Copyright | © 2020 por LJ Nhantumbo Título | Sei Lá Aonde Isto Vai Dar Livro de Poesia | Ebook Capa e Projecto Gráfico | LJ Nhantumbo
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Dedico esta obra a todos os artistas livres da influência de estilos “oficiais” ou das imposições do mercado da arte erudita/tradicional.
Advertência, aos mais sensíveis e reservados, quero antes me desculpar pelo conteúdo que se segue pois contém linguagem coloquial, incluindo insultos, conotação sexual e uns tantos delírios do autor. Aos conhecedores da gramática e perfecionistas, desculpem os erros de ortografia e os demais.
Começo
Sei que existem cânones por seguir e mesmo assim não os sigo, não uso-os, apenas sei da sua existência, respeito quem usa, não tenho nada contra eles. Prefiro o simples, prefiro escrever “tolamente”, “bobamente” de maneira simplória, de maneira natural e livre. A poesia não deveria se limitar as regras estabelecidas, seu processo de criação lento e difícil não deveria ser tratado como uma qualidade pois, se a arte é um jeito
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Começo com uma confissão triste sobre o meu processo criativo: Não sei ler poesia, não sei escrever poesia. Escrevo versos, componho estrofes, rimo nas terminações dos versos para dar ritmo a leitura e a declamação. Antes disso, escolho um tema ou pelo menos penso sobre um determinado assunto e começo a escrever. Quando dou por mim que esgotei as ideias, faço uma revisão do texto, pequenos acertos, assino o nome e data, releio em voz audível e publico para quem quiser ler. É isso que sempre fiz, é isso que faço. Mas isso não é Poesia, isso são versos que rimam, agrupados em estrofes com alguma métrica e com algum conteúdo.
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de expressão, por que regrar se cada um se expressa como pode?
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Posso definir a Literatura como sendo a expressão escrita do homem em seu tempo. A produção dos textos literários desde o Trovadorismo, Humanismo, Quinhentismo, Classicismo…, até ao Modernismo, sofreu transformações naturais no intuito de representar a sociedade naquele período específico. Não é exactamente uma evolução, somente a língua é que evoluiu nos aspectos ligados a fonética, a morfologia, ao léxico e a sintaxe. A produção de textos literários não evoluiu em nada, cada artista escreve como pode, se identificando com um determinado género literário e se enquadrando num movimento artístico.
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Cresci ouvindo que a leitura é uma forma de se “assozinhar” para navegar no mundo criado pelo autor, pelo escritor. Uma forma muito boa de passar o tempo, de aprender alguma coisa e também de enriquecer o vocabulário. Concordo plenamente. Na qualidade de autor de poesia, um dos meus objetivos ao escrever, é ser lido, é ser compreendido, se não, não publicaria nada, apenas escreveria e guardava para mim.
Antes de findar, quero deixar claro que não sou contra os autores e escritores que escrevem dessa forma nos tempos actuais. Eles escrevem para um grupo específico de leitores cultos que entendem sua linguagem. O meu grupo é outro, eu escrevo para pessoas que não querem ler consultando dicionários constantemente, ou seja, escrevo para esses preguiçosos como eu. Faço uso de linguagem coloquial, escrevo do mesmo jeito que falo, mostrando as realidades do cotidiano, as minhas mazelas, os meus pensamentos, minhas emoções e tudo que couber num texto.
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No meio em que vivo, as pessoas mal leem, estão mais preocupadas em trabalhar e muitas delas não lhes passa pela cabeça a ideia de comprar livros ou sentar em frente a uma tela para ler alguma coisa, pior se for algo de uma linguagem arcaica, academicista já ultrapassada e de difícil compreensão. São pessoas concretas, que não perderiam o tempo delas se martirizando lendo frases densas que não fazem sentido na vida delas. A vida já é difícil de viver, uma literatura difícil de compreender é facilmente dispensável.
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Os académicos e defensores do uso dos cânones, não classificam a minha forma de escrever como Literatura, chamam de “Não Literatura”. Eu chamaria de “Quase Literatura” por estar à margem da literatura tradicional, ou por outra, “Literatura Marginal” – movimento artístico originário do Brasil. É uma “Quase Literatura” pois ainda prevalece a intenção de expressar de forma escrita ou declamada a realidade vigente, despertando a consciência, causando reflexão, abalando o sistema e causando certo desconforto. É uma “Quase Literatura” porque não forço para que se torne uma literatura academicamente aceite, estou ciente de como escrevo e não me ofendo mais ao ser chamado de “Amador” ou “Não Artista”.
