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Um movimento aberto que intensifica a relação do grupo com a arte em suas diversas vertentes. O Espiralados surgiu nos cursos de Artes Cênicas e Artes Visuais da Universidade de Fortaleza (Unifor) Página 4 JORNAL-LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIFOR

AGOSTO/OUTUBRO DE 2012

ANO 3 N° 6

Transplantes crescem, mas ainda faltam doadores Hospitais de Fortaleza possuem um grande número de transplantes, mas a fila de espera ainda é extensa.

O número de doadores de órgãos cresce em um ritmo menor que a fila de espera. Apesar disso, Fortaleza se destaca como a terceira cidade onde mais realiza-se transplantes. Manoel Cruz

Apesar do número de transplantes de órgãos e tecidos ter aumentado na última década no Brasil, a quantidade de doadores de órgãos ainda é um problema para os pacientes que aguardam na fila de espera por um transplante, no Hospital de Messejana, em Fortaleza. De acordo com a assistente social da Equipe Multidisciplinar de Transplante de Coração da unidade, Marilza da Silva Pessoa, o número de transplantes por ano feitos pelo Hospital só não é maior pela carência de doadores, pois a demanda é sempre muito extensa. “Demanda sempre tem, pois, até mesmo pacientes de outros estados vêm para cá com a intenção de entrar na fila de espera”, explica. Exatamente dezoito transplantes cardíacos já foram realizados em 2012 e mais dez pacientes estão, atualmente, na fila à espera de um novo órgão. O número deve ultrapassar a quantidade total feita em 2011, quando foram realizados 25 transplantes cardíacos no hospital. Miquéias de Almeida tem um ano e está na fila de espe-

ra para transplante de coração. Metade dessa curta existência foi vivida no Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes onde, há seis meses, passou a morar junto com sua mãe, a dona de casa Vanessa Almeida Gonçalves, de 21 anos. Assim como o pequeno Miqueias, outras cinco crianças estão à espera de um coração. Em uma entrevista concedida a um jornal da Cidade, a chefe de transplante cardíaco pediátrico do mesmo hospital, Klébia Castelo Branco, afirmou que a mortalidade de quem precisa fazer um transplante, nessa faixa etária, é

Foto: DivulGAÇÃo

alta. Segundo ela, o hospital perdeu cerca de 30% dos nossos pacientes com até 18 anos. Entre as crianças e lactentes, o tempo de espera por um órgão é até quatro vezes maior do que o de um adulto. Em média, essas crianças demoram um período de seis meses a dois anos para fazerem o transplante. Isso acontece porque a maioria dos doadores são adultos. Aproximadamente, 70% dos que poderiam doar têm entre 18 e 50 anos. Para a doação ser efetivada, é preciso que haja compatibilidade de peso.

Por isso, a situação das crianças é tão complicada. Decisão difícil Algumas pessoas são contrárias à doação dos seus órgãos. A agente administrativa Matilde dos Santos é uma delas. “Eu acho que cada um nasceu com o seu, então cada um tem que morrer e levar seu órgão”, comenta. Segundo Matilde, “a pessoa que recebe o órgão, muitas vezes morre do mesmo jeito, pois o corpo rejeita, por isso acho que tem que ser enterrada com todos os seus órgãos”. Quem também se manifesta

contra é o estudante de Engenharia Civil, Arthur Magalhães. “Apenas não concordo, eu acho que cada um tem o seu corpo e é de propriedade do portador”, diz. Os devotos da igreja Testemunhas de Jeová informa, no seu site Centro de Mídias Independentes (CMI Brasil), que as pessoas não são proprietárias do próprio corpo e indagam: “quem você acha que pagou para escreverem as leis de direitos humanos e de doação de órgãos?”. Compatibilidade A doação pressupõe critérios mínimos de seleção. A idade, o diagnóstico que comprova a morte clínica e o tipo sanguíneo são itens estudados do provável doador para saber se há receptor compatível. Não existe restrição absoluta à doação de órgãos, a não ser para portadores do vírus HIV e pessoas com doenças infecciosas ativas. Em geral, fumantes não são doadores de pulmão. A doação de órgãos como rim, parte do fígado e da medula óssea pode ser feita em vida. Em geral, nos tornamos doadores em situação de morte encefálica e quando a nossa família autoriza a retirada dos órgãos. Cerca de 86% das cirurgias são financiadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A maioria dos planos privados de saúde não cobre este tipo de tratamento, cujo custo pode variar entre menos de mil reais (transplante de córnea) e quase 60 mil reais (transplante de medula óssea).


