Preocupados com uso de drogas, pais contratam detetives para investigar filhos Página 8 JORNAL-LABORATÓRIO SOBPRESSÃO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIFOR
SETEMBRO/OUTUBRO DE 2011
ANO 8
N° 22
Estudantes sob o mesmo teto
Anúncio veiculado no jornal “Diário do Nordeste” no dia 09/09/2011
Lígia Franco
Ao ingressar na universidade, muitos jovens saem de casa para dividir residência com outros estudantes. Geralmente, perto da instituição onde vão estudar. A mudança de realidade pode assustar no começo. Afinal, as responsabilidades da ca-sa agora cabem aos próprios estudantes e, muitas vezes, o ambiente novo não é nada parecido com o conforto que a maioria estava acostumada a ter junto à família. A imagem por trás das moradias universitárias, às vezes, é superestimada. O desejo de sair de casa é tão grande, que os jovens não hesitam na hora de mudar.Porém, é preciso avaliar bem antes de decidir. “Nem sempre morar com os amigos é festa e alegria, precisa saber dosar. A gente também é muito responsável, há horas que cada um tem suas coisas para fazer, estudo, trabalho etc. Para morar junto, tem que ser assim: responsável. Senão, não dura”, afirma o estudante de Educação Física Gustavo Gomes. Gustavo divide apartamento com mais três amigos.“Olha, morar com mais três pessoas da sua mesma idade é difícil. Agora, se todos forem homens fica mais difícil ainda! Rola muita bagunça e, se não fosse pela Dona Maria, que vem limpar aqui duas vezes por semana, não sei o que seria das nossas vidas. Mas o clima da casa é sempre bem animado. De vez em quando a gente faz festas. O ruim é no dia seguinte, para arrumar tudo”. A estudante de Direito Jéssica Bastos, 21, também vive a mesma situação de Gustavo. Ela divide o apartamento com mais duas colegas da mesma faculdade há um ano. “Com certeza a pior parte de morar sozinha são as responsabilidades da casa. Às vezes, eu chego à noite cansada e não tem nada na geladeira. Mas tem louça
Dividir uma casa com outros universitários, não é só festa. Além de aumentarem as responsabilidades domésticas, a atenção aos estudos redobra Foto: MarÍlia Pedroza
para ser lavada, banheiro para ser limpo. Dá uma preguiça. Sem falar nas contas para pagar”. Mas Jéssica também fala sobre as vantagens. “A parte boa é a liberdade, poder deixar tudo do jeito que você quer sem ter alguém reclamando, ficar acordada até de manhã, na Internet, conversando e trazer amigos. Tudo sem ter que comunicar a ninguém”. Quando questionados sobre os estudos, Gustavo e Jéssica dividem a mesma opinião: não muda muita coisa, ninguém estuda mais ou menos, depende da pessoa. No entanto, quando coincide de os estudantes serem do mesmo curso, existe um compartilhamento de informação maior. “O fato de morar sozinho não influencia tanto nos estudos. Cada um é cada um e tem consciência, morando ou não com os pais. A falta de tempo, com estágio, trabalho e outras atividades, costuma ser o maiore inimigo das notas boas”, conclui Jéssica. Muitas vezes, o número de estudantes que divide uma casa é tão grande, que as residências passam a ser chamadas de repúblicas. Dentro delas, a atmosfera é bem jovem, com muitas festas e descontração.
Saiba mais
A origem das famosas repúblicas A primeira residência universitária do Brasil surgiu em Ouro Preto, Minas Gerais, durante os anos 1850 e 1860. Alunos e professores saiam do interior para estudar ou ensinar na Escola de Minas de Ouro Preto e sentiam necessidade de fixação na cidade. Contudo, foi durante o governo do presidente Getúlio Vargas que as famosas repúblicas chegaram às demais cidades do País.
Onde encontrar
Residência universitária, localizada no Benfica, abriga estudantes há 45 anos Fotos: divulgação
A Universidade Federal do Ceará (UFC) disponibiliza 14 unidades residenciais para alunos da Capital, do Interior e de fora do Estado. A regra é clara: provenientes de famílias de baixo poder aquisitivo, sem renda própria ou familiar suficiente para sua manutenção. As unidades estão localizadas no Campus do Benfica e têm capacidade para abrigar 260 estudantes. Das 14 existentes, nove são masculinas, quatro são femininas e apenas uma é mista.
Todos os custos das moradias são viabilizados pela Universidade por meio do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), do Ministério da Educação. O objetivo é apoiar a permanência. O Pnaes oferece assistência à moradia estudantil, alimentação, transporte, saúde, inclusão digital, cultura, esporte, creche e apoio pedagógico. As ações são executadas pela própria instituição de ensino, que deve acompanhar e avaliar o desenvolvimento do programa. (por Luana Benício)
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Uma língua em cinco semestres
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Governo de olho na Copa
Anúncio veiculado no jornal “Diário do Nordeste” no dia 09 /09/2011
Emilly Sousa e Hamlet Victor
Estima-se que durante a Copa do Mundo de 2014, Fortaleza receba 3,7 milhões de turistas, dentre os quais, 600 mil estrangeiros. Os dados confirmados pelo secretário da Copa, Ferrúccio Feitosa, já são preocupação entre áreas de hotelaria, bares e restaurantes. Estes buscam preparar-se a partir de agora para o período. Os investimentos vão desde a reestruturação de instalações e equipamentos até a capacitação profissional visando principalmente o domínio em outro idioma. Percebendo a demanda, são diversos anúncios de cursos de línguas circulando pela Cidade com promessa de fluência no idioma escolhido em curto período. Alguns com duração de apenas 18 meses, já outros, em sete semestres. Mas será possível ter fluência em uma
Cursos intensivos podem ser solução para aqueles que desejam aprender outro idioma até a Copa de 2014.
