Alcançando a Dinâmica de Crescimento
Vislumbres de Cinco Continentes
Preparado pelo Centro Internacional de Ensino Centro Mundial Bahá’í
Alcançando a Dinâmica de Crescimento
Vislumbres de Cinco Continentes
Preparado pelo Centro Internacional de Ensino Centro Mundial Bahá’í
CENTRO MUNDIAL BAHÁ’Í Abril de 2008
CONTEÚDO
Página
Aos delegados participantes da Décima Convenção Internacional Bahá’í
6
Londres, Reino Unido
9
Norte del Cauca, Colômbia
19
Bihar Sharif, Índia
29
Tiriki Ocidental, Quênia
39
Tarawa do Sul, Kiribati
49
Aceleração do Aprendizado
59
Aos delegados participantes da Décima Convenção Internacional Bahá’í, Em apenas poucos anos, o programa intensivo de crescimento emergiu como um poderoso meio para a expansão e consolidação da Fé em larga escala. Na vanguarda do processo de aprendizado que impele o avanço, há um grande número de agrupamentos nos quais os amigos, através de esforço diligente e sistemático, vieram a perceber a melhor maneira de implementar os ciclos de atividade que constituem esse programa. Tão instrutiva é a experiência desses agrupamentos, que pedimos ao Centro Internacional de Ensino para escolher um exemplo de cada continente e preparar um documento que mostre ao mesmo tempo a diversidade de condições em que os crentes estão trabalhando em toda parte e a coerente visão que os une, à medida que avançam no processo de entrada em tropas. O documento consiste em cinco estudos de caso e uma análise final. É realmente inspirador e nós o recomendamos para seu estudo. Embora os estudos de caso ofereçam um relato impressionante de atividades em cada agrupamento, esperamos que vocês não se contentem apenas em ler a narrativa, mas tentem identificar os princípios, os atributos e as abordagens que tornaram possível o avanço obtido. O que deve ficar claro para vocês é o quão habilmente os amigos e as instituições do agrupamento conseguiram explorar a estrutura operacional, a que nos referimos na nossa mensagem de 27 de dezembro de 2005, para insuflar o espírito da Revelação de Bahá’u’lláh em lugares tão diferentes quanto a apinhada metrópole de Londres e o pequeno grupo de ilhas Kiribati. O que imediatamente evidencia-se das descrições de todos os cinco agrupamentos é o quanto os amigos confiaram no poder da assistência divina; isso fortaleceu-os no campo de ação e capacitou-os a perseverar diante de dificuldades inevitáveis. Igualmente evidente é o senso de propósito que animou seus esforços – um objetivo complementado pela atitude de aprendizado que eles adotaram. Ainda mais extraordinário no entanto é o modo como esses atributos se perpetuam no corpo de crentes, à medida que este aumenta de tamanho, pois em todos os casos eles vieram a caracterizar não somente a ação individual mas também a da comunidade, como um todo. Tão focada é a energia coletiva dos amigos, enquanto realizam as atividades centrais do Plano de Cinco Anos, seja tomando iniciativa individual ou participando de campanhas organizadas, que estão captando os primeiros vislumbres do que significa suas forças se multiplicarem em ação unificada. Ao ler os estudos de caso, você notará como as abordagens adotadas e o sistema de administração utilizado serve como um meio para facilitar a dinâmica dessa ação unificada. Em todo agrupamento, companheirismo e apoio são palavras de ordem em relação a isto. Estejam eles fazendo uma visita ao lar de uma família para atraí-los a uma conversa sobre a Fé ou ajudando-se mutuamente outros a realizar atos de serviço, como parte de seus estudos nos cursos do Instituto, o que motiva os crentes é a alegria de acompanhar outras almas em sua jornada espiritual. Esta mesma força de motivação guia as instituições e agências que atuam no agrupamento em seus esforços para administrar o programa intensivo de crescimento. A complexidade dos esquemas de coordenação nos cinco agrupamentos varia claramente até certo ponto. No entanto, independente do nível de complexidade, os mecanismos administrativos apropriados representam uma resposta ao desejo de um número crescente de amigos, que estão ansiosos por expressar o ardor de sua fé em ação; isto lhes provê o apoio necessário para participar de equipes de ensino, realizar reuniões devocionais, conduzir aulas para crianças, formar grupos de pré-jovens e estabelecer círculos de estudo. O fato de
as instituições e agências envolvidas serem capazes de manter um modelo administrativo de tão pronta resposta atesta o elevado grau de habilidade organizacional e flexibilidade por elas alcançada. Na análise final, o Centro Internacional de Ensino examina as estratégias utilizadas para transferir a experiência adquirida em agrupamentos avançados, tais como os cinco aqui descritos, àqueles que se encontram em estágios anteriores de crescimento. O efeito de tal transferência tem sido extraordinário. Aquilo que algumas vezes exigia vários anos para ser realizado pelos amigos de um agrupamento pode agora ser aprendido de outro agrupamento em um período de tempo relativamente curto. Muitas vezes em questão de meses, segundo o Centro Internacional de Ensino, um padrão dinâmico de atividade, que reflita a ênfase idêntica colocada nos processos gêmeos de expansão e consolidação, pode ser estabelecido. Invariavelmente, os crentes tomam posse imediatamente do programa de crescimento e a unidade de pensamento é logo alcançada. À medida que começam a colocar em prática aquilo que aprenderam através de estudo nos cursos do Instituto, especialmente ao que diz respeito aos métodos diretos de ensino, eles vêem seus esforços confirmados e idéias preconcebidas a respeito de falta de receptividade definham. Seu comprometimento com o processo de crescimento se eleva a níveis cada vez mais altos à medida que são levados à tomada de decisão nas reuniões de reflexão. Os planos estabelecidos pelas instituições e agências servindo no agrupamento se tornam cada vez mais efetivos, conforme sua habilidade em interpretar a experiência adquirida pelos amigos é gradualmente aguçada. Eles são capazes de pensar estrategicamente, estabelecer prioridades e utilizar recursos criteriosamente. Além disso, identificam crentes capazes de ombrear responsabilidades adicionais na busca de planos e canalizam as energias de números crescentes no serviço à Causa. A comunidade se desenvolve à medida que amorosamente abraça novos crentes. Em suma, o processo de capacitação nos três protagonistas do Plano acelera à uma velocidade extraordinária. É este evolução que nos é mais gratificante e que nos dá a confiança de que o potencial do Plano de Cinco Anos há de se realizar.
A CASA UNIVERSAL DE JUSTIÇA Ridván de 2008
Londres Reino Unido A experiência do agrupamento de Londres é uma lição na mobilização de equipes de ensino e transformação de atitudes para a expansão da Causa que era considerada uma área “não receptiva”. Como muitas outras cidades grandes, durante muito tempo Londres foi considerada como um lugar especialmente difícil de ensinar – apesar do fato de um projeto de ensino direto realizado no distrito de Hackney entre 1992 e 1997 ter mostrado claramente a elevada receptividade entre populações afrocaribenhas, turcas e curdas. Infelizmente, o projeto careceu de meios adequados para aprofundar os bahá’ís recém-declarados e criar uma vida comunitária. Sem instrutores ativos suficientes e estratégias efetivas, apenas um punhado do significativo número de indivíduos e famílias que entraram na Causa desenvolveu uma vigorosa identidade bahá’í. Em 2001, no início do Plano de Cinco Anos, Londres foi dividida em sete agrupamentos. Um que apresentou especial perspectiva de crescimento foi o do oeste de Londres, que incluía a área do projeto Hackney. Após consultar com os conselheiros, as instituições e agências decidiram dar atenção às deficiências do projeto de ensino anterior, adotando uma abordagem tipo campanha para mobilizar recursos humanos e fazendo planos específicos que pudessem permitir a todo indivíduo disposto unir-se a um grupo de estudo e avançar rapidamente através da sequência dos cursos do Instituto. Desse modo, novos crentes iriam assumir imediatamente um senso de responsabilidade pelo progresso da Fé e eles próprios se tornariam instrutores ativos. Quando essa abordagem foi apresentada numa reunião de reflexão, a idéia de um esforço concentrado recebeu uma vigorosa
O Agrupamento num Relance ! Área de 1.610 quilômetros quadrados ! A maior cidade na Europa ocidental: população 7,5 milhões de habitantes ! Mais de 40 por cento dos habitantes pertencem a grupos “minoritários”, especialmente africanos, caribenhos e indianos ! Cidade subdividida em 33 distritos (administração distrital) ! A comunidade bahá’í conta com cerca de 1000 pessoas, sendo grande parte dos amigos de origem iraniana ! Assembléias Espirituais Locais em 29 distritos ! O segundo programa intensivo de crescimento da Europa (abril de 2005) ! A primeira bahá’í de Londres foi Mary Virginia Thornburgh-Cropper, um membro do primeiro grupo de peregrinos ocidentais em 1898 ! ‘Abdu’l-Bahá visitou Londres em 1911 e novamente em 1912-13 ! Local do sepultamento de Shoghi Effendi Vislumbres de Cinco Continentes – 9
resposta positiva. Em poucos meses, um grupo de cerca de 30 crentes, muitos deles jovens, havia engajado com êxito amigos da Fé em aulas para crianças, reuniões devocionais e visitas a lares na vizinhança. Esta experiência mostrou o caminho a outros agrupamentos de Londres nos quais os crentes estavam começando a ver o efeito transformador do processo do Instituto no trabalho de expansão e consolidação.
Preparando e Lançando o Programa Intensivo de Crescimento No início de 2005 foi tomada a decisão de amalgamar os sete agrupamentos de Londres em um único, cujos recursos combinados agora tornaram possível o lançamento de um programa intensivo de crescimento. O foco da primeira reunião de reflexão do novo agrupamento da Grande Londres, realizada em preparação para o lançamento do programa, foi duplo: realizar uma campanha de visita a lares e para identificar amigos, membros de famílias, vizinhos e colaboradores potencialmente receptivos. A base lançada nesse período preparatório mostrou-se decisiva ao sucesso dos ciclos iniciais do programa. A poucas semanas antes do lançamento do programa intensivo de crescimento, foi formado um esquema de coordenação no âmbito de agrupamento. Um dos Conselhos Bahá’í da Inglaterra, em consulta com os conselheiros, nomeou um Comitê de Ensino de Área composto de cinco amigos com experiência no processo do Instituto. Foi nomeado, então, um coordenador de instituto para o agrupamento, assim como o primeiro coordenador de aulas para crianças do agrupamento. O tempo era curto, e havia muito trabalho à frente. Para começar o programa, os amigos que haviam completado cursos do Instituto precisavam ser estrategicamente mobilizados. No passado houvera alguma experiência com buscadores nas atividades centrais, mas não na escala necessária. Haveria sucesso nos esforços de mobilização dos amigos no programa intensivo de crescimento? 10 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO
A emoção sentida pelos membros do Comitê de Ensino de Área estava mesclada com considerável ansiedade – sentindo-se enlevados pelo conhecimento de que eram apenas o segundo programa de crescimento em toda a Europa ocidental. Não haveria exemplos a serem seguidos. Os resultados do primeiro ciclo de atividades ultrapassaram muitíssimo as expectativas. Mais de 150 crentes participaram de alguma maneira na fase da expansão, uma realização notável considerando-se que anteriormente quão poucos se julgavam instrutores da Causa. A confiança dos amigos foi fortemente impelida e o espírito, na reunião de reflexão que contou com muitos participantes, estava elevado, determinado e arrebatado. O objetivo das instituições e agências que servem no agrupamento havia sido o de aumentar substancialmente o número de buscadores envolvidos em atividades centrais, aprender sobre o ensino e testemunhar algum crescimento. O número dos amigos da Fé envolvidos nas atividades centrais elevou-se dramaticamente de 40 para 133 e seis se declararam bahá’ís. Sem dúvida, as possibilidades de crescimento foram significativamente maiores do que o esperado. Mas, além dos resultados mensuráveis, estava claro que os amigos estavam se tornando cada vez mais audaciosos em entrar em contato com as pessoas, usando as ferramentas adquiridas nos cursos de treinamento do Instituto, tais como visitas a lares e equipes de ensino, para moldar seus esforços. À medida que o relato de suas vitórias ecoava em terras distantes, os amigos de Londres foram ainda mais confirmados em seus esforços.
Aprendendo sobre Equipes de Ensino Desde o início do programa intensivo de crescimento de Londres, as equipes de ensino desempenharam o papel de agente principal na impulsão do processo. Em geral, as equipes se focaram em convidar pessoas para as atividades centrais; que, certamente, os envolveu, em maior ou menor grau, em compartilhar a Mensagem. Muito trabalho foi realizado na preparação das primeiras equipes para o primeiro ciclo de atividades a fim de assegurar o sucesso. Como estrategistas militares mobilizando um exército, as agências do agrupamento, com o apoio dos membros do Corpo Auxiliar, começaram por analisar a lista de crentes que participavam do processo do Instituto, especialmente aqueles que haviam completado os Livros 6 e 7 do Instituto Ruhi, e identificando grupos de amigos que viviam razoavelmente próximos uns dos outros, os quais pudessem formar equipes de três ou quatro membros. Foi feito contato com um potencial coordenador para cada equipe e lhe foi perguntado acerca de possíveis membros e, através de tal processo de consulta, surgiram as primeiras equipes. O papel dos coordenadores de equipe posteriormente se mostraria essencial para assegurar o fluxo de informação, de informações, recursos e encorajamento, entre o grande número de pessoas que trabalhava no campo e as agências do agrupamento – um fluxo imprescindível para que esse exército de amantes inebriados de Bahá’u’lláh funcionasse adequadamente. Um simples esboço do que as equipes de ensino de fato fariam foi produzido e estudado, primeiramente com os coordenadores de equipes e depois com todos os membros. Os membros do Corpo Auxiliar tomaram a dianteira Vislumbres de Cinco Continentes – 11
deste trabalho e como havia pouca experiência na atuação como equipes de ensino e apenas uma experiência limitada com ensino individual, esses conceitos tiveram que ser cuidadosamente examinados. Os materiais visavam enfatizar sobretudo um ponto: a fase de expansão é um período para ensinar e ensinar com uma intensidade acima de qualquer tentativa anterior. Das 30 equipes formadas no primeiro ciclo, talvez 12 foram capazes de engajar seus contatos nas atividades centrais. Embora preocupado com as equipes menos efetivas, o Comitê de Ensino de Área foi aconselhado a ter confiança de que o aprendizado das mais ativas logo iria se estender para as outras – uma abordagem que foi comprovada pelo consistente crescimento no número de equipes efetivas de um ciclo a outro. As histórias das equipes durante a primeira semana, de superação de temores, realização de visitas bem sucedidas a lares para orações em conjunto, ensinando em pequenas reuniões de amigos, convidando colegas para reuniões devocionais – reforçaram muitas das idéias que eles haviam estudado anteriormente e fortaleceram seu apreço pelo novo modo de trabalhar. A emoção era palpável. Histórias inspiradoras eram coletadas e compartilhadas para encorajar outros. Elas foram também usadas em ciclos posteriores para aumentar o entendimento dos amigos através de reflexão sobre experiências reais. A confiança em ensinar a Fé às pessoas era algo que os crentes já sabiam ser uma mudança – de postura essencial ocorrida nos primeiros estágios do programa e que se desenvolveu em hábitos novos e mais efetivos nos ciclos subsequentes. Muitos crentes inicialmente se sentiam inibidos, achando que as pessoas em seus círculos imediatos não seriam receptivos. Através da experiência, no entanto, os instrutores perceberam que ao apresentarem a Fé de um modo natural, seus amigos, familiares, vizinhos e colaboradores respondiam positivamente com notável consistência. À medida que as equipes entraram no campo de ação, elas sentiram o poder instantâneo da oração e começaram a confiar nele cada vez mais – um hábito que foi vigorosamente encorajado pelas instituições, como um meio tanto para atrair a assistência divina como para manter em primeiro plano a natureza imensamente exaltada e espiritual do empreendimento. O plano para cada ciclo de atividade continua a incluir uma campanha especial de orações à qual todos são convidados a participar. 12 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO
Com até 50 equipes espalhadas através de mais de 30 comunidades em Londres, foi um desafio para as agências do agrupamento se manterem em contato com elas para apoiar seus esforços. No entanto, à medida que os membros do Comitê de Ensino de Área adquiriam experiência pessoal e eles mesmos se tornavam mais confiantes em sua abordagem para acompanhar os amigos em seus esforços a habilidade de trabalhar ombro a ombro com as equipes aumentou gradualmente, no decorrer dos ciclos. De igual modo, a habilidade e o entendimento das equipes também aumentou enquanto ganhavam experiência no campo. Pelo final do sexto ciclo, havia uma forte cultura de convidar amigos para o Livro 1 sem hesitação.
