A NOITE SUBVERSIVA:
ENTRE O CORPO E O ESPAÇO
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO Larissa Cardoso de Lima Orientada por Prof. Annibal Montaldi Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Universidade São Judas Tadeu São Paulo | 2019
“A rua vai nos proteger” Jão
AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais por todo incentivo e apoio durante o período acadêmico, pelo suporte e toda dedicação que tiveram comigo ao longo desses últimos cinco anos e de toda vida, acredito que com eles tudo fica muito mais leve. Não posso deixar de agradecer ao meu irmão Pedro, por ser a minha companhia durante as longas madrugadas fazendo trabalhos e cuidando de mim, como um incrível irmão caçula. Agradeço também a toda minha família, tios, primos, por todo encorajamento em continuar firme durante toda faculdade e por sempre se fazerem presente na minha vida. Aos amigos que colhi ao longo da vida, por entenderem a ausência em alguns momentos. E aos amigos que conheci durante o período da faculdade, o grupo de TFG e mais alguns que surgiram ao longo dos anos, que colaboraram na minha formação como pessoa, como estudante e me mostraram que a faculdade vai muito além do prédio da universidade. Agradeço a minha dupla, Giovanna, sem ela esses últimos anos com certeza não seriam os mesmos, foram longas madrugadas, trabalhos que pareciam nunca acabar, mas sempre estivemos juntas, uma amizade além da faculdade, para a vida. Por último, mas não menos importante, ao meu orientador, Annibal, pelas longas conversas, orientações, pelas descontrações e por me fazer enxergar a arquitetura com maior sensibilidade e beleza, por me inspirar a seguir minhas ideias e acreditar no meu potencial.
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SUMÁRIO ARQUITETO
INTRODUÇÃO Por que uma casa noturna?
P. 10
P. 14
BANCA INTERMEDIÁRIA O projeto
A CIDADE A cidade se torna mutante
P. 20
PROJETO
São Paulo não é uma cidade
P. 21
O projeto
Identidade cultural e sua função social
P. 24
Espaço de plena expressão para setores socialmente marginalizados
P. 25
P. 58
Acessos P. 61 Fluxos
Paisagismo e fachada
P. 62 P. 68
Acústica P. 69
ESTUDO DE CASO
Programa P. 28
LOCALIZAÇÃO O bairro
P. 54
Desenvolvimento P. 59
SOCIABILIZAÇÃO
Casa das Caldeiras
P. 50
Projetos P. 51
HISTÓRIA Cultura Urbana do Divertimento
Rino Levi
P. 70
Peças gráficas
P. 73
REFERÊNCIAS P. 32
Referência de projeto
P. 98
A quadra P. 38
Bibliografia P. 99
Cine Piratininga
Referências P. 100
P. 40
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INTRODUÇÃO
Por que uma casa noturna? Festas noturnas podem ser consideradas subversivas, é uma fusão de cultura e política, onde pode acontecer uma revolução cultural. Pop, moda, representatividade social, é assim que surgem festas insurgentes, buscando um espírito de liberdade.
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Essas festas começam a acontecer nas ruas, em locações degradadas espalhadas pela cidade, fábricas abandonadas, ocupações e lugares esquecidos pela sociedade, assim se emerge um novo contexto arquitetônico, uma relação entre corpo, cultura e espaço, permitindo diversas tendências culturais. A proposta é que esse ambiente se aproprie de espaços que necessitam de melhorias urbanas e espaciais aliado ao estabelecimento de uma festa que ganhe um espaço único e que represente um espaço de plena expressão para setores socialmente marginalizados aos quais o espaço público e a experiência coletiva foi negada. Um lugar onde política, sensibilidade artística e a cultura mais ampla se cruzam em um ambiente de constante mudanças, podendo misturar toda diversidade caótica da cidade de São Paulo, produzir festas de artistas emergentes, dar voz aos coletivos e criar espaços não convencionais, exuberantes e que não sejam opressores.
HISTÓRICO
CULTURA URBANA DO DIVERTIMENTO
Por volta do século XVIII meados do século XIX, houve uma transformação em relação à sociedade, estava chegando o fim da Era Feudal e se iniciando assim a Era Industrial. O que de fato marca essa transição é a Revolução Industrial na Europa, que começa com o domínio do vapor para a geração de energia elétrica.
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O êxodo rural foi intenso com a migração dos campos para a cidade em busca de empregos nas fábricas, durante o período da Revolução Industrial, houve um grande avanço no modo de produção, da manufatura para o controle de máquinas, aumentando assim a produção e os lucros. Este processo, marca uma evolução econômica, tecnológica e social. Do ponto de vista econômico, surge durante a metade do século XVIII, o capitalismo, a incansável busca para o aumento no modo de produção e seus ganhos, o trabalhador industrial passa a cumprir obrigações antes inexistentes, como por exemplo, a exploração de horas de jornadas de trabalho, horários definidos de entrada e saída, impactando na vida social, determinando horários de trabalho, descanso e de lazer. Era necessário quantificar a qualidade de vida dessa nova sociedade que está estruturada de uma nova forma para que pudesse melhorar e aumentar o processo de produção no trabalho, tendo em vista que o trabalhador inserido agora num ambiente fechado, que antes trabalhava no campo, tem o seu trabalho controlado por um relógio e perde a noção da vida do campo, onde ele ditava suas horas de trabalho e lazer, com isso, a demanda populacional cria um novo estilo de vida.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/revolucao-industrial/
Já no fim do século XIX, se inicia um período de uma nova época, durante essa transição do desenvolvimento urbano, a energia que antes era a vapor se transforma em energia elétrica, é nesse período que se dá início a vida noturna, uma vez que a noite agora é para promover encontros e não só um momento de descanso, o europeu passa a ter uma vida além do seu próprio lar, iniciando a sua vida em ambiente noturno. Esse período ficou conhecido como a Belle Époque, um período caracterizado pelo otimismo e de paz entre o continente Europeu, houve uma grande expansão, principalmente cultural, tanto na arte quanto na literatura e no próprio modo de vida e seu cotidiano. Paris, a cidade da luz, ficou conhecida como centro articulador de exportação artística e cultural dessa época. Foi em Paris que as ideias de lazer começaram a ganhar uma nova identidade, uma cultura urbana de divertimento, cosmopolita, um estilo de vida boêmio. Surgem os cabarés, teatros, cinemas, galerias, influências de um novo estilo, Art Noveau, cujo um dos principais artistas era Henri de Toulouse-Lautrec, testemunha da vida noturna e boêmia, retratava em suas obras a vida noturna Parisiense, frequentador incessante do famoso cabaré Moulin Rouge, seus cartazes expressavam a espontaneidade e o movimento da cena trabalhado com cores fortes.