língua com tão pouco tempo? Elizabeth Arruda, professora de Inglês do Instituto Poliglota, é bastante taxativa: “o aluno não pode aprender em um espaço muito curto de tempo. O período recomendado é de dois a dois anos e meio, pois o aprendizado requer disposição, dedicação e, principalmente, tempo”. Ana Maria Soares, coordenadora da Casa de Cultura Italiana da Universidade Federal do Ceará (UFC), admite que “é mais difícil dominar um idioma sem nunca ter estado no
país de origem”. No entanto, ela sugere outras alternativas de aprendizado para aqueles que já estudam uma língua. Além da sala de aula, Internet, jornais, revistas, músicas, filmes e documentários. São boas alternativas de prática. Contudo, aos que ainda assim preferem optar por cursos em período curto, ela orienta: “Os cursos de menor duração devem ser feitos apenas por pessoas que tenham objetivos mais específicos e pouco tempo para se dedicar a estudos mais longos”. Quem deseja falar bem outro
Foto: Mahamed Prata
idioma até a Copa vai precisar buscar métodos diferentes. O estudo simultâneo de duas línguas pode ser uma saída para aqueles que desejam maior capacitação até 2014. Ana Maria sugere “línguas da mesma origem, por exemplo, italiano e espanhol”. E Elizabeth Arruda acrescenta, “ainda temos tempo para nos preparar, para aprender dois idiomas simultaneamente. O aluno pode fazer de dois a três meses de cursos intensivos e o restante dos meses curso extensivo regular, para não sobrecarregar.”
Mão de obra qualificada em curto prazo O projeto “Senac na Copa, Brasil no mundo”, oferece cursos de capacitação especialmente focados na Copa de 2014. São mais de 100 turmas nas áreas de turismo, hospitalidade, segurança alimentar, gestão, saúde, conservação e zeladoria, lazer, comércio, beleza, informática e, principalmente, idiomas. Além dos profissionais que desejam qualificar-se, empresas também podem participar da iniciativa. O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) oferta tanto cursos pessoais, quanto cursos in company, ou seja, aulas preparadas de acordo com a necessidades e características de cada organização. Dentre os cursos pessoais ofertados estão: Técnico em Guia de Turismo (1.130h) Capacita o participante para atuar junto a empresas do segmento de turismo prestando serviços
de condução de grupos, organização de roteiros e itinerários, sendo responsável pela prestação de informações históricas, geográficas, gastronômicas, de transporte e hospedagem, no contexto regional e nacional. Pré-requisito: 18 anos e Ensino Médio - cursando. Serviços de Limpeza e Conservação de Ambientes (160h) Oferece conhecimentos e habilidades técnicas voltadas para a execução dos serviços operacionais de limpeza e manutenção de edifícios, escritórios, escolas, lojas e empresas. Pré-requisito: 18 anos e Ensino Fundamental - cursando Recepcionista em Meios de Hospedagem (160h) Prepara profissionais para atuarem na recepção, organizando e atualizando os sistemas administrativos, da telefonia e portaria social, operando os equipamentos necessários.
De garçom a massagista. Cursos oferecem capacitação para Copa de 2014. Foto: Divulgação
Pré-requisito: 18 anos e Ensino Médio - em conclusão Inglês Básico para Atendimento ao Público (40h) Propicia o uso instrumental da língua com ênfase na expressão oral. Vocabulário voltado para atendimento ao público estrangeiro, diferentes tipos de estabelecimentos e situações: hotéis, lojas, restaurantes, clí-
nicas de saúde e estética etc. Pré-requisito: 13 anos e Ensino Fundamental - cursando. Fonte: Senac - CE
Serviço Senac-CE Av. Tristão Gonçalves, 1.245 Centro - Fortaleza Tel.: (85) 3452 7005 www.ce.senac.br
A menos de três anos para o início da Copa do Mundo, o Ministério do Turismo criou o “Bem Receber Copa”. O projeto visa ao preparo dos funcionários de hotéis, bares e restaurantes a fim de capacitá-los para receber o grande número de turistas estrangeiros que chegarão ao país. Em Fortaleza, o projeto atinge bairros com maiores atividades turísticas, como Varjota, Praia de Iracema e Praia do Futuro. Além disso, assegura treinamento a funcionários em segurança e manipulação de alimentos, gestão, cursos específicos para garçons e recepcionistas. O Ministério do Turismo também conta com a parceria de empresas que disponibilizam ensino à distância para interessados na capacitação. Segmentos como Turismo de Aventura, Alimentação Fora do Lar e Locadoras de Automóveis estão inseridos no projeto. Cada segmento conta com uma instituição afiliada ao Ministério que é responsável por auxiliar na divulgação e implantação do projeto em sua respectiva área . (por Hamlet Victor)
