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CADERNO D E
RESUMOS
FICHA TÉCNICA
COORDENAÇÃO GERAL Fabiana Dultra Britto (Dança – UFBA) Luiz Antonio de Souza (Urbanismo – UNEB) Paola Berenstein Jacques (FAUFBA) COORDENADORES OFICINAS E SEMINÁRIO DE ARTICULAÇÃO Fabiana Dultra Britto (Dança-UFBA) Francisco de Assis da Costa (FAUFBA) Thais de Bhanthumchinda Portela (FAUFBA) – secretaria geral COORDENADORES SEMINÁRIO PÚBLICO Fernando Gigante Ferraz (IHAC – UFBA) Luiz Antonio de Souza (Urbanismo – UNEB) Washington Luis Lima Drummond (História – UNEB) COORDENAÇÃO EDITORIAL Fabiana Dultra Britto (Dança-UFBA) Paola Berenstein Jacques (FAUFBA) Thais de Bhanthumchinda Portela (FAUFBA)
EQUIPE APOIO OFICINAS E SEMINÁRIO DE ARTICULAÇÃO – UFBA Adalberto Vilela Amine Portugal Dila Mendes Eduardo Lima Gabriel Schvarsberg Ida Pela Isaura Tupiniquim Janaína Chavier Luis Guilherme Albuquerque Maria Isabel Menezes Marina Cunha Milena Durante Pedro Britto Priscila Lolata Priscila Risi Priscilla Schmitt Tiago Ribeiro EQUIPE APOIO SEMINÁRIO PÚBLICO – UNEB Camila Brandão Machado Felipe Caldas Batista Gustavo França João Soares Pena José Aloir Carneiro de Araújo Neto Lais Carlos Boaventura Santos Rose Laila de Jesus Bouças
EQUIPE DESIGN GRÁFICO Amine Portugal Carolina Fonseca Clara Pignaton Daniel Sabóia Osnildo Adão Wan-Dall Junior Patricia Almeida EQUIPE TRADUÇÃO Clara Pássaro e Maria Isabel Menezes (francês) Thais de Bhanthumchinda Portela (ingles) EQUIPE PRODUÇÃO Leonardo Costa Fernanda Pimenta REALIZAÇÃO Laboratório Urbano – PPG-AU/ FAUFBA LabZat – PPGDança – UFBA APOIO PPG-AU/FAUFBA PPGDança – UFBA ANPUR UFBA UNEB PRONEM (FAPESB/CNPq) PROCULTURA (CAPES/MinC) ISSN 2179-3549
SUMÁRIO
06.
apresentação
08.
histórico
14.
formato
16.
programação
28.
lançamentos
30.
oficinas
74.
seminário público
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CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
APRESENTAÇÃO
experiências metodológicas
apresentação
Partindo do pressuposto de que corpo e cidade estão co-implicados na formulação da vida pública e sua esfera política, o encontro CORPOCIDADE propõe, nesta sua 3ª edição – em articulação ao 3o encontro Cidade & Cultura (PróCultura - CAPES/MinC) e ao projeto de pesquisa Experiências metodológicas para compreensão da complexidade da cidade contemporânea (Laboratório Urbano - PRONEM - FAPESB/CNPq) – enfocar, como tema central, as possibilidades de experiência corporal da cidade e seus modos de compartilhamento e transmissão, tensionando as noções de corpo, cidade e cultura a partir da ideia de experiência. Busca-se articular diferentes propostas de apreensão da cidade contemporânea com um sentido processual de cartografia como compreensão da cidade pelo corpo e prática narrativa da experiência urbana e, assim, promover um campo expandido de interlocução sobre o tema proposto.
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experiências metodológicas
O encontro CORPOCIDADE 3 articula-se ao 3o encontro Cidade & Cultura (PróCultura - CAPES/MinC) e às atividades do projeto de pesquisa Experiências metodológicas para compreensão da complexidade da cidade contemporânea (PRONEM - FAPESB/CNPq).
CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
HISTÓRICO
projeto de pesquisa - PROCULTURA [CAPES/MinC]
histórico
CIDADE & CULTURA
O ponto central que fundamenta a pesquisa Cidade & Cultura: rebatimentos no espaço público contemporâneo (com equipes no PPGHIS/UFMG coordenada por Regina Helena Alves da Silva, no PROURB/UFRJ coordenada por Lilian Fessler Vaz e no PPG-AU/FAUFBA coordenada por Paola Berenstein Jacques) é a proposição de uma reflexão conjunta e comparativa em torno de uma mesma problemática: as relações entre cidade e cultura, entre políticas urbanas e políticas culturais, e seu rebatimento no espaço público. Exploramos as diferentes relações entre cidade e cultura, entre elas o papel que a cultura vem desempenhando nos processos urbanos contemporâneos, analisando as políticas culturais, suas relações com as políticas urbanas, e, principalmente, suas conseqüências sociais no espaço público das cidades contemporâneas. Temos por hipótese que a agenda política para o espaço público apresentou recentemente uma ampliação substancial, uma diversificação de seus instrumentos e de resultados e efeitos. Neste sentido, realizamos dois encontros públicos do projeto de pesquisa, o 1o encontro no Rio de Janeiro nos dias 23 e 24 de novembro de 2010, que aconteceu na sequência do encontro CORPOCIDADE 2 no mesmo auditório da UFRJ, já compartilhando uma série de questões entre os eventos e, o 2o encontro, em Belo Horizonte nos dias 21 e 22 de novembro de 2011, na UFMG, onde foi lançado o Caderno Especial Cidade&Cultura do PPG-AU/FAUFBA.
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projeto de pesquisa - PRONEM [FAPESB/CNPq]
experiências metodológicas
A nova pesquisa proposta pelo grupo Laboratório Urbano [PPG-AU/FAUFBA]: experiências metodológicas para compreensão da complexidade da cidade contemporânea propõe investigar metodologias de apreensão da complexidade das cidades no atual contexto de espetacularização urbana, buscando articular 3 linhas de abordagem que costumam ser tratadas separadamente: historiografia, apreensão critica e experiência estética-corporal. Tomando a noção de experiência como princípio norteador desta investigação metodológica, pretende-se focalizar as práticas de trabalho de campo expandindo seu significado e alcance numa concepção de processo de cartografia sensorial, como possibilidade crítica propositiva. Entende-se cartografia sensorial como um processo de apreensão do objeto (neste caso, as cidades contemporâneas) pelo sujeito, instaurado por uma dinâmica relacional corporal direta. Esta pesquisa busca também um aprofundamento na discussão e realização da prática cartográfica no campo do urbanismo, partindo de suas recentes re-configurações formuladas em diferentes campos de conhecimentos como a Filosofia, a Psicologia, Antropologia, as Artes e o próprio Urbanismo. Pretende-se, assim, contribuir para a construção de uma compreensão da condição processual e micropolítica das conformações da vida urbana, de um lado, questionando-se os pressupostos da representação e atentando-se para a idéia de produção e
CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
EXPERIÊNCIAS METODOLÓGICAS
histórico
criação no exercício cartográfico, mobilizado pela atitude investigativa do sujeito-pesquisador co-implicado no campo de forças que pretende explorar, transitar, atuar, constituir; e, de outro, apoiando-se na idéia de corpografia, segundo a qual, é possível dizer que a cidade é percebida pelo corpo como campo de processos interativos, cuja dinâmica tanto os configura quanto é por eles configurada.
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plataforma de ações [www.corpocidade.dan.ufba.br]
A Plataforma CORPOCIDADE reúne um conjunto de ações, entre elas os Encontros, cujo foco é subsidiar o debate em torno do tema da esterilização da experiência pública das cidades contemporâneas decorrente do crescente processo de espetacularização (das cidades, das artes e do corpo) exacerbado na contemporaneidade, buscando testar outras articulações entre corpo e cidade como estratégia de redesenho de suas condições participativas no processo de formulação da vida pública em que estão implicados, tomando a arte e a experiência corporal como potências questionadoras de consensos forjados e fator de explicitação dos conflitos que o espetáculo busca ofuscar. A Plataforma propõe articular arte e urbanismo como um processo de construção de uma zona de transitividade baseada na co-operação entre as proposições de cada área, em busca de conexões que mobilizem experiências re-organizativas de seus respectivos regimes de funcionamento e estados de equilíbrio, de modo que favoreçam a produção de novas coerências.
experiências metodológicas
Na 1ª edição [2008], o encontro CORPOCIDADE testou um formato híbrido entre acadêmico e artístico, que admitia inscrições de propostas teóricas de comunicações e de propostas artísticas de intervenção urbana, cuja seleção ficou a cargo do Comitê Científico Artístico formado por professores e artistas, também
CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
CORPOCIDADE
histórico
responsáveis pela coordenação dos debates de cada Sessão Temática durante o encontro. Desse modo, além de concretizarmos a desejada articulação entre teoria e arte, também estendemos desdobramentos do evento para a própria cidade, que foi local de realização das 12 intervenções urbanas selecionadas pelo Comitê, dentro do evento 10 DIAS DE CIDADE E CULTURA, cujo calendário incorporou o CORPOCIDADE. Na 2ª edição [2010], optamos por uma dinâmica de debate que incluísse o processo de construção da própria matéria a ser debatida, a partir de experiências coletivas mobilizadas pelos contextos da Maré (RJ) e de Alagados (Salvador). Neste formato, o debate final foi a instância pública da experiência que o gestou e cada experiência foi antecedida pela apresentação cênica das obras coreográficas Pororoca, da coreógrafa Lia Rodrigues (RJ) e SIM – ações integradas para ocupação e resistência do coreógrafo Alejandro Ahmed e Grupo Cena 11, cujas propostas estéticas já tematizavam as questões de conflito e negociação no espaço e que atuaram como provocações e ponto de ignição dos trabalhos do grupo.
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CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
FORMATO
experi锚ncias metodol贸gicas
formato
Para cumprir o propósito de abordagem da experiência urbana pelo seu duplo caráter de prática de mapeamento corporal e narrativa cartográfica, o evento CORPOCIDADE 3 [Cidade & Cultura 3 + Experiências Metodológicas] integra 3 atividades diferentes e complementares: OFICINAS - Experiências metodológicas em áreas específicas da cidade de Salvador, destinadas a testar procedimentos para apreensão da cidade contemporânea. SEMINÁRIO DE ARTICULAÇÃO [Experiências Metodológicas] – Apresentação das experiências metodológicas destinada ao exercício de reflexão crítica sobre as oficinas realizadas. SEMINÁRIO PÚBLICO [3o seminário Cidade&Cultura] – Atividade aberta à participação de todos que reúne diversos pesquisadores além daqueles parceiros e convidados dos projetos PROCULTURA e PRONEM.
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23 e 24 de abril de 2012
25 de abril de 2012
CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
PROGRAMAÇÃO
OFICINAS | ruas e outros espaços públicos de Salvador
SEMINÁRIO DE ARTICULAÇÃO [Experiências Metodológicas] Faculdade de Arquitetura da UFBA [Rua Caetano Moura, 121 – Federação – Salvador]
MANHÃ 9:00 - 10:30
BLOCO 1 - coordenador/debatedor: Francisco de Assis Costa - UFBA APRESENTAÇÕES RESULTADOS OFICINAS
Culturas e Resistências na Cidade Grupo de pesquisa: Culturas e Resistências na Cidade – PROURB – FAU/UFRJ Coordenador da oficina: Ronaldo de Moraes Brilhante
experiências metodológicas
Cidadeando: uma aventura poiética com som, imagem e movimento Grupo de Pesquisa: GPMC - Modernidade e Cultura IPPUR/ UFRJ Coordenador da oficina: Frederico Guilherme Bandeira de Araujo
programação
Espiar o para-formal na cidade de Salvador Grupo: Cidade+Contemporaneidade – UFPel Coordenador oficina: Eduardo Rocha Fazer corpo, tomar corpo, dar corpo às ambiências urbanas Grupo de pesquisa: CRESSON - Centre de recherche sur l’espace sonore et l’environnement urbain (Grenoble – França) Coordenadora da oficina: Rachel Thomas MUsA Grupo: Grupo de Estudos Morfologia e Usos da Arquitetura (MUsA) – UFRN Coordenador da oficina: José Clewton do Nascimento Observando as ruas do centro de Salvador: o transeunte do século XXI Grupo: Panoramas Urbanos – UFBA Coordenadores da oficina: Urpi Montoya Uriarte e Milton Júlio Filho 10:30 - 11:30
TARDE
14:00 - 15:30
DEBATES
BLOCO 2 – coordenadora/debatedora: Thais de Bhanthumchinda Portela - UFBA
APRESENTAÇÕES RESULTADOS OFICINAS 17
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LASTRO Grupo de pesquisa: LASTRO – Laboratório da Conjuntura Social: Tecnologia e Território - IPPUR/ UFRJ Coordenador da oficina: Ivy Schipper
CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
BAixo BAhia Futebol Social Grupo: BAixoBAhia Futebol Social – BH Coordenadora da oficina: Priscila Musa
LEU Grupo de pesquisa: LEU – Laboratório de Estudos Urbanos -PROURB/ UFRJ Coordenadora da oficina: Iazana Guizzo Os ouvidos das ruas ou Auscultadores urbanos Grupo: KuarasyOberab / Grupo Experimental Multidisciplinar Autônomo = G.E.M.A / [LEU/PROURB/UFRJ] / [N-imagem/ECO/UFRJ] / [Sonologia/EM/UFRJ] Coordenadora da oficina: Aline Couri Fabião
experiências metodológicas
Perfomar a lentidão Grupo: Jardim Equatorial - residência artística – SP Coordenador da oficina: Thiago de Araujo Costa
15:30 - 16:30
programação
Poéticas Performáticas de Multidão Grupo: Coletivo Construções Compartilhadas – BA Coordenadores da oficina: Rita Aquino, Eduardo Rosa e Líria Morays DEBATES
BLOCO 3 – coordenadora/debatedora: Fabiana Dultra Britto - UFBA 17:00 - 18:30
APRESENTAÇÕES RESULTADOS OFICINAS Composição do comum Grupo de pesquisa: LabZat - Laboratório Coadaptativo – PPGDANÇA/ UFBA Coordenador da oficina: Tiago Ribeiro Espacialidades da experiência - Salvador Grupo: Revista Desmache BH Coordenadores da oficina: Breno Silva, Monique Sanches e Simone Cortezão In-sistir #1 ! Grupo de pesquisa: LAA - Laboratoire Architecture/Antropologie (Paris – França) Coordenadora da oficina: Alessia de Biase
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Jogo de Cintura e Uso do Espaço em Salvador Grupo: Poéticas Tecnológicas e Tr.Opus UFBA Coordenadores da oficina: Francisco Zorzo e Cristiano Figueiró
CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
Perfografia: Performance como cartografia, Performer como Cartógrafo Grupo: Coletivo Parabelo/ PUC-SP/ UNESP SP Coordenadores da oficina: Diego Marques e Denise Rachel
Selva-Quintal Comum Grupo de pesquisa: LAC – Laboratorio Arti Civiche (Roma – Itália) Coordenador da oficina: Francesco Careri 18:30 - 19:30
26 de abril de 2012
DEBATES
SEMINÁRIO PÚBLICO [3º Seminário Cidade&Cultura] Faculdade de Arquitetura da UFBA [Rua Caetano Moura, 121 – Federação – Salvador]
MANHÃ | 09:00 - 12:30
MESAS REDONDAS | Auditório 1 ABERTURA
10:00
MESA 01 - Cartografia da Ação Social - Homenagem a Ana Clara Torres Ribeiro | Grupo de pesquisa LASTRO – IPPUR/UFRJ
experiências metodológicas
09:00
programação
Cátia Antonia da Silva - FFP/ UERJ Luis Peruci - IPPUR/ UFRJ Ivy Schipper - IPPUR/ UFRJ Vinicius Carvalho - IPPUR/ UFRJ Coordenação da mesa : Lilian Fessler Vaz - UFRJ 12:00 - 12:30
TARDE | 14:00 - 20:30
14:00 - 16:00
DEBATES SESSÕES DE COMUNICAÇÕES
SESSÃO 01 | Auditório 1 Coordenador/debatedor: Fernando Gigante Ferraz – UFBA Felipe Carvalho Nin Ferreira - UFF Carolina Anselmo - UFMG Daniela Patrícia dos Santos e Priscila Tamis de Andrade Lima – Coletivo Confuzão Natália Rodrigues de Melo e Cristiane Rose da Siqueira Duarte - UFRJ
15:00 14:00 - 16:00
DEBATES SESSÃO 02 | Mastaba Coordenador/debatedor: Luis Antônio de Souza – UNEB 21
15:00 16:00 - 18:00
DEBATES
22 CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
Natacha Rena - UFMG Elisabete Rodrigues dos Reis – Corpos e Grafias Urbanas Eduardo Rocha, Carolina Mendonça Fernandes de Barros, Ivan Ribeiro Kuhlhoff, Lucas Boeira Bitencourt e Luana Pavan Detoni - UFPel Beatriz Silveira Castro Filgueiras - UERJ
SESSÃO 03 | Auditório 1 Coordenadora/debatedora: Fabiana Dultra Britto - UFBA Flávio Rabelo - Zecora Ura Theatre Network e LUME Teatro Marcelo Salum Ferreira - FASM/ASM-SP Luciano Laner, Letícia Castilhos Coelho e Milena Vieira de Oliveira - UFRGS Clara Passaro - UFBA
15:00 16:00 - 18:00
DEBATES SESSÃO 04 | Mastaba Coordenador/debatedor: Francisco de Assis da Costa - UFBA experiências metodológicas
Felipe Araujo Fernandes - UFRJ/Poeta de Rua Milianie Lage Matos - UFBA Daniela Mendes Cidade e Eber Marzulo – UFRGS Milena Durante – UFBA (bolsista PROCULTURA)
18:00 - 20:00
DEBATES SESSÃO 05 | Auditório 1 Coordenadora/debatedora: Thais de Bhanthumchinda Portela- UFBA
programação
17:00
Gabriela Canale Miola - USP Clara Luiza Miranda - UFES Daniela Abreu Matos - UFMG Murilo Henrique Cesca - Cia Numseikitem 19:00 18:00 - 20:00
DEBATES SESSÃO 06 | Mastaba Coordenador/debatedor: Washington Luis Lima Drummond - UNEB Maria Eloisa Lemme - UFF Adriana Sansão Fontes - UFRJ Fernando Espósito Galarce- Pontificia Universidad Católica de Valparaíso Rubéns Lopes - SEMAS/Fortaleza
19:00
DEBATES
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SEMINÁRIO PÚBLICO [3º seminário Cidade&Cultura] Faculdade de Arquitetura da UFBA [Rua Caetano Moura, 121 – Federação – Salvador]
MANHÃ | 09:00 - 12:30 09:00
MESAS REDONDAS | Auditório 1 MESA 02 - Cidade, Cultura, Corpo e Experiência Coordenação da mesa : Fernando Gigante Ferraz – UFBA
CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
27 de abril de 2012
Frederico Guilherme Bandeira de Araújo - IPPUR/UFRJ Cibele Saliba Risek - IAU/USP Pasqualino Romano Magnavita - PPG-AU/UFBA 10:00
DEBATES
10:30
MESA 03 - Apreensão da Cidade Contemporânea Coordenação da mesa: Paola Berenstein Jacques - UFBA
12:00
TARDE | 14:00 -18:00
DEBATES SESSÕES DE COMUNICAÇÕES
experiências metodológicas
Alessia de Biase - LAA-LAVUE - CNRS Francesco Careri - LAC - Universidade Roma Tre Rachel Thomas - CRESSON - Ambiances - CNRS
SESSÃO 07 | Auditório 1 Coordenadora/debatedora: Thais de Bhanthumchinda Portela - UFBA
programação
14:00 - 16:00
Janaina Bechler - UFRGS Carla Gomes de Carvalho – Coletivo Oficinados Barbara Moraes de Carvalho - UFPA Márcia de Noronha Santos Ferran – UFF 15:00 14:00 - 16:00
DEBATES SESSÃO 08 | Mastaba Coordenadora/debatedora: Fabiana Dultra Britto - UFBA Denis Tavares – UFMG (bolsista PROCULTURA) Joelma Felix Brandão - UFBA Milene Migliano - UFMG Maria José Marcondes e Luciana Benetti Marques Válio - UNICAMP Tamara Tania Cohen Egler - UFRJ
15:15 16:00 - 18:00
DEBATES SESSÃO 09 | Auditório 1 Coordenador/debatedor: Fernando Gigante Ferraz - UFBA 25
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17:00 16:00 - 18:00
DEBATES SESSÃO 10 | Mastaba Coordenador/debatedor: Washington Luis Lima Drummond - UNEB
CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
Denise de Alcantara e Paulo Afonso Rheingantz - UFRJ Inês Linke - UFSJ Jorge Bassani - USP Laila Loddi - UFG
Carmem Beatriz Silveira - FIOCRUZ Maria de Fátima Campello e Maria Angélica da Silva – UFAL Patrícia Assreuy – UFRJ (bolsista PROCULTURA) Silvana Olivieri- UFBA 17:00
DEBATES
18:00
LANÇAMENTOS [encerramento] Pórtico da Faculdade de Arquitetura da UFBA [Rua Caetano Moura, 121 – Federação-
Lançamento de revistas, livros e vídeos – confraternização de encerramento do encontro.
experiências metodológicas
Salvador]
programação
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experiências metodológicas
REVISTA DOBRA ANO 3, NUMERO 1_ editores: Carolina Fonseca, Clara Pignaton, Fabiana Britto, Gabriel Schvarsberg, Osnildo Adão Wan-Dall Junior, Pedro Britto e Thais Portela – Grupo de pesquisa Laboratório Urbano – PPG-AU/FAUFBA. Publicação semestral do projeto de pesquisa “Experiências metodológicas para a compreensão da complexidade da cidade contemporânea” PRONEM [FAPESB/CNPq]. Colaboradores desta edição: Alessia de Biase, Ana Clara Torres Ribeiro (in memoriam), Cássio Eduardo Viana Hissa, Catia Antonia da Silva , Cibele Saliba Rizek , Edson Miagusko Barros, Ivy Schipper , Jana Lopes, Jean Paul Thibaud, Joana da Silva, João Soares Pena, Luis Perucci, Rafael Souza, Thiago de Araújo Costa, Paola Berenstein Jacques, Pasqualino Romano Magnavita, Vinicius Carvalho, Washington Luis Lima Drummond.
