Influxo #1
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Influxo#1
Minas - S達o Paulo Brazil
EDITOR Alexandre Kocian
CRIAÇÃO, CONTEÚDO E DESIGN Alexandre Kocian
FOTO CAPA Flávio Danza
FOTO CONTRACAPA Victor Imesi
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Grupo Imagens De Poços / Grupo Photo & Olhares / Grupo Imagens De Campinas / Grupo Imagens De Andradas / Grupo Imagens De Divinolândia / Grupo Imagens De Caldas / Grupo Imagens De Santa Rita De Caldas / Grupo Imagens De Espírito Santo Do Pinhal / Grupo Imagens De Valinhos / Jornal Da Cidade (Poços De Caldas) / Jornal Brand-News / Maria Lúcia e Alexandre (Caiapós Do São José). Aos amigos, fotógrafos e artistas que acreditaram nesta ideia.
É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação. Influxo online utiliza o material publicado com a autorização de seus autores e proprietários.
“Influxos mineiros” Kocian, 2015
Influxo significa “ato ou efeito de influir; no sentido figurado, afluência. Influxo criativo, talvez. Ou imagético, quem sabe? O que pretendemos aqui é o compartilhar, uma troca mútua de inspiração entre amigos, mineiros espalhados pelo sul de Minas Gerais e vizinhos da fronteira de lá, paulistas que se estendem até Campinas. Nesta primeira edição, apresentamos autores mineiros de destaque: Victor Imesi, Flávio Danza e o jovem Gustavo Rodrigues. Revelaremos também as fotos inéditas do “Caiapós do São José”, um trabalho documental feito por mim e por Victor Imesi sobre o grupo folclórico de cento e onze anos que está prestes a sumir do mapa por falta de reconhecimento. A matéria especial mostra o funcionamento de um jornal do interior de Minas, o Jornal da Cidade, que surpreende pelos processos artesanais de impressão, produção e distribuição, além das máquinas impressoras antigas, lindíssimas, ainda em pleno funcionamento. A distribuição do jornal no centro da cidade é romantismo puro, feita com a ajuda de uma bicicleta em pleno séc. XXI. Fechamos e edição com o criativo trabalho do artista plástico Reynaldo Prieto. Divirta-se! Alexandre Kocian
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Caiapós do São José [Kocian/Imesi]......................................................................10
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Índios urbanos [Rodrigues].......................................................................................42
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O decadente circo da vida [Imesi]..........................................................................54
#4
As cores do mundo [Danza].....................................................................................68
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Jornal da Cidade [Kocian]..........................................................................................84
#6
Reynaldo Prieto [Escultor/Artista Plástico].......................................................118
e culturais celebradas em festas populares
que congregram brancos, negros e índios em
total harmonia e sincretismo. Estas tradições
Caiapós do
São José
Um ensaio de A. KOCIAN & V. IMESI
Kocian + Imesi
O Brasil é um país rico em tradições religiosas
folclóricas partem do povo, camada mais
despriviliegiada da população, e possuem pouco ou nenhum incentivo público para perpetuarem sua cultura artística. Além da falta de recursos,
os grupos folclóricos sofrem o preconceito do
restante da população, que em sua maioria não entende o que fazem ou sequer procura saber
a respeito da rica história que está por trás de tais tradições.
Em Poços de Caldas, cidade da região cafeeira
ao sul do estado de Minas Gerais, o grupo Caiapós
do São José enfrenta sérios problemas para na tradicional festa de São Benedito – única no país em que caiapós (índios) participam junto aos congos (negros) nas procissões e rituais.
Diante dessa perspectiva, Alexandre KOCIAN
e Victor IMESI pretendem revelar ao mundo
Caiapós do São José
preservar sua arte e manter as apresentações
essa herança cultural em atividade desde 1904 que corre o risco de acabar por falta de estímulo e reconhecimento. As imagens que envolvem os preparativos e artesanatos deste grupo são
inéditas. É incrível que em 111 anos de tradição
não haja registros da confecção das fantasias, saias e cocares (coroas), tampouco dos ensaios
realizados nas vielas estreitas do bairro São José, popularmente conhecido como Serrote, antiga periferia com baixa concentração de renda.
