Projetos realizados no ambito da diversidade cultural

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Programa K´CIDADE

Projetos realizados no âmbito da diversidade cultural na Tapada das Mercês sistematização e validação de aprendizagens Giorgia Consoli

Dezembro de

2012


Índice

INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................. 1 CARACTERIZAÇÃO DO CONTEXTO................................................................................................................2 JUSTIFICAÇÃO DOS PROJETOS .....................................................................................................................2 DESCRIÇÃO DOS PROJETOS ......................................................................................................................... 3 PROJETO COM JOVENS - “SER JOVEM NA DIVERSIDADE”....................................................................................................3 Objetivos gerais ................................................................................................................................................... 5 Objetivos específicos das sessões ......................................................................................................................... 5 Processos e aprendizagens................................................................................................................................... 6 Mobilização dos participantes .......................................................................................................................................... 6 Planeamento ................................................................................................................................................................... 6 Participação ..................................................................................................................................................................... 7 Desenvolvimento do projeto ............................................................................................................................................ 7

PROJETO DE FOTOGRAFIA PARTICIPATIVA - “NÓS NA TAPADA” ......................................................................................... 13 O que é a fotografia participativa? ...................................................................................................................... 13 Porquê a fotografia?....................................................................................................................................................... 14 Porquê a participação? ................................................................................................................................................... 14

Objetivos gerais .................................................................................................................................................. 14 Objetivos específicos........................................................................................................................................... 14 Processos e Aprendizagens ................................................................................................................................. 15 Mobilização dos participantes ........................................................................................................................................ 15 Participação ................................................................................................................................................................... 16 Desenvolvimento do projeto .......................................................................................................................................... 16 Duração do projeto e as suas implicações ....................................................................................................................... 18

REFLEXÃO ............................................................................................................................................................... 21 FORMAÇÕES NO ÂMBITO DO TAPADA EM FESTA ........................................................................................................... 24 Objetivos gerais dos workshops...........................................................................................................................25 Objetivos específicos dos workshops ...................................................................................................................25 Processos e aprendizagens..................................................................................................................................26 Mobilização dos participantes ........................................................................................................................................ 26 Planeamento ................................................................................................................................................................. 26 Participação ................................................................................................................................................................... 26 Desenvolvimento do projeto .......................................................................................................................................... 27 Aprendizagens das ações ............................................................................................................................................... 29

REFLEXÃO FINAL ....................................................................................................................................... 30 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................................... 31 Inquérito online ..................................................................................................................................................... 32 Participantes da fotografia participativa ................................................................................................................ 33


INTRODUÇÃO A equipa territorial da Tapada das Mercês identificou desde cedo a necessidade de implementar projetos que abordassem a temática da diversidade cultural e ao mesmo tempo reconheceu a importância de produzir um documento final que reunisse as aprendizagens resultantes desses mesmos projetos. Assim, 0 presente documento surge com o intuito de, através de uma descrição objetiva, apresentar um resumo do trabalho desenvolvido na Tapada das Merces do âmbito da diversidade cultural no decorrer do ano 2012, expondo desta forma a suas aplicações e implicações. Numa primeira parte pretende sistematizar e analisar as aprendizagens resultantes das ações desenvolvidas no âmbito da diversidade cultural na Tapada das Mercês, e ainda, facultar uma melhor compreensão dos passos dados ao descrever numa perspetiva histórica o processo das ações em questão. Por fim, ambiciona, não só a partilha de experiências e aprendizagens resultantes dos processos mas também o contributo para uma reflexão mais profunda sobre a diversidade e para a criação de um conjunto de respostas e estratégias que possam vir a ser uteis para o programa e que sejam passiveis de serem aplicadas e em futuras intervenções e territórios.

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CARACTERIZAÇÃO

DO CONTEXTO

Portugal foi durante várias décadas um país predominantemente de emigração, situação que se alterou nas últimas décadas, por diversas razões. A fixação de novas culturas veio alterar a sociedade portuguesa, tornando-a num contexto cada vez mais multicultural. A Tapada das Mercês é um exemplo desta atual mobilidade, onde de acordo com o diagnóstico realizado pelo CEDRU em 20091, 37,3% dos residentes têm naturalidade estrangeira. Nesta área residem 23 nacionalidades distintas, verificando-se também uma forte multiculturalidade dentro dos próprios agregados familiares, onde cerca de 42% das famílias têm pelo menos um elemento de nacionalidade estrangeira. Destacam-se os indivíduos provenientes dos PALOP2 contando como 9.8% da população residente.

JUSTIFICAÇÃO

DOS PROJETOS

Tendo em conta os dados acima mencionados e baseando-se na Teoria de Mudança 43 que preconiza “ao promover a interação positiva entre diferentes indivíduos e grupos no território, procurando a inclusão das diversidades, favorece-se um ambiente social mais coeso, dinâmico e plural, promotor de oportunidades…” a equipa da Tapada das Mercês implementou diferentes projetos e ações com o enfoque na diversidade cultural. Assim, num território onde a existência da multiculturalidade é inequívoca tornou-se indispensável a promoção de novos olhares sobre a realidade circundante, numa visão caracterizada, essencialmente, pelo respeito e tolerância. Neste seguimento a intervenção no território procurou alcançar o seguinte objetivo geral, contribuir para a valorização das diferenças e respeito mútuo entre moradores, ‘estimulando’ o sentimento de pertença à comunidade e valorizando sua riqueza cultural. Como objetivo específico, pretende-se criar condições para aproximar pessoas de diferentes origens e backgrounds incentivando o trabalho conjunto e refletindo-se em dois níveis, o individual (promovendo autorreflexão, auto valorização) e o coletivo (diminuindo praticas de intolerância entre membros da comunidade). Importa não esquecer que a simples referência a uma sociedade multicultural transporta o peso tanto do reconhecimento da equidade como do reconhecimento das diferenças 1

Diagnostico Baseline CEDRU- Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano, 2009. País Africanos de Língua Oficial Portuguesa. 3 In documento interno, Teorias da Mudança, K´CIDADE, 2012. 2

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culturais. O que numa perspetiva social nos empurra não só para a acomodação das diferenças socias como também para as problemáticas da discriminação e preconceito (Rex, 1995, citado por Araújo e Pereira, s/d:1) Rex (1995, 1996, 1997) ampliou o conceito de multiculturalismo baseado na definição da integração, vista não como um processo de uniformização mas como a união da diversidade cultural com a igualdade de oportunidades numa atmosfera de tolerância mútua. Segundo este autor, esta visão de multiculturalismo evita o receio de que o destaque do multiculturalismo surja apenas para evidenciar as diferenças num ambiente de desigualdade e como um meio de identificar grupos como minorias, para serem alvo de controlo, manipulação e tratamento desigual (Sedmak, 2011:61). 4

DESCRIÇÃO

DOS PROJETOS

Os projetos a serem descritos no presente documento apresentam três abordagens diferentes para alcançar os objetivos anteriormente descritos e, consequentemente promover o reconhecimento da potencialidade da diversidade cultural na Tapada das Mercês, que ambiciona transformar-se num território cada vez mais aberto, tolerante e culturalmente mais rico. Assim, os projetos desenvolvidos dizem respeito, numa primeira ação ao trabalho com um grupo de jovens, numa segunda ação à realização do projeto fotografia participativa com um grupo de adultos e num terceiro momento à realização de três workshops temáticos durante um evento comunitário.