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Fonte: Baile no Moulin Rouge (1890) - Pintura de Henri de Toulouse-Lautrec
Tendo a França como referência cultural, no Brasil, principalmente no Rio de Janeiro, que era uma cidade tropical, calma e tradicional até se transformar em um conglomerado urbano, de inspiração franco-inglesa, houve um rompimento da sociedade tradicional para o início da sociedade moderna, tendo em vista que o Brasil acabara de se tornar República, com o fim do Império. As mudanças começaram por uma reforma urbana, o Rio de Janeiro era uma cidade cosmopolita e surgem novas necessidades, o embelezamento da capital era imprescindível, o novo aspecto da cidade incita uma reestruturação nos centros de lazer do Rio, assim, surgem os cafés, hipódromos, teatros, cinemas e até novos ritmos, como o samba, se inicia então a formação de um novo estilo de vida boêmio, independente da sociedade antes estabelecida. 18
O novo estilo de vida boêmio chega em seu auge já no século XX, começando pela década de 30, quando novas construções aparecem pela cidade do Rio de Janeiro, dando origem a espetáculos e shows, além de cassinos e hotéis luxuosos, eram espaços de lazer e diversão, aliados a principal atividade de jogos de azar e roletas, shows de artistas nacionais e internacionais, o ápice da vida noturna carioca, até meados da década de 40 com a proibição dos cassinos no Brasil. No início da década de 50 e até meados da década de 60 conhecido como os anos dourados, houve uma euforia cultural e social, o estilo de vida moderno estava se consolidando, as novidades na indústria musical, cinematográfica e o “american way of life”, traziam um novo cenário para o divertimento. A música, o cinema e o teatro agora são revolucionários, assim como a bossa nova, dando vida aos festivais de música brasileira, uma forma dos jovens se expressarem diante da ditadura do regime militar.
Imagine uma peça de teatro escrita por Vinicius de Moraes com músicas de Tom Jobim e cenários de Oscar Niemeyer: era Orfeu da Conceição, grande sucesso de 1956.” Fonte: http://www.cienciamao.usp. br/dados/t2k/_historiadobrasil_h32b.arquivo.pdf
A vida noturna se estende pela década de 70 através das discotecas, também conhecidas como casas noturnas, boates e danceterias, influenciadas pela disco music, eram festas totalmente dançantes, frequentadas por um público mais alternativo. Era uma década de extravagancias, onde os jovens se expressavam com roupas luxuosas e maquiagens glamorosas, além de toda energia e alegria de espirito na busca pela diversão. Os ambientes eram mais frenéticos, luzes, neons, globos espelhados, a pista de dança era o auge da discoteca, a dança era uma forma de se expressar e aproximar as pessoas, o DJ começa a ser introduzido nas festas para controlar o som e interagir com o público, algumas características dessa época são vistas até hoje. Nos anos seguintes, já na década de 80, o cenário muda um pouco pela redemocratização do pais, a juventude que valorizava sua individualidade, podia expor seus ideais novamente, com o fim da ditadura, a dinâmica permanecia a mesma, só que agora com shows ao vivo novamente. As noites ficam mais longas nos anos 90, a experiência da vida noturna é mais intensa e o ambiente muda de lugar. A vida noturna acontece em festivais, espaços abertos e um pouco mais afastados da vida urbana cotidiana, como em praias, sítios e ao redor das grandes cidades, isso porque a celebravam a coletividade e a sintonia com a natureza. Na virada do século, a vida noturna ganha uma multiplicidade de estilos, podia ser uma casa com demanda especializada e abrigar apenas um tipo de público, ou podiam ser superbaladas que acolhiam todos os estilos de público. Essas boates, ficaram conhecidas como “complexos de entretenimento”, esses complexos eram setorizados
e tinham desde várias pistas de dança, bares até conjuntos gastronômicos, a rotatividade do ambiente era grande e possuía uma diversidade enorme de atividades que estavam ligadas a diversão e lazer, de fato os anos 2000 transformou radicalmente a vida noturna, a moda e a comunicação. A vida noturna já não era mais a mesma, a arte ganhou uma nova forma, surge uma vida noctívaga incitada pelos novos meios de comunicação e tecnologia, suprindo uma nova demanda de lazer e unindo ainda mais as principais capitais do mundo pela cultura do divertimento e do lazer. Fonte: https://blogdobarcinski.blogosfera.uol.com.br/2018/07/26/ha-40-anos-a-discoteca-reinouno-brasil/
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A CIDADE
A CIDADE SE TORNA MUTANTE Ao longo do processo histórico da formação como sociedade, as atividades de lazer foram ganhando novas formas e identidades. A partir do século XX, de fato, o entretenimento passa a ter um consumo em massa por meio de tudo que surgiu com a comunicação e a tecnologia, como por exemplo, cinemas, televisão, rádio e agora, por meio da globalização e de uma tecnologia mais avançada, a internet, os smartphones e aplicativos que conectam o mundo o tempo todo.
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Todo esse crescimento demasiado pela busca do prazer obteve uma grande importância no incentivo turístico das principais capitais espalhadas pelo mundo, surge o turismo com motivação na fruição do entretenimento, atraindo um público cada vez maior com pretensão de usufruir daquilo que a sua cidade não oferece. Nesse sentido, é o que faz com que cada cidade tenha sua própria identidade cultural, seus próprios costumes de divertimento e entretenimento.
