TFG - Coworking Sustentável - Larissa Sanches

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COWORKING SUSTENTÁVEL espaço de vivência profissional colabor(ativo) por meio do design permacultural

Larissa Cristina de Andrade Sanches TFG II



COWORKING SUSTENTÁVEL espaço de vivência profissional colabor(ativo) por meio do design permacultural

Larissa Cristina de Andrade Sanches Trabalho Final de Graduação II apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da FCT - UNESP campus de Presidente Prudente como requisito para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob orientação do Prof. Dr. Fernando Sérgio Okimoto.

Presidente Prudente 2021



“Tudo tem o seu tempo determinado, e um tempo para cada propósito debaixo do céu.” Eclesiastes 3.1 Há tempo de plantar e outros de colher. Há tempo de chorar e outros de sorrir. Há tempo de chegada e outros de partida. De cada um desses momentos tiro a experiência e as pessoas que estiveram comigo. Sem elas, nada disso seria possível.



Meu agradecimento especial vai para as pessoas que foram essenciais para que esse trabalho pudesse acontecer. Primeiramente, ao meu orientador, obrigada pela confiança, por estar sempre presente e totalmente entregue e disposto a aperfeiçoar esse TFG cada dia mais. Ao Kalil, meu companheiro de vida, pelo apoio diário, me dando energia e me sustentando nos dias mais intensos. À Dani e a Bia, sempre me dando dicas, me ajudando e me dando a mão nos momentos em que mais precisei. Às meninas, Bruna, Fer, Thami e Sara, sempre me ouvindo, dando conselhos e me apoiando. Vocês são presentes que a arquitetura me deu e são essenciais para mim! À minha mãe e ao meu pai, que sempre estiveram presentes e me deram o suporte necessário. Foi na Unesp que pude me desenvolver e ter o contato com diversas oportunidades e experiências que foram determinantes para quem eu sou hoje. Esse trabalho é a conclusão de um ciclo e ele representa tudo o que pude aprender e vivenciar nos últimos anos e será a base para o caminho que vou trilhar. Ao leitor, esse trabalho foi feito com muito carinho e cuidado ao longo dos últimos 2 anos (desde os esboços iniciais do tema). Espero que a busca por uma vida mais sustentável e com maior bem-estar o abrace e te leve a caminhar dentro desse TFG. Seja bem-vindo!



RESUMO O trabalho trata da produção de um coworking sustentável - um espaço de trabalho compartilhado com caráter colaborativo e que tenha relação com a sustentabilidade. O espaço deverá promover a potencialização da produtividade individual e das empresas, com base nas tendências do futuro do trabalho, com a comunidade se beneficiando de infraestrutura e serviços coletivos, colaborando e produzindo espaços vivos de trocas. A intensão é trabalhar com a sustentabilidade ambiental, social e na esfera da arquitetura e da construção civil. Com isso, pretende-se obter um projeto que responda às demandas por um espaço mais eficiente, que fomente o trabalho e a eficiência, sendo capaz de fortalecer o networking e de gerar oportunidades na comunidade, além de responder à filosofia individual e coletiva de uma vida que minimize seus impactos ambientais. Palavras-chave: Arquitetura Sustentável; Tecnologia Social; Trabalho Remoto; Officeless; Empreendedorismo; Economia Compartilhada.



sumário

Apresentação

12

1.

Introdução

14

2.

Futuro do trabalho e economia compartilhada

17

3.

4.

5.

6.

2.1.

Histórico do trabalho e panorama atual

18

2.2.

Quarta revolução industrial e tendências

19

2.3.

Empreendedorismo no Brasil

22

2.4.

Gerações X, Y e Z

24

2.5.

Economia Compartilhada

26

Coworking colaborativo

29

3.1.

Novos locais de trabalho, entre eles o coworking

30

3.2.

Coworking: definição e funcionamento

31

3.3.

Definição de colaborativo

35

Arquitetura sustentável e construções eficientes

39

4.1.

Permacultura

40

4.2.

Arquitetura sustentável e construções eficientes

43

4.3.

Biomimética e Design Biofílico

45

Estudos de caso

51

5.1.

CIVI-CO

52

5.2.

Google Campus São Paulo

58

5.3.

WeWork DRN Praga

62

5.4.

Spaces Vila Madalena

66

5.5.

WeWork Av. Paulista 1374

70

5.6.

Análises finais

73

Proposta Projetual

77

6.1.

Público-alvo

78

6.2.

Área de estudo - São Paulo (SP)

79

6.3.

Lotes para o projeto

85

6.4.

Diretrizes projetuais e programa

100

6.5.

Energias externas - entorno e lote

110

6.6.

Projeto - Coworking Sustentável

120

Referencial bibliográfico Anexo - Desenhos Técnicos

152


apresentação

12

A ideia para o tema do TFG surgiu de diversas experiências que tenho passado nos últimos anos, inclusive na graduação. A ideia de um coworking sustentável na cidade de São Paulo (SP), atrelado às novas relações que o futuro do trabalho traz, relaciona-se a maneira como o homem vai lidar com demandas de novas habilidades. Além disso, relaciona-se com o espaço que será ocupado pelas atividades laborais, visto que hoje hoje existem diversas problemáticas de degradação dos espaços e das relações de trabalho. Meu primeiro contato com espaços de coworking se deu com a minha entrada na Empresa Júnior e no Movimento Empresa Júnior, em que estive imersa por quase três anos. Foi em um ecossistema que respira empreendedorismo e novas alternativas – o maior movimento de empreendedorismo jovem brasileiro – e em seus diversos eventos regionais, estaduais e nacionais que descobri um grande propósito pessoal. Meu propósito está relacionado com impactar para melhor a vida do outro, por meio de minhas ações, e escalar esse impacto. Com a arquitetura e urbanismo posso atingir esse propósito diretamente, através das áreas de atuação de projeto, tecnologia da construção e permacultura. A arquitetura sustentável também é outro tema que está presente no meu dia-a-dia. Minha pesquisa sobre conforto térmico em espaços públicos abertos (2018-2020) me fez desenvolver habilidades e adquirir conhecimentos referentes ao conforto térmico e a problemática do desconforto dos usuários das cidades brasileiras. O futuro com certeza é verde, com a necessidade e a responsabilidade de arquitetos e urbanistas pensarem espaços que respeitem o entorno e que minimizem seus impactos ambientais, sendo uma construção inteligente, eficiente e responsável. Nesse sentido, a permacultura


surge trazendo o objetivo de projetar uma arquitetura eficiente e, ao mesmo tempo, viva. São Paulo (SP) foi a metrópole brasileira escolhida como local para receber este projeto, sendo a maior e mais populosa cidade do país. Sendo classificada como a cidade mais empreendedora do Brasil, respira constantemente inovação e tendências. Contudo, apresenta muitos problemas e disparidades, como mobilidade urbana ineficiente, segregação no espaço urbano e concentração de renda e de trabalho em áreas distintas das grandes manchas de adensamento populacional. Tal quadro reflete diretamente na saúde psicológica de seus habitantes e no tempo disponível para a realização de atividades que não seja se locomover ou trabalhar. A capital Paulista é minha cidade natal, com isso, vivenciei na prática tais relações e vejo pessoas ao meu redor passarem todos os dias por essa rotina exaustiva. Nesse sentido, este coworking surge como alternativa para os habitantes da cidade que desejam trabalhar mais próximo a suas moradias, em um ambiente de economia compartilhada. Ambiente esse em que todos utilizam dos mesmos recursos e dividem seus custos, tornando o trabalho algo mais flexível e menos custoso, possibilitando que pessoas de diversos níveis e classes sociais possam empreender dentro de suas ideias.

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1. introdução

14

Novos locais de trabalho têm sofrido adaptações no contexto das mudanças nas relações de trabalho e em relação às tendência da Revolução 4.0, dando origem a espaços de trabalho colaborativos. O espaço de coworking, - um modelo de espaço de trabalho compartilhado - é projetado de maneira a incentivar o networking entre seus usuários, em um contexto de inovação, de produtividade e de fluxos de informações digitais. O local é caracterizado por postos de trabalho individuais ou coletivos, no contexto da economia compartilhada - com uma mesma infraestrutura e seus custos compartilhados entre todos. Seus usuários, chamados coworkers, buscam o espaço como alternativa aos altos custos de se manter um escritório, além do diferencial da colaboração e do compartilhamento que o espaço possibilita, proporcionado a transferência de conhecimento e de novas oportunidades de serviço. Usualmente os usuários são profissionais freelancers, autônomos, startups e micro, pequenas e médias empresas, empreendendo e inovando com diferentes ideias. Esse projeto de pesquisa trata da produção de um coworking que seja sustentável e que o caráter colaborativo e compartilhado esteja presente. O espaço e as possibilidades nele presentes, de infraestrutura e de gestão do espaço, devem estimular as relações entre os profissionais. Dessa maneira, criando ambientes, eventos e oportunidades que cada um possa apresentar suas habilidades e trabalhos e que novas oportunidades possam ser geradas. A construção do senso de comunidade se dará através das interações diárias com o outro e com o espaço. Os objetivos consistem no levantamento bibliográfico consistente dos três grandes temas abordados pela pesquisa: futuro do trabalho, coworking colaborativo


e arquitetura sustentável; além disso, levantamento de campo para conhecer espaços de coworking, seus usuários e identificar as principais ambiências do espaço e as necessidades de cada tipo de trabalhador, analisando essas referências projetuais; definir o tipo de público-alvo que o projeto deverá alcançar; observar as tendências de crescimento da cidade de São Paulo (SP) e identificar uma região e um terreno para a implantação do projeto; definir diretrizes e projetar um espaço de coworking sustentável e colaborativo. Durante todo o trajeto projetual devese trabalhar com a sustentabilidade ambiental, social, arquitetônica e na engenharia civil. Espera-se, com isso, proporcionar um espaço que responda às demandas da economia local e do futuro do trabalho, com espaços vivos de colaboração, em que a comunidade potencialize a eficiência individual, e o individual potencialize o coletivo, com diferentes gerações e áreas, em uma estrutura sustentável e eficiente – que minimize seus impactos ambientais.

15



2. futuro do trabalho e economia compartilhada


2.1. Histórico do trabalho e panorama atual

18

A história do mundo do trabalho moderno está intimamente relacionada ao desenvolvimento do capitalismo e suas diversas fases. O sociólogo Karl Marx, ao analisar a história sobre uma perspectiva da luta de classes, definiu duas classes que a compunha: patrões e empregados. Suas reflexões e análises passam a ter grande importância no capitalismo, onde as relações de trabalho se tornam ainda mais complexas. Para Marx, o trabalho se torna algo alienante, pois o trabalhador se especializa em apenas uma tarefa, sendo afastado do resultado da produção e pouco participando do projeto (MARTINS, 2000; OKUBO, 2018). As últimas décadas do século XX foram marcadas por diversas transformações nos processos produtivos, como o desenvolvimento acelerado da tecnologia, do capitalismo e da globalização. Há a valorização da ciência, da informação e da técnica. Milton Santos (1997, p. 54) define que “os fluxos de informação são responsáveis pelas novas hierarquias e polarizações e substituem os fluxos de matéria como organizadores dos sistemas urbanos e da dinâmica espacial”. Com isso, as novas dinâmicas da informação interferem e influenciam nos espaços e na dinâmica que neles ocorre. Para Medina & Krawulski (2015), os fatores já citados e outros contribuíram e contribuem para um novo posicionamento do homem no trabalho, na sua forma de atuar e nos espaços utilizados para tais atividades. Segundo Okubo (2018, p. 2), “os avanços tecnológicos e a globalização configuraram uma nova dinâmica do espaço e das relações sociais, inclusive dentro das organizações”. Segundo a autora, nossa sociedade está inserida em um contexto de valorização da informação e do conhecimento, fazendo com que as novas gerações sejam estimuladas a empreender e buscar maneiras não tradicionais de trabalho. As mudanças na sociedade e no contexto produtivo estão fazendo com que haja precariedade e instabilidade nas relações de trabalho tradicionais, ocasionando mudanças na vida profissional e pessoal dos trabalhadores. O crescimento do chamado trabalho flexível é característico do século XXI, com a internet e o desenvolvimento tecnológico possibilitando as atividades de trabalho independentemente do local físico em que o trabalhador se encontra, alterando a dinâmica das empresas e aumentando o número de terceirizados e de


subcontratados (MEDINA & KRAWULSKI, 2015). A globalização, as tecnologias da informação e a comunicação “estão transformando continuamente a relação entre localizações geográficas, espaços e atividades econômicas, moldando as geografias urbanas e regionais”. Nessa tendência geral observa-se formas de compartilhamento e de economia compartilhada, gerando debates sobre seus benefícios em termos de crescimento econômico e de desenvolvimento sustentável (DURANTE & TURVANI, 2018, p. 1, tradução nossa). ¹

O futuro do trabalho hoje está no centro dos principais debates, tanto socioeconômicos quanto políticos. Em um mundo onde a concentração de riqueza está na mão de uma minoria, muito distante do montante da massa trabalhadora que representa a maioria, a natureza do trabalho e sua distribuição são reveladas.

2.2. Quarta revolução industrial e tendências

O poder vem do trabalho e do dinheiro que gera. Da ausência de trabalho decorre impotência. Isso é particularmente relevante em 2019, pois as pessoas entendem que o trabalho está mudando mais rapidamente do que nunca. Os argumentos são tão ferozes porque os riscos são muito altos. A maior razão pela qual o trabalho está mudando tão rapidamente? Tecnologia. Um novo cenário digital foi aberto, com pessoas brilhantes resolvendo problemas inimaginavelmente difíceis, usando ferramentas que melhoram a cada dia. Muitas pessoas estão empolgadas e energizadas com o que está surgindo. Mas muitos não estão. Muitas pessoas têm medo de que o pouco controle que tiveram sobre a escada econômica esteja prestes a cair (PRING, 2019, p. 1-2, tradução nossa). ² 1 “Are continuously transforming the relationship between geographical locations, spaces and economic activities, shaping urban and regional geographies.” 2 “Power comes from work, and from the money it generates. From the absence of work stems powerlessness. This is particularly salient in 2019, as people understand that work is changing more quickly than ever before. The arguments are so fierce because the stakes are so high. The biggest reason why work is changing so quickly? Technology. A new digital landscape has opened up, of brilliant people solving unimaginably hard problems using tools that are improving by the day. Many people are excited and energized by what’s emerging. But many aren’t. A lot of people are frightened that what little grip they had on the economic ladder is about to slip.” 19


Já estamos vivenciando a quarta revolução industrial. Para Pring (2019), atualmente há uma grande pressão em relação ao medo de superar às máquinas em todas as tarefas que elas conseguem fazer. Alguns estudos, como o relatório da Universidade de Oxford, de Frey & Osborne (2013 apud PRING, 2019, p.2), sugerem que quase metade dos empregos nos EUA estivessem em risco de substituição por máquinas – transmitindo uma ideia sombria de um mundo pós trabalho. Após o capitalismo viver várias facetas no ocidente, de ênfase na eficiência econômica, hoje pode-se perceber grande descontentamento social em boa parte desses países. Pring (2019) retrata sobre o crescimento da automação e da linha de eficiência econômica. O autor afirma que, nesse contexto de crescimento, quem se adaptou e dominou os novos meios de produção continuou no mercado. Porém, aqueles que não acompanharam o ritmo de mudanças acabaram por ver seus negócios indo à falência. Para o autor, o caminho para garantir a eficiência econômica e a harmonia social é colocar os meios de produção nas mãos de cada vez mais pessoas, beneficiando, assim, todas as parcelas da população. O fato de que esses tipos de oportunidades estão proliferando é essencial para nossa visão de que existe um futuro para o trabalho humano. De fato, nossa crença fundamental é que a imaginação e a criatividade humanas serão a fonte do trabalho humano ad infinitum. É claro que o trabalho que realizamos será diferente no futuro, mas um mundo em que todo o trabalho é realizado por máquinas é uma fantasia recorrente e mal-humorada que surge em momentos de grandes mudanças tecnológicas (PRING, 2019, p. 2-3, tradução nossa). ³

Em relação a arquitetura e urbanismo, Pring (2019) enumera algumas habilidades que continuarão existindo no futuro do trabalho, entre elas as habilidades duradouras. Algumas habilidades duradouras são: vender, algo retratado pelo autor como de extrema 3 “The fact that these types of opportunities are proliferating is core to our view that there is a future for human work. In fact, our foundational belief is that human imagination and ingenuity will be the source of human work ad infinitum. Of course the work we do will be different in the future, but a world where all the work is done by machines is a recurring, wrong-headed fantasy that surfaces at moments of great technological change.” 20


importância tanto em passados remotos quanto hoje e no futuro; outras habilidades como empatia, confiança, ajuda, imaginação e criação sempre serão necessárias. O campo da arquitetura e urbanismo aborda diversas dessas habilidades, principalmente as de imaginação e criação, além de empatia para entender os contextos e necessidades do outro. Talvez a prática da profissão ocorra de maneira distinta no futuro ao que vemos hoje, mas ela continuará sendo de suma importância, sendo as habilidades duradouras fundamentais para os empregos do futuro (PRING, 2019). No que diz respeito ao futuro das empresas, Baedkel (2013) nos posiciona em uma adaptação constante, de uma sociedade industrial para uma sociedade inovadora. Para 2020 o autor previa que as empresas deveriam se concentrar na melhoria da produtividade dos trabalhadores. Dessa forma, os funcionários experimentariam maior especialização ou maior terceirização. Ainda para Baedkel (2013), as despesas poderiam ser transformadas e a geração de valor teriam mais foco através de terceirização e de mais colaboração, anunciando a tendência trabalhista da terceirização e flexibilização individual de maneira a reduzir custos e se adaptar mais rapidamente às mudanças mercadológicas. Segundo Baedkel (2013), com as tarefas podendo ser realizadas a partir de qualquer lugar físico, como dentro de casa ou em algum café, as empresas deverão mudar suas estruturas e repensar o papel do local de trabalho na geração de valor. Para o autor, o trabalho mais flexível e individualizado se torna um desafio, “pois muitas boas ideias e reuniões espontâneas acontecem no bebedouro ou nos intervalos para o café, nas muitas situações informais que também estabelecem as relações sociais dos funcionários e que criam a sensação de pertencer a um local de trabalho (BAEDKEL, 2013, p. 2, tradução nossa). 4 Com o coronavírus (COVID-19) se espalhando pelo mundo desde janeiro de 2020, contabilizando milhões de infectados, muitos países adotaram práticas como a de quarentena de parcelas de sua população para conter a rápida disseminação do vírus. Com isso, milhões de 4 “Since many good ideas and spontaneous meetings take place at the water cooler or during coffee breaks, in the many informal situations that also establish the employees’ social relations and create the feeling of belonging at a workplace.” 21


pessoas passaram a trabalhar em casa, por motivos de quarentena ou por motivos de precaução. Tal fato fez com que houvesse “um grande experimento global de trabalhar em casa”, numa escala nunca antes vista. Estima-se que a epidemia tenha ampliado o debate sobre futuro do trabalho, causando reflexões sobre os benefícios de se trabalhar em casa e de uma mudança na tipologia tradicional de escritório. O interesse no trabalho remoto está crescendo em popularidade, causando mudanças de atitudes e hábitos, afetando, também, o design de escritórios e de espaços alternativos para o trabalho. Esse experimento global de home office pode ser um catalisador para um relacionamento futuro mais saldável entre os seres humanos e seus locais de trabalho, algo que já era muito evidente antes da atual pandemia (WALSH, 2020).

2.3. Empreendedorismo no Brasil

22

O empreendedorismo é uma força essencial para o desenvolvimento e para o bem-estar da sociedade, gerando empregos, dirigindo e modelando inovações, contribuindo para a produtividade, catalisando crescimento econômico e competitividade nacional. Países como o Brasil, emergentes e com um cenário de diversos problemas em setores como economia e desemprego, se tornam propícios para um ambiente de inovação e principalmente para o empreendedorismo – uma das principais soluções para a geração de oportunidades de trabalho e de renda no país. Segundo o Sebrae Nacional (2017), existem mais de 17,5 milhões de pequenos negócios no Brasil, que compreendem desde empreendedores individuais (MEI) a micro e pequenas empresas (MPE), representando mais de 90% dos empreendimentos nacionais e gerando cerca de 61,5% de postos de trabalho, sendo 44,8% de empregos formais. As micro e pequenas empresas respondem por 27% do PIB nacional (SEBRAE NACIONAL, 2017), revelando a importância do empreendedor brasileiro tanto no cenário econômico quanto no cenário social do país. O Relatório Brazil Digital Report (CALICCHIO et al., 2019), feito pela consultoria McKinsey com o apoio da Brazil at Silicon Valley, apresenta uma visão geral da economia brasileira, mostrando que “o Brasil oferece muitas oportunidades significativas e também


muitos desafios – oportunidades de inovação – para impulsionar a produtividade, o crescimento e os avanços sociais”. O relatório define o Brasil como “um país de empreendedores”, evidenciando um crescente potencial do ecossistema brasileiro, porém que ainda necessita de algumas melhorias. Segundo o estudo, 39% da população economicamente ativa trabalha em iniciativas empreendedoras. Ainda existem algumas barreiras ao crescimento, como as dificuldades em abrir, operar e principalmente fechar um negócio. No Brasil se leva em média 79 dias para abrir uma empresa, contra um dia e meio nos Estados Unidos, por exemplo, sendo 44% mais caro, em média, os custos para fechar uma empresa em comparação com abrir uma. (CALICCHIO, 2019). De acordo com um levantamento de percepções do brasileiro sobre o empreendedorismo (ENDEAVOR, 2013), é notável a aspiração do brasileiro ao empreendedorismo, em que quase 90% da população acredita que “empreendedores são geradores de empregos”, 74% diz que “o empreendedorismo é a base de criação de riqueza, beneficia a todos nós” e 76% prefere ter um negócio próprio a ser empregado ou funcionário de terceiros, sendo esse último a segunda maior taxa do mundo, ficando apenas atrás da Turquia. Além disso, empreender para o brasileiro é “considerado um meio de alcançar mais prazer, autonomia e realização” (ENDEAVOR, 2013). Com dados mais atuais, a Pesquisa GEM – Global Entrepreneurship Monitor – que mediu em 2018 a taxa de empreendedorismo em 49 países do mundo, que juntos somam 90% do PIB mundial, mostra que o Brasil é o sexto país mais empreendedor do mundo (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2018). O GEM, coordenado no país pelo Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade - IBQP, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) levantou que, em 2018, 2 em cada 5 brasileiros adultos (38%) estavam envolvidos com alguma atividade empreendedora. O número foi o segundo maior registrado na série histórica, que o Brasil participa desde 2000. Ou seja, aproximadamente 52 milhões de brasileiros entre 18 e 64 “estavam liderando alguma atividade empreendedora, seja na criação e consolidação de um novo negócio, ou realizando esforços para a manutenção de negócios já estabelecidos”. Ainda segundo a pesquisa (2018): 23


O empreendedor não é apenas aquele que cria e lidera um empreendimento estruturado, ou um negócio de sucesso ou inovador; não é somente aquele sujeito que se mostra realizado e satisfeito ao ser proprietário de um empreendimento; e também não se restringe à existência, ou vinculação com pessoas jurídicas formalizadas legalmente. O GEM identifica como empreendedores as pessoas que criaram ou estão criando qualquer tipo de empreendimento, mesmo aqueles mais simples, gerados pela necessidade de subsistência (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2018, p. 9).

Um dos aspectos mais importantes da pesquisa apresentada por Monitor (2018) é sobre as motivações para ser empreendedor. O empreendedorismo por oportunidade, quando a pessoa abre um negócio por identificar uma oportunidade de mercado registrou o melhor resultado nos últimos 4 anos, sendo de 62% do número total de empreendedores. Em relação ao empreendedorismo por necessidade, que corresponde à criação de um negócio por falta de outras possibilidades para geração de renda e ocupação, o Brasil está em quinta posição no ranking mundial, revelando um aspecto de que grande parte do empreendedorismo brasileiro se dá por uma questão de sobrevivência. A pesquisa (MONITOR, 2019) também revelou um aumento do público jovem, de 18 a 24 anos, entre os novos empreendedores. A taxa de participação desse público subiu de 18,9% em 2017 para 22% em 2018, do total de empreendedores que iniciavam uma atividade empresarial.

2.4. Gerações X, Y e Z

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As relações contemporâneas no ambiente de trabalho na Terceira e na Quarta Revolução Industrial se tornaram tão complexas que abrangem hoje uma série de questões que antes não estavam presentes. Tais questões, como carreira sólida dentro de uma mesma organização e estabilidade no trabalho, passaram gradualmente - com a inserção das gerações Y e Z no mercado de trabalho - a dar lugar a outras questões, como: a motivação de quem trabalha, a identificação com os valores da empresa e com sua cultura organizacional. (FANTINI & SOUZA, 2015; OKUBO, 2018).


