORES IMPORTANTES PARA CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO
fabuloso gosto, capaz de alterar radicalmente as percepções que sustentam a respeito do mundo. Um livro costuma ser um ótimo companheiro, com grande potencial, inclusive, para funcionar como remédio para a alma. Ocorre que nem sempre a literatura apregoa bons costumes. Há excelentes autores que são justamente rotulados como tal por se aterem a temas controversos e desenharem personagens demasiado complexos, os quais, por vezes, não difundem valores positivos- alguns têm, ao revés, comportamentos absolutamente condenáveis. Esta notável periculosidade, por assim dizer, pode não só ser atrativa aos olhos dos leitores, como também ostentar um louvável papel educador. Afinal, tem valor inestimável o texto capaz de fazer pensar. Muitos livros, ao estimularem a reflexão, fazem com que o horizonte do pensamento se expanda, e, con~equentemente, com que o senso crítico ganhe novas conotações. E um processo de amadurecimento moral: a criança, ao entrar em contato com uma fábula, por exemplo, pode extrair dela lições que servirão de ferramenta para sua existência, não obstante frequentemente se depare, na leitura, com figuras que tão somente personificam características reprováveis dos homens. Assim, não se pode afirmar que o politicamente correto garanta, na totalidade das vezes, a apreensão de ensinamentos tão valiosos quanto os que se pode tirar de obras dúbias. "O Príncipe", de Maquiavel, foi duramente censurado pelos que nele enxergavam um manual de inescrupulosidades, mas é, na verdade, uma narrativa que discute as implicações e os dilemas vividos pelos que almejam o poder. Por ter um conteúdo extremamente humano, é capaz de tocar intimamente os leitores, de modo que avaliem seus próprios vícios e sentimentos. A literatura, por conseguinte, conforta e também incomoda. Compete, a quem dela lança mão, ter a sensibilidade necessária para se transformar. Tal é a importância de seu ensino nas escolas: colocar os alunos em contato com os mais diversos tipos de obras e orientá-los em sua interpretação equivale a permitir que eles se valham de uma fonte inesgotável de prazer e possam construir, assim, uma formação crítica- o que, em última instância, beneficia a toda sociedade. (Texto produzido por alunos de um curso particular de produção e interpretação de textos.)
1.2
Estudo crítico
o texto é original, pois cumpriu alguns requi;;itos básicos, tais como: •
Boa apreensão do tema, por meio de uma leitura competente e crítica do texto da coletânea; 119
REDAÇAO • Cami/a Sabatin
•
Citação de três obras literárias, a qual demonstrou repertório cultural e leitura crítica dessas obras, correlacionando-as adequadamente ao tema proposto;
•
Demonstrou senso crítico e coerência ao relacionar as obras à temática abordada;
•
Soube, por meio da indução, defender a sua tese de forma a deixá-la explícita na conclusão. Essa técnica precisa ser bem trabalhada para não afetar a linha de raciocínio. o candidato soube trabalhar com pertinência a indução da sua defesa de tese, demonstrando habilidade com a linguagem, coerência e coesão, visto se tratar de uma estrutura diferente das dissertações clássicas.
o candidato cumpriu a tarefa proposta no vestibular de redação e ofereceu, no espaço que lhe cabia. Demonstrou senso crítico, soube usar seus conhecimentos e experiências pessoais no desenvolvimento da tese, dessa maneira, obteve uma abordagem discursiva diferente do que a maioria dos candidatos. 2.
ADEQUAÇÃO AO TEMA
Um dos grandes problemas dos candidatos, diante de uma prova de redação ou questão disçursiva, é o tema; sentem-se angustiados ao perceberem que não sabem iniciar uma redação. Essa dificuldade provoca um sentimento de incapacidade, acentuada pela pressão do tempo e falta de um repertório argumentativo. Reação muito comum que revela a falta de prática dos candidatos para essas provas. Iniciar o texto acaba sendo um problema crucial, já que o aluno, sem preparação, acaba não tendo embasamentos metodológicos para tal. Diante dessa problemática, iremos expor alguns desses problemas e propor recursos para facilitar o processo inicial de escrita do texto. 2.1
A diferença entre assunto e tema
Muitos alunos apavoram-se diante da proposta temática, têm dificuldades em compreender o que está sendo pedido. Assim, acabam por discutir um assunto que envolve o tema, e, consequentemente, extrapolam a discussão proposta. Para que isso não ocorra, é fundamental que os candidatos saibam distinguir assunto de tema. Observe os exemplos: .·
120
Cap.ll· FATORES IMPORTANTES PARA CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO
• A falta de investimento na educação brasileira.
• Ser cidadão diante da falta de
• A influência da televisão na educação das crianças.
ética política. • A ética no trabalho.
• Um país educado é um país desenvolvido.
• Ser ético é ser herói?
ASSUNTO É A GENERAliZAÇÃO, TEMA É A ESPECIFICAÇÃO.
A distinção entre assunto e tema é imprescindível, já que cumpre o primeiro quesito da prova .de redação, já discutido nos capítulos anteriores: leitura, compreensão e interpretação da proposta. Para que o candidato não corra o risco de extrapolar o tema, limitá-lo ou fugir dele, é necessário criar o hábito de selecionar/grifar as palavras-chave. Essas encaminharão o candidato à seleção de argumentos e exemplos que se encaixem na proposta. Além disso, como veremos no Capítulo 3, são as palavras-chave que deverão nortear o parágrafo introdutório. Veja como proceder: A influência da televisão na educação das crianças. Um país educado é um país desenvolvido. Ser cidadão diante da falta de ética política.
A ética no trabalho. Ser ético é ser herói? 2.2 A texto de apoio: motivação para compreensão temática
Otexto de apoio dado pela banca está subordinado ao tema e deve servir como motivação e suporte para compreensão temática. O conteúdo do texto produzido deve, portanto, aliar a leitura do texto motiva dor a.o seu próprio repertório cultural para analisar os tópicos expostos. Essa,çonduta éfundamental para que a defesa do ponto de vista não seja clichê, fundamentada em ideias de senso comum. E também não se valha da cópia ou paráfrase das informações dadas pelos textos de apoio. Dessa forma, é importante que o candidato nãodepe11da do texto de apoio para produzir o texto, já que um excerto de texto, disponibilizado pela maioria das bancas dos concursos públicos, não é fonte da arguméntação, mas sim motiva dor e norteador da discussão acerca do tema. Portanto, é necessária uma 121
REDAÇÃO· Camila Sabatin
preparação anterior, obtida com lettura atenta e constante de jornais e revistas, para que o candidato revele maturidade, pensamento crítico e repertório cultural para discutir o tema. A prova abaixo foi realizada pela Fundação Carlos Chagas (FCC) para seleção do Tribunal Regional do Trabalho da 9a região em julho de 2010. Segue o padrão de instrução, texto de apoio e proposta temática. ~,:,,';:,;<,<'-/';);:.;:,-:·L ·Ó,·~···)
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A primeira instrução é clara e bastante severa na orientação do fator que zera o texto, claro que existem outros fatores que podem zerar o texto, esses estão discriminados nos critérios de correção, os quais serão trabalhados nos próximos itens. Observe que houve a necessidade de salientar o critério de limite mínimo e máximo de linhas, já que, possivelmente, torne-se comum a alguns candidatos restringirem ou extrapolarem o número de linhas exigidas, achando que não serão punidos pela banca corretora. O item de número 2 propõe uma citação e, logo abaixo, um comentário de forma clara e objetiva, é o cerne da discussão temática. Contudo, deve se observar que há apenas um posicionamento, no caso; a favor do equilíbrio entre lucidez e sensibilidade para se alcançar a justiça. Ocandidato não precisa aderir à mesma opinião do texto de apoio, pois ó item 3 explicita que o aluno deverá se posicionar diante do tema. Muitos ainda imaginam que, pelo fato do tema ser uma afirmação, e o texto motivador ser a. favor do tema, eles devam também seguir o mesmo posicionamento. Para que esse tipo de dúvida não ocorra, faz- se necessário discutir dois outros itens. 2.3
Como escolher um posicionamento temátiCo: a defesa da tese
Após a leitura atenta do texto de apoio, o candidato deve se posicionar diante do tema. Para isso, o aluno deve propor um;questionamento da pro122
Cap.ll• FATORES IMPORTANTES PARA CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO
posta; assim, terá uma problemática a encarar, fazendo com que surja uma reflexão. um ponto de vista. A partir desse segundo passo. automaticamente os argumentos começarão a aparecer e, dependendo do grau de problematização do tema, podem até surgir propostas de intervenção . Muitos temas já vêm em forma de pergunta, assim basta ao candidato respondê-la. No entanto, se o tema for uma afirmação, transforme-o em questionamento. Observe a proposta temática a que citamos acima no item 6.2 seguindo essa metodologia: 11+
Quem julga sem equilibrar lucidez e sensibilidade não alcança a justiça?
Veja que, a partir do momento em que a proposta temática torna-se um questionamento, o aluno percebe nitidamente a importância de assumir um ponto de vista, o qual não precisa ser o mesmo proposto pelo texto de apoio, o qual apenas motiva uma discussão. Dessa maneira, o aluno pode aproveitá-lo para argumentar a favor ou, se discordar do posicionamento, contra-argumentar. A essa metodologia, chamamos de dialogia. Quando se começa a problematizar um tema, entramos em um diálogo com nosso repertório cultural. Encontramos as várias vozes presentes no texto e nos discursos que atravessam a nossa existência, discursos esses absorvidos pelo que lemos, ouvimos e assistimos. Esse processo é fundamental para a compreensão e elaboração do projeto textual, já que é no diálogo com o outro que inserimos nosso próprio discurso, com as vozes que também nos constitui. Sobre isso Voese (2004, p. 47.) afirma: "A dia/agia, pois. é inerente a todo discurso e, na medida em que diz respeito a vozes que antecederam à do enunciador e às que poderão sucedê-lo, explícita a dupla função da linguagem: não há enunciado que não exiba traços do produto histórico da atividade dos homens e que, objetivado, não possa servir de referência para que novos enunciados sejam construídos e nos quais se manifeste uma maior ou menor superação do que estava socialmente posto".
2.4 Compreensão geral do tema: qual a problemática em questão?
Para compreender de forma ampla o tema, é necessário questionar-se qual o problema que o envolve. Por exemplo, o que motivou a banca da FCC a propor o tema abaixo? Qual é a problemática que envolve essa proposta temática? 123
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
I+
Haverá modo de se julgar ol1jetivamente alguém sem levar em conta a parcela de subjetividade que é própria da condição humana? 2
Podemos elencar algumas questões: 1)
A dificuldade de julgar o outro enquanto ofício, considerando os riscos da injustiça.
2)
Como equilibrar emoção e razão, instinto e técnica ao olhar para o outro e a situação do problema?
3)
A ponderação entre a lei e o bem coletivo: o olhar humano que a justiça deve ter.
4)
A inerência da subjetividade na natureza humana.
Ao elencarmos essas questões, estamos fazendo um exercício para compreendermos o que a banca corretora espera que seja abordado no texto. Precisamos não apenas entender o que está dito explicitamente, mas compreendermos qual o pensamento que embasa a proposta, a motivação para a escolha de determinado tema. De acordo com Vygotslw, (2000, p. 130.) para compreender a fala de outrem não basta entender as suas palavras - temos que compreender o seu pensamento. Mas nem mesmo isso é suficiente- também é preciso que conheçamos a sua motivação. Nenhuma análise psicológica de um enunciado estará completa antes de se ter atingido esse plano.
Enfim, temos que nos perguntar onde aquela questão se encaixa diante da nossa realidade, se existe nela uma problemática que suscita a escolha temática. Dessa maneira, o candidato compreende com amplitude o tema e pode tomar uma posição que defenda um ponto de vista claro e objetivo.
3· DÚVIDAS COMUNS 3.1 Apresentação do texto •
Escreva sempre com letra legível.
•
Prefira a letra cursiva.
•
A letra de imprensa poderá ser usada, desde que se distingam bem as letras iniciais maiúsculas e minúsculas.
•
No caso de erro, risque com um traço simples o trecho ou o sinal gráfico e escreva o respectivo substituto.
2.
TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4• REGIÃO- FCC/ março de 2007.
124
Cap.ll· FATORES IMPORTANTES PARA CONSTRUÇÃO DE UM TEXTO
3.2 Respeito às margens e indicação dos parágrafos
•
Para iniciar os parágrafos, o espaço de um centímetro até um centímetro e meio é suficiente.
•
Não deixe espaços no final da linha. Para que isso não aconteça, escreva até o final da linha e, se a palavra não couber, faça a translineação, obedecendo às regras de divisão silábica.
3·3 limite máximo de linhas
•
Além de escrever o texto em local devido (folha definitiva), respeite o limite máximo de linhas destinadas a cada parte da prova, conforme as instruções da banca.
•
As linhas que ultrapassarem o limite máximo serão desconsideradas ou qualquer texto que ultrapassar a extensão máxima será totalmente desconsiderado.
3.4 Eliminação do candidato
o texto poderá ser desconsiderado nas seguintes situações: •
Ultrapassar o limite máximo de linhas ou não atingir o limite mínimo;
•
Ausência de texto: quando o candidato não faz seu texto na folha para o texto definitivo;
•
Fuga total ao tema: analise cuidadosamente a proposta apresentada;
•
Fugir ao gênero exigido: o candidato deve desenvolver a redação no tipo solicitado para o tema;
•
Registros inadequados, tais como desenhos, recados para o corretor;
•
Marcar que possam identificar o candidato;
•
Escrever o texto a lápis.
4. TÍTULO Embora, geralmente, as escolas ensinem que o título é obrigatório, o candidato deve ler com cuidado o edital e as instruções da prova. Existem concursos que pedem para que não se coloque título; caso não citem sobre colocar ou não o título, o uso torna-se opcional. Para colocá-lo, alguns cuidados são recomendados: 125
REDAÇÃO· Camila Sabatin
•
Se o título for uma expressão, às palavras podem ser escritas com iniciais maiúsculas (exceto artigos e preposições). Exemplo: As Cotas nas Universidades Públicas;
•
Se o título for uma oração (sujeito, predicado), apenas a primeira letra deve ser maiúscula. Exemplo: Atualmente, no Brasil, ser ético é um ato de heroísmo;
•
Não use ponto final quando o título for expressão (frase nominal), mas use quando for uma oração;
•
Leia a instrução para ver se há indicação quanto ao uso de linha em branco após o título.
5. EXEMPLO DE TEXTO
126
Cap. 11 • FATORES IMPORTANTES PARA CONSTRUÇAo DE UM TEXTO
Redação baseada na discussão do tema - "Haverá modo de se julgar objetivamente alguém sem levar em conta a parcela de subjetividade que é própria da condição humana?". TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4" REGIÃO - FCC/ março de 200?.
CAPÍTULO
0 1.
Ili
TEXTO DISSERTATIVO
ADEQUAÇÃO AO GÊNERO: O QUE É DISSERTAR?
Dissertar é discutir assuntos, debater ideias, tecer opiniões, defender um ponto de vista diante de um tema por meio de argumentos convincentes. É um tipo de texto argumentativo--expositivo em que o enunciador coloca-se criticamente perante um tema de discussão mais ampla de uma realidade sóciohistórica. A partir disso, fundamentam-se as ideias e explicitam-se os porquês dessas. O caráter de um texto dissertativo, dessa maneira, faz com que possamos exercitar nossa capacidade crítica, momento de reflexão, discussão e debate do eu e do mundo. Trata-se, também, de uma relação dialógica, em que o enunciador, por meio da organização lógica das ideias, e de uma linguagem clara, objetiva, fundamentada em argumentos e contra-argumentos convincentes, consegue dialogar com o leitor com a intenção de convencê-lo. O texto argumentativo pressupõe uma concepção da linguagem enquanto uma relação dia lógica, uma vez que quem argumenta, o faz com vista a convencer um interlocutor. Isto significa poder movimentar-se dentro do texto segundo diferentes perspectivas, ter em mente uma representação do interlocutor e relacionar-se com ela, antecipando possíveis objeções, esclarecendo pontos de vista, defendendo argumentos, apresentando ideias contrárias e refutando-as. Dessa forma, a argumentação realiza-se num espaço entre o estabelecimento de um sujeito e a representação de um interlocutor. (Cf. DURIGAN; ABAURRE; VIEIRA, 1987.) Muito embora, para o texto escrito, ainda haja a perspectiva do leitor como mero expectador e o enunciador como agente, numa clara atitude individualista, não se deve deixar de perceber que ambos - enunciador e leitor - desempenham os dois papéis, são agentes e expectadores, dialogam entre si. A manifestação do "eu" nunca está dissociada da do "outro", o enunciador sempre responde àquilo que foi previamente dito. Segundo Bakhtin, (2011, p. 297.) "Cada enunciado deve ser visto antes de tudo como uma resposta aos enunciados precedentes de um determinado campo (aqui concebemos a palavra "resposta" em s~u sentido mais amplo): ela os rejeita, confirma, completa, baseia-se neles, su-
129
REDAÇÃO· Comi/o Sobotin
bentende-os como conhecidos, de certo modo os leva em conta. Porque o enunciado ocupa uma posição definida em uma dada esfera ge comunicação, em uma dada questão, em um dado assunto, etc. E impossível alguém definir sua posição sem correlacioná-las com outras posições. Por isso, cada enunciado é pleno de variadas atitudes responsivas a outros enunciados de dada esfera da comunicação discursiva."
Assim, a relação dialógica nada mais é do que a resposta do enunciador a um outro, seja este o leitor do texto, o(s) texto(s) propostos pela coletânea, as instruções da prova. A esfera da comunicação discursiva pressupõe que a elaboração de um texto é uma resposta, já que o enunciador molda seu texto de acordo com o imaginário que faz do leitor e/ou da banca corretora. A interpretação que o enunciador faz do(s) texto(s) proposto(s) pela coletânea e das instruções da banca também constituem uma resposta. Otexto dissertativo constitui-se, então, em um ato responsivo, em que o eu e o outro dialogam: interpenetram, colidem, encontram-se, desencontram-se, completam-se. O produto - o texto- responde ao que foi proposto pelo outro e, em defesa de uma tese, dialoga com aquele na tentativa de convencê-lo. 2.
ARGUMENTAR, CONVENCER E PERSUADIR
Quando se fala em argumentar, convencer e persuadir, logo se associam esses conceitos ao ato de falar bem em público, conseguir, por meio das palavras, convencer o outro acerca de um ponto de vista. Enfim, saber dialogar, ter um bom raciocínio lógico. Sobre esses conceitos Plantin (2008, p. 8-9.) afirma que "Do ponto de vista da organização clássica das disciplinas, a argumentação está vinculada à lógica, "a arte de pensar corretamente", à retórica, "a arte de bem falar", e à dialética, "a arte de bem dialogar". Esse conjunto forma a base do sistema no qual a argumentação foi pensada, de Aristóteles ao fim do século XIX". 2.1
Conceitos gerais A ARTE DE ARGUMENTAR "Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demons-
trando, provando. Etimologicamente, significa vencer junto com o outro (com + vencer) e não contra o outro. Persuadir é saber gerenciar relação, é falar à emoção do outro. A origem dessa palavra está ligada à preposição per, "por meio de" e a Suada, deusa romana da persuasão. Significava "fazer algo por meio do auxílio divino". Mas em que convencer se diferencia de persuadir? 130
Cap.lll• O TEXTO DISSERTATIVO
Convencer é construir algo no campo das ideias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize. Muitas vezes, conseguimos convencer as pessoas, mas não conseguimos persuadi-las. Podemos convencer um filho de que o estudo é importante e, apesar disso, ele continuar negligenciando suas tarefas escolares. Podemos convencer um fumante de que o cigarro faz mal à saúde, e, apesar disso, ele continuar fumando. Algumas vezes, uma pessoa já está persuadida a fazer alguma coisa e precisa apenas ser convencida. Precisa de um empurrãozinho racional de sua prÓP-ria consciência ou da de outra pessoa, para fazer o que deseja. E o caso de um amigo que quer comprar um carro de luxo, tem dinheiro para isso, mas hesita em fazê-lo, por achar mera vaidade. Precisamos apenas dar-lhe uma "boa razão" para que ele faça o negócio. Às vezes, uma pessoa ppde ser persuadida a fazer alguma coisa, sem estar convencida. E o caso de alguém que consulta uma cartomante ou vai a um curandeiro, apesar de, racionalmente, não acreditar em nada disso. Argumentar é, pois, em última análise, a arte de, gerenciando informação, convencer o outro de alguma coisa no plano das ideias e de, gerenciando relação, persuadi-lo, no plano das emoções, a fazer alguma coisa que nós desejamos que ele faça". (ABREU, 2011, p. 25-26.)
2.2
A retórica aristotélica: a arte de argumentar
A palavra "retórica" vem do termo grego retoriké está relacionado aos termos retor (orador) e retoreia (discurso público, eloquência). Esse tema foi objeto de discussão e estudo de muitos filósofos, mas foi Aristóteles (384 - 322 a.C.), notável filósofo grego, o primeiro a dar um tratamento eminentemente filosófico à questão e, dessa maneira, expôs uma teoria da argumentação, encarando a Retórica como uma arte que visava descobrir os meios de persuasão possíveis para os vários argumentos. O seu objetivo era o de obter uma comunicação mais eficaz, eloquente e persuasiva, a fim de convencer diversos auditórios de que uma dada opinião é preferível à(s) outra(s). A retórica aristotélica apoia-se naquilo que é verossímil, visa à racionalização através da argumentação a qual sustentará a defesa da tese principal do orador. É composta em três pilares fundamentais: o ethos consiste na credibilidade do orador; o phatos representa o jogo com asemoções do auditório e o logos, o raciocínio lógico através do qual se convence os ouvintes de uma tese. 1 1
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
Da mesma forma, fundamenta-se o texto dissertativo-argumentativo. O enunciador do texto, a partir do raciocínio lógico (logos), seleciona argumentos consistentes, busca exemplos que falem à emoção do outr() (phatos), para que consiga convencer e persuadir o leitor do seu pomo de vista; concretizando, dessa forma, a credibilidade e eficácia do seu texto (ethos). Com relação à estrutura, o discurso divide-se em duas partes: a exposição do assunto e a prova, visto ser fundamental expor o assunto, a ideia central do parágrafo, e, em seguida, provar, por meio de exemplos, o exposto na ideia central. Assim, é possível ter um raciocínio lógico claro e confiável. A retórica aristotélica é constituída de exórdio, exposição, prova e epRogo. Esses quatro elementos são integrantes de discursos em geral. Adilson Citelli (2oo6), em seu livro Linguagem e Persuasão, elenca as partes do discurso propostas por Aristóteles: 2.2.1
Exórdio
É o começo do discurso. Pode ser uma indicação do assunto, um conselho, um elogio, uma censura, conforme o gênero do discurso em pauta. Para o nosso estudo, consideremos o exórdio como a introdução, de fundamental importância já que visa assegurar a fidelidade do leitor. Notem como age o padre num sermão. Normalmente ele diz: "Caríssimos irmãos aqui presentes, hoje iremos falar sobre(...)". 2.2.2
Narração ou Exposição
É propriamente o assuntp, momento em que os fatos são abordados. Segundo Aristóteles, é importante que o orador não se preocupe em ser conciso, mas que saiba ter a medida justa ao ilustrar o assunto e prová-lo. É propriamente a argumentação. 2.2.3
Provas
As provas serão os elementos sustentadores da argumentação, já que é fundamental comprovar aquilo que se está dizendo. Também faz parte das provas a refutação, já que esta se propõe a destruir os argumentos do adversário. 2.2.4
Peroração ou Epílogo
É a conclusão. Pelo caráter finalfstiçe, .~. em. se.tratando de um texto persuasivo, está aqui a úlfirn~ <1P,9rtuni9~de para se assegurar a fidelidade do receptor, portánto•,'mais unHmportante momento no interior do texto: lo\ eJa,refêria•se Aristóteles: "A 132
Cap.III·OTEXTO DISSERTATIVO
peroração compõe-se de quatro partes: a primeira consiste em dispô-lo [o receptor] mal para com o adversário; a segunda tem por fim amplificar ou atenuar o que se disse; a terceira, excitar as paixões' no ouvinte; a quarta, proceder a uma recapitulação". (CITELLI, 2006,
p. 7-13. Adaptado)
2.3 Ogênero editorial: uma análise retórica O editorial de um jornal ou revista é um texto que expressa a opinião de um jornal. O estilo deve ser, ao mesmo tempo, enfático e equilibrado. Deve evitar a ironia exagerada, a interrogação e a exclamação. Deve apresentar com concisão a questão de que vai tratar, desenvolver os argumentos que o jornal defende, refutar as opiniões opostas e concluir, condensando a posição adotada pelo jornal. (MANUAL DA REDAÇÃO, 2011.)
2.,3.1
Editorial: Cotas à paulista COTAS À PAULISTA O governador Geraldo Alckmin (PSDB) pediu aos reitores das três universidades estaduais paulistas- USP, Unicamp e Unespque apresentem propostas para implantar uma política de cotas no âmbito do Estado. Sintomaticamente, a movimentação do Executivo de São Paulo ocorre três meses depois de a presidente Dilma Rousseff ter sancionado a polêmica Lei de Cotas. A nova legislação reserva metade das vagas de universidades federais a alunos que cursarem o ensino médio na rede pública- com prioridade para negros, pardos e índios.
O fato de que a lei se baseie no louvável propósito de corrigir assimetrias históricas não bastam para tornar menos equivocados alguns de seus aspectos. O principal erro, como esta Folha já argumentou, reside na eleição do critério racial para discriminar os beneficiados. Não há dúvida de que os efeitos perniciosos aa escravidão de africanos e índios ainda deixam marcas nà soCiedade brasileira. Mas também é evidente que, num país em que s.e verificou um processo de miscigenação maciça, fica difícil! senão impossível, estabelecer padrões de "pureza" racial - conceito que é, por si só, um logro.
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REDAÇÃO· Comi/a Sabatin ~
No Brasil, a disparidade étnica dissolveu-se e confundiuse com a iniquidade socioeconômica. faz sentido, portanto, que eventuais políticas compensatórias na educação privilegiem critérios de renda ou formação em escola pública, cuja qualidade, aliás, deveria ser a primeira preocupação. Outro aspecto criticável na Lei de Cotas é a reserva de 50% das vagas - flagrante exagero populista e discriminatório que atropela o princípio da meritocracia. As instituições públicas paulistas já têm mecanismos para a inclusão em seu corpo dis,cente de jovens de baixa renda, oriundos de escolas públicas. E o caso do Profis (Programa de formação Interdisciplinar Superior), adotado pela Unicamp, que estaria cotado para servir de modelo estadual. Com efeito, cogita-se, a exemplo do referido programa, criar um curso superior básico de dois anos, que ofereceria aos candidatos preparação melhor para o acesso a faculdades específicas. Essa formação curta seria reconhecida e valeria como curso superior para algumas finalidades - concursos públicos, por exemplo. O governador Geraldo Alckmin não gostaria, por certo, de ser pintado por adversários eleitorais como um político eiJtista que nega oportunidades aos desfavorecidos de seu Estado. E preciso, todavia, proceder com cautela, para que ambições políticas aceitáveis não se traduzam num jogo de "quem dá mais" com o governo federal - em sacrifício da vocação da universidade para produzir conhecimento e pesquisa em alto nível. (COTAS À PAULISTA, 2011.)
2.3.2
Análise jornalística
O texto é escrito em terceira pessoa do singular, caracterizando a impessoalidade. Por meio de um texto curto, claro e objetivo, a.linguagem revela-se simples, marca típica do editorial, já que esse visa expor o ponto de vista do jornal para diferentes tipos de leitores. Com relação à temática, temos uma abordagem de um fato atual que versa sobre a proposta de implantação de cotas raciais nas universidades estaduais paulistas, utilizando para isso um estilo racional eemocional também. Quanto à natureza, esse editorial é polêmico, pois não só relata o fato, exige cautela por parte dos poderes público~, paré\'qu~ o fato em questão não se transforme em um jogo político. 134
Cap.lll ·O TEXTO DISSERTATIVO
2.3..3 Análise retórica EXÓRDIO "O governador Geraldo Alckmin (PSDB) pediu aos reitores das três universidades estaduais paulistas - USP, Unicamp e Unesp- que apresentem propostas para implantar uma política de cotas no âmbito do Estado".
Nesse exórdio, o texto indica o que vai ser abordado ao longo de todo o editorial. O exórdio corresponde à introdução ao tema nos estudos dos textos dissertativos.
NARRAÇÃO "Sintomaticamente, a movimentação do Executivo de São Paulo ocorre três meses depois de a presidente Dilma Rousseff ter sancionado a polêmica Lei de Cotas. A nova legislação reserva metade das vagas de universidades federais a alunos que cursarem o ensino médio na rede pública- com prioridade para negros, pardos e índios".
Esse trecho relata o fato através de dados que comprovam a introdução dada anteriormente, explicando o porquê da proposta de cotas nas três universidades paulistas.
PROVAS "O fato de que a lei se baseie no louvável propósito de corrigir assimetrias históricas não bastam para tornar menos equivocados alguns de seus aspectos. O principal erro, como esta Folha já argumentou, reside na eleição do critério racial para discriminar os beneficiados. Não há dúvida de que os efeitos perniciosos da escravidão de africanos e índios ainda deixam marcas na sociedade brasileira. Mas também é evidente que, num país em que se verificou um processo de miscigenação maciça, fica difícil, senão impossível, estabelecer padrões de "pureza" racial - conceito que é, por si só, um logro. No Brasil, a disparidade étnica dissolveu-se e confundiuse com a iniquidade socioeconômica. Faz sentido, portanto, que eventuais políticas compensatórias na educação privilegiem critérios de renda ou formação em escola pública, cuja qualidade, aliás, deveria ser a primeira preocupação. Outro aspecto criticável na Lei de Cotas é a reserva de 50"/o das vagas - flagrante exagero populista e discriminatório que atropela o princípio da meritocracia.
135
REDAÇÃO· Camila Sabatin
As instituições públicas paulistas já têm mecanismos para a inclusão em seu corpo dis,cente de jovens de baixa renda, oriundos de escolas públicas. E o caso do Profis (Programa de Formação Interdisciplinar Superior), adotado pela Unicamp, que estaria cotado para servir de modelo estadual. Com efeito, cogita-se, a exemplo do referido programa, criar um curso superior básico de dois anos, que ofereceria aos candidatos preparação melhor para o acesso a faculdades específicas. Essa formação curta seria reconhecida e valeria como curso superior para algumas finalidades- concursos públicos, por exemplo."
As provas inserem-se no corpo do texto, quando o texto começa a argumentar contra as cotas raciais para ingresso nas universidades públicas brasileiras, assim como refuta os argumentos contrários ao ponto de vista adotado, mostrando que o problema existe, é perceptível histórica e socialmente, no entanto, não será solucionado com uma política compensatória - as cotas. 2.3.4
o fechamento: Epflogo "O governador Geraldo Alckmin não gostaria, por certo, de ser pintado por adversários eleitorais como um político eljtista que nega oportunidades aos desfavorecidos de seu Estado. E preciso, todavia, proceder com cautela, para que ambições políticas aceitáveis não se traduzam num jogo de "quem dá mais" com o governo federal - em sacrifício da vocação da universidade para produzir conhecimento e pesquisa em alto nível".
O último parágrafo funciona como epílogo, pois é a conclusão do editorial e, como tal, recorre a uma recapitulação do exórdio- introdução ao tema. E, de forma bastante irônica, critica os motivos que levaram o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, a pedir aos reitores das universidades estaduais paulistas a implantação das cotas raciais. Além de deixar clara a necessidade de cautela diante do fato que, de acordo com o editorial, traduz um jogo político, em que a ambição sobrepõe-se à produção de conhecimento e pesquisa das universidades.
3. COMO SELECIONAR OS ARGUMENTOS Como já discutimos no primeiro capítulo, opasso para fazer uma boa redação, é ser uma pessoa informada. Ler jornais e revistas,. aumentar a visão de mundo, já que escrever sobre um assunto, o qual se desconhece, torna-se uma missão quase impossível. No entanto, as propostas de redação.dós concu~os públicos e vestibulares, disponibilizam um texto ou uma col!:nânea 'para· motivar a abordagem
Cap.lll· O TEXTO DISSERTATIVO
temática. Esses textos orientam a discussão do tema, já que disponibilizam alguns argumentos. Dessa maneira, o candidato não fica desprovido de apoio argumentativo, todavia, é importante, também, que os argumentos não reproduzam as ideias contidas na coletânea, visto que apenas orientam e motivam a discussão temática. Para escrever um texto dissertativo-argumentativo consistente, é imprescindível selecionar argumentos convincentes que defendam o ponto de vista do autor. Para isso, o candidato deve ler a coletânea, explorando os principais aspectos, como também deve tentar relacionar as ideias a dados, fatos e informações do seu repertório cultural adquirido por meio das leituras de revistas, jornais, filmes, aulas, experiências vividas etc. No próximo item, analisaremos duas propostas de redação, e, a partir da coletânea e dos conhecimentos extratextuais, selecionaremos dados, fatos, informações, ideias que possam dar sustentação à discussão temática.
4. FALHAS NA ARGUMENTAÇÃO São erros típicos de estrutura, composição, coerência, aceitabilidade ou suporte de argumentos.
4.1 Generalização Ocorre quando se faz uma afirmação que qualifica indistintamente um grupo ou padroniza condutas das pessoas. Pode ser vista, por exemplo, como um rótulo, um estereótipo em desacordo com a realidade, às vezes, carregado de preconceito.
O povo brasileiro não sabe votar. Todo político é corrupto. Os ingleses são pontuais. 4.2 Simplificação exagerada É quando se faz uma afirmação simplista, apressada, sem o filtro da elaboração ou planejamento.
A pena de morte é a solução para cqmbater a violência e a criminalidade no Brasil. O aborto seria uma medida racional para o controle da natalidade.
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
4.3 Círculo vicioso Ocorre quando um novo argumento apresentado é, na verdade, a repetição, em outras palavras, do argumento anterior.
Ética e política não combinam, porque os políticos corruptos não são punidos. Os congressistas se envolvem em corrupção e, se não sofrerem punição, serão sempre antiéticos. 4.4 Sofisma
Éprovocado por um erro de raciocínio, é um argumento falso, considerado como verdade acabada, elaborado com a intenção de enganar. O Brasil não se desenvolve, porque o povo é muito medíocre e ignorante.
A maioria das pessoas não cursam o ensino superior, porque são preguiçosas.
4.5 Slogans, palavras de ordem, provérbios e frases feitas Esses casos podem demonstrar ausência de senso crítico, informação ou criatividade. Passam, muitas vezes, uma ideia panfletária ou expressam uma sentença moral, o que deve ser evitado nos textos de caráter dissertativo-argumentativo. O Brasil é o país do futuro. O escândalo da Petrobrás é a bola da vez. Se
cada um fizer a sua parte, o Brasil poderá ser uma grande
nação. Nenhum homem é uma ilha. Atrás de um grande homem, há sempre uma grande mulher.
4.6 Chistes São frases bem-humoradas. Devem ser muito bem. dosadas, pois poucos conseguem o refinamento do humor ao escrever, e o efeito pode ser o de um tom grosseiro, ridículo ou inapropriado. Parece que o brasileiro insiste em acredita~ em. papÇii {'Joe/, duendes e políticos honestos. ·
Cap.llf. O TEXTO DISSERTATIVO
4·7 Argumentos que ferem a lógica, ou se mostram em desacordo com a realidade
2016,
O país está ficando velho, porque pesquisa recente do IBGE revela que, em o Brasil será o sétimo do mundo em população de idosos.
5· O QUE EVITAR EM UM TEXTO OISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
5.1 Histórias pessoais, comoventes e discurso religioso 5.2 Mudança de ponto de vista Revela a falta ou o pouco domínio dos pronomes que correspondem às pessoas do discurso. Se optar pela 3• pessoa, não passe para a I" do plural sem estabelecer transição explícita que justifique a alteração do ponto de vista. Ohomem não é uma ilha, pois vivemos em sociedade, e tudo que nela ocorre acaba por nos influenciar direta ou indiretamente a nossa rotina.
5·3 Palavras difíceis Palavras cujos sentidos não se dominam, ou que evidenciam pedantismo ou desconhecimento do contexto de produção e destinatário. •
auscultar, supracitado
5·4 Palavras de sentido vago
•
coisa, negócio, algo.
5·5 Posicionamento pessoal explícito
Traduz-se em expressões como eu acho, eu penso, na minha opinião 5.6 Gírias e palavras de baixo calão
•
ordinário, cara, Dona Dilma, políticos de merda
5·7 Profetização
•
Ohomem vai acabar com o nosso planeta. Devido à escassez de água, iremos morrer de sede,
i39
REDAÇAO • Camila Sabatin
5.8 Palavras e/ou expressões incorretas e desgastadas •
como a nível de, tipo assim.
5.8.1 Os adjetivos Devem ser usados na medida certa. Evite-os sempre que puderem sugerir a intenção de impressionar leitor ou evidenciar ideias já implícitas. Tornado catastrófico destrói casas em Santa Catarina e, diante o mundo incomensurável e amedrontador que o cerca, o homem sente-se frágil, um minúsculo ponto na Terra.
o adjetivo é bem empregado
5.8.2
Quando traz a informação necessária ao fato, ou evidencia o recorte selecionado pelo autor:
o estresse pode provocar fadiga crônica, acompanhada de mãos geladas, insônia frequente e irritabilidade. Como sugeriu o escritor francês Paul Valéry, "entre duas palavras, deve-se escolher a mais simples e, entre duas palavras simples, a mais curta". Dessa forma, por que usar auscultar em vez de sondar, ou dizer, no ano de 2010, em vez de em 2010?
5.8.3 Palavras abstratas devem ser empregadas no singular na maioria das vezes A conduta do Ministro da Saúde tem gerado muita polêmica; A instituição da pena de morte não é suficiente para acabar com o crime;
Os níveis de emprego não foram multo afetados durante a crise de 2009 no Brasil. 5.8.4
o gerúndio é bem empregado como:
5.8 ..4.1 gerúndio moda/ Respondeu sorrindo à minha interpelação. 5.8.4.2 gerúndio durativo
Continuávamos esperando notícias dele, 140
Cap.lll· O TEXTO DISSERTATIVO
5.8.1,.3 gerúndio condicional Tendo sido publicadas as regras, obedeça!
5.8.1,.4 gerúndio causal Sabendo que ela não tolerava críticas, calei-me naquele instante.
5.8.4.5 gerúndio temporal Chegando ao colégio, procure o coordenador. O uso do gerúndio deve ser evitado As ações expressas pelos verbos da frase não puderem ser simultâneas
I+
Entrou na sala distribuindo as provas. (inadequado)
R+
Entrou na sala e distribuiu as provas. (adequado)
Ogerúndio expressa uma ação posterior à do outro verbo
I+
O ladrão fugiu, sendo detido cinco horas depois. (inadequado)
R+
O ladrão fugiu, mas foi detido cinco horas depois. (adequado)
Ogerúndio é usado com valor adjetivo
ll+
Comprei um estojo contendo lápis, borracha e caneta. (inadequado)
ll+
Comprei um estojo que continha lápis, borracha e caneta. (adequado)
6. ESCREVER É PENSAR: O PROJETO DE TEXTO Para aqueles que se queixam da dificuldade em iniciar a escrita de um texto dissertativo, esse item será de extrema importância. Bem como um arquiteto precisa planejar uma construção antes de começar a construí-la, o redator também precisa projetar o seu texto. Precisa ter uma noção real do que discutirá, para evitar infortúnios no plano da temática, argumentação e coerência. Aprender a escrever é aprender a pensare, para isso, o projeto de texto é um guia que estabelecemos para nos organiza{no qur.l colocamos em frases sucintas, ou mesmo simples palavras, o roteiro para a elaboração do texto. No rascunho, vamos dando forma à redação, porque nele as ideias colocadas no esquema passam a ser redigidas, tomando. a .for!T!a de, fr<\ses até chegar a um texto coerente. 141
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
6.1 Primeiro passo Para a elaboração de um projeto é ter compreendido o tema proposto, pois de nada adiantará um ótimo esquema se ele não estiver adequado ao tema. Faça uma primeira leitura da proposta temática para apreender a ideia geral. Depois, faça uma segunda leitura, grifando trechos e palavras principais. Esse primeiro passo é fundamental para a discussão temática, pois é a partir disso que o candidato terá a orientação argumentativa, sem correr o risco de reduzir, extrapolar ou contradizer o tema. Além disso, o candidato deve seguir as instruções da prova. Veja o exemplo a seguir: Prova Discursival
Nesta prova - que vale cinco pontos-, faça o que se pede, usando a página seguinte para rascunho. Em seguida, transcreva o texto para a folha de TEXTO DEFINITIVO, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. •
Qualquer fragmento de texto, além da extensão máxima de trinta linhas, será desconsiderado.
Atenção! Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. "Há uma frustração muito grande da sociedade brasileira com relação ao Poder Judiciário", reconhece o presidente do TST. O ministro defende medidas urgentes para reverter essa situação. Ele acredita que há várias iniciativas, que vão dos pequenos procedimentos de trabalho às mudanças estruturais, que podem ser adotadas pelo próprio Judiciário para dar maior eficiência à Justiça, "O Poder Judiciário não pode ficar de braços cruzados à espera de iniciativas do Executivo e do Legislativo para aperfeiçoar a prestação de serviço à sociedade", afirma. (NOTÍCIAS DO TST. TST, site, [s/d]. Disponível em: <http:/ I ext02.tst.gov.br/pls/no01/no_noticias>. Acesso em: 11 out. 2004.)
O que o cidadão quer mesmo é sentir que, ao ajuizar uma reclamação trabalhista, ingressar com uma ação de indenização, de cobrança, de alimentos, investigatór(a, de.mandado de segurança, ou outra qualquer, a decisão final não vai.eternizar-se nos escaninhos dos cartorários e saber que os autores de crimes,
3.
142
UnB I CESPE- TRT /w.• REGIÃO- Concurso públicó pa~éo pro"Viménto de cargos de Analista judiciário- Área Administrativa. Dezembro de 2004.
Cap.lll· O TEXTO DISSERTATIVO
principalmente esses que mais degradam a consciência humana, serão punidos. Enfim, o que se pretende é que tudo se dê de forma rápida e efetiva e possa o Judiciário cumprir sua missão de preservar a paz social. (CORRE A, fv1a~dcio. Noticias. STF, site, [s/d]. Disponível em: <http://www.stf.gov.br!V\oticias/iWipre"'sa>.)
O TST anuncia o lançamento de quatro programas que vêm sendo preparados com cuidado: o Peticionamento Eletrônico Nacional, o Cálculo Rápido, a Carta Precatória Eletrônica e o Cadastro Nacional de Débitos Trabalhistas, todos eles exequíveis a partir da integração da justiça do trabalho pelo sistema de informática. Mais do que novidades tecnológicas, esses programas são o ponto de partida para alcançar a meta da "celeridade e qualidade da prestação jurisdicional". O trabalho conjunto realizado pelo TST e os tribunais regionais para a integração do sistema de informática da justiça do trabalho mostrou ser possível superar as dificuldades e dar um salto de qualidade. (Disponível em: http:/ /ext02.tst.gov.br/pls/no01/no_noticias. Exibe_Noticia?p_cod_noticia=4624&p_cod_area_noticia =ASCS)
Considerando que as ideias apresentadas nos textos acima têm caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo/argumentativo, posicionando-se a respeito do seguinte tema: O aperfeiçoamento dos procedimentos é fator imprescindível para a democratização efetiva da justiça.
Com as ideias principais selecionadas, o candidato tem em mãos discussões importantes sobre o tema proposto, as quais revelam causas, consequências, dados, exemplos, discursos reportados, etc. Enfim, a coletânea é uma importante fonte de argumentos, desde que não seja copiada, mas sim motivadera para fundamentação da tese. Cabe ao candidato, após essas primeiras orientações, trazer o seu repertório para dentro da argumentação, vivências profissionais, pessoais, leituras de revistas, jornais, artigos, livros; enfim, tudo que seja coerente com a discussão e faça com que a argumentação não fique presa ao discurso do outro (coletânea), nem ao menos em discursos de senso c.omum. A maioria das propostas de redação de concursos públicos não traz uma coletânea, apenas um texto motivador. Assim, a exigência em relação ao repertório do candidato e o poder de criticidade aumentam,já que a orientação argumentativa do candidato fica limitada a um único ponto de vista.
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
6.2 Segundo passo A escolha da tese nada mais é que a escolha de um ponto de vista a cerca do tema, uma resposta dada ao que está sendo proposto pela banca. Para facilitar, transforme o tema em uma pergunta. Veja:
O aperfeiçoamento dos procedimentos é fator imprescindível para a democratização efetiva da justiça? 6.3 Terceiro passo Questionar-se a respeito do tema, como forma de obter respostas do seu próprio repertório e relacionar a temática com as suas vivências. Perguntas como:
1)
O que esse tema tem a ver comigo?
2)
O que esse tema tem a ver com o meu grupo social?
3)
Como esse tema aparece na história?
4)
Como esse tema é abordado nos dias atuais?
6.4 Quarto passo Organizar os argumentos relevantes para a defesa do ponto de vista, a partir da leitura indicada na primeira etapa e das respostas às perguntas sugeridas no terceiro passo. Podendo ser no mínimo dois argumentos, máximo três. 6.5 Quinto passo Selecionar exemplos que provem os argumentos selecionados. Exemplos tirados da leitura de jornais, internet, história, literatura, filmes, artes plásticas, dados estatísticos comprovados pela fonte, etc. 6.6 Aplicação do projeto de texto
o aperfeiçoamento dos procedimentos é fator imprescindível para a democratização efetiva da justiça? Resposta = Tese: Apenas o aperfeiçoamento dos procedimentos tecnológicos não será suficiente para garantir a celeridade e qualidade do sistema judiciário, também é necessária a implantação da cultura de planejamento e gestão estratégica. 144
Cap. 111 ·O TEXTO DISSERTATIVO
Desenvolvimento: •
Argumento A: Causa - A falta de planejamento na área jurídica diante da democratização no Brasil fez com que houvesse o crescimento no número de demandas judiciais.
•
Exemplo: A ausência de vida democrática no período ditatorial inibiu a realização plena da cidadania por meio da justiça. Contudo, a nova ordem constitucional em 1988 reforçou o papel do judiciário na arena política, definindo-a como uma instância superior de resolução de conflitos cada vez mais crescentes, devido ao aumento nas taxas de industrialização, urbanização e consciência de direitos dada a essa nova relação com o mundo do trabalho.
•
Conclusão
= relação
do argumento e exemplo: A ausência de gestão ad-
ministrativa judiciária fez com que o sistema ficasse lento, caindo em descrédito, visto que a demanda pelos serviços do judiciário passou a ser absurdamente maior do que poderia atender o sistema no todo.
•
Argumento B: Em decorrência da democratização do Estado e a crescente crise no sistema judiciário, em 2004, criou-se o Conselho Nacional de justiça (CNj), órgão responsável pelo controle administrativo e financeiro do poder judiciário brasileiro. A democratização do Estado começa a integrar a democratização do judiciário.
•
Exemplos: De acordo com o IBGE, enquanto o número de habitantes aumentou 20°/o de 1990 a 2013, a procura pela justiça de 1° grau aumentou 270% em apenas 13 anos.
•
Conclusão: Dessa forma, fica clara a importância da gestão da CNj diante do aumento gritante pela demanda litigiosa.
É importante que fique claro que o projeto de texto é anterior ao rascunho. O rascunho é a tessitura do texto após as ideias terem sido organizadas no projeto. Além da transformação das ideias do projeto em texto coeso e coerente no rascunho, cabe ao redator conferir toda a questão gramatical. O TST anuncia o lançamento de quatro programas que vêm sendo preparados com cuidado: o Peticionamento Eletrônico Nacional, o Cálculo Rápido, a Carta Precatória Eletrônica e o Cadastro Nacional de Débitos Trabalhistas, .todos eles exequíveis a partir da integração da justiça do trabalho pelo sistema de informática. Mais do que novidades tecnológicas, esses programas são o ponto de partida para alcançar a meta da ·~celeridade e quo-
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
lidade da prestação jurisdicional". O trabalho conjunto realizado pelo TST e os tribunais regionais para a integração do sistema de informática da justiça do trabalho mostrou ser possível superar as dificuldades e dar um salto de qualidade. (TST investe na informática em busca de justiça rápida e eficaz. TST- Tribunal Superior do Trabalho, Notícia, 11 out. 2004. Disponível em: <http:/ /ext02.tst.gov.br/pls/no01/no_noticias.Exibe_Noticia?p_ cod_noticia=4624&p_cod_area_notiCia=ASCS>. Acesso: 12 jan. 2015.)
1· DISSERTAÇÃO EXPOSITIVA E ARGUMENTATIVA Cada proposta temática pressupõe um estilo a ser desenvolvido. É importante dizer que, dependendo do propósito, a dissertação pode assumir um caráter expositivo ou argumentativo. Na maioria dos concursos, esses dois tipos de abordagem são recorrentes, assim, é necessário analisar o tema em questão. Caso o tema trate de informações tidas como verdades inquestionáveis, em que ponto de vista (tese) já esteja definido, a dissertação terá um caráter expositivo, tendo como objetivo informar o leitor sobre o máximo de aspectos relevantes ligados ao tema. Existe a intenção de convencer e/ou persuadir o leitor, no entanto, a exposição do ponto de. vista será unilateral, cabendo ao enunciador argumentar, embasado na coletânea e no seu repertório, o tema proposto. Já, se a proposta versar sobre temas polêmicos, com uma problemática em questão, o qual exija do enuncia dor assumir um ponto de vista, a dissertação terá um caráter argumentativo. Nessa modalidade de texto, o autor; apoiado em evidências, debate ideias, argumentos retirados da coletânea e do seu repertório, utiliza contra-argumentos que visam refutar opiniões contrárias às suas, busca convencer e influenciar o leitor. Vai além da exposição organizada das informações. Contudo, é um erro afirmar que, quando existe um tip,o de dissertação, o outro tipo anula-se, ambos os estilos (expositivo e argumentiHivo) estão dentro da dissertação. o que realmente marca a diferença desses estilos de dissertação é o tipo de proposta temática e, a consequente predominância de um em relação ao outro. Para ilustração dessa abordagem teórica, ~sar~mos duas propostas da PUC-Campinas de 2012 em que o tema e a ipstr~ç~o.mostrarão de forma clara e objetiva qual tipo de dissertação deve ser prepo:minante.
Cap. 111· O TEXTO DISSERTATIVO
REDAÇÃ()4 PROPOSTA I
Leia o editorial abaixo procurando apreender o tema nele desenvolvido. Em seguida, elabore uma dissertação na qual você exporá, de modo claro e coerente, suas ideias acerca desse tema. A boliviana Idalena Furtado vive há cinco anos no Brasil e, como tantos outros imigrantes sul-americanos, veio trabalhar numa confecção de roupas no bairro paulistano do Bom Retiro. Seu relato, publicado nesta Folha, descreve condições análogas às de uma situação de trabalho escravo. Trabalhava 15 horas por dia. Comia sobre a máquina de costura e dormia em um cômodo, "todo mundo amontoado". Aliciados em seus países de origem, bolivianos, peruanos e paraguaios se juntam a trabalhadores brasileiros para viver em oficinas clandestinas, sem direito a férias e a um dia de descanso semanal, enredados numa espiral de dívidas e degradação. O ambiente de clausura em que trabalham não poderia oferecer maior contraste com o das lojas de grife para as quais fornecem seus produtos. Vistorias do Ministério do Trabalho responsabilizaram algumas marcas conceituadas por compactuar com o abuso. Nas oficinas que confeccionam roupas para suas lojas, verificou-se um regime de hiperexploração do trabalho: funcionários das empresas clandestinas tinham, por exemplo, de pedir autorização para deixar o local onde costuravam e viviam. Relatos das condições nas chamadas "sweatshops" (oficinassuadouro), em especial nos países em desenvolvimento, renderam publicidade negativa a marcas de artigos esportivos, brinquedos e roupas que, para uma sociedade ofuscada pelo brilho do consumo, parecem assim ainda associadas a prazer, desejo e sedução. O consumidor raras vezes tem acesso à realidade que pode ocultar-se sob a aparência reluzente. A inclinação para o "consumo consciente" - trate-se de móveis de madeira certificada, empresas com responsabilidade social ou selos atestando compromisso contra o trabalho infantil - é algo relativamente recente no Brasil.
4.
Processo Seletivo 2012- PUC-Campinas (Pontifícia Universidade Católica de Campinas).
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
Depende, para fortale~r-se, do empuxo de fiscalização do Estado, que revela o avesso de algumas grifes. Ciente de fatos assim, o consumidor também se torna responsável, como pagante, pela degradação de seres humanos. (ESCRAVOS DA MODA. Folha de S. Paulo, São Paulo, p. A2, 20 ago. 2011. Disponível em: http://wwwl.folha.uol.eom.br/ fsp/opiniao/fz2008201102.htm. Acesso em: 10 jan. 2015.)
7.1 Exemplo de dissertação expositiva O MAL AINDA PERSISTE5 A mídia, por meio de notícias divulgadas nos últimos tempos, proporciona a afirmação inconcussa de que a escravidão ainda permanece repugnantemente viva na realidade atual do Brasil. Uma leva de imigrantes sul-americanos instala-se, diariamente, em oficinas de costura irregulares existentes na cidade de São Paulo, e, ao buscarem um emprego que assegure o sustento, acabam se submetendo a jornadas exaustivas de trabalho, sem o reconhecimento de qualquer direito. As condições de vida desses trabalhadores, muitos aliciados em seus países de origem, são péssimas. Nota-se, assim, que a escravidão ensinada nos livros de história, restrita aos africanos trazidos à América através de navios negreiros, tem nova face: os escravos agora são brancos e falam espanhol. Ademais, embora não recebam chibatadas, são feridos física e psicologicamente por um desgaste diário causado por quinze horas de trabalho ininterruptas, má alimentação, hospedagem precária, falta de contato com os familiares, dentre outros fatores. Embora a escravidão atual não se limite ao ofício e, tampouco aos limites territoriais descritos, esse tipo específico de exploração chama a Atenção pelo fato do produto final consistir, muitas vezes, em roupas caríssimas vendidas em lojas de grife, as quais são adquiridas por cidadãos que, em sua maioria, alegam não saberem a existência da deplorável cadeia que antecede a sedutora oferta das araras. A mais-valia de Marx tem, então, seu mais contemporâneo exemplo ... De fato, a nova roupagem da escravidão não possui uma única causa que sustente toda problemática descrita. O desemprego, baixos salários e falta de perspectiva no trabalho é mais importante razão que estimula bolivianos, paraguaios e peruanos, por exemplo, ao fluxo emigratório. Outra questão .é.a precariedade da fiscalização por parte das autoridades brasileiras, o que, mui-
s.
Texto disponibilizado por um aluno em cu~o par-ticular.cje redação.
Cap.lll· O TEXTO DISSERTATIVO
tas vez~s, revela um jogo de interesses para manter uma prática ilegal. E certo também que o consumo consciente ainda não faz parte da nossa formação ideológica, o que nos faz assistir passivamente a situações como as descritas nos noticiários. Esses fatores ainda sustentam uma situação vergonhosa em pleno século XXI. Mesmo conscientes de que a mais valia é base da infraestrutura em que vivemos, preferimos não acreditar que ainda persiste a superexploração do trabalho, uma nova forma de "escravidão". Diante disso, a nossa indignação, frente às notícias veiculadas pela mídia, de nada valerá se ainda nos escondermos no discurso da alienação e, persistirmos, assim, no hedonismo provocado pela sociedade de consumo, o qual sobreleva o individualismo em detrimento do altruísmo. Logo, faz-se mister, não apenas delegarmos a responsabilidade às questões estruturais envolvidas e aos exploradores dessa mão de obra. Enquanto sociedade, temos que parar de alegar ignorância, somos tão responsáveis quanto os demais.
~2Comemãriodo~~o
Conforme esperado pela banca corretora, a dissertação acima discute as principais questões. Analisa criticamente como a problemática se traveste, revela as causas e desmascara, na conclusão, uma falta de consciência total da sociedade, que ocupa o mesmo patamar de responsabilidade dos exploradores da mão de obra e as questões estruturais envolvidas. O tom dado à conclusão evidencia uma retomada dos argumentos e uma proposta de ação social diante das evidências noticiadas sobre trabalho escravo atualmente no Brasil. A tese já foi dada pelo tema, já que este versava sobre uma problemática cuja existência era indiscutível. Assim, a proposta temática pediu para que o aluno escrevesse uma dissertação expositiva, em que caberia ao candidato analisar criticamente e profundamente tudo que envolvesse a problemática. 7.3 Exemplo de dissertação argumentativa PROPOSTA II
Atente para o texto seguinte: DE QUEM É, AFINAL, A INTERNET? A pergunta se justifica: há um árduo debate sobre a possibilidade de haver algum efetivo controle sobre as matérias divulgadas pela internet. Há quem defenda a liberação absoluta de todos os espaços de navegação, em nome da democracia e do direito
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REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
universal à informação; màp há quem alegue os riscos que muitas matérias podem representar para a coletividade e defenda, por isso, algum mecanismo de controle. De fato, ao navegarmos, encontramos de tudo: verdades e mentiras, arte e pornografia, informações confiáveis e notícias maliciosas, campanhas justas e mobilizações preconceituosas. Haverá alguma medida a ser tomada? Qual? E por quem? E em nome de quê, ou de quem?
Redija uma dissertação, em prosa clara e coerente, sobre o texto acima, dando especial Atenção às perguntas que o finalizam. Para isso, busque formular propostas que possam, a seu ver, responder adequadamente a essas perguntas.
7.3.1 Exemplo de dissertação argumentativa INTERNET: RES NULLIUS? Desde a ampla disseminação da Internet pelo planeta, que permitiu que uma vasta parcela da população pudesse ter acesso ao seu rico conteú9o. tem-se questionado recorrentemente a quem ela pertence. E legítima a pretensão de restringir a veiculação de algumas matérias? Ou o que deve imperar é a livre circulação de textos, vídeos e imagens? A Internet é um fenômeno recente. Sua força, contudo, é assustadoramente devastadora. Constata-se alto grau de dependência da sociedade atual face à rede mundial de computadores, haja vista o fato de o Goog/e, o mais famoso site de buscas que já existiu, ter, certa vez, ficado fora do ar por alguns minutos, o que provocou temor - e até pânico - nos mais afoitos. A relevância do tema provoca calorosos debates acerca da possibilidade ou inviabilidade de limitação dos espaços de navegação. Cediço é que o direito universal à informação deve ser levado em conta, uma vez que vivemos em uma sociedade majoritariamente democrática. Ocorre que inexistem valores absolutos -afinal, nem o direito à vida, que é pressuposto fundamental para o exercício de todos os demais, pode ostentar tal adjetivo, uma vez que é cerceado por situações como a legítima defesa e o estado de necessidade. A idoneidade moral e o direito à imagem são apenas exemplos, defendidos por alguns de variáveis .a. serem contrapostas à liberação total da rede, defendida por alguns. Cogitar esta hipótese como algo razoável equivale a permitir que o anarquismo invada e se instale no mundo cibernético como· uma chaga capaz de violar garantias duramente conquistadas em séculos de luta- a Revolução Francesa é o mais emblemático dos exemplos.
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Cap.lll· O TEXTO DISSERTATIVO
Razoável, assim, admitir-se certo nível de regulação, capaz de preservar valores altamente prestigiados na sociedade. e. dos quais nenhum ser humano gostaria de ser privado - pertinente, a título de ilustração, acrescentar, ao que já foi mencionado, o direito à informação adequada e fidedigna e o direito à intimidade. Uma possível via para se concretizar de forma responsável e segura este almejado controle seria a assinatura de tratados internacionais, aptos a vincularem ordenamentos jurídicos de diferentes nações, e, dessa forma, impedir arbitrariedades capazes de ensejar uma indesejável censura. Não, a Internet não é coisa de ninguém.
7·4 Comentário do texto O tema apresenta de forma bem clara que o candidato deve assumir uma postura diante da problemática abordada pelo tema. As perguntas feitas nos enunciados da proposta já revelam que o enunciador deve direcionar sua argumentação à medida que responder ao que se pede de acordo com a tese assumida. O texto desenvolvido, a partir do tema da proposta 11, cumpriu o que foi direcionado nas perguntas e consegue defender consistentemente a tese de que a internet é coletiva, e, assim, não deve sofrer nenhum tipo de controle que limite um bem adquirido com tanta luta. O autor propõe argumentos, contra-argumentos e embasa-os com exemplos objetivos que provam o ponto de vista assumido, cumprindo, dessa maneira, o papel de dissertar argumentativamente.
8. OU'ffiOS TIPOS TEXTUAIS QUE PODEM COMPOR A DISSERTAÇÃO Engana-se quem acredita que exista ou deva existir apenas a argumentação como tipo textual compondo a dissertação. Obviamente que o que caracteriza esse gênero é o fato de ser predominantemente argumentativo, tendo a clara intenção de defender um ponto de vista. No entanto, outros tipos de texto também atravessam a argumentação, como forma, inclusive, de reforçar, dar mais veracidade e explicitar melhor a argumentação. De acordo com Marcuschi (2002, p. 3.), existem cinco tipos textuais, os quais embasam os inúmeros gêneros pertencentes à nossa realidade sócio-histórica. Para o linguista, a expressão
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
(. .. ) tipo textual é usada para designar uma espécie de construção teórica definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Em geral, os tipos textuais abrangem cerca de meia dúzia de categorias conhecidas como: 11<Jrração, argumentação, exposição, descrição, i'l/unção. (b) Usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam caracter(sticas sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos textuais são apenas meia dúzia, os gêneros são inúmeros. Alguns exemplos de gêneros textuais seriam: telefonema, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, reportagem jornalística, aula expositiva, reunião de condomínio, notícia jornalística, horóscopo, receita culinária, bula de remédio, lista de compras, cardápio de restaurante, instruções de uso, outdoor, inquérito policial, resenha, edital de concurso, piada, conversação espontânea, conferência, carta eletrônica, bate-papo por computador, aulas virtuais e assim por diante.
Explicitaremos, de forma bastante objetiva, os tipos textuais que podem predominar em um texto, ou mesmo compô-lo de forma secundária. 8.1 Texto narrativo
Tipo texwal em que se conta um fato, real ou não, que ocorreu num determinado tempo e lugar; envolvendo personagens que agem e podem sofrer mudanças diante do fato ocorrido. Há uma relação de anterioridade e posterioridade que geram a expectativa do leitor diante do enredo. Estamos cercados de narrações desde as que nos contam histórias infantis, filmes, contos, romances, até as piadas do cotidiano.
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Cap.lll· O TEXTO DISSERTATIVO
8.2 Texto descritivo Um texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um objeto. A classe de palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo, graças à sua função caracterizadora. Numa abordagem mais abstrata, pode-se até descrever sensações ou sentimentos. Não há relação de anterioridade e posterioridade, já que o foco é fazer uma descrição minuciosa do objeto ou da personagem num terminado tempo e espaço da história.
8.3 Texto argumentativo Esse tipo de texto tem a função de convencer o leitor, possui um ponto de vista acerca de determinado tema e utiliza argumentos para que o leitor aceite a tese assumida pelo texto. É o tipo textual mais presente em dissertações, manifestos, editoriais, artigos de opinião, cartas abertas.
8.4 Texto expositivo
o texto expositivo tem por objetivo informar, definir, explicar, discutir, provar e recomendar alguma coisa, recorrendo à razão. Remete à ideia de explanar ou explicar um assunto, tema, situação ou acontecimento. O texto dissertativo pertence ao grupo dos textos expositivos, juntamente com o texto de apresentação científica, o relatório, o texto didático, o artigo enciclopédico. 8.5 Texto lnjuntivo Indica como realizar uma ação, utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo, porém se nota, também, o uso do infinitivo e o uso do futuro do presente do modo indicativo com a mesma função de sugerir uma ação. Esse tipo textual está presente nos manuais de instrução, previsões do tempo, receitas culinárias, leis, convenções, regras, etc.
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REDAÇAO • Camila Sabatin
o
Conta um fato que aconteceu com alguém ou várias pessoas em algum lugar ou vários lugares.
~
Descreve uma cena ou alguma coisa (pode ser pessoa, objeto, entre outros. um retrato verbal!
O O O O O
Apresentação: Quando, Onde, Quem Complicação: o que, como
Foco Narrativo: 1• pessoaPersonagem
31 PessoaObservador ou Onisciente
Clímax: Porque Desfecho: Por ISSO
o
Discursos:
:·~;;~;~;·~~;;·~·;~;~;··~~·~·~·;:·: Objetivo: Relatar as j sonagem. Í características do Indireto: coma o que aconte"objeto" de modo 1 preciso, isentando- 1 ceu com suas palavras -se de comentários ~ Indireto Uvre: Mistura os dois (o narrador com suas pala· pessoais i vras, lm:ta o personagem)
i
i l
l
. __________. o
l l
i. ..............................................:
Subjetivo: linguagem mais pessoal, na
qual são Permitidas oprniões, expressões de sentimentos e emoções.
........................................................ Dlssertativo-Argumentativo
T
Ébaseado na defesa de uma ideia por meio e argumentos
o
o
- Assunto
:·~~~~~i~~~·~·;~·f~;;;;~~~·;~~~;~i~;~·;~·;~;~;~·~~~·:
Dica de livro:
- Tese
~ utilizando um controle sobre ela.
"A Arte de Argumentar'.
- Argumentos
; Gerenciando Relação: forma de estabelecer uma ; ~ conduta social em relação ao outro. f
Desfecho
Texto- Clássico DEDUTIVO (Parte do Geral)
o
~ Argumentar:
Convencer no plano das ldeias,
~ persuadi-lo no plano das emoções.
o-
Assunto
l ~
~
Convencer: É falar a razão do outro, demons· ~ jtrando, provado. \ \ Persuadir: É falar a emoção do outro.
Não Clássico INDUTIVO <rane do particular para o geral)
~
\
; Senso comum: !dela que não tem comprometimento : \ com a verdade com a lógica. \
Tese de Adesão \ Paradoxo: Opinião contrária ao senso comum. \ Inicial 1 Maravllhamento: Voltar a se surpreender com : i aquilo que o hábito vai tomando comum. i Tese Principal · : \ Antítese: Exposição de idelas opostas (ex.: tristezas i Desfecho i e alegrias). i \ Alusão: Referência a um fato ou uma pessoa real \ ~ ou fictícia conhecida do interlocutor. ~
~ Refutação: Apresenta argumentos contrários.
j
\ Retorção: Mesmos argumentos para rebater.
\
~ .~~.t.~~ .?.~~:.~.~:·:. .............................................. _j http:/ /vidabeta.com.br/fluxagramas/diferenca-entretexto-narrativo-descritivo-e-dissertativo-fluxograma
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Cap. 111 ·O TEXTO DISSERTATIVO
9· ANÁLISE DE UM TEXTO HÍBRIDO A seguir, analisaremos um artigo publicado, na Folha de S. Paulo, em 3J. de
maio de 2005, por Rubem Alves sobre um tema bastante polêmico e atual: o bullying escolar. Usando a legenda descrita no quadro abaixo, perceberemos que é possível ter em um texto argumentativo um hibridismo de tipos textuais. Assim, dentro de um mesmo texto, podem estar presentes outros tipos textuais, como forma de enriquecer e auxiliar a defesa de um ponto de vista. Legenda:
lll DI
•
NARRATIVO EXPOSITIVO ARGUMENTATIVO
11m
IN]UNTIVO
1m
DESCRITIVO
A FORMA ESCOLAR DA TORTURA
RUBEM ALVES
Wmí111 Eu fui vítima dele. Por causa dele odiei a escola. Nas minhas caminhadas passadas eu o via diariamente. Naquela adolescente gorda de rosto inexpressivo que caminhava olhando para o chão. E naquela outra, magricela, sem seios, desengonçada, que ia sozinha para a escola. Havia grupos de meninos e meninas que iam alegremente, tagarelando, se exibindo, pelo mesmo caminho ... Mas eles não convidavam nem a gorda e nem a magricela. l)lffi1J Dediquei-me a escrever sobre os sofrimentos a que as crianças e adolescentes são submetidos em virtude dos absurdos das práticas escolares. Mas nunca pensei sobre os sofrimentos que colegas infligem a colegas seus. lY\ill11l Talvez eu preferisse ficar na ilusão de que todas as crianças e todos os adolescentes são vítimas. Não são. Crianças e adolescentes podem ser cruéis. ~WJ "Bullying" é o nome dele. Fica o nome inglês porque não se encontrou palavra em nossa língua que seja capaz de dizer o que "bullying" diz. "Bully" é o valentão: um menino que, em virtude de sua força e de sua alma deformada pelo sadismo tem prazer em intimidar e bater nos mais fracos. Vez por outra as crianças e adolescentes brigam em virtude de desentendimentos. São brigas que têm uma razão. Acidentes. Acontecem e pronto. Não é possível fazer uma sociologia dessas brigas. Depois da briga. os briguentos podem fazer as pazes e se tornarem amigos de novo. i)ítlfj] Isso nada tem a. ver;com o "bullying". No "bullying" um indivíduo, o valentão, ou um grupo d~ indivíduos, escolhe a sua
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REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
'
vítima que vai ser o seu "saco de pàncadas". A razão? Nenhuma. Sadismo. Eles "não vão com a cara" da vítima. É preciso que a vítima seja fraca, que não saiba se defender. Se ela fosse forte e soubesse se defender a brincadeira não teria graça. Jl:!í1l A vítima é uma peteca: cada um bate e ela vai de um lado para outro sem reagir. Do "bulling" pode-se fazer uma sociologia porque envolve muitas pessoas e tem continuidade no tempo. A cada novo dia, ao se preparar para a escola, a vítima sabe o que a aguarda. Até agora tenho usado o artigo masculino- mas o lf!Nlt "bullying'' não é monopólio dos meninos. !)lWlJ As meninas usam outros tipos de força que não a força dos punhos. E o terrível é que a vítima sabe que não há jeito de fugir. Ela não conta aos pais, por vergonha e medo. Não conta aos professores porque sabe que isso só poderá tornar aviolência dos colegas mais violenta ainda. Ela está condenada à solidão. Eao medo acrescenta-se o ódio. A vítima sonha com vingança. Deseja que seus algozes morram. Vez por outra ela toma providências para ver seu sonho realizado. As armas podem torná-la forte. !)lWlJ Frequentemente, entretanto, o "bullying" não se manifesta por meio de agressão física, mas por meio de agressão verbal e atitudes. Isolamento, caçoada, apelidos.
l)müll Aprendemos dos animais. Um ratinho preso numa gaiola aprende logo. Uma alavanca lhe dá comida. Outra alavanca produz choques. Depois de dois choques o ratinho não mais tocará a alavanca que produz choques. Mas tocará a alavanca da comida sempre que tiver fome. As experiências de dor produzem afastamento. oratinho continuará a não tocar a alavanca que produz choque ainda que os psicólogos que fazem o experimento tenham desligado o choque e tenham ligado a alavanca à comida. Experiências de dor bloqueiam o desejo de explorar. o fato é que o mundo do ratinho ficou ordenado. Ele sabe o que fazer. IJml]lmaginem agora !Jmi:l que uns psicólogos sádicos resolvam submeter o ratinho a uma experiência de horror: ele levará choques em lugares e momentos imprevistos ainda que não toque nada. o ratinho está perdido. Ele não tem formas de organizar o seu mundo. Não há nada que ele possa fazer. Os seus desejos, eu imagino, seriam dois. Primeiro: destruir a gaiola, se pudesse, e fugir. Isso não sendo possível, ele optaria pelo suicídio. ~ Edimar era um jovem tímido de 18 anos que vivia na cidade de Taiuva, no estado de São Paulo. Seus colegas fizeram-no motivo de chacota porque ele era muito gordo. Puseram-lhe os apelidos de "gordo", "mongoloide", "elefante cor de rosa" e "vinagrão", por tomar vinagre de maçã todos os dias, no seu esforço para emagrecer.!JmítU No dia 27 de janeiro de 2003 ele entrou na escola armado e atirou contra seis alunos, uma professora e o zelador, matando-se a seguir.
Cap. 111 ·O TEXTO DISSERTATIVO
~ Luis Antônio, garoto de 11 anos. Mudando-se de Natal para Recife por causa do seu sotaque passou a ser objeto da violência de colegas. l)mífil Batiam-lhe, empurravam-no, davam-lhe murros e chutes. Na manhã do dia fatídico, antes do início das aulas, apanhou de alguns meninos que o ameaçaram com a "hora da saída". Por volta das dez e meia, saiu correndo da escola e nunca mais foi visto. Um corpo com características semelhantes ao dele, em estado de putrefação, foi conduzido ao IML para perícia.
[I1W1l Achei que seria próprio falar sobre o "bullying" na sequência do meu artigo sobre o tato que se iniciou com esta afirmação: O tato é o sentido que marca, no corpo, a divisa entre Eros e Tânatos. É através do tato que o amor se realiza. É no lugar do tato que a tortura acontece. I)Wll1l "Bullying" é a forma escolar da tortura.
157
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CAPÍTULO
IV
O PARÁGRAFO ,
INTRODUTORIO Não há uma regra ou um modelo único para a construção de um parágrafo introdutório. As possibilidades para iniciar um texto dissertativo são muitas e dependem do tema, do conhecimento que se tem a respeito dele, do conjunto de ideias que se pretende desenvolver, do enfoque se deseja dar a elas e da criatividade de quem escreve. Há uma variedade de possibilidades para se ampliar os recursos de expressão ao introduzir um texto. 1.
A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO
A leitura de textos e livros até a Idade Média era extremamente difícil, já que os textos eram escritos sem vírgula, ponto final, letras maiúsculas, muito menos eram estruturados em parágrafos. Assim, a leitura de textos era cansativa, obrigando os escritores a repensarem a forma como faziam seus textos sob a perspectiva de uma estrutura textual fundamental, para que as informações e pensamentos fossem transmitidos de forma eficaz e lidos de maneira não exaustiva. Essa necessidade fez com que se desenvolvesse um método de divisão do texto, chamado de parágrafo. Assim, as ideias e informações passaram a ser divididas em partes de textos, garantindo a compreensão e leitura do texto. Os escritores passaram, desde então, a seguir uma linha de raciocínio lógica, a qual mantém a unidade, a coerência e a consistência do texto. A estrutura interna do parágrafo também .é composta por divisões: os períodos. Estes se organizam em ideia central e/ou tópico frasal, desenvolvimento do raciocínio exposto no tópico e conclusão. A partir do artigo escrito pelo colunista da Folha de S. Paulo Luli Radfahrer, usaremos alguns parágrafos para exemplificar e explicitar as partes que os compõem.
REDAÇÃO· CamiJa Sabatin
É PRECISp REPENSAR A ESCOLA O modelo escolar está em crise. A estrutura monolítica criada para satisfazer às demandas de uma economia industrial se tornou obsoleta e hoje se debate para permanecer ativa e relevante em um contexto social que, embora valorize a Educação como direito e patrimônio, não suporta a ideia de aulas longas e monótonas nem vê muito valor em diplomas. A maioria dos professores está sobrecarregada, mal-remunerada e desmotivada, sem plano de carreira que valorize o aprendizado e a relação com a classe. Processos comerciais travestidos de "metodologias de ensino" padronizam disciplinas e avaliações, transformando muitas instituições em centros de adestramento, preparatórios para determinados exames ou necessidades operacionais do mercado.
Mesmo as instituições que apresentam bom desempenho em classificações têm uma enorme dificuldade em prender a Atenção de seus alunos ou prepará-los para os desafios de um ambiente dinâmico, interativo e conectado. A educação em lotes que dirige mensagens entediantes, genéricas e repetitivas a massas de alunos é incapaz de vencer o conteúdo piscante e colorido de notebooks, tablets e dos onipresentes celulares. Não há biblioteca mais conectada e abrangente do que o Google, nem educador que saiba mais do que está na rede. E nem é preciso haver. A ideia de um professor sabe-tudo, que traz o conhecimento pronto e empacotado para o aluno (do Latim, aquele "sem luz") é uma distorção surgida com a Revolução Industrial. Antes dela, e em qualquer sociedade primitiva que nunca tenha visto uma sala de aula, o que sempre houve foi um ensino individualizado, focado na resolução de problemas. Cabia ao aprendiz a identificação de novidades e crises, trazidas para consideração de seus mestres, em um processo contínuo de crescimento e avaliação mútuos. Até o começo do século 21 não havia tempo nem recursos disponíveis para esse tipo de aprendizado, que acabava restrito às orientações de elite das grandes universidades e centros de pesquisa. A Internet e as tecnologias digitais permitem a recuperação dessa forma milenar de ensino. Mas para isso é preciso reestruturar a Educação. Um dos primeiros passos para a mudança?. compreender que escolas, como as conhecemos, não foram feitás para a educação global. Sempre haverá mais demanda do que oferta, sempre haverá Einsteins que deram o azar de nascerem na Tanzânia. Nessas condições não adianta estabelecer cotas, lotar classes ou sobrecarregar professores com aulas porque isso não vai melhorar a qualidade do ensino. Nem é possível enganar alunos com a pro-
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Cap. IV· O PARÁGRAFO INTRODUTÓRIO
messa de um aprendizado mágico, no melhor estilo das receitas de autoajuda. O que é fundamental é levar o conhecimento estruturado para a Internet, tirando de cada novo console digital seu valor educacional. Várias tecnologias existentes hoje podem ter aplicações didáticas. Videogames podem ser usados como ambientes de simulação e compreensão de múltiplas variáveis, estimulando a tomada rápida de decisões. Sensores de biometria podem ser aplicados na Educação Física e esportes. Dados de GPS estimulam o ensino de ciências sociais e o estudo de dinâmicas populacionais. Tablets substituem vídeos e livros didáticos, agregando a eles componentes interativos. Serviços de Computação em Nuvem facilitam a sincronia de trabalhos em grupo e a organização de bibliotecas de referência. Circuitos eletrônicos como Arduino ajudam a compreensão do funcionamento de máquinas. Smartphones integram a escola à dinâmica social, registrando tarefas de campo, seminários e visitas técnicas. Repositórios de vídeo podem conter bibliotecas de aulas e documentários e referência. Simuladores podem ajudar na compreensão de situações complexas e dinâmicas como o relacionamento pessoal, a operação de máquinas complexas, intervenções cirúrgicas, administração de empresas ou cidades. Câmaras facilitam a coleta e o compartilhamento de informações. E assim por diante. Nenhuma tecnologia, no entanto, é poderosa o suficiente para mudar um sistema tão tradicional. Para complementá-las, uma nova metodologia de ensino pode ser desenvolvida tendo a Internet como base. Seu programa de curso não se basearia em palestras monolíticas voltadas para um público médio, mas fragmentaria o conteúdo em um conjunto de módulos curtos e complementares, que permitissem vários pontos de conexão. Pequenas avalíações podem estar embutidas nos vídeos, com perguntas de interpretação do conteúdo ou até questões mais complexas, a serem corrigidas por especialistas remotos. Tal prática poderia reformular a carreira de professor, habilitando muitos especialistas a seguirem carreiras de aprendizado contínuo, que começariam com a monitoria de aulas e atendimento a dúvidas, passariam pela correção de provas e por elaboração de programas até chegar à elaboração de material didático .. Os mais extrovertidos poderiam até dar aulas para o vídeo ou fazer workshops em eventos. Todas as funções seria~ proporcionalmente importantes, remuneradas pelo esforÇo empregado.' Nesse método cada estudante poderia determinar o conteúdo que desejasse aprender e interagir com ele da forma e no local que lhe fosse mais adequado, seja em casa, na hora do aiiTioço, fazendo ginástica ou no transporte público. Aquele que tiver maior preparo ou habilidade poderia ir direto para níveis avançàdosou se especializar em determinadas aplicações, enquanto quem tem 161
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
deficiências de conhecimento ou aprendizado poderia progredir de acordo com suas possibilidades e capacidades. A nota final poderia levar em conta a autoavaliação, dados de frequência e produtividade gerados pelo sistema e notas diversas dadas pela rede social que se formasse em torno do conteúdo, removendo parte de sua subjetividade. Por não enfrentarem os limites físicos de locais ou horários, processos assim poderiam tornar a experiência didática algo verdadeiramente universal, acessível a qualquer pessoa conectada à rede, mesmo que por tempo limitado, o suficiente para descarregar a aula em seu aparelho ou para enviar sua prova. Disponíveis gratuitamente ou a custos baixíssimos poderiam acabar com a ideia que ainda se tem da Escola como o fim de um processo, transformando-a no que deveria ser, o início de uma relação tão frutífera quanto infinita. (RADFAHRER. 03 fev. 2013.)
Se observarmos os dez parágrafos que compõem o texto acima, perceberemos que todos são compostos por períodos, os quais se dividem em ideia central, desenvolvimento da ideia central e conclusão. Observe a análise do so parágrafo, abaixo reescrito, para entender melhor como se organiza um parágrafo padrão. "Um dos primeiros passos para a mudança é compreender que escolas, como as conhecemos, não foram feitas para a educação global. Sempre haverá mais demanda do que oferta, sempre haverá Einsteins que deram o azar de nascerem na Tanzânia. Nessas condições não adianta estabelecer cotas, lotar classes ou sobrecarregar professores com aulas porque isso não vai melhorar a qualidade do ensino. Nem é possível enganar alunos com a promessa de um aprendizado mágico, no melhor estilo das receitas de autoajuda. O que é fundamental é levar o conhecimento estruturado para a Internet, tirando de cada novo console digital seu valor educacional". (RADFAHRER. 03 fev. 2013.)
1.1.
ldeia central
Um dos primeiros passos para a mudança é compreender que escolas, como as conhecemos, não foram feitas para a educação global. 1.2.
Desenvolvimento
Sempre haverá mais demanda do que oferta, sempre haverá Einsteins que deram o azar de nascerem na Tanzânia. Nessas condições não adianta estabelecer 162
Cap.IV ·O PARÁGRAFO INTRODUTÓRIO
cotas, lotar classes ou sobrecarregar professores com aulas porque isso não vai
melhorar a qualidade do ensino. Nem é possível enganar alunos com
a promessa
de um aprendizado mágico, no melhor estilo das receitas de autoajuda. 1.3. Conclusão Oque é fundamental é levar o conhecimento estruturado para a Internet, tirando de cada novo console digital seu valor educacional. A forma como o parágrafo é estruturado internamente também garante uma linha de raciocínio lógica, facilita a leitura e interpretação do leitor. Da mesma forma que o texto precisa ser dividido em unidades menores, os parágrafos também seguem a mesma divisão -os períodos. A estrutura do texto e do parágrafo, efetivamente, garante o raciocínio lógico das ideias e a facilitação da leitura e interpretação. 2.
PARÁGRAFO INTRODUTÓRIO
Até então, focamos na estrutura do parágrafo padrão, analisamos sua importância e função para o texto em geral e sua estrutura interna. Agora, vamos estudar de forma detalhada como é elaborado o parágrafo de introdução do texto, o qual provoca muitos transtornos para os redatores, e a pergunta crucial: "Como iniciar um texto?". O parágrafo introdutório de uma redação para concurso organiza-se em dois ou três períodos, com 4 a 6 linhas. Esse tipo de organização é necessário, pois se trata de texto com número de linhas determinado por uma banca corretora, tornando inviável um número maior de períodos e linhas por parágrafo. A finalidade do parágrafo introdutório é, em um primeiro momento, situar o leitor a respeito do tema proposto. Como o próprio nome diz, é preciso introduzir o tema, sem que o redator tangencie-o'. Para que isso não ocorra, é necessário, como vimos no capítulo 2, grifar as palavras-chave presentes na definição temática. Caso o tema não esteja explícito, basta grifar as palavraschave do(s) texto(s) de apoio (coletânea). Essas palavras vão dar a real noção do que se deve dizer, elas precisam estar presentes na introdução do texto, para que o leitor perceba que você compreendeU qual a proposta do tema e, assim, não corra o risco de tangenciá-lo.
1.
Tangenciar o tema é o mesmo que reduzi-lo, falar parte dele; extrapolá-lo, dizer algo que vai além da discussão temática ou mesmo contradizê-lo, falar o contrário do que foi proposto pelo tema.