Jornal Classificado dá Notícia - Fundação Edson Queiroz - Universidade de Fortaleza - Centro de Ciências Humanas - Diretora do CCH: Profa. Erotilde Honório - Curso de Comunicação Social - Jornalismo - Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. José Wagner Borges - Disciplina Princípios e Técnicas de Jornalismo Impresso I - Reportagem- Emilly Sousa, Gabriela Trindade, Gizela Farias, Guilherme Custódio, Hamlet Victor, Iago Fechine, Iago Ribeiro, Isabelle Bedê, Lara Brayner, Lígia Franco, Luana Benício, Luana Matos, Lucas Oliveira, Mahamed Prata, Marília Pedroza, Mellyssi Peres, Renata Frota, Rhaiza Oliveira, Thalyta Martins, Vitor Lutif- Concepção: Prof. Jocélio Leal - Projeto Gráfico: Prof. Eduardo Freire - Diagramação: Aldecir Tomaz - Estagiário de Produção Gráfica: Mayara Andrade - Conselho Editorial: Profs. Janayde Gonçalves, Alejandro Sepúlveda e José Wagner Borges - Revisão: Prof. Antônio Celiomar P. de Lima- Supervisão gráfica: Francisco Roberto - Impressão: Gráfica Unifor - Tiragem: 500 exemplares - Estagiário de Redação: Renata Frota
Confira mais matérias dos alunos da Disciplina Impresso I, semestre 2011.1, pelo blog http://blogdolabjor.wordpress.com
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Cresce a procura por diaristas A agência Opção do Lar, única que não encontrou problema em identificar-se, confirma que as classes A e B são as mais interessadas em mensalistas. Em geral, os clientes são pessoas que trabalham o dia inteiro, passam pouco tempo em casa e, por isso, procuram profissionais para dormirem na residência durante a semana, assumindo os serviços de limpeza, cozinha e até mesmo o cuidado de crianças ou idosos. Por outro lado, as classes C e D, devido ao menor poder aquisitivo e maior interesse pela praticidade do freelance, preferem as diaristas. O serviço procurado é apenas de faxinas no fim de semana ou de limpezas esporádicas, custando em média R$40,00 por faxina.
Anúncio veiculado no jornal “Diário do Nordeste” no dia 09 /09/2011
Iago Fechine
Diaristas recebem 61,3% a mais do que as mensalistas, comprova pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em março de 2010. Em Fortaleza, enquanto as mensalistas ganham em média R$1,64 por hora, as diaristas recebem até R$ 2,54. Ao entrar em contato com agências, que não quiseram se identificar, confirmou-se que o motivo da valorização das diaristas ocorre por não haver vínculo empregatício. “O pessoal não quer empregada porque tem que pagar férias e décimo terceiro. Diarista é mais fácil”, é o que afirma a atendente de uma das agências. Dessa forma, as mensalistas acabam abrindo mão de seus direitos trabalhistas, a fim de se tornarem diaristas e trabalharem de maneira autônoma. A diarista Zélia Gomes conta porque preferiu abrir mãos de
Diaristas recebem mais por abrir mão da carteira de trabalho assinada
seus direitos enquanto profissional. “Não ia dar para sustentar meus filhos se eu assinasse a carteira. Com as faxinas, eu tiro R$900,00 reais no fim do mês.” Diferente da mensalista Danielle Fernandes, que ,mesmo com salário inferior, prefere a segurança. “Eu recebo só R$400,00 por mês para ajudar minha mãe e meus irmãos. É pouco, mas a patroa me dá casa e comida, então está bom. Ela é uma boa pessoa.”
Foto: thalyta Martins
Fique atento O Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Estado do Ceará alerta: Antes de começar a procura, defina exatamente que serviço procura. Durante as entrevistas, todas as referências que revelem o passado profissional devem ser apresentadas, inclusive os antecedentes criminais. A partir do momento em que as duas partes fecham o acordo, já
existe um contrato. O salário deve ser decidido neste momento. De acordo com o artigo 29 da Consolidação das Leis do Trabalho, após 48 horas de trabalho a carteira deve ser assinada. A partir desse momento, empregador e empregado contribuem para o INSS com 12% e 8%, respectivamente.
“Eu gosto dessa profissão”
Lúcia Alves, 51 anos, desde os 14 trabalha como doméstica. Graças a sua primeira patroa, que lhe ofereceu condições de estudo, tornou-se auxiliar de enfermagem e, por dois anos ,trabalhou no Hospital Frotinha da Parangaba. No entanto, ela gosta mesmo de trabalhar em residências. “Realmente prefiro trabalhar em casa, em um lar. Pegar pessoas que adotamos e amamos é muito melhor. Eu adoro crianças”, explica. Durante os mais de 30 anos de trabalho, Lúcia passou apenas por quatro casas. Atualmente, a mensalista cuida de bebês como enfermeira, além de desempenhar os serviços domésticos. Mesmo perto de se aposentar, Lúcia não se importa de abrir mão dos direitos trabalhistas, e conta: “trabalho sem carteira assinada, mas ganho mais por isso. As condições são melhores e eu nunca fui enganada, meus patrões de agora e os outros sempre pagaram meus direitos direitinho”. ( Renata Frota e Isabelle Bedê)
O dilema continua: jornal x Internet
Anúncio veiculado no jornal”O Povo” no dia 14/09/2011
Lara Brayner
A questão continua: o jornal impresso realmente está com os dias contados? A pesquisa realizada pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC) prova o contrário. Quando comparado ao mesmo semestre de 2010, houve aumento de 4,2% nas vendas de jornais impressos. Entretanto de acordo com o estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE), no segundo trimestre de 2011, o acesso à Internet é de 77,3
Apesar da concorrência da internet, cresce a venda de jornais impresso. Foto:
milhões de pessoas, levando em conta qualquer ambiente (trabalho, lan house, domicílio etc.). Além disso, em agosto desse ano, o tempo de uso do computador com internet chegou a 69 horas por pessoa, um aumento de 6,4% comparado a julho.