Para alcançar o ineditismo, os fotógrafos
The folkloric group of Kayapos: photographers want to share with the world the great value of this century-old tradition. O grupo folclórico Caiapós do São José: fotógrafos querem divulgar o grande valor desta tradição centenária.
tiveram de acompanhar no mês que antecede a
Festa de São Benedito, em abril, o grupo dentro da comunidade do São José, bem como nos
campos e matas ao redor da cidade, registrando processos artesanais até então desconhecidos pela maioria da população.
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O papel dos Caiapós no São Benedito Segundo a historiadora Nilza Botelho Megale, o Caiapó é um folguedo popular, que relembra as tradições indígenas e aparece em Poços de Caldas na festa de São Benedito. Seus dançadores se apresentam vestidos com uma saia comprida feita de capim membeca, blusa de pano coberta de penas de galinha e um cocar colorido na cabeça. Eles pintam o corpo de azul e vermelho, enfeitam tornozelos e pulsos levando nas mãos arcos, flechas e espadas de pau. Suas danças, apesar do ritmo marcado pelos chocalhos, caixas e reco-recos, não apresentam canto. Seus principais personagens são: o “chefe” ou “cacique”, os “flecheiros”, os “violeiros”, o “meleiro”, que simula tirar o mel do solo ou das árvores e as “bugrinhas”, que, apesar de protegidas pelos flecheiros, são raptadas por pessoas do povo. Quando as devolvem, os raptores dão algum dinheiro para o grupo. A dança dos Caiapós é apresentada tradicionalmente durante os festejos em homenagem a São Benedito, santo padroeiro dos negros e escravos, sempre no dia 11 de maio, quando acontece a retirada dos Caiapós do mato. Nos três dias seguintes dançam pelas ruas da cidade e no último dia da festa, 13 de maio, dia em que se comemora a abolição da escravatura no Brasil, seguem a procissão do santo.
The St. Benedict Festival and the role of Kayapo: symbolizes the liberation of slaves in Poços de Caldas, Minas Gerais, an agricultural and coffee region. O grupo folclórico de Caiapós participa da festa que simboliza a libertação dos escravos em Poços de Caldas, interior de Minas Gerais, região agrícola e cafeeira.
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Caiapós do São José
Kocian + Imesi
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Caiapós do São José
Kocian + Imesi
Kocian + Imesi Caiapós do São José
“Membeca” grass, rich tradition never seen before records of the preparations of the Kayapos costumes Capim membeca, rica tradição dos preparativos dos Caiapós nunca vista antes em registros
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Caiapós do São José
Kocian + Imesi
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Caiapós do São José
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Caiapós do São José
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Caiapós do São José
Kocian + Imesi
The folkloric group of Kayapo carries out rehearses and other activities in the St. Joseph neighborhood, in outskirts of Poços de Caldas (State of Minas Gerais/ Brazil), an underdeveloped area of income in the city. O grupo folclórico dos Caiapós realiza ensaios e demais atividades no bairro São José, em Poços de Caldas, região de baixa concentração de renda, antiga periferia da cidade.
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Caiapós do São José
Kocian + Imesi
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Caiapós do São José
Kocian + Imesi
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Kocian + Imesi
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Caiapós do São José
Kocian + Imesi
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Caiapós do São José
Kocian + Imesi
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Caiapós do São José
Kocian + Imesi
The celebration brings together indigenous and black folklore in complete religious syncretism which is unique in Brazil. Este tipo de celebração congrega o folclore indígena e negro em total sincretismo religioso. Isso é único no Brasil.