Projeto com jovens - “Ser Jovem na Diversidade” A sociedade dá aos jovens poucos exemplos e deixa-lhes pouco espaço para exprimirem e encorajarem a diversidade, proclamar o direito de ser diferente ou de agir diferentemente e de aprender a igualdade de oportunidades em vez da dominação. A aprendizagem intercultural está essencialmente baseada na diferença, na diversidade de contextos de vida e no relativismo cultural (Schachinger, 2001:15).

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Tradução do original: “Rex …developed his ideal concept of egalitarian multiculturalism based on a definition of integration not as a process of uniformity but of cultural diversity coupled with equal opportunity in an atmosphere of mutual tolerance”. 5 In Mochila Pedagógica sobre Aprendizagem Intercultural, Conselho da Europa e Comissão Europeia, Janeiro de 2001.

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O projeto com o grupo de jovens intitulou-se “Ser Jovem na Diversidade” e foi desenvolvido nas instalações do Programa K’CIDADE na Tapada das Mercês, a partir de uma análise e do contributo de uma colaboradora em estágio no âmbito da Animação Sociocultural da Escola Superior de Educação de Lisboa. Tendo por base a vontade de trabalhar a “Mediação Multicultural em Contextos Educativos”, assim como a vontade de aprofundar conhecimentos na implementação de um projeto a nível comunitário e procurando respeitar os pressupostos da temática da interculturalidade, dois técnicos do K’CIDADE de diferentes equipas optaram por acompanhar a estagiária propondo a adaptação de alguns conteúdos já desenvolvidos noutra experiência prévia do K’CIDADE denominada “Facilitadores para a Diversidade”6. O desafio inicial da intervenção consistia na preparação de jovens da comunidade capazes de intervir no território enquanto facilitadores culturais7, a estarem aptos a criar influências positivas entre pares e/ou adolescentes e crianças, permitindo a multiplicação de novas visões para a cidadania. Neste contexto foi necessário a sensibilização destes jovens para as questões da diversidade cultural, os conflitos e as potencialidades associadas. Uma vez que, frequentemente, os indivíduos não estão conscientes do poder que detêm para resolver os seus próprios problemas. No entanto, geralmente, as suas ações concretas podem transformar-se em contribuições bastante úteis para as suas sociedades. As ONG’s e os jovens desempenham, neste contexto, um papel específico. (Conselho da Europa e Comissão Europeia, 2001:10)

Neste projeto foi fundamental a compreensão de que o “outro” também é o “nós” e que a existência de momentos onde “se troca de sapatos com o outro” conduz a um olhar mais consistente e fundamentado. As aprendizagens resultantes da experimentação permitiram um contato mais próximo com o conhecimento real e a sensibilização para a alteração de atitudes preconceituosas. 4 6

Encontros de debate, atividades colaborativas, reflexão a partir de dinâmicas e conteúdos já testados no ano 2011 com professores e educadores. 7 Denominação adaptada e baseada no conceito de cultural mentors.

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Objetivos gerais De uma forma geral, os princípios orientadores para o projeto remeteram para as questões da cidadania e da participação. Os objetivos gerais definidos procuraram não só despertar nos jovens participantes a consciência critica para comportamentos de cidadania e de respeito pela diversidade existente no contexto em que se movem, bem como potenciar o desenvolvimento de competências pessoais e sociais que fomentem a auto estima e a participação ativa. Estratégias

Constituição de um grupo de jovens da Tapada das Mercês, organização e preparação de reuniões com o grupo.

Apresentação de ações e dinâmicas, na sensibilização das questões da cidadania, participação e outras que o grupo manifeste interesse. Envolvimento de pessoas com conhecimentos na área, para apoiar no desenvolvimento de competências que permitam uma participação mais ativa no contexto onde estão inseridos. Participação dos jovens em outros grupos/ ações que aconteçam no território, dentro das áreas de interesse.

Atividades

Objetivos

Mobilização dos jovens (através de bases dados, parceiros, contatos diretos). Preparação das sessões. Dinamização das sessões com o grupo

Despertar consciência critica para comportamentos de cidadania e de respeito pela

Dinamização de sessões com os jovens dentro da temática.

diversidade no seu contexto. Fomentar o desenvolvimento de competências pessoais e sociais que facilitem a

Ter convidados com experiência na temática.

autoestima e a participação ativa em contextos multiculturais. Estimular os jovens para a

Divulgar ações que estejam a acontecer.

participação comunitária.

Integrar/ acompanhar o grupo na participação em ações comunitárias.

Objetivos específicos das sessões Os objetivos específicos das sessões foram: Apresentação individual, dar a conhecer-se e conhecer os outros participantes para a eventual interação do grupo e promoção do espírito de cooperação; Recolha de uma avaliação continua, tal como informação relativa aos interesses e motivações;

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Estimular o autoconhecimento para posteriormente facilitar a reflexão sobre a sua identidade; Introduzir o tema da cultura visível e não visível e representar o seu percurso de vida; Fomentar a reflexão sobre o preconceito e a intolerância, para depois facilitar e permitir o reconhecimento de estereótipos; Estimular a reflexão sobre a sua identidade e quais os marcos do seu percurso de vida que a influenciou e compreender as influências do percurso de vida na construção dos objetivos futuros; Sensibilizar para a consciência de que as perceções poderão transmitir falsas informações e consciencializar para os diferentes referenciais de comportamento; Refletir sobre a relevância da comunicação; despertar para as dificuldades da comunicação e possíveis estratégias que permitam melhorá-la; Facilitar o desenvolvimento de competências de liderança.

Processos e aprendizagens Mobilização dos participantes A mobilização dos participantes passou por entrar em contacto com várias entidades locais e organizações que trabalham diretamente com jovens mas no final o levantamento de interesse foi realizado através de um inquérito online respondido por 12 jovens. O inquérito online foi um instrumento útil e proveitoso uma vez que conseguiu, não só, suscitar a curiosidade e captar a atenção dos jovens, como possibilitou o levantamento imediato de um conjunto de dados e temas de interesse, individuais e comuns, entre os quais as questões culturais sobressaíram como uma temática importante. Foi também realizada uma primeira reunião na qual se solicitava a indicação de duas necessidades enquanto jovens, de duas necessidades da Tapada das Mercês e de duas competências/conhecimentos que gostariam de adquirir/melhorar ou tema que gostariam de abordar no decorrer das sessões.

Planeamento As sessões ocorreram entre Fevereiro e Maio, dependendo da disponibilidade do grupo. Realizaram-se uma ou duas sessões semanais com a duração de 2horas cada, perfazendo um total de 30 horas e 15 sessões. De mencionar que os temas das sessões foram planeados e executados de modo encadeado e progressivo para que os objetivos fossem alcançados com sucesso. Deste modo, e de forma a

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garantir que a sessão seguinte fosse planeada de acordo com os interesses e necessidades do grupo, foi fundamental a realização de uma avaliação/reflexão no final de cada sessão em conjunto com os participantes. Este processo permitiu valorizar os contributos individuais e criar um sentimento de pertença ao grupo, motivando e estimulando o interesse dos jovens. Neste aspeto, importa salientar a importância do agendamento dos encontros ser feito de acordo com a disponibilidade dos jovens e que ocorram em horários compatíveis para garantir a maior aderência possível.

