I Wanna Be Yr Grrrl zine #7 PARTE 2 PORTUGUÊS

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I WANNA BE YR GRRRL ZINE #7 PARTE 2 MU LH ER ES A T UA NT ES EM S ER G IP E

POR

LARISSA OLIVEIRA


I Wanna Be Yr Grrrl zine #7 apresenta ... bandeira de sergipe

Em comemoração dos três anos de zine, decidi dividir a edição em duas partes: a primeira traz a minha trajetória como zineira e esta segunda traz outras artistas sergipanas que resistem através do seu engajamento com a cultura e a política. A ideia surgiu diante da falta de projeção das artistas femininas locais em comparação não só aos homens, mas também numa proporção nacional já que somos o menor Estado do país e historicamente inferiorizado. Espero que a leitura proporcione um pouco de ação dentro de cada um de vocês. Agradeço o apoio!

sumário Entrevista com a mc e zineira Carla Noronha ... 2,3,4 Entrevista com o grupo de rap/hip-hop Bruxas do Cangaço ...5,6 Ilustrações da estudante de Artes Visuais Beatriz Pereira...7 Entrevista com a autora do livro: “Autorretrato: como o machismo”-joycevasconcelos ... 8,9,10 Divulgação dos trabalhos da artista visual Gabi Etinger ... 11,12 Colagem da estudante de Artes Visuais Larissa Menezes...13 Entrevista com uma das mediadoras do leitura feminista aju- ana costa... 14,15 Entrevista com a banda punk feminina VHC...16,17 Poesia de Nowhere Girl ... 18 Entrevista com a artista punk Gessy Oliveira... 19,20,21 Relato da ativista e estudante de direito Isabelly Duarte ...22 poesia da mestra em geografia Sheyla Andrade... 23 POESIA DA CINEASTA GABRIELA CALDAS ... 24,25 entrevista com a artista punk/hc daniela rodrigues...26,27,28 Divulgação da revista desvario por thainá carvalho... 29,30 menções honrosas ...31 AGRADECIMENTOS E Créditos ...32

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ZINE: Clara Noronha é uma artista e ativista sergipana que atua como cantora, compositora, zineira, etc. Conheci Clara através de seu trabalho no rap ao lado de outras mulheres que faziam parte do grupo denominado Guerrilheiras. Assistia a algumas apresentações, admirando de longe, a atitude destemida em versar assuntos que muitos não ousam tocar, e quando o fazem, sofrem perseguição. Para mulheres como Clara, tenho certeza que isso é o de menos, pois é a luta por um espaço seu e de outros que são incluídos em suas críticas sociais, que torna sua arte uma forma de sobrevivência. De início, queria dizer que a presença feminina no rap em Sergipe é maior do que em qualquer outro gênero musical. Isso eu percebo não só por comentários de pessoas ao meu redor, mas também como mulher e feminista e em uma posição que me faz muito querer ouvir suas questões, assistir a suas apresentações, enfim, ouvir e refletir bastante. E são as suas questões e a forma que consegue articular tantas em uma só música, e há tanta interseccionalidade nisso, que se aproximam muito do diálogo feminista que necessitamos Hoje. E para você, como percebe a força do rap feito por mulheres em Sergipe? CLARA: Fico imensamente feliz de ver a cada dia que passa, mais mulheres protagonizando na cena, e isso não só como MC’s, as minas tão presentes de forma marcante em todos elementos do hip hop e isso é muito foda. Eu acredito muito na potência da presença dessas mulheres nesses espaços, pois ali, é onde elas expõem suas vivências, suas histórias, sua realidade e é ali onde a gente se reconhece umas nas outras também, e dessa forma nos fortalecemos. A gente tem que tá ali também, nossas ideias e anseios também precisam ser ouvidos, e acho que as manas tão cada dia mais retas nas ideias que elas querem passar, sou muito suspeita pra falar das mulheres do Hip Hop aqui em Sergipe, muitas delas são minhas amigas, artistas incríveis e referências pra mim, acredito que nossa presença seja fundamental para o movimento das coisas. zine: Nas suas composições, dentro e fora do grupo Guerrilheiras, pude me identificar com muita coisa que disse, entre elas, “ [...] Eu não vou passar esse risco de novo, cai, me levantei para isso que serve os tombo, se reerguer mesmo diante de vários roxos [...]” como canta na música Sentença em parceria com Oh Rato. No que você se inspira na hora de compor? CLARA: Eu geralmente me inspiro nas minhas vivências e nas vivências de pessoas ao meu redor, nas coisas boas e ruins que já vivi, no que eu acredito ser importante pra mim e pra geral, e no que eu acredito já não servir também...

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zine: Você também escreve à mão suas, posso chamar de poesia? nas zines que faz. Muita gente considera essa forma de arte “faça você mesmo” ultrapassada diante do advento da Internet. Mas isso não é o que vemos na realidade, muita gente ainda produz zine e hoje se faz muito importante na promoção da nossa autonomia crítica. Fala um pouco mais sobre seu trabalho como zineira. Quais os temas que aborda, como compõe, como distribui, etc. Clara: Sim, podemos chamar de poesia! O meu trampo com as zines é em maior parte feito com as minhas poesias, mesmo. Eu tenho no total cinco zines, e somente uma eu me dediquei a fazer um texto mais elaborado, com algumas ideias que eu queria dar na época, achei que a zine seria uma forma legal de passar a mensagem adiante, essa zine se chama PUNK(A), onde eu falo um pouco sobre anarcofeminismo e no que eu acredito que ele seja. Eu gosto muito da ideia de fazer as zines manualmente, escrevendo as poesias a punho mesmo e fazendo colagens, mesmo que algumas pessoas considerem um pouco “ultrapassado” acredito que a ideia do “faça você mesmo” será sempre revolucionária, principalmente, pela autonomia que ela nos dá. Eu adoro fazer fanzine, adoro experimentar os formatos e fazer colagens, e os temas que costumo abordar, são diversos, as zines que tenho não tem tema especifico, somente esta que mencionei, o restante é uma grande mistura de tudo. Poesias falando sobre várias coisas diferentes. zine: Assisti a uma participação sua durante uma performance da música “Machista” da banda Ideal HC em 2016. Nela, você fala sobre o caso do estupro que envolveu 33 homens violentando uma mulher. Lembro que naquele ano, houve um marcante protesto em Aracaju com centenas de mulheres nas ruas cantando versos contra a cultura do estupro e foi o meu primeiro protesto feminista. É muito importante que mulheres tomem a frente dos palcos, das ruas, das zines, de qualquer meio que possam se expressar de forma autêntica e não objetificada. Analisando a sua trajetória, você acredita que hoje está mais fácil para a mulher ocupar espaços? Clara: eu acredito que existam mais mulheres ocupando esses espaços, porém algumas dificuldades permanecem as mesmas, por mais que a gente se imponha, ainda há muita falta de respeito com o trampo das minas, é como se as pessoas desacreditassem o tempo todo de nós...mas pra azar dessas pessoas as minas vêm mostrando que estão mais pesadas que nunca, e que nossos trampos são tão qualificados quanto a qualquer Trampo feito pelos caras.

