O tiro esportivo, atividade que envolve precisão e velocidade, é um dos primeiros esportes a se organizar no Estado do Ceará. Conheça a modalidade que se tornou olimpica e clubes renomados de Fortaleza que estão filiados à Federação de Tiro. Fôlego Página 6
Foto: tHalyta MartinS
Foto: diVulgaÇÃo
Trabalho em navios de cruzeiro: conheça os dois lados da moeda que é dada em troca dos serviços a bordo. Saiba quais são as oportunidades de emprego que levam jovens a conhecerem vários países, trabalhando sobre o convés. Sobpressão Página 3
SOBPRESSÃO MAIO/JUNHO DE 2011
ANO 9
N° 26
Foto: arQuiVo PeSSoal
JORNAL- LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
As vovós que ganharam o mundo Foi-se o tempo em que as vovós ficavam em casa, sentadas nas cadeiras de balanço fazendo tricô. Hoje, elas colecionam carimbos em passaportes e muitas histórias sobre excursões em grupos para a Melhor Idade. As revelações de Nair Teles e Palmira Sobral narram passeios por diversos continentes, as experiências de co-
municação em países de língua estrangeira e as peripécias com câmeras digitais. Confira ainda as dicas especiais para os idosos aproveitarem muito bem as viagens, além de informações sobre como adquirir bilhetes gratuitos em rodoviárias, ferroviárias ou aquaviárias, garantidas pelo Estatuto do Idoso Sobpressão Páginas 5, 6 e 7
Becco do Cotovelo
Pioneiros
Parada obrigatória de quem vai à Sobral, o Becco do Cotovelo reúne bares, cafés, bancas de revista e personagens imperdíveis. O lugar é tão pitoresco que tem até prefeito, vendedor de revista que não sabe ler, boneco fofoqueiro, quadro de falecimentos, lojas de consertos, barbearias e muitas rodas de conversas masculinas. O número de visitantes diários chega a cerca de 6 mil. De política à traição, tudo quanto é assunto passa pelo Becco. Saiba porque o lugar é considerado por alguns como uma “universidade
Criquete, esporte de cearense Foto: liVia loPeS
Por onde passam as fofocas de Sobral
popular”e nunca foi interditado, mesmo em reformas. Sobpressão Páginas 10 e 11
Motoqueiras
Jogo pouco conhecido no Brasil, o criquete conquistou um grupo de praticantes em Fortaleza. Uma dupla, mais precisamente. Valter Mendonça e David Andrade são fundadores da Associação do esporte no Estado. Além disso, os dois jovens pretendem ensinar a crianças a modalidade, o que contribuiria com a difusão e o fortalecimento do esporte no Ceará. Conheça o criquete! Fôlego Página 1
Elas sobre rodas Foto: Sara goeS
Uma parcela crescente do sexo feminino rendeu-se às motocicletas. Os números do Detran-CE comprovam isso. Saiba porque elas preferem enfrentar o trânsito da Capital sobre duas rodas. E, além das que utilizam as motos como meio de transporte, as “motogirls” também invadiram as empresas de entrega rápida sendo, muitas vezes, a preferência dos clientes. Veja quem são elas e o novo nicho que se abre no mercado motociclístico. Sobpressão Página 4
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Editorial
Charge & Música
Renata Frota
Conversas que valem a pena O que entendemos por experiência? Numa rápida pequisa com o auxílio do “Google nosso que estás na Internet”, encontramos 163 milhões de resultados para o verbete, com diversas tipologias para o nosso perseguido tema: experiência científica; moral; religiosa ou mística, sexual... Apesar da busca, não foi no ciberespaço que encontramos o tema. O conhecimento adquirido por prática, estudos e muita observação veio ao longo do semestre, em constantes diálogos com fontes. Pessoas com vivências múltiplas, pesquisadores, donas-de-casa, universitários e aposentados. Ao vivenciar uma intensa procura por boas, polêmicas e importantes pautas, farejamos “malas e bagagens” alheias até encontrarmos ótimas histórias, que passaram pelo crivo de curiosas e desconfiadas apurações. Durante um certo tempo, ficamos ansiosos para que esta publicação ficasse pronta. Tanto que foi preciso escutar especialistas para saber de onde vêm os sintomas de quem sofre ou já sofreu de dis-
túrbios de ansiedade. Renata Frota deixa aqui ilustrações e com sua dupla, Mariana Maia, descreve dicas de atividades que previnem esse sentimento. Daí surge um texto que se dirige especialmente para o nosso jovem e acelerado público leitor. E, por falar em aceleração, acreditem: motor, manobra e regulagem são termos que já estão caindo no gosto das garotas. Tanto que, além da parcela feminina que usa motos para o trabalho - as motogirls - existe um outro grupo de mulheres, cada vez maior, que se utiliza deste veículo como meio de transporte. É o que demonstram Wolney Batista e Viviane Sobral numa matéria que traz dados de pesquisas e boas histórias de quem já aderiu às duas rodas. De ônibus e carro, Isabelle Leal e Lívia Lopes viajaram a Sobral para trazer ao SobPressão o retrato de um lugar pitoresco, ponto de encontros e fofocas da cidade: o Becco do Cotovelo, com suas curvas, comerciantes e aposentados, serviu de inspiração para uma reportagem que valoriza
história, cultura e patrimônio arquitetônico. Joicy Muniz e Julie Anne Scott traçam um desenho dos espaços homoeróticos de Fortaleza e, com o auxílio de Wolney Batista e Deborah Milhome, apresentam um mapeamento e questionamentos sobre a noite gay na Capital. De Fortaleza para o Atlântico partem mais de cem jovens por ano. Recrutados por empresas para trabalhar em alto mar, em carga horária considerada para alguns exaustiva, ex-tripulantes narram a oportunidade de trabalhar em um navio. Carolina Benevides e Ravelly Marques resumem os depoimentos que abrem esta edição. Do Atlântico para outros oceanos partem as avós de Viviane Sobral e Suzane Saldanha que são personagens da reportagem escrita em parceria com Jaqueline Nóbrega. As vovós viajantes, mais do que ninguém, nos convidam a perceber que a vida pode ser uma viagem, com ou sem roteiros, rica em experimentação e bons episódios para contar, escrever, ler e relembrar.
Registro fotográfico
“Um passo à frente E você não está mais no mesmo lugar Eu só quero andar nas ruas do Brasil Andar no mundo livre Sem ter sociedade Andando pelo mundo E todas as cidades” Um passeio no mundo livre / Nação Zumbi
Artigo
Carlos Augusto Castelo Branco
Fora de casa
MANGABAJU EM AÇÃO: a criação de um automóvel do tipo off-road, especialmente projetado para competições, é a grande missão de um grupo de estudantes de Engenharia Mecânica e Engenharia de Controle e Automação da Universidade de Fortaleza. Experimentando, eles cuidam de todas as etapas de produção, desde o desenho, soldagem até a pintura final do Baja, que é como é chamado esse tipo de protótipo. O veículo deve ser capaz de passar por testes dinâmicos como de aceleração, suspensão, tração, resistência e velocidade, além de atravessar uma grande variedade de terrenos acidentados. A cada ano, eles participam da competição entre universidades, chamada Baja SAE Brasil. Foto: Farley Aguiar
Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, África do Sul, Austrália, Japão. Podemos levar páginas e mais páginas para falar das inúmeras opções de países que recebem e também enviam estudantes para intercâmbio. Aonde quer que cheguemos, nos deparamos com inúmeras possibilidades de “intercambiar” mundo afora, porém, esquecemos de refletir sobre como toda essa experiência é recebida na vida de quem se aventura nessa jornada. Os medos, as alegrias, as tristezas, as angústias e todos os sentimentos que estes heróis precisam viver sozinhos e tão longe de casa. No entanto, para realizar este sonho são necessários alguns pré-requisitos essenciais para o estudante ingressar em uma rede de intercâmbio, como: fluência no idioma local, desenvoltura e iniciativa para enfrentar eventuais empecilhos e abertura à compreensão de estilo de vida daquele local. As expectativas de Caio Monteiro, 22, em relação aos sete meses que passaria fora de casa, eram vivenciar uma cultura diferente e aprender melhor a língua espanhola. Porém, ao chegar no continente europeu, percebeu que tinha em vista milhões de possibilidades e saber por onde começar poderia parecer desafiador. Em sete meses, ele conheceu cidades espanholas idolatradas pelo mundo a fora como Barcelona, Madrid, La Coruña, Santiago de Compostela, Sevilla e outras como Valladolid, Segovia, Finistierra, Bayona e Ávila. Raiza Teles, 18, professora de inglês e estudante de administração, teve sua primeira experiência como intercambista aos 16 anos. Em agosto de 2008, quando chegou em Dardanelle, Arkansas nos Estados Unidos, Raiza pretendia cursar somente seis meses de “High School” (Para os brasileiros, o Ensino Médio). Porém em meados do mês de novembro, a jovem logo se acostumou com a vida de estudante americana e ligou para sua mãe no Brasil, pedindo que prolongasse seu programa de intercâmbio. Como a maioria das meninas de sua idade, Raiza era fã de seriados americanos e “Teen Movies” (filmes que se passam em ambiente escolar tipicamente americano) e sempre foi fascinada pelo colegial americano. Os refeitórios, as turminhas, os armários escolares, os famosos bailes de boasvindas, inverno e formatura, as líderes de torcida, os jogos interescolares, tudo que no imaginário das pessoas deve ser vivido quando se é um adolescente, estava nos planos da jovem e foi exatamente como ela imaginava que seria. Mesmo diferentes, as experiências de Raiza e Caio num país estrangeiro têm a mesma essência, a de conhecer pessoas totalmente diferentes deles e aprender a conviver com elas. Além da fluência em outra língua, o que hoje em dia é crucial para se ter um bom emprego, o intercâmbio trabalha o lado mais humano de cada um que se insere nessa viagem de descobertas. “Acho que a gente cresce muito, aprende a dividir, aprende a ter responsabilidade, cuidar de si e dos outros”, diz Raiza. Estudante do 7º semestre de Jornalismo
Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor) Fundação Edson Queiroz - Diretora do Centro de Ciências Humanas: Profª Erotilde Honório - Coordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Wagner Borges - Disciplina: Projeto Experimental em Jornalismo Impresso (semestre 2011.1) - Reportagem: Carolina Benevides, Isabelle Leal, Jacqueline Nóbrega, Joicy Muniz, Julie Scott, Lívia Lopes, Marina Maia, Ravelly Marques, Renata Frota, Suzane Saldanha e Viviane Sobral - Projeto gráfico: Prof. Eduardo Freire - Arte final: Aldeci Tomaz - Professora orientadora: Janayde Gonçalves - Coordenação de Fotografia - Júlio Alcântara - Revisão: Profª. Solange Maria Morais Teles e Celiomar Lima - Conselho Editorial: Wagner Borges, Adriana Santiago, Alejandro Sepúlveda - Supervisão gráfica: Francisco Roberto Impressão: Gráfica Unifor - Tiragem: 750 exemplares - Equipe do Laboratório de Jornalismo (Labjor) - Estagiário de Fotografia: Fabiane de Paula, Farley Aguiar e Thalyta Martins - Estagiário de Produção Gráfica: Bruno Barbosa e Camille Vianna - Edição: Wolney Batista - Estagiários de Redação: Bárbara Ferraz, Camila Holanda, Deborah Milhome, Iara Evaristo, Luiz Carlos Bomfim e Vivianne Rodrigues.
