1
FACULDADE DE TECNOLOGIA LA SALLE – ESTRELA Recredenciada pela Portaria Ministerial nº 160 de 03/02/2017 – D.O.U. 06/02/2017. Rua Tiradentes, 401 – Estrela – RS – Brasil Fone: 51 3720 2732 www.unilasalle.org.br/estrela EXPEDIENTE Ir. Marcos Corbellini – Diretor Geral Andréa Gerhardt - Diretora Acadêmica Claudia Argiles da Costa – Diretora Administrativa Sérgio Ricardo Sant’anna – Assessor de Comunicação e Marketing EDITOR RESPONSÁVEL Ir. Marcos Corbellini
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Cadernos de iniciação científica / Faculdade La Salle Estrela. – Vol. 1 (2012)- . – Estrela, RS : Faculdade La Salle Estrela, 2012- .
Anual: 2012ISSN 2318-325X 1. Iniciação científica – Periódicos. 2. Pesquisa científica – Periódicos. I. Faculdade La Salle Estrela. CDU: 001.891
Bibliotecária responsável: Maristela Hilgemann Mendel - CRB 10/1459
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
2
CADERNOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
Número 6 – março de 2018 – INSS 2318-325X
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
3
EDITOR RESPONSÁVEL Dr. Irmão Marcos Corbellini CONSELHO EDITORIAL Andréa Gerhardt Carine Krüger Cesar Fernando Gonzalves Müller Cláudia Argiles da Costa Diego Silva Irmão Marcos Corbellini Marciano Bruch Sergio Santanna
COMISSÃO CIENTÍFICA Ms. Ana Solange Braun Ms. Andrea Gerhardt Ms. Cândida Zanetti Ms. Cesar Fernando Gonzalves Müller Ms. Deise Böhm Dr. Marcos Corbellini Ms. Marciano Bruch Ms. Paulo Gustavo Sehn Ms. Reoger Kober Ms. Rosemarí Driemeier Kreimeier Dr. Tamara Bianca Horn
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
4
Sumário EDITORIAL ................................................................................................................. 7 A IMPORTÂNCIA DA FUNÇÃO DE UM CONTROLLER PARA A EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO DENTRO DE UMA ORGANIZAÇÃO E COMO INFLUENCIA NAS NEGOCIAÇÕES ...... 8 A PROPRIEDADE RURAL FAMILIAR E OS DESAFIOS DA SUCESSÃO GERACIONAL ........................................................................................................ 15 A REPRESENTATIVIDADE DA ATIVIDADE LEITEIRA NA ECONOMIA DO VALE DO TAQUARI............................................................... 24 ADERE – ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL DE ESTRELA ................................................................................................................. 31 AGROQUALIDADE: QUALIDADE TOTAL NA AGROPECUÁRIA ................. 40 ALUNO, O CENTRO DO PROCESSO EDUCATIVO LASSALISTA.................. 49 ANÁLISE DE CUSTOS DA ATIVIDADE AVÍCOLA EM UMA PROPRIEDADE DO VALE DO TAQUARI ........................................................ 57 ANÁLISE DE LUCRATIVIDADE E RENTABILIDADE DE UMA PROPRIEDADE DE TERMINAÇÃO DE SUÍNOS ............................................ 63 AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA PRODUÇÃO DE RABANHO LEITEIRO DA RAÇA HOLANDESA ...................................... 68 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE FRANGO DE CORTE EM AVIÁRIO CONVENCIONAL X AVIÁRIO BLUE HOUSE .............................. 77 AVALIAÇÃO DE DUAS VACINAS CONTRA A DOENÇA DA CIRCOVIROSE ....................................................................................................... 86 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO EM CRECHE SUÍNA: COMPARATIVO DO CUSTO DO INVESTIMENTO NO ANO DE 2014 COM 2016 VISANDO A SUA RENTABILIDADE.............................................. 95 CERTIFICAÇÃO DE ALFACE ORGÂNICA POR AUDITORIA ........................ 104 CESTA BÁSICA: EFEITO NA ECONOMIA FAMILIAR REGIONAL .............. 113 CESTA BÁSICA X SALÁRIO MÍNIMO NO MUNICÍPIO DE ESTRELA X POA ........................................................................................................................... 123 COMPARATIVO ENTRE DOIS LOTES DE VACAS EM LACTAÇÃO NOS RESULTADOS NA PROPRIEDADE ......................................................... 129 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE ENERGIA FOTOVOLTAICA E SUA FORMA DE AQUISIÇÃO PARA UMA PROPRIEDADE RURAL ATRAVÉS DO CRÉDITO AGRÍCOLA ............................................................... 139 DESCRIÇÃO DO VALOR ADICIONADO NOS SETORES ECONÔMICOS E SUA DISTRIBUIÇÃO NOS MUNICÍPIOS DO VALE DO TAQUARI ........ 147 ESTRATÉGIAS DE ADMINISTRAÇÃO EM UMA EMPRESA FARMACÊUTICA .................................................................................................. 156 ESTUDO SOBRE A ASSOCIAÇÃO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA LINHA DELFINA ESTRELA – RS....................................................................... 162 ESTUDO SOBRE ASSOCIAÇÃO DE ÁGUA DE LINHA GAMELA, TEUTÔNIA/RS ........................................................................................................ 170 Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
5
O MERCADO FINANCEIRO E O AGRONEGÓCIO ............................................ 175 OURO BRANCO – O DOCE SABOR DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO ...... 184 PREPARAÇÃO DE CAVALOS PARA PROVAS MORFOLOGICAS E FUNCIONAIS .......................................................................................................... 193 PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA PARA CERVEJA ARTESANAL ........................................................................................................... 198 PROGRAMA DE COACHING E MENTORING: UMA PROPOSTA PARA UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA PÚBLICA ................................................ 206 REDES PRODUTIVAS: UM ESTUDO DE CASO DA ASSOCIAÇÃO TEUTONIENSE DE APICULTORES COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL .................................................................. 215 STHAKEHOLDERS .................................................................................................... 222
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
6
EDITORIAL
A Faculdade La Salle – Estrela tem a satisfação de publicar o sexto número dos CADERNOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA. Esta publicação tem como finalidade apresentar, em meio impresso, os trabalhos de iniciação científica realizados por alunos e professores dos cursos da Faculdade, selecionados por banca avaliadora e apresentados por ocasião da mostra de Iniciação Científica – MIC – evento anual promovido pela Instituição. A MIC coroa as atividades de investigação realizadas no decorrer do ano letivo, tanto nas ações didático-pedagógicas das disciplinas acadêmicas, quanto nos projetos de pesquisa realizados no âmbito do Programa de Iniciação Científica – PIC - e selecionados através de edital específico. O PIC é um programa de iniciação à pesquisa, realizado com recursos da Faculdade, tendo aprovados, no corrente ano, dois projetos de pesquisa coordenados por professores, cada um com dois bolsistas, selecionados mediante edital, seguindo as linhas de pesquisa institucional e alinhamentos com os cursos oferecidos pela Faculdade. Nesta oitava edição da MIC foram selecionados e receberam parecer favorável os trabalhos ora publicados. Os trabalhos publicados são apresentados na forma de resumo estendido.
Estrela, novembro de 2017.
Ir. Marcos Corbellini Editor
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
7
A IMPORTÂNCIA DA FUNÇÃO DE UM CONTROLLER PARA A EXECUÇÃO DO PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO DENTRO DE UMA ORGANIZAÇÃO E COMO INFLUENCIA NAS NEGOCIAÇÕES Daiani Morari de Azevedo Deise Becker Delwing Lucas Ribeiro Rafael Lagemann Vainder Melo RESUMO
O trabalho analisa a importância do planejamento orçamentário dentro das organizações, levando em consideração o papel do Controller dentro deste processo. Este orçamento é uma ferramenta fundamental para uma empresa obter sucesso e saber qual caminho seguir, onde o objetivo do estudo é abordar as influências de um plano orçamentário, os impactos positivos e negativos, bem como a importância de uma negociação. A metodologia aplicada é de caráter exploratório e será feito através de um estudo específico com livros bibliográficos. Palavras-Chave: Orçamento. Planejamento. Controller. Negociação.
INTRODUÇÃO O presente trabalho vai apresentar a importância de uma empresa obter um controle de orçamento, pois este vai servir para fixar objetivos, políticas e estratégias, quantificar suas atividades e suas datas de realização, sendo possível melhorar a avaliação e a utilização de seus recursos. Podemos destacar que ter um planejamento orçamentário bem definido ajuda a comunicar, os donos e administradores, as intenções e realizações da empresa, sendo possível avaliar se a realidade dela está de acordo com aquilo que seus proprietários desejam.
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle-Estrela. Alunos do Curso Gestão Financeira da Faculdade La Salle-Estrela. Professor da Faculdade La Salle-Estrela. E-mail: melo@lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
8
Por trás desse plano orçamentário bem estruturado encontramos o controller que é o profissional responsável pelo planejamento, coordenação, direção e controle das atividades de curto, médio e longo prazo executadas nas áreas de planejamento, controladoria e finanças. Ao longo do estudo vamos abordar as características e funções detalhadas, tanto do controller como da importância de um planejamento orçamentário para a empresa e como isso afeta nas negociações. METODOLOGIA A metodologia utilizada neste trabalho será através de uma pesquisa exploratória que segundo Robledo Lima Gil, 2008 será: “proporcionar maior familiaridade com o problema (explicitá-lo). Pode envolver levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas experientes no problema pesquisado. Geralmente, assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso”. Para o presente estudo foram utilizadas pesquisas em sites da Internet e pesquisas em livros disponibilizados na biblioteca da faculdade. Este aprendizado será realizado conforme andamento da pesquisa.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A controladoria está ligada ao processo de evolução de produção e dos meios sociais que ocorreram com o começo da Revolução Industrial. Seu papel, segundo Schmidt e Santos (2009, pg.14) era muito simples: A equipe da controladoria tinha como principal função o processamento das transações que apoiavam as operações de negócio. Isso exigia uma grande equipe burocrática gerenciada por um pequeno corpo de pessoas treinadas em técnicas para processamento de transações. Nesse ambiente, a imagem estereotipada de um controller introvertido debruçado sobre uma calculadora e uma pilha de papeis era bastante pertinente. Muitas coisas mudaram desde então em função dos avanços tecnológicos, da globalização econômica, do avanço no nível de concorrência e, também, de uma nova visão das funções de gerenciamento nas organizações. Com todas essas mudanças, o
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
9
valor para os negócios passa a ser uma das principais metas organizacionais e, com isso, o papel de um controller e o planejamento orçamentário fazem a diferença nos resultados finais e os dois andam juntos. Sendo assim, o gerente de controladoria (controller) precisa conhecer e entender o funcionamento da cadeia de valores, em que a organização está inserida, pois ele é um profissional que deve se relacionar com praticamente todas as áreas dentro de uma empresa. Ele é quem deve fazer o levantamento de toda a projeção de receitas, custos, despesas e investimentos para consolidar e gerar as informações de projeção que serão validadas com a diretoria da organização e acompanhadas durante todo o exercício em forma de metas e objetivos. Ressalta-se, segundo Schmidt e Santos (2009, pg.16), que a cadeia de valor é: “um conjunto de atividades criadoras de valor desde as fontes de matérias-primas básicas, passando por fornecedores de componentes e até o produto final entregue nas mãos do consumidor, ou seja, é um enfoque externo à empresa”. Tendo definido o papel do controller, podemos organizar o planejamento orçamentário, levando em consideração que o principal objetivo de uma atividade é a geração de caixa, e o planejamento é necessário para atingi-la. Para Lunkes (2010), os homens das cavernas desenvolveram práticas antigas de orçamento quando precisavam prever a necessidade de comida para os longos invernos. A origem da palavra deve-se aos antigos romanos, que usavam uma bolsa de tecido chamada de fiscus para coletar os impostos. Muitas mudanças foram acontecendo, mas as práticas conhecidas hoje tiveram seu desenvolvimento no século XIX, na França, durante o governo de Napoleão, como parte de um esforço para obter maior controle sobre todas as despesas, inclusive sobre as do exército. Podemos entender melhor no trecho citado abaixo: Os procedimentos orçamentários franceses identificavam todas as etapas necessárias à elaboração do orçamento. Por exemplo, o cálculo da quantia necessária de providências para um soldado considerava o número de soldados a ser utilizados durante o ano, deduzia o número de soldados doentes ou ausentes, calculava-se a quantidade de mantimentos e equipamentos a ser usada e multiplicava-a pelo custo unitário para saber qual a necessidade total de recursos. (LUNCKE, p.25).
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
10
RESULTADOS E DISCUSSÕES Podemos identificar que tanto a controladoria como o planejamento orçamentário foram criada há séculos atrás, porém foram aperfeiçoadas e são utilizadas com grande importância até os dias de hoje. Como o controller é quem vai gerenciar o levantamento de toda a projeção de receitas, custos, despesas e investimentos para consolidar e gerar as informações de projeção, ele precisa entender como funciona um ciclo orçamentário, que é a forma como uma empresa faz orçamento e vai variar de empresa para empresa. Por isso, o controller precisa conhecer a empresa, saber como ela funciona e como os empresários costumam agir, para que possa entender de que forma pode montar um plano orçamentário adequado. Lunkes (2010), considera um ciclo orçamentário em quatro itens: 1º - planejamento do desempenho da empresa como um todo, assim como as respectivas subunidades; todos os gestores concordam com o que é esperado deles; 2º um conjunto de expectativas específicas com relação às quais os resultados reais possam ser comparados; 3º - análise das variações dos planos, seguida das respectivas ações corretivas; 4º - replanejamento, levando em consideração o feedback e a mudança das ações. Vale ressaltar que o controller não faz tudo isso sozinho, na verdade, ele coordena uma unidade e os esforços de todos os seus empregados. Geralmente o orçamento é elaborado por departamento conforme a estrutura organizacional da empresa. O seu período de duração não necessariamente é de um ano e pode ser preparado para qualquer período de tempo. Vários são os fatores que influenciam na duração do período que incluem o tipo, a natureza da organização, a necessidade de avaliação periódica e as condições de negócio. O orçamento pode ter ajustes mensais, trimestrais ou semestrais, sendo que, o período do orçamento deve ser o tempo necessário para fornecer uma meta atingível em condições normais. Podemos citar ainda as vantagens e desvantagens de um planejamento orçamentário. Como vantagens, podemos dizer que os orçamentos são as partes principais da maioria dos sistemas de controle gerencial, pois administrados de forma inteligente impedem ao planejamento, incluindo a implementação de planos; fornecem
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
11
critérios de desempenho e promovem a comunicação e coordenação dentro da empresa. Já as limitações podem ser maiores ou menores dependendo do processo orçamentário utilizado pela empresa, são elas: desmotivação dos colaboradores; inflexibilidade do processo orçamentário, uma vez aprovado não permite alterações no decorrer do período; visão apenas financeira, confundindo-o com o planejamento financeiro; a excessiva associação dos custos na preparação do orçamento, a aplicação de percentuais de cortes gerais nos custos, sem análise prévia do contexto de cada área ou setor e a análise dos resultados muito tempo depois. Na hora de avaliar o processo orçamentário, o controller também é essencial e pode ajudar bastante a analisar os dados, uma vez que sua formação deve ser na área contábil, administrativa ou financeira e que tenha experiência na função. A avaliação do processo orçamentário pode utilizar um conjunto de técnicas para extrair das peças orçamentárias, índices e informações úteis para a tomada de decisões. Segundo Frezatti (2009, pg.84), o controle orçamentário é: Um instrumento de contabilidade gerencial que deve permitir à organização identificar quão próximos estão são resultados em relação ao que planejou para dado período. O gestor deve identificar suas metas, os resultados alcançados, as variações numéricas entre eles, analisar, entender as causas da variação e decidir ações que ajustem as metas no futuro ou que permitam manter aquelas que foram decididas. Deve proporcionar condições de acompanhamento não só de variáveis monetárias, mas também daquelas não monetárias. Dependendo dos resultados obtidos com o orçamento, o gestor pode e deve rever suas projeções. O conhecimento dos resultados auxilia na análise e na projeção dos planos atuais e futuros. Neste sentido, para Lunkes (2010): “procura-se informações sobre os objetivos e táticas, demandas de mercado, análise de competitividade, estratégias de venda (preço, vendas e promoção e distribuição), desempenho da administração e projeções financeiras. Porém, é importante salientar que o planejamento orçamentário por si só nada faz. Para tornar-se realmente útil, é necessária a interação dos planos desenvolvidos com a efetiva participação dos colaboradores. O planejamento não faz milagres. Ele traz benefícios a quem estiver disposto a se empenhar e cooperar para o seu adequado funcionamento. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
12
Seguindo essa linha de raciocínio, quando os empresários têm esse apoio de detalhar sua empresa, focando em cada área e tendo estimativas de gastos e receitas, ele consegue negociar com mais precisão e autoconfiança, sabendo até onde pode avançar ou quando terá que recuar, dependendo da limitação de seu negócio. Sendo assim, a negociação é o processo de buscar um acordo e todo acordo é consequência de decisões entre as partes. As negociações são baseadas em relações assertivas, onde as pessoas se encontram e falam francamente sobre seus interesses, expectativas, vantagens, benefícios, medos, dúvidas, apreensões, pontos mal aclarados, desconfianças etc. A tomada de decisão e a negociação, são, portanto, escolhas entre ações alternativas para atingir um objetivo e o resultado desejado. Não conhecer bem a sua empresa faz com que a negociação não seja concluída com êxito, prejudicando assim a organização e todos os envolvidos. Por fim, toda empresa para ter sucesso e alcançar o lucro desejado deve planejar, controlar e saber o caminho a seguir. Deve ter alguém responsável e que entenda os objetivos e os processos da empresa para que, desta forma, todos os dados alcançados sejam corretos e que sirvam de base para boas negociações e que estas não sejam feitas sem conhecimento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir deste trabalho, percebe-se a importância da função de controladoria dentro de uma empresa, pois ela terá a responsabilidade de fazer com que exista um plano e que este seja apoiado por todos os níveis decisórios da organização. O plano ou o planejamento orçamentário caracteriza-se como aquele em que todas as partes estarão ligadas buscando o objetivo do negócio que é atingir a missão. Por isso, o controller atua como coordenador que monta e mantém o plano e que resulta em um relatório de previsão de receitas e despesas, bem como um conjunto de programas e suposições de apoio. Uma função está ligada a outra, sendo um processo fundamental para a empresa obter bons resultados. O controller ajuda a planejar e executar um plano orçamentário e este vai servir para os empresários saberem a situação da sua empresa, levando isso como um parâmetro de comparação para as negociações. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
13
Sem planejamento a empresa não conseguirá alcançar êxitos por muito tempo. Ela precisa ser analisada e discutida o tempo todo, pois as mudanças ocorrem rapidamente. REFERÊNCIAS FREZATTI, FÁBIO. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial. 5. ed. São Paulo: Atlas S.A, 2009. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994. HOJI, MASAKAZU. Administração financeira e orçamentária. 9. ed. São Paulo: Atlas S.A, 2010. LUNKES, ROGÉRIO J. Manual de orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. SCHMIDT, PAULO e SANTOS, JOSÉ LUIZ. Fundamentos de controladoria. 1 . ed. São Paulo: Atlas, 2009.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
14
A PROPRIEDADE RURAL FAMILIAR E OS DESAFIOS DA SUCESSÃO GERACIONAL• Fernando Augusto Getems•• Huberto Paulo Barth Marcos Roberto Ghilardi Renato Kreimeier RESUMO O presente estudo abordou a propriedade rural familiar, fazendo uma descrição dos conceitos que a caracterizam. Uma descrição dos processos que a formaram desde a descoberta do Brasil pelos portugueses, com a implantação das capitanias hereditárias até os dias de hoje. Traz os conceitos da sucessão geracional e os desafios verificados no momento atual. A metodologia se caracteriza por uma pesquisa descritiva e exploratória com o objetivo de qualificar a complexidade do tema proposto. Palavras-Chave: Propriedade rural familiar. Sucessão familiar. INTRODUÇÃO A agricultura familiar se consolidou há quase 200 anos, principalmente no sul do país, inspirada no modelo produtivo desenvolvido por imigrantes europeus, vindos ao início do século XIX. Essa tradição transformou a dinâmica da atividade produtiva brasileira, até então marcada pela presença do índio, em especial pela industrialização do produto rural. Constitui-se em uma forma social de produzir, trabalhar e se organizar, representando grande parte da produção de alimentos para o consumo interno e externo do Brasil (FETAG, 2016). Sucessão familiar em propriedades rurais tem sido um tema pouco explorado nos estudos organizacionais brasileiros, porém tem chamado à atenção do governo brasileiro, que estabeleceu programas especiais, assim como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), por exemplo, que contribuem para
•
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle – Estrela. Alunos do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. Professor do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. Engenheiro Agrônomo. renato.kreimeier@lasalle.org.br ••
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
15
fixar o homem no campo. A problemática decorre do fato que a continuidade das atividades agrícolas nas propriedades rurais sempre aconteceu naturalmente e, por muitos anos, filhos foram sucedendo os pais nessa atividade. Entretanto, o tamanho das famílias rurais diminuiu sobremaneira, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e tem-se observado a movimentação social e econômica do espaço rural para o urbano. Em decorrência, a sucessão na propriedade rural passou a causar preocupações aos proprietários rurais e também aos governantes públicos, que constataram a carência de mão de obra para as atividades da agricultura familiar. O tema tem sido tratado por alguns autores como delicado, pois é decorrente de uma série de transformações que impactam a agricultura familiar e tem suas raízes originadas na modernização da mesma (CARVALHO, 2007). Segundo Abramovay (2001) a sucessão é considerada um processo em que ocorrem a transferência patrimonial e a transição geracional familiar, por tradição de pai para filho homem mais velho, mas não necessariamente. Assim, a sucessão é determinada em longo prazo, constituindo a passagem gradual de responsabilidades de uma geração para outra. Garantir a continuidade de um negócio rural é tarefa delicada, pois revela a maneira como os pais constituíram e educaram a família, preparando-a para o poder e a riqueza (LODI, 1993). Ainda, desconstruir e reconstruir novas concepções acerca da agricultura e do campo constitui-se em uma tarefa árdua, uma vez que o negócio rural, seja ele familiar ou não, tornou-se altamente qualificado e do sucessor requerido perfil empreendedor, com domínio de conhecimentos gerenciais, o que muitas vezes não acontece. O objetivo do presente trabalho é contextualizar a propriedade rural familiar, identificar os desafios enfrentados no processo sucessório e a complexidade da administração de propriedades rurais familiares. METODOLOGIA A pesquisa constitui-se um procedimento racional e sistemático, cujo objetivo é proporcionar respostas aos problemas propostos. Ao seu desenvolvimento é necessário o uso cuidadoso de métodos, processos e técnicas (DIEHL e TATIM, 2004).
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
16
Com relação à abordagem do problema esta pesquisa foi classificada como qualitativa, uma vez que Diehl e Tatim (2004) definem que os estudos qualitativos podem descrever a complexidade de determinado problema e a interação de certas variáveis. Ainda podemos compreender alguns processos vivenciados por grupos e possibilitar, assim, um melhor entendimento do comportamento e ações dos indivíduos estudados. O presente estudo teve como objetivo descrever a propriedade rural familiar e os processos sucessórios geracionais. Pesquisa realizada no segundo semestre de 2016. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA As sociedades primitivas foram à primeira experiência de vida coletiva da humanidade e, conforme Dickens (1859 apud NAVARRO e PEDROSO, 2011), foi o melhor dos tempos, foi o pior dos tempos, foi à idade da sabedoria, foi à idade da tolice; tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós. Diakov (1985) mostra que a história primitiva se constituiu na origem de tudo o que se refere a questões importantes, como a origem do homem, o nascimento da religião, da arte e das ciências, das classes e do Estado. Na sociedade primitiva, as relações da produção baseavam-se na propriedade coletiva dos meios de produção, e principalmente da terra. Os homens viviam e trabalhavam em conjunto, fazendo com que a propriedade, os meios de produção e dos frutos desse trabalho fossem coletivos. A forma de organização era diferente da que hoje domina em relação à propriedade privada dos meios de produção, qual seja, da exploração do homem pelo homem e da divisão da sociedade em classes sociais. Os empreendimentos familiares, tanto empresas quanto propriedades rurais, foram se desenvolvendo e se configurando no Brasil a partir do “senhor”, o homem designado para comandar a exploração dos recursos das terras brasileiras. Para tanto, o Brasil foi dividido em partes, denominadas Capitanias Hereditárias, no século XVI, e cada parte foi doada a uma pessoa escolhida pelo Rei de Portugal (GRZYBOVSKI e TEDESCO, 2002). Essas companhias, por serem hereditárias, só podiam ser transferidas a outros, por herança, o que consolidou a sucessão das propriedades rurais e urbanas no
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
17
Brasil por este critério. Nas propriedades rurais familiares essa tradição continua válida através das gerações. Nos anos 90 ocorreram dois eventos que impactaram socialmente o meio rural: no campo político, os movimentos do campo, liderados pelo sindicalismo. Nessa época, ocorreu uma efervescência de tais movimentos, produzindo formas de manifestações que perduram até hoje. O outro fato que está relacionado à legitimação do Estado ao criar, em 1996, o PRONAF, formulado para promover crédito agrícola aos pequenos produtores rurais (SCHNEIDER, 2009). Para Navarro e Pedroso (2011) atualmente a agricultura familiar parece ser uma expressão aceitável e não problematizável, com um número crescente de ações governamentais a ela dirigidas: PRONAF e Banco da Terra. Os autores ainda dizem que este crescimento é evidenciado pelo imenso conjunto de estabelecimentos rurais designados como familiares (4,36 milhões, segundo o Censo de 2006, 85% do total de estabelecimentos apurados). Conforme Ribas (2013) o dia a dia da produção rural tem mudado, principalmente ao se olhar para o passado, percebem-se grandes mudanças no contexto agrícola, trazendo definitivas diferenças no ambiente rural. Porém, falar de mudança é fácil, o difícil é entendê-la e reconhecer o melhor caminho para usufruir dos benefícios. Todas essas mudanças vêm ocorrendo com o tempo, acompanham o avanço do mercado tecnológico de maneira com que as sociedades precisem de alguma forma, acompanhar o mesmo para não ficar para trás. Vilkas e Nantes (2010) comentam que, considerando o reduzido número de funcionários e a concentração de atividades administrativas e operacionais na figura do proprietário, pressupõe-se que, no caso da agricultura familiar, os três níveis de planejamento (estratégico, tático e operacional) são desenvolvidos por apenas uma pessoa, o proprietário, ou por poucas pessoas da família, responsáveis pelas decisões sobre as atividades a serem desenvolvidas na propriedade. Assim, a propriedade rural familiar tem significativo papel no Brasil, contribuindo no crescimento de alguns fatores. Ainda, é dirigida pelos proprietários, sendo eles responsáveis por diversas ações que acontecem dentro de uma sociedade, tais como tomada de decisão, trabalho, diálogo, organização e administração. Para Schneider (2009) a dinâmica no espaço rural vem sendo condicionada por algumas outras atividades, sendo cada vez mais observada como uma dimensão entre a Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
18
sociedade e o espaço, ou ainda, entre o homem e a natureza. Portanto, a propriedade rural familiar é formada pelo empenho e dedicação de familiares que, juntos, empenham-se em busca do crescimento de suas atividades, realizando as mesmas com amor e força de vontade. Sucessão é o efeito de suceder, é uma série, uma sequência ininterrupta. Crysthian (2011), diz que “garantir a continuidade de um negócio rural é muitas vezes um assunto delicado”. Além disso, “sucessão é o principal objetivo de cada família que sempre lutou para que sua empresa rural fosse bem-sucedida, seja esta empresa de pequeno, médio ou grande porte” (CANEVAZZI, 2013). Ainda sucessão “é planejar a curto, médio e longo prazo o desenvolvimento de profissionais que apresentem competências requeridas pela organização, gerando desempenho e alta performance” (COSTA, 2008). Para o autor, sucessão faz parte de vários tipos de organizações e atualmente é a continuidade do negócio. Apesar de um cenário positivo, Vilaça et al (2013,) entendem que a agricultura familiar está à tona do problema da questão sucessória, que se constitui com a passagem gradativa de responsabilidade e patrimônio de uma geração para outra, definindo assim, a continuidade do trabalho por mais uma geração. Iribarren (2013), diz que “sucessões sempre ocorrem, mas para as que estão ocorrendo agora e para as futuras sucessões, vários fatores contribuem para que as mesmas sejam diferentes”. Para ele, alguns fatores são aumento da expectativa de vida dos pais, gerando assim a participação de até três gerações no negócio; um menor número de filhos, diminuindo a quantidade de sucessores; maior escolaridade dos jovens, oportunizando outros empregos; regimes de casamento e relações conjugais diferentes do passado; aumento da escala de produção; menos autoritária a relação pai/filho; pouco interesse dos jovens pelo trabalho rural e necessidade de mais conhecimento de gestão financeira administrativa e tributária. Para Tedesco (2008), “ser herdeiro não é mais objeto de grande satisfação”, pois a introdução de máquinas nos processos e na produção promoveu redefinições na forma de viver e no relacionamento. Ele conclui que é necessário entender as regras de transmissão de patrimônio familiares, especialmente a terra, pois é muito importante identificar as diferenças culturais de gênero, as hierarquias, os papeis específicos de homens e mulheres na organização, pois além de bens materiais, na sucessão serão Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
19
repassados outros bens, como valores, saberes, obrigações e trabalho. Para o autor é visível à recusa de filhos em suceder os pais, principalmente pelo modo de vida destes, a falta de férias, de fins de semana livres e horários de trabalho irregulares, por ser uma atividade dura e difícil, entre outros. Para Ely (2015), o tema sucessão não preocupa muito os produtores rurais; assim, o meio rural está ficando só com pessoas idosas, pois os jovens não se interessam em tocar o negócio dos pais, preferindo buscar emprego na cidade. Para esta autora algumas causas que estão levando esses jovens ao êxodo rural são a falta de flexibilidade na negociação entre pais e filhos, o baixo nível de educacional dos empreendedores iniciais, que se choca com um maior conhecimento dos filhos que puderam estudar mais, pouco interesse dos empreendedores para buscar novos conhecimentos, falta de compreensão sobre o conceito de que a propriedade é uma empresa, entre outras tantas razões. Crysthian (2011) diz que no momento em que a questão é a sucessão familiar, a preocupação é a mesma: de que forma preparar os filhos da maneira mais adequada para assumirem os negócios. Alguns herdeiros veem dificuldades ao dar continuidade ao trabalho dos pais, devido a sua forma de educação aplicada ao longo da constituição familiar. Geralmente, os filhos vão estudar em grandes centros, fazendo faculdade, estágios e dificilmente retornam ao campo, pois viver no campo requer dedicação integral da família. Atentos a esse êxodo, os pais começam a despertar nos filhos o interesse pelo trabalho rural. Iribarren (2013) indica como principais dificuldades encontradas pelas famílias no momento de iniciar o processo de sucessão é o desconhecimento de técnicas existentes que permitem criar uma nova sociedade familiar, planejar a sucessão, estabelecendo parcerias familiares. Além disso, uma das coisas que mais dificulta a sucessão para o autor é a falta de diálogo entre os filhos e os pais, falta de perspectivas dos filhos perante o negócio, gerando uma imagem negativa de um trabalho árduo. RESULTADOS E DISCUSSÕES A descrição e a definição de propriedade familiar rural, os desafios da sucessão geracional e suas dificuldades a complexidade de sua administração é de fundamental
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
20
importância para compreender o processo sucessório e a partir disto construir alternativas que possam diminuir as distâncias verificadas nas gerações. A propriedade familiar rural, atualmente em sua grande maioria, se encontra em seu limite máximo de divisão. Pelas sucessivas partilhas encontra-se na condição de não ser mais possível sua divisão e desta forma ela comporta somente uma família acarretando o êxodo da atividade quando há mais que um sucessor ou até a sua venda, por não ter condições econômicas ou a falta de sucessor. Em muitos casos as propriedades estão sofrendo um processo de incorporação e se tornando propriedades patronais perdendo o seu objetivo original bem como sua história, valores e tradições culturais. Em algumas regiões o tema sucessão geracional das propriedades rurais está muito presente e com resultados extremamente positivos, porém na sua grande maioria, sucessão é tabu. Propriedades que estão no seu limite máximo de divisão, que não acompanharam a evolução tecnológica, onde o empreendedor tem um menor grau de formação, com problemas de gestão e administração, são as mais propensas a abandonar a atividade rural. Em contrapartida as propriedades bem-sucedidas são as que apresentam os menores índices de abandono da atividade e êxodo, são as que investiram em tecnologias e na formação de seus futuros sucessores, são propriedades, que mesmo com os fatores limitantes da propriedade souberam construir alternativas a dar continuidade do processo com sucesso. A intimidade nas relações da família faz com que diferenças aflorem, surgindo sentimentos acumulados de convivência, como ciúmes, inveja, amor e ódio. Com isso, inúmeros empreendimentos familiares acabam sendo fechados todos os anos, devido à falta de capacidade dos familiares em estabelecerem boas relações diante desses sentimentos. Sem a conscientização e o comprometimento familiar a continuidade do negócio estará constantemente em jogo, onde qualquer desentendimento poderá levar ao fracasso e a empresa não alcançará o sucesso desejado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um bom planejamento estratégico seria uma boa ferramenta, pois este fornece definições importantes para o negócio. Através dele, a propriedade poderá traçar seus objetivos, como a formulação de metas, conhecimento do mercado, competividade, Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
21
capacidade de produção, utilização correta dos recursos, entre outros. Assim, com boas estratégias a propriedade poderá alcançar vantagens competitivas e fazer com que seus familiares estejam preparados para as futuras decisões que aparecerão, e ainda, escolherão o caminho certo para o contínuo crescimento e juntos terão uma visão geral do negócio. REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, Ricardo (Coord.) et al. Os impasses sociais da sucessão hereditária na agricultura familiar. Florianópolis: Epagri; Brasília: Nead/ MDA, 2001. CANEVAZZI, N. Programa sucessão planejada segue no triangulo mineiro. Disponível em<http://www.coopercitrus.com.br/?pag=revista&p=materia&codigo=6434.>Acesso em 28 outubro 2016. CARVALHO, Vera Regina Ferreira. Sucessão da atividade na pequena propriedade rural na perspectiva da família e de gênero. Disponível em <http://www.sober.org.br/palestra/6/487.pdf> Acesso em 02 novembro 2016. COSTA, Sirlene. Preparar um sucessor: exercício de liderança. Disponível em<http://www.sirlenecosta.com.br/artigos/preparar_um_sucessor.dpf. > Acesso em 25 outubro 2016. CRYSTHIAN, Rhudy. De pai para filho. Revista Campo. Goiânia, ano 8, n 196, out 2011. DIAKOV, Vladimir. A sociedade primitiva. 2. ed. São Paulo: Global 1985. DIEHL, Astor A.; TATIM, Denise C. Pesquisa em ciências sociais aplicadas: métodos e técnicas. São Paulo: Pearson. 2004. ELY, E. E. Sucessão rural: O futuro da propriedade em jogo. Disponível em <http://www.ruralnews.com.br/visualiza.php?id=243>. Acesso em 24 outubro 2016. FETAG. A juventude rural e os desafios sucessórios. Informativo FETAG. Disponível em<http://www.fetagrs.org.br/site/index.php?idp=NTI=&ids=NTc=> Acesso em 02 novembro 2016. GRZYBOVSKI, Denise; TEDESCO, João Carlos. Empresa familiar: tendências e racionalidades em conflito. Passo Fundo: EDIUPF, 2002. IRIBARREN, C. B. Sucessão familiar em empresas rurais – herança ou negócio. Disponível em <http://www.agrolink.com.br/colunistas/ColunaDetalhe.aspx?CodColuna=4384> Acesso em 26 outubro de 2016. LODI, João Bosco. A empresa familiar. 4. ed. São Paulo: Pioneira, 1993. NAVARRO, Zander; PEDROSO, Maria, T. M. Agricultura familiar: é preciso mudar para avançar. Brasília: Embrapa, 2011. RIBAS, José Antonio Jr. Gerenciamento da propriedade agrícola. Disponível em<http://www.cnpsa.embrapa.br/abraves-sc/pdf/Memorias2000/3_Ribas.pdf. Acesso em> 17 outubro 2016.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
22
SCHNEIDER, Sérgio. Agricultura familiar e desenvolvimento rural endógeno: elementos teóricos e um estudo de caso. In FROEHLICH, José M.; DIESEL, Vivian. Desenvolvimento rural: tendências e debates contemporâneos. 2. ed. Ijuí: Unijuí, 2009. TEDESCO, João Carlos. O empreendimento familiar no meio rural: racionalidades adaptativas, capital social e recursos simbólicos. In: CARRIERI, Alexandre de P. ; SARAIVA, Luiz. A. S.; GRZYBOVSKI, Denize. Organizações familiares: um mosaico brasileiro. Passo Fundo: UNIPF, 2008. VILAÇA, Luciana F. et al. Jovens agricultores e a questão da sucessão familiar: uma análise das relações de gênero. Disponível em<http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/R0146-3.pdf.> Acesso em 02 novembro 2016. VILKAS, M; NANTES, J. F. D. Planejamento das atividades produtivas e rurais: estudo sobre pequenos produtores. Disponível em http://www.sober.org.br/palestra/6/807.pdf> Acesso em 28 outubro 2016.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
23
A REPRESENTATIVIDADE DA ATIVIDADE LEITEIRA NA ECONOMIA DO VALE DO TAQUARI Aline Inês Sulzbach Cristian Valgoi Gerhardt Luisa Petry Rafael Knebel Deisi Böhm
RESUMO
O Vale do Taquari é a segunda maior bacia leiteira do Rio Grande do Sul e a produção de leite e derivados tem ocupado papel de destaque na agenda de desenvolvimento da região. Com isso o trabalho teve por objetivo verificar o que a atividade leiteira representa na economia do Vale do Taquari. O trabalho foi desenvolvido a partir de fontes bibliográficas e o período de pesquisa foi de maio a junho de 2017. Apesar de estar presente em todos os municípios do Vale do Taquari, a produção de leite é bastante concentrada. Em 2014, 11 dos 36 municípios do Vale participaram com aproximadamente 60% da produção em toda região, e o número de vacas ordenhadas é superior a 100 mil, o que equivale a 7% do rebanho leiteiro gaúcho. A atividade cresceu bastante entre os anos de 2011 a 2014, fazendo com que alcançasse o pico de produtividade. Palavras-Chave: Produção leiteira. Economia. Vale do Taquari.
INTRODUÇÃO
A geração de renda na região do Vale do Taquari está assentada na produção primária e industrial de alimentos. A estrutura fundiária da região caracteriza-se pelo predomínio de pequenas propriedades, administradas por agricultores familiares, que se
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle-Estrela. Alunos do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. Professora da Faculdade La Salle – Estrela. Mestre em Educação. deisi.bohm@lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
24
ocupam principalmente da produção diversificada de grãos, leite, aves e suínos. O Vale do Taquari é a segunda maior bacia leiteira do Rio Grande do Sul e possui atuação de cooperativas sólidas no ramo, possibilitando o suporte técnico aos produtores familiares e promovendo o desenvolvimento de toda região. Por sua importância para a dinâmica econômica regional, a produção de leite e derivados tem ocupado papel de destaque na agenda de desenvolvimento da região do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Taquari. Essa região se destaca como uma das principais bacias leiteiras gaúchas, e com isso o trabalho teve por objetivo verificar o que a atividade leiteira representa na economia do Vale do Taquari.
METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido a partir de fontes bibliográficas com base em material já elaborado, pois se trata de dados amplos e complexos. As informações coletadas são oriundas de pesquisas realizadas e artigos publicados da Fundação de Economia e Estatística (FEE), do Governo do Rio Grande do Sul, e o período de pesquisa foi de maio a junho de 2017. Após a pesquisa foi realizada uma síntese sobre a influência da cadeia produtiva do leite na economia do Vale do Taquari.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Uma das principais características que impacta o desenvolvimento da produção leiteira no vale do Taquari é a dificuldade de sucessão nas propriedades rurais de administração familiar. Segundo Ahlert (2005), foi identificado que 32,5% dos proprietários rurais com filhos não sabiam se alguém ficaria na propriedade quando não pudessem mais trabalhar nela. Segundo a pesquisa, o “apego e o amor à terra” são os principais fatores de atratividade da vida no campo, porém, o “salário constante”, o “trabalho menos penoso” e o maior tempo livre são enxergados como vantagens do meio urbano. Pesa em favor do desenvolvimento da aglomeração o fato de a atividade leiteira ser percebida como a preferencial entre os filhos de agricultores interessados em manter as atividades ligadas à propriedade rural em que residem. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
25
Os resultados do Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE), calculados pela Fundação de Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser (2016), são reveladores das condições econômicas e sociais em que vive a população local e do estágio de desenvolvimento da região. Segundo os dados de 2013, o Vale do Taquari figura na quarta posição no ranking dos COREDES (Conselho Regional de Desenvolvimento) com maior IDESE no Rio Grande do Sul. Com um indicador de 0,789, acima da média do Estado (0,746), a região é considerada de médio desenvolvimento. Contudo, o Vale do Taquari convive com realidades contrastantes no interior do seu território. Enquanto nove municípios são considerados de alto desenvolvimento (Lajeado, Arroio do Meio, Imigrante, Westfália, Nova Bréscia, Teutônia, Estrela, Dois Lajeados e Colinas), os demais são classificados como de médio desenvolvimento. Forquetinha e Sério encontram-se nas piores posições, respectivamente, em 423.º e 404.º lugares dentre as 497 municipalidades do Rio Grande do Sul. Quanto ao produto local, em 2013 o Vale do Taquari respondeu por 3,0% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, figurando na oitava posição no ranking dos COREDES. O PIB per capita do Vale do Taquari foi de R$ 29.212,25 em 2013 — muito próximo à média gaúcha (R$ 29.657,28). Os destaques municipais foram Imigrante, Arroio do Meio, Lajeado, Estrela e Westfália, com renda média superior a R$ 35.000,00. Esses municípios também são importantes para a produção regional de laticínios. No extremo oposto, encontram-se Paverama e Forquetinha, com renda per capita inferior a R$ 15.000,00 em 2013. Em 2014, nas propriedades rurais da região do COREDE Vale do Taquari, foram produzidos 371 milhões de litros de leite (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2016). Exceção feita ao período 2000-10, quando a produção de matéria-prima cresceu em ritmo mais lento que no restante do Estado. Foi nesse período que ocorreu a expansão da atividade leiteira em direção ao noroeste do Estado. Desde o início da abertura comercial e da desregulamentação do setor, a participação do Vale do Taquari na produção estadual de leite declinou, tendo oscilado entre 7,4% e 9,4%. A partir do início dos anos 2000, a produção leiteira no Vale do Taquari iniciou uma trajetória de crescimento acelerado. Desde a década de 90, os avanços na produção Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
26
foram superiores à variação no número de vacas ordenhadas, o que denota a elevação da produtividade. Em 2014 no Vale do Taquari havia 35 estabelecimentos cuja atividade principal fazia parte da indústria de laticínios. Esses estabelecimentos empregavam formalmente 2.170 trabalhadores. A maior parte dos empregos da indústria de laticínios do Vale do Taquari está concentrada na atividade de fabricação de laticínios (83,0%), seguida pela da preparação do leite (9,5%). Os municípios com maior participação são Teutônia, Arroio do Meio e Estrela, que, juntos, respondem por mais de 70% do emprego da indústria de derivados do leite do Vale do Taquari.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com o presente trabalho foi possível identificar o quanto a atividade rural tem grandes influências no Vale do Taquari, através do clima, da planície, tecnologia inovadora e atuação de grandes cooperativas e instituições de ensino no setor. A agricultura familiar, principalmente a atividade leiteira, é de grande potencial no Vale, em comparativo com o estado do Rio Grande do Sul. Não tratando somente sobre resultados e números finais, é possível verificar que as influências deste setor não são somente em renda, mas sim em desenvolvimento e qualidade de vida. Ainda são encontradas dificuldades como a falta de políticas públicas, acessos inviáveis a localidades de atividade agrícola ativa, altos custos de investimentos iniciais, e dificuldade com a permanência do jovem na propriedade rural, em que muitos agricultores ainda não saberiam se seus filhos continuarão na atividade. Apesar de estar presente em todos os municípios do Vale do Taquari – que somam 36 unidades, a produção de leite é bastante concentrada. Em 2014, 11 desses municípios participaram com aproximadamente 60% da produção em toda região, em que o principal produtor é o município de Estrela, seguido de Teutônia e Arroio do Meio. O número de vacas ordenhadas na região é superior a 100 mil, o que equivale a 7% do rebanho leiteiro gaúcho. A atividade leiteira está representada por cada município do Vale do taquari, produção em litros de leites, número de vacas ordenhadas e sua produtividade. Conforme Tabela 1 abaixo. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
27
Tabela 1: Produção de leite, número de vacas ordenhadas e produtividade no Rio Grande do Sul e nos municípios do Vale do Taquari — 2014 UNIDADE TERRITORIAL
PRODUÇÃO
VACAS
PRODUTIVIDADE
(1.000 litros)
ORDENHADAS
(1.000 litros por vaca)
(em cabeças) Rio Grande do Sul
4.684.959
1.544.072
3,03
Vale do Taquari
371.009
107.435
3,00
Estrela
40.990
8.250
4,97
Teutônia
36.292
8.100
4,48
Arroio do Meio
26.300
8.000
3,29
Vespasiano Correia
21.000
4.500
4,67
Anta Gorda
20.230
6.750
3,00
Westfália
15.800
3.425
4,61
Putinga
14.445
4.700
3,07
Cruzeiro do Sul
13.700
4.500
3,04
Marques de Souza
11.500
3.600
3,19
Progresso
11.300
3.160
3,58
Travesseiro
10.360
2.700
3,84
Outros
149.092
49.750
3,00
Fonte: Rodrigo D. Feix (A aglomeração produtiva de laticínios do Vale do Taquari)
Como já foram mencionados, os municípios de Estrela, Teutônia e Arroio do Meio são os maiores produtores, no entanto, todos os outros municípios são muito importantes, independente da produção obtida, pois juntos se somam e ganham papel destaque como região em desenvolvimento pela produção leiteira. Esses resultados produtivos são reflexos do trabalho desenvolvido em toda cadeia produtiva, em que todas as propriedades rurais, empresas, órgãos e instituições envolvidas estão desenvolvendo um trabalho correto que está mostrando efeitos positivos. Outro indicador representativo é percebido no Quadro 1, abaixo representado, com um comparativo da produção da atividade leiteira com a produção de todo o Rio Grande do Sul. É perceptível que a atividade leiteira cresceu bastante entre os anos de 2011 a 2014, fazendo com que alcançasse o pico mais alto de produtividade.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
28
5000000 4500000 4000000 3500000 3000000 2500000 2000000 1500000 1000000 500000 0
Nº de vacas ordenhadas Vale do Taquari Nº de vacas ordenhadas RS Produção de leite Vale do Taquari (mil litros) Produção de leite RS (mil litros)
Quadro 1: Comparativo entre Vale do Taquari e Rio grande do Sul Fonte: Fundação de Economia e Estatística
Através da visualização do quadro é nítida a grande diferença entre a evolução do número de vacas ordenhadas no RS em comparação com a respectiva produção de leite. Nesse mesmo aspecto o Vale do Taquari apresentou resultados menos contrastantes, mas ainda obteve evolução nos índices.
CONSIDERAÇÕES FINAIS A atual produção de alimentos requer tecnologias que facilitem a mão de obra e que garantam a qualidade do produto, e a atividade leiteira é uma cultura do Vale do Taquari, pois a maioria das propriedades trabalha com essa atividade. Para tanto se deve projetar como será o cenário da produção daqui alguns anos, e como as propriedades rurais se modificarão, pois a atividade requer investimentos para se manter competitiva no mercado. É nítida a falta de incentivo à permanência do jovem no campo por parte do Governo, em subsidiar auxílio financeiro às propriedades e promoção de integração entre as partes envolvidas no processo produtivo. Além disso, estipular políticas públicas de auxílio aos produtores, para valorizar o que é produzido na região, sem que outros produtos sejam permitidos para importação e comercialização. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
29
O assunto trabalhado é bastante amplo, e poderia se aprofundar a outros tipos de dados que envolvam a economia do Vale do Taquari, para verificar se existem fatores que interferem diretamente na produção leiteira e nos dados apresentados neste artigo.
REFERÊNCIAS
BENCKE, Juliana. Produção leiteira do Vale cresce três vezes mais que a do RS. Disponível em: <http://informativo.com.br/agronegocio/producao-leiteira-do-valecresce-tres-vezes-mais-que-a-do-rs,32184.jhtml>. Acesso em: 03/06/2017. COREDE. O que são e como funcionam os COREDES - RS. Disponível em: < http://www.coredesul.org.br/Pagina/9/O-QUE-SAO-E-COMO-FUNCIONAM-OSCOREDES-%96RS >. Acesso em: 14/06/2017 FEE. Fundação de Economia e Estatística. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/>. Acesso em: 30/05/2017. FEIX, Rodrigo D. A aglomeração produtiva de laticínios do Vale do Taquari. Disponível em: <http://www.fee.rs.gov.br/wp-content/uploads/2016/11/20161109livroapls-a-aglomeraao-produtiva-de-laticnios-do-vale-do-taquari.pdf>. Acesso em: 30/05/2017.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
30
ADERE – ASSOCIAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO RURAL DE ESTRELA UM ESTUDO DE CASO DO ASSOCIATIVISMO RURAL Huberto Paulo Barth Leonardo Gräf Marcos Roberto Ghilardi Renato Kreimeier
RESUMO Este trabalho teve por objetivo descrever o cooperativismo – associativo, como uma forma eficaz de enfrentar as necessidades e potencializar os menos favorecidos com tecnologias capazes de inseri-los no processo produtivo, capacitando-os a produzir e a se desenvolver com dignidade. A pesquisa foi básica; do ponto de vista dos objetivos ela foi descritiva; nos procedimentos foi um estudo de caso; quanto à natureza ela foi quantitativa; foi uma pesquisa de campo, tendo como objeto de análise a ADERE – Associação para o Desenvolvimento Rural de Estrela, sendo ela a primeira APSAT – Associação de Prestação de Serviços e Assistência Técnica e, que transcorridos 46 anos continua ativa, cumprindo sua missão e visão, que é: levar tecnologia e capacitação ao produtor rural. Pesquisa realizada no primeiro semestre de 2017. Palavras-Chave: Associativismo. Cooperativismo. ADERE. APSAT. INTRODUÇÃO Nenhum organismo vive isolado na natureza. Todo ser vivo mantém, com os demais, relações de competição ou cooperação e são elas que, fundamentalmente, regulam ou levam ao equilíbrio. O associativismo cooperativista tem por fundamento o processo social da cooperação e do auxílio mútuo segundo o qual aqueles que se encontram na mesma situação desvantajosa de competição conseguem, pela soma de esforços, garantir a sobrevivência.
