Folha de Letras & Ideias Propriedade: Clube de Escritores Poetas Amigos do Niassa | Lichinga, Abril—Junho, 2012 | Ano I | Nº 02 | Email: esferoletra@hotmail.com
As palavras de integração social Estudantes da Universidade Pedagógica no Niassa usam a sua criação artística para se inserir no meio social e estudantil. Usam a poesia como instrumento de deleite dos seus corações e ferramenta de conhecimento mútuo, uma vez que a palavra recriada flutua como ondas que desvendam o imaginário de cada um
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Editorial
Notícias
As palavras que falam Jesusalém saca prémio francês (de verdade) O escritor moçambicano Mia Couto acaba de ser d i s t i n g u i do pela Agência Francesa de Desenvo lvimento pelo contributo da sua obra Jesusalém para o enriquecimento da cultura dos países apoiados pela instituiSaímos à rua, invadimos escolas e universida- ção. A entrega teve lugar des guiados pelo espírito entusiasta da literatuna capital moçambicana, Maputo.
Estamos no segundo número desta esfera rolante. Com todas as dificuldades de um recém-nascido, mas satisfeitos como nunca. Agrada-nos contar com a amabilidade Francelino Wilson dos nossos leitores. Esses que já notaram a flutuação deste periódico. Com um pé em frente e outro atrás ou não, estamos aqui, prontos a ser folheados, rabiscados, censurados, ou mesmo rasgados e jogados no asfalto quente desta cidade frígida ou doutro recanto deste Moçambique, como alias ansiamos.
ra. A Universidade Pedagógica surpreendeunos pela positiva com recitais e palavras que falam (de verdade) por uma causa justa, acolher e deleitar os estudantes que pela primeira vez se vêem mergulhados naquele meio. Já ouvira falar que a literatura é também uma terapia, mas nunca tinha visto de concreto algo parecido acontecer como aquilo que os estudantes da UP têm feito. Estão de parabéns. Esperamos que esta lufada UPeniana possa contaminar mais estabelecimentos de ensino. Assim estaremos a usufruir das habilidades que os docentes, dia e noite, lutam para incutir nos seus alunos/estudantes.
E, nós faremos a nossa parte. Vamos invadir mais estabelecimentos, públicos e privados, guiados por este espírito entusiasta que já nos irmanou. Aqui, as letras vão para além da palavra. Fazemos amizades, casamentos em cada encontro que as letras nos proporcionam. Haja mais…
“Jesusalém” é classificado pela Caminho como “a mais madura e mais conseguida obra de um escritor no auge das suas capacidades criativas”. O romance começa assim: “Profundamente abalado pela morte da mulher, Dordalma, aquela que era ‘um bocadinho mulata’, Silvestre Vitalício afasta-se da cidade e do mundo. Com os dois filhos Mwanito e Ntumzi, mais o criado ex-militar Zacarias Kalash, faz-se transportar pelo cunhado Aproximado para o lugar mais remoto e i n a l c a n ç á v e l . Aí, numa velha coutada de caça em ruínas, funda o seu refúgio, a que dá o nome de Jesusalém, porque a vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo d e s e n c a n t a d o ” . Mia Couto nasceu na Beira, em Moçambique, em 1955, e depois de ter sido jornalista é hoje em dia professor, biólogo e escritor. Na Feira Internacional do Livro do Zimbabwe, “Terra Sonâmbula” foi considerado um dos doze melhores livros africanos do século XX. Em 1999 ganhou o Prémio Vergílio Ferreira e em 2007 o Prémio União Latina de Literaturas Românicas.