Sugestões, comentários e críticas: jornalsobpressao@gmail.com
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“Ah, se eu fosse marinheiro... ” Sonha viver uma grande aventura em alto mar? Para isso é necessário muita disposição, encarar jornadas exaustivas de trabalho e chefes rígidos Carolina Benevides e Ravelly Marques
Para muitos jovens, um grande sonho de suas vidas é viver experiências fora do país. Alguns sonham em trabalhar na Disney, outros em estações de esqui, parque ou hotéis luxuosos, mas o que poucos sabem é que existe uma crescente demanda na procura por empregos temporários em alto mar. Trabalhar em cruzeiros está cada vez mais comum. Ao contrário do que muitos pensam, a vida em um cruzeiro não é só diversão, festas e salário em dólar; por trás dessa aventura existe uma jornada de muito trabalho, podendo variar de 12 até 16 horas diárias, sem folga e com pouquíssimas horas de sono. Anderson Carvalho, 24 anos e estudante universitário, acredita ser um bom exemplo de como o trabalho no cruzeiro contribui para o crescimento profissional de quem participa da experiência. Ele morou três meses em um navio quatro estrelas: o MSC Música, com destino a vários países da América do Sul.
Depois de participar do processo seletivo, entrega de documentos e treinamento da empresa, Anderson ganhou a função de housekeeping, uma espécie de faxineiro, ficando responsável pela limpeza de todos os banheiros da área externa do navio. “O trabalho era pesado, 12 horas por dia. Eu começava às 7h e parava às 19h, com 1 hora para o almoço”. Embora muito trabalho, o aventureiro garante: “Dava pra sair de noite, conhecer algumas cidades e frequentar as festas do navio. Mas no outro dia, eu ia trabalhar acabado”. Quebra contratual O contrato de trabalho nos cruzeiros é de, no mínimo, seis meses e se a pessoa desistir, a quebra do contrato implica que a mesma se responsabiliza pela volta ao seu país de origem. Mesmo sabendo que o seu navio ia para a Europa, e que poderia ter a chance de conhecer vários lugares, Anderson decidiu voltar. “Com três meses eu estava exausto, aí preferi pagar minha passagem de volta”. Com Adail Sampaio, empresário de 34 anos, isso aconteceu ainda mais rápido. Ele desistiu no 12º dia de trabalho no cruzeiro. Movido pelo sonho da descoberta, o empresário disse para a empresa de recru-
às 7:30h e saindo às 23h com duas horas de intervalo para reunião com os tripulantes, almoço e um pequeno descanso. O seu salário era de aproximadamente 800 dólares. Segundo ele, as refeições também eram muito ruins. Mas os reais motivos de sua desistência foram a falta do cumprimento do seu objetivo: viajar e conhecer novos lugares, somado ao fato de não ter diálogo com seu chefe, a carga horária exaustiva, a humilhação sofrida na sua função e a saudade da família e dos amigos. Adail comenta que durante o pequeno período que trabalhou perdeu 10 kg.
Algumas funções, como os staffs, funcionários que dão suporte no atendimento, usam uniformes de cor branca Foto: diVulgaÇÃo
tamento que toparia qualquer função. Foi quando ficou como housekeeping – a mesma função de Anderson: porém ele limpava apenas as cabines. Adail alega que durante o treinamento, o subchefe era muito grosso, “ele usava aquilo [o trabalho] como vida, eu
cheguei e disse que não queria ficar nessa função porque o cara estava me humilhando e era arrogante”. Mas nos conta que os superiores não podiam fazer nada, ele tinha que continuar com a mesma função pra trabalhar no navio. A sua carga horária era pesada, entrando
A dica de quem já foi Apesar de todas as dificuldades, a maioria das pessoas que participam da empreitada dizem que a experiência é muito rica, pois você convive com pessoas de diversas nacionalidades, tem a oportunidade de praticar a língua inglesa e, quando é possível, visitar os pontos turísticos das cidades pelas quais o navio aporta. Existe também a possibilidade de pessoas com pouca renda, fazerem seu ‘pé de meia’. A opinião unânime dos entrevistados, para quem se interessar em fazer essa aventura, é pesquisar, conversar com pessoas que já foram e estar muito disposto a trabalhar.
Tripulantes queixam-se, recrutadores defendem-se Conhecendo a realidade do emprego o próximo passo é saber os requisitos necessários para consegui-lo. Diego Cabral, sócio da empresa Rosa dos Ventos, especializada em recrutar pessoas para trabalhar em navios, conta que os pré-requisitos básicos são experiência na área, fluência na lingua inglesa, vontade e disposição para trabalhar. “Quando percebemos que o candidato acha que vai só viajar e conhecer o mundo ou quer fazer um intercâmbio, nós reprovamos logo”. Para inscrever-se é necessário o investimento em um curso de primeiros socorros a bordo, que custa R$ 500,00, e mais a taxa de inscrição, que também é R$ 500,00. A faixa etária predominante para esse tipo de programa está entre 21 e 28 anos e, embora a classe média baixa procure em maior quantidade, o programa faz questão de incluir todas as classes sociais. A empresa contrata pessoas que podem exercer mais de 20 funções, dentre faxineiros até médicos. A Rosa dos Ventos afirma que a procura por esse tipo de
Todos os tripulantes dos navios de cruzeiros são obrigados a realizar cursos de treinamento de vida a bordo Foto: diVulgaÇÃo
trabalho vem da vontade desses jovens de conhecer diversos países que talvez não pudessem ter a chance, além de uma média salarial maior que a nossa economia oferece e sem o custo com moradia, saúde e alimentação. O ganho salarial dos tripulantes gira em torno de R$ 657 a R$ 2000 dólares e a possibilida-
de desses jovens agregarem essa experiência nos seus currículos facilita sua inserção no mercado de trabalho. Isso é um estímulo para a crescente procura. A seleção para o recrutamento na agência Rosa dos Ventos é feita constantemente. A meta a ser atingida, até o fim deste ano, é de contratar em torno de 1200
novos tripulantes. Quanto às denúncias feitas por parte de ex-funcionarios sobre o uso de drogas, prostituição e abuso de empregados por seus superiores dentro dos navios, o recrutador Diego Cabral afirma que abuso de poder e troca de favores são uma realidade de vida no mar. Por outro lado, es-
quiva-se: “não é que rola droga a vontade, mas alguns tripulantes conseguem entrar no navio portando esses entorpecentes”. O empresário explica ainda que em todo porto existe vistoria da Polícia Federal, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), da Federação Nacional dos Trabalhadores em Transporte (ITF) e alguns órgãos regulamentadores. Cita que, no ano passado, houve duas prisões em navios da MSC. “É uma pena que nunca vai ser possível ter 100% de controle. Esse problema é mundial.” Em relação aos maus tratos, a empresa diz que isso é muito relativo. Ela alega que em 90% dos casos a realidade não é comprovada e que é frequente no relatorio de funcionários o mau comportamento a bordo. “Às vezes acontece de o tripulante só chegar atrasado, trabalhar mal, beber muito e isso faz com que o chefe crie uma antipatia, dando preferência ao desembarque do empregado”, explica. Serviço Rosa dos Ventos Viagens e Turismo Rua Joaquim Nabuco, 1871 (85) 3261-0116
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Da garupa para a direção das motos Maior parte das usuárias de motocicleta reside no interior do Estado. Conforto e economia são critérios importantes na escolha
Joelma da Silva
Acredito que as mulheres sejam mais prudentes, tanto no carro, quanto na moto. Não é à toa que a maioria dos acidentes são com homens.
