VILA BIXIGA PROPOSTA DE OCUPAÇÃO RESIDENCIAL
NA ZONA CENTRAL DA BELA VISTA LARISSA HELENA GALASTRI DE OLIVEIRA SANTOS
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
VILA BIXIGA:
PROPOSTA DE OCUPAÇÃO RESIDENCIAL DA ZONA CENTRAL DA BELA VISTA PROF. ORIENTADOR: MILTON BRAGA SÃO PAULO NOVEMBRO 2012
01
ÍNDICE 07
INTRODUÇÃO
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BIXIGA : HISTÓRIA, DIVISÃO E DESCARACTERIZAÇÃO
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REFERÊNCIAS PROJETUAIS
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LEGISLAÇÃO E OPERAÇÃO URBANA CENTRO
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A QUADRA E SEUS VIZINHOS
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PREMISSAS: RUA E VIZINHANÇA
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ESTRATÉGIAS PROJETUAIS
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O PROJETO
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UNIDADES HABITACIONAIS
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ÁREAS
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BIBLIOGRAFIA
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INTRODUÇÃO O presente trabalho teve seu tema escolhido a partir da vontade de trabalhar com duas questões que estão sempre muito envolvidas entre si na cidade de São Paulo: Habitação e Centro. Estas duas coisas podem trabalhar juntas e repercutir em uma série de soluções para a cidades, ou se forem pensadas separadamente podem resultar em porblemas para a urbanidade. A escolha do Bairro da Bela Vista partiu, além de alguns motivos pessoais, de sua situação interessante: a proximidade de uma grande quantidade de equipamentos urbanos centrais coexistindo com uma vizinhança consolidada que há muitos anos caracteriza historicamente o Bixiga, decorrente de sua herança da imigração italiana, que culturamente suas características de apropriação da moradia. A noção de vizinhança surge quando, dentro de alguma aglomeração urbana, além da coexistência de pessoas morando num mesmo espaço próximo, estas criam uma identidade entre si, uma cooperação e um relacionamento mútuo que caracteriza um determinado lugar. Esse tipo de convivência coletiva possui um uma origem muito cultutal e é formado pela sua ocupação histórica, junção de camadas, de moradores, residências, vilas e comércios que passaram e permanecem por um local ao longos dos anos. A partir da decisão de propor algo na Bela Vista, a escolha do terreno para o exercício de projeto partiu de dois critérios: Uma dimensão que permitisse a proposição de uma habitação coletiva de dimensões urbanas, mas ao mesmo tempo que possuísse uma condição de vizinhaça já existente e consolidada, de forma que essa nova proposta de habitação não pudesse existir sem dialogar com seus vizinhos O terreno que foi definido faz parte de uma quadra urbana com seus lotes quase todos preenchidos, exceto seu interior, que possui lotes vazios que juntos configuram um espaço contínuo com área de 6788 m². O quarteirão é definido pelas Rua São Domingos, Rua Major Diogo, Rua Conselheiro Ramalho e Rua Quatorze de Julho, e muito próximo de alguns locais importantes historicamente no Bixiga como a Casa de Dona Iaiá, Padaria São Domingos e Teatro Oficina. Dentre todas edifocações constidas numa cidade, a maioria é de uso residencial, a habitação, mais do que somente um uso privado, ela configura muito das relações urbanas com o espaço, e estas partem em grande parte da nossa convivência no espaço onde moramos. Portanto, o desenho da habitação deve ser pensado como parte do desenho urbano de sua cidade, O interesse em discutir a habitação está em pensar como ela pode ser estabelecida, procurando encontrar novos meios de espacialização. Já que o projeto de habitação popular no Brasil se enrijeceu ao longo dos anos, em decorrência de uma política de construção mínima e racionalista, muitas vezes bem locais afastados, e desprovidos de urbanidade Assim, o meu princípio de projeto de organização habitacional,densa, porém com um diálogo mais equivalente com a vizinhança existente. Alémde criticar as limitações e concessões inadequadas impostas pelo Plano diretor, que por muitas vezes exclui novas possibilidades espaciais mais interessantes. Dessa forma, escolhi o nome de Vila como o mais adequado para a solução espacial da habitação proposta, que possui uma densidade cosntrutiva alta junto com um gabarito mais baixo, que permite uma situação de maior convivência entre os moradores, e uma relação mais próxima com a rua dessas habitações.