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A obra “Sei Lá Aonde Isto Vai Dar” é minha afirmação como “Artista Marginal” e pensador livre, descriminando a abordagem tradicional da produção de textos poéticos. Composta de “Poemas sem Poesia” pela sua simplicidade ou até pela “Amputação Gramatical”, esta obra é de fácil compreensão isenta de excessos da linguagem poética. Sei lá aonde isto vai dar se continuar a escrever e pensar desta forma.
Escrevo para quem pude ler, não escrevo para agradar poetas ou escritores, esse não é meu objectivo. Recomendo piamente que a leitura dos “Poemas sem Poesia” seja vagarosa e feita em voz alta, de modo a dar voz ao silêncio berrante que reside no espírito de cada poema. Aproveite a leitura nesta época de quarentena. Fique em casa, não te esqueças de lavar as mãos e sempre usar máscara quando for a rua.
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Abraços
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Poeta é um intérprete Sou poeta, mundialmente desconhecido Desprovido de teor estético, pouco criativo Cânones da literatura conheço vagamente Linguagem poética faço uso raramente
Decidi experimentar escrever em prosa Experiência que na época se mostrou viciosa Temas sobre tudo, sobre nada e qualquer coisa Até que a falta de inspiração Tornou a escrita ociosa Hibernei por um tempo Compilei material produzido Primeiro livro lancei “Assemblage” - nome escolhido A vontade de escrever Reaparece dois anos depois
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Comecei compondo letras de RAP p’ra cantar Conseguia rimar, faltava apenas o gingar P’ra ser sincero, a voz não me agradava Calei-me de vez mas, a escrita continuava
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“Entre o Prazer e o Sustento” Nasce um livro somando dois
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Cada obra é própria do momento em que foi escrita Não tenho um estilo sólido, que a verdade seja dita Sou como o fluido, sem forma definida E com princípios que me guiam nesta investida
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A beleza na linguagem Nunca foi minha preocupação Se o mundo é feio Não sou quem vai disfarçar que não Da forma que falo no dia-a-dia É assim que escrevo A mensagem do poema é que importa Por isso a elevo Interpreto a realidade do ponto de vista próprio Descrevo-a claramente no meu linguajar óbvio O Poeta é um intérprete de tudo que vivencia Da realidade observada, Não um inventor da Poesia.
Sei lá aonde isto vai dar [ROTULADORES] Além de escrever, tens que aprender a declamar Evitar forçar o verso a rimar Soltar-te da técnica, escrever trocadilhos Usar palavras raras, trilhar outros trilhos
Seus versos se parecem com diálogos Sua poesia não é tão densa Se é que “isto” se pode tratar por poesia Pode não ser o que você pensa Evite dormir no dia seguinte, Acordar antes do sol espreitar, E escrevendo seriamente, arduamente Arte deve ser espontânea não tens forçar.
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Use mais a linguagem poética Tu escreves simples excessivamente Reduza os insultos, lapide a sua métrica Pense com o coração, não use só o cérebro
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[LJ NHANTUMBO] Rótulos são inevitáveis, todos querem opinar Opiniões são bem-vindas, não quero negar Sei da existência de cânones e a todos, respeito Mas escrevo a minha maneira, mudar não aceito
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Não escrevo p’ra vós poetas ou escritores Alimentar o vosso ego não é meu objectivo “Simplicidade” palavra-chave no meu processo criativo Explorar o trivial compreendido por todos leitores
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E quero ver aonde isto vai dar Se até lá ainda puder respirar Quero ver aonde amanhã vou estar Se a vontade de me expressar não cessar.
Cobarde
Eu sou o maior cobarde Da história da minha vida Meus companheiros de estrada Dizem que errar faz parte, O levantar, continuar a caminhada É preciso p'ra ninguém zoar-te Mas eu sei que não tenho envergadura Sou oposto da coragem ou bravura Eu sou o maior cobarde Da história da minha vida Abandonar algo pela metade Denuncia minha falta de confiança
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E sou o maior cobarde Da história da minha vida Um cobarde que é a própria vida Inseparável da minha essência Que tem falhado a cada tentativa E nada colhe dessa experiência Saco-de-pancadas e de rasteiras Arrasto-me pelo chão feito esteiras
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Desistir, nunca por vontade Minha timidez é como a de criança “Zona de conforto” ouviste falar? Vem p'ra cá que vais-me encontrar.