Viviane Sobral e Wolney Batista
Pelas ruas e avenidas, não é cena rara encontrar uma mulher na direção. Segundo o Departamento de Trânsito do Ceará (Detran-CE), durante o ano de 2010, mais de 270 mil mulheres tiraram a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). E elas não se restringiram aos carros. Ainda de acordo com dados do Detran-CE, a procura de mulheres pela habilitação na categoria A, referente a motocicletas e triciclos, cresceu nos últimos cinco anos no Estado (ver gráfico abaixo). Além da parcela feminina que usa motos para o trabalho, as motogirls, existe um outro grupo de mulheres, cada vez maior, que se utiliza das motocicletas como meio de transporte. Joelma da Silva, 29, fiscal de loja, pilota moto há mais de 12 anos. Segundo ela, no trânsito de Fortaleza, andar sobre duas rodas é mais prático e agradável. “Além de ser bem mais fácil, porque a moto passa em lugares em que o carro não cabe, a sensação de liberdade é maior”, explica. A fiscal diz com orgulho que nunca sentiu preconceito nas ruas e discorda da pejorativa
Fiscal de loja
menos de 15% de mulheres e 1,41% não identificados.
Joelma garante que não troca sua Honda Top 100 por um automóvel Foto: WaleSKa Santiago
frase: mulher no volante, perigo constante. “Acredito que as mulheres sejam mais prudentes, tanto no carro, quanto na moto. Não é à toa que a maioria dos acidentes são com
Números
Mais mulheres com moto no trânsito 24.420 14.811 7.978 2006
10.611
2007
2009
2010
Estatística divulgada pela Coordenadoria de Habilitação do Detran-CE (Em 2008, não houve levantamento específico)
Saiba mais...
Como tirar a habilitação na categoria A Tanto os homens quanto as mulheres devem escolher uma autoescola, fazer o cadastro e efetuar o pagamento da taxa respectiva. Na data agendada, ir a um posto de atendimento do Detran para capturar foto, assinatura, e realizar exames de aptidão física, mental e avaliação psicológica. Devidamente apto, o candidato deverá se dirigir a um Centro de Formação de Condutores para fazer o curso de Legislação. Ao fim, realizará o exame. Bem sucedido na prova, deve realizar as aulas práticas e fazer o Exame de Direção Veicular. Aprovado, aguardar a emissão do documento de habilitação.
homens”, alfineta. E ela tem razão. Em estatística divulgada pelo DetranCE, durante o ano de 2010, 83,95% das vítimas fatais de trânsito foram homens, contra
Habilitação As autoescolas da capital cearense sentiram que o interesse do público feminino nas aulas para a habilitação da categoria A diminuiram. “Esse ano a procura está sendo pequena. 20% dos meus alunos são mulheres. Sentimos que ano passado a procura foi bem maior”, contabiliza Felipe Alves, 24, instrutor de motos da Autoescola Máxima. Ele acrescenta que a participação das motoqueiras em Fortaleza está muito aquém do resto do Estado, e explica o motivo: “Na nossa filial em Caucaia, a procura é maior. Elas ainda temem pilotar no trânsito perigoso da capital”. Consumidoras “Nas nossas 15 lojas, em todo o estado do Ceará, vendemos,
aproximadamente, 120 motos por mês. Desse total, cerca de 30% são para as mulheres”, revela Marco Aurélio Meller, gerente comercial da Crasa Motos. Elas são criteriosas na escolha das motos. Segundo Marco Aurélio, para cair no gosto feminino, os modelos têm que oferecer conforto, economia e fácil dirigibilidade. Com design simples, garupa e boa mobilidade no trânsito, o estilo Street é o preferido. Os acessórios do vestuário também ganharam destaque no mundo feminino. “Capacetes, luvas e jaquetas; nesta ordem, são os itens que elas mais compram”, afirma Eduardo Peixoto, proprietário da Moto Center. E se engana quem pensa que elas dão preferência ao rosa. As peças nas cores vermelha e preta são as mais vendidas.
Serviço Departamento Estadual de Trânsito - Detran-CE Sede: Av. Godofredo Maciel, 2900 Maraponga ALÔ DETRAN: 0800 275 6768 Auto Escola Máxima Av. Duque de Caxias, 1342 - Centro (85) 3253-1716 Crasa Motos Rua Jose Bastos, 677 - Farias Brito (85) 3288-3533 Moto Center Rua Gal Clarindo de Queiroz, 1106 Centro (85) 3231-3329
Trabalho sobre duas rodas No trânsito fortalezense, não é mais uma novidade a presença de mulheres pilotando motos. Podemos observar também mochilas e baús de entregas na garupa das moças. São as motogirls, que estão conquistando espaço nas empresas de entregas rápidas. Jane Eyre Lima, 48 anos, já tinha carteira de motorista de carro, mas em 2001 buscou a habilitação de moto para tentar conseguir um emprego na área. Há seis meses trabalha na Tele Entrega, empresa que está no mercado desde 1986. Mas, apesar de estarem presentes nesse segmento, a parcela feminina no quadro de funcionários ainda é muito pequena. Na Tele Entrega, do total de 282 motoqueiros empregados, atualmente, são somente três mulheres. Na Boy-Box, empresa que atua em todo o Brasil, a situação se repete: são três motogirls contratadas, uma em Goiânia, uma em Brasília e uma em Fortaleza. André Florentino, funcionário do setor de atendimento da Boy Box, acredita que as mulheres são mais cuidadosas no trânsito. “Nossa única funcionária
nunca sofreu acidente, pelo fato de ser mais prudente que os homens”, explica. Talvez essa seja a razão de a Tele Entrega receber reclamações. “Já aconteceu de alguns clientes falarem que a entrega chegou atrasada”, revela Rogério Amorim, funcionário do setor operacional. Preconceito Na Tele Entrega, semanalmente, clientes solicitam que a entrega não seja feita pelas motogirls. “Acontece, duas ou três vezes na semana, de pessoas pedirem que nós enviemos um motoqueiro homem”, admite Amorim.
Já na Boy-Box a situação é contrária. “Em Fortaleza, recorrentemente é dada preferência a ela, a pedido dos próprios clientes”. Jane Eyre admite que existe preconceito “aqui, acolá”. “Os homens, tanto no trânsito quanto clientes da empresa, ainda se assustam quando vou fazer entrega. Acham que é uma novidade”. Sobre vaidade, ela confessa que é difícil de se cuidar. “É melhor quando chego em casa, à noite”. Para Jane, a importância da moto na vida é por uma questão de necessidade.
Em algumas empresas, elas conquistaram a preferência dos clientes Foto: luCaS MeneZeS
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Aventuras de vovós viajantes movimentam o turismo Não só netos, técnicas de crochê e livros de receitas; as vovós atuais compartilham e colecionam também milhas, bilhetes e carimbos no passaporte Jacqueline Nóbrega, Suzane Saldanha e Viviane Sobral
O perfil do idoso no Brasil mudou nas últimas décadas. Entre outros fatores, no mercado do turismo, atualmente, há nove milhões de idosos, entre os cerca de 25 milhões que vivem no País, que viajam todos os anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Essa parcela representa 20% dos turistas brasileiros, e a estimativa é que esse percentual seja superado nos próximos anos. A história de Nair Teles é um exemplo do avanço desse mercado, que já movimenta R$ 20 milhões, anualmente. As doze bandeirinhas de diferentes países do mundo, que um dia a professora Zezé levou à sala de aula, encantaram a pequena, que gostava de ler sobre Geografia e História. A cada livro folheado, pensava como seriam aqueles países tão distantes de sua realidade. Ao chegar à escola, a menina ficou fascinada com cada história encantadora contada. Pensou alto e disse: “Professora, quando eu terminar o curso, vou a todos esses países”. As colegas riram do desejo, menos Maria José, que afirmou acompanhá-la. Décadas depois, Nair, aos 82 anos, professora aposentada de Geografia e História contabiliza 48 países conhecidos em excursões. E foi com Maria José, aquela do colegial,
Certificado: participantes levam para casa uma lembrança com a foto de todos os colegas de viagem Foto: arQuiVo PeSSoal
que viajou pela primeira vez à Europa. A aposentada conta que um vizinho francês, fugido da Segunda Guerra Mundial, em 1939, sabia cada local famoso do país. Ao desembarcar na capital da França, Dona Nair conta ter tido a sensação de já conhecer o lugar há muito tempo. A primeira viagem ao exterior, porém, foi para os Estados Unidos da América, onde esteve outras cinco vezes. Foram experiências inesquecíveis, como conhecer o
Leste Europeu: “Todos os países da Escandinávia são encantadores, porque as maiores belezas da Europa estão lá e, infelizmente, poucas pessoas conhecem”. Contando histórias, a aposentada demonstra uma forte característica: a independência. Narra a época em que começou a viajar sozinha, ainda quando jovem, e, por conta disso, fez muitas amizades. Mesmo depois do casamento, não deixou de conhecer o mundo. “O Guedes, meu marido, não queria ir comigo, então
eu ia sozinha e fazia amizades durante a viagem”. O inusitado fora do roteiro Em uma de suas idas a Europa, Dona Nair conheceu um simpático casal, do qual o homem desejava muito conhecer Jerusalém, em Israel. Ela lembra com muita tristeza que o sonho dele não foi possível, pois faleceu ainda na Itália. A morte repentina do homem, que devia ter por volta dos 50 anos, abalou a excursão, mas, ainda assim, seguiu rumo à Terra Santa.
Saiba mais...