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Cinquentenário da cidade de Lichinga Município de Lichinga vai premiar poetas e redactores O município de Lichinga, no Niassa, promove um concurso literário por ocasião dos cinquenta anos desta cidade. O concurso tem por objectivo incentivar a produção literária e estimular o gosto pela leitura, premiando os criadores das melhores histórias do planalto e perspectivas de preservação do ambiente a partir dos rios que circundam esta cidade. As modalidades abertas a concurso são as de Poesia e Redacção e está aberto aos alunos de diferentes subsistemas de ensino. Os vencedores do concurso serão conhecidos no mês de Setembro. REGULAMENTO
Artigo 1 OBJECTIVOS E MODALIDADES O “Prémio literário dos cinquenta anos da cidade de Lichinga” constitui uma iniciativa do Conselho Municipal da Cidade de Lichinga/Comissão das festividades dos 50 anos por ocasião do cinquentenário desta urbe, a assinalar-se a 23 de Setembro de 2012, que tem por objectivo incentivar a produção literária e estimular o gosto pela leitura, premiando os criadores das melhores histórias do planalto (ficcionadas ou não) e perspectivas de preservação do ambiente a partir dos rios que circundam esta cidade. As modalidades abertas a concurso são as seguintes: . Poesia . Redacção Artigo 2 CONDIÇÕES DE ADMISSÃO 1. É condição para admissão neste Concurso Literário que os autores sejam alunos da 1ª a 12ª Classes ou equivalente na cidade de Lichinga. 2. As obras entregues deverão ser triplicadas (três exemplares), redigidas em língua portuguesa e dactilografadas em computador, com corpo 12, fonte Time New Roman ou Arial, em papel impresso, ocupando apenas uma das partes frontais das páginas no formato A4. 3. Os trabalhos a concurso deverão ser entregues em envelope fechado, constando o pseudónimo adoptado pelo autor, com a indicação clara de “Prémio literário dos cinquenta anos da cidade de Lichinga” e a modalidade a que concorre (Poesia ou Redacção). 4. Dentro do mesmo envelope, os autores deverão introduzir um outro envelope menor, onde conste a identificação civil do autor, a escola, a morada, o número de telefone, o qual só será aberto por deliberação do Júri e apenas em relação aos autores premiados. 5. Os trabalhos submetidos ao concurso deverão ter um máximo de duas (2) páginas para a Poesia e cinco (5), para a Redacção. Artigo 3 PRAZOS O período de entrega dos originais é de 07 de Maio a 06 de Agosto de 2012, podendo sê-lo por carta registada com aviso de recepção ou pessoalmente no endereço do Município de Lichinga. Artigo 4 O JÚRI 1. O Júri do Concurso será constituído por três individualidades
de reconhecido mérito e idoneidade no domínio literário e académico, devendo deliberar por unanimidade, sendo as suas decisões lavradas em acta, das quais não haverá interposição de recurso. 2. O Júri reserva-se ao direito de não atribuir prémios caso considere que nenhuma das obras candidatas apresenta o nível estético e literário exigível e de acordo com o padrão e o objectivo visado pelo concurso. Artigo 5 PRÉMIOS 1. Serão atribuídos prémios por cada modalidade, em valor monetário, consoante a classificação: I) Lugar: 3.000,00 Mt (Três mil meticais) II) Lugar: 2.000,00 Mt (Dois mil meticais) III) Lugar: 1.000,00 Mt (Mil meticais) Com direito a certificados de participação. 2. As obras classificadas em primeiro lugar em ambas as modalidades serão publicadas no jornal literário esferoletra, propriedade do CEPAN. Artigo 6 DECISÕES DO JÚRI As decisões do Júri serão divulgadas até ao dia 19 de Setembro de 2012, sendo a sua publicação dada a conhecer através dos órgãos de comunicação social. Artigo 7 ENTREGA DOS PRÉMIOS A entrega dos prémios terá lugar na Cidade de Lichinga, no mês de Setembro de 2012, em dia e local a anunciar através dos órgãos de comunicação social. Artigo 8 DEVOLUÇÃO DOS TRABALHOS Os originais sujeitos ao concurso não serão devolvidos aos seus autores, passando estes a constituir propriedade do Município de Lichinga. Artigo 9 DÚVIDAS E OMISSÕES As dúvidas e omissões decorrentes da interpretação ou aplicação do presente Regulamento e que não possam ser esclarecidos pela Comissão Organizadora serão remetidas ao Município de Lichinga, a quem caberá decidir sobre os mesmos.
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Estudantes da UP em noites de poesia Estudantes dos cursos de ensino de Português e Inglês, na Universidade Pedagógica no Niassa, organizam recitais de poesia na cidade de Lichinga. A iniciativa faz da palavra o elo de encontro e troca de impressões entre cidadãos de diferentes cantos do país que, pelo destino estudantil, partilham o mesmo espaço geográfico Como as imagens documentam, são jovens (homens e mulheres) que encontram na poesia azo para exteriorizar sentimentos, paixões, devaneios, ambições, realizações, quiçá frustrações. Este espaço contribui para a inserção desta camada social no meio universitário e social da cidade de Lichinga. É também oportunidade para troca de livros de diferentes escritores, nacionais e internacionais. Dos nacionais, pairam nomes como o do conceituado poetamor José Craveirinha aos mais novatos patentes nas colectâneas Jóia Niassa metáforas do ventre e Esperança e Certeza. É uma verdadeira mesa redonda com sabor a sopa de palavras para os amantes da bela poesia.
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Inspiração ou Transpiração? Comente, critique, guarde ou rasgue os textos publicados nesta página. Lembre-se, o maior crítico literário é você. Borra-la…
As galinhas de Etatara Esta história que me proponho contar ou partilhar assemelha-se a uma que os moçambicanos conhecem. Já diz a gíria, a história se repete. Repetição ou não, as galinhas de Etatara parecem-se com as de Murupula, aquelas que nascem sem moelas, segundo aquele cozinheiro. De cozinhas ou cozidos pouco entendo, de mesas, acho que sim… Bom, estávamos, eu e outros colegas de ofício, em mais uma destas tantas andanças de recolha de informação. Chegados a Etatara, posto administrativo de Cuamba. Depois de horas e horas de labor, alguém de nós sugeriu um prato, um prato de galinha com chima, chima a moda local, como dizíamos. (Um parênteses apenas, alguns podem desconhecer chima, talvez sejam estrangeiros, a chima que me refiro é a massa, designação metropolitana).
