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TRILHOS Requalificação de áreas verdes no centro de Santa Rosa - RS


TRILHOS:

Requalificação de Áreas Verdes no Centro de Santa Rosa - RS Universidade Federal de Pelotas Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação I Acadêmica: Laura Klajn Baltar Orientadora: Ana Paula Neto de Faria 2019/2




AGRADECIMENTOS

Primeiramente à minha família, por todo amor e suporte fornecido, não só durante o período de realização desta graduação, mas em toda a minha vida. Por estarem sempre presente me dando forças para resistir. À minha orientadora, pelas trocas e ensinamentos durante o semestre, e também por me transmitir calma e confiança durante os momentos de ansiedade. À minha psicóloga, por exercer seu trabalho com excelência e possibilitar que eu tenha tido forças para chegar neste estágio de minha graduação. A todos os meus amigos, que estiveram presentes durante todo o processo, acompanhando de perto este período, incentivando e enaltecendo o meu trabalho. À todos também que me ajudaram de alguma forma, seja com um mouse emprestado na véspera ou um sorriso em meio ao caos, possibilitando a realização plena deste trabalho. E por fim, a mim mesma, por ter enfrentado esta jornada da melhor maneira possível, conseguindo alcançar objetivos mais altos do que o esperado quando este processo se iniciou.


SUMÁRIO

08 Apresentação do tema

12 Local A cidade As praças Praça da Bandeira Praça 10 de Agosto Museu Municipal Praça Esportiva

28 Princípios norteadores


32 Projetos referenciais Ira Keller Fountain Wantou e Wanke Paradise Praça das Artes Parque Drapers Field

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Levantamentos e projetos Cidade Praça da Bandeira Praça 10 de Agosto Museu Municipal Praça Esportiva

114 Referências



APRESENTAÇÃO DO TEMA

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O presente trabalho é o desenvolvimento da primeira etapa do trabalho final de graduação do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas, com ênfase em espaços abertos. O trabalho caracteriza-se como um projeto de planejamento urbano e paisagístico e engloba três dos principais espaços de áreas verdes da região central de Santa Rosa, RS: a Praça 10 de Agosto, que receberá ênfase em sua resolução; a Praça da Bandeira; e um espaço de área verde sem uso definido atualmente, que se localiza a leste da Praça 10 de Agosto. De acordo com Szeremeta e Zannin (2013), os espaços de áreas verdes na cidade, como parques urbanos, auxiliam na qualidade de vida da população, proporcionando o contato com a natureza. Assim, possuir estruturas e qualidade ambiental adequadas são fatores determinantes para o usurário realizar ou não atividades físicas e de lazer no espaço. “Estas atividades trazem diferentes benefícios psicológicos, sociais e físicos à saúde dos indivíduos, como, por exemplo, a redução do sedentarismo e amenizar o estresse do cotidiano urbano”. Desta forma, os autores ressaltam que “o planejamento correto e a conservação de parques públicos se revelam somo significativa estratégia para uma política efetiva do projeto urbano e da saúde pública”.

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A utilização de espaços verdes dentro da cidade acarreta em melhorias na qualidade de vida da população, observando-se benefícios sociais, físicos e psicológicos satisfatórios nos usuários destes espaços. “(...) A beleza da paisagem e a proximidade de um parque, ao local de moradia dos usuários, são os principais fatores que incentivam uma utilização frequente para a atividade física e o lazer”. A beleza, nestes casos, está fortemente associada à presença e estado das condições naturais do ambiente, como vegetação, lagos, relevos, etc. (SZEREMETA e ZANNIN, 2013). Em Santa Rosa, a utilização dos espaços públicos é frequente e relativamente alta, principalmente nos finais de semana, quando os moradores acabam se reunindo nestes espaços para tomar chimarrão e levar as crianças nas áreas de recreação infantil, por exemplo. Atualmente, o espaço público de lazer mais utilizado pela comunidade é o parque linear Tape Porã, construído em paralelo à Avenida Expedicionário Weber, utilizando uma área onde encontrava-se a linha da antiga rede ferroviária. Assim, este projeto vem com uma proposta de conectar as outras áreas verdes do centro, que estão próximas ao Parque Tape Porã, porém estão com sua infraestrutura degradada e sendo cada vez mais subutilizada pela população.


“Os parques que apresentam condições ambientais adequadas são determinantes na utilização de parques para o desenvolvimento de atividades físicas e o lazer. Ou seja, podem contribuir na redução da prevalência de sedentarismo e auxiliar na promoção da saúde e bem estar, além de possibilitar o aumento do nível de atividade física dos ativos. Em contrapartida, a má qualidade do ambiente e a insatisfação dos usuários são determinantes ambientais negativos para o uso dos parques, de forma a vir descaracterizar estas funções associadas à qualidade de vida e saúde pública.” (SZERMETA e ZANNIN, 2013, p.2)

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2 O LOCAL


2.1. A CIDADE O município de Santa Rosa localiza-se na região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul e se distancia em cerca de 490km da capital Porto Alegre. Possuindo uma extensão territorial de 419km², a cidade faz fronteira com os municípios de Tuparendi e Tucunduva, à norte; Giruá, Ubiretama e Salgado Filho, à sul; Três de Maio, à leste; e Cândido Godoi e Santo Cristo, à oeste. Geograficamente, está situado a “54º 29’ 22” de longitude oeste de Greenwich e 27º 51’ 44” de latitude sul. Possui altitude média de 257 metros” em relação ao nível do mar (CHRISTENSEN, 2008, p. 369). Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), Santa Rosa apresentava, em 2010, ano do último censo, 68.587 habitantes e população es-

Fonte: IBGE Cidades (2019)

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timada para 2019 de 73.254 habitantes. Originalmente, a região foi habitada por indígenas do grupo Tapes, até a chegada de jesuítas e espanhóis, que iniciaram, a partir de 1962, o processo de catequização na região. A cidade foi parte integrante do território dos Sete Povos das Missões, fundado pelos jesuítas, e pertenceu, sucessivamente, às cidades de Porto Alegre, Rio Pardo e Santo Ângelo. Em 1876, ocorreu uma subdivisão no município de Santo Ângelo e, assim foi fundado o Distrito de Santa Rosa (SCHALLENBERGER, 1981). A emancipação, porém, ocorreu apenas em 1º de julho de 1931, através do decreto nº 4.823, assinado pelo Interventor do Rio Grande do Sul, José Antônio Flores da Cunha.