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle – Estrela. Alunos do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. Professor do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela, Engenheiro Agrônomo. renato.kreimeier@lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
31
Cooperativismo é a doutrina que preconiza a cooperação como forma de organização e ação econômicas, pela qual pessoas ou grupos que têm o mesmo interesse se associam, a fim de obter vantagens comuns em suas atividades econômicas. Como fato econômico, o cooperativismo atua no sentido de reduzir os custos de produção, obter melhores condições de prazo e preço, edificar instalações de uso comum, enfim, interferir no sistema em vigor à procura de alternativas a seus métodos e soluções (BARSA, 2002). O objetivo deste trabalho foi contextualizar o cooperativismo – associativismo, tendo, como objeto do estudo de caso, a ADERE – Associação para o Desenvolvimento Rural de Estrela; associação que nasceu da necessidade de mecanização de muitos trabalhos agrícolas que pudesse conduzir a uma humanização do local de trabalho e, através de uma utilização dirigida de capital e capacidade de trabalho, contribuir para um aumento da rentabilidade do empreendimento. Pois só a autoajuda organizada para uma mecanização supra empresarial abre esse caminho para a maioria dos pequenos produtores descapitalizados. FUNDAMENTAÇÂO TEÓRICA Nas sociedades capitalistas modernas, o estabelecimento de associações profissionais constitui um dos fenômenos mais importantes na distribuição de renda e nas lutas políticas. Na maior parte dos países, os cidadãos gozam do direito de associação. Define-se associação como a união organizada de pessoas ou grupos sociais em torno de um objetivo comum. Sua coesão depende de normas de procedimento reconhecidas e aceitas pelos indivíduos que participam dessa união. Na prática legislativa, as associações regulam-se por meio de um estatuto pelo qual se fixam seus princípios institucionais. Adquirem personalidade jurídica após o registro do estatuto e respectivo ato constitutivo no cartório designado por lei, e com a aprovação do governo. Classificam-se, de acordo com sua natureza, em associações religiosas, culturais, recreativas, destacando-se entre outras as ocupacionais e mercantis. As associações ocupacionais assumem características históricas diversas conforme o sistema de produção vigente. No sistema de produção mercantil simples
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
32
praticado pelo artesanato nas cidades medievais, todos os produtores dedicados a um mesmo ofício formavam a corporação artesanal. Essas corporações mantinham o monopólio do ofício, além de controlar a qualidade e o preço dos produtos e criar um sistema de ajuda mútua entre seus membros. Após esta fase, surgiram as corporações superiores e inferiores, correspondentes a desigualdade entre os mestres e diferentes ofícios. Com o advento do liberalismo econômico, a formação de associações enfrentou proibições até fins do século XIX que visavam à supressão das antigas regulamentações corporativas, em face da liberdade do trabalho e da indústria, do contrato e da propriedade individual. A lei de Chapelier, de 1791, e o Código Penal promulgado por Napoleão, na França, proibiam a formação de associações patronais e operárias, exemplo seguido por outros países como a Espanha e a Itália. A revolução operada na estrutura social pelo desenvolvimento do capitalismo industrial levou ao estabelecimento da fiscalização estatal nas relações de trabalho, permitindo-se a constituição de associações operárias e patronais. As legislações trabalhistas passaram a regulamentar as condições em que podiam operar as associações profissionais. No Brasil, a Consolidação das Leis do Trabalho, decretado em 1943, diz em seu artigo 511 que é licita a associação para fins de estudo, defesa e coordenação de interesses econômicos ou profissionais de todos os que, como empregadores, empregados, agentes ou trabalhadores autônomos, ou profissionais liberais, exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou profissões similares ou conexas. O reconhecimento legal das trade unions, em 1824, foi um passo decisivo para a introdução em todo o mundo das associações de trabalhadores e para a ruptura com as restrições imposta a seu funcionamento. Com o movimento dos pioneiros do cooperativismo, em 1831, um novo tipo de associação produtiva, entre trabalhadores, viria possibilitar o seu reagrupamento em comunidades profissionais, tal como outrora havia sido possível por meio das corporações de ofícios, mas em novas condições de liberdade antes inexistentes. A partir dos acordos iniciais, até aos cartéis e, depois, aos trustes, as organizações econômicas evoluíram rapidamente na direção de formas associativas cada Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
33
vez mais centralizadas, como resultado do processo de centralização e concentração que se operava, desde o século XIX, na economia dos países pioneiros da era capitalista. No Brasil, só depois da abertura econômica, figurada simbolicamente com a abertura dos portos, começaram a surgir as sociedades mercantis autorizadas a funcionar por atos do governo. As primeiras datam de 1808, como a Companhia de Seguros BoaFé (24 de fevereiro de 1808), com sede na Bahia; o Banco do Troco das Barras de Ouro (04 de agosto de 1808), com sede no Rio de Janeiro; e a Companhia de Seguros Conceito Público (24 de outubro de 1808), com sede na Bahia. Seguiram-se a Companhia de Seguros Marítimos Indenidade (05 de agosto de 1810, Rio de Janeiro) e a Fábrica de Pólvora (16 de fevereiro de 1816, Vila Rica, MG) (BARSA, 2002). O associativismo se constitui em alternativa necessária de viabilização das atividades econômicas, possibilitando aos trabalhadores e pequenos proprietários um caminho efetivo para participar do mercado em melhores condições de concorrência. Com a cooperação formal entre sócios afins, a produção e comercialização de bens e serviços podem ser muito mais rentáveis, tendo-se em vista que a meta é construir uma estrutura coletiva das quais todos são beneficiários. Os pequenos produtores, que normalmente apresentam as mesmas dificuldades para obter um bom desempenho econômico, têm na formação de associações um mecanismo que lhes garante melhor desempenho para competir no mercado. Transformar a participação individual e familiar em participação grupal e comunitária se apresenta como uma alavanca, um mecanismo que acrescenta capacidade produtiva e comercial a todos os associados, colocando-os em melhor situação para viabilizar suas atividades. A troca de experiências e a utilização de uma estrutura comum possibilitamlhes explorar o potencial de cada um e, consequentemente, conseguir maior retorno financeiro por seu trabalho. A união dos pequenos produtores em associações torna possível a aquisição de insumos e equipamentos com menores preços e melhores prazos de pagamento, como também o uso coletivo de tratores, colheitadeiras, caminhões para transporte, etc. Tais recursos, quando divididos entre vários associados, tornam-se acessíveis e o produtor certamente sai lucrando, pois reúne esforços em benefício comum, bem como o compartilhamento do custo da assistência técnica do agrônomo, do veterinário, de tecnologias e de capacitação profissional (MAPA, 2016). Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
34
Neste contexto, surge a ADERE. Segundo Fell (1994) a história deste projeto começou em 1970 com a vinda de um membro do Serviço de Voluntários Alemães – DED (Deutscher Entwicklungsdienst) – ao município de Estrela, RS. Inicialmente, na época, não se planejou a fundação de uma Associação de Máquinas; ela resultou mais da constatação de que na área de assistência técnica (objetivava-se a melhoria de produção de leite) não se poderia obter qualquer melhoria a não ser que se equipassem simultaneamente os agricultores com instrumentos de trabalho para que executassem a tempo as tarefas que surgiriam com as alterações nos sistemas de produção. Isso só seria possível mediante um uso intensivo e adequado da tecnologia agrícola moderna, o que em geral, estava fora do alcance individual das propriedades descapitalizadas. METODOLOGIA A presente pesquisa se classifica do ponto de vista da sua natureza básica, pois, busca o progresso da ciência e tem por objetivo adquirir conhecimentos. Do ponto de vista dos objetivos, foi descritiva, pois, visa observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os dados sem interferência, sem manipulação do pesquisador. Nos procedimentos técnicos, foi um estudo de caso, pois envolve um estudo profundo e exaustivo de um objeto de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Quanto à natureza do problema foi uma pesquisa qualitativa, pois as informações não são quantificáveis, os dados obtidos são analisados indutivamente, porque o qualitativo preocupa-se em analisar e interpretar os dados em seu conteúdo psicossocial. Considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. Foi uma pesquisa de campo, baseia-se na observação dos fatos tal qual como ocorrem na realidade, diretamente no local onde ocorrem os fenômenos. Utilizando-se de técnicas específicas, como observação direta, formulário e entrevistas. A coleta é efetuada onde ocorrem os fenômenos, sem a interferência do pesquisador. É utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos sobre um problema para o qual se busca uma resposta, ou de uma hipótese que se queira comprovar ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles (GIL, 2014).
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
35
Pesquisa realizada no primeiro semestre de 2017, na Disciplina Gestão de Redes e Cooperativas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES Com base nessa constatação, convenceu-se um número suficiente de agricultores da importância de uma cooperação mais direta, e da necessidade de uma união formalizada. Em um intensivo e minucioso trabalho, obteve-se em 29 de maio de 1971, a adesão de 18 agricultores interessados na fundação de uma APSAT (Associação de Prestação de Serviços e Assistência Técnica). Quanto ao modelo organizacional, a associação é de caráter cooperativista, sendo as decisões tomadas em assembleia geral. Os lucros não são distribuídos e sim reinvestidos para renovação do parque de máquinas (RODRIGUES, 1992). Sobre os estatutos dessas associações, Klingensteiner (1986, p. 161) “mostra um modelo de estatuto das APSATs no Rio Grande do Sul, que pode servir de referência para outras associações do mesmo caráter”. Em relação à origem do capital, da ADERE – primeira associação de mecanização do estado, os recursos iniciais foram de natureza diversa. Os primeiros sócios contaram com ajuda da Prefeitura Municipal de Estrela, do Sindicato dos Trabalhadores de Estrela e, principalmente, do apoio financeiro no valor de DM$180.000, do Ministério da Cooperação Econômica do Governo Alemão – BNZ (Bundesministerium für Wirtschaftliche Zusammenarbeit). Com a aquisição de novas máquinas, outros produtores passaram a se interessar pela associação, sem que esta fizesse uma campanha especial. Naquela época, em apenas um ano de atividade, a associação passou de 18 para 60 membros, segundo Klingensteiner (1986). Partindo da experiência pioneira da ADERE, a própria Secretaria de Estado da Agricultura passou a se interessar e incentivar a criação de outras associações de mecanização através de um programa de apoio e fomento, com o auxílio financeiro da GTZ (Deutsche Gesellschaft für Technische Zusammenarbeit – GmbH). A Secretaria de Agricultura foi, portanto, um agente motivador e a GTZ o órgão financiador no início.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
36
Posteriormente a EMATER assumiu o papel desempenhado pela Secretaria da Agricultura (KLINGENSTEINER, 1986, p. 63). Em 1990 foi realizado o 8º Congresso Internacional de Mecanização Agrícola e Ajuda Mútua – INTER MR 90, com sedes em Porto Alegre e Estrela, pois, há aproximadamente 20 anos, baseado nos princípios dos MRs, foi criada em Estrela a ADERE – Associação para o Desenvolvimento de Estrela que, preocupada com os agricultores locais, viabilizou a mecanização racional das pequenas propriedades rurais, além de proporcionar inúmeros benefícios a seus associados. A experiência de Estrela obteve amplo sucesso e serviu de incentivo a outras comunidades, despertando interesse junto a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado que, tomando por modelo o programa da Associação, instituiu mais tarde, no ano de 1974; o Programa de Apoio à Formação de Associações de Prestação de Serviços e Assistência Técnica, conhecido como Programa APSAT. Foram formadas dezenas de APSATs no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e, apesar da falta de financiamento e técnicos capacitados na área rural, muito foi realizado na preparação de solos, tratos culturais e colheitas. Em 1992 a Associação contava com192 associados e, em 1994 atingiu 214. Passados 46 anos de atividade, a ADERE, se transformou se reinventou; buscou se adequar a uma nova realidade, onde as necessidades dos associados e produtores rurais exigiram profundas mudanças, tanto na governança como na necessidade de se manter viável, frente à nova realidade que se descortina, em parte, que ela mesma criou, que foi a capacidade dos associados e produtores rurais adquirirem suas próprias máquinas. Com a capitalização e o desenvolvimento proporcionado pela Associação e, ainda as políticas públicas, propiciaram aos associados e produtores rurais financiar os equipamentos necessários as suas atividades, forçando uma readequação na filosofia da associação; que passou a arrendar áreas de terras, realizando cultivos, passando ela a explorar a atividade agrícola. Atualmente, conta com 95 associados que ocupam 50% do parque de máquinas, os outros 50% ociosos, são absorvidos na exploração agrícola e ainda, uma pequena parcela, na prestação de serviços para não associados. Uma organização de autoajuda não deve ser dependente de subvenções ou doações. Rendimentos provenientes de contribuições devem ser tratados em todas as Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
37
circunstâncias como casos especiais. As associações de máquinas financiam-se essencialmente através das seguintes fontes: taxa de inscrição, mensalidades (anuidades), créditos, rendas provenientes da prestação de serviços e da venda das máquinas (KLINGENSTEINER,1986, p.63). Segundo, o relatório anual de 2016, o total de horas trabalhadas em 2016 foram 1.500 horas que corresponde a 47,72% da receita e os 52,28% restantes, advieram da exploração agrícola. O parque de máquinas, localizado na rodovia RS 129, em Arroio do Ouro, Estrela, em uma estrutura com galpões, estacionamento e oficina conta com cinco tratores na faixa de 75 a 85 cv e uma colheitadeira e diversos equipamentos para preparo de solo, plantadeiras, pulverizadores, e equipamentos para fenação e silagem, entre outros.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Transcorridos 46 anos, olha-se com satisfação que a visão e a missão do projeto foi largamente alcançado. Porém, as necessidades, assim como os avanços tecnológicos e os anseios mudam, também a ADERE, deverá continuar a evoluir, buscando formas de se adequar a cada nova realidade que se apresentar. Fator primordial para a longevidade deste empreendimento com certeza é a transparência. A ADERE tem um longo caminho ainda a percorrer, talvez tenha que sacrificar um pouco a filosofia de sua constituição, para poder se adequar a realidade das situações e façam com que ela não perca sua missão, que é levar tecnologia para os produtores menos capitalizados e exercer o mais sagrado dos princípios, que é a inserção social do produtor rural que está à margem do acesso à tecnologia por falta de capital ou crédito. Sugere-se que ao completar seu jubileu de ouro em 2021, seja realizado um trabalho sobre este projeto pioneiro, embrião das APSATs. REFERÊNCIAS BARSA – Nova Enciclopédia Barsa. Associação. 6. ed. v. 2. p. 132. São Paulo: Barsa Planeta Internacional, 2002. BARSA – Nova Enciclopédia Barsa. Cooperativismo. 6. ed. v. 4. p. 399. São Paulo: Barsa Planeta Internacional, 2002. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
38
FELL, Cristiana. A mecanização agrícola associativa – o caso da ADERE (Estrela – RS). Monografia (Bacharel em Ciências Econômicas) Graduação em Ciências Econômicas. Lajeado: FACEAT – FATES, 1994. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. 6. reimpr. São Paulo: Atlas, 2014. KLINGENSTEINER, Peter. Utilização supra empresarial de máquinas e equipamentos agrícolas no sul do Brasil. Tradução Maria Dolores Gonçalves. Rossdorf: TZ – Verlangsgesellschaft, 1986. MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Associativismo Rural. Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/cooperativismoassociativismo/associativismo-rural>. Acesso em: 29 de maio de 2017. RODRIGUES, Luciene. Mecanização associativa: alternativa para pequenas propriedades? (o caso da ADERE em Estrela – Rs). Tese (Mestrado em Economia Rural) – Pós-Graduação em Economia Rural. Porto Alegre: IEPE – UFRGS, 1992.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
39
AGROQUALIDADE: QUALIDADE TOTAL NA AGROPECUÁRIA Huberto Paulo Barth Carlos Henrique Dullius
RESUMO O presente trabalho teve por objetivo trazer um novo enfoque para a atividade rural. A implantação de uma filosofia de qualidade total levará a propriedade a patamares maiores e melhores na produção, em seus processos e seus produtos, assim como, sua relação com o mercado e consumidores. A pesquisa quanto à natureza foi básica; quanto ao objetivo foi exploratória; nos procedimentos foi uma pesquisa bibliográfica; na abordagem foi uma pesquisa qualitativa; pesquisa em laboratório da Disciplina Certificações de Produtos Agropecuários. O novo paradigma do produtor/ administrador rural não é mais buscar máxima produção a qualquer custo, mas buscar a máxima relação custo/ benefício nas atividades desenvolvidas. Focar nos custos de produção; análise dos resultados; acesso e análise das informações; agroqualidade que é menos desperdício, maior eficiência; contemporaneidade, que se traduz no mundo que nos cerca e o reflexo em nosso meio; políticas governamentais, determinando em que cenário teremos que trabalhar; meio ambiente, as premissas e reflexos. É a filosofia rural sob uma nova abordagem. Palavras-Chave: Qualidade total. ISO. Produto. Consumidor. Sustentabilidade. Filosofia. INTRODUÇÃO Para chegar ao conceito atual de Qualidade Total, várias etapas de desenvolvimento aconteceram, o que levou a vários tipos e formas diferentes de conceituação deste conteúdo. A adoção dos princípios de Qualidade Total por diferentes
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle – Estrela. Aluno do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. hpb1959@gmail.com Professor do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. Doutor em Microbiologia. dlliuscarlos@gmail.com
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
40
tipos de negócios ao redor do mundo, em realidades bastante diferentes, e de forma independente, também foi fator causador de confusão para a obtenção de definições precisas e unificadas para aqueles que desejassem ingressar nesta nova era de produtividade e crescimento das empresas. Também por ser algo pouco tangível; qualidade é ideia, é princípio, e não insumo ou produto que podemos tocar e sentir com nossas mãos; a Qualidade Total propiciou que diferentes profissionais, de diferentes áreas,
com
diferentes
formações,
propusessem
diferentes
conceitos
para
a
implementação de sistemas de qualidade. Foi justamente devido a essa série de fatores que foi criada uma NORMA, a ISO 8402, com a finalidade de esclarecer e padronizar os termos utilizados na aplicação de Qualidade de abrangência Universal; diferentes regiões e diferentes tipos de negócios. As normas ISO que hoje conhecemos; 9000, 9001, 9002, 14000, 14001, 22000, ...; são desdobramentos desta norma básica de acordo com o tipo de empresa ou parte da empresa a ser certificada; o produto, os serviços de atendimento prestados, se a empresa está adaptada às normas de preservação do meio ambiente, entre outras. Há não mais do que 60 anos atrás, existia uma série de incompatibilidades entre padrões de produção de indústrias das mais diversas regiões do mundo. Assim, porcas produzidas em uma região não serviam para os parafusos fabricados em outras; lâmpadas de um país não se adaptavam aos lustres de outro; pneus fabricados em um continente não podiam rodar em carros fabricados do outro lado do oceano. Esse fato levava a um engessamento de mercado para as indústrias que encontravam sérios problemas ao buscar novos consumidores, em novas regiões do planeta e, até mesmo, de outras regiões dentro de seus próprios países. Cientes e preocupados com esse problema, no ano de 1946, logo após o término da Segunda Guerra Mundial, representantes de 25 países reuniram-se na Inglaterra, em Londres, e decidiram criar uma organização internacional para coordenar e unificar os padrões de fabricação, produção e desenvolvimento de produtos e serviços. A partir dessa série de decisões e diretrizes foi criada a International Organization for Standardization (ISO – Organização Internacional para Padronização), uma confederação das entidades de normatização internacionais, que passou a existir oficialmente a partir de 1947, com sede em Genebra, na Suíça. A ISO tem como proposito fundamental promover o desenvolvimento da normatização e atividades correlatas visando, com isso, facilitar as Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
41
trocas locais e internacionais de bens e serviços e desenvolver a cooperação intelectual, científica, tecnológica e das atividades econômicas. A ISO possui atualmente 130 países membros em todos os continentes e, no Brasil, é representada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Como estão intimamente ligadas aos conceitos fundamentais de Qualidade Total, as normas ISO incentivam que o consumidor seja sempre parte ativa no processo de desenvolvimento e evolução de uma empresa. Desta forma, este trabalho teve por objetivo contextualizar a Qualidade Total e de que forma ela deverá estar presente nos empreendimentos rurais e como a cadeia do agronegócio, do produtor ao consumidor tem a percepção de sua presença. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A evolução do que hoje se entende como Qualidade Total começou a surgir desde os primórdios da Revolução Industrial; Inglaterra – século XVIII. Mas foi somente a partir de 1920, logo após a Primeira Guerra Mundial, que esses conceitos começaram a ser realmente aplicados com a finalidade de impedir que produtos defeituosos chegassem às mãos dos clientes. Isso se deu, principalmente, devido ao início da abertura de novos mercados e produção em massa de produtos. Mas, nessa fase, ainda não se impedia de que produtos defeituosos fossem fabricados, mas sim, buscava-se impedir que esses produtos chegassem às mãos dos clientes. Nesta fase o controle de qualidade estava concentrado na expedição. Após o término da Segunda Guerra Mundial, a indústria aeronáutica passou a implantar os conceitos de qualidade nos processos de produção, procurando fazer com que produtos defeituosos não fossem mais gerados e fabricados. Esses conceitos evoluíram então para o que hoje conhecemos por Garantia de Qualidade oferecida pelas empresas e seus produtos. Ou seja, não mais se media se o produto tinha qualidade após ter sido produzido, mas sim, especialmente, durante todo o seu processo de produção. Nessa fase, podemos notar claramente, que os controles de qualidade começaram a deslocar-se da expedição das empresas para dentro dos processos de fabricação dos produtos.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
42
A partir de 1960, o mercado mundial começou novamente a mudar de forma significativa, pois os mercados começaram a saturar e os clientes, pelo excesso de oferta, criaram uma cultura de exigência sobre os produtos consumidos; altas tecnologias começaram a ser utilizadas nos processos produtivos; barreiras internacionais alfandegárias foram drasticamente reduzidas; a competição internacional se intensifica de forma nunca vista na história da humanidade. O cliente, pela primeira vez, desde que o primeiro vaso de barro foi comercializado entre os rios Tigre e Eufrates, há milhares de anos atrás, dá-se conta que ele é a peça mais importante e poderosa do chamado Mercado. Nesse novo cenário, portanto, somente seriam bem-sucedidas as empresas que pudessem oferecer produtos diferenciados a preços competitivos, ou seja, oferecer produtos que agradam ao consumidor; é um produto que satisfaz e até supera as expectativas deste cliente; preços competitivos obtidos por empresas que tem seu processo de produção eficiente e livre de falhas, sistemas de qualidade que possibilitam e que são indispensáveis para atingir esses objetivos. Nos dias de hoje, os conceitos de Qualidade Total estão plenamente arraigados às grandes empresas de todo o mundo, principalmente às multinacionais, pois estas precisam atingir vários mercados diferentes, com diversas características. A grande mudança na virada do século é que médias e pequenas empresas passaram também a utilizar esses conceitos como parte fundamental da administração do dia-a-dia dos seus negócios. As próprias pessoas como entidades independentes passaram a utilizar esses princípios, pois qualidade é sempre sinônimo de melhores resultados e, principalmente, possibilidade de crescimento. METODOLOGIA Conforme o objetivo, esta pesquisa quanto à natureza foi básica, busca o progresso da ciência e tem por objetivo adquirir conhecimento científico. Nos objetivos foi uma pesquisa exploratória, desenvolvendo-se com o objetivo de proporcionar uma visão geral, de tipo aproximativo, a cerca de determinado fato. Nos procedimentos foi bibliográfica, fundamentam-se em fontes como livros, teses e outros documentos bibliográficos. Na abordagem ela foi qualitativa, é uma pesquisa cujas informações não
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
43
são quantificáveis, os dados obtidos são analisados indutivamente; a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicos no processo de pesquisa quantitativa (GIL, 2006). Pesquisa realizada no segundo semestre de 2017.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Primeiramente o conceito de qualidade foi associado à conformidade às especificações. Posteriormente o conceito evoluiu para a visão de satisfação do cliente. Obviamente a satisfação do cliente não é resultado apenas e tão somente do grau de conformidade com as especificações técnicas, mas também com de fatores como qualidades sensoriais, prazo de entrega, condições de pagamento, atendimento pré e pós-venda, flexibilidade, entre outras. Paralelamente a esta evolução do conceito de qualidade, surgiu à visão de que o mesmo era fundamental no posicionamento estratégico da empresa perante o mercado. Pouco tempo depois se percebeu que o planejamento estratégico da empresa enfatizando a qualidade não era suficiente para seu sucesso. O conceito de satisfação do cliente foi estendido para outras entidades envolvidas com as atividades da empresa. O termo Qualidade Total representa a busca da satisfação, não só do cliente, mas de todos os stakholders e também da excelência organizacional da empresa (ANTUNES, 1999). Considerando, a qualidade total como o estado ótimo de eficiência e eficácia na ação de todos os elementos que constituem a existência da empresa, tem a necessidade de modelarmos sua organização e o contexto na qual ela existe. Ao resultado desse processo de modelagem damos o nome de modelo referencial para gestão de qualidade. Os princípios da qualidade total que norteiam a gestão são; total satisfação do cliente; desenvolvimento de recursos humanos; constância de propósitos; gerência participativa; aperfeiçoamento contínuo; garantia da qualidade; delegação; não aceitação de erros; gerência de processos e disseminação das informações (INFOBIBOS, 2017). A gestão de uma organização seja de uma manufatura, com ou sem fins lucrativos, do governo, social ou de família trata de duas coisas; as transações e os relacionamentos. A gestão de qualidade total (GQT) significa criar, intencionalmente, uma cultura organizacional em que todas as transações são perfeitamente entendidas e corretamente realizadas e onde os relacionamentos entre funcionários, fornecedores e Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
44
clientes são bem-sucedidos. Sob um ponto de vista mais amplo, a GQT não é apenas uma coleção de atividades, procedimentos e eventos. É baseada em uma política inabalável que requer o cumprimento de acordos com requisitos claros para as transações, educação e treinamentos contínuos, atenção aos relacionamentos e envolvimento da gerência nas operações, seguindo a filosofia da melhora contínua. Embora a qualidade sempre tenha sido adotada por uma questão de sobrevivência (Segunda Guerra Mundial, Japão do pós-guerra, Ocidente perdendo mercado para os produtores japoneses, entre outras) seus princípios e técnicas promovem melhorias tais que, atualmente, as empresas de maior sucesso, são aquelas que adotam as ferramentas de gestão de qualidade. A GQT é uma abordagem abrangente que visa melhorar a competividade, a eficácia e a flexibilidade de uma organização por meio de planejamento, organização e compreensão de cada atividade, envolvendo cada indivíduo em cada nível. É útil em todas as organizações. Em plena revolução da qualidade e da organização das empresas, não se verifica ainda uma política intensiva dos conceitos de qualidade total, principalmente nas empresas de pequeno e médio porte, normalmente por desinformação e não entendimento da linguagem técnica a respeito da qualidade total. Sobreviver em um mercado cada vez mais disputado representa o grande desafio das pessoas e das empresas nos dias de hoje. Todos nós sabemos que vai sobreviver somente o melhor. Face as constantes mudanças no cenário, mais do que nunca, é necessário que mudemos algum paradigma com absorção de novos conceitos em termos de gestão de nossos negócios. Acredita-se que a prática intensiva de conceitos de qualidade nas atividades do dia-a-dia, somará pontos a sobrevivência e crescimento dos negócios. A qualidade total é uma filosofia de gestão baseada na satisfação dos clientes internos e externos envolvidos na empresa, ou seja, é um meio para atingir os objetivos e resultados desejados, e como tal, faz uso de um conjunto de técnicas e ferramentas integradas ao modelo de gestão. Algumas dessas ferramentas que são imprescindíveis para a gestão de qualidade: os “5’S”, não é apenas um programa, mas uma filosofia de vida, com o objetivo de tornar o ambiente de trabalho mais agradável e seguro, mediante treinamento e conscientização os colaboradores são incentivados a implementar as ações de melhoria para cada um dos princípios do 5’S; O ciclo “PDCA” que é um método simples para Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
45
organizar e sequenciar a busca por soluções de problemas e melhoria nos processos e dentro desta filosofia adota-se a ferramenta dos “5’M”; os Fluxogramas, como FAP – Fluxograma de Análise de Processo, que permite visualizar e compreender melhor os processos de trabalho em execução, as diversas atividades das fases operacionais, a interligação com outros processos e todos os documentos envolvidos; Fluxograma Funcional retrata o movimento entre as diferentes áreas de trabalho; o Fluxocronograma apresenta além do fluxograma padrão, a indicação do tempo de processamento de cada atividade e do tempo de ciclo para cada atividade; o Fluxograma Geográfico ou superposto ao layout físico analisa o fluxo físico das atividades. Ele ajuda o tempo desperdiçado entre trabalho realizado e os recursos envolvidos dentro das atividades. A partir deste estágio, inicia-se o processo de implantação das normas ISO, que é o reconhecimento das condutas adotadas pela empresa, na produção dos produtos dentro das normas de padronização e parametrização aceitas pelo mercado mundial, pelo consumidor. A certificação é um conjunto de normas e medidas adotadas, visando desvendar o código genético da empresa e seus produtos através do seu mapeamento, ou seja, é a exposição do “DNA” da empresa e/ou produto de modo a mostrar ao consumidor toda a cadeia produtiva, processo, logística, distribuição, gôndola; farm to fork, da produção ao consumidor. Dentro do conceito de qualidade ainda existem características que agregam valor aos produtos e/ou processos. Em o que é Indicação Geográfica, o Ministério da Agricultura classifica como produto ou característica do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de se distinguir em relação aos similares (BRASIL, 2017), e ainda, para o INPI (2017), indicação Geográfica é usada para identificar a origem de produtos ou serviços quando o local tenha se tornado conhecido ou quando determinada característica ou qualidade do produto ou serviço se deve a sua origem. Para Freitas (2008) é de fundamental importância às qualidades sensoriais dos produtos. As percepções das características organolépticas pelo consumidor são valores intangíveis e são fundamentais na fixação do produto no mercado consumidor. A vida de um produto é decorrência principalmente destes
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
46
fatores, porém a percepção ou não ao risco da saúde também é perceptível aos consumidores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Qualidade é um conceito não um insumo e como tal, ele é perceptível ou não, através dos sentidos ou através das fobias (medos, riscos). Quanto a alimento, a primeira noção (visão) de qualidade são suas características organolépticas; a percepção de risco ou não são muito mais subjetivas e diferem de pessoa para pessoa. Desta forma foi necessário desenvolver normas e regras para normatizar e padronizar os produtos. Portanto, o propósito da ISO é desenvolver e promover normas e padrões mundiais que traduzam o consenso dos diferentes países do mundo de forma a facilitar o comércio internacional visando à saúde. A congruência de metas e o esforço em alcança-las em relação aos colaboradores devem estar ligados a um sistema de recompensa. A escolha da recompensa pertence claramente a um sistema geral de controle gerencial, podendo ser monetárias ou não monetárias. Os exemplos incluem aumento de salário, bônus, promoção, elogio, autossatisfação, entre outros. O novo paradigma do produtor/ administrador rural não é mais buscar máxima produção a qualquer custo, mas buscar a máxima relação custo/ benefício nas atividades desenvolvidas. Focar nos custos de produção; análise dos resultados; acesso e análise das informações; agroqualidade que é menos desperdício, maior eficiência; contemporaneidade que se traduz no mundo que nos cerca e o reflexo em nosso meio; políticas governamentais, determinando em que cenário teremos que trabalhar; meio ambiente, as premissas e reflexos. O produtor/ administrador rural deve buscar os seguintes objetivos, pois, produtividade pura não é mais a palavra-chave: economicidade, poupar, investir unicamente no necessário e em que estiver dando retorno; lucratividade, focar nos produtos e bens que estão dando retorno financeiro; tirar da terra sua capacidade produtiva; entender sua atividade em consonância com o conceito de sustentabilidade; Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
47
perenizar seu negócio, sucessão familiar começa no berço; usar de meios modernos e atuais na defesa dos interesses, onde a política é ferramenta essencial. O rastreamento e a certificação são meios pelos quais as propriedades rurais alcançam a qualificação para a qualidade total na agropecuária. É a filosofia rural sob uma nova abordagem. REFERÊNCIAS
ANTUNES, Luciano Medici. ENGEL, Arno. Agroqualidade: qualidade total na agropecuária. 2. ed. Guaíba: Agropecuária, 1999. BRASIL. MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O que é Indicação Geográfica (IG). Disponível em: <http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sustentabilidade/indicacao-geografica/o-que-eindicacao-geografica-ig>. Acesso em: 15 de julho de 2017. FREITAS, Mônica Queiroz de. Análise sensorial de alimentos. Departamento de Tecnologia dos Alimentos. Faculdade de Veterinária. Universidade Federal Fluminense – UFF. Niterói – RJ. São Vicente: III SIMCOPE, 2008. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2006. INFOBIBOS. Organização de Eventos Científicos, Cursos e Treinamentos. Aula 06: Certificação Orgânica. Disponível em: <http://www.infobibos.com>. Acesso em 15 de julho de 2017. INPI – Instituto Nacional da Propriedade Industrial. MICES - Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Guia Básico de Indicação Geográfica. Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-servicos/indicacao-geografica/guia-basico-de-indicacaogeografica>. Acesso em: 15 de julho de 2017.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
48
ALUNO, O CENTRO DO PROCESSO EDUCATIVO LASSALISTA Ades Maria Sanchez y Vaca Josiane Bitelo Kerbes Marcos Antonio dos Santos Wenderson Pinto Farias Gilca Maria Lucena Kortmann RESUMO
As representações sociais sobre as crianças, bem como as suas condições de existência, vêm sofrendo transformações significativas em função das mudanças que ocorrem no quotidiano: nas escolas, nos espaços públicos em geral. Por isso, nosso interesse no tema: a criança/aluno, centro do processo educativo lassalista. Tivemos como objetivo para este trabalho: identificar as marcas características da criança/aluno considerada como centro do processo educativo lassalista. O procedimento metodológico se deu pela revisão bibliográfica atendendo o estudo das bases teóricas que fundamentam o tema e as considerações finais sobre os resultados obtidos das análises teóricas realizadas. E ao finalizar este breve texto observamos que a criança/aluno lassalista deve ser orientado a resolver problemas, aguçar sua curiosidade, desenvolver seu espírito crítico, potencializar seu senso de solidariedade. Palavras-Chave: Criança/aluno. Educação Lassalista. Centralidade.
INTRODUÇÃO
No século XXI surge um fenômeno social interativo que revela o quanto a cultura marca e molda as etapas de desenvolvimento de uma criança. Isto nos convida a
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle – Estrela. Aluna do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais (Mestrado) – Universidade La Salle. Email: adessabchez@gmail.com Aluna do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais (Mestrado) – Universidade La Salle. Email: josibk@gmail.com Aluno do Curso de Psicologia – Universidade La Salle. Email: marcos.santos@lasalle.org.br Aluno do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais (Mestrado) – Universidade La Salle. Email: wendersonpf2011@hotmail.com Professora do Programa de Pós-Graduação em Memória Social e Bens Culturais – Universidade La Salle. Email: gilca.kortmann@lasalle.edu.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
49
refletir sobre este ser social a partir de seu próprio aspecto identitário, pelos seus saberes, com o esforço de aproximar nossas percepções para entendermos a criança produtora de conhecimento através do brincar, do falar, do agir. Esta reflexão se constitui a partir do novo paradigma que está posto pela sociologia da infância: de pensarmos a criança como integrante de uma família e, ao mesmo tempo, é separado desta, pois possui seus próprios interesses que nem sempre coincidem com os dos pais ou de outros adultos. Logo percebemos que elas possuem um lugar reconhecido e independente na sociedade, com seus próprios direitos, sendo consideradas como um grupo social. Assim, entendemos e reconhecemos a criança/aluno lassalista nos dias de hoje. O interesse pelo tema surge, pois alguns dos autores deste texto são professores da Rede La Salle, como também alunos de graduação e pós-graduação ligados à Universidade La Salle - Canoas. E, principalmente, somos interessados pelo fenômeno característicos da criança/aluno lassalista. Sob essa perspectiva, então, organizamos este trabalho em torno das seguintes questões: quem são as crianças/alunos lassalistas hoje? A bibliografia consultada por nós pesquisadores confirmam as marcas características da criança/lassalista observadas no cotidiano das comunidades educativas? Diante de tais perguntas, estabelecemos o seguinte objetivo: identificar as marcas características da criança/aluno considerada como centro do processo educativo lassalista. Para responder às questões e atingir os objetivos propostos, serão expostas, ainda que brevemente, as contribuições teóricas advindas de Bowlby (1998), Sarmento (2002; 2003) e Dahlberg (2003). Torna-se relevante registrar que, embora haja uma série de outras contribuições acerca da criança/aluno lassalista nos dias de hoje, optamos por trazer apenas alguns princípios que consideramos mais significativos para o estudo aqui realizado. Para o desenvolvimento do trabalho, adotamos os seguintes procedimentos: estudo das bases teóricas que fundamentam o tema e considerações finais sobre os resultados obtidos das análises teóricas realizadas. O trabalho, seguindo esses procedimentos teórico-metodológicos, compõe-se, então, por quatro seções: na primeira, apresentamos a metodologia; na segunda, as bases teóricas, no que se refere ao tema deste trabalho; na terceira, os resultados e discussões
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
50
sobre nossa pesquisa bibliográfica; na quarta, fazemos algumas breves considerações finais. Bastante pertinente é acrescentar que não somente acreditamos, como defendemos a importância de se manter vivo o “diálogo acadêmico”. De tal modo, esperamos conseguir, ao final deste trabalho, colocar as nossas contribuições a serviço da sociedade, trazendo informações teóricas relevantes em relação à criança/aluno lassalista nos dias de hoje, de forma a proporcionar e a facilitar o processo de construção de conhecimento no contexto educacional.
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento do trabalho, adotamos os seguintes procedimentos teórico-metodológicos: estudo das bases teóricas que fundamentam o tema e considerações finais sobre os resultados obtidos das análises teóricas realizadas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A consideração de pensarmos no aluno/criança como ator social implica o reconhecimento da capacidade de produção simbólica por parte da criança e a constituição das suas manifestações, representações e crenças em sistemas organizados, isto é, em culturas. A cultura da criança/aluno é sempre contextualizada em relação ao tempo e ao espaço, mudando segundo a classe e outras condições socioeconômicas; sendo assim, não existe uma infância universal, mas sim muitas infâncias e muitas crianças. Observamos que a criança/aluno está cada vez mais viva na voz das crianças que estão nas casas, nas ruas, nas salas de aula, falando dos seus sentimentos, das suas alegrias, das suas tristezas, reivindicando mais do que nunca seus direitos com sua maneira específica de falar de si mesmas. Sabemos que as infâncias não acontecem da mesma forma para todas as crianças e as histórias se diversificam a cada experiência, mesmo assim, todas as crianças passam por etapas marcadas do desenvolvimento evolutivo, porém, as marcas culturais serão decisivas.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
51
Se antes tínhamos o conceito de criança como um ser puramente biológico, hoje concebemos infâncias nas crianças, como algo moldado por forças sociais, culturais, econômicas e religiosas. A mídia e o sistema de aceleração social desalojam os pais de mantenedores do lar e coloca-os no lugar de mediadores das aprendizagens de seus filhos. O mundo da criança/aluno que emerge nesse momento, nos traz a participação da criança no mundo econômico, pelo incremento do trabalho infantil em diversos países, e também com o uso do marketing, com a utilização das crianças na promoção de produtos de moda ou em publicidade, e ainda pelo lado do consumo, como segmento específico, extenso, importante para um mercado de produtos para crianças. Na perspectiva de Sarmento, culturas da infância não se reduzem a elementos da linguagem; antes integram elementos materiais, ritos, artefatos, disposições cerimoniais e também normas e valores. O autor traz uma discussão particular para a abordagem do tema ao afirmar que, para se estudar as culturas da infância, é preciso interpretar a sua autonomia em relação aos adultos, pois considera que: [...] seria desajustado compreender as culturas da infância desligadas das interações com o mundo dos adultos, essas culturas transportam as marcas dos tempos, exprimem a sociedade e suas contradições, nos seus estratos e na sua complexidade [...] realizam-se frequentemente por oposição e numa atitude de contraponto crítico ao projeto educacional (SARMENTO, 2003, p. 55). Essa ideia desconstrói uma análise das imagens mitificadas e estereotipadas sobre as crianças, nas práticas sociais e nas maneiras de se olhar e educar uma criança hoje. Nesse contexto, apoiamo-nos nas pesquisas de Sarmento (2002, p. 268), fundamentos para compreender essa representação sobre os panoramas da infância e seus atravessamentos nas encruzilhadas do que ele chama de “mudanças da segunda modernidade”. Desta forma, ele mostra como as crianças possuem capacidade de construir formas sistematizadas, de significar o mundo através de uma ação intencional que difere da forma do adulto significar e agir. Assim, as transformações que já despontam no século XXI repercutem com grande intensidade nos valores da sociedade e da escola, os quais promovem modificações no âmbito das instituições escolares, cobrando a elas serem
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
52
compreendidas e descritas como redes em interação, para dar conta das exigências de nosso alunado. Fala-se, então, de alunos que acompanham o avanço tecnológico, da revolução da informação dos meios de comunicação, da era digital, assim como do progresso da ciência, da medicina, da genética. Como cita Dahlberg: As crianças são atores sociais, participando da construção determinando suas próprias vidas, mas também a vida daqueles que as cercam e das sociedades em que vivem, contribuindo para a aprendizagem como agentes que a constroem sobre o conhecimento experimental. Em resumo, elas têm atividade e função (DAHLBERG, 2003, p. 71). Então, precisamos estudar a criança/aluno como seres sociais e não como seres futuros ou adultos em miniatura, pois as marcas da diversidade atravessam as crianças. As transformações econômicas, sociais e culturais bem como a construção social da infância mudam de forma veloz. Se antes tínhamos o conceito de infância como um ser puramente biológico, hoje concebemos infâncias como algo moldado por forças sociais, culturais, econômicas e religiosas. Essas rupturas incidem no estatuto social da infância e nos modos diversos e plurais das condições atuais de vida da criança/aluno. O lugar social da infância passa a ser outro. Portanto, isso nos traz ideias de representações sociais sobre a criança/aluno, bem como as suas condições de existência, que vêm sofrendo transformações significativas em função das mudanças que ocorrem no quotidiano das vidas familiares, nas escolas, nos espaços públicos em geral.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Ao iniciarmos uma compreensão maior sobre o centro da temática a que nos propusemos que é o entendimento da criança/aluno como centro do processo educativo lassalista, temos que lembrar que muitas crianças através das suas articulações, constituições estão marcadas através dos espaços educacionais e sociológicos da infância.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
53
Essas marcas advêm de uma perspectiva paradigmática, que considera a categoria social infância como suscetível de ser analisada em si mesma, que interpreta as crianças/alunos como atores sociais de pleno direito e que interpreta os mundos de vida das crianças nas múltiplas interações simbólicas que as crianças estabelecem entre si e com adultos. A escola tem como papel prioritário não só mediar o saber científico, mas também influir em todos os aspectos relativos aos processos de socialização e individuação da criança, como no desenvolvimento das relações afetivas, na habilidade de participar em situações sociais, na aquisição de destrezas relacionadas com a competência comunicativa, no desenvolvimento da identidade sexual, das condutas prósociais e da própria identidade pessoal. Bowlby (1998, p. 166) alerta que entre os muitos comportamentos que a criança aprende, todos culturalmente determinados, está o de responder com medo a uma gama de situações e estímulos que podem ser considerados. Em decorrência disso, crianças e jovens adolescentes acabam sendo expostos e têm de aprender a enfrentar seus medos, avaliando com o tempo o perigo real e respondendo de modo apropriado. O mesmo autor reitera que aprendemos através da experiência direta e indireta, observando como os outros se comportam e analisando as consequências desses comportamentos. A escola possibilita uma experiência importantíssima com as diversidades culturais. Até entrar na escola, a criança é reconhecida socialmente a partir do seu pertencimento a uma família. Quando uma criança começa a frequentar a escola, a situação se inverte, pois, quando seus pais vão à escola eles são apresentados como os pais da criança. Cada vez mais cedo as crianças saem do espaço de suas famílias para conviverem em outros espaços culturais como o berçário, a creche, as instituições em geral. Observa-se que seus comportamentos se tornam influenciados por estas redes de comunicações distintas que acabam modificando suas formas de ser. Hengemüle (2007, p. 159) lembra que tomar o aluno como centro do processo educativo, para La Salle, “significa conhecê-lo o melhor possível, para, com isso, poder proceder com ele adequadamente, isto é, atendê-lo de forma diferenciada, adaptada e personalizada”. Não é sem razão que a centralidade se torna um elemento relevante da escola lassalista. Como afirma Hengemüle, “nela, o ponto de partida, o centro, e o Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
54
ponto de chegada não são os programas ou outros fatores externos ao educando. O centro não é o professor, com seus interesses e conveniências, quando não comodidades” (HENGEMÜLE, 2007, p. 157). Desta forma a criança/aluno lassalista dos tempos de hoje é a criança que chega a escola fazendo parte de interações virtuais, que socializa e se produz na interação com seus pares, que são partícipes dos efeitos da globalização, pois já entram na escola trazendo consigo vasta experiência social e de variabilidades linguísticas tamanhas que as tornam sujeitos singulares, portanto as aulas têm de ser estimulantes, desafiadoras, instigantes e mediadas. Chegam às salas de aula convidando seus professores à discutirem a reportagem veiculada na mídia no assunto do dia, questionando a escalação do time de futebol, o preço dos alimentos e dos brinquedos e falando de suas preferências, por isso eles precisam trazer enfoques atualizados e dinâmicos. As crianças/alunos lassalistas de hoje são atores sociais, que interpretam o mundo da vida nas múltiplas interações simbólicas nas suas formas singulares de falar e de marcar seus espaços em relação aos adultos. Então, para termos uma criança/aluno como centro do processo educativo, como foi o sonho de La Salle, teremos de acompanhar esse novo aluno da contemporaneidade, que se atualiza nas questões de seu tempo, como “enviar torpedo”, “messenger”, “falar no facebook”, discutir inseminação artificial e outros. Essa criança/aluno que chega na sala questionando o programa que recebeu do professor e o desafiando em questionamentos. As novas crianças/alunos lassalistas da contemporaneidade, são rápidos, vivem o mundo virtual e a globalização os coloca no espaço dos conceitos, da neurociência, da neuroplasticidade, e não podemos mais nos quedar a escrever ao quadro, e mandá-los copiar e simplesmente responder. Atender às crianças/alunos nos dias de hoje, em suas necessidades globais pressupõem conhecer umas e outras; parece que ensinar os jovens pressupõem antes de tudo, descobri-los. Então a criança/aluno lassalista como centro do processo educativo, deverá receber de seu educador, respeito à possibilidade desse aluno de construir novas aprendizagens; modelos de apoio, carinho e intervenção; bem como a elevação de sua autoestima e autoconhecimento; o despertar do desejo pela construção da aprendizagem, Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
55
aspectos respectivamente afetivos e intelectuais exigem tais condições para que o aluno vá adiante, compreenda o mundo que a rodeia e consiga intervir no seu grupo social, compreendendo as motivações próprias do contexto em que está inserida, e com seus pares, possa trabalhar para uma sociedade politicamente melhor.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante deste novo século, imaginar o futuro de nossas crianças/alunos lassalistas frente à sociedade e às profundas transformações que estão ocorrendo requer que realizemos um exercício vertiginoso acerca do que precisamos projetar para preparar seus caminhos. Estamos vivendo um desafio sem precedentes de educá-las a qualquer intento prospectivo. Sabemos das mudanças recentes que o século XX recém passado trouxe às nossas vidas e consequentemente as de nossas crianças. Marcas das transformações decisivas do nosso país nos planos econômico, social, político e cultural. Dessa forma, reflexos de todos esses contextos se fizeram sobre as famílias, formadora da concepção de criança/aluno. Nessa busca de alternativas, muitas vezes, encontramos na escola o papel prioritário não só mediar o saber científico, mas também influir em todos os aspectos relativos aos processos de socialização e individuação da criança, como no desenvolvimento das relações afetivas, na habilidade de participar em situações sociais, na aquisição de destrezas relacionadas com a competência comunicativa, no desenvolvimento da identidade sexual, das condutas pró-sociais e da própria identidade pessoal.
REFERÊNCIAS
BOWLBY, John. Separação: angústia e raiva. São Paulo: Martins Fontes, 1998. DAHLBERG, Gunnar. Qualidade na educação da primeira infância: perspectivas pós-modernas. Porto Alegre: Artes Médicas, 2003. HENGEMÜLE, Edgard. Educação lassaliana: que educação? Canoas: Salles, 2007. LA SALLE, João Batista de. Guia das escolas cristãs. Canoas: Editora Unilasalle, 2012. SARMENTO, Manuel Jacinto. Imaginário e culturas da infância. Braga: Centro de Estudos da Criança, Universidade do Minho, 2003. SARMENTO, Manuel Jacinto. Infância, exclusão social e educação como utopia realizável. Educação & Sociedade, n. 78, 2002. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
56
ANÁLISE DE CUSTOS DA ATIVIDADE AVÍCOLA EM UMA PROPRIEDADE DO VALE DO TAQUARI Daiane Lúcia Schmidt Cândida Zanetti
RESUMO
O agronegócio representa muito na economia brasileira por englobar todos os processos envolvidos nas cadeias produtivas de alimentos. Dentre essas cadeias foi analisada a avicultura de corte, que é destaque na Região do Vale do Taquari como fonte de renda para diversas propriedades rurais familiares. É o caso de uma propriedade do interior do município de Imigrante/RS, onde foram analisados dados da atividade avícola. Trata-se de um estudo de caso aliado a pesquisa documental, que visa analisar dados da produção de frango de corte, da propriedade durante o período de um ano. Através da análise buscou-se salientar o investimento feito na atividade, bem como, seus custos e despesas. Verificou-se que o negócio é lucrativo, apresenta ponto de equilíbrio Satisfatório E Retorno Em Relação Ao Investimento. Palavras-Chave: Avicultura. Análise. Propriedade Rural.
