Rio de Janeiro, 02 de outubro Fanzine
Fernanda Montenegro
Larissa Veillard Reis
Fernanda Montenegro ganha Emmy Internacional de melhor atriz 2013 Segundo o site oficial da premiação, Fernanda é a primeira brasileira a receber o prêmio. Ela concorreu com a chinesa Li Sun, de “The Back Palace: Legend of Zhen Huan”; com a britânica Sheridan Smith, de “Mrs. Biggs”; e com a sueca Lotta Tejle, de “30 Degrees in February”. “Gostaria de dividir este Emmy com meus queridos diretores, Ana Luiza Azevedo e Jorge Furtado, e com todo o elenco, meus amigos, maravilhosos
uma viúva de 85 anos que tem quatro filhos e gosta de escutar música e cozinhar. Como tem lapsos de memória, espalha lembretes em casa para não se esquecer das obrigações. Quando a Picucha anuncia que quer morar sozinha, já que a empregada e amiga com quem vive há 27 anos vai se casar, a família tenta fazer a matriarca desistir da ideia. Em declarações à agência EFE, a atriz reconheceu
e estupendos atores do Brasil. Muito obrigada”, disse a atriz, visivelmente emocionada, usando um elegante vestido preto de veludo. “Achava-me fora do páreo. Eu vim tranquila, porque achava que não iria acontecer nada. Agora eu estou nervosa (...) Estou feliz”, afirmou Fernanda após receber o prêmio. “Estamos muito felizes, toda a equipe de ‘Doce de mãe’. Comemoramos até tarde ontem. Fernanda merece mais, muito mais ainda. É uma atriz extraordinária. Fizemos o personagem para ela e tentamos não atrapalhar”, comentou Jorge Furtado, diretor do especial. Em “Doce de mãe”, a atriz interpreta Dona Picucha,
que o segredo da personagem que interpretou, com grande satisfação, é que ela representa “uma lição de vida, sobre como envelhecer sem muito drama e com muito senso de humor”. “Não é boba, nem louca, é simplesmente uma mulher consciente de sua idade que continua achando graça da vida”, disse. Além do Emmy Internacional, Fernanda já foi vencedora do Urso de Prata do Festival de Cinema de Berlim, pelo filme “Central do Brasil” (1998); de um prêmio no Festival de San Sebastián pelo filme “O outro lado da rua” (2004); e do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, entre outros.
Central do Brasil
O premiado filme “Central do Brasil” retrata com emoção o cotidiano de milhões de brasileiros que vivem migrando pelo país em busca de um lugar ao sol, por condições mais dignas de vida, vindos das regiões mais pobres do Norte e Nordeste, geralmente se estabelecendo em São Paulo ou no Rio de Janeiro. No filme, Fernanda Montenegro vive Dora, uma mulher que ganha vida escrevendo cartas para analfabetos na estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Cada relato revela uma das inúmeras facetas que compõem a vida brasileira. Dora tem como cliente Ana, que sempre lhe pede para escrever cartas para o marido. Ana vem acompanhada de Josué, seu filho que aos nove anos ainda não conhece o pai. Numa dessas consultas, Ana é atropelada e morre. Josué fica abandonado. A contragosto, Dora acaba acolhendo o menino e envolvendo-se com ele, não sem antes colocar-se com o menino em situações de risco iminente. Sente-se, então, na obrigação de levar o garoto ao encontro do pai. A viagem mostra um Brasil agreste,
endurecido e cheio de perigos. A cumplicidade entre os dois cresce à medida que o tempo passa. A personagem de Fernanda Montenegro tenta se valer de uma realidade com a qual tenta não estabelecer nenhum vínculo emocional. Mas, aos poucos, é envolvida e transformada por ela. Josué é a vítima que a chama à responsabilidade que não pretende assumir. Ao mesmo tempo, para o menino, conhecer o pai torna-se a possibilidade de entrar em contato com um universo novo, do qual não tem a menor idéia, e que nem por isso será alentador. A construção coerente desses personagens e da própria história são os principais trunfos de “Central de Brasil”, um filme que faz jus a todas as premiações obtidas até agora, entre elas, o Urso de Ouro, para melhor filme, Urso de Prata para melhor atriz e prêmio de melhor filme do júri ecumênico do Festival de Berlim de 1998 e prêmio de melhor roteiro do Sundance Festival (EUA). As indicações ao Globo de Ouro confirmam a trajetória desde já vitoriosa de “Central do Brasil”, certamente o melhor filme brasileiro realizado nos anos 90.
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