VISTA DA CASA DE DONA IAIÁ
Ao longo do trabalho, procurarei encontrar uma solução projetual que atenda a todos esses fatores mencionados: como a configuração histórica do bairro, relação com a vizinhança existente, qualidade espacial urbana no espaço público interno da quadra, qualidade espacial das unidades habitacionais, e soluções construtivas adequadas e viáveis financeiramente.
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BIXIGA: HISTÓRIA, DIVISÃO E DESCARACTERIZAÇÃO
O Bairro da Bela Vista, popularmente conhecido como Bixiga iniciou sua urbanização a partir de 1880. Foi ocupado principalmente por imigrantes italianos e algumas classes mais baixas, que no final do século XIX procuravam sair do trabalho rural em busca de novas oportunidades nua cidade que estava crescendo “Já em 1902, o aglomerado de casas e barracos, construído por negros libertos e italianos, tenha o essencial para um núcleo de povoamento: MARZOLA, Nádia. Beal Vista: História dos uma padaria, uma mercearia (a Basilicata) e uma santa padroeira (Nossa Senhora de Achiropita), trazida pelos calabreses de Rossano que Bairros de São Paulo . DPH, São Paulo, 1985. chegaram a São Paulo ainda no século XIX, substituindo escravos alforriados”. MARZOLA, Nádia Devido a um antigo dono da chácara ser conhecido como Antonio Bexiga, devido possíveis cicatrizes de varíola, a região desta que foi loteada ficou com esse nome popular, apesar de oficialmente o nome do bairro ser Bela Vista desde 1914. Em meados das década de 1950, o Bixiga era o subdistrito de maior densidade demográfica de São Paulo com 17.000 hab/Km², apesar da sua não possuir verticalização. E sua delimitação correspondia aproximadamente à região localizada entre as Ruas Major Diogo, Nove de Julho, Silvia e Av. Brigadeiro Luís Antonio, apesar dessa delimitação hoje ser um pouco controversa. As Vilas, que sempre foram a morfologia de habitaçào principal no bairro, diferenciavam-se dos cortiços por serem formadas por unidades residenciais isoladas, com banheiros e áreas de serviço individuais. Dessa forma, as vilas eram residencias unifamiliares que possuíam um apelo comunitário entre osvizinhos, por compartilharem os espaços comuns em frente às casas, isso devido ao desenho típico do funcionamento de ruas comuns e estreitas que ligavam todas as casas, essa rua era um intermédio entre público e privado. Após o rápido crescimento que a cidade de São Paulo sofreu a partir da década de 1950, a cidade passou por muitas mudanças que modificou sua morfologia e ocupação sócio-econômica. O Bixiga foi um dos bairros que mais resistiu à especulação imobiliária na área central. Até hoje esse processo avança de maneira mais lenta devido aos seus lotes menores estreitos e compridos.
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Primeiro Loteamento do Bixiga, 1890 Rua da Misericórdia (hoje Rua Abolição); Rua Valinhos (hoje Rua Major Diogo) Em amarelo, o local do projeto Fonte: MARZOLA, Nádia
Fotos década de 1950 Acima e ao lado à esquerda: Típica ocupação em Vilas Acima á direita: Contrates entre o Gabarito do Bixiga e da cidade Fonte:MARZOLA, Nádia.
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“_Bonito aqui eram os telhados, as ruas estreitas, as vilas. Agora tem muito prédio, rua larga e até viaduto” Antigo Morador do Bairro, MARZOLA Nádia
Diagrama das pressões imobiliárias na bela Vista
Com a construção do setor da Radial Leste que cruza o centro, parte do Bixiga ficou retalhado, em ruas como a rui Barbosa ou a Santo Antonio, sequências residenciais foram cortadas ao meio, e até mesmo um quarteirão inteiro da Rua Major Diogo sumiu do mapa. As mudanças urbanas são necessárias para renovações, porém quando esta surge a partir do atravessamento de uma via urbana expressa, o seu entorno perde muita coisa, já que esta funciona como um elemento de divisão e isolamento.
“Hoje, a Bela Vista é um bairro mutilado: o alargamento de algumas ruas, a contrução da ligação Leste-Oeste - que atravessa o bairro, fizeram com que sua situação piorasse.”