Segundo Fantini & Souza (2015), para as diferentes faixas etárias de profissionais no mercado de trabalho se deu o nome de geração, “conceito que classifica o conjunto de indivíduos que nasceram em uma mesma época e que têm determinados comportamentos, valores e necessidades”. Tais necessidades de cada geração impactam na motivação e nas perspectivas sobre o futuro profissional e pessoal. Para Brisotto (2019), as gerações apresentam comportamentos e hábitos culturais que diferem entre si e têm um conjunto de características, motivações e perspectivas sobre suas carreiras profissionais, pois engloba um grupo de pessoas que “viveu acontecimentos sociais significativos em fases cruciais do desenvolvimento”. Oliveira (2012) apud Fantini & Souza (2015) define quatro gerações presentes atualmente no mercado de trabalho como sendo: “Baby Boomers”, dos trabalhadores nascidos entre 1946 e 1964; Geração X, dos nascidos entre 1965 e 1980; Geração Y, dos nascidos entre 1980 e 1999; e Geração Z, dos nascidos a partir do ano de 2000. Fantini & Souza (2015) contam que as transformações globais dos últimos anos passaram a desencadear transformações no ambiente empresarial. Nas décacas de 1970 e 1980 predominava o modelo de carreira organizacional, com carreira dentro de uma mesma organização, emprego de longo prazo e estabilidade. A partir da década de 90 demandas mais modernas no conceito de carreira se intensificam, trazendo a busca por empregabilidade, construindo carreira em diversas empresas; flexibilização do trabalho e de horários; compartilhamento de conhecimentos e valores; satisfação das necessidades individuais de cada colaborador e a busca incessante por qualidade de vida. Para Brisotto (2019), os indivíduos baby-boomers são caracterizados por renunciarem à vida pessoal, em prol de desempenho e de dedicação às organizações, e que respeitam a hierarquia, sendo muitas vezes conhecidos como viciados por trabalho. Os da geração X são mais céticos, que passam a buscar por bem-estar na vida particular, iniciando uma mudança nas organizações à partir dessa postura. A geração Y, possuindo forte familiaridade com as tecnologias, é formada por jovens curiosos e ambiciosos, que se preocupam com o ambiente em que estão inseridos, voltados para um mundo em desenvolvimento, que buscam por novidades 25


e por desafios para o crescimento profissional. Por fim, a geração Z é caracterizada por jovens nascidos na era digital, imediatistas, individualistas e multitarefas, buscando empresas que lhes dê flexibilidade, autonomia e liberdade, já ocasionando mudanças no mercado de trabalho graças a essas características. Diferente dos baby-boomers e geração X, que preferem estabilidade e garantia de emprego, as gerações Y e Z estão em busca de novos desafios, sendo gerações com maior tendência ao empreendedorismo (OKUBO, 2018). Essas gerações não buscam apenas segurança financeira e estabilidade, também almejam se sentirem realizadas e motivadas profissionalmente, talvez por não conseguirem separar vida pessoal da vida profissional. Ou seja, caso esse indivíduo não consiga se adaptar ao ambiente de trabalho em que está, irá em busca de novos desafios, como empreender e ter atitudes inovadoras, transformando o meio em que vive. Para algumas pessoas dessas gerações a ideia de trabalho, tão clara para outras gerações, pode ser trabalhada de outra maneira, dialogando com a qualidade de vida e satisfação profissional. (FANTINI & SOUZA, 2015; OKUBO, 2018).

2.5. Economia compartilhada

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O compartilhamento de informações por meio das tecnologias da informação, continuamente desenvolvidas no final do século XX e no século XXI, contribuem para a difusão de locais de trabalho colaborativos. A economia compartilhada tem por característica principal facilitar o acesso a bens e serviços por meio de plataformas digitais. É difundida em diversos setores e atividades, como no setor econômico, de transportes, turismo e varejo, graças a criação de plataformas de compartilhamento digital que podem ser acessadas de diferentes lugares do mundo. O surgimento das tecnologias da informação e da comunicação tornam esse processo possível, além de mudarem a ideia do conceito de trabalho, transformando comunidades e locais de trabalho. Tais tecnologias têm produzido uma tendência de trabalho virtual, oferecendo diversas possibilidades de cooperação virtual e de uso de serviços online (DURANTE & TURVANI, 2018). O conceito de economia compartilhada tem revolucionado o mercado e diversas indústrias. O termo


está relacionado ao compartilhamento de bens e serviços, realizado principalmente em plataformas digitais, como em um aplicativo. Hoje, diversas empresas adotaram a economia compartilhada em seu modelo de negócios, como a Uber, conectando motoristas e usuários que precisam se locomover de um local ao outro. Outro exemplo é o Airbnb, que oferece hospedagens de diversas pessoas ao redor do mundo para viajantes. Esse modelo de economia, atualmente, é uma das tendências de negócio de crescimento mais rápido, promissor e rentável. Normalmente, o compartilhamento de ativos e serviços é adquirido pelos usuários para uso a curto prazo, sendo parcialmente motivado pelo desejo dos usuários de aproveitar os recursos subutilizados ao máximo e de evitar desperdícios. Atualmente, se vê o compartilhamento abrangendo novas interações, como a de B2B, em que empresários imobiliários veem a oportunidade de considerar o coworking como uma alternativa para os seus edifícios e áreas ociosas (MENDES, 2019).

27



3. coworking colaborativo


3.1. Novos locais de trabalho, entre eles o coworking

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Para Durante & Turvani (2018), no contexto de mudanças nas relações de trabalho, os locais de trabalho estão sofrendo adaptações, dando origem a locais de trabalho colaborativos, como Fab Labs, incubadoras e espaços de coworking. Para Medina & Krawulski (2015), as múltiplas possibilidades do exercício das atividades de trabalho, em escala mundial, fizeram com que surgissem os escritórios de coworking, onde atuam profissionais denominados coworkers. Okubo (2018, p. 10) fala sobre os novos cenários e novas organizações que estão surgindo na atualidade, sendo um deles eles o próprio espaço de coworking. Tal espaço é projetado de maneira a “incentivar o networking (entre os usuários), em um contexto de inovação e ascensão dos fluxos de informações digitais” A palavra coworking existe desde o ano 2000, contudo seu sentido foi alterado após a abertura de um espaço em 2006 em São Francisco, nos Estados Unidos. Brad Neuberg, um engenheiro freelancer, trabalhava de maneira autônoma em São Francisco quando decidiu abrir um espaço chamado “The Hat Factory”, em um prédio antigamente ocupado por uma fábrica de chapéus. O espaço de trabalho aberto por ele tinha por finalidade à cooperação, tanto física quanto virtual, para pessoas que buscavam um local para trabalhar. Ele começou a trabalhar no espaço com alguns amigos em 2006, e, para ele, o espaço de coworking solucionou uma questão pessoal: a solidão do trabalho do tipo home office (UDA, 2013; YANATA, 211). Desde então outros exemplos de coworking foram surgindo ao redor do mundo, principalmente nas cidades americanas e, eventualmente, na Europa (UDA, 2013). De acordo com as análises de Mazareanu (2019) referente à pesquisa do Statista, até o final de 2018 havia cerca de 18.700 espaços de coworking em funcionamento. A previsão é de que no final de 2019 tenham 22.400 coworkings ao redor do mundo, sendo hoje a Ásia com a maior parte dos espaços, com 11.592, seguida pela Europa, Oriente Médio e África, que juntos totalizam 6.850 espaços. O coworking é um fenômeno relativamente recente no Brasil. Os primeiros movimentos de implementação dessa iniciativa datam de 2007 no país, sendo uma tendência cada vez maior no mercado de trabalho atual (MEDINA & KRAWULSKI, 2015). De acordo com o censo do Coworking Brasil (2019), existem mais de 1.497


espaços de coworkings conhecidos no país, aumentando 25% em relação ao número de 2018. O Censo encontrou espaços de coworkings em 195 municípios com mais de 100 mil habitantes, com pelo menos um coworking ativo por estado, com exceção de Roraima. A prevalência da maior quantidade de espaços se encontra na região sudeste, com quase 62% do total de espaços no país, seguida pela região sul, com 18%. A maior parte se localiza nas capitais, 68%, estando 60% em zona comercial. Os espaços somam mais de 127 milhões de reais movimentados na economia, com 214 mil pessoas circulando, 88 mil estações de trabalho disponíveis e 7 mil empregos diretos. O estado de São Paulo tem o maior número de espaços, com 663, sendo mais da metade deles no município de São Paulo (BRASIL, 2019). Presentes em diversos bairros, Yanata (2011) destaca que muitos estão próximos à Avenida Paulista ou a outros núcleos de edifícios corporativos da cidade, como à Marginal Pinheiros. O autor destaca ainda algumas características desses locais: além da localização corporativa, aponta a facilidade de acesso a transportes públicos e o tamanho desses espaços, que geralmente são pequenos.

Medina & Krawulski (2015, p. 1) definem coworking como “modalidade de trabalho na qual profissionais de diferentes áreas sem local fixo de trabalho buscam ampliar sua rede de contatos, compartilhando espaço e serviços de escritório”. As autoras destacam também as vantagens do baixo custo em se trabalhar em um coworking, com o fornecimento de estrutura adequada para atender todos os tipos de profissionais que ali trabalham. Para Uda (2013, p. 2), coworking significa “uma maneira de trabalhar na qual as pessoas que trabalham se reúnem em um local para criar valor enquanto compartilham informações e sabedoria por meio de comunicação e cooperação sob as condições de suas escolhas”. Ou seja, analisando sua definição, pode depreender que o local de trabalho é fisicamente compartilhado por indivíduos que não são restritos a uma mesma área, trabalho ou empresa, como freelancers, empreendedores de pequena escala ou membros de organizações, enquanto se comunicam de

3.2. Coworking: definição e funcionamento

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forma mútua. O autor atenta para o fato de que, no início, esse era um espaço de trabalho convencionalmente limitado para profissionais específicos. Com a ampliação do leque, essa opção passa a ser amplamente reconhecida como viável para todo tipo de pessoa envolvida em trabalho intelectual. Durante & Turvani (2018) utilizam a definição de coworking de Gandini (2015, p. 194, tradução nossa) 5 como “locais de trabalho compartilhados utilizados por diferentes tipos de profissionais do conhecimento, principalmente freelancers, trabalhando em vários graus de especialização no vasto domínio da indústria do conhecimento”. Os autores definem que, na prática, os CSs (sigla em inglês para espaços de coworking) são escritórios abertos, equipados com mesas, cadeiras e boa conexão à internet, geralmente apresentando espaços para alugar como salas de reuniões e outras salas equipadas, auditórios e escritórios particulares. O fenômeno do coworking é geralmente analisado no debate da economia compartilhada, pois envolve tanto o acesso a ativos físicos compartilhados, como escritório, infraestrutura, lanchonete, espaços comuns, quanto o compartilhamento de ativos intangíveis, tais como informação, conhecimento e habilidades (DURANTE & TURVANI, 2018, p. 3, tradução nossa). 6

O coworking pode ser considerado como um novo formato de trabalho, sendo um caso típico de economia compartilhada. Alguns autores assim o consideram, dando enfoque a utilização do espaço por profissionais autônomos, que objetivam estar ali para ampliar sua rede de contatos. Os coworkings são denominados também como “lugares de mercado”, com o networking sendo possibilitado pelo ecossistema do próprio ambiente que estimula isso. Esse ambiente de compartilhamento é uma nova forma de trabalho, sendo possível graças a contribuição das tecnologias que surgem a cada dia e da flexibilização do trabalho e do modo de se comunicar. 5 “Shared workplaces utilised by different sorts of knowledge professionals, mostly freelancers, working in various degree of specialisation in the vast domain of the knowledge industry.” 6 “The phenomenon of coworking is generally analysed within the sharing economy debate, as it involves both the access of shared physical assets (office, infrastructure, cafeteria, etc.) and the sharing of intangible assets, such as (information, knowledge, etc.).” 32


Nesse espaço também fica evidente a possibilidade de mobilidade dos seus usuários, com os novos modos de se exercer as atividades de trabalho (MEDINA & KRAWULSKI, 2015). Segundo Durante & Turvani (2018), a racionalidade por trás do funcionamento dos coworkings se dá na necessidade dos usuários trabalharem inseridos em uma comunidade, compartilhando não só os conhecimentos e habilidades pessoais, facilitando a inovação, mas também o espaço físico e toda a infraestrutura que ele oferece. Para Okubo (2018), é no espaço de coworking que profissionais liberais, micro ou pequenos empreendedores podem instalar suas empresas, compartilhando a estrutura física e em rede; buscando diminuir os custos, que são compartilhados, e a conexão com outros coworkers, criando uma rede de networking. Segundo Mendes (2019), com o surgimento da internet, de aplicativos de comunicação online e com a popularização de notebooks e smartphones, o trabalho remoto se tornou uma realidade. Com isso, as empresas passaram a ter grande facilidade para contratar colaboradores em qualquer lugar do mundo. Esse contexto permitiu também que freelancers pudessem ter uma carreira digital e que empreendedores fundassem startups. Contudo, os profissionais que trabalhavam de maneira remota começaram a sentir falta do ambiente de um escritório para trabalhar. Nesse sentindo, os coworkings se tornam uma grande vantagem, seja pela estrutura, seja pelo sentimento de pertencer a uma comunidade. Os escritórios compartilhados oferecem aos trabalhadores virtuais a possibilidade de se reunirem fisicamente com outras pessoas, cooperando com facilidade e aproveitando o serviço e a estrutura mais barata, pois têm seus custos compartilhados entre todos. A estrutura completa oferecida inclui “mesas, cadeiras, escritórios privativos, salas de reunião, internet de alta velocidade, cozinha compartilhada, serviço de recepção e limpeza, entre outros” (MENDES, 2019, p. 4). Durante & Turvani (2018) abordam outra questão, em que o coworking pode ser definido como um fenômeno urbano, com grande potencial de regeneração e de revitalização de ambientes urbanos. Além de contribuir para a criação de empregos, estimula também a reutilização de prédios antigos e que estão ociosos nas cidades, transformando os espaços públicos e atraindo 33


outros tipos de atividades para dentro da área urbana. Esses espaços afetam o tecido urbano e socioeconômico, contribuindo para os processos de regeneração urbana local e na cidade. Segundo o Coworking Brasil (2018), no ano de 2018 começou a surgir uma particularidade interessante nos espaços brasileiros. Enquanto alguns espaços consolidam suas marcas, com locais amplos e bem estruturados, outros espaços têm surgido dentro de pequenas empresas, cafés e centros comerciais de forma a atender a comunidade local. Cada um dos espaços no Brasil vem experimentando diferentes estruturas e serviços, com uma pluralidade de perfis e de característica sdos espaços. Em relação às amenidades, mais de 50% dos espaços faz eventos para membros, são acessíveis para cadeirantes e têm serviço de secretariado; mais de 70% têm endereço fiscal e armário privativo; mais de 80% têm espaço para convivência; e mais de 90% têm sala de reuniões, endereço comercial, cozinha ou copa, arcondicionado, café grátis e serviço de impressão (BRASIL, 2019). O Censo do Coworking Brasil (2018) definiu, pela primeira vez, o perfil do coworker brasileiro. Num cenário em que 214 mil pessoas estimadamente frequentam um espaço de coworking no país, foram entrevistados 578 usuários que utilizam esse espaço como local de trabalho pelo menos uma vez por mês. Em relação aos perfis encontrados, a média de idade é de 33 anos, com cerca de 50% homens 50% mulheres, com 59% que não costumam viajar para fora do Brasil, sendo 43% proprietários de empresa, 31% profissionais independentes e 26% funcionários de uma empresa. Em relação ao perfil das empresas, 36% são de somente uma pessoa, 34% têm até 5 funcionários e 12% têm entre 5 e 10 pessoas. Em relação a maturidade, 39% são negócios que estão iniciando, 30% já passaram da fase inicial e estão se consolidando e 19% já estão maduros e estáveis. Em relação à rotina no coworking e à comunidade, “o principal ativo de qualquer espaço de coworking é a comunidade que ele constrói e o quanto consegue engajar seus coworkers nela” (BRASIL, 2018). Consideram importante, principalmente, a localização na hora de escolher o espaço em que vão trabalhar. O tempo médio de deslocamento entre a residência e o coworking é de 27 minutos, sendo que 42% vão com carro próprio, 34


30% de transporte público e 12% caminhando. Dos coworkers, 43% almoçam em local próximo, 31% comem no coworking mesmo e 22% vão para casa para almoçar. Sobre a frequência em que vão ao espaço, 37% frequentam diariamente, 34% de três a cinco vezes na semana e 20% de uma a duas vezes. Dos tipos de estação de trabalho, 36% usam mesas rotativas, 29% mesas fixas e 28% salas privadas. Os serviços mais importantes destacados são, em ordem decrescente: a qualidade da internet; a existência de sala de reuniões, espaço de convivência, copa ou cozinha; área ao ar livre; eventos organizados no local; acesso 24h; impressora; estacionamento facilitado; armário privado (locker); endereço de correspondência e endereço fiscal. (BRASIL, 2018). Buscando entender como o espaço de trabalho compartilhado do coworking influencia na vida dos profissionais que o utilizam, Brasil (2018) destaca que “mais de 60% indicaram melhora na saúde, vida social, networking profissional, organização pessoal e produtividade no trabalho”. Já aprenderam algo novo com alguém que conheceu no coworking 73% dos entrevistados. Já foram contratados por alguém que conheceu no espaço cerca de 30% e também 30% já contrataram um colega que conheceu no espaço para executar algum projeto. Para finalizar, 66% não trocariam o coworking por um escritório tradicional, mesmo que seja pelo mesmo custo, e 99% indicariam a experiência de trabalhar em um coworking para um amigo. (BRASIL, 2018).

Um dos grandes diferenciais e objetivos centrais do coworking é a colaboração e o compartilhamento. É um espaço que cria vantagens para a comunidade que o utiliza, proporcionando a transferência de conhecimento entre seus usuários e permitindo novas oportunidades de emprego. A estrutura física e de gestão do espaço busca estimular as relações entre os profissionais, criando ambientes abertos e sem obstáculos visuais, além de organizar workshops e proporcionar outros tipos de eventos e meios para que os usuários apresentem seus trabalhos e habilidades aos demais (DURANTE & TURVANI, 2018; MEDINA & KRAWULSKI, 2015).

3.3. Definição de colaborativo

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Para Garret, Spreitzer & Bacevice (2017), muitos trabalhadores remotos têm optado por espaços compartilhados de trabalho, como coworkings, por se sentirem cada vez mais isolados e socialmente à deriva trabalhando sozinhos dentro de suas casas ou de cafés, por exemplo. Com isso, os trabalhadores se reúnem nesse espaço para fazerem seus trabalhos individualmente, porém com o propósito de fazerem parte de uma comunidade, co-construindo um senso de comunidade através das interações diárias com o espaço. Os autores definem comunidade como qualidade ou caráter do relacionamento humano (GARRET, SPREITZER & BACEVICE, 2017). Colaboratividade envolve compartilhar experiências e contatos. Presume-se que as comunidades se formem com um objetivo além da conexão social como um fim valorizado em si. Consequentemente, a comunidade foi definida como um grupo de pessoas socialmente interdependentes, que participam juntas de discussões e decisões e que compartilham certas práticas que definem a comunidade e são nutridas por ela. Nesta visão, o que faz uma comunidade não é uma qualidade de relacionamento entre os membros, mas um conjunto de práticas compartilhadas para alcançar algum objetivo pretendido (GARRET, SPREITZER & BACEVICE, 2017, p. 823, tradução nossa). 7

7 “Communities are assumed to form for a purpose beyond social connection as a valued end in itself. Accordingly, community has been defined as a group of people who are socially interdependent, who participate together in discussion and decision making, and who share certain practices that both define the community and are nurtured by it. In this view, what makes a community is not a quality of relationships among members, but rather a set of shared practices to accomplish some intended purpose.” 36


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4. arquitetura sustentável e construções eficientes


4.1. Permacultura

O conceito de permacultura, muito utilizado nas últimas décadas principalmente relacionado às “teorias verdes”, foi cunhado pela primeira vez nos anos 1970 na Austrália pelos ecologistas Bill Mollison e David Holmgren. Os fundadores do conceito, Mollison e seu aluno Holmgren, criaram a permacultura inspirados no modelo de comunidades indígenas tradicionais australianas, além de outras influências da agricultura natural e permanente e de técnicas de design. O termo, que surgiu no campo da agroecologia, veio da fusão, em inglês, de permanent agriculture (agricultura permanente), sendo modificado para permanent culture (cultura permanente ou cultura de permanência). Hoje, o termo permacultura é aplicado em diversas áreas após ser percebido o potencial de expansão do método, pela sua própria essência transversal e transdisciplinar (NERY, 2018). Segundo Mollison (1998, p. 13), “A permacultura é um sistema de design para a criação de ambientes humanos sustentáveis.”. Inicialmente, nos anos 70, era utilizada para descrever “um sistema integrado de espécies animais e vegetais perenes ou que se perpetuam naturalmente e são úteis aos seres humanos” (HOMLGREN, 2002, p. 33). Atualmente, em seu portal Holmgren Design, Holmgren (2019, tradução nossa)8 define o conceito como “um sistema de design para a vida resiliente e para o uso da terra com base na ética universal e nos princípios ecológicos”. Ainda para Holmgren, embora seja muito utilizado no contexto da jardinagem e da agricultura, a mesma ética e princípios se aplicam ao projeto de edifícios, de ferramentas e de tecnologias. O objetivo da permacultura, segundo Mollison (1998, p.13), “é a criação de sistemas que sejam ecologicamente corretos e economicamente viáveis; que supram suas próprias necessidades, não explorem ou poluam e que, assim, sejam sustentáveis a longo prazo”. Nery (2018) traz a luz um posicionamento em relação às décadas atuais: O que a permacultura propõe, na prática, é uma revolução. É a busca de uma cultura de permanência em um contexto regido pelo imediatismo, individualismo e sem a preocupação com nada nem ninguém que nos suceda; permacultura é a busca 8 “A design system for resilient living and land use based on universal ethics and ecological design principles”.

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por um modo de vida e de organização humana que possa ser mais duradouro e sustentável de fato, e não apenas na retórica (2018, p. 26).

A permacultura é ainda baseada na observação de sistemas naturais e no conhecimento de sistemas tradicionais e modernos. Utilizada para desenhar espaços, tanto rurais como urbanos, criando uma relação sistêmica entre os elementos. A permacultura é um novo jeito de estar e viver no mundo, como uma nova ética e maneira de intervir na realidade que vivemos. Podemos utilizar da energia que existe naturalmente na Terra, assim como o uso de recursos naturais, sem destruí-los. (MOLLISON, 1998; HOLMGREN, 2002; NERY, 2018). Metodologicamente, a permacultura possui uma ética composta por três premissas e mais doze princípios. A ética é o conjunto de atitudes morais e crenças de seus praticantes, ou seja, um conjunto de normas repletos de valores que são a base orientadora consciente e responsável dos permacultores. As três premissas que compõe a ética são: cuidado com a terra, cuidado com os outros e a divisão dos excedentes (partilha justa). A existência de uma ética faz com que todas as ações permaculturais devam considerar todos esses valores e premissas, tornando-a não uma ferramenta neutra, mas portadora de intencionalidade (NERY, 2018). O cuidado com a terra trata de cuidado com todas as coisas, sendo vivas ou não. O cuidado com os outros implica no cuidado com as pessoas, de forma que todas as suas necessidades básicas sejam supridas, como abrigo, alimentação, educação e trabalho satisfatórios. O terceiro e último componente da ética, a divisão dos excedentes, considera que, após nossas necessidades básicas tenham sido supridas e nossos sistemas estejam projetados da melhor forma possível, podemos expandir nossas energias e influências para auxiliar o outro a alcançar esses objetivos (MOLLISON, 1998; NERY, 2018). O sistema de design da permacultura, baseado em princípios ecológicos, permite criar ambientes humanos sustentáveis em equilíbrio e harmonia com a natureza, sendo utilizada para planejar, estabelecer, manejar e aperfeiçoar todos os esforços em busca de um futuro sustentável.

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A flor do sistema de design da permacultura (Figura 1), conhecida como Flor da Permacultura, mostra as áreas chave que necessitam de transformação para a criação de uma cultura sustentável. Os princípios éticos e de design têm sido aplicados em uma visão mais ampla da permacultura, por exemplo, em áreas “voltadas a recursos físicos e energéticos, assim como a organizações humanas” (HOLMGREN, 2013, p. 3). O caminho em espiral, evolutivo, inicia-se com a ética e os princípios, evoluindo de uma escala pessoal e local para algo global. Existe também uma série de 12 princípios que são como dicas centrais e universais para o planejamento permacultural. Os princípios estão descritos na Figura 2.

Figura 1 – Flor da Permacultura. Fonte: Holmgren (2013), elaborado pela autora.