suzane lobo
Sendo assim, é inegável que a web tem conquistado e firmado o espaço como grande espaço para comunicação. Não há como ignorar sua competitividade. A coordenadora comercial do jornal Diário do Nordeste, Débora Nascimento, confirma. Segundo
ela, há uma procura dos jovens pelo jornal, porém, eles se veem mais na web. Desta forma, mesmo com aumento de vendas dos exemplares impressos, os jornais tentam conciliar a maneira tradicional de comunicar com o jeito interativo da geração Y. O coordenador de mídias sociais do jornal O Povo, Michel Queiroz, explica que, quando se trata de notícia, a diversificação de conteúdo é o maior atrativo ao jovem. A web tem a função de tentar aproximar mais as pessoas da leitura, mesmo por meio de um computador. A internet oferece ao público a sensação de estar no mesmo nível daqueles que fazem o jornalismo. Segundo Michel, hoje, a comunicação é horizontal; existem diálogos, conversas, troca de informações entre quem lê e quem escreve. “É uma relação fiel entre o leitor e o repórter”. Por isso, o jornalismo está investindo fortemente nas mídias sociais. A comodidade dos outros meios fez os jovens afastarem-
se da busca de informação no impresso. No computador a notícia está ao alcance de todos, mas de uma forma mais superficial, apenas quando o leitor se interessa pelo assunto é que ele procura no jornal maiores informações, é quando ele se aprofunda mais no assunto, explica Michel. A subeditora do Zoeira, caderno de entretenimento do Diário do Nordeste, Juliana Colares, e a repórter do jornal O Povo, Aline Rodrigues compartilham da opinião que o jornalista precisa realmente manter-se atento a tudo. Juliana explica que trabalhar em edições como o Zoeira exige estar ligado a tudo o que se passa, principalmente no mundo jovem. Tudo o que está na moda no cotidiano deles e porque aquele assunto é tão falado entre eles, a fim de levar o leitor a se identificar com o caderno. O repórter deve ter uma imensa curiosidade, um envolvimento, um faro jornalístico para identificar o que acontece nesse mundo. E a primeira fonte de busca: Internet.
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Vale a pena comprar um carro importado usado? Vitor Lutif
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Desde que o presidente Collor de Melo (1990-1992) mudou a realidade do mercado brasileiro de automóveis e permitiu as primeiras importações, a febre por carros de marcas estrangeiras não cessou. De acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira das Empresas Importadoras de Veículos Importados (Abeiva), somente no primeiro semestre deste ano houve um aumento de 113,1% na venda de carros importados comparado ao mesmo período em 2010. Estima-se que até o final do ano 165 mil veículos sejam vendidos.
Mas, será que vale a pena arriscar quando o importado é de segunda mão? O presidente do Sindicato dos Revendedores de Veículos Automotores do Estado do Ceará (Sindivel), Roberto Jorge Teixeira, não vê vantagem de comprar um carro importado usado e prefere o nacional pela facilidade na reposição de peças. O gerente da Savel Veículos, Gustavo Campos Mesquita, também ressalta a dificuldade de manutenção, além da perda financeira na hora de revender um importado de segunda mão. No entanto, o professor de inglês Fernando Fialho, 30, dono de um Subaru Impreza GL 2.0
4x4 ano 1997, acredita que a exclusividade e conforto maior são pontos positivos na hora de adquirir um carro de marca internacional. Dono de uma MercedesBenz C 280 ano 1995, o funcionário do Senado Federal Cristiano Andrade, 33, acredita que comprar um carro importado é obter conforto e tecnologia por um preço que um carro nacional não oferece. Contudo, o funcionário público alerta para verificar a procedência do veículo “se não estava com alguém sem condições financeiras de manter o carro, ou seja é barato comprar, mas difícil manter”.
O preço de um carro importado usado é praticamente o mesmo preço de um nacional zero quilômetro de mesma equivalência. Um Toyota Hilux SW4 3.0 turbo-D ano 1999 que custa R$ 42.800, preço bem próximo de um Ford Ecosport zero. Outro exemplo é Jeep Wrangle ano 1998 que custa R$ 31.000, mais robusto e com mais itens quando comparado a um Troller T4, que custa quase o triplo. Uma Mercedes-Benz C 280 ano 1996, que custa R$ 33.000 não possui similar nacional, mas tem preço próximo dos sedãs populares tais com um VW Voyage e o Fiat Siena.
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Foto: Iago Ribeiro
Para comparar
Será que a tecnologia e o conforto oferecidos em um carro importado de segunda mão compensam o valor gasto no momento da compra ou um modelo nacional é a melhor opção?