Fonte: Autora (2012)

Fonte: Lado B Santa Rosa (2018)

Fonte: Lado B Santa Rosa (2018)


O desenvolvimento da cidade, com a expansão da malha urbana e o aumento da população, ocorreu muito em virtude da chegada da estrada de ferro. Em 1932, começaram os esforços para estendê-la até a região noroeste e Santa Rosa estava localizada em um ponto estratégico, visto que se limita internacionalmente com a Argentina, além da existência de três portos localizados ás margens do Rio Uruguai, o que a caracteriza como um ponto importante de escoamento da produção agrícola e segurança da fronteira. Assim, em 1937, o distrito Cruzeiro, recebe a estação férrea Cruzeiro que, em 1940, estende-se em mais 5km, chegando até a sede de Santa Rosa. A ferrovia fazia a ligação de Santa Rosa a Santo Ângelo e, consequentemente, conectava a cidade com a capital e as regiões central e leste do Estado (CHRISTENSEN, 2008). Economicamente, Santa Rosa apresenta uma responsabilidade direta quanto ao desenvolvimento da região em que está inserida, e possui suas bases na indústria na, no setor metal mecânico, sendo o

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terceiro polo metal mecânico do Estado e na agropecuária. Neste último destacam-se os rebanhos de bovinos, a produção leiteira, a suinocultura e, principalmente, a produção de soja, sendo Santa Rosa responsável por cerca de 30% da produção do Estado, tanto que a cidade recebe o apelido de “Berço Nacional da Soja”. Além disso, mais de 50% da produção nacional da indústria de colheitadeiras encontra-se na região da cidade (SANTA ROSA, 2004). Santa Rosa encontra-se no bioma Mata Atlântica (IBGE, 2004) e a vegetação característica da região é composta pela Floresta Estacional Decidual, Floresta Ombrófila mista e Savana, campo e cerrado (RIO GRANDE DO SUL, 2002). O solo da região é classificado como Latossolo Roxo, o qual foi formado através de rochas eruptivas básicas e caracteriza-se por apresentar uma textura argilosa com coloração avermelhada. Este tipo de solo possui potencial agrícola, por apresentar boa estrutura e porosidade total elevada (RIO GRANDE DO SUL, 2002).


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2.2. AS PRAÇAS

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As três áreas verdes que compões este projeto – Praça da Bandeira, Praça 10 de Agosto e área verde sem uso definido –, estão localizadas no centro da cidade de Santa Rosa e são separadas por uma pequena distância física. Apesar de não possuem qualquer ligação física direta ou de linguagem do espaço, elas partilham de uma conexão simbólica e memorial: a antiga estação ferroviária da cidade. Isso porque todas nasceram e se consolidaram como espaços verdes em função da chegada da ferrovia e do local escolhido para a implantação da estação. O motivo de se optar pelo trabalho em áreas verdes centrais já existentes é o de que estas três áreas, cada uma a sua maneira, possuem uma série de problemas físicos que acarretam na má ou não utilização do espaço. Assim, o projeto visa requalificar e ressignificar estas áreas tão importantes para a vida da cidade.

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2.2.1. PRAÇA DA BANDEIRA A criação da Praça da Bandeira, inaugurada em 1947, foi motivada pela construção, no ano anterior, da nova sede - na época - da Prefeitura Municipal de Santa Rosa, que mudou de endereço em função da criação de um novo centro da cidade, após a chegada da linha férrea, em 1940. As primeiras vegetações recebidas na praça foram pequenas árvores ciprestes, que na época eram podadas em formas de animais e enfeites para alegrar as crianças de toda a comunidade. Por volta de 1970 a praça recebeu a construção de prédios de abrigo para taxistas, uma banca de jornal e revistas e sanitários públicos. Em 1990, através de uma parceria entre a Prefeitura Mu-

nicipal e a associação dos artesãos de Santa Rosa, foi construído uma pequena edificação que serve, até hoje, como espaço de venda de produtos artesanais. Atualmente, a Praça da Bandeira caracteriza-se como um espaço essencialmente de passagem, ligando pontos importantes do centro comercial da cidade, além de contemplar a realização das cerimônias da Semana da Pátria e outros atos cívicos, caracterizando-a, assim, como uma praça cívica - apesar da sede da Prefeitura Municipal ter mudado, mais uma vez, de endereço. É comum, principalmente nos sábados de manhã, que o espaço receba pequenas exposições de trabalhos manuais dos moradores, como arte-

sanatos, por exemplo. Apesar de sua importância histórica para o município, a Praça acaba não fazendo jus a esta, já que não há, hoje, nenhum marco visual em seus caminhos e seus canteiros encontram-se mal cuidados, contendo diversas partes onde a terra é aparente no local da grama. Além disso, pela Rua Cristóvão Colombo, há paradas de ônibus, que atuam como terminal, onde todos os ônibus que circulam pela cidade tem parada. Com isso, cria-se um frequente aglomerado de pessoas na calçada, que apesar de conter cerca de 6m de largura, acaba tornando-se estreita para passagem nos horários de maior fluxo.

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2.2.2. PRAÇA 10 DE AGOSTO

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Fonte: Autora (2019)


Inaugurada oficialmente em 11 de novembro de 1978, a Praça 10 de Agosto possui um pouco mais de 44.000m² e está localizada bem no centro de Santa Rosa. Foi construída no entorno da antiga estação ferroviária, a qual localiza-se dentro dela, mais na parte leste. Embora não se tenha conseguido informações a respeito do histórico desta área que foi nomeada com a data do aniversário do município, sua extensão territorial já estava loteada em um mapa de 1947, encontrado na monografia de Vicente Cardoso, “Município de Santa Rosa (monografia), deste mesmo ano. Atualmente, a praça conta com duas áreas de recreação infantil, um prédio onde funcionam os camelódromos da cidade, um módulo da brigada militar, uma edificação que comporta a feira de produtores locais, quadras esportivas, pista de skate e o museu municipal, que funciona no prédio da antiga estação férrea. Também existe uma construção onde funcionou, durante alguns anos, o espetáculo “águas dançantes”, que consistia em jatos de água coloridos que saiam des-