Figura 2 – Éticas e princípios do design permacultural. Fonte: Holmgren (2019), elaborado pela autora

1. Use criativamente e responda às mudanças 12. Use as bordas e valorize os elementos marginais

2. Observe e interaja

11. Use e valorize a diversidade

C

R DA UI

DA TER

3. Capte e armazene energia

RA

4. Obtenha rendimento

TI LH A

S

R PA

9. Integrar ao invés de segragar

PE SSO AS

10. Use soluções pequenas e lentas

JUSTA

DA CUIDAR

8. Design partindo de padrões para chegar aos detalhes

6. Use e valorize os serviços e recursos renováveis

7. Não produza desperdícios

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5. Pratique autoregulação e aceite feedback


A arquitetura tem extrema importância para o ser humano e para os espaços que ele ocupa. Muitos problemas que se convive no dia-a-dia podem ser solucionados pela arquitetura, ou seja, a reestruturação desses locais é uma alternativa para a melhoria da qualidade de vida. O ambiente influencia de maneira direta a saúde do corpo e da mente. Ferreira & Degraf (2018) destacam que o ambiente de trabalho influencia diretamente na produtividade e na felicidade do empregado, fazendo com que as empresas invistam cada vez mais em ambientes que estimulem a diversão, o lazer e o conforto de seus usuários. Para os autores, cabe ao arquiteto e a outros profissionais da área desenvolver uma arquitetura que reflita o que é a sociedade de hoje e o que ela necessita, no contexto em que está inserida. A solução para os diversos problemas que as cidades vivem hoje é a implantação de projetos sustentáveis, mudando a mentalidade das ações atuais, pensando num futuro que já é presente (DEMANTOVA, 2012; FERREIRA & DEGRAF, 2018). Para Sell (2018), sustentabilidade é um termo relativamente novo e pouco debatido, não tendo sua abrangência totalmente definida. Sabese que, no geral, sustentabilidade abrange aspectos socioeconômicos, ambientais e políticos. A primeira definição de desenvolvimento sustentável foi concebida por Brundtland (1987 apud SELL, 2018, p. 8) afirmando que o “desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente, sem comprometer o futuro”. No campo intelectual da arquitetura e urbanismo, questões de sustentabilidade começaram a ser debatidas após a crise energética de 1970, alcançando maior ênfase no final da década de 80. Tais discussões compreendiam as consequências de uma crise energética de dimensões mundiais, o impacto ambiental do uso de combustíveis fósseis e as previsões de crescimento das cidades e de suas demandas por recursos. Com o advento da energia elétrica e com a evolução da climatização e da iluminação artificial, estratégias climáticas que já eram utilizadas desde a antiguidade foram se perdendo, como a utilização do vento e da iluminação solar a favor da arquitetura. Após décadas de negligência “ocorre uma retomada de premissas fundamentais de projeto e seu impacto nas condições de conforto ambiental e no consumo de energia” (SELL, 2018, p. 14). Nesse contexto de sustentabilidade a arquitetura bioclimática

4.2. Arquitetura sustentável e construções eficientes

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ganha importância, tendo uma estreita relação entre o conforto ambiental e a eficiência energética. Aproximando a discussão da sustentabilidade ao espaço, promotor de todas essas qualidades, percebe-se a necessidade e a urgência de se aproximar a arquitetura e o urbanismo de aspectos socioambientais e da pegada ecológica, para produzirmos edifícios e cidades sustentáveis não apenas no futuro, mas hoje (HEYWOOD, 2017; JOURDA, 2013). Os projetos de arquitetura têm o potencial de ofertar as quatro categorias dos serviços ambientais: de suporte (quando o projeto está integrado e adequado as características naturais do terreno); de provisão (quando não impacta o meio, com lançamento inadequado de resíduos, por exemplo, e assim não interfere indiretamente na ofertas destes produtos); de regulação (quando trabalha com pavimentos permeáveis, sistemas de micro drenagem, projetos de arborização e paisagismo, entre outras possibilidades) e culturais (quando possuí em seu programa a criação de espaços de lazer, recreação, ou de contemplação, públicos ou privados integrados ao meio ecológico) (DEMANTOVA, 2012, p. 9).

O cenário atual mostra a necessidade de reorientar as práticas de projeto de modo a diminuir a pegada ecológica das cidades, pensando um outro metabolismo. Segundo Demantova (2012), a construção de um processo de sustentabilidade urbana não deve se basear em apenas um conceito, mas sim ser aplicada com base no relacionamento de vários conceitos. Para o autor, todos devemos trabalhar para criar ambientes construídos e de vida nas cidades com base na relação de que a natureza é nossa aliada, não um bem inesgotável, objetivando fins lucrativos. Para isso, existem práticas e alternativas que podem ser pensadas e executadas, desde o planejamento do projeto até a construção da obra, para mudar o metabolismo das nossas cidades, como: Melhorar e incentivar o uso do transporte público; planejar e construir centros locais próximos de residências para diminuir os deslocamentos e a poluição gerada; evitar o desperdício de alimentos; mudar os padrões de consumos; utilizar produtos até o final de sua vida útil; promover ações de reciclagem que significa diminuir a obtenção de matéria prima para indústria; promover política de incentivo ao aumento da durabilidade dos 44


produtos; e incentivar ações nas quais a empresa tornase responsável pelo recolhimento e destino correto de produtos fabricados evitando-se assim a disposição inadequada dos resíduos (DEMANTOVA, 2012, p. 8).

Para Demantova (2012), existem outras possibilidades para os projetos de arquitetura contribuírem com a redução da pegada ecológica das cidades, sendo uma possibilidade pensar na utilização de materiais construtivos locais e em sistemas construtivos que otimizem o uso de recursos naturais. Considerando, portanto, as características locais, como de topografia, climáticas e naturais, pensando em alternativas construtivas, integrando o projeto aos processos ecológicos e materialidades existentes na região. Outra possibilidade é o gerenciamento de resíduos da construção da obra. Para tal é de extrema importância pensar em ações de redução, reutilização e reciclagem de resíduos existentes no canteiro de obras.

Uma nova ciência é apresentada por Benyus (2007) em “Biomimética: Inovação Inspirada pela Natureza”, um campo do conhecimento que pode transformar todas as descobertas e invenções humanas, imitando a natureza como chave para a sobrevivência da humanidade. Biomimética vem do grego e significa bios, vida, e mimesis, imitação. A autora a define em três princípios:

4.3. Biomimética e Design Biofílico

1. Natureza como modelo. A biomimética é a nova ciência que estuda modelos naturais e imita ou tira inspiração desses designs e processos para resolver problemas humanos, como por exemplo, uma célula solar inspirada por uma folha; 2. Natureza como medida. A biomimética usa o padrão ecológico como parâmetro para as inovações. Após 3,8 bilhões de anos de evolução a natureza aprendeu aquilo que funciona, o que é mais apropriado, econômico e durável; 3. Natureza como mentora. A biomimética representa uma nova forma de ver e valorizar a natureza. Ela inaugura uma era baseada não naquilo que podemos extrair da natureza, mas no que podemos aprender com ela (BENYUS, 2007, p. 5).

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A respeitosa imitação da natureza, utilizando do conhecimento adquirido dela para criar e desenvolver em diversas áreas é uma abordagem completamente nova. Segundo Benyus (2007), “a Revolução Biomimética inaugura uma era cujas bases assentam não naquilo que podemos extrair da natureza, mas no que podemos aprender com ela”. É resultante de uma metodologia de investigação baseada na observação e replicação, “fazendo as coisas à maneira da natureza”, com nossos processos de fabricação sendo como os empregados pelos animais e pelas plantas. Com isso podemos mudar a forma de cultivar alimentos, de produzir materiais, de aproveitar energia, de nos curar, de armazenar informações e de gerenciar nossos negócios. Interpretar estruturas naturais para descobrir novos princípios, formas, processos e estruturas se revela muito útil, utilizando a natureza para investigação e criação, acumulando conhecimento e aprimorando técnicas e métodos. Para isso é necessário caminhar na floresta novamente, mudando o relacionamento do homem com o ambiente ao seu redor, encontrando soluções com referência no mundo natural (BENYUS, 2007). No campo da arquitetura e urbanismo, a análise dos fenômenos naturais e das estruturas é frequentemente objeto de estudo. Segundo Freitas & Arruda (2018), muito se utiliza de analogias morfológicas, como de uma folha de palmeira leque sendo aplicada no desenho de uma coluna estrutural, ou de espinhos sendo aplicados ao arame farpado (figura 3), por exemplo. Figura 3 – Analogia Morfológica. Fonte: Freitas & Arruda (2018).

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Ainda segundo Freitas & Arruda (2018), utiliza-se também a analogia simbólica, com casos de mimetização mais abstratas, não correspondendo necessariamente à fidelidade das formas e das funções encontradas na natureza. Os autores definem as construções orgânicas do arquiteto catalão Antoni Gaudí como um grande exemplo da analogia simbólica, com o arquiteto utilizando diversos elementos da natureza desenhados detalhadamente, com uma organicidade única, refletindo uma interpretação pessoal de Gaudí sobre sua visão da natureza (figuras 4 e 5).

Figuras 4 e 5 – Analogia Simbólica, Interior da Basílica Sagrada Família, Barcelona Espanha. Fonte: arquivo da autora, 2018.

No contexto dos ambientes de trabalho, o Design Biofílico surge como uma nova forma de criar ambientes que promovam a saúde e o bem-estar de seus usuários, descrevendo a relação entre o homem e a natureza e a necessidade de estar e permanecer conectado a ela, trazendo-a ao ambiente construído. Fundamentalmente, o design biofílico é teoria, ciência e prática, incorporando a natureza em nossos ambientes do dia-a-dia. Pesquisas na área de psicologia ambiental indicam que estar conectado com a natureza é uma função humana que nos auxilia a nos recuperar mentalmente e aliviar as atividades rotineiras, 47


objetivando o bem-estar. No mundo contemporâneo, cada vez mais, espaços confortáveis, inspiradores e energizantes têm sido necessários, afetando diretamente o nosso desempenho, como sentimos e como interagimos uns com os outros (BROWNING & COOPER, 2015; STOUHI, 2019). Stouhi (2019) define o termo biofilia, que vem do grego antigo, como “amor às coisas vivas”. Embora o termo pareça relativamente novo e esteja se tornando uma tendência gradual na arquitetura e no design de interiores, foi utilizado pela primeira vez em 1964 pelo psicólogo Erich Fromm e popularizado pelo biólogo Edward O. Wilson em 1984. Ainda segundo a autora, o princípio por trás da biofilia é bastante simples: conectar humanos com a natureza, tendo como principal estratégia incorporar características como água, vegetação e luz natural aos espaços construídos; assim como o uso de formas e silhuetas botânicas em vez de linhas retas; e estabelecendo relações visuais entre os elementos, como luz e sombra. Ao incluir conscientemente a natureza no interior ou no projeto arquitetônico, estamos nos reconectando inconscientemente a ela. No entanto, um ambiente desprovido de natureza pode ter um efeito negativo na saúde, sobretudo, na produtividade e bem-estar (STOUHI, 2019).

Figura 6 – Panorama Global dos Escritórios. Fonte: Browning & Cooper (2015).

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Dessa maneira, a aplicação do Design Biofílico tem grande importância, principalmente em espaços produtivos como ambientes de trabalho. Muitos estudos já foram realizados sobre os benefícios da natureza integrada aos ambientes de trabalho. Um desses estudos, o primeiro em escala global, “Espaços Humanos: O Impacto Global do Design Biofílico no Ambiente de Trabalho” (BROWNING & COOPER, 2015), realizou um levantamento com 7600 funcionários de empresas em 16 países – incluindo o Brasil – de maneira a explorar a relação entre o bem-estar psicológico, os ambientes de trabalho e as expectativas de seus usuários. As principais constatações iniciais globais foram que quase metade dos usuários relataram não ter iluminação natural em seu escritório e 58% disseram não ter nenhuma planta ou flor no ambiente (figura 6). Pouco menos da metade (47%) disse ter se sentido estressado em seu local de trabalho nos últimos três meses, ressaltando


a importância de aplicar práticas como o design biofílico. Em relação ao bem-estar, dois terços dos entrevistados (67%) relataram sentir felicidade em ambientes com as cores verde, amarelo ou azul e um terço (33%) disse que o design do escritório afetaria sua decisão de trabalhar naquela empresa. Ao serem perguntados sobre os elementos mais desejados nos escritórios, a luz natural está no topo da lista, um elemento que está presente em cerca de metade nos espaços ao redor do mundo. Em segundo lugar, elementos relativos ao mundo natural como plantas e cores naturais também aparecem em destaque. A disparidade entre o que é oferecido nos espaços de trabalho e as preferências dos usuários destaca a importância do design no local de trabalho (BROWNING & COOPER, 2015). Durante a realização de tarefas que exigem foco e atenção, ambientes mais tranquilos, que incorporam a natureza, permitem maior atenção e menor fadiga mental. Um fator principal para manter o bem-estar positivo, de acordo com os autores, é a redução de níveis de estresse, algo identificado na pesquisa em locais com conexões visíveis com a natureza. Em relação à produtividade, foi descoberto pela primeira vez ligações entre produtividade e design do escritório, em todos os 16 países. Os elementos que estão relacionados ao impacto positivo na produtividade são: vista para natureza externa; cores acentuadas como o azul, o verde e o amarelo; natureza dentro do ambiente de trabalho, como plantas, árvores, luz e fontes de água. Sobre a criatividade, o design biofílico impacta diretamente na capacidade do usuário de agir, se comportar e executar tarefas de forma criativa, apresentando maiores níveis de criatividade em locais com presença de plantas, luz natural e de vista verde da janela (BROWNING & COOPER, 2015). Os diversos elementos biofílicos podem ter diferentes efeitos sobre os usuários do espaço de trabalho em cada um dos países estudados. No Brasil, por exemplo, a água foi destacada como elemento importante em relação a produtividade. Como resultado final, o relatório por Browning & Cooper (2015) levantou que usuários que trabalham em ambientes com elementos naturais relataram níveis mais altos de bem-estar (15%), de produtividade (6%) e de criatividade (15%) do que os que trabalham em ambientes sem natureza.

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5. estudos de caso


Alguns espaços de coworking podem ser elencados de maneira a serem estudados e analisados como referências projetuais. As referências que serão apresentadas foram visitadas pela autora, em momentos distintos, de maneira a conhecer com mais profundidade cada um dos espaços, suas dinâmicas, vivências e entorno, e, se possível, conversar com responsáveis pelos locais. Foram escolhidos quatro estudos de caso de reconhecido sucesso no Brasil, na cidade de São Paulo (SP), sendo eles: CIVI-CO, Google Campus São Paulo, Spaces Vila Madalena e WeWork Av. Paulista 1374; e um na capital da República Tcheca, o WeWork Praga. A ordem dos estudos de caso foi organizada, como elencado acima, a partir da análise mais embasada para a menos embasada e de acordo com a disponibilidade de informações.

5.1. CIVI-CO

Ficha Técnica

Figuras 7 e 8 - Entrada do CIVI-CO, acima, e recepção, na página à direita. Fonte: arquivo da autora, 2020.

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Localização: Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, SP. Reforma e interiores: DM/AM Arquitetura, julho a novembro 2017. Área: 1.300 m². Conceito do projeto: Localizado onde antes era uma loja de móveis, o projeto foi desenvolvido de maneira a priorizar o uso de materiais sustentáveis. Parte do conceito inclui a utilização de elementos como madeira, aço e vidro, remetendo a uma estética fabril. Projeto com base na simplicidade e na originalidade com a função de levar seus usuários a ampliarem relações sociais e de trabalho. Utiliza-se também da flexibilidade de seu mobiliário, em maioria de aço e de madeira, permitindo ser reconfigurado de acordo com a demanda. Há no prédio o aproveitamento da luz natural, objetivando promover sensação de bem-estar no convívio diário. O local se posiciona como um Hub, conectando pessoas e iniciativas que promovam algum tipo de impacto cívico e social.


Programa: Conta com 4 andares, sendo eles: térreo, onde estão localizados a recepção, um café, um auditório que comporta até 100 pessoas (sendo 60 sentadas), banheiros e lockers; 1º ao 3º andar, que abrigam o ambiente colaborativo, com amplo pé direito; e a cobertura, um terraço com cozinha industrial e espaço para conversar, para reuniões informais ou para eventos. Análises Público-alvo e espaços de trabalho disponíveis: O CIVI-CO é um espaço compartilhado de trabalho para empreendedores cívico-sociais – pessoas e organizações que buscam gerar transformações positivas na sociedade, nos espaços públicos e governamental brasileiros. Atualmente residem no espaço 317 pessoas, sendo 67 empresas. A maior parte dos residentes são empresas startups, contando também com empreendedores individuais, alugando o espaço por planos mensais. O CIVICO conta com mesas compartilhadas ao lado de outras empresas, em um ambiente aberto; salas privativas, de 6 a 8 pessoas, podendo ser desenvolvido um espaço maior sob demanda; e salas de reunião, de 4 a 12 pessoas. O empreendimento pode ser considerado um sucesso no sentido de ter bastante demanda para ocupar seu espaço, funcionando praticamente com capacidade total. Também, pelo fato de suas empresas residentes estarem crescendo, demandando adaptação dos espaços para ampliação ou de mudança para outra estação de trabalho dentro do coworking. Físico-Material: O prédio comercial objeto da reforma servia como uma grande vitrine, com os móveis expostos para o mundo exterior através da grande pele de vidro. Com a reforma a estrutura do edifício foi mantida, como os pilares, vigas e lajes de concreto aparente, e a fachada de vidro. No projeto foram utilizados materiais tradicionais, 53


como madeira, aço e vidro. Na cobertura são utilizados alguns materiais menos tradicionais: uma trama de juta para deixar semicoberta a área de convivência e carretéis de fios reutilizados como mesas. As instalações elétricas e hidráulicas foram deixadas expostas e pintadas de preto. O piso de madeira de demolição, mantido na reforma, traz naturalidade ao ambiente, porém fica em segundo plano perante o aspecto fabril que impera no espaço interno. Tal aspecto se dá principalmente pelo mobiliário, divisórias, luminárias, corrimões e caixilhos serem em preto. Também, pelos grafites presentes em diversos locais, em tons escuros. No dia da visita, o espaço contava com grande lotação de trabalhadores, com mesas muito próximas em alguns andares. Com isso, a área de trabalho aparenta ser bastante carregada, a pesar de receber abundante iluminação natural.

Figuras 9 e 10 – Fachada do edifício, abaixo, e epaços de trabalho compartilhados e privativos do CIVI-CO, à direita. Fonte: arquivo da autora, 2020.

Ambiental: Em relação aos ambientes internos, a experiência do usuário foi considerada como o centro de algumas decisões projetuais. A pele de vidro da fachada foi mantida de maneira a se obter abundante aproveitamento de luz natural e contato visual com a vegetação externa, objetivando promover uma sensação de bem-estar no convívio diário. Porém, a fachada de vidro altera o conforto térmico interno, aquecendo o ambiente e necessitando a utilização de sistema de ar condicionado. Dessa maneira, o bem-estar dos usuários assim como pensado acaba sendo um pouco prejudicado. O espaço, por apresentar pé direito amplo e materiais mais absorventes do que refrativos tornam o ambiente acusticamente agradável, abafando e dissipando os sons. O mobiliário foi pensado 54


num layout modular, de aço e madeira, permitindo ser reconfigurado com facilidade de acordo com as demandas. A ventilação natural aparece apenas no último andar, único ambiente externo da edificação. A cobertura se apresenta com grande qualidade do espaço, trazendo elementos construtivos menos tradicionais e remetendo a um espaço natural no ambiente construído. Apresenta parte do espaço com iluminação natural difusa, coberta por manta de juta, e parte recebendo radiação solar direta. Como alternativa ao ambiente sóbrio, grande parte da vivacidade se dá pela utilização de alguns tipos e escala sde vegetação em todos os espaços internos e externos. As plantas são utilizadas de diversas maneiras, como em vasos cerâmicos, pendentes ou em jardineiras ao ar livre na cobertura, ainda que de forma mais pontual. Social: A comunidade do local está intimamente relacionada com a gestão do espaço. A comunidade é ativada de diferentes maneiras, por meio de ferramentas online de comunicação entre os membros, além de decisões tomadas de maneira horizontal com a diretoria por meio de comitês. Além disso, as empresas têm grande contato umas com as outras por meio dos espaços compartilhados, eventos semanais e atividades muitas vezes escolhidas e trazidas pelos próprios membros e estimuladas pelos gerenciadores do local. A horizontalidade nas escolhas, em que a opinião de todos importa, faz com que haja um sentimento de dono e de pertencimento em relação àquele ecossistema bem estruturado e a tudo o que ali acontece. O CIVI-CO, que seleciona a empresa que ali quer residir de acordo com seu foco e propósito, se propõe a ser um espaço de colaboração onde, não só seus residentes compartilhem o mesmo local de trabalho, mas também dividam “o sonho de criar um mundo mais justo, com oportunidades iguais para todos”. Na prática, por ser bastante nichado e por ter iniciativas de conectar seus empreendedores com empresas, investidores e organizações governamentais, acaba por escalar o impacto social de suas empresas, promovendo soluções para os problemas sociais e atingindo o foco inicial proposto. Para alguém que trabalha ali, a sensação é de realização por estar produzindo um impacto positivo na sociedade, tanto individualmente quanto em comunidade, funcionando como o Hub para que foi criado.

Figura 11 – Detalhe da vegetação presente no espaço de trabalho. Fonte: arquivo da autora, 2020.

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Figuras 12 e 13 – Área da cobertura, acima, e área do café aberto ao público, à direita abaixo. Fonte: arquivo da autora, 2020.

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Relações sociais desenvolvidas a partir do projeto: Os espaços são bem eficientes, sendo que quase todos são de uso coletivo. Os que não são, como os escritório privativos e salas de reunião, têm contato visual com os demais espaços por meio das paredes de vidro que dividem os ambientes internos de trabalho. As salas privativas e de reunião estão dispostas em “L” na extremidade da planta baixa e as estações de trabalho compartilhadas estão no centro. A presença da caixa de escada aberta com pendentes de iluminação presos à laje da cobertura, se estendendo pelos diversos níveis, gera a sensação de relação entre os andares. A cobertura também estimula as relações sociais por ter o espaço aberto para conversas informais, reuniões, eventos ou para esquentar o almoço, ou seja, um mix de funções. O café e o auditório são espaços muito interessantes pois são abertos à comunidade, sem catracas, próximo à entrada da rua. No café são servidos alimentos orgânicos, em sua maioria veganos e vegetarianos, tendo a matéria prima levada até as cozinheiras na favela de Paraisópolis, em São Paulo. O auditório é locado também para eventos externos, permitindo grande troca com pessoas de fora desse ecossistema.


Figura 14 – Praça pública localizada em frente ao CIVI-CO. Fonte: arquivo da autora, 2020.

Implantação: Em relação ao entorno, está localizado no centro de Pinheiros, bairro nobre e importante centro financeiro da capital Paulista. Segundo os fundadores, no momento da escolha do local para implantar os idealizadores tinham duas opções: um galpão em Socorro, mais barato e mais afastado de São Paulo, ou a localização atual, região com o maior PIB de impacto social da cidade. Acabaram por escolher a localização em Pinheiros, a pesar de ser mais cara, por entender que o investimento maior seria recompensado pela oportunidade do ecossistema ao redor. O prédio tem como maior relação a praça pública que se situa em frente, num trecho sem saída para carros e com uma escadaria de acesso à rua transversal superior. Apresenta vegetação, com uma árvore proporcionando sombra, e mobiliário em pallets, muito apropriado ao longo do dia. O local conta também com uma biblioteca comunitária, uma galeria cultural e o Impact Hub - uma rede de coworkings. Relaciona-se também com a região em que está inserido, próximo a comércios, mas principalmente próximo a rede de transportes públicos. Está ao lado de um ponto de ônibus, há 7 minutos da estação de metrô Fradique Coutinho da Linha 4 - Amarela, com conexão a terminais urbanos e com outras linhas de metrô e de CPTM. Em frente, há um bicicletário, estação de locação de bicicletas e de patinetes elétricos.

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5.2. Google Campus São Paulo

Ficha Técnica

Figura 15 – Entrada do Campus São Paulo. Fonte: ArchDaily, 2019 (acesso em 06 mai. 2020).

Programa: O prédio do Google Campus São Paulo tem seis andares, uma cobertura e mais dois subsolos para estacionamento. No térreo, com pé direito duplo, estão localizados a recepção e o hall de entrada, auditório para até 100 pessoas e redário. Do 2º ao 4º andar estão os espaços fechados ao público, com coworking e aceleração para startups residentes e espaços para empresas parceiras, além de um espaço para workshops com capacidade de até 50 pessoas. Do 5º ao 6º andar estão os espaços abertos ao público, chamado de Campus Café. No Campus Café está localizado o coworking aberto ao público de forma gratuita, cabines para calls, family lounge (para usuários que vão trabalhar com crianças pequenas), área de silêncio, área de descanso, cozinha, área de alimentação, área de jogos e terraço. Na cobertura está uma cafeteria e um terraço. 58

Localização: Paraíso, zona sul de São Paulo, SP. Autoria: SuperLimão Studio, 2016. Área: 2.600m². Conceito do projeto: Em um prédio no bairro do Paraíso está localizada a sede do Google Campus São Paulo, a unidade brasileira do espaço do Google que tem por objetivo fomentar o empreendedorismo. Segundo a equipe do projeto, “os andares se dividem em dois tipos de ambiente: os abertos ao público (Campus Café e a sala Vaca Amarela) e os pisos dedicados aos programas de startups do Google e de seus parceiros. Além disso, o projeto é uma construção verde, com torneiras econômicas, uso de materiais e móveis regionais e de conteúdo reciclado, automação do sistema de condicionamento e de iluminação.”

Figura 16 – Sala Vaca Amarela. Fonte: ArchDaily, 2019 (acesso em 06 mai. 2020).


Análises Público-alvo e espaços de trabalho disponíveis: O Google Campus São Paulo faz parte da iniciativa do Google for Entrepreneurs, ou seja, um espaço para empreendedores. O prédio em São Paulo foi o sexto inaugurado no mundo e o primeiro nas Américas. Conta com um espaço de coworking gratuito para o público em geral, com mesas compartilhadas e com andares exclusivos para abrigar startups e parceiros. As Startups contam com os programas Google for Startups Residency, para ajudar startups por 6 meses, e o Google Startup Zone, com mentorias e conteúdo para startups em estágios iniciais. O empreendimento é um sucesso, tem demanda e está sempre ocupado, com seus lugares de trabalho disputados na primeira hora de funcionamento. Físico-Material: Os materiais construtivos da edificação são bastante tradicionais, de médio padrão, com a utilização do sistema viga-pilar-laje de concreto na edificação. Os fechamentos são em alvenaria com a utilização de diferentes texturas nos ambientes. Cada ambiente também recebe um tipo de piso, com carpete nas áreas internas e piso emborrachado reciclável nos terraços. Esquadria metálicas foram utilizadas. No piso térreo há a utilização de outros materiais, como fechamento externo em painel de alumínio, piso de placa cimentícia, escadaria em madeira e cobertura em aço e vidro. Nos andares abertos ao público os sistemas de refrigeração e iluminação foram deixados expostos, ganhando maior pé direto. Houve a preocupação em ser uma construção sustentável, buscando utilizar na obra e no mobiliário materiais regionais e recicláveis. Também foram utilizadas torneiras econômicas e sistema de condicionamento e de iluminação automatizados, de maneira a minimizar desperdícios.

