Sertao

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SEQUIDÃO Castiguei os meus melhores versos por simplesmente serem seus tornei-me um ser tão disperso desde quando você me ocorreu Frequentei as casas mais distantes mas lembro sempre daquele chão Que a gente chorou e sonhou e tanto, antes mar, hoje sequidão.


Foto: Kleber Lopes / Poesia: Felipe De Vas


Foto: Kleber Lopes / Poesia: Felipe De Vas


AMEM Não existe ato de fé maior que confiar em alguém. Cristo dissera “Amem” e nunca “Amém”.


LUZ NĂŁo adiantas querer ser reflexo antes mesmo de tornar-se luz.


Foto: Kleber Lopes / Poesia: Felipe De Vas


Foto: Kleber Lopes / Poesia: Felipe De Vas


Viver Há quem diga que “viver é um ato de perda”, mas há quem viva sem perder um brilho sequer dos olhos.


DISTÂNCIA Talvez nos exista uma característica crônica e constante: Achar beleza e saudade em tudo que se resume distante.


Foto: Kleber Lopes / Poesia: Felipe De Vas


Foto: Kleber Lopes / Poesia: Felipe De Vas


PALAVRAS Morre-se tanto durante a vida, Vive-se tanto em face da morte. Torço as mágoas feito pano de chão, E rego as plantas como se curasse um corte. Hoje o tom do meu silêncio é grave mais que minha fala, E os meus discursos mudos, rasgam mais do que palavras.


“LIBERDADE” Aqui na terra dos muros distantes, não há janelas moldurando o horizonte não há verticalismo sombreando a cidade, há o maior e mais forte sedativo que se sabe: a mais pura e cristalizada “liberdade”.


Foto: Kleber Lopes / Poesia: Felipe De Vas


Foto: Kleber Lopes / Poesia: Felipe De Vas


A CHUVA A chuva cai diante dos meus olhos, por uma nuvem que pesara demais. As lรกgrimas caem diante do espelho, Pelas mesmas regras essenciais: Toda lembranรงa que, inevitavelmente, pesa, Alguma hora cai.


ANIMAL Ei, aprendes a conjugar o verbo “sofrer”, na terceira pessoa do plural. “Mas pode pessoa ser animal?” Quando se trata de seres humanos, Ninguém escapa desta conjugação verbal.


Foto: Kleber Lopes / Poesia: Felipe De Vas


Foto: Kleber Lopes / Poesia: Felipe De Vas


tempo Cansado da insistĂŞncia do PASSADO e da frigidez do FUTURO. Sobra-me abrir, todo o dia, o PRESENTE.


SANIDADE Aos enjaulados-em-si-prĂłprios que insistem em definir minha sanidade: Saibam que existem loucuras ilegĂ­veis para a sua urbana mediocridade.


Foto: Kleber Lopes / Poesia: Felipe De Vas


Foto: Kleber Lopes / Poesia: Felipe De Vas


ESTRADA O medo da morte me faz rogar a sorte aonde eu vá escravo do acaso, das estradas e dos descasos que eu hei de encontrar No fundo o mundo é raso comparado a imensidão das constelações infinitas comprimidas no meu coração.



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