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zine: Ouvi duas músicas que fez em voz e violão, mas que não se distanciam tanto do que fazia no rap, pois há a presença de seu engajamento político. Você pretende se lançar solo em algum estilo? Quais são seus futuros projetos? clara: Eu gosto muito de tocar violão, apesar de saber bem pouco. Me arrisquei a fazer esses sons com os poucos acordes que eu sei, e apesar de tudo ser bem simples eu curti o resultado. No atual momento, estou próxima de lançar meu EP solo, que contará com participações de artistas daqui também, depois do fim das atividades do meu antigo grupo Guerrilheiras, eu me dediquei a trampar nesse ep, juntando alguns sons que eu já tinha e escrevendo coisas novas... a ansiedade tá grande pra poder compartilhar essas faixas com geral. E mesmo que eu caminhe por outras vertentes musicais, como eu também tenho vontade de fazer, eu não me vejo fora do rap, acho que vou carregar isso pra sempre comigo. zine: Finalizo a entrevista sendo muito grata e desejando que tanto você quanto outras mulheres possam se engajar na música e nas zines para movimentar cada vez mais o cenário cultural em Sergipe. Deixa aqui alguma sugestão de música/zine/verso que tem te inspirado no momento. clara: Primeiro, gostaria muito de te agradecer pela oportunidade de me expressar e contar um pouquinho da minha história aqui, você é uma mina que admiro muito também, Larissa, que tu continue se jogando nas zines e em qualquer coisa que desejar fazer nessa vida, pegando esse gancho deixo um verso de uma música do grupo de rap Artigo 163 que eu tanto me inspiro e admiro também! “Levante essa cabeça guerreira, a vida é tão rara não fique de bobeira. Enfrente as correrias, firme e forte na peleja, é com suor do dia a dia que se põe o pão na mesa...”

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zine: Bruxas do Cangaço é um grupo de rap feminino formado em 2017 e composto por: Daniele Silva (Danny MC), Emília Damares (Reversa MC) e Emilly Neri (Pagu MC). Elas fazem resistência no rap sergipano ao lado de outros grupos como Artigo 163 (que conta com duas mulheres). Ao longo dos anos, as Bruxas lançaram diversos singles, disponíveis em plataformas digitais como Spotify e Deezer, e participaram de eventos como Fasc (Festival de Artes de São Cristóvão) mostrando que o rap feminino é necessário para romper com limitações impostas ao lugar que a mulher pode ocupar. É como elas cantam na música Pagu: “[...] e se tem uma coisa que você pode, é poder. [...]”. Oi meninas. A primeira vez que vi uma performance do Bruxas foi no #Hardcorecontraofascismo em Aracaju. Em suas canções, vocês levantam principalmente a questão da inclusão feminina no rap. Mesmo em um evento de hardcore, vocês e as Guerrilheiras, não lembro se tinha mais algum grupo de rap, foram as únicas representantes femininas do evento. Como vocês enxergam a falta de espaço da mulher na música de modo geral? bruxas: A arte é liberdade. Liberdade de expressar sua realidade. Para nós, mulheres, a liberdade é negada bem antes de falarmos as primeiras palavras. Nós crescemos aprendendo como e quando devemos dar a voz. É assim com nossas irmãs, foi assim com nossas mães e com nossas avós. Na música isso não é diferente. Principalmente no rap. É resistência dentro de resistência. Por isso cada espaço que ocupamos é válido. zine: Eu vi na página do Instagram de vocês que já fizeram um cordel intitulado “A saga das bruxas cangaceiras”. Achei muito legal a ideia porque o cordel, assim como o rap, é resistência. Falem mais sobre o cordel e como foi a composição, o que abordaram e como é feita a distribuição.

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bruxas: nós estávamos no início da produção da nossa primeira mixtape e estávamos juntas há dias, imersas nessa egrégora de criar coisas novas. Cada uma escreveu uma parte contando um pouco da nossa ainda curta, porém, intensa caminhada. Fizemos a confecção dos primeiros e começamos a vender por um valor simbólico. O cordel é uma literatura sagrada. Recebemos dicas de alguns cordelistas e estamos tentando aprimorar cada vez mais esse trampo. zine: Assim como o cordel, o álbum físico é uma mídia considerada antiga e muitos migraram para o download e YouTube. Vi que vocês vão lançar uma mixtape, e até rolou sorteio junto com o cordel. Quais músicas que os fãs já conhecem vão estar nela, quais as novidades e como surgiu a ideia de lançá-la? bruxas: "A cobrança" que é a faixa que leva o nome da mixtape já é conhecida por quem nos acompanha e "Mãe Solo" é um dos primeiros sons que fizemos. Recentemente, lançamos dois clipes de músicas da mixtape. Nós já queríamos ter um trampo nas plataformas para que pessoas pudessem ouvir as várias músicas que temos e trocar essa energia conosco. É um sonho mesmo. zine: Outro projeto que vocês têm é o “EntreVistas”, que consiste em entrevistas com artistas da cena rap e hip hop local e assim, promovem os trabalhos de cada um. Quais artistas vocês já entrevistaram e o que vocês levam de aprendizado nessa troca de experiências? BRUXAS: Entrevistamos os manos do grupo Manicômio e NG e Manumc que até então, faziam parte do grupo ONC. Cada artista do movimento tem uma história e uma vivência. E está tudo nos trampos delxs, nas letras. Com esse projeto nós queremos mostrar a profundidade delxs de forma direta, descontraída. zine: Para finalizar, muito obrigada e deixem aqui nomes de grupos da cena local que inspiram vocês no momento. bruxas: Artista foda não falta aqui no nosso estado. Muita riqueza de arte. Xs artistas que mais nos inspiram no momento é Artigo 163, com certeza, Lari Lima, Marvin MC, nossos parceiros do grupo Manicômio que são de Itabaiana e muitos outrxs que tão no corre louco pra fazer a arte resistir. Gratidão a todxs.

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reira,Itabaianense, Me chamo Beatriz Pe Artes Visuais e meu tenho 21 anos, estudo z. instagram é@baerti

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zine: Joyce Vasconcelos é uma mestranda em Direito e escritora. Em 2019, lançou o livro de poesias “Autorretrato: como o machismo”. Nele, há mais de 100 poemas empoderadores baseados em experiências próprias e de outras mulheres que foram vítimas de violência. E quando falamos em violência contra mulher, não é apenas a física. A psicológica e outras, machucam tanto quanto e ainda precisamos falar sobre a temática. Joyce transformou o delicado tema em arte e é por meio dela que suportamos, e até superamos, nossos traumas. Seu livro é essencial em tempos que cada vez mais as mulheres estão rompendo com o silêncio e colocando ponto final em histórias de abuso. Muitas das pessoas que ouvem as vítimas se dizem apoiadoras da causa das mulheres, porém, não demoram para deixar o abusador impune. Bom, esse é um pequeno desabafo para dizer que me senti ouvida e acreditada por você e que você desafia um monstro chamado silêncio. Queria que contasse como se deu a sua trajetória de sair do abuso até a ideia de escrever um livro de poesia. JOYCE: Na verdade, sempre gostei de escrever, sobretudo poesia. Já participei de concurso de poesia na infância, já tive redações lidas por professoras da escola como parâmetro para os outros colegas e tudo mais. Sair de uma situação ruim e quebrar o monstro que você cita, o silêncio, foi uma trajetória que se deu, sobretudo, com um olhar para dentro, de resgate de mim mesma e de como eu podia ajudar mais mulheres a saírem de situações de abuso, além da minha intenção de provocar reflexões em qualquer pessoa que leia meu livro, seja homem ou mulher, mãe ou pai, tia ou tio, afinal, o primeiro passo para mudarmos uma cultura é mudando a nós mesmas, e essa trajetória começa individualmente para depois refletir no coletivo. zine: Vivemos na era das hashtags #Quebradorasdesilêncio, #eutambém e #nãopassarão. A nova geração feminista é formada por meninas e mulheres que sabem reconhecer padrões de violência, graças à forte corrente de informação e formação feminista das redes sociais, e tem rolado uma série de denúncias expostas ao público. Será que esse progresso chega a todas as mulheres? O que ainda impediria a mulher de denunciar seu caso de violência?