Figura 17 – Área verde interna de descanso do Campus São Paulo. Fonte: ArchDaily, 2019 (acesso em 06 mai. 2020).

Ambiental: Os ambientes compartilhados de trabalho trabalham principalmente com a importância das pausas em um processo produtivo. Com decoração inspirada no conceito “selva de pedra”, os ambientes são completamente diversificados, tornando o espaço muito atrativo. Têm lugares mais amplos, lugares mais confinados, lugares mais altos e outros mais baixos, lugares em que a vegetação e materiais diferentes usados de maneira 59


criativa são o ponto principal, outros em que a acústica do silêncio é o primordial. A decoração complementa o projeto, com um certo viés social pela preocupação com a qualidade da vivência do usuário. De maneira a aprimorar a produtividade e o processo criativos, locais para realizar pausas mentais então presentes próximos aos espaços de produção, permitindo que novas ideias e soluções surjam, desfocando a mente. O projeto arquitetônico incorporou ambientes lúdicos aos produtivos, incentivando essas pausas e mudanças na natureza da atividade, pluralidade tão importante para o corpo humano. Figura 18 – Área de jogos e de descanso. Fonte: Veja São Paulo, 2016 (acesso em 06 mai. 2020).

Social: O espaço compartilhado de coworking no 5º e no 6º andar, o Campus Café, é o único espaço específico de coworking gratuito na cidade, tornando o acesso a esse tipo de espaço mais democrático e diverso. Se destaca a preocupação da organização do local em manter esse espaço aberto para o público de forma gratuita, como ocorre também com os eventos, que devem sempre preencher esses requisitos, além de serem “relevantes para os empreendedores”. Relações sociais desenvolvidas a partir do projeto: O projeto, da maneira em que foi pensado, funciona na prática como um estimulador das relações sociais. É um ótimo local para fazer networking, onde empreendedores se conectam, aprendem e criam empresas. De maneira funcional, combina espaços de diferentes funções, como salão de jogos próximo a uma área de trabalho, com os devidos cuidados acústicos, ou como uma área de alimentação misturada com uma área de descanso e com 60


Figura 19 – Área do terraço do Campus São Paulo. Fonte: Veja São Paulo, 2016 (acesso em 06 mai. 2020).

outra de lazer. Essa combinação permite ao trabalhador ter seu cérebro mais descansado e incentivado a ter mais pausas, seja pra tomar um café, deitar num sofá, tomar um ar fresco no terraço ou jogar sinuca. Além de estimular o compartilhamento de recursos, por ser um espaço colaborativo, o ambiente incita ao networking. Para um trabalhador do local, ir no coworking do Google significa, além de produzir o trabalho individual, conseguir boas conversas e algum tipo de interação com o outro, discutir algum ponto ou agregar algum argumento. Com isso, são produzidas novas ideias, iniciativas, projetos, relações pessoais e profissionais, fortalecendo o empreendedorismo. Implantação: O Google Campus São Paulo está no bairro Paraíso, há apenas algumas quadras da Avenida Paulista e da estação de metrô Brigadeiro (Linha 2 - Verde), além de pontos de ônibus que dão acesso às mais diferentes regiões da cidade. O entorno é repleto de residências, comércios e serviços, além de equipamentos culturais. No térreo há a presença de estacionamento de bicicletas e no subsolo, de veículos.

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5.3. WeWork DRN Praga

Ficha Técnica

Figuras 20 e 21 – Fachada do edifício DRN em Praga, acima e abaixo. Fonte: arquivo da autora, 2020.

Programa: O espaço do WeWork ocupa o térreo e mais quatro andares, voltado para a fachada frontal em frente à avenida principal. No térreo fica localizada a recepção, um café, mesas compartilhadas de coworking, área de descanso e de lazer com uma mesa de ping-pong. Os outros quatro andares contam com uma diversidade de espaços de descanso, para eventos e de produtividade, como salões arejados próximos aos terraços, áreas para brainstorming para iniciar grandes ideias, salas de conferências privativas e escritórios particulares. Ainda é possível acessar a cobertura, uma grande praça arborizada de uso comum para todos os usuários. 62

Localização: Nové Mesto, em Praga, República Tcheca. Autoria do edifício: Stainslav Fiala, 2017. Autoria do WeWork Praga: por equipe de arquitetura do WeWork, 2019. Área: Edifício com aprox. 12,500m². Conceito do projeto: Segundo os organizadores, o espaço de coworking doWeWork em Praga, “oferece o melhor dos dois mundos - design altamente funcional e comunidade pragmática” em um edifício de uso misto. O design interno possibilita uma variedade de tipos de espaços de produtividade, de descanso, de lazer e para eventos. A localização faz parte do conceito, sendo muito importante para a população local na hora de escolher o espaço de trabalho. O entorno possibilita uma série de atividades que podem ser realizadas após um dia de trabalho, como caminhada ao longo do rio Moldava, principal rio que corta a cidade, como a realização de um happy hour na Praça da Cidade Velha.


Análises Público-alvo e espaços de trabalho disponíveis: O espaço, aberto para todos os tipos de empreendedores, tem por foco startups iniciantes e empresas já estabelecidas. Conta com mesas compartilhadas de trabalho, escritórios compartilhados com mesas individuais, escritórios privativos e Labdesks – espaço de trabalho com consultoria e educação para startups em estágio inicial. As salas de reunião, de diversos tipos e tamanhos, podem ser locadas por hora. As estações de trabalho podem ser locadas por meio de planos mensais. O local recebeu em 2019 a primeira operação tcheca do WeWork, sendo bem recente. Em conversa com uma das organizadoras do local, algumas posições de trabalho já estavam esgotadas para aquele mês. Durante a visita, pelo menos metade das posições pareciam estar ocupadas. Físico-Material: O WeWork em Praga está inserido no DRN Building. Considerado como um projeto moderno e sustentável, a edificação multifuncional foi projetada englobando partes do Palácio Schönkirchovsky. Original de 1734, o palácio barroco foi restaurado e incorporado ao novo edifício de concreto aparente que buscou utilizar e combinar alguns elementos, como tijolos originais, azulejos, pedras e vigas antigas. A reutilização desses materiais do palácio e a inserção de vegetação nas sacadas das fachadas, no pátio interno no térreo e em um “parque” na cobertura tornam o projeto sustentável para seus idealizadores. O fechamento do edifício foi feito com uma fachada de vidro, totalmente exposta do térreo ao 2º andar. Do 3º ao 7º andar está recuada, com linhas de sacada com vegetação e um desenho orgânico aramado em metal. O interior do coworking preserva a estrutura de concreto aparente nos pilares e vigas. Alguns andares apresentam piso de concreto aparente, como o térreo, e outros de carpete de madeira clara, trazendo leveza e aconchego ao local. Os materiais utilizados são de alto padrão, buscando uma diversidade de tipos em cada ambiente. As instalações elétricas e sistemas de refrigeração foram deixadas expostas.

Figura 22 – Cobertura do edifício. Fonte: arquivo da autora, 2020.

Ambiental: O prédio proporciona luz natural abundante por conta da pele de vidro. Além disso, proporciona contato com a natureza, principalmente do 3º andar em 63


diante, com a presença dos terraços com arbustos em todo o perímetro das fachadas. O térreo conta com a dinamicidade da visão dos fluxos que passam pela rua, além de boa acústica, diminuindo os sons externos da cidade. Em relação ao dia da visita, em que fazia 4ºC, o conforto térmico interno era agradável. O sistema de refrigeração presente funciona apenas para resfriar, não como calefação. Muitos usuários se encontravam nas mesas encostadas nas fachadas de vidro, parecendo não se importar com a friagem externa ou apenas estavam priorizando a iluminação natural. Os andares são amplos e com poucas divisórias internas, com pé direito próximo de 4m de altura. O paisagismo está presente em todos os ambientes internos por meio de vasos de planta cerâmicos naturais ou pintados de branco. O ambiente externo está presente na cobertura. Completamente ao ar livre, a área é toda gramada e com a presença de algumas árvores e arbustos, proporcionando uma visão panorâmica da cidade nas mais diversas direções. É utilizada pelos usuários do edifício principalmente no horário de descanso do almoço. Outro ambiente que é ainda mais utilizado é o pátio interno no térreo. Semicoberto e protegido do clima externo, no inverno se tornou agradável a pesar da baixa temperatura externa. Figura 23 – Ambiente interno no andar térreo do WeWork DRN. Fonte: WeWork, 2020 (acesso em 07 mai. 2020).

Preocupação com interiores: Existe uma preocupação muito forte com o design de interiores que acaba complementando outras qualidades do projeto, como os andares amplos, grande pé direito e ambiente interessante. Pelos projetistas os espaços internos foram pensados de maneira a trazer produtividade, conforto e criatividade aos usuários, “com estilo de sala de estar nas áreas comuns”. Com isso há a presença de mobiliários 64


diferentes e confortáveis, criando ambientes de trabalho ou de descanso sem divisórias formais em um mesmo andar. O mobiliário é trabalhado em tons como branco, cinza, preto e madeira clara. Pontos de cor são utilizados em detalhes, como tapetes, almofadas, quadros, livros e outros objetos de decoração. A madeira, assim como o verde das vegetações, traz a presença da biofilia em todos os ambientes. Na prática, o espaço se torna agradável e clean, com variedade de espaços para se estar em um mesmo ambiente. Social: A comunidade do local se relaciona principalmente por meio de um aplicativo, onde também é feita a gestão interna como aluguel de salas de reunião. Poucos estímulos são realizados entre as empresas. A relação entre os coworkers depende de iniciativa do próprio trabalhador, não sendo o foco desse espaço, ao que parece, a criação de uma comunidade viva e que se relaciona ativamente.

Figura 24 – Espaço de descanso no WeWork DRN. Fonte: WeWork, 2020 (acesso em 07 mai. 2020).

Relações sociais desenvolvidas a partir do projeto: As áreas compartilhadas, com ar de aconchego, permitem que relações sociais sejam desenvolvidas. As áreas de alimentação presentes em todos os andares, com água, café, chá e chopp também foram pensadas de maneira a facilitar o convívio social. Para quem trabalha ali, o ambiente biofílico é tranquilo e silencioso, com cores e mobiliários voltados para conforto e criatividade. O entorno é repleto de atrações para quem considera tal característica como indispensável. É um bom coworking para empreendedores que querem um ambiente produtivo para trabalhar, sem a monotonia e solidão do home office. Os Labdesks para startups iniciantes são uma importante oportunidade de crescimento e de consultoria individualizada.

Figura 25 – Estações de trabalho no WeWork DRN. Fonte: WeWork, 2020 (acesso em 07 mai. 2020). 65


Implantação: O coworking visitado tem uma especificidade: está localizado em um interessante edifício de uso misto situado entre a Cidade Velha, medieval, e a Cidade Nova, muito próximo ao centro de negócios de Praga. Está em uma movimentada avenida do centro novo, há 2 minutos a pé de uma estação de tram (trem de superfície muito utilizado como meio de locomoção na cidade), há 3 minutos de um ponto de ônibus e com fácil acesso a uma estação de metrô. Também está localizado próximo a diversos equipamento culturais, ao Rio Moldava, à Praça Wenceslas, repleta de serviços, e à Praça do Centro Antigo, com diversos comércios. Apresenta um pátio interno arborizado no térreo, espaço de uso público que conecta as duas ruas da esquina.

5.4. Spaces Vila Madalena

Ficha Técnica

Figura 26 – Entrada do Spaces Vila Madalena. Fonte: arquivo da autora, 2020.

Localização: Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, SP. Autoria: Equipe Spaces de conceito e interiores, 2017. Área: 5.000 m², sendo quase 1.700 m² de escritórios. Conceito do projeto: Torre única criada totalmente para receber escritórios da rede Spaces. Segundo os idealizadores, “um ambiente inspirador onde as ideias se desenvolvem, as empresas crescem e os relacionamentos evoluem. Um lugar para você trabalhar, verificar seus e-mails e se reunir com os clientes. Tudo isso enquanto desfruta de um bom café ou um lanche saudável”.

Programa: O prédio tem 3 subsolos para estacionamento, sendo 84 vagas, e mais 5 andares de escritórios. O térreo conta com recepção, área de descanso e pet friendly, aluguel de bicicletas e patinetes elétricos e alguns box offices. Os andares de escritório são distintos, com o 1º andar direcionado para o espaço de coworking, do 2º ao 4º andar com escritórios privativos e o último andar com auditório, um escritório privativo, mini copa e terraço. 66


Análises Público-alvo e espaços de trabalho disponíveis: A rede Spaces, nascida na Holanda e presente em mais de 250 cidades do mundo, oferece segundo os organizadores “ambientes de trabalho criativos com um espírito empreendedor único”, sendo um local em que “sucesso gera mais sucesso”. O espaço se destina a empreendedores individuais, pequenas e médias empresas e startups. Atualmente encontra-se no espaço 21 empresas residentes, sendo a maior parte delas startups. Estão disponíveis: mesas compartilhadas e mesas particulares no 1º andar; escritórios privativos e mesas particulares em escritório compartilhado nos demais andares; além de salas de reunião para locação e box office no térreo, uma espécie de caixa-escritório. Ao todo são 46 mesas de coworking, 38 mesas exclusivas e 3 salas de reunião. O auditório recebe eventos tanto para membros como para não membros. O empreendimento tem demanda para ocupar os espaços de coworking do 1º andar. Contudo, em relação aos escritórios privativos nos demais andares, possui pouca demanda para ocupalos, com muitas salas vazias.

Figura 27 – “Box office” disponível para aluguel no térreo. Fonte: arquivo da autora, 2020.

Físico-Material: Os materiais construtivos são tradicionais, de médio padrão. O edifício utiliza o sistema estrutural de pilares, vigas e lajes em concreto e paredes internas de alvenaria. O fechamento lateral se dá por grandes paredes de vidro. Os pisos são de porcelanato imitando cimento queimado e as instalações elétricas e de refrigeração foram deixadas expostas. A torre espelhada do Spaces se caracteriza como mais um edifício envidraçado de escritórios no skyline da cidade, se fechando em seu interior climatizado com foco no design de interiores. Ambiental: Do ponto de vista térmico, a edificação completamente cercada por paredes de vidro apresenta pouca eficiência térmica, necessitando de constante refrigeração para manter o conforto interno. O espaço de coworking, no 1º andar, oferece diferentes opções de mobiliários para sentar e produzir, uma das grandes vantagens do espaço, senão a maior. Grande parte dos espaços de coworking na cidade apresentam apenas um tipo de mesa e cadeira nas áreas compartilhadas de trabalho. A acústica também é muito boa, com a presença de materiais absorventes. Em cima ou próximo 67


de cada mesa de trabalho tem uma iluminação específica. No térreo está disponível um espaço mais descontraído, com sofás e espaço para animais de estimação, porém é pouco utilizado. No 1º andar estão disponíveis grandes mesas, sofás, mesas com poltronas estofadas, mesas menores, célula individual acolchoada e uma pequena sala para calls. O terraço é um bom ambiente para ficar depois do almoço, porém é bem pequeno. Presença de vegetação apenas em jardineiras no térreo e na cobertura. Preocupação com interiores: O prédio tem uma preocupação muito forte com o design de interiores. Todavia, diferente do WeWork em Praga, em que esse design é utilizado para complementar qualidades do projeto, no Spaces Vila Madalena parecem ser utilizados de maneira a compensar a falta da qualidade dos espaços. O espaço contempla o propósito oferecido, de ser “voltado para a criatividade, inspiração, produtividade e para desfrutar de um bom café”. Entretanto o faz de maneira voltada para o design de mobiliário, deixando de explorar diversas potencialidades que poderiam existir, sendo pobre no ponto de vista social e funcional. Figura 28 – Espaço de trabalho compartilhado do Spaces Vila Madalena. Fonte: arquivo da autora, 2020.

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Social: A comunidade se dá de maneira mais distante, relacionada ao pertencimento a uma grande rede de espaços de trabalhos e com poucas iniciativas diretamente na unidade, que atua trazendo eventos para o local. Para o trabalhador e para as empresas ali residentes o foco maior do espaço está em ser um local confortável e silencioso para a produtividade e pela possibilidade de se reunir com clientes nos espaços, como se estivesse trabalhando na própria casa, slogan reforçado na comunicação visual. O Spaces Vila Madalena oferece um local para os profissionais trabalharem durante o dia, criarem conexões, empreenderem e saírem dali diretamente para um happy hour em meio às diversas opções de bares e restaurantes no entorno. Relações sociais desenvolvidas a partir do projeto: A área de lazer projetada no pavimento térreo, com espaço para conversas, jogos e descanso teria um grande potencial para promover relações sociais, assim como a cobertura. Contudo, tais espaços parecem estar desconexos dos locais de escritório, sendo pouco utilizados e pouco atrativos. Implantação: O Spaces Vila Madalena é o terceiro espaço da rede na capital paulista. A pesar do nome, está localizado no bairro de Pinheiros, assim como o CIVI-CO, porém mais próximo da Vila Madalena, famoso bairro boêmio de São Paulo. Foi diversas vezes elencado por coworkers como um dos espaços de coworking mais populares e mais bem avaliados da cidade, principalmente por conta de sua localização. Próximo a comércios e serviços, à Av. Paulista e à Marginal Pinheiros, encontrase ao lado de diversos pontos de ônibus e há apenas 2 minutos de caminhada da estação de metrô Fradique Coutinho (Linha 4 - Amarela). Em frente à recepção há um estacionamento para bicicletas. Além disso, em seu interior, há a possibilidade de aluguel de bicicletas e patinetes elétricos de forma gratuita para os residentes, por até 3h.

Figuras 29 e 30 – Térreo e cobertura, de cima para baixo, respectivamente. Fonte: arquivo da autora, 2020.

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5.5. WeWork Av. Paulista 1374

Ficha Técnica Localização: Bela Vista, região central de São Paulo, SP. Autoria: Equipe de arquitetura do WeWork, 2018. Conceito do projeto: O projeto da primeira unidade da rede WeWork de espaços de trabalho colaborativos em São Paulo foi pensado de maneira a dialogar com o entorno, principalmente com a presença do MASP – Museu de Arte de São Paulo – a poucos metros de distância. Segundo os organizadores do espaço, o design de interiores foi inspirado na Semana de Arte Moderna de 1922, com obras personalizadas e muitas cores, um “espaço elegante em um endereço sem igual”. Figura 31 – Recepção no piso térreo do edifício. Fonte: arquivo da autora, 2020.

Programa: Localizado em um prédio comercial, o WeWork ocupa o 4º andar e o 11º andar. No 4º andar encontra-se a recepção, uma área de café e snacks, banheiros, mesas para conversar e mesas de pebolim, além de salas da administração e algumas salas de reunião. No 11º andar se localiza o centro do coworking, com área de sofás para relaxamento, mesas compartilhadas, escritórios de empresas, salas de reunião e salas semiprivativas para calls, além de café, snacks e banheiros. Análises Público-alvo e espaços de trabalho disponíveis: O espaço, aberto para todos os tipos de empreendedores, tem por foco empresas para ocuparem suas salas privativas. A área de coworking com mesas compartilhadas é pequena, com mesas no ambiente da copa. Para a locação mensal estão disponíveis vagsa nas mesas compartilhadas, mesas individuais em escritórios compartilhados, escritórios privativos e salas de reunião. O empreendimento faz parte da rede WeWork que conta com mais 13 unidades na cidade. Tem demanda de utilização, por estar numa localização privilegiada e única. Todavia o valor das mensalidades custa a partir de mil reais, restringindo bastante o tipo de usuário. Recebe

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empresas de grande porte que optam pelo espaço para alocar parte de seus funcionários em vez de construir um lugar maior para a própria empresa. Físico-Material: Os materiais construtivos da edificação são tradicionais, com o sistema viga-pilara-laje em concreto. O fechamento lateral se dá por grandes paredes de vidro. As paredes são cobertas por pastilhas cerâmicas metade na cor branca metade na cor vinho ou pintadas. No hall de entrada de cada andar a estrutura de ventilação e iluminação ficam expostas, pintadas de preto. Em locais como salas privativas e corredores o teto apresenta forro de gesso pintado de vinho. O piso é vinílico de madeira nas áreas comuns e de porcelanato imitando cimento queimado nas áreas molhadas. O interior utiliza materiais de alto padrão com a preocupação de serem materiais personalizados e de alta qualidade. Ambiental: Do ponto de vista térmico, o espaço depende exclusivamente da ventilação artificial. As janelas do local não abrem, sendo fixas. Do ponto de vista acústico, é razoável, sem nenhum grande destaque. O pé direito é padrão, contudo pelos ambientes serem completamente fechados e escuros o ambiente parece ser muito confinado. Tal sensação se dá principalmente quando se caminha para fora do hall de entrada de cada andar. O layout se dá por meio de corredores estreitos, em formato de “O”, circundando o grande hall de elevadores do edifício. O fato de os andares serem muitos distantes, com um andar de recepção e escritório no 4º andar e o centro do coworking no 11º, fragmenta os ambientes e torna-os desconexos. Um grande problema dos ambientes de trabalho privativos é a personalização. Os espaços são fixos, não permitindo alteração e personalização para o tipo de empresa que está ocupando aquele local.

Figuras 32 e 33 – Hall de entrada e área de café com mesas disponíveis para recepção de convidados externos no 4º andar, de cima para baixo, respectivamente. Fonte: arquivo da autora, 2020.

Preocupação com interiores: Com a falta de qualidade dos espaços, assim como ocorre no Spaces Vila Madalena, a qualidade foi buscada de outra maneira. O design de interiores é o grande destaque e foco de atração. Com cores fortes escuras, como vermelho, preto, roxo e amarelo mostarda, ousa no alto padrão do mobiliário personalizado e na presença de peças de artes. O ambiente foi pensado para ter requinte e conforto, dialogando com o entorno e com o MASP, entretanto os espaços parecem indicar 71


um outro posicionamento do ponto de vista social e funcional. Na prática, o conjunto torna o ambiente escuro e carregado para o usuário. Figuras 34 e 35 – Estação de trabalho individual, abaixo, e mesa compartilhada, à direita. Fonte: arquivo da autora, 2020.

Social: Assim como no WeWork Praga, a gestão interna é feita por meio de um aplicativo. Algo que parece comum à rede é que o foco não é a criação de uma comunidade que se relaciona ativamente. O WeWork se responsabiliza por fornecer a infraestrutura e as empresas utilizam da maneira que for conveniente. Usualmente as conexões realizadas entre as empresas dependem de eventos realizados no local, como rodadas de networking e festas, e dos momentos de descontração na área de alimentação de cada andar, em que o chopp é oferecido gratuitamente para todos os membros, assim como água, café e chá. O entorno e sua infraestrutura são o ponto forte do espaço e principal atrativo para os usuários. Não conta com áreas externas. Implantação: A WeWork tem por estratégia se instalar nos principais pontos e ruas das principais cidades do país em que está. Conta com duas unidades na Av. Paulista, sendo essa conhecida pelo número do prédio em que está localizada. A sede da Av. Paulista 1374 encontra-se na Bela Vista, importante bairro tradicional e um dos principais centros financeiros da capital paulista. Está em frente ao prédio da FIESP e próximo ao MASP, em um prédio comercial que conta com a presença de grandes empresas, como a sede da CNN Brasil. Ao redor, 72


é marcante a presença de uma grande quantidade de comércios e serviços. Exatamente em frente ao prédio fica uma das saídas do metrô da estação Trianon-MASP (Linha 2 - Verde) e pontos de ônibus com fácil acesso para diversas regiões da cidade. O prédio conta ainda com bicicletário e estacionamento disponível, além de estações de locação de bicicletas e de patinetes elétricos ao redor.