MARTA (A una Marta de mi corazon) Não sei… Não sei se o amor que sinto por ti… É essa maneira de olharmos em vão um para o outro Sem dar em conta dos beijos que se perdem… E as vontades que se sentem… Não sei… Se a vida é esse desejo de te querer nos meus segredos E não te ter… Não sei… Se a minha tristeza é essa noite Que se apaga em seus olhos Ou essas mágoas que acordam nos seus lábios…
Ah… como queriam meus olhos ver-te outra vez A sugestão de chima com galinha suou bem nos beiços Perto de mim… Como queriam meus braços abraçar teu corpo dos escribas. minhas mãos guardar teus segredos… Lá fomos, primeiro em busca da galinha. O mercado e o meu olhar cruzar seus caminhos…
pouco oferecia, umas garrafinhas de zed ou sei lá, bolachinhas e outras coisas muito diferentes de galinhas. E agora? Matutamos a cabeça, rodamos os dedos, passamos as mãos pelos cabelos e nada. Até que uma nova ideia apareceu: bater a porta de um natural e propor o negócio, nós temos dinheiro e queremos comprar uma galinha. Foi bem acolhida.
Marta não sei… Mas tenho os lábios molhados dos beijos que não beijei… e a garganta seca das palavras que não te disse… Mas antes que eu me perca por esse amor que me quer ver ao pé de ti… O apaixonado por ti sou eu…
Chegamos a uma casa modesta, onde por sinal fomos bem recebidos por uma anciã. Estranho ou não, até Mouzinho do Rosário Narope então estava tudo bem. Propusemos o negócio e a resposta não tardou, “as galinhas foram passear, voltem noutro tempo”, disse a velha anciã. Dito isto na língua local, a coisa tem outro sabor, pena que eu não vou a tempo de faze-lo aqui e agora… Saímos daquele quintal com as bocas rasgadas de gargalhadas. O passeio das galinhas é para lá de espectacular, algo inédito para nós, a razão das gargalhadas. Não é que nos esquecemos da fome? Ficamos mais horas e horas sorvendo as palavras da velha anciã. Dissemos que as galinhas de Etatara têm privilégios que as da cidade não têm e mais outras tantas coisas. Aquilo tirou-nos a fome, diga-se. E passamos a discutir questões ligadas a humanização dos serviços de saúde, ao meio ambiente e até aos direitos dos animais. Tudo isso só por causa das galinhas de Etatara, essas que passeiam a belo prazer. Outra coisa que aprendemos de Etatara, é que a moeda não é a unidade de compra. As pessoas vendem, isto é, trocam os seus produtos, de acordo com as suas necessidades. É normal trocar uma lata de milho por uma lâmina só porque o marido quer fazer a barba. Eu quero aprender mais coisas de Etatara. Se tiver um prato de galinha ai com sigo, melhor é deixa-lo passear. Mukhwarura
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Ideias Soltas
O DESTINO TRANSCENDENTAL Óscar do Rosário Jorge Daniel* Nestas nossas andanças literárias, deparámo-nos com os textos: Nas Águas do Tempo, da obra Estórias Abensonhadas, de Mia Couto (1994), e, A terceira Margem do Rio, da obra Primeiras Estórias, de João Guimarães Rosa (1995). São dois escritores distantes, tanto geograficamente assim como em termos de geração (Moçambique e Brasil) mas que se aproximam tematicamente. Propomos o título acima por termos constatados que nos dois contos se trata de uma viagem para um mundo além das personagens: avô do narrador, no primeiro conto, e, pai do narrador, no segundo. Esta viagem nos dois contos é feita no rio através de uma pequena canoa ... enfilado em seu pequeno concho (...) [o] barquito cabecinhava... (M. Couto; 1994:13); … Encomendou a canoa especial, de pau vinhático, pequena, (...) como para caber justo remador. (J.G. Rosa;1995:79); (o destacado é nosso). No âmbito da nossa análise, procuraremos identificar as ideologias subjacentes em ambos contos através dos recursos técnico-literários neles existentes. Para tal, achamos viável usar o conceito da intertextualidade, porque é a partir deste que encontraremos e descreveremos os modos de manifestação dos códigos literários presentes nos contos e a projecção dos elementos temático-ideológicos neles predominantes, como afirma Carlos Reis (1982:32-34), que “... a análise da intertextualidade passa necessariamente pela denúncia e descrição de códigos comuns aos textos em correlação intertextual, e, mais adiante acrescenta: a leitura intertextual (...) será tanto mais viável quanto mais consistentes forem os âmbitos semióticos e os sistemas de signos envolvidos no fenómeno da intertextualidade: códigos retóricos, códigos actanciais (...) determinantes periodológicas em que encontraremos projectados elementos temáticos e vectores ideológicos de algum modo esboçados já no âmbito da afirmação semântica dos textos em