28 CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
LANÇAMENTOS EM HOMENAGEM A ANA CLARA TORRES RIBEIRO
renstein Jacques]
lançamentos
LIVRO ELOGIO AOS ERRANTES_ Salvador, EDUFBA, 2012 [autora: Paola Be-
O livro pretende ser um elogio da valorização de um tipo de experiência cada vez mais rara nas cidades contemporâneas: a experiência urbana da alteridade. As práticas da errância urbana – ou seja, as experiências erráticas da cidade realizadas pelos errantes citados neste livro – são pensadas como possibilidades de experiência da alteridade urbana. Contrapondo-se a todos os discursos que demonstram destruição ou, até mesmo, expropriação da experiência na cidade contemporânea, este livro pretende afirmar sua sobrevivência, apontando para uma possibilidade de urbanismo mais incorporado.
VÍDEO PERLENGA CANGAÇO_ 15’ [audiovisual realizado pelo GPMC – Grupo de pesquisa Modernidade e Cultura IPPUR/UFRJ – coordenador: Frederico Guilherme Bandeira de Araujo] Do Dicionário inexistente de palavras surrupiadas: Perlenga (s.f.) 1 palavrório ruidoso. 2 disputa sem resolução. 3 curta-metragem no qual distintos dizerescangaço se interpelam. 4 Folc Jogo de palavras, sons e imagens de caráter desútil. Ver: Desútil.
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OFICINAS
$PPSEFOBEPSB EB 0mDJOB "MFTTJB EF #JBTF (SVQP -"" o -BCPSBUPJSF "SDIJUFDUVSF "OUSPQPMPHJF 1BSJT o 'SBOÂźB
GRUPO_ O Laboratoire Architecture/ Anthropologie (LAA/LAVUE UMR 7218 CNRS) propþe uma antropologia da cidade em transformação, onde esta última não Ê mais um simples quadro de interaçþes para um grupo estudado o uma cenografia, mas um processo material e simbólico onde os espaços e os tempos são continuamente imaginados e projetados pelas pessoas que os habitam e por aqueles que o concebem. Nesta antropologia da cidade em transformação, três tempos e três escalas de anålise se cruzam sem cessar: a cidade herdada do sÊculo XX; a cidade habitada ou a cidade do presente que se faz e desfaz cotidianamente e, enfim, uma cidade projetada que se confronta constantemente com seu horizonte futuro. O estudo da cidade em processo Ê, desta forma, conduzido a partir de uma leitura associada às pråticas e representaçþes dos habitantes, da cidade herdada e da cidade projetada.
para o Corpocidade, começar a insistir sobre um lugar. Salvador serĂĄ a primeira insistĂŞncia urbana. O que significa “insistir sobre um lugarâ€??
experiĂŞncias metodolĂłgicas
OFICINA_ Do latim In+sistere, estar fisicamente sobre algo, eu vos proponho,
32 CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
IN-SISTIR #1 ! ENSAIO DE INSISTĂŠNCIA URBANA # SALVADOR DA BAHIA
oficinas
Herdado estritamente da prática etnográfica que encontra, no ato de se colocar, todo o início de qualquer compreensão sobre situações espaciais e sociais, nós propomos escolher um pequeno lugar e o ocupar durante dois dias, no início sozinhos para, em seguida, estar com os habitantes que serão intrigados por esta presença. A insistência sobre lugares nos levará a compreender e a interrogar detalhes com os habitantes e, também, questionar o fato de estar presente em algum lugar. Como podemos estar presentes em algum lugar? O que esta ação comporta? O que significa tal presença corporal e que efeitos ela pode produzir no espaço e no encontro com as pessoas? Dois dias de etnografia e coreografia colaborativa no sentido de trabalhar sobre o “côro” , o espaço praticado pelo o homem no tempo.
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$PPSEFOBEPSB EB 0mDJOB "MJOF $PVSJ 'BCJÂťP (SVQP ,VBSBTZ0CFSBC (SVQP &YQFSJNFOUBM .VMUJEJTDJQMJOBS "VUĂ&#x2021;OPNP ( & . " <-&6 13063# 6'3+> </ JNBHFN &$0 6'3+> <4POPMPHJB &. 6'3+>
GRUPO_
experiĂŞncias metodolĂłgicas
KuarasyOberab A cada apresentação novas paisagens sonoras sĂŁo criadas, bem como mecanismos de projeção, objetos cinĂŠticos-sonoros e ambientes imersivos. Grupo Experimental Multidisciplinar AutĂ´nomo = G.E.M.A Interface aberta para explorar o espaço com a colaboração de pesquisadores da ciĂŞncia, arte e tecnologia. LEU/PROURB/UFRJ (coord.: Margareth Pereira) Dedica-se aos saberes urbanos e suas construçþes do sĂŠculo XIX atĂŠ hoje. CrĂtica Ă visĂŁo linear, contĂnua e evolucionista. N-imagem/ECO/UFRJ (coord.: AndrĂŠ Parente e KĂĄtia Maciel) NĂşcleo transdiciplinar de pesquisa tĂŠorico-prĂĄtica sobre a imagem. Sonologia/EM/UFRJ (coord. Rodolfo Caesar) Pesquisa o espaço transdisciplinar da mĂşsica com as outras artes nos planos de uma geografia da percepção, dos meios tecnolĂłgicos e da sociedade, levando em conta a transversalidade genĂŠrica contemporânea, bem como a transmodalidade da percepção.
34 CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
OS OUVIDOS DAS RUAS OU AUSCULTADORES URBANOS
em relação à escuta da cidade. Objetiva-se investigar aspectos das paisagens sonoras de Salvador. Quais as relações entre os homens e os sons de seu ambiente? O que acontece quando esses sons se modificam? O que podemos identificar como mudanças recentes? Quais sons vêm persistindo por mais tempo, ao longo dos anos? Que tipos de sons preservar, incentivar ou desestimular? O que torna um local agradável ou repressor do ponto de vista da escuta? Como ferramentas iremos construir “auscultadores” analógicos baratos e fáceis de serem construídos . Consistem em piezos metálicos (discos que funcionam como captadores sonoros), circuitos integrados, fios e entrada para headphone p2. Também poderemos gravar sons o se assim considerarmos necessário o ligando um celular ou gravador de som através dessa entrada p2. Busca-se, através do uso de ferramentas fabricadas pela ideologia do “faça-você-mesmo”, inserir, no debate sobre cidades, questões sobre mídia, obsolescência, tecnologias e difusão do conhecimento.
oficinas
OFICINA_ Esta oficina é proposta como um exercício de sensibilização e reflexão
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$PPSEFOBEPSFT EB 0mDJOB #SFOP 4JMWB .POJRVF 4BODIFT F 4JNPOF $PSUF[ÂťP (SVQP 3FWJTUB %FTNBDIF #)
GRUPO_ Composto por arquitetos, artistas e professores que possuem experiĂŞncias distintas, mas que convergem na abordagem crĂtica da produção dos espaços urbanos, em prĂĄticas de ensino questionador e em trabalhos reativos e propositivos sobre as condiçþes alienantes da experiĂŞncia nas cidades. Atualmente desenvolvem um trabalho comum na forma da revista DESMANCHE, sobre arte, cidade, polĂticas e territĂłrio.
36 CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
ESPACIALIDADES DA EXPERIĂ&#x160;NCIA - SALVADOR
OFICINA_ Numa anĂĄlise do verbete Espaço, do DicionĂĄrio CrĂtico de Georges Ba-
experiĂŞncias metodolĂłgicas
taille, Didi-Huberman detecta a dimensĂŁo de afecção, de ferida (atteinte) de uma espacialidade como motora de sua transformação. Um espaço â&#x20AC;&#x153;tocado pelo Malâ&#x20AC;? e transformado na subversĂŁo e resignificação da noção de semelhança. Escreve Didi-Huberman: â&#x20AC;&#x153;A semelhança, em Bataille, daria, assim, a ferramenta mesma de uma apreensĂŁo radical o desproporcional, violenta, cruel ou dilacerante o da diferença, da heterogeneidade e da capacidade das coisas de se transformar, atĂŠ mesmo de se reverter em seu contrĂĄrioâ&#x20AC;?. Espacialidades da experiĂŞncia indiciam os espaços que escapam Ă s definiçþes por regra abstratas Ă priori e que se constituem a partir de suas transformaçþes. Na dinâmica desses espaços, acontecem as transformaçþes dos sujeitos, objetos
oficinas
e ações que os atravessam bem como o seu reverso. Evidenciam uma crise das formas e dos usos familiares, e promovem a heterogeneidade e a diferença. O objetivo da oficina Espacialidades da experiência o Salvador é identificar e tentar experimentar tais espacialidades, e realizar a comunicação de tais experiências sobre formas diversas: oral, vídeos, fotos, textos, objetos. Em principio, partiremos da região da Baixa dos Sapateiros, com foco no Mercado São Miguel e na Rua Gravatá. As comunicações realizadas podem se desdobrar em proposições para a Revista DESMANCHE, que é editorada pelos propositores. A revista DESMANCHE tem por objetivo problematizar áreas em crise e/ou espaços de conflitos.
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$PPSEFOBEPSFT EB 0mDJOB %JFHP .BSRVFT F %FOJTF 3BDIFM (SVQP <$PMFUJWP 1BSBCFMP 16$ 41> 6/&41 41
GRUPO_ O Coletivo Parabelo foi formado em 2005, ĂŠ composto por pessoas provenientes de diferentes periferias paulistanas e investiga possĂveis interfaces entre corpo, performance e espaço urbano. Para tanto, a partir de leituras de Suely Rolnik e Renato Cohen, propomos os hĂbridos Performance/Cartografia e Performer/CartĂłgrafo atravĂŠs do conceito de Perfografia, no qual o PerfĂłgrafo experimenta pistas do mĂŠtodo da cartografia como possibilidade de perfografar em diferentes escalas nos interstĂcios do cotidiano da cidade.
38 CORPOCIDADE + CIDADE E CULTURA 3
1&3'0(3"'*" 1&3'03."/$& $0.0 $"350(3"'*" 1&3'03.&3 $0.0 $"35ÂŹ(3"'0
OFICINA_ A oficina propþe uma introdução aos conceitos provisórios de Per-
experiĂŞncias metodolĂłgicas
fografia e PerfĂłgrafo desenvolvidos pelo Coletivo Parabelo a partir de diĂĄlogos entre leituras de Suely Rolnik e Renato Cohen, a fim de experimentar interfaces entre corpo e performance como formas de apreensĂŁo do espaço urbano. Neste sentido, interessa-nos propor uma cartografia das prĂĄticas artĂsticas que, ao longo do sĂŠculo XX, propuseram uma aproximação entre Arte e Cidade o das saĂdas Futuristas Ă s visitas DadaĂstas; das deambulaçþes Surrealistas Ă s derivas Situacionistas na Europa. As experiĂŞncias de FlĂĄvio de Carvalho, o DelĂrio AmbulatĂłrio de HĂŠlio Oiticica e as Composiçþes Urbanas dos Corpos InformĂĄticos no Brasil o como estas e outras prĂĄticas tĂŞm contribuĂdo para a ação de perfografar
oficinas
como experiência estética nos bairros da cidade de São Paulo. Deste modo, trata-se de uma oficina teórico-prática por meio da qual pretendemos compartilhar os percursos e os processos que nos levaram a experimentar o performer como cartógrafo e a performance como cartografia.
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$PPSEFOBEPSFT EB 0mDJOB &EVBSEP 3PDIB $BSPMJOB .FOEPOÂźB 'FSOBOEFT EF #BSSPT *WBO 3JCFJSP ,VIMIPGG -VDBT #PFJSB #JUFODPVSU -VBOB 1BWBO %FUPOJ F 1JFSSF .PSFJSB EPT 4BOUPT (SVQP $JEBEF $POUFNQPSBOFJEBEF o 6'1FM
GRUPO_ O Grupo Cidade+Contemporaneidade do LaboratĂłrio de Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPel, iniciado em 2011, reĂşne diversos pesquisadores, professores, estudantes, bolsistas, mestrandos, arquitetos, etc. que vinham de alguma forma, mesmo que desordenadamente, experimentando a cidade em sua contemporaneidade. Procura articular-se em torno da abordagem multidisciplinar de questĂľes teĂłricas e empĂricas relacionadas Ă sociedade contemporânea, em especial na relação entre a arquitetura e cidade, habitando para isso as fronteiras da filosofia, das artes e da educação, a fim de criar açþes projetuais e perceptos para uma estĂŠtica urbana atual.
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OFICINA_ A oficina tem como ponto de partida o caminhar pela cidade na busca
experiĂŞncias metodolĂłgicas
das para-formalidades (GRIS PĂ&#x161;BLICO AMERICANO, 2010). O para-formal ĂŠ um lugar do cruzamento entre o formal (formado) e o informal (em formação), entre o previsĂvel e o imprevisĂvel. Tanto podem ser os vendedores ambulantes, feirantes, moradores de rua, artistas do sinal, como qualquer outra situação inusitada, imprevista no espaço urbano legal. Vamos caminhar na busca, errantes, sem rumo, sem ponto de partida ou de chegada fixos. Teremos apenas pontos de encontro, de partida (Largo do Campo Grande) e chegada (Largo SĂŁo Pedro).
oficinas
Perdidos por dentre um território urbano conhecido e ignorado ao mesmo tempo. Ao caminhar esse corpo (usuário, turista, planejador, etc.) cria mapas, deixa marcas e rastros o cartografias urbanas (DELEUZE, 1995; JEUDY, 2005; JACQUES, 2006) o que podem nos auxiliar a compor um novo universo sobre a cidade do para-formal. Os procedimentos metodológicos dividem-se em dois momentos (dias) – errância (1) e intervenção (2): 1.1 o provocação no plano teórico: encontro no lugar de partida e conversa sobre as intenções da oficina; 1.2 o errância fotográfica: com câmeras (digitais, celular, etc.) fotografar as para-formalidades encontradas pelo caminho e marcar/anotar os pontos fotografados em mapa (fornecido pelo grupo); 1.3 o encontro no lugar de chegada, descarga das imagens. 2.1 o montagem de exposição das imagens da cartografia em monóculos (fornecidos pelo grupo) e confecção de mapa de errância; 2.2 o observações dos monóculos e mapa pelos participantes da oficina e comunidade usuária do espaço urbano; 2.3 o provocação final: ao espiar os monóculos todos poderão enunciar além-imagem. Ao final da oficina é possível conhecer por meio da relação direta com as “paraformalidades” na cidade, seu potencial cultural e pedagógico, entendendo mesmo que a cidade como poder ser: ensina. Agora é só espiar!
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GRUPO_ Laboratorio Arti Civiche ĂŠ um grupo de pesquisa interdisciplinar que procura interagir criativamente com os cidadĂŁos atravĂŠs da pesquisa-ação e de projetos, visando uma transformação coletiva e compartilhada do ambiente construĂdo. A partir das experiĂŞncias lideradas por Francesco Careri, fundador do Stalker, artista, arquiteto e pesquisador, o Laboratorio Arti Civiche vem desenvolvendo estudos e projetos tanto em ocupaçþes â&#x20AC;&#x153;squatâ&#x20AC;? como em assentamentos informais em Roma, alĂŠm de outros projetos focados em habitação inclusiva e habitação de emergĂŞncia, nas possibilidades de auto-construção, na re-criação e na reapropriação dos espaços pĂşblicos. HĂĄ, tambĂŠm, um enfoque especial sobre a exclusĂŁo social e espacial das populaçþes ciganas e a redefinição do seu direito Ă cidade.
la, uma espĂŠcie de selvinha, como local semi-privado comum. No primeiro dia os participantes deverĂŁo reunir-se em um ponto de encontro (por exemplo, na Faculdade de Arquitetura) para em seguida passearem juntos em uma â&#x20AC;&#x153;transur-
experiĂŞncias metodolĂłgicas
OFICINA_ Nossa proposta objetiva â&#x20AC;&#x153;ativarâ&#x20AC;? um lote abandonado em uma fave-
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4&-7" 26*/5"- $0.6.
oficinas
bance”, através de interstícios urbanos. Cada participante trará uma rede para dormir. No almoço, o grupo deverá parar na selvinha, no meio da favela. No resto do dia o local será coletivamente transformado para uma festa com performances e experiências lúdicas que acontecerão à noite. Durante a festa, através do repartir alimentos, das palestras públicas e de situações de jogo, a interação dos nossos corpos com o lugar deverá destacar suas potencialidades enquanto espaço público, catalisando uma possível transformação duradoura nesta direção e permitindo que os moradores da favela apropriem-se do que era simplesmente uma sobra. A festa será apenas a materialização espacial de um longo processo iniciado alguns dias antes com parte dos participantes e/ou guias locais. Na fase inicial, o grupo irá procurar por um local em potencial, entendendo com os moradores das imediações que tipo de imaginação o lugar estimula, o que eles enxergam de potencial em nossa proposta, quais alternativas eles propõem e em que grau eles gostariam de envolver-se. No segundo dia, o grupo deverá trabalhar com a vizinhança para organizar os materiais realizados e coletados durante o processo, a ser apresentado no Seminário de Articulação.
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$PPSEFOBEPSFT EB 0mDJOB 'SBODJTDP ;PS[P F $SJTUJBOP 'JHVFJSĂ&#x2020; (SVQP 1P½UJDBT 5FDOPMĂ&#x2020;HJDBT F 5S 0QVT 6'#"
GRUPO_ Os grupos de pesquisa do IHAC/UFBA, PoĂŠtica TecnolĂłgica e Tr.Opus, nas pessoas dos professores Francisco AntĂ´nio Zorzo e Cristiano FigueirĂł tĂŞm desenvolvido, nos Ăşltimos anos, atividades voltadas para o tema da cidade, da cultura e da arte urbana. AlĂŠm desses dois coordenadores dos trabalhos, a equipe integrarĂĄ outros pesquisadores que tem se dedicado de modo muito intenso no tema da corpo e da cidade, dentre os quais podem ser citados o professor LuĂs VĂtor Castro Jr. e o artista plĂĄstico Almandrade.