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joyce: Não necessariamente. Apesar de as redes sociais serem um instrumento democrático para dar voz às mulheres, denunciar infelizmente é um privilégio, porque para sair de um círculo vicioso de violência, é necessária uma rede de apoio em todos os sentidos, seja financeiro, psicológico, emocional e etc, e isto é um privilégio de poucas ou quase nenhuma mulher, porque, no geral, temos uma cultura muito forte de culpabilização dela e de que “devemos aguentar qualquer coisa por amor”. Quanto à questão do silêncio da mulher sobre as violências que ela sofre, isso tem tudo a ver com a cultura já citada, e com detalhes e problemas que só quem está vivendo aquela relação pode falar. Nos relacionamentos há muitas variáveis envolvidas quando se trata do término, podem existir filhos, a falta de dinheiro para se manter, a culpa, a vergonha, enfim, muitos e muitos fatores, e sobre eles não nos cabe julgar nem culpar a mulher que decide pelo fim ou pela continuidade daquela situação, mas sim entendê-la e acolhê-la, sendo que também acredito que o julgamento seja um fator de peso nas escolhas que a mulher toma nesse sentido. No fim das contas o ideal é ela entender que sempre será julgada, então meu desejo é que as escolhas das mulheres sejam sempre pela paz e felicidade que elas e todas nós merecemos. Zine: Em entrevista à TV Alese, você falou que sua pesquisa de mestrado se volta ao corte de gênero na questão da violência. Se com sua arte, você pode salvar, qual poder teria a sua pesquisa? joyce: Você captou muito bem minha mensagem nessa entrevista, de fato minha ideia com a escrita do livro de poesias é a de transformar, fazer refletir, mexer na ferida e curar. Acredito que minha pesquisa seguirá pelo mesmo caminho, até pelos planos futuros que tenho no sentido acadêmico, e pelas portas que vêm se abrindo a esse respeito. Hoje já faço palestras em escolas sobre gênero e direitos humanos, mesclando minhas poesias e meu estudo acadêmico, e também pretendo dar continuidade à minha pesquisa do mestrado fora do Brasil, fazendo um estudo comparativo com outros países que já tenham uma vivência e uma legislação mais avançada a respeito de gênero e proteção às meninas, para depois transportar tudo o que eu aprender nesse contexto para a realidade brasileira. zine: Além de você, conhece outras artistas sergipanas que se engajam na mesma temática da violência de gênero? Como você enxerga a repercussão sobre esse assunto em Sergipe?

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joyce: Sim, nas palestras que ando ministrando conheci recentemente a Débora Arruda, uma artista sergipana e também escritora. Ela tem um livro de poesias incrível chamado “Coração Despovoado”. Além dela, conheço o trabalho da Gabi Ettinger no audiovisual e afins. Quanto à repercussão do tema em Sergipe, enxergo isso de uma forma positiva, porque para acabar com qualquer tipo de violência, principalmente a de gênero, o assunto precisa ser exposto, discutido, debatido, e tudo isto precisa acontecer por meio de pessoas competentes, que entendam o que é essa violência. Os dados estão aí para provar que precisamos do feminismo e de uma mudança cultural muito profunda para que a mulher seja enxergada como um ser humano, e não como um objeto ou posse de outra pessoa que não é capaz de aceitar um “não” nem de respeitar a mulher. zine: E para terminar, sou grata por mulheres como você que não se calam e que lutam por todas as que não conseguem. Deixe aqui um trecho de um poema, autoral ou não, que mais te inspira no momento. joyce: Obrigada, eu que agradeço a oportunidade de poder ajudar as mulheres por meio da minha arte. Vou deixar um poema do meu livro, que faz parte do 1º capítulo dele, chamado “Reflexões Iniciais”. O nome do poema é “Cortina”: A venda que me puseram nos olhos Não me serve mais Cresci, cresci muito Ela anda apertada, não tapa mais minha visão Só uma cortina seria capaz de fechá-la Porém Mais uma vez Ela se abre E novamente eu me apresento: Prazer, sou a mulher que agora É autora da própria história.

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SOBRE A EXPOSIÇÃO A exposição ‘Minha verdade é vermelha’ foi fruto de experimentos com lã vermelha bordada sobre gravuras. Desde 2007 produzo xilogravuras. Em junho de 2019 recebi o convite para fazer parte da exposição coletiva sobre Maternagem, na UFS, com curadoria de Maicyra Leão e Jhon Eldon. Esse convite despertou a ideia de bordar sobre as gravuras. Criei o trabalho 'Serpentepoemaovariano' com 10 xilogravuras compondo uma narrativa visual, interligadas pela lã vermelha bordada sobre as gravuras. A partir desse trabalho surgiram os experimentos com linha vermelha. As gravuras de 'Serpentepoemaovariano' são imagens que representam o corpo feminino de maneira subjetiva, por isso resolvi usar a lã vermelha, para ficar visceral. A escolha do bordado tridimensionalizou o trabalho, num efeito que gosto muito, dando a ideia de algo rompido e extravasado. O bordado está presente em trabalhos de artistas que admiro, como Rosana Paulino e Bispo do Rosário. A cor vermelha é um símbolo do discurso da exposição, construída com reflexões sobre sexualidade e gênero em corpos constituídos pela mesma matéria, o sangue. A palavra verdade é um contraponto às fake news. O jogo de poder está tão forte que as pessoas esquecem como o ser humano é frágil. A vida está complicada e não precisaria ser assim. A exposição é composta por 5 trabalhos. Quatro com bordado e lã vermelha (gravuras, fotografias, painel e escultura), e um gif animado (Experimento). Foi exposta entre dezembro e janeiro de 2019 na Galeria de Arte J. Inácio e no 8M de 2020 na Casa Aho.

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SOBRE O CLASSIFICADAS A ideia do banco de dados com serviços prestados por mulheres em Sergipe veio a partir de uma provocação da artista gráfica Cecília Mur feita a mim e Naiara Correia, da Casa Aho. Cecília é da Argentina e estava passando férias de fim de ano por aqui, instalada na casa de Naiara. Elas já conversavam sobre a possibilidade de usar a Casa Aho para fazer um evento no 8M. Reencontrei Cecília por acaso na festa de uma amiga em comum, em dezembro do ano passado, e convidei ela para ver a exposição ‘Minha verdade é vermelha’ que estava na Galeria J. Inácio. Ela foi e comentou com Naiara sobre a escultura que fazia parte da exposição, reforçando como seria legal fazer uma exposição no 8M. Daí conheci Naiara, num jantar em minha casa, poucas horas antes de Cecília partir para a Argentina, em janeiro de 2020. Começamos a conversar sobre exposições e Cecília jogou a ideia de fazermos um zine como catálogo de serviços prestados por mulheres, pensando no 8M e em fortalecer uma rede feminina. Eu topei na hora. Gostei da ideia e da oportunidade de contribuir com meu trabalho de designer. Cecília partiu e continuei a trocar ideia com Naiara. Pensei ser melhor ampliarmos para um blog, uma plataforma on line simples de criar e que poderia ser alimentada constantemente. Naiara batizou o blog com o nome Classificadas. Eu cuidei do visual e continuo alimentando o cadastramento. O Classificadas é um iniciativa voluntária, fruto do acaso numa exposição de arte. É uma crença em boas ações e um retrato das profissionais femininas em Sergipe. O avanço do blog deve ser orgânico, a partir da divulgação de quem está cadastrada, sem nenhuma exigência. Está no ar e continuará cadastrando quem tiver interesse. Sempre que um cadastro é feito, a profissional recebe por email material para divulgar o Classificadas (classificadas.blogspot.com). Para fazer parte, envia para o email classificadas.se@gmail.com: * Seu nome * Área(s) de atuação e serviço(s) prestado(s) * Email * Celular (opcional) * Redes sociais * Link para site/portfólio