O prejuízo maior foi que o bairro foi dividido ao meio, e parte do tecido se perdeu, deixando também muitos lotes sem ocupação e com problemas de reintegração ao tecido urbano, como o surgimento de postos de gasolina e praças que sobraram de canteiros no meio do viário. O resultado é um parte do Bixiga que ficou mais fragilizada urbanisticamente por ser menor que o outro lado estar mais próxima ao centro e suas pressões imobiliárias. Atualmente a Bela Vista é pressionado por dois centros em expansão, de um lado a pressão imobiliária residencial de classe média-alta do Jardins, do outro o centro da cidade com necessidade de expansão de serviços e escritórios. E no entanto, a Bela Vista não tem condições de atender à demanda imobiliária de nenhum dos lado, pois seu traçado urbano é estreito e fragmentado, não apresenta condições para a localização nem de prédios de escritórios e nem de prédios residenciais.
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NOTAS
Diagrama de divisão do bairro a após a construção da Radial Leste
“E no entanto, pressionada, a Bela Vista não tem condições de atender a demanda de nenhum dos lado, pois seu traçado urbano não apresenta condições para a localização nem de prédios de escritórios e nem de prédios residenciais.” MARZOLA, Nádia. Bela Vista
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REFERÊNCIAS PROJETUAIS Algumas referências projetuais foram importantes na eleboração do meu projeto e na formulação da característica espacial de habitação que estava buscando, dentre elas gostaria de apresentar 3 exemplos que apresentam: organização coletiva espacial, uso de um espaço comum como público, importante ligação ao seu entorno urbano, e aproveitamento otimizado do espaço interno das unidades habitacionais, de maneira que esta seja mínima sem deixar de lado a qualidade de vida de seus moradores.
RENZO PIANO , RUE DE MEAUX
PARIS, FRANÇA - 1987/1991
Este projeto residencial localizado em Paris, possui uma implantação muito bem adequada à sua situação urbana.
TRECHO DO BIXIGA PRÓXIMO AO FINAL DA RADIAL LESTE
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Preenchendo um interior de uma quadra urbana, todas as unidades se voltam para o seu jardim interno. Ao todo são 220 apartamentos de baixo custo, no entando não possui nenhum tipo de uso comercial ou de serviços no térreo, característica marcante Fonte: FRENCH, Hilary das habitações de Paris.
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HERZOG & DE MEURON , RUE DES SUISSES
VIGLIECCA & ASSOC, VILA DOS IDOSOS
PARIS, FRANÇA - 1999/200
SÃO PAULO, BRASIL - 2003/2007
O projeto da Rue des Suisses posseui uma interessante ocupação dentro de um lote relativamente pequeno, mas que consegue uma relação interna de convivência muito boa. É um projeto pequeno, com 60 unidades habitacionais somente, mas consegue se dividir em três blocos marcantes.
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Dois deles se encontram nas entradas com as ruas, fechando sua fachada, e internamente possui um pátio semi-público. Ainda na lateral localiza-se uma fileira de residências que possuem aos fundos pequenos pátios internos que se comunicam. Fonte: FRENCH, Hilary
O projeto faz parte do programa Morar no Centro, e tem a proposta de atender a uma demanda residencial diferente e muito esquecida nos programas habitacionais brasileiro: a moradia para idosos.. São no total 145 unidades para uma ou duas pessoas, com tamanho reduzido e uma série de equipamentos comuns de uso coletivo. O projeto procura promover o maior contato e variedade possível de vizinhança, já que no geral a população idosa possui muita neFonte: www.vigliecca.com.br cessidade de contato social.