REDAÇÃO· Camíla Sabatín
Além da introdução ao tema, éTunda mental que a tese2 esteja explícita. O posicionamento do autor (em caso de texto argumentativo) parte da premissa que se tem uma problemática, perante a qual ele deve assumir um ponto de vista. Em resumo, o parágrafo introdutório é: INTRQDUÇÃO" AO lEMA
+
ÓEffsA/ c D;\ 11\SÉ"
• '·!)~GRAFO = ;;/- lN'JRPDUTÓRIO
O parágrafo introdutório do artigo "É preciso repensar a escola" do colunista da Folha de S. Paulo Luli Radfahrer é um exemplo claro de como introduzir o tema de forma clara e objetiva e, ao mesmo tempo, de como defender a tese. "O modelo escolar está em crise. A estrutura monolítica criada para satisfazer às demandas de uma economia industrial se tornou obsoleta e hoje se debate para permanecer ativa e relevante em um contexto social que, embora valorize a Educação como direito e patrimônio, não suporta a ideia de aulas longas e monótonas nem vê muito valor em diplomas. A maioria dos professores está sobrecarregada, mal-remunerada e desmotivada, sem plano de carreira que valorize o aprendizado e a relação com a classe. Processos comerciais travestidos de "metodologias de ensino" padronizam disciplinas e avaliações, transformando muitas instituições em centros de adestramento, preparatórios para determinados exames ou necessidades operacionais do mercado". (RADFAHRER, 03 fev. 2013.)
Otema desenvolvido no texto versa sobre o modelo escolar vigente e como a tecnologia pode auxiliar a escolar. A tese do autor diante dele já se encontra no primeiro período- "O modelo escolar está em crise". Após a defesa, o autor irá introduzir a temática elencando algumas questões que corroboram para que o modelo escolar esteja em crise. Esses itens compõem a tese e ajudam a deixar clara a temática em discussão. Veja: "A estrutura monolítica criada para satisfazer às demandas de uma economia industrial se tornou obsoleta e hoje se debate para permanecer ativa e relevante em um cont.exto social que, embora valorize a Educação como direito e patrimônio, não suporta a ideia de aulas longas e monótonas nem vê muito valor em diplomas. A maioria dos professores está sobrecarregada, malremunerada e desmotivada, sem plano de carreira que valorize o aprendizado e a relação com a classe. Processos comerciais
2.
A elaboração da tese foi conteúdo do item 4.3 do primeiro capítulo.
Cap.IV • O PARÁGRAFO INTRODUTÓRIO
travestidos de "metodologias de ensino" padronizam disciplinas e avaliações, transformando muitas instituições em centros de adestramento, preparatórios para determinados exames ou necessidades operacionais do mercado". (RADFAHRER, 03 fev. 2013.)
Observe que a introdução do texto acima discute exatamente o que está proposto pelo tema, citando três questões (em negrito) que fazem com que o modelo escolar esteja em crise. Ao longo do texto, essas questões serão abordadas e analisadas por meio de exemplos.
3. DICAS PARA REDIGIR O PARÁGRAFO INlRODUTÓRIO
o primeiro parágrafo do texto deve ser criativo, deve atrair a atenção do leitor. Os recursos de estilo, por meio de intertextualidades, podem ser usados para garantir a sofisticação do parágrafo inicial. No entanto, é importante que esses recursos garantam a organização do raciocínio e, de fato, seja uma relação relevante para exposição da temática. Para isso, é preciso evitar expressões desgastadas como: nos dias de hoje, hoje em dia, atualmente, a cada dia que passa, desde os primórdios, desde épocas remotas, no mundo de hoje, na atualidade, o mundo em que vivemos. Abaixo serão elencadas algumas maneiras de iniciar um texto com originalidade e sofisticação. 3.1 Introdução por citação
"Eu tive um sonho em que brancos e negros eram iguais." A frase dita por Martin Luther King há 50 anos ainda é capaz de resumir o tão almejado desejo de igualdade racial entre todos os povos. O nosso país, mesmo sendo símbolo da miscigenação e cordialidade entre os povos, infelizmente, está distante da igualdade sonhada pelo ativista político norte-americano. Muitos negros ainda estão longe da igualdade material no que se refere à questão social, econômica e política.
"Jonh Locke, em um de seus escritos, disse que, ao vivermos em sociedade, somos de certa forma obrigados a nos moldar a seus contornos. Vivemos em uma sociedade capitalista, uma sociedade em que o consumo desenfreado parece ser a cada dia mais comum, seguindo uma lógica como: "compro, logo existo". As pessoas perderam sua individualidade, são tratadas agora simplesmente como consumidores". (CAMARGO, [s/d]. Adaptado)
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
"O poeta é um fingidor e finge tão completamente que chega fingir que é dor, a dor que deveras sente". Ao escrever tais versos, o poeta Fernando Pessoa coloca a humanidade no papel dos poetas. Estes, fingem os verdadeiros sentimentos para a construção de um poema, assim como os indivíduos escondem a verdadeira essência para a construção de uma imagem. Esta, funciona como um verniz social e é essencial, desde que haja um equilíbrio entre o verdadeiro e o representado". (VERNIZ SOCIAL, 2010.)
3.2 Introdução por definição
"O mito, entre os primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. E um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão também, as formas da ação humana". (ARANHA; MARTINS, 1992, p. 62.) !·
I.
3.3 Introdução por analogia
"Assim como a Páscoa associa o açúcar à felicidade, os meios de comunicação, por meio dos signos de consumo, relacionam realização pessoal ao consumismo. Segundo a filosofia. isso se denomina "fetichismo de mercadoria" e é, atualmente, o principal "protagonista" das economias em escala global". (SANTOS, [s/d])
"De acordo com a Teoria da Educação.âas Espécies, o que possibilita a formação do mundo como conhecemos hoje foi a sobrevivência dos mais aptos ao ambiente. A seleção natural se baseia na escolha das características mais ú.teis~ Estas somente se originam a partir das diferenças determinadas;por mutações em códigos genéticos com o passar do tempo"." . (CONFIRA AS REDAÇÕES ... , 2008)
Cap.IV ·O PARÁGRAFO INTRODUTÓRIO
3.4 Introdução por afirmação.
"Vivemos em um mundo cada vez mais globalizado, no qual a dinâmica de informações é intensa e constante. A troca de ideias e mercadorias entre os mais distantes lugares tornou-se ainda mais frequente e rápida após o advento da internet. Dentro desse contexto, há um importante fator que deve ser levado em consideração: a mídia como um mecanismo de manipulação das massas". (YAMAMOTO, [s/d]. Adaptado).
"Não há limites para o imaginário humano. Mesmo em condições adversas, o homem é capaz de criar representações da realidade, seja com a intenção de mudar uma situação vigente, seja para sair da rotina monótona do cotidiano ou fugir de uma realidade hostil à vida. Essas imagens exercem um importante papel na alma humana, aos quais vão muito além da conotação recreativa, elas fomentam a esperança e em alguns casos, podem determinar a sobrevivência de um indivíduo". (SEM LIMITES, 2010.)
3.5 Introdução por descrição/relato
Acordamos todas as manhãs. Para alguns, o acordar é apenas abrir os olhos e colocar-se em movimento. Não despertam para a vida. Saem de suas camas carregando os sonhos nas costas e não no coração. Não produzem, não criam, não têm metas em suas vidas e tampouco projetam seus passos. São parasitas em uma sociedade que nem sempre os recebe de portas abertas. (CRUZ, [s/d]. Adaptado)
No livr:oo "A Revolução dos Bichos", de GeorgeOrwell, o cavalo Sansão abdica da própria saúde para trabalhar nc;~construção de um moinho que beneficiaria a comunidade. No. entanto, o peso da idade e seu frágil pulmão debilitaram-no e ele foi entregue ao matadouro pelos líderes porcos. Tal metáfora ilustra o descaso não
REDAÇÃO • Camila Sabatin
só das autoridades, como tnmbém da sociedade em geral frente ao sacrifício alheio em prol da coletividade. Portanto, o abandono do altruísmo na idade contemporânea tem sua origem na inversão de valores trazida pelos ideais capitalistas. (INDIVIDUALISMO PREDOMINANTE, 2011).
3.6 Introdução por questionamento
"A educação é fundamental para o desenvolvimento do país, da sociedade e de cada indivíduo em particular, entretanto, além do conteúdo transmitido, do respeito, da convivência com as diferenças e dos bons costumes, na escola também se entra em contato com valores considerados negativos, principalmente através da literatura. Será que esse contato é, realmente, negativo?". (MOURA, p. 48, 2012.)
"Tudo é discurso", adverte Ferdinad de Saussure, e temos que reconhecê-lo. Tanto a imagem mais enganosa do sabonete que transforma você numa estrela de cinema até a notícia mais direta e evidente do último atentado terrorista no Oriente Médio, tudo é discurso. Mas o que diferencia, então uma imagem falaciosa e outra de presença real? Os processos de significação se utilizam de expedientes de recriação e falseamento do mundo dos fatos concretos?". (FATOS E SIMULAÇÃO... , 2010.)
3.7 Introdução por relação entre textos: obras de arte, literatura, filme, etc.
"Em uma famosa tela de Magritte observa-:-se'um cachimbo desenhado, acompanhado da inscrição; Isso não é um cachimbo. De fato, não o é, mas apenas a sua representação. Somos nós que enxergamos a imagem e imediatamente a assimilamos ao objeto real, sem considerar que ambos não são iguais. ~agritte sabia como o homem ignora a distinção entre .a imagem e o. real, e que essas imagens atribuem significados ao real.. Instituições como o casamento, a Igreja e o Estado, por ex~mpló, d~pendem de seu simbolismo para perpetuarem-se. Poré,l"{1.deyemos saber distinguir entre o que são e o que representçm"; .. · (ISTO NÃO É... , 2010.)
168
Cap. IV • O PARÁGRAFO INTRODUTÓRIO
"Segundo o materialismo histórico, a maneira como se organiza o sistema produtivo determina as outras estruturas e relações da sociedade. Assim, a adoção do capitalismo, pautado pelo máximo lucro, fez nascer inúmeros coelhos de Lewis Carroll que, repetindo "Estou atrasado!", mostram-se extremamente adaptados, egocêntricos e imediatistas". (PARA DEPOIS, 2010.)
"Mad Men" é um seriado norte-americano sobre a década de 1960, período de ápice do "American way of life", os nostálgicos anos dourados dos Estados Unidos. O protagonista é um publicitário que cria um mundo de sonhos para vendê-los à massa. Don Draper passa a imagem do sucesso e da felicidade, mas a realidade deste homem não condiz com a fachada que ele luta para manter. Todos podem se identificar com tal dualismo". (BAILE DE MÁSCARAS, 2010.)
3.8 Introdução por alusão histórica
"A representação da realidade por meio de imagens constituiu um elemento básico no estudo da história da humanidade. Usadas pelo homem como forma de expressão desde a Pré-história, com as pinturas nas cavernas, as imagens servem até hoje como fonte de pesquisa para que os historiadores reúnam mais informações a respeito da realidade de cada período vivido pelo ser humano. Entretanto, no decorrer dos séculos, a representação de fatos por meio de imagens também foi utilizada como forma de distorcer situações reais, fazendo com que essas situações fossem sufocados por uma atmosfera de heroísmo que nem sempre condiz com a realidade". (SIMBOLIZAR O PASSADO ... , 2010.)
"A partir das Grandes Navegações, O Homem valeu-se dP,,I:JSO de simbologias e imagens para representar realidades longínquas, ciências microscópicas ou mesmo ideologias revolucionárias. Impulsionadas pela invenção de Gutenberg, aquilo que se restringiu a vitrais de catedrais góticos a raras iluminuras em manuscritos monásticos difundiu-se e tornou-se protagonista não.só dos dias atuais, bem como arauto de desenvolvimento da Humanidade". (ETERNOS G~!LHÕES, 2010.)
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
4· ESTRATÉGIAS DE RACIOcfNIO: A INDUÇÃO E A DEDUÇÃO
o raciocínio, para ser lógico, precisa ser algo ordenado, coerente e lógico. Toda ciência utiliza-se de um método para validar informações e produzir conceitos. Para o estudo da produção de texto não é diferente, é preciso estabelecer estratégias de raciocínio para selecionar os argumentos, explicitar a tese e chegar a conclusões lógicas. Oobjetivo de um argumento é justificar uma afirmação que se faz, ou dar as razões para certa conclusão obtida. Exemplo: Você me enganou, porque disse que ia estudar comigo esta noite e meu primo o viu na boate. Um argumento precisa ser provado com dados, exemplos, só assim é possível ter uma conclusão coerente. Em um argumento válido, as premissas são consideradas provas evidentes da verdade da conclusão, caso contrário não é válido. Quando é válido, podemos dizer que a conclusão é uma consequência lógica das premissas. A lógica preocupa-se com o relacionamento entre as premissas e a conclusão, ou seja, com a estrutura e a forma do raciocínio. A lógica dispõe de duas ferramentas que podem ser utilizadas pelo pensamento na busca de novos conhecimentos: a dedução e a indução, que dão origem a dois tipos de argumentos: Dedutivos e Indutivos. 4.1 Dedução
A dedução é uma forma de raciocínio que parte de uma ideia geral para uma particular. É o método proposto pelos racionalistas o qual, de acordo com estes, a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro, já que as premissas, a princípio, são irrefutáveis e óbvias. Aristóteles chamava o raciocínio dedutivo de silogismo e o considerava um modelo de rigor lógico que, a partir de duas ideias chamadas premissas, retiram uma terceira, denominada conclusão. Observe o exemplo abaixo para entender como se estrutura a dedução. Todo brasileiro é sul-americano. (Premissa geral) Ora, todo paulista é brasileiro. (Premissa particular) Logo, todo paulista é sul-americano. (Conclusão) Em resumo: Dedução = geral __, particular
É importante notar que a dedução não traz conhecimento novo, uma vez que a conclusão sempre se apresenta como urn' caso particular da lei geral. Assim, a dedução organiza e especifica o conhecimento que já temos. Ela tem 170
Cap. IV· O PARÁGRAFO INTRODUTÓRIO
como ponto de partida o plano do inteligível, ou seja, da verdade geral, já estabelecida. A fonte de verdade para um dedutivista é a lógica. Os argumentos dedutivos pretendem que suas premissas forneçam uma prova conclusiva da veracidade da conclusão, podendo ser: Válidos: quando suas premissas, se verdadeiras, fornecem provas convincentes para a conclusão. Isto é, se as premissas forem verdadeiras, é impossível que a conclusão seja falsa.
Exemplo:
fi+
Se eu ganhar na Loteria, serei rico. (premissa geral)
fi+ fi+
Eu ganhei na Loteria. (premissa particular) Logo, sou rico. (conclusão)
É válida. A conclusão
é uma decorrência lógica das duas premissas.
Inválidos: não se verifica a característica anterior.
fi+
Se eu ganhar na Loteria, seria rico. (premissa geral)
fi+
Eu não ganhei na Loteria. (premissa particular) Logo, não sou rico. (conclusão)
É inválida.
A conclusão não é uma decorrência lógica das premissas anteriores, visto que a pessoa pode ser rica, independente de ter ganhado o prêmio da Loteria. Nesse último caso, o raciocínio dedutivo pode levar ao sofismo: um raciocínio falso, mas que possui aparência lógica. Bem como neste outro exemplo: Os nazistas eram nacionalistas, Norte-americanos são nacionalistas, Logo, norte-americanos são nazistas.
o raciocínio dedutivo é mais utilizado pelos autores em seus textos argumentativos. A tese (premissa geral) vem explicitada no primeiro parágrafo. No desenvolvimento do texto, os argumentos (premissas particulares) deverão comprovar a tese. Caso os argumentos sejam falsos, de senso comum, com análises e exemplos que não corroborem com a verdade, a conclusão não será convincente, e a tese não atingirá sua defesa plena e não se chegará a uma conclusão válida. A seguir, analisaremos um texto em que a o raciocínio dedutivo foi usado.
i71
REDAÇÃO· Camila Sabatin
4.1.1
Texto dedutivo O GARGAI..O MAIS APERTADO O Brasil possui dois grandes gargalos que travam seu crescimento potencial: infraestrutura e educação. O mais grave e de solução mais difícil certamente é o segundo. A última avaliação da ONU. o Pisa, classificou o Brasil em 53° entre 65 países avaliados. Enquanto os russos fizeram 459 pontos em leitura, a nota do Brasil foi 412. Mas, a Rússia ficou somente em 43a na classificação. Os líderes são os chineses de Xangai. Eles fizeram 556 pontos no exame da ONU. Infelizmente, essa distância não pode ser reduzida no curto prazo. Os resultados de políticas adotadas hoje levarão pelo menos uma década para serem percebidos. O maior desafio é o aprendizado. Melhorar a educação requer investimentos. O primeiro deles é valorizar os professores de modo que a carreira se torne atrativa, tanto do ponto de vista financeiro quanto do reconhecimento da sociedade. O salário anual de um professor do ensino fundamental nos Estados Unidos é próximo dos US$ 55 mil. Esse valor é 20'i'o superior à renda per capita americana e corresponde a 64'i'o dosalário de um engenheiro. No Brasil, a lei atual prevê que um professor receba no mínimo R$ 1.451 ao mês, algo em torno de US$ 9 mil ao ano. Esse valor é 20'i'o inferior à renda per capita brasileira e corresponde a apenas 35'i'o do salário médio de um engenheiro no Brasil. Mas isso não é tudo. Muitos Estados e municípios não pagam nem mesmo o piso fixado em lei! Além de corrigir distorções salariais, mudar o quadro educacional do país requer medidas que deram certo em outros países. A primeira é avaliar os alunos de forma contínua nas principais áreas: língua portuguesa e matemática. Mais do que avaliar, é necessário detectar os problemas específicos de cada série, item por item. Se os alunos foram mal ao calcular proporções de triângulos, então que seja repensado o modo de ensino dessa matéria. Isso significa usar a avaliação não só para classificar escolas, mas também para melhorar o ensino. A segunda forma de melhorar o ensino é por meio da remuneração por desempenho. Ou seja, premiar pr?fessores e principalmente gestores de escolas que apresentem melhores resultados ao longo do tempo. Isso cria incentivo$ e valoriza os profissionais, desde que seja feito deiformçr Ç!.Ji<;jç.dosa, levando-se em conta as diferenças econômicas e sociais do entorno de cada escola.
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Cap. IV· O PARÁGRAFO INTRODUTÓRIO
Outros dois passos são fundamentais para mudar nossa educação. O primeiro é o aumento do número de horas de ensino. Enquanto os chineses estudam mais de oito horas por dia, a carga horária brasileira, quando cumprida, é de cinco. Não há dúvidas de que mais horas de ensino resultam em melhor desempenho. Além disto, existe evidência de que a redução do número de alunos em sala de aula melhora o aprendizado. Uma sala com 25 alunos é muito mais fácil de ser administrada do que uma sala com 40 alunos. A mudança da pirâmide demográfica brasileira pode facilitar o trabalho dos governantes nos próximos anos com relação a estes dois últimos passos. Com mais verba para a educação, o Brasil terá uma oportunidade imensa até o final desta década para garantir um bom desempenho na próxima. Todas as medidas listadas acima tomam tempo. Não podemos esperar mais. Este é o gargalo mais apertado do crescimento do país e sabemos como alargá-lo. Agora cabe à sociedade se organizar e cobrar agilidade dos governantes quanto à apresentação de resultados e propostas.
(COSTA, 20:1..3. Adaptado)
4.1.2
Análise do texto dedutivo
O texto parte da premissa geral (tese), de que o gargalo mais grave e de difícil solução o qual entrava o crescimento do Brasil é a educação. Após isso, o autor estabelece uma série de premissas específicas (argumentos), para validar a premissa geral, inicia citando a última avaliação da ONU em relação ao Pisa, mostrando que, entre os 65 países avaliados, o Brasil está na 53• posição, um dado alarmante que, efetivamente, emperra o nosso crescimento potenciaL Ainda aponta políticas adotadas, as quais levarão décadas para surtir efeito mas que, de fato, evitarão o gargalo. Além disso, afirma que não há valorização do professor; reconhecimento da sociedade e plano de carreira que incentive a qualidade do trabalho do docente. Para isso, expõe dados referentes ao salário dos professores, o qual é 20°/o inferior à per capita brasileira e corresponde a apenas 35°/o do salário médio de um engenheiro. Como a temática refere-se a uma problemática, o autor propõe intervenções para minimizar o gargalo na educação. Sendo a primeira corrigir as distorções salariais, propondo a inserção de avaliações contínuas que visem, não só a classificar as escolas, mas também a esclarecer onde é preciso melhorar o ensino. A segunda intervenção seria melhorar o ensino, estabelecendo uma
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
remuneração por desempenho, pf.emiando professores e gestores da escola que apresentarem os melhores resultados ao longo do tempo.
o autor sugere também o aumento do número de horas de ensino, de pelo menos 8 horas por dia e não no máximo 5 horas. Para que possamos obter melhores resultados e melhores desempenhos. Também se faz necessário, de acordo com ele, reduzir o número de alunos em sala de aula, para que o aprendizado torne-se melhor. Para finalizar, propõe mais verbas para educação, já que, com a mudança na pirâmide demográfica brasileira, o trabalho dos governantes será, de certa maneira, facilitado. Todas as premissas específicas destacadas acima resultam na confirmação da tese, premissa geral. Dessa forma, o autor conclui que a educação é, de fato, o gargalo mais apertado do crescimento do país, mas, de acordo com os exemplos dados, sabemos como alargá-lo e como exigir dos nossos governantes agilidade na apresentação de resultados. 4.2 Indução
A indução é a forma de raciocínio em que, por meio de premissas particulares, busca-se chegar a uma conclusão geral ou universal. O princípio de indução não trata de uma verdade lógica pura, mas de premissas para inferir uma conclusão. Devemos considerar que as premissas são observações da natureza, de fatos do mundo, baseadas em experiências e não na lógica como no caso da dedução. Esse método é muito comum nos estudos científicos, pois se estudam casos particulares, a fim de chegar a uma conclusão geral. As hipóteses são baseadas em observações para atingir o conhecimento científico. Veja o exemplo abaixo para entender como se estrutura a dedução.
O ferro conduz eletricidade O ferro é metal O ouro conduz eletricidade O ouro é metal O cobre conduz eletricidade O cobre é metal Logo, os metais conduzem eletricidade.
I
Em resumo: Indução
=particular--> geral
o raciocínio indutivo é uma forma eficiente de tónve:ncimento para o texto dissertativo, pois o autor, ao partir de premissas especfflcas (os argumentos), mostra as provas, convence com base em fatOS/parra depois estabelecer a pre174
Cap.IV ·O PARÁGRAFO INTRODUTÓRIO
missa geral (a tese), o ponto de vista, a conclusão a que ele chega após inúmeros argumentos, exemplos, refutações, etc. Para que essa maneira de estruturar o raciocínio fique clara, a seguir analisaremos um texto que usa a técnica da indução. Observe a proposta temática 3 e leia o texto. CATRACA INVISÍVEL OCUPA LUGAR DE ESTÁTUA
Sem que ninguém saiba como e muito menos o porquê uma catraca enferrujada foi colocada em ci111a de um pedestal no largo do Arouche (centro de São Paulo). E o monumento à catraca invisível, informa uma placa preta com moldura e letras douradas, colocada abaixo do objeto, onde ainda se lê: Programa para a descatracalização da vida, julho de 2004. (Adaptado de Folha de S. Paulo, 04 de setembro de 2004)
[Catraca = borboleta: dispositivo geralmente formado por três ou quatro barras ou alças giratórias, que impede a passagem de mais de uma pessoa de cada vez, instalado na entrada e/ou saída de ônibus, estações, estádios etc. para ordenar e controlar o movimento de pessoas, contá-las etc.]
GRUPO ASSUME AUTORIA DA "CATRACA INVISÍVEL" Um grupo artístico chamado Contra Filé "assumiu a responsabilidade pela colocação de uma catraca enferrujada no largo do Arouche (região central). A intervenção elevou a catraca ao status de monumento à descatracalização da vida'.' e fez parte de um programa apresentado no Sesc da Avenida Paulista, paralelamente ao Fórum das Cidades. No site do Sesc, o grupo afirma que a catraca representa um objeto de controle biopolítico do capital e do governo sobre os cidadãos. (Adaptado de Folha de S. Paulo, 09 de setembro de 2004)
3.
Proposta temática do vestibular da Fuvest 2005.
175
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Em site sobre o assuntd, assim foi explicado o projeto do grupo Contra Filé: O Contra Filé' desenvolveu o PROGRAMA PARA A DESCATRACALIZAÇÃO DA PRÓPRIA VIDA. A catraca representa um signo revelador do controle biopolítico, através de forças visíveis e/ou invisíveis. Por quantas catracas passamos diariamente? Por quantas não passamos, apesar de termos a sensação de passar?" (Disponível em: <http:/ /lists.indymedia.org/pipemail/ cmi-brasil-video/2004-july/0726-ct.html>)
Instrução: Como você pôde verificar, observando o noticiário da imprensa e o texto da Internet aqui reproduzidos, a catraca que apareceu em uma praça de São Paulo era, na verdade, um "Monumento à catraca invisível", ali instalado pelo grupo artístico "Contra Filé", como parte de seu Programa para a descatracalização da vida". Tudo indica, portanto, que o grupo responsável por este programa acredita que há um excesso de controles, dos mais variados tipos, que se exercem sobre os corpos e as mentes das pessoas, submetendo-as a constantes limitações e constrangimentos. Tendo em vista as motivações do grupo, você julga que o programa por ele desenvolvido se justifica? Considerando essa questão, além de outras que você ache pertinentes, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, argumentando de modo a apresentar seu ponto de vista sobre o assunto. 4.2.1
Texto indutivo Durante a Primeira Guerra Mundial, um grupo de artistas se refugiou na Suíça e fundou um movimento de vanguarda chamado dadaísmo. Tal escola objetivava discutir o que é arte e também propunha novas formas de expressão. Entre o grupo, figurava o artista Duchamp que questionou o público em uma das suas exposições ao colocar um mictório no alto de um pedestal. Poderia um simples objeto cotidiano ser considerado como obra de arte? E qual seria sua importância para a conscientização das pessoas? No século seguinte, no largo do Arouche, a mesina cena é repetida. Não um mictório, mas sim uma catraca ~obe o pedestal e passa a condição de obra de arte. Tal objeto deixa a sua condição anterior e passa a assumir uma gama ímensurável de signos, e consequentemente de significados. Se a. arte tem como função libertar o ser humano de controle cotidiano e expandir novas possibilidades ao indivíduo, o programa desenvolvido pelo grupo "Contra Filé" se justifica, assim como aconteceu com o mictório de Duchamp. Ambos os trabalhos contribuem para a formação de uma nova consciência.
176
Cap.IV • O PARÁGRAFO INTRODUTÓRIO
Redes opressoras constantemente se ordenavam e passam a conduzir a vida da massa populacional. O papel da arte é tornar visíveis tais mecanismos para que, ao serem vistos, conscientizem sobre a existência desses fatores manipuladores. Então, as formas artísticas contribuem para o senso crítico, aguçando a percepção de como o mundo e a vida se organizam. Após o reconhecimento do mecanismo opressor, é possível analisar a situação vigente e propor novas alternativas. Assim, a arte não somente denuncia como também contribui de forma ativa na busca de novos rumos para a sociedade. Logo, é imprescindível o papel da arte na formação de "signos saudáveis", teoria de Jean Roland Barthes que defende a opacidade dos signos para que todos sejam capazes de reconhecer a ideologia escondida por trás de cada um deles. E, assim, a população obtenha as ferramentas necessárias para lidar com os mecanismos do mundo e não parar nas catracas da vida. ("DURANTE A PRIMEIRA GUERRA ... ". 2005. Adaptado)
4.2.2
Análise do texto indutivo
O autor inicia o texto expondo como se deu o dadaísmo, movimento artístico do início do século XX na Europa, em que um dos artistas era Mareei Duchamp. Após isso, propõe dois questionamentos a cerca do que é considerado arte e o grau de conscientização de alguns tipos de obra de arte. Logo após, faz a relação da obra de Duchamp com a obra de arte do grupo Contra Filé. Foca na relação entre o mictório e a catraca no pedestal como signos com uma gama de significados que promovem a reflexão e a conscientização das pessoas. Após essa primeira premissa, o autor reforça a ideia de que a arte tem o poder de tornar visíveis sistemas opressores, fazendo com que as pessoas formem um senso crítico e agucem a percepção de como o mundo e a vida organizam-se. A outra premissa parte da ideia de que, após o reconhecimento do mecanismo opressor, é possível buscar alternativas para mudar a situação vigente. Concluindo que a arte não somente denuncia, mas viabiliza novos rumos para a sociedade. A conclusão do texto, dessa maneira, é a premissa geral, isto é, o ponto de vista (tese) do autor de que o papel da arte é imprescindível para formação de "signos saudáveis", capazes de explicitar ideologias escondidas e promover a conscientização e consequente mudança social.
CAPÍTULO
V
COMO CONSTRUIR O DESENVOLVIMENTO Neste capítulo, estudaremos a parte mais importante de uma dissertação: o desenvolvimento. É neste momento em que o candidato irá expor seus argumentos, mostrar sua capacidade de análise do tema e, com toda força da sua eloquência, tentar persuadir e convencer o leitor. É no desenvolvimento que o texto ganha corpo, já que compõe, em média, três parágrafos de exposição-argumentação em defesa da tese. Claro que, ao considerar três parágrafos de desenvolvimento, estamos pensando em um texto tradicional de 30 linhas. Caso a banca do concurso proponha 40 a 6o linhas, por exemplo, o número de parágrafos será maior, já que é preciso discutir mais a temática, aumentando, então, o número de argumentos (ideias centrais). Seria inviável escrever três parágrafos longos, o texto ficaria, possivelmente, prolixo. 1.
A ESTRUTURA DO PARÁGRAFO DE DESENVOLVIMENTO
Um texto organiza-se numa sequência de parágrafos, sendo cada um deles um microtexto, cujo discurso pode ter um caráter expositivo ou argumentativo, abordagem objetiva ou subjetiva, teor metafórico associado ao concreto. o parágrafo de desenvolvimento é o responsável pela consistência da ideia principal (a tese). Estruturalmente, deve conter apenas com um argumento (ideia-núcleo), esse precisa ser analisado por meio de justificativas, exemplos, para que tenha fundamento, poder de persuasão e convencimento. Também é preciso concluir a análise feita no parágrafo. Esse acabamento dá ao parágrafo de desenvolvimento e status de mícrotexto. Além do caráter coesivo apontado acima, devemos assegurar a coerência, seguindo, dessa maneira, um raciocínio lógico, coerente com a tese, objetivando convencer o leitor por meio de argumentos sólidos, não fundamentados no senso comum. Dessa forma, temos: <,~
.
.:'_::,>,>:<>Lii'
11)~~/~~ttlfW. (ARGUM~NTO)
'
;
+
• ~NÁLIS.E ,
[EXEMPLO(S)]
179
REDAÇAO • Camila Sabatin
1.1
ldeia central
•
Encontra-se, geralmente, no
•
Pode estabelecer relações de causa e efeito: motivos, razões, fundamentos, alicerces, os porquês, consequências, efeitos, repercussões, reflexos;
•
Estabelecer comparações e contrastes: diferenças e semelhanças entre elementos - de um lado, de outro lado, em contraste, ao contrário;
1.2
10
período.
Desenvolvimento da ideia central
•
Focaliza-se nos períodos posteriores à ideia central, geralmente o zo e 3° períodos.
•
Enumerações e exemplificações: indicação de fatos, exemplos extraídos de livros, filmes, personagens no geral, dados estatísticos, dados históricos, mitos, filosofia, sociologia, entre outros campos do saber.
1.3 Conclusão •
concentra-se no último período.
•
É a síntese da discussão do parágrafo. A relação entre a análise e a ideia central.
1.4 Exemplo "Em "Amor Líquido", o sociólogo polonês Zygmunt Bauman discorre sobre a fragilidade, superficialidade e efemeridade dos relacionamentos humanos. (IDEIA CENTRAL ·ARGUMEN-
TO) Para ele, em um mundo que se molda facilmente, pois vive.em constante transformação, os laços humanos est~o cada. v~z mais frouxos e insólitos. De fato, a sociedade pós-moderno está cada vez mais mecânico, mais indiferente.e menos humana. ·S.e antes a amizade prevalecia, hoje se enaltece o dinheirq;. :;e antes o sexo coroava o amor, hoje se encontram pra;ticpmen;te;desyinculados. (DESENVOLVIMENTO DA IDEIA CENTRAL). Issp, no ental']to, não acontece impunemente; o respeito e ·a consideraÇão com o outro, a partir disso, já nascem desfigurados, ao passo que o individualismo e egocentrismo com..e. Çam aviggrar." (C0t\ICLUSÃO) :_ >Y:~
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(~OBRE.EQUÍVOCOS, N~Rcrsos.... 2011.) 180
Cap. V· COMO CONSTRUIR O DESENVOLVIMENTO
2.
A ESCOLHA DOS ARGUMENTOS
A seleção dos argumentos, como já explicitado no segundo capítulo, parte de uma leitura atenta da coletânea e da proposta da banca. Essas irão mostrar a linha de raciocínio a ser seguida e proporcionar algumas ideias para serem usadas na argumentação. Sabemos que as bancas selecionam poucos textos e/ ou excertos de textos para o candidato fundamentar sua argumentação. Isso acontece porque o objetivo dessa prova é analisar o repertório, observar o grau de informatividade e competência analítica do candidato. Para isso, é importante que ele tenha em mente algumas estratégias de argumentação para que consiga mostrar à banca corretora que é capaz de abordar o tema com criticidade e relevância necessária. Abaixo, seguem alguns tipos de argumentação para auxiliar o desenvolvimento textual. 2.1
Argumentação por causa/consequência
Como a maioria das propostas aborda uma problemática, buscar as causas e consequências é o primeiro passo para analisar criticamente o tema em questão. Além de ser um argumento muito usado, é uma forma de explicar os porquês, dando ao argumento consistência para defesa da tese. Exemplo desse tipo de argumento é o trecho abaixo, extraído do texto "O mal ainda persiste"4, em que o autor irá expor as causas do trabalho escravo o qual ainda está presente em pleno século XXI. As consequências já estão presentes na abordagem da proposta, coube ao autor buscar as causas que corroboram para tal prática. "De fato, a nova roupagem da escravidão não possui uma única causa que sustente toda problemática descrita. O desemprego, baixos salários e falta de perspectiva no trabalho é mais importante razão que estimula bolivianos, paraguaios e peruanos, por exemplo, ao fluxo emigratório. Outra questão é a precariedade da fiscalização por parte das autoridades brasileiras, o que, muitas vezef, revela um jogo de interesses para manter uma prática ilegaL E certo também que o consumo consciente ainda não faz parte da nossa formação ideológica, o que nos faz assistir passivamente a situações como as descritas nos noticiários. Esses fatores ainda sustentam uma situação vergonhosa em pleno século XXI." 2.2
Argumentação por dados estatísticos
A argumentação .usando dados estatísticos é muito válida, pois há provas para defender o ponto de vista. No entanto, esse é um tipo de argumento que
4.
Texto do item 4.1. do.capítulo 111.
i81
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
requer cuidados, já que, para cita~ dados estatísticos, é preciso citar a fonte de onde se tirou os dados e conferir se eles estão corretos. É preciso colocar dados que sejam de conhecimento público. Assim como, deve-se tomar cuidado para não criar dados e colocar uma fonte falsa, enfim, forjar informações. Os dois parágrafos abaixo, retirados do editorial do jornal Estadão, valem-se de dados estatísticos para provar a tese de que a educação continua péssima, mesmo após tantas mudanças sociais, econômicas e políticas no Brasil. No primeiro parágrafo, o autor usa dados para provar o argumento (ideia central) de que a política educacional pífia é a que emperra a produção do país. Já o segundo parágrafo, utiliza dados estatísticos para provar que, mesmo com a universalização do ensino, a formação escolar continua de má qualidade. "Há um vínculo evidente entre os resultados pífios da política educacional e o emperramento da produção. No último exame do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), o Brasil ficou em 53. 0 lugar em leitura e em 57. 0 em matemática, numa lista de 65 países. O teste é realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Quase todas as crianças estão na escola, graças a um esforço de universalização do ensino iniciado há longo tempo, mas a formação continua péssima. Cerca de 20':'o dos brasileiros com idade igual ou superior a 15 anos são analfabetos funcionais, incapazes de ler e entender instruções simples. Empresas têm dificuldade para contratar, por falta de mão de obra em condiçõesaté de ser treinada no trabalho. Há um evidente funil no ensino médio, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva preferiu facilitar o ingresso nas faculdades, numa escolha errada e demagógica." (DILMA E O PEQUENO ... , 2012.)
2.3 Argumentação por relato de autoridade Outra forma bastante eficaz de garantir que o argumento selecionado provará a tese, é buscar, no discurso do outro, sustentação. Quando queremos fazer valer nossa tese, é muito comum citarmos pessoas ,Que tenham autoridade no assunto, para que o nosso interlocutor adira ao nosso ponto de vista. É o que acontece nos dois parágrafos do primeiro excerto abaixo. A tese defendida é a de que "os partidos de esquerda, mesmo assumindo uma política em prol do bem coletivo, ainda sofrem duras críticas por parte do povo; o qual assume uma clara postura conservadora". Ao citar uma frase de Tim Maia e uma ação política de Abraham Lincoln, o autor buscou, em per.:;onagen~ respeitados da história, fundamentação para provar seu ponto de vista. ·· · Da mesma forma, fizeram os autores do segundo e terceiro excertos abaixo, que se valem das ideias presentes no livro "Amor Líquido", do respeitado 182
Cap. V • COMO CONSTRUIR O DESENVOLVIMENTO
sociólogo Zygmunt Bauman, para discutir e, assim, provar que os relacionamen-
tos humanos são superficiais e efêmeros. Também foram citadas ideias do filósofo francês Michel Foucault e do psicanalista Sigmund Freud, provando que as formas de controle estão presentes na nossa educação moral e religiosa. ''Talvez Tim Maia tivesse razão quando dizia que, "no Brasil, não só as putas gozam, os cafetões são ciumentos e os traficantes são viciados, os pobres são de direita". Uma ingratidão com a esquerda que lhes dá o melhor de si e luta pelo seu bem estar. Mas tanto a maioria dos velhos pobres como dos novos, da antiga classe média careta e da nova mais careta ainda, e, claro, as elites, acreditam em Deus, na família e nos valores tradicionais, e rejeitam ideias progressistas. Discutir, apenas discutir as suas crenças, é considerado suicídio eleitoral. Quando Abraham Lincoln, em 1862, promulgou a Homestead Law, a lei da reforma agrária nos Estados Unidos, assegurando a cada cidadão o direito de requerer uma propriedade de até 4 mil metros quadrados de terra do Estado, pagando 1 dólar e 25 centavos, criou milhões de pequenos proprietários rurais - que deram origem às grandes maiorias conservadoras de hoje, que ganharam sua bolsa-terra e não querem mudar mais nada. Uma ação politicamente progressista gerou milhões de novos reacionários." (MOTTA, 2013.)
"Em "Amor Líquido", o sociólogo polonês Zygmunt Bauman discorre sobre a fragilidade, superficialidade e efemeridade dos relacionamentos humanos. Para ele, em um mundo que se molda facilmente, pois vive em constante transformação, os laços humanos estão cada vez mais frouxos e insólitos. De fato, a sociedade pós-moderna está cada vez mais mecânica, mais indiferente e menos humana. Se antes a amizade prevalecia, hoje se enaltece o dinheiro; se antes o sexo coroava o amor, hoje se encontram praticamente desvinculados. Isso, no entanto, não acontece impunemente. O respeito e a consideração pelo outro, nessa perspectiva, já nascem desfigurados, ao passo que o individualismo e egocentrismo começam a vigorar." (SOBRE EQUÍVOCOS, NARCISOS ... , 2011.)
"Já disse o filósofo francês Michel Foucault que muito mais eficiente que o controle é a autodisciplina. As religiões, por exemplo, instituíram valores morais que determinam como devemos viver. Como somos educados desde a infância dessa forma, esses valores são tão fortes que acabam sendo fiscalizados por nossa própria culpa, um elemento de disciplina interno que nos impede de ir contra a corrente. Os valores da moral judaico-cristã, por exemplo, nos dizem que devemos ser heterossexuais, nos casar, ter filhos, trabalhar muito, controlar nossos impulsos sexuais e agressivos. Apesar de muitas dessas regras facilitarem a vida
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
coletiva, elas contrariam impulsos naturais importantes a alguns ou todo de nós e nos condenam a repressões internas que causam sofrimento. Sigmund Freud defende essa ideia no livro "O malestar na civilização". Um único preceito moral, como "não fazer mal aos outros", talvez pudesse regular a vida social sem oprimir tanto os cidadãos." (SIM AO LIVRO .... 2005.)
2.4 Argumentação
por exemplificação/alusão histórica/comparação
O uso de exemplos, alusão histórica e comparações sempre ilustram bem o argumento, a ideia central do parágrafo. Eles dão força ao argumento, pois provam que existem casos iguais, paralelos, os quais, em algum momento, já ocorreram. Os três parágrafos argumentativos abaixo usam essa estratégia para dar consistência aos seus argumentos. "A vida em comunidade está comprometida, e cada um faz o que julga o melhor para si sem considerar o bem comum. Outro dia, vi uma cena que exemplifico bem essa situação. Em uma farmácia repleta de clientes, só dois caixas funcionavam, o que causou uma fila imensa. Em dado momento, um terceiro caixa abriu e o atendente chamou o próximo cliente. O que aconteceu? Várias pessoas que estavam no fim da fila e outras que aguardavam ainda a sua vez correram para serem atendidas. Apenas uma jovem mulher reagiu e disse que estavam todos com pressa e aguardando a sua vez. Ela se tornou alvo de ironias e ainda ouviu um homem dizer que "a vida é dos mais espertos". Essa cena permite uma conclusão: a de que ser um cidadão responsável e respeitoso promove desvantagens. E esse clima que, de um modo geral, reina entre crianças e jovens: o de que ser um bom garoto ou aluno correto não é um bem em si." {SAYÃO, 2008.)
"No mundo grego, Narciso amava-se incondicionalmente. Apreciava sua voz, seu corpo e sua feição. Certo dia, Narciso apaixonou-se por uma voz, a da bela ninfa Eco. Palatáveis aos ouvidos de Narciso, entretanto, não eram as palavras que Eco dizia; eram as palavras que ele mesmo proferia e Eco, amaldiçoada para isso, refletia. Por isso, quando a viu, Narciso a sujeitou friamente, e ela, amargurada, definhou. Analogamente,.o'mundo contemporâneo encontra-se pleno de Narcisos, . indivíduos egocêntricos e indiferentes aos outros: Para eles, a imagem própria e o enaltecer do "eu" são as prioridades. Assim, sentém";se no· direito de ignorar e menosprezar o outro, agindo•friamente em relação ao outro, ao coletivo, ao mundo. O próprio pensamento imediatista com relação aos recursos naturais, própr:io do.capitalismo, revela a que grau o altruísmo rebaixou-se;:Embora surjam projetos,
Cap. V· COMO CONSTRUIR O DESENVOLVIMENTO
tratados e acordos que tentem amenizar o problema ambiental atual, pouco tem sido visto na prática. O fato é que ainda impera a lógica de mercado, onde tempo constitui dinheiro, e como medidas ecologicamente coerentes são mais demoradas, são também economicamente inviáveis. De fato, inexiste o senso de destino compartilhado. E a tal da sustentabilidade que valoriza a eficiência na extração dos recursos naturais e pensa nos recursos das gerações futuras, é deixada para segundo plano." (SOBRE EQUÍVOCOS, NARCISOS ... , 2011.)
"Fabiano em Vidas Secas também passa por um processo de transformação interna. Por não conseguir vencer os limites da linguagem e do conhecimento, tem que romper com a fronteira entre o ser humano e o animal, transformando-se em um bicho para se adaptar às condições da seca." (ROMPER FRONTEIRAS, ROMPER ... , 2009.)
2.5 Argumentação por contra-argumentação Muitas propostas de redação abordam temas bastante polêmicos, os quais, geralmente, possuem dois pontos de vista. Ao assumir um desses pontos, é comum não apenas argumentar a favor dele, como também refutar os argumentos contrários, isto é, contra-argumentar. O tema aborto, bastante polêmico e discutido atualmente, está presente no excerto abaixo. Considerando que o tema é bilateral, o autor usa um contra-argumento embasado em dados científicos, refutando o argumento de que a mãe tem direito sobre seu próprio corpo e, em virtude disso, teria o direito de abortar o feto, que carrega no ventre.
É falsa a afirmação de que o feto faz parte do corpo da mãe, e de que a mãe pode abortar por ter direito sobre o seu próprio corpo. Na verdade, a mãe é a hospedeira, protetora e nutre um novo ser diferente dela, um outro indivíduo. Biologicamente, o ser que está aconchegado dentro do seio da mãe é idêntico ao que estará sentado no seu colo com 3 meses ou à mesa com ela quando tiver 15, 20 ou 50 anos de idade. O embrião é distinto de qualquer célula do pai ou da mãe; em sua estrutura genética, é "humano", não um simples amontoado de células caóticas; e é um organismo completo, ainda que imaturo, que - se for protegido maternalmente de doenças e violência - se vai desenvolver até o estágio maduro de um ser humano. Banalização da vida. Carlos Alberto Di Franco. Publicado em 05 de Maio de 2008 na versão impressa de O Estado de São Paulo. (DI FRANCO, 2008.)
CAPÍTULO VI
COMO CONSTRUIR ACONCLUSAO
-
1.
ESTRUTURA DO PARÁGRAFO CONClUSIVO
Como vimos, cabe à introdução, apresentar o tema tratado, assim como, geralmente, deixar claro o ponto de vista assumido diante do tema. No entanto, é preciso comprovar a tese, ampliar a discussão temática com argumentos e exemplos coesos e coerentes, e isso deve ser feito no desenvolvimento do texto. Por fim, cabe à conclusão, o arremate da discussão. Devido ao caráter de encerramento, é obrigatório que a conclusão seja coerente com as ideias apresentadas ao longo do texto. No entanto, não se deve confundir retomada, reafirmação da tese com repetição. É necessário, portanto, ter capacidade de resumir o ponto de vista, de maneira sucinta e com variação de vocabulário. Otexto bem arquitetado com uma clara delimitação do tema, escolha consciente do ponto de vista a ser defendido, bem como uma argumentação coerente e coesa com a tese, conduzirá naturalmente a uma boa conclusão.
o candidato não pode pensar que o parágrafo conclusivo tem importância secundária em relação aos demais parágrafos e, com isso, finalizarem o texto de qualquer maneira, discurso frequente entre os alunos. A conclusão é o momento em que as ideias irão se amarrar. Assim como a introdução tem o papel de impressionar, tal como um trailer de filme, a conclusão é o último momento para o candidato impressionar o leitor. 2.
MODOS DE ENCADEAR A CONClUSÃO
2.1
Retomada da tese
A retomada da tese é uma das maneiras de concluir o texto, reforçar o ponto de vista inicial, é importante para que o leitor tenha total clareza do ponto de vista assumido no texto. Entretanto, não se deve confundir a reafirmação da tese com a simples repetição de palavras usadas na introdução do texto, por exemplo.
REDAÇAO • Comi/a Sobotin ~
O parágrafo introdutório abaixo, nos dois primeiros períodos, faz um relato de uma passagem do livro Revolução dos Bichos para, depois, no terceiro período, evidenciar em que medida a metáfora utilizada por George Orwell correlaciona-se à ausência de sacrifícios da sociedade em prol da coletividade. A conclusão do parágrafo, no último período, explícita ainda mais a tese adotada no texto, a de que "o abandono do altruísmo na idade contemporânea tem sua origem na inversão de valores trazida pelos ideais capitalistas". (INDIVIDUALISMO PREDOMINANTE, 2011.) No livro "A Revolução dos Bichos", de George Orwell, o cavalo Sansão abdica da própria saúde para trabalhar na construção de um moinho que beneficiaria a comunidade. No entanto, o peso da idade e seu frágil pulmão, debilitaram-no e ele foi entregue ao matadouro pelos líderes porcos. Tal metáfora ilustra o descaso não só das autoridades, como também da sociedade em geral frente ao sacrifício alheio em prol da coletividade. Portanto, o abandono do altruísmo na idade contemporânea tem sua origem na inversão de valores trazida pelos ideais capitalistas. Observe que a conclusão a que chega essa dissertação nada mais é que a retomada da metáfora relatada na introdução e consequente reafirmação da tese presente no segundo período. Para concluir o parágrafo, o autor ainda vislumbra uma possível minimização do problema abordado no texto. Veja também que, ao retomar o relato e reafirmar a tese, o autor do texto não usou as mesmas palavras - usou apenas as mesmas ideias tratadas e, ainda, conseguiu terminar o texto tocando a emoção do leitor. "Atos como o do cavalo Sansão, que sacrificou a própria vida para que os outros pudessem viver melhor, são muito raros. Em uma sociedade regida pelos interesses políticos e econômicos, não há espaço para o altruísmo e a coletividade, pois o próprio sistema capitalista estimula a competição entre indivíduos. Por isso, é imprescindível o resgate de princípios como a igualdade e a luta contra a inversão de valores, para que as relações deixem de ser "líquidas"." (INDIVIDUALISMO PREDOMINANTE, 2011.)
2.2
Síntese do desenvolvimento
Apropriada para textos expositivos, limitando-se a condensar as ideias defendidas/expostas ao longo da dissertação. Também é uma maneira de reafirmação da argumentação exposta, na intenção de reforçar a defesa da tese. Para estudar esse tipo de conclusão, analisaremos uma dissertação na íntegra para entendermos melhor como se dá a construção da conclusão como síntese da discussão. 188
Cap. VI • COMO CONSTRUIR A CONCLUSÃO
"ISSO NÃO É UM CACHIMBO" Em uma famosa tela de Magritte observa-se um cachimbo desenhado, acompanhado da inscrição: Isso não é um cachimbo. De fato, não o é, mas apenas a sua representação. Somos nós que enxergamos a imagem e imediatamente a assimilamos ao objeto real, sem considerar que ambos não são iguais. Magritte sabia como o homem ignora a distinção entre a imagem e o real, e que essas imagens atribuem significados ao real. Instituições como o casamento, a Igreja e o Estado, por exemplo, dependem de seu simbolismo para perpetuarem-se. Porém, devemos saber distinguir entre o que são e o que representam. No plano individual, o significado do casamento é indissociável de sua permanência na sociedade. Não é seu valor jurídico que o estimula, ou leva noivos e noivas a movimentarem milhões de reais por ano em vestidos, festas e bolos. O que motiva o casamento tradicional é a imagem atribuída a ele, de união de corpos. Não é, necessariamente, essa a imagem que melhor o caracteriza: o casamento pode ser idealizado no início, mas eventualmente as altas expectativas se frustram, como acontecer com Bento Santiago no livro Dom Casmurro. Já no plano coletivo, as Igrejas são extremamente dependentes de seu valor simbólico. A existência de catedrais, mesquitas e sinagogas, assim como a de hierarquias entre padres, bispos e cardeais; exige que os homens vejam nelas algo que ultrapassa o real. A fé e a religião tornam a Igreja não um simples local e uma hierarquia vazia, mas um poder. Este existe como consequência da religião, tanto assim que obras como o Auto da Barca do Inferno só tem valor moralizante em uma sociedade que acredite na Igreja Católica. Sem a imagem, a doutrina perde seu valor. Outra instituição atrelada à imagem é o Estado. Da mesma forma que ocorre com a Igreja, o poder e a legitimidade do Estado emanam da crença. Seus funcionários deixam de serem pessoas e passam a representar o poder ao qual todos nós estamos submetidos. O juiz representa a lei, apesar de não o ser na realidade. E esse significado que impede Fabiano, de Vidas Secas, de desafiar o Soldado Amarelo. Apesar do evidente abuso de poder, Fabiano submete-se ao guarda, acreditando que se submete diariamente ao Estado. Essas três instituições mostram a d~pendência do valor simbólico para sua manutenção e credibilidade. Sem suas imagens, haveria um súbito desequilíbrio na sociedade, pois todo poder e ordem seriam questionados. Não é necessário destituí-las de toda sua significação, apenas enxergar, como Magritte, a diferença entre a imagem e o real. Assim não haverá ideàlização das instituições, o que abre espaço para questionamentos e evita casos
REDAÇÃO • Camí/a Sabatin
como o de Fabiano, abusado pelo Soldado Amarelo, ou Bento Santiago, frustrado na expectativa de tornar-se um só com Capitu, possibilitando críticas como no Auto da Barca do Inferno, que diferenciava a Igreja de seus membros. (ISSO NÃO É... , 2010.)
Com base no tema o Mundo por imagens, o autor introduz o texto com uma analogia à obra do artista surrealista Renê Magritte "Isso não é um cachimbo", e discute a questão da dificuldade humana em distinguir a imagem do real. A tese, dessa forma, fundamenta-se em como as instituições igreja, casamento e estado dependem da imagem para perpetuarem-se. E evidencia a dificuldade do homem em distinguir o simbolismo que elas representam da sua real face. Nos parágrafos seguintes (2o, 3 e 4o) desenvolver-se-ão uma análise crítica de cada instituição citada no primeiro parágrafo. Discussão fundamentada em uma ideia central (argumento), uma análise bastante realista dos fatos e intertextualidade com obras de escritores renomados. A conclusão do texto sintetiza a discussão feita ao longo do desenvolvimento, reafirmando a questão da dependência do valor simbólico das instituições para manutenção, credibilidade e equilíbrio social. Ainda há uma síntese dentro dessa conclusão, evidenciada pela retomada das citações feitas nos parágrafos de desenvolvimento. Observe que, ao retomar, por síntese, toda a discussão feita, o autor consegue amarrar o texto e dar a ele uma sequência bastante lógica do raciocínio. Pode-se também dizer que os argumentos ficaram muito mais fortes e convincentes.
2.3 Perspectiva de Solução Ideal para textos cujo teor seja polêmico ou questionador, consiste na sugestão ou proposta de soluções para os problemas apresentados. Pode ser utilizada apenas na conclusão ou no decorrer da argumentação do texto. Deve-se tomar cuidado com as generalizações e intervenções' ptópicas. ',
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A conclusão a qual analisaremos faz parte dótê~to d~ Luli Radfahrer "É preciso repensar a escola", proposto no capítulo III.Q .colunista discute os porquês da crise escolar, critica a estrutura monolítica das aulas, a desmotivação do trabalho docente, metodologias de ensino padronizadas e ultrapassadas. Diante desse modelo em crise, Radfahrer aponta 'ba~f~lta êle preparo dos alunos para os desafios de um ambiente dinâ!Tl!co,.ime,rativo e conectado.
o desenvolvimento do texto foca, dessa ITl~h~í(a, . n~s.desafios e propostas de mudar o atual quadro de apatia do .ensi~o. O,!ÚIÚmo parágrafo arremata 190
Cap. VI· COMO CONSTRUIR A CONCLUSAO
essa discussão, reforçando a perspectiva de solução para o ensino, vislumbrando transformações compatíveis com o mundo pós-moderno. Por não enfrentarem os limites físicos de locais ou horários, processos assim poderiam tornar a experiência didática algo verdadeiramente universal, acessível a qualquer pessoa conectada à rede, mesmo que por tempo limitado, o sufíciente para descarregar a aula em seu aparelho ou para enviar sua prova. Disponíveis gratuitamente ou a custos baixíssimos, poderiam acabar com a ideia que ainda se tem da Escola como o fim de um processo, transformando-a no que deveria ser,·o início de uma relação tão frutífera quanto infinita. (RADFAHRER, 03 fev. 2013.)
2.4 Surpresa
Esse tipo de conclusão ajuda a reforçar a tese defendida pelo autor; pois insere um elemento supresa, que pode ser um exemplo irrefutável, uma anedota, uma citação, um trocadilho, um ditado popular. Esses elementos fazem com que o pensamento apresentado na conclusão torne-se surpreendente. A conclusão abaixo se vale do excerto do artigo de Stephen Kanitz publicado pela Revista Veja e disponibilizado pela coletânea para finalizar o parágrafo, dando à conclusão um arremate inquestionável, bem como o caráter inovador e surpreendente à reafirmação da tese. Assim, é preciso cuidado na utilização deis facilidades do mundo digital. Se bem aproveitadas como a pesquisa na internet podem se tornar grandes aliados, seja na educação, no trabalho ou no enriquecimento cultural. Basta para isso analisar as informações de forma consciente, dando a devida importância tanto ao seu conteúdo quanto à sua origem. Em suma, para se servir da internet com propriedade e sabedoria, é necessária, como bem lembrou Stephen Kanitz na Revista Veja, uma virtude: saber separar o joio do trigo. (OVERDOSE DE INFORMAÇÕES, 2008.)
3. O TÍTULO
o título não deve ser considerado algo externo ao texto, na verdade, é parte integrante dele, devendo ser conveniente ao assunto tratado. o título, geralmente, contém poucas palavras, é uma espécie de síntese direta ou indireta, sua elaboração deve ser deixada para o fim, quando o texto estiver totalmente pronto. Só então fica mais fácil avaliar se o que convém é algo objetivo ou poético, por exemplo. 191
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
A atração pela leitura de um 1ivro e/ou texto se dá, em um primeiro momento, pelo título. Assim, a escolha dele não é algo sem propósito, ou mesmo uma atitude banal. Nós, enquanto leitores, diante de vários títulos jornalísticos, título de textos em geral, tendemos a escolher aquele que mais nos atrai, chama a atenção, induz à curiosidade. Da mesma forma, ocorre com a correção dos textos pela banca, a primeira impressão e demonstração de criatividade vêm por meio do título. Propusemos, para esse tópico, três artigos em que os títulos nos chamam a atenção pela demonstração de criatividade, pois não escancaram o tema a ser tratado, criando no leitor a curiosidade pelo que será abordado. Observem que o primeiro texto vale-se de um título cuja definição é bastante peculiar, expressão criada pelo autor. A perspicácia, ao selecionar o título, vem da própria argumentação que se fundamenta na crítica ao nível elevado de informação na internet que, ao invés de estimular a reflexão, propaga superficialidades. Diante desse paradoxo, cabe aos idealizadores da internet, criar sinopses as quais direcionem os leitores, separando, assim, o joio do trigo. O segundo texto faz uso de uma intertextualidade com o título da obra shahespeariana "Muito barulho por nada", recurso que exige bagagem cultural e ousadia. A relação entre o título da obra de Shahespeare e as cinco invenções eletrônicas, apoiadas e aceleradas pela internet, que, desde a década de 70, mudaram substancialmente as relações sociais e econômicas. O terceiro e último texto traz um título bastante irônico, que reflete uma questão atual em que muitas pessoas, em defesa da causa indígena, assinam nas redes sociais o sobrenome Guarani líaiowá. A crítica sarcástica de Pondé é com relação a essa atitude, a qual mais revela uma moda vigente no Facebooh do que, efetivamente, um comprometimento das pessoas com as questões indígenas no Brasil.
3.1 Títulos criativos 3.1.1
Texto exemplificativo: Geração sinopse GERAÇÃO SINOPSE
Em teoria não faz sentido. Ao disponibilizar ihstantaneamente dados até há pouco inacessíveis, a rede mundial de informação deveria ter como finalidades únicas o estímulo à reflexão e o aumento do intelecto, não a propagação de boatps~ a ~uperficiali dade generalizada. Bem se vê que, projetada por engenheiros. a internet parece não ter levado em conta d cômponenfe social das relações humanas. 192
Cap. VI· COMO CONSTRUIR A CONCLUSÃO
Ao contrário do que sugere nossa bandeira, ordem não leva necessariamente ao progresso. A ideia de velocidade e volume para redução de erros é característica dos avanços tecnológicos do século 20, em que o vagar de processos e o limite na oferta eram grandes problemas. Com a abundância de conteúdo, passamos a viver um paradoxo de eficiência: há respostas demais para que se possa fazer bom uso delas. Por mais que um passeio nas paisagens informativas digitais dê a impressão de que a cultura se enriquece, o que acontece muitas vezes é o contrário: nos tornamos depósitos de dados e citações impensadas. Antes do surgimento de YouTube, blogs e Wikipédia, dizia-se que informação era poder. A hierarquia, antes baseada em sigilo, não desapareceu. Foi transferida para a administração da complexidade das bases de dados. O livre acesso levou à sobrecarga de informação sem precedentes, em que são imprescindíveis filtros e intérpretes para dar sentido a tudo que se acumula. Esses filtros não são neutros. É possível que nunca sejam. Isso se deve em boa parte à ganância de muitos que, apoiados na facilidade de acesso à rede, passaram a demandar mais tarefas do que seriam necessárias, eliminando o tempo necessário para a reflexão e a assimilação de informações. Situações que até recentemente eram consideradas desconhecidas ou imprevisíveis hoje demandam respostas, ainda que imprecisas, inadequadas ou mesmo incorretas. Basta que sejam apresentadas em PowerPoint com vídeos e recitadas por alguém com assertividade que podem ser aceitas como verdade. Como não é possível ser especialista em tudo nem estar presente em todos os lugares, são comuns ambientes de aparências, em que cada um busca saber o mínimo para não desmontar sua argumentação. Dessa forma, constrói-se uma cadeia de falsas informações, citações e referências que não levam a lugar algum. Quando boa parte da fundamentação vem da primeira página de resultados do Google, fica fácil criar uma confusão superficial. O conteúdo raso fica evidente na grande quantidade de livros de negócios que dizem quase nada, simplificam o não dito em "resumos executivos" e exploram argumentos rasos em mais de 300 páginas. Para simplificar o trabalho de leitura do não escrito, serviços como GetAbstract e BizSum vendem resumos de seu conteúdo em páginas na internet, audiobooks e slides, facilitando o consumo em trânsito e sua replicação em reuniões. Se tudo isso ainda der muito trabalho, uma sinopse resume a ideia central e destaca os principais conteúdos em cem palavras ou menos.
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REDAÇÃO· Camila Sabatin
Por mais que muitos ex~cutivos tenham boas intenções, não há como negar que esse terreno é extremamente fértil para a picaretagem. A pressa, já diziam nossas avós, é inimiga da perfeição. E da reflexão. (RADFAHRER, 19 nov. 2012.)
3.1.2 Texto
exemplificativo: Muito barulho por cinco invenções MUITO BARULHO POR CINCO INVENÇÕES
Boa parte das transformações econômicas e sociais vividas desde o final da década de 1970 deve-se à invenção de cinco tipos de produtos eletrônicos de consumo, apoiados e acelerados pela Internet. Só cinco? Essencialmente sim. Por mais que o número pareça minúsculo, ele é bastante significativo quando comparado ao histórico de outras categorias. O transporte, por exemplo, também foi profundamente afetado por cinco invenções no século 20: automóvel, ônibus, motocicleta, caminhão e avião. No que diz respeito aos tamagotchis eletrônicos, a primeira invenção de impacto foi o microcomputador. Graças a esse brinquedo despretensioso, surgido em garagens que pareciam os antigos laboratórios de Alquimia, o cálculo e armazenamento de grandes volumes de informação deixava as grandes máquinas de processamento de dados e chegava às casas das pessoas comuns. Décadas mais tarde, o notebook levou a computação para a praia, restaurantes e salas de reunião. Mal deu tempo para seus usuários comemorarem a emancipação que tal equipamento parecia trazer, liberando-os das antigas escrivaninhas, quando se chegou à conclusão que o que tinha acontecido era o contrário. Não era o espaço pessoal que tinha invadido o ambiente de trabalho, mas o oposto. Os olhos que viam com desdém a ostentação dos primeiros usuários de notebooks em mesas de cafés e restaurantes passaram a ver os mesmos coitados com a pena reservada a quem não conseguia se livrar do trabalho nem para comer. Consoles de videogames, frequentemente ignorados quando o assunto é computação pessoal, levaram o processamento gráfico e a capacidade de reproduzir sons e vídeos para ambientes inexplorados: as salas de TV. O entretenimento pessoal transformava em experiências imersivas jogos que até há pouco tempo eram versões empobrecidas de tabuleiros. Pouco c:feppis ~martphones levaram a conexão, a computação, a interação social e o entretenimento para os bolsos. Mensagens, notícias, documentos, filmes e jogos em todos os lugares mudaram o trabalho, o consumo e boa parte do comportamento social. Tabletes multi!)licaram as telas, simplificaram a computação e transportaram a experiênCia televisiva para colos e camas. Hoje produzimos é consUmimos conteúdo o tempo todo, e boa parte dessa experiêneiá 'é social.
194
Cap. VI· COMO CONSTRUIR A CONCLUSÃO
Tudo isso em cerca de quatro décadas. Hoje não é mais preciso um grande esforço criativo para imaginar como era limitada a vida no século passado. No emblemático ano 2000, que antes marcava o "futuro", não existiam Facebook, Wikipédia, YouTube, Twitter ou AngryBirds e até mesmo o Google era pouco mais do que um experimento. Para a Geração Facebook nada disso é inovação, apenas pré-requisito. Há quem ainda teime em classificar a época em que vivemos como um período de turbulência, que eventualmente será assimilado pela sociedade. Mas há grandes indícios do contrário. A inovação tende a ser cada vez mais pulverizada, distribuída, colaborativa e democrática, com sistemas de código aberto, APis e; kits de hardware levando as novas ideias às garagens de todos. E certo que boa parte dessas novas invenções não sobreviverá ao darwinismo tecnológico, mas em um ambiente repleto de inventores é bastante provável que algumas ideias verdadeiramente brilhantes surjam dos locais menos esperados, promovendo com elas uma revolução sem precedentes. Pela primeira vez não é mais necessário esperar a bênção de uma grande corporação ou investidor para que um novo produto materialize o sonho de uma nova interação. Se a sua geladeira, fogão, vaso de plantas, chuveiro, tapete ou cinto de segurança (ainda) não se conectam à rede é só uma questão de tempo para que você ou algum desconhecido invente um novo acessório que o faça. E com ele altere boa parte da Economia que se considera normal hoje, cheia de supermercados, cartórios, jardineiros, zeladores, salas de espera, depósitos e garagens. O Futuro, afinal, é parecido com o presente, tiradas dele as coisas que não fazem sentido. Estamos apenas no começo. Os próximos anos deverão trazer descobertas nunca imaginadas nos campos de Robótica, Inteligência artificial, Biologia sintética, Nanotecnologia e tantas outras, pulverizadas e incrementadas por inventores anônimos, em uma nova revolução industrial sem precedentes. Nem fim. (RADFAHRER. 12 nov. 2012.)
3.1.3 Texto exemplificativo: Guarani lfaiowá de boutique GUARANI KAIOWÁ DE.BOUTIQUE As redes sociais são mesmo a maior vitrine da humanidade, nelas vemos sua rara inteligência e sua quase hegemônica banalidade. A moda agora é "assinar" sobrenomes indígenas no Facebook. Qualquer defesa de um modo de vida neolítico no· Face é atestado de indigência mental.
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REDAÇÃO· Comi/o Sobatin ~
As redes sociais são um dos maiores frutos da civilização ocidental. Não se "extrai" Macintosh dos povos da floresta; ao contrário, os povos da floresta querem desconto estatal para comprar Macintosh. E quem paga esses descontos somos nós. Pintar-se como índios e postar no Face devia ser incluído no DSMIV, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Desejo tudo de bom para nossos compatriotas indígenas. Não acho que devemos nada a eles. A humanidade sempre operou por contágio, contaminação e assimilação entre as culturas. Apenas hoje em dia equivocados de todos os tipos afirmam o contrário como modo de afetação ética. Desejo que eles arrumem trabalho, paguem impostos como nós e deixem de ser dependentes do Estado. Sou contra parques temáticos culturais (reservas) que incentivam dependência estatal e vícios típicos de quem só têm direitos e nenhum dever. Adultos condenados a infância moral seguramente viram pessoas de mau-caráter com o tempo. Recentemente, numa conversa profissional, surgiu a questão do porquê o mundo hoje tenderia à banalidade e ao ridículo. A resposta me parece simples: porque a banalidade e o ridículo foram dados a nós seres humanos em grandes quantidades e, por isso, quando muitos de nós se juntam, a banalidade e o ridículo se impõem como paisagem da alma. O ridículo é uma das caras da democracia. O poeta russo Joseph Brodsky no seu ensaio "Discurso Inaugural", parte da coletânea "Menos que Um" (Cia. das Letras: esgotado), diz que os maus sentimentos são os mais comuns na humanidade; por isso, quando a humanidade se reúne em bandos, a tendência é a de que os maus sentimentos nos sufoquem. Eu digo a mesma coisa da banalidade e do ridículo. A mediocridade só anda em bando. Este fenômeno dos "índios de Perdizes" é um atestado dessa banalidade, desse ridículo e dessa mediocridade. Por isso, apesar de as redes sociais servirem para muita coisa, entre elas coisas boas, na maior parte do tempo elas são o espelho social do ridículo na sua forma mais obscena. O que faz alguém colocar nomes indígenas no seu "sobrenome" no Facebook? Carência afetiva? Carência cognitiva? Ausência de. qualquer senso do ridículo? Falta de sexo? Falta de dinheiro? Tédio com causas mais comuns como ursinhos pandas e baleias da. África? Saiu da moda o aquecimento global, esta pseudo-óbvia eiência? Filosoficamente, a causa é descendente dos delírios do Rousseau e seu bom selvagem. O Rousseau·e ·b Marx atrasaram a humanidade em mil anos. Mas, a favor do filó!Sofo davéiidéide, Rousseau, o homem que amava a humanidade; mas detestava seos semelhantes (inclusive mulher e filhos que aOál'ldonoU para~se preocupar 196
Cap. VI· COMO CONSTRUIR A CONCLUSÃO
em salvar o mundo enquanto vivia às custas das marquesas), há o fato de que ele nunca disse que os aborígenes seriam esse bom selvagem. O bom selvagem dele era um "conceito"? Um "mito", sua releitura de Adão e Eva. Essas pessoas que andam colocando nomes de tribos indígenas no seu "sobrenome" no Face acham que índios são lindos e vítimas sociais. Eles querem se sentir do lado do bem. Melhor se fossem a uma liquidação de algum shopping center brega qualquer comprar alguma máquina para emagrecer, e assim, ocupar o tempo livre que têm. Elas não entendem que índios são gente como todo mundo. Na Rio+20 ficou claro que alguns continuam pobres e miseráveis enquanto outros conseguiram grandes negócios com europeus que, no fundo, querem meter a mão na Amazônia e perceberam que muitos índios aceitariam facilmente um "passaporte" da comunidade europeia em troca de grana. Quanto mais iPad e Macintosh dentro desses parques temáticos culturais melhor para falar mal da "opressão social". Minha proposta é a de que todos que estão "assinando" nomes assim no Face doem seus iPhones para os povos da floresta. (PONDÉ, 19 nov. 2012. Adaptado)
4· RETOMANDO A TEORIA: APRENDENDO A DISSERTAR COM PADRE ANTÔNIO VIEIRA O capítulo VI do Sermão da Sexagésima (1655), escrito pelo Padre Antônio Vieira, é um documento interessante, na medida em que nos fornece um modelo conceitual de como, por meio de um discurso oral ou escrito, persuadir o outro. Além disso, Vieira aborda explicitamente alguns procedimentos de estruturação textual, uma maneira objetiva de como construir um texto com uma linha de raciocínio eficaz. De acordo com o trecho do sermão:
"O sermão há-de ser de uma só cor, há-de ter um só objecto, um só assunto, uma só matéria. Há-de tomar o pregador uma só matéria, há-de defini-/a para que se conheça, há-de dividi-la para que se distinga, há-de prová-/a com a Escritura, há-de declará-/a com a razão, há-de confirmá-la com o exemplo, há-de amplificála com as causas, com os efeitos, com as circunstâncias, com as conveniências que se hão-de seguir, com os inconvenientes que se devem evitar, há-de responder às dúvidas, há-de satisfazer às dificuldades, há-de impugnar e refutar com toda a força da eloquência os argumentos contrários, e depois disto há-de colher, há-de apertar, há-de concluir, há-de persuadir, há-de acabar. Isto é sermão, isto é pregar: e o que não é isto, é falar de mais alto." (VIEIRA, no ano de 1655, p. 16.)
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REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Como sabemos, o ato de escre"tter exige empenho e não pode ser desvinculado da leitura. Escrever não é um dom. É prática, habilidade desenvolvida; portanto, exige esforço, só assim é possível assimilar as estruturas próprias do discurso escrito. Escrever é também uma prática social, pois o sujeito defende um ponto de vista, expõe o que sente, pensa e acredita. Vimos, nesses cinco primeiros capítulos, o passo a passo da produção textual, sempre com exemplos e análises bastante esclarecedores. Agora, para finalizar esse conjunto de dicas de projeto e produção textual, vamos usar o excerto acima do Sermão da Sexagésima para resumir a estrutura do texto dissertativo. A sequência de números presentes no trecho acima será a base para organizarmos um projeto da estrutura do texto dissertativo. Para iniciarmos, é importante fazermos algumas correlações. Por exemplo, o que Vieira chama de sermão, para nós será o mesmo que dissertação. o pregador, para nós, será o autor do texto, e pregar, argumentar. Releia o excerto do Sermão da Sexagésima, agora correlacionando os números aos itens abaixo. 1)
Introduzir o tema.
2)
Explicitar a tese.
3)
Selecionar argumentos.
4)
Argumentação consistente, fora do senso comum.
s)
Desenvolver a argumentação explicitada na tese, mostrando fatos, exemplos, dados, citações, livros, filmes, etc.
6)
Texto informativo.
7)
Ter bons argumentos para refutar as contra-argumentações. Amplificá-la, dando exemplos e respondendo às objeções, aos "argumentos contrários".
8)
Retomar a tese, sintetizando os pontos de vista discutidos.
4.1 Colocando em prática a teoria Para que a relação do sermão de Vieira seja melhor explicitada, trabalharemos um texto em que podemos aplicar a ideia acima trabalhada. ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS5 A juventude é contestadora, revolucio~6ria, inovadora. A própria idade e imaturidade do adol.escehte l.he
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sensação
Cap. VI· COMO CONSTRUIR A CONCLUSÃO
de onipotência e vontade de mudar o mundo. Certo? Não, errado. Infelizmente, a jovem geração brasileira da atualidade é, em grande parte, caracterizada pela futilidade, pela falta de consciência social e pelo conformismo. Ao passarmos pelos inúmeros shoppings do Brasil, localizamos um extrato da sociedade, característico dos anos 90: a juventude de shopping, possuidora de valores que envergonhariam a juventude, que há dez anos lutava por "diretas, já". São jovens preocupados com ostentação, seja através de roupas de griffe, telefones celulares ou carros importados. A injusta distribuição de renda do nosso país e a criminalidade geraram jovens de condomínio fechado. Cercada em seu mundo de fantasia, essa geração não tem o mínimo de consciência social, e nem interesse em conhecer o que há por trás dos muros de seu "país das maravilhas". São pessoas, que muitas vezes não conhecem o valor do dinheiro, e que não sabem o quanto seus pais tiveram que trabalhar para obtê-lo.
É perceptível que a um período de agitação política e de manifestações sociais, que caracterizam o regime militar, seguiu a geração atual, conformada e acomodada. Essa juventude não tem ideias. Reage ao problema dos "sem-terras" ou à quebra da saúde pública, como reagiria ao lançamento de uma nova coleção de roupas. Quem sabe o segundo fato fosse até mais interessante para ela ... Desse modo, a juventude de shopping, de condomínio fechado ou a juventude conformada são todos sinônimos para esses mesmos jovens da atualidade, que abdicaram de sua vontade natural de mudar o mundo, e de seu ímpeto revolucionário. Preferem sontar com a sua dose de alienação diária e fazerem compras. E! Talvez seja realmente mais fácil, ou como eles diriam: "mais legal!" ...
O tema do vestibular da Fuvest de 1999 discorria sobre os valores e condutas da nova geração brasileira naquele momento histórico. A introdução ao tema foi feita de modo a contradizer o senso comum que diz que a juventude é contestadora, revolucionária e inovadora. É a partir dessa ressalva que a tese irá se sustentar, partindo da premissa de que a jovem geração brasileira do final do século XX era, em grande parte, caracterizada pela futilidade, pela falta de consciência social e pelo conformismo. Observe que a tese constitui um tripé, o autor já seleciona os argumentos os quais irá desenvolver nos três parágrafos seguintes. Dessa forma, o desenvolvimento do texto torna-se bastante didático, já que em cada parágrafo desenvolver-se-á por meio de exemplos, dados, fatos e uma boa dose de ironia acerca de cada argumento selecionado no primeiro parágrafo.
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REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
A conclusão do texto retoma os argumentos citados no parágrafo inicial e ampliados no desenvolvimento do texto para reafirmar a tese.
o texto, assim, cumpre uma linha de raciocínio clara, objetiva e didática e, segue os mesmos parâmetros propostos por Padre Antônio Vieira sobre o que é fazer um texto persuasivo e, ao mesmo tempo, claro e didático para o enunciador/leitor.
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CAPÍTULO VII
A COESÃO TEXTUAL 1.
O QUE É COESÃO TEXTUAL
A coesão contribui para conferir textualidade a um conjunto de enunciados. Perceptível no nível microtextual, refere-se ao modo como os vocábulos se relacionam dentro do texto. É importante lembrar que a coesão pode auxiliar no estabelecimento da coerência, embora, às vezes, a coesão nem sempre se manifeste explicitamente por meio de marcas linguísticas, o que faz concluir que pode haver textos coerentes mesmo que não tenham coesão explícita. Segundo Koch (2012, p. n.), a coesão não constitui condição necessária nem suficiente paro que um texto seja um texto. Ouso de elementos coesivos dá ao texto maior legibilidade, explicitando os tipos de relações estabelecidas entre os elementos linguísticos que o compõem. Assim, em muitos tipos de textos - científicos, didáticos, expositivos, opinativos, por exemplo - a coesão é altamente desejável, como mecanismo de manifestação superficial da coerência. Koch (2012, p. 16.) ainda afirma que o conceito de coesão textual diz respeito a todos os processos de sequenciação que asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação linguística significativa entre os elementos que ocorrem na superfície textual. Marcuschi (1983, apud KOCH, 2012, p. 16.) também define os fatores de coesão como aqueles que dão conta da sequenciação superficial do texto, afirmando que não se trata de princípios meramente sintáticos, mas de uma espécie de semântica da sintaxe textual, isto é, dos mecanismos formais de uma língua que permitem estabelecer, entre os elementos linguísticos do texto, relações de sentido. Em discordância com Halliday e Hasan (1976,apud KOCH, 2012, p. 16.), para quem a coesão é uma condição necessária, embora hão sufiCiente para a criação do texto, Marcuschi compartilha a opinião 1daq(Jelês para ós 1quais não se trata de condição necessária, nem suficiente: existem ,textos destituídos de recursos coesivos, mas em que a continuidade se dá no nível do sentido, e não no nível das relações entre os constituintes linguísticos. P9routro lad?, M textos em que ocorre úm sequenciamento coesivo de tatos isolados que permanecem isolados e, com isso, não têm condições de formar iJrr1a textura; A coesão seria, por esse prisma, uma espécie de' expressão linguística, articulações gramaticais existentes entre as palavras, orações e frases para
,. 201
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
garantir uma boa sequenciação de~ventos. Elos explícitos ou subentendidos, que implicam relações de sentido, coerência. No excerto abaixo, analisaremos de forma geral como os recursos coesivos contribuem para a amarração do texto. GAIOLAS E ASAS ( ... )Há escolas que (1) são gaiolas. Há escolas que (2) são asas. Escolas que (3) são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu (4) dono pode levá-los (5) para onde quiser (6). Pássaros engaiolados têm sempre um dono. Deixaram (6) de ser pássaros. Porque (7) a essência dos pássaros é o voo. Escolas que (8) são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas (9) amam são os pássaros em voo. Existem (10) para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso (11) elas (12) não podem fazer, porque (13) o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode (14) ser encorajado.( ... ) (ALVES, 2004, p. 07. Adaptado).
Podemos comprovar, observando o texto acima, que um texto não é apenas uma soma ou sequência de frases isoladas. Já, nos três primeiros períodos em (1), (2), (3) e (8), há a presença do pronome relativo que, o qual retoma o termo escolas, evitando, assim, a repetição desse substantivo. Está certo que, não só a palavra escolas, bem como os vocábulos pássaros, engaiolados e voo aparecem de forma reiterada, uma clara intenção do autor em enfatizar os itens chave da crítica metaforizada de Rubem Alves. Percebemos, com isso, que a ausência de itens coesivos para evitar a repetição, é proposital e pode constituir um excelente recurso de estilo. Com relação ao item (4), temos o uso do pronome possessivo referindo-se a pássaros, e, logo depois, o pronome pessoal oblíquo átono- los (5), em substituição à palavra pássaros. sem a necessidade estilística de repetir o vocábulo dono, o autor do texto oculta-o, enquanto sujeito da forma verbal quiser. Com a mesma intenção, Rubem Alves deixa elípticos os sujeitos nas formas verbais (6), (10) e (14). Os quais, por referência contextual, remetem a pássaros, escola e voo, respectivamente. Também há o uso da conjunção "porque" nos itens (7)e (13), estabelecendo uma relação explícita de explicação com a oração anterior.. Os itens (9) e (12) são pronomes pessoais retos que retomam o termó escolas, evitando, dessa forma, a repetição dessa palavra. Por fim, há a retomada da oração "Ensinar o voo" com o pronome demonstrativo isso (n). 202
Cap. VIl ·A COESÃO TEXTUAL
Como podemos observar, a coesão contribui para a textualidade, para que as relações entre os enunciados estejam claras, no entanto, não é fator determinante para que o texto tenha coerência. A crônica que analisaremos abaixo é um exemplo claro de que é possível ter coerência sem ter coesão. MENINO Menino, venha pro dentro, olhe o sereno! Vá lavar essa mão. Já escovou os dentes? Tome a bênção a seu pai. Já pro cama! Onde é que aprendeu isso, menino? coisa mais feia. Tome modos. Hoje você fica sem sobremesa. Onde é que você estava? Agora chega, menino, tenha santa paciência. Avise a seu pai que o jantar está na mesa. Você prometeu, tem de cumprir. Que é que você vai ser quando crescer? Não, chega: você já repetiu duas vezes. Por que você está quieto aí? Alguma você está tramando ... Não ande descalço, já disse! Vá calçar o sapato. Já tomou o remédio? Tem de comer tudo: você acaba virando um palito. Quantas vezes já lhe disse para não mexer aqui? Esse barulho, menino! seu pai está dormindo. Peça licença a seu pai primeiro. Isso é maneira de responder a sua irmã? Se não fizer, fica de castigo. Segure o garfo direito. Olhe aí, vestiu essa roupa agorinha mesmo, já está toda suja. Fez seus deveres? Você vai chegar atrasado. Chora não, filhinho, mamãe está aqui com você. Nosso Senhor não vai deixar doer mais. Quando você for grande, você também vai poder. Já disse que não, e não, e não! Ah, é assim? pois você vai ver só quando seu pai chegar. Não fale de boca cheia. Junte a comida no meio do prato. Por causa disso é preciso gritar? Seja homem. Você ainda é muito pequeno para saber essas coisas. Se você comer agora, depois não janta. Assim você se machuca. Deixe de fita. Um menino desse tamanho, que é que os outros hão de dizer? Você queria que fizessem o mesmo com você? Continua assim que eu lhe dou umas palmadas. Pensa que a gente tem dinheiro para jogar fora? Tome juízo, menino.
Vou contar só mais uma, que está na hora de dormir. (SABINO, 1988, p. 107.)
A narrativa de Fernando Sabino contém algumas marcas coesivas, entretanto, de forma predominante, há a falta de elementos coesivos, contudo o texto não deixa de ser compreensível.
REDAÇAO • Comi/a Sabatin
Podemos afirmar que a construção da crônica é coerente, embora haja uma sucessão de enunciados sem ligação coesiva. A forma como se estrutura o texto passa-nos a impressão de um diálogo típico de uma mãe para um filho. A ausência de conexão linguística dá um tom de persistência e recorrência desse tipo de discurso. Portanto, a opção pelo não uso de elementos coesivos é um recurso de estilo valiosíssimo para transmitir ao leitor a sensação de estar ouvindo o discurso materno e, dessa maneira, fazer com que a narrativa tenha um efeito de verdade e espontaneidade. 2.
MECANISMOS DE COESÃO
Nos capítulos anteriores, vimos que a organização do parágrafo introdutório, de desenvolvimento e conclusivo fazem com que as ideias sigam um raciocínio lógico, garantindo, num primeiro momento, a coesão. Neste capítulo, veremos que outros fatores também são fundamentais para termos um texto coeso, mais expressivo e com maior poder de persuasão. Para isso, a articulação gramatical entre palavras, orações e frases pode garantir uma boa sequenciação de eventos. Se esses itens forem bem trabalhados, a coerência, por sua vez, estará garantida, já que, para abordar a relação lógica entre ideias, situações ou acontecimentos, a coerência apoia-se, muitas vezes, em mecanismos formais de natureza gramatical ou lexical. • Frásica • Gramatical
• lnterfrásica Ounção) • Temporal Referencial
COESÃO
• Anáfora { • Catáfora
• Reiteração • Lexical • Substituição
• • • • • •
Associação Sinônimo Nomes Genéricos Hiperônimo/Hipônimo Elipse Nominalização
2.1 Coesão gramatical
Esse tipo de coesão ocorre por meio de concordâncias nominais e verbais, uso de conectares (preposições e conjunções), uso de pronomes, numerais, advérbios, artigos, expressões de valor temporal. 204
Cap. VIl ·A COESÃO TEXTUAL
De acordo com o quadro apresentado, passamos a ver separadamente cada um dos tipos de conexão gramatical: frásica, interfrásica, temporal e referencial. 2.2 Coesão frásica
A coesão frásica estabelece uma ligação significativa entre os componentes da frase, com base na concordância entre o nome e seus determinantes, entre o sujeito e o verbo, entre o sujeito e seus predicadores, na ordem dos vocábulos na oração, na regência nominal e verbal.
