SIMBOLOGIA & ESPAÇO
proposta de requalificação urbana do bairro peirópolis - mg LAURA SANTOS
Tra b a l ho F inal de Gr aduação em Arquit et ur a, Ur b a ni s m o e P a i s a gi s m o U N E SP - F aculdade de Arquit et ur a, Ur banismo e P a i s a gi s m o ( FA A C ) Bauru - Novembro, 2018
SIMBOLOGIA & ESPAÇO
proposta de requalificação urbana do bairro peirópolis - MG La ur a C a rol i na S a nt os p rof. d r. N i l s on G hi r a rd e l l o
A experiência de conforto e bem estar nas cidades está intimamente ligada ao modo de estrutura urbana e o espaço da cidade se harmonizar com o corpo humano, seus sentidos, dimensões espaciais e escalas correspondentes. Se não houver bons espaços e boas escalas humanas, não existirão as qualidades urbanas cruciais.
CIDADE PARA PESSOAS, JAN GEHL
agradecimentos À minha família, por acreditar, incentivar e tornar possível. Aos doutores Nilson Ghirardello e Vladmir Benincasa pelos aprendizados. Aos laços estabelecidos durante a graduação, pelo apoio e companheirismo. À Associação dos Amigos do Sitio Paleontológico de Peirópolis pelo suporte e atenção. A Deus, pois sem Ele nada seria.
abstract
Historical and cultural heritages are a valuable commodity to humanity that are increasingly threatened by human activity and unplanned development of cities. Through the case study of the Peirรณpolis neighborhood, located in the city of Uberaba-MG, it is proposed the urban requalification of a multifaceted area, which has scientific, historical and cultural importance for the municipality. This study has as main objectives the elaboration of a Plan of Urbanistic and Landscape Guidelines for the area registered by the municipal decree nยบ 2544, as well as a Project of Urban Requalification for this space. And so, to promote the adequate environment between its built, natural and immaterial heritage - respecting its identity characteristics - in order to propose the sustainable development of this neighborhood and the concretization of an adequate proposal of urban planning for this space.
KEYWORDS: Uberaba; Peirรณpolis Neighborhood; Historical Patrimony; Urban Planning; Urban Requalification.
resumo
Os patrimônios históricos e culturais são um bem valioso para a humanidade que estão a cada dia mais ameaçados pela atividade humana e o desenvolvimento não planejado das cidades. Através do estudo de caso do bairro Peirópolis, localizado na cidade de Uberaba-MG, propõe-se a requalificação urbana de uma área tombada de caráter multifacetado e que possui importância científica, histórica e cultural para o município. Este estudo tem como objetivos principais a elaboração de um Plano de Diretrizes Urbanísticas e Paisagísticas para a área tombada pelo decreto municipal nº 2544, bem como um Projeto de Requalificação Urbana para este espaço. E assim, promover a adequada ambiência entre seus patrimônios edificados, naturais e imateriais – respeitando suas características identitárias – de modo a propor o desenvolvimento sustentável deste bairro e a concretização de uma proposta adequada de planejamento urbano para este espaço.
PALAVRAS-CHAVE: Uberaba; Bairro Peirópolis; Patrimônio Histórico; Planejamento Urbano; Requalificação Urbanística.
sumário as temáticas 01. introdução
I
02. das cidades ao urbanismo 03. a percepção ambiental 04. o patrimônio industrial
sobre o bairro
II
05. história e formação 06. legislações municipais 07. conjunto arquitetônico tombado
levantamentos & análises 08. uso e ocupação do solo 09. sistema viário
III
10. infraestrutura urbana 11. áreas verdes 12. entrevistas com usuários
plano de diretrizes urbanísticas 13. mobilidade local e pedestrianismo 14. sustentabilidade e ecologia
IV
15. valorização e vivacidade dos espaços públicos 16. desenvolvimento da comunidade local 17. melhorias na infraestrutura urbana
projeto de requalificação 18. o bairro: proposta geral 19. a praça frederico peiró
V
20. espaço para eventos 21. a horta urbana 22. o terminal de mobilidade urbana 23. considerações finais
referencial teórico
VI
24. referências bibliográficas 25. anexos
parte I
as temรกticas
01 Uberaba, Minas Gerais, é uma cidade de porte médio, com uma população de 295.988 habitantes e área territorial total de 4.523,957 km², segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2010. Localizada na região do Triângulo Mineiro, sua posição é estratégica, pois está nas proximidades da divisa com o estado de São Paulo. Sua importância regional se dá principalmente devido à economia agropecuária, em especial à zebuínocultura, e ao seu histórico cultural diversificado, com um extenso acervo de Patrimônios Materiais e Imateriais tombados pelo Conselho de Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba (CONPHAU) – instância municipal de conservação de patrimônios – tendo como elementos mais relevantes as edificações de caráter religioso. Sua riqueza, porém, não se limita a seus elementos edificados; abrange também seus aspectos geológicos e territoriais, com importantes descobertas paleontológicas desde meados do século XX nas proximidades do atual Bairro de Peirópolis, antigo Cambará, localizado a cerca de 20 quilômetros do centro da cidade de Uberaba. Peirópolis, por sua vez, é um bairro com particularidades que o destacam das demais localidades da cidade: junto a seu acervo paleontológico, de grande importância para a comunidade
introdução
científica nacional, possui um complexo ferroviário datado do final do século XIX, fundado pela antiga Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação (CMEF). Além disso, apresenta expressivo valor ambiental e paisagístico local devido a sua proximidade a diversas trilhas e cachoeiras. Outra característica relevante, de caráter imaterial e histórico-cultural, é a tradição da culinária mineira, com a produção caseira de doces pelos moradores locais e a presença de diversos restaurantes de comida típica. Esses variados aspectos estruturadores da identidade do bairro o tornam em um fato urbano com grande potencial para a promoção do desenvolvimento local, municipal e regional. Dentre as ações de valorização desses elementos identitários de Peirópolis, a primeira iniciativa ocorre no ano de 1992, com a criação de um polo científico de estudos paleontológicos por parte da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) – o Complexo Cultural e Científico de Peirópolis (CCCP) – constituído pelo Museu dos Dinossauros, instalado na antiga estação ferroviária de Peirópolis; a Sede do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis; e o Centro de Pesquisa Paleontológicas “Llewellyn Ivor Price”. Posterior a esta ação, foi ratificada em 1994, a Lei Municipal nº 5349 que delibera o tom-
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bamento do Complexo Ferroviário de Peirópolis, constituído pela antiga estação, a casa de hóspedes, a casa dos vigias e os seus armazéns. Ressalta-se que em julho de 2000, esta lei de tombamento foi reformulada, com a aprovação do Decreto Municipal de nº 2544, que tomba o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Peirópolis, ampliando assim a sua área de conservação, por meio da descrição de um perímetro tombado. Com a valorização desta área de interesse histórico e paleontológico na cidade de Uberaba, principalmente após a implantação do Complexo Cultural e Científico de Peirópolis (CCCP), e com a crescente preocupação em relação à preservação do patrimônio natural mundial, em especial por órgãos de proteção como a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e pelo Serviço Geológico do Brasil, estudos que determinam a importância da manutenção e a requalificação desta unidade territorial buscam instituir toda a região da cidade de Uberaba como uma área de Geoparque, e Peirópolis, por sua vez, como um de seus geossítios constituintes. Para a UNESCO (2016), entende-se como Geoparque áreas geográficas unificadas, os quais a paisagem tem significado geológico e que são geridas através de normas de
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proteção, educação e sustentabilidade, de modo a conectar a herança geológica local com o patrimônio natural e cultural da área, e assim, conscientizar a sociedade sobre a importância destes recursos. Já os geossítios, conforme Ribeiro (2014), constituem um ou mais elementos da geodiversidade, delimitados geograficamente, que apresentem algum tipo de valor científico, educativo, cultural, turístico, etc. (BRILHA, 2005, apud RIBEIRO, 2014, p. 10). Este presente estudo busca embasar a elaboração de diretrizes projetuais urbanísticas e paisagísticas, assim como desenvolver um projeto de requalificação para a área inserida no perímetro tombado pelo Decreto Municipal nº 2544 de 12 de Julho de 2000 do bairro de Peirópolis, na intenção de promover o desenvolvimento econômico sustentável, cultural e científico que favoreça na consolidação deste como geossítio e que promova a requalificação dos seus elementos identitários, de modo a integrar este espaço urbano, seus patrimônios e seus bens naturais. A partir do levantamento físico da área juntamente à avaliação documental da legislação vigente e da história da formação do bairro, pretende-se fazer uma análise integrada dos elementos que constituem este espaço, e aplicar estraté-
gias de planejamento urbano humanizado e da teoria “slow city”, de modo a ordenar, desenvolver e valorizar este espaço, associando todos os seus aspectos espaciais, sociais, históricos, econômicos, científicos, naturais e culturais.
— Inventariar as propostas públicas existentes que se referem à estruturação espacial do Bairro de Peirópolis, para criar um banco de dados que forneça subsídios para o desenvolvimento de diretrizes urbanísticas;
objetivo
— Elaborar um Plano de Diretrizes Urbanísticas e Paisagísticas, considerando algumas propostas já apresentadas na Lei Municipal Complementar nº 186 que “Institui as normas urbanísticas e diretrizes básicas para o desenvolvimento urbano do Bairro Peirópolis e dá outras providências”;
Este estudo tem como objetivo geral propor diretrizes urbanísticas e paisagísticas para o bairro Peirópolis, de modo a contribuir para a elaboração de estratégias de gestão e planejamento urbano para o mesmo, considerando as características potencializadoras locais. Também pretende-se elaborar um projeto de requalificação urbana e estruturação física para o perímetro tombado pelo decreto municipal nº 2544/2000, capaz de subsidiar o desenvolvimento sustentável da área nos âmbitos científico, cultural e ambiental.
objetivos específicos
Como objetivos específicos, este trabalho tem como foco a requalificação do bairro de Peirópolis, considerando suas características específicas e gerais, de modo a:
— Propor um projeto de requalificação urbanística e paisagística para o perímetro tombado do Bairro de Peirópolis, considerando seu papel cultural, científico e ambiental; — Dar uma nova estruturação espacial à área de forma a integrar seus patrimônios edificados e naturais, e também possibilitar o desenvolvimento sustentável das atividades desenvolvidas no bairro.
— Fazer um levantamento histórico e físico do Bairro Peirópolis, para se reconhecer o espaço e identificar todas as suas características físicas, culturais e históricas;
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02 As cidades são objeto de estudo para que se possam condicionar melhores espaços urbanos, e a este estudo denomina-se como Urbanismo. A relação entre os termos cidade, espaço urbano, urbanismo e urbanização é explícita: no geral, todos remetem ao ambiente físico sobre o qual o homem vive e interfere. Todavia, possuem distinções e especificações quanto a sua abrangência e suas linhas teóricas. A seguir, pretende-se conceituar e abordar as teorias que se referem a estas terminologias, de modo a esclarecer quais são as diferenças entre os mesmos e quais são suas efetivas aplicações no estudo sobre o meio urbano.
o conceito de cidade
As cidades são, desde o princípio, o resultado da ação do homem sobre o ambiente que habita: são a consequência física e ambiental da adaptação e da ordenação espacial humana. Argan (2005, p. 73) considera as cidades não apenas como o espaço que abriga os diversos produtos artísticos resultantes da ação humana, mas configura-se ela mesma como um objeto artístico em si. Para Lynch (1997, p. 1), a cidade é a construção humana apresentada em grande escala e materializada no espaço, e que só pode ser notada no decorrer de longos períodos de tempo. As cidades então, apresentam-se
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das cidades ao urbanismo
sob contínua construção, e são compostas pela sobreposição das diversas camadas históricas, que representam os padrões de vida e sociedade de diversas épocas. A cidade e a região, a terra agrícola e os bosques tornam-se coisa humana porque são um imenso depósito de fadigas, são obra das nossas mãos; mas, enquanto pátria artificial e coisa construída, também são testemunhos de valores, são permanência e memória. A cidade é na sua história. Logo, a relação entre o lugar e os homens, e a obra de arte que é o fato último, essencialmente decisivo, que conforma e orienta a evolução segundo uma finalidade estética, impõe-nos um modo complexo de estudar a cidade.
(ROSSI, 2001; p. 22)
Para Rossi (2001, p. 49), as cidades são resultado do progresso da razão humana, e esta afirmação confirma a natureza coletiva das cidades, pois traduzem a questão da sua formação e construção por diversas civilizações ao longo do tempo, considerando as diferentes formas como elas a habitam. Assim, as cidades constituem-se como uma forma constantemente mutável: a forma urbana. Lamas (2011, p. 41) considera que esta é o resultado da organização e conexão entre os elementos arquitetônicos que a constituem – e a estes conjunto de
elementos, chama de arquitetura da cidade. Esta, por sua vez, segundo Rossi (2001, p. 37) é a responsável por perpetuar a unidade espacial ao longo das épocas. Iniciaram a arquitetura ao mesmo tempo que os primeiros esboços das cidades; a arquitetura é, assim, inseparável da formação da civilização e é um fato permanente, universal e necessário.
