Fôlego#18

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FÔLEGO JORNAL-LABORATÓRIO SOBPRESSÃO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIFOR

MAI/JUN 2009

ANO 6

N° 18

O desafio de chegar ao topo Entre riscos e conquistas, Rosier Alexandre superou desafios do montanhismo e tornou-se o primeiro nordestino a pisar no topo do maior pico das Américas Gabriela Gomes e Raquel Maia

Coincidência ou não, Rosier Alexandre nasceu justamente onde se localiza o ponto mais alto do Ceará, no município de Monsenhor Tabosa. Desde a infância, guardava verdadeiro fascínio por altitudes. “Quando criança, já ficava impressionado com mirantes e altas montanhas. Imaginava e depois desenhava tudo no caderno”, relata. Formou-se em Marketing, mas nunca deixou de lado o desejo de escalar os mais altos e gelados montes do mundo. Entre dezembro de 2004 e janeiro de 2005, Alexandre colocou seu sonho em prática: organizou uma expedição ao Aconcágua (Cordilheira dos Andes), a segunda montanha mais alta da terra com 6.962 metros de altura. Apesar de não ter chegado ao topo, o montanhista estabeleceu um novo recorde Norte/Nordeste de altitude, chegando a 6.700 metros. No ano seguinte, organizou uma segunda expedição e, no dia 16 de janeiro de 2006, abriu a bandeira cearense no cume do Gigante dos Andes. Foi o primeiro montanhista do N/NE e um dos poucos brasileiros a conquistar o poderoso e temido “Ackon-Cahuac”, ou “sentinela de pedra”, como chamavam os Incas. Hoje, aos 40 anos, Rosier Alexandre é um dos montanhistas mais destemidos do país e divide suas experiências sobre o esporte que também encara como um lazer, seu maior e mais desafiante hobby. O início “Minha primeira grande aventura foi no território argentino, onde escalei o Cerro Vallecitos, uma montanha com 5.500 metros de altitude. Quando consegui chegar ao cume, no dia 31 de dezembro de 2004, deslumbrei-me com

uma paisagem encantadora e tinha o coração quase explodindo de emoção. A preparação foi feita no Brasil. Como aqui não tem grandes montanhas, foi um pouco difícil. Com objetivo de superar as dificuldades, eu me preparo fisicamente de forma impecável para, quando partir para a montanha, a resistência à altitude seja a máxima possível”. Fascínio “O que me atrai no montanhismo são três coisas básicas: primeiro, a paisagem. Quanto mais alto o lugar, mais bonito o mirante a ser observado. Em segundo, as reflexões. As montanhas são lugares relaxantes para pensar na vida, não existe lugar melhor para ler do que no pico de uma montanha. Lá, você está livre de todas as modernidades que nos perturbam. A terceira, e mais interessante, é a administração da expedição. Você aplica isso na

Rosier Alexandre

Quando consegui chegar ao cume, deslumbrei-me com uma paisagem encantadora e tinha o coração quase explodindo de emoção. Montanhista

sua vida profissional, a parte administrativa de uma aventura dessas é fundamental, não há lugar para erros. A questão emocional conta bastante. Já cheguei a ficar quase oito dias sem ter nenhuma notícia da minha família e nem ela de mim. A saudade é sempre constante. Mas sinto que, quando saio de mais uma aventura, venho renovado física e psicologicamente”. O Aconcágua “A expedição feita para o Aconcágua (localizado nos Andes argentinos) foi muito difícil, por se tratar de uma montanha muito alta e ge-

lada e por nós não estarmos acostumados àquele clima, nem ao frio extremo e nem a altitudes tão elevadas. Antes de encarar uma aventura como essa, é importante, primeiro, que haja uma adaptação a grandes altitudes. É assim que eu faço: antes de escalar a montanha principal, passo alguns dias escalando uma montanha menor para iniciar o processo de aclimatação, momento em que o corpo vai se expondo a estas novas condições e começa a se adaptar. A adaptação é importantíssima e vem aliada ao planejamento. Quando ele é bem feito, consegue-se chegar ao ponto final com segurança. É assim que se deve trabalhar, visando ao êxito na expedição que é chegar ao objetivo final, porém com segurança”. A conquista e a meta “Inicialmente, eu queria escalar o Pico da Neblina, maior montanha do território brasileiro, tendo como maior dificuldade a sua localização, no meio da floresta amazônica. Terminei deixando esse projeto de lado e resolvi escalar o Aconcágua, com 6.962 metros de altitude. Fui a 6.700 metros de altitude, mas não consegui chegar ao cume. Voltei para o Brasil e passei mais um ano me preparando. No final de 2005 retornei ao Aconcágua e no dia 16 de janeiro de 2006 consegui pôr os pés no cume da montanha e abrir a bandeira cearense. Eu tenho um projeto de escalar as maiores montanhas de cada continente (são sete). Já escalei várias aqui na América do Sul, mas existem outras em continentes como Antártida, Europa, Oceania e da África que fazem parte dos meus objetivos atuais. Sem falar no Everest (Ásia), que é o maior de todos os desafios”.

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Picos mais altos dos continentes Ásia Monte Everest 8.844m América do Sul Aconcágua 6.962m América do Norte Monte McKinley 6.194m África Kilimanjaro 5.892m Europa Monte Elbrus 5.642m Antártida Maciço Vinson 4.892m Oceania Pirâmide Carstensz 4.884m

Desafiando geladas montanhas, Rosier alcançou suas metas e chegou ao pico, abrindo a bandeira cearense no ponto mais alto das américas FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Planejamento e segurança Diversos riscos podem surgir quando o atleta escala montanhas de elevadas altitudes. A melhor forma de evitá-los é por meio de um bom planejamento administrativo da excursão e um bom preparo físico. Dentre os problemas que podem surgir, os mais comuns são os edemas pulmonar ou cerebral e as quedas. “Cerca de 80% das mortes acontecem nas descidas. O montanhista gasta toda a energia para chegar ao cume e acaba esquecendo a volta, tor-

nando-a muito perigosa”, alerta Rosier Alexandre, que considera também as avalanches como perigosos obstáculos no caminho do montanhista. De acordo com ele, “em escalada de alta montanha, o ideal é subir cerca de 300 a 400 metros por dia, não se deve passar disso. O pensamento deve ser o de ganhar altura com responsabilidade. Se em apenas um dia você subir 500 a 600 metros de altitude, o risco de ser surpreendido por um edema é grande”.

