Bauru:
origens hist贸ricas
Bauru:
origens históricas
Gabriel Ruiz Pelegrina e Irineu Azevedo Bastos
1ª edição 2015 | Bauru, SP
conselho editorial
Profa. Dra. Janira Fainer Bastos Prof. Dr. José Carlos Plácido da Silva Prof. Dr. Luís Carlos Paschoarelli Prof. Dr. Marco Antônio dos Reis Pereira Prof. Dr. Maria Angélica Seabra Rodrigues Martins
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Pelegrina, Gabriel Ruiz Bauru: origens históricas / Gabriel Ruiz Pelegrina e Irineu Azevedo Bastos. - - Bauru, SP: Canal 6, 2015. 144 p. ; 23 cm. ISBN 978-85-7917-322-6 1. Bauru - Município - História. 2. Origens. I. Pelegrina, Gabriel Ruiz. II. Bastos, Irineu Azevedo. III. Título. CDD: 918.161 Copyright© Canal 6, 2015
Sumário Introdução.......................................................................... 7 1. Rumo ao litoral e interior................................................ 9 2. Os índios......................................................................... 11 3. Povoados de Fortaleza e do Baurú.................................. 15 4. O distrito de paz e o município....................................... 19 5. A criação da comarca...................................................... 21 6. O café.............................................................................. 27 7. Imigrantes....................................................................... 29 8. As ferrovias..................................................................... 31 9. A Sorocabana.................................................................. 33 10. A Paulista...................................................................... 35 11. A Noroeste..................................................................... 39 12. 0 Museu Histórico Municipal........................................ 73 13. O Museu Ferroviário Regional...................................... 97 Anotações............................................................................ 111 Bibliografia......................................................................... 139
Introdução Em essência, este livro tem por finalidade revelar “origens”: do povoamento de parte do território paulista, partindo da cidade de São Paulo e invadindo o interior, até chegar ao sertão desconhecido habitado por índios, onde desenrolará boa parte deste texto. Ali viviam os silvícolas que, incomodados com o avanço dos invasores, revidavam com violência repudiando-os e, dentro do possível, eliminando-os. A resposta sangrenta dos colonizadores era inevitável, pois tratava-se de sobreviver ou não. E quem eram esses aventureiros na procura do sertão? No princípio, eram os emigrantes mineiros em busca de espaço para achar novo habitat para suas vidas, a partir do momento em que, com o término da mineração, não lhes sobrava perspectiva de viver na sua terra de origem. Para esse sertão vieram também os imigrantes de várias nacionalidades, com o fito de ocupar um cantinho onde pudessem desenvolver suas habilidades, trabalhando com sua família enquanto procurava um lugar para fixar-se definitivamente. O texto revela também as “origens” desses povoados nascentes e suas evoluções, seu desenvolvimento, no qual as ferrovias terão papel preponderante. No caso de Bauru, a ação de duas ferrovias, a Estrada de Ferro Sorocabana e a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, estimularão a sua evolução, e uma terceira, a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, com origem na cidade, cumprirá um papel fundamental na sua expansão e da região, invadindo ainda o Estado de Mato Grosso, até as divisas da Bolívia e do Paraguai. Bauru, de mero povoado chegou rapidamente a se tornar comarca, cujos limites territoriais esbarravam nas margens do Rio Paraná. No desenvolver dessa movimentação, nas fazendas originará a plantação dos cafezais, produto que teve grande importância no crescimento da região e do país. O café atraiu o imigrante que, com sua cultura, miscigenou com os nativos locais. 7
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Nas páginas finais serão narradas a origem do Museu Histórico Municipal e do Museu Ferroviário Regional, detentores de momentos passados, guardados em suas estruturas e que não foram esquecidos pelos descendentes daqueles que ajudaram no desenvolvimento regional, inclusive.