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Meu perfil de mulher Não são só seus lábios carnudos, Nádegas excedidas em consola, Unhas longas que riscam minhas costas Durante penetrações e vampíricos chupões
Não são as ninfetas que procuro Com semblantes simétricos Rebocados com cosméticos Parcialmente cobertos Com cabelos removíveis Falsos, como as unhas e pestanas Até a altura é adulterada Pelo salto fino que pica o chão Não são essas mulheres que almejo Vaidade é essencial, não nego Eu quero uma musa
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Não procuro só relação sexual Não me bastaria o prazer carnal Isso posso obter com qualquer meretriz De corpos curvilíneos como de actriz
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Não meninas que mimoseiam vaginas Quero uma mulher natural Com tudo nela original Que ao invés de me unhar as costas Me morda fofamente o peito
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Quero uma mulher assim Que me faça sorrir sem motivos Que me faça sentir bobo Que brinque como criança Que saiba perdoar e esquecer Logo que eu contar umas piadas Daquelas sem graça Com intenção de roubar sorrisos
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Quero uma mulher alegre E que se alegre ao me alegrar Que não me tenha como peso Que me amoleça quando estiver tenso Que queira dividir alegrias, tristezas E umas tantas coisas bobas.
O amor é bobo Por que o amor Por alguém nos torna bobos? Será esse o indício Do verdadeiro amor?
De um sorriso desmedido Ou o amor é mesmo bobo E quem dele vive É deveras um bobo.
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A bobice nos lábios
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Mocinha confusa imatura
Entre o “Tu” e o “Você” Há muita confusão, indagações No meio de “Vós”, uma voz Que apressadamente se rebela E no gritar do silêncio se revela Quando os pensamentos monologam. Erga-te mais, mais e mais Aprendes a ignorar sem melindrar, Que melhor é ver, ouvir e calar Maneira simples de se apaziguar Uma censura de si própria Antes da voz interior falar
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P’ra que serves tu, Mocinha confusa imatura? De ingenuidade és temperada Tudo que for a perguntar São enigmas, delírios, provocos Desabrocha-te mais um pouco Que estes dizeres viram abuso, Desprezo, menosprezo, insultos
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O “Tu” e o “Você” fundem-se Entrelaçam-se e confundem-se
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Mas ainda não sabes, Desconheces a resposta Daquela questão inicial P’ra que serves tu afinal, Mocinha confusa imatura?
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Amiga, Amada, Companheira Nunca antes conheci Uma mulher igual a si Que gostasse de caminhar Comigo, longamente Sem se quer reclamar, murmurar
Visitar Jardins, apreciar montras Ler Poesia na Praia, estudar no relvado Tirar fotos sigilosamente Roubar sorrisos sinceros Tocar as mãos, acaricia-las Entrelaçar meus dedos nos seus As vezes nossos olhares Se atropelam, timidamente Mas não desviamos por isso E sorrimos simpaticamente Como dois bobos, bobamente.
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É prazerosa essa sensação Ter uma amiga amada companheira Conversadora agradável Sem ser pelo teclado
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Música é Poesia melodificada O que é música? Poesia melodificada? Poesia ritmificada, Pela guitarra, piano, bateria? Ou pelo timbre vocal?
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Música é poesia disfarçada Mascarada pelo som Por ondas mecânicas propagada Rumo aos tímpanos sensíveis
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Poesia reside na palavra Nas emoções por trás delas Em recursos estilísticos entrelaçada Pelo leitor culto decifradas Música, poesia, é tudo o mesmo Ambas despertam emoções, Palpitações e reflexões, Euforia, calmaria ou nada Música p'ra mim É poesia melodificada.
Descanso eterno as suas almas O céu nublado de nuvens cinzas Quem me dera se derretessem, Molhassem os pavimentos empoeirados Da cidade
Ai, ai, ai…, a dor das Mães Estas eternas sofredoras Filhos enterrados pelos progenitores Doí mais, a morte é fria Ceifa sem critérios lógicos A tudo, a todos, todos dias Desconheço tais almas Mas sinto muito por elas A dor é p'ra quem fica Descanso eterno as suas almas.