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Caiapós do São José
Kocian + Imesi
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Caiapós do São José
Kocian + Imesi
urbanos
Um ensaio de GUSTAVO RODRIGUES
Gustavo Rodrigues Índios urbanos
Índios
“Índios Urbanos nasceu da fragmentação das idéias de um grupo de jovens artistas que queriam se apropriar da arte como forma de expressar seu descontentamento. A intenção do ensaio é promover a ruptura com a forma de viver dessa sociedade tecnocrática, se opondo aos seus padrões estéticos e morais através de uma linguagem metafórica. Para trabalhar nesse tipo de projeto, no qual exige entrega e envolvimento entre os fotografados, é necessário, antes de tudo, fé no que se está fazendo e ter em mente que no momento em que estamos juntos não há nada separado. Ali nos tornamos um, tanto os que posaram, quanto os que estavam na produção e, se não houvesse intimidade, não física, mas de alma, entre nós, o resultado alcançado jamais teria sido possível. O ser humano perdeu o conhecimento; aos poucos, conforme o fardo do tempo vai se assentando em suas costas, ele cria um olhar rançoso sobre a vida e esquece de vivê-la em sua totalidade, impondo sempre amarras e bloqueios dos mais variados. E uma vida com impedimentos e censura, seja ela qual for, nunca é plena, e sim vazia e desprovida de sentido”.
GUSTAVO RODRIGUES
Rodrigues tem 20 anos e fotografa desde os 16. O gosto pela arte nasceu da necessidade de registrar a forma como ele e meus amigos enxergam o mundo.Sempre ligado a natureza e a necessidade pulsante de movimento, o que o leva a estar sempre em lugares diferentes e conhecer novas formas de apreciar o cotidiano.
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Ă?ndios urbanos
Gustavo Rodrigues
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Gustavo Rodrigues
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Gustavo Rodrigues
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Gustavo Rodrigues
Gustavo Rodrigues Ă?ndios urbanos
Rodrigues is a 20-year-old visual artist from Minas Gerais, Brazil. Rodrigues ĂŠ um artista visual de 20 anos de idade de Minas Gerais. 53
VICTOR IMESI
O decadente
circo da vida
O decadente circo da vida
Um ensaio de VICTOR IMESI
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VICTOR IMESI
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O decadente circo da vida
VICTOR IMESI
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O decadente circo da vida
VICTOR IMESI
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VICTOR IMESI
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O decadente circo da vida
VICTOR IMESI
FLร VIO DANZA
Cores do Mundo
Cores do Mundo
Um ensaio de Flรกvio Danza
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inFluxo - Flávio, conte sobre como foi o seu começo na fotografia.
Deixei o Brasil com roteiro principal predefinido o que facilitou bastante o planejamento de vistos e deslocamentos. No total foram 17 países visitados.
Comecei indiretamente através da computação gráfica. Foram 10 anos de trabalho como arte
A produção das imagens aconteceu de forma
finalista desenvolvendo maquetes eletrônicas para o
natural e espontânea, sem qualquer planejamento.
mercado imobiliário. Essa vivência me proporcionou
Foi um processo contínuo de registro dos momentos
boas noções de iluminação e composição que até
e lugares que visitei. Durante esse processo tive
então usava apenas na criação de cenários virtuais.
bastante tempo e chance de aprimorar técnicas e
O interesse pela fotografia real começou no início
de desenvolver o olhar fotográfico.
de 2014 quando tirei um ano sabático e ingressei em uma viagem de volta ao mundo que durou
inFluxo - Como você construiu um diálogo
9 meses. O fotografia então começou primeiro
entre as imagens deste ensaio, já que elas são de
como um registro turístico e depois tornou-se
pontos e culturas tão diferentes do globo?
uma necessidade diária e uma forma de criação e expressão artística.
Busquei imagens que tivessem basicamente um forte apelo cromático, poucos elementos de composição e alguma intenção de movimento.
inFluxo - Como foi a produção do ensaio “As cores do Mundo”?
A idéia é que quando expostas em conjunto as imagens formem um grande mosáico multicolorido de lugares e culturas.