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LEGISLAÇÃO E OPERAÇÃO URBANA CENTRO
A Operação Urbana Centro pela lei n 12.349 concede uma série de incentivos visando o desenvolvimento imobiliário da região Central em decorrência do potencial de expansão que existe para o aproveitamento de um solo urbano de muito valor agregrado de infraestruturas. Os incentivos criados envolvem principalmente o remembramento de lotes, em uso residencial, hotel, atividades cultuais de entretenimento e educação. Também a conservação de imóveis de interesse histórico com transferência de potencial construtivo e para a reforma ou reconstrução de imóveis existentes. E Terrenos com area minima de 1000m² que tenham sido formados por 3 ou mais lotes terão direito a um potencial construtivo adicional computável e livre de onus coorespondente a 10% da area de terreno por lote remembrado até o limite máximo de 100% adicional. A Subcategoria de uso R2v – Conjunto com mais de duas unidades habitacionais, agrupadas verticalmente possuem: • Taxa de Ocupação mantido o limite da zona de uso; • Coificiente de Aproveitamento Máximo do Terreno CA= 6,0; • Dispensa de exigência de vaga de estacionamento; • Permissão de uso misto: residencial e estacionamento – R2v e nR2. Dessa forma os índices urbanos definidos pelo Plano Diretor se modificam um pouco, apesar da Taxa de Ocupação máxima de 0,7 e de permeabilidade mínima serem obrigatoriamente mantidas, o Coificiente de Aproveitamento sobe de Máximo 4 para 6, além dos incentivos devido ao remembramento de lotes. O resultado disso é a vontade da prefeitura é incentivar ao máximo o aproveitamento dos lotes vazios e/ou desocupados do Centro e incentivar novas incorporações residenciais, o que pode ser muito bom para o Centro de São Paulo. No entanto, considero que a parte do bairro da Bela Vista incluído na Operação Urbana Centro pode ser prejudicada nas suas características históricas se todo esse potencial construtivo for utilizado por o bairro possui uma ocupação de baixo gabarito e densa que é mantida pelos moradores até hoje. E apesar de estar junto ao centro, as características é de um bairro residencial, e muito notável quando se atravessa a Av 9 de Julho e chega na Rua Santo Antonio. Por isso o meu partido na ocupação da área escolhida é em procurar adequar as volumetrias do projeto aos vizinhos existentes, que já são bem consolidados e iriam somar ao projeto as suas características, e tentar encontrar uma equação ideal entre densidade habitacional e área construída, de maneira que a quantidade de pessoas moradoras dessa nova ocupação justifique o Coificiente de Aproveitamento menor do que o máximo permitido.
Mapa e Tabela de anexos, Plano Diretor da Cidade de São Paulo
Procurando encontrar assim uma equivalência espacial que fuja um pouco das limitações que a atual legislação da cidade de São Paulo como Plano Diretor e o Código de Obras colocam. Uma delas que pretendo questionar é a necessidade de recuos laterais em imóveis com mais de 6 metros de altura, quando esse pode inexistir quando a nova edificação é pensada em harmonia com a fachada e aberturas do vizinho, e a criação de ruas internar criariam um espaço que pode se tornar uma rua pública e não simplesmente um espaço que sobra pela definição dos recuos.
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MAPA OPERAÇÀO URBANA CENTRO Fonte: Cartilha da Operação Urbana Centro
A QUADRA E SEUS VIZINHOS
A quadra escolhida possui características que levaram à escolha do programa proposto: uso predominantemente residencial, comércio local, pouca verticalização e alguns programas culturais como o Teatro Brasileiro de Comédia e a casa de Dona Iaiá, além da padaria histórica São Domingos datada de 1913. Possui ainda algumas vilas e residências históricas que foram importantes na tomada de decisões do projeto. O terreno utilizado é resultante da definição de direito de Preempção em cima de um vazio urbano definido pela Operação Urbana Centro, junto com um outro terreno por mim definido como vazio baseado nas visitas ao local.
IMAGEM AÉREA DA BELA VISTA E A QUADRA ESCOLHIDA PARA O PROJETO
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LEGENDA LOTES COM DIREITO DE PREEMPÇÃO
MAPA DIREITO DE PREEMPÇÃO FONTE: PLANO DIRETOR DE SÃO PAULO, 2004
MAPA: LOTE DEFINIDO LEGENDA LEGENDA
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TERRENO VAZIO EDIFÍCIO DESOCUPADO ESTACIONAMENTO
DIREITO DE PREEMPÇÃO
MAPA VAZIOS URBANOS FONTE: EMURB, 2003
VAZIO URBANO ESTACIONAMENTO (ATUAL)
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MAPA: PONTOS HISTÓRICOS E CULTURAIS
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MAPA: USO DO SOLO FONTE:EMURB, 2001 LEGENDA
LEGENDA
INSTITUCIONAL
ESCOLA DRA MARIA AUGUSTA
SERVIÇOS
ESPAÇO ATUAÇÃO SARAIVA