Círculos de Estudo como Ambientes para o Ensino Como em outros lugares, círculos de estudo ofereciam um ambiente fértil para o ensino, mas esse potencial só foi percebido gradualmente, à medida que os amigos superavam inibições para ensinar. A experiência demonstrou que muitas barreiras são removidas pelo estudo do Livro 6. Diversos amigos comentaram inclusive que seu modo de pensar era tão arraigado, que não haviam conseguido deixar suas inibições para compartilhar a Mensagem até terem servido algumas vezes como tutores do Livro. Além disso, alguns tutores conseguiram estabelecer um padrão de crescimento baseado nos cursos do Instituto. Estes crentes formam círculos de estudo e, após o término de cada curso, ajudam os buscadores a realizar a correspondente atividade central, com uma rede cada vez maior de amigos da Fé. Acompanhando os participantes deste modo através do estudo e prática dos Livros 1 a 7, eles estão aptos a multiplicar sistematicamente o número daqueles que têm a capacidade de ajudar outros a se tornarem instrutores dinâmicos da Causa. A história de um tutor ilustra o tipo de transformação que pode ocorrer.
VIDÁ facilitou seu primeiro círculo de estudo devido aos esforços de um membro da equipe de ensino que ainda não era declarado na Fé. O membro da equipe arranjou um círculo de estudo durante o dia para oito mães, das quais apenas duas eram bahá’ís, oferecendo-se para cuidar das crianças enquanto Vidá facilitava. Muito nervosa ao iniciar, com as novas participantes olhando para ela com muita expectativa, Vidá posteriormente confessou: “Eu podia ouvir meu próprio coração bater.” Apesar de seu nervosismo, as primeiras sessões foram bem; as participantes estavam entusiasmadas e sua confiança rapidamente começou a crescer. Através de seus próprios esforços e do membro do Corpo Auxiliar e dos coordenadores do agrupamento que a acompanharam ao campo, as habilidades de Vidá desenvolveram-se consideravelmente. De seu primeiro círculo de estudo com mães, naturalmente surgiu uma aula para crianças. Diversas participantes foram nutridas e abraçaram a Fé através de visitas a lares, reuniões de amigos e reuniões devocionais. Outras oportunidades de ensino apareceram enquanto esses indivíduos começaram o movimento através da seqüência de cursos e, por sua vez, ensinar a Fé, de modo que agora um padrão de crescimento havia surgido. Dois anos depois, Vidá está servindo como pessoa recurso – inclusive viajando a outros países onde os crentes encontram dificuldade com certas tarefas relacionadas com o crescimento, acompanhando os amigos em visitas a lares e ajudando-os a confirmar almas na Causa. E o membro inicial da equipe de ensino declarou-se formalmente na Fé no sétimo ciclo!
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Vislumbres de Crescimento Em conseqüência dos esforços realizados pelos crentes no agrupamento de Londres, o ritmo do ensino está constantemente ganhando ímpeto. A tabela abaixo fornece informações estatísticas relevantes desde o primeiro até o oitavo ciclo de atividade, que foi concluído em janeiro de 2008.
É digno de nota que 86 por cento dos novos crentes, jovens e adultos, ingressaram no processo de Instituto de treinamento, e quase metade desses são ativos no campo de ensino. Diversos deles se tornaram imediatamente membros de equipes de ensino – em alguns casos antes de se declararem formalmente – e são considerados alguns dos instrutores mais espontâneos. Sem antigos hábitos ou atitudes a serem descartados, eles consideram o treinamento como uma oportunidade para adquirir habilidades para efetivamente compartilhar a Mensagem que eles abraçaram, e assim respondem zelosamente a convites para continuar o estudo de outros cursos do Instituto. Algumas vezes, eles inclusive lembram carinhosamente ao ciclo de atividade durante o qual ingressaram na Fé!
Descentralizando Aulas para Crianças Antes do lançamento do programa intensivo de crescimento, muitas das crianças de famílias bahá’ís em Londres freqüentavam uma das “escolas comunitárias” semanais centralizadas, conduzidas em três localidades, às quais pais que viviam fora da cidade levavam seus filhos, e também somente uma ou duas crianças de famílias cujos pais não eram bahá’ís frequentavam essas escolas. Seguindo uma decisão da Assembléia Espiritual Nacional, tais escolas foram fechadas de modo que recursos pudessem ser focados na abertura de aulas na vizinhança que seriam abertas a todos. Foi um processo lento e algumas vezes difícil de transição, para uma cultura que dá importância em estender a educação bahá’í a crianças de todas as origens. No entanto, com a experiência, o valor de aulas na vizinhança ficou cada vez mais evidente e, conforme mostra a história a seguir, as crianças de famílias bahá’ís não somente estão desenvolvendo uma forte identidade bahá’í por intermédio das aulas, mas também estão se tornando agentes de crescimento de um modo completamente natural. Uma jovem mãe que foi nomeada como coordenadora de aulas para crianças durante o quinto ciclo, ganhou uma boa experiência em convidar crianças da vizinhança às suas aulas e em fazer seus pais passarem pela sequência dos cursos do Instituto. Ela viu a evolução dos amigos na compreensão da natureza das aulas bahá’ís para crianças e o lugar que elas ocupam no processo 14 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO
FLORENCE E ABIGAIL A sinceridade das crianças e sua habilidade natural de ensinar tornaramse evidentes quando Florence, uma das crianças bahá’ís, disse à sua amiga: “Não temos aula amanhã, porque é um dia sagrado.” Sua amiga, uma animada participante das aulas bahá’ís, disse à sua mãe que ela também gostaria de celebrar o dia sagrado. Perplexa, a mãe telefonou à professora de aulas para crianças, que lhe explicou que as crianças bahá’ís tinham a permissão de não ir à escola nesse aniversário sagrado do nascimento do Báb, um Manifestante de Deus. A mãe, que não era bahá’í nem participava de qualquer uma das atividades centrais, telefonou então à escola e deu permissão para que sua filha também guardasse o dia sagrado. Mãe e filha participaram da celebração do dia sagrado e a criança continua uma das crianças mais entusiásticas na aula, identificando-se firmemente como uma bahá’í. Abigail, de seis anos de idade, que também freqüentava aulas bahá’ís para crianças, decidiu realizar uma reunião devocional em casa para seus pais. Ela convidou-os a sentarem sobre almofadas que havia preparado e tocou algumas músicas. Quando o pai começou a ler sua oração antes da hora, ela explicou que eles deveriam ler suas orações um de cada vez, com uma pausa entre cada uma. A mãe de Abigail, que estava estudando o Livro 1 ficou muito comovida por essa experiência com sua filha e logo depois declarou sua fé.
de crescimento. Inicialmente, a consulta entre os bahá’ís tendia a girar em torno de se era prudente parar a escola dominical bahá’í centralizada. Depois, com o foco em trabalhar localmente, a consulta mudou para o aprendizado de como convidar crianças às aulas e o que dizer aos seus pais. Daí a consulta passou para a questão altamente prática de como trabalhar com as muitas crianças que freqüentavam as aulas. Como convidar os pais para atividades centrais foi a etapa seguinte. Neste ponto, a questão mais premente para os amigos é como convidar as almas receptivas dentre os pais para formalmente se declararem bahá’ís. A história dos esforços de uma mãe ilustra as tremendas possibilidades que se abrem diante daqueles que dão um passo adiante para dar aula às crianças. Das 15 aulas para crianças em Londres, 13 incluem crianças de famílias que não são bahá’ís – e os envolvidos estão engajados num intenso processo de aprendizado. À medida que se acumula experiência em formar grupos de préjovens, os coordenadores das aulas para crianças e grupos de pré-jovens estão percebendo que trabalhar junto assegura que essas duas atividades centrais reforcem uma à outra.
Olhando Adiante Oito ciclos, estendendo-se por dois anos e meio, testemunharam a declaração de 81 novos crentes em Londres. O efeito dessa realização nos membros das equipes de ensino, a maioria dos quais não tinha qualquer experiência anterior de seus amigos e familiares se tornarem bahá’ís, foi profundo. No entanto, mesmo com orações e esforços intensos não tem sido fácil acelerar mais o número de declarações em Londres. Vários desafios importantes devem agora ser encarados: elevar o número de instrutores efetivos; assegurar que na fase de expansão o ensino atinja o nível de intensidade necessário; apoiar adequadamente o trabalho das equipes; e, acima de tudo, aumentar a habilidade de identificar segmentos da população em geral com elevada receptividade à Mensagem de Bahá’u’lláh. Vislumbres de Cinco Continentes – 15
Até agora, as equipes de ensino reforçaram principalmente a iniciativa individual – ainda que em escala cada vez maior. A próxima fronteira de aprendizado é a ação coletiva no campo de ensino. No oitavo ciclo, a introdução de um esforço especial de ensino, visando populações receptivas em bairros selecionados, engajando algumas das equipes mais audaciosas e experientes, com um nível mais elevado de organização, coordenação e intensidade de ação, abriu novas perspectivas de crescimento. Quando ‘Abdu’l-Bahá visitou Londres em 1911, Ele disse aos amigos que foi a força de atração de seu amor que levou-O àquela cidade. Além disso, Ele disse: “No mundo da existência não há ímã mais poderoso do que o ímã do amor.”1 Hoje, enquanto os bahá’ís de Londres se esforçam em compartilhar a Mensagem Divina com as diversas almas que agora compõem a cidade, estão
JÚLIA começou uma aula regular para crianças com amigas de sua filha, cujas mães também estavam aprendendo sobre a Fé com ela, e elas mesmas aos poucos adquiriram a capacidade de dar aulas, superando obstáculos assim que se levantaram. Um dos desafios mais bem acolhidos foi aprender a convidar os participantes de seu círculo de estudo a abraçarem a Fé. Ela conta a história de uma dessas experiências: “Minha amiga e eu nos reunimos após a primeira seção do círculo de estudo do Livro 1. Ela tinha algumas perguntas e, enquanto consultávamos sobre elas, ela parecia estar tentando articular alguma coisa. ‘O que nos faz diferentes? Como é que você é bahá’í e... e eu não sou bahá’í? Qual é a diferença entre você e eu?’ Eu respondi que eu entendia que um bahá’í é alguém que aceita que Bahá’u’lláh trouxe a mensagem de Deus para hoje e que ser bahá’í é uma compreensão que vem do nosso coração. Em algum momento percebemos que cremos. Ela respondeu: ‘Mas eu creio nisso. Eu o percebi quase na primeira vez em que conversamos a respeito.’” Júlia acompanhou várias dessas mães ao longo do Livro 3 e mais adiante. Agora elas são bahá’ís conduzindo aulas para crianças e contribuindo vigorosamente ao processo de crescimento.
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conscientes de que seu sucesso está diretamente relacionado com o crescente ardor de seu amor todo-abrangente por seus concidadãos, que provêm de quase toda origem que se possa imaginar. Nos corações e mentes dos amigos ressoam profundamente as palavras do Mestre sobre a diversidade que Ele encontrou entre os bahá’ís de Londres: “Vós todos sois, de todas as raças e credos, membros de uma só família. Os ensinamentos de Bahá’u’lláh vos compelem a realizar a irmandade uns para com os outros.”2 No entanto, eles sabem também que só boa vontade não é suficiente, pois ‘Abdu’l-Bahá também advertiu-os: “Estas reuniões aqui em Londres são boas, o conhecimento e a intenção são bons, mas como pode haver resultado sem ação?”3 É através de seus infatigáveis esforços na estrutura operacional do Plano que os amigos nesse agrupamento encontraram os instrumentos efetivos para transmitir seu amor sempre crescente pela humanidade.
1- Palestras de ‘Abdu’l-Bahá – Londres, 1911. 1. ed. Mogi Mirim: Editora Bahá’í do Brasil, 2005, p. 68. 2- Ibid., p. 55. 3- Ibid., p. 42.
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Norte del Cauca Colômbia No final de outubro de 2007, os bahá’ís de Norte del Cauca realizaram uma reunião de reflexão que marcou o encerramento do décimo ciclo de atividades de seu agrupamento. O local de reunião ficou superlotado com cerca de trezentos adultos, jovens, préjovens e crianças que haviam vindo para se reunir numa alegre celebração e participar de uma consulta séria e disciplinada, da qual eles obteriam mais sustento espiritual. Assim que os amigos se dividiram em grupos, de acordo com a atividade central com a qual estavam envolvidos, as instituições e agências servindo o agrupamento sentiram um profundo senso de gratidão a Bahá’u’lláh, não somente pelo grande comparecimento, mas também pelo elevado nível de maturidade demonstrado por essas almas ativas e dedicadas. O processo de aprendizado a respeito de expansão e consolidação em Norte del Cauca remonta aos anos 1960, quando um pequeno grupo de bahá’ís de outras partes do país começaram a visitar a região. Os métodos de ensino evoluíram gradualmente. Isto os possibilitou a trazer grande número de pessoas à Fé e com o tempo desenvolveram uma abordagem sistemática para visitar os bahá’ís recém-declarados – agora refletido no Livro 2 do currículo do Instituto Ruhi – de modo a apoiá-los. Foi também durante esses anos iniciais que projetos de desenvolvimento sócio-econômico, que teriam um tremendo impacto sobre a região, começaram a ser estabelecidos. Particularmente significativos foram os iniciados pela organização de inspiração bahá’í, Fundación para la Aplicación y enseñanza de las Ciencias (FUNDAEC), empenhando-se para elaborar e implementar o conceito de uma universidade para desenvolvimento integral. Nos anos que se seguiram, as atividades de ensino tornaram-se cada vez mais
O Agrupamento num Relance ! Localizada na região sudoeste da Colômbia, imediatamente ao sul de Cali, a terceira maior cidade do país ! População de aproximadamente 235.000 habitantes ! A maior parte dos habitantes de descendência africana ! O Catolicismo é a religião, mesclado a tradições africanas, dando origem a sincretismo religioso ! Sete cidades semi-urbanas e várias dúzias de comunidades de vilas rurais, divididas em sete municipalidades, cujas populações variam entre 5.000 e 50.000 habitantes ! Região em que nasceu o Instituto Ruhi ! Longa história de aprendizado sobre expansão em larga escala, bem como projetos na área de desenvolvimento sócioeconômico, de inspiração bahá’í ! Originalmente cinco agrupamentos; fundidos em um só no final de 2004 ! Um dos primeiros agrupamentos a lançar o programa intensivo de crescimento na Colômbia (Fevereiro de 2005)
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sistemáticas, mas a meta de apoiá-las a partir do interior da própria área pela população local, permaneceu tênue. No devido tempo, o estabelecimento do Instituto Ruhi se mostraria crucial em levantar recursos humanos para esse propósito. Em seus estágios iniciais, no entanto, o Instituto concentrou muito seus esforços em trazer jovens de toda a Colômbia a um central de treinamento, freqüentemente no contexto de um programa de ano de serviço, de onde eles se espalhariam por todo o país para trabalharem em aldeias, realizando aquilo que hoje conhecemos como atividades centrais. Essa prática começou a mudar no início do Plano de Quatro Anos em 1996, quando a orientação da Casa Universal de Justiça irradiou nova luz sobre a experiência bahá’í com expansão e consolidação no mundo todo. Os anos subseqüentes finalmente levaram o desenvolvimento interno de recursos humanos até as bases que se ansiava há longo tempo. Em 2005, 812 pessoas completaram o Livro 1 da seqüência de cursos, 208 amigos foram treinados como professores de aulas para crianças, 81 indivíduos completaram o Livro 6 e outros 45 estavam servindo ativamente como tutores de círculos de estudo. A partir de uma posição vigorosa como essa, os amigos do agrupamento lançaram seu programa intensivo de crescimento, e os anos que se passaram desde então anunciaram uma nova fase na história da Fé na região. Mais de 1.500 pessoas em Norte del Cauca se uniram agora à comunidade bahá’í, aumentando a população para 4.300, incluindo crianças, jovens e adultos. Embora ensinar a Fé nunca tenha sido difícil na região, o que faz a diferença agora é a capacidade do agrupamento de equilibrar e sustentar os complexos elementos de um programa de crescimento. No decorrer de três anos de contínua atividade, os crentes adquiriram uma maior consciência de sua responsabilidade de contribuir para a criação das características ímpares da vida comunitária bahá’í – uma consciência que está evidente no seu grau de entusiasmo; em sua preocupação em educar as crianças e pré-jovens; em seu desejo de receber treinamento para realizar atos de serviço; na medida de sua participação nas 20 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO
Festas de Dezenove Dias, na observância dos Dias Sagrados, e reuniões devocionais; e em sua ânsia de contribuir para os fundos da Fé. Não foi fácil chegar até esse ponto. Exigiu intensa atividade, pontuada por muitos momentos de labuta, assim como de arrebatamento. Muitas vezes, os planos e esquemas organizacionais necessitaram de ajuste quando os resultados ficavam aquém das expectativas, e as condições de vida na região apresentavam contínuos desafios aos crentes.