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Saiba mais

CASTRAÇÃO VERDADES: 1) Após a castração, não obrigatoriamente se observa aumento de peso. 2) Os comportamentos sexuais dos machos e fêmeas continuam durante algum tempo. 3) A operação de castração, tanto no macho quanto na fêmea, é muito simples e rápida. O animal voltará para casa no mesmo dia. MENTIRAS: 1) Acasalar aumenta a masculinidade do cão. 2) Seu animal será um adulto frustrado se for castrado (cães não têm o conceito de frustração, ou emoções humanas desse tipo). 3) A cadela precisa cruzar uma vez antes de ser castrada.

Adotar pode ser o bicho Danielle Estácio em seu apartamento na companhia do vira-lata adotado Raul e de Marley, o beagle que agora tem companhia para as brincadeiras.

A adoção de animais é um ato de carinho que pode mudar a vida tanto de quem adota quanto do animal que é resgatado. O belo gesto costuma trazer muitos benefícios Giselle Nuaz e Vitória Matos

A adoção de animais ainda é uma ação pouco apoiada, mas, apesar de poucos adeptos, a causa é defendida por algumas pessoas, o que faz supor que já há uma abertura para esse movimento tão nobre. A adoção é um gesto de solidariedade que pode ser praticado por qualquer pessoa. Basta que se tenha carinho pelos animais. A professora Klycia Fontenele possui um gato de estimação, é protetora dos animais e está integrada efetivamente no processo de adoção. Ela adota animais há 12 anos e, desde 2009, está engajada na Associação de Proteção à Vida (APROV), uma ONG que se dedica ao cuidado de cães, gatos e animais de tração. “O lado bom de adotar é a gente ver a vida. Considero a vida de um cachorro ou de gato, por exemplo, tão preciosa

quanto a vida de um humano. A sensação de ver um animal saudável e feliz é extremamente gratificante. É realmente muito bom acompanhar todo o processo, e, quando a gente gosta do que faz, os gestos são automáticos, porém prazerosos. A vida merece cuidado, e, por mais que às vezes sejam complicadas, as ações são sempre recompensadas. É lindo receber o carinho de um animal como prêmio”. Klycia, atualmente, possui 10 gatos para adoção e gasta, mensalmente, de R$1.000 a R$1.500 para mantê-los. A adoção de animais é algo que traz muitos benefícios também para quem adota. A universitária Ahynssa Thamir, que é dona de Hércules, um cachorro adotado por ela e pela família, fala sobre todo o carinho que um animal adotado pode oferecer. “A sensação de ter um animal em casa é a melhor do mundo. Ele é tratado como um filho por todos da minha família. É algo sem igual, é verdadeiro e lindo. Ele é como uma criança que trouxe vida e luz à casa”. Ahynssa também comenta sobre o papel que a adoção de animais possui. “Acho que adotar é fundamental. Existem tantos cachorros que estão esperando

Fonte: http://gpafortaleza. wordpress.com

Foto: Arquivo pessoal

Billy depois de ser tratado e adotado como um animal de estimação. Foto: Arquivo pessoal

um lar, querendo ter carinho, amor e atenção. Não vejo necessidade e nem vantagem quando você gasta para ter um carinho que pode ser gratuito”. Milena Carvalho é psicóloga de formação e surfista. Em mais um dia ensolarado, enquanto caminhava na Praia do Futuro, foi seguida por um cachorrinho preto que a acompanhou durante toda a caminhada. Olhou para o céu e disse: “Se Deus quiser que esse cachorro seja meu, que ele me siga na volta até o meu carro.” Assim aconteceu, o cachorro acompanhou Milena até seu carro e, encanta-

4) A castração deve ser usada apenas como solução de problemas de comportamento e temperamento.

da com aquela companhia, foi dali direto a uma clínica veterinária. “Gastei R$ 5.000, e foi o dinheiro mais bem gasto da minha vida. Você não tem noção do que é salvar uma vida. O veterinário me disse que, se eu não o tivesse levado, ele teria morrido em alguns dias porque ele tinha todas as doenças: verminose, anemia, erliquiose...” Billy, como foi batizado, ficou 45 dias internado e depois se mudou para o apartamento da nova dona. Hoje, mora na casa de praia da família e não pode ver o portão aberto, que foge para a rua.