(ROSSI, 2001; p.1)
Rossi (2001, p. 66) afirma, porém que as cidades, apesar dessa relativa permanência temporal, não podem ser resumidas apenas a uma única concepção. Isto se deve principalmente à sua composição heterogênea, que é formada por partes diferentes em seus aspectos formais e sociológicos. Dessa forma, a beleza das cidades está na coexistência entre essas diversas camadas históricas, que compõem a unidade espacial resultante da harmonia formal e espacial entre esses conjuntos temporais. A cidade não é apenas um objeto percebido (e talvez desfrutado) por milhões de pessoas de classes sociais e características extremamente diversas, mas também o produto de muitos construtores que, por razões próprias, nunca deixam de modificar sua estrutura.
(LYNCH; 1997; p.2)
A arquitetura está então, intrinsecamente relacionada à forma das cidades, porque ambas se manifestam simultaneamente. Lamas (2011, p. 22) considera a arquitetura como a arte de construir; e essa não se limita a relacionar os diversos elementos arquitetônicos, visto que se mostra indissociável da vida em sociedade, e assim, também do espaço ou fato urbano. A cidade não só se conecta com a sua arquitetura, mas também com o seu território – tratando-se de seus aspectos ambientais e físicos – pois, segundo Rossi (2001, p.195), a relação entre a cidade e seu território é um signo característico do Município, pois “a cidade formou com seu território um corpo inseparável”. Acredita-se que as diversas interpretações para este termo mudam conforme o decorrer do tempo, e essa mudança acaba por influenciar a noção aplicada do que seriam as configurações urbanas. A cidade moderna e contemporânea, por exemplo, já apresenta outras acepções, como a descrita por Argan (2005, p. 215), a qual essa não se esgota em seu aspecto físico-espacial, mas também abarca as diversas relações e sistemas de serviços que abriga. Outra visão expressa por Argan (2005, p. 219) classifica a cidade como um produto humano, ou seja, um bem de consumo, e esta demanda de consumo
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refere-se às informações que podem ser transmitidas pelo espaço urbano – entendido como um sistema de dados. O conceito de cidade – assim como ela própria – não é estático, e está em constante desenvolvimento, acompanhando as mudanças materiais e imateriais que definem os espaços urbanos ao longo dos anos. Destes espaços cambiantes são feitas leituras, análises e estudos que definem os caminhos da teoria do urbanismo e as práticas do planejamento urbano.
o conceito de urbanismo
O urbanismo é a terminologia utilizada para denominar os estudos referentes ao âmbito das cidades e zonas urbanas. Choay (2005, p. 2) esclarece que apesar da banalização de sua nomenclatura, essa se refere aos trabalhos do gênio civil quanto os planos de cidades ou formas urbanas características de cada época. A autora ainda ressalta que a criação deste termo é recente – provavelmente, conforme G. Bardet, surgiu na década de 1910 –, quando se consolida a disseminação do modelo industrial em todo o mundo, impactando diretamente as dinâmicas socioeconômicas e, consequentemente, urbanas naquela época.
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Esta nova ciência se diferencia das demais, principalmente se comparado com os estudos sociais e artísticos, segundo Choay (2005, p. 2), devido a suas múltiplas análises sobre as cidades, se apresentando simultaneamente como disciplina crítica, reflexiva e também de pretensão científica. Pois o urbanismo quer resolver um problema (o planejamento da cidade maquinista) que foi colocado bem antes de sua criação, a partir das primeiras décadas do século XIX, quando a sociedade industrial começava a tomar consciência de si e a questionar suas realizações.
(CHOAY, 2005; p. 2-3)
Mantendo esta mesma linha de pensamento, Argan (2005, p. 211) acredita que o urbanismo surgiu a partir de uma análise cultural realizada através de métodos científicos rigorosos, que considerou os aspectos socioespaciais, sociológicos, políticos, históricos e estéticos de experiências urbanas pré-industriais. Todavia, expõe que o que diferencia esta disciplina das demais é que ela necessariamente deve unir ou relacionar estes aspectos a fim de se chegar a uma resultante – um plano ou projeto capaz de efetivar mudanças na realidade urbana. Lamas (2011, p. 44), também defende a multidisciplinaridade a qual o urbanismo deve abranger, pois este tem
como responsabilidade a associação de todas as demais disciplinas que interferem na dinâmica do meio urbano. Outra visão deste conceito é proposta por Argan (2005, p. 218), quando este o considera como uma progressão do espaço, ou seja, uma projeção contínua do que o presente e o futuro reservam à estruturação do espaço. Dentro do estudo do urbanismo, as práticas definidas para a mutação ou desenvolvimento dos espaços urbanos podem ser denominadas como planejamento ou planos urbanos. De um ponto de vista mais prático, Gehl (2015, p. 195) acredita que tanto o urbanismo quanto o planejamento urbano são trabalhos que refletem a sobreposição de escalas diferentes que se concretizam no espaço urbano – e a escala mais importante para ele, é a vida na cidade, que se reflete na escala humana. Uma visão tecnicista de planejamento urbano e a produção das cidades, exposta por Lamas (2011, p. 535), considera que seus processos devem ser guiados pelo desenho do início ao fim. Enquanto Rossi (2001, p. 211) apresenta um conceito voltado a temática das políticas públicas, na qual entende como planos urbanos operações efetuadas pela prefeitura, de maneira autônoma ou acolhendo propostas privadas, que preveem, coordenam e agem sobre os aspectos espaciais da cidade.
Choay (2001, p. 195) descreve o movimento contrário ao proposto por Gehl (2015) em relação ao planejamento das cidades na era moderna e contemporânea: este tem se tornado cada vez menos local e mais territorial, e isto porque a era industrial mostra uma dinâmica de comunicação generalizada nas cidades. Rossi (2001) também apresenta uma visão do planejamento urbano como ação temporária, pois este deve acompanhar as mudanças na dinâmica da cidade, e não ficar estacionado no tempo em que foi concebido, ou seja, o urbanismo deve acompanhar os padrões de vida contemporâneos. Já acreditar que um plano, a sua existência, oferece à cidade uma solução espacial definitiva do ponto de vista global é totalmente contestável; o plano é sempre um tempo da cidade, do mesmo modo que qualquer outro elemento primário.
(ROSSI, 2001; p. 140)
o urbanismo humanizado
A experiência de conforto e bem estar nas cidades está intimamente ligada ao modo de estrutura urbana e o espaço da cidade se harmonizar com o corpo humano, seus sentidos, dimensões espaciais e escalas correspondentes. Se não houver bons espaços e boas escalas humanas, não existirão as qualidades urbanas cruciais.
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(GEHL, 2015; p. 162)
O Urbanismo Humanizado – consequência dos estudos urbanísticos que consideram a perspectiva do indivíduo sobre a cidade – é uma vertente de estudo que se concretiza apenas no final do século XX, e propõe o planejamento urbano que priorize a escala do menor – que para Gehl (2015), refere-se ao dimensionamento que considera as dimensões e necessidades humanas. Este surge como crítica ao planejamento urbano modernista que foi amplamente implantado nas cidades ao longo do século XX, e que propõe a grande escala aos espaços urbanos e edifícios, além de priorizar a mobilidade via automóveis. Apesar desta linha do urbanismo ter se concretizado apenas ao longo do século XX, muitos pesquisadores que antecedem a sua efetiva criação já tendem a descrever uma visão do planejamento das cidades que enaltece seu caráter humanizado. Rossi (2001, p. 23) argumenta que a arquitetura, como principal agente conformador das cidades, tem como seu valor mais profundo a sua humanidade; ela não é apenas habitat, mas também se constitui como parte da existência humana, sendo traduzida nos fatos urbanos. Um dos urbanistas mais significativos desta linha de estudo
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é o dinamarquês Jan Gehl. Ele acredita que as cidades devem ser projetadas para as pessoas, e para isto precisam ter como diretrizes fundamentais que direcionam seu planejamento a vitalidade, a segurança, a sustentabilidade e a saúde. Para Gehl (2015; p. 33), alcançar esses princípios básicos tem como ponto de partida dois aspectos: a mobilidade e os sentidos humanos. Isto se justifica a partir do momento que se entende que estes se caracterizam como a base biológica que norteia as interações social, psicológica e espacial dos indivíduos com o ambiente que vivenciam. As cidades devem pressionar os urbanistas e os arquitetos a reforçarem as áreas de pedestres como uma política urbana integrada para desenvolver cidades vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis. Igualmente urgente é reforçar a função social do espaço da cidade como local de encontro que contribui para os objetivos da sustentabilidade social e para uma sociedade democrática e aberta.
(GEHL, 2015; p. 6)
A cidade viva, conforme Gehl (2015), tem como principal característica os convites para vivenciar os espaços urbanos – e estes se traduzem em medidas que priorizem a escala do menor e as locomoções lentas, isto é, o pedestrianismo. Tratando-se dos elementos morfológicos
da cidade, a rua adquire então protagonismo quando se refere à promoção do planejamento urbano humanizado, pois é nela que o indivíduo consegue transitar e se conectar com os fatos urbanos. Nesta leitura, entende-se por rua não apenas as faixas carroçáveis, mas toda a sua atmosfera circundante – as calçadas e as fachadas que a delimitam. Rossi (2001, p. 38), antes mesmo da difusão deste tipo de urbanismo, já se refere a este elemento – baseado na leitura de Poète sobre a cidade – como aquele componente que mantém as cidades vivas. Gehl (2015, p. 118) ainda destaca que a cidade deve possuir qualidade ambiental ao nível dos olhos: esta qualidade é considerada como direito humano básico quando se trata de suas interações com a cidade. Logo, ela deve ser desenvolvida em suas ruas, e em especial, onde a vista dos indivíduos alcança. Gehl (2015, p. 178) considera que a estética, ou qualidade visual transmitida pela arquitetura da cidade deve ser planejada minuciosamente, pois através da escolha adequada das formas, proporções e materiais, o ambiente urbano enseja experiências humanas mais ricas e agradáveis a seus habitantes. Rossi (2001, p. 38) refere-se à necessidade de a composição urbana expressar sua vida da forma mais realista possível, ou seja, a arquitetura da ci-
dade deve representar claramente a sua própria dinâmica. Para que as cidades funcionem e convidem as pessoas a fruí-las, sob todas as circunstâncias, os aspectos físicos, práticos e psicológicos devem ser bem tratados e, depois, melhorados através do trabalho em suas qualidades visuais.
(GEHL, 2015, p. 181)
Porém, não só a qualidade visual infere na vivacidade das cidades, pois ela deve também ser empreendida através da promoção da acessibilidade social, onde todos têm direitos iguais sobre a cidade, promovendo ambientes socialmente democráticos, e recusando a atual tendência de isolamento promovida pelos condomínios fechados, conforme retratado por Gehl (2015, p. 109). A cidade deve então permitir que todas as pessoas – independentemente de suas faixas etárias, etnias ou condições econômicas – tenham livre acesso aos espaços comuns urbanos. Outro tópico importante, é que as cidades sejam consideradas seguras. Para tal, Gehl (2015) considera necessário relativizar dois tipos de segurança em relação a seus habitantes: a segurança quanto à criminalidade e quanto ao tráfego. A criminalidade é pauta recorrente das políticas
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urbanas mundiais, pois prejudicam a plenitude da experiência humana de se vivenciar as cidades. Gehl (2015) e Jacobs (2000) abordam que essa segurança pode ser reforçada com aspectos físicos, como boa iluminação pública, mobiliários urbanos e espaços de transição (fachadas ativas, jardins frontais e etc); todavia, nenhum destes elementos é válido sem a permanência das pessoas nos espaços públicos. Quanto mais olhos se tem sobre a cidade, mais segura ela é. Já a segurança no tráfego refere-se ao cuidado com os meios de locomoção lentos, ou seja, o pedestrianismo e o ciclismo. De fato, estes devem ser priorizados em relação ao tráfego de automóveis, e não o contrário. Um fato que está intimamente relacionado à segurança do tráfego é a sustentabilidade das cidades. Isto por que as dinâmicas urbanas contemporâneas têm tornado as cidades em emaranhados de fluxos, sempre abarrotados de veículos particulares e assim, causando o sedentarismo por parte de seus habitantes. O Urbanismo Modernista, que setorizou e estendeu as distâncias a serem percorridas nas cidades, não valorizou a escala humana, causando dessa forma, a grande circulação de automóveis. Para Gehl (2015), as cidades sustentáveis devem convidar seus habitantes a andarem a pé ou de bicicleta ou de transportes
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públicos integrados. Elas devem reduzir as distâncias, priorizar o tráfego lento (pedestres e ciclistas) e tornar as cidades adequadas à escala do homem e não dos automóveis. A sustentabilidade das cidades promove, por meio de melhorias urbanas, a qualidade de vida das pessoas, sendo assim, também se tornam cidades mais saudáveis para seus habitantes. As cidades saudáveis para Gehl (2015), preconizam que os indivíduos pratiquem o ciclismo ou o pedestrianismo, através da instalação de rotas de ciclovias seguras e bem planejadas; da construção de calçadas largas e acessíveis, ou vias compartilhadas com prioridade ao pedestre; da implantação de ruas com fachadas ativas e edifícios interessantes ao nível dos olhos; e da criação de espaços públicos que incentivem as práticas de atividades físicas ao ar livre. Muitas são as formas de criar ou transformar as cidades humanizadas. Todavia, Gehl (2015, p. 89) destaca como elementos principais: os convites a vivenciar os espaços urbanos; a qualidade ambiental; o fator temporal de permanência ou vivência nesses ambientes; e os lugares de transição, que permitem a conexão entre as esferas públicas e privadas da cidade. Para ele, o estilo de planejamen-
to modernista deve ser abandonado, pois este privilegia os fatos urbanos de modo errôneo e inverte as prioridades, evitando que se obtenha boas cidades para pessoas. A difundida prática de planejar do alto e de fora deve ser substituída por novos procedimentos de planejamento de dentro e de baixo, seguindo o princípio: primeiro a vida, depois o espaço e só então os edifícios.