Desenvolvendo Recursos Humanos Apesar da longa história de ensino em Norte del Cauca, os primeiros ciclos do programa intensivo de crescimento careceram de ênfase na expansão e a atenção se concentrou primariamente em envolver uma maior quantidade de pessoas da população bahá’í no processo do Instituto. Os 45 primeiros amigos disponíveis para servir como tutores estavam aptos a atender quase 400 pessoas no estudo da sequência de curso, e a proporção se manteve nos ciclos subsequentes. No entanto, a mobilidade da população no agrupamento, especialmente dos jovens, que freqüüentemente migram para as cidades para encontrarem trabalho, tornou difícil aumentar os recursos humanos residentes na região, conforme indicado na tabela abaixo. De fato, um número substancial daqueles que completaram a seqüência dos Livros não se reflete na tabela, pois eles já deixaram o agrupamento há tempos.
O desafio de trabalhar com uma população tão móvel exigiu que os coordenadores do agrupamento fossem flexíveis em sua abordagem. A maioria dos participantes faz os cursos em círculos de estudo, mas também têm acesso a sessões intensivas de dois ou três dias, oferecidas em diversos locais nos finais de semana, especialmente para os cursos mais avançados da seqüência. Os envolvidos em círculos de estudo, algumas vezes em coordenação com outros grupos que trabalham com o mesmo material, também são encorajados a organizar períodos de estudo intensivo durante uma tarde, um dia inteiro, ou um final de semana. Essa combinação permite que o sistema de ensino se adapte à disponiblidade dos participantes. As histórias de duas jovens, Rosa Elena e Mônica, ilustram como as agências que atuam no agrupamento aprenderam a sistematicamente identificar, preparar e mobilizar indivíduos que se tornaram recursos humanos vitais. Vislumbres de Cinco Continentes – 21
ROSA ELENA A atual coordenadora do agrupamento para grupos de pré-jovens é Rosa Elena, uma jovem nativa da região que participou de aulas bahá’ís para crianças e depois de um grupo de pré-jovens em Chalo, uma pequena comunidade com população de 1.200 habitantes. Durante o período do primeiro Plano de Cinco Anos, ela estava estudando a seqüência de cursos do Instituto. Quando se iniciaram os primeiros ciclos do programa intensivo de crescimento em Norte del Cauca, Rosa estava oferecendo um ano de serviço com uma amiga de sua comunidade, em um ponto distante do país. Quando elas voltaram, as duas começaram a estudar educação rural no Centro Universitário da FUNDAEC. Logo o coordenador de grupos de pré-jovens identificou Rosa Elena como alguém com capacidade de apoiar as atividades do Instituto, especialmente grupos de pré-jovens. Como um primeiro passo, o coordenador ajudou Rosa a formar seu próprio grupo em Chalo, acompanhando-a enquanto ela convidava participantes e visitava seus pais. Desde então, Rosa começou a acompanhar outros na formação de novos grupos. Durante meses, ela trabalhou em estreita colaboração com o coordenador para adquirir as habilidades necessárias para coordenar as atividades de pré-jovens do agrupamento e de treinamento de monitores. Quando o coordenador anterior dos pré-jovens retirou-se durante o sétimo ciclo, Rosa Elena foi capaz de assumir a coordenação além de continuar seus estudos.
MÔNICA é uma jovem que vive na pequena comunidade de Yarumales. Ela ouviu pela primeira vez sobre a Fé Bahá’í quando a coordenadora de aulas para crianças, que procurava por bahá’ís da localidade que pudessem ser encorajados a iniciar aulas para crianças, chegou por engano à sua casa. Todos os amigos que a coordenadora se propôs a visitar, ou haviam se mudado ou não estavam disponíveis, mas Mônica demonstrou interesse na sua descrição de aulas para crianças e respondeu positivamente à oferta de trabalhar com ela para iniciar uma aula. Com o auxílio da coordenadora, Mônica rapidamente foi capaz de estudar os Livros necessários da seqüência do Instituto e adquiriu experiência prática em dar aulas. Semanas depois, Mônica estava dando aula em Yarumales por iniciativa própria. Vendo seu grande interesse em educação, a coordenadora encorajou Mônica a se inscrever no programa de profissionalização em educação rural no Centro Universitário FUNDAEC. No decorrer do primeiro semestre de seus estudos Mônica declarou sua crença em Bahá’u’lláh e tornou-se ativamente envolvida nas atividades bahá’ís do agrupamento. Ela continuou seus estudos na seqüência de cursos e agora está trabalhando com o Instituto, acompanhando outros nos seus esforços em formar e manter aulas para crianças. A cada duas segundas-feiras, ela e algumas outras pessoas estudam com coordenadores do Instituto e consultam sobre seus esforços para apoiar o crescimento das atividades do Instituto. A vitalidade da fé de Mônica contagiou aqueles que a cercam, e nos últimos ciclos de atividade, a mãe de Mônica e todos os seus irmãos se tornaram bahá’ís.
Mobilizando os Amigos para Ensinar Quando o programa de crescimento em Norte del Cauca foi lançado em 2005, alguns acreditavam que a receptividade da população local havia diminuído desde os anos 1960 e 70, e isto, eles pensavam, era a causa da lentidão com que a expansão avançava. No entanto, à medida que as atividades evoluíam e aqueles a quem a Fé era ensinada respondiam com entusiasmo, esta falsa idéia se dissipou. Na verdade, a experiência mostrou que as pessoas não somente continuavam receptivas, mas a Fé Bahá’í era vista com admiração, pois no decorrer dos anos sua influência havia sido positiva na região. 22 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO
Embora a receptividade permanecesse elevada e os antigos métodos de ensino ainda fossem efetivos, as instituições e agências que serviam no agrupamento logo perceberam que a magnitude do trabalho exigia uma abordagem mais focada do que jamais fora adotada antes. Eles precisavam aprender como os amigos poderiam melhor ser mobilizados para executar campanhas regulares de ensino durante a fase de expansão de cada ciclo, e como novos bahá’ís poderiam ser rapidamente incorporados à vida comunitária. Depois de uma série de ajustes nos planos e nas atuações, baseada no aprendizado prático, arranjos organizacionais viáveis emergiram. Atualmente, em toda comunidade local em que se programa uma campanha de ensino, uma pessoa é escolhida para organizar as atividades. Ele ou ela é auxiliada por um ou dois amigos que são nomeados, a cada ciclo como coordenadores de campanha a nível de agrupamento. Esses coordenadores identificam um grupo núcleo de instrutores para cada comunidade, consistindo tanto de instrutores ativos que residem na própria localidade como outros de diferentes partes do agrupamento. Aqueles que se oferecem nas reuniões de reflexão para participar da atividade são acrescentados a esse grupo núcleo. As informações relacionadas à campanha – os nomes dos instrutores que participam a cada dia, o número dos indivíduos visitados, e os nomes daqueles que se declaram – são registradas pelos coordenadores num caderno, que é passado ao Comitê de Ensino de Área. Ao final da fase de expansão, todos aqueles que participaram reúnem-se para celebrar o resultado dos esforços de ensino, compartilhar histórias e refletir sobre seus sucessos e os desafios encontrados. No ciclo mais recente 90 pessoas estiveram presentes nessa reunião. Com a abordagem atual, uma equipe de ensino de dois a três membros faz uma visita previamente combinada a um lar. Equipada com um álbum, considerado como um precursor de uma apresentação mais ampla no Livro 6, os membros da equipe levam cerca de trinta minutos a uma hora para explicar os aspectos essenciais da Fé a seus anfitriões. Uma vez que eles esperam criar uma relação espiritual íntima com aqueles com quem conversam, sempre se reserva um tempo para perguntas e conversação. Ao final, depois de haver explicado o que significa ser bahá’í, os instrutores perguntam aos presentes se desejam fazer parte da comunidade bahá’í local. A maioria dos crentes do agrupamento aceitaram a Fé em consequência deste convite. Vislumbres de Cinco Continentes – 23
Os indivíduos visitados não são estranhos à comunidade bahá’í, No início de cada ciclo, os coordenadores da fase de expansão, trabalhando com as agências do agrupamento, fazem uma lista dos nomes de indivíduos sugeridos por bahá’ís do agrupamento – muitos dos quais são pais de crianças que frequentam aulas para crianças ou grupos de pré-jovens, ou são amigos da Fé que participam de reuniões devocionais e círculos de estudo. Na média, uma de cada três pessoas a que se ensina a Fé aceita-a e a maioria do restante se mantém interessada. Os crentes reconhecem que esse sucesso depende, em grande parte, da elevada carga de espiritualidade da atmosfera da campanha. O número médio de pessoas que atualmente participam do esforço coletivo de ensino durante mais de dois dias em cada ciclo é em torno de 90. Outros ensinam como indivíduos ou participam num período mais curto. A tarefa que segue imediatamente a fase de expansão é a de cuidar das necessidades dos bahá’ís recém-declarados. Isto é feito em grande parte através de círculos de estudo, grupos de pré-jovens, aulas para crianças e reuniões devocionais, bem como através de visitas organizadas sistematicamente a lares, durante a fase de consolidação de cada ciclo. A maioria de tais visitas é feita por aqueles que estudam o segundo Livro da sequência de cursos e geralmente se espera que quando os novos crentes tiverem recebido cinco visitas a lares, comecem a se sentir integrados à comunidade. Embora haja uma duradoura tradição de visitas a lares na região, o número de famílias visitadas em cada ciclo – entre 80 e 95 – ainda não é suficiente. Esforços para aumentar esse número estão em andamento. Em cada ciclo, o Comitê de Ensino de Área reserva um dia dedicado a visitas, encorajando os membros da comunidade para assumirem um compromisso pessoal para continuarem a visitar famílias e indivíduos durante o resto do ciclo. No entanto, a experiência sugere que fazer tais visitas uma característica distintiva da vida comunitária bahá’í irá requer tempo enquanto os amigos são gradualmente auxiliados em seus esforços para entender melhor a dinâmica desta atividade. Talvez o que se tem mostrado mais efetivo sejam os esforços feitos para formar círculos de estudo com aqueles que ingressam durante a fase de expansão. Um novo crente, trabalhando com o coordenador do Instituto, ou com alguém
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que pode atuar como tutor, é encorajado a fazer uma lista de amigos, familiares e vizinhos que possam se interessar em participar dessa atividade. Faz-se um convite a eles para conhecerem o programa do Instituto, e então forma-se um círculo de estudo com aqueles que expressarem o desejo de participar. Muitas vezes um grupo desse tipo avança junto estudando diversos cursos. No agrupamento Norte del Cauca, isto se tornou um meio tanto para levantar novos recursos humanos como para expandir sistematicamente a lista dos amigos da Fé, criando a dinâmica que perpetua o crescimento.
Multiplicando Atividades Centrais A ênfase colocada no componente prático dos cursos do Instituto, como uma parte integrante de seu estudo, tem tido um efeito considerável na multiplicação de círculos de estudo, reuniões devocionais, aulas para crianças e grupos de pré-jovens. Igualmente importantes são os esforços exercidos para acompanhar os amigos quando eles começam a conscientemente trilhar o caminho de serviço à Causa. Quando se faziam as primeiras tentativas de expandir o número de reuniões devocionais no agrupamento, um membro do Comitê de Ensino de Área visitava sistematicamente indivíduos que haviam completado o primeiro Livro da seqüência e fazia um seminário para todos aqueles que estavam interessados em iniciar sua própria reunião devocional. Ela ainda os munia de materiais, ajudava-os a prepararem listas de pessoas que poderiam convidar e trabalhava em estreita colaboração com cada anfitrião. À medida que o número de reuniões devocionais cresceu para além da capacidade de uma pessoa coordenar dessa maneira, o Comitê de Ensino de Área começou a pensar nas atividades do agrupamento em termos de quatro rotas. Agora, os anfitriões de reuniões devocionais de comunidades em cada rota recebem visitas numa determinada semana e, em algumas comunidades, indivíduos servem como pessoas de contato para auxiliar outros a iniciarem reuniões devocionais. O contato regular com pessoas-chave nas rotas tem ajudado a identificar crentes com potencial para organizar atividades para o agrupamento. E dessa maneira, está se desenvolvendo um sistema para apoiar anfitriões em diversas comunidades sem que haja envolvimento direto do membro do Comitê de Ensino de Área em cada uma. Entre as lições mais essenciais recentemente aprendidas é que reuniões devocionais formadas em torno de famílias são mais regulares e duradouras do que as organizadas por círculos de estudo ou grupos de pré-jovens. A tabela abaixo mostra o constante crescimento na participação desta atividade no decorrer de vários ciclos.
O número de aulas para crianças se aumentou com o trabalho direto com professores nas suas próprias vilas. Conforme mostrado na história de Monica, quando a coordenadora de aulas para crianças identifica indivíduos, com especial interesse ou a capacidade de ensinar em aulas para crianças, ela faz um esforço especial em ajudá-los a avançar rapidamente através dos cursos necessários do Vislumbres de Cinco Continentes – 25
Instituto. Ela também os acompanha em seus esforços para identificar crianças que participem de suas aulas, visitar seus pais, e dar algumas de suas primeiras aulas. Ela então continua a ajudar provendo materiais, apoio e treinamento adicional aos professores. Quando pela primeira vez se as aulas são oferecidas numa localidade, muitas começam com grande número de crianças – na verdade, algumas vezes grandes de mais – mas isso acaba se estabilizando. A natureza da vida na região é tal que desde o início do programa intensivo de crescimento, o número total de participantes tem flutuado, como se pode ver na tabela abaixo. No entanto, o número de participantes regulares está crescendo gradualmente, e a comunidade bahá’í está apta agora a atender às necessidades educacionais de cerca de 1500 crianças. O desafio atual é alcançar um ponto em que haja aulas separadas para cada faixa estária em cada vila.
A longa experiência em trabalhar com a jovens de 12 a 15 anos de idade, em Norte del Cauca, contribuiu significativamente para sua entusiástica participação em grupos de pré-jovens e o número de tais grupos quase dobrou desde os primeiros ciclos de atividade. As instituições e agências no agrupamento estabeleceram uma meta de ter, um total de 1.000 pré-jovens sendo beneficiados pelo programa de capacitação espiritual, em um ou outro de seus três níveis até o final do atual Plano de Cinco Anos. Tendo experimentado diversas maneiras de administrar esta atividade central, o coordenador de pré-jovens atualmente trabalha em estreita cooperação com diversos colaboradores, que acompanham aqueles que servem como monitores em diferentes comunidades do agrupamento.
Um Empreendimento Espiritual Voltando para a alegre atmosfera da reunião de reflexão do Norte del Cauca, fica claro que os crentes de fato têm algo maravilhoso para celebrar. É a realização de um sonho antigo e profundamente acalentado pela sua região: aprender a desenvolver sistematicamente a capacidade dos amigos que lá vivem – a capacidade de administrar uma complexa rede de coordenadores que acompanham centenas de professores de aulas para crianças, monitores de grupos de pré-jovens, tutores de círculos de estudo e equipes de ensino; a capacidade de tomar decisões através de um processo de ação e reflexão que dá à estrutura organizacional do agrupamento um elevado grau de flexibilidade e possibilita correções e ajustes a serem feitos nos planos quando surgem dificuldades; a capacidade de converter uma visão de realidade em ação coerente e consistente, que está conduzindo a comunidade bahá’í a níveis de crescimento substanciais e sustentáveis. Tudo isso prenuncia ainda mais motivo para celebração nos anos vindouros. 26 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO
Mas os bahá’ís de Norte del Cauca estão profundamente conscientes de que estes desenvolvimentos, por importantes que sejam, representam apenas as manifestações exteriores de um empreendimento espiritual de longo alcance no qual eles estão engajados – este empreendimento, através dos 30 anos que eles tem seguido este caminho, gradualmente impregnou a cultura de sua comunidade de senso de propósito e uniu-os profundamente. Eles compreendem perfeitamente as forças da desintegração em ação no mundo. Eles as vivem no contexto da sociedade colombiana e percebem claramente a imensa necessidade por transformação convocada pelos ensinamentos bahá’ís. Seu desenvolvimento espiritual moldou seu avanço intelectual até o ponto em que sua análise e entendimento das estruturas e das forças que moldam a sociedade estão agora exercendo influência na comunidade onde eles vivem. Sua conversa é a conversa espiritual que flui das Escrituras, das citações profundamente enraizadas em suas memórias e corações, dos conceitos trabalhados nos cursos do Instituto, e dos atos de serviço em que estão engajados. Eles estão conscientes da Mão Divina que guia e sustenta seus esforços. Sabem onde estão. Sabem para onde estão se dirigindo. E sabem que ao se manterem firmemente alinhados com a guia da Casa Universal de Justiça, haverão de chegar lá.