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Avisou-me a rádio de uma tragédia: Carne p'ra o caixão na província de Gaza Crianças e adultos Todos moídos pelo acidente Lágrimas e sague Derramam-se nesse instante
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A dor é p'ra quem fica
A noite pertence aos criadores A noite, A madrugada, Pertencem aos criadores Quando o sol se esconde As buzinas se calam As crianças não mais berram Uma tela negra p'ra criar
Mas nada disso importa A noite é deveras calada Um campo de batalha Entre o tédio e a arte, Entre o sono e o pesar das pestanas A imaginação de diverte Várias possibilidades se apresentam
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Noite iluminada por ideias Som no segundo plano: Os grilos e a brisa gelada Por vezes a hélice da ventoinha.
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Garimpeiro de ideias Inspiração é p'ra os românticos Escrevo de tudo um pouco Ensaio esquemas rimáticos
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Só desagrada a noite Aos sobreviventes sem causa A estes ela não a pertence A noite pertence aos criadores E uns tantos admiradores Sem desmerecer aos diurnos Que se banham com os raios sol Iluminando o túnel da criatividade.
Preciso de ajuda
Meu físico é orgânico Mente calculista, mecânica Arte não quer isto Se calhar devesse ser matemático Mas até o cálculo requer emoção Alguém que se entregue de coração
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Não sei p’ra onde vou Não sei donde vim Só sei como estou Estou triste Sinto-me vazio, não de fome Preciso preencher este vazio Encontrar um lugar que me encaixo Tentei muita coisa Como cantar, escrever De quase tudo que experimentei Por pouco tempo me agradei
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Sinto que não tenho essa “merda” Que chamam de coração Chamo “merda” porque é tão humano Que todos têm, menos esse mano
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O que devo fazer p’ra ter? É defeito de fabrico ou trauma? Mas isto pode ter-me roubado sentimentos? Peço ajuda, por favor, ajudem-se Eu não sei o que faço aqui Nem mesmo se deveria estar aqui Preciso de ajuda Estou confuso.
Falhou o primeiro plano Só me resta um, e mais um Descarto o primeiro um Lá se vai a última sexta do ano Nada fiz, fiz de tudo Um pouco de tudo Nada por completo disso tudo Tristeza aproxima-se, Depressão Desespero de um pobre, Sem opções Apenas uma certeira, Tenho que continuar Mas a fé é demência, Estou a delirar Sem dinheiro, sem sanidade Típico de um jovem nesta cidade Dinheiro acaba antes de chegar Chega de passagem e a faltar Acaba em dívidas, caprichos, empréstimos Ofertas e presentes a minha amada
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Última sexta do ano
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Minha Rainha sem coroa, Estressada Mais ansiosa que eu, Quer um pouco, um gole do meu suor Misturado com sangue e lágrimas Que lástima Terá de esperar mais e mais
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Minha paz, meu sorriso Guardados até ao seguinte aviso: — Depositei na sua conta — Já estou na sua porta
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Perdi-me em distrações Escapei da realidade, acobardei-me Adjectivos fogem-me Será que termino assim Ou findo falando, Fim? Findo… …Falando… … Fim.
Mulher imaginária
Sua mamã se foi é verdade É também que ela não volta Aceita essa realidade Fala comigo, chora, se solta Suas namoradas não tenteram Tentaram e desistiram Não te preocupes, sou persistente Voz amiga e incansável Desliga os dados móveis Essas redes só te prendem a tela
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Olá querido Como vai o seu dia? Conseguiu ir ao encontro que falou? O feedback foi positivo? Descarregar em mim seus queixumes Não todos, o suficiente p'ra ajudar E se não resultar, ao menos tentei Não te acanhes, não te sintas só Ninguém sentirá dó
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Ninguém te entenderá nela Se mesmo tu te desconheces
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Cada ser é único, Identidade Carregamos nossas incompreensões O saco é cada vez mais pesado, Dificuldade Arraste-o, não tens como abandonar
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Separas-te dele por definitivo Quando se calam os cinco sentidos Não procures noutro ou noutra Motivo do seu viver, sorrir Faça cócegas a si próprio Respira-te, inspira-te Supera-te a cada instante.