(GEHL, 2015; p. 198)
No Urbanismo Humanizado, o ponto principal é a escala humana. São as cidades que precisam se adequar às pessoas, e não as pessoas se ajustarem à dinâmica já imposta nos espaços urbanos. Para tal, é necessário mudanças na logística urbana atual – as cidades se mostram cada dia mais decadentes, à beira de colapsos sociais, econômicos e espaciais, pois não são vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis. O urbanista tem o papel de reordenar esse ambiente, promovendo simples mudanças, capazes de favorecer a nova demanda do século XXI: as cidades planejadas e geridas para as pessoas. Os pontos centrais são respeito pelas pessoas, dignidade, entusiasmo pela vida e pela cidade como lugar de encontro. (...) É barato, simples, saudável e sustentável construir cidades para as pessoas – bem
como é uma política óbvia para atender aos desafios do século XXI.
(GEHL, 2015; p. 229)
cittaslow ou slow cities
Este novo conceito de cidade surgiu em 1999 na Itália incentivado por demais movimentos como slow food e slow tourism. Foi então criado um movimento de cidades que adotaram princípios comuns de gestão urbana. Estes princípios, segundo o próprio site do movimento, vão desde limitar o tamanho das cidades, que não podem ter mais de 50.000 habitantes, até propor medidas sustentáveis, como meios de proteção ambiental, apoio ao desenvolvimento dos produtos locais, manutenção do tecido urbano original, priorização de infraestrutura destinadas às pessoas, construção do sentimento de comunidade e a abertura amigável a visitantes e turistas. Para Knox (2005, p. 3), os espaços urbanos mudam constantemente e acompanham as mudanças de seus habitantes. E nesta filosofia de conexão entre o espaço e seus usuários, uma grande onda de revolta com os padrões de vida do mundo globalizado tem feitos os indivíduos buscarem hábitos mais tranquilos, saudáveis e sustentáveis. Desse modo, movimentos como o cittaslow surgem como
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resposta dos padrões de vida e do urbanismo modernista que geraram uma grande individualização na sociedade, um ritmo acelerado de desenvolvimento e um desgaste imensurável aos recursos naturais. (NILSSON; SVARD; WIDARSSON & WIRELL, 2010 apud FERREIRA; SEABRA; PAIVA, 2014) Knox (2010, p. 5) reforça que quanto mais é difundida a cultura de massas e os estilos de vida, mais valiosas se tornam as identidades locais e étnicas. Desse desejo de retomada das características locais, são pautados alguns dos princípios básicos das slow cities, como a valorização das culturas locais tradicionais, de um ritmo de vida mais calmo e da convivência comunitária. E para que isto seja possível, não é necessário apenas a movimentação e ação de atores chaves, como arquitetos, urbanistas, engenheiros e políticos, mas também o envolvimento de toda a população daquela estrutura urbana, bem como de normas e códigos de conduta sociais, profissionais, institucionais e organizacionais. (KNOX, 2010; p. 9)
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03 a paisagem urbana
A paisagem urbana se mostra como uma terminologia que abrange os diversos aspectos que compõem o ambiente físico, social e perceptivo das cidades. Este termo, que já foi amplamente utilizado por urbanistas desde o século passado, remete à conexão dos sistemas físico-espaciais da cidade com as relações humanas e todos os processos e atividades que nelas ocorrem. Cullen (1993, p. 135) conceitua como paisagem urbana a relação entre um conjunto de edifícios, e também o espaço entre eles, somado aos seus elementos estruturadores e a vida cotidiana desses ambientes. Ele ainda afirma como estes aspectos da paisagem urbana não podem ser dissociados, pois é esta conexão que qualifica substancialmente estes espaços. A paisagem urbana é vista aqui não como decoração, nem como um estilo ou estratagema para preenchimento dos espaços vazios com calçada; é vista como arte de utilizar materiais em bruto - casas, árvores e ruas – de modo a criar um ambiente vivo e humano.
(CULLEN, 1993; p. 169)
Quanto ao conceito de forma urbana, este assemelha-se ao de arquitetura da cidade e de paisagem urbana, todavia se apresenta relacionado de maneira mais direcionada
a percepção ambiental
aos aspectos físicos que compõem o âmbito das cidades. Lamas (2011, p. 41) retrata o termo forma urbana como aquele no qual o meio urbano torna-se arquitetura, formando relações espaciais entre si. Já Rossi (2001, p. 57), faz uma abordagem diferente deste termo, descrevendo a forma da cidade como sendo apenas uma forma de um tempo da cidade, ou seja, considera os aspectos temporais e sua ação nas cidades, retratando que a forma urbana não é estática e está em constante mutação ao longo do tempo. Para Rossi (2001, p. 198), a cidade é mais que seu aspecto físico e construído, é a materialização da memória coletiva dos povos; e esta memória está sempre associada a ações, fatos e lugares, sendo a cidade o “locus” da memória coletiva. Dessa forma, o autor refere-se às conexões afetivas dos cidadãos com o espaço urbano, e acredita que assim são formadas a imagem predominante, a arquitetura e a paisagem urbanas. Nesse sentido, de todo positivo, as grandes ideias percorrem a história da cidade e a conformam. (ROSSI, 2001; p. 198)
a formação da imagem urbana
Dentre as ponderações sobre o conceito de paisagem urbana, muitos teóricos atribuem e relacionam a ela a ima-
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gem urbana formada pelo imaginário comum de seus usuários. É importante ressaltar que cada indivíduo cria a partir de suas experiências e leituras espaciais uma imagem da cidade e de seus espaços urbanos. Todavia, a imagem de interesse ao arquiteto e urbanista é aquela compartilhada entre a sociedade, ou seja, aquela que permeia os laços culturais de uma sociedade com relação ao espaço em que vivenciam. Estas são denominadas por Lynch (1997) como as imagens públicas. Essas imagens, segundo Lynch (1997), são resultado da síntese de vivências e sentimentos que os indivíduos têm em determinado ambiente, todavia, a morfologia e o planejamento urbano podem direcionar a formação destas imagens atribuindo características como legibilidade, identidade e imaginabilidade aos espaços urbanos. É bem verdade que precisamos de um ambiente que não seja simplesmente bem organizado, mas também poético e simbólico. Ele deve falar dos indivíduos e de sua complexa sociedade, de suas aspirações e suas tradições históricas, do cenário natural, dos complexos movimentos e funções do mundo urbano. Mas a clareza da estrutura e a expressividade da identidade são os primeiros passos para o desenvolvimento de símbolos fortes. (LYNCH, 1997; p. 134)
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A legibilidade é traduzida pelo autor como a clareza na estrutura das cidades. Para Lynch (1997, p.3), este princípio se mostra relevante quando se pretende avaliar o espaço urbano e sua escala urbana, tratando-se de quesitos como dimensão, tempo e complexidade, pois refere-se à experiência humana nas cidades. Quanto à imaginabilidade, é caracterizada por Lynch (1997, p.11) como os adjetivos ou atributos de um elemento que promovem a significação de uma imagem forte a seus observadores. É aquela forma, cor ou disposição que facilita a criação de imagens mentais claramente identificadas, poderosamente estruturadas e extremamente úteis do ambiente. (LYNCH, 1997; p. 11) Tanto a legibilidade quanto a imaginabilidade conferem ao espaço uma identidade marcante no imaginário coletivo. Esta identidade é o adjetivo que confere àquele espaço simbologia e significado, propondo sua discriminação em relação a outros espaços. Significados e associações, sejam sociais, históricos, funcionais, econômicos ou individuais, constituem todo um domínio para além das qualidades físicas que nos interessam aqui. Reforçam fortemente as sugestões de identidade ou de estrutura que podem estar latentes na própria forma física.
(LYNCH, 1997; p. 120)
Estes conceitos, quando aplicados no planejamento das cidades, afirmam e beneficiam as suas imagens coletivas, além de promover experiências mais agradáveis a seus transeuntes. Para Lynch (1997, p. 4-5), os seres humanos têm como herança cultural a necessidade de reconhecer e padronizar os ambientes; as imagens contribuem, então, para estes processos, garantindo maior sensação de segurança emocional do indivíduo naquele espaço. A imagem urbana vincula o homem à cidade, ao território e à forma urbana. Essa se constitui como um aspecto inerente aos seres humanos, pois pode influenciar na dinâmica de suas atividades, seu comportamento e sua personalidade. Rossi (2001, p. 253) afirma esta influência quando descreve o homem não apenas como um indivíduo de determinada localização ou nacionalidade, mas como de um lugar preciso e delimitado, não havendo transformação urbana que não signifique também transformação da vida de seus habitantes. Argan (2005, p. 215-216) relata o estudo das imagens urbanas se utilizando da diferenciação dos termos espaço e ambiente urbanos. Para ele, o espaço se traduz no objeto obrigatoriamente projetado, enquanto que o ambiente pode ser condicionado, mas não estruturado e projetado. Este autor tem como base da dissociação desses termos
os estudos vanguardistas de Kevin Lynch, citados constantemente ao longo deste estudo, e da sua perspectiva ecológica da cidade. Deve-se ressaltar que a ecologia é abordada aqui como o estudo das relações dos indivíduos com o meio material e imaterial que vivenciam, não se tratando do termo que se esgota em uma análise biológica.
bairros: a dimensão urbana da imagem da cidade
Lamas (2011, p. 73) introduz o que ele chama de as três escalas urbanas: a rua, o bairro e a cidade. Cada uma dessas escalas se direciona a uma dimensão diferente do âmbito urbano, sendo a rua correspondente à dimensão setorial, o bairro à urbana e a cidade à territorial. Para este autor, em relação à nomenclatura de bairro: Pressupõe uma estrutura de ruas, praças ou formas de escalas inferiores. Corresponde numa cidade aos bairros, às partes homogêneas identificáveis, e pode englobar a totalidade da vila, aldeia, ou da própria cidade.
(LAMAS, 2011; p. 74)
Esta unidade urbana tem importante papel normativo sobre as cidades, pois trata-se de um elemento morfológico que traduz a estrutura de uma determinada região urbana. Rossi (2005, p. 70) considera o bairro como um momento, um se-
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tor da forma da cidade, intimamente ligado à sua evolução e à sua natureza, constituído por partes e à sua imagem. Ele vê essa unidade morfológica como espaço dotado de características sociais e funcionais específicas, que tem seu limite a partir do rompimento dessas características. Segundo Bezerra (2011, p. 23), a palavra bairro do latim barrium ou do árabe barri refere-se ao que é externo ou separado. Todavia, a visão do bairro como sendo apenas partes importantes da cidade não é o suficiente para limitar suas abrangências teóricas. Souza (1987) apud Bezerra (2011, p. 23) cita como a relação de identidade e de afetividade dos seus moradores materializam este espaço; é a sensação de pertencimento do indivíduo a uma certa localidade. É um recorte territorial dotado de características comuns espaciais que se transmutam nas qualidades de seus moradores, e vice-versa. Para Lynch (1997, p. 52), os bairros são regiões médias ou grandes de uma cidade, concebidos como dotados de extensão bidimensional, os quais seus limites são estipulados por suas características identitárias físicas ou psicológicas: As características físicas que determinam os bairros são continuida-
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des temáticas que podem consistir numa infinita variedade de componentes: textura, espaço, forma, detalhe, símbolo, tipo de construção, usos, atividades, habitantes, estados de conservação, topografia.
(LYNCH, 1997; p. 75)
Ainda segundo Lynch (1997, p. 93) os bairros, como elemento morfológico de maior dimensão (abaixo apenas da cidade) abriga os demais, como os pontos nodais, ruas e monumentos, que também são características identitárias deste espaço. Lynch (1997, p. 115-116) ainda expõe que os bairros podem ser subdivididos em subdistritos – a partir da conformação interna de seus elementos morfológicos constituintes. Todavia, deve ser mantido a harmonia do conjunto. O bairro é então uma unidade urbana homogênea, reconhecido por indicadores que se mantêm contínuos ao longo da região e descontínuos no restante do espaço urbano. (LYNCH, 1997; p. 115) Jacobs (2000, p. 127-129) exibe uma crítica a necessidade do conceito de bairro em grandes metrópoles como propõem-se na contemporaneidade. Para a autora, os bairros não devem ser autossuficientes pois assim, não haveria a unidade territorial da cidade. É necessário que estes bairros possuam características e elementos diferentes pois é
o que se procura numa grande metrópole: a variedade. A falta de autonomia tanto econômica quanto social nos bairros é natural e necessária a eles, simplesmente porque eles são integrantes das cidades. (JACOBS, 2000; p. 128). Jacobs (2000, p. 128-129) também classifica três tipos de bairro essenciais para a ordenação das cidades. São eles: a cidade como um todo; a vizinhança de rua; e os distritos extensos (com mais de 100.000 habitantes em grandes cidades). Para ela, estes tipos se complementam e formam as grandes cidades contemporâneas. Os bairros, então, são as partes que constituem a cidade como forma heterogênea e que promovem a diversidade urbana a qual se espera nos sistemas urbanos mais complexos.