Serviço Site de Rosier Alexandre www.rosier.com.br rosier@rosier.com.br (85) 3246.2310 Rosier Alexandre no topo de mais uma conquista, a 6.088 de altitude

FOTO: ARQUIVO PESSOAL


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Unifor prepara novos atletas A certificação olímpica internacional da Pista de Atletismo da Unifor faz dela um espaço voltado para a formação de atletas e a realização de eventos esportivos Mara Rebouças

O Atletismo é uma modalidade esportiva milenar, organizada pelos gregos por volta dos anos 700 a.C, nos Jogos Olímpicos. A atividade continuou a ser praticada pelos romanos e encantou a América. O esporte, hoje praticado mundialmente, também encontra no Ceará um espaço de referência internacional, a Pista de Atletismo da Unifor. Maria Neidiane, praticante de salto triplo e salto em distância, relata ter começado o atletismo “como uma brincadeira”, por meio de convite de amigas para fazer um teste na escolinha de esportes. Ela é um exemplo de esportista que iniciou a carreira na pista de atletismo da Unifor. Segundo ela, “eram os três primeiros colocados que iriam se classificar”, porém, mesmo tendo alcançado somente a quarta colocação, foi chamada para treinar, graças ao bom desempenho que obteve na prova. A atleta, 14, que já participou de campeonatos como o Brasileiro Mirim e o Brasileiro 2008 da categoria Menor, alcançou a segunda colocação no Norte-Nordeste de Menores e o terceiro lugar no Salto em Distância. Afonso Silva é outro atleta da Unifor da categoria Menor que foi encaminhado ao teste de iniciação pelo seu professor de Educação Física. O esportis-

ta foi aprovado e hoje integra o Centro Nacional de Treinamento de Atletismo Unifor/ Caixa (CNTA), assim como Mateus Hermínio Lima (Salto Triplo e Salto em Distância) e Ingrid Lemos, que pertencem à mesma categoria (Arremesso de Peso e Arremesso de Disco). Lorayna Targino (100 metros) e Maria Girleane (200 e 400 metros) também são atletas treinadas pela Universidade. A Divisão de Atividades Desportivas (DAD) promove, anualmente, um calendário de eventos em parceria com a Federação Cearense de Atletismo (FCAt) e a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). São os campeonatos Menor, Juvenil, Adulto, Cearense Sub-23, cursos básicos de arbitragem, festivais de aniversário da Federação, encontros científicos e outras atividades e eventos, inclusive de relevância internacional, como o Grande Prêmio Sul-Americano de Atletismo. Disciplina e metodologia O professor da iniciação em atletismo da Escola de Esportes da Unifor, Wiliam Macêdo, destaca a importância das atividades aplicadas, obedecendo a “uma metodologia de acordo com o princípio de não queimar etapas”. De acordo com ele, a aplicação de jogos facilita a permanência da criança no esporte até a adolescência e a fase adulta. Lorayna e Neidiane são citadas pelo professor como “duas adolescentes que estão se destacando na categoria Mirim”. Conforme o coordenador técnico do Centro de Atletismo da Universidade de Fortaleza, professor Marco de Lazari,

a capacitação de esportistas visa a representar o Ceará em competições nacionais, com “atletas de alto rendimento” e habilitá-los a participar de olimpíadas. A iniciativa tem por objetivo também alcançar o profissionalismo, incentivando a permanência de atletas “aqui no Ceará, na Unifor, onde há estrutura capacitada para isso”, afirma Lazari. De acordo com o presidente da Federação Cearense da Atletismo (FCAt), professor Américo Ximenes, os atletas que vêm competir em Fortaleza “ficam impressionados com a qualidade da pista de atletismo, do material, dos implementos, das barreiras”. Quanto aos critérios de certificação internacional, o professor Américo explica que um deles é a metragem, ou seja “os pisos internacionais têm uma regulagem, que garante a especificação, além da própria qualidade do material”. O da pista de atletismo da Unifor foi fabricado pela empresa Mondo América, dos Estados Unidos. Trata-se da “mesma (empresa fabricante) das últimas quatro e das próximas quatro olimpíadas”, relata o professor Américo. A pista do Centro de Atletismo da Unifor é a única do Ceará e do Nordeste certificada pela Federação Internacional de Atletismo. “A pista é muito boa. Daqui, saem excelentes resultados para os atletas. Já faz alguns anos que os melhores do Brasil participam de competições nela, principalmente dos Grand Prix”, avalia o técnico da Seleção Brasileira de Arremesso de Dardos, João Paulo Alves da Cunha.

GP Caixa de Atletismo foi mais um dos importantes eventos nacionais sediados pela Universidade de Fortaleza FOTO: LÉO ANDRADE

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Classificação das pistas de atletismo O site da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) informa que a pista de Atletismo, para ser oficial, deve atender a todas as dimensões oficiais determinadas nas Regras Oficiais de Competição da Associação Internacional de Federações de Atletismo (em inglês, International Association of Athletics Federations, ou IAAF) que são detalhadas no Manual para Instalações de Atletismo. Atualmente, recomenda-se unica-

mente a construção de pistas com piso sintético e com oito raias. Para competições internacionais, além da certificação de aprovação do piso, o estádio deverá possuir também a certificação classe 1 ou classe 2 da IAAF. A pista de atletismo da Unifor possui certificado relativo à segunda classe. Site da CBAt: www.cbat.org.br

Caderno Fôlego - Fundação Edson Queiroz - Universidade de Fortaleza - Diretora do Centro de Ciências Humanas: Profa. Erotilde Honório - Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Eduardo Freire - Disciplina Jornalismo Especializado I - Professor Orientador: Alejandro Sepúlveda - Projeto Gráfico: Prof. Eduardo Freire - Diagramação: Felipe Goes - Supervisão gráfica: Francisco Roberto - Impressão: Gráfica Unifor - Tiragem: 500 exemplares - Editores Adjuntos: Diego Benevides, Raquel Maia, Gabriela Gomes e Renata Maia

Sugestões, comentários e críticas: cadernofolego@gmail.com


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Exclusividade para o público feminino

Só para mulheres: academias femininas garantem uma malhação mais à vontade, sem preocupações com a presença masculina

Mulheres fogem da malhação ao lado dos homens e ganham academias de ginástica exclusivas para elas, em ambiente descontraído e cheio de feminilidade Thiago Barreira

Uma linha imaginária separa a sala da recepção do resto da academia. Do lado de cá, qualquer um pode ficar. Lá dentro, no entanto, a história não é a mesma. “A partir daqui, homem não pode passar, a não ser com permissão da gente”, revela Luciana Caetano, gerente da Contours Express, uma academia de ginástica exclusiva para mulheres. A diferença entre o tipo de academia onde Luciana trabalha e o usual não é, contudo, apenas a permissão ou não para a entrada de homens. A gerente conta que o tipo de treinamento desenvolvido ali também é bem especial. “Trabalhamos com circuitos de 30 minutos. As alunas vão de uma máquina para outra orientadas pela música, e não

pelo número de repetições que fazem”, explica. O método, esclarece a professora de Educação Física que trabalha na Contours, Amanda Maia, vem ao encontro daqueles que ela avalia serem os maiores objetivos das mulheres em uma atividade física. “Enquanto o homem busca o aumento da massa muscular, a mulher geralmente busca apenas a tonificação muscular, ou seja, o enrijecimento”, afirma. A percepção de Amanda é complementada pela gerente Luciana, para quem 90% das clientes buscam a academia para emagrecer. Ciúmes Além do treinamento diferenciado, as mulheres que buscam uma academia só para elas têm outros motivos para o fazer. Dentre eles, a gerente da Contours aponta o ciúme do namorado ou marido. “70% delas é por causa disso”, revela. Uma das clientes da academia que também passa por isso é Luciana Brandão. Ela trabalha em uma construtora, junto

