A literatura, o Brasil e a sociedade.

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A literatura, o Brasil e a sociedade.

Por: Lucas Gabriel da Silva Ferraz Data: 08/08/2019


O que é literatura? De antemão, para o entendimento da literatura como um elemento cultural brasileiro, há então o interesse na definição para com a mesma. Em âmbito acadêmico, dada a extensão do curso de letras, temos algo relativo. Mas como neste texto, o mérito em literatura é dado ao território nacional, partiremos daquilo que fora expresso por Domingos José Gonçalves de Magalhães, em “Discurso sobre a história da literatura brasileira”. Na sua forma simplificada, literatura, é a eternização do que há de mais sublime numa dada sociedade, por exemplo temos o próprio desenvolvimento das instituições da mesma, isto na forma de registro para a então transcendência dos valores dessa sociedade. Numa relação da literatura, temos a divisão dela em dois ramos que a constitui. Seja aquela que provêm das características próprias, emanadas de invenções do indivíduo e também características em seu estado natural (ex: geográfico e biológico). Na outra via encontramos a literatura que se dá em função daquilo que é herdado ou é influência de outras sociedades, como religião, formas de gravura, lendas, etc. Dada a formalização da literatura, partimos para uma questão pertinente: o que é “literatura brasileira”? Falemos então da “nacionalidade de uma obra”.

“Nacionalidade da obra” e literatura brasileira. Como vimos, a literatura de um povo é a cristalização da sua cultura em termos gramaticais. Daí há uma confusão, podemos considerar as primeiras escritas em território brasileiro, como produções nacionais? Por exemplo as cartas enviadas à corte portuguesa, nela há elementos que se dão “brasileiros”, como a descrição territorial, o que implicaria diretamente na propriedade cultural de um povo, seria este


um ponto, que por si só, é válido para a atribuição de uma obra a uma determinada associação populacional? De certo que não, e por que? Vejamos que aqui há um assunto importante, pois aquilo que cristaliza a cultura está também atrelado ao seu dialeto, ideias e formas escritas, ou seja, a produção vem do indivíduo que ali fora criado e que se considere parte daquela sociedade, partilhando de sua ideologia, cultura e território. É por isso que aquele que for criado perante outras ideias, seja isto a cultura, nunca irá produzir uma obra, de forma genuína, de outro povo, por mais que este tenha todo o conhecimento técnico daquele povo. Daí temos que uma obra para “ser brasileira”, precisa antes, que o autor tenha a formação cultural daquela, ou seja, o indivíduo que produz já não se insere em outras culturas. Portanto, é a formação do ser, em meio social, que vai definir na “nacionalidade” da obra. E não os elementos que nela estão contidos. Dissertamos até aqui para chegar no que parece mais óbvio: uma obra, para ser brasileira, tem que ser escrita por um brasileiro. Mas então, quando nasceram as primeiras obras verdadeiramente brasileiras? Por esta ser uma questão um pouco complexa e que engloba bastante coisa, não pretendo respondê-la aqui, fica a seu exercício tal.

Doença, literatura, cidadania e sociedade Como afirmam diversos estudiosos da área, há uma relação intrínseca entre a literatura e a formação do cidadão. Dentre as causas e consequências desta relação, estão: a comunicação do leitor para com outras realidades e tempos; aumento no senso de criticidade e a necessidade do “saber”. Cientes disso, podemos então criar uma relação do atual quadro político e cultural brasileiro, com a situação literária nacional. Segundo uma pesquisa, nomeada “retratos da literatura”, o Brasil é um dos países com menor consumo literário, que como já fora dito, acaba por interferir diretamente no quadro político. É aí que discursos de ódio são


