Parque Cidade das Abelhas

Page 1

PARQUE CIDADE DAS ABELHAS planejando os espaços de integração entre universidade e comunidade

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

|

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

|

LABORATÓRIO DE PROJETOS - LABPROJ


2


EQUIPE DE PROJETO COORDENADORES:

ESTUDANTES LabProj / ARQ / UFSC:

Profa. Arquiteta Roberta Krahe Edelweiss Prof. Arquiteto Ricardo Socas Wiese

Alice Hammerschmitt da Veiga Ana Flávia Boni Colle Daniel Martins da Silveira Fernanda de Carvalho Nunes Gabriel de Moraes Lunardi Gabriel Sappino Sala Isabella Magnanti Isadora Nascimento de Deus João Eduardo Lima Furtado João Victor Ortiz Raquel Pereira Neves Sara Kellen Glicério

COLABORADORES: Prof. Arquiteto Américo Ishida Prof. Arquiteto Eduardo Westphal Prof. Arquiteto Fábio Ferreira Lins Mosaner

Laboratório de Projetos - LABPROJ Florianópolis 2023 3


00 SUMÁRIO

01

02

03

INTRODUÇÃO

HISTÓRICO

DIAGNÓSTICO

APRESENTAÇÃO

06

HISTÓRICO DA ÁREA

10

CONDICIONANTES

LOCALIZAÇÃO

09

HISTÓRICO DO PARQUE

12

RECONHECIMENTO LOCAL ASPECTOS NATURAIS

4

15 DO

16

17


04

05

06

DIRETRIZES

PROJETO

IMAGENS

DIRETRIZES CUN

20

IMPLANTAÇÃO

25

EDIFÍCIO SEDE - EXTERIOR

34

APICULTURA

20

PROPOSTA PROJETUAL

26

EDIFÍCIO SEDE - INTERIOR

41

PARQUE URBANO

20

ACESSIBILIDADE

26

EDIFÍCIOS ANEXOS

47

UFSC

20

PLANTAS

28

DIRETRIZES LEVANTADAS

21

CORTES

30

5


01 INTRODUÇÃO

APRESENTAÇÃO A área conhecida como Cidade das Abelhas, localizada em Florianópolis, capital de Santa Catarina, possui um importante legado histórico por sua contribuição ao desenvolvimento da apicultura no Brasil, conceituada no passado como referência internacional do campo de pesquisa. Além disso, a área recebeu diversas visitas escolares e acadêmicas para fins de educação ambiental durante seus mais de 50 anos de atividade, fazendo parte da memória de muitas crianças, jovens e pais em Florianópolis. Após um período de abandono, a área foi oficialmente cedida à Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) em 2012, o que iniciou um processo de discussão e planejamento do seu futuro uso. Em 2016, o Conselho Universitário (CUn) aprovou as diretrizes iniciais para uso e ocupação do parque. Dentre as diretrizes aprovadas, pretende-se retomar a vocação da área como parque verde público, contribuindo para a coexistência das atividades de ensino, pesquisa e extensão e de lazer público e educação ambiental para comunidades locais e população de Florianópolis de modo amplo. Diante deste contexto, o presente caderno, elaborado pelo Laboratório de Projetos de

6

Arquitetura e Urbanismo (LabProj), tem como objetivo apresentar e compilar os estudos, diagnósticos e propostas de projeto feitas para o Parque Cidade das Abelhas. Desta forma, busca-se viabilizar o projeto urbanístico e paisagístico do parque, assim como projetos arquitetônicos de reforma e construção de novas edificações. O processo de projeto que define o uso e ocupação sustentável do espaço, qualificando o mesmo e consolidando sua relação com a comunidade, foi realizado levando em conta o resgate histórico e a valorização da área enquanto espaço de lazer do público e área institucional da UFSC. Uma intervenção como a que se almeja para o local - situado numa área privilegiada e de fácil acesso, onde há nos últimos anos grande investimento estatal e privado -, será diretamente condicionada pela configuração da cidade e pelo seu entorno urbano e ambiental imediato, vindo também a interferir significativamente nas dinâmicas que ocorrem nessas diferentes escalas.