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Bihar Sharif Índia Respondendo a um apelo para amigos treinados através do processo do Instituto de auxiliarem certas comunidades no agrupamento Bihar Sharif na Índia, Shravan decidiu dedicar sua atenção a Palni, uma aldeia virtualmente sem qualquer atividade bahá’í, situada cerca de quatro quilômetros de sua casa em Tetrawan. Shravan, já servindo ativamente como tutor em sua própria comunidade, começou a visitar Palni semanalmente, mas se deparou com uma fria recepção. As pessoas estavam desconfiadas de suas intenções, perguntando: “O que você ganha com isso?” e “Como vamos ser beneficiados fazendo o que você está nos pedindo?” Ainda assim, Shravan persistiu e finalmente conseguiu estabelecer um círculo de estudo. Embora continuasse a ser tratado com desconfiança, ele visitava a aldeia regularmente e trabalhava com os participantes do círculo de estudo. Então chegou a estação das monções. O córrego que separa Tetrawan de Palni transbordou e a única maneira de atravessá-lo era caminhando através da água que chegava a altura do peito – e foi o que Shravan fez. Quando os aldeões viram o grau de seu comprometimento, sua atitude abrandou. O sucesso do círculo de estudo, juntamente com seu espírito de devoção e serviço, atraiu muitas pessoas à Fé em Palni, que agora possui uma vibrante comunidade com cinco reuniões devocionais e duas aulas para crianças. Os esforços de Shravan também inspiraram outros bahá’ís de sua aldeia natal a se tornarem mais envolvidos em atividades centrais. Uma participação tão ativa e repleta de sacrifício contrasta de forma marcante com a apatia que permeava a região há apenas uma década e meia. A comunidade bahá’í de Bihar Sharif foi transformada pela raiz através de ações de indivíduos tais como
O Agrupamento num Relance ! Localizada no estado de Bihar Sharif no nordeste da Índia ! População: 1,2 milhão de habitantes ! Predominantemente rural ! 1.200 aldeias, com população média de 1.000 habitantes ! Dois municípios: Bihar Sharif e Rajgir ! Panchayat é a unidade administrativa civil básica para grupos de 10 aldeias ! Economia primariamente baseada na agricultura e no trabalho rural ! Fé Bahá’í introduzida na região nos anos 50 ! Lugar dos primórdios da expansão e consolidação em larga escala ! Entre os primeiros agrupamentos da Índia a lançar um programa intensivo de crescimento (Março de 2005)
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as de Shravan, capacitados através dos esforços unificados das instituições e agências do agrupamento. Mas, além disso, o que é mais digno de nota é a capacidade que a comunidade desenvolveu em administrar grande número de atividades e acolher em seu caloroso abraço um crescente número de buscadores.
Primeiros Passos no Caminho de Crescimento Sustentável Bihar Sharif era um dos muitos lugares que vivenciou a expansão em larga escala na Índia nos anos 1960. A Fé foi introduzida na região na década de 1950 por uma dinâmica senhora chamada Rasoola, que ensinou a Fé e serviu à Causa com constância mesmo enfrentando perseguição e boicote social. Durante aqueles anos de ensino intensivo, os esforços locais eram apoiados por instrutores visitantes. Projetos de ensino bem sucedidos abriram muitas aldeias à Fé e um grupo cultural jovem viajava de aldeia em aldeia, proclamando a Mensagem de Bahá’u’lláh através de canções e teatro. Escolas de verão e de inverno, juntamente com cursos no Instituto Permanente de Ensino serviam como veículos primários de consolidação e, embora inicialmente gerassem entusiasmo entre os participantes, não aumentaram a capacidade dos amigos de se engajarem num processo de crescimento sustentável. Na década de 1990 a região testemunhou um declínio gradual mas constante na atividade bahá’í. Os esforços de aprofundamento não estimulavam nem satisfaziam as necessidades dos bahá’ís; as instituições de âmbito estadual não conseguiam apoiar as comunidades, o que levou a uma perda de foco, e muitos crentes ativos deixaram a região por motivos econômicas e outros. O revigoramento de Bihar Sharif foi alcançado através de uma seqüência de passos. No ano de 2000 foram estabelecidas aulas para crianças por alguns jovens que completaram os três primeiros livros do Instituto Ruhi em um estudo intensivo. No ano seguinte, foi criado e implementado um plano simples para oferecer cursos do Instituto em três comunidades, impulsionando o processo do Instituto na região.
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O processo foi ainda mais fortalecido em 2002, quando foram iniciados os primeiros círculos de estudo por um grupo de amigos treinados em uma campanha regional para atuar como tutores. Em seguida foi introduzida a reunião de reflexão. Como instrumento primário para acelerar o crescimento em Bihar Sharif, a reunião de reflexão proveu o foro para cursos do Instituto localmente e para compartilhar experiências, especialmente entre aqueles que serviam como tutores; eles galvanizaram crentes como Shravan à ação, encorajarem seu entusiasmo, e fortaleceram seu senso de posse do processo de crescimento que foi iniciado. Logo, todas essas iniciativas começaram a dar frutos. Houve um aumento gradual no número de aulas para crianças, e foi dado inicio a atividades dirigidas aos pré-jovens. As reuniões devocionais foram reconhecidas não somente como ocasiões para elevação espiritual das almas mas também como portais para o crescimento, e uma campanha especial para multiplicar seu número proporcionou um maior ímpeto ao crescimento no agrupamento. Os que participavam de reuniões devocionais começaram a fluir incessantemente a círculos de estudo e visitas regulares de membros do Corpo Auxiliar e coordenadores do Instituto à região ajudaram a manter um elevado grau de motivação entre aqueles que serviam como tutores. Finalmente, um esquema de coordenação em âmbito do agrupamento tomou forma com a nomeação de um coordenador de Instituto para o agrupamento e um Comitê de Ensino de Área servido com um secretário a tempo integral. Isso contribuiu imensamente para uma multiplicação adicional no número das atividades centrais e houve crescimento sustentável em círculos de estudo desde os meados de 2003. Em 2004, as condições para o lançamento de um programa intensivo de crescimento pareciam propícias, com 56 indivíduos tendo terminado o Livro 7, 42 reuniões devocionais, 11 aulas para crianças, 13 grupos de pré-jovens e 8 círculos de estudo. Entretanto, o ciclo de atividades inicial falhou na realização da maioria de seus objetivos. Seguido de reflexão e consulta, os amigos decidiram tentar novamente. Seu novo plano era mais estratégico. Eles identificaram diversas comunidades que receberiam enfoque especial durante o ciclo seguinte e as classificaram de acordo com sua força e potencial. Membros das agências do agrupamento visitaram essas comunidades para trazer a tona sua participação. Vislumbres de Cinco Continentes – 31
O novo ciclo, que passou a ser considerado como o primeiro do agrupamento, foi então lançado através de uma série de reuniões de orações nas comunidades. Embora o planejamento para esse novo ciclo tenha sido melhor, foi excessivamente longo – sete meses – e houve pouca diferenciação entre as fases de expansão e consolidação. Uma aceleração no crescimento ocorreu finalmente durante o segundo ciclo oficial, quando as agências começaram a avaliar a capacidade das comunidades do agrupamento, bem como a receptividade da população local, revendo informações estatísticas relevantes do ciclo anterior. A partir desse tipo de análise, os amigos do agrupamento aceitaram a visão de integrar 1.000 novos participantes em atividades centrais a cada ano, dando ênfase no crescimento do número de aulas para crianças e grupos de pré-jovens – visão que estão gradualmente transformando em realidade.
Construindo um Padrão de Crescimento Sustentável No decorrer de oito ciclos de um programa intensivo de crescimento, os amigos de Bihar Sharif avançaram consistentemente em seu aprendizado de como administrar expansão e consolidação em larga escala, pois a população bahá’í no agrupamento cresceu de cerca de 1200 pessoas quando do lançamento para mais de 2100 em dezembro de 2007. No processo, as agências do agrupamento desenvolveram a capacidade de lidar com desafios relacionados com a administração de assuntos de grande quantidade de pessoas. Equipes Efetivas de Ensino. Durante os ciclos, houve crescimento constante no número de amigos que ensinam por iniciativa própria e que participam de equipes de ensino, bem como o número de comunidades abertas à Fé através de seus esforços. Com o apoio dos membros do Corpo Auxiliar e agências do agrupamento, as equipes agora ensinam intensiva e sistematicamente durante a fase de expansão, e o crescente alinhamento de suas abordagens com as habilidades adquiridas durante o processo do Instituto aumentou sua confiança. As equipes tem sido cada vez mais bem sucedidas em convidarem buscadores para atividades centrais, e mais de 70 por cento dos novos crentes adentraram o processo do Instituto. Visitas aos lares têm encontrado um novo propósito além de aprofundamento: elas se tornaram uma poderosa ferramenta de ensino nesse ambiente rural, e os indivíduos e famílias que são visitadas em seus lares por uma equipe de ensino, geralmente entram em uma atividade central na segunda visita. 32 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO
Capacitando Mulheres. Historicamente, a percentagem de mulheres na comunidade bahá’í dessa região da Índia tem sido pequena, cerca de 10 a 15 por cento, a despeito de muitos programas que durante anos foram conduzidos para tratar do desequilíbrio. No agrupamento de Bihar Sharif, no entanto, os esforços para atingir as mulheres – com o auxílio da formação de uma equipe especial de ensino – têm sido muito efetivos. A proporção de mulheres naquela comunidade bahá’í chegou a mais de 40 por cento e a confiança com que elas participam das atividades é evidente pelo fato de serem diretamente responsáveis por cerca de 25 por cento das atividades centrais do agrupamento. As mulheres agora se asseguram de que seus filhos participam de aulas para crianças e as mulheres jovens estão se levantando para servir como monitoras de grupos de
SARITA, ANITA E KIRAN Para enfrentarem o desafio da pequena participação das mulheres nas atividades bahá’ís em Bihar Sharif, um pequeno número delas, de diferentes partes do agrupamento, foram rapidamente preparadas para atuarem como tutores e auxiliadas a iniciar círculos de estudo com outras mulheres. Uma delas era Sarita que, depois de completar o estudo do Livro 7, fez algo que, devido a práticas culturais e sociais existentes em Bihar, chegou às fronteiras do heroísmo: ela foi à sua aldeia paterna de Daryapur e começou a ensinar a Fé naquele lugar. Ela ia lá regularmente e logo formou um círculo de estudo para mulheres, acompanhando 16 das participantes na seqüência de cursos. Ela continua a visitar a comunidade, levando às suas novas irmãs espirituais seu amoroso apoio enquanto elas se engajam nas atividades centrais. Outra mulher, Anita, foi tão inspirada pelo círculo de estudo que frequentou numa aldeia próxima, que pediu à sua tutora para visitar sua própria aldeia. À medida que avançava na seqüência de cursos, Anita auxiliava a tutora a trabalhar com um grupo de mulheres e apoiá-las a realizar atividades centrais – o que propiciou o crescimento de uma comunidade na qual a grande maioria dos adeptos são mulheres. Kiran, uma entusiasmada jovem mulher de Rajgir, que foi treinada como monitora de grupos de pré-jovens, começou um grupo em uma escola. A iniciativa mostrou-se popular, mas provocou oposição. Ela enfrentou este desafio, procurando chegar ao diretor e explicar-lhe a natureza e o propósito do programa, sendo que depois a escola deu seu completo apoio incondicional.
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pré-jovens, tornando-se exemplos para os mais novos com os quais trabalham. As histórias abaixo ilustram a forma como três mulheres do agrupamento avançaram corajosamente para colocar em prática o conhecimento, as habilidades e as percepções que adquiriram com o estudo dos cursos do Instituto. Elevando o Número de Reuniões Devocionais. As reuniões devocionais foram logo identificadas como chave para o crescimento da Fé no agrupamento Bihar Sharif e, assim, iniciou-se uma campanha para multiplicar o número dessa atividade central com a ajuda de 50 amigos que haviam completado o Livro 1. Eles receberam visitas, para ajudá-los a entender os elementos básicos de reuniões devocionais e encorajar sua participação na campanha. Anfitriões voluntários e apoiadores foram recrutados e lhes foram fornecidos materiais, como fitas cassete de áudio com orações bahá’ís. Em conseqüência disso, o número de reuniões devocionais subiu de 8 para mais de 50. Este rápido crescimento teve vários efeitos positivos: a vida da comunidade bahá’í foi enriquecida e buscadores foram colocados em contato com os Versículos Sagrados; desenvolveu-se uma abordagem sistemática para o trabalho com buscadores, sendo que a partir da participação em reuniões devocionais muitos avançaram para círculos de estudo e finalmente declararam sua fé; a participação de mulheres e crianças nas atividades bahá’ís aumentou; e a Mensagem de Bahá’u’lláh foi amplamente difundida no agrupamento. No decorrer dos ciclos, as reuniões devocionais em Bihar Sharif continuam a evoluir e a se expandir. Organizadas em harmonia com a cultura local, tais reuniões são caracterizadas por decoração floral, música e lanches simples. Elas têm inspirado os amigos, em muitos casos pela primeira vez, a recitarem e memorizarem orações e seleções das Escrituras Bahá’ís. No oitavo ciclo havia 190 reuniões devocionais regulares, com 1520 participantes.
Desenvolvendo Capacidade na Próxima Geração A capacidade das agências do agrupamento de Bihar Sharif em administrar os afazeres de grande número de pessoas é melhor demonstrada através do programa de educação moral e espiritual para crianças e pré-jovens, que hoje
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juntos englobam cerca de 1600 participantes com cerca de 900 crianças em 65 aulas e perto de 700 pré-jovens em 55 grupos. Embora os amigos do agrupamento tivessem alguma experiência em conduzir aulas para crianças, o programa para pré-jovens era completamente novo. As condições dessa região geográfica criam um ambiente receptivo para a nutrição espiritual oferecida pelos bahá’ís. Bihar é um estado econômicamente debilitado, com mais de 50 porcento da população vivendo abaixo da linha da pobreza e o índice de analfabetismo é um dos mais altos do país, 60 porcento. Escolas de aldeias, em geral, têm dois ou três professores para 200 a 300 alunos em todos os oito anos, e estudantes que queiram continuar sua educação além desse nível têm que viajar a outros lugares. A maioria dos habitantes é hindu , embora 15 porcento da população seja muçulmana, vivendo em regiões altamente populosas, e a forte influência de castas e preconceitos religiosos muitas vezes leva à tensão social e violência. As mulheres estão particularmente em desvantagem. Por exemplo, não há professoras nas escolas. Há também questões de segurança em jogo. Com todas estas dificuldades não é de se admirar que a emigração para outros lugares seja tão comum. Neste ambiente, o programa de capacitação espiritual de pré-jovens oferece, a um crescente número de participantes uma incomparável estrutura de esperança, na qual eles podem desenvolver seu poder de expressão e pensamento, juntamente com uma estrutura moral para suas vidas. E enquanto se engajam nesse processo, estão se tornando altamente motivados, assegurando assim a futura saúde e vitalidade da comunidade bahá’í e aumentando sua capacidade de transformar a sociedade mais abrangente em que vivem. As expressões de esperança e transformação aqui são simples e concretas, mas profundas em suas ramificações. Primeiro, os grupos não são separados por casta, religião ou posição econômica. Segundo, as instituições bahá’ís têm encorajado os homens a mandarem suas filhas a grupos de pré-jovens e círculos de estudo, o que não só tem beneficiado as jovens da região, mas tem criado a oportunidade de todos os membros da família se tornarem participantes ativos da vida comunitária. Em alguns casos, tem transformado também a maneira de os pais considerarem seus filhos. Por exemplo, quando uma família com quatro filhas aceitou a Fé, os pais ficaram cada vez mais cientes da necessidade de desenvolver a capacidade de suas filhas e, conforme a história de Kiran ilustra, Vislumbres de Cinco Continentes – 35
o programa serviu de meio para prover as jovens da habilidade de para servirem como monitoras de grupos de pré-jovens. De fato, os participantes de ambos os sexos do programa, que avançaram no estudo dos cursos do Instituto freqüentemente se tornam colaboradores entusiásticos no desenvolvimento de atividades centrais.