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Exemplo 1: Aquele restaurante tem comidas dos mais variados gostos. Tem comido mineira, italiano, mexicano, etc.
Observe que os determinantes "aquele" (pron. demonstrativo), "dos" (artigo definido), "variados" (adj.), "mineira" (adj.), "italiana" (adj.), "mexicana" (adj.) concordam em gênero e número com os nomes (substantivos) ao qual se referem, garantindo, assim a concordância nominal, a clareza e coesão frasal.
11+
Exemplo 2: As cidades baianas têm encantos mil, muitas, por (as cidades baianas) serem turísticas, (os cidades baianas) reservam toda sua hospitalidade e carisma aos visitantes.
A concordância entre sujeito e verbos garante que a frase fique coesa, como também clara e objetiva para quem lê. Outro aspecto gramatical interessante é a regência verbal adequada da forma verbal "reservam". Veja:
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"( ... )reservam toda sua hospitalidade e carisma aos visitantes". VTDI
objeto direto
objeto indireto
2.3 Coesão referencial
De acordo com líoch (2012), a coesão referencial é aquela em que um componente da superfície do texto faz remissão a outro(s) elemento(s) nela presentes ou inferíveis a partir do universo textual. Isso garante o entrelaçamento de informações e mensagens que se tornam coesas perante mecanismos linguísticos que se conectam. São esses referentes textuais que atuam no texto, estabelecendo relações de sentido e significado tanto com os elementos que os antecedem, como com os que os sucedem, construindo uma cadeia textual significativa. Os mecanismos referenciais podem ser relativos ao texto (anáfora/catáfora) ou à situação de enunciação (dêbds). O encadeamento textual se dá numa oscilação entre movimentos para frente (catafóricos) e para trás (anafóricos). 205
REDAÇÃO· Comi/a Sobotin
Em sentido estrito, pode-se dizer ~e a progressão textual se dá com base no já dito (anáfora), no que será dito (catáfora) e no que é sugerido pela interpretação do contexto (dêixis), todos esses fatores codeterminam-se progressivamente. Abaixo, analisaremos os fatores gramaticais que desencadeiam esse tipo de coesão. •
Artigos Definidos: o, a, os, as.
•
Artigos Indefinidos: um, uma, uns, umas
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Sempre que uma empresa começa a se destacar com os incentivos do Sebrae, as outras também passam a buscar as tão valiosas dicas de estrutura e organização empresarial.
A análise irá se fundamentar apenas nos três usos acima destacados. O emprego do artigo indefinido feminino em "uma empresa" concorda em gênero (feminino) e número (singular) com o substantivo ao qual se refere. Além de marcar a indeterminação da empresa, o que nos faz pressupor (daí a dêixis) que existem várias que devem procurar a ajuda do Sebrae. o uso do artigo definido em "as outras" refere-se ao termo "empresas", citado anteriormente (referenciação anafórica). A variação do artigo indefinido "uma" para o definido "as" revela que o que antes era desconhecido para o leitor "uma empresa", passa a ser de conhecimento dele "as outras". Por fim, o uso do artigo definido em "as tão valiosas dicas" faz-nos retomar o contexto anterior e inferir que, se uma empresa se destaca e leva outras a buscar o mesmo modelo, significa que as dicas do Sebrae realmente são valiosas e fazem diferença no planejamento de uma empresa. • Pessoais • Oblíquos átonos • Indefinidos • Relativos • Demonstrativos • Possessivos
8+
Exemplo 1: Os candidatos ao concurso público do TRTisaíram satisfeitos da prova. Eles/ Muitos comentaram que a prova de Lí{lgua Portuguesa esta-
va bem elaborada. o uso do pronome pessoal reto "Eles" retoma o substantivo "candidatos", isso é claro, já que há a concordância de gênero (m~~cu.lino) e número (plural). Poder-se-ia ter usado o pronome indefinido :'!Mi:litos", o qual também retoma, em gênero e número, o substantivo"candtdàtGs'~•'' 206
Cap. VIl• A COESÃO TEXTUAL
Exemplo 2: "Em seu discurso ao plenário do Senado, na sexta, Renan Calheiros levantou uma questão interessante". (SCHWARTSMAN, 2012.)
o pronome possessivo "seu" faz referência ao Senador Renan Calheiros, também podemos classificá-to como pronome adjetivo, já que, ao acompanhar o substantivo "discurso", dá a esse uma caracterização, noção de posse. À referenciação posterior do pronome "seu", dá-se o nome de catáfora e, em termos discursivos, serve para enfatizar o que foi feito, no caso, "o discurso ao plenário do Senado na sexta", e não o sujeito "Renan Calheiros". !!+
Exemplo 3: A forma como os nossos governantes veem a política destoa da nossa, povo brasileiro.
O pronome possessivo "nossa" pode ser classificado também como pronome substantivo, já que, ao retomar anaforicamente a ideia "a forma como vemos a política", faz isso substituindo, e não acompanhando a expressão toda. Esse recurso é muito importante para coesão do enunciado, pois evita repetições desnecessárias e desgastantes, como: ' •
A forma como os nossos governantes veem a política, destoa da forma como nós brasileiros vemos a política. Exemplo 4: Há muitas oportunidades de concursos públicos para os próximos anos. Basta aos interessados buscá-las e dedicarem-se aos estudos.
O uso dos pronomes oblíquos átonos "as" e "se" retomam os termos "oportunidades" e "interessados", respectivamente. A remissão anafórica contribuiu para que o texto não se tornasse prolixo, isto é, repetitivo.
!!+
Exemplo 5: "Ciência sem Fronteiras é um programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brÇ!Sileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional". (O QUE E? [s/d).)
o pronome relativo "que" refere-se ao termo antecedente "programa". A remissão anafórica desse tipo de pronome é importante para evitar repetições e tornar o texto objetivo e direto. Poderia ser substituído por "o qual", evitando que construção frasal fosse: "Ciência sem Fronteira é um programa. O programa busca promover a consolidação, expansão e(... )"
!!+
Exemplo 6: A aula de hoje analisará estes fatores de coesão: articulação gramatical e lexical.
o pronome demonstrativo "estes" faz uma referência catafórica aos elementos citados depois: "articulação gramatical e lexical". Se a remissão fosse anafórica, o pronome seria esses, como na frase a· seguir. l07
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
•
Articulação gramatical e lexiclH, esses serão os fatores de coesão os quais analisaremos na aula de hoje.
ri+
Exemplo 7: Aprecio muito as disciplinas Literatura e Matemática. Esta desenvolve meu raciocínio, aquela, minha sensibilidade.
Os pronomes demonstrativos "esta" e "aquela" retomam, respectivamente, os termos "Matemática" e "Literatura". Quando os itens a serem referidos forem distintos, o uso dos pronomes demonstrativos terão uma regra específica. Para se referir ao termo mais próximo, usa-se este(s), esta(s), para o mais distante, aquele(s), aquela(s). Caso tivéssemos um terceiro termo para fazer a remissão, usar-se-ia o pronome esse(s), essa(s). Por exemplo: •
Aprecio bastante Literatura, música clássica e Matemática. Esta desenvolve meu raciocínio, essa aguça minhas emoções e aquela fortalece minha sensibilidade.
•
Advérbios hoje, ontem, amanhã, na última semana (advérbios de tempo)
ri+
aqui, ali, lá, em Brasília, a vinte quilômetros (advérbios de lugar)
ri+
infelizmente, recentemente (advérbios de modo)
ri+
sempre, ainda, tão, bastante, muito, nunca, jamais, não (advérbios de intensidade)
EXEMPLO 1
"Nova Iorque é uma cidade fantasma. O presidente da Câmara, Michael Bloomberg, tinha ordenado a evacuação das zonas mais baixas da cidade no domingo, uma medida que deveria afetar 375 mil pessoas, mas muitas não acataram a medida. Lá, os transportes públicos encontram-se paralisados e até a bolsa de Nova Iorque está encerrada durante dois dias, o que não acontecia desde os atentados de 11 de setembro de 2001. Apenas alguns táxis circulam e as pequenas lojas permanecem abertas." (Disponível em: <http:/ /pt.euronews.com/2012/10/29/furacaosandy-paralisa-nova-iorque/>. Acesso em 06 fev. 2013.)
o advérbio "lá" refere-se à cidade Nova Iorque. Essa remissão anafórica retoma um topônimo,' evitando, dessa forma, a repetição do vocábulo. ri+
Exemplo 2: Infelizmente, furações como Sandy, ainda aterrorizam e dei-
xam milhares de feridos nos EUA.
1.
208
Nome geográfico próprio de região, cidade, vila, povoaÇão, lugar; rlo, logradouro público etc.
Cap. VIl· A COESÃO TEXTUAL
Os advérbios acima em destaque marcam intensidade, podem fazer referência a um termo, expressão ou à frase toda. Este é o caso do advérbio "Infelizmente", o qual incide sobre a frase toda, sendo assim, uma referência catafórica. Já o advérbio "ainda", intensifica a forma verbal "aterrorizam", deixando claro que essa é uma ação recorrente, mesmo diante de várias situações parecidas com furações. •
Numerais "MINHAS AMIGAS E MEUS AMIGOS, Pela vontade soberana dos paulistanos sou, agora, o prefeito eleito de São Paulo. Uma alegria imensa e uma enorme responsabilidade dividem espaço no meu peito. O sentimento mais forte, porém, é de gratidão. ·
Quero agradecer, em primeiro lugar, aos milhões de homens e mulheres que me confiaram o voto. Em segundo lugar, à minha família: minha mulher Ana Este/a, minha filha Carolina e meu filho Frederico, que fizeram muitos sacrifícios para me ajudar nesta jornada." (HADDAD, PREFEITO ELEITO .... 2012.)
Os numerais ordinais "primeiro" e "segundo" retomam a ação de querer agradecer a confiança dos paulistanos e sacrifícios da família, que fizeram o petista Haddad vencer as eleições para a prefeitura da cidade de São Paulo em 2012. 2.4 Coesão temporal
A relação de temporalidade entre enunciados explícita-se nas ações, estados de coisas, localização temporal do discurso, correlação entre tempos verbais. Para a coesão, as marcas temporais são fundamentais para encadear de forma lógica o texto. Abaixo, analisaremos alguns recursos. •
Encadeamento lógico, expresso por uma ordenação linear das ações praticadas: "Amanheceu, eu peguei a viola, botei na sacola e fui viajar." Amanheceu, Peguei a Viola. Renato Teixeira
•
Emprego de elementos que demarcam a ordenação das sequências temporais: "A ideia de interagir com a televisão existe desde antes da web. Nos anos 80, o teletexto era uma TV que transmitia conteúdo adicional sempre que uma tecla específica do controle remoto era pressionada, usando o espaço em que hoje se transmitem te-
209
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
gendas. Na década seguin~. redes de TV a cabo tentaram interagir com a telona de todas as formas, nem que fosse para pedir uma pizza durante um filme. Não pegou. Nos últimos anos, no entanto, a pós-TV parece ter se transformado no "Santo Graal" das tecnologias de consumo. Todos tentam fazer com ela o que a Apple fez com o smartphone". (RADFAHRERA, 11 fev. 2013.)
•
Marcas temporais:
Há sete anos, Helena esperava pela volta do filho. Há cerca de um mês, ele foi encontrado nas ruas de São Paulo totalmente desorientado e consumido pelas drogas. Agora, a luta de dona Helena é outra, tirar os filhos dos vícios e tentar restaurar a paz na faml1ia. •
Correlação de tempos verbais: pretérito imperfeito do subjuntivo
futuro do pretérito do indicativo
Se passasse o texto a limpo, não teria tempo para fazer as outras questões da prova. pretériro perfeito do indicativo
pretérito mais que perfeito do indicativo
Quando o juiz apitou, o jogador já chutara (havia chutado) a bola.
2.5 Coesão lnterfrásica (junção) Esse tipo de coesão marca a interdependência semântica existente entre as orações e parágrafos na superfície textual. Essa interdependência é expressa por conectares (conjunções e preposições) ou operadores discursivos. É necessário, portanto, usar o conector adequado à relação que queremos expressar. Para termos uma visão ampla da coesão interfrásica, analisaremos excertos de textos.
"+
Exemplo 1: "Quando se fala em vício, logo pensafT1pS e111 drogas, cigarro, á/cool,jogatina, entre outros. Porém, o vício está ligado uma questão mais ampla, ou seja, não se restringe a um ou dois aspectos, mas sim a diversos. Dessa maneira, conclui-se que há o vício em internet, diagnosticado quando as pessoas têm a vida pessoal, profissiofJal e sentimental afetada pela permanência exagerada na internet." (PERCILIA, [s/d].)
a
As conjunções "quando", "logo", "porém", "rms ,~im",''dessa maneira" introduzem e ligam orações estabelecendo relaçõ~s.c!~ sentido. Nà oração "Quando se fala em vício (...)" estabelece-se uma relação de tempo, primordial para 210
Cap. VIl• A COESAO TEXTUAL
se chegar à conclusão da segunda oração "logo pensamos em drogas, cigarro,
álcool, jogatina, entre outros". Contudo, a conclusão da segunda oração é contradita pela terceira "Porém, o vício está ligado a uma questão mais ampla(...)". Ainda nesta oração, a expressão "ou seja" introduz uma paráfrase na quarta oração, isto é, uma explicação detalhada do que foi dito na terceira. Na quarta oração, embora o verbo esteja implícito "mas sim se amplia a diversos", a marca de coesão é dada pela oposição da locução conjuntiva "mas sim" à oração anterior. A penúltima oração, por meio da locução conjuntiva "dessa maneira", introduz uma conclusão às ideias anteriormente trabalhadas. Por fim, a última oração é a afirmação da penúltima, já que, no momento em que se percebe a vida pessoal, profissional e sentimental das pessoas afetada pela permanência exagerada na internet, tem-se um diagnóstico positivo de que realmente há um vício em internet. ~
Exemplo 2: Di/ma poderia pelo menos explicar o porquê dos aumentos abu-
sivos da gasolina. Considerando que, ainda tem credibilidade e, até a nossa simpatia, depois do anúncio do desconto na energia elétrica para 2013, ela poderia nos dar um parecer.
As expressões adverbiais "pelo menos", "ainda" e "até" são chamados de marcadores argumentativos ou de pressuposição. Quando utilizados, dão ao enunciado força argumentativa, pois, ao mesmo tempo que dizem, não dizem. Assim, no plano visível do texto, o explícito, nada está de fato dito. No entanto, no plano implícito, o texto diz muito mais do que está escrito. Ao dizer "Di/ma poderia pelo menos explicar o porquê dos aumentos abusivos da gasolina.", graças à locução adverbial "pelo menos", temos alguns argumentos implícitos, não visíveis na superfície da coesão textual. 1) Dilma nunca não explica o porquê de aumentos. 2) o enunciador espera que algo seja feito pelo governo Dilma, assim como explicar o porquê do aumento da gasolina.
A segunda oração "Considerando que, ainda tem credibilidade (.. .)" deixa implícitas as seguintes questões: 1) A atuação de Dilma no governo tem credibilidade. 2) Algumas atitudes de Dilma no governo desagradaram o povo e fez com que houvesse um descrédito
A terceira e última oração "( ...) até a nossa simpatia, depois do anúncio do desconto na energia elétrica para 2013 ( ...)"estabelece o pressuposto de que: '211
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
1) Não havia simpatia pelo go'l1:frnO Dilma.
2) Houve a simpatia pelo governo Dilma por conta do anúncio da diminuição da energia elétrica. Ainda dentro da coesão interfrásica, existe o processo de justaposição, em que a coesão se dá em função da ordem em que as informações, os argumentos vão sendo apresentados. Quando isso acontece, a"mda que os operadores não tenham sido explicitados, eles são depreendidos da relação que está implícita entre as partes da frase. o trecho da música de Vanessa da Mata é um exemplo de justaposição. BOA SORTE- VANESSA DA MATA
É só isso Não tem mais jeito Acabou, boa sorte Não tenho o que dizer São só palavras E o que eu sinto Não mudará Tudo o que quer me dar
É demais É pesado Não há paz Tudo o que quer de mim Irreais Expectativas Desleais (. .. ) (Disponível em: <http://letras.mus.br/vanessa-da-mato/978899/>)
Há, neste trecho, apenas marcas de coesão refereQCi;lJ no uso dos pronomes demonstrativos "isso" e "o que (aquilo)", os .quaJs~ :Pela interpretação do contexto (dêixis), remetem a uma situação extratextual, o conflito entre o eu-lírico e o (a) amado (a). A justaposição, em muitos casos; é Urn recurso de estilo valioso, faz com que o texto fique dinâmico, objetivo': sernperder a coerência. No entanto, explicitar os operadores argumentaWÍI<?s:tcorrtu~Ções,. preposições, advérbios e suas respectivas locuções) pode dar maior poder de persuasão e convencimento. No final deste capítulo~.segJ,~~mtçtbelas,para que você possa consultar os principais marcadores de q~esiio;,:·'· · 212
Cap. VIl· A COESÃO TEXTUAL
3. COESÃO lEX.ICAl Neste tipo de coesão, usamos termos que retomam vocábulos ou expressões que já ocorreram, porque existem entre eles traços semânticos semelhantes, até mesmo opostos. Dentro da coesão lexical, podemos distinguir a
reiteração e a substituição. Por reiteração, entendemos a repetição de expressões linguísticas. Nesse caso, existe identidade de traços semânticos. A substituição é mais ampla, pois pode se efetuar por meio da sinonímia, da antonímia, da hiperonímia, da hiponímia.
3.1 Reiteração (da mesma palavra)
"Os meus leitores fiéis sabem que não dou a mínima para o Carnaval. Na verdade, não é bem assim, porque não é a mínima que não dou; dou a máxima, já que simplesmente fujo dele. Carnaval? Me inclua fora dessa, por favor. Aos que ficam, bom proveito! Esse pavor do Carnaval não me impede de gostar dos memoráveis sambas, trevos e marchinhas que gênios deste país produziram e produzem desde sempre. Algumas dessas obras-primas são de Caetano Ve/oso, que, diferentemente deste escriba, adora o Carnaval, o verdadeiro, o de rua, como se deduz por estes versos da antológica "Um Frevo Novo": "Todo mundo na praça I e muita gente sem graça no salão."(... )." (CIPRO NETO, 2013.)
A reiteração da palavra "Carnaval" é feita diversas vezes em apenas dois parágrafos. o uso recorrente do vocábulo deve-se ao fato do tema tratado discorrer sobre o Carnaval, e, assim, haver a necessidade discursiva do autor em enfatizar essa questão.
3.2 Substituição 3.2.1
Por associações "Não só pelos R$ 41 milhões pagos pelo Corínthians, mas também pelo que representa no futebol internacional, Alexandre Pato pode ser considerado a principal estrela do atua/ elenco ai~ vinegro. Mas o atacante não quer carregar esse rótulo; Principalmente por conta do momento do Timão. (...)
Até agora, a diretoria do Timão contratou tr?sreforços para esta temporada. Além do ex-jogador do Milan, o meia Renato Augusto,e o zagueiro Gil acertaram. 213
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Os holofotes principa~, no entanto, ficaram em cima de Pato. Formado no Internacional,' ele foi para Europa cedo e não conseguiu ter grande sucesso nas cinco temporadas que vestiu a camisa do Milan. De volta ao Brasil, o jogador espero retomar o caminho de volta à seleção brasileira." (PRINCIPAL REFORÇO DO CORINTHIANS ... , 2013.)
As escolhas lexicais "atacante", "ex-jogador do Milan", "Pato", "ele", "jogador" são associações usadas para se referir a Ronaldo. A intenção do enunciador é selecionar palavras que reflitam características profissionais de Alexandre Pato.
3.2.2 uso de sinônimos "O avião caiu neste final de semana e cinco pessoas morreram. A caixa preta do avião foi retirada de dentro da aeronave. Com as informações do equipamento, a polícia vai poder investigar as causas do acidente." (CAIXA PRETA DE AVIÃO ... , 2013.)
Ouso de palavras sinônimas ou quase sinônimas evita construções vocabulares repetitivas. Assim, a escolha de "aeronave" diversifica, ao mesmo tempo, é sinônima de "avião".
3.2.3 uso de nomes genéricos V+
Exemplo 1: ( .. .) "Tristes tempos os nossos nos quais todo mundo dá gargalhada numa festa contínua, fingindo que sexo é "a" questão, quando o verdadeiro desafio é outro. Diante do amor, sexo sem amor é para iniciantes. (. ..)".. (PONDÉ, 06 ago. 2012.) Exemplo 2: (. ..)"Gente que afirma que o que precisamos é de uma "inovação social e psicológica" e não apenas de uma economia que assimile o fato de que os recursos naturais são limitados e que, as demandas humanas de bemestar e conforto são infinitas. (. ..)". (PONDE, 25 jun. 2012.)
As escolhas lexicais de uso genérico "todo mundo" e "gente" refletem a necessidade do autor em não nomear os sujeitos que praticam as ações acima referidas, já que se trata de uma crítica bastante satírica a determinados tipos de pessoas.
3.2.4 de hiperônimo e hipônimo
214
Cap. VIl • A COESÃO TEXTUAL
11+
Exemplo 1: O assassino matou a vítima golpes de enxada. O instrumento
foi achado horas depois na casa do suspeito. O crime chocou a pequena cidade do interior do Paraná.
11+
Exemplo 2: O salão foi todo decorado com tulipas brancas. As flores en-
cantaram os convidados.
Para evitar a repetição dos termos específicos "enxada" e "tulipas brancas", usam-se os hiperônimos: "instrumento" e "flores" para retomar esses termos, chamados de hipônimos. A inversão também poderia ser outra construção possível da frase. Primeiro usar-se-iam os hiperônimos e, depois, os hipônimos. Por exemplo:
11+
Exemplo: O salão foi todo decorado com flores. As tulipas brancas encantaram os convidados.
3.2.5 por elipse
11+
Exemplo 1: Aprecio muito as disciplinas Literatura e Matemática. Esta desenvolve meu raciocínio, aquela, minha sensibilidade.
A elipse é um recurso utilizado quando se quer evitar a repetição de uma palavra. Assim, a substituição é feita por meio de uma vírgula, por meio da qual facilmente se pode depreender o termo omitido. No caso acima, a omissão se dá onde está a vírgula "aquela, minha sensibilidade", podendo ser lido: "aquela desenvolve minha sensibilidade". A elipse do verbo desenvolver é fundamental para coesão do enunciado, porque evita a repetição da forma verbal "desenvolve".
11+
Exemplo 2: Quadrilha explode caixa eletrônico e, na fuga, deixa R$ 23 mil para trás. (QUADRILHA EXPLODE CAIXA ... , 2013.)
A coesão deu-se por elipse. Osujeito oculto da forma verbal "deixa" é ela, que retoma "Quadrilha". 3.2.6 Nominalização "Cientistas brasileiros descobriram que o exenatida, um medicamento recentemente aprovado para combater o diabetes tipo 2, poderá ser usado para tratar sintomas de Alzheimer. A substância foi capaz de prevenir o desenvolvimento da doença em neurônios cultivados em laboratório e proteger o cérebro de camundongos. A descoberta faz parte cjo trabalho desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi publicado nesta segunda-feira no perjódico americano The J ournal o f Clinicai Investigation." (REMEDIO CONTRA DIABETES ... , 2012.)
. 215
REDAÇÃO· Comila Sabatín
o substantivo "descoberta" é uma retomada do verbo citado anteriormente descobrir. Nominalizar um verbo é recurso coesivo importante para evitar a repetição de uma forma verbal e garantir que a mesma ideia seja transmitida ao leitor. 4· Estudo extra: uso dos pronomes demonstrativos São pronomes que demonstram, mostram o lugar onde um ser se encontra no espaço, no tempo ou no contexto em relação às pessoas do discurso. Podem ser variáveis (flexionadas em gênero e número) ou invariáveis. Veja o quadro:
4.1 Emprego dos pronomes demonstrativos 4.1.1 Em relação oo espaço
ESTE(S), ESTA(S), ISTO- para quando o ser ou objeto estiver perto de quem tala.
ESSE(S), ESSA(S), ISSO - para quando o ser ou objeto estiver perto de quem ouve.
216
Cap. VIl• A COESÃO TEXTUAL
AQ.UElE(S), AQ.UElA(S), AQUILO- para quando o ser ou objeto estiver longe de quem fala e também de quem ouve. lluanlo é que custií andar naquele jipe? É que querBrnos andar tranquilos no Rio de Jaooiro sern o Pl!riSo do assako~.
4.1.2
Em relação ao tempo
ESl'E(S), ESTA(S), ISTO- indica tempo presente.
ESSE(S), ESSA(S), ISSO - indica passado ou futuro não muito distantes. Estamos em julho e o clima já está quente, provavelmente esse verão as temperatura aumentará. AQ.UElE(S), AQ.UELA(S), AQUILO - indica tempo distante. Em meados da década de 90, o Brasil vivia muitas mudanças econômicas. Aquele momento foi crucial para chegarmos ao Brasil de hoje.
217
REDAÇÃO • Camifa Sabatín
4.1.3 Em relação ao contexto ESTE(S), ESTA(S), ISTO Refere-se a algo que vai ser mencionado no texto, tem função catafórica.
I+
A questão é esta: não teremos tempo para voltar para casa.
ESSE(S), ESSA(S), ISSO - refere-se a algo que foi mencionado, tem função anafórica.
I+
Não teremos tempo para voltar para casa. Essa é a questão.
AQUELE(S), AQUELA(S), AQUILO- refere-se a elementos já citados e são relacionados aos pronomes este(s) e esta(s) nas orações:
I+ Gregório de Matos Guerra e Machado de Assis foram escritores e representam marcos na Literatura Brasileira. Este deu roupagem a uma nova forma de prosa, aquele é considerado o primeiro poeta brasileiro.
O pronome "este" refere-se ao elemento citado por último (Machado de Assis), já "aquele" remete ao elemento citado primeiro (Gregório de Matos Guerra).
5- TABELAS DAS PRINCIPAIS CONJUNÇÕES E LOCUÇÕES CONJUNTIVAS
Aditivas (indicam adição)
não só ... mas também não só como ... também tanto ... como
Adversativas (indicam oposição)
não obstante, no entanto, apemas, porém, todavia, consar disso, ainda assim, mesmo tudo, entretanto, que (=mas), assim, de outra sorte, ao passo e (=mas) que
Alternativas (indicam distinção ou
Ou, que (=ou)
Expliçativas (exprimem uma explicação ou justificação de es feitas) Conclusivas (exprimem a conclusão ou a consequência que se pode retirar de uma afirmação feita)
218
e, também, nem, que (:e)
ora ... ora, ou ... ou, quer... quer; seja ... seja, nem ... nem, já ... já, seja .. .
pois, porquanto, que (=pois) por conseguinte logo, portanto, pois
por consequência pelo que
Cap. VIl• A COESÃO TEXTUAL
Consecutivas
Consequência
que (precedido de tão, tal, tanto), de modo ue
Comparativas
Comparação
como, que (precedido de mais ou menos), assim como
-'------l
Tempo
agora, hoje, ontem, cedo, tarde, à tarde, à noite, já, no dia seguinte, amanhã, de manhã, jamais, nunca, sempre, antes, breve, de repente, de vez em ndo, às vezes, imediatamente, etc.
lugar
aqui, ali, aí, lá, cá, acolá, perto, longe, abaixo, acima, dentro, fora, além, adiante, distante, em cima, ao lado, à direita, à esquerda, em algum lugar; atrás, etc.
Modo
bem, mal, assim, pior; melhor; depressa, devagar; à toa, às pressas, à vontade, rapidamente, calmamente, infelizmente (e a maioria dos advérbios terminados em -mente), etc.
Negação
não, absolutamente, tampouco, nunca, de modo algum, de forma alguma, etc.
Afirmação
sim, realmente, deveras, certamente, sem dúvida, efetivamente, com certeza, de fato, etc.
REDAÇÃO • Camila Sabatin
para refutar, manifestar oposição, restringir ideias
no entanto, mas, todavia, contudo, porém, apesar de, em sentido contrário, refutando, pelo contrário, ao contrário, por outro lado, com a ressalva de
para exemplificar
para explicitar
significa isto que, explicitando melhor, não se pretende com isto, quer isto dizer, a saber; isto
para concluir
para estabelecer conexões de tempo
para referenciar espaço
para indicar ordem
Isso se, a menos que, a não ser que, desde que, supondo que, se por hipótese, admitindo que,
6. EMPREGO DAS PREPOSIÇÕES E SEUS USOS SEMÂNTICOS Esses elementos são responsáveis por estabelecer o nexo entre os vocábulos de uma oração e entre as orações, períodos e parágrafos em um texto. Podemos dizer que se dividem em dois grupos:
6.1 Essenciais são as que funcionam apenas como preposição Ex.: a, ante, até, após, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante (per), por, sem, sob, sobre, trás. 220
Cap. VIl· A COESÃO TEXTUAL
Os valores semânticos das preposições essenciais podem ser de: •
Autoria- Esta música é de Elis Regina.
•
lugar - Estou em Paris.
•
Tempo - Eu viajei durante o carnaval.
•
Modo ou conformidade -Vamos escolher por sorteio.
•
Causa - Estou morrendo de calor.
•
Assunto - Não gosto de falar sobre política.
•
Fim ou finalidade - Eu estou aqui para ajudá-lo.
•
Instrumento -A criança feriu- se com a faca. (ou à faca)
•
Companhia - Hoje vou ao cinema com meu namorado.
•
Meio- Voltarei a andar a pé.
•
Matéria - Quero uma corrente de ouro.
•
Posse - Esta é a casa de Carlos.
•
Oposição - Palmeiras jogou contra o Cruzeiro.
•
Conteúdo- Tomei um copo de (com) refrigerante.
•
Preço -Vendemos o nosso quadro a (por) R$ s.ooo, oo.
•
Origem -Você veio de Goiás.
•
Especialidade -João formou-se em Direito.
•
Destino ou direção - Olhe para o lado!
•
Condição -A persistirem os sintomas, procure um médico!
•
Concessão- Ela não se preocupava com nada, a não ser em aproveitar a vida.
•
Semelhança- Os filhos não saíram ao pai.
•
Proporcional, gradação - dia a dia, mês a mês, ano a ano. 221
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
6.2 Acidentais- algumas palavras que, com origem em outra classe gramatical, desempenham a função de uma preposição em contextos específicos Ex.: consoante, conforme, exceto, durante, salvo, senão, segundo, entre outras.
Durante, mediante, consoante, não obstante.
São formados a partir de verbos no particípio presente, terminados em (-nte).
Visto, salvo, exceto, feito
São formados de verbos em particípio irregular passado.
Inclusive, exclusive, fora, afora, menos. Incluso, excluso Conforme
Senão
222
São formas de adjetivos (ligadas a particípios passados). É forma de adjetivo.
Como
É forma de conjunção.
Senão
Éconjunção condicional SE com o advérbio de negação NÃO.
Segundo
Salvo
São formas de advérbios.
É forma de numeral ordinal.
Exclusão de
CAPÍTULO
VIII
COERÊNCIA TEXTUAL 1. O QUE
É COERÊNCIA
Segundo Koch e Travaglia (2012), a coerência não pode ser definida apenas por um conceito. Para os autores, existem vários conceitos e/ou traços que, em conjunto, permitem definir o que é coerência. Um dos conceitos é a possibilidade de se estabelecer um sentido para o texto, organizar o texto em uma sequência lógica de modo que as situações enunciadas façam sentido em relação às características e propriedades do mundo real. Ainda segundo líoch e Travaglia (2012, p. 21.), (. .. )a coerência está diretamente lígada à possibilídade de se estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que um texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um princípio de interpretabilidade, lígada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido deste texto.
Outro conceito refere-se à coesão. Embora tenhamos afirmado, no capítulo anterior, que, para um texto ter coerência, não necessariamente é preciso ter coesão, podemos afirmar também que um texto mal trabalhado na superfície linguística, isto é, nos seus elementos coesivos, pode prejudicar a coerência do texto ou até torná-lo incoerente. Assim, percebemos que a coesão é um dos instrumentos para garantir a coerência. Ainda sobre a relação entre coesão e coerência, Koch e Travaglia afirmam: A coerência é subjacente, tentacular, reticulado, não linear, mas, como bem observa Charolles, se relaciona com a linearidade do texto. Isto quer dizer que a coerência se relaciona com a coesão do texto, pois por coesão se entende a ligação, a relação, os nexos que se estabelecem entre os elementos que constituem a superfície textual. A coerência, que é subjacente, a coesão é explicitamente revelada através de marcas linguísticas, índices formais na estrutura da sequência línguística, índices formais na estrutura da sequência linguística e superficial do texto, o que lhe dá um caráter linear, uma vez que se manifesta na organização sequencia/ do texto, tendo em vista a ordem em que aparecem, a coesão é sintática e gramatical, mas também semântica,
223
REDAÇAO • Cami/a Sabatin
pois, em muitos casos, os mecanismos coesivos se baseiam numa relação entre os significados de elementos da superfície do texto, como na chamada coesão referencial. (KOCH; TRAVAGLIA, 2012, p. 47.)
o caráter tenta cuia r:. não linear da coerência se liga à organização subjacente do texto e não à sua organização superficial, linguística, linear, embora esta dependa daquela e sirva de pista para sua determinação e organização textual. o sentido de um enunciado depende da interação entre o leitor e o autor do texto, dessa maneira, o sentido não se dá no próprio texto, com sua organização linguística, superficial e linear:. mas na relação entre a coerência e a interpretação. Uma vez que possuem uma relação de intercessão, resultado da interação entre leitor e autor e não apenas um traço do texto. Os sentidos são construídos na relação, na interação por meio da leitura, e não apenas nos dados fornecidos pelo texto. 2.
FATORES DE COERÊNCIA
Como vimos no item anterior, o sentido é uma construção dada na interação entre leitor e autor, entre coerência e interpretação, e não algo inerente ao texto, um mecanismo superficial, linear e linguístico. Oque gera coerência são múltiplos e diversos fatores. Para analisarmos com mais propriedade os fatores de coerência, usaremos duas linhas metodológicas, as de Beaugrande e Dressler (1997), bem como as de tíoch e Travaglia (2012). 2.1
Os fatores de coerência para Beaugrande
a Oressler
Para os autores, a construção do sentido do texto está ligada a cinco critérios: situacionalidade, informatividade, intertextualidade, intencionalidade e aceitabilidade. 2.1.1
Situacionolidade
Para um texto ser coerente, o texto precisa estar adequado à situação comunicativa. A situacionalidade ocorre em duas direções: da situação de produção para o texto, e do texto para a situação de produção. No primeiro caso, a situação definirá como deverá ser a produção do texto, determinando o grau de formalidade, o uso de variantes linguísticas, a abordagem do tema, o que deverá ser abordado no texto. No segundo caso, será o leitor quem definirá a situação de produção, por meio das suas convicções, crenças, conhecimentos 224
Cap. VIII· COERtNCIA TEXTUAL
prévios; nesse caso, ocorre uma mediação entre o mundo real do leitor e o mundo textual. 2.1.2
lnformatividade
Esse item refere-se ao nível de informação do texto e ao grau de previsibilidade com que as informações são veiculadas. Um texto com menos ideias ligadas ao senso comum e, portanto, menos previsível, tem mais informatividade e, por consequência, acaba sendo mais interessante e envolvente para o leitor.
o equilíbrio
na quantidade de informações é essencial para que o texto seja inteligível, logo coerente. Tanto o baixo nível de informatividade, quanto o excesso de informações são prejudiciais ao texto e a leitura dele. É preciso estabelecer um equilíbrio na quantidade de informações, para que o leitor possa processar os sentidos para o texto. 2.1..3
lntenextualídade
Concerne aos fatores que tornam a interpretação de um texto dependente da interpretação de outros. A intertextualidade pode ser tanto na forma quanto no conteúdo. Na forma, a intertextualidade é identificada quando o autor usa a mesma estrutura gramatical, repete expressões, enunciados ou trechos de outros textos. Essa intertextualidade de caráter formal relaciona-se à tipologia textual, pois há uma imitação da forma de outro texto com a intenção de estabelecer novos sentidos. Com relação à intertextualidade de conteúdo, as semelhanças ocorrem no plano temático, na abordagem que se faz do tema. 2.1.4
lntencionalidade
A intencionalidade refere-se às estratégias que o autor utiliza para gerar efeitos específicos. Todo texto tem uma intenção de defender um ponto de vista, mas, para que a argumentação seja, de fato, persuasiva, é preciso que a intenção seja elaborada, utilize-se os recursos disponíveis na língua para planejar estratégias e, assim, alcançar os objetivos. As estratégias trabalhadas nos capítulos 111, IV e V já são recursos para que o texto tenha uma intencionalidade marcada, e não somente subjacente ao texto. 2.1.5
Aceitabi/idade
Enquanto a intencionalidade é enfoca~a no autor do texto, a aceitabilidade é a responsabilidade que o autor tem para que seu texto seja aceito pelo leitor:
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Refere-se àquilo que o leitor consegue depreender dos sentidos dados ao texto, por meio das intenções discursivas de quem o escreveu. 2.2
Os fatores de coerência para 1'\och arravaglia
Koch e Travaglia (2001) agruparam, além dos cinco critérios listados por Beaugrande e Dressler (1997), sete fatores de coerência- elementos linguísticos, conhecimento de mundo, conhecimento partilhado, inferências, contextualização, focalização, consistência e relevância -que são apresentados a seguir. 2.2.1.
Elementos linguísticos
Os elementos linguísticos constituem o ponto de partida para os outros fatores de coerência. Mesmo o sentido não sendo depreendido apenas nas palavras, mas na relação entre esses elementos e a situação de comunicação. De acordo com Koch e Travaglia (2012), importa não apenas o que é dito, mas a forma como se diz, a ordem da apresentação, as marcas, a escolha das palavras, os recursos, enfim, todo o contexto linguístico contribui para a construção da coerência e para a veiculação do sentido do texto. 2.2.2
Conhecimento de mundo
Segundo l~och e Travaglia (2012), o conhecimento de mundo tem papel decisivo no estabelecimento da coerência, pois, se um texto tratar de algo que o leitor desconheça, o sentido não será estabelecido. Esses conhecimentos, ainda de acordo com Koch e Travaglia (2012, p. 7273-), são armazenados na memória em forma de blocos, que se denominam modelos cognitivos: a)
os frames: conjunto de conhecimentos armazenados na memória sobre um determinado conceito. Ex.: Em um quarto de bebê deve ter berço, mosquiteiro, fraldas, chupeta, mamadeira, etc.
b)
os esquemas: conjunto de conhecimentos que seguem uma sequência cronológica. Ex.: (...) ensino fundamental 11, ensino médio, cursinho (variável), ensino superior (variável), mercado de trabalho, etc.
c)
planos: conjunto de conhecimentos que levam a alcançar uma meta, a realizar um objetivo, tendo os elementos numa ordem previsível que induz o receptor a perceber a intenção do emissor. Ex.: planejamento na produção de um livro ou de um texto dissertativo.
226
Cap. VIII • COER~NCIA TEXTUAL
d)
os scripts: conjunto de conhecimentos estabilizados socialmente, tradicionais na cultura. Ex.: ritual de um casamento, batizado, cultos religiosos.
e)
superestrutura ou esquemas textuais: conjunto de conhecimento a respeito da estrutura que compõem um texto. Ex.: dissertação: introdução- desenvolvimento - conclusão.
Conhecimento partilhado
2.2.3
Assim como não existem pessoas iguais, também não existem pessoas com o mesmo conhecimento de mundo. No entanto, é preciso que autor e leitor compartilhem de alguns conhecimentos comuns, o chamado conhecimento partilhado, que determina a quantidade de informações, as quais devem ser explicitadas ou não no texto. Os elementos já conhecidos pelos usuários constituem o dado, a informação já conhecida, e, a partir desse, tudo o que vier é o novo. De acordo com Koch e Travaglia (2012), para que um texto seja coerente, é necessário que haja um equilíbrio entre essas informações. Um texto não pode conter somente o dado, senão seria ineficiente de tão óbvio, bem como não pode ter somente o novo, pois seria incompreensível para o leitor que não tem as âncoras para estabelecer os sentidos do texto. O dado pode ser de quatro tipos: a)
elementos recuperáveis no texto;
b)
elementos que fazem parte da situação;
c)
elementos de conhecimento geral em dada cultura;
d)
elementos de conhecimento comum do produtor e do leitor.
2.2.4
Inferência
A inferência é o mecanismo pelo qual o leitor de um texto entende o que não está expresso, mas que pode ser deduzido a partir do que está escrito. São as conexões que as pessoas fazem quando tentam alcançar uma interpretação do que leem ou ouvem.
o leitor deduz mensagens, supre lacunas, com base em conhecimentos prévios. Na verdade, os textos exigem que o leitor faça uma série de inferências para poder entendê-lo, caso contrário, seriam longos, se o autor tivesse que explicitar tudo o que desejaria expressar.
-
227
REDAÇAO ·Comi/o Sobotin
2.2.5
Fatores de contextualização
A contextualização constitui um dos fatores que fazem com que um texto seja coerente em uma determinada situação comunicativa. Dessa forma, o contexto também é responsável para estabelecer o sentido. Segundo Marcuschi (apud KOCH; TRAVAGLIA, 2012, p. 81.), ela se estabelece por meio de elementos que podem ser de dois tipos: os contextualizadores, os que ajudam a contextualizar o texto (ex.: em uma carta: a data, o vocativo, o fechamento); e os prospectivos, os quais se relacionam ao conteúdo e à forma (ex.: o título, que pode mostrar ao leitor sobre o que será dito). 2.2.6 Focalização A focalização se refere ao modo de ver o texto, tanto para quem produz a partir de um determinado ponto de vista, quanto para quem o recebe. Cada produtor de texto estabelece um sentido a partir do seu foco. Cada autor tem uma maneira específica de focalizar o tema, abordar o assunto tratado. 2.2.7 Consistência
e Relevância
Segundo Giora (apud KOCH; TRAVAGLIA, 2012, p. 99.), para que um texto seja coerente, é necessário que haja consistência e relevância. A consistência é a condição de que todos os enunciados não sejam contraditórios aos anteriores expressos no texto. A relevância é o fator relacionado à consistência, é a condição de que o conjunto de enunciados que compõe o texto seja relevante para o tema tratado no texto.
3· LEITURA DE TEXTO: PRÁTICA TEÓRICA LEGADO DE UM PAPA Para boa parte da opinião pública ocidental e leiga, o pontificado de Bento 16 deixa marcas inconfundíveis de conservadorismo. Mais que isso, de um desajuste renitente diante das conquistas da modernidade, em especial nos planos dos costumes e da biomedicina. Embora os temas do amor conjugal e da ênfase na solidez da vida familiar façam parte do repertório das principais religiões, é inegável que as preocupações do Vaticano a esse respeito adquiriram uma insistência que tendeu a minimizar outros aspectos que seriam igualmente importantes do ponto de vista pastoral.
228
Cap. VIII• COERtNCIA TEXTUAL
Ambiente natural, tráfico de drogas, escravidão, armamentismo, desigualdade social, fraudes corporativas. Há, nas manifestações do Vaticano, palavras oportunas sobre esses e outros problemas, sem que tenham surgido, entretanto, como bandeiras tão nítidas quanto as referentes à vida sexual. A imagem de conservadorismo que se associa a seu papado merece ser contextualizada. Nos EUA, por exemplo, as manifestações da Igreja Católica contra a pena de morte, contra a guerra no Iraque e a favor da ampliação do acesso à saúde pública encaminharam-se na direção contrária à do pensamento conservador por lá. Tampouco se pode considerar que, numa perspectiva global, o conservadorismo seja responsável pela perda de fiéis. No Brasil, onde cresce a audiência para os cultos evangélicos, provavelmente o que se busca, em muitos casos, é uma visão de mundo ainda mais conservadora que a do catolicismo. Temas como casamento gay e fim do celibato talvez não sejam, por outro lado, decisivos para a maioria dos católicos. Sob a ótica de muitos, o pontificado de Bento 16 teve sentido mais profundo.
É possível que o papa fique marcado como alguém que valorizou a questão das identidades no mundo contemporâneo. Bento 16 trouxe a percepção de que a aderência dos fiéis se faz pela afirmação das diferenças, de modos de vida próprios, capazes de conferir segurança interna aos indivíduos, sem o risco da indiferença ou da diluição. O quanto isso pode dificultar os ideais de tolerância próprios do mundo contemporâneo é uma questão em aberto. Notável intelectual, J oseph Ratzinger conseguiu ampliar o diálogo da igreja com filósofos agnósticos e, ao mesmo tempo, solidificar pontes e interesses comuns com representantes de outras religiões igualmente tradicionalistas, como muitos grupos evangélicos e os muçulmanos. Foi uma tarefa difícil, sujeita aos acidentes de uma personalidade que não se notabilizava pelo carisma ou pela facilidade de comunicação. O próximo papa, provavelmente, terá a missão de suprir essas deficiências, mas é improvável que se desvie,. no curto prazo, do trajeto delineado até aqui. (LEGADO DE UM PAPA, [s/d])
3.1 Análise textual com base nos fator~s de coerência
Vimos na discussão teórica que os fatores de coerência são múltiplos. Podem estar relacionados à coesão no que diz respeito aos usos linguísticos e o 229
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
bom uso desses na tessitura do texto, evitando repetições desnecessárias e contribuindo para melhor expressar as ideias abordadas. Além do conjunto de fatores que auxiliam a progressão textual e o bom desenvolvimento do raciocínio lógico. Com relação à superfície textual, o editorial acima tem uma desenvoltura no trabalho com as palavras. Percebe-se que o texto está bem amarrado, no que tange aos aspectos coesivos, facilitando a leitura e compreensão das ideias. Os vocábulos são de fácil entendimento, o que faz parte da intencionalidade do autor, já que este tipo de gênero jornalístico visa a atingir um público variado, permitindo ao leitor partilhar os mesmos elementos linguísticos. Mas não só esses aspectos superficiais do texto é que nos permitem compreendê-lo; temos, para isso, que partilhar os mesmos conhecimentos de mundo do autor; para que, a cada ideia tratada, possamos entender qual o foco dado ao assunto. Sabemos que essa focalização tem uma relevância no contexto atual - dizer quais as razões que levaram o papa à abdicação, talvez, para o autor, fosse um assunto irrelevante, dessa maneira, resolveu focar na importância do papado de Bento XVI. Diante disso, o autor debruçou-se em selecionar informações variadas que comprovassem seu ponto de vista, essas escolhas foram propositais, tinham uma intencionalidade argumentativa, para fazer com que o leitor aceitasse suas ideias. E, efetivamente, elas têm consistência e levam o leitor a mudar o foco da discussão sobre o porquê da abdicação e a finalidade do período papal. Em defesa dessa ideia, o autor usa intencionalmente a denominação de "Notável intelectual, }oseph Ratzinger", mostrando ao leitor que o papa, antes de tudo, era um homem com formação importante para a função que exercia. Essa interpretação não foi dada de forma explícita, o leitor é quem deveria inferir esse dado. A defesa da tese perpassa também por outros tipos de inferências, tais como dizer que a igreja católica é tolerante a discussões com outros grupos religiosos, e, assim, não tão conservadora quanto parece. Bem redigido, o texto permite-nos interpretar de forma eficaz e adequada, pois os fatores de coerência são bem trabalhados pelo autor; garantindo uma interpretação precisa, com uma linha de raciocínio lógica e convincente.
230
CAPÍTULO
IX
CRITÉRIOS DE CORREÇÃO Muitos candidatos submetem-se a provas de redação e provas discursivas sem ter a noção de como serão avaliados pelas bancas examinadoras. Saber quais os critérios de avaliação é instrumento valioso para dar um norte ao texto e não ser pego de surpresa. Este capítulo visa, portanto, orientar os futuros candidatos sobre os critérios de avaliação de redação adotados pela maioria dos concursos no Brasil. Em específico, focaremos em duas bancas, as quais mais produzem provas discursivas e de redação para concursos públicos: A Fundação Carlos Chagas (FCC) e o Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (CESPE). Abaixo, seguem duas propostas e as respectivas produções. A primeira, uma prova de redação da banca da FCC e a segunda, uma proposta para prova discursiva, típica da banca da CESPE. 1. CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DA BANCA FCC
De acordo com o edital, a proposta temática e os critérios de correção da banca da FCC seguirão os seguintes aspectos: 1)
Conteúdo - até 30 (trinta) pontos:
•
perspectiva adotada no tratamento do tema;
•
capacidade de análise e senso crítico em relação ao tema proposto;
•
consistência dos argumentos, clareza e coerência no seu encadeamento.
u) A nota será prejudicada, proporcionalmente, caso ocorra abordagem tangencial, parcial ou diluída em meio a divagações, e/ou colagem de textos e de questões apresentados na prova.
2)
Estrutura - até 30 (trinta) pontos:
•
respeito ao gênero solicitado;
•
progressão textual e encadeamento de ideias;
•
articulação de frases e parágrafos (coesão textual). 231
REDAÇAO • Camila Sabatin
3)
Expressão - até 40 (quarenta) pontos:
p) A avaliação da expressão não será feita de modo estanque ou mecânico, mas sim de acordo com sua estreita correlação com o conteúdo desenvolvido. A perda dos pontos previstos dependerá, portanto, do comprometimento gerado pelas incorreções no desenvolvimento do texto. A avaliação será feita considerando-se:
•
desempenho linguístico de acordo com o nível de conhecimento exigido;
•
adequação do nível de linguagem adotado à produção proposta e coerência no uso;
•
domínio da norma culta formal, com Atenção aos seguintes itens: estrutura sintática de orações e períodos, elementos coesivos; concordância verbal e nominal; pontuação; regência verbal e nominal; emprego de pronomes; flexão verbal e nominal; uso de tempos e modos verbais; grafia e acentuação.
p) Na aferição do critério de correção gramatical, por ocasião da avaliação do desempenho na Prova de Redação deste Capítulo, poderão os candidatos valerem-se das normas ortográficas vigorantes antes ou depois daquelas implementadas pelo Decreto Presidencial no 6.583, de 29 de setembro de 2008, em decorrência do período de transição previsto no art. 2°, parágrafo único da citada norma que estabeleceu acordo ortográfico da Língua Portuguesa.
4)
Será atribuída nota ZERO à Prova de Redação que:
•
fugir à modalidade de texto solicitada e ou ao tema proposto;
•
apresentar texto sob forma não articulada verbalmente (apenas com desenhos, números e palavras soltas ou em versos);
•
for assinada fora do local apropriado;
•
apresentar qualquer sinal que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato;
•
for escrita a lápis, em parte ou em sua totalidade;
•
estiver em branco;
•
apresentar letra ilegível e ou incompreensível.
s)
Na Prova de Redação, a folha para rascunho no Caderno de Provas será de preenchimento facultativo. Em hipótese alguma o rascunho elaborado pelo candidato será considerado na correção pela banca examinadora.
232
Cap.IX ·CRITÉRIOS DE CORREÇÃO
6)
Na Prova de Redação, deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 20 (vinte) linhas e máximo de 30 (trinta) linhas, sob pena de perda de pontos a serem àtribuídos à redação.
7)
A Prova de Redação terá caráter eliminatório e classiflcatório e será avaliada na escala de o (zero) a 100 (cem) pontos, considerando-se habilitado o candidato que nela obtiver nota igual ou superior a 50 (cinquenta) pontos.
2.
PROPOSTA DE REDAÇÃO FCC
REDAÇÃO
Atenção: Deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 20 (vinte) linhas e máximo de 30 (trinta) linhas, sob pena de perda de pontos a serem atribuídos à Redação. Vivemos em tempos de desregulamentação, de descentralização, de individualização, em que se assiste ao fim da Política com P maiúsculo e ao surgimento da "política da vida", ou seja, que assume que eu, você e todo o mundo deve encontrar soluções biográficas para problemas históricos, respostas individuais para problemas sociais. Nós, indivíduos, homens e mulheres na sociedade, fomos, portanto, de modo geral, abandonados aos nossos próprios recursos. (13AUMAN, ZigW\uY\t. E"'trevista co"'cedida a Maria Lúcia Qarcia Pa/lares-13urke. TeMpo Social, JuY\. 2004. Dispo"'ível eWI: <www.scielo.br/ scie(o.php?pid=S0:!.03-:Z070:Z004000:l.OOO:!.S&script=sci_arttext).)
Considerando o que está transcrito acima, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: A atuação política no mundo atual: limites e desafios
DISCURSIVA - REDAÇÃO
Atenção: Deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de máximo de 30 linhas.
20
linhas e
Conforme Edital do Concurso, será atri~uída nota ZERO à Prova de Redação, na Folha Definitiva, que:
233
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
a)
fugir à modalidade de texto so~itada e/ou ao tema proposto;
b)
apresentar textos sob forma não articulada verbalmente (apenas com desenhos, números e palavras soltas ou em versos) ou qualquer fragmento de texto escrito fora do local apropriado;
c)
for assinada fora do local apropriado;
d)
apresentar qualquer sinal que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato;
e)
for escrita a lápis, em parte ou em sua totalidade;
f)
estiver em branco;
g)
apresentar letra ilegível e/ou incompreensível. Em hipótese alguma o rascunho elaborado pelo candidato será considerado na correção da Prova de Redação.
TEXTO I Eis o grande problema do mundo virtual: a falta do olhar alheio. Nosso cérebro está adaptado para interagir face a face com os outros: nesse tipo de conversa recebemos uma série de informações - se estamos agradando, se a pessoa está triste, feliz- e assim ajustamos o conteúdo e também a forma de nosso discurso. Isso não apenas porque queremos agradar, mas também porque ver o sofrimento do outro nos incomoda, refreando certos impulsos. Talvez seja essa uma das razões para tantas pessoas assumirem atitudes antissociais diante de uma tela. (BARROS, Daniel M. de. Psicopata é você. Estadão, São Paulo, Psiquiatria e Sociedade, 19 ago. 2014. Disponível em: <http:/ /blogs.estadao. com.br/daniel-martins-debarros/psicopata-e-voce/>. Adaptado.)
TEXTO
n
"Diga o que pensa. Seja você mesmo." Assim começa a apresentação do Secret. Como enviar uma mensagem em uma garrafa no meio do mar, o aplicativo convida a compartilhar comentários e sensações de forma anônima. "Sabemos que muitos não se atrevem a dar sua opinião no Facebook por temer represálias. Nem a colocar algo grave que ocorra em sua empresa. Nos dois casos pode ser um conteúdo relevante que de outra maneira não viria à tona", sublinha Chrys Bader, um dos fundadores dessa rede social. (CANO, Rosa Jiménez, Secret, .entre a liberdade de expressão e o insulto. El País, 24 ago: 2014.'Disponível em: <http:/ I brasil.elpais.com/brasii/2014/0B/24/>. Adaptado.)
234
Cap. IX· CRITtRIOS DE CORREÇAo
Com base nos textos acima, escreva um texto dissertativo-argumentativo, justificando amplamente seu ponto de vista, sobre o tema: Ver e ser visto: comportamento e redes sociais.
DISCURSIVA - REDAÇÃO
Atenção: Na Prova Discursiva - Redação, a folha para rascunho no Caderno de Provas será de preenchimento facultativo. Em hipótese alguma o rascunho elaborado pelo candidato será considerado na correção pela banca examinadora. Na Prova Discursiva - Redação, deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 20 (vinte) linhas e máximo de 30 (trinta) linhas, sob pena de perda de pontos a serem atribuídos à Redação. A ideia de literatura foi se moldando em função da história, das condições sociais, da figura do escritor e do leitor, do papel da palavra escrita e assim por diante. Transformado em produto, em simples mercadoria, o livro foi perdendo sua aura sagrada. Literatura é um fato da cultura humana, um objeto contingente, ao sabor da história e dos valores de seu tempo. (TEZZA, Cristóvão. O Espírito da prosa. Rio de Janeiro: Record, 2012. Formato: ePub. Adaptado.)
Com base no que está transcrito acima, redija um texto dissertativo-argumentativo a respeito do seguinte tema: Aliteratura no momento histórico atual.
DISCURSIVA- REDAÇÃO
Atenção: Deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de máximo de 30 linhas.
20
linhas e
Conforme Edital do Concurso, será atribuída nota ZERO à Prova Discursiva Redação, na Folha Definitiva, que: a)
fugir à modalidade de texto solicitada e/ou ao tema proposto;
235
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
b)
apresentar texto sob forma não articulada verbalmente (apenas com desenhos, números e palavras soltas ou em versos) ou qualquer fragmento de texto escrito fora do local apropriado;
c)
for assinada fora do local apropriado;
d)
apresentar qualquer sinal que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato;
e)
estiver em branco;
f)
apresentar letra ilegível e/ou incompreensível. Em hipótese alguma o rascunho elaborado pelo candidato será considerado na correção da Prova de Redação. As leis são tão antigas, séculos já trabalharam em sua interpretação, inclusive essa interpretação já deve ter-se tornado lei. Além disso, a aristocracia não tem, evidentemente, nenhuma razão para se deixar influenciar na interpretação em nosso desfavor por seu interesse pessoal, pois, afinal, as leis foram fixadas desde o início a favor da aristocracia, a aristocracia está acima da lei e, justamente por isso, a lei parece ter-se colocado exclusivamente nas mãos da aristocracia. Nisso reside naturalmente sabedoria - quem duvida da sabedoria das antigas leis? - mas igualmente também tormento para nós. (KAFKA, F. Sobre a questão das leis. In: _ _. Nas Galerias. São Paulo: Estação Liberdade.1989. p. 93. Adaptado.)
Comprovar o valor do mais célebre de todos os remédios, chamado moral, exigiria, antes de tudo, pô-lo em causa. (NIETZSCHE. F. A Gaia Ciência. Lisboa: Relógio d'Água,§ 345. Adaptado.)
Com base nos textos acima, escreva um texto dissertativo-argumentativo a respeito do diálogo entre o Direito e a moral. justifique seu ponto de vista.
PROVA DISCURSIVA - REDAÇÃO
Atenção: Deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 20 linhas e máximo de 30 linhas. Conforme Edital do Concurso, será atribuída nota ZERO Redação, na Folha Definitiva, que:
à Prova Discursiva -
Cap. IX· CRITtRIOS DE CORREÇAo
à modalidade de texto solicitada e/ou ao tema proposto;
a)
fugir
b)
apresentar texto sob forma não articulada verbalmente (apenas com desenhos, números e palavras soltas ou em versos) ou qualquer fragmento de texto escrito fora do local apropriado;
c)
for assinada fora do local apropriado;
d)
apresentar qualquer sinal que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato;
e)
estiver em branco;
f)
apresentar letra ilegível e/ou incompreensível. Em hipótese alguma o rascunho elaborado pelo candidato será considerado na correção da Prova de Redação.
1. Atente para o seguinte texto: A todo momento somos levados a escolher entre drásticas oposições: direita ou esquerda, a favor ou contra o aborto, maior ou nenhuma repressão policial e tantas mais. Mas é bom lembrar que tais oposições podem ser simplórias, e há muito espaço entre os extremos para ser investigado e avaliado. Com base no trecho acima, redija um texto dissertativo-argumentativo. justifique amplamente seu ponto de vista.
DISCURSIVA-REDAÇÃO Atenção: Deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 20 linhas e máximo de 30 linhas. Conforme Edital do Concurso, será atribuída nota ZERO à Prova Discursiva-Redação que for assinada, na folha de respostas definitiva, fora do campo de assinatura do candidato, ou apresentar qualquer sinal que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato. NÃO
é necessária a colocação de lítulo na Prova Discursiva-Redação.
Em hipótese alguma o rascunho elaboi:ado pelo candidato será considerado na correção da Prova Discursiva-Redação.
237
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
A Prova Discursiva-Redação ter;l caráter eliminatório e classificatório e será avaliada na escala de o (zero) a 100 (cem) pontos, considerando-se habilitado o candidato que nela obtiver nota igual ou superior a 50 (cinquenta).
TEXTO I Quando se pensa em uma sociedade ideal, a referência mais antiga para esta noção provém dos textos de Platão, em que se pode encontrar a seguinte noção de ideia: "As ideias são imperecíveis, possuem existência eterna e estão contidas apenas na razão e no pensamento. Quanto às outras coisas, elas surgiriam e desapareceriam, seriam passageiras e evanescentes, não subsistindo por muito tempo no mesmo e único estado". (Cícero, séc. I a.C., em seu livro O Orador, III, 10, com adaptações). No entanto, até que ponto uma concepção imutável e abstrata de sociedade poderia abarcar o que não está previsto?
TEXTO
n
Conta-se que, para pintar Helena, que teria sido a mais bela das mulheres gregas, Zêuxis não procurou um modelo abstrato e unívoco de perfeição, mas sim procurou compô-/a com o que havia de mais belo na variedade de pessoas, usando o rosto de uma, os olhos de outra e assim por diante. A partir dos textos acima, redija um texto dissertativo-argumentativo a respeito do seguinte tema: o ideal de sociedade em contraposição ao respeito à diversidade. 2.1
Modelo de redação POÚTICA VERSUS POÚTICA A atuação política pode ser vista por dois prismas. Primeiro do ponto de vista do político. Depois, do ponto de vista do cidadão, destinatário da política. No cenário sociológico atual, podese afirmar que a política, de um lado e de outro, vem se transformando, legado histórico natural das transformações históricas geradas pela mudança de paradigma causada n(l pré-modernidade. O lib~ralismo político vivenciado é evidência dessas transformações. E cada vez mais evidente, no mundo tqdo, políticos que se importam mais com suas carreiras populistas do que, de fato, com a Política, como anota Bauman. Assim, volta a valer a vontade individual, a autorregulamentação e, por cbhseguinte; a lei do mais forte. Atitude muito perigosa, visto que foi o primeiro vício a ser
Cap. IX • CRIT~RIOS DE CORREÇÃO
extinto pelo pacto social, concedendo ao Estado o poder-dever de regulamentar, julgar e punir de acordo com bem-estar social. Na atual conjuntura, o liberalismo político é, portanto, muito cômodo e conveniente para os que dizem governar para o povo. Já, na perspectiva do cidadão, a situação é muito incômoda. O povo sem olhar para e aprender com o passado, cega-se diante da falsa sensação de liberdade. Acostumados a seguir a indicação de um Estado outrora autoritário, confiam demais em seus olhos destreinados, parafraseando Ulrich Beck. O cidadão abdica do seu direito de intervir, pois, acomodado com a ideia de que existe um outro que me governa, delega plenos poderes a este. Acreditam, dessa forma, que exercer a cidadania acontece apenas no ato de votar, após isso, "acreditam" que cabe ao outro tomar todas as decisões. O "reclamismo" acaba sendo a base do incômodo, uma ação inoperante esquecida com o tempo, diante de olhos tão estreitados.
Diante desse quadro, percebemos que a grande limitação da política para o cidadão acaba sendo sua falta de atuação, ante ao relativo conforto e estabilidade históricas. O maior desafio é, portanto, superar a desregulamentação; o desinteresse dos governos, os quais, com o pretexto de conferir ampla e irrestrita liberdade a todos os setores, acabam não limitando seus interesses individuais. Fazem, assim, política e não Política. (Texto produzido por alunos de um curso particular de produção e interpretação de textos)
2.2 Análise da
redação I de acordo com os critérios da FCC
Com relação ao conteúdo, a perspectiva adotada no tratamento do tema é feita sob dois prismas: o do ponto de vista político e o do ponto de vista do cidadão. Os dois lados foram muito bem fundamentados, demonstrando capacidade de análise e senso crítico em relação ao tema proposto. Oautor soube aproveitar seu repertório para dar consistência aos seus argumentos e um bom nível de informatividade ao leitor. No plano da estrutura, houve respeito ao gênero solicitado, a organização da dissertação seguiu um encadeamento das ideias de forma indutiva, isto é, o autor parte de premissas específicas, os argumentos, mostrando-nos provas, convencendo-nos de maneira concreta, para depois estabelecer a premissa geral, a tese na conclusão. Trabalhado dessa maneira, o texto adquiri uma progressão, as ide ias são trabalhadas de forma diversificádas, não. há uma ,abordagem redundante. As ideias são coerentes com o contexto externo e interno, não havendo contradições.
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
A articulação, no que se refere à coesão, é trabalhada de forma explícita, dando ao leitor noção da relação entre as ideias abordadas entre os períodos e parágrafos. Já, com relação ao plano da expressão, o autor demonstrou desenvoltura linguística no plano da norma culta, bem como no nível de conhecimento exigido no tema abordado. 3. CRITÉRIOS DE CORREÇÃO DA PROVA DISCURSIVA CESPE/UNB A prova discursiva para os candidatos aos cargos de Analista Judiciário valerá 10,00 pontos e consistirá na elaboração de texto, com no máximo 30 linhas, acerca de temas da atualidade, exceto para o cargo de Analista Judiciário- área: Judiciária, cujo tema versará acerca de matérias constantes do regimento interno do TST: Resolução Administrativa n° 908/2002 - DJ 27/11/2002, atualizado até o Ato Regimental n° 10 de 2006 e a Emenda Regimental n° 9 de 2006. (EDITAL- Concurso público ... , 2007.)
p. Espelho de correção da prova discursiva CESPE/UnB
( <http: I lwww .aprovaconcu rsos.com.br I no ti cios/ wp-content I uploads/2010/12/avaliacao_cespe.jpg>. Acesso em: 20 fev. 2013.)
240
Cap. 1X • CRITtRIOS DE CORREÇÃO
3.2 Descrição dos aspectos macroestruturais Apresentação e estrutura textual
li+·
Legibilidade, respeito às margens e indicação de parágrafos (0,00 a 1,00)
Desenvolvimento do tema
li+
Seleção dos argumentos (0,00 a 3,5)
li+
Sequencialização, coesão e coerência (0,00 a 3,5)
li+
Obediência ao tipo dissertativo (0,00 a 2,0)
3.3 Descrição dos aspectos microestruturais Tipo de erro
•
Grafia/acentuação
•
Morfossintaxe: pontuação, construção do período, emprego de conectores, concordância nominal, concordância verbal, regência nominal, regência verbal.
•
Propriedade vocabular
4. PROPOSTA DE REDAÇÃO CESPE/UNB
•
Nesta prova, que vale dez pontos, faça o que se pede, usando os espaços indicados no presente caderno para rascunho. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não será avaliado fragmento de texto escrito em local indevido.
•
Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado.
•
Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Certa fundação pública estadual, por ordem do respectivo diretor-presidente, contratou trabalhadores como empregados, sem concurso público, sob a premissa de que executariam apenas trabalhos por períodos determinados de trinta e seis meses. Logo em seguida, após anotadas pela fundação as carteiras de trabalho, os referidos empregados foram cedidos à União para 241
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
laborar em serviços de digit,.ação em diversos Ministérios, onde permaneceram por dois anos; sempre com a fundação pública estadual pagando o valor do salário básico e a União assumindo o encargo de recolher o FGTS, assim sendo feito sem solução de continuidade. Findos os dois anos, a União devolveu todos ostrabalhadores ao órgão cedente, tendo estes sido imediatamente demitidos, quando do regresso aos empregos na fundação pública estadual, recebendo apenas a liberação do FGTS, já depositado de forma integral, assim tendo sido dada a ordem para a rescisão dos contratos. Os empregados demitidos ajuizaram reclamação trabalhista perante a Justiça do Trabalho contra a União e a fundação pública estadual que os havia contratado, postulando verbas rescisórias (aviso prévio indenizado, férias vencidas e proporcionais e respectivos adicionais de 1/3, décimos terceiros salários vencidos e proporcionais, multa de 40% sobre o FGTS depositado), além do seguro-desemprego.
Com base na Constituição Federal e na Consolidação das Leis do Trabalho, além da jurisprudência sumula da do Tribunal Superior do Trabalho, disserte sobre eventuais nulidades e responsabilidades administrativas e trabalhistas e, em tese, o que seria ou não devido aos trabalhadores citados na situação hipotética acima. 4.1 Modelo de redação NULO, PORÉM COM EFEITOS Em virtude dos princípios da proteção ao empregado e da primazia da realidade, a contratação de trabalhadores pela Fazenda Pública das diversas esferas pode ficar mais cara do que parece num primeiro momento. Desapercebidos dos rigores da lei e das consequências de seu descumprimento, maus administradores vêm causando, com contratações irregulares, a distribuição de processos trabalhistas que oneram o erário público.
i
No caso proposto, logo de início, percebe-se que a expectativa de trabalho dos empregados foi frustrada, eis que, mesmo sendo contratados para trabalhar por três anos, foram dispensados ao término do segundo. Assim, conforme a legislação vigente, fazem jus à indenização no valor de metade da remuneração que seria devida a eles se tivessem trabalho no terceiro ano.
i
Além disso, em tese, os trabalhadores teriam direito ao que pediram. No caso, férias vencidas (uma delas em dobro, se fosse pedido) aviso prévio indenizado, férias vencidas e proporcionais e os respectivos adicionais de um terço; décimos terceiros salários vencidos e proporcionais, multa de 40% sobre o FGTS depositado. Tudo sem prejuízo do seguro-desemprego. 242
Cap. IX • CRITÉRIOS DE CORREÇÃO
Isso porque o contrato, apesar de ser nulo do ponto de vista administrativo, visto que viola a determinação constitucional de se realizarem concursos para a investidura em cargo ou emprego; não pode haver prejuízos ao trabalhador. Assim, mesmo nulo, o contrato gera efeitos na seara trabalhista como se válido fosse até a data de seu fim, não gerando, por exemplo, vínculo ou estabilidade. Por todo o exposto, pode-se notar que o ordenamento jurídico vigente resguarda ao máximo os trabalhadores, sendo responsáveis tanto o órgão estatal quanto a Fazenda Pública Federal, que se beneficiaram do serviço prestado. O administrador em pessoa só poderá ser, em tese, responsabilizado civil e administrativamente em eventuais procedimentos posteriores. (Texto produzido por alunos de um curso particular de produção e interpretação de textos)
4.2 Análise da redação de acordo com os critérios da CESPE/UnB
Embora a CESPE chame essa avaliação escrita de prova discursiva, o gênero é o dissertativo-argumentativo; assim o desenvolvimento do texto segue a estrutura padrão desse gênero. Essa avaliação tem como texto base uma situação hipotética, geralmente um problema, e itens a serem obrigatoriamente discutidos. Isso é o que difere das provas de redação que possuem uma coletânea de textos ou apenas um excerto de texto, os quais serão motivadores para dissertar acerca da proposta temática. Com relação aos critérios de correção, versaremos sobre os aspectos macroestruturais e microestruturais, sem, contudo, atribuir valor a eles. Como não é um texto escrito à mão, não discorreremos sobre a apresentação e estrutura textual. Otexto obedeceu ao gênero dissertativo, já que assume um ponto de vista e o desenvolve com argumentos consistentes, baseados no discurso da lei. O autor, assim, demonstra que tem repertório, não fundamenta seus argumentos em achismos, mas em dados específicos do direito trabalhista. Além disso, cumpre o que lhe é pedido, discorrer sobre eventuais nulidades e responsabilidades administrativas e trabalhistas e o que seria ou não devido aos trabalhadores. A organização das ideias é feita de forma clara e objetiva, seguindo um raciocínio lógico das ideias, primeiro o autor introduz o tema, deixando clara qual a sua tese, expõe o fato e defende, por meio de dados do direito trabalhista, o porquê a nulidade administrativa implica uma problemática trabalhista. O texto, assim exposto, garante a organização lógica das ideias, portanto, a coerência. "243
REDAÇi\0 • Camila Sabatin
Com relação à coesão, o autor preocupa-se em explicitar as relações de sentido por meio de conectores, seja entre os períodos ou entre os parágrafos. o que faz com que o texto torne-se mais expressivo nas suas intenções argumentativas. Em relação aos aspectos microestruturais, o texto não possui nenhum tipo de problema. O autor tem propriedade no uso das palavras, usa-as com bastante sofisticação. Já, no que tange os aspectos morfossintáticos, não há infração às regras gramaticais. O texto, portanto, cumpriu satisfatoriamente todos os critérios exigidos. Texto bem escrito do ponto de vista gramatical, bem estruturado na coesão; claro, objetivo e consistente na exposição da argumentação. Demonstra repertório e conhecimento de mundo, garantindo a coerência das ideias expostas e um alto nível de informatividade.
5. ANÁLISES DE TEXTOS COM A PROPOSTA TEMÁTICA: SISTEMA DE COTAS RACIAIS EM CONCURSOS PÚBLICOS FEDERAIS PROPOSTA TEMÁTICA Atenção: Deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 20 (vinte) tinhas e máximo de 30 (trinta) linhas, sob pena de perda de pontos a serem atribuídos à Redação. SENADO APROVA COTAS RACIAIS EM CONCURSOS PÚBUCOS FEDERAIS
Aprovação do projeto, que segue para sanção da presidente Dilma Rousseff, é considerada uma vitória na luta pela igualdade racial. O Senado aprovou, na última terça-feira (20), o projeto de lei que reserva 20'Yo das vagas oferecidas nos concursos públicos federais a pretos e pardos. A aprovação do projeto, que segue para sanção da presidente Dilma Rousseff, é considerada uma vitória na luta pela igualdade racial no Brasil, como ação afirmativa estratégica para acelerar a mobilidade da população negra nos próximos dez anos. Entre os anos de 2004 e 2013, a fatia de negros que ingressou no serviço público variou de 22'Yo a quase 30'Yo. De acordo com a edição mais recente do Pnad, os negros representam uma parcela de 53'Yo do universo da população brasileira. (BRASIL. Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Portal Brasil, Cidadania e Justiça, 21 maio 2014.)
244
Cap.lX ~ C81TtRIQS Dl: CORREÇÃO
Considerando o que está. transcrito acima, redija um texto dissertativoargumentativo sobre o seguint~ t~ma: o sistema de cotas irá amenizar as
desigualdades raciais ou irá reafirmar a tese racista de classificação entre raças? 5.1 Texto
1:
abaixo da média O Brasil ê um país que carrega um passado de escravidão e de discriminação, principalmente com relação aos negros. Em uma tentativa de construir uma sociedade · jUsta, reduzindo as desigualdades que esse passado, ainda presente, o governo federal imple-
como forma de correção ustiça, o governo trouxe as lf~'ll~r1~4:~,.,também cha'd;·'dj;'~;i~ina~ã~···p,.. · · · · material, tratando os iguais de maneira igual e os desiguais ae maneira desigual, atingindo assim a real justiça.
245
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
~
A populaÇão brasileira, e até
em certo ponto:~llimi!fi.~:em território l}aeión~l, é amparada pela .. Constituição Federal de q~e está repleta de princípios, direitos e garantias fundamentais. A Carta traz como um dos objetivos . fundamentais da República a construção de uma sociedade livre, a redução das desigualdades sociais e, em seu artigo 5º, no caput, Xi!lê, todos são iguais perante a lei. Es- · ses são alguns dos fundamentos para os favoráveis, como declarou a constitucionalidade do Supremo Tribunal Federal às cotas rpl;t~ns; .. ,( ;- L
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pardos, estudantes de escola pública e de baixa renda em instituições de ensino público. Ocorre que há um projeto de lei em estado avançado para implantar essas cotas raciais em concursos púb,jjços.. As:'~~t'~$;, ajudam . ·a corrigir desigualdades urgentes, como as que afetam a educação do cidadão e seu futuro no mercado de trabalho, talvez necessárias até que as desigualdades do sente e assim ~\lJRftl!iti<fí!~~~~;{~~~f!i~' Entretanto, em relação ao concurso público, há exagero,. falta de razoabilidade, já que o cargo é público, não há como avaliar os
Cap.IX • CRITtRIOS DE CORREÇÃO
candidatos de forma diferente. O que deve predominar é a capacidade para o cargo e não a cor da pele, além do que não é a cor que determina a competência. Assim, as cotas raciais ajudam a diminuir a desigualdade trazida pela história e oferecer uma educação para todos, entretanto essas ações afirmativas não podem extrapolar suas reais finalidades e deixar de lado a razoabilidade. A capacidade para o cargo público · gue deve ser o método de avaliação do candidato e não a cor da ~.1:1.~. · pele.
5.1.1
•
Análise do texto
1
Introdução 1o parágrafo
"O Brasil é um país que carrega um passado de escravidão e de discriminação, principalmente com relação aos negros. Em uma tentativa de construir uma sociedade justa, reduzindo as desigualdades que esse passado, ainda presente, trouxe, o governo federal implementou as ações afirmativas". Inicia com uma descrição histórica sobre o passado escravocrata e discriminatório, logo em seguida, relata as ações afirmativas do governo federal em relação a um passado injusto e desigual. Não há uma defesa de ponto de vista, apenas uma dedução dele, visto que o autor do texto vê de forma positiva a implementação das ações afirmativas do governo. •
Desenvolvimento 2°
Parágrafo
"Há não tanto tempo, certos grupos eram tratados de forma desigual das demais pela própria legislação (pela raça, religião, sexo). No país democrático 247
REDAÇÃO· Camila Sabatin
de direito de hoje não é admissível, já que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Ocorre que a desigualdade do passado ainda gera consequências no presente que, como forma de correção da injustiça, o governo trouxe as ações afirmativas, também chamadas de discriminação positiva. Essas ações reforçam a igualdade material, tratando os iguais de maneira igual e os desiguais de maneira desigual, atingindo assim a real justiça". Não há uma ideia central no primeiro período, apenas a constatação do tratamento desigual de "certos" grupos, a ideia central apenas aparecerá no segundo período, com o argumento de que, em um estado democrático de direito, é inadmissível a distinção de qualquer natureza. Contudo, essa ideia não é desenvolvida nos próximos períodos, pelo contrário, .ela é contradita, pois, se o autor afirma ser inadmissível distinção de qualquer natureza, como ele pode afirmar em seguida que as ações afirmativas são uma discriminação positiva? Não se trata de informações erradas, mas de más colocações das ideias que provocam incoerências internas seriíssimas. O parágrafo poderia ser melhor trabalhado dessa forma: Os direitos humanos no Brasil passam a ser garantidos apenas em 1988 com a Constituição Federal, consagra-se, assim, o princípio à cidadania, dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho. Contudo, não podemos nos iludir pensando sermos todos iguais, isso se dá perante a lei, ideologicamente. No que concerne ao material, temos desigualdades históricas, que não se apagam com o Estado democrático de direito, e é nessa perspectiva que se inserem as Leis de cotas como ações afirmativas a um passado de injustiças. Não se trata de medida perpétua, mas um início para alcançar a justiça real, concreta, não apenas ideológica e burocratizada.
•
3° parágrafo:
"A população brasileira, e até em certo ponto alienígena em território nacional, é amparada pela Constituição Federal de 1988 que está repleta de princípios, direitos e garantias fundamentais. A Carta Magna traz como um dos objetivos fundamentais da República a construção de uma sociedade livre, a redução das desigualdades sociais e, em seu artigo 5o, no caput, que todos são iguais perante a lei. Esses são alguns dos fundamentos para os favoráveis, como declarou a constitucionalidade do Supremo Tribunal Federal às cotas raciais: criada para dar acesso a negros e pardos, estudantes de escola pública e de baixa renda em instituições de ensino".
Cap. IX· CRITtR\05 DE CORREÇÃO
As ideias trabalhadas nesse parágrafo acabam sendo prolixas -já foram discutidas no parágrafo anterior, portanto há a ausência de um novo argumento. O que mais chama atenção foram os erros conceituais. O outro diz respeito a dizer que os argumentos utilizados sobre a garantia de igualdade dada pela Constituição de 1988 são utilizados pelas pessoas favoráveis à Lei de Cotas. Na verdade, é o contrário, esse argumento é usado por aqueles que vão contra a medida em questão, já que, para estes, seria incoerente uma lei de cotas diante de uma constituição que diz, no seu artigo 5°, que todos são iguais perante a lei. •
4°
parágrafo:
"Ocorre que há um projeto de lei em estado avançado para implantar essas cotas raciais em concursos públicos. As cotas ajudam a corrigir desigualdades urgentes, como as que afetam a educação do cidadão e seu futuro no mercado de trabalho, talvez necessárias até que as desigualdades do passado não afetem tanto o presente e assim suprimidas as cotas. Entretanto, em relação ao concurso público, há exagero, falta de razoabilidade, já que o cargo é público, não há como avaliar os melhores candidatos de forma diferente. o que deve predominar é a capacidade para o cargo e não a cor da pele, além do que não é a cor que determina a competência". Nesse parágrafo, há uma incoerência interna. A ideia central é a de que as cotas ajudam a corrigir desigualdades urgentes, sendo assim, admitida pelo autor como uma medida fundamental e importante. Ponto de vista também admitido em outros momentos do texto. Entretanto, nos dois últimos períodos desse parágrafo, o autor vai de encontro ao que havia dito, dizendo ser exagero e falta de razoabilidade avaliar os candidatos de maneira diferente, pelo quesito cor da pele e não capacidade para o cargo. •
Conclusão:
"Assim, as cotas raciais ajudam a diminuir a desigualdade trazida pela história e oferecer uma educação para todos; entretanto, essas ações afirmativas não podem extrapolar suas reais finalidades e deixar de lado a razoabilidade. A capacidade para o cargo público deve ser o método de avaliação do candidato e não a cor da pele". A conclusão também ficou incoerente, na medida em que é impossível admitir a positividade da lei de cotas e pedir para que haja razoabilidade. Ou a lei de cotas atua de forma integral, ou não se constitui uma lei de cotas. Não sendo razoável e coerente ter o meio termo dessa medida. 249
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Modelo de Correção FCC' 1.
Na avaliação da Prova de Redação, serão considerados, para atribuição dos pontos, os seguintes aspectos:
1.1.
Conteúdo - até
a)
perspectiva adotada no tratamento do tema;
b)
capacidade de análise e senso crítico em relação ao tema proposto;
c)
consistência dos argumentos, clareza e coerência no seu encadeamento.
30
(trinta) pontos:
(10
pontos)
Comentário: A perspectiva adotada pelo tema foi totalmente confusa, faltou uma tese clara e uma linha de raciocínio para o texto. Oque fez com que o tema fosse abordado de forma contraditória, faltando clareza no encadeamento das ideias, além de argumentos prolixos, frouxos e superficiais. 1.1.1. A nota
será prejudicada, proporcionalmente, caso ocorra abordagem tangencial, parcial ou diluída em meio a divagações, e/ou colagem de textos e de questões apresentados na prova.
1.2.
Estrutura - até
a)
respeito ao gênero solicitado;
b)
progressão textual e encadeamento de ideias; x
c)
articulação de frases e parágrafos (coesão textual). x
30
(trinta) pontos:
(12
pontos)
1.3. Expressão- até 40 (quarenta) pontos: (18 pontos) 1.3-1. A avaliação da expressão não será feita de modo estanque ou mecânico, mas sim de acordo com sua estreita correlação com o conteúdo desenvolvido. A perda dos pontos previstos dependerá, portanto, do comprometimento gerado pelas incorreções no desenvolvimento do texto. A avaliação será feita considerando-se: a)
desempenho linguístico de acordo com o nível de conhecimento exigido;
b)
adequação do nível de linguagem adotado à produção proposta e coerência no uso; x
c)
domínio da norma culta formal, com atenção aos. seguintes itens: estrutura sintática de orações e períodos, elementos coesivos; concordância verbal e nominal; pontuação; regência verbal e nominal; emprego de pronomes; flexão verbal e nominal; uso de tempos e modos verbais; grafia e acentuação. x NOTA: 40 pontos
1.