Participação O grupo inicial foi constituído por 11 jovens do sexo feminino e de nacionalidades portuguesa e cabo-verdiana com idades compreendidas entre os 16 e os 20. A partir da 5ª sessão o grupo estabilizou e 5 das 11 jovens tiveram uma participação constante e raramente faltaram aos encontros. Relativamente à participação foi notória a preocupação crescente em não faltar às sessões, uma vez que a existência de um fio condutor e de os conteúdos estarem sempre ligados uns aos outros permitia uma riqueza tanto ao

nível

da

reflexão

como

do

conhecimento dentro do grupo.8 Verificou-se, portanto, que o contributo das jovens na reflexão/avaliação final de cada sessão foi significativo para uma participação motivada e constante ao longo do projeto.

Desenvolvimento do projeto “No futuro, devido ao ritmo e dinâmica dos processos sociais, a formação dos indivíduos tem de se assumir como processos de construção, cuja prossecução ultrapassa, necessariamente, os limites dos sistemas formais de ensino” (Teixeira e Fontes, 1996, citado em Pinto, 2007:45). O desafio que se impôs na criação de um grupo de jovens foi conseguido no período de 3 meses, onde foram desenvolvidos aspetos de confiança e de interesse comum. No entanto, importa referir que a formação propriamente dita de um grupo é um processo longo e que só trabalhado de forma continuada possibilita a criação um grupo coeso, sólido e duradouro. 8

“Já perdi tanta coisa”, referência de uma jovem às dinâmicas realizadas na sessão em que não esteve presente.

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Inicialmente definiu-se um encontro semanal mas depressa se percebeu que para atingir os objetivos do projeto seria necessário aumentar o número de encontros bem como a regularidade entre eles. Assim, foi proposto ao grupo aumentar os momentos de partilha para duas vezes por semana, o que foi aceite de imediato e manifeste interesse. De uma forma geral, os jovens vivem as suas experiências muito intensamente e estão recetivos a todos os tipos de mudanças. São também eles quem está mais recetivo aos processos de aprendizagem intercultural, mais desejoso de se relacionar com os outros, de descobrir e de explorar a diversidade (Schachinger, 2001:15)

A análise do caminho percorrido durante o projeto foi possível através de um registo cuidado e constante, que incluiu a identificação das ideias iniciais e das finais de cada jovem, as notas de campo efetuadas durante os encontros, as avaliações/reflexões no final de cada sessão e a avaliação final do grupo em relação ao percurso. No que diz respeito, ao desenvolvimento de competências pessoais e sociais que fomentassem a autoestima e a participação ativa em contextos multiculturais, mudanças jovens,

este

registou

significativas

tanto

através

nas dos

registos diferenciados entre as observações iniciais e finais, como ao nível da capacidade de reflexão e expressão.

A observação em contexto permitiu verificar que no início as jovens manifestavam ter dificuldade em se expressar, evitando por vezes uma posição mais exposta. Estas situações vieram a diminuir gradualmente e quando questionadas no final do processo se sentiam 8

maior facilidade em se expressarem em comparação aos primeiros encontros, estas responderam prontamente que sim.

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Esta dificuldade de expressar as suas ideias, por vezes descrita como insegurança, foi referida ao longo das sessões, por isso, e apesar das melhorias reconhecidas, acredita-se que é uma competência que deverá continuar a ser alvo de atenção e desenvolvimento quando se trata de trabalhar com jovens que apresentem estas características. Assim, concluiu-se que o projeto que inicialmente se destinava à preparação de jovens da comunidade capazes de intervir no território enquanto facilitadores culturais, por condicionantes de tempo, teve de reajustar os objetivos para primeiro trabalhar atitudes e competências pessoais que capacitassem as jovens, criando-se as bases de cidadania e respeito mútuo necessárias para uma abordagem com sentido às questões complexas que impõe a multiculturalidade. De salientar, que o trabalho ao nível das atitudes, identidade e de reflexão intercultural deve ser conduzido por técnicos experientes na área para que o processo atinja os seus objetivos.

“A participação da cidadania resulta de processos complexos e longos de aprendizagem e de desenvolvimento de atitudes e competências (sociais, cognitivas e culturais) ” (Pereira, Vieites e Lopes, 2008:132).

9 O seguinte quadro pretende apresentar de forma resumida algumas das referências mencionadas pelas jovens no início e no final do projeto.

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Observações, registos, respostas do grupo no inicio do percurso

Observações, registos, respostas do grupo no final do percurso

“Acho que a Tapada estava mesmo a precisar de coisas como esta."

“Foi interessante perceber que vivemos na ignorância e que, de certa forma, ainda não estamos preparados ou não queremos, para aceitar os outros. Ou não estamos prontos para pôr em prática os nossos pensamentos.”

“Gostei muito... gostei de conhecer pessoas novas.” “Quando vai para fora leva os seus hábitos, queixa-se mas faz o mesmo." “Que vivemos numa sociedade individualista e egoísta, que não se preocupa com os outros, a não ser consigo mesmo.” “Respeitamos cada um, para sermos também respeitados, não julgamos, porque se o formos também não iriamos gostar.” “Acho que serve para nós aprendermos a não julgar uma pessoa por um ato que faz, pois não sabemos o resto da história." “Gostei mais do filme, foi muito engraçado.” "Gostei desta sessão porque este filme tem factos reais do nosso dia a dia, como o preconceito, a descriminação, a ambição do querer tudo como o coelho, por querer ficar bem na história.”

“A nossa “construção” de hoje permitiu-nos perceber que apesar de no princípio ser difícil de comunicarmos com alguém de outras culturas, não é impossível, basta um pouco de persistência, interesse e atenção.” “Foi difícil de nos adaptarmos a uma cultura, a um novo comportamento que não o nosso. É difícil sairmos do que nos é confortável.” “Ajudou muito a refletir sobre os meus objetivos, sobre a minha vida, sobre o que sou e o que faço aqui.” “Conclui que nós como jovens temos tanto direito como dever de participarmos ativamente na nossa comunidade.” “Foi muito bom refletir sobre a minha identidade e em momentos que me marcaram. É importante saber que partilhamos medos em comum.”

“Eu nas duas primeiras tarefas senti-me bem porque foram divertidas.”

“Nesta sessão refleti sobre coisas que ainda não me tinham passado pela cabeça, com algumas respostas parecidas e outras completamente diferentes e no fim conclui que isso varia por causa da nossa cultura, dos hábitos e da sociedade em que vivemos.”

“Aquela coisa bué fixe da testa” (referindose à dinâmica dos rótulos).

“Guiar uma pessoa é uma responsabilidade enorme.”

“Foi porque ajudou –me muito.”

Uma jovem disse, por autoiniciativa que a sessão que mais a marcou, foi aquela que revelaram características suas a uma outra jovem e que confrontavam com o que era visível aos outros (sessão 9). Pois tinha uma ideia completamente diferente da colega : “Julguei sem conhecer, agora tento conhecer primeiro”.

“Achei divertido.”

Análise Geral Manifestações de agrado perantes as sessões, por conhecerem novas pessoas e porque de alguma forma se divertiram.

Análise Geral

Frases curtas, reflexão pouco aprofundada e pouco explorada.

A partir da 8ª/ 9ª sessão verificou-se uma mudança positiva, visivel tanto nos registos de avaliação das jovens como nas observações durante as sessões.

Dificuldades a expressarem-se.

- Maior profundidade de reflexão;

Referências a “clichés” como forma de expressar o que sentem.

- Mais exposição; - Um olhar mais atento.