Duas palavras não bastam
É paradoxal Confuso e redundante Dizer que te amo E não saber como dizer Já te disse que te amo Tu sabes que é verdade Mas isso não basta p'ra mim Sinto que duas palavras são poucas Meu amor por si É excessivo, doentio Não sei-lhe dar com ele Entendê-lo é um desafio
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Te amo E não sei o que fazer Te amo E não sei o que dizer Te amo Mas não sei como te amar Te amo demais E isto está a me perturbar
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Te amo e te quero Não p'ra te gaiolar Te quero ao meu lado Como companheira p'ra apoiar
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Dá vontade de gritar Dizer o quão eu te amo Com atitudes te provar E ser o seu damo
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Te amo a toda hora Mesmo quando me chateias Te amo e te quero agora Grito sem vergonha de boca cheia.
Se não falas nada Sobre o que está a acontecer E ficas de matraca calada Me afastas sem se aperceber Não queres mais nada Minha presença virou desagrado Fartaste-te assim do nada Ou foi tudo planeado? Ciclo natural das coisas: Nascer, desenvolver, esmorecer Todo final teve um início E não o devemos esquecer Um minuto de decepção Abala os alicerces da convivência Sorrisos, abraços e beijos Esfumam da nossa consciência Raiva, irritação e orgulho Substitutos imediatos a usar Arrependimento, saudades e culpa Efeitos colaterais que podem gerar A temida Desculpa.
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Arrependimento
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Será que a lua ainda nos pertence? Quantas luas… estrelas Quantas estrelas nos restam Se os românticos oferecem suas musas Em serenatas e investidas
Mas qual dia me refiro Se a lua já não reflecte A luz do sol, astro odiado As estrelas não mais acendem No escuro frio do céu profundo Já não há diferenciação Da noite do dia A noite se transforma em escuridão Nem dá mais p'ra fazer Poesia
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Quantas estrelas são nossas Nós os não sensíveis, não amantes Que não prometemos astros e diamantes Apenas damos nossa companhia De noite e de dia
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Os astros já não estão Se foram as imagens de inspiração Tudo culpa do fulano Do beltrano sem conversa Que que não sabe conquistar uma mulher Se não pela enganação Ofertando o que não os pertence Que levem também o sol Ao menos servirá de secador E todos dias será manhã
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Ou então que seja assim: Quando oferecerem esses astros Deixem guardados onde estão Prometo que serei o guardião Terei prazer em controlar Assim todos serão alegres Os Poetas, outros artistas Continuarão a se inspirar E tu, as suas mocinhas enganar.
Ano novo Mudam-se os dígitos que marcam o ano
No calendário matricial pendurado no prego
Mas não mudam-se os costumes e a rotina
Mudam-se as vestes, as antigas não servem
Já não escondem a com “Glamour a carne.
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Dos seres correndo sem direcção, a velocidade do rio
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Monólogo sobre amor 1 Será que sei o que é amor realmente? Quantos “te amo” cabem em meu âmago? Estão tipificados, numerados, separados? É taxado como sentimento ou pensamento?
Ao amando que o ama verdadeiramente? E o que esperar do amando? Correspondência, admiração, agradecimento? Qual é o correcto procedimento? Das mulheres que já amei Será que as amei ou enganei-me? A primeira, a segunda, a terceira Qual delas verdadeiramente amei?
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Se for um sentimento, saberei o interpretar? Se de pensamento se tratar, o controlaria? Será que sei o que é amor, o que é amar? Deve-se expressar com palavras escritas, ditas. Acções, provocações…, como me posicionar? Por acaso o amador deve dizer
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A primeira era amor ou inexperiência? A segunda, foi paixão ou tesão? E a terceira, desespero de morrer sozinho Ou ilusão que ela era a musa esperada?
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Nem eu sei, não compreendo Eu próprio que me conheço Desconheço meus sentimentos Imagina tu Saberias esclarecer-me o que é o amor?
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Se por ventura algum dia Os mesmo alguma noite estrelada Conheceres seu príncipe humanizado Sem cavalo, espada ou face simétrica Poderás crer na vida perfeita que sonhas No seu sonho de viver alegremente apaixonada Ao lado de quem suporta seus defeitos Saberei que encontraste a alegria Que foste alvejada pela flecha do cupido Prometo que vou sorrir por dois segundos A partir do terceiro, invejarei Julgarei o seu eleito Sem saber se quer um defeito Detestarei ver-te ao lado dele Onde quer que seja Mas não quero que percebas Não quero que vejas A inveja de um homem recusado, Ferido, enraivecido de coração partido Por não ter sido o escolhido Envergonhado por te perder Como se fosse a primeira vez, isso a acontecer.