Aumentar o cuidado com idosos é um dever legal, exigido pelo Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03). A seguir, confira dicas para aproveitar a viagem: 1. Antes da viagem, deve-se consultar o médico, para um breve check up; 2. Faça poucos deslocamentos por dia. Talvez por terem “sede” de informação, os veteranos costumam ficar mais tempo em museus ou nas visitas turísticas;
feita nos horários de boa insolação, como antes das 10h; 5. Cheque com o guia a sua lista de remédios. Ele deve estar ciente da medicação que os viajantes tomam e, com delicadeza, acompanhar o seu uso;
3. Exija mais paradas nas estradas. O ideal é não ficar sentado por muitas horas seguidas. Os ônibus devem ter banheiro a bordo;
6. Seguro-saúde é fundamental independente da idade que o viajante tenha. Os pacotes em geral já incluem o produto. Mas é sempre bom certificarse antes com a agência de viagens;
4. Atenção ao clima. Uma ida à praia, por exemplo, deve ser
7. Carregue uma bagagem leve. Resista à tentação de levar metade do seu guarda-roupa. Os contínuos desloca-
mentos exigem malas práticas; 8. A alimentação da viagem deve ser feita de acordo com a saúde do viajante, porém alimentação leve e saudável e bastante líquido são essenciais. Atenção à desidratação; 9. Faça uma programação de acordo com as suas limitações. Evite sobrecarregar o passeio. Fonte: Adaptado do Portal OZ!
Um desejo não realizado foi conhecer a Oceania, o único continente que ela não conhece. A viajante conta que houve várias tentativas de ir ao local, mas foram canceladas, pois faltavam pessoas para completar o grupo. Ela prefere fazer viagens em excursões pois é a melhor forma de conhecer um novo lugar. “Há sempre um guia ao lado informando sobre a história dos locais, além da boa organização”. Em seus roteiros, Nair conta que sempre ficou hospedada em ótimos hotéis. Ela orienta: é preciso escolher boas agências de viagem. Atualmente, Dona Nair não está mais viajando para o exterior, pois a saúde e a disposição não são mais as mesmas de antes do ano 2000, quando fez sua última viagem para fora do país. Histórias como esta, mostram como não há idade para explorar novas culturas. Dados do IBGE indicam que esta faixa etária é um público que tende a crescer. Se em 2000 os idosos representavam 5% da população brasileira, o órgão estima que até 2050, eles serão mais de 18% dos brasileiros. À medida em que a população envelhece, muda o perfil dos novos idosos. O turismo é um dos setores que merecem atenção, inclusive com relação às políticas públicas de incentivo à prática de viagens para essa parcela da população. (Ler coordenada na próxima página). Viajante convicta, Dona Nair apaixonou-se pela ideia de conhecer vários países ainda na escola, nas aulas de geografia Foto: arQuiVo PeSSoal
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O abandono da máquina d Quando mais jovem, Palmira Sobral nunca havia pensado em viajar. “Queria mesmo era morar sozinha, ficar com minha máquina de costura”, confessa ela, aos 89 anos, durante uma conversa em seu apartamento. Aos 18 anos veio do Pará para o Ceará a passeio, mas desde então vive no Estado. Ao longo da vida, retornou a Belém por diversas vezes. Uma delas com o marido, Dionísio Sobral. Mas só depois de viúva, em 1995, é que a prática dos passeios tornou-se mais constante. “Peraí, deixa eu mostrar minhas viagens”, e lá vai ela, a menos de um mês de completar 90 anos, com empolgação para buscar uma agenda, na qual lista os passeios que já realizou. Nas páginas estão data, local, por vezes, os gastos, por outras, alguma observação: “Adorei!”. Pesquisas mostram que o perfil do viajante idoso segue alguns aspectos em comum: tem vida financeira estável, filhos crescidos e independentes, não tem mais obrigações financeiras e já adquiriu a maioria dos bens materiais que planejava possuir. Resta, assim, tempo suficiente para conhecer outros lugares. Passaporte carimbado Palmira começou a desvendar o mundo quando conheceu os Estados Unidos, assim como Dona Nair. Em meio a tantas páginas na agenda, a paraense sente falta do registro da primeira vez em que saiu do País. Já que o papel não facilitou, apela para a memória. “Fui para o exterior em dezembro de... de... 1998! Eu tava com 78 anos, nessa época, era a mais velha que tinha na excursão”. A experiência foi na Disney, com a filha, o genro e três netos. “Vou acolá buscar minhas fotos”. E, mais uma vez, com rapidez de menina, se levanta em dire-
ção ao armário, onde vai resgatar novos registros e recordações. “Lembro que me orientaram a não ir à montanha-russa, e eu obedeci. Mas andei em tudo que foi de brinquedo”. Quando viajo com a Silvia (agente de viagem), o marido dela, Iran, sempre diz: ‘Estou pastorando você!’, porque não quer que eu faça nenhuma extravagância”. Fé mantida Mesmo na terra do Mickey, conta que acordava todo dia às 5h. “Rezava meu terço, tirava minhas novenas e só depois ia acordar meus netos”. O ritual de fé logo após acordar-se, repetiu-se em todos os cantos por onde viajou. E, de cabeça, enumera os países que já conheceu: “Além dos Estados Unidos, fui a Portugal, Itália, França, Espanha, Alemanha”, se recorda, fazendo menção ao roteiro seguido em 2007, em excursão liderada por um padre. Entre tantas, a melhor de todas, conforme relata com segurança, foi um cruzeiro em 2009. “Já pensou poder olhar sempre pro mar, ali do convés, e ver aquelas belezas? Foram 21 dias no cruzeiro, que tinha 13 andares! E não senti enjoo algum”, orgulhosa, ela recorda. No percurso, passou por cinco cidades brasileiras e seguiu para Cabo Verde, Espanha, Marrocos e Itália. “O meu navio tinha mais velho que moço. A sensação que eu tinha é de terem pego todas as velhas e colocaram lá”, brinca. A diferença de idioma pode ter sido um empecilho durante as viagens ao exterior, mas rendeu também risadas. “Não sei inglês, então nos Estados Unidos acabei me confundindo quanto aos banheiros e entrei no masculino. Quando vi ao meu lado um pezão ‘desse tamanho’, arrumei minhas coisas e saí correndo”, conta, às gargalhadas.
Com tantos lugares e paisagens já visitadas, Palmira não consegue eleger aquele que seja mais bonito ou favorito
Entre tantos roteiros, foi difícil eleger o mais bonito. “Itália e Paris são lindíssimas. Roma também é muito bonita. E quando fui, vi o Papa, passou bem pertinho de mim”, recorda empolgada. Já a resposta para o local mais diferente veio rápida. “Mindelo, em Cabo Verde, a praia era a coisa mais linda e todos eram muito negros, magros e altos”. Palmira leva a própria máquina fotográfica e de vez em quando arrisca um clique, mas prefere deixar as fotos por conta das amigas. “Sendo que eu prefiro máquina com o filme, que depois eu pego e mando revelar. Foto de máquina digital eu não gosto porque nunca vejo, fica só na promessa de que vão revelar”. O pagamento das viagens também é de sua responsabilidade. “Se for preciso, parcelo em até cinco vezes, mas na maioria, pago logo de uma vez”, com o dinheiro que recebe da
Palmira Sobral
Não sei inglês, então, nos Estados Unidos acabei me confundindo quanto aos banheiros e entrei no masculino. Quando vi ao meu lado um pezão ‘desse tamanho’, arrumei minhas coisas e saí. Aposentada
própria aposentadoria de autônoma, por ter sido costureira ao longo de toda vida, e da pensão por morte do marido, que foi funcionário público. Hoje, com 23 netos e quatro bisnetas, leva consigo a paixão pelo turismo. Certa vez, confessou à filha caçula, “eu nunca quis
Foto: arQuiVo PeSSoal
ter muito dinheiro na vida, mas depois que eu conheci Paris, eu queria ter pra levar minha família toda pra lá”. Na agenda dos registros, ao lado da referência à primeira ida à Europa, ela confessou, “parecia um sonho. Eu brincava durante a viagem, me beliscando o tempo inteiro pra saber se era verdade”, rememora. Depois da viagem de cruzeiro, anotou, “realizei meus sonhos!”. Mas já planeja os próximos destinos, “Quero conhecer a Terra Santa [Jerusalém]. E já botei meu nome para ir à Manaus em junho com a agência da Silvia. Dizem que tem um hotel dentro de um rio e eu quero conhecer”. O prazer pelas viagens fica por conta das coisas mais simples. “Das coisas que eu mais gosto é que em cada viagem que eu faço é um novo ciclo de amizade, e adoro os passeios, conhecer as belezas desses lugares. Não tem uma viagem que eu tenha feito e me arrependido”.
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de costura
Saiba mais
Sempre haverá tempo para viver uma aventura Nos anos 80, os idosos representavam algo em torno de 10% da população brasileira. A partir do século XXI, a faixa etária da população mudou muito. A última pesquisa realizada pelo IBGE mostrou que 14,5% dos brasileiros, aproximadamente 24 milhões de pessoas, têm mais de 60 anos. Em 2050, a expectativa é de que sejam mais de 63 milhões, segundo o coordenador técnico do Censo Demográfico, Joilson de Souza, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - BA, em dados apresentados durante o Encontro Nacional de Coordenadores de Saúde do Idoso, realizado em março deste ano. Ainda é comum na sociedade o pensamento de que as pessoas da terceira idade têm limitações, falta de saúde e fragilidade. Com a mudança de hábitos e costumes, o uso de medicamentos especiais e o progresso da ciência e da tecnologia, esse cená-
rio tem se tornado cada vez mais diferente. Pesquisas mostram que o processo natural de envelhecimento não é um obstáculo para a maioria das atividades cotidianas. Essas mudanças reforçam a importância de se direcionar a oferta de serviços e produtos para a terceira idade, com ênfase em viagens. O crescimento desse setor turístico se dá devido ao aumento do público em potencial, e, principalmente, pela maior conscientização da população da terceira idade sobre a importância da atividade física para a saúde e do lazer para uma vida melhor. A inatividade e o sedentarismo, juntos, representam um prejuízo para quem desejar viver mais e com mais saúde. A saída da rotina, o contato com a natureza, a possibilidade de conhecer pessoas diferentes e novas culturas resultam em uma reinclusão do idoso na so-
ciedade e no descobrimento de mais motivações para uma vida mais interessante depois dos 60. As viagens acabam proporcionando uma melhor expectativa de vida nos idosos, razão para que os filhos e netos motivem seus pais e avós a estarem sempre viajando e não pararem nunca. Mais confiança, uma melhor maneira de lidar com as situações de conflito que existem durante essa etapa da vida e menor incidência de estados depressivos são alguns dos motivos para o incentivo dessas viagens.
