inventĂ rio
inventรกrio (jean silveira)
1. a luz não acende e a água não cai mas o cão late babando de ódio contra o seu dono e os alimentos somem do armário todos os meses quando envelopes formam ferrugens na dobradiça
2. o dia me abraça como o café abraça a roupa limpa e passada mas o relógio que não se importa me facilita o cesto e a sexta dessa semana lavando trapos cuido de mim
3. mute tento ler palavras diante dos teus olhos insisto na ideia de te decifrar nos mínimos gestos eles falam apenas que você está aí sobre essa cadeira a mesma de sempre usada nos quatro cantos dessa casa rachada ou disposta a cair sobre nós.
4. jardim minado basta um movimento brusco ou um mero passo descuidado mais adiante para que se abra uma fenda seja em si ou no outro qualquer ação mais desmedida pronto "acabou-se o que era doce" por isso mudo como tu mudas e as nossas tripas todas mudas estendem-se em direção aos céus que nos habita pouco a pouco pra que nos reste cor e vida.
5. plano-piloto Amor, por mais que exista o exceto, Tracei-te com o maior concreto Porém, recuso fazer tour Pelos teus álbuns de retratos, Posts, dados ou status na rede, Pois minha sede, em linhas tortas, Pede as curvas, cotas e portas Para a pena do desencontro: Apenas sorrir num reencontro Ou até imergir, em outras eras, Na recordação de como eras.
6. 6.1 Sob qualquer laço, vão os nós: Prendas de um agente Passado ou presente em nós. 6.2 Sou a plateia lotada Por todos e por ninguém Para quem tu falas
la bodeguita edições – setembro de 2016 “nada a declarar”
la bodeguita