Importados
BMW 325ia 2.5 24V (93/94) - Alemão - Ar condicionado - Teto solar - Airbags laterais dianteiros - Farol de neblina - Computador de bordo - Preço R$ 28.950,00
Toyota Hilux SW4 4x4 3.0 Turbo (2000) - Argentina - Airbag motorista - Volante com regulagem - Airbag passageiro de altura - Desembaçador traseiro - Preço R$ 44.000,00
Nacionais
Para ficar de orelha em pé Comprar um carro usado significa atenção redobrada no que diz respeito à peças e manutenção. Para maior segurança, é essencial verificar as revisões antes de adquirir o veículo. Checar as manutenções preventivas do proprietário anterior é fundamental. Se possível, leve o automóvel até um mecânico de confiança para conferir o estado das peças. Procure checar se não há nenhuma adaptação mal feita. Além disso, observe se existem peças para o modelo de carro que está comprando em concessionárias. Compare os preços, pesquise. Saiba no quê está investindo. E, mais importante, lembre-se de aproveitar bem o importado usado. Afinal, a cada ano que passar, mais desvalorizado ele ficará. (VSL)
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Gol novo Gol 1.6 Power total flex (2012) - Pintura metálica -Vidro elétrico - Ar condicionado - Preço R$ 44.340,00 (Fontes: www.icarros.com.br, www.ofertaschevrolet.com.br, www.smaff.com.br)
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Massoterapeutas exigem reconhecimento da profissão
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Aperfeiçoe a técnica Todo ano, diversos cursos de capacitação e aperfeiçoamento são realizados pelo Senac, como Técnicas em shiatsu, Massagem turbinada, Massagem estética e outros. Um meio de se especializar em um trabalho ainda pouco reconhecido.
Veja alguns dos cursos disponíveis: Técnicas de Shiatsu (60h/a) Descrição: Aperfeiçoa o profissional da área de Terapias Corporais por meio do domínio dos processos teórico-práticos que resultam na aplicação adequada de técnicas de shiatsu.
Anúncio veiculado no jornal “O Povo” no dia 06/09/2011
Pré-Requisitos: 18 anos, Ensino Fundamental concluído e ter curso ou experiência profissional comprovada em terapias corporais.
Luana Matos e Melyssi Peres
Baixos salários da categoria, não existência de sindicatos ou associações que defendam os interesses do ramo, além do preconceito, são os principais motivos de indignação dos massoterapeutas. O diretor da HEIKO Saúde nas Mãos, Luiz Cláudio Almeida, desabafa: “a massagem iniciou com as famosas casas de massagem; continua forte a impressão que toda profissional da área é GP (garota de programa)”. O não reconhecimento, a desvalorização e, muitas vezes, a forma como o trabalho desses profissionais é visto são alguns exemplos das dificuldades citadas pelos massoterapeutas. Para Luiz, ainda não é possível obter sucesso na Capital. “Existe preconceito com relação ao toque, o desconhecimento dos benefícios físicos e psicológicos”. Em média, um massoterapeuta ganha apenas um salário mínimo, R$ 545. No entanto, há quem se diga satisfeito com
Massagem Turbinada (20h/a) Descrição: Aperfeiçoa o profissional da área de terapias corporais no domínio dos processos teórico-práticos que resultam na aplicação adequada de técnicas de massagem turbinada.
Preconceito ainda é barreira crescimento do mercado de massoterapia, em Fortaleza, segundo os profissionais.
a profissão. Edna Freitas adora o trabalho. “Não posso reclamar do meu salário nem das minhas condições de trabalho, que são ótimas. O único ponto ruim é que você terá sempre o mesmo cargo, a não ser que abra uma clínica própria”. Os serviços de capacitação também incomodam alguns profissionais da área. Edna sente falta de cursos profissionalizantes “e os que têm são com horários ruins, difíceis de seguir”. Ainda não existem cur-
sos de nível superior focados em massagem. Sendo assim, a única maneira de aprofundar os conhecimentos e qualificar a mão de obra é por meio de cursos. Afinal, para ser massoterapeuta não basta apenas “levar jeito”; é preciso conhecer as técnicas. Joana Barbosa trabalha há cinco anos como massoterapeuta e observa que não há muito interesse de alguns donos de clínicas em investir em cursos para seus empregados. “Os nossos patrões não investem pensan-
Foto: Thalyta Martins
do que vamos sair das clínicas e tomar os clientes deles”. No entanto, locais como o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) oferecem uma saída para aqueles que desejam investir na carreira de massoterapeuta.
Serviço HEIKO - Saúde nas Mãos Av. coronel Miguel Dias, 50 Fortaleza - CE, 60810-160 Contato: (85)-3087-4114
Afinal, para que serve a massoterapia? A massoterapia pode auxiliar na prevenção e no tratamento de doenças como artrite, artrose e até depressão. Toques exercidos com as mãos, cotovelos, pés ou até mesmo aparelhos têm finalidade terapêutica, estética e esportiva. O massoterapeuta Luiz Cláudio Almeida ressalta que a prática ainda “ativa a circulação, reduz medidas e alivia tensões musculares, consciência corporal, equilíbrio energético, entre outros”. O segmento conta com uma grande variedade de tipos de massagens, diferenciadas apenas pelas técnicas empregadas e objetivos buscados.
Tailandesa É utilizada para ativar a capacidade do corpo de autocura e promove uma melhor saúde e bem estar. Além disso, tem como objetivo fazer quem recebe atingir a iluminação espiritual e a harmonia. Esse tipo de também ajuda no aumento da circulação sanguínea e elimina toxinas causadoras de dores e doenças.
Bambuterapia Técnica originada na França com o fisioterapeuta Gill Amsallem, proporciona uma sensação de relaxamento e auxilia na redução de medidas. A massagem é realizada com bambus de diferentes tamanhos e espessuras. São parecidos com rolos que se adaptam aos contornos corporais e podem ser aplicados em todo o corpo para estimular pontos energéticos e zonas reflexas dos pés, mãos e rosto.
Tântrica
promove benefícios como o rejuvenescimento da pele e fortalecimento do sistema imunológico.
