Revista CORUJA - Edição 01 - Maio 2018

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LADO A LADO

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Edição 01 Ano 00 Maio | 2018

O desafio das políticas públicas e o envelhecimento de qualidade no Brasil.

Artigo de Opinião E mais: Universidade do Envelhecer

Modernização e a Terceira Idade.

Porque envelhecer é um ato de amor.

Fique Ligado

Eventos e Congressos ENTREVISTA SOBRE ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL

LAGGUnB

DICA DA CORUJA: POLÍTICAS PÚBLICAS: QUEDAS EM IDOSOS


“NA JUVENTUDE DEVE-SE ACUMULAR O SABER. NA VELHICE FAZER USO DELE.” ROUSSEAU

Quem somos? A Liga Acadêmica de Gerontologia e Geriatria da UnB (LAGGUnB), é um Programa de Extensão da Universidade de Brasília, vinculado ao Núcleo de Estudos e Pesquisas da Terceira Idade (NEPTI) do CEAM, sendo um espaço aberto para participação de acadêmicos, profissionais e docentes das áreas de saúde e de afins, por ter o caráter multidisciplinar. Tem o objetivo de aprofundar o conhecimento prático e teórico nas questões do envelhecimento, pautado no tripé da universidade: ensino, pesquisa e extensão. COMUNICAÇÃO E MARKETING É uma das várias frentes de atuação da Liga Acadêmica. Somos a diretoria responsável pela publicação de temas relacionados à Geriatria e Gerontologia no Facebook e no Blog da LAGGUnB. Composta atualmente por 6 membros ativos, dentre eles:

Anne Elizabeth - Estudante de Farmácia (UnB) Gabriela Mendes - Estudante de Terapia Ocupacional (UnB) Lauana Lima - Estudante de Enfermagem (UnB) Maitê Kenupp - Estudante de Medicina (UBA) Mariana Mourão - Estudante de Gestão de Políticas Públicas (UnB) Pedro Teófilo - Estudante de Enfermagem (UnB) Juntos, somos responsáveis pela elaboração da Revista Eletrônica CORUJA - REC, assim como sua produção, edição, fotografia e divulgação. Ela foi criada com o objetivo de propagar o conhecimento sobre saúde e envelhecimento, assim como incitar debates construtivos sobre o tema. Deixamos, antes de mais nada, nosso agradecimento aos Professores-Coordenadores que nos inspiram a sermos melhores a cada dia.


EDITORIAL

EDITORIAL

Caro Leitor, Apresento à você a primeira edição de 2018 da Revista Eletrônica CORUJA - REC. A revista apresenta conteúdos relacionados ao mundo da gerontologia e geriatria, bem como a promoção de eventos, cursos e fotos relacionadas ao tema. Contém, inicialmente, seis seções com as seguintes temáticas: CORUJA ENTREVISTA Em cada edição apresentamos entrevista com um profissional ou idoso, sempre com a intenção de levar informações, avaliações ou esclarecimentos acerca de algum assunto de interesse. NOTÍCIAS PRINCIPAIS E SECUNDÁRIAS Onde apresenta notícias informativas sobre o que aconteceu de importante na temàtica de geriatria, gerontologia e envelhecimento no Distrito Federal, no Brasil e no mundo. ARTIGO DE OPINIÃO Dentro desta temática o autor tem a oportunidade de apresentar seu ponto de vista e informar ao leitor sobre um determinado tema.

DICA DA CORUJA Esta seção tem a finalidade de apresentar curiosidades e informação útil e específica para ajudar o leitor a realizar alguma atividade ou ação. E, por último, a sessão FIQUE LIGADO!, onde apresenta tudo sobre eventos, seminários, encontros, congressos, nacionais e internacionais. Os autores da CORUJA são alunos integrantes da Liga Acadêmica de Gerontologia e Geriatria da Universidade de Brasília. Todos os conteúdos e temas passam pelo crivo e supervisão de professores renomados, com doutorados nas mais diversas áreas afins de várias universidades do país como UNB, USP, UERJ. Em nome da equipe de Comunicação e Marketing da LAGGUnB e, especialmente, da equipe de edição da Revista Eletrônica CORUJA - REC, agradeço aos autores pela colaboração voluntária e aos nossos leitores pelo interesse em um tema tão importante para a sociedade. Uma excelente leitura! Maio 2018 CORUJA