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30 minutos para ficar em forma Assim como a Contours, a Curves também trabalha com o método de circuitos de 30 minutos. A diferença é que lá os aparelhos são hidráulicos, o que, segundo a gerente Marcela Inácio, é uma grande vantagem. “O impacto do exercício é reduzido e, por ter que fazer esforço tanto na ida quanto na volta do exercício, a aluna acaba trabalhando uma quantidade maior de músculos simultaneamente. Isso faz com que a meia hora valha, na realidade, por uma hora e meia de atividade”, explica. Essa possibilidade é apontada pela professora Rejane Macêdo como o principal motivo para ter escolhido a Curves. “Eu trabalho dois turnos, então precisava de uma atividade que desse resultado, mas que não tomasse muito tempo. Foi exatamente o que encontrei aqui”, afirma Rejane, que já está há um ano e meio nesse ritmo. Patrícia Brasil, que, além de ser estudante universitária, trabalha em uma empresa de consultoria de recursos humanos, também foi beneficiada pela proximidade da academia com a sua faculdade. “Tenho pouco tempo. Como estudo na Unifor, aproveito para vir direto para cá depois da aula e já ‘me livro’”, explica.

FOTO: WALESKA SANTIAGO

do marido. “Ele não queria que eu frequentasse uma academia mista, então tive que vir para uma exclusiva de mulheres”, conta Luciana. Apesar de não ter sido uma escolha sua, ela parece ter gostado da ideia. “Vim porque ele quis, mas acabei gostando e agora não trocaria de jeito nenhum”, enfatiza. Luciana conta que em nenhuma outra academia se sentiria tão confortável durante a malhação. “Há algumas posições que são constrangedoras. Além disso, quando a gente tem um furo na malha, por exemplo, aqui não tem problema. Numa academia mista é chato. O mesmo acontece quando você está menstruada. Eu nunca iria para uma academia normal nessas condições. Aqui nós já nos conhecemos. Viramos uma família”, conta. Como ela, outra que procurou uma academia exclusiva para mulheres por causa de ciúmes foi a estudante de Psicologia Patrícia Brasil. No caso dela, foi o ex-noivo que a fez ir. Patrícia frequenta a Curves, outra academia deste ramo.

Mimos para clientes especiais Uma academia para mulheres guarda, até no seu aspecto físico, muitas diferenças em relação às outras. Para quem nunca entrou em um ambiente desses, a primeira coisa que chama a atenção é a ausência de espelhos. Tanto a Contours quanto a Curves não contam com sequer um espelho na sua sala de malhação. O motivo apontado pelas gerentes é o mesmo. Elas dizem que não há uma preocupação com a aparência por parte das alunas enquanto estão treinando. A gerente da Contours, Luciana Caetano, explica que uma academia usual é também um ambiente de paquera e que suas alunas, geralmente já com mais de 30 anos, não buscam isso. As diferenças não param por aí. A Contours conta com vestiários equipados com água quente e secadores de cabelo.

No que diz respeito à limpeza, o branco das paredes e do chão também chama a atenção. Na Curves, a gerente Marcela Inácio se mostra atenta à questão. “As meninas se incomodam com aparelhos suados, então tentamos evitar que isso ocorra”, diz ela. “Gostamos de manter sempre um ambiente agradável”, explica, mostrando a parede cor de rosa. “Por isso também mudamos a decoração de tempos em tempos”, conclui. No dia em que foi feita esta reportagem, o tema da decoração era o Dia das Mães.

Serviço Academia Contours Express: Av. Abolição 3038, A. Meireles 3246.1881 Curves Academia: Rua Firmino Rocha Aguiar, 1825 Guararapes - 3241.1008


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“Redescobri a poesia no jornalismo”, diz ex-craque do futebol Ex-jogador de futebol, Serginho Amizade conta como o Jornalismo o ajudou a superar a tristeza do fim de sua carreira no esporte profissional Thiago Barreira

“Você sabe o que é uma pessoa ser chamada de Amizade? Faz a gente pecar de inveja”. É esse o comentário que Afonsinho, companheiro de Botafogo, tem a fazer sobre Sérgio Rêdes, o Serginho Amizade, na contracapa de seu livro intitulado “Nem tudo é futebol”. Carioca de 61 anos, descendente de portugueses e torcedor do Vasco por causa dessas origens, Serginho marcou época no Botafogo, no Fortaleza e no Ceará e, atualmente, é cronista do jornal O Povo. Como muitos outros brasileiros, Sérgio Rêdes apaixonou-se pelo futebol ainda criança. Sua história também se aproxima à de muitos outros jogadores no que diz respeito à profissionalização. Não tinha família rica, por isso, viu no futebol um meio de ganhar a vida. Mas as semelhanças cessam aqui. Estudou no colégio Salesiano até os 14 anos, quando teve de escolher entre o colégio e o futebol. Foi na escola que descobriu uma habilidade não muito típica da imagem que se tem comumente de um praticante desse esporte: lá, ele percebeu que em seus genes habitava também a paixão pela escrita. Com dez anos, Serginho já escrevia para o jornal do colégio. Levou a infância assim, fazendo gols e depois escrevendo sobre eles. Não por acaso, foi no jornalismo que ele ancorou seu barco quando encerrou sua carreira. O fim da carreira A transição, no entanto, não foi assim tão fácil. Como ele mesmo admite, depois que um jogador deixa os campos, passa por um período muito difícil. “Ex-atleta mendiga reconhecimento. Eu era acostumado a jogar para 50 mil pessoas. Tudo isso mudar de um dia para o outro? Ninguém se prepara para isso”, revela Serginho. Ele diz que conhece casos de ex-jogadores que recorreram às drogas e à bebida para suprir essa perda. “O jogador sente falta do reconhecimento do público. Nesse momento, a maior felicidade vem quando alguém o reconhece na rua”, conta. Sérgio chegou ao Fortaleza