Intercâmbio e políticas do Governo favorecem roteiros
Lei que garante gratuidade em passagens ainda é desconhecida A lei que dá direito à gratuidade e ao desconto em passagens de ônibus interestaduais é um benefício desconhecido pela maioria dos brasileiros e em especial, pelas pessoas que têm direito de usufruí-la. A gratuidade e o desconto de 50% é um direito para as pessoas com mais de 60 anos e que tenha renda igual ou inferior a dois salários mínimos. De acordo com o Estatuto do Idoso, as empresas que prestam serviço de transporte rodoviário interestadual são obrigadas a reservar aos idosos dois assentos gratuitos em cada ônibus, e quando esses já estiverem preenchidos, conceder o desconto mínimo de 50% no valor da passagem para ocupação dos assentos restantes. O bilhete da viagem deve ser solicitado com até, no mí-
nimo, três horas de antecedência em relação ao horário de partida, nos próprios pontos de venda da empresa. Na ocasião, o idoso já pode solicitar o bilhete para retorno. No dia da viagem, o passageiro deve chegar com meia hora de antecedência para o embarque e apresentar um documento pessoal original para comprovar sua idade, além do comprovante de renda.
Idosos ainda desconhecem os direitos que lhe são reservados por programas federais Foto: tHalyta MartinS
A iniciativa é do Ministério do Turismo, mas quem segue ganhando são os idosos. O programa nomeado como Viaja Mais na Melhor Idade, criado no ano de 2007, facilita e estimula os brasileiros acima de 60 anos a viajar pelo país durante a baixa estação. Essa é uma maneira de movimentar a economia das cidades envolvidas no projeto, gerar postos de trabalhos e manter empregos. Sem contar que, nessa época, os locais com boa infraestrutura estão mais vazios, o que garante relativo sossego, aliado às inúmeras promoções, que podem chegar a 30% abaixo do valor cobrado na alta temporada. Em seu quinto ano de atuação, o programa conta com algumas atividades bem sucedidas. Operadoras aderiram à ideia e criaram pacotes especiais para este público, e a soma de pacotes vendidos desde o ano de 2007 já chega a 600 mil. E mais, 2000 agências espalhadas por todas as regiões do Brasil foram credenciadas pela equipe Viaja Mais Melhor Idade para um atendimento especial para os idosos. Com pacotes disponíveis para 31 destinos, saindo de 13 cidades, a inclusão social dos ido-
sos é um dos objetivos do programa que fortalece o turismo interno e gera benefícios tanto para a economia do País. Além de exigir atenção especial das operadoras à qualidade do que é oferecido aos idosos, o programa se preocupa com a infraestrutura dos hotéis, com o transporte rodoviário, com as atividades e passeios que devem ser diferenciados e com os guias, que devem ser preparados. As vendas dos pacotes são intermediadas pelas operadoras conveniadas com o programa do Governo, sendo possível comprar os pacotes pessoalmente ou pela Internet. O idoso pode levar acompanhantes, que também têm desconto na diária, desde que sejam maiores de 16 anos. Quando o assunto é destino, Eduardo Gomes, que trabalha na agência de turismo CVC, conta que os pacotes mais disputados pelos idosos cearenses são para cidades brasileiras. Curitiba e Gramado ocupam as primeiras posições, seguidas por uma cidade da América do Sul bastante requisitada por brasileiros de todas as idades devido a sua moeda: Buenos Aires, na Argentina. Ivilena Oliveira, funcionária da Casablanca Turismo de Fortaleza, também nos confirmou a preferência dos idosos pelas cidades do sul e da América Latina. Serras Gaúchas, Buenos Aires e Santiago, no Chile, são disputados pelos clientes durante a baixa estação. Nossa cidade também entra no
ranking. Fortaleza ocupa o 2° lugar na lista dos destinos preferidos dos idosos brasileiros, perdendo apenas para Natal, no Rio Grande do Norte. O segmento de intercâmbio também se rendeu aos encantos da melhor idade. Na agência Student Travel Bureau (STB), por exemplo, o intercâmbio para a terceira idade representa 2% dos viajantes dos EUA, Canadá e Inglaterra. Vanessa Aguiar, funcionária da STB Fortaleza, explica que os programas para a terceira idade são chamados de Fifty Plus. Com escolas no mundo todo que possuem esse tipo de programa, Vanessa conta que a preferência da melhor idade é pela Europa, principalmente o Reino Unido. Os preços variam de país para país e geralmente os idosos viajam em grupo na baixa estação, para melhor aproveitamento do curso e da cultura do local escolhido. Serviço Student Travel Bureau – STB Av. Washington Soares, 1321, Unifor (85) 3131-2950 http://www.stb.com.br/ Casablanca Turismo Rua Osvaldo Cruz, 2040 (85) 34666000 http://www.casablanca.tur.br/ CVC Avenida Santos Dumont, 2849 Salas, 206/210 (85) 34622200 http://www.cvc.com.br/index_regiao25.html
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Isso me dá tic tic nervoso... Com o crescimento da tecnologia e o fluxo de informação, a ansiedade aumentou, ficou mais perigosa, mas não precisa entrar em pânico Marina Maia e Renata Frota
Ansiedade, a priori, não é doença. Ao contrário. O psiquiatra e antropólogo, Dr. Adalberto Barreto, afirma que se trata de um sentimento inerente ao humano. “Ela é a companheira fiel de cada um de nós. É graças a ela que criamos, inovamos e avançamos.Temos sonhos, desejos e ficamos sempre apreensivos, nos perguntando: ‘será que vou conseguir?’ Ficamos ansiosos, inquietos e isso nos obriga a sair do comodismo em que nos encontramos”. Além disso, é a ansiedade que mantém o ser humano em alerta a uma situação de perigo. Está associada ao medo, claro. Uma reação completamente normal ao desconhecido, incerto. A psicóloga Fernanda Nícia acredita que “é uma resposta adequada às situações em que nos sentimos vulneráveis ou ameaçados”. Todavia, quando esse alerta encontra-se continuamente acionado, há algo de errado. Não é um bom sinal quando alguém deixa de ter prazer em viver por medo e passa a ter preocupação por algo incerto. A pessoa pode estar sofrendo de algum distúrbio de ansiedade. Síndrome do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo (o famoso TOC), ansiedade generalizada, fobias e estresse póstraumático. Segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, só aqui no Brasil, 23% da população já sofreu algum dos cinco transtornos de ansiedade ao longo da vida. E qualquer um de nós está sujeito a cooperar para o aumento desse índice. Afinal, esse é um tipo de doença que não é hereditária. Os sintomas são os mais
Estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 23% dos brasileiros já sofreu de ansiedade
Dra. Fernanda Nícia
Desde a infância até a nossa velhice vamos experimentar o contato com a ansiedade, pois sempre estaremos enfrentando situações novas, desconhecidas e vivenciadas como ameaçadoras. Psicóloga
variados: palpitações, suor intenso, náuseas, perturbações intestinais, insônia, dificuldades de concentração, sensação de estranheza e até mesmo sobressaltos. No entanto, mesmo acometidas por sensações angustiantes, as pessoas demoram a buscar um tratamento específico. Essa demora, como explica a psicóloga Fernanda Nícia, “deve-se muitas vezes, à
falta de conhecimento sobre o assunto, ao sentimento de vergonha de expôr tudo que aflige ou ainda pela crença equivocada de que se trata de uma fraqueza, a qual se pode superar sozinho”. Sendo assim, as pessoas acabam buscando ajuda profissional quando não há mais outra saída, “na maior parte dos casos, não vêm, são trazidos por algum familiar”, esclarece o Dr. Adalberto Barreto e, somente ao final da primeira consulta, quando percebem que a doença “maltrata, mas não mata”, sentem-se mais tranquilos. A verdade é que, de modo geral, ainda existe muito preconceito em torno dos tratamentos de doenças mentais. Não é à toa que ainda ouvimos dizer que psiquiatra e psicólogo “é coisa de gente maluca”. A loucura é apenas mais um caso tratado por esses profissionais que o senso comum tende a estigmatizar. Deste modo, preconceito, constrangimento e medo em nada contribuirão para solucionar o quadro. Ao contrário, só au-
Foto: Fabiane de Paula
mentarão o sofrimento do ansioso. Ao invés de se opor ao tratamento, “o primeiro passo para superar a ansiedade excessiva é reconhecer e aceitar os próprios medos”, continua a psicóloga. Até porque, seja síndrome do pânico, seja TOC, existe cura, sim. Quando o paciente se encontra na “fase aguda” do transtorno, ou seja, quando os sintomas são praticamente insuportáveis e o fazem se isolar do convívio social, para que o tratamento seja eficaz, o uso de medicamentos se faz necessário. Os “ansiolíticos”, como são chamados esses produtos químicos, reduzem o “mal-estar”. Daí então, a partir do momento no qual o paciente já se encontra um pouco mais estável, entra-se em uma fase da psicoterapia na qual a pessoa precisa “aos poucos repensar sua vida, compreender que fatores estão por tras daquele quadro generalizado”, explica Dr. Barreto. Principalmente porque a cura da ansiedade excessiva vem de dentro, da própria mente do indivíduo.