250
Faremos um modelo de avaliação em que serã colócádo um "x'' tiveram problemas no texto.
na frente dos itens que
Cap.IX • CRITÉRIOS DE CORREÇÃO
5.2 Texto 2: acima da média O Senado aprovou, no dia 20 de maio deste ano, o projeto de lei que reserva 20% das vagas oferecidas em concursos públicos federais, a negros e pardos, pelos próximos dez anos. Para alguns, o projeto é considerado uma vitória na luta contra a segregação racial e tem o cunho de corrigir desigualdades históricas do país. Contudo, é grande o número ele pessoas desfavoráveis a esse tipo ele política ele Estado. De um modo geral, a medida, ao passo que corrige injustiças sociais históricas, contém uma série ele questões problemáticas e que podem resultar em ainda mais segregação racial. Primeiramente, surge a questão a respeito da constitucionalidade elo projeto ele lei ele cotas raciais. Isso porque, conforme a Constituição Federal, especialmente em seu artigo 5º, que diz que todos são iguais perante a lei, sem distinções ele qualquer natureza e, em seu artigo 19, III, que proíbe à União, Estados, Distrito Federal e Municípios a adoção de políticas públicas que criem distinção entre brasileiros ou preferências entre si · . raça não pode ser um critério diferenciador para o exercício de direitos no Brasil. Outra questão emblemática é o critério de elegibilidade escolhido para concorrer às vagas reservadas, que será a autodeclaração, sendo eliminados aqueles que fizerem declaração falsa. Contudo, em um país 251
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
miscigenado como o Brasil, tal critério traz em si o perigo de que se instaurem verdadeiras espécies de tribunais raciais, que julgarão se o candidato é realmente negro ou pardo, dividindo a sociedade em raças, justamente o que se busca evitar com as ações contra o racismo. De outra forma, para os que são a favor à lei de cotas em concursos públicos federais, esse é um grande passo, já que a metade da população brasileira é composta de negros e pardos, em situação socioeconômica . extremamente desigual, ~~a~········ excluídos e discriminados · o apenas pela condição social, mas · principalmente pela cor.M~~I;ã,lll, para os que são contra a medida, ~· seria que o Governo concentrasse esforços em reestruturar o
sã;·
lmfªB~'II~
l.
252
nas recursos de forma mais equitativa, com incentivos aos professores, de forma a atraí-los para as escolas com maiores desafios. Portanto, o projeto de lei de cotas para negros e pardos nos concursos públicos federais ainda é tema de bastante debate e polêmica entre a população, visto que as vantagens dessa lei não são ainda tão claras, gerando questionamentos a ..i:q~l~~tlt~l~ se não seria mais eficiente que o Governo investisse efetivamente na educação e em critérios socioeconômicos.
Cap.IX ·CRITÉRIOS DE CORREÇAO
5.2.1
•
Análise do texto 2
Introdução 1°
parágrafo
"O Senado aprovou, no dia 20 de maio deste ano, o projeto de lei que reserva 20°fc das vagas oferecidas em concursos públicos federais, a negros e pardos, pelos próximos dez anos. Para alguns, o projeto é considerado uma vitória na luta contra a segregação racial e tem o cunho de corrigir desigualdades históricas do país. Contudo, é grande o número de pessoas desfavoráveis a esse tipo de política de Estado". Inicia com uma descrição do projeto de lei de cotas para concursos públicos federais. Evidencia o porquê da criação do projeto, que, para muitos, é uma vitória, cujo objetivo é corrigir desigualdades históricas do país. Porém, apenas cita que existem pessoas desfavoráveis a esse tipo de política de Estado, não deixando claro que esse seria seu ponto de vista. Dessa forma, falta uma tese explícita e pontual.
•
Desenvolvimento 2°
Parágrafo
Argumento (ideia central): "De um modo geral, a medida, ao passo que corrige injustiças sociais históricas, contém uma série de questões problemáticas e que podem resultar em ainda mais segregação racial". Desenvolvimento da ideia: "Primeiramente, surge a questão a respeito da constitucionalidade do projeto de lei de cotas raciais. Isso porque, conforme a Constituição Federal, especialmente em seu artigo so, que diz que todos são iguais perante a lei, sem distinções de qualquer natureza e, em seu artigo 19, 111, que proíbe à União, Estados, Distrito Federal e Municípios a adoção de políticas públicas que criem distinção entre brasileiros ou preferências entre si" - Conclusão: "a raça não pode ser um critério diferenciador para o exercício de direitos no Brasil". Nesse parágrafo, a tese fica clara: a defesa do autor é a de que a Lei de Cotas em concursos públicos, ao passo que corrige injustiças sociais históricas, é incoerente com a Constituição Federal, podendo acarretar ainda mais segregação racial. Prova sua tese com dados da própria constituição. Conforme já apontado no comentário acima, a conclusão do texto poderia ter sido mais bem desenvolvida em um período separado, em que o autor correlacionaria a tese e os dados citados, de forma a ter uma posição firme e convincente.
•
3o parágrafo: ~
Argumento (ideia central): "Outra questão emblemática é o critério de elegibilidade escolhido para concorrer às vagas reservadas, que será a autodeclara-
253
REDAÇÃO· Camila Sabatin
ção, sendo eliminados aqueles que fizerem declaração falsa". Desenvolvimento: "Contudo, em um país miscigenado como o Brasil, tal critério traz em si o perigo de que se instaurem verdadeiras espécies de tribunais raciais, que julgarão se o candidato é realmente negro ou pardo", conclusão: "dividindo a sociedade em raças, justamente o que se busca evitar com as ações contra o racismo". O argumento desse parágrafo é bastante pertinente para defesa da tese, porém há uma troca na posição das ideias. Já que a tese é o provável aumento da segregação racial diante da lei de cotas, o argumento deveria fazer a relação entre o critério de elegibilidade e o perigo de instauração de tribunais raciais. Por exemplo: Outra questão emblemática é o critério de elegibilidade escolhido para concor-
rer às vagas reservadas, que poderá instaurar verdadeiros tribunais raciais. Assim, caberia ao desenvolvimento discorrer sobre a autodeclaração, sobre o perigo das declarações falsas e a problemática diante de um país tão miscigenado como o Brasil. Em relação à conclusão do parágrafo, o autor tem o mesmo problema do parágrafo anterior. Precisa desenvolver melhor o fechamento, relacionando argumento e desenvolvimento, para dar força argumentativa ao parágrafo.
•
4° parágrafo:
Argumento (ideia central): "De outra forma, para os que são a favor à lei de cotas em concursos públicos federais, esse é um grande passo, já que a metade da população brasileira é composta de negros e pardos, em situação socioeconômica extremamente desigual, onde os negros são excluídos e discriminados não apenas pela condição social, mas principalmente pela cor". "Desenvolvimento": "Porém, para os que são contra a medida, o ideal seria que o Governo concentrasse seus esforços em reestruturar o ensino nas escolas públicas, principalmente nas áreas mais pobres, investindo os recursos de forma mais equitativa, com incentivos aos professores, de forma a atraí-los para as escolas com maiores desafios". Nesse parágrafo, há a presença de dois argumentos que soam contraditórios entre si. o primeiro evidencia o ponto de vista positivo da lei de cotas, a qual beneficiará metade da população brasileira negra e parda em situação socioeconômica desigual. o segundo argumento mostra o aspecto negativo da medida, visto que se deveria reestruturar o ensino das escolas públicas, investindo em recursos de forma equitativa. Assim, percebe-~e que o que <;leveria ser o desenvolvimento da ideia central, torna-se outro ;:lrgumento,ou parte do primeiro 254
Cap.IX • CRITtRIOS DE CORREÇÃO
argumento, visto que as ideias correlacionam-se. Para que essa impressão fosse desfeita, o autor deveria trabalhar melhor a ideia central. Por exemplo:
Mesmo que a intenção da Lei das Cotas seja positiva, no sentido de corrigir desigualdades sociais históricas, ainda trata-se de uma medida paliativa, que não reflete a real causa do problema. A partir disso, desenvolver esse argumento com uma discussão da reestrutura do ensino nas escolas públicas, principalmente em áreas mais pobres. Por fim, concluir o parágrafo relacionando a ideia central à defesa dela no desenvolvimento.
•
Conclusão:
"Portanto, o projeto de lei de cotas para negros e pardos nos concursos públicos federais ainda é tema de bastante debate e polêmica entre a população, visto que as vantagens dessa lei não são ainda tão claras, gerando questionamentos a respeito, dentre eles, se não seria mais eficiente que Governo investisse efetivamente na educação e em critérios socioeconômicos".
o
A conclusão é o momento em que o autor retoma a tese e reafirma a defesa. No texto em questão, a retomada da tese não é trabalhada de forma completa, além de não reafirmar de maneira contundente o que vinha se defendendo até então. A conclusão ficou frouxa, não deu o 'xeque-mate' necessário para convencer o leitor da tese.
Modelo de Correção FCC 1.
Na avaliação da Prova de Redação, serão considerados, para atribuição dos pontos, os seguintes aspectos:
1.1. Conteúdo -até 30 (trinta) pontos: (20 pontos)
a)
perspectiva adotada no tratamento do tema;
b)
capacidade de análise e senso crítico em relação ao tema proposto; x
c)
consistência dos argumentos, clareza e coerência no seu encadeamento. x
1.1.1. A nota será prejudicada, proporcionalmente, caso ocorra abordagem tan-
gencial, parcial ou diluída em meio a divagações, e/ou colagem de textos e de questões apresentados na prova. 1.2. Estrutura -até 30 (trinta) pontos: (20 pontos)
a)
respeito ao gênero solicitado;
b)
progressão textual e encadeamento de ideias; x
c)
articulação de frases e parágrafos (coesão textual).
x 255
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
1.3 Expressão- até 40 (quarenta) pontos: (35 pontos)
1.3.1. A avaliação da expressão não será feita de modo estanque ou mecânico, mas sim de acordo com sua estreita correlação com o conteúdo desenvolvido. A perda dos pontos previstos dependerá, portanto, do comprometimento gerado pelas incorreções no desenvolvimento do texto. A avaliação será feita considerando-se: a)
desempenho linguístico de acordo com o nível de conhecimento exigido;
b)
adequação do nível de linguagem adotado cia no uso;
c)
domínio da norma culta formal, com atenção aos seguintes itens: estrutura sintática de orações e períodos, elementos coesivos; concordância verbal e nominal; pontuação; regência verbal e nominal; emprego de pronomes; flexão verbal e nominal; uso de tempos e modos verbais; grafia e acentuação. x
à produção proposta
NOTA: 65 pontos
5-3 Texto 3: nota 'máxima' Os negros não vieram para o Brasil em condições de igualdade e ainda não atingiram a igualdade no que tangç,,a disputa pelos melhores · post~~ de trabalho. Enquanto muitos receberam imensas porções de terra ejou condições de se desenvolverem no Brasil, os negros foram trazidos à força, traídos pelos vencedores de guerras étnicas no continente africano. O Estado Brasileiro constituiu uma dívida com aqueles negros que aqui chegaram e consequentemente com suas gerações. É constitucional a reparação dessa dívida. Analisando-se, friamente, o Art. 52 inciso I da Constituição Federal, parece um disparate . estabelecer diferenças para a posse de negros em cargos públicos, pois o inciso descreve igualdade entre todos. Sob essa análise incipiente, "a lei de cotas" parece
e coerên-
Cap.IX ·CRITÉRIOS DE CORREÇÃO
desigualar os negros, quando lhes propõe diferentes meios de acesso a cargos públicos. Porém, lembrando-se de que o Art. 5º, I, é um dentre os artigos e incisos da constituição que tratam do principio da isonomia; segundo o qual, o tratamento igual é destinado aos iguais, e o tratamento desigual é dado aos desiguais na medida de suas desigualdades, verifica-se que a lei de cotas propõe igualar negros e pardos às demais raças. Em outras palavras, é dizer que competirão em igualdade de condições ou disputarão parte das vagas para os cargos públicos entre si, ou seja, a lei reserva 20% das vagas em cargos públicos para que sejam disputadas somente pelos iguais, durante dez anos. É contrassenso não ver as diferenças existentes na sociedade brasileira. O IBGE, censo de 2010, contabiliza população negra superior a 7% e a população parda superior
com as menores rendas per capita, a maioria daqueles vivem sob as piores condições de saúde, educação e de saneamento básico. Não é possível nivelar essas diferenças a curto prazo, o que a lei de cotas propõe é diminuíenquanto persistirem possível competição em condições pelos melhores postos trabalho. O Estado t~nta pagar dívida com "política~ afirmativas".
257
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Entretanto, levàndo-se em conta tudo que os negros construíram no Brasil, as centenas de anos que trabalham de graça e sob tortura, "a política de cotas em cargos públicos", em dez anos, não paga os juros da dívida. Logo, é necessário cotas como primeiro passo para igualar os desiguais, diminuir as desigualdades sociais e regionais, embora não sejam suficientes. O Estado necessita formular outras leis que, sem exclusões, promovam a igualdade de fato: educação e saúde para todos.
5.3.1 Análise do texto 3 •
Introdução
"Os negros não vieram para o Brasil em condições de igualdade e ainda não atingiram a igualdade no que tange a disputa pelos melhores postos de trabalho. Enquanto muitos receberam imensas porções de terra e/ou condições de se desenvolverem no Brasil, os negros foram trazidos à força, traídos pelos vencedores de guerras étnicas no continente africano. o Estado Brasileiro constituiu uma dívida com aqueles negros que aqui chegaram e consequentemente com suas gerações. É constitucional a reparação dessa dívida". A introdução do texto é bem elaborada, inicia com uma descrição de como os negros vieram para o Brasil. Essa descrição, por si só, já trabalha a persuasão, mexe com as emoções do leitor. A tese, nos dois últimos períodos, apenas explícita de forma contundente o ponto de vista adotado. Convencendo-nos acerca do exposto na descrição. •
Desenvolvimento 20
parágrafo:
Argumento (ideia principal): "Analisando-se, friamente, o Art. 5o inciso I da Constituição Federal, parece um disparate estabelecer diferenças para a posse de negros em cargos públicos, pois o inciso descreve igualdade entre todos. Sob essa análise incipiente, "a lei de cotas" parece de~igua(ar os negros, quando lhes propõe diferentes meios de acesso a cargos públicos. Desenvolvimento: Porém, lembrando-se de que o Art. 5o, I, é um dentre os artigos e incisos da constituição que tratam do princípio da isono~ia; segundo o qual, o tratamento
Cap.IX • CRITtRIOS DE CORREÇÃO
igual é destinado aos iguais, e o tratamento desigual é dado aos desiguais na medida de suas desigualdades, verifica-se que a lei de cotas propõe igualar negros e pardos às demais raças. Conclusão: Em outras palavras, é dizer que competirão em igualdade de condições ou disputarão parte das vagas para os cargos públicos entre si, ou seja, a lei reserva 20°/o das vagas em cargos públicos para que sejam disputadas somente pelos iguais, durante dez anos". O argumento utilizado é do tipo contra-argumento, o autor do texto parte do principal argumento dos que não são favoráveis às leis de cotas e, de forma sutil, deixa clara a contra-argumentação, observe o uso das palavras "friamente", "parece", "incipiente", além do uso das aspas em "lei de cotas", que simboliza a ironia do autor diante do que ele pensa ser absurdo, ter uma lei de cotas para beneficiar os negros relegados a segundo plano na nossa sociedade. Odesenvolvimento deixa claro o princípio da isonomia tratamento igual aos iguais e desigual aos desiguais para provar que a lei de cotas objetiva igualar negros e pardos às demais raças e não aumentar o preconceito. Isso prova, de forma contundente, o argumento desse parágrafo. A conclusão relaciona a ideia central ao desenvolvimento e conclui de forma inquestionável sobre os benefícios da lei, que, ao contrário do que muitos pensam, reserva apenas 20°/o das vagas em concursos para negros e descendentes, e durante apenas 10 anos. •
3o parágrafo:
Argumento (ideia central): "É contrassenso não ver as diferenças existentes na sociedade brasileira. Desenvolvimento: O IBGE, censo de 2010, contabiliza população negra superior a 7% e a população parda superior a 43%. Somadas constituem a maioria da população brasileira com as menores rendas per capita, a maioria daqueles vivem sob as piores condições de saúde, educação e de saneamento básico. Argumento (ideia central)': Não é possível nivelar essas diferenças a curto prazo, o que a lei de cotas propõe é diminuí-las, pois enquanto persistirem esses problemas sociais, não será possível competição em igualdade condições pelos melhores postos de trabalho. Conclusão: O Estado tenta pagar sua dívida com "políticas afirmativas". Entretanto, levandocse em conta tudo que os negros construíram no Brasil, as centenas de anos que trabalham de graça e sob tortura, "a política de cotas em cargos públicos", em dez anos, não paga os juros da dívida".
Há uma inversão na construção das ideias desse parágrafo, primeiro o autor evidencia dados estatísticos, prova incontestável para, depois, introduzir 259
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
a ideia central (argumento) do parágrafo. Usou muito bem a estratégia de indução. A conclusão une com maestria o argumento com os dados utilizados e, ainda, vale-se da ironia para fechar concluir. •
Conclusão:
Logo, é necessário cotas como primeiro passo para igualar os desiguais, diminuir as desigualdades sociais e regionais, embora não sejam suficientes. o Estado necessita formular outras leis que, sem exclusões, promovam a igualdade de fato: educação e saúde para todos.
A conclusão reafirma a tese e retoma de forma geral as ideias desenvolvidas nos argumentos. Também propõe outras medidas para que haja a promoção da igualdade de fato. Conclusão básica, sem inovações tais como ironias, citações. Modelo de Correção FCC 1.
Na avaliação da Prova de Redação, serão considerados, para atribuição dos pontos, os seguintes aspectos:
1.1
Conteúdo- até
a)
perspectiva adotada no tratamento do tema;
b)
capacidade de análise e senso crítico em relação ao tema proposto;
c)
consistência dos argumentos, clareza e coerência no seu encadeamento.
30
(trinta) pontos:
(30
pontos)
A nota será prejudicada, proporcionalmente, caso ocorra abordagem tangencial, parcial ou diluída em meio a divagações, e/ou colagem de textos e de questões apresentados na prova.
1.1.1.
1.2.
Estrutura- até 30 (trinta) pontos: (30 pontos)
a)
respeito ao gênero solicitado;
b)
progressão textual e encadeamento de ideias;
c)
articulação de frases e parágrafos (coesão textual).
1.3. Expressão- até 40 (quarenta) pontos: (35 pontos) A avaliação da expressão não será feita de modo estanque ou mecânico, mas sim de acordo com sua estreita correlação com o conteúdo desenvolvido. A perda dos pontos previstos dependerá, portanto, do comprometimento gerado pelas incorreções no desenvolvimento do texto. A avaliação será feita considerando-se:
1.3.1.
260
Cap.IX • CRITtRIOS DE CORREÇAO
a)
desempenho linguístico de acordo com o nível de conhecimento exigido;
b)
adequação do nível de linguagem adotado à produção proposta e coerência no uso;
c)
domínio da norma culta formal, com atenção aos seguintes itens: estrutura sintática de orações e períodos, elementos coesivos; concordância verbal e nominal; pontuação; regência verbal e nominal; emprego de pronomes; flexão verbal e nominal; uso de tempos e modos verbais; grafia e acentuação. x NOTA: 95 pontos
261
CAPÍTULO
X
REVISÃO GRAMATICAL 1.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA E O ATUAL ACORDO ORTOGRÁFICO
1.1.
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
O objetivo desta aula é expor ao aluno, de maneira objetiva, as alterações introduzidas na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado pelo Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995. Esse Acordo é meramente ortográfico; portanto, restringe-se à língua escrita, não afetando nenhum aspecto da língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas observadas nos países que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas é um passo em direção à pretendida unificação ortográfica desses países. Este material foi elaborado de acordo com a 5" edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP), publicado pela Academia Brasileira de Letras em março de 2009. Com as mudanças, calcula-se que 1,6°b do vocabulário da comunidade luso-africana será modificado, e, no Brasil, apenas 0,45°b do vocabulário sofrerá alterações. Países que falam a língua portuguesa
REDAÇAO • Camila Sabatin
1.2. Mudanças no alfabeto
O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e y. o alfabeto completo passa a ser: ABCDEFGHIJI1LMNOPQRSTUVWXYZ
As letras l"i, w e y, que, na verdade, não tinham desaparecido da maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo: a)
na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt);
b)
na escrita de palavras estrangeiras (e seus derivados): show, playboy, playground, windsurf, kung tu, yin, yang, William, kaiser, Kafka, kafkiano.
1.3. Trema Não se usa mais o trema ('"), sinal colocado sobre a letra u para indicar que ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gut que, qui.
Atenção: o trema permanece apenas nas palavras estrangeiras. Exemplos: Müller, Hübner, Bündchen 2.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
2.1.
Regras Básicas (nada muda com a atual ortografia)
•
Posição da sflaba tônica: Oxítona (sílaba tônica na última): pale!Q
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
Paroxítona (sílaba tônica na penúltima): palito Proparoxítona (sílaba tônica na antepenúltima): ,tllilido •
Uso dos acentos gráficos
1.•) Monossílabas- Só recebem acento gráfico as palavras tônicas terminadas em: -7
a(s)- pá, gás, má, más, dá, há, vás, dá-lo, já, lá.
-7
e(s)- fé, ré, pés, mês, dê, -7 vê, três.
o(s)- pó, dó, nó; nós, cós, vós, pô-lo.
2•) Oxítonas- Só recebem acento gráfico as terminadas em: -7
a(s)- sofá, atrás,
-7
maracujá, babás, dirá, falarás, encaminhá-la,
-7
encontrá-lo.
e(s)- café, pontapés, você, buquê, português, obtê-lo, recebê-la.
-7
em, ens- aléni, alguém, também, parabéns,
o(s)- jiló, avô, avó, gigolô, compôs, após, dispô-lo, recompô-los.
vinténs, intervém, intervéns.
3.•) Paroxítona- Só recebem acento gráfico as que NÃO são terminadas em: a(s), e(s), o(s), em, ens. -7
ímã
-7
prótons
-7
amável
-7
órfã
-7
bíceps
-7
secretária
-7
órfão
-7
éter
-7
área
-7
órgãos
-7
mártir
-7
cárie
-7
bênção
-7
açúcar
-7
armário
-7
táxi
-7
júnior
-7
água
-7
júri
-7
tórax
-7
mágoa
-7
lápis
-7
látex
-7
mútuo
-7
tênis
-7
hífen (* hifens)
-7
bilíngue
-7
vírus
-7
pólen (* polens)
-7
história
-7
Vênus
-7
elétron
-7
arbóreo
-7
álbum
-7
túnel
-7
diçipnário
-7
fórum
-7
móvel
-7
deságuam
-7
íons
-7
nível
-7
enxáguem.
* os plurais das palavras hifen e pólen não se acentuam, pois terminam em -ens (hifens e polens). 265
REDAÇÃO· Comi/a Sabatín
4.•) Proparoxítona- todas são a"tentuadas.
máximo, cálice, lâmpada, elétrico, estatísticas, ínterim, álcool, alcoólico, mágico, gráfico, tônica. 2.1.1.
Palavras com dupla pronúncia
-7
acrobata ou acróbata
-7
du~ ou dúplex
-7
autópsia ou autopiâJi!.
-7
-7
biópsia ou biopsia
-7
bio!ipo ou biótipo
hierogllfo ou hieróglifo (escrita enigmática do antigo Egito e também de outros povos) -7
2.1.2. -7 -7
acórdão (acordo judicial) -7
9qui (cor)
-7
acor~ (aumentativo de -7
ca.9!!.L (fruta)
-7
cate!§: (instrumento
-7
circuito
-7
déficit
utilizado para dilatação)
-7 -7
-7
necrópsia ou necropsia
xérox ou xe!:Q1i
Palavras que admitem uma só pronúncia
acordo)
-7
-7
!(gui (ele = presente do indicativo) ar&!!J (eu = pretérito perfeito do indicativo)
filantropo (que ama a humanidade)
gratuito ibero (natural da Península Ibérica)
-7
ínterim
-7
Jitex
-7
Nobel
-7
re~de
-7
rubrica
-7
fluido (substantivo)
-7
fluído (particípio do verbo fluir) -7
ruim
2.2. Regras Especiais (parcialmente afetadas pela reforma ortográfica) 2.2.1.
Regra dos ditongos abertos e tônicos
Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).
266
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
Atenção: essa regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser acentuadas as palavras oxítonas e os monossflabos tônicos terminados em éi(s), ói(s). Exemplos: ~ ~ ~
fiéis, papéis, herói,
2.2.2.
~
~ ~
heróis, troféu, troféus,
~ ~ ~
dói, rói, sóis.
Regra dos hiatos
Hiato é quando uma vogal fica sozinha na sílaba, separando-se da vogal anterior, com a qual não formará um ditongo. Exemplo: hi-a-to a) São acentuadas as vogais "i" e "u", quando formam hiato com a vogal anterior e ficam sozinhas na sílaba ou acompanhadas com a letra"s": ~ ~ ~ ~ ~
Gra-ja-ú ba-ú sa-ú-de vi-ú-va con-te-ú-do
~ ~ ~
~ ~
ga-ú-<:ho ca-í sa-í pa-ís ra-í-zes
~ ~ ~ ~ ~
ba+a fa-ís-<:a ju-í-zes sa-í-da e-go-ís-ta
Observações: •
A vogal"i" tônica, antes de "nh", não recebe acento agudo: rainha, bainha, ladainha, moinho.
•
Não há acento agudo quando o "u" e o "i" formam ditongo e não hiato: gra-tui-to, cir-cui-to, mui-to, sai-a, pais, sai, cai.
•
Não há acento agudo quando as vogais "i" e "u" não estão isoladas na sílaba: ca-iu, sa-in-do, ra-iz, ju-iz, ru-im, Lu-iz. Exceto se forem acompanhadas de "s": Lu-ís, fa-ís-ca, e-go-ís-ta.
o que mudou? Perdem o acento agudo as palavras em que as vogais "i" e "u" formam hiato com um ditongo anterior:
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
Atenção: 1) Se a palavra for oxítona essa regra não valerá: Piauí, tuiuiú. 2) Se o ditongo for crescente ignora-se a regra também: guaíba, Guaíra. 2.2.3. Acento das palavras terminadas em -eem e -oo(s)
2.2.4. Uso do acento nas formas verbais dos grupos que/qui e gue/gui
2.2.5. Acentos diferenciaL'>
a)
268
Foi mantido o acento circunflexo empregado para marcar a 3a pessoa do plural dos verbos TER e VIR e derivados:
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
I+
Ele tem/eles têm
I+
Ele vem/eles vêm
Atenção: verbos derivados: ele contém/ eles contêm, ele detém/ eles detêm, ele provém/ eles provêm, ele intervém/ eles intervêm. b)
c)
Permanece o acento diferencial em pôde/pode.
I+
Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3a pessoa do singular.
I+
Pode é a forma do presente do indicativo, na 3a pessoa do singular.
I+
Exemplo: Ontem, ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
Permanece o acento diferencial em pôr/por.
I+
Pôr é verbo.
I+ Por é preposição. I+
Exemplo: Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
d) Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/ pela(s), pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
e)
É facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras for-
ma/fôrma. Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara.
I+
Exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?
3. ORTOGRAFIA - USO DO HfFEN NO ATUAL ACORDO ORTOGRÁFICO
3.1. Uso do hífen (com palavras compostas) •
Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação.
-7 -7 -7
guarda-chuva, arco-íris, boa-fé, segunda-feira,
-7 -7 -7
mesa-redond~,
vaga-lume,
-7
porta-malas, portabandeira, pão-duro,
-7
bate-boca.
~
joão-ninguém,
26~
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
blá-blá-blá,
-7
glu-glu,
zum-zum,
-7
rom-rom,
tico-tico,
-7
pingue-pongue,
tique-taque,
-7
zigue-zague,
-7
fim de semana,
-7
camisa de força,
-7
cor de vinho,
-7
cara de pau,
-7
ponto e vírgula,
-7
olho de sogra.
ção. -7
pé de moleque, pé de vento,
-7
pai de todos,
-7
dia a dia,
Atenção: Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional. -7
ma ria vai com as outras, -7
-7
leva e traz,
diz que diz que, deus me -7 livre, deus nos acuda, cor de burro quando foge, -7
bicho de sete cabeças, faz de conta.
Exceções: -7
água-de-colônia, arco-da- -7
pé-de-meia,
-7
velha, cor-de-rosa, maisque-perfeito,
-7
à queima-roupa, gota-desangue.
ao deus-dará,
•
Usa-se o hífen nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo.
-7
gota-d'água,
•
Usa-se o hífen nas palavras compostas derivadas de topônimos (nomes próprios de lugares), com ou sem elementos de ligaç~o.
-7
Belo Horizonte- belohorizontino
-7
Mato Grosso do Sul mato-grossense-do-sul
-7
Porto Alegre - portoalegrense
-7
Rio Grande do Norte- riograndense-do-norte -7
-7
pé-d'água
-7
África do Sul- sul-africano
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
•
Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de plantas, flores, frutos, raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação.
-7 -7 -7 -7
bem-te-vi, peixe-espada, peixe-do-paraíso, mico-leão-dourado,
-7 -7 -7 -7
andorinha-da-serra, erva-doce, Iebre-da-patagônia, ervilha-de-cheiro,
-7 -7 -7 -7
pimenta-do-reino, peroba-do-campo, cravo-da-índia.
Atenção: não se usa o hífen, quando os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas são empregados fora de seu sentido original. Observe a diferença de sentido entre os pares: a)
bico-de-papagaio (espécie de planta ornamental) - bico de papagaio (deformação nas vértebras).
b)
olho-de-boi (espécie de peixe)- olho de boi (espécie de selo postal).
3.2. Uso do hífen com prefixos As observações a seguir referem-se ao uso do hífen em palavras formadas por prefixos (anti, super; ultra, sub etc.) ou por elementos que podem funcionar como prefixos (aero, agro, auto, eletro, geo, hidro, macro, micro, mini, multi, neo etc.).
3.2.1. Casos gerais •
Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por.!:!.
-7 -7
anti-higiênico
-7
mini-hotel
~
super-homem
anti-histórico
~
prato-história
~
ultra-humano
~
macro-história
-7
sobre-humano
~
•
Usa-se o hífen se o prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra.
-7
micro-ondas
-7
sub-bibliotecário
-7
anti-inflacionário
~
inter-regional
•
Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra.
~
autoescola
-7
supersônico
~
agroindustrial
-7 -7
antiaéreo
~
contrafé
~
aeroespacial
intermunicipal
-7
superinteressante
-7
semicírculo
271
REDAÇÃO • Camila Sabat in
* se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou §, dobram-se essas letras. ~
minissaia
~
ultrassom
~
antirracismo
~
semirreta
3.2.2. Casos particulares •
Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também diante de palavra inicia· da por r.
~
sub-região
~
sub-regional
~
sub-reitor
~
sob-roda
•
Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n e vogal.
~
circum-murado
•
Usa-se o hífen com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró, vice.
~
além-mar
~
ex-prefeito
~
além-túmulo
~
ex-presidente
~
aquém-mar
~
pós-graduação
~
ex-aluno
~
pré-história
~
ex-diretor
~
pré-vestibular
~
ex-hospedeiro
~
pró-europeu
•
O prefixo co junta-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia por o ou .!!. Neste último caso, cona-se o h. Se a palavra seguinte começar com r ou ~ dobram-se essas letras.
~
coobrigação
~
cofundador
~
coedição
~
coabitação
~
coeducar
~
coerdeiro
•
Com os prefixos ~ e ~ não se usa o hífen, mesmo diante de palavras começadas por g.
~
preexistente
~
reescrever
~
preelaborar
~
reedição
272
~
circum-navegação
~
pan-americano
~
recém-casado
~
recém-nascido
~
sem-terra
~
vice-rei
~
corresponsável
~
cosseno
Cap. X· REVISAO GRAMATICAL
•
Nos casos em que o prefixo "pré" se demarca como tônico, ou seja, quando possui autonomia fonética, o uso do hífen se faz presente. Dessa forma, vale afirmar que se torna notório o acento gráfico. Observemos alguns casos:
~
pré-arquétipo
~
pré-científico
~
pré-datado
~
pré-artigo
~
pré-classicismo
~
pré-revisado...
•
Nas circunstâncias em que o prefixo "pré" se apresenta como átono, isto é, sem autonomia fonética- razão pela qual se torna evidente o fato de ele se apoiar na sílaba seguinte -, não aparece acompanhado do hífen, não recebendo, portanto, acento gráfico. Constatemos, pois, alguns casos:
~
preanunciar
~
preconceito
~
predefinido
~
preconcebido
~
preaquecer
~
preconceituoso...
3.3. Outros casos no uso do hífen •
Com mal*, usa-se o hífen quando a palavra seguinte começar por vogal, h ou I.
~
mal-entendido
~
mal-humorado
~
mal-estar
~
mal-limpo
* Quando mal significa doença, não se usa o hífen se não houver elemento de ligação. Exemplos: mal de lázaro, mal de sete dias.
4· PROBLEMAS COMUNS EM ORTOGRAFIA 4.1. Dicas de Ortografia
Ao escrever uma palavra com som de s, de z, de x ou de j, deve-se procurar a origem dela, pois, na Língua Portuguesa, a palavra primitiva, em muitos casos, indica como deveremos escrever a palavra derivada. 4.1.1. Uso do "ç"
Escreveremos com ...ção as palavras derivadas de vocábulo~ terminados em -to, -tor, -tivo e os substantivos formados pela posposição do ...ção ao tema de um verbo (tem-;, é o que sobra, quan~o se retira a desinência de infinitivo -r- do verbo). 273
REDAÇÃO· Camila Sabatin
Portanto deve-se procurar a ongem da palavra terminada em -ção. Por exemplo: Donde provém a palavra conjunção? Resposta: provém de conjunto. Por isso, escrevemo-la com ç. ~
erudito = erudição
~
redator = redação
~
exceto = exceção
~
ereto = ereção
~
setor = seção
~
~
intuitivo = intuição
educar- r + ção = educação
~
exportar- r + ção = exportação
~
repartir- r + ção = repartição
Escreveremos com -tenção os substantivos correspondentes aos verbos derivados do verbo ter. ~
manter = manutenção
~
deter= detenção
~
reter= retenção
~
conter = contenção
Escreveremos com -çar os verbos derivados de substantivos terminados em -ce. ~
alcance = alcançar
4.1.2. Uso do
~
lance = lançar
"s"
Escreveremos com -s- as palavras derivadas de verbos terminados em -nder e -ndir. ~
pretender= pretensão
~
despender= despesa
~
fundir= fusão
~
defender = defesa, defensivo
~
compreender = compreensão
~
expandir = expansão
Escreveremos com -s- as palavras derivadas de verbos terminados em -erter, -ertir e -ergir. ~
perverter= perversão
~
reverter= reversão
~
aspergir= aspersão
~
converter = conversão
~
divertir = diversão
~
imergir = imersão
~
Escreveremos -puls- nas palavras derivadas de verbos terminados em -pelir escreveremos -curs-, nas palavras derivadas de verbos terminados em -correr.
~
expelir= expulsão
~
compelir = compulsório
~
discorrer = discurso
~
impelir= impulso
~
concorrer = concurso
~
percorrer = percurso
Escreveremos com -s- todas as palavras terminadas em -oso e -osa, com exceção de gozo. · -7
gostosa
~
saboroso
-7
glamorosa
~
horroroso
274
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Escreveremos com -s- todas as palavras terminadas em -ase, -ese, -ise e -ose, com exceção de gaze e deslize. 7
fase
7
tese
7
crase
7
osmose
Escreveremos com -s- as palavras femininas terminadas em -isa. 7
poetisa
7
Heloísa
7
profetisa
7
Marisa
Escreveremos com -s- toda a conjugação dos verbos pôr, querer e usar. 7
Eu pus
7
Nós usamos
7
Quando nós quisermos
7
Ele quis
7
Eles quiseram
7
Se eles usassem
4.1.3. Quando usar "ç"
e "s"
Após ditongo, escreveremos com -ç-, quando houver som de s, e escreveremos com -s-, quando houver som de z. 7 7
eleição
7
Neusa
traição
7
coisa
4.1.4. Quando usar "s" e "z"
Escreveremos com -s- as palavras terminadas em -ês e -esa que indicarem nacionalidades, títulos ou nomes próprios. 7
português
7
marquês
7
Inês
7
norueguesa
7
duquesa
7
Teresa
Escreveremos com -z- as palavras terminadas em -ez e -eza, substantivos abstratos que provêm de adjetivos, ou seja, palavras que indicam a existência de uma qualidade. 7
embriaguez
7
lucidez
7
acidez
7
limpeza
7
nobreza
7
pobreza
Escreveremos com -s- os verbos terminados em -isar, quando a palavra primitiva já possuir o -s-. 7
análise = analisar
7
pesquisa
=
pesquisar
7
paralisia = paralisar
Escreveremos com -z- os verbos terminados em -izar, quando a palavra primitiva não possuir -s-. 7
economia = economizar
7
terror= aterrorizar
7
frágil = fragilizar
275
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
CUIDADO: 7
catequese= catequizar
7
síntese= sintetizar
7
hipnose = hipnotizar
7
batismo = batizar
Escreveremos com -s- os diminutivos terminados em -sinho e -sito, quando a palavra primitiva já possuir o-s- no final do radical. 7
casinha
7
portuguesinho
7
Teresinha
7
asinha
7
camponesinha
7
lnesita
Escreveremos com -z- os diminutivos terminados em -zinho e -zito, quando ·a palavra primitiva não possuir -s- no final do radical. 7
mulherzinha
7
alemãozinho
7
pincelzinho
7
arvorezinha
7
aviãozinho
7
corzinha
4.1.5. Uso do "ss" Escreveremos com -cess- as palavras derivadas de verbos terminados em -ceder. 7
anteceder = antecessor
7
exceder = excesso
7
conceder= concessão
Escreveremos com -press- as palavras derivadas de verbos terminados em -primir. 7
imprimir= impressão
7
comprimir= compressa
7
deprimir= depressivo
Escreveremos com -gress- as palavras derivadas de verbos terminados em -gredir. 7
agredir= agressão
7
progredir= progresso
7
transgredir= transgressor
Escreveremos com -miss- ou -mess- as palavras derivadas de verbos terminados em -meter. 7
comprometer =
7
intrometer = intromissão 7
compromisso
7
prometer= promessa
remeter = remessa
4.1.6. Quando usar "ç" e "ss" Em relação aos verbos terminados em -tir, escreveremos com -ção, se apenas retirarmos a desinência de infinitivo -r, dos verbos terminado em -tir. 7
276
curtir- r+ ção =curtição
Cap. X· REVISAO GRAMATICAL
Escreveremos com -são, quando, ao retirarmos toda a terminação -tir, a última letra for consoante. -7
divertir- ti r+ são = diversão
Escreveremos com -ssão, quando, ao retirarmos toda a terminação -tir, a última letra for vogal. -7
discutir- tir + ssão = discussão
4.1.7. Uso do "j"
Escreveremos com -j- as palavras derivadas dos verbos terminados em -jar. -7
trajar = traje, eu trajei.
-7
encorajar = que eles encorajem
-7
viajar = que eles viajem
Escreveremos com+ as palavras derivadas de vocábulos terminados em -ja. -7
loja
=lojista
Escreveremos com
-7
go~a =
gorjeta
-7
canja
=
canjica
+ as palavras de origem tupi, africana ou popular.
-7
jeca
-7
jiló
-7
jiboia
-7
pajé
4.1.8. Uso do "g"
Escreveremos com -g- todas as palavras terminadas em -ãgio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio. -7
pedágio
-7
sacrilégio
-7
relógio
-7
colégio
-7
prestígio
-7
refúgio
Escreveremos com -g- todas as palavras terminadas em -gem, com exceção de pajem, lambujem e a conjugação dos verbos terminados em -jar. -7
a viagem
-7
a personagem
-7
a ferrugem
-7
a coragem
-7
a vernissagem
-7
a penugem
4.1.9. Uso do "x"
Escreveremos com-x-as palavras iniciadas por me-, com exceção de mecha. -7
mexilhão
-7
mexerica
-7
mexerico
-7
mexer
-7
México
-7
mexido
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
Escreveremos com -x-as palavras iniciadas por en-, com exceção das derivadas de vocábulos iniciados por ch- e da palavra enchova. -7
enxada
-7
enxerido
-7
enxerto
-7
enxurrada
Exceção: -7
cheio= encher, enchente -7
charco= encharcar
-7
chiqueiro= enchiqueirar
Escreveremos -x- após ditongo, com exceção de recauchutar e guache. -7
ameixa
-7
queixa
-7
peixe
-7
deixar
-7
feixe
-7
gueixa
4.1.10. Uso do "-uir" e "-oer"
Os verbos terminados em -uir e -oer terão as 2• e 3a pessoas do singular do presente do indicativo escritas com +. -7
tu possuis
-7
ele constrói
-7
ele possui
-7
tu móis
-7
tu constróis
-7
ele mói
-7
tu róis
-7
ele rói
4.1.11. Uso do "-uar'' "-oar''
Os verbos terminados em -uar e -oar terão todas as pessoas do presente do subjuntivo escritas com -e-7
Que eu efetue
-7
Que ele atenue
-7
Que vós entoeis
-7
Que tu efetues
-7
Que nós atenuemos
-7
Que eles entoem
4.2. Usos do porquê •
Por que
É usado no início ou no meio de frases interrogativas. Pode ser substituído por pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais, por que (qual) motivo.
Por que você não fez os exercícios? = (Por qual motivo você não fez os exercícios?) Por que temos de economizar água?= (Por qual motivo temos de economizar água?)
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Não sei por que os jogadores estão discutindo. =(Não sei por que motivo os jogadores estão discutindo) Este é o motivo por que não fui à festa. = (Este é o motivo pelo qual não fui à festa) Atenção: Quando equivale a por qual razão, por qual motivo, trata-se da preposição por seguida do pronome interrogativo que.
•
li+
Por que seu amigo não veio à festa? (= Por qual razão ... )
li+
Não sei
por que ele faltou. (= ... por qual motivo ... )
Por quê
Grafado separado e com acento circunflexo também equivale a por qual razão, por qual motivo, deve ser grafado em duas palavras quando se trata de um pronome interrogativo posicionado no final da frase. Nesse caso, ele deve receber acento circunflexo.
•
li+
Sua namorada não veio
li+
Minha namorada não veio, mas não sei
por quê? (= Por qual razão?) por quê. (= ... por qual motivo.)
Porque
Grafado junto e sem acento trata-se de uma conjunção equivalente a uma vez que, visto que ou pois.
•
li+
Não fui
li+
Feche a porta,
à escola porque estava doente. (= ... uma vez que ... ou visto que ... ) porque está ventando muito. (= ... pois está ... )
Porquê
Grafado junto e com acento circunflexo é empregado como substantivo. Neste caso, sempre aparece antecedido de um determinante (artigo, adjetivo, numeral, pronome).
li+
Desconheço o
li+
Não aceito mais os seus falsos
porquê de tanta mentiras. porquês.
4.3. Dificuldades mais comuns na ortografia da língua portuguesa 4.3.1. a cerca de I
1)
acerca de I cerca de I há cerca de
A cerca de ou cerca de significam "aproximadamente", "mais ou menos".
li+
Estávamos a cerca de dois quarteirões do local do crime.
279
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
2)
Acerca de é sinônimo de "a respeito de".
11+ 3)
Há cerca de exprime tempo decorrido, significando "faz aproximadamente".
11+ 4.3.2. 1)
Ele viajou há cerca de duas horas.
as custas/ à custa
A palavra custas só deve ser usada na linguagem jurídica para indicar as despesas processuais.
11+ 2)
Falei acerca da situação econômica do Brasil.
Coube à família do réu
as custas do processo.
Em outros sentidos, devemos empregar custa sempre no singular.
11+ 11+
Muitas pessoas vivem à custa
dos pais.
Vivo à custa do meu próprio trabalho.
4·3·3· a fim/afim 1)
A fim forma a locução a fim de que significa "com o objetivo de".
11+ 2)
Estou na escola a fim de aprender mais.
Afim é adjetivo, significando "semelhante", que "tem afinidade".
11+
Sempre tivemos ideias afins. (= semelhantes)
4.3.4. a menos de I há menos de 1)
A menos de expressa ideia de tempo futuro.
11+ 2)
Estamos a menos de um mês das férias.
Há menos de indica tempo decorrido.
11+
Ele saiu há menos de dez minutos.
4·3·5· a nível de I em nível de
1)
A expressão a nível de parece ter-se espalhado como uma praga em nossos meios de comunicação. Tal expressão só deve ser empregada quando se referir à altitude ("à mesma altura"):
11+ 2)
Aprecio o clima das cidades que se situam ao nível do mar.
Em outras acepções devemos usar "em nível" seguido de um adjetivo: "em nível econômico", "em nível federal", "em nível ministerial", etc. Assim sendo, a frase inicial deve ser corrigida assim:
11+ 280
Os objetivos serão determinados em nível partidário.
Cap.X ·REVISÃO GRAMATICAL
3)
Há ainda: "aluno de nível primário", "aluno de nível médio" e "aluno de nível superior".
4.3.6. a par I ao par 1)
Ao par só deve ser empregada para indicar equivalência cambial: !!.!>
2)
O real e o dólar já estiveram ao par (isto é, já tiveram o mesmo valor).
A par significa "ciente": !!.!>
Meu pai já está a par dos acontecimentos.
4·3·7· a princípio I em princípio 1)
a princípio significa "inicialmente", "no começo": !!.!>
2)
A princípio tudo ia bem, de repente ...
em princípio significa "em tese": !!.!>
Em princípio toda criança tem direito à educação.
4.3.8. afora I a fora 1)
Grafada juntas, significa "à exceção de", "além de", "para o lado de fora", "ao longo de". !!.!> !!.!> !!.!>
2)
Todos viajarão, afora os contundidos. Saiu gritando pelo corredor afora. Pela estrada afora, eu vou sozinho.
A fora emprega-se em oposição a dentro. !!.!>
De dentro a fora, ninguém nos vê.
4·3·9· ao encontro de I de encontro a 1)
Ao encontro de significa favoravelmente. !!.!>
2)
A decisão do governo veio ao encontro dos meus anseios.
De encontro a exprime a ideia de oposição, choque. !!.!> !!.!>
A decisão do professor foi de encontro às expectativas dos alunos. Dirigindo apressadamente, foi de encontro ao muro.
4.3.10. ao invés de I em vez de 1)
Ao invés de significa "ao contrário de'": !!.!>
Ao invés de chorar, riu ironicamente. 281
REDAÇÃO • Camila Sabatin
2)
"
Em vez de significa "em lugar dJ".
11+
Em vez de ir para o Japão, foi para a China.
Obsetvação: Havendo dúvida, empregue sempre em vez de, já que esta locução serve para as duas situações. 4·3·11. aonde 1)
Emprega-se aonde quando o verbo indicar ideia de movimento, deslocamento.
11+ 2)
f onde
Aonde você irá nas férias? (=a que lugar?)
Usa-se onde quando o verbo expressa ideia de estaticidade, de permanência.
11+ 4.3.12.
Onde você mora? (= em que lugar?)
há anos f anos atrás
O verbo haver, empregado no sentido de "fazer tempo decorrido", já indica passado, portanto não necessita do advérbio atrás. Evite, assim, a redundância, usando uma ou outra das seguintes construções:
11+
Esse fato ocorreu há muitos anos.
11+
Esse ocorreu muitos anos atrás.
4.3.13. 1)
2)
há/ a
Há é o verbo haver conjugado no presente do indicativo. E substituível por existe(m) ou por faz (na indicação de tempo decorrido):
11+
Há seres vivos em outros mundos? (=Existem ... )
11+
Há anos que não vejo o mar. (Faz anos ... )
A é preposição e emprega-se quando não é possível a substituição de faz.
11+
Viajaremos daqui a pouco.
11+
A chácara fica a três quilômetros daqui.
11+
O Brasil empatou a dois minutos do final do jogo.
4.3.14. mau I mal 1)
282
mau é adjetivo, antônimo de bom: refere-se, portanto, a substantivos:
11+
Escolhemos um mau momento para viajar.
11+
Indivíduo de mau caráter não merece confiança.
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
2)
mal tem os seguintes valores morfológicos: a) advérbio de modo, antônimo de bem:
li+
Sua redação está bastante mal estruturada.
li+
Essa menina sempre se comporta mal em público.
b) conjunção subordinativa temporal, sinônimo de assim que, quando:
c)
li+
Mal entrei, os convidados se levantaram.
li+
Mal amanhece, muitos saem para o trabalho.
substantivo. Neste caso deve ser precedido de artigo ou de outro determinante:
li+ li+
Devemos eliminar o mal pela raiz. Ele sofre de um mal incurável.
4.3.15. perca I perda
1)
Perca é verbo.
li+ 2)
Não se perca de mim.
Perda é substantivo.
li+
Em virtude das enchentes, muitos comerciantes tiveram perdas significativas.
4.3.16. nada a ver I nada haver li+
A expressão nada haver está errada, o certo é nada a ver.
li+
Isso não tem nada a ver comigo.
4.3.17. senão I
•
se não
li+
Se não equivale a caso não, o se
li+
Se não chover, iremos
é uma conjunção condicional:
à praia amanhã.
Senão equivale a do contrário:
li+
Iremos à festa, senão iremos dormir.
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
5. CONCORDÂNCIA NOMINAL 5.1.
Regra geral
·· Qf.ter experimmtar? Cliqtte.
Tot-radas Btmdm:t:o.
·A llrOIPMansla das iror.1'Q. d. ~:IS.Bauduces:ré'toQt;Q:~ l;l'ler:tsagem'oo qa~ãp·dOJS<{Udável. .• .. ... .. it:Ja.\.çf:>J~t!lí<>~~EJ(E:éi9na.a }~.q(J~comprovam a..autenticidade do p~odu •. ecohsequentem~ntedapub!l ·... ·· .... làis como:r.'i>'s ·ceves' e crocantes référêhcia aJ rorro:aa.s.
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Cons,c;i~rl<:;ic;~.tr:a~;~quija. ·•• · • · ~vida leveé,tão mpi~gostgsp.J>• • '' Percebà que esses ddjetivqs fjrifados c .· substantivo ao .qual se referem: E o qtfe $e:clí
Dessa forma, a concordância nominal irá tratar da concordância que o ar-
tigo, o pronome, o adjetivo e o numeral fazem em gênero (masculino/feminino) e número (singular/plural) com o substantivo a que se referem.
I+
O alto ipê cobre-se de flores rosas. (adjetivo concorda com os substantivos)
I+
A viagem demorou cinco horas. (numeral concorda com o substantivo)
Cap. X· REVISAO GRAMATICAL
~
Aqueles exercícios de física estavam fáceis. (pronome concorda com o substantivo)
~
A prova do Enem será em outubro. (artigo concorda com o substantivo)
5.2. Regras Especiais
•
o adjetivo
concorda em gênero e número quando se refere a um único substantivo.
~
Os olhos parados mostravam o estado de choque da criança.
•
Quando o adjetivo se refere a vários substantivos, a concordância sofre alterações. Observe essas variações:
•
adjetivo + substantivo + substantivo + •..
Quando o adjetivo anteposto se refere a dois ou mais substantivos, concorda com o mais próximo. ~
Mau lugar e hora.
~
Má hora e lugar.
~
Nas árvores estavam caídas as folhas e os ramos.
~
Encontrei caída a roupa e os prendedores.
~
Nas árvores estavam caídos os r:amos e as folhas.
Exceção: caso os substantivos sejam nomes próprios ou de parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural. ~
•
As adoráveis Clara e Luciana foram homenageadas na festa. Encontramos os animados professores e funcionários na confraternização da escola.
substantivos + substantivo + adjetivo
o adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou com todos eles (assumindo forma masculino plural, se houver substantivo feminino e masculino). ~
A empresa oferece plano de saúde e cesta básica ótimos.
~
A empresa oferece cesta básica e plano de saúde.ótimos.
~
A empresa oferece plano de saúde e cesta básica ótima.
~
A empresa oferece cesta básica e plano de saúde ótimo.
Atenção 1: Os dois primeiros exemplo~ apresentam maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos dois substantivos. Nesses casos, 285
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
..
o adjetivo foi flexionado no plural masculino, que é o gênero predominante quando há substantivos de gêneros diferentes. Atenção 2: Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o adjetivo fica no singular ou plural.
•
I+
Os homens devem valorizar a beleza e a inteligência feminina(s).
I+
Meu pai comprou um carro e um barco novo(s).
substantivo
+
adjetivo
+
adjetivo + ...
Quando dois ou mais adjetivos se referem a um substantivo, este vai para o singular ou plural quando: •
O substantivo permanece no singular e coloca-se o artigo antes do último adjetivo.
I+ •
A comissária de bordo fala fluentemente a língua inglesa e a espanhola.
Osubstantivo vai para o plural e omite-se o artigo antes do adjetivo
I+
A comissária de bordo fala fluentemente as línguas inglesa e espanhola.
Atenção: Estudo a cultura espanhola e italiana.
Observe que o enunciado acima provoca dúvidas em relação ao tipo de cultura, fica-se em dúvida se são duas culturas distintas ou uma única- no caso, a espano-itálica. Por isso, evite esse tipo de construção frasal. •
Adjetivo (predicativo do sujeito) concorda com o sujeito em gênero e número.
I+ •
Se o sujeito for composto e for do mesmo gênero, o predicativo concordará no plural e no gênero dos sujeitos, se estiver posposto.
I+ •
•
286
A lousa estava cheia de matéria.
A lua e o céu estavam iluminados.
Se o predicativo do sujeito estiver anteposto, poderá concordar com o termo mais próximo ou concordar com os dois núcleos no plural.
I+
Estava iluminada a lua e o céu.
I+
Estavam iluminados a lua e o céu.
O adjetivo, com função de predicativo do objeto, este ficará sempre no plural, quando se referir a mais de um substantivo, núcleos do objeto.
I+
Julguei inadequados seu comportamento e sua fala.
I+
Julguei seu comportamento e sua fala inadequados.
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
•
ordinal + ordinal + ••• + substantivo Quando dois ou mais ordinais vêm antes de um substantivo, determinando-
-o, este concorda com o mais próximo ou vai para o plural.
•
li+
A primeira e
li+
A primeira e a quarta casas.
substantivo
+
a quarta casa.
ordinal + ordinal + ...
Quando dois ou mais ordinais vêm depois de um substantivo, determinando-o, este vai para o plural.
li+ •
As cláusulas segunda, quarta e décima.
um e outro f nem um nem outro
+
substantivo
Quando as expressões "um e outro", "nem um nem outro" são seguidas de um substantivo, este permanece no singular.
•
li+
Devemos analisar
li+
Nem uma nem outra desculpa serve para mim.
li+
Não estou
um e outro
+
um e outro aspecto.
de um e outro lado.
substantivo
+
adjetivo
Quando um substantivo e um adjetivo vêm depois da expressão "um e outro", o substantivo vai para o singular e o adjetivo para o plural.
•
li+
Percebemos que
li+
Devemos nos unir para resolver
um e outro lado obscuros
não resolveriam o problema.
uma e outra causa juntas.
"O (a) mais ... possível" - "Os (as) mais ... possíveis" - "O (a) pior ... possível" - "Os (as) piores ..." "O (a) melhor ... possível" - "Os (as) melhores ... possíveis".
o adjetivo "possível", nas expressões "o mais ...","o pior ...", "o melhor ..." permanece no singular. Com as expressões "os mais ... ","os piores ... ", "os melhores ... ", vai para o plural.
li+
Os dois autores defendem a melhor doutrina possível.
li+
As frutas daquele varejão são as mais saborosas possíveis.
li+
Os nossos alunos são os mais educados possíveis.
li+
Assisti a um filme, o pior DVD possível que poderia ter escolhido.
REDAÇAO • Cami/a Sabatin
•
particípio + substantivo ~
O particípio concorda com o substantivo a que se refere.
11+
Feitas as provas, irei viajar com minha família.
11+
Vistas as condições financeiras, podemos planejar nossa viagem.
11+
Estabelecidas essas premissas, vamos à solução.
~
Postos os talheres na mesa, todos correram para almoçar.
O adjetivo concorda em gênero e número com os pronomes pessoais a que se refere.
11+
Priscila encontrou-os na festa muito animados.
6. CONCORDÂNCIA VERBAL PRIMEIROS ERROS - CAPITAL INICIAL Meu caminho é cada manhã Não procure saber onde estou Meu destino não é de ninguém E eu não deixo os meus passos no chão Se você não entende não vê Se não me vê não entende Não procure saber onde estou Se o meu jeito te surpreende Se o meu corpo virasse sol Se a minha mente virasse sol ( ... ) (http:/ /www.vagalume.eom.br/capital-inicial/primeiros-erros.html)
288
Cap. X· REVISAO GRAMATICAL
6.1. Regra Geral
O verbo concorda em número (singular /plural) e pessoa (1•, 2•, 3•) com o núcleo do sujeito. O núcleo do sujeito pode ser o substantivo, pronome substantivo ou palavra substantivada. Se observarmos os substantivos da música do grupo Capital Inicial, veremos como os núcleos aparecem e concordam em número e pessoa com o verbo a que se relacionam, constituindo, assim, a concordância verbal. Meu caminho é cada manhã
Não procure saber onde estou Meu destino não é de ninguém
E eu não deixo os meus passos no chão Se você não entende não vê Se não me vê não entende Não procure saber onde estou Se o meu jeito te surpreende Se o meu corpo virasse sol Se a minha mente virasse sol e eu não deixo os meus passos no chão
o pronome pessoal reto (eu) em 1a pessoa do singular concorda com o verbo (deixar), também conjugado na 1• pessoa do singular (deixo). 6.2. Regras especiais 6.2.1.
•
•
Sujeito simples
Sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de ... ) seguida de um substantivo ou pronome no plural. Overbo pode ficar no singular ou no plural. i+
A maioria dos deputados votou I votaram contra a cassação da deputada Jaqueline Roriz.
i+
Metade dos deputados não apresentou I apresentaram nenhuma projeto interessante.
Sujeito é formado de um coletivo singular seguido de complemento no plural, admitem-se duas concordâncias:
289
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
~
Um grupo de estudantes rei-lindica I reivindicam melhores condições de educação no Chile.
~
O bando de passarinhos cantava/ cantavam no jardim.
Observação: nos casos analisados acima, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque aos elementos que formam esse conjunto. •
O sujeito é formado por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de, perto de ... ) seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda com o substantivo.
11+ Cerca de mil pessoas participaram da manifestação. 11+ Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade. 11+ Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas Olimpíadas. Observação: quando a expressão "mais de um" se associar a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório. Observe:
11+
•
Mais de um colega se ofenderam na tumultuada discussão de ontem. (ofenderam um ao outro).
Nomes que só existem no plural, a concordância deve ser feita levando-se em conta a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve ficar no singular. Quando há artigo no plural, o verbo deve ficar o plural.
•
290
'+
Os Estados Unidos foram atacados em 11 de setembro de 2001 por terroristas ligados à Bin Laden.
I+
Alagoas é um estado contraditório: de um lado belas praias e de outro a miséria da população.
'+
As Minas Gerais foram palco de muitas riquezas.
11+
Minas Gerais nos deu Francisco Cândido Xavier, exemplo de humildade e caridade.
11+
Os Sertões imortalizaram Euclides da Cunha.
'+
"Memórias Póstumas de Brás Cubas" consagrou Machado de Assis.
O sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, quaisquer, vários) seguido por "de nós" ou "de vós", o verbo pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome pessoal.
11+
Quais de nós vão I vamos assumir a diretoria da empresa?
'+ '+
Alguns de vós querem I quereis assumir .a presidência da empresa? Vários de nós sugeriram I sugerimos intervenções nos gastos da empresa.
Cap. X· REVISAO GRAMATICAL
Gramática e discurso: Se analisado o discurso, a opção por uma ou outra
estrutura indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando a seguinte fala é proferida "Alguns de nós sabíamos da corrupção e não fizemos nada para punir os culpados", a pessoa que a diz está incluindo-se no grupo de pessoas que se omitiram diante dos fatos. Isso não ocorre quando alguém diz ou escreve "Alguns de nós sabiam da corrupção e não fizeram nada para punir os culpados.", este enunciado não explicita se o enuncia dor sabia do fato, pois a intenção dele é apenas denunciar o caso e não comprometer-se. •
•
•
•
O pronome interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará no singular.
11+
Qual de nós é digno de perdão?
11+
Algum de vós fez os exercícios?
O sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o substantivo.
11+
85"/o dos alunos fizeram a prova do Enem.
11+
90"/o dos entrevistados não concordaram a absolvição de Jaqueline Roriz.
11+
1"/o da população não quer a volta do CPMF.
11+
1'Yo dos eleitores faltaram
à votação.
A expressão que indica porcentagem não é seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o número.
11+
95"/o querem a ficha limpa dos candidatos.
11+
1"/o desconhece os escândalos de corrupção.
o sujeito é o pronome relativo "que", a concordância em número e pessoa é feita com o antecedente do pronome. 11+
Fui eu que fiz os exercícios.
11+
Fomos nós que compramos os produtos.
11+
És tu que me fazes ver a verdadeira realidade. Ainda existem políticos que cumprem o seu dever.
• o sujeito é o pronome relativo "quem", pode-se utilizar o verbo na terceira pessoa do singular ou concordar o verbo com o antecedente do pronome quem.
11+
Fui eu quem pagou a conta I Fui eu quem páguei a conta.
11+
Fomos nós quem comprou a casa. I Fomos nós quem compramos a casa.
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
•
•
O sujeito é um pronome de tratamento, o verbo fica na 3• pessoa do singular ou plural . ..._
Vossa Excelência quer um café?
..._
Vossas Excelências querem um café?
A concordância dos verbos bater, dar e soar se dá de acordo com o nu-
meral. ..._
Deu uma hora no relógio da igreja .
..._
Deram sete horas no relógio da igreja.
Observação: Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito. Ex.: o velho relógio da praça deu vinte horas. •
Com a expressão "um dos que", o verbo deve assumir a forma plural. ..._
•
Ronaldo, O Fenômeno, foi um dos jogadores que mais ganharam dinheiro no futebol internacional.
Verbos impessoais - como o próprio nome diz não possuem sujeito, pessoa. Portanto, são usados sempre na 3• pessoa do singular. ..._
Haver no sentido de existir - Havia muitos alunos prestando a prova do Enem.
I+
Fazer indicando tempo decorrido - Faz anos que não o vejo.
Verbos que indicam fenômenos da natureza-
..._
Faz muito frio na região sul do país.
,..
Choveu bastante ontem à tarde.
6.2.2.
Sujeito composto
http://www.fotolog.eom.br/calvin_tiras
292
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
•
Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo, a concordância se faz no plural:
I+ Seu pai e eu vamos sair amanhã. sujeito composto verbo no plural •
Nos sujeitos compostos, formados por pessoas gramaticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte maneira: a primeira pessoa do plural prevalece sobre a segunda pessoa que, por sua vez, prevalece sobre a terceira.
I+
Seus amigos, tu e eu faremos o trabalho. primeira pessoa do plural (nós)
li+
Tu e seus amigos fareis o trabalho.* segunda pessoa do plural (vós)
li+
Alunos e professores precisam respeitar-se. terceira pessoa do plural (eles)
*Se o sujeito composto estiver formado por um elemento da segunda pessoa e um da terceira, é possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural, já que a segunda pessoa do plural não é muito utilizada atualmente. Aceita-se, pois, a frase: "Tu e seus amigos farão o trabalho." •
•
Se sujeito composto estiver posposto ao verbo, passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do sujeito mais próximo.
li+
Compraram carne e bebidas.
I+
Comprou carne e bebidas.
Quando a ideia é de reciprocidade, a concordância é feita obrigatoriamente no plural.
I+
Abraçaram-se pai e filho.
I+ Ofenderam-se professor e aluno.
6.2.3. Casos Particulares •
Quando o sujeito composto é formado por núcleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo pode ficar no plural ou no singular.
llt •
Minha vitória e minha conquista é I são fruto(s) do meu esforço.
Quando o sujeito composto é formado por núcleos dispostos em gradação, o verbo pode ficar no plural ou conc~rdar com o último núcleo do sujeito.
'+ Minha querida amada, com você uma\ora, um minuto, um segundo me fazem I faz feliz. 293
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Atenção: A escolha da concordância pode priorizar alguns elementos. Quando o verbo está no plural, enfatiza-se o todo que foi enumerado em gradação decrescente (hora, minuto, segundo). No segundo caso, o verbo no singular enfatiza o último elemento da série gradativa. •
Quando os núcleos do sujeito composto são unidos por "ou" ou "nem", o verbo deverá ficar no plural, caso a afirmação contida no predicado puder ser atribuída a todos os núcleos.
"* "* •
Camila ou Lívia participarão das Olimpíadas de Matemática.
Nem Carlos nem o professor conseguiram fazer o exercício.
Se a afirmação for atribuída a um dos núcleos do sujeito, isto é, se os nú-
cleos forem excludentes, o verbo deverá ficar no singular.
"* "* •
Miss Angola ou Miss Brasil será eleita Miss Universo.
Com as expressões "um ou outro" e "nem um nem outro", a concordância costuma ser feita no singular, embora o plural também seja praticado.
"* "* •
Rio de Janeiro ou São Paulo será a sede da Copa de 2014.
Um e outro aluno foi I foram à aula. Nem um nem outro comprou I compraram o ingresso para o show.
Se os núcleos do sujeito forem unidos por "com", o verbo pode ficar no plural. Nesse caso, a palavra "com" tem sentido muito próximo ao de "e".
"* "*
O pai com o filho brincaram a tarde toda. O presidente com o primeiro ministro inglês discutiram metas de crescimento econômico.
*O verbo pode ficar no singular, caso queira enfatizar o primeiro elemento.
"* "*
O pai com o filho brincou a tarde toda. O presidente com o primeiro ministro inglês discutiu metas de crescimento econômico.
Atenção: No caso acima, com o verbo no singular, não teremos sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez que as expressões "com o filho" e "com o primeiro ministro inglês" são adjuntos adverbiais de companhia. Observe como ficariam as mesmas frases se invertêssemos a ordem. Veja:
"* "*
294
O pai brincou a tarde toda com o fí/ho. O presidente discutiu metas de crescimento econômico com o primeiro
ministro inglês.
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
•
Os núcleos do sujeito são unidos por expressões correlativas como: "não só ... mas ainda", "não somente"..., "não apenas ... mas também", "tanto ... quanto", assim o verbo concorda de preferência no plural.
li+ •
Não só a fome, mas também a AIDS assolam países africanos.
li+ Tanto a senadora quanto o deputado não foram cassados pela CPI. Se os elementos do sujeito composto forem resumidos por um aposto, a concordância é feita com esse termo resumidor. li+ li+
Português, Matemática, Geografia, nada o agradava. Bolos, doces, salgados, tudo compunha a mesa da festa.
6.2.4. Outros Casos •
O VERBO + "SE"
Dentre as diversas funções exercidas pelo "se", há duas funções que influenciam a concordância verbal: I) SE é índice de indeterminação do sujeito quando acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação. Precisa-se de governantes honestos e compromissados.
li+
Não se confia em promessas políticas.
li+
Era-se mais feliz no passado.
li+
Vive-se bem no interior.
REDAÇÃO • Camila Sabatin
11) SE é pronome apassivador e acompanha verbos transitivos diretos e indiretos, constituindo uma voz passiva sintética. Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
li+
Construiu-se uma nova escola no bairro.
li+
Construíram-se novas escolas no bairro.
li+
Não se formaram mais engenheiros para atender à demanda do pré-sal. Compram-se móveis usados.
VENDE-SE Celta Life 09/09 AR I DR I VE I ALARM.
Q)
3333-3333
Tratar: João
http:/ /www.otimaq.com.megaloja.com/result. cfm?tipo=Gr%Eifica%20R7,Elpida
O verbo "vender" é transitivo direto, assim o SE passa a ser pronome apassivador, constituindo uma voz passiva sintética. Portanto, o termo "Celta Li/e" é sujeito paciente e, se estivesse no plural, o verbo "vender" também pluralizaria. •
O VERBO "SER"
A concordância verbal se dá sempre entre o verbo e o sujeito da oração. No caso do verbo ser; temos algumas peculiaridades. Veja: •
O verbo SER concordará com o predicativo do sujeito:
•
Quando o sujeito for representado pelos pronomes - isto, isso, aquilo, tudo, o - e o predicativo estiver no plural.
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
NEM TUDO SÃO FLORES: 5 FRACASSOS DA APPLE SOB COMANDO DE STEVE JOBS Apesar das ideias brilhantes e revolucionárias, carreira do CEO da Apple também teve seus tropeços; conheça alguns deles.
(... ) (Disponível em: <http:/ /macworldbrasil.uol.com.br/noticias/2011/10/07 I nem-tudo-sao-flores-5-fracassos-da-apple-sob-comando-de-steve-jobs/>)
•
I+
Isso são atitudes imaturas.
I+
Aquilo foram soluções cabíveis.
I+
Tudo eram festas e badalações.
Quando o sujeito estiver no singular e se referir a "coisas", e o predicativo for um substantivo no plural.
11+
A festa foram só risadas.
li+
Nossa infância eram muitas alegrias.
Atenção: admite-se a concordância no singular quando se deseja fazer prevalecer um elemento sobre o outro.
I+ •
•
•
A vida é ilusões.
Se o sujeito ou predicativo indicar pessoa, o verbo concorda com a pessoa.
I+
Carlos era só tristezas.
I+
Minhas felicidades
é meu sobrinho.
Quando o sujeito for pronome interrogativo que ou quem.
I+
Que são essas pastas?
11+
Quem são aqueles garotos?
como impessoal na indicação de horas, dias e distâncias, o verbo ser concorda com o numeral.
I+
É uma hora.
11+
São cinco horas da manhã.
I+
Eram 09 de outubro quando casai11Es.
I+
Daqui até São Paulo são 400 quilômetros.
297
REDAÇAO • Carnila Sabatin
Atenção: O verbo SER pode cond>rdar com a palavra explícita ou implícita com a palavra dia.
•
•
~
"Hoje é dia 10 de outubro."
~
"Hoje é "dia" 10 de outubro".
Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo ser fica no singular. ~
Três quilos de arroz é mais do que necessário.
11+
Dois metros de pano é pouco para cobrir o palco.
11+
Um mês de férias é muito para ficar em casa.
Quando o sujeito ou o predicativo for pronome pessoal do caso reto, o verbo ser concordará com este. ~
No curso de engenharia, e/a é a única mulher.
!!+
A festa somos nós.
!!+
Eu sou vencedora.
Atenção: Se ambos os termos - sujeito e predicativo - forem pronomes pessoais, o verbo ser concordará com o pronome sujeito.
•
~
Eu não sou ele.
~
Ele não é eu.
Quando o sujeito for uma expressão de sentido partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo ser concordará com o predicativo. ~
A grande maioria dos sindicalistas eram homens.
11+
O quarteto eram só sucessos.
6.2.5. O verbo "parecer" Quando seguido de infinitivo, admite duas concordâncias: •
O verbo ~
parecer flexiona-se, e o verbo principal fica no infinitivo.
Muitas pessoas pareciam chorar diante do tragédia de Realengo.
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
• o verbo parecer não se flexiona, fica
no infinitivo, quem sofre flexão é o
verbo principal.
3+
Muitas pessoas parecia chorarem diante da tragédia de Realengo.
Atenção: A primeira construção é comum no uso da língua portuguesa, enquanto a segunda é mais usada na linguagem literária. Em orações subordinadas desenvolvidas, o verbo parecer fica no singular.
3+
Parece que as crianças possuem mais sensibilidade.
6.2.6. A expressão "haja vista"
A expressão admite as seguintes construções: •
A expressão fica invariável (seguida ou não de preposição).
3+
Haja vista os últimos acontecimentos na economia mundial, teremos que reduzir gastos.
~
Haja vista aos atos terroristas de 11 de setembro de 2001, os norte-americanos temem novos atentados.
• o verbo haver pode variar (desde que não seguido de preposição), considerando-se o termo seguinte como sujeito.
3+
Hajam vista os acontecimentos, todos os professores devem ficar atentos a casos de bullying.
7· REGÊNCIA VERBAl
A palavra regência deriva do verbo reger, que, entre outras acepções, sig~ nifica guiar, governar. Na gramática, o termo regência dá origem ao fenômeno
REDAÇAO • Camila Sabatin
linguístico que revela uma relação de poder de um termo em relação a outro. A regência, portanto, pode estabelecer a subordinação de um termo em relação a um verbo, a chamada regência verbal. Na charge acima, temos um exemplo desse tipo de régência: O eleitor CONFIA na honestidade ( ...) verbo + preposição + nome (termo regente) (termo regido) Perceba que o verbo confiar, para se ligar ao substantivo (nome) honestidade, pediu, ou seja, regeu a preposição em. Assim é na língua portuguesa, muitos verbos regem preposições, daí serem chamados de verbos transitivos indiretos (VTI), e outros não regem preposições, os chamados verbos transitivos diretos (VTD). É interessante notar que alguns verbos, quando mudam de regência, mudam o sentido. Porém, outros mudam de regência, e o sentido permanece o mesmo. Na linguagem coloquial, também percebemos diferenças no uso das regências. Para ficar mais didático, separaremos o estudo das regências verbais em três itens: 1)
Verbos que mudam a regência e o sentido.
2)
Verbos que mudam as construções sintáticas e os sentidos permanecem os mesmos
3)
Regências usadas na língua padrão e na língua coloquial/informal.
7.1. Verbos que mudam a regência e mudam o sentido
Esses são os mais exigidos,nas provas de, pois abordam questões semânticas de interpretação de textos.
VTD
vn
pretender; desejar
Aspiro a uma vaga no tribunal de justiça.
ver, presenciar
Gosto de assistir a filmes europeus.
Caber; competir
A educaçào é um direito que assiste a todos.
vn
300
Cap. X• REVISÃO GRAMATICAL
cionário.
vro
convocar, pedir a presença
Chamem os bombeiros!
vn
invocar (exige a preposição "por")
A criança chamava pela mãe.
vro ou vn
qualificar; denominar+ predicativo do objeto
Chamava-o irresponsável. Chamava-o de irresponsável.
vro
acarretar, ter como consequência.
Se você não estudar, isso implica notas baixas.
vn
ter implicância, importunar (exige preposição 'com')
Meu irmão implica com meu namorado.
iniciar; dar andamento
A junta apuradora procedeu à contagem de votos.
originar--se, provir (nesse caso será acompanhado pela expressão de algo ou de algum lugar)
Nossos antepassados procediam da Europa.
VI
ter fundamento, justificar--se
Parou de lutar, pois viu que seus argumentos não procediam.
vro
desejar
Ela queria os CDs da Amy, mas esgotaram todos.
vn
estimar; querer bem (exige a preposição 'a').
Eu quero a meus amigos e sempre lhes quis.
mirar
O policial visou o alvo e atirou.
ter em vista, pretender (exige a preposiçâo "a")
Homem sem escrúpulos, só visava a uma posição de destaque.
vn
vro vn
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Observações: •
Os verbos transitivos indiretos não admitem voz passiva. São erradas, portanto, construções como: "Uma vaga no tribunal de justiça é visada pelos candidatos." ou "A Copa América foi assistida por todos".
•
Os verbos aspirar, assistir (no sentido de ver) e visar, quando transitivos indiretos, não aceitam os pronomes lhe e lhes como complementos. Aceitam apenas as formas a ele(s), a ela(s).
7.2. Verbos que mudam as construções sintáticas e os sentidos permanecem os mesmos
VTD
vn
quando pronominais são vn e exigem a preposição "de"
Esqueci-me do livro.
VTD
dar notícias, esclarecer
os jornais informaram o público consumidor.
OD a "coisa" e OI (com preposição 'a', a pessoa é informada).
A FCC informou as mudanças aos candidatos.
OD a pessoa informada e OI (com preposição 'sobre' ou 'de') a "coisa".
A FCC informou os candidatos sobre as f das mudanças.
VTDI
7.3. Regências usadas na língua padrão e na língua coloquial/informal
VI
(exige a preposição "a" quando indi· cam lugar)
Cheguei à escola atrasada.
Cheguei no teatro.
Vou ao cinema, pelo menos uma vez por mês.
Cheguei na escola.
Vou à academia, no mínimo, duas vezes por semana.
302
Vou no cinema. Vou na academia.
Cap. X· REVISAO GRAMATICAL
(exigem adjuntos adverbiais com a preposição em) (exigem a preposição "a")
Moro em São Paulo. Resido em ]undiaí.
o bom
O uso é igual à linguagem padrão.
motorista não obedece ao sinal vermelho.
O motorista não obedeceu o sinal vermelho.
(quando o objeto é coisa)
Paguei a conta.
Paguei a conta.
(quando o objeto é pessoa)
Perdoei aos inimigos.
Perdoei os inimigos.
Paguei a conta ao feirante.
Paguei a conta ao feirante.
VTDI
VTOI
querer antes, escolher
Prefiro o cinema a teatro.
Prefiro mais cinema do que teatro.
VTD
dar primazia a, determinar-se por
Preferimos a paz, não aceitamos a guerra.
igual
VTI
(exige a preposição "com"; não são pronominais)
Simpatizava com ela. Simpatizei com ele.
VTD
não rege preposição 'com'
Carol namora André.
Carol namora com André.
VTD
Não rege preposição 'em'
Não estudar implica notas baixas.
Não estudar implica em notas baixas.
PREFERIR
Simpatizava-me com ela. Simpatizei-me com ele.
Observações:
O uso coloquial, também chamado de popular, é muito usado pelos falantes da nossa língua, porém a linguagem padrão é a que deve ser adotada como norma culta da língua, tanto na linguagem oral quanto escrita. Os concursos exploram muito essa questão da linguagem culta e popular para abordar como funcionam os usos linguísticos.
REDAÇÃO • Camila Sabatin
7·4· Regência dos pronomes relativos Observe que, nos períodos compostos introduzidos pronome relativo, será o verbo da oração subordinada que irá exigir a preposição, a qual será colocada antes do pronome relativo. Veja o exemplo:
~
A fala de que o ator se esqueceu não interferiu na narrativa. O verbo esquecer, usado como pronominal (esquece-se), exige a preposição de na sua regência, sendo assim, essa preposição deve ser colocada antes do pronome relativo que.
Todo ano é a mesma coisa. Professores me avoliam pelo conteúdo que eu nao decorei, pelas aulas que nao / assisti, pelos provas que nao fiz, pelos trabalhos que nao entreguei. ..
O pesadelo
nunca acaba 111
A charge acima possui três orações iniciadas pelo pronome relativo "que". Dessa maneira, devemos nos ater à regência dos verbos que virão após o pronome relativo. Veja estes três exemplos: ( ...) aulas que não assisti ( ...) O verbo assistir, no sentido de ver, rege preposição a, assim, dever-se-ia ter colocado a preposição a antes do pronome relativo. Ficaria: (...)aulas a que não assisti (. ..) (. ..) provas que não fiz (...) Overbo fazer, como é transitivo direto, não rege preposição, dessa forma, a frase está correta. ( ...) trabalhos que não entreguei...
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
o verbo entregar, também transitivo direto, não rege preposição, dessa maneira, a frase está de acordo com a norma culta. Veja outros exemplos: ~
O Código de Trânsito, a que poucos motoristas obedecem, deve ser mais divulgado.
~
Os sonegadores a quem o Fisco não perdoa sempre caem na "malha fina".
I+
As sessões a que assisti foram instrutivas.
~
A que você aspira na vida?
I+
Perguntaram-me de onde eu vim.
I+
Os alunos com quem conversamos estão de acordo com a modificação.
~
O motivo pelo qual faltou é justo.
~
O escritor de cujo livro lhe falei recebeu vários prêmios.
~
As dificuldades por que passa a família são muitas.
7·5· Verbos de regências diferentes Muitas vezes, existem períodos compostos unidos por verbos de regências diferentes, que possuem um único complemento. Veja:
ASSI5n e GOSTEI do fil!:ne
exige prep. a
exige prep. de
complemento regido pela prep. de
Se os verbos possuem regências diferentes, como o complemento pode privilegiar apenas uma das regências verbais? Quando os verbos possuem regências diferentes, devem ter complementos distintos. Veja como fica a frase de acordo com a norma culta. Assisti ao filme e gostei dele. Outro exemplo: ~
O ex-marido continuou a ENTRAR e SAIR de casg.
Quem entra, entra em Quem sai, sai de
Os verbos possuem regências diferentes
REDAÇAO • Comi/a Sabatin
Portanto, devem ter complementos distintos.
R+
O ex-marido continuou a entrar em casa e sair delg.
Mais um exemplo:
R+ R+ R+
Ontem, LI e OUVI a entrevista de Obama à imprensa americana. Quem lê, lê algo. Quem ouve, ouve alguma coisa ou alguém.
Os verbos possuem regências iguais, transitivas diretas, sendo assim, a união desses verbos, através da conjunção e, fica adequada de acordo com a norma culta da língua portuguesa. 8. REGÊNCIA NOMINAL
atividàde-6-ano-e-f•Jndamental-ii.html
Há certos nomes que precisam de um complemento acompanhado de uma preposição para completar o sentido da frase. Nomes que, pela sua própria característica semântica, exigem uma determinada preposição e rejeitam outra. Aos termos que pedem complementos, chamamos regentes e, aos que completam o sentido desses, regidos. Nesse sentido, podemos dizer que a regência nominal estuda as relações de dependência entre regentes que são nomes e os termos que os completam (regidos). Esses nomes podem ser (substantivos, adjetivos e advérbios). Na charge acima, temos um exemplo desse tipo de regência. Veja:
306
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
É frequente o DESCASO com o ensino públicQ.
substantivo + preposição + termo regido (termo regente) 8.1. Principais exemplos de regência nominal acessível, adequado, alheio, análogo, apto, avesso, benéfico, cego, conforme, desatento, desfavorável, desleal, equivalente, fiel, grato, guerra, hostil, idêntico, inerente, nocivo, obediente, odioso, oposto, peculiar, pernicioso, próximo (de), superior, surdo visível. amante, amigo, ansioso, ávido, capaz, cobiçoso, comum, contemporâneo, curioso, devoto, diferente, digne, dotado, duro, estreito, fértil, fraco, inocente, menor; natural, nobre, o temeroso, vazio, vizinho. aparentado, compatível, conforme, cruel, cuJtlaCI<Jso, liberal, misericordioso, orgulhoso,
9. CRASE
. 3/ tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-crase-2/
307
REDAÇAO • Comi/a Sabatin
CRASE é uma palavra de origem grega que significa "fusão", "mistura". Em língua portuguesa, é esse o nome da fusão de dois sons idênticos, no caso, duas vogais a, marcado com o acento grave(').
Vale ressaltar que a crase não é o nome do acento, mas sim do fenômeno de fusão. Assim, é inadequado dizer "Coloque a crase neste a", o correto seria dizer "Coloque o acento grave neste a". A crase se dá em: • a (s)(artigo definido)= à, às
a (preposição)
• aquele(s), aquela(s), aquilo = àquele (s), àquela (s) àquilo
• a (s) (pronome demonstrativo implícito)= à, às • a qual (s) (pronome relativo) =à qual, às quais
É preciso conhecer regência de verbos e nomes para saber se determi-
nada palavra exige preposição. Também deve-se saber, se a palavra regida admite artigo.
9.1. Regra Geral •
308
Se o termo regente exigir a preposição a: chegar a, direito a.
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
9.1.1. Preposição +Artigo
http:/ /tudibao.com.br/2010/02/use-a-crase-sem-medo.html
Refiro-me à irmã do Carlos. (a+a) Dica: Refiro-me ao irmão do Carlos. (a+o) Todos os brasileiros têm direito
à educação.
(a+a) Dica: Todos os brasileiros têm direito ao salário. (a+o) •
De acordo com a regra geral, a verbo (referir-se), o substantivo (direito e amor) exigem preposição a, e os substantivos que os sucede admitem o uso do anigo a.
9.1.2. Locuções adverbiais femininas
l.f
À tarde, não faz frio; porém, à noite, faz muito.
I+ Sempre viro à esquerda para chegar a minha casa, já meu irmão prefere à direita.
I+ Fotografe à distância de um metro. I+
A casa que está à venda fica em um bairro novo.
Nas locuções femininas, contudo, embora esse a possa ser só preposiçãoe se sabe que, nestes casos, a crase é a fu~ão da preposição a com o artigo a; é preciso, muitas vezes, colocar o acento grave, indicando a crase, por motivo
REDAÇÃO· Camila Sabatín
de clareza. Compare nos exemplos àbaixo o significado da frase sem a crase e com ela:
... .... .... .... .... ....
Foi caçada a bala (a bala foi caçada) . Foi caçada à bala .
Cortou a faca (cortou a própria faca) . Cortou à faca .
Vendeu a vista (vendeu os olhos) . Vendeu à vista .
Coloquei a venda (faixa nos olhos) . Coloquei à venda .
Tranquei a chave (a chave foi trancada) . Tranquei à chave .
Pagou a prestação (pagou-a) . Pagou à prestação (em prestações).
DILMATENTA ACALMAR MILITARES APÓS NOMEAÇÃO DE AMORIM
A charge ao lado evidencia que o fenômeno da crase é capaz de mudar o sentido de um enunciado. A crítica da charge consiste em mostrar como alguns políticos são capazes de combater à sombra, isto é, às escondidas, ao invés de combater o problema em si, no caso, a sombra que rodeia os bastidores da política brasileira.
http://carl:u>tistaso(da.CoWI.