7


Figura 01

8


LOCALIZAÇÃO O Parque Cidade das Abelhas compreende uma área de aproximadamente 18 hectares, estando localizada no bairro de Saco Grande, na região centro-norte do município de Florianópolis. O terreno, que está à margem da Rodovia Virgílio Várzea, possui acesso com a Rodovia José Carlos Daux - SC 401, importante via que faz a ligação das regiões centrais com o norte da ilha, detendo grande fluxo diário de passageiros. O terreno em aclive que compreende o parque é cortado por cursos d’água, conformando a base de um grande morro, rodeado por uma densa vegetação por todos os lados.

9


02 HISTÓRICO

HISTÓRICO DA ÁREA A região onde atualmente residem os bairros de Saco Grande, Monte Verde e João Paulo, consistia principalmente em uma área com grandes chácaras e atividades ligadas ao cultivo animal, pouco desenvolvida economicamente, sendo quase toda conhecida como Saco Grande. Era um local de difícil acesso, devido à sua localização - até então, distante do centro e das atividades comerciais da capital - e às más condições das estradas, sendo a via principal de acesso e ligação entre os bairros a Rodovia Virgílio Várzea, que hoje se estende do Monte Verde ao Saco Grande quase que paralelamente à SC-401. O local, que era considerado como pouco atrativo para o desenvolvimento econômico, passou a ser visto de maneira diferente a partir das décadas de 60 e 70 - mais ou menos no mesmo período em que a Cidade das Abelhas é transferida para a região - quando a cidade passa por um grande processo de crescimento e investimentos são feitos em vias de comunicação, transporte e implantação de novas construções e empreendimentos privados e públicos, como a UFSC e a ELETROSUL. A destinação de recursos para o norte da ilha, somado ao acentuado desenvolvimento urbano, questões políticas e à exploração do

10

potencial turístico da cidade, possibilitou a implementação da Rodovia José Carlos Daux (SC-401) na década de 70, que liga o centro às praias do norte e que passa a trazer grandes mudanças e investimentos para a área. Lugares antes isolados passam a ser cortados por estradas e loteamentos, e ao mesmo tempo as encostas dos morros são cada vez mais ocupadas por populações mais pobres. Com o crescimento do setor público, do comércio e das grandes obras infraestruturais na cidade, a população urbana teve seu crescimento acelerado pelas correntes migratórias de populações pobres e de funcionários de nível médio e suas famílias, que passaram a ocupar também estas novas áreas em expansão. Na década de 80 há a implementação do primeiro conjunto habitacional da cidade, chamado Monte Verde, que passa a dar nome ao novo bairro na região. Trazendo um novo caráter para a área, outros dois conjuntos habitacionais são ali inseridos nos anos seguintes, aumentando cada vez mais o número de habitantes e o desenvolvimento local: o conjunto Parque da Figueira, em 1986, e o Vila Cachoeira, no Saco Grande, em 2000. Do Monte Verde ao Saco Grande, o caráter predominantemente residencial de média e baixa renda é aos poucos modificado com a valorização dos terrenos nas margens da


grande rodovia. A falta de um setor industrial moderno faz o setor empresarial ter maior peso na cidade. Os comerciantes e as elites tradicionais da cidade veem uma boa oportunidade na compra de terrenos fora do centro e onde as populações tradicionais não tinham condição de identificar o valor potencial das terras, que eram usadas para agricultura ou como herança de um antigo processo de colonização. Surgem então novos empreendimentos na área, como um shopping center (Floripa Shopping), shoppings de decoração, a sede administrativa do Governo Estadual e o Teatro Pedro Ivo, que passam a valorizar a região, aumentar o preço da terra e causar grande especulação imobiliária, atraindo condomínios de alto padrão. Restam, então, as encostas dos morros, zonas em áreas de risco e proteção, para as camadas de renda mais baixa, que lutam para ter acesso à terra e à infraestrutura.