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Rumo ao litoral e interior Pertencente à Capitania (depois Província) de São Paulo, no Sertão Noroeste, habitado por índios, havia poucas notícias do Bahuru. Paralelamente, com o fim da exploração do ouro nas Minas Gerais, mineiros passaram a escolher outros lugares para morarem. Esse deslocamento estimulava, inclusive, aqueles que fugiam da convocação para lutar na guerra contra os paraguaios. “Vieram quase todos de Minas Gerais, os pioneiros que, a partir de 1850, se chocaram com os índios. Sua província não se restabelecera da crise econômica, acarretada pela decadência da mineração. Crescia a pobreza e contra isso o único remédio era a emigração. Perturbações políticas, a tentativa revolucionária de 1842, vieram reforçar as partidas dos mineiros para nova terra. Por fim, durante a Guerra do Paraguai, de 1864 a 1870, preferiu bom número deles correr os riscos da vida no sertão a sujeitar-se ao alistamento militar.” (Monbeig, p. 133) A Capitania de São Paulo tinha a sua Comarca Geral que, pela Carta Régia de 29 de outubro de 1.700, foi desmembrada em duas: a primeira abrangia a cidade de São Paulo e as vilas de Santos, São Vicente, Itanhaen, Cananéia, Iguape e São Francisco; a segunda, a Comarca do Norte, com a vila de Taubaté, as de Guaratinguetá, Jacareí, Itu e Sorocaba. Nesta última, passou a existir a sua famosa feira de animais, principalmente jumentos, que atraía pessoas de variadas regiões, algumas longínquas. Os mineiros que vinham negociar nessa feira, transitavam pela região em formação no interior e levavam notícias das oportunidades que o sertão Noroeste oferecia, por ser pouco explorado, principalmente por causa da presença dos índios Kaingang ou Coroado, que eram hostis a esse deslocamento e re9
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sistiam, quando podiam. Nesse sertão, mesmo com a resistência indígena, os povoados e os sítios foram expandindo, sendo que os índios Guarani e Terena não estranharam a presença do colonizador que, em muitas ocasiões ajudava nas suas tarefas diárias. Numa rápida recapitulação histórica sobre a interiorização da Província de São Paulo, é bom lembrar que pelo alvará de 2 de dezembro de 1811, foi criada a Comarca de Itu e a vila de Itapetininga, abrangendo nesta o nascente povoado de Cima da Serra de Ybicatu. Em ofício de 31 de janeiro de 1850, o juiz de paz mais votado de Itapetininga, como era praxe, comunicou ao presidente da Província, a lista dos cidadãos em condições de votar no seu distrito de paz, bem como na freguesia de Botucatu, compreendendo nove quarteirões, e dentre eles o de Bahuru, com um eleitor que recebeu o número 646: Manoel José Ferreira, 47 anos de idade, casado, lavrador. No ano seguinte voltou o eleitor a ser relacionado nesse mesmo quarteirão, recebendo o número 738, porém com o nome de Manoel José Ferreira da Silva. Foram também relacionados: José Gonçalves do Nascimento, com 50 anos; Joaquim José Ferreira, com 28; José Isidro, com 26; José Antônio Ramos, com 36; Lourenço Antônio de Siqueira, com 35; Manoel Leonel, com 38; Manoel Gomes de Oliveira, com 26 e Manoel Antônio do Espírito Santo. A edição comemorativa do Cinquentenário do Distrito de Baurú, publicação do “Correio da Noroeste”, nominou os eleitores do povoado em 1880: Eugênio Gomes de Morais, Teotônio de Morais Lima, Elias Eliodoro dos Santos, Francisco Garcia dos Santos, Francisco Augusto da Silva Pereira, João Alves Ferreira e seu sobrinho do mesmo nome, José Jacinto de Morais, José Garcia dos Santos, José Teodoro, José Candido Carneiro, José Ferreira de Oliveira, Manoel Pereira de Magalhães e Messias Ferreira Coutinho, todos lavradores, com renda de 400 mil réis a 1 conto. Com o correr dos anos, as Comarcas foram sendo criadas, rumo ao interior da Província ou do Estado (após a proclamação da República). Resumindo, em linha reta até chegar a Bauru, foram criadas as comarcas de Botucatu em 1866; Lençóes em 1877, São Manuel em 1892, São Paulo dos Agudos em 1898 e Bauru em 1910.
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