Muita calma nessa hora, mulherada! A estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) é bem clara: a previsão é que três mulheres para cada homem desenvolvam transtorno de ansiedade. E adivinha qual a culpa de tudo isso? Os hormônios! Eles estão ligados ao humor feminino. Daí o descontrole de algumas mulheres nos períodos de TPM. Esse descontrole aumenta o nível de ansiedade. Além disso, a mulher desenvolve uma “dupla jornada”. Tem que dar atenção à família e ao trabalho.
A preocupação com a estética para muitas mulheres chega a ser doentia. Daí outras patologias como anorexia, bulimia etc. No ano passado, a OMS ainda apontou outra estatística preocupante. Por se sentirem mais ansiosas, depressivas e solitárias, as mulheres estão procurando cada vez mais o cigarro como forma de alívio. Atualmente, representam cerca de 20% do total de fumantes. Aqui no Brasil, mais de 9 milhões de brasileiras são fumantes.
Perfil
Compradora compulsiva encontra solução em grupo “Me considero uma pessoa muito ansiosa. Sempre convivi com esse problema, lembro-me desse comportamento compulsivo aos 18. Antes de freqüentar as reuniões dos Devedores Anônimos, eu não tinha nenhuma informação sobre finanças pessoais. Eu comprava por impulso e pensava que depois conseguiria o dinheiro, gastava mais do que ganhava e comprava tudo em prestação, não ligando para juros de cartões de crédito, nem carnês. Ao comprar, sentia-me especial, como se o poder da compra me definisse. Não existia alívio depois da euforia, apenas vazio e culpa. Fiquei devendo 10 vezes o que ganhava, sempre passava dos limites. Busquei ajuda para minha mãe que tinha o mesmo comportamento, quando encontrei o grupo, me identifiquei e também passei a frequentar. Depois que fui às reuniões, comecei a negociar todas as dívidas e até vendi o carro para quitar parte delas. O diferencial dos grupos de apoio é justamente tratar as compulsões com uma espécie de terapia de espelho, só que com espiritualidade... As pessoas dão seus depoimentos e compartilham suas experiências com o grupo. Não existem taxas para participar. O único requisito é o desejo de parar de fazer compras sem garantia. É importante ressaltar o anonimato do grupo. O que é visto e dito lá não pode ser divulgado. Todo candidato a participar das reuniões deve se identificar como comprador compulsivo. É fundamental fazer parte desse grupo para o tratamento. Algumas pessoas gostam de associar os grupos e a terapia. Isso fica a critério de cada um. Existem grupos de apoio no Brasil e fora, e nós ainda temos um site para divulgação. As pessoas que também sofrem desse mal devem criar coragem para uma tomada de decisão. É preciso ter muita informação e ajuda para sair da roda do consumo e isso elas podem encontrar no grupo, como eu encontrei.” (Sofia, 35 anos).
Serviço GRUPO D.A. FORTALEZA (Devedores Anônimos) Avenida da Universidade, 2974 Benfica Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios Reuniões: sexta-feira, às 19 horas Informações: (85) 8808-5456/8805-5216 Mulheres passam a fumar, também, como fuga para a ansiedade
Foto: Andréa Soares
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Conheça os tipos mais comuns de ansiedade A ansiedade pode causar síndromes e transtornos no indivíduo, como por exemplo a Síndrome do Pânico e a Fobia Social. Para haver o diagnóstico, que é obtido no prazo de algumas semanas, é necessário o acompanhamento médico para o entendimento de alguns sinais que possam ter se manifestado. A dificuldade de relaxar e a irritabilidade são alguns dos principais indícios, mas cada distúrbio apresenta um grupo específico de sintomas. O transtorno pode durar semanas, anos ou até uma vida inteira de luta. O tratamento geralmente é feito através de medicamentos - como tranquilizantes e antidepressivos - e psicoterapia, realizada por um psiquiatra ou psicólogo. Entenda a particularidade de cada um desses transtornos: Síndrome do Pânico: Imagine entrar em um estado de intensa ansiedade e medo, como se um perigo real estivesse muito próximo de acontecer. O corpo reage com as mesmas reações fisiológicas, sensações e ações reflexivas. Só existe um detalhe: a ameaça real não existe. As pessoas que sofrem dessa síndrome sentem constantemente ataques de pânico de maneira espontânea e inesperada, um estado que, apesar de ser de curta du-
Fobia Simples: Medo irracional relacionado a um objeto ou situação específica. Na presença do estímulo fóbico, a pessoa apresenta uma forte reação de inquietude e medo irracional, podendo, inclusive, desencadear um ataque de pânico. As fobias são inúmeras, como fobia de sangue, de animais, de altura, de elevador, de lugares fechados ou abertos, fobia de dirigir etc.
Mania de limpeza: lavar as mãos ou preocupar-se com a ordem da casa por diversas vezes pode ser sintoma de TOC
ração, vem acompanhado de diversos sintomas somáticos. Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): Quem sofre desse distúrbio luta contra a presença involuntária e intrusiva de obsessões e/ou compulsões. A mente é invadida por pensamentos, sentimentos, ideias e impulsos que, sempre de conteúdo negativo, desencadeiam rituais repetitivos e exaustivos (compulsões). As obsessões mais comuns são as de limpeza, contaminação (doen-
ças), verificação, escrupulosidade (moralidade), e a religiosa e sexual. Ansiedade generalizada: É uma desordem de ansiedade que é caracterizada pela preocupação excessiva, incontrolável e frequentemente irracional com coisas do dia a dia e que é desproporcional à fonte de preocupação. Essa inquietação excessiva interfere na vida de quem sofre da doença, já que essas pessoas tipicamente antecipam desastres e estão bastante pre-
Foto:
talita MartinS
ocupadas com questões da vida, como saúde, dinheiro, morte, problemas de família, problemas sociais etc. Fobia social: É uma intensa ansiedade generalizada, acompanhada de tensão e desconforto, gerada quando o paciente é submetido à exposição ou avaliação de outras pessoas. Na maioria das vezes concentra-se sob circunstâncias bem definidas e não se estende a todas as funções que uma pessoa possa desempenhar.
Estresse pós-traumático: As pessoas que vivenciaram um trauma emocional de ampla magnitude podem vir a desenvolver esse transtorno, caracterizado pela exposição do paciente a situações relacionadas a uma ameaça real (ou possível) à sua vida ou à sua integridade física e mental. Esses traumas incluem guerras, catástrofes naturais, agressão física, estupro e sérios acidentes. Algumas de suas características principais vividas pelo paciente são: costume de reviver o trauma através de sonhos e pensamentos; relutância persistente a fatos, objetos ou quaisquer situações que lembrem o trauma; medo de que a situação venha a se repetir; sensações físicas de desconforto e ansiedade desencadeados pela simples recordação mental do trauma anterior.
Saiba mais...
Adotar alguma destas práticas pode ajudar a viver em harmonia consigo Tudo começou quando ela ainda era uma adolescente. Ou criança, talvez. Os pais programavam as viagens de verão (aliás, de férias, porque no Nordeste sempre é verão) e ela curtia todos os momentos. Pesquisava na Internet sobre o lugar e criava roteiros junto com o pai, que também curtia a atividade de ser guia turístico de fim de semana
Meditação
Atividade Física
Acupuntura
Alimentação saudável
A prática milenar, associada a disciplinas físicas e mentais, tem como objetivo o equilíbrio entre o corpo e a mente. Através de exercícios, posturas, técnicas de respiração e de relaxamento físico, emocional e mental, o yoga ajuda na diminuição da ansiedade e estresse, contribui para um sono mais tranqüilo, alívio das dores musculares, melhor oxigenação dos órgãos do corpo, aumento da flexibilidade e força, além de resultar numa boa digestão, bom funcionamento dos rins, pele luminosa e olhar brilhante.
É comum a mente não estar focada no momento exato em que se vive. Muitas vezes nossos pensamentos estão voltados às nossas memórias e expectativas para o futuro. Na meditação, a pessoa aprende a se desligar de qualquer atividade e olhar somente para dentro de si. Fechar os olhos e, após pensar em tudo, não se deter em nada. Embora exija concentração absoluta - o que pode ser difícil no início -, vale a pena se aprimorar. Este hábito pode trazer bemestar, segurança, paz interior e satisfação, combatendo a ansiedade.
Musculação, treinamento com pesos, andar, correr, nadar, andar de bicicleta, praticar algum esporte, não importa: a regra é não ficar parado! Qualquer atividade física, em ambientes semiabertos, ao ar livre em ambientes fechados, é inimiga da depressão e da ansiedade, uma vez que favorece a liberação de endorfina - substância que provoca sensação de bem-estar. Além disso, sua prática regular reduz sentimentos de estresse, fortalece o sistema imunológico, ajuda a fortificar articulações, músculos e ossos, diminui o risco de desenvolver pressão alta e reduz o risco de infarto.
A acupuntura é uma técnica de tratamento oriunda da Medicina Oriental Chinesa, difundida pelo mundo através dos séculos e reconhecida hoje pela Organização Mundial de Saúde. O tratamento consiste em estimular pontos determinados da superfície da pele, sendo realizado comumente por agulhas. Ela auxilia no tratamento de doenças, tais como dores em geral, estresse, gastrite, distúrbios hormonais, insônia, além de ser uma excelente forma de relaxar, pois dispersa a ansiedade e as tensões, promovendo o equilíbrio do corpo.