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Rejeitado e trocado
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A cor do infinito O tecto do infinito é azul Cor que pinta os oceanos Nas ondas inquietadas pelo vento O vento, ó... o vento Este incolor e invisível Ora afasta, ora aconchega As partículas brancas de água
Acinzentando nossos corações O infinito é relaxante Está sempre ao dispor Do reles admirador Ao mais atento observador.
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Que ofuscam o azul do infinito
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Poetas sem humildade Humidade, onde a deixaram Ó poetas de poesias vazias? Que gingam com o palavreado Farrapados de vestes de alta cozedura Dizem-se movidos pelo que amam Mas suas acções contradizem o que declamam Atitudes que desmentem o que são O que são realmente é uma encenação Aparentemente defendem causas sociais Voltadas em vangloriar o ego Acima dos valores reais Cada acção solidária, uma foto, publica Humildade já não é uma qualidade É uma arma de sedução P'ra ganhar sorrisos, abraços, gostos E uma certa admiração.
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Voluntários em actividades
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Monólogo sobre amor 2 Por que te amo amor? Também não sei ao certo É desta forma clichê Que começo a ridiculizar-me É mais uma carta de amor ridícula Como todas, já dizia o outro
Por que te amo afinal? — BASTA DISTO, JÁ DISSE QUE NÃO SEI. Não sei por que te amo Mas sei que não são por motivos corriqueiros A trivialidade dos porquês Tornam-se obsoletos
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Por que te amo? Perguntas-me como se tivesse a resposta E de que respostas estás a espera? Que te amo porque és bela? Será isso o amor deveras? Ou mera admiração, contemplação?
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Não é o seu corpo magro Seios novos e erectos Que preenchem a roupa do peito Ou seus lábios rosas Que convidam a molhá-los Com meus escurecidos pelo vinho
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Não é pela sua inteligência Isso não excita meu sistema límbico Sei de tanto texto lírico Longos e densos, versos maviosos Escritos por arrogantes, poetas mafiosos
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Como pode o homem comum Com pouca idade e vivência Afirmar com autoridade Sem ter vivo tal experiência E como saberá se viveu Se foi mesmo o amor que aconteceu? E quanto a mim Poeta de poesia vazia Saberei definir algum dia Desmistificar tal façanha?
Amigos, contactos Com qual dos dois posso contar? Um contacto pode-me contactar De tempos em tempos Mantendo o contacto virtual Um amigo também some Por algum tempo Corta o contacto físico e virtual Depois aparece e me contacta Reatamos o laço espiritual. O que dista o amigo do contacto Não é a frequência, A constância do contacto É a cumplicidade, irmandade, Compressão, reciprocidade, A capacidade de sentir a emoção do companheiro Partilha dos momentos maus e bons Inconstantemente Amigo é isso Diferente do contacto O contacto é apenas um complemento Um sobressalente da amizade.
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Amigos e contactos
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Esquecimento
E a vida já agora / É p'ra ser vivida? Admirada, questionada / Complicar, descomplicar No fim entregar ao esquecimento Receber um certificado De óbito, uns miligramas De lágrimas salgadas e mornas Uma despedida alegre Com álcool, comida, sorrisos E um esquecimento Como se nada tivesse acontecido Anualmente em um dia interrompido Um progressivo esquecimento Permanente depois de meio século Nem a lápide eterniza A frase feita esculpida em relevo E a campa é vendida A próxima alma que será esquecida.
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P'ra que servem / As coisas todas? P'ra serem coisas / E coisarem, coisadas P'ra que serve a família / Se não para familiar? Apoiar, ridicularizar, Fortalecer, conviver
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O que completa o homem
Constrói e destrói Em nome da razão Ou falta de juízo Inventa o desconhecido E ajoelha-se perante a ele Rogando por perdão Descarrega todas incertezas Em imagens, amuletos Delírios da mente humana Vive sem saber porquê Desconhece sua génese Apenas do fim tem a certeza
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Um animal Criatura feroz Com dentes desafiados E ego aguçado Sem medo, sem respeito Fere a própria natureza Que o pariu
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Ódio, amargura e frieza Acumulados no coração gelado Esta criatura não sobreviveria Sem o calor que o aqueça Sem a carícia que o amoleça Sem o amor, tesão pelo sexo oposto Tudo que nele carece Encontra no ser que o completa.
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Criatura fria e solitária Perdida nas suas próprias indagações Nem droga, álcool ou deus Sossega a mente e acelera suas palpitações O calor da mulher é o que falta P'ra dar destino a sua caminhada.