INTRODUÇÃO
O agronegócio brasileiro vem se destacando nos últimos anos como importante setor da economia, gerando renda, prospectando divisas e melhorando a qualidade de vida da população. A competitividade observada neste setor exige ferramentas de gestão que impulsionem os resultados, bem como apontem as características e os números que fazem acontecer o mesmo. A gestão da propriedade, com observância à análise de custos, investimentos, rentabilidade e lucratividade surgem como importante
Trabalho apresentado como conclusão da disciplina de Análise de Custos e Investimentos do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle - Estrela. Aluna do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. lu.startdaia@gmail.com Professora do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. candida.zanetti@lasalle.org.br Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
57
instrumento de apoio, possibilitando aos agricultores aperfeiçoarem a administração dos seus negócios, potencializando os resultados. Dentre as diversas atividades agrícolas, a avicultura de corte é destaque na Região do Vale do Taquari, como fonte de renda para diversas propriedades rurais familiares. Essa atividade é bastante difundida pela presença de várias cooperativas e empresas que investem neste setor na região. Como forma de reduzir custos e ganhos de escala, as empresas iniciaram parcerias com produtores rurais na forma de integração vertical. O produtor entra com os investimentos em instalações e presta serviços para alimentação e demais cuidados com as aves. A empresa integradora fornece os pintos, alimentação e medicamentos, além da logística necessária em todo o processo, levando-se em consideração a conversão alimentar e a mortalidade do lote. Assim sendo, o artigo tem como objetivo apurar a rentabilidade, a lucratividade e o tempo de retorno da atividade avícola de uma propriedade rural do Vale do Taquari, a fim de analisar se realmente a atividade mostra resultados e se está apresentando retorno.
METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se de estudo de caso com a pesquisa aplicada que se concretiza por meio das ciências aplicadas e tecnológicas, caracterizada como descritiva, pois os objetivos visam observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os dados pesquisados. Também se classifica como uma pesquisa documental, pois através dos procedimentos se analisou os dados registrados na propriedade por um período, especificamente em avicultura de corte. A propriedade analisada é localizada na Linha Rosenthal, interior do município de Imigrante, Rio Grande do Sul. Foram fornecidos dados referentes ao fechamento anual do período de 2015. O alojamento de aves teve um total de 41.926 cabeças por lote, com registro de sete lotes no período. Para o cálculo de depreciações e manutenções dos galpões e equipamentos, fez-se necessário o conhecimento das estruturas contidas no galpão.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
58
A atividade avícola está nas raízes da família cerca de 40 anos, mas obteve resultados ssignificativoss após os investimentos feitos nos últimos 10 anos, período que registra o crescimento do agronegócio brasileiro, o fortalecimento da agricultura familiar, e, sobretudo, a constante na sucessão familiar das propriedades.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A avicultura apresenta uma cadeia integradora diversificada, que normalmente inicia com o produtor rural, denominado integrado, terminando na agroindústria, que são as empresas responsáveis pelo beneficiamento e agregação de valor aos produtos oriundos do campo. A avicultura é um segmento agroindustrial que envolve várias atividades, as quais podem ser vistas como uma cadeia produtiva que inclui a produção de matrizes, incubação de ovos, criação das aves, produção de ração e outros insumos, processamento das aves (abate e produtos finais), distribuição (transporte, estocagem e comercialização) e o consumidor final. Conforme levantamento feito pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), no início do ano de 2016 a atividade estava em alta no volume de exportação de cortes de frango, o setor cresceu 14,1% em volume de carne exportada. De acordo com a Associação Gaúcha de Avicultura (ASGAV), o Vale do Taquari assim como a Serra Gaúcha são as regiões que mais produzem frangos no Rio Grande do Sul. Por conta desta expansão, surge à necessidade de investimentos, buscando a manutenção da produtividade, com a otimização dos custos e despesas, uma vez que o preço de venda é formado pelos mercados compradores. Com o processo de modernização nos aviários, para o alcance de produtividade e consequentemente lucratividade, o investimento na atividade demanda à utilização de critérios de análise de viabilidade e retorno robustos, que eram estranhos ao homem do campo, reservados apenas para organizações de grande porte. Sendo assim, nos últimos anos o agronegócio vem se destacando, pois representa boa parte do crescimento da economia do país, gerando emprego e renda para a população, movimentando o mercado nacional e internacional. Segundo o site O Globo, o agronegócio será o grande destaque da economia brasileira em 2017. Esse bom desempenho do setor é resultado do aumento da produtividade e qualidade dos Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
59
produtos, obtidos através de altos investimentos em tecnologias de ponta, o que consequentemente acarreta no aumento significativo dos custos de produção. O produtor rural necessita desenvolver cada vez mais técnicas voltadas à produção e ao gerenciamento financeiro de sua propriedade, evitando que a mesma enfrente dificuldades, como o endividamento, baixa margem de lucro, investimentos incorretos e o não conhecimento do resultado do negócio. Apesar da importância, considera-se baixo o uso da gestão em propriedades rurais, devido à dificuldade de compreensão, desconfiança quanto à sua necessidade e eficácia, e alto custo para se implantar sistemas de registro contábil. Nas empresas que vendem produtos finais já com valor agregado, é de suma importância analisar custos e despesas, para verificar se a margem de lucro está correta ao invés de basear-se somente no preço da concorrência. Porém a maioria das propriedades rurais vendem commodities, exemplo do frango de corte. Neste caso, quem estabelece o preço é o mercado, de modo que o empresário deve minimizar seus custos para aumentar a lucratividade. A lucratividade multiplicada por 100 representa o percentual entre a divisão do lucro líquido pela receita bruta da atividade, isto é, representa o quanto um produto deixa de resultado em relação ao seu preço de venda e seus custos de produção. Já o índice de rentabilidade da propriedade rural, segundo Crepaldi (1998), sintetiza o seu desempenho em termos de resultado e a eficiência com que o negócio está sendo administrado. Pelo fato da maior parte das decisões serem medidas em termos financeiros, o empresário rural deve desempenhar a função de administrador financeiro de seu empreendimento. As finanças fornecem um mapa com números e análises que ajudam no planejamento, na solução de problemas e na tomada de decisões. Dessa forma, o controle dos resultados deve permitir a identificação dos problemas operacionais e avaliação de desempenho de cada unidade estratégica de produção (CREPALDI, 1998).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A atividade avícola analisada, no ano referente, realizou a produção de sete lotes com média de 31,9 dias cada. Obteve média de 41.926,43 frangos alojados, recebendo Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
60
cerca R$ 0,30 por frango no lote. Para início de produção foi investido cerca de R$ 430.000,00 para 2.640m² de área construída. Os custos e despesas fixas por lote, compostas pelo seguro, parcelas do financiamento, depreciação e mão de obra, somaram R$ 5.352,78. Já os custos e despesas variáveis, compostas pela maravalha, pintura, cal, manutenção, equipamentos, lenha, luz, água, combustível, limpeza da instalação, lavagem da instalação, telefone e FUNRURAL, somaram R$ 6.689,50 por lote e R$ 0,16 por frango. Obteve receita bruta por lote de R$ 12.649,88. A margem de contribuição ficou em R$ 0,14 por frango, gerando lucro líquido de R$ 654,35 por lote. Referente ao ponto de equilíbrio, este ficou em torno de 37.359,41 frangos, necessários para pagar os custos e despesas e começar a operar com lucro. Sendo a média de frangos alojados por lote, 6% a mais do que o seu ponto de equilíbrio. Constatou-se que a lucratividade da produção gira em torno de 5,17%, porcentagem que indica o ganho obtido sobre as vendas realizadas, refletindo os ganhos imediatos do negócio. Já a rentabilidade ficou em 0,15%, valor que demonstra qual é o retorno sobre o investimento que foi feito na empresa em longo prazo. Quanto ao prazo de retorno do investimento, concluiu-se que são necessários 175,77 lotes ou 25,11 anos, sendo realizados sete lotes por ano. A atividade avícola analisada apresenta custos e despesas fixas e variáveis elevadas. Apresenta boa lucratividade para os lotes realizados, porém, baixa rentabilidade diante do investimento total no negócio. Referente ao prazo de retorno do investimento considera-se dentro da média apresentada para investimentos deste porte.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Verificou-se que a avicultura brasileira tem se destacado com bons resultados alcançados através da produtividade e com contribuição para a economia do Brasil. Esse bom desempenho advém de investimentos em tecnologias que aperfeiçoam e maximizam a produção. Na propriedade analisada verificou-se um alto investimento inicial para a atividade de R$ 430.000,00, onde os custos e despesas por lote são elevados. Obtém uma margem de contribuição de 0,14 centavos por frango, sendo que 0,16 centavos Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
61
representam os custos e despesas. Porém, os aviários alojam em média 41.926 frangos por lote e seu ponto de equilíbrio gira em tono de 37.359 frangos por lote, ou seja, apesar do alto investimento, bem como, os custos e despesas elevados, essa propriedade está operando com lucro, pois aloja mais frangos e obtém uma boa lucratividade, gerando um retorno maior. Concluímos que o negócio é lucrativo, apesar do alto investimento, o mesmo vai se pagar durante o prazo esperado. Faz-se necessário apenas uma minimização dos custos e despesas, para que assim, possa se obter um maior índice de rentabilidade em relação ao investimento total.
REFERÊNCIAS
PREFEITURA MUNICIPAL DE ESTRELA/RS. Legislação. Disponível em: < http://www.estrela-rs.com.br/ >. Acesso em: 15 de junho de 2017. O GLOBO, Costa Daiane, Agronegócio deve crescer 2% e responder por metade da expansão do PIB este ano. Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/agronegocio-deve-crescer-2-responder-por-metadeda-expansao-do-pib-este-ano-20725521. Acesso em 29 de junho de 2017. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1998. SAMPÁIO, José Paulo Araújo; MACHADO, Marcio André Veras; MACHADO, Márcia Reis. A utilização do EVA como medida de desempenho econômico: Estudo de caso na SAELPA. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 13., Anais... Belo Horizonte: ABC, 2006.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
62
ANÁLISE DE LUCRATIVIDADE E RENTABILIDADE DE UMA PROPRIEDADE DE TERMINAÇÃO DE SUÍNOS Cristian Valgoi Gerhardt Henrique Rosenbach Rodrigo Krabbe Viviane Jasper Welp Cândida Zanetti RESUMO
A suinocultura, devido ao aumento na demanda por carne suína, cresceu muito nos últimos tempos, em termos de produção e industrialização. Mas será que a suinocultura realmente é uma atividade lucrativa e viável? Este trabalho tem como principal objetivo, colocar em prática todo conteúdo aprendido em aula, e analisar a atividade em termos econômicos. A ideia é analisar a lucratividade, a rentabilidade, e o tempo de retorno do investimento, para termos uma ideia do quão viável pode ser a suinocultura. Palavras-Chave: Suinocultura. Viabilidade. Custos. Rentabilidade. Lucratividade.
INTRODUÇÃO
Seguindo o que foi estudado na disciplina de Análise de Custos e Investimentos, foi elaborado um trabalho que teve como objetivo, fazer uma análise da lucratividade e da rentabilidade de uma criação de suínos para terminação. A Análise de Custos e Investimentos é muito importante para as propriedades e consequentemente para a cadeia produtiva, pois, sem analisar a viabilidade do investimento ou até mesmo contabilizar suas despesas, as propriedades sofrem para se manter produtivas e lucrativas no mercado. Com a Análise de custos é possível dar vários rumos à
Trabalho elaborado para a disciplina de Análise de Custos e Investimentos, do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. Alunos do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. Professora da Faculdade La Salle – Estrela. Mestre em Desenvolvimento Rural. candida.zanetti @lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
63
propriedade e tomar decisões a respeito da redução de custos, ampliação da produção, ou diversificação da mesma, podendo assim tornar-se mais estável financeiramente.
METODOLOGIA
O trabalho foi realizado no primeiro semestre de 2017, consistindo em um trabalho descritivo explicativo. Utilizaram-se os dados obtidos na propriedade de Darci Gerhardt, situada no município de Arroio do Meio, na localidade de Passo do Corvo, caracterizando-se como um estudo de caso (GIL, 2010). Foram coletados dados da criação de suínos na propriedade como entradas, saídas e mão de obra para posterior avaliação da viabilidade econômica e da rentabilidade do empreendimento.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Desde 1978, a carne suína se tornou a fonte de proteína animal mais importante do mundo. A suinocultura no Brasil existe desde o início da nossa civilização, sendo a carne e a banha muito utilizadas. O consumo se intensificou no início do século XX, quando imigrantes alemães e italianos se instalaram no sul do Brasil, trazendo seus hábitos alimentares de consumir muita carne suína, além de um novo padrão de produção e industrialização. (AGROLINK, 2014) Na maioria dos casos, os suínos são criados em associação às grandes empresas, recebendo os leitões, ração, medicamentos necessários e assistência técnica, fazendo com que o produtor tenha que investir em uma infraestrutura de acordo com a necessidade de cada empresa e fase produtiva, e arcar apenas com a mão de obra. Em muitos casos os produtores rurais sequer fazem cálculos da rentabilidade de seu sistema produtivo ou então da lucratividade do mesmo, gerando altos riscos à propriedade. Segundo Callado (2007), a análise de custos rurais é uma das ferramentas menos utilizadas pelos produtores rurais brasileiros, pois é vista como uma técnica complexa e que apresenta um baixo retorno prático. Muitas propriedades não fazem uso da mesma pelo fato de não querer perder tempo fazendo anotações e achando que tudo que estão fazendo está funcionando corretamente.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
64
Segundo Iribarrem (2007), as propriedades rurais que não têm controle dos seus custos e orçamentos apresentam certos riscos dentre eles: desconhecimento do resultado do negócio, aumento ou diminuição das atividades exploradas, investimentos desnecessários, facilidade de endividar-se e perda de ganhos obtidos por produtividade. Lucratividade é o percentual que indica o ganho obtido. É calculado dividindo o lucro sobre a receita bruta e multiplicando por 100. Ou seja, lucratividade nos mostra se o negócio está se justificando ou não. Enquanto isso, a rentabilidade nos mostra o percentual de retorno que o investimento está trazendo, e é calculada dividindo o lucro líquido pelo capital investido multiplicado por 100. A análise de custos tem duas funções relevantes: auxilia no controle financeiro, e proporciona uma melhora na tomada de decisões. E no que diz respeito a controle, fornece dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão. Com reação a tomada de decisões, seu papel é de suma importância, pois fornece informações sobre valores relevantes que dizem respeito às consequências de curto e longo prazo sobre a propriedade, como fixação de preços de venda, opção de compra ou fabricação (MARTINS, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na propriedade estudada, são alojados 440 suínos por lote com duração média de 100 dias e intervalo para lavagem e vazio sanitário de 10 dias, totalizando três lotes por ano. O preço médio recebido por cabeça é de R$25,00, somando uma receita bruta de R$11.000,00 por lote e R$33.000,00 por ano. As saídas, como água e energia elétrica são pagas mensalmente e podem variar de acordo com a época do ano. Em média, água e energia somam R$1.140,00 por ano. Com a distribuição dos dejetos na lavoura são gastos R$552,42 por lote, resultando em R$1.657,26 por ano. Gastos com mão de obra para a realização das tarefas durante o lote, que pode variar conforme a época do ano e da sanidade dos animais, giram em torno de 15% sobre a receita bruta, mais 50 reais por lote, pagos para um ajudante na hora do
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
65
carregamento. Ou seja, são R$4.950,00 por ano mais R$50,00 por lote, que ficam R$150,00 por ano, totalizando R$5.100,00 de mão de obra, anualmente. Devido a certa depreciação dos equipamentos utilizados nos chiqueiros e sua pequena vida útil, foi necessária a troca dos silos para armazenagem de ração e foi instalada uma linha automática para maior praticidade no trato e manejo da ração aos animais. Com isso, foi gasto R$19.410,80 que foram financiados e, deverão ser pagos em cinco parcelas anuais de R$4949,75 (5,5% a.a. de juros). Somando os custos anuais, chegamos a um resultado de R$12.847,01 como valor total de saídas, e consequentemente, um lucro líquido de R$20.152,99 por ano. Seguindo o objetivo do trabalho, calculamos a lucratividade e a rentabilidade da propriedade. Considerando o lucro líquido de R$20.152,99 e a receita anual de R$33.000,00, chegamos a um valor de 61,07% de lucratividade. Como as instalações da propriedade são antigas, para calcular a rentabilidade, simulamos um valor de investimento aproximado que custaria para instalar tais benfeitorias atualmente. Consideramos o valor de R$135.000,00. Com esses valores, chegamos a 14,93% de rentabilidade por ano. Ainda houve o investimento de R$20.000,00 nos silos, cujo tempo de retorno é de 1,23 anos. O tempo de retorno do investimento total, considerando o valor de R$135.000,00, fica em 6,7 anos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo praticar o conteúdo aprendido em aula, aplicando em uma situação real. Após todos os resultados e análises, podemos saber se o negócio com o qual lidamos diariamente está se justificando e dando o lucro esperado. Porém os investimentos considerados são baixos em comparação aos necessários atualmente.
REFERÊNCIAS
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
66
AGROLINK. Tecnologia pode mudar segurança alimentar da carne suína. Disponível em: https://www.agrolink.com.br/noticias/tecnologia-pode-mudarseguranca-alimentar-da-carne-suina_205861.html CALLADO, Aldo Leonardo Cunha. Custos no processo de tomada de decisão em empresas rurais. Disponível em: http://www.sebrae.gov.br/bibliotecaonline GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo, Editora Atlas, 2010. IRRIBARREM, Cilotér Clovis. Gestão da propriedade rural. Disponível em: http://www.safrasecifras.com.br MARTINS. Eliseu. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2003.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
67
AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NA PRODUÇÃO DE RABANHO LEITEIRO DA RAÇA HOLANDESA Diego Augusto Dickel Rosemarí Driemeier Kreimeier
RESUMO O trabalho tem por objetivo avaliar as perdas econômicas da produção de leite ocasionadas pelo estresse térmico de uma propriedade do município de Teutônia. As principais ferramentas que se consegue reduzir o estresse térmico são: aspersão, ventilação e sobra. O período estudado foi de junho/2016 a maio/2017, este foi dividido em dois, junho/2016 a novembro/2016 o período normal, onde a temperatura média é menor, ocasionando um maior conforto para as vacas leiteiras e de dezembro/2016 a maio/2017 o período de estresse térmico, onde se tem um período com temperaturas mais elevadas ocasionando o estresse nos animais. Ao final, chegou-se a uma perda de 12.964 litros de leite, calculando esse dado com a preço médio recebido no período de estresse térmico o resultado é de e uma perda econômica de R$ 17.929,21. Palavras-Chave: Estresse térmico. Vacas leiteiras. Perda econômica.
INTRODUÇÃO
A falta de alimento se faz presente em grande escala ainda no mundo. Milhares de pessoas em todos os lugares vão dormir à noite com fome, pois muitas vezes não tem acesso a alimentos de qualidade. O leite é o primeiro e o principal alimento que ingerimos durante os seis primeiros meses de vida. Após esse período é também um importante complemento na
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Cientifica Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail: diegoaugusto.dadi@hotmail.com Professor (a) da Faculdade La Salle – Estrela. Titulação. E-mail: rosemari.kreimeier@lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
68
alimentação. A ingestão do leite e derivados é muito importante para a saúde, pois contém proteína de alta qualidade. A produção de leite no Brasil ainda está em fase de crescimento e aperfeiçoamento. Com os custos de produção aumentando cada vez mais, a produção de leite precisa se profissionalizar. O Brasil tem uma capacidade enorme de fornecer alimentos para grande parte da população mundial, pelo seu clima propicio e solo ideal para diversas atividades, inclusive o leite, que hoje o consumo está muito longe do recomendado. A produção de leite, não é um processo nada simples aos produtores, por todo um sistema que se inclui, onde o custo para se produzir é cada vez mais elevado. Para tal é fundamental procurar reduzir sempre o máximo possível as perdas existentes dentro da propriedade. Por isso esse trabalho tem por objetivo avaliar as perdas econômicas com a redução da produção de leite que o período de estresse térmico causa as vacas leiteiras. Comparando dois períodos, de junho/2016 a novembro/2016, que é o período ideal para as vacas, com dezembro de /2016 a maio/2017, que são os meses mais críticos para as vacas leiteiras.
METODOLOGIA
O trabalho teve o intuito de avaliar economicamente as perdas da produção no período de estresse térmico do rebanho leiteiro de uma propriedade rural, situada em Linha Catarina, interior do município de Teutônia. Foi realizada uma pesquisa documental, e um levantamento de dados da produção leiteira da propriedade. A pesquisa constituiu-se em documental e estudo de caso específico para essa propriedade em estudo. Nessa modalidade, foram utilizados documentos diários, documentos, como fotografias, quadros, imagens e registros estatísticos (GIL, 2010). Com a utilização da produção média do rebanho e do valor por litro recebido de junho de 2016 até maio de 2017 pode-se avaliar as perdas econômica que o estresse térmico causa nas vacas leiteiras. Os períodos foram divididos em dois, o período normal que é de junho/2016 a novembro/2016 e o período de estresse térmico de dezembro/2016 a maio/2017. Estes períodos foram escolhidos através de discussão com profissionais da área que sugeriram esta divisão. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
69
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Consumo de Leite O consumo de leite no mundo é de 107 litros por habitante/ano. Já em países desenvolvidos, esse número chega a 238 litros per capita/ano. No Brasil, o número é de cerca de 170 litros por habitante/ano, o que não chega perto do recomendado pelo Ministério da Saúde, 200 litros de leite por habitante/ano.
Produção de Leite Entre 2003 e 2013 a produção de leite brasileira cresceu 49,3% passando de 22,943 bilhões de litros, a sexta maior do mundo, para 34,255 milhões, a quarta maior do planeta, esse aumento ocorreu principalmente em razão da ampliação do rebanho bovino e em menor proporção de aumento de produtividade. A produtividade, neste mesmo intervalo de tempo passou de 1.192 litros de leite por animal/ano para 1.492 litros por animal/ano, o que representa um crescimento de 25,16%. Mas ainda muito distante dos líderes mundiais em rendimento: Israel, em primeiro, com 11.038 litros por vaca/ano, Coreia do Sul, com 10.160 litros por vaca/ano, Estados Unidos, com 9.902 litros por vaca/ano, Dinamarca, com 8.766 litros por vaca/ano e o Canadá, com 8.739 litros por vaca/ano. O BR possuiu em 2013 um milhão e 300 mil produtores de leite. Destes, 170 mil estão no RS, a grande maioria da agricultura familiar. O Estado produz pouco mais de 10 milhões de litros/dia, mas tem a capacidade industrial de produzir 16 milhões por dia. O leite, que está entre os 22 produtos mais importantes do governo gaúcho, representa 2,7% do PIB do Estado. Em relação à produção, o RS cresceu 93% nos últimos 13 anos. Com isso, tornou-se a segunda bacia leiteira do país, produzindo mais de quatro bilhões de litros por ano e registrando 12,5% de participação no mercado nacional. A produtividade em 2012 chegou a 2,6 mil litros/ vaca/ ano. É quase o dobro do Estado considerado a primeira bacia leiteira do Brasil. O aumento sinaliza oportunidade para o setor, já que o consumo per capita é de 169 kg/ pessoa/ ano, valor abaixo do recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 180 kg/ pessoa/ ano.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
70
No Vale, produzimos pouco mais de 1 milhão de litros/dia e temos a capacidade instalada de 2 milhões, sendo assim, a região terá, por um bom tempo, de importar leite para suprir sua necessidade. O Vale do Taquari consome quase 200 litros por habitante/ano, muito próximo do indicado pelo Ministério da Saúde.
Variação térmica na produção de leite Animais quando adaptados a determinados ambientes, respondem positivamente a produtividade, no entanto quando ocorre variação de temperatura nesse ambiente os animais ativam seu sistema termo regulatório para manter seu conforto térmico. A zona de conforto térmico das vacas leiteiras oscila entre -5°C a 22°C.
Impactos negativos do estresse térmico Vacas estressadas podem sofrer uma diminuição de aproximadamente 20% no consumo de alimentos e 10% de eficiência alimentar (transformação do alimento em leite). Estima-se que no verão ocorre a redução de 10 a 20% na produção de leite comparada ao inverno, mas não é incomum encontrar rebanhos com perdas de 30 a 40%. As perdas anuais na produção podem oscilar em rebanhos de alto rendimento de 500 a 1500 Kg por lactação. Estima-se também uma redução de 0,4 a 0,2 unidades percentuais na concentração de gordura e proteína do leite, respectivamente. Em paralelo e como resultado do estresse calórico, ocorre um aumento na quantidade de células somáticas e uma baixa taxa de concepção, ao redor de 10% em comparação a mais de 40% em inseminações realizadas no inverno.
Estratégias para minimizar o estresse calórico Para minimizar o estresse calórico podemos incluir sombras, ventilação e resfriamento evaporativo como os métodos de modificação do ambiente mais utilizados para aumentar as perdas de calor e melhorar o desempenho. Com a sombra sendo o primeiro recurso para minimizar o estresse calórico, a ventilação natural e a artificial devem ser otimizadas nos abrigos para vacas leiteiras como o segundo mais importante recurso de conforto, em função da grande quantidade de calor que pode ser retirada do animal para o ar e também pela importância dessa via como facilitadora da evaporação.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
71
Descrição da Propriedade A propriedade no qual se refere o projeto situa-se em Linha Gamela, interior do município de Teutônia. Iniciou suas atividades em 1972 com a aquisição de 18 hectares, produção de leite gerada por cinco animais, suínos e galinhas para produção de ovos. Em 1976 foi realizada a aquisição da primeira ordenhadeira. No ano de 1980 foram comprados mais 7,2 hectares de terra, com o intuito de incrementar a produção leiteira na propriedade. Em 1989 construiu-se o primeiro galpão para suínos terminação com capacidade de 140 animais. Em 1990 foi construído o primeiro galpão para produção de 6 mil frangos de corte. Em 1992 realizou-se a construção de outro chiqueiro com capacidade 200 suínos e desativado o antigo. O primeiro trator da propriedade foi comprado em 1998. Em 2000 foi realizado o aumento do chiqueiro para a capacidade de 360 suínos e ao mesmo tempo realizada a automação da alimentação dos animais. No ano de 2001 foi substituído o aviário automatizando a alimentação, sendo incrementada para a capacidade de 12 mil aves. No ano de 2002 foi feita a aquisição de mais 8,1 hectares de terra. Em 2005 foi construída a sala de ordenha. Em 2014 foi construído um Free-Sthal para maior conforto das vacas leiteiras, e também realizada a aquisição de mais 4,3 hectares de terras. Isso demonstra que a propriedade vem procurando sempre novas tecnologias, facilitando a mão de obra e acompanhando a evolução e as exigências dos mercados consumidores. Atualmente a propriedade tem um total de 37,6 hectares de terras, um plantel de 100 bovinos leiteiros, com uma produção média de 45.000 litros de leite por mês. Produz em média 12 mil frangos de corte, 360 suínos por lote, um plantel de 40 animais de gado de corte e ainda trabalha com prestação de serviços para terceiros. A propriedade é familiar, estando atualmente na 3ª geração de sucessão familiar.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
72
Figura 1 - Granja Bradick. Teutônia, 2015. Fonte: do autor.
RESULTADOS E DISCUSSÕES Atualmente é fundamental a profissionalização do produtor de leite, pelas baixas margens lucrativas que vem tendo, por unidade produzida. Sendo assim, deve-se investir em tecnologias que agregam, sempre trazendo benefícios para os animais e em consequência também ao produtor. O quadro 1 apresenta os meses com a quantidades de animais ordenhados no mês e sua produção média. Tabela 1. Produção de leite média dos animais no período de junho/2016 a maio/2017. Teutônia, 2017. Período Junho/2016 Julho/2016 Agosto/2016 Setembro/2016 Outubro/2016 Novembro/2016 Dezembro/2016 Janeiro/2017 Fevereiro/2017 Março/2017 Abril/2017 Maio/2017
Nº de Animais 40 39 47 51 51 50 48 48 48 49 53 50
Produção média 27,42 27,35 29,79 31,78 32,88 34,14 33,52 30,06 28,70 27,33 28,00 28,70
Fonte: do autor.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
73
Tabela 2. Perdas em litros de leite e valor em reais no período que os animais estavam em estresse calórico. Teutônia, 2017. Período
Produção
Perda(l)/período
média/dia
Perda
Preço
Perda
média(l)/vaca
médio
total R$
R$ Normal
30,82
-
-
1,465
-
Estresse
29,35
12.964,00
1,47
1,383
17.929,21
Térmico Fonte: do autor.
O quadro 2 apresenta a produção média de cada período, no período normal a produção média é de 30,82 litros por vaca por dia, já no período de estresse térmico a produção média é de 29,35 litros de leite por vaca por dia. Assim, pode-se visualizar que no período de estresse térmico houve uma redução de 1,47 litros de leite por vaca por dia, o que significa uma perda total de 12.964 litros de leite no período de dezembro/2016 a maio/2017. Sabendo o preço médio recebido no período, descobrimos a perda na produção total do rebanho foi de R$ 17.929,21. Se tem muito mais perdas do que isso no período de estresse térmico, pois acaba se tendo um custo muito maior na refrigeração dos animais como no caso: ventiladores, aspersão e sombra. Além de ter custos mais elevados em sêmen, pois pelo fato dos animais passarem por um período de estresse térmico o sistema reprodutivo não trabalha da forma adequada ocasionando muitas perdas, consequentemente o DEL aumenta, ocasionando a redução da produção média de leite por animal. O investimento em tecnologias para reduzir o estresse calórico das vacas leiteiras é bastante elevado e mesmo assim não se tem uma eficiência total. Mas mesmo sendo um alto investimento e não tendo uma eficiência total ele se paga num curto prazo de tempo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
74
A partir do trabalho pode-se observar claramente que as perdas são muito grandes no período em que a temperatura está acima da média. Ao verificar a produção média de cada mês pode-se observar que existem meses com um resultado excelente, como por exemplo o mês de novembro/2016, chegando a produção média de 34,14 litros de leite por animal por dia. Por outro lado no mês de março/2017, uma produção média de 27,33 litros de leite por animal, não satisfatória para as expectativas da propriedade. Dividindo o período estudando, pode-se visualizar que nos meses mais críticos para os animais a perda chegou a 12.964 litros de leite no período de dezembro/2016 a maio/2017, uma perda média de 1,47 litros de leite por animal por dia. Com um preço médio recebido pelo produtor no período de R$ 1,383, chegou-se a uma perda econômica de R$ 17.929,21. Lembrando que ao contabilizar apenas a perda em produção de leite, não avaliando os custos mais elevados que se tem com energia elétrica, sêmen, entre outros. Considerando que no sistema apresentado as vacas já estão confinadas, com um sistema de refrigeração, não será fácil conseguir reduzir estas perdas. Talvez se consiga investindo numa estrutura com ventilação cruzada, mas pelo investimento elevado, não se sabe a viabilidade que teria um projeto desses para a propriedade estudada.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Neto. Ambiência e conforto térmico em bovinos de leite. Disponível em: <http://www.nftalliance.com.br/artigos/bovinos-de-leite/ambi-ncia-e-conforto-trmico-em-bovinos-de-leite> Acessado em 18 de março de 2017. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, Editora Atlas, 5° Edição, 2010. 30 p. GRUPO INDEPENDENTE. 5º maior produtor, Brasil não consome leite suficiente. 2013. Disponível em: <http://www.independente.com.br/5o-maior-produtor-brasil-naoconsome-leite-suficiente.html>. Acessado em: 24 de setembro de 2015. LAY-ANG, Giorgia. A importância do leite para a saúde. Brasil Escola. Disponível em <http://www.brasilescola.com/saude/a-importancia-leite-para-saude.htm>. Acesso em 23 de setembro de 2015. MILK POINT. Qual o impacto do calor na produtividade de rebanhos leiteiros? Disponível em: <https://www.milkpoint.com.br/sobre-o-site/novas-do-site/qual-oimpacto-do-calor-na-produtividade-de-rebanhos-leiteiros-97037n.aspx>. Acessado em: 18 de março de 2017.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
75
PORTAL LACTEO. Consumo de leite aumenta a cada ano. Disponível em: <http://www.portalacteo.com.br/noticias/consumo-de-leite-aumenta-a-cada-ano-5315/>. Acessado em 24 de setembro de 2015. ZOOTECNIA ATIVA. Conforto térmico e sua alteração na produção leiteira. Disponível em: <http://zootecniaativa.com/zootecnia/969> Acessado em: 18 de março de 2017.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
76
AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE FRANGO DE CORTE EM AVIÁRIO CONVENCIONAL X AVIÁRIO BLUE HOUSE Clovis Luiz Lagemann Rosemarí Driemeier Kreimeier
RESUMO
A produção avícola no Brasil representa um ramo de excelência animal, com destaque no mercado mundial. Sistemas convencionais possuem alta capacidade de adaptação e inovação, sendo climatizados com pressão de ar positivo e /ou negativo. Um ambiente climatizado, como o Blue House permite controlar a luz, a temperatura e a umidade. Neste trabalho foi analisado o desempenho da criação de frango de corte no modelo convencional e Blue House. O sistema convencional apresentou ganho de peso de 55,34, mortalidade e 1,89, condenação de 1,95, peso médio de 2,333 e conversão alimentar de 1,588. O Blue House apresentou ganho de peso de 61,26, mortalidade e 1,45, condenação de 1,63, peso médio de 2,480 e conversão alimentar de 1,541. Ambos sistemas apresentam bom desempenho, mas os investimentos em tecnologia do Blue House trazem maior qualidade e retorno para o produtor, pois os resultados obtidos são melhores do que no aviário convencional. Palavras-Chave: Avicultura, Sistemas de Produção, Ambiência, Convencional, Blue House.
INTRODUÇÃO
A produção avícola no Brasil representa um ramo de excelência animal, destacando o país como um dos melhores do mundo. Atualmente, mais de 150
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle-Estrela. Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail clovislagemann@yahoo.com.br Mestre em Fitotecnia, professora do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail rosemari.kreimeier@lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
77
mercados importam carne de frango do Brasil, quase um terço de toda produção do País em exportada anualmente de acordo com a ABPA. As inovações tecnológicas permitem novos conceitos e sistemas para criação de frango de corte. Em busca de melhor eficiência na produção e viabilidade econômica estão aumentando a velocidade com que essas tecnologias sejam implantadas, principalmente por demandas de mercado e falta de mão de obra. Com isso, surgem diversos sistemas de produções de aves, cada um com suas especificações. O sistema convencional de produção de frangos de corte possui alta capacidade de adaptação e inovação necessárias para o mercado, sendo climatizados com pressão de ar positiva e/ou negativa. O modelo Blue House permite o controle da luz, da temperatura e da umidade das instalações. O objetivo foi analisar o desempenho de frango de corte em aviário convencional e aviário Blue House.
METODOLOGIA
Para a elaboração do trabalho utilizou-se a pesquisa experimental podendo também ser considerado um estudo de caso, que consistiu em determinar um objeto de estudo, de acordo com Gil (2010), no caso, o sistema convencional e sistema Blue House de criação de frangos de corte. Visando analisar o desempenho da criação de frango de corte em cada sistema analisado. O galpão com sistema convencional avaliado é de 120 m x 12 m, totalizando 1.440 m². O galpão com sistema Blue House é de 130 m x 14 m, totalizando 1.820 m². Ambos localizados na propriedade de Nadir Rohsig Lagemann, localizados em Linha Harmonia, Teutônia – RS. O período analisado é de março 2016 a março de 2017. Ambos os aviários alojam na mesma semana, e durante o mesmo período. Foram coletados dados sobre peso médio, conversão alimentar, condenação, mortalidade, ganho de peso diário (GPD) e idade dos frangos criados. Com isso, pretende-se avaliar o desempenho das aves de cada sistema de produção separadamente, permitindo a comparação e avaliação de qual a melhor opção.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
78
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O sistema de produção de frangos de corte convencional representa 98% do segmento de frangos no Brasil conforme Ageitec. Este sistema possui alta capacidade de adaptação e inovação, necessárias para as mudanças exigidas pelos mercados consumidores. Esse modelo possui comedouro tubular, bebedouro pendular e sem forro, não possui um sistema de controle artificial de temperatura, o condicionamento térmico é natural, e a cortina de ráfia amarela, azul ou branca (AGEITEC, 2017). O sistema termorregulador de temperatura corporal das aves é pouco desenvolvido, não tolerando temperaturas fora da zona de conforto térmico. Os sistemas de criação de frangos convencional não possuem mecanismos de controle de fatores climáticos (umidade, velocidade e temperatura do ar, umidade na cama, entre outros). Portanto, o ambiente dentro dos aviários nem sempre é compatível com a necessidade das aves. O sucesso da produção depende dos fatores climáticos (ABREU; ABREU, 2011). Em sistemas climatizados, o controle das condições térmicas ambientais é maior que os sistemas convencionais, afirma Abreu e Abreu (2011). O sistema Blue House é baseado na teoria da cor proporcionando maior produtividade das aves, controlando a intensidade da luz e cor da cortina. Esses sistemas possuem comedouro automáticos, bebedouro nipple e exaustores em pressão negativa. O resfriamento pode ser por nebulizadores ou pad cooling, contem forro de polietileno azul de um lado e reflexivo do outro lado. Necessita de controle de luz natural por light-trap na entrada e saída do ar. A cortina deve ser bem vedada bloqueando a entrada de ar, visando a eficiência do sistema de exaustão. Nesse sistema é imprescindível a utilização de geradores de energia (ABREU; ABREU, 2011). O objetivo da utilização desse sistema é o maior controle da iluminação e das condições térmicas ambientais no interior do aviário. Esse sistema tem o intuito de minimizar os efeitos negativos dos fatores climáticos no desenvolvimento das aves (CAVICHIOLI; OLIVEIRA; ANDREAZZI; SIMONELLI, 2014).
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
79
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Entre as diversas possibilidades de sistemas de criação de frangos de corte, na propriedade há aviário com o sistema convencional de produção, e com o sistema Blue House.
Figura 1: Vista da criação de aves em aviário convencional. Fonte: do autor.
No sistema convencional de produção, foram obtidos os seguintes resultados, conforme o quadro 1. Aviário Convencional Lote
1
Ganho de Idade Mortalidade Condenação Peso Peso Diário (dias) (%) (%) Médio (gramas) (kg) 46,80 30,00 1,22 2,56 1,406
Conversão Alimentar (kg) 1,520
2
53,60
34,50
1,83
2,36
1,852
1,506
3
49,10
47,50
2,48
2,38
3,285
1,725
4
70,70
44,00
2,39
2,09
3,113
1,541
5
55,50
37,00
1,79
1,45
2,054
1,562
6
60,50
42,00
2,26
1,79
2,541
1,655
7
51,20
40,50
1,25
1,03
2,077
1,605
Média
55,34
39,36
1,89
1,95
2,333
1,588
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
80
Quadro 1: Resultados da produção de frango de corte em sistema convencional de produção. Fonte: do autor
Com os resultados é possível verificar que o ganho de peso diário, em média, fica em 55,34. Os lotes ficam até a idade das aves de aproximadamente 40 dias. As aves, em média, atingem mortalidade de 1,89 aves, condenação de 1,95, peso médio de 2,333 e conversão alimentar de 1,588. Por se tratar de aviário convencional, os resultados mostram um bom desempenho das aves. Alguns lotes mostram resultados melhores que outros, devido a quantidade de tempo que as aves permanecem no criador, por exemplo, o lote 6 possui 42 dias de idade, consequentemente apresenta números mais elevados no ganho de peso diário, peso médio e conversão alimentar. Mas destaca-se que no mesmo lote, a mortalidade e a condenação se mostraram menores, pois estes indicadores não dependem apenas da idade das aves.
Figura 2: Vista da criação de aves em aviário Blue House. Fonte: do autor.
No sistema Blue House, foram obtidos os seguintes resultados, apresentados no Quadro 2 abaixo.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
81
Aviário Blue House Lote
Ganho de Peso Diário (gramas)
Idade (dias)
Mortalidade (%)
Condenação (%)
Peso Médio (kg)
Conversão Alimentar (kg)
1
49,50
30,00
1,07
2,17
1,485
1,505
2
55,00
34,00
1,49
2,46
1,870
1,468
3
71,20
46,00
1,85
2,01
3,275
1,629
4
73,00
44,00
1,90
1,83
3,212
1,557
5
61,20
35,00
1,60
1,09
2,142
1,498
6
63,30
42,00
1,19
1,03
2,658
1,570
7
55,60
40,00
1,02
0,82
2,720
1,558
Média
61,26
38,71
1,45
1,63
2,480
1,541
Quadro 2: Resultados produção de frango de corte em sistema Blue House de produção. Fonte: do autor
Com os resultados do aviário Blue House, verifica-se que o ganho de peso diário médio foi de 61,26 para uma idade média de 38,71 dias. A média dos lotes foi de 1,45 para mortalidade, 1,63 para condenação, 2,480 para peso médio e 1,541 para conversão alimentar. Analisando o lote 3, pode-se ver que, devido ao maior tempo que as aves permanecem na propriedade, consequentemente o ganho de peso diário e peso médio são maiores que nos outros lotes. Ainda neste lote, verificou-se que a mortalidade foi inferior a outros períodos, e que a condenação e a conversão alimentar foram maiores. Em ambos os modelos de aviários, é possível verificar que existem variações entre os resultados dos lotes, ou seja, os indicadores nem sempre são proporcionais à idade das aves, como pode-se observar nos gráficos a seguir.
Figura 3: Resultados médios da produção de frango de corte em ambos sistemas de produção. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
82
Fonte: do autor
No gráfico 1 é visível que o ganho de peso diário no sistema Blue House é maior em relação a idade das aves menor, ou seja, as aves ganham mais peso ficando menos tempo da propriedade. Este resultado mostra o melhor desempenho no sistema Blue House.
Figura 4: Resultados médios da produção de frango de corte em ambos sistemas de produção. Fonte: do autor
No gráfico 2 é visível que o peso médio no sistema Convencional é inferior ao Blue House. Os resultados de mortalidade, condenação e conversão alimentar são inferiores no sistema Blue House, o que indica melhor qualidade na produção dos frangos de corte. Analisando os dois gráficos, os frangos de corte criados no sistema Blue House mostraram melhor desempenho em todos os indicadores. Mesmo a média da idade das aves sendo menor no aviário Blue House, o ganho de peso diário e o peso médio foram maiores. As médias de mortalidade, condenação e conversão alimentar foram inferiores às do aviário convencional, o que representa um melhor desempenho.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados de ambos sistemas de criação de frangos de corte apresentam bom desempenho. Nos dois modelos de aviários, os resultados podem variar devido à idade de permanência das aves na propriedade, além de outros fatores, como o clima e cuidados por parte do proprietário. Dessa forma, os resultados não dependem exclusivamente do sistema de criação que é utilizado.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
83
Os resultados do aviário convencional mostram que o ganho de peso diário, em média, fica em 55,34. Os lotes ficam até a idade das aves de aproximadamente 40 dias. As aves, em média, atingem mortalidade de 1,89 aves, condenação de 1,95, peso médio de 2,333 e conversão alimentar de 1,588. Os resultados do aviário Blue House mostram que o ganho de peso diário médio foi de 61,26 para uma idade média de 38,71 dias. A média dos lotes foi de 1,45 para mortalidade, 1,63 para condenação, 2,480 para peso médio e 1,541 para conversão alimentar. Comparando os resultados, o aviário Blue House se destaca em todos os indicadores analisados. A idade das aves é menor, mas o ganho de peso diário e o peso médio são melhores. Já a mortalidade, condenação e conversão alimentar são inferiores. Portanto, a tecnologia investida no sistema Blue House mostra que proporciona mais qualidade na produção e melhores resultados, em relação ao sistema convencional. Consequentemente, esses resultados trazem maior lucro para o produtor. O produtor percebe o retorno sobre o investimento em avanços tecnológicos, pois também facilita o seu trabalho no dia a dia. O sistema Blue House requer cuidados na produção, como qualquer outro sistema, mas não com tanta intensidade, pois diminui os efeitos dos fatores externos sobre as aves, o que contribui para o melhor resultado final.
REFERÊNCIAS
ABPA. Disponível em: <http://abpa-br.com.br/>. Acessado em 16 de abril de 2017. ABPA. Resumo do Setor de Aves. Disponível: <http://abpabr.com.br/setores/avicultura/resumo>. Acessado em 16 de abril de 2017. ABREU, Valéria Maria Nascimento; ABREU, Paulo Giovanni de. Os desafios da ambiência sobre os sistemas de aves no Brasil. Revista Brasileira de Zootecnia, 2011. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/42704/1/osdesafios-da-ambiencia-sobre-os-sistemas.pdf. Acessado em 15 de abril e 2017. AGEITEC. Disponível em: <http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/frango_de_corte/arvore/CONT000fc6f3k wv02wx5eo0a2ndxy2p18gdt.html>. Acessado em 16 de abril de 2017. CAVICHIOLI, Carina; OLIVEIRA, Karina Volpe; ANDREAZZI, Márcia Aparecida; SIMONELLI, Sandra Maria. Avaliação do desempenho de frangos de corte criados em sistema convencional e Dark House. UNICESUMAR – Centro Universitário de Maringá, 2014. Disponível em: <http://www.cesumar.br/prppge/pesquisa/mostras/sete_mostra/carina_cavichioli.pdf>. Acessado em 16 de abril de 2017. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
84
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, Editora Atlas, 5° Edição, 2010. 30 p. LIMA, Anna Monteiro Correia. Avaliação de dois sistemas de produção de frango de corte: uma visão multidisciplinar. Universidade Estadual de Campinas, 2005. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/257246/1/Lima%2c%20Anna%20% 20Monteiro%20Correia%20%20.pdf>. Acessado em 23 de abril de 2017. NOWICKI, Rodrigo; BUTZGE, Everton; OTUTUMI, Luciana Kazue; PIAU JÚNIOR, Ranulfo; ALBERTON, Luiz Romulo; MERLINI, Luiz Sérgio; MENDES, Tatiane Camacho; DALBERTO, Jéssica Laura; GERÔNIMO, Edson; CAETANO, Isabel Cristina da Silva. Desempenho de frangos de corte criados em aviários convencionais e escuros. Arq. Ciênc. Vet. Zool. UNIPAR, 2011. Disponível em: <http://www.revistas.unipar.br/index.php/veterinaria/article/view/3738/2438>. Acessado em 23 de abril de 2017.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
85
AVALIAÇÃO DE DUAS VACINAS CONTRA A DOENÇA DA CIRCOVIROSE Cássio Alfredo Landmeier Rosemarí Driemeier Kreimeier RESUMO A carne suína é a mais consumida no mundo, embora tenha restrições em alguns países devido aos hábitos, proibições religiosas e dogmáticas. Sua relevância vem da crescente demanda nacional e internacional, que torna a exportação de carne suína um dos nichos que mais tem crescido nos últimos anos. Contudo para termos cada vez mais lucratividade na produção de suínos, busca-se novos meios para minimizar as perdas, por isto foi realizado o seguinte trabalho para identificar qual a vacina mais eficaz contra a Circovirose. O trabalho foi realizado através da Cooperativa Languiru e de dois laboratórios fabricantes da vacina contra a circovirose. Após todo o processo chega-se à conclusão que a vacina A apesar de ter um custo maior por dose, tem melhor aproveitamento em relação ao peso médio, se comparado com a vacina B, tendo assim mais lucratividade no ponto final que seria a indústria. Palavras-chave: Circovirose. Vacina. Lucratividade.
INTRODUÇÃO
A carne suína é a mais consumida no mundo, embora tenha restrições em alguns países devido aos hábitos, proibições religiosas e dogmáticas. A despeito da crença de que carne suína é prejudicial à saúde, é uma carne magra e contém nutrientes semelhantes aos das demais carnes. Sua relevância vem da crescente demanda nacional e internacional, que torna a exportação de carne suína um dos nichos que mais tem crescido nos últimos anos.
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle – Estrela. Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. e-mail cassio.landmeier@languiru.com.br Mestre em Fitotecnia, Professora do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. e-mail rosemari.kreimeier@lasalle.org.br.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
86
Hoje o Brasil se encontra na quarta posição como produtor e exportador, onde no ano de 2015 abateu 1,4 milhões de cabeças quando comparado com o ano de 2014, representando um aumento de 7%, ficando somente atrás apenas da China que é a maior produtor mundial, União Europeia e Estados Unidos (ARAGÃO, 2016). O ano de 2016 para a suinocultura brasileira foi um ano não muito favorável para os produtores independentes onde muitos deles tiveram que fechar as portas de suas propriedades, o mesmo acontece para as grandes integradoras e cooperativas, isto se deve principalmente devido ao aumento da matéria prima para a fabricação das rações que teve um aumento considerável durante o ano, acarretando assim um aumento no custo de produção do suíno. Contudo para termos cada vez mais lucratividade na produção de suínos, buscase novos meios para minimizar as perdas, por isto foi realizado o seguinte trabalho para identificar qual é a vacina mais eficaz contra a Circovirose.
METODOLOGIA
Para elaboração do presente trabalho foi realizado este experimento, visando avaliar os benefícios obtidos na aplicação de duas vacinas contra a doença da circovirose suína.
O primeiro passo foi fazer as pesagens dos leitões na
desmama, onde neste momento foi feita a colocação dos brincos nos leitões para a identificação e posteriormente realizada a vacinação, e a anotação em uma planilha do Excel o número do brinco do leitão e qual foram a vacina que ele recebeu, sendo ela a vacina A ou B. No total foram vacinados 400 animais, onde 200 deles receberam a vacina A e os outros 200 receberam a vacina B. Após este processo estes leitões seguiram para a fase da creche, onde lá foram misturados e tiveram os mesmos cuidados e consumiram da mesma ração, para assim não obter nenhuma vantagem de uma vacina para a outra. Depois de atingir o peso de 29 quilogramas na creche os leitões foram encaminhados ao terminador, onde todos os animais continuaram misturados sem saber qual animal tinha recebido qual vacina, durante o lote foi feito o acompanhamento pelos
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
87
técnicos da Cooperativa Languiru para ver o desenvolvimento dos animais, observando também os cuidados que o produtor tinha com estes animais. Os dados constantes no trabalho foram obtidos através de planilhas de controle de pesagens feitos nas granjas e controles realizados pelos produtores, com acompanhamento técnico das empresas participantes do experimento.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Suinocultura Brasileira
No ano de 2015 o Brasil foi o quarto maior exportador mundial, com um total de 1,4 milhão de cabeças abatidas, representado um aumento de 7% quando comparado com o ano de 2014, ficando atrás apenas da China, União Europeia e Estados Unidos (Aragão, 2016).
A suinocultura brasileira emprega mais de 1 milhão de pessoas
em seus processos produtivos, a cadeia da suinocultura representa US$ 10,9 bilhões, representando assim 3% do mercado do agronegócio brasileiro (ARAGÃO, 2016). As exportações em 2015 aumentaram 10% quando comparamos com o ano anterior, tanto em produtos já processados e produtos in natura, registrando um total de 555 mil toneladas exportadas, onde seu principal comprador é a Rússia, a abertura de novos mercados, principalmente o da Ásia ajudou com o aumento neste setor (ARAGÃO, 2016). Apesar da evolução nas exportações, ainda é o mercado doméstico que absorve mais de 80% da produção brasileira. Em termos absolutos, a quantidade consumida só tem crescido no Brasil, dado o aumento da população e da renda. O consumo de carne suína vem crescendo no Brasil, onde hoje é consumido cerca de 17 quilos por pessoal anualmente, a Região Sul e Minas Gerais são os principais consumidores, onde os valores por pessoa chegam a aproximadamente 25 e 23 quilos por pessoa, já na Áustria este valor chega a 73 quilos por habitante (ARAGÃO, 2016).
