Revista ES Futebol - O Rio Branco Atlético Clube

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O gigante CAPA-PRETA

Casa do Rio Branco por muitos anos, o Governador Bley já foi o 3º maior estádio do país. Simbolo do futebol capixaba é um dos marcos da história do clube 1913: Quando a trajetória de glórias começou

Paixão e coragem marcaram os ídolos do clube

Os 105 anos de Um 2018 A torcida mais forte conquistas dentro em busca da elite do Espírito Santo de campo capixaba 1


“Formava-se o Rio Branco com cheiro e cor de povo.”

“Nele, todos poderiam jogar, sem olhar a cor, a ideologia, a religião, a posição social, e até as qualidades “técnicas” de que fossem possuidores. O time alinhava, assim, em suas fileiras operários, pessoas mais humildes. Seus líderes e primeiros dirigentes faziam uma única exigência: a luta, com bravura, pelo seu glorioso pavilhão.”

Oscar Gomes Filho

(Trecho do livro Rio Branco Atlético Clube - História e Conquistas) 2

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PRELEÇÃO

SUMÁRIO

Uma viagem na história do futebol capixaba A revista ES Futebol chegou com o intuito de aproximar os capixabas dos grandes times do Espírito Santo. Muitos são apaixonados pelo esporte nessas terras, mas são poucos que conhecem a história dos clubes daqui. Por isso, cada edição trará para o leitor um resumo de partes importantes da trajetória de um time do estado, contando como e quando surgiu, apresentando seus ídolos e seus momentos marcantes. Para a revista de número um, o clube escolhido foi o Rio Branco Atlético Clube. Nada mais, nada menos do que o detentor da maior torcida e do maior número de títulos do Capixabão. Para contar essa história, a obra de Oscar Gomes Filho foi de extrema importância. Em seu livro intitulado ‘Rio Branco Atlético Clube – Histórias e Conquistas’, Gomes Filho detalha toda a trajetória do clube, em um trabalho de muita pesquisa e dedicação que pode ser considerado a melhor referência para quem quer se aprofundar na história do Brancão. Como rio-branquense que sou e apaixonada pela terra onde nasci, convido a você, sendo capixaba ou não, a conhecer nas próximas páginas um pouco mais sobre o Mais Querido!

Foto: Ricardo Colodetti

Primeira edição – O Rio Branco Atlético Clube Texto e design: Laísa Colodetti

Trabalho de conclusão de curso apresentado a FAESA Curso de Comunicação Social – Jornalismo

Novembro de 2018 Torcida do Rio Branco durante uma partida realizada em 2018

Laísa Colodetti

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Fotos: Grupo Memória Capixaba

1913: O mundo há 105 anos

Postais colorizados de Vitória na década de 1910

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Na época em que o Rio Branco nasceu, o mundo era bem diferente do que conhecemos. Mais especificamente, o ano da sua fundação ficou marcado por diversos acontecimentos revolucionários. Naquele tempo, ninguém poderia imaginar isso

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cenário da década de 1910, definitivamente, se distancia muito do atual. Naquela época, o mundo vivia os últimos anos da Belle Époque e o Brasil era governado pelo presidente Hermes Rodrigues da Fonseca, que venceu Rui Barbosa na eleição de 1910. Como Brasília foi construída muitos anos depois, a capital do país nesse período era a cidade do Rio de Janeiro. Na moda, algumas mudanças significativas aconteceram graças às criações do estilista francês Paul Poiret. Já em relação aos esportes, no Brasil, quem dominava era o remo. Mas o futebol, que na Inglaterra já possuía popularidade há mais tempo, começava a ganhar as atenções e a se tornar conhecido Brasil afora. O ano 1913, especialmente, foi o ano em que nasceu Vinicius de Moraes, grande nome da música brasileira, e de Leônidas da Silva, nome importantíssimo do futebol brasileiro. As músicas mais tocadas do momento eram a de Mário Pinheiro, Orestes de Matos, Canhoto e do Grupo Chiquinha Gonzaga. Além desses acontecimentos que se tornariam marcantes no futuro, 1913 também pode ser lembrado por outros momentos.

Foto: Grupo Memória Capixaba

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Praticantes do remo no ES

F���� ���������: O famoso quadro da Mona Lisa, de Leonardo Da Vinci, foi encontrado depois de ficar desaparecido por dois anos. Um nacionalista italiano havia roubado a obra.

Charles Chaplin assinou seu primeiro contrato com a empresa de filmes Keystone, para gravar seus primeiros trabalhos.

Nasciam as palavras cruzadas, tão comuns hoje em dia nos jornais. Criadas por Arthur Wynne, elas apareceram pela primeira vez no jornal americano ‘New York World’.

As obras do edifício Woolworth Building, em Nova Iorque, terminaram no início do ano. Na época, era o mais alto do mundo, com 57 andares e 241 metros de altura.

OUTRO MARCO: O BRANCÃO NASCEU

Enquanto tudo isso acontecia pelo mundo, um grupo de garotos resolveu fazer história em Vitória, capital do Espírito Santo. Até então, o único time de futebol que existia na cidade era o Football Club Victória (atualmente chamado de Vitória Futebol Clube), mas nenhum dos garotos se atreveu a tentar entrar para esse time, afinal, era uma equipe formada por jovens de famílias abastadas. Por conta disso, os jovens trabalhadores com pouco poder aquisitivo, se juntaram para criar um clube de futebol e, assim, poder praticar o esporte pela cidade.

