BUTANTÃ
um plano de bairro
Lais Julie Silva
“Ao mesmo tempo em que moldamos os espaços, eles também nos moldam”. Jan Gehl.
Trabalho Final de Graduação Orientador: Profo Me. Sérgio Ricardo Lessa Ortiz Centro Universitário Belas Artes de São Paulo Arquitetura e Urbanismo
BUTANTÃ
um plano de bairro
Lais Julie Silva
Lais Julie Silva
Butantã
um plano de bairro Banca Examinadora
Profo. Me. Sérgio Ricardo Lessa Ortiz
Profa. Dra. Aline Nasralla Regino
Arq. Paulo Sérgio Ortiz
São Paulo Junho 2017
AGRADECIMENTOS A Deus, que com infinidta bondade, abriu essa porta e me permitiu chegar até aqui. Ao meu pai, mãe e irmã. Esta conquista eu devo a vocês. Obrigada por todo suporte que me deram. A minha família, por compreender as minhas ausências nos últimos mêses. Ao meu amor, Rafael, que foi incrivelmente compreensivo e amoroso durante todos esses anos. Ter você ao meu lado nessa fase tornou tudo ainda mais prazeroso. À Amanda Coelho, Nathalia Kiyoko e Thais Farias. Vocês me mostraram o que é amizade e cumplicidade verdadeiras. Cada gesto, cada ajuda, cada sorriso, eu levarei pra sempre comigo. Amo vocês. Ao Centro Universitário Belas Artes que acreditou no meu potencial e permitiu que eu vivesse umas das melhores fases da minha vida. Aos mestres que cruzaram meu caminho e contribuíram com o curso dessa jornada. Que me fizeram ver a Arquitetura e o Urbanismo com admiração e respeito, orgulhando-me por fazer parte desse grupo de pensadores da cidade. Ao meu querido Mestre e Orientador, Sérgio Ricardo Lessa Ortiz, que aceitou esse desafio. Obrigada pela paciência, pelo conhecimento compartilhado e por acreditar em mim. Por cada palavra de incentivo e pelo companheirismo ao longo desses meses. Muito obrigada.
INTRODUÇÃO O interesse pelo bairro do Butantã surgiu através de uma orientação com o professor Ivanir de Abreu após uma mudança radical em meu tema para o Trabalho Final de Graduação. A escolha da área, palco de uma convivência intensa e cotidiana desde a minha infância, permitiu uma pesquisa que prosseguiu de forma natural e encadeada. O ponto de partida desse processo foi o conhecimento do que é o bairro, um espaço urbano delimitado tão pequeno quanto complexo, e que encerra em si diversos significados para só então adentrar à necessidade de planejá-lo. Pensar o bairro como um plano foi possível, também, através do contato inicial com o Plano de Bairro do Distrito de Perus, em São Paulo, e os conceitos fundamentais de Cândido Malta (2003). É sobre isso que trata a primeira parte desta monografia. Apresentada a teoria, o passo seguinte foi a caracterização do Butantã, uma tentativa de ir em busca de sua história, personagens, casos e vivências, como também de informações disponibilizadas em meios oficiais. Essa etapa do trabalho – o diagnóstico – foi a de mais extensa pesquisa, onde buscou-se o pormenor, a minúcia, tornar conhecidas todas as dimensões desse recorte urbano. Por fim, foi possível materializar um plano para o bairro. O enfoque? O respeito à paisagem e à tradição, à moradia e ao lazer, à comunidade e à cidade. Os objetivos? Regular e qualificar as zonas residenciais e permitir que o bairro se densifique, porém através de uma lógica que preserve a paisagem natural e a história edificada. Propor melhorias urbanísticas, ambientais, de mobilidade e paisagísticas; cuidar daquilo que já funciona e garantir cenários futuros. Assim, a etapa final apresenta como o plano foi pensado, sua estrutura, os zoneamentos
e as intervenções finais propostas. Um projeto que desafia a planejar a cidade a partir dos bairros e das necessidades de sua população.
01
bairro: em busca de uma definição
02
plano de bairro: o que é?
03 diagnรณstico
04 projeto
1. BAIRRO: EM BUSCA DE UMA DEFINIÇÃO Ao escolher o bairro como objeto de análise, nos deparamos com um ponto crucial: este não possui uma definição única – assertiva. Desta forma este primeiro capítulo investiga algumas questões relacionadas ao conceito de bairro. O que pode defini-lo? Como podemos pensá-lo? Quando pensamos na definição de bairro, a que exatamente estamos nos referindo? A falta de consenso sobre qual seria a melhor definição para um conceito tão usado pelo cidadão comum é fruto das diferentes esferas que o bairro engloba e reproduz, tanto socialmente como política e administrativamente. Como base nesse raciocínio, o bairro será aqui abordado sob duas linhas temáticas: como unidade territorial e como unidade da vida social, assim pautadas com base, principalmente, no que foi trabalhado por BEZERRA em seu artigo “Como definir o bairro? Uma breve revisão” (BEZERRA, 2011). A escolha dessas duas linhas temáticas se deu de forma a compreender a dualidade do bairro, podendo estas serem consideradas as principais linhas estruturantes para o absorver, além de aproximar a busca de uma conceituação ao que se pretende ter como produto neste trabalho. Assim, o tópico 1.1 discorrerá sobre o bairro como uma unidade territorial, o que implica entender as suas condições espaciais, e logo depois no tópico 1.2 apresentará as implicações sociais do bairro. Por fim, no tópico 1.3 terá como objetivo fazer uma introdução ao planejamento urbano e quais os benefícios de implementá-lo na escala do bairro, escala na qual se compreende que a cidade e morador daquela área terá um grande peso para a elaboração de propostas e projetos.
bairro em busca de uma definição | 12
1.1. O BAIRRO COMO UNIDADE TERRITORIAL “O bairro é uma naçãozinha.” (SOUZA, 1987)
O bairro é tratado corriqueiramente, por alguns dicionários da língua portuguesa como a ‘denominação de cada uma das partes em que se costuma dividir uma cidade’, implicando o forte teor de espacialização da palavra. Mas é com base na definição de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira1 que BEZERRA leva essa definição um pouco além ao dizer que o bairro é “cada uma das partes em que se costuma dividir uma cidade ou vila, para mais precisa orientação das pessoas e mais fácil controle administrativo dos serviços públicos” (BEZERRA, 2011: pg. 23), reconhecendo assim a preocupação com a delimitação do espaço para fins de controle administrativo. A partir desta constatação inicial, Bezerra afirma que unidade territorial e divisão administrativa relacionam-se intimamente na construção do significado do bairro: se este é uma parte integrante das cidades, convém dizer que não pode ser considerado uma porção autônoma, precisando ser identificado oficialmente e planejado ou assistido pelos órgãos de gestão urbana. É também a partir da relação com a cidade que se pode compreender o bairro, sua historicidade e os processos que impulsionam as suas transformações.
1 Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (Passo de Camaragibe, 3 de maio de 1910 – Rio de Janeiro, 28 de fevereiro de 1989) foi um crítico literário, lexicógrafo, filólogo, professor, tradutor e ensaísta brasileiro. Responsável pela criação do Novo Dicionário da Língua Portuguesa, conhecido como Dicionário Aurélio ou somente “Aurelião” ou “Aurélio”.
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Lefebvre2 reafirma esse posicionamento quando diz considerar o bairro como uma unidade, “porém esta unidade só pode ser pensada tendo-se em vista a cidade como totalidade” (apud BEZERRA, 2011). Assim, podemos afirmar, ainda de acordo com Bezerra, que o bairro é a escala intermediária entre a rua e a cidade. O autor considera que são três as escalas básicas que compõem uma cidade: • A escala da rua: escala fundamental da paisagem urbana, abrigando os imóveis da habitação; • A escala de bairro: formada pela reunião de quarteirões com características em comum; • A escala da cidade: composta pelo conjunto de bairros.
Figura 1 - Diferentes escalas urbanas de uma cidade. Fonte: Santos (1988). Adaptação de Josué Alencar Bezerra, 2007.
É nessa intermediária onde se reconhecem as áreas urbanas propriamente ditas. Por ‘áreas urbanas’, Lamas, 1993 dá a entender que o bairro “pressupõe uma estrutura de ruas, praças ou formas de escalas inferiores” (apud BEZERRA, 2011). Dessa forma, o autor estabelece o bairro como um limite territorial pelas formas que este apresenta, como os traçados e praças, os quarteirões e monumentos, os jardins e as áreas verdes, constituindo elementos morfológicos identificáveis.
2 Henri Lefebvre (Hagetmau, 16 de junho de 1901 – 29 de junho de 1991) foi um filósofo marxista e sociólogo francês que dedicou uma grande parcela de sua produção ao estudo dos espaços urbanos, em especial ao estudo das manifestações sociais e suas implicações espaciais sobre os bairros. bairro em busca de uma definição | 14
Porém, o bairro não é apenas “uma área demarcada, limitada, simples de suporte físicoadministrativo” (RAMOS, 2002: pg. 36), pois implica também vida comunitária, tornando-se um suporte social. Duas passagens são essenciais para a compreensão dessa dualidade: (...) O bairro é revelado como uma forma física, um pedaço urbano que cresce segundo tais eixos ou tais direções, e um determinado tamanho, seu traçado segue uma lógica espaçosocial. Assim, o bairro torna-se uma unidade morfológica espacial e morfológica social ao mesmo tempo. (BEZERRA, 2011, p. 25). Para
a
morfologia
morfológica
social,
estrutural;
é
o
bairro
é
caracterizado
uma
por
unidade
uma
certa
paisagem urbana, por um certo conteúdo social e por uma função; portanto, uma mudança num desses elementos é suficiente para alterar o limite do bairro. (ROSSI, 1995. p. 67).
Conclui-se então, que é na escala do bairro que alcançamos uma maior visibilidade dos dramas e conflitos sociais que se reproduzem na cidade e que os limites espaciais por si só não são suficientes para uma definição adequada. Aqui destaco uma passagem de BEZERRA muito pertinente a compreensão do bairro como unidade territorial: (...)
Podemos
observar
que
o
entendimento
do
bairro
passa muito próximo do que os estudos da Geografia entendem de
por
dominação
território, e
este
pertencimento.
dotado
de
(BEZERRA,
elementos
2011:
p.
23).
1.2. O BAIRRO COMO UNIDADE DE VIDA SOCIAL Quando nos dispomos a discutir o bairro, uma das primeiras coisas quem vem à mente são as manifestações da vida social que ele implica. Bairro é vizinhança, nem íntima, nem anônima; é conhecer butantã um plano de bairro | 15
os limites quando se caminha pelas ruas, por vezes transitórios e incertos; é o sentimento de pertencer a uma comunidade. Os limites do bairro não são sempre reconhecíveis, não há barreiras físicas que indiquem onde começa um bairro e onde termina outro, mas a identificação de quem ali reside corresponde a uma imagem mental forte, arraigada de pessoas, lugares e percursos simbólicos. SOUZA esclarece que: Os limites do bairro podem ser imprecisos, podem variar um pouco de pessoa para pessoa. Mas se esta variação for muito grande, dific ilmente estar-se-á perante um bairro, porque dificilmente haverá um suporte para uma identidade razoavelmente compartilhado, ou um legado simbólico suficientemente expressivo. Para existir um bairro, ainda que na sua mínima condição de referencial geográfico,
é
necessário
haver
um
considerável
espaço
de manobra para a intersubjetividade, para uma ampla interseção de subjetividades individuais. (SOUZA, 1989: p. 150).
Lefebvre também reconhece a importância do bairro como espaço social urbano quando afirma que este é “a unidade natural de vida social”, identificando aí as diversas manifestações sociais que perpassam a essa unidade espacial, palco do cotidiano e o referencial organizador do espaço (SOUZA, 1989: p. 73). Essa interação entre o social e o urbano provoca transformações recíprocas, ja que uma comunidade coesa busca melhoria das qualidades espaciais de seu bairro e, por sua vez, um bairro com melhores qualidades espaciais convida o cidadão a participar e desfrutar das suas comodidades. Essas conquistas coletivas demonstram que há ali a possibilidade de agir sobre o espaço sem por vezes depender das permissões de cima para baixo (Prefeitura, Subprefeituras, etc.) munindo o cidadão de certo controle sobre o urbano. Como exemplo disso: a realização de festas juninas, carnavais, hortas urbanas, bairro em busca de uma definição | 16
cozinhas públicas, etc. assim, é correto afirmar que: É com base no bairro que se desenvolve a vida pública, que se organiza a representação popular. Finalmente, e não menos importante, o bairro tem um nome que lhe confere uma personalidade dentro da cidade. (GEORGE3, 1983: p. .76).
O bairro é, pois, uma área ideal para as reivindicações coletivas: O bairro constitui hoje a unidade urbana, a representação mais legítima da espacialidade de sua população. (WILHEIM, 1982: p. 63).
Em vários bairros destaca-se a presença de associações de moradores, também conhecidas como “Sociedade Amigos do Bairro”, mostrando a força territorial que o bairro pode adquirir na cidade. Além de uma unidade social, o bairro se estabelece como uma unidade política, que quando organizada consegue manifestar os seus interessas na vida urbana. É também essa vida social que determina o conteúdo cultural do bairro, possibilitando a construção de sua identidade. Esse conteúdo cultural é composto não somente pelo patrimônio edificado e monumentos, mas também pelo patrimônio imaterial estabelecido pela vida cotidiana, o ato de sentar nas calçadas e jogar bola na rua – o espaço vivido. Com base em BEZERRA e no que foi evidenciado até aqui, se pode dizer que a definição de bairro como unidade de vida social é possível quando pensamos a cidade e o urbano em uma escala menor, mais detalhada, um ligar de experiências e trocas. Seria então concluir que o bairro é uma mediação entre o espaço privado (a casa e o lote) e o público (a rua, 3 Pierre George (Paris, 11 de outubro de 1909 – Châtenay-Malabry 11 de setembro de 2006) foi um geografo francês que ao longo de seis décadas publicou ativamente sobre as diversas temáticas e áreas da geografia, também interpreta o bairro como uma unidade de base da vida urbana. butantã um plano de bairro | 17
a quadra), vida familiar e relações sociais no entorno do seu cotidiano. CASTELLS reforça essa tentativa de definição quando diz que o bairro “está provido de equipamentos coletivos e acessíveis ao pedestre; mas, além disso, ele se constitui em torno de uma subcultura e representa um corte significativo na estrutura social” (CASTELLS, 1983, apud BEZERRA 2011). Abordada aqui a dualidade do bairro, pode-se verificar que este é um todo complexo, permeado de singularidades sociais e históricas, mas que permite um olhar aguçado sobre as questões urbanas em torno da vida em comunidade. Esse olhar é o que permite estruturar melhor as gestões e os planos para a vida urbana, ou seja, planejar a cidade.
1.3. A IMPORTÂNCIA DE SE PLANEJAR O BAIRRO Quando se fala em planejar o bairro, ou, por conseguinte, planejar a cidade, compreendese que essa é uma ação que se desenvolve no futuro: planejar é buscar por cenários melhores, é o desdobramento das questões atuais. SOUZA, em sua obra intitulada “Mudar a cidade: Uma introdução Crítica ao Planejamento e à Gestão Urbana”, define muito bem o que vem a ser o planejamento: Planejar sempre remete ao futuro: planejar significa tentar prever a evolução de um fenômeno ou (...) tentar simular os desdobramentos de um processo, com objetivo de melhor precaver-se contra prováveis problemas ou, inversamente, com o objetivo de melhor tirar partido de prováveis benefícios. (SOUZA, 2002: p. 47).
Dito isto nos deteremos na importância que a escala do bairro tem para a cidade: palco da vida social urbana e onde tanto o cenário atual com o futuro, e seus desdobramentos, podem ser melhor mensurados. Se analisarmos as escalas do bairro em busca de uma definição | 18
planejamento ainda em SOUZA descobriremos que a escala do bairro é aquela mais adequada ao ato de planejar. O autor, na busca de identificar escalas de análise e de situações no planejamento de intervenções, e de forma a evitar os relativismos no uso de termos como ‘local, regional e nacional’ elabora uma nova classificação para o seu uso, especificando os seus desdobramentos ou variantes. Como o presente trabalho tem por objetivo estudar a escala local, serão aqui apresentados apenas as variantes dessa escala. Assim, de acordo com SOUZA, a escala é “a escala por excelência do planejamento e gestão das cidades. A escala local refere-se a recortes espaciais que, em graus variáveis de acordo com o seu tamanho, expressam a possibilidade de uma vivência pessoal intensa do espaço e a formação de identidade sócio espaciais sobre a base dessa vivência”. Nesta escala, o autor faz uma relação direta com a administração estatal: como a de municípios ou de subdivisões político-administrativas. É nela também que é possível a participação política direta. Para SOUZA, o nível local possui ainda três variantes: o nível microlocal, o nível mesolocal e o nível macrolocal. Seguem abaixo breves definições com base no que defende o autor: • Correspondem a escala microlocal recortes territoriais de tamanhos diversos, tendo em comum o fato de que são espaços onde se dá uma vivencia cotidiana intensa e direta, nem sempre possível nas grandes cidades em decorrência da violência urbana ou do sentimento de falta de segurança pública. Os recortes territoriais dessa escala “são de cristalina importância para o planejamento e a gestão, especialmente quando se deseja propiciar uma genuína participação popular butantã um plano de bairro | 19
direta; afinal é nessa escala que os indivíduos em processos participativos, poderão constituir instancias primárias de tomada de decisão, e é também nessa escala que eles poderão monitorar mais eficientemente a implementação de decisões que influenciam sua qualidade de vida no cotidiano. ” Os recortes a que corresponde esse nível são: a moradia, o quarteirão, o sub bairro e o setor geográfico. • Correspondem a escala mesolocal o que o autor chama de “nível local stricto senso”: o recorte associado ao Estado local, o município e a cidade. Nesse nível as vivencias são cotidianas e nem tão diretas, pois não é possível uma associação tão forte com a cidade como um todo, por exemplo. Não obstante se pode dizer que a vivencia ainda assim é relativamente forte, já que muito se absorve sobre esses níveis. Aqui o autor cita a importância dos comentários, impressões, criticas, notícias veiculadas pela mídia, “satisfação ou insatisfação com o espaço onde se vive” para a criação de uma ambiência, ou, sentimentos de lugar. Quando corresponde a um nível de governo, como o município, o nível mesolocal define igualmente um espaço para mobilizações, reivindicações e a prática política. • A escala macrolocal equivale ao que o autor chama de “nível local ampliado”. Seria o caso das metrópoles (regiões metropolitanas ou áreas metropolitanas) em que há a integração densa de diversas unidades mesolocais, como por exemplo cidades, municípios, formando o que o autor chama de “minissistema urbano”. Embora não seja possível formar uma visão bairro em busca de uma definição | 20
de conjunto com o nível mesolocal, há ainda assim uma imagem relativa unida em decorrência de problemas em comum, ou fluxos de integração. Para os objetivos deste estudo, a escala que mais se adequa a análise ao nível do bairro é a escala microlocal, pois as ações de planejamento nessa escala permitem que se leve a experiência do urbanismo para mais perto da população, produzindo conhecimento mútuo sobre as condições sob as quais se vive ali e o que se deseja obter em um cenário futuro. Sobre isso, SOUZA diz que o bairro é um referencial direto e decisivo, pois define territorialmente a base social de um ativismo, de uma organização; (...) catalisa a referência simbólica e, politicamente, o enfrentamento de uma problemática com imediata expressão espacial: insuficiência dos equipamentos de consumo coletivo, problemas habitacionais, segregação sócio espacial, intervenções urbanísticas autoritárias, centralização da gestão territorial, massificação do bairro e deterioração da qualidade de vida urbana (SOUZA, 1989: p. 92).
Porém, convém dizer aqui que, a partir dessa análise das escalas, não se pretende a afirmação do bairro como um elemento isolado, pois é sabido que este compõe um todo – que é a cidade, e deve ser compreendido dentro deste contexto. Sobre isto, JACOBS diz que para
pensar
nos
bairros
como
órgãos
autogeridos
ou
dotados de governo próprio, precisamos, primeiro [...] refutar qualquer modelo que encare os bairros como unidades autossuficientes
ou
introvertidas.
(JACOBS,
2011:
p.
125).
O que se pretende através dessa classificação do bairro como uma escala microlocal é apontar a força dos inter-relacionamentos cotidianos (relações pessoais entre os moradores e destes com a área) na butantã um plano de bairro | 21
transformação dos espaços em que vivem, servindo de ponto de partida para modificar outras escalas, como a da cidade ou de uma metrópole. Tradicionalmente no Brasil, o planejamento do bairro é responsabilidade delegada aos municípios, que, de forma a melhor gerir o espaço urbano, divide a cidade em distritos ou subprefeituras. Esses por sua vez, são responsáveis por um agrupamento de bairros, alguns com características socioeconômicas semelhantes, outros com apenas alguns limites territoriais em comum. Como o planejamento urbano é comumente associado ao distrito, o que acontece é algumas propostas não se encaixarem em certos bairros, como por exemplo, equipamentos que são instalados em áreas já saturadas quando deveriam na verdade atender a demanda de outras áreas ou índices construtivos abusivos em áreas a se preservar. A importância de se planejar ao nível do bairro é reconhecer que muito mais poderá ser dito sobre aquele lugar se lançarmos sobre ele um olhar meticuloso: surgirão então as suas reais demandas, e a sua história e a vida em comunidade poderão ser respeitadas. Além do que, como já dito anteriormente, é no bairro que se aprende e se reproduz posturas urbanas acertadas para a cidade como um todo. Planejar o bairro é criar condições para que se possa melhorar o planejamento da cidade.
bairro em busca de uma definição | 22
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bairro: em busca de uma definição
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plano de bairro: o que é?
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2. PLANO DE BAIRRO: O QUE É? Por plano de desenvolvimento do Bairro, ou Plano de Bairro, compreende-se uma ferramenta de planejamento na escala microlocal, escala esta onde é possível um maior contato com os desejos da população na hora de se pensar os problemas e potencialidades de um espaço tão cotidiano: o bairro. Esse plano busca abordar todas as questões locais de modo integral, sendo possível estabelecer as necessidades em relação a infraestrutura, equipamentos públicos de saúde ou lazer, e ainda identificar o cenário futuro que se pretende para aquele local: “Como meu bairro se desenvolverá nos próximos anos? ” Assim afirma NETO: Essa maneira de planejar envolve e compromete o cidadão com a construção da cidade. Ele passa a ver com maior clareza o se bairro como local de uma vida comunitária, onde ele, com os demais moradores, usufrui de serviços que vão desde a infraestrutura, como água e esgoto, ruas e praças, até equipamentos mais complexos de saúde, educação, cultura e lazer. (NETO, 2011: p. 07).
Compreende-se também que o Plano de Bairro prepara a população para questões mais amplas como o conhecimento dos instrumentos que regem a cidade como um todo, aprofundando a noção das questões urbanas e fazendo com que estas cheguem a população de forma mais direta. É a partir desse conhecimento que se obtém uma maior participação popular na hora da elaboração do plano. Este capítulo se estrutura, primeiramente, a partir da conceituação do Plano de Bairro e o modelo que este estudo escolheu para se basear o Plano de Bairro de São Paulo, abordado aqui no tópico 2.1. Em seguida, serão apresentados os elementos prévios que estruturam o Plano de Bairro, ou seja, aqueles plano de bairro o que é | 26
elementos que devem ser identificados no início da análise de um bairro, no tópico 2.2. Por fim, para que haja a compreensão de como se proceder a um Plano de Bairro, será explicada a metodologia a qual se deve recorrer para a montagem do mesmo.
2.1. O PLANO DE BAIRRO EM SÃO PAULO Em São Paulo o Plano de Bairro é um instrumento que está contido no Plano diretor Participativo (PDP), reconhecendo-se dessa forma a importância de se planejar a escala local. Este plano posiciona-se hierarquicamente abaixo dos Plano Regionais das Subprefeituras, ou seja, deve ser realizado após análises das Subprefeituras das demandas dos bairros que a compõe. Regulamentado pelo Projeto de Lei 688/13, que promove a revisão do Plano Diretor Estratégico do Munícipio de São Paulo, instituindo o Plano de Desenvolvimento do Bairro, este instrumento representa um avanço para o planejamento e gestão dos territórios urbanos. Em linhas gerais, as principais propostas do Projeto de Lei 688/13 são: PLANO REGIONAL DAS SUBPREFEITURAS • Sua elaboração fica por conta das subprefeituras com supervisão da Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e participação dos munícipes de cada região nos diagnósticos, concepção, aprovação, monitoramento, fiscalização e revisão. • Devem atender às peculiaridades do sítio de cada região e às necessidades e opções da população que nele reside ou trabalha. Precisa se articular com o Plano de Desenvolvimento do Bairro. butantã um plano de bairro | 27
PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO BAIRRO • Deve ser elaborado numa ação conjunta entre subprefeitura, conselheiros participativos municipais e comunidade para fortalecer o planejamento/controle social local e promover melhorias urbanísticas, ambientais, paisagísticas e habitacionais por meio de ações, investimentos e intervenções previamente programadas. • Precisa definir o território a partir de identidades comuns em relação a aspectos socioeconômicos e culturais reconhecidos por seus moradores e usuários. • É necessário que apresente propostas a melhorar: I. A infraestrutura de micro drenagem e de iluminação pública; II. Oferta e o funcionamento de equipamentos urbanos e sociais de saúde, educação, cultura, esporte, lazer e assistência social, entre outros, adequados às necessidades dos moradores de cada bairro; III. A acessibilidade aos equipamentos urbanos e sociais públicos; IV. Os passeios públicos, o mobiliário urbano e as condições de circulação de pedestres, ciclistas e pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida; V. A qualidade ambiental das áreas residenciais; VI. O sistema viário local e o controle de tráfego; VII. Os espaços públicos e as áreas verdes, de lazer e de convivência social; VIII. As condições do comércio de rua; IX. A limpeza, a arborização e a jardinagem de passeios, espaços e praças públicas; X. A coleta de lixo, inclusive a seletiva; XI. As condições de segurança pública, em especial no entorno dos equipamentos educacionais; plano de bairro o que é | 28
XII. A proteção, a recuperação e a valorização do patrimônio cultural e ambiental; XIII. As condições para o desenvolvimento de atividades econômicas; XIV. Os espaços públicos adequados à convivência social; XV. A sinalização para veículos e pedestres; XVI. A segurança na circulação de pedestres; XVII. Os espaços para instalação de galerias para uso compartilhado de serviços públicos, inclusive centrais de produção de utilidades energéticas localizadas; XVIII. A segurança alimentar e nutricional da população, bem como a implantação de hortas comunitárias. • Definir propostas para tornar o sistema viário o mais propicio e seguro possível para a circulação de bicicletas, além de prever um sistema cicloviário local, articulado com o sistema de transporte coletivo, áreas verdes e principais equipamentos urbanos e sociais. • Indicar as áreas necessárias para a implantação de, no mínimo, equipamentos urbanos e sociais, espaços públicos, áreas verdes e vias públicas locais novas. • Ser elaborado a partir das seguintes diretrizes: I. Identificação de diferentes demandas urbanas, sociais e ambientais a partir de: a. Pesquisas de campo realizadas com moradores dos bairros; b. Analises de dados secundários produzidos por diferentes órgãos de pesquisa; c. Analises de estudos existentes.
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II. Utilização de metodologias participativas nas diferentes etapas de elaboração; III. Utilização de abordagens interdisciplinares. • Ser editado por decreto, após aprovação pelos Conselhos de Representantes das Subprefeituras, previstos nos artigos 54 e 55 da Lei Orgânica do Município, ou até a instituição destes pelos Conselhos Participativos Municipais. Fonte: Plano de Desenvolvimento do Bairro: Uma Metodologia Participativa, FECOMERCIO SP, 2012.
Percebe-se que o Plano de Bairro é composto por um conjunto de ações intersetorias, característica essa própria do planejamento urbano, abordando pontos como habitação, sistema viário, equipamentos de educação, lazer e cultura. Esses tópicos interligados dizem respeito a cidade como um todo, mas podem ser melhor mensurados na escala local, preparando melhor as ações da Prefeitura sem que se corra o risco da adoção de planos urbanos generalizantes, ou seja, será a partir da análise dos pontos acima mencionados, em um bairro pré-definido, que serão obtidos subsídios para a elaboração de um Plano de Bairro. A Lei que dispõe sobre a criação dos Planos de Bairro do Municípios de São Paulo é a de número 13.885/04, anterior ao Projeto de Lei 688/13, e deixa claro que: (...) reconhecendo a importância do planejamento local, exige, através dos Artigos 43 e 44 da Lei nº 13.885/04, a divisão da cidade em bairros, o estimulo, a contribuição e participação das Subprefeituras e seus Conselhos de Representantes na elaboração de Planos de Bairro e lhe dá diretrizes. (NETO, 2011: p. 09).
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2.2. ELEMENTOS PRÉVIOS A UM PLANO DE BAIRRO Para que se possa compreender a que se pressupõe um Plano de Bairro há que se conhecer os elementos prévios que o compõe. Entende-se aqui que esses elementos são na verdade um enfoque para a análise inicial do bairro, provendo informações importantes, como os problemas e potencialidades da área, dando início ao processo de diagnóstico. Com base no trabalho de CÂNDIDO MALTA, que pensa o bairro primordialmente como moradia – e as relações desse habitar como o entorno, foram extraídos dois pontos: • As Unidades Ambientais de Moradia (UAM’s) e; • As Centralidades. AS UNIDADES AMBIENTAIS DE MORADIA As Unidades Ambientais de Moradia (UAM’s) podem ser facilmente compreendidas como a “busca do morar tranquilo”. Morar em um bairro onde as pessoas fazem uso da rua e possuem boas relações de vizinhança não é uma utopia em meio ao “caos” da cidade (Ver Figura 2).
Vias de tráfego intenso Ilhas de tranquilidade com ruas internas de tráfego apenas local, com pouco ou nenhum tráfego de passagem Figura 2 - O conceito de unidade ambiental de moradia. Elaborado pela autora com base no livro Reinvente seu bairro, de Cândido Malta. butantã um plano de bairro | 31
Sabe-se que a cidade apresenta diferentes ‘gradações de tranquilidade’: existem bairros totalmente residenciais, bairros com pequenos comércios e os bairros próximos a equipamentos de grande porte, ou ruas de grande movimentação de veículos. A UAM é então uma delimitação urbana que busca reduzir as interferências externas , deixando de fora os barulhos e fluxos indesejáveis, para identificar e compor as “ilhas de tranquilidade”. Por fim, a definição de uma Unidade Ambiental de Moradia, de acordo com NETO é “(...) composta de residências em sua maioria, servidas por ruas com trafego apenas dos veículos que se dirigem ao seu interior, configurando uma ilha em relação ao tráfego de passagem que fica fora dela” (NETO, 2011: p. 12). AS CENTRALIDADES Quando se estuda um bairro, é essencial buscar suas relações com as centralidades. A partir dessa análise é que podemos mensurar o nível de relacionamento do bairro para com a cidade como um todo, pois assim como as “ilhas de tranquilidade” são o ideal para grande parte população, também o é morar perto dos serviços que a cidade tem a oferecer. Com base em CÂNDIDO MALTA, observa-se que as cidades podem apresentar diferentes níveis de centralidades. Esses níveis por sua vez correspondem ao agrupamento de comércio e serviços, em uma rua ou em um conjunto de ruas comerciais, que podem atender um ou mais bairros ou a cidade inteira. De forma a determinar este raio de atendimento, as centralidades se subdividem em 4 níveis. Estes diferentes níveis por sua vez, são condizentes com o sistema de circulação, pois a forma como este sistema se estrutura em determinada área é que irá definir a maior ou menos presença de comércio e serviços. Assim, a centralidade de nível 1 corresponde plano de bairro o que é | 32
em geral a uma via coletora, muito próxima do nível local, onde se localizam os comércios e serviços de atendimento a moradia no seu cotidiano, como a padaria o açougue, a quitanda, o mercadinho, a cabeleireira, etc. quando este comércio se diversifica e passa a englobar uma ou mais vias de maior alcance, logo de maior movimento, dá origem ao nível 2 de centralidades. Por sua vez, o desenvolvimento do nível 2, que acontece quando há uma maior diversidade de comércio e serviços que chega a atender a demanda de um conjunto de bairros, resulta no nível 3. O nível 4, por sua vez, representa o Centro da cidade propriamente dito. Com isso, convém dizer que o sistema viário é o principal estruturador da hierarquia dos níveis de centralidade, pois, estabelecida a área de influência de um ponto comercial (bairro ou região da cidade), ele irá em busca das ruas de maior acessibilidade, o que resultará em um maior número de clientes. Analisar o bairro e sua relação com as centralidades é de suma importância para a preservação das Unidades Ambientais de Moradias, já que as atividades comerciais (...) vão em busca de movimento e atraem, por sua vez, mais movimento pelo que lá vão para usufruírem de seus serviços, o que traz mais atividades para esse local, que cresce num efeito “bola de neve” (NETO, 2011: p. 13). A influência de uma área comercial pode se estender até as fronteiras das UAM’s, ocasionando a transformação das moradias em comercio ou expulsando os moradores que evitam a grande movimentação e os ruídos. Essas mudanças não são necessariamente ruins, afinal, cada cidade é um espaço dinâmico, mas devem ser cuidadosamente estabelecidas.
butantã um plano de bairro | 33
Apresentados os elementos que configuram a análise inicial para o Plano de Bairro, compreende-se a sua importância: a partir dessa ótica é possível a escolha de áreas que se quer preservar, de ruas que se quer dinamizar, posicionamentos em que se quer investir. O próximo passo é então entender como se estrutura um plano de bairro, ou seja, qual o passoa-passo para sua elaboração. 2.2.1. ENTENDENDO AS UNIDADES DE VIZINHANÇA Segundo a formulação original do início do século XX, Unidade de Vizinhança é uma área residencial que dispõe de relativa autonomia em relação às necessidades quotidianas de consumo de bens e serviços urbanos. Os equipamentos de consumo coletivo teriam assim sua área de atendimento coincidindo com os limites da área residencial. Considera-se que o conceito de Unidade de Vizinhança (UV) foi formulado originalmente por Clarence Arthur Perry (Figura 3) no contexto do plano de Nova York de 1929 (BARCELLOS, 2001).
Figura 3 - Plano de uma UV esboçado por Perry (1929). Fonte: Barcellos, 2001.
A Unidade de Vizinhança foi definida de acordo com as seguintes características: plano de bairro o que é | 34
1. TAMANHO – Uma UV deve ser dimensionada de acordo com a demanda populacional requerida pela escola elementar. 2. LIMITES – Uma UV deve ser limitada por ruas suficientemente largas para facilitar o tráfego, evitando ser penetrada pelo tráfego de passagem. 3. ESPAÇOS PÚBLICOS – Uma UV deve conter um sistema de pequenos parques e espaços de recreação, planejados para o encontro e para as necessidades particulares dos moradores. 4. ÁREAS INSTITUCIONAIS – Devem existir locais para escola e outras instituições, tendo áreas de atuação coincidindo com os limites da UV. Estas áreas devem ser adequadamente agrupadas em lugar central e comum. 5. COMÉRCIO LOCAL – Uma UV deve ter um ou mais locais de comércio adequados à população. Estes locais devem ser oferecidos, de preferência, na junção das ruas de tráfego e adjacente a outro similar comércio de outra unidade de vizinhança. 6. SISTEMAS DE RUAS – A unidade deve ser provida de um sistema especial de ruas desenhado como um todo para facilitar a circulação interior e desencorajar o tráfego de passagem. Além disto, cada rua deverá ser proporcional à provável carga de tráfego. A distribuição e localização dos equipamentos de consumo coletivo é uma questão central na conceituação de uma Unidade de Vizinhança. Na maioria das concepções, a escola é o parâmetro que dimensiona a área habitacional. A extensão da área habitacional coincidiria com a área de atendimento escolar, de modo a resultar numa unidade espacial autônoma e quase fechada, com as condições de acesso otimizadas. Perry sugere que a área residencial deva ser dimensionada de modo a garantir habitação para aquela população para a qual a escola foi eventualmente requerida. Além de atribuir à escola o papel de elemento dimensionador da área butantã um plano de bairro | 35
residencial, o autor sugere sua construção como centro comunitário, reforçando seu papel aglutinador da comunidade.
2.3. ESTRUTURANDO O PLANO Como proceder a elaboração do Plano de Bairro? Após análise inicial através da identificação das Unidades Ambientais de Moradia e das Centralidades, tem-se o primeiro contato com o bairro e algumas informações são recolhidas e processadas. Porém, para a elaboração do plano, é necessário um diagnóstico preciso dos problemas e potencialidades do bairro e do contato com a associação de moradores ou entidade que os represente, sendo este último necessário para conscientizar a população sobre o seu lugar de moradia, aproveitar o seu saber e vivências da área e o que pode ser feito pelos órgãos competentes. Com base na Cartilha de Plano de Desenvolvimento do Bairro, elaborada pela FECOMÉRCIO SP (2012), compreende-se que em um diagnóstico preciso constarão os seguintes tópicos: a apresentação do bairro, seu histórico, quem são as governanças locais: a visão de futuro da população, os dados demográficos, ativos e oportunidades, o diagnostico técnico, diagnostico participativo, programas e/ou projetos em andamento, dando assim a entender que engloba as várias esferas do planejamento daquele local. Abaixo, uma breve descrição dos tópicos que devem constar no diagnóstico, porém não obrigatoriamente na ordem em que seguem: • APRESENTAÇÃO: Descrição geral e resumida do assunto principal do plano, descrevendo o cenário geral, as dificuldades e potencialidades do local; • HISTÓRICO: O processo de desenvolvimento do bairro, sua história, a trajetória do seu desenvolvimento plano de bairro o que é | 36
social e político; • GOVERNANÇA LOCAL: Subprefeitura e conselheiros participativos municipais, como também a Associação de Moradores se houver. Diz respeito a mediação entre órgãos oficiais e população; • VISÃO DE FUTURO: O que a população almeja para o futuro do bairro. A ideia é propor novas referências e perspectivas e identificar os objetivos e principais resultados; • DADOS DEMOGRÁFICOS: Analisar a composição da população: número de homens e mulheres, condições socioeconômicas, etc., dados esses que permitam a realização de ações para a melhoria da qualidade de vida. • ATIVOS E OPORTUNIDADES: Os recursos e talentos humanos do bairro, a capacidade e potencial de desenvolvimento de novos empreendimentos no local; • DIAGNÓSTICO TÉCNICO: Dados e informações técnicas coletadas em fontes oficiais como Prefeitura, IBGE e outros institutos de pesquisa; • DIAGNÓSTICOS PARTICIPATIVOS: Retrato da situação local a participar de informações levantadas em conjunto com a comunidade por meio de eventos, fóruns, pesquisas, mídias digitais, etc., permitindo não só a coleta de informações como também auxiliando os habitantes no conhecimento do próprio bairro. Esses tópicos acabam por constituir um roteiro para a elaboração de um diagnóstico preciso que deverá resultar na elaboração de um Plano de Bairro. Ou seja, a partir da compilação final dos dados a que se teve acesso deve-se recorrer a análise dos problemas e potencialidades identificados na área, permitindo que estes norteiem a concepção de diretrizes para planos e projetos que venham a ser requisitados. O produto final – um Plano de Bairro, consiste tanto em uma etapa de planejamento como também em uma etapa de projeto, que podem vir a ser butantã um plano de bairro | 37
realizadas ao mesmo tempo ou, no caso da etapa de projeto, apenas em um cenário futuro. Ambas as etapas surgem da demanda, imediata ou futura, dos habitantes de uma área, devendo criar melhores condições de moradia, de lazer, de saúde e educação. De forma a ilustrar melhor a estruturação do Plano de Bairro, serão apresentados a seguir três estudos de caso. Este trabalho buscou analisar planos tanto no nível nacional como internacional. Será feita aqui uma breve explanação com o objetivo de apresentar a legislação incidente, a metodologia do plano e as diretrizes e/ou resultados alcançados.
plano de bairro o que é | 38
butantĂŁ um plano de bairro | 39
01
bairro: em busca de uma definição
02
plano de bairro: o que é?
03 diagnรณstico
04 projeto
ASPECTOS HISTÓRICOS Passagem dos bandeirantes e jesuítas que se dirigiam para o Forte Emboçava (proteção da Vila de São Paulo
1725 / 1730 foi construída a Casa do Bandeirante, que era ponto de parada e de logística dos bandeirantes
A região passa pertencer ao território urbano após a retificação do Rio Pinheiros em 1930 pela Companhia Light, que realizou as obras que inverteram o curso do rio com objetivo de gerar e distribuir energia elétrica
O processo de estruturação do bairro aconteceu principalmente após a conclusão dos trabalhos de retificação do Rio Pinheiros ocorrido no final da década de 1950
Construção da Cidade Universitária na década de 50 reforça essa nova centralidade
A viabilização das Marginais integra o bairro com outros setores da cidade.
Companhia City adquiriu terras nas proximidades do Rio Pinheiros onde surgiram diversos loteamentos residenciais de alto padrão como, por exemplo, a City Butantã
Com a fundação do Instituto Butantã em 1899 o bairro se desenvolve lentamente
Fonte das imagens: Google
3. O BUTANTÃ A área delimitada para estudo compreende o bairro Butantã, bairro este de posição privilegiada por estar próximo às Marginais Pinheiros e Tietê, a apenas 24 minutos do Centro da cidade de São Paulo e possui estação de Metrô Butantã em uma de suas principais avenidas, o que implica dizer que está bem servido de infraestruturas e grandes equipamentos de saúde, educação e lazer; como a USP. O bairro não é limitado oficialmente pelos órgãos da prefeitura. Por este motivo, procuramos “limitá-lo” de acordo com o estudo do histórico do loteamento feito pela Cia City e acrescentar em nosso perímetro de intervenção a Vila Pirajussara, popularmente conhecida como Morro do Querosene, pelas vias: Rua Santanésia, Rodovia Raposo Tavares, Av. Caxingui, Rua Alvarenga, Av. Prof. Francisco Morato, Via Prof. Simão Faiguenboim e Av. Corifeu de Azevedo Marques. No que diz respeito à administração municipal e as subdivisões administrativas da cidade de São Paulo, o bairro está inserido na Zona Oeste da cidade, na Subprefeitura do Butantã e no Distrito do Butantã, fazendo limite com os bairros Caxingui, Jardim Guedala, Conjunto Residencial Butantã, Pinheiros, Alto de Pinheiros e Cidade Jardim. É importante frisar que essa subdivisão da Cidade de São Paulo em Subprefeituras e Distritos, se dá de forma a facilitar a administração dos territórios urbanos, sendo feita oficialmente de duas formas: uma administrativa e outra geográfica. Outras subdivisões não oficiais são adotadas por empresas privadas, ONGs e órgãos privados.
diagnóstico | 44
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SÃO PAULO PREFEITURA REGIONAL DO BUTANTÃ SUBDISTRITO DO BUTANTÃ PRINCIPAIS RIOS E REPRESAS Fonte: GeoSampa Reprodução: Lais Julie, 2017 butantã um plano de bairro | 45
Fonte: Google Earth Reprodução: Lais Julie, 2017
CIDADE UNIVERSITÁRIA
VILA INDIANA
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LEGENDA
JARDIM ADHEMAR DE BARROS
MARGINAL PINHEIROS PERÍMETRO DE INTERVENÇÃO FERROVIA
CAXINGU
ALTO DE PINHEIROS
PINHEIROS
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UI
JOKEY CLUB JARDIM GUEDALA
Fonte: GeoSampa Reprodução: Lais Julie, 2017
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LEGENDA CORREDOR DE ÔNIBUS SISTEMA VIÁRIO METRÔ - LINHA 4 AMARELA CPTM - LINHA 9 ESMERALDA ESTAÇÃO CPTM ESTAÇÃO METRÔ TERMINAL DE ÔNIBUS
Fonte: GeoSampa Reprodução: Lais Julie, 2017
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LEGENDA ÁREA DE ESTUDO BAIRROS VIZINHOS ÁREAS VERDES EXISTENTES LINHA DE TRANSMISSÃO
Fonte: GeoSampa Reprodução: Lais Julie, 2017
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LEGENDA ZER-1 - ZONA EXCLUSIVAMENTE RESIDENCIAL 1 ZPR - ZONA PREDOMINANTEMENTE RESIDENCIAL ZEU - ZONA DE ESTRUTURAÇÃO URBANA ZCOR-1 - ZONA DE CORREDOR 1 ZCOR-2 - ZONA DE CORREDOR 2 ZCOR-3 - ZONA DE CORREDOR 3 ZM - ZONA MISTA ZEMPAM - ZONA ESPECIAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL ÁREAS VERDES
TAXA DE OCUPAÇÃO E COEFICIENTE DE APROVEITAMENTO ZER-1 Lote padrão = 500m2 C.A. = 1 T.O, = 0,5 Térreo + 1 pavimento Área por pavimento = 250m2
ZPR Lote padrão = 210m2 C.A. = 1 T.O, = 0,5 Térreo + 1 pavimento Área por pavimento = 105m2
ZC Lote padrão = 1300m2 C.A. = 2 T.O, = 0,70 Térreo + 2 pavimentos Área por pavimento = 910m2
ZM Lote padrão = 260m2 C.A. = 2 T.O, = 0,85 Térreo + 2 pavimentos Área por pavimento = 221m2
diagnóstico | 54
ZEU Lote padrão = 600m2 C.A. = 4 T.O, = 0,70 Térreo + 5 pavimentos Área por pavimento = 420m2
ZCOR-1 Lote padrão = 700m2 C.A. = 1 T.O, = 0,5 Térreo + 1 pavimento Área por pavimento = 350m2
ZCOR-2 Lote padrão = 600m2 C.A. = 1 T.O, = 0,5 Térreo + 1 pavimento Área por pavimento = 300m2
ZCOR-3 Lote padrão = 600m2 C.A. = 1 T.O, = 0,5 Térreo + 1 pavimento Área por pavimento = 300m2 Fonte: Elaborado pela autora. butantã um plano de bairro | 55
DADOS CENSITÁRIOS No geral, pode-se notar que, apesar de bem consolidado, estruturado e próximo ao Centro, o bairro possui densidade bastante baixa em quase sua totalidade. Isso ocorre devido ao fato de ainda possuir um número maior de residências em comparação aos poucos edifícios de apartamentos. As quadras onde ocorre uma densidade maior se dá devido a edifícios com mais de 15 pavimentos. Essa realidade tende a mudar conforme podemos notar no Plano Diretor Estratégico que prevê um forte adensamento para os próximos anos. SÃO PAULO 2000 = População de 10.434,252 hab. 2014 = População de 11.513,836 hab. BUTANTÃ 2000 = População 52,705 hab. 2014 = População de 54,196 hab.
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DENSIDADE DEMOGRÁFICA ATÉ 92 HAB/HA DE 92 À 146 HAB/HA DE 146 À 207 HAB/HA DE 207 À 351 HAB/HA butantã um plano de bairro | 57
Fonte: GeoSampa Reprodução: Lais Julie, 2017
ÍNDICE DE VULNERABILIDADE SOCIAL O Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) é composto por dezesseis indicadores, estruturados por três dimensões principais: infraestrutura urbana, capital humano e renda e trabalho. A definição de vulnerabilidade social é basicamente a falta de acesso ou a insuficiência dessas três dimensões. Quanto mais alto o índice, mais vulnerável socialmente é a região. O sub-índice infraestrutura urbana é composto por indicadores que analisam os serviços de saneamento básico – como o abastecimento de água, a coleta de lixo, a infraestrutura de esgotos - e tempo de deslocamento gasto até o trabalho. O sub-índice capital humano contempla os temas saúde e educação determinados tanto pela situação atual quanto pelas perspectivas futuras e o subíndice vulnerabilidade de renda e trabalho agrupa indicadores relativos à insuficiência de renda e outros fatores associados ao fluxo de renda como a desocupação de adultos, trabalho infantil e ocupação formal de adultos pouco escolarizados, por exemplo. Este índice permite um mapeamento mais amplo, que vai além da pobreza entendida como falta de recursos monetários, permitindo um olhar mais abrangente sobre o desenvolvimento social. O IPVS pode auxiliar no desenho de propostas das políticas públicas no âmbito social, colocando em evidência a responsabilidade do Estado sobre o bem-estar dos cidadãos. No Butantã é possível observar o índice de vulnerabilidade social baixo na área do Morro do Querosene, onde se encontra uma população com uma renda relativamente mais baixa. Já na região da City Butantã o índice é muito baixo, onde os moradores possuem renda mais alta.
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VULNERABILIDADE BAIXA VULNERABILIDADE MUITO BAIXA butantã um plano de bairro | 59
Fonte: GeoSampa Reprodução: Lais Julie, 2017
RENDA PER CAPTA Notamos no mapa ao lado que as maiores rendas estão distribuídas, principalmente, na City Butantã, uma área nobre da cidade de São Paulo, com renda acima de R$5.000,00. Na região do Morro do Querosene, notamos as rendas mais baixas, de até R$2.500,00.
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RENDA DE R$794,00 À R$1.200,00 RENDA DE R$1.200,00 À R$2.500,00 RENDA DE R$2.500,00 À R$5.000,00 RENDA ACIMA DE R$5.000,00 butantã um plano de bairro | 61
Fonte: GeoSampa Reprodução: Lais Julie, 2017
CONCLUSÃO O intuito do diagnóstico foi o de obter informações completas e condizentes com a realidade do bairro do Butantã e o seu cotidiano para que tornasse possível apontar aquilo que deveria ser mantido e aquilo que poderia ser modificado. Agora faz-se necessário compilar os dados coletados. O que se pode constatar ao longo da pesquisa é que o bairro é bem infraestruturado e não possui uma demanda de problemáticas sociais com embates mais efetivos mas sim, pontos nevráugicos como a falta de espaços livres e uma enorme problemática de mobilidade e acessos. Através dos levantamentos e dos estudos in loco, podemos notar algumas características mais latentes como: • O alto fluxo de veículos e pedestres na região; • Altos níveis de congestionamento devido à grande quantidade de veículos e devido às semaforizações; • O nó viário entre a Rod. Rap. Tavares, Rua Alvarenga, Rua Sapetuba e Rua Camargo causa um enorme congestionamento nos horários de pico; • As ruas locais são utilizadas como desvios do trânsito causando perturbação aos moradores; • O sistema cicloviário é inadequado; • As calçadas são estreitas e não comportam o fluxo de pedestres causando um enorme desconforto ao caminhar; • Falta de áreas livres equipadas para uso; • A Rede de Transmissão é uma barreira física e um espaço subutilizado; • Falta de incentivo cultural à Casa do Bandeirante; •O bairro não possui identidade.
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Quanto as diretrizes propostas na LPUOS na área de Zona de Estruturação Urbana (ZEU), concluímos que ocorrerá um forte adensamento ao longo do eixo da Av. Dr. Vital Brasil o que acarretará no aumento dos fluxos tanto de veículos como de pedestres.
butantã um plano de bairro | 63
Como citado anteriormente, o bairro recebe diariamente um alto fluxo de veículos particulares, o que acaba gerando engarrafamentos em vários pontos. Elaborado a partir da média dos horários de pico do trânsito (8h00, 12h00, 16h00 e 18h00), o mapa ao lado mostra que as principais avenidas estão constantemente saturadas com um alto fluxo de veículos, o que acaba por complicar o trânsito também nas vias locais. Como consequência, são várias as reclamações dos moradores em relação aos ruídos provocados e a própria impossibilidade de voltar pra casa sem que haja um transtorno na rua, ocasionado pelo trânsito. Vale mencionar que nos arredores dos percursos em vermelho há também um alto fluxo de pedestres.
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LEGENDA VELOCIDADE ALTA VELOCIDADE MODERADA VELOCIDADE BAIXA SEMAFORIZAÇÃO EXISTENTE
Fonte: Google Trafic Reprodução: Lais Julie, 2017
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bairro: em busca de uma definição
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plano de bairro: o que é?
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04 projeto
DIRETRIZES PROJETUAIS GERAIS Baseado nos temas tratados no referencial teórico e, principalmente, nos problemas e potencialidades apontados no diagnóstico da área de estudo, foram elaboradas as diretrizes gerais do trabalho e as consequentes estratégias. Para que fosse garantido o atendimento às questões de urbanidade apresentadas anteriormente, optamos por considerar três estruturas facilitadoras de urbanidade como elementos essenciais e norteadores para as diretrizes, agrupando-as em três campos temáticos afins: (1) Atividade [Essa seção está associada aos elementos que podem e devem ser regulamentados tais como usos desejados, instrumentos urbanísticos e parâmetros de controle urbano], (2) Sociabilidade [relacionada aos espaços públicos de estar ou de permanência] e (3) Mobilidade.
diversidade de atividades
uso limitado do automóvel
ATIVIDADE
diversidade [e qualidade] de transportes
espaços públicos [convidativos] de qualidade
MOBILIDADE
incetivo do comércio e serviços
SOCIABILIDADE
Figura 4 - Estrutura das diretrizes Reprodução: Lais Julie, 2017 projeto | 68
MOBILIDADE As diretrizes de Mobilidade Urbana compreendem as quatro modalidades de transporte e devem seguir o grau de prioridade explicitado abaixo: Diretriz: Priorizar os meios de transporte não motorizados [pedestre e ciclista]. Estratégias: 1. Alargar os passeios; 2. Melhorar e implementar ciclovias e ciclofaixas; 3. Adequar sinalização para tráfego de pedestres e ciclistas; 4. Indicar medidas de contenção dos veículos nos cruzamentos, como passagens de pedestre elevadas, pois aí há um grande risco de acidente; 5. Estabelecer, através do plano cicloviário, a interligação dos espaços públicos e aproveitar esses espaços para implantação de bicicletários e pontos de aluguel de bicicleta; Os bicicletários também podem estar em estações de metrô e nos dois terminais de ônibus da área que, como as praças, são locais seguros onde há mais movimento; 6. Estabelecer um eixo de expansão do plano cicloviário com os bairros que fazem limite com o Centro, principalmente com o Butantã, onde há circulação de muitos estudantes que são ciclistas em potencial;
Figura 5 - Grau de prioridade para as diretrizes de mobilidade urbana Reprodução: Lais Julie, 2017
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Diretriz: Otimização e melhoria no transporte público. Estratégias: 1. Implementar corredores exclusivos de ônibus nas vias principais e de maior fluxo: Av. Dr. Vital Brasil, Av. Corifeu de Azevedo Marques, Rua Alvarenga e Av. Eliseu de Almeida; 2. Implementar linhas de BRT na Rod. Raposo Tavares, bem como um novo terminal de ônibus, ligando o Metrô Butantã à cidade de Cotia; 3. Alterar itnerários para melhoria da fruição de veículos. Diretriz: Reduzir o uso do automóvel. Estratégias: 1. Redução do tráfego de passagem dentro do bairro; 2. Manter a circulação de veículos apenas nas vias de maior fluxo. O objetivo é que o plano intervenha nas várias dimensões do bairro como também as articule.
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PARTIDO DE PROJETO Para estabelecer e alcançar um plano estruturado e coerente, alguns princípios foram estabelecidos de forma a incorporar no desenho soluções relacionadas às potencialidades e oportunidades na área.
Rede de áreas verdes Criar um sistema de espaços públicos de diferentes escalas associados aos existentes, criando uma ampla gama de funções e atividades para incentivar o uso das áreas públicas e os investimentos na região. Este princípio é composto pelos seguintes elementos: 1. Arborização; 2. Jardins de chuva; 3. Praças. Como parte da proposta, propõe-se uma rede de novos parques, praças, pátios, jardins e ruas arborizadas com o objetivo de proporcionar um ambiente de qualidade para os moradores e visitantes do bairro, com um senso de lugar e identidade., integrando todo o bairro.
Proteção das áreas residenciais Seguindo o conceito de “Ilhas de Tranquilidade” do trabalho de Cândido Malta Filho, é necessário “proteger” as áreas residencais e mantê-las com características de vias locais, melhorando a qualidade de vida e a segurança dos moradores.
Integração da rede cicloviária Criar uma rede de ciclovias que garantam o conforto e a segurança dos ciclistas e transeuntes para incentivar o uso da bicicleta e diminuir o tráfego de veículos, integrando este sistema a cidade como butantã um plano de bairro | 71
um todo.
Diminuição do trânsito Alterar as semaforizações, modificar e adequar as vias com intuito de diminuir os altos índices de congestionamento no bairro.
Conexões para pedestres Para garantir ao pedestre um passeio seguro e confortável, propõe-se uma rede de vias exclusivas aos transeuntes, principalmente próximos aos acessos à modais de transporte como, por exemplo, o metrô.
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PROPOSTAS - criar um corredor cultural atrelado à espaços de convivência, áreas de lazer e recreação que faça ligação com a Casa do Bandeirante visando sua valorização; - propor um Centro Cultural do Butantã com objetivo de valorizar a cultura e história do bairro, bem como atender às necessidades da população de toda Prefeitura Regional do Butantã e de outras Prefeituras Regionais; - implementar um Parque Linear na linha de transmissão seguindo as orientações da cartilha de FURNAS e Energia dando um novo uso ao local; - duplicar a Rua Alvarenga com objetivo de transferir o fluxo de automóveis que hoje passa por dentro da área residencial, criando um desconforto aos moradores; - implementar um túnel na Rua Alvarenga entre a Av. Dr. Vital Brasil e a Rod. Raposo Tavares eliminando as semaforizações que causam um enorme congestionamento nos horários de pico e aliviando também o fluxo na Av. Eliseu de Almeida; - implementar linhas de BRT na Rod. Raposo Tavares; - propor a transferência do terminal de ônibus existente e implantar um novo terminal urbano integrado ao BRT; - propor corredores exclusivos de ônibus na Av. Dr. Vital Brasil, Av. Corifeu de Azevedo Marques, Rua Alvarenga, Rod. Raposo Tavares e Av. Eliseu de Almeida distribuindo de forma mais eficiente a quantidade de usuários do transporte público; - implementar faixa exclusiva de ônibus na Rua M.M.D.C. e Rua Sapetuba; - aumento das dimensões das calçadas nas vias de maior fluxo de pedestres e próximas aos transportes de massa; butantã um plano de bairro | 73
- implementar novo sistema cicloviário; - implantar parque no Morro do Querosene; - trazer uma nova identidade ao bairro através dos elementos do espaço público;
ESTUDO CONCEITUAL LEGENDA Sistema virário principal Vias pedestrializadas Sistema de áreas verdes Trecho de túnel Trecho de acesso ao terminal Terminal de ônibus Estação Butantã Casa do Bandeirante Centro Cultural
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Fonte: Base cartogrรกfica GeoSampa Elaborado pela autora
MASTER PLAN
Legenda Ciclovia Passeio Centro Cultural do Butantã Parque Terminal de Ônibus e BRT Estação de Metrô Casa do Bandeirante
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Rua Alvarenga
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Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
AV. DOUTOR VITAL BRASIL Fonte: Elaborado pela autora
AVENIDA DR. VITAL BRASIL
CORTE 1
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2 Faixa de rolamento 3 Faixa exclusiva de ônibus 4 Canteiro 5 Faixa de mobiliário urbano e vegetação 6 Faixa livre para pedestres projeto | 88
Fonte: Elaborado pela autora
AVENIDA CORIFEU DE AZEVEDO MARQUES
CORTE 1
Ciclovia
2 Faixa de rolamento 3 Faixa exclusiva de ônibus 4 Canteiro 5 Faixa de mobiliário urbano e vegetação 6 Faixa livre para pedestres projeto | 90
Fonte: Elaborado pela autora
AVENIDA ELISEU DE ALMEIDA
CORTE 1
Ciclovia
2 Faixa de rolamento 3 Faixa exclusiva de ônibus 4 Canteiro 5 Faixa de mobiliário urbano e vegetação 6 Faixa livre para pedestres
projeto | 92
Fonte: Elaborado pela autora
RODOVIA RAPOSO TAVARES
CORTE 1
Faixa livre para pedestres
2 Faixa de rolamento 3 Faixa exclusiva de ônibus 4 Canteiro 5 Faixa de mobiliário urbano e vegetação projeto | 94
Fonte: Elaborado pela autora
AVENIDA DR. AFRÂNIO PEIXOTO X RUA ALVARENGA
CORTE 1
Faixa livre para pedestres
2 Faixa de rolamento 3 Faixa exclusiva de ônibus 4 Canteiro 5 Faixa de mobiliário urbano e vegetação
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Fonte: Elaborado pela autora
INTERVENÇÕES PONTUAIS Após apresentado o plano geral de intervenção bem como suas diretrizes, foram levantadas, do diagnóstico, duas questões das principais problemáticas existentes no bairro: 1. a falta de áreas de lazer e recreação e 2. os altos níveis de congestionamento gerado pelo nó viário entre a Rod. Raposo Tavares, Rua Alvarenga, Rua Sapetuba e Rua Camargo (que dá acesso a Av. Eliseu de Almeida). Nesta etapa do trabalho apresentaremos as diretrizes dadas para sanar as duas questões acima citadas, bem como as estratégias e desenvolvimento do desenho urbano.
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EIXO CULTURAL _ PARQUE Após análise dos levantamentos, notamos que o bairro do Butantã é bastante arborizado porém, sofre carência de espaços livres. Para garantir acesso ao lazer, à recreação e à cultura, propõe-se um eixo cultural na Av. Valentim Gentil, exclusiva para pedestres, que percorra até a Casa do Bandeirante incentivando e resgatando, também, sua memória um tanto quanto esquecida na cidade. Neste espaço será distribuído, entre áreas verdes, com playgrounds infantis, áreas de ginástica, pista de skate, espaços de contemplação, quiosques, bicicletários, dentre outros tipos de atividades de lazer. O intuito é suprir essa necessidade de espaços abertos aos moradores da região. Para chegar a tal proposição, se fez necessária a interferência e alteração na circulação viária. As vias que dão acesso a Av. Valentim Gentil foram bloqueadas fazendo-se a utilização do sistema culde-sac para que os veículos possam fazer o retorno e, em outros pontos, fizemos a utilização de balizadores para contenção dos mesmos. Veremos a seguir as alterações propostas e o produto final.
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SISTEMA VIÁRIO Circulação viária existente
Fonte: Elaborado pela autora
PARTIDO E PROGRAMA Casa do Bandeirante Ciclovia Playground Café / Quiosque Pista de skate
Cooper Bicicletário
Banheiros públicos
Ginástica ao ar livre
Circulação pedestres Sistema cul-de-sac Circulação com velocidade reduzida Sistema Trafic Calming Balizadores
Fonte: Elaborado pela autora
HIERARQUIA DE CIRCULAÇÃO Arborização Área de circulação de pedestres Área de atividades Sistema Trafic Calming Balizadores
Fonte: Elaborado pela autora
ILUMINAÇÃO Pontos de iluminação Balizadores
Fonte: Elaborado pela autora
A proposta conceitual para o parque pode ser dividida em cinco camadas. Cada uma delas acrescenta elementos que dão suporte à implementação das estratégias para a vida urbana e da planta do programa: - PISO: superfície uniforme, garante flexibilidade, robusto para uso e manutenção, conexões para as ruas do entorno, facilita diferentes atividades. - BANCOS: convites para ficar no parque, lugares para conversar e se encontrar, bancos fixos e cadeiras dobráveis, ao longo das bordas. - BANCAS E QUIOSQUES: convite para mais funções, acrescenta mais vida, formam fachada ‘secundária’. - ILUMINAÇÃO: ambiente seguro, tanto para o diaa-dia quanto para eventos, integrado ao projeto; - ARBORIZAÇÃO: pulmão verde, melhora o microclima, marquise verde.
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Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
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Fonte: Elaborado pela autora
0
1
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CORTE TRANSVERSAL CORREDOR CULTURAL_PARQUE Fonte: Elaborado pela autora
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NÓ VIÁRIO Outra, se não a maior problemática existente no bairro, é o congestionamento causado pelo encontro das vias Raposo Tavares X Rua Alvarenga X Rua Sapetuba X Rua Camargo (dá acesso à Av. Eliseu de Almeida), principalmente nos horários de pico.. Por dia, são cerca de 185 mil veículos que acessam a cidade passando pelo Butantã (Folha UOL 09/09/15), falando apenas da Rod. Raposo Tavares. Isso se dá devido o bairro ser a porta de entrada e saída da Zona Oeste bem como de cidades vizinhas da RMSP tais como Vargem Grande, Cotia, Itapevi, Osasco, Carapicuíba, Barueri, Sorocaba, dentre outras Alguns usuários da Rod. Raposo Tavares chegam a enfrentar cerca de 3 horas de trânsito, todos os dias, para ir ao trabalho e voltar para casa. Com intuito de diminuir os níveis de congestionamento, propomos algumas alterações viárias como, por exemplo, a duplicação da Rua Alvarenga, bem como a implementação de linhas de BRT na Raposo Tavares e um novo Terminal de Ônibus integrado ao BRT..
Figura 6 - Sitema BRT Fonte: Google projeto | 112
PORQUE BRT?
+ de 185 mil veículos/dia
cerca de 133 mil passageiros/dia nas linhas municipais de ônibus
atual = 8Km/h
ideal = 20Km/h
Fonte: Folha UOL, 09/09/2015.
Vantagens do Sistema BRT: - Baixo custo (tecnologia 100% Brasileira); - Permite maior velocidade; - Menor custo operacional - Velocidade operacional de 20Km/h a 35Km/h; - Atende cerca de 3 mil e 45 mil passageiros por hora-sentido. Fonte: BRT Brasil.
Implantação: Rio Pequeno Granja Viana Vila Sônia
COTIA
Rod. Mário Covas Aproximadamente 25,7Km de extensão
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BUTANTÃ
SISTEMA VIĂ RIO EXISTENTE
LEGENDA Vias unidirecionais Vias bidirecionais
Fonte: Elaborado pela autora projeto | 114
SISTEMA VIÁRIO PROPOSTO
LEGENDA Vias unidirecionais Vias bidirecionais Via duplicada Trecho de túnel Vias pedestrializadas Acesso de ônibus (túnel)
Fonte: Elaborado pela autora butantã um plano de bairro | 115
A proposta de implantação do novo terminal de ônibus e BRT em outra quadra do bairro se deu por entendermos que o atual terminal de ônibus localizado ao lado da estação do metrô Butantã não possui o porte necessário para atender a demanda já existente, que chega a cerca de 24 linhas de ônibus sendo 19 linhas intermunicipais e 5 linhas municipais, mais a demanda das linhas de BRT propostas. Até porque, as dimensões dos BRTs são diferentes dos ônibus convencionais, o que significa um novo dimensionamento das plataformas e do terminal em si. O novo terminal será implantado em um local estratégico, no início da Rod. Raposo Tavares, pois percebemos que a maioria dos itinerários vêm da própria rodovia, saindo de Cotia e Osasco principalmente. No mapa ao lado, estão destacadas as vias que recebem fluxo dos ônibus municipais e intermunicipais. Grande parte dos itinerários utilizam a Raposo Tavares e Av. Dr. Vital Brasil para acessar o atual terminal. Com a realização das alterações viárias propostas e a transferência do atual terminal de ônibus para outro lugar, notamos que os itinerários do transporte público seriam afetados. Para que essas mudanças não dificultassem esses itinerários, propomos outros caminhos que não afetassem o itinerário costumeiro. Os itinerários que utilizavam-se da Av. Dr. Vital Brasil para acessar o terminal, deverão retornar pela Av. Fco. Morato e Rua M.M.D.C. Os demais itnerários terão acesso pela Raposo Tavares. A seguir, as propostas para diminuição dos índices de congestionamento no bairro.
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SISTEMA VIÁRIO EXISTENTE
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Fonte: Onilinhas Reprodução: Elaborado pela autora
ITINERĂ RIOS PROPOSTOS
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Fonte: Elaborado pela auto
ora
PLANTA TERMINAL DE ÔNIBUS 0
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Fonte: Elaborado pela autora
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0
100
300
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IMPLANTAÇÃO TERMINAL DE ÔNIBUS Fonte: Elaborado pela autora
ELEMENTOS DO ESPAÇO PÚBLICO Os espaços públicos são a expressão fundamental da sociedade urbana. Simbolizam a vida social, econômica, cultural e política da comunidade, permitindo que várias idades, diferentes estratos sociais e culturais possam conviver harmoniosamente num mesmo espaço. Cada época produz e utiliza seus espaços urbanos de um modo diverso. Compreender este modo de produção e utilização é passo fundamental para o seu desenho. No Butantã, podemos notar a falta desses lugares e a falta de planejamento nos poucos espaços existentes. Por este motivo, nossa proposta busca melhorar a habitabilidade por meio do planejamento e criação de amenidades que possam atender às diversas necessidades, dos residentes e empresas existentes e futuros; promover um conjunto de espaços públicos que facilitem deslocamentos à pé e de bicicleta; contextualizar as novas intervenções no conjunto de elementos existentes que caracterizam a ambiência local e promover a sensação de segurança através do desenho urbano.
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PAVIMENTAÇÃO A pavimentação é pensada para transformar a identidade da região, favorecendo a circulação de pedestres, reforçando a hierarquia viária, criando novos espaços públicos, diferenciando os caminhos de pedestres dos de veículos. PANOT POBLENOU - Utilizado no desenho de piso da praça ao lado da estação do metrô Butantã; - Pedra prensada cinza e preta; - Dimesões 250mm X 288,5mm.
ASFALTO - Utilizado em todas as vias com tráfego de veículos; - Reúso de material de demolição no asfalto.
BLOCO DE GRANITO - Utilizado ao longo do corredor cultural/parque até a Casa do Bandeirante; - Dimensões 100mm X 200mm.
PLACAS DE GRANITO - Utilizado nas calçadas das principais vias do bairro e no corredor cultural/parque; - Dimensões 600mm X 600mm.
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ILUMINAÇÃO A paleta de iluminação do projeto para o Butantã pretende promover níveis adequados para a visibilidade e a segurança de todo o bairro, reforçando a hierarquia das ruas e dos espaços e ajudando a consagrar a área como única na cidade. LUMINÁRIA BALI - Utilizado nas principais vias com tráfego de veículos; - Lâmpadas LED; - Tubo de aço galvanizado. Fonte: Escofet
LUMINÁRIA FUL - Utilizado ao longo do corredor cultural/parque; - Coluna em aço corten e aço galvanizado. Fonte: Escofet
LUMINÁRIA KANYA - Utilizado ao longo do parque linear localizado na linha de transmissão; - Coluna em aço corten e aço galvanizado. Fonte: Escofet LUMINÁRIA FLAT-IN - Utilizada nas praças e caminhos internos às quadras; - Luminária LED; - Vidro temperado transparente de alta resistência mecânica e térmica; - Diâmetro 198mm. Fonte: Interlight projeto | 124
MOBILIÁRIO URBANO Os padrões de mobiliário urbano refletem os parâmetros adotados no desenho urbano para o projeto. BANCO MILENIO - Utilizado no corredor cultural/ parque e parque linear na linha de transmissão; - Pedra fundida, acidificada e impermeabilizada. Fonte: Escofet BANCO COMÚ - Utilizado na praça ao lado da estação do metrô Butantã; - Banco modular de pedra fundida, acidificada e impermeabilizada. Fonte: Escofet
BEBEDOURO CARMEL - Utilizado nos parques, praças e locais estratégicos; - Corpo em aço inoxidável, bacia em alumínio fundido e base em pedra fundida, reforçada, acidificada e impermeabilizada; - h = 800mm. Fonte: Escofet FLOREIRA - Utilizado nos parques, praças e locais estratégicos; - Pedra fundida reforçada, acidificada e impermeabilizada. Fonte: Escofet butantã um plano de bairro | 125
BICICLETÁRIO RAVAL - Utilizado nos parques, praças e locais estratégicos; - Concreto UHPC acidificado e impermeabilizado. Fonte: Escofet
BALIZADOR - Utilizado como barreira nos locais propostos; - Pedra fundida acidificada e impermeabilizada. Fonte: Escofet
LIXEIRA - Utilizada em todo o perímetro de intervenção, em pontos estratégicos; - Concreto UHPC acidificado e impermeabilizado; - h = 918mm. Fonte: Escofet
MESA CONCRET - Utilizada nas áreas de alimentação no corredor cultural/parque; - Concreto HPC. Fonte: Escofet projeto | 126
VEGETAÇÃO Compõe-se de árvores nativas brasileiras consideradas apropriadas às condições urbanas e ao clima de São Paulo. Isto ajuda a maximizar a biodiversidade e os benefícios microclimáticos, assim como a redução da necessidade de irrigação. Outro objetivo principal é a melhoria do ambiente destinado aos pedestres, trazendo conforto e sombra adicional ao espaço, o que também ajuda a melhorar o efeito de ilha de calor.
Inga sp
Cassia leptophylla
Handroanthus Eugenia chrysotrichus uniflora
Handroanthus Plumeria avellanedae rubra
Ceiba speciosa
Jacaranda cuspidifolia
Erythrina verna Fonte: Google
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Syagrus romanzoffiana
Syagrus macrocarpa
Tabebuia roseo alba
Tabebuia avellanedae
Senna multijuga
Schinus
Psidium guajava
Erythrina speciosa
Bauhinia forficata
Euterpe edulis Fonte: Google
Lecythis pisonis
Tibouchina granulosa projeto | 128
INFRAESTRUTURA VERDE Entendemos por infraestrutura verde um sistema estruturado por áreas que potencializam as funções ecológicas como suporte aos sistemas tradicionais de infraestrutura. No caso do projeto Butantã, este sistema está organizado na forma de jardins de chuva (ou bio-canaletas) que funcionam como reservatórios de retenção e infiltração de águas pluviais, gerenciando aproximadamente 50% das águas pluviais. O enfoque está pautado no retardo da água da chuva no local, antes de seguir pela rede de drenagem e a retenção de parte da água no local através da infiltração passiva da água no solo, através da infraestrutura verde.
REDE DE INFRAESTRUTURA VERDE
Jardins de chuva - Localização
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Fonte: Base cartográfica GeoSampa Elaborado pela autora
Potencializar a capacidade de infiltração passiva no solo, diminuindo a sobrecarga do sistema tradicional de drenagem profunda;
Fonte: Elaborado pela autora
Fonte: Google
Promover a mistura de solos com permeabilidade média facilitando o processo de filtração promovida pelas raízes implementado em vias estratégica para captação das águas pluviais.
Fonte: Google
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em tempos de debates acerca dos problemas urbanos e da relevância do planejamento na vida das pessoas, o presente trabalho final de graduação apresenta-se como uma alternativa para as cidades que, como São Paulo, perderam-se entre carros, torres, distâncias e desencontros. As trocas, que deveriam ser realizadas no espaço urbano, estão impedidas de acontecer por conta de uma série de fatores que aumentam o distanciamento entre as pessoas. Como podemos perceber nas análises feitas e visitas técnias in loco, o Butantã é um bairro bastante dinâmico e com muita vida. As propostas realizadas neste trabalho tem como objetivo manter essa dinâmica sem que os moradores e visitantes percam essas relações interpessoais, mas mantendo, ao mesmo tempo, as características culturais do bairro. O que buscamos é a forma da inclusão social, do encontro e da troca. Queremos uma configuração que potencialize as relações interpessoais e, acima de tudo, a diversidade de pessoas, pois essa é a função do espaço urbano e onde reside a sua riqueza.
BIBLIOGRAFIA REFERENCIAL TEÓRICO BEZERRA. Josué Alencar. Artigo: Como definir o bairro? Uma breve revisão. Disponível em http:// www2.uern.br/index.php/geotemas/article/ viewFile/118/109 BEZERRA, Josué Alencar. Artigo: Como edificar um bairro? Uma breve revisão. Disponível em http://www2.uern.br/index.php/geotemas/article/ viewFile/118/109 CAMPOS FILHO, Cândido Malta. Reinvente seu Bairro: caminhos para você participar do planejamento de sua cidade. Editora 34. São Paulo, 2003. Federação do Comércio do Estado de São Paulo, (FECOMERCIOSP), Cartilha: Plano de Desenvolvimento do Bairro: uma metodologia participativa. São Paulo: Conselho de Desenvolvimento Local da FecomercioSP. Furnas. Cartilha: Saiba o que você pode ou não fazer próximo à linha de transmissão e à faixa de servidão. Gerência de Equipamentos de Subestações e Linhas de Transmissão (GSL.O) e Gerência de Engenharia Ambiental (GEA.E). JACOBS, Jane. “O uso dos Bairros”, in idem, Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes. 125-153. 3ª edição, 2011. NETO, José Police (Org.), SALGADO, Elisabeth Carvalho, SALGADO, Francisco Guilherme de Almeida. Plano de Bairro: no limite do seu bairro uma experiência sem limites. 1ª edição: São Paulo, 2011. RAMOS. Aluísio Wellichan. Espaço tempo na cidade de São Paulo: Historicidade e Espacialidade do “Bairro” da Água Branca. Artigo: Revista do Departamento de Geografia. 15 (2002) 65-75.
SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a cidade: uma introdução crítica ao planejamento e a gestão urbanos. 2ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002. SALGADO, Elisabeth Carvalho, SALGADO, Francisco Guilherme de Almeida, NETO, José Police (organizador). Plano de Bairro: Perus em transformação. 1ª edição: Cia dos Livros, São Paulo, 2012. ARTIGO DUARTE, Cristóvão Fernandes, Anais do II ENANPARQ: Volume 1: II Encontro da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo; Natal, A problemática da revitalização das áreas pericentrais urbanas: o caso do bairro de São Cristóvão no Rio de Janeiro, 2012. PREFEITURA DE SÃO PAULO SÃO PAULO, Prefeitura de. Dados demográficos dos distritos pertencentes às Prefeituras Regionais. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/ cidade/secretarias/regionais/subprefeituras/dados_ demograficos/index.php?p=12758>. Acesso em 09 de fevereiro de 2017. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Planos de Bairro: Experiências Europeias e Potenciais e Potenciais Ligações para o Contexto Português. http://run.unl.pt/bitstream/10362/11062/1/Lima_2013. pdf Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo LPUOS, 2016. Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo, PDE 2014.