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OFICINA_ A ideia de pesquisar os jogos de cintura visa atentar para o movimen-
experiĂŞncias metodolĂłgicas
to em interaçþes no espaço pĂşblico para fora dos espaços instituĂdos (sejam academias, escolas ou outros centros culturais e religiosos). A metodologia de campo considerada mais indicada ĂŠ a de realizar laboratĂłrios preparatĂłrios com alguns grupos de pessoas e posterior interação em ambientes urbanos, em que o grupo interage com a comunidade e circula no espaço coletivo. Contamos com a colaboração de um conjunto de alunos, do IHAC e dos grupos de pesquisa proponentes, que vĂŁo servir de oficineiros durante o evento. Os oficineiros estarĂŁo afinados com prĂĄticas que contemplam a ginga e do jogo de cintura, considerados aqui como um importante fundamento das relaçþes interativas e
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corporais na sociedade brasileira. Como disse Mestre Pastinha (1889-1981), elas negam e afirmam, têm entrada e saída, a negativa e o positivo, a mentira e a verdade. Alunos e integrantes das oficinas deverão ser multiplicadores do processo cognitivo alcançado no correr das experiências. Para que as atividades no correr de abril de 2012 venham a culminar num bom resultado, deveremos partir de material coletado e elaborado anteriormente, que servirá de aquecimento durante as oficinas. Conjuntamente com as atividades das oficinas, em campo, estaremos captando e relatando as impressões e os movimentos através de uma metodologia de registro. Nesse quesito contaremos com os procedimentos desenvolvidos pelo grupo Poéticas Tecnológicas, com seu ferramental computacional e eletrônico, que ficará, ademais, encarregado de coordenar uma ação em Lan House no dia 24 de abril, dispondo de blog para as oficinas e imprimindo material produzido nas atividades.
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$PPSEFOBEPS EB 0mDJOB 'SFEFSJDP (VJMIFSNF #BOEFJSB EF "SBVKP (SVQP (SVQP EF 1FTRVJTB .PEFSOJEBEF F $VMUVSB (1.$ o *1163 6'3+
GRUPO_ Coordenado pelo Prof. Dr. Frederico Bandeira de Araujo, constitui-se em um laboratĂłrio interdisciplinar, pluritemĂĄtico, voltado ao desenvolvimento de atividades de investigação, sistematização e difusĂŁo do conhecimento nas ĂĄreas que lhe sĂŁo afins. Como organismo universitĂĄrio, desenvolve suas atividades em um domĂnio marcado pela tensĂŁo entre, de um lado, as demandas de respostas prĂĄticas e imediatas colocadas pela sociedade e, de outro, a necessidade de revisĂŁo crĂtica constante Ă s referĂŞncias teĂłrico-conceituais e epistemolĂłgico-metodolĂłgicas com que essas respostas sĂŁo buscadas. Dentro desse escopo geral, porquanto inserido institucional e academicamente no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e no âmbito particular da linha de pesquisa â&#x20AC;&#x153;Planejamento, HistĂłria e Culturaâ&#x20AC;? desse Instituto, o Grupo tem como tema-pĂłlo de suas preocupaçþes o da problemĂĄtica espaço-temporal dos processos sociais.
jeto suposto dado no mundo, ainda que esse tipo de compreensão representacional seja dominante. Para nós, em outra perspectiva, cidade Ê expressão cujo significado Ê historicamente variado e cujo sentido se especifica na relação inter-
experiĂŞncias metodolĂłgicas
OFICINA_ Partimos da consideração de que a palavra cidade não remete a ob-
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discursiva em que se faz presente, relação sempre constituída entre agentes heterogêneos em disputa. Entendemos então que não cabe propor uma experiência de apreensão da cidade, mas vemos fertilidade num ensaio com a palavra cidade, ou em outros termos, vemos desutilidade (nos termos de Manoel de Barros) política numa aventura coletiva viva, corpóreo racional, enquanto processo simultâneo de instituição, inscrição e legitimação do objeto experienciado, de sua significação e de sua forma narrativa. Enquanto linguagem ao experienciar sugerido, fixamo-nos no audiovisual como modalidade de criação, reflexão e exposição. Portanto, o que propomos é uma poiesis de som, imagem e movimento. Todo o trabalho terá como referências uma postura epistemológica desconstrucionista (derridarreana), teorizações deleuzianas e o método de montagem de Walter Benjamin. Essas referências não serão objeto de apresentações apriorísticas, mas acionadas e discutidas na medida de necessidades surgidas durante o processo prático. Propósito o Construção, enquanto processo coletivo totalmente realizado durante a oficina, de um discurso cidade em formato audiovisual de curtíssima duração, tendo por fundamento a interpelação entre fragmentos tempo-espaciais em geral ditos irrelevantes, desúteis, e totalizações hegemônicas, em geral ditas eficazes. É um objetivo também a experiência com método de montagem de audiovisual desenvolvido pelo grupo proponente. Forma o Trabalho de caráter teórico-prático, com partes realizadas por todos em conjunto e partes realizadas por subgrupos simultaneamente, de maneira a que cada um dos participantes tenha oportunidade de estar presente em todas as etapas do processo.
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experiĂŞncias metodolĂłgicas
GRUPO_ O LeU - LaboratĂłrio de estudos Urbanos do PROURB-FAU/UFRJ, criado em 2006, representa a consolidação e a expansĂŁo das atividades de pesquisa sobre os saberes urbanos nos sĂŠculos XIX e XX, desenvolvidas desde 1998, sucessivamente, pelo seu coordenador e, desde 2001, pelo Grupo de pesquisa â&#x20AC;&#x153;Cultura Urbana e Pensamento UrbanĂstico no Brasilâ&#x20AC;?, em conjunto com o PPG-AU/ FAUFBA. Suas linhas de pesquisa enfocam as culturas tĂŠcnicas e artĂsticas no Brasil, seu modo de constituição e suas estratĂŠgias discursivas e de ação na formação dos campos disciplinares da arquitetura, do urbanismo e do paisagismo. O laboratĂłrio desenvolve diferentes frentes de atuação: participação em seminĂĄrios nacionais e internacionais, publicaçþes de livros e capĂtulos de livro, atividades de consultoria e avaliação (FAPESP, FAPERJ, CAPES, CNPQ, ANR), ensino de graduação e pĂłs-graduação no Brasil e no exterior, organização de eventos. Os trabalhos do grupo receberam prĂŞmios e bolsas de instituiçþes como UFRJ-JIC-2003; SIGRADI 2003; IPHS 2004; Arquiteto do AmanhĂŁ 2007; FAPERJ 2007; Rockefeller Foundation2007; IEPHA 2008, Caixa EconĂ´mica 2008. O lĂder do grupo co-orienta trabalhos desenvolvidos com instituiçþes estrangeiras (Bauhaus Universität, Institut Français dâ&#x20AC;&#x2122;Urbanisme, Institut fĂźr Geschichte un Theorie der Architektur), realiza pesquisa com as Universidades Nacional da ColĂ´mbia e do MĂŠxico, com o IBGE, a Casa de Rui Barbosa, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, o
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LEU
oficinas
Institut pour la ville en mouvement o IVM, entre outras parcerias. Além desta atividades, a equipe do LeU/PROURB e do PPG-AU/FAUFBA disponibiliza os dados de pesquisa de seus membros e de outros pesquisadores no site www.cronologiadourbanismo.ufba.br, possibilitando a compreensão da circulação nacional e internacional de ideias urbanísticas, divulgando novas pesquisas e buscando contribuir para o fortalecimento do campo dos conhecimentos sobre a arquitetura e o urbanismo no Brasil.
OFICINA_ De que práticas o nosso habitar se constitui? Quais os sentidos comumente atribuídos à constituição do território? Criamos hábitos estéticos ou preenchemos a casa de movimentos funcionais? A partir dessas problematizações, a nossa aposta recai sobre a potencialização e/ou produção de hábitos estéticos inseridos no habitar. Isto é, nas práticas que implicam o próprio corpo ao produzir uma expressividade afetiva em torno do morar. Tais práticas corporais podem ser pensadas tanto na feitura do próprio corpo sobre si mesmo como na produção de outro corpo, objeto e lugar. A oficina trabalhará com as práticas que constituem o habitar de cada participante. Aspira-se fazer destas práticas uma possibilidade de trabalho de si sobre si (Foucault) e, portanto, retirá-las do âmbito privado para que ganhem relação com os modos de estar com o outro na vida urbana. Para tal, serão propostos exercícios para desenvolver as seguintes habilidades: Corpo consciente: é um corpo presente. Para isso, será trabalhada a modalidade de atenção do corpo, de modo a torná-lo disponível mais aos processos que aos objetivos que cada prática encerra. 49
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Corpo narrativo: é um corpo que pode desvencilhar-se do caráter funcional das práticas e alimentar o habitar de imaginação e invenção. Para isso, será trabalhada a construção de uma pequena narrativa envolvendo as práticas do habitar. Corpo crítico: é um corpo que exercita o pensamento e desenvolve uma escuta para poder captar as forças do presente e com elas saber jogar dentro de princípios éticos. Para isso, teremos ao longo da oficina momentos para apresentação e discussão teórica da metodologia em experiência. A oficina busca problematizar e potencializar o modo de habitar o usando, para tal, habilidades corporais da Dança e da Psicologia o a fim de politizar, a partir de si, o modo de estar com o outro na cidade.
experiências metodológicas
$PPSEFOBEPS EB 0mDJOB *WZ 4DIJQQFS (SVQP EF QFTRVJTB -"4530 o -BCPSBUĂ&#x2020;SJP EB $POKVOUVSB 4PDJBM 5FDOPMPHJB F 5FSSJUĂ&#x2020;SJP o *1163 6'3+
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LASTRO
GRUPO_ O LaboratĂłrio da Conjuntura Social: tecnologia e territĂłrio, criado em julho de 1996, no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tem, por principal finalidade, a valorização da ação social e dos estudos de conjuntura na pesquisa urbana, no momento em que a reestruturação econĂ´mica, apoiada nos fluxos informacionais e em novas orientaçþes administrativas, altera oportunidades sociais, funçþes metropolitanas e o teor sĂłcio-cultural da vida coletiva. O LASTRO encontra-se organizado em torno de uma proposta de trabalho eminentemente metodolĂłgica e transdisciplinar, que inclui o alcance de passagens analĂticas, de difĂcil execução, entre esferas, nĂveis e escalas da experiĂŞncia urbana brasileira. No desvendamento de uma metodologia adequada Ă anĂĄlise de conjuntura comprometida com a dinâmica urbana, valoriza-se o ângulo da ação, onde outras opçþes analĂticas privilegiam mudanças tĂŠcnicas e tendĂŞncias exclusivamente econĂ´micas. Sem abandonar estes caminhos, o LASTRO adota, como seu norte reflexivo, as mutaçþes no tecido social, manifestas atravĂŠs de alteraçþes em representaçþes coletivas dos contextos urbanos e em disputas de oportunidades de integração social. A ĂŞnfase na conjuntura corresponde a objetivos analĂticos relacionados aos vĂnculos entre estrutura e ação, aos determinantes especificamente sociais
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OFICINA_ Nossa proposta de oficina consiste numa tentativa de aproximação
experiências metodológicas
de dois métodos de investigação da experiência urbana: a análise da ação social promovida pelo LASTRO e técnica do Teatro Jornal, desenvolvida por Augusto Boal em seu Teatro do Oprimido. Uma das formas de análise da ação social realizada pelo LASTRO, que escolhemos para esta oficina, é um trabalho de leitura das reivindicações, protestos e ações culturais em contextos metropolitanos sob a ótica dos sujeitos e agentes das ações. Se resume a uma desconstrução de notícias jornalísticas veiculadas pela grande mídia impressa, buscando apreender/discutir questões que perpassam a conjuntura urbana brasileira. O Teatro Jornal é uma técnica desenvolvida no contexto da ditadura militar brasileira, com o objetivo de desconstrução de notícias sob censura, para propiciar ao leitor comum uma reflexão que lhe permita identificar os conteúdos explícitos e implícitos das notícias e debatê-los coletivamente, afim de que essa ação possa causar mudanças na conjuntura social. Em suma, nossa proposta é uma fusão das duas metodologias. Pretendemos realizá-la em duas etapas: com a coleta e análise de notícias das ações sociais e discussão conjunta com os participantes da oficina; e uma posterior ida às ruas de Salvador, usando o jogo do “Arauto da Notícia” para fomentar/sugerir a des-
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da experiência urbana, à desinstitucionalização de relações sociais e à apropriação social de recursos materiais, técnicos e culturais condensados nos espaços metropolitanos do país.
oficinas
construção das notícias, identificando a correlação de forças entre opressores e oprimidos. Os participantes da oficina, na primeira etapa, auxiliarão na coleta das notícias e, depois, serão estimulados a escolher um dos lados e convidar o público das ruas a participar da discussão. A partir dessa proposta de experiência, pretendemos refletir sobre o seu conteúdo, não somente como entes acadêmicos, mas enquanto cidadãos comuns. Apostamos que estas discussões podem revelar elementos reais da experiência urbana de Salvador e a reflexão da ação social sob a ótica dos próprios sujeitos.
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$PPSEFOBEPS EB 0mDJOB +PT½ $MFXUPO EP /BTDJNFOUP (SVQP (SVQP EF &TUVEPT .PSGPMPHJB F 6TPT EB "SRVJUFUVSB .6T" o 6'3/
GRUPO_ O Grupo de Estudos Morfologia e Usos da Arquitetura (MUsA), ainda nĂŁo tem, especificamente, açþes relacionadas Ă temĂĄtica do evento. No entanto, considero que, ao trabalhar na perspectiva de estabelecer relaçþes entre teoria e forma construĂda, entre forma construĂda e prĂĄticas socioculturais, no sentido de oferecer recursos e instrumentos para subsidiar intervençþes no ambiente construĂdo, as articulaçþes deverĂŁo ser proveitosas.
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OFICINA_ A oficina tem como objetivo propiciar uma atividade de apreensĂŁo
experiĂŞncias metodolĂłgicas
do espaço que prime pela observação das praticas sociais estabelecidas nos espaços pĂşblicos, a partir do que a cotidiano nos apresenta, e como essas leituras podem subsidiar intervençþes nesses espaços. Nessa perspectiva, a oficina trabalharĂĄ com a dimensĂŁo espaço-temporal, ou seja, a relação de simultaneidade entre o â&#x20AC;&#x153;tempo que urgeâ&#x20AC;? da lĂłgica globalizada e o â&#x20AC;&#x153;tempo lentoâ&#x20AC;?, apresentado pelas apropriaçþes do espaço vivido, amparado nas referĂŞncias teĂłrico-conceituais de Henri Lefebvre, notadamente o pensamento lefebvriano sobre a produção do espaço. Para o desenvolvimento dos produtos da oficina deverĂŁo ser trabalhadas diferentes linguagens e formas de expressĂŁo que propiciem as diversas apreensĂľes dos espaços a serem experimentados (desenhos, vĂdeos, poesia, etc).
oficinas
A oficina será estruturada a partir dos seguintes momentos: 1. Conversa inicial. Apresentação e discussão de conceitos: tríade lefebvriana da produção do espaço (vivido, percebido, concebido); espaço público como lugar, que é determinado física e simbolicamente, pelos usos que o qualificam e lhe atribuem sentidos de pertencimento; a relação espaço-temporal e o “homem do tempo lento”; 2. Prática de experimentação do espaço: estabelecimento de um percurso por trecho da cidade de Salvador, tendo em vista a apreensão das práticas sociais estabelecidas nos espaços públicos selecionados (a priori, estão previstos seguintes espaços: largo 2 de julho, praça da Piedade e Barroquinha). 3. Apresentação dos “produtos” das “experimentações”: conversa final (ou conversa inicial...). Possibilidade de exposição dos resultados nos próprios espaços apreendidos ou em outros espaços da cidade. Deverá ser prevista também a possibilidade do registro das etapas da oficina, através de vídeos, fotografias, etc.
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GRUPO_ BAixo BAhia Futebol Social ĂŠ uma equipe de futebol de rua, formado por um grupo diverso, que tem como objetivo transformar as ruas da cidade de Belo Horizonte em campo aberto para prĂĄticas cotidianas de compartilhamento social atravĂŠs de um esporte de carĂĄter coletivo e agregador: o futebol!
ComissĂŁo TĂŠcnica Ana Puia, bailarina e Preparadora FĂsica Adriano Mattos, arquiteto urbanista e TĂŠcnico
experiĂŞncias metodolĂłgicas
Jogadoras Andreia Costa, designer e Goleira Ă&#x201A;ngela Guerra, psicĂłloga e Meio de Campo Barbara Schall, artista plĂĄstica e Zagueira Bruna Piantino, escritora e Meio de Campo Claudia Vilela, arquiteta e Atacante Joseane Jorge, arquiteta urbanista e PivĂ´ Luciana Oliveira, arquiteta urbanista e Atacante Priscila Musa, arquiteta urbanista e Atacante Silvia Herval, produtora artĂstica, produtora agrĂcola e Zagueira
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BAIXO BAHIA FUTEBOL SOCIAL
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Arthur Prudente, advogado e Conselheiro Consultivo Eduardo Jorge, escritor e Conselheiro Crítico Ensaísta Junia Mortimer, arquiteta urbanista e Conselheira Acadêmica Gaby de Aragão, dançarina e Conselheira Sentimental Juliano Sá, arquiteto urbanista e Conselheiro Estilístico
OFICINA_ A proposta da oficina é dar continuidade à ação cotidiana do próprio grupo BAixo BAhia: “experimentar” e “compartilhar” o espaço da rua das cidades através de ‘práticas do não-saber’, o não sabemos bem jogar futebol, não sabemos bem sobre como é fazer isto na rua, não sabemos bem quem vamos encontrar para jogar, mas propomos incorporar nossos corpos à cidade através de uma bola que rola. Participam todos aqueles que quiserem acompanhar o grupo em seu percurso e todos aqueles habitantes ou passantes dispostos a entrar no jogo nos lugares onde aportarmos. A oficina é um percurso que tem hora e lugar para começar e para acabar, e acontece como uma travessia aberta às possibilidades e aos acasos dos encontros entre eu, os outros habitantes e a própria cidade. Começamos no dia 23 às nove horas e terminamos o percurso às dezoito horas do dia 24 de abril. Não sabemos o que pode acontecer, mas procuramos hospedar e sermos hospedados através da bola de futebol, interagindo com as diferenças próprias aos diversos habitantes dos lugares acontecidos. Para cada qualidade própria aos espaços públicos abordados e para a quantidade de jogadores dispostos a jogar, as marcações dos gols são definidas, o campo mais ou menos acertado e o jogo acontece até um acordo comum para termi-
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nar. Para cada situação, um campo diferente negociado e adequado ao contexto urbano local: um campo curvo para onde não tivermos uma reta, um jogo com três times e com três gols ao mesmo tempo quando formos muitos jogadores, primeiro tempo na subida para o segundo na descida quando a rua for inclinada, duas bolas ao mesmo tempo... O propósito é ocupar a cidade inventando futebol pelas ruas. Uma experiência de incorporação, de in-corpo-(r)ação (como definiu Hélio Oiticica para as multiexperiências com seus ‘parangolés’), o meu corpo dentro de uma ação de ocupação coletiva da cidade de Salvador através da bola.