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No que diz respeito ao planeamento das sessões estas foram alvo de reajustamentos uma vez que se verificou que o grupo interagia pouco e de forma pouco espontânea. Depois desta constatação foram incluídas e reforçadas as dinâmicas que visavam desenvolver a interação, o diálogo e o respeito entre pares, e também o espirito de grupo. Este reajuste foi uma aprendizagem importante porque foi através da promoção da confiança, em si e nos pares, que foi possível avançar e obter respostas como estas: “É bom revelar algo só nosso e que por vezes nos condiciona tanto.”; “Senti que fazia realmente parte do grupo.”; “Hoje levo para casa alguém que sei que posso confiar. Hoje foi importante!!!”; “Ainda há receio em revelar, mas cada sessão é importante, porque vai deixando mais à vontade para revelar medos.”; “Percebi que muitas das minhas colegas têm o mesmo medo que eu e foi curioso perceber que aconselhamos mais ou menos as mesmas coisas. Não sei porquê, mas isso deume mais confiança, mais conforto. Foi muito bom!”; “Acrescentou-me confiança, força e esperança” e “Nesta sessão também concluí que tenho de aprender a confiar mais nas pessoas e dar-lhes uma oportunidade.” O diagnóstico inicial dos interesses das jovens e a capacidade de ajustamento ao seu ritmo de participação foi fulcral para o sucesso do projeto e assim evitar uma possível desmotivação e frustração por não serem capazes de acompanhar e compreender o que estaria delineado para as sessões. Relativamente, ao objetivo de estimular as jovens para a participação comunitária no futuro, este foi atingido e foi visível no final do projeto. O grupo mencionou ter gostado do percurso mas que viam a sua continuidade com mais ação, manifestando a vontade de ir para o terreno e de participar ativamente na comunidade. Como exemplo, registou-se posteriormente a participação das jovens na ação “Tapada Limpa” promovida pela Associação de Moradores, duas das jovens integraram as aulas de Hip Hop promovido pelo Clube das Mulheres (grupo informal da Tapada) e tiveram conhecimento pela agenda cultural fornecida numa das sessões. Este grupo será também desafiado a integrar a preparação e participação num evento cultural que vai ocorrer em Setembro de 2012, organizado pelo InovaTapada (sub-grupo do Grupo Tapada inserido na Comissão Social da Freguesia de Algueirão-Mem Martins).

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Importa, reforçar, que na origem do projeto estava comtemplada a criação de um grupo de jovens ativo na comunidade, também, como forma de sustentabilidade do projeto que é o que se procura fazer sempre com as intervenções territoriais. Contudo, com a mudança e adaptação (recuar para avançar) do objetivo do projeto ao grupo que se constituiu, esse passou a ter um foco diferente, mais orientado pela produção de conhecimento do que propriamente para a sustentabilidade do próprio grupo. Também esta foi uma importante aprendizagem…

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Projeto de fotografia participativa - “Nós na Tapada” O que é a fotografia participativa? A fotografia participativa consiste numa metodologia com origem na comunidade de fotógrafos que surgiram nos Estados Unidos de América e Reino Unido a partir da década de 1960 e na teoria influente de Paulo Freire da pedagogia crítica e metodologias participativas que tem vindo influenciado práticas do desenvolvimento internacional desde 1970. Desde a sua invenção a fotografia tem sido utilizada como uma ferramenta para o ativismo social. Por volta de 1920-1930, fotojornalistas que trabalhavam dentro de uma tradição humanitária e liberal utilizaram as suas câmaras para documentar a situação de grupos marginalizados e perseguidos por todo o mundo, tendo divulgado as suas histórias para o público internacional. Mais recentemente, os profissionais têm procurado alternativas para a fotografia documental tradicional, sendo conduzidos a trabalhar com metodologias participativas e colaborativas onde eles próprios desenvolvem uma relação mais complexa com os seus ‘modelos’, nesse caso é subject, ou seja, pessoas. Essas metodologias por vezes significam trabalhar com as pessoas para criar imagens, outras vezes, significam entregar a máquina fotográfica e apoiar os participantes a criar as suas próprias imagens. Alguns destes fotógrafos trabalham independentemente enquanto outros criaram organizações para criar estruturas sustentáveis para os projetos que iniciaram. De uma forma geral, a fotografia participativa refere-se a projetos em que os participantes são apoiados para criar o seu próprio trabalho fotográfico, existindo um facilitador que trabalha com um grupo de pessoas, muitas vezes marginalizados e/ou prejudicados, e acompanha-os na aprendizagem do uso da máquina fotográfica, com o objetivo de apoiá-los a definir, a comunicar e se for o caso a melhorar a sua situação. Existem diferentes formas de trabalho e normas da prática, e nem todos os projetos de fotografia participativa partilham a mesma abordagem. Todo e qualquer projeto de fotografia participativa é implementado tendo por base as suas próprias finalidades e objetivos específicos e estes podem variar de artístico, educacional, terapêutico, relacionado à pesquisa de desenvolvimento comunitário mudança de política, ou um meio de ativismo social.9 PhotoVoice trabalha com uma metodologia ampla que é adaptada às necessidades dos participantes de cada projeto. É uma metodologia que tem por base o poder e o potencial da fotografia como uma ferramenta flexível e poderosa que é ao mesmo tempo, acessível, terapêutica, influente e comunicativa. (PhotoVoice, 2013) 9

in site de PhotoVoice e traduzido http://www.photovoice.org/

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Porquê a fotografia? O desafio de realizar um projeto com base na fotografia baseia-se em simples mas fortes características que a própria metodologia acarreta como o ser acessível, imediata, versátil e efetiva. Permite, ainda, criar um foco externo para discussões ou conversas, ultrapassar barreiras culturais e linguísticas, articular entre o documentário e o ponto de vista subjetivo e possibilita autoexploração e autorrepresentação.

Porquê a participação? A participação remete-nos para o envolvimento da população local, e por vezes de outras partes interessadas na criação e implementação de um programa delineado para provocar a mudança. Baseado no princípio que se pode confiar nos cidadãos, e que são capazes de serem os próprios atores e de construírem o seu próprio futuro o desenvolvimento participativo aproveita a tomada de decisão local e as suas competências para definir e guiar a natureza da intervenção. O programa K’CIDADE propôs ao FOS10 desenhar um projeto de fotografia participativa com o objetivo de trabalhar o tema da diversidade cultural com os moradores adultos da Tapada das Mercês e arredores com diferentes ‘backgrounds’ culturais e que de alguma forma manifestassem curiosidade e interesse, não só na temática, mas na sua abordagem através da fotografia.

Objetivos gerais O projeto Nós na Tapada pretendeu promover uma tomada de consciência para a riqueza da realidade multicultural da Tapada das Mercês, permitindo aos participantes o desenvolvimento da sua criatividade, expressão individual e comunicação visual através da fotografia.

Objetivos específicos Um projeto de fotografia participativa preconiza o desenvolvimento do grupo, mas ao mesmo tempo potencia o desenvolvimento e envolvimento ativo de cada indivíduo, que possui espaço para expressar visualmente as suas opiniões, emoções, sentimentos, etc.

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O FOS – Olho Aberto, Olhar Desperto nasce fruto de uma inquietude social e da determinação e desejo em combinar a área cultural (arte) com a ação social (desenvolvimento comunitário). Tem como objetivo usar a fotografia como ferramenta para a inclusão social e digital e trabalhar com grupos sociais que têm menos possibilidades de refletir sobre a sua realidade, nomeadamente sob um ponto de vista visual. Procura contribuir para uma transformação social positiva que melhore a qualidade de vida destes indivíduos e comunidades. Fonte: http://fos.pt/

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No que diz respeito aos objetivos específicos do projeto em questão, estes são: A promoção do sentido de comunidade, fomentando o sentido de apreço pelo que é diferente através de 12 sessões semanais de fotografia participativa. Proporcionar um ambiente criativo para que os participantes possam refletir nas suas vidas, orgulhando-se delas. Desenvolver atividades que proporcionam a tomada de consciência sobre a potencialidade de habitar num território multicultural. Dar visibilidade ao que não é visível.