RAJIVE E SHANKAR Rajive estava com 13 anos quando ingressou no primeiro grupo de préjovens em sua aldeia de Hargawan em 2003. Sua confiança e clareza de expressão aumentaram a um grau notável, durante os três anos do programa, após o qual ele continuou estudando a seqüência de cursos do Instituto Ruhi. Depois de completar o Livro 5, ele formou seu próprio grupo de pré-jovens e rapidamente se mostrou um monitor muito eficiente. O espírito de devoção e serviço de Rajive inspirou também quatro de seus amigos para ingressarem no processo do Instituto e agora eles iniciaram duas aulas para crianças e quatro círculos de estudo e estão entre os participantes mais entusiásticos e ativos do processo de crescimento em sua aldeia. Shankar é outro jovem que tomou parte no programa de pré-jovens e depois seguiu até completar a seqüência de cursos do Instituto. Ele começou seu próprio grupo de pré-jovens, bem como um círculo de estudo, auxiliando os participantes a se engajarem nas práticas relacionadas a cada livro, antes de acompanhá-los no curso seguinte. Seu esforço tem contribuído para o contínuo crescimento da Fé em sua aldeia, que hoje possui nove reuniões devocionais, quatro aulas para crianças, três grupos de pré-jovens e dois círculos de estudo. O objetivo de manter tão grande número de participantes é perseguido sistematicamente, sendo que os monitores mais competentes fazem crescer a capacidade em outros. Monitores talentosos auxiliam pré-jovens com suas tarefas de casa, fortalecendo o senso de confiança estabelecido entre eles. Muitos participantes de grupos de pré-jovens passam para círculos de estudo, quando os monitores continuam a trabalhar com eles como tutores dos cursos do Instituto. Fortalecer o componente de serviço do programa de pré-jovens e integrar as artes em seus empreendimentos são as atuais prioridades do coordenador dessa atividade. Em Bihar Sharif, onde as artes não floresceram tradicionalmente, foi desenvolvida uma peça teatral para cada história de Trilhando o Caminho Reto e um grupo cultural tem promovido o programa através de teatro.
Colaboração e Capacitação A transformação e capacitação de um círculo de bahá’ís em contínua expansão no agrupamento Bihar Sharif é facilitada através de planos que utilizam recursos disponíveis e encorajam a íntima colaboração em todos os níveis. As agências do agrupamento rapidamente adaptam seus planos para incorporar contribuições feitas pelos amigos nas reuniões de reflexão e freqüentemente visitam comunidades para avaliar e planejar atividades. Eles se reúnem com membros do Corpo Auxiliar para compartilhar notícias, informações e estatísticas 36 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO
atualizadas, que os ajudarão a integrar novos crentes em círculos de estudo e ajudar participantes de cursos do Instituto a realizarem atos de serviço. A íntima colaboração entre as instituições e agências de Bihar Sharif criou um ambiente no qual os crentes são capacitados a tomar iniciativa e agir – um desenvolvimento significativo no contexto social do agrupamento. Os grilhões de limitações preconcebidas são enfraquecidos quando todos são chamados a se levantar e desenvolver suas capacidades para servir. O potencial de tal ação é visto através de histórias de pessoas como Shravan, Sarita, Anita, Kiran, Rajive e Shankar – e incontáveis outros que recebem treinamento e entram na arena do serviço. E, assim como eles são transformados individualmente, assim também, através de suas ações, acontece o mesmo com a sociedade em que vivem. Hoje, a comunidade bahá’í de Bihar Sharif desenvolveu sofisticada capacidade de administrar e sustentar expansão e consolidação da Fé de Bahá’u’lláh em larga escala e ela é um farol de esperança para qualquer alma que queira adentrar o sempre crescente círculo de sua luz resplandecente.
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Tiriki Ocidental Quênia Nos idos de 1959, as sementes da Fé foram lançadas no receptivo solo de Tiriki Ocidental. Logo depois que os primeiros bahá’ís de lá abraçaram a Fé, intrépidos pioneiros e instrutores viajantes saíram a pé, de aldeia em aldeia, por toda a região... ...convidando os habitantes locais a se unirem a eles para a celebração deste novo Dia de Deus – e encontraram uma recepção calorosa. Naqueles primeiros projetos e campanhas de ensino, amigos visitantes reuniam os crentes para orarem e se aprofundarem nas Escrituras, direcionando a alegria e a energia assim gerada no ensino de porta em porta por equipes de quatro ou cinco pessoas. Os crentes recémdeclarados eram convidados a participar de um programa noturno ou a assistir a uma conferência realizada no final do projeto ou campanha. Desde então, ensinar a Fé tem sido uma área de foco para os bahá’ís de Tiriki Ocidental; outro foco tem sido a promoção da educação. As aulas de alfabetização para adultos e as pré-escolas que foram estabelecidas nas sedes bahá’ís para servir a população da região produziram dois efeitos principais. Primeiro, o encorajamento da educação pela comunidade bahá’í – principalmente das meninas – ganhou para ela uma boa reputação na sociedade mais ampla, ainda que a maioria das primeiras tentativas não se mantivessem devido à carência de recursos humanos. Segundo, a ênfase colocada nos instrutores bahá’ís e pelos professores de alfabetização em manter a conduta correta e em promover uma vida familiar sadia, especialmente entre os homens, atraiu muitas mulheres à Causa. Hoje, este agrupamento tem a mais elevada proporção de mulheres bahá’ís do país.
O Agrupamento num Relance ! Localizada no distrito de Vihiga na província ocidental do Quênia ! População de aproximadamente 76.370 habitantes; cerca de 4 por cento são bahá’ís ! Área basicamente rural ! Habitantes principalmente da tribo Luhya (90 por cento), seguida pelas tribos Kalenjin e Luo ! Economia baseada na agricultura – misto de lavoura, criação de animais e de aves em pequenos lotes de terra ! Religião dominante – protestantismo, com minoria muçulmana ! Fé Bahá’í inicialmente introduzida em 1959; rápida expansão para mais de 5.000 bahá’ís em 1962 ! Foco inicial na educação ! Primeiro agrupamento a lançar o programa intensivo de crescimento no Quênia (Janeiro de 2005) ! Quarenta e duas Assembléias Espirituais Locais
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Desenvolvendo Recursos Humanos No decorrer daquelas décadas, Tiriki Ocidental enfrentou um desafio comum a muitas outras regiões em que aconteceu a expansão em larga escala: Embora a população local fosse muito receptiva aos ensinamentos bahá’ís, a consolidação tornou-se o maior obstáculo, enquanto o número de bahá’ís crescia. Pioneiros e instrutores viajantes não conseguiam satisfazer a demanda e muitas pessoas se afastaram da Fé. Era claramente necessário que trabalhadores dedicados e capazes fossem levantados dentro da região, mas como se poderia fazer isso? Quando em 1996 a Casa Universal de Justiça requereu o desenvolvimento de recursos humanos através de institutos de treinamento, inicialmente foram feitas tentativas para criar um curso nacional de estudo, mas essas tentativas não deram os resultados desejados. Em 1999, após consulta com os conselheiros, a Assembléia Espiritual Nacional do Quênia decidiu adotar os materiais do Instituto Ruhi. Cerca de três anos mais tarde, seis bahá’ís de Tiriki Ocidental participaram de uma sessão intensiva em Uganda, para se prepararem para atuar como tutores desses materiais. Eles regressaram à sua cidade e conduziram cursos centralizados em toda região, enquanto outros amigos eram preparados, através de campanhas de Instituto, para servirem na mesma função. Em janeiro de 2005, foi lançado um programa intensivo de crescimento e o desenvolvimento de recursos humanos avançou sem interrupção durante nove ciclos. Um dos maiores indicadores de sucesso foi o significativo aumento na participação em cursos mais avançados, conforme indica a tabela abaixo. O desejo de aumentar o número de tutores e monitores de pré-jovens, tido como chave para sustentar e acelerar o crescimento, foi uma força poderosa por trás desse crescimento.
Durante o transcorrer desses ciclos, o Instituto gradualmente descentralizou o treinamento e, no estágio atual, todos os cursos são oferecidos através de círculos de estudo locais, conforme mostra a tabela abaixo.
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Assim como em outros lugares, inicialmente as práticas dos cursos do Instituto foram negligenciadas e os esforços dirigidos à comunidade mais ampla eram deficientes no agrupamento. Gradualmente, esta deficiência foi corrigida e logo buscadores, amigos e parentes de bahá’ís eram convidados a participar de círculos de estudo, bem como de outras atividades centrais, fazendo dessas atividades instrumentos efetivos para compartilhar a Mensagem.
REUNINDO TODOS COM JÚBILO E REVERÊNCIA Convidar e se engajar na observância de Dias Sagrados tem tido uma grande repercussão nas atividades centrais em Tiriki Ocidental – especialmente nas aulas para crianças e grupos de pré-jovens. As comemorações demonstram claramente a atração exercida por uma vibrante vida comunitária em todos aqueles que delas participam e por isso se tornaram um potente instrumento de ensino, nas quais os buscadores têm expressado seu desejo de aprender mais acerca da Fé e têm convidado os bahá’ís às suas casas, e subseqüentemente se declarando e/ou participando de atividades centrais. Com sua atmosfera alegre e acolhedora, essas celebrações de dia inteiro são poderosos ímãs para pessoas de todas as condições. Os locais são embelezados com flores para proclamar a todos a importância do dia e amigos de lugares distantes do agrupamento chegam cantando louvores a Deus, atraindo grandes multidões ao se aproximarem. As celebrações começam com orações e leituras inspiradoras, leituras relacionadas à ocasião e então prosseguem para comoventes e cativantes apresentações artísticas. Pessoas de todas as idades – homens, mulheres, jovens, préjovens e crianças – apresentam danças e peças de teatro, recitam Escritos Sagrados, narram histórias sobre as Figuras Centrais da Fé e cantam canções inéditas. E embora o programa continue o dia todo, às vezes mesmo assim não há tempo para todos os participantes que desejam dar sua contribuição. Para proporcionar aos amigos uma oportunidade de expressar sua fé artisticamente, estabeleceu-se um festival artístico no agrupamento, no qual todas as apresentações são baseadas nos Escritos Bahá’ís e algumas delas são então apresentadas por ocasião da celebração dos Dias Sagrados. Organizado pelas agências do agrupamento, o festival é realizado de modo rotativo em todo o agrupamento, para dar às diferentes comunidades a oportunidade de serem anfitriões. Aprendendo a Ensinar através de Ciclos de Atividade Em 2003-04, Tiriki Ocidental passou por uma fase preparatória para lançar o programa intensivo de crescimento, que logo começaria. Os membros do Corpo Auxiliar e agências do agrupamento se encontraram para analisar o estágio de desenvolvimento do agrupamento e identificar os recursos humanos disponíveis. Então, foram iniciadas atividades para estabelecer um ritmo que ajudaria as instituições e os indivíduos bahá’ís a se tornarem sistemáticos no processo de consulta, ação e reflexão, tão crucial para adotarem a necessária postura de aprendizado. Formaram equipes de ensino, realizaram consultas intensivas para se prepararem para o primeiro ciclo e um grupo núcleo de crentes foi mobilizado. O plano inicial foi apresentado na reunião de reflexão, da qual participaram mais de 300 amigos, impelindo as agências do agrupamento a criarem três zonas, de modo que os detalhes específicos pudessem ser elaborados pelos residentes em cada uma. O primeiro ciclo foi lançado em janeiro de 2005 e a cuidadosa preparação deu frutos. A colaboração entre as instituições e as agências do agrupamento foi estreita e houve elevado grau de posse do processo de crescimento, o que sem dúvida ajudou para que 151 pessoas se declarassem. Vislumbres de Cinco Continentes – 41
Nove ciclos de atividade no agrupamento resultaram numa média de 56 declarações de jovens e adultos, conforme indicado na tabela abaixo. Em média, a cada ciclo, 17 novos amigos entraram no programa do Instituto, enquanto oito completaram a atual seqüência de cursos. Onde quer que fosse possível, os novos bahá’ís que não participam de círculos de estudo foram integrados a outras atividades centrais. No decorrer desses ciclos, muito se aprendeu a respeito da natureza do ensino. Os desafios incluíram uma falta de intensidade durante as fases de expansão, o agendamento das fases de expansão para o mesmo tempo dos festivais tradicionais, o que se mostrou uma grande fonte de desatenção às atividades de ensino; e a emigração de recursos humanos para áreas urbanas, em busca de emprego. Houve também o aprendizado de lições sobre métodos de ensino direto. Houve uma melhora notável da eficiência dos esforços de ensino em decorrência da ênfase que nos ciclos mais recentes foi dada ao uso da “Apresentação de Ana” (o álbum: Conhecendo a Fé Bahá’í) do Livro 6.
*Esses totais computam somente adultos e jovens; crianças e pré-jovens das novas famílias bahá’ís que participam de atividades centrais não estão incluídos.
Aprendendo sobre Equipes de Ensino Durante os primeiros ciclos, foram formadas equipes de ensino de três a cinco membros, em reuniões de reflexão, cada uma liderada por um amigo que tinha experiência em servir como tutor e que podia convocar reuniões da equipe 42 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO
para esboçar planos de ensino sistemáticos. Algumas equipes foram designadas para visitar e ensinar buscadores que participavam de atividades centrais, bem como pais de crianças e pré-jovens envolvidos em aulas e grupos, todos identificados pelas agências do agrupamento. Outras equipes ensinaram de porta em porta em aldeias escolhidas, outras ainda visitaram escolas e dispensários. Na semana anterior à fase de expansão de duas semanas, foram realizadas reuniões devocionais e cursos de reciclagem dos Livros 2 e 6, para inspirar os amigos. Então, durante a fase de expansão, as equipes visitaram as aldeias que lhes foram designadas, segundo seu próprio planejamento. Não foram estabelecidas metas específicas. Em conseqüência dessas primeiras experiências com as equipes de ensino, surgiram várias lições valiosas, que levaram a certas mudanças de atitude. Entre as mais importantes lições estão as seguintes: 1) a continuidade das equipes é importante, se é desejada a manutenção com os buscadores e os crentes recémdeclarados; 2) os membros da equipe devem viver próximos uns aos outros e devem incluir aqueles que foram treinados para servir como tutores, professores de aulas para crianças e monitores de grupos de pré-jovens, que possam iniciar diferentes atividades durante a fase de consolidação; 3) as equipes de ensino são mais efetivas quando estabelecem metas específicas antes de cada fase; e finalmente, 4) embora cursos de reciclagem possam preparar as equipes de ensino, elas precisam ser acompanhadas e auxiliadas para superar obstáculos encontrados durante o ciclo. Além disso, como o final do ciclo é demasiado tarde para se fazer ajustes, os membros do Corpo Auxiliar e agências do agrupamento começaram a agendar reuniões intermediárias com os líderes das equipes, durante as fases de expansão e consolidação, para acomodar o aprendizado que estava ocorrendo.
Crianças e Pré-jovens Proporcionar educação espiritual para as crianças bahá’ís tem sido, há muito tempo, um ponto forte da comunidade queniana e lançou uma sólida fundação para o atual progresso. Quando o programa de crescimento de Tiriki
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Ocidental foi lançado, havia 171 professores treinados e 93 aulas com 557 crianças. Ao final do nono ciclo, havia 131 aulas para crianças com quase 1.000 participantes. No decorrer dos ciclos do programa de crescimento, o entendimento e a prática haviam avançado em três pontos principais: abrangência, regularidade e continuidade. Agora a comunidade bahá’í alcança com confiança a sociedade mais ampla e oferece aulas para crianças de todas as origens em aldeias espalhadas pelo agrupamento. O processo do Instituto produziu uma rede de professores treinados, no âmbito do agrupamento, que encaram este serviço mais sistematicamente do que nunca, o que influenciou a regularidade das aulas. E as instituições e agências que atuam no agrupamento aprenderam que o avanço dos participantes, desde aulas para crianças, passando por grupos de pré-jovens, até o estudo da seqüência principal dos cursos, é mais fácil quando seus professores os acompanham ano a ano. Isto foi evidenciado em março de 2007 com a passagem de 100 crianças para o programa de pré-jovens e de 40 préjovens para a seqüência de cursos, depois de terem sido acompanhados dessa maneira. Dezessete desses pré-jovens já se declararam na Fé, enquanto visitas aos lares estão sendo feitas para acompanhar os outros. À medida que a demanda por aulas para crianças cresceu, um esquema para acompanhar os professores de todos os níveis, para aumentar sua capacidade e mobilizá-los, evoluiu constantemente. As agências do agrupamento
OFICINAS DE CONSCIENTIZAÇÃO DOS PAIS Uma vez que a experiência mostrou que o envolvimento dos pais com a educação de seus filhos é essencial para a continuidade das aulas, o coordenador de aulas do agrupamento organiza oficinas de conscientização para pais, para familiarizá-los com o currículo e solicitar sua ajuda criando uma atmosfera de aprendizagem em casa. Visitas a lares são utilizadas para discutir o caráter e o comportamento de seus filhos, e os pais são convidados para apresentações feitas pelas crianças. Oficinas semelhantes são também realizadas para pais de pré-jovens do agrupamento, os quais são convidados a um local central onde os pré-jovens fazem apresentações baseadas naquilo que aprenderam nos grupos, mostrando como tal aprendizado pode ajudá-los a tomarem decisões concretas na vida. Passagens de cartas escritas pela Casa Universal de Justiça, ou em seu nome, relevantes para crianças e pré-jovens, são compartilhadas e perguntas respondidas.