ta construção. No verão, a praça recebe o evento cultural chamado de “Verão Mágico”, onde ocorrem diversas disputas esportivas. A praça não possui uma linguagem definida e coerência entre as ambiências e usos. Algumas obras, como a construção dos camelódromos, por exemplo, foram executadas nos últimos anos sem conversar com a linguagem do todo, conferindo ao local um ar não agradável que demonstra a falta de planejamento. E isso somado à pontos que estão com estrutura em maior estado de degradação, como a própria frente do museu, acaba por afastar as pessoas da comunidade, que procuram outros espaços públicos de lazer para se apropriarem. É improvável que algum morador da cidade tenha percorrido a praça inteira, através de seus caminhos internos. Sendo assim e entendendo a importância deste espaço para o contexto urbano da cidade, este projeto terá ênfase em um projeto paisagístico para a praça, afim de resgatar sua importante memória histórica, criando um espaço agradável que estimule o uso da população.

Fonte: Autora (2019)

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2.2.2.1. MUSEU MUNICIPAL O prédio da antiga estação férrea de Santa Rosa, atual museu municipal, foi inaugurado em 12 de maio de 1940 e está localizado atualmente no centro urbano da cidade. Fora implantado, na época, em uma faixa plana de terra e estava ligado diretamente com a Estação Esquina, primeira estação da cidade que fora implantada no distrito de Cruzeiro, pertencente à Santa Rosa, em 1937. A linha férrea fora responsável pela ligação entre Santa Rosa e Santo Ângelo e, consequentemente, pela conexão de Santa Rosa com a capital, Porto Alegre (CHRISTENSEN, 2008). A construção da edificação impulsionou, nos anos seguintes, o desenvolvimento da zona de sua implantação, com o surgimento de dezenas de loteamentos que direcionaram o crescimen-

to da cidade para o lado leste, em direção à Vila de Cruzeiro. Com isso, houve ampliação do comércio na região, que resultou na criação de um novo centro e motivando, assim, a mudança de endereço da Prefeitura Municipal. Entretanto, “a cidade passou a ocupar uma área excessivamente grande, sem apresentar planejamento urbanístico, refletindo nas transformações advindas com o crescimento da economia e da população” (CHRISTENSEN, 2008). O edifício da estação férrea possui uma planta regular, térrea e está sobre um pódio, ordenado a partir de um eixo longitudinal paralelo à estrada de ferro. Foi construído em alvenaria de tijolos maciços e a cobertura caracteriza-se por um telhado de barro de quatro águas, além de um beiral em zinco

com mudança na inclinação, e que avança sobre a plataforma de embarque e desembarque. Em razão do balanço sobre esta área de embarque e desembarque, foram dispostas mãos francesas de ferro sobre a plataforma (PREISSLER, 2010). A linha férrea foi encerrada entre 1989 e 1992 e o prédio hoje abriga o museu do município. Seu acervo, bastante diversificado, que pouco tem a ver com a edificação de valor histórico em que está inserido, além de não possuir área física suficiente para que este acervo seja bem cuidado e exposto ao público. Em função disso que surge a proposta de restaurar e propor uma ampliação para este, mas sem entrar em nível de detalhamento já que o foco principal deste trabalho é o projeto de paisagismo da Praça 10 de Agosto.

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2.2.3. PRAÇA ESPORTIVA

Fonte: Autora (2019)

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Fonte: Autora (2019)


A terceira área de intervenção escolhida para ser trabalhada é um espaço de área verde sem uso definido e não loteado, à leste da Praça 10 de Agosto, delimitado pelas seguintes ruas: à oeste, Rua Teixeira Mendes (que divide o espaço da Praça 10 de Agosto e este ocioso); à leste, Rua Osmar Trommenschlager, que se liga na Travessa Expedicionário Izidoro Leal, fazendo a conexão com o existente Parque Linear Tape Porã; à norte, avança até a Rua Duque de Caxias, por trás dos lotes da rua Teixeira Mendes; e a sul, Avenida Expedicionário Weber. A área apresenta, ainda, cerca de 24.000 (vinte e quatro mil) metros quadrados, vazios, bem no centro da cidade. O espaço costuma ser utilizado como acampamento temporário por pessoas que estão de passagem na cidade, ou então para instalação de atividades como circos e parques de diversões, quando estes vêm à Santa Rosa. Além disso, foram feitas algumas movimentações de terra no local, criando pequenos morros para práticas de BMX (Bycicle Moto Cross), popularmente chamado de bicicross – esporte praticado com bicicletas, em pistas de terra. Assim, a intenção em intervir neste espaço é atribuir um caráter significativo e de importância a ele, retirando essa visão de espaço ocioso no meio do centro.

Fonte: Autora (2019)

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3 PRINCÍPIOS NORTEADORES


O projeto contém duas escalas de intervenção: macro e micro. Na macroescala, ou seja, no recorte geral da cidade, será trabalhada a união e a conexão das diferentes áreas verdes. Assim, a ideia é apropriar-se da escala humana, focando no pedestre e nos caminhos percorridos por ele, para pensar o espaço e utilizando conceitos como a sustentabilidade social. Segundo Gehl (2010), parte do foco deste conceito é “oferecer oportunidades iguais de acesso ao espaço público e também de se movimentar pela cidade”. Já na microescala, temos os projetos das áreas verdes propriamente ditas, onde o enfoque maior de detalhamento se dá na maior delas, a Praça 10 de Agosto, que engloba, também, o prédio da antiga estação férrea da cidade. Aqui, o objetivo é pensar os espaços de uma forma sensorial, aguçando os diferentes sentidos ao transitar pelas ambiências. Além disso, proporcionar espaços de lazer urbano de qualidade para que a comunidade se aproprie fortemente deles. Além disso, o projeto procura resgatar a memória da cidade, principalmente através da estrada de ferro, elemento importante para todo o desenvolvimento da cidade e criação das áreas verdes englobadas neste trabalho. Ainda na microescala, no recorte do prédio da estação férrea, a ideia é, além de resgatar sua memória, proporcionar maior visibilidade à edificação histórica e um espaço de qualidade para abrigar o acervo histórico do município.