Processos e Aprendizagens Mobilização dos participantes Inicialmente, no presente projeto, procurou-se mobilizar pessoas que ainda não estivessem envolvidas noutros projetos comunitários. No entanto, numa segunda fase, e devido à falta de tempo e de prazos para a execução do próprio decidiu-se apresentar a ideia a um grupo já existente. No último momento, os verdadeiros participantes acabaram por ser um conjunto de indivíduos resultante da fusão de pessoas que já colaboravam com outros grupos e de pessoas novas que se aproximaram mais à Tapada das Mercês (moram nos arredores). De referir, que estas acabaram por se inscrever na associação de moradores da Tapada das Mercês.

Planeamento O projeto decorreu durante um mês e meio e foram realizadas 2 sessões por semana de 3 horas cada, perfazendo um total de 36 horas e 12 sessões. As sessões ocorreram entre 20 de Junho e 03 de Agosto de 2012, e os dias e as horas foram acordados com os participantes aos quais seriam emprestadas máquinas fotográficas para que eles pudessem fotografar ao longo da semana. Embora o tema tivesse sido proposto pelo Programa K’CIDADE, o planeamento das sessões procurou ligar os interesses e preocupações dos participantes observados e expostos nos encontros. De salientar, que para projetos futuros e com esta temática é aconselhável que o planeamento seja feito não só pelo formador em sala, mas em articulação constante com o técnico de terreno. Este aspeto pretende garantir que a visão e missão, neste caso, do Programa K’CIDADE e da Fundação Aga Khan norteiam a intervenção territorial.

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Participação O grupo formou-se inicialmente com 12 pessoas, no entanto, por motivos pessoais e individuais o grupo acabou reduzido a 7 pessoas de origem portuguesa, cabo-verdiana, angolana e italiana que prosseguiram até ao final com muita motivação e assiduidade.

Desenvolvimento do projeto Embora os projetos de fotografia participativa sejam todos diferentes, o FOS tentou, tanto quanto o desenho do projeto o permitia, basear os conteúdos das sessões na metodologia PhotoVoice tal como preconizada pela organização inglesa com o mesmo nome. Assim, a planificação destas 12 sessões foi feita tendo em conta os 4 eixos chaves desta metodologia: 1. Estabelecer uma dinâmica de grupo criando objetivos dentro do grupo; 2. Introdução à fotografia e à literacia visual; 3. “Falar”/ Exprimir-se através da imagem; 4. Fortalecer e personalizar a mensagem. Nas primeiras 4 procurou-se dar mais enfâse ao eixo 1 implementando fotodinâmicas que permitissem, não só, a formação de um grupo mais conhecedor de si próprio, como, a introdução da noção de fotografia participativa e o que se pretendia com ela e a discussão em torno do tema proposto, a diversidade. Algumas das dinâmicas utilizadas para este efeito foram a caça ao tesouro fotográfico pelo território da Tapada onde os participantes eram convidados a fotografar objetos específicos, alguns conceitos e emoções. A intenção de introduzir progressivamente alguma complexidade no processo de fotografia foi importante para a adaptação do grupo. Assim, as solicitações e desafios emergiam no sentido de alargar a representação da realidade, estimulando os participantes a olharem para dentro, e consequentemente “exporem” a sua realidade e comunicarem as suas ideias. Daí a tentativa de trabalhar mais com conceitos, símbolos e sentimentos e deixar que o processo ocorra o mais naturalmente possível à medida que os participantes se vão familiarizando com a fotografia e desenvolvem a sua criatividade. 16

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Outra dinâmica foi o diálogo fotográfico construído a partir de imagens escolhidas em jornais e revistas. Dinâmicas que desenvolveram

competências bases relacionadas com a luz, a composição, o estilo, sombras, o foco, etc. Por último, ainda nesse primeiro eixo começaram as leituras das fotografias (perceções e impressões) e o mudar da perspetiva real (tirar fotos de pé, deitado etc…) para uma mudança de realidade. Na 5ª e 6ª sessão verificou-se que de um modo geral todos os participantes já estavam familiarizados com uma máquina fotográfica, porém, foi necessário enfatizar algumas questões da literacia visual (eixo 2) e aprofundar a reflexão sobre o tema proposto. A questão da representação foi trabalhada numa sessão através de dinâmicas de grupo em que se partilharam algumas fotografias de distintos géneros (fotografia jornalística, fotografia documental, fotografia artística, fotografia de família, retrato). Optou-se por investir em apenas uma sessão para analisar e desconstruir uma fotografia possibilitando aos participantes a perceção de que uma imagem transporta sempre uma grande carga de subjetividade e ambiguidade. A partir da 7ª e até à 9ª sessão trabalhou-se muito no eixo 3 e 4, sendo que algumas das fotodinâmicas utilizadas para estas sessões foram: -

Poema dos sentidos (Sense Poem) – escrever um poema dos sentidos sobre a fotografia (Eu cheiro….; eu oiço……etc);

-

Diário fotográfico/história fotográfica;

-

Palavras-chave;

-

Perguntas “Usa as seis perguntas introdutórias (tantas vezes quanto possível) para pensar na tua imagem começando pelos aspetos mais fáceis indo até às ideias/conceitos mais complexos. Quando? Onde? Quem? O quê? Como? Porquê?”.

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As três últimas sessões antes da avaliação (sessão 9, 10, 11) estiveram muito centradas na personalização da mensagem através da construção de textos/legendas que traduzissem a mensagem que os participantes queriam transmitir com as suas fotografias. De referir, que sensivelmente no meio do projeto foram introduzidos os sketchbooks para que os participantes começassem a ter um diário fotográfico onde pudessem registar as suas ideias acerca de todo o processo que estavam a vivenciar, colando fotografias e fazendo todos os registos que entendessem. Por último, os participantes começaram a legendar as fotografias e a trabalhar a questão da personalização da mensagem já com uma seleção de imagens feita.

Duração do projeto e as suas implicações A duração da implementação do projeto teve implicações na dimensão do impacto que poderia vir, quer a nível individual, quer a nível coletivo (grupo e comunidade) caso fosse mais longo. Por vezes, entre o aparecimento da ideia e a conceção do projeto e a sua implementação efetiva surgem variáveis sobre as quais nem sempre se tem um controle direto, acabando por ter de se reajustar o cronograma inicialmente planeado. No entanto, foi possível observar que a simples introdução à metodologia da fotografia participativa provocou nos adultos um estímulo muito superior ao esperado e que se traduziu em ganhos individuais e grupais, afetando positivamente a vida de cada um dos participantes. Numa avaliação final traçou-se uma linha do tempo em que foi pedido a cada um dos participantes que escrevessem os três momentos mais marcantes do projeto…

Quando me deram uma máquina para a mão e me mandaram para a rua fotografar.

Deram-me o caderno. Fazer a primeira legenda da foto.

Expressar as minhas emoções ao descrever as minhas fotos no sketchbook.

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A explicação da fotografia participativa.

Ter conseguido decifrar a foto dos espelhos.

O facto de conseguir por mensagens nas fotos.

Ao longo de toda a linha do tempo: toda a convivência e tudo o que aprendi com todas as pessoas que fazem parte deste grupo.

Conhecer novas pessoas.

Tomar noção de certos assuntos que eu não conhecia.

Comecei a perceber o que estava em jogo não era só usar fotografia.

Leitura das legendas com fotografias (muita emoção).

Continuação da leitura das legendas

Momento do conhecimento do projeto e dos companheiros do grupo. Também foi divertido tirar fotos com um objetivo tema.

O começo das discussões e legendagem das fotos.

O percurso chega a ser introspetivo e mais emotivo.

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Fiquei curiosa e interessada no projeto.

A ida para a rua para realizar alguns exercícios. Especialmente a caça ao tesouro fotográfico. Gosto de fazer jogos.

Maior autoconhecimento, evolução, reavaliação pessoal e de conceitos.

O projeto deixou de

ser algo externo para ser algo interno.

Os momentos de discussão porque foram momentos de autorreflexão para mim e eu necessito destes momentos. Os jogos, porque eu gosto de fazer jogos.

A legendagem, ou melhor, a criação das mensagens porque permitiu recordar alguns momentos da minha vida e deitar cá para fora algumas emoções. Hoje, por exemplo, 3/8/2012, sinto-me mais leve. Estamos no fim da sessão e parece que respiro melhor.

No momento da avaliação final os participantes contribuíram com a ideia de fazer um mapa onde depois escrevessem uma ou mais palavras que refletiam a avaliação do projeto. Algumas das palavras que surgiram foram: awesome, sabe (expressão crioula que traduz uma apreciação muito positiva), bons momentos, conhecimento e vivência, descoberta, partilha, autorreflexão, buéda bom, dez, crescimento pessoal, interessante, etc. Vários ainda referiram a componente introspetiva e pessoal como um momento importante.

20 “Adorei. 100% O convívio, o conhecimento e a amizade. Gostaria de poder passar esta experiência a outras mulheres da comunidade (Clube das mulheres).”

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Reflexão É preciso sair do cliché que a palavra diversidade transporta consigo…ouvida apenas enquanto a expressão de uma cultura diferente… vista pelos seus hábitos e costumes (vestuário, gastronomia, rituais religiosos, dança)… sentida por pensamentos já presos ao que pensamos conhecer… Compreender até que ponto os moradores da Tapada das Mercês reconhecem o potencial da diversidade, como algo que vai para além da identificação das diferenças como origem de separação é essencial para que a palavra diversidade se traduza em união e seja a origem do desenvolvimento de uma comunidade. “In a pluralist society unity is achieved by respecting differences, valuing diversity as a public good, and seeking collaboration through compromise. A shared civic identity creates an inclusive umbrella for the multiple identities citizens hold, shed and/or acquire through the course of their lives”11 Pluralism Papers NO.1 Defining Pluralism , January 2012

Alguns momentos em sala testemunham a forma como os participantes refletiram sobre o tema.12 Nas dinâmicas desenvolvidas parecem existir dois momentos distintos, um mais racional e construído no decorrer e na abordagem específica do tema, e outro que advém do processo fotográfico e legendagens. Neste último, as emoções e o tom pessoal das fotografias conduziram a uma análise mais intima e ao mesmo tempo mais desconstruída, a perceção de que existe algo mais do que a própria imagem, tornou a análise sobre a diversidade mais profunda e “real”. Em linha com os objetivos que a fotografia participativa se propôs, o presente projeto tinha o intuito de estimular nos participantes uma reflexão a partir do registo de imagens e do debate acerca da relação com a sua comunidade, e consequentemente provocar a vontade de mudança, tornando-se mais pró-ativos quer na sociedade, quer na construção dos seus projetos de vida individuais. A componente fotográfica estimulou a curiosidade dos participantes que, gradualmente acabaram por descobrir o processo e por descobrir-se a si próprios, como muitos referiram no final do percurso, o processo caminhou entre a introspeção e a exposição. Neste tipo de projetos são, e foram essenciais para o bem do grupo e para o individuo, a definição prévia de 11

Tradução: Numa sociedade pluralista a unidade é conseguida respeitando as diferenças, valorizando a diversidade como um bem público, e buscando colaboração através de compromisso. Uma identidade cívica comum cria um guarda-chuva inclusivo, que os cidadãos com identidades múltiplas identidades tem, perdem / ou adquirem no curso das suas vidas. 12 A análise do percurso foi possível através do apoio de uma voluntária e de um registo quanto mais acurado possível das reflexões e frases durante cada sessão, assim como das avaliações/reflexões no final de cada sessão e a avaliação final do grupo em relação ao percurso.

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regras simples de convívio para que todos se sentissem respeitados pelos seus pares e a criação de um “safe space” onde qualquer um pudesse regressar nos mais momentos mais fragilizantes para sentir segurança na fase seguinte. A observação dos participantes permitiu aferir a dificuldade que alguns manifestavam em expressar-se, oralmente ou por escrito. Assim, foram incluídas na planificação das sessões formas alternativas de expressão e dinâmicas para o desenvolvimento das competências, de forma a fomentar a autoestima sem expor as suas fragilidades. Importa salientar, que por permitir a existência de um foco externo13 para discussões ou conversas e por ultrapassar barreiras culturais e linguísticas, a metodologia da fotografia participativa é uma excelente ferramenta para o desenvolvimento de competências de reflexão/autoexploração e auto representação. Para que seja possível aproveitar ao máximo as potencialidades desta ferramenta é fundamental que o trabalho de facilitação seja conduzido por técnicos experientes na área/temática proposta e que tenha experiência de facilitação e mediação de grupos. No caso em que se queira fazer uma análise mais profunda dos resultados, das mudanças e dos impactos que esta metodologia tem, aconselha-se a presença de mais uma pessoa para além do facilitador, para poder capturar as ocorrências criticas e momentos de viragem dos participantes a nível individual e do próprio grupo, dependendo sempre dos objetivos que o projeto se propõe. “(desde que comecei a fotografar) já não olho para as coisas da mesma maneira” participante

A exposição… “Going Public” A exposição é o culminar do processo do projeto, quando as imagens e as palavras criadas se unem perante uma audiência pública. Esse público pode ser desde a família e amigos até a uma audiência pública geral ou grupos específicos, como os membros da comunidade, incluindo, pares, jovens, pais, residentes locais, autarquias locais ou de prestadores de serviços locais. As imagens podem então ser compartilhadas publicamente em formatos diversos e múltiplos e em várias plataformas. 22 13

O foco externo refere-se a dinâmicas como os diálogos fotográficos onde as pessoas expressam as opiniões sobre as fotos, descrevem emoções, pontos de vistas com um distanciamento que não poderia ser possível se utilizassem fotos pessoais.

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No presente caso o projeto de fotografia participativa não contemplou no seu orçamento inicial a criação de um produto para ser apresentado a um público externo ao grupo, embora no início do projeto ter sido referido pelo FOS a importância desse momento. Tendo sido o processo tão gratificante e para colmatar a sensação de que faltava algo no fim do percurso, o grupo conseguiu candidatar-se a um concurso de Projetos de Inovação Comunitária (PIC) 14 promovido pela equipa do território do Programa K’CIDADE, acabando por escolher montar uma exposição. A exposição foi inaugurada pela primeira vez no mercado municipal durante o evento comunitário Tapada em Festa - “O Mundo Aqui”, em Setembro de 2012. Esta é mais uma aprendizagem para o futuro, o fim é tão importante como o percurso, a sensação de puder contemplar a realização final de um projeto de fotografia participativa é a sensação de missão cumprida… de uma realização pessoal para os participantes que podem devolver um pouco daquilo que vivenciaram. A exposição é em si um potencial momento para reunir e aproximar a comunidade no mesmo espaço… pessoas que se cruzam mas que nunca se conheceram… pessoas que desviam o olhar por não conhecerem… pessoas que olham mas não veem… são nesse confrontadas com imagens de uma realidade que reconhecem como sua mas que no fundo não conhecem… e é no momento em que a imagem se une com a texto que são expostas a possíveis processos de transformação… entre a sua perceção e a perceção dos outros passa a existir algo que os une enquanto comunidade… A diversidade de olhares!

23 14

E equipa de território do K’CIDADE da Tapada das Mercês, disponibilizou uma verba do plano de ação de 2012 para a implementação de Projetos de Inovação Comunitária, ideias e iniciativas de grupos ou organizações. Para saber mais, visite http://www.akdn.org/publications/2008_portugal_kcidade.pdf

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Formações no âmbito do Tapada em Festa O grupo (I)nova Tapada, composto por parceiros locais responsáveis pela organização de um evento comunitário anual chamado “Tapada em Festa” tem vindo a refletir sobre as questões da multiculturalidade, do diálogo intercultural e das possíveis ações a serem implementadas dentro dessa área. Se por um lado a preocupação do grupo baseia a sua intervenção na análise feita pelo CEDRU15 no diagnóstico de 2009 realizado na Tapada das Mercês, por outro lado encontra a definição de possíveis respostas para o território na perceção e nas questões de insegurança presentes na Tapada e que originaram o grupo. No plano de atividades do grupo pode ler-se o que se traduziu em:

Meta

• Minimizar a discriminação através da transformação de atitudes dos moradores adultos da Tapada das Mercês.

• Promover o diálogo intercultural através de oportunidades de aprendizagem que possibilitem a transformação de atitudes. Objetivo

Atividade

• Workshop sobre aprendizagem intercultural.

O grupo reconheceu a importância de valorizar a diversidade existente no território mas, após várias reuniões de planificação e reflexão, o grupo chegou à conclusão de que é necessário desenvolver competências nessa área, reconhecendo ao mesmo tempo que na Tapada das Mercês não existem oportunidades estruturadas de aprendizagem. Identificada a necessidade e acreditando que a comunidade da Tapada das Mercês precisa de oportunidades para desenvolver essas competências e aprendizagens, o grupo (I)nova Tapada aproveitou o concurso PIC, acima mencionado, garantindo a verba necessária para a implementação de workshops. Estando um dos parceiros do (I)nova Tapada empenhado nas temáticas da diversidade cultural, tendo já experimentado implementar uma ação semelhante no âmbito do Tapada em Festa 2011, surge a proposta por parte da Associação Dínamo de implementar 3 workshops durante o evento Tapada em Festa – “O Mundo Aqui” 2012 com os seguintes títulos: Aprendizagem Intercultural 24

Desconstruindo a Discriminação Étnica O Valor da Diversidade 15

CEDRU: Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano

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Estes workshops, tinham como meta geral a sensibilização e capacitação dos moradores da Tapada das Mercês para a aprendizagem em contextos locais de grande diversidade, no respeito (e interesse) pelos valores culturais e identidade de cada um/a.

Objetivos gerais dos workshops Fomentar uma atitude pro-diálogo, pro-interacção e colaborativa nos habitantes da Tapada das Mercês com diferentes 'backgrounds' culturais; Sensibilizar e capacitar os moradores da Tapada das Mercês para as oportunidades da diversidade nas suas diversas dimensões cultural e institucional; Capacitar para o combate face á discriminação étnica, através da tomada de consciência relativamente aos mecanismos que conduzem à discriminação (estereótipos, preconceitos, discriminação, violência…); Facilitar o trabalho comunitário e a comunicação entre as entidades e os moradores da Tapada das Mercês; Identificar e aferir competências em matéria de diversidade cultural; Reconhecer comportamentos/atitudes relacionadas com a discriminação.

Objetivos específicos dos workshops Aprendizagem intercultural Entender a individualidade dos valores e a sua ligação inevitável à identidade; Entender o valor acrescido da ambiguidade e diversidade de opiniões/valores, nomeadamente para a aprendizagem. Desconstruindo a Discriminação Étnica Identificar os conceitos e possíveis diferenças entre estereótipo, preconceito, discriminação; Analisar dados relacionados com os problemas globais de diversidade cultural que afetam localmente os moradores da Tapada das Mercês; Reconhecer e identificar comportamentos/atitudes relacionadas com a discriminação étnica; Analisar formas de solucionar conflitos desencadeados a partir das diferenças étnicas e culturais. 25 O Valor da Diversidade Aferir ligações entre as vivências dos participantes e a diversidade étnica;

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Identificar vantagens e oportunidades da diversidade étnica numa comunidade; Identificar dificuldades na interação dos diversos atores; Consciencializar os participantes para a adoção de comportamentos facilitadores de uma convivência mais harmoniosa entre pessoas de diferentes culturas; Contribuir com soluções e boas práticas a adotar pelos participantes desta formação.

Processos e aprendizagens Mobilização dos participantes A mobilização dos participantes efetuou-se através da divulgação dos workshops via email e recorrendo à lista de contatos do (I)nova Tapada e da Associação Dínamo. Foram, também, criados e distribuídos panfletos e cartazes com o programa do evento, indicando o local, as datas e os horários. Embora o grupo tenha tido o cuidado de utilizar diferentes formas de mobilizar pessoas, a mobilização ficou aquém do esperado. Uma razão que poderá ter impedido as pessoas de assistirem aos workshops prende-se com o facto de as sessões decorrerem aos sábados e aos domingos à tarde, dias de trabalho para parte da população residente na Tapada das Mercês.

Planeamento As sessões ocorreram em Setembro de 2012 com uma duração de 6 horas (Aprendizagem Intercultural e Desconstruindo a Discriminação Étnica) e de 3 horas (O Valor da Diversidade) perfazendo um total de 15 horas e 3 sessões. Os formadores pertenciam todos à Bolsa de Formadores da Associação Dínamo que fez a proposta de formação e que possui, também, experiência na organização de formações para formadores da Bolsa. O seu método de trabalho revê-se na prática do planeamento “com 4 mãos” onde o formador envia a proposta de formação, o responsável da parte pedagógica ou um outro formador, dá o seu feedback do plano de sessão/workshop e devolve o plano para o formador reforçando a troca de saberes entre pares e fomentando a autonomia dos formadores. 26

Participação O grupo-alvo dos workshops era composto por moradores da Tapada das Mercês e em particular, pelos membros do (I)nova Tapada que tinham já identificado a necessidade de

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estarem presentes, apesar, de estes workshops terem sido integrados no programa da Tapada em Festa, e estes serem os organizadores da mesma. Existia, ainda, uma intenção de ter um público jovem de diferentes origens étnicas, a partir dos 16 anos, mas que infelizmente não se verificou Os workshops contaram com a participação de 23 pessoas, a maioria adultos e moradores na Tapada das Mercês e arredores. Nos três workshops os grupos eram pela maioria mistos e com uma grande diversidade a nível de formação ou ocupação profissional, assim como cultural, principalmente, no segundo e no terceiro workshop (países de origem dos participantes eram Africa do Sul, Moçambique, Reino Unido, Angola, Portugal). No entanto, pode-se dizer que a maioria dos participantes, seguindo a sugestão da organização, assistiu aos três workshops. De mencionar, que foi possível observar que os membros do (I)nova Tapada apesar de reconhecerem a necessidade de desenvolver competências nas áreas em questão, já manifestam uma participação mais

ativa

por

estarem

habituados a participarem em contextos

formativos

não

formais e a processos de reflexão e

dinâmicas que

estimulam

a

participação

ativa dos presentes.

