Zine "Poemas Especiais de Natal"

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Poemas especiais de Natal

Por Larissa Fonseca Ilustrações por Isadora Granado 1


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Poemas especiais de Natal

Texto por Larissa Fonseca Ilustrações por Isadora Granado Dezembro de 2019 3


Direitos autorais: Poemas e projeto gráfico: Larissa Fonseca Ilustrações: Isadora Granado

Licença: Esta coletânea de poemas é livre para distribuição não comercial e desde que não haja alterações em seu conteúdo.

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(no Brasil as chaminés não são praticáveis)

- Carlos Drummond de Andrade 5


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Sumário ☆ Tradição [8] ☆ Dec(oração) natalina [10] ☆ Previsão para o mês de Natal [12] ☆ Pavê [14] ☆ Como se confeccionam perguntas típicas [16] ☆ Provérbio natalino [18] ☆ O desespero das renas [20] ☆ Grande Família [22] ☆ O Tempo Perdido da Busca [24]

☆ Sobre a autora [26] ☆ Sobre a ilustradora [27]

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Tradição Todo ano, quando falta um mês para o Natal, eu penso Meu Deus, falta um mês para o Natal.

Mas não monto árvores nem compro presentes nem enfeito a casa.

Apenas remoo outros clichês tradicionais (sabor baunilha e com frutas cristalizadas) como: O tempo passa tão rápido. Ou: Talvez neste ano eu devesse montar a árvore, comprar presentes, enfeitar a casa.

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Dec(oração) natalina Os anjos sobre os semáforos tocam trompetes de arame silenciados por buzinas. Hora do rush. Os anjos pedem calma. Os malabaristas, moedas. Os motoristas só querem chegar em casa antes das sete, esticar as pernas arrancar os sapatos pensar com ardor: só mais alguns dias para se descansar alguns dias.

(Dai-nos força, Senhor.)

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Previsão para o mês de Natal Trinta e tantos graus e os Papais Noéis seguem usando roupas desgraçadas de quentes.

(Mas há grandes chances de que, com as prioridades do atual governo, sejam impedidos de usar vermelho.)

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Pavê P’a vê com’é que a vida se repete a cada ano... Os tios ganham algumas rugas e alguns cabelos brancos mas não perdem a piada nem as tias perdem a receita que fazem resignadas enquanto lembram de — Fulano quando era menino, lembra? Ele tinha tanto medo que o Papai Noel ficasse preso dentro da chaminé... Ainda que Papai Noel não exista, muito menos chaminés.

(Mas sempre existiu a cozinha onde se prendem, sozinhas, a vó, a mãe, as tias.) 14


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Como se confeccionam perguntas típicas “Então é Natal, o que você fez?”

(Luzinhas piscando em alerta o quê - o quê - o quê.)

Sorrio semi-sem-graça porque fiz poemas, muitos poemas, mas não se respondem "poemas" a uma pergunta como essa e na pressa de sumir de cena quase passo, com covardia, o peso sobre meus ombros ao mais novo da família

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− com outra pergunta, e ainda mais daninha: “E as namoradinhas?” “E as namoradinhas?”

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Provérbio natalino Amigos Secretos existem para que em sua ausência critiquem, secretamente, o seu presente.

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O desespero das renas Na loja repleta de enfeites renas de pelúcia encaram, desesperadas. Não que elas queiram que você as leve para casa; elas não querem. Só precisam é entender Como foi acontecer? (Como viraram uma ideia que se associa a uma data que se concretiza em pelúcia em forma de rena e no Brasil, logo no Brasil?)

— Essa rena pequena custa apenas 109,90!

(Você olha para a rena, dá tanta pena...)

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(Ela não quer ir, mas também não quer ficar. São expressivos, os olhos dessas renas... As renas de pelúcia têm essa astúcia de ter olhos tão humanos e, como os olhos humanos, eles refletem. Refletido nos olhos da rena, com todo o desespero que você julga ser da rena, você vê você.)

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Grande Família As pessoas vão sumindo das fotos e as fotos vão sumindo dos álbuns mas é importante que se mantenham: − as taças cheias; − as tretas depois da ceia.

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O Tempo Perdido da Busca Não tem mais a mesma graça ver o rosto espelhado na esfera natalina (em seguida afastá-lo aproximá-lo afastá-lo – o nariz alarga e afina, alarga e afina).

Nem tem mais a mesma graça de quando menina pendurar as esferas na árvore ou montar a árvore ou sequer tirar a árvore da caixa empoeirada de cima do armário mas penso, profunda e comigo: da infância restou o açúcar que sempre fica no prato dos figos.

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(Ainda que, quando criança, eu não comesse figo.)

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Autora Larissa Fonseca e Silva, 1998.

Natural de Caldas, no sul de Minas Gerais, vivendo em São João del-Rei nesse mesmo estado. Recém-graduada em Letras Português pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e escrevendo literatura na internet desde 2012 (atualmente, no As moscas na janela). Fascinada por palavras e pelos universos de possibilidades que elas contêm.

Blog: asmoscasnajanela.com E-mail: larissafonsil@yahoo.com.br Instagram: @larissafonsil

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Ilustradora Isadora Granado, 1999.

Geminiana, amante de todas as artes e da natureza. Nasci em Cuiabá, Mato Grosso, e moro atualmente em Florianópolis. Desenhista e pintora nas horas vagas. Sou graduanda do curso de Letras Português da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e comecei a escrever no Isamateur em 2014 — um blog pessoal onde compartilho um pouco sobre mim e do meu universo.

Blog: isamateur.blogspot.com E-mail: isadora.georgea@gmail.com Instagram: @arte.isagranado

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