A produção de suínos do Brasil está concentrada nos
estados da Região Sul, Minas Gerais e São Paulo que representam 65% da produção nacional. Os estados do Sul representam 80% das exportações, e o estado de Minas
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
88
Gerais e São Paulo focam nas vendas de seus produtos para o mercado interno (ARAGÃO, 2016).
O que é Circovirose A circovirose é uma doença infecto contagiosa causada pelo circovírus suíno tipo 2 (PCV2). Ela se manifesta sob diversas formas clínicas, sendo a mais importante e frequente a Síndrome Multissistêmica do Definhamento (SMD). O PCV2 é um vírus patogênico que está disseminado em rebanhos suínos do mundo todo onde a suinocultura é praticada. Para Morés (2016), a circovirose é conhecida como um conjunto de síndromes causadas pelo circovírus suíno tipo 2 ou PCV2, vírus patogênico disseminado em rebanhos suínos. A doença é caracterizada por emagrecimento progressivo, anorexia, linfadenopatia, diarreia crônica e dificuldade respiratória em leitões. O circovírus pertence à família Circoviridae são vírus pequenos, considerado um dos menores entre vírus de animais. A circovirose pode atingir propriedades de ciclo completo, unidades produtoras de leitões de tamanhos variados, e até mesmo crechários e terminadores de terceiros, os suínos afetados estão entre cinco a 16 semanas de idade. A mortalidade muda conforme a fase em que a circovirose inicia e até mesmo o manejo na granja (MORÉS, 2016). O PCV2 pode ser transmitido de suínos infectados para não infectados, matrizes infectadas com o vírus podem repassar para os fetos onde pode ocorrer a morte embrionária, mumificação e natimortos, mas isto depende do momento da infecção durante a gestação. O PCV2 também pode ser excretado pelas fezes até treze dias após a infecção, também existe o meio de contaminação ocular, saliva, urina, leite (colostro) e sêmen (ZANELLA, 2016).
Sinais Clínicos da Circovirose A Síndrome Multissistêmica do Definhamento (SMD) é a forma clínica mais importante causada pelo PCV2, além disto, o vírus é relacionado com inúmeras outras doenças. A SMD observa-se em suínos entre oito e 16 semanas de idade, sendo que o período de transmissão ocorre entre cinco e 16 semanas (MORÉS, 2016). Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
89
Os sinais mais importantes são o emagrecimento contínuo, anorexia, aumento nos linfonodos, diarreia crônica, dispneia, os quais não regridem com tratamentos antimicrobianos convencionais (ZANELLA, 2016).
Figura 1: Imagem de um suíno sadio e outro com Circovirose. Fonte: do autor.
Circovirose no Brasil Segundo Zanella (2016), a circovirose no Brasil foi diagnosticada pela primeira vez no Brasil em 2000, no Laboratório de Sanidade da Embrapa Suínos e Aves em Concórdia, Santa Catarina. Apesar do primeiro registro em 2000, a circovirose suína foi diagnosticada em material biológico de arquivo datado de 1988, sugerindo que a infecção já estava presente no Brasil desde aquela época. Atualmente, é considerada uma doença endêmica em rebanhos brasileiros. Questiona-se por que as doenças associadas ao PCV2 emergiram como a principal doença de importância econômica mundial para a suinocultura (MORÉS, 2016).
Controle e Tratamento da Circovirose Hoje não existe nenhum tratamento específico para suínos com a SMDS. Recomenda-se o uso de antimicrobianos para combater as infecções secundárias, que devem ser selecionados com base na doença bacteriana mais frequente em associação com a SMDS (MEGID, 2016). Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
90
No entanto, os melhores resultados no controle da SMDS são obtidos associando o programa de vacinação do rebanho contra a PCV2 com mudanças de manejo baseadas nos 20 pontos de Madec, o que permite uma redução nas taxas de mortalidade inferiores a 5% na creche. Atender as recomendações de Madec melhora a biossegurança da granja e reduz o potencial infecioso de outras doenças (MEGID, 2016).
Vacinas contra a Circovirose Atualmente no Brasil existem quatro vacinas comerciais contra o PCV2. A vacinação das porcas e leitoas de reposição aumenta o título de anticorpos no colostro e protege os leitões pelo menos até o fim da fase de creche. Todavia, na maioria das criações brasileiras, pela presença de muitos fatores de risco, parece necessária a vacinação dos leitões para protegê-lo nas fases de crescimento e terminação (MEGID, 2016). Os leitões são vacinados com três semanas de idade, ou seja, quando diminuem os seus anticorpos passivos. Estas vacinas têm mostrado eficiência em redução de mortalidade, melhoramento no ganho de peso e um bom desempenho na conversão alimentar (MEGID, 2016). RESULTADOS E DISCUSSÕES No dia 04 de outubro de 2016 foi feita a desmama dos leitões, posteriormente os leitões foram vacinados e colocados os brincos referente qual vacina eles receberam sendo elas a vacina A e a vacina B, foram observadas durante essas pesagens para que houvesse uma randomização no peso dos leitões para que não tivesse uma diferença muito significativa entre o peso médio dos animais de uma vacina para a outra. O peso médio de desmama da vacina A foi de 6,49 kg e da vacina B o peso foi de 6,50 kg, sendo uma diferença média de 10 gramas por animal vacinado, em seguida estes animais foram encaminhados para a fase da creche. Na saída da creche os leitões foram pesados individualmente sendo que o peso médio da vacina A foi de 29,74 kg e da vacina B foi de 30,09 kg, ou seja, uma diferença de 350 gramas de peso a mais para os animais vacinados com a
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
91
vacina B, após as pesagens na creche os animais foram levados ao terminador localizado na Linha Frank no município de Westfália. No terminador os leitões entraram e foram colocados aleatoriamente dentro das baias para que não houvesse algum benefício de uma vacina para a outra. A pesagem na terminação foi realizada individualmente no dia 22 de fevereiro de 2017, onde os animais vacinados com a vacina A deram o peso médio de 124,63 kg e os animais vacinados com a vacina B obtiveram o peso médio de 123,42 kg, sendo uma diferença de 1,21 kg por animal.
Figura 3: Pesagens dos animais na fase da terminação. Fonte: do autor.
No quadro 1 pode-se comparar o peso médio tanto de saídas em cada fase, desde a desmama passando pela creche até o peso da saída da terminação, apontando a diferença de peso em cada fase. Fase
Peso médio A
Peso médio B
Diferença de peso
Desmama
6,49kg
6,50kg
10g
Creche
29,74kg
30,09kg
350g
Terminação
124,63kg
123,42kg
1,21kg
Quadro 1: Comparativo de peso entre as duas vacinas nas diferentes fases. Fonte: do autor.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
92
No quadro 1 na fase da desmama e creche a vacina B apresentou um peso mais elevado se comparado com a vacina A, porém na terminação onde a diferença de peso foi maior a vacina A teve um peso mais elevado, uma diferença de 1,210kg de peso a mais por animal, se multiplicado pelo número de 200 animais que estavam alojados neste produtor chega-se a 242kg de peso a mais de carne que os animais vacinados com a vacina A obtiveram em relação aos animais vacinados com a vacina B. Sabendo que a vacina A tem o custo de 2,59 reais a dose e a vacina B tem o valor de 2,00 a dose por animal, pode-se avaliar que mesmo assim realizar as vacinações com a vacina A é mais vantajoso e lucrativo para a Cooperativa. Pois a diferença de custo de uma vacina para a outra é de 0,59 centavos a dose, e o maior lucratividade é na ponta final, ou seja, dentro da indústria, pois sabe-se que a Cooperativa abate em média 30.000 suínos por mês, se multiplicado pelo peso a mais por animal que é de 1,210 kg, são 36.300 kg a mais de carne dentro da indústria. Se pegarmos o valor de 36.300 kg de carne posto a mais na indústria multiplicado pelo preço praticado pelo CEPEA no dia 30 de junho de 2017 que é de 3,15 reais tem-se o valor de 114.345,00 reais, e o valor gasto com a vacina A é de 17.700,00 reais a mais que a vacina B durante o mês. Ao descontar o valor de 114.345,00 reais de carne na indústria descontado o preço pago a mais pela vacina A que é de 17.700,00 reais tem-se uma lucratividade de 96.645,00 reais em média por mês.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise dos dados que foram coletados durante a realização deste trabalho, nota-se que nas fases iniciais dos leitões a vacina B apresentou um peso um pouco mais elevado em relação à vacina A, mas na fase da terminação a vacina A apresentou um valor considerável mais alto se comparada com a vacina B, sendo a diferença de 1,210kg a mais de peso por suíno a favor da vacina A. Sabendo que a vacina A tem o custo de 2,59 reais a dose e a vacina B tem o valor de 2,00 a dose por animal, tem-se uma diferença de 0,59 centavos, e a maior lucratividade é na ponta final, ou seja dentro da indústria, sabe-se que a Cooperativa abate em média 30.000 animais por mês, se multiplicado pelo peso a mais por animal Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
93
que é de 1,210 kg, são 36.300 kg de carne dentro da indústria, sendo um valor final no mês de lucratividade média de 96.645,00 reais. Sabendo destes resultados pode-se dizer que se vacinados os leitões com a vacina A tem-se uma lucratividade maior na ponta final, ou seja dentro da indústria, isto devido aos quilogramas de peso a mais agregado por animal se comparado com a vacina B. REFERÊNCIAS
ALBERTON, G. C., ZOTTI, E. Tópicos em sanidade e manejo de suínos. Concórdia: Embrapa - CNPSA, 2010. Pág, 53. GUILHERME ARAGÃO. Suíno cultura e evolução no Brasil. Rio de Janeiro. 2016. CEPEA. Indicador do suíno vivo CEPEA/ESALQ. Disponível em <http://www.cepea.esalq.usp.br/br/indicador/suino.aspx.> Acessado em 01 de julho de 2017. CLEANDRO PAZINATO DIAS. Bem estar dos suínos. Londrina, 2016. EMBRAPA. Boas práticas de produção de suínos. Concórdia, 2016. MEGID, J., Doenças infeciosas em animais de produção e de companhia. Rio de Janeiro, 2016. JURIJ SOBESTIANSKY. DAVID BARCELLOS. Doenças dos Suínos. 2. ed. Goiânia, 2007.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
94
AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTO EM CRECHE SUÍNA: COMPARATIVO DO CUSTO DO INVESTIMENTO NO ANO DE 2014 COM 2016 VISANDO A SUA RENTABILIDADE Cássio A. Landmeier Rosemari D. Kreimeier RESUMO
O trabalho tem como objetivo analisar o investimento realizado pelo produtor em uma creche suína, após o processo de análise notou-se que o futuro investimento feito pelo produtor é viável, apesar do aumento das taxas de juros entre os dois anos, o aumento na taxa de inflação, além do aumento no custo do investimento entre os dois anos é viável sim fazer a implantação da nova creche suína, mas o produtor irá trabalhar com uma rentabilidade menor. A creche que já está produzindo o produtor tem uma rentabilidade bem significativa no período de um ano, após ter uma renda bruta no período de uma no de 48.061,26 reais e os custos e despesas que são a depreciação, mão de obra, luz, água, lenha e além disto ainda o custo do financiamento da instalação, chegam ao total de 36.430,00 reais, assim tendo como uma rentabilidade anual o valor de 11.631,26 reais. Palavras-chave: Creche suína. Taxa de juros. Inflação. Rentabilidade.
INTRODUÇÃO
O ano de 2016 para a suinocultura brasileira foi um ano não muito favorável para os produtores independentes onde muitos deles tiveram que fechar as portas de suas propriedades, o mesmo acontece para as grandes integradoras e cooperativas, isto se deve principalmente devido ao aumento do custo da matéria prima para a fabricação
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Cientifica da Faculdade La Salle - Estrela. Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. e-mail cassio.landmeier@languiru.com.br Mestre em Fitotecnia e professora do curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. e-mail rosemari.kreimeier@lasalle.org.br.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
95
das rações que tiveram um aumento considerável durante o ano, acarretando assim numa elevação no custo de produção do suíno. Teve-se a baixa do preço pago ao produtor pelo quilograma de carne, que se deve principalmente à crise econômica pela qual o Brasil está passando, se o consumidor não tem dinheiro para comprar é necessário diminuir a margem de lucratividade, evitando assim o aumento dos estoques nas indústrias. Sabe-se que muitos produtores rurais não tem o controle de custos e rentabilidade de sua produção fazendo com que em muitos casos uma atividade subsidie a outra, com isto o presente trabalho busca avaliar a viabilidade e a rentabilidade na construção de uma creche suína.
METODOLOGIA
Para elaboração do trabalho optou-se pelo estudo de caso, visando analisar os custos da implantação de uma creche já implantada no ano de 2014 e qual o custo para a implantação de uma creche nova. Portanto, pretende-se estabelecer um comparativo entre as variáveis de custo de implantação das duas instalações que foi realizada em diferentes períodos e qual a viabilidade na construção de uma nova creche suína (GIL, 2010). Os dados presentes no trabalho foram obtidos através de planilhas de controle de custos e de rentabilidade da atividade e da experiência do produtor, foram levantados orçamentos, e pesquisados meios de financiamentos, para a construção da creche suína.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Apesar da evolução nas exportações, ainda é o mercado doméstico que absorve mais de 80% da produção brasileira. Em termos absolutos, a quantidade consumida só tem crescido no Brasil, devido ao aumento da população e da renda. No entanto, em termos per capita, o consumo de carne suína no Brasil cresce de forma gradativa. Segundo dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), em 2013, cada brasileiro consumiu, em média, 15,1 quilos de carne suína. Essa quantidade está muito aquém dos 41,8 quilos de carne de frango e 41 quilos de carne bovina consumidos por
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
96
habitante em 2013, dados da ABPA e da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes), respectivamente. Instalações Com o crescimento contínuo da humanidade e avanços tecnológico ligados ao desenvolvimento genético, melhorias na nutrição, manejo e principalmente os fatores ligados a sanidade, as instalações para o alojamento de suínos evoluíram, precisando ser cada dia proporcionar ao produtor uma maior facilidade no manejo, sem intervir no desenvolvimento dos animais, buscando cada vez mais uma produção com menor custo aumentando o rendimento.
Creche Suína A creche é uma fase crítica para a criação dos suínos, isto devido aos fatores estressantes do desmame, que acabam promovendo queda da imunidade destes animais. Quando são separados das suas mães os leitões que são alojados na creche passam por diversos fatores estressantes sendo eles: o conflito social devido a mistura dos leitões, a própria separação do leitão de sua mãe perdendo assim a imunidade que é fornecida através do leite materno, sofrendo assim um desafio nutricional (NÄÄS, 2014).
Orçamento Pode-se dizer que para montar um orçamento precisa-se tomar nota do que se precisa de materiais de construção, qual será o tempo necessário para a empresa construtora para fazer a construção da obra. Quanto o orçamento da parte de equipamentos que serão necessários para a creche, o interessante é orçar com várias empresas que fornecem os equipamentos necessários buscando qual é o melhor custo benefício, o mesmo acontece com os materiais de construção, que por muitas vezes o valor cobrado em um estabelecimento em outro lugar pode ser muito inferior, claro sempre devemos buscar equipamentos e materiais para a construção que sejam de boa qualidade.
Financiamento para construção
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
97
São inúmeros as maneiras para se adquirir um empréstimo bancário para fazer a construção da creche suína, mas precisa-se levar em consideração os juros que são cobrados e o tempo de pagamento para a quitação do empréstimo. Para a construção são oferecidas algumas linhas de créditos entre elas está o Pronaf Mais Alimento, que pode-se usar para financiar atividades agropecuárias e não agropecuárias para a implantação, ampliação ou modernização da estrutura de produção, beneficiamento, industrialização e de serviços no estabelecimento rural. Há também a linha de créditos chamada de Pronaf Eco, que é utilizado para a implantação, utilização e recuperação de tecnologias de energia renovável, tecnologias ambientais, armazenamento hídrico, pequenos aproveitamentos hidro energéticos, silvicultura e para fazer a correção do solo.
Apresentação da propriedade O presente trabalho foi realizado em uma propriedade no município de Westfália, localizado na região do Vale do Taquari que é formado por 39 municípios. Westfália possui localização privilegiada no Estado do Rio Grande do Sul, distante a 120 Km de Porto Alegre e Região Metropolitana; a 80 Km de Caxias do Sul que é o segundo maior polo econômico e de concentração urbana do Estado. Próximo a importantes rodovias sendo elas a RST 453, também conhecida como Rota do Sol, e localizada bem próxima a BR 386.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
No ano de 2014 foi dado o início do projeto para a implantação de uma creche suína, foi realizado um levantamento de orçamento junto com a unidade integradora, com apoio da EMATER do Município onde está localizado o empreendimento. Após foi realizado o encaminhamento via banco para aquisição do valor de 150.000,00 através do programa de financiamentos conhecido como Pronaf Mais Alimentos que é uma iniciativa do Governo Federal, sendo que o seu juro é de 2% ao ano, tendo dez anos para efetuar o pagamento. Na mão de obra da instalação entram tanto as construções de esterqueiras internas e instalação hidráulicas quanto toda a instalação que vai do alicerce até a colocação do telhado o valor gasto foi de 43.000,00 reais, nos Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
98
materiais de construção entra todos os materiais necessários para construção da pocilga e esterqueiras como a areia, madeiramentos diversos, cimento, tijolos entre outros somando o valor de 70.806,00, reais e nos equipamentos utilizados constam uma Orçamento do investimento em 2014 R$ Mão de obra
43.000,00
Material de construção
70.806,00
Equipamentos
36.666,80
Total
150.472,80
fornalha, todo o sistema de arraçoamento, dois silos metálicos de nove toneladas cada e 21 comedouros para a fase de creche totalizando o valor de 36.666,80 reais, sendo que o valor total gasto para a construção foi de 150.472,80 reais conforme quadro 1.
Quadro 1: Orçamento do investimento em 2014. Fonte: do autor. Após a verba do financiamento ser liberada foi iniciada a construção da instalação, que durou aproximadamente cinco meses, os gastos com a construção estão apresentados conforme Quadro 1. Pode-se ver mais detalhadamente os gastos que o produtor irá ter com a mão de obra, material de construção e equipamentos como está representada no Quadro 2. Orçamento 2016
R$
Mão de obra
37.800,00
Material de construção
113.000,00
Equipamentos
48.325,00
Total
199.125,00
Quadro 2: Orçamento referente a construção da creche no ano de 2016. Fonte: do autor. Para a construção da nova instalação foi levantado o orçamento e o valor foi de 199.125,00 reais para a construção da creche sendo 50.000,00 reais a mais de gasto com Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
99
o financiamento se comparado com o gasto na construção da primeira instalação, havendo somente alteração no aumento dos gastos com os materiais de construção e um aumento no valor dos equipamentos, mas em compensação o valor gasto com a mão de obra deu uma recuada. Quando compararmos o aumento do índice de inflação que vai do ano de novembro do ano de 2014 até o mês de novembro do ano de 2016 tivemos um aumento na inflação de 19,57% segundo os dados de inflação da IGP-M que é o Índice Geral de Preços do Mercado. No ano de 2014 foi gasto com a construção da creche um valor total de 150.472,80 somado o valor da inflação desde o ano de 2014 até o mês atual temos um acréscimo neste valor chegando a quantia de 179.915,18 reais, ou seja, um aumento somente na taxa de inflação de 29.442,38. Além disto, ter-se-á o acréscimo no custo da instalação final de 19.209,82 que pode ser considerado como um valor além da taxa de inflação. Se compararmos o meio de pagamento e as taxas de juros em cada caso pode-se observar que o valor final pago com o futuro investimento se tornará muito mais elevado no que a construção já realizada no ano de 2014, como está representada no Quadro 3.
FINACIAMENTOS
VALOR
JUROS
VALOR A SER PAGO
Financiamento 2014
150.472,80
2,0%
166.058,72
Financiamento 2016
199.125,00
5,5%
271.481,35
Diferença entre valores
48.642,20
3,5%
105.422,63
Quadro 3: Diferença nos valores a serem pagos referente aos financiamentos. Fonte: do autor. Se analisado as receitas obtidas com a creche que foi construída no ano de 2014, e dado início a produção no ano de 2015 o produtor fez até o momento 13 lotes de animais totalizando um montante de 10.513 leitões vendidos, com um rendimento médio por cabeça de 8,65 reais por lote.
Conforme quadro 4 pode-se analisar a data
das vendas dos lotes, quantia entregue, peso médio de entrada e de venda, idade de
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
100
venda do lote, a conversão alimentar, mortalidade, ganho de peso diário (GPD) e o valor final que o produtor obteve por animal.
Lote
Saída
Leitões
Peso de
Peso
entrada
Médio
Idade
Conversão
Mortalidade
Valor Final
01
5/15
804
5,49
23,11
40
1,38
0
8,49
02
7/15
813
7,71
23,79
34
1,37
1,33
7,96
03
9/15
788
5,41
23,51
38
1,38
0,63
8,16
04
0/15
798
6,27
22,85
40
1,37
0,25
9,13
05
2/15
837
6,85
23,41
37
1,35
0,24
9,33
06
2/16
804
7,35
23,30
33
1,32
0,12
9,36
07
4/16
796
5,15
22,76
41
1,33
0,50
8,77
08
6/16
779
5,88
23,91
42
1,42
0.38
8,52
09
8/16
799
8,16
23,83
34
1,46
0,50
7,74
10
0/16
824
7,94
23,22
32
1,42
0,84
8,12
11
2/16
847
7,68
22,99
34
1,39
0,47
8,68
12
1/17
825
6,25
23,19
40
1,39
0,48
8,75
13
3/17
799
7,62
23,07
35
1,35
0,12
9,45
10.513
6,76
3,30
6
1,38
0,45
8,65
Total
Quadro 4: Valor médio de rendimento em reais e a quantidade vendida pelo produtor. Fonte: do autor. Ao analisar-se o Quadro 4 e considerar o valor médio pago ao produtor que foi de R$ 8,65 por lote e multiplicar pela quantidade de animais vendidos que foi de 10.513 animais teremos o valor bruto de rendimentos de R$ 90.937,45, sendo uma média ganha por lote de 6.995,18 reais.
No Quadro 5 tem-se os gastos com a creche durante o
período de um ano, constando a depreciação, mão de obra, luz, água, lenha e o valor da prestação do investimento. Gastos Depreciação Pró Labore Luz Água Lenha Prestação do financiamento
Valor em R$ 7.500,00 12.000,00 400,00 300,00 350,00 15.880,00
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
101
Total
36.430,00
Quadro 5: Gastos com despesas no período de um ano. Fonte: do autor.
Se comparado o período de um ano observa-se que foi realizado sete lotes, que vai do lote 101 até o lote 107, como representado no Quadro 4, durante este período foram vendidos um total de 5.640 leitões, recebendo como pagamento uma média de 8,74 reais por cabeça, se multiplicarmos o número total de leitões vendidos neste período pelo valor recebido por cabeça tem-se o total de 49.293,60 reais. Descontando o fundo rural que é de 2,5% do valor total recebido no período de um ano chega-se no valor de 48.061,26 reais. Pegando o valor bruto de 48.061,26 reais descontando os gastos que tivemos com a depreciação, pró-labore, luz, água, lenha e a parcela do financiamento totalizando o valor 36.430,00 reais obtém-se o valor de 11.631,26 reais de lucratividade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise dos dados que foram coletados durante a realização deste trabalho, nota-se que para a implantação da nova instalação da creche suína o produtor terá mais dificuldades para realizar a quitação do investimento, isto se deve principalmente ao aumento da taxa de juros que na implantação da primeira instalação no ano de 2014 era de 2% ao ano e na implantação da segunda instalação no ano de 2016 o juro do financiamento aumentou para 5,5% ao ano, tendo um aumento de 3,5% nas taxas de juros que devem ser pagos. O valor gasto somando as taxas de juros no ano de 2014 foi de 166.058,72, já na implantação da futura instalação o produtor terá que gastar o valor de 271.481,35, a diferença entre os dois anos representa o valor de 105.422,63. Além do aumento nas taxas de juros o valor para a construção no ano de 2016 aumentou 50.000,00 reais se compararmos com a instalação já presente na propriedade, isto se deve basicamente ao aumento da taxa de inflação que ocorreu entre os dois anos que teve um aumento de 19,57%, fazendo com que os materiais de construção também tenham um aumento. Pode-se observar que o produtor terá mais dificuldades para fazer a quitação do segundo
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
102
investimento devido à alta taxa de juros e também ao aumento dos custos dos materiais de construção. Ao analisar as receitas obtidas com o investimento, pode-se constatar que a rentabilidade da creche suína em um ano foi de 11.631,26 reais, sendo esse o valor líquido, após serem descontados os custos da depreciação, luz, água, lenha, pró labore e o valor que se paga da parcela do investimento. Mas é preciso levar em consideração para que o produtor chegue a estes resultados é necessário muito cuidado e dedicação por parte do produtor, evitando desperdícios de ração, quando observar algum animal doente logo fazer a medicação, manejo das cortinas e regulagem bem feita dos comedouros são outros cuidados que o produtor precisa ter durante o decorrer do lote, se cuidar bem dos animais fará com que ele terá boa rentabilidade com a venda dos lotes.
REFERÊNCIAS
Calculadora de Inflação. Disponível em:< http://fundos.economia.uol.com.br/uol/calculadora-indices-inflacao/Default.aspx>. Acessado em 13 de novembro de 2016. CARVALHO, H. G. Planejamento e análise determinística do recurso mão-de-obra em projeto de instalação de suínos. Lavras, 2009. EMBRAPA. Boas práticas de produção de suínos. Concórdia, 2016. FUNDESA. Sustentabilidade ambiental na produção de suínos: recomendações básicas. Coordenação do Conselho Técnico Operacional de Suinocultura Fundesa – Porto Alegre, 2014. NÄÄS, I. A., CORDEIRO, A. F. Produção de suínos: teoria e prática. Suinocultura Industrial, nº 01, de 2016.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
103
CERTIFICAÇÃO DE ALFACE ORGÂNICA POR AUDITORIA Daiane Lucia Schimidt Carlos Henrique Dullius
RESUMO
A certificação de produtos orgânicos é a garantia da procedência desses e a diferenciação na forma produtiva em produtores rurais. Verifica-se dificuldade referente à adequação das propriedades para adequação de proteção às áreas de produção convencional, além de casos em que a produção é restrita a subsistência, não justificando a certificação da produção. Observou-se que, mesmo as unidades certificadas necessitam assessoria contínua visando a manutenção do selo. Apesar das dificuldades encontradas, a certificação mostra-se potencialmente positiva para agregar renda relação à agricultura convencional. Esta deve satisfazer a legislação vigente, tornando-se um processo complexo para os à produção. Palavras-Chave: Orgânicos. Certificação. Qualidade,
INTRODUÇÃO
Na busca do melhoramento da qualidade de vida, as pessoas buscam cada vez mais alimentos saudáveis para comporem sua alimentação. Num estilo diário acelerado, com um mundo aonde surgem mais e mais doenças, adquiridas por uma alimentação de baixa qualidade, oriundas da utilização de defensivos químicos e sementes modificadas, somadas a falta de exercícios físicos, surge um novo modo de vida, que dá início à um o mercado para os produtos orgânicos, os quais estão em ascensão mundial.
Trabalho apresentado como conclusão na disciplina de Certificação de Produtos Agropecuários do curso de Agronegócio da Faculdade La Salle Estrela. Aluna do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. lu.startdaia@gmail.com Professor do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. Doutor em Microbiologia. dulliuscarlos@gmail.com Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
104
Este mercado que, primeiramente, se originou na Europa, se disseminou rapidamente para o resto do mundo. Os alimentos orgânicos são aqueles provenientes de sistemas de produção agrícola que, conceitualmente, visa manejar, de forma equilibrada, o solo e os demais recursos naturais como água, vegetais, animais, macro e microrganismos, procurando minimizar os impactos ambientais dessa atividade graças à eliminação do uso de agrotóxicos e de quaisquer adubos minerais de alta solubilidade nas práticas agrícolas, conservando-os em longo prazo e mantendo a harmonia desses elementos entre si e com os seres humanos.
METODOLOGIA
Esse trabalho foi realizado na disciplina de Certificação de Produtos Agropecuários, no período do mês de julho do ano de 2017 para conclusão da disciplina. Foi feito um estudo, tendo por base a certificação de produtos orgânicos, onde foram realizadas pesquisas bibliográficas, para analisar a descrição do conceito sobre a certificação orgânica. Com relação aos procedimentos, utilizou-se a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em materiais já publicados, como livros, revistas, jornais, material disponibilizado pela internet, entre outros.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A agricultura orgânica tem se desenvolvido rapidamente no mundo nos últimos anos e é hoje praticada em 138 países. Além disso, pode-se assumir que a agricultura sob sistema orgânico de produção não certificada é praticada em maior número de países ainda. A produção na agricultura moderna pode ser mais elevada, mas em compensação os gastos com fertilizantes químicos e agrotóxicos são maiores. E a cada ano a natureza é mais agredida e responde aos danos com secas, excessos de chuva, desequilíbrio populacional de insetos e de microrganismos. Resultado disso é que milhares de agricultores se viram obrigados a abandonar o meio rural e tentar a vida nos grandes centros urbanos. Conscientes destas dificuldades, Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
105
aqueles agricultores que decidiram permanecer no campo, decidiram optar por alternativas diversificadas de cultivo. Assim, eles começaram a cultivar seus produtos de acordo com os princípios da agricultura alternativa. Esses princípios têm por objetivo desenvolver uma agricultura sustentável no aspecto econômico, social e ambiental. De acordo com Bonilla (1992), existem diversas linhas e movimentos dentro do contexto da agricultura alternativa, sendo as principais: agricultura biodinâmica, agricultura biológica, permacultura e agricultura orgânica. Agricultura biodinâmica é a mais antiga das propostas de agricultura alternativa. Surgiu na Alemanha, em 1924, formulada pelo austríaco Rudolf Steiner, que acredita que a terra é um organismo vivo e que seu cultivo está sujeito a forças dinâmicas não materiais. Seu método é mais uma postura de trabalho do que um conjunto de técnicas. A biodinâmica segue os princípios da homeopatia e aplica no solo e nas plantas compostos líquidos de alta diluição feitos com ervas medicinais, esterco e sílica. Agricultura biológica é corrente dominante nas regiões de língua alemã. Surgiu na Suíça, nos anos 50, a partir de experiências do agricultor austríaco Hans Muller e sua esposa, Maria Muller. A proposta foi inspirada inicialmente na filosofia de Rudolf Steiner, pai da agricultura biodinâmica, e depois passou a agregar informações de outros pesquisadores. As ideias os princípios e os métodos da agricultura biológica são basicamente os mesmos da orgânica. A Permacultura é a soma das palavras agricultura e permanente, sendo a mais recente filosofia de agricultura alternativa. Ela foi formulada pelo biólogo, naturalista e professor australiano Bill Mollison no livro Permaculture One (Permacultura Um, 1978). Ela propõe a criação de sistemas integrados e autossustentáveis que produzam todos os materiais para suas necessidades e reciclem seu lixo. A Agricultura Orgânica é a mais difundida das formas ecológicas atuais de produção. As correntes britânicas e americanas nasceram dos estudos de sir Albert Howard, que pesquisou e testou os métodos de agricultura natural na índia em diferentes períodos entre 1905 e 1940. A agricultura orgânica é um método ecológico que produz alimentos saudáveis mantendo a qualidade biológica do solo, das águas, do ar e das espécies animais e insetos. Usam como ferramentas os cultivos integrados, a Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
106
rotatividade de culturas, a integração de espécies animais, o uso de adubos compostos de resíduos orgânicos. Nos anos 90, o termo orgânico ganhou importância em todo o mundo e tornou-se uma das palavras-chave do século 21, sinônimo de preocupação com a saúde, com o corpo e com a ecologia. Os desequilíbrios climáticos, a redução da oferta de água potável, os sucessivos escândalos de alimentos contaminados por produtos químicos, o "mal da vaca louca", a volta de doenças extintas e o aumento das doenças alérgicas garantiram aos produtos orgânicos uma legislação exclusiva na Europa e nos Estados Unidos. Trata-se de uma postura de cidadania, uma nova forma de viver que está resultando com grandes mudanças.
Alface - Lactuca sativa A alface (Lactuca sativa) originou-se de espécies silvestres, ainda atualmente encontradas em regiões de clima temperado, no sul da Europa e na Ásia Ocidental (Filgueira, 2003). É a mais popular das hortaliças folhosas, sendo cultivada em quase todas as regiões do globo terrestre. Pode ser considerada uma boa fonte de vitaminas e sais minerais, destacando-se seu elevado teor de vitamina A, além de conter vitaminas B1 e B2, vitaminas C, cálcio e ferro (Fernandes et al., 2002). A planta é herbácea, delicada, com caule diminuto, ao qual se prendem as folhas. Estas são amplas e crescem em roseta, em volta do caule, podendo ser lisas ou crespas, formando ou não uma cabeça, com coloração em vários tons de verde, ou roxa, conforme a cultivar, e são essas características que determinam à preferência do consumidor. O sistema radicular é muito ramificado e superficial, explorando apenas os primeiros 0,25m do solo, quando a cultura é transplantada. Em semeadura direta, a raiz pivotante pode atingir até 0,60m de profundidade (Filgueira, 2003).
Certificação de Produtos Orgânicos A certificação é o processo pelo qual produtos e serviços recebem um selo de qualidade pela performance superior ou especializada em relação a outros produtos ou serviços concorrentes. Assim, tomando como exemplo o setor industrial, as empresas ou fábricas que atingem determinado grau de organização e eficiência recebem a chamada certificação ISO, que obedece a normas internacionais e é conhecida por entidades certificadoras independentes. Ou seja, a empresa segue uma série de práticas e adota Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
107
certas tecnologias preconizadas pela entidade certificadora, e baseada em normas oficiais, que lhe possibilita receber um selo ou marca de qualidade. Este selo permite destaca-la no setor, inclusive agregando valor aos produtos e serviços que ela desenvolve. De maneira semelhante, na agricultura existem normas de certificação para empresas rurais e agricultores que adotam a produção agroecológica. Estas normas foram pioneiramente elaboradas na década de 80 por uma entidade europeia, a IFOAM — International Federation of Organic Agriculture Movements, que congrega atualmente mais de 600 entidades e pessoas jurídicas no mundo inteiro. Os produtos orgânicos perderam sua identidade e passaram a ser apenas mercadorias anônimas. Assim, alguns produtores mal-intencionados aproveitaram-se da falta de controle para vender mercadorias convencionais como sendo orgânicas, porque, a princípio, o produto orgânico não apresenta diferenças aparentes relativamente ao produto convencional, seja forma, cor ou sabor. Logo, o que leva um consumidor a preferi-lo é a informação sobre suas vantagens nutricionais, a ausência de toxicidade e a confiança de que foi produzido conforme os preceitos que preservam esses fatores. É, portanto, um bem que tem na confiança seu principal valor. Na negociação direta entre consumidor e produtor (mesmo que através de cooperativas), o produtor garante a seu cliente que a mercadoria foi obtida por processos de manejo orgânico, e este aceita a garantia, por confiar na fonte de informação, influenciado pela proximidade ou pelo ambiente inserido. Os novos canais de distribuição e comercialização possibilitaram que os orgânicos alcançassem maior número de consumidores tornando a demanda mais regular. Porém, isto ocasionou um contato mais raro entre produtores e consumidores, necessitando, portanto, de um terceiro elemento que assegure ao distribuidor e ao consumidor a veracidade das informações sobre o processo de produção, de forma a restabelecer a confiança no bem adquirido. Isso se dá pela emissão de um certificado por empresa habilitada, atestando a adequação dos procedimentos do produtor, e pela aquisição de um selo de garantia na embalagem do produto. A introdução do processo de certificação no Brasil pelas ONGs baseou-se, em grande parte, nas normas internacionais de certificação, como as normas da IFOAM, a ISO da Europa e a OCIA - Organic Improvement Association — dos Estados Unidos e Canadá. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
108
O Ministério da Agricultura e do Abastecimento estabeleceu, por sua vez, através da Instrução Normativa (IN) 007, de 17 de maio de 1999, "as normas de produção, tipificação, processamento, envase, distribuição, identificação e certificação da qualidade para os produtos orgânicos de origem vegetal e animal". Em Santa Catarina, a Lei n° 12.117, de 07 de janeiro de 2002, em seu artigo 100 denomina o processo de certificação como: "o ato pelo qual uma terceira parte afirma que um produto, processo ou serviço, devidamente identificado, está em conformidade com uma norma ou, um outro normativo especificado". O selo de certificação de um alimento orgânico fornece ao consumidor muito além da certeza de estar levando para casa um produto isento de contaminação química. Garante também que esse produto é o resultado de uma agricultura capaz de assegurar qualidade do ambiente natural, qualidade nutricional e biológica de alimentos e qualidade de vida para quem vive no campo e nas cidades. Ou seja, o selo de "orgânico" é o símbolo não apenas de produtos isolados, mas também de processos mais ecológicos de se plantar, cultivar e colher alimentos. Para um produtor certificar seu produto ou sistema, ele precisa inicialmente atender às exigências legais, ambientais e sociais definidas pelo MAPA. Vale destacar que a legislação sobre a certificação orgânica é recente e, diferentemente do que acontecia até então, a partir de 2011 todos os produtos e sistemas orgânicos certificados no Brasil passaram a obedecer à mesma legislação. Além das exigências do MAPA, há alguns requisitos técnicos específicos que devem ser atendidos. Nesta etapa, o produtor deve primeiramente contatar uma instituição que seja credenciada pelo MAPA e pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO). Dependendo de que área seja o produto a ser certificado, por exemplo, produto primário vegetal, animal, extrativista ou produto processado, o requerente terá que se adequar à legislação vigente. Nesta fase, é importante a participação de um profissional habilitado para orientar os produtores a respeito de quais aspectos de sua propriedade e da sua produção deverão passar por adequações. Embora haja uma legislação específica (vide tópico “Fundamentação legal”) conforme o tipo de exploração da unidade (produção vegetal, animal, extrativismo, processamento, entre outros) que almeje obter o selo de produção orgânica, algumas Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
109
obrigatoriedades são comuns a todo o tipo de exploração. Por exemplo, para a comercialização, o produto orgânico deve ser certificado por organismos reconhecidos oficialmente e, após obtida a certificação, o produtor poderá utilizar o selo do Sistema Brasileiro de Conformidade Orgânica, além do selo do sistema de avaliação de conformidade orgânica utilizado como medida atestadora de conformidade do produto com a legislação pertinente. A obrigatoriedade para que os produtores se adaptem à nova legislação e, consequentemente tenham direito ao uso do selo do Sistema Brasileiro de Conformidade Orgânica foi a partir do dia 31/12/2010, conforme estabeleceu o Decreto nº 7.048, de 23 de dezembro de 2009. Para que se obtenha o selo de conformidade orgânica, é imprescindível que o produtor possua todos os documentos de sua propriedade, além de atestados de conformidade com a legislação ambiental e trabalhista, quando couber, além de registros de procedimentos de todas as operações envolvidas na produção, cuja finalidade é ter uma boa rastreabilidade do produto certificado. Está definido na legislação o período de conversão necessário para que uma área dentro de uma unidade de produção seja considerada orgânica e, portanto, apta para receber a certificação de seus produtos. Esse período de conversão varia conforme o tipo de exploração e a utilização anterior da unidade. A legislação também admite a produção de produtos não orgânicos na mesma unidade de produção orgânica, denominada de “produção paralela”, desde que sejam respeitadas algumas regras que impeçam a mistura dos produtos desses processos de produção. É necessário que a unidade produtora siga e mantenha um plano de manejo orgânico para a produção vegetal ou animal ou projeto extrativista sustentável orgânico atualizado, em que deverá constar, pelo menos: Histórico de utilização da área; Série de Cadernos Técnicos da Agenda Parlamentar Certificação de Produtos Orgânicos; Manutenção ou incremento da biodiversidade; Manejo de resíduos; Conservação do solo e da água; Manejo da produção vegetal ou animal; Procedimentos para pósprodução, envase, armazenamento, processamento, transporte e comercialização; Medidas para prevenção e mitigação de riscos de contaminação externa; Procedimentos que contemplem a aplicação das boas práticas de produção; Inter-relações ambientais, Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
110
econômicas e sociais; A ocupação da unidade de produção; Ações que visem evitar contaminações internas e externas, entre outras requisições. Vencida esta etapa, o produtor passará por uma auditoria que verificará se o produtor atende a todos os requisitos estabelecidos na legislação e, se obtiver parecer favorável, receberá o certificado de conformidade e o direito de utilizar o selo no seu produto, indicando à sociedade e ao mercado que aquele produto está de acordo com a legislação brasileira de produção orgânica.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Apesar do aumento da conscientização ecológica e da demanda por parte dos consumidores, produzir alimentos sem adubos químicos e agrotóxicos ainda é um desafio para os agricultores. Por esse motivo a agricultura orgânica e a agroecologia estão entre os 17 temas reconhecidos como estratégicos e de relevância nacional a serem priorizados na programação de pesquisa da EMBRAPA. A legislação brasileira estabelece que para certificar a produção orgânica, as propriedades devem buscar a certificação por auditoria para poderem utilizar o selo oficial nos seus produtos. O selo é fornecido por organismos de avaliação de conformidade credenciados pelo Ministério da Agricultura. Eles são os responsáveis pelo acompanhamento e fiscalização dos produtos. A certificação garante a origem e forma produtiva do alimento que chega ao consumidor, atestando que a produção está em harmonia com o meio ambiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As mudanças climáticas, o superaquecimento do planeta, escassez de água potável e a alta desigualdade social vivida nos tempos atuais, estão definitivamente, tornando as pessoas mais detalhistas e preocupadas com o meio ambiente seja qual for a sua área de atividade. A palavra sustentabilidade faz parte hoje da vida de todos nós não só nas salas de aulas, mas principalmente no ambiente de trabalho, onde passamos boa parte dos nossos
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
111
tempos. Os alimentos orgânicos representam tudo isso, uma vez que na certificação está incluso não somente a proibição do uso de agrotóxico, mas sim que o sistema de produção seja socialmente e ecologicamente correto.
REFERÊNCIAS
DOLABELA, Fernando. O Segredo de Luisa. 12. ed. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999. OLTRAMARI, Ana Carla; ALTMANN, Rubens. A agricultura orgânica na região da Grande Florianópolis: indicadores de desenvolvimento. Florianópolis: Instituto CEPA/SC, 2004. BONILLA, J.A. Fundamentos da agricultura ecológica: sobrevivência e qualidade de vida. São Paulo: Nobe1,1992. FERNANDES, A.A.; MARTINEZ, H.E.P.; PEREIRA, P.R.G.; FONSECA, M.C.M. Produtividade, acúmulo de nitrato e estado nutricional de cultivares de alface, em hidroponia, em função de fontes de nutrientes. Horticultura Brasileira, Brasília. 2002. FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. 2. ed., UFV, 2003.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
112
CESTA BÁSICA: EFEITO NA ECONOMIA FAMILIAR REGIONAL Amanda Luisa Bender Gilvana Witkoski Karina de Souza Pereira Raquel Prediger Deisi Bohn RESUMO
Este trabalho teve por objetivo comparar os produtos básicos necessários para a alimentação de uma família. Sendo a cesta básica composta por itens que o ser humano precisa diariamente para sobreviver. No presente artigo, utilizou-se a quantidade de alimentos considerada pela DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em nível nacional. Buscou-se, analisar o preço mais acessível das mercadorias em três mercados de municípios do Vale do Taquari (Estrela, Fazenda Vilanova e Teutônia). Comparou-se assim, os valores e suas variações durante três semanas seguidas no mês. Como também, sua participação na renda familiar mínima nacional e os diversos fatores externos que modificam seu custo de aquisição. Palavras-Chave: Cesta básica. Alimentação. Economia.
INTRODUÇÃO
Para se alimentar e se proteger dos imprevistos, bem como para cercar-se de conforto e bem-estar, o homem consome grande parte dos seus bens produzidos. O consumo constitui-se como um dos pilares da estrutura econômica de todos os sistemas sócio-políticos, tendo em vista a sua importância no processo produtivo,
Trabalho apresentado na IV Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle-Estrela. Aluno (a) do Curso de Administração da Faculdade La Salle – Estrela. amaandabender@gmail.com Aluno (a) do Curso de Contabilidade da Faculdade La Salle – Estrela. guive_guive@hotmail.com Aluno (a) do Curso de Aministração da Faculdade La Salle – Estrela. karina.pereira7@hotmail.com Aluno (a) do Curso de Administração da Faculdade La Salle – Estrela. raquel.prediger@hotmail.com Professora da Faculdade La Salle – Estrela. Mestre em educação pela UFRGS. deisi.bohm@lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
113
direcionando as principais questões da economia com relação ao que e para quem produzir. Individualmente ou coletivamente, o consumo relaciona-se com a riqueza gerada pelas sociedades, a qual determina o nível de vida e bem-estar de todos os seus habitantes. Todavia, a riqueza gerada encontra na limitação dos recursos e no processo distributivo. Os principais obstáculos enfrentados pelos governos para proporcionar a todos os habitantes um adequado nível de consumo de bens e serviços que lhes permitam um padrão de vida considerado indispensável à sua sobrevivência. Pois, precisamos nos alimentar constantemente e se não somos agricultores, produtores do nosso próprio alimento, precisamos recorrer aos mercados. Sendo que até mesmo os agricultores dependem dos mercados para adquirirem os variados produtos que compõem o seu cardápio alimentar. A cesta básica pode ser definida como uma dieta compatível com as necessidades alimentares de uma pessoa. Devido às características especificas de algumas regiões o custo e mesmo os produtos podem sofrer alterações na composição da cesta básica fazendo com que seja necessária a formulação de políticas públicas específicas que atendam a demandam daquela região, o valor da cesta básica exerce forte influência na vida da população. O salário mínimo é baseado no custo de uma cesta básica, este deverá ser suficiente para as necessidades básicas de uma família. Segundo Fernandes (2010) “A partir do cálculo do custo da cesta básica também é possível estimar o valor do salário mínimo necessário para cumprir o estabelecido pela constituição de 1988” necessidades, essas, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Uma base de cálculo para elaborar uma cesta básica que atenda às necessidades físicas e econômicas de um cidadão, segundo vários estudos e também o site da Dieese (2013) uma cesta básica deve ser composta por 13 alimentos.
METODOLOGIA
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
114
O método de pesquisa que foi utilizado é descritivo, que segundo Gil (2008), busca descrever as características de determinadas populações ou fenômenos. Sendo o assunto já conhecido, a contribuição é tão somente proporcionar uma nova visão sobre a realidade, já existente. Caracterizou-se por um estudo de caso, de caráter quantitativo, com a coleta dos valores das mercadorias e suas variações na cesta básica. Realizado o estudo e análise através de levantamento bibliográfico e coleta dos valores dos produtos diretamente nos mercados, durante o período de três semanas. Do dia 18 de março até 1 de abril de 2017. Sendo os preços coletados num mesmo dia da semana, aos sábados. Buscou-se assim, através de gráficos comparativos, esclarecer e demonstrar a oscilação dos valores dos produtos em cidades próximas (Teutônia, Fazenda Vilanova e Estrela) que afetam diretamente o orçamento familiar.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O decreto lei número 399, de 30 de abril de 1938, instituiu a cesta básica no Brasil, durante o governo Vargas. No qual descreve os itens básicos para uma alimentação balanceada e necessária para assim, gozar de uma boa saúde. Os estudos para elaborar esta cesta foram baseados no conceito de que dever conter alimentos essências para uma nutrição de uma pessoa. No Brasil, a DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), estabelece uma lista modelo de itens, em nível nacional, constituída pelos seguintes itens: origem animal - carne e leite; grãos - arroz, feijão e farinha; Industrializado - café, óleo/banha, açúcar e pão; frutas e legumes – batata, tomate e banana. Esses devem ser os alimentos de um mês para uma família no Brasil. A cesta básica é um dos principais fatores que influenciam o trabalhador, no desenvolvimento da sua atividade, pois o mesmo busca, através de o seu salário suprir as necessidades de alimentação. Segundo Azzoni et al (2003), na hora de se estudar os motivos que influenciam os chefes de família a buscarem fazer o planejamento doméstico, deve se levar em consideração o fato de que existe uma grande diferença regional nos níveis de renda e bem-estar, e também nos níveis de custo de vida entre regiões e cidades, fazendo que a composição da cesta básica, sofresse alterações de preços. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
115
Devido à busca por melhores alternativas para se aperfeiçoar, a utilização do salário é necessária analisar quais os custos para se viver numa determinada região. Quando falamos em custos para se viver, é importante destacarmos que estes custos são referentes à moradia, alimentação, transporte, saúde, educação e todos aqueles necessários para proporcionar ao trabalhador uma vida digna e honrada. O DIEESE demonstra que a alimentação representa 35,71% das despesas. O valor da Cesta Básica, em questão envolve vários fatores, como a inflação, que acaba por se tornar cada vez mais elevada, significando uma grande parcela do salário mínimo familiar. Segundo Gonçalves (2008, p.88), “Inflação é uma alta generalizada de preços dos bens e serviços durante um certo período (que pode ser bem longo)”. Ou seja, a inflação afeta todos os bens e serviços em um espaço de tempo, e a sua duração não é pré-estabelecida, pois possui demais fatores que influenciam na mesma. A moeda, perdendo seu poder de compra, aumenta os custos dos produtos, sendo que os preços das mercadorias e salários não são reajustados na mesma proporção. Assim, a inflação acaba impondo custos elevados e desiguais para os mais distintos segmentos da economia. (GONÇALVES, 2008). A inflação acaba por ser um dos principais fatores que influenciam as mudanças e oscilações de preços dos produtos da cesta básica brasileira. Onde o trabalhador precisa desembolsar grande parte de sua remuneração para a alimentação, sem nem ao menos ter seu salário reajustado na mesma proporção. Ou seja, a economia é falha e acaba por ser injusta. Onde o brasileiro acaba por ser obrigado a pagar valores abusivos e não compatíveis com seu salário. Sendo os alimentos uma necessidade básica do ser humano, deveria haver uma política de controle da inflação, de reajuste dos preços do mesmo. Pois a população mais carente sempre acaba sendo a mais atingida com estas mudanças. Uns acreditam que a cesta deveria ser composta a partir dos alimentos que a população mais consome, independente da sua composição nutricional, outros defendem a ideia de que a cesta básica deveria conter alimentos que asseguram a completa satisfação das necessidades nutricionais do ser humano. No momento possuímos uma cesta básica composta por 13 itens, à quantidade de cada ingrediente Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
116
varia de acordo com a tradição alimentar de grandes áreas do Brasil, que seria a região Sudeste, Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. O cardápio das cestas de cada região é modificado, contendo alimentos e produtos típicos de cada local. A DIEESE, estabeleceu uma lista de alimentos a nível nacional, a qual utilizamos. Os alimentos são escolhidos por padrões e empregados, onde nem sempre são encontrados ou utilizados igualmente por cada indivíduo. Além de não ser um banquete, a cesta é muito fraca em certos alimentos, ela não atende todas as necessidades, desde minerais a vitaminas, que encontramos principalmente em frutas, legumes e verduras.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Realizada a pesquisa nos mercados das cidades de Estrela, Teutônia e Fazenda Vilanova, buscou-se analisar as cestas básicas, relatando os preços mínimos dos produtos que compunham a cesta. Gerando assim uma comparação dos valores que compõem uma cesta básica no Vale do Taquari. A cesta básica tem por finalidade oferecer os produtos básicos para suprir as necessidades de alimentação e higiene do ser humano. Sendo que a mesma sofre variações nas suas quantidades e diversidade, dependendo da região. Desta forma, utilizamos a tabela de itens e porções de nível nacional. Tendo por base o objetivo proposto, de analisar a variação de valores das cestas básicas em municípios vizinhos, buscou-se demonstrar a porcentagem do salário mínimo, que deve ser destinado para aquisição da mesma em cada região. No qual a inflação exercer forte poder sobre esses valores, que afetam diretamente o orçamento pessoal e familiar, refletindo na economia regional. A inflação, se caracterizando por uma alta nos preços dos produtos, podendo ser curto ou longo período. Onde suas teorias passaram a serem discutidas durante o século XX, pois foi a partir dele que passaram a acontecer com maior intensidade. Nota-se que a economia da cesta básica tenta se manter compatível com os mais diversos orçamentos familiares. Pois em todos os mercados pesquisados havia grande variedade de preços e produtos, podendo atender todas as classes sociais. Os próprios
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
117
comércios procuram oferecer variedade em produtos, para os mais variados gostos e orçamentos. Os quadros a seguir apresentam os valores da cesta básica nos municípios pesquisados, respectivamente na primeira, segunda e terceira semanas.