certa miscigenação de classes econômicas no bairro) e onde se desenvolvem também algumas atividades comerciais. No Cacupé, a ocupação é predominantemente residencial, pouco densa e de classe média alta, com muitos condomínios fechados. Se conecta ao resto da cidade através da SC-401 e uma estrada, Caminho dos Açores, faz a sua conexão com Santo Antônio de Lisboa.

Outros bairros próximos, como João Paulo e Cacupé, tem suas origens ligadas ao contato direto com o mar, onde se desenvolviam atividades de pesca e navegação. A densidade passou a aumentar com o desenvolvimento da região e a construção da SC-401, principalmente no João Paulo, com a construção cada vez maior de edifícios de alto padrão (gerando Figura 02

11


É criado o ‘’Projeto de Apicultura”, por Helmuth Wiese, com o foco em promover o ensino de apicultura para todo o estado, localizado na antiga fazenda Assis Brasil, hoje Campus Trindade da UFSC.

O projeto é transformado em Instituto de Apicultura de Santa Catarina (IASC). Presidido pelo então Prof. Helmuth Wiese.

Foi fundada a Federação das Associações de Apicultores de Santa Catarina, com sede na Cidade das Abelhas.

O governo do Estado cria a EPAGRI, incorporando a ela o antigo Instituto de Apicultura de Santa Catarina e colocando-a como responsável do Parque Cidade das Abelhas.

A EPAGRI deixa de investir no Parque Cidade das Abelhas, dando o início a um período de severo declínio e abandono do centro.

1952

1971

1979

1991

2005

12

1967

1973

1990

1992

Com a chegada das abelhas africanas, as atividades do “Projeto de Apicultura” tiveram que ser realocadas, recebendo uma nova sede no bairro Saco Grande, chamado de Cidade das Abelhas.

No parque ocorriam cursos de apicultura, pesquisa sobre a biologia das abelhas, desenvolvimento tecnológico, assistência técnica e produção de lâminas de cera alveolada com agricultores.

O Parque Cidade das Abelhas vive o seu auge como centro de pesquisa em apicultura, recebendo diversos visitantes todos os anos e sendo reconhecido como referência internacional.

A área passou a ser denominada de CEPEA (Centro de Pesquisa e Extensão Apícola do Estado de Santa Catarina).


Após o fim do contrato de cessão de uso do terreno pertencente à União ao Governo do Estado, a UFSC assume a gestão do local.

Uma comissão do conselho universitário da universidade foi criada com o intuito de viabilizar a reabertura do parque e tomada de decisões referentes ao local.

A comissão da UFSC aprova diretrizes institucionais de uso e ocupação do parque.

Após período de pausa, o projeto “Parque Cidade das Abelhas” do LabProj - UFSC retornou a ativa, incorporando as diretrizes estabelecidas pelo CUn/2016.

Começa a ser elaborado um projeto de acessibilidade para o edifício sede do parque pelo LabProj - UFSC.

2011

2015

2016

2018

2023

2012

2016

Dentro do LabProj do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, dá-se início ao projeto ‘’Parque Cidade das Abelhas’’, na intenção de promover o restauro da área.

Algumas disciplinas do Centro de Ciências Agrárias (CCA) dos Cursos de Agronomia e Zootecnia passam a ser ministradas no local.

2017

2019

Ocorrem cortes de árvores para a arrecadação de fundos para realizar investimentos na Cidade das Abelhas.

Dentro das atividades estabelecidas pelo LabProj UFSC, houve a execução de um projeto de bancos através de um concurso feito pelo CAU/SC.