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Meu nome é Larissa Menezes, uso o nome artístico Lardemoon. Nasci em Itabaiana no agreste sergipano. Estudo Artes Visuais na UFS, faço colagens, desenhos, pinturas e outras coisinhas mais. Comecei as colagens digitais com o objetivo de fazer lambe-lambes para de alguma forma conscientizar ou despertar o interesse das pessoas sobre temas como feminismo, racismo, homofobia e etc.

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zine: Leia Mulheres Aju é um projeto de clube de leitura em Aracaju, derivado do internacional Leia Mulheres. Este, foi desenvolvido pela escritora Joanna Walsh em 2014 com o intuito de enaltecer a autoria feminina na literatura. Desde então, mulheres de várias partes do mundo aderiram a sua versão e ele também está presente em Aracaju. Além do Leia Mulheres, foi criado em 2020, o Leitura Feminista Aju, idealizado por Ana Costa, Carla Reis, Daniela Rodrigues, Lucianne Fabrizia e Martha Arcieri. A ideia partiu de postagens feita pelo Leia Feministas do Ceará. Os encontros são bimestrais e em fevereiro se deu início com a obra Um Teto Todo Seu da Virginia Woolf. Essa entrevista vai ser realizada com a membra Ana Costa do Leitura Feminista Aju. Ana, você comentou que também faz parte da organização do Leia Mulheres em Aracaju. Como você descreveria a importância dos dois projetos para a cidade? ana: O grupo Leia Mulheres Aju, que segue diretrizes e orientações do Leia Mulheres nacional, já existe, se não me engano, desde o ano de 2016. Essa já é a terceira formação de mediadoras no grupo, da qual comecei a fazer parte para que o coletivo não ficasse parado. As mediadoras anteriores, quando não podem mais ficar à frente do coletivo,divulgam para que outras pessoas possam ficar encarregadas da organização. E assim tem sido desde 2016. Iniciei no coletivo agora em 2020 por perceber a importância do mesmo. Para mim, é clara a importância de dar maior visibilidade à literatura produzida por mulheres, destacando também a diversidade de gêneros literários onde as mulheres demonstram sua participação. Por isso, acho válido também enaltecer a iniciativa do coletivo nacional que sempre lança o desafio leia mulheres de cada ano, sugerindo um gênero literário a ser lido em cada mês. Além disso, o coletivo de Aracaju é um importante espaço onde podemos conversar sobre literatura e ter um momento de cultura e lazer. Por isso, mesmo durante a pandemia e o isolamento social, seguimos realizando o encontro virtualmente, como forma de manter em nosso cotidiano atividades que possam trazer mais cultura e entretenimento, melhorando a saúde mental de todos que participam. zine: Alguns dos próximos livros que farão parte dos encontros são: “Breve História do Feminismo” da autora Carla Cristina Garcia (abril) e “A Criação do Patriarcado” de Gerda Lerner (junho). Como acontece a seleção dos livros?

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AnA: Os livros de todo o ano foram escolhidos no início do ano pelas idealizadoras do projeto como forma de deixar já agendado e organizado, facilitando a organização pessoal de quem quiser participar. A escolha foi realizada com base nas resenhas e divulgações que conhecemos dos livros. Nesse primeiro ano do projeto, tentamos trazer livros diversos sobre vertentes feministas e sobre a origem do feminismo. ZINE: Um dos focos dessa zine é discutir a representatividade feminina em Sergipe. O que você tem a dizer sobre a autoria feminina na literatura sergipana? ana: Ainda conheço muito pouco da literatura sergipana em geral e de sua história. Na verdade, minha motivação a participar desses grupos de leitura e estudo foi justamente para também começar a realizar mais leitura de ficção e de livros teóricos feministas, algo que acabava ficando distante de minha rotina entre trabalho e estudo. Mas tenho acompanhado o trabalho de Taylane Cruz e Mônica Meira. Taylane Cruz inclusive Já teve um de seus livros discutidos no Leia Mulheres Aracaju. E é sempre muito interessante quando o autor do livro está presente na discussão. ZINE: Hoje temos um número maior de obras contemporâneas criadas por mulheres. Seja no cinema de petra costa e Céline Sciamma, ou na literatura de Chimamanda Ngozi Adichie e Djalma Ribeiro. Também é verdade que lemos mais que homens. Ainda assim, o número de obras que ganham visibilidade é bem maior para eles. Apenas 15 dos 116 vencedores do Nobel de Literatura foram mulheres. Além da iniciativa do Leia Mulheres, quais outras propostas seriam válidas para dar mais visibilidade à literatura feminina? ana: Estruturalmente, é difícil vencer essa falta de visibilidade das mulheres em todos os setores. O livro “Um teto todo seu”, de Virginia Woolf é bem interessante sobre esse assunto. Mas acho que, pessoalmente, podemos tentar nos informar mais e buscar ler cada dia mais mulheres, principalmente nacionais, para conhecer a diversidade do trabalho que temos feito por mulheres. Além disso, sempre compartilhar e divulgar o trabalho das outras! ZINE: Agradeço à atenção e deixa aqui uma lista com 5 livros essenciais escritos por mulheres e que te inspiram no momento. aNA: Um Teto todo seu, de Virginia Woolf Hibisco Roxo, de Chimamanda Ngozi Adichie Persépolis, de Marjane Satrapi O Espirito da Intimidade, de Sobonfu Somé Quarto de Despejo, de Maria Carolina de Jesus

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zine: VHC é uma banda punk/HC sergipana que conta com Islaine nos vocais e guitarra, Kelly no baixo e Carla na bateria. É a única formada inteiramente por mulheres atuando no Estado. Em 2014, lançaram seu primeiro EP chamado Conduta, com faixas que falam, entre outras coisas, sobre o comodismo diante do caos político e sobre padrões femininos impostos pelo patriarcado. Em 2017, a banda lançou um clipe em meio aos protestos contra o ex-presidente Michel Temer, que assumiu o cargo após um golpe. Além disso, a VHC já tocou fora de Sergipe e participou de uma coletânea voltada a bandas femininas. Olá meninas. A primeira vez que ouvi falar na VHC foi em 2017, quando vocês tocaram no extinto Cantinho Cultural em Aracaju. Infelizmente, cheguei no local depois do show e um amigo meu que estava presente me disse: “você teria gostado muito, a vocalista tocou grávida.”. Eu estava ansiosa em vê-las pois seria a primeira vez na minha vida que veria uma banda só de mulheres tocando ao vivo. Vocês provavelmente são a única banda feminina atuando no Estado. Como se sentem em relação a esse status? Rola uma responsabilidade maior em protagonizar a cena? VHC: Olá Larissa, primeiramente queremos agradecer pelo convite, e parabenizar pelo seu trabalho, super sério e embasado! Até onde conhecemos, nossa banda é a única formada somente por mulheres no estado de SE no gênero Punk Hc,porém quando se trata do cenário geral podemos identificar uma grande quantidade de mulheres ativas na música. Samba, rap, forró e mpb são alguns gêneros que encontramos bandas dentro do estado formadas apenas por mulheres. Quanto ao nosso sentimento, não diria que somos protagonistas, mas sem dúvidas existe uma grande responsabilidade, principalmente com a ideologia abordada em nossas músicas! ZINE: Assisti a uma entrevista de Islaine para o canal de YouTube Tchandala, e lá ela conta como surgiu o nome VHC. A sigla significa “Vitrola Hardcore” por conta de sua paixão por discos antigos de rock. Em 2015, vocês participaram da coletânea Contra Cultura contribuindo com duas faixas: “Vadia” e “VHC”. Nesta última, vocês deram o nome da banda a uma música como Motorhead e Public Image Ltd. fizeram. Falem um pouco mais sobre a identidade da banda.