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04 os conceitos de patrimônios e monumentos históricos
Patrimônio histórico. A expressão designa um bem destinado ao usufruto de uma comunidade que se ampliou a dimensões planetárias, constituído pela acumulação contínua de uma diversidade de objetos que se congregam por seu passado comum: obras e obras-primas das belas-artes e das artes aplicadas, trabalhos e produtos de todos os saberes e “savoir- faire” dos seres humanos.
(CHOAY, 2001; p. 11)
Segundo Choay (2001), o estudo dos monumentos e patrimônios históricos surge na Itália, no século XV, a partir do encanto dos homens com a arte e arquitetura da Antiguidade. Roma, o berço destes estudos, foi o palco de muitas visitas exploratórias e estudos sobre a cultura greco-romana. Muitos dos monumentos antigos foram depredados ou extintos para servirem de local ou de matéria-prima para novas construções. E deste descaso com a história e a memória dos lugares, emerge os tópicos de manutenção e conservação das artes plásticas e arquitetônicas, tendo à princípio a força institucional da Igreja como precursora desse movimento preservacionista. Pode-se situar o nascimento do monumento histórico em Roma, por volta do ano 1420. Após o exílio de Avignon (1305-1377) e, logo depois,
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o patrimônio industrial
do Grande Cisma (1379-1417), Martinho V restabelece a sede do papado na Cidade devasta, cujo poder e prestígio ele pretende recuperar.
(CHOAY, 2001; p. 31)
Todavia, deve-se ter em mente que apesar do surgimento dessa preocupação com os monumentos históricos, acredita-se que esta terminologia é apresentada pela primeira vez, conforme Choay (2001, p. 28), apenas no final século XVIII, no contexto da Revolução Francesa, pelo francês L.A. Millin. Junto a terminologia, surgem também os instrumentos de preservação, como museus, processos de tombamento e inventários. O conceito de monumento, segundo Choay (2001, p. 18), refere-se inexoravelmente à memória: ele se constitui como a garantia das origens e tenta resistir à ação do tempo e à angústia da morte e do aniquilamento. O monumento histórico, porém, se apresenta distinto do conceito de monumento. Para a autora, estes termos se diferem, a princípio, pois longe de apresentar a quase universalidade do monumento no tempo e no espaço, o monumento histórico é uma invenção, bem datada, do Ocidente. (CHOAY, 2001; p. 25). Riegl apud Choay (2001, p. 25) explica que esta diferença reside, então, na sua intencionalidade: os
monumentos são criados e pensados como tal desde o seu início, enquanto que os monumentos históricos, inicialmente não apresentam essa classificação, mas se consolidam através dos tempos, consagrados pela visão crítica dos historiadores e amantes da arte. O sentido original do termo é o do latim monumentum, que por sua vez deriva de monere (“advertir”,”lembrar”), aquilo que traz à lembrança alguma coisa. A natureza afetiva do seu propósito é essencial: não se trata de apresentar, de dar uma informação neutra, mas de tocar, pela emoção, uma memória viva. Nesse sentido, primeiro chamar-se-á monumento tudo que for edificado por uma comunidade de indivíduos para rememorar ou fazer que outras gerações de pessoas rememorem acontecimentos, sacrifícios, ritos ou crenças.
(CHOAY, 2001; p. 18)
Os monumentos históricos, após a sua conceituação, ainda levantam questões sobre a sua abrangência. Ao longo dos anos, diversas tipologias arquitetônicas se expressaram e muitas delas são atualmente consideradas como monumentos históricos. Este fato também se estende àquilo que Choay (2001) denomina de tripla extensão do patrimônio: a tripla extensão – tipológica, cronológica e geográfica – dos bens patrimoniais é acompanhada pelo cresci-
mento exponencial de seu público. (CHOAY, 2001; p. 15) A autora (CHOAY, 2001; p. 26) descreve a criação e desenvolvimentos dos estudos e projetos de conservação como inerentes ao surgimento da terminologia de monumentos históricos. E para ela, quando se trata da conservação dos monumentos históricos arquitetônicos, estes necessariamente se relacionam ao lugar onde se situam e dessa forma, o seu entorno não pode ser desconsiderado, pois eles apresentam dificuldades que envolvem questões econômicas, psicológicas, sociais e edílicas próprias daquele espaço. A necessidade da conservação nasce da crescente descaracterização ou destruição dos monumentos ao longo do tempo, seja por ações antrópicas ou naturais. Choay (2001, p. 25) classifica que estes podem ser destruídos pelo descaso/ esquecimento; ou pelo desejo de escapar da ação do tempo/ anseio de seu aperfeiçoamento. Ou seja, para ela, algumas intervenções ditas preservacionistas podem ter efeitos destrutivos sobre a originalidade dos bens patrimoniais, e acabar por destruir sua essência. Os avanços nos estudos da conservação dos edifícios buscam evitar estas modalidades de intervenção, mas ainda se enfrentam dificuldades práticas, que variam com as características funcionais e temporais
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dos edifícios, bem como o desenvolvimento de técnicas que se adequem às características físicas dos materiais. A guarda e o controle não se fazem sem dificuldades práticas. Mas o problema fundamental é a necessidade de decidir, em regime de urgência e de forma que resguarde o interesse coletivo, sobre a destinação dos objetos heterogêneos que se tornaram patrimônios da nação. (...) Trata-se de adaptar, com menor custo, os bens nacionalizados aos seus novos usuários ou de lhes descobrir novas funções.
(CHOAY, 2001; p. 100)
Choay (2001, p. 153) cita que ao final do século XVIII surgem então duas doutrinas antagônicas – em relação a proposição de intervenções – que propõem a preservação dos monumentos históricos, defendidas pelos teóricos Ruskin e Viollet-le-Duc. Ruskin, como descrito por Choay (2001, p. 154-155), propõe a não intervenção, ou seja, a degradação natural dos bens patrimoniais às ruínas, pois crê na sacralidade da arquitetura de seus antepassados. Ruskin é também considerado por Choay (2001) como o primeiro estudioso a ponderar os conjuntos urbanos como patrimônio, considerando também o que ele chama de arquitetura menor, ou seja, os monumentos domésticos.
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A arquitetura menor torna-se parte integrante de um novo monumento, o conjunto urbano antigo: “Uma cidade histórica constitui em si um monumento, tanto por sua estrutura topográfica como por seu aspecto paisagístico, pelo caráter de suas vias, assim como pelo conjunto de seus edifícios maiores e menores; por isso, assim como no caso de um monumento particular, é preciso aplicar-lhe as mesmas leis de proteção e os mesmos critérios de restauração, desobstrução, recuperação e inovação.
(RUSKIN apud CHOAY, 2001; p.143)
Outro teórico que aborda a questão da preservação antiintervencionista é Morris – ele, assim como Ruskin, condena a reconstituição ou a cópia dos bens patrimoniais, por se tratarem de atentados à essência e à autenticidade das obras. Já Viollet-le-Duc, acredita que o monumento histórico é aquele que traduz a ideia de dois tempos distintos – o do presente e o do passado; para ele, restaurar um edifício é restituí-lo a um estado completo que pode nunca ter existido num momento dado e a uma concepção “ideal” dos monumentos históricos. (VIOLLET-LE-DUC apud CHOAY, 2001; p. 156) Dessas duas correntes antagônicas sobre a conservação, surge, ainda no século XIX o entusiasta italiano Camillo Boito. Sua visão intermedia as teorias de Ruskin e Viollet- le-Duc e tem como foco a análise profunda da natu-
reza e da necessidade de intervenção antes de qualquer medida de intervenção quanto ao monumento. Sua visão mediadora é de fato, seu diferencial, pois considera as boas práticas e conceitos de ambas as teses. Em seus enunciados, diferencia três tipos distintos de restauração: a arqueológica, que remete a monumentos da Antiguidade; a pitoresca, em relação às obras góticas; e a arquitetônica, considerando os bens clássicos e barrocos. Boito constrói sua própria doutrina com base nessa oposição, mas vai além. A Ruskin e Morris ele deve sua concepção dos monumentos baseada na noção de autenticidade. Não se deve preservar apenas a pátina dos edifícios antigos, mas os sucessivos acréscimos devido ao tempo (...). Boito, com Viollet-le-Duc, contra Ruskin e Morris, postula a prioridade do presente em relação ao passado e afirma a legitimidade da restauração. (...) ela só deve ser praticada in extremis, quando todos os outros meios de salvaguarda (manutenção, consolidação, consertos imperceptíveis) tiverem fracassado.
(CHOAY, 2001; p. 165)
E a partir destas discussões sobre o patrimônio, nomes como Camilo Sitte e Giovannoni emergem. Sitte, arquiteto e historiador vienense, não é a favor da visão antiintervencionista de Ruskin; ele, porém condena intervenções drásticas e faz
um impiedoso discurso de acusação contra o historicismo e o ecletismo dos arquitetos de sua época, condena todas as formas de cópia ou imitação do passado (...). (CHOAY, 2001; p. 186). Já Giovannoni, que segundo Choay (2001, p. 194) era adepto às premissas de Boito, desenvolve normativas referentes aos conjuntos urbanos antigos, identificando neles tanto uma função quanto o seu caráter museal. Esse “patrimônio urbano”, assim nomeado pela primeira vez por Giovannoni, adquire seu sentido e valor não tanto como objeto autônomo de uma disciplina própria, mas como elemento e parte de uma doutrina original da urbanização.
(CHOAY, 2001; p. 195)
As considerações sobre as práticas preservacionistas se tornam ainda mais claras e são difundidas universalmente a partir do século XX, quando se tornam pauta de encontros internacionais promovidos por órgãos institucionais europeus. No ano de 1931, na cidade de Atenas, é promovido o evento pioneiro se tratando de questões patrimoniais, pelo Escritório Internacional dos Museus Sociedade das Nações, onde foi redigida a Carta de Atenas de outubro de 1931. Esta carta trata sobre métodos e legislações de preservação e restauro das diferentes na-
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ções europeias em relação a seus patrimônios nacionais. Já em 1964, o texto mais emblemático sobre esta temática, a Carta de Veneza, é elaborado por iniciativa do Icomos (Conselho Internacional de Monumentos e Sítios). Ele trata sobre normativas relativas à conservação e à restauração de monumentos e sítios. As premissas propostas tratam desde monumentos arquitetônicos e sítios monumentais a pinturas e escavações arqueológicas, por meio de leis gerais que incentivam intervenções preservacionistas de influências mínimas aos bens patrimoniais. Na década de 1970, segundo Choay (2001, p. 223) a questão dos patrimônios urbanos ou conjuntos históricos ganha destaque no cenário internacional, principalmente através da Recomendação de Nairobi - Recomendação relativa à proteção dos conjuntos históricos e tradicionais e ao seu papel na vida contemporânea – proposta pela Unesco em 1976. Ela trata desses conjuntos históricos a partir de uma perspectiva não museal, e defende que estes não devem ceder às pressões econômicas e turísticas de padronização, mas sim manter suas especificidades étnicas e locais. Após estas primeiras conferências internacionais, a temá-
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tica do patrimônio e dos monumentos históricos extravasam o continente europeu, e se torna um assunto recorrente nas pautas que se referem a políticas públicas e planejamento urbanos no mundo todo, adquirindo a real importância que se deve. Todavia, ainda há muito o que se aprender e aprimorar sobre as questões de conservação e restauro dos bens patrimoniais, principalmente em relação às influências e efeitos do turismo depredatório.
o patrimônio industrial
O patrimônio e a arqueologia industriais foram denominações que surgiram com o estudo sistemático das novas tecnologias e das edificações resultantes da Revolução Industrial, e que mudaram os padrões de vida nas cidades. Segundo Kühl (2010, p. 25) a temática sobre a conservação dessa tipologia de bem patrimonial surge ao longo do final do século XIX, todavia só se destaca a partir da década de 1960, a partir da destruição de diversos edifícios industriais de grande importância à vida urbana em países da Europa. Raistrick (1973) citado por Kühl (2010, p. 25) descreve que o primeiro conceito desta nomenclatura foi proposto por um membro da Inspetoria de Monumentos Antigos, na Grã-Bretanha, o qual considera como monumentos industriais as estruturas, em especial do período da Revolução Indus-
trial, que ilustram processos industriais, incluindo os meios de comunicação. (RAISTRICK apud KÜHL, 2010; p. 25) O patrimônio industrial compreende os vestígios da cultura industrial que possuem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico. Estes vestígios englobam edifícios e maquinaria, oficinas, fábricas, minas e locais de tratamento e de refinação, entrepostos e armazéns, centros de produção, transmissão e utilização de energia, meios de transporte e todas as suas estruturas e infra-estruturas, assim como os locais onde se desenvolveram atividades sociais relacionadas com a indústria, tais como habitações, locais de culto ou de educação.
