Toque de Arquitetura

TO QUE ARQUI TE TURA

de

Apresentação

Esse fanzine foi produzido para a disciplina de Produção Gráfica por alunas de jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, no primeiro semestre de 2018.

O fanzine trata sobre a arquitetura açoriano/ brasileira. O material fotográfico foi coletado em entrevistas no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis, Santa Catarina.

Expediente: Toque de Arquitetura Integrantes: Kauane Scherer Lahr Thaisy Regina Silva Professora: Raquel Longui Jornalismo - UFSC

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história

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ntre 1748 e 1756 emigraram para Desterro algo em torno de 6 mil açorianos e madeirenses e dois objetivos para a vinda deste contingente populacional são bem claros: primeiramente atender a necessidade política do Reino Portugal em ocupar as terras do sul disputadas com a Espanha, além de também dar uma solução à massa de miseráveis que não possuíam mais terras para produzir e se sustentar em sua colônia pouco mais antiga, localizada em meio ao Oceano Atlântico. Quando os primeiros açorianos chegaram ao Brasil, os açorianos foram alocados em vários núcleos denominados freguesias. Uma característica peculiar na implantação das freguesias diz respeito ao posicionamento da vila voltado para o poente, de costas para o mar, fato este surpreendente, numa costa que se estende inteiramente ao nascente.

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o primeiro século de colonização, as construções do litoral eram feitas em lugares altos por questão de segurança. As edificações se adequavam ao relevo existente na região. No segundo século, as construções passaram para lugares mais baixos, principalmente perto do mar.

Não existia no Brasil, um estilo de construção próprio, o que permitiu aos Açorianos utilizarem seus próprios métodos.

As casas eram alinhadas às ruas, e coladas umas às outras, e suas fachadas eram pequenas. Havia uma preocupação com a uniformidade do espaço, que todas as construções atendessem a regras específicas. No Código de Posturas Municipais de Desterro de 1898, existiam especificações sobre essas construções: ART. 20 As casas ou frentes que se edificarem ou reedificarem dentro do perímetro da cidade, terão as dimensões seguintes: 1° Altura entre a soleira e a linha da base da corrija 4metros no mínimo.

2° Altura mínima das portas 3 metros e das cimalhas 2 metros; largura mínima de umas e outras 1 metro, 30.

3° Largura máxima dos claros entre portas e janelas 2 metros; a mínima idetermanada.

4° A altura das corrijas – entre 40 e 50 centímetros, saliência de 20 a 28 centímetros; altura das platibandas- entre a quarta e a quinta parte da altura da frente.

5° Altura das soleiras das portas, de 10 ou 20 centímetros acima das calçadas ou passeios.

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Igreja Nossa Senhora da Lapa, no Ribeirão, foi inaugurada em 1806. Segundo informações da Prefeitura de Florianópolis, a construção foi feita por senhores e seus escravos, com pedra, cal e azeite de baleia, vindo da Praia da Armação, no Sul da Ilha de Santa Catarina.

Em 1845, ela foi visitada por Dom Pedro II, que lhe concedeu donativos e presentes. A arquitetura centenária da localidade está preservada por lei municipal desde 1975. A localização da Igreja foi definida através das normativas pombalinas, com a ideia de modernização urbana de Marquês de Pombal, que delimitavam que a Igreja deveria estar voltada com a sua abertura para o mar e na frente da Igreja, a praça. Nas laterais, de quem está subindo em direção a igreja, estaria a área administrativa com poder executivo e legislativo à direita, e na esquerda as residências de quem era servidor em um desses poderes. Da praça partiam perpendicularmente as demais ruas, interceptadas por outras no sentido contrário.

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ARQUITETURA O partido arquitetônico adotado em terras catarinenses, em conjunto ou isolado, é o da casa térrea e do sobrado com cobertura em duas águas, cumeeira paralela à rua, em telhas cerâmicas do tipo capa-e-canal.

Das alvenarias de pedra e /ou tijolos, rebocadas e caiadas de branco, sobressaem as aberturas contornadas de cores fortes e vibrantes, vinho, ocre, marrom, verde-escuro e azul-escuro.

Alguns detalhes construtivos de origem lusa muito utilizados, tornaram-se emblemáticos, no entanto são freqüentemente associados à morada açoriano-brasileira, como o teto de telhas vã, sem forro, a beira – seveira, espécie de cimalha que funciona como beiral no formato de telhas superpostas, além da terminação em peito de pombo dos beirais das edificações mais requintadas.

Um dos elementos incorporados nas janelas brasileiras foi a própria madeira. “Lá se usava sempre a pedra, mas

aqui eles perceberam que as pedras que tínhamos eram muito duras para serem usadas nas construções”, revela Joi Cletison ao jornal Notícias do Dia de Florianópolis.

Outro tipo de janela muito popular no período colonial e que permaneceu na moda por décadas é o óculo, uma abertura pequena e redonda, localizada geralmente em um ponto mais alto que uma janela comum, e que muitas vezes sequer abria, sendo utilizada apenas como vitral.

Já no século XIX, as janelas mais rebuscadas foram sendo cada vez mais utilizadas nas casas, deixando de lado as aberturas mais simples para dar lugar aos contornos em arco, entalhes e ornamentos em massa ao redor das esquadrias.

A construção de casas geminadas, ou seja, grudadas umas nas outras, é mais um dos aspectos arquitetônicos da época.

As casas no Ribeirão da Ilha, por exemplo, apresentam tipologia arquitetônica predominantemente do período colonial luso-brasileiro e a malha urbana mantém as determinações da Na época ainda não Provisão Régia de 1747. havia concreto para fazer o piso ficar suspenso como uma varanda, por isso havia apenas poucos centímetros entre o peitoril e a esquadria.

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s edificações do Ribeirão da Ilha foram tombadas como patrimônio histórico, artístico e natural do município por meio de 9 proíbe que um decreto de março de 2014, que entre suas definições a área externa das casas sejam modificadas, podendo apenas haver um remanejamento interno, desde que este não modifique a volumetria e os acabamentos externos. Um sinal existente em casas tombadas e preservadas no Ribeirão é a presença de uma Arandela, uma lanterna na parte exterior da casa.

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CULTURA

Neli A. F. da Silva mora no Ribeirão da Ilha desde que nasceu. Ela conta que a casa da foto era de sua mãe, e como foi tombada como patromônio histórico da União, a fachada não pode ser modificada, apenas restaurada.

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“Sem eira nem beira” A expressão “sem eira nem beira” remete a um indivíduo ou situação em que não há recursos financeiros. Mas você sabe de onde vem essa expressão ? No período colonial aqui no Brasil, os proprietários de terras, mais abastados, passaram a utilizar parte do terreno ao lado de suas casas para preparar os cereais depois de colhidos onde eram colocados para secar ao sol, peneirados e limpos, antes de serem comercializados.

Esses terrenos eram chamados de eiras, e além disso, casas de bom nível possuíam um acabamento no telhado que apresentava um beiral ou aba que facilitava o escoamento da água da chuva para que escorresse mais longe das portas e janelas, esse detalhe por sua vez denominado de beira.

Assim, ter casa com eira e beira definia um bom status social. Por outro lado, quem não tinha era uma pessoa sem posses, desprovidos de bens materiais, ou seja, recursos financeiros.

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