Esta 7.ª edição marca um ponto de charneira para o conceito e as actividades do Fórum de Cinema KUGOMA. Para além da programação de filmes, este ano destacando a cinematografia das Maurícias, com cujo festival de curtas se desenvolve um intercâmbio - Cores das Maurícias; a vídeo arte, com um workshop para jovens e a exibição de obras de três artistas suíços - Noite de Vídeo Arte - na galeria Kulungwana; e uma colecção heterogénea de olhares sobre as cidades africanas - Passages; lançamos uma colectânea de seis curtas nacionais no DVD MOZ/CURTAS#01 e, enquanto debatemos com estudantes e académicos os temas «Cinema, História e Património» nas Mesas Redondas, apresentamos um novo grande projecto - o Museu do Cinema em Moçambique que será, daqui em diante, o foco do nosso trabalho, no sentido da valorização, do acesso e da construção de uma História do Cinema em Moçambique, como lugar de educação por excelência, promovendo a pesquisa, a investigação, a organização e publicação, assim como a exibição, para todos os públicos, de documentos, objectos e testemunhos de um património público. No contexto dessa homenagem ao cinema dinamizamos ainda o Workshop de CineConcerto apresentado, ao vivo, na Sessão de Abertura, com a sonorização original de um filme da realizadora americana Lois Weber e a exibição pela primeira vez em Moçambique - do célebre «Catembe», de Faria de Almeida, rodado em 1964. O KUGOMA 2016 encerra com a performance do projecto Timbila Tracks, onde a música de Matchume Zango e o vídeo de Walter Verdin dialogam, no palco do Auditório do Centro Cultural Franco-moçambicano.
CATEMBE, 7 DIAS EM LOURENÇO MARQUES de M. G. Faria de Almeida, 40', Moçambique/Portugal, 1964
Sala Grande CCFM I 8 de Setembro I 19h30 Em 1964, ano em tinha início a Luta de Libertação Nacional, Manuel Frame do filme «Catembe» de Manuel G. Faria de Almeida numa cópia do Arquivo RTP. Guilherme Faria de Almeida realizava «Catembe, 7 dias em Lourenço Marques», um misto de ficção e cinema directo. Censurado e mutilado pelo regime, do original foi permitida uma versão com cortes. Mesmo assim, o filme foi proibido após a estreia e, só na última década, uma vaga de pesquisadores e cinéfilos o fez reviver. Nunca antes exibido em Moçambique, o realizador permite que este 7.º KUGOMA tenha uma sessão de abertura muito especial, no ano em apresentamos o projecto Museu do Cinema em Moçambique, ao qual este filme estará para sempre associado. O filme faz o cruzamento das ideias sobre um colonialismo em desgraça e usa a história de uma rapariga do subúrbio para exibir uma cidade cosmopolita e dividida, exibindo o olhar da «metrópole» sobre Lourenço Marques e Moçambique e, permitindo repensar a censura no cinema, em todas as épocas.
SUSPENSE de Lois Weber & Phillips Mackey, P&B, 9' 56", EUA, 1913
Sala Grande do CCFM I 8 de Setembro I 20h00 Lois Weber (1879-1939) foi actriz, argumentista, realizadora e produtora de cinema. Uma das primeiras americanas a experimentar o filme sonoro nos EUA e a primeira mulher a realizar uma longa-metragem no seu país, Weber chegou a dirigir o seu próprio estúdio de produção (1917). Considerada «a mais importante realizadora feminina da Era Silenciosa» e com uma obra estimada em cerca de centena e meia de filmes como realizadora e outra centena como actriz, ela trouxe para o ecrã preocupações humanitárias e sociais que a levaram a sofrer os tormentos da censura em Hollywood". Foto de Lois Weber e frame do filme «Suspense», de 1913.
O KUGOMA e os músicos participantes do Workshop de Cine-Concerto prestam homenagem a esta pioneira e ao seu trabalho, recriando a banda sonora e remixando o filme «Suspense», de 1913, co-realizado com o marido Phillips Mackey.
Galeria KULUNGWANA I 9 de Setembro I 18h00 com os artistas Olga Titus, Christoph Oertli e Quynh Dong
Imagem de um vídeo de Quynh Dong, artista suíça.