Foi na manhã do dia 15 de junho de 1913 que os três, Antônio Miguez, José Pavão e Edmundo Martins, se reuniram com mais alguns amigos para trocar ideias e definir o que fariam para concretizar a fundação do clube. Decidiram que a fundação aconteceria no dia 21 de junho de 1913, mesma data em que inúmeras medidas seriam definidas, como as regras e os locais dos jogos, por exemplo. Também na reunião, muitos levaram sugestões de nome para o clube, mas nenhum agradou. Até que surgiu a proposta de Juventude e Vigor. Ali, então, surgia o nome concordado por todos. Já as cores escolhidas pelos garotos foram o verde e o amarelo, homenageando o país.

Naquele dia nascia um clube na capital, que diferentemente do já existente Victoria, abria espaço para não somente brancos como também pretos, sejam eles trabalhadores e/ou estudantes e independente da posição social. Dessa forma, todos poderiam jogar e a única exigência feita era lutar sempre para defender o clube.

Com a adesão de outros jogadores um pouco mais velhos ao Juventude e Vigor, houve a sugestão de trocar o nome da agremiação, também sobre o pretexto de que todos deixariam de ser jovens um dia. Sendo assim, no dia 10 de fevereiro de 1914, uma reunião foi feita e ficou decidido que o clube passaria a se chamar Rio Branco Football Clube, nome escolhido para homenagear o Barão de Rio Branco.

Alguns anos depois, em 1917, foi feita a mudança das cores do clube, de amarelo e verde para preto e branco. A decisão

de mudar foi tomada pelo fato de que as cores anteriores desbotavam com facilidade na camisa. Já a sugestão da nova cor foi feita pelo jogador Gilberto Paixão, que dizia que as novas cores agradavam muito bem. Alguns anos mais tarde, em 1939, o clube entrou em uma grave crise financeira e precisou fechar suas portas. Logo em seguida foi refundado com um novo nome, Riobranquinho FC, lutando para voltar aos bons tempos. Já em 1941 adotou o nome que carrega até hoje, Rio Branco Atlético Clube.

Foto: Grupo Memória Capixaba

Postal colorizado do Parque Moscoso década de 1910 Foto: Grupo Memória Capixaba

Postal colorizado do Parque Moscoso década de 1910

Uma das primeiras formações do Rio Branco

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Bandeira do Juventude e Vigor

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Antônio Miguez, um dos fundadores

ANTÔNIO MIGUEZ

O “China” (de chapéu, com a mão sobre o jogador) e os demais dirigentes da época com o time

DIRIGENTES, JOGADORES, TÉCNICOS E TORCEDORES. DENTRO E FORA DE CAMPO, SÃO MUITOS OS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O DESENVOLVIMENTO DO CAPA-PRETA 10

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Rio Branco nasceu da união de um grupo de amigos apaixonados por futebol e com muita vontade de fazer a diferença. Essa paixão e essa coragem se estenderam aos demais, que passaram a fazer parte da vida do clube nos anos seguintes. Antônio Miguez foi quem deu início a tudo, mas muitos outros nomes também foram de grande importância para que o Brancão construísse a sua trajetória. Aqui, há uma seleção de dez desses nomes que, com muita garra e amor pelo alvinegro, transformaram a história.

O pontapé inicial foi dado por ele. Se não fosse Antônio Miguez e a sua vontade de construir um clube diferente, o Rio Branco Atlético Clube que conhecemos não existiria. Miguez nasceu na cidade de Alegre, no sul do Espírito Santo, em dezembro de 1898. Com apenas 15 anos, o jovem, que na época trabalhava como balconista em uma casa de Ferragens, disse aos seus amigos, José Batista Pavão e Edmundo Martins, que havia chegado a hora deles próprios formarem um time que permitisse a qualquer um jogar, diferentemente dos times já existentes em Vitória. Foi graças a essa sua convicção que nasceu o clube alvinegro. Após a fundação do Rio Branco, Antônio Miguez chegou a trabalhar como marceneiro e carpinteiro e depois se tornou empresário no ramo imobiliário, além de secretário capa-preta

nos primeiros anos de vida do clube e vice-presidente alguns anos mais tarde. Em junho de 1993, faleceu na cidade de Vila Velha, apenas um tempo depois de ser peça fundamental para a realização de uma das obras literárias mais valiosas da história rio-branquense, o livro ‘Rio Branco Atlético Clube – Histórias e conquistas’ de Oscar Gomes Filho. Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

ELES FAZEM PARTE DA HISTÓRIA

Sua relação com o Estádio de Zinco é como se fosse a de um pai com um filho. Em 1919, quando percebeu que os moradores de Vitória estavam cada vez mais encantados com o futebol, decidiu construir um estádio. Escolheu a salina de Jucutuquara para localizar a obra e o Rio Branco como o dono da construção. Já no início da década de 1920, se tornou treinador do time riobranquense e mais tarde, já em 1925, se tornou presidente do clube.

No final de sua vida, China perdeu tudo o que possuía ao entrar em falência financeira. Foi com a ajuda dos dirigentes do Rio Branco que conseguiu um emprego e uma casa para morar, o endereço era a antiga sede do Angenor Santos, clube na rua Duque de Caxias. o “China” Em 1935 veio a falecer, pouco ANGENOR SANTOS tempo antes da inauguração do Estádio Governador Bley, a Também conhecido com segunda casa alvinegra. “China”, Angenor Santos foi peça fundamental para o ÁLVARO ABAURRE Rio Branco em um momento marcante da história do clube. Filho do dedicado ex-presidente Graças a ele, a cidade de Vitória do clube, Guilherme Abaurre, teve o seu primeiro estádio Álvaro contribuiu ainda mais de futebol e o Brancão a sua para deixar a família Abaurre primeira casa. O China foi o marcada na trajetória do Rio primeiro benemérito alvinegro. Branco. Álvaro Abaurre nasceu Era um comerciante e bicheiro em uma família rio-branquense da capital e pai de Eugenílio bastante apaixonada e desde Ramos, que quando ainda era criança estava acostumado a uma criança se juntou aos frequentar os jogos do clube fundadores do clube e jamais que, nessa época, ainda eram no se afastou. Estádio de Zinco.