Serginho Amizade ainda faz jus ao apelido que o consagrou

Sérgio Rêdes

Ex-atleta mendiga reconhecimento. Eu era acostumado a jogar para 50 mil pessoas. Tudo isso mudar de um dia para o outro? Ninguém se prepara para isso. em 1971, depois de atuar também no arquirrival Ceará, e se apaixonou pela capital alencarina, onde mora até hoje. Ele também sentiu a amargura do fim. “Pirei”, resume. “Nesse tempo (logo depois de se aposentar) eu acendia duas velas: uma para Deus, outra para o diabo. Passei um período sentindo saudades do passado e tentando me interessar por outra atividade”. A volta por cima Foi justamente na outra paixão de infância que Sérgio, nas suas palavras, “redescobriu a poesia da vida”. Depois de desistir do futebol profissional em 1979, Serginho até deu uma chance à carreira de técnico, chegando a comandar o Ferroviário por algumas partidas. Mas foi com a colaboração à imprensa fortalezense que ele conseguiu encontrar uma nova carreira. Foi assim que, 25 anos depois de abandonar os campos, em 1994, Serginho Amizade foi con-

FOTO: WALESKA SANTIAGO

vidado para escrever crônicas no jornal O Povo. Três anos depois, lançou seu livro, uma coletânea de seus melhores textos. Hoje, já empenhado em sua nova ocupação, faz faculdade de Jornalismo e atua como consultor de conteúdo para a TV Unifor. Não é mais a bola que movimenta o ex-craque dos campos. Na sua coluna semanal, apesar de falar quase que exclusivamente do futebol, pode-se perceber – e ele confirma para quem quiser ouvir – que o foco de sua prosa não é em esquemas táticos nem em estatísticas, mas nas pessoas que fazem o esporte. Como diz o título do seu livro, nem tudo para ele é futebol. Ao menos não do jeito que a mídia às vezes discute sobre o esporte, reduzindo-o a números frios e sem expressão. Aliás, o fascínio dele pelos personagens que compõem o jogo social o faz planejar voos mais altos na carreira jornalística. “Às vezes, me pego com uma vontade de escrever sobre os tipos (personagens) de Fortaleza”, revela. Quando fala disso, seu entusiasmo aflora. Sua inspiração ascende ao máximo no momento em que ele se põe a falar sobre um desses tipos: o Feijão com Banha, que, apesar de ser um catador de lixo anônimo, para ele, é matériaprima do bom jornalismo. Da história dele, ele mesmo extrai a moral: “se pudesse dar só um conselho para a juventude, seria amar”, exclama. Vindo de alguém que faz o que ama e ama fazê-lo como ele, é uma redundância.

Artigo

Mara Rebouças

Futebol cearense: lembrança e tradição No futebol cearense, personalidades ficaram imortalizadas na memória de suas equipes. O nome de Alcides Santos é eternamente lembrado pela equipe tricolor porque denomina o campo do Pici, onde o Fortaleza realiza seus treinos e competições. O desportista participou da fundação do time e da história da organização do futebol cearense. Waldemar Cabral Caracas era funcionário de escritório da então Rede de Viação Cearense (RVC) e apaixonado por futebol. No início do século XX, ele tomou importantes decisões pelo então Ferroviário Foot-ball Club. Já um antigo presidente do Ceará Sporting Club, Meton de Alencar Pinto, ficou imortalizado na memória da equipe alvinegra, como o mascote do time, o Vozão. Charles Miller trouxe o futebol para o Brasil e José Silveira o introduziu no Ceará com a primeira bola oficial para o estado, incluindo as regras do jogo. Tendo surgido como uma civilizada forma de educar o físico, o futebol restringia o direito de ser boleiro aos jovens da elite. Mas isso não durou muito tempo. De acordo com o escritor João Máximo, em seu artigo “Brinquedo de Menino Rico”, um garoto simples que jogava com uma laranja, em um calçadão do Rio de Janeiro, transformou em platéia um grupo de jogadores do respeitado English Team, da Inglaterra, ao subjugar e dominar a “bola” como se ela tivesse sido feita para lhe obedecer. O Ceará De acordo com o jornalista Blanchard Girão, por volta dos anos 1920, o presidente do Ceará Sporting Club, Meton de Alencar Pinto, recebia os atletas do América Foot-ball Clube, tratando-os como “meus netinhos”. O vovô pedia muito treino para que eles atuassem bem contra o Fortaleza, que era, já naqueles tempos, o grande rival do alvinegro.

A fundação do Ceará aconteceu na Rua do Trilho, hoje Tristão Gonçalves, na residência de Luís Esteves. Em 2004, foi demolida para a construção do Metrofor. Como primeiro presidente, foi escolhido o comerciante Gilbeto Gurgel. O Ferroviário Década de 1930: rotina difícil e de muito trabalho com horas extras noturnas nas oficinas do

Urubu, da RVC. Os mecânicos boleiros se dividiam todas as tardes, no intervalo do trabalho, entre os times Matapastos e Jurubeba. Posteriormente, formaram o Ferroviário Football Club, algum tempo depois chamado Ferroviário Atlético Club. Entre o escudo do Ferroviário e o do São Paulo existem grandes semelhanças e não é por mera coincidência. Trata-se realmente de inspiração no tricolor paulista. Waldemar Caracas trouxe uniformes do São Paulo para os boleiros do Ferroviário .

Até a década de 1970, o Ferrão era justificadamente representado por uma Maria Fumaça. No entanto, veio a idéia de criar um mascote para a equipe coral e associá-la a garra, raça e determinação. Com a sede próxima às águas do mar da Barra do Ceará, a inspiração coral elegeu o Peixe ou o Tubarão, para mascote do time. O Fortaleza Também fazem parte da história do Fortaleza Sporting Club nomes da comunicação. O jornalista e ex-presidente do time, José Raimundo Costa, o denominou “Clube da Garotada”.Fazia-se necessária a escolha de um mascote para identificar a garra dos esportistas e a dedicação da garotada do Fortaleza a perseguir títulos como feras. Daí, o jornalista Vicente Alencar elegeu o Leão como mascote, a pedido do também jornalista Sílvio Carlos, considerado o “Papa” do time, pelas iniciativas em prol da equipe.

A escolha das cores azul, vermelho e branco do Fortaleza foi influenciada pelo contexto histórico da época. A Belle Époque fazia os cearenses se vestirem e falarem como franceses. As partidas de futebol na capital cearense aconteciam, a princípio, em praças da cidade, como a da Estação. Essa realidade atestava a democratização do futebol, pois este deixava de ser um privilégio de meninos “bem-nascidos” para se transformar em um esporte de todos.