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IRA KELLER FOUNTAIN A fonte Ira Keller, inaugurada em 1970, é a principal atração do parque Keller Fountain Park, localizando no centro da cidade de Portland, Oregon, Estados Unidos. A fonte foi projetada por Angela Danadjieva, arquiteta e paisagista que na época trabalhava no escritório Lawrence Halprin and Associates, que possui a autoria do tal. Para projetá-la, Angela se inspirou nas cachoeiras do Columbia River Gorge, um desfiladeiro localizado a leste de Portland. As piscinas da parte frontal contêm cerca de 75 mil galões de água e as cachoeiras bombeiam 13 mil galões de água por minuto sobre a cascata. A fonte Ira Keller proporciona um enorme impacto visual no parque onde está inserida, além de criar uma barreira física entre dois espaços do mesmo. A piscina em frente à cascata

Fonte: Arch Daily (2016)

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auxilia na percepção de monumentalidade da fonte e as plataformas de concreto (material rígido) localizadas sob à piscina, de acesso permitido, contrastam com a leveza da água, criando uma dinâmica no ambiente. As cascatas, também com formatos e tamanhos irregulares, criam um movimento interessante por trás da piscina, além de também brincarem com o contraste entre a dureza do concreto e a leveza da água, que aqui ainda possui o movimento da cachoeira. Esta referência inspirou a criação de um elemento que servisse como pano de fundo para as hastes das bandeiras, na Praça da Bandeira, o qual atua também como um ponto focal junto ao caminho principal, tornando-o mais interessante.


WANTOU E WANKE PARADISE

Fonte: Arch Daily (2018)

O projeto Wantou e Vanke Paradise Art Wonderland, do escritório ASPECT Studios, está localizado no distrito de Xin Zhan, na China e é datado de 2017. O partido do projeto busca proporcionar à comunidade uma experiência diversificada e dinâmica da vida urbana, com espaços planejados lúdicos, projetados com este fim. Todo o projeto usa como fonte de inspiração a Romã, trazendo-a em sua paleta de cores e mobiliários lúdicos. O que mais chama atenção neste projeto é a cobertura singular existente em um dos espaços de parque ou praça. Possui uma estrutura metálica leve e pigmentada na cor vermelha e conta com vazios (que lembram as sementes de Romã) e que permitem a passagem de luz natural. Além disso, sua forma é orgânica, criando um aspecto dinâmico no espaço. Assim, este projeto é uma referência para a Praça 10 de Agosto, onde se pretende criar uma cobertura dinâmica e atraente, para abrigar os espaços de feira.

Fonte: Arch Daily (2018)

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PRAÇA DAS ARTES

O complexo cultural localizado em São Paulo, SP, Brasil, é um projeto do escritório Brasil Arquitetura e foi inaugurado em 2012. O projeto contempla uma torre, em concreto aparente e pigmentada na cor vermelha, responsável pela conexão entre as edificações antiga e nova, que se destaca como o grande centro do conjunto. Entretanto, o que se observa neste projeto é um pequeno volume envidraçado presente no corpo do elemento vertical, que abriga uma escada. No projeto de ampliação do museu pretende-se criar um elemento de ligação entre as duas edificações, que abrigará justamente a circulação entre os elementos. Na Praça das Artes pode-se perceber que a escada envidraçada se torna um elemento leve, ideal para a realizar a conexão entre dois volumes distintos.

Fonte: Arch Daily (2012)

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PARQUE DRAPERS FIELD

Fonte: Arch Daily (2016)

O parque olímpico Drapers Field está localizado em Londres, no Reino Unido. O projeto é do escritório Kinnear Landscape Architects e foi inaugurado em 2014. A ideia do parque era criar um lugar de esporte e jogos na rota da Vila Olímpica, com melhorias das instalações esportivas. O diferencial aqui analisado são as formas ondulares, as quais criam espaços favoráveis para esportes cicláveis, por exemplo, além de serem um elemento lúdico e estético dentro do projeto. Além disso, a proposta conta com espaços de esportes integrados, rotas para ciclistas e espaços para caminhadas. Este projeto torna-se relevante para a nova praça, que será uma Praça Esportiva. O espaço possui hoje uma estrutura bastante precária, mas que visa propiciar a prática de bicicross, conforme já mencionado. Esta referência traz uma solução interessante para este fim.

Fonte: Arch Daily (2016)

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5 LEVANTAMENTOS E PROJETOS


ESCALA DA CIDADE


Fonte: Autora (2019)


LEVANTAMENTOS

ANÁLISE URBANA Hierarquia Viária O mapa da hierarquia viária apresenta, conforme definido no Plano Diretor Participativo de Desenvolvimento Sustentável, de 2017, a marcação, em planta, das rodovias de acesso à cidade de Santa Rosa, bem como, as vias estruturais, arteriais, coletoras e locais. Também foi marcado o trecho da cidade que ainda possui os trilhos da linha ferroviária. Procurou-se manter uma hierarquia visual de cores e espessuras de linhas para facilitar a compreensão do mapa. As vias estruturais são definidas como “vias de elevada capacidade de tráfego que têm como objetivo promover a interligação viária entre diferentes quadrantes da cidade”. Observa-se que o local onde a área de estudo deste trabalho está inserida, é o ponto de ramificação de todas as vias estruturais da cidade, o que enfatiza a importância deste espaço. Já as vias arteriais são aquelas de “elevada capacidade de tráfego que têm como objetivo promover a ligação entre diferentes bairros ou regiões da cidade”, enquanto as vidas coletoras “são vias que ligam um ou mais bairros entre si e coletam ou distribuem o trânsito dentro das regiões da cidade, principalmente a partir das vias arteriais e estruturais”. Por último, as vias locais são consideradas as “via que distribuem o tráfego internamente ao bairro, destinadas ao acesso local ou às áreas restritas”.