paralelos. Desse pressuposto, partiremos com a seguinte hipótese de análise: A ideologia subjacente nesses dois contos é da transmissão de ensinamentos tradicionais entre avô-neto, no primeiro conto, e, pai-filho no segundo. Antes de avançarmos para os contos, é pertinente definir o conceito análise, que segundo Carlos Reis (1981:39), é uma decomposição de um certo texto nos seus elementos constitutivos, descrevendo e descortinando as distintas partes que compõe o texto. E esta actividade só é completada com a integração da interpretação. Assim, tomaremos como base esta definição para analisar os dois contos, procurando descrever e descortinar os elementos que os ligam e diferem, partindo de algumas técnicas-narrativas que a seguir usaremos, como afirma Michel Zéraffa (1974) citado por Carlos Reis (1982:20), que a exigência estética do escritor dita-lhe, antes de mais nada, que escolha instrumentos de trabalho graças aos quais será capaz de traduzir uma experiência que lhe fez precisamente ver quanto a sociedade deferia do social (...) o romancista tem, contudo, uma forte consciência dos imperativos técnicos e estéticos de que dependerá a transcrição da sua visão de si mesmo e dos outros. Nos dois contos, o tema essencial é do destino para o mundo além das personagens protagonistas: avô do narrador, no primeiro conto, e, pai do narrador, no segundo. Esta viagem, como referimos anteriormente, é feita no rio – que para o segundo conto, passa à beira da casa do narrador através de uma pequena canoa. No segundo conto, a canoa só cabia para o pai do narrador, “Encomendou a canoa especial, (...) pequena, (...) como para caber justo remador” (J.G.Rosa, p.79), e
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Guimarães Rosa
para o primeiro, apesar de ser pequena, cabia para o neto “Meu avô, nesses dias, me levava rio abaixo, enfilado em seu pequeno concho” (M. Couto, p.13). Por serem narradores homodiegéticos nos dois contos; isto é, sujeitos da enunciação que relatam acontecimentos por eles vividos mas que estiveram integrados na condição de personagens secundárias, há uma dificuldade do conhecimento dos motivos profundos dessas viagens por parte dos seus progenitores “Nem eu sabia o que ele perseguia. Peixe não era. Porque a rede ficava amolecendo o assento” (M. Couto, p.13); “Seria que, ele (...) se ia propor agora para pescarias e caçadas?” (J.G.Rosa, p.79); Mas, pela distância temporal que o narrador do primeiro conto leva na vivência com o seu avô, acabou sendo contado a motivação profunda que o levava a navegar naquele rio até ao lago proibido “... no lago proibido, eu e vovô aguardávamos o habitual surgimento dos ditos panos (...) Nessa noite, ele me explicou suas escondidas razões.” (M. Couto, p.15-16). Esta distância temporal vivida no primeiro conto nos é caracterizada pelas conjugações verbais no pretérito imperfeito “...me levava rio abaixo (...) [a] maneira como me apertava era de um cego (...), Entrávamos no barquinho (...) depois viajávamos até ao grande lago…” (M. Couto, p.13-14) (destacado nosso), que difere do segundo conto onde o uso do pretérito perfeito dá-nos uma acção ocorrida e acabada naquele dado momento e não prolongada; o que ainda deixou em dúvida o narrador do segundo conta até ao fim da história. Além disso, o que dificultou o tal conhecimento foi também a característica comunicativa das personagens progenitores dos narradores. Sinais, acenos, gestos, eram os modos de comunicação privilegiados pelos progenitores dos narradores tanto antes da partida para o mundo “além”, assim como depois de lá estarem. O antes: “Vovô era dos que se calam por saber e conversam mesmo sem nada falarem.” (M. Couto, p.13) “Nosso pai nada não dizia (...) [n]em falou outras palavras (...) não fez alguma recomendação (...) nosso pai suspendeu a resposta (...) me acenando de vir também” (J.G.Rosa, p.79 – 80); (destacado nosso). O depois: “Tirava seu pano vermelho e agitava-o com decisão (...) não vê o pano branco, a dançar-se? (...) eu coincidia com meu avô na visão do pano…” (M. Couto, p.14-17); “Com um lenço, para o aceno ser mais (...), ele apareceu (...) ele tinha levantado o braço e feito um saudar de gesto.” (J.G.Rosa, p.84- 85). Estas últimas passagens são características do mundo transcendental, onde a comunicação é gestual e não verbal. O que difere nos dois contos é que no primeiro encontramos duas cores de panos: a vermelha acenada pelo vovô de narra-