CORUJA ENTREVISTA

ENVELHECIMENTO COM

QUALIDADE

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tualmente, é perceptível um aumento no número de idosos no Brasil, sobretudo ao analisar a expectativa de vida ao longo dos séculos, desde a Era Medieval, fica evidente que esse aspecto também evoluiu. Isso se deve a uma gama de fatores, como por exemplo: o saneamento básico e a segurança alimentar. Antigamente grande parte da população não possuía acesso a essas facilidades, seja pelo aspecto financeiro ou até mesmo pelo desconhecimento, tendo em vista o pouco impacto que tinham os meios de comunicação quando comparados aos de hoje. Tal fato tornava inevitável que as pessoas contraíssem doenças por consequência da má alimentação e da falta de saneamento. Outro fator extremamente relevante foi o avanço da ciência, com ela vieram as vacinas, exames de diagnóstico, tratamentos para doenças até então incuráveis, conscientização a respeitos da realização de atividades físicas, sobretudo aliada aos meios de comunicação, impactou diretamente no cotidiano das pessoas. No entanto, não basta somente que o indivíduo usufrua dessas inovações, ele deve ter como objetivo envelhecer de forma saudável. Tendo em vista que os dados atuais são referentes a pessoas que envelheceram com qualidade de vida, ou seja, com acompanhamento médico, prática regular de atividades físicas, alimentação balanceada e etc. A respeito do tema, convidamos à senhora Jovelina Pereira Marinho, em destaque na imagem, para compartilhar um pouco da sua experiência. Segue abaixo sua entrevista feita pessoalmente. O que a senhora faz para obter um envelhecimento sadio? Procuro fazer uma atividade física regular, mais comumente caminhada, ter uma dieta saudável com baixo índice de carboidratos

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e viver tranquilamente, sem me estressar com problemas do dia-a-dia. O que a senhora considera ser o detalhe mais importante para que seja possível um envelhecimento saudável? Por quê? A atividade física é a característica mais relevante para um bom envelhecimento, pois indiretamente controla-se o peso, ajudando na saúde, o indivíduo sente a necessidade de uma alimentação equilibrada para que consiga continuar com a prática e é uma maneira de diminuir o estresse. É importante que o exercício seja algo que lhe dê prazer porque como é uma obrigação, se for feita de forma forçada, o indivíduo desamina e logo desiste. Quais os desafios que a senhora encontra na sociedade atual para que seja possível uma melhor qualidade de vida e como eles podem ser superados? Como eu ainda trabalho, preciso cumprir o horário de serviço, então o tempo para fazer a prática desportiva se torna menor juntamente com as obrigações diárias e situações que precisam ser resolvidas. A violência é outro obstáculo porque a falta de


O que te lembra quando se relaciona saúde, idoso e bem-estar? Aumento da longevidade. Ao se relacionar todos os tópicos é possível garantir este fenômeno, pois ser saudável permite que se viva mais se fazendo imprescindível o prazer e bem-estar para que o idoso seja feliz procurando o melhor para si. Percebeu alguma diferença no seu relacionamento interpessoal com médicos, familiares, desconhecidos, amigos, etc. com o passar dos anos? Sim, eles passaram a ter mais paciência comigo, demonstrar mais solidariedade e respeito e o fato de eu ter vivido mais que os mais novos, eles me procuram para tomar algumas decisões devido à minha experiência. Nas consultas a atenção foi redobrada e a quantidade de exames pedidos aumentou consideravelmente. Se a senhora pudesse melhorar ou mudar algo para que os idosos possam fazer um melhor proveito do seu tempo, o que seria? Gostaria que a sociedade e o governo aproveitasse a experiência de todos os que estão na terceira idade, que existisse uma oportunidade de desenvolver um trabalho em que este se sinta útil, de forma que seja possível transmitir toda a sua experiência e que seja compatível com os seus conhecimentos adquiridos ao longo da vida. Necessária que haja uma política e uma cultura para que permita a inserção do idoso na sociedade como cidadão produtivo, e não apenas como um indivíduo inativo e sustentado. E para finalizar, uma ultima pergunta sobre política, você conhece os seus direitos como pessoa idosa? Já ouviu falar? Nunca ouvi falar, conheço apenas o mais geral: preferência em filas, estacionamento reservado, assim como assentos, não pago passagem de ônibus, mas não conheço algo na política que seja específico para a população nesta faixa etária.