De forma geral, hoje o mundo nos proporciona diversos tipos de divertimento, restaurantes, bares, baladas, cinemas, teatros, circos, shows, jogos e afins, as principais capitais oferecem qualquer tipo programação para qualquer tipo de pessoa, em qualquer horário do dia e em qualquer dia da semana, o fluxo é sempre constante, a cidade industrial não dorme, o trabalho e a velocidade da informação faz com que seus habitantes tornem o entretenimento um hábito que vai além do cotidiano, seja ele noturno ou diurno, o lazer se torna identidade cultural da sua própria cidade. Hoje a noite é considerada é considerada uma categoria fundamental espacial, a vida noturna é entendida como uma nova forma de experiência espacial, palco de circuitos e deslocamentos incessantes de jovens que alteram e reinventam paisagens urbanas e subjetivas, novas formas de sociabilidade e afetividade se desenvolvem em torno dessas espacialidades* (Almeida & Tracy, 2003), a cidade se torna mutante, está sempre se transformando e oferecendo o tempo todo um circuito espacial de entretenimento. O objetivo básico de todo esse circuito é proporcionar diversão, distração e recreação, gratuitas ou em sua maioria pagas, cada tipo de entretenimento possui sua particularidade e infinitas possibilidades de consumo, porém com o mesmo propósito, a busca do prazer.
Fonte: Acervo pessoal
SÃO PAULO NÃO É UMA CIDADE “São Paulo não é uma cidade, mas uma abstração: somos múltiplas cidades, colapsadas em uma [...].” (Guerra, 2017, p. 101) No Brasil, a cidade de São Paulo é a principal fonte da vida noturna, conhecida por ser caótica, a cidade que nunca dorme, a capital se tornou conhecida principalmente pela gastronomia, cinemas, teatros, museus, bares e casas noturnas, além de inúmeros eventos culturais e artísticos que acontecem pela cidade.
A cidade cosmopolita possui incontáveis empreendimentos relacionados a vida noturna, devido a sua vida boêmia e cultural, a noite é agitada e possui múltiplas facetas, a programação é intensa, principalmente pela Barra Funda, Vila Madalena, Rua Augusta e parte do centro de São Paulo, espalhado por toda cidade, o estilo de vida eclético de São Paulo, pode oferecer o melhor da vida noturna, até o amanhecer.
De poucos anos para cá São Paulo começou a ver uma emergência de aproveitamento do espaço público, a ponto de converterem avenidas e viadutos em parques. Suas ruas foram tomadas por comida, música, arte, cinema, vida em toda sua potência (Guerra, 2017, p. 101).
São Paulo foi considerada pela CNN, uma das melhores cidades para se curtir a vida noturna, a capital só fica atrás de Nova York, Berlim e Ibiza, ao passar pela massa de concreto, há muita diversidade para curtir a noite todos os dias, a cidade ainda foi reconhecida por ser um ambiente propicio para a realizações de grandes eventos e festivais. Se tornou um atrativo turístico e hoje faz parte do roteiro de viagens, tanto para negócio quanto lazer, a cidade atrai inúmeras pessoas por oferecer a diversão que outros lugares não oferecem, desde passeios mais simples até os mais sofisticados, São Paulo é capaz de agradar a todos.
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Fonte: Acervo pessoal
SOCIABILIZAÇÃO
IDENTIDADE CULTURAL E A SUA FUNÇÃO SOCIAL Identidade cultural é a sensação de pertencimento à um determinado grupo, seja pela cultura, nacionalidade, etnia, gênero, orientação sexual, são todas as características que o formam como indivíduo. De forma individual, a identidade é o que te torna único, completo e quando se fala nela no âmbito cultural, é saber se reconhecer diante de um todo. Na coletividade, é a maneira de como o ser humano se relaciona com outras pessoas, quais são as semelhanças que eles possuem para se identificar como grupo e o que faz com que seja um grupo.
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Num passado não tão distante a identidade cultural era bem limitada, a interação entre os indivíduos era muito menor, além de ser conservadora, porém, a globalização permitiu que a integração entre os seres humanos fosse muito maior, agregando ainda mais o que está ao nosso redor, as relações hoje são muito mais complexas e abrangentes, cada lugar possui um entrelaço de cultura muito mais intenso, o fluxo de informação é muito grande, a rotatividade é constante, isso tudo acontece de forma fluida e orgânica, não é uma verdade incontestável, o ser humano está sempre em constante mudança, tudo se move e se transforma, fazendo da identidade cultural é quem você é e como interage com o mundo. São essas características que tornam um indivíduo autentico, que faz com que as pessoas se direcionem para um estilo de vida, a maneira de viver, de pensar, de sentir, a visão de mundo, seus comportamentos, os lugares que frequentam, as músicas que escutam, as pessoas com que se relacionam, tudo isso permite que a sociabilização e toda a sua amplitude formem conjuntos de manifestações culturais.
Fonte: Acervo pessoal
ESPAÇO DE PLENA EXPRESSÃO PARA SETORES SOCIALMENTE MARGINALIZAZADOS Não somos todos iguais, isso é um fato, quando a igualdade é colocada em pauta surgem intolerâncias contestáveis, a dessemelhança pode ser vista como um problema, criando estereótipos e disseminando a discriminação, quando na realidade é ela que nos difere como seres humanos. A representatividade é de suma importância, fortalece nossa liberdade, independência e empoderamento como indivíduos, além de ressignificar a representação dos setores socialmente marginalizados, solidifica uma identidade social como forma de resistir e re-existir diante de uma sociedade. Um espaço possui várias formas e significados, à medida que as pessoas se apropriam do lugar, permitem várias fases e tendências culturais, são as diferenças que dão vida ao ambiente. O espaço se constrói a partir da relação com a rua e o seu entorno, e se caracteriza pela sociabilização do lugar, desprendido da rigidez, se criando através da informalidade cotidiana. Um espaço de plena expressão para setores socialmente marginalizados representa um sentimento de pertencimento, de representação da comunidade negra, LGBTQ+ entre outras minorias que se identificam com os movimentos, a liberdade de poder se expressar sem repressão, onde política, sensibilidade artística e cultura se cruzam no mesmo lugar. É permitir dar voz aos coletivos, oportunidade para criar festas de artistas emergentes, é criar a partir de algum ambiente subtilizado uma revolução cultural, criar uma relação entre corpo, cultura e espaço.
Os princípios que promovem, incluindo igualdade, liberdade, sustentabilidade e acesso livre ao comum, podem criar o andaime sobre o qual, no caso de uma ruptura social radical, uma nova sociedade possa ser construída. Além disso, as práticas políticas que os movimentos experimentam – assembleias, métodos de tomada de decisão coletiva, mecanismos não só de proteção das minorias, mas também de expressão e participação delas, entre outras – servem como guia de ação política futura. Muito mais importante, contudo, que quaisquer princípios, constitucionais ou práticas políticas, os movimentos estão criando novas subjetividades, que desejam e são capazes de relações democráticas. Os movimentos estão redigindo um manual de como criar e viver numa nova sociedade (HARDT; NEGRI, 2014, p.138 apud Betuleza, 2018, p34).