Facial Essa técnica, assim como a Ayurvédica, também proporciona o rejuvenescimento do rosto. A massagem libera a tensão presente na face, deste modo eliminando o aspecto cansado, marcas de expressão e olheiras do rosto.
Linfática
mais chamam atenção na técnica. A técnica busca o equilíbrio no fluxo de energia dos pontos meridianos do paciente.
Reflexologia Essa massagem parte do principio de que pés e mãos possuem pontos que correspondem a órgãos e outras estruturas do corpo, como glândulas. O objetivo da massagem é aliviar as tensões nesses reflexos permitindo que a energia que flui pelo corpo até esses pontos circule tranquilamente.
Devido à nomenclatura, é confundida muitas vezes com massagem para fins sexuais. Na realidade, é uma técnica sensual. Porém, o objetivo principal não é apenas a satisfação sexual, mas o despertar das energias sexuais do corpo.
Conhecida por drenagem linfática, a técnica, desenvolvida pelo dinamarquês Emil Vodder, tem por objetivo eliminar as impurezas de células dos tecidos na corrente sanguínea por meio de massagens leves e circulares sobre os pontos dos vasos linfáticos.
Ayurvédica
Chinesa
Shiatsu
A técnica estimula músculos e circulação por meio de alongamentos e toques precisos das mãos, cotovelos e pés. O método oferece o equilíbrio corporal e emocional. Além disso,
Também chamada de Tuiná ou Tuina ( que em chinês significa empurrar e segurar com força) é uma das massagens mais antigas do mundo. O alívio imediato da dor e o relaxamento são os pontos que
Técnica de origem chinesa, consiste na liberação do fluxo de energia por meio do toque manual ou digital. A prática é excelente para problemas nos rins e até mesmo queimações no estômago. (LM)
Reiki A técnica tibetana trabalha com a imposição das mãos, canalizando a energia universal com objetivo de oferecer ao paciente equilíbrio natural e energético, além da cura de doenças.
Pré-Requisitos: 18 anos, Ensino Fundamental concluído e ter curso ou experiência profissional comprovada em terapias corporais.
Massagem Estética (20h/a) Descrição: Aperfeiçoa o profissional em conhecimentos básicos para aplicação da técnica de massagem estética redutora Pré-Requisitos: 18 anos, Ensino Fundamental concluído e ter curso ou experiência profissional comprovada em terapias corporais. Mais informações: info@ce.senac.br (85) 3452.7005 (Fonte: Senac-CE)
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Aprendiz de feiticeiro
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Afrodescendentes
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Lucas Oliveira
Jogar búzios, prever o futuro... Quem se depara com cartazes espalhados pela cidade prometendo os serviços não imagina toda a cerimônia que os “feiticeiros” passam para exercer a profissão. Nomeados pais de santo, eles precisam de uma grande preparação para realizar práticas de predições e podem até ganhar R$ 1500,00 por trabalho. Maria Luciciclé da Silva, 57, conhecida como Dona Cléa, é mãe de santo e proprietária de um centro de umbanda em Fortaleza. Aos 17 anos, o seu ex-marido, também pai de santo, passoulhe ensinamentos sobre rituais de magia e foi consagrada no que é hoje. Dona Cléa realiza trabalhos para pessoas de todas as classes e o preço cobrado depende do serviço ocultista requisitado. Cerca de R$ 1.000,00 para unir pessoas, R$ 600 para desmanchar outros trabalhos de feitiçaria e R$ 1.500,00 para a separação de pessoas. O trabalho mais solicitado à mãe de santo é união de casais. Para obter os conhecimentos do ex-marido, Dona Cléa precisou passar por um período de consagração aos deuses. Só então pôde receber os espíritos. Um simples frequentador de um centro de feitiçaria torna-se de fato “feiticeiro” após 21 dias em reclusão dentro do terreiro, além da parti-
Criados pelo Deus Olorun, os orixás são cultuados como espíritos superiores. Fotos:
cipação em rituais. A cerimônia de consagração é privada. Durante o ritual realizase um sacrifício voltado à cabeça do futuro pai ou mãe de santo com intuito de fortalecê-lo(a) para receber o espírito numa possessão. Em seguida, a cabeça do futuro bruxo é raspada, lavada com folhas sagradas trituradas e pintada para receber a entidade a quem ele foi consagrado. Existe também o sacrifício usando sangue de animais para selar o pacto. Ao final, o novo feiticeiro dirigese até os atabaques, instrumentos de percussão, para dançar e homenagear suas entidades.
Divulgação
O ritual de incorporação é praticamente o mesmo todos os dias desde a consagração, segundo Dona Cléa. Ela acende as velas coloridas, reza um Pai Nosso, uma Ave-Maria, um Credo, uma Salve Rainha e, por último, a mais importante para ela, a oração da Pedra Cristalina. Ao final da série de rezas, finalmente incorpora. A mãe de santo surpreende ao dizer a quantidade de espíritos que recebe. “Zé Pelintra, Tranca-Rua, Negro Gerson, Pomba-Gira”. Dona Clea não contou o restante porque, segundo ela, “daria mais do que uma folha”.