aceitos pela sociedade e pessoas incapacitadas são eleitos para a presidência do país. Mas enfim, o que o brasileiro lê? Com base em uma pesquisa publicada pelo site publishnews, dos livros mais vendidos até então, no ano de 2019, se destacam os gêneros autoajuda e “negócios”. O que esses dados nos falam? Seja isso proveniente da crise econômica ou não, também mostra que há pouco incentivo da leitura “de literatura” propriamente dita, seria isso fruto de um descaso do brasileiro com a arte? antes de responder, precisamos analisar mais alguns dados: o maior obstáculo para o aumento de consumo literário no Brasil é a falta de tempo (43% dos casos), então relacionando isso com os livros mais vendidos, sendo eles do gênero “negócios”, temos aí a priorização da máquina econômica, do brasileiro priorizando a ascensão no mundo capitalista, ou seja a melhora de vida, do que outras coisas, isto só mostra que aquele vivente neste país, não necessariamente “não gosta de ler histórias”, mas sim, precisa antes disso, cuidar de sobreviver economicamente, podendo então relacionar o problema cultural brasileiro talvez o quadro político econômico, que se encontra em declínio, do que o com próprio brasileiro em si. Daí chegamos a uma questão básica, se nem o brasileiro consome literatura nacional, então quem irá consumir? Além de incluir outras dificuldades, como a diversificação cultural, onde, em outros países os leitores não consigam se identificar com os cenários propostos pelos enredos, também há a dificuldade do próprio sustento do autor, que acaba por não priorizar e disponibilizar o tempo que lhe convém à sua própria obra, o que não interfere na “qualidade” ou no período entre os lançamentos, no entanto, pode sim gerar um desânimo por parte do autor na hora de produzir, aí caímos no mesmo problema em que o leitor se encontra. Outro problema está no próprio ensino, onde na maioria das vezes o professor não incentiva a leitura ativa, por parte dos alunos. O que faz com que a educação também seja algo decisivo no desenvolvimento (ou no “não desenvolvimento) do cenário brasileiro.

O Brasil, visto de fora


Apesar do cenário já descrito, alguns autores brasileiro conseguiram obter o devido reconhecimento internacional, entre eles estão: Machado de Assis, Clarice Lispector, Paulo Coelho, Jorge Amado, dentre outros. No entanto, ainda assim a presença não é tão marcada quanto deveria. Também poderíamos citar coisas como os quadrinhos, que passa a ser menor ainda, você por exemplo, me diga o nome de 5 autores de quadrinhos brasileiros que fizeram um sucesso alarmante no exterior. Bom… Também não consegui encontrar muita coisa, mas fica aí a dica de alguns para você conhecer e recomendar, para que eles atinjam esse estado de reconhecimento internacional: Carlos Ruas, Carol Rossetti, Bianca Pinheiro e Danilo Beyruth. Vai lá dar uma olhada no trabalho deles, tenho certeza de você vai gostar!

Conclusão Como ficou eminente, a literatura nacional não recebe o seu devido valor em função de diversos fatores, desde representatividade até relações econômicas e políticas. É dever do brasileiro mudar essa situação para um futuro harmônico, não só no quesito cultural e representativo, mas também político.


Bibliografia: https://www.todamateria.com.br/origens-da-literatura-brasileira/ http://www.plataformadoletramento.org.br/hotsite/especial-mapa-literatur a-brasileira/linha-do-tempo.html https://atlas.fgv.br/marcos/educacao-e-ciencia/mapas/linha-do-tempo-lite ratura-cronologia-dos-principais-autores-do https://www.publishnews.com.br/ranking/anual/0/2019/0/0 https://g1.globo.com/politica/blog/matheus-leitao/post/2019/01/06/retrato s-da-leitura-no-brasil.ghtml https://blog.estantevirtual.com.br/2011/11/21/literatura-brasileira-no-exte rior-os-12-autores-nacionais-mais-lidos-no-mundo/ https://revistagalileu.globo.com/Cultura/noticia/2016/01/trezequadrinistas -brasileiros-que-voce-precisa-conhecer.html https://www.youtube.com/watch?v=vm0hm_bLqgQ https://www.youtube.com/watch?v=Enj0l4N31oo https://www.youtube.com/watch?v=w4fibOG1vXc http://www.portugues.seed.pr.gov.br/arquivos/File/leit_online/domingos_ magalhaes.pdf


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