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também procuram assegurar que professores suficientes se levantem em cada ciclo para satisfazer a necessidade de mais aulas. Os pré-jovens são encorajados a trabalhar em estreita colaboração com aulas para crianças, enquanto prosseguem com seu próprio programa, na expectativa de que finalmente se tornem professores de aulas para crianças. A designação de grupos de pré-jovens como a quarta atividade central em dezembro de 2005 focou maior atenção àqueles que estão nessa faixa de idade e o número de monitores de grupos de pré-jovens em Tiriki Ocidental saltou de 5 para 81. O número de grupos e participantes, a maioria dos quais são de famílias não bahá’ís, também cresceu dramaticamente, como se vê abaixo. Muitos foram atraídos pelos atos de serviço realizados por seus pares nos grupos.
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Os atuais coordenadores de aulas para crianças e grupos de pré-jovens cresceram participando de aulas bahá’ís, de grupos de pré-jovens e de círculos de estudo. Quando o atual coordenador de pré-jovens foi nomeado, outros jovens foram estimulados a se levantar para conduzir sua aula para crianças e ajudar nos seus dois bem estabelecidos grupos de pré-jovens, quando ele deixa sua comunidade para visitar outros monitores. A disponibilidade de tais substitutos capazes é uma indicação da amplitude do desenvolvimento de recursos humanos entre os jovens do agrupamento.
JUVENTUDE NA VANGUARDA Wycliffe, Patrick, Vahid, Godfrey e Linhanda são apenas alguns dos destacados jovens do agrupamento de Tiriki Ocidental. Criados em famílias bahá’ís, eles passaram por aulas para crianças, grupos de pré-jovens e a seqüência principal de cursos, tornandose monitores, tutores de círculos de estudo e tutores de um programa de desenvolvimento sócioeconômico de inspiração bahá’í, denominado Preparação para Ação Social (PAS). Eles já prestaram serviço como instrutores viajantes a outros agrupamentos do Quênia em estágios iniciais de desenvolvimento, auxiliando novos crentes a estudarem os cursos do Instituto durante um final de semana. Recomendados por instituições da Fé, logo eles irão servir durante dois anos como pioneiros internos, com o objetivo de abrir certos agrupamentos.
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Como no caso de tutores de círculos de estudo, a migração de monitores a centros urbanos em busca de emprego, tem afetado a sustentabilidade de grupos de pré-jovens em Tiriki Ocidental. Em resposta a essa situação, estão sendo treinados mais monitores de modo a poderem atuar sempre que for necessário. Alguns participantes do Livro 7 também estão sendo encorajados a entrar nesse campo de serviço.
Refletindo sobre o Passado e Olhando Adiante Hoje, Tiriki Ocidental está colhendo os frutos da aprendizagem sobre o ensino da Causa e educação de crianças, cujas sementes foram lançadas há tantas décadas. Desde 2005, o número de bahá’ís conhecidos pelas instituições cresceu de 1.955 para 3.056 e particularmente a contínua expansão de aulas para crianças e grupos de pré-jovens mantém a promessa de futuras vitórias. A chave do progresso do agrupamento é a unidade de pensamento e a vigorosa colaboração em todos os níveis, entre as instituições, as agências e os amigos. A flexibilidade também tem sido crucial, pois a experiência tem ensinado lições a respeito da administração do crescimento e o esquema de coordenação e funcionamento das agências do agrupamento tem evoluído organicamente com a multiplicação das atividades centrais. A base para o futuro progresso desse agrupamento foi solidamente colocada através de ação paciente, consistente e unificada e a receptividade da população certamente há de gerar níveis ainda mais elevados de crescimento. Nos ciclos vindouros serão feitas tentativas para intensificar o ensino através de ação bem concebida e coletiva, que irá aumentar a capacidade da comunidade de receber almas ávidas. A vibração da saúde espiritual de Tiriki Ocidental cresce a cada onda de declarações, enchendo os amigos de profundo júbilo espiritual e senso de propósito, à medida que se esforçam em contribuir cada vez mais para o bem-estar da sociedade mais ampla.
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Tarawa do Sul Kiribati Um domingo à tarde, na aldeia de Eita no agrupamento de Tarawa do Sul em Kiribati, um grupo de jovens juntou-se para uma reunião devocional em um lar bahá’í no “maneaba” do composto da família, uma estrutura tradicional simples, com um telhado de sapé sustentado por pilares, sem paredes. Assim que os jovens começaram a entoar orações bahá’ís e fazer leituras, a bela música foi levada até os vizinhos pela cálida brisa do Pacífico. Comovidos pela beleza das palavras e melodias, eles foram atraídos como mariposas para a luz e a reunião devocional transformou-se numa oportunidade de ensino. Os povos I-Kiribati tem sido sempre receptivos aos Ensinamentos Bahá’is desde a primeira vez em que a Fé foi introduzida nessas ilhas pelos cavaleiros de Bahá’u’lláh, Roy Fernie e Elena Marsella, em 1954. No decorrer dos anos, diversas campanhas de ensino resultaram em consideráveis números de declarações, mas sempre surgiam desafios com aprofundamento e capacitação. No passado, instrutores veteranos que conheciam bem a Bíblia visitavam as aldeias, levando as boas novas da volta de Cristo e do cumprimento das profecias. No entanto, muitas vezes não conseguiam voltar a visitar novamente e nutrir as muitas almas que haviam abraçado a Causa e a maioria dos novos bahá’ís aos poucos voltou ao culto nas suas igrejas. Com o passar dos anos, muitas abordagens de ensino foram tentadas. Nos meados da década de 1990, os crentes das aldeias foram encorajados a se levantar e usar métodos de ensino em harmonia com a cultura I-Kiribati e artes dramáticas tradicionais. Mas, ainda assim o problema permaneceu: como os crentes poderiam ser aprofundados em sua nova fé? Como se poderia desenvolver nos amigos lo-
O Agrupamento num Relance ! Localizado no braço sul de Tarawa, um dos 33 atóis que formam a nação de Kiribati no sul do Oceano Pacífico, à meia distância entre Havaí e Austrália ! Língua oficial: inglês; Língua local: IKiribati (anteriormente gilbertês) ! População 40.000/45.000 (cerca de metade da população de Kiribati) ! As principais aldeias são: Ambo, Bairiki, Betio, Bikenibeu Ocidental e Bonriki, todas localizadas ao longo de 29 quilômetros de estradas ! Centro do governo e principal centro comercial de Kiribati ! População Bahá’í: 1.343 ! A Fé Bahá’í é a quarta maior comunidade religiosa depois da Católica, Protestante e Mórmon ! Programa intensivo de crescimento lançado em janeiro de 2005
cais a capacidade de realizar o aprofundamento necessário? Vislumbres de Cinco Continentes – 49
Desenvolvendo Recursos Humanos A resposta à importantíssima questão de desenvolvimento de recursos humanos chegou com o processo do Instituto. O Instituto Nacional de Kiribati, estabelecido em 1996 e nominado em memória de Elena Marsella, cavaleiro de Bahá’u’lláh, inicialmente ofereceu cursos intensivos, utilizando seu próprio material, acrescentando o currículo do Instituto Ruhi em 1999. No ano seguinte, sete bahá’ís de Kiribati, incluindo três de Tarawa do Sul, viajaram à Austrália para uma sessão de uma semana, para estudar o Livro 1 em inglês. Alguns meses mais tarde, uma pessoa instruída e experiente das Filipinas foi a Kiribati para ministrar uma segunda sessão de estudo, estabelecendo em Tarawa do Sul o seu primeiro contingente de bahá’ís capacitados para facilitar o Livro 1 e o Instituto começou a se concentrar somente nos cursos do Instituto Ruhi. Estava claro que a tradução dos Livros para a língua I-Kiribati era crucial para que um grande número de amigos passasse pela sequência de cursos. Embora o processo de tradução tivesse a desvantagem de retardar os esforços para aumentar os recursos humanos, as instituições sabiam que no final iria trazer uma vantagem muito maior: tornaria o processo do Instituto acessível à maior parte do povo de Kiribati e promoveria o senso de posse na base da comunidade. Tendo isso em mente, o Instituto de Kiribati começou vigorosamente o trabalho de tradução da obra. Em maio de 2001, os Livros 1 e 2 estavam traduzidos; imediatamente foram formados círculos de estudo. A tradução do Livro 3, completado em dezembro de 2001, estava sendo ansiosamente esperada por aqueles que queriam servir como professores de aulas para crianças. O Livro 4 estava disponível no ano seguinte, o Livro 6 no Ridván de 2003 e o Livro 7 no próximo dezembro. Os círculos de estudo foram iniciados prontamente, à medida que cada livro era traduzido, revisado e impresso. Através desses esforços, a quantidade de recursos humanos cresceu continuamente, aumentando com o amplo estudo da guia da Casa Universal de Justiça. Terminada a tradução de todos os Livros disponíveis, o Instituto estava pronto
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para preparar em Tarawa do Sul o primeiro grupo de facilitadores, o que realizou com uma série de campanhas intensivas. No Ridván de 2004, 48 pessoas haviam completado o Livro 7. Conforme cresciam as atividades, o coordenador nacional do Instituto começou a servir em tempo integral, ao mesmo tempo em que continuava como coordenador do agrupamento de Tarawa do Sul, onde os recursos humanos estavam se desenvolvendo rapidamente. Em janeiro de 2005, quando o primeiro ciclo do programa intensivo de crescimento foi lançado no agrupamento, 74 pessoas haviam completado os cursos até o Livro 7, e o número de amigos capazes de atuar como facilitadores continuou a crescer com o tempo.
Jovens Encabeçando o Trabalho de Ensino A vitalidade e criatividade da juventude tem sido a chave para os avanços realizados no agrupamento de Tarawa do Sul e, enquanto o programa intensivo de crescimento progride, cada vez mais dessas almas vibrantes têm se colocado na vanguarda do trabalho de ensino. No sexto ciclo, muitos jovens recémdeclarados, que estudaram a sequência dos cursos em campanhas do Instituto, estavam encabeçando as atividades bahá’ís. Com orientação e encorajamento, os jovens se tornaram instrutores competentes, também criativos em convidar as pessoas para atividades centrais. Uma campanha de Instituto, lançada em agosto de 2006, para auxiliar um grupo de jovens no estudo dos sete cursos da seqüência do Instituto, foi importante para estimulá-los. Dignitários e convidados especiais participaram da cerimônia de formatura, na qual um membro do Conselho Municipal elogiou o trabalho dos bahá’ís na promoção da liderança moral e espiritual. Ele denominou o programa de “remédio para a enfermidade social que está afetando a juventude” e encorajou os bahá’ís a procurarem o Conselho para qualquer ajuda que possam precisar. Tal reconhecimento, pelos oficiais do governo, visto como confirmação do vigoroso esforço do Instituto em tornar seu programa acessível à comunidade mais ampla, estimulou imensamente os bahá’ís. Vislumbres de Cinco Continentes – 51
DEPOIMENTOS DA JUVENTUDE Numa reunião de reflexão em Tarawa do Sul, alguns jovens levantaram-se para falar sobre suas experiências no campo do ensino como um meio de encorajar adultos que talvez desejassem ensinar a Fé, mas estavam hesitantes em se levantar. Eis o que alguns jovens tinham para dizer: ! “Eu me declarei há apenas pouco tempo e ao participar da conferência para jovens em Betio, durante a qual estudei vários Livros Ruhi, foi como se adquirisse um novo espírito e nova força. Quando comecei a ensinar nas casas, o medo e o sentimento de solidão desapareceram.” ! “Apesar de toda a preparação que tive, na primeira vez em que me aventurei no campo do ensino eu estava temeroso, mas quando me lembrei das palavras de ‘Abdu’l-Bahá: ‘Não considereis vossa fraqueza e incapacidade; ao contrário, fixai vosso olhar no poder de vosso Senhor que envolveu todas as regiões’, meu temor evaporou-se rapidamente e me levantei para ensinar.” ! “Sou apenas um jovem e não sabia o que dizer. Eu estava com receio. E ainda por cima, nunca havia ensinado antes, mas quando me levantei para ensinar, descobri força e confiança e me senti capaz de falar às pessoas.” ! “Eu também estava com medo, e geralmente não falava com as pessoas, mas depois do treinamento, pude levantar e começar a ensinar. Agora consigo falar.”
O envolvimento de jovens no trabalho de ensino tem despertado o entusiasmo entre as gerações mais antigas. Embora muitos bahá’ís antigos inicialmente fossem céticos quanto à forma de ensino adotada pelos jovens, as atitudes foram transformadas ao mesmo tempo em que mais e mais bahá’ís antigos estudavam a seqüência de cursos e entravam no campo de serviço. A seguinte história dos construtores de barcos é apenas uma entre muitas que vêm impulsionando os amigos.
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OS CONSTRUTORES
DE
BARCOS Dois bahá’ís de Tarawa do Sul estavam realizando uma
reunião de amigos durante o intervalo de almoço, no estaleiro em que trabalhavam. Eles começaram do mesmo modo que os bahá’ís ensinaram durante muitos anos: lendo citações da Bíblia para explicar a vinda de Bahá’u’lláh. Uma grande multidão de construtores de barcos estava sentada ouvindo e, embora houvesse algumas perguntas, a maior parte da audiência estava quieta até que o mais corpulento e mais rude dos construtores de barcos começou a falar. “Nós já ouvimos tudo sobre a Bíblia”, disse ele. O que realmente queria saber era sobre Bahá’u’lláh. Quem Ele era. Os bahá’ís olharam um pouco embaraçados e persistiram com suas explanações baseadas na Bíblia. Novamente o homem interrompeu-os e repetiu que eles queriam ouvir sobre Bahá’u’lláh. Nesse ponto, uma senhora bahá’í que completou os sete cursos do Instituto adiantou-se e contou a história do sonho do pai de Bahá’u’lláh sobre o oceano e os peixes. Falou também sobre os Livros do Instituto Ruhi e como as pessoas poderiam aprender mais sobre a vida de Bahá’u’lláh e Seus ensinamentos estudando esses Livros. Os construtores de barcos sentaram e ouviram atentamente e, quando ela terminou, o homem que havia falado sorriu e agradeceu-a, dizendo que era exatamente o que queria ouvir. “E agora”, perguntou, “poderíamos participar de um desses Livros Ruhi?”
Vislumbres de Cinco Continentes – 53
Conforme ilustrado pela história dos construtores de barcos, as mulheres se tornaram especialmente audaciosas em seus esforços para pôr em prática aquilo que aprenderam nos cursos do Instituto, acelerando ainda mais o ritmo do ensino. Desde o lançamento do programa intensivo de crescimento, as agências do agrupamento têm se concentrado em encorajar as mulheres para formarem equipes de ensino e visitarem lares nas suas vizinhanças. A história de uma equipe de mulheres em Betio, aqui destacada, fala por si mesma.
UMA VIDA TRANSFORMADA Durante a fase de expansão do segundo ciclo, uma equipe de mulheres de Betio decidiu encontrar pessoas e ensinar a Fé. No decorrer dessa iniciativa, elas encontraram um homem sem lar que estava vivendo em condições degradantes. As mulheres não se afetaram pela sua aparência desalinhada, envolveram-no em conversação sobre os ensinamentos bahá’ís. Em seguida, ele entrou num círculo de estudo do Livro 1 que estava em andamento. Em quatro meses, ele se declarou, estudou todos os Livros na seqüência e tornou-se um ativo instrutor da Fé. Um dia, ele apareceu na Sede Nacional carregando apenas uma fronha e pediu 30 exemplares do Livro 1 – um para cada pessoa a quem ele havia ensinado a Fé e convidado para participar dos círculos de estudo que havia iniciado. As contribuições desse homem, de modos e aparência completamente transformados, encorajaram e inspiraram todos na reunião de reflexão que lançou o ciclo seguinte.
Reuniões de Reflexão Uma das características distintivas do agrupamento de Tarawa do Sul é o modo como as instituições e agências de lá aprenderam a utilizar as reuniões de reflexão como um meio efetivo de mobilizar instrutores. Grandes e prolongadas reuniões são uma característica popular da vida aldeã em Kiribati, de modo que as reuniões de reflexão naturalmente se tornam ocasiões importantes para criar unidade de visão, gerar entusiasmo, focar a atenção em prioridades e fazer planos de ação de curto prazo. No segundo ciclo, cursos de reciclagem dos Livros 2 e 6, incluindo tanto estudo como prática, foram integrados às reuniões de reflexão – as quais se estendiam por dois ou três dias, com a vinda e permanência de famílias inteiras em toda a sua duração. No sexto ciclo, o programa da reunião de reflexão incluía um período reservado para saída para ensino. A primeira noite foi dedicada a celebração. O dia seguinte foi dedicado à revisão e análise do ciclo que havia terminado, à apresentação e discussão das metas para o ciclo seguinte e uma oficina focalizando o Livro 6. No terceiro dia, os amigos formaram pequenas equipes e visitaram lares na aldeia para praticar sua habilidade de ensinar, retornando em seguida ao local da reunião para compartilhar suas experiências e fazer seus próprios planos de ensino. Invariavelmente, os novos crentes, muitos dos quais se declararam depois de participar de círculos de estudo, fazem grandes contribuições às consultas nas reuniões de reflexão, comprovando a eficiência dos círculos de estudo para aumentar a consciência. Manter estatística acurada em um agrupamento com uma população extremamente móvel e muitas aldeias, onde a comunicação é obstruída por falta de telefones e entrega postal, foi um tremendo desafio. No entanto, telefones celulares agora permitem uma comunicação mais rápida, mais freqüente e mais confiável entre as agências do agrupamento e as instituições, enquanto a 54 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO
introdução de conexões de banda larga e voz sobre internet (VOIP) facilitaram a melhora do acesso a fontes fora do país.