CORUJA ENTREVISTA

segurança, a iminência de assalto o tempo todo, gera insegurança para sair e se exercitar tanto no período diurno quanto noturno, por isso a preferência por ficar em casa ou sair apenas acompanhado o que impossibilita a independência. É necessário que haja um reforço com relação a isto e campanhas que incentivem a todos a sair de suas residências. O salário também possui bastante influência, pois com ele pode-se comprar os alimentos para garantir refeições saudáveis e os próprios remédios que remediam os sintomas de doenças que surgem nesta fase da vida e se for preciso, contratar algum serviço que auxilie na qualidade de vida. O que a senhora percebeu de mais discrepante, entre os idosos de 50 anos atrás com relação aos de hoje? A longevidade, conscientização de que é necessária a atividade física, uma alimentação balanceada e compatível com a idade e a saúde de cada um. Antigamente as pessoas de maior idade viviam de forma imprudente e diziam que podiam fazer qualquer coisa por serem mais velhos, atualmente ainda existe este pensamento, mas com menor frequência. Em sua opinião, os fatores socioeconômicos são características determinantes para que a população envelheça de forma segura? Por quê? Sim, pois se a pessoa não possui dinheiro ela não poderá se alimentar de forma correta e nem possuir a possibilidade de se consultar de forma particular precisando sempre recorrer à formas públicas de atendimento o que muitas vezes não é certeza de obterá a atenção correta para o seu motivo do requerimento. O mais importante é que o acesso a informação é mais complexo e por isso a pessoa envelhece mais rapidamente devido a falta de conhecimento de como se cuidar e o que pode fazer para garantir os seus direitos. Qual a sua recomendação para que seja possível um envelhecimento com qualidade? Praticar atividade física frequentemente, fazer acompanhamento médico no setor privado ou público, ter condições e ter a consciência de suas limitações com relação à alimentação e ações, seguir a risca as recomendações dos profissionais de saúde.

por Anne Elisabeth Maio 2018 CORUJA

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CAPA | Lado a Lado

LADO A LADO

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O desafio das políticas públicas e o envelhecimento de qualidade no Brasil.

Projeto Lado a Lado, organizado em Portugal, coordenado pelo Centro de Acolhimento João Paulo II – Cbr, em uma parceria com a Associação Acadêmica de Coimbra, completa neste ano 9 anos de funcionamento. O projeto consiste em unir idosos e universitários na mesma moradia, uma fórmula que combate à solidão que afeta as pessoas de mais idade e concretiza os sonhos de jovens estudantes que não possuem condições financeiras para conseguir um alojamento para estudar. A seleção entre os participantes é bem rigorosa e os alunos selecionados devem se comprometer a dedicar parte de sua rotina ao convívio com os idosos. Porém, apesar de iniciativas como essas, Portugal sofre hoje com a falta de políticas públicas para um envelhecimento de qualidade dessa população. Em fevereiro deste ano de 2018, um estudo da Organização Mundial de Saúde, que envolveu 53 países, colocou Portugal no TOP 5 de países com pior tratamento aos mais velhos, com 39% dos idosos vítima de violência. Sofrendo com um aumento drástico da população senil nos últimos 10 anos (em 2016 os dados já mostravam 148,7 idosos por cada 100 jovens no país - dados PORDATA), Portugal falhou ao implementar políticas públicas e agora tenta correr atrás do prejuízo. Mas, e o Brasil? Uma pesquisa recente do IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) expôs o crescimento de 50% do número de idosos em uma década, superando a marca dos 30,2 milhões de pessoas acima de 60 anos em 2017 (IBGE 2018). E, segundo o órgão, essa parcela será de 37,9 milhões em 2027 (IBGE 2017). Unindo esses dados à diminuição da taxa de fecundidade no país (Dados: IBGE 2017), não é difícil imaginar um déficit demográfico que influenciará diretamente a matriz econômica e social da nação. Contudo, por maior que seja a especulação, nota-se a ausência de um olhar político-governamental efetivo para essa população perene e em constante e exponencial crescimento no Brasil. A Coordenadora da Liga de Gerontologia e Geriatria, Andréa Mathes Faustino, da Universidade de Brasília, acredita que este crescimento foi considerado um fenômeno em seu início, mas hoje é algo real e inerente à história do mundo moderno. Ela afirma: “[..] Apesar do tempo que muitos países tiveram, principalmente da Europa e Ásia, para se preparar em relação a este “fenômeno”, eles não estão imunes aos problemas relacionados a uma população envelhecida”. Já no Brasil, completa a Professora, “[...] O envelhecimento populacional se