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Cinema e lutas, duas paixões O cinema se encarrega de levar a vida de grandes lutadores às telas. Halder Gomes nos conta sobre as afinidades dessas artes e a sua paixão pelas duas Diego Benevides

“Por que quer lutar?”, perguntou a introspectiva Adrian a Rocky Balboa, em “Rocky – Um Lutador” (1976). “Porque não canto nem danço”, respondeu o lutador. “Hoje, eu sou mais um cineasta que luta”, definese o cearense Halder Gomes sobre sua predileção: cinema e artes marciais. Essas duas artes se encontram reveladas nos filmes sobre esporte, com personagens memoráveis, que conseguem o reconhecimento do público e da crítica. Halder Gomes é diretor, roteirista, produtor, ator, pintor, lutador, entre outras funções que já exerceu em sua vida. Especialista em taekwondo, Halder tem um grande histórico quando o assunto é arte marcial, sendo também faixa azul em jiu jitsu, além de ter experiência com boxe. Por isso, é comum ele ser questionado por amigos e conhecidos como ele pode ser bom tanto lutando quanto filmando. A paixão por essas duas artes aparentemente diferentes surgiu, segundo o cineasta, na mesma época, após o encantamento causado por um filme do Bruce Lee dos anos 70, cujo nome não recorda. A luta e o cinema despertaram de imediato o interesse de Halder, porém seu primeiro contato foi com a luta. “Enquanto adolescente, é mais fácil fazer arte marcial

Filmes de luta mostram o drama dos atletas, divulgam o esporte, garantem a bilheteria no cinema e rendem prêmios aos produtores FOTO: DIVULGAÇÃO

do que cinema. Eu não sabia quando o cinema ia entrar na minha vida e como ia ser e nem onde”, conta. E foi com a dedicação às artes marciais que Halder teve a oportunidade de trabalhar como dublê de filmes de luta em Los Angeles. “As coisas andavam em paralelo, mas chegou uma hora que os dois caminhos se encontraram. Então, o cinema me levou para a arte marcial e a arte marcial me levou para o cinema”, lembra. Aos 42 anos, Halder não mantém mais uma rotina de treinamento como tinha antes, mas sempre que pode procura estar em contato com o esporte. “Hoje, quando eu treino, eu o faço em alta performance, não me conformo em trei-

nar por brincadeira. Ou treino para sair na porrada com a molecada, ou não resolve os meus problemas”, revela o cineasta. Esporte e Cinema O esporte sempre esteve registrado no cinema. Atualmente, é comum Hollywood seguir a linha de histórias de grandes personagens que são imortalizados na indústria do espetáculo. O que aconteceu com a franquia “Rocky” também se repetiu em filmes como “Menina de Ouro” (2004), de Clint Eastwood, e “O Lutador” (2008), de Darren Aronosfky. Nos três casos, acompanhamos a história de vida de lutadores que mostram o sofrimento dos treinamentos e o longo caminho que deve ser trilhado para

alcançar o reconhecimento. Rocky Balboa é o herói da vizinhança. O que ele busca é a ascensão e a valorização do seu corpo e de seus princípios, mas não somente pelos seus conhecidos. Maggie Fitzgerald, interpretada por Hilary Swank em “Menina de Ouro”, carrega o peso da idade inadequada e do sexo feminino, porém revela um grande talento para o boxe. Ela precisa de um treinador para não somente conseguir os seus objetivos, mas também aprender a lidar com as perdas da vida. Em “O Lutador”, Mickey Rourke é Randy “O Carneiro” Robinson, atleta popular da luta-livre nos anos 80, que não possui a mesma resistência corporal que antes, além da idade avançada. Ele

participa de lutas ordinárias para tentar reviver o glamour da sua época de glória e não encontra motivações em sua vida fora dos ringues. Para Halder Gomes, a luta é um prato cheio para as narrativas cinematográficas. O cineasta ressalta que as artes marciais mexem com o instinto de sobrevivência, mesmo que obedeça às regras do boxe, da luta livre, etc. “A luta, em si, como um argumento cinematográfico é muito forte. Uma luta, qualquer que seja, tem os três atos no cinema muito bem definidos e você pode construir essa história para ter uma reviravolta muito surpreendente, com a garantia muito grande de que você vai conseguir fazer isso”, conta.

“A luta é um prato cheio para o cinema” No cinema, as histórias dos grandes lutadores são retratadas com uma carga dramática muito forte. Halder ressalta que isso acontece principalmente porque o treinamento referencia a integridade física dos atletas, que possuem corpo e mente expostos no ringue, palco para o espetáculo. “Você não está lutando para vencer, está lutando para apanhar menos e bater mais. Quando você coloca sua integridade física de uma forma que pode te levar à morte, isso já dá um sentimento especial que transcende o esporte. A história de qualquer lutador não é fácil. Ela é sempre dramática, sempre com muito sofrimento, com treinamento doloroso”, explica o cineasta. O momento da luta é quando o atleta tem a chance de trazer seu valor e conhecimento ao público, fruto do sofrimento dos treinamen-

tos, alimentação equilibrada e dedicação. É por aguçar a curiosidade dos espectadores e criar narrativas que se dão bem em bilheteria e crítica, que o cinema continua produzindo filmes de luta. As diferenças das produções orientais e ocidentais ainda são visíveis, mas Hollywood se adequa cada vez mais às grandes coreografias e violência vistas nos filmes tailandeses, por exemplo. Até animações como “Kung Fu Panda” (2008) também abordam a luta. “A luta passou a ser tão importante nas cenas de ação que se o HomemAranha não souber lutar, ele não é o Homem-Aranha”, diz o lutador e cineasta. Halder já realizou filmes no Brasil e no exterior exercendo diversas funções. Roteirizou e dirigiu os curtas “Loucos de Futebol”, que mostra a paixão da

Halder Gomes

Quando você coloca sua integridade física de uma forma que pode te levar à morte, isso já dá um sentimento especial que transcende o esporte. A história de qualquer lutador não é fácil. Halder Gomes une as duas paixões em um só trabalho FOTO: ARQUIVO PESSOAL

Lutador e cineasta

torcida pelo time Fortaleza, e também as comédias “O Astista Contra o Cabra do Mal” e “Cine Holiúdy”. Em Hollywood, dirigiu o terror “The Morgue” e o filme de luta “Sunland Heat”, além de outras produções internacionais. Mesmo com sua vasta experiência como cineasta, Halder ainda pretende levar uma história escrita e dirigida por ele mesmo às telas. “Ainda tenho muita vontade de fazer um curta sobre o drama de um lutador já fora da idade de competição, com sequelas e mazelas da profissão, que tenta recomeçar do zero”, revela o cineasta. O roteiro está pronto, mas, segundo Halder, falta tempo para realizá-lo. Assim como requer tempo para se tornar um astro da luta, um filme também não fica pronto da noite para o dia. Daí tiramos a afinidade que há entre as duas artes.