Diversas práticas abordadas pelos coworkings analisados como estudo de caso podem ser destacadas, tanto em relação ao que foi tentado e que deu certo tanto em relação ao que não deu certo. Em relação aos ambientes, no CIVI-CO o design de interiores torna o ambiente de trabalho denso, monótono, principalmente pela escolha de uma estética fabril e do uso de móveis majoritariamente na cor preta. Algumas características interessantes estão presentes no ambiente de trabalho, como: presença de iluminação natural abundante, visão para elementos da natureza internos e externos, permeabilidade do olhar entre os espaços de trabalho privativos e os compartilhados e também a cobertura projetada para receber diferentes usos além do trabalhar. No Google Campus São Paulo, um dos grandes atrativos da área de coworking aberta ao público é a sua multiplicidade de ambientes. O design de interiores foi utilizado de maneira leve, para potencializar as relações sociais pensadas para o projeto. Dessa maneira, foram dispostos ambientes com diferentes finalidades de maneira muito próxima, ou seja, ambientes de lazer, de descanso e para alimentação, de diversos tamanhos e pés direitos, dispostos entre e próximos aos ambientes produtivos. Construtivamente, o espaço optou por utilizar materiais e móveis regionais, além de priorizar materiais recicláveis sempre que possível. O WeWork Praga funciona de maneira semelhante ao Campus São Paulo em relação ao uso do design de interiores para ativar as relações sociais pensadas para o projeto, porém em menor intensidade. O espaço é repleto de luz natural e de contato visual com algum elemento da natureza, como arbustos, além de grandes andares amplos e com alto pé direito. Dessa maneira o design de interiores foi pensado criando diversas ambiências num mesmo andar, trazendo espaços de descanso

5.6. Análises finais

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e de interação com outros usuários entre os espaços produtivos. No caso do Spaces Vila Madalena e do WeWork Av. Paulista isso ocorre de maneira diferente. O mobiliário foi pensado de maneira a enriquecer visualmente o ambiente e tentar suprir algumas deficiências do projeto. Os espaços no geral são sem qualidade, em suma maioria muito escuros e apertados, como no caso do WeWork da Av. Paulista. Mobiliários de alto padrão foram usados para indicar luxo e conforto, tentando atrair para o espaço um público de maior renda. No caso do WeWork Av. Paulista, o espaço dividido em dois andares longínquos acaba por fragmentar o coworking. No Spaces Vila Madalena, o prédio e principalmente suas áreas livres tem pouco uso, por serem pouco atrativos e mal explorados. Sobre a comunidade, no CIVI-CO os principais pontos positivos são a abertura do café e do auditório no térreo ao público externo. O café serve como um pequeno coworking de uso público, além de servir alimentos preferencialmente orgânicos produzidos por cozinheiras moradoras da comunidade de Paraisópolis. O auditório recebe eventos abertos ao público e também recebe eventos externos ao coworking. Os residentes têm um relacionamento muito ativo, incentivado pelo ambiente, pelas ferramentas de gestão do espaço e pelos eventos. No Campus São Paulo a comunidade é bastante rotativa, por ser um espaço aberto ao público. Com isso, seus usuários buscam diversidade de contatos para networking potencializado pelos ambientes que incitam essas trocas. Nos espaços do WeWork e do Spaces Vila Madalena, a comunidade se relaciona principalmente nos espaços de uso comum, como a copa, se restringindo aos contatos ocasionais e a alguns eventos. Uma característica que ocorre apenas no CIVI-CO é a seleção das empresas que desejam fazer parte do coworking. As empresas que se interessam em fazer parte do ecossistema devem, primeiro, passar por um processo seletivo, em que é avaliado o foco e propósito do negócio. Dessa maneira, só podem residir no espaço empresas que gerem impacto na sociedade ou no governo de alguma forma. Na prática, isso acaba por selecionar e manter no espaço empresas residentes com pensamentos parecidos, sendo possível por meio de comitês a tomada decisões encaminhadas pela diretoria do espaço. No caso do Google Campus São Paulo, o espaço de coworking aberto ao público é um dos únicos na cidade a funcionar 74


de forma gratuita, sendo que com apenas um cadastro o usuário já pode acessar o espaço. No caso das redes WeWork e Spaces, ambas podem ter suas mensalidades contratadas por qualquer tipo de empresa, para qualquer tipo de modalidade de espaço de trabalho disponível. Em relação a localização, o CIVI-CO encontra-se muito bem posicionado, num ambiente que cria conexões locais e com o entorno, sendo facilmente acessado por diferentes meios de transporte público. Além disso, a praça pública logo em frente enriquece a ambiência do todo, servindo como espaço ao ar livre para seus coworkers e como atrativo para convidar quem está na rua a entrar. A praça acaba por suprir algo que de certa forma falta no projeto: a presença de espaços livres abertos, afinal o lote é completamente preenchido pela edificação. O Spaces Vila Madalena está localizado próximo ao CIVI-CO, sendo beneficiado pela facilidade de acesso e de transportes públicos no entorno. O Campus São Paulo está próximo ao início da Av. Paulista, importante centro financeiro da capital paulista e com conexão para as mais diversas regiões da cidade. O WeWork Av. Paulista está localizado na própria avenida que dá o nome a unidade, em frente a uma saída do metrô e ao lado do MASP. O WeWork Praga está localizado entre o Centro Antigo e o Novo, próximo a rede de transportes públicos e ao mais importante rio que corta a cidade. De tudo isso, acredito que uma edificação e um projeto interessante deveriam ter do ponto de vista técnico e material: conforto térmico, com aproveitamento de ventilação natural; conforto acústico; conforto visual, com presença da natureza dentro e fora da edificação; uso de materiais regionais e com conteúdo reciclável, sempre que possível; desenho universal e acessibilidade; conexões visíveis com a natureza nos ambientes; eficiência em relação aos gastos energéticos e geração de energia, captação fluvial e geração de resíduos. Do ponto de vista social e do ecossistema, entre os usuários e entre as empresas: área de uso público com bastante vegetação e com espaços de convívio; gestão colaborativa linear do coworking; ambiente plurais, ou seja, com diferentes tipos de usos e espaços de pausa entre os produtivos; e conexões visíveis e permeabilidade do olhar entre os ambientes, sempre que possível.

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6. proposta projetual


6.1. Público-alvo

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De acordo com todas as informações levantadas e analisadas na revisão bibliográfica e nos estudos de caso, alguns públicos fazem mais sentido para serem os usuários do projeto. O público-alvo abrange uma série de usuários com diferentes características que seriam melhor contemplados com o projeto, não significando que outros grupos também não possam ser. Com isso, considerando as demandas de mercado, estratégias colaborativas, a biofilia nos espaços de trabalho e a sustentabilidade na permacultura alguns grupos de empresas podem ser elencados para melhor se encaixarem no ecossistema a ser criado. O público-alvo principal seriam empreendedores e empresas da área social que proponham soluções e realizem melhorias para a sociedade, que entendam o trabalho colaborativo e que prezem pelo contato com a natureza. É importante que sejam negócios que tenham valores atrelados ao impacto que geram, podendo ser de dois tipos: Negócios de Impacto, que são caracterizados por empresas que colocam na mesma categoria de importância o lucro e o impacto social, vendo em pé de igualdade como um pode estimular o outro; e Negócios Sociais, empresas que têm as mesmas características que os Negócios de Impacto porém que não distribuem os lucros para os acionistas, reinvestindo os resultados na própria organização de maneira a gerar mais impacto. Pode ser também como público-alvo, mas não o foco, Organizações Sociais que sobrevivem apenas por meio de doações, como institutos e ONGs. E Negócios Responsáveis, empresas em que o lucro é mais importante que o impacto gerado, porém que realizam diversas ações para diminuir o impacto que causam, como a Natura. A proposta é que o coworking seja organizado e gerenciado por meio do sistema de cooperativa, um modelo de negócio formado por uma associação de pessoas que objetiva desempenhar, em benefício comum, determinada atividade. Com isso, os coworkers participantes da rede se organizariam de maneira horizontal e democrática, contando com a participação livre, tendo o mesmo poder de voto nas decisões a serem tomadas e respeitando seus respectivos direitos e deveres.


6.2. Área de estudo - São Paulo (SP) MUNICÍPIO DE SÃO PAULO

A cidade selecionada para receber o projeto é a cidade natal da autora e capital do Estado de São Paulo, o município de São Paulo. Segundo o Índice de Cidades Empreendedoras da Endeavor (2017), São Paulo é a cidade mais empreendedora do país. Para o índice foram definidos sete pilares determinantes para a análise, sendo eles: Ambiente Regulatório, Infraestrutura, Mercado, Acesso a capital, Inovação, Capital humano e Cultura empreendedora. No pilar Infraestrutura, é considerada como destaque principalmente no que se refere às condições favoráveis a um ambiente empreendedor. Está inserida em uma rede de conectividade de transporte interurbano, próxima a diversos polos econômicos importantes, inclusive de outras cidades, além do seu grande porte populacional. Contudo, a cidade tem enfrentado diversos desafios ao longo de sua história, como no que diz respeito à qualidade de vida e às condições urbanas. Segundo Endeavor (2017), condições como alto preço dos imóveis e trânsito lento contribuem para muitos dos desafios atuais. Outro destaque se dá no pilar Mercado, sendo a segunda colocada (ENDEAVOR, 2017). No país, é a cidade com maior Índice de Desenvolvimento Econômico e responsável por 11% da produção total nacional. É, junto com a cidade do Rio de Janeiro, um dos dois maiores

Figuras 36 e 37 – Localização do Município de São Paulo, no Estado de São Paulo e o Estado de São Paulo no Brasil, da esquerda para a direita, respectivamente. Fonte: IBGE, Cidades e Estados, São Paulo, SP, 2020 (acesso em 01 jun. 2020), elaborado pela autora.

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polos econômicos do país. O terceiro e último pilar em que se destaca entre as três primeiras posições no ranking é o de Acesso a capital, em que ocupa a primeira colocação. É a cidade com maior disponibilidade de recursos para investir no negócio, ou seja, capital disponível, num cenário em que “nem sempre os empreendedores dispões de recursos financeiros suficientes para conseguir tirar do papel novas ideias e planos.” (ENDEAVOR, 2017). Tal capital pode ser determinante para o futuro de uma empresa, seja em sua fase inicial ou durante momentos de crescimento, aumentando o potencial de desenvolvimento, modernização e atração de clientes. Em relação às condições urbanas, São Paulo cresceu com base em um modelo segregacionista, que se manifestou ao longo do tempo de diferentes formas. A cidade possui 1.521 km² de área da unidade territorial (IBGE, 2018) e a estimativa de pouco mais de 12,2 milhões de habitantes (IBGE, 2019). De cidade concentrada, passou para cidade com pluralidade de muitos centros x periferias (NERY & SOUZA, 2019). De acordo com os autores, existem várias ‘São Paulos’ em São Paulo e que a classificação centro x periferia já não faz mais sentido dada a fragmentação da cidade. O município tem uma grande heterogeneidade urbana, que é importante de ser compreendida de maneira a orientar as políticas públicas em seu espaço. Dessa maneira, as unidades políticos-administrativas existentes – as 32 subprefeituras e seu 96 distritos – não fazem sentido como um todo único e homogêneo. Dentro de um mesmo distrito existem diversas realidades que devem ser entendidas em suas especificidades. Segundo Nery & Souza (2019), “tão importante quanto saber a característica do lugar era saber como essa característica evoluiu no decorrer do tempo. Uma coisa fundamental para distinguir os lugares em São Paulo é a verticalização. Só que, mais importante do que quanto é verticalizada a área, é o quão rápido esse processo se deu. Porque isso tem impactos econômicos e sociais”. São Paulo é uma cidade extremamente desigual e essa desigualdade se reflete no espaço urbano. Ofertas de emprego, de bens e serviços e investimentos estão concentrados em uma pequena parcela do território, mais central, enquanto que a maior vulnerabilidade se concentra nas áreas periféricas. Grandes questões da cidade, como mobilidade, meio ambiente, moradia e trabalho extrapolam 80


os limites administrativos do município, exigindo uma visão sistêmica do todo “que reconheça os vínculos estratégicos entre as ações estruturantes e as políticas de qualificação da escala local e cotidiana da vida na cidade” (SÃO PAULO (SP), 2015).

O município conta ainda com grande déficit por moradia da ordem de centenas de milhares (SÃO PAULO (SP), 2015), gerando pressão para ocupação e urbanização de áreas ambientalmente sensíveis. A grande questão que se coloca é como desenvolver e transformar São Paulo por dentro, reequilibrando as dinâmicas urbanas, acolhendo a todos com moradias dignas, melhorando a qualidade de vida e aproximando emprego e moradia em todos os bairros. Em 2014 foi aprovado o Plano Diretor Estratégico (PDE) do Município de São Paulo. Elaborado com a participação da sociedade, tem por objetivo direcionar as ações dos produtores do espaço urbano “para que o desenvolvimento da cidade seja feito de forma planejada e atenda às necessidades coletivas de toda a população, visando garantir uma cidade mais moderna, equilibrada,

Figura 38 – Mapa de Oportunidades x Vulnerabilidade. Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2015, editado pela autora (acesso em 01 jun. 2020).

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inclusiva, ambientalmente responsável, produtiva e, sobretudo, com qualidade de vida” (SÃO PAULO (SP), 2015). O PDE estabelece uma visão de cidade que conduza a sua transformação ao longo dos 16 anos para que foi previsto. Para isso dez estratégias foram estabelecidas, sendo elas: 1. Um plano para socializar os ganhos da produção da cidade; 2. Um plano para melhorar a mobilidade urbana; 3. Um plano para orientar o crescimento da cidade nas proximidades do transporte público; 4. Um plano para promover o desenvolvimento econômico da cidade; 5. Um plano para preservar o patrimônio e valorizar as iniciativas culturais; 6. Um plano para implementar a política habitacional para quem precisa; 7. Um plano para qualificar a vida urbana nos bairros; 8. Um plano para reorganizar as dinâmicas metropolitanas; 9. Um plano para incorporar a agenda ambiental no desenvolvimento da cidade; 10. Um plano para fortalecer a participação popular nas decisões dos rumos da cidade. Dessa maneira, a estratégia territorial do Plano Diretor se estrutura em dois elementos. O primeiro deles é a organização e ordenação do território em macrozonas e macroáreas de maneira a garantir um desenvolvimento urbano e sustentável, considerando a dimensão social, ambiental, imobiliária, econômica e cultural. As macrozonas são duas, sendo elas: Macrozona de Estruturação e Qualificação Urbana, exclusivamente urbana; e Macrozona de Proteção e Recuperação Ambiental, território ambientalmente frágil, demandando cuidados especiais para sua conservação. (SÃO PAULO (SP), 2015). Ao todo, as macroáreas são oito, quatro em cada uma das duas macrozonas, sendo elas: de Estruturação Metropolitana, de Urbanização Consolidada, de Qualificação da Urbanização, de Redução da Vulnerabilidade Urbana, de Redução da Vulnerabilidade Urbana e Recuperação Ambienta, de Contenção Urbana e Uso Sustentável, e de Preservação dos Ecossistemas Naturais.

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O segundo elemento se dá a partir da rede de estruturação e transformação urbana, onde se concentram as transformações propostas pelo Plano Diretor. Tais transformações se concentram na Macroárea de Estruturação Metropolitana, “que tem um papel estratégico na reestruturação urbana no Município por apresentar grande potencial de transformação urbana, que precisa ser planejado e equilibrado” (SÃO PAULO (SP), 2015). Se concentram também na rede estrutural de transporte coletivo, que define os eixos da transformação e onde se propõe concentrar o adensamento e qualificar os espaços públicos; na rede hídrica e ambiental, importante para garantir a sustentabilidade urbana; e na rede de estruturação local, direcionando políticas públicas de maneira a reduzir as desigualdades socio territoriais, gerando novas centralidades e qualificando as existentes. Em relação aos parâmetros de uso e ocupação do solo algumas novas estratégias foram definidas, como: a definição no PDE de Coeficiente de Aproveitamento Básico = 1 (C.A. Básico) para todo o município; com a implementação no Zoneamento de Quota Ambiental Mínima para lotes acima de 500 m². O C.A. Básico = 1 implementado tornou possível a construção de até uma vez a área do lote em toda a cidade. O potencial construtivo adicional do C.A. Básico até o limite máximo estabelecido em cada área (C.A. Máximo) pode ser pago por meio de uma contrapartida financeira chamada Outorga Onerosa, destinada ao Fundo Municipal de Desenvolvimento Urbano

Figura 39 – Ordenação Territorial e as Macroáreas. Fonte: São Paulo (SP) (2015), editado pela autora.

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Figura 40 – Soluções para obter a pontuação exigida pela Quota Ambiental. Fonte: São Paulo (SP) (2016), editado pela autora.

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(FUNDURB). Com isso, os recursos arrecadados com a venda do potencial construtivo aos empreendimentos que construam acima do C.A. Básico serão investidos em melhorias urbanas nas áreas de: Habitação de Interesse Social; Transporte Público, Ciclovias e Calçadas; Unidades de Conservação Ambiental; Planos de Bairro; Equipamentos Sociais; Espaços Públicos; Áreas Verdes e Patrimônio Cultural. (SÃO PAULO (SP), 2015). Outro instrumento urbanístico e ambiental que deve ser atendido por novas construções e reformas é a Quota Ambiental. De acordo com a Lei do Zoneamento (SÃO PAULO (SP), 2016), a Quota Ambiental (Q.A.) “Corresponde a um conjunto de regras de ocupação dos lotes objetivando qualificá-los ambientalmente, tendo como referência uma medida de eficácia ambiental de cada lote, com ênfase nos aspectos de drenagem urbana e cobertura vegetal.” Todos os lotes devem atender a taxa de permeabilidade, contudo lotes com área superior a 500 m² devem atender também a pontuação mínima de Q.A., variando conforme o território e o tamanho do lote. A pontuação pode ser atendida por meio de soluções construtivas e paisagísticas que auxiliem na atenuação microclimática, melhoria da drenagem urbana e promovam proteção da biodiversidade, sendo que cada solução tem uma determinada pontuação definida por Quadro na Lei. As soluções construtivas e paisagísticas para atingir a pontuação exigida pela Q.A. podem ser observadas na figura ao lado.


Algumas áreas do município estão num crescente de desenvolvimento, principalmente as localizadas na Macroárea de Estruturação Metropolitana e próximas aos eixos de transporte urbano. Dentre essas áreas podem ser citadas algumas regiões da Subprefeitura da Lapa e da Mooca. Em tais regiões há grande desequilíbrio na quantidade de moradias, largamente ofertada, e de oportunidades de emprego. Na Subprefeitura da Lapa o destaque vai para Distrito da Barra Funda, antigo bairro operário que tem atuante em seu solo a Operação Urbana Consorciada Água Branca (OUC Água Branca). Tal operação divide a área em setores de maneira a implantar um conjunto de melhorias para desenvolver a região de modo equilibrado, região essa que tem boa infraestrutura de transportes, como o terminal metrô-rodo-ferroviário da Barra Funda.9 Na Subprefeitura da Mooca, o destaque se dá para os bairros da Mooca e do Tatuapé. Tais bairros, próximos do centro da cidade e com fácil acesso ao metrô tem atraído desenvolvimento e a atuação do mercado imobiliário nos últimos anos, principalmente com o lançamento de empreendimentos residenciais. Dessa forma, a Zona Leste e principalmente estes bairros passaram a representar a segunda região da cidade com a maior quantidade de prédios residenciais nos últimos anos.10

Lotes da Subprefeitura da Lapa, da Sé e da Mooca já têm sido mapeados pela prefeitura de São Paulo com base na Função Social da Propriedade. O mapeamento segue três classificações, sendo elas: Imóvel Não Edificado, com área maior que 500 m² e coeficiente de aproveitamento igual a zero; Imóvel Subutilizado, com área maior que 500 m² e coeficiente de aproveitamento inferior ao mínimo definido pelo zoneamento do local; e Imóvel Não Utilizado, edifícios e outros imóveis na área central que tenham no mínimo 60% de sua área construída desocupada há mais de um ano.

6.3. Lotes para o projeto

9 Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2014. Disponível em: https://www. prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/urbanismo/sp_urbanismo/ operacoes_urbanas/agua_branca/index.php?p=19589 10 Fonte: Folha de São Paulo, 2016. Disponível em: http://especial.folha. uol.com.br/2016/morar/tatuape-mooca/2016/04/1756698-tatuape-emooca-enfrentam-o-desafio-de-crescer-sem-perder-a-identidade.shtml 85


Figura 41 – Função Social da Propriedade e as Tipologias de Imóveis Ociosos. Fonte: Prefeitura de São Paulo (SP) (2015), editado pela autora.

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A prefeitura disponibiliza uma lista com as informações sobre todos esses imóveis mapeados, incluindo informações como tipologia, o logradouro, subprefeitura em que se localiza, área do terreno, área construída e situação do imóvel. Para a seleção dos lotes possíveis para receberem o projeto, essa lista, que no momento da pesquisa contava com 1419 imóveis, recebeu uma série de filtros até restarem os 2 lotes selecionados. O primeiro filtro a ser aplicado foi a retirada de imóveis localizados na Subprefeitura da Sé, por ser a área mais central da cidade, já consolidada, repleta de serviços e comércios e voltada para a ocupação dos imóveis não utilizados e para usos residenciais. As áreas restantes, localizadas nas Subprefeituras da Lapa e da Mooca, estão predominantemente na Macroárea de Estruturação Metropolitana, importante por ser uma área repleta de infraestrutura e eixos de mobilidade, porém com grande desequilíbrio entre emprego e moradia, tendo pouca oferta do primeiro e grande quantidade do segundo. O segundo filtro aplicado foi a retirada de todos os imóveis que estão localizados nas áreas de ZEIS – Zonas


Especiais de Interesse Social. Com o PDE, grandes áreas não edificadas ou subutilizadas foram destinadas a ZEIS de maneira que se concretize o direto à moradia digna com oferta de Habitação de Interesse Social próxima à infraestrutura urbana. O terceiro filtro aplicado foi a retirada de todos os imóveis que sejam edificados, ou seja, todos os imóveis classificados como Subutilizados ou Não Utilizados. Com isso, restou apenas imóveis classificados como Não Edificados, ou seja, lotes vazios disponíveis para receber o projeto. Em relação à área, foi estabelecido um intervalo de área entre 1000 m² e 5000 m² para receber o projeto, aplicando um quarto filtro e retirando da lista todos os imóveis com área menor ou maior que o intervalo estabelecido. Tal intervalo de área foi definido de acordo com a natureza do projeto e de maneira a reduzir a quantidade de lotes disponíveis. Dessa forma, restaram 12 imóveis na Subprefeitura da Lapa e 22 imóveis na Subprefeitura da Mooca. Com isso, durante o processo algumas diretrizes gerais para a implantação foram definidas, sendo elas: • O lote ser classificado de acordo com a função social da propriedade em Imóvel Não Edificado, ou seja, com coeficiente de aproveitamento do solo igual a zero de maneira a estar disponível para receber o projeto; • Ter entre 1.000 m² e 5.000 m² de área, intervalo considerado como suficiente para receber o projeto, não devendo ter menos que 1.000 m²; • Estar localizado em uma zona de acordo com suas características, excluindo, principalmente, as áreas de ZEIS que foram destinadas no PDE à grande parte dos imóveis que não contem algum tipo de edificação, áreas predominantemente residenciais de alto padrão e áreas industriais e de armazéns; • Uso e ocupação do solo do entorno próximo, devendo conter áreas com tendências e dinâmicas comerciais capazes de ativarem o potencial da comunidade do coworking, reorganizando as dinâmicas metropolitanas e auxiliando na criação e no fortalecimento de subcentros; • Facilidade de acesso a meios de transporte público, de linhas existentes ou planejadas, de maneira a democratizar o acesso ao espaço e de incentivar o uso de transporte coletivo, contemplando diretamente a estratégia do PDE de “orientar o crescimento da cidade nas proximidades do transporte público”. 87


Cada um dos 34 imóveis restantes foi analisado quanto ao zoneamento, ao uso e ocupação do solo do entorno próximo e ao acesso a meios de transporte público. Destes imóveis, 9 já haviam recebido algum tipo de construção, 8 estavam localizados em áreas predominantemente industriais e/ou com armazéns, 5 se localizavam em frente à Marginal Tietê ou em vias de transito rápido que dão acesso a ela, 5 estavam localizadas em áreas residenciais de alto padrão e outras 5 estavam localizadas longe do acesso ao transporte público, com distância em linha reta maior que 1 km da estação de trem ou de metrô mais próxima. Ao todo sobraram duas opções, sendo uma na Subprefeitura da Lapa e uma na Subprefeitura da Mooca.

Figura 42 – Levantamento de Imóveis Não Edificados. Em verde, os dois lotes selecionados. Fonte: GeoSampa, 2020 (acesso em 03 jun. 2020).

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LOTE 1 O primeiro imóvel se localiza no Distrito da Barra Funda, Subprefeitura da Lapa, no endereço R. do Bosque 1331. O lote tem 2.053 m², sendo ocupado atualmente por um estacionamento. Está localizado na Macrozona de Estruturação Metropolitana – Arco do Tietê, que faz parte de alguns territórios estratégicos para alterar o modelo de desenvolvimento urbano de São Paulo de maneira a se ter uma cidade mais equilibrada. O Arco do Tietê faz parte do Arco do Futuro, com perímetro ao redor dos dois principais rios da cidade – Pinheiros e Tietê – áreas que concentraram estruturas produtivas e industriais ao longo dos séculos XIX e XX e antigas áreas ocupadas por armazéns, que abrem espaço para um novo aproveitamento.

Figura 43, acima – Localização do Distrito da Barra Funda no Município de São Paulo (SP). Fonte: GeoSampa, 2020, editado pela autora (acesso em 03 jun. 2020).

Figura 44, à esquerda – Localização do Lote 1 no Distrito da Barra Funda. Fonte: GeoSampa, 2020, editado pela autora (acesso em 03 jun. 2020). 89


Também está localizado na OUC Água Branca (Operação Urbana Consorciada Água Branca). Local de antigo parque industrial, abrange parte dos bairros da Água Branca, Perdizes e Barra Funda. A OUC Água Branca, Lei n.º 11.774/1995, foi reformulada e revista (Lei nº 15.893/2013) de maneira a se adequar ao Estatuto da Cidade e ao PDE. Com isso, passa a trazer em seu texto “um plano urbanístico contendo melhorias no sistema de circulação e mobilidade, além da localização do sistema de áreas verdes, estudos para a avaliação da capacidade de suporte da infraestrutura viária, de transportes, circulação e mobilidade” (SÃO PAULO (SP), 2013). A área, que vem recebendo melhorias urbanísticas nos últimos anos, também tem recebido estímulos para a diversificação das atividades, principalmente trazendo oferta de empregos e outras atividades econômicas. A região tem fácil acesso, com boa infraestrutura de transportes, principalmente em relação a presença do terminal metrô-rodo-ferroviário da Barra Funda, que recebe milhares de pessoas de diversas localidades por dia. O entorno também conta com melhorias decorrentes da Operação Urbana, como a grande quantidade de redes ciclo viárias e de corredores e faixas exclusivas para ônibus. Está também próximo a diversas vias arteriais da capital e da Marginal Tietê, que conecta a cidade às mais diversas regiões e às rodovias, como a Castello Branco, Anhanguera e Bandeirantes. Em frente ao lote está localizado um ponto de ônibus, há 2 minutos de caminhada na Av. Marquês de São Vicente estão presentes corredores de ônibus e ciclovias. Está também há 1 km de trajeto a pé do Terminal da Barra Funda (Metrô Linha 3 – Vermelha e CPTM Linhas 7 – Rubi e 8 – Diamante). O entorno do lote apresenta usos relacionados principalmente a comércio, serviços e armazéns. Em meio a comércios e serviços é notável a presença de residências, principalmente de condomínios verticais construídos nos últimos anos. Também há a presença de escolas municipais e estaduais, particulares e de ensino superior, como a UNESP IA, a UNESP IFT e o campus de uma universidade particular. Alguns equipamentos públicos também estão presentes no entorno, principalmente o Memorial da América Latina localizado ao lado do Terminal da Barra Funda. Próximo também está o Parque da Água Branca e o Parque Barra Funda – Praça Nicolau de Moraes Barros. Em frente ao lote está localizado o Fórum Trabalhista e, ao redor, alguns órgãos públicos como o Ministério Público 90


Figura 45, acima– Viário e rede de transportes no entorno do Lote 1. Lote hachurado. Fonte: GeoSampa, 2020, editado pela autora (acesso em 04 jun. 2020).