Religiões estão em ascensão Ao contrário do que prega o senso comum, o espiritismo não é uma vertente do catolicismo. Criado na França por Alan Kardec foi o “pano de fundo” para o surgimento da umbanda e juntou-se ao catolicismo e ao candomblé. No Brasil, por volta de 1950, a umbanda consolidou-se como a religião que executa rituais de magia e possessão de espíritos, muito semelhante ao espiritismo. Elizabeth Costa, mestre em Ciência da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie explica que os seres humanos ficam fragilizados devido à quantidade de infor-
Elizabeth Costa
Foto:
arquivo pessoal
mações recebidas e procuram algo não palpável. As pessoas sentem-se ansiosas na pósmodernidade e tornam-se re-
pletas de questionamentos. A religião passa a ser uma das principais “válvulas de escape”. E, a religião Espírita, especificamente, explica várias situações inexplicáveis, como a desigualdade social. Desde que chegou ao Brasil em 1853, o espiritismo vive o momento de maior ascensão no País. Retratado na literatura e no cinema, as pessoas passam a ter um pouco de conhecimento sobre os costumes, ideais e valores, além de nomes de importantes espíritas brasileiros como o do médico Bezerra de Menezes e do médium Francisco Xavier (Chico Xavier).
Trazidas ao Brasil durante o período da colonização, o candomblé e a umbanda fazem parte das religiões afro. Os negros cultuavam seus deuses e elementos da natureza reunindose em lugares afastados como florestas e quilombos. Porém, quando chegaram ao Brasil, tinham a obrigação de serem católicos. Sendo assim, as práticas dos índios, brancos e negros formaram a série de misticismo que temos no País. O candomblé, muito famoso no País como macumba, é a prática conhecida dentro da feitiçaria pelos pais de santo e tra-
balhos ocultistas. A umbanda, por sua vez, é uma espécie de magia bastante ligada ao espiritismo e usa os mesmos santos da Igreja Católica. Das duas vertentes de feitiçaria, os espíritos que trabalham para a linha da direita, umbanda, são teoricamente “do bem” e quase inacessíveis. Eles oferecem apenas bênçãos. Já os feiticeiros do candomblé realizam qualquer trabalho, desde que sejam pagos. Os serviços são feitos com carne crua e galinha preta. Os famosos despachos. Estes fazem parte da linha da esquerda. (LO)
Vale assistir
O filme, dirigido por Halder Gomes e Glauber Filho, professor do Curso de Jornalismo da Unifor, conta a história de três mães que viram suas vidas mudarem repentinamente. Foto: Divulgação
SOBPRESSÃO
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SETEMBRO / OUTUBRO DE 2011
Prostituição na rede
Anúncio veiculado no jornal “O Povo” no dia 06/09/2011
Guilherme Custódio
Profissionais do sexo usam a Internet para divulgar seus serviços .
A figura exploradora do cafetão no comando das casas de prostituição tem encontrado uma adversidade. Com o aumento da prostituição por meio de páginas na Internet, os profissionais do sexo sentem-se atraídos pela oportunidade de trabalho mais independente, pagando apenas uma quantia pela manutenção do anúncio no site. Márcia Ribeiro (nome fictício) não quis revelar quanto desembolsa, porém afirmou que “a quantia se torna baixa em relação aos benefícios que a divulgação pela Internet traz”. Ela não possui contato com quem recebe o pagamento e desconhece a existência da fi-
gura do cafetão na Internet. “O gasto que possuo é o valor que pago ao site, o resto do dinheiro do programa é meu”. Quem não possui condições de pagar por divulgação opta pelo anúncio gratuito. Redes sociais, apesar de proibirem a prática, são muito procuradas. Robson Aragão (nome fictício), 23, preferiu o blog. Ele posta fotos e descrições sobre suas características físicas, além de interesses como lazer e estilos musicais preferidos. “A vantagem do blog é que não pago e ele realiza praticamente tudo o que um site comum faz”. No entanto, Robson confessa ser mais fácil reconhecimento em
Foto: Iago Ribeiro
sites já conhecidos no meio. Já Maria de Fátima Bezerra, 56, prefere as ruas. Ela, que foi uma das fundadoras do extinto Sindicato das Prostitutas do Ceará, atualmente faz programas na Praça José de Alencar, no Centro, e acredita que a expansão da prostituição na Internet é reflexo do crescimento e da consolidação da grande rede nos últimos anos, mas duvida que as casas de prostituição chegarão ao fim: “a procura por programas baratos é grande”. Isadora Soares (nome fictício) trabalha há três anos em uma casa de massagem localizada no Centro. A pernam-
Saiba mais
Prática não é crime. Mas para incentivo existe pena O professor de Direito Penal e Condicional da Universidade de Fortaleza Sidney Soares Filho explica que “o crime no Brasil é definido como um ato de violação que vai além do corpo do praticante e atinge o espaço de outro indivíduo.” Preconceito, desacato, violência e tentativa de homicídio são alguns exemplos desses atos. Já a prostituição não se enquadra nesse perfil. Perante a lei brasileira, o que o homem faz com o seu próprio corpo não diz respeito à Justiça. Sendo assim, prostituir-se, a priori, não é crime. Assim como a autoflagelação e o suicídio, por exemplo. No entanto, quando se trata do incentivo das práticas sexuais a história é bem diferente. No Brasil, o artigo 228, que se encontra na parte especial do Código Penal e no gênero de preservação da dignidade sexual, prevê reclusão de 2 a 5 anos por lenocínio (favorecimento a prostituição), tráfico de pessoas e favorecimento da exploração
bucana se diz satisfeita com o local, mesmo recebendo metade do valor do programa. “Me sinto segura trabalhando aqui. É bem diferente do medo que sentia quando fazia programas nas esquinas da cidade”. Ela
sexual. Caso o incentivo seja feito por pais, ascendentes, parentes ou entes próximos, a pena aumenta de 3 a 8 anos. E, caso ocorra mediante violência, ameaças ou fraudes, o criminoso poderá receber pena de 4 a 10 anos de cadeia. Se provado que o incentivador tinha intenção de lucrar em cima da prostituição alheia, além das ordens de prisão ele terá de pagar uma multa determinada pela Justiça. O artigo 229, mesmo gênero do 228, declara a manutenção de casas de venda de sexo como crime. A pena é 2 a 5 anos de cadeia. Na maioria dos casos, comete-se simultaneamente a infração de vários ou todos os atos. Desta forma, o criminoso pode ser julgado em Concurso Formal de Crimes, no qual o juiz escolherá a maior pena para aplicar e poderá aumentá-la em até metade de sua totalidade, ou em Concurso Material de Crimes, situação em que o juiz aplicará a soma de todas as penas. (por Luana Benício)
ressalta o carinho recebido pelas colegas de trabalho da casa e pelo cafetão do lugar. E, apesar de não saber o nome real
do chefe, o chama carinhosamente de “Bolinha”. “Ele é um irmão para mim”.