O Envolvimento de Assembléias Espirituais Locais Em Kiribati, onde a cultura tradicional dá elevado valor à obediência e respeito a uma autoridade reconhecida, o apoio das Assembléias Espirituais Locais desde o início foi considerado crucial para atingir quaisquer metas em Tarawa do Sul. No entanto, como a iniciativa individual poderia ser exercida em uma comunidade na qual os crentes se dirigiam às Assembléias para aprovar cada uma de suas ações? Os crentes estavam incertos quanto à amplitude de liberdade que possuíam para tomar iniciativa, ao mesmo tempo em que as Assembléias estavam incertas de seu papel dentro da nova dinâmica que estava emergindo. Finalmente, percebeu-se que os participantes de círculos de estudo permaneciam ativos quando seus esforços eram encorajados pela Assembléia Espiritual Local e quando havia boa colaboração entre as instituições e as agências em funcionamento dentro do agrupamento. Nas aldeias em que os membros da Assembléia Local estavam envolvidos no processo do Instituto e ganhavam experiência em atividades centrais, as Assembléias eram capazes de auxiliar na mobilização de participantes nas campanhas do Instituto. Para estimular tal envolvimento e intensificar a colaboração, a Assembléia Espiritual Nacional fez com que um de seus membros, juntamente com o coordenador nacional do instituto, se reunisse com todas as Assembléias Locais em Tarawa do Sul, o que as ajudou a entender o papel do Instituto em um programa intensivo de crescimento e ver como poderiam apoiar suas atividades e trabalhar efetivamente com o coordenador do instituto e membros do Corpo Auxiliar e seus assistentes.
Grupos de Pré-jovens Oferecer aos pré-jovens um programa para sua capacitação moral e espiritual é, sem dúvida, o processo mais dinâmico sistematicamente adotado no agrupamento de Tarawa do Sul e está ficando cada vez mais claro que o programa, lançado em 2004, tem o potencial de contribuir na capacitação de uma geração inteira deste pequeno arquipélago. Os primeiros quatro grupos de pré-jovens foram estabelecidos nas aldeias por jovens que trabalhavam sob a orientação do Instituto Elena Marsella. Um monitor relatou: “A maior parte do meu grupo vem de lares cristãos. Antes de começar meu grupo de pré-jovens fui visitar todos os pais com meus livros e lhes expliquei o que seria ensinado a seus filhos no grupo. Quando eles entenderam o que eu estava ensinando, ficaram felizes que seus filhos participassem das minhas aulas.” Equipes de mulheres fizeram o mesmo tipo de visitas em outras aldeias e tiveram o mesmo sucesso. Gradualmente os esforços para expandir o programa se estendeu a lugares em que havia apenas poucos bahá’ís e nenhum deles havia feito a sequência de cursos do Instituto, nem havia sido treinado como monitor de grupos de pré-jovens. Quando foram estabelecidos grupos nessas regiões, surgiram vários desafios: os monitores que tinham que sair de suas próprias aldeias não eram capazes de manter o Vislumbres de Cinco Continentes – 55
esforço; com amplo interesse em ter cursos ministrados em inglês, muitos monitores sentiram que seu conhecimento daquela língua era inadequado; e o tamanho dos grupos tornou-se difícil de gerenciar, sendo que algumas vezes as sessões chegavam a abrigar 40 pré-jovens. Enquanto estavam sendo feitos os primeiros esforços nas aldeias, três outros grupos foram formados em escolas secundárias, os quais se reuniam durante períodos estipulados para instrução religiosa. Logo depois, a comunidade bahá’í recebeu uma solicitação de oficiais do governo expressando sua crescente preocupação com a conduta de pré-jovens e esses grupos foram reformulados como um projeto de desenvolvimento sócio-econômico, ficando sob a égide do Instituto Educacional Marawa da Otan (OMEI), uma organização de desenvolvimento de inspiração bahá’í. Tal como os esforços nas aldeias, a expansão inicial do número de grupos em escolas mostrou-se difícil de manter. Em resposta, a OMEI decidiu se concentrar em um grupo, de modo a aprender com a experiência. No ano seguinte, outros três grupos foram estabelecidos e mantidos em duas escolas.
O GRUPO DE PRÉ-JOVENS NA ESCOLA SECUNDÁRIA DE BETIO Em 2006, um pequeno grupo de pré-jovens foi formado, sob o patrocínio da OMEI, para estudar os materiais do programa de capacitação espiritual em uma escola de Tarawa do Sul. O programa foi oferecido como um suplemento ao estudo da língua e tratava de duas necessidades prementes: aperfeiçoar as habilidades dos estudantes na língua inglesa e ajudar no seu desenvolvimento moral e espiritual. Com a aprovação do diretor, sete participantes, com o mais baixo nível de conhecimento de inglês nas classes, começaram a se reunir na escola nos finais de semana. Em junho, a habilidade de leitura dos estudantes melhorou tão drasticamente que alguns foram promovidos a um grau mais alto – apesar de gostarem tanto de seu grupo de pré-jovens que não queriam deixá-lo. O programa teve também um efeito positivo no comportamento dos participantes; um menino inclusive comentou que quando crescesse gostaria de ser assim como o seu monitor. O apoio de uma pessoa-recurso da Austrália mostrou-se vital, para ajudar os amigos a responderem à muitas oportunidades e desafios que estavam se desenrolando nos grupos de pré-jovens, tanto em aldeias como em escolas. Através da combinação de visitas e contatos por e-mail, ela treinou monitores, ajudou a expandir o número de grupos de pré-jovens e auxiliou aqueles que trabalhavam com escolas a adquirir uma compreensão mais profunda tanto dos princípios de desenvolvimento sócio-econômico como da base conceitual do programa de pré-jovens. Também desenvolveu sistematicamente a capacidade daqueles que serviam na OMEI, de modo que dentro de um ano a organização era conduzida inteiramente pelos bahá’ís locais. Ela trabalhou com as agências
MAREBO TEEM, uma jovem nascida em uma família bahá’í participou de aulas para crianças e, como criança de mais idade, tinha prazer em ajudar nas lições das mais novas. Encorajada por seus pais, ela participou das campanhas de Instituto organizadas para a juventude e rapidamente avançou através da seqüência de cursos. Marebo foi treinada como monitora de grupos de préjovens em 2006 e, com 16 anos de idade, foi convidada a ajudar o coordenador nessa atividade em Tarawa do Sul nas aldeias de Bikenibeu e Causeway, visitando grupos a cada duas semanas, realizando encontros de monitores a cada dois meses, realizando cursos de reciclagem e quando necessário consultando com outros coordenadores assistentes.
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do agrupamento para tratar de desafios no contexto da coordenação, com ênfase na provisão de apoio sustentável para vitalizadores de modo a assegurar a continuidade. Eles examinaram tópicos como a preparação de monitores utilizando o Livro 5, a importância de manter “encontros” regulares com monitores e realizar cursos de reciclagem para eles e a necessidade de visitar periodicamente os grupos de pré-jovens. As agências aprenderam o que significa acompanhar os monitores recém-treinados em suas iniciativas de formar e manter grupos de pré-jovens, de que tipos de projetos de serviço os jovens podem realizar e como intensificar os componentes artísticos do programa. Como o trabalho com grupos dessa idade estava claramente além da capacidade do coordenador nomeado, alguns assistentes capacitados foram recrutados, sendo que um deles era Marebo Teem. Os esforços dos crentes de Kiribati, com o apoio da pessoa-recurso, deram frutos. Desde o início de 2007, os grupos em aldeias têm sido consistentemente em número de 20 ou mais e embora a participação tenha flutuado ao longo dos ciclos do programa intensivo de crescimento, geralmente tem sido maior do que 250, a maioria dos quais são da comunidade mais ampla. Além disso, em outubro de 2007, havia 11 grupos de pré-jovens em escolas locais.
Aulas para Crianças Embora a mensagem do Ridván de 2000 tenha sido um forte estímulo para a educação das crianças bahá’ís, aulas regulares para crianças somente foram estabelecidas quando foi adotada uma abordagem mais sistemática da educação das crianças, após a tradução do Livro 3 na língua I-Kiribati. Aulas para crianças na vizinhança começaram quando foi lançado o programa intensivo de crescimento e, pelo final do primeiro ciclo, o número de aulas para crianças subiu de 12 para 19, com 285 participantes. A colaboração entre os coordenadores de agrupamentos de aulas para crianças e de grupos de préjovens facilitou imensamente a multiplicação dessas atividades, pois os coordenadores visitam juntos as casas dos “buscadores” para explicar o material disponível para grupos de ambas as faixas etárias. Os pais são convidados a
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inscrever seus filhos nos programas e monitores treinados e professores de aulas para crianças são designados para trabalhar com a juventude. O potencial para a expansão de aulas para crianças é imenso. Em outubro de 2007, o número cresceu para 27 com a participação de 330 crianças e em janeiro de 2008 os habitantes da aldeia de Buota contataram os bahá’ís pedindo que alguém fosse ensinar suas crianças.
O Caminho Adiante Bahá’u’lláh escreveu: “Se tentarem ocultar Sua luz no continente, Ele, com toda certeza, levantará a cabeça no próprio âmago do oceano e, alçando Sua voz, proclamará: ‘Eu sou quem dá vida ao mundo!’”1 A visão do crescimento da comunidade bahá’í de Kiribati, a primeira nação a contemplar o nascer do sol no alvorecer do novo milênio, foi grandemente inspirada por essas palavras. No agrupamento de Tarawa do Sul, a cada ciclo cerca de 30 almas estão entrando sob a proteção de seu Bem-Amado e geralmente 40 por cento deles passam a estudar os cursos do Instituto. Mais desafios e oportunidades certamente estão por vir. E no entanto, cada passo que os amigos de Tarawa do Sul dão ao longo do caminho do crescimento, cada oportunidade que aproveitam e cada desafio que enfrentam, aproximam-se mais da realização da profética declaração de Bahá’u’lláh.
1- A Ordem Mundial de Bahá’u’lláh. 1. ed. Mogi Mirim: Editora Bahá’í do Brasil, 2003, p. 145.
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Aceleração do Aprendizado Os estudos de caso apresentados neste volume descrevem a jornada que levou os amigos em cinco agrupamentos ao longo de um caminho de aprendizado e progresso até que, em cada um deles, um programa intensivo de crescimento estivesse bem estabelecido. Em todos os cinco, os elementos da estrutura operacional resultaram em um vigoroso padrão de crescimento somente depois de anos de esforço. No entanto, uma das características mais promissoras do segundo ano do atual Plano de Cinco Anos, é o modo pelo qual a transferência de lições aprendidas e percepções de tais agrupamentos tem acelerado o movimento de outros através de sucessivos estágios de desenvolvimento. Quando essas lições eram pertinentes ao ato impregnado de espiritualidade, de apresentar a Mensagem de Bahá’u’lláh “de um modo tanto acessível quanto convidativo”1, o aumento da taxa de expansão muitas vezes tem sido dramático. Grande parte da aceleração testemunhada remonta ao impulso criativo que a mensagem da Casa Universal de Justiça, do Ridván de 2007, conferiu ao mundo bahá’í. A mensagem lembrava aos crentes que, com o estabelecimento de tão firme fundação, após 12 anos de vigorosa ação consagrada, o ensino deveria ser o primordial pensamento de todas as nossas mentes. A expressão de anelo da Casa Universal de Justiça para ver o ensino se tornar “a paixão dominante da vida de todo crente”2, um estado de iluminação expresso em “ação infatigável”3, evocado de uma entusiástica resposta dos crentes, tem-se mostrado tão dinâmica quanto sistemática. Na mensagem do Ridván, a Casa de Justiça faz referência à operação de agrupamentos “em um vigoroso estado de crescimento”4, indicando que em tais regiões já foram encontrados os meios para levar adiante o trabalho de expansão e consolidação de forma conjunta. Nos meses que se seguiram, algumas estratégias simples foram adotadas para acelerar a propagação do aprendizado desses agrupamentos mais fortes para tantos outros quanto possível. E, à medida que essas estratégias foram implementadas em diversos lugares, ficou cada vez mais claro que o processo de entrada em tropas estava avançando com um novo ritmo.
...algumas estratégias simples foram adotadas para acelerar a propagação do aprendizado desses agrupamentos mais fortes para tantos outros quanto possível.
Indivíduos como Canais para a Propagação do Aprendizado Seguindo a emissão da mensagem do Ridván, a onda de anelo dos crentes, para entrarem no campo do ensino, ficou muito aparente. Igualmente evidente, no entanto, era a necessidade, em muitas ocasiões, de que os amigos fossem acompanhados em seus esforços por indivíduos que pudessem compartilhar a experiência de seus agrupamentos em campanhas de ensino efetivas, inspirar confiança, gerar entusiasmo e demonstrar o modo de implementar os métodos e abordagens examinados nos cursos do Instituto. No início do verão de 2007, o Centro Internacional Vislumbres de Cinco Continentes – 59
Embora o intercâmbio de aspectos práticos do aprendizado e o concomitante crescimento da capacidade entre os crentes locais tenham sido vitais,... suas viagens têm exercido uma profunda influência espiritual...