Figura 46, acima – Usos predominantes no entorno do Lote 1. Lote hachurado. Fonte: GeoSampa, 2020, editado pela autora (acesso em 04 jun. 2020). 91


do Estado de São Paulo, o Fórum Criminal da Barra Funda e a Secretaria de Estado da Educação. Em relação às qualidades urbanas, por estar em um bairro de ocupação principalmente industrial nos séculos XIX e XX, o entorno apresenta grandes lotes construídos e muitas vezes abandonados, pouca arborização e outras qualidades urbanas. Como já dito anteriormente, tal cenário vem sendo modificado por meio da Operação Urbana que visa trazer melhorias na circulação, mobilidade, equipamentos públicos e de interesse da comunidade. Figuras 47 e 48 – Entorno próximo do Lote 1. Fonte: Google Street View, 2020.

Quando ao zoneamento, o lote está na Zona Mista (ZM). As zonas são definidas como “porções do território em que se pretende promover usos residenciais e não residenciais, com predominância do uso residencial, com densidades construtiva e demográfica baixas e médias. A principal característica da zona mista é viabilizar a diversificação de usos, sendo uma zona em que se pretende mais a preservação da morfologia urbana existente e acomodação de novos usos, do que a intensa transformação”. (SÃO PAULO, (SP) 2016).

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Legislação Parâmetros de Ocupação Zona de Uso: ZM e OUC Água Branca C.A. Mín.: 0,3 | Máx: 4 T. Ocupação Máx.: 70% T. Perm. Mín.: 30% Gabarito Altura Máx.: 80m Recuo Mín. Frontal: 25m* Recuo Mín. Laterais e Fundo: 3m* Quota Ambiental Mín: 0,6 *Para edificações com altura <= 15m: recuos não exigidos. Figura 49, cima – Lote 1. Fonte: GeoSampa, 2020, editado pela autora (acesso em 04 jun. 2020).

Dos seus 2.083,53 m² de área, tem como área construída 561 m² referente a duas construções: uma pequena área em alvenaria com o caixa do estacionamento e um banheiro, a oeste e próximo da fachada frontal; e um área maior de estacionamento coberto com estrutura metálica, nos fundos.

Figuras 50 e 51, acima – Lote 1. Fonte: Google Street View, 2020. 93


LOTE 2 O segundo imóvel se localiza no Distrito do Tatuapé, Subprefeitura da Mooca, no endereço R. Euclides Pacheco 224, Vl. Gomes Cardim. O lote tem 1.946 m², sendo ocupado atualmente por um estacionamento. Está localizado na Macrozona de Qualificação da Urbanização, área que possui moderada oferta de serviços e equipamentos e que busca combinar usos residenciais e não residenciais. A região da Subprefeitura da Mooca cresceu bastante no decorrer dos últimos anos, tornandose atrativa para o setor imobiliário, que investe, principalmente, no lançamento de condomínios residenciais verticais.

Figura 52, acima – Localização do Distrito do Tatuapé no Município de São Paulo (SP). Fonte: GeoSampa, 2020, editado pela autora (acesso em 03 jun. 2020).

Figura 53, à direita – Localização do Lote 2 no Distrito do Tatuapé. Fonte: GeoSampa, 2020, editado pela autora (acesso em 03 jun. 2020). 94


A região está próxima a duas das principais vias arteriais da cidade. A primeira delas, a Av. Radial-Leste, cruza todo o eixo leste da capital em direção à região central. A segunda, a Av. Salim Farah Maluf, faz a ligação de importantes rodovias como a Presidente Dutra, Fernão Dias e Ayrton Senna com acesso à baixada santista pelas rodovias Anchieta-Imigrantes. No interior do bairro estão presentes vias coletoras e locais. Próximo ao lote estão alguns pontos de ônibus com linhas importantes para os fluxos dentro do bairro. Há 1 km a pé está a estação de Metrô Tatuapé (Linha 3 – Vermelha) que liga as regiões leste-oeste da capital paulista, passando pela região central. Ao redor não estão presentes redes ciclo viárias e corredores de ônibus. A infraestrutura não acompanhou o grande crescimento da região que necessita de melhorias na mobilidade, abrangendo desde a manutenção de calçadas até a modernização de vias. Na Zona Leste está concentrada a segunda maior quantidade de prédios residenciais da cidade. Com isso, os usos ao redor do lote são em suma maioria de residências horizontais e verticais de médio e alto padrão. A área tem grande quantidade de apartamentos à venda e para alugar com preços competitivos, principalmente pelo fato de que o bairro Anália Franco, vizinho ao Tatuapé, apresenta o metro quadrado mais caro dessa região. Além dos usos residenciais estão presentes pequenos e médios comércios e serviços, atendendo às necessidades locais com um subcentro local bem consolidado. Próximo também há a presença de duas escolas municipais, escolas particulares, o Shopping Garden Tatuapé e o Shopping Metrô Tatuapé. O bairro carece de áreas verdes públicas, de lazer e de equipamentos públicos. Quando ao zoneamento, o lote está na Zona de Centralidade (ZC). As ZCs são definidas como “porções do território localizadas fora dos eixos de estruturação da transformação urbana destinadas à promoção de atividades típicas de áreas centrais ou de subcentros regionais ou de bairros, em que se pretende promover majoritariamente os usos não residenciais, com densidades construtiva e demográfica médias e promover a qualificação paisagística e dos espaços públicos”. (SÃO PAULO, (SP) 2016).

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Figura 54, acima– Viário e rede de transportes no entorno do Lote 2. Lote hachurado. Fonte: GeoSampa, 2020, editado pela autora (acesso em 05 jun. 2020).

Figura 55, acima – Usos predominantes no entorno do Lote 2. Lote hachurado. Fonte: GeoSampa, 2020, editado pela autora (acesso em 05 jun. 2020). 96


Figura 56, à direita – Entorno próximo do Lote 2. Fonte: Google Street View, 2020.

Tem como área construída 85 m² no lote que totaliza 1.946 m². A área construída refere-se a um quadrado de alvenaria com cobertura metálica, localizado na entrada do estacionamento, que abriga os funcionários do local. Figuras 57 e 58, à esquerda – Lote 2. Fonte: Google Street View, 2020.

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Legislação Parâmetros de Ocupação Zona de Uso: ZC C.A. Mín.: 0,3 | Máx: 2 T. Ocupação Máx.: 70% T. Perm. Mín.: 30% Gabarito Altura Máx.: 48m Recuo Mín. Frontal: 5m Recuo Mín. Laterais e Fundo: 3m** Quota Ambiental Mín: 0,44 **Para edificações com altura <= a 10m: recuos não exigidos. Figura 59 – Lote 2. Fonte: GeoSampa, 2020, editado pela autora (acesso em 05 jun. 2020).

Comparativo Lotes 1 e 2

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Comparativamente, os dois lotes são diferentes entre si principalmente no que se refere ao entorno. Enquanto o Lote 1 está numa região bastante comercial e industrial, com muito fluxo de automóveis e com poucas residências, o Lote 2 tem bastantes casas térreas e sobrados ao redor. Tais fatores influenciam diretamente em questões como a implantação do projeto e seu gabarito, que seriam distintos em cada um dos contextos. No primeiro, na Barra Funda, o espaço demandaria algo com um pouco mais de linhas retas, transparências, com uma escala maior. No segundo, no Tatuapé, a leitura é que o espaço teria uma relação maior com a paisagem horizontal do entorno, associado com as pequenas residências próximas. A paisagem do segundo é bastante interessante para ser explorada, contudo um importante fator se destaca: a consolidação do coworking no local. Olhando por essa ótica, o lote na Barra Funda está mais relacionado com a atividade que este trabalho propõe, estando mais próximo às dinâmicas que vão ser necessárias para o projeto. As áreas dos lotes são muito próximas, sendo 2.083 m² no Lote 1 e 1.946 m² no Lote 2. Algumas diferenças podem ser destacadas também na legislação


de uso e ocupação do solo. No lote da Barra Funda, além do estímulo para um gabarito de altura e adensamento de médio para alto, o valor da Quota Ambiental Mínima se destaca. Por ser uma região muito árida, demanda maiores soluções construtivas e paisagísticas de maneira a trazer melhorias para o microclima e para a drenagem urbana local. No lote do Tatuapé a Quota Ambiental Mínima é menor pois é uma região menos adensada e mais horizontal, mesmo que com pouca arborização, exigindo menos esforços ambientais no microclima local. Nesse sentido, a proposta do coworking colaborativo e sustentável já vai beneficiar de maneira ambiental a região em que estiver implantado, superando o Q.A. para além do mínimo exigido. Com isso, o Lote 1 teria algumas vantagens em relação ao Lote 2, parecendo ser o mais promissor e o mais indicado. Ele é o mais bem conectado e com facilidade de acesso, está próximo a grandes vias, assim como da Marginal Tietê, e está próximo das linhas de Metrô, CPTM, ônibus e de faixas para bicicleta. Atualmente existe um movimento de transformação de alguns bairros antigos majoritariamente residenciais e industriais, como Barra Funda e Perdizes, para comerciais, equilibrando oferta de emprego e moradia. É uma região que está começando a se transformar. O entorno tem recebido universidades e conjuntos residenciais verticais, como o mega condomínio residencial Jardim das Perdizes lançado em 2013, que tem uma série de salas comerciais para serem alugadas. O complexo, com 32 torres previstas, trouxe uma grande população para a região, tanto residencial quanto comercial. O entorno também tem recebido torres comerciais, trazendo para a região do Arco do Tietê maior oferta de empregos e serviços, alinhado ao proposto e direcionado para a região pelo Plano Diretor Estratégico. É uma região bem consolidada em relação a infraestrutura urbana e com bastante residências. Dessa maneira, o Lote 1 e seu contexto cumpririam a demanda que o projeto necessita.

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6.4.Diretrizes projetuais e programa

Para a definição das diretrizes de projeto, de acordo com todos os levantamentos e com os estudos realizados até então, foi realizado um mapa mental selecionando as principais diretrizes que devem ser contempladas no projeto. Cada uma das diretrizes macro foi destrinchada em “estratégias”, que por sua vez receberam “elementos” que definem os meios de como tornar possível cada uma dessas estratégias. De maneira a explicar cada uma das diretrizes e todos os elementos que as compõe, o conceito do Golden Circle será utilizado. Tal conceito, baseado nas respostas às perguntas “Por que? Como? O que?”, atua de maneira a transmitir de forma mais clara a ideia. Tal linha de raciocínio também auxilia a definir os objetivos e como chegar neles com maior clareza, algo extremamente necessário quando se trata da definição das diretrizes que vão guiar o projeto do Coworking Sustentável. A proposta foi dividida em 6 diretrizes projetuais, sendo elas: Colaborativo e Integrado; Sociabilização Colaborativa e Solidariedade; Design Permacultural; Bioconstrução; Arquitetura Bioclimática; Biomimética e Design Biofílico. Cada uma das diretrizes será explicada e destrinchada abaixo. • Colaborativo e Integrado: Por que? O fato de ser colaborativo é a característica principal dessa proposta de coworking. É com base na colaboratividade, na empatia e no respeito ao próximo que as relações devem se dar em seu interior. A integração também deve estar presente na configuração dos espaços, foco dessa diretriz projetual. Para serem integrados os espaços devem ser amplos, explorando principalmente os planos horizontais em detrimento dos verticais, acessíveis para todo tipo de pessoa que for utilizar e adaptado para as empresas considerando seu crescimento, além de integrar e não segregar os espaços de trabalho de diferentes naturezas. Tal diretriz se relaciona diretamente com as estratégias e elementos presentes na próxima diretriz projetual a ser analisada, “Sociabilização Colaborativa e Solidariedade”. Como? Por meio da presença de espaços abertos e fluidos, grandes planos horizontais; acessibilidade garantida para pessoas com mobilidade reduzida - NBR 9050; flexibilidade de divisórias para ampliação ou redução dos espaços de trabalho privativos; uso de mesas compartilhadas com

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formatos orgânicos, diferentes do formato retangular tradicional; uso de materiais com transparência entre os espaços de trabalho compartilhados e privativos e de elementos vazados. O que? A diretriz projetual Coworking Colaborativo e Integrado foi destrinchada em duas estratégias que definem o que essa diretriz abrange. A primeira, “atribuir funcionalidade, acessibilidade e certa flexibilidade aos espaços”, é relativa à necessidade do espaço ser funcional de acordo com seu foco, ser amplo e ser acessível para todos os tipos de usuário. Além disso, de ser flexível de acordo com o crescimento das empresas, tendo a possibilidade desses espaços privativos serem ampliados. A segunda, “permeabilidade do olhar entre ambientes de trabalho compartilhados e privativos”, se refere a necessidade de amplitude e de conexão visível entre esses locais de trabalho, em vez de segregar. • Sociabilização Colaborativa e Solidariedade Por que? Colaboratividade, solidariedade e empatia devem estar presentes no ecossistema do local, desde a organização e gerência do coworking até todas as atividades que ali ocorrem. A gestão por meio de sistema horizontal de tomada de decisões, além de ferramentas para o relacionamento entre as empresas, é de vital importância para que a proposta funcione. Além disso, áreas privativas de uso público são oportunidades únicas de contato com a comunidade, de trocas de conhecimento e para a realização de atividades. Também, a presença de um espaço gratuito de coworking é muito importante para que o empreendedor de menor renda, que não conseguiria pagar para acessar o local, possa utilizar a infraestrutura e o espaço. Como? Por meio da gestão colaborativa pelo sistema de cooperativa, com elementos de discussão transversal da gestão do coworking como rodas de conversa, painéis e formulários; ações de interação e debate entre as empresas como eventos e workshops; praça de uso público com muito verde para contato com a comunidade e realização de atividades; auditório aberto para eventos e para o público externo; área de café com mesas e auditório aberto ao público.

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Espaços abertos e fluidos, grandes planos horizontais Acessibilidade garantida para pessoas com mobilidade reduzida - NBR 9050

Atribuir funcionalidade, acessibilidade e certa flexibilidade aos espaços

Flexibilidade de divisórias para ampliação/ redução dos espaços de trabalho privativos

Colaborativo e Integrado

Uso de mesas compartilhadas com formatos orgânicos, diferentes do formato retangular tradicional Uso de materiais com transparência e elementos vazados

Gestão colaborativa - cooperativa Elementos de discussão transversal de gestão do coworking: painéis, formulários e rodas de conversa

Permeabilidade do olhar entre ambientes de trabalho compartilhados e privativos

Promover ações participativas, cooperativas e fortalecer o espírito comunitário

Ações de interação e debate entre as empresas com eventos e workshops

Sociabilização Colaborativa e Solidariedade Praça de uso público com muito verde e contato com a comunidade Auditório aberto para eventos e para o público externo

Cow Sust

Espaços de convívio e apresentação de conteúdos de uso público

Área de café com mesas para utilização como coworking aberto ao público

Espaços comuns de cuidado com a natureza e de cultivo de alimentos: vegetação funcional e agrícola, pomares, hortas, ervas medicinais e condimentos

Uso de interação com a agroecologia

Design Permacultural Uso de energia fotovoltaica, geotermia e redução do consumo energético Captação e reúso de águas pluviais e redução do consumo de água Sistemas de rega eficiente com água de reúso nos elementos vegetais Gestão de resíduos: reciclagem em geral e uso de composteira doméstica para orgânicos e para poda/vegetação

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Eficiência e captação energética, reaproveitamento/reuso de água e gestão de resíduos


Observar e interagir com a natureza e suas formas

Responder as necessidades dos usuários de forma adequada e eficiente

Parte vegetal interna abundante Contato interno com o elemento água

Biomimética e Design Biofílico

Conexões visíveis com elementos da natureza em todos os ambientes

Nichos de produtividade e de descanso com a natureza como potencializador Contato com a luz solar em espaços externos e internos Natureza na parte externa em conexão com a edificação, sendo utilizada como lazer e descanso

Espaços de pausa entre os produtivos

Espaços com diferentes funções e naturezas

Diferentes funções disponíveis: trabalhar, comer, lazer e descansar

Conforto térmico, acústico e visual

working tentável

Arquitetura Bioclimática

Uso de estratégias naturais em detrimento de tecnologias de condicionamento de temperaturas ambientais, aproveitando os ventos predominantes locais, além da presença de cobertura verde para maior conforto térmico Presença de aberturas no contorno da edificação (varandas) e de brises verticais e horizontais permitindo a entrada da luz direta e indireta ao longo do dia, além da claraboia sobre o átrio central permitindo uma iluminação constante e complementar à radial Uso de painéis acústicos de madeira e de outros absorvedores e isolantes acústicos conhecidos, minimizando a reverberação dos ruídos internos

Reaproveitamento de resíduos industriais e da construção civil

Bioconstrução Preferência de uso de materiais construtivos regionais e de fontes renováveis

Figura 60 – Mapa Mental: Diretrizes Projetuais. Fonte: elaboração da autora, 2021.

Uso de tijolo de solocimento com incorporação de areia reciclada (obtida pela trituração de resíduos) Estrutura com madeira de reflorestamento, preferencialmente madeira laminada colada (MLC) nos pilares, com reforço de lâminas de bambu nas vigas (MLCB) Fechamentos verticais em wood-frame, material de origem renovável e com destinação pós vida útil de baixo impacto

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O que? A diretriz Sociabilização Colaborativa e Solidariedade foi destrinchada em duas estratégias. A primeira, “promover ações participativas, cooperativas e fortalecer o espírito comunitário”, tem a ver com o modelo de organização do coworking e das ações realizadas para a criação de estímulos entre os empreendedores. A segunda estratégia, “espaços de convívio e apresentação de conteúdos de uso público”, é relativa à interação com a comunidade em espaços de uso público com a promoção de atividades e a possibilidade de usarem tal espaço, como o café, como coworking aberto gratuitamente. • Design Permacultural Por que? A metodologia e eficiência da permacultura representam a principal diretriz ligada ao lado sustentável. Sua ética e princípios irão guiar o trabalho, inclusive guiará as decisões tomadas nas diretrizes “Bioconstrução”, “Arquitetura Bioclimática” e “Biomimética e Design Biofílico”. A permacultura será a responsável por guiar o projeto de um coworking sustentável a longo prazo e de forma economicamente viável, que supra grande parte de suas próprias necessidades, que não explore ou polua, que evite o desperdício, que integre e não segregue e que valorize a diversidade. Ainda, será a responsável pela observação dos sistemas naturais, contato e cuidado com a natureza, pequeno cultivo de alimentos e pelo conhecimento e balanceamento de sistemas tradicionais e modernos. Sempre baseado nos três princípios da sua ética: de cuidado com a terra, com os outros e a divisão dos excedentes. Como? Por meio de espaços comuns de cuidado com a natureza e cultivo de alimentos: vegetação funcional e agrícola, pomares, hortas, ervas medicinais e condimentos; uso de energia fotovoltaica, geotermia e redução do consumo de energia; captação e reuso de águas pluviais e redução do consumo de água; sistemas de rega eficiente com água de reuso nos elementos vegetais; e pela gestão de resíduos, tanto recicláveis, quanto orgânicos e restos de vegetação. O que? A diretriz Design Permacultural está destrinchada em duas estratégias. A primeira, “uso de interação com a agroecologia”, tem a ver com a presença de espaços comuns de cuidado com a natureza e cultivo de alimentos. A segunda, “eficiência e captação energética, 104


reaproveitamento/reuso de água e gestão de resíduos”, relativo à eficiência na gestão de energia, água e resíduos, buscando soluções visando sistemas autossuficientes que demandem menor gasto de energia. • Biomimética e Design Biofílico Por que? A biomimética é a ciência com base no aprendizado de milhares de anos da natureza. Com isso, se consegue utilizar do conhecimento adquirido pela natureza, para utilizá-la como modelo e inspirar as formas da edificação e outros elementos a serem projetados. O design biofílico é importante por trazer ao espaço de trabalho saúde e bem-estar, retomando o contato e a conexão do homem com a natureza. Essa conexão, de acordo com pesquisas na área psicológica, é uma função humana que nos auxilia na recuperação mental e no alívio de atividades cotidianas. Dessa maneira, esse contato com a natureza de diferentes formas se torna vital em cidades cada vez mais cinzas e ambientes internos que têm sido o tipo de ambiente que o homem habita na maior parte do tempo. Como? Entendendo o contexto do projeto e o que o usuário realmente precisa, respondendo a essas necessidades de forma adequada e eficiente; parte vegetal interna abundante; contato interno com o elemento água; nichos de produtividade e de descanso com a natureza como potencializador; contato com a luz solar em espaços externos e internos; natureza na parte externa em conexão com a edificação, sendo utilizada como lazer e descanso; espaços de pausa entre os produtivos; diferentes funções disponíveis: trabalho, comer, lazer e descansar. O que? A diretriz Biomimética e Design Biofílico foi destrinchada em três estratégias. A primeira, “observar e interagir com a natureza e suas formas”, relativa a permacultura e a biomimética, ao relacionamento das formas presentes na natureza inspirando as formas gerais do projeto. A segunda, “conexões visíveis com elementos naturais em todos os ambientes”, de maneira a aumentar o bem-estar, a produtividade e as conexões entre os usuários. A terceira, “espaços com diferentes funções e naturezas”, se relacionando com os benefícios da estratégia anterior de maneira a criar locais de estímulo para os empreendedores. 105


• Arquitetura Bioclimática Por que? A arquitetura bioclimática é a diretriz que está relacionada à estratégias bioclimáticas para que o projeto utilize os recursos naturais locais. É a preocupação na concepção do projeto considerando as condições climáticas de onde está inserindo, utilizando recursos disponíveis na natureza como o sol, a chuva, o vento e a vegetação para minimizar o impacto ambiental e reduzir o consumo energético. Ao utilizar esses recursos disponíveis, consequentemente e estrategicamente, será melhorado os confortos térmico-acústico-visual do espaço. Como? Por meio do uso de estratégias naturais em detrimento de tecnologias de condicionamento de temperaturas ambientais, aproveitando os ventos predominantes locais, além da presença de cobertura verde; por meio de aberturas no contorno da edificação (varandas) e de brises verticais e horizontais, permitindo a entrada de luz direta e indireta ao longo do dia; presença de clarabóia sobre o átrio central permitindo uma iluminação constante e complementar à radial; e uso de painéis acústicos de madeira e outros absorvedores e isolantes acústicos, minimizando a reverberação dos ruídos internos. O que? A diretriz Arquitetura Bioclimática foi articulada na estratégia de “conforto térmico, acústico e visual”, relacionada ao projeto voltado para o conforto dentro destas três grandes áreas. Ao conforto térmico, em relação a estratégias de ventilação e de iluminação; conforto acústico, relacionado a elementos absorvedores de ruídos e isolantes acústicos; e o conforto visual, relativo a presença abundante de elementos da natureza assim como de luz natural. • Bioconstrução Por que? A bioconstrução é importante por representar a preocupação ecológica em todo o projeto, desde sua concepção inicial até sua ocupação. A maior preocupação nessa área se dá na utilização de materiais que não agridam o meio ambiente, utilizando sempre que possível materiais regionais, renováveis e aproveitando resíduos. A Bioconstrução também se relaciona diretamente com elementos presentes na diretriz “Arquitetura Bioclimática”, relativo ao uso de estratégias naturais disponíveis. 106


Como? Por meio de alguns elementos: do uso de madeira de reflorestamento, nos fechamentos verticais em woodframe, nos pilares de madeira laminada colada (MLC), nas vigas de MLC + lâminas de bambu (MLCB); do uso de tintas naturais e a base d’água em tetos e paredes; além do uso de solocimento com a incorporação de resíduos. O que? A diretriz Bioconstrução foi articulada em duas estratégias, sendo elas: “preferência de uso de materiais construtivos regionais e de fontes renováveis”, optando pelo uso desses materiais e de outros materiais naturais, e “reaproveitamento de resíduos industriais e da construção civil”, de maneira a utilizar tais resíduos que representam grande porcentagem do lixo descartado nas cidades. Figura 61 – Flor da Permacultura do Projeto. Fonte: Holmgren (2013), elaboração da autora.

A partir de todas as diretrizes, estratégias e elementos foi elaborada a Flor da Permacultura do Projeto (Figura 61) com esses direcionamentos retratados na periferia da flor.