Sintaticamente, a expressão com crase 'à sombra' é um adjunto adverbial feminino. E 'a sombra' sem crase é objeto direto.
b~/20:1-:J../08/08/so(da-:l-454/
Nas locuções adverbiais com palavras masculinas, como: a pé, a caminho, a cavalo, a frio, a gás, a gosto, a lápis, a nado, a óleo, a pé, a postos, a prazo, a sangue-frio, a sério, a tiracolo, a vapor etc. não se acentua o a, já que este é uma simples preposição, visto que o termo seguinte, por ser masculino, não admite artigo a. 310
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
http://apalavraemacao.blogspot.com/2010/08/crase.html
9.1.3. Casos em que não ocorre crase •
•
Não ocorre crase diante de verbo. li+
Começou a falar.
li+
Começou a declarar seu amor pela amada.
Não ocorre crase diante de pronomes em geral.
DicatP!'lr:c:t·.$(1~erS,~Úmapo.lavrq a~_nj.iteo . ~sº go c:trti(:!o q;·bqsta trCI~forrn~êla · em sujeito <:fe···~-· .....·. · .. · ~sse ~t1~eí~o êaqmítlt:'.o usº. do artigo i haverá o. f~n$~
meno. d~ ${(!$:~~ ~as. c · · • ·. rarr9_; nãQpV~jat ... ·.• ... ·•··· •.. ;··'. ·. • Eu nao'mtt reféri~·;el~. Ipia es(áfeli~~{n~()t~9f·~~(~Q)r .~•:c~:"
,;'
~- E)Jn~o. ri) e reçe~Jª' !õj!.~fto.r~:·(;~~e!I.~P~.e.s~M~I!~í;.(t~~~J;~f,ilgQ?, •.... · Eu não me referi a ela. icip
Enviarei a Vossa Excelência os dados do projeto.
Exceções: diante das palavras senhora, senhorita, madame e dona; pois esses pronomes de tratamento admitem artigo. Enviarei à senhora os dados do projeto. •
Não ocorre crase em expressões com palavras femininas repetidas. li+
cara a cara
li+
gota a gota
li+
frente a frente lado a lado
311
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
http:/ /apalavraemacao.logspot.com/2010/08/crase.html
•
Diante de palavras masculinas; exceto se ficarem subentendidas as expressões "à moda de"; "à maneira de".
'* '*
Ele não se referiu a Neymar. (O Neymar- palavra masculina) Cortou o cabelo à Neymar. (Cortou o cabelo à maneira de/ à moda de Neymar)
9.1.4 Casos especiais •
Nomes de lugares
Com expressões adverbiais de lugar formadas por nomes de cidades, países, estados, deve-se verificar se essas expressões adverbiais aceitam artigo.
Vou a Bahia Volta da Bahia, então: Vou
à Bahia
Vou a São Paulo. Volto de São Paulo, então: Vou a São Paulo.
Vou a Recife. Volto de Recife, então: Vou a Recife.
Porém, se tivermos uma expressão adjetiva:
'* '* '* 312
Vou a Recife dos meus sonhos.
Volto da Recife dos meus sonhos, então: Vou à Recife dos meus sonhos.
Cap. X· REVISAO GRAMATICAL
•
•
Quando a palavra casa estiver determinada, ocorrerá crase:
11+
Vamos à casa de minha mãe.
11+
Antes de irem a casa, telefonaram.
Se a palavra terra designar região, pátria, ocorrerá crase:
11+
Voltaram à terra de seus pais.
11+
Os pescadores desejavam voltar a terra.
9.1.5. Crase facultativa •
•
•
Diante de nomes próprios femininos.
11+
Entreguei o material a Camila.
11+
Entreguei o material à Camila.
Após a preposição até.
11+
Voltaram até a escola.
11+
Voltaram até à escola.
Diante de pronome possessivo feminino.
11+
Entregou o presente a sua mãe.
11+
Entregou o presente à sua mãe.
9.1.6. Dúvidas comuns •
Ocorre crase diante de horas?
313
REDAÇÃO· Comi/a Sobotin
11+ Ocorrerá SEMPRE que determtnada a hora. 11+ A aula será às 16h30min. •
Ocorre crase entre dias da semana, entre meses do ano e distância? Nunca. As aulas serão de segunda a sexta-feira, de fevereiro a novembro.
http://lauroportugues.blogspot.com/20I!/o6/crase-erros.html
A palavra "quilômetros" é masculina e plural, assim o único artigo que poderia acompanhá-lo seria o artigo "os". No caso, é impossível termos acento indicador de crase. Não há artigo feminino a para se unir a uma possível preposição, portanto não há crase.
9.2. Contração da preposição "a"+ "aquele(s)", "aquela(s)" e "aquilo".
11+
A professora referi!-::) aae garoto de boné
azul.
a +a= àquele O verbo referir-se exige a preposição "a", que vai se contrair com o "a" do pronome demonstrativo "aquele". Logo, a contração de dois as idênticos, gera o acento indicador de crase. Da mesma forma, acontece com a frase abaixo, o substantivo importância rege preposição "a" que, unida ao a do pronome relativo "aquilo", dá origem ao fenômeno da crase. lU..
-r
N~ao det..tmportancta A~a aqut ~Io. a+ a= àquilo
9.3. Contração da preposição "a" +"a qual", "as quais"
~diu foi interessante.
11+
A aula
R+
A aula à qual aludiu foi interessante.
~
Ocorre a preposição "a", exigida, nesse tipo de estrutura, por uma palavra que vem depois, no caso, o verbo aludir: quem alude, alude "a"; o pronome é "a qual", com a partícula "a" integrando o pronome. Outros exemplos:
R+ 314
Esta foi a conclusão à qual chegamos.
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
li+ li+
Esta
é a universidade à qual aspiro.
As palestras às quais assisti. estavam lotadas.
9.4. Contração da preposição "a"+ pronome demonstrativo "a(s)", que equivale a "aquela(s)" li+
Minha sorte é ligada à do meu país.
O adjetivo ligada exige preposição "a", que, contraída com a "a" do pronome demonstrativo implícito "aquele", resulta no fenômeno da crase.
Outros exemplos: li+
As atividades extras são semelhantes às de antes. (As atividades extras são semelhantes as aquelas de antes) A rua é paralela à que vai para o banco. (A rua é paralela a aquela que vai para o banco)
9.5. Como evitar a ambiguidade Em certas construções sintáticas, deve-se empregar o acento grave para evitar a ambiguidade. Observe as frases: li+
Ofendeu a juíza a jornalista.
li+
Venceu a equipe do Brasil a da Argentina.
A forma como foram estruturadas as frases, temos uma ambiguidade, visto que não sabemos qual é o sujeito das orações. Assim, para evitar a ambiguidade, sem que precisemos alterar a colocação das palavras, podemos colocar um acento grave no termo ao qual recai a ação verbal, o objeto. É importante ressaltar que o acento grave, indicando a crase, não segue a regra geral, pois o verbo é transitivo direto e, assim, não rege preposição "a". Dessa maneira, o acento só será usado para evitar um duplo sentido, a ambiguidade. li+
Ofendeu à juíza a jornalista.
alvo li+
sujeito
Venceu a equipe do Brasil à da Argentina.
sujeito 10.
alvo
COLOCAÇÃO PRONOMINAL A colocação pronominal refere-se à colocação dos pronomes oblíquos átonos:
me, te, se, lhe, lhes, a, as, o, os, nos,vos
REDAÇAO • Comi/a Sabatin
Na frase, esses pronomes podem, dependendo de certos fatores, aparecer em três diferentes posições em relação ao verbo: antes, no meio ou depois. Pr6clise: o pronome
"+
é posto antes do verbo.
"Eu quero que você me aqueça neste inverno"
Mes6clise: o pronome é posto no meio do verbo.
"+ Dar-te-ia tudo para que ficasses ao meu lado. ~nclise: o pronome
"+
é posto depois do verbo.
Aqueça-me neste inverno.
10.1. Casos de próclise
A pr6clise é obrigatória quando houver palavra atrativa antes do verbo, desde que, entre a palavra atrativa e o verbo, não haja pausa, marcada na escrita por sinal de pontuação. •
Palavras de sentido negativo (não, nunca, nada, jamais).
"+ "+ •
impressionaram com aqueles fatos.
Todos se
Quem te
contou isso?
Como me
sinto feliz!
Nas orações que exprimem desejo (orações optativas).
"+ 316
Ele desejava que se entendessem.
Nas orações iniciadas por palavras exclamativas.
"+ •
Ontem, avisaram-na sobre o ocorrido. Aqui se trabalha
Nas orações iniciadas por pronomes ou advérbios interrogativos.
"+ •
avisaram sobre o ocorrido.
Pronomes indefinidos, pronomes demonstrativos.
"+ •
Ontem a
Conjunções subordinativas e pronomes relativos.
"+ •
Meus pais jamais me entenderão.
Advérbios.
"+ "+ •
Nada o abala
Deus te aj udel
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Com verbo no gerúndio precedido da preposição "em". li+ •
Em se tratando de assuntos do coração, é melhor deixar de lado a razão.
Nas orações sindéticas alternativas.
li+ 10.2.
ou se decidia pela compra, ou desistia de vez.
Casos de mesóclise
A mesóclise só ocorrerá, se o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro de pretérito, sem que haja fator de próclise. Os amigos encontrar-se-ão na festa. Encontrarão
---+ encontrar-se-ão
infinitivo+ pronome+ desinência Os amigos encontrar-se-iam na festa. Encontrariam
---+ encontrar-se-iam
infinitivo+ pronome+ desinência
10.3.
Casos de ênclise
317
REDAÇAO • Comi/a Sabatin
A ênclise pode ser considerada à colocação básica no Brasil, pois segue a ordem direta dos elementos da oração- sujeito, verbo e complemento. •
•
•
Não se inicia frase com pronome oblíquo átono.
'*
Devolveram-me os livros.
Com o verbo no infinitivo impessoal.
'* Era necessário envolver-nos com o projeto. '* Tirá-los daqui. Depois de pausa (vírgula, dois pontos, ponto final, etc.). '* Garçom, por gentileza, traga-me o cardápio.
10.4. Colocação dos pronomes nas locuções verbais
•
Verbo auxiliar + verbo principal infinitivo ou gerúndio.
•
Sem fator de pr6clise
•
'* '*
Quero-lhe falar algumas coisas. Quero falar-lhe algumas coisas.
Com fator de pr6clise
'* '*
Não lhe quero falar algumas coisas. Não quero falar-lhe algumas coisas.
•
Verbo auxiliar + verbo principal particípio
•
Sem fator de pr6clise
•
'*
Tinha-lhe contado a verdade.
Com fator de pr6clise
'*
Não lhe tinha contado a verdade.
Se o verbo auxiliar estiver no futuro do indicativo, ocorrerá mesóclise.
'*
318
Ter-me-iam entregado os convites.
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
•
Verbo auxiliar + verbo principal no infinitivo com preposição !>+
Começou a se preparar para o exame.
!>+
Começou a prepara~se para o exame.
11. PONTUAÇÃO 11.1.
•
•
Uso da vírgula
Para separar os termos da mesma função, assindéticos: !>+
"Vim, vi, venci." general e cônsul romano Júlio César
!>+
Lívia foi ao Shopping e comprou roupas, sapatos, bolsas, relógios. No entanto, nada daquilo trouxe-lhe felicidade.
Para isolar o vocativo: Professora, o trabalho era para ser entregue hoje?
11+ •
Para isolar o aposto explicativo:
11+ •
•
Lula, nosso ex-presidente, governou pensando também nas classes sociais menos favorecidas.
Para assinalar a inversão dos adjuntos adverbiais: !>+
Durante a noite, muitos trabalham.
11+
Diante de todos os parentes e amigos, o casal disse sim.
Para marcar a elipse do verbo: !>+
•
"Pai, afasta de mim este cálice." Chico Buarque
Carlos foi para Argentina, Pedro, para Europa.
Nas datas: São Paulo, 25 de fevereiro de 2013.
•
•
Nas construções onde o complemento verbal, por vir anteposto, é repetido por um pronome enfático (objeto direto I indireto pleonástico):
11+
A mim, ninguém me engana.
!>+
A você, nada lhe devo.
Para isolar certas palavras ou expressões explicativas, corretivas, continuativas, conclusivas, tais como por exemplo, além disso, isto é, aliás, então, etc.
11+ Todos deverão fazer um trabalho ao final do curso, isto é, mostrarem o que, de fato, aprenderam com todas as teorias apresentadas.
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
•
Para separar as orações coordenadas ligadas pela conjunção "e", quando os sujeitos forem diferentes:
li+
Dilma deu continuidade aos projetos do governo anterior, e Lula, sente-se honrado por isso. ·
li+ OBS: Se os sujeitos forem iguais, não haverá o uso da vírgula antes da conjunção aditiva e.
li+ •
•
•
Para separar as orações coordenadas ligadas pelas conjunções explicativas, alternativas, conclusivas e adversativas.
li+
O adolescente é muito rico, contudo não vive feliz. (adversativa)
I+
Ou o conhece, ou não. (alternativa)
I+
Cláudia estudou bastante, portanto fará uma boa prova. (conclusiva)
li+
Toda a equipe fez um bom trabalho, pois os resultados foram excelentes. (a conjunção pois, quando anteposta ao verbo da segunda oração, expressa o sentido de explicação)
li+
OBS: Mas, se as conjunções adversativas e conclusivas estiverem após o verbo da segunda oração, deverão ser isoladas por vírgulas.
I+
O adolescente é muito rico, não vive, contudo, feliz. (adversativa)
..
Cláudia estudou bastante, fará, portanto, uma boa prova. (conclusiva)
I+
Toda a equipe fez um bom trabalho, os resultados foram, pois, excelentes. (a conjunção pois, quando posposta ao verbo da segunda oração, expressará o sentido de conclusão). ·
Para separar as orações adverbiais (iniciadas pelas conjunções subordinativas não integrantes), principalmente quando antepostas à principal: ..
Como estudou direito para o vestibular, passou para o curso de Direito.
I+
Quando você vier, eu sairei de casa.
Para separar os adjetivos e as orações adjetivas de sentido explicativo:
li+
O jardim, que está florido, será protegido durante a chuva.
I+
As mulheres, loucas, procuraram a maquiagem.
11.2.
•
320
Dilma investiu nos projetos sociais e foi reeleita em 2014.
Emprego do ponto e vírgula
Para separar orações independentes que têm certa extensão, sobretudo se tais orações possuem partes já divididas por vírgula:
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
I+ "Às vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mestl\o,ou coma sua vida; sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer coisa boa." (Rubem Braga)
I+
•
Havia vários fatores que justificavam a personalidade violenta de Is'aías: morava em um bairro muito violento, onde agressões verbais e físicas, tiros e facadas eram algo comum, nunca teve acesso à escola; e, porhão desfrutar de condições econômicas básicas, o crime foi ummeio para sobreviver.
Para marcar o sentido adversativo da conjunção ou de separar orações coordenadas, enfatizando sentido antitético entre elas.
I+ Recife e Olinda são cidades de Pernambuco; Petrópolis, Teresópolis, Friburgo, do Rio de Janeiro.
I+ Uns trabalhavam, esforçavam-se, exauriam-se; outros folgavam, descuidavam-se, não pensavam no futuro.
•
Para separar itens em enumeração, leis, decretos.
I+ No parque de diversões, a pequena e doce Estela encontrou: brinquedos; balões; pipoca; sonhos puros e infantis. "Art. 12. Os cargos públicos são providos por: I- Nomeação; II - Reversão; (. ..)" 11.3. Emprego do ponto final
•
No período simples (apenas uma oração):
I+ A família é a base na vida de uma pessoa. No período composto (duas ou mais orações):
I+ Muitos fizeram a prova, no entanto poucos conseguiram passar. Nas abreviaturas:
&+
d.C- depois de Cristo
11.4. Emprego dos dois pontos
•
Para anunciar a fala do personagem:
I+ O professor exclamou: &+
- Queridos alunos, vocês apreenJerain ·muito bem o cónfeúdo! Tiraram boas notas na avaliação. 321
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
•
Para anunciar uma enumeração: ~
L> •
Todos os homens têm duas opções: ter coragem para enfrentar a vida e ser feliz, ou se acovardar e estar fadado à infelicidade.
Para anunciar uma citação:
L>
Já dizia o pensador e filósofo chinês Confúcio: "Aprender sem pensar é tempo perdido".
11.5. Emprego do ponto de interrogação
É o sinal que se coloca no final de uma oração para indicar uma pergunta direta:
11+
- Alguém quer sair?
11.6. Emprego do ponto de exclamação
Emprega-se depois das interjeições, ou depois de orações que designam espanto, admiração:
L>
Nossa! Quantos gols! Esse time é muito bom!
11.7. Emprego das reticências Indicam interrupção ou suspensão do pensamento, ou, ainda, hesitação ou falta de necessidade em exprimi-lo, já que o contexto permite ao interlocutor completar o raciocínio implícito com as reticências.
ll+
Quem conta um conto ...
11+
Ah, se as pessoas respeitassem umas às outras ...
11.8. Uso dos parênteses Servem os parênteses para separar palavras ou frases explanatórias, intercaladas no período:
11+
Estava Mário em sua casa (nenhum prazer sentia fora dela), quando ouviu baterem ...
11.9. Uso do travessão
É um traço de certa extensão, maior do que o hífen, que indica a mudança de interlocutor. O travessão também é usado no lugar da vírgula, para dar mais ênfase à expressão que está entre os travessões. 322
Cap. X· REVISAO GRAMATICAL
-Alô? -Alô, aqui é o Carlos, quero falar com a dona Glória. -Sim, claro, irei chamá-la, só um momento. "E logo me apresentou à mulher- uma estimável senhora- e à filha." (Machado de Assis) 11.10.
Uso das aspas
Usam-se as aspas: •
No princípio e no fim das citações, para distingui-las da parte restante do discurso:
Já dizia o pensador e educador Paulo Freire: 11+ "Se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco
sem
ela a sociedade muda."
•
Para distinguir palavras e expressões estrangeiras, gírias, neologismos:
11+
A segurança dos grandes centros não é suficiente para acabar com os "trombadinhas".
Por favor, antes de sair do arquivo, faça um "backup". •
Para dar ênfase a palavras ou expressões, muitas vezes, usadas com ironia:
11+ 12.
Muitos se dizem de "esquerda", mas, na prática, provaram o contrário.
EXERCÍCIOS
12.1.
Acentuação gráfica
UMA HISTÓRIA EM COMUM Os povos indígenas que hoje habitam a faixa de terras que vai do Amapá ao norte do Pará possuem uma história comum de relações comerciais, políticas, matrimoniais e rituais que remonta a pelo menos três séculos. Essas relações até hoje não deixaram de existir nem se deixaram restringir aos limites das fronteiras nacionais, estendendo-se à Guiana-Francesa e ao Suriname. Essa amplitude das redes de relações regionais faz da história desses povos uma história rica em ganhos e não em perdas culturais, como muitas vezes divulgam os livros didáticos queretratam a história dos índios no Brasil. No caso específico desta
323
REDAÇÃO· Camila Sabatin
região do Amapá e norte do Pará, são séculos de acúmulo de experiências de contato entre si que redundaram em inúmeros processos, ora de separação, ora de fusão grupal, ora de substituição, ora de aquisição de novos itens culturais. Processos estes que se somam às diferentes experiências de contato vividas pelos distintos grupos indígenas com cada um dos agentes e agências que entre eles chegaram, dos quais existem registros a partir do século XVII.
É assim que, enquanto pressupomos que nós descobrimos os índios e achamos que, por esse motivo, eles dependem de nosso apoio para sobreviver, com um pouco mais de conhecimento sobre a história da região podemos constatar que os povos indígenas dessa parte da Amazônia nunca viveram isolados entre si. E, também, que o avanço de frentes de colonização em suas terras não resulta necessariamente num processo de submissão crescente aos novos conhecimentos, tecnologias e bens a que passaram a ter acesso, como à primeira vista pode nos parecer. Ao contrário disso, tudo o que esses povos aprenderam e adquiriram em suas novas experiências de relacionamento com os não-índios insere-se num processo de ampliação de suas redes de intercâmbio, que não apaga- apenas redefine - a importância das relações que esses povos mantêm entre si, há muitos séculos, "apesar" de nossa interferência. (Adaptado de: GALLOIS. Dominique Tilkin; GRUPIONI. Denise Fajardo. Povos indígenas no Amapá e Norte do Pará: quem são, onde estão, quantos são, como vivem e o que pensam? São Paulo: Iepé, 2003, p.B-9)
Acentuam-se devido
à mesma regra os seguintes vocábulos do texto:
a)
também, mantêm, experiências.
b)
indígenas, séculos, específico.
c)
acúmulo, importância, intercâmbio.
d)
políticas, história, Pará.
e)
até, três, índios.
QUANTO FALTA PARA O DESASTRE? Verão de 2015. As filas para pegar água se espalham por vários bairros. Famílias carregam baldes e aguardam a chegada dos caminhões-pipa. Nos canos e nas torneiras, nem uma gota. Orodízio no abastecimento força lugares com grandes aglomerações, como shopping centers e faculdades, a fechar. As chuvas abundantes da estação não vieram, as obras em andamento tardarão a ter efeito e o desperdício continuou alto. Por isso, São Paulo e várias cidades vizinhas, que formam a maior região metropolitana do país, entram na mais grave crise de falta d'água da história. (Época, 16/06/2014)
324
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
A correção na acentuação gráfica faz parte do cuidado com a norma culta na redação de um texto; a opção que apresenta um vocábulo do texto acima que é acentuado graficamente por razão distinta das demais é: a)
famílias;
b)
país;
c)
rodízio;
d)
água;
e)
desperdício.
Hidrovia e uma rota predeterminada para o trafego aquático. Há muito tempo, o homem utiliza a água como estrada, e a Amazônia é o maior exemplo disso. O transporte por hidrovias apresenta grande capacidade de movimentação de cargas a grandes distâncias com baixo consumo de combustível, além de propiciar uma oferta de produtos a preços competitivos. A ampliação do uso da hidrovia é uma tendência mundial por uma questão ambiental. A viabilização de uma navegação segura no rio Madeira, por exemplo, permite o escoamento da produção de grãos de Rondônia e Mato Grosso para o Amazonas e daí para o Atlântico. Isso cria um corredor de desenvolvimento integrado, com transporte de alta capacidade e baixo custo para grandes distâncias, elimina um grave problema estrutural do setor primário, com a redução significativa da dependência do moda! rodoviário até os portos do Sudeste, e representa mais uma opção de integração nacional, com a redução de trânsito pesado nas rodovias da região Centro-Sul. Idem (com adaptações).
o emprego de acento gráfico em "água", "distância" e "primário" justifica-se pela mesma regra de acentuação. ( )CERTO ( )ERRADO
TEXTO I FEBRE DE LIQUIDAÇÃO Passo em frente da vitrine. Observo um paletó quadriculado, uma calça preta e duas camisas polo, devidamente acompanhados de um cartaz discreto anunciando "a "remarcação". Fujo apressadamente 5 pelos labirintos do shopping. Tarde demais, fui fis-
325
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
gado. Mal atinjo as escadas r~lantes, início o caminho de volta. O coração badala como um sino. A respiração ofegante. São os primeiros sintomas da febre por liquidação, que me ataca cada vez que vejo uma vitrine com promessas sedutoras. Atravesso as portas da loja, farejo em tomo, com o mesmo entusiasmo de um leão vendo criancinhas em um safári. No primeiro momento, tenho a impressão de que entrei numa estação de metrô. A febre já atingiu a multidão. Os vendedores, cercados, parecem astros da Globo envoltos pelos fãs. Dou duas cotoveladas em um dos rapazes com ar de executivos e peço o tal paletó. O funcionário explica que só tem determinado número. Minto: - Acho que é o meu. Ele me observa, incrédulo. Édois algarismos menor, mas quem sabe? Acho que emagreci 100 gramas na última semana. Experimento. Não fecha. Respiro fundo e abotoo. Assim devem ter se sentido 25 as mulheres com espartilho. Gemo, quase sem voz: - Está um pouquinho apertado.
- É o maior que temos- diz, cruel. Decido. Vou levar, apesar da barriga encolhida. O vendedor arregala os olhos. Explico: - Estou fazendo regime. No ano que vem vai caber direitinho. De qualquer maneira, só poderia usá-lo no próximo inverno. É de lã pesada, e está fazendo o maior calor. Só de experimentar fiquei suando. ( ... ) Concordo que fui precipitado em comprar uma roupa para quando estiver magro, só para aproveitar o preço. Meu regime dura oito anos, sem resultados visíveis. Desabafo com uma amiga naturalista, que vive 40 apregoando um modo de vida mais simples, sem muitas posses. Ela me aconselha: Não compre mais nada. Resista. Aprendi muito quando passei a viver apenas com o necessário. Revela, com ar culpado: - Sabe, na minha fase consumiste, juntei roupa 45 para 150 anos. Sorrio, solidário. Ela pergunta, por mera curiosidade, os preços da loja. Também pede o endereço:,Mais tarde a descubro no shopping, mergulhada na arara das blusas de lã. Febre de liquidação é pior que só gripe, dá até recaída. ,Com um detalhe: a gente gasta, gasta, e ainda acha que levou, vantagem, CARRASCO. W. O golpe éM'g~i~e~sarionte e outros cr6niCas. In; Para Gostar de Ler: São Pcluló; Átíca. 2005. v.20. p. 60-63.
326
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
No trecho do Texto I "tenho a impressão de que entrei numa estação de metrô", a palavra em destaque é acentuada graficamente segundo a mesma regra que a palavra a)
funcionário
b)
recaída
c)
safári
d)
até
e)
incrédulo
O rápic:lo e significativo crescimento das cidades brasileiras, nas últimas seis décadas, ocasionou três fenômenos de grande relevância: • transição de um país predominantemente rural para o patamar atual onde aproximadamente 80% da população passa a residir em áreas urbanas; • triplicação da população ao longo deste mesmo período; • crescimento da frota de veículos, a partir do desenvolvimento industrial com foco na indústria automobilística. A consideração da inter-relação existente entre cidades sustentáveis, redes de transporte de qualidade, eficiência energética, respeito ao meio ambiente e renda da população, impõe-se como questão indiscutível, exigindo atuação e colaboração entre os diferentes setores de governo e ação integrada nos três níveis de poder, sob pena de não alcançar a desejada inclusão social com qualidade de vida nas cidades. A experiência mundial aponta para a importância dos sistemas sobre trilhos como uma solução eficiente para estruturação das redes de transporte urbano nas médias e grandes cidades. O setor metroferroviário é capaz de proporcionar impactos muito relevantes e positivos sobre os aspectos anteriormente mencionados. Ao mesmo tempo, exige vultosos investimentos para sua implantação e expansão, tornando imprescindível o apoio da União, em conjunto com os poderes locais, num planejamento mais amplo e consistente de priorização de investimentos no setor. (Disponível em: http://www.cbtu.gov.br/estudos/evoUnst/evolucao.pdf.)
considerando a acentuação gráfica das palavras, analise as afirmativas a seguir. L
As palavras "rápido" e "últimas" são acentuadas em decorrência de mesma regra gramatical.
11.
As palavras "décadas" e "fenômenos" são acentuadas em decorrência de diferentes regras gramaticais. o plural de "indiscutível" é acentuado em decorrência de mesma regra gramatical que justifica o acento gráfico em "sustentáveis".
111.
327
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Está(ão) correta(s) apenas a(s) afirmativa(s).
a) b)
11
c)
I e 11.
d)
1e 111.
A desigualdade está entre os principais fatores de risco que preocupam a elite mundial, a julgar pela atenção dada ao tema no fórum econômico de Davos. Por outro lado, estudo recente do Banco Mundial mostra que, pela primeira vez desde a Revolução Industrial, caiu a diferença de renda entre os países na fronteira do desenvolvimento e os emergentes. Após o fim da cortina de ferro e a abertura econômica da China e da Índia, centenas de milhões de pessoas passaram de um estado de subsistência precária à condição de nova classe média global. Entretanto, é preciso que os países não só reforcem políticas compensatórias para reduzira exclusão, mas também atuem para promover a igualdade de oportunidades. A educação, como sempre, é o instrumento decisivo para garantir que a sorte de um indivíduo não seja determinada por sua origem social ou geográfica. Idem (com adaptações).
Em relação ao fragmento de texto acima, julgue os próximos itens. Os acentos gráficos das palavras "países" e "políticas" têm a mesma justificativa gramatical. ( )CERTO ( )ERRADO
O empresário M. C., da Malásia, quer trocar o bisturi por um scanner e um computador touchscreen. Ele acredita que sua "autópsia digital" pode substituir a autópsia tradicional, acelerando investigações, reduzindo o estresse das famílias em luto e amenizando sensibilidades religiosas. M. C. pretende lançar o primeiro serviço de autópsia digital em 7 outubro no Reino Unido e espera trabalhar em conjunto com autoridades locais. Pelo menos 18 serviços como esse estão planejados.
328
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Segundo o empresár,io, que vê no ramo um grande negócio, cerca de 70 milhões de pessoas morrem todos os anos e por volta de lO'Yo dessas mort?S são casos que necessitam de autópsia. "Esse c um número grande, então temos a visão de que essa é uma grande linha de serviços que está se formando ao redor do mundo", disse. Para ele, a percepção ruim que as pessoas têm de autópsias tem prejudicado seu apelo comercial. "Infelizmente, porque o processo de autópsia é visto como macabro, as pessoas tendem a ignorar isso." M. C. quer mudar tudo isso conectando o software de imagens em 3 D de sua empresa com um aparelho de ressonância magnética. Um especialista pode, então, explorar um cadáver virtual em 3D, removendo camadas de tecido, pele e osso com um mouse ou com o auxílio do touchscreen. De acordo com M. C., as vantagens são consideráveis. O material digital permanece intacto e pode ser revisto; especialistas podem localizar e identificar com mais facilidade fraturas ou objetos estranhos, como balas e outros fragmentos. Dessa forma, as famílias podem saber como seus entes queridos morreram sem que o corpo tenha de ser cortado. Apesar de não ser a primeira vez que a técnica é utilizada, o empresário afirma que sua empresa é pioneira na oferta do serviço -que vai desde o momento da morte até a entrega do relatório post-mortem - comercialmente. A ideia é que, nos casos em que autoridades solicitarem uma autópsia, a família possa optar por uma autópsia comum, paga pelo Estado, ou uma autópsia digital, que deve custar o equivalente a
RS 1.900. Empresário lança serviço de "aut6psia digital" no Reino Unido. Internet:<www.gl.globo.com> (com adaptações)
Julgue os seguintes itens, a respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto acima. Uma variante igualmente correta do termo "autópsia" é autopsia. ( )CERTO ( )ERRADO
O Tribunal de Contas da União (TCU) avaliou ações para a elaboração de diagnóstico e suporte à educação básica. A auditoria conferiu aspectos relativos ao Plano d~ .Ações 4. Articuladas, à assistência técnica prestada pelo Ministério. da Educação (MEC) e ao levantamento de dados necessár.ios formação e ao cálculo do índice de desenvolvimento da 7 educação básica (IDEB).
p
A auditoria identificou baixo nível de implementação das ações para provimento de infraes~uturn e de· recursos 10 pedagógicos, que vão desde a implantação de laboratório .de informática e conexão à Internet ao fornecimento de água potável e
329
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
energia elétrica. A análise d'n IDEB apontou a necessidade de aperfeiçoamento da metodologia de obtenção desse índice. Segundo avalia o ministro relator do processo, "O IDEB é um importante instrumento para a aferição da qualidade da educação, por isso deve ser aprimorado de forma a permitir um diagnóstico mais fidedigno dos sistemas de ensino". Outro instrumento de gestão educacional avaliado foi o sistema integrado de monitoramento do MEC, que, segundo a auditoria, também deve ser melhorado. Parte dos dados 22 encontra-se desatualizada. Os vocábulos "assistência", "potável" e "elétrica" são acentuados de acordo com a mesma regra de acentuação gráfica. ( )CERTO ( )ERRADO
POR QUE É TÃO DIFÍCIL ENTENDER? A crise que o país atravessa desde a eclosão dos primeiros protestos contra o aumento das passagens de ônibus têm três componentes articulados: A sociedade quer transporte, saúde e educação de qualidade, pois ela paga caro por isso, por meio de impostos, e não recebe em troca serviços públicos à altura. Simples assim. A sociedade não pediu nas ruas reforma política, nem plebiscito para eliminar suplente de senador. A sociedade quer o fim da impunidade, pois está cansada de ver corruptos soltos debochando de quem é honesto, mesmo depois de condenados. Acrescentar o adjetivo hediondo à corrupção de pouco adianta se deputados e ministros continuam usando aviões da FAB para passear e se criminosos estão soltos, alguns até ocupando cargos de liderança ou participando de comissões no Congresso. A sociedade quer estabilidade econômica: para a percepção do cidadão comum, os 20 centavos pesaram como mais um sinal de que a economia está saindo do controle. A percepção do aumento da inflação é crescente em todas as classes sociais; em última análise, este será o fator determinante dos rumos da crise a médio prazo, já que não há discurso ou propaganda que camufle a corrosão do poder de compra das pessoas, sobretudo daquelas recentemente incorporadas à economia formal.
330
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
Esses problemas não são de agora, nem responsabilidade exclusiva dos últimos governos. Mas o que se espera de quem está no poder é que compreenda que a melhor maneira de reconquistar o apoio perdido é dar respostas concretas e rápidas às demandas feitas nas ruas (e não às questões que ninguém fez). {Adaptado. Luciano Trigo, O Globo, 11-7-2013)
As alternativas a seguir apresentam palavras do texto acentuadas pela mesma regra de acentuação, à exceção de uma. Assinale-a. a)
será I está.
b)
ônibus I últimos.
c)
três I há.
d)
política I econômica.
e)
médio I saúde.
Todas as palavras estão acentuadas de acordo com as normas oficiais em: a)
Aquí também se observam as preferencias musicais dos jovens que usam o transporte público.
b)
As raizes da falta de educação dos jóvens se devem também à falta de educação dos pais.
c)
Os ônibus contem uma verdadeira platéia ouvindo musicas altas nem sempre de carater muito agradável.
d)
Os passageiros não têm como evitar o terrível som do ruído das falas, ao celular. dentro dos ônibus.
e)
Alguem falando alto ao telefone, numa forma pouco rápida, revela um comportamento publico repreensível.
O Tribunal de Contas do Estado de Rondônia (TCE RO) integra o grupo de trabalho criado pelo Conselho Deliberativo da Associação dos Membros dos Tribunais de'Contas do Brasil (ATRICON) para estudar e propor providências com vistas à criação da. Rede Nacional de Informações Estratégicas para o Controle Externo. A definição ocorreu em Brasília, durante encontro nacional, quando foram estabelecidas pela ATRICON recomendações aos tribunais de contas {TCs) associadas aos objetivos estratégicos da entidade, visando a fortalecê-los como instrumentos indispensáveis à cidadania. ··
REOAÇAO ·Comi/a Sabatin
Entre os principais objetivos da Rede Nacional, está a troca de informações c conhecimentos estratégicos, com o objetivo de potencializar as ações de controle externo,. bem como de promover o uso dessas informações para garantir mais eficiência ao trabalho dos TCs. Internet: <www.tce.ro.gov.br> (com adaptações)
Em relação às informações e às estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens a seguir. As palavras "providências" e "fortalecê-los" recebem acento gráfico com base em regras gramaticais diferentes. ( )CERTO ( )ERRADO
TEXTO I
COMER, CELEBRAR, AMAR
É em volta do mesa que mantemos acesos nossos laços sociais e afetivos ao festejar a refeição nossa de cada dia. A alimentação, mais que matar a fome, foi um movimento de construção da nossa sociabilidade. É bem verdade que, antes de qualquer coisa, comer é uma necessidade. Trata-se de um dos instintos mais básicos do humanidade esse de alimentar-se, nutrir-se. Sem comida, não sobreviveríamos. Entretanto, mal paramos para pensar no representatividade que uma simples refeição pode ter em nossa vida. Foi ao redor do mesa (ou da fogueira, voltando mais o botão da máquina do tempo) que nos constituímos seres humanos e seres sociais, capazes de sentar, interagir e celebrar com nossos semelhantes. Mesmo que o princípio seja um ato para aplacar uma necessidade individual, comer se tomou uma atividade essencialmente coletiva para nós. Antes 2° do advento do cozimento, partilhávamos o trabalho, homens na caça, mulheres a preparar o alimento. Após esse marco histórico, passamos a nos reunir em volta da fogueira ou da mesa - passou a valer a política do "um por todos, todos por um". Fizemos de uma necessidade biológica - a fome - uma necessidade afetiva e social: reunir, confraternizar e estar perto das pessoas em função do alimento. TONON. Rafael. Comer, celebrar, amar. Vida simples. São Paulo: Abril. n. 117, Abr. 2012. p. 58-62. Adaptado.
Em "que nos constituímos seres humanos", a palavra destacada é acentuada graficamente, de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa.
332
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
o grupo em que as duas palavras devem ser acentuadas pelo mesmo motivo é a)
célebre, cerimônia
b)
construídas, móvel
c)
raízes, gastronômico
d)
saúde, conteúdo
e)
sobrevivência, difícil
Veja, ai estão eles, a bailar seu diabólico "pas de deux" sen· todo, ao fundo do restaurante, o cliente paulista acena, assovio, agita os braços num agônico polichinelo; encostado à parede, marmóreo e impassível, o garçom carioca o ignora com redobrada atenção. O paulista estrebucha: "Amigô?!", "Chefê?!", "Parcei· rô?!"; o garçom boceja, tira um fiapo do ombro, olha pro lustre. Eu disse "cliente paulista", percebo a redundância: o paulista é sempre cliente. Sem querer estereotipar, mas já estereotipando: trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, 99'Yo das vezes, diante da pergunta "débito ou crédito?". [... ] Como pode ele entender que o fato de estar pagando não garantirá a atenção do garçom carioca? Como pode o ignóbil paulista, nascido c criado na crua batalha entre burgueses e proletários, compreender o discreto charme da aristocracia? Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes de tudo um nobre. Um antigo membro da corte que esconde, por trás da carapinha entediada, do descaso c da gravata borboleta, saudades do imperador. [... ] Se deixou de bajular os príncipes e princesas do século 19, passou a servir reis e rainhas do 20: levou gim tônicas para Vinícius e caipirinhas para Sinatra, uísques para Tom e leites para Nelson, recebeu gordas gorjetas de Orson Welles e autógrafos de Rockfeller; ainda hoje fala de futebol com Roberto Carlos e ouve conselhos de João Gilberto. Continua tão nobre quanto sempre foi, seu orgulho permanece intacto. Até que chega esse paulista, esse homem bidimensional e sem poesia, de camisa polo, meia soquete e sapatênis, achando que o jacarezinho de sua Lacoste é.um crachá universal, capaz de abrir todas as portas. Ah, paulishhhhta otááário, nenhum emblem.a preencherá o vazio que carregas no peito - pensa o garçom, antes de conduzi-lo à última mesa do restaurante, a caminho do banheiro, e ali esquecê-lo para todo o sempre. Veja, veja como ele se debate, como se debaterá amanhã, depois de amanhã c até a Quarta-f!.eira de Cinzas, maldizendo a Guanabara, saudoso das várzeas do Tietê, onde a desigualdade é tão mais organizada: "0, companheiro, faz meia hora que eu
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REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
cheguei, dava pra ver um cal!dápio?!". Acalme-se, conterrâneo. Acostume-se com sua existência plebeia. O garçom carioca não está ai para servi-lo, você é que foi ao restaurante para homenageá-lo. (Antônio Prata. Cliente paulista, garçom carioca. Folha de S. Paulo, 06.02.2013)
(*) um tipo de coreografia, de dança.
É correto dizer que a acentuação gráfica que o autor emprega tanto segue a norma-padrão quanto desobedece a ela, neste caso, numa tentativa de imitar a entonação oral do chamamento. Essa afirmação é baseada na acentuação, respectivamente, de a) sapatênis e Tietê.
b)
diabólico e marmóreo.
c)
esquecê-lo e amigô.
d)
companheirô e débito.
e)
chefê e parceirô.
Assinale a alternativa com as palavras acentuadas segundo as regras de acentuação, respectivamente, de intercâmbio e antropo/6glco. a)
Distúrbio e acórdão.
b)
Máquina e jiló.
c)
Alvará e Vândalo.
d)
Consciência e características.
e)
órgão e órfãs.
O auge da vida democrática é o momento do voto. A democracia, regime em que a maioria escolhe os governantes, é também o regime da igualdade, em que todos têm o mesmo valor, sejam ricos ou pobres, integrados ou excluídos. Por isso, tenho sustentado que ela é o regime mais ético que existe. Melhor dizendo, é o único regime que hoje podemos considerar ..ético. As formas de governo que a teoria antigamente chamava. de monarquia ou aristocracia, considerando-as legítimas, atualmente apenas podem ser chamadas de ditaduras. Uma ditadura, em nossos dias, é ilegítima. Só a democracia é legítima.
...
[ ]
O mínimo, numa democracia, é ter dois lados opostos, d~ver gentes, mas, respeitados. Porém, se eu aplicar o modelo da Etica à Política, entenderei que um lado é o bem, e o outro, o mal; e portanto, tentarei impedir "o mal" até mesmo de concorrer. Assim, foi a perseguição ao comunismo, no Brasil, mesmo quando não
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Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
tínhamos uma ditadura escancarada. Assim foi a perseguição aos partidos liberais nos regimes comunistas. [ ... ] Há saída? O mais óbvio é: a Ética é um pré-requisito. Queremos, de todos os candidatos, que sejam honestos. Que não sejam antiéticos. E, entre ps postulantes decentes, optaremos por critérios políticos. [ ... ] E preciso grandeza de espírito para sair dessa incapacidade de pensar o que desejamos construir. Porque propor a Política é formular o futuro. (Ribeiro, Renato Janine. Filosofia. Setembro de 2012. Adaptado.)
Assinale a alternativa em que todas as palavras são acentuadas graficamente pelo mesmo motivo. a)
é - têm - ética
b) c) d) e)
só - porém - política até - também -mínimo democrática - ético - único excluído - legítimas- ilegítima
12.2.
Novo Acordo Ortográfico- Acentuação Gráfica
Quanto à acentuação gráfica dos vocábulos em "Todos têm direito a um serviço público de saúde de qualidade.", assinale a alternativa correta. a) O vocábulo "têm" está acentuado porque representa a terceira pessoa do plural do presente do indicativo do verbo ter. b) A norma-padrão considera mais aceitável a forma têem no lugar de "têm". c) A palavra "público" é acentuada por ser proparoxítona terminada em vogal. d) Os vocábulos "público" e "saúde" são acentuados pela mesma regra. e) Apalavra "saúde" é acentuada por ser paroxítona constituída de ditongo crescente na sílaba tônica.
Considere a tirinha reproduzida abaixo. ACORDO ORTOGRÁFICO
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REDAÇÃO· Cami/a Sabatin
Seguindo-se a regra determinada pelo novo acordo ortográfico, tal como referida no primeiro quadrinho, também deixaria de receber o acento agudo a palavra: a)
Tatuí.
b)
graúdo.
c)
baiúca.
d) cafeína. e)
Piauí.
FALTA DE NEUTRALIDADE NA WEB FARÁ INTERNAUTA PAGAR "MAIS PEDÁGIOS"
Após tantos anos de debate, deve ser finalmente votado o projeto do Marco Civil da Internet. Ao longo das discussões, tornou-se anda mais óbvia a importância da internet como meio de expressão social: são '05 milhões de internautas no Brasil e cerca de dois bilhões no mundo. Um dos pontos básicos do projeto - e o que mais está em risco- refere-se à neutralidade de rede. Parece um conceito reservado apenas à compreensão dos técnicos, distante dos interesses dos tantos milhões de internautas, mas é o oposto. Esta é a chave para a manutenção da internet livre e aberta como tem sido até agora. Se o tratarmos como um tema para experts, sem decifrar este "enigma", corremos o risco de deixar os detentores da infraestrutura de banda larga (as empresas telefônicas) intervir como quiserem no livre fluxo de criação de sites e dados, mudando assim o espírito da igualdade dos conteúdos, serviços e negócios inovadores na rede. Não é tão complicado como parece, Os serviços e redes de telecomunicações funcionam como uma malha de ruas e estradas, por onde trafegam os 'carros" (os internautas) por todos os sites disponíveis (conteúdos jornalísticos, de entretenimento, além de serviços como e-mai/s, redes sociais etc.). As empresas telefônicas cobram dos internautas para trafegarem na internet em diferentes velocidades, de acordo com o plano que cada um quer ou pode pagar. Segundo pesquisa da Mesuring Information Society, hoje 45'Yo dos lares brasileiros pagam mensalidades a estas empresas de banda larga. Até aí, tudo bem: atualmente, após pagar o pedágio, o internauta pode trafegar livremente pelas estradas que
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Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
preferir, com acesso a todos os serviços e conteúdos. A regra da neutralidade de redes garante que as condições de acesso aos sites sejam iguais, sem privilégio a nenhum serviço ou conteúdo. A única limitação é o limite de velocidade contratado. Mas as empresas telefônicas, além de cobrarem dos usuários peto limite de velocidade, querem cobrar em função de onde e o que o carro está fazendo, ou seja, querem poder intervir também na navegação dos internautas e na sua liberdade de escolha dos conteúdos, favorecendo os seus parceiros ou os que puderem pagar mais. Por meio de mudanças aparentemente sutis no texto original do relator, buscam alterar radicalmente o espírito da internet livre. Impor barreiras ou prioridades para o acesso a determi; nados conteúdos é limitar a liberdade de acesso à informação. E tornar a internet uma rede limitada. Com a neutralidade é possível ao internauta alugar um carroO com o tamanho e potência de motor que escolher, sendo-lhe reservado o direito de ir e vir. Se o lobby das empresas telefônicas prevalecer, o carro alugado circulará apenas por determinados locais definidos por elas, ou então mediante o pagamento de mais pedágios. Convém não esquecer também de outra questão colocada no Marco Civil, que é a retirada dos conteúdos da internet. Hoje, quem produz e divulga conteúdos responsabiliza-se por eles, inclusive em juízo. Quando se trata de inserção de conteúdos em plataformas de terceiros, o responsável pela plataforma é obrigado a retirar do ar um conteúdo tão togo receba uma ordem judicial com esta determinação ou, mesmo sem ordem judicial, por violação de suas políticas de uso, como é o caso de conteúdos postados que tenham conotação evidentemente criminosa, como pedofilia. Mas algumas instituições sugerem a retirada do conteúdo mediante o simples pedido de um interessado, sem que o responsável pela plataforma tenha segurança de estar agindo da forma justa e correta.
É como se a editora de livros fosse obrigada a retirar partes de uma publicação mediante a simples comunicação por um interessado que sequer precisa ter qualqu~r relação de propriedade intelectual com a matéria publicada. E necessário, neste ponto, aprofundar a discussão dos requisitos mínimos para retirada de um conteúdo antes que passe a vigorar tal dispositivo, de modo a não colocar em risco valores sociais inegociáveis, como a liberdade de expressão. Espera-se que a Câmara exerça a sua função de forma independente de interesses econÔ"l.icos desmesurados, de modo que tal lei represente a vontade da S'ociedade, especialmente dos internautas, em prol da neutralidade. Só assim teremos a prote-
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REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
ção de todos contra interf~rências das operadoras de telecomunicações no conteúdo que acessamos, sejam jornalísticos ou vídeos, redes sociais. e-mai/s, comércio eletrônico etc. Não vamos deixar que as empresas de telecomunicações restrinjam o desenvolvimento da internet. A palavra "conteúdo" recebe acentuação pela mesma razão de: a)
juízo
b)
espírito
c)
jornalístico
d)
mínimo
e)
disponíveis
QUAL É O MAIOR METRÔ DO BRASIL? Apenas cinco cidades do Brasil têm metrô. O de São Paulo, o mais lotado do mundo, tem três vezes mais usuários que os das outras quatro cidades somadas: Rio, Recife, Belo Horizonte e Brasília. Só na estação da Sé, passam 800 mil pessoas por dia, mais do que todo o tráfego no metrô carioca. São Paulo é campeã em extensão, mas perde de metrópoles estrangeiras. Buenos Aires, com três vezes menos habitantes, tem mais estações. E a cidade do México tem quase três vezes mais quilômetros. Disponível em: <http:/ /super.abril.com.br/cotidiano/qual-maiormetro-brasil-656040.shtml> Acesso em: 3/3/2014, com adaptações.
Nos dois primeiros períodos, foram empregadas, respectivamente, as formas "têm" e "tem". Considerando a norma-padrão e o contexto em que elas aparecem, é correto concluir que a acentuação gráfica do verbo ter a)
é facultativa quando ele for empregado na terceira pessoa do singular; mas é obrigatória quando estiver na terceira pessoa do plural do presente do indicativo.
b)
está inadequada nos dois casos, pois o uso do acento diferencial é obrigatório na terceira pessoa do singular do presente do indicativo.
c)
ocorre obrigatoriamente apenas quando ele estiver flexionado na terceira pessoa do plural do presente do indicativo.
d)
está inadequada no primeiro caso, pois a forma correta é têem.
e)
é facultativa nos dois casos.
a)
saída -vírus - pincéis
b)
rainha -juiz - raízes
Empregou-se um vocábulo fora do novo acordo ortográfico em:
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Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
c)
abdômen- vêem- sótão
d)
consistência - exceção - Piauí
e)
marcá-los- redimi-los- preenchê-los
Assinale a alternativa, cuja acentuação está correta de acordo com o novo acordo ortográfico da língua portuguesa. a)
Pes, descrêem, destróier, balaústre.
b)
Pes, descreêm, destroier, balaústre
c)
Pés, descreem, destroier, balaustre.
d)
Pés, descreem, destróier, balaústre.
e)
Pes, descreem, destróier, balaustre.
Assinale a opção em que o verbo destacado foi corretamente grafado. a)
TEM sempre muito interesse nesse assunto os dois empresários.
b)
É preciso POR ordem nessa repartição.
c)
Todos os funcionários VEM recebendo ajuda da empresa.
d)
Os dois consultores TÊM respondido com presteza às solicitações.
e)
Há algum tempo eles VEEM trazendo novas informações sobre o assunto.
TEXTO: LETAL É O CRACK O debate sobre a presença das chamadas armas de choque no programa "Crack, é possível vencer", do Ministério da Justiça, precisa ser mais bem compreendido. Essa droga devastadora provoca um drama que assusta e comove a todos, e traz à tona uma triste realidade. Está ali a prova de que a família, a sociedade e a educação como um todo falharam. Hoje, além de uma questão de saúde pública, o crack virou problema de segurança pública. Em uma ponta, estão os dependentes que precisam urgentemente de ajuda. Na outra a população que se depara diariamente com os ameaçadores zumbis nas ruas da' cidade e os profissionais que vão a campo fazer o trabalho de acolhimento para encaminhá-los a tratamento.
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REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Acontece que, muitas vezes, esses indivíduos se encontram extremamente agressivos. Como agir numa situação assim? Não fazer nada? Conter a fúria por arma de fogo? A resposta passa pelo uso proporcional da força, defendido pela ONU, no qual as tecnologias não letais têm papel central - entre elas estão as armas de choque, o spray de pimenta e a munição de borracha, entre outros. A adoção de armas de choque nessas operações tem como objetivo dar ao agente da lei, devidamente treinado, uma ferramenta para controlar uma possível reação agressiva, reduzindo ao máximo seu risco de vida e preservando a integridade dos profissionais envolvidos na operação e dos próprios viciados. A ideia não é distribuir choques indiscriminadamente, mas somente quando todas as etapas anteriores do uso progressivo da força, tal qual defendido pela ONU (conversa, advertência, spray de pimenta, técnicas corporais de imobilização- quando viáveis), não forem suficientes. O choque é o último grau a ser usado antes da arma de fogo. O problema das drogas, problema no mundo todo, se agravou com o crack, que precisa ser contido de forma contundente, em nome da recuperação de uma geração de jovens que estão perdendo a luta para a droga - esta sim, letal. Ricardo Balestreri (ex-secretário nacional de Segurança Pública). O Globo, 02 de dezembro de 2012, 1° caderno, página 15.
Em decorrência do atual acordo ortográfico, a palavra ideia não se acentua mais. Perma· nece, porém, o acento gráfico na seguinte palavra: a) enjoo b) heroi c) paranoico d) feiura e) Sauipe
EU SEI, MAS NÃO DEVIA
Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. Agente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar. esquece a amplidão. 340
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. Agente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E. aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E. aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir ao telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem.[... ) E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. [... ) A gente se acostuma à polui~ão. Às salas fechadas de ar-condicionado e cheiro de cigarro. A luz artificiql de ligeiro tremor. Ao choqu~ que os olhos levam na luz naturaJ. As bactérias da água potável. A contaminação da água do mar. A lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. Agente se acostuma a coisas de mais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. [... ] E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma. COLASANTI, Marina. Eu sei. mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1996. p. 9. Adaptado.
De acordo com as regras de acentuação, o grupo de palavras que foi acentuado pela mesma razão é: a)
céu, já, troféu, baú
b)
herói, já, paraíso, pôde
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
c) d)
jóquei, oásis, saúde, têm baía, cafeína, exército, saúde
e)
amiúde, cafeína, graúdo, sanduíche
a) b) c) d) e)
Sobre a Reforma Ortográfica, existe UM ERRO em uma das alternativas abaixo. Assinale-a. Vamos por as cartas na mesa, Marcelo? Mariana jamais para o carro nos locais apropriados. Eles não veem a realidade porque é dolorosa demais. Com um grito heroico, ela pôs fim àquela discussão banal. Que ideia genial você teve, Mércial
12.3. Novo Acordo Ortográfico - Uso do Hífen
TEXTO II CIDADE: DESEJO E REJEIÇÃO A cidade da modernidade se configurou a partir da Revolução Industrial e se tornou complexa pelo tamanho territorial e demográfico, antes jamais alcançado, e pelas exigências de infraestrutura e de serviços públicos. No início do século XX, se generalizou a ideia da cidade como instância pública. Até então, esta seria uma construção que resultava de interesses específicos, de setores ou estratos sociais. A mudança do milênio vê, contraditoriamente, a expansão de modelos urbanísticos e a ocupação territorial que se opõem à "condição urbana" - de certo modo fazendo retornar a cidade à instância privada. Tal ambiguidade estabelece um patamar para o debate sobre os rumos da cidade. O sistema urbano brasileiro estava em processo de consolidação como instância pública, quando, a partir dos anos 1960, sofre inflexão importante. Razões externas ao urbanismo influenciam no redesenho de nossas cidades. A opção pelo transporte urbano no modo rodoviário, em detrimento do transporte sobre trilhos, então estruturador das principais cidades, é uma delas. Outros elementos adentram o cenário brasileiro nas últimas décadas e dispõem a cidade como instância privada: os condomínios fechados e os shopping centers. Ambos associados ao automóvel, exaltam a segmentação de funções urbanas. A multiplicidade e a variedade, valores do urbano, ali não são consideradas. O importante para os promotores imobiliários e para os que aderem a tais propostas é a sensação de que o modelo é algo à parte do conjunto. Há uma explícita 'rejeição à cidade".
342
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Além disso, com o crescimento demográfico e a expansão do sistema urbano, as áreas informais o.dquirem r~:!l~:!vo 1:!. êh'l o.lguM casos, passam a compor a maior parte das cidades. Isto é. enquanto por um século e meio se concebe e se desenvolve a ide ia da cidade como instância pública, uma parte maiúscula dessa mesma cidade é construída em esforço individual como instância privada. MíiGALHÃES, Sérgio Ferraz. Cidade: desejo e rejeição. Revista Ciência Hoje. Rio de Janeiro: ICH. n. 250, mar. 2012, p. 75.
No trecho do Texto 11 "pelas exigências de infraestrutura e de serviços públicos.", a palavra destacada não apresenta o emprego do hífen, segundo as regras ortográficas da Língua Portuguesa. Da mesma forma, o hífen não deve ser empregado na combinação dos seguintes elementos: a)
mal + educado
b)
supra +atmosférico
c)
anti + higiênico
d)
anti+ aéreo
e)
vice + reitor
Consideradas as prescrições do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor desde janeiro de 2009, a palavra em que o hífen foi empregado de modo INCORRETO é: a)
anti-higiênico.
b)
hiper-realista.
c)
aquém-fronteiras.
d)
bem-visto.
e)
anti-semita.
Indique a alternativa em que o uso do hífen está errado: a)
o sul do Estado tem estações hidro-termais e cãnions ricos em biodiversidade.
b)
Participou do megaevento a afro-americana Shirley Franklin, ex-prefeita de Atlanta.
c)
Os pretores não podiam ab-rogar uma regra de direito.
d)
Seria importante avaliar a qualidade de super-resistência mencionada no folheto.
e)
o estudo considerou o desenvolvimento sócio-histórico e cultural do país.
Assinale a alternativa que contém erro de grafia (falta de hífen) em uma das palavras grifadas: a)
A empresa começou a vender seus produtos em lojas multi marcas.
b)
o advogado da parte apresentou suas contrarrazões.
c)
o seu estilo hiperrealista agradou a poucos. 343
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
d)
O superaquecimento do planeta foi a matéria principal da revista.
e)
A companhia aérea ainda não respondeu se aceita a contraproposta.
DESAFIOS DO CRESCIMENTO ECONÔMICO A crise do sistema financeiro internacional, que ameaça lançar o mundo numa profunda recessão, revela a importância do papel do governo no funcionamento da economia em diferentes dimensões, sobretudo na promoção de uma melhor operação dos mercados, da estabilidade e do crescimento econômico. Entretanto, após algumas décadas de excessivo crescimento dos gastos governamentais e da crise financeira que se abateu sobre inúmeros governos, particularmente em países da América Latina, a eficiência da ação pública começou a ser questionada. Novamente vigoravam ideias de que as economias deveriam ser liberalizadas da ação governamental, de que, quanto menos governo, melhor e de que o setor privado por si só resolveria todos os problemas. Na realidade, o que se notou foi uma grande confusão. Em vez de defendermos um governo eficiente, comprometido com o crescimento econômico, acabamos por tentar excluir o governo das funções econômicas, esquecendo seu importante papel. Era muito comum a ideia de que a privatização e a liberalização dos mercados seriam condições eficientes para que os países entrassem numa rota de crescimento econômico. Entretanto, a realidade mostrou que essa bandeira não tem sustentação. A crise financeira que estamos atravessando- e não sabemos ainda suas reais consequências sobre a economia mundial - realça um fato inconteste: faltou a presença do governo, mediante uma regulação mais ativa do mercado financeiro. Recente estudo promovido pela Comissão para o Crescimento Econômico, cujo objetivo primordial é entender o fenômeno do desenvolvimento com base na experiência mais exitosa dos países durante as décadas de 1950 a 1980, transmite informações relevantes para o entendimento do momento que vivemos, ainda que seu objetivo seja totalmente distinto. Em primeiro lugar, não estão em xeque as inegáveis e insubstituíveis virtudes que os mercados possuem quando funcionam de maneira mais livre, sem interferências externas, na alocação dos recursos.
344
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Entretanto, não podemos esquecer que as ações tomadas pelos diversos agentes econômicos se baseiam em perspectivas de retornos privados e. portanto, na ânsia de obter tais retornos, mercados como o financeiro podem gerar instabilidades. O papel da regulação, tarefa que deve ser executada por autoridadesgovernamentais, não pode ser esquecida. Por outro lado, apesar da virtude dos mercados, não se pode esquecer que eles não são garantia para a promoção de desenvolvimento econômico ou a melhor distribuição de renda. O relatório da comissão enfatizo o papel do governo no processo de desenvolvimento econômico, mostrando inicialmente que o processo de desenvolvimento é um fenômeno complexo e difícil de ser entendido. "Não damos aos formuladores de políticas públicas uma receita ou uma estratégia de crescimento. Isso porque não existe uma única receita a seguir."
"Podemos caracterizar as economias bem-sucedidas do pós-guerra, mas não podemos apontar com segurança os fatores que selaram seu êxito nem os fatores sem os quais elas poderiam ter sido exitosas." A respeito do trecho acima, analise os itens a seguir: I.
Oantônimo de bem-sucedidas é "malsucedidas".
11.
A palavra exitosas é cognata de "exitar", que, por sua vez, é homônima de "hesitar".
111.
A palavra pós-guerra é grafada com hífen, assim como toda palavra que trouxer o prefixo "pós-". Assinale:
a)
se somente os itens I e 11 estiverem corretos.
b)
se somente os itens I e 111 estiverem corretos.
c)
se nenhum item estiver correto.
d)
se todos os itens estiverem corretos.
e)
se somente os itens 11 e 111 estiverem corretos.
JUSTIÇA DE QUALIDADE A instalação do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) em 2005 sinalizou profundas mudanças no Judiciário, até então apontado como o mais hermético e resistente a mudanças entre os três poderes. Foram instituídas normas para proibir o nepotismo nos tribunais e regras para a aplicaçãà;.do teto remuneratório para coibir os supersalários que recorrentemente escandalizavam a opinião pública.
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REDAÇÃO· Cami/a Sabatin
A correção dos desvios r~fletiu nova atitude dos magistrados, mais aberta ao diálogo com a sociedade e mais propensa a assimilar construtivamente críticas em relação aos serviços judiciais. Pôs-se fim ao clichê do juiz encastelado em torre de marfim, distante da sociedade. Tal atitude implicou a busca de maior transparência Era preciso assegurar ao cidadão amplo acesso a informações sobre o desempenho da Justiça. Essas informações, lamentavelmente, não existiam ou eram imprecisas e defasadas. O Judiciário, na verdade, não se conhecia. Nesse contexto, a Corregedoria Nacional de Justiça lançou em 2007 o programa Justiça Aberta, um banco de dados com informações na internet (www.cnj.jus.br) atualizadas continuamente, que permite o monitoramento da produjividade judiciai pelo próprio Poder Judiciário e pela sociedade. E a prestação de contas que faltava. Esse autoconhecimento é o ponto de partida para que o Judiciário dê continuidade a mudanças que se reflitam, efetivamente, na qualidade da prestação jurisdicional, que, sabemos, é alvo de insatisfação por parte dos jurisdicionados. A principal das reclamações é a morosidade, muitas vezes associada à impunidade ou não-efetivação da Justiça. Mais de 50% das representações que chegam ao CNJ referem-se a esse problema.
É um problema que atinge desde a primeira instância até os tribunais superiores. Nascido na Constituinte que ampliou os direitos e as garantias do cidadão, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) completará 20 anos no dia 7/4 do ano que vem, com aumento de 8.920'Yo no número de processos julgados. No primeiro ano de funcionamento, julgou 3.700 processos. Em 2007, 330 mil processos. A progressão geométrica da demanda compromete não só a celeridade, mas a própria missão constitucional do STJ, que é a de uniformizar a interpretação das leis federais. Chegou-se ao paradoxo em que, por julgar número excessivo de processos, a construção da jurisprudência, que é seu papel maior, ficou em segundo plano. Com uma média anual de 10 mil processos julgados por cada ministro, o complexo ato de julgar corre o risco de se transformar em mero ato mecânico. Atacar esse mal implica a adoção de um conjunto de ações e iniciativas. A busca da gestão eficiente; certamente, é uma delas. A emenda constitucional 19, de 1998, forneceu importante meio de a sociedade exigir a qualidade dos serviços prestados pelo Estado, ao introduzir a eficiência como um dos princípios da administração pública [ ... ]. CESAR AS FOR ROCHA, 60; mestre em direito público pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, é presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e corregedor nacional de Justiça. E autor do livro· A Luta pela Efetividade da Jurisdição".
346
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
Em não-efetivação, utilizou-se corretamente o hífen. Das palavras abaixo, somente uma está correta. Assinale-a. a) sócio-ambiental b) tele-reportagem c) macro-encefalia d) trans-humano e) sub-reptício
TEXTO I MANDE SEU FUNCIONÁRIO PARA O MAR Tudo que o aventureiro americano Yvon Chouinard faz contraria dez entre dez livros de negócios. Dono de fábrica de roupas e artigos esportivos, ele pergunta a seus clientes, numa etiqueta estampada em cada roupa: você realmente precisa disto? Alpinista de renome, surfista e ativista ecológico, ele se levanta de sua mesa e incita os 350 funcionários da sede da empresa, na cidade de Ventura, na Califórnia, a deixar seus postos e pegar suas pranchas de surfe tão logo as ondas o sobem. Aos 67 anos de idade, ele vai junto. Resultado: a empresa, que faturou USS 270 milhões em 2006, foi considerada pela revista Fortune a mais cool do mundo, em uma reportagem de capa. Isso não quer dizer que seus funcionários sejam preguiçosos, apesar do ambiente maneiro. A equipe é motivada e gabaritada, como o perfeccionismo do dono exige. Para cada vaga que abre, a companhia recebe cerca de 900 currículos - como o do jovem Scott Robinson, de 26 anos, que, com dois MBAs no bolso e passagens por outras empresas, implorou para ser aceito como estoquista de uma das lojas (ganhou o posto). Robinson justificou: "Queria trabalhar numa companhia conduzida por valores". Que valores são esses? "Negócios podem ser lucrativos sem perder a alma", diz Chouinard. Essa alma está no parque de Yosemite, onde, nos anos 60, Chouinard se reunia com a elite do alpinismo para escalar paredões de granito. Foi quando começou a fabricar pinos de escalada de alumínio, reutilizáveis, uma novidade. Vendia-os a USS 1,50. Em 1972, nascia a empresa, com o objetivo de criar roupas para esportes mais duráveis e de pouco impacto ao meio ambiente. A filosofia do alpinismo - não importa só aonde você chega, mas como você chega - foi adotada nos negócios. O lucro não seria uma meta, mas a consequência do trabalho bem-feito. A empresa foi pioneira no uso de algodão orgânico (depqis.adqtado por outras marcas), fabricou jaquetas com garrafas plásticas usadas e passou a utilizar poliéster recíclado.
347
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
Hoje, o filho de Chouinard, Fletcher, de 31 anos, desenvolve pranchas de surfe sem materiais tóxicos que diz serem mais leves e resistentes que as atuais. Chouinard, que se define como um antiempresário, virou tema de estudo em escolas de negócios. Quando dá palestras em Stanford ou Harvard, não sobra lugar. Nem de pé. Revista Época Negócios, jun. 2007. (Adaptado)
Assinale a opção em que a palavra é grafada com hífen do mesmo modo que "bem-feito". a) Inter-regional. b) Sócio-econômico. c) Semi-círculo. d) Pan-continental. e) Auto-controle.
O território catarinense é coberto por variados tipos de vegetação, entre os quais a Mata Atlântica, a Mata de Araucárias, a vegetação de restinga, os mangues; enfim, por um rico sistema de cobertura vegetal. Embora no passado essa cobertura vegetal tenha sido devastada sem critério, hoje a preocupação com a preservação do equilíbrio ambiental é grande e, por isso, existem inúmeras unidades de conservação no território de Santa Catarina, com diferentes critérios de destinação. Entre essas unidades podemos citar o Parque da Serra do Tabuleiro, o Parque da Lagoa do Peri, a APA da Baleia Franca, a Estação Ecológica de Carijós, o Parque Estadual das Araucárias, entre outras. Questões sobre preservação e conservação de recursos hídricos e meio ambiente vêm sendo muito discutidas no âmbito das empresas de saneamento e nos órgãos governamentais em geral. E a água, vista como um recurso natural imprescindível à vida, está sendo alvo de muitas pesquisas e tema de projetos de educação ambiental. Em palavras compostas em que o prefixo termina em vogal, e o segundo elemento começa por r ou s, estas consoantes ficam dobradas (contra+regra = contrarregra - anti+social = antissocial). Assinale a alternativa em que as palavras estão escritas segundo essa norma. a) mini - aula ; ante + ontem b) extra + vagante- peri + frase c) anti + revolucionário ; ultra + som d) anti + higiênico ; menos + prezar e) contra + dizer; semi + círculo
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Cap. X • REVISAO GRAMATICAL
O território cat(lrinense é coberto por variados tipos de vegetação, entre os qUais a Mata Atlântica, a Mata de Araucárias, a vegetação de restinga, os mangues; enfim, por um rico sistema de cobertura vegetal. Embora no passado essa cobertura vegetal tenha sido devastada sém critério, hoje a preocupação com a preservação do equilíbrió ambiental é grande e, por isso, existem inúmeras unidades de conservação no território de Santa Catarina, com diferentes critérios de destinação. Entre essas unidades podemos citar o Parque da Serra do Tabuleiro, o Parque da Lagoa do Peri, a APA da Baleia Franca, a Estação Ecológica de Carijós, o Parque Estadual das Araucárias, entre outras. Questões sobre preservação e conservação de recursos hídricos e meio ambiente vêm sendo muito discutidas no âmbito das empresas de saneamento e nos órgãos governamentais em geral. E a água, vista como um recurso natural imprescindível à vida, está sendo alvo de muitas pesquisas e tema de projetos de educação ambiental. Em palavras compostas, existe hífen se a segunda delas começa por h (anti-horário) ou pela mesma letra com que a primeira termina {anti-imediato). Assinale a alternativa com as palavras em que os dois elementos devem seguir essa norma. a)
anti + cárie; auto + elogio
b)
anti + vírus; auto + afirmação
c)
anti + caspa; anti + econômico
d)
hidro + ginástica; sono + terapia
e)
contra + ataque; micro + ônibus
Observe as frases abaixo e responda a seguir. (1) Fiz toda a janta usando só o ___ . (2) Na ___ , os homens viviam em cavernas. (3) Meu ___ é ___
.
As palavras que completam corretamente as lacunas em (1), (2) e (3) são, respectivamente: a)
micro-ondas I pré-história I microcomputador I seminovo.
b)
microondas I préhistória I microcomputador I semi novo.
c)
micro-ondas I pré-história I microcomputador /.semi-novo.
d)
microndas I preistoria / microcomputador I seritlnovo.
e)
micro-ondas I pré-história f micro-computador I seminovo.
REDAÇÃO· Ca miJa Sabatin
12.4.
Dificuldades mais Comuns na1>rtografia da Língua Portuguesa
Leia o texto abaixo e responda ao que se pede.
Existe no Oceano Pacífico uma ilha feita de duas montanhas.
É como se alguém tivesse colado dois grandes montes de terra no meio do mar. A maior chama-se Tristeza e a menor, Alegria. Dizem que há muitos anos atrás a Alegria era maior e mais alta que a Tristeza. Dizem também que, por causa de um terremoto, parte da Alegria caiu no mar e afundou, deixando a montanha do jeito que está hoje. Ninguém sabe se isso é mesmo verdade. Verdade é que ao pé desses dois cumes, exatamente onde eles se encontram, moram uma menina chamada Aleteia e sua avó. Aleteia e a avó são como as montanhas: duas pessoas que estão sempre juntas. Hoje Aleteia é menor, mais baixa que sua avó; acontece que daqui a algum tempo, ninguém sabe quando, Aleteia vai acordar e estará mais alta que a avó. Aleteia vai crescer e eu acho que, quando esse dia chegar, elas ainda estarão juntas. Igual às montanhas da ilha. Um dia Aleteia perguntou: "Vovó, quem fez o mundo?", e sua avó respondeu: "Deus". -Todo ele? -Sim, todo. -Sozinho? - Sim, sozinho. Aleteia saiu da sala com aquela conversa na cabeça. Não estava convencida. Pensou muito a respeito do assunto. Para raciocinar melhor, saiu para caminhar e caminhou muito pela ilha. Pensava sozinha, pensava em voz alta e começou a dividir seus pensamentos com as coisas que lhe apareciam pelo caminho: folhas, árvores, pedras, formigas, grilos, etc. Deus tinha criado o mundo sozinho? (KOMA TSV, Henrique. A menina que viu Deus. p.3-6, formato eletrônico, fragmento.)
Para o preenchimento CORRETO das lacunas na frase "A menina não tinha o _ _ _ costume de duvidar da avó, naquele assunto,_ _ _ havia terminado a conversa, ela foi perguntar à natureza.", empregam-se, respectivamente, as formas: a) mau, mais, mal.
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Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
b)
mau, mas, mal.
c)
mal, mas, mau.
d)
mal, mais, mal.
e)
mal, mas, mal
A expressão em destaque está grafada e empregada corretamente em: a)
O português da índia Dorica não é nada mal, considerando que esse não é seu idioma nativo.
b)
Por que a viagem é longa, Dorica, jovelina e Rossilda saem muito cedo de casa.
c)
As parteiras não se assustam com sangue, por que isso faz parte de sua rotina.
d)
A repórter queria entender porquê aquelas mulheres tinham se tornado parteiras.
e)
O dia mal começou e elas já estão viajando sobre barcos ou tateando caminhos com os pés.
O FUTURO TRANSUMANO Um mundo habitado por seres com habilidades sobre-humanas parece ficção científica, mas essa poderia ser a visão que nossos antepassados longínquos teriam de nós. Vive-se mais e com melhor qualidade que eles; cruzam-se grandes distâncias em poucas horas e estabelece-se comunicação instantânea com pessoas do outro lado do planeta, só para citar alguns exemplos que deixariam nossos tataravós boquiabertos. O que esperar então dos humanos do futuro? Uma das tendências, segundo especialistas, é a integração da tecnologia a nossos corpos- uma espécie de hibridização. Seguindo o movimento que ocorreu ao longo do século 20, de miniaturização dos artefatos tecnológicos, estes ficariam tão pequenos a ponto de serem incorporados a nosso organismo e conectados a nosso sistema nervoso. Com o avanço dessa hibridização, haveria uma escala de radicalidade na adoção da tecnologia, com alguns indivíduos optando por todas as modificações possíveis, e outros sendo mais contidos. Em um horizonte mais distante, nos questionaríamos sobre qual é o limite entre o natural e o artificial.
É provável que o leitor já tenha usado algum tipo de melhoramento das capacidades cognitivas, ou seja, das habilidades de adquirir, processar, armazenar e recuperar informação. Se já tomou café para se manter acordado, usou o estimulante cafeína, presente na bebida, para melhorar seu estado de alerta. Isso não parece particularmente controverso, assim como não é o empre351
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
go de técnicas mnemônicas para facilitar a memorização de uma determinada informação. Nos últimos anos, porém, novas modalidades de melhoramento cognitivo surgiram, como o consumo de drogas que não se desenvolveram para esse objetivo. Um dos principais problemas éticos associados a esse tipo de melhoramento é que ele ampliaria a desigualdade social, criando uma elite superinteligente, rica e poderosa, além de polarizar a sociedade entre os mais e os menos aptos. Entretanto, segundo estudiosos, a tendência é que melhoramentos se tomem mais baratos com o tempo, sendo acessíveis para todos. Se as pessoas puderem escolher quais melhoramentos adquirir, é pouco provável que se formem apenas dois grupos sociais distintos, sendo mais factível que haja um continuo de indivíduos modificados.
O melhoramento físico e cognitivo dos humanos Dor meio de novas tecnologias é a principal bandeira do transumanismo. Esse movimento defende que a forma atual do ser humano não representa o fim do nosso desenvolvimento, mas sim uma fase relativamente precoce. Assim como usamos métodos racionais para melhorar as condições sociais e o mundo externo, podemos utilizar essa mesma abordagem no nosso organismo, sem necessariamente nos limitarmos a meios tradicionais, como educação e desenvolvimento cultural. Já os opositores dos transumanistas, chamados de bioconservadores, alertam sobre os vários problemas que tecnologias de melhoramento criarão para a sociedade, como a já citada polarização e o aumento da desigualdade social. Além do melhoramento físico e cognitivo da humanidade, alguns transumanistas defendem a eliminação do sofrimento, tanto físico quanto emocional. Sua intenção é eliminar males como depressão e síndrome do estresse pós-traumático, para promover a saúde mental e a felicidade. Apesar de ser um objetivo aparentemente nobre, esse tipo de alteração, mais do que melhoramentos físicos, parece tocar na nossa essência, naquilo que consideramos o cerne da humanidade. Uma questão central nessa discussão é o que é ser humano. FURTADO. F. O futuro transumano. Revista Ciência Hoje. n. 307. v. 52. set. 2013. Rio de Janeiro: Instituto Ciência Hoje. d. 18-23. Adaptado.
A expressão em destaque está grafada de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa em: a)
A internet, tal como a conhecemos, aberta, livre e democrática, é um fenômeno sem igual porquê é incontrolável.
b)
As melhores universidades do mundo abrem as portas da excelência porque oferecem na rede cursos inteiros de graça.
c)
Os professores que pesquisam os cursos a distância explicaram o por quê do sucesso atual da educação via internet.
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Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
d)
Os cursos na internet começam a ter peso fora do mundo virtual por que várias instituições começaram a aceitar créditos conquistados on-line.
e)
Porque a revolução da educação on-line de alto nível já se tornou, de fato, uma realidade em todo o mundo?
Leia: _ um mês, uma turma de operários se posta _entrada da fábrica pela manhã e só sai _uma hora da tarde. Espera-se que a greve termine daqui_ uma semana. Assinale a alternativa que completa CORRETAMENTE as lacunas da frase acima, na respectivamente ordem.
a)
Há - à - a -a.
b)
Há- à- à- a.
c)
A- a - a - há.
d)
Há- a -à- há.
e)
A- há- a-
à
A sustentabilidade do meio ambiente deve ser a meta buscada por qualquer indivíduo ou grupo que necessite de recursos naturais para sobreviver. E isso é um fato que não admite contestação. Incorporar a premissa de respeito à natureza e do uso sustentável dos recursos naturais deve ser um trabalho constante e doutrinário frente às populações que habitam ou que trabalham nos campos e áreas rurais. Trabalhar para manter a biodiversidade local e evitar a erosão que destrói as áreas cultiváveis, além de ser economicamente viável, representa manter, por muito mais tempo, a terra em condições de gerar riquezas e de prover o sustento das populações que dela dependem. Reciclar os dejetos oriundos das criações animais e dos refugos das plantações deve ser encarado não como custo ou gasto "a mais", mas sim como uma excelente oportunidade de gerar toda ou parte da energia necessária para executar as atividades econômicas a que se propõem e tambétn;.como fonte de fertilizantes baratos e totalmente gratuitos, o que, sem dúvida, representará um salto na lucratividade de qualquer propriedade rural.
REDAÇÃO· Camila Sabatin
Garantir a sustentabilidade do meio ambiente é garantir, antes de qualquer coisa, que a fome, a pobreza e a miséria estarão afastadas definitivamente e, com isso, terminará a dura realidade que força as pessoas a praticar a exploração predatória dos recursos disponíveis em determinadas áreas. Pois, só com uma situação de vida regular, os habitantes de uma determinada região poderão tornar-se permeáveis às "novas ideias". Levantar a bandeira da sustentabilidade do meio ambiente e promover nas comunidades rurais o pensamento de que essa é a única forma viável de manter suas atividades econômicas em condições de gerar riquezas por muito mais tempo e de forma continuada são os desafios mais pungentes dos governos e das organizações ambientais dos tempos atuais. Adaptado de: (http:/ /www.atitudessustentaveis.eom.br/ conscientizacao/desenvolvimento-sustentabilidade-meio-ambientel)
Reciclar os dejetos oriundos das criações animais e dos refugos das plantações deve ser encarado não como custo ou gasto "a mais", mas sim como uma excelente oportunidade de gerar toda ou parte da energia necessária para executar as atividades econômicas(...) Os termos em negrito podem ser substituídos, sem prejuízo do sentido e da correção, respectivamente, por: a)
e- porém - a fim de
b)
mas- todavia -a fim de
c)
mas - porém -afim de
d)
e - entretanto -afim de
e)
porém - entretanto- a fim de
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas.
o rapaz foi embora da festa a)
foi
tratado pelos colegas?
porque- mal
b)
porque- mau
c)
por que- mal
d)
por que- mau
e)
por quê- mal
Ex-presidiário, condenado a mais de cem anos de prisão por assalto à mão armada e homicídio, Luiz Alberto Mendes Júnior teve uma vida que renderia um belo filme de ação. Mas o i protagonista decidiu tomar outro rumo:· dediêou-se à literatura e hoje é um autor de sucesso. Luiz Albertd;Mendes Júnior cumpriu 31 anos e 10 meses de prisão. Dentro·da peniten~iária, aprendeu a
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
ler e a escrever. Trabalhou na escola da penitenciária e alfabe-
tizou mais de 500 presos. Fez vestibular para direito na PUC de São Paulo. Passou. E mudou de vida. Hoje, conquistada a liberdade, Luiz Alberto já lançou três livros e assina uma ,coluna na revista Trip, além de fazer palestras pelo Brasil afora. E autor de Memórias de um Sobrevivente (2001, um relato de seu tempo na cadeia), Tesão e Prazer: Memórias Eróticas de um Prisioneiro (2004, também autobiográfico) e Às Cegas (2005, que conta o período dos estudos na PUC e as primeiras tentativas literárias). No esforço de compreender os caminhos de sua vida, o escritor transforma a matéria bruta da memória e cria narrativas que valem cada minuto da atenção dos leitores. Em suas palestras, fala sobre "a literatura como salvação pessoal", conta um pouco da sua vida atrás das grades e explica a mudança que o livro promoveu em sua vida. !nternet:<www.bienalbrasildolivro.com.br> (com adaptações).
Em relação à tipologia, às informações e às estruturas linguísticas do texto acima, julgue os itens a seguir. Mantém-se a correção gramatical do período ao se substituir "a mais de cem anos" (l.l) por há mais de cem anos. ( )CERTO ()ERRADO
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas do trecho a seguir, de acordo com a norma-padrão. Além disso, _ _ certamente _ _ _ entre nós _ _ _ do fenômeno da corrupção e das fraudes. a)
a ... concenso ... acerca
b)
há ... consenso ... acerca
c). a ... concenso ... a cerca d)
a ... consenso ... há cerca
e)
há ... consenço ... a cerca
POR UMA PEDAGOGIA AMBIENTAL Marcus Eduardo de Oliveira
Enquanto a aquisição de bens de consumo suntuosos continuar sendo toscamente confundida como símbolo de prosperidade, sucesso e possibilidade de ascensão social. determinando padrões distorcidos de conduta, certamente a humanidade retrocedera cada vez mais em termos de valores e P'rincípios;
355
REDAÇÃO· Camila Sabatín
Se não bastasse essa distorção de valores que priorizo o "ter", a sociedade de consumo deve sempre ser veta também como inimiga número um do meio ambiente Se de fato desejamos habitar um mundo melhor, como é de senso comum, é de fundamental importância que todos desenvolvam visões diferenciadas sobre a natureza e o comportamento concernente d prática de consumo, não perdendo de vista que a poluição dos nos, do ar. o desgaste do solo, a perda de florestas e o desaparecimento de espécies animais e vegetais estão intimamente relacionados ao considerável aumento de energia, agua e serviços ecossistêmicos usados largamente para manter elevadas taxas de produção atendendo assim essa sociedade de consumo. Nossas relações sowis jamais podem se pautar e muito menos se fortalecer a partir das quantidades que consumimos: urge. Definitivamente, romper-se com esses hábitos perdulários e consumistas. Qualidade de vida não pode estar associada à conquista material. Curvar-se a isso é restringir, pelas vi8S mais rasteiras possíveis, a própria vida a uma questão mercadológica. Romper com essa ideia e imprescindível para a construção de um mundo ecologicamente mais equilibrado e saudável, respeitando a natureza e sabendo que mais produção é sinônimo de mais poluição, assim como menos consumo e sinônimo de mais vida. Somente alcançaremos essa ruptura quando todos estiverem imbuídos de um mesmo ideal, criando consciência necessária para entender que o planeta não absorverá a parcela global da população mundial no ambiente de consumo em decorrência da finitude dos recursos naturais. Logo, não adianta incorporar o mercado de consumo: lá não há espaços para todos. Definitivamente, esse mercado precisa ser desinchado. Para isso, um passo importante rumo a esse ambiente mais saudável ê levar informações a todos e. principalmente, àqueles que serão encarregados de usufruírem o mundo num futuro próximo: ou seja, aqueles que literalmente farão esse mundo próximo. Nesse sentido, educar ambientalmente as crianças de hoje desde os anos iniciais de estudos é um bom caminho a ser percorrido. Nossos jovens alunos precisam aprender e praticar a pedagogia ambiental. Essa pedagogia ambiental deve ser ensinada levando-se em conta que não é necessária maior produção para atender as reclamações vindas do mercado de consumo. O que já tem por ai em termos de mercadorias é suficiente para atender a todos. A necessidade se restringe em dirimir as desigualdades de consumo em que 20% da população que habita os países do hemisfério norte 'engolem' 80':'o de tudo o que é produzido, gerando mais de 80':'o da poluição e degradação dos ecossistemas, ao passo que 'sobra' apenas 20':'o da produção material para 80':'o da população dos países localizados no hemisfério sul.