«VIDEO WINDOW» é uma plataforma para a vídeo arte dirigida por Bruno Z'Graggen, com base em Zurique, na Suíça. Em 2016, ela vem contribuir para a programação de oficinas KUGOMA, com um Workshop na Escola Nacional de Artes Visuais (ENAV). Conduzido por 3 vídeo artistas suíços: Quynh Dong, Christoph Oertli e Olga Titus, encerra com uma Noite de Vídeo Arte, na Galeria Kulungwana. A primeira parte da sessão apresenta os vídeos produzidos pelos estudantes durante o workshop e a segunda, nove vídeos pelos 3 artistas, numa perspectiva sobre o seu trabalho e a vídeo arte contemporânea, na Suíça. Com apoio técnico da AMOCINE - Olhar Artístico, Blue Art Filmes e Laboratório de Ideias.
EXPOSIÇÃO Capítulo I - Introdução Galeria CCFM I 8 Setembro a 1 Outubro I 10h00 às 18h00 Inauguração a 8 de Setembro às 18h30 O conceito de museu, no séc. XXI, passa pela criação de modelos digitais de acesso online e móvel, cujas principais mais-valias são a possibilidade de ultrapassar barreiras geográficas e horários de funcionamento. Esta exposição apresenta o Projecto Museu do Cinema em Moçambique e mostra - com forma palpável - os planos para a sua estrutura online - na qual Espaço e Tempo orientam a organização da informação e da pesquisa, sobre a História do Cinema em Moçambique. Como lugar de educação por excelência, o futuro museu pretende desenvolver materiais lúdico-pedagógicos para vários níveis de ensino, colaborando ao nível formal e não-formal. Designer do Estúdio Criativo ANIMA trabalhando Assim, encontrarão aqui um desses produtos, em fase experimental. O na Identidade Visual do Museu do Cinema. Quizz Museu do Cinema - uma aplicação para dispositivos móveis que estará disponível em 2017, é um jogo que testa níveis de conhecimento sobre a História do Cinema em Moçambique, acompanhando o desenvolvimento e a pesquisa do futuro museu e constituindo-se num modelo de educação lúdica tecnológica, numa parceria técnica com a MozApp e o apoio tecnológico da HUAWEI.
‘Cinema, História e Património’ Auditório CCFM I 13 a 15 Setembro I 14h00 às 18h00 A realização destas Mesas Redondas tem o objectivo de iniciar a relação entre o novo projecto museológico e a academia, servindo como plataforma para apresentar e debater artigos e propostas de pesquisa, mas também, para incentivar jovens investigadores a abordar e questionar o Cinema em Moçambique sob uma perspectiva multidisciplinar. Por um lado, o futuro museu irá colaborar, realizar e localizar apoio para projectos de investigação e por outro, reunirá o material já produzido, aqui e no exterior, criando uma base de dados informática exaustiva e completa, que facilitará a consulta pública e a partilha.
Páginas de algumas publicações, fontes secundárias desta História.
CORES DAS MAURÍCIAS Auditório CCFM I 10 de Setembro I 19h00
Azim Moollan é o realizador convidado, que vem apresentar o programa «Cores das Maurícias» e representar o festival de curtas-metragens daquele país - o Ile Courts -, interagindo com o público e com os profissionais de cinema moçambicanos sobre o que significa produzir cinema africano e como as coproduções podem fortalecer a identidade do nosso cinema. Tendo iniciado a sua carreira realizando documentários em Londres, Azim continuou o seu trabalho na região da África Austral. Depois de estudar nos EUA começou a trabalhar como Director de Fotografia em filmes, comerciais e clips musicais. O trabalho experimental, a concepção visual e a iluminação são as áreas que mais o seduzem. Parceiro KUGOMA desde 2012, o Ile Courts 2016 exibirá, em Outubro, a colecção MOZ/CURTAS#01 e receberá como convidado Nildo Essá, produtor e realizador de «Os Pestinhas e o Ladrão de Brinquedos» representando o mais jovem cinema moçambicano.