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Atividades alternativas para saúde e bem-estar Caminhar, alongar e respirar corretamente são opções eficazes para quem procura meios de se exercitar buscando saúde e qualidade de vida Renata Maia

Segundo dados fornecidos em 2007 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 70% da população mundial é sedentária e a falta de atividade física regular é responsável por 54% do risco de morte por enfarto e 50% por derrame cerebral. Isso se deve ao fato de, após a Revolução Industrial, as máquinas terem passado a realizar funções que antes eram desempenhadas pelos seres humanos, acostumando as pessoas a uma vida menos ativa. Ao contrário dessa realidade, nossos ancestrais praticavam atividades físicas constantemente para sobreviver. É o que conta o professor de Educação Física norteamericano Bob Anderson, em seu livro Alongue-se, hoje na 24ª edição. Antes de qualquer atividade física, o alongamento – movimentos para o aumento do comprimento da fibra muscular - é essencial, pois prepara a musculatura

para uma demanda de carga extra. Também é responsável por fazer com que o músculo atinja um comprimento ideal, para que não sofra danos durante a prática de atividades físicas, como as lesões músculo-esqueléticas; estiramento muscular, alongamento exagerado das fibras musculares; e a contratura, contração errada de um grupo de fibras musculares. Associado às atividades de alongamento, o professor de Fisioterapia da Universidade de Fortaleza (Unifor), Alessandro Façanha, destaca a importância de se empregar uma prática respiratória correta. Segundo ele, durante a respiração, ocorre um relaxamento da musculatura e um aumento da extensibilidade do músculo. O diafragma, músculo potente da respiração, muitas vezes funciona de forma errônea, causando fadiga muscular. “O ideal, antes de começar qualquer atividade física, é ver se sua capacidade cardiorespiratória e as condições hemodinâmicas (condições de movimento e pressão da circulação sanguínea) estão bem”, explica o professor. A estudante de Enfermagem Eloires de Souza iniciou a prática de atividades físicas

FOTO: RONALDO PINTO

Caminhada proporciona saúde e bem-estar a pessoas de todas as idades. No destaque: alongamento é o preparo correto antes do exercício FOTO: WALESKA SANTIAGO

Os benefícios da caminhada A caminhada, associada ao alongamento e ao ritmo respiratório correto, pode prevenir ou combater problemas como diabetes, colesterol alto, excesso de peso, problemas cardíacos e circulatórios, dores nas articulações e má postura. O estudante Alexsandro Melo pratica caminhadas diariamente como meio de preparação para as provas físicas dos concursos públicos que pretende prestar. Ele diz que não procurou orientação médica antes de iniciar a atividade, apenas segue as recomendações de um educador físico. Melo diz ainda que o alongamento é primordial para evitar possíveis lesões que o deixariam impossibilitado de participar dos testes físicos dos concursos. “É importante em tudo, para a saúde principalmente”, opina ele sobre a importância do alongamento. O educador físico Alex da Silva explica que a caminhada deve ser praticada em locais que não tenham buracos ou desníveis,

para evitar futuras lesões. O praticante de caminhadas deve usar tênis adequados, com um bom amortecedor, para prevenir problemas nas articulações do joelho. A consultora de marcas Nadja Andrade conta que já praticou várias atividades físicas diferentes, como hidroginástica, ginástica aeróbica e musculação. Ela, então, consultou um médico ortomolecular e fez uma série de exames. Uma das alternativas para encontrar o equilíbrio do organismo por meio de tratamentos alternativos ou medicamentos naturais feitos em farmácias de manipulação é a busca de um médico ortomolecular. Com o resultado da consulta, Nadja aderiu à caminhada como o melhor meio de perder peso e conseguir maior disposição para as atividades do cotidiano. O médico orientou a consultora de marcas para alongar-se antes e depois da caminhada, a fim de evitar dores muscula-

res, e ter um cuidado especial com seu ritmo respiratório, não excedendo seu limite. A caminhada pode, entre outros benefícios, auxiliar na redução da taxa de colesterol e de açúcar no sangue, beneficiar a oxigenação, contribuir para o emagrecimento, fortalecer os músculos, regular a circulação sanguínea, aumentar a imunidade do corpo e até melhorar a auto-estima. Existem algumas iniciativas para combater o sedentarismo em prol de uma vida mais saudável, como é o caso do movimento “O Dia Mundial da Atividade Física”, comemorado sempre no primeiro domingo de abril. Em São Paulo, o evento foi realizado pelo oitavo ano consecutivo. Outras cidades brasileiras também aderiram ao movimento, como Sobral, no interior do Ceará. Além do Brasil, outros países também comemoram o Dia Mundial da Atividade Física, entre eles Estados Unidos, Portugal e Argentina.

aliadas ao alongamento por questões estéticas e também por preocupação com a saúde. Para ela, o alongamento antes e depois das atividades físicas é fundamental para evitar dores musculares e também por ser uma maneira de aprender a respirar de modo correto. “Como sou da área de Saúde, vejo que, a partir do momento em que você respira corretamente, o seu cérebro recebe mais oxigênio e, então, você desenvolve todas as atividades bem melhor”, acrescenta Eloires. Cada atividade de alongamento previne ou combate lesões de forma específica, por isso é necessária a orientação de um profissional, fisioterapeuta ou educador físico, antes de iniciar a prática do exercício. “Existem, hoje em dia, vários tipos de alongamento: o pilates, o yoga e o alongamento tradicional que é feito dentro de sala de aula”, aponta Alex da Silva Alves, educador físico e professor de ginástica da Academia Unifor. Ele explica que o alongamento tradicional, ensinado em salas de aula, é voltado para evitar o encurtamento muscular e que o pilates, além de prevenir esse encurtamento, também trabalha a força muscular.

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Dicas para uma postura correta durante a caminhada 1. Manter o tórax em posição normal, sem inclinações para frente ou para trás.

6. Tocar o chão sempre com o calcanhar e com os dedos fechados.

2. Manter as mãos um pouco abertas e um pouco fechadas, como se estivesse segurando uma borboleta.

7. Centralizar a cabeça nos ombros e focar o olhar no horizonte. Orientar a cabeça, o queixo e o olhar em linha reta.

3. Contrair o abdomen, deixando-o estável, para proteger e alinhar a coluna.

8. Relaxar os ombros e evitar incliná-los para frente ou para os lados.

4. Movimentar os quadris de forma espontânea e nunca para os lados.

9. Posicionar os braços para baixo, levemente dobrados e movimentá-los suavemente.

5. Manter a respiração suave, profunda e regular para que o coração bata ritimadamente.

10. Pisar no chão seguindo a ordem calcanhar, arco e dedos e só então mudar para o próximo passo.

Fonte: www.ortopediaesaude.org.br


SOBPRESSÃO

FÔLEGO

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Acupuntura: uma opção de tratamento

Sprint

100 vezes Tita A cearense Tita Tavares, 33, colecionou mais um feito inédito na história do Supersurf. Em competição no Guarujá (SP), a tetracampeã brasileira conseguiu a histórica marca de 100 vitórias em 121 baterias disputadas na competição. A conquista de Tita é mais um título na carreira vitoriosa da cearense, que já tem vários recordes. Dentre eles estão: mais etapas vencidas (14), maior número de vice-campeonatos (7) e mais finais disputadas (21), além de já ter conquistado o Supersurf quatro vezes.