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apresenta como um problema social, visto que não existem serviços dos mais diversos segmentos (saúde, social, lazer) que consigam atender adequadamente aos idosos em suas especificidades. E isto reflete em todos os âmbitos de sua vida senil, principalmente no social, deixando-os a margem da sociedade por não estar mais em uma fase produtiva e por não mais conseguir acompanhar o mundo de consumo em que nossa sociedade vive.” É nesse contexto social que entrariam as políticas públicas. Elas são, no ponto de vista administrativo, conjuntos de programas, ações e decisões tomadas pelos governos (nacionais, estaduais ou municipais) com a participação, direta ou indireta, de entes públicos ou privados que visam assegurar determinado direito de cidadania para vários grupos da população ou

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para determinado segmento social, cultural, étnico ou econômico. Ou seja, correspondem a direitos assegurados na Constituição. (Fonte: Politize!) Atualmente, essas políticas podem ser resumidas com o Estatuto do Idoso (aprovado em 2003), onde inclue os principais direitos dos idosos, de saúde, transporte, educação e cultura, trabalho, pensão e etc. Na época foi considerado uma grande vitória, mas projetos assim necessitam de uma constante atualização para acompanhar a remodelação da nação. Logo, devido à falta desse olhar político, a sociedade hoje não está preparada para essa mudança no perfil populacional, no qual as pessoas vivem mais, mas a qualidade de vida não acompanha essa evolução. Seriam a partir dessas regulamentações atualizadas que poderíamos reverter os efeitos negativos e enxergar as mudanças positivas. Regulamentações essas, que de alguma forma foram abandonadas, já que da 31ª posição em 2013, em 2015 ocupávamos a 56ª posição no ranking dos países que oferecem melhor qualidade de vida e bem-estar a pessoas com mais de 60 anos, segundo o Global AgeWatch Index.

por Maitê Kenupp

Maio 2018 CORUJA

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REPORTAGEM DE CAPA

Casal de idosos caminhando pela calçada.. Foto: Maitê Kenupp/ LAGGUnB UnB


CAPA | Universidade do Envelhecer

UNIVERSIDADE DO

ENVELHECER Porque envelhecer é um ato de amor.

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as últimas décadas o Brasil vem manifestando mudanças significativas em seu perfil demográfico graças aos avanços científicos, à criação de políticas públicas e melhorias das condições de habitação. Isso reflete um aumento na expectativa de vida ou esperança de vida ao nascer, resultando em um processo acelerado do envelhecimento humano. Atualmente a população idosa representa grande parte da população brasileira, necessitando assim de uma maior inserção destes nos programas sociais. Porém, o Distrito Federal não possui uma diversidade no que diz respeito à políticas voltadas a este público, demonstrando descuido no que se refere ao empoderamento dos mesmos e a ampliação dos conteúdos sobre o envelhecimento e promoção da saúde.

Foto: Anne Elisabeth/LAGGUNB UnB.

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O Programa UniSer, da Universidade de Brasília, promove uma integração dos saberes das diversas áreas de estudos, propiciando e estimulando a construção da qualidade de vida no processo do envelhecer em que todos estamos inseridos. Este projeto possibilita a ampliação dos conhecimentos gerontológicos construídos por meio de debates entre graduandos, docentes e membros da comunidade, oportunizando, assim, a modificação dos saberes e a quebra de conceitos sobre a velhice. Estimula, também, as capacidades dos idosos participantes, incentivando-os a se inserirem ativamente nas decisões pessoais e sociais da atualidade. Os debates realizados entre os membros despertam a curiosidade, incentivando-os na busca do conhecimento para contribuir na identificação das necessidades sociais dos indivíduos, assim como a criação de um novo conceito do envelhecer. É importante ressaltar que hoje, considera-se a participação saudável e ativa dos idosos nos diversos âmbitos, não somente estar ativo fisicamente. Outra contribuição das discussões realizadas é a troca de ideias, saberes e dúvidas que iniciarão um processo de construção de ações e programas para melhorar a promoção da saúde, de forma a enxergar o idoso em sua totalidade. Estes objetivos são alcançados por meio da formação de turmas multidisciplinares, incentivando um


Cerimônia de colação de grau da Universidade do Envelhecer em 2017 no auditório da FS. Foto: Beto Monteiro/Secom UnB.