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$PPSEFOBEPSB EB 0mDJOB 3BDIFM 5IPNBT (SVQP (SVQP EF QFTRVJTB $3&440/ o $FOUSF EF SFDIFSDIF TVS M FTQBDF TPOPSF FU M FOWJSPOOFNFOU VSCBJO (SFOPCMF o 'SBOÂźB
oficinas
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GRUPO_ Os trabalhos de investigação do laboratĂłrio concentram-se no entorno sensĂvel dos ambientes arquitetĂ´nicos urbanos. O Cresson defende as abordagens qualitativas capazes de ajudar e influir, inclusive, nas estratĂŠgias e processos de concepção dos ambientes. O tema do espaço sonoro representou o ponto de partida do laboratĂłrio, extendido posteriormente seu domĂnio de estudo (a partir dos anos 90) Ă s muitas dimensĂľes da percepção sensĂvel â&#x20AC;&#x153;in situâ&#x20AC;?. Os diferentes trabalhos de investigação abordam os fenĂ´menos luminosos, tĂŠrmicos, olfativos, tĂĄteis e cinestĂŠsicos. Estes trabalhos se apĂłiam em um conjunto de mĂŠtodos pluridisciplinares originais, resultantes do cruzamento das CiĂŞncias Sociais e das Humanidades, da Arquitetura e da Engenharia. OFICINA_ Propomos ressaltar dois aspectos da pesquisa MUSE - ASSEPSIA DAS MOBILIDADES URBANAS NO SĂ&#x2030;CULO XXI, em andamento pelo CRESSON, e da sua experimentação para interrogar e cruzar durante estes trĂŞs dias. Um deles se trata do teste da metodologia â&#x20AC;&#x153;Faire corps, prendre corps, donner corpsâ&#x20AC;? na experiĂŞncia videogrĂĄfica. O outro consiste em conduzir uma reflexĂŁo sobre o interesse em reunir gestos do cotidiano (sobre a forma de regras, de ritos de parada, de ajustes etc.) para qualificar quais formas de vida nestes(as) ambientes/ ambiĂŞncias que colocam em questĂŁo a asseptização.
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experiências metodológicas
o Primeira etapa: A partir do dispositivo elaborado pela pesquisa MUSE (Eixo “Asseptização das mobilidades urbanas no século XXI”) e dos diferentes recortes determinados, os participantes desta oficina serão convidados a fazer a experiência da observação. O dispositivo videográfico prevê uma captação em duas câmeras continuamente durante 10 minutos. As duas câmeras captam imagens em pontos de vistas opostos, mas de tal forma que os dois ângulos de vista se recor
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“Faire corps” ou realizar uma imersão nos ambientes urbanos que colocam em jogo a asseptização. Do ponto de vista videográfico, trata-se de interrogar, ao se realizar um filme, as maneiras de fazer um filme. Em outras palavras, fazer a experiência atento a movimentação que ela provoca no espaço público e conseguir se adaptar ao contexto que se deseja filmar. Esta introduz/levanta também a questão da “accessoirisation” e “désaccessoirisation” no campo da pesquisa. “Prendre corps” ou a incorporação de uma asseptização de um ambiente/ambiência urbano(a). Trata-se aqui de experimentar meios e formas de envolver a câmera na experiência, para ler e decifrar certas formas de apaziguamento dos espaços de mobilidade. “Donner corps” ou traduzir as ambiências/ambientes asseptizados(as). É uma reflexão que se encontra em todas as etapas do trabalho de vídeo. A que dissonâncias, a que deslocamentos, em relação à tradução dos elementos de asseptização, os trabalhos a partir dos fluxos levam? Um período do dia será destinado a cada um dos terrenos estudados, repetindose o mesmo protocolo experimental nos dois locais escolhidos: Piedade e Porto da Barra.
oficinas
tem. Cada câmera não enquadra a mesma altura: Campo o plano médio, os passantes estão a maioria de frente; Contra-campo o plano meio definido em leve mergulho, os passantes estão de costas em sua maioria. Cada participante será então convidado a navegar entre as duas câmeras e a se colocar em um tempo de observação na presença deste dispositivo, interrogando-se sobre os limites da asseptização e do “Faire corps, prendre corps, donner corps”. Esta etapa será seguida de um tempo de troca sobre as observações de cada um. o Segunda etapa: Em seguida a este tempo de observação, haverá um tempo de intervenção. Trata-se de se colocar fisicamente no espaço e jogar com a dinâmica do lugar (andar, sentar, trocar com os passantes, tomar um café, etc.) para melhor revelá-la. Mais uma vez, nós reservaremos um tempo de discussão ao fim desta etapa. o Terceira etapa: Provar a dinâmica do lugar com uma câmera na mão (de preferência máquina fotográfica). Ou seja, os participantes da oficina explorarão, através da câmera, a possibilidade de filmar as caligrafias possíveis destas dinâmicas. A tarde do dia 24 de abril de 2012 será destinada a visualização e às trocas a partir dos fluxos coletados na véspera. A partir das imagens filmadas simultaneamente pelas duas câmeras (a cada uma das três etapas detalhadas anteriormente), nós faremos o exercício de assistir de diferentes formas as seqüências de um mesmo recorte (seqüências em sucessão, em paralelo, mais lentas, aceleradas etc.) Esta fase pode ser a ocasião de interrogar coletivamente a questão do apaziguamento e sua exposição. Ou seja, aquela da representação e da comunicação de um trabalho de pesquisa videográfica sobre as formas de vida qualificadas do ponto
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de vista das ambiências/ambientes asseptizados(as). Em seguida, ainda na base da visualização, mas desta vez das imagens realizadas pelos participantes durante a terceira etapa do trabalho no terreno, a discussão irá focar o “Faire corps, prendre corps, donner corps”, do ponto de vista desta experiência de captação e de visualização. (Como será abordado o caminhar em relação às duas primeiras etapas? Como será incorporada a câmera? O que está na ordem da percepção na experiência através destes fluxos?).
experiências metodológicas
$PPSEFOBEPSFT EB 0mDJOB 3JUB "RVJOP &EVBSEP 3PTB F -Ă SJB .PSBZT (SVQP $PMFUJWP $POTUSVÂźĂ&#x160;FT $PNQBSUJMIBEBT o #"
oficinas
10ÂŁ5*$"4 1&3'03.Â&#x153;5*$"4 %& .6-5*%ÂĄ0
GRUPO_ O Coletivo Construçþes Compartilhadas surge em uma residĂŞncia artĂstica no Ponto de Cultura Cine-Teatro Solar Boa Vista, em 2009. A conexĂŁo entre pessoas e instituiçþes sensibilizadas com criação artĂstica e gestĂŁo cultural, no que concerne a açþes colaborativas, tĂŞm sido um mote do trabalho, assim como garantidas sua heterogeneidade e sustentabilidade. Se trata de um coletivo de artistas que gera, sobretudo, açþes planejadas, experienciadas e/ou registradas na performance do compartilhamento. Encontros que fomentam conexĂľes efetivas entre os diferentes, possibilitando produzir arte de maneira diversa com processos e produtos estĂŠticos de naturezas distintas. Atualmente, o Coletivo ĂŠ residente do Espaço Xisto.
OFICINA_ Pesquisa que implica a concepção de açþes corporais simples, passĂveis de serem feitas por uma diversidade de pessoas coabitando um espaço comumente demarcado da cidade, de maneira a produzir uma conexĂŁo justa de sentido com tal ambiente urbano. PressupĂľe uma convocatĂłria para artistas e oficinas com dois dias de duração. {Pingos & Pigmentos} Uma das resultantes desta pesquisa, trata-se de uma intervenção plĂĄstica no
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Release: Pontilhar, saturar e dissolver. Em uma brecha no meio do dia, guardachuvas de cor vibrante corrompem a paisagem - uma intervenção plástica a partir da percepção, sobre a percepção e para a percepção.
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contexto urbano através do acúmulo gradativo de 40 guarda-chuvas de cor rosa fúcsia, seguido de sua dissolução. Pontilhismos que invadem a retina, indisciplinam o olhar e provocam o cotidiano em seu matiz habitual. A cidade irrompe-se poética, onírica, estranha e, como ela, também seus habitantes.
Módulo Introdutório o aspectos: o conceituais o construção de experiências na relação entre o performer e locais de sua própria cidade, a partir da intervenção artística; o procedimentais relacionados ao corpo o preparação corporal, aguçamento perceptivo; construção da presença, estratégias para lidar com abordagens na rua; o atitudinais o inteligência em multidão e inteligência ordenada: capacidade de escuta, negociação, protagonismo, tomada de posição, inventividade, desapego de idéias.
o conceituais o dimensão visual possibilitada pela composição de variados guarda-chuvas rosa fúcsia, considerando mobilidade e dimensão performática nos
experiências metodológicas
Módulo específico o aspectos:
oficinas
espaços escolhidos como pigmentações em paisagens da cidade; o corporais o percepção visual e formas de portar o objeto; o composicionais o capacidade de observar e compor com espaço / pessoas / situações no recorte estético proposto pela obra; o pragmáticos o acordos em relação a partida e chegada, trajeto a ser percorrido, pontualidade, atitudes colaborativas, estratégias de manutenção da conectividade, vestimenta e pertences.
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$PPSEFOBEPS EB 0mDJOB 3POBMEP EF .PSBFT #SJMIBOUF (SVQP $VMUVSBT F 3FTJTUžODJBT OB $JEBEF o 13063# o '"6 6'3+
GRUPO_ O objetivo do grupo de pesquisa (CNPQ) ĂŠ trabalhar na inter-relação entre a cidade e a cultura, com foco sobre as açþes culturais populares enquanto formas de resistĂŞncia, em busca de modos de superar obstĂĄculos e alcançar as condiçþes de inclusĂŁo social e desenvolvimento humano. Definem-se num campo transdisciplinar: as relaçþes entre a cidade e a cultura (o domĂnio); as açþes culturais (o objeto) e a resistĂŞncia Ă exclusĂŁo e as possibilidades de transformação (o problema).
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CULTURAS E RESISTĂ&#x160;NCIAS NA CIDADE
OFICINA_ Qual o papel da ação dialógica para a formação de um renovado
experiĂŞncias metodolĂłgicas
modo de conhecimento-e-ação sobre o mundo? Qual o papel do professor-pesquisador na composição de campos de relação entre eventos locais e nĂŁo-locais? Muito mais do que exemplos de motes prĂłprios de um pensador em determinado tempo, essas sĂŁo questĂľes que povoam as razĂľes de Paulo Freire, e que podem revelar modos diversos de conhecimento-e-ação sobre o espaço urbano. Para esta oficina, propĂľe-se uma re-significação daquilo que Freire denominava â&#x20AC;&#x153;cĂrculos de culturaâ&#x20AC;? em seu mĂŠtodo. O objetivo ĂŠ avaliar a validade de suas prerrogativas para a prĂĄtica do ensino do urbanismo. A investigação ĂŠ centrada em entrevistas filmadas, nas quais sĂŁo reveladas
oficinas
questões que são aprofundadas com as relações/diálogos que os pesquisadores devem estabelecer, num trabalho de mediação entre campos diversos. O tema de investigação proposto parte daquilo que, em entrevistas anteriores, foi reconhecido como significativo na relação de crianças, adultos e idosos com seus meios: a transformação dos lugares onde se dão os laços afetivos. A oficina deverá ser organizada em três momentos: 1º_ a perspectiva da pesquisa é apresentada; 2º_ os participantes são organizados em grupos que deverão entrevistar (fotografando e/ou filmando) moradores (e também ex) do Centro Histórico de Salvador, buscando documentar as suas apreensões acerca da transformação daquele espaço, e, também, suas considerações em relação às histórias apresentadas pelos moradores (em filmes de entrevistas já realizadas) afetados pelas obras de construção da Trans-oeste na Cidade do Rio de Janeiro; 3º_ os trabalhos são finalizados com a produção de um documento conjunto, que deverá expor as potencialidades e limites da prática em experimento.
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$PPSEFOBEPS EB 0mDJOB 5JBHP 3JCFJSP (SVQP EF QFTRVJTB -BC;BU o -BCPSBUĂ&#x2020;SJP $PBEBQUBUJWP o 11(%"/¢" 6'#"
GRUPO_ Criado para investigar sob quais termos ĂŠ possĂvel concretizar na universidade a desejĂĄvel imbricação entre pesquisa acadĂŞmica e artĂstica em dança, numa situação de estudo colaborativo entre artistas nĂŁo-universitĂĄrios e pesquisadores acadĂŞmicos acerca de questĂľes derivadas de projetos de criação artĂstica. A pesquisa, que inaugura as atividades do Grupo de Pesquisa LaboratĂłrio Coadaptativo, intitula-se LabZat, em referĂŞncia Ă ideia de zona autĂ´noma temporĂĄria proposta por Hakim Bey (1999), em seu livro do mesmo nome, referindo-se a açþes de ativismo cĂvico de carĂĄter contingente e independente de esferas institucionalizadas. A ideia ĂŠ configurar o processo investigativo como um campo de atividade alternativo, destinado a experimentaçþes de convergĂŞncia entre instâncias paralelas do conhecimento em dança e gerido por regras prĂłprias.
resulta de processos que se instauram pelas dinâmicas de negociação cotidiana dos seus habitantes nos espaços pĂşblicos, a oficina propĂľe aos participantes uma experiĂŞncia de apreensĂŁo da cidade pela prĂĄtica de percepção das condutas de convĂvio, num exercĂcio coletivo de composição coreogrĂĄfica com objetos
experiĂŞncias metodolĂłgicas
OFICINA_ Pensando a cidade como um ambiente que tanto promove quanto
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oficinas
e pessoas, para testar, em estúdio, modos de elaboração de um sistema organizado a partir da contínua negociação entre os propósitos individuais das ações dos participantes e os propósitos coletivos de composição do comum. Desenvolvida como um jogo que simula situações cotidianas de negociação dos repertórios particulares pela elaboração de um plano de coerência, a oficina baseia-se no procedimento coreográfico de Composição em Tempo Real, criado pelo coreógrafo português João Fiadeiro, em que as ações de composição são conduzidas por encadeamentos das coerências alcançadas pelas sínteses transitórias desse processo coletivo de composição. Um exercício de gestão da história do sistema, cuja estrutura muda para assegurar sua continuidade como processo, pela articulação entre a força indutora do seu passado (repertório), a prudência crítica do seu presente (impulsos) e a sua potência de continuidade futura (coerência).
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$PPSEFOBEPS EB 0mDJOB 5IJBHP EF "SBVKP $PTUB (SVQP +BSEJN &RVBUPSJBM o SFTJEžODJB BSUà TUJDB o 41
GRUPO_ O grupo ĂŠ composto por uma dezena de artistas com diferentes formaçþes, que trabalham coletivamente para a consolidação de uma residĂŞncia artĂstica sediada no Como_ Clube, estĂşdio localizado na Praça da RepĂşblica, em SĂŁo Paulo, sob direção de Thelma Bonavita. O Jardim Equatorial ĂŠ um campo comum, que traz Ă tona a ideia de um â&#x20AC;&#x153;commonâ&#x20AC;? (pedaço de terra de uso coletivo durante a Idade MĂŠdia) para se realizar cruzamentos entre conhecimentos diversos e assim â&#x20AC;&#x153;germinar e florescerâ&#x20AC;? o novo; nĂŁo a novidade, mas a potĂŞncia capaz de resignificar a potĂŞncia da arte enquanto promotora de desdobramentos e outros modos de vida.
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OFICINA_ A proposição tem como foco fortalecer a compreensão sobre a lenti-
experiĂŞncias metodolĂłgicas
dĂŁo urbana, sua potĂŞncia de desestabilizar o paradigma da cidade estratĂŠgica, sua amplitude sensorial e tambĂŠm polĂtica. SerĂŁo elaborados coletivamente alguns exercĂcios de lentidĂŁo que incorporam sentidos performativos, deambulatĂłrios e perambulantes na percepção dos espaços urbanos. Introdução (embasamento bibliogrĂĄfico + proposiçþes artĂsticas + desestabilização epistemolĂłgica + produção de corporeidades): 1) O papel da lentidĂŁo no pensamento da cidade contemporânea: a herança de Milton Santos; 2) En-
oficinas
cadeamentos da epistemologia-Sul: chances lentas em meio ao pensamento pós-colonial; 3) Micro-políticas da lentidão: performatividade e entropia; 4) Cidade lenta#percepçao lenta da cidade; diferenciações imprescindíveis; 5) Ritmos animais e inumanos: proposições e estudos de caso. Desenvolvimento prático: 1) Deambulações: a viabilidade dos exercícios de lentidão; 2) Notação de efeitos e reverberações; 3) Investigação de estados corporais provenientes de deslocamentos e deslocalizações; Conclusão: Urdidura de relatos perpassando imagens, palavras e gestos.
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$PPSEFOBEPSFT EB 0mDJOB 6SQJ .POUPZB 6SJBSUF F .JMUPO +Ă&#x2039;MJP 'JMIP (SVQP 1BOPSBNBT 6SCBOPT o 6'#"
GRUPO_ â&#x20AC;&#x153;Panoramas Urbanos: grupo interdisciplinar de estudos urbanosâ&#x20AC;? ĂŠ um grupo de pesquisa formado em 1999 cujo objetivo ĂŠ aprofundar as perspectivas interdisciplinares nos estudos urbanos. Atualmente, desenvolve o projeto integrado de pesquisa intitulado â&#x20AC;&#x153;Etnografias da cidade: lugares, fluxos e prĂĄticasâ&#x20AC;?, cujas linhas sĂŁo: morar e viver na cidade; usos de espaços urbanos; participação cidadĂŁ. A oficina aqui proposta se insere na segunda linha de pesquisa e envolve dois membros do grupo Panoramas.
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OFICINA_ A cidade ĂŠ um conceito com o qual pretendemos designar uma re-
experiĂŞncias metodolĂłgicas
alidade bastante ampla e complexa, por isso, apreender a cidade ĂŠ uma tarefa bastante difĂcil. Entenderemos por cidade tanto o conjunto material necessĂĄrio para a sobrevivĂŞncia de uma aglomeração humana majoritariamente nĂŁoagrĂcola, quanto o conjunto de experiĂŞncias prĂłprias do ambiente criado por esse conjunto material. Ă&#x2030; esse conjunto de experiĂŞncias que aqui nos interessam, em particular, a experiĂŞncia da rua que ĂŠ a experiĂŞncia da mobilidade (Mongin, 2009). A mobilidade urbana possibilitada pelas ruas e o carĂĄter finito do espaço urbano teria um carĂĄter libertador: o entrar e o sair constitui, para este autor, uma experiĂŞncia que liberta os corpos e ensina a liberdade. Se a vida urbana tem
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8.000 anos, em 7.900 deles a experiência da mobilidade foi uma experiência de andar. Não só andar para, mas simplesmente andar pelo prazer de se deslocar. A partir do desenvolvimento da cidade industrial, no século XIX, as pessoas, as coisas e o capital tiveram de circular: da fábrica para os postos de venda, do porto para os armazéns, das lojas para as casas, das pessoas para os seus lugares de trabalho, para os espaços de compra, para os lugares de lazer, etc. Assim, a cidade industrial impôs um outro ritmo, um outro fim e um outro meio de mobilidade. Como se configura o uso da cidade para o pedestre nesse contexto? Propomos algumas hipóteses: mais do que andar, sentar-se (parques, praias, praças = bancas, bares, barracas); mais do que sentir ou cheirar, ver; mais do que experimentar, circular; mais do que usar a cidade, consumir nela. A Oficina “Observando as ruas do centro de Salvador: o transeunte do século XXI” se propõe testar estas hipóteses mediante o método etnográfico próprio da Antropologia.
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$0.6/*$"¢¥0_ Esta comunicação discute a apropriação espontânea do ska-
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teboarding de rua enquanto nova experiĂŞncia urbana contemporânea. Tratar de apropriaçþes espontâneas do espaço coletivo significa olhar as expressĂľes subversivas, indiferentes ao controle urbano e ao planejamento. Como elementos inconstantes gerados pela prĂłpria cidade, em geral expressam novas formas de conflito e resistĂŞncia, mas tambĂŠm devem ser vistas como sinais indicativos de possĂveis vias transformadoras, enquanto expressĂľes da vivacidade urbana e suas oportunidades. Apropriação nĂŁo representa o simples reuso do espaço, mas o retrabalho criativo desse espaço-tempo. Assim, implica certa desconstrução, sua transformação criativa feita em prol da expressĂŁo de estilos de vida diferentes e por vezes conflitantes. Apresento duas experiĂŞncias urbanas surgidas de apropriaçþes espontâneas: o skateboarding nos contextos do Rio de Janeiro [Praça XV] e Barcelona [Praça do MACBA]. Essa prĂĄtica nĂ´made, surgida como extravasamento do skate em espaços institucionalizados, representa uma forma emergente do ser humano usar a cidade, marcada pelo dinamismo, flexibilidade e capacidade de formar identidade, reunindo-se corpo, cidade e cultura na mesma experiĂŞncia. O fato de ambas as praças tornarem-se, ultimamente, referĂŞncias do skateboarding, aponta para a possibilidade da apropriação do espaço o por suas caracterĂsticas
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físicas o ocorrer de forma simbiótica [conexão pessoa-espaço], unindo corpos, arquiteturas e cidade na construção de novas corporeidades urbanas. “A cidade não só deixa de ser cenário, mas, mais do que isso, ganha corpo a partir do momento em que é praticada, se torna ‘outro’ corpo. Dessa relação entre o corpo do cidadão e esse ‘outro corpo urbano’ pode surgir outra forma de apreensão urbana e, consequentemente, de reflexão e de intervenção na cidade contemporânea.” (Jacques, 2008) Desejo expor o papel da configuração espacial das praças em suas apropriações temporárias e as novas experiências corporais urbanas advindas dessas apropriações, visando ao projeto do espaço coletivo como experimentação do território da cidade.