Desenvolvimento do projeto A análise dos resultados dos workshops foi possível pelo acompanhamento das formações

em

momentos

distintos,

através dos registos e relatórios finais produzidos

pelos

formadores

e

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as

avaliações/reflexões de cada participante no fim de cada workshop.

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No que diz respeito às competências trabalhadas nos workshops, os formadores identificaram: Tolerância/permeabilidade à ambiguidade (“Não conseguimos conhecer e concordar em tudo e temos de viver com isso”) Motivação para aprofundar e explorar ‘icebergs’ (é preciso ir para além das primeiras impressões) Capacidade para o trabalho em equipa e partilha de responsabilidades Exercitar a capacidade de procurar soluções face a situações difíceis relativas a temas discriminatórios Relações intergrupais (maiorias e minorias Étnicas) Comportamentos facilitadores relacionados com a cooperação e resiliência. Dada a natureza da atividade e o pouco tempo de atuação, não foi possível traçar um quadro do “antes” e “depois” dos participantes, embora foi claro, no ultimo workshop, que o à vontade do grupo em falar e expressar as suas opiniões, assim como alguns processos de reflexão estavam mais desenvolvidos fruto dos workshops anteriores. Uma das aprendizagens que pode ser retirada desta experiência é a importância das notas de campo e do registo das ocorrências criticas que, nos projetos anteriormente analisados permitiram delinear progressos e fazer comparações e aferir o que é mais eficaz do que é menos eficaz na avaliação das aprendizagens. Comparativamente aos projetos acima descritos e analisados, a grande diferença dos workshops resume-se ao facto de estes não serem, propriamente, um “percurso” e tendo um tempo muito mais reduzido de duração com a presença de 3 formadores diferentes, nem sempre garante a continuidade e constância das pessoas. Como já foi referido anteriormente, o trabalho ao nível das atitudes, identidade e de reflexão intercultural deve ser conduzido por técnicos experientes na área para que o processo atinja os seus objetivos. No caso dos workshops observa-se que o percurso dos formadores e as suas experiencias passadas contribuíram para ter uma postura e adaptabilidade perante o público que não seria possível sem um background nessa área, juntando assim competências na áreas e competências de facilitação.

Alguns comentários dos participantes “… temos todos que nos esforçar para nos integrarmos noutras culturas e respeitá-las e temos que tentar integrar as outras culturas na nossa, respeitando todas as diferenças inerentes, e não cultivar pequenos guetos. Na minha sincera opinião, estas pequenas ações deverão continuar,

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pois é um pequeno passo, para que novas mentalidades se abram ao “mundo novo” que está à nossa porta”. “ .. tentarem encontrar um espaço maior dentro da comunidade, e que possa englobar todas as comunidades existentes, para que nenhuma se sinta excluída, visto o tema o workshop se centra na Interculturalidade, tudo isso deveria ser tido em conta, visto que assim, poderão angariar formandos de todas as comunidades ou uma grande parte delas, já que isso pode ser um sinal de que contam com eles e os respeitam. Sei que não se poderá agradar a todos, se não for possível, então poderá ser mais fácil juntar duas culturas diferentes num espaço neutro, mas que seja decorado ou que tenha algo a ver com essas culturas, para que elas se sintam bem, apesar de ser um workshop curto, de pouca duração, mas que se calhar para alguns, poderá toda a envolvência do espaço, significar muito.”

Formador: As tuas expetativas foram alcançadas? “Sim. Embora não seja possível medir a alteração de comportamentos durante a vigência da formação, creio que se levantaram questões, identificaram atitudes e refletiu sobre os processos de comunicação de forma a que a médio longo prazo ocorra a mudança e espero de uma forma multiplicadora.” Formador, “Aprendizagem Intercultural”

Formador: Qual a tua maior aprendizagem? …”encontrar uma melhor forma de possibilitar a pessoas com capacidades de Comunicação diferentes, menos assertivas e mais reservadas maneira de participar. Para além disso dentro de um grupo maioritariamente europeu a multiplicidade na diferença de valores é um elemento que me lançou numa reflexão mais profunda.” Aprendizagens das ações De facto quando se trata se processo que têm a ver com atitudes e transformação social é preciso tempo. Todas estas ações contribuíram para desenvolver competências, ao nível da interação, pensamento crítico e diálogo. Proporcionaram espaços de reflexão e partilha.

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Reflexão Final Estimular novos olhares sobre a realidade é fundamental e as três diferentes práticas, embora tivessem o mesmo tema e metodologias completamente diferentes, mantêm um conjunto de fatores comuns: - contribuíram para autoestima dos participantes - levaram as pessoas a refletir/questionar a própria visão pessoal - possibilitaram a partilha de experiencias e não só (também foi vivencias) - permitiram aprendizagens relevantes da comunidade envolvente Talvez a maior aprendizagem é de que estes processos se concretizam de forma mais sustentável quando se juntam pessoas e grupos em que desconstroem ideias e preconceitos. Uma das lições que pode ser retirada destas 3 experiencias é sem dúvida a intencionalidade ligada à implementação destas ações. Todas contribuem para um processo que aponta para o reconhecimento da diferença, assim como o respeito pela diversidade como cultura cívica. Existe, nessas práticas, uma tentativa de proporcionar escolhas individuais para um compromisso coletivo como possíveis caminhos de desenvolvimento.

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Bibliografia Birou, A.(1988). Dicionário de Ciências Sociais. Círculo de Leitores. CEDRU. (2010). Análise de Situação de Partida. Tapada das Mercês. Conselho da Europa. (2008) Livro Branco sobre o Diálogo Intercultural – Viver Juntos em Igual Dignidade. Estrasburgo. Centro Norte Sul do Concelho da Europa. Conselho da Europa e Comissão Europeia. (2001). Aprendizagem Intercultural. Bruxelas. Edições do Concelho da Europa. Conselho da Europa e Comissão Europeia (Janeiro de 2001) Mochila Pedagógica Sobre aprendizagem Intercultural. Publicações HUMANAS. Retirado de http://youth-partnership-eu.coe.int/youthpartnership/documents/Publications/T_kits/4/Portuguese/T-Kit4_po.pdf Global Centre for Pluralism (2012). Defining Pluralism. Pluralism Papers, No. 1. Canada Pardo, I. e Prato, B.(2011). Citizenship and the Legitimacy of Governance: Anthropology in the Mediterranean Region. Urban Anthropology Series. Pereira, J. D., Vieites, M. F., & Lopes, D. S. (2008). A animação Sociocultural e os desafios do século XXI.Chaves: Intervenção. Pinto, L.M. (2007). Educação Não-Formal: um contributo para a compreensão do conceito e das práticas em Portugal. Retirada do repositório do ICTE http://repositorio.iscte.pt/bitstream/10071/705/1/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20%20Luis%20Castanheira%20Pinto%20-%20PDF.pdf

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Inquérito online

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Participantes da fotografia participativa

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