Outra história parecida é a de Danielle Estácio. Todos os dias, quando ia para o trabalho, no Bairro Itaperi, a estilista via um filhote marrom e peludo acorrentado em uma casa perto de seu escritório. Pedia ao dono da casa aquele cachorro, que nem nome tinha, mas o homem não se convencia a lhe dar o animal. Até que, um dia, o cachorro adoeceu e, prevendo que ele iria morrer, o dono resolveu dar o animal à moça que o queria. Danielle o levou de lá direto a uma clínica veterinária na Avenida Expedicionários e, no dia seguinte, Raul foi morar no apartamento da família com a nova dona e Marley, um beagle que já era de Danielle. Há 5 meses, Raul - uma homenagem ao cantor Raul Seixas - é seu animal de estimação. “É recompensador, prático e tem a questão da segurança, porque ninguém quer roubar um vira-lata. Já com o Marley eu tenho que ter esse cuidado quando deixo ele solto.” Em relação à educação, Danielle diz que foi super fácil educar Raul, mais fácil até que o próprio Marley, que é “de raça”. “Pode ter sido sorte, mas o Raul é extremamente carinhoso e foi mais fácil de educar que o Marley”, afirma.

Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor) Fundação Edson Queiroz - Diretor do Centro de Ciências Humanas: Prof. Carlos Eduardo Bittencourt - Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Wagner Borges - Projeto gráfico: Prof. Eduardo Freire - Diagramação: Clara Beatrice Magalhães Ribeiro - Professor orientador: Alejandro Sepúlveda - Coordenação de Fotografia - Júlio Alcântara - Fotografia: Marina Duarte - Ilustração: Lucas Marinho - - Revisão: Prof. Antônio Celiomar - Edição: Manoel Cruz - Redação: Ahynssa Thamir, Giselle Nuaz, Lise Ane Alves, Lucas Dantas, Manoel Cruz, Priscila Baima e Vitória Matos - Supervisão gráfica: Francisco Roberto - Impressão: Gráfica Unifor - Tiragem: 750 exemplares

Sugestões, comentários e críticas: jornalsobpressao@gmail.com (85) 3477.3105


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Associação defende rádio de qualidade A AOUVIR (Associação dos Ouvintes de Rádio do Ceará) luta, desde 2003, por uma programação de rádio que respeite o ouvinte, além de garantir aos cidadão o direito de ter vez e voz

Priscila Baima

Direito do consumidor

Greve dos bancos e dos correios “Assinei uma revista há dois meses. Com essa assinatura, eu ia adquirir um livro importante para o meu trabalho e, desde a greve dos correios, eles ainda não chegaram na minha casa. Além disso, me sinto prejudicada por não poder pagar minhas contas em um só lugar, tendo que ir em cada loja para pagar as prestações de compras, mas, como eu trabalho, não tenho tempo suficiente para pagar todas e acabo recebendo juros. O que fazer nessas situações? Posso exigir meus direitos?” Thiara Nogueira Estudante

Lise Ane e Lucas M. Dantas

A Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, a Aouvir, foi fundada em 21 de junho de 2003 e nasceu da ideia de um grupo de pessoas que passou a ver o rádio de uma forma diferente. Ao instalar o I Encontro do Ouvinte, o pequeno grupo teve a ideia de fundar uma associação que lutasse pelos direitos dos ouvintes, que protestasse contra a falta de ética no rádio, conteúdos ofensivos e expressões grosseiras e que permitissem a eles, manifestar-se toda vez que quisessem tornar públicos seus pensamentos e ideias. Hoje, o grupo está mais encorpado, com mais de 30 membros ativos. Realiza encontros regulares, de 15 em 15 dias. Entre as principais ações práticas originadas nesses encontros, está a criação de uma Cartilha do Ouvinte, que funciona como um manual para orientar o ouvinte na hora das participações ao vivo no rádio e fornecer aos usuários informações de como fazer uso desse veículo de comunicação. Desde que foi criada, a Associação realizou duas exposições temática, abordando assuntos como o desenvolvimento da radiodifusão e a história de seus produtores e radialistas ao longo dos anos. Uma antiga bandeira da Aouvir é criar o Museu do Rádio, que seria um