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$0.6/*$"¢¥0_ O Monumento a Lauro SodrÊ o objeto de investigação de um
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estudo elaborado para disciplina de mestrado MĂŠtodo EtnogrĂĄfico Aplicado a Arquitetura e Urbanismo o foi concebido para simbolizar um espaço de poder e de modernização da cidade de BelĂŠm na dĂŠcada de quarenta e hoje ele se constitui em um espaço de resistĂŞncia utilizado por skatistas e dançarinos de rua. A interdisciplinaridade entre a arquitetura e o urbanismo e a antropologia possibilita uma investigação sobre como a imagem do poder convive com a imagem do espaço de resistĂŞncia. O fato de a cidade de BelĂŠm nĂŁo possuir muitos espaços urbanos apropriados para a produção de experimentos artĂsticos e no Monumento em questĂŁo existirem bancos, rampas e piso de superfĂcies homogĂŞneas, viabilizou os movimentos de escorregar, fluir, deslizar, necessĂĄrios ao desenvolvimento de tais experimentos, fato que motivou a escolha do local por grupos de dança e de skatistas. A saber, no contexto de concepção do Monumento a Lauro SodrĂŠ na regiĂŁo amazĂ´nica nĂŁo existia a intenção de criar uma estĂŠtica relacional, onde os usuĂĄrios da obra de arte atribuem significados a mesma por meio da interação. Mas, ao ser apropriado e utilizado corporalmente o Monumento ganha ares desta estĂŠtica, abrindo um debate sobre como requalificar espaços que foram escolhidos pela população para serem utilizados desta forma, ainda que em sua intencio-
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nalidade artística e arquitetônica não existisse tal intenção. O Monumento a Lauro Sodré, antes um espaço urbano de pouca apropriação espacial, passou a ser um lugar de pertencimento e de territorialidade, que, se enxergado pelo poder público como tal, seu novo uso pode se constituir em uma ferramenta inovadora de valorização patrimonial.
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$0.6/*$"¢¥0_ Nesta comunicação, discutiremos os usos e os sentidos da
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idĂŠia de errância no espaço urbano, tratando de explorar sua polissemia e suas distintas implicaçþes para a apreensĂŁo e o entendimento do urbano e da vida cotidiana na cidade. Inserida nos projetos desenvolvidos pelo LaboratĂłrio da Conjuntura Social: Tecnologia e TerritĂłrio â&#x20AC;&#x201C; LASTRO/IPPUR, a discussĂŁo que propomos aqui, antes que o resultado de reflexĂľes jĂĄ consolidadas, consiste em uma articulação preliminar de ideias e questĂľes que, embora ainda tentativa, visa provocar a imaginação sociolĂłgica e antropolĂłgica sobre a cidade, seu cotidiano e sua vida social. Tratamos, aqui, de compreender a errância como uma apropriação e uma vivĂŞncia particulares da cidade, associada Ă s condiçþes o objetivas e subjetivas o de existĂŞncia e reprodução social no contexto urbano, bem como ao(s) ritmo(s) de transformação da cidade e Ă s â&#x20AC;&#x153;verticalidadesâ&#x20AC;? e â&#x20AC;&#x153;horizontalidadesâ&#x20AC;? (SANTOS, 2005*) que incidem, continuamente, sobre seu espaço. Como horizonte, objetivamos a construção de uma perspectiva teĂłrica e metodolĂłgica que nos forneça ferramentas analĂticas e estratĂŠgias de investigação do urbano em toda sua complexidade, e que nos permitam iluminar, de modo especial, os agenciamentos, os usos, as prĂĄticas e os sentidos construĂdos e vivenciados nas distintas experiĂŞncias da errância no espaço urbano, em seus diĂĄlogos, enfrentamentos, tensĂľes e ambigĂźidades com a ordem o arquitetĂ´nica,
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econômica, social e “moral” o fixada na cidade e em suas instituições. (*SANTOS, Milton. Da totalidade ao lugar. São Paulo: EDUSP, 2005).
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$0.6/*$"¢¥0_ Este relato pretende transmitir parte de um processo cole-
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tivo vivido na disciplina Oficinar/Intervençþes Urbanas TemporĂĄrias, oferecida conjuntamente aos cursos de Arquitetura/UFRJ, Dança/EFAV (Escola e Faculdade Angel Vianna) e Psicologia/UFF. ExperiĂŞncia que nos possibilitou criar e viver outras formas de contato com o corpo, a casa e a cidade. Neste trabalho temos como objetivo narrar uma Ação Urbana denominada Jogo de Bairro, que se deu na RegiĂŁo PortuĂĄria do Rio de Janeiro, local que tem sofrido grande intervenção governamental por conta do projeto de Revitalização Porto Maravilha. O jogo pretendia ser um dispositivo que proporcionasse o reconhecimento do lugar, das funçþes que o local e os corpos desempenham, das vidas que circulam por aquelas ruas. ConstruĂmos o dispositivo inspirados em trĂŞs perguntas elaboradas atravĂŠs dos afetos gerados no encontro com a regiĂŁo e os habitantes. SĂŁo elas: Por que esse lugar pede uma cerveja? O que ĂŠ enrolamento de motor? SerĂĄ que ĂŠ cru por que ĂŠ vivo ou serĂĄ que ĂŠ vivo por que ĂŠ cru? Com a realização da intervenção, outras questĂľes foram disparadas em nossos corpos, por meio do contato nos encontramos com a histĂłria do local e das pessoas, e nos perguntamos o que acontecerĂĄ com essas histĂłrias apĂłs a Revitalização. Que formas de vida interessam as forças de Revitalização? Narramos tal intervenção a partir de um coletivo, posto que, apĂłs os encontros
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vividos e os processos desencadeados, esta deixou de ser uma experiência individual, tornando-se compartilhada. Em função disto, buscamos com esse relato expor as questões e elaborações disparadas pela ação e, ao mesmo tempo, pôr em análise as formas de habitar que estamos produzindo, nos corpos, nas casas e nas cidades.
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$0.6/*$"¢¥0_ ESPAĂ&#x2021;O VIVIDO E MEMĂ&#x201C;RIA NAS REPRESENTAĂ&#x2021;Ă&#x2022;ES INDIVI-
experiĂŞncias metodolĂłgicas
DUAIS E COLETIVAS. O trabalho focaliza a proposta de Educação Socioespacial realizada na comunidade Curicica 1, bairro de JacarepaguĂĄ, na cidade do Rio de Janeiro, como uma das açþes do Projeto â&#x20AC;&#x153;UMA PROPOSTA DE HABITAT SAUDĂ VEL EM COMUNIDADE VIZINHA AO CAMPUS FIOCRUZ DA MATA ATLĂ&#x201A;NTICAâ&#x20AC;? (1). Pretendeu-se problematizar os temas referidos aos indicadores de vulnerabilidade fĂsica e social das habitaçþes, mediante os seguintes objetivos: apresentar os resultados das pesquisas anteriormente realizadas e debater sobre as condiçþes de habitabilidade; reconhecer o espaço vivido, por meio das representaçþes individuais e coletivas e suas relaçþes com a qualidade de vida e os corpos dos moradores. As questĂľes prioritĂĄrias foram debatidas em seis oficinas temĂĄticas, com foco na histĂłria, memĂłria, configuração atual do lugar e relaçþes entre o habitat e a qualidade de vida. A utilização da fotografia propiciou a percepção das representaçþes dos moradores e de suas imagens corporais sobre o ambiente construĂdo. Os relatos sobre a permanĂŞncia no lugar evidenciaram memĂłrias pessoais e coletivas que contribuĂram na produção de um mapa mental. As atividades permitiram, ainda, a compreensĂŁo das diferentes identidades socioespaciais, alĂŠm da concepção de habitação saudĂĄvel; a valorização simbĂłlica dos legados
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culturais cristalizados no espaço produzido pelos próprios moradores, seja na escala das moradias, da vizinhança ou pelos laços de sociabilidade. A escuta cuidadosa dos “praticantes ordinários das cidades” nas oficinas de Educação Socioespacial constituíram instrumento potencial de construção de conhecimento e transformação. Buscaram subsídios na proposta de educação popular que privilegia o processo coletivo, numa relação dialógica, mediante a problematização dos temas acima referidos. (1) Desenvolvido pelo Programa de Implantação do Campus Mata Atlântica, em parceria com a ENSP/Fiocruz, o projeto desenvolveu metodologia transdisciplinar e participativa para intervenção em assentamentos populares, visando à promoção da qualidade de vida e saúde dos moradores, entre 2008 e 2010.
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$0.6/*$"¢¥0_ Problematizar as cidades, repensar e questionar sua organi-
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zação econĂ´mica, social ou polĂtica faz parte de abordagens tanto urbanĂsticas quanto artĂsticas. A interseção entre disciplinas e a proposição da ampliação de seus campos (Krauss, 1984) foram temas da pesquisa intitulada â&#x20AC;&#x153;Arte como campo expandido do urbanismo: um estudo de caso no Aglomerado da Serraâ&#x20AC;?, que buscou um caminho para pensar em um urbanismo sensĂvel e coerente com a fluidez contemporânea (Bauman, 2001). Os usos cotidianos e as apropriaçþes espontâneas dos espaços mostram, como colocam Michael De Certeau (2008) e Henri Lefebvre (1991), possibilidades de pensar a cidade considerando as açþes triviais como formas de desvio Ă s imposiçþes dos planejamentos racionais e formais, ou como microresistĂŞncias urbanas ao processo de espetacularização (Jacques, 2010). Interessa, portanto, perceber a relação entre as pessoas e o espaço, as experiĂŞncias (Tuam, 1983) e partilhas do sensĂvel (Rancière, 2010) que possam despertar novos olhares, novas territorializaçþes ou ressignificaçþes dos lugares, impulsionando uma outra maneira de entendimento do espaço pĂşblico, levando em conta suas tensĂľes e heterogeneidades, de forma que a cidade possa ser considerada um lugar polĂtico (Rancière, 2010) capaz de articular os dissensos. Abordar os espaços opacos e suas particularidades num planejamento urbano,
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de forma a não excluí-lo, maquiá-lo ou homogeinizá-lo é um dos desafios do urbanismo. No Aglomerado da Serra, pretendeu-se questionar algumas das intervenções feitas no espaço, através da proposição de experiências, que criaram diálogos e estimularam reflexões a partir do conceito proposto da arte como expansão do campo do urbanismo. Esse posicionamento não pretendeu encontrar uma resposta fechada para a situação, mas sim, tentar disputar um processo que possa ter um viés sensível que resista à espetacularização urbana (Jacques, 2010) e à pacificação dos espaços, de forma que o agenciamento dos conflitos e tensões inerentes à cidade garantam o caráter político do espaço público.
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$0.6/*$"¢¥0_ Relatos das batalhas nas praças ocupadas.
experiĂŞncias metodolĂłgicas
Autores significativos indicam desagregação e debilidade da vida social urbana contemporânea. Destacam o empobrecimento da sociabilidade nos espaços confinados e controlados, espaços pĂşblicos convertidos em locais de passagem, destituĂdos de capacidade comunicativa para as populaçþes locais. O ciberespaço ĂŠ considerado tanto algoz quanto ambiente para relaçþes sociais interativas alternativas. Igualmente, perpetram-se guerras espaciais urbanas mediante grandes operaçþes imobiliĂĄrias, para enobrecimento de ĂĄreas de cidades, que resultam na exclusĂŁo das classes populares. Batalhas ocorrem em SĂŁo Paulo, com o Projeto Nova Luz, e no Rio de Janeiro, devido obras para os grandes eventos concertados, e em Londres, palco de revoltas recentes, cujas polĂticas urbanas, anteriormente, cederam Ă s demandas dos agentes do capital financeiro (descomprometidos com o local), com custos partilhados socialmente. Movimentos como os que sucedem na Praça Tahir, na Praça do Sol e o Occupy Wall Street colocam situaçþes incompreensĂveis Ă queles que requerem uma narrativa coerente, uma pauta clara. Pois, apresentam mĂŠtodos moleculares de experimentação que escapam aos dispositivos de controle burocratizados, que tĂŞm que recorrer Ă violĂŞncia ou leis anacrĂ´nicas para debelar participantes.
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Sem um discurso formal os participantes apelam ao relato para compreender os eventos, seus propósitos, seus rumos, e para difundi-los. Relatos implicam o lugar e multiplicam-se nas redes técnicas e sociais. Esses movimentos consumam espacialidades híbridas com conexões em redes tecnológicas, sociais e cotidianas. O lugar é revitalizado com o favorecimento do contato entre pessoas por experimentações e trocas para além do mercado e do consumo. As suas dinâmicas geram comunalidades, modelos coletivos de gestão, configuram o espaço comum, sem ordem preestabelecida, criado pelo encontro de mundos diferentes para ação coletiva conjuntural. Pretende-se discutir, por meio de relatos de participantes e observadores dos movimentos: o que se pode aprender com estes? O que nos dizem dos lugares onde se instalam?
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$0.6/*$"¢¥0_ Propþe-se dar passagem para uma experiência de apreen-
experiĂŞncias metodolĂłgicas
sĂŁo realizada para a pesquisa de mestrado (PPGAU_UFBA 2011) â&#x20AC;&#x153;Dos Espaços de Apropriação o O MinhocĂŁo de SĂŁo CristĂłvĂŁoâ&#x20AC;?, na qual o pesquisador decidiu se colocar Ă campo por contaminaçþes da postura de alguns antropĂłlogos (como Carlos Nelson Ferreira dos Santos) em estudos etnogrĂĄficos ou na â&#x20AC;&#x153;observação participanteâ&#x20AC;?, investindo no estudo e apreensĂŁo de seus objetos a partir de vivĂŞncias no lugar. Espera-se de uma investigação como esta, por imersĂŁo, um olhar para o tempo lento do longo perĂodo de contato (ao invĂŠs de alguns Ăşnicos momentos de interação). Traz a tona mais claramente a presença e as impressĂľes (corporais, sentimentos e sensaçþes) do pesquisador com o cuidado em receber o discurso do Outro como interlocutores e nĂŁo como objeto direto do estudo o para isso nĂŁo traz plena a transcrição da voz/discurso do morador. Trata das apropriaçþes dos usuĂĄrios nos espaços do Pedregulho com o simples cuidado de nĂŁo mapear fisicamente as alteraçþes, exatamente para nĂŁo congelĂĄ-las. A ação â&#x20AC;&#x153;apropriar-seâ&#x20AC;? (tornar prĂłprio, tomar para si, apossar, adaptar) desdobra-se: participar, caçar (tĂĄtil e estratĂŠgico o Michel de Certeau), profanar (Agamben), respingar (â&#x20AC;&#x153;Respingadores e a respingadoraâ&#x20AC;? o documentĂĄrio de Agnes VardĂĄ), jogar, demorar (do francĂŞs â&#x20AC;&#x153;demeurer o relativo ao tempo lento e a um cotidiano nĂŁo banalizado), cartografar.
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CLARA PASSARO
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Traz dois tensionamentos: arquiteto X usuário e espaço público X espaço privado para evidenciar o espaço entre eles de sobreposições, interposições e simulacros. São terrenos de criação que expandem esta colocação dicotômica viciada pelo seu uso repetido de forma binária (dentro uma relação de oposição ou de negação um do outro dentro da prática regular do profissional arquiteto-urbanista) o sem anular ou coibir a utilização destes conceitos, mas complexificando, incrementando e aprofundando a leitura dos mesmos.
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$0.6/*$"¢¥0_ Essa comunicação pretende apresentar a proposição teórico-
experiĂŞncias metodolĂłgicas
metodolĂłgica da pesquisa â&#x20AC;&#x153;Juventudes, periferias e resistĂŞnciasâ&#x20AC;?, em desenvolvimento. O objetivo central ĂŠ identificar marcas que ajudem a perceber quando, e em que condiçþes, prĂĄticas empreendidas por coletivos juvenis, que se declaram perifĂŠricos, podem ser compreendidas enquanto tĂĄticas resistentes. O corpus empĂrico do trabalho ĂŠ composto por quatro DiĂĄrios Criativos, material expressivo elaborado por grupos juvenis dos bairros de PernambuĂŠs, Alto do Cabrito, Marechal Rondon e Cosme de Farias da cidade de Salvador. Com a anĂĄlise dos DiĂĄrios tentamos reconhecer o potencial de resistĂŞncia das tĂĄticas dos sujeitos-vaga-lumes (DIDI- HUBERMAN, 2011). Para o alcance desse objetivo propomos um arranjo procedimental articulado em dois momentos: 1) a compreensĂŁo do processo de produção de cada DiĂĄrio, levando-se em conta a sua inserção contextual, a partir da identificação das principais â&#x20AC;&#x153;mediaçþes sociaisâ&#x20AC;? (MARTIN-BARBERO, 2003) e 2) a confecção de um mapa-texto, amparado nos conceitos fundamentais de lugar (SANTOS, 1996) e sujeito/subjetividade (JOHNSON, 2006) que permite identificar maneiras de constituir os modos de ser jovem e morador de espaços â&#x20AC;&#x153;perifĂŠricosâ&#x20AC;? da cidade por diferentes vozes autorizadas e as conexĂľes entre os sentidos propostos por elas e os DiĂĄrios. Compreender a situação contextual de produção dos DiĂĄrios Criativos, tendo
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modo de inserção social, proposto por jovens que se organizam enquanto grupos/coletivos de atuação comunitária. Já a proposição de elaborar um mapa-texto é inspirada no conceito de “imagens
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como aporte teórico-metodológico o mapa das mediações de Martín-Barbero, nos permite localizar esse material expressivo enquanto uma leitura-texto, um
de pensamento” exercitado por Walter Benjamim, especialmente nas obras de caráter literário. Na nossa formulação, o mapa-texto é confeccionado a partir da reunião de fragmentos narrativos da vida urbana com origens discursivas diversas. A coleta desses fragmentos é guiada pelo objetivo de compreender a ação de jovens que propõe outras formas de viver a(na) cidade de Salvador da Bahia.
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$0.6/*$"¢¥0_ Urbanimagem: uma abordagem metodológica de uma expe-
experiĂŞncias metodolĂłgicas
riĂŞncia urbana, consiste na reflexĂŁo sobre o processo de intervenção urbana desde a concepção atĂŠ a apresentação das prĂĄticas realizadas pelo Grupo de Pesquisa Identidade e TerritĂłrio (GPIT/UFRGS), em dois momentos na cidade de Porto Alegre. A intervenção consistiu de trĂŞs elementos: A projeção audiovisual como transporte de imagens: fotogramas e sons de dois filmes Brasileiros das dĂŠcadas de 50 e 60 sobre a temĂĄtica urbana e a condição do sujeito nesse meio; O plano de projeção, como suporte ressignificado, composto por edifĂcios antigos; O sujeito que se movimenta na cidade, que atravĂŠs do fenĂ´meno projetivo passa a ser protagonista da ação. A sobreposição de imagens, sentidos etempos distintos, o tempo do cinema, o tempo da arquitetura com o tempo da experiĂŞncia contemporânea sĂŁo elementos formais eteĂłricos essenciais para a reflexĂŁo aqui proposta. A arte contemporânea estabelece com a cidade uma relação constante de trocas, movimentos, migraçþes e hibridismos. Na intervenção realizada pelo grupo observa-se a mesma leitura metafĂłrica desse movimento atravĂŠs da linguagem indireta dos signos e do tempo: ela absorve, mistura, reedita, aceita, transforma manifestaçþes artĂsticas de outros tempos, de outros lugares, de diferentes linguagens, como o cinema, a arquitetura e a fotografia. O movimento ĂŠ apropriativo, acumulativo e o destino ĂŠ o mesmo: as mestiçagens, o hibridismo.