EsferoLetra dor e a branca que é acenada pelos viventes do mundo transcendental. Esta última cor, no princípio era vista apenas pelo avô do narrador, mas depois de este ter estado no outro mundo já era visto também pelo narrador “Não vê o pano branco, a dançar-se? Para mim havia era a completa neblina e os receáveis aléns, onde o horizonte se perde.” Depois: “Foi então que deparei na margem, do outro lado do mundo, o pano branco. Pela primeira vez, eu coincidia com meu avô na visão do pano.” (M. Couto, p.14-17). A atitude da mãe do narrador tanto no primeiro conto, assim como no segundo é sempre a mesma de contestar as partidas dos progenitores dos narradores: “Nossa mãe jurou muito contra a ideia”, (J.G. Rosa, p. 79); “Era aflição de minha mãe (...) Em casa, minha mãe nos recebia com azedura” (M. Couto, p.13-14). Mas, o que difere o primeiro do segundo é o facto do segundo conto, a mãe ter o conhecimento das ameaças ocorridas naquele lago, assim como desconfiava dos propósitos do avô do narrador. Depois da partida das personagens protagonistas para o mundo “além”, no primeiro conto, criou uma estranheza nas pessoas, que mais tarde reuniram-se e decidiram em procurá-lo “A estranheza dessa verdade deu para estarrecer de todo a gente (...) Os parentes, vizinhos e conhecidos nossos, se reuniram, tomaram juntamente conselho (...), o pessoal nosso experimentou de acender fogueiras em beira do rio (...), se rezava e se chamava.” (J.G.Rosa, p.80- 81) enquanto no segundo conto não houve qualquer preocupação de o procurar porque o netonarrador já tinha conhecimento da situação “... eu e vovô aguardávamos o habitual surgimento dos ditos panos (...) [p] resenciei o velho a alonjar-se com a descrição de uma nuvem” (M. Couto, p.15- 17). Até aqui, achamos termos elementos suficientes para passarmos a identificar as ideologias subjacentes nos dois contos, visto ser impossível esgotar os signos literários patentes nos dois contos que nos permitem oferecer as luzes ideológicas neles representadas. O rio, a canoa, atitudes das personagens protagonistas e a dos narradores, a característica de outro mundo são alguns elementos que foram abordados anteriormente e serão neste preciso momento usados para encontrarmos a sua denotação. Todas acções nos dois contos, decorrem no rio, e, no segundo conto, é do conhecimento de todos que é um lugar proibido “Aquele era o lugar das interditas criaturas” (M. Couto, p.14). Carlos Reis (2000:407), considera que o espaço sendo uma categoria pluridimensional e estática, é possível e necessário que seja submetido à dinâmica temporal da narrativa e, se estabeleça uma verdadeira integração do espaço no tempo. Sendo assim, Lima Vaz (1993), citado por Alessandro Darós Vieira (2001) relaciona a tradição com o fluxo temporal e, acrescenta também que “na compreensão do termo tradição (parádosis, traditio) em sua significação restrita, ‘indicando entrega ou transmissão de uma riqueza simbólica que as gerações se passam uma à outra’, denota a estrutura histórica e sua relação original ao fluxo do tempo", o que nos remete ao rio escolhido por estes dois autores como algo fluido que denota a transmissão de uma tradição dos progenitores (pai e avô) aos génitos (narradores). No primeiro conto, a transmissão é dificultada tanto pelo pai, assim como pelo filho-narrador. O caso do pai: ele mandou fazer canoa para si próprio, com tamanho menor, que só cabia sozinho, “... nosso pai mandou fazer para si uma canoa (...) especial, (...) pequena, mal com a tabuinha de popa, como para caber justo o remador” (J. G. Rosa, p.79). O tamanho menor da canoa, dificultava a entrada do narrador que tanto desejou em viajar com o pai, o que podemos denotar que era uma forma de negar dar os ensinamentos ao seu filho. Além do tamanho da canoa, a atitude do pai em não querer se comunicar verbalmente com o filho, e em optar pela comunicação gestual, que se espalha pelo conto todo desde o início até ao fim do conto: a decisão do adeus, o convite feito ao filho
Página 7 para viagem, a bênção que dá ao filho, o primeiro saudar de gesto depois de longos anos; o que ele escondia no seu íntimo? Achamos que era também o não querer transmitir os ensinamentos da tradição que só ele os conhecia. Por parte do filho-narrador, tanto ele desejou e esperou o regresso do pai, tanto esforço fez para que o pai voltasse, quando ele aparece o narrador pediu para que lhe substituísse, naquela canoa “...Agora, o senhor vem, não carece mais... O senhor vem, e eu, agora mesmo, (...) eu tomo o seu lugar, senhor, na canoa! (J.G. Rosa, p.85), e, quando o pai quis lhe ceder o lugar, o filho-narrador fugiu correndo “... corri, fugi, me tirei de lá, num procedimento desatinado” (J.G. Rosa, p.85). Remete-nos também, uma atitude de