SOB
BALAIO - SUPLEMENTO DO JORNAL LABORATORIAL DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA // MARÇO E ABRIL DE 2014 // ANO 1 Nº 2
PRESSÃO
MÚSICA
Marina Braga consegue destaque através da internet
Balaio
P.06
Jessica e Viviane exibem as mesmas páginas de seus Destrua este Diário Foto: Letícia Lima
Livro pede para ser destruído Criado pela ilustradora canadense Keri Smith e publicado pela editora Intrínseca, Destrua este Diário estimula que o próprio leitor componha as páginas, ficando livre para construir ou destruir a obra como quiser Giovânia de Alencar e Lígia Costa
Destrua este Diário (Wreck this journal) propõe ao leitor uma nova perspectiva de interação. O livro sugere a realização de uma tarefa diferente e destrutiva a cada página, com um total de 224, não deixando escapar nem a capa (que sugere modificação) e a contra-capa (que indica o envio do livro para si mesmo pelos correios). Em entrevista à Editora Intrínseca, a autora conta sobre as cobranças perfeccionistas que percebe estar presente na sociedade moderna. Apesar de apresentar breves instruções no início da obra, Keri deixa clara a livre realização das atividades que as pessoas têm com seu Diário por meio das seguintes proposições: “leve este livro para todos os lugares”; “siga as instruções de cada página”; “interprete as ins-
truções como preferir”; “experimente, contrarie seu bom senso”. Em 2012, segundo o jornal canadense The Globe and Mail, o Destrua este Diário ficou na lista dos livros mais vendidos do Canadá. Lançado no Brasil em novembro do ano passado, o Diário também alcançou um sucesso de vendas aqui. De acordo com o site especializado em mercado editorial, Publish News, desde janeiro de 2014 o livro permanece em primeiro lugar de vendas nacionais na categoria de não-ficção. Para exibir seus diversos feitos criativos, muitos leitores recorrem à internet, onde compartilham suas páginas em imagens, textos e vídeos. Só a fanpage (facebook.com/destruaestediario) contém mais de 96 mil seguidores. Ela é atualizada todos os dias e também é acompanhada por quem não possui o livro. É
o caso de Fernanda Façanha, estudante de Jornalismo, que segue a página com o único propósito de apreciar a criatividade das pessoas. Para ela, as “destruições” são símbolos de competência e responsabilidade, pois “querendo ou não dá um trabalho, é um esforço extra”. A questão do tempo a ser investido também é tratado na obra. Logo no começo, Keri apresenta os materiais necessários para a produção do livro, sendo o tempo um dos requisitos necessários. “Criar é esculhambar” O intuito de Keri Smith, enfim, era criar um livro em que a autonomia e a liberdade criativa de cada leitor se mantivessem em evidência, como anuncia logo nas primeiras páginas a essência da obra: “criar é esculhambar”. Há quem critique a proposta da obra.
Brennda Hipólito, por exemplo, estudante de Administração, 19 anos, considera o livro como desnecessário. “O livro desperta a criatividade, porém sem propósito, sem um fim específico. Não proporciona edificação”, critica. Vanessa de Carvalho, estudante de Jornalismo, 19 anos, opina de forma semelhante. “De cara, eu já achei desnecessário. Sinceramente, não tem muita utilidade na nossa vida”. Para ela, existem ações mais proveitosas para se realizar. “Você só vai perder tempo fazendo essas coisas. Acho mais útil você escrever um acontecimento do seu dia, do que ficar desenhando no Diário, pisando em cima dele”, argumenta. Carlos Velazquez, professor do curso de Belas Artes, aponta, após analisar a proposta do livro, para a forma como a cultura moderna trata a arte. “Se você