Bioconstrução MLCB e Wood-frame

Biofilia

Terraço verde Reúso e captação da água pluvial

Captação de água pluvial

Captação de energia fotovoltáica

Soberania alimentar Horta e frutíferas Paisagismo com hortaliças

Biofilia e biomimética Energias renováveis AMPO

DE

Empreendimento privado com usos públicos Colaboração Cooperação e solidariedade

Assessoria jurídica compartilhada

Reuso e reciclagem Estímulo ao transporte por bicicleta

ATUAÇ

EDUCAÇÃO E CULTURA

ECONOMIA E FINANÇAS

Contabilidade compartilhada

FERRAMENTAS E TECNOLOGIAS

ÃO

POSSE DA TERRA E GOVERNO COMUNITÁRIO

S

Rodas de conversa entre as empresas

Materiais de construção naturais Gestão dos resíduos orgânicos e verdes

C

Gestão cooperativa e transversal

ESPAÇO CONSTRUÍDO

MANEJO DA TERRA E DA NATUREZA

SAÚDE E BEM-ESTAR ESPIRITUAL

Saberes populares e individuais Espaços de apresentação abertos ao público

Espaços de debate entre os residentes e também com a população do entorno Transporte por bicicleta

Biofilia e qualidade ambiental Uso de cores e materiais naturais

Saúde no espaço de trabalho

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Programa de necessidades

O programa foi pensado, segundo os estudos realizados neste trabalho, de maneira a abranger todas as necessidades importantes para o coworking e para o ecossistema proposto funcionarem de forma eficiente. As atividades do programa foram pensadas de acordo com o tipo de acesso: público, aberto ao público ou privado; de acordo com a natureza da atividade a ser realizada: produtividade, descanso e/ou lazer, comer ou serviços; e de acordo com o zoneamento proposto pela permacultura, sendo a Zona 0 de uso muito frequente, diminuindo em frequência de uso e gasto energético para a Zona 5, a zona com menor ação antrópica. A proposta se dá entorno da necessidade de uma área pública próximo a calçada, com uma praça com bastante vegetação; de áreas de uso público no térreo com mesas para coworking, aberto gratuitamente para o público, além das áreas privativas. As áreas privativas se dão no balanceamento entre as áreas produtivas principais, como as áreas dos escritórios e de salas de reunião, e entre espaços de descanso, de lazer e de comer, dispostos ao redor de um átrio central. Além das áreas cobertas com áreas verdes, as áreas ao ar livre são muito importantes para a manutenção do bem-estar e para o contato direto com a natureza. Zoneamento do programa de necessidades Legenda das cores: - PRODUTIVIDADE

- DESCANSO e/ou LAZER – COBERTO - DESCANSO e/ou LAZER – DESCOBERTO - COMER - SERVIÇOS

Zona 0: - Recepção - Cafeteria e mesas para coworking (aberto ao público) - Cozinha para área da cafeteria - FabLab - Escritórios compartilhados - Escritórios privativos para empresas Zona 1: - Praça externa pública para rodas de conversas/ atividades/descanso - Estacionamento de bicicletas/patinetes e de motos 108


- Estacionamento de veículos no subsolo - Lounges - Sala de limpeza - Banheiros fem. e masc. e vestiários - Foyer dos auditórios abertos (para networking/ coffe break) - Banheiros acessíveis - Sala de máquinas FabLab - Área de café e snacks + impressão - Administração - QG - Salas de reunião - Salas para brainstorming - Área de jogos - Área de alimentação para almoços/eventos internos - Cozinha para almoços/eventos internos Zona 2: - Auditório 1 (para cerca de 70 pessoas, aberto ao público) - Auditório 2 (para cerca de 20 pessoas, aberto ao público) - Canteiro Experimental FabLab - Espaços de refúgio - Nichos para realização de conferências individuais - Auditório interno para workshops na cobertura (para cerca de 55 pessoas) - Foyer do auditório para workshops Zona 3: - Pocket park - Horta com condimentos e hortaliças para a cafeteria - Jardim Sensorial com ervas aromáticas, plantas comestíveis, frutíferas, entre outros - Praça coberta e descoberta na cobertura com redário Zona 4: - Lixeira para recicláveis e orgânicos - Composteira para orgânicos - Composteira para resíduos frescos (podas de grama e vegetação, folhas, etc.) - Espaço para armazenamento de água pluvial - cisterna - Torre caixa d’água/mirante Zona 5: - Espaços de respiro/contemplação da natureza 109


6.5. Energias externas - entorno e lote

Figura 62, abaixo – Regras de uso e ocupação do solo da área geral da OUC Água Branca. Fonte: Prefeitura de São Paulo, 2015 (acesso em 31 jul. 2020), editado pela autora.

Retomando algumas informações, o lote selecionado para receber o projeto encontra-se na OUC Água Branca. A OUC está inserida no contexto do Arco do Tietê, reconhecido como território estratégico para o desenvolvimento das áreas ao longo dos principais rios da cidade, devendo receber projetos urbanos para a melhoria na qualidade de vida da população. A OUC Água Branca apresenta diversas faixas de adensamento, com o lote escolhido localizando-se na “área geral”. Tais faixas têm legislação urbanística especial, voltadas para maior adensamento e verticalização, principalmente em relação aos usos residenciais. Na tabela “Regras de Uso e Ocupação do Solo” estão destrinchados os parâmetros de ocupação para a área, como o gabarito máximo de 80m de altura e os recuos diferenciados de acordo com a altura da edificação.

A região da Barra Funda, área de antigos armazéns e galpões da cidade, tem pouca arborização e é bastante árida. Faz parte da área de várzea do Rio Tietê, contudo tem várias áreas completamente impermeabilizadas, apresentando problemas de drenagem urbana. Desta maneira, o lote faz parte de um conjunto de áreas na cidade definidas pelo Zoneamento (SÃO PAULO (SP), 2015), com a quota ambiental mínima de pontuação 0,6, o maior valor que pode ser encontrado para lotes no município. Assim como analisado anteriormente no mapa “Usos predominantes no entorno do Lote 1” (figura 46), o entorno próximo é repleto de antigos galpões, porém recentemente tem recebido construções residenciais de condomínios verticais, comércios do setor de alimentação e grandes edifícios comerciais. Em direção ao sul se encontra o Memorial da América Latina, e a oeste, o Parque da àgua Branca.

110


A proposta, pela permacultura, alinha todos os elementos com as energias externas naturais (insolação, ventos, ruídos, geomorfologias, pedologia, hidrografia etc) quanto antrópicas, em se tratando de aplicação urbana (políticas e legislações urbanas, produção imobiliária, infraestruturas urbanas etc). o alinhamento é intenso porque responde não apenas a cada uma dessas energias externas, mas soma e potencializa as suas soluções.

723m

722m

723m

721m 722m 721m 723m

722m

723m

Figura 63, acima – Entorno próximo. Fonte: GeoSampa, 2020, editado pela autora (acesso em 03 ago. 2020).

LEGENDA Arborização:

Topografia:

Arborização viária

Curvas de nível

Baixa cobertura arbórea, arbóreo-arbustica e/ou arborescente

Edificações do entorno Lote a receber o projeto

Vegetação herbáceo-arbustiva Média a alta cobertura arbórea, arbóreo-arbustiva e/ou arborescente

111


Figura 64, acima – Perspectiva axonométrica do entorno e do lote, numa distância de 1km. Lote em turquesa. Fonte: Cad Mapper, 2020, editado pela autora (acesso em 29 jul. 2020).

Figuras 65 e 66, acima – Corte AA e Corte BB com o relevo do entorno, em cinza, e com o do lote, em turquesa. Fonte: Google Earth, 2020, elaborado pela autora (acesso em 30 jul. 2020). 112


RUA JOSÉ GO JOSÉ GOMES

BARRA FUNDA

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RUA

BARRA FUNDA

JOSÉ GOMES

RUA

BARRA FUNDA

A = 2.083,53 m²

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Analisando a topografia, a região tem baixa declividade, como pode ser observado na perspectiva axonométrica e nos cortes. O relevo, na distância horizontal de 1km, eleva-se 5m de altura no Corte AA e até 6m de altura no Corte BB. A baixa declividade ocorre também no lote, com pouco mais de 1m de inclinação da parte frontal em direção aos fundos. Mais detalhadamente, as Figura 67, abaixo – Planta duas curvas de nível que passam PRODUCED pelo lote eBYdemais préBaixa: Levantamento AN AUTODESK STUDENT VERSION existências podem ser observadas na figura “Planta Baixa: Planialtimétrico. Escala 1:500. Fonte: elaborado pela autora. Levantamento Planialtimétrico”.

113 PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION

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a

b

c d

Figura 68 – Diagrama axonométrico com préexistências do lote. Fonte: Cad Mapper, 2020, editado pela autora (acesso em 3 ago. 2020).

114

Com 2.083,53 m² de área total, tem como área construída 465,88 m² a ser demolida para receber o projeto. Em sua calçada está presente um ponto de ônibus marcado por meio de um totem metálico padrão do município. Ao lado do ponto está localizada uma árvore da espécie Tipuana tipu, espécie de árvore utilizada abundantemente na arborização urbana da cidade de São Paulo durante o século XX por apresentar crescimento rápido e boa sombra. Contudo essa espécie de planta apresenta problemas para arborização urbana, pois suas raízes crescem por sobre a calçada, quebrando-a.


a

b

c

d

Dentro do lote há uma única árvore, da família Lauraceae, da espécie Rhodostemonodaphne elephantopus, original da América do Sul. A identificação das espécies foi possível por meio do aplicativo para aparelhos móveis chamado PlantNet, que identifica a espécie da planta a partir de uma ou mais fotos de toda a planta ou de suas folhas.

Figuras 69, 70, 71 e 72, da esquerda para a direita e de cima para baixo, respectivamente: Árvore Rhodostemonodaphne elephantopus; Área coberta para vagas em estrutura metálica no fundo do lote; Ponto de ônibus na calçada e árvore Tipuana tipu; Construção de alvenaria que abriga o atual caixa do estacionamento e banheiros, na lateral direita do lote. Fonte: arquivo da autora, 2020.

115


ANÁLISES CLIMÁTICAS

116

A ideia do projeto parte, inicialmente, do estudo das condições de conforto da cidade de São Paulo e de estratégias bioclimáticas. A plataforma Projeteee – Projetando Edificações Energeticamente Eficientes, que pode ser acessada em http://projeteee.mma. gov.br/estrategias-bioclimaticas, apresenta dados de caracterização climática de mais de 400 cidades brasileiras, indicando quais estratégias projetuais são mais apropriadas para cada localidade. Tais estratégias estão destrinchadas de acordo com a abrangência para cada estação do ano e para o período do dia – manhã, tarde, noite e madrugada. Para a realização da análise solar e dos ventos, os dados geográficos do lote foram inseridos no programa Analysis SOL-AR do LabEEE da UFSC, disponível em http://labeee.ufsc.br/downloads/ softwares/analysis-sol-ar. O programa gera a carta solar e os dados de ventos predominantes para as coordenadas geográficas inseridas. Sobre os dados climáticos, São Paulo é uma cidade com clima subtropical úmido, com verão moderadamente quente e chuvoso e inverno ameno e seco. A cidade sofre ainda com efeitos como ilha de calor, que são influenciados principalmente pela alta poluição atmosférica, impermeabilização do solo e pouca quantidade de vegetação, afetando em maior ou menor grau os microclimas locais. Segundo o portal Projeteee, a zona de conforto térmico para edificações naturalmente ventiladas varia entre 19,5ºC e 27ºC, durante o ano, com menores temperaturas no outono/inverno e maiores na primavera/verão. A temperatura de bulbo seco média varia entre 20ºC e 22,5ºC no verão e entre 16ºC e 18ºC no inverno. A precipitação de chuvas varia de 200 a 300mm no verão, época com maior quantidade de chuvas, para o inverno seco, de 0mm de média em julho para cerca de 70mm em outros meses do outono/inverno. Conhecer a distribuição pluviométrica local é de extrema importância para o futuro dimensionamento do reservatório de armazenamento de água pluvial, nesse caso devendo ter maior volume devido a heterogeneidade do regime de chuvas.


Ainda segundo a plataforma Projetee, em relação às condições de conforto térmico, São Paulo apresenta 63% do ano de desconforto por frio, 22% do ano em conforto e 15% do ano em desconforto para o calor. As principais estratégias bioclimáticas para a localidade são: inércia térmica para aquecimento, com 58% de aplicabilidade ao longo do ano; ventilação natural, com 40% de aplicabilidade no verão; aquecimento solar passivo, com 32% de aplicabilidade no inverno; e sombreamento, com 18% de aplicabilidade de verão. Dessa maneira foram pensadas estratégias que abrangessem a: - Utilização de materiais com alta capacidade térmica no envelope da edificação, evitando as fachadas oeste e sudoeste que recebem radiação solar durante a tarde no verão; - Utilização de meios para obter ventilação natural controlável para renovação do ar e ventilação para resfriamento no verão; - Utilização da radiação solar direta para aquecimento da edificação (inverno); - Barreiras para evitar radiação solar direta na edificação (verão). Figuras 73, 74, 75 e 76 – Croquis das estratégias bioclimáticas. Fonte: elaboração da autora.

117


Para a análise solar foi utilizada a carta solar com as coordenadas de São Paulo (SP). A carta, representação gráfica do percurso solar ao longo do dia na abóboda celeste, permite determinar a trajetória do sol durante todo o ano, de solstício a solstício. A capital paulista, que está localizada na latitude 23,6ºS, tem o movimento aparente da trajetória solar inclinado durante sua trajetória na abóboda celeste. No solstício de inverno, o sol nasce mais a nordeste e se põe mais a noroeste, com menor altitude solar. No solstício de verão, o sol nasce próximo a sudeste e se põe a sudoeste, com maior altitude solar. A carta solar foi feita de acordo com as datas de solstícios e equinócios de 2020. Iniciando as análises solares pelo solstício de inverno (20/06), a trajetória solar é a mais curta observada em todo o ano na localidade, com o dia tendo duração com pouco mais de 11h. A trajetória parte da direção nordeste para noroeste e representa o momento em que o sol está mais inclinado e alcança a menor altitude solar. Durante o inverno a cidade conta com tempo seco e temperaturas mais frias. Nos equinócios de primavera (22/09) e outono (20/03), o dia apresenta igual duração se comparado com a noite (12h de duração), que é a própria definição do equinócio. As duas estações apresentam temperaturas amenas, com o outono sendo mais seco que a primavera. No solstício de verão (21/12), quando as temperaturas são mais altas e as chuvas são mais abundantes, o dia conta com pouco mais de 13h de trajetória solar, atingindo a maior altitude solar em relação a todos os outros dias do ano (próximo de 0ºC em relação a Normal). Em relação a rosa dos ventos, o vento predominante mais frequente é o vento de sudeste (SE) por cerca de 10 meses do ano, com exceção do inverno, com porcentagem máxima de frequência de 30,9% na primavera, 15,2% no verão, 22,4% no outono e 17,5% no inverno. O segundo vento com maior predominância é o vento de leste (L), com frequência de 22,5% na primavera, 14,6% no verão, 15% no outono e 16% no inverno. Sobre a análise do entorno, foi observado o sentido do fluxo d’água pluvial nas ruas ao redor do lote, identificando que os maiores fluxos se dão no sentido oeste. Em relação a quantidade de ruído, a região como um todo é cercada por grandes avenidas com alta circulação de veículos. Em especial, ao redor do lote, os maiores ruídos e até barreiras se dão no lote que faz divisa a oeste, onde se localiza uma emissora de televisão. 118


Figura 77 – Diagrama axonométrico com estudo de ventos predominantes. Fonte: Cad Mapper, 2020, elaborado pela autora (acesso em 3 ago. 2020).

LEGENDA:

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6.6. Projeto - Coworking Sutentável CONTEXTO E CONDICIONANTES O Coworking Sustentável: Espaço de Vivência Profissional Colabor(ativo) com Design Permacultural é proposto pra o enfrentamento de um modelo de trabalho e de relações comerciais que segregam os trabalhadores e as empresas, do ambiente e deles mesmos. A proposta se estrutura nos conceitos sociais, ambientais e econômicos da Permacultura e se alinha, em todos os aspectos possíveis, com os padrões da natureza.

Utiliza de tecnologias sociais e ambientais para responder às demandas dos usuários, empresas e pessoas. De forma eficiente, poupando recursos financeiros, ambientais e diminuindo as gerações usuais de resíduos, criando ambiências qualificadas de diversas naturezas e usos. Abre as portas para as trocas, para a socialização com o público externo no FabLab, Auditório e Cafeteria e abre-se, também, para a transgressão das fronteiras do tradicional, para além das bordas formais, para a inovação.


“Nunca antes o ser humano esteve globalmente imerso no modo de trabalhar em casa

(home

office).

Com certeza essa relação alterará, e já está alterando, nossa relação com o espaço de trabalho tradicional e com o próprio trabalho em si.”

PERSPECTIVAS Com a pandemia do novo coronavírus se espalhando pelo mundo desde janeiro de 2020, muitos países passaram a adotar práticas como a quarentena de parcelas de sua população. Com isso, milhões de pessoas passaram a trabalhar em casa. Tal fato fez com que houvesse um grande experiemento global do home office, numa escala nunca antes vista. Estima-se que tal cenário tenha ampliado o debate sobre o futuro do trabalho e sobre a mudança das tipologias tradicionais de escritório. Esse “experimento global” pode ser um catalisador para um relacionamento mais saudável entre o ser humano e o espaço de trabalho.

Figura 78 – Perspectiva da fachada do Coworking. Fonte: elaborado pela autora.


PERMACULTURA E BIOMIMÉTICA: CONCEPÇÃO DA FORMA

Figuras 79 e 80, a direita e abaixo, respectivamente – Flor do girassol com desenho da proporção áurea e Conjunto de módulos utilizado como base para a forma da edificação, segundo a Sequência de Fibonacci. Fonte: elaboração da autora.

FORMA - PROPORÇÃO ÁUREA Na flor do girassol pode-se observar a proporção áurea - a sequência matemática de Fibonacci - que está presente em diversos elementos da natureza, como na casca do caracol. À partir da proporção áurea foi elaborada a forma da edificação, com base em módulos quadrados de 3m, 6m e de 9m, que se dispõe ao redor do átrio. Com isso, a edificação passa a ser composta pelo térreo, três pavimentos superiores e dois subsolos para estacionamento, com o número mínimo de vagas de garagem exigido pelo Código de Obras de SP. A forma natural utilizada na planificação dos edifícios e do ambiente externo, somada a proposta de sistema estrutura modular em Madeira Laminada Colada com Reforço de Bambu (MLCB), permite a modulação das vedações e ambientes de modo que haja flexibilidade na estruturação dos espaços das empresas e dos espaços comuns durante a vida útil da edificação caso as demandas sejam modificadas. Após a vida útil determinada, caso houvesse uma mudança de uso, também permitiria maior facilidade na adaptação da edificação. 122


DISTRIBUIÇÃO DA PROPORÇÃO ÁUREA DE ACORDO COM O PROGRAMA DE NECESSIDADES

ROTAÇÃO DA FORMA AO REDOR DO CENTRO

x4

CRIAÇÃO DO ÁTRIO E DOS 4 PAVIMENTOS PROPOSTOS

VARANDAS EM BALANÇO + ESPIRAL

COBERTURA VERDE COM BASE NO GIRASSOL + COBERTURA DO ÁTRIO

ÁTRIO, LUZ NATURAL E EFEITO CHAMINÉ

Figuras 81, 82, 83, 84, 85 e 86, acima – Diagramas de concepção da forma da edificação principal do Coworking Sustentável. Fonte: elaboração da autora. 123


PERMACULTURA: ZONEAMENTO E SETORIZAÇÃO

Figura 87 – Diagrama de implantação da construção no lote e índices urbanísticos do projeto e Planta Baixa Humanizada do Pav. Térreo. Fonte: elaborado pela autora.

O zoneamento da permacultura é definido por meio de zonas, delimitadas de acordo com a quantidade de energia que necessitam. A zona 0 é a zona de maior gasto de energia. A zona 5, por sua vez, é a zona com menor gasto de energia, quase nada ou nada antropizada. A setorização foi pensada por meio de conexões horizontais, verticais e com a paisagem. As conexões horizontais são de natureza privada ou de uso público, em menor ou maior grau. O pavimento térreo é repleto de fluxos de uso público, como para acessar a cafeteria e o auditório abertos ao público e todo o jardim frontal, lateral e fundos, que dão acesso ao FabLab. As conexões horizontais se dão por meio dos jardins internos e do átrio, conectando verticalmente os andares. E pelas amplas aberturas no perímetro da edificação se dão as conexões com a paisagem. A sustentação da produtividade dos usuários perpassa pelo alinhamento das energias internas, disponibilizando uma eficiência dos usos cotidianos. As energias, tanto externas quanto internas, são solucionadas com elementos naturais como a biofilia, biomimética e uso de materiais naturais, buscado contextos mais sustentáveis. Os espaços foram pensando de maneira a receberem uma multiplicidade de tarefas e de intercalarem sempre as naturezas - de trabalho, de descanso, de lazer, de comer, entre outros. Em relação aos índices urbanísticos, retomando, o lote está localizado na Zona Mista, Taxa de Ocupação (T.O.) máx. de 70%, Taxa de Permeabilidade (T.P.) mín. de 30%, com C.A. máx. de 4, Gabarito de Altura máx. de 80m, Recuo Frontal não exigido para edificações com até 15m de altura e Recuos Lateral e Fundo mín. de 3m. Área construída: 2.161,22 m2 Altura da edificação: 11,80 m

TO projeto: 42% TP projeto: 58%

Área do lote = 2.083,53 m2

Recuo Lateral e Fundos: 3 m 124


3º PAV.

LEGENDA: Zona 0 Zona 1 Zona 2 Zona 3 Zona 4 Zona 5

2º PAV.

Vegetação alta Conexões internas Conexões externas Conexões verticais Conexão vertical princ. Visuais princ. da paisagem

Figura 88, a esquerda – Mapa de setorização e zoneamento. Fonte: elaboração da autora.

1º PAV.

TÉRREO 125


A espacialização do programa de necessidades foi pensada por meio de um fluxograma dos ambientes. Na entrada do lote localiza-se o bicicletário, voltado para estimular o uso de alternativas de meios de locomoção mais sustentáveis. Na lateral direita, o estacionamento de motocicletas. Na lateral esquerda, a rampa de acesso de automóveis aos 2 subsolos de garagem - com 23 vagas para automóveis, 1 vaga acessível e 1 vaga para idosos exigidas pelo Código de Obras da Cidade de São Paulo (que considera a área construída computável para tal cálculo). Além de escada e de elevador para acesso aos níveis inferiores. Logo atrás do bicicletário, está a praça pública voltada para o contato com a comunidade, realização de atividades e para permanência. Toda a área externa do coworking é pública, com a praça externa levando o caminhar por toda a lateral do edifício em uma espécie de pocket park - um pequeno respiro urbano, melhorando a qualidade de vida e saúde em pequena escala. No fundo, o jardim repleto de vegetação chega no mirante, uma torre caixa d’água, com um jardim sensorial ao redor. A ideia do jardim sensorial convida à permanência e a realização de atividades ao ar livre, estimulando os 5 sentidos dos usuários por meio de espécies de tamanhos, cores e formas diferentes, por meio de ervas aromáticas, plantas comestíveis, folhagens com diferentes texturas, frutíferas e o estímulo da audição por sons como de mini fontes. Nos fundos também está localizado o FabLab e suas instalações, área que pode receber usuários que não sejam residentes no coworking em si. Ainda externamente estão presentes: uma composteira para restos de folhas e grama, área de armazenamento de água pluvial em cisterna, uma caixa d’água subterrânea, composteira de orgânicos e, ao lado da cafeteria, horta com hortaliças e condimentos. A entrada da edificação leva até a recepção, central, e que delimita com catracas de acesso a área privativa. Atrás da recepção se localiza o átrio central repleto de vegetação, onde se concentra a circulação vertical após a catraca. O átrio é coberto por uma clarabóia em formato orgânico que permite a passagem de ar (efeito chaminé). Da recepção saem os acessos, conforme zoneamento, para áreas de uso público como a cafeteria com espaço de coworking gratuito, dois auditórios para realização de eventos abertos ao público (com capacidade de cerca cem pessoas se unidos, por meio de parede isolante 126


acústica móvel que os divide). Ao lado da recepção, uma praça coberta repleta de vegetação e do elemento água em um espelho d’água, utilizando da biofilia para impactar todos os ambientes ao redor. Após a praça está uma área de lounge para descanso e encontro, sala de limpeza e banheiros com vestiário (feminino e masculino). Ao lado dos banheiros e do vestiário, um acesso para a área externa que dá de frente para o FabLab. Ao lado da entrada do FabLab, o banheiro acessível. Os pavimentos superiores foram pensados se articulando em volta do grande eixo de circulação - o átrio - com o próprio átrio impactando diretamente os espaços ao redor em relação a biofilia e trazendo iluminação natural abundante devido a transparência da clarabóia. A chegada ao andar se dá por uma escadaria e caixa de elevador. A escadaria foi pensada para receber não só os fluxos de subida e de descida, mas para articular visualmente todos os andares, com degraus e guarda-corpo em vidro, além do contato com a natureza interna. Também, estão presentes varandas, em balanço ou não, ao redor de toda a edificação e sendo intercaladas de maneira que a varanda de um pavimento seja a cobertura de uma área fechada no pavimento inferior. Esses espaços internos que estão abaixo ou acima de uma varanda receberam brises verticais ou horizontais, de acordo com a fachada em que estão presentes, de maneira a reduzir a radiação solar direta. Nos pavimentos 1º e 2º se concentram as áreas produtivas. Tais pavimento têm essas áreas intercaladas com espaços de outras naturezas, assim como proposto nas diretrizes projetuais. Ou seja, entre os espaços de trabalho encontram-se áreas de descanso, de lazer e de comer, além da própria contemplação da natureza presente no átrio, nos ambientes internos, nas varandas e em outros dois jardins internos. No 1º andar estão presentes lounge com mobiliário para realização de videoconferências indivuais, espaço de trabalho compartilhado com mesas orgânicas, escritórios privativos, espaço com mobiliário para refúgio e descanso, salas de reunião, administração e sanitários (feminino, masculino e acessível). No 2º andar, os escritórios privativos perdem suas divisórias, se tornando um todo único, com estações de trabalho fixas porém em mesas com mais de uma empresa; as salas de reunião e a administração passam a ser salas de brainstorming e sala de jogos. 127


Figura 89, abaixo – Croqui da concepção da Praça Interna com destaque para o impacto da biofilia. Fonte: elaboração da autora.