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Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
Caberá a essa pedagogia ambiental, em forma de disciplina inserida na grade curricular, realçar o fato de que a excessiva exploração dos recursos naturais para 'sustentar' a insustentável sociedade consumiste é geradora mor de desigualdades e potencialmente criadora da insustentabilidade ambiental e social ora presenciada. Fonte: http:/ /revistasustentabilidade.com.br/ por-uma-pedagogia-ambiental/ (TRECHO)
"A razão _ _ a sustentabilidade do planeta seja um tema tanto polêmico quanto difícil de ser efetivado está no fato deste _ _ à atual cultura de consumo _ _ na qual estamos inseridos. Reciclar é importante, _ _ diminuir o consumo deve ser prioritário".
o conjunto de palavras ortograficamente adequado que preenche as lacunas do trecho acima é: a)
por que - ir ao encontro - excessivo- mas
b)
porque- ir de encontro- excessivo- mais
c)
porque - ir ao encontro - exssessivo- mas
d)
por que- ir de encontro- exssecivo- mais
e)
por que - ir de encontro - excessivo - mas
A Teoria Geral do Estado mostra como surgiu e se organizou, ao longo do tempo, o Estado. Nas formas primitivas de organização social, ainda tribais, o poder era concentrado nas mãos de um único chefe, soberano e absoluto, com poder de vida e morte sobre seus subordinados, fazendo e executando as leis. Na Antiguidade Clássica, as civilizações grega e romana foram as que primeiro fizeram uma tentativa de compartilhar o poder, criando instituições como a Edésio e o Senado. Contudo, essa experiência foi posta de lado quando as trevas medievais tomaram conta da Europa, fazendo-a mergulharem mil anos de estagnação, sob as mãos de senhores feudais, reis e papas, que não conheciam outro limite senão seu próprio poder. O fim da Idade Média, no século XV, e o ressurgimento das cidades, no período renascentista, representaram profundas mudanças para a sociedade da época, mas, do ponto de vista político, assistiu-se a uma concentração ainda maior do poder nas mãos dos soberanos, reis absolutos, que, sob o peso de sua autoridade, unificaram os diversos feudos e formaram várias dos Estados modernos que hoje conhecemfts. Exceção a essa regra foi a Inglaterra, onde, já em 1215, o poder do rei passou a ser um tanto limitado pelos nobres, que o obrigaram a pedir autorização
357
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
a um conselho constituído por ~inte e cinco barões para aumentar os impostos. A fim de fazer valer essa exigência, foi assinada a Magna Carta. Nascia o embrião do parlamento moderno, com a finalidade precípua de limitar o poder do rei. Elton E. Polveiro Júnior. Desafios e perspectivas do poder legislativo no século XXI. Internet: <www.senado.gov.br> (com adaptações)
Com base nas ideias do texto, julgue os itens seguintes. Com relação a aspectos linguísticos do texto, julgue os itens que se seguem. Na linha 13, a substituição do vocábulo "senão" por se não, embora gramaticalmente correta, prejudicaria o sentido do texto.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Assinale a proposição em que o segmento sublinhado está correto: a)
Ao afirmar que não vê possibilidades de outro resultado senão a derrota dos adversários, o candidato foi incongruente, pois havia dito que "ganhe quem ganhar, aceitaremos o resultado".
b)
Localizado llilli! de 15 quilômetros de Wernigerode, o monte lheira.
c)
Estamos afim de escolher a pessoa certa.
d)
Apartir de novembro a vacinação será oferecida a todos.
e)
O caso
é o ponto mais alto da cordi-
é controverso, porisso suscita tantas discussões.
FALAR DE SI Falar mal do outro parece fácil de entender. Mais que fazer uma crítica negativa, é intensificar a crítica ao ponto de, por meio dela, destruir o objeto criticado. Porém aquele que fala, mal ou bem, sempre fala de si mesmo. Se falo mal do outro, realizo meu desejo violento em relação ao outro. Afirmo que não simpatizo, não gosto, mas, sobretudo, que preciso me expressar de modo negativo porque o outro me sugere aspectos negativos. Porém quem se expressa sou eu. O elem.ento mais importante do gesto de falar mal é a autoexpressão negativa. Falo de mim mesmo ao falar do outro. Por outro lado, falando mal do outro, me sinto melhor comigo mesmo. Há aindp. a ilusão da autocompensação: ao falar mal do outro, mostro a mim mesmo que sou melhor que ele. TIBURI, Márcia. Revista vida simples, dei. 2008, pp.62-63. (Fragmento).
358
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
As razões não simpatizo com você são muitas. Não faça críticas negativas, _ __ se arrependerá. O que eu disser poderá ser interpretado. A opção cuja sequência completa, corretamente, as sentenças acima é a) por quê- senão- mal
b) por que -senão - mal c) porquê -se não - mal d) porque - se não - mau e) porque - senão - mau
Depois de expor seu ponto de vista, concluiu dizendo que apenas _ _ todo casamento bom.
é
11.
Suspeitou-se, ~ que se tratava de um OVNI, mas depois se constatou que a imagem era apenas o planeta Vênus.
111.
~
IV.
~ eles detestaram o Brasil; entretanto, passadas poucas semanas, não queriam mais voltar para a Europa.
não estou interessado em mudar de emprego, mas, na hipótese de uma oferta melhor, posso pensar.
Assinale a alternativa que preencha CORRETAMENTE, na ordem em que ocorrem, as lacunas das frases acima. a)
Em princípio- a princípio- A princípio- A princípio
b)
A princípio- a princípio- Em princípio- A princípio
c)
A princípio- em princípio- A princípio- Em princípio
d)
Em princípio- em princípio- Em princípio- Em princípio
e)
Em princípio- a princípio- Em princípio- A princípio
12.5. Semântica: paronímia e homonímia
ÉTICA E MORAL: QUE SIGNIFICAM? (Leonardo Boff)
Face à crise generalizada de ética e, de moral, importaresgatar o,sentido originário das palavras. Etica e moral é a mesma coisa? E e não é. 1 . O significado de ética
Ética é um conjunto de valores e princípios, de inspirações e indicações que valem para todos, pois estão ancorados na nossa própria humanidade. Que significa agir humanamente?
359
REDAÇi\0 • Comi/a Sabatin
O primeiro princípio do agir humano, chamado por isso de regra de ouro, é esse: "não faças ao outro o que não queres que te façam a ti". Ou positivamente: "faça ao outro o que queres que te façam a ti". Esse princípio áureo pode ser traduzido também pela expressão de Jesus, testemunhada em todas as religiões: "ama o próximo como a ti mesmo". É o princípio do amor universal e incondicional. Quem não quer ser amado? Quem não quer amar? Alguém quer ser odiado ou ser tratado com fria indiferença? Ninguém. Outro princípio da humanidade essencial, é o cuidado. Toda vida precisa de cuidado. Um recém-nascido deixado à sua própria sorte morre poucas horas após. O cuidado é tão essencial que, se bem observarmos, tudo o que fazemos vem acompanhado de cuidado ou falta de cuidado. Se fazemos com cuidado, tudo pode dar certo e dura mais. Tudo o que amamos também cuidamos. A ética do cuidado hoje é fundamental: se não cuidarmos do planeta Terra, ele poderá sofrer um colapso e destruir as condições que permitem o projeto planetário humano. A própria política é o cuidado para com o bem do povo. Outro princípio reside da solidariedade universal. Se nossos pais não fossem solidários conosco quando nascemos e nos tivessem rejeitado, não estaríamos aqui para falar de tudo isso. Se na sociedade não respeitamos as normas coletivas em solidariedade para com todos, a vida seria impossível. A solidariedade para existir de fato precisa sempre ser solidariedade a partir de baixo, dos últimos e dos que mais sofrem. A solidariedade se manifesta então como compaixão. Compaixão quer dizer ter a mesma paixão que o outro, alegrar- se com o outro, sofrer com o outro para que nunca se sinta só em seu sofrimento, construir junto algo bom para todos. Pertence também à humanidade essencial a capacidade e a vontade de perdoar. Todos somos falíveis, podemos errar involuntariamente e prejudicar o outro conscientemente. Como gostaríamos de ser perdoados, devemos também nós perdoar. Perdoar significa não deixar que o erro e o ódio tenham a última palavra. Perdoar é conceder uma chance ao outro para que possa refazer as relações boas. Tais princípios e inspirações formam a ética. Sempre que surge o outro diante de mim, ai surge o imperativo ético de tratá-lo humanamente. Sem tais valores a vida se torna impossível.
360
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Por isso, ethos, donde vem ética, significava para os gregos, a casa. Na casa cada coisa tem seu lugar e os que nela habitam devem ordenar seus comportamentos para que todos possam se sentir bem. Hoje a casa não é apenas a casa individual de cada pessoa, é também a cidade, o estado e o planeta Terra como casa comum. Eis, pois, o que é a ética. Vejamos agora o que é moral. 2. O significado de moral
A forma concreta como a ética é vivida, depende de cada cultura que é sempre diferente da outra. Um indígena, um chinês, um africano vivem do seu jeito o amor, o cuidado, a sojidariedade e o perdão. Esse jeito diferente chamamos de moral. Etica existe uma só para todos. Moral existem muitas, consoante as maneiras diferentes como os seres humanos organizam a vida. Vamos dar um exemplo. Importante é ter uma casa(ética). O estilo e a maneira de construí-la pode variar (moral). Pode ser simples, rústica, moderna, colonial, gótica, contanto que seja casa habitável. Assim é com a ética e a moral. Hoje devemos construir juntos a Casa Comum para que nela todos possam caber inclusive a natureza. Faz-se mister uma ética comum, um consenso mínimo no qual todos se possam encontrar. E ao mesmo tempo, respeitar as maneiras diferentes como os povos organizam a ética, dando origem às várias morais, vale dizer, os vários modos de organizar a família, de cuidar das pessoas e da natureza, de estabelecer os laços de solidariedade entre todos, os estilos de manifestar o perdão. • A ética e as morais devem servir à vida, à convivência humana e à preservação da Casa Comum, a única que temos que é o Planeta Terra. (Disponível em: <http:/ /www.leonardoboff.com/site/vista/ outros/etica-e-moral.htm>. Acesso em:07 /10/2014)
Para resolver a questão, considere o primeiro parágrafo do texto como o trecho "Ética é um conjunto ... ". A interpretação de Planeta Terra como "Casa Comum", pretendida pelo autor; é possível por meio de uma ferramenta linguística denominada: a)
Homonímia
b)
Polissemia
c)
Conotação
d)
Denotação
e)
Ambiguidade
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas. I.
Espera-se que o rapaz tenha bom _ _ _.
11.
O paciente corre risco _ _ __
"'
REDAÇAO • Comi/a Sabatin
a)
censo - eminente
b)
censo -iminente
c)
senso - eminente
d)
senso - iminente
Estabelecem relação de paro nímia entre si apenas os dois vocábulos expostos na alternativa: a) anteceder e suceder. b) descrição e discrição. c) casa e residência. d) Ásia e Oceania. e) manga (fruta) e manga (parte da roupa).
A crescente inter-relação entre acesso às tecnologias de informação e comunicação (TIC), propriedades cognitivas para uso social das tecnologias da informação, desigualdades sociais e regionais e políticas públicas de inclusão digital nos levam a problematizar as condições materiais e cognitivas de inserção do cidadão brasileiro, oriundo de diferentes estratos sociais e universos culturais, na chamada sociedade da informação e do conhecimento. O papel do Estado, para isso, é fundamental, na medida em que ele dispõe das ferramentas necessárias à promoção de políticas públicas que combatam desigualdades em vários níveis, inclusive naquele que diz respeito ao acesso às TIC. O direito humano à inclusão digital, no Brasil, tem base doutrinária na Constituição Federal de 1988, que contemplou uma série de dispositivos inspirados diretamente na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, como, por exemplo, o art. 5°, no qual se encontra a garantia do acesso à informação, além da livre expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. O art. 219 é contundente ao estabelecer, em relação à ciência e tecnologia, que o mercado interno deve integrar o patrimônio nacional e ser incentivado para viabilizar o desenvolvimento cultural e socioeconômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do país. A inclusão digital surge, no Brasil e em outros países, como iniciativa de combate à fratura digital, a qual, na verdade, aponta, antes de tudo, para uma fratura energética, social, econômica, cultural e cognitiva. A inclusão digital 1=ompreende fatores que visam possibilitar o crescente e livre acesso às TIC, ou ao mundo informatizado, em especial às populações carentes, que, isoladamente, não têm condições de adquirir tecnologias da informa-
Cap. X· REVISAO GRAMATICAL
ção. Nesse sentido, a inclusão digital passa, necessariamente, não somente pelo acesso às TIC, mas pela regularidade e qualidade desse acesso (velocidade)e pelas propriedades cognitivas necessárias para que o indivíduo seja capaz de mobilizar recursos e ferramentas disponibilizadas pelas tecnologias para sua verdadeira apropriação. Sa)'onara Leal e Sandra Brant. Políticas de inclusão digital no Brasil: A experiência da formação dos monitores de telecentros GESAC. In: Liinc em revista, v. 8, n. 1, 2012. Internet: <www.brapci.ufpr.br> (com adaptações).
Acerca das ideías e estruturas linguístícas do texto, julgue os itens subsequentes. Na linha 6, é indiferente, do ponto de vista semântico, o emprego da palavra "estratos" ou extratos, uma vez que ambas denotam o mesmo sentido, sendo a segunda palavra variante ortográfica da primeira. ( )CERTO ( )ERRADO
Até alguns anos atrás, a palavra biodiversidade era quase incompreensível para a maioria das pessoas. Hoje, se ainda não chega a ser um tema que se discuta nos bares, vem se incorporando cada vez mais na sociedade em geral. Tudo indica que a variedade de espécies de plantas, animais e insetos de uma determinada área começa a ser uma preocupação geral? a ponto de a ONU considerar 2010 o Ano Internacional da Biodiversidade. Mas, ainda que seja um assunto cada vez mais popular, convencer governos e sociedades de que a biodiversidade tem importância fundamental para a espécie humana e para o próprio planeta é uma perspectiva remota. Afinal, a quantidade de espécies aparentemente não influencia a vida profissional, social e econômica de quem está mergulhado nas decisões mais prosaicas do dia a dia. Como diz Ahmed Djoghlaf, secretário-executivo da 10° Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, o objetivo .desse encontro é "desenvolver um novo plano estratégico para as próximas décadas, incluindo uma visão para 20.50 e uma missão para a biodiversidade em 2020."
.
Talvez seja um discurso um pouco vago devido à urgência dos fatos: nunca, na história do planeta, registrou-se um número tão grande de espécies ameaçadas. Diariamente, 100 delas entram em processo de extinção e calcula-se que nos próximos 20 anos mais de 500 mil serão varridas definitivamente do<globo. Tudo isso ocorre, na maior parte, graças à intervenção humana.
REDAÇÃO· Camila Sabatin
Nessas espécies encontra-se um vasto e generoso banco genético, cuja exploração ainda engatinho, capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. Esse fato poderia constituir argumento suficiente para a preservação das espécies e das áreas em que elas se encontram. No entanto, o raciocínio conservacionista tem sido puramente contábil: quanto vale a biodiversidade, qual é o prejuízo que representa sua diminuição e que investimento é necessário para mantê-la. Nessa contabilidade, o que entra é um valor atribuído aos "serviços" ambientais que os biomas oferecem - como a purificação do ar e da água, o fornecimento de água doce e de madeira, a regulação climática, a proteção a desastres naturais, o controle da erosão e até a recreação. E a ONU avisa: mais de 60/'o desses serviços estão sofrendo degradação ou sendo consumidos mais depressa do que podem ser recuperados. (Roberto Amado. Revista do Brasil, outubro de 2010, pp. 28-30, com adaptações)
... capaz de fornecer as mais diferentes soluções para questões humanas eminentes. (último parágrafo) Considerando-se o par de palavras eminentes de exemplo ele a)
antonímia.
b)
sinonímia.
c)
paronímia.
d)
homonímia.
e)
homofonia.
I
iminentes, é correto afirmar que se trata
Leia o texto abaixo e responda às questões propostas.
CERTO E ERRADO, ADEQUADO E INADEQUADO Escrever "certo" em português. Orgulho de quem acha que é destaque, de quem acha que é inteligente, de quem acha que tem o poder, pois aprendeu gramática. Aprendeu a parte exata da língua portuguesa. Exata? Não mesmo! Existem diversos termos envolvendo a comunicação oral e escrita: linguagem, língua, idioma, etc. Pasmo fico ao ver pessoas no orkut inflamando-se para responder "primeiro aprende a escrever, pro depois vir discutir comigo" (famosa síndrome da ausência de argumentos).
Cap. X· REVISA O GRAMATICAL
Espera um pouco, afinal de contas, o português possui ou não exatidão? Há poucos dias meu pai me disse "a linguagem escrita deve seguir a forma culta da língua portuguesa e no momento eu questionei que se a forma escrita deve ser culta, a falada também deve ser! Não existe certo ou errado quando se fala de português. Certo e errado é coisa de ciência exata. A linguagem é adequada, é voltada para o recebedor da mensagem. Não estou incentivando ninguém a encher um artigo científico de gírias (a menos que elas sejam o tema) ou estrangeirismos, quero dizer que em locais apropriados usar gírias e estrangeirismos não pode ser considerado errado! Pensar dessa forma é errado. Muito pior é quando se discriminam pessoas sem oportunidades, pessoas sem estudo, por falarem/escreverem diferente da forma culta. Pensamentos do tipo "nossa, que burro! ele nem sabe escrevei. Uma pessoa que desenvolveu de forma cognitiva a capacidade de comunicar-se, seja por gestos ou palavras (ditas e escritas), é digna de respeito pela forma que desenvolveu o conhecimento sobre comunicação e linguagem (só pra constar, até mesmo estas pessoas devem estar atentas ao adequado I inadequado). Apenas entenda: antes de criticar alguém pela forma que escreve, procure o significado de termos como comunicação e linguagem. Tente entender o porquê daquela tal de "forma coloquial". E jamais, jamais mesmo. discrimine alguém que não escreve "tão bem quanto você", mas é capaz de expressar-se da mesma maneira ou até mesmo de forma melhor: claramente, sem "rebuscagens". "Acredito que errado é aquele que fala correto e não vive o que diz." - Fernando Anitelli Por hora, é só! Vou desligar. (Francisco Souza.in www.franciscQSOUza.eom.br/2009/01/22/)
"E jamais, jamais mesmo, discrimine alguém que não escreve "tão bem quanto você" (. ..) "(parágrafo 6). O verbo discriminar, é parônimo de outro verbo: descriminar. Assinale a alterna· tiva em que ocorre ERRO na frase pelo uso INADEQUADO da palavra destacada. a)
o professor pediu deferimento no processo, quando requereu sua licença prêmio por direito
b)
O almoxarifado do colégio está sortido de merenda escolar, já que houve aumento de verba pública para este fim.
c)
Oaluno imigrante requereu a cidadania brasileira, por não querer mais retornar ao seu país de origem.
d)
Minha escola recebeu vultosa quantia pela premiação dos alunos que participaram das Olim· píadas de Conhecimento.
e)
Ficamos todos muito satisfeitos com a presença"" daquele iminente professor em nosso Festival de Poesia.
adquirido.
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Estabelece relação de hiperonímia/hiponímia, nessa ordem, o seguinte par de palavras: a)
estrondo - ruído.
b)
pescador- trabalhador.
c)
pista - aeroporto.
d)
piloto - comissário.
e)
aeronave- jatinho.
TEXTO I SÁBADO, 23 DE MAIO Estouro da plateia Quatro pessoas morrem pisoteadas e 18 ficam feridas após tumulto durante Show da dupla João Bosco & Vinícius, no Festival de Rodeio de Jaguariúna (SP). Os shows de Victor & Léo e de Roberto Carlos, previstos para os dias seguintes, foram suspensos.
TEXTOII NO ARRANCO CEGO DA TURBA Ocorrências violentas envolvendo multidões têm se amiudado no Brasil, não raro com mortos e feridos. Nos últimos dias, tragédia de quatro mortos e oito feridos num show de música country em Jaguariúna; uma invasão de 80 torcedores descontentes na sede do Flamengo, no Rio, com agressão a um jogador; mais de 150 torcedores do Palmeiras, num confronto com a PM. levados para uma delegacia da zona leste, 20 feridos. Em duas décadas, ocorreram muitos episódios de depredação de estações ferroviárias, queima de ônibus, invasão e depredação de recintos públicos, como a própria Câmara dos Deputados e Universidades, e sobretudo linchamentos. Na maioria dos casos o ímpeto da massa vem do descontentamento e do protesto. Residualmente, como em Jaguariúna, do medo e do pânico. Eventualmente, a provocação irresponsável de uma bomba junina no meio da multidão, um grito, uma correria que arrasta outras pessoas que, no geral, nem sabem por que estão correndo. Vítimas deliberadas, como nos linchamentos, ou casuais, como em Jaguariúna. Ou casos mais graves, em que a turba não é massa informe que só adquire perfil e identidade depois da ocorrência que a mobiliza, mas é multidão já polarizada. Ou mesmo no caso do massacre de Carajás, em 1996, quando 19 acampados foram mortos num confronto típico de multidão. Ou os
366
Cap. X • REVISA O GRAMATICAL
casos mais frequentes de confrontos violentos entre torcidas de futebol. Fatos próprios de uma sociedade intolerante. organizada em cima de identidades antissociais, como se nela não houvesse espaço e oxigênio para todos e para a democracia da diferença. O que chama atenção nos últimos tempos é justamente a típica manifestação de turba em ações de natureza política. A contaminação crescente da atuação política, sobretudo dos movimentos sociais, pelo comportamento de multidão esvazia a demanda que os move de sua dimensão propriamente política. Os sociólogos que fizeram os primeiros estudos sobre o tema Constituem parônimos os vocábulos grifados nas frases apresentadas em: a)
Constava do relatório a descrição pormenorizada da destruição do centro de treinamento decorrente da invasão de torcedores. Com discrição e muita simpatia, o novo jogador logo conquistou a confiança da torcida.
b)
O descontentamento dos torcedores culminou com um protesto no próprio estádio. Como protesto contra as medidas tomadas pela diretoria, funcionários se recusaram a trabalhar.
c)
Torcedores descontentes invadiram a sede do clube e a depredaram. Com sede de vitória, os torcedores estimulavam o time ao ataque.
d)
O recinto foi atacado por bombas de fabricação caseira. Na festa junina soltaram-se bombas e fogos de artifício coloridos.
e)
Os feridos no confronto foram encaminhados ao hospital mais próximo. Vários espectadores ficaram feridos no último festival.
A palavra "eminente", presente no enunciado "O eminente ministro renunciou ao cargo" não deve ser confundida com "iminente", seu parônimo. Em que item a seguir o par de vocábulos é exemplo de parônimo? a)
coser I cozer
b)
ratificar I retificar
c)
insipiente I incipiente
d)
seção I sessão
e)
taxar I tachar
Analise os itens quanto à grafia e uso adequado dos pares das palavras nos enunciados. 1.
Consideraram melhor dilatar o tempo necessário aos exames da perícia. I Consideraram melhor delatar o tempo que os advogados usaram para apresentar os exames.
11.
Será retificado o resultado dos exames. perícia exigir.
lO
resultado dos exames só será ratificado se a
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
I
111.
o tráfego mundial na internet vai saltar para 1,5 bilhão de terabytes no próximo ano. Supremo está investigando o tráfico de influência da administração pública.
IV.
Enquanto o governo tenta desacelerar a inflação, seus correligionários persistem na infração causada pelo patrimonialismo. Assinale a alternativa correta
a)
Apenas I e 11, estão corretos.
b)
Apenas 11 e 111, estão corretos.
c)
Apenas I e IV, estão corretos.
d)
Todos os itens estão corretos.
e)
Apenas IV e V estão corretos.
12.6. Coesão e coerência: uso dos conectivos Leia o texto abaixo e responda às questões
1
e 2:
CONSTRUIR A REALIDADE José Antônio Mar i na
Todos queremos viver em liberdade e procuramos construir caminhos para alcançar esse propósito. Se um problema atravessa nossas vidas, nos sentimos impossibilitados de estar plenamente livres, pois há limitações e dificuldades de atuar. Ficamos em uma rua sem saída. Felizmente, a inteligência nos permite encontrar soluções e nos possibilita criar alternativas. O pensamento liberta! Não nos contentamos em conhecer, não nos basta possuir, não somos seres passivos. Nossos projetos buscam conectar-se à realidade e ampliá-la. Por exemplo, milhares de pessoas leem livros de autoajuda, pois desejam mudar sua própria realidade, ainda que os resultados sejam pequenos. Então, por que continuam lendo? Porque a simples ideia de que "se pode" mudar enche o coração de esperança. Em muitas ocasiões, nos sentimos presos à realidade, sem poder agir, limitados pelas contingências da vida. Felizmente, a inteligência nos diz que, dentro de certos limites- a morte é um deles -,a realidade não está totalmente decidida; está esperando que acabemos de defini-la. A realidade não é bela nem feia, nem justa nem injusta, nem exultante nem deprimente, não há maniqueísmo. A vida é um conjunto de possibilidades que devem ser construídas. Por isso, nada é definitivo, tudo está por vir. As coisas adquirem propriedades novas quando vamos em direção a elas com novos projetos. Observemos essa explosão do real em múltiplas possibilidades. Cada coisa é uma fonte de ocorrências, cada ponto se converte na intersecção de infinitas retas, ou de infinitos caminhos. Cada vez mais se desfazem os limites entre o natural e o artificial.
368
O
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
"Se um problema atravessa nossas vidas, I nos sentimos impossibilitados de estar plenamente livres"; o segundo segmento desse trecho do texto, em relação ao primeiro, funciona como sua:
a)
explicação;
b)
conclusão;
c)
condição;
d)
consequência;
e)
concessão.
"Não nos contentamos em conhecer, I não nos basta possuir, I não somos seres passivos"; nesse trecho do texto há três segmentos destacados e, entre eles, as conjunções adequadas seriam: a)
mas -já que;
b)
e- pois;
c)
pois- e;
d)
já que - logo;
e)
porém- dado que.
A REALIDADE PERCEBIDA PELOS ANIMAIS
É difícil imaginar como pode ser o mundo de um animal considerando que não só sua inteligência, mas também seus sistemas sensoriais são diferentes dos nossos. Todavia, os animais captam estímulos que nós não captamos. O ornitorrinco, por exemplo, percebe com seu bico, parecido com o dos patos, as descargas elétricas produzidas pelos camarões, a um metro de distância. As abelhas percebem as alterações elétricas causadas por uma tempestade distante e voltam para a colmeia; as serpentes detectam o calor de suas vítimas; os morcegos percebem o eco dos sons que lançam. O biólogo alemão von Uexküll assinalou que cada espécie animal vive em um mundo próprio, ao que chamou Umwelt.
"É difícil imaginar como pode ser o mundo de um animal considerando que não só sua inteligência, mas também seus sistemas sensoriais são diferentes dos nossos." O comentário adequado sobr~ os componentes desse segmento do texto é: ~
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
a)
o infinitivo "imaginar" pode ser substituíàp por "que se imaginasse";
b)
o conectar "mas também" equivale semanticamente a "porém";
c)
os pronomes "sua" e "seus" possuem referenciais diferentes;
d)
o termo "como" tem valor de interrogativo de modo;
e)
"difícil", "animal" e "sensoriais" são exemplos de adjetivos.
APRENDO PORQUE AMO Recordo a Adélia Prado: "Não quero faca nem queijo; quero é fome". Se estou com fome e gosto de queijo, eu como queijo ... Mas e se eu não gostar de queijo? Procuro outra coisa de que goste: banana, pão com manteiga, chocolate ... Mas as coisas mudam de figura se minha namorada for mineira, gostar de queijo e for da opinião que gostar de queijo é uma questão de caráter. Aí, por amor à minha namorada, eu trato de aprender a gostar de queijo. Lembro-me do filme "Assédio", de Bernardo Bertolucci. A história se passa numa cidade do norte da Itália ou da Suíça. Um pianista vivia sozinho numa casa imensa que havia recebido como herança. Ele não conseguia cuidar da casa sozinho nem tinha dinheiro para pagar uma faxineira. Ai ele propôs uma troca: ofereceu moradia para quem se dispusesse a fazer os serviços de limpeza. Apresentou-se uma jovem negra, recém-vinda da África, estudante de medicina. Linda! A jovem fazia medicina ocidental com a cabeça, mas o seu coração estava na música da sua terra, os atabaques, o ritmo, a dança. Enquanto varria e limpava, sofria ouvindo o pianista tocando uma música horrível: Bach. Brahms, Debussy ... Aconteceu que o pianista se apaixonou por ela. Mas ela não quis saber de namoro. Achou que se tratava de assédio sexual e despachou o pianista falando sobre o horror da música que ele tocava. O pobre pianista, humilhado, recolheu-se à sua desilusão, mas uma grande transformação aconteceu: ele começou a frequentar os lugares onde se tocava música africana. Até que aquela música diferente entrou no seu corpo e deslizou para os seus dedos. De repente, a jovem de vassoura na mão começou a ouvir uma música diferente, música que mexia com o seu corpo e suas memórias ... E foi assim que se iniciou uma estória de amor atravessado: ele, por causa do seu amor pela jovem, aprendendo a amar uma música de que nunca gostara, e a jovem, por causa do seu amor pela música africana, aprendendo a amar o pianista que não amara. Sabedoria da psicanálise: frequentemente, a gente aprende a gostar de queijo por meio do amor pela namorada que gosta de queijo ...
370
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Isso me remete a uma inesquecível experiência infantil. Eu estava no primeiro ano do grupo. A professora era a dona Clotilde. Ela fazia o seguinte: sentava-se numa cadeira bem no meio da sala, num lugar onde todos a viam- acho que fazia de propósito, por maldade-. Desabotoava a blusa até o estômago, lindo, liso, branco, aquele mamilo atrevido ... E nós, meninos, de boca aberta ... Mas isso durava não mais que cinco segundos, porque ela logo pegava o nenezinho e o punha para mamar. E lá ficávamos nós, sentindo coisas estranhas que não entendíamos: o corpo sabe coisas que a cabeça não sabe. Terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, pedindo para carregar sua pasta. Quem recebia a pasta era um felizardo, invejado. Como diz o velho ditado, "quem não tem seio carrega pasta" ... Mas tem mais: o pai da dona Clotilde era dono de um botequim onde se vendia um doce chamado "mata-fome", de que nunca gostei. Mas eu comprava um mata-fome e ia para casa comendo o mata-fome bem devagarzinho ... Poeticamente, trata-se de uma metonímia: o "mata-fome" era o seio da dona Clotilde ...
Ridendo dicere severum: rindo, dizer as coisas sérias ... Pois rindo estou dizendo que frequentemente se aprende uma coisa de que não se gosta por se gostar da pessoa que a ensina. E isso porque- lição da psicanálise e da poesia- o amor faz a magia de ligar coisas separadas, até mesmo contraditórias. Pois a gente não guarda e agrada uma coisa que p~rtenceu à pessoa amada? Mas a "coisa" não é a pessoa amada! "E sim!", dizem poesia, psicanálise e magia: a "coisa" ficou contagiada com a aura da pessoa amada.
[ ... ]
A dona Clotilde nos dá a lição de pedagogia: quem deseja o seio, mas não pode prová-lo. realiza o seu amor poeticamente, por metonímia: carrega a pasta e come "mata-fome" ... ALVES. R. O desejo de ensinar e a arte de aprender. São Pauto: Fundação Educar, 2007. p. 30.
o período "Terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, pedindo para carregar sua pasta." pode ser reescrito, mantendo-se o sentido original e respeitando-se os aspectos de coesão e coerência, da seguinte forma: a) Quando terminava a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde e pediam para carregar sua pasta. b) Porque terminava a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, além de pedir para carregar sua pasta c) Ao terminar a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, apesar de pedirem para carregar sua pasta. d) Terminando a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, que pedia para carregar sua pasta. e) Embora terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, cujos pediam para carregar sua pasta. 3/1
REDAÇÃO • Camila Sabatin
Leia o texto para responder a questão.
As cotas raciais deram certo porque seus beneficiados são, sim, competentes. Merecem, sim, frequentar uma universidade pública e de qualidade. No vestibular, que é o princípio de tudo, os cotistas estão só um pouco atrás. Segundo dados do Sistema de Seleção Unificada, a nota de corte para os candidatos convencionais a vagas de medicina nas federais foi de 787,56 pontos. Para os cotistas, foi de 761,67 pontqs. A diferença entre eles, portanto, ficou próxima de 3'Yo. IstoE entrevistou educadores e todos disseram que essa distância é mais do que razoável. Na verdade, é quase nada. Se em uma disciplina tão concorrida quanto medicina um coeficiente de apenas 3'Yo separa os privilegiados, que estudaram em colégios privados, dos negros e pobres, que frequentaram escolas públicas, então é justo supor que a diferença mínima pode, perfeitamente, ser igualada ou superada no decorrer dos cursos. Depende só da disposição do aluno. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das mais conceituadas do País, os resultados do último vestibular surpreenderam. "A maior diferença entre as notas de ingresso de cotistas e não cotistas foi observada no curso de economia", diz Ângela Rocha, pró-reitora da UFRJ. "Mesmo assim, essa distância foi de 11%, o que, estatisticamente, não é significativo". (www.istoe.com.br)
Para responder a questão, considere a passagem -"A diferença entre eles, portanto, ficou próxima de 3°/o". A conjunção portanto expressa ideia de a)
comparação.
b)
explicação.
c)
adição.
d)
condição.
e)
conclusão.
UM PÉ DE MILHO Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de capim- mas descobri que era um pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na frente da casa. Secaram as pequenas folhas, pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do tamanho de um palmo, veio um amigo e declarou desdenhosamente que na verdade aquilo era capim. Quando estava com dois palmos veio outro amigo e afirmou que era cana.
372
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas folhas além do muro- e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de milharais- mas é diferente. Um pé de milho sozinho, espremido, junto do portão, numa esquina de rua- não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas raízes roxas se agarra mão chão e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis. Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou. Há muitas flores belas no mundo, e a flor do meu pé de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso ,canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. E alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos. (Rubem Braga. 200 crônicas escolhidas. 2001. Adaptado)
Assinale a alternativa em que há relação de causa e consequência entre as informações. a)
Suas raízes roxas se agarram ao chão e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis. (2o §)
b)
Transplantei-o para o exíguo canteiro na frente da casa. Secaram as pequenas folhas ... (1o §)
c)
Tinha visto centenas de milharais- mas é diferente. (2o §)
d)
Quando estava com dois palmos veio outro amigo e afirmou que era cana. (1o §)
e)
... podia ser um pé de capim - mas descobri que era um pé de milho. (lo §)
UMA HISTÓRIA EM COMUM Os povos indígenas que hoje habitam a faixa de terras que vai do Amapá ao norte do Pará possuem uma história comum de relações comerciais, políticas, matrimoniais e rituais que remonta a pelo menos três séculos. Essas relações até hoje não deixaram de existir nem se deixaram restringir aos limites das fronteiras nacionais, estendendo-se à Guiana-Francesa e ao Suriname. Essa amplitude das redes de relações regionais faz da história desses povos uma história rica em ganhos e não em perdas culturais, como muitas vezes divulgam os livros didáticos queretratam a história dos índios no Brasil. No caso específico-desta região do Amapá e norte do Pará, são séculos de acúmulo de experiências de contato entre si ctue redundaram em inúmeros processos, ora de separação, ora de fusão grupal, ora de substituição, ora de aquisição de novos itens culturais. Processos estes
373
REDAÇÃO· Camila Sabatin
que se somam às diferentes experiências de contato vividas pelos distintos grupos indígenas com cada um dos agentes e agências que entre eles chegaram, dos quais existem registros a partir do século XVII.
É assim que, enquanto pressupomos que nós descobrimos os índios e achamos que, por esse motivo, eles dependem de nosso apoio para sobreviver, com um pouco mais de conhecimento sobre a história da região podemos constatar que os povos indígenas dessa parte da Amazônia nunca viveram isolados entre si. E, também, que o avanço de frentes de colonização em suas terras não resulta necessariamente num processo de submissão crescente aos novos conhecimentos, tecnologias e bens a que passaram a ter acesso, como à primeira vista pode nos parecer. Ao contrário disso, tudo o que esses povos aprenderam e adquiriram em suas novas experiências de relacionamento com os não-índios insere-se num processo de ampliação de suas redes de intercâmbio, que não apaga - apenas redefine - a importância das relações que esses povos mantêm entre si, há muitos séculos, "apesar" de nossa interferência. (Adaptado de: GALLOIS, Dominique Tilkin; GRUPIONI, Denise Fajardo. Povos indígenas no Amapá e Norte do Pará: quem são, onde estão, quantos são, como vivem e o que pensam? São Paulo: Iepé, 2003, p.B-9)
Considere a passagem do texto: No caso específico desta região do Amapá e norte do Pará, são séculos de acúmulo de experiências de contato entre si que redundaram em inúmeros processos, ora de separação, ora de fusão grupal, ora de substituição, ora de aquisição de novos itens culturais. O termo ora, em destaque, expressa ideia de a)
finalidade.
b)
causa.
c)
alternância.
d)
comparação.
e)
conclusão.
A LITERATURA DE CORDEL. HOJE No Brasil, literatura de cordel designa a literatura popular produzida em versos. A expressão se deve ao fato de que os folhetos eram comumente vendidos em feiras, pendurados em cordéis. Nota-se, hoje em dia, uma crescente visibilidade dessa literatura tradicional. Editoras e poetas trabalham intensamente para divulgar os folhetos, professores realizam experiências em sala de aula, pesquisas são realizadas no âmbito acadêmico, muitas delas são apresentadas como teses universitárias. Esse dina-
374
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
mismo pode ser ainda observado na publicação de antologias de
folhetos por grandes editoras, ou na edição em livro de obras de escritores populares, e sobretudo no aparecimento de inúmeros poetas e poetisas em diferentes pontos do país. Todo esse dinamismo precisa ser analisado com cuidado. Fala-se muito na presença da literatura de cordel na escola, várias intervenções vêm sendo realizadas sobretudo em estados do Nordeste. Abrir as portas da escola para o conhecimento da literatura de cordel em particular, ou mesmo da literatura popular em geral, é uma conquista da maior importância. Porém, há que se pensar de que modo efetivar esse processo tendo em vista a melhor contribuição possível para a formação dos alunos. A literatura de cordel deve ter, sim, um espaço na escola, nos níveis fundamental e médio, levando-se sempre em conta, porém, as especificidades desse tipo de produção artística. Considerá-la tão somente como uma ferramenta ocasional, utilizada para a assimilação de conteúdos disseminados nas mais variadas disciplinas (história, geografia, matemática, língua portuguesa) não parece uma atitude que contribua para uma significativa experiência da leitura dos folhetos. Há que respeitá-los e admirá-los sobretudo pelo que já são: testemunhos do mundo imaginário a que se dedicaram talentosos escritores de extração popular. (Adaptado de: MARINHO. Ana Cristina e PINHEIRO. Hélder. O cordel no cotidiano escolar. São Paulo: Cortez, 2012)
Porém, há que se pensar de que modo efetivar esse processo tendo em vista a melhor contribuição possível para a formação dos alunos. Na frase acima, os elementos sublinhados têm, respectivamente, o sentido de
d)
I afim Por conseguinte I por conta de Entretanto I objetivando Ou melhor I apesar de
e)
Aliás
a) b) c)
Ainda assim
I retificando
ANTES QUE A FONTE SEQUE José Carlos Tórtima. O Globo, 04/10/2014
Na deslumbrada primeira visão da nossa terra, Pero Voz de Caminha, o empolgado escrivão da frota de Cabral, não conteria a euforia ao anunciar, em sua célebre epístola ao rei Dom Manuel, que as águas da nova colônia eram não só muitas, mas "infindas". Só não imaginava Caminha que com sua bela carta de apresentação
da ambicionada Índia Ocidental aos nossos ancestrais lusitanos
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REDAÇÀO • Camila Sabatin
poderia estar lançando as sementes da arraigada e onipresente cultura de esbanjamento do precioso líquido e do mito de sua inesgotabilidade. Cultura esta que até hoje se faz presente nas cenas de desperdício explícito nas cidades e no campo. E também na timidez de políticas públicas direcionadas à preservação e ao bom uso das reservas do mineral. No segmento "as águas da nova colônia eram não só muitas, mas 'infindas"' há uma adição de dois termos; esse mesmo tipo morfossintático de adição se repete em: a)
"lançando as sementes da arraigada e onipresente cultura de esbanjamento";
b)
"esbanjamento do precioso líquido e do mito de sua inesgotabilidade";
c)
"desperdício explícito nas cidades e no campo";
d)
"e também na timidez de políticas públicas";
e)
"políticas públicas direcionadas à preservação e ao bom uso das reservas do mineral". Leia o texto a seguir e responda às questões
10
e 11:
LAR DO DESPERDÍCIO De acordo com as Nações Unidas, crianças nascidas no mundo desenvolvido consomem de 30 a 50 vezes mais água que as dos países pobres. Mas as camadas mais ricas da população brasileira têm índices de desperdício semelhantes, associados a hábitos como longos banhos ou lavagem de quintais, calçadas e carros com mangueiras.
O banheiro é onde há mais desperdício. A simples descarga de um vaso sanitário pode gastar até 30 litros de água, dependendo da tecnologia adotada. Uma das mais econômicas consiste numa caixa d'água com capacidade para apenas seis litros. acoplada ao vaso sanitário. Sua vantagem é tanta que a prefeitura da Cidade do México lançou um programa de conservação hídrica que substituiu 350 mil vasos por modelos mais econômicos. As substituições reduziram de tal forma o consumo que seria possível abastecer 250 mil pessoas a mais. No entanto, muitas casas no Brasil têm descargas embutidas na parede, que costuma ter um altíssimo nível de consumo. O ideal é substituí-las por outros modelos. O banho é outro problema. Quem opta por uma ducha gasta até 3 vezes mais do que quem usa um chuveiro convencional. São gastos, em média, 30 litros a cada cinco minutos de banho. O consumidor- doméstico, industrial ou agrícola- não é o único esbanjador. De acordo com a Agência Nacional de Águas, cerca de 40'Yo da água captada e tratada para distribuição se perde no caminho até as torneiras, devido à falta de manutenção das redes, à falta de gestão adequada do recurso e ao roubo.
376
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Esse desperdício não é uma exclusividade nacional. Perdas acima de 30'Yo são registradas em inúmeros países. Há estimativas de que as perdas re!;listradas na Cidade do México poderiam abastecer a cidade de Roma tranquilamente. (Ambientebrasil, outubro de 2014)
"De acordo com as Nações Unidas, crianças nascidas no mundo desenvolvido consomem de 30 a 50 vezes mais água que as dos países pobres. Mas as camadas mais ricas da população brasileira têm índices de desperdício semelhantes, associados a hábitos como longos banhos ou lavagem de quintais, calçadas e carros com mangueiras." No início do segundo período do texto ocorre a presença da conjunção mas; trata-se de uma conjunção adversativa, e o ponto que serve de elemento de oposição é: a)
a situação de desperdício detectada pela ONU e a situação de desperdício no Brasil;
b)
o consumo de água nos países desenvolvidos e o consumo de água das classes mais ricas do Brasil;
c)
o descuido com a água nos países ricos e o cuidado com a água nos países pobres;
d)
o consumo de água nos países mais ricos e o consumo de água em alguns países pobres, como o Brasil;
e)
o cuidado com a água nos países desenvolvidos e o descuido com o consumo nos países subdesenvolvidos.
"D~ acordo com as Nações Unidas, crianças nascidas no mundo desenvolvido consomem de 30 a 50 vezes mais água que as dos países pobres. Mas as camadas mais ricas da população brasileira têm índices de desperdício semelhantes, associados a hábitos como longos banhos ou lavagem de quintais, calçadas e carros~ mangueiras."
Nesse segmento do texto, entre os conectores destacados, aquele que apresenta seu valor semântico de forma correta é:
I proporcionalidade;
a)
de acordo com
b)
que f explicação;
c)
como I conclusão;
d)
ou I adição;
e)
com I companhia.
377
REDAÇÃO· Camila Sabatin
- tJtlpol$ qoocomecel a Mtar
nio consigo mais escrever rei atórlos com mais de 140 Cill'aeteres.
Os termos destacados em- Depois que comecei ... - e- ... ~mais de mem, correta e respectivamente, circunstâncias de a)
lugar e comparação.
b)
tempo e quantidade.
c)
modo e oposição.
d)
hipótese e causa.
e)
afirmação e dúvida.
140 caracteres.-
O LIVRO Jorge Luís Borges (escritor) Dos diversos instrumentos utilizados pelo homem, o mais espetacular é, sem dúvida, o livro. Os demais são extensões de seu corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões de sua visão: o telefone é a extensão de sua voz; em seguida, temos o arado e a espada, extensões de seu braço. O livro, porém, é outra coisa: o livro é uma extensão da memória e da imaginação. Dediquei parte de minha vida às letras, e creio que uma forma de felicidade é a leitura. Outra forma de felicidade- menor- é a criação poética, ou o que chamamos de criação, mistura de esquecimento e lembrança do que lemos. Devemos tanto às letras. Sempre reli mais do que li. Creio que reler é mais importante do que ler, embora para se ~eler seja necessário já haver lido. Tenho esse culto pelo livro. E possível que eu o diga de um modo que provavelmente pareça patético. E não quero que seja patético; quero que seja uma confidência que faço a cada um de vocês; não a todos, mas a cada um, porque "todos" é uma abstração, enquanto "cada um" é algo verdadeiro.
378
expri-
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
Continuo imaginando não ser cego; continuo comprando livros; continuo enchendo minha casa de livros. Há poucos dias fui presenteado com uma edição de 1966 da Enciclopédia Brockhaus. Senti sua presença em minha casa - eu a senti como uma espécie de felicidade. Ali estavam os vinte e tantos volumes com uma letra gótica que não posso ler, com mapas e gravuras que não posso ver. E, no entanto, o livro estava ali. Eu sentia como que uma gravitação amistosa partindo do livro. Penso que o livro é uma felicidade de que dispomos, nós, os homens. (Adaptado de: BORGES. Jorge Luís. Cinco visões pessoais. 4. ed. Trad. de Maria Rosinda R. da Silva. Brasília: UnB. 2002. p. 13 e 19)
Nos trechos O livro, porém, é outra coisa (do primeiro parágrafo) e reler é mais importante do que ler, embora para se reler seja necessário já haver lido (do terceiro), as conjunções, no contexto dos parágrafos, estabelecem, respectivamente, relação de a) causa e condição. b)
consequência e finalidade.
c)
adição e temporalidade.
d)
oposição e concessão.
e)
proporção e contraste
Para responder à questão, leia o quadrinho.
fi'a,;t,_v;l.. ~---·
•••llíi ~···'··~lltl(l.
379
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
Assim como introduz uma circunstância de a)
condição.
b)
comparação.
c)
causa.
d)
concessão.
e)
finalidade.
leia o texto a seguir para responder as questões 15 e 16:
VALORES DEMOCRÁTICOS Deu no Datafolha: para 62'Yo dos brasileiros, a democracia "é sempre melhor que qualquer outra forma de governo". Folgo em saber que a imagem da democracia vai bem, mas a frase é verdadeira? Eu não faria uma afirmação tão forte. Como Churchill, acho melhor limitar a comparação ao universo do conhecido. "Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais que têm sido experimentadas de tempos em tempos", proclamou o estadista britanico. Com efeito, não há necessidade de transformar a democracia num valor religioso. Ela deve ser defendida por suas virtudes práticas. Para descobri-las, precisamos listar seus defeitos. Já desde Platão sabemos que ela é sensível à ação dos demagogos. E, quanto mais avançamos no conhecimento do cérebro e da psicologia humana, descobrimos novas e mais sutis maneiras de influenciar os eleitores, que usam muito mais a emoção do que a razão na hora de fazer suas escolhas. E verdade que, com a prática, os cidadãos aprendem a defender-se, mas, de modo geral, são os marqueteiros que têm a vantagem. Outro ponto sensível e delicado é o levantado pelo economista Bryan Caplan. A democracia até tende a limitar o radicalismo nas situações em que os eleitores se dividem bastante sobre um tema, mas ela se revela impotente nos assuntos em que vieses cognitivos estão em operação, como é o caso da fixação de políticos e eleitores por criar empregos, mesmo que eles reduzam a eficiência econômica. Se a democracia se presta a manipulações e não evita que a maioria tome decisões erradas, por que ela é boa? Bem, além de promover a moderação em parte das controvérsias, ela oferece um caminho para grupos antagônico9 disputarem o poder de forma institucionalizado e pouco violenta. E menos do que sonhavam os iluministas, mas dado o histórico de nossa espécie, isso não é pouco. (Hélio Schwartsman, Folha de São Paulo, 01/04/2014)
380
Cap. X. REVISAO GRAMATICAL
" ... como é o caso da fixação de políticos e eleitores por criar empregos, mesmo gue eles reduzam a eficiência econômica". A substituição conveniente do conectivo sublinhado, sem a alteração formal de qualquer outro elemento, é
a)
"contanto que".
b)
"apesar de".
c)
"sem que".
d)
"embora".
e)
"caso".
"Se a democracia se presta a manipulações e não evita que a maioria tome decisões erradas,~ ela é boa? Bem, além de promover a moderação em parte das controvérsias, ela oferece um caminho para grupos antagônicos di~putarem o poder de forma institucionalizado e pouco violenta. E menos do que sonhavam os iluministas, ~dado o histórico de nossa espécie, isso não é pouco". A alternativa que indica corretamente o valor semântico de um dos conectivos sublinhados é
a)
Se - concessão.
b)
por que- explicação.
c)
além de- adição.
d)
para- finalidade.
e)
mas -conclusão.
12.7.
Concordância verbal e nominal
CONSTRUIR A REAUDADE José Antônio Marina
Todos queremos viver em liberdade e procuramos construir caminhos para alcançar esse propósito. Se um problema atravessa nossas vidas, nos sentimos impossibilitados de estar plenamente livres, pois há limitações e dificUldades de atuar. Ficamos em uma rua sem saída.
REDAÇÃO • Comi/a Sabatín
Felizmente, a inteligênci~ nos permite encontrar soluções e nos possibilita criar alternativas. O pensamento liberta! Não nos contentamos em conhecer, não nos basta possuir, não somos seres passivos. Nossos projetos buscam conectar-se à realidade e ampliá-la. Por exemplo, milhares de pessoas leem livros de autoajuda, pois desejam mudar sua própria realidade, ainda que os resultados sejam pequenos. Então, por que continuam lendo? Porque a simples ideia de que "se pode" mudar enche o coração de esperança. Em muitas ocasiões, nos sentimos presos à realidade, sem poder agir, limitados pelas contingências da vida. Felizmente, a inteligência nos diz que, dentro de certos limites - a morte é um deles-, a realidade não está totalmente decidida; está esperando que acabemos de defini-la. A realidade não é bela nem feia, nem justa nem injusta, nem exultante nem deprimente, não há maniqueísmo. A vida é um conjunto de possibilidades que devem ser construídas. Por isso, nada é definitivo, tudo está por vir. As coisas adquirem propriedades novas quando vamos em direção a elas com novos projetos. Observemos essa explosão do real em múltiplas possibilidades. Cada coisa é uma fonte de ocorrências, cada ponto se converte na intersecção de infinitas retas, ou de infinitos caminhos. Cada vez mais se desfazem os limites entre o natural e o artificial. Na frase "Todos queremos viver em liberdade", o exemplo de concordância verbal em "Todos queremos" se repete na seguinte frase: a)
Não são criativos todos os brasileiros;
b)
Os candidatos estamos preocupados com a prova;
c)
V. Ex a . parece entristecido;
d)
Todos nós desejamos a liberdade;
e)
A gente não deseja mais viver. 2.
CESGAANRIO - 2014 - PEmOBAAS - CONHECIMENTOS BÁSICOS - NfVEL SUPERIOR
APRENDO PORQUE AMO Recordo a Adélia Prado: "Não quero faca nem queijo; quero
é fome". Se estou com fome e gosto de queijo, eu como queijo ... Mas e se eu não gostar de queijo? Procuro outra coisa de que goste: banana, pão com manteiga, chocolate. .. Mas as coisas mudam de figura se minha namorada for mineira, gostar de queijo e for da opinião que gostar de queijo é uma'questão de caráter. Aí, por amor à minha namorada, eu trato de aprender a gostar de queijo.
, ,'
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
Lembro-me do filme "Assédio", de Bernardo Bertolucci. A
história se passa numa cidade do norte da
Itálí~a
ou da Suíça.
Um pianista vivia sozinho numa casa imensa que havia recebido como herança. Ele não conseguia cuidar da casa sozinho nem tinha dinheiro para pagar uma faxineira. Ai ele propôs uma troca: ofereceu moradia para quem se dispusesse a fazer os serviços de limpeza. Apresentou-se uma jovem negra, recém-vinda da África, estudante de medicina. Linda! A jovem fazia medicina ocidental com a cabeça, mas o seu coração estava na música da sua terra, os atabaques, o ritmo, a dança. Enquanto varria e limpava, sofria ouvindo o pianista tocando uma música horrível: Bach. Brahms, Debussy... Aconteceu que o pianista se apaixonou por ela. Mas ela não quis saber de namoro. Achou que se tratava de assédio sexual e despachou o pianista falando sobre o horror da música que ele tocava. O pobre pianista, humilhado, recolheu-se à sua desilusão, mas uma grande transformação aconteceu: ele começou a frequentar os lugares onde se; tocava música africana. Até que aquela música diferente entrou no seu corpo e deslizou para os seus dedos. De repente, a jovem de vassoura na mão começou a ouvir uma música diferente, música que mexia com o seu corpo e suas memórias ... E foi assim que se iniciou uma estória de amor atravessado: ele, por causa do seu amor pela jovem, aprendendo a amar uma música de que nunca gostara, e a jovem, por causa do seu amor pela música africana, aprendendo a amar o pianista que não amara. Sabedoria da psicanálise: frequentemente, a gente aprende a gostar de queijo por meio do amor pela namorada que gosta de queijo ... Isso me remete a uma inesquecível experiência infantil. Eu estava no primeiro ano do grupo. A professora era a dona Clotilde. Ela fazia o seguinte: sentava~se numa cadeira bem no meio da sala, num lugar onde todos a viam- acho que fazia de propósito, por maldade-. Desabotoava a blusa até o estômago, lindo, liso, branco, aquele mamilo atrevido ... E nós, meninos, de boca aberta ... Mas isso durava não mais que cinco segundos, porque ela logo pegava o nenezinho e o punha para mamar, E lá ficávamos nós, sentindo coisas estranhas que não entendíamos: o corpo sabe coisas que a cabeça não sabe. Terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, pedindo para carregar sua pasta. Quem recebia a pasta era um felizardo, invejado. Como diz o velho ditado, "quem não tem seio carrega pasta" ... Mas tem mais: o pai da dona Clotilde era dono de um botequim onde se vendia um doce chamado "mata-fome", de que nunca gostei. Mas eu comprava um mata-fome e ia para casa comendo o mata-fome bem devagarzinho ... Poeticamente, trata-se de uma metonímia: o "mata-fome" era o seio da dona Clotilde ...
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Ridendo dicere severum: rindo, dizer as coisas sérias ... Pois rindo estou dizendo que frequentemente se aprende uma coisa de que não se gosta por se gostar da pessoa que a ensina. E isso porque- lição da psicanálise e da poesia- o amor faz a magia de ligar coisas separadas, até mesmo contraditórias. Pois a gente não guarda e agrada uma coisa que p~rtenceu à pessoa amada? Mas a "coisa" não é a pessoa amada! "E sim!", dizem poesia, psicanálise e magia: a "coisa" ficou contagiada com a aura da pessoa amada. [... ]
A dona Clotilde nos dá a lição de pedagogia: quem deseja o seio, mas não pode prová-lo. realiza o seu amor poeticamente, por metonímia: carrega a pasta e come "mata-fome" ... ALVES. R. O desejo de ensinar e a arte de aprender. São Pauto: Fundação Educar, 2007. p. 30.
A concordância verbal NÃO está em consonância com a norma-padrão em: a)
A maior parte dos alunos admiram seus professores.
b)
Fazem anos que a educação brasileira tem buscado novos métodos.
c)
Não sou dos que acreditam em uma educação tradicional.
d)
Foi dona Clotilde quem despertou o desejo dos alunos por aprender.
e)
Prezar e amar é fundamental para o processo de ensino-aprendizagem.
CORRIDA CONTRA O EBOLA Já faz seis meses que o atual surto' de ebola na África Ocidental despertou a atenção da comunidade internacional, mas nada sugere que as medidas até agora adotadas para refrear o avanço da doença tenham sido eficazes. Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 contaminações registradas neste ano ocorreram nas últimas três semanas, e as mais de 2.000 mortes atestam a força da enfermidade. A escalada levou o diretor do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a afirmar que a epidemia está fora de controle. O vírus encontrou ambiente propício para se propagar. De um lado, as condições sanitárias e econômicas dos países afetados são as piores possíveis. De outro, a Organização Mundial da Saúde foi incapaz de mobilizar com celeridade um contingente expressivo de profissionais para atuar nessas localidades afetadas.
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas financeiros. Só 20'/o dos recursos da entidade vêm de contribuições compulsórias dos países-membros - o restante é formado por doações voluntárias. A crise econômica mundial se fez sentir também nessa área, e a organização perdeu quase US$ 1 bilhão de seu orçamento bianual, hoje de quase US$ 4 bilhões. Para comparação, o CDC dos EUA contou, somente no ano de 2013, com cerca deUS$ 6 bilhões. Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A agência passou a dar mais ênfase à luta contra enfermidades globais crônicas, como doenças coronárias e diabetes. O departamento de respostas a epidemias e pandemias foi dissolvido e integrado a outros. Muitos profissionais experimentados deixaram seus cargos. Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para reconhecer a gravidade da situação. Seus esforços iniciais foram limitados e mal liderados. O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais possível enfrentá-lo de Genebra, cidade suíça sede da OMS. Tornou-se crucial estabelecer um comando central na África Ocidental, com representantes dos países afetados. Espera-se também maior comprometimento das potências mundiais, sobretudo Estados Unidos, Inglaterra e França, que possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e Guiné, respectivamente. A comunidade internacional tem diante de si um desafio enorme, mas é ainda maior a necessidade de agir com rapidez. Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta a favor da doença. (Disponível em: http:/ /wwwl. folha.uol.com.br/ opiniao/2014/09/1512104editorial-corrida-contra-o-ebola.shtml: Acesso em: 08/09/2014)
A concordância empregada, na primeira oração do texto "Já faz seis meses", ocorre em função de uma característica linguística do verbo. Essa mesma característica pode ser observada na seguinte opção: a)
Organizaram-se reuniões periódicas na empresa.
b)
Há muitas questões pendentes ainda.
c)
o encontro ocorreu sem transtorno algum.
d)
Falhou o projeto e a experiência.
e)
Espera-se a ajuda do grupo.
Os dados do Sistema de Seleção Unificada comprovam que a diferença de percentual entre os candidatos à medicina egressos tanto de escolas particulqres quanto de. escola públicas foi quase , pois eles tiveram desempenho
REDAÇÃO· Camíla Sabatín
Em conformidade com a norma-padrão ~a língua portuguesa, as lacunas devem ser preenchidas, respectivamente, com: a)
nula ... bastantes semelhantes
b)
nulo ... bastante semelhante
c)
nula ... bastante semelhante
d)
nula ... bastante semelhantes
e)
nulo ... bastante semelhantes
Pato manco. O termo da polftica norte-americana é usado para classificar executivos eleitos cuja aprovação popular e minoria no Legislativo os incapacitados de alterar significativamente a vida dos governados. Se tudo correr como as pesquisas de intenção de voto, as eleições de novembro nos EUA, com renovação completa da Casa dos Representantes e um terço do Senado, o presidente Barack Obama refém de um Congresso dominado pela oposição. (www.cartacapital.com.br, 06.10.2014. Adaptado)
Em conformidade com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, com: a)
deixam ... indica ... deixarão
b)
deixa ... indica ... deixará
c)
deixam ... indicam ... deixará
d)
deixam ... indicam .• deixarão
e)
deixa ... indicam ... deixarão
A LITERATURA DE CORDEL, HOJE No Brasil, literatura de cordel designa a literatura popular produzida em versos. A expressão se deve ao fato de que os folhetos eram comumente vendidos em feiras, pendurados em cordéis. Nota-se, hoje em dia, uma crescente visibilidade dessa literatura tradicional. Editoras e poetas trabalham intensamente para divulgar os folhetos, professores realizam experiências em sala de aula. pesquisas são realizadas no âmbito acadêmico, muitas delas são apresentadas como teses universitárias. Esse dinamismo pode ser ainda observado na publicação de antologias de folhetos por grandes editoras, ou na edição em livro de obras de escritores populares, e sobretudo no aparecimento de inúmeros poetas e poetisas em diferentes pontos do país.
386
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Todo esse dinamismo precisa ser analisado com cuidado. Fala-se muito na presença da literatura de cordel na escola. várias intervenções vêm sendo realizadas sobretudo em estados do Nordeste. Abrir as portas da escola para o conhecimento da literatura de cordel em particular, ou mesmo da literatura popular em geral, é uma conquista da maior importância. Porém, há que se pensar de que modo efetivar esse processo tendo em vista a melhor contribuição possível para a formação dos alunos. A literatura de cordel deve ter, sim, um espaço na escola, nos níveis fundamental e médio, levando-se sempre em conta, porém, as especificidades desse tipo de produção artística. Considerá-la tão somente como uma ferramenta ocasional, utilizada para a assimilação de conteúdos disseminados nas mais variadas disciplinas (história, geografia, matemática, língua portuguesa) não parece uma atitude que ·contribua para uma significativa experiência da leitura dos folhetos. Há que respeitá-los e admirá-los sobretudo pelo que já são: testemunhos do mundo imaginário a que se dedicaram talentosos escritores de extração popular. (Adaptado de: MARINHO, Ana Cristina e PINHEIRO, Hélder. O cordel no cotidiano escolar. São Paulo: Cortez, 2012)
As normas de concordância verbal acham-se plenamente respeitadas na construção da seguinte frase: a)
Cabem às editoras zelar pela boa qualidade da literatura de cordel cuja publicação foi assumida.
b)
Não se privem os leitores de usufruir belas edições que perenizem em livro os grandes autores de cordel.
c)
Quanto às edições de literatura de cordel, não se tratam apenas de produzir bons livros, mas de saber trabalhar com eles.
d)
O fato de haverem muitos poemas de cordel não significa que a maioria dos brasileiros tenham dado por sua real importância.
e)
A um grande número de leitores interessam que os folhetos de cordel sejam dignamente
publicados em livro.
LAR DO DESPERDÍCIO De acordo com as Nações Unidas, crianças nascidas no mundo desenvolvido consomem de 30 a 50 vezes mais água que as dos países pobres. Mas as camadas mais ricas da população brasileira têm índices de desperdício semelhantes, associados a hábitos como longos banhos ou lavagem de quintais, calçadas e carros com mangueiras.
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
O banheiro é onde há mais desperdício. A simples descarga de um vaso sanitário pode gastar até 30 litros de água, dependendo da tecnologia adotada. Uma das mais econômicas consiste numa caixa d'água com capacidade para apenas seis litros, acoplada ao vaso sanitário. Sua vantagem é tanta que a prefeitura da Cidade do México lançou um programa de conservação hídrica que substituiu 350 mil vasos por modelos mais econômicos. As substituições reduziram de tal forma o consumo que seria possível abastecer 250 mil pessoas a mais. No entanto, muitas casas no Brasil têm descargas embutidas na parede, que costuma ter um altíssimo nível de consumo. O ideal é substituí-las por outros modelos. O banho é outro problema. Quem opta por uma ducha gasta até 3 vezes mais do que quem usa um chuveiro convencional. São gastos, em média, 30 litros a cada cinco minutos de banho. O consumidor- doméstico, industrial ou agrícola- não é o único esbanjador. De acordo com a Agência Nacional de Águas, cerca de 40"/o da água captada e tratada para distribuição se perde no caminho até as torneiras, devido à falta de manutenção das redes, à falta de gestão adequada do recurso e ao roubo. Esse desperdício não é uma exclusividade nacional. Perdas acima de 30"/o são registradas em inúmeros países. Há estimativas de que as perdas registradas na Cidade do México poderiam abastecer a cidade de Roma tranquilamente. (Ambientebrasil. outubro de 2014)
"Sua vantagem é tanta que a prefeitura da Cidade do México lançou um programa de conservação hídrica que substituiu 350 mil vasos por modelos mais econômicos. As substituições reduziram de tal forma o consumo que seria possível abastecer 250 mil pessoas a mais. No entanto, muitas casas no Brasil têm descargas embutidas na parede, que costuma ter um altíssimo nível de consumo. o ideal é substituí-las por outros modelos." Nesse segmento do texto, a forma verbal sublinhada que apresenta erro em relação cordância é: a)
lançou;
b)
substituiu;
c)
abastecer;
d)
têm;
e)
costuma.
388
à con-
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
TEXT06
Escovar os den!tsOUR ~coma
tOflltira fec:Nda geram
ocooomia de 79lltros
Na frase, o verbo está no plural por concordar com o sujeito composto "escovar os dentes ou se barbear"; a frase abaixo em que a forma verbal deveria estar no singular é a)
deixar a torneira aberta ou fechá-la fazem muita diferença na conta mensal de água;
b)
lavar o carro com mangueira ou tomar banhos prolongados aumentam a despesa doméstica;
c)
os adultos ou as crianças podem colaborar na economia doméstica;
d)
o desperdício de água ou o desmatamento mostram descuido com o futuro do planeta;
e)
cuidar dos encanamentos ou preocupar-se com vazamentos demonstram consciência cidadã.
NOVAS FRONTEIRAS DO MUNDO GLOBALIZADO Apesar do desenvolvimento espetacular das tecnologias, não devemos imaginar que vivemos em um mundo sem fronteiras, como se o espaço estivesse definitivamente superado pela velocidade do tempo. Seria mais correto dizer que a modernidade, ao romper com a geografia tradicional, cria novos limites. Se a diferença entre o "Primeiro" e o "Terceiro" mundo é diluída, outras surgem no interior deste último, agrupando ou excluindo as pessoas. Nossa contemporaneidade faz do próximo o distante, separando-nos daquilo que nos cerca, ao nos avizinhar de lugares remotos. Neste caso, não seria o outro aquilo que o "nós" gostaria de excluir? Como o islamismo (associado à noção de irracionalidade), ou os espaços de pobreza (África, setores de países em desenvolvimento), que apesar de muitas vezes próximos se afastam dos ideais cultivados pela modernidade. (Adaptado de: ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994, p. 220)
Todas as formas verbais estão adequadamente empregadas quanto ao sentido e corretamente flexionadas na frase: ~ a)
Ainda ontem nos contemos diante do seu entusiasmo, desistindo de o dissuadir de que nós é que estávamos certos.
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
b)
o que contribue para a globalização não di'ininui os abismos que sempre se interporam entre as classes sociais.
c)
Muitas pessoas já se contraporam, no passado, aos abusos que adviram com as novidades tecnológicas.
d)
O que sobrevier à globalização proverá ou não de razão os argumentos utilizados pelo autor
do texto. e)
Se alguém se dispor a concordar com suas opiniões, satisfazer-se-á em se manter passivo diante da globalização?
JUROS E MARSHMALLOWS Formação de poupança, taxa de juros, r > g, na agora célebre formulação de Thomas Piketty. Expressos em economês, esses conceitos têm algo de impenetravelmente abstrato. Mas tudo isso pode se tornar um pouco mais compreensível se recorrermos à psicologia. Sob essa chave interpretativa, a taxa de juros é a expressão monetária da recompensa diferida, ou melhor, o prêmio que se paga à paciência. O sujeito que aceita deixar de consumir já e guarda seu dinheiro recebe uma gratificação por seu autocontrole. Essa faceta psicológica, embora não dê conta de explicar todos os aspectos da taxa de juros, ajudaria fica em torno dos 4"/o ou 5"/o ao ano, que seriam o preço-base da impaciência humana. O interessante é que a noção de recompensa diferida não serve só para ajudar a entender a economia. Ela se revelou também um teste de inteligência emocional com alto valor preditivo sobre o sucesso de pessoas. Tudo começou nos anos 60 com o experimento do marshmallow. O psicólogo Walter Mischel, de Stanford, estava interessado em saber como crianças resistiam a tentações. Assim, colocava garotos de quatro anos numa sala diante de um marshmallow e lhes dava duas opções. Poderiam tocar uma campainha, encerrar o experimento e devorar a guloseima, ou aguardar a volta do pesquisador, que então lhes entregaria um segundo marshmallow. Anos depois, Mischel correlacionou o tempo que elas conseguiram esperar com indicadores de sucesso. Constatou que as que conseguiram esperar mais se saíram melhor nos exames acadêmicos, tinham menos problemas com drogas, menores taxas de divórcio e até menor peso. Não podemos, decerto, transpor esses achados individuais para sociedades, mas será que as aftas taxas de juros no Brasil não dizem algo sobre nossa saúde mental coletiva? (Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo, 13.07.2014. Adaptado)
390
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Considerando o contexto, a forma verbal destacada em - Historicamente, ela fica em torno dos 4°1. ou 5°!. ao ano ... (segundo parágrafo)- está corretamente substituída. preservando.se o sentido de uma ação que se iniciou no passado e se prolonga até o presente, por a)
ficará.
b)
ficava.
c)
tinha ficado.
d)
tem ficado.
e)
teria ficado.
NOSSO JEITINHO Um amigo meu, estrangeiro, já há uns seis anos morando no Brasil, lembrava-me outro dia qual fora sua principal dificuldade - entre várias- de se adaptar aos nossos costumes. "Certamente foi lidar com o tal do jeitinho", explicou. "Custei a entender que aqui no Brasil nada está perdido, nenhum impasse é definitivo: sempre haverá como se dar um jeitinho em tudo, desde fazer o motor do carro velho funcionar com um pedaço de arame até conseguir que o primo do amigo do chefe da seção regional da Secretaria de Alimentos convença este último a influenciar o Diretor no despacho de um processo". Meu amigo estrangeiro estava, como se vê, reconhecendo a nossa "informalidade" - que é o nome chique do tal do jeitinho. O sistema- também batizado pelos sociólogos como o do "favor"- não deixa de ser simpático, embora esteja longe de ser justo. Os beneficiados nunca reclamam, e os que jamais foram morrem de inveja e mantêm esperanças. Até o poeta Drummond tratou da questão no poema "Explicação", em que diz a certa altura: "E no fim dá certo". Essa conclusão aponta para uma espécie de providencialismo místico, contrapartida divina do jeitinho: tudo se há de arranjar, porque Deus é brasileiro. Entre a piada e a seriedade, muita gente segue contando com nosso modo tão jeitoso de viver.
É possível que os tempos modernos tenham começado a desfavorecer a solução do jeitinho: a informatização de tudo, a rapidez da mídia, a divulgação instantânea nas redes sociais, tudo se encaminha para alguma transparência, que é a inimiga mortal da informalidade. Tudo se documenta, se registra, se formaliza de algum modo- e o jeitinho passa a ser facilmente desmascarado, comprometido o seu anonimato e perdendo força aquela simpática clandestinidade que sempre o protegeu. Mas há ainda muita gente que acha que nós, os brasileiros, com nossa indiscutível cria,tilfidade, dqremos um jeito de contornar esse problema. Meu amigo estrangeiro, por exemplo, não perdeu a esperança. (Abelardo Trabulsi, inédito)
391
REDAÇAO • Camila Sabatin
o verbo indicado entre parênteses deverá flexionar-se de modo a concordar com o termo sublinhado na frase: a)
As soluções postas em prática pelo jeitinho brasileiro não (deixar) de intrigar os estrangeiros, que não entendem tamanha informalidade.
b)
Mesmo os brasileiros a quem que não (ocorrer) valer-se do jeitinho sabem reconhecê-lo como uma prática social até certo ponto legítima.
c)
Os avanços da tecnologia, sobretudo os da informática, (conspirar) contra a prática tradicional do jeitinho brasileiro.
d)
Acredita-se que a transparência dos meios de comunicação (tender) a se converter numa espécie de inimiga mortal da informalidade.
e)
Informalidade, sistema de favor, jeitinho, muitas são as denominações que se (aplicar) a um mesmo fenômeno social.
VELHAS CARTAS
"Você nunca saberá o bem que sua carta me fez ... " Sinto um choque ao ler esta carta antiga que encontro em um maço de outras. Vejo a data, e então me lembro onde estava quando a recebi. Não me lembro é do que escrevi que fez tanto bem a uma pessoa. Passo os olhos por essas linhas antigas, elas dão notícias de amigos, contam uma ou outra coisa çJo Rio e tenho curiosidade de ver como ela se despedia de mim. E do jeito mais simples: "A saudade de ... " Agora folheio outras cartas de amigos e amigas; são quase todas de apenas dois ou três anos atrás. Mas como isso está longe! Sinto-me um pouco humilhado, pensando como certas pessoas me eram necessárias e agora nem existiriam mais na minha lembrança se eu não encontrasse essas linhas rabiscados em Londres ou na Suíça. "Cheguei neste instante; é a primeira coisa que faço, como prometi, escrever para você, mesmo porque durante a viagem pensei demais em você ... " Isto soa absurdo a dois anos e meio de distância. Não faço a menor ideia do paradeiro dessa mulher de letra redonda; ela, com certeza, mal se lembrará do meu nome. E esse casal, santo Deus, como era amigo: fazíamos planos de viajar juntos pela Itália; os dias que tínhamos passado juntos eram "inesquecíveis". E esse amigo como era amigo! Entretanto, nenhum de nós dois se lembrou mais de procurar o outro. (. ..) As cartas mais queridas, as que eram boas ou ruins demais, eu as rasguei há muito. Não guardo um documento sequer das pessoas que mais me afligiram e mais me fizeram feliz. Ficaram apenas, dessa época, essas cartas que na ocasião tive pena de rasgar e depois não me lembrei de deitar fora.
392
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
A maioria eu guardei para responder depois, e nunca o fiz. Mas também escrevi muitas cartas e nem todas tiveram resposta. (BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: Record, 1978. p. 271/272)
As normas de concordância verbal e nominal estão plenamente observadas na frase: a)
Diante de cartas antigas, que há muito tempo já tinha sido esquecido, o narrador passou a reconstituir fatos e pessoas.
b)
Por inúteis que possam parecer, cartas antigas estimulam em nossa memória cenas de que jamais nos lembraríamos não fosse o seu estilo.
c)
O autor correspondia-se com vários amigos, a quem se ligava muito afetuosamente, mas que o tempo tornou anônimo no fundo da memória.
d)
As cartas mais emocionais o autor pôs fora, para que não viesse a provocar-lhe fortes excitações antigas, que o deixaram perturbado.
e)
Fazerem-se esquecido é um mistério que caracteriza aqueles fatos que pareciam muito importantes, mas que não sobreviveram à ação do tempo.
O TEMPO DIRÁ SE O MARCO CIVIL DA INTERNET É BOM OU RUIM Foi aprovado o Marco Civil da internet: aquilo a que chamam de "Constituição da internet" e que será capaz de afetar diretamente a vida de milhões de usuários que já não usam mais a internet apenas para se divertir, mas para trabalhar. O Marco Civil garantirá a neutralidade da rede, segundo a qual todo o conteúdo que trafega pela internet será tratado de forma igual. As empresas de telecomunicações que fornecem acesso poderão continuar vendendo velocidades diferentes. Mas terão de oferecer a conexão contratada independentemente do conteúdo acessado pelo internauta e não poderão vender pacotes restritos. O Marco Civil garante a inviolabilidade e o sigilo das comunicações. O conteúdo poderá ser acessado apenas mediante ordem judicial. Na prática, as conversas via Skype e as mensagens salvas na conta de e-mail não poderão ser violadas, a menos que o Judiciário determine. Excluiu-se do texto aprovado um artigo que obrigava empresas estrangeiras a instalar no Brasil seus datacenters (centros de dados para armazenamento de informações). Por outro lado, o projeto aprovado reforçou dispolSitivo que determina o cumprimento das leis brasileiras por pa;te de companhias internacionais, mesmo que não estejam instaladas no Brasil.
393
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Ressalte-se ainda que a exêlusão de conteúdo só poderá ser ordenada pela Justiça. Assim, não ficará mais a cargo dos provedores a decisão de manter ou remover informações e notícias polêmicas. Portanto, o usuário que se sentir ofendido por algum conteúdo no ambiente virtual terá de procurar a Justiça, e não as empresas que disponibilizam os dados. Este é o Marco Civil que temos. Se é o que pretendíamos ter, o tempo vai mostrar. Mas, sem dúvida, será menos pior do que não termos marco civil nenhum. (O Liberal, Editorial de 24.04.2014. Adaptado)
Feitas as adequações necessárias, a reescrita do trecho- O Marco Civil garante a inviolabili· da de e o sigilo das comunicações.- permanece correta, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, em: A inviolabilidade e o sigilo das comunicações ... a)
... mantêm-se garantidos pelo Marco Civil.
b)
... mantém-se garantidos pelo Marco Civil.
c)
... mantêm-se garantido pelo Marco Civil.
d)
... mantém-se garantidas pelo Marco Civil.
e)
... mantêm-se garantidas pelo Marco Civil.
Assinale a alternativa que apresenta a frase cuja redação está condizente com a norma-padrão da língua portuguesa. a)
Existe algumas pessoas que questionam o Marco Civil da internet. alegando de que foi aprovado de maneira apressada.
b)
É importante mencionar de que as empresas de telecomunicações poderão vender veloci-
dades diferentes, mas está proibido a venda de pacotes restritos. c)
Os usuários devem estar atentos ao fato de que não haverá distinções no tratamento dos conteúdos que trafegam pela internet.
d)
Os clientes devem conhecer seus direitos para que este se cumpra, por exemplo: é evidente de que as empresas precisam oferecer a conexão contratada.
e)
Sempre pode ocorrer falhas técnicas, capaz de comprometer a qualidade dos serviços, mas as empresas devem ter consciência de que essas falhas precisam ser prontamente corrigidas.
FEBRE DE LIQUIDAÇÃO Passo em frente da vitrine. Observo um paletó quadriculado, uma calça preta e duas camisas polo, devidamente acompanhados de um cartaz discreto anunciando a "remarcação'. Fujo apressadamente pelos labirintos do shopping. Tarde demais, fui fisgado.
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Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Mal atinjo as escadas rolantes, início o caminho de volta. O coração badala como um sino. A respiração ofegante. São os primeiros sintomas da febre por liquidação, que me ataca cada vez que vejo uma vitrine com promessas sedutoras. Atravesso as portas da loja, farejo em tomo, com o mesmo entusiasmo de um leão vendo criancinhas em um safári. No primeiro momento, tenho a impressão de que entrei numa estação de metrô. A febre já atingiu a multidão. Os vendedores, cercados, parecem astros da Globo envoltos pelos fãs. Dou duas cotoveladas em um dos rapazes com ar de executivos e peço o tal paletó. O funcionário explica que só tem determinado número. Minto: - Acho que é o meu. Ele me observa, incrédulo. É dois algarismos menor, mas quem sabe? Acho que emagreci 100 gramas na última semana. Experimento. Não fecha. Respiro fundo e abotoo. Assim devem ter se sentido as mulheres com espartilho. Gemo, quase sem voz: - Está um pouquinho apertado.
-É o maior que temos- diz, cruel. Decido. Vou levar, apesar da barriga encolhida. O vendedor arregala os olhos. Explico: - Estou fazendo regime. No ano que vem vai caber direitinho. De qualquer maneira, só poderia usá-lo no próximo inverno. É de lã pesada, e está fazendo o maior calor. Só de experimentar fiquei suando. ( ... ) Concordo que fui precipitado em comprar uma roupa para quando estiver magro, só para aproveitar o preço. Meu regime dura oito anos, sem resultados visíveis. Desabafo com uma amiga naturalista, que vive apregoando um modo de vida mais simples, sem muitas posses. Ela me aconselha: Não compre mais nada. Resista. Aprendi muito quando passei a viver apenas com o necessário. Revela, com ar culpado: anos.
Sabe, na minha fase consumista, juntei roupa para 150
Sorrio, solidário. Ela pergunta, por mera curiosidade, os preços da loja. Também pede o endereço. Mais tarde a descubro no shopping, mergulhada na arara das blusas de lã. Febre de liquidação é pior que gripe, dá .até recaída. Com um detalhe: a gente gasta, gasta, e ain.da acha que levou vantagem. CARRASCO. W. O golpe do aniversariante e outros crônicas.
In: Para Gostar de Ler. São Paulo: Ática. 2005. v.20. p. 60-63.
395
REDAÇAO • Camila Sabatín
A forma verbal destacada que está flexionada de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa é: a)
Walcir e sua amiga saiu correndo do shopping.
b)
o relógio bateram dez horas.
c)
Eu e meus amigos irão às compras.
d)
Fazem dois anos que não compramos nada no shopping.
e)
Havia crianças e adultos naquela loja.
O FUTURO TRANSUMANO Um mundo habitado por seres com habilidades sobre-humanas parece ficção científica, mas essa poderia ser a visão que nossos antepassados longínquos teriam de nós. Vive-se mais e com melhor qualidade que eles; cruzam-se grandes distâncias em poucas horas e estabelece-se comunicação instantânea com pessoas do outro lado do planeta, só para citar alguns exemplos que deixariam nossos tataravós boquiabertos. O que esperar então dos humanos do futuro? Uma das tendências, segundo especialistas, é a integração da tecnologia a nossos corpos- uma espécie de hibridização. Seguindo o movimento que ocorreu ao longo do século 20, de miniaturização dos artefatos tecnológicos, estes ficariam tão pequenos a ponto de serem incorporados a nosso organismo e conectados a nosso sistema nervoso. Com o avanço dessa hibridização, haveria uma escala de radicalidade na adoção da tecnologia, com alguns indivíduos optando por todas as modificações possíveis, e outros sendo mais contidos. Em um horizonte mais distante, nos questionaríamos sobre qual é o limite entre o natural e o artificial.
É provável que o leitor já tenha usado algum tipo de melhoramento das capacidades cognitivas, ou seja, das habilidades de adquirir, processar, armazenar e recuperar informação. Se já tomou café para se manter acordado, usou o estimulante cafeína, presente na bebida, para melhorar seu estado de alerta. Isso não parece particularmente controverso, assim como não é o emprego de técnicas mnemônicas para facilitar a memorização de uma determinada informação. Nos últimos anos, porém, novas modalidades de melhoramento cognitivo surgiram, como o consumo de drogas que não se desenvolveram para esse objetivo. Um dos principais problemas éticos associados a esse tipo de melhoramento é que ele ampliaria a desigualdade social, criando uma elite superinteligente, rica e poderosa, além de polarizar a sociedade entre os mais e os menos aptos. Entretanto, segundo
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Cap. X· REVISAo GRAMATICAL
estudiosos, a tendência é que melhoramentos se tomem mais baratos com o tempo, sendo acessíveis para todos. Se as pessoas puderem escolher quais melhoramentos adquirir, é pouco provável que se formem apenas dois grupos sociais distintos, sendo mais factível que haja um continuo de indivíduos modificados. O melhoramento físico e cognitivo dos humanos Dor meio de novas tecnologias é a principal bandeira do transumanismo. Esse movimento defende que a forma atual do ser humano não representa o fim do nosso desenvolvimento, mas sim uma fase relativamente precoce. Assim como usamos métodos racionais para melhorar as condições sociais e o mundo externo, podemos utilizar essa mesma abordagem no nosso organismo, sem necessariamente nos limitarmos a meios tradicionais, como educação e desenvolvimento cultural.
Já os opositores dos transumanistas, chamados de bioconservadores, alertam sobre os vários problemas que tecnologias de melhoramento criarão para a sociedade, como a já citada polarização e o aumento da desigualdade social. Além do melhoramento físico e cognitivo da humanidade, alguns transumanistas defendem a eliminação do sofrimento, tanto físico quanto emocional. Sua intenção é eliminar males como depressão e síndrome do estresse pós-traumático, para promover a saúde mental e a felicidade. Apesar de ser um objetivo aparentemente nobre, esse tipo de alteração, mais do que melhoramentos físicos, parece tocar na nossa essência, naquilo que consideramos o cerne da humanidade. Uma questão central nessa discussão é o que é ser humano. FURTADO. F. O futuro transumano. Revista Ciência Hoje. n. 307. v. 52. set. 2013. Rio de Janeiro: Instituto Ciência Hoje. d. 18-23. Adaptado.
O verbo auxiliar destacado está utilizado de acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa em: a)
A comissão encarregada de analisar a reciclagem de materiais concluiu que têm havido boas soluções para os resíduos hospitalares.
b)
As conclusões dos peritos comprovaram que já deviam fazer cinco horas que o acidente acontecera e o socorro ainda não chegara.
c)
As experiências recentes tentam descobrir se pode existir outras formas de vida além dessa
d)
Os oceanógrafos afirmam que deve haver espécies raras de esponjas no litoral do Nordeste que nunca chegaremos a conhecer. Os representantes das grandes potências acreditam que podem haver pactos para impedir a explosão da terceira guerra mundial.
que conhecemos no nosso planeta.
e)
O coração aos pulos. Aquele chêque na bolsa ... Meu Deus, me protege, me guia, me salva!