MISTO SEM HABITAÇÃO
TEATRO DA COMÉDIA BRASILEIRA
HABITAÇÃO
PADARIA 14 DE JULHO
MISTO COM HABITAÇÃO
CASA DE DONA YAYÁ
COMÉRCIO
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RUA MAJOR DIOGO
FACHADA RUA MAJOR DIOGO
ENCONTRO COM A RADIAL LESTE
FACHADA RUA CONSELHEIRO RAMALHO 24
RUA CONSELHEIRO SARAIVA
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PREMISSAS: RUA E VIZINHANÇA
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FOTO, RUA NA BELA VISTA FONTE: MARZOLA, NÁDIA
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Existem vários níveis de privacidade dos espaços em relação um com os outros. Numa casa os quartos são privados em relação à sala de estar , esta é privada em relação aos espaços condominiais, estes são privados em relação ao interior da quadra que por sua vez é privado em comparação com a rua. E dentro desses diferentes níveis de cárater público do espaço é possível encontrar manifestações individuais que colocam essa característica em jogo, mas ao mesmo tempo dão ao espaço uma maior identificação por parte dos usuários, as roupas nos varais penduradas entre uma casa e outras em ruas estreitas de moradias italianas são um exemplo disso. “[..] A rua é de novo concebida como o que deve ter sido originalmente, ou seja, um lugar onde o contato social entre moradores pode ser HERTZBERGER, Herman. estabelecidos: como uma sala de estar comunitária. E o conceito de que as relações sociais podem até ser estimuladas pela aplicação efi- Lições de Arquitetura. São Paulo, Martin Fontes, 1999. ciente de recursos arquitetônicos pode ser encontrado em Team X e especialmente em Forum, onde como um tema central, esta questão era repetidamente levantada”. HERTZBERGER, Herman A rua possui esse conceito de espaço comunitário desvalorizado devido à priridade de tráfego motorizado, uma organização espacial que não possui critério de entrada, e redução das densidade de moradias assim como a diminuição de moradores em cada unidade habitacional, e de certa forma o aumento do espaço residencial que desestimula a permanência no espaço de fora. Outra característica interessante oberservada é que existe uma relação entre condição econômica e relação entre vizinhos, quanto menor o poder aquisitivo de um morador, mais ele precisa do vizinho para convivência. Assim, a escolha por unidades que fossem menores e possuissem maior proximidades umas das outras foi uma estratégia para a criação da vila. De certa forma esse tipo de configuração urbana conforma uma situação de controle social por parte dos vizinhos porque estes acabam conhecendo muito acerda da vida dos que ali vivem, isso pode ser considerado negativo para algumas pessoas, mas em bairros como o Bixiga isso é uma característica que fortalece a configuração histórica do bairro. A maneira de projetar as unidades habitacionais partiram das questões que envolvem o entorno imediato e a sua problemaática histórica, mas também partiu de um processo descolado visando refletir acerca dos diferentes pensamentos que contribuíram para o desenvolvimento de projetos residenciais ao longo da história. Existe o chamado habitar existencial que se baseia na casa histórica não-urbana, que mantém todos os aspectos da tradição e de tudo que possa conviver em harmonia com a natureza, a casa como abrigo. Esse tipo de casa não possui espaços privados pois tudo possui a presença do hierárquico e da família como instituição, é casa de nossos antepassados que abriga todos os objetos herdados, onde o espaço é substituído pelo tempo. Ainda existe o habitar da máquina de morar positivista, que possui uma família modelo para o seu funcionamento, nela perssistem ideologias da moralidade e progresso material, onde tudo é medido e cronometrado para um perfeito funcionamento. Existe uma presença de transparência interna que é repressiva e sem qualquer possibilidade de nichos ou desvios. Num outro pensamento decorrente da casa modernista que é a casa sem família, possui espaços superestimados geralmente pensados somente para um indivíduo, todos os espaços são conectados e dentro dessa casa, a vida do indivíduo pode transcorrer sem limites e sem influencias de uma tradição judaica-cristã. O desafio no projeto é encontrar unidades habitacionais que permitam uma convivência de família juntamente com a racionalização dos espaços, de maneira que o espaço seja flexível à multiplicidade de pessoas que poderiam morar nesses espaços. A idéia é chegar num equilíbrio entre a casa histórica dominada pelo conceito de família tradicional e entre a casa moderna que não possui limites e definições de espaços. Por isso o projeto irá trabalhar com difrentes tamanhos e configurações desses espaços que serão definidos principalmente pela presença de seus vizinhos, procurando uma convivência harmônica.