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Ambos os tecidos o o urbano (social) e o artístico (cultural) o são permeáveis e obedecem a um mutualismo. As questões que aproximam arte e vida, tratadas pelo grupo em Urbanimagem com a apropriação e manipulação das imagens de Rio 40º (1956) de Nelson Pereira dos Santos e São Paulo S/A (1965) de Luiz Sérgio Person, sobrepostas às edificações históricas do IAB/RS (em 2008) e da Rádio/ UFRGS (em 2011), abordam a situação estética em situações banais e carregam o cotidiano de um poder metafórico.
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$0.6/*$"¢¥0_ PolĂticas da narratividade em ecologia urbana: problemati-
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zaçþes no fluxo corpo-cidade-saĂşde. Acreditando nas relaçþes existentes entre corpo-cidade-saĂşde e respectivas implicaçþes na produção de espaços e subjetividades contemporâneos, o trabalho de pesquisa â&#x20AC;&#x153;PolĂticas da narratividade em ecologia urbana: problematizaçþes no fluxo corpo-cidade-saĂşdeâ&#x20AC;? tem o objetivo de narrar-problematizar as disponibilidades dos corpos e olhares no trajeto cotidiano pela cidade. AtravĂŠs da cartografia, propomos uma investigação de experimentação e articulação entre corpo, cidade e cultura nas construçþes dos conceitos e prĂĄticas em saĂşde. Desta forma, a cartografia ĂŠ entendida como mĂŠtodo de registro/apreensĂŁo da experiĂŞncia, que se tece enquanto faz e desfaz os sentidos, a ocupação e a experiĂŞncia dos corpos implicados das cartĂłgrafas com os conceitos acima mencionados; sendo a escrita, fotografia e videografias possibilidades de inscrição das culturas e subjetividades contemporâneas. PolĂticas da narratividade sĂŁo os modos escolhidos para contarmos da produção de posturas ĂŠtico-estĂŠtico-polĂticas e respectivos olhares sobre os encontros que se dĂŁo nas travessias do Corpocidade. Tratar das relaçþes como uma ecologia urbana vem de encontro ao desafio de fazer ruir macrodiscursos e suas estĂĄticas no campo da saĂşde, questionando os corpos e espaços, enquanto experimentamos uma atenção aos acontecimentos, afetos, forças e potĂŞncias que fremem
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na cidade e sondamos quais composições ainda podemos vir a ser. Enquanto Psicólogas objetivamos contar uma história de experiência profissional destes corpos transitantes e nesta partilha problematizar-criar novas e inusitadas histórias encharcadas de possibilidades, afetos e transversalidades; afirmando, para além do senso comum, a constituição de uma poética-procedimento, uma aposta na indissociabilidade entre os conceitos e experiências de saúde e cidade.
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7Ă ODVMP CPMTJTUB 130$6-563" 6'.(
$0.6/*$"¢¥0_ O objetivo deste trabalho ĂŠ descrever e elucidar as tensĂľes decorrentes do tombamento do conjunto arquitetĂ´nico e urbanĂstico de SĂŁo JoĂŁo del-Rei entre os anos de 1938 e 1967, em uma conjuntura de transformação acelerada da paisagem urbana da cidade. Procuramos investigar como se deu a implementação e condução das polĂticas de preservação do patrimĂ´nio cultural em SĂŁo JoĂŁo del-Rei, assim como a relação entre os atores envolvidos com essa prĂĄtica, no caso, os tĂŠcnicos do Serviço do PatrimĂ´nio HistĂłrico e ArtĂstico Nacional (SPHAN) e os agentes sociais locais reunidos em torno do espaço relacional da Associação Comercial de SĂŁo JoĂŁo del-Rei. Partimos da premissa de que a seleção dos itens a serem tombados e consagrados como patrimĂ´nio cultural ĂŠ uma operação polĂtica que envolve sempre tensĂľes, negociaçþes e conflitos de interesses. Nessa perspectiva, assinalamos a emergĂŞncia de um campo de conflito em torno das fronteiras e formas de uso, apropriação e possessĂŁo dos bens simbĂłlicos da cidade de SĂŁo JoĂŁo del-Rei.
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DENIS TAVARES
experiĂŞncias metodolĂłgicas
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$0.6/*$"¢¥0_ Apelos, apegos e desapegos na experiĂŞncia na cidade: o caso Rua do Lavradio revisitado a partir da Teoria-Ator-Rede Este artigo explora o tema qualidade do lugar a partir da releitura de uma experiĂŞncia no e com o lugar urbano entendido como uma rede de interfaces sociotĂŠcnicas, configurada a partir de uma mistura ou â&#x20AC;&#x153;coletivoâ&#x20AC;? de homens, coisas e tĂŠcnicas, tendo como objeto de estudo a Rua do Lavradio, no Rio de Janeiro. Associa as interfaces entre a Teoria Ator-Rede (TAR), a observação incorporada e um conjunto com instrumentos da anĂĄlise morfolĂłgica ressignificados Ă luz da abordagem experiencial. Testa o entendimento de lugar como um coletivo e sua aplicabilidade em estudos sobre a revitalização de centros histĂłricos. A introdução da TAR busca contornar a precariedade e dilemas existentes no entendimento de qualidade do lugar, explorando as possibilidades de reunir um conjunto heterogĂŞneo de narrativas, onde cada autor ĂŠ um efeito das redes, sem se limitar a â&#x20AC;&#x153;um corpo e uma menteâ&#x20AC;?, mas participando e moldando outras redes, resultando em um conjunto nĂŁo linear de narrativas que traduzem seu entendimento do lugar. Toma como base duas noçþes-chave o coletivo e tradução o que se referem Ă capacidade de decodificação por qualquer ator da rede, dos anseios, as açþes e as linguagens dos demais atores. Nesta interdependĂŞncia, busca-se tecer ou entrelaçar um conjunto de elementos heterogĂŞneos em torno de um 99
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mesmo fio condutor. Espera-se que os resultados desses entrelaçamentos gerem desdobramentos práticos e aplicações na Arquitetura, seja no ensino de projeto, na avaliação pós-ocupação (APO), na análise morfológica, nas relações pessoaambiente ou sociedade-natureza.
experiências metodológicas
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&%6"3%0 30$)" $"30-*/" .&/%0/¢" '&3/"/%&4 %& #"3304 *7"/ 3*#&*30 ,6)-)0'' LUCAS BOEIRA BITENCOURT E LUANA PAVAN DETONI
$0.6/*$"¢¥0_ Os Lugares do â&#x20AC;&#x153;PARA-FORMALâ&#x20AC;?: Marquises, abandonos e vazios no processos de planejamento urbano. A investigação (financiada pela Chamada MCTI /CNPq /MEC/CAPES NÂş 07/2011) ĂŠ dedicada a mapear a â&#x20AC;&#x153;para-formalidadeâ&#x20AC;? em centros de cidades (inicialmente em casos de atuação da equipe do LaboratĂłrio de Urbansimo, da FAUrb/UFPel), a partir de cartografias urbanas, fazendo uso de recursos infogrĂĄficos e sendo divulgado em tempo real por meio de website. A pesquisa se volta para os espaços nĂŁo regulados, espaços anarquistas, onde se produzem atividades que tendem a subverter as leis da econĂ´mia tradicional, do urbanismo e das relaçþes humanas, gerando mudanças importantes, tanto teĂłricas como prĂĄticas, na maneira de pensar e planejar a cidade. Este aspecto informal, longe de ser ocasional, constitui uma regra importante no desenvolvimento de muitas cidades na contemporâneidade o esses sĂŁo espaços â&#x20AC;&#x153;para-formaisâ&#x20AC;?. Portanto os lugares considerados â&#x20AC;&#x153;para-formaisâ&#x20AC;? nessa pesquisa sĂŁo aqueles que se encontram no cruzamento do formal (formado) e do informal (em formação), constĂtuidos por trĂŞs pontos essĂŞnciais: a cidade em formação, o prĂncipio de acordos, regras e projetos; a cidade em desagregação, os processos de acordos urbanos conflitivos, friccionantes ou catastrĂłficos e; as situaçþes urbanas onde existam fortes â&#x20AC;&#x153;indiferençasâ&#x20AC;? estratĂŠgicas entre os atores. Como resultados serĂŁo produzidos mapas urbanos, onde serĂŁo demarcas os territĂłrios â&#x20AC;&#x153;para-formaisâ&#x20AC;?, para posteriormente realizar simulaçþes (cenĂĄrios de futuro:
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otimistas/pessimistas, temporais, situacionais, etc.) e cruzamento de tipos/categorias. As principais contribuições esperadas são: os avanços na área de cadastro e mapeamento de configurações complexas; a produção local de metodologia e tecnologia; a produção de conhecimento sobre ecologias urbanas “para-formais” e; a produção de conhecimento sobre metodologia de cartografia urbana. Por fim, é preciso ressaltar o intercâmbio proposto nesse projeto com outros centros de estudo que são referência em trabalhos no campo das ecologias urbanas “para-formais” (FADU-Buenos Aires e UFRGS-Porto Alegre).
experiências metodológicas
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ELISABETE RODRIGUES DOS REIS 7Ă ODVMP $PSQPT F (SBmBT 6SCBOBT
$0.6/*$"¢¥0_ As mĂşltiplas possibilidades de aprender e apreender as cidades. ExperĂŞncia de alteridade entre as intimidades e estranhamentos corporais na cidade. Partindo da fundamentação bĂĄsica de que â&#x20AC;&#x153;nunca somos completamente alguma coisaâ&#x20AC;Ś somos ora uma coisa, ora outra, dependendo dos fluxos que emergem do nosso corpo e de que nada poderĂĄ ser essencialmente de uma forma ou de outra, cada coisa (e a cidade nĂŁo escapa a isso) define-se pelos fluxos emergentes que a constitui e pelo jogo de fluxos que a transformaâ&#x20AC;?, procuramos experienciar os espaços da cidade em tempos diferenciados e nĂŁo habituais Ă s nossas travessias cotidianas. Abordagem metodolĂłgica e experiĂŞncias realizadas no Centro do Rio de Janeiro.
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$0.6/*$"¢¥0_ A intenção da comunicação Ê apresentar alguns aspectos da
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minha trajetĂłria enquanto Poeta de Rua. No campo sĂłcio-polĂtico darei atenção ao cotidiano dessa modalidade de exposição artĂstica, que decide pela rua como ambiente de trabalho, local este que nĂŁo foi eleito como o principal para o consumo de poesia, uma vez que esse consumo estĂĄ tradicionalmente vinculado Ă academia (ao salĂŁo). Em seguida, olharemos esse tipo de manifestação artĂstica como uma forma de intervenção estĂŠtica urbana, no sentido que interfere na dinâmica acelerada da grande metrĂłpole, neste caso a carioca. HĂĄ entĂŁo, como que um conflito de intençþes, de um lado o poeta e de outro os transeuntes. O poeta de rua ĂŠ um corpo-psique que desafia o cotidiano da cidade: enquanto corpo, ele exige uma mudança da dinâmica agitada e apressada daqueles corpos que freqĂźentam a cidade; os transeuntes querem passar, jĂĄ o poeta estĂĄ â&#x20AC;&#x153;paradoâ&#x20AC;? e deseja que os outros tambĂŠm parem, para que ele possa apresentar seu trabalho. JĂĄ no campo da psique, hĂĄ por parte do poeta um apelo ao movimento, uma vez que essa experiĂŞncia de contemplação da arte nĂŁo ĂŠ comum no ambiente agitado da metrĂłpole super profissionalizada, ĂŠ um movimento, pois ĂŠ uma fuga do cotidiano o que o poeta propĂľe, mas que o transeunte dificilmente estĂĄ disponĂvel a aquiescer, tendo em vista que no campo da psique esse movimento ĂŠ um consumo de energia nĂŁo planejado.
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FELIPE CARVALHO NIN FERREIRA 7Ă ODVMP 6''
$0.6/*$"¢¥0_ DiĂĄlogos entre projetos de transformação das regiĂľes portuĂĄrias do Rio de Janeiro e Buenos Aires: um olhar sobre (a partir?) as cartografias sociais e culturais. Com o paradigma criado apĂłs o projeto realizado em Barcelona que visava a preparação da cidade para os jogos OlĂmpicos de 1992, os projetos de intervenção nas regiĂľes portuĂĄrias se tornaram quase que â&#x20AC;&#x153;uma ideia Ăşnicaâ&#x20AC;? dentro do que se tem produzido urbanisticamente em vĂĄrias cidades do mundo. Assim, atravĂŠs da realização de diferentes estratĂŠgias cartogrĂĄficas e de representação da cidade, pretendo estabelecer um diĂĄlogo entre as duas cidades com o objetivo de enriquecer a compreensĂŁo dos projetos em questĂŁo. A ideia do diĂĄlogo se dĂĄ a partir da leitura do livro Cidades InvisĂveis, de Italo Calvino, e entendo que a experiĂŞncia de campo em Buenos Aires traz em si a caracterĂstica do diĂĄlogo, pois tanto a compreensĂŁo dos elementos que formam esta cidade estĂĄ permeada pela referĂŞncia da minha formação na cidade do Rio de Janeiro, como a compreensĂŁo das caracterĂsticas especĂficas deste lugar se somam a impressĂŁo do lugar de onde vim. A experiĂŞncia de campo traz tambĂŠm como linguagem de representação prĂĄticas fotogrĂĄficas e suas formas experimentais, fazendo assim uma reflexĂŁo sobre o significado e a importância da construção do imaginĂĄrio local por meio de ima105
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gens. Esta experiência se soma às estratégias de cartografias na compreensão do território das regiões portuárias e permitirá ampliar as formas de manifestação e expressão do conteúdo de reflexão deste trabalho. Entre as referências teóricas, ressalto as contribuições para o tema da cartografia, como Yves Lacoste, Henry Acselrad, Suely Rolnik e Félix Guattari, Paola Berenstein Jacques, João do Rio, Walter Benjamin e Charles Baudelaire.
experiências metodológicas
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$0.6/*$"¢¥0_ Este trabajo expone dos experiencias de diseĂąo y construcciĂłn, de dos lugares realizados bajo la experiencia de las TravesĂas de Amereida, de la Escuela de Arquitectura y DiseĂąo de la Pontificia Universidad CatĂłlica de ValparaĂso. Se trata de dos espacios pĂşblicos: el primero una â&#x20AC;&#x153;plaza-coretoâ&#x20AC;? para la comunidad de RocĂo Pequenho, en la ciudad patrimonial de SĂŁo Francisco do Sul, Santa Catarina, Brasil, y el segundo, un lugar â&#x20AC;&#x153;patioâ&#x20AC;? en un pequeĂąo bosque de la comunidad de GarupĂĄ, Argentina. La travesĂa es un viaje de trabajo y estudio en tormo a la vida, a algĂşn lugar de SudamĂŠrica, en el que viajar y habitar el contexto que se intervendrĂĄ, permite acceder a una intimidad del mismo que posibilita el descubrimiento e invenciĂłn de relaciones que son incorporadas en el proceso de diseĂąo y posterior construcciĂłn de una obra, la que se regala al lugar visitado. Cada obra tiene un primer momento que permite abrir el proceso de diseĂąo a nuevas relaciones. Este consiste en un acto-juego poĂŠtico, en el que participan estudiantes y profesores de la travesĂa y los habitantes del lugar. La primera travesĂa fue realizada el aĂąo 1967, recorriendo desde Tierra del Fuego, Chile, hasta Santa Cruz de la Sierra, Bolivia. Participan tambiĂŠn en ella artistas e intelectuales europeos. En 1982 la Escuela de Arquitectura incluye en su Plan de Estudios la realizaciĂłn anual de TravesĂas por AmĂŠrica. 107
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El propósito de este trabajo es exponer el viaje, el acto-juego poético y la obra, como una relación entre el cuerpo del arquitecto, el lugar y el habitante que conforma el sentido de una travesía que tiene, como uno de sus objetivos, descubrir la originalidad de una América heterogénea, y que necesita ser pensada desde las singulares características que cada lugar es capaz de revelar.
experiências metodológicas
7Ă ODVMP ;FDPSB 6SB 5IFBUSF /FUXPSL -6.& 5FBUSP F 6/*$".1
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$0.6/*$"¢¥0_ O Labirinto Urbano surge nessa rede e se utitliza dos seus processos intensos de troca e pesquisas para se configurar como projeto laboratorial e espaço volĂĄtil com ampla capacidade de adaptação e sobreposição de conteĂşdos e temas. Recriando-se a cada edição, atravĂŠs das necessidades especĂficas e de um rĂgido e constante processo de avaliação. Contudo, o Labirinto Urbano tem como eixo transversal o objetivo de reavaliar os termos da nossa relação com os espaços pĂşblicos das cidades. AtravĂŠs da reapropriação desses espaços com jogos de infiltração, intervençþes urbanas e performances utilizamos a cidade como um grande tabuleiro a ser redescoberto. Utilizando uma abordagem poĂŠtica, com metĂĄforas de trabalho que relacionam os corpos dos participantes com os espaços da cidade onde eles vivem. Nessa abordagem que permeia todo nosso Labirinto, busca-se potencializar as metĂĄforas focando a exploração das ĂĄreas mais perifĂŠricas e menos â&#x20AC;&#x153;visitadasâ&#x20AC;?, levando os participantes a explorar as suas menores ruelas e esquinas mais perigosas. Durante os encontros, esses corpos-cidade sĂŁo abordados para alĂŠm de suas fisiologias, pois nos interessa trabalhar todas as camadas e materialidades possĂveis. Um lugar entre cidade/corpo real, cidade/corpo lembrada(o), cidade/corpo inventada(o) e cidade/corpo ideal. A estrutura desse evento ĂŠ baseada no jogo: como numa grande â&#x20AC;&#x153;caça ao tesouroâ&#x20AC;? envolvendo toda a cidade como um grande tabuleiro, os participantes-
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criadores convidam o público a interagir ativamente da trama; sendo levados a transitar por pistas que se revelam através de mini-performances/instalações o que podem ser pequenas ações/cenas com um caráter visual forte e com recursos de multimidia acessíveis e elementos de tecnologia de comunicação de baixo custo (celulares/computadores pessoais/games). Esta estrutura de criação surgiu inspirada também nos jogos de infiltração (pervasive games), em fundamentos e filosofia da capoeira angola e conceitos como corpografias urbanas.
experiências metodológicas
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$0.6/*$"¢¥0_ Esta comunicação visa refletir sobre as territorialidades urbanas contemporâneas centrando-se na questĂŁo da escrita coletiva e colaborativa das cidades. Expandindo os conceitos de artes visuais e literatura, pretende-se observar o grafite, a pichação, a arte site specific e o espaço do corpo em cidades como SĂŁo Paulo e Salvador. Para tanto serĂŁo vistos, descritos e analisados materiais audiovisuais criados pela pesquisadora em mais de 3 anos de investigação, ação e criação no espaço pĂşblico por meio de anĂĄlises, performances, fotografias e vĂdeos. Este trabalho teve inĂcio em 2008 quando a artista começou a investigar a cidade como uma narrativa em aberto. Neste ano, fundou o Multigraphias, projeto de criação coletiva e colaborativa em que artistas convidados e artistas selecionados para residĂŞncias de diferentes partes do mundo criam obras em diferentes formatos (vĂdeo, gifs, fotos, textos) sobre as cidades onde se encontram. As criaçþes sĂŁo diĂĄrias e realizadas sempre com o princĂpio de estabelecer um diĂĄlogo entre as obras, possibilitando conexĂľes crĂticas e criativas sobre a experiĂŞncia do artista na cidade. O Multigraphias jĂĄ recebeu a colaboração de mais de 40 artistas, que colocaram mais de 60 cidades diferentes em diĂĄlogo. A partir da experiĂŞncia de criação e direção do Multigraphias, Gabriela Canale criou o projeto Cidade Imaginada, em que reflete artisticamente de forma continuada as cidades que a interessam afetivamente.