397
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Ao sair do escritório, com'{> negócio fechado, dona Irene sentia-se leve, até orgulhosa de haver cumprido a missão, na cidade. Nem reparou que um sujeito alto a seguia, quase tocando no seu ombro. Quando reparou, pois ele encostara demais no seu braço e até o puxara, ficou branca, passou a mão no pulso, estava sem o relógio. Gritou desesperada: - Ladrão! Pega ladrão! Roubou meu relógio! Pega! Se havia muita gente no local, de repente apareceu mais ainda. O bolo se adensou, e era difícil as pessoas se mexerem. O homem que agarrara o braço de dona Irene queria correr, mas aí é que não dava mesmo jeito de escapar. Num lance rápido, ele colocou alguma coisa na mão dela, que não compreendeu bem o gesto mas apertou o objeto, e só um instante depois viu que era o relógio. Quando deu fé que este lhe fora restituído - coisa surpreendente, difícil de acreditar e mais ainda de acontecer -já o cara tinha sumido. Coração aos pulos, emocionada pelo roubo e pela devolução imprevista, o que dona Irene desejou foi tomar um helicóptero e fugir incontinenti dali. Como não há helicópteros à disposição de senhoras aflitas, ela tomou um táxi para chegar em casa ainda arfante, com o multíplice receio do que pudesse acontecer até abrir a porta do apartamento- e mesmo depois, quem sabe lá o que pode irromper de terrível hoje em dia? O marido, na cama, foi despertado pelo puxão nervoso e pelas palavras ainda mais nervosas de dona Irene: - Imagina: me roubaram e me devolveram meu relógio! - Que relógio? - Este aqui - e ela estendeu o pulso, esquecida de que o pusera na bolsa, sem tempo e sem calma para atar novamente a pulseira, depois do fato. Abriu a bolsa e exibiu o relógio recuperado. - Mas você não levou relógio nenhum, filha. Você esqueceu ele na mesinha de cabeceira. Está ali. Quando eu dei fé, corri à janela para avisar, mas não vi mais você. Sujeito assustado, aquele ladrão! Mais medroso do que a medrosa dona Irene. (Carlos Drummond de Andrade. As palavras que ninguém diz. Adaptado)
Assinale a alternativa correta quanto à concordância nominal, segundo a norma·padrão.
e deixaram as pessoas atentas
a)
Os gritos de dona !rene ecoaram alto
b)
Com o acontecido, dona !rene voltou para casa meia amedrontada
c)
Devido à violência, há menas pessoas andando nas ruas
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Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
d)
Dona lrene deu bastante gritos para chamar a atenção das pessoas
e)
Os ladrões, meio assustado, podem fazer coisas inimagináveis
SAI A ENERGIA LIMPA, ENTRA O PRÉ-SAL Vivemos um tempo em que o fantasma do apagão assombra o já inseguro, pouco competitivo e bamboleante setor industrial brasileiro. Pouco a pouco esse fantasma começa também a assustar os incautos cidadãos comuns de nosso país. Por um lado, o Brasil possui uma das matrizes elétricas consideradas uma das mais limpas do mundo. Entre 80'7'o e 90°/oda nossa geração elétrica vêm de fontes renováveis. Segundo o Relatório de Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil - da Agência Nacional de Águas - o país tem cerca de mil empreendimentos hidrelétricos, sendo que mais de 400 deles são pequenas centrais hidrelétricas. Por outro lado, se olharmos nossa matriz energética como um todo, veremos que estamos muito longe de sermos exemplo na área de energias limpas. Mais de 52'7'o da energia que move o Brasil vêm do petróleo e seus derivados, empurrando a energia hidrelétrica para um modesto terceiro lugar, com apenas 13'7'o do total, ficando também atrás da energia gerada através da cana (álcool +biomassa, com 19,3%). Se você vivia no país antes de 2007, deve ter lido ou ouvido falar que o Estado brasileiro estava investindo pesadamente em biocombustíveis e em fontes energéticas renováveis e limpas. Pelo discurso oficial, o Brasil se tornaria a potência energética limpa do terceiro milênio e um país exportador dessas tecnologias. Mas em 2007, Deus - talvez por ser brasileiro - resolveu dar uma mãozinha e nos deu de presente o pré-sal, rapidamente vendido (sem trocadilhos) como a redenção de todos os nossos problemas. O que se viu a partir daí foi uma verdadeira batalha política entre os estados "com pré-sal" e os estados "sem pré-sal" pelos royalties do tesouro recém-descoberto. A face menos perceptível desse fenômeno foi que, como mágica, sumiram os projetos de desenvolvimento tecnológico e de inovação para aprimoramento e popularização de fontes energéticas limpas.
(.... )É muito triste constatar que vivemos em um país de discursos, sem nenhum planejamento estratégico para a área de energia e, pior, que o Brasil fez uma clara opção pelo caminho da poluição e da ineficiência energética. 399
REDAÇÃO· Comi/o Sobatin
Quanto ao fantasma do apagão, justiça seja feita, o Estado brasileiro tem feito sua parte para espantá-lo definitivamente. Mas, como não há planejamento, faz isso como pode, rezando todos os dias - e com muita fé - para que São Pedro mande o único antídoto que pode, de fato, impedir que esse espectro da falta de planejamento provoque um colapso energético no país: a chuva. (José Roberto Borghetti e Antônio Ostrensky, O Globo, 27/03/2014)
"Entre 80°k e 90ok da nossa energia vêm de fontes renováveis". Nessa frase a concordância verbal é feita no plural, por fazer concordar o verbo (vêm) com o número da porcentagem. Assinale a opção que indica a frase em que a concordância está incorreta. a)
1% dos brasileiros não acredita no governo.
b)
5°k da população tem medo do apagão.
c)
l2°k dos cariocas apreciam futeboL
d)
1,7°k do povo aceitam a Copa do Mundo no BrasiL
e)
32°k do consumo se dirige a supérfluos.
12.8. Regência verbal e nominal
Leia o texto. Mesmo estando apta desenvolver atividades na área de ensino, a maioria dos pro· fissionais que conclui o ensino superior sente-se impelida buscar outras áreas que possa trabalhar, geralmente atraída __ salários mais expressivos e melhores condições de trabalho. Considerando-se as regras de regência, verbal e nominal, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com: a)
a ... de ... de ... por
b)
a ... a ... em ... por
c)
em ... por ... a ... de
d)
a ... com ... por ... com
e)
por ... a ... em ... com
O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e culturais de todos os Estados e sociedades. Suas consequências infligem considerável prejuízo às nações do mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam por todos os cantos da sociedade e por todos os espaços geográficos, afetando homens e mulheres de diferentes grupos étnicos, independentemente de classe social e econômica ou mesmo de idade. Questão de relevância na discussão dos efeitos 400
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
adversos do uso indevido de drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos - geralmente de caráter transnacional - com a criminalidade e a violência. Esses fatores ameaçam a soberania nacional e afetam a estrutura social e econômica interna, devendo o governo adotar uma postura firme de combate ao tráfico de drogas, articulando-se internamente e com a sociedade, de forma a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de prevenção e repressão e garantir o envolvimento e a aprovação dos cidadãos. Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>. Acesso em jan./2014.
No que se refere aos aspectos linguísticos do fragmento de texto acima, julgue o próximo item.
o emprego da preposição "com", em "com a criminalidade e a violência", deve-se à regência do vocábulo "conexos". ( )CERTO ( )ERRADO
Leia o texto abaixo e respondas às questões 3 e 4:
APRENDO PORQUE AMO
Recordo a Adélia Prado: "Não quero faca nem queijo; quero é fome". Se estou com fome e gosto de queijo, eu como queijo ... Mas e se eu não gostar de queijo? Procuro outra coisa de que goste: banana, pão com manteiga, chocolate ... Mas as coisas mudam de figura se minha namorada for mineira, gostar de queijo e for da opinião que gostar de queijo é uma questão de caráter. Aí, por amor à minha namorada, eu trato de aprender a gostar de queijo. Lembro-me do filme "Assédio", de Bernardo Bertolucci. A história se passa numa cidade do norte da Itália ou da Suíça. Um pianista vivia sozinho numa casa imensa que havia recebido como herança. Ele não conseguia cuidar da casa sozinho nem tinha dinheiro para pagar uma faxineira. Ai ele propôs uma troca: ofereceu moradia para quem se dispusesse a fazer os serviços de limpeza. Apresentou-se uma jovem negra, recém-vinda da África, estudante de medicina. Linda! A jovem fazia medicina ocidental com a cabeça, mas o seu coração estava na música da sua terra, os atabaques, o ritmo, a dança. Enquanto varria e limpava, sofria ouvindo o pianista tocando uma música horrível: Bach. Brahms, Debussy ... Aconteceu que o pianista se apaixonou por ela. Mas ela não quis saber de namoro. Adl_ou que se tratava de assédio sexual e despachou o pianista falando sobre o horror da música que ele tocava. · 401
REDAÇÃO· Camíla Sabatín
O pobre pianista, humilhad'p, recolheu-se à sua desilusão, mas uma grande transformação aconteceu: ele começou a frequentar os lugares onde se tocava música africana. Até que aquela música diferente entrou no seu corpo e deslizou para os seus dedos. De repente, a jovem de vassoura na mão começou a ouvir uma música diferente, música que mexia com o seu corpo e suas memórias ... E foi assim que se iniciou uma estória de amor atravessado: ele, por causa do seu amor pela jovem, aprendendo a amar uma música de que nunca gostara, e a jovem, por causa do seu amor pela música africana, aprendendo a amar o pianista que não amara. Sabedoria da psicanálise: frequentemente, a gente aprende a gostar de queijo por meio do amor pela namorada que gosta de queijo ... Isso me remete a uma inesquecível experiência infantil. Eu estava no primeiro ano do grupo. A professora era a dona Clotilde. Ela fazia o seguinte: sentava-se numa cadeira bem no meio da sala, num lugar onde todos a viam- acho que fazia de propósito, por maldade-. Desabotoava a blusa até o estômago, lindo, liso, branco, aquele mamilo atrevido ... E nós, meninos, de boca aberta ... Mas isso durava não mais que cinco segundos, porque ela logo pegava o nenezinho e o punha para mamar. E lá ficávamos nós, sentindo coisas estranhas que não entendíamos: o corpo sabe coisas que a cabeça não sabe. Terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, pedindo para carregar sua pasta. Quem recebia a pasta era um felizardo, invejado. Como diz o velho ditado, "quem não tem seio carrega pasta" ... Mas tem mais: o pai da dona Clotilde era dono de um botequim onde se vendia um doce chamado "mata-fome", de que nunca gostei. Mas eu comprava um mata-fome e ia para casa comendo o mata-fome bem devagarzinho ... Poeticamente, trata-se de uma metonímia: o "mata-fome" era o seio da dona Clotilde...
Ridendo dicere severum: rindo, dizer as coisas sérias ... Pois rindo estou dizendo que frequentemente se aprende uma coisa de que não se gosta por se gostar da pessoa que a ensina. E isso porque- lição da psicanálise e da poesia- o amor faz a magia de ligar coisas separadas, até mesmo contraditórias. Pois a gente não guarda e agrada uma coisa que p~rtenceu à pessoa amada? Mas a "coisa" não é a pessoa amada! "E sim!", dizem poesia, psicanálise e magia: a "coisa" ficou contagiada com a aura da pessoa amada. [ ... ] A dona Clotilde nos dá a lição de pedagogia: quem deseja o seio, mas não pode prová-lo. realiza o seu amor poeticamente, por metonímia: carrega a pasta e come "mata-fome"... ALVES. R. O desejo de ensinar e a arte de aprender. São Pauto: Fundação Educar, 2007. p. 30.
402
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
a) b) c) d) e)
da a) b) c) d) e)
O acento grave está empregado de acordo com a norma-padrão em: Ensinar implica à necessidade de também aprender. Os professores sempre visam à evolução dos alunos. A educação se constrói à duras penas. Recorrer à métodos pedagógicos alternativos é fundamental. É importante criar discussões àcerca do ensino.
Na frase a seguir. a regência da forma verbal em destaque está adequada à norma-padrão língua: Lembro-me perfeitamente de minha professora, a dona Clotilde Os professores devem assistir às crianças, investindo, com isso, em nosso futuro. Devemos aspirar professores que tenham amor pelo ensino. Ensinar é um ato que obedece a lei do amor. Informei a todos do que ocorreu na sala com dona Clotilde.
Leia a charge.
v T
o
p I A
s (Fblht rJe S.Psulô;à8.10.2014. Ada!X&dO)
A lacuna na fala da personagem deve ser preenchida, corretamente, com:
a) b) c) d) e)
em cujo aonde em que que ao qual
QUANDO A CRASE MUDA O SENTIDO
Muitos deixariam de ver a crase como bicho-papão se pensassem nela como uma ferramenta para evitar ambiguidade nas frases. Luiz Costa Pereira Junior
REDAÇÃO • Camila Sabatin
O emprego da crase costuma desconcertar muita gente. A ponto de ter gerado um balaio de frases inflamadas ou espirituosas de uma turma renomada. O poeta Ferreira Gullar, por exemplo, é autor da sentença "A crase não foi feita para humilhar ninguém", marco da tolerância gramatical ao acento gráfico. O escritor Moacyr Scliar discorda, em uma deliciosa crônica "Tropeçando nos acentos", e afirma que a crase foi feita, sim, para humilhar as pessoas; e o humorista Millôr Fernandes, de forma irônica e jocosa, é taxativo: "ela não existe no Brasil". O assunto é tão candente que, em 2005, o deputado João Herrmann Neto propôs abolir esse acento do português do Brasil por meio do projeto de lei 5.154, pois o considerava "sinal obsoleto, que o povo já fez morrer". Bombardeado, na ocasião, por gramáticos e linguistas que o acusavam de querer abolir um fato sintático como quem revoga a lei da gravidade, Herrmann logo desistiu do projeto. A grande utilidade do acento de crase no a, entretanto, que faz com que seja descabida a proposta de sua extinção por decreto ou falta de uso, é: crase é, antes de mais nada, um imperativo de clareza. Não raro, a ambiguidade se dissolve com a crase- em outras, só o contexto resolve o impasse. Exemplos de casos em que a crase retira a dúvida de sentido de uma frase, lembrados por Celso Pedro Luft no hoje clássico Decifrando a crase: cheirar a gasolina X cheirar à gasolina; a moça correu as cortinas X a moça correu às cortinas; o homem pinta a máquina X o homem pinta à máquina; referia-se a outra mulher X referia-se à outra mulher. O contexto até se encarregaria, diz o autor, de esclarecer a mensagem; um usuário do idioma mais atento intui um acento necessário, garantido pelo contexto em que a mensagem se insere. A falta de clareza, por vezes, ocorre na fala, não tanto na escrita. Exemplos de dúvida fonética, sugeridos por Francisco Platão Savioli: "A noite chegou"; "ela cheira a rosa"; "a polícia recebeu a bala". Sem o sinal diacrítico, construções como essas serão sempre ambíguas. Nesse sentido, a crase pode ser antes um problema de leitura do que prioritariamente de escrita. (Adaptado de: PEREIRA Jr .. Luiz Costa. Revista Língua portuguesa, ano 4. n. 48. São Paulo: Segmento. outubro de 2009. p. 36-38)
Acerca dos exemplos utilizados nos dois últimos parágrafos para ilustrar o papel da crase na clareza e na organização das ideias de um texto, é correto afirmar: a)
quando se escreve cheirar a gasolina, o sentido do verbo é de "feder" ou "ter cheiro de".
b)
em a polícia recebeu a bala, afirma-se que a polícia foi vitimada pelo tiro.
c)
na frase À noite chegou, "noite" assume função de sujeito do verbo chegar.
d)
no trecho a moça correu as cortinas, o verbo assume o sentido de "seguir em direção a".
e)
em o homem pinta
404
à máquina,
diz-se que o objeto que está sendo pintado
é a máquina.
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Leia trechos da entrevista do pianista João Carlos Martins ao jornal o Estado de S.Paulo para responder a questão. De pianista ___ maestro, o músico aprendeu com os desafios, sem deixar morrer seu amor pela arte erudita. Que valores nortearam a sua vida para que o senhor conseguisse lidar com as más notícias que recebeu e superá-las? Um percalço físico pode depressão ou _ __ reflexão. Se você refletir com a razão e com o coração, tendo como meta a palavra esperança, o percalço poderá ser um estímulo para o sucesso. Embora eu prefira não usar a palavra sucesso, a palavra superação ajudará pessoas que tenho certeza estejam enfrentando adversidades em suas vidas. Assinale a alternativa cujas palavras completam, correta e respectivamente, as lacunas do texto. a)
a ... levar-lhe ... à ... à ... que
b)
à ... levá-lo ... à ... à ... que
c)
a ... levá-lo ... à ... à ... de que
d)
à ... levar-lhe ... a ... a ... que
e)
à ... levar-lhe ... a ... a ... de que
Em vinte e poucos anos, a Internet deixou de ser um ambiente virtual restrito e transformou-se em fenômeno mundial. Atualmente, há tantos computadores e dispositivos conectados à Internet que os mais de quatro bilhões de endereços disponíveis estão praticamente esgotados. Por essa razão, a rede mundial concentra as atenções não só das pessoas e de governos, mas também movimenta um enorme contingente de empresas de infraestrutura de telecomunicações e de empresas de conteúdo. Pela Internet são compradas passagens aéreas, entradas de cinema e pizzas; acompanham-se as notícias do dia, as ações do governo, os gols e os capítulos das novelas; e são postadas as fotos da última viagem, além de serem comentados os últimos acontecimentos do grupo de amigos. No entanto, junto com esse crescimento do mundo virtual, aumentaram também o cometimento de crimes e outros desconfortos que levaram à criação de lêis que criminalizam determinadas praticas no uso da Internet, tais como invasão a sítios e roubo de senhas.
405
REDAÇÃO ·Comi/a Sabatin
Devido ao aumento dos pr~blemas motivados pela digitalização das relações pessoais, comerciais e governamentais, surgiu a necessidade de se regulamentar o uso da Internet. Internet: <www.camara.leg.br> (com adaptações)
No que se refere às ideias e aos aspectos linguísticos do texto acima, julgue os itens a seguir. É obrigatório o emprego do sinal indicativo de crase em "à Internet" e "à criação".
( )CERTO ( )ERRADO
Nem astronautas nem cosmonautas. Os futuros conquistadores do espaço chamam-se taikonautas. Está-se falando da China, e após a bem-sucedida missão Shcnzhou VII, o país planeja estar cada vez mais presente no cosmos. Os próximos passos serão o lançamento de uma estação espacial e o envio de astronaves à Lua e a Marte. Tecnologia para essa empreitada os chineses têm. Dinheiro, também. E motivação política, isso então nem se fala. A missão Shcnzhou VII, por exemplo, aproveitou a onda ufanista da Olimpíada. Mais: o seu lançamento comemorou os cinquenta e nove anos da chegada do Partido Comunista ao poder. A China já enviara três missões tripuladas, mas essa foi especial: foi a primeira vez que um taikonauta realizou uma caminhada no espaço. O ápice da festa foi quando o coronel da Aeronáutica Zhai Zhigang vestiu o seu uniforme (made in China e ao preço de USS 4,3 milhões), abriu as portas da nave e deu início à sua caminhada cósmica. A missão era objetiva e apologética do governo, justamente para incutir nos chineses o orgulho das futuras missões e tirar deles o apoio incondicional, independentemente de quanto o país tenha de gastar. Zhigang foi flutuando (de ponta cabeça) para apanhar um lubrificante que estava do lado de fora do veículo espacial e, assim, enfeitiçou os olhos dos bilhões de chineses que o assistiam ao vivo pela tevê. Ele ergueu a bandeira vermelha de seu país e declarou: "Estou me sentindo bem. Cumprimento daqui o povo chinês c o povo do mundo inteiro." A missão chinesa provou que o país entrou para valer na corrida espacial do futuro. Não faltam projetos, incluindo-se o de uma estação espacial produzida 1007o na China. O objetivo c "realizar experiências científicas de grande escala" e criar uma "sólida base para utilização pacifica do espaço e exploração de seus recursos". Essa estação ajudará o país a avançar em projetos muito mais ambiciosos. Tatiana de Mello. A vez dos taikonautas. In: Istoé, 8/10/2008 (com adaptações).
406
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Com relação às ide ias e estruturas linguísticas do texto acima, julgue. No trecho "deu início à sua caminhada cósmica", o emprego do acento grave indicativo de
crase é obrigatório. ( )CERTO ( )ERRADO
12.9.
Crase
O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e culturais de todos os Estados e sociedades. Suas consequências infligem considerável prejuízo às nações do mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam por todos os cantos da sociedade e por todos os espaços geográficos, afetando homens e mulheres de diferentes grupos étnicos, independentemente de classe social e econômica ou mesmo de idade. Questão de relevância na discussão dos efeitos adversos do uso indevido de drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos - geralmente de caráter transnacional - com a criminalidade e a violência. Esses fatores ameaçam a soberania nacional e afetam a estrutura social e econômica interna, devendo o governo adotar uma postura firme de combate ao tráfico de drogas, articulando-se internamente e com a sociedade, de forma a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de prevenção e repressão e garantir o envolvimento e a aprovação dos cidadãos. Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>. Acesso em jan./2014.
No que se refere aos aspectos linguísticos do fragmento de texto acima, julgue o próximo item.
o acento indicativo de crase em "à humanidade e à estabilidade" é de uso facultativo, razão por que sua supressão ~ã9 prejudicaria a correção gramatical do texto. ( )CERTO ( )ERRADO
ÁRVORES DE ARAQUE
- Você está vendo alguma coisa esquisita nessa paisagem? perguntou o meu amigo Fred Meyer. Olhei em tomo. Estávamos no jardim da residência da Embaixada do Brasil no Marrocos, onde ele vive - é o nosso embaixador no país -, cercados de tamareiras, palmeiras e outras árvores de diferentes tipos. Um casal de pavões se pavoneava pelo gramado, uma dezena de galinhas d'angola ciscava no chão, passarinhos iam e vinham. No terraço da
REDAÇAO • Camila Sabatin
casa ao lado, onde funciona a Embaixada da Rússia, havia um mar de parabólicas, que devem captar até os suspiros das autoridades locais. Lá longe, na distância, mais tamareiras e palmeiras espetadas contra um céu azul de doer. Tudo me parecia normal. - Olha aquela palmeira alta lá na frente. Olhei. Era alta mesmo, a maior de todas. Tinha um ninho de cegonhas no alto. - Não é palmeira.
É uma torre de celular disfarçada.
Fiquei besta. Depois de conhecer sua real identidade, não havia mais como confundi-la com as demais: mas enquanto eu não soube o que era, não me chamara a atenção. Passei os vinte dias seguintes me divertindo em buscar antenas disfarçadas na paisagem. Fiz dezenas de fotos delas, e postei no Facebook, onde causaram sensação. A maioria dos meus amigos nunca tinha visto isso: outros já conheciam de longa data, e mencionaram até espécimes plantados no Brasil. Alguns, como Luísa Cortesão, velha amiga portuguesa que acompanho desde os tempos do Fotolog, têm posição radicalmente formada a seu respeito: odeiam. Parece que Portugal está cheio de falsas coníferas. [ ... ] A moda das antenas disfarçadas em palmeiras começou em 1996, quando a primeira da espécie foi plantada em Cape Town, na África do Sul: mas a invenção é, como não podia deixar de ser, Made in USA. Lá, uma empresa sediada em Tucson, Arizona, chamada Larson Camouflage, projetou e desenvolveu a primeiríssima antena metida a árvore do mundo, um pinheiro que foi ao ar em 1992. A Larson já tinha experiência, se não no conceito, pelo menos no ramo: começou criando paisagens artificiais e camuflagens para áreas e equipamentos de serviço. Hoje existem inúmeras empresas especializadas em disfarçar antenas de telecomunicaçõe,s pelo mundo afora, e uma quantidade de disfarces diferentes. E um negócio próspero num mundo que quer, ao mesmo tempo, boa conexão e paisagem bonita, duas propostas mais ou menos incompatíveis. Os custos são elevados: um disfarce de palmeira para torre de telecomunicações pode sair por até USS 150 mil. mas há fantasias para todos os bolsos, de silos e caixas d'água à Ia Velho Oeste a campanários, mastros, cruzes, cactos, esculturas. A Verizon se deu ao trabalho de construir uma casa cenográfica inteira numa zona residencial histórica em Arlington, Virgínia, para não ferir a paisagem com caixas de switches e cabos. A antena ficou plantada no quintal, pintada de verde na base e de azul no alto: mas no terreno em frente há um jardim sempre conservado no maior capricho e, volta e meia. Entregadores desavisados deixam jornais e revistas na porta. A brincadeira custou
408
Cap. X. REVISÃO GRAMATICAL
cerca de USS 1,5 milhão. A vizinhança, de início revoltada com a ideia de ter uma antena enfeiando a área, já se acostumou com a falsa residência, e até elogia a operadora pela boa manutenção do jardim. RONAI. C. O Globo. Economia, p. 33. 22 mar. ZOU. Adaptado, vocabulário: de araque- expressão idiomática que significa 'falso'.
O período no qual o acento indicativo da crase está empregado de acordo com a norma-padrão é: a)
Começou à chover torrencialmente.
b)
Vamos encontrar-nos às três horas.
c)
Meu carro foi comprado à prazo
d)
O avião parte daqui à duas horas.
e)
Ontem fui à uma apresentação de dança.
Leia o texto para responder a questão. Em meio a insatisfações com a situação econômica, o principal alvo do movimento de milhares de manifestantes na China é a garantia de plenas liberdades, em observação aos princípios que presidiram a passagem de Hong Kong para a esfera desse país, em 1997. O acordo de transição criou a fórmula "um país, dois sistemas". A submissão da economia ao Estado e a centralização da ditadura chinesa não seriam implantadas na região administrativa especial da ex-colônia por 50 anos, período em que se manteriam o arcabouço democrático e a livre-iniciativa.
O compromisso foi quebrado por recente decisão que afeta as eleições marcadas para 2017: o governo central arrogou-se o direito de aprovar previamente os candidatos que poderão participar do pleito. A medida foi vista como um indício de que a China estaria disposta a intervir e ampliar seu controle sobre Hong Kong, uma importante praça financeira internacional. (Folha de S.Paulo, 01.10.2014. Adaptado)
__ quebra do compromisso entre Hong Kong e China, que atinge__ eleições marcadas para 2017, seguiram-se manifestações, pois, com o controle da cidade, haveria ameaça __ garantia de plenas liberdades. As lacunas devem ser preenchidas, correta e respectivamente, com:
à
a)
A ... as ...
b)
À ... às ... à
c)
A ... às ... a
'
409
REDAÇÃO· Camila Sabatin
d)
e)
A ... às ... à À •.. as ... à
A participação e o lugar da mulher na história foram negligenciados pelos historiadores e, por muito tempo, elas ficaram à sombra de um mundo dominado pelo gênero masculino. Ao pensarmos o mundo medieval e o papel dessa mulher, o quadro de exclusão se agrava ainda mais, pois, além do silêncio que encontramos nas fontes de consulta, os textos, que muito raramente tratam o mundo feminino, estão impregnados pela aversão dos religiosos da época por elas. Na Idade Média, a maioria das ideias e de conceitos era elaborada pelos escolásticos. Tudo o que sabemos sobre as mulheres desse período saiu das mãos de homens da Igreja, pessoas que deveriam viver completamente longe delas. Muitos clerigos consideravam-nas misteriosas, não compreendiam, por exemplo, como elas geravam a vida e curavam doenças utilizando ervas. A mulher era considerada pelos clérigos um ser muito próximo da carne e dos sentidos e, por isso, uma pecadora em potencial. Afinal, todas elas descendiam de Eva, a culpada pela queda do gênero humano. No início da Idade Média, a principal preocupação com as mulheres era mantê-las virgens e afastar os clérigos desses seres demoníacos que personificavam a tentação. Dessa forma, a maior parte das autoridades eclesiásticas desse período via a mulher como portadora c disseminadora do mal. Isso as tomava más por natureza e atraídas pelo vício. A partir do século XI, com a instituição do casamento pela Igreja, a maternidade e o papel da boa esposa passaram a ser exaltados. Criou-se uma forma de salvação feminina a partir basicamente de três modelos femininos: Eva (a pecadora), Maria (o modelo de perfeição e santidade) e Maria Madalena (a pecadora arrependida). O matrimônio vinha para saciar c controlaras pulsões femininas. No casamento, a mulher estaria restrita a um só parceiro, que tinha a função de dominá-la, de educá-la e de fazer com que tivesse uma vida pura e casta. Essa falta de conhecimento da natureza feminina causava medo aos homens. Os religiosos se apoiavam no pecado original de Eva para ligá-la à corporeidade e inferiorizá-la. Isso porque, conforme o texto bíblico, Eva foi criada da costela de Adão, sendo, por isso, dominada pelos sentidos e os desejos da carne. Devido a essa visão, acreditava-se que ela fora criada com a única função de procriar. Essa concepção de mulher, que foi construída através dos séculos, é anterior mesmo ao cristianismo. Foi assegurada por ele e se deu porque permitiu a manutenção dos homens no poder, forneceu ao clero celibatário uma segurança baseada na distância e legitimou a submissão da ordem estabelecida pelos homens. Essa construção começou apenas a ruir, mas os alicerces ainda estão bem fincados na nossa sociedade. 410
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
A respeito das ideias e de aspectos gramaticais do texto acima, julgue os itens de 6 a 10.
o acento indicativo de crase em "à sombra" (1.3) poderia ser omitido sem prejuízo da correção gramatical do texto, visto que seu emprego é opcional no contexto em questão. ( )CERTO ( )ERRADO
A palavra comunicação significa normalmente o ato de tomar comum a muitos. A partir do século XVII (até o século XIX), ganhou projeção a expressão meio ou linhas de comunicação, designando as facilidades trazidas pelo desenvolvimento das ferrovias, canais e rodovias no deslocamento de pessoas e objetos. Do século XIX ao século XX, o sentido da palavra se aproximou cada vez mais daquilo que hoje pode ser chamado de mídia (meios pelos quais se passa informação e se mantém o contato mediado, indireto). Foi a partir desse momento que a indústria da comunicação (transporte de bens simbólicos) separou-se semanticamente da indústria de transportes (transporte de bens físicos e pessoas).
É importante ressaltar que o termo comunicação carrega, no mundo moderno, as marcas de sua ambiguidade original (tomar comum a muitos, partilhar, trocar). Nesse sentido, quando se fala em comunicação face a face ou interativa, pode-se dizer que se trata de troca e partilha, mas quando se fala de comunicação mediada, como rádio e TV, destaca-se consideravelmente a sua função de tomar comum a muitos. Pierre Bordieu. Questões de sociologia e comunicação. FAPESP, ANABLUME, 2007, p. 42-3 (com adaptações).
No que se refere às ideias e a aspectos linguísticos do texto acima, julgue o próximo item. É facultativo o emprego do sinal indicativo de crase em "A partir do século XVII".
( )CERTO ( )ERRADO
leia o texto a seguir e responda às questões 6 e 7:
QUANDO A CRASE MUDA O SENTIDO Muitos deixariam de ver a crase como bicho-papão se pensassem nela como uma ferramenta para evitar ambiguidade nas frases. Luiz Costa Pereira Junior
O emprego da crase costuma desconcertar muita gente. A ponto de ter gerado um balaio de frases inflamadas ou espirituosas de uma turma renomada. O poeta Ferreira Gullar, por exemplo, é autor da sentença "A crase não foi feita para humilhar ninguém", marco do tolerância gramatical ao acento gráfico.
HEDAÇÃO ·Comi/a Sabatin
O escritor Moacyr Scliar discorda, em uma deliciosa crônica "Tropeçando nos acentos", e afirma que a crase foi feita, sim, para humilhar as pessoas; e o humorista Millôr Fernandes, de forma irônica e jocosa, é taxativo: "ela não existe no Brasil". O assunto é tão candente que, em 2005, o deputado João Herrmann Neto propôs abolir esse acento do português do Brasil por meio do projeto de lei 5.154, pois o considerava "sinal obsoleto, que o povo já fez morrer". Bombardeado, na ocasião, por gramáticos e linguistas que o acusavam de querer abolir um fato sintático como quem revoga a lei da gravidade, Herrmann logo desistiu do projeto. A grande utilidade do acento de crase no a, entretanto, que faz com que seja descabida a proposta de sua extinção por decreto ou falta de uso, é: crase é, antes de mais nada, um imperativo de clareza. Não raro, a ambiguidade se dissolve com a crase- em outras, só o contexto resolve o impasse. Exemplos de casos em que a crase retira a dúvida de sentido de uma frase, lembrados por Celso Pedro Luft no hoje clássico Decifrando a crase: cheirar a gasolina X cheirar à gasolina; a moça correu as cortinas X a moça correu às cortinas; o homem pinta a máquina X o homem pinta à máquina; referia-se a outra mulher X referia-se à outra mulher. O contexto até se encarregaria, diz o autor, de esclarecer a mensagem; um usuário do idioma mais atento intui um acento necessário, garantido pelo contexto em que a mensagem se insere. A falta de clareza, por vezes, ocorre na fala, não tanto na escrita. Exemplos de dúvida fonética, sugeridos por Francisco Platão Savioli: "A noite chegou"; "ela cheira a rosa"; "a polícia recebeu a bala". Sem o sinal diacrítico, construções como essas serão sempre ambíguas. Nesse sentido, a crase pode ser antes um problema de leitura do que prioritariamente de escrita. (Adaptado de: PEREIRA Jr., Luiz Costa. Revista Língua portuguesa, ano 4, n. 48. São Paulo: Segmento, outubro de 2009. p. 36-38)
Logo na abertura do texto, o autor destaca a importância da crase como uma ferramenta para evitar ambiguidade nas frases. ldeia semelhante é reafirmada no trecho: a)
O emprego da crase costuma desconcertar muita gente.
b)
sinal obsoleto, que o povo já fez morrer.
c)
crase é, antes de mais nada, um imperativo de clareza.
d)
só o contexto resolve o impasse.
e)
A falta de clareza, por vezes, ocorre na fala.
412
Cap. X· REVISAO GRAMATICAL
Acerca dos exemplos utilizados nos dois últimos parágrafos para ilustrar o papel da crase na clareza e na organização das ideias de um texto, é correto afirmar: a)
quando se escreve cheirar a gasolina, o sentido do verbo é de "feder" ou "ter cheiro de".
b)
em a polícia recebeu a bala, afirma-se que a polícia foi vitimada pelo tiro.
c)
na frase À noite chegou, "noite" assume função de sujeito d') verbo chegar.
d)
no trecho a moça correu as cortinas, o verbo assume o sentido de "seguir em direção a".
e)
em o homem pinta à máquina, diz-se que o objeto que está sendo pintado é a máquina.
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do texto. Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou e mandou para o Senado a Lei da Palmada, ou Lei Menino Bernardo (em homenagem ___ Bernardo, assassinado recentemente, aos 11 anos, no RS). A lei fará que pais e educadores não possam recorrer ___ castigos corporais, mesmo moderados, ainda que sejam na intenção de educar as crianças. Eu sou mais ___ favor da lei do que contra ela. Reprimir a violência de pais e educadores talvez quebre o círculo vicioso --.,..--- tendemos reproduzir a violência fomos vítimas. (Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo, 29 de maio de 2014. Adaptado)
a)
à ... a ... à ... do qual ... à ... da qual
b)
a ... à ... à ... pelo qual ... a ... a qual
c)
a ... a ... a ... pelo qual ... a ... da qual
d)
à ... à ... à ... com o qual ... à ... que
e)
à ... à ... a ... no qual ... a ... com a qual
APÓS QUEIXAS, PALAVRÃO VIRA FALTA EM PELADA DE CONDOMÍNIO NO RIO Peladeiros de um condomínio de classe média alta na Barra da Tijuca, no Rio, criaram uma nova regra para as partidas disputadas no campo do clube que serve a?S moradores: palavrão é falta. Cada vez que um jogador reagi~ de forma malcriada a um lance ríspido ou a uma marcação do juiz, seu time será punido.
413
REDAÇÃO ·Comi/a Sabatin
A regra surgiu a partir de queixas de moradores. "Fica chato para quem mora aqui ou pratica alguma atividade física ao redor do campo ter que ouvir palavrões ao lado de seus filhos, da família", diz Vitor S., 25, morador do condomínio e peladeiro. Segundo ele, a decisão não aboliu totalmente as expressões grosseiras durante as partidas, mas elas com certeza diminuíram. "A gente pensa duas vezes antes de falar para não cometer falta." Devido às queixas, os peladeiros e a administração do condomínio fizeram o acordo. Coube à administração instalar as placas pelo campinho informando sobre a nova regra. Para os jovens locais, a nova medida é educativa e simboliza respeito com a vizinhança. "Mas ainda tem gente que não consegue se controlar. Aí toma falta e prejudica o time", afirma o estudante Kaique C., 15. (Diana Brito. Folha de S. Paulo, 31.05.2011. Adaptado)
Assinale a alternativa que completa a frase a seguir. apresentando o emprego correto do sinal indicativo de crase. Para as partidas no campo de futebol, estabeleceu-se uma nova regra - palavrão é falta imposta ... a)
à times dos bairros vizinhos.
b)
à pessoas que frequentam o local.
c)
à turma de peladeiros. à todos os moradores. à uma comunidade onde há muitas crianças.
d) e)
No campo da técnica e da ciência, nossa época produz milagres todos os dias. Mas o progresso moderno tem amiúde um custo destrutivo, por exemplo, em danos irreparáveis à natureza, e nem sempre contribui para reduzir a pobreza.
A pós-modernidade destruiu o mito de que as humanidades humanizam. Não é indubitável aquilo em que acreditam tonos filósofos otimistas, ou seja, que uma educação liberal, ao alcance de todos, garantiria um futuro de liberdade e igualdade de oportunidades nas democracias modernas. George Steiner, por exemplo, afirma que "bibliotecas, museus, universidades, cenros de investigação por meio dos quais se transmitem as humanidades e as ciências podem prosperar nas proximidades dos campos de concentração". "O que o elevado humanismo fez de bom para as massas oprimidas da comunidade? Que utilidade teve a cultura quando chegou a barbárie?"
414
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Numerosos trabalhos procuraram definir as características da cultura no contexto da globalização e da extraordinária revolução tecnológica. Um deles é o de Gilles Lipovetski e J' ean Serroy, A cultura-mundo. Nele, defende-se a ideia de uma cultura global - a cultura-mundo - que vem criando, pela primeira vez na história, denominadores culturais dos quais participam indivíduos dos cinco continentes, aproximando-os e igualando-os apesar das diferentes tradições e línguas que lhes são próprias. Essa "cultura de massas" nasce com o predomínio da imagem e do som sobre a palavra, ou seja, com a tela. A indústria cinematográfica, sobretudo a partir de Hollywood, "globaliza" os filmes, levando-os a todos os países, a todas as camadas sociais. Esse processo se acelerou om a criação das redes sociais e a universalização da internet. Tal cultura planetária teria, ainda, desenvolvido um individualismo extremo em todo o globo. Contudo, a publicidade e as modas que lançam e impõem os produtos culturais em nossos tempos são um obstáculo a indivíduos independentes. O que não está claro é se essa cultura-mundo é cultura em sentido estrito, ou se nos referimos coisas completamente diferentes quando falamos, por um lado, de uma ópera de Wagner e, por outro, dos filmes de Hitchcock e de John Ford. A meu ver, a diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, continuar vivos nas gerações futuras. ao passo que os produtos deste são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer. Cultura é diversão, e o que não é divertido não é cultura. {Adaptado de: VARGAS LLOSA, M. A civilização do espetáculo. Rio de Janeiro, Objetiva, 2013, formato ebook).
Substituindo-se o elemento grifado pelo que se encontra entre parênteses, o sinal indicativo de crase deverá ser acrescentado em: a)
... que uma educação liberal, ao alcance de todos ... (dispor de todos) (2• parágrafo)
b)
... por meio dos quais se transmitem as humanidades ... - (ciências humanas) (2• parágrafo)
c)
... a todas as camadas sociais.- (qualquer classe social) (4• parágrafo)
d)
... se nos referimos a coisas completamente diferentes ... -(uma coisa completamente dife· rente) (6o parágrafo)
e)
... são um obstáculo a indivíduos independentes. (criação de indivíduos independentes) (5o parágrafo)
à questão. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, ligado Presidência da República, aprovou resolução que, na prática, proíbe propaganda voltada menores
Leia o texto para responder
HEDAÇAO • Camíla Sabatin
de idade no Brasil. O texto, que o órgão considera ter força de lei, torna abusivo o direcionamento de publicidade._ _ _ _ __ esse público, com intenção de persuadi-lo "para o consumo de qualquer produto ou serviço". (http:/ /wwwl.folha.uol.com.br. Acesso em 24.03.2014. Adaptado)
Considerando-se o uso do acento indicativo de crase, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as lacunas do texto devem ser preenchidas, resp~ctivamente, com:
a)
a ... à ... à ... à
b)
à ... a ... a ... a
c)
a ... à ... a ... à
d)
à ... a ... à ... a
e)
à ... a ... à ... à
A Organização Mundial de Saúde (OMS) atesta que o saneasaúde mento básico precário consiste_ _ grave ameaça humana. Apesar de disseminada no mundo, a falta de saneamento básico ainda é muito associada___uma população de baixa renda, mais vulnerável devido___ condições de subnutrição e, muitas vezes, de higiene inadequada. Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do texto, segundo a norma-padrão da língua portuguesa. a)
em ... a ... à ... a
b)
em ... à ... a ... a
c)
de ... à ... a ... as
d)
em ... à ... à ... às
e)
de ... a ... a ... às
CONCHA ACÚSTICA Localizada às margens do Lago Paranoá, no Setor de Clubes Esportivos Norte (ao lado do Museu de Arte de Brasília- MAB), está a Concha Acústica do DF. Projetada por Oscar Niemeyer, foi inaugurada oficialmente em 1969 e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília (hoje Secretaria de Cultura), destinada a espetáculos ao ar livre. Foi o primeiro grande palco da cidade. Disponível em: <http:/ /www.cultura.df.gov.br/nossa-cultura/ conchaacustica.html>. Acesso em: 21/3/2014, com adaptações.
416
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
Acerca das regras prescritas pela norma-padrão a respeito do uso da crase, assinale a alternativa correta considerando o período "foi inaugurada oficialmente em 1969 e doada pela Terracap à Fundação Cultural de Brasília". a)
O período exemplifica um caso de emprego facultativo da crase.
b)
O período exemplifica um caso de emprego obrigatório da crase.
c)
Se o autor resolvesse empregar o pronome essa diante de "Fundação Cultural de Brasnia", o uso da crase seria obrigatório.
d)
Outra redação possível para o período seria foi inaugurada oficialmente em 1969 e entregue pela Terracap a Fundação Cultural de Brasília.
e)
Se o autor resolvesse empregar o pronome aquela diante de "Fundação Cultural de Brasília", o uso da crase seria facultativo.
12.10.
Colocação pronominal
FICÇÃO UNIVERSITÁRIA Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013 trazem elementos para que tentemos desfazer o mito, que consja da Constituição, de que pesquisa e ensino são indissociáveis. E claro que universidades que fazem pesquisa tendem a reunir a nata dos especialistas, produzir mais inovação e atrair os alunos mais qualificados, tornando-se assim instituições que se destacam também no ensino. O Ranking Universitário mostra essa correlação de forma cristalina: das 20 universidades mais bem avaliadas em termos de ensino, 15 lideram no quesito pesquisa (e as demais estão relativamente bem posicionadas). Das 20 que saem à frente em inovação, 15 encabeçam também a pesquisa. Daí não decorre que só quem pesquisa, atividade estupidamente cara, seja capaz de ensinar. O gasto médio anual por aluno numa das três universidades estaduais paulistas, aí embutidas todas as despesas que contribuem direta e indiretamente para a boa pesquisa, incluindo inativos e aportes de Fapesp, CNPq e Capes, é de R$ 46 mil (dados de 2008). Ora, um aluno do ProUni custa ao governo algo em torno de R$ 1.000 por ano em renúncias fiscais. Não é preciso ser um gênio da aritmética para perceber que o país não dispõe de recursos para colocar os quase sete milhões de universitários em instituições com o padrão de investimento das estaduais paulistas. E o Brasil pre~sa aumentar rapidamente sua população universitária. Nossa taxa bruta de escolarização no nível superior beira os 30%, contra 59'Yo do Chile e 63'Yo do Uruguai.
417
REDAÇAO • Comi/o Sabotin
Isso para não mencionar países desenvolvidos como EUA (89/'o) e Finlândia (92/'o). Em vez de insistir na ficção constitucional de que todas as universidades do país precisam dedicar-se à pesquisa, faria mais sentido aceitar o mundo como ele é e distinguir entre instituições de elite voltadas para a produção de conhecimento e as que se destinam a difundi-lo. O Brasil tem necessidade de ambas. (Hélio Schwartsman. Disponível em: http:/ /wwwl. folha.uol.com.br, 10.09.2013. Adaptado)
Considere o seguinte trecho do texto.
Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013 trazem elementos para que tentemos desfazer o mito.
Assinale a alternativa em que os pronomes que substituem as expressões em destaque estão corretamente empregados, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. a)
Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013 trazem-lhes para que tentemos desfazer-lhe.
b)
Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013 trazem-lhes para que tentemos desfazê-lo.
c)
Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013 trazem-nos para que tentemos desfazê-lo.
d)
Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013 trazem-nos para que tentemos desfazer-lhe.
e)
Os dados do Ranking Universitário publicados em setembro de 2013 trazem-os para que tentemos desfazer-no.
APRENDO PORQUE AMO Recordo a Adélia Prado: "Não quero faca nem queijo; quero é fome". Se estou com fome e gosto de queijo, eu como queijo ... Mas e se eu não gostar de queijo? Procuro outra coisa de que goste: banana, pão com manteiga, chocolate ... Mas as coisas mudam de figura se minha namorada for mineira, gostar de queijo e for da opinião que gostar de queijo é uma questão de caráter. Aí, por amor à minha namorada, eu trato de aprender a gostar de queijo. Lembro-me do filme "Assédio", de Bernardo Bertolucci. A história se passa numa cidade do norte da Itália ou da Suíça. Um pianista vivia sozinho numa casa imensa que havia recebido como herança. Ele não conseguia cuidar da casa sozinho nem tinha dinheiro para pagar uma faxineira. Ai ele propôs uma troca: ofereceu moradia para quem se dispusesse a fazer os serviços de limpeza.
418
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Apresentou-se uma jovem negra, recém-vinda da África, estudante de medicina. Linda! A jovem fazia medicina ocidental com a cabeça, mas o seu coração estava na música da sua terra, os atabaques, o ritmo, a dança. Enquanto varria e limpava, sofria ouvindo o pianista tocando uma música horrível: Bach. Brahms, Debussy ... Aconteceu que o pianista se apaixonou por ela. Mas ela não quis saber de namoro. Achou que se tratava de assédio sexual e despachou o pianista falando sobre o horror da música que ele tocava. O pobre pianista, humilhado, recolheu-se à sua desilusão, mas uma grande transformação aconteceu: ele começou a frequentar os lugares onde se tocava música africana. Até que aquela música diferente entrou no seu corpo e deslizou para os seus dedos. De repente, a jovem de vassoura na mão começou a ouvir uma música diferente, música que mexia com o seu corpo e suas memórias ... E foi assim que se iniciou uma estória de amor atravessado: ele, por causa do seu amor pela jovem, aprendendo a amar uma música de que nunca gostara, e a jovem, por causa do seu amor pela música africana, aprendendo a amar o pianista que não amara. Sabedoria da psicanálise: frequentemente, a gente aprende a gostar de queijo por meio do amor pela namorada que gosta de queijo ... Isso me remete a uma inesquecível experiência infantil. Eu estava no primeiro ano do grupo. A professora era a dona Clotilde. Ela fazia o seguinte: sentava-se numa cadeira bem no meio da sala, num lugar onde todos a viam- acho que fazia de propósito, por maldade-. Desabotoava a blusa até o estômago, lindo, liso, branco, aquele mamilo atrevido ... E nós, meninos, de boca aberta ... Mas isso durava não mais que cinco segundos, porque ela logo pegava o nenezinho e o punha para mamar. E lá ficávamos nós, sentindo coisas estranhas que não entendíamos: o corpo sabe coisas que a cabeça não sabe. Terminada a aula, os meninos faziam fila junto à dona Clotilde, pedindo para carregar sua pasta. Quem recebia a pasta era um felizardo, invejado. Como diz o velho ditado, "quem não tem seio carrega pasta" ... Mas tem mais: o pai da dona Clotilde era dono de um botequim onde se vendia um doce chamado "mata-fome", de que nunca gostei. Mas eu comprava um mata-fome e ia para casa comendo o mata"fome bem devagarzinho ... Poeticamente, trata-se de uma metonímia: o "mata-fome" era o seio da dona Clotilde ...
Ridendo dicere severum: rindo, dizer as coisas sérias ... Pois rindo estou dizendo que frequentemente se aprende uma coisa de que não se gosta por se gostar da pessoa que a ensina. E isso porque- lição da psicanálise e da poesia- o amor faz a magia de ligar coisas separadas, até mesmo contraditórias. Pois a gente não guarda e agrada uma coisa que p~rtenceu à pessoa amada? Mas a "coisa" não é a pessoa amada! "E sim!", dizem poesia, psicanálise e magia: a "coisa" ficou contagiada com a aura da pessoa amada. 419
REDAÇÃO· Camíla Sabatin
[ ... ] A dona Clotilde nos dá a lição de pedagogia: quem deseja o seio, mas não pode prová-lo. realiza o seu amor poeticamente, por metonímia: carrega a pasta e come "mata-fome" ... ALVES. R. O desejo de ensinar e a arte de aprender. São Pauto: Fundação Educar, 2007. p. 30.
No trecho "lugares onde~ tocava música africana.", a colocação do pronome em destaque se justifica pela mesma regra que determina sua colocação em: a)
o aluno se sentiu inebriado ao ver o seio da professora
b)
Os professores que se envolvem com o ensino devem ser respeitados
c)
Recorrer-se ao amor é uma estratégia para garantir a aprendizagem.
d)
Muitos educadores lembram-se sempre de sua missão em sala de aula.
e)
o pianista se deve entregar de corpo e alma a sua arte.
Considere o seguinte enunciado:
A jornalista Eliane Brum aproximou-se das parteiras amapaenses e entrevistou gs parteiras amapaenses para apresentar~ parteiras amapaenses ao restante do Brasil. Para eliminar as repetições viciosas, as expressões destacadas devem ser substituídas, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, respectivamente, por: a)
as entrevistou -lhes apresentar
b)
entrevistou-nas- as apresentar
c)
entrevistou-as- apresentá-las
d)
entrevistou-lhes- apresentar-lhes
e)
lhes entrevistou- apresentar-nas
Não há hoje no mundo, em qualquer domínio de atividade artística, um artista cuja arte contenha maior universalidade que a de Charles Chaplin. A razão vem de que o tipo de Carlito é uma dessas criações que, salvo idiossincrasias muito raras, interessam e agradam a toda a gente. Como os heróis das lendas populares ou as personagens das velhas farsas de mamulengos. Carlito é popular no sentido mais alto da palavra. Não saiu completo e definitivo da cabeça de Chaplin: foi uma criação em que o artista procedeu por uma sucessão de tentativas erradas. 420
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
Chaplin observava sobre o público o efeito de cada detalhe. Um dos traços mais característicos da pessoa física de Carlito foi achado casual. Chaplin certa vez lembrou-se de arremedar a marcha desgovernada de um tabético. O público riu: estava fixado o andar habitual de Carlito. O vestuário da personagem- fraquezinho humorístico, calças lambazonas, botinas escarrapachadas, cartolinha- também se fixou pelo consenso do público. Certa vez que Carlito trocou por outras as botinas escarrapachadas e a clássica cartolinha, o público não achou graça: estava desapontado. Chaplin eliminou imediatamente a variante. Sentiu com o público que ela destruía a unidade física do tipo. Podia ser jocosa também, mas não era mais Carlito. Note-se que essa indumentária, que vem dos primeiros filmes do artista, não contém nada de especialmente extravagante. Agrada por não sei quê de elegante que há no seu ridículo de miséria. Pode-se dizer que Carlito possui o dandismo do grotesco. Não será exagero afirmar que toda a humanidade viva colaborou nas salas de cinema para a realização da personagem de Carlito, como ela aparece nessas estupendas obras-primas de humor que são O garoto, Em busca do ouro e O circo. Isto por si só atestaria em Chaplin um extraordinário discernimento psicológico. Não obstante, se não houvesse nele profundidade de pensamento, lirismo, ternura, seria levado por esse processo de criação à vulgaridade dos artistas medíocres que condescendem com o fácil gosto do público. Aqui é que começa a genialidade de Chaplin. Descendo até o público, não só não se vulgarizou, mas ao contrário ganhou maior força de emoção e de poesia. A sua originalidade extremou-se. Ele soube isolar em seus dados pessoais, em sua inteligência e em sua sensibilidade de exceção, os elementos de irredutível humanidade. Como se diz em linguagem matemática, pôs em evidência o fator comum de todas as expressões humanas. (Adaptado de: Manuel Bandeira. "O heroísmo de Carlito". Crônicas da província do Brasil. 2. ed. São Paulo, Cosac Naify, 2006, p. 219-20)
A substituição do elemento grifado pelo pronome correspondente foi realizada de modo INCORRETO em:
a)
pôs em evidência o fator comum = pô-lo em evidência
b)
eliminou imediatamente a variante= eliminou-na imediatamente
c)
arremedar a marcha desgovernada de um tabftico =arremedá-la
d)
trocou por outras as botinas escarrapachadas ;; trocou-as por outras
e)
ela destruía a unidade física do tipo = ela a destruía
421
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
NOVAS FRONTEIRAS DO MUNDO GLOBALIZADO Apesar do desenvolvimento espetacular das tecnologias, não devemos imaginar que vivemos em um mundo sem fronteiras, como se o espaço estivesse definitivamente superado pela velocidade do tempo. Seria mais correto dizer que a modernidade, ao romper com a geografia trc.dicional, cria novos limites. Se a diferença entre o "Primeiro" e o "Terceiro" mundo é diluída, outras surgem no interior deste último, agrupando ou excluindo as pessoas. Nossa contemporaneidade faz do próximo o distante, separando-nos daquilo que nos cerca, ao nos avizinhar de lugares remotos. Neste caso, não seria o outro aquilo que o "nós" gostaria de excluir? Como o islamismo (associado à noção de irracional idade), ou os espaços de pobreza (África, setores de países em desenvolvimento), que apesar de muitas vezes próximos se afastam dos ideais cultivados pela modernidade. (Adaptado de: ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense,1994, p. 220)
As novas tecnologias estão em vertiginoso desenvolvimento, mas não tomemos as novas tecnologias como um caminho inteiramente seguro, pois falta às novas tecnologias, pela velocidade mesma com que se impõem, o controle ético que submeta as noyas tecnolqgiqs a um padrão de valores humanistas. Para evitar as viciosas repetições do texto acima é preciso substituir os segmentos sublinhados, na ordem dada, pelas seguintes formas: a)
lhes tomemos - lhes falta - as submeta
b)
as tomemos- falta a elas- submeta-las
c)
lhes tomemos- falta-lhes- submeta-lhes
d)
tomemos a elas- lhes falta - lhes submeta
e)
as tomemos- falta-lhes- as submeta
Por mais que em nosso discurso nós, os mais velhos, afirmemos que a tal da educação para a cidadania "supõe a boa convivência no espaço público, entre outras coisas", não temos conseguido praticar tal ensinamento com os mais novos, sobretudo porque não sabemos como fazer isso. Há muitas escolas com boa vontade nesse sentido, mas sem saber o que fazer para evitar que seus alunos se confrontem com grosseria e que aprendam a com422
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
partilhar respeitosamente o espaço comum. O instrumento mais utilizado pela escola ainda é a punição, em suas várias formas. Ações afirmativas nesse sentido são difíceis de ser encontradas no espaço escolar. Não sabemos ensinar às crianças a boa convivência no espaço público porque não a praticamos. Ora, como ensinar o que não sabemos, como esperar algo diferente dos mais novos, se eles não mais têm exemplos de comportamento adulto que os orientem? (Adaptado de: SAYÃO, Rosely. Folha de S. Paulo, 17/06/2014)
A educação para a cidadania é um objetivo essencial, mas comprometem essa educação para a cidadania os que pretendem praticar a educação para a cidadania sem dotar a educação para a cidadania da visibilidade das atitudes públicas. Evitam-se as repetições viciosas da frase acima substituindo-se os segmentos sublinhados, respectivamente, por: a)
comprometem-lhe- praticá-la- dotar-lhe
b)
comprometem ela- praticar-lhe- dotá-la
c)
comprometem-na- praticá-la- dotá-la
d)
comprometem a mesma- a praticar -lhe dotar
e)
comprometem a ela- lhe praticar- a dotar
É PREaso DIZER NÃO Existe um personagem de história em quadrinhos, um pequeno dinossauro chamado Horácio que, apenas por uma de suas características - os braços curtos -, se assemelha a muitos profissionais. Explico: aquela pessoa que está sempre pedindo ajuda para tudo, mas nunca está disponível para ajudar os outros, o "braço-curto".
É o tipo
do profissional que acaba sobrecarregando os cole-
gas, estresso o ambiente de trabalho e compromete a produtividade. Os colegas precisam fazer a parte dele, o que gera gargalos e coloca em risco o resultado final. Já identificou alguém com esse perfil? Como lidar com uma pessoa assim? Primeiramente, alguns padrões de atitude persistem porque o meio os favorece. Esses "horácios" encontram à sua volta pessoas que não sabem dizer não. Estas, por sua vez, reclamam P(lra os colegas, se sentem usadas, mas não conseguem se posicionar diante da situação, gerando clima desconfortável no ambiente de trabalho.
423
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Sinto desapontar quem pensou que eu fosse dar lição de moral nos "mãos-curtas", mas o maior responsável pela situação não é ele. Em situações profissionais, é difícil dizer "não" para algumas pessoas, mas é importante. O "não" é poderoso para a manutenção da saúde, para evitar sobrecarga e para ter mais tempo. E resposta fundamental para impor limites, definir prioridades e sinalizar desagrado. Tenha critérios para dizer "não" e avalie a situação: é preciso entender, naquele momento, o que é importante e urgente para você. O urgente não pode esperar. Peça uma contrapartida, por exemplo: "Se,eu fizer isso para você, então você pode fazer aquilo para mim?". E uma maneira de pedir comprometimento do outro. Não é preciso, entretanto, ser agressivo. É a isso que se chama assertividade: quando a pessoa consegue expressar com segurança os próprios pensamentos, opiniões ou emoções, sem que para isso seja ameaçador ou autoritário para o outro. Pratique o "não" e veja que os "horácios" tenderão a desaparecer da sua frente. (Adriana Gomes. Folha de S. Paulo, 08.12.2013. Adaptado)
Assinale a alternativa em que a colocação pronominal está de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. a)
As situações desconfortáveis em que nos colocam os horácios demandam respostas assertivas.
b)
Exigir a participação dos mãos-curtas tem ajudado-nos a evitar sobrecarga de trabalho.
c)
Nos ensinaram que é imprescindível saber dizer não aos colegas que agem como braços-curtos.
d)
Segundo a autora, ameaças e práticas autoritárias conduziriam-nos a resultados negativos.
e)
Ter segurança para expressar os próprios pensamentos frequentemente facilita-nos a convivência.
Nem astronautas nem cosmonautas. Os futuros conquistadores do espaço chamam-se taikonautas. Está-se falando da China, e após a bem-sucedida missão Shcnzhou VII, o país planeja estar cada vez mais presente no cosmos. Os próximos passos serão o lançamento de uma estação espacial e o envio de astronaves à Lua e a Marte. Tecnologia para essa empreitada os chineses têm. Dinheiro, também. E motivação política, isso então nem se fala. A missão Shcnzhou VII, por exemplo, aproveitou a onda ufanista da Olimpíada. Mais: o seu lançamento comemorou os cinquenta e nove anos da chegada do Partido Comunista ao poder. A China já enviara três missões tripuladas, mas essa foi especial: foi a primeira vez que um taikonauta realizou uma caminhada no espaço.
424
Cap. X· REVISAO GRAMATICAL
O ápice da festa foi quando o coronel da Aeronáutica Zhaí Zhígang vestiu o seu uniforme (made in China e ao preço de USS 4,3 milhões), abriu as portas da nave e deu início à sua caminhada cósmica. A missão era objetiva e apologética do governo, justamente para incutir nos chineses o orgulho das futuras missões e tirar deles o apoio incondicional, independentemente de quanto o país tenha de gastar. Zhígang foi flutuando (de ponta cabeça) para apanhar um lubrificante que estava do lado de fora do veículo espacial e, assim, enfeitiçou os olhos dos bilhões de chineses que o assistiam ao vivo pela tevê. Ele ergueu a bandeira vermelha de seu país e declarou: "Estou me sentindo bem. Cumprimento daqui o povo chinês c o povo do mundo inteiro." A missão chinesa provou que o país entrou para valer na corrida espacial do futuro. Não faltam projetos, incluindo-se o de uma estação espacial produzida lOO'Yo na China. O objetivo c "realizar experiências científicas de grande escala" e criar uma "sólida base para utilização pacífica do espaço e exploração de seus recursos". Essa estação ajudará o país a avançar em projetos muito mais ambiciosos. Tatiana de Mello. A vez dos taikonautas. In: Istoé, 8/10/2008 (com adaptações).
Com relação às ideias e estruturas linguísticas do texto acima, julgue No segmento #isso então nem se fala", a posição do pronome "se" justifica-se pela presença de palavra de sentido negativo. ( )CERTO ( )ERRADO
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Em- Os Stevensens, naquela noite, convidaram Helga e o esposo para o jantar.- os termos destacados estão substituídos pelo pronome pessoal oblíquo adequado, segundo a norma-padrão, em: a)
... convidaram-os para o jantar.
b)
... convidaram-los para o jantar.
c)
... convidaram-lhes para o jantar.
d)
... convidaram-nos para o jantar.
e)
... convidaram-nas para o jantar.
Construímos coisas o tempo todo, mas como saberemos quanto tempo vão durar? Se construirmos depósitos para resíduos nucleares, precisaremos ter certeza de que os contêineres vão resistir até que o material dentro deles não mais seja perigoso. E, se não quisermos encher o planeta de lixo, é bom sabermos quanto tempo leva para que plásticos e outros materiais se decomponham. A única forma de termos certeza é submetendo esses materiais a testes de estresse por cerca de 100 mil anos para ver como reagem. Então, poderíamos aprender a construir coisas que realmente duram -ou que se decompõem de uma forma "verde". Experimentos submeteriam materiais ao desgaste e a ataques químicos, como variações de alcalinidade, e, ainda, alterariam a temperatura ambiente para simular os ciclos de dia e noite e das estações. Com as técnicas de simulação em laboratórios de que dispomos atualmente, por exemplo, não se pode prever como será o desempenho da bateria de um carro elétrico nos próximos quinze anos. As simulações de computador podem, por fim, tomar-se sofisticadas a ponto de substituir experimentos de longo prazo. Enquanto isso, no entanto, precisamos adotar cautela extra ao construirmos coisas que precisam durar. Kristin Persson. Como os materiais se decompõem? In: Scientific American Brasil, s/d, 2013 (com adaptações)
Acerca de aspectos estruturais do texto acima e das ideias nele contidas, julgue os itens a seguir. Em "se decompõem" e "se pode", o pronome "se" poderia ser posposto à forma verbaldecompõem-se e pode-se-, sem prejuízo para a correção gramatical do texto
( )CERTO ( )ERRADO 12.11.
Pontuação
PÁTRIO PODER Pais que vivem em bairros violentos de São Paulo chegam a comprometer 20'i'o de sua renda para manter seus filhos em es-
426
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
colas privadas. O investimento faz sentido? A questão, por en-
volver múltiplas variáveis, é complexa, mas, se fizermos questão de extrair uma resposta simples, ela é "provavelmente sim". Uma série de estudos sugere que a influência de pais sobre o comportamento dos filhos, ainda que não chegue a ser nula, é menor do que a imaginada e se dá por vias diferentes das esperadas. Quem primeiro levantou essa hipótese foi a psicóloga Judith Harris no final dos anos 90. Para Harris, os jovens vêm programados para ser socializados não pelos pais, como pregam nossas instituições e nossa cultura, más pelos pares, isto é, pelas outras crianças com as quais convivem. Um dos muitos argumentos que ela usa para apoiar sua teoria é o fato de que filhos de imigrantes não terminam falando com a pronúncia dos genitores, mas sim com a dos jovens que os cercam. As grandes aglomerações urbanas, porém, introduziram um problema. Em nosso ambiente ancestral, formado por bandos de no máximo 200 pessoas, o "cantinho" das crianças era heterogêneo, reunindo meninos e meninas de várias idades. Hoje, com escolas que reúnem centenas de alunos, o(a) garoto(a) tende a socializar-se mais com coleguinhas do mesmo sexo, idade e interesses. O resultado é formação de nichos com a exacerbação de características mais marcçmtes. Meninas se tornam hiperfemininas, e meninos, hiperativos. O mau aluno encontra outros maus alunos, que constituirão uma subcultura onde rejeitar a escola é percebido como algo positivo. O mesmo vale para a violência e drogas. Na outra ponta, podem surgir meios que valorizem a leitura e a aplicação nos estudos. Nesse modelo, a melhor chance que os pais têm de influir é determinando a vizinhança em que seu filho vai viver e a escola que frequentará. (Adaptado de: SCHWARTSMAN, Hélio. Folha de São Paulo, 7/12/2014)
Está inteiramente adequada a pontuação da seguinte frase: a)
Muita gente imagina ainda hoje, que o convívio familiar dado sempre, como fator principal na formação de um jovem, tenha ainda um papel decisivo quando na verdade, essa função, para o bem ou para o mal é exercida, no interior dos grupos de colegas e amigos.
b)
Muita gente imagina, ainda hoje, que o convívio familiar, dado sempre como fa.tor principal na formação de um jovem, tenha ainda um papel decisivo, quando, na verdade, essa função, para o bem ou para o mal, é exercida no interior dos grupos de colegas e amigos.
c)
Muita gente imagina ainda hoje, que o convívio familiar dado sempre como fator principal na formação de um jovem, tenha ainda um papel decisivo, quando na verdade essa função, para o bem ou para o mal, é exercida no interior dos grupos de colegas e amigos.
d)
Muita gente imagina, ainda hoje que o convívio familiar, dado sempre como fator principal na formação de um jovem tenha ainda, um papel decisivo, quando na verdade essa função, para o bem ou para o mal é exercida no interior dos grupos de colegas e amigos.
e)
Muita gente imagina ainda hoje que, o convívio familiar, dado sempre como fator principal na formação de um jovem, tenha ainda, um papel decisivo quando na verdade, essa função para o bem ou para o mal, é exercida no interior dos grupos de colegas e amigos.
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
CORRIDA CONTRA O EBOI.-A Já faz seis meses que o atual surto de ebola na África Ocidental despertou a atenção da comunidade internacional, mas nada sugere que as medidas até agora adotadas para refrear o avanço da doença tenham sido eficazes. Ao contrário, quase metade das cerca de 4.000 contaminações registradas neste ano ocorreram nas últimas três semanas, e as mais de 2.000 mortes atestam a força da enfermidade. A escalada levou o diretor do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos EUA, Tom Frieden, a afirmar que a epidemia está fora de controle. O vírus encontrou ambiente propício para se propagar. De um lado, as condições sanitárias e econômicas dos países afetados são as piores possíveis. De outro, a Organização Mundial da Saúde foi incapaz de mobilizar com celeridade um contingente expressivo de profissionais para atuar nessas localidades afetadas. Verdade que uma parcela das debilidades da OMS se explica por problemas financeiros. Só 20'Yo dos recursos da entidade vêm de contribuições compulsórias dos países-membros - o restante é formado por doações voluntárias. A crise econômica mundial se fez sentir também nessa área, e a organização perdeu quase US$ 1 bilhão de seu orçamento bianual, hoje de quase US$ 4 bilhões. Para comparação, o CDC dos EUA contou, somente no ano de 2013, com cerca deUS$ 6 bilhões. Os cortes obrigaram a OMS a fazer escolhas difíceis. A agência passou a dar mais ênfase à luta contra enfermidades globais crônicas, como doenças coronárias e diabetes. O departamento de respostas a epidemias e pandemias foi dissolvido e integrado a outros. Muitos profissionais experimentados deixaram seus cargos. Pesa contra o órgão da ONU, de todo modo, a demora para reconhecer a gravidade da situação. Seus esforços iniciais foram limitados e mal liderados. O surto agora atingiu proporções tais que já não é mais possível enfrentá-lo de Genebra, cidade suíça sede da OMS. Tornou-se crucial estabelecer um comando central na África Ocidental, com representantes dos países afetados. Espera-se também maior comprometimento das potências mundiais, sobretudo Estados Unidos, Inglaterra e França, que possuem antigos laços com Libéria, Serra Leoa e Guiné, respectivamente.
428
Cap. X· REVISAo GRAMATICAL
A comunidade internacional tem diante de si um desafio enorme, mas é ainda maior a necessidade de agir com rapidez. Nessa batalha global contra o ebola, todo tempo perdido conta a favor da doença. (Disponível em: http:/ /wwwl.folha.uol.com.br/opiniao/2014/09/1512104editoriol-corrida-contra-o-ebola.shtml: Acesso em: 08/09/2014)
Os fragmentos "somente no ano de 2013" marcados por vírgula pois:
Cs• §) e "cidade suíça sede da
a)
são adjuntos adverbiais empregados na ordem inversa.
b)
o primeiro é um adjunto adverbial deslocado e o segundo, um aposto.
c)
são exemplos de apostos com caráter explicativo.
d)
o primeiro é um aposto e o segundo adjunto adverbial deslocado.
e)
ambos são exemplos de adjuntos adnominais deslocados.
OMS" (8• §) estão
As cotas raciais deram certo porque seus beneficiados são, sim, competentes. Merecem, sim, frequentar uma universidade pública e de qualidade. No vestibular, que é o princípio de tudo, os cotistas estão só um pouco atrás. Segundo dados do Sistema de Seleção Unificada, a nota de corte para os candidatos convencionais a vagas de medicina nas federais foi de 787,56 pontos. Para os cotistas. foi de 761,67 pontqs. A diferença entre eles, portanto, ficou próxima de 3i'o. IstoE entrevistou educadores e todos disseram que essa distância é mais do que razoável. Na verdade, é quase nada. Se em uma disciplina tão concorrida quanto medicina um coeficiente de apenas 3'Yo separa os privilegiados, que estudaram em colégios privados, dos negros e pobres, que frequentaram escolas públicas, então é justo supor que a diferença mínima pode, perfeitamente, ser igualada ou superada no decorrer dos cursos. Depende só da disposição do aluno. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das mais conceituadas do País, os resultados do último vestibular surpreenderam. "A maior diferença entre as notas de ingresso de cotistas e não cotistas foi observada no curso de economia", diz Ângela Rocha, pró-reitora da UFRJ. "Mesmo assim, essa distância foi de 11 'Yo, o que, estatisticamente, não é significativo". (www.istoe.com.br)
Assinale a alternativa em que a vírgula foi empregada para separar oração introduzida por pronome relativo, a exemplo do que ocorre em: ... um coeficiente de apenas 3°k separa os privilegiados, que estudaram em colégios privados ... a)
Ela estava pensando em que lugar estaria, que dia seria, que pessoas eram aquelas ao seu redor.
b)
Ficou encantada com a história, acabara de ler o livro, que já tinha sido traduzido para o inglês.
~
429
REDAÇÃO • Comi/o Sobotin
c)
Ele observou o local, sabia, com certeza, cWe ali já estivera em outra ocasião, mas quando?
d)
Era possível, àquela altura da vida, que todos os seus maiores desejos se realizassem enfim.
e)
Estou vendo essa tempestade se formar, entre, que aqui estaremos bem mais protegidos dela.
UM PÉ DE MILHO Aconteceu que no meu quintal, em um monte de terra trazido pelo jardineiro, nasceu alguma coisa que podia ser um pé de capim - mas descobri que era um pé de milho. Transplantei-o para o exíguo canteiro na frente da casa. Secaram as pequenas folhas, pensei que fosse morrer. Mas ele reagiu. Quando estava do tamanho de um palmo, veio um amigo e declarou desdenhosamente que na verdade aquilo era capim. Quando estava com dois palmos veio outro amigo e afirmou que era cana. Sou um ignorante, um pobre homem da cidade. Mas eu tinha razão. Ele cresceu, está com dois metros, lança as suas folhas além do muro- e é um esplêndido pé de milho. Já viu o leitor um pé de milho? Eu nunca tinha visto. Tinha visto centenas de milharais- mas é diferente. Um pé de milho sozinho, espremido, junto do portão, numa esquina de rua- não é um número numa lavoura, é um ser vivo e independente. Suas raízes roxas se agarra mão chão e suas folhas longas e verdes nunca estão imóveis. Anteontem aconteceu o que era inevitável, mas que nos encantou como se fosse inesperado: meu pé de milho pendoou. Há muitas flores belas no mundo, e a flor do meu pé de milho não será a mais linda. Mas aquele pendão firme, vertical, beijado pelo vento do mar, veio enriquecer nosso ,canteirinho vulgar com uma força e uma alegria que fazem bem. E alguma coisa de vivo que se afirma com ímpeto e certeza. Meu pé de milho é um belo gesto da terra. E eu não sou mais um medíocre homem que vive atrás de uma chata máquina de escrever: sou um rico lavrador da Rua Júlio de Castilhos. (Rubem Braga. 200 crônicas escolhidas, 2001. Adaptado)
Assinale a alternativa correta quanto à pontuação, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. a)
Um amigo declarou: que meu pé de milho era capim. Outro amigo, que era cana. O leitor já viu um pé de milho?
b)
Um amigo declarou, que meu pé de milho, era capim. Outro amigo que era cana. O leitor, já viu um pé de milho?
c)
Um amigo declarou: meu pé de milho era capim. Outro amigo: que era cana. Já viu leitor um pé de milho?
430
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
d)
Um amigo, declarou que meu pé de milho era capim. Outro amigo que era cana. Já viu leitor,
e)
Um amigo declarou que meu pé de milho era capim. Outro amigo, que era cana. Já viu, leitor, um pé de milho?
um pé de milho?
UMA HISTÓRIA EM COMUM Os povos indígenas que hoje habitam a faixa de terras que vai do Amapá ao norte do Pará possuem uma história comum de relações comerciais, políticas, matrimoniais e rituais que remonta a pelo menos três séculos. Essas relações até hoje não deixaram de existir nem se deixaram restringir aos limites das fronteiras nacionais, estendendo-se à Guiana-Francesa e ao Suriname. Essa amplitude das redes de relações regionais faz da história desses povos uma história rica em ganhos e não em perdas culturais, como muitas vezes divulgam os livros didáticos que retratam a história dos índios no Brasil. No caso específico desta região do Amapá e norte do Pará, são séculos de acúmulo de experiências de contato entre si que redundaram em inúmeros processos, ora de separação, ora de fusão grupal, ora de substituição, ora de aquisição de novos itens culturais. Processos estes que se somam às diferentes experiências de contato vividas pelos distintos grupos indígenas com cada um dos agentes e agências que entre eles chegaram, dos quais existem registros a partir do século XVII.
É assim que, enquanto pressupomos que nós descobrimos os índios e achamos que, por esse motivo, eles dependem de nosso apoio para sobreviver, com um pouco mais de conhecimento sobre a história da região podemos constatar que os povos indígenas dessa parte da Amazônia nunca viveram isolados entre si. E, também, que o avanço de frentes de colonização em suas terras não resulta necessariamente num processo de submissão crescente aos novos conhecimentos, tecnologias e bens a que passaram a ter acesso, como à primeira vista pode nos parecer. Ao contrário disso, tudo o que esses povos aprenderam e adquiriram em suas novas experiências de relacionamento com os não-índios insere-se num processo de ampliação de suas redes de intercâmbio, que não apaga - apenas redefine - a importância das relações que esses povos mantêm entre si, há muitos séculos, "apesar" de nossa interferência. (Adaptado de: GALLO!S, Dominique Tilkin; GRUP!ONI, Denise Fajardo. Povos indígenas no Amapá e Norte do Pará: quem são, onde estão, quantos são, como vivem e o que pensam? São Paulo: Iepé, 2003, p.B-9)
A passagem do texto que se mantém correta após o acréscimo da vírgula é:
a)
Essas relações até hoje, não deixaram de existir nem se deixaram restringir aos limites das fronteiras nacionais ...
431
REDAÇÃO • Camí/a Sabatin
b)
Essa amplitude das redes de relações regionais, faz da história desses povos uma história rica em ganhos e não em perdas culturais ...
c)
... como muitas vezes divulgam os livros didáticos que retratam, a história dos índios no Brasil.
d)
Processos estes que se somam, às diferentes experiências de contato vividas pelos distintos grupos indígenas com cada um dos agentes e agências que entre eles chegaram ...
e)
... com um pouco mais de conhecimento sobre a história da região, podemos constatar que os povos indígenas dessa parte da Amazônia nunca viveram isolados entre si.
A frase redigida com clareza e correção, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, está em: a)
Segundo a autora, o português de Dorica possue influência da língua indígena e do francês, e por isso às vezes prejudicava o entendimento do que ela queria dizer.
b)
Além das parteiras do Amapá, outras pessoas foram convidadas à fazer parte do livro de Eliane Brum, do qual foi elogiado por jornalistas e amantes da literatura.
c)
A autora emociona-se ao falar de Dorica, que o português comunica-se com grande poesia nesse idioma.
d)
Dorica, ]ovelina e outras parteiras reunem-se à fim de conduzir a jornalista em sua viagem pela floresta, embora revelando seus segredos.
e)
Em seu livro intitulado D olho da rua, Eliane Brum dedica-se à descrição do cotidiano de diversas personagens que compõem a sociedade brasileira.
é a segunda língua, mas que
A FAMÍLIA MUDOU Teresinha Saraiva
Nasci e vivi minha infância numa família constituída por três gerações, vivendo sob o mesmo teto, harmoniosa e amorosamente: meus avós, meus ppis, meus tios casados, minhas tias solteiras e nós, os oito netos. Eramos 20 pessoas. Os homens trabalhavam e as mulheres dedicavam-se à gerência da casa e à educação das crianças. Na minha família só havia, inicialmente, uma mulher que trabalhava fora, minha mãe, que era professora. Muitos anos depois, três de minhas tias solteiras foram trabalhar fora. Lembro-me até hoje, embora muitas décadas tenham se passado, da enorme sala de jantar, com uma grande mesa retangular onde se sentavam 12 adultos, para as refeições e para as prolongadas conversas, e uma mesa oval, onde se sentavam as oito crianças e adolescentes - os netos. Vivi uma infância tranquila numa família nuclear unida. Minha adolescência e juventude já foi passada numa família constituída por meus pais, ambos trabalhando e contribuindo para o sustento
432
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
da família, meu irmão e eu. Todos os domingos nos reuníamos à família inicial, na enorme casa da Rua do Bispo, hoje integrando o espaço físico ocupado pela Universidade Estácio de Sá, em inesquecíveis almoços e ceias.
A FAMÍLIA BRASILEIRA MUDOU. "Na minha família só havia, inicialmente, uma mulher que trabalhava fora, minha mãe, que era professora. Muitos anos depois, três de minhas tias solteiras foram trabalhar fora". A regra para o emprego de vírgula devidamente exemplificada é: a)
oração adverbial antecipada: "na minha família só havia, ... ";
b)
termo explicativo: ", inicialmente,";
c)
presença de um aposto:", minha mãe,";
d)
oração adjetiva restritiva: ", que era professora";
e)
termos de uma enumeração: "Muitos anos depois, ..."
EFICIÊNCIA MILITAR (Historieta Chinesa)
LI-HU ANG-PÔ, vice-rei de Cantão, Império da China, Celeste Império, Império do Meio, nome que lhe vai a calhar, notava que o seu exército provincial não apresentava nem garbo marcial, nem tampouco, nas últimas manobras, tinha demonstrado grandes aptidões guerreiras. Como toda a gente sabe, o vice-rei da província de Cantão, na China, tem atribuições quase soberanas. Ele governa a província como reino seu que houvesse herdado de seus pais, tendo unicamente por lei a sua vontade. Convém não esquecer que isto se passou, durante o antigo regime chinês, na vigência do qual, esse vice-rei tinha todos os poderes de monarca absoluto, obrigando-se unicamente a contribuir com um avultado tributo anual, para o Erário do Filho do Céu, que vivia refestelado em Pequim, na misteriosa cidade imperial, invisível para o grosso do seu povo e cercado por dezenas de mulheres e centenas de concubinas. Bem. Verificado esse estado miserável do seu exército, o vice- rei Li-Huang-Pô começou a meditar nos remédios que devia aplicar para levantar-lhe o moral e tirar de sua força armada maior rendimento militar. Mandou dobrar O:..ração de arroz e carne de cachorro, que os soldados venciam. Isto, entretanto, aumentou em muito a despesa feita com a força militar do vice-reinado; e, no
433
REDAÇÃO ·Comi/a Sabatin
intuito de fazer face a esse autnento, ele se lembrou, ou alguém lhe lembrou, o simples alvitre de duplicar os impostos que pagavam os pescadores, os fabricantes de porcelana e os carregadores de adubo humano - tipo dos mais característicos daquela babilônica cidade de Cantão. Ao fim de alguns meses, ele tratou de verificar os resultados do remédio que havia aplicado nos seus fiéis soldados, a fim de dar-lhes garbo, entusiasmo e vigor marcial. Determinou que se realizassem manobras gerais, na próxima primavera, por ocasião de florirem as cerejeiras, e elas tivessem lugar na planície de Chu-Wei-Hu- o que quer dizer na nossa língua: "planície dos dias felizes". As suas ordens foram obedecidas e cerca de cinquenta mil chineses, soldados das três armas, acamparam em Chu-Wei-Hu, debaixo de barracas de seda. Na China, seda é como metim aqui. Comandava em chefe esse portentoso exército, o general Fu-Shi-Tô que tinha começado a sua carreira militar como puxador de tílburi* em Hong-Kong. Fizera-se tão destro nesse mister que o governador inglês o tomara para o seu serviço exclusivo. Este fato deu-lhe um excepcional prestígio entre os seus patrícios, porque, embora os chineses detestem os estrangeiros, em geral, sobretudo os ingleses, não deixam, entretanto, de ter um respeito temeroso por eles, de sentir o prestígio sobre humano dos "diabos vermelhos", como os chinas chamam os europeus e os de raça europeia. Deixando a famulagem do governador britânico de HongKong,Fu-Shi- Tô não podia ter outro cargo, na sua própria pátria, senão o de general no exército do vice-rei de Cantão. E assim foi ele feito, mostrando-se desde logo um inovador, introduzindo melhoramentos na tropa e no material bélico, merecendo por isso ser condecorado, com o dragão imperial de ouro maciço. Foi ele quem substituiu, na força armada cantonesa, os canhões de papelão, pelos do Krupp; e, com isto, ganhou de comissão alguns bilhões de taels* que repartiu com o vice-rei. Os franceses do Canet queriam lhe dar um pouco menos, por isso ele julgou mais perfeitos os canhões do Krupp, em comparação com os do Canet. Entendia, a fundo, de artilharia, o ex-fâmulo do governador de Hong-Kong. O exército de Li-Huang-Pô estava acampado havia um mês, nas "planícies dos dias felizes", quando ele se resolveu a ir assistir-lhe as manobras, antes de passar-lhe a revista final.
O vice"rei, acompanhado do seu séquito, do qual fazia parte o seu exímio cabeleireiro Pi-Nu, lá foi para a linda planície, esperando assistir a manobras de um verdadeiro exército germânico.
434
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Antegozava isso como uma vítima sua e, também, como constituindo o penhor de sua eternidade no lugar rendoso de quase rei da rica província de Cantão. Com um forte exército à mão, ninguém se atreveria a demiti-lo dele. Foi. Assistiu às evoluções com curiosidade e atenção. A seu lado, Fu-Shi-Pô explicava os temas e os detalhes do respectivo desenvolvimento, com a abundância e o saber de quem havia estudado Arte da Guerra entre os varais de um cabriolet*. O vice-rei, porém, não parecia satisfeito. Notava hesitações, falta de élan na tropa, rapidez e exatidão nas evoluções e pouca obediência ao comando em chefe e aos comandados particulares; enfim, pouca eficiência militar naquele exército que devia ser uma ameaça à China inteira, caso quisessem retirá-lo do cômodo e rendoso lugar de vice-rei de Cantão. Comunicou isto ao general, que lhe respondeu:
- É verdade o que Vossa Excelência Reverendíssima. Poderosíssima, Graciosíssima, Altíssima e Celestial diz; mas os defeitos são fáceis de remediar. - Como? perguntou o vice-rei.