trabalho em equipe onde o debate, o aprendizado e as vivências são priorizadas, sendo utilizadas como fonte de construção dos saberes e de relações interpessoais. Como produto final, tem-se a ampliação do conhecimento acerca do complexo processo de envelhecimento humano e a contribuição para a criação de práticas de educação e de saúde que inserem o princípio integrador da UniSer. Seu diferencial consiste na participação de graduandos e docentes de diversos cursos da Universidade de Brasília (UnB), o que amplia os temas abordados e as ideias que surgem durante os debates. Possibilita observar como o idoso e o processo do envelhecer é visto nas diferentes áreas do conhecimento e como cada profissão pode oferecer um suporte de habilidades para a construção de melhores condições do envelhecimento. A participação da comunidade permite observar e conhecer de perto a situação de inserção destes na sociedade atual, a opinião sobre o que deveria melhorar e o ponto de vista perante as oportunidades de educação, lazer e saúde ofertados pelo governo. A UniSer dispõe de aulas teóricas e práticas realizadas em 4 unidades: UnB campus Ceilândia, UnB campus Darcy Ribeiro da Asa Norte, no Riacho Fundo I e na Candangolândia, que encorajam

e incentivam o aluno à reflexão crítica e posterior debate acerca dos assuntos. Algumas disciplinas são ofertadas, como: autocuidado; Qualidade de vida: construindo o caminho; Direito e cidadania; Corpo e Movimento e Línguas. Este programa tem duração de três semestres com aulas de segunda à sexta-feira das 14h às 17h30, incluindo os sábados que contêm atividades extracurriculares. Todo o público é bem-vindo neste projeto, independente da escolaridade e idade. Ao final o aluno produzirá um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e receberá o certificado de Educador Político Social no Envelhecimento Humano, expedido pela UnB. O enfoque principal no desenvolvimento do Programa UniSer é a humanização no que se refere ao debate, troca de saberes e posterior utilização destes conhecimentos na produção de uma melhor qualidade de vida para a população em processo de envelhecimento. Um último ponto a se destacar é contribuição efetiva na criação de ações e políticas que sejam capazes de alcançar os mais diversos públicos, e incentivar o empoderamento dos idosos na adoção de métodos que ampliem suas áreas de atuação e possibilitem um envelhecimento ativo e saudável.

por Lauana Lima Maio 2018 CORUJA

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CORUJA OPINA

MODERNIZAÇÃO E A TERCEIRA

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IDADE

CORUJA OPINA

claro que a vida dos idosos ficou muito mais difícil. oje existem quatro grandes Sentimentos de medo, dependência, ansiedade e fases da vida: infância, adolescência, adulta preocupação, relacionados a incompatibilidade e velhice, onde encontramos o idoso (pessoa em um mundo digital, é entre 60 – 79 anos). predominante. Dessas quatro fases, em Salvo de a maioria geral, as três primeiras dos idosos citados no têm facilidade em texto possuírem ajuda utilizar as tecnologias para realizar o pagamento, lançadas. Mas, por eles enxergam a atividade quê? Se pegarmos uma de pagar contas como pessoa com 60 anos uma oportunidade de hoje e o contexto social socializar e sair de casa, e tecnológico da época coisa que foi retirada em que ela estava na com essa nova medida. fase adulta, fica bem A grande preocupação claro. agora é a inclusão digital Durante a dessa população. Por década 80 tivemos isso a Argentina, está grandes avanços ministrando cursos de tecnológicos, como a alfabetização digital em publicação do padrão centros de aposentadoria, onde da ethernet e o lançamento Pedro Teófilo, ensinam a usar eletrônicos do Macintosh pela Apple. estudante de Enfermagem da UnB para diminuir os sentimentos Enquanto que no Brasil, a negativos citados do texto, maioria da população não além da distribuição de tinha acesso à educação, 100.000 tablets para facilitar a saúde, saneamento básico, transição. habitação e muito menos Essa é uma medida um padrão da ethernet. importante na melhoria da Por isso, poucos tiveram qualidade de vida dos idosos a oportunidade de que precisa ser repetida no acompanhar essas mudanças Brasil. Precisamos da inserção e inseri-las em atividades dos idosos, podemos aprender diárias de vida. Com o muito com eles, mas eles tempo esse cenário foi sendo também precisam da nossa corrigido, mas ainda vemos ajuda e atenção. as cicatrizes. Será que os jovens de hoje Em um texto gostariam de não serem levados em consideração? publicado pela Evangelina Himitian em La Nacion, está relatado a percepção dos idosos sobre a digitalização de serviços de cobranças que não enviam mais as contas para as residências. Apesar do óbvio benefício ao meio ambiente, fica