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$0.6/*$"¢¥0_ Modos peripatÊticos. Essa comunicação enfoca no passeio
experiĂŞncias metodolĂłgicas
como modo de apreensĂŁo do entorno e relaciona o trabalho Expedição em Bahia do grupo ThisLandYourLand com os modos peripatĂŠticos e as prĂĄticas metodolĂłgicas das naturalistas e viajantes dos sĂŠculos XVIII e XIX. A viagem e o passeio sĂŁo percebidas como estruturas criativas ou ficçþes que estabelecem uma correlação entre a figura do passeio e os diferentes contextos. Mas, ao contrĂĄrio de uma expedição, os passeios geralmente nĂŁo se desenvolvem em direção a um desconhecido longĂnquo, mas sim na proximidade do conhecido. Ao longo do texto cria-se uma reflexĂŁo sobre os modos peripatĂŠticos no campo das arte. O trabalho levanta questĂľes em torno dos usos e das valores materiais e imateriais dos recursos naturais a partir da experiĂŞncia de uma viagem. Discutem-se os sistemas e modos de vida nas regiĂľes rurais e urbanos ao longo do caminho a partir de um olhar construĂdo coletivamente e da percepção subjetiva. A viagem ĂŠ uma ação performativa que estabelece um arquivo caminhante. Caminhar implica fazer escolhas, optar por direçþes, construir um trajeto. Qual ĂŠ o desenho que ĂŠ feito pelo corpo no espaço. O ato de andar constrĂłi a narrativa de uma histĂłria. SĂŁo criadas associaçþes entre os modos de vida e as ruĂnas encontradas ao longo do caminho, os jardins e as florestas legais, as plantaçþes e os sistemas naturais da Caatinga e dos Campos Gerais e os caminhos das ĂĄguas e as paisagens submersas do Rio SĂŁo Francisco.
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$0.6/*$"¢¥0_ Uma rua, lugar qualquer. Desde junho de 2010, faço uma experiĂŞncia que tenho denominado deriva parada, em uma quase esquina de uma rua central de Porto Alegre. Fico encostada em uma parede branca durante um tempo determinado, todas as semanas, no mesmo dia e hora. Procuro estar disponĂvel ao que acontece durante aquele tempo, sem buscar estabelecer vĂnculos, mas respondendo aos afetos. Logo depois escrevo o que me aconteceu, com certa objetividade. Este material tem me feito pensar em uma sĂŠrie de conceitos-chave que pretendo organizar como forma constelação em uma tese de doutorado, entre eles: deriva/mĂŠtodo de se perder, testemunho/testemunha, rosto/paisagem, passagem/cidade, espera, anonimato, territĂłrio, memĂłria/tempo, movimento/ narrativa. Pretendo apresentar essa experiĂŞncia e discutir metodologias de suspensĂŁo de uma rua, a partir do conceito de aventura de Simmel, de deriva e deambulação, e do conceito de off-modern, da escritora russa Svtelana Boyn.
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$0.6/*$"¢¥0_ Compreender o espaço público como lugar onde se desen-
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volve a â&#x20AC;&#x153;cena pĂşblicaâ&#x20AC;?, local onde as formas de ser estĂŁo associadas Ă s imagens lidas e criadas a partir da signalĂŠtica, provocou a elaboração do trabalho Pictokama. Na etapa de observação em campo na cidade de Salvador, para levantamento imagĂŠtico do corpo produto, na pesquisa do mestrado em poĂŠticas visuais, do PPGAV o EBA /UFBA, ocorreu um desvio que induziu a percepção de sĂmbolos usados nas sinalizaçþes de trânsito e comunicação visual, os pictogramas. A partir de apropriação destes bonecos de sinalização, utilizando o mesmo padrĂŁo de forma e cores, foram elaborados desenhos, vetorizados digitalmente e impressos em adesivos. Reconfigurando-os em poses sexuais baseadas em posiçþes do Kamasutra. Em açþes artĂsticas pela cidade, estes stickers foram restituĂdos a espaços pĂşblicos e privados, num movimento de reversibilidade, deslocamento e resignificação, afixados prĂłximos aos sĂmbolos legitimados, para intentar promover uma mudança na leitura habitual dos signos incorporados no cotidiano. Ressalta-se que o boneco de sinalização conhecido ĂŠ um sĂmbolo para determinar nos espaços as posiçþes e movimentos do corpo, como e onde o individuo pode ser/estar em determinados ambientes, regras de comportamento que
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ditam uma postura e um movimento para o corpo. Indicam, sugerem, induzem não somente um posicionamento e trajetória, mas deflagram um processo de subjetivação, entendendo este como “agenciamento de enunciação”, onde o corpo é constituído pelo discurso, tornando-se um produto construído socialmente flexível e instável. Pictokama apresenta bonecos com um corpo não realístico. Um corpo nu que, no entanto, não se observa sua nudez. Traz uma obscenidade tradicional distinta da pornografia, conserva ausência, sedução. Permitindo pensar a potencialidade do corpo e a imposição de restrições, através da intervenção de resignificar um signo.
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$0.6/*$"¢¥0_ Mapografias do Manga Rosa na São Paulo dos anos 80
A comunicação apóia-se em três pontos: 1. Os mapas do Grupo Manga Rosa no Centro da cidade a partir de três açþes:
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A comunicação propĂľe anĂĄlises mapogrĂĄficas das açþes de intervençþes urbanas do grupo Manga Rosa realizadas hĂĄ 30 anos, numa ĂŠpoca em que assistĂamos Ă vertiginosa decadĂŞncia do Centro da MetrĂłpole, carregando junto as certezas da Modernidade. Seu desenvolvimento estabelece uma ponte entre as pesquisas desenvolvidas na FAU em mapografias urbanas e as experiĂŞncias realizadas pelo MR. O tema e mĂŠtodo de fazer mapas analĂticos e perceptivos dos ambientes urbanos contemporâneos apĂłiam-se, em nĂvel teĂłrico, em quatro referĂŞncias: 1. Internacional Situacionista, 2. PlatĂ´s e Rizomas de Deleuze e Guattari, 3. CronĂłtopos e outras teorias da lingĂźĂstica e 4. Topologia, especialmente a aplicação que Lacan faz dela. O grupo de jovens urbanos era embasado pela experiĂŞncia cotidiana, as aproximaçþes com artistas e intelectuais das geraçþes anteriores e pelas tĂĄticas foquistas inspiradas em Contracomunicação de D. Pignatari e Cool Killer de Jean Baudrillard.
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2. Ler hoje o trabalho do grupo como sendo mais que tudo, já na sua origem, construção de mapas: - Mapas geográficos do Centro como aporte cultural das populações Leste da cidade. - Mapas das conexões cindidas pela ditadura com as gerações anteriores, aproximações com Augusto de Campos, Décio Pignatari, Zé Celso, Mautner, Nogueira Lima; releituras de obras de Flavio de Carvalho, Hélio Oiticica, Torquato Neto. - Mapas das redes coetâneas em atividade em SP, TresNósTres, Viajou sem Passaporte, Alex Vallauri, Olhar Eletrônico...
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“Sinalização(DE)formativa” (1981), “Ao-ar-livre” (1980) e “Investigação sobre a composição aleatória das cores” (1982).
3. Os mapas configurados pelo MR no Centro em relação aos mapas das intervenções dos demais coletivos no vetor Sudoeste da cidade. Não mapear, mas construir mapas.
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$0.6/*$"¢¥0_ Dois construtores artistas, criativos criadores de casas-corpos
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em estado contĂnuo de obra, foram tema de pesquisa que gostaria de compartilhar neste evento. Os processos construtivos destes dois senhores o em espaço-tempo distintos, mas com diversas intersecçþes o foi interesse de investigação sobre esta arquitetura selvagem, invenção de um cotidiano (Certeau) que transforma objetos descartados ou de pouco valor em matĂŠria artĂstica. Ambos construtores o que chamei de bricoladores, por realizarem uma espĂŠcie de bricolagem (LĂŠvi-Strauss) arquitetural o movidos pelo desejo de materializar imaginação e indo Ă contramĂŁo dos processos de espetacularização das cidades (Jacques), driblaram a falta de recursos e edificaram suas fantasias, transformando a paisagem urbana o um deles reverberando na paisagem de umas das maiores favelas paulistanas. As casas desta pesquisa foram concebidas como mĂĄquinas produtoras de subjetividades: deixando de ser objeto, passam a ser percebidas como rizoma (Deleuze; Guattari), onde corpo e espaço confundem-se. Para entrar e percorrer estas casas ĂŠ preciso uma ginga (Jacques) que desvende os atalhos e desvios labirĂnticos, onde a profusĂŁo de objetos, fragmentos, brilhos e cores acorda todos os sentidos. Investigar estas casas e seus respectivos construtores sugere uma metodologia de cartografia (Guattari; Rolnik) que acompanhe seu movimento e transformação, e que o pensamento arbĂłreo desconhece. Con-
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tínuo work in progress, estas casas consomem todo o tempo de seus moradores, que se dedicam fiel e permanentemente à sua criação, e acabam se confundindo com a própria construção. Aproximar o campo de pesquisas da arquitetura e do urbanismo a estes processos criativos traz a possibilidade de refletir sobre novos paradigmas estéticos (Guattari) e sobre a potência das microrresistências urbanas (Jacques), tão necessárias e desconhecidas dos estudos acadêmicos.
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$0.6/*$"¢¥0_ â&#x20AC;&#x153;Sinta Perca-seâ&#x20AC;? ĂŠ o tĂtulo de uma ação de intervenção urbana
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desenvolvida pelos participantes da oficina â&#x20AC;&#x153;o ARTISTA e a CIDADEâ&#x20AC;?, ministrada pelo artista Luciano Montanha na Casa M 8ÂŞ Bienal do Mercosul. A partir de uma deriva situacionista no centro de Porto Alegre, os participantes deixaram-se impressionar pela psicogeografia da cidade e destacaram aspectos que lhes interessaram, a fim de tomĂĄ-los como partida para intervençþes urbanas. Milena identificou a presença de um sistema de comunicação informal espalhado pelas ruas, representado por cartazes que comunicam diversos assuntos: donos que procuram animais perdidos, pessoas que oferecem serviços, etc. Decidiu operar neste sistema, propondo uma situação poĂŠtica. Elaborou um trabalho com cartazes que cria o seu prĂłprio circuito, agindo de forma a convocar os transeuntes para uma relação contemplativa com aspectos invisĂveis da cidade. Numa transposição da deriva que realizou, propĂ´s um jogo de â&#x20AC;&#x153;caça-ao-tesouroâ&#x20AC;? aos passantes do centro de Porto Alegre. Cartografou 10 pontos em um territĂłrio o aspectos fĂsicos ou simbĂłlicos da cidade que atuam como disparadores da percepção sensĂvel de quem os contempla no contexto da intervenção. Cada lugar propĂľe uma provocação ou uma reflexĂŁo ao olhar dos transeuntes. Os pontos foram marcados com um circuito de cartazes que inicia em frente a um Shopping e encerra no mesmo lugar. A ideia ĂŠ que o transeunte seja deslocado do seu
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sensível, através da comunicação intersubjetiva entre artistas e público tendo a cidade como suporte. Os cartazes dão uma pista vaga do que está sendo sublinhado em cada lugar. Caberá ao transeunte aguçar a percepção e encontrar
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cotidiano, viva uma experiência sensível com a cidade e retorne ao mesmo ponto. Se quer produzir o desvio e a vivência da cidade em outro nível de percepção
o que lhe está sendo proposto ou criar os seus próprios sentidos para a experiência.
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$0.6/*$"¢¥0_ O grupo propĂľe a reflexĂŁo crĂtica e o compartilhamento pĂş-
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blico da experiĂŞncia resultante da intervenção artĂstica Receitas e pretende trazer para o debate o relato de intervençþes artĂsticas realizadas anteriormente pelo grupo na cidade de SĂŁo Paulo. A intervenção Receitas se configura como um trabalho relacional onde mais do que o levantamento de um inventĂĄrio de formulas, se intenciona cruzar experiĂŞncias em conversas com os transeuntes. A ação propĂľe uma pausa no cotidiano corrido para a realização de uma troca de conhecimentos e experiĂŞncias, que muitas vezes se desdobra para uma troca de afetos, de histĂłrias, de memĂłrias. O grupo entende que a captura de receitas no espaço pĂşblico urbano, age como um dispositivo de alteridade capaz de gerar e transmitir uma sĂŠrie de â&#x20AC;&#x153;experiĂŞnciasâ&#x20AC;? que estĂŁo alĂŠm da uniĂŁo de determinados ingredientes. Ao mesmo tempo a imagem coletiva de receitas quase sempre estĂĄ ligada a comida, e nesse sentido representa um rico elemento simbĂłlico que traz uma sĂŠrie de outras relaçþes ligadas a esta intervenção como um todo: a captura de Ăndices de costumes de uma população, de uma ĂŠpoca, de um local, enfim, um recorte na cultura. E, assim, nessa aproximação intensiva com pessoas e suas histĂłrias que se encontram num espaço fronteiriço entre o real e a ficção, os artistas do grupo imergem em universos particulares atravĂŠs da apreensĂŁo de â&#x20AC;&#x153;ficçþesâ&#x20AC;?, de relatos,
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histórias e receitas. Uma forma de investigar, nesse local de enfretamento, de contato entre diferentes identidades e da ação corriqueira, como estabelecemos relações pessoais e como a experiência artística emerge potencialmente desses encontros.
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$0.6/*$"¢¥0_ Esta comunicação focarå a recente manifestação de greve de
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fome de um jovem jornalista no Rio de Janeiro, cujo mote era a repulsa Ă invisibilidade e manipulação midiĂĄticas sobre a recĂŠm â&#x20AC;&#x153;reintegração de posseâ&#x20AC;? em Pinheirinhos, SĂŁo JosĂŠ dos Campos. O foco principal se apĂłia no ato-crĂtica-manifesto do jornalista Pedro Rios LeĂŁo que, num ĂĄpice de coerĂŞncia e resistĂŞncia, se algemou num poste da calçada em frente Ă sede da Rede Globo num bairro de zona sul do Rio de Janeiro. Pedro Rios LeĂŁo produziu um vĂdeo apĂłs passar dias em Pinheirinhos e colaborar com os moradores expulsos; o documento, que ficou disponĂvel na calçada onde Pedro â&#x20AC;&#x153;acampouâ&#x20AC;?, flagrava vĂĄrias testemunhas de ocultação de corpos. Inspirada na sociĂłloga Ana Clara Ribeiro e sua fala na ANPUR de FlorianĂłpolis (2009), relativa Ă potĂŞncia do corpo que resiste Ă diluição midiĂĄtica em momentos de revolta e insurgĂŞncia polĂtica; o objetivo aqui ĂŠ sublinhar um aspecto de emergĂŞncia e retorno simultâneo de operaçþes conhecidas no vocabulĂĄrio da arte-performance. Contrastes e linhas-de-fuga serĂŁo esboçados atravĂŠs de artistas, como o americano Gordon Matta Clark e a cubana Ana Mandieta. Alguns outros temas e conceitos perpassam a anĂĄlise proposta tais como: temporalidade diferida no espaço pĂşblico o primeiro no corpo-multidĂŁo em Pinheirinhos e depois na arma-corpo-arte do jornalista na zona sul do Rio de Janeiro; corpo-
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potência o entre arma e arte. Para tanto, recorrerei, além de Ana Clara Ribeiro, a autores como Giorgio Agamben, Henri-Pierre Jeudy, Toni Negri e artistas, passando por Allan Kaprow e Cildo Meirelles, até coletivos contemporâneos de artistas brasileiros que problematizam o espaço coletivo urbano.
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$0.6/*$"¢¥0_ Moles, molhados, doces: representaçþes sensoriais da arqui-
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tetura e da cidade o Maria de FĂĄtima de Mello Barreto Campello / Maria AngĂŠlica da Silva Deixar-se atravessar pela experiĂŞncia de um lugar, insistir nela atĂŠ ficar encharcado a ponto de se sentir pronto para reproduzi-la, para transmiti-la e representĂĄla espacialmente em seu conteĂşdo mais profundo e sensorial tem sido a nossa prĂĄtica na pesquisa e no atelier. A quase overdose ĂŠ condição primordial para o sucesso da experiĂŞncia. ExperiĂŞncia que envolve o corpo e a pele a ponto de estontear. Ă&#x2030; ela que permite o mergulhar e romper camadas superficiais da percepção. Transmitir a experiĂŞncia, transformĂĄ-la em espaços na escala 1 X 1 ĂŠ o desafio. Desafio de corpografar, de produzir mapas tridimensionais, espaços sensitivos propĂcios Ă experiĂŞncia corporal. Espaços para pegar, cheirar, degustar. Suar, transpor, afligir. Moldar, tensionar, direcionar. Espaços moles, molhados, doces. Neles estĂŁo contidos o mercado, a praia, a rua, usados apenas como mote, como deflagradores. SĂŁo as experiĂŞncias acumuladas e sistematizadas nos Ăşltimos dez anos de prĂĄtica que pretendemos apresentar. SĂŁo elas que nos permitem perguntar: seriam corpografias as que sĂŁo realizadas? Sim, corpografias no sentido primeiro da es-
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crita sobre corpo, mas talvez mais que isso, porque deixam marcas, sulcam a pele, ferem e ficam. Tatuagens?
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$0.6/*$"¢¥0_ A primeira etapa da comunicação tratarĂĄ da ação â&#x20AC;&#x153;Quando
Nesta primeira fase da comunicação, detalharei os seguintes pontos da ação: 1. A primeira visita à Comunidade da Rocinha 2. As Conversas
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Partiâ&#x20AC;?. Esta ação foi realizada na Comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, entre os meses de Setembro e Novembro de 2011, e teve como motivação a ideia do fluxo migratĂłrio de milhares de nordestinos em direção ao sudeste no decorrer das Ăşltimas dĂŠcadas. Essa condição funda a vida de milhares em nossa cidade. A ação se inicia com conversas que tive com moradores da comunidade . Essas conversas tiveram, como ponto de partida, duas perguntas: â&#x20AC;&#x153;Quando vocĂŞ chegou a Rocinha?â&#x20AC;? e â&#x20AC;&#x153;Lembra de alguma histĂłria desse tempo que tenha ocorrido no espaço pĂşblico?â&#x20AC;?. As conversas foram realizadas na Rocinha. A partir de cada conversa, fiz um vĂdeo narrando as histĂłrias do participante, como se fora ele. Mostrei esse vĂdeo que narrei a cada participante, e fiz duas perguntas: â&#x20AC;&#x153;VocĂŞ quer suprimir algo da narração?â&#x20AC;?; â&#x20AC;&#x153;VocĂŞ deseja narrar alguma histĂłria com sua prĂłpria voz?â&#x20AC;?. A Ăşltima etapa da ação trata da montagem de um vĂdeo com todas as narrativas, e da realização de uma exposição na Rocinha para os participantes e convidados.
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3. A teia de relações entre os participantes 4. A minha narrativa em vídeo 5. O compartilhar desse vídeo com os participantes 6. O abismo e a ficção 7. A exposição do vídeo para convidados Segunda parte da comunicação: Tratarei a seguir das questões teóricas levantadas pela ação “Quando Parti”, a partir da construção da narrativa: 1. Poderá uma narrativa construir um mundo entremundos, e ser, assim, política? 2. É preciso ficcionar o real para pensá-lo? Os autores serão: ARENDT, Hannah. A condição Humana. Rio de Janeiro. Forense Universitária. 2011. RANCIÈRE, Jacques. A Parilha do Sensível. São Paulo. Editora 34. 2005. RANCIÈRE, Jacques. O Desentendimento. São Paulo. Editora 34. 1996.