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vhc: Rsrs verdade, as pessoas sempre ficam na dúvida sobre o significado da sigla VHC. Realmente a banda iniciou com a influência de bandas antigas nacionais e internacionais. E muitas são as bandas que lançaram músicas com seus nomes, mas posso dizer que quando conheci o Cólera fiquei muito apaixonada pelo o álbum Verde, não devaste, que foi a inspiração para a faixa VHC. Já a versão da música Attack do Public Image, fizemos a pedido de uma amigo próximo da banda, o Luciano Freitas, pessoa que está presente em grande parte de nossos projetos audiovisuais, acreditamos que se não fosse a pedido dele não teríamos realizado tal ousadia kkkkk Na nossa perspectiva sobre a música original e a mensagem que ela passa é maravilhosa, porém optamos por mudar tanto a estrutura musical quanto um pouco da letra que foi adaptada para ser cantada em português, em vez de fazer apenas um cover. No intuito de deixar com a mesma identidade musical da banda e tornar a mensagem mais acessível a nossos ouvintes. zine: Ainda citando Public Image Ltd., Quais outras bandas inspiram vocês na hora de compor um som? vhc: Sobre nossas composições, cada integrante tem uma base de influência diferente, o que torna muito amplo e diversificada nossas inspirações, mas não poderíamos de deixar de citar bandas como Bikini Kill, Joan Jett, The Runaways, Bulimia, e o cólera. zine: A VHC também participou de outra coletânea que foi a Let’s Go Grrrls 2 ao lado de mais 20 bandas formadas por mulheres. E esse parece ter sido o último material lançado da banda. Quais são os futuros planos para a VHC? vhc: Sim, esse foi o último material lançado e somos extremamente gratas por ter participado dessa coletânea, não apenas pela dimensão que um material como esse tem, mas principalmente por estar ao lado dessas bandas de tantos lugares diferentes, tantas histórias, algumas que nem conhecíamos foi uma experiência que levaremos por toda vida! nEste final de ano, completamos 10 anos e estamos com planejamento para lançar um clipe e um documentário sobre nossa trajetória, porém, devido a situação mundial os planos estão sendo um pouco atrasados, mas serão finalizados e lançados dentro do possível. Mais uma vez queremos agradecer por essa oportunidade zine: Termino a entrevista agradecendo a cada uma pela atenção e com um pedido: deixem aqui os contatos da banda. VHC: para a galera que tiver afim de conhece um pouco mais do nosso trabalho pode acessa nosso site: bandavhcoficial.wixsite.com/bandavhc ou nosso Instagram @vhcoficial. .

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OUTRO CLICHÊ Se o dia já não te surpreende Se os raios de sol já não te acendem Talvez seja a hora de analisar tudo o que sente De nadar contra a corrente De se desvincular das amarras que te prendem Se o passado se desfaz e o presente não te satisfaz Talvez já tenha passado da hora de olhar para frente Talvez já seja tarde para se fingir de inocente É um jogo, nada mais Admita o que faz Só não olhe para trás, pois já é tarde demais E o que se perdeu, agora tanto faz

BRINQUEDO As palavras que não disse ainda ressoam em meus ouvidos O silêncio entre os suspiros ainda pesa em meu coração Realmente me feriu E aquela jornada noturna Me pôs a chorar O que mais se poderia esperar? Ensinar truques não vai mais funcionar Todo brinquedo, um dia, há de quebrar Ou encontrar seu lugar Em estantes lotadas, perecendo na poeira Aguardando na esperança De que, talvez, outro uso encontrará

poemas de nowhere girl

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zine: Gessy Kelly Oliveira foi a vocalista de duas bandas de São Cristóvão (SE): Útero Kaos, formada em 2011 e Enterrados de forma banal (2007). A Útero contava com outra garota, Laiz, que tocava guitarra. A demo “Quem Carregará seu caixão?” traz um hardcore rápido e com temas que criticam o governo, a polícia e o machismo. As vinhetas antes das músicas nos situam no contexto que será abordado na letra. Já Enterrados, com um som voltado mais ao Crust punk, entrou na coletânea "Mosh Like A Blasfemme", do coletivo Mosh Like a Girl, ao lado de bandas como Anti-Corpos, Manger Cadavre? e Oldscratch, todas incluindo artistas femininas e com a intenção de mostrar que o grito delas no underground importa. Gessy, te conheci no dia em que rolou o evento #HardcoreContraoFascismo em Aracaju, bem na época da eleição do Bolsonaro. Quando a Enterrados lançou o álbum Condenados um ano antes (2017), vocês incluíram uma vinheta com pedidos de #ForaTemer. No ano seguinte, pedíamos #ForaBolsonaro. Como artista, você não se sentiu compelida a gravar outro som protestando contra o governo? Ou você acredita que as letras que já existem dão conta do recado? GK- Quando resolvemos gravar o álbum condenados foi mais no intuito de deixar registrados sons que a banda tinha guardado desde a primeira formação, entendeu? É tanto que de som novo mesmo gravamos somente o "podre coração dos seres humanos". na primeira formação a banda tem apenas um split gravado com a ENSURDECER de Aracaju (que está inativa) que ficou gravado com muito ruído e na época como não tinham muito tempo de gravação no estúdio os sons ficaram muito rápido fugindo um pouco de como era realmente o som da banda. Regravamos alguns sons e incluímos outros que estavam guardados durante todo esse tempo. O som que tem a vinheta fora temer é época de ilusão. É um som que fala do mau-caratismo e falsidade dos políticos quando estão próximos a se eleger e fazem de tudo pra enganar o eleitor com falsas promessas. Isso acontece todo ano de eleição e se encaixa pra maioria dos políticos, mas na atual conjuntura política em que estamos vivendo com um fascista escancarado no poder necessitamos sim com urgência passar um recado novo através do som, essa é a nossa "arma" contra o fascismo. Em 2018 eu tive um filho com Renan meu companheiro que também é o baterista da banda e decidimos dar uma pausa na cena underground para vivermos esse momento mais punk (no melhor sentido) da nossa vida.