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Finas agulhas são penetradas em lugares estratégicos do corpo. Depois, é só relaxar e esperar que os resultados apareçam. Mas, o que parece simples assusta muitas pessoas

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Rachel Lorrayne

Estádio PV pronto para 2010 Em reunião entre a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Estado, foi definido um novo orçamento para a reforma do estádio Presidente Vargas (PV), interditado desde fevereiro de 2008. O projeto sofreu forte redução orçamentária. O Governo Federal, que iria contribuir com R$20 milhões para as obras, irá ceder apenas R$5 milhões, de acordo com a Prefeitura. O Estado mantém o repasse de R$20 milhões para a reforma. Com R$ 6 milhões em caixa garantidos pela Prefeitura, totalizam-se R$31 milhões. Com isso, a reforma do PV ficará modesta, sem demolição. Mesmo sem a previsão para o início das obras, o Governo e a Prefeitura asseguram que o estádio ficará pronto no início de 2010.

Fórmula 1 diminuirá seus custos

das agulhas é quase indolor, embora algumas vezes o paciente tenha a sensação de um ‘choque’, chamado Qi (pronuncia-se Tchi), que é desejável para o sucesso do tratamento”, explica ela. O primeiro procedimento realizado foi a esterilização dos locais onde seriam inseridas as agulhas. No total, foram 11. Uma na mão esquerda, outra na direita. Seis espalhadas pelos braços. Uma no pé esquerdo, outra no direito e uma na testa, entre as sobrancelhas. A escolha desses pontos varia. “O paciente pode chegar com uma dor de cabeça e eu tratar com uns pontos, e outra pessoa chega com a mesma dor e os pontos são diferentes. Vai de acordo com o organismo, com as emoções e outras queixas que vêm em conjunto”, esclarece. Aquela sensação (o Qi), explicada pela médica, aconteceu em quatro pontos, que, segun-

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do ela, eram os que iriam surtir mais efeito levando-se em consideração os problemas por mim relatados. Resultado A parte que eu mais temia, a dor provocada pelas agulhas, passou. Depois disso, apenas tentei relaxar até o momento do resultado, que não tardou. Mais ou menos meia hora depois as agulhas foram retiradas. Não senti uma diferença sequer. Mais tarde, senti uma dormência, ainda reflexo do Qi. “É só isso? Um choquezinho e uma dormência?” Não. Na verdade, logo depois, quando comecei a me mexer, notei que meu corpo estava mais relaxado, como se os músculos estivessem descontraídos. Senti uma dupla sensação de alívio. Por ter cumprido o desafio e encontrado na acupuntura mais uma forma de tratamento das minhas dores.

Como funciona a acupuntura Segundo a médica Vanessa Dutra, os pontos da acupuntura são comprovadamente locais de terminações nervosas, por isso a rápida resposta após a primeira sessão. A sensação de bem-estar está ligada à liberação de endorfina, substância produzida pelo próprio organismo e que tem função analgésica. Vanessa garante que a acupuntura pode ser aplicada em qualquer pessoa. Além de ser eficaz no tratamento de doenças, é também eficiente na manutenção da saúde, atuando na imunidade do organismo e no tratamento de doenças relacionadas ao trato respirató-

rio, digestivo, endocrinológico, ginecológico e osteomuscular. Hoje, porém, está crescendo o número de pessoas que procuram a acupuntura por questões emocionais, como insônia, ansiedade, depressão. A crescente busca por uma vida saudável foi o que levou a bancária Fernanda Negreiros a procurar a acupuntura. Há seis anos ela sofre com reações adversas causadas por remédios alopatas que usa para se curar de depressão. “Ao mesmo tempo que ajudam, os medicamentos me dão sono, arritmia cardíaca e enxaqueca”, conta. Fernanda não deixou o tratamento alopa-

ta, mas uniu a ele a acupuntura. Sua meta é deixar de tomar os remédios, alcançando, assim, uma melhora na qualidade de vida. “Estou me sentindo bem melhor da depressão e da ansiedade. A sensação é de relaxamento, saio com mais ânimo”, garante. Mesmo sendo muitos os benefícios que a acupuntura promete, a médica explica que o tratamento é mais eficaz quando associado à medicina ocidental e deve ser feito com atividade física, boa alimentação e respiração correta. “A medicina ocidental é boa, a oriental também. As duas juntas ficam ainda melhores”, conclui.

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Acupuntura: a melhor opção quando aliada à medicina ocidental

A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) determinou um novo teto orçamentário para as equipes de Fórmula 1. Na temporada de 2010, os gastos dos times não poderão passar de 40 milhões de libras (cerca de R$ 130 milhões). O teto orçamentário será monitorado pela nova Comissão de Custos, que será criada para assegurar a obediência às normas das equipes. A notícia não foi recebida com muito agrado pelos chefes das equipes. Segundo eles, a diminuição dos gastos irá desvalorizar a categoria de elite do automobilismo. Afirmam que não é possível operar com apenas 20 ou 25 milhões de euros (cerca de R$ 70 milhões). Outra novidade está no grid que, a partir de 2010, contará com 26 veículos, e não mais 24.

Bola com chip: fim das polêmicas A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) apresentou sua nova bola com chip, desenvolvida desde 2005 pela Penalty e pela 3RCorp, e que deve ser uma realidade ainda em 2009. A intenção é acabar com lances polêmicos na modalidade. Através de um sistema que envolve oito antenas, seis câmeras e um palm (que serve para o juiz receber informações), a bola com chip pretende fazer com que a dúvida de se uma bola foi para fora ou não vire coisa do passado. A bola tem outras funcionalidades, como determinar velocidades de saques e ataques - no futuro, pretende-se até mesmo mostrar o posicionamento dos atletas. No total, o projeto custou cerca de US$ 2 milhões, tudo bancado pela Penalty.

A fera está de volta Após três meses parado, Michael Phelps retornou às piscinas. Depois de ter conseguido a marca de 8 medalhas de ouro em uma única Olimpíada, o maior campeão da história dos jogos voltou bem abaixo do que se esperava. Sem competir desde agosto de 2008, Phelps espera retomar a forma física o quanto antes. A confirmação é de que irá competir nos 50m e nos 100m livre, provas em que o brasileiro César Cielo foi ouro e bronze, respectivamente, em Pequim. Isso faz parte do novo plano do campeão norte-americano, que visa à vitória nas olimpíadas de Londres, em 2012. Desde que foi suspenso pela Federação Americana, após ser flagrado usando maconha em uma festa, Phelps tenta a todo custo melhorar a sua imagem. Só resta esperar e conferir o que um dos homens mais rápidos das piscinas irá mostrar.