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Via Estrutural

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Via Arterial LEGENDA

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ANÁLISE URBANA Rotas Cicláveis Conforme é possível perceber claramente no mapa, Santa Rosa carece de vias para ciclistas, possuindo apenas um trecho de ciclofaixa, localizando junto a uma via estrutural, e dois trechos de ciclovia, um também junto a uma via estrutural e outro junto a uma rodovia. O trecho de ciclofaixa, maior entre eles, acompanha as Av. Expedicionário Weber e Av. Flores da Cunha, fazendo assim a conexão entre o centro da cidade e o bairro Cruzeiro, um dos mais importantes no contexto urbano. Esta ciclofaixa termina praticamente no mesmo ponto onde começa a área de estudo deste projeto. Acerca da situação das rotas cicláveis no município, foi realizado um estudo de diagnóstico com algumas poucas diretrizes no Plano de Mobilidade Urbana de Santa Rosa, de agosto de 2011. Este plano, porém, apresenta um estudo bastante incompleto e muitas das diretrizes apresentadas não foram seguidas. O Plano Diretor de 2017 não apresenta informações sobre as ciclovias e ciclofaixas, nem propostas e/ou diretrizes. Segundo Gehl (2010), cidades sustentáveis são aquelas onde as pessoas podem tanto caminhar quanto pedalar, possuindo, assim, “oportunidades iguais de acesso ao espaço público e também de se movimentar pela cidade”. Assim, a sustentabilidade social existe quando as pessoas têm acesso àquilo que a cidade oferece,Legenda independente de possuírem ou não um veículo individual. Rodovia Ferrovia Assim, Santa Rosa não pode ser consideraVia Estrutural da uma cidade sustentável já que, claramente, prioriza o transporte através dos carros. Via Arterial Via Coletora Via Local Área de Estudo

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LEVANTAMENTOS ANÁLISE URBANA Transporte Público O transporte público de Santa Rosa, atualmente, se dá exclusivamente através dos ônibus e apenas uma empresa, a Expresso Toda Hora, é responsável por todas as linhas. Quantitativamente e de forma geral, pode-se dizer que a cidade é bem atendida pelas 10 linhas existentes. Todas as 10 linhas possuem parada em frente à Praça da Bandeira, pela Rua Cristóvão Colombo, caracterizando este ponto como uma espécie de terminal rodoviário. Embora seja vantajoso que todas as linhas desemboquem em algum momento no centro da cidade, a falta de uma estrutura de terminal e a utilização de um único ponto para todas paradas ocasiona um enorme conflito, especialmente nos horários de maior fluxo. Há aglomeração excessiva de pessoas nas calçadas da Praça e em frente às lojas, pelo outro lado a rua. Devido a esta aglomeração, a Praça da Bandeira acaba tendo menos visibilidade e, consequentemente, menos utilização, mesmo estando localizada bem no centro de Santa Rosa, já que as pessoas acabam gerando uma espécie de “barreira” em frente a ela. Legenda Linha Distrito Industrial - RS344 Linha Auxiliadora Linha Planalto Linha Sulina Linha Timbaúxa - Sest Senat Linha Parque de Exposições

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Linha Intervilas

Linha Distrito Industrial - Linha RS344Distrito Industrial Linha Auxiliadora

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Linha Planalto

Linha Guia Lopes

Linha Sulina

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ANÁLISE URBANA Principais Pontos de Interesse

Os principais pontos de interesse aqui levantados são: Unidade de Pronto Atendimento (UPA) – 24h, hospitais, prefeitura, antiga prefeitura, cinema, biblioteca municipal, Legenda museu municipal, mercado público UPAjustiça 24h (feira), câmara de vereadores, federal, principais pontos educacioHospitais nais (escolas, creches e universidades sem distinção entre públicas e privaPrefeitura das), áreas verdes e vazios urbanos. Cinema

É possível perceber que a Biblioteca Municipal maioria destes locais está localizado no miolo central da cidade, muito Municipal próximo à área de estudo,Museu aumentando, ainda mais, a importância Mercado Municipal (Feira) dela para o contexto da vida urbana da cidade. Além disso, pode-se diCâmara de Vereadores zer que a área das praças escolhidas para o projeto está inseridaJustiça em amFederal biente extremamente cultural, já que em seu entorno imediato éPrincipais possívelPontos Educacionais encontrar o único cinema da cidade, Áreas Verdes a biblioteca municipal e o prédio da antiga prefeitura, que possui projeUrbanos to para se tornar um centroVazios cultural. Lotes Recorte Área de Estudo Perímetro Urbano

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Legenda UPA 24h Hospitais Prefeitura Antiga Prefeitura Cinema Biblioteca Municipal Museu Municipal Mercado Municipal (Feira) Câmara de Vereadores Justiça Federal Principais Pontos Educacionais Áreas Verdes Vazios Urbanos Lotes Recorte Área de Estudo Perímetro Urbano


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LEVANTAMENTOS

ANÁLISE URBANA Centro Comercial Conforme já fora mencionado anteriormente, as praças componentes deste projeto estão inseridas no miolo central da cidade de Santa Rosa. Ao redor desta área, encontra-se, portanto, o centro comercial da cidade. Para melhor análise, definiu-se uma área de recorte em torno da área de estudo para marcação deste centro comercial, classificado em lazer e serviços. A classificação referente ao lazer engloba aqueles usos mais permanente, onde as pessoas se demoram mais, em seu tempo livre, como bares, lancherias, sorveterias e restaurantes, por exemplo. Já os pontos com enforque no serviço são aqueles com uma finalidade mais imediata e prática no contexto do cotidiano, como lojas, bancos, farmácias, etc. A partir desta análise pode-se perceber que, apesar da grande maioria dos pontos serem de serviço, existe uma enorme quantidade dos pontos de lazer, o que significa que a área está repleta de lancherias e bares. Na parte leste, ao final da área que engloba a terceira praça, existe um espaço sequencial destinado justamente à bares, que vem se consolidando cada vez mais. Com isso, a área do entorno do projeto possui, além da vida diurna do cotidiano, uma vida noturna, fazendo necessário que o projeto permita e favoreça a utilização dos espaços públicos de lazer também no turno da noite, de forma plena e segura.

Legenda Centro Comercial - Lazer Centro Comercial - Serviços Área de Estudo Lotes Quadras e Canteiros

50

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0

100

200

m

N

0

100

200

m

N

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51


LEVANTAMENTOS ANÁLISE URBANA Área de Recorte

O mapa a seguir apresenta a área de recorte que seja trabalhada na escala da cidade, para os projetos de intervenção urbana. Nele, estão demarcadas as cotas gerais dos espaços e os sentidos das vias. Neste entorno, há apenas duas vias de sentido único, que vão na mesma direção e estão posicionadas sequencialmente,

sendo todas as demais de sentido duplo. Percebe-se que a região apresenta alguns problemas de desenho urbano, tais como largura de vias e de calçadas, sendo estas últimas mais estreitas que o recomendado para uma cidade sustentável, ou seja, com enfoque no pedestre.

356.62

139.40

26.17

.73

52

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12.14

.81

90

87


0

100

200

m

13.33

N

43.95

130.24

35.47

43.95 12.49

394.47

9.13

35.47

269.92

13.83

130.24

12.49

15.62

12.14

139.40

356.62

269.92

13.33

13.83

121.38

394.47

9.13

15.62

121.38

0

0

100

100

200

m

N

200

m

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53


PROPOSTA SENTIDO E DIMENSÕES DE VIAS E CALÇADAS As principais mudanças consistem no estreitamento da via que une a Praça 10 de Agosto com o novo espaço de área verde – denominado aqui de Praça Esportiva –, afim de transformá-la em uma rua mista entre veículos e pedestres, com sentido único na direção sul -> norte. Dessa forma, a antiga rótula que existia ali, de forma bas-

tante confusa, foi retirada, promovendo uma maior fluidez no trânsito deste local. A via oposta, paralela à nova Rua Mista, pelo lado oeste da Praça 10 de Agosto, também sofreu estreitamento e perda do sentido duplo, para que fosse possível alargar a calçada da quadra seguinte, que possui predominância de uso de comerciais de lazer.

369.48

co

ran

io B

.R

Av

139.33

8.46 11.12

.72

TRILHOS | 2019/2

11.99

.81 90

54

87


0

100

200

m

N

Legenda Parada Ônibus Rota Ônibus

Legenda

Sentido da Via Parada Ônibus Rota Ônibus

138.08

Sentido da Via

387.38

5.73

33.95

4.00

8.32 22.62

35.56

128.62

45.16

119.72

0

100

200

m

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55


PROPOSTA NOVAS ROTAS E PARADAS DE ÔNIBUS

Legenda Parada Ônibus Rota Ônibus Sentido da Via

56

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co

ran

io B

.R

Av


0

100

200

m

N

0

100

200

m

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PRAÇA DA BANDEIRA


Fonte: Autora (2019)


LEVANTAMENTOS ÁREA ATUAL DA PRAÇA (COM ALTERAÇÕES DO PROJETO NA ESCALA DA CIDADE)

3

4.7

1

.00

80

.5 79

4

4.6

6.3

Legenda Áreas Urbanizadas Marcação Praça da Bandeira

60

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0

100

200

m

N

7

3.5

1

9.5

7

3.5

1

6.3

31 *O levantamento das espécies arbóreas será realizado para o próximo semestre*

0

10

20

m

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61


LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

62

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Todas as imagens são de fonte autoral (2019)

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PROPOSTA

TRAÇADO A Praça da Bandeira, como o próprio nome indica, possui um caráter de praça cívica, além de poder ser categorizada como uma praça de passagem. Neste projeto, decidiu-se manter estes caráteres e por isso, optou-se por um traçado geometrizado, com um eixo principal no sentido sudeste-noroeste, ou seja, da Rua Cristóvão Colombo (que contém atualmente o fluxo de ônibus) para a Av. Rio Branco, fortemente comercial. O traçado geométrico foi inspirado nos clássicos jardins franceses tradicionais, porém adaptados para um viés contemporâneo. Esta tipologia de traçado possui forte marcação dos caminhos, enfatizando-os através de elementos paisagísticos. Aqui, optou-se por fazer esta marcação através de grandes canteiros, responsáveis também por preservar ao máximo possível a vegetação existente atual. Portanto, o traçado transformou-se justamente na marcação dos canteiros e dos caminhos da praça, sofrendo ajustes finos em função da vegetação. Apenas um trecho do traçado foi cortado, afim de possibilitar a criação de um enorme largo em frente ao prédio da antiga prefeitura, para contemplar a estrutura das bandeiras, hasteadas nos eventos cívicos. Vale ressaltar que a praça hoje possui um alargamento com este mesmo fim e ele está localizado neste mesmo local, então apenas modificou-se sua geometria espacial.

64

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0

100

200

m

N

0

10

20

m 0

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10

65

20


PROPOSTA A partir do traçado base definido, lançou-se a proposta dos canteiros e caminhos. O ponto focal e ápice deste projeto é o espelho d’agua, localizado junto ao caminho principal e em frente ao largo cívico. Este elemento foi inspirado na fonte Ira Keller, de Lawrence Halprind e Associados e atua como pano de fundo para as bandeiras, além de ser um ponto focal durante a passagem. Além disso, contribui para uma sensação de bem-estar no verão, visto que Santa Rosa possui temperaturas bastante elevadas nesta estação. O espelho d’agua possui estruturas em concreto em diferentes níveis e tamanhos, que podem ser acessadas, além de uma cascata, também com estrutura de concreto. A estrutura de suporte das bandeiras foi projetada para que tivesse a mesma linguagem das estruturas do corpo d’agua, mantendo assim suas proporções e material (concreto).

0

66

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10

20 m


N

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67


PROPOSTA

0

100

APROVEITAMENTO DAS ÁRVORES E CORTE ESQUEMÁTICO N

A Legenda Árvores a Manter

Árvores a Remover

0 0 10

68

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10 20 m

20 m


0

10

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20 m

69


PERSPECTIVAS PROPOSTA

70

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71


PRAÇA 10 DE AGOSTO


Fonte: Autora (2019)


LEVANTAMENTOS ZONEAMENTO ATUAL DA PRAÇA (SEM ALTERAÇÕES DO PROJETO NA ESCALA DA CIDADE)

74

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0

100

200

m

N

0 10 Fonte: Adaptado de material fornecido pela arquiteta Paula Lehr, formada pela UFSM em 20 2018/2 m 0

10

20

m

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LEVANTAMENTOS ÁREA ATUAL DA PRAÇA (COM ALTERAÇÕES DO PROJETO NA ESCALA DA CIDADE)

76

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0

100

200

m

N

139.33

368.73

139.33

368.73

*O levantamento das espécies arbóreas será realizado para o próximo 0 10 semestre* 20 m

0

10

20

m

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

78

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Todas as imagens são de fonte autoral (2019)

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

80

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Todas as imagens são de fonte autoral (2019)