- É simples. O uniforme atual muito se parece com o alemão: mudemo-lo para uma imitação do francês e tudo estará sanado. Li-Huang-Pô pôs-se a pensar, recordando a sua estadia em Berlim, as festas que os grandes dignatários da corte de Potsdam lhe fizeram, o acolhimento do Kaiser e, sobretudo, os taels que recebeu de sociedade com o seu general Fu-ShiPô ... Seria uma ingratidão; mas ... Pensou ainda um pouco; e, por fim, num repente, disse peremptoriamente: - Mudemos o uniforme; e já! (Lima Barreto)
*to.el: u.v.ido.de 1'\>\0v.etávio. e de peso da Chiv.o.. *co.bviolet: tipo de co.vvu.o.Eel'\>\. *tr1bu.vi: co.vvo de du.o.s vodo.s e dois o.ssev.tos col'\>\o.v.do.dos pov UI'\>\ o.v.il'\>\o.(. "fa.l'\>\u.lo.&el'\>\: &vu.po de cvio.dos. Sobre a utilização das reticências, no penúltimo parágrafo, e o contexto em que elas aparecem pode-se afirmar que: a)
sugerem que o vice-rei está decidido quanto à proposta do general visto que precisa manter seus privilégios.
b)
evidenciam hesitação por parte do vice-rei, que se relembra dos benefícios obtidos com a proximidade alemã.
c)
demonstram surpresa com a proposta do general, já que ambos foram amplamente beneficiados com a proximidade dos alemães. ratificam a afinidade ideológica com o exército francês, de quem pretendem copiar os uniformes e as táticas de guerra.
d)
435
REDAÇÃO • Camila Sabatin
Na frase "Adão, nós somos unissex!", a vírgula se justifica a)
pela antecipação de um adjunto adverbial.
b)
pela presença de um vocativo.
c)
pelo destaque de um aposto.
d)
pela indicação de uma interjeição.
e)
pela inversão da ordem direta.
Não há hoje no mundo, em qualquer domínio de atividade artística, um artista cuja arte contenha maior universalidade que a de Charles Chaplin. A razão vem de que o tipo de Carlito é uma dessas criações que, salvo idiossincrasias muito raras, interessam e agradam a toda a gente. Como os heróis das lendas populares ou as personagens das velhas farsas de mamulengos. Carlito é popular no sentido mais alto da palavra. Não saiu completo e definitivo da cabeça de Chaplin: foi uma criação em que o artista procedeu por uma sucessão de tentativas erradas. Chaplin observava sobre o público o efeito de cada detalhe. Um dos traços mais característicos da pessoa física de Carlito foi achado casual. Chaplin certa vez lembrou-se de arremedar a marcha desgovernada de um tabético. O público riu: estava fixado o andar habitual de Carlito. 436
Cap. X • REVISÃO GRAMATICAL
O vestuário da personagem- fraquezinho humorístico, calças lambazonas, botinas escarrapachadas, cartolinha- também se fixou pelo consenso do público. Certa vez que Carlito trocou por outras as botinas escarrapachadas e a clássica cartolinha, o público não achou graça: estava desapontado. Chaplin eliminou imediatamente a variante. Sentiu com o público que ela destruía a unidade física do tipo. Podia ser jocosa também, mas não era mais Carlito. Note-se que essa indumentária, que vem dos primeiros filmes do artista, não contém nada de especialmente extravagante. Agrada por não sei quê de elegante que há no seu ridículo de miséria. Pode-se dizer que Carlito possui o dandismo do grotesco. Não será exagero afirmar que toda a humanidade viva colaborou nas salas de cinema para a realização da personagem de Carlito, como ela aparece nessas estupendas obras-primas de humor que são O garoto, Em busca do ouro e O circo. Isto por si só atestaria em Chaplin um extraordinário discernimento psicológico. Não obstante, se não houvesse nele profundidade de pensamento, lirismo, ternura, seria levado por esse processo de criação à vulgaridade dos artistas medíocres que condescendem com o fácil gosto do público. Aqui é que começa a genialidade de Chaplin. Descendo até o público, não só não se vulgarizou, mas ao contrário ganhou maior força de emoção e de poesia. A sua originalidade extremou-se. Ele soube isolar em seus dados pessoais, em sua inteligência e em sua sensibilidade de exceção, os elementos de irredutível humanidade. Como se diz em linguagem matemática, pôs em evidência o fator comum de todas as expressões humanas. (Adaptado de: Manuel Bandeira. "O heroísmo de Carlito".Crônicas da província do Brasil. 2. ed. sao Paulo, Cosac Naify, 2006, p. 219-20)
Atente para as afirmações sobre pontuação feitas abaixo a partir de segmentos transcritos do texto. I.
... seria levado por esse processo de criação à vulgaridade dos artistas medíocres que condescendem com o fácil gosto do público.
Uma vírgula poderia ser colocada imediatamente depois de medíocres, sem alteração do sentido da frase. 11.
O vestuário da personagem - fraquezínho humorístico, calças lambazonas, botinas escarrapachadas, cartolinha- também se fixou pelo consenso do público. Os travessões poderiam ser substituídos por parênteses, sem prejuízo para a clareza e a correção.
111.
Chaplin certa vez lembrou-se de arremedar a,. marcha desgovernada de um tabético. A colocação de vírgulas para isolar o segmento certa vez implicaria prejuízo para a clareza e a correção.
437
REDAÇÃO· Comi/a Sabotin
Está correto o que se afirma APENAS em
a)
~
1 e 111.
b)
11.
c)
I.
d)
I e li.
e)
111.
As obras de dragagem objetivam remover os sedimentos que se encontram no fundo do corpo d'água para permitir a passagem das embarcações, garantindo o acesso ao porto. Na maioria das vezes, a dragagem é necessária quando da implantação do porto, para o aumento da profundidade natural no canal de navegação, no cais de atracação e na bacia de evolução. Também é necessária sua realização periódica para o alcance das profundidades que atendam o calado das embarcações. Em relação ao texto acima, julgue o item subsequente. A vírgula empregada após "navegação" é utilizada para isolar elementos de mesma função sintática que compõem uma enumeração. ( )CERTO ( )ERRADO
A CULTURA BRASILEIRA EM TEMPOS DE UTOPIA Durante os anos 1950 e 1960 a cultura e as artes brasileiras expressaram as utopias e os projetos políticos que marcaram o debate nacional. Na década de 1950, emergiu a valorização da cultura popular, que tentava conciliar aspectos da tradição com temas e formas de expressão modernas. No cinema, por exemplo, Nelson Pereira dos Santos, nos seus filmes Rio, 40 graus (1955) e Rio, zona norte (1957) mostrava a fotogenia das classes populares, denunciando a exclusão social. Na literatura, Guimarães Rosa publicou Grande sertão: veredas (1956) e João Cabral de Melo Neto escreveu o poema Morte e vida Severino - ambos assimilando traços da linguagem popular do sertanejo, submetida ao rigor estético da literatura erudita. Na música popular, a Bossa Nova, lançada em 1959 por Tom Jobim e João Gilberto, entre outros, inspirava-se no jazz, rejeitando a música passional e a interpretação dramática que se dava aos sambas-canções e aos boleros que dominavam as rádios brasileiras. A Bossa Nova apontava para o despojamento das letras das canções, dos arranjos instrumentais e da vocalização, para melhor expressar o "Brasil moderno".
438
Cap. X· REVISÃO GRAMATICAL
Já a primeira metade da década de 1960 foi marcada pelo encontro entre a vida cultural e a luta pelas Reformas de Base. Já não se tratava mais de buscar apenas uma expressão moderna, mas de pontuar os dilemas brasileiros e denunciar o subdesenvolvimento do país. Organizava-se, assim, a cultura engajada de esquerda, em torno do Movimento de Cultura Popular do Recife e do Centro Popular de Cultura da União Nacional dos Estudantes (UNE), num processo que culminaria no Cinema Novo e na canção engajada, base da moderna música popular brasileira, a MPB. (Adaptado de: NAPOL!T ANO, Marcos e VILLAÇA, Mariana. História para o ensino médio. São Paulo: Atual, 2013, p. 738)
A pontuação está plenamente adequada na seguinte frase: a) b)
Ficam claras no texto, as contribuições que a cultura e a política dão uma à outra, pelas quais, toda manifestação artística pode também, ser vista como manifestação histórica. Houve um momento, agudo na nossa história, em que por razões políticas, artistas foram levados à criação de obras que se pretendiam engajadas, em determinadas lutas de classe.
c)
Além da dramaticidade própria de certos gêneros musicais a Bossa Nova repudiava também, a interpretação excessivamente exaltada, de alguns cantores.
d)
Assim como João Cabral, Guimarães Rosa também adotou, em seus textos primorosos uma articulação entre elementos da cultura popular, e da cultura clássica ou erudita.
e)
Inspirados no jazz, segundo afirmam alguns críticos musicais, Tom Jobim e João Gilberto criaram e difundiram, ao longo dos anos 6o, o ritmo e as canções da então chamada Bossa Nova.
439
REDAÇAO • Camila Sabatin
12.12.
Gabaritos questões
PONTUAÇÃO
440
l
B
2
B
3
B
4
E
5
E
6
E
7
c
8
B
9
B
lO
B
11'
CERTO
12
E
CAPÍTULO
XI
TEMAS DE REDAÇÃO Esse capítulo visa selecionar diversas questões discursivas e provas de redação dos últimos 6 anos, a fim de que o candidato possa colocar em prática todo conteúdo exposto nos capítulos anteriores. É uma ótima oportunidade para treinar a produção de textos e perceber quais as tendências e padrões seguidos pelas bancas dos concursos. Para fins didáticos, separamos este capítulo em dois itens: questões discursivas e provas de redação. 1.
QUESTÕES DISCURSIVAS
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando, caso deseje, o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINmvo DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto que ultrapassar a extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas na primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Ao domínio do conteúdo serão atribuídos até 10,00 pontos, dos quais até o,so ponto será atribuído ao quesito apresentação e estrutura textual (legibilidade, respeito às margens e indicação de parágrafos). A Constituição Federal de 1988 elenco os princípios inerentes à administração pública, cuja função é a de dar unidade e coerência ao direito administrativo, controlando as atividades administrativas de todos os entes que integram a federação brasileira (União, estados, Distrito Federal e municípios). Esses princípios devem ser seguidos rigorosamente pelos agentes públicos, sob pena de estes praticarem atos inválidos e exporem-se à responsabilidade disciplinar civil ou criminal, a depender do caso. Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motiva dor, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Ao elaborar seu texto, faça,
necessariament~,
o que se pede a seguir.
Nomine os princípios constitucionais expressÕs da administração pública. [valor: 3.50 pontos] Descreva o significado de cada um dos referidos princípios constitucionais. [valor: 6,oo pontos]
441
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
PROVA DISCURSIVA Orientações gerais A prova discursiva para o cargo de Analista judiciário: 1.1. vale 10,00 (dez) pontos e consiste na elaboração de texto de, no mínimo, 30 (trinta) e, no máximo, 35 (trinta e cinco) linhas; 1.2. tem o objetivo de avaliar o conteúdo -conhecimento do tema, a capacidade de expressão na modalidade escrita e o uso das normas do registro formal culto da Língua Portuguesa, para tanto o candidato deverá produzir texto dissertativo, primando pela coerência e pela coesão;
1)
1.3. deve ser manuscrita, em letra legível, com caneta esferográfica de tinta azul ou preta indelével, fabricada em material transparente, não sendo permitida a interferência ou a participação de outras pessoas, salvo em caso de candidato a quem tenha sido deferido atendimento especial para a realização das provas. Nesse caso, o candidato será acompanhado por fiscal da CONSULPlAN devidamente treinado, para o qual deverá ditar o texto, especificando oralmente a grafia das palavras e os sinais gráficos de pontuação. 2) A folha de texto definitivo da prova discursiva não poderá ser assinada, rubricada, nem conter; em outro local que não o apropriado, qualquer palavra ou marca que a identifique, sob pena de anulação da prova discursiva. Assim, a detecção de qualquer marca identificadora no espaço destinado à transcrição de texto definitivo acarretará a anulação da prova discursiva. 3)
A folha de texto definitivo será o único documento válido para avaliação da prova discursiva. A folha para rascunho no caderno de provas é de preenchimento facultativo e não valerá para avaliação.
4)
A folha de texto definitivo não será substituída por erro de preenchimento do candidato. O gerenciamento da qualidade de software (GQS) para sistemas de grande porte pode ser estruturado em três atividades principais: Planejamento de Qualidade, Garantia de Qualidade e Controle de Qualidade. Elabore um texto dissertativo em que se proponha a integração do GQS a um processo de desenvolvimento de software (PDS) baseado nas fases do Processo Unificado, visando à segurança do sistema eletrônico de votação. Na elaboração do seu texto inclua os seguintes aspectos: Conceituação do GQS e suas principais atividades; Integração entre o GQS e o PDS baseada nas fases do Processo Unificado; Identificação das saídas (artefatos de software) produzidas durante a Integração do GQS com Processo Unificado pela GQS, enfatizando sua importância e finalidade.
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando, caso deseje, o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não será avaliado fragmento de texto escrito em local indevido. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado. Ao domínio do conteúdo serão atribuídos até dez pontos, dos quais até um ponto será atribuído ao quesito apresentação e estrutura textual (legibilidade, respeito às margens e indicação de parágrafos).
442
Cap. XI· TEMAS DE REDAÇÃO
Após as grandes crises de governabilidade há necessidade de se repensar e construir um novo Estado, a partir de reformas políticas e administrativas profundas. Tais reformas devem habilitar o Estado a desempenhar as funções que o mercado não é capaz de executar. O mais importante é construir um Estado que responda aos interesses dos seus cidadãos, no qual seja possível aos políticos fiscalizar o desempenho dos burocratas e estes sejam obrigados por lei a lhes prestar contas, e onde os eleitores possam fiscalizar o desempenho dos políticos e estes sejam também obrigados por Lei a lhe prestar contas. Para tantC>, são essenciais reformas políticas que deem maior legitimidade aos governos, ao ajuste fiscal, à privatização, à desregulamentação e reformas administrativas que criem os meios de se obter uma boa governança. (PEREIRA, Luíz Carlos Bresser; SPINK, Peter Kevín. ReforMa do Estado e o.dWii"istração p«blica geref\tia{. 7. ed. Río de Janeíro: FGV, 2006. Adaptado).
Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motiva dor, redija um texto dissertativo acerca dos três principais modelos de administração pública vigentes no país desde o século passado. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, as principais características dos seguintes modelos: burocrático; [3,0 pontos] gerencial. [3,0 pontos)
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINffiVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
Um oficial de justiça dirigiu-se ao gabinete de defensor público que atuava em processo em trâmite na auditoria militar, com a finalidade de cumprir mandado de busca e apreensão de autos, após inúmeras notificações do juízo para que o mesmo devolvesse os autos de processo judicial que lhe foram entregues com vista para apresentação de alegações escritas. Como havia decorrido mais de três meses daquela notificação inicial, sem que tivesse havido restituição dos autos à Secretaria da Auditoria Militar, ordenou-se a medida. O defensor em questão informou ao oficial que não seria possível a execução da diligência em face das prerrogativas institucionais dos membros da defensoria e que a ordém judicial havia perdido o objeto, uma vez que os autos já haviam sido restituídos, com manifestação judicial em que
443
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
constava a preliminar da prescrição da pretensão punitiva, sendo tudo certificado e devolvido ao juízo. O diretor de secretaria, ao tomar conhecimento do teor contido na certidão, ordenou que fosse conferida a devolução dos autos; no entanto, após exaustivas diligências da secretaria, os autos não foram encontrados. Constatou-se a retenção dolosa dos autos do processo judicial. Foram juntadas todas as peças informativas e das diligências empreendidas pela secretaria, que, conclusas, foram encaminhadas ao juiz-auditor para despacho. Considerando a situação hipotética descrita acima, redija um texto dissertativo que aborde, necessariamente, os seguintes aspedos: requisição para instaurar inquérito pelo juiz-auditor- legalidade/competência; competência da justiça militar da União para julgar civil; o oficial de justiça como agente no crime de abuso de autoridade (Lei n• 4.898/1965).
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
Suponha que, em determinado órgão público federal, os servidores do quadro permanente tenham sido beneficiados com a aprovação de uma lei que modificou os critérios de enquadramento nas respectivas carreiras. Suponha, ainda, que o departamento de recursos humanos tenha estimado que a nova norma legal provocará um crescimento de 18% do total de despesas de pessoal do órgão e que o orçamento em. curso não dispõe de dotações suficientes para os novos gastos. Considerando essa situação, redija um texto dissertativo acerca da gestão de despesas de pessoal no órgão descrito. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspedos: as responsabilidades do ordenador de despesas; os requisitos legais para que a nova despesa seja realizada; possíveis consequências provocadas pela aplicação da norma.
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINnlVO DA PROVA DISCURSIVA,
444
Cap.XI· TEMAS DE REDAÇÃO
no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Será desconsiderado, também, qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas. Na FOLHA DE TEXTO DEFINnlVO DA PROVA DISCURSIVA, único documento que servirá de base para a avaliação da Prova Discursiva, escreva com letra legível e respeite rigorosamente as margens. No caso de erro, risque, com um traço simples, a palavra, a frase, o trecho ou o sinal gráfico e escreva em seguida o respectivo substituto. Atenção: parênteses não podem ser usados para tal finalidade. Em determinado município brasileiro, o prefeito assinou uma série de contratos com empresas fornecedoras sem a realização prévia de licitação. Ao final do exercício financeiro, as contas desse prefeito foram apresentadas no prazo legal, mas apenas ao tribunal de contas dos municípios de seu estado, que, por excesso de trabalho, não chegou a emitir parecer prévio, e para a câmara de vereadores local, onde a maioria decidiu votar pela sua aprovação. Durante a votação, no entanto, alguns vereadores de oposição exigiram o cumprimento das regras sobre transparência da gestão fiscal. Considerando que a situação hipotética descrita acima tenha apenas caráter motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: lRANSPARÍNCIA DA GESTÃO FISCAL Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: normas vigentes sobre a transparência da gestão fiscal; empecilhos à consolidação de uma gestão transparente; papel do planejamento no objetivo de transparência.
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINnlVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Na elaboração do projeto básico para a construção de uma edificação, o arquiteto é o profissional responsável pela confecção do projeto de arquitetura. Além disso, é comum que esse profissional receba a atribuição de coordenar os projetos complementares, para que haja harmonização entre esses projetos e o projeto de arquitetura. Por isso, o arquiteto deve conhecer as diretrizes gerais e as condições específicas para a elaboração de projetos complementares, como, por exemplo, a etapa de planejamento, de grande importânciCl;, porque decisões tomadas nessa etapa têm consequência direta na contratação e fiscalização da execução da obra.
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REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Considerando que o texto acima tem caráter-:.unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca dos aspectos a serem observados por um arquiteto cuja função seja projetar e coordenar uma equipe técnica durante a elaboração do projeto de arquitetura e dos projetos complementares. Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: objetivos do programa de necessidades; etapas do projeto- do estudo de viabilidade ao projeto executivo- e suas definições; responsabilidade do autor do projeto perante os órgãos de fiscalização e controle durante a etapa de aprovação.
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
A avaliação é uma ferramenta que auxilia o bibliotecário a alcançar eficácia e eficiência organizacionais e a desenvolver estratégias para melhorar a eficácia e a eficiência do acervo e dos serviços e produtos de informação. A esses conceitos, mais recentemente, vem sendo incorporado o conceito de efetividade. (ALMEIDA, M.C.B. Planejamento de bibliotecas e serviços de informação. 2 ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2005, p. 14-6. Adaptado).
Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca dos conceitos avaliação de serviços de informação, eficácia, eficiência e efetividade no contexto de bibliotecas.
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Redija um texto dissertativo acerca de responsabilidade social e cidadania corporativa, focalizando o desenvolvimento sustentável como fator diferencial qualitativo nas relações da
Cap. XI· TEMAS DE REDAÇÃO
organização com a sociedade e com os seus públicos e staheholders. Em seu texto, aponte, ainda,
ações de marketing social e de merchandising social que podem ser adotadas por organizações que desejem desenvolver projetos desse tipo.
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. O regime contábil define como as transações devem ser reconhecidas e registradas pela contabilidade. Na contabilidade pública, o enfoque patrimonial deve ser aplicado na sustentação do conceito de patrimônio líquido, sem deixar de se aplicar o enfoque orçamentário e financeiro. considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: REGIME CONTÁBIL APLICADO À CONTABILIDADE PÚBLICA Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes tópicos: interpretação do art. 35 da Lei no 4.320/1964; interpretação do art. so da Lei de Responsabilidade Fiscal; interpretação da Norma Brasileira de Contabilidade Aplicada ao Setor Público- NBC T 16.5Registro Contábil; interpretação do Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público da Secretaria do Tesouro Nacional.
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. As controvérsias entre economistas, particularmente entre aqueles que atuam na área macroeconômica, é uma característica marcante do debate econômico contemporâneo. De acordo com o anedotário vigente, diz-se que, se se perguntar a vários macroe-
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conomistas qual é a melhor forma de se resolver um problema específico, como combater as pressões inflacionárias, por exemplo, as respostas serão tantos quantos forem os profissionais consultados. Embora as diferentes versões desse debate possam parecer conflitantes e incompatíveis, sem essas querelas a ciência econômica não teria avançado de forma consistente. Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto disser· tativo, comparando a teoria clássica e a teoria keynesiana no que se refere a políticas anti-infla· cionárias. Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: demanda e oferta agregada de curto e longo prazo para keynesianos e clássicos e capaci· dade ociosa; papel desempenhado pelas políticas fiscais e monetárias no combate à inflação; atuação do governo na atividade econômica e complementaridade entre as duas teorias.
PROVA DISCURSIVA
Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Considerando a importância de um serviço de saúde nas instituições/empresas bem como a necessidade de superação da lógica do modelo biomédico-assistencialista desses serviços, redija um texto dissertativo a respeito das diretrizes que incorporam as ações de promoção à saúde ambiental e as de vigilância nos cuidados voltados para a saúde do trabalhador. Ao elaborar seu texto, atenda, necessariamente, às seguintes determ·mações: cite e comente sucintamente pelo menos 3 das principais diretrizes/ações de promoção à saúde ambiental e de vigilância em saúde nas instituições/empresas; discorra sobre a importância da participação e do controle social dos trabalhadores no conjunto dessas ações; caracterize um modelo de gestão do serviço de saúde em instituições/empresas que pro· mova a saúde ambiental e a saúde dos trabalhadores.
PROVA DISCURSIVA
Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado.
Cap. XI· TEMAS DE REDAÇÃO
Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. O projeto básico para a construção de um edifício, que serve de referência para a contratação do empreendimento, tem como um dos seus componentes essenciais o orçamento da obra, cuja elaboração deve ser feita por um engenheiro civil ou, pelo menos, ter a participação desse profissional. Para realizar essa tarefa, o engenheiro deverá estudar as especificações, o memorial descritivo, o projeto de arquitetura e demais projetos complementares. Somente de posse de todas essas informações é que ele estará em condições de iniciar o processo orçamentário. Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motiva dor, redija um texto dissertativo acerca do orçamento de uma obra e de sua elaboração, abordando, necessariamente, os seguintes aspectos: definição do que é o orçamento de uma obra, sua abrangência, suas finalidades e sua importância; classificação dos custos com base na sua identificação com o produto e com base no volume de produção; definição de cada classe; métodos de orçamentação e a influência da qualidade das informações disponíveis na definição do método a ser empregado. TEMA 14 - (STM-2011 - CESPE -ANALISTA JUDICIÁRIO - ENGENHARIA ELÉTRICA) PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFtNmvo DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Um sistema de controle consiste em subsistemas e processos (ou plantas) reunidos com o propósito de controlar as saídas dos processos. Por exemplo, uma caldeira produz calor como resultado do fluxo de combustível. Nesse processo, subsistemas chamados válvulas de combustível e atuadores de válvulas de combustível são usados para regular a temperatura de uma sala, controlando a saída de calor da caldeira. Outros subsistemas, como os termostatos, que se comportam como sensores, medem a temperatura da sala. Na sua forma mais simples, um sistema de controle fornece uma saída ou resposta paraiJma dada entrada ou estímulo. (NISE, Norman S. Eneenharia de sisteMas de cor.trole. 3 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002, p. 2. Adaptado).
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Considerando que o fragmento de texto àcima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca das caraderísticas de um sistema de controle linear e contínuo no tempo, para controle de um processo físico, com modelo matemático dado por uma função de transferência. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspedos: vantagens qualitativas do procedimento de controle em malha fechada e estabilidade do sistema; controlador e considerações qualitativas sobre rastreamento de sinais em termos de res· posta transitória; controlador e considerações qualitativas sobre rastreamento de sinais em termos de resposta em regime permanente.
PROVA DISCURSIVA
Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique--se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
Antes de se iniciar um trabalho de fabricação de soldagem, é necessária a seleção de um processo de solda para se atender as especificações. A seleção de um processo de solda é feita a partir do tipo de produto a ser fabricado e de considerações de produção, técnicas e econômicas, levando-se em conta a necessidade de se realizar uma solda de qualidade ao menor custo. Em alguns casos, vários processos de soldagem podem ser igualmente empregados na fabricação de um produto final. A .seleção de um ou mais processos é definida para algumas situações e, frequentemente, os mais escolhidos são os processos de solda a arco por fusão da família da soldagem a arco. A partir das informações apresentadas acima, redija um texto dissertativo acerca dos critérios para seleção dos processos de solda a arco por fusão da família da soldagem a arco. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes tópicos: critérios para a seleção e tipos de produto fabricados por soldagem; considerações técnicas; considerações de produção; considerações econômicas.
PROVA DISCURSIVA
Nesta prová, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos.
Cap. XI· TEMAS DE REDAÇÃO
Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Um princípio importantíssimo do processo penal é o da publicidade. Tal princípio é próprio do processo de tipo acusatório. Explica Eberhard Schmidt que a significação da justiça penal é tão grande, o interesse da comunidade no seu manejo e em seu espírito é tão importante, a situação da justiça, na totalidade da vida pública, é tão problemática, que seria simplesmente impossível eliminar a publicidade dos debates judiciais. E arremata: se isso ocorresse, só poderia significar o temor da justiça à crítica do povo, e a chamada "crise de confiança" na justiça seria algo permanente. (FILHO. Tourinho; COSTA, Fernando da.
Processo PeMI, p. 44. Adaptado).
Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivado r, redija um texto dissertativo acerca do princípio da publicidade no processo penal brasileiro. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: regramento constitucional do princípio da publicidade e exceções previstas; aplicabilidade do princípio da publicidade durante toda a persecução penal; consequência(s) para o analista judiciário que torna pública informação de processo que tramita sob segredo de justiça.
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Uma mulher de 27 anos de idade, tabagista (12 anos-maço), apresenta quadro de espirros em salva, prurido nasal e ocular, coriza, obstrução nasal e gotejamento pós-nasal há cerca de um mês. Há três semanas, ela obteve melhora do quadro após lavagem.nasal com solução salina e uso oral de anti-histamínico associado a pseudoefedrina. Entretanto, há duas semanas, apresentou quadro de foliculite em região axilar, que a levou a procurar atendimento médico, tendo sido medicada com amoxicilina por sete dias. Nos últimos cinco dias, a obstrução nasal retornou, associada a cefaleia frontal, dor intensa na face, principalmente na região infraorbitária esquerda, irradiada para a hemiarcada
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dentária esquerda, além de secreção nasal purulenta, febre de 38°C, tosse noturna, calafrios, dor de garganta e astenia. A paciente procurou assistência médica de urgência, submeteu-se a exames complementares de diagnóstico e foi tr<1tada conforme preconiza a literatura médica atual. Com base nas informações do caso clínico acima, redija um texto dissertativo que aborde, necessariamente, de forma justificada, os seguintes aspectos: elementos da história clínica que pautam o diagnóstico, diagnóstico clínico, diagnóstico dife· rencial, agente etiológico e complicações mais frequentes dessa situação clínica; exames complementares (laboratoriais e de imagem) pertinentes à elucidação diagnóstica desse caso, com menção à especificidade e sensibilidade de cada um deles; conduta preconizada: tratamento de primeira escolha, posologia, tempo de tratamento e medidas preventivas segundo as diretrizes clínicas atuais. TEMA 18 - (STM-zou:.CESPE-ANALISTA JUDICIÁRIO-MEDICINA GERIATRIA) PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCUR· SIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será des· considerado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
Mário, 74 anos de idade, vive em uma pequena cidade onde existe apenas um modesto hospital geral que é equipado com recursos para diagnósticos básicos. Esse paciente apresenta uma extensa história médica, que inclui hipertensão arterial, arritmia cardíaca, depressão e convulsões. Em decorrência disso, Mário faz uso de diversos fármacos tais como: hidroclorotiazida (25 mg/dia), amiodarona (100 mg/dia), fluoxetina (20 mg/dia) e carbamazepina (200 mg duas vezes ao dia). Nos últimos três dias, passou a apresentar letargia, náusea, desorientação e cefaleia. Inicialmente, sua filha o medicou com domperidona, atendendo ao conselho médico dado por telefone. Como o quadro clínico não melhorou e a confusão tornou-se progressiva, Mário foi levado ao pronto-socorro, onde foi submetido a exames básicos. O resultado do hemograma da glicemia, assim como o do exame de urina, não apresentou alterações. O nível de potássio foi de 4 mEq/L e o de sódio 124 mEq/L. Considerando a situação hipotética descrita acima, redija um texto dissertativo acerca da possibilidade diagnóstica para esse paciente. Em seu texto, aborde, necessariamente: as características do quadro clínico que justificam o provável diagnóstico;
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Cap. XI • TEMAS DE REDAÇÃO
a possibilidade de outras condições estarem contribuindo para esse quadro; as prioridades na conduta terapêutica até que se comprove o diagnóstico. TEMA 19 ~ (STM-2011-CESPE-ANALISTA JUDICIÁRio-PSICOLOGIA) PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascu~ho Índicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINnlVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos çte texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
Atualmente, há uma crescente demanda por avaliação nas organizações que tradicionalmente fizeram altos investimentos em treinamento bem como nas que mais recentemente descobriram os valores estratégicos do conhecimento e do esforço na contínua qualificação de seu pessoal. O aumento da produção científica e tecnológica na área de treinamento e desenvolvimento de pessoas - uma recente resposta a essa demanda- indica que não é mais possível continuar simplesmente realizando avaliações de treinamento e fazendo pesquisas sobre elas, ignorando-se os dilemas que são enfrentados cada vez que se elabora um instrumento de medida e se coletam e analisam dados. Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca da elaboração de um programa de treinamento e desenvolvimento de pessoas nas organizações. Ao elaborar seu texto, necessariamente, caracterize: as etapas de um programa de treinamento e desenvolvimento de pessoas; os níveis de avaliação desse programa; as medidas utilizadas em cada nível de avaliação do mencionado programa. TEMA 20- (STM-2ou..,CESPE-ANALISTA JUDICIÁRIO-RESTAURAÇÃO) PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a fOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos emlocpis i[Jdevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-si:. apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
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Museus, bibliotecas e arquivos~ possuem as funções de coletar e preservar os acervos, conduzir o acesso e a pesquisa a esses acervos, além de apresentar e interpretar as suas coleções ao público, sob a luz da pesquisa. A preservação é a mais fundamental dessas responsabilidades, sem a qual a pesquisa e o acesso são impossíveis e a coleção passa a não ter sentido. A conservação, por sua vez, é a tecnologia pela qual a preservação é obtida. Além da informação gráfica ou textual como entidade intangível, cada objeto documental tem - ou terá no futuro - um interesse como objeto material, formado por uma multiplicidade de características materiais identificáveis e, por sua vez, identificadores do objeto. Como exemplo, pode-se citar a fina camada de albumina - clara de ovo - que caracteriza o pergaminho bizantino. Se, em uma limpeza descuidada, se elimina essa camada, se haverá suprimido, de forma imperceptível, uma das principais características do objeto. Outro exemplo são as muitas camadas de velatura, presentes nos douramentos das igrejas barrocas de Minas Gerais, e de caráter fundamental para a sua leitura estética, que foram eliminadas durante procedimentos de limpeza.
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. No direito, a linguagem estabelece relações entre pessoas e grupos sociais, faz emergir e desaparecer entidades, concede e usurpa a liberdade, absolve e condena réus. Um compromisso, antes inexistente, pelo uso da linguagem, origina-se no direito; um novo órgão estatal surge pela utilização da palavra certa, pela pessoa certa; um procedimento legal é instituído no novo código processual em gestação, poderes são conferidos etc. Enfim, algo diferente acontece no panorama delineado pelo direito, porque foi realizado um ato jurídico mediante um ato de fala, ou seja, a linguagem determina mudanças no mundo legalmente estruturado. A linguagem jurídica não é homogênea nem unívoca, consiste em várias realizações dessa linguagem em diferentes tipos de textos produzidos por múltiplos autores e dirigidos a uma grande variedade de destinatários. Na doutrina, por exemplo, é o jurista que fala sobre o direito, usando uma metalinguagem para emitir comentários sobre conceitos e desenvolver teorias sobre a aplicação de princípios jurídicos. Já no processo decisório, o juiz, em pleno uso de suas
Cap. XI· TEMAS DE REDAÇAO
atribuições, declara atos válidos, sentencia indivíduos culpados ou inocentes. Na legislação, o legislador constrói entidades jurídicas, distribuindo poderes, ordenando, permitindo ou proibindo comportamentos. (COLARES, Virgínia. Apresentação: por que a linguagem interessa ao direito? In: COLARES, Virgínia. (Org.). Linguagem e Direito. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2010, p. 11-3. Adaptado).
Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador; redija texto dissertativo acerca do tema a seguir: RELAÇÕES ENTRE DIREITO E UNGUAGEM: MUDANÇA E (OU) CONTINUIDADE Em seu texto, aborde, necessariamente os seguintes aspectos: direito e linguagem como expressões culturais; papel da linguagem no mundo jurídico; efeitos do uso da linguagem nas relações sociais.
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
Em 1995, surgiu nova oportunidade para a reforma do Estado brasileiro, em geral, e do aparelho do Estado e do seu pessoal, em particular. Essa reforma teve como objetivos, a curto prazo, facilitar o ajuste fiscal, particularmente nos estados e municípios, onde existia claro problema de excesso de quadros, e, a médio prazo, tornar mais eficiente e moderna a administração pública, cujo foco deveria passar a ser o atendimento dos cidadãos. A modernização ou o aumento da eficiência da administração pública deveria ser o resultado, a médio prazo, de complexo projeto de reforma, por meio do qual se buscou, a um só tempo, fortalecer a administração pública direta, ou o núcleo estratégico do Estado, e descentralizar a administração pública, com a implantação de agências autônomas e de organizações sociais controladas por contratos de gestão. Em outras palavras, a proposta foi de, ao mesmo tempo, fortalecer a competência administrativa do Estado e a autonomia das agências e das organizações sociais. O elo entre os dois sistemas seria, então, o contrato de gestão, que o núcleo estratégico deveria aprender a definir e controlar, e as agências e organizações sociais, a executar. (PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Da administração pública burocrática à gerencial. Revista do Serviço Público, v. 47, n.l. Adaptado).
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: OIMPACTO DA REFORMA DO ESTADO NA ADMINISTRAÇÃO P0BUCA BRASILEIRA Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: propriedade estatal e patrimônio público; modelos de gestão mais adequados à nova realidade administrativa; eficácia das mudanças implementadas. TEMA 23 - (TER/PE-20lo-CONESUL-ANAUSTA JUDICIÁRIO-ADMINISTRATIVA) Prova Discursiva PROPOSTA: Redija um texto dissertativo apresentando argumentos que demonstrem sua posição quanto ao tema sugerido, qual seja: Desrespeito do princípio da moralidade pela administração pública no âmbito eleitoral A prova discursiva deve versar sobre aspectos do direito eleitoral, buscando: a)
informações literais e inferências possíveis; ponto de vista do candidato.
b)
utilização e emprego da legislação correspondente à questão sugerida. INSlRUÇÕES: Para concorrer à totalidade da nota, seu texto deverá
a)
ser dissertativo;
b)
ter um título;
c)
ter no máximo 30 linhas;
d)
demonstrar conhecimento do tema;
e)
demonstrar capacidade de expressão na modalidade escrita;
f)
utilizar as normas do registro formal culto da Língua Portuguesa;
g)
ser escrito a caneta, com letra legível de tamanho regular. Seu texto receberá nota zero se:
a)
não obedecer ao tipo de texto proposto;
b)
fugir ao tema;
c)
não obedecer ao limite de linhas;
d)
estiver a lápis; TEMA 24 - (TER/MT-20lo-CESPE-ANAUSTA JUDICIÁRIO-ADMINSTAATIVA). PROVA DISCURSIVA
Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto em locais Indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de linhas disponibilizadas será des· considerado.
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Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Uma das caractel'ísticas das organizações bem-sucedidas ,é a comunicação constante entre as chefias e os colaboradores,que conversam sobre as atividades desenvolvidas, dando feedback oportuno sobre o desempenho dos seus colaboradores. Por essa perspectiva, os empregados que são apontados pela avaliação de desempenho com diferenciados sentem-se como verdadeiros colaboradores no desempenho da empresa. Ao longo da evolução dos métodos de gestão, diversas técnicas e métodos de avaliação têm sido adotados visando dar transparência e efetividade a esse processo. Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador; redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: AVAUAÇÃO DE DESEMPENHO: OMÉTODO ESCAlA GRÁFICA Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: Conceito e principais objetivos da avaliação de desempenho; Características do método de avaliação de desempenho denominado escala gráfica; Vantagens e desvantagens do método escala gráfica. TEMA 25- (TER/BA-20lo-CESPE- ANALISTA JUDICIÁRIO- ADMINISTRATIVA) PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando os espaços para rascunho indicados no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para o CADERNO DE TEXTO DEFINmYO DA PROVA DISCUR· SIVA, nos locais apropriados, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de quarenta e cinco linhas será des· considerado. No caderno de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Os indivíduos impulsionam o desempenho, as vantagens competitivas e o sucesso de longo prazo das organizações privadas ou públicas. Quando os integrantes estqo focados nos objetivos estratégicos da organização na qual trabalham, os resultados aparecerão de maneira plena, em decorrência do elo entre comportamento organizacional e desempenho competente. Tendo o texto acima caráter unicamente motivador; redija um texto dissertativo acerca do comportamento organizacional e da competência no âmbito público. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectoS. comportamento organizacional e suas influências no que se refere ao indivíduo, ao grupo e à organização;
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"' competência: conceito, tipologia e desenvolvimento humano; competência e os desafios para o alcance da excelência no serviço público.
Nesta prova, que vale dez pontos, faça o que se pede, usando o espaço indicado no presente caderno para rascunho. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINmvo DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Respeite o limite máximo de trinta linhas. Qualquer fragmento de texto além desse limite será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
As alterações nas relações entre a administração pública e seus usuários são decorrentes, em geral, da crise gerada pelo atendimento deficiente ao cidadão. Os usuários de serviços públicos, além de mostrarem um nível elevado de insatisfação com a qualidade do atendimento, passaram a exigir, cada vez mais, a prestação de serviços de qualidade. Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motiva dor, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: Ousuário dos serviços públicos: contribuinte e cidadão. Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: a ineficiência e a ineficácia do atendimento ao público em geral; a contribuição da tecnologia para a melhoria dos padrões de acesso, disponibilização e fornecimento dos serviços públicos; transparência e controle da administração pública, e a participação direta dos cidadãos nos processos decisórios.
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PROVA DISCURSIVA: Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINmvO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Respeite o limite máximo de trinta linhas. Qualquer fragmento de texto além desse limite será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
A organização de documentos tem sido um dos grandes desafios da arquivístíca contemporânea. Lidar com enormes massas de documentos acumulados diariamente pelas instituições exige uma elevada sofisticação dos esquemas de classificação.
Cap. XI ·TEMAS DE REDAÇÃO
Considerando que o fragmento de texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo a respeito da elaboração de um plano de classificação de documentos que aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: princípios arquivísticos envolvidos no processo de elaboração do plano de classificação; procedimentos técnicos necessários à elaboração do plano de classificação.
POVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Respeite o limite máximo de trinta linhas. Qualquer fragmento de texto além desse limite será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
Os repositórios digitais podem ser considerados uma inovação no gerenciamento da informação digital. Editoras, bibliotecas, arquivos e centros de informação em vários países estão criando grandes repositórios de informação digital, contendo diferentes tipos de conteúdos e formatos de arquivos digitais. Repositórios institucionais e temáticos são sistemas de informação que armazenam, preservam e divulgam a produção intelectual de comunidades, geralmente universitárias, possibilitando o acesso à mesma. Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo a respeito de repositórios institucionais e temáticos. Ao elaborar seu texto, cite pelo menos dois exemplos de repositórios temáticos e aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: benefícios da utilização de repositórios institucionais para a comunicação científica; software utilizados para a criação de repositórios institucionais e temáticos e suas principais características. TEMA :Í9 - (TRT 17°-2oo9:-ÇESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO - CONTABILIDADE)
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PROVA DISCURSIVA Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINmvo DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Respeite o limite máximo de trinta linhas. Qualquer fragmento de texto além desse limite será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Considerando que, na contabilidade pública, são estudadas as receitas e as despesas públicas por diversos ângulos e que, ao contador da área pública, o.entendimento dessas diversas facetas é de fundamental importância para o exercício de suas funções, redija um texto dissertative que aborde, necessariamente, os seguintes tópicos: classificação econômica das receitas e das despesas públicas, com suas Subdivisões; vinculação das receitas públicas ao orçamento; estágios da receita e da despesa públicas; restos a pagar; regime de contabilização das receitas e das despesas públicas, salientando a situação da dívida ativa. TEMA 30 - ~TIU 17°-~097 CESPE - ANALISTA JUDICIÁRIO- ADMINISTRATIVA) PROVA DISCURSIVA
Nesta prova, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINmvo DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Respeite o limite máximo de trinta linhas. Qualquer fragmento de texto além desse limite será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Um tribunal regional do trabalho realizou licitação, na modalidade de pregão eletrônico, pelo tipo menor preço, com base nas Leis no 8.666/1993 e no 10.520/2002, nos decretos n• 3-555/2000 e no 5-450/2005 e nas regras do edital, para contratação de empresa especializada na prestação de serviços de vigilância armada e desarmada para a segurança predial e patrimonial dos bens da sede do citado órgão, envolvendo dez vigilantes armados e cinco desarmados. A sessão eletrônica de recebimento das propostas contou com a participação de três empresas, e, após a análise do preço mensal por elas ofertado, foi realizada a fase de lances, em que se definiu a seguinte ordem classificatória.
A Égide Segurança Ltda. foi declarada a empresa que apresentou o menor preço. Passouse, então, à fase de abertura dos envelopes de habilitação, na qual o SICAF foi utilizado como substitutivo dos documentos de habilitação jurídica, regularidade fiscal e qualificação econômicofinanceira, constatando-se que todas as empresas estavam regulares junto ao citado cadastro informatizado. O edital previa a apresentação de atestado de capacidade técnica para que as licitantes comprovassem a sua qualificação técnica, documento que, no entanto, não foi apresentado pela
460
Cap. XI• TEMAS DE REDAÇAO
Égide Segurança Ltda. Esse fato foi questionado pelas demais empresas, mas foi rejeitado pelo pregoeiro, sob o fundamento de que, no pregão, o menor preço prevalece em relação aos critérios de habilitação. Com base nos elementos que constam da situação hipotética acima, redija um texto dissertativo que atenda, à luz da legislação, necessariamente, às seguintes determinações: apresente uma crítica à postura do pregoeiro; descreva os princípios licitatórios e faça breve comentário sobre cada um deles; comente sobre as regras de habilitação em licitação. TEMA 31 - (TER/MA-2009-FCC-ANALISTA JUDICIÁRIO-ADMINISTRATIVA) PROVA DISCURSIVA Questão 1: Discorra sobre o poder-dever de agir do administrador público, indicando a diferença entre o poder de agir deste e do particular, e aponte o significado dos deveres de eficiência e de probidade. Questão 2: Conceitue extradição, indicando as suas espécies e as pessoas que, segundo a Constituição Federal, poderão ser extraditadas do Brasil. TEMA 32- (TER/MS...2007-FCC-ANALISTA JUDICIÁRI()-.'ADMINISTRATIVA)
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REDAÇÃO Atente para o seguinte tema: De acordo com Montaigne, uma virtude só se manifesta e se legitima quando é posta à prova. Assim também ocorre com o poder: é preciso que se esteja investido dele para se avaliar a resistência à tentação do abuso de poder. Escreva uma dissertação em prosa sobre o tema acima. Ao desenvolvê-la, você deverá necessariamente ater-se aos seguintes tópicos, explorando-os na ordem e do modo que lhe parecerem convenientes: Comentário sobre a tese de Montaigne. Comentário sobre a analogia dessa tese com a afirmação desenvolvida a partir de Assim também. caracterização de um caso típico de abuso de poder. Abuso de poder: há como evitá-lo? TEMA 33 - (TER/PA-2007- CESPE-ANALISTA jUDICIÁRio-;ADMINISTRATIVA) PROVA DISCURSIVA Nesta prova - que vale dez pontos -, faça o que se pede, usando o espaço indicado no presente caderno para rascunho. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO.DEANmvo DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento além da extensão máxi~a de trinta linhas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se àpenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
REDAÇÃO • Cami/a Sabatin '~
Redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: A importância do controle orçamentário e financeiro no âmbito da justiça eleitoral. No texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: obrigatoriedade ou conveniência da adoção de condições e critérios para o emprego de recursos pela administração pública; características peculiares à estrutura e ao modo de funcionamento do Poder judiciário e de seus órgãos; controle e transparência nas prestações de contas à sociedade em geral.
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TEMA 34 - (STF-2oo&<ESPE.i:ANALISTA JUDICIAAIOAADMINISTRATIVA) "
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PROVA DISCURSIVA Nesta prova, que vale dez pontos, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXrO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Ao texto que contenha outra forma de identificação será atribuída nota zero, correspondente à identificação do candidato em local indevido. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)estabeleceu normas e consolidou entendimentos aplicáveis à administração orçamentária e financeira, tendentes, em grande medida, a promover e a manter o equilíbrio entre a realização da receita e da despesa. Nesse sentido, o caput do art. 16 da Lei Complementar n° 101/2000 determina que o ato de criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado: de estimativa do impacto orçamentáriofinanceiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes e de declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. Tendo o texto acima como referência inicial, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: Requisitos para o aumento da despesa orçamentária nos termos da Lei de Responsabili· dade Fiscal Ao elaborar o seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: significado e alcance das cóndições fixatlas para o aumento tlas despesas; hipótese(s) tle aumento âaY despesas corn dispensa do cumprimento dos requisitos prévios; possíveis consequências e desdobramentos da aplicação ou não das disposições da RF.
Cap. XI • TEMAS DE REDAÇÃO
PROVA DISCURSIVA
Nesta prova, que vale dez pontos, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINmvo DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Ao texto que contenha outra forma de identificação será atribuída nota zero, correspondente à identificação do candidato em local indevido.
What is the vision?
milestones have been reached?
A flgura acima, adaptada do sítio ocg.gov.uk, apresenta' uni esquema empregá do na melhoria de serviços de TI. Tomando por base os elementos apresentados, redija: um texto em que se esboce um plano de desenvolvimento do órgão de informática de um tribunal federal fictício. No seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: 7
visão;
7
deflnição de metas;
7
avaliação da condição atual;
7
realização de melhorias;
7
verificação de alcance de marcos.
REDAÇAO • Camila Sabatin ~
TEMA 36 - (SRF~zoo8- CESPE-ANALISTA JUDICIÁRIO-ARQUITETURA)
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, que vale dez pontos, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINmYO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Ao texto que contenha outra forma de identificação será atribuída nota zero, correspondente à identificação do candidato em local indevido.
A cidade é expressão palpável da humana necessidade de contato, comunicação, organização e troca, em uma determinada circunstância físico-social e em um contexto histórico. Ela deve ser concebida não como simples organismo capaz de preencher satisfatoriamente e sem esforço as funções vitais próprias de uma cidade moderna qualquer, não apenas como URBS, mas como CIVITAS, possuidora dos atributos inerentes a uma capital. E, para tanto, a condição primeira é achar-se o urbanista imbuído de uma certa dignidade e nobreza de intenção, porquanto dessa atitude fundamental decorrem a ordenação e o senso de conveniência e medida capazes de conferir ao conjunto projetado o desejável caráter monumental. Monumental não no sentido de ostentação, mas no sentido da expressão palpável, por assim dizer, consciente, daquilo que vale e significa. Cidade planejada para o trabalho ordenado e eficiente, mas ao mesmo tempo cidade viva e aprazível, própria ao devaneio e à especulação intelectual, capaz de tornar-se, com o tempo, além de centro de governo e administração, um foco de cultura dos mais lúcidos e sensíveis do país. (COSTA, Lúcio. Registro de IAI\\<l vivêru:ia. São Paulo: Empresa das Artes, 1995, p. 2n; 283. Adaptado).
Brasília integra a lista de Patrimônio Mundial da UNESCO cuja proteção, preservação e recuperação é garantida por legislação federal, como, por exemplo, o Estatuto da Cidade, que tem por objetivo ordenar o pleno de desenvolvimento das funções sociais da cidade e da propriedade urbana; a Portaria no 314/1992 - IPHAN; e o Decreto Distrital no 10.829/1987, que regulamenta o art. 38 da lei no 3-751/1960, relativa à preservação da concepção urbanística de Brasma. Considerando que o conjunto arquitetônico do Supremo Tribunal Federal (STF), formado pelo Edifício-sede e pelos Anexos I e 11, faz parte da poligonal de tombamento do Plano Piloto e está incorporado à paisagem urbana mais significativa de Brasma, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: O EDIFfCIO-SEDE DO STF NO CONTEXTO DA CONCEPÇÃO URBANfSTICA DE BRASfUA •
Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos:
Cap. XI· TEMAS DE REDAÇÃO
localização do Edifício-sede do STF no desenho urbano do Plano Piloto e seu significado a partir da concepção de lúcio Costa; Aspectos gerais referentes às quatro escalas urbanas estabelecidas no plano original de lúcio Costa e a relação do Edifício-sede do STF com a escala de que participa, com base nas legislações acima citadas, que tratam dos aspectos da preservação da concepção urbanística de Brasília e visam preservar o Plano Piloto, tal como apresentado por lúcio Costa à época do concurso e, também nos termos estabelecidos no documento "Brasília Revisitada". Significado e necessidade de preservação do Plano Piloto de Brasília.
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, que vale dez pontos, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinattJra ou marca identificadora fora do local apropriado. Ao texto que contenha outra forma de identificação será atribuída nota zero, correspondente à identificação do candidato em local indevido.
Três são as características gerais que constituem a razão da existência e da evolução da ciência da informação (CI), compartilhadas por outros campos. Primeiro, a CI é, por natureza, interdisciplinar, embora suas relações com outras disciplinas estejam mudando. Mesmo assim, a evolução interdisciplinar está longe de ser completada. Segundo, a CI está inexoravelmente ligada à tecnologia da informação. O impacto tecnológico determina a CI, como ocorre também em outros campos. Em sentido amplo, o imperativo tecnológico está impondo a transformação da sociedade moderna em sociedade da informação, era da informação ou sociedade pós-industrial. Terceiro, a CI é, juntamente com muitas outras disciplinas, participante ativa e deliberada na evolução da sociedade da informação. A CI teve e tem um importante papel a desempenhar por sua forte dimensão social e humana, que ultrapassa a tecnologia. Essas três características constituem o modelo para compreensão do passado, presente e futuro da CI e dos problemas e questões que ela enfrenta. (SARACEVIC, Tefko. Ciência da informação: origem, evolução e relações. Perspec. Ci. lt\F., Belo Horizonte, v. 1, n 1, p. 41-62, jan./jun./1996. Adaptado).
Considerando que o texto acima tem caráter unicamente motivador, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: i Origem da ciência da informação e impacto das tecnologias da informação na sua evolução
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Ao elaborar seu texto, aborde, necessariamente, o~ seguintes aspectos: contexto social: eventos marcantes que determinaram o surgimento da ciência da informação; papel da tecnologia da informação na evolução da ciência da informação.
PROVA DISCURSIVA
Nesta prova, que vale dez pontos, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINmvo DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Ao texto que contenha outra forma de identificação será atribuída nota zero, correspondente à identificação do candidato em local indevido. Os balanços públicos a serem elaborados pelas entidades públicas ao final de cada exercício financeiro encontram-se regulamentados no art. 101 da Lei no 4.320/1964, que traz textualmente que os resultados gerais do exercício serão demonstrados no balanço orçamentário, no balanço financeiro, no balanço patrimonial e na demonstração das variações patrimoniais. Considerando as !ipicidades que cercam esses balanços públicos, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema:
Função e resultados dos balanços públicos da Lei no 4.320/1964 Ao elaborar seu texto, necessariamente, responda de modo justificado aos seguintes questionamentos. O que cabe a cada um dos citados balanços públicos demonstrar. Como deve ser interpretado o resultado superávit em cada um dos mencionados balanços públicos.
PROVA DISCURSIVA
Nesta prova, que vale dez pontos, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINmvo DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Ao texto que contenha outra forma de identificação será atribuída nota zero, correspondente à identificação do candidato em local indevido. Mesmo nos diais atuais, com todo o avanço científico e tecnológico e com as melhores con· dições socioeconômicas, que proporcionam aumento da longevidade da população geral, tem-se
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Cap. XI· TEMAS DE REDAÇAO
observado aumento da incidência de insuficiência cardíaca (IC) no Brasil e no mundo. É uma condição que vem se tornando um grave problema de saúde pública, pois, além dos altos custos hospitalares e de atendimentos de emergência, ela provoca uma sensível perda da qualidade de vida. O enfermeiro utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações de saúde/doença, subsidiando ações de assistência de enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde da clientela. Assim, os enfermeiros que cuidam de pacientes com IC devem estar preparados para garantir uma assistência de qualidade a esses pacientes. Redija um texto que aborde o assunto tratado acima e que, da forma mais completa possível, contemple, necessariamente, os seguintes aspectos: definição de insuficiência cardíaca; principais manifestações clínicas que o enfermeiro deve avaliar quando realiza o histórico de enfermagem e o exame físico; diagnósticos ele enfermagem prioritários; ações/prescrições de enfermagem.
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, que vale dez pontos, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avalia elos fragmentos ele texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado. Na folha ele texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca iclentificadora fora do local apropriado. Ao texto que contenha outra forma de identificação será atribuída nota zero, correspondente à identificação do candidato em local indevido. Desde os estudos iniciais de Wohler, as características de fadiga dos materiais metálicos são obtidas em ensaios de fadiga sob flexão rotativa. Entretanto, em situações reais, um grande número de aplicações envolvendo carregamentos dinâmicos consiste na sobreposição de uma amplitude de tensão em torno de uma tensão média igual ou diferente de zero. Para abordar esse problema, algumas Metodologias representadas pelas equações de Goodman, Gerber e Soderberg foram desenvolvidas. Tendo o texto acima como referência, redija um texto que aborde o problema da resistência
à fadiga de materiais metálicos, contemplando, necessariamente, os seguintes aspectos: conceituação de fadiga; resistência
à fadiga e vida à fadiga;
limite ele fadiga; fatores que afetam a resistência efeito da tensão média.
à fadiga;
REDAÇÃO • Comi/a Sabatin
PROVA DISCURSIVA Nesta prova, que vale dez pontos, faça o que se pede, usando o espaço para rascunho indicado no presente caderno. Em seguida, transcreva o texto para a FOLHA DE TEXTO DEFINITIVO DA PROVA DISCURSIVA, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado. Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho da primeira página, pois não será avaliado texto que tenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado. Ao texto que contenha outra forma de identificação será atribuída nota zero, correspondente à identificação do candidato em local indevido. Nos últimos anos, surgiu uma nova área de pesquisa periodontal, denominada por alguns autores medicina periodontal, a qual analisa as repercussões sistêmicas das doenças periodontais. A partir da informação acima apresentada, redija um texto dissertativo acerca do seguinte tema: Associações entre infecções periodontals e doenças sistêmicas Em seu texto, aborde, necessariamente, os seguintes aspectos: definição de doença periodontal; correlação com diabetes melito, doença cardiovascular e parto prematuro; papel do cirurgião dentista.
2. PROVAS DE REDAÇÃO
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PROVA DISCURSIVA Atenção: Na Prova Discursiva - Redação, a folha para rascunho é de preenchimento facul· tativo. Em hipótese alguma o rascunho elaborado pelo candidato será considerado na correção pela Banca Examinadora. A Declaração de Chapultepec é uma carta de princípios e coloca "uma imprensa livre como uma condição fundamental para que as sociedades resolvam os seus conflitos, promovam o bem-estar e protejam a sua liberdade. Não deve existir nenhuma lei ou ato de poder que restrinja a liberdade de expressão ou de imprensa, seja qual for o meio de comunicação". O documento foi adotado pela Conferência Hemisférica sobre Liberdade de Expressão realizada em Chapultepec, na cidade do México, em 11 de março de
1994. (Disponível em: <http://www.anj.org.br/programas-e-acoes/ Iiberdade-de-imprensa/ declaracao-de-chapu ltepec>)
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Cap. XI· TEMAS DE REDAÇÃO
Ainda que o Brasil tenha assinado a declaração em 1996 e renovado o compromisso em à liberdade de imprensa, mas até que ponto isso poderia ser feito sem prejuízo da liberdade de expressão e do direito à informação? 2oo6, não é incomum a defesa de que limites deveriam ser impostos
Conside.rando o que se afirma acima, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: liberdade de Imprensa, desenvolvimento da sociedade e direitos individuais.
PROVA DISCURSIVA
Orientações gerais 1)
A prova discursiva para o cargo de Analista Judiciário:
1.1. vale 10,00 (dez) pontos e consiste na elaboração de texto de, no mínimo, 30 (trinta) e, no máximo, 35 (trinta e cinco) linhas; 1.2. tem o objetivo de avaliar o conteúdo- conhecimento do tema, a capacidade de expressão na modalidade escrita e o uso das normas do registro formal culto da Língua Portuguesa, para tanto o candidato deverá produzir texto dissertativo, primando pela coerência e pela coesão;
1.3. deve ser manuscrita, em letra legível, com caneta esferográfica de tinta azul ou preta indelével, fabricada em material transparente, não sendo permitida a interferência ou a participação de outras pessoas, salvo em caso de candidato a quem tenha sido deferido atendimento especial para a realização das provas. Nesse caso, o candidato será acompanhado por fiscal da CONSULPLAN devidamente treinado, para o qual deverá ditar o texto, especificando oralmente a grafia das palavras e os sinais gráficos de pontuação. 2)
A folha de texto definitivo da prova discursiva não poderá ser assinada, rubricada, nem conter; em outro local que não o apropriado, qualquer palavra ou marca que a identifique, sob pena de anulação da prova discursiva. Assim, a detecção de qualquer marca identificadora no espaço destinado à transcrição de texto definitivo acarretará a anulação da prova discursiva.
3)
A folha de texto definitivo será o único documento válido para avaliação da prova discursiva. A folha para rascunho no caderno de provas é de preenchimento facultativo e não valerá para avaliação.
4)
A folha de texto definitivo não será substituída por erro de preenchimento do candidato.
TEXTOS DE REFERÊNCIA TEXTO I 'Política' vem de polis, cidade. A cidade era, para os gregos, um espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. Q político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade. (... )
REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
Vocação é diferente de profi~são. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão, o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. (. .. )
Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. O triste é que muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de serem confundidos com gigolôs e de terem de conviver com gigolôs. (ALVES. Rubem. Sobre política e jardinagem. Folha de S. Paulo, São Paulo, Tendências/Debate, 19 maio 2000.)
TEXTO II
TEXTO III A maioria dos governos no Oriente Médio está falhando ao reconhecer a importância da Primavera Árabe e responde com repressão e mudanças meramente superficiais às demandas do povo, afirma o último relatório da Anistia Internacional sobre a região. "Com raras exceções, os governos falharam em reconhecer que tudo mudou", diz no relatório Philip Luther, diretor interino da Anistia Internacional para Oriente Médio e o Norte da África. "Eles querem mudanças concretas em relação à forma como são governados e querem que os crimes do passado sejam punidos". ( Jomo.l O Cilobo, :J.S fev. 20:1.;2.. Disponível eV\<\: <http:lloglobo.globo.coWI/>)
TEXTO IV "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição." (BRASIL. Co"'stituiçíi.o do. República Federativo. do Brasil, art. 1, parágrafo único, 1988.)
4 o
Cap. XI· TEMAS DE REDAÇÃO
Nos nossos dias, temos visto e acompanhado movimentos revolucionários e derrubada
de ditadores cada vez mais frequentes em todo o mundo: Espanha. Grécia. Nova York. Mundo Árabe ... O Brasil teve, em sua história, movimentos sociais que o conduziram à Democracia que vivemos hoje. Diante de tais fatos, algumas questões exigem reflexões e discussões sérias por parte da sociedade. Considerando os textos de referência, discorra sobre a participação social através do voto, instrumento prático de cidadania, tendo em vista os direitos e deveres do eleitor e do eleito.
PROVA DISCURSIVA Orientações gerais
1)
A prova discursiva para o cargo de Analista judiciário:
1.1) vale
10,00 (dez) pontos e consiste na elaboração de texto de, no mínimo, 30 (trinta) e, no máximo, 35 (trinta e cinco) linhas;
1.2) tem o objetivo de avaliar o conteúdo -conhecimento do tema, a capacidade ele expressão na modalidade escrita e o uso das normas do registro formal culto ela Língua Portuguesa, para tanto o candidato deverá produzir texto dissertativo, primando pela coerência e pela coesão;
1.3) deve ser manuscrita, em letra legível, com caneta esferográfica de tinta azul ou preta indelével, fabricada em material transparente, não sendo permitida a interferência ou a participação de outras pessoas, salvo em caso de candidato a quem tenha sido deferido atendimento especial para a realização das provas. Nesse caso, o candidato será acompanhado por fiscal da CONSULPLAN devidamente treinado, para o qual deverá ditar o texto, especificando oralmente a grafia elas palavras e os sinais gráficos de pontuação.
2)
A folha de texto definitivo da prova discursiva não poderá ser assinada, rubricada, nem conter, em outro local que não o apropriado, qualquer palavra ou marca que a identifique, sob pena de anulação da prova discursiva. Assim, a detecção ele qualquer marca identificaclora no espaço destinado à transcrição de texto definitivo acarretará a anulação ela prova discursiva.
3)
A folha de texto definitivo será o único documento válido para avaliação da prova discursiva. A folha para rascunho no caderno de provas é de preenchimento facultativo e não valerá para avaliação.
4)
A folha de texto definitivo não será substituída por erro de preenchimento do candidato.
Com base em seu conhecimento acerca da legislação pátria e das normas que regem a propaganda eleitoral, elabore um texto dissertativo-argumentativo, em que se discuta o seguinte questionamento: Quem realiza propaganda irregular está preparado para honrar o princípio de moralidade da Administração Pública?
PROVA DISCURSIVA- REDAÇÃO Atenção: Deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 20 (vinte) linhas e
máximo de 30 (trinta) linhas, sob pena de perda de pontos a serem atribuídos à Redação.
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REDAÇÃO· Camila Sabatin
Escolha UMA (apenas uma) das seguintes propostas para elaborar a sua redação e identifique na Folha de Redação Definitiva, no campo apropriado para tal, o número da proposta escolhida.
PROPOSTA N° 1 Existem alguns argumentos relevantes contra a adoção do financiamento público exclusivo para as campanhas eleitorais e 1'(\Uitos a favor. Está chegando a hora de decidir a respeito dele. E uma das principais ideias em debate no Congresso e entre especialistas em legislação eleitoral, desde quando as discussões sobre a reforma política se intensificaram a partir do início desta legislatura. Foi já aprovada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado e está no anteprojeto de reforma elaborado pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados. (COIMBRA, Marcos. Financiamento público: prós e contras. CartaCapital, 15/10/2011. Disponível em: <www.cartacapital.com. brI poli ti co/financiamento-publico-pros-e-contras/>)
Considerando o que está transcrito acima, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: A arrecadação de recursos nas campanhas eleitorais e as implicações da instituição do financiamento público exclusivo
PROPOSTA No 2 Ainda que outros pensadores, antes e depois dele, tenham refletido sobre a mesma questão, não há como negar a relevância do pensamento de Montesquieu para a história da separação dos poderes. A advertência feita em sua obra mais célebre, Do espírito das leis, publicada em 1748, mantém ainda hoje a sua pregnância: "Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executaras resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos." A grande distância que nos separa do filósofo francês no tempo e no espaço não deve constituir obstáculo para que reconheçamos a dívida que temos para com suas ideias. Considerando o que se afirma acima, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: A separação dos Poderes no Brasil e sua importância para a democracia brasileira
DISCURSIVA - REDAÇÃO Instruções: Conforme Edital deste Concurso, item 5 do Capítulo X. Da Prova Discursiva -Redação, será atribuída nota ZERO, dentre outros itens, à redação que: apresentar qualquer sinal que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato; apresentar letra ilegível e/ou incompreensível.
472
Cap. XI• TEMAS DE REDAÇÃO
A redação deverá ter a extensão mínima de 20 e máxima de 30 linhas, considerando-se letra de tamanho regular. Escolha UMA (apenas uma) das seguintes propostas para a sua redação e identifique na Folha de Redação o número da proposta escolhida.
PROPOSTA 1
Os protestos e manifestações realizados em diversos países pelo que ficou conhecido como The Occupy movement (Movimento de ocupação), trazendo como principal slogan "Nós somos os 99%", têm se voltado contra as crescentes desigualdades econômicas e sociais. O principal executivo de um dos maiores bancos do mundo, com sede na Grã-Bretanha, pode ilustrar à perfeição o 1% restante e os gritantes contrastes entre os ganhos dos dois grupos. Segundo o j orna/ The Guardian, o salário para essa função aumentou quase 5.000% em trinta anos, ao passo que a média salarial no país cresceu apenas três vezes no mesmo período. Considerando o que se afirma acima, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema:
As desigualdades econômicas e os movimentos sociais
PROPOSTA 2
UE, ANSA, ALA DI, CAO, MERCOSUL* ... Essas e outras siglas passaram, nas últimas décadas, a dividir espaço na mídia com os nomes dos países mais conhecidos que participam desses agrupamentos voltados à integração econômica e, eventualmente, social e política. Se o sucesso da União Europeia, o bloco de história mais antiga, foi provavelmente um dos fatores fundamentais para a disseminação dessa ideia, a atual crise do bloco europeu e da zona do Euro pode ter o efeito contrário. Para uns, a única solução é o retorno ao isolamento; outros asseguram que ela só virá com uma integração ainda maior e mais estreita.
É desse debate que depende, entre outras coisas, o futuro de uma utopia: a abolição de todas as fronteiras.
* EU - União Europeia; ANSA - Associação de Nações do Sudeste Asiático: ALADI - Associação Latino-Americana de Integração; CAO- Comunidade da África Oriental: MERCOSULMercado Comum do Sul. Considerando o que se afirma acima, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: A integração econômica e política entre os países
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REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
REDAÇÃO Atenção: Deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 20 (vinte) linhas e máximo de 30 (trinta) linhas, sob pena de perda de pontos a serem atribuídos à Redação.
Vivemos em tempos de desregulamentação, de descentralização, de individualização, em que se assiste ao fim da Política com P maiúsculo e ao surgimento da "política da vida", ou seja, que assume que eu, você e todo o mundo deve encontrar soluções biográficas para problemas históricos, respostas individuais para problemas sociais. Nós, indivíduos, homens e mulheres na sociedade, fomos portanto, de modo geral, abandonados aos nossos próprios recursos. (BAUMAN, Zigmunt. Entrevista concedida a Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke. Tempo Social, Jun. 2004. Disponível em: <www.scielo.br/ scielo.php?pid=S0103-20702004000100015&script=sci_arttext>.)
Considerando o que está transcrito acima, redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema: A atuação política no mundo atual: limites e desafios
PROVA DISCURSIVA Nesta prova- que vale cinco pontos-, faça o que se pede, usando a página correspondente do presente caderno para rascunho. Em seguida, transcreva o texto para a folha de TEXTO DEFINmvo, no local apropriado, pois não serão avaliados fragmentos de texto escritos em locais indevidos. Qualquer fragmento de texto além da extensão máxima de trinta linhas será desconsiderado. Atenção! Na folha de texto definitivo, identifique-se apenas no cabeçalho, pois não será avaliado texto que contenha qualquer assinatura ou marca identificadora fora do local apropriado.
Que os homens e as mulheres são diferentes fisicamente é uma verdade inquestionável. Mas, além das diversidades anatômicas externas e características sexuais, os cientistas sabem também que existem outras diferenças sutis na maneira pela qual os cérebros dos homens e das mulheres processam a linguagem, as informações e as emoções. (Correio
8ra;ziliel'\Se, 16 maio 2004, p.
16.)
As áreas do cérebro podem ter sido desenvolvidas para permitir que cada sexo realizasse suas tarefas. (Renato Sabbatini, neurofisiologista -LiNICAMP).
Cap. XI· TEMAS DE REDAÇÃO
Os modos femininos e masculinos de olhar o cotidiano e lidar com os conflitos são comandados pelo cérebro.
é
~o cérebro
\
\
Ele possui maior \ dominio do \ hemisfério cerebral ' esquerdo, ________ \,1 relacionado, entre outros, à análise lógica do espaço e à criação de códigos, fundamentais para o racklcínio matemático.
'6omo ~dio vê o mudo O predomínio do lado esquer regula a atenção, o homem é funcionamento cerebral, co
preço. Como alterações no ou retardo mental.
O cérebro masculino é ma válvula de escape no cho emocional para superar Por isso, é mais propen.
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REDAÇAO • Camila Sabatin
Sfo cérebro Ela tem maior domínio do lado _ direito - - - - - - - - do cérebro e, por isso, presta mais , ; :'atenção ~m ~.""' seu redor
estão disuibuidas nos dois lados hornern, concentram-se na Ela aprende a falar mais cedo, erros de linguagem. Ele gagueja com lesão cerebral, ela tem e se recupera melhor. diz estar com dor de a produção de mensais de estrógeno tomam das enxaquecas. lado direito do cérebro desenvolve Isso explica as crises de choro e
lado direito, ela apresenta e tem menos vergonha de expor as suas fragilidades, de pedir ajuda. Por isso, faz mais tentativas de suicidios. 476
Cap. XI •TEMAS DE REDAÇÃO
Considerando que as informações dos textos da prova objetiva de conhecimentos básicos e do texto acima têm caráter unicamente motiva dor, redija um texto dissertativo, posicionando-se a respeito do seguinte tema: O DESEMPENHO PROFISSIONAL DE ADÃO E EVA CONTEMPORÃNEOS CONFIRMA A PREDOMINÂNCIA DOS FATORES GENÉTICOS SOBRE OS PADRÕES CULTURAIS
REDAÇÃO
Atenção: Deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 20 (vinte) linhas e máximo de 30 (trinta) linhas, sob pena de perda de pontos a serem atribuídos à Redação. Para os destinos de uma sociedade, é Indiferente conceber a máquina como um engenho a sentlço do homem, ou o homem como um apêndice da máquina? Redija uma dissertação em que você, apresentando argumentos claros e consistentes, defenda seu ponto de vista sobre a questão acima proposta.
REDAÇÃO
Em um dos fóruns mais populares da Internet, uma adolescente posta a seguinte mensagem no dia anterior ao segundo turno das eleições de 2010:
A Dilma me desculpe, mas amanhã eu vou à praia! Eu tenho 16 e não sou obrigada a votar, então ... praia aí vou eu! Meu pai e minha mãe vai justificar. (sic) Outro adolescente comenta a postagem acima:
Olha que legal, tenho 16 anos e vou votar sim, sou brasileiro, e vou exercer meu direito civil. Se você ainda não compreendeu esse ato, daqui uns anos você irá entender muito bem! Se você não
gosta de eleições, ou mesmo de política por motivos de corrupção, acho melhor você gostar mais ainda, porque se você não gosta, dá para mudar. Uma pessoa sozinha não muda quase nada, mais milhões de brasileiros juntos, muda muito, e como muda. Talvez você não me entende, e independente de quem vou votar amanhã, é um direito meu, que se eu não valorizar ele, podemos perder muito com isso, lógico se muitos pensarem assim. Por isso, te aconselho, nas próximas eleições, que será eleições regionais, vote, pesquise, pense, e exerça seu direito! (si c) As duas postagens acima revelam concepções distintas acerca do processo eleitoral e da maneira como ele se organiza no Brasil. Com base em sua reflexão, elabore um ~texto dissertativo-argumentativo. com obrigatoriamente entre 25 e 30 linhas, discutindo a seguiflte questão: Abrir mão do direito de votar significaria recusar futuramente o dever de fazê-lo?
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REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
REDAÇÃO Atenção: Deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 20 (vinte) linhas e máximo de 30 (trinta) linhas, sob pena de perda de pontos a serem atribuídos à Redação. Para os destinos de uma sociedade, é indiferente conceber a máquina como um engenho a serviço do homem, ou o homem como um apêndice da máquina? Redija uma dissertação em que você, apresentando argumentos claros e consistentes, defenda seu ponto de vista sobre a questão acima proposta.
Redação Instruções: Conforme Edital deste Concurso, item 7 do Capítulo X. Da Prova Discursiva- Redação, será atribuída nota ZERO, dentre outros itens, à redação que: apresentar qualquer sinal que, de alguma forma, possibilite a identificação do candidato; apresentar letra ilegível e/ou incompreensível. Leia os textos abaixo. A ONU Mulheres é a nova liderança global em prol das mulheres. A sua criação, em 2010, proporciona a oportunidade histórica de um rápido progresso para as mulheres e as sociedades. A ONU Mulheres trabalha com as premissas fundamentais de que as mulheres têm o direito a uma vida livre de discriminação, violência e pobreza, e de que a igualdade de gênero é um requisito central para se alcançar o desenvolvimento. (ONU/MULHERES. ONU. Disponível em: <http://www. onu .o rg. brI onu-no-bras i II onu-mui heres>. Adaptado.)
No Brasil, as mulheres representam mais da metade (52,6'/o) da População Economicamente Ativa (PEA). Entretanto, ocupam principalmente a base da pirâmide ocupacional, em cargos de menor qualificação e remuneração. Não bastasse isso, o rendimento médio das mulheres corresponde 9 apenas 65,6'/o do rendimento dos homens (PNAD 2006/IBGE). E nesse contexto que o Governo Federal assume a iniciativa de implementar o Programa Pró-Equidade de Gênero, em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) e Organização Internacional do Trabalho (OIT). (CjUIA OPERACIONAL, Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, 5 ed. Disponível em: <http:/ /www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/ default I bndes_pt /Galerias/ Arquivos/programa_proequidade.pdf>)
Considere as informações acima para desenvolver um texto dissertativo a respeito do seguinte tema: "A igualdade de gênero e a contribuição da mulher para o desenvolvimento das socieda-
des"
Cap. XI ·TEMAS DE REDAÇÃO
PROVA DISCURSIVA- REDAÇÃO Discorra fundamentadamente sobre a filiação partidária.
PROVA DISCURSIVA- REDAÇÃO Atenção: Deverão ser rigorosamente observados os limites mínimo de 25 (vinte e cinco) linhas e máximo de 35 (trinta e cinco) linhas, sob pena de perda de pontos a serem atribuídos à Redação. Escreva sobre: "A licitação pública como prática social e ambientalmente responsável".
DISCURSIVA REDAÇÃO 1)
Conforme Edital no 01/2010 ele Abertura ele inscrições, Cap. IX, item 6h, será atribuída nota ZERO à Prova de Redação que não observar os limites mínimo ele 20 (vinte) linhas e máximo ele 30 (trinta) linhas.
2)
Leia com Atenção o texto seguinte:
Muita gente vê como opção compulsória a decisão entre "julgar com a cabeça" e "julgar com o coração". Nesses termos, razão e sentimento tornam-se incompatíveis. O homem deveria reconhecer e homenagear sua complexidade, jamais admitindo essa drástica separação, pela qual tanto o sentimento como a razão saem diminuídos. 3)
Levando em conta o que afirma esse texto, redija uma dissertação em que você se posicio· nará, de modo claro e coerente, diante do seguinte tema: Quem julga sem equilibrar lucidez e sensibilidade não alcança a justiça.
PROVA DISCURSIVA- REDAÇÃO
1)
Leia atentamente o texto que segue.
A força dos costumes de um povo costuma ter mais peso que o de certas leis. Por vezes, uma lei somente é obedecida pelo temor da punição reservada a quem a ignorar. Já os costumes, arraigados na tradição de uma sociedade, são comparáveis aos conselhos de uma pessoa sábia e experimen· ta da, que não ousamos desprezar. Cabe ao legislador ter sabedoria suficiente para dinamizar a vida de uma sociedade: deve ele, ao mesmo tempo, respeitar a índole revelada nos costumes de um povo e não temer a necessidade de propor leis que respondam aos avanços da civilização. 2)
Redija uma dissertação na qual você argumentará, com coerência e clareza, em favor ele seu ponto de vista acerca do tema discutido no texto acima.
3)
A dissertação deverá ter no mínimo tamanho regular.
20
e no máximo
30
linhas, considerando-se letra de
REDAÇAO ·Comi/a Sabatin
REDAÇÃO
INSlRUÇÕES:
Leia o tema a seguir e desenvolva uma redação dissertativo/argumentativa. Na correção da redação serão observados a pertinência temática, a coesão e coerência e as normas gramaticais da Língua Portuguesa. Serão aceitas as duas regras ortográficas vigentes. Será atribuída a nota o (zero) ao texto: Serão apresentados 3 (três) temas correlacionados com o conteúdo do Conhecimento Específico, dos quais o candidato escolherá um, sobre o qual discorrerá em língua portuguesa, em formulário próprio, por; no mínimo, 25 (vinte e cinco) e, no máximo, 40 (quarenta) linhas. TEMA 17
ANVISA DETERMINA QUE SÓ FARMACÊUTICOS TENHAM ACESSO A REMÉDIOS
A Anvisa publicou no "Diário Oficial da União" uma resolução e duas instruções que definem novas regras para farmácias de todo o país. Agora, apenas os funcionários das farmácias terão acesso direto aos medicamentos. Segundo a instrução, os remédios fitoterápicos (derivados de plantas), os administrados por via dermatológica e aqueles sujeitos à notificação simplificada (como a água oxigenada, por exemplo) poderão continuar ao alcance do público. Os estabelecimentos terão prazo de seis meses para se adaptar. O descumprimento das determinações constitui infração sanitária. A resolução prevê também que somente as farmácias e drogarias abertas ao público poderão realizar vendas por telefone e pela internet. E agora farmácias e drogarias poderão oferecer serviços como a aferição de pressão arterial e aplicação de injeção. (ANVISA DETERMINA QUE só funcionários de farmácias tenham acesso a remédios. Folha de Sõ.o Pa~A/o, São Paulo, Cotidiano,18 ago. 2009. Disponível em: <http://wwwUolha.uol.com.br/folha/cotidiano/ ult95u611368.shtml>. Acesso em: 25 out 2009. Adaptado.)
Com base no texto de apoio acima e em outras leituras por você realizadas, redija um texto dissertativo no qual você argumente a favor das novas regras para farmácias no Brasil ou contra elas. TEMA 18
ESTUDO SOBRE HIV TRAZ PISTAS SOBRE DEFESA INATA
A pesquisa sobre a ação da coleira molecular chama a Atenção para um pedaço importante da ação natural do organismo contra invasores. Trata-se da chamada resposta imune inata, uma primeira linha de defesa contra parasitas.
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Cap. XI· TEMAS DE REDAÇÃO "Ela é diferente daquele processo no qual o.organisrno primei~ ro analisa o agente e só então produz anticorpos contra ele", diz Luís Fernando Brígida. "Existem outros mecanismos parecidos, como a Apobec, uma molécula que destrói o DNA usado pelo HIV como intermediário em sua replicação", diz Atila Iamarino. "Acho que a aplicação mais direta [da nova pesquisa] é co~ nhecer esse mecanismo de ação e descobrir a importância dele contra outros vírus que não se dão tão bem em humanos", afirma Iamarino. Para Brígida, um exemplo é o Ebola, muito letal, mas felizmente ainda incompetente para infectar muitas pessoas. (LOPES, Reinaldo José. Estudo sobre HIV traz pistas sobre defesa inata. Folha de S. Pa~lo, São Paulo, Ciência, 30 out. 2009. Disponível em: <http://wwwl.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ ult306u645459.shtml>. Acesso em: 25 nov. 2009. Adaptado.)
Com base no texto de apoio acima e em outras leituras por você realizadas, redija um texto dissertativo no qual você discorra a respeito da resposta imune inata.
Um novo estudo com 3.000 pessoas coloca em xeque os benefícios da cirurgia minimamente invasiva para a retirada da veia safena, usada na revascularização do miocárdio (ponte de safena). Há duas semanas, a eficácia das cirurgias robóticas para.câncer de próstata também foi questionada. Nos dois casos, a principal justificativa dos médicos para explicar os resultados negativos dos trabalhos é uma possível falta de experiência dos cirurgiões com as novas técnicas. Pesquisadores da Duke University (EUA) compararam os desfechos clínicos de duas técnicas de remoção da safena (endoscópica e aberta) e concluíram que a menos invasiva (endoscópica) traz mais riscos de morte ou de um novo infarto. (COLLVCCI, Cláudia. Nova técnica de retirada de safena apresenta mais riscos. Folha de S. Pa~lo, São Paulo. Equilíbrio e Saúde, 30 out. 2009. Disponível em: <http:/ /wwwl.folha.uol.com.br/ folha/equilibrio/noticias/ult263u645425.shtml>. Adaptado.)
Com base no texto de apoio acima e em outras leituras por você realizadas, redija um texto dissertativo no qual você argumente a favor da nova técnica de retirada de safena ou contra ela.
REDAÇÃO
AÉtica é elemento indispensável para um profissional competente?
REDAÇÃO· Comi/o Sabatín
REDAÇÃO Atente para o texto que segue:
1.
Desculparia de bom grado em nosso povo a tendência para não admitir como modelo e regra de perfeição moral senão os próprios usos e costumes, pois é defeito generalizado, não somente no homem comum como em quase todos os homens, reconhecer e seguir apenas o que se praticou desde o berço. (Montaigne)
2)
Aproveite as ideias desse texto para desenvolver uma dissertação, na qual você exporá seu ponto de vista acerca do seguinte tema: A transitoriedade das leis atende ao permanente senso de justiça. O texto deverá ter a extensão mínima de 20 linhas e máxima de 30 linhas.
REDAÇÃO 1)
Leia com Atenção os dois textos seguintes:
TEXTO I O aquecimento global - essa terrível ameaça que, segundo alguns, paira sobre o nosso planeta- é contestado por grupos de cientistas, que acham que o problema não é assim tão devastador. Esses grupos aconselham que se gaste dinheiro em investimentos que visem à eliminação da fome e à cura da Aids. (GABEIRA, Fernando. Folha de S. Paulo, 24 fev. 2007.)
TEXTOn Seja qual for a extensão dos males que nossa civilização já causou ao planeta, o certo é que precisamos repensar o próprio conceito de civilização. As evidências do aquecimento global já se fazem sentir. Não seria a primeira (mas talvez venha a ser a mais grave) das catástrofes geradas pelo ser humano. (Valdomiro Tosti, inédito)
2)
Escreva uma dissertação, na qual você deverá expor seu ponto de vista acerca do tema comum a esses dois textos.
3)
Sua dissertação deverá ter no mínimo 20 e no máximo 30 linhas, considerando-se letra de tamanho regular.
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CONCLUSÃO Colocar as ideias abordadas neste livro em prática é o primeiro passo para você que quer escrever um texto consistente e convincente. Para isso, não se acanhe e melindre, comece agora, as inadequações e equívocos fortalecerão sua prática. O processo de aprendizagem é gradual, exige esforço e passa pelo crivo do erro. Assim, espero que o conjunto teórico/metodológico deste livro esclareça suas dúvidas e fortaleça sua prática escrita. Desejo a você coragem nesta empreitada e força para ser mais aprovado nos concursos públicos do nosso país. Sucesso a todos!
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REDAÇÃO· Comi/a Sabatin
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REDAÇAO • Comi/a Sabatin
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REDAÇÂO • Comi/a Sabatin
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