13


14


03 DIAGNÓSTICO

CONDICIONANTES No ano de 2017 realizou-se um corte de parte das árvores que formavam a cobertura vegetal do terreno, tendo este atingido os eucaliptos que representam a principal espécie que substituiu a vegetação original de Mata Atlântica. Nas imagens de satélite é possível identificar essa alteração na cobertura vegetal e observar em quais áreas ocorreu maior número de cortes. Além da vegetação, outros elementos físicos conformadores do local funcionam condicionando a futura ocupação e intervenção no mesmo. Dentre eles destacamos a presença dos córregos com suas matas ciliares que formam áreas de preservação, pedras presentes nos relevos, dentre outras características naturais que condicionam os espaços do parque.

2003 Figura 03

2009 Figura 04

2017 Figura 05

15


RECONHECIMENTO DO LOCAL

01 Figura 06

02 Figura 07

03 Figura 08

16

Durante os anos de pesquisa e trabalho com a área do Parque Cidade das Abelhas, o Laboratório de Projetos (LabProj) realizou uma série de visitas com os estudantes bolsistas do curso de Arquitetura e Urbanismo que integravam o projeto. Elas foram acompanhadas pelos professores do curso que integram o laboratório, além de eventuais encontros com os responsáveis pelos laboratórios e pesquisas que ainda ocorrem na área, desenvolvidas pelo Centro de Ciências Agrárias da UFSC, como o Professor Marcelo Maraschin. As visitas tiveram o intuito de fazer o reconhecimento da área, de seus aspectos físicos e condições atuais. Na parte inicial do parque, nas margens da Rodovia Virgílio Várzea, encontram-se os edifícios que abrigam a sede da FAASC e a administração do parque, que atualmente é utilizada para abrigar os servidores que mantêm o espaço. Já antigo, esse edifício fica localizado no limite frontal da rua, não atendendo às exigências de afastamentos mínimos da via. Por isso, estuda-se a possibilidade de aproveitar essa característica como um potencial para atrair usuários para o parque através de reformas no espaço e da realização de mudanças no uso do local, que não é totalmente aproveitado hoje.

Na parte frontal da edificação existe um espaço aberto, parcialmente em nível com a rua, hoje utilizado como estacionamento. O acesso de pessoas e veículos para o parque se dá um pouco mais à frente, em uma cota mais baixa em relação à rodovia, próximo de um córrego que foi em parte canalizado (na parte próxima à rua). Essa entrada possui a presença de uma grande pedra, onde está escrito “Cidade das Abelhas”, funcionando como um marco e ponto de referência para fotografias. Dentro da Cidade das Abelhas ainda há outras edificações que serviam de apoio para as atividades que eram realizadas no local, a maioria delas construídas dentro dos limites de APP das margens dos córregos e que ao longo do tempo sofreram pela falta de manutenção. Estão localizadas nas bordas de caminhos de terra que se concretizaram ao longo do tempo e fazem uma espécie de percurso na parte inicial do parque, se bifurcando a partir de um ponto criando percursos em cotas diferentes. Algumas das edificações estão em completo desuso, mas vale destacar que as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Universitário na resolução 15/2016 citam que elas podem ser preservadas. Neste sentido dois destes espaços foram reparados pela gestão da UFSC para melhorar as condições de pesquisa no local,


sendo utilizadas como base para a realização das pesquisas do CCA, como aquela edificação na frente do apiário. Alguns espaços costumavam ser muito utilizados pelos visitantes quando a Cidade das Abelhas era frequentada pelos moradores da cidade, como por exemplo o local que abrigava uma churrasqueira, mesas e bancos, onde realizavam-se reuniões e aulas abertas com alunos das escolas da região. Esse espaço foi demolido e nenhum outro o substitui cumprindo sua função de receber os usuários e aglomera-los em pequenos grupos, como num hall de entrada. O apiário, espaço que teve também muita importância no desenvolvimento do projeto de apicultura e da Cidade das Abelhas, onde se desenvolviam estudos das espécies de abelhas e da produção de mel, continua a ser utilizado como local de pesquisas, agora pela universidade, porém com um número bem menor de indivíduos do que anteriormente. Está localizado num espaço privilegiado, um dos únicos já nivelados, rodeado por uma pequena massa vegetal e apresenta uma boa insolação. Esse é um local do parque que possui um bom potencial paisagístico de estar, descanso e lazer.