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$0.6/*$"¢¥0_ A presente comunicação, Cruzamento na/da cidade: arte e
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pedra, propĂľe-se apresentar e discutir, a partir do referencial teĂłrico sobre espaços pĂşblicos, a possĂvel experiĂŞncia do transeunte ao deparar-se com a intervenção artĂstica Cruzamento (2003) da artista Renata Lucas. Trabalho realizado na cidade do Rio de Janeiro, no cruzamento das Ruas Dois de Dezembro e Praia do Flamengo. A intervenção artĂstica consiste de placas de madeira compensada sobrepostas ao chĂŁo de concreto do cruzamento. Ao encobrir o cruzamento a artista o revela, causando um estranhamento ao passante, tanto ao que estĂĄ em seu veĂculo assim como ao pedestre. Ambos podem ser tocados pelo trabalho. O pedestre sentindo o impacto sob seus pĂŠs, que ao caminhar sobre o concreto e sobre a madeira altera sua estrutura muscular para estabilizar-se nas diferentes superfĂcies. JĂĄ o sujeito que se encontra em seu veĂculo (seja moto, carro ou bicicleta) sofre um pequeno solavanco ao subir e descer da camada de madeira. AlĂŠm dessas sensaçþes, o ruĂdo produzido ao transitar-se sobre as placas de madeira ĂŠ bastante especĂfico aguçando a atenção para o trabalho. Embora Cruzamento (2003) nĂŁo estivesse evidenciado como uma obra de arte, isto ĂŠ, quem o percebeu nĂŁo necessariamente pode associĂĄ-lo como uma intervenção artĂstica, ele estava exposto como um elemento que causa uma fricção
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com o local. Assim, a intervenção artística, ao exigir do corpo uma percepção do lugar, enfatiza as questões da cidade. Neste caso, colocando em relevância o papel do cruzamento na cidade, como um espaço público, de encontro de duas vias, de interrupção de fluxos, ele instaura um momento de respiro e possibilita um olhar para fora de si, do olhar introspectivo de se estar só na cidade. No cruzamento o percurso pode ser alterado, pode-se continuar adiante, ou virar. O cruzamento é ponto de encontro e a encruzilhada.
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$0.6/*$"¢¥0_ Meu interesse atravĂŠs da pesquisa â&#x20AC;&#x153;Açþes coletivas na cida-
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de: criação, desejo e resistĂŞnciaâ&#x20AC;? ĂŠ buscar possibilidades e linhas de fuga para as tentativas, desejos de criação e realização de açþes artĂsticas e/ou experimentais o em geral coletivas o, relacionadas a contextos especĂficos de cidades como Salvador e SĂŁo Paulo. A atual competição entre grandes cidades, que perseguem uma qualificação cada vez melhor num ranking mundial cujo objetivo ĂŠ atrair cada vez mais recursos e investimentos, relega Ă posição de medidas compensatĂłrias os interesses e desejos de seus habitantes o em especial a maioria mais pobre o por serem considerados meros entraves na briga por dinheiro que beneficia apenas uma minoria, embora amplamente publicizado como benefĂcios para todos. Diante desta clara e crescente tensĂŁo polĂtica, certos artistas e tambĂŠm nĂŁo artistas sentem a necessidade de criar e realizar experiĂŞncias, fricçþes e embates justamente nos locais onde se dĂŁo os conflitos de modo mais evidente e intenso, tratando dessas questĂľes que envolvem as chamadas revitalizaçþes ou reabilitaçþes e suas consequĂŞncias para a população mais pobre. Compreendendo a complexidade de tempos em que o capitalismo, na busca de vender mundos e personalidades prontas para o consumo, precisam de variedade e englobam atĂŠ mesmo parte das vozes dissonantes, tornando suas
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questões nebulosas, achatando a multiplicidade dos discursos e oferecendo-as como mais uma opção de “diversidade”, analiso linhas de fuga, contradições, lutas e interesses relacionados ao desejo de corpos que pretendem trabalhar envolvidos com as mais complexas questões envolvendo a criação hoje: desejo, resistência, suas vizinhanças, fronteiras, transbordamentos e contradições.
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$0.6/*$"¢¥0_ Quando mencionamos no caderno Provocaçþes 01 que a
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praia da Estação fora articulado por conta do Decreto Municipal 13.798/2010, que proibiu os eventos de qualquer natureza na Praça central de Belo Horizonte, reformada durante quatro anos com alguns bilhĂľes de reais para ser o ponto de encontro da cidade, nĂŁo pudemos mencionar seu surgimento. Desde dezembro de 2009, avisados por funcionĂĄrios da PBH, que se indignaram com o decreto que viria a ser publicado, alguns cidadĂŁos publicaram em um blog a convocação do encontro no dia 07 de janeiro, na praça, 17h, vestindo branco o www.vadebranco.blogspot.com. Cerca de 50 pessoas estavam na praia, de branco, de preto, de amarelo, coloridas, algumas outras que nĂŁo eram os que, em alguma medida, sinalizavam o encontro. A demanda pelo branco era um problema por representar, em alguma medida, relação com algumas religiĂľes para os que vestiam preto. CompartilhĂĄvamos a insatisfação em ter um prefeito que objetiva a especulação imobiliĂĄria como planejamento urbano, ao invĂŠs de potencializar os espaços pĂşblicos privilegiados para o encontro da diversidade cultural, econĂ´mica e social. Uma das ideias foi a praia da estação, que vinga hĂĄ dois anos todas as semanas do verĂŁo. Mas no Ăşltimo dia 02 de fevereiro de 2012, a praia saudou, em um encontro com mais de 400 pessoas, IemanjĂĄ, num momento ecumĂŞnicopolĂtico, em que os gestos privilegiados eram conversar, conhecer-se, tocar mĂşsica,
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dançar e capoeira, jogar flores, acender velas, enfeitar e perfurmar a praça e os vãos de ventilação do Rio Arrudas. Entre as imagens da rainha do mar havia um barquinho com o prefeito que, produzidos pelo movimento Fora Lacerda www. foralacerda.com.br, marcava em mais uma manifestação pública os pontos a serem problematizados na administração municipal, ocupando taticamente os mesmos terrenos físicos que se travestem de exclusivos, a partir do planejamento mandatário. E os terrenos virtuais possibilitam uma boa parte da troca a todo momento...
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$0.6/*$"¢¥0_ A ideia ĂŠ expor, de forma reflexiva, autocrĂtica e participativa (no sentido de receber as informaçþes oriundas dos ouvintes participantes), as experiĂŞncias vivenciadas pelo Coletivo TeiaMUV ao longo dos seus quatro anos de permanencia artĂstica na cidade de Salvador. Dessa forma, serĂŁo apresentados os principais trabalhos artĂsticos, tendo a Dança Contemporânea como principal linguagem de comunicação, desenvolvidos a partir de problematizaçþes acerca do diĂĄlogo entre o corpo (cidadĂŁo, polĂtico) e o ambiente que atua, que vive. AtravĂŠs de imagens fotogrĂĄficas e videogrĂĄficas, serĂĄ mostrado o trabalho desenvolvido na Rocinha em SSA o BARROC.inha, uma circulação pelas cidades de Recife e SĂŁo Luis o BARROC.inha NE, uma instalação no Passeio PĂşblico de Salvador o Transbarroc, e serĂĄ enfatizada a Ăşltima experiĂŞncia vivida em Berlin/ Alemanha com a intervenção intitulada Nave Pirata, atravĂŠs do Projeto Teia o Manutenção de Grupos ArtĂsticos do Estado da Bahia o atualmente em vigĂŞncia o financiado pelo Governo do Estado da Bahia.
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$0.6/*$"¢¥0_ GostarĂamos de propor a apresentação e comunicação de nosso trabalho, #DESVIO. Criado em 2011 para o projeto Auto-Peças do festival Satyrianas (SĂŁo Paulo-SP). Em â&#x20AC;&#x153;Desvioâ&#x20AC;?, o pĂşblico ĂŠ escolhido na rua, pelo telefone e/ou internet. NĂŁo hĂĄ uma prĂŠ-seleção de plateia. As pessoas sĂŁo abordadas aleatoriamente, sendo convidadas para ingressar no carro â&#x20AC;&#x153;Desvioâ&#x20AC;?, que comporta trĂŞs pessoas por apresentação. A ação interage com a cidade, expandindo a noção de espectador, que ĂŠ pego de surpresa para ser desviado de seu trajeto e refletir o seu real destino. Toda a ação ĂŠ filmada com a autorização dos desviados para serem utilizadas como conteĂşdo e possĂvel desdobramento da ação. O prĂłximo destino do Desvio ĂŠ o Festival de Teatro de Curitiba de 2012.
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$0.6/*$"¢¥0_ ATLAS DA DIVERSIDADE DO BAIRRO JARDIM CANADĂ
experiĂŞncias metodolĂłgicas
Trata-se de um conjunto de atividades de mapeamento que fizeram parte do workshop ATLAS DA DIVERSIDADE, oferecido em parceria com o arquiteto colombiano Antonio Yemail (OFICINA INFORMAL) dentro do SEMINĂ RIO INTERNACIONAL DE DESIGN E POLĂ?TICA, realizado em maio de 2011 em Belo Horizonte. Este workshop esteve integrado ao Programa de ExtensĂŁo DESEJA.CA_DESENVOLVIMENTO SUSTENTĂ VEL E EMPREENDEDORSIMO SOLIDĂ RIO NO JARDIM CANADĂ (JA.CA e UFMG), aglutinando trabalhos transdisciplinares. A construção destes mapeamentos compuseram um atlas eclĂŠtico como um dos objetivos principais do Programa Extensionista em andamento, que ĂŠ a realização de açþes continuadas de desenvolvimento sustentĂĄvel em locais especĂficos. Como forma alternativa de se observar e se aproximar dos eventos urbanos contemporâneos, realizou-se um atlas composto por modos de representação do espaço e do cotidiano local, nĂŁo somente como uma estratificação de nĂveis de realidade, mas tambĂŠm com o um modo coletivo de observação e vivĂŞncia. Criaram-se representaçþes com mĂşltiplos pontos de vista, como contraponto ao paradigma de representação genĂŠrica e tĂŠcnica do espaço. A proposta do Workshop adotou quatro eixos conceituais norteadores: 1) cartografia de coleta (reconhecimento do bairro para a gestĂŁo de material local); 2) baixa resolução e imperfeição (es-
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NATACHA RENA
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tabelecer um marco de restrições, assumindo-as como um dado mais a trabalhar); 3) inteligência coletiva (reaplicação de técnicas de soluções construtivas populares); 4) urbanismo dos acontecimentos (ações reversíveis no espaço público); e seguiu as diretrizes da construção coletiva de um modelo analítico para a visualização da complexidade das quais extraíram-se as oportunidades de desenho, entendendo-se mapeamento como resultantes sintéticos de uma realidade heterogênea: Mapeamento da Diversidade; Mapeamento da Diversidade Material e das Inteligências Coletivas; Mapeamento da Diversidade Produtiva e dos Ofícios Emergentes; Mapeamento da Diversidade Cultural e dos Acontecimentos; dentre outros mapas que compuseram um ATLAS DA DIVERSIDADE DO BAIRRO JARDIM CANADÁ.
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$0.6/*$"¢¥0_ Pensar a cidade somente em seu aspecto fĂsico e funcional
experiĂŞncias metodolĂłgicas
limita um constructo que vai alĂŠm das formas. O espaço urbano, alĂŠm das construçþes, ĂŠ formado pelas relaçþes, percepçþes, experiĂŞncias, sensorialidade que estĂŁo interpostos e envoltos numa atmosfera que os faz interagir em movimentos ininterruptos. Esse processo se sobrepĂľe sobre aos aspectos meramente fĂsicos de uma cidade e a isso se dĂĄ o nome de ambiĂŞncia. A ambiĂŞncia urbana, no entanto, ĂŠ fĂĄcil de sentir e difĂcil de explicar, como afirma Augoyrad (2007), sendo necessĂĄrio, assim, caminhos metodolĂłgicos para apreendĂŞ-la. Portanto, ĂŠ objetivo deste trabalho explanar sobre um mĂŠtodo, o dos Percursos Comentados, desenvolvido por Jean-Paul Thibaud, e verificar a sua aplicação para a pesquisa dessas ambiĂŞncias urbanas. AtravĂŠs das experiĂŞncias humanas, o mĂŠtodo proposto busca despertar nas pessoas sensibilidades pelos locais em que estĂŁo inseridas ou precisam conviver, e, dessa forma, evocam memĂłria, que transformam os espaços em Lugares, assim sendo, em Ăşltima anĂĄlise, o presente trabalho procura analisar a aplicação do mĂŠtodo nas cidades histĂłricas e como os transeuntes desses locais se relacionam com as ambiĂŞncias.
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PATRICIA ASSREUY 7Ă ODVMP CPMTJTUB 130$6-563" 6'3+
$0.6/*$"¢¥0_ As favelas fazem parte da realidade do Rio de Janeiro desde o final do sĂŠculo XIX. Sua relação com a cidade â&#x20AC;&#x153;formalâ&#x20AC;? vem se modificando, de modo que a favela vem cada vez mais deixando de ser vista como uma ocorrĂŞncia â&#x20AC;&#x153;acidentalâ&#x20AC;? que nĂŁo detĂŠm qualquer laço com a cidade em si, passando a ser considerada parte efetiva da mesma. Essa mudança guarda relaçþes com o contexto social, polĂtico e econĂ´mico de cada ĂŠpoca, o que nos leva a crer que, mais do que se modifica a favela em si, se modifica a representação que se tem dela. A favela carioca jĂĄ foi definida como lugar violento, exĂłtico, disseminador de doenças e abrigo do trĂĄfico de drogas. Contemporaneamente, substantivos como cultura, alegria, festividade, arte, dignidade e desenvolvimento vĂŞm sendo associados Ă imagem da favela. Ainda nesse contexto, observa-se que tal espaço ĂŠ alvo de disputas entre diversos atores que se valem de estratĂŠgias e tĂĄticas para se movimentar nesse espaço e garantir nele sua reprodução. Assim, o objetivo do trabalho ĂŠ caracterizar uma nova representação da favela carioca, que estaria em emergĂŞncia contemporaneamente, baseada nas seguintes caracterĂsticas: cultura local especĂfica, investimentos pĂşblicos (â&#x20AC;&#x153;melhoriasâ&#x20AC;?) e privados e turismo. Acredita-se que tal representação se firma a partir das relaçþes entre os atores envolvidos, seus interesses, suas estratĂŠgias e tĂĄticas para garantir sua reprodução naquele espaço. Para esse estudo, utilizou-se a favela Santa Marta, 141
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localizada no bairro de Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, como estudo de caso principal, ainda que se tenha estudado outros exemplos secundários para consolidá-lo.
experiências metodológicas
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36#ÂŁ/4 -01&4 7Ă ODVMP 4&."4 'PSUBMF[B
$0.6/*$"¢¥0_ Diante de um modelo socioeconĂ´mico que nos prega o individualismo e a valorização do capital e exclui todas as possibilidades de construção de uma sociedade que atribua valores ao homem como ser coletivo, faz-se necessĂĄria Ă organização de nĂşcleos de discussĂŁo e reflexĂŁo acerca de paradigmas sociais, visando Ă formação de indivĂduos crĂticos e construtores de sua prĂłpria histĂłria. Uma destas discussĂľes mais presentes nas juventudes do Brasil, ĂŠ a valorização do corpo pela mĂdia e a utilização deste corpo jovem enquanto estratĂŠgia de mĂdia. O inĂcio desta pesquisa se deu a partir do texto de Judith Butler, Como os corpos se tornam matĂŠria, onde a pesquisadora mostra o conceito de Corpo Abjeto; o artigo de RomĂŁo Ferreira, que fala da produção dos sentidos feita pelo corpo, e o livro O negĂłcio do michĂŞ de Nestor Perlongher. A partir daĂ tomamos para foco do objeto de trabalho o Garoto de Programa em Fortaleza. O objetivo principal desta pesquisa ĂŠ observar a representação de valores que o corpo cria a partir dos estĂmulos do mundo externo, do contato com a cidade de Fortaleza no perĂodo noturno. Esta se apresenta como um estudo de possibilidades do corpo enquanto objeto/imagem no mundo onde vigora a praticidade na Ăłtica mercadolĂłgica do ambiente de jovens profissionais do sexo, intitulados â&#x20AC;&#x153;michĂŞsâ&#x20AC;?. Este trabalho tem dois segmentos: o primeiro ĂŠ acadĂŞmico, tratando das apresentaçþes, relatos e competĂŞncias que precisa se configurar como pesquisa no ambiente educacional; o segundo ĂŠ artĂstico, posto que pretende transformar-se num trabalho de dança contemporânea ao fim da pesquisa.
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$0.6/*$"¢¥0_ Se no Corpocidade 2 minha provocação buscava sugestþes
experiĂŞncias metodolĂłgicas
para invenção de um â&#x20AC;&#x153;opaciĂ´metroâ&#x20AC;? o um dispositivo para apreender a opacidade dos ambientes, neste Corpocidade 3 pretendo colocar em debate no SeminĂĄrio PĂşblico uma â&#x20AC;&#x153;opacificaçãoâ&#x20AC;?, experiĂŞncia a ser realizada em Salvador durante o carnaval, no ambiente mais luminoso da festa: o circuito Barra-Ondina. Trata-se do desafio de fazer uma resistĂŞncia criativa Ă espetacularização da cidade e dos corpos, que no carnaval atinge um de seus ĂĄpices. A concepção desta experiĂŞncia surgiu na confluĂŞncia das leituras de Milton Santos, Michel de Certeau e Georges Perec em torno do conceito de opacidade, com minhas prĂłprias vivĂŞncias em terreiros de candomblĂŠ; mais especificamente, a vivĂŞncia do seguinte rito: ao final da festa de OxalĂĄ, abre-se um grande tecido branco no meio do barracĂŁo (o â&#x20AC;&#x153;alĂĄâ&#x20AC;?); as pessoas sĂŁo convidadas a se juntarem sob esse tecido, dançando e girando no salĂŁo em meio aos orixĂĄs. Os elementos disparadores da experiĂŞncia serĂŁo lençóis usados de diferentes tipos e cores, amarrados pelas pontas, formando um â&#x20AC;&#x153;crazy patchworkâ&#x20AC;? que cobrirĂĄ os foliĂľes de um trio elĂŠtrico independente (sem cordas) durante o seu percurso no referido circuito. Mobilizada pelos corpos dos seus vivenciadorespessoas da multidĂŁo, essa cobertura ambulante de lençóis barra e/ou borra a visibilidade de cima (dos camarotes e da mĂdia), existindo na tensĂŁo entre lumi-
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SILVANA OLIVIERI
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nosidade e opacidade. Portanto, dentro de um ambiente altamente luminoso, dominado pela lógica do Mesmo, tentará resistir uma pequena “zona urbana opaca”, movediça e provisória, improvisada e imprevisível, espaço “do aproximativo e da criatividade”.
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$0.6/*$"¢¥0_ A questão proposta para anålise Ê compreender a transfor-
experiĂŞncias metodolĂłgicas
mação da formação de vĂnculos sociais pela mediação de tecnologias de informação e comunicação, para examinar de que forma se permitem a constituição de sistemas colaborativos, ampliam as possibilidades de interlocução para alĂŠm dos limites tradicionais de interação de diferentes campos da vida social. A tecnologia de informação e comunicação possibilita a formação de novos fĂłruns cĂvicos para a criação de espaços pĂşblicos virtuais. Se constitui na emergĂŞncia de um espaço de comunicação virtual de todos para todos em comunicação contĂnua, uma rede sociotecnica. SĂŁo sujeitos coletivos que se auto-organizam em torno de objetivos compartilhados de ação (EGLER, 2006). Quando sĂŁo definidas novas articulaçþes entre diferentes atores que compĂľem o espaço social. Formadas por diferentes instituiçþes, organizaçþes e pessoas constituem um espaço de intercâmbio e negociação de conflitos e consensos. O ponto de partida teĂłrico ĂŠ o conceito de Habitus de Bourdieu (1998; 2006), definido como um modo semelhante de ter, de ser, de pensar e de agir, e que define as classes sociais. Habitus ĂŠ compreendido como conhecimento adquirido, ĂŠ um capital que determina as prĂĄticas e que define as classes sociais. Para entender as redes sociotĂŠcnicas aplicamos o conceito de Bourdieu e compreendemos que elas se constituem no âmbito dos campos e reĂşnem as pes-
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5"."3" 5"/*" $0)&/ &(-&3
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soas em torno de um modo compartilhado de pensar, de ser e de agir. Ao lado de Bourdieu, interrogamos sobre a pertinência do conceito de classe social para examinar as formas de organização da sociedade em campos definidos pelos seus respectivos habitus. As redes sociotécnicas podem ser observadas em toda ação humana, quer seja no labor, no faber ou na ação, para usar as categorias propostas por Hanna Arendt. É preciso distinguir a ação humana para além da econômica, para descobrir a sua complexidade no labor, referido ao corpo biológico, no faber, reunida nas atividades econômicas e na ação do sujeito criativo e criador.
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