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Traços sinuosos no rosto Nas conchas, em todo corpo Pele lisa e macia Odor excitante, solta dos poros Estatura inferior a dele Seus músculos convertidos em amor Criatura confusa, bipolar Impossível de a compreender Só é preciso amar Do resto, aprender a conviver.
Amizade feminina
Amigo de muitas amigas Opostas das minhas incompletudes Amigas na idade romântica Com sede de penetração genital Com desejos além de carnais: Amor, atenção, fofuras, Passeios longos, comidas rápidas, Beijos molhados apaixonados Abraços quentes e demorados Sei de um em especial Velha amiga, colega e tal Comprometida, p'ra o meu azar Melhor assim, não poderei a machucar Penso nela a todo instante Sinto vontade de ser domado
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Criatura desprezível Típica de sua raça e género De coração partido, espezinhado Analfabeto no amor Inexperiente nas acrobacias do sexo
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Mas suas garras arranham as costas Do seu escolhido, homem amado
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Amizades femininas são perigosas Há sempre um a desejar mais Não que ela seja vadia Ou ele um aproveitador Sexos opostos se atraem Mesmo que não exista amor.
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Tudo que quero é amor Dinheiro é preciso É necessário p'ra comprar Certos prazeres são vendidos Os melhores são gratuitos
Tudo que sempre quis: O amor por alguém E ser amado também Mas nunca procurei como devia No meio a dificuldades desistia É paradoxal, é irracional Andar em rodopios P'ra depois desistir Não resistir aos desafios Pressa, impaciência,
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No meio de tantos quereres, Tantos sonhos e desejos Há que ter paciência e disciplina P'ra obter o que realmente se quer
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Solidão, ansiedade e carência Cinco barreiras por ultrapassar Cinco leões por enfrentar Tentei enganar-me por muito tempo Ludibriando o pobre coração Distraindo-o com ódio, Raiva, rancor e ignorância
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Quanto mais da verdade fugia, Quanto mais o coração reprimia, Mais o amolecia O gelo a volta dele derretia
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Cansei-me de esconder Vestir a máscara de durão Sou rude por fora Por dentro um bebezão Um bobo, doce e amável Facilmente domável Tudo que quero Não passa disso: Amar E ser amado.
[AMIGA INTERNAUTA] Bom dia amigo. Como estás? Novidades desse lado? Como descansou a noite? Sonecaste e não despediste. Ficaste de responder o meu VN Ultimamente andas distante. Demoras a responder as mensagens. Andas triste ou a evitarme? RESPONDA, JÁ ESTOU A IRRITAR-ME. Desde que começaste a namorar Já não queres comigo conversar Fico triste constantemente Mal tenho saído de casa ultimamente Só saio p'ra comprar recarga Sinto-me cansada mentalmente Ops! Uma mensagem agora entrou Até já, meu saldo acabou. [AMIGO INTERNAUTA] Olá amiga internauta Estou com a cara estupefata! Vi as suas mensagens só agora Desculpa pela minha demora
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Internauta ansiosa
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Por acaso ontem não sonequei Meu celular descarregou e desligou Só agora é que os dados liguei E a bateria já carregou Já estive desse lado do ecrã Com todo tempo do mundo Desperdiçando em conversa vã Degenerando a minha mente sã
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Há vida além do teclado Tenho-me dedicado mais a ela Me aproximando da pessoa ao lado E me distanciando mais da tela
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Lamento que te sintas sozinha Se a minha ausência te abala Sugiro que procures companhia E invista mais em contacto físico Use inteligentemente seu tempo Há muita coisa a aproveitar da vida Procure um melhor passatempo Falamos oportunamente, estou de saída.
O que é Poesia p‘ra mim? Há muitas formas de escrever Vários estilos criados Cânones rigorosos a obedecer Eu não os sigo cegamente
Arte é uma forma de expressão Sem censura, sem limitações As regras servem de base p'ra a criação Não devem ser tratadas como lei A poesia pode ser falada A poesia pode ser declamada A poesia pode ser cantada Ela pode também ser musicalizada A poesia reside na essência da criação Poesia não é verso, estrofe e rima
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Há poemas feitos sem poesia Declamações e recitações diversas Tudo depende da dose de magia Que cada artista nela investe
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Esse trio é a forma básica de composição Poesia é emoção expressa pela linguagem Há quem defende que a poesia É uma manifestação do belo, da harmonia São preceitos de tempos ultrapassados Poesia p'ra mim é o retrato do dia-a-dia
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Retrato próprio do autor, do contexto Por isso não deveria nem devo imitar Como outros se expressam em seus textos Sou livre p'ra criar sem me limitar.