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Estamos retornando agora, aos poucos e com alguns integrantes novos. A banda está em fase de adaptação com a mudança de formação e aos poucos vamos encaixando sons novos com uma temática mais atual e assim que possível começaremos a gravar material novo. Aguardem! zine: Sua voz me remete muito a de Selene Vigil, vocalista da banda riot grrrl, 7 Year Bitch. Assim como a Útero, a banda de Seattle tem música sobre violência contra mulher. Uma delas se chama M.I.A. que fala sobre a ex-vocalista da banda The Gits, Mia Zapata, que foi brutalmente estuprada e assassinada na década de 90. O caso de Mia só foi resolvido dez anos depois quando finalmente encontraram o feminicida. Muita coisa ainda não mudou em relação à cultura da impunidade. Além de você e Selene, muitas outras mulheres da cena já cantaram sobre a temática e ainda vão. Qual você acha que é o efeito que essas músicas tem de geração em geração? GK- Nossa mana esse tipo de recado passado através da musica é super essencial. Nos faz abrir os olhos. E faz com que aquela mina que ta passando por determinada situação e escutando o som também se enxergue naquele "recado" e de uma forma ou de outra sinta que ela não está sozinha. Acho que esse é o intuito!! ZINE: E falando em mulheres da cena, quem te inspirava quando estava nos palcos? GK- Na época da útero kaos colocamos esse nome inclusive por conta das bandas kaos klitoriano e menstruação anárquica que curtíamos pra caramba. Dentre outras bandas com mulheres integrantes que fomos conhecendo e nos influenciando como Bulimia, Penadas por La ley, Disforme, Pós guerra, Gritando HC, Luta armada... uma mistura ... zine: Você mantém uma página no Instagram chamada “Sergipe Underground” que contém fotos e vídeos de eventos não só das bandas que fez parte, mas também de diversas outras que tocaram/tocam a cena sergipana. Fala um pouco sobre as bandas, os momentos mais legais, algumas histórias por trás desses registros. GK- Sim o Sergipe Underground surgiu há alguns anos atrás no facebook. Criei a página no intuito de divulgar meus registros fotográficos que fazia com minha humilde câmera Olympus. na época via uma galera com suas câmeras fodonas profissionais tirando fotos das bandas e depois ninguém via esses registros! Então resolvi tirar e publicar pra quem se interessasse. Há um tempinho exclui a página. Fiquei chateada com a galera que "roubava" as fotos e não me dava o crédito por elas, é chato isso, não acha? Enfim... Esse ano achei uma porrada de foto guardada e resolvi publicar novamente, dessa vez no Instagram. E quanto as histórias por trás delas... Nossa tem várias, tanto momento loko, divertido, tanta amizade bacana que fiz... Sinto falta!!!

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Pessoas também que eu fotografei bastante e hoje não se encontra mais entre nós um exemplo Luís da Cessa fogo dentre outros. Tudo são lembranças. Tem uma foto que curto bastante também foi de um show que rolou no Caverna Rock Bar (saudades desse espaço) em que tocou Ataque Cardíaco de Alagoas e Nossa!!!!!! tanto a banda como a galera tava empolgadassa naquele dia. Toda hora tinha um ou outro dando uns berros no microfone de Michel e ele tocando guitarra no meio da loucuragem deitou no chão ou caiu sei lá e continuou tocando e a galera louca no pogo. Tenho esses registros. Foi foda. Sigam lá e confiram: @sergipeunderground. ZINE: Para terminar, muitíssimo obrigada pela entrevista. Deixa aqui alguma recomendação de banda ou show ou disco que te inspira no momento. GK- Eu que agradeço Larissa!!! Recomendo: Rastilho Crust/Punk de São Paulo banda em que faz parte a Elaine Campos que era vocal da Abuso Sonoro. Terror revolucionário banda das antrolas de Brasília que tem a Adriana no baixo. Adriana que antes fazia parte do Kaos Klitoriano. E indico também a Banda Raiva de Alagoas formada só por garotas mandando muito bem o recado através do Crust hardcore!

@serg ip

eunder groun d: Raiva ( AL) Cland estino 14 30/01/2 016

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Isabelly Duarte (Bel): estudante de direito da UFS, ingressei no Movimento estudantil há três anos. sou dirigente nacional do Movimento Correnteza, atuei dentro da Universidade pelos direitos dos estudantes, fazendo parte das construções com as de mais força, contra o ataque na área da educação. Como por exemplo: frente contra o aumento da passagem. Também atuei no Movimento de Mulheres Olga Benário, movimento existente no Brasil há mais de dez anos, em todo o Brasil há mais de três ocupações só de Mulheres, tendo como um dos objetivos ampliar essas ocupações. Dificuldades são enfrentadas diariamente, pois sou uma mulher preta, que ocupa um espaço que historicamente nos foi negados, porém tudo nessa vida eu aprendi a conquistar na "marra". Sou grata ao Movimento que faço parte por diariamente ter um aprendizado diferente, assim como ser referência para as minas pretas da quebrada que eu vejo.

e segue s n o c c v de ? Até aon nceitos o c e r p e limpar d

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Sheyla Andrade é professora mestra em Geografia, mulher, poetisa e mãe. Em suas poesias de protesto ela discorre sobre várias temáticas: mulherização, existencialismo, naturalização, espiritualidade, ancestralidade e crítica ao sistema. Mantém a página @expressao_poemental no instagram onde pode se conhecer muitas delas. Dia infindável

Paramos no tempo, os dias e as noites são iguais Por razões virais Dormíamos, acordávamos, e ainda era o mesmo dia Cogitávamos a possibilidade de ser um sonho guardado na inconsciência fugidia Perdemos parte da nossa existência, o tempo congelou, e nada se produzia Dormíamos, acordávamos, e ainda era o mesmo dia, parecia que as engrenagens tinham parado Um vírus a tudo havia devorado Pairou sobre nossas cabeças o silêncio das incertezas, a noção que somos iguais Diante de um vírus não há classes sociais O Estado dessa ladeira a baixo, igual carro desgovernado Só nos resta nos organizarmos Fique em casa por enquanto, então Mas não se esqueça de nossas vidas depende nosso poder de decisão

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Gabriela Caldas é uma cineasta, tendo realizado mais de 18 documentários; é também professora e freelancer de fotografia

pergunto pela minha voz, onde ela está? quem viu? nadir responde: nasceu! homem/menina ou mulher homem/menina ou mulher obá lá vem ela! surge subrepticiamente pelo meu amagozinho quente. de qual lugar este corpo estranho vem? será minha? será sua? (giro incessantemente no meu canto; não posso parar) ¿dónde termina tu cuerpo y empieza el mío? escreveu a mana no banheiro do risca faca. mas qual será mesmo o seu copo cinderela? o meu copo é aquele decolonial (pensamento deriva pelas embalagens das bonecas de plástico pra onde vão?) corre chama o elevador salta para tua mãe. tenho vinte mil, eu posso! quem dá mais? fuego! experimente, arde.

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pasolini se sentia uma criança órfã ou só era jesus que odiava morrissey? e o fascismo? se toda carne é assassinato, qual a carne mais barata do mercado mesmo? madame no fim do mundo. no dia que fores senhora… uivarás e dai? acabou-se mesmo. (meu útero grrr) as vezes nem sei mulher… moldada pelos olhares e toques dos que espelham ódio e amor, não há como saber… mas sempre temos algo a oferecer, a satisfazer… a quem mesmo? male gaze comadre ! aquele da corporação… terezinha de ninguém teve uma queda foi ao chão…

enquanto isso a cidade pergunta pela sua voz: você viu passar? passarinha?