rejeição por parte do filhonarrador de ensinamentos tradicionais. Enquanto no segundo conto, há uma recepção e assimilação dos ensinamentos da tradição por parte do neto-narrador, desde o início até ao fim do conto. Embora a canoa fosse pequena, o vovô não excluía o seu neto “Meu avô, nesses dias, me levava rio abaixo, enfilado em seu pequeno concho. Ele remava, devagaroso (...) Entrávamos no barquinho, nossos pés pareciam bater na barriga de um tambor.” (M. Couto, p. 13-14). Além disso, era frequente navegar naquele rio e sempre o velho levava o seu neto, ia transmitindo-o os ensinamentos “Antes de partir, o velho se debruçava sobre um dos lados e recolhia uma aguinha com sua mão em concha. E eu lhe imitava. “– Sempre em favor da água, nunca esqueça! (...) Não se pode contrariar os espíritos que flúem (...) – Você não vê lá, na margem? Por trás do cacimbo? Eu não via. Mas insistia, desabotoando os nervos”. (M. Couto, p. 14). Sempre o vovô procurava amostrar o que ele próprio via noutra margem do rio, até chegou de lhe contar os segredos “Nessa noite, ele me explicou suas escondidas razões” (M. Couto, p. 16). No fim do conto quando o netonarrador conseguiu ver o pano vermelho do seu avô, ele correspondeu “... lentamente, tirei a camisa e agitei-a nos ares.” (M. Couto, p. 17). Por fim, começou a remar lentamente a meditar as palavras que o seu velho deixara e que partindo delas, procuraria ensinar o seu filho. Partindo desta última abordagem e recorrendo ao conceito de intertextualidade na visão de Julia Kristeva, citado por Carlos Reis (1981: 128) que “a intertextualidade corresponde a um processo de absorção e transformação mais ou menos radical de múltiplos textos que se projectam (prolongados ou rejeitados) na superfície de um texto literário particular”, chegamos a concluir que, o segundo conto foi um prolongamento do primeiro, não em termos de dar um fim, mas sim, procurou dar o início, quando diz “A esse rio volto agora a conduzir meu filho, lhe ensinando a vislumbrar os brancos panos da outra margem” (M. Couto, p. 17) e, o primeiro conto começa com a expressão “Nosso pai era homem (...) mandou fazer para si uma canoa” (J.G. Rosa, p. 79), já nos remete ser este filho prometido em ser ensinado que depois não foi ensinado. ___________________________________________________ *Docente Universitário e Investigador do Centro de Pesquisa e Promoção Social (CPS) BIBLIOGRAFIA COUTO, M. (1994), Nas águas do Tempo - Estórias Abensonhadas. Caminho, Portugal REIS, C. (1981), Estatuto e Perspectivas do Narrador na Ficção de Eça de Queirós –2ª ed. Livraria Almedina, Coimbra. _______________ (1981), Técnicas de Análise Textual– 3ª ed. Revista, Livraria Almedina, Coimbra _________________(1982), Construção da leitura – Instituto Nacional de Investigação Científica, Universidade de Coimbra REIS, C; LOPES, A. C. M (2000), Dicionário da Narratologia – Livraria Almedina, Coimbra. ROSA, J. G. (1995), A terceira margem do rio – Primeiras Estórias – 28ª ed. Nova Fronteira VIEIRA, A. D. (2001), Análise Literária do conto “ A terceira margem do rio- Dissertação de Mestrado em Estudos Literários da Universidade Federal do Espírito Santo
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Rostos e afectos Ao meu amigo Eliseu Armando “Há várias Áfricas… Essa África que eu conheço sobrevive por um espírito de solidariedade, de abertura e de respeito com os outros.” Mia Couto É manhã cedinho. Cheira terra nua, descarnada como o rio dos sonhos em busca da sua foz, essa foz dos nossos sonhos, todos juntos feito dedos duma palma acariciando tetas dos montes Alpes. O vento traz a saudade astuta duma serenata entoada pelos pássaros madrugadores, qual pio igual ao de um xirico? A cacimba descreve meandros em corpos pelados, igual baobá jamais se viu deitado nestes grãos de areia de Outubro. Um rosto macua espalha seu odor, perfeito cálice duma tulipa de verão. Da brancura da sua face, completa tela sem pincel, soam os cantos dos ritos de iniciação a sombra do embondeiro. Hoje vai haver o jogo das escondidas, o azul dos céus denuncia. Correm barrigudos meninos atrás dum arco de bicicleta, desenham trilhos de felicidade com a ponta dos pés. Os caranguejos espreitam das suas grutas, tímidos como donzelas. Os grilos ensaiam o seu canto entre as mãos. Sim, vai haver roleta a noite inteira, já não dá para disfarçar. As mamanas saem em busca de água, seus potes crescem nas roscas dos seus crespos cabelos alongados por novelos trilhados na pressa da noite de núpcias. Uma roda se agiganta debaixo da mafureira, mistura-se com alaridos e passos desencontrados. A