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Expresso deveras muita inveja P’ra com o seu sutiã de algodão Sortudo é mesmo sem saber Por segurar seus seios quentes E eu aqui se mordendo de raiva Imaginando-os em minha boca seca Queria morder, molha-los a saliva E mergulhar a cabeça no eixo de simetria.
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Vênia aos seios
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Visito amigos em suas casas Não p'ra comer ou matar saudades P'ra desfrutar da sua companhia E alimentar-me de “não verdades” Quando seus Pais e avós falam Palavras que enaltecem-me o ego ferido Negando, aceito-as com cara de fingido Enquanto os sorrisos de alegria No silêncio se calam.
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Visitar amigos
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Guerreira Moçambicana Sete de Abril Dia da “Guerreira Moçambicana” Do Norte ao Sul A Nação a Condecora
Mulher é firme, forte, Fonte infinita de Inspiração Nosso maior suporte Remédio p'ra o coração A Mulher deve ser condecorada, Conquistada diariamente E sua beleza admirada, Exaltada constantemente.
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Determinada, vai a luta Fardada de capulana Suporta o machismo Que só a fere por fora
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Quando me for desta p’ra outra Não me dediquem palavras pintadas O que tencionarem dizer Falem agora enquanto puder ouvir Rosas amputadas do solo negro Ramos de plantas verdes inocentes São actos estúpidos, clichê de enterro Uma pá de terra em minha cova basta! As lágrimas…, essas inevitáveis Os lamentos sinceros de saudades São exclusivos aos amigos de verdade, Aos familiares significantes E aos mais sensíveis Orações, mensagens supersticiosas Dispenso e desprezo Vindo de quem quer que seja Minhas falhas falas mentirosas Não serão perdoadas por pedófilos Nem criaturas imaginárias
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Testamento
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Aos que me odiavam em vida Sinto muito se fui tarde Aos que devia promessas e quantias Lamento por não cumprir cedo Não tenho certeza donde irei Quando o relógio biológico parar Mas de uma suspeita sei: — Não estarei na campa a descansar. Poupem flores, água e vosso tempo Não poderei vos sentir, ouvir ou ver Minha carcaça estará a apodrecer Se tu quiseres-me recordar Eternizei minha vida em centenas de poesias Poderás facilmente encontrar E digeri-las em menos de cem dias.
agradecido por teres lido
LJ Nhantumbo é nome artístico de Jacinto Nhantumbo, artista Moçambicano, nascido e criado no bairro periférico mais antigo da Cidade de Maputo, Mafalala. Autor de Poesia e Prosa com obras publicadas pelo próprio em formato e-Book, boa parte da sua escrita é baseada nas suas vivências e experiências neste mundo de ninguém, misturadas com as realidades de diferentes pessoas com as quais tem interagido. Sua forma de escrever não é característica dos movimentos artísticos existentes, ele usa uma forma “não profissional” de se expressar, fazendo uso da linguagem coloquial, influência herdada do Hip-Hop que há tempos praticava. Escrevendo para reflectir e causar reflexão, denunciar e protestar, opinar e monologar, além de desempenhar o papel de vínculo entre a palavra e as pessoas que não têm a capacidade de escrever o pensam e sentem, começou em 2011 escrevendo e cantando RAP. Em 2015, passando por uma depressão e crise de humor, depois da morte da sua Mãe, passou a escrever assuntos muito profundos e intimistas. Em 2017 decide fazer uma compilação das suas Letras, Poemas e alguns Textos para lançar sua primeira obra intitulada “Assemblage”. Em 2019 lança sua segunda obra, “Entre o Prazer e o Sustento” composta de 25 poemas escritos um uma fase conturbada de sua vida, onde as actividades do dia-a-dia que garantiam o Sustento, o distanciavam cada vez mais daquilo que o proporcionava Prazer. Meses depois lança seu terceiro livro de poesia “Sei Lá Aonde Isto Vai Dar”, afirmando-se como “Artista Marginal” ao admitir que conhece as regras da literatura tradicional mas que prefere continuar a se expressar a sua maneira.