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81


LEVANTAMENTOS

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Todas as imagens são de fonte autoral (2019)

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PROPOSTA: CAMINHOS PRINCIPAIS E ZONEAMENTO

Av. Rio Branco

Tr. Butantã

LAGO ARTIFICIAL

ÁREA DE RECRE INFANTIL

Av. Expedi

84

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0

100

200

m

N

Cobertura para feira

ÁREA DE RECREAÇÃO INFANTIL

EAÇÃO

icionário Weber

0

10

20 m

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PROPOSTA

Av. Rio Branco

Tr. Butantã

LAGO ARTIFICIAL

ÁREA DE RECREA INFANTIL

Av. Expedici

Legenda Árvores a Manter

Árvores a Remover

Árvores Novas

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0

100

200

m

N

Cobertura para feira Cobertura para feira ÁREA DE RECREAÇÃO ÁREA DEINFANTIL RECREAÇÃO INFANTIL

AÇÃO ÇÃO

ionário Weber nário Weber

0

10

20 m

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MUSEU MUNICIPAL


Fonte: Autora (2019)


LEVANTAMENTOS

PLANTA DE LOCALIZAÇÃO DO MUSEU DENTRO DA ÁREA DA PRAÇA (COM ALTERAÇÕES DO PROJETO NA ESCALA DA CIDADE)

218.48

90

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0

100

200

m

71.07

N

108.95

71.07

10.05

41.28

10.05

108.95

58.24

58.24

41.28

0

10

20 m

0

10

20 m

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO ENTORNO

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Todas as imagens são de fonte autoral (2019)

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LEVANTAMENTOS

O MUSEU HOJE Com uma área útil de 351,51m², que engloba o prédio da antiga estação férrea mais um anexo para banheiros e depósito, o Museu Municipal de Santa Rosa possui um enorme e diversificado acervo e pouco espaço físico para comportá-lo e exibi-lo de forma adequada. Hoje é possível encontrar desde utensílios indígenas, que vieram do antigo Museu Vicente Cardoso; peças da antiga estação ferroviária; instrumentos utilizados nas primeiras igrejas da Vila 14 de Julho (atual município de Santa Rosa); o cenário de um arma-

zém de secos e molhados (típica casa comercial dos meados do século 20 que vendia tecidos, ferragens, louças, alimentos, etc.); um gabinete do prefeito, resquício da antiga prefeitura; uma sala de aula dos anos 40; cenários de uma antiga residência, composta de sala, dormitório e cozinha; até o Arquivo Histórico Municipal, que reúne cerca de quinze mil fotografias, vários exemplares de jornais e periódico sediados no município, e inúmeros documentos utilizados ao longo da história pela Prefeitura Municipal.

2.30

.30 1.65 .15

4.00

.15

3.00

.15

.30

.30

RAMPA

3.80

94

TRILHOS | 2019/2

A

ÁREA A=4,60m² COZINHA

DESPENSA A=3,22 m²

SALA A=12,25m²

SA A=14

SALA A=14,70m²

60/2.20

A=5,69m²

SALA A=8,40 m²

60/2.20

DEPÓSITO WC

A=2,06 m²

SALA A=11,20m²

.25

7.05 WC

BANHEIRO A=2,72m²

CIRCULAÇÃO A=1,65m²

.30 1.50 .15 1.75

3.65

.15 1.53 .15 1.67 .15

.15 1.35 .15 1.70 .15

A=2,25m²

COPA A=6,44m²

2.80

3.50

ANTIG


0

100

200

m

N

32.30 4.30

.15

4.25

.15

8.10

.30

.30

.15

SANIT. FEM.

SANIT. MASC.

A=5,74 m²

SALA A=27,73 m² CIRCULAÇÃO A=3,65 m²

ALA 4m²

A=5,74 m²

SALA A=54,87 m²

6.45

SALA A=8,12m²

.30

SALA A=12,03 m²

GA PLATAFORMA

33.98

RAMPA

3.00

2.90

4.10

41.88

PLANTA BAIXA ATUAL MUSEU Escala: 1/150 Fonte: Material de levantamento do IFFAR - Câmpus Santa Rosa

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO INTERNO

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Todas as imagens são de fonte autoral (2019)

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO INTERNO

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Todas as imagens são de fonte autoral (2019)

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO INTERNO

100

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Todas as imagens são de fonte autoral (2019)

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PROPOSTA

PLANTA DE LOCALIZAÇÃO DO MUSEU E DA AMPLIAÇÃO DENTRO DA ÁREA ATUAL DA PRAÇA O volume de ampliação foi pensado em conjunto com a edificação existente, utilizando-se de suas proporções, ângulos e materiais para criar uma proposta contemporânea, mas que “conversasse” com a linguagem do museu. Escolheu-se por um partido quadrado, em estrutura metálica, leve e modulada. O volume ficou com uma área total de 343,43m², dispostos em três pavimentos – sendo o primeiro semi-enterrado. O novo volume inicia exatamente na metade do volume antigo, transversalmente.

215.63

102

TRILHOS | 2019/2


0

100

200

m

70.73 70.73

64.33 64.33

N

7.05 7.05

108.79 108.79

61.46 61.46

64.40 64.40

10.70 10.70

3.70 3.70 10.70 10.70 29.70 29.70

0 0 10 1020 m 20 m

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PROPOSTA

0

A proposta de intervenção no museu possui duas escalas: a edificação existente e uma nova. Na área existente, optou-se por demolir as áreas de anexo, construídas depois e buscou-se aproveitar o máximo possível do original, fazendo adequações mínimas para atender à demanda de zoneamento de 100 200 m um museu de forma adequada. Assim, na parte da estação ficarão localiza-

dos um pequeno café, aproveitando a maior área de sala existente e a parte onde hoje são os banheiros; a recepção, no mesmo lugar que funciona hoje, aproveitando as portas de acesso pelos dois lados; três salas para consulta e pesquisa do acervo atual; e um espaço de corredor de exposições que encaminha o visitante rumo à nova edificação.