128

Na cobertura está concentrada a área para refeições, eventos internos e praça coberta e descoberta, podendo ser utilizada como área de descanso, para conexão, para esquentar e comer o almoço trazido de casa e também para trabalhar e realizar reuniões mais informais. A proposta é que a pequena cozinha industrial receba eventos de almoços para a comunidade de usuários, estimulando o contato e as trocas entre os residentes. A praça coberta e descoberta, com redário e espaço de descanso, também tem a inteção de convidar o usuário a permanecer, tornando-se local de encontro. A área se beneficia diretamente da luz solar e da ventilação natural. Além disso, na cobertura também se localiza um auditório para workshops internos com capacidade para cerca de 60 pessoas, com um foyer como área de apoio para conexões e realização de coffee break, além de sanitários (feminino, masculino e acessível) e as varandas no perímetro.


Figura 90, acima – Croqui de concepção do Jardim Sensorial. Fonte: elaboração da autora.

129


130

ORGANIZAÇÃO E PROGRAMA

O programa se alinha com a perspectiva de alteração dos paradigmas funcionais, sociais e ambientais dos escritórios convencionais. Propõe ambiências de qualidade para maiores produtividades do trabalho e para mais saúde e satisfação dos usuários. A organização espacial segue padrões consagrados na natureza e na história da construção, mesmo que de certa forma esquecidos atualmente, com as espirais e proporção áurea na planta e a rotação delas entorno do átrio central. O proposital limite tênue entre o público e o privado, com o acesso liberado ao térreo e ao FabLab, convida e suaviza o uso público ao edifício privado. A qualidade paisagística foi fundamental para o projeto. Os materiais construtivos e as massas vegetais são os principais responsáveis por essa qualidade, promovendo uma estética natural, inclusive para os observadores transeuntes.

Figura 91, na página a direita – Planta Baixa Humanizada do Pav. Térreo. Fonte: elaborado pela autora.

PROGRAMA TÉRREO 1. ENTRADA MOTOCICLETAS 2. ENTRADA BICICLETAS 3. ENTRADA PEDESTRES 4. ENTRADA AUTOS, ACESSO SUBSOLO 5. ESTAC. MOTOS 6. BICICLETÁRIO 7. CABINE LIXEIRA ORGÂNICO E RECICLÁVEL 8. POCKET PARK 9. RECEPÇÃO 10. CAFETERIA 11. HORTA 12. COMPOSTEIRA ORGÂNICOS 13. FOYER 14. JARDIM INTERNO 15. AUDITÓRIO 1 16. AUDITÓRIO 2 17. ÁTRIO 18. PRAÇA INTERNA 19. LOUNGE 20. SALA LIMPEZA 21. BANHEIRO FEM. + VESTIÁRIO 22. BANHEIRO MASC. + VESTIÁRIO

23. CISTERNA 7.500L 24. CAIXA DÁGUA INFERIOR 15.000L 25. TORRE CAIXA D’ÁGUA 20.000L 26. JARDIM SENSORIAL COM FRUTÍFERAS E HORTALIÇAS 27. COMPOSTEIRA VERDE 28. BANHEIRO ACESSÍVEL 29. FAB LAB 30. SALA DE MÁQUINAS FABLAB 31. CANTEIRO EXPERIMENTAL FABLAB


27

31

25 29

30 26 28 24 16

15

22 23

21

12

A

20

17

A

19 14

13

18

11 10

9 8

8

6 3

7

5

4 2

1

PLANTA BAIXA TÉRREO ESCALA 1:300 131


Para a elaboração do projeto foram consideradas todas as normas presentes no Código de Obras e Edificações de São Paulo e das ITs do Corpo de Bombeiros. Em relação à diretriz projetual Colaborativo e Integrado, o fluxograma dos ambientes foi pensado de maneira a dispor os espaços de maneira aberta e fluida, em grandes planos horizontais e acessíveis para usuários com mobilidade reduzida. Além disso, mesas orgânicas para os espaços de trabalho compartilhado, estimulando a interação. Os escritórios privativos têm divisórias flexíveis, que podem ser alteradas de acordo com a ampliação ou redução desses escritórios. Nas divisórias, com estrutura de madeira e fechamento em vidro transparente ou polarizado, panos de cortina semitransparente garantem a privacidade interna, ao mesmo tempo que permitem a permeabilidade do olhar. Outros elementos vazados e com transparência também são utilizados, como os guarda-corpos em vidro e os cobogós ao redor dos jardins internos. Sobre a estratégia Sociabilização Colaborativa e Solidariedade, estão presentes espaços para realização de atividades como a praça interna, o jardim sensorial, as varandas, o auditório para workshops e a cobertura e seus espaços. Espaços de convívio e interação com a comunidade também estão presentes, de maneira a promover ações participativas e cooperativas, como toda a área pública no térreo, a área da cafeteria e do auditório com eventos abertos ao público. Por meio do jardim sensorial e do pocket park a estratégia sobre a agroecologia na diretriz Design Permacultural seria contemplada, por ser um espaço comum de cuidado com a natureza e de cultivo de alimentos. A eficiência energética se dá por meio do equilíbrio interno entre iluminação artificial e natural. A luz natural é abundante, adentrando o edifício por meio da cúpula de vidro sobre o átrio central, além das grandes aberturas nas fachadas externas com brises verticiais (fachadas norte e sul) e horizontais (leste e oeste), e das varandas no contorno da edificação. Além disso, pela captação de energia por meio de manta fotovoltáica na cobertura. Os elementos vegetais externos, sendo todos de espécies nativas, utilizariam da água de reuso, captada na cobertura e armazenada em cisterna no subsolo, com sistema de rega automática. A água pluvial captada também seria utilizada nas bacias sanitárias, reduzindo o consumo de água da edificação. A gestão dos resíduos seria feita por meio de composteiras domésticas para o 132


lixo orgânico e composteira verde para restos de poda e de vegetação. Em relação à diretriz de Biomimética e Design Biofílico, o programa foi pensado de maneira a atender as necessidades dos usuários de forma eficiente, de trazer a natureza de forma abundante interna e externamente, além de espaços de contato com a luz solar. O átrio central atua como elemento central da biofilia, impactando diretamente o ecossistema de todos os ambientes ao redor. A vegetação interna se dá por vegetação suspensa trepadeira que está plantada no térreo, subindo pelas paredes em telas aramadas ao redor das varandas e adentrando os pavimentos. Internamente essa vegetação é complementada por meio de grandes vasos cerâmicos com vegetação. Além disso, como já citado, a disposição dos espaços com diferentes funções também contempla essa diretriz. A biomimética se dá principalmente na forma da edificação, com base na proporção áurea. Em relação à diretriz de Arquitetura Bioclimática, o conforto térmico seria tratado por meio das estratégias bioclimáticas estudadas e definidas anteriormente, priorizando a ventilação natural em detrimento de estratégias de condicionamento artificiais, aproveitando os ventos predominantes existentes. A ventilação natural se dá principalmente pela ventilação cruzada e por efeito chaminé (átrio central). Para maior conforto térmico, está presente uma cobertura verde com suculentas. Sobre o conforto visual, como explicado anteriormente, além da vegetação abundante o átrio permite iluminação constante e complementar à radial. Para o conforto acústico, painéis acústicos de madeira estrategicamente posicionados, além da estrutura e dos fechamentos atuando como absorvedores de som. Sobre à diretriz de Bioconstrução, a estrutura modular de madeira laminada colada (MLC) foi utilizada em toda a edificação, no pilares, recebendo reforço de bambu nas vigas (MLCB), com madeira certificada de reflorestamento e funcionando estruturalmente como um pórtico. Nos fechamentos verticais, wood-frame com placas cimentícias (externo) e mdf (interno), material de origem renovável e com destinação pós vida útil de baixo impacto. Além disso, o uso de outros materiais de fontes renováveis, naturais e com reaproveitamento de resíduos da construção civil, como o uso de tintas naturais e a base d’água e uso de blocos de solocimento com RCC na pavimentação permeável nos ambientes externos do térreo.

133


Figuras 92, 93 e 94, acima, abaixo e a direita, respectivamente – Perspectiva da Entrada, Bicicletário, Pocket Park e Mirante Caixa d’água. Fonte: elaborado pela autora

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Figuras 95 e 96, acima e abaixo, respectivamente – Perspectiva do Jardim Sensorial e do 2º Subolo. Fonte: elaborado pela autora

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Figuras 97 e 98, acima e abaixo, respectivamente – Perspectiva da Praça Interna e da Cafeteria. Fonte: elaborado pela autora

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ESPAÇOS DE TRABALHO E BEM-ESTAR DOS USUÁRIOS

LOUNGE: espaços de curto prazo, de encontro/debate e descanso/relaxamento

MESAS: variedade de estações de trabalho com o ambiente proporcionando o trabalho individual ou em equipe de maneira colaborativa

REFÚG para tr concen videoc e/ou re

Figuras 99, 100, 101, 102, 103 e 104, a direita – Miniaturas diagramáticas das tipologias de espaços. Fonte: elaborado pela autora

PLANTA BAIXA 2ª PAV. ESCALA 1:300

PLANTA BAIXA 1ª PAV. ESCALA 1:300

5

4 2 5

3

5 4

3

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PROGRAMA 1º PAVIMENTO 1. HALL/CIRCULAÇÃO 2. LOUNGE 3. CABINE ACÚSTICA 4. ESCRITÓRIO COMPARTILHADO 5. VARANDA 6. COPA + IMPRES. 7. ESCRITÓRIOS PRIVATIVOS 138

8. RESPIRO/ CONTEMPLAÇÃO 9. REFÚGIO 10. SALAS DE REUNIÃO 11. ADMINISTRAÇÃO 12. BANHEIRO MASC. 13. BANHEIRO ACESSÍVEL 14. BANHEIRO FEM.

2º PAVIMENTO 1. HALL/CIRCULAÇÃO 2. LOUNGE 3. CABINE ACÚSTICA 4. ESCRITÓRIO COMPARTILHADO 5. VARANDA 6. COPA + IMPRES. 7. ESCRITÓRIO PRIVATIVO 8. RESPIRO/

Figuras 105, 106 e 107, acima, respectivamente - Planta Baixa Humanizada do 1º


GIO: abrigo rabalhar ntrado, fazer conferências elaxar

REUNIÃO: locais de troca de informação, mais ou menos informais, e para gerar novas ideias

AUDITÓRIO: apoia a apresentação e a discussão de conteúdo

NATUREZA: espaços externons com foco no contato com a natureza, para descanso e lazer

PLANTA BAIXA 3ª PAV. ESCALA 1:300

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3º PAVIMENTO CONTEMPLAÇÃO 9. REFÚGIO 10. SALAS DE BRAINSTORMING 11. JOGOS 12. BANHEIRO FEM. 13. BANHEIRO MASC. 14. BANHEIRO ACESSÍVEL

1. HALL/CIRCULAÇÃO 2. LOUNGE 3. ESPAÇO PARA REFEIÇÕES 4. VARANDA DESCOBERTA 5. COZINHA IND. 6. PRAÇA COBERTA/ DESCOBERTA

7. REDÁRIO 8. AUDITÓRIO WORKSHOPS 9. FOYER 10. BANHEIRO MASC. 11. BANHEIRO ACESSÍVEL 12. BANHEIRO FEM.

º Pavimento, do 2º Pavimento e do 3º Pavimento. Fonte: elaborado pela autora.

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Figura 108, abaixo – Perspectiva do Lounge do 1º Pavimento. Fonte: elaborado pela autora

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A espacialização dos ambientes foi disposta, em planta, segundo um padrão muito conhecido que é a proporção áurea, seguindo as formas da sequência matemática de Fibonacci. É um padrão bastante difundido na natureza, encontrado na disposição do nosso DNA, nas sementes do girassol, na coroa do abacaxi, na forma das conchas etc. Muitos trabalhos foram conduzidos sob essa égide na tentativa de seguir um padrão natural consagrado, tal como indica os princípios da permacultura. Está relacionado com a estética e o conforto psicológica. Os padrões e os detalhes foram propostos segundo a melhoria da saúde física e psicológica dos usuários e da saúde ambiental. Os ambientes são mais úmidos e, em geral mais resilientes às variações da umidade relativa do ar, mantendo mais próximo dos 60% agradáveis. A temperatura ambiente também é menos variável com as massas vegetais e essa estabilidade provoca menos reações negativas no nosso corpo. A qualidade do ar do ponto de vista de poeira, contaminantes e taxas de monóxidos e dióxidos ruins. Para os ambientes externos, contribui para a diminuição dos lançamentos de Ozônio (O3) e Dióxido de Carbono (CO2) na atmosfera. Certamente, esse conjunto de medidas contribui para o não agravamento de doenças respiratórias e para a manutenção de um corpo e mente sãos.


Figuras 109 e 110, acima e abaixo, respectivamente – Divisórias dos escritórios privativos e Salas de Brainstorming. Fonte: elaborado pela autora

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Figuras 112 e 113, acima e abaixo, respectivamente – Redário e Lounge na cobertura. Fonte: elaborado pela autora

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Figuras 114 e 115, acima e abaixo, respectivamente – Hall da cobertura, destacando a entrada de luz natural por meio da clarabóia sobre o átrio central. Fonte: elaborado pela autora

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ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS E SISTEMAS PREDIAIS

CONFORTO TÉRMICO Primeiramente, a consideração da trajetória aparente do sol de solstício a solstício foi avaliada para encontrar a incidência da radiação no edifício e na vegetação e nos espaços do pavimento térreo. A opção pelas varandas radiais e pelo átrio central (TRE) permitem aberturas para a iluminação natural ao mesmo tempo em que, enquanto marquises, protegem as vedações e espaços internos da penetração da radiação alta, isto é, nos períodos quentes do dia em dias de sol mais alto das estações. Nos períodos mais frios das estações, as aberturas e as transparências permitirão a entrada da radiação mais adentro dos ambientes. As vedações em gesso acartonado e madeira controlarão as condutividades térmicas entre os ambientes. Os panos de vidro e os tecidos translúcidos permitirão mais flexibilidade na entrada de luz. Os nichos de vegetação que sobem lateralmente às varandas penetram nessas e adentram aos ambientes e, que complementadas pela vegetação própria, refrescam e umedecem a atmosfera interna.

LUZ SOLA INDIRETA

Varandas radiais

Brises horizontais e verticais

VENTILAÇÃO CRUZADA Figura 116 – Diagrama esquemático do Corte AA com as principais estratégias bioclimáticas, sem escala. Fonte: elaborado pela autora.

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AR A

CONFORTO VISUAL A luz natural é instrumento fundamental para a acuidade visual dos elementos propostos para o projeto. As aberturas do contorno (varandas) permitem a entrada da luz direta e indiretamente ao longo do dia e a claraboia sobre o átrio central e a proposta da circulação vertical permite uma iluminação complementar à radial, constante. As cores dos ambientes, dos materiais propostos para estrutura e revestimentos, para os elementos de vedações e para os acústicos somente permitirão total cognição se forem vistos e entendidos. O equilíbrio entre a luz natural e o complemento artificial também se projeta na necessidade da vegetação proposta internamente. Por fim, ressalta-se o consumo da paisagem de todos os pontos internos e externos, especialmente do mirante no reservatório externos elevado e do terraço jardim. Átrio central (TRE) coberto por clarabóia

VENTILAÇÃO POR EFEITO CHAMINÉ

Vegetação interna e externa

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INOVAÇÕES As contribuições da proposta em termos de inovação podem ser agrupadas em três principais pontos: - Inovação Funcional: os coworkings usuais, por mais que preguem a colaboração e a coletividade, têm atuado como berços de empresas startups que precisam de apoios administrativos e físicos, mas que não estão preparados e motivados para prestarem contrapartidas a essas empresas. A proposta entende que a cooperação, a colaboração e até mesmo a solidariedade podem retroalimentar tais empresas em um fluxo multidimensional em que 1+1 pode ser 3, 3+1, pode ser 5, seguindo a aqui referenciada sequência de Fibonacci a cada agregação de empresa ou de equipes ao espaço; - Inovação Metodológica: a ética, os princípios e a metodologia da permacultura, rural ou urbana, têm sido aplicados em assentamentos humanos essencialmente agrícolas, mesmo que urbanos, considerando as fazendas ou hortas urbanas. A aplicação integral em ambientes e edifícios comerciais em regiões metropolitanas é novo, visto que nestes contextos vêse comumente aplicados em áreas verdes, de lazer, parques e afins. A busca pelo alinhamento profundo e sistêmico entre os usos, requisitos dos usuários e os processos e padrões naturais pode mudar a forma de consumo desses elementos construídos; - Inovação Construtiva: a madeira laminada colada no Brasil já pode ser considerada inovação e, se enrijecida com lâminas de bambu - buscando um material estrutural extremamente eficiente ainda está por se consolidar no mundo. Além disso, as infraestruturas verde e azuis e a biofilia estão ganhando espaço, sendo que a esta proposta amplia sua aplicação para além de jardineiras internas.

146


CONFORTO ACÚSTICO A implantação centralizada do edifício é um primeiro elemento de atenuação dos ruídos externos do local. Em seguida, utiliza-se as massa vegetais densas e brises em madeira, reconhecidamente absorvedores e isolantes acústicos, nas fachadas e as vedações em vidro, gesso acartonado e placas de madeira, bem com as estruturas em MLCB e o wood-frame são matérias absorvedores de sons, minimizando a reverberação dos ruídos internos oriundos do próprio trabalho e que perturbam o processo criativo e concentração. Esses materiais se fazem ainda mais necessários para apoiar as decisões de projeto de permeabilidade visual e física entre ambientes. Além dessas propostas, o coworking reutilizará as águas da chuva, utilizará fonte energética solar, terraço jardim e outras massas vegetais que promoverão maiores eficiência nos usos dos recursos externos.

Área de captação de água das chuvas + tecido fotovoltáico

Teto verde com suculentas

Figura 117 – Perspectiva isométrica do projeto, sem escala. Fonte: elaborado pela autora 147


MATERIALIDADE

Diversos são os materiais utilizados na elaboração do projeto. Abaixo pode-se observar quais são as principais materialidades e suas características. TINTAS NATURAIS Modelo: EMBARRO. As tintas naturais e tintas minerais para paredes e tetos baseiam-se nos aglutinantes cal, caseína, argila e silicato, e devem e podem ser efetivamente produzidas sem a mínima adição de aglutinantes orgânicos (sintéticos). Aplicação nos tons pastéis terrosos. - Referência: https://www.embarro.com/produtos-deconstrucao-naturais-e-ecologicos/tintas-ecologicas-enaturais-sem-produtos-toxicos/ TINTAS À BASE DE ÁGUA Modelo: ACRÍLICO PREMIUM - SUVINIL. A tinta base de água que tem a qualidade comprovada: excelente cobertura, fácil de pintar e retocar e não respinga. Pode ser usada em ambientes externos e internos, garante a resistência e durabilidade e não deixa cheiro. Minimiza a emissão de compostos orgânicos voláteis (VOC). - Referência: https://www.suvinil.com.br/produtos/suvinilconstrucoes-acrilico-premiumBLOCO DE SOLOCIMENTO COM RCC Modelo: ECOTIJO TIJOLO ECOLÓGICO – 15x30x6,5[cm]. Blocos de solocimento usualmente é enrijecido ao adicionar areia natural à mistura. O bloco aqui proposto substitui a areia natural por areia reciclada obtida pela trituração de RCC (resíduos da construção civil -entulho) cimentício, isto é, de resíduos de concretos, argamassas, blocos de concreto, etc, normalmente, na granulometria inferior a 1,18mm, inovando no uso dessa combinação de materiais, sendo utilizado para pavimentação permeável no térreo. - Referência: https://www.facebook.com/ ecotijotijoloecologico VIDRO TEMPERADO-LAMINADO Modelo: STRUTURÁ® - PKO BRASIL. O vidro temperadolaminado STRUTURÁ® trata-se da laminação de duas ou mais peças de vidros temperados. O conjunto reúne as qualidades de dois produtos considerados de segurança, com características essenciais para vários tipos de

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COBERTURA VERDE

PAREDES, PORTAS, JANELAS E BRISES

LAJE, MOBILIÁRIO E GUARDA-CORPO, 3º PAV.

SISTEMA ESTRUTURAL MLCB, VIGAS E PILARES

Figura 118 – Isométrica explodida do 3º Pavimento e da Cobertura, sem escala. Fonte: elaborado pela autora 149


aplicação. [https://site.pkodobrasil.com.br/produto/vidrotemperado-laminado/]. Aplicação nos guarda-corpos. - Referência: https://site.pkodobrasil.com.br/ VIDRO POLARIZADO Modelo: PRIVACY GLASS® - PKO BRASIL. O vidro polarizado PKO Privacy Glass representa o equilíbrio entre a privacidade e a entrada de luz nos ambientes. Isso porque utiliza uma tecnologia revolucionária que transforma o vidro de cor branca translúcida em incolor, apenas ao apertar um botão. A produção do PKO Privacy Glass é feita por um processo de laminação de dois vidros com um filme de LCD (liquid cristal display – cristal líquido) com polímeros dispersos. Quando uma voltagem é aplicada, as moléculas se organizam em uma direção específica, tornando-o incolor. Isso permite a passagem de luz por meio do vidro. Quando o dispositivo é desligado, volta à sua condição original, de branco translúcido. [https://site. pkodobrasil.com.br/produto/vidro-polarizado/]. Aplicação em vedações especiais para privacidade/transparência. - Referência: https://site.pkodobrasil.com.br/ WOOD-FRAME Estruturação do SVVIE Sistema das Vedações Verticais Internas e Externas que se alinha com os requisitos e desempenhos da ABNT NBR 15.575/2013-Parte 4, além da origem material renovável e destinação pós vida útil de baixo impacto. - Referência: https://www.tecverde.com.br/ PLACAS CIMENTÍCIAS PARA SVVIE Modelo: ETERPLAC STANDART. Produzida com a tecnologia CRFS – Cimento Reforçado com Fio Sintético – essa placa atende às normas ISO 8336 e NBR 15498 Classe A Categoria 3, e é ideal para projetos que exijam versatilidade, rapidez na montagem e um excelente acabamento. Uso das placas no wood-frame. Principais características: - Condutibilidade térmica=0,48 [W/m.K] (Concreto=2,00 e Tijolos=0,7) - Combustibilidade Material incombustível (ISO 1182/90) - Referências: https://www.eternit.com.br/produto/ eterplac-standard/ e http://www.protolab.com.br/TabelaCondutividade-Material-Construcao.htm 150


MLCB (MLC+BLC) Pórtico com elementos horizontais e verticais (“vigas” e “pilares”) em Madeira Laminada Colada (MLC), sendo uma ou mais lâminas em Bambu Laminado Colado (BLC) como um reforço material análogo às armaduras de aço nos concretos armados, algo mundialmente inovador na construção civil. - Referências: https://www.itaconstrutora.com.br/ madeira-e-tecnologia/madeira-laminada-colada/ e https://www.lamboo.us/structure FUNDAÇÃO Dada a estrutura da edificação que funciona como um pórtico, a fundação escolhida é do tipo bloco sobre estacas e viga baldrame. Cada bloco deve conter quatro estacas. A viga baldrame, de concreto armado, é o elemento estrutural responsável por distribuir a carga das paredes e do teto para a fundação. Na fundação, o bloco é o elemento estrutural utilizado para transferir as ações da superestrutura para um conjunto de estacas. TECIDO FOTOVOLTAICO O tecido é capaz de gerar energia elétrica, a partir da luz solar, por meio de fios de células fotovoltaicas. O material é mais adaptável a forma da edificação, diferente das placas fotovoltaicas tradicionais que tem formato padrão, aumentando assim a área de absorção da luz solar e consequentemente aumentando a quantidade de energia produzida. Incorporado nas lonas tipicamente usadas em para-sóis, é utilizado no projeto sobre a laje plana da cobertura, laje que também serve como área de coleta de água das chuvas. - Referências: https://www.iasoglobal.com/pt/noticia/ projeto-solertex-desenvolvimento-de-um-tecido e https://ciclovivo.com.br/inovacao/tecnologia/japonesesdesenvolvem-tecido-que-transforma-luz-solar-emenergia-eletrica/

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Anexo - Desenhos Técnicos TFG II DISCENTE:

Larissa Cristina de Andrade Sanches ORIENTADOR:

Prof. Dr. Fernando Sérgio Okimoto Abril/2021 LOCALIZAÇÃO DO PROJETO:

São Paulo (SP) Barra Funda R. do Bosque 1331


COWORKING SUSTENTÁVEL espaço de vivência profissional colabor(ativo) por meio do design permacultural


Rua do Bosque, 1331 Quadra F059 Lote F0064

Coworking Sustentável Desenhos técnicos

|

Planta Baixa de Localizaçã Sem Escala e Escala 1:300


Prancha

ão e de Situação Dimensão da Folha: A3

1/7


Coworking Sustentável Desenhos técnicos

|

Planta Baixa Pavimento Térreo Escala 1:75


Prancha Dimensão da Folha: A0

2/7


Coworking Sustentável Desenhos técnicos

|

Planta Baixa 1º Pavimento e 2º Pavimento Escala 1:75


Prancha Dimensão da Folha: A0

3/7


Coworking Sustentável Desenhos técnicos

|

Planta Baixa 3º Pavimento e Cobertura Escala 1:75


Prancha Dimensão da Folha: A0

4/7


Coworking Sustentável Desenhos técnicos

|

Planta Baixa 1º e 2º Subsolo e Cortes AA e BB Escalas 1:75 e 1:100


Prancha Dimensão da Folha: A0

5/7


Coworking Sustentável Desenhos técnicos

|

Elevações Escala 1:100


Prancha Dimensão da Folha: A0

7/7


COWORKING SUSTENTÁVEL espaço de vivência profissional colabor(ativo) por meio do design permacultural


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