Cidade
Valor Cesta Básica
Teutônia
R$341,49
Estrela
R$359,75
Fazenda Vilanova
R$337,19
Quadro 1 - Valor Cesta Básica 1ª Semana Fonte: do autor
Cidade
Valor Cesta Básica
Teutônia
R$ 348,23
Estrela
R$ 365,27
Fazenda Vilanova
R$ 365,27
Quadro 2 - Valor Cesta Básica 2ª Semana Fonte: do autor
Cidade
Valor Cesta Básica
Teutônia
R$349,31
Estrela
R$349,31
Fazenda Vilanova
R$369,71
Quadro 3 - Valor Cesta Básica 3ª Semana Fonte: do autor
Obtendo o valor das cestas básicas em cada município foi possível calcular a quantidade de horas que um trabalhador precisa para garantir seus alimentos básicos para um mês. Para isso, divide-se o salário mínimo vigente pela jornada de trabalho adotada na Constituição (220 h/mês, desde outubro de 1988). Aplica-se assim, a fórmula: Salário Mínimo/220 = Custo da Cesta/X X = (Custo da Cesta/Salário Mínimo) X 220 Com base nas tabelas preenchidas com os valores de cada item da cesta, elaboraram-se gráficos comparativos, do valor total de cada cesta de alimentos, dos municípios pesquisados: Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
118
Valor Cesta Básica 1ª Semana R$365,27
R$348,23 R$365,27
Teutônia
Estrela
Fazenda Vilanova
Gráfico 1 – Valor da Cesta Básica da Primeira Semana Fonte: Autores
Valor Cesta Básica 2ª Semana R$341,49 R$341,49 R$365,27
Teutônia
Estrela
Fazenda Vilanova
Gráfico 2 – Valor da Cesta Básica da Segunda Semana Fonte: Autores
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
119
Valor Cesta Básica 3ª Semana R$349,31
R$369,71
R$349,31
Teutônia
Estrela
Fazenda Vilanova
Gráfico 3 – Valor da Cesta Básica da Terceira Semana Fonte: Autores
Com base nos gráficos apresentados, observa-se que no gráfico 1 a cidade de Estrela obteve a cesta básica de maior valor, sendo de R$ 359,75 e Fazenda Vilanova de menor valor, R$337,19. Já o gráfico 2 destaca a cesta de maior valor sendo de Estrela, de R$365,27 e menor valor sendo de Fazenda Vilanova novamente, por R$329,79. Por fim, o gráfico 3 demonstra a cesta de maior valor sendo de Fazenda Vilanova, R$369,71 e menor de Teutônia, R$349,31. O preço da cesta básica apresentou grande oscilação, onde por duas semanas seguidas Fazenda Vilanova ofereceu o menor preço e na última obteve o maior. Conforme os dados levantados, a cesta básica mais barata na primeira semana foi de R$ 337,19, sendo de Fazenda Vilanova. Na segunda semana também foi de Fazenda Vilanova, no valor de R$ 329,79 e na terceira semana foi de Teutônia, sendo de R$349,31. Ou seja, num espaço de tempo de três semanas, comparando o maior e menor valor obtivemos um acréscimo de R$12,12. O que influenciou a grande diferença no valor final da cesta básica, foram o tomate e a batata, que apresentaram uma grande variação no seu preço. Variação analisada nos três mercados, porém, o de Fazenda Vilanova demonstrou maior aumento nos referidos itens. Calculando-se o número de horas necessárias para obter a cesta básica em cada município, encontraram-se os seguintes valores (em média): Teutônia-81,32 horas trabalhadas, Fazendas Vilanova -81,13 horas trabalhadas e Estrela – 85,26 horas Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
120
trabalhadas. Notou-se assim, que o cidadão estrelense precisa destinar um maior número de horas de trabalho para garantir sua alimentação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Levando-se em questão a porcentagem do salário mínimo destinado a aquisição de uma cesta básica, na primeira semana representaria 35,9%, na segunda 35,1% e na terceira 37,2%. Sendo que os valores utilizados correspondem à cesta mais acessível em cada semana. Atualmente a população carece de uma alimentação saudável, muitas famílias brasileiras não compram tais produtos básicos para sua nutrição e consequente saúde. Optam por lanches rápidos, ricos em gorduras e carboidratos. Verdadeiras bombas químicas, que modificam o funcionamento do nosso organismo refletindo isso na saúde e bem-estar. A qualidade de vida começa por nossa boca, devemos conhecer o que ingerimos e utilizamos. O resultado será o reflexo das nossas atitudes. Desfrutar de uma alimentação balanceada é um direito de todo ser humano, mas o mesmo deve querer e buscar isso para sua vida. Porém, quando há um aumento assim gradativo muito elevado deve-se pensar no impacto que causa às famílias de baixa renda, pois pode implicar no seu padrão de qualidade de vida, porque estas famílias tendem a gastar quase que toda sua renda na aquisição de produtos de necessidade. Assim, quando houver um aumento muito exagerado quanto aos preços das mercadorias básicas, como os produtos citados no artigo, essas famílias terão que ter um controle severo quanto a outros gastos, para que não falte para os alimentos que são essenciais na mesa de qualquer pessoa. Ainda que os salários aumentem todos os anos, o mesmo não consegue acompanhar o aumento elevado da inflação, o que acaba assustando a todos quando se deparam com os preços dos produtos nas prateleiras dos supermercados. O valor da cesta básica está sempre acima do salário da família brasileira.
REFERÊNCIAS NEVES, Marcos Fava; CHADDAD, Fabio R.; LAZZARINI, Sérgio G. Gestão de negócios em alimentos. 1. ed. São Paulo: Editora Pioneira, 2002 Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
121
GONÇALVES, Antonio Carlos Pôrto et al. Economia aplicada. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008. BRASIL. Decreto-lei n. 399, de 30 de abril de 1938. Senado Federal, Secretaria de Informação Legislativa. Disponível em: <http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=12746>. Acesso em: 04 de abril de 2017. Dieese, Instituto. Cesta básica. Disponível em <http://www.dieese.org.br/analisecestabasica/cestaBasicaTab201304.html. Acesso em: 06 de abril de 2017. AZZONI, C. A.; et al. Comparação da paridade do poder de compra entre cidades: aspectos metodológicos e aplicação ao caso brasileiro. Pesquisa e Planejamento Econômico, 33(1), 91-126, 2003.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
122
CESTA BÁSICA X SALÁRIO MÍNIMO NO MUNICÍPIO DE ESTRELA X POA
Daiana Elisabete Berghahn Letícia do Nascimento César Muller
RESUMO
O presente trabalho busca verificar os preços dos produtos que compõem a cesta básica segundo o DIEESE - Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos em duas cidades do Rio Grande do Sul e calcular o custo total mensal da mesma, sendo uma cidade do Vale do Taquari (Estrela), e uma da Região Metropolitana (Porto Alegre - capital do Estado do Rio Grande do Sul). Além de verificar os preços e marcas dos produtos da cesta básica, foi elencado o salário mínimo necessário para satisfazer a necessidade de alimentação de uma família composta por dois adultos e duas crianças. Para atingir os objetivos propostos aplicou-se a pesquisa nos três supermercados com maior fluxo de clientes em cada cidade nos meses de maio e junho de 2017. A análise dos resultados revela que os custos da cesta básica nos municípios foram para o mês de maio/2017: Estrela R$ 362,23 e Porto Alegre R$ 398,50, e para o mês de junho/2017: Estrela R$ 347,96 e Porto Alegre R$ 396,71. Considerando que o custo da cesta básica influencia o salário mínimo do trabalhador brasileiro, os resultados deste trabalho podem evidenciar não somente o comportamento de preços básicos do mercado, mas também a tendência do comportamento do salário mínimo, além das relações causais e de comparação de preços entre as cidades Palavras Chaves: Cesta básica. Estrela. Porto Alegre. Salário Mínimo.
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle-Estrela. Aluna do curso de Gestão Financeira da Faculdade La Salle – Estrela. daianabergh@hotmail.com Aluna do curdo de Administração da Faculdade La Salle – Estrela. Letícia.d.nascimento@hotmail.com Professor da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail: cesar.muller@lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
E-mail: E-mail:
123
INTRODUÇÃO
A Cesta básica conforme o DIESE (2003) é composta pelos seguintes produtos, carne, leite, feijão, arroz, farinha, batata, tomate, pão Frances, café em pó, banana, açúcar, óleo e Manteiga*, que segundo o DIEESE são estes produtos que compõe a ração essencial mínima, para um adulto alimentar-se. Estes produtos têm seus preços diferenciados por cidade, devido a serem comercializados em empresas diferentes, cada uma tem a liberdade de estipular o preço que será colocado na gôndola do supermercado e tem os custos de logística e distribuição diferentes de cidade para cidade. O DIESE demonstra que a alimentação representa 35,71% das despesas das famílias. A constituição, promulgada em 5 de outubro de 1988, define o salário mínimo como aquele "fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas (do trabalhador) e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, ...” (Constituição Federativa do Brasil, art. 7o - IV). Para calcular o Salário Mínimo Necessário, o DIEESE considera o preceito constitucional de que o salário mínimo deve atender às necessidades básicas do trabalhador e de sua família e que é único para todo o país. Usa como base também o Decreto lei 399, que estabelece que o gasto com alimentação de um trabalhador adulto não pode ser inferior ao custo da Cesta Básica Nacional. A família considerada para o cálculo é composta por quatro pessoas: dois adultos e duas crianças, que por hipótese, consomem como um adulto. Utilizando-se o custo da maior cesta, dentre as 16 capitais que pesquisam a Cesta Básica Nacional, e multiplicando-se por três, obtém-se o gasto alimentar de uma família.
METODOLOGIA
Para coletar os preços praticados nos estabelecimentos comerciais das cidades pesquisadas, Município de Estrela e Município de Porto Alegre, foram coletados os preços in loco pelos alunos participantes do projeto Cesta Básica X Salário Mínimo da Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
124
Faculdade La Salle de Estrela, com o objetivo de medir a evolução dos preços e a variação desses bens entre si como a diferença da Capital do Estado, foi realizada uma pesquisa nos locais de compra da população, supermercados. Realizado o levantamento dos preços os mesmos foram tabulados e para melhor visualização foi construído dois quadros por municípios, onde foram apresentados os resultados obtidos, no primeiro quadro nos mostra a média dos preços dos estabelecimentos pesquisados e na sequência temos o quadro onde mostra o valor da cesta básica em cada município.
RESULTADOS E DISCUSSÕES Média dos Preços por Estabelecimento: O procedimento para realizar este quadro os integrantes do grupo foram em locais estipulados, em supermercados das cidades, fazer uma pesquisa de mercado, contemplando marca e preço. Após calculou-se a média de preço de cada produto. Supermercados da Cidade de Estrela Produto
MERCADO 1
MERCADO 2
MERCADO 3
Marca/preço (R$)
Marca/preço (R$)
Marca/preço (R$)
19,90
22,98
24,49
22,46
Carne
Média de preço (R$)
Leite
Languiru
2,89
Tirol
2,69
Latvida
2,39
2,66
Feijão
Itaúba
3,99
Gaúcho
4,39
4,98
4,45
Arroz
Santos
2,79
2,52
2,69
2,67
Farinha
Cotri Rosa
2,25
Prato Belo Maria Inês
Caldo Bom Namorado
1,82
Pan Fácil
1,98
2,02
Batata
2,39
2,79
1,99
2,39
Legumes
4,90
4,99
4,99
4,96
Pão francês Café em pó
7,98
7,85
8,39
8,07
10,99
11,64
Iguaçu
Frutas
12,69 2,79
11,25
Iguaçu
5,49
4,22
2,95
Caravela
2,79
2,98
3,49
Alto Alegre Leve
2,99
Câmera
2,68
3,05
2,65
Claybom
3,49
Soya
2,79
2,98
76,64
74,55
Açúcar
Caravela
3,19
Óleo
Liza
Manteiga
Soya
Total
Fritz e Frida
71,90
4,39
75,10
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
125
Quadro 1: Preço, marca dos produtos e seus respectivos preços por mercado com sua média – maio 2017. Fonte: autor.
Supermercados da cidade de Porto Alegre Produto
MERCADO 1
MERCADO 2
MERCADO 3
Marca/preço (R$)
Marca/preço (R$)
Marca/preço (R$)
17,88
24,00
27,90
23,26
Carne
Média de preço (R$)
Leite
Languiru
2,48
Latvida
2,28
Santa Clara
2,39
2,38
Feijão
4,98
Namorado
5,48
Namorado
5,48
5,31
Arroz
Caldo Bom Souza
1,94
Namorado
2,78
Cavellini
2,25
2,32
Farinha
Orquídea
2,38
Rosa Flor
1,94
Rosa Flor
1,89
2,07
Batata
2,98
4,98
3,97
3,98
Legumes
7,34
6,98
6,98
7,10
Pão francês
7,98
8,38
7,98
8,11
13,90
11,95
6,97
6,23
Café em pó
Nescafé
Frutas
10,98
Iguaçu
5,88
10,98
Melitta
5,84
Açúcar
Caravela
2,54
Pateko
2,18
Caravela
2,19
2,30
Óleo
Leve
2,74
Souza
2,87
Soya
3,27
2,96
Manteiga
Delícia
3,58
Doriana
3,48
Soya
2,39
3,15
87,56
81,14
Total
73,68
82,17
Quadro 2: Preço, marca dos produtos e seus respectivos preços por mercado com sua média – maio 2017. Fonte: autor.
Valor da Cesta Básica O Quadro 3 apresenta a média de preços dos produtos da Cesta Básica do município de Estrela e o Quadro 4 referente à cidade de Porto Alegre. Os produtos e as quantidades são estipulados pelo DIESE Cidade de Estrela Produto Carne Leite Feijão Arroz Farinha Batata Legumes Pão francês Café em pó Frutas Açúcar Óleo Manteiga Total
Média de preços (R$)
Região (R$)
Média gera (R$)
22,46 2,66 4,45 2,67 2,02 2,39 4,96 8,07 58,22 4,22 2,98 3,39 5,95 124,44
6,6 7,5 4,5 3 1,5 6 9 6 0,6 1 3 0,9 0,75
148,21 19,93 20,04 8,00 3,03 14,34 44,64 48,44 34,93 4,22 8,93 3,05 4,47 362,23
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
126
Quadro 3 - Média de preços dos produtos da Cesta Básica do município de Estrela Fonte: autor
Cesta Básica de Porto Alegre Produto
Média de preços (R$)
Região (R$)
Média geral (R$)
Carne
23,26
6,6
153,52
Leite
2,38
7,5
17,88
Feijão
5,31
4,5
23,91
Arroz
2,32
3
6,97
Farinha
2,07
1,5
3,11
Batata
3,98
6
23,86
Legumes
7,10
9
63,90
Pão francês
8,11
6
48,68
Café em pó
59,77
0,6
35,86
Frutas
6,23
1
6,23
Açúcar
2,30
3
6,91
Óleo
3,29
0,9
2,96
Manteiga
6,30
0,75
4,73
Total
132,43
398,50
Quadro 4 - Média de preços dos produtos da Cesta Básica do município de Porto Alegre Fonte: autor
CONSIDERAÇÔES FINAIS
Conforme dados levantados na pesquisa realizada nos municípios de Estrela e Porto alegre, sobre os valores dos produtos da cesta básica, podemos salientar que na cidade de Estrela e Porto Alegre na soma dos produtos coletados existe pouca diferença de um supermercado para o outro, mas é interessante fazer uma pesquisa para encontrar promoções que notamos que existem nos supermercados para determinados produtos. Um índice que podemos destacar é que o valor da cesta básica na cidade de Estrela tem o valor menor do que a cidade de Porto Alegre, de R$ 362,23 em Estrela e R$398,50 em Porto Alegre uma diferença de 9,11%. O salário mínimo dos trabalhadores de Estrela de acordo com o valor da cesta básica deveria ser de R$ 3.043,09 e dos trabalhadores de Porto Alegre R$ 3.347,80
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
127
Sugere-se que haja continuidade na pesquisa a fim de auxiliar os consumidores na tomada de decisão de compra da cesta básica familiar, pois existem diferenças consideráveis entre os municípios.
REFERÊNCIAS
AMORIN, Airton Lopes; SOUZA, Eliane p.; CORONEL, D. A. Preço da cesta básica na Região Sul do Brasil. Testando a integração espacial. Revista de Economia e Administração, v.12, n.3, 321-348p, jul./set. 2013. Disponível em http://dx.doi.org/10.11132/rea.2012.712 acesso em 05 mar. 2014 BRASIL. Decreto-lei nº 399, de 30 de abril de 1938. Senado Federal Subsecretaria de Informações, Brasília, 2012. Disponível em <http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=12746>. Acesso em: 13 dez. 2011. DIEESE. Cesta básica nacional metodologia. São Paulo: Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, 2003. http://cidades.ibge.gov.br/xtras/home.php?lang= http://www.conhecer.org.br/enciclop/2012a/exatas/calculo.pdf.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
128
COMPARATIVO ENTRE DOIS LOTES DE VACAS EM LACTAÇÃO NOS RESULTADOS NA PROPRIEDADE Huberto Paulo Barth Marcos Roberto Ghilardi Micheli Sangaletti Rafael Lima Teixeira Rosemarí Driemeier Kreimeier
RESUMO
O presente trabalho comparou dois lotes de vacas numa propriedade com 84 vacas em lactação, onde foram selecionados dois lotes de cinco vacas cada; um lote com as cinco mais produtivas e outro com as cinco menos produtivas; para conhecer a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio e o resultado de cada lote na propriedade. O método adotado da pesquisa foi o quantitativo, de natureza básica, objetivo descritivo, nos procedimentos foi um estudo de caso, a abordagem foi quantitativa e a técnica foi a de campo. O resultado demonstra claramente que apesar da sazonalidade do período de lactação das vacas, o manejo, com a administração de dietas equilibradas foi o fator preponderante nos resultados da propriedade. Trabalho realizado com dados da Granja Rodeio, localizada na Linha São João, município de Estrela – RS, em junho de 2017. Palavras-Chave: Margem de Contribuição. Ponto de Equilíbrio. Lucratividade. Sustentabilidade.
INTRODUÇÃO
As grandes transformações tecnológicas experimentadas pelo setor rural, dentre eles o da atividade leiteira, levaram a uma radical mudança de concepção sobre o
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade de Tecnologia – Estrela, 2017. Alunos do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle - Estrela. Professora do Curso Superior em Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. Mestre em Fitologia, Engenheira Agrônoma. rosemari.kreimeier@lasalle.org.br Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
129
agronegócio. Tornou o produtor rural em empresário rural. Evoluiu do simples ordenhador manual a complexos sistemas de manejo, que diminuíram, conforme o modelo implantado, o trabalho e tempo, porém, aumentaram os controles e responsabilidade. Os sistemas de produção de leite precisam ser capazes de combinar rentabilidade com a responsabilidade de proteger a saúde humana, saúde e o bem-estar animal e o meio ambiente. Os produtores de leite, como produtores primários da cadeia de abastecimento, devem também ter a oportunidade de agregar valor ao seu produto pela adoção de métodos de produção que satisfaçam as demandas da indústria de processamento e dos consumidores. Dentro do pressuposto da viabilidade financeira, o presente trabalho teve por objetivo comparar o desempenho de dois lotes de vacas em lactação. Foram avaliados dois lotes de cinco vacas cada, um lote composto pelos cinco animais mais produtivos e outro pelo lote de cinco animais menos produtivos. Foram analisados os gastos e a produção para encontrar a margem de contribuição (MC), o ponto de equilíbrio (PE) e o resultado (R), lucro ou prejuízo dos lotes na propriedade.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Leite, talvez uma das fontes de alimento mais antiga e explorada pela humanidade, tanto na forma in natura, como em derivados. Atualmente a gama de produtos lácteos é extensa e de alta qualidade. Desde os tempos mais primórdios o leite tem sido um dos principais alimentos consumidos. Revendo os episódios que marcaram a evolução, sedentarização e civilização da humanidade, o leite tem o seu lugar de destaque e nobreza. A seguir à domesticação dos animais, em tempos pré-históricos, a magia do leite começou a ser explorada, crescendo em volume e importância. Foi adotado não apenas como fonte de alimento, mas também amplamente utilizado em rituais religiosos e culturais, celebrado como símbolo de abastança e como elixir para cura de enfermidades. Do ponto de vista social, motivou migrações, conflitos, guerras, acordos, choques sociais e outros fenômenos. No Egito antigo, o consumo do leite era um privilégio reservado a nobreza, clero e comerciantes abastados. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
130
Tudo isso devido às suas características únicas; rico, nutritivo e simples. O fato de poder ser colhido diariamente revelou-se uma vantagem em certos contextos. Por isso, desde os primórdios da humanidade, se tornou num elemento fundamental da alimentação, economia e resiliência das comunidades pobres, rurais e vulneráveis. Embora a exploração leiteira fosse uma prática em todo o mundo, a sua expansão confrontava-se com algumas barreiras, particularmente o elevado grau de perecibilidade e o risco de veicular e propagar zoonoses. A dinâmica e confrontação entre a sua importância e essas barreiras fizeram com que a indústria de laticínios fosse uma das primeiras a ser desenvolvida pela humanidade. Há registros arqueológicos que datam de 6.000 anos a. C., demostrando recipientes e tecnologias de processamento de leite. A cadeia de valor dos produtos lácteos gera oportunidade para cerca de 150 milhões de famílias. Quer nos países desenvolvidos, quer-nos menos desenvolvidos. No Rio Grande do Sul, 85% do leite provêm da agricultura familiar. Estima-se que seis bilhões de pessoas se alimentam regularmente de produtos lácteos. Só nos últimos 30 anos, a produção leiteira mundial duplicou; de 482 milhões de toneladas em 1982 para 754 milhões em 2012. Em 2015, o Brasil produziu 34 bilhões de litros, colocando o país em quarto maior produtor mundial (BALDE, 2016). As boas práticas de produção de leite devem assegurar que o leite seja produzido por animais saudáveis e de forma sustentável e responsável em relação aos requisitos de bem-estar animal, e as perspectivas econômica, social e ambiental. Portanto, a implementação de boas práticas na pecuária de leite é uma forma eficaz de gerenciar os riscos para as empresas rurais no curto e no longo prazo (FAO; IDF, 2013). A saúde animal é a que assegura a saúde dos animais e para que um programa efetivo de manejo sanitário do rebanho seja adotado. A ordenha é a atividade central da pecuária de leite. Os consumidores demandam alto padrão de qualidade do leite, assim o manejo objetiva minimizar as contaminações microbiana, química e física. O manejo de ordenha envolve todos os aspectos do processo de obtenção do leite de animais com rapidez e eficácia, garantindo ao mesmo tempo a saúde dos animais e a qualidade do leite. A quantidade e qualidade dos alimentos e da água fornecida determinam em grande parte, a saúde e a produtividade dos animais leiteiros, e a qualidade e segurança do leite por eles produzido. O bem-estar animal é a aplicação sensata e sensível de práticas zootécnicas no manejo do rebanho. O bem-estar animal está relacionado Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
131
principalmente com o conforto animal. Cada vez mais os consumidores estão preocupados com a produção sustentável de alimentos em harmonia com o meio ambiente. Para atender as expectativas dos consumidores, é importante que produtores produzam leite usando recursos naturais de forma eficiente e minimizando o impacto adverso sobre o meio ambiente. Ser socialmente responsável e economicamente sustentável são parâmetros essenciais para boas práticas na produção de leite visto, que eles abordam dois riscos importantes para a empresa rural. Gerenciar e cuidar dos recursos humanos da propriedade é crítico para a sustentabilidade da empresa. Em muitas partes do mundo isso se aplica primariamente ao produtor e a outras pessoas que residam na propriedade. Entretanto, os produtores de leite devem considerar também o papel que sua empresa tem na sua comunidade como empregador, como consumidor de recursos naturais e seu potencial impacto nos vizinhos. Ao mesmo tempo, as fazendas leiteiras são empresas que produzem leite, carne e animais. Como qualquer negócio, a fazenda deve ser financeiramente viável para ser sustentável a longo prazo. As boas práticas de produção de leite relativa à gestão socioeconômica das propriedades incluem: implementar um programa efetivo e responsável de gestão de pessoas; garantir que as tarefas da propriedade sejam realizadas de forma segura e competente; gerenciar a empresa de modo a assegurar sua viabilidade financeira.
METODOLOGIA
O método adotado nesta pesquisa foi o quantitativo, que segundo Lakatos; Marconi (2007, p. 268) “é a coleta de informações e o tratamento dos dados é caracterizado pelo uso da quantificação, isto é, de técnicas de estatísticas, percentagem, média, desvio padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, ente outros”. A pesquisa foi de natureza básica, “pois traz resultados sem, no entanto, procurar aplicálos” (GIL, 2014, p. 48), para Kreibich (2017) busca o progresso da ciência e tem por objetivo adquirir conhecimentos, sem interessar-se por suas aplicações e consequências práticas. Seu desenvolvimento tende a ser bastante formalizado e tem como objetivo a generalização, visando à construção de teorias e leis. Quanto aos objetivos a pesquisa Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
132
foi descritiva, como define Landmeier (2017), visa observar, registrar, analisar, classificar e interpretar os dados sem a interferência do pesquisador. Nos procedimentos foi um estudo de caso, segundo Barth (2017), consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos de maneira que se permita seu amplo e detalhado conhecimento. Na abordagem caracteriza-se como quantitativa, que segundo Possamai (2017), é a que traduz em números as opiniões e informações, utilizando técnicas estatísticas para serem classificadas e analisadas. O procedimento técnico adotado foi o de campo, que para Sulzbach (2017), baseia-se na observação dos fatos tal como ocorrem na realidade, diretamente no local onde correm os fenômenos. Os dados analisados são da Granja Rodeio, localizada na Linha São João, município de Estrela – RS que possui um sistema totalmente informatizado, com dez conjuntos de ordenha, que medem e registram; tempo de ordenha, número da vaca quantidade, entre outros; onde as vacas são manejadas em regime de confinamento. As amostras são referentes a março de 2017.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Do universo de 84 vacas em lactação na propriedade, no mês de março de 2017, foram selecionados dois lotes; as cinco mais produtivas e as cinco menos produtivas, como mostra o Quadro 01, para comporem o objeto da análise.
LOTE MAIS PRODUTIVO Nr Vaca
Média
Produção
LOTE MENOS PRODUTIVO Nr Vaca
Média
Mês
Produção Mês
125
53
1.590
108
20
600
148
48
1.440
131
18
540
187
48
1.440
45
16
480
99
50
1.500
158
23
690
215
40
1.200
193
19
570
Total de litros de leite do Lote
7.170
Total de litros de leite do
2.880
Lote
Quadro 01 – Identificação dos lotes, média do mês e quantidades produzidas de 01 a 30 de março de 2017. Fonte: adaptado pelos autores, 2017. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
133
A produção total da propriedade no mês de março de 2017 foi de 52.141,72 litros de leite e o preço recebido por litro foi de R$1,38/litro, perfazendo um total de R$71.955,71, como mostra a Tabela 01, este total é o valor bruto recebido, sem os descontos de encargos e FUNRURAL. Tabela 01 – Quantidade mensal produzida, valor unitário e valor total das vendas em março 2017. Total leite produzido
Preço por litro
Total recebido
52.141,72
1,38
71.955,71
Fonte: adaptada pelos autores. 2017.
Na Tabela 02, estão descriminados os gastos que compuseram a análise. Os gastos estão discriminados em custos fixos e custos variáveis. As despesas fixas e variadas não entraram no rateio do computo dos gastos, por não serem relevantes nesta análise, haja vista, o objetivo ser, identificar a margem de contribuição o ponto de equilíbrio e o resultado dos lotes na propriedade em razão do manejo adotado, onde os lotes recebem todos os componentes, como ração, forragem, silagem, entre outros, nas mesmas proporções, independentemente do volume de leite produzido. As despesas administrativas não foram computadas. O investimento é depreciado na razão de 1/25 ao ano e a fração dividida por 12, que é o número de meses do ano, não foi computada a correção incidente sobre o valor do investimento. O rebanho é depreciado 1/5 ao ano, considerando que a vida útil de uma vaca seja de cinco anos, com reposição de 20% ao ano. Para fins do cálculo, foram divididos os custos fixos e varáveis pelo volume total produzido, para definir o custo sobre um litro de leite, a fim de calcular a margem de contribuição (MC), o ponto de equilíbrio (PE) e o resultado de cada lote.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
134
Tabela 02 – Custos fixos, variáveis e o valor que incide sobre o litro de leite produzido em março 2017. CUSTOS FIXOS Energia Associação do Leite B mensalidade Salários dos funcionários Depreciação 1/25/12 Investimento R$830.000,00 Depreciação rebanho leiteiro 20 % ano R$5.500,00/vaca
CUSTOS VARIÁVEIS
1.573,43
Medicamentos
1.758,11
37,48
Inseminação
1.199,00
Silagem
4.082,40
1.750,00
Agrocenter Languiru
831,10
7.766,67
Mercado Languiru
2.028,21
Óleo Diesel
1.450,00
7.700,00
Forragem
1.674,00
Pré secado
12.500,00
Funrural
1.682,76
Bicarbonato de sódio Total mensal
158,10
26.198,36
Total litros mês
52.141,72
Cf/litro de leite
R$ 0,50245 84,00
Cf/Lote de cinco vacas
18.884,16
9.120,78
Total mensal
Total de vacas
Ração gado leiteiro Sal mineral
1.559,43
Total litros mês Cv/litro de leite Total de Vacas Cv/ Lote de cinco vacas
47.997,84 52.141,72 0,92053 84,00 2.857,01
Fonte: adaptado pelos autores. 2017. A margem de contribuição (MC) é a quantia de dinheiro que sobra da receita obtida da venda da produção, após retirar os gastos variáveis. A fórmula para calcular a Margem de Contribuição é MC = Vv – (Cv + Dv); onde Vv = Valor venda unitário, Cv = Custos variáveis unitário e Dv = Despesas variáveis unitário. O ponto de equilíbrio pode ser definido como o momento em que a empresa faturou em suas vendas o necessário para não operar mais no prejuízo. Ele possibilita ao gestor projetar suas vendas para alcançar um lucro desejado. Até chegar ao ponto de equilíbrio, a empresa trabalha para cobrir principalmente seus custos fixos. No instante em que o ponto de equilíbrio é ultrapassado, a empresa começa a aumentar sua riqueza e
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
135
a operar com lucro. A fórmula para o cálculo do Ponto de Equilíbrio é PE = (Cf + Df) / MC; onde Cf = Custo fixo, Df = Despesa variável e MC = Margem de contribuição. Resultado é o valor, positivo ou negativo, entre receitas totais e despesas totais. Fórmula para calcular o resultado é R = (Vt – PE) x MC; onde R = Resultado (Lucro ou Prejuízo), Vt = Vendas totais (produção total), PE = Ponto de Equilibrio, MC = Margem de contribuição. Calculando a Margem de Contribuição de cada lote: Lote Mais Produtivo
Lote Menos Produtivo
Cv = 2.857,01/7.170;
Cv = 2.857,01/2.880;
Cv = R$0,39846
Cv = R$0,99201
MC = 1,38 – 0,39845;
MC = 1,38 – 0,99201
MC = R$ 0,98154/1
MC = R$0,38799/l
A Margem de Contribuição do lote mais produtivo, é de R$0,98/ litro e o do menos produtivo, é de R$0,38/ litro, portanto, estes são os valores, por litro de leite produzido, que cada lote irá participar para cobrir os custos fixos. Dessa forma, o conhecimento preciso da margem de contribuição ajuda, a saber, com segurança qual é o volume mínimo de vendas necessário para chegar ao ponto de equilíbrio. Calculando o Ponto de Equilíbrio de cada lote: PE = 1.559,43/0,98154; PE = 1.732,70 litros PE = 1.559,43/0,38799 PE = 4.019,25 litros O Ponto de Equilíbrio do lote mais produtivo é de 1.732,70 litros e o do menos produtivo é de 4.019,25 litros, sendo que a produção do primeiro foi de 7.170 litros e o segundo foi de 2.880 litros. Verifica-se, portanto, que enquanto o primeiro lote há um excedente (sobra) de 5.437,30 litros; no segundo há um déficit (falta) de 1.139,25 litros, no computo dos resultados dos lotes na propriedade. Calculando o Resultado de cada lote: R = (7.170 – 1.732,70) X 0,98154
R = (2.880 – 4.019,25) X 0,38799
R = +R$5.336,92
R = -R$442,01 Prejuízo/ mês
Lucro/ mês
O resultado do primeiro lote foi um lucro (sobra) de R$5.336,92 e o do segundo foi um prejuízo (falta) de R$442,01. CONSIDERAÇÕES FINAIS Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
136
O manejo adotado é em parte responsável direto nos resultados aqui apresentados pelos lotes. Onde, independentemente da produção/animal, é fornecido à mesma quantidade de alimento, não sendo diferenciado pela quantidade produzida. Sabendo-se que os maiores pesos no computo dos custos variáveis são a ração e o présecado e justamente esses que numa dieta balanceada e equilibrada seriam fornecidos em volumes diferenciados, tendo como parâmetro o volume de leite produzido, minimizando os custos variáveis. O comparativo se faz importante para definir o melhor manejo a ser adotado. Uma vez que, o período de lactação compreende vários estágios de produção, desde o início, no pós-parto com uma evolução ascendente até atingir o pico onde este se nivela até o ponto onde inicia o declínio ao período de seca. Desta forma é imprescindível um controle rigoroso da dieta para que os resultados negativos possam ser mitigados. Pela análise, verifica-se que os custos variáveis que representam o peso maior no computo dos custos são os que em uma dieta equilibrada podem influir positivamente nos resultados obtidos. As rações e pré-secados são os insumos que poderiam ser fornecidos ao rebanho em função de sua produção de leite individual. REFERÊNCIAS BALDE, Branco. Alguns números do leite. Disponível em: < http://www.baldebranco.com.br/alguns-numeros-do-leite/>. Acesso em 02 de junho de 2017. BARTH, Huberto Paulo. Estudo de caso. Anais do seminário da disciplina Metodologia Aplicada ao Agronegócio. Estrela: La Salle, 2017. FAO – Organização das Nações Unidas para a alimentação e Agricultura; IDF – Internacional Dairy Federation. Guia de boas práticas na pecuária de leite. Produção e saúde animal diretrizes. 8. ed. rev. Roma: FAO e IDF, 2013. FAO – Organização das Nações Unidas para a alimentação e agricultura. A importância dos laticínios. Disponível em <http://www.fao.org/fileadmin/user_upload/faoweb/lisbon/docs/Prestigio_sep_oct_201 5.pdf>. Acesso em 04 de abril de 2017. GIL. Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. 6. reimpr. São Paulo: Atlas, 2014. KREIBICH, Alexandre. Pesquisa básica pura. Anais do Seminário da Disciplina Metodologia Aplicada ao Agronegócio. Estrela: La Salle, 2017. LANDMEIER, Cássio Alfredo. Descritivo. Anais do Seminário da Disciplina Metodologia Aplicada ao Agronegócio. Estrela: La Salle, 2017.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
137
POSSAMAI, Renata. Pesquisa quantitativa. Anais do Seminário da Disciplina Metodologia Aplicada ao Agronegócio. Estrela: La Salle, 2017. SULZBACH, Roberto. Pesquisa de campo. Anais do Seminário da Disciplina Metodologia Aplicada ao Agronegócio. Estrela: La Salle, 2017.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
138
DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE ENERGIA FOTOVOLTAICA E SUA FORMA DE AQUISIÇÃO PARA UMA PROPRIEDADE RURAL ATRAVÉS DO CRÉDITO AGRÍCOLA Alexandre Kreibich Rosemarí Driemeier Kreimeier RESUMO
A energia elétrica é essencial para grande parte da atividade humana e, com o crescimento populacional e o progresso industrial, a cada dia cresce a demanda por fontes de energia com maior capacidade. Este trabalho teve como objetivo descrever o sistema de energia fotovoltaica e sua forma de aquisição para uma propriedade rural através do crédito agrícola. Foram descritas as principais energias renováveis disponíveis na atualidade, o resgate histórico da energia fotovoltaica, o seu uso e funcionamento e a sua forma de aquisição para propriedade rural através do crédito agrícola. Para a aquisição de um sistema fotovoltaico em uma propriedade rural familiar podem ser usados recursos do governo federal, através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf, dentro de uma linha específica chamada de Pronaf Eco. É uma alternativa interessante para aquisição de energia solar fotovoltaica para a propriedade rural familiar. Palavras-chave: Energia fotovoltaica. Crédito agrícola. Pronaf. INTRODUÇÃO A energia elétrica é essencial para grande parte da atividade humana e, com o crescimento populacional e o progresso industrial, a cada dia cresce a demanda por fontes de energia com maior capacidade. O homem em sua trajetória na terra, aprendeu a manusear recursos naturais a fim de suprir suas necessidades, assim contribuindo com a sua sobrevivência e desenvolvimento até os dias atuais. O aproveitamento da energia gerada pelo Sol, é tanto fonte de calor quanto fonte de luz, sendo uma alternativa
Trabalho apresentado na VII I Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle-Estrela. Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. alexandrekreibich@yahoo.com.br Mestre em Fitotecnia e Professora da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail rosemari.kreimeier@lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
139
energética necessária para suprir déficits de energia em tempos de crise energética (CRESESB, 2017). A exploração excessiva de combustíveis fósseis em busca da energia, traz impactos ambientais, o que gera grande preocupação na atualidade. Busca-se fontes alternativas de geração de energia em especial as renováveis e não poluentes, como a solar. A energia solar tem como características, qualidade, quantidade, reservas, acessibilidade e o fato de ser energia pura, sem causar danos ambientais. Além disso, incide na superfície do nosso planeta, sendo uma fonte de energia mais acessível que as demais. Ela é acessível em qualquer ponto do nosso planeta e também no espaço (CRESESB, 2017). Este trabalho tem o objetivo de descrever o sistema de energia fotovoltaica e sua forma de aquisição para uma propriedade rural através do crédito agrícola. Serão descritas as principais energias renováveis disponíveis na atualidade, o resgate histórico da energia fotovoltaica, o seu uso e funcionamento e a sua forma de aquisição para propriedade rural através do crédito agrícola.
METODOLOGIA
O presente trabalho refere-se a uma descrição do sistema de energia fotovoltaica e sua forma de aquisição para uma propriedade rural através do crédito agrícola. O trabalho foi realizado no decorrer do primeiro semestre do ano de 2017, com base em pesquisas bibliográficas e documentais (GIL, 2010). A pesquisa documental e bibliográfica priorizou descrever as principais energias renováveis disponíveis na atualidade, o resgate histórico da energia fotovoltaica, o seu uso e funcionamento e a sua forma de aquisição para propriedade rural através do crédito agrícola.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os principais sistemas e fontes de energia renováveis utilizados atualmente são a biomassa, a solar fotovoltaica, a hidrelétrica, a eólica e a solar heliotérmica.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
140
A energia solar remonta os primórdios onde a luz solar era fonte de energia para fazer fogo e aquecer casas e água. No século XIX, o físico francês Alexandre Edmond Becquerel observou pela primeira vez o efeito fotovoltaico, quando realizava algumas experiências com eletrodos. Alexandre Edmond foi quem criou a energia solar no ano de 1839 (PORTAL SOLAR). Durante a era moderna da história da energia solar, que teve início em 1954, Calvin Fuller, um químico dos Bell Laboratories nos Estados Unidos desenvolveu o processo de dopagem do silício. Fuller partilhou a sua descoberta com o físico Gerald Pearson que melhorou o experimento. As primeiras células fotovoltaicas produzidas tinham alguns problemas técnicos que foram superados pela química quando Fuller dopou silício com arsênio e depois com boro, obtendo células que exibiam eficiências recorde. A primeira célula solar foi formalmente apresentada numa reunião anual da National Academy of Sciences, em Washington, e anunciada numa coletiva de imprensa no dia 25 de Abril de 1954 (PORTAL SOLAR). A maior parte da energia elétrica gerada no Brasil, provém de usinas hidrelétricas e termelétricas, que somam 90,58% da produção. Atualmente as usinas fotovoltaicas produzem 0,01% da energia gerada. Em função dos sucessivos aumentos nas tarifas de energia elétrica, cada vez mais busca-se alternativas de economia com energia (ANEEL, 2017). Para maximizar a eficiência e produção de energia fotovoltaica, se direciona as placas de acordo com a latitude local e o período do ano que se requer mais energia. No hemisfério sul, para melhor aproveitamento, deve-se colocar o coletor solar para o Norte, com ângulo de inclinação similar ao da latitude local (ANEEL, 2017). A energia solar fotovoltaica nada é do que a energia elétrica produzida por um painel fotovoltaico, como o ilustrado na Figura 1. Este painel é capaz de captar e transformar a luz solar em energia elétrica. Funciona como um gerador que produz energia a partir da luz solar, uma fonte limpa e inesgotável. Os painéis fotovoltaicos não possuem partes móveis, rolamentos, ou engrenagens e por isso funcionam por muitos anos sem manutenção e sem ruído. Eles podem produzir energia por até 50 anos e possuem garantia de produção de energia de pelo menos 25 anos (EMATER, 2016).
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
141
Figura 1. Painel fotovoltaico montado (Expoagro 2017). Fonte: do autor. A partir do momento em que a energia elétrica é produzida nos painéis, ela pode ser armazenada em baterias ou injetadas diretamente na rede elétrica convencional. Nos sistemas conectados à rede, a energia gerada nos painéis é injetada diretamente na rede elétrica convencional através de um aparelho chamado inversor. Estes sistemas podem ter diversas potências, funcionar em rede monofásica, bifásica ou trifásica e abastecer residências, indústrias, comércios ou atividades agropecuárias. É possível produzir energia para qualquer atividade, como a irrigação, secagem e armazenagem de grãos, estufas, criação intensiva de animais, agroindústrias (EMATER, 2016). Gerar a própria energia e injetar na rede está permitido no Brasil desde 2012 a partir da Resolução Normativa da ANEEL N° 482. Esta norma permite a todo consumidor gerar sua própria energia a partir de fontes renováveis e tornar-se também um fornecedor de energia elétrica à rede pública. Isso significa participar de um sistema de compensação, onde toda a energia que é produzida será descontada em sua fatura, gerando renda e autonomia. Tornar-se um produtor de energia renovável melhora a rede elétrica local e não impacta o meio ambiente. Para adquirir este sistema, o produtor rural tem crédito facilitado via programas governamentais (EMATER, 2016).
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
142
Para a agricultura familiar existe o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf, que financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O programa possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do País. São beneficiários do programa produtores rurais familiares que utilizem, predominantemente, mão de obra familiar; tenham renda bruta anual familiar de até R$ 360 mil e 50% da renda seja obtida de exploração agropecuária ou não agropecuária do estabelecimento rural, residam na propriedade ou em local próximo e não possuam área superior a quatro módulos fiscais (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2017). Uma linha específica dentro do sistema do Pronaf é o Pronaf Eco. Este fornece crédito para investimento na implantação, utilização, recuperação ou adoção de tecnologias ambientais e de silvicultura. É possível financiar investimentos para a implantação de tecnologias de energia renovável, obras de irrigação e de armazenamento hídrico, florestamento e reflorestamento, proteção e recuperação do solo, entre outras atividades relacionadas ao cultivo de árvores (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2017).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Para a aquisição de um sistema fotovoltaico em uma propriedade rural familiar podem ser usados recursos do governo federal, através do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, o Pronaf, dentro de uma linha específica chamada de Pronaf Eco.
Linha
Finalidade
Pronaf Eco
Investimento para aproveitamento hidroenergético, tecnologia de energia renovável, tecnologias ambientais, projetos de adequação ambiental, adequação ou regularização das unidades familiares à legislação ambiental, implantação de viveiros de mudas.
Condições
Taxa de juros
Até R$ 165 mil
2,5% ao ano
Quadro 1. Finalidade, condições e taxa de juros da linha de crédito da agricultura familiar Pronaf Eco. Fonte: do autor. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
143
Através do Quadro 1 pode-se visualizar a descrição da linha de crédito, a sua finalidade, as condições e as taxas de juros aplicadas. O sistema fotovoltaico se enquadra na modalidade de tecnologias de energia renovável, podendo ser financiado com juros de 2,5% ao ano, sendo o valor máximo financiável de R$ 165.000,00. Importante salientar também que o prazo de financiamento é de até 10 anos, incluídos até três anos de carência, que poderá ser ampliada para até cinco anos quando a atividade assistida requerer esse prazo, conforme cronograma estabelecido no respectivo projeto técnico. A utilização de energia fotovoltaica no Brasil ainda é muito abaixo da sua capacidade de produzir energia. Isto se deve por causa de alguns fatores importantes. O sistema fotovoltaico pode ser considerado ainda como caro na hora da aquisição. Outro ponto importante é a falta de conhecimento da utilização do sistema como forma alternativa de energia, tanto por parte de fabricantes, técnicos, agricultores e a comunidade em geral. Já existem estudos avançados, principalmente com experiências do exterior, que permitem dizer que a energia fotovoltaica é um sistema que reduz custos na propriedade, além de se tornar fonte de renda extra ao agricultor, uma vez que ele pode ser gerador de energia também. Cada vez mais o sistema fotovoltaico pode ser difundido no país. Pode ser um momento de transição, pois há empresas que estão buscando mais conhecimento, capacitando seus técnicos, para quem sabe se tornarem pioneiras na difusão e implantação deste sistema no país. É um nicho de mercado que pode oferecer novos empregos, implantação de novas tecnologias e buscar uma sustentabilidade ao agronegócio, pensando que a geração de energia solar reduz drasticamente a agressão ao meio ambiente. Facilitar a aquisição do sistema de energia fotovoltaica por parte de agricultores da agricultura familiar é um bom começo. É possível dizer que o Pronaf Eco é uma alternativa interessante para aquisição deste sistema.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo descrever o sistema de energia fotovoltaica e sua forma de aquisição para uma propriedade rural através do crédito agrícola. Foram Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
144
descritas as principais energias renováveis disponíveis na atualidade, o resgate histórico da energia fotovoltaica, o seu uso e funcionamento e a sua forma de aquisição para propriedade rural através do crédito agrícola. É possível dizer que o Pronaf Eco é uma alternativa interessante para aquisição de energia fotovoltaica para a propriedade rural familiar, a fim de reduzir possíveis custos e estar contribuindo para diminuir os poluentes prejudiciais para o meio ambiente. Atualmente o produtor rural está se tornando cada vez mais uma empresa rural, tendo que acompanhar o ritmo de tecnologia criada e que se dissemina cada vez mais rápido, criar meios para ter um gerenciamento detalhado dos custos e das receitas da propriedade e cada vez mais faz acompanhamento do mercado. A exploração excessiva de combustíveis fósseis em busca da energia, traz impactos ambientais, o que gera grande preocupação na atualidade. Busca-se fontes alternativas de geração de energia em especial as renováveis e não poluentes, como a solar. A energia solar tem como características, qualidade, quantidade, reservas, acessibilidade e o fato de ser energia pura, sem causar danos ambientais. Além disso, incide na superfície do nosso planeta, sendo uma fonte de energia mais acessível que as demais (CRESESB, 2017). Criar alternativas e buscar a autossuficiência e a soberania alimentar dentro e fora da propriedade é um desafio para o futuro, sendo necessário cada vez mais se tecnificar e estar informado da corrente de globalização ao seu redor, desenvolvendo praticas conservacionistas e gerando renda, criando a sustentabilidade necessária para si próprio e para as futuras gerações.