N

.20

Parede de 20 cm no térreo, com h= 1m

3.30

.20

Projeção parede de contensão

.20

Estrutura metálica 20x20

3.30

3.10

3.30

.20 3.30

.20

3.30

.20

3.30

10.70

.20

3.70

3.30

.20 .50

3.00

.30 RAMPA

3.80

104

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12.00

ESPAÇO DE EXPOSIÇÕES E ACESSO À AMPLIAÇÃO

VOLUME CONEXÃO

.20

.50

.20 .30

3.30 .20.25

.20

.20

10.70

VOLUME AMPLIAÇÃO

SALA PARA CONSULTA DO ACERVO

SALA PARA CONSULTA DO ACERVO

3.50

4.20

.15

SALA

.15


Já no volume da ampliação estarão situados a maior parte do acervo do museu. Assim, foi proposto uma organização em três pavimentos, sendo o primeiro semi-enterrado, onde ficará exposta toda a parte arqueológica. Este pavimento receberá iluminação através de janelas altas, por dentro, que ficarão próximas ao chão, pelo lado de fora, atraindo o olhar curioso de quem estiver passando pelo seu en-

torno. O segundo pavimento contará com o restante do acervo, que poderá ser organizado em diferentes ambiências, de forma a melhor atender as necessidades. E no último pavimento estará a parte administrativa, junto com um espaço para armazenamento e manutenção daquilo que não estiver exposto, áreas que carecem demasiadamente de espaço na organização atual.

TÉRREO ESQUEMA DE ZONEAMENTO DA AMPLIAÇÃO Sem Escala

Legenda

1º PAV. = ACERVO ARQUEOLÓGICO 2º PAV. = ACERVO GERAL 3º PAV. = ADMINISTRATIVO E ARMAZENAMENTO DO ACERVO NÃO EXPOSTO VOLUME DE CONEXÃO

29.70 4.30

.15

12.50

.30

.30

.15

.15 CAFÉ

7.05

RECEPÇÃO

6.45

.15

.30

A PARA CONSULTA DO ACERVO

4.00

.15

4.30

.06

12.50

.30 RAMPA

ANTIGA PLATAFORMA

33.98

4.10

PLANTA BAIXA ATUAL PROPOSTA Escala: 1/150

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PRAÇA ESPORTIVA


Fonte: Autora (2019)


LEVANTAMENTOS ÁREA ATUAL DA PRAÇA (COM ALTERAÇÕES DO PROJETO NA ESCALA DA CIDADE)

Legenda Áreas Urbanizadas Marcação Praça Esportiva

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0

100

200

m

N

*O levantamento das espécies arbóreas será realizado para o próximo semestre* 0

10

20 m

0

10

20 m

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LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

110

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Todas as imagens são de fonte autoral (2019)

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PROPOSTA

EIXO LONGITUDINAL PRINCIPAL

M.B.

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CAMELÓDR


A proposta de intervenção neste espaço consiste em retirar o seu caráter de vazio urbano e torná-lo atrativo para a população, além de fazer a conexão entre as demais áreas verdes do projeto, especialmente a Praça 10 de Agosto, e o parque linear Tape Porã. Dessa maneira, optou-se por dar ao espaço um caráter esportivo, concentrando todas as atividades de uso esportivo, neste local. Assim, a praça contará com infraestrutura necessária e adequada para poder receber campeonatos, como o Verão Mágico, por exemplo, que poderá inclusive ser ampliado para conter mais modalidades.

ROMOS

0

10

20 m

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6 REFERÊNCIAS


SZEREMETA, B.; ZANNIN, P. A Importância dos Parques Urbanos e Áreas Verdes na Promoção da Qualidade de Vida em Cidades. Raega: o espaço geográfico em análise. Curitiba, v. 29, p. 177-193. Dezembro, 2013. Disponível em: <https:// revistas.ufpr.br/raega/article/view/30747/21483> Acesso em: 16 nov. 2019. CHRISTENSEN, T. Santa Rosa: História e Memórias. 1º ed. Porto Alegre. Ed. Pallot, 2008, 377p. SCHALLENBERGER, Erneldo. Santa Rosa: história e desenvolvimento. Santa Rosa: Kunde, 1981. 202 p. KLEIN, Pâmela. Biblioteca Pública Municipal de Santa Rosa. 2016. Pesquisa apresentada ao Curso de Arquitetura e Urbanismo, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista. SANTA Rosa. IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA Cidades. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/santa-rosa/ panorama> Acesso em: 23 nov. 2019. PERFIL das Cidades Gaúchas. SEBRAE/RS, 2019. Disponível em: < https://datasebrae.com.br/municipios/rs/Perfil_Cidades_Gauchas-Santa_Rosa.pdf> Acesso em: 23 nov. 2019. PREISSLER, C. Identificação de Bens Edificados Considerados Patrimônio Cultural: O Caso do Município de Santa Rosa. 2010. 114 p. Dissertação (Mestrado em Patrimônio Cultural) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2010. GEHL, Jan. Cidade para Pessoas; tradução Anita Di Marco. 1ª edição. São Paulo: Perspectiva, 2013. IRA Keller Fountain Park. WikiArquitetura, 2019. Disponível em: <https://en.wikiarquitectura.com/building/ira-keller-fountain-park/> Acesso em: 23 nov. 2019. WONG, Joana. Hefei Wantou & Vanke Paradise Art Wonderland Fase 1/ASPECT Studios. ArchDaily, 2018. Disponível em: <https://www.archdaily.com. br/br/892089/hefei-wantou-and-vanke-paradise-art-wonderland-fase-1-aspect-studios?ad_source=search&ad_medium=search_result_projects> Acesso em: 23 nov. 2019. PRAÇA das Artes. Vitruvius, 2013. Disponível em: <https://www.vitruvius.com. br/revistas/read/projetos/13.151/4820> Acesso em: 23 nov. 2019.

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PRAÇA das Artes / Brasil Arquitetura. ArchDaily, 2013.Disponível em: <https:// www.archdaily.com.br/br/626025/praca-das-artes-brasil-arquitetura> Acesso em: 23 nov. 2019. PARQUE Olímpico Drapers Field / Kinnear Landscape Architects. ArchDaily, 2016. Disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/801152/parque-olimpico-drapers-field-kinnear-landscape-architects?ad_source=search&ad_medium=search_result_projects> Acesso em: 23 nov. 2019. LEI Complementar n 118/2017. Plano Diretor Participativo de Desenvolvimento Sustentável do Município de Santa Rosa. 2017

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