Pais investigam vida dos filhos
Anúncio veiculado no jornal “Diário do Nordeste” no dia 09/09/2011
Gizela Farias
Espionar os filhos é uma atividade de demanda crescente no mercado. Augusto Netto, detetive há 25 anos, afirma que casos de suspeita de infidelidade são os mais procurados pelos clientes, porém, a busca pelo controle dos filhos aumenta consideravelmente. “Em São Paulo e Rio de Janeiro é comum pais contratarem este serviço. Drogas e más companhias são os motivos mais frequentes do contrato”. A procura por serviços do detetive geralmente ocorre quando os pais percebem o comportamento alterado do filho, de acordo com Netto. Nesse momento, alguns profissionais aproveitam-se da vulnerabilidade e cobram preços mais altos. Logo, para evitar futuros problemas, recomenda-se contratar o investigador por inter-
médio de empresas. O cuidado na escolha do profissional deve ser redobrado. Netto sugere checar se o especialista escolhido faz parte do Conselho Regional dos Detetives do Estado do Ceará (CRD). Dependendo do perfil do adolescente, 15 ou mais dias são suficientes para solucionar o caso. No entanto, contratar um profissional em investigações custa bem caro. “Cerca de sete mil. Os pais chegam ao escritório muito abalados emocionalmente, pois já têm suspeitas e querem comprovar. Em 90% dos casos as suspeitas são confirmadas”, explica Augusto. Ivan Souza, diretor do CRD, ressalta que os pais têm razão em se preocupar. “A facilidade em conseguir drogas tem aumentado. Custa bem caro contratar os serviços de um profissional, mas a preocupação dos pais em relação à mudança de comportamentos dos filhos faz com que a busca por estes serviços aumente no mercado”. Cada situação requer uma maneira própria de investigação. Netto conta que os instrumentos de trabalho vão desde programas de monitoramento no computador a câmeras no quarto. Porém, se realmente for necessário, o detetive pode até mesmo infiltrar-se entre grupos de amigos e seguir a rotina do jovem dia e noite até finalizar o caso.
A pedido dos pais, detetives infiltram-se na rotina dos jovens.
Foto: Rhaiza Oliveira
Até o último vestígio Um dos principais recursos procurados por pais de jovens e adolescentes para identificar o possível uso de drogas são os exames toxicológicos. Segundo o responsável pela área de exames toxicológicos do Laboratório Clementino Fraga, Luís Xavier, no último ano, a procura dos familiares pelo teste aumentou em cerca de 30%. Geralmente, os filhos estão na faixa dos 16 a 25 anos e ainda vivem sob os cuidados dos pais ou em processo de recuperação de dependência química.
Também conhecido como “teste de drogas”, o exame analisa amostras de queratina (cabelo ou pêlos) ou fluidos corporais (saliva, urina e sangue) e pode ser realizado de duas maneiras. Há o método instantâneo, mais barato, porém, menos confiável. A análise aplica-se por meio da coleta de fluidos corporais (urina e suor). O outro tipo de exame é o laboratorial, bem mais confiável e realizado em laboratório com amostras biológicas como cabelo, sangue, urina ou saliva. A maior parte dos testes não
identificam a quantidade de drogas usadas, muito menos dispõem de uma janela de detecção a longo prazo. No máximo, sete dias para maconha e três dias para as demais drogas. Exceto o teste de queratina (cabelos e pelos), esta é capaz de detectar até os últimos 180 dias, além de diferenciar o tipo de droga e quantificar o consumo. Por isso, é o teste mais recomendado para identificar um usuário contínuo de entorpecentes. Os exames são aplicados com muito rigor. Em uma sala, o assistente observa a coleta do material (fluidos corporais ou queratina) para evitar a tentativa de forjar o processo. “É muito frequente, principalmente entre os adolescentes, o uso de várias técnicas, algumas até bem criativas, para falsificar os exames utilizando o material de amigos que estão ‘limpos’. Nós do laboratório já temos todos os procedimentos devidos para evitar esse tipo de problema”, informa Xavier. Germana Paixão, coordenadora da qualidade do laboratório Emílio Ribas destaca que “as drogas mais usadas são a maconha, cocaína e crack.” No entanto, Xavier, ressalta que o crack e a cocaína são os mais facilmente encontrados por oferecerem uma janela de detecção maior que a maconha. (por Gizela Farias e Gabriela Trindade)