Esses movimentos sociais urbanos reivindicam a cidade como bem comum do povo, (RENA; ARANTES, 2017). O lugar preserva toda identidade das pessoas que o utilizam, ambientes como esse trazem a segurança de ser quem você é, que fora dali é inexistente, é poder assumir sua identidade cultural e todos os seus ideais. Esses espaços necessitam de uma segurança além da construção, são melhorias urbanas que precisam ser pensadas, investimentos que precisam ser feitos, ou seja, dar viabilidade às novas cenas urbanas.
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ESTUDO DE CASO
CASA DAS CALDEIRAS “A Casa das Caldeiras desenvolve projetos de ocupação artística e cultural pautados no desenvolvimento humano, no exercício da cidadania e na valorização do patrimônio.” (Casa das Caldeiras, 2018)
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Na década de 1920, a Casa das Caldeiras era um edifício industrial, construído para abrigar caldeiras que produziam energia para todo parque industrial, os diversos setores do parque eram interligados por passarelas internas que possuía uma grande diversidade de atividades fabris, erguido pelas mãos do Conde Francisco Matarazzo, na região do Bairro Água Branca. O prédio, como grande emblema da história do desenvolvimento e industrialização de São Paulo, foi tombado em 1986 como edificação remanescente das IRFM – Industrias Reunidas Francisco Matarazzo, junto com a Casa do Eletricista, pelo CONDEPHAAT e IPHAN, porém atualmente são edifícios independentes, tanto como propriedade como administração. No ano de 1998 até 1999, o edifício foi restaurado e se revitalizou para um novo uso, o que antes operava como indústria, hoje se articula como espaço de eventos sociais e corporativos, festas, shows, comemorações artísticas e culturais, da cidade de São Paulo. No ano de 2005, foi criada a Fundação da Associação Cultural Casa das Caldeiras, que tem como premissa desenvolver projetos artísticos, culturais e sociais no complexo, promovendo o resgate da identidade do local, a preservação da memória e a valorização do patrimônio junto a multiplicidade de usos do local. Hoje a ACCC, possui parcerias e cooperações público privadas, alavancando projetos e ações de interesse público, arte, patrimônio e território, permitindo uma mescla entre arte, cultura e sociabilização.
O edifício se caracteriza pela sua alvenaria de tijolos e possui enormes chaminés, além de um pé direito altíssimo de 9 metros que abriga as grandes caldeiras. Hoje o espaço possui telhado com jateamento termo acústico, um mobiliário de apoio e capacidade para até 1.200 pessoas, na questão ambiental, trata todo seu esgoto e usa água de reuso para o jardim, além de criar objetos cenográficos a partir da reciclagem de materiais.
Fonte: http://casadascaldeiras.com.br/
Fonte: http://casadascaldeiras.com.br/
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Fonte: http://casadascaldeiras.com.br/
Fonte: http://casadascaldeiras.com.br/
LOCALIZAÇÃO
O BAIRRO O bairro do Brás se consolida na região leste de São Paulo, muito próxima ao centro e ganha vida por uma antiga capela de Bom Jesus de Matosinhos, nas terras de José Brás. O bairro se desenvolveu como industrial e um pequeno centro comercial, uma região articulada, porém ainda com vazios existentes. O Brás cresceu com a forte presença de imigrantes italianos que caracterizou o bairro, possuía terrenos baratos, cortiços e casas geminadas, com riscos de alagamento, era um bairro de predominância humilde e operária.
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O processo de urbanização do bairro acontece de forma lenta e gradual até metade do século XIX, quando foi inaugurado a estrada de ferro São Paulo Railway Company em 1867 e atraiu industrias e trabalhadores, aumentando rapidamente o processo de urbanização do Brás, expandindo o bairro, mantendo praticamente todo seu tecido urbano. Muito próximo do centro de São Paulo, o bairro sempre possuiu sua independência e se tornou articulador entre o centro e a zona leste. Em meados do século XX, foi notável o crescimento comercial da área, como resultado, o bairro foi sendo desocupado pelos seus moradores.
Fundamentando-se na leitura do lugar, foi possível perceber algumas problemáticas do bairro. O cenário do Brás hoje em dia está se transformando desenfreadamente, houve um grande aumento na verticalização da região, principalmente próximo ao metrô e a CPTM, onde há inúmeros galpões subtilizados e abandonados, também possível observar uma grande quantidade de espaços vazios, prontos para ganharem um novo uso. Com o crescimento demasiado da população, as transformações da área demandam equipamentos que hoje são praticamente inexistentes no bairro, como por exemplo a falta de equipamentos de lazer e divertimento. Por ser ainda uma região de predominância comercial, faltam espaços de encontros e descanso, além de algumas melhorias urbanas.
Durante as décadas de 30 e 40 o bairro se torna um grande atrativo para atividades de lazer, cinemas, teatros, possuía as maiores salas da cidade, se tornando de fato um importante eixo estrutural se conectando com o centro. Na década de 50, o auge dos cinemas de rua reduziu radicalmente, consequência da chegada das televisões, foi a decaída das salas de cinema. Atualmente o Brás foi consolidado como um grande centro comercial, principalmente relacionado a indústria têxtil, atraindo imigrantes e concentrando um grande número de cortiços, hoje possui muitos galpões subutilizados ou abandonados, porém possui algumas indústrias que ainda estão em funcionamento na região.
Fonte: Google Earth
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MAPA DE EQUIPAMENTOS Casas noturnas distância > 3 KM Casas noturnas distância < 3 KM Antigo Cine Piratininga 2 KM
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O mapa de cheios e vazio mostra como o cenário da área mudou em relação aos espaços ocupados, uma vez que a área era tomada por galpões e atualmente estão construindo alguns condominios na área, permeabilizando mais o uso da quadra.
MAPA DE CHEIOS E VAZIOS Cheios Vazios Linha do metrô | CPTM Escala 1:3500
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O mapa de gabarito indica uma horizontalidade na área, é uma área com o gabarito relativamente baixo apesar do crescimento vertical que vem se manifestando, a proposta de projeto mantém o gabarito baixo, uma vez que é característica da quadra.
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O mapa de uso do solo evidencia o caráter da região de predominância comercial apesar de ter alguns focos de condomínios residênciais, uma das premissas de projeto é um espaço noturno além do horário comercial numa região precária de ambientes coletivos.
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O mapa de vias demonstra o quão fácil é o acesso da região pelo Metrô/CPTM Brás. Além do terreno estar com a sua fachada principal voltada para a Avenida Rangel Pestana, que possui um alto fluxo de transportes e fácil deslocamento.
A QUADRA A quadra do projeto está muito próxima a estação Brás da CPTM e do metrô, cercada pela Av. Rangel Pestana, Rua Piratininga, Rua Prudente de Morais (indo mais além de uma pequena via Rua Mauricio Salomão Nahas) e Rua Martim Burchard, está localizada no centro comercial do bairro. Dentro da quadra situa-se alguns edifícios tombados, o Grupo Escolar Romão Pugliari, tombado pelo CONPRESP e pelo CONDEPHAAT e a Primeira Escola Profissional Masculina (Atual fórum das Varas da Infância), tombado apenas pelo CONPRESP. Ainda que existam os edifícios tombados, há edifícios que são de grande importância tanto para história, quanto para a arquitetura, como os galpões da antiga COPAG e o Cine Piratininga.
Foto 1
Fonte: Acervo pessoal
Foto 2
Fonte: Acervo pessoal
Foto 3
Fonte: Acervo pessoal
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Baseado nos mapas de estudo da área, é possível perceber o quanto a quadra e seu entorno vem se transformando ao longo dos anos. Os galpões que caracterizavam a região, hoje se transformam em enormes prédios residenciais, adensando a área de maneira abrupta, tendo como estimulo a localização privilegiada próximo a equipamentos de transporte, propondo uma ideia de revitalização da região, perto de uma região comercial e muito próximo a região central da cidade de São Paulo. Como já analisado anteriormente, a falta de equipamentos de sociabilização, como cultura, lazer e arte é inexiste na região, principalmente nessa área, onde não há vida noturna, já que os comércios funcionam no máximo até 19h, porém a predominância comercial e industrial está sendo tomada pelo uso residencial, exigindo espaços versáteis que possam ser utilizados para o divertimento.
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Fonte: Google Earth
CINE PIRATININGA O PROJETO Cinema Piratininga C.O.P.A.G – COMPANHIA PAULISTA DE PAPÉIS E ARTES GRÁFICAS – CONEMA E APARTAMENTOS Endereço: Avenida Rangel Pestana, 1554, Bairro do Brás, Subprefeitura da Mooca, São Paulo – SP, Brasil. Acesso Lateral: Rua Martim Burchard s/n Arquiteto: Rino Levi Arquitetos Ano do projeto: 1941 – 1942 Ano de execução: 1944 CA: 1 42
Qualificação ambiental: PA 1 Zoneamento: ZC - Zona de centralidade O projeto foi inserido com a sua fachada pricipal voltada para a Avenida Rangel Pestana e por uma fachada secundária numa rua lateral, a Rua Martim Burchard. O programa era composto por três usos diferentes, comercial e cinema, que ocupavam o térreo mais dois pavimentos, de uso público e sobrepondo os conjuntos comerciais, um edificio residencial. Os conjuntos comerciais possuiam fachada ativa para a Avenida Rangel Pestana, são estreitas e profundas, porém possui o pé direito relativamente alto, além de um pé direito duplo nas áreas de mezanino, por estarem abaixo do edificio residencial, possui uma quantidade significativa de pilares. O edificio residencial forma um conjunto de quatro apartamentos por andar e onze pavimentos, seu único acesso é pela Avenida Rangel Pestana e seu núcleo de acesso ocupa parte
do acesso principal para o cinema. O cinema foi projetado no ápice da dédaca de 40, quando as salas de cinema na cidade de São Paulo estavam no seu auge, principalmente no bairro do Brás onde haviam incontáveis salas de cinema. O Piratininga foi projetado para acomodar aproximadamente 4300 pessoas, era o maior cinema do Brasil, além das exibições cinematográficas, ali também aconteciam peças de teatros. O acesso principal do cinema acontece também pela Avenida Rangel Pestana, com um acesso secundário pela Rua Martim Burchard. A entrada principal possui um pé direito alto, de aproximadamente 9m de altura, uma malha densa de pilares cirulares e um longo corredor até chegar o que antes era a sala de espera do cinema. O programa do cinema era dividido no térreo em sala de espera, bares, sanitários, plateia, um palco com fosso para orquestra e camarins, no pavimento superior era possivel acessar os mezaninos laterais e o balcão. Na década de 70, as salas de cinema já não fazem tanto sucesso quanto antes, foi a decadência do cinema de rua, dado este fato, o edifício se transformou num estacionamento e segue assim até os dias atuais. Hoje o Cine Piratininga é um estacionamento, subutilizado num miolo de quadra no centro comercial ativo do Brás, o projeto busca se apropriar desse espaço que está em diferentes condições de conservação, respeitando toda história do Piratininga e todo contexto criado pelo arquiteto Rino Levi. É uma ressignificação do espaço, é sobre refletir a versatilidade do espaço construído, contrário ao pensamento de que imóveis antigos deveriam ser demolidos, possui um valor arquitetônico e histórico que deve ser considerado, é um resgate do patrimônio, da memória, da identidade e do uso.
CINE PIRATININGA Antigo Cine Piratininga
Área Comercial Edifício Residencial
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ACESSOS
ÁREA COMERCIAL
Atualmente o principal acesso para a entrada do estacionamento Piratininga é pela Avenida Rangel Pestana. Hoje a fachada se encontra bastante desgastada e o acesso à área comercial permanece fechado. Já o acesso pela Rua Martim Burchard se encontra fechado, a escada que dava acesso ao mezanino foi demolida e já não existe mais o forro do telhado.
A alvenaria que separava os dois salões comerciais foi demolida, aumentando o espaço de circulação, possui uma malha de pilares densa num espaço amplo, porém atualmente não possui nenhum tipo de uso, nem do próprio estacionamento.
Acesso pela Avenida Rangel Pestana
Fonte: Acervo pessoal
Acesso pela Rua Martim Burchard
Fonte: Acervo pessoal
Fonte: Acervo pessoal
Fonte: Acervo pessoal
ANTIGO CINE PIRATININGA
Fonte: Acervo pessoal
A entrada principal para o antigo cinema pela Av. Rangel Pestana, hoje é a área de espera para os carros que entram no estacionamento. A cabine de projeção que separava a área de espera da área do cinema foi demolida, o forro do balcão já não existe mais e a entrada é improvisada já que todas as passagens pré-existentes foram fechadas com alvenaria. O desnível original do projeto foi assentado com concreto, o espaço de apoio ao palco foi demolido e a área que funcionava como saída do balcão, hoje possui uma cobertura completamente desgastada e está sendo tomada por vegetação.
Fonte: Acervo pessoal
Fonte: Acervo pessoal
Fonte: Acervo pessoal
Fonte: Acervo pessoal
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Fonte: Acervo pessoal
Fonte: Acervo pessoal
SITUAÇÃO ATUAL
Legenda Demolição Adição
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CORTE AA Escala 1:500
Avenida Rangel Pestana
Rua Martim Burchard
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Legenda Demolição Adição
Planta Térreo Escala 1:500
ARQUITETO
RINO LEVI Rino Levi foi um arquiteto paulistano responsável pela remodelação da arquitetura na cidade de São Paulo e um grande influente na consolidação na arquitetura moderna no Brasil. Acompanhar a evolução da obra de Rino Levi é, de certo modo acompanhar a formação e o desenvolvimento da Arquitetura Moderna em São Paulo. Nenhuma outra obra, iniciada na década de 20, teve continuidade como esta nos períodos posteriores e poucas tiveram importância equivalente. (Burle-Marx & Filho, Rino Levi, 1974, p. 16)
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Sua carreira começa no início da década de 30, quando surge seus primeiros projetos, Levi revigorou a profissão da arquitetura com clareza, em um período que atarantavam o arquiteto como construtor ou um desenhista de fachadas. O arquiteto ressalta a importância do trabalho em equipe, já que a própria arquitetura depende de várias áreas para acontecer, quando isso acontece, o projeto se adequa a uma produção industrial e cria um aprofundamento da orientação crítica, característica fundamental de seus projetos. Rino Levi falava sobre a ampliação dos conhecimentos e da cultura, discutia também sobre a reelaboração da linguagem arquitetônica e buscava superar os limites de seus projetos, além de desenvolver a parte técnica do projeto, técnicas construtivas e materiais, principalmente o aço, se preocupava também com a parte plástica e o desenvolvimento cultural, trabalhava os mobiliários, inseria obras de arte, além de desenvolver os projetos de paisagismo. Suas primeiras obras possuíam uma grande influência europeia, principalmente pelo expressionismo alemão, o contraste entre os elementos da implantação, uma exuberante volumetria ou projetos
planos, com traços retos ou curvos, trabalhando com cheios e vazios e a espacialidade do projeto. Entre 1936 e 1941, Rino Levi com uma arquitetura mais sagaz, quase recreativa, projetou grandes cinemas, reforçando seus conceitos expressionistas e efeitos plásticos inovadores Na década de 40, seus projetos sofrem mudanças referentes aos materiais aplicados, devido a Segunda Guerra Mundial, o aço estava em falta no mercado ou encarecido, com isso, ele passa a usar o concreto e vidro em seus projetos, dando uma diferenciada nas fachadas. Rino valorizada o racionalismo europeu, porém também optava por representações mais realistas e utilizava técnicas construtivas nacionais, rompendo padrões europeus. Devido as dificuldades encontradas de se firmar no mercado como arquiteto no início da sua carreira, teve participação na construção do IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil, excedendo os limites da individualidade que era discutido enquanto valorizava a coletividade na arquitetura e urbanismo, tornou-se também, membro do CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna), lecionou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo, representou o Brasil em diversos congressos de arquitetura pelo mundo, além de participar de diversos concursos. O desaparecimento de Rino Levi ocorreu no momento em que sua experiência assume maior importância. Entretanto, a continuidade das atividades da equipe do velho mestre após o seu desaparecimento será sempre a melhor prova de sua correta orientação. (Burle-Marx & Filho, Rino Levi, 1974, p. 19)
PROJETOS Sede do IAB-SP
Banco Itaú América
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Fonte: https://www.arquivo.arq.br/sede-do-iab-sp
Fonte: https://www.arquivo.arq.br/banco-sul-americano
ANO: 1947 TOMBAMENTO: CONDEPHAAT (1994)
ANO: 1960 TOMBAMENTO: CONPRESP (2017) - CONDEPHAAT (1995)
O edifício IAB-SP possui planta livre, estrutura independente e fachadas envidraçadas nos sentidos sul e leste e possui uma estrutura de concreto. Além de ser um prédio institucional, também é social, cultural e comercial e uma forte relação com a paisagem urbana, trabalha com eficiência o programa complexo.
O edifício foi projetado para ser sede de um banco, o projeto compõe dois edifícios superpostos, o bloco inferior é ocupado por depósitos, caixa forte, garagem, no nível da rua se encontra o térreo e o andar intermediário e no bloco superior se encontram os andares de escritório. O prédio possui uma fachada toda em concreto com uma empena cega virada para a Avenida Paulista.
BANCA INTERMEDIÁRIA
BANCA INTERMEDIÁRIA O trabalho final de graduação, “A noite subversiva, entre o corpo e o espaço” apresentado na banca intermediária em Maio de 2019, professor, arquiteto e também meu orientador Annibal Montaldi, mediou a mesa junto com a professora e arquiteta Maria do Carmo.
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As criticas e sugestões se deram a partir da clareza e da intencionalidade do projeto, como se deu a forma, desde o processo inicial de trabalho, até o final, como que a volumetria foi pensada e traçada já que possuía grandes diagonais que permitiam a vários ângulos de visibilidade. Foi questionado também como se resolvia a circulação e acessibilidade do projeto, a sugestão foi que tirasse o excesso de elevadores e trabalhasse mais com rampas acessíveis e escadas que pudessem circular o projeto, além de pensar na espacialidade das pistas em relação ao terreno e ao tamanho das pistas, o grande numero de banheiros o que faria logo repensar alguns pontos do programa.
Maquete apresentada na banca intermediรกria 55 Maquete apresentada na banca intermediรกria
PROJETO
O PROJETO
Dado a leitura do lugar, o projeto foi pensando a partir da relação do lote com a região como um todo: em que como os fluxos dialogam entre si e sua relação com o entorno, na carência de equipamentos urbanos coletivos e na carência de sociabilização do espaço na região.
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Como diretriz de projeto, foi analisado inicialmente como os complexos de entretenimento funcionam atualmente. Hoje grande parte desses complexos funcionam de maneira vertical, se apropriando de edifícios vazios pela cidade, surgiu então a ideia de pensar na organização do espaço de forma horizontal, formando uma composição mutável que pode se tornar um recurso arquitetônico interessante: ao mesmo tempo que consegue se adaptar as préexistências, ela também não a agride, formando uma relação de igual entre ambos. Segundo o conceito de Tschumi apresentado por Kate Nesbitt em Uma Nova Agenda para Arquitetura, onde ele diz que o corpo é o ponto de partida e de chegada da arquitetura, o corpo se move no meio do espaço e o ativa. A arquitetura precisa do corpo significando o espaço, ação, movimento, evento, dinâmica e fluxo. O projeto foi pensado a partir disso, um espaço multiuso, totalmente flexível, ambientes múltiplos onde acontecem apresentações, shows, festas, diversos tipos de entretenimento no mesmo lugar. Uma arquitetura mutável, moldável e adaptável capaz de ocupar os vazios urbanos da cidade e se relacionando com o corpo humano.
DESENVOLVIMENTO
As formas foram sendo desenhadas a partir do traçado da malha estrutural do antigo cinema, foi se criando desenhos simétricos que podem ou não se afunilar junto com o desenho da estrutura, permitindo criar espaços cheios e vazios e uma circulação mais ampla pelo edifício, além da clareza que diferencia o novo do velho, refletindo sobre a versatilidade do espaço. A estrutura existente da edificação é em concreto, pilares, vigas e lajes. Parte da edificação possui uma malha estrutural com uma grande quantidade de pilares e vigas, essa parte sustenta o prédio residencial que se localiza em cima do que eram antes os conjuntos comerciais. A parte posterior, onde era a sala de exibição do antigo Cine Piratininga, possui pilares altos circulares em concreto, sustentando os mezaninos laterais e promovendo um grande vazio central, onde é proposta as novas pistas de dança.
Para a estrutura do projeto, foi pensado em uma estrutura de aço, contrastando o edifício existente do projeto atual, a treliça pode vencer vãos maiores do que vigas convencionais, por isso é uma alternativa de solução estrutural, já que é um sistema eficiente, além de contribuir com os desenhos das fachadas.
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Croqui esquemรกtico
Croqui esquemรกtico
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Croqui esquemรกtico
Croqui esquemรกtico
ACESSOS Para acessar o edifício, há duas possibilidades de acesso, o principal é pela Avenida Rangel Pestana, onde o fluxo de veículos é intenso, assim como o fluxo de pedestres. Também é possível acessar a edificação pela Rua Martim Burchard, a rua lateral que possui um fluxo de veículos relativamente baixo em relação ao acesso principal e o fluxo de pedestres bem reduzido, preservando os acessos do antigo Cine Piratininga, que permite um fácil acesso a cidade.
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FLUXOS
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Dado os conceitos de arquitetura mutável e da busca por versatilidade a volumetria é pensada em como poderia dialogar com o entorno e sua pré-existência. Então o projeto traz uma conectividade e interação entre todas as áreas, uma relação maior entre o corpo e o espaço. O fluxo foi pensado com a maior interligação possível entre todas as pistas, os acessos acontecem pelas rampas laterais que possuem acessibilidade e uma unica rampa central, pelas coberturas acessíveis, passarelas e um único elevador, permitindo explorar tanto o projeto que foi desenvolvido, quanto a pré-existência do antigo cinema. As áreas de público e privado se deram a partir de um fluxograma para compreender melhor as necessidades do espaço. A maior parte do edifício pode ser circulada de forma pública, as áreas privadas e de infraestrutura se dão a partir do entorno do espaço principal de circulação pública, como forma de apoio. O intuito do circuito proposto é que as pessoas circulem o máximo possível entre os blocos, as formas e a composição que criam espaços de surpresa, ocupando os cheios e vazios, se apropriando do lugar e explorando ao máximo a imaginação do indivíduo.
Croquis de estudo das rampas
Pista 1 Essa pista possui acesso ao terraço da pista que está localizada no térreo, permitindo a transição para a pista 2. No mesmo nível estão quatro passarelas que dão acesso ao mezanino da arquibancada.
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Pista 2 Para chegar no nível da pista 2, há uma rampa com acessibilidade localizada no térreo no mezanino lateral. Essa pista tem acesso para o terraço da pista que está no nível do térreo, permitindo a circulação entre a pista 1 e a arquibancada.
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Pista 3 Essa pista possui acesso ao terraço das pistas 1 e 2, que possui passarelas que dão acesso para a arquibancada e a pista da gaiola. Para acessar a pista 3, em cima do mezanino há uma rampa com acesslibilidade, além de possuir apoio de um único elevador.
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Pista 4 Para chegar no nível da pista 4, há uma grande escadaria do nível do térreo até o nível da pista. Essa pista permite uma circulação ao terraço da pista 3 por uma pequena passarela e acesso ao único elevador.
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Gaiola A gaiola estรก localizada em cima da arquibancada e possui duas passarelas laterais que a interligam com as outras pistas,
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PAISAGISMO E FACHADA
O desenho da fachada permite uma permeabilidade visual para quem está circulando pelo edifício, todas as pistas possuem grande quantidade de vidros possibilitando explorar os ambientes tanto por dentro, quanto por fora, parte da fachada se move para que os ambientes possam se transformar e serem ampliados. Em realação ao paisagismo, há jardineiras por quase todo perímetro do projeto e uma grande quantidade de árvores tomando os espaços vazios, assim como na pré-existência.
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ACÚSTICA
Uma das possíveis soluções para resolver o problema da acústica é a escolha de vidro duplo que inibe a passagem do som. Esse vidro duplo possui duas chapas de vidro separadas por um pequeno vão entre elas, esse vão central junto com a vedação dos caixilhos, é o que impede a passagem do som, além disso, esse espaço entre as chapas faz com que o vidro também seja térmico e ajuda na redução do calor.
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Outra alternativa usada para impedir a passagem do som, é o isolamento acústico das paredes. Esse isolamento é feito com forros e depende dos níveis de densidade e absorção interna, já que há níveis diferentes de isolamento. O projeto acústico pode deixar as paredes mais pesadas, mas ainda assim é vantajoso, assim como o vidro, é possível que a parede acústica possa também ter isolamento térmico, melhorando ainda mais o conforto dentro do edifício.
PROGRAMA
O programa foi desenvolvido a partir das análises levantadas referente a falta de equipamentos de sociabilização da área, além dos estudos de programas das casas noturnas da cidade de São Paulo.
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O espaço foi dividido em zona de acesso, circulação, zona de sociabilização, zona de entretenimento e zona de serviço e infraestrutura. A zona de acesso é por onde as pessoas chegam e se distribuem pelo edifício. A circulação acontece por todo projeto, permitindo descobrir o espaço e explorar toda sua forma. A zona de sociabilização, acontece no que antes eram os conjuntos comerciais, uma área compatível com as necessidades da área, de fácil acesso e dimensões adaptáveis ao novo programa proposto, e a zona de infraestrutura é a base da edificação, responsável pela manutenção e funcionamento do lugar. A zona de entretenimento é o que foi desenvolvida, são cinco blocos de pista de dança, que se tornam o eixo principal de circulação e exploração do ambiente.
Acessos Circulação Zona de Sociabilização
Zona de Entretenimento Zona de Serviços/Infraestrutura Núcleo residencial
6
7
2
240 m²
2 Zona de Entretenimento
150 m²
6
71
6 6 3 6
Zona de Sociabilização
Zona de Serviço/Infraestrutura
Acesso
300m²
Espaço multiuso
Espaço para apresentações, encontros e exposições
1
600 m²
Rua Martim Burchard
73
Avenida Rangel Pestana
4 3
+1,40
+0,10
+0,72
2
1
+1,75
+1,85
+0,10
10 i=8,33%
Rua Martin Burchard
16
15
+0,90
14
+0,60 + 0,53 + 0,20
-0,90
11 13 12
8
5
+0,60
11
12
11
12
9
+0,48 -0,90
5
-0,90
+0,48
6 -0,85
7
1 - Hall de entrada e saída 2 - Saguão 3 - Chapelaria 4 - Despensa 5 - Bar 6 - Pista 7 - Cabine do DJ/Controle de luz e som 8 - Lounge 9 - Zona de descanso 10 - Espaço multiuso 11 - Camarins 12 - Vestiário funcionários 13 - Serviço 14 - Depósito de lixo localizado embaixo da escada 15 - Bicicletário 16 - Área de carga e descarga
-0,90
Planta Térreo Escala 1:250
Pro
2 3
+8,40
1 +6,80
Avenida Rangel Pestana
Rua Martin Burchard
+5,75
3 +4,55
oj. laje +8,80
Proj. laje +6,50
+5,75
4
i=10%
5 5 +3,63 Proj. laje +12,00
4
3
+5,75
1 - Espaรงo multiuso 2 - Lounge 3 - Bar 4 - Pista 5 - Cabine do DJ/Controle de luz e som
+3,63
+5,75
+5,45
+4,83
+4,18 +3,63
Planta Primeiro Pavimento Escala 1:250
2 3
+8,40
1 +6,80
5 4
Avenida Rangel Pestana
Rua Martin Burchard
i=8,33%
+5,75
i=8,33
%
+8,80
+6,50
Proj. cobertura
4 +8,80
5
3
Proj. laje +12,00
+8,80
1 - Espaรงo multiuso 2 - Lounge 3 - Bar 4 - Pista 5 - Cabine do DJ/Controle de luz e som
+3,63
+5,75
+5,45
+4,83
+4,18 +3,63
Planta Segundo Pavimento Escala 1:250
Avenida Rangel Pestana
Rua Martin Burchard
2 3
+12,50
1
1 - Bar 2 - Pista 3 - Cabine do DJ/Controle de luz e de som +3,63
+5,75
+5,45
+4,83
+4,18
Planta Terceiro Pavimento Escala 1:250
82 +11,00
+6,80
+0,10
+1,40
+1,75
83
+12,50 +8,80
+5,75
+6,50
-0,90
Detalhamento espelho d’água
CORTE AA Escala 1:300
84
85
+8,80 +5,75
+0,60
CORTE BB Escala 1:300
86
87
CORTE CC Escala 1:300
88
89
90
91
92
93
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REFERÃ&#x160;NCIAS
REFERÊNCIAS DE PROJETO Berghain Berlin
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Fonte:https://www.hypeness.com.br/2014/12/berghain-por-que-e-tao-dificil-nesta-baladaconsiderada-uma-das-melhores-do-mundo/
Berghain é uma casa noturna em Berlim, na Alemanha, conhecida pela sua exclusividade e pelo seu estilo de música techno, o projeto acontece em uma antiga central nuclear abandonada e mantem todas as suas características industriais e seu caráter abandonado. Sustentada por pilares de concreto, possui um pé direito aproximado de 18 metros de altura, onde fica a pista principal, o programa é divido em um bar no piso superior a pista principal e possui diversas salas mais compactas pelo ambiente e banheiros unissex. Além de ser uma festa exclusiva, existe todo um contexto histórico do surgimento da balada quando ainda existia o muro que separava a cidade em duas, época que surgiram as baladas Techno e inúmeras festas ilegais que aconteciam em lugares subutilizados espalhados pela cidade.
Bristol Old Vic / Haworth Tompkins
Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/911619/bristol-old-vic-haworth-tompkins
O edifício tombado Bristol Old Vic, é o teatro mais antigo em funcionamento. O desenho do projeto busca diversidade e um público mais amplo, abrindo o projeto para a vida pública e do espaço público. O traçado da nova concepção do projeto foi pensado como uma extensão da rua, a fachada se destaca pelo seu contraswwte com a preexistência, as galerias no mezanino, escadas de madeira e plataformas de observação permitem que todo o público circule por todo projeto ao redor de um único ambiente de sociabilização, se tornando um espaço de encontro, o projeto ainda conta com estruturas moveis e iluminação natural.
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