(The International Committee for the Conservation of the Industrial Heritage apud KÜHL, 2010; p. 25)
Quanto ao conceito de arqueologia industrial, Kühl (2009, p. 45) o diferencia de patrimônio, pois para ela o termo arqueologia industrial se refere à análise das formas de industrialização do passado, ou seja, abrange inclusive os acontecimentos que não deixaram bens materiais ou que não se tornam um bem cultural. Já o patrimônio industrial são aqueles bens materiais e culturais que se consolidaram ao longo destes estudos e devem ser preservados. Mas, esta terminologia gerou diversas discussões e con-
trovérsias em torno de duas questões principais: o recorte histórico que se deve considerar ao se tratar dos elementos industriais e a sua própria nomenclatura, que considera este tipo de pesquisa como arqueologia. Kühl (2010, p. 26) retrata que foi considerado como industrial qualquer elemento, edifício ou objeto advindo do processo de industrialização, mesmo que este tenha surgido em períodos anteriores à Revolução Industrial, ou seja, antes de meados do século XVIII. Quanto à discussão sobre arqueologia, apesar de não se utilizar de suas práticas tradicionais da arqueologia convencional, essa fora considerada como tal pois, conforme Hudson (1973) apud Kühl (2010, p. 26), ela refere-se a todos os estudos referentes aos vestígios da existência humana. Kühl (2010, p. 27) ao tratar do patrimônio industrial, ressalta que o grande déficit desse campo de estudo se encontra principalmente nas questões multidisciplinares, pois os estudos monodisciplinares, como as pesquisas tipológicas da arquitetura, foram o foco no final do século XX. Estudos interdisciplinares que aprofundem, porém, a questão da inserção desses bens no espaço, ao longo do tempo, e suas relações com a estruturação da cidade ou do território, sua articu-
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lação com aspectos sociais, econômicos, culturais e políticos, não têm sido, absolutamente, explorados na mesma medida.
(KÜHL, 2010; p. 27)
A restauração dos patrimônios industriais, conforme Kühl (2006) se torna objeto importante à história e ao presente, pois é um ato crítico que, alicerçado no reconhecimento da obra e de seu transformar no decorrer do tempo, insere-se no presente [...] em que se intervém em obras do passado, de maneira criteriosa, com vistas à sua transmissão para as próximas gerações [...]. (KÜHL, 2006; p. 5) Assim, o estudo e a conservação destes patrimônios tornam-se fonte de conhecimento e objeto de vivência da sociedade contemporânea.
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parte II
sobre o bairro
05 Peirópolis é um bairro da cidade de Uberaba, Minas Gerais, que se localiza a cerca de 20 quilômetros do centro urbano, tendo como seu único acesso a rodovia federal BR262 sentido Uberaba – Belo Horizonte, no quilômetro 784. Sua história inicia-se em meados do século XIX, com a chegada das linhas ferroviárias da Mogiana, a partir da instalação da estação ferroviária Paineiras, inaugurada pelo Conde D’Eu em 23 de abril de 1889, entre as cidades de Uberaba e Sacramento. Imagem 1 - Vista áerea de Uberaba (adaptado pela autora)
história e formação
Posteriormente, esta estação ficaria conhecida como Cambará, e no início do século XX, como Peirópolis. Esta linha de ferro ligava a estação à cidade de Campinas-SP e destinava-se à Catalão-GO. Paineiras pertencia à linha denominada Catalão, e passava por cidades do interior paulista, como Franca e Ribeirão Preto. Linha Catalão Trecho
Abertura
km
Extensão
Jaguara - Sacramento
1889-04-23
11
11
Sacramento - Uberaba
1889-04-23
90
101
Uberaba - Uberlândia
1895-12-21
134
235
Uberlândia - Araguari
1896-11-15
45
280
Fonte:http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias-historia/1944-datas-abertura-trilhos/CMEF-Mogiana-Estrada-Ferro.shtml (adaptada pela autora)
Fonte: Google Earth Pro 2018
Inicialmente, segundo dossiê da Fundação Cultural Municipal, tinha como principais fluxos de carga, o café, o toucinho, o fumo e o açúcar. Já em abril de 1889, foi inaugurado o trecho ferroviário que ligava Jaguara à Uberaba, e no ano seguinte algumas fazendas se consolidavam nas proximidades da estação Paineiras. Dentre as principais, deve-se ressaltar a Fazenda Ponte Alta do Meio, a aproximadamente 6 km de Peirópolis, do imigrante italiano Flamínio Fantini, onde era explorada
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uma caiera que ficou conhecida como Caiera do Meio. Por volta de 1896, outra importante fazenda se instala na região, a fazenda Veadinho, onde ocorria também a exploração da cal por parte do imigrante espanhol Antônio Romero. Este convida outros espanhóis para se associarem na exploração na região, e assim Frederico Peiró muda-se para a região, como sócio na Romero e Cia. Imagem 2 - Estação Ferroviária de Peirópolis (atual Museu dos Dinossauros)
O grande crescimento do movimento do trânsito ferroviário de cargas nesta linha fez surgir a necessidade de maior oferta de serviços no entorno da estação, e desta demanda surge povoado de Paineiras. Outro fato importante ao desenvolvimento do povoado foi a ascensão econômica de Frederico Peiró, que em 1906, se torna o único proprietário da Caieira do Veadinho, e assim, modifica o nome da firma de exploração para Peiró e Cia. A partir daí Peiró passa a investir em infraestrutura nos arredores da estação ferroviária. Assim, promove a construção de sua residência (Residência de Frederico Peiró, atual Casa do Turista) e de um armazém para o fornecimento de suprimentos para seus empregados (que funciona hoje como uma cozinha comunitária). Aos poucos o povoado de Paineiras se desenvolveu, atraindo mais moradores e trabalhadores ao local. Em 1910, outra importante infraestrutura chega ao povoado: os serviços da Companhia Telefônica de Uberaba, com a construção da Casa da Telefonista. Devido à existência de outra estação mais antiga com o nome de Paineiras, em 1920, a CMEF decide alterar o nome dessa para Cambará. Todavia, em 1924, Maximiliano Alonso, também imigrante espanhol, solicita por meio
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de um ofício à Companhia Mogiana que o nome da estação fosse novamente alterado para Peirópolis, em homenagem a Frederico Peiró que faleceu em 1915 e foi um importante investidor para melhorias no povoado. Peirópolis foi adquirindo, então, novas atividades ao longo do século XX e sofreu diversas alterações e investimentos em sua infraestrutura, como a ampliação da plataforImagem 3 - Casa de Frederico Peiró (atual Casa do Turista)
ma ferroviária; a construção de um armazém e da Máquina de Beneficiar Arroz; e a instalação de uma escola e de um correio. Além disso, novas caieras foram criadas na região, como é o caso da caiera do Pântano. A produção de arroz e a exploração da cal eram fortes na região, e por isso estas infraestruturas obtiveram grande êxito no local. Todavia, na década de 1960, o bairro sofre com um grande declínio econômico, ocasionado por uma crise na produção agrícola e pela desativação da caiera do Veadinho, principal caiera de exploração da região. Além disso, a partir de meados do século XX, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi gradualmente paralisando alguns trens e por fim, retirando os trilhos desta linha, devido a maior viabilidade econômica de outras novas linhas retificadas. Estes fatores, juntamente ao fenômeno do êxodo rural, causaram o esvaziamento do bairro, que perdeu grande parte da sua população e de suas atividades naquela época. Apesar do processo de estagnação do bairro, no ano de 1945, em suas proximidades, através de escavações realizadas para a retificação de um trecho da ferrovia que desembocava na estação Mangabeira, ao norte da cidade de Uberaba, fósseis foram encontra-
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dos e geraram bastante interesse científico pela área. E assim, a região tornou-se conhecida pela comunidade paleontológica nacional, e atraiu diversos estudiosos. Todavia, o bairro só recebeu maiores investimentos para fortalecer as pesquisas paleontológicas em 1991, através de uma iniciativa municipal que restaurou a antiga estação ferroviária e a transformou no atual Museu dos Dinossauros. Imagem 4 - Escultura de Concreto na Praça Frederico Peiró
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Após isto, no ano 2000, é promulgada a Lei Complementar Municipal nº 186/2000, que visa ordenar e instituir diretrizes urbanísticas de desenvolvimento do bairro. Desde a criação desta lei, algumas melhorias foram efetivadas, como a criação do Complexo Cultural e Científico (CCCP) no ano de 2010 e o restauro de algumas edificações tombadas, como a Casa do Turista e o Museu dos Dinossauros. Através destas mudanças, o bairro passou por um processo de valorização. Ao longo deste trabalho, o objetivo é propor diretrizes projetuais de caráter urbanístico e paisagístico mais efetivas e capazes de fomentar investimentos que impulsionem essa valorização, o tornando em um espaço de relevância histórica, cultural e científica local. Para tal, serão considerados a história de sua formação, bem como seus aspectos físicos e legislativos, de modo a elaborar um projeto de requalificação urbana que conecte o seu passado com a sua realidade atual.
06 PLANO DIRETOR DE UBERABA
Tratando-se da regulamentação do território e políticas urbanas, o Plano Diretor tem sido a ferramenta urbanística mais utilizada nas cidades brasileiras, principalmente após a concretização do Estatuto da Cidade no ano de 2001. Segundo a Lei Federal nº 10.257, de 10 de julho de 2001, as cidades brasileiras com mais de 20.000 habitantes devem instituir um Plano Diretor, de modo a melhor ordenar e gerir o território municipal. No ano de 2006 foi promulgada a Lei Complementar Municipal nº 359/2006, a qual Institui o Plano Diretor do município de Uberaba, e dá outras providências. Neste Plano Diretor, foram estabelecidas algumas providências específicas em relação à Peirópolis. Dentre elas, na seção IV, que trata sobre o turismo, seu artigo 39 exige a criação de um Projeto de Desenvolvimento Integrado para Peirópolis, com a participação da população local e a estruturação e qualificação das condições físicas para atrair e estimular o turismo.
proteção ambiental
Com relação às questões ambientais no território do bairro, o Plano Diretor em seu artigo 92 apresenta Diretrizes para a área ambientalmente protegida de Peirópolis as quais considera:
legislações municipais
Valorizar e divulgar o sítio paleontológico de Peirópolis; Garantir o domínio e o monitoramento da área, sob responsabilidade do Centro de Pesquisas Paleontológicas Llewelly Ivor Price; Reenquadrar a área ambientalmente protegida de Peirópolis, conforme a legislação ambiental vigente; Implementar os projetos “Especial Fóssil Vivo” e “Visita Monitorada às Escavações”, com objetivos de pesquisa, lazer, educação e turismo.
núcleo de desenvolvimento de peirópolis
Na Seção II, que aborda a Qualificação e Conforto Ambiental Urbano, têm-se a subseção II, onde são tratados os assuntos referentes às Áreas de Qualificação Ambiental Urbana. Em seu artigo 199, este termo é conceituado como áreas prioritárias para execução de projetos de qualificação e revitalização, permitindo tornar a cidade de Uberaba e os Núcleos de Desenvolvimento previstos nesta Lei, diferenciados pela qualidade dos seus espaços. Neste mesmo artigo, também citadas quais são as áreas que
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se enquadram na classificação de Núcleos de Desenvolvimento, e dentre elas está o bairro Peirópolis sobre a denominação de Núcleo de Desenvolvimento de Peirópolis. O artigo 218, da mesma subseção, trata de forma específica do bairro Peirópolis. Nele são instituídas melhorias arquitetônicas e urbanísticas de incentivo ao turismo no bairro, como a implantação de um centro de apoio ao turista; e a criação de um centro social para os moradores, contendo cozinha industrial, centro comunitário, posto de saúde, posto policial, quadra de esporte e casa de doces.
patrimônio cultural
Com relação ao patrimônio local, na Seção III, que trata sobre o Patrimônio Histórico e Cultural Municipal, na subseção II, referente às Zonas Especiais de Interesse Cultural (ZEIC), em seu artigo 231, classifica o núcleo urbano de Peirópolis – que abrange a Praça, o Museu dos Dinossauros e o conjunto de casas protegidos pela legislação municipal – como uma ZEIC. O artigo 230 denomina as ZEIC como: (...) áreas que possuem conjuntos edificados de relevante significado da memória histórica, social, natural, artística e cultural de Uberaba, estando sujeitos à aplicação de políticas específicas vol-
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tadas à conservação e preservação patrimonial e prioritárias para execução de projetos de revitalização e recuperação urbana.