A AOUVIR pretende discutir o conteúdo que chega até os ouvintes de rádio. Foto: Marina Duarte

espaço para melhor divulgar o veículo e sua história. De acordo com o vice-presidente da Associação, Djacy Silva de Souza, apesar das reivindicações do grupo, as mudanças na programação são poucas, pois nos grupos de comunicação ainda há a dominação do dinheiro, onde o proprietário, ao vender horário, não se preocupa com a verdadeira qualidade da programação. “O que mais importa é o faturamento e o tal pagamento das dívidas. Mesmo assim, mesmo que de forma discreta, notamos que alguns locutores já têm certa preocupação com o que dizem e o que fazem no rádio. Isso é um ganho para nós”, explica. Djacy ressalta também que já moveu diversas ações judiciais contra emissoras para forçar a melhoria da programação e o reconhecimento de bons profissionais, ao mesmo tempo em que a Associação estuda também a ideia de criar um selo de qualidade, que serviria como estímulo à manutenção

das boas práticas na programação radiofônica. Otimismo Apesar de os resultados práticos da militância da Aouvir não serem vistos sempre de forma fácil, já há pessoas que se mostram otimistas em relação à qualidade do que se escuta hoje nas emissoras de rádio do Estado. É o caso de Camila Murta, estudante de Jornalismo da Universidade de Fortaleza, que considera que a maneira de fazer rádio, hoje, melhorou e deixou de ser somente para quem tem uma voz mais eloquente. Para ela, é como se “qualquer voz pudesse fazer parte da programação”. Para outra estudante de Jornalismo, Gisele Peixoto, a linguagem específica do rádio FM melhorou bastante. Ela acredita que a rádio está se relacionando melhor com os ouvintes. Já com relação à rádio AM, Gisele faz críticas e diz que “precisa melhorar em tudo; é cheia de ruídos; locutores antigos trabalham com foco no público mais velho”, critica.

Entrevista

Djacy Souza

“Nos só pedimos respeito aos ouvintes” C - O que é um rádio de qualidade? DS - É um rádio que preste serviço. É um rádio que respeite sempre o ouvinte, que não use palavrões ou promova baixarias. É um rádio que também abra espaço para o ouvinte fazer sua colocação, o que nem sempre acontece, pois existem radialistas que são manipulados pelo governo e não aceitam qualquer crítica.

Coletivo - Como vocês captam novos membros? Djacy Souza - Ligamos para os programas de rádio e pedimos para fazer a convocação de qualquer ouvinte interessado em participar de nossos debates e reuniões. Aliás, qualquer pessoa pode ir mesmo, desde que, claro, goste de ouvir rádio. É o único pré-requisito. Os encontros acontecem com frequência garantida, sempre de 15 em 15 dias, na Casa Juvenal Galeno, na Rua General Sampaio, número 1128. C - Há a participação de algum radialista, nas reuniões? DS - Normalmente, os radialistas têm um pouco de receio em participar, já que podem ser mal interpretados no trabalho. Mas alguns nos apóiam, concordam com nos-

sa linha de pensamento. Do outro lado, há também aqueles que nos acusam de censores. Na verdade, nós só pedimos respeito aos ouvintes, nada mais.

C - O ouvinte comum relaciona a baixaria ao sucesso? DS - O que acontece é que muitos ouvintes acabam preferindo a podridão, a comunicação meramente comercial e, infelizmente, os que têm mais sucesso no rádio, hoje, são aqueles que aderem ao palavrão e à baixaria. Não é à toa que alguns programas são campeões de audiência há anos.

Segundo o artigo art. 22 da Lei 8.078/90 do Código de Defesa do Consumidor, os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. As Agências dos Correios devem fornecer alternativas para o consumidor que espera por uma encomenda ou até mesmo por uma conta que tem prazo de vencimento especificado. Como alternativa para o consumidor, é importante citar que a disponibilidade online para impressão de contas deve existir, além da possibilidade de o consumidor dirigir-se à agência para receber o produto solicitado. Já a greve, não é motivo para deixar de pagar as contas. Para evitar a cobrança de juros e multas ou a suspensão na prestação de algum serviço, é bom ficar atento à data de pagamento. Se o boleto não chegar, o consumidor deve entrar em contato com a empresa credora para negociar outra forma de pagamento (emissão de segunda via por meio do site da empresa, depósito em conta, envio de fatura por fax ou email, por exemplo). Se não houver a disponibilidade dessas formas alternativas, aí a empresa deve prorrogar o vencimento da conta.