REFERÊNCIAS
ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Energia solar. Disponível em <http://www.aneel.gov.br>. Acessado em 25/04/2017. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/PRONAF.asp#6>. Acessado em 22/06/2017. CABRAL, Isabelle; VIEIRA, Rafael. Viabilidade econômica x viabilidade ambiental do uso de energia fotovoltaica no caso brasileiro: uma abordagem no período recente. III Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental Goiânia/GO, 2012. Disponível em: <http://www.ibeas.org.br/congresso/Trabalhos2012/X-003.pdf>. Acessado em 16/04/2017. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
145
CRESESB. Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Slavo Brito. Tutorial de geração heliotérmica. Rio de Janeiro: CRESESB, 2017. Disponível em: <http://www.cresesb.cepel.br/download/tutorial/tutorial_heliotermica_2012.pdf>. Acesso em: 20/05/2017. EMATER. RIO GRANDE DO SUL/ ASCAR. Conheça a energia solar fotovoltaica e seus benefícios. Porto Alegre, RS: EMATER/RS-ASCAR, 2016. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, Editora Atlas, 5° Edição, 2010. 30 p. ITAIPU. Participação nos mercados. Disponível em: <https://www.itaipu.gov.br/energia/participacao-nos-mercados>. Acessado em 25/04/2017. PORTAL SOLAR. História da energia solar: como tudo começou. Disponível em: <http://www.portalsolar.com.br/blog-solar/energia-solar/historia-da-energia-solarcomo-tudo-comecou.html>. Acessado em 25/04/2017. SICOOB. Linhas de crédito. Disponível em: <http://sicoob.com.br/web/sicoobantigo/linhas-de-credito-e-financiamento>. Acessado em 22/06/2017. VILLALVA, Marcelo Gradella, GAZOLI, Jonas Rafael. Energia solar fotovoltaica: conceitos e aplicação. São Paulo: Érica, 2013.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
146
DESCRIÇÃO DO VALOR ADICIONADO NOS SETORES ECONÔMICOS E SUA DISTRIBUIÇÃO NOS MUNICÍPIOS DO VALE DO TAQUARI
Huberto Paulo Barth Tamara Bianca Horn Rosemarí Driemeier Kreimeier
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo disponibilizar informações com a descrição do Valor Adicionado de cada setor da economia e sua distribuição nos municípios do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul. O período analisado compreende o ano de 2009 a 2014 e para conhecer o desenvolvimento e/ou crescimento regional usa-se da Contabilidade Nacional, onde o valor adicionado é calculado dentro da macroeconomia para demonstrar a importância dos setores primários, secundário e terciário na formação do Valor Adicionado. Quanto aos métodos utilizou-se da pesquisa bibliográfica na fundamentação teórica e da pesquisa documental, quando se tratam da coleta dos dados da FEE. O município de Lajeado é o mais representativo no setor de industrialização e serviços, o setor primário é liderado por Teutônia. Em relação ao Valor Adicionado total segue os mesmos municípios mais representativos do setor terciário, entretanto pode-se concluir que o setor secundário é o mais expressivo na região. Porém, 24 municípios têm sua base econômica assentada no setor primário. Palavras-chave: Valor Adicionado. Vale do Taquari. Contabilidade Nacional. Setores econômicos.
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle – Estrela. Bolsista, Aluno do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. email hpb1959@gmail.com Doutora em Ambiente e Desenvolvimento, Professora do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. e-mail tamara.horn@lasalle.org.br Mestre em Fitotecnia, Coordenadora e Professora do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. e-mail rosemari.kreimeier@lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
147
INTRODUÇÃO
Valor adicionado (VA) é uma noção que permite medir o valor criado por um agente econômico. É o valor adicional que adquirem os bens e serviços ao serem transformados durante o processo produtivo. Em termos macroeconômicos, é o valor dos bens produzidos por uma economia, depois de deduzidos os custos dos insumos adquiridos de terceiros, como as matérias-primas, serviços e bens intermediários, utilizados na produção. O valor adicionado tem influência direta no crescimento econômico e desenvolvimento social dos municípios, uma vez que ele abrange os três setores econômicos sendo eles a agricultura, indústria e serviços, estes os principais responsáveis pela economia local de cada região. Portanto, pode-se dizer que o desenvolvimento municipal dar-se-á através do que ele próprio gera e/ou produz, pois é através de cada setor da economia que se representa o seu desenvolvimento econômico e seu valor adicionado, sendo base para os repasses aos municípios o que gera recursos para a gestão municipal, assim verifica-se relevante realizar esta pesquisa, pois são os índices econômicos que servem de base para gestões futuras em relação a agentes macroeconômicos. O objetivo deste trabalho é descrever o valor adicionado do setor primário, secundário e terciário e a sua distribuição nos municípios do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul, no período de 2009 a 2014; na necessidade de se conhecer o desenvolvimento e/ou crescimento socioeconômico regional e de se obter informações sobre os mesmos para formulação de políticas públicas que atendam a demanda e aos imperativos regionais, consequentemente atendendo a precisão de informação socioeconômica; proporcionando então a capacidade do desenvolvimento regional.
METODOLOGIA
A presente pesquisa pode ser definida como descritiva, que tem como objetivo a descrição das características do valor adicionado. Com relação aos procedimentos, utilizou-se a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental, A pesquisa bibliográfica é elaborada com base em materiais já publicados, como livros, revistas, jornais, teses, Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
148
dissertações, anais de eventos científicos e também do material disponibilizado pela internet e na pesquisa documental foram utilizados os dados estatísticos apresentados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE, 2016), referentes à caracterização dos municípios do Vale do Taquari, no período de 2009 a 2014. Quanto a sua problemática foi qualitativa e quantitativa, a pesquisa quantitativa caracteriza-se por utilizar instrumentos estatísticos, tanto para coleta e análise dos dados e a qualitativa se caracteriza pela tentativa de compreensão dos significados a características situacionais apresentados pelos dados coletados (GIL, 2010). A amostra são os 37 municípios que constituem o Vale do Taquari. A partir dos dados disponibilizados pela FEE, procedeu-se uma descrição, da composição do Valor Adicionado por setor da economia.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O Vale do Taquari é formado por 37 municípios, localizado na depressão central do estado do Rio Grande do Sul, que totalizam uma área de 4.826,4 km2, com população de 348.435 habitantes, onde Lajeado, Estrela, Teutônia, Taquari, Encantado e Arroio do Meio os mais populosos, respondem por 63% da população Regional (AMVAT, 2016). A Região caracteriza-se por uma topografia acidentada, onde predomina uma situação fundiária de pequenas propriedades com média de 8 a 10 hectares, que apresenta condições naturais e culturais favoráveis à criação do gado leiteiro, de suínos e de aves. Segundo Kreimeier (2010), esta afirmação fica evidente quando se olha para o Vale do Taquari, com suas inúmeras propriedades rurais, onde se destacam estas atividades. Portanto, o Vale do Taquari, por suas características, de propriedades de dimensão reduzida e pelo trabalho familiar se constitui de minifúndios que acompanhando a tendência mundial, de produzir em escala, adota tecnologias e a especialização dos produtores, permitem que estes alcancem índices de produtividade semelhantes aos de países de primeiro mundo e assim, como reflexo da grande produção leiteira, de suínos e de frangos, existe também no Vale do Taquari um número
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
149
significativo de empresas que se ocupam com estes segmentos do agronegócio, a indústria de transformação e a prestação de serviços. Na Contabilidade Nacional busca-se vislumbrar os impactos da circulação da riqueza entre a entidade e a sociedade. Para Heineck (2010, p 55) a contabilidade social “permite inferir o grau de desenvolvimento social de um país e os benefícios advindos para toda a população por meio do desenvolvimento econômico”. Na visão de Pinho e Vasconcellos (2006), a mensuração dos agregados nacionais é denominada contabilidade social, que é o registro contábil da atividade produtiva de um país ao longo de dado período de tempo. Os agregados que recebem maior atenção de estudiosos é o produto nacional, o nível de emprego e a taxa de crescimento dos preços. Conforme salienta Heineck (2010 p. 57-58): O produto gerado em uma economia de mercado por um período de tempo é determinado pela demanda agregada, ou seja, quanto os agentes econômicos gastaram em determinado período de tempo. Os fluxos de produção de renda e de despesas são passíveis de serem acompanhados a partir de um sistema contábil que identifique e relacione transações relevantes a serem medidas ao longo do tempo.
O Valor Adicionado é o valor que adiciona ao produto em cada estágio da produção, ou seja, é a renda adicionada em cada setor produtivo. Para se chegar ao produto final da economia basta somar o valor adicionado a cada estágio da produção (GARCIA e VASCONCELLOS, 2004). Portanto, relaciona-se ao cálculo do que cada atividade econômica adicionou ao valor do produto final, nas etapas de produção, assim o valor adicionado é encontrado pela diferença entre o valor das vendas menos os custos dos bens intermediários. E, ainda, dentro da mesma visão Cosenza (2003) avalia que: O valor adicionado é obtido mediante a diferença entre as vendas ou produção dessa empresa e o total de aquisições ou compras feitas para esse mesmo fim, representando a soma de toda a remuneração de esforços consumidos nas atividades da companhia.
O valor adicionado demonstra quanto à entidade contribuiu para a formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país, ou seja, qual foi à contribuição da entidade para geração de riqueza na economia, resultante do conjunto de esforços de todos os fatores de produção e de cada setor da economia, primário, secundário e terciário os quais demonstram a desenvolvimento econômico de um país e/ou região.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
150
O VA no setor primário é o valor que a atividade primária agrega aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo, sendo que o setor primário se relaciona com a exploração dos recursos da natureza para a produção. Algumas atividades econômicas deste setor são: agricultura, pecuária, mineração, extrativismo vegetal, caça e pesca. É o setor primário que fornece a matéria-prima para a indústria e transformação. Este setor da economia é muito vulnerável, por depender dos fatores da natureza. Entretanto, assim como os países se desenvolvem e o setor primário se moderniza, aumenta-se a integração intersetorial ao longo da cadeia de suprimentos entre as indústrias que ofertam para o setor primário insumos e equipamentos e entre o setor primário e a indústria de processamento, marketing e distribuição. A partir deste processo nos últimos tempos a agricultura brasileira deixou de ser um setor autônomo e independente dos outros setores econômicos (SILVA e NONNENBERG, 2006). Portanto é importante evidenciar como cada setor contribui para a atual economia sendo ela Nacional Estadual e/ou Municipal. O VA no setor secundário é o valor que a atividade na indústria agrega aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo, sendo o setor secundário composto pelos produtos industrializados, estes resultados da transformação da matéria-prima produzida no setor primário. Ainda para Ricarte (2005, p. 60) “no setor de atividade industrial, para efeitos de cálculo do valor adicionado, tem-se a diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de terceiros”. Tais insumos incluem os custos das matérias-primas, peças e acessórios, materiais auxiliares e componentes, energia elétrica, entre outros. O VA no setor terciário é o valor que a atividade no comércio e em serviços agrega aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo, o setor terciário relaciona-se aos serviços. Os serviços são produtos que as empresas ou pessoas prestam a
terceiros
para
satisfazer
suas
necessidades.
Comércio,
educação,
saúde,
telecomunicações, serviços de alimentação, de limpeza, de transporte, serviços bancários e administrativos entre outros, são alguns exemplos de atividades econômicas deste setor.
RESULTADOS E DISCUSSÕES Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
151
O VA do setor primário em 2014 representa 29,8% do VA total. Neste primeiro setor há maior representatividade no município de Teutônia, seguido pelos municípios de Estrela, Westfália, Nova Bréscia e Capitão que representam 27,8% do VA no Vale do Taquari; embora o município de Lajeado tenha apresentado queda de -5,6% no período, o setor nos demais municípios da Região apresentou evolução positiva. Quanto aos municípios que menos agregam valor no Vale do Taquari, são os municípios de Lajeado, Muçum, Tabaí, Doutor Ricardo, Forquetinha, juntos representam 4,82%; excetuando-se Lajeado, os demais apresentaram crescimento médio de 43,0%, demonstrando que, apesar de apresentarem baixa participação na formação do VA total, têm-se verificado acentuado vigor neste setor. Quatro municípios do Vale do Taquari são expressivos na agregação do VA, representam 17,2%; Anta Gorda, Roca Sales, Arroio do Meio e Encantado, apresentaram crescimento de 40,3% no período analisado. Os municípios que formam um bloco intermediário de elevada participação na formação do VA que se situam entre R$50.000 MM e R$75.000 MM, apresentaram crescimento médio de 71,5% no período, em ordem crescente são Travesseiro, Putinga, Marques de Souza, Vespasiano Correa, Taquari, Fazenda Vilanova, Dois Lajeados, Imigrante, Colinas, Progresso, Arvorezinha e Cruzeiro do Sul representando 30,0%, exceto Taquari, são municípios com população rural maior que urbana. Os municípios que tiveram a maior evolução na participação do setor primário no período analisado Fazenda Vilanova (255,1%), Canudos do Vale (170,3%), Colinas (116,5%), Teutônia (111,9%) e Westfália (105,4%); na outra ponta da tabela, os municípios com o pior desempenho Lajeado (-5,6%), São Valentim do Sul (13,4%), Doutor Ricardo (17,6%), Arroio do Meio (21,5%) e Tabaí (29,8%). Este setor apresentou crescimento médio de 59,3% no período, demonstrando que o setor primário teve uma evolução positiva no período de 2009 – 2014, apesar das incertezas econômicas e climáticas verificadas no referido espaço de tempo. O Setor Secundário é o mais expressivo dentre os três setores econômicos no Vale do Taquari, admitindo 38,9% em relação ao VA total, este setor composto por todo o complexo industrial (agroindústrias, laticínios, frigoríficos, e demais indústrias) verifica-se que os municípios com a maior representatividade são: Lajeado, com 38,9%, Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
152
seguido por Teutônia, Arroio do Meio, Estrela, Taquari, Encantado, Roca Sales e Cruzeiro do Sul que juntos representam 83,3%. Dos municípios aqui representados Canudos do Vale, Coqueiro Baixo, Sério, Pouso Novo e Relvado são os que menos agregam valor no setor secundário, sendo que o município de Canudos do Vale admite uma queda entre 2009 – 2014 de -68,4%. Dez municípios do Vale tiveram crescimento negativo São Valentim do Sul, Canudos do Vale, Fazenda Vilanova, Tabaí, Muçum, Roca Sales, Ilópolis, Vespasiano Correa, Progresso, Coqueiro Baixo. Dois Lajeados apresentou valor negativo em 2012, porém teve uma recuperação extraordinária, apresentando o melhor desempenho no período, assombrosos 1.045,9% de crescimento, seguido por Travesseiro, Nova Bréscia, Doutor Ricardo, Paverama, Putinga, Santa Clara do Sul, Poço as Antas, Estrela, Arvorezinha, Lajeado e Encantado. Os municípios que concentram a atividade industrial no Vale do Taquari são também os que apresentam a maior população urbana sendo Lajeado o de maior população seguido de Estrela, Teutônia, Taquari, Encantado e Arroio do Meio que juntos representam 60,31% da população regional. Verifica-se no Vale do Taquari uma não uniformidade no setor secundário, existem os municípios altamente industrializados e os minimamente industrializados. Municípios que apresentam participação importante na composição do VA na Região são Paverama, Dois Lajeados, Westfália, Santa Clara do Sul, Bom Retiro do Sul e Imigrante que contribuem com 11,2% do total do setor secundário na região. O bom desempenho dos municípios que comportam as agroindústrias fez com que o crescimento no setor secundário fosse expressivo (114,4%) no período, apesar de ter sido verificado crescimento negativo em vários municípios. A partir de 2010 a escalada no crescimento do setor foi expressiva 69,8%, fenômeno observado após a crise de 2008. O VA do setor Terciário destaca-se no município de Lajeado o qual apresenta uma diferença de aproximadamente 260,7% de valor agregado maior que o do segundo município representativo, Estrela, que apresenta o menor aumento entre os cinco maiores formadores do VA na Região no período de 2009 – 2014; 45,6%. Os municípios de Taquari, Arroio do Meio, Encantado, Teutônia ficaram próximos dos valores de Estrela em 2014, garantindo expressividade no setor terciário com uma Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
153
variação positiva média de 75,6% em relação ao ano de 2011. Contudo o setor terciário representa 31,1%. Neste setor o único município que apresentou crescimento negativo no período São Valentim do Sul -22,7%, os demais apresentaram crescimento expressivo no período 91,2%, observando-se crescimento acentuado em municípios que não tem tradição neste setor como Travesseiro, Imigrante, Santa Clara do Sul, Poço das Antas e Pouso Novo. O Vale do Taquari apresenta um equilíbrio muito forte entre os três setores econômicos, demostrando uma produção primária desenvolvida com capacidade de alimentar com sua produção o setor secundário e fomentar o setor terciário.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pode-se concluir que dentre os 37 municípios que compõem o Vale do Taquari seis se destacam na geração de valor adicionado expressivo, considerando os três setores da economia (Arroio do Meio, Encantado, Estrela, Lajeado, Taquari e Teutônia). O município de Lajeado é o mais representativo no setor de industrialização e serviços, com aproximadamente 29,6% em relação ao VA total nestes dois setores. O setor primário é liderado por Teutônia com 6,6% do total para tal setor econômico, em 2014. Arroio do Meio e Estrela não lideram nenhum dos setores da economia, mas são expressivos. Arroio do Meio no setor secundário é o terceiro maior agregador e Estrela no setor terciário é o segundo maior, destacando ainda Teutônia como o segundo maior no setor secundário. Em relação ao valor adicionado total segue os mesmos municípios mais representativos do setor terciário (Lajeado 36,7%; Estrela 10,1% e Teutônia 9,4%), entretanto pode-se concluir que o setor secundário é o mais expressivo no Vale do Taquari, contribuiu em 2014 com 38,9% para o VA total na Região. O setor terciário é o segundo a gerar Valor Adicionado, em 2014 verifica-se que detém 31,1% do VA total, enfim o terceiro colocado é o setor primário onde os municípios que se destacam Teutônia, Estrela, Westfália, Nova Bréscia e Capitão com 27,8%. O setor primário é o pilar econômico da Região mais homogêneo, excetuando Lajeado todos apresentam forte participação na composição do valor adicionado,
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
154
contribuindo em 2014 com 29, 8% do total do valor adicionado sendo que, 24 dos 37 municípios do Vale do Taquari têm sua base econômica assentada no setor primário. Portanto com os dados disponibilizados pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) e devida análise conclui-se que entre os municípios do Vale do Taquari, Lajeado é o que mais contribui na geração do Valor Adicionado, seguido de Teutônia e Estrela.
REFERÊNCIAS AMVAT – Associação dos Municípios do Vale do Taquari. Municípios. Disponível em < http://amvat.com.br/Municipios/>. Acesso em 23 agosto 2016. COSENZA, José Paulo. A eficácia informativa da demonstração do valor adicionado. Revista Contabilidade Financeira [online], vol.14, p. 07-29. 2003. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/rcf/v14nspe/v14nspea01.pdf>. Acesso em 15 agosto 2016. FEE – Fundação de Economia e Estatística. Vale do Taquari. Disponível em < http://feedados.fee.tche.br/feedados/#!home/unidadesgeograficas/coredes/1994/21>. Acesso em 20 agosto 2016. GARCIA, Manuel Enrique e VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval. Fundamentos de Economia. 2. ed. São Paulo: Saraiva. 2004. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo. 2010. HEINECK, Luis Fernando Mahlmann. Material complementar: Macroeconomia. UFSC, Brasília: CAPES, UAB, 2010. KREIMEIER, Renato. O crescimento da participação de associados jovens no quadro social da Cooperativa Languiru. Lajeado: Autor, 2010. PINHO, D. B.; VASCNCELLOS, M. A. S. Manual de introdução economia. São Paulo, Saraiva, 2006. RICARTE, Jádson Gonçalves. Demonstração do valor adicionado. Revista Catarinense da Ciência Contábil - CRCSC - Florianópolis, v.4, nº l0, p.49-69, dez.2004/mar.2005. SILVA, Mauro Virgino de Sena e; NONNENBERG, Marcelo José Braga. A participação do agronegócio no PIB Brasileiro: controvérsias conceituais e propostas metodológicas. IPEA. Rio de Janeiro. 2006. Disponível em <http://www.sober.org.br/palestra/5/879.pdf>. Acesso em 16 agosto 2016.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
155
ESTRATÉGIAS DE ADMINISTRAÇÃO EM UMA EMPRESA FARMACÊUTICA Cristiani Puhl Cesar Muller RESUMO
Como vimos neste trabalho a estratégia organizacional consiste num conjunto de abordagens comerciais, que os gerentes executam para atingir os resultados da empresa. A estratégia é o conjunto de objetivos, metas, planos para o bom desempenho da empresa, a má utilização ou sua ausência podem intervir diretamente nos lucros e até mesmo na falência da empresa. Este trabalho busca analisar as principais estratégias a serem aplicadas para o bom funcionamento da empresa gerando o desenvolvimento das vendas e de clientes. A empresa analisada como estudo de caso é uma farmácia. São estratégias fundamentais para a farmácia ter programa com descontos de laboratório, que são os PBM (Programa de Benefícios em Medicamentos), os medicamentos genéricos, por ter um preço menor do que um medicamento de referência e possuir os mesmos benefícios, o Programa da Farmácia Popular do Governo Federal que oferece medicamentos com preço baixo e gratuitos, além de outras. Palavras-Chave: Estratégia. Treinamento. Vendas
INTRODUÇÃO
Em um mundo cada vez mais competitivo e imprevisível, a maneira como se define e se revê continuamente a estratégia organizacional é fundamental para a sobrevivência e sucesso da organização.
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle. Aluna do curso de Administração da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail: cristianipuhl@gmail.com. Professor da Faculdade La Salle – Estrela. E:mail:cesar.muller@lasalle.org.br
Este trabalho tem a finalidade de apresentar a importância do uso de estratégias nas organizações. A ausência ou má utilização acarreta em prejuízos e em redução de lucros, ou até mesmo na falência da empresa. Este assunto é de suma importância pois as estratégias organizacionais estão relacionadas com a sociedade, no desenvolvimento da empresa, no desenvolvimento intelectual de cada um. As estratégias organizacionais estão totalmente interligadas com os objetivos e as metas organizacionais, oferecendo caminhos e técnicas a serem seguidos para o alcance dos mesmos. As pessoas apresentam capacidade de aprender e se desenvolver. Os processos de desenvolvimento de pessoas estão relacionados com a educação. Desenvolver pessoas significa dar-lhes apoio suficiente para que elas aprendam novos conhecimentos, habilidades e competências e se tornem mais eficientes no que fazem, e com isso apresentem novas atitudes, soluções, ideias, conceitos e que mudem seus hábitos e comportamento, enriquecendo a personalidade humana. O objetivo deste trabalho é identificar quais as principais estratégias a serem aplicadas, gerando o desenvolvimento das vendas e de conquistar novos clientes. A empresa analisada e o estudo de caso é uma farmácia, uma empresa de dispensação e comercialização de medicamentos, que é reconhecida por ser um estabelecimento de saúde, sendo uma aliada para as pessoas.
METODOLOGIA
Esta é uma pesquisa de natureza qualitativa e bibliográfica. Com relação a pesquisa, é usual a classificação com base em seus objetivos gerais. Assim, é possível classificar as pesquisas em três grandes grupos: exploratórias, descritivas e explicativas. As pesquisas exploratórias têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideia sou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Na maioria dos casos, essas pesquisas envolvem: (a) levantamento bibliográfico;(b) Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
157
entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que” estimulem a compreensão”. (SELLTIZet al.,1967) apud Gill, 2008, pág 41. As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. As pesquisas explicativas têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso mesmo, é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente. Segundo a autora (GERHARDT 2009 p 31-32) a pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc. Os pesquisadores que adotam a abordagem qualitativa opõem-se ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências, já que as ciências sociais têm sua especificidade, o que pressupõe uma metodologia própria. As características da pesquisa qualitativa são: objetivação do fenômeno, hierarquização das ações de descrever, compreender, explicar, precisão das relações entre o global e o local em determinado fenômeno; observância das diferenças entre o mundo social e o mundo natural; respeito ao caráter interativo entre os objetivos buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos; busca de resultados os mais fidedignos possíveis; oposição ao pressuposto que defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências. Segundo o autor (GIL, Antonio Carlos, 2010 p -29), a pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. Tradicionalmente, esta modalidade de pesquisa inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e canais de eventos científicos. Todavia, em virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, cds, bem como material disponibilizado na internet. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
158
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Conforme Chandler (1962), estratégia “É a determinação de metas básicas a longo prazo e dos objetivos de uma empresa e a adoção das linhas de ação e aplicação dos recursos necessários para alcançar essas metas”. “Estratégia é o conjunto de decisões que determinam o comportamento a ser exigido em determinado período de tempo” (SIMON, 1971, apud OLIVEIRA, 2009, p. 5). “Estratégia é definida como um caminho, ou maneira, ou ação estabelecida e adequada para alcançar os resultados da empresa, representados por seus objetivos, desafios e metas”. (OLIVEIRA, 2009, p. 5). “Segundo o livro Estratégia Empresarial e Vantagem Competitiva de Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira, a finalidade das estratégias empresariais é estabelecer quais serão os caminhos, os cursos, os programas de ação que devem ser seguidos para se alcançarem os objetivos ou resultados estabelecidos pela empresa”. (OLIVEIRA, 2009, p 3). Talvez se possa afirmar, sem medo de errar que o instrumento administrativo que proporciona maior abrangência no processo decisório dos executivos das empresas seja a administração estratégica. Administração estratégica é uma administração do futuro que, de forma estruturada, sistêmica e intuitiva, consolida um conjunto de princípios, normas e funções para alavancar, harmoniosamente, o processo de planejamento da situação futura desejada da empresa como um todo e seu posterior controle perante os fatores ambientais, bem como a organização e a direção recursos empresariais de forma otimizada com a realidade ambiental, com a maximização das relações interpessoais. Segundo (FERNANDES, 2005, p. 5,7), O estudo de estratégias está fundamentado historicamente nos conceitos militares sobre como vencer os inimigos. Carl Von Clausewicz, pai da estratégia militar moderna, definia três alvos para vencer o inimigo. O primeiro relacionava-se à avaliação das forças do inimigo; o segundo, a avaliar os recursos do inimigo, e o terceiro alvo dizia respeito à sua disposição para lutar.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
159
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Realizou-se um treinamento de teste sobre vendas para toda a equipe colhendo uma linha específica de produtos, reunindo de três a quatro funcionários durante o horário de trabalho dos mesmos, com o auxílio de slides e oralmente foi apresentado todos os itens específicos de produtos o que teve uma duração aproximada de uma hora, o resultado desta ação foi excelente pois atualizamos os funcionários sobre os produtos a serem comercializados na farmácia e ao mesmo tempo eles se sentiram confiantes de realizar a venda dos mesmo, sem precisar trazer eles fora do horário de trabalho o que causaria um custo maior para a empresa e eles se sentiram valorizados. Uma ação que ocorreu, foi a realização do” Dia da Saúde”, onde foram entregues encartes com endereço e telefone da farmácia aos clientes, convidando para participarem desta promoção realizada pela Farmácia. Neste dia foram realizados testes de glicose e verificação de pressão informando as pessoas sobre os cuidados com a saúde. Foi realizada também análise capilar pela promotora da linha Bio Extratus. O público se sentiu gratificado por esta ação que os beneficiou com informações sobre saúde, através desta ação percebemos a melhora nos resultados da empresa, foi o aumento nas vendas, aumento do valor do ticket médio, e crescimento do número de clientes.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa foi relacionada com os pensamentos dos autores deste trabalho, sendo utilizada a ferramenta análise SWOT, que possibilitou uma verificação de ambiente interno e externo. Analisando ambiente interno da empresa a opção foi de prospectar seus pontos fortes e fracos na análise de produtos e atendimento, dos preços, localização, e demais fatores. O uso das estratégias nas organizações é de fundamental importância para os resultados esperados e para o desempenho geral da organização. A pesquisa sobre estratégias de administração foi atingida com os métodos utilizados neste trabalho. O uso das estratégias na parte prática trouxe melhores resultados para a empresa, ressaltando a importância de rever constantemente as Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
160
estratégias utilizadas para o melhor desempenho da organização, cuidando para que não entre no comodismo, afetando os objetivos.
REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Treinamento e desenvolvimento de recursos humanos. 7. ed. Barueri, São Paulo: Manole, 2009. FERNANDES, Bruno Henrique Rocha. Administração estratégica. São Paulo: Saraiva,2005. GERHARDT, Tatiana Engele SILVEIRA, Denise Tolfo. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. 11. reimpr. São Paulo: Atlas, 2008. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças. Administração estratégica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
161
ESTUDO SOBRE A ASSOCIAÇÃO DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA DA LINHA DELFINA ESTRELA – RS Frédi Schonhorst Guilherme Petter Fernando Augusto Getems Renato Kreimeier RESUMO
O presente trabalho trata da Associação de Água da comunidade da Linha Delfina, Município de Estrela/RS, criada com a finalidade de obter água potável para a localidade, melhorando a qualidade de vida dos moradores, bem como possibilitar o aumento de produção, tanto primária como para os demais estabelecimentos e empreendimentos. Para este estudo, obtiveram-se informações da própria Associação, sua criação e investimentos realizados, vantagens para o associado, valores cobrados e taxas mensais. Constatou-se que a Associação é uma organização sem fins lucrativos. Possui uma diretoria e conselheiros capacitados e os prestadores de serviço, exercendo com rigor seus deveres juntamente com o associado, prestando serviços de forma simples e satisfatória e com muito êxito, sempre visando o bem-estar do associado. Palavras-chave: Associação de Água. Comunidade Linha Delfina. Estatuto. Associativismo. INTRODUÇÃO A Associação de Abastecimento de Água Delfina, de Linha Delfina – Estrela – RS, é uma Associação de Água criada no dia 03 de fevereiro no ano de 1988 com a presença de 49 sócios fundadores com o intuito de atender moradores daquela
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle Estrela. Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail fredi.schonhorst@languiru.com.br Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail guipetter@hotmail.com Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail fe.getems@yahoo.com.br Especialista em Gestão de Cooperativas e Gestão Financeira, professor do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E–mail renato.kreimeier@lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
162
localidade com a captação de água potável, melhorando sua qualidade de vida e possibilitando outros investimentos na comunidade. Inicialmente foi sugerido criar uma Cooperativa de água potável, mas por fim se decidiu por criar uma Associação sem fins lucrativos com adesão livre, mas sendo cobrado uma taxa para cada ligação que na época era de Cz$ 50.000,00. Este valor cobrado de taxa de adesão foi definido para custear a mão de obra para a rede de água, projeto de elaboração que época foi feito e apresentado pela empresa EDEF (sócios, Urbano e Egidio Dell) de Estrela – RS, entre outros custos. Após aprovado o projeto por todos os presentes, se deu início a obra com prazo de três meses para o término da obra. O projeto foi custeado 50% pela prefeitura municipal e o restante pelos associados, ou seja, mais 59 cotas de água. Ficou definido que a Escola Particular, Comunidade São Pedro, Cemitério, Sociedade Delfinense e SER Aimoré poderão fazer sua ligação gratuitamente, mas assumindo as despesas da rede geral. Após eleita a primeira Diretoria da Associação, composta pelo Presidente Pedro Carlos Collett, vice Presidente José Senio Petter, Secretário João Pedro Schmidt, Vice Secretário Geraldo José Schmidt, Tesoureiro Lauri Mallmann, Vice Tesoureiro Armando Scheuermann, além do conselho fiscal composto por Edgar Collett, Ernani José Mallmann, Nelson Antônio Wermann, José Rosa da Silva, Cleto Plenz e Selmo Wermann, os quais tinham como meta construir a obra e elaborar o Estatuto da Associação. Assim que realizada a eleição da Diretoria, iniciaram as obras de perfuração do primeiro poço e instalação da bomba para o bombeamento da água para o reservatório com capacidade de 80 m3 (80.000 litros). Atualmente conta com 226 associados, que se reúnem anualmente no mês de fevereiro para uma Assembleia Geral Extraordinária para deliberar sobre assuntos da pauta, contas da Diretoria e demais assuntos de interesse dos associados. Assim o objetivo do presente trabalho é descrever o funcionamento da Associação de Água da Linha Delfina ora apresentado.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
163
METODOLOGIA
O presente trabalho se caracteriza como uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva. Configurando-se como um estudo de caso da Associação de Água da Linha Delfina, município de Estrela – RS, onde se fez levantamentos daquela comunidade (GIL, 2010). Obtiveram-se
algumas
informações
específicas
da
associação
e
seu
funcionamento constantes nesse trabalho dos Senhores: Euzébio Caye, secretário e Nelson José Petter, presidente da Associação de Abastecimento de Água Delfina e também da empresa EDEF Poços Artesianos, informações técnicas. Através de um roteiro entrevistou-se os integrantes da diretoria da Associação, complementado com diálogo e visita ao local dos poços e reservatórios, onde foi possível ver como funciona a captação e distribuição da água, bem como o regimento e funcionamento da mesma.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O termo associativismo refere-se à integração de grupos de indivíduos, com os mais variados interesses comuns, não existindo obrigatoriamente relações econômicas e financeiras. Deste modo pode se ter uma associação de qualquer natureza e com qualquer número de associados. Por definição, as associações, enquanto sociedades sem fins lucrativos, não deveriam conceder ganhos ou vantagens patrimoniais com associados. Isto, entretanto, não impede que elas realizem atividades econômicas, desde que sejam para se capitalizar, visando atingir os seus objetivos (ABRANTES, 2004). A formação de uma sociedade verdadeiramente democrática pressupõe princípios e valores que orientam seu desenvolvimento. A autogestão e a cooperação podem ser consideradas, construções coletivas, capazes de indicar um caminho a uma gestão participativa e verdadeira, onde a coletividade pode decidir seus rumos em todos os campos, inclusive no campo econômico (GALVÃO e CIFUENTES, 2001).
A Associação de Abastecimento de Água da Linha Delfina Estrela RS É uma instituição formada por associados com o objetivo de captar água para a localidade proporcionando a mesma qualidade e posterior melhoria e ampliação de Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
164
outros negócios. A Associação possui estatuto próprio, sem fins lucrativos, de duração indeterminada, com finalidade a exploração de poços artesianos e o abastecimento de água potável aos seus associados, definido em Assembleia, composta por Presidente, Vice-Presidente, Secretário, vice-Secretário, Tesoureiro, Vice Tesoureiro além de possuir também Conselho Fiscal. Esta Diretoria tem mandato de dois anos, sendo que em uma Assembleia Geral, sempre no mês de fevereiro, é feita nova eleição. Entre os principais itens do Estatuto da Associação, podemos citar: 1 – Usufruir do fornecimento de água potável; 2 – Participar das reuniões da Assembleia Geral, com direito a voto e ser votado; 3 – Solicitar medidas convenientes da diretoria; 4 – solicitar reconsiderações das decisões da diretoria; 5 – Reclamar a diretoria, direitos constantes no Estatuto, que lhe tenham sido negados. Dentro do Estatuto também ficou definido deveres dos Associados, dentre os principais pode-se citar: 1 – Conhecer e respeitar o Estatuto e demais atos; 2 – Pagar pontualmente a taxa mensal; 3 – Desempenhar com empenho e zelo qualquer cargo; 4 – Contribuir com a Diretoria para que a mesma possa cumprir com suas finalidades; 5 – Zelar pela conservação dos bens patrimoniais, móveis e imóveis da Associação. É importante ressaltar que o associado pode ser excluído do quadro social como consta no estatuto sob o artigo 8º onde consta: 1 – Por falta de pagamento da taxa mensal e consumo por três meses; 2 – Por processo instaurado pela Diretoria vista de infração ao Estatuto ou Legislação em vigor.
Obtenção de recursos Tem como captação de recursos para a sua manutenção das atividades as seguintes receitas: 1 – Taxa de ligação e religação; 2 – Tarifas mensais; 3 – Promoções eventuais; 4 – Verbas de auxílio, provindas de órgãos públicos ou privados; 5 – Outras fontes eventuais. Atualmente a taxa de ligação de água para o associado é de R$ 3.400,00, onde está incluso a instalação do relógio e mão de obra. Após tudo regularizado, é cobrada uma taxa mensal de R$ 16,50 onde, o associado tem direito a 15 m3 de água. A cada m3 excedente é cobrado um valor adicional na conta de R$ 1,50. Ao todo são quatro poços de água, com capacidade total de 400 m3 por dia, instalados estrategicamente para que aja uma perfeita distribuição de água. Nestes poços são realizadas análises diárias da qualidade da água, além de fazer manutenções e Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
165
limpezas mensais quando necessário. Para este trabalho de controle e manutenção, são responsáveis três pessoas da Associação. A Associação de água, através destes investimentos em estrutura de poços e capacidade de armazenamento, pôde dar incremento em suas criações, trazendo desenvolvimento para a comunidade, posterior aumento e incremento na renda. No gado leiteiro são aproximadamente 301 vacas concentradas em 16 propriedades. Na criação de suínos em terminação são 3.665 animais em cinco propriedades. Na produção de frangos de corte são 548.000 aves distribuídas em 13 propriedades. Na criação de leitões na fase de creche são aproximadamente 5.615 animais em oito propriedades. Todas estas propriedades utilizam a água para limpeza e consumo dos animais, bem como para as suas residências. A Associação através da sua administração procura sempre a transparência, sempre buscando resolver problemas o mais rápido possível, com apoio dos associados e órgãos públicos, e em casos extremos procuram a Empresa EDEF Poços Artesianos, parceira desde a criação da Associação.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Observa-se que a Associação de Abastecimento de Água Delfina vem trabalhando desde o seu início no ano de 1988, na distribuição de água para seus associados. Oferecendo um serviço de ligação de novas cotas e manutenção da rede de água. A figura 1 mostra, a instalação do poço e sua casa de mistura de cloro, juntamente com sua caixa de energia elétrica, sendo esta responsável pelo funcionamento da bomba e misturador de cloro. Este poço foi o primeiro a ser instalado. E ao longo dos anos até o presente momento se tem mais três poços seguindo o mesmo modelo. A figura 2 mostra o primeiro reservatório de água, sendo ele todo construído em material de alvenaria. E a figura 4 mostra os reservatórios de água atuais, que já são de fibra e instalados sobre uma estrutura de alvenaria e estrutura pré-moldada. Os reservatórios recebem limpeza geral a cada seis meses, realizados por equipe especializada da empresa EDEF Poços Artesianos. Assim resultando em ótima qualidade de água para todos e respectivas produções de animais.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
166
De cada poço artesiano é feito uma análise diária da água, por pessoas capacitadas e treinadas para este fim. Ao se realizar a coleta de água para análise, adicionam-se os reagentes que por fim determinam como está o pH da água e o (CRL) cloro residual livre, figura 4.
Figura 1: Poço, casa de mistura de cloro e caixa de energia elétrica. Fonte: dos autores
Figura 2: Primeiro reservatório de água Fonte: dos autores Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
167
Figura 3: Reservatórios atuais de água. Fonte: dos autores
Figur a 4: Demonstrativo de reagentes e tabela para as análises. Fonte: dos autores
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
168
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a Associação de abastecimento de água Delfina, constitui em uma organização sem fins lucrativos. Tendo sempre uma diretoria que atenda aos interesses de seus associados, cooperando para os fins que foi instituída. Juntamente com o conselho e prestadores de serviço, seguindo o estatuto, exercendo com rigor seus deveres juntamente com o associado, garantindo também seus direitos. Prestando serviços de forma simples e satisfatória e com muito êxito, sempre visando o bem-estar do associado. Dessa forma a associação auxilia no desenvolvimento sustentável da comunidade.
REFERÊNCIAS
ABRANTES, José. Associativismo e cooperativismo. Rio de Janeiro. Editora Interciência, 2004. ESTATUDO. Associação de Abastecimento de Água Delfina. GALVÃO, M. N.; CIFUENTES, R. Cooperação, autogestão e educação nas novas configurações do trabalho. Org & Demo. Marília, n. 2, 2001. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo. 2010. REGULARIZAÇÃO. Outorga de normatização de perfuração e exploração de água subterrânea para consumo humano.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
169
ESTUDO SOBRE ASSOCIAÇÃO DE ÁGUA DE LINHA GAMELA, TEUTÔNIA/RS Diego Augusto Dickel Gustavo Klauck da Silva Renato Kreimeier RESUMO
O presente trabalho trata da criação de uma Associação de Água, desenvolvida pela comunidade da Linha Gamela, com a finalidade de adquirir água potável para a localidade, melhorando a qualidade de vida dos moradores. Para este estudo, obtivemos informações da Associação de Água da Linha Gamela, município de Teutônia – RS, onde será descrito tanto de sua criação como também investimentos realizados, suas vantagens para o associado, valores cobrados e taxas mensais, bem como informações do seu Estatuto e diretoria. Palavras-Chave: Associação de Água. Comunidade Linha Gamela. Estatuto e Diretoria.
INTRODUÇÃO A Associação de abastecimento de água de Linha Gamela, de Teutônia – RS, é uma Associação de Água fundada em 05 de setembro de 2007 com 27 sócios. Porém desde 27 de janeiro de 1998 existia a Sociedade de Água de Linha Gamela, que já tinha como objetivo de fornecer de água potável de qualidade aos moradores da localidade, melhorando sua qualidade de vida e possibilitando outros investimentos na comunidade.
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Cientifica. Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail: diegoaugusto.dadi@hotmail.com Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail: gustavokdasilva@hotmail.com Especialista em Gestão de Cooperativas e Gestão Financeira, professor do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E–mail renato.kreimeier@lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
170
O projeto foi custeado 50% pela Prefeitura Municipal de Teutônia e o restante pelos associados, ou seja, mais 27 cotas de água. Ficou definido uma taxa mensal conforme o consumo de água, com o valor mínimo estabelecido em R$ 5,00 para cada 10 m³. Após eleita a primeira Diretoria da Associação, composta pelo Presidente: Presidente: Egon Kolling, Vice-Presidente: Carlos Alberto Horn, Tesoureiro: André Schaeffer, Vice-Tesoureira: Liane Kolling, Secretária: Gerta Kolling Wolfardt, ViceSecretário: Silmo Brackmann, Conselho Fiscal Efetivo: André Eroni Dickel, Irineu Willsman e Airton Roberto Arendt, Conselho Fiscal Suplentes: Oterno Sinécio Arendt, Lauro Schaeffer e Oterno Sadi Klein. Estes foram os líderes que tinham o compromisso de dar continuidade ao projeto que vinha sendo realizado pela antes existente Sociedade de Água. O trabalho teve por objetivo descrever a Associação acima apresentada.
METODOLOGIA
O presente trabalho é um estudo de caso da Associação de Água de Linha Gamela, município de Teutônia – RS, onde se fez levantamentos de dados da entidade (GIL, 2010). Através de um questionário contendo perguntas objetivas foi entrevistada a presidente da associação, com diálogo e comunicação constante conseguiu-se todo o histórico e diversas informações sobre o funcionamento desta.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Associação de Água de Linha Gamela, está situada em Linha Gamela, interior do município de Teutônia/RS, foi fundada em 05 de setembro de 2007. Porém, antes disso havia a Sociedade de Água de Linha Gamela que foi fundada em 27 de janeiro de 1998 com 27 sócios e com o objetivo de fornecer de água potável de qualidade aos moradores da localidade. A Sociedade no ano de 1998, teve seu início com a seguinte diretoria: Presidente: Oterno Sinécio Arendt, Vice-Presidente: Irineu Willsman, Tesoureiro: Jaime Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
171
Brackmann, Vice-Tesoureiro: Pedro Leoni Alebrandt, Secretário: Mindo Kunsler e Vice-Secretário: Bertoldo Schaeffer. Estes foram os primeiros líderes que tinham o compromisso de iniciar o projeto. No mesmo ano foi realizada a perfuração do único poço artesiano da entidade quem tem a profundidade de 122 metros, mas a bomba que toca o sistema está a 60 metros, o que demonstra existe um reservatório muito grande de água. Na época, os primeiros custos de perfuração do poço e instalação de toda tubulação de água aos moderadores foi custeada 50% pelos próprios moradores e os outros 50% dos custos foram pagos através da prefeitura municipal. As obras de instalação da rede foram realizadas pela empresa Brackmann Comércio e Representações LTDA. No início da entidade foi decidido que a taxa mínima por sócio era de 10 m³ e custo mensal da taxa seria de R$ 5,00, um consumo acima dos 10 m³ o custo seria de R$ 0,50 por m³. No ano de 2007 veio a necessidade da Sociedade de Água de Linha Gamela se tornar uma Associação por questões legais perante a lei. A Associação de água foi fundada no dia 05 de setembro de 2007 com a seguinte diretoria: Presidente: Egon Kolling, Vice-Presidente: Carlos Alberto Horn, Tesoureiro: André Schaeffer, ViceTesoureira: Liane Kolling, Secretária: Gerta Kolling Wolfardt, Vice-Secretário: Silmo Brackmann, Conselho Fiscal Efetivo: André Eroni Dickel, Irineu Willsman e Airton Roberto Arendt, Conselho Fiscal Suplentes: Oterno Sinécio Arendt, Lauro Schaeffer e Oterno Sadi Klein. Nesta época a taxa mínima mensal por associado era de R$ 15,00. No regimento interno da Associação podemos destacar que o sócio tem 10 dias após a leitura mensal da água para efetuar o pagamento ao secretário ou presidente, passando este período será cobra multa de 1% sobre o valor, após trinta dias o associado receberá uma notificação da pendencia, e aos 60 dias após poderá ser efetuado o corte geral da água ao morador. Para realizar a religação da água o sócio deverá pagar o equivalente a 30% sobre o salário mínimo. Ao ingressar um novo sócio, este deverá pagar um salário mínimo e as despesas do material para a instalação da rede de água. A atual diretoria da Associação da Água de Linha Gamela é formada por: Presidenta: Marcia Kolling, Vice-Presidente: Astério Félix Mallmann, Tesoureira: Liane Clénia Kolling, Vice-Tesoureiro: Egon Kolling, Secretária: Lenise Mariani Dickel, Vice-Secretário: Vera Lúcia Brackmann, Conselho Fiscal Efetivo: Oterno Sinécio Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
172
Arendt, Lauro Schaeffer e Bernardo Schaeffer, Conselho Fiscal Suplentes: André Eroni Dickel, Irineu Willsman e Airton Roberto Arendt. Atualmente a taxa mínima mensal por sócio é de R$ 25,00 para 10 m³ e o excedente tem o custo de R$ 2,50 por m³. A água da Associação é utilizada de diversas maneiras, a principal na forma de uso doméstico, mas também utilizada para a alimentação de vacas leiteiras, gado de corte, suínos, frangos de corte e diversas outras atividades. A missão da entidade sempre foi estimular a parceria, o diálogo local e a solidariedade entre os diferentes segmentos sociais. Atualmente a Associação conta com 25 associados. Como é uma entidade com um tamanho não muito expressivo e que não visa lucro, não existem funcionários, porém voluntários que exercem as funções de manutenção da rede, cobrança de distribuição, além de cargos na diretoria. Existem inúmeras dificuldades encontradas na Associação de água de Linha Gamela, como em qualquer outra entidade. Por ser uma associação pequena na qual não há muitos associados vários problemas são enfrentados, tudo começa na escolha dos membros que constituem a diretoria, visto que ninguém quer assumir o compromisso de fazer as coisas andarem. Outro problema é a manutenção da rede de água, pois constantemente existe a necessidade de reposição de peças, devido ao fato dos canos furarem, a energia elétrica para bombear a água até o reservatório também tem um custo elevado. Já com respeito a legislação se percebe que a associação tem dificuldades para seguir algumas normas. O ponto forte que a entidade tem é a garantia que a água fornecida à população é potável, ter uma fonte de água de boa qualidade e com certeza sempre garantir o fornecimento de água e quando problemas referentes a distribuição aparecerem, contornar a situação o mais rápido possível para normalizar o fornecimento de água. As manutenções da rede de água são sempre que possível realizadas por moradores voluntários encarregados pelo serviço, em casos extremos são contratos terceiros especializados no assunto. Mas essa manutenção realizada pelos próprios moradores faz com que a Associação consegue reduzir muitos custos. Mensalmente são realizadas analises de água por terceiros para ver a real qualidade da água da localidade. Atestando sempre uma água de ótima qualidade para o consumo humano. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
173
Em média são consumidos de 15 a 20 m³ de água por dia, tudo dependendo da época do ano. Não se tem um consumo muito grande de água, pelo fato de ser uma associação pequena, com poucos moradores e em sua maioria pequenas propriedades ligadas a ela. A capacidade de armazenamento de água da Associação é de 30 m³.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Pode-se observar que desde o ano de 1998 quando surgiu a Sociedade de Água de Linha Gamela até os dias atuais em que é Associação de Água de Linha Gamela a entidade sempre foi pequena, pelo fato de ser local, mas sempre bem organizada, tanto socialmente, quanto financeiramente. Sempre com o principal objetivo de fornecer água de boa qualidade aos seus associados com o custo mais baixo possível.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a Associação de água de Linha Gamela, constitui em uma organização sem fins lucrativos. Tendo sempre uma diretoria capacitada, seguindo seu estatuto, exercendo com rigor seus deveres juntamente com o associado, e garantindo também seus direitos. Prestando serviços de forma simples e satisfatória e com muito êxito, sempre visando o bem-estar do associado.
REFERÊNCIAS ASSOCIATIVISMO. Associativismo e seus benefícios aos gestores de pessoas. Porque tanta gente tem buscado atividades em associações. Disponível em: <http://www.grupolet.com/noticias_20090202_associativismo.asp>. Acessado em: 23 de agosto de 2017. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, Editora Atlas, 5° Edição, 2010. 30 p. LIVRO DE ATAS, Sociedade de Água de Linha Gamela. LIVRO DE ATAS 01, Associação de Água de Linha Gamela.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
174
O MERCADO FINANCEIRO E O AGRONEGÓCIO Huberto Paulo Barth Lurdes Beatriz Andrade Deisi Böhm
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo analisar a distonia entre o mercado financeiro e o agronegócio. O agronegócio representa mais de um terço da economia nacional, é o único setor da nossa economia em expansão, auferindo saldo positivo na balança comercial, proporcionando sucessivos superávits. O agronegócio é o setor que talvez mais necessite de financiamentos, dado ao alto custo de seus investimentos anuais. O mercado financeiro tem papel preponderante no sucesso do setor, por meio dos financiamentos em investimentos, custeios, comercialização e políticas agrícolas. Porém, o mercado financeiro se ressente de políticas mal sucedidas do passado e por esta razão investe muito pouco no agronegócio, sendo quase que tão somente um balcão de negócios, onde ele repassa o dinheiro de outros setores, no jargão popular, um atravessador. A metodologia é básica, com objetivo exploratório/ explicativo/ descritivo, fundamentada em bibliografias, de natureza qualitativa. A pesquisa foi realizada no primeiro semestre de 2017, na Disciplina de Matemática Financeira. Palavras-Chave:
Agronegócio.
Bolsa
de
Valores.
Financeirização.