“A grande preocupação agora é a inclusão digital dessa população.”

por Pedro Teófilo

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DICA DA CORUJA

POLÍTICAS PÚBLICAS: s quedas estão relacionadas a um grande problema de saúde pública e os riscos tendem a aumentar com o envelhecimento. Alguns dos principais fatores envolvem a idade avançada, ser do sexo feminino, fragilidade física, fraqueza muscular, marcha instável, cognição prejudicada e sintomas depressivos. O local que o idoso habita, e o seu arredor, tornam-se fatores de risco por si só, aumentando os riscos de queda. Pisos escorregadios, tapetes não aderentes, má iluminação, ou, no ambiente externo, pisos irregulares, são alguns dos diversos exemplos que podemos citar. Mas onde entram as políticas públicas? As quedas em si são consideradas problemas de saúde pública. As consequências como consultas, medicamentos, recursos e ocupações de leitos hospitalares, acarretam ao Sistema Único de Saúde (SUS) mais de 51 milhões ao ano com o tratamento de fraturas decorrente de quedas.

IDOSOS

Além desses gastos há questões como as limitações físicas e psicológicas devido as quedas, a dependência, perda de autonomia, que por sua vez pode acarretar isolamento. A Organização Mundial de Saúde alerta sobre as urgências de ações de saúde pública em torno do envelhecimento. É necessário estabelecer estratégias políticas de prevenção de quedas e reconhecer o cuidado a longo prazo do idoso, para evitar que elas ocorram. As esferas da união, estado e municípios devem participar de forma ativa para implementar programas e ações, consolidar parcerias entre a família e a sociedade, para fortalecer as políticas públicas para o envelhecimento.

DICA DA CORUJA

QUEDAS EM A

PORTELLA, M. R.; LIMA, A. P. de. Quedas em idosos: reflexões sobre as políticas públicas para o envelhecimento saudável. Arq. Cienc. Saúde UNIPAR, Umuarama, v. 22, n. 2, p. 109-115, maio/ago. 2018. por Gabriela Mendes

Foto:/Fonte: site: http://cidadademuriae.com.br Maio 2018 CORUJA

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FIQUE LIGADO

FIQUE LIGADO

PRÓXIMOS CONGRESSOS

Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia Com um olhar para a saúde integral e cuidado multidisciplinar o evento conta com extensa programação com temas plurais sobre geriatria e gerontologia.

Data: 06 a 08/06/2018

Local: Windsor Convention & Expo Center, Rua Martinho de Mesquita, 129 Barra da Tijuca – RJ (Brasil) Inscrição e valores: Vide Site Telefone: 21 2215-4476 Site: www.cbgg2018.com.br/index.asp

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Congresso Internacional de Geriatria e Saúde Mental Serão abordadas as temáticas: terapias não farmacológicas, programas de intervenção em geriatria, programas de intervenção em saúde mental e saúde mental em geriatria.

Data: 22/06/2018

Local: ESPAÇO INOVAÇÃO DA MEALHADA, Avenida Cidade de Coimbra, 51, 3050 – 374 MEALHADA (Portugal) Inscrição e Investimento: Vide site Telefone: +351 231 516 286 ou +351 967 116 708 E-mail: replicar.socialform@gmail.com Site: replicar-congress.org/


EVENTOS SIMPÓSIOS

Simpósio sobre a Violência contra a Pessoa Idosa Data: 15/06/2018

Local: Faculdade de Ciências da Saúde, Campus Darcy Ribeiro (Asa Norte), Brasília-DF Inscrições e valores: Evento gratuito. Mandar e-mail com assunto ‘Simpósio Violência’ com nome completo, CPF e telefone para: neppos.ceam.unb@gmail.com

SEMINÁRIOS Seminário Internacional de Informação para a Saúde Com tema central “Representação e organização da informação e do conhecimento mediadas pelas tecnologias digitais, com vistas ao empoderamento e ao protagonismo da saúde coletiva”

Data: 19/06 e 22/06/2018

Local: Auditório da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade (FEAAC) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza. Inscrição e investimento:Vide site. Site: http://www.sinforgeds.ufc.br/index.

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por Mariana Mourão Maio 2018 CORUJA

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