-não.“i hear my voice among others” e os olhos da cobra verde? -eu vi, mesmo assim repeti…

(allow alow é o cassino e a cozinha do chacrinha confundindo só a cabecinha, com NAO ) o primeiro foi seu pai, o segundo seu irmão o terceiro foi aquele que tereza meteu a mão. escadabefe escadaplesh pow pow pow

pronto, pronto, pronto solte logo essa pipa… eu pensei, logo desisti.

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ZINE: Daniela Rodrigues é uma das vozes mais importantes da história do rock sergipano. E isso fica mais evidente quando se nota que ela é uma das pioneiras na representatividade feminina do meio. Em entrevistas, Daniela relatou que se inseriu no meio underground por causa de bandas feministas que ouvia durante a década de 90, como a californiana L7. Sua vontade de formar uma banda só de garotas se realizou com The Jezebels e mais adiante, assumiria vocal e guitarra em outros projetos, inclusive no seu último e mais reconhecido afora, The Renegades of Punk. Com esta, a artista já fez turnê pela Europa e o engajamento político presente nas suas letras e nos seus posicionamentos dentro e fora do palco marcou seu nome na lista, ainda que majoritariamente masculina, de artistas do rock de Sergipe que resistem e fazem de sua música, um poderoso instrumento. Dani, vou começar essa entrevista falando sobre como conheci o seu som. Houve dois momentos distintos, mas cruciais para uma tomada de consciência da minha parte. O primeiro foi por meio de um ex que não gostava que eu ouvisse seu tipo de som. Outro momento foi quando um amigo fanzineiro e rockeiro de longa data me deu uma demo de uma de suas bandas, The Jezebels e disse “acho que você vai curtir”, no fim das contas, eu fiquei com a demo e agradecida ao meu amigo. The Jezebels foi a primeira banda só de garotas de Sergipe que ouvi e teve um impacto muito forte para mim, que sou pesquisadora ávida de bandas femininas e sendo sergipana, isso foi diferente das sensações anteriores com bandas de fora. A demo da banda está disponível no YouTube e sei que acabou há vários anos. Você acredita que de alguma forma The Jezebels teve impacto para outras garotas que iam aos shows na época? Há ainda a vontade de tocar só com garotas?

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DANI: Muito obrigada pelo convite e pela paciência! Sinceramente, não faço ideia! Tínhamos amigues muito querides que iam sempre aos shows e que formavam uma plateia cativa, por assim dizer, mas eram amigues; estavam sempre nos apoiando. Não faço ideia se chegamos a influenciar alguém, mas espero que tenhamos sim! Fui inspirada por outras mulheres desde sempre. Espero poder ter mostrado pra outras minas que todas nós podemos tocar, se quisermos. Não precisamos de virtuosismo ou anos de estudo. Como já dizia uma música de uma banda amiga: "mil vezes fazer do que aprender" haha. Acredito que, talvez pelo caráter histórico, minhas primeiras bandas podem ter tido um papel mais relevante em colocar a produção feminina underground sergipana como algo existente. Minha primeira banda foi uma banda só com garotas do início dos anos 2000 chamada Lily Junkie. Era algo despretensioso, sem rumo exato, mas provocador. Tocamos bastante na curta trajetória que tivemos (cerca de 3 anos) e talvez ela, como primeira banda do estado só de mina, tenha influenciado mais e chegado a mais gente que frequentava os shows daquela época - shows com 400, 600 pessoas: coisa inimaginável hoje em dia. zine: Ainda falando sobre presença de garotas em shows, o movimento Riot Grrrl foi fundamental na luta por mais espaço feminino tanto nos palcos quanto no público. Sei que sua formação musical foi moldada por muitas bandas riot como Dominatrix, Bulimia e Bikini Kill. Porém, a maior parte delas se dissolveu (algumas voltam, fazem shows e depois estacionam de novo), e outras surgiram de forma que continuam a pavimentar o caminho (Big Joanie, Skinny Girl Diet, Charlotte Matou um Cara). Você também lutou por esse espaço? Ou você acha que foi bem mais difícil antes de você chegar? dani: Sempre lutei por meu espaço. Luto até hoje. É algo que, infelizmente, ainda demorará bastante a mudar. O punk rock sempre teve, desde seu gérmen, mulheres envolvidas em várias funções na cena. Porém a história oficial, como sempre, é contada da perspectiva masculina. A grande maioria de caras que frequentam os shows e consomem esse tipo de contracultura mal sabem nome de mais de 2 bandas com mulheres em sua formação ou se digna a ouvir produção feminina. Parece sempre que o que fazemos ê um subproduto dentro do próprio rolê só que apenas para garotas. Assim, a ignorância e a baixa receptividade retroalimentam o preconceito e o ciclo continua.

zine: Além de seu trabalho na Jezebels, a outra única banda só de garotas que conheci em Sergipe foi VHC, e também conheci Gessy Kelly que cantou na Útero Kaos (ambas também entrevistadas nessa zine). Assim como você e Gessy, também sou de Itabaiana, mas eu morei pouco tempo em Aracaju e não tive tempo (nem idade haha) de acompanhar vocês na ativa. Houve outras bandas só de garotas atuando na cena underground de Aracaju? Por que será que ainda há essa escassez de representatividade feminina no rock pela região?

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dani: A primeira banda só de garotas sergipana chamava-se Lily Junkie, começou por volta de 2000 e acabou em 2003. Ela era eu no vocal e guitarra, Katia vocal e guitarra, Iolanda baixo e Monica bateria. Além de nós teve a Starbelly, uma banda muito linda, com duas irmãs Renata e Manoela nas vozes, guitarra e baixo e 2 rapazes na cozinha. Enquanto ambas estavam ativas começaram a surgir algumas bandas de minas mais novas que tinham repertório só de covers (de bandas feministas como TPM, Dominatrix, Kittie, etc). A primeira década dos 2000 foi intensa! Depois algumas bandas de estilos diversos apareceram e esmaeceram. Todas as bandas citadas se dissolveram, algumas minas continuaram ativas em outros projetos mistos, como eu, e outras seguiram outros rumos. A escassez não é uma especialidade nossa, mas reflete as dificuldades de uma cena pequena, do menor estado do Brasil. Acho que infelizmente somos poucas porque aqui acontecem coisas em menor escala. Além disso existe o fato do público não ter renovado e do rock não ser mais um som rebelde e juvenil na atualidade. Diferente do rap que tem uma participação feminina contundente. zine: The Renegades of Punk tocou ano passado em Aracaju na mesma noite que Eskröta, banda feminina de metal de São Paulo, que traz em suas letras, protestos contra o governo fascista de Bolsonaro, falando sobre os diversos tipos de violência permitidas por ele. Atitudes contestatórias como a da banda, têm sido alvo de repressão dos representantes do governo, e o resultado disso é o cancelamento de vários shows underground que criticam o caos político que vivemos. Diante desse quadro agravante no meio underground, como você e a banda se posicionam? dani: Nós 3 somos crias do hardcore punk. Foi nesse rolê que aprendemos muita coisa, que descobrimos lutas e construímos relações e valores. Assim, somos inexoravelmente antifascistas, feministas, sempre a esquerda. Somos veganos, a maioria da banda é straight edge e lutamos diariamente por um mundo menos doente. Somos, assim, completamente avessos ao caos negacionista no qual vivemos e esperamos sair vivos dessa para continuar sendo o oposto, a ovelha desgarrada e crítica. zine: Agradeço muito pela entrevista, e para finalizar, deixa alguma citação própria ou não, ou alguma recomendação de filme/livro/zine/disco, o que quer que seja que tem te inspirado nesse momento. dani: Uma banda que me inspira é a Räivä, de Maceió/Al. Confesso que não tenho tido muito tempo ou cabeça para ler nesse momento, mas recomendo a autobiografia de Emma Goldman "Vivendo minha vida" e os discos "Herencia", da Abuso Sonoro e "O mudo mundo com a nossa voz", da Tuna.