de Ensino identificou, com o auxílio dos conselheiros, alguns indivíduos com experiência comprovada em seus próprios agrupamentos, em aplicar os elementos da estrutura do Plano de Cinco Anos, particularmente no contexto de expansão. Esses amigos foram então solicitados a viajar a certos agrupamentos, em todos os quais havia condições propícias para um programa intensivo de crescimento mas que, a despeito dos esforços exercidos, o número de declarações permanecia baixo. O agrupamento Bangui na República da África Central provê um dos exemplos mais antigos daquilo que movimentos desse tipo podem alcançar. Um crente do agrupamento Lubumbashi, da República Democrática do Congo, viajou a Bangui, onde o índice de expansão não condizia com o evidente potencial de crescimento. O visitante colaborou estreitamente com os membros do Corpo Auxiliar e agências do agrupamento, os quais haviam tomado medidas para preparar o terreno para sua chegada. Juntos, planejaram um projeto de ensino para as áreas mais afastadas do agrupamento, selecionando populações nas quais iriam concentrar seus esforços, consultando sobre o número de equipes a serem formadas, discutindo materiais de ensino e estabelecendo metas. Como promover a capacitação entre os amigos locais é parte integrante do trabalho de indivíduos que servem como pessoas-recurso, o visitante acompanhou as equipes de ensino ao campo todos os dias, dando atenção especial às funções dos coordenadores da equipe. Um total de 72 novas almas abraçaram a Causa durante o nono ciclo – 12 vezes o número médio das declarações dos quatro ciclos anteriores. No entanto, talvez mais impressionante ainda era a transferência de aprendizado de Lubumbashi para Bangui sobre abordagens efetivas práticas de como organizar os esforços de consolidação, levando à criação de um programa detalhado, sobre como cada crente recém-declarado deveria ser nutrido, especialmente através de atividades centrais. Um notável percentual de 58 porcento dos novos bahá’ís ingressou no processo de Instituto. Numa visita subseqüente por essa mesma pessoa ao agrupamento, houve uma ascensão adicional no número de declarações e a capacidade e entusiasmo entre os amigos e agências da Bangui cresceu ainda mais. No outono de 2007, algumas iniciativas semelhantes foram realizadas em todos os continentes, com resultados comparáveis. Embora o intercâmbio de aspectos práticos do aprendizado e o concomitante crescimento da capacidade entre os crentes locais tenham sido vitais, o senso de entusiasmo gerado e a recepção aos instrutores viajantes deixam claro que suas viagens têm exercido uma profunda influência espiritual que lembra as palavras de Bahá’u’lláh: “O próprio movimento de lugar em lugar, quando empreendido por amor a Deus, tem sempre exercido, e agora pode exercer, sua influência no mundo.”5
Locais de Disseminação de Aprendizado Outra estratégia que surgiu no ano passado, intimamente relacionada à utilização de pessoas-recurso, envolveu a seleção de agrupamentos fortes como locais para a disseminação de aprendizado. As agências que 60 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO
trabalhavam em tais agrupamentos, todos em vigoroso estado de crescimento, foram apoiadas pelos conselheiros no desenvolvimento da capacidade de receber um grupo de amigos de outros países e expô-los aos métodos e abordagens que estavam sendo utilizados com sucesso para manter a acelerada expansão e consolidação da Fé. Um grupo desse tipo bem pode incluir tanto aqueles que se valem da experiência para auxiliar a promover o desenvolvimento de seus próprios agrupamentos, como aqueles que serão preparados como pessoasrecurso para auxiliar em outras regiões. Reconhecendo a necessidade de indivíduos que pudessem atuar como pessoas-recurso, os conselheiros das Américas identificaram 17 amigos de sete países da América Central e América do Sul, com o potencial de servir desta maneira. Devido ao vigor do processo de crescimento do agrupamento de Norte del Cauca, na Colômbia, esses amigos foram convidados para ir até lá, para uma oficina que envolveu-os em um processo combinado de estudo e ação, durante um mês. A oficina incluía o estudo da guia da Casa Universal de Justiça e de certos conceitos trabalhados nos cursos do Instituto, a prática na análise de informações disponíveis, para avaliar a condição de progresso do agrupamento, e a formulação de planos nela baseados, tanto para expansão como para consolidação. A instrução e a prática do ensino direto e a organização de projetos de ensino valeram-se do conteúdo do Livro 6 do Instituto Ruhi. Os participantes tiveram ainda a oportunidade de visitar círculos de estudo em ação, participar de reuniões das agências do agrupamento e de reuniões de reflexão e participar da fase de expansão do ciclo de atividades e vários dias da fase de consolidação. Esses amigos foram então, como pessoas-recurso, a alguns dos agrupamentos mais fortes de diferentes partes da América Latina. Os resultados foram imediatos. O trabalho de ensino recebeu ímpeto e a capacidade dos amigos locais de promoverem expansão e consolidação sistemáticas foi intensificada consideravelmente. De agosto a outubro de 2007, quando cerca de 30 agrupamentos foram beneficiados por essa transferência de aprendizado, quase 1700 novos crentes abraçaram a Causa, dos quais 42 porcento se engajaram no processo de treinamento do Instituto. A abordagem foi tão efetiva que o Centro Internacional de Ensino encorajou os conselheiros de todos os continentes a tomarem medidas para repetir a experiência e o desenvolvimento de locais de aprendizado em outras partes do globo tem se mostrado igualmente bem-sucedido em dar impulso ao processo de crescimento em todo o mundo. Em novembro de 2007, por exemplo, o agrupamento de Almaty, no Cazaquistão, foi escolhido como um local desses para a parte asiática da Rússia e vários países vizinhos; 25 amigos participaram de um programa de preparação especialmente desenvolvido, após o qual eles foram mandados a agrupamentos selecionados em toda a região. Trabalhando com diretrizes gerais de como estabelecer uma campanha efetiva de ensino direto, eles colaboraram com agências do agrupamento, ajudaram na formulação de planos de ação sistemáticos e participaram de sua implementação, ombro a ombro, com os crentes locais. Depois de apenas um mês, aproximadamente 420 almas entraram na Causa e avalia-se que 65 porcento deles foram imediatamente inscritos no programa do Instituto, sendo que muitos começaram o estudo do Livro 1 enquanto a fase de expansão ainda estava em pleno andamento. Tal abordagem, havia produzido, naquela vasta região, de extensos agrupamentos com esparsa população bahá’í, um resultado que de outro modo levaria anos para ser alcançado. Vislumbres de Cinco Continentes – 61
...locais para a difusão do aprendizado podem ser utilizados efetivamente não somente para transferir conhecimento relacionado ao movimento de agrupamentos em todas as suas dimensões, mas para promover o entendimento de alguns aspectos específicos do processo.
A experiência demonstrou que locais para a difusão do aprendizado podem ser utilizados efetivamente não somente para transferir conhecimento relacionado ao movimento de agrupamentos em todas as suas dimensões, mas para promover o entendimento de alguns aspectos específicos do processo. O trabalho com pré-jovens é um caso a ser considerado. No agrupamento Portal da Glória, no Brasil, por exemplo, os amigos conseguiram multiplicar significativamente o número de grupos de préjovens durante o último ano, que atualmente inclui cerca de 800 participantes. Os primeiros 21 jovens a completarem o programa de três anos para sua capacitação moral e espiritual, continuaram todos a estudar a seqüência de cursos do Instituto e cinco já ensinam aulas para crianças. Muitos dos atuais pré-jovens participantes aspiram, eles mesmo, tornaremse monitores de grupos. As percepções adquiridas pelos amigos em manter tão grande número de grupos colocam o agrupamento Portal da Glória na vanguarda do processo de aprendizado, fazendo dele um lugar ideal para o desenvolvimento das capacidades dos indivíduos que coordenam o trabalho com pré-jovens de toda a região. Em fevereiro de 2008, a pedido dos conselheiros, em colaboração com o escritório de Desenvolvimento Sócio-Econômico do Centro Mundial Bahá’í, foi realizado um seminário no Portal da Glória, para aqueles que trabalham com pré-jovens no Brasil, a maioria coordenadores de agrupamentos, durante o qual eles repassaram materiais, refletiram sobre suas próprias experiências em auxiliar monitores e observaram um “encontro” para um grande número de monitores. Visitando diversos grupos de pré-jovens, na companhia do coordenador dessa atividade no Portal da Glória, eles conseguiram ver como os monitores são acompanhados na prática, neste agrupamento. Atualmente, foram identificados bem mais de 50 agrupamentos que podem atuar como centros de disseminação de aprendizado. Cerca da metade deles terão um foco especial no apoio a esforços para expandir os programas para pré-jovens, nas regiões em que servem. O que será essencial é que o processo global de aprendizado, em todos esses locais, seja rigorosamente levado adiante e a capacidade de hospedar grupos de visitantes consistentemente desenvolvido.
Pioneiros de Frente Doméstica como Agentes de Aprendizado O estabelecimento de pioneiros como meio de difundir a Causa é, sem dúvida, uma característica bem entendida da vida bahá’í. O que a experiência recente mostra é que pioneiros que atuam efetivamente na estrutura operacional do Plano podem dar foco, velocidade e direção ao desenvolvimento de um agrupamento, especialmente a um que esteja nos primeiros estágios de crescimento, tornando-se desse modo agentes da aceleração do aprendizado. Camboja oferece um notável exemplo do que pode ser alcançado. A experiência em aplicar a estrutura operacional é rica naquele país e seu contingente de recursos humanos continua a se avolumar, à medida que aumenta o número daqueles que se engajam no estudo dos cursos do Instituto. Isso tornou possível a diversos agrupamentos fortes agirem 62 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO
como viveiros, dos quais podem ser enviados pioneiros de frente interna e receberem contínuo apoio sistemático. Tais pioneiros adquiriram, invariavelmente, um elevado senso de serviço através da participação no processo de Instituto e tem experiência comprovada, tanto em levar avante atividades centrais como em trabalhar em equipes de ensino. O mais crucial, no entanto, é a sua habilidade de fortalecer a capacidade em outros. Depois de se estabelecer em um agrupamento não aberto, eles reúnem um grupo de jovens receptivos à Mensagem e estabelecem pelo menos uma atividade central, geralmente um círculo de estudo. À medida que esses jovens aprofundam seu entendimento da Fé, tornam-se protagonistas cada vez mais ativos do processo de crescimento – protagonistas que vêem as atividades centrais como componentes necessários para a construção de uma comunidade, rica na sua vida espiritual e socialmente ativa na sua orientação. Uma vez que essa legião inicial de novos crentes estudou os primeiros Livros da seqüência – geralmente definidos como Livros 1 e 2 – aqueles que demonstrarem o maior interesse são convidados a participar de cursos centralizados em um agrupamento forte, localizado nas proximidades. Naqueles cursos, eles completam o estudo dos Livros 3 a 5 com crentes de experiência reconhecida, tais como coordenadores e adquirem prática em dar aulas para crianças e dirigir atividades de préjovens, no contexto do dinâmico trabalho de ensino daquele agrupamento. Ao retornarem às suas casas, esses crentes relativamente novos podem iniciar e multiplicar aulas para crianças e grupos de pré-jovens, fortalecendo o padrão de atividade de suas emergentes comunidades. Algumas semanas depois, alguns retornam novamente ao agrupamento determinado, agora para estudarem os Livros 6 e 7. Agora estão preparados para aumentar significativamente a força do processo de Instituto de treinamento em seu agrupamento, que rapidamente pode alcançar o estágio da auto-suficiência. No decorrer dos primeiros estágios, equipes de instrutores viajantes enviados de agrupamentos mais fortes, provêem assistência ao pioneiro, em vários aspectos do processo de crescimento e reforçam os esforços locais. Através desta sistemática e agora bem comprovada abordagem, agrupamentos em Camboja não somente podem gerar recursos humanos suficientes para seu próprio desenvolvimento, mas têm também a capacidade para estabelecer um padrão de crescimento dinâmico em agrupamentos vizinhos, em questão de meses. Em fevereiro de 2006, por exemplo, uma família de pioneiros de frente interna mudou-se para o agrupamento Pursat, onde na época havia poucos crentes. Em dezembro de 2007, o número de crentes aumentou para 610, muitos dos quais estavam sendo nutridos em um número impressionante de atividades centrais: 31 círculos de estudo, 19 reuniões devocionais, 14 aulas para crianças e 12 grupos de pré-jovens. Com base nessa experiência, as instituições em Camboja fizeram planos para assegurar que todos os demais agrupamentos naquele país estabelecessem programas intensivos de crescimento até o final do atual Plano.
...pioneiros que atuam efetivamente na estrutura operacional do Plano podem dar foco, velocidade e direção ao desenvolvimento de um agrupamento,... tornando-se desse modo agentes da aceleração do aprendizado.
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Aprendendo a Atingir Populações Receptivas
...as lições mais cruciais transmitidas eram relacionadas ao ensino direto, talvez o campo em que se fizeram os avanços de aprendizado mais significativos em todo o mundo, no ano passado.
As estratégias descritas já foram utilizadas com considerável sucesso em agrupamentos em todo o mundo. Conforme já mencionado, a maior parte do aprendizado difundido foi sobre questões práticas, por exemplo, como administrar um programa intensivo de crescimento, como organizar equipes de ensino em campanhas e como analisar dados. Mas as lições mais cruciais transmitidas eram relacionadas ao ensino direto, talvez o campo em que se fizeram os avanços de aprendizado mais significativos em todo o mundo, no ano passado. Atingir grande número de pessoas em regiões onde as populações tradicionalmente mostraram um elevado grau de receptividade em relação à Fé nunca foi difícil. No entanto, com o passar dos anos, o ensino em larga escala nessas regiões decaiu constantemente, uma vez que não foi possível enfrentar os desafios relacionado à consolidação. Os últimos meses testemunharam um redespertar do espírito de ensino direto através de campanhas coletivas em agrupamentos com tais populações receptivas, mas agora como um dos diversos elementos integrados em um programa coerente de crescimento sustentável. No entanto, mais notável ainda, foi que o mesmo tipo de apresentação direta da Fé mostrou-se igualmente efetivo em áreas onde se pensava que as populações eram menos receptivas, geralmente centros urbanos. A centelha do ensino foi reacendida em tais agrupamentos, onde os crentes aprenderam a iniciar atividades centrais para membros da família, amigos, colaboradores e colegas. Nos meses recentes, esses crentes deram mais um próximo passo significativo, antecipado pela Casa Universal de Justiça em sua mensagem de 27 de dezembro de 2005. Encorajados pela receptividade que encontraram em seus círculos imediatos e levando sua experiência em ensino direto individual, eles realizaram campanhas entre populações receptivas, aquelas tipicamente residentes em áreas bem definidas da cidade, tais como um bairro, um bloco de apartamentos ou um conjunto de residências. Durante vários anos, os amigos de Toronto, Canadá, se esforçavam para entender a dinâmica do ensino da Fé a populações receptivas. Em 2007, foi iniciado um empreendimento, visando desenvolver a experiência acumulada até então, especialmente em apresentar a Mensagem de uma maneira mais direta do que no passado. Oito bairros – principalmente formados por blocos de apartamentos com grandes comunidades de imigrantes – foram selecionados, por causa da provável receptividade de seus habitantes. E, finalmente a longamente acalentada meta dos amigos de Toronto foi realizada. Embora tenham ocorrido diversas declarações, em conseqüência desse esforço, o mais extraordinário foi que mais de 500 novas pessoas começaram a participar de atividades centrais. Os pais sentiram-se especialmente atraídos às atividades para a educação espiritual e moral de suas crianças e pré-jovens – uma preocupação premente resultante do deslocamento cultural e social. Impulsionados pela paixão de ensinar entre as populações que começaram a conhecer, 15 bahá’ís, a maioria jovens e adultos jovens, mudaram-se para esses bairros, para nutrir a capacidade dos “buscadores” e novos crentes e para promover o crescimento das comunidades recém-nascidas, nas quais as atividades centrais já são vistas como uma parte natural da vida coletiva.
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Essa abordagem, de encontrar almas receptivas, agora está sendo utilizada com resultados significativos em cenários tão diferentes como as apinhadas cidades da Índia e os espaçosos centros urbanos dos Estados Unidos. Consideremos o estado de Arizona. Durante um ano, a multiplicação de aulas nas vizinhanças, no agrupamento de Phoenix, havia proporcionado uma saudável educação espiritual para um crescente número de crianças, cujos pais não eram bahá’ís, especialmente entre a população hispânica. Como conseqüência natural, quando foi lançado um programa intensivo de crescimento, em dezembro de 2007, os pais dessas crianças se mostraram especialmente receptivos à Mensagem. O modo de atingir tanto esses como outros pais, e outros aprendizados, sobre como ensinar em cenários urbanos, que os amigos de outros agrupamentos levaram meses e até anos para adquirir. A fase de expansão utilizou métodos de ensino direto em ação coletiva, marcada pela intensidade e elevado entusiasmo. Com a declaração e registro de 70 indivíduos em 15 dias, a fase de expansão em Phoenix tornou-se a mais efetiva desse tipo na América do Norte: os amigos recém-declarados foram facilmente integrados ao padrão de vida comunitária que estava emergindo gradualmente no decorrer dos anos, quando foram estabelecidas atividades centrais. Apenas três semanas depois, amigos do agrupamento vizinho de Tucson lançaram sua própria campanha de ensino que incorporou lições aprendidas em Phoenix e levou seu programa de crescimento já existente a um novo nível. Mas não foi apenas isso. Ainda três semanas mais tarde, os bahá’ís do agrupamento de East Valley lançaram seu programa intensivo de crescimento, agora com a vantagem do aprendizado adquirido pelos outros dois. Amigos escolhidos de várias regiões dos Estados Unidos foram lá participar e aprender e, novamente, os resultados foram sem precedentes. Mais de 100 almas abraçaram a Causa de Deus em nove dias – e muitos mais expressaram interesse em continuar a aprender sobre a Fé. De fato, tal foi a receptividade e a resposta que as agências do agrupamento tiveram que terminar a fase de expansão três dias mais cedo, para assegurar que os esforços de consolidação pudessem acompanhar o mesmo ritmo da expansão. Os ecos desses três agrupamentos-irmãos, no Arizona, já estão repercutindo através dos Estados Unidos.
O fato de que, em questão de meses, a adoção de algumas simples estratégias tenha dado origem a uma aceleração de aprendizado tão extraordinária, é um testemunho da crescente capacidade da comunidade.
! A análise anterior demonstra, mais uma vez, o valor do modo de aprendizado, no qual a comunidade bahá’í está atuando cada vez mais. O fato de que, em questão de meses, a adoção de algumas simples estratégias tenha dado origem a uma aceleração de aprendizado tão extraordinária, é um testemunho da crescente capacidade da comunidade. Durante o segundo ano do Plano, o corpo de conhecimento, com o qual os amigos podem contar na promoção do crescimento de um agrupamento, expandiu-se imensamente com as percepções adquiridas na dinâmica do ensino direto. Em todo agrupamento, independente de seu atual estágio de desenvolvimento, os crentes podem agora pensar em termos de ciclos de atividade e estabelecer um ritmo de crescimento que se distingue por uma recorrente onda de expansão, seguida por um período de Vislumbres de Cinco Continentes – 65
consolidação – um período durante o qual a atenção dispensada ao processo do Instituto faz aumentar rapidamente os recursos humanos necessários para aumentar o nível de intensidade. Assim, não pode restar dúvida de que a meta de estabelecer pelo menos 1500 programas intensivos de crescimento até o final do Plano de Cinco Anos é bem possível de se alcançar.
1- Mensagem datada de 27 de dezembro de 2005, escrita pela Casa Universal de Justiça à Conferência de Corpos Continentais de Conselheiros. 2- Mensagem do Ridván de 2007, escrita pela Casa Universal de Justiça aos bahá’ís do mundo. 3- Ibid. 4- Ibid. 5- O Advento da Justiça Divina. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora Bahá’í do Brasil, 1977, p. 127.
66 – ALCANÇANDO A DINÂMICA DE CRESCIMENTO