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Confesso que, desde a infância, a ideia de ter agulhas cravadas em meu corpo me assusta. Em campanhas de vacinação, chegava a fazer escândalos. Quando mais velha, eram os exames de sangue que me assustavam. Se eu já temia uma agulha, a ideia de ter várias delas furando a minha pele era um grande desafio. Logo de início, a consulta difere da que é realizada pelos médicos praticantes da Medicina Ocidental, nas perguntas e no modo de avaliar o paciente. Para os chineses, o universo é regido por duas forças antagônicas: o Yin e o Yang. Para que haja equilíbrio, elas devem estar em harmonia. A doença acontece quando um ou outro está em excesso. O diagnóstico, portanto, é dado a partir da observação dessas relações. A primeira sessão de acupuntura pode ser realizada quando o especialista define, através do que foi diagnosticado, quais pontos serão trabalhados no tratamento. No meu caso, além de uma sensação de incômodo nas costas e da dor que sinto em um braço, ganhei há alguns dias uma lesão na mão esquerda por estalar os dedos. Entrei na sala. Um ambiente agradável. Ao fundo tocava uma música instrumental bem baixinho. Tudo projetado para que o paciente consiga relaxar enquanto as agulhas pequenas e finas agem no organismo. A primeira pergunta que fiz foi a inevitável: “Dói?!” A médica Vanessa Dutra me tranquilizou afirmando que não. “A inserção


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Passeio sobre duas rodas

Ciclismo noturno: com segurança, exercício proporciona boa forma física, passeios pela cidade, lazer e aventura a praticantes de qualquer idade FOTO: MILLENE HAEER

Febre em Fortaleza, o ciclismo noturno costuma recrutar cerca de 200 pessoas por passeio, unindo um batalhão de bicicletas em aventura pela cidade Jordânia Tarelov

A noite cai e ciclistas começam a chegar de locais próximos ao bairro Água Fria. O ponto de encontro é o estacionamento de um supermercado localizado na avenida Washington Soares. Pequenos grupos se formam ocupando vários espaços do local. Alguns aproveitam para ir comprar água, enquanto outros começam um aquecimento pedalando em círculos. Muitos deles chegam de carro. Na parte traseira do veículo, é possível ver um transbike, acessório usado para carregar uma ou mais bicicletas. São 20h e os batedores com coletes luminosos passam apitando: é o aviso de que o ciclismo noturno vai começar. Esse tipo de passeio é um fenômeno que está virando febre em Fortaleza. Atualmente, existem mais de cinco grupos espalhados pela cidade. O passeio dura em média três horas e a velocidade média das pedaladas é de 22 km/h para que todos possam acompanhar o ritimo sem dificuldade. O grupo Subway reune-se há cerca de quatro anos para pedalar, sempre às segundas e quartas-feiras à noite. A iniciativa para a formação do grupo foi do analista tributário da Receita Federal, Marcelo Facó, que resolveu reunir alguns amigos para começar a praticar

passeios ciclísticos. Inicialmente, o encontro contava com, no máximo, cinco pessoas. Até que o grupo foi crescendo e hoje chega a recrutar cerca de 200 participantes. Descobrindo a cidade Enquanto praticam seu esporte preferido, os ciclistas ainda podem desfrutar de paisagens incríveis e conhecer um pouco mais sobre a cidade onde moram. O trajeto do passeio só é decidido na hora. Pode ser ao Centro da cidade, à Praia do Futuro ou à Aldeota. “Pedalar à noite é poder prestar atenção em detalhes da arquitetura da cidade, observação que não era possível ser feita andando de ônibus ou de carro”, relata Bruno Nogueira, 22, estudante de Arquitetura e Urbanismo. Bruno conta que não se limitou a fazer os passeios apenas nas segundas e quartas. Ele se reúne nos finais de semana com integrantes do grupo para descobrir novos trajetos e conhecer novos lugares. Para ele, que também pratica boxe, o ciclismo noturno virou um hobby. “A diferença entre os dois esportes é a questão do ar livre, de você conhecer lugares da cidade com gente legal. O diferencial é a disposição que dá. É muito bom quando você chega em casa e vai estudar, por exemplo”, avalia. Para quem vai iniciar o passeio, não é necessário ter bicicleta. Ela pode ser alugada com o capacete por R$ 20 a R$ 30. É recomendado também que o praticante use roupas leves, estilo dryfit, que não absorvam a transpiração. A garrafinha de água é um item básico.

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Exercício com segurança Com o aumento da violência nas grandes cidades, os praticantes viram a necessidade de pedalar em grupo, pois, segundo eles, pedalar sozinho seria correr riscos desnecessários. Por causa disso, o grupo Subway é organizado com carros de apoio e batedores, que são pessoas responsáveis por guiar e ajudar os outros ciclistas. Já os carros de apoio servem para acompanhar e resgatar os praticantes que não conseguirem completar o trajeto. Além dessas medidas de segurança, os ciclistas também apontam o capacete como um dos itens obrigatórios para a prática do esporte sem riscos. Alguns dos praticantes usam, ainda, lanternas que ajudam a visibilidade do ciclista e a identificação de quem está fora do grupo. O engenheiro João Marcos, 29, um dos batedores do grupo, conta que o trabalho não é fácil. “A gente, que tem mais experiência, se dispõe a fazer um passeio não tão agradável, mas necessário. A bicicleta custa caro e andar só é um risco muito grande”, enfatiza.

Prática esportiva e novas amizades O Ciclismo noturno é um ótimo esporte para quem procura saúde e integração de grupo. Muitos acabam formando ciclos de amizades e até reencontrando antigos amigos. Parte dos praticantes descobriu o passeio por meio de conhecidos ou da família. Outros, viram aquele turbilhão de bicicletas e se encantaram, como é o caso do representante comercial Guilherme Maia, 60. “Eu já estava à procura de uma atividade física. Um dia passei de carro, cruzei com o grupo, parei e perguntei como funcionava aquilo”, lembra. Na segunda-feira seguinte, Guilherme já estava com sua bicicleta. Comprou porque já sabia que era esse o esporte que procurava. Hoje, ele pratica com toda sua família e com os diversos novos amigos. Berinha Noronha é amiga de

Ediney Pimenta. Os dois estudaram juntos no ensino médio e perderam o contato depois que cada um entrou na faculdade. Hoje, o ciclismo noturno promoveu o reencontro dos dois, que agora se reúnem também nos finais de semana para fazer trilhas. “Vi o grupo e resolvi participar. Foi quando reencontrei Ediney. Já o Marcos, eu conhecia da faculdade mas não tínhamos muito contato, ficamos amigos depois dos passeios”, acrescenta. Já o batedor do grupo, João Marcos, conta que, além de ter feito muitas amizades, conseguiu alcançar sua melhor forma física. “Estamos praticando um esporte e desenvolvendo saúde. Chega uma época da vida em que você constitui família, se dedica só ao trabalho e perde contato com outras as pessoas”conta.

Serviço Loca Bike Rua dos Tabajaras, 580-A Praia de Iracema Fone: (85) 32318825

Novas amizades são formadas nos intervalos dos passeios

FOTO: MILLENE HAEER


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