O projeto surgiu do registro fotográfico dessa viagem ao redor do mundo. Foram 9 meses
inFluxo - A natureza está muito presente
explorando lugares e culturas direfentes, entre
neste ensaio, ora nas paisagens como rios e
natureza e civilização. O resultado final foi uma
dunas, ora com destaque à fauna, mas há sempre
biblioteca com mais de 3000 mil fotos que pretendo
a interferência do homem ou coisas construídas
reduzir para uma seleção de 80 fotos.
por ele nas imagens. Como você enxerga esta
Nesse primeiro ensaio apresento um resumo
relação homem-natureza em seu trabalho?
de apenas 12 fotos. A idéia principal é conseguir transmitir um pouco da essência de cada um dos
Como arquiteto desenvolvi um olhar atento à
lugares e momentos mais incríveis que tive a sorte
relação do homem com o espaço. Seja na cidade ou
de vivênciar nessa jornada.
na natureza essa relação transforma a paisagem. Sou muito ligado à natureza e é nela onde me sinto mais vivo. Quando fotografo busco inconscientemente
inFluxo - E o planejamento para produzir essas
elementos da natureza pra compor a cena. Gosto
imagens? Havia uma rota ou tema predefinidos?
de inserir vida e movimento na fotografia tentando criar esse diálogo entre o homem e o espaço.
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Cores do Mundo
FLÁVIO DANZA
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Cores do Mundo
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Cores do Mundo
FLÁVIO DANZA
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FLÁVIO DANZA
KOCIAN
da Cidade um ensaio de A. KOCIAN
pela paleta de cores obtida. Apesar da maior parte de suas edições serem impressas em preto e branco, o ambiente que o envolve é riquíssimo em cores vibrantes. Da redação ao maquinário, os vermelhos, os azuis, os laranjas e verdes dão o tom do expediente. Funcionando com estrutura enxuta, poucas pessoas, o Jornal da Cidade sobrevive a era do digital com um cotidiano que poucos conhecem. Sua operação é quase artesanal. Utiliza-se o computador para escrever matérias, diagramação e impressão de fotolitos. A partir daí
Jornal da Cidade
Jornal
Este ensaio sobre o Jornal da Cidade surpreendeu
tudo é mecânico e manual. Consegue-se a chapa matriz através de processos físicos e químicos, antiga tecnologia ainda em operação. A sala de máquinas é comandada por um único impressor, que mais parece um malabarista fazendo inúmeros movimentos e coisas simultaneamente. E o processo de montagem e distribuição do jornal, totalmente manual, dobrado e distribuído em bicicletas pela centro da estância mineira, imprime poética tonalidade a este pequeno e grande diário.
Alexandre Kocian
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KOCIAN
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Jornal da Cidade
KOCIAN
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Jornal da Cidade
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Jornal da Cidade
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Jornal da Cidade
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KOCIAN
tampinhas, plásticos, massa de concreto, tudo vira matéria-prima na arte de Prieto. O artista plástico e escultor poçoscaldense consegue
Reynaldo Prieto
ESCULTOR E ARTISTA PLÁSTICO
Reynaldo Prieto
Correias de trator, partes de automóveis,
dar vida a objetos que muitas vezes vão parar no lixo ou em alguma unidade de reciclagem, imprimindo uma carga altamente tensiva em sua obra. O mitológico, o primitivo e o andrógeno se mesclam em formas orgânicas trazendo à tona o pictórico, impreciso e fragmentário; o movimento, o desarranjo da forma pura e o assimétrico. Diferentemente de uma visão condicionada plasticamente, Prieto representa a arte do parecer, com a intenção de atingir o acontecimento, a expressão de um certo movimento do corpo. A construção das formas abertas traz um dinamismo às figuras que se estendem aos limites espaciais impostos pelas molduras.
Artes Plásticas
Photos: kocian
Neste instante Prieto concentra sua produção nos
adornos
carnavalescos
do
próximo
desfile da escola de samba Vivaldinos da Vivaldi, tradicional na cidade do sul de Minas, confeccionando paineis com milhares e milhares de tampinhas de garrafas coloridas. Vestindo um chapéu de sambista, Prieto transita muito bem entre aquela comunidade, mesmo sem carregar naturalmente o samba nos pés. Com todo o seu talento e sensibilidade, o “Rei” (abreviação de Reynaldo) como é conhecido, independente da facilidade de sambar, certamente já pode ser considerado por aqui o rei da arte carnavalesca.
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Reynaldo Prieto
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