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os ídolos

KLÉBER ANDRADE

Na cidade de Espera Feliz, em Minas Gerais, nasceu Kléber José de Andrade em junho de 1922. Já adulto e trabalhando como comerciante, morou em 12

Kleber Andrade quando era presidente do Capa-preta

Foto: Grupo Memória Capixaba

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

o então presidente capa-preta, ao descobrir o que pretendia Jair Tovar, tratou de resolver a situação. Sendo assim, a área de Jucutuquara foi devidamente cedida ao clube.

Carlos de Marciano de Medeiros, o Carlito Medeiros

CARLITO MEDEIROS Natural de Cachoeiro de Itapemirim, Carlos Marciano de Medeiros, mais conhecido como Capitão Carlito Medeiros, foi um importante político capixaba e um militar de alta patente durante os anos 1930. Na história rio-branquense, ficou marcado não somente como o jogador de frente que ajudou o time na conquista do bicampeonato de 1918 e 1919, mas também como benemérito e presidente do clube por cinco anos. Graças a Carlitos, o Estádio Governador Bley foi construído. Ele se dedicou ao clube e enfrentou Jair Tovar na luta pela regularização do terreno onde se localizava o Estádio de Zinco. Tovar era dirigente do Vitória Futebol Clube e lutou, junto ao Governo do Estado, para ficar com a área do estádio onde seria erguido o Bley. Medeiros,

Quando se aposentou, Carlito Medeiros resolveu se mudar para a cidade do Rio de Janeiro. Mesmo assim, não deixou de acompanhar o Rio Branco e de participar de eventos importantes, como o aniversário de 64 anos do Brancão.

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

fazer inúmeras campanhas e a criar rifas, que serviriam para arrecadar dinheiro para arcar com as despesas do clube e das obras. Seu objetivo era concluir as obras do novo estádio de Campo Grande e nomeá-lo com algo ligado à natureza. Chegou, inclusive, a pedir sugestões de nomes aos demais rio-branquenses. Não era da vontade do presidente nomear a nova casa com uma homenagem Um dos presidentes mais a alguma pessoa. carismáticos e batalhadores da história do Brancão, Kléber Mas o destino não quis assim e Andrade foi reeleito três vezes. mudou os planos que estavam Seu período na presidência traçados. Apenas quinze dias foi marcado pelos inúmeros após sua posse como presidente títulos que o time conquistou reeleito em 1978, Kléber e também pela ideia da Andrade veio a falecer em um construção de uma nova casa acidente de carro próximo á para o clube. Foi de Kléber a cidade de Teófilo Otoni, em decisão de vender o Estádio Minas Gerais. Por conta disso, Governador Bley e de começar não chegou a ver a inauguração uma nova fase. da nova casa alvinegra, que aconteceu alguns anos depois e Em 1972, transferiu o Bley que passou a levar seu nome. para a Escola Técnica. A partir de então, passou a

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Álvaro Abaurre foi quem criou e colocou a venda o “Carnê Capa Preta”, que serviu para arrecadar fundos que ajudariam a financiar as obras do Estádio Kléber Andrade. Apesar das muitas dificuldades que enfrentou por conta da obra, o Rio Branco conseguiu manter um time competitivo graças ao grande empenho de Abaurre. Sagrou-se campeão do Campeonato Capixaba de 78, disputou a fase final do Estadual de 79 e ainda participou com louvor do campeonato nacional deste mesmo ano.

Jerônimo Monteiro, Guaçuí e Cachoeiro de Itapemirim. Depois de passar por essas cidades, chegou à capital do Espírito Santo. Como já era um admirador do Rio Branco antes de começar a viver em Vitória, logo se tornou sócio do clube. Em 1960, se tornou dirigente do departamento social e seis anos depois, em 1966, chegou à presidência pela primeira vez.

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Ex-presidente e benemérito capa-preta, foi quem planejou, coordenou e ajudou financeiramente nas reformas que o Estádio Governador Bley passou no ano de 1963. Assumiu a presidência no ano de 1978, por ser vice do então presidente Kléber José de Andrade que faleceu em um acidente. Neste ano o clube se preparava para a construção de um novo estádio, que mais tarde receberia o nome do falecido presidente. Assim que tomou posse, tratou de coordenar com muita competência a implementação da nova casa do time.

o time, Moisés já tratou de se juntar a eles e, desde então, construiu sua estreita relação de dedicação com o capa-preta.

Entre os anos 1920 e 1960 passou por diversas funções nas diretorias, como a de secretário, tesoureiro, diretor de esportes e conselheiro. Em meio a esse tempo, no ano de 1929, foi o representante do Rio Branco na Liga de Esportes. Além de ter exercido todos esses cargos durante tanto tempo, sempre esteve presente nos estádios para acompanhar as partidas do time e participou constantemente das reuniões de diretoria.

O Vovô Moisés, como era conhecido por todos, tinha muito prestigio dentro do clube. Suas opiniões eram muito respeitaVovô Moisés, sempre das e, por isso, muito respeitado nenhuma decidentro do clube são importante era tomada sem antes passar VOVÔ MOISÉS pela avaliação do querido vovô. Moisés Rodrigues de Freitas Outra contribuição que Moisés nasceu em fevereiro de 1880, deixou ao clube, de certa for33 anos antes da fundação ma, foi seu filho Demócrito de do Rio Branco. Apesar da Freitas. Dr. Demócrito, como era idade que já possuía na época, conhecido, foi jogador alvinegro acompanhou bem de perto nos anos 1920, o atacante Doca, toda a trajetória do clube. Logo e também médico do time. quando os meninos fundaram

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os ídolos

LAFAYETTE CARDOSO DE RESENDE Pai do zagueiro capa-preta nos anos 1940, Valderedo Cardoso de Resende, tio do benemérito Manoel Ferreira e primo de Vespasiano Meireles, o ex-atleta rio-branquense conhecido como Parafuso, Lafayette Cardoso de Resende também marcou – e muito– a história do clube. Natural de Cariacica, viveu em sua fazenda nos arredores da região do Moxuara e foi um homem de muita influência no município.

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

preta, que servia para se proteger da poeira ou da chuva. Jamais se afastava de seu companheiro e tampouco tirava sua capa para assistir ao jogo, do alto do morro que ficava aos fundos da trave esquerda do gramado.

Vibrava muito com os gols do time, mas nunca conversava com os demais torcedores. Sempre foi muito calado. Apesar disso, ficou muito conhecido entre todos, graças ao seu jeito diferenciado de torcer. Foi essa maneira diferente de agir, inclusive, que fez de Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Sua paixão pelo Rio Branco era enorme, sempre comparecia aos jogos no Estádio de Zinco. Seu diferencial era a forma como acompanhava as partidas. Lafayette era inconfundível, chegava ao estádio montado em seu cavalo e vestido com uma capa 14

Lafayette Resende uma presença cobrada pelos rio-branquenses. Ele havia se tornado o ‘Cavaleiro Capa-Preta’, legendário e simbólico. Dessa forma, se tornou referencia para todos os torcedores sendo marcado como o mascote do clube.

GILBERTO PAIXÃO Conhecido como Paixão, Gilberto Paixão do Nascimento foi o primeiro grande ídolo do Rio Branco Atlético Clube. Sua relação com o capa-preta começo logo no início, quando se juntou aos fundadores. Ele, inclusive, foi quem sugeriu a troca de cores do clube, de verde e amarela para preto e branco, cores que se sustentam até hoje. Mesmo participando ativamente das reuniões da diretoria, foi como jogador do time que Paixão deu a sua maior contribuição. Ele foi uma testemunha de como o futebol começou na capital capixaba.

No dia 24 de setembro de1916 fez sua estreia no time. Pouco tempo depois já se tornou uma grande atração, sendo ícone do futebol capixaba durante toda a década de 1920. Pelo Rio Branco, foi campeão em 1918, 19, 21 e 1924 e, de 1917 até encerrar sua carreira de jogador, em 1928, foi o maior goleador da equipe. Antes de se aposentar de vez dos gramados, chegou a

Ainda como atleta, atuou como árbitro, sendo um dos primeiros de Vitória. Também ocupou diversos cargos na diretoria rio-branquense, como de conselheiro e membro participativo, a partir de 1925. No biênio 1936/1938 chegou à presidência, justamente na época em que o Estádio Governador Bley foi inaugurado. Sua figura foi tão importante para a história do clube e da capital que, quando veio a falecer em 1958, causou uma comoção que movimentou a cidade.

Campeonatos da Cidade e todos os quatro Campeonatos do Estado que o time disputou. Neste meio tempo, chegou a jogar pelo Vitória Futebol Clube nos anos de 1932 e 1933, quando se desentendeu com o então presidente capa-preta. Mas, já em 1934 voltou ao time do coração. Ainda na década de 30, recebeu propostas de times de outros estados, como o Flamengo e o Botafogo, do Rio de Janeiro, e a Portuguesa, de São Paulo.

ALCY SIMÕES

Considerado o melhor jogador capixaba de todos os tempos, Alcy Simões cresceu junto com o Rio Branco. Quando o clube foi fundado, Alcy tinha apenas doze dias de vida e ainda criança foi, com sua família, morar em Jucutuquara. Bem pequeno já se divertia brincando nas salinas e assistindo aos jogos. Já na adolescência, aos 13 anos, se tornou titular do time juvenil alvinegro e desde então não se desligou mais do clube. No ano de 1930 passou a ser titular na equipe principal e não saiu mais. Conquistou 13

O fim da carreira de atleta aconteceu em 1949, quando Alcy jogou pela última vez. A partida foi a final do Estadual, contra o Comercial de Castelo. Na ocasião, o Brancão venceu e o gol do jogo teve a brilhante participação de Alcy Simões. O “perigo dourado”, “lourinho”, “russinho”, “maravilha dourada” ou “caretinhas” – apelidos que ganhou ao longo da carreira– conquistou mais de 30 medalhas e troféus de melhor jogador.

Além de jogador do Rio Branco, ele fez parte de diretorias, foi conselheiro, técnico das divisões de base e ainda administrador do estádio. Colaborou com o clube por mais de 40 anos e, mesmo depois dos 70 anos de idade, continuou a acompanhar as partidas do Brancão.

Alcy Simões foi o melhor jogador da história Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

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Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Lafayette Cardoso de Resende, o legítimo cavaleiro Capa-preta

Gilberto Paixão, um dos maiores craques do Rio Branco

interromper algumas vezes as atividades para se dedicar aos estudos. Chegou a se formar em contabilidade e trabalhou na Companhia Central Brasileira de Força Elétrica.


Foto: Arquivo Público Municipal de Vitória

os ídolos

CARLINHOS GABIRU Quando Carlos José Feliciano Martins nasceu na Praia de Santa Helena, em março de 1935, o Rio Branco Atlético Clube já vivia momentos de glórias. Mas o que ninguém sabia naquele instante é que ele ajudaria o clube a viver muitas outras conquistas no futuro. Carlinhos Gabiru, nome que o consagrou, chegou ao time juvenil alvinegro em 1952. No ano seguinte foi campeão já no time de aspirantes e pouco tempo depois chegou à equipe principal.

Na equipe profissional, foi três vezes campeão estadual, nos anos 1957, 58 e 59, e bicampeão em 1962 e 63. Em 1962 também foi campeão do Campeonato da Cidade, sendo o artilheiro do campeonato. Apesar de ter

ficado quase dois anos afastado do clube por motivos de saúde, entre agosto de 1958 a maio de 1960, foi o segundo maior artilheiro do Brancão, atrás somente do grande Alcy Simões. Gabiru entrou para a história rio-branquense por ser um dos melhores atacantes que o clube já teve. Além disso, foi motivo de orgulho e exemplo para seus companheiros de equipe, por não exigir retorno financeiro nenhum e ainda compartilhar os prêmios em dinheiro que recebia com os demais colegas. Graças a esses feitos, recebeu do Rio Branco os títulos de CraqueModelo e de Atleta Emérito. Fora de campo também foi um grande dirigente e colaborador. Se filiou à Legião Capa-Preta, para organização criada contribuir financeiramente com

o clube, e doou toda a madeira necessária para a construção da Choupana do Estádio Governador Bley. Carlinhos Gabiru, faleceu em fevereiro de 2001, após sofrer, mais um vez, com problemas de saúde.

Carlinhos Gabiru recebendo um troféu em 1962 Fotos: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

O Estádio Governador Bley sendo construído

OS DOCES LARES DO CAPA-PRETA

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Carlinhos Gabiru com o time (o penúltimo na fileira de agachados)

Foram três os estádios que fizeram parte da história do Rio Branco e que se tornaram sua casa 17


os estádios

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urante toda a sua vida, o Brancão pode contar com três casas diferentes, os três estádios em que mandou seus jogos. O primeiro foi o Estádio de Zinco, logo no início de sua trajetória. O segundo, situado no mesmo local do primeiro, foi o Estádio Governador Bley. Já o terceiro, sua casa atual, é o Estádio Estadual Kléber José de Andrade.

muito bom para a disputa das gramado em perfeito estado. O espaço era cercado por arames “peladas”. lisos e os torcedores possuíam Foi feito um aterro no local arquibancadas cobertas. que aumentou o tamanho da área. Em seguida, construíram A inauguração do Estádio de o campo de jogo cercado por Zinco aconteceu no dia 19 de arames e com ripas que daria abril de 1919 e ficou marcado apoio para a público. O espaço pela partida entre o Rio Branco era excelente para os treinos da e o Fluminense de Niterói, do equipe, mas ainda estava muito estado do Rio de Janeiro, que aquém do campo do rival terminou em um empate de 2 a Vitória, por exemplo. Como o 2. Foi um grande acontecimento na cidade. Para aquela época, o estádio era um projeto bastante arrojado. Graças a ele, o clube pode se fortalecer e se tornar hegemônico na década de 1920.

Fotos: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Uma das poucas fotos do Estádio de Zinco

ESTÁDIO DE ZINCO Boa parte da história riobranquense está ligada ao bairro de Jucutuquara, na capital capixaba. Em 1916, Antonio Miguez e seus companheiros decidiram ocupar o terreno do bairro que, na época, era conhecido como salina. Uma área que tinha sido usada para represamento das águas do mar e que, quando secas, produziam sal. O terreno havia se tornado um local sem grama e reto, 18

tamanho era pequeno para as partidas, um dos dirigentes do clube, Agenor dos Santos, o China, resolveu apressar a construção de um estádio no local. No ano de 1918, as obras do novo campo começaram. Em um mês já havia cerca de zinco e arquibancada de madeira com espaço reservado às autoridades. No fim da obra, o estádio contava com área para rink, pista de corrida e um

Jogadores do Rio Branco no Estádio de Zinco

ESTÁDIO BLEY

GOVERNADOR Em maio de 1936 aconteceu estádio do país e um símbolo de

O Estádio de Zinco foi casa do Rio Branco até 1934, quando foi demolido para dar lugar a um projeto ainda maior: o Estádio Governador Bley. A ideia de construir um novo estádio foi dos dirigentes do clube. Eles perceberam a necessidade de modernizar e ampliar o espaço que, nessa época, já se encontrava pequeno e ultrapassado. Para colocar em prática o planejamento, o presidente rio-branquense Carlito Medeiros buscou regularizar a situação do terreno em que se localizava o campo. Ele lutou até, finalmente, conseguir que o Governo doasse a área em definitivo para o clube.

De posse do terreno, uma nova fase se iniciou. O estatuto do Brancão sofreu uma mudança, possibilitando a admissão dos sócios-proprietários que passariam a doar fundos para ajudar a começar as obras. Nesta época, houve uma grande mobilização para que o clube arrecadasse o valor necessário que permitiria construir a nova casa. Não somente os sócios contribuíram, mas também alguns dirigentes e até a prefeitura da cidade. Por fim, alguns empréstimos hipotecários foram feitos e, então, a obra foi concluída.