nipha chocalha na cabeça dos amantes desta roda de etanol. As viúvas fortificam os nós das capulanas para não trair a ira dos defuntos. No meu bairro, não temos outra maneira de comemorar a dádiva da vida, essa graça divina, senão contemplar os belos frutos de Deus feito monge defronte a cruz ou anjos disputando lugar para tocar a harpa celestial. É assim todos os dias. Nunca nos cansamos de olhar para as mesmas coisas, mudando apenas do prisma óptico. Diz a lenda, no dia em que alguém se cansa, consigo se cansa a vida toda. Por isso não nos cansamos nunca de olhar a cada manhã, dia e noite… de olhar para as mesmas coisas, mudando segundo o período do dia: as vezes mais verdes, ora cinzentas, quiçá escuras; mas sempre as mesmas coisas, contempladas com o mesmo amor. No meu bairro, a felicidade é água da nascente, jorra como cachaça do alambique. Por isso ficamos assim, sem pressa de fazer nada, senão olhar para isso que Deus nos deu: os carros que passam, as pessoas que vem e desvem, as coisas que acontecem e desacontecem… é sempre assim, a cada momento, nova coisa para alegrar-nos a vista. Dizem os mais velhos que todos nascemos unidos com as coisas do nosso bairro, por isso guardamos uma cicatriz debaixo da barriga para nos recordarmos do chão que pisamos. Essa lenda é mais antiga que o algodão branco que o velho ancião traz na cabeça, mas continua sempre fresca na memória dos residentes do nosso bairro. Essa frescura é igual a água de lanho da Zambézia, as ondas da praia do Tofo, em Inhambane, ao frio picante de Lichinga. Mas dá prazer sentir a sua brisa. Sente-se com religiosidade, bem igual ao sacratíssimo rosário. Diz-se que quem assim não sente deve ter uma pedra no lugar do coração ou um cérebro da cor da noite, escuro como o carvão de Moatize. Caso contrário, só pode ser maldição do destino. Ou os avós desrespeitaram as culturas ancestrais, talvez os país tenham feito amor com lâmpada acesa... qualquer coisa assim, natural não pode ser. Aqui o normal é tirar sapatos, bater a palma da mão direita na da esquerda, dobrar joelhos e uma vénia do for-
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mato do arco-íris. Coisa diferente, não! Por isso somos abençonhados. As nossas mulheres, gordinhas como celeiros do tempo da colheita, guardam lindos rostos por detrás daqueles lenços das sextas-feiras; as nossas filhas fazem as comidas mais deliciosas de se comer com os dedos, em casos de comer a mão, como a tradição manda; os nossos filhos nunca nos abandonam, vivemos juntos até a velhice. Isso é muita sorte, é belo como o rosto de mussiro, é fascinante. Vivemos em pequenos cogumelos e nascemos os filhos do tamanho das estrelas do céu, tamanho em quantidade, porque olhamos ao céu em todas as noites de lua cheia. Contemplar aquela paz de duas formigas perseguindo-se uma a outra na sinfonia da madrugada alegra aos espíritos. Aqui não precisamos de deitar farinha branca sobre as raízes das acácias rubras porque somos irmãos da sorte. Nós e a sorte nascemos da mesma barriga. Por isso somos abençonhados, temos a maior descendência, maior que a os grãos do mar todos juntos. Aqui diz-se que não haverá a próxima encarnação porque vivemos todas as encarnações juntas, tudo ao mesmo tempo. Há espaço e oportunidade para tudo. Por isso alguns têm a cara de jacarés, ainda que outros tenham seus próprios jacarés, outros a cara de elefante, avestruz, girafa e ainda outros nem têm rosto, uma vez que andam entulhados em fuligens diferentes sempre sobre o rosto. É essa diversidade que forma harmonia e beleza de nós mesmos. Somos felizes assim, assim mesmo. Assim acreditamos que essa nossa terra é o paraíso que caiu dos céus. No dia da queda viram-se duas miniaturas de sexos diferentes correndo uma atrás da outra, contam os mais velhos. Não esperamos outro éden porque já temos o nosso e procuramos não exigir muito para não ofender os nossos adeuses, porque uma ofensa a eles é despedida na hora. Quem quer ter filhos da cor da coruja? Ou da sapatilha da televisão? Ninguém! Também assim respondemos quando perguntaram-nos «quem quer que se instale uma indústria de produção de automóveis neste bairro?», numa dessas consultas que têm acontecido aqui e acolá movidos por sei lá quais interesses, dissemos «ninguém!». De indústrias só aceitamos moagens para que as nossas esposas descansem de farinhar no pilão, isso cria calos que atrapalham na hora em que elas procuram a felicidade que nós os homens delas guardamos por detrás das nossas costas. Por isso aceitamos as indústrias moageiras. As outras não. Desfigurariam o rosto do nosso bairro, toda