Uma alimentação equilibrada pode ajudar na sensação de conforto e evitar o sentimento de ansiedade os vilões dessa doença são o café, o açúcar e o chocolate. Bons cardápios prezam o equilíbrio entre carboidratos, proteínas, fibras, gorduras, vitaminas, cálcio e outros minerais. Aposte em combinações diferentes, experimente outros legumes, frutas, verduras, invista na variação de carnes, cereais e fuja das dietas loucas! Quanto mais coloridos os pratos, melhor. E vale lembrar: para um acompanhamento adequado para suas necessidades, consulte sempre um nutricionista.
iluStraÇÕeS: renata Frota
Yoga
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Por onde corre a conversa Parada obrigatória de todos os sobralenses, o Becco do Cotovelo traz em seus espaços histórias de vida dos cidadãos que o têm como fonte viva de cultura
Isabelle Leal e Lívia Lopes
O Becco do Cotovelo é localizado no coração da cidade de Sobral, município do noroeste do estado do Ceará, a 240 Km da capital. Ele recebe esse nome devido a sua forma, que possui uma pequena curvatura em seu centro. Há 175 anos, o lugar é referência histórica e cultural na cidade, sendo ponto de encontro entre escritores, religiosos, políticos, visitantes e moradores, além de possuir restaurantes, tabacarias, loteria e vendedores ambulantes. As rodas de conversas do Becco, em maioria masculinas, são cheias de notícias e informações, fazendo do mesmo, um local respeitado por quem ali passa. Segundo a população, é por lá que circula tudo o que acontece na cidade. Os bequianos Assim são chamados os comerciantes e frequentadores do Becco do Cotovelo. Entre eles, está Chico Prado, de 61 anos, que é advogado, poeta e vice-presidente da Associação Amigos do Becco. Quando indagado sobre a importância
do Becco do Cotovelo para Sobral, Chico não tem dificuldade em falar sobre a essencialidade do equipamento para a região. Para ele, “sem o Becco, Sobral não existiria, seria uma cidade sem vida”. Ele afirma que o Becco sempre foi ponto de venda, mas garante que no lugar a palavra vale mais que o dinheiro. A consequência disso é o crescimento do empreendimento, não só financeira, mas também culturalmente. “Aqui é o frisom da cidade”, diz, enquanto gesticula mostrando o movimento do corredor. O Becco é, de fato, reconhecido nacionalmente. Jornalistas de todo o país já passaram pelo local e reconheceram sua riqueza. Segundo Chico Prado, o Becco do Cotovelo é um corredor cultural, local que compreende muitas pessoas que fazem cultura e poesia na cidade. Projetos para o futuro Ainda de acordo com Chico Prado, o doutor João Alberto, presidente da Câmara Municipal de Sobral, já está com um projeto ‘na gaveta’ pra revitalizar a noite do Becco. “É importante o Becco funcionar pela manhã e pela noite, pois a história de Sobral caminha por aqui”, orgulha-se. Para Chico Neto, “o Becco está para Sobral como o Pão de Açúcar está para o Rio de Janeiro. Vir pra Sobral e não passar pelo Becco, é ir a Roma e não visitar o Papa”.
Reformas foram feitas no espaço público, porém transeuntes e comerciantes se preocupam com a manutenção Foto: lÍVia loPeS
De dia, vendedor no Becco; de noite, humorista Dá para trabalhar e se divertir? Dá! Tupinambá Marques, de 50 anos, é exemplo disso. No Becco há 22 anos, ele conta que o sogro já trabalhava no local e ele resolveu ficar por ali também. “O Becco é o corredor cultural da cidade, todo mundo quer visitar”. Na sua lojinha, faz gravações em materiais e conserta equipamentos à pilha. Porém, o que mais chama atenção sobre Tupinambá, é o que ele é fora do ambiente de trabalho: humorista. Já saiu na TV e no Jornal. Aos sábados, tem um programa de rádio em uma das rádios de Sobral, a Paraíso FM e aproveita o intervalo entre um cliente e outro para escrever os seus textos. Sua vida dupla não
atrapalha o trabalho no Becco, segundo Tupinambá, que todos entendem e respeitam. E é lá mesmo onde ele se inspira para dar vida aos seus personagens. “Alguns surgem da convivência com meus clientes. Fico observando a personalidade de cada um, daí uno coisas, e surge uma história engraçada”, confessa. O humorista, apesar de trabalhar fazendo rir, é contido, porém simpático, e muito criativo. A ideia de fazer troféus inusitados foi dele: puxa saco, ruma de merda, mala sem alça, carga torta, entre outros. Impossível olhar e não rir! “São expressões conhecidas, que eu materializei e todo mundo se diverte quando vê”. De costas e
concentrado, enquanto faz seu trabalho, talvez nem imagine o quanto seus clientes dão risadas observando os troféus feitos por ele, cada um mais cômico que o outro. Como humorista, Tupinambá imita grandes nomes: Lula, Roberto Carlos e Cid Gomes, assim como algumas pessoas do Becco. Ele explica que imitação não é deboche, é homenagem, e é por isso que gosta de fazer seu humor baseado na vida, no cotidiano e no simples. “O humor sofre, hoje, uma descaracterização, pois está muito ligado à sensualidade, mas meu humor é pra família, é saudável, é pra todo mundo se divertir, gostar e ficar bem”.
1842
1930/1940
O famoso Becco do Cotovelo, por força de uma lei municipal, com data de 18 de outubro de 1842, teve seu nome oficializado.
Um novo projeto de lei entrou na Câmara Municipal mudando o nome para Travessa do Xerez, mas foi em 1974 que a Câmara Júnior de Sobral entendeu que era um desrespeito às
Tupinambá cria e comercializa trófeus como ruma de merda, puxa saco e mala sem alça. O vendedor-humorista é uma das figuras marcantes do local Foto: lÍVia loPeS
tradições e, através de um requerimento trabalhado junto aos vereadores, manteve o primeiro nome – Becco do Cotovelo – para o espaço que fica entre as Ruas Coronel José Saboya e Ernesto Deocleciano, e recebeu esse nome pelo seu formato em forma de curvatura.
1974 A nova lei municipal foi aprovada e sancionada pelo prefeito José Parente Prado no ano de 1974, e Travessa do Xerez ficou restrita apenas à rua que fica entre a Rua Coronel José Saboya (ao
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O Becco tem até prefeito Seu Expedito Vasconcelos não esconde o amor pelo Becco. Em cada palavra e informação, comprova por que foi eleito o prefeito do lugar, sem necessidade nenhuma de votação ou eleições. Aos 65 anos, já trabalhou em rádio e em farmácia, mas só encontrou realização quando comprou o Café Jaibaras em funcionamento há 56 anos. “Não enrica, mas é prazeroso”, afirma o comerciante, que comprou sua casa e sustenta a família com o dinheiro esforçado que ganha no Café. Há 16 anos, resolveu criar a Associação dos Amigos do Becco, cujo objetivo é zelar e reivindicar melhorias para o local. “Tempo atrás, pedimos uma reforma ao Cid Gomes. Já tínhamos pedido a prefeitos anteriores a ele e ninguém tinha feito. Ele perguntou o que a gente queria e a reforma aconteceu. Pedimos também a mudança do piso pro Leônidas Cristino e ele atendeu. Há uns dias, solicitamos ao Coronel guardas municipais pra ajudar na segurança. Fomos atendidos, e os guardas estão sempre aqui zelando pela nossa proteção. Também tem uma pessoa da prefeitura fixa no Becco, que é responsável pela limpeza. São muito atenciosos, preocupados com o Becco, pois também frequentam e são cientes da importância do local”, conta. Sobre os eventos que aconteceram no corredor, Expedito cita a passagem do cantor Lobão e da cantora Ana Carolina. “O Lobão era doidão, o pessoal adorou”, diverte-se. No Livro de Visitas do Becco do Cotovelo, assinaturas de nomes importantes, como Fernando Henrique Cardoso, que visitou o local em campanha, o Senador Mauro Benevides, Dr. Juraci Magalhães, Dr. Leonel Brizola, a escritora Rachel de Queiroz, que na ocasião lançou um livro, e Padre Antônio Vieira, que afirmou que o Becco do Cotovelo é uma universidade popular”. O Monsenhor Sabino Loilola, fundador da Rádio Educadora, uma das maiores de Sobral, também era assíduo no local. Faleceu aos 94 anos, mas registrou uma expressão que, dentre tantas, talvez mais se encaixe na realidade do local. Ele costumava dizer que o Becco é o jornal vivo da cidade. Na ocasião da visita do padre Quevedo ao Becco, seu Expedi-
lado do Banco do Brasil), e a praça onde está localizada a agência dos Correios. Em cada lojinha e em cada pessoa que passa, há dezenas de histórias, um universo de sabedoria e cultura a ser descoberto no interior do Ceará.