Partida do Rio Branco no Governador Bley em 1972

a inauguração do Estádio desenvolvimento da cidade de Governador Bley, que recebeu Vitória. este nome para homenagear o Interventor Federal do Estado, Capitão João Punaro Bley, que foi quem assinou o decreto de doação do terreno ao clube. A inauguração contou com uma apresentação da Escola de Educação Física e, no dia seguinte, com o primeiro jogo do estádio, uma partida entre o Rio Branco e o Fluminense do Rio de Janeiro. Nesta época, o Bley se tornou o terceiro maior Fachada do Estádio Governador Bley Fotos: Arquivo Público Municipal de Vitória

O Estádio Governador Bley na década de 1930

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os estádios Foto: Arquivo Rio Branco Atlético Clube

Desde então, as diretorias do clube batalharam para retomar o controle do estádio. Mas, apenas em 1954 que essa batalha obteve algum resultado. O deputado e ex presidente do Rio Branco, Luiz Buaiz, ao perceber o quanto o povo e os dirigentes clamavam pela restituição do Bley e convicto de que a situação era injusta, prometeu ajudar. Ele apresentou à Assembleia Legislativa um projeto de lei que garantia ao clube a retomada de sua casa. Em janeiro de 1958 o projeto foi aprovado com unanimidade pelos deputados, já em março deste mesmo ano a lei foi sancionada pelo Governador Francisco Lacerda.

Somente três anos depois, em 1961, que o capa-preta se instalou em definitivo no Governador Bley novamente. Pouco tempo depois, iniciou 20

uma ampliação do estádio, que contou com uma recuperação do gramado, instalação de um alambrado novo e, além disso, com uma construção de um vestiário para os árbitros, cabines de imprensa, bares, um novo lance de arquibancada, tribunas e reforma da iluminação.

Santo, foi idealizado em 1972, mesmo ano da venda do Estádio Governador Bley, pelo então presidente do clube, Kléber Andrade. A intenção do presidente era dar ao Rio Branco uma nova casa, mais moderna e condizente com o que o clube almejava.

Um acontecimento inesperado acabou mudando um pouco os planos. Em 1978, o presidente Kléber faleceu em um acidente de carro no estado de Minas Gerais. Por conta disso, quem assumiu a presidência do clube foi Álvaro Abaurre. Álvaro ESTÁDIO lutou pela continuidade das KLÉBER ANDRADE obras e promoveu campanhas de arrecadação de fundos para O Estádio Estadual Kléber José financiá-las. de Andrade, que atualmente pertence ao Estado do Espírito O Estádio Governador Bley foi vendido em 1972, mas até 1974 foi casa do Brancão nas partidas oficiais que o clube disputou.

Foto: Arquivo Público Estadual do ES

A inauguração – parcial– ocorreu nove anos depois, em 1983. Nesta época, a obra representava o terceiro maior estádio particular do Brasil, atrás apenas do Morumbi, em São Paulo, e do Beira-Rio, no Rio Grande do Sul. O seu nome foi escolhido para homenagear o idealizador do projeto, Kléber José de Andrade, que tanto sonhou com a sua concretização.

Mas o clube não conseguiu finalizar totalmente a obra e, por isso, vendeu o estádio para o Governo do Estado em 2008. O Governo pretendia concluir a construção com um projeto mais moderno. Esse projeto começou a sair do papel em 2010 e em 2014 aconteceu a inauguração, com uma partida entre o Rio Branco e São Mateus para marcar a ocasião. Porém, apesar da entrega da obra, a construção ainda não havia sido finalizada e permanece incompleta atualmente.

Público acompanhando jogo do Rio Branco, no Kléber Andrade, em 1986

Foto: Laísa Colodetti

Início da construção do Estádio Kleber Andrade

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Com o passar do tempo o clube começou a encontrar dificuldades para honrar suas dívidas, tanto da obra quanto da manutenção do Governador Bley. No final de 1937 a situação estava praticamente insustentável, foi então que um tempo depois o Estado resolveu, de forma legal, tomar posse do estádio capa-preta. Com a administração do Governo, a casa do Rio Branco passou a servir não somente o Brancão, mas também os outros clubes capixabas.

Ingresso da inauguração do Estádio Kleber Andrade Jogo do Rio Branco, em 2018, no novo Kléber Andrade

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Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Primeira equipe bicampeã da história do clube

Uma trajetória de muitas glórias 22

Ao longo do tempo o RBAC acumulou vários momentos que deram orgulho a sua torcida e ao futebol capixaba 23


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as conquistas

esde que nasceu, o Rio Branco Atlético Clube colecionou triunfos que marcaram sua história. Um dos motivos que mais enche de orgulho os torcedores é a quantidade de troféus do Campeonato Capixaba que já foram levantados pelo clube, são 37. O alvinegro, inclusive, é o maior campeão do Capixabão e o que mais vezes foi vice-campeão, com 13 vices.

Nos seus primeiros anos de existência, em 1918, foi campeão estadual pela primeira vez, sendo que no ano anterior havia chegado à final. Já no ano seguinte, repetiu o feito, sagrando-se bicampeão. Para conquistar esses títulos, contou com a ajuda de um dos maiores craques da sua trajetória e o melhor jogador daquele período, Gilberto Paixão.

Time pentacampeão no ano de 1939

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Arquivo Rio Branco Atlético Clube

PERÍODO DE HEGEMONIA Alguns anos mais tarde, em 1934, o clube deu início a um período marcante para o seu futebol e para o esporte capixaba. Naquele momento, o Rio Branco já havia levantado mais quatro títulos capixabas, colecionando seis conquistas. Após ficar sem conquista-lo por quatro anos, sagrou-se campeão por seis vezes seguidas, de 1934 até 1939. Esse foi um período hegemônico do capa-preta e que jamais havia acontecido na história do futebol do Espírito Santo.

O BRANCÃO NO BRASILEIRO

Jogadores levantando a taça de campeão Capixaba de 2015

O 37º TÍTULO CAPIXABA

O grande craque Alcy Simões, o maior jogador tanto do clube quanto do estado de todos os tempos, foi quem comandou a equipe rio-branquense nessa fase de hegemonia.

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Equipe do Rio Branco um ano antes do penta, em 1938 24

com as dúvidas de que o jejum voltaria e para dar confiança a equipe e a torcida.

A última vez que o alvinegro levantou a taça do Campeonato Capixaba foi em 2015. Essa foi a 37ª vez que o clube repetiu este feito e a primeira após o centenário. Além disso, ficou muito marcada por ter sido conquistada no Estádio Kléber Andrade após a sua reforma, feita pelo Governo do Estado. Sendo a primeira final no novo

e mais moderno estádio do Espírito Santo.

Outro ponto que fez desse feito tão importante é que antes dessa conquista, o clube tinha ficado 24 anos sem conquistar um título estadual. Esse período aconteceu entre os anos de 1986 e 2009. Essa seca só acabou em 2010, com o 36º título do Capixabão. A conquista de número 37, então, serviu para acabar de vez

No cenário nacional, o Rio Branco também viveu momentos para se orgulhar. Ao longo da história, foram 24 participações em edições do Campeonato Brasileiro – incluindo as séries A, B,C e D– e outras cinco na Copa do Brasil. Um total de 122 jogos no Brasileirão, sendo 34 vitórias, 33 empates e 55 derrotas. A mais marcante delas foi a edição de 1986. Nesse ano o alvinegro terminou a primeira fase da competição em 20º lugar, avançando para a fase seguinte. Na outra fase do torneio, chegou a derrotar times mais populares no país, como o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, e o Internacional, do Rio Grande do Sul.

Brasileiro de 86: Comemoração do gol de Marcio Fernandes, na vitória contra o Vasco no Kléber Andrade

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Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

PAIXÃO SEM IGUAL PELO MAIS QUERIDO

Delegação alvinegra pronta para viajar ao exterior, em 1974

O CAPA-PRETA CHEGOU A aventura durou cerca de um mês e meio e passou por vários AO EXTERIOR Na década de 1970, mais especificamente em 1974, o time do Branco fez uma excursão para a Europa, Ásia e África. Foi o primeiro clube do Espírito Santo a excursionar para fora do país.

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Desde que surgiu, o alvinegro conquistou uma legião de fãs que o ajudou a construir sua história

países. Como recompensa, o time ganhou muita experiência nas 16 partidas que disputou. No final das contas, foram cinco vitórias, cinco empates e seis derrotas na bagagem internacional do clube.

Foto: Laísa Colodetti

A torcida capa-preta cumprimentando os jogadores no final de uma partida, em 2018

VOCÊ SABIA? TEM RIO BRANCO NO MUSEU DO FUTEBOL! Na cidade de São Paulo existe um museu dedicado somente ao futebol. Lá se encontram os mais diversos acontecimentos que marcaram o futebol brasileiro e mundial. Quem visita o local pode encontrar, inclusive, o Rio Branco Atlético Clube na parte dedicada aos perfis dos clubes do Brasil.

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João Francisco e Wilson Pereira fizeram parte da excursão para fora do país

Foto: Laísa Colodetti

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Foto: Arquivo Público Municipal de Vitória

preta eram levados por eles ao jogos, no próprio caminhão de Donêncio.

As torcidas organizadas que surgiram logo no começo dos anos 1920 não existem mais atualmente. Mas, hoje em dia, além de possuir a maior torcida entre os times do Estado, o clube conta com outras organizadas que nasceram com a mesma paixão e entusiasmo das Arquibancada do Estádio Governador Bley lotada, em 1972 originais. A torcida Comando Alvinegro, a Brancachaça, Força coração de um clube Barbosa, com integrantes mais 12, FAC e Império são algumas é a torcida e com o jovens, e outra sob o comando delas. Rio Branco Atlético de Manoel Donêncio, com Clube não é diferente. membros mais velhos. BOLA BRANCA Logo no início da sua trajetória, o clube pode contar com um A torcida comandada por forte grupo de apaixonados Manoel Donêncio, inclusive, que contribuíram – e muito– esteve presente nas partidas para torna-lo um dos mais jogadas nas duas primeiras respeitados do Espírito Santo. casas do clube, no Estádio de Uma boa explicação para esse Zinco e no Estádio Governador fato é a sua origem popular, Bley. Outro fato interessante que sempre se preocupou em a respeito dessa torcida é que Nenel, criador Bola Branca, ao lado de crianças para assistir a uma partida em 1983 não fazer distinção a nenhuma alguns jogadores do time capaOutra que sempre seguiu firme classe, seja social ou racial. acompanhando o Brancão é a Bola Branca, uma das No início da década de 1920, organizadas mais tradicionais o capa-preta já contava com de todo o Espírito Santo. Seu uma torcida diferenciada. Ela surgimento aconteceu em 1975, era barulhenta e calorosa, graças a um grupo de amigos contava com instrumentos e que estavam na arquibancada foguetes e ainda tinha membros do clássico contra a Desportiva, permanentes. Ou seja, antes de partida vencida pelo Rio Branco existir a denominação torcida e que deu a ele o título de organizada, o Brancão já tinha Campeão Estadual daquele ano. a sua. Aliás, as suas. Duas torcidas marcaram a época, Ali mesmo no estádio, durante ambas do bairro Jucutuquara. a comemoração da vitória, os Uma comandada por Rubens O torcedor fanático,

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amigos torcedores tiveram a ideia do nome. Passado o jogo, se reuniram com outros companheiros para dar continuidade a ideia. A partir de então, a Bola Branca cresceu com rapidez e se tornou uma referência nas partidas do time.

Foto: Arquivo Rio Branco Atlético Clube

VOCÊ SABIA? O MASCOTE DO TIME FOI UM TORCEDOR!

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

A TORCIDA

Um dos símbolos mais marcantes para um clube e uma torcida é o seu mascote. O Cavaleiro CapaPreta é o mascote escolhido pelo Rio Branco Atlético Clube, pois representa e homenageia um dos mais importantes e históricos torcedores que o clube já teve, Lafayette Cardoso de Resende.

Foto: Arquivo Rio Branco Atlético Clube

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Torcedores durante uma partida de 2015

Arquibancada com torcedores das organizadas ‘Comando Alvinegro’ e ‘Brancachaça’ Foto: Arquivo Rio Branco Atlético Clube

Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Manoel Donêncio

O jogador Mazolinha comemorando com a geral do antigo Estádio Kléber Andrade

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Foto: Ricardo Colodetti

Os jogadores levantaram a taça de campeão da Série B Capixaba de 2018

O ano de dar a volta por cima

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om a derrota para o Espírito Santo FC na última partida da primeira fase do Campeonato Capixaba de 2017, o Rio Branco Atlético Clube foi rebaixado para a série B quatro anos depois da última vez. Por conta disso, precisou encarar o novo ano com mais garra e força do que antes, focado em voltar para a elite capixaba, posição que merece estar por toda a história que carrega.

Na Segundinha de 2018, o alvinegro fez o que se esperava dele. Terminou a primeira fase em primeiro lugar, com apenas uma derrota e 70% de aproveitamento. Nas semifinais, passou pelo Castelo e garantiu o acesso à séria A do ano seguinte. Já confirmado na divisão principal do Capixabão, disputou a final mais leve e venceu as duas partidas contra o Estrela, sagrando-se campeão da série B de 2018. A torcida rio-branquense, apaixonada, não deixou de acompanhar a equipe neste ano difícil. No fim da competição,

Foto: Ricardo Colodetti

Depois de viver mais um rebaixamento no ano de 2017, o Brancão enfrentou 2018 com o foco na elite

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ficou com a segunda melhor média de público. Principalmente nos jogos decisivos, não fez feio e encheu o Estádio Kléber Andrade nas partidas em que o Rio Branco foi o mandante. Como recompensa, pode comemorar os três gols marcados e o título junto aos jogadores na partida final.

Graças a sua força, o objetivo foi alcançado e o presidente Zonaiker Ali-Saleh renunciou, deixando o cargo alguns dias depois.

NOVA GESTÃO

No final do mês de novembro, uma nova eleição da diretoria será realizada. Sendo assim, o Conselho Deliberativo do clube irá escolher o novo presidente capa-preta, que vai comandar o Rio Branco Atlético Clube nos próximos três anos, ou seja, até o fim de 2021.

Por ter optado ficar de fora da Copa Espírito Santo deste ano, o clube terminou a Segundinha já pensando no ano de 2019. Dessa forma, a preparação para voltar com mais força para a elite do Capixaba será mais completa. Afinal, o segundo semestre do ano será todo voltado para planejar o novo ano de competições que virá. Fora dos gramados, o ano de 2018 também ficou marcado pela troca de diretoria. Já no mês de janeiro, a torcida capapreta se uniu para protestar contra gestão do clube, pedindo a renúncia do então presidente.

Medalha de campeão da Segundinha 2018 nas mãos do jogador alvinegro

Foto: Laísa Colodetti

A torcida aliviada comemorando em 2018

Após uma semana, César Costa assumiu interinamente o clube, prometendo um perfil inovador do “novo Rio Branco”. As novas propostas, inclusive, foram apresentadas em uma cerimônia no Teatro Municipal de Cariacica. Desde que se tornou presidente, César fez questão de priorizar a volta para a série A e a aproximação do time com a torcida. A ascensão para a elite se concretizou e a proximidade com os torcedores também aconteceu. Não foi a toa que a nova gestão recebeu o apoio de todos.

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Hino do Rio Branco Meu Rio Branco, meu sonho, meu clube Sempre que o vejo, sou todo emoção Meu Rio Branco, sua raça, suas taças Ficaram marcadas no meu coração. Para onde for, lá também estarei De corpo e alma sempre torcerei Meu Rio Branco, lancei-me em seus braços Você é culpado do amor que lhe dei. Não posso evitar o pranto Ao vê-lo brilhar em campo Suas cores, sua bandeira Traduzem luta e certeza De que você é o maior E pra mim não existe melhor. Meu Rio Branco, seus anos são glórias São toda a prova do meu bem querer Meu Rio Branco, toda a sua história Trago na memória com todo prazer. Se é na vitória ou mesmo na derrota Vê-lo na luta é nunca vê-lo ao chão Meu Rio Branco, de mim dependendo Pra seguir em frente nunca direi não. Não posso evitar o pranto Ao vê-lo brilhar em campo Suas cores, sua bandeira Traduzem luta e certeza De que você é o maior E pra mim não existe melhor.

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Foto: Reprodução livro “RBAC - História e Conquistas”

Uma formação histórica do RBAC: Time campeão estadual de 1930

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