esta beleza. Primeiro seriam desmatamentos até morrer todo este belo. Segundo seriam filhos de rostos da circunferência por excesso de mão-de-obra estrangeira. Ademais tem essa de produzir carros, assim os nossos burros e camelos ficam desfuncionados, sem tarefa nem emprego, desafectados, sem carinho, só com o som e a poeira poluidora dos carros. De carros basta o do sóTavares, o branco da moagem, armado em paquerador. Também quem resistiria anos e anos de serviço no nosso bairro sem se apaixonar pelas nossas filhas? Ele não é culpado. Perdoamo-lo. Só não aceitamos essa coisa de bater com a mão direita dele cheia de pó branco da moagem na bunda das nossas mulheres. Não o informamos de cara só para não criar confusão e depois desarmonizar essa harmonia que se vive aqui no bairro. Isso não seria bom, os adeuses nos despediriam. Esta seria a nossa desgraça, morreríamos de tristeza parece a neve das europas. Nasce feliz e morre triste, pisada, triturada nas passadeiras até não ser nada. Essa coisa de não ser nada, estar assim como não existir ou desistir, não deve ser boa coisa. De imaginar que tudo isto que escrevi nesta carta anónima li no teu rosto, ó mulher, dá-me frio na barriga. Que afectuoso é o teu rosto? Mukhwarura, In: Estamos Juntos—25 anos, 25 contos
Lá fora
Camões 2012 é brasileiro O brasileiro Dalton Trevisan foi distinguido com o Prémio Camões, no valor de 100 mil euros, anunciou em Lisboa o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas. A atribuição do prémio ao autor de «O Vampiro de Curitiba» foi feita por unanimidade da equipe do júri que integrou o escritor moçambicano João Paulo Borges coelho. Dalton Trevisan notabilizou-se particularmente no conto. No rol das suas publicações, constam as obras, Vozes do Retrato – Quinze Histórias de Mentiras e Verdades (1998), O Maníaco do Olho Verde (2008), Violetas e Pavões (2009), Desgracida (2010) e O Anão e a Ninfa
(2011). O Prémio Camões foi instituído em 1988 pelos governos de Portugal e do Brasil e consagra anualmente um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património cultural da língua comum. O escritor Miguel Torga foi o primeiro galardoado, em 1989. Desde então foram já distinguidas 23 personalidades e apenas uma, o escritor angolano José Luandino Vieira recusou o prémio, em 2006. Da lista de premiados constam ainda o poeta moçambicano José Craveirinha, distinguido em 1993, o escritor angolano Pepetela, 1997 e o cabo-verdiano Arménio Vieira, em 2009.
EsferoLetra/Última
Uso das línguas bantu no ensino
ACLA harmoniza as metodologias de ensino da língua materna O desafio da Academia de Línguas Africanas (ACLA), com esta acção, é consolidar o uso das línguas bantu no processo de formação. Neste sentido, teve lugar na cidade de Lichinga um Workshop internacional sobre a formação de formadores em metodologias de ensino da língua materna. O evento juntou linguistas de seis países que trabalham no processo de integração das línguas africanas no ensino, designadamente, Moçambique, África do Sul, Botsuana, Malawi, Zâmbia e Mali. Geraldo Macalane, linguista moçambicano, disse que particularmente para o nosso país a acção irá contribuir para o aperfeiçoamento do ensino bilingue. Macalane referiu que encontros similares já tiveram lugar na África do Sul, Zâmbia e Malawi, países avançados no uso das línguas bantu nos meios formais, sobretudo no ensino.
Geraldo Macalane, docente da Universidade Pedagógica no Niassa, disse estar provado que as línguas africanas veiculam ciência a semelhança das línguas europeias usadas hoje no ensino. Prof. Doutor Geraldo Macalane
A partir deste ano
Prémios FUNDAC com três novas categorias O Fundo para o Desenvolvimento Artístico e Cultural (FUNDAC) introduz a partir deste ano três novas categorias no rol dos seus prémios anuais. Trata-se dos prémios FUNDAC Noémia de Sousa, Msaho e Mutheko para o jornalismo cultural, dança e teatro, respectivamente. Assim, passam a ser 11 distinções que o FUNDAC atribui anualmente aos melhores fazedores da Participantes da reunião nacional do FUNDAC cultura no país. Estes dados foram avançados num encontro mantido com os fazedores das artes e cultura no país, recentemente, na cidade de Maputo. O evento serviu para discutir o regulamento de Assistência às associações culturais e o Plano estratégico da cultura 2012 – 2022.
O FUNDAC é uma instituição do Ministério da Cultura vocacionada a assistência financeira a actividade cultural no país.
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Redacção: Pedro Fabião Colunista: Óscar Daniel Maquetização, imagem e distribuição: esferoletra