BARAZ de Gaston Valayden Maurícias I 2010 I Ficção I 7'
MADE IN MAURITIUS David Constantin Maurícias I 2009 I Ficção I 7'
ROD ZEGWI de Azim Moollan Maurícias I 2015 I Animação I 5'
SELFIE de Julian Ratinon Maurícias I 2015 I Animação I 3'
SHANTI de Sarah Hoarau Maurícias e Reunião I 2010 I Ficção I 10'
O ENCONTRO de Jon Rabaud Maurícias I 2012 I Ficção I 17'
WALL STREET LEGIM de Joëlle Ducray, Charlotte Nina, Jawid Kadir Maurícias I 2010 I Documentário I 7'
BOUTIK de Damien Dittberner Maurícias I 2015 I Ficção I 15'
Auditório CCFM I 15 Setembro I 19h00 debate com Orlando Mabasso depois da sessão Cinco curtas-metragens realizadas na Algéria, Tunisia, Burquina Faso, Moçambique e Benim. Cinco projetos seleccionados entre 30 candidaturas de 7 países africanos, constituem outros tantos olhares sobre as Passagens nas cidades de África. Sob a forma de animação, ficção, falso documentário e documentário - com perspectivas políticas, simbólicas, fantásticas e cómicas, mas sobretudo urbanas - realizados durante o ano de 2015, encontram no KUGOMA, mais uma janela para a sua divulgação internacional, desta vez no próprio continente. Nesta colecção, Moçambique aparece representado pelo jovem Orlando Mabasso (realizadora) e pela produtora 16mm filmes, que apresentarão a sessão, dialogando com o público sobre o filme e como tomam forma e são divulgados, este tipo de projectos .
PASSICALME de Selim Gribaa Tunísia I 2015 I Ficção I 12' 53"
COUP DE BARAIL SUR LE PONT de Nabaloum Boureima Burquina Faso I 2015 I Animação I 8'
Foto Orlando
CASA BRANCA de Orlando Mabasso Moçambique I 2015 I Docu-ficção I 10'38"
Orlando Mabasso Jr. escreve histórias para o cinema e, com persistência, tem conseguido concretizar o sonho de realizar. «Casa Branca» não é a sua primeira curta-metragem nem o seu estilo favorito - a ficção - mas, no conceito deste documentário se revelam as suas intenções e, na fotografia cuidada do, também realizador e produtor, Inadelso Cossa, um olhar sobre as gentes moçambicanas nos não-lugares urbanos do nosso país.
ALGER DE BAIXO PARA CIMA de Nesrine Dahmoun Algéria I 2015 I Documentário I 10'
ENTRE DUAS MARGENS de Evelyne Agli Benim I 2015 I Documentário I 8' 55"
LANÇAMENTO OFICIAL Jardim CCFM I 16 Setembro I 19h00
Frames dos filmes «Os Pestinhas e o Ladrão de brinquedos» e «I love you» de Nildo Essá e Rogério Manjate, respectivamente.
O DVD MOZ/CURTAS#01 é o primeiro de uma colecção cujo objectivo é divulgar a produção de curtas moçambicanas, permitindo refazer um percurso pelo audiovisual nacional, numa edição gratuita e colaborativa entre o KUGOMA, os realizadores e as produtoras, com o apoio do ANT Fund Grant da Pro Helvetia Joanesburgo, financiado pela Agência Suíça de Cooperação e Desenvolvimento, para que todos os públicos possam ver e coleccionar cinema moçambicano, ampliando o acesso, as oportunidades de estudo e pesquisa e o conhecimento sobre estas obras e os seus autores: DINA, de Mickey Fonseca; A BOLA, de Orlando Mesquita; I LOVE YOU, de Rogério Manjate; PHATYMA, de Luiz Chaves; OS PESTINHAS E O LADRÃO DE BRINQUEDOS, de Nildo Essá e APESAR DA SOLARENGA TARDE LÁ DE FORA, de Renato Chagas.
APRESENTAÇÃO AO VIVO
de Matchume Zango e Walter Verdin
Auditório CCFM I 16 Setembro I 20h30 TIMBILA TRACKS é um concerto vídeo com performance a solo de Matchume Zango, um patchwork de música, instrumentos tradicionais e novas composições, sobre imagens de vídeo de Foto Karl Sousa e Walter Verdin, 2009. Walter Verdin, registadas ao longo dos últimos 7 anos, em Moçambique. A m’bila, grande xilofone de madeira dos Chopes, apesar de declarada património mundial da humanidade pela UNESCO continua em risco, quer pelo aparente desinteresse das novas gerações, quer pela quase extinção da árvore de cuja madeira se constrói o instrumento. Elemento de identidade cultural tradicional, a m´bila é habitualmente tocada em orquestra mas, nas últimas décadas, uma série de executantes e músicos tem desenvolvido novas formas de exibição e adaptação de melodias tradicionais, trabalhando, igualmente, ao nível académico da pesquisa, contribuindo para que sobreviva. Esta apresentação mostra, entre outros, o velho mestre e compositor chope Venâncio Mbande, filmado em Zavala, antes do seu desaparecimento físico, tocando com os filhos e discutindo o dilema da autenticidade cultural versus moderna adaptação.
ARTES GRÁFICAS I VÍDEO PRODUÇÃO I INVESTIGAÇÃO
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES