Revista ANO 05 | Nº 12 | R$ 9,00 | 1º SEMESTRE 2019 | ISSN 2317-7667 WWW.REVISTATUTORES.COM.BR
PARCERIA:
QUANDO CRESCER VOU SER... Quase sete em cada dez alunos do Ensino Fundamental 1 atuarão em profissões que ainda não existem. Quais são as ocupações do futuro?
PROVAS SEM PÂNICO
Veja como se preparar corretamente para obter êxito nos testes
SOS INFÂNCIA
Quase duas crianças ou jovens se suicidam por dia no País. Como evitar?
O NOVO ENSINO MÉDIO
Saiba o que muda com a reforma da Base Nacional Comum Curricular
Revista
SUMÁRIO
ESPECIAL
EDITORA RESPONSÁVEL
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Dados da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico revelam que, em 2030, cerca de 65% dos alunos do Fundamental 1 atuarão em profissões que ainda não existem. Quais são as profissões do futuro?
Editora Lamonica Conectada
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Rua Sabará, 566 - 1º andar - Cj. 12 - Cep: 01239-010 Tel.: (11) 3214-5938 / 3251-3476 / 3256-4696
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Conheça as doenças que podem influenciar no processo de aprendizagem na entrevista com a psicóloga, doutora em educação inclusiva e professora de Psicopedagogia, Fernanda Tebexreni Orsati
Publisher José Lamônica - lamonica@editoralamonica.com.br Direção de Produção e Edição Andréa Cordioli (MTb: 31.865) andrea@editoralamonica.com.br Reportagem Renata Turbiani (MTb: 30.844) renata@editoralamonica.com.br Direção de Criação e Arte Marcelo Amaral - marcelo@editoralamonica.com.br Logística e Mercado Mônica Cavalcante - monica@editoralamonica.com.br COMERCIAL PROJETOS E VENDAS DE PUBLICIDADE Sede 55 (11) 3256-4696 - 3214-5938 Gerente Comercial Thais Andrade - 55 (11) 99115-3339
PAIS E ALUNOS
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As taxas de suicídio entre crianças e adolescentes têm aumentado no Brasil. Descubra o que leva um adolescente a tirar a própria vida e como você pode evitar que isso aconteça
thais@editoralamonica.com.br Gerentes de Contas Bruna Ribeiro - 55 (11) 98568-2920
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NA LOUSA
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Veja quais são as orientações para a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Médio, que visa a garantir educação de qualidade a todos os jovens brasileiros
E MAIS: WWW.REVISTATUTORES.COM.BR
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Você sabe como se preparar corretamente para as provas? Dormir bem, contar com ajuda e estudar um pouco por dia são algumas das recomendações para se ter êxito nesses momentos
Mislene Guedes - 55 (11) 98757-1633
04 TiTiti da Educação 07 Sem TiTubear 23 Com a Palavra 24 Encontre a Tutores
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i iti da educação VI ENCONTRO SOBRE NEUROCIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO Nos dias 16 e 17 de maio será realizado, em Campinas, no interior de São Paulo, o VI Encontro sobre Neurociências na Educação - NeuroEdu2019. Voltado para educadores, professores, profissionais da saúde e áreas multidisciplinares, estudantes de graduação, pós-graduação, aprimorandos e pesquisadores, o evento objetiva apresentar leituras teóricas e práticas educativas resultantes de trabalhos educativos e científicos sobre as Neurociências aplicadas à Educação, especialmente, propondo uma revisão literária sobre a Educação Inclusiva. A edição deste ano permitirá a submissão de trabalhos inscritos (resumos e estudos de caso) até o dia 29 de março na categoria de pôster. As inscrições para ouvintes estão abertas até 10 de maio. Mais informações no site www. neuroeventos.wixsite.com/NeuroEdu2019.
BHIOSFERA INICIA VENDA DOS ROBÔS EDUCATIVOS DA UBTEC A loja virtual Bhiosfera traz novas ferramentas para os professores ensinarem os conceitos de robótica e tecnologia de programação digital em suas aulas. Tratam-se dos robôs educativos da Ubtec. São três os modelos, indicados para crianças a partir de 8 anos. O Alpha 1 Pro (R$ 5.490), que reproduz os movimentos do corpo humano, possui 16 servomotores de articulações e capacidade de mover até 180º de rotação. O kit AstroBot (R$ 1.999) permite construir três robôs diferentes (AstroBot, Rover e Astron) ou criar outros modelos. Ele é composto por mais de 300 peças, tem cinco servomotores e vem com um aplicativo gratuito com instruções, passo a passo em 3D e animações em 360º graus, para que o usuário possa programar. Por fim, o TankBot (R$ 1.599) conta com 190 peças interligadas que se encaixam e aplicativo para programar servomotores a executar uma sequência de movimentos. Mais informações: www.bhiosfera.com.br.
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APLICATIVO PROMETE AJUDAR NA COMPRA DO MATERIAL ESCOLAR A compra do material escolar, normalmente, exige muita pesquisa e paciência. Mas um aplicativo promete facilitar a vida dos pais ou responsáveis. Trata-se do Eskolare. Para utilizá-lo, é preciso cadastrar o estudante, informando nome, idade, escola e ano letivo, fotografar a lista e enviar. Com essas informações, a plataforma faz um levantamento dos produtos e seus respectivos preços, dos mais procurados aos mais baratos. A compra pode ser feita pelo app mesmo. Segundo os idealizadores, há vantagens no uso do Eskolare também para as escolas, pois elas têm redução de custos na gestão de fornecedores, processos administrativos e no atendimento às famílias e aumento de produtividade. O aplicativo está disponível para smarthpones com sistemas operacionais android e iOS.
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EDUCAÇÃO FINANCEIRA EM SALA DE AULA
PRODUTOS PARA O ENSINO DE CIÊNCIA DA NATUREZA A startup Capiche Education acaba de chegar ao mercado brasileiro com uma série de soluções para o Ensino Fundamental. São conteúdos didáticos 100% alinhados à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada em 2017 pelo Ministério da Educação (MEC). Os produtos são voltados ao ensino de Ciência da Natureza e, garantem seus criadores, simplificam e facilitam o aprendizado de crianças e jovens nas disciplinas de Saúde, Biologia, Zoologia, Energia, Física, Química, Anatomia, Universo e Meio Ambiente. Em seu rol de soluções, a startup conta com laboratórios de Ciências e kits didáticos com opções para quatro níveis de currículos. Eles trazem metodologias e módulos distintos para professores e alunos, com gradações que vão desde o iniciante até o avançado. Mais informações: www.capiche.com.br
NOTA DO ENEM PERMITE ESTUDAR NO EXTERIOR Pouca gente sabe, mas a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) permite aos jovens estudar no exterior. Mais de 30 instituições de Ensino Superior de Portugal utilizam esta avaliação como forma de selecionar brasileiros, sendo que a primeira foi a tradicional Universidade de Coimbra. Segundo o Ministério da Educação (MEC), essa possibilidade se deve a um convênio firmado entre os governos dos dois países, que, até o ano passado, aprovou quase dois mil estudantes. Para mais informações acesse www.mesalva.com.br
A 1ª Pesquisa de Educação Financeira nas Escolas, realizada em parceria entre o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia (NEIT), do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), o Instituto Axxus e a Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), constatou que 100% dos pais dos alunos que têm educação financeira nas escolas acreditam que o tema pode ser absorvido pela família. O estudo apontou também que a maioria (71%) das crianças e dos jovens que estudam o assunto ajudam os pais a fazerem compras conscientes e 81% gastam parte do que recebem e guardam outra parte para os sonhos.
PESQUISA REVELA DADOS DO MERCADO DE INTERCÂMBIO O mercado brasileiro de educação estrangeira cresceu 23%, em 2017, e alcançou a marca inédita de 302 mil estudantes. Os números são da Pesquisa Selo Belta, divulgada pela Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio (Belta) – os dados de 2018 devem ser lançados nos próximos meses. Pelo estudo, o investimento para um curso no exterior aumentou 12%, atingindo a média de US$ 9.989. No total, o brasileiro movimentou entre US$ 2,7 bilhões e US$ 3 bilhões em programas educacionais no ano retrasado. Entre os destinos mais procurados, praticamente um a cada quatro estudantes do País viajaram para o Canadá (23%). Na sequência ficaram Estados Unidos (21,6%), Reino Unido (10,2%), Nova Zelândia (6,9%) e Irlanda (6,5%). No total, 39 destinos apareceram como opções dos brasileiros. A qualidade de vida da nação foi o principal motivo apontado pelos 6.151 estudantes que responderam a pesquisa, mas questões de segurança, cotação da moeda e cultura local também interferiram na escolha. 1o semestre 2019
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i iti da educação Eu leio
Dicas da Tutores para você LIVRO REÚNE CASOS DE POLÍTICAS EDUCACIONAIS BRASILEIRAS
AJUDA EXTRA PARA SE DAR BEM NO ENEM Têm novidades nas prateleiras das livrarias para estudantes que visam ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A primeira é a edição ampliada do livro “Redação Excelente - Para Enem e Vestibulares (R$ 59), da GEN | Editora Método. Escrito pela doutora em Educação Andrea Rama, ele promete ajudar o aluno a construir uma redação excelente, nos padrões exigidos, sem precisar usar receitas e fórmulas desgastadas e conhecidas pelos integrantes das bancas examinadoras. Com ele, os leitores ainda tem acesso a vídeo aulas, através da tecnologia QRCode. Outras novidades são “O livro do aprovado” (R$ 39), pensado para complementar os estudos com os assuntos que têm mais probabilidade de cair nas provas, e a apostila “1001 questões para fazer antes de passar no Enem” (R$ 89), com perguntas dividas segundo as áreas de conhecimento do exame. Eles foram desenvolvidos pela plataforma Me Salva! e lançados pela Editora Penso. Ambos também têm conteúdos que podem ser acessados por QRCode. Mais informações podem ser obtidas nos sites grupogen.com.br e mesalve.com.br.
Inspirados em um livro de Donald R. McAdams e Dan Katzir, lançado pela Harvard Education Press, dos Estados Unidos, em 2013, os pesquisadores Danilo Dalmon, Caetano Siqueira e Felipe Braga compuseram a obra “Políticas Educacionais no Brasil”, publicada pela SM Educação com o apoio da Fundação SM, do Instituto Natura, da Fundação Lemann e do Instituto Unibanco. O projeto, que elegeu, analisou e registrou seis experiências reais de políticas educacionais implementadas no Brasil, pretende contribuir para a melhoria da formação de lideranças na educação pública brasileira. Está disponível gratuitamente no QR Code.
SÉRIE INFANTIL ABREMENTE TEM SEIS LANÇAMENTOS A série de livros infantis Abremente, da Catapulta Editores, ganhou recentemente seis lançamentos: Mini Cursiva, Mini Formas, Mini Grafismos, Mini Maiúscula, Mini Minúsculas e Mini Números. As novidades fazem parte da versão Mini Abremente – Escrever e Apagar. Elas contam com perguntas e respostas e foram dividas de acordo com os níveis de capacidade das crianças, a fim de proporcionar-lhes a experiência da escrita com letras, números, formas e grafismos, sendo que elas podem escrever e apagar o que foi feito e repetir o processo quantas vezes quiserem. Os preços partem de R$ 49,90. Mais informações: www.catapulta.net.
LIVRO GRATUITO BUSCA DESMISTIFICAR A EPILEPSIA Com o objetivo de levar o assunto epilepsia para os estudantes de psicologia, posto que uma das queixas mais frequentes por parte dos portadores da doença é o mau atendimento prestado por profissionais da área da saúde, chega ao mercado o livro “Mais Epilepsia na Psicologia”, organizado pelo médico neurologista Li Li Min e pela coordenadora pedagógica da Tutores, Sueli Adestro. Em versão e-book, a obra, editada pela ADCiência, conta com 15 psicólogos autores de capítulos sobre diferentes enfoques da epilepsia nas diversas áreas da vida. O download é gratuito. Veja QR Code.
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Minha filha tem 9 anos e está no 4° ano. Suas notas são boas, ela é organizada e faz as lições de casa. Porém, é uma criança individualista, que não gosta de fazer trabalhos em grupo, e costuma atrapalhar o professor porque desrespeita as ordens e fica inquieta em sala de aula. Gostaria de algumas dicas para ajudá-la a melhorar o seu comportamento. J.F., do Rio de Janeiro Não é incomum uma criança dessa faixa etária agir assim. E atenção, pois o próprio ambiente familiar pode facilitar o individualismo. O ideal é que o comportamento seja trabalhado também junto à família. Em sala de aula, trabalhos com limites e tolerância às regras dão excelente resultado. Isso os professores conseguem fazer na escola, mas grande parte dessa dinâmica será em casa, local onde os filhos vão, a cada dia, ampliando os desafios emocionais (nas birras e nos “nãos” que não aceitam, por exemplo).
Meu filho de 15 anos está no 7º ano e já passou por duas reprovações. Ele não consegue lidar com os limites que impomos a ele. Dia desses saiu de casa sem nos avisar e ficamos desesperados tentando encontrá-lo. Somente à noite o localizamos andando em um bairro distante, e ele não soube explicar como foi parar lá. No colégio, não aceita que os professores chamem a sua atenção. Levamos a um especialista e o diagnóstico é de TOD (Transtorno Opositivo Desafiador). Como posso ajudá-lo a ser menos opositivo? L.M., de Pernambuco Um adolescente, ao ser diagnosticado com TOD, necessita de um olhar atento para o seu comportamento, até porque estudos apontam que metade dos casos de transtornos podem vir acompanhados de outros, como o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade). Nossa recomendação é trabalhar o fortalecimento da autoestima do adolescente, estimulando-o sempre a se superar e a ter boas ações. Esportes e atividades que sugiram ter disciplina e regras de convivência, ou trabalho em equipe e cooperação, são outras boas ferramentas. Também é fundamental dialogar sempre, especialmente nas situações em que ele “desafiar” suas ordens ou os combinados estabelecidos.
O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) na infância pode ser amenizado com tratamentos adequados? Minha filha de 6 anos foi diagnosticada com ele. S.P., de São Paulo Por obsessão compreende-se pensamentos ou ideias que aparecem de repente na mente da pessoa. E compulsão é sempre uma ação repema th tida várias vezes. A criança diagnosticada com TOC não tem o aprendizado pedagógico prejudicado, mas, muitas vezes, tem problema bk d i f pe com o rendimento escolar porque se torna perfeccionista ao escrever uma frase, por exemplo. Isso pode atrapalhar o desempenho em sala de aula. É como se o pensamento insistisse em tomar conta da mente e ela acaba perdendo o horário para copiar uma lição ou fazer uma prova, ficando presa nesses detalhes sem aproveitar o conteúdo apresentado pelo professor. Outra característica comum nas crianças que têm TOC é pensar que algo de ruim vai acontecer se não fizer determinada coisa e ficar muito ansiosa por se afastar dos pais. É muito importante manter um acompanhamento com psicoterapia, a fim de que ele ajude a trabalhar a autoestima e o distanciamento da angústia e do medo.
Se você tem alguma dúvida, crítica ou sugestão escreva para canaldoleitor@editoralamonica.com.br
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PROCESSOS DE
APRENDIZAGEM Conheça as condições e os transtornos que podem influenciar negativamente sobre eles
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odo mundo já nasce aprendendo. Desde os primeiros minutos de vida até a velhice, estamos sempre assimilando novidades, às vezes com mais ou com menos frequência. Isso se deve ao processo de aprendizagem, algo natural do ser humano e que envolve fatores cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. O fato é que, no período de desenvolvimento, várias condições
podem impactar negativamente nesse sistema. Por exemplo, problemas motores e de comunicação, transtorno de aprendizagem e doenças psiquiátricas. Para saber mais sobre este assunto, conversamos com a psicóloga, doutora em educação especial e inclusiva e professora de Psicopedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Fernanda Tebexreni Orsati. Confira os principais trechos da entrevista.
Foto: Divulgação
9 O que são os processos de aprendizagem? É um processo natural do ser humano e envolve fatores cognitivos, emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. A grosso modo, podemos dividir a aprendizagem em informal e formal. A primeira são as experiências vividas no dia a dia, que vão formando uma espécie de “banco de dados” e nos ajudam a entender e atuar no nosso meio. A informal começa no primeiro minuto de vida e perdura até a velhice. A segunda normalmente ocorre na escola, por isso chamamos de aprendizagem formal, porque são conteúdos e ideias que ensinamos explicitamente, os quais se estuda. Dentre as condições que podem dificultar o aprendizado, quais são as mais importantes? No período de desenvolvimento, existem várias condições e questões do neurodesenvolvimento que podem impactar nos processos de aprendizagem. Elas envolvem raciocínio, processamento, lógica, atenção, questões motoras, de fala, comunicação e interação social, entre outras. Se uma ou mais dessas habilidades estão impactadas haverá interferência no aprendizado. E quanto aos transtornos de aprendizagem? Eles também são parte dos transtornos do neurodesenvolvimento, e, como o próprio nome diz, impactam nos processos envolvidos na aprendizagem. Entre os principais temos dislexia, disgrafia e discalculia. A dislexia é caracterizada por dificuldades na correspondência e associação de fonemas e grafemas, podendo afetar a leitura e o processamento da linguagem escrita. A disgra-
No período de desenvolvimento há várias condições, questões do neurodesenvolvimento, que podem impactar nos processos de aprendizagem. Elas envolvem raciocínio, processamento, lógica, atenção, questões motoras, de fala, comunicação e interação social, entre outras Fernanda Tebexreni Orsati, psicóloga, doutora em educação especial e professora de Psicopedagogia da Universidade Presbiteriana Mackenzie
fia é uma falha na coordenação da habilidade de escrita, a grafia, e a discalculia está relacionada a uma dificuldade em compreender e manipular números. Outro transtorno importante é o Déficit de Atenção (TDA), associado ou não à Hiperatividade (TDHA). A criança que tem esse diagnóstico também possui uma diferença
neurológica, que acarreta em uma dificuldade atencional e, algumas vezes, é associada ao excesso de atividade corporal. Essas crianças, na escola, apresentam dificuldade em focar em uma só atividade por um período prolongado como, por exemplo, prestar atenção à professora explicando verbalmente um conceito. Podemos destacar também o Transtorno de Espectro Autista (TEA). Nesse caso, a criança apresenta questões em duas áreas específicas: comunicação combinada a interação social, e comportamentos repetidos e interesses restritos. São diversos os graus de acometimento desses sintomas dentro de um diagnóstico de TEA e, por isso, os suportes educacionais para tais alunos variam bastante. Quais outros fatores interferem no aprender? Diversos fatores biopsicossociais podem interferir no aprender. Em termos de outras condições, os sintomas de crianças ou jovens com diagnóstico de transtornos mentais, como depressão e bipola-
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10 PING-PONG ridade, também podem desencadear dificuldades na aprendizagem. De que forma? Por exemplo, um dos sintomas da depressão é a falta de energia (fadiga), e precisamos dela para nos engajar em diferentes atividades e aprender coisas novas. Junto a isso, muitas crianças e adolescentes apresentam sentimento de fracasso (“menos valia”), ou seja, acham que não fazem nada certo ou que são piores que os outros. Com isso, podem sentir-se inseguros no ambiente de aprendizagem e têm medo de tentar e errar. O que provocam os transtornos de aprendizagem? Essa é a pergunta de um milhão de dólares, mas têm muitos pesquisadores dedicados a respondê-la. Todas essas condições citadas diferem muito uma da outra, mas ainda não sabemos as causas específicas. De maneira geral, podemos dizer que todas estão relacionadas a algum componente neurobiológico, somado a fatores ambientais. O cérebro de quem tem esses diagnósticos possui um arranjo diferente, em termos de conexões e tal arranjo tem parte da causa genética e parte sendo ambiental. E como são feitos os diagnósticos? Para todos o diagnóstico é clínico. Ou seja, o profissional obtém informações com familiares sobre o histórico da criança, seu desenvolvimento, utiliza algumas escalas de comportamento, e observa o seu comportamento, além de fazer exames, incluindo genéticos e neurológicos para excluir outras possibilidades. Todos os transtornos citados possuem critérios diagnósticos cada vez mais específicos, e deve ser feito de preferência por uma equipe mul-
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tidisciplinar, composta, normalmente, por psiquiatra e/ou neurologista, psicólogo, psicopedagogo e/ou pedagogo, educador físico, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, e com informações da família e do professor dessa criança.
Escola e família são ambientes em que a criança aprende muito, por isso, para que haja resultados, é fundamental que todos trabalhem juntos, perseguindo os mesmos objetivos e treinando as mesmas habilidades. Fernanda Tebexreni Orsati
Quais sinais indicam que a criança ou o adolescente tem algum transtorno de aprendizagem? Observa-se o que chamamos de “marcos do desenvolvimento”, isso quer dizer, que comparamos o desenvolvimento da criança com o que sabemos que é esperado para cada idade em termos de habilidades. Ou seja, observamos quando a criança começa a sentar, interagir com objetos, andar, balbuciar, falar as primeiras palavras, entre outras características. Claro que os pais não precisam se preocupar se seus filhos levam um tempo um pouco maior do que o indicado nos marcos para desenvolver uma ou outra habilidade. Temos que ficar alertas e procurar um profissional, ou mesmo conversar com o professor, somente quando essas características começam a se acumular.
Qual o papel da escola? E o dos pais? Ambos são fundamentais. Escola e família são ambientes em que a criança aprende muito, por isso, para que haja resultados, é fundamental que todos trabalhem juntos, perseguindo os mesmos objetivos e treinando as mesmas habilidades. É essencial que eles sejam parceiros. No caso da escola, vale destacar o papel do suporte ao aluno para que o mesmo seja incluído e tenha possibilidade de aprender juntamente com os colegas da sua idade, a fim de que ele tenha o máximo de interação social e estímulos acadêmicos adequados a suas potencialidades. Esses problemas têm cura ou será necessário tratá-los para sempre? Todas as condições citadas aqui não possuem uma cura, mas existem muitos suportes, intervenções e tratamentos que fazem com que a aprendizagem das crianças ou dos adolescentes com tais diagnósticos seja potencializada. O importante é, juntamente com o diagnóstico, fazer uma boa avaliação tanto das habilidades quanto das dificuldades do paciente. A partir daí, ele irá, apoiado nos seus interesses e habilidades, compensar e superar as dificuldades. Ao mesmo tempo, temos que oferecer adaptações no ambiente dessa criança ou desse adolescente, para dar suporte ao seu processo de desenvolvimento e aprendizagem. Portanto, além de trabalharmos com o indivíduo, temos de criar ambientes sem barreiras para que eles consigam ter melhor qualidade de vida e engajar com qualidade nas atividades escolares, familiares e da comunidade, atingindo o máximo do seu potencial em todas as situações.
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cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo, o que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), soma quase 800 mil indivíduos por ano. Só no Brasil, pelos dados do Ministério da Saúde (MS), entre 2011 e 2015, foram registrados no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) 55.649 óbitos por suicídio, com uma taxa geral de 5,5 casos a cada 100 mil habitantes, variando de 5,3 em 2011 a 5,7 em 2015. Dentro desse universo, um índice que tem causado cada vez mais preocupação é o relacionado a crianças e adolescentes. Para se ter uma ideia, quase duas pessoas com idade entre 9 e 18 anos consumaram suicídio por dia no País, em 2013. Em praticamente todas as idades, as taxas aumentaram entre 2003 e 2013 – em 2003, na faixa de 9 a 19 anos era de 1,9 em 100 mil; em 2013, elevou-se para 2,1. Estes números fazem parte do estudo Violência Letal contra as Crianças e Adolescentes do Brasil, realizado pelo sociólogo e coorde-
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nador da Área de Estudos da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, Julio Jacobo Waiselfisz.
Foto: Juliana
infância Foto: Divulgaçã
Nos últimos anos, tem aumentado no Brasil os casos de suicídios entre crianças e adolescentes. Conheça algumas das razões e o que fazer para evitar
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Se relacionado com outras nações, os indicadores brasileiros até que não são os maiores – o Brasil ocupa a 43ª posição em um ranking de 89, com taxa de 0,7 suicídios para cada 100 mil crianças e adolescentes de 10 a 14 anos de idade; a 51ª posição entre os adolescentes de 15 a 19 anos, e a 53ª no conjunto de 10 a 19 anos de idade. O problema é que eles estão crescendo lentamente ao longo do tempo. Mas o que leva alguém, com tão pouca idade, ao ato desesperado de tirar a própria vida? É complicado dar uma resposta direta, pois são muitos os fatores envolvidos, tais como depressão, ansiedade, bullying, dificuldade para lidar com frustrações, pressões sociais, questões sobre a sexualidade e redes sociais. O psicólogo, especialista em Medicina
Comportamental e hipnoterapeuta, Valdecy Carneiro, comenta que a falta de propósito é outro ponto que precisa ser levado em consideração. “A criança e o adolescente, hoje em dia, têm de lidar com as altas expectativas dos pais, especialmente nas famílias com melhor posição sócio-econômica. Eles são pressionados o tempo todo a ter um excelente desempenho escolar e a fazer mil e uma atividades, mesmo que não queiram. Muitos, inclusive, têm uma lista de afazeres bem mais extensa do que os adultos. Com isso, chegam num ponto em que perdem o propósito e acabam vivendo para atender aos anseios dos outros e se tornando cada vez mais escravos de uma rotina atribulada e indesejada”, analisa. O especialista ainda pontua que esta turma tem sofrido com a sensação de não pertencimento. “Diversas crianças e adolescentes sentem que não se encaixam em lugar nenhum e que não servem para nada, não têm identidade. Situação que só piora com a cobrança exercida pelos responsáveis por boas notas, bons comportamentos, bons amigos.”
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Isolamento social grande, seja com a família ou os amigos; Diminuição do autocuidado e descuido com a aparência; Mudança repentina de humor; Aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas; Preocupação com a própria morte ou falta de esperança; Expressão de ideias ou intenções suicidas; Abuso no consumo de substância lícitas ou ilícitas, e Automutilação (se machucar propositalmente).
Fonte: Ministério da Saúde
ONDE BUSCAR AJUDA - Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e Unidades Básicas de Saúde (UBS); - Unidade de Pronto Atendimento (UPA), SAMU, pronto-socorro e hospitais, e - Centro de Valorização da Vida (CVV). Fonte: Ministério da Saúde
Para Waiselfisz, os conflitos que surgem conforme a sociedade se desenvolve também merecem destaque. “À medida que ela avança, é normal que as pessoas, inclusive as crianças e os adolescentes, tenham dificuldade em entendê-la e vice-versa. Isso cria uma crise pessoal grande e pode culminar no suicídio.” O QUE FAZER? Lidar com todas essas questões não é tarefa fácil, mas é possível. Apesar de o suicídio ser, como define o Ministério da Saúde, “um fenômeno complexo, multifacetado e de múltiplas
determinações, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero”, ele é prevenível. Para isso, Carneiro recomenda atenção. “É fundamental perceber a criança ou o adolescente, ou seja, olhar para ele com cuidado e, a qualquer indício de mudança comportamental, conversar de forma sincera, apoiar e buscar ajuda.” Junto a isso, o psicólogo indica ficar de olho nas redes sociais dos filhos: “Não é para invadir a privacidade, mas sim observar o que acontece nesse mundo potencialmente perigoso”.
Também é necessário não julgar e, em casos de transtornos mentais, não estigmatizá-los e nem ignorá-los. E não são apenas os familiares que têm a obrigação de auxiliar nesta situação. A escola tem um papel muito importante. Entre as ações que podem e devem tomar estão discutir com os alunos e seus familiares o suicídio e temas relacionados, como problemas emocionais; criar comissões para tratar o bullying; trabalhar ao máximo a cultura da aceitação – de si mesmo e dos outros –; e promover atividades que desenvolvem habilidades socioemocionais.
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O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER? Quase sete em cada dez alunos do Ensino Fundamental 1 atuarão em profissões que ainda não existem
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mundo tem mudado a uma velocidade assustadora graças à evolução da tecnologia e, o que antes parecia coisa de ficção científica, agora já é realidade, como robôs que falam e até “pensam” e carros que andam sozinhos. No mercado de trabalho muita coisa também está diferente, e deve ficar ainda mais. Para se ter uma ideia, em 2030, pelos dados da
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15 Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), cerca de 65% dos alunos do Fundamental 1 atuarão em profissões que ainda não existem. Mas será que já dá para adiantar quais serão elas? De acordo com um trabalho realizado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), a previsão é que surjam 30 novas ocupações em oito áreas que devem sofrer o maior impacto da chamada indústria 4.0, termo utilizado para a integração do mundo físico e virtual por meio de tecnologias digitais, como internet das coisas, big data e inteligência artificial. O levantamento aponta as profissões de nível médio e superior que provavelmente ganharão relevância nos seguintes segmentos: Automotivo; Alimentos e Bebidas; Máquinas e Ferramentas; Petróleo e Gás; Têxtil e Vestuário;
SOBRE A PESQUISA DO SENAI O trabalho realizado pelo Senai foi feito a partir do Modelo Senai de Prospecção, metodologia que permite antecipar quais serão as tecnologias utilizadas no ambiente de trabalho em um horizonte de cinco a dez anos. A conjectura é feita a partir da aplicação de um painel com cerca de 20 especialistas – representantes de empresas, sindicatos de trabalhadores e universidades – por setor estudado. Em seguida, as informações obtidas são enviadas para os Comitês Técnicos Setoriais, que apontam quais serão os perfis e as competências exigidas dos profissionais de cada segmento industrial.
AS NOVAS PROFISSÕES % de empresas de cada segmento que demandarão o profissional nos próximos dez anos AUTOMOTIVO § Mecânico de veículos híbridos: 31% a 50% § Mecânico especialista em telemetria: 31% a 50% § Programador de unidades de controles eletrônicos: 31% a 50% § Técnico em informática veicular: 31% a 50% TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO § Analista de IoT (internet das coisas): 11% a 30% § Engenheiro de cibersegurança: 11% a 30% § Analista de segurança e defesa digital: 11% a 30% § Especialista em big data: 11% a 30% § Engenheiro de softwares: 31% a 50% ALIMENTOS E BEBIDAS § Técnico em impressão de alimentos: 11% a 30% § Especialista em aplicações de TIC para rastreabilidade de alimentos: 11% a 30% § Especialista em aplicações de embalagens para alimentos: até 10% das empresas MÁQUINAS E FERRAMENTAS § Projetista para tecnologias 3D: 31% a 50% § Operador de High Speed Machine: 11% a 30% § Programador de ferramentas CAD/CAM/CAE/CAI: 31% a 50% § Técnico de manutenção em automação: 31% a 50% CONSTRUÇÃO CIVIL § Integrador de sistema de automação predial: Até 10% § Técnico de construção seca: 11% a 30% § Técnico em automação predial: 31% a 50% § Gestor de logística de canteiro de obras: 31% a 50% § Instalador de sistema de automação predial: até 10% QUÍMICA E PETROQUÍMICA § Técnico em análises químicas com especialização em análises instrumentais automatizadas: 31% a 50% § Técnico especialista no desenvolvimento de produtos poliméricos: 31% a 50% § Técnico especialista em reciclagem de produtos poliméricos: 31% a 50% TÊXTIL E VESTUÁRIO § Técnico de projetos de produtos de moda: 31% a 50% § Engenheiro em fibras têxteis: 31% a 50% § Designer de tecidos avançados: até 10% PETRÓLEO E GÁS § Especialista em técnicas de perfuração: 11% a 30% § Especialistas em sismologias e geofísica de poços: 11% a 30% § Especialistas para recuperação avançada de petróleo: até 10% Fonte: Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai)
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ESPECIAL
Química e Petroquímica; Tecnologias da Informação; e Comunicação e Construção Civil. “As tecnologias digitais vão criar uma miríade de novos negócios e transformar o mercado de trabalho. As pessoas terão um processo contínuo de aprendizado ao longo de vida, e vão precisar se requalificar permanentemente para adquirir novas competências”, diz o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi. ÁREAS DE DESTAQUE Entre as áreas que certamente terão mais destaque num futuro próximo, segundo o estudo prospectivo da entidade, está a automotiva. A expectativa é de que tecnologias, como robótica colaborativa e comunicação entre máquinas por meio da internet das coisas, vão impactar fortemente suas etapas de concepção e produção e que, em cinco anos, além de novas profissões serem criadas, algumas já existentes se tornarão mais relevantes, tais como eletromecânico de automóveis e mecânico de manutenção automotiva. Mas, para se
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dar bem, estes profissionais terão de dominar novos conhecimentos e habilidades (programação, aplicativos de software e matemática voltada à metrologia são alguns). Mais um segmento avaliado pelo Senai como beneficiário da inserção do Brasil na quarta Revolução Industrial é o de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), afinal, ele dependerá fortemente do desenvolvimento de softwares e hardwares customizados às necessidades de cada empresa. Especialistas com essa formação deverão trabalhar em todos os setores econômicos. E como no mundo digital a segurança das informações – especialmente diante do armazenamento de dados estratégicos em nuvem – é uma das maiores preocupações dos empresários, também devem nascer ofícios diretamente ligados a essa temática. PELO MUNDO Um estudo realizado pela Pearson, multinacional britânica de publicação e educação, em parceria com a Oxford Martin School, da Universidade de Oxford, do Reino Unido, e a NESTA – fundação britânica de inovação – também busca esclarecer o que estará em voga no mercado de trabalho nos próximos anos. Batizado de The future of skills: employment in 2013 (O futuro das habilidades: empregabilidade em
2030), ele mostra o que será tendência profissional nos Estados Unidos e no Reino Unido, e quais habilidades serão exigidas – mesmo não abordando o Brasil, as indicações podem servir como um guia. A pesquisa destaca, ao contrário do que muitos acreditam, que a relação entre o ser humano e os robôs será positiva, e que apenas um em cada cinco trabalhadores está atualmente em uma área que deve diminuir de tamanho por conta da evolução da tecnologia. Já entre as que irão ganhar eficiência, pontua educação, assistência médica e as que envolvem características essencialmente humanas. Para chegar a estes resultados, os idealizadores analisaram temas que prometem maior impacto no futuro do trabalho: automatização, mudança demográfica, urbanização, globalização, desigualdade, incerteza política e mudança climática. CONHECIMENTO E HABILIDADES Com todas as mudanças que ainda estão por vir no mercado de trabalho, é normal surgirem dúvidas em relação à preparação para elas. Pois a resposta pode estar na formação socioemocional dos estudantes, muito mais do que no preparo para a sua inserção profissional, e isso independe de qual será. “Diferentemente das profissões, que mudam de acordo com o avanço da tecnologia e até da necessidade e carência do mundo no momento, as competências socioemocionais são atemporais. Habilidades como autonomia, inteligência e estabilidade emocional, além de capacidade de refletir e de tomar decisões, são algumas contempladas e fundamentais para o aluno hoje sentir-se seguro para o mercado futuro, que tem começado cada vez mais cedo”, comenta a gerente do programa Líder em
17 OCUPAÇÕES DE MAIOR DEMANDA ATÉ 2030
DEZ HABILIDADES PARA O FUTURO
ESTADOS UNIDOS § Professores de educação infantil, ensino fundamental, ensino superior e educação inclusiva § Profissionais especialistas em cuidados e serviços para animais § Advogados, juízes e profissionais relacionados a essas áreas § Engenheiros § Profissionais de estética e cuidados pessoais § Cientistas sociais e profissionais relacionados § Conselheiros, assistentes sociais e outros especialistas em trabalho social e comunitário § Bibliotecários, curadores e arquivistas § Profissionais de entretenimento, intérpretes, atletas e relacionados
ESTADOS UNIDOS 1 - Estratégias de aprendizagem 2 - Psicologia 3 - Instrução 4 - Consciência social 5 - Sociologia e antropologia 6 - Educação e treinamento 7 - Coordenação 8 - Originalidade 9 - Fluência de ideias 10 - Aprendizagem ativa
REINO UNIDO § Especialistas em preparação de alimentos e serviços de hospitalidade § Professores e profissionais da educação § Profissionais da área do esporte e vida saudável § Profissionais da área de ciências sociais e naturais § Gerentes e proprietários de serviços de lazer § Administradores e diretores de serviços sociais e de saúde § Profissionais das áreas artística, literária e de mídia § Profissionais de gestão pública e relacionados § Profissionais de terapia
REINO UNIDO
Morgana comenta que, ao trabalhar essas habilidades, a pessoa passa a se conhecer melhor e aprende a lidar com as próprias emoções e fragilidades. “Isso impacta diretamente nos relacionamentos profissionais, mas, quando ensinadas ainda na etapa escolar e bem trabalhadas, permitem que a criança e o adolescente consigam agir de forma mais preparada diante da volatilidade, da incerteza e da complexidade da sociedade moderna”, acrescenta.
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Mim (OLEM), da Somos Educação, Morgana Batistella. Um relatório produzido pelo Fórum Econômico Mundial, em 2016, listou dez das principais habilidades que todo profissional deve ter até 2020: competência para a resolução de problemas complexos, pensamento crítico, criatividade, gestão de pessoas, trabalho em grupo, inteligência emocional, tomada de decisão responsável, serviço comunitário, negociação e flexibilidade.
Teixeira
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1 - Avaliação e tomada de decisão 2 - Fluência de ideias 3 - Aprendizagem ativa 4 - Estratégias de aprendizagem 5 - Originalidade 6 - Avaliação de sistemas 7 - Dedução lógica 8 - Resolução de problemas complexos 9 - Análise de sistemas 10 - Monitoramento
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Fonte: Pearson
Junto a tudo isso, o CEO do Instituto Singularidades, Miguel Thompson, comenta que é fundamental saber se comunicar, o que significa expressar bem as ideias e escutar o que o outro tem a dizer, bem como estudar incessantemente. “No mundo em que vivemos hoje, onde tudo acontece de forma tão rápida, ainda é imperativo ter pensamento crítico e capacidades de criar constantemente e se conectar com diferentes culturas, tempos e campos sociais”, finaliza.
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18 NOTA MÁXIMA
Prepare-se para as provas Dormir bem, contar com a ajuda dos pais e estudar um pouco por dia são algumas das recomendações para ter êxito nos testes
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as escolas, as avaliações são fundamentais para saber como está o desenvolvimento dos alunos e também se os objetivos pedagógicos previamente planejados estão sendo cumpridos. Apesar de existirem várias metodologias com essa finalidade, a mais usual é a prova. Ministrada, geralmente, a partir do 2º ano do Ensino Fundamental, ela exige preparação por parte dos estudantes. Mas como fazer isso da melhor forma? A seguir, a psicóloga e neuropsicóloga Alessandra Netti Silva
e a neuropsicopedagoga Valéria Assunção dão algumas dicas. RITMO PESSOAL Pensar na preparação para as provas é também pensar no perfil dos estudantes, já que cada um tem seu ritmo próprio. Por exemplo, alguns aguentam estudar por longos períodos sem intervalos, outros precisam de pausas. Para evitar estresse na hora de rever as matérias, e consequentemente conquistar bons resultados nos testes aplicados pelos professores, é fundamental levar isso em conta. Em
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19 paralelo, é importante que o aluno tenha momentos de descontração e relaxamento, seja positivo e se alimente bem. ROTINA DE ESTUDO É melhor estudar um pouco por dia ou tudo um dia antes do teste? Essa é uma dúvida bastante comum entre os alunos e, apesar de não haver uma regra absoluta, a primeira opção acaba sendo Valéria Assunção, Alessandra Netti Silva, a ideal por evitar o neuropsicopedagoga psicóloga e neuropsicóloga acúmulo de conteúdo e o estresse, exercitar a memória e garantir, caso surria de trabalho e só são efetivamente TÉCNICA DE ESTUDO ja uma dificuldade mais acentuada, As técnicas de estudo estão aí consolidadas depois de um período de tempo hábil para solucioná-la. para ajudar o estudante a otimizar descanso adequado. Portanto, é imprescindível que a criança durma, pelo Ao rever a matéria na véspera o tempo, e cada um deve utilizar a menos, oito horas por noite. das provas, o estudante até pode tique melhor se encaixa ao seu perfil. rar boas notas, mas a neurociência Uma sugestão é usar o mapa menAJUDA DOS PAIS tal – espécie de diagrama – para o garante que ele estará fadado a se De um modo geral, as crianças, estudo das disciplinas teóricas. esquecer rapidamente dos conteúdos logo após a realização do teste. a partir do 4º ou 5º ano, já devem ser Essa ferramenta é uma maneira de sistematizar as informações capazes de fazer as tarefas e estudar LOCAL E HORÁRIO de forma mais objetiva, pois facilita sozinhas. No entanto, existem aquelas que precisarão de ajuda, seja de A preparação para as avaliaa memorização e o aprendizado dinâmico, e é uma opção para quem ções inclui também escolher um maneira mais conduzida ou apenas tem dificuldade de estudar com bom lugar para estudar. O indicado como suporte para tirar dúvidas. textos e resumos. é que ele seja claro, arejado e tranDe toda forma, é importante quilo. Pode ser em casa, na escola, Para montá-la, o ideal é fazer que os pais colaborem sempre e na biblioteca e até em um parque. O um desenho, por exemplo, uma árdêem apoio para que os filhos se vore, e nele escrever os dados mais importante mesmo é que o cérebro organizem com a rotina de estudos importantes do conteúdo estudado. foque na matéria e não precise divie estejam presentes para auxiliar dir a atenção com possíveis distraVale apostar em cores diferentes nas revisões e até em alguma difições, tais como televisão e celular. culdade mais expressiva, inclusive e setas, a fim de que sirvam como Com relação ao horário, tem genbuscando a assistência de um espe“gatilhos” para a memória. te que funciona melhor à noite e oucialista, se for necessário. No caso das disciplinas exatas, tras durante o dia. A sugestão é que Além disso, cabe aos pais ensicomo matemática, a recomendação narem aos pequenos a estudar amoos pais ajudem os filhos a encontrar é refazer exercícios e atividades rosamente, com paciência, para que o melhor momento. Mas uma coisa é para auxiliar na memorização de absorvam esse momento como algo fato: o sono é fundamental para a asfórmulas, e também buscar aplicativos e jogos que auxiliem no raciosimilação de novos aprendizados – as bom e não como um fardo, pois o cínio lógico. informações novas ficam na memóafeto interfere na cognição.
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NA LOUSA
VEM AÍ O NOVO ENSINO MÉDIO Mudanças têm como objetivo garantir educação de qualidade a todos os jovens brasileiros e aproximar as escolas de suas realidades
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m dezembro último, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou a versão final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o Ensino Médio. Esse documento determina as aprendizagens essenciais que todo estudante brasileiro, de escolas públicas e privadas, deverá desenvolver ao longo da Educação Básica. O prazo de implementação é de dois anos. A seguir, saiba tudo sobre a reforma. As informações são do Ministério da Educação (MEC).
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O QUE É O NOVO ENSINO MÉDIO? A Lei nº 13.415/2017 alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estabeleceu uma mudança na estrutura do Ensino Médio, ampliando o tempo mínimo do estudante na escola de 800 horas para 1.000 horas anuais (até 2022) e definindo uma nova organização curricular, mais flexível, que contemple uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a oferta de diferentes possibilidades de escolhas aos estudantes, os chamados itinerários formativos, com foco nas áreas de conhecimento e na formação técnica e profissional. A mudança tem como objetivo garantir a oferta de educação de qualidade à todos os jovens brasileiros e aproximar as escolas à realidade dos estudantes de hoje, considerando as novas demandas e complexidades do mundo do trabalho e da vida em sociedade.
21 PROFESSOR E GESTOR ESCOLAR Conhecimentos de todas as disciplinas na BNCC: no novo Ensino Médio, os conhecimentos de todos os componentes estarão contemplados na BNCC. Isso significa que os currículos de todas as redes deverão considerar o ensino de habilidades e competências relacionadas à Língua Portuguesa, Matemática, Biologia, História, Geografia, Física, Química, Educação Física, Artes, Sociologia, Filosofia e Inglês. A parte que poderá ser escolhida pelos estudantes, os itinerários formativos, também serão relacionados às áreas do conhecimento e à formação técnica e profissional.
ESTUDANTE Mais horas de estudo: no Novo Ensino Médio, a carga horária será ampliada de 2.400 horas para 3.000 horas – 1.000 por ano. Desse total, pelo menos 1.200 horas serão destinadas para que o aluno se aprofunde em um ou mais caminhos relacionados às áreas do conhecimento ou à formação técnica e profissional. Menos aulas expositivas, mais projetos: como a nova BNCC está organizada por áreas do conhecimento e não por disciplinas, ela estimulará novos formatos de aula, menos expositivas, como projetos, oficinas e atividades com a maior participação dos alunos e que conectam conhecimentos e professores de diferentes áreas. Escolha dos conhecimentos: além das aprendizagens comuns e obrigatórias, definidas pela base, os estudantes poderão escolher se aprofundar naquilo que mais se relaciona com seus interesses e talentos. São os itinerários formativos, ligados às áreas do conhecimento (Matemática, Linguagens, Ciências Humanas e Ciências da Natureza) e com a formação técnica e profissional.
Os itinerários formativos são o conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho, que os estudantes poderão escolher no Ensino Médio. Eles podem se aprofundar nos conhecimentos de uma ou mais áreas (Matemáticas e suas Tecnologias, Linguagens e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) e da Formação Técnica e Profissional (FTP). As redes de ensino terão autonomia para definir quais itinerários formativos irão ofertar, considerando um processo que envolva a participação de toda a comunidade escolar.
DIDÁTICA MAIS ATIVA “O conceito da BNCC é importante. Até então não tínhamos orientação para os currículos educacionais nacionais. Antes, as orientações eram dadas basicamente pelos exames nacionais, vestibulares, as matrizes de avaliação do governo e os livros didáticos. Agora temos os direitos mínimos para formar o cidadão. Ela também é interessante porque trabalha com a ideia de competências, e não apenas com conceitos e definições, tem uma didática mais ativa, fazendo com que o aluno seja mais participativo e menos ouvinte, e provoca a escola a se repensar.”
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O QUE MUDA NO NOVO ENSINO MÉDIO?
Miguel Thompson, professor, autor de livros didáticos, consultor educacional e diretor do Instituto Singularidades
COMPROMISSO DAS ESCOLAS “Se o novo Ensino Médio vai ser mais ou menos vantajoso vai depender de como os sistemas de ensino e as escolas lidarão com o compromisso de criar currículos e didáticas a partir da BNCC. Vemos a presença da base positivamente nas escolas justamente por disparar debates, reflexões, questionamentos, projetos e movimentos. Acreditamos ainda que o que deve ser levado em consideração é que a BNCC fornecerá elementos para seguirmos criando currículos e pensando em propostas pedagógicas com as marcas das culturas locais, dos desejos e dos sonhos da comunidade escolar, como uma forma de ouvir as vozes que dialogam com o documento.” Ricardo Chiquito, assessor pedagógico da Mind Lab
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NA LOUSA Possibilidade de se aprofundar nos itinerários formativos: os professores poderão trabalhar apenas o que é essencial com todos os estudantes e se aprofundar com aqueles interessados em saber mais. A organização da BNCC, por áreas do conhecimento, também deve instigá-los a atuar junto com outros profissionais. Parcerias com escolas e instituições de ensino: as escolas terão a possibilidade de se articular com outras instituições de ensino de sua região para garantir diferentes ofertas de escolha de itinerários aos estudantes. Caso haja parcerias com instituições próximas, ela poderá se especializar naquilo que mais tem a ver com a realidade local e seus professores.
CONHEÇA A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) não é um currículo, mas sim um referencial obrigatório para a sua elaboração, bem como a dos Projetos Pedagógicos das escolas. Ela não diz como e, no caso do Ensino Médio, quando as aprendizagens devem ser desenvolvidas – essas questões serão definidas pelos currículos das redes e o planejamento de aula dos professores, de acordo com as particularidades dos estudantes e da região. Para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, a BNCC foi aprovada em 2017, e está em fase de implementação em todo o Brasil.
SÓ PORTUGUÊS E MATEMÁTICA? “A nova BNCC detalha, especifica e enuncia quais são os direitos de aprendizagem dos estudantes brasileiros no Ensino Básico, em escolas públicas e privadas. Ao estabelecer isso, consequentemente, indica os deveres dos governos para proporcionar o seu atingimento. Quando se trata do Ensino Fundamental e do Ensino Infantil, tudo está muito bem detalhado, mas, no caso do Ensino Médio, a situação é bem diferente. Temos ainda a questão de apenas Língua Portuguesa e Matemática estarem garantidas nos três anos letivos. Claro que essas disciplinas são importantes, mas elas não se sustentam sozinhas. Precisam estar integradas aos demais componentes curriculares para que o jovem possa desenvolver o senso crítico e aprender a refletir. Só pensa quem tem teoria e conceito.” Cesar Callegari, sociólogo, consultor educacional, presidente do Instituto Brasileiro de Sociologia Aplicada (IBSA) e ex-presidente da comissão de elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no Conselho Nacional de Educação (CNE), do Ministério da Educação (MEC)
IDEOLOGIA VERSUS ESTRUTURAÇÃO “Existem pontos muito bons no novo Ensino Médio, como o das áreas de conhecimento. Para o estudante isso é interessante, pois atende as expectativas dele ser o protagonista da sua história. Por outro lado, precisamos discutir se esse jovem está preparado para escolher a área em que irá se aprofundar. É porque talvez ele ainda não tenha autonomia para isso. Esse será um dos grandes desafios das escolas. Outra questão é que a nova BNCC do Ensino Médio prevê que o aluno participe de oficinas e outras atividades, só que a maioria das escolas públicas não estão aptas a isso. Neste documento trabalhou-se todo uma ideologia sem pensar na sua estruturação.” Sueli Adestro, coordenadora pedagógica da Tutores
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Por Luiz Francisco Jr.
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o cano da pistola que as crianças mordem” é o que enuncia uma das grandes canções compostas por Caetano Veloso. Ela descreve, de modo simbólico, a existência de cenários de violência que começam a ser absorvidos desde muito cedo pela criança, que encontra entre seus familiares e figuras de referência e proteção modelos que não deveriam ser seguidos, ou até mesmo demonstrados. Mas o que é a violência? Ela é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o uso intencional de força física ou poder, ameaçados ou reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que resultem ou tenham grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, mau desenvolvimento ou privação. Se pararmos para observar cada parte do conceito da OMS, é possível constatar que tudo aquilo que o integra em nada se conecta a qualquer aspecto saudável que contribui para a evolução e o crescimento dos indivíduos, bem como de sua personalidade e de seus comportamentos. Isso significa dizer que a violência nunca será o caminho, a alternativa ou a solução para qualquer dificuldade ou problemática que possa se apresentar ao indivíduo em todas as fases do seu desenvolvimento psicossocial. Pelo contrário, a escolha pelo ato violento representa a decisão pelo imediatismo, pelo empobrecimento e pela esquiva ou fuga sem
a menor preocupação com a escolha pelo melhor, positivo ou equilibrado. Partindo desse raciocínio, fica clara a razão pela qual qualquer tipo de violência adotada em casa por uma família, independentemente do contexto, não promoverá o bem-estar, ainda que aparentemente e superficialmente sirva para a eliminação de uma condição adversiva. Mas aí reside a primeira reflexão: vamos escolher e oferecer à nossa família, às pessoas do nosso lar aquilo que serve – e que é composto de elementos adoecedores – ou aquilo que, embora demande mais energia, dedicação, envolvimento, cultura e informação, resulte em algo construtivo que poderá fazer a diferença na sociedade? Pode parecer fácil falar a respeito, mas diante da raiva, da frustração, da tristeza ou do teste de limites, é consideravelmente desafiante não recorrer à violência como uma solução imediata e eficaz. De fato, esse talvez seja um dos principais atributos da violência: a simplicidade, ou melhor, a superficialidade com que consegue finalizar uma situação. E quando optamos por soluções superficiais não podemos esperar consequências diferentes, ou seja, seres humanos com profundidade em suas ações e decisões. Traçando um paralelo, é como se frente a uma dor de estômago ou uma dor muscular que aparece escolhêssemos simplesmente tomar um remédio sem sequer nos importarmos com seu significado, sua origem, seu papel e seu alerta. Já diziam os orientais
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ALGUMA COISA ESTÁ FORA DA ORDEM: QUANDO A VIOLÊNCIA É ENSINADA EM CASA
que, se quisermos ser verdadeiramente saudáveis e equilibrados, devemos sempre ouvir os sinais de nosso corpo para compreender seu funcionamento e suas necessidades. Esse modo de pensar e agir pode ser aplicado ao contexto da violência: se você quer construir sólidas relações em que o que prevalece é o bem-estar, o progresso e o equilíbrio do(s) outros(s) preste atenção nos acontecimentos e sentimentos decorrentes para ouvir e batalhar pelas necessidades que emergem, em vez de escolher violar isso tudo em nome do imediatismo e da praticidade. Optar pela violência, além de ser uma decisão vazia e empobrecida, pode significar o estabelecimento de uma triste correlação dela com o afeto ou atenção. Infelizmente, em função do contato verbal, visual ou tátil decorrente de situações de violação, em vários casos esse paralelo é estabelecido e o indivíduo pode compreender que, para sair de um cenário de indiferença em busca de um contato ou troca, é preciso se submeter ou aceitar que isso se concretize por meio de atitudes violentas. Portanto, que possamos, em cada uma de nossas ações frente à raiva ou ao desconforto, agir de modo presente, atento, consciente, pois na presença dessas condições dificilmente haverá espaço para a violência, dada a profundidade e comprometimento que tais condições exigem do indivíduo.
*Luiz Francisco Jr., professor de graduação em Psicologia da FADISP
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EM TODO BRASIL RORAIMA
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RIO GRANDE DO NORTE
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EM E V BRE
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