Aprendeu, mesmo sem saber ler Um vendedor de revistas que não sabe ler, nem escrever. É mesmo difícil de acreditar. Fiquei olhando de longe e pensando: “Será que é mesmo?” Felizardo Figueredo tem 77 anos, sendo 28 dedicados à venda de revistas. Seu nome faz juz à sua personalidade: ele não para de sorrir. Vende revista e sorri. Diz bom dia e sorri. Conta história e sorri. Cumprimenta e sorri. Só não sorri para foto. Mas quando alguém chega querendo revista de mulher pelada é claro que ele gargalha. Uma graça! A entrevista foi interrompida várias vezes por pessoas que chegavam só para dar um abraço e dizer um bom dia ao Seu Felizardo. Sem dúvida, a figura mais cativante do Becco. “Vocês, jornalistas, são sempre assim, simpáticas?” “Não mais que o senhor, seu Ferlizardo”, respondi, ganhando um abraço de presente e, claro, um sorriso. No Becco do Cotovelo, o que ele mais gosta são dos honestos. “Minha filha, meu trabalho é suado, minha vida é sofrida,
mas minhas mãos são limpas”, diz ele, que trabalha sentado na cadeirinha marrom, de palha trançada, que um dia foi de sua esposa - em quem é inspirado até hoje, mesmo não a tendo mais na terra. “Ela continua sendo minha referência de alegria”. Mesmo aposentado, nunca parou de trabalhar, o que começou a fazer aos 12 anos. Seu Felizardo não teve oportunidade de ir à escola, mas vende revistas e livros como ninguém. Conhece tudo pela capa. “Essa é a Veja, essa é a Caras e aquela ali é a Playboy, a que vende mais”, aponta, arrancado risadas de pessoas que assistiam nossa conversa. Mas explica que não vende a revista para menores de idade, porque, “lugar de criança e adolescente é no colégio”. Ele prova que viver com leveza e alegria é escolha individual e diária. A única maneira de deixá-lo sério foi perguntando se algum dia ele pretende sair do Becco ou deixar sua banca: “Aí eu morro”.
Proprietário do Café Jaibaras, Expedito Vasconcelos recebe com um cafézinho todos que passam pelo Becco Foto: lÍVia loPeS
Expedito Vasconcelos
Nosso corpo possui um orgão emocional. Esse orgão é o coração, onde tudo é natural. E o Becco do Cotovelo é o coração de Sobral. Por essa artéria gravitam as novidades do dia. O padre, o médico e o político falam suas teorias, malandro derrama dinheiro, poeta faz poesia. Prefeito do Becco
to conta que ele foi interrogado: “Então, padre, é verdade que você vai desentortar o Becco?”, relembra, sem segurar o riso. Por ser um lugar de acesso entre uma rua e outra, é gran-
2005 Depois de muitos anos sem passar por reformas, em 2005, o Becco do Cotovelo finalmente recebeu uma obra completa em sua estrutura. O piso, antes escorregadio, foi trocado por um antiderrapante, de
de a quantidade de pessoas que passam por lá todos os dias. Uma enquete já feita registrou que, em média, o número chega a cerca de 6 mil pessoas. Entra tantas pessoas e acontecimentos, Seu Expedito confessa que sua admiração pelo Becco vai virar história. Ele pretende lançar um livro cujo título será “Um Becco com saídas”. No Becco, por exemplo, é onde os políticos costumam lançar projetos e onde os comerciantes optam por inaugurar suas atividades. “Tá todo mundo sempre atento por aqui”, diz seu Expedito. “Atentos até demais”, brinca. Ele afirma que o Becco é conhecido como o corredor da fofoca. Se aconteceu, pode ir no Becco que o assunto está sendo comentado. Mas ele mesmo se policia e diz que, como Prefeito do local, tem que defender a integridade do corredor. “Costumo dizer que o Becco não é um lugar fofoqueiro. A verdade é que as pessoas trazem a fofoca pra cá. Aí, o que for bom a gente acata”, diz, em tom de brincadeira.
granito. As torres metálicas que iluminavam o local receberam novas luzes e os pontos de água e energia, antes inexistentes, foram providenciados. Apesar da reforma, o Becco não foi interditado, o que fez com que seu movimento não ficasse comprometido e continasse
Mesmo sem saber ler, Seu Felizardo ganha a vida vendendo revistas e as reconhece pela capa Foto: lÍVia loPeS
sendo ponto de encontro entre amigos. Após reformado, o Becco se tornou mais aconchegante e estruturado, tanto para os visitantes, quanto para os que lá trabalham.
SOBPRESSÃO
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Espaços livres e homoeróticos Antes, local restrito ao público homossexual, hoje, as boates gays da capital recebem muitos héteros. Contudo, o preconceito fora delas ainda permanece
Opinião
Celebração de particularidades
Deborah Milhome, Joicy Muniz e Julie Ann Scott
Musica alta, estilo despojado e liberdade. Muita liberdade. Estes são itens indispensáveis em uma boate voltada para o público homossexual. Isso faz com que a noite das pessoas que têm essa orientação sexual, e até mesmo de heterossexuais simpatizantes, torne-se mais alegre. A estudante de Geografia da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Andressa Lima, conta que, mesmo não sentindo atração por pessoas do mesmo sexo, frequenta a noite em um ambiente GLS. “Fui mais por causa do meu gosto musical, que se assemelha com ao dos gays. Músicas que dificilmente seriam tocadas em boates tidas como ‘normais’”, relata. A dona da boate Meet Music & Lounge, Monah Monteiro, revela que 30% das pessoas que vão à casa noturna são heterossexuais. “A Meet é uma boate normal, não tem muitas excentricidades, mas é um ambiente onde os gays podem se sentir mais à vontade para fazer tudo o que um casal hétero faz dentro de uma casa noturna. Os que não são gays vão porque é confortável para eles também”, explica Monah. A boate Music Box Club, por meio de sua assessoria, declara que a presença de héteros em boates gays não é uma novidade, mas, nos últimos anos na capital cearense, essa pre-
Tidas como lugar de livre expressão, as boates gays reúnem pessoas especialmente “montadas” para a noite Foto: Julie ann SCott
sença tem aumentado consideravelmente. “Segundo os próprios héteros, um dos principais motivos é o tipo de som, que é muito atrativo, além do fato de serem quase nulas as ocorrências de brigas e ‘barracos’. Ou seja, as pessoas vão mesmo para curtir a noite, o DJ, a pista, a estrutura, a bebida”. Na Music Box existem banheiros unissex, a casa esclarece que esse é um modelo baseado nas casas noturnas do Sul do país. “Incentivamos o bom uso do banheiro e a manutenção funciona a noite inteira”, explica a assessoria. A aceitação dos homossexuais está cada vez mais evidente. O gerente do Mucuripe Club, Eler Rodrigues Júnior, expõe que as normas servem para todo o público. “Entendemos que é normal pessoas se beijarem em uma boate, independente da orientação sexual, por
Saiba mais...
Estatísticas da sexualidade No Brasil, em 2009, a Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas da População foi publicada pelo Ministério da Saúde. Foram realizadas 8 mil entrevistas com homens e mulheres durante o ano de 2008. Essa foi uma das maiores pesquisas já realizadas sobre o comportamento sexual do brasileiro. Os dados indicam que 10% dos homens e 5,2% das mulheres, com idade entre 15 e 64 anos, já tiveram uma relação homossexual na vida, totalizando uma média geral de 7,6%. No mesmo estudo, entre a população mais jovem, com idade entre 15 e 24 anos, também nos dois sexos, a média encontrada foi de 8,7%.
isso não é necessário dar orientações para os funcionários”. Segurança em destaque Porém, a noite gay não é feita só de festa. Adrian Brasil, estudante de Design, promoter e Dj, conta que já presenciou um ataque a um casal homossexual. “Eles estavam trocando carinhos na fila da boate e foram agredidos por causa disso. Então, você só tem o direito de se expressar se pagar a entrada da boate, nem na porta dela você pode”, desabafa o estudante. Major Fernando Albano, Relações Públicas da Polícia Militar do Ceará (PM-Ce), destacou que o policiamento dos locais onde existem boates héteros é o mesmo para homossexuais. “As ações da PM são extremamente dentro da lei. Ocorrências envolvendo homossexuais são atendidas da mesma forma das demais”.
Alguns bares e boates gays de Fortaleza 5
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O maior atrativo destas casas noturnas, ou guetos, é que elas se tornam nichos onde as diferenças, por serem muitas, não chegam nem a ser notadas. Os guetos homoeróticos são locais apartados, onde as pessoas se reúnem para celebrar culturas próprias de uma porção minoritária da sociedade. Por causa de particularidades, elas acabam por deixar passar diferenças para, assim, poderem se concentrar no que têm em comum: a alegria e a tolerância. A impressão que você tem é que todo mundo naquele ambiente é feliz. O sujeito entra em um local ideal para certas pessoas, uma sociedade sem preconceitos. Existe uma facilidade no homem homoerótico de ser menos preconceituoso e mais tolerante e complacente com as diferenças. Ao ir nesses locais, o sujeito heterossexual se sente em um ambiente livre de preconceitos. Ele tem esse desejo de igualdade, quer conviver com o diferente. Muitos heterossexuais são fascinados pelo ‘mundo gay’ porque ele promove essa diversidade, o que chega até a ser viciante para alguns frequentadores, que sentem necessidade de aceitação, ou simplesmente uma busca por um ambiente idílico onde não existam diferenças de raça, sexo ou classe social. E esse é o caminho da humanidade. Ou ela aprende a lidar com essas diversidades ou será o caos. Dr. Lamartine Guedes, professor de pós-graduação em Psicologia da Universidade de Fortaleza
Serviço
1 - Divine Danceteria Rua General Sampaio, 1374, Centro. Quarta a domingo 2 - Music Box Rua José Avelino, 387, Centro Dragão do Mar - Praia de Iracema Quintas, sextas, sábados e, às vezes, domingo 3 - Club 20 Rua Dragão do Mar, 218, Praia de Iracema Sextas
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4 - Donna Santa Rua Dragão do Mar, 308, Praia de Iracema Sextas e sábados 5 - Ópera Pub & Café Rua dos Tabajaras, 374, Praia de Iracema Quinta a domingo