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revista desvario, por Thainá Carvalho Precisamos redirecionar o nosso olhar enquanto leitores Em fim de ano, pipocam as listas dos melhores livros, feitas por críticos e publicações literárias conceituadas. Em um passar de olhos, já é possível perceber que nem metade dos livros considerados para votação são escritos por mulheres. Não venho aqui julgar. Quando olho para minhas próprias estantes, percebo a disparidade de gênero que alimentei ao longo de anos nas escolhas das minhas leituras, porque é claro que eu tinha que ter Cem anos de solidão, O Senhor dos anéis e O Corcunda de notredame. Ah, óbvio que respeito a cota para livros escritos por mulheres, com um cantinho reservado no meu quarto a Jane Austen e Clarice Lispector. E o que venho fazer aqui então? Venho unir minha voz e meu trabalho ao de milhares de escritoras e leitoras que, atentando-se para a realidade descrita nos dois parágrafos anteriores, escrevem em alto e bom som: leiam mulheres. E dizemos mais: leiam mulheres contemporâneas. Diante da percepção do padrão do meu consumo de literatura, desenvolvi a Revista Desvario, uma publicação digital, sem fins lucrativos, voltada à difusão de escritoras e artistas contemporâneas. A ideia está longe de ser original, mas não deixa de ser necessária na soma dos esforços em prol de maior espaço para as mulheres na sociedade. Na Desvario, reúno, de forma colaborativa, textos de escritoras com trabalhos incríveis, aliando-os a artes visuais igualmente notáveis, também desenvolvidas por mulheres. O objetivo é dar maior visibilidade e reconhecimento às criadoras desse conteúdo enquanto elas estão produzindo, criando um espaço para construção de novas leituras e novas oportunidades, tanto para autoras quanto para leitores – de todos os gêneros. É preciso diversificar e desconstruir a ideia de que a boa literatura está nas livrarias famosas. Há produção de qualidade sendo feita de forma independente por mulheres que estão encontrando maneiras diferentes de mostrar seus trabalhos. E, para vê-los, fazse urgente redirecionar o nosso olhar, que está focado em coletâneas póstumas de capa dura, festas literárias tradicionais e prêmios concedidos aos mesmos padrões de sempre (com menção honrosa a Conceição Evaristo, claro, para mostrar inclusão).

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O objetivo da Revista Desvario é colaborar, nem que seja 0,000001%, com esse redirecionamento.Quando pedimos para que se leia mulheres, não queremos impor. Queremos provocar, instigar, fazer você se questionar quantas escritoras leu recentemente e de quem você vai adquirir seu próximo livro. É a partir daí que discussões englobando os trabalhos produzidos por mulheres vão crescer, quantitativa e qualitativamente. A nossa compreensão da literatura precisa ser atual, e é esse o chamado que faço exaustivamente na Revista Desvario: vamos exaltar menos o passado — reconhecendo seu valor e sua importância — e ler mais o presente, o pequeno, o novo, o descoberto. Delas, especialmente delas.

https://medium.com/@revistadesvario

Agora que você já leu essa edição até aqui, muito obrigada! Ela levou três meses para ficar pronta entre seleção de pessoas, envio de perguntas, respostas e edição. Seu formato é e-zine. Eu gostaria de ter incluído mais mulheres, mas o tempo entre as respostas e a edição foi longo, infelizmente algumas mulheres ficaram de fora; e eu já estava atrasando a zine em um mês, uma vez que ela era pra ser publicada no seu aniversário (7 de maio). sem falar da adaptação à quarentena. Apesar de tudo, eu espero que esse trabalho te inspire a buscar e valorizar os feitos pelas sergipanas. se o trabalho de uma mulher é dificilmente reconhecido em escala nacional, imagina isso em relação as de regiões desfavorecidas como norte e nordeste? mais ainda, se elas forem trans, negras, indígenas, ciganas e etc, isso se torna ainda mais difícil. por isso, incentivo vocês a apoiarem cada vez mais as atuantes locais. a zine é apenas um frame de algo muito maior e ainda afim de dar mais visibilidade às sergipanas, deixo abaixo menções honrosas a outras mulheres que movimentam a cultura e a política no estado.

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Menções honrosas:

linda brasil é Mestranda em Educação pela Universidade Federal de Sergipe; Militante LGBT, feminista e transfeminista; em 2018, obteve mais de 10 mil votos na sua candidatura à deputada estadual. é integrante da Amosetrans e presidenta da CasAmor; em 2015, idealizou ao lado de outras mulheres o projeto EducaTrans, promovido pela AMO (Associação do Movimento Sergipano de Travestis e Transexuais) com o objetivo de introduzir a mulher transexual nas universidades e como consequência no mercado de trabalho.

Juno é uma artista que trabalha com pixo, reaproveitamento de materiais, lambe, argila e outras formas de arte que podem ser encontradas em sua página no Instagram @__ju.no__ e também marcada em diversos pontos da cidade de Aracaju, que foi dessa forma que conheci seu nome. juno também contribui com um coletivo de arte de sergipe que pode ser encontrado pelo site https://coletivoexp.tumblr.com/

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agradecimentos e Créditos Gostaria de agradecer a todas as mulheres que toparam ser entrevistadas ou que contribuíram com seus trabalhos para essa edição. também agradeço a todas as outras que atuam nas diversas esferas da arte, política, educação e etc; espero que seus trabalhos tenham reconhecimento. um último agradecimento vai para todas as pessoas que têm acompanhado meu trabalho como zineira e que ajudam da forma que podem. gostaria de destacar alguns nomes que ainda não foram citados em zines anteriores: luciana, breno, livia, Juliana, fanzinoteca, ysoka,parcalarzin,stephanie,sharp violet, riot spears, Liliana e também os seguidores das minhas páginas @iwannabeyrgrrrlzine no instagram e @riotgrrrlss no facebook.

Créditos de fotos utilizadas de forma cronológica: Capa: Joyce Vasconcelos- Facebook pessoal Carla Noronha: Fernando Correia Bruxas do Cangaço: ysoka dawg Daniela Rodrigues: Rafael Mago Página 2: Facebook pessoal Página 5 : Facebook (bruxasdocangaco) Página 7: arquivo pessoal Página 8: Instagram (srta.empoderada) Página 11: Fotos: Pascoal Maynard Página 12: Arquivo pessoal Página 13: Arquivos pessoais Página 14: Instagram pessoal Página 16: Facebook (bandavhc) Página 19: Instagram (sergipeunderground) Página 23: Arquivo Pessoal Página 24 e 25: Arquivos pessoais Página 26: Marcelinho Hora Página 29 e 30: Arquivo pessoal e medium Página 31: Linda Brasil (Facebook); Juno (Instagram)

Todas as colagens de fundo e de fim de página foram editadas por mim, Larissa Oliveira, utilizando os aplicativos tumblr, pics art, canvas e paint, ALÉM DE RECORTES DE REVISTAS COMO TRIP, tpm E Vindicación Feminista.

32 leia zines, cuide-se e até a próxima edição gente!


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