ASPECTOS NATURAIS A topografia do terreno do parque, com 18 hectares, é formada pela composição de várias curvas de nível, que criam planos mais altos, principalmente no seu interior e nas bordas. Os pontos mais baixos do terreno ficam na parte mais central e na entrada, e é neles onde também se encontram os dois córregos que atravessam o parque longitudinalmente pelas suas bordas, desde a parte mais alta até a mais baixa para então se unir à um terceiro curso d’água na entrada do terreno, próximo à rodovia Virgílio Várzea.

04 Figura 09

Nos últimos anos ocorreu uma inundação no parque, devido em parte às ocupações vizinhas, que muitas vezes fazem uma má gestão dos resíduos sólidos depositando-os nos córregos e dificultando a drenagem do local. Esta inundação subiu até a cota 6 do terreno, atingindo também algumas edificações. Mais ao fundo do parque se formou um pequeno lago. Boa parte da vegetação nas margens dos córregos e corpos d’água encontra-se mal cuidada e em alguns pontos impede uma relação direta dos usuários com o espaço, inclusive impedindo sua visualização.

05 Figura 10

17


Apesar de percorrerem a maior parte da extensão do terreno em cotas bem abaixo do nível dos caminhos, destaca-se o potencial paisagístico que estes córregos apresentam principalmente na região da entrada do parque, quando se tornam mais visíveis e próximos ao usuário, abrigando outros elementos naturais interessantes como pedras, além de algumas flores presentes em suas bordas. 06 Figura 11

A massa vegetal presente no terreno localizase mais em seu interior, sendo em sua grande maioria vegetação de mata atlântica (nativa) e mata de eucaliptos, esta última em parte removida na tentativa de regenerar a mata nativa. Essa região de vegetação mais densa, que tem sua concentração maior na parte posterior do terreno torna-o difícil de percorrer, por não existir caminhos demarcados. Porém existe a possibilidade de adentrar essa mata, principalmente por meio de trilhas, que podem realizar a conexão do parque com a Unidade de Conservação (UCAD).

07 Figura 12

18

Destaca-se também a presença de alguns Eucaliptos de grande estatura e tronco bastante espesso, com um alto potencial paisagístico. Do interior do parque ainda podemos visualizar a cadeia montanhosa que o cerca. Com relação à

insolação, a maior parte do terreno é iluminada durante a manhã e tarde, principalmente em sua área central, com cotas um pouco mais elevadas, antes de adentrar a zona de vegetação mais densa. A parte inicial e da entrada do parque apresenta um pouco de sombreamento no final da tarde, devido a vegetação e morro existentes no limite esquerdo do mesmo (oeste). A parte sul do terreno (borda direita) não pôde ser explorada devido à dificuldade de transpor o curso d’água, já que não existe nenhuma travessia e a vegetação encontra-se bastante densa. Da parte percorrida, ficou clara a potencialidade da área e notou-se uma parte da mesma com mais possibilidade de desenvolvimento das atividades de parque, onde o percurso flui com menos desnível e inclinações mais amenas: uma espécie de grande platô que se desenvolve desde a entrada, passando pelo caminho existente (com as edificações e áreas no entorno das mesmas), e se estendendo por parte da área desmatada, na parte central do terreno.