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FOTO; AGLOMERAÇÃO FESTIVA NOS ESPAÇOS DE UMA VILA, BELA VISTA FONTE: MARZOLA, NÁDIA
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LEGENDA
PLANO DE OCUPAÇÃO DO PROJETO TÉRREO
LEGENDA
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PLANO DE OCUPAÇÃO DO PROJETO PAVIMENTO TIPO
LEGENDA
COMÉRCIO
COMÉRCIO
HABITAÇÃO
HABITAÇÃO
ESCRITÓRIOS
ESCRITÓRIOS
PRAÇA
PRAÇA
RUA
RUA
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ESTRATÉGIAS PROJETUAIS
A partir das análises realizadas com os dados do entorno, o formato do lote em relaçào à quadra, e das intençòes que conversavam com a situação do bairro e entorno, adotei desde o início três pontos fundamentais no projeto: A rua, a praça, e a habitação. A rua é importante para dar permeabilidade ao interior da quadra urbana, a praça surgiu da verificação de espaços verdes nas proximidades, e a habitaçào deveria estar conversando com esses dois elementos,a lém da introduçào do comércio para dar transiçào a esses espaços. A partir da definição em trabalhar com a implantação anteriormente mostrada, surgem alguns problemas relativos a iluminação, ventilação e privacidade implicados pela conformação em vila, que normalmente encontra-se encostada nos muros e com casas muito próximas entre si. Para resolver esse problema, adotei a idéia de pequenos pátios internos, que primeiro surgiram laterais às casas, esta solução resultava em problemas de privacidade entre vizinhos. Posteriormente foi adotada a solução de pátios individuais, na parte posterior de cada unidade e encostados nos muros de divisa
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PRIMEIRA CONCEPÇÀO: HABITAÇÃO, COMÉRCIO, RUA E PRAÇAS COMJUGADAS
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SEGUNDA CONCEPÇÃO,: DEFINIÇÃO DAS ALTURAS E ABERTURA DE PÁTIOS LATERAIS
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TERCEIRA CONCEPÇÃO: DEFINIÇÃO DE ESCRITÓRIOS, CRIAÇÃO DE PÁTIOS INDIVIDUAIS AO
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O PROJETO
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IMPLANTAÇÃO MAQUETE ELETRÔNICA
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PLANTA COTA 761 ESCALA 1:500
38
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PLANTA COTA 764 ESCALA 1:500
40
41
PLANTA COTA 767 ESCALA 1:500
42
43
PLANTA COTA 770 ESCALA 1:500
44
45
PLANTA COTA 772 ESCALA 1:500
46
47
CORTE AA ESCALA 1:500
CORTE BB ESCALA 1:500
48
CORTE CC ESCALA 1:500
CORTE EE ESCALA 1:500
49
CORTE DD ESCALA 1:500
50
51
UNIDADES HABITACIONAIS
PLANTA ESCALA 1:100 52
53
PLANTA ESCALA 1:100 54
PLANTA ESCALA 1:100 56
PLANTA ESCALA 1:100 58
59
PLANTA ESCALA 1:100 60
61
PLANTA ESCALA 1:100 62
63
64
PLANTA ESCALA 1:100
PLANTA ESCALA 1:100
65
66
VISTA MAQUETE ELETRテ年ICA
VISTA MAQUETE ELETRテ年ICA
67
68
VISTA RUA INTENA MAQUETE ELETRテ年ICA
VISTA RUA INTERNA MAQUETE ELETRテ年ICA
69
70
VISTA PRAÇA MAQUETE ELETRÔNICA
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ÁREAS
Área do Terreno: Total Área Construída:
6.787,98 m² 14.253,30 m²
Total Área Ocupada:
2.718,52 m²
Total Área Permeável:
1162,25 m²
CA:
2.00
TO:
0.40
IP:
0.17
168
unidade habitacionais
35
unidades 1 dormitório
116
unidades 2 dormitórios
17
unidades 3 dormitórios
20
unidades comércio/escritórios
Densidade habitacional do projeto: 71 hab/ km²
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ÁREA DAS UNIDADES HABITACIONAIS EM m²
LEGENDA
1 DORM. 2 DORM. 3 DORM.
73
BIBLIOGRAFIA
74
ÁBALOS , Iñaki - A boa-vida : Visita guiada às casas da modernidade. Barcelona : Editorial Gustavo Gili, 2003.
FRENCH, Hilary. Vivienda Colectiva paradigmática del siglo XX – plantas secciones y alzados; Editorial Gustavo Gili, SL; Barcelona, 2009.
HERTZBERGER, Herman. Lições de Arquitetura. São Paulo, Martin Fontes, 1999.
MARZOLA, Nádia. Beal Vista: História dos Bairros de São Paulo . DPH, São Paulo, 1985.
São Paulo Urbanismo. A cartilha da área central – Operação Urbana Centro. São Paulo, EMURB, 2010
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano. Infocidade: Mapas. São Paulo, 2008
Secretaria Municipal de Planejamento Urbano. Plano Regional Estratégico - Subprefeitura Sé. São Paulo, 2004
SPINI, Sandro. Bixiga: avio de uma pesquisa urbana. Museu da Imagem e do Som. São Paulo, 1983 74