Placa-mãe de notebook danificada “Tentei trocar uma placa-mãe do meu computador que estava com a parte externa oxidada, porém a garantia, segundo eles, não cobria o desgaste por elementos naturais. Como eu posso exigir meus direitos? “ Rafael Gomes Fernandes Gerente de Tecnologia da Informação

De acordo com o Código de Defesa do Consumidor, os fornecedores têm a obrigação de trocar os produtos que apresentem defeito que prejudique o valor do produto ou que torne o produto impróprio para o consumo (um aparelho eletrônico com alguma função que está com problema) ou que, por qualquer motivo, diminua seu valor de compra. Segundo o art. 12, o fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. O consumidor, diante do vício do produto, deve encaminhá-lo à assistência técnica exigindo o comprovante. A partir dessa reclamação, o fornecedor terá o prazo máximo de trinta dias para resolver o problema. Se isso não ocorrer, poderá o consumidor optar pelo desfazimento do negócio, pela substituição do produto por outro em perfeitas condições e, em alguns casos, pelo abatimento proporcional do preço.

Serviço Procon Estadual - Decon 0800 275 8001 / (85) 3452-4516 www.decon.ce.gov.br Procon Assembleia (85) 3277-3801 Av. Desembargador Moreira, 2807 Dionísio Torres Fortaleza - CE ANEEL - 167 Conselho de Consumidores da COELCE (85) 3453-4600 / 3453-4601 0800 285 0196


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Grupo do Espiralados, em visita à Trigésima Bienal de São Paulo, em outubro Foto: Arquivo Pessoal

Grupo busca conhecer o mundo pela arte Discutir a arte em suas diversas vertentes. Esse é o principal objetivo do Espiralados, grupo que surgiu nos cursos de Artes Visuais e de Artes Cênicas da Universidade de Fortaleza (Unifor) de forma espontânea. O objetivo do grupo é organizar visitas a espaços culturais e ateliês de artistas, além de intensificar a experiência com a arte além dos livros.

Ahynssa Thamir (Com colaboração de Priscila Baima)

Ao escutar algumas reclamações de estudantes do curso de Belas Artes relacionadas ao baixo número de visitas às mostras artísticas e aos espaços culturais - até mesmo por amantes da arte, o professor Pablo Manyé e seus alunos, então, resolveram criar um grupo que fomentasse o interesse em ir a tais lugares e participar da vida artística da Cidade, fazendo com que surgisse, no dia 14 de março de 2012, o grupo Espiralados. O objetivo é a busca coletiva de desenvolvimento do espírito crítico e pessoal no mundo das artes. A organização é horizontal, pois não tem cúpula, e todos têm o mesmo peso de voz e voto. A ideia teve êxito imediato e, hoje, o grupo conta com dezenas de participantes. Dentre os projetos já desenvolvidos, em outubro o Espiralados fez uma viagem para visitar a Bienal de São Paulo. O nome do grupo foi inspirado por participantes dos cursos de Artes Visuais e Artes Cênicas da Unifor, que antes era um só: Curso de Belas Artes. “O símbolo destes cursos é uma espiral, que lembra a letra ‘B’, a inicial

de Belas Artes. Essa espiral remete ao lema ‘A Educação pela Arte, Arte pela Educação’, ou seja, enriquecendo os diversos saberes”, explica o professor. Como já é costume, após o primeiro semestre, os alunos passam por uma espécie de ritual de iniciação denominado “Cerimônia da Espiral”. Para que essa mobilização se harmonizasse com os ideais do curso, expressados pelo lema e pelo logotipo, o grupo se nomeou Espiralados, que significa participantes desta espiral, do movimento que pretende penetrar e contagiar os saberes, buscando uma profunda interação para enriquecimento mútuo. Participação Os Espiralados constituem um grupo aberto que não tem tutor e não é preciso fazer qualquer tipo de inscrição. Basta comparecer às reuniões, escrever na página eletrônica do Facebook ou enviar um e-mail. Qualquer interessado pode participar, mesmo que não seja da Unifor ou da área de artes. As reuniões acontecem semanalmente em uma sala da Unifor. As pautas abordam tanto questões logísticas, quanto artísticas. Nessas reuniões, planeja-se o que virá e