(UBERABA, 2006. Art. 230 da Lei Complementar Municipal no 359/2006)
Na mesma seção, nos artigos 234 e 235, são exibidas as diretrizes para a proteção e a revitalização do Núcleo de Desenvolvimento de Peirópolis, visando: Garantir a conservação e manutenção das edificações tombadas no conjunto urbano; Qualificar os espaços públicos; Aplicar os instrumentos da política urbana que favoreçam a conservação do patrimônio histórico; Atualizar a legislação urbanística vigente. Assim, sugere-se neste mesmo artigo: a implantação de um centro de apoio ao turista e do projeto para complementação das atividades do Centro de Pesquisas; a ampliação, reforma e adequação do atual prédio do Museu dos Dinossauros; a construção do Centro de Comercialização
de Produtos Artesanais, favorecendo o desenvolvimento de atividades produtivas elaboradas pela população local; a implantação de um centro social para desenvolvimento de atividades comunitárias, agregando centro comunitário, posto de saúde, posto policial, quadra de esporte; e a instalação de laboratório de limpeza e preparo de fósseis, isolado das dependências do Museu dos Dinossauros. Todavia, o artigo 237 reforça que quaisquer intervenções urbanísticas nas ZEIC deverão ser precedidas de consulta aos agentes envolvidos, incluindo representantes dos moradores e usuários no local, para avaliação das propostas.
a Lei Complementar Municipal nº 376/2007 que Dispõe sobre o Uso e Ocupação do Solo no Município de Uberaba, Estado de Minas Gerais, e dá outras providências. Conforme instituído no artigo 32 desta lei, a mancha urbana de Peirópolis é classificada como Zona Especial 4: Art. 32 - Zonas Especiais 4 (ZESP 4) são áreas situadas em Peirópolis, entre a área protegida pelo tombamento e o anel viário de contorno projetado, com parâmetros para o uso e a ocupação previstos na Lei Complementar nº 186/2000, exceto no que esta Lei dispuser em contrário.
(UBERABA, 2007. Lei Complementar no 376/2007)
macrozoneamento e uso do solo
Tratando-se do macrozoneamento do município, dentre os anexos do Plano Diretor, o Mapa 9 define o Macrozoneamento Municipal, apresentando uma proposta de divisão de Uberaba em quatro zonas: cidade, área rural, áreas de desenvolvimento e áreas de proteção ambiental (APA). Conforme este mapa, Peirópolis está inserido na Zona de Desenvolvimento, e apesar de estar fora do perímetro urbano e circundado pela zona rural, foi incluído como mancha urbana. Quanto ao uso do solo, no ano seguinte, foi promulgada
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Imagem 5 - Mapa de Macrozoneamento de Uberaba (adaptado pela autora)
Fonte: SEPLAN Uberaba
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leis específicas incidentes
O bairro de Peirópolis, porém possui um compilado de leis que tratam de suas especificidades. A mais antiga legislação referente à área, a Lei Municipal nº 5349 de 1994, institui o tombamento da estação ferroviária de Peirópolis e alguns de seus anexos, como a Casa de Hóspedes, a Casa do Vigia e os armazéns. O seu primeiro processo de tombamento, de nº 0005, porém, só foi concretizado no ano de 1998. Todavia, o CODEMPHAU (órgão responsável pelo patrimônio do município antes da criação do CONPHAU) só fora regulamentado neste mesmo ano, pela Lei nº 6542/1998, que Dispõe sobre o estabelecimento de normas para a proteção do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba, a instituição do Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico, e dá outras providências. Por este motivo, foi necessário reavaliar a situação de todos os bens já tombados pelo município. No ano 2000, o Decreto Municipal nº 2544/2000 ratificou o tombamento da Estação Ferroviária e conforme citado em seu artigo 1º realizou o tombamento do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Peirópolis - Uberaba/MG.
Art. 1o - Para os fins previstos no art. 54, do Decreto 1.234/98, fica ratificado, o tombamento do “Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Peirópolis - Uberaba/MG”, levado a registro no Livro II do Tombo, face ao art. 1º da Lei 5.349, 19/05/94, aprovado pelo Conselho Deliberativo Municipal do Patrimônio Histórico e Artístico de Uberaba.
(UBERABA, 2000. Artigo 1o - Decreto Municipal no 2544/2000)
Neste mesmo decreto, é reconhecido o valor arqueológico, cultural e turístico do bairro de Peirópolis e é delimitado o perímetro da área tombada, incluindo os edifícios anexos à estação ferroviária, bem como outros que compõem a história do local. Segundo o Dossiê de Peirópolis disponibilizado pela Fundação Cultural do município, os edifícios que atualmente constituem o conjunto arquitetônico do bairro são: o Conjunto Ferroviário de Peirópolis, composto pela Estação Ferroviária; a Casa de Hóspedes; a Casa do Vigia; a Casa dos Trabalhadores permanentes da CMEF; e a Casa de Trole; a Residência de Frederico Peiró e seu Armazém, onde atualmente está a Casa do Turista e a cozinha comunitária, respectivamente;
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as residências de Raíssa Tormin Afonso e de Lia Tormin Peiró; a Casa da Telefonista; a Casa Bolívia ou atual Escola do Futuro; a Máquina de Beneficiar Arroz ou atual Fundação Peirópolis; a Residência do Contador Anibal Caldeira que atualmente pertence à Thais Borges; a antiga Residência e Armazém de Máximino Alonso, onde atualmente funcionam uma pousada e dois restaurantes. No ano 2000, o poder municipal regulamenta normas específicas para o desenvolvimento do bairro de Peirópolis, a partir da criação da Lei Complementar Municipal nº 186 que Institui as normas urbanísticas e diretrizes básicas para o desenvolvimento urbano do Bairro PEIRÓPOLIS e dá outras providências. Em seu artigo 1º expõe os objetivos desta lei:
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I. Garantir condições de desenvolvimento sustentável, de forma equilibrada ao desenvolvimento biossocial e à preservação e melhoria da qualidade de vida da população local; II. Garantir a proteção ao meio ambiente e ao patrimônio histórico, artístico e cultural, através de legislação específica, de instrumentos tributários, da instituição de programas locais e da articulação com órgãos estaduais, federais e institucionais afins; III. Definir estratégia para proteção, associada ao uso racional e turístico do Sítio Paleontológico do Bairro Peirópolis, com o objetivo de transformar o Bairro Peirópolis em um centro de turismo ecológico, cultural e educacional; IV. Ordenar o processo de adensamento de forma a maximizar a utilização da infra-estrutura e equipamentos urbanos, de forma a orientar a adequada distribuição dos investimentos públicos; V. Estabelecer os parâmetros para o parcelamento, uso e ocupação do solo na Área Urbana do Bairro de Peirópolis, conforme definida na Lei do Perímetro Urbano. VI. Definir o sistema viário principal a ser implantado;
(UBERABA, 2000. Artigo 1º - Capítulo I da Lei Complementar no 186/2000)
Nesta mesma lei, em seu artigo 4º, são propostas diretrizes de ações e políticas que devem ser estabelecidas no bairro Peirópolis. Dentre aquelas que tratam da ordenação e requalificação urbanística, paisagística e arquitetônica têm-se:
serviços públicos
A ampliação das instalações da escola municipal existente e a construção de uma nova escola;
A implantação de um novo sistema de iluminação pública de fiação subterrânea;
A viabilização de postos policiais, bancários, de bombeiros e dos correios;
Uma proposta de abastecimento de água e de um sistema de tratamento de esgotos;
Melhoramentos nas instalações da Unidade Básica de Saúde existente;
infraestrutura
A construção de creche comunitária, para atendimento aos moradores e visitantes;
A manutenção das áreas públicas, através de projetos prevendo acessibilidade universal;
A implantação de terminal rodoviário próximo à rotatória de acesso principal ao bairro;
mobilidade
A pavimentação das vias públicas existentes, adotando-se pavimentação não impermeabilizante; A implantação de guarita e portão, ao lado do estacionamento existente;
Implantação de mobiliários urbanos e um projeto de sinalização;
sustentabilidade
A promoção de programas de preservação ambiental e projetos turísticos para as áreas onde existem cachoeiras; Proposta de programas de conscientização ambiental e de monitoramento das margens dos córregos e cursos d’água;
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A construção de Centro de Cultura e Arte;
Evitar o adensamento e expansão do bairro;
A preservação do Museu de Paleontologia existente;
lazer
Incentivar a implantação do Parque dos Dinossauros e a construção do Parque Paleobotânico; A construção de um Complexo Comunitário, com áreas de lazer e esporte; Promover a implantação de quiosques de lanches pelo bairro;
economia
Viabilizar a existência do “Centro de Produção do Agro-Negócio”; A construção de cozinha comunitária para atender à Associação das Doceiras Peirópolis;
Regularizar as áreas ocupadas ilegalmente;
uso do solo
Declarar de utilidade pública as áreas e construções da FEPASA;
Apesar destas diretrizes serem estabelecidas por lei, muitas das ações e políticas descritas não foram efetivadas. Então em 2016, a Lei Complementar nº 543/2016 foi promulgada com o intuito de alterar a Lei nº 186/2000, de modo a atualizar a legislação de acordo com as ações já realizadas e também retirar algumas que se mostraram inviáveis, de acordo com a opinião do poder municipal. Dessa forma, foram revogados os parágrafos do artigo 4º da Lei 186/2000 referentes à: Construção do Centro de Cultura e Arte; Construção do Terminal Rodoviário próximo à rotatória da entrada;
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Viabilização de postos bancários, dos correios e dos bombeiros; Implantação de guarita e portão, ao lado do estacionamento existente, para controle de acesso de veículos ao povoado; Declaração considerando de utilidade pública as áreas e construções ocupadas pela FEPASA e por seus funcionários. Muitos dos parágrafos do artigo 4º da Lei nº 186/2000 também foram alterados, e se apresentam na Lei Complementar nº 543/2016 com nova redação. Isto também foi feito para atualizá-la de acordo com as ações já tomadas ou conforme a inviabilização de algumas das propostas contidas na primeira redação. Além disso, o perímetro tombado é tratado com uma nova nomenclatura, a partir de 2010, com a implantação do Complexo Científico e Cultural de Peirópolis (CCCP), sendo este o novo termo utilizado na legislação.
ZRP1 - Zona Residencial de Peirópolis 1; ZRP2 - Zona Residencial de Peirópolis 2; ZRP3 - Zona Residencial de Peirópolis 3; APPH - Área De Preservação Ao Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural; APAL - Área de Preservação Ambiental e Lazer; APPS - Área de Pesquisa e Preservação ao Sítio Paleontológico. No mapa a seguir estão apresentados o limite do perímetro urbano de Peirópolis e a delimitação das zonas conforme o zoneamento citado acima. Nele também foi esboçado um projeto de sistema viário que não foi executado completamente desde então.
Também foi proposto, nesta mesma lei, um zoneamento específico para o Bairro Peirópolis. O bairro foi dividido em:
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Imagem 6 - Mapa da proposta de Sistema Viário e Perímetro Urbano de Peirópolis (adaptado pela autora)
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Fonte: site SEPLAN Uberaba
Nota-se que a legislação referente ao bairro Peirópolis é extensa e bem articulada. O processo participativo da elaboração do Plano Diretor da cidade de Uberaba e das leis específicas para a área demonstrou as demandas e aspirações por parte dos moradores locais, sendo considerada uma boa prática de gestão e planejamento urbano por parte do poder municipal. Todavia, foi identificado que muitas das diretrizes e propostas contidas na legislação em questão não foram concretizadas ou estão pouco desenvolvidas e abandonadas.
Construção de edifícios para abrigar, respectivamente, o Centro de Pesquisas Paleontológicas e o Museu Paleontológico;
realizadas
Preservação do Museu dos Dinossauros existente, podendo ser feitas obras de reparação, pintura e restauração, conforme legislação pertinente; Construção de cozinha comunitária para atender à Associação das Doceiras Peirópolis;
A seguir, são apresentadas todas as diretrizes de caráter urbanístico, paisagístico e arquitetônico que foram previstas nas leis citadas ao longo desse estudo e quais delas foram ou não implementadas até o ano de 2018:
realizadas de modo inadequado
Preservação do Museu dos Dinossauros existente, podendo ser feitas obras de reparação, pintura e restauração, conforme legislação pertinente; Implantação de sistema de tratamento de esgotos através de fossa séptica comunitária ou lagoas de estabilização e polimento;
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Construção de Centro de Cultura e Arte, para abrigar biblioteca comunitária, galeria de arte e realização de eventos e exposições;
Ampliar a escola municipal existente e construir uma nova escola de período integral; Instalação de equipamentos de apoio ao turismo, estacionamento para visitantes e cobrança de taxas;
Implantação de sistema de iluminação pública com fiação subterrânea, e substituição do posteamento existente por postes de altura inferior;
Pavimentação das vias públicas existentes, adotando-se pavimento não impermeabilizante;
parcialmente realizadas
Implantação de solução para abastecimento de água com preferência para poços artesianos; Incentivar a implantação do Parque dos Dinossauros; Implantação de mobiliários urbanos, como lixeiras, bancos e pontos de ônibus; Plano de Ordenação do Sistema Viário;
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não realizadas
Promover a regularização de áreas ocupadas; Promover melhoramentos nas instalações da Unidade Básica de Saúde; Promover a implantação de quiosques de lanches no povoado e locais de exploração turística, a serem licitados para sua exploração; Viabilizar a existência do “Centro de Produção do Agro-Negócio”;
Construção de creche comunitária, para atendimento aos moradores e visitantes; Construção de Complexo Comunitário para abrigar salão comunitário, quadra poliesportiva e campo de futebol; Implantação de terminal rodoviário próximo à rotatória de acesso ao povoado;
não realizadas
A ausência de investimentos e efetivação das medidas já previstas pelas legislações municipais demonstram que ainda há muito o que se fazer com relação a estruturação do bairro. As iniciativas por parte do poder público precisam ser mais frequentes e eficazes para que Peirópolis se desenvolva de acordo com o que foi proposto pelo Plano Diretor de Uberaba, e desse modo o seu público, em especial os seus moradores, se beneficiem do grande potencial desta área.