Mercado
Financeiro. INTRODUÇÃO
Trabalho apresentado na Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle-Estrela. Aluno do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. hpb1959@gmail.com Aluna do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. l.urdesbeatriz@hormail.com Professora da Disciplina de Matemática Financeira da Faculdade La Salle – Estrela. Mestra em matemática.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
175
O agronegócio é simplesmente o maior negócio da economia brasileira e da economia mundial. Gerando mais de um terço do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, quase 40% do emprego formal e principalmente sendo responsável por 100% do saldo positivo da balança comercial do Brasil nos últimos anos, o agribusiness, como também é conhecido, é o setor que mais contribui para o equilíbrio das contas externas brasileiras. Tem sido o grande setor a garantir para o nosso país estabilidade externa. A balança comercial brasileira teve um superávit de US$ 47,692 bilhões em 2016, o maior já registrado na série histórica do dado, iniciada em 1980. Do volume total exportado pelo Brasil em 2016, US$ 84.935 bilhões, advieram da exportação de produtos do agronegócio, do complexo soja (grão, farelo e óleo), US$ 25.419 bilhões; do complexo carne (bovina, suína e frango), US$ 14.211 bilhões; do complexo sucro-alcooleiro (açúcar e etanol), US$ 11.344 bilhões; dos produtos florestais (celulose, papel, madeira cerrada, móveis, painéis, cavacos, entre outros), US$ 10.240 bilhões; do café, US$ 5.472 bilhões; dos cereais, farinhas e preparados, US$ 4.252 bilhões; dos couros e produtos de couro, US$ 2.503 bilhões; do fumo e seus produtos, US$ 2.123 bilhões; dos sucos (laranja, acerola, maça, morango, uva, entre outros), US$ 2.105 bilhões; das fibras e produtos têxteis, US$ 1.685 bilhões; sendo estes os 10 de maior destaque (MAPA, 2017). Contudo, uma das maiores contradições do mercado financeiro brasileiro atualmente é o seu distanciamento do agronegócio. Como pode um setor que representa mais de um terço do produto interno bruto (PIB), é líder mundial em alguns mercados e responsável pela produção de itens essenciais a sociedade, como alimentos e energia, proporcionalmente, ser um dos menos privilegiados pelo mercado financeiro? Assim, este trabalho teve como objetivo contextualizar o agronegócio e o mercado e, identificar as razões pelas quais o mercado financeiro adota uma posição defensiva, criando condições negativas ao seu pleno desenvolvimento.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Até hoje, a maioria das pessoas ainda pensa que a agricultura se restringe a arar o solo, plantar semente, fazer colheita, ordenhar vacas, ou alimentar animais. Esse, na realidade, foi o conceito de agricultura que perdurou até o início da década de 1960. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
176
Contudo, a chamada industrialização da agricultura, a qual tem gerado crescente dependência da agropecuária com relação ao setor industrial, como resultado das grandes transformações tecnológicas experimentadas pelo setor rural, levou a uma radical mudança de concepção sobre a agricultura. Mais recentemente tem sido utilizado o termo agronegócio. A agricultura é vista como um amplo e complexo sistema, que inclui não apenas as atividades dentro da propriedade rural, ou seja, dentro da porteira agrícola, que é a produção em si, como também, e principalmente, as atividades de fornecimento de suprimentos agrícolas, como os insumos, de armazenamento, de processamento e distribuição dos produtos agrícolas. Isto significa que o agronegócio ultrapassa as fronteiras da propriedade rural, agrícola ou pecuária, para envolver todos os que participam direta ou indiretamente do processo de levar os alimentos e as fibras aos consumidores. Podemos dizer que o agronegócio engloba não apenas os que trabalham diretamente com a terra, mas também as pessoas e empresas que fornecem os insumos, por exemplo, fertilizantes, defensivos, rações, crédito e sementes; processam os produtos agropecuários, por exemplo, grãos, fibras, carne e leite, entre outros; manufaturam os alimentos e fibras, como pães, bolachas, massas, sorvetes, calçados, roupas, entre outros; transportam e vendem esses produtos aos consumidores, por exemplo, os supermercados, restaurantes, lanchonetes, panificadoras, lojas de calçados e de tecidos (MENDES, 2007). Entende-se por agronegócio a soma total das operações de produção e fornecimento de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, do processamento e da distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos com base neles. Estão neste conjunto, consequentemente, todos os serviços financeiros, de transporte, classificação, marketing, seguros, bolsas de mercadorias, entre outros. Todas essas operações são elos de cadeias que se tornam cada vez mais complexos à medida que a agricultura se moderniza e o produto agrícola passa a agregar mais e mais serviços que estão fora da fazenda. Dessa forma, o conceito de agronegócio engloba os fornecedores de bens e serviços para a agricultura, os produtores rurais, os processadores, os transformadores e distribuidores e todos os envolvidos na geração e no fluxo dos produtos de origem agrícola até chegarem ao consumidor final. Participam também desse complexo os Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
177
agentes que afetam e coordenam o fluxo dos produtos, como governo, os mercados, as entidades comerciais, financeiras e de serviços. As comunidades humanas sempre trocaram excedentes de produção por bens e serviços que lhe faltavam. Na pré-história, quando o dinheiro não existia e um produto era trocado por outro; chamado de escambo - essa atividade deu origem ao comércio. A necessidade de um local em que, sem temor de furtos e assaltos, grupos e tribos pudessem trocar bens fez surgir o mercado, que se transformaria no instrumento de integração do binômio produção-distribuição. Usando uma linguagem coloquial, mercado é o lugar em que se realizam transações de mercadorias e serviços entre compradores e vendedores. A denominação corresponde, neste sentido, tanto a praça ou recinto fechado de uma localidade onde se vendem produtos agrícolas, artesanais, industriais, como os centros internacionais a que se dirigem pessoas ou entidades interessadas na contratação de bens ou serviços e nos quais se encontram os produtos ou as organizações capazes de prestar os serviços que desejam. Falando em economia, mercado é o conjunto de atos de compra e venda de bens econômicos, realizado numa área geográfica determinada e num momento dado, mediante mecanismos que determinam o preço de cada um dos bens. A atuação destes mecanismos, seu maior ou menor grau de automatismo e o modo pelo qual o preço é obtido são resultantes das peculiaridades de cada mercado e de seus componentes. A complexidade da vida econômica atual originou uma variada gama de atividades específicas de mercado que receberam qualificações variadas, como mercado financeiro, mercado de commodities, que são produtos primários de grande importância econômica; mercado aberto, mercado global, mercado de trabalho, entre outras. Os mecanismos ou ferramentas com que o mercado financeiro age com o agronegócio ou os canais de comunicação, são crédito agrícola, a bolsa de mercadoria e de futuros e os chamados de política agrícola do governo. O crédito agrícola é o capital colocado à disposição do agronegócio para investimento e custeio. A Bolsa com seus mecanismos de negociação promove a financeirização e a transferência dos produtos agrícolas. As políticas agrícolas do governo são importantes instrumentos de garantia ao produtor rural e da sua sustentação de renda. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
178
METODOLOGIA
A presente pesquisa teve finalidade básica, pois objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais; objetivo exploratório/ descritivo/ explicativo. O exploratório teve como finalidade proporcionar mais informações sobre o assunto investigado, possibilitando sua definição e seu delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da pesquisa, orientar a fixação dos objetivos e a formulação das hipóteses ou descobrir um novo tipo de enfoque para o assunto. O descritivo visa a descrever as características de determinado fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis, pois observa, registra, analisa e ordenam dados, sem manipulá-los, isto é, sem interferência do pesquisador; procura descobrir a frequência com que um fato ocorre, sua natureza, suas características, causas, relações com outros fatos. No explicativo procura explicar os porquês das coisas e suas causas, por meio do registro, da análise, da classificação e da interpretação dos fenômenos observados; visa a identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos; “aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o porquê das coisas. ” Nos procedimentos é bibliográfica elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, com o objetivo de colocar o pesquisador em contato direto com material já escrito sobre o assunto da pesquisa. De natureza qualitativa, pois considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa (GIL, 2008, 2010; BEUREN, 2006; LAKATOS e MARCONI, 2007). Realizada como laboratório da Disciplina de Matemática Financeira, primeiro semestre de 2017.
RESULTADOS E DISCUSSÕES Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
179
A contradição entre o mercado financeiro e o agronegócio reside no fato de que o primeiro se abstém de investir no segundo. As formas com que o mercado financeiro se relaciona com o agronegócio é que demostra esta situação. Os bancos sejam eles estatais ou privados só investem 5 % do seu capital e deste, somente 10% nos privados e até 40% nos estatais no agronegócio. As demais formas de financiar o crédito agrícola são por determinações e/ou mecanismos do Banco Central. O crédito agrícola é disponibilizado ao agronegócio através da rede bancária, principalmente pelos bancos estatais como o Banco do Brasil, BASA (Banco da Amazônia), BNB (Banco do Nordeste) e/ou por cooperativas de crédito como a SICREDI, os demais bancos estatais coma a Caixa Econômica Federal entre outros, não atuam no ramo do agronegócio. Os bancos privados salvo exceções, também não operam com o agronegócio. Praticamente a totalidade dos investimentos realizados no agronegócio são através das linhas de financiamento do BNDS (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), o BNDS não financia custeio. Os recursos do BNDS provêm do PIS/COFINS e a partir de 2009, capitalização via Tesouro Nacional; Letras do Tesouro Nacional. Os bancos são os agentes repassadores destes recursos, sendo responsáveis pela contratação e recebem comissão sobre os valores aplicados. O custeio provém de outras três formas de captação. Depósitos à vista, poupança e depósito a prazo. Com relação à norma de crédito rural do ano de 2016, a sequência para geração da exigibilidade seguiu o seguinte princípio: Controle via exigibilidade adicional sobre depósito à vista: 8% sobre a média aritmética dos VRS (Valor Sujeito a Recolhimento), sobre o depósito à vista; 10 % sobre a média aritmética dos VRS sobre depósitos de poupança e 8% sobre a média aritmética dos VRS sobre os depósitos a prazo. A soma destes três valores aplica-se a seguinte regra com base na normativa do Banco Central onde regula anualmente. Da soma dos valores no último ano se utilizou o seguinte critério: do período de 01/02/2016 a 29/02/2016, 15% da soma deve ser empregada pelo banco na linha de crédito rural. Destes 15%, aplica-se 34% na linha de crédito rural. Do período de 01/03/2016 a 31/03/2016 30% da soma deve ser empregada pelo banco na linha de crédito rural. Destes 30%, aplica-se 34% na linha de crédito rural. Do período de 01/04/2016 a 30/04/2016, 45% da soma deve ser empregada pelo banco na linha de crédito rural. Destes 45%, aplica-se 34% na linha de crédito rural. Do período de Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
180
01/05/2106 a 31/05/2016, 60% da soma deve ser empregada pelo banco na linha de crédito rural. Destes 60%, aplica-se 34% na linha de crédito rural. A partir de 01/06/2016, 100% da soma deve ser empegada pelo banco na linha de crédito rural. Destes 100% aplica-se 34% na linha de crédito rural. Na comercialização a relação do mercado financeiro com o agronegócio acontece através da Bolsa de Mercadorias e de Futuros (BMF) onde as mercadorias são transacionadas por contratos em diversas modalidades, como o mercado spot que é o mercado a vista, o de opção, o de futuro, hedge, entre outros. É onde acontece a financeirização. Aonde um contrato chega a ser negociado acima de 30 vezes sem, no entanto, ter havido a transferência da mercadoria. A Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) é um importante instrumento de política agrícola, porém de difícil operacionalização devido ao grande número de produtores e aos fatores não controláveis, como clima, pragas e doenças. No entanto, mediante a criação de instrumentos específicos a segmentos de produtores tem atingido bons resultados. Exemplo o PRONAF (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar). A resposta está na análise do histórico dos financiamentos ao agronegócio. Desde o início dos programas de direcionamento do crédito até as operações de crédito estruturadas nos últimos anos, a experiência de financiamento ao agronegócio, no geral, causa desconforto para os investidores, devido ao passado de inadimplência e atrasos nos pagamentos desse setor (CAPITAL, 2017). Talvez muitos não saibam, mas a inadimplência no agronegócio gira em torno de 0,5% e 1% de todo o volume financiado. Destes percentuais, segundo Migalhas (2017), apenas aproximados 0,3% batem as portas do Judiciário carentes de medidas e ações protetivas de seus respectivos créditos. Conclui-se que 99,07 % pagam suas dívidas normalmente, 0,03% por qualquer motivo de boa ou má fé, deixam de quitar seus débitos e se veem compelidos a discutilos em juízo. Isso leva a crer, que as decisões judiciais exaradas em 0,3% de todo o financiamento do agronegócio podem influenciar por consequência, os 99,07% remanescentes. O judiciário não pode sucumbir aos desmandos e eventuais excessos de grupos econômicos frente aqueles que labutam a terra para produzir alimentos; por outro lado, decisões que insiram insegurança jurídica aos financiadores do agronegócio, podem desequilibrar toda a economia nacional, ou seja, é necessário que haja equilíbrio Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
181
contra os excessos, porém que também haja proteção ao crédito daqueles que financiam esse importante setor de nossa economia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A sociedade brasileira descobriu, há poucos anos, a importância do agronegócio. Antes, a agropecuária e as indústrias de transformação de suas matérias primas eram relegadas a um plano inferior. O produtor rural, inclusive, era incompreendido e muitas vezes execrado como um pária do sistema econômico. Foi preciso uma crise internacional, que praticamente quebrou o Brasil, no final do século passado, para demonstrar a relevância do setor como o principal formador de divisas e o grande motor da sociedade do interior do país, onde a renda que gera é fundamental para o sustento de todas as outras atividades econômicas. O agronegócio é o único setor que continua em franca expansão, suportando e equilibrando, solitário e valente, todos os demais setores produtivos que amargam duramente os efeitos desta, já considerada a maior crise econômico financeira da história de nosso país. Por outro lado, o agronegócio é um dos setores mais dependentes de financiamento em nosso sistema econômico, e isso requer cuidados. A produção de alimentos é questão de Segurança Nacional pelo óbvio corolário de que, sem alimentos, uma sociedade organizada pode entrar em colapso e estado de guerra civil. Portanto, em última análise quem paga a conta da inadimplência rural, na realidade são os 99,07% de produtores que quitam suas contas em dia, pois os valores relativos às perdas de uma safra são repassados e diluídos aos preços dos insumos e aumento dos spreads bancários para as safras seguintes, ou seja, são repassadas justamente àqueles que novamente se utilizarão do crédito e financiamentos para as safras vindouras já que pagam suas contas em dia.
REFERÊNCIAS BEUREN, I. M. (Org.) et al. Como elaborar trabalhos monográficos em contabilidade: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas. 2006.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
182
CAPITAL Aberto. O agronegócio e o mercado financeiro. Disponível em < https://capitalaberto.com.br/boletins/bma-o-agronegocio-e-o-mercado-financeiro/. > Acesso em 29 de março de2017. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. ______. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. 5. reimp. São Paulo: Atlas, 2007. MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. AGROSTAT – Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio brasileiro. Disponível em < http://indicadores.agricultura.gov.br/agrostat/index.htm>. Acesso em 31 de março de 2017. MENDES. Judas Tadeu Grassi; PADILHA Junior, João Batista. Agronegócio: uma abordagem econômica. São Paulo: Pearson Prentice Hall,2007. MIGALHAS. A inadimplência no financiamento ao agronegócio e suas consequências. Disponível em <http://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI255370,51045A+inadimplencia+no+financiamento+ao+agronegocio+e+suas+consequencias.> Acesso em 16 de abril de 2017.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
183
OURO BRANCO – O DOCE SABOR DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO Fernando Augusto Getems Huberto Paulo Barth Rodrigo Krabbe Carlos Henrique Dullius
RESUMO
A ligação umbilical do Brasil com o açúcar, onde em 1532 na Capitania de São Vicente, foi construído o primeiro engenho de açúcar no país, mostra a importância desta commoditie, que pela sua importância tanto histórica como atual, adoça a balança comercial brasileira com fundamental autoridade. Foi durante séculos o principal produto de exportação brasileiro, hoje o complexo sucro-alcooleiro é o segundo maior exportador. O Brasil responde por 20,3% da produção mundial, seguido pela Índia com 16,6%. A produção brasileira na safra 2015/2016 alcançou 685 milhões de toneladas de cana de açúcar sendo 53 % para etanol e 47% para açúcar, do qual o mercado interno absorve 30% e o mercado externo 70% sendo, a China, 10,4%; Bangladesh, 10,3%; e Argélia com 6,8% os maiores mercados. O açúcar brasileiro representa 43% do volume mundial exportado e representa 5,2% na balança comercial brasileira. Palavras Chave: Açúcar. Agronegócio. Commodities. História.
INTRODUÇÃO
Em forma de pó branco e refinado, como se consome hoje em dia, o açúcar é de uso relativamente recente. Não obstante, seu emprego sem purificação é mencionado em livros sagrados dos hindus no século IX A.C. Da Índia ele passou para as culturas
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle - Estrela Aluno do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. fe.getems@yahoo.com.br Aluno do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. hpb1959@gmail.com Aluno do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. rodrigokrabbe07@gmail.com Professor do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela, Doutor Microbiologista. dulliuscarlos@mail.com
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
184
clássicas mediterrâneas e é citado com frequência por autores gregos, como Teofrasto, e romanos, como Plínio. Difundido na Europa pelos árabes, na Idade Média, sua utilização como alimento tardou a propagar-se (BARSA, 2002). Durante a Idade Média, as poucas quantidades de açúcar consumidas na Europa procediam do Oriente, de onde é nativa a cana de açúcar (Saccharum), sendo o comércio desse artigo monopolizado por Veneza. Em meados do século XV a cana foi introduzida pelos portugueses na ilha da Madeira e pelos espanhóis nas Canárias. Seu cultivo prosperou tanto que a açúcar das novas possessões ibéricas passou a chegar a Europa a preços muito baixos, popularizando de um produto que até então se limitara às moradias dos ricos, aos hospitais e aos boticários, que o utilizavam apenas como base de preparados farmacêuticos. Estimulados pelos bons frutos colhidos com a concorrência à república veneziana, os portugueses trouxeram para o Brasil, logo depois da descoberta, as primeiras mudas de cana. Da capitania da qual se originaria São Paulo, a de São Vicente, por onde a planta entrou na colônia e onde se estabeleceram os primeiros engenhos, a cana de açúcar se irradiou sem demora por todo o litoral brasileiro. A cana de açúcar é uma cultura tropical, porém o açúcar pode ser obtido em regiões de clima frio, por meio da beterraba e do milho. O açúcar obtido da cana de açúcar tem menor custo de produção e maior rendimento; representa 80% do açúcar produzido globalmente. A cana de açúcar é uma cultura perene, ou seja, da mesma planta pode ser colhida até cinco vezes; depois de plantada a cana demora até 18 até ser colhida. Geralmente as usinas renovam em torno de 20% do canavial por ano e a cada cinco anos fazendo rotação de cultura, de preferencia com a soja. Após o corte a cana de açúcar é perecível, devendo ser processada em no máximo 48 horas. Assim, este trabalho tem o objetivo de contextualizar o açúcar na história da humanidade sua ligação umbilical com o Brasil, mostrando sua importância na economia e na sociedade brasileira, sendo desde o descobrimento do país ate os dias atuais uma das maiores e melhores commodities.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
185
METODOLOGIA
A presente pesquisa classifica-se básica quanto à natureza, pois não apresenta finalidades imediatas e produz conhecimentos a serem utilizados em outras pesquisas; exploratória quanto ao objetivo, com finalidade de obter mais informações e orientar os objetivos, métodos, e a formulação de hipóteses ou mesmo dar um novo enfoque; na abordagem foi qualitativa, pois, interpreta fenômenos e atribui significados; quanto aos procedimentos foi bibliográfica por ser uma revisão em publicações existentes como livros, revistas, periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias, material cartográfico, internet, entre outras fontes de consulta, com fundamental destaque da veracidade das fontes e dados, observando possíveis incoerências (GIL, 2008). Pesquisa realizada em fevereiro de 2017, na Disciplina Estratégias para comercialização de produtos agropecuários via exportação.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O açúcar comum, de cana ou de beterraba, é um dissacarídeo chamado sacarose, de fórmula condensada C12H22O11, isômero da maltose e da lactose. Apresenta-se sob a forma de pequenos cristais; por cristalização lenta produz prismas monoclínicos de açúcar cândi. É branco, inodoro, solúvel em água, insolúvel no álcool absoluto e no éter, a frio. Apresenta densidade de 1,58 e ponto de fusão de 180º C; decompõem-se a 200º C, antes de entrar em ebulição. É hidrolisável, quando aquecido com ácidos diluídos, segundo a reação denominada inversão (BARSA, 2002). A princípio, o açúcar era empregado quase que exclusivamente na medicina. Mais tarde comprovaram-se suas qualidades de alimento fundamental, que proporciona calor e energia e é ingrediente básico na formação da gordura. Alimento energético perfeito e inteiramente digestível pelo organismo humano é um composto químico de carbono (teor variável), hidrogênio e oxigênio, estes na relação constante de dois para um, como na água. O açúcar contribui para nutrir as plantas, que elaboram com base no anidrido carbônico retirado do ar e da água. A planta o armazena em determinados
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
186
tecidos para consumi-lo durante o crescimento e para formação de fibras, sementes, etc... Dependendo da origem, os diversos tipos de açúcares são: a lactose, extraída do leite; a levulose, produzida por frutas; a glicose, derivada de legumes, grãos, batatas e também das frutas; e a sacarose, ou o açúcar comum, que tem por fontes principais a cana de açúcar e a beterraba. Extrai-se açúcar também do milho, da casca e da semente do amendoim, da palha de cereais e de algumas gelatinas. Comercialmente, o açúcar recebe o nome da planta de onde provém, e os mais importantes são os de cana e de beterraba, que, depois de refinados, tornam-se carboidratos puros. Obtêm-se nos laboratórios químicos outras formas de açúcares, os sintéticos. Do alcatrão, por exemplo, obtêm-se a sacarina, 300 vezes mais doce que o açúcar da cana, porém sem nenhum valor nutritivo. Tanto a cana de açúcar quanto seu produto era conhecido no subcontinente indiano desde 3.000 a. C. O general grego Nearco, que acompanhou Alexandre ao Indo, menciona um caniço que produzia “mel” sem a ajuda de abelhas. O vocábulo original sânscrito sarkara ou sakkara, “areia”, “saibro”, deu sukkar em árabe, sákkaron em grego, zucchero em italiano, zucker em alemão, sugar e inglês, sucre em francês e açúcar em português. Também os métodos de extração passaram da Índia à Indochina e ao resto do mundo e não mudaram muito desde a antiguidade. Quando a cana atinge o ponto de maior concentração de açúcar, é cortada e espremida nas moendas das usinas ou dos engenhos. Inicia-se então o processo de fabricação do açúcar, que continua nas fases de clareamento do suco por meio de calor e de precipitantes à base de cal. Depois, o suco é concentrado por fervuras em caldeiras a vácuo até o ponto de precipitar-se em cristais pardos pelo resfriamento. O suco concentrado, ou melaço, é separado do açúcar cristalizado por centrifugação. Embora possa ser consumido, o açúcar assim obtido, de cor escura, chamado mascavo, sumeno ou preto, é na maioria das vezes dissolvido e tratado por substancias químicas (anidrido sulfuroso e ácido fosfórico), filtrado e mais uma vez cristalizado, com a forma do pó fino e alvo, como é geralmente conhecido. Durante os séculos XVII e XVIII, o Brasil e as Antilhas foram praticamente os únicos abastecedores de açúcar da Europa, já que a Ásia exportava quantidades insignificantes. No início do século XIX, as lutas militares e econômicas entre a França e o Reino Unido Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
187
reduziram ainda mais o comércio de açúcar de cana. Entretanto, graças a essas mesmas lutas, surgiu na Europa uma nova indústria: a do açúcar de beterraba. A posição privilegiada do açúcar de beterraba foi, entretanto, efêmera, pois já em 1920 – 1921, sua posição passou a representar apenas um terço da produção mundial. Foram várias as razões para a retomada de posição do açúcar de cana: a guerra sinojaponesa (1895) permitiu ao Japão, com a aquisição de Formosa, tornar-se independente de fornecedores e implantar ali uma grande e moderna indústria de açúcar; a guerra hispano-americana (1898), permitindo o controle político dos Estados Unidos sobre as Filipinas e Porto Rico, levou grandes capitais americanos para essas ilhas, bem como para Cuba, que ampliaram e modernizaram sua agroindústria açucareira; a substituição dos antigos engenhos de cana, de pouca capacidade de produção e de baixo rendimento, por engenhos centrais a princípio e, mais recentemente, por modernas usinas, de capacidade e rendimento muito superiores aos velhos engenhos; a criação e propagação de novas variedades de canas, mais produtivas e mais resistentes a certas moléstias; as duas grandes guerras que atingiram, mais diretamente, os centros produtores de açúcar de beterraba (Estados Unidos e Europa). O primeiro engenho de açúcar de que se tem notícia no Brasil foi instalado em São Vicente, hoje estado de São Paulo, por volta de 1532. Três anos mais tarde já havia alguns funcionando em Pernambuco, onde iriam assumir extraordinária importância. Depois de 1550 começou a produção de açúcar na Bahia, cujos primeiros engenhos foram destruídos pelos índios. Na ilha de Itamaracá – PE, em 1565, a produção já era florescente, e na década seguinte foram instalados os primeiros engenhos em Alagoas. Nessa mesma época, grande parte das várzeas e morros pouco a pouco ocupados pela cidade do Rio de Janeiro constituía um vastíssimo canavial que alimentava no mínimo 12 grandes engenhos. No final do século XVI, o Brasil já se convertera no maior produtor mundial de açúcar, com um artigo de melhor qualidade que o procedente da Índia e uma produção anual estimada em seis mil toneladas, cerca de noventa por cento das quais eram exportadas para Portugal e distribuídas na Europa (BARSA, 2002).
RESULTADO E DISCUSSÕES
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
188
A cana de açúcar é um produto das regiões tropicais e subtropicais, enquanto a beterraba predomina nas regiões temperadas. Exceto algumas variações regionais, observa-se que, no hemisfério norte, o paralelo 30º delimita as áreas de cana de açúcar e de beterraba. No hemisfério sul, o cultivo da beterraba, além de recente, tem produção pequena e limitada a poucos países, como Austrália, Argentina e Uruguai. As vantagens competitivas do Brasil, onde o país é referência mundial em tecnologia sucroalcooleira, clima favorável e terras férteis garantem elevado teor de sacarose da cana; baixo custo da terra e da mão de obra; elevada produtividade; o Brasil usa o bagaço e a palha para a cogeração de energia elétrica, garantindo o autoconsumo ou a venda de energia; as usinas de outros países são essencialmente açucareiras, ao passo que as usinas brasileiras têm flexibilidade de destino da cana, para álcool ou para açúcar, podendo maximizar as receitas. As unidades produtoras mistas, usinas que produzem álcool e açúcar, têm capacidade limitada de fabricação de álcool e açúcar, portanto não é possível a concentração em um só produto quando esta apresenta maior rentabilidade. Há usinas que têm canaviais próprios, bem como usinas que adquirem cana de fornecedores; em média, os fornecedores independentes de cana de açúcar representam cerca de 30% do consumo total de matéria-prima; o pagamento aos fornecedores é balizado no teor de sacarose e pureza da cana. A produção da cana de açúcar na safra 2015/2016 se concentrou em 92,3% nas regiões centro sul e 7,7% nas regiões norte e nordeste, sendo a região sudeste a maior produtora com 65,8%, seguida pela região centro oeste com 19,7%, região nordeste com 7,2%, região sul com 6,7% e região norte com 0,5%. A produção por estado ficou assim distribuída: São Paulo, 55,2%; Goiás, 10,7%; Minas Gerais, 10,1%; Mato Grosso do Sul, 7,1%; Paraná, 6,6%, Alagoas, 2,6%; Mato Grosso, 2,1%; Pernambuco, 2,0% e demais estados com 3,6%. Os principais produtores de açúcar, pela ordem de importância, tem sido: Brasil 20,3%; Índia, 16,6%; UE, 9,4%, Tailândia, 6,3%; China, 6,1%; Estados Unidos, 4,6%; México, 3,7%; Paquistão, 3,2%, Austrália, 2,9%; Rússia, 2,7%; Guatemala, 1,7%; Indonésia, 1,3%; África do Sul, 1,0%; demais países produtores, 20,1%. Alguns países por sua localização geográfica encontram condições favoráveis para o cultivo tanto da cana de açúcar quanto de beterraba, resultando daí dupla atividade agro açucareira. Exemplo mais importante é o dos Estados Unidos (DEPEC, 2016). Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
189
Os países que participam do comércio internacional do açúcar podem ser enquadrados nas seguintes categorias: países onde o açúcar é um dos principais produtos de exportação, tais como Brasil, Cuba, Indonésia, República Dominicana, Mauricio, Fiji, estados do Caribe, Guiana e Filipinas; países que exportam apenas seus excedentes, como Austrália, Polônia, Hungria, Bélgica e Alemanha; países que bastam a si mesmos, como a França, Portugal, Japão, Itália, Índia, Rússia e Argentina; países que completam com importação sua produção doméstica insuficiente, como Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, Suíça, China, Turquia, Egito e Suécia; países que dependem, quase que inteiramente, da importação, como Chile, Grécia, Finlândia, Nova Zelândia e Uruguai. Os maiores consumidores mundiais de açúcar são: Índia, 16,2% (+0,4%); UE, 10,9% (-1,5%); China 10,1% (-4,0%); Brasil, 6,5% (+13,8%); Estados Unidos, 6,2% (1,6%); Rússia, 3,4% (-0,7%); Indonésia, 3,2% (-1,9%); Paquistão, 2,8% (+0,4%); México, 2,7% (+1,0); Tailândia, 1,5% (+4,8%); demais países 36,6% (-16,5%). Os maiores exportadores mundiais de açúcar são: Brasil, 43,4%; Tailândia, 16,1%; Austrália, 6,7%; Índia, 4,6%; Guatemala, 4,3%; UE, 2,7%; México 2,6%; Cuba, 1,6%; África do Sul, 1,3%; e demais países com 16,7%. Países que mais exportam açúcar em relação à produção são; Tailândia, 81%; Brasil, 68%; Austrália, 63% e UE, 9%. Os maiores importadores mundiais de açúcar são: China, 10,5%; Indonésia, 6,1%; Estados Unidos, 5,9%; UE, 5,4%; Emirados Árabes Unidos, 4,8%; Malásia, 4,0%; Coréia do Sul, 3,6%; Rússia, 2,2%; e demais países com 57,4%.
CONCLUSÕES FINAIS
A escolha do produto tropical não fora casual. Contava a seu favor a experiência dos colonos portugueses com o cultivo da cana e a manufatura do açúcar na ilha da Madeira e outras ilhas do litoral africano. Da Madeira, de fato, a produção de açúcar passara ao arquipélago dos Açores, ao de Cabo Verde e à ilha de São Tomé. Essa experiência teve enorme importância para a implantação de engenhos no Brasil, pois familiarizou os portugueses com os problemas técnicos ligados à lavoura da cana e ao fabrico do açúcar, motivando em Portugal, ao mesmo tempo, a invenção e o aperfeiçoamento de mecanismos para os engenhos.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
190
Projeções do Agronegócio – Brasil 2014/15 a 2014/25 estima uma expansão da lavoura da cana de açúcar em 2,3 milhões de hectares adicionais. As estimativas para a produção brasileira de açúcar indicam uma taxa média anuais de crescimento de 3,1% no período 2014/2015 a 2024/2025. Essa taxa deve conduzir a uma produção de 47,2 milhões de toneladas em 2025. Essa produção corresponde a um acréscimo de 37,1% em relação à 2014/15. O consumo de açúcar para a próxima década está previsto crescer a uma taxa anual de 2,3%. Isso equivale a passar de um consumo de 12,3 milhões de toneladas em 2014/15 para 15,5 milhões no final da projeção. O volume exportado em 2024/25 está projetado em 34,8 milhões de toneladas e corresponde a um aumento de 44,2% em relação às exportações de 2014/15. Esse percentual está acima do que fora observado nos dez anos anteriores, onde as exportações de açúcar cresceram 33,0% (MAPA, 2016). Portanto, a cultura é exportadora – o consumo interno de açúcar é estável em torno de 11 milhões de toneladas por ano, isso significa que qualquer crescimento da produção nacional gera maior excedente exportável; os preços do açúcar são balizados no mercado internacional, na Bolsa de Nova Iorque – NYBOT – açúcar demerara (bruto), sendo a unidade de medida a libra peso (453,6 gramas). O açúcar branco ou refinado tem contrato na Bolsa de Londres; a unidade de medida é a tonelada; no mercado doméstico o tipo mais utilizado de açúcar é o refinado amorfo (açúcar branco). Cerca de 60% da produção interna é voltada para o consumidor final e 40% para a indústria (fabricação de biscoitos, sorvetes, refrigerantes); o consumo de açúcar é determinado pelo nível de renda e pelo crescimento populacional. Os principais destinos do açúcar brasileiro são os seguintes países: China, 10,4%; Bangladesh, 10,3%; Argélia, 6,8%; Índia, 6,3%; Emirados Árabes Unidos, 6,0%; Nigéria, 5,6%; Arábia Saudita, 4,7%; Egito, 4,5%; Rússia, 4,3%; Malásia, 4,1%; e demais países 32,9%. Os fatos e os riscos com a cultura da cana também deverão ser observados, pois, estes influenciam diretamente sua produção e consequentemente a balança comercial brasileira. Dentre destes destaca-se: risco climático – incidência de pragas e doenças; setor exportador – dependente do comportamento do câmbio, commodity sujeita ao comportamento das cotações internacionais. Risco elevado em períodos de alta volatilidade dos preços nos mercados futuros, o que pode levar a perdas com ajuste de
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
191
margem; custos de produção cotados em dólar e dependentes da matéria-prima petroquímica (fertilizantes e defensivos agrícolas). Esta pesquisa trouxe a história do açúcar e a sua importância na economia nacional, para uma abordagem mais especifica sobre mercado internacional, ou como especifico desta commoditie, deverá ser realizada pesquisa somente focando seu potencial de mercado no agronegócio brasileiro. REFERÊNCIAS
AÇÚCAR, Ciclo do. In.: Nova Enciclopédia Barsa. 6. ed. São Paulo: Barsa Planeta Internacional, 2002. DEPEC. Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos. Açúcar e etanol. PDF. Dezembro 2016. Disponível em < https://www.economiaemdia.com.br/EconomiaEmDia/pdf/infset_acucar_etanol.pdf>. Acesso em 15 fevereiro 2017. MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Projeções do Agronegócio Brasil – 2014/15 a 2024. PDF. Disponível em http://www.agricultura.gov.br/assuntos/politica-agricola/todas-publicacoes-de-politicaagricola/projecoes-do-agronegocio/projecoes-do-agronegocio-brasil-2014-2015-a-20242025.pdf/view/25>. Acesso em 15 fevereiro 2017. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
192
PREPARAÇÃO DE CAVALOS PARA PROVAS MORFOLOGICAS E FUNCIONAIS Fernando Worm Renato Kreimeier RESUMO
Com o mercado crescente do cavalo crioulo os criadores investem constantemente em animais, visando a competitividade e sobrevivência no mercado. Com isso, os profissionais do meio da equinocultura vêm se aperfeiçoando para que os altos investimentos sejam recompensados com vitórias em exposições morfológicas e provas funcionais. Provas morfológicas são a busca por cavalos mais harmoniosos dentro do padrão da raça crioula e provas funcionais são a busca da harmonia entre funcionalidade e morfologia. Assim, o objetivo do trabalho é de descrever essas importantes etapas na vida atlética desses animais desde a doma, a preparação e o treinamento de cavalos crioulos. Palavras-Chave: Cavalo Crioulo. Exposições Morfológicas. Provas Funcionais.
INTRODUÇÃO
O mercado e as provas tanto morfológicas quanto funcionais do cavalo crioulo sempre em constante evolução exige dos criadores e de profissionais da área de treinamento aperfeiçoamento para acompanhar as evoluções. Pelo fato da região sul da América ser o berço da criação da raça crioula a região tem quase como obrigação o melhoramento e o desenvolvimento da mesma. Com isso foram criadas provas morfológicas onde se busca um cavalo de cela que se trata de um animal manso, atento e com bio tipo funcional que seria um cavalo com força, veloz e resistente para cumprir as provas e suas funcionalidades para lida de campo.
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle-Estrela. Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail fernandoworm11@gmail.com Professor da Faculdade La Salle – Estrela. Especialista em Gestão de Cooperativas e Gestão Financeira E-mail: renato.kreimeier@.lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
193
Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo descrever o preparo de cavalos para provas morfológicas e funcionais pela sua importância para o agronegócio como um todo. METODOLOGIA
O presente trabalho foi elaborado e apresentado na disciplina de Prática de Projetos I, sendo uma pesquisa descritiva e explicativa (GIL, 2010). Buscou-se descrever o preparo de cavalos para provas morfológicas e funcionais e dar uma visão geral das diferenças entre esses e o que cada um deles proporciona ao cavalo. Nesta área há pouco material científico de pesquisa e por isso é tão importante descrever sobre o preparo de cavalos para essas provas, para futuras pesquisas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Escolha e aquisição de animais para investir O preparo de cavalos para provas morfológicas e funcionais começa para quem já é criador na escolha de éguas e de cavalos garanhões de melhor equilíbrio genético, morfológico e funcional possível para que os cruzamentos dos mesmos produzam potros e potrancas melhores para sua manada ou rebanho, e que possam ser também bons competidores tanto morfologicamente como funcionalmente. A prova morfológica consiste em procurar o melhor indivíduo (mais bonito), que mais se aproxima do que se espera das características da raça Crioula. Já a prova funcional além de julgar a morfologia ainda julga a facilidade de movimentos e a submissão aos comandos do cavaleiro pelo que o cavalo, quando exigido nas provas de mangueira, de campo, entre outros. Mas se a pessoa quer investir na raça crioula ou em qualquer outra raça de cavalos isso começa na escolha de um bom cavalo ou égua por isso deve-se comprar o melhor cavalo que puder. Mesmo que aparentemente ele custe um pouco mais. Logo vai descobrir que os cuidados e a despesa de manutenção do bom e do mau cavalo são os mesmos. A diferença é que o bom cavalo vai retribuir satisfatoriamente e o mau cavalo vai dar só a despesa.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
194
O universo desse setor do cavalo disse o autor é muito grande, as expectativas e objetivos das pessoas em relação ao cavalo podem diferir muito. Uns gostam de criar, outros de montar, outros de competir, outros de se descontrair com a família e os amigos. Por isso, quando recomendo a compra de um bom cavalo, recomendo um animal saudável, de boa origem e adequado às suas necessidades. Considerando esses critérios a origem é fundamental na compra de um cavalo. A origem aumenta as chances de sucesso, e, se por acaso, um dia, seja necessário vender o cavalo, será muito mais fácil revender um animal de origem conhecida. Por outro lado, para quem esta iniciando em qualquer raça, e teme que, por ser principiante, a qualidade da sua raça poderá não ser reconhecida, vai contar com o respaldo da boa origem dos animais que utilizou em seu plantel.
Doma preparo e treinamento Hoje se discute muito as diversas formas de doma, de preparo, e treinamento do cavalo Crioulo. Realmente este é um aspecto fundamental. Uma boa doma e um bom treinamento fazem aflorar as qualidades que o cavalo tem, mas a qualidade do cavalo segue sendo fundamental. Mesmo o melhor treinador do mundo não vai poder transformar um mau cavalo num bom cavalo. Portanto, se você quer ter alegrias com seu cavalo Crioulo, escolha um cavalo da mais alta qualidade. A doma em um potro inicia por volta de dois anos e meio a três anos para que o animal já tenha chegado ao seu total crescimento ócio e muscular. Não se usa mais domas, digamos tradicionais e sim, tipos de domas que tendem a não agredir tanto o animal. São vários os motivos dessas mudanças, entre eles pode-se destacar, o bem estar animal; Outro é que os animais sofriam certos traumas e lesões musculares que depois vinham a prejudicar o treinamento e até chegavam a tirar os mesmos da sua rotina como cavalos atletas. Outro é que os animais que estão sendo domados são muitíssimos valiosos para serem tratados de qualquer maneira. Depois que o animal sai da doma vai para o preparo morfológico que nada mais é que realçar as qualidades morfológicas deste animal, colocando em uma dieta balanceada, em uma rotina de trabalho, para que seus “defeitos” sejam minimizados e se alcance o melhor resultado possível dentro dos limites desse animal.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
195
Após essas etapas que duram por volta de um ano e meio a dois anos vem o treinamento para as provas funcionais que pode durar de seis meses a um ano isso depende de cada animal; Para que o cavalo possa competir em sua plena capacidade funcional e saudável com menos riscos de lesões e inutilização necessita de treinamento que consiste em dar preparo físico muscular, pulmonar, cardíaco, capacidade de reabilitação rápida com menos perda possível de energia para o cumprimento da prova em que ele é posto. Nem todos os cavalos, mesmo com a escolha genética irão chegar até o fim ou talvez nem comece o ciclo. Por isso o criador que conseguir ter um animal competitivo tanto morfologicamente quanto funcionalmente, em minha opinião está no caminho certo e deve continuar se aperfeiçoando.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A ABCCC - Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos, tem três mil sócios, doze mil seiscentos e trinta e um criadores e vinte e nove mil trezentos e doze proprietários, esses números diferem porque os criadores não precisam ser sócios da associação e nem os proprietários de cavalos crioulos.
Nascimentos
Registros
Chegam na
Chegam na
definitivos
final da
final do Freio de
morfologia
Ouro
Machos
8705
1424
30
26
Fêmeas
14517
9459
39
26
Castrados
3978
Quadro 1. Dados relativos aos nascimentos, registros e resultados do cavalo crioulo. Fonte: ABCCC - Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos 05/2013.
De todos os cavalos crioulos nascidos todos os anos apenas uma pequena parte chega a final da morfologia, para isso passam passaportes que são exposições que escolhem alguns animais da raça que se “passaporteião” para semifinais que retiram os Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
196
melhores para a final da Expointer em Esteio, o Freio de Ouro por sua vez é a final das provas funcionais e é a principal ferramenta de seleção da raça Crioula onde procura-se encontrar animais com equilíbrio entre beleza e funcionalidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o mercado em expansão a raça crioula com sua versatilidade vem conquistando espaço dentre as outras raças de cavalos e com isso, as exigências são cada vez maiores tanto morfológicas quanto funcionais, para que a raça consiga um equilíbrio entre beleza, funcionalidade e versatilidade. Os profissionais, criadores e proprietários de cavalos crioulos devem estar em constante evolução e cada vez se aperfeiçoando, para manter sua competitividade e sua sobrevivência no mercado e em provas funcionais e morfológicas. E ter o pensamento de nunca desistir de tentar alcançar seus objetivos que as vezes não ganham mas se estão caminho certo continuar e lembrar que só uma pequena parcela de animais chega as finais e os que chegam já são campeões.
REFERÊNCIAS CABANHA SANTA EDWIGES. Disponível em: <http://www.cabanhasantaedwiges.com.br/dicas> Acessado em: 12 de abril de 2016 CANAL RURAL. Disponível em: <http://www.canalrural.com.br/noticias/freio-deouro/treinamento-atleta-para-cavalos-que-disputam-freio-ouro-8540> Acessado em: 26 de abril de 2016 CAVALO CRIOULO. Disponível em: <http://cavalocrioulook.blogspot.com.br/2012/07/o-rumo-de-nossa-genetica.html> Acessado em: 12 de abril de 2016 GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo. 2010.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
197
PROCESSO DE CERTIFICAÇÃO ORGÂNICA PARA CERVEJA ARTESANAL Renata Possamai Carlos Henrique Dullius RESUMO O presente trabalho discorrera sobre o processo de certificação orgânica para cerveja artesanal, se baseado no procedimento de certificação que a cervejaria Salva está passando. Será apresentada a definição nacional de cerveja convencional e de cerveja artesanal. Uma explanação do processo produtivo da cerveja artesanal orgânica, incluindo os insumos utilizados e os custos referentes ao desenvolvimento e comercialização deste produto. O objetivo é apresentar como se desenvolve o processo de certificação orgânica de uma cerveja, apresentando um passo a passo detalhado, fornecido pela certificadora IBD, contatada pela cervejaria. Palavras-Chave: Certificação Orgânica. Cervejaria Salva. Cerveja Artesanal.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo explanar o processo de certificação orgânica para uma cerveja artesanal. Abordar em primeiro instante as definições de cerveja convencional e de cerveja artesanal no Brasil, como também os passos necessários para certifica-la como orgânica. Posteriormente, abordar os insumos e o processo produtivo artesanal de uma cerveja. O trabalho baseou-se na cervejaria Salva Craft Beer, que está em processo de certificação orgânica para sua primeira cerveja de estilo Pilsen.
METODOLOGIA
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle – Estrela/RS. Aluna do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela/RS. E-mail: renata098@live.com Professor do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela/RS. E-mail: dulliuscarlos@gmail.com
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
198
O trabalho foi realizado na disciplina de Certificação de Produtos Agropecuários, no mês de julho de 2017. A pesquisa realizada é classificada como descritiva e qualitativa quanto à abordagem, quanto ao método de pesquisa utilizou-se o estudo de caso, de maneira a permitir seu conhecimento amplo e detalhado. Como objeto de pesquisa, teve-se o processo de certificação da cerveja Pilsen Orgânica da cervejaria Salva Craft Beer, localizada no município de Bom Retiro do Sul/RS.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo o Art. 36 da legislação brasileira, cerveja é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto cervejeiro oriundo do malte de cevada e água potável, por ação da levedura, com adição de lúpulo. Já para a sommelier Marta Ibanez, cerveja artesanal no Brasil pode ser definida como a cerveja da qual se conhece a procedência, se sabe de quem é a receita, onde foi desenvolvida, em qual fábrica foi produzida e se tem certeza da utilização de ingredientes puramente naturais, sejam eles o malte, o fermento, o lúpulo e a água. Propriamente a cerveja artesanal não possui uma legislação específica, mas conforme o sommelier Maurício Beltramelli pode ser definida como aquela produzida quase que de forma caseira, sendo bem cuidada, com produção mais restrita, mas não necessariamente pequena, que leva a um produto com resultado final muito interessante e diversificado. Sendo as microcervejarias, mesmo utilizando equipamentos modernos e engarrafando suas produções, são consideradas como cervejarias artesanais pelo cuidado que têm com sua produção, indo desde os ingredientes básicos da cerveja, passando pela receita de preparo e chegando até aos conservantes finais, que devem ser naturais e não químicos. Em seu estatuto, a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (ABRACERVA) estabelece microcervejaria como empresa com sede no Brasil, de capital predominantemente nacional, mais que 50%, detentora de registro de estabelecimento produtor junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que produza as próprias marcas, ou marcas de terceiros sob encomenda, podendo ou não comercializar no próprio local e que produz até 100.000 hectolitros de cerveja anuais, que equivale em torno de 833.333 litros de cerveja mensais. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
199
Solicitação de certificação Análise crítica da solicitação de certificação Proposta Comercial Contrato de certificação Preparo da auditoria
Auditoria
Análise do relatório e Decisão de Certificação Concessão da certificação Manutenção da certificação/Supervisão Recusa da certificação
Suspensão/ Cancelamento da certificação
Extensão ou redução de escopo Uso de marcas de conformidade e de acreditação
Procedimentos de avaliação (IBD) Envio ao solicitante de um Formulário de Solicitação de Proposta Comercial, visando coletar todas as informações necessárias para entender bem a sua demanda. Realização de uma análise crítica da solicitação conforme requisitos da ISO17065, de modo a esclarecer quaisquer dúvidas e garantir que o IBD possui a competência e os recursos necessários para realizar o serviço. Elaboração de uma Proposta Comercial com base nas informações submetidas pelo solicitante e nos Preços e Critérios de Certificação do IBD. Informa dos direitos e deveres dos clientes, incluindo os requisitos e restrições do uso do nome do IBD e das marcas de conformidade ou de acreditação. Modelo de Plano de Manejo para ser preenchido com todas as informações relevantes às suas operações. A auditoria é conduzida como base no Plano de Auditoria, observando os critérios específicos das normas aplicáveis. Os métodos de análise são embasados em: • Entrevistas; • Observação de atividades; • Análise de documentos e registros; • Observação de equipamentos, áreas e instalações; • Comparação entradas - produção - vendas - estoque; • Exercício de rastreabilidade; • Coleta de amostra (se aplicável); • Identificação e investigação de áreas de risco; • Verificação da situação de não conformidades anteriores; • Análise crítica das reclamações recebidas e correspondentes ações corretivas. Avaliação do relatório de auditoria, a qualidade e a coerência das informações apresentadas, formalização do resultado na Decisão de Certificação. Quando a avaliação de uma auditoria resulta em decisão favorável, o IBD emite ou renova o Certificado de Conformidade do cliente. Todos os certificados possuem validade de 12 meses a partir da data de sua emissão. Anualmente o IBD renova o Ciclo de Certificação por inteiro, de modo a assegurar a manutenção (renovação) do Certificado de Conformidade. Ocorre quando requisitos de certificação não são atendidos dentro do Ciclo de Certificação inicial. O IBD notifica os motivos e esclarece quais são os próximos passos necessários para obter a certificação. Quando a avaliação de uma auditoria ou investigação de uma reclamação resulta em não conformidade, ou quando o cliente não cumprir qualquer aspecto do contrato firmado com o IBD ou dos requisitos aplicáveis ao escopo, o IBD notifica o cliente da não conformidade, sempre informando do prazo para correção ou apelação. O cliente deve informar o IBD sobre todas as alterações relacionadas com a certificação, em particular mudanças no sistema de gestão, nas unidades produtivas, nos produtos e volumes certificados. Verificação do uso e da exibição correta de certificados e marcas de conformidade do proprietário do esquema de certificação e/ou do organismo de acreditação, principalmente nos rótulos de produtos certificados.
Quadro 1: Procedimentos de avaliação da certificadora IBD. Fonte: IBD certificações, 2017.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
200
Para ser considerada orgânica a cerveja precisa se enquadrar em uma dessas opções: 100% Orgânica: quando os ingredientes são produzidos organicamente, ou seja, sem uso de agentes químicos, pesticidas, fertilizantes sintéticos ou ingredientes geneticamente modificados; Orgânica: quando 95% dos ingredientes são orgânicos. Mas é preciso provar que os 5% que não são orgânicos não estão disponíveis em quantidade e qualidade suficientes no mercado; Feita com ingredientes orgânicos: quando possui até 70% dos ingredientes orgânicos. São preocupações a emissão de gás carbônico no processo, economia de água e energia e outros processos que ajudem na preservação do planeta. Uma das maiores dificuldades da produção de cerveja orgânica é conseguir lúpulo em quantidade e qualidade suficiente que não tenha sido plantado em solo tratado com agentes químicos, por pelo menos três anos. Isso porque o lúpulo é uma planta frágil e de difícil cultivo. Localizada em Botucatu/SP, desde sua fundação, a IBD atua em todos os Estados brasileiros, bem como, em mais de 20 países, auxiliando no desenvolvimento de padrões sustentáveis de produção e fomento ao Comércio Justo. A IBD é a maior certificadora da América Latina e a única certificadora brasileira de produtos orgânicos com credenciamento IFOAM (mercado internacional), ISO/IEC 17065 (mercado europeu-regulamento CE 834/2007), Demeter (mercado internacional), USDA/NOP (mercado norte-americano) e aprovado para uso do selo SISORG (mercado brasileiro), o que torna seu certificado aceito globalmente. A certificadora IBD oferece no seu site um passo a passo do processo de certificação orgânica, na qual ilustra o processo que irá realizar na certificação, conforme o Quadro 1.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A cervejaria artesanal Salva Craft Beer, localizada no município de Bom Retiro do Sul-RS, iniciou suas atividades há cerca de um ano e comercializa atualmente 12 Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
201
estilos de cervejas artesanais. Visando atender o mercado regional e iniciando as operações de comercialização no estado de São Paulo, com um produto diferenciado, estão trabalhando em um projeto piloto para uma futura comercialização de uma cerveja Pilsen Orgânica, elaborada com mais de 95% de malte orgânico. Com seu projeto inovador, a cervejaria se tornara a segunda no país a desenvolver cerveja artesanal orgânica. Com expectativa de tornar a marca mais difundida e aclamada entre os amantes de cerveja artesanal. Utilizou a relação de insumos para a produção de 150 litros de cerveja, conforme a Tabela 1. Tabela 1: Relação de insumos utilizados na produção de 150 litros de cerveja. Insumo
Quantidade
Porcentagem
Best Malte Pilsen Orgânico
30 kg
96,12%
Best Malte Vienna
1 kg
3,2%
Lúpulo Cascade
0,093 kg
0,30%
Lúpulo Galena
0,055 kg
0,18%
Lúpulo Liberty
0,060 kg
0,20%
Levedura Bio4 Pilsner Lager
1,6 l
-
Fonte: Elaborado pelo pesquisador, com base nos dados coletados na Cervejaria Salva, 2017.