analisam-se as ações já feitas. A faixa etária dos membros é formada por jovens e idosos. Outra função do grupo Espiralados é proporcionar aos alunos uma oportunidade de garantir conhecimentos que só são obtidos em contato real com as obras e com os artistas. “É importante que um estudante de arte conheça o mundo, que se interesse e que não seja formado apenas pelo conhecimento acadêmico, mas pelo contato direto com as artes, pela apreciação, e que isso não seja feito apenas através de fotos ou livros”, enfatiza Manyé. A viagem para São Paulo contou com uma agenda que incluiu uma visita à Trigésima Bienal, à exposição de Adriana Varejão, no Museu de Arte Moderna, à exposição da Lygia Clark, ao Museu da Língua Portuguesa e a Pinacoteca, entre outros. Leia, ao lado, a entrevista com o professor Pablo Manyé, realizada após as visitas. Serviço Reuniões Quartas, às 10h30min, sala N-29 www.facebook.com/Espiralados

Entrevista

Pablo Manyé

“As artes, em geral, são ainda um grande poder” Coletivo – Vocês acreditam que visitas em grupo geram uma animação que mobiliza as pessoas. Como avalia a visita para São Paulo? Pablo Manyé - A visita foi muito interessante, pois discutimos muito, já que nem todos tem as mesmas opiniões, e, às vezes, elas chegam a ser bem divergentes mesmo, coisa que acho fantástico. A própria filosofia dos espiralados é sair da apreciação somente por meio de data-shows e livros para percorrermos, pelo menos uma vez por mês, o nosso Estado. Isso nos permite sentir a obra e a experiência que nós temos frente à obra física, tal como o artista a propôs, é muito diferente de uma obra expressada em um livro ou em outros meios. Não tem a mesma densidade. C - A arte, em geral, é vista como assunto para eruditos. Como os Espiralados pensam a arte? PM - Toda atividade, quando você mergulha fundo, passa a ser complicada. E se não fosse assim, certamente, o mundo seria muito leve e sem graça. Eu não acho que a arte deva ter somente uma leitura densa, profunda, mas existe esse tipo de leitura. Há algumas pessoas que trabalham no incentivo para uma interpretação mais aprofundada da arte e o Espiralados é um exemplo disso, pois são pessoas que vivem além da experiência mais evidente, além do simples ‘gostei’ ou ‘não gostei’. Nós vamos atrás de discussões, de leituras, de nos informar e, logicamente, como grupo, isso nos ajuda a crescer individualmente. C – Qual tem sido o impacto do Espiralados junto aos alunos da Unifor? PM - Na reunião inaugural do Espiralados, a sala estava cheia. Nós vimos um número importante de alunos de outros cursos e isso me deixou muito feliz. A procura pelo grupo tem sido grande, até porque é algo especialmente gostoso, pois vamos todos, é outro astral. E também, o fato de sermos constituídos como grupo implica em sermos atendidos de uma maneira diferenciada. Isso, claro, não por sermos o Espiralados, mas por sermos um grupo e não uma única pessoa. C – Por que vocês acreditam que a apreciação da arte pode contribuir para a sociedade? PM - Seria inimaginável um mundo sem arte, pois seria um mundo dramático. A arte, nas suas diferentes formas, é uma reflexão do ser humano, do que somos e do que estamos fazendo. Sem esse sentido artístico, sem essa questão de o ser humano se perguntar para onde vamos, já imaginou como seria hoje o mundo sendo somente dirigido pelas grandes empresas que querem nos fazer consumir cada vez mais, independentemente de tudo? O artista é aquela pessoa que geralmente diz: ‘Peraí, tem outros valores, outras coisas que são importantes, outros aspectos que vão nutrir o ser humano de uma maneira diferenciada’. Eu acho que as artes, em geral, são ainda um grande poder, provavelmente o último grande poder que seja capaz de ficar à altura dos outros. Acho que é essencial para o ser humano.


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