CAPSRUA | Centro de Apoio a População em Situação de Rua

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

ORIENTADOR: MARCOS ANTÔNIO NUNES RODRIGUES PROFESSOR INTERNO: MARCOS QUEIROZ PROFESSORA INTERNA: TAÍS PORTELA PROFESSORA CONVIDADA: ADRIANA ALCÂNTARA

LAÍS BERBERT MARQUES DE CASTRO VASCONCELOS SALVADOR | 2018


Toda minha gratidão a Deus, o primeiro e maior arquiteto, que me inspira e me faz entender o propósito dessa profissão. Grata aos meus mestres, que com suas peculiaridades e diversas formas de enxergar a arte de projetar, me fizeram chegar até aqui. Grata a minha família pela motivação, suporte e amor. Ela tornou a caminhada muito mais leve. Grata aos meus amigos e companheiros nessa jornada, nada disso seria possível sem eles.

SOPÃO DO REINO-FRED E MAURÍCIO IMAGEM: LAÍS BERBERT 4

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Í N D ICE TEMA 6 DADOS | SITUAÇÃO ATUAL 8 ABRIGOS E ALBERGUES 10 POLÍTICAS PÚBLICAS 12 MODELOS E PROGRAMAS 14 DE ASSISTÊNCIA PÚBLICA 14 REFERÊNCIAS ARQUITETÔNICAS 20 PROPOSTA 28 LOCALIZAÇÃO 30 CLASSIFICAÇÃO E SENTIDO DE VIAS 34 PRONTOS DE ÔNIBUS 34 GABARITO 36 USO DO SOLO 38 PARTIDO 40 PROGRAMA 45 QUARTOS 48 SISTEMA ESTRUTURAL 52 REFERÊNCIAS 54

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T EMA Colocar em prática atitudes que pudessem ajudar e amenizar o sofrimento do próximo foi o que motivou alguns amigos da Igreja Batista Vilas do Atlântico a sair pelas ruas de Lauro de Freitas à noite, compartilhando o Evangelho, entregando sopa, pão, água e café as pessoas em situação de rua que encontrassem pelo caminho. Em junho de 2017, me juntei a esse projeto intitulado “Sopão do Reino” e passei alguns meses mantendo contato com essas pessoas. Um cenário conflituoso, onde em tantos casos se faz presente fome, solidão, raiva e mágoas. Em outros, proteção, companheirismo, carinho, o pouco que é compartilhado com muitos, e o amor. Mas em todos eles, a necessidade de uma reestruturação de vida.

de estimação, dificulta o envio da maioria das pessoas que estão dispostas a ir. A proposta do CAPSRUA em Lauro de Freitas tem como objetivo facilitar o acesso dessa parcela da população a um local confortável e seguro, sem restrições de sexo, idade, dependência química, filhos(as) e animais de estimação. Um espaço para torná-los aptos à reinserção social e no mercado de trabalho. Nesse caso, a arquitetura se configura como auxiliadora das relações de transição edifício-rua e das relações interpessoais promovidas no local.

Essa vivência que me motivou a desenvolver um Centro de Apoio a Pessoa em Situação de Rua (CAPSRUA) em Lauro de Freitas, visto que, a maior dificuldade que o grupo encontra atualmente é tirar essas pessoas da rua e levá-las para um lugar adequado. Na cidade, não há instituição social que possa abrigar a população em questão. Existe o Instituto Manassés, porém é totalmente voltado para jovens do sexo masculino que sofrem dependência química. Geralmente, o grupo consegue encaminhar algumas das pessoas que abordam para instituições sociais Cristolândia em Salvador, ou Missão Vida em Camaçari. Entretanto questões como a distância, a restrição de sexo e a não permissão de animais 6

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PESSOA EM SITUAÇÃO DE RUA

SOPÃO DO REINO-FRED E MAURÍCIO IMAGEM: LAÍS BERBERT CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

Utiliza-se no âmbito do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, para fins instrumentais, a seguinte definição: “Grupo populacional heterogêneo, caracterizado por sua condição de pobreza extrema, pela interrupção ou fragilidade dos vínculos familiares e pela falta de moradia convencional regular. São pessoas compelidas a habitar logradouros públicos (ruas, praças, cemitérios, etc.), áreas degradadas (galpões e prédios abandonados, ruínas, etc.) e, ocasionalmente, utilizar abrigos e albergues para pernoitar.” 7


DAD OS | SIT UAÇ ÃO AT UA L É importante começar este capítulo apresentando a dificuldade de encontrar dados referentes à população em situação de rua na cidade de Lauro de Freitas, dentre tantos outros aspectos, essa lacuna é bastante significativa no debate proposto. Isso porque as ausências e as superficialidades apontam para uma grande invisibilidade do tema no município. Usando Salvador como exemplo, observa-se que a maioria dos projetos e das produções acadêmicas que se debruçam para entender e levantar um perfil – ou vários – dessa população na cidade, elabora isso de maneira generalizada, estigmatizada ou apenas quantitativa. Dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (SEMPS) indicam que, na capital soteropolitana, no ano de 2016, cerca de 3.200 pessoas vivam em situação de rua. Segundo Da Silva, “a maioria encontra-se há mais de 05 anos dormindo na rua ou em albergue (35%).” Em contrapartida, a Organização Não Governamental chamada Projeto Axé, estima que entre 14 e 17 mil pessoas viviam em situação de rua na cidade, em 2017. Esses dados vêm de um estudo realizado através de uma parceria do Projeto Axé com a Universidade Federal da Bahia, a União dos Baleiros e o Movimento Nacional População de Rua. O estudo compõe o projeto “Cartografias dos Desejos e Direitos: Mapeamento e Contagem da 8

População em Situação de Rua na Cidade de Salvador, Bahia, Brasil”, que dentre diversas discussões, coloca em xeque a veracidade dos dados disponibilizados pela prefeitura. Para Maria Lucia Pereira (in memoriam), que integrou o projeto e foi uma das principais lideranças do Movimento de População de Rua de Salvador, “Se não existe contagem, não existem pessoas, não existe política e não precisa existir verba. A matemática é simples. Não é do interesse, nem do município nem do estado, ter dados oficiais sobre pessoas que eles preferem que não existam, isso é fato. Isso eu falo a nível municipal, estadual e federal.” Para além da importância dos números, no que se refere a sistematização e a análise de dados e possibilidades, é fundamental construir uma aproximação sensível para entender as características individuais e coletivas (na medida do possível) das pessoas em situação de rua. Os estudos realizados pelo Projeto Axé apontam algumas características gerais desta população vistas nos gráficos a seguir.

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Cabe também a este debate apresentar com mais profundidade o Movimento de População de Rua, um dos responsáveis pelo estudo e coleta dos dados apresentados, que vem desde 2010 reivindicando os direitos deste grupo social e pautando uma agenda política mais comprometida com os moradores em situação de rua. O movimento é, sobretudo “[...] um espaço no qual os moradores trazem suas demandas, problemas, expectativas, sonhos e esperanças. Os colaboradores do Movimento são moradores e ex-moradores de rua, que dedicam seu tempo e trabalho na luta pelos direitos e no cumprimento dos seus princípios, sem receber nenhum tipo de remuneração.” (Trecho retirado do blog oficial do Movimento, 2012) Este espaço de mobilização política dos sujeitos diretamente envolvidos, implica em uma possível caracterização social mais sensível e uma desestigmatização dessa ideia de que os moradores de rua são agentes incapazes de ações de organização e de transformação do cotidiano e de suas realidades. É importante também colocar que o Movimento de População de Rua de Salvador foi responsável por implementar a Política Estadual para População em Situação de Rua da Bahia, em 2014. Esta lei, tem por objetivo “assegurar os direitos sociais da população em situação de rua, criando condições para promover a garantia dos seus direitos fundamentais, da sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade”. Se propondo a articular as Prefeituras Municipais e o Estado, a lei se apresenta como um passo importante na implementação de projetos voltados a esse público, também para cidade de Lauro de Freitas.

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AB R I GOS E AL B E RGU ES Seja em reportagens, entrevistas ou conversando com uma pessoa em situação de rua, é comum ouvirmos que os abrigos “são piores que cadeia. Tem horário para entrar, comer, dormir, acordar. A gente não sabe nunca quem está deitando ao lado.”, além de declarações como “prefiro dormir na rua, mas venho por causa da comida”. Ouve-se ainda que há muitos roubos em lugares como esses. De acordo com o coordenador do Fórum Municipal dos Trabalhadores do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) de Belo Horizonte, os abrigos (conforme são hoje na cidade) não deveriam existir. São galpões onde colocam 400 pessoas, um modelo utilizado em períodos de guerra e calamidade pública. Denuncia que “os abrigos nas ruas de BH são apenas depósitos de pessoas, é uma lógica muito mais higienista do que humanitária.”

nizações Não Governamentais (ONGs) e das Instituições Religiosas. No geral, essas instituições atuam na distribuição de alimentos, roupas e cobertores. Por fim, entendemos que existe uma rigidez no sistema dos abrigos que não leva em consideração o ritmo, a rotina e a dinâmica de cada pessoa, atribuindo um tratamento generalizado aos que utilizam o espaço. Em muitos casos, os abrigos são frequentados exclusivamente pela oferta de alimento, pois as pessoas não se sentem seguras em passar a noite no local.

O professor Wagner de Cerqueira, da equipe Escola Brasil, afirma que os abrigos temporários são considerados insuficientes para beneficiar toda a população em situação de rua. As políticas utilizadas geralmente não atacam a causa do problema, apenas tentam suprir as necessidades básicas de sobrevivência, como também não estão baseadas em um efetivo conhecimento acerca das demandas que norteiam esse contingente populacional. Além disso, a ineficácia das políticas públicas fez com que, historicamente, se destacasse o trabalho das Orga10

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Ademais, percebe-se que “essas instituições assistenciais não estimulam o desenvolvimento de identidades autônomas, não criam unidades de pertencimento que se contraponham ao isolamento social previamente instaurado na existência individual e podem, por vezes, acentuá-lo” (ESCOREL, 1999, p. 167). A complexidade presente na condição da população em situação de rua exige uma visão e uma ação totalizante (BONALUME, 2011). Assim, responder às demandas desse segmento social implica desenvolver ações concretas relacionadas à garantia de seus direitos: - sua condição humana, - trabalho e emprego, - desenvolvimento urbano/habitação, - assistência social,

- educação, - segurança alimentar e nutricional, - saúde e cultura (BRASIL, 2009). Portanto, é necessário superar as estruturas fragmentadas de organização da gestão dos serviços, pois nessas estruturas as demandas são esfaceladas. Como nos lembra Bonalume (2011, p. 6), “Vivemos em uma época com profunda necessidade de ações unificadas e de métodos de superação de conhecimentos dispersos, capazes de reunir a prática e a teoria, o objeto e o sujeito, a realidade e o ‘valor’ do homem”.

ALBERGUE COMPLEXO PRATES-SP IMAGENS: REDE BRASIL ATUAL CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

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POL ÍT I C AS PÚB L I CA S 1. DECRETO Nº 7.053 /09 Institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua e seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, e dá outras providências. O decreto afirma que o governo federal poderá firmar convênios com entidades públicas e privadas, sem fins lucrativos, para o desenvolvimento e a execução de projetos que beneficiem a população em situação de rua e estejam de acordo com os princípios, diretrizes e objetivos que orientam a Política Nacional para a População em Situação de Rua. O poder público reconhece e legitima a atuação das organizações de assistência social, que podem celebrar parcerias com os municípios e estados, recebendo recursos públicos para execução dos serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais. Ademais, está escrito que a rede de acolhimento temporário existente deve ser reestruturada e ampliada para incentivar sua utilização pelas pessoas em situação de rua, inclusive pela sua articulação com programas de moradia popular promovidos pelos Governos Federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal.

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2. POLÍTICA NACIONAL PARA INCLUSÃO SOCIAL DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA Orienta a construção e execução de políticas públicas voltadas a este segmento da sociedade, historicamente à margem das prioridades dos poderes públicos. Foi fruto das reflexões e debates coordenado pelo Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome e composto também pelos Ministérios das Cidades, da Educação, da Cultura, da Saúde, do Trabalho e Emprego, da Justiça, Secretaria Especial de Direitos Humanos e Defensoria Pública da União. Destaca-se a fundamental participação de representantes do Movimento Nacional de População da Rua (MNPR), da Pastoral do Povo da Rua e do Colegiado Nacional dos Gestores Municipais da Assistência Social (CONGEMAS) que efetivamente contribuíram para a construção dessa Política. Nas diretrizes há menção a implementação de políticas públicas nas esferas federal, estadual e municipal, estruturando as políticas de saúde, educação, assistência social, habitação, geração de renda e emprego, cultura e o sistema de garantia e promoção de direitos de forma intersetorial, além da complementaridade entre as políticas do Estado e as ações públicas não estatais de iniciativa da sociedade civil.

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3. CADASTRO ÚNICO As pessoas em situação de rua devem ser incluídas no Cadastro Único, principalmente para potencializar o acesso dessa população aos programas complementares destinados aos usuários do Cadastro Único e à rede de serviços, benefícios e programas de transferência de renda e produzir informações que contribuam para o aprimoramento da atenção a esse segmento nas diversas políticas públicas.

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MOD E LOS E PROGR AMA S D E ASSIST Ê NC IA PÚB LICA 1. CENTRO TEMPORÁRIO DE ACOLHIMENTO Criados em 2017, os CTA’s são serviços destinados para pessoas que precisam de rápido acolhimento e servem de apoio aos demais centros de acolhida do município de São Paulo. É um Programa Municipal (prefeitura de SP, Curitiba e Porto Alegre), podendo ser mantido pela prefeitura e administrado por organização social. O objetivo é que as pessoas acolhidas consigam trabalho e possam se desenvolver rumo à autonomia e geração de renda, e nos CTA’s, os conviventes participam de capacitações para o programa Trabalho Novo, que prevê a inserção de pessoas em situação de rua no mercado de trabalho - mais de 1,6 mil já estão trabalhando em grandes empresas como McDonald´s, Riachuelo, Restaurante Coco Bambu e muitas outras. Os CTA’s têm a finalidade de assegurar atendimento e atividades direcionadas para o desenvolvimento de sociabilidades, na perspectiva de fortalecimento de vínculos que oportunizem a construção de novos projetos de vida.

CTA MOOCA-SP IMAGEM: LEON RODRIGUES 14

CTA ARICANDUVA-SP IMAGEM: WAGNER ORIGINES CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA


Além de oferecerem cama, alimento e lavanderia para quem vai passar a noite, agora há salas de informática, cursos profissionalizantes e aulas de adaptação social. Os acolhidos não precisam abrir mão da companhia de seus inseparáveis animais de estimação. Hoje, há canis em oito dos 17 CTAs de São Paulo. Eles contam também com estacionamentos para carrocinhas de catadores – instalações que servem de estímulo para quem antes não queria procurar abrigo. No último ano, convênios da prefeitura com a iniciativa privada geraram mais de 1,6 mil empregos para antigos moradores de rua. “Em todos os CTAs nós teremos área de treinamento para que as pessoas fiquem no limite de 90 até 120 dias. Depois, elas já estarão empregadas, com a carteira de trabalho assinada e uma renda suficiente para o aluguel social”, declarou Doria (prefeito de SP em maio de 2017)

CTA VILA MARIANA-SP IMAGENS: PREFEITURA DE SP CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

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2. UNIDADE DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL (UAI) Acolhimento provisório para adultos e famílias em situação de rua e/ou desabrigados por abandono, migração, ou ausência de residência, pessoas em trânsito e sem condições de auto sustento. Desenvolvido pela prefeitura de Salvador, faz parte da SEMPS (Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza). A maioria das vezes, trabalha em conjunto com os Centros POP.

UAI PAU DA LIMA IMAGENS: PREFEITURA DE SALVADOR 16

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Ações Desenvolvidas: »» Acolhida/Recepção; »» Cuidados pessoais; »» Construção de plano individual e/ou familiar de atendimento; »» Elaboração de relatórios e/ou prontuários; »» Diagnóstico socioeconômico; »» Orientação para acesso a documentação pessoal; »» Atividades de convívio e de organização da vida cotidiana; »» Inserção em projetos/programas de capacitação e preparação para o trabalho; »» Estímulo ao convívio familiar, grupal e social; »» Articulação da rede de serviços socioassistenciais; »» Articulação interinstitucional com os demais órgãos do Sistema de Garantia de Direitos.

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3. CENTRO POP Centro POP deve ofertar, obrigatoriamente, o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua, o qual oferece atividades direcionadas para o desenvolvimento de sociabilidades, resgate, fortalecimento ou construção de vínculos interpessoais e/ou familiares, tendo em vista a construção de outros projetos e trajetóias de vida, que viabilizem o processo gradativo de saída da situação de rua.

Oferece trabalho técnico para a análise das demandas dos usuários, acompanhamento especializado e trabalho articulado com a rede socioassistencial, das demais políticas públicas e órgãos de defesa de direitos, de modo a contribuir para a inserção social, acesso a direitos e proteção social das pessoas em situação de rua.

CENTRO POP VASCO DA GAMA IMAGENS: AGECOM 18

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Atendimento:

Programa:

Período mínimo de funcionamento são cinco dias da semana e oito horas diárias. A partir de uma avaliação local e de forma a garantir o maior acesso pelos usuários, o período de funcionamento poderá ser ampliado para feriados, finais de semana, período noturno, etc.

»» Recepção e acolhida inicial; »» Sala para atividades referentes à coordenação, reunião de equipe e atividades administrativas; »» Sala de atendimento individualizado, familiar ou em pequenos grupos; »» Salas e outros espaços para atividades coletivas com os usuários, socialização e convívio; »» Copa/cozinha; »» Banheiros masculinos e femininos com adaptação para pessoas com deficiência e mobilidade reduzida; »» Refeitório; »» Lavandeira com espaço para secagem de roupas; »» Guarda de pertences, com armários individualizados; »» Higiene pessoal (banheiros individualizados com chuveiros, inclusive). »» espaços para guarda de animais de estimação em adequadas instalações; »» almoxarifado ou similar »» salas com computadores para uso pelos usuários, etc.

A articulação para acesso à documentação pessoal e às políticas de Educação, Segurança Alimentar e Nutricional representa igualmente importante ação intersetorial para o atendimento às demandas das pessoas em situação de rua.

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R E F E RÊ NC IAS ARQ UI T E TÔNICA S 1. CENTRO DE ASSISTÊNCIA AOS DESABRIGADOS “THE BRIDGE”

FICHA TÉCNICA · Arquitetos: Overland Partners · Localização: Dallas, TX, EUA · Área: 75000,0 m2 · Ano do projeto: 2010

O projeto é um premiado complexo que oferece diversos tipos de serviços, como apoio a saúde, abrigo de emergência, alojamentos provisórios e permanentes e geração de empregos. O complexo possui 06 edifícios em torno de uma praça central e possui programa e espaços que buscam atender a diversidade da população em situação de rua. Existem pessoas que se sentem mais a vontade dormindo em locais ao ar livre, por exemplo. Sendo assim, surgiu um conceito de campus com espaços abertos e protegidos ao mesmo tempo. IMAGENS: ARCHDAILY 20

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“Os sem-teto não foram os únicos beneficiários de ter The Bridge em sua comunidade. Desde a sua abertura, a taxa de criminalidade local diminuiu mais de 20%.” James Andrews, diretor da Overland Partners Architects.

IMAGEM: ARCHDAILY CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

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Sanitários externos foram criados para aqueles que não quiserem se alojar permanentemente, mas desejam utilizá-los quando necessário. O programa também inclui um grande guarda volumes e um canil, já que grande parte das pessoas em situação de rua possuem seus “amigos” de estimação.

O abrigo de emergência foi projetado no local de um antigo pavilhão e possui espaço para 300 pessoas, que dormem em esteiras. Já os alojamentos permanentes ficam dentro de um edifício, num grande salão divido por nichos. Em algumas portas e paredes do interior projeto encontrasse textos e frases de pessoas em situação de rua, o que torna o lugar único e mais sensível.

IMAGENS: ARCHDAILY 22

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2. REDBRIDGE WELCOME CENTRE FICHA TÉCNICA · Arquitetos: Peter Barbers Architects · Localização: Ilford Building, London · Ano do projeto: 2012 O centro se localiza numa área de destaque da cidade de Londres e possui unidades e internação de álcool e drogas e oferece abrigo e oficinas profissionalizantes para pessoas em situação de rua.

IMAGENS: ARCHDAILY

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O vidro foi utilizado como elemento chave, pois o arquiteto pretendia projetar um edifício “transparente”, para que a transição rua/espaço interno fosse sutil. Além disso, o vidro proporciona permeabilidade visual de quem está dentro do edifício para a rua, vice-versa.

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O refeitório do pavimento térreo é o local mais frequentado do edifício, atendendo cerca de 60 pessoas por refeição. No mesmo pavimento, encontra-se banheiros e lavanderia. Por fim, encontra-se um jardim interno, onde ocorrem atividades diversas.

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3. SHELTER HOME FOR THE HOMELESS FICHA TÉCNICA · Arquitetos: Javier Larraz · Localização: Pamplona, Espanha · Ano do projeto: 2010 O centro se baseia na troca de serviços entre os usuários e o local: os desabrigados recebem moradia e alimento, mas devem se envolver nas atividades diárias de manutenção do espaço, como limpaza, lavagem, jardinagem e pintura. Dessa forma, os hóspedes sentem que aquele lugar pertence a eles e uma relação de compromisso e respeito é construída dia após dia. O objetivo do projeto era uma arquitetura simples, de baixo custo e rápida execução.

IMAGENS: ARCHDAILY

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Possui dois pavimentos com entradas independentes e oferece abrigo para curta e longa permanência.

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Existe um núcleo com os principais serviços: cozinha, banheiros e lavanderia. Ao redor deles se desenvolvem o restante do programa que utiliza o perímetro externo, aproveitando iluminação e ventilação natural.

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Os brises de alumínio da fachada serve como proteção solar e para dar privacidade, no entanto, prejudicam a relação do edifício com o exterior.

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Cada projeto apresentado tem suas peculiaridades. Para minha proposta de projeto utilizei como referência a praça, o jardim interno, os terraços, explorei o uso do vidro nas esquadrias e guarda-corpos, brises nas fachadas poentes, e os sanitários externos para aqueles que não quiserem se alojar permanentemente, além da oferta de diversos tipos de serviço.

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PROPOSTA CAPSRUA Centro de Apoio a População em Situação de Rua Percebe-se o início da mudança de mentalidade por parte do governo ao inaugurarem Centros Temporários de Acolhimento, Unidade de Acolhimento Institucional e Centros POP, programas que, apesar de não serem totalmente eficazes, tentam romper com o assistencialismo ineficiente dos abrigos e albergues. Entretanto, essas propostas ainda não chegaram ao patamar de oferecer ações unificadas de uma forma eficiente, já que alguns desses programas possuem foco maior em especialização de trabalho, outros em assistência psicológica e desenvolvimento das relações interpessoais e outros possuem horário de funcionamento reduzido. Na tentativa de sanar os déficits e explorar as potencialidades de cada um dos projetos existentes, surgiu a proposta do CAPSRUA. O projeto se baseia num local amplo, que englobe espaço público com esporte e lazer, serviços para população, abrigo para as pessoas em situação de rua e seus animais de estimação, atividades, assistência médica e preparo para o mercado de trabalho através de aulas teóricas e práticas. Um espaço que possa se estender para sociedade como um todo, fometando as interações interpessoais entre as pessoas em situação de rua com os demais cidadãos. A ideia é que a pessoa em situação de rua não se sinta obrigada a entrar no edifício ou fazer parte do programa, mas que ela se sinta livre para ir, aos poucos e no seu próprio ritmo, fazendo parte desse espaço e analisando a ideia de se reinserir na sociedade de uma forma digna, com saúde, moradia e emprego.

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ÁREA EXTERNA QUADRA DE FUTEBOL E PARQUINHO

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LOC AL IZAÇÃO O terreno escolhido para o projeto se localiza em Lauro de Freitas - região metropolitana de Salvador - na Rua Euvaldo Santos Leite, situada no Centro da cidade. LAURO DE FREITAS

O local escolhido foi estratégico, pois grande parte das pessoas em situação de rua da cidade se encontra na Praça Matriz, que fica a 9 minutos a pé do local.

09

-0 BA

CAPSRUA

SALVADOR Aeroporto

Av .L

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O terreno possui um enorme potencial como nó de centralidade na região, já que se encontra ao lado de um posto de saúde, em frente a um ginásio de esportes e um restaurante popular, próximo também a UNEB.

Itapuã

Salvador Shopping

Barra

TERRENO IMAGEM: LAÍS BERBERT 30

TERRENO IMAGEM: LAÍS BERBERT CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA


TERRENO IMAGEM: LAÍS BERBERT Terreno Vegetação média Vegetação regular Prefeitura Praça Matriz Posto de saúde Ginásio de esportes Restaurante Popular

0 10 25 50

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MAPA DE LOCALIZAÇÃO 31


PRAÇA MATRIZ IMAGEM: www.badogada.com.br

ENTRADA GINÁSIO DE ESPORTES IMAGEM: LAÍS BERBERT 32

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POSTO DE SAÚDE IMAGEM: LAÍS BERBERT

RESTAURANTE POPULAR IMAGEM: ASCOM - Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

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C LA SSI F I CAÇ ÃO E SE NT I D O D E VIA S PRONTOS D E ÔNIBUS Apesar de ser o centro da cidade, essa região não é bem servida de pontos de ônibus. Por essa razão, a minha proposta abrange a criação de um novo ponto de ônibus com abrigo na frente do CAPSRUA, que irá atender e servir todos os outros equipamentos da área. O terreno é rodeado de vias locais, portanto, vias mais calmas e com um fluxo mais ameno, proporcionando ao local um abiente mais favorável para pedestres. Terreno Vegetação média Vegetação regular Prefeitura Praça Matriz Posto de saúde Ginásio de esportes Restaurante Popular

0 10 25 50

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Via local Via coletora Ponto de ônibus Novo ponto de ônibus Estacionamento Sentido único Sentido duplo

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ÁREA EXTERNA | FACHADA SUDOESTE NOVO PONTO DE ÔNIBUS CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

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GABARITO Na região, edificações de 1 e 2 pavimentos são predominantes. Ou seja, apesar de ser uma região majoritarimente residencial, não encontramos muitos edificíos. Sendo assim, o CAPSRUA foi projetado para ter 2 pavimentos e um terraço, do qual é possível ter uma visão menos obstruída por edifícios vizinhos.

Terreno Prefeitura Praça Matriz Posto de saúde Ginásio de esportes Restaurante Popular

0 10 25 50

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1 pav 2 pav 3 pav 4 pav 9 pav

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TERRAÇO CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

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USO D O SOLO A região é predominantemente residencial, porém conta com uma gama de comércio e serviços alta. Por essa razão, é uma zona ativa durante todos os dias da semana. Próximo ao terreno há uma variedade de usos que funcionam no período da manhã até a noite. Pensando nisso, o CAPSRUA não possui gradis ao redor do terreno, pois a ideia é que a população em situação de rua como qualquer outro cidadão, seja livre para utilizar a área externa da edificação a qualquer momento. Terreno Prefeitura Praça Matriz Posto de saúde Ginásio de esportes Restaurante Popular

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Esporte e Cultura Educação Comércio e serviço Saúde Uso misto Religioso Residencial

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ÁREA EXTERNA | FACHADA NOROESTE PRAÇA E ÁREA EXTERNA DO REFEITÓRIO CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

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PART IDO O entorno do terreno foi determinante para as decisões projetuais, já que em frente encontra-se o ginásio de esportes da cidade, ao lado um posto de saúde e, oposto a ele, uma quadra que já fazia parte do terreno. Por essa razão, a ideia inicial foi criar um espaço permeável, de maneira que a edificação se articulasse com o entorno através de diversos acessos e variações de cheios e vazios. Partindo desse mesmo pensamento, a noção de permeabilidade e continuidade favorecem a relação da pessoa em situação de rua com a edificação, já que elas se apropriaram das ruas e, em diversas situações, perdem a afinidade com um ambiente fechado. Sendo assim, a partir de um volume de dois pavimentos, criou-se um pátio com o objetivo de expandir o ambiente externo, transformando o interior da edificação em um espaço de transição entre rua e lugar construído, além de permitir acesso pelo estacionamento. A partir dos blocos gerados, criou-se áreas verdes que se comunicam com o espaço público, varandas - cobertas e descobertas - e novos acessos laterais. Esses acessos, além de sua função literal, convidam as pessoas a participarem do espaço interno e dos serviços oferecidos para que haja uma interação ainda maior entre as pessoas em situação de rua e os demais cidadãos. Além disso, no segundo pavimento, desenvolveu-se uma passarela e um volume intermediário que interliga os blocos. Por fim, uma cobertura que cobre o pátio interno e fornece abrigo das intempéries, a qual através de material translúcido também se apropria do conceito de permeabilidade da edificação. 40

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PLANTA DE SITUAÇÃO

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brises de pinus ajudam no conforto térmico das fachadas poentes

ÁREA EXTERNA | FACHADA SUDOESTE ACESSO RUA EUVALDO SANTOS LEITE

PAVIMENTO TÉRREO CIRCULAÇÃO, JARDINS E RECEPÇÃO 42

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piso intertravado permeável

ÁREA EXTERNA | FACHADA SUDESTE ACESSO POSTO DE SAÚDE

PRIMEIRO PAVIMENTO PASSARELA E CIRCULAÇÃO CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

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ÁREA EXTERNA FACHADA SUDOESTE 44

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PROGR AMA

PAV. TÉRREO

AMBIENTE

PÁTIO INTERNO E ACESSOS

643,75

RECEPÇÃO (3 BALCÕES)

15,90

TRIAGEM

25,14

ARMÁRIOS/ESPERA

9,70

ADM/DOCUMENTOS (+ SANIT)

37,37

SANITÁRIOS COLETIVOS E PCDS

64,70

SALA DE DINÂMICAS

73,97

REFEITÓRIO (INTERNO E EXTERNO)

151,12

COZINHA (+DISPENSA E LIXO)

106,05

JOGOS

74,62

CONSULTÓRIO MÉDICO (+SANIT E ENFERMARIA)

194,31

CANIL (+BAIAS, CIRCULAÇÃO E DEPÓSITOS)

121,00

BANHO E TOSA

25,58

VETERINÁRIO (+RECEPÇÃO E SANITÁRIOS)

39,30

SALÃO DE BELEZA

39,40

LAVANDERIA

32,90

COPA FUNCIONÁRIOS (+QUARTOS E DML)

57,82

VESTIÁRIOS FUNCIONÁRIOS

47,23

DEPÓSITO

9,50

DEPÓSITO CARROCINHAS

21,86

SANITÁRIOS EXTERNOS (2)

12,29

TOTAL TÉRREO = CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

1803,51 45


AMBIENTE

TERRAÇO

1º PAVIMENTO

CIRCULAÇÃO

M² 395,63

DEPÓSITO

7,21

SANITÁRIOS SALAS (2)

4,61

SALA DE COSTURA

31,78

SALA DE INFORMÁTICA

74,74

SALA DE ARTESANATO

75,51

SALAS DE AULA 1

53,88

SALAS DE AULA 2

25,87

VARANDA SOCIAL 1

55,83

VARANDA SOCIAL 2

55,83

QUARTOS

280,40

VARANDAS QUARTOS

73,03

BANHEIROS (+PCD E ROUPEIROS)

134,87

ÁREAS DE CONVIVÊNCIA

92,48

DEPÓSITO DE MÓVEIS E OFICINA DE MARCENARIA

64,63

TOTAL 1 PAV =

1426,30

JARDIM

396,78

RESERVATÓRIO DE ÁGUA

17,20

TOTAL TERRAÇO =

413,98

ÁREA TOTAL DA EDIFICAÇÃO = 3643,80 m² ÁREA DO TERRENO = 8682,23 m²

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PERSPECTIVA EXPLODIDA SETORIZAÇÃO E PERCURSO SOLAR CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

47


Q UARTOS Existem cinco tipos de quartos distribuídos entre um setor masculino, feminino e misto. As paredes dos quartos que dão acesso a circulação são 25cm rebaixadas, para que haja exaustão do ar no interior dos ambientes, melhorando o conforto térmico dos mesmos. O mobiliário foi pensado de maneira que cada pessoa possa ter sua cama com seu próprio armário “embutido”, dando mais segurança aos pertences de cada um. Os beliches são fixos, porém o restante do mobiliário é móvel, o que proporciona a mudança de layout quando necessário.

25,9 m² 48

Camas retráteis foram projetadas para a possibilidade de aumentar a quantidade de leitos no quarto sem prejudicar a circulação. Os quartos mistos foram pensados para abrigar os diversas configurações de família existentes, já que nas ruas a relação de família não se dá apenas por laços sanguíneos ou parentesco. Vale ressaltar que existem varandas nos setores feminino e masculino, além de alguns quartos. A ideia é que, caso alguém não se sinta confortável com lugares fechados e esteja passando por essa readaptação, possa ter acesso a um lugar aberto e dormir no chão ou na rede, se preferir.

18,4 m² CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA


11,0 m²

19,2 m²

QUARTO MISTO

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25,9 m² 49


vidro autoportante translúcido

PRIMEIRO PAVIMENTO SALA DE INFORMÁTICA 50

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canil: optou-se por um modelo de canil mais amplo, onde os animais não ficarão presos em baias. Existem algumas apenas para casos específicos.

ÁREA EXTERNA REFEITÓRIO CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

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SI ST E MA EST R UT URA L A escolha por pilares, vigas e lajes pré-moldadas aconteceu pelas vantagens estudadas a respeito desse sistema estrutural. A execução acontece em curto prazo, com baixo custo de mão de obra e manutenção, além de uma redução significativa na perda de materiais, ou seja: uma obra sustentável, econômica, prática e eficiente. Além disso, a alta tecnologia que é empregada nos projetos pré-fabricados permite produzir um produto com qualidade aumentada, sobretudo quando comparado ao concreto tradicional. As lajes são do tipo alveolar, composta de painéis alveolares capazes de vencer grandes vãos mesmo com cargas de utilização elevadas. É mais leve e deforma menos comparada a uma laje de concreto moldada in loco. Para a cobertura foi utilizada madeira laminada colada (MLC) de pinus sp, formando um pórtico que, junto com uma trama de peças menores, sustenta o policarbonato translúcido com inclinação de 1% para queda d’água. A MLC se destaca pela alta capacidade de carga e baixo peso próprio, permitindo grandes envergaduras e formas mais flexíveis. camada de concreto moldado in loco

DETALHE FIXAÇÃO PILAR DE MLC NO CONCRETO

pilar

DETALHE ESTRUTURA PRÉ-FABRICADA 52

laje alveolar

viga

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elemento estrutural de MLC para fixação dos brises

PERSPECTIVA ESQUEMA ESTRUTURAL CAPSRUA | CENTRO DE APOIO A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA

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R E FE R Ê NCIAS »» DA SILVA, André Luiz Barros. Habitação de Interesse Social para População em Situação de Rua. 2015. 10,11 p. Trabalho de Conclusão (PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO ESPECIALIZAÇÃO EM ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA HABITAÇÃO E DIREITO À CIDADE RESIDÊNCIA PROFISSIONAL EM ARQUITETURA, URBANISMO E ENGENHARIA)- Faculdade de Arquitetura, Salvador, 2015. Disponível em: <https://repositorio. ufba.br/ri/bitstream/ri/26058/1/tcc_andre_barros.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2018. »» MOVIMENTO POPULAÇÃO DE RUA SALVADOR. Blog. Quem somos. Disponível em: <https://falaruasalvador. wordpress.com/quemsomos/>. Acesso em: 11 nov. 2018. »» RODRIGUES, Danutta. Sem número oficial, população em situação de rua luta por direitos: Se não existe contagem, não existem pessoas. 2017. Disponível em: <https://g1.globo.com/bahia/noticia/sem-numero-oficial-populacao-em-situacao-de-rua-luta-por-direitos-se-nao-existe-contagem-nao-existem-pessoas.ghtml>. Acesso em: 16 out. 2018. »» BAHIA. Institui a Política Estadual para a População em Situação de Rua n. 12.947, de 10 de fev. de 2014. .. .. Salvador, p. 1-8, fev. 2014. Disponível em: <http://www.rcdh.es.gov.br/sites/default/files/2014%20BAHIA%20 Lei%2012947%20Politica%20Estadual%20Pop%20Rua.pdf>. Acesso em: 01 dez. 2018. »» https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/numero-de-moradores-em-situacao-de-rua-em-salvador-pode-chegar-a-17-mil/ »» ITA CONSTRUTORA. Site. Madeira Laminada Colada. Disponível em: <http://www.itaconstrutora.com.br/madeira-e-tecnologia/madeira-laminada-colada/>. Acesso em: 29 nov. 2018. »» OGG, Helena D’Ávila. CENTRO DE ASSISTÊNCIA À POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA. 2014. 19-43 p. TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO)- UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ, Curitiba, 2014. Disponível em: <http:// repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/2985/1/CT_COARQ_2014_1_01.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2018.

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COSTA, Ana Paula Motta. População em situação de rua: Contextualização e caracterização. 2005. 15 f. Artigo (Socióloga, Advogada, Mestre em Ciências Criminais, Ex-Gestora Municipal de Assistência Social)- Centro Universitário Metodista, Porto Alegre, 2005.

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BULLA, L. C.; MENDES, J. M. R.; PRATES, J. C. (Orgs.). As múltiplas formas de exclusão social. Porto Alegre: Federação Internacional de Universidades Católicas: EDIPUCRS, 2004.

»»

SPOSATI, Aldaíza. Mínimos e seguridade. In: MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL. Secretaria de Estado da Assistência Social. Mínimos sociais. Questões conceitos opções e estratégias. Brasília: MPAS/SAS; São Paulo: Fundap, 1999.

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PEREIRA , Juliana Maria Fernandes; BARROS, Kelvia de Assunção Ferreira; DE CARVALHO, Maria de Jesus Bonfim (Org.). Perguntas e Respostas Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua : CENTRO POP. [S.l.: s.n.], 2011. 52 p. v. 2. Disponível em:

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<http://aplicacoes.mds.gov.br/snas/documentos/02-livreto-perguntas-respostascentropoprua-impressao.dez.pdf>.

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