05 09 06

03 01

08 04

08 Figura 13

07

02

50

100

150

200 m

09 Figura 14

19


04 DIRETRIZES

DIRETRIZES CUN

APICULTURA

As diretrizes propostas pelo Conselho Universitário (CUn) na Resolução nº 15/2016/ CUn concebem o parque enquanto elemento articulador das comunidades internas e externas à UFSC, bem como parte integrante do espaço urbano, cultural e científico de Florianópolis. Dessa forma, as diretrizes norteadoras partem dos três pilares dessa relação: a Apicultura, o Parque Urbano e a UFSC.

A atividade apícola no lugar e a sua dimensão histórica configuram a força motriz por trás dos espaços já existentes e aqueles ainda por vir. Assim, a presença da FAASC e da antiga sede sugerem tanto uma plataforma de resgate de memória como o potencial para um centro de pesquisa, ensino, lazer e produção de âmbito nacional.

APICULTURA

PESQUISA E

MEMÓRIA

EXTENSÃO EDUCAÇÃO

PARQUE URBANO

AMBIENTAL CAMPUS PARQUE

20

UFSC

PARQUE URBANO A situação do território na porção entre a cidade e a UCAD traz o potencial de compor um parque urbano: lugar de integração entre as comunidades urbanas nas atividades de lazer, ecoturismo e preservação ambiental, que também encontram eco na relação com a universidade e a apicultura.

UFSC Enquanto área pertencente à UFSC, o parque pode compor de forma ativa o sistema de espaços extra-campus que oferecem aulas e cursos diferenciados aos alunos e à comunidade, bem como configurar um centro de pesquisa, aprendizado e práticas de educação ambiental.


DIRETRIZES LEVANTADAS Com a tendência de criação de novos cursos de graduação, expansão da pós-graduação e desenvolvimento de novos projetos de pesquisas, a universidade se encontra num contexto de rápida expansão do seu ensino, pesquisa e extensão, o que se reflete numa necessária expansão espacial do campus. Somando isto a uma tendência de descentralização e democratização do conceito de campus universitário, a resolução estabelece meios e diretrizes para transformar o Parque Cidade das Abelhas em um campus institucional da UFSC, que também funcione como um parque verde público. É interessante ressaltar que a mescla desses usos tem também como intenção a aproximação entre comunidade, universidade e parque. A proposta atual intenta propor uma forma de ocupação institucional organizada de forma a ter no parque um elemento de interação permanente com as comunidades interna e externa da UFSC, além de integrá-la no espaço urbano, cultural e científico de Florianópolis. Para além da proposta institucional do parque, dado seu contexto social, espacial e ambiental, identifica-se como vocação para o local os três principais itens: Apicultura - a qual o documento

estabelece que deve ser mantida como vocação central do parque -, Educação ambiental - a qual deve ser reforçada pelo vínculo físico com a vegetação exuberante da UCAD, de forma que estabeleça vínculos com a comunidade através do incentivo a visitas, cursos, etc. para uma educação que preserve tanto a UCAD quanto o próprio parque -, Parque urbano e Lazer - esta deverá ser considerada como um dos eixos estruturantes da ocupação, dando suporte à consolidação das diretrizes institucionais. Desta forma, a UFSC demonstra que reconhece o seu papel social no desenvolvimento da cidade e atrela os conceitos de áreas verdes, espaço de lazer, e área institucional. Cita-se então como objetivos específicos no documento, e adotase como diretrizes de desenho e programa: - Definir o uso e a ocupação do espaço de forma planejada, ordenada e sustentável; - Associar as atividades de ensino, pesquisa e extensão ao desenvolvimento da Apicultura em parcerias com outras entidades; - Preservar a área de amortecimento (transição) e acesso UCAD; - Criar e manter uma estrutura de apoio a educação ambiental; - Tornar o espaço acessível e convidativo ao lazer do público.

21


Ao mesmo tempo que deve visar a preservação ambiental e conservação da apicultura, reconhece-se que o parque possui dimensões que permitem atingir a municipalidade, devendo tornar ele e seus elementos constitutivos como meio de lazer para os moradores de toda a cidade. Assim, para conciliar as diretrizes de preservação ambiental e de apicultura, estabelece-se pontos de conciliação entre estes conceitos que visam colocá-los num mesmo ciclo virtuoso, de forma que se auto reforçam, por exemplo: a obrigatoriedade de espaços de preservação permanente no parque, que possam atuar como espaços de lazer através de trilhas e passeios, e/ou o uso desses espaços para função apícola, hortas, pesquisas botânicas, etc. Colocar em contato o uso institucional e comunitário com a apicultura e preservação ambiental, com objetivo de ampliar a conscientização num nível cultural. A atividade apícola é uma aliada da preservação ambiental, permite o uso sustentável das áreas preservadas, estimula a preservação da diversidade da flora que é de fundamental importância para a produção melífera e através da polinização auxilia na recuperação e desenvolvimento das matas.

22

Com relação às atividades de ensino/integração acadêmica define-se que devem acontecer em dois planos principais: o primeiro plano trata sobre o impacto positivo e direto que a disponibilidade do parque traz para os cursos de graduação que têm relação direta com as vocações estabelecidas acima. No segundo, têm-se o uso do parque como “grande laboratório”, podendo servir para capacitação profissional, cursos para produtores de mel, entre outros. Aqui, o documento acrescenta uma terceira possibilidade a ser explorada: a abertura do parque ao ensino básico, visando educar e conscientizar ambientalmente, desde cedo, tais visitantes. A atividade de visitação do público deverá ser integrada com a apicultura, matriz principal e vocação do parque, através da instalação de trabalhos que envolvem a tipificação de amostras de própolis de Santa Catarina (SC), sua caracterização química e as suas atividades biológicas. Pretende-se dar continuidade também a outras atividades realizadas na área (cultivo renovável, canteiro de mudas, etc), como também ampliar o uso para outras áreas de ciência e tecnologia que agreguem valor econômico e científico aos produtos da cadeia produtiva apicultural e agricultural, mantendo as vocações originais da área.


No entanto ficam vetadas pesquisas, extensões ou ações pedagógicas que entrem em conflito com estas atividades essenciais do Parque - em especial a apicultura. O documento determina: Na apicultura propriamente dita, será continuado o compromisso em manter e ampliar os acordos de cooperação com órgãos oficiais de pesquisa e desenvolvimento e associações de produtores. Nesta ótica ampliada, uma proposta seria a de instalação e consolidação de um laboratório de produtos naturais para o desenvolvimento de produtos a partir de produtos das abelhas e outras fontes da biodiversidade. A certificação UFSC dada a estes produtos constitui-se em grande valor agregado que poderia criar uma “grife” Cidade das Abelhas/ UFSC de alta visibilidade e retorno. Por fim, o documento sugere também a criação e implantação de um Laboratório de Estudos de Polinizadores e de um Laboratório Interdisciplinar de Paisagismo e Horticultura Ornamental com a finalidade de integrar pesquisa e extensão, que através do desenho de salas abertas à população, convida um público maior e mais amplo a vivenciar proximamente as pesquisas desenvolvidas pelas UFSC.

23


24


LEGENDA

05 PROJETO

01_ Entrada do Parque Cidade das Abelhas

07

02_ Sede do Parque Cidade das Abelhas 03_ Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina

06

04_ Edifícios de apoio para a UFSC

08

05_ Salas de pesquisa (antigo apiário) 06_ Edificação abandonada 07_ Colmeias de abelhas

08

04

05

08_ Córregos

07 03

-1,50

-1,50

0,00 -1,50 -2,30 -2,30

-1,50 -0,60

-2,80

-1,50

-3,05

-0,75

-3,30

-3,50

01

-1,50

02

-0,80

-1,80

-2,50

-3,00

25


PROPOSTA PROJETUAL O projeto desenvolvido contempla diferentes frentes de atuação que, em conjunto, visam conformar um ambiente onde, ao mesmo tempo que executa o resgate e manutenção da história do espaço, visa adequá-lo ao presente, proporcionando sua qualificação para atender as diferentes demandas levantadas nas diretrizes e anos de pesquisa. Primeiro, parte-se com o projeto de acessibilidade do parque. Atualmente, tanto os edifícios quanto o próprio terreno não estão adaptados à acessibilidade de grupos com mobilidade reduzida, impedindo assim a democratização plena do uso do espaço. Dessa forma, visou-se adequar os acessos e percursos de acordo com a NBR 9050, tomando esses objetos como elementos que conformam a nova identidade do parque, dissolvendoos na paisagem. Dessa maneira, configurouse um parque público de acesso pleno para a comunidade, permitindo a contemplação da natureza e usufruto do espaço para todos. Em um segundo momento, abordou-se a reestruturação do espaço interno do edifício sede, a fim de adequá-lo para as novas atividades previstas para o parque. Identificou-se nele a possibilidade de atuar

26

como área administrativa, concentrando os escritórios e área dos funcionários (atividade que desempenha atualmente). Além disso, realiza-se o resgate das salas de aula que ali existiam e transforma-se em um auditório para a realização de aulas e palestras para a comunidade. Também é previsto um museu que fará o resgate da memória do parque e de seu fundador, Helmuth Wiese. Na parte externa da sede, além da acessibilidade ao edifício comentado acima, foi projetado um deck e cobertura para a configuração de varandas que atuam como espaços intermediários de integração entre o edifício e o parque. Nele são geradas novas conexões entre os espaços, além de promover um ambiente distinto para confraternização dos usuários e contemplação do espaço arborizado ao redor. Por fim, pretende-se direcionar a ocupação de uma área aos fundos da sede, que sofreu em 2017 a retirada das árvores que ali estavam. Foi projetado edifícios em estrutura modular de madeira que se desenvolvem em torno de um núcleo infraestrutural em alvenaria, que auxiliado pela fundação dos blocos em pilotis de concreto, permite uma boa adaptação à topografia da área, gerando espaços distintos.


EXISTENTE

PROPOSTA

27


PLANTA BAIXA - À DEMOLIR

28

PLANTA BAIXA - À CONSTRUIR


G

06

F

E

D

C

B

A

PLANTA BAIXA

04

G

01

08

07

09

05

02 10

H

H

11

12

F

E

D

C

B

A

03

Legenda

0 1 2

5

10 m

01_ Museu 02_ Foyer 03_ Auditório 04_ Escritórios

05_ Hall 06_ Reuniões 07_ Oficinas 08_ Vestiário

09_ Copa 10_ Banheiro PCD 11_ Banheiro Feminino 12_ Banheiro Masculino

29


CORTE AA

CORTE BB

30

0

1

2

5

10 m


CORTE CC

CORTE DD

0

1

2

5

10 m

31


CORTE EE

CORTE FF

32

0

1

2

5

10 m


CORTE GG

CORTE HH

0 1 2

5

10 m

33


06 IMAGENS

34

CHEGADA PARQUE


ESPAÇOS INTERMEDIÁRIOS

35


36

ACESSO ACESSÍVEL EDIFÍCIO SEDE


ESCADARIA EDIFÍCIO SEDE

37


38

ACESSO PRINCIPAL VISTO DA RUA


DECK ÁREA DE PARQUE

39


40

DECK ESTACIONAMENTO


AUDITÓRIO

41


42

RECEPÇÃO MUSEU E FOYER


HALL DE ESPERA

43


44

COPA FUNCIONÁRIOS


OFICINAS

45


46

HALL DE ESPERA E ESCRITÓRIOS


EDIFÍCIOS ANEXOS - ÁREA EXTERNA

FACHADA PARA O CÓRREGO

47


VISTA DOS EDIFÍCIOS 48


LATERAL DOS EDIFÍCIOS 49


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.