Viabilizar a implantação de postos da polícia militar e florestal; de postos de bombeiros; de posto de correio; e de postos bancários; Implantação de guarita e portão para controle de acesso de veículos ao povoado;
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conjunto arquitetônico tombado O perímetro tombado do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico de Peirópolis foi delimitado pelo Decreto Municipal nº 2544/2000 e possui uma área total de aproximadamente 48.202,21 metros quadrados. Os edifícios históricos tombados inseridos no perímetro são destacados na figura ao lado.
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estação ferroviária de peirópolis
casa de frederico peiró
Ano: 1889 Área Construída: 272,67 m²
Ano: aproximadamente 1910 Área Construída: aproximadamente 294 m²
atual museu dos dinossauros
Imagem 7 - Fachada posterior da Estação Ferroviária de Peirópolis
atual casa do turista
Imagem 8 - Fachada frontal da Casa do Turista
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armazém de frederico peiró atual cozinha comunitária
imóvel particular
Ano: década de 1900 Área Construída: aproximadamente 124 m²
Ano: década de 1900 Área Construída: aproximadamente 164 m²
Imagem 9 - Fachada frontal dos Armazéns de Frederico Peiró
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casa de lia peiró
Imagem 10 - Fachada da Casa de Lia Peiró
casa de raíssa tormin
casa da telefonista
Ano: década de 1900 Área Construída: aproximadamente 106 m²
Ano: década de 1900 Área Construída: aproximadamente 63 m²
imóvel particular
Imagem 11 - Fachada da Casa de Raíssa Tormin
atual restaurante estação peirópolis
Imagem 12 - Fachada da Casa da Telefonista
Fonte: Google Earth Pro
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casa de hóspedes
atual centro de pesquisas paleontológicas “Llewellyn Ivor Price”
imóvel inutilizado
Ano: década de 1900 Área Construída: aproximadamente 123 m²
Ano: década de 1900 Área Construída: aproximadamente 9 m²
Imagem 13 - Casa de Hóspedes da antiga Estação
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casa do trole
Imagem 14 - Casa do Trole
casa bolívia
máquina de beneficiar arroz
antiga fundação peirópolis - atualmente está inutilizado
antiga escola do futuro - atualmente está inutilizado
Ano: década de 1900 Área Construída: aproximadamente 162 m²
Ano: 1930 Área Construída: 748 m²
Imagem 15 - Vista lateral da Casa Bolívia
Imagem 16 - Fachada dos Armazéns da Máquina de Arroz
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casa de maximiano afonso
casa de aníbal caldeira
Ano: 1927 Área Construída: aproximadamente 419 m²
Ano: década de 1900 Área Construída: aproximadamente 94 m²
atual restaurante e hospedaria
Imagem 17 - Fachada Posterior da Casa de Maximino Afonso
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atual sorveteria geladino
Imagem 18 - Vista para Casa de Aníbal Caldeira
casa do portador
sede da rede nacional de pesquisas paleontológicas
antiga casa dos doces - atualmente está inutilizada
atual sede do complexo cultural e cientifico de peirópolis (CCCP)
Ano: 1889 Área Construída: 36 m²
Ano: 2004 Área Construída: aproximadamente 1.050 m²
Imagem 19 - Vista para a Casa do Portador da antiga Estação
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parte III
levantamentos e anรกlises
informações gerais Peirópolis pode ser considerado um território de caráter misto. Aspectos urbanos e rurais se confundem frente à desordem e à falta de fiscalização por parte do poder público municipal. Seu território apresenta muitas terras usadas de forma irregular e as diretrizes propostas para ordenar essa área no Plano de Diretor de Uberaba muitas vezes não foram efetivadas, conforme já descrito ao longo deste trabalho. O bairro apresenta deficiências quanto à infraestrutura básica para os moradores e está estagnada no tempo, devido à falta de incentivos para o desenvolvimento econômico. Os espaços públicos sofrem com a insuficiência de manutenção e de mobiliários urbanos, tornando assim esses ambientes menos atrativos aos usuários, sejam eles moradores ou visitantes.
Nesta etapa, foram realizados levantamentos e análises considerando parte do território de Peirópolis, na intenção de fazer uma leitura das principais necessidades e potenciais da área. Foram levantadas questões como o uso e ocupação do solo, o sistema viário, as infraestruturas existentes, as áreas verdes e a opinião dos usuários. Considerou-se fundamental os resultados obtidos nesta etapa, pois estes subsidiaram a elaboração de um novo plano de diretrizes urbanísticas e também a proposta projetual de requalificação do bairro.
Apesar de todas as dificuldades, os seus habitantes são engajados em incentivar o turismo e a realização de atividades de lazer e cultura como forma de valorizar e revitalizar o bairro. A cultura é o ponto nodal de Peirópolis: a tradição da culinária mineira e seus patrimônios arquitetônicos e paleontológicos trazem atrativos únicos a este espaço. Além disso, o turismo ecológico promovido por passeios às cachoeiras ajudam a preservar o aspecto rural do bairro.
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recorte espacial do levantamento Para a análise e levantamento de dados, a área de estudo fora restringida a apenas uma parte do bairro. Foi selecionada então a porção mais urbanizada desse território, pois nesse trabalho pretende-se intervir projetualmente apenas nesta área. Todavia, o plano de diretrizes urbanísticas que aqui será apresentado buscou conectar de maneira adequada toda a sua extensão, considerando suas características heterogêneas, e seus aspectos rurais e urbanos.
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LEGENDA: 1- Estacionamento 2- Casa do portador 3- Casa de Frederico Peiró ou Casa do Turista 4- Armazéns de Frederico Peiró ou Cozinha Comunitária 5- Antiga estação ferroviária ou Museu dos Dinossauros 6- Casa de Lia Peiró 7- Casa de Raíssa Tormin 8- Casa de Maximiano Alonso, atual Pousada Peirópolis 9- Casa de Aníbal Caldeira ou atual sorveteria Geladino 10- Casa de Hóspedes e do prole e atual centro de pesquisas da UFTM 11- Antiga máquina de beneficiar arroz 12- Casa Bolívia 13- Sede do CCCP ou antiga sede da Rede Nacional de Paleontologia 14- Casa da Telefonista e atual restaurante 15- Escola Municipal , Unidade Básica de Saúde e quadra descoberta
3
4 6
7
15
1
14 2
5
13
10 8
9 11 12
implantação situação atual de Peirópolis 1:2.500
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uso e ocupação do solo O uso e ocupação do solo na área de estudo é predominantemente residencial. Todavia, percebe-se que bairros sem uso misto são cada vez menos usuais e adequados para o modelo de vida atual, pois demandam maior deslocamento e tempo de seus moradores, além de não contribuirem para a sustentabilidade e igualdade das cidades. Apesar de se desejar que o bairro permaneça com maior uso residencial, é evidente o déficit de oferta comercial e de serviços.
análise quantitativa
64,5% - residencial 22,6% - institucional 12,9% - comercial
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sistema viário
O sistema viário do bairro é pouco estruturado, possuindo ainda muitas vias de terra batida, sem calçadas, com pouca sinalização e nenhum cuidado com as normas de acessibilidade urbana. Nota-se, dessa forma, que o local privilegia a mobilidade via automóveis e inviabiliza ou dificulta os demais tipos de deslocamento.
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hierarquia viária Apesar de o bairro possuir um sistema viário desordenado, todo conjunto de mobilidade possui uma hierarquia funcional. Esse conceito pode ser descrito como a função de cada rua dentro do sistema no cotidiano dos seus usários. Dessa forma, pode-se considerar avaliar sua hierarquia funcional como: arteriais primárias e secundárias: ruas Estanislau Collenghi e Durvalina Quintino da Cruz; coletoras: ruas Herman Tormin, Antônio José Luiz e Maximiano Alonso;
Na Lei Complementar nº 543/2016 que Altera a Lei Complementar nº186/2000, que “Institui as normas urbanísticas e diretrizes básicas para o desenvolvimento urbano do Bairro Peirópolis” e dá outras providências, foram propostas a pavimentação de todas as vias e também o alargamento das vias prexistentes conforme a Lei de Parcelamento do Solo de Uberaba. Todavia, a legislação é bastante vaga com relação ao pedestrianismo acessível e também aos demais meios de locomoção como as ciclovias e o transporte público urbano, novamente reforçando o privilégio aos automóveis particulares, e ignorando meio de locomoção mais sutentáveis.
locais: vias sem nome. Peirópolis já possui um plano para estruturação do sistema viário desde o ano 2000, elaborado após o Plano Diretor de Uberaba, porém poucas propostas contidas nele foram concretizadas e o bairro continua com muitas deficiências com relação à mobilidade urbana.
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infraestrutura urbana A infraestrutura urbana em Peirópolis é um aspecto contraditório, pois apesar do grande potencial local, há pouco investimento e suporte para seu desenvolvimento adequado. Apesar de não possuir um número expressivo de habitantes, Peirópolis recebe muitos visitantes, seja por motivos ecoturísticos, acadêmicos ou culturais; e de fato não está preparada para este fluxo contínuo de pessoas.
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saneamento básico
Quando se trata da qualidade de vida de seus habitantes, Peirópolis proporciona tranquilidade, contato com a natureza e muita cultura. Todavia, a distribuição e tratamento de água, o acesso à energia elétrica e a coleta seletiva de lixo ainda não atendem à toda a população.
saúde
Peirópolis possui uma unidade básica de saúde que tem espaço e recursos limitados para atender aos moradores e visitantes. As demandas mais recorrentes dos usuários quando se trata desse assunto são: a extensão do horário de funcionamento da UBS para o atendimento 24 horas e também a aquisição de uma ambulância exclusiva para o local.
educação
Há apenas uma instituição de ensino em Peirópolis – a Escola Municipal Frederico Peiró – que oferece apenas o ensino fundamental. Assim, há o déficit de educação infantil e do ensino médio para os moradores. A principal demanda dos usuários quando se trata de educação é a criação de uma crechê.
pedestrianismo e mobilidade local
As calçadas são raras nas ruas de Peirópolis, e nos poucos trechos existentes, elas estão desgastadas e não se adequam à NBR 9050, não possuindo acessibilidade universal.
lazer
O lazer em Peirópolis tem grande potencial, principalmente quando se trata de atividades ecoturísticas, devido às diversas cachoeiras em seu território. Todavia, não há investimentos em infraestruturas de apoio aos usuários e de proteção a esses bens naturais. Há também atividades culturais, que incluem dois museus de paleontologia e a praça Frederico Peiró, que apesar de ser paisagisticamente agradável não oferece mobiliários urbanos que incentivem atividades e a longa permanência dos usuários.
comércios e serviços
A oferta de comércios e serviços em Peirópolis é precária. Não há fármacias ou mercados, fazendo com que até pequenas compras exijam grandes deslocamentos. A solução pode estar no incentivo de novas iniciativas, como cooperativas para agricultores, feiras de pequenos produtores ou subsídios para microempreendedores locais.
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áreas verdes Peirópolis possui grandes extensões de áreas verdes e isto se deve principalmente ao seu cárater transicional entre as áreas rurais e urbanas do município. Todavia, muitas áreas não sofrem de manutenção periódica, estando dominadas por espécies vegetais invasoras e causando certa insalubridade ao bairro.
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fiscalização e manutenção da paisagem
A manutenção e fiscalização paisagística dos espaços públicos de Peirópolis é escassa, não garantindo o ordenamento espacial, a agradabilidade e a qualidade de vida ideal a seus usuários. Assim também está a situação das áreas verdes situadas em propriedades privadas, as quais muitas não recebem os cuidados e o acompanhamento necessário para garantir a salubridade do entorno. Falta assim, fiscalização por parte do poder público.
proteção ambiental
monitoramento e controle de espécies invasoras
Espécies invasoras são aquelas que conseguem se reproduzir muito facilmente e também acabam por prejudicar o desenvolvimento de outras espécies vegetais, inclusive espécies nativas, causando desequilíbrio ao ecossistema local. O controle e acompanhamento destas devem garantir a diversidade vegetal, de modo a promover o equilíbrio biológico no território. Atualmente, este controle não é realizado em Peirópolis por nenhuma instituição ou pelo poder público.
Com relação à proteção ambiental, o Plano Diretor e a Lei Complementar nº 543/2016 institui algumas medidas, como o zoneamento de áreas de proteção ambiental e também propõe a proteção e monitoramento dos cursos d’água inseridos no território de Peirópolis. Todavia, a falta de fiscalização e monitoramento dessas áreas as tornam vulneráveis a ações prejudiciais ao ecossistema local.
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elaboração e aplicação das entrevistas As entrevistas foram elaboradas com o objetivo de conhecer a percepção ambiental dos usuários com relação a esse espaço. Por meio dela foi possível conhecer as demandas, queixas e avaliações sobre o bairro. Na concepção desse método foram consideradas quatro vertentes de avaliação:
perfil dos usuários afetividade com o lugar
infraestrutura urbana
imaginabilidade dos usuários
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entrevistas com os usuários
Também se percebeu a necessidade de separar as entrevistas dos dois principais tipos de público deste bairro: os moradores e os visitantes. Isto porque a visão de cada um deles difere quanto ao nível de conhecimento das questões referentes ao bairro bem como das experiências que eles têm neste espaço. É fato que algumas necessidades serão convergentes entre moradores e visitantes. Porém, cada tipo de usuário tem focos e demandas diferentes, conforme as atividades realizadas naquele ambiente. Dessa forma, a entrevista destinada aos moradores teve um total de 21 perguntas mistas, variando entre abertas e fechadas, e a entrevista com os visitantes possuía 17 perguntas, também mistas. Algumas perguntas se repetiram para os dois tipos de público já que se tratavam de questões as quais ambos poderiam opinar e avaliar de formas distintas. A aplicação das entrevistas foi realizada em um domingo, dia 20 de maio de 2018, nos períodos da manhã e da tarde, entre às 9h e às 14h, nos espaços públicos do bairro Peirópolis. No total, foram entrevistadas 45 pessoas, sendo 17 moradores e 28 visitantes.
perguntas realizadas
moradores
Gênero e faixa etária do entrevistado; Há quantos anos mora no bairro? O que mais gosta do bairro? O que falta em Peirópolis? Avaliação da infraestrutura viária; Segurança no bairro; Cuidado por parte Prefeitura; Quais edificações considera relevantes; Meios de transporte utilizados; Avaliação das áreas de estacionamento; Avaliação do transporte público; Avaliação da iluminação pública; Avaliação dos espaços livres; Conservação dos edifícios públicos; Avaliação da arborização urbana; O que mudaria no bairro? Qual o primeiro pensamento quando lembra do bairro? Fluxo de pessoas no bairro; Eventos e atividades no bairro; Frequência de uso da praça Frederico Peiró; Oferta de comércio e serviços; Que nota daria à Peirópolis?
visitantes
Gênero e faixa etária do entrevistado; Motivo da vinda à Perirópolis; Quanto tempo pretende ficar no bairro; Avaliação da infraestrutura viária; O que falta em Peirópolis? Segurança no bairro; Quais edificações considera relevantes; Meios de transporte utilizados; Avaliação da praça Frederico Peiró; Conservação dos edifícios públicos; Avaliação da arborização urbana; O que mudaria no bairro? Qual o primeiro pensamento quando lembra do bairro? Eventos e atividades no bairro; Oferta de comércio e serviços; Consumiu ou comprou algo em Peirópolis? Que nota daria à Peirópolis?
análises dos resultados A análise dos resultados das entrevistas será apresentado a seguir, por meio de gráficos e conclusões quantitativas e qualitativas.
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perfil dos usuários Gênero
Faixa etária
Gênero
Faixa etária
Há quantos anos mora em Peirópolis?
moradores
visitantes
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Qual o motivo da visita à Peirópolis?
moradores
O perfil dos 17 moradores entrevistados teve como maioria indivíduos do sexo masculino (65%) e adultos (76%), ou seja, de faixa etária entre 25 a 59 anos. Notou-se também que os moradores de Peirópolis são, em sua maioria, moradores antigos, ou seja, que vivem há mais de 10 anos no bairro. Isso porque 41% deles vivem há mais de 20 anos em Peirópolis e 29% vive entre 10 a 20 anos. Dessa forma, se percebe que muitos passaram suas vidas ali. Todavia, um número significativo de entrevistados respondeu que se mudou para Peirópolis há menos de cinco anos, e quando questionados da razão, todos afirmaram que buscavam sossego, tranquilidade e maior contato com a natureza.
visitantes
Dos 28 visitantes entrevistados, a maioria era do gênero feminino (61%) e adultos (86%), com idade entre 25 a 59 anos. Quando questionados sobre o motivo da visita à Peirópolis os principais motivos foram lazer ou passeio (36%) e o museu de paleontologia (20%), também sede do CCCP. Nota-se então, que o principal atrativo aos visitantes são as atividades culturais e de lazer proporcionadas pelo local, demonstrando a importância do investimento nesta área para o desenvolvimento econômico do bairro. Outro número significativo refere-se às pessoas que foram motivadas a visitar Peirópolis devido à gastronomia caseira (11%), por conta dos restaurantes de comida típica mineira e a produção de doces artesanais caseiros. Isto só reforça o potencial turístico do local, que precisa ser incentivado com iniciativas públicas e privadas.
85
afetividade com o lugar Qual edificação considera mais relevante?
Como avalia a praça Frederico Peiró?
Costuma frequentar a praça?
Como avalia a praça Frederico Peiró?
O que mais gostou no bairro?
moradores
Qual edificação considera mais relevante?
visitantes
86
moradores
Tratando-se da afetividade dos moradores com o local, três perguntas foram relevantes para se analisar a relação dos mesmos com os espaços públicos de Peirópolis. Quando questionados sobre quais edificações eles consideravam mais relevantes para o bairro, os resultados mais significativos foram o Museu do Dinossauro ou a antiga estação ferroviária (38%), a casa do turista ou antiga casa de Frederico Peiró (29%) e a sede do CCCP ou museu de paleontologia (21%). A edificação menos lembrada foi a antiga fundação Peirópolis ou máquina de beneficiar arroz. Acredita-se que o edificio da antiga fundação tenha sido menos lembrado devido ao seu mau estado de conservação e também a sua inutilização nos últimos anos. Também foram avaliadas as opiniões dos moradores com relação a praça Frederico Peiró e se eles a utilizavam com frequência. A maioria considera a praça excelente (47%) ou boa (35%) e apenas 18% fizeam avaliações negativas do local. Além disso, a maioria também respondeu que utiliza a praça com frequência (71%); e quando questionados sobre quais atividades realizam ali, a maioria disse que gosta de conversar ou ler.
visitantes
Para avaliar a afetividade dos visitantes com relação aos espaços públicos de Peirópolis, também foram consideradas três perguntas. A primeira também avaliou quais edificações os visitantes acharam mais relevantes. A sede do CCCP (34%) e o museu dos dinossauros (32%) obtiveram o maior número de respostas. A casa do turista também obteve um número expressivo de respostas, com 16%, mostrando que as três edificações mais significativas para ambos os perfis de usuário questionados são as mesmas. Com relação à Praça Frederico Peiró, a maioria dos visitantes também avaliou positivamente: 75% consideram excelente e 21% boa. E os visitantes entrevistados foram então questionados do que mais gostaram em Peirópolis. Boa parte dos entrevistados respondeu que foram os museus (42%). Outras respostas significativas foram a paisagem/natureza (27%) e o sossego (15%). E novamente as atrações culturais se mostram de extrema importância para a identidade e o desenvolvimento do bairro.
87
infraestrutura urbana O que falta em Peirópolis?
Como avalia a iluminação pública?
Qual meio de transporte mais utiliza?
moradores
O que falta em Peirópolis?
visitantes
88
Como avalia a oferta de comércios no bairro?
Qual meio de transporte usou para vir ao bairro e para percorrê-lo?
moradores
visitantes
Os moradores também foram questionados quanto ao meio de transporte que mais utilizam, e as respostas mais signigicativas foram: carro/moto (42%) e à pé (32%). Isso demonstra que a distância de Peirópolis do centro urbano de Uberaba atrelado às péssimas condições para o pedestrianismo, ciclismo e transporte público estimulam com que os moradores utilizem mais os automóveis particulares do que meios mais sustentáveis de locomoção, inclusive para percorrer pequenas distâncias no limite do bairro.
E ao responderem sobre quais meios de transporte utilizaram para ir e se locomover em Peirópolis, os visitantes reafirmam a preferência por automóveis particulares (48%), mostrando que o transporte público não é uma boa alternativa para o bairro. Nota-se que a maioria dos visitantes percorre o bairro à pé, porém muitos reclamaram das condições das calçadas e vias.
Buscando avaliar as opiniões dos usuários sobre a infraestrutura urbana de Peirópolis, os moradores foram questionados sobre o que sentem falta; sobre a qualidade da iluminação pública; e sobre o meio de transporte que mais utilizam para se locomoverem no bairro. Com relação à primeira pergunta, foram muitas respostas distintas, porém as que mais se repetiram foram a falta de: áreas esportivas (15%), postos policiais (14%), incentivo turístico (13%), preservação ambiental (9%) e um terminal de mobilidade urbana (9%). Tratando-se da iluminação pública, nenhum dos entrevistados considerou excelente, porém a maioria considerou boa (53%) e um total de 47% responderam avaliando negativamente.
Já os visitantes foram questionados sobre: o que sentiram falta em Peirópolis; a sua opinião quanto à oferta de comércios e serviços; e sobre os meios de transporte que utilizaram para chegar ao bairro e/ou percorrê-lo. Na primeira pergunta, as alternativas mais respondidas pelos entrevistados foram: áreas esportivas (13%), incentivos à ecologia/paleontologia (13%), comércios (12%), eventos (12%), informações (12%) e melhorias viárias (10%). Notou-se então que ambos os perfis de entrevistados tem como principal queixa a falta de áreas para prática de esportes. Na segunda pergunta, a maioria dos entrevistados avaliou positivamente a oferta comercial e de serviços, porém, 39% dos entrevistados consideram ruim. Assim, se torna evidente a demanda por comércios e serviços no bairro, não só pelos moradores mas também pelos visitantes.
89
imaginabilidade dos usuários Qual primeira palavra que vem à cabeça quando pensa em Peirópolis?
Quais eventos ou atividades gostaria de ter em Peirópolis?
Que nota daria para o bairro de 1 a 5?
Qual primeira palavra que vem à cabeça quando pensa em Peirópolis?
Quais eventos ou atividades gostaria de ter em Peirópolis?
Que nota daria para o bairro de 1 a 5?
moradores
visitantes
90
moradores
Para analisar a imaginabilidade dos moradores com relação à Peirópolis foram usadas três perguntas. A primeira questiona sobre a primeira imagem mental que o entrevistado tem quando pensa em Peirópolis. Todas as respostas obtidas remetem a aspectos positivos, mas as imagens mais expressivas para os moradores são tranquilidade/paz (38%), qualidade de vida (19%), turismo (19%) e dinossauro (19%). Também foram questionados sobre quais os eventos que gostariam que acontecessem com mais frequência nos espaços públicos, para avaliar o que se imaginam fazendo nos espaços públicos do bairro. Muitos moradores responderam eventos culturais/turísticos, com 43% do total, enquanto que as demais opções obtiveram o mesmo percentual de respostas. Por fim, os entrevistados responderam qual nota dariam ao bairro de forma geral, sendo um equivalente a péssimo e cinco excelente. As respostas obtidas pelos moradores foram equilibradas, com um total de 39% optando por 5, 33% por 3 e 22% por 4, sendo assim a avaliação geral da maioria dos moradores foi positiva.
visitantes
As perguntas realizadas aos visitantes para a avaliação da imaginabilidade com relação à Peirópolis foram as mesmas realizadas aos moradores. Sendo assim, na primeira pergunta, a maioria dos entrevistados respondeu dinossauro (57%). Outra resposta que teve um resultado considerável foi tranquilidade/paz com um total de 30%. Já a na segunda pergunta, a opção mais respondida, assim como pelos moradores, foi eventos culturais/turísticos com 45% das respostas; mas, eventos acadêmicos (21%) e esportivos (19%) também apareceram de forma expressiva. E na questão que tratava da avaliação geral de Peirópolis, não houveram respostas negativas, sendo que 43% dos entrevistados classificaram o bairro com nota 5. As notas dadas pelos visitantes representam a visão de pessoas que não vivem o cotidiano do local, mas são importantes para avaliar as primeiras impressões dos usuários com relação àquele espaço.
91
parte IV
plano de diretrizes urbanĂsticas
requalificação urbana A proposta de requalificação urbana de Peirópolis visa garantir a melhoria da qualidade de vida dos moradores e promover uma experiência mais agradável e completa a seus visitantes, de modo a ordenar fisicamente o espaço, garantindo o desenvolvimento econômico e social sustentável da comunidade e do espaço que vivenciam.
mobilidade e pedestrianismo
diretrizes gerais
1. Mobilidade urbana e pedestrianismo 2. Sustentabilidade e ecologia 3. Valorização e vivacidade dos espaços públicos 4. Desenvolvimento da comunidade local 5. Melhorias na infraestrutura urbana
A partir das diretrizes gerais apresentadas foi estruturado o plano de diretrizes urbanísticas para Peirópolis, considerando também alguns trechos da Lei Complementar nº 543/2016, de modo a estabelecer novas medidas de ordenamento e estruturação do bairro. Esse plano foi dividido em quatro seções, conforme as diretrizes gerais acima, e nestas foram desenvolvidas propostas projetuais específicas de requalificação do espaço.
sustentabilidade e ecologia
valorização dos espaços públicos
a reestruturação das vias com a implantação de calçadas acessíveis, vias compartilhadas, faixas de pedestres elevadas, sinalização adequada e ciclofaixas; a pavimentação de trechos de movimento contínuo com pavimentos semipermeáveis; a implantação de biovaletas e jardins de chuva; incentivo ao tratamento de esgoto por bacias de evapotranspiração (BET) ou fossas sépticas; a coleta seletiva de lixo e a criação de um projeto de reciclagem e compostagem em cooperação com os moradores; o monitoramento da polícia ambiental nas áreas próximas aos cursos d’água; a elaboração de um projeto de requalificação da praça Frederico Peiró; a implantação de uma horta urbana comunitária; a criação de um espaço livre para receber eventos; a reforma e a cobertura da quadra esportiva já existente; a requalificação paisagística