Para a produção utilizou-se maltes e lúpulos importados, conferindo melhor qualidade ao resultado final da cerveja. O malte tem a função principal de fornecer açúcares e nutrientes que servirão de alimento ao fermento, produzindo álcool, gás carbônico e outros subprodutos de fermentação da cerveja. Além disso, a composição dos maltes utilizados na formulação da cerveja vai proporcionar aromas e sabores característicos e também influenciar na cor da bebida. O lúpulo é uma trepadeira perene, cujas flores fêmeas apresentam grande quantidade de resinas amargas e óleos essenciais, os quais conferem à cerveja o sabor amargo e o aroma. Esta planta ainda possui outras funções como evitar “espumamento” durante a fervura e agente bacteriostático. As leveduras são micro-organismos utilizados no processo de fermentação da bebida. Geralmente são líquidas ou liofilizadas, divididas entre as de alta fermentação (para
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
202
Ales) e baixa fermentação (para Lagers). Elas consomem o açúcar extraído do malte e o transformam em álcool e gás carbônico. Malte
Moagem H₂O Mosturação
H₂O
Filtração Fervura
Lúpulo
Whirpool
Lúpulo
Resfriamento Levedura Fermentação Dry- Hopping Maturação Purgas de Fermento Envase
Figura 1: Esquema da produção de cerveja artesanal orgânica. Barris Garrafas Fonte: Elaborado pelo pesquisador, com base nos dados coletados na Cervejaria Salva, 2017. Condicionamento
Conforme a figura 1, o processo na começa com Condicionamento câmara friaa moagem dos maltes selecionados. Posteriormente a adição do ingrediente mais importante, a água, que deve ser de boa qualidade, de ph neutro e que não tenha adição de cloro. Assim segue o processo de brassagem que inicia com a mosturação, onde ocorre a conversão do amido do malte em açúcares menores e a quebra de proteínas. Cada enzima atua numa faixa de temperatura. Sendo quatro as faixas de temperatura mais importantes, nas quais trabalham as enzimas de acordo com o perfil desejado da cerveja. Seguindo para a filtração, o líquido doce (mosto) é filtrado pelo fundo do tanque de mistura. Nesse processo ocorre a separação das cascas do malte do mosto. Na fervura do mosto a 100ºC com o lúpulo estabiliza-se sua composição, inativando as amilases e proteases, por causar coagulação das proteínas, que se precipitam em flocos. Outros efeitos da fervura no mosto são a aromatização, a concentração e a esterilização, além da caramelização de alguns açúcares.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
203
O lúpulo geralmente é acrescentado quando a fervura está no início ou mesmo no final, outras vezes pode ser adicionado em parcelas durante o processamento. A razão é que os óleos essenciais responsáveis pelo desenvolvimento do aroma são voláteis, podendo perder-se na fervura. O whirlpool, em resumo, consiste em fazer um redemoinho no mosto de forma a acelerar a decantação das partículas em suspensão. Esse movimento fará com que o “trub” decante no centro da tina. No resfriamento são importantes os aspectos microbiológicos envolvidos nesta operação, não ultrapassar 40 minutos para resfriar, o que poderá iniciar uma possível contaminação. Na fermentação ocorre à conversão processada pela levedura de glicose, em etanol e gás carbônico, em condições anaeróbicas. Está conversão se dá com a liberação de calor. Dry hopping é o processo onde há a adição de lúpulo à cerveja durante o período de fermentação, para conferir mais aroma a cerveja. Na maturação ocorre uma fermentação complementar lenta na cerveja, ocorrem modificações de aroma e sabor, além de alterações em seu sistema coloidal, proporcionando a clarificação por precipitação de proteínas, leveduras e sólidos solúveis. Após o término do processo de maturação, a cerveja é carbonatada com adição de CO₂ e liberada para o envase. Se for na forma de chopp não será feita a pasteurização, caso contrário, deverá ser feita. Com relação aos custos relacionados à produção da cerveja orgânica, estes ficaram em torno de 28% a mais do que os custos de uma cerveja artesanal Pilsen. Sendo o custo do quilograma de malte convencional R$ 3,72 e o malte orgânico R$ 5,18. Referente à contratação da certificadora IBD, esta cotou o serviço em torno de 1.500,00$. Devido ao andamento do processo de certificação, a cervejaria não possui dados conclusivos em relação ao custo total da cerveja artesanal orgânica, sendo compreendidos os custos de produção, certificação e comercialização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
204
O trabalho detalhou o processo de certificação por auditoria e ofereceu uma orientação mais ampla para quem deseja certificar algum produto orgânico, neste caso, cerveja artesanal orgânica. Observou-se ao longo do desenvolvimento do trabalho em paralelo ao processo de certificação da cerveja, que este processo não ocorre de forma rápida. Apresenta entraves, muitas vezes ocasionados por falta de informações gerais sobre a certificação orgânica no país. A certificadora possui um formulário oficial, sendo padrão para qualquer produto ou serviço que se deseja obter certificação, este encontra-se fora de contexto para certas finalidades e torna o preenchimento bastante confuso. Outra questão da cervejaria é com relação ao malte orgânico certificado pela Ecocert na Europa, adquirido através de uma importadora. A certificadora recusou o certificado da Ecocert e a importadora não deu retorno se possui certificação orgânica para a comercialização nacional. Não tendo o retorno esperado da importadora sobre a questão, o processo continua em andamento. Para futuras pesquisas, poderia se estudar a possibilidade de desenvolver uma cerveja 100% orgânica para o mercado brasileiro com insumos produzidos e devidamente certificados no país.
REFERÊNCIAS
IBD CERTIFICAÇÕES. Quem Somos. Disponível em: <http://ibd.com.br/pt/QuemSomos. aspx>.Acesso em: 23 de julho de 2017. MARIA CEVADA. Na teoria: cervejas orgânicas. Disponível em: <http://www.mariacevada.com.br/2014/07/na-teoria-cervejas-organicas.html>. Acesso em: 16 de julho de 2017. O CANECO. O que é cerveja artesanal? Disponível em: <http://www.ocaneco.com.br/o-que-e-cerveja-artesanal/>. Acesso em: 20 de julho de 2017. POSSAMAI, Alex. Fabricação de cerveja artesanal. Bom Retiro/RS, 2017.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
205
PROGRAMA DE COACHING E MENTORING: UMA PROPOSTA PARA UMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA PÚBLICA Daniel Henrique Kreutz Renato Zancheti RESUMO
O coaching e o mentoring vem ganhando destaque nos últimos anos como metodologias voltadas para o desenvolvimento das pessoas. Nesse sentido, este artigo buscou identificar como o coaching ou mentoring podem auxiliar na construção de uma carreira em uma instituição financeira pública. Para tanto, utilizou-se uma pesquisa exploratória, pesquisa bibliográfica e documental. Como resultados, destaca-se o referencial teórico, onde foram abordados temas como carreira, coaching, mentoring, ferramentas de coaching e uso do coaching e mentoring nas organizações e uma proposta de um programa estruturado de coaching e mentoring vinculado a universidade corporativa para uma instituição financeira pública. Importante destacar que essa proposta não procurou esgotar todas as possibilidades e ser algo rígido no que diz respeito as etapas, mas sim servir de reflexão inicial para que a organização reflita e venha usufruir de poderosas formas de desenvolver seus colaboradores, tornando o resultado cada vez melhor. Palavras-Chave: Coaching. Mentoring. Programa. Carreira.
INTRODUÇÃO
Estamos vivendo a era da informação, marcada por grandes avanços tecnológicos e de constantes mudanças, inclusive na forma como desenvolvemos nossas carreiras. Hoje a educação continuada deve fazer parte do nosso desenvolvimento profissional, a fim de nos mantermos empregáveis, uma vez que desenvolvimento da carreira
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle-Estrela. Aluno do curso MBA em Liderança e Coaching para Gestão de Pessoas - UNOPAR. dhkreutz@gmail.com Tutor da UNOPAR. Especialista em Gestão Estratégica de Pessoas. renato2.tutel@unopar.com.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
206
normalmente não ocorre mais em apenas uma organização. A exceção da regra ainda é o serviço público, onde o profissional constrói sua carreira na mesma organização. Mesmo assim, é importante que o profissional desenvolva um planejamento de carreira e faça a gestão do seu desenvolvimento. Para tanto, existem diferentes metodologias e ferramentas que podem auxiliar nesse sentido: coaching e o mentoring. A partir disso, como o coaching e/ou mentoring podem auxiliar na construção de uma carreira em uma instituição financeira pública? Para responder a essa questão, buscou-se o seguinte objetivo geral: identificar como o coaching e/ou mentoring podem auxiliar na construção de uma carreira em uma instituição financeira pública. Este objetivo, por sua vez, foi desmembrado nos seguintes objetivos específicos: compilar os conceitos relacionados ao coaching e mentoring; identificar as principais ferramentas e formações específicas para coach e mentor; identificar a utilização do coaching e/ou mentoring nas organizações; e propor sugestões de utilização do coaching e/ou mentoring para o desenvolvimento da carreira em uma instituição financeira pública. Pesquisar sobre o tema coaching e mentoring justifica-se principalmente pelo fato das pessoas serem o grande diferencial das organizações. Em função disso, é fundamental que as organizações conheçam seus colaboradores e também que estimulem as pessoas a se conhecerem, podendo usar para isso o coaching e o mentoring.
METODOLOGIA
A presente pesquisa foi classificada como pesquisa exploratória, sendo que em relação aos procedimentos técnicos a pesquisa enquadrou-se em pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa exploratória é aquela “realizada na área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado” (VERGARA, 2009, p. 42). Malhotra (2001) acrescenta que essa pesquisa tem o objetivo de descobrir ideia e dados, sendo que para isso utiliza entre outros métodos dados secundários. Entre os dados secundários utilizados nesse caso, temos a pesquisa bibliográfica, que conforme Acevedo e Nohara (2009, p. 48) representa a “busca de estudos anteriores que já foram produzidos por outros cientistas e que geralmente são publicados em livros ou artigos científicos” e Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
207
também a pesquisa documental que, conforme Gil (1991) difere da pesquisa bibliográfica por utilizar materiais que não foram tratados analiticamente.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O coaching é definido por Fortaleza (2013, p. 282) como “uma técnica de aprimoramento e aperfeiçoamento que extrai do indivíduo o seu melhor para ele próprio tomar decisões pessoais, profissionais e nos relacionamentos”. Já o mentoring é “um método onde um profissional menos experiente faz uso dos conselhos de outro mais experiente, sênior, sendo um modelo para o mais novo” (Nöckel, 2013, p. 15). Para realização do processo de coaching e por vezes do mentoring são utilizadas ferramentas, sendo que serão apresentadas a seguir: janela de Johari, linha do tempo, roda da vida, estabelecimento de objetivos, método GROW e perguntas cartesianas. A janela de Johari é uma matriz desenvolvida por Joseph Luft e Harry Ingham com o objetivo de estimular o autoconhecimento. Os quatro quadrantes da matriz são: arena, que representa o que é de domínio público sobre o coachee; área cega, traz o que as pessoas sabem sobre o coachee mas ele não sabe; área oculta, é o que o coachee sabe sobre si mas as outras pessoas não sabem; e a área desconhecida, que são as informações que nem o coachee nem as outras pessoas sabem sobre ele (CATALÃO; PENIM, 2013). A linha de tempo conforme Catalão e Penim (2013, p. 109) é: uma representação gráfica dos eventos mais marcantes da vida do Cliente até ao momento presente, os quais contribuíram para muito daquilo em que ele acredita, aquilo que pensa, a forma como se comporta, as relações que mantém ou, em suma, aquilo que ele hoje é, como pessoa, profissional, etc. Já a roda da vida permite que o cliente avalie a sua satisfação em relação a diferentes aspectos da nossa vida, podem constar os seguintes itens: carreira, dinheiro, saúde, amigos, família, relacionamento, espiritualidade, lazer entre outros. (CATALÃO; PENIM, 2013). O estabelecimento de objetivos é uma das etapas do coaching que merecem atenção, pois ao alcançar o que se propõem o coachee chegará a situação desejada/sonhada. Para tanto, existem três modelos que são acrônimos de palavras em inglês: SMART, PURE e o CLEAR. O modelo SMART prega que o objetivo deve ser específico, ou seja, deve ser claro; mensurável, possibilitando avaliar o progresso; Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
208
atingível; realista, que é representado pela soma de desafiador e passível de ser atingido; timing, que está relacionado ao prazo para concretização. Já o modelo PURE, remete a quatro palavras que ajudam na definição do objetivo: positivo, onde o objetivo é formulado pelo lado positivo e não negativo; compreensível, ou seja, o coachee compreende o objetivo; relevante, à medida que o coachee sente-se responsável pelo objetivo; e ético. Por fim, o modelo CLEAR prevê que o objetivo deve ser: desafiador, gerando assim motivação para ação; legal, ou seja, de acordo com as leis; ecológico, quando é apropriado e benéfico a vida do coachee; adequado, quando está de acordo com as capacidades, personalidade e competências do coachee; e registrado, para ter o objetivo visível (CATALÃO; PENIM, 2013). O modelo GROW é um dos mais utilizados nas sessões de coaching, sendo acrônimo de: Goal, que consiste em estabelecer onde o coachee quer chegar; Reality, identificação do estado atual do coachee; Options, com a definição de qual caminho será utilizado para chegar ao objetivo; e What/Wrap up, que nada mais é do que a elaboração do plano de ação (CATALÃO; PENIM, 2013). Por fim, as perguntas cartesianas, são quatro questionamentos que auxiliam o coachee a tomar a decisão, a saber: “O que acontecerá se você o fizer? O que acontecerá se não o fizer? O que não acontecerá se você o fizer? O que não acontecerá se você não o fizer?” (BURTON, 2014, p. 107). Conhecendo o conceito e as principais ferramentas, cabe destacar também a utilização prática dentro das empresas. Nesse sentido, Lima (2013, p. 227) ressalta que “é frequente encontrarmos no quadro profissional de empresas norte-americanas e em algumas brasileiras a figura do “mentor”. Da mesma forma, Nascimento (2015) destaca o crescente uso do coaching no ambiente organizacional, sendo que existem registros do seu uso desde 1955. Nesse contexto, Oliveira (2015) destaca que a estruturação de um programa formal de coaching e mentoring pode ser desenvolvido a partir da estrutura de uma universidade corporativa que é definida como “a empresa ou área da empresa com responsabilidade e autoridade formais de elaborar e operacionalizar programas de desenvolvimento e disseminação do seu capital humano” (OLIVEIRA, 2015, p. 51). Ricardo (2007) deixa claro que uma universidade corporativa tem dois objetivos principais: atuar na educação continuada e gerenciar o desenvolvimento de competências dos colaboradores, sendo que neste último objetivo podemos utilizar o coaching e o mentoring. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
209
RESULTADOS
De encontro ao objetivo específico que buscou identificar formações específicas para coaching e mentoring, cabe destacar que o coaching ainda não é uma profissão reconhecida pelo Ministério do Trabalho, entretanto existem diferentes formações disponíveis no mercado. Nesse sentido, Gameiro (2011) chama a atenção para alguns detalhes a serem observados, como: carga horária, marketing excessivo em relação a ganhos com a profissão, marketing em relação ao nome da instituição formadora e parcerias com instituições internacionais. A partir disso e, com uso da pesquisa documental foram identificadas 15 instituições que atuam na formação de coaches e mentores, destacando as seguintes informações: carga horária variando de 8 horas para cursos específicos como Coaching para RH até 500 horas para uma formação Master Coaching; metodologia predominantemente presencial, porém destacando-se cursos com etapas a distância; e também os diferenciais de cada instituição como por exemplo metodologias próprias, convênios e certificações com instituições internacionais. Já no que diz respeito ao objetivo de identificar uso do coaching e mentoring nas organizações, Blanco (2006, p. 25) destaca que, em relação ao coaching “poucos são os trabalhos acadêmicos que fazem alusão à prática, tanto que, até a data de depósito desta dissertação, não foi encontrado nenhum trabalho acadêmico, no Brasil, dedicado especificamente a esse estudo”. Somado a isso, Marques (2012, texto digital) destaca que “no Brasil recente pesquisa apontou que apenas 10,9% das empresas utilizam mentores”. Esses dados foram ratificados tendo em vista que não foi localizado nenhum estudo publicado descrevendo programas de coaching e mentoring nas organizações. Em relação a primeira metodologia, foram localizados apenas referências a empresa que a utilizam, como por exemplo o destacado por Executivo (2004, texto digital): No Brasil, algumas empresas, como a Petrobras, Nestlé, O Boticário, HSBC e Banco do Brasil, já utilizam o método entre seus executivos. O coaching é personalizado, uma assessoria privada, mas também pode ser ensinado por meio de treinamentos "in company", para determinado número de profissionais da mesma empresa.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
210
Mesmas referências foram encontradas na entrevista de Telma Rodrigues, diretora de gestão de pessoas do Magazine Luiza para a Etalent: TELMA: Com os programas de Desenvolvimento, Assessment e Coaching, conseguimos ter líderes engajados, conscientes de sua responsabilidade e papel, e focados no resultado, contribuindo diretamente para a evolução e perenidade do Magazine Luiza (MAGAZINE, 2014, texto digital). Já em relação ao mentoring também não foram localizadas publicações sobre programas, com exceção de um banco privado com atuação mundial, que apresenta um programa de mentoring utilizado em Portugal através de uma cartilha ao mentee. Além disso, destaca-se também referências a empresas que tem programas de mentoring ou práticas semelhantes e que estão presentes no guia das 40 melhores empresas para começar a carreira da revista Você SA: Accenture, Central Unimed, Promon, Unimed Volta Redonda e Visagio (DINIZ, 2016). Por fim, também como objetivo do trabalho, buscou-se propor um programa estruturado de coaching e mentoring voltado para o desenvolvimento da carreira em uma instituição financeira pública. Nesse sentido, inicialmente é importante destacar a estrutura organizacional de agências da instituição financeira composta por: gerente geral, gerentes de carteira e supervisores na área gerencial; e assistentes, auxiliares, caixas, tesoureiro e colaboradores sem função na área técnica. Importante salientar também que o banco possui uma universidade corporativa estruturada e oferece formações a distância e presencial. A partir deste contexto sugere-se a contratação de um coach externo para realizar o processo de coaching com gerentes gerais. Como segundo passo e tendo como base as diferentes formações identificadas na pesquisa, aponta-se a realização de uma formação externa em coaching executivo e mentoring para o gerente geral, sendo que com isso ele conhecerá algumas ferramentas de coaching entre elas as listadas no referencial teórico e por isso estará apto a atuar com coach e mentor interno dos gerentes de carteira e supervisores, bem como para aqueles funcionários que estão no banco de sucessores para essas funções. Além disso, com o conhecimento adquirido nas formações externas, sugere-se a construção de cursos a serem oferecidos pela universidade corporativa sobre os dois assuntos a fim de disseminar conceitos e objetivos a todos os funcionários, bem como a formação mentores internos. Os critérios para seleção dos mentores devem ser Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
211
definidos pela organização tendo presente que o mentor é aquela pessoa com certa experiência, capaz de orientar o seu mentorado, que pode ser qualquer colaborador interessado no seu desenvolvimento. Para estruturação do programa de mentoring sugere-se utilizar a proposta usada por um banco privado: identificação dos mentees, seleção dos mentores, atribuição dos mentees aos mentores, sensibilização dos mentores e mentees, reuniões de orientação e avaliação final. Por fim, cabe destacar o papel importante da universidade corporativa que deve atuar como gestora e apoiadora do programa de coaching e mentoring da organização, sendo que enquanto o coaching atua principalmente no autoconhecimento e melhora do desempenho dos gestores atuais e futuros gestores, o mentoring atuará na orientação do melhor caminho a seguir na construção da carreira na instituição. O uso do coaching e do mentoring auxiliará o funcionário na construção da sua carreira na instituição, refletindo também nos resultados atingidos pela organização.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base no que foi exposto, fica clara a importância, tanto do coaching quanto do mentoring no desenvolvimento das pessoas, sendo que esse desenvolvimento refletirá nos resultados alcançados e consequentemente na performance da empresa. Por outro lado, mesmo sabendo do valor das duas metodologias, ainda não existem muitos estudos sobre a aplicação nas empresas, embora já exista significativa bibliografia sobre conceitos e ferramentas. Além disso, percebe-se também um número considerável de instituições que oferecem formação para atuação como coach e mentor no Brasil, o que pode vir a modificar o panorama no curto prazo. Por fim, cabe destacar que o programa estruturado de coaching e mentoring proposto e que responde ao objetivo geral do trabalho não pretendeu esgotar todas as possibilidades e ser algo rígido no que diz respeito as etapas, mas sim servir de reflexão inicial para que a instituição financeira reflita e venha usufruir de poderosas formas de desenvolver seus colaboradores, tornando o resultado cada vez melhor. Somado a isso, fica como sugestão para próximos estudos, a descrição de programas já existentes a fim de contribuir para a disseminação do coaching e do mentoring como boas práticas de recursos humanos nas organizações. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
212
REFERÊNCIAS ACEVEDO, Claudia Rosa; NOHARA, Jouliana Jordan. Monografia no curso de administração: guia completo de conteúdos e formas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. BLANCO, Valéria Bastos. Um estudo sobre a prática de coaching no ambiente organizacional e a possibilidade de sua aplicação como prática de gestão do conhecimento. 2006. 217 f. Dissertação (Mestrado) – Pós-graduação Stricto Sensu em Gestão do Conhecimento e Tecnologia da Informação, Universidade Católica de Brasília, Brasília, 04 ago. 2006. Disponível em: <bdtd.ucb.br:8443/jspui/bitstream/123456789/1495/1/Dissertacao_MGCTI_UCB_Valer ia_Blanco_2006.pdf>. Acesso em 11 ago. 2016. BURTON, Kate. Coaching com PNL para leigos edição de bolso. Rio de Janeiro: Alta Books, 2014. CATALÃO, João Alberto; PENIM, Ana Teresa. Ferramentas de coaching. 7. ed. Lisboa: Lidel, 2013. DINIZ, Daniela. 40 melhores empresas para começar a carreira. Você S/A, São Paulo, n. 215, p. 1-58, jun. 2016. EXECUTIVO, Canal. Empresas brasileiras apostam no coaching. Administradores, João Pessoa, 09 nov. 2004. Disponível em: <www.administradores.com.br/noticias/negocios/empresas-brasileiras-apostam-nocoaching/2151/>. Acesso em 11 ago. 2016. FORTALEZA, Nayara. Coaching: um processo de autopercepção, autoliderança e liderança coletiva. In: WUNDERLICH, Marcos; SITA, Mauricio. Coaching & Mentoring Foco na Excelência – Saiba como ultrapassar a barreira do comum e vencer na vida pessoal e profissional. São Paulo: Editora Ser Mais, 2013. p.277-282. GAMEIRO, Ricardo A. O mercado de formação de coaching no Brasil. Administradores, João Pessoa, 26 ago. 2011. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/marketing/o-mercado-de-formacao-decoaching-no-brasil/57814/>. Acesso em 10 ago. 2016. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. LIMA, Jean Pierre de. Sincronicidade no mentoring. In: WUNDERLICH, Marcos; SITA, Mauricio. Coaching & Mentoring Foco na Excelência – saiba como ultrapassar a barreira do comum e vencer na vida pessoal e profissional. São Paulo: Editora Ser Mais, 2013. p.223-230. MAGAZINE Luiza: exemplo de alta performance na gestão de pessoas. Etalent, Rio de Janeiro, 09 set. 2014. Disponível em: <www.etalent.com.br/magazine-luiza-exemplode-alta-performance-na-gestao-de-pessoas/>. Acesso em: 11 ago. 2016 MALHOTRA, Naresh K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. MARQUES, José Roberto. Coaching e Mentoring - Entenda as diferenças. RH.com.br. Recife, 10 abr. 2012. Disponível em: <http://www.rh.com.br/Portal/Desenvolvimento/Artigo/7763/coaching-e-mentoring-entenda-as-diferencas.html>. Acesso em 11 ago. 2016. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
213
NASCIMENTO, Wilson. Implantação da cultura coaching em organizações. São Paulo: Editora Ser Mais, 2015. NÖCKEL, Adam Willy. O atual mundo dos negócios. In: WUNDERLICH, Marcos; SITA, Mauricio. Coaching & Mentoring Foco na Excelência – Saiba como ultrapassar a barreira do comum e vencer na vida pessoal e profissional. São Paulo: Editora Ser Mais, 2013. p. 9-16. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Coaching, mentoring e couseling: um modelo integrado de orientação profissional com sustentação da universidade corporativa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2015. RICARDO, Eleonora Jorge. Gestão da educação corporativa. São Paulo: Pearson Pretince Hall, 2007. VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
214
REDES PRODUTIVAS: UM ESTUDO DE CASO DA ASSOCIAÇÃO TEUTONIENSE DE APICULTORES COMO ALTERNATIVA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Adilson Cord Enio Hamester Marcelo José Sulzbach Renato Kreimeier
RESUMO
Este artigo constitui-se no estudo de como a apicultura pode contribuir para o desenvolvimento econômico de pequenos apicultores da agricultura familiar, em especial no caso da Associação Teutoniense de Apicultores (ATA) fundada por apicultores da região do Vale do Taquari no Rio Grande do Sul. Tendo como objetivo estudar a estrutura da rede produtiva desta organização, bem como sua importância para o desenvolvimento da região em que está inserida, os meios de investigação se basearam em observação in loco e coleta de informações em documentos cedidos pela própria Associação. Como já apontado em alguns estudos, a região do Vale do Taquari, onde se localiza a sede dessa Associação é um ecossistema de grande potencial apícola, desta forma, a ATA tem obtido êxito em seus objetivos e, consequentemente, os associados puderam incrementar a sua renda familiar e promover ações conservacionistas em benefício das abelhas e do meio ambiente, e assim garantir meio de vida para às gerações vindouras. Palavras-chave: Associação de apicultores. Mel-de-Abelhas. Beneficiamento de mel. Comercialização de mel.
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle Estrela Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail: cord.adilson@gmail.com Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail: enio.hamester30@gmail.com Aluno do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela. E-mail: sulzbach84@yahoo.com.br Especialista em Gestão de Redes de Cooperativas, Gestão Financeira e Professor do Curso de Agronegócio da Faculdade La Salle – Estrela -RS. E-mail: renato.kreimeier@lasalle.org.br
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
215
INTRODUÇÃO
A Associação Teutoniense de Apicultores (ATA), fundada em 14 de janeiro 1988, tem por finalidade, promover o desenvolvimento e amparar a apicultura na região do Vale do Taquari, auxiliando os associados, assim como, por todos os meios, estimular o consumo de mel e seus derivados. O Brasil é o 8º maior exportador mundial de mel, ficando atrás apenas da China, que é o maior produtor, seguida por Argentina, Nova Zelândia, México, Alemanha, Vietnã e Espanha. O Rio Grande do Sul é o maior produtor do País, com 20% de participação, seguido do Paraná com 16%, Santa Catarina com 13% e Minas Gerais com 10% de participação na produção nacional, no ano de 2012, conforme o censo do IBGE. Na região do Vale do Taquari, nos municípios de atuação da Associação, o município de Teutônia lidera a produção com 25.000 kg produzidos em 2016, seguido de Estrela com 15.000 kg, Poço das Antas com 8.500 kg, Imigrante com 5.000 kg, Colinas com 3.000 kg, Westfália com 2.500 kg e Lajeado com 1.500 kg, também conforme a estimativa do mesmo IBGE. A produção de mel já é uma importante atividade econômica, impulsionada pelo trabalho
da
Entidade
e
com
grandes
vantagens
ambientais
para
os
agricultores/apicultores da região, não somente pela produção dos produtos apícolas, mas também, pelo aumento do rendimento de diversas culturas e frutíferas. Acredita-se que cerca de 225.000 espécies da flora existente no planeta correspondem as angiospermas, sendo que destas aproximadamente 2/3 dependem das abelhas para polinização (SOUZA et al. 1993). A interação entre as abelhas e plantas garante aos vegetais o sucesso na polinização cruzada, que se constitui numa importante adaptação evolutiva das plantas, aumentando o vigor das espécies, possibilitando novas combinações de fatores hereditários e aumentando consideravelmente a produção de frutos e sementes ( COUTO & COUTO 2002).
METODOLOGIA
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
216
O presente trabalho configura-se em um estudo de caso, pelo método descritivo, que visa analisar a Associação Teutoniense de Apicultores (ATA), localizada na Rua Albino Schneider, 1137, Bairro Teutônia, no município de Teutônia – RS (GIL, 2010). Realizou-se uma visita ao Entreposto de Mel Auro Kich, mantido pela Associação, com o objetivo de coletar informações e dados técnicos, para essa pesquisa qualitativa, além de entrevistas com alguns membros da diretoria e associados. Para complementar este trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas e consultas em sites da internet e coleta de dados em órgãos públicos, principalmente junto ao escritório regional do IBGE, em Lajeado – RS.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Fundação da associação e seu desenvolvimento A fundação da Associação ocorreu em 14 de janeiro de 1988, na sede da Câmera de Vereadores do município de Teutônia, localizada no Bairro Centro Administrativo, com a presença de 35 apicultores, tendo por finalidade promover o desenvolvimento da apicultura e amparar aos apicultores e seus familiares, auxiliando-os por todos os meios, assim como também, estimular o consumo de mel e seus derivados. O objetivo já naquela época era reunir forças para atender as exigências sanitárias exigidas para a comercialização do mel. Um sonho dos apicultores foi materializado no dia 12 de setembro de 2015. A data ficará marcada na história da Associação Teutoniense de Apicultores e na vida da família Kich.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
217
Figura 1. Vista frontal do entreposto do mel da ATA- Associação Teutoniense de Apicultores. Fonte: dos autores. O Entreposto de Mel, como pode ser visualizado pela figura 1, está localizado na Rua Albino Schneider, 1137, no Bairro Teutônia, foi inaugurado e ganhou o nome de Auro Kich, em homenagem ao ex-presidente da entidade, falecido de 31 de dezembro de 2014. Conforme conta a história da Associação, Kich batalhou pela realização da obra, com o objetivo de permitir aos apicultores associados, o beneficiamento e rotulagem da sua produção de mel, dentro das normas sanitárias preconizadas para a produção de alimentos, e por isso mereceu a homenagem. A história do prédio iniciou em 2007, com a batalha de Auro Kich, por emenda federal, junto ao Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), para a concretização do projeto. Após obter a confirmação junto ao Deputado Federal Elvino Bohn Gass, no valor de R$ 60.000,00, mais a contrapartida municipal, os recursos geraram o prédio, que foi cedido em comodato, pelo município de Teutônia, à Associação de Apicultores. Por sugestão da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores, foi aprovado o Projeto de Lei Legislativo 012/2015, no dia 13 de agosto de 2015, que deu nome ao Entreposto de Mel de Auro Kich. A denominação do prédio foi transformada na Lei 4.506, de 17 de agosto de 2015. Auro Kich contribuiu na fundação da Associação Teutoniense de Apicultores e foi eleito o primeiro tesoureiro da entidade. Presidiu a Associação por 8 gestões (15 anos). Auro Kich foi durante muitos anos o motor da Associação. Promoveu reuniões e suas ações e decisões sempre foram democraticamente orientadas, ressaltando a incansável luta pela construção do Entreposto de Mel e melhoria da vida das pequenas famílias de apicultores familiares. A apicultura era uma das suas grandes paixões.
Objetivos da associação A Associação Teutoniense de Apicultores é uma associação legalmente instituída, sem fins lucrativos e que tem como principais objetivos: Fomentar o estudo e a difusão da apicultura racional na região do Vale do Taquari.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
218
Organizar exposições de apicultura e seus produtores, concedendo diplomas, medalhas e troféus aos melhores expositores. Realizar
cursos
periódicos
de
apicultura,
convidando
professores
especializados, com expedição de certificados. Incentivar o intercâmbio de professores, técnicos e apicultores com outras entidades congregadas, institutos e órgãos governamentais, tanto nacionais e estrangeiros. Fomentar a fundação de outras entidades congêneres. Facilitar aos seus associados a aquisição de livros, jornais e revistas sobre a apicultura, assim como, a preços adequados, os materiais e instrumentos necessários para o trabalho na apicultura. Promover conferencias, festas e outros fatos analógicos. Cooperar na obra das universidades, colégios agrícolas e entidades governamentais no que se referir a apicultura. Solicitar aos poderes competentes os benefícios necessários a melhor realização de suas finalidades. Divulgar através dos órgãos de imprensa os ensinamentos apícolas. Metas para 2017 A diretoria da associação está empenhada, junto com a equipe da Secretaria da Agricultura da Prefeitura Municipal de Teutônia, para enquadrar as agroindústrias familiares, fiscalizadas pelo sistema Serviço de Inspeção Municipal, em algum dos sistemas de inspeção, como o SUSAF-RS (Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte) ou o SUASA (Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária) e ou ainda o SISBI (Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal). Com esta habilitação, por parte do Município, todas as agroindústrias instaladas e fiscalizadas pelo SIM de Teutônia, poderão comercializar a sua produção em todo o estado do Rio Grande do Sul ou quem sabe em todo o País, que é fundamental para agregar valor à produção dos seus associados, bem como possibilitar a comercialização de toda a produção obtida a valores mais rentáveis.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
219
RESULTADOS E DISCUSSÕES A produção de mel dos associados, beneficiada no entreposto, é comercializada para o consumidor final e também em diversos pontos de venda, localizados dentro do município de Teutônia, como supermercados hotéis e restaurantes. O município de Teutônia possui uma população estimada de 30.518 mil habitantes (IBGE 2016), não sendo impossível comercializar toda a sua produção de mel, no âmbito do município. No momento a diretoria está imbuída em procurar alternativas, como a obtenção da inscrição do Entreposto no Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (SUSAF-RS), para possibilitar a venda do mel fora das fronteiras do município. A entidade também tem associados residentes em outros municípios, que no momento ainda não foram beneficiadas com a construção do entreposto e por isto, a diretoria há alguns anos, formou parceria com grandes indústrias beneficiadoras e ou exportadoras de mel, como os Apiários Buriti de Vacaria – RS e a Prodapis de Araranguá – SC, que por sua vez compram o mel excedente diretamente dos associados, beneficiam e comercializam para diversos países, destacando-se os Estados Unidos e o Mercado Comum Europeu. No entreposto foram beneficiados no ano de 2016 o total de 2.459 kg de mel, envasados em embalagens de um kg, 500gr e 250gr, possibilitando ganhos razoáveis no preço, além de permitir a alguns associados, a participação nas licitações promovidas pelo município, para o fornecimento de mel para a merenda escolar e de creches. Como a Associação não possui empregados, todos os produtores realizam o próprio envase. A limpeza do prédio e a manutenção do pátio são realizadas, através do trabalho
voluntário
dos
associados,
permitindo
o
exercício
do
verdadeiro
associativismo. Os associados reúnem-se uma vez por mês, sempre na última quinta-feira, à noite, para tratar dos assuntos administrativos do entreposto e difundir as novidades técnicas e troca de experiências. Novos associados são sempre bem-vindos, sendo que a joia cobrada para o ingresso na Entidade é R$ 500,00 e a anuidade é de R$ 75,00, valores utilizados para fazer frente as despesas de manutenção do entreposto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
220
A Associação Teutoniense de Apicultores conseguiu congregar os seus associados, a manter viva a chama da cooperação e do trabalho voluntário, que permitiu a evolução profissional de todos os associados, através do emprego de técnicas de produção modernas e adequadas, oferecendo uma nova alternativa de renda para os pequenos produtores rurais da região. Embora a Associação seja em grande parte responsável pelo avanço da apicultura no Vale do Taquari, principalmente na região de Teutônia, devemos ressaltar que os bons resultados não são apenas mérito da Entidade, mas principalmente da vontade e dedicação dos seus associados e de grandes líderes apícolas, como o Sr. Auro Kich (in memoriam), além do município de Teutônia, através da Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente, que foi fundamental na concretização do Entreposto de Mel Auro Kich, da EMATER pelo apoio dedicado a causa e do Colégio Teutônia, que mantem no currículo do curso de Técnico em Agropecuária, a disciplina de apicultura
REFERÊNCIAS
ABEMEL. Dados-relativos a exportação de mel. Disponível em: < www.conap.coop. br >. Acessado em: 25 de maio de 2017. COUTO, R. H. N.; COUTO, L. A. Apicultura: manejo e produtos. 2. ed. Jaboticabal: FUNEP, 2002. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo. 2010. IBGE – Dados da Produção Agropecuária. Disponível em : < www.cidades.ibge.gov.br >. Acessado em: 15 de junho de 2017. SOUZA, V.C., CORTOPASI-Laurino, M.,SIMÃO-Bianchini, R., PIRANI, J.R., AZOUBEL, M.L., GUIBU, L.S. , GIANNINI, T.C. Plantas apícolas de São Paulo e arredores. Instituto de Biociências. São Paulo. Esalq-USP. 1993.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
221
STHAKEHOLDERS Letícia Bernardes O. Manfio Jenifer Gomes Raul Markus Renata Possamai Marciano Bruch RESUMO
O trabalho tem por objetivo analisar quem são os stakeholders e suas implicações nas organizações. A teoria dos stakeholders considera o relacionamento entre os diversos atores e a integração de seus diferentes interesses como elemento central da organização. Acredita-se que eles são elementos essenciais no planejamento estratégico, que o mesmo tem um papel direto ou indireto na gestão e resultados dessa mesma organização. Desta forma, pode ser afetado positivamente ou negativamente, dependendo das suas políticas e forma de atuação. Palavras-Chave:
Stakeholders.
Organização.
Empreendedorismo.
Interesses.
Resultados.
INTRODUÇÃO
Para o desenvolvimento econômico e social de um país, o empreendedorismo é um dos principais fatores para que isso ocorra, e uma das definições mais aceitas atualmente é dada pelo estudioso Robert D. Hisrich (2009), segundo ele “empreendedorismo é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando tempo e esforços necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais
Trabalho apresentado na VIII Mostra de Iniciação Científica da Faculdade La Salle-Estrela. Aluna do Curso de Processos Gerenciais da Faculdade La Salle – Estrela. Email: leticia.manfio@yahoo.com.br Aluna do Curso Recursos Humanos da Faculdade La Salle – Estrela. Email: eujenynhaa@gmail.com Aluno do Curso de Gestão Ambiental da Faculdade La Salle – Estrela. Email: raul.markus@brasilata.com.br Aluna do Curso de Agronegócios da Faculdade La Salle – Estrela. Email: renata098@live.com Professor da Faculdade La Salle – Estrela. Mestre em Administração. E-mail: marciano.bruch@lasalle.org.br.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
222
correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação econômica e pessoal”. O empreendedor é a pessoa que busca identificar oportunidades e recursos para transformá-las em negócio lucrativo, tem como característica espírito criativo e pesquisador, está constantemente buscando novos caminhos e novas soluções através da congruência entre criatividade e imaginação. O empreendedorismo é composto de várias partes integrantes de uma organização, dentre as quais podemos destacar os Stakeholders, eles podem ser definidos como todos os grupos de pessoas impactadas pelas ações da empresa, desde acionistas, funcionários, fornecedores e clientes, que podem ser afetados de forma direta ou indireta, positiva ou negativamente. São também conhecidos como as partes interessadas para execução e planejamento do projeto ou ação.
METODOLOGIA “O procedimento metodológico é a etapa de adequação metodológica conforme as características da pesquisa a ser realizada” (FACHIN, 2005, p. 112). Segundo Fachin (2005), ainda que todo trabalho científico deva ser baseado em procedimentos metodológicos, esses conduzem a um modo pelo qual se realiza uma operação dominada conhecer, outra agir e outra fazer. O referencial teórico foi realizado através de pesquisa bibliográfica, onde foi possível ter o entendimento em relação as teorias de cada autor para assim desenvolver o trabalho. Mudanças vem ocorrendo nas relações entre empresas e sociedade, afetando a gestão das organizações e consequentemente, o papel do Gestor, que tem como uma das atribuições elaborar e implantar modelos de gestão que garantem o sucesso da empresa (OLIVEIRA, 2008).
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O termo stakeholder foi criado pelo filósofo Robert Edward Freeman, utilizado em 1984, no livro "Strategic Management: A Stakeholder Approach" é a definição, segundo ele, "os stakeholders são elementos essenciais no planejamento estratégico de Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
223
negócios". Stakeholder significa público estratégico e descreve uma pessoa ou grupo que tem interesse em uma empresa, negócio ou indústria, podendo ou não ter feito um investimento
neles.
Em
inglês stake significa
interesse,
participação
ou
risco. Holder significa aquele que possui, significa também parte interessada. É uma palavra muito utilizada nas áreas de comunicação, administração e tecnologia da informação cujo objetivo é designar as pessoas e grupos mais importantes para um planejamento estratégico ou plano de negócio. Campbell (1997) é defensor das teorias dos stakeholders, pois acreditas que a organização deve ter responsabilidade social diante do ambiente em que vive. Para ele, existem stakeholders que atuam diretamente sobre a empresa buscando dividendos, melhores
salários,
maiores
prazos
de
pagamentos
e
preços
baixos,
são
os stakeholders ativos, pois são influenciadores imediatos do processo de gestão organizacional. Ainda segundo este autor, os outros agentes que afetam a organização de forma mediata são os chamados stakeholders passivos, destacando-se entre estes a sociedade, as organizações não governamentais. Para Donaldson e Preston (1995) apresentam uma grande contribuição ao assunto; o mapeamento dos vários conceitos sobre stakeholders divididos em três dimensões:
descritivo/empírica,
instrumental
e
normativa.
Na
dimensão
descritivo/empírica, a teoria dos stakeholders é utilizada para descrever e explicar as características e comportamentos da organização, como por exemplo, como os gerentes e conselheiros pensam sobre gerenciamento e como a organização é realmente gerenciada. Na dimensão instrumental, a teoria é utilizada para identificar a conexão ou a sua falta entre o gerenciamento do stakeholder e atingir os objetivos organizacionais gerando impactos sobre o desempenho das organizações. Na dimensão normativa, a teoria é utilizada para interpretar a função da organização, incluindo a identificação da moral ou orientação filosófica para a operação e gerenciamento das organizações. Para Oliveira (2008), stakeholders podem ser definidos como “[...] grupos de interesse com certa legitimidade que exercem influência junto às empresas” e que pressionam proprietários, acionistas e gestores, interferindo, de certa forma, nos rumos da empresa. Portanto, a abordagem de stakeholders é aquela que prioriza o gerenciamento de relacionamentos entre os diversos atores que compõem o universo empresarial, procurando integrar esses diferentes interesses. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
224
Já para Chiavenato (2008), stakeholders denomina os grupos de interesses que atuam interna e externamente na organização e que corresponde ao conceito de parceiros. Todo processo produtivo somente se realiza com participação conjunta dos diversos parceiros, cada qual contribuindo com algum recurso e na medida em que obtém retornos e resultados satisfatórios, a disponibilidade de investimentos vai aumentando. Podemos classificar os stakeholders em dois grupos, Clarkson (1995) os de primeiro grau ou de primeira geração e os de segundo grau ou segunda geração. Na primeira geração estão inclusos os proprietários, os funcionários, os acionistas, os clientes, os fornecedores, os concorrentes, o governo, a comunidade, estes estão diretamente ligados à organização. Ele classifica a empresa como parte integrante de um sistema de stakeholders primários que se caracteriza pela complexidade das relações dos grupos de interesse que possuem diferentes direitos, objetivos, expectativas e responsabilidades. A incapacidade da empresa em atender satisfatoriamente as expectativas de um dos grupos envolvidos pode comprometer não só o sucesso e sobrevivência da organização como também todo o sistema formado em torno dessa organização. Os de segunda geração abrangem os sindicatos, as formas de mídia, a consultoria, ONGs, órgão de defesa dos consumidores, associações comunitárias locais, grupos ambientalistas, estes estão relacionados à organização de forma indireta, através dos de primeira geração. Os stakeholders secundários têm a capacidade de mobilizar a opinião pública, tanto contra como a favor da organização, apesar da sobrevivência da organização não depender diretamente da relação com os eles, uma relação inadequada poderá causar problemas na condução dos negócios. Ao entender a importância dos stakeholders, o responsável pelo planejamento ou plano consegue ter uma visão mais ampla de todos os envolvidos em um processo ou projeto e saber de que maneira eles podem contribuir para a otimização deste. Os mesmos são elementos decisivos em termos de planejamento estratégico de uma empresa ou organização. De acordo com o modelo stakeholders, que surgiu nas recentes décadas, a empresa é vista como uma organização social que deve trazer algum tipo de benefício à todos os parceiros de negócios ou partes interessadas. Este modelo não privilegia Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
225
somente a vertente financeira, mas também dá valor à vertente social e retributiva. Por esse motivo é considerado como um modelo de responsabilidade social ou corporativo.
Figura 1: Esquema de uma organização e seus stakeholders Fonte: DIAS, Reinaldo. Sociologia das Organizações. 2. ed. São Paulo : Editora Atlas S/A, 2012.
As expectativas quanto aos valores prezados precisam estar integradas à estratégia empresarial e passam a fazer parte do compromisso social. Fremann (2004) chama atenção para a necessidade de priorização e de identificação dos stakeholder-chave, pois a dificuldade é cada vez maior para a empresa em distinguir quem é ou quem não é um stakeholder. Porter e Kramer (2006), reforçam que a responsabilidade ou compromisso social pode representar uma fonte de inovação, de oportunidades e de vantagens competitivas, porém devem ser identificadas suas reais necessidades para ancorá-las nas suas estratégias e atividades.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
226
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Por meio deste trabalho, chegou-se à conclusão que os stakeholders mantém grande influência sobre qualquer organização, e, para evitar possíveis desagrados na empresa, todos os stakeholders devem trabalhar em perfeita harmonia com a organização. Pode-se perceber durante todo o trabalho que para a organização funcionar com precisão, sempre visando lucratividade, precisa haver uma integração por completa, seja por parte da empresa, ou por partes dos fatores que a influenciam dentro e fora da organização, ou seja, seu público interno e externo. O empreendedor precisa criar conteúdo e encontrar formas de se relacionar com o seu consumidor, para que ele continue comprando, pois os consumidores estão cada vez mais exigentes, eles querem muito mais que bons preços e produtos de qualidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Um fator muito importante de influência do cliente dentro da organização, não é somente a questão de lucratividade. O cliente tem um poder muito maior do que somente fazer a troca de valores por produtos/serviços. O cliente tem o poder de decisão na hora de sua compra. Se a empresa não atender as expectativas que seu cliente espera, com certeza ele partirá para um concorrente que atenda a suas necessidades. Contudo, chegou-se à conclusão que o administrador não pode simplesmente prender-se dentro de uma sala com ar condicionado e fechar-se somente a seus e-mails e relatórios. Administrar é muito mais do que isso, administrar é conhecer de verdade os processos da empresa, e saber qual atitude tomar diante de adversidades, quais fatores podem influenciar seu mercado, ou seja, conhecer seu público interno e externo.
REFERÊNCIAS HISRICH, Robert D.; PETERS, Michael P.; SHEPHERD, Dean a. Empreendorismo. 7. ed. Porto Alegre: Bookmann, 2009. DIAS, Reinaldo. Sociologia das organizações. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas S/A, 2012. Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
227
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. 3. ed. RJ, ELSEVIER, 2008. OLIVEIRA, José Antônio Puppin. Empresas na sociedade. RJ. ELSEVIER, 2008. VALLE, José A. dos Santos. Gerenciamento de stakeholders em projetos. Editora FGV, 2015. <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAzWoAF/stakeholders-sua-influencia-naorganizacao>. Acesso em 07 de agosto de 2017. <http://www.euax.com.br/2017/02/o-que-sao-e-como-identificar-os-stakeholders-doseu-projeto>. Acesso em 06 de abril de 2017. <https://endeavor.org.br/stakeholders>. Acesso em 07/04/2017. <http://pmkb.com.br/artigo/analise-e-classificacao-dos-stakeholders-para-gestao-deprojetos>. Acesso em 09 de abril de 2017.
Cadernos de Iniciação Científica – Volume I – Número 6 – Março de 2018
228
CADERNOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA ISSN 2318-325X
Normas para publicação 1.
A revista CADERNOS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA é uma publicação anual da Faculdade La Salle – Estrela.
2.
A revista publica exclusivamente trabalhos acadêmicos selecionados e apresentados na Mostra de Iniciação Científica (MIC) realizada anualmente pela Faculdade.
3.
Os trabalhos são apresentados em formato definido pela Comissão Organizadora da MIC.
4.
Os trabalhos são avaliados e aceitos ou não pela Comissão Coordenadora da MIC e aprovados para publicação pelo Conselho Editorial.
5.
Cada trabalho deverá ter no máximo cinco páginas, seguindo as normas da ABNT, utilizar fonte Times New Roman, tamanho 12, contendo: resumo, introdução, metodologia, fundamentação teórica, resultados e discussões, considerações finais, referências.
6.
Cada resumo deverá apresentar: a) título do trabalho centralizado no topo da página, com nota de rodapé informando que o trabalho foi apresentado na MIC; b) nome do(s) autor(es), em ordem alfabética e nome do orientador, alinhados à direita da página; c) curso dos autores (e Instituição de Ensino Superior quando não aluno da Faculdade), em nota de rodapé, com titulação quando se tratar de professor; d) até cinco palavras-chave ao final do resumo.
7.
Os resumos devidamente revisados e corrigidos devem ser enviados ao e-mail marcos.corbellini@lasalle.edu.br. Declaração de Direito Autoral Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: autores
mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de publicação, com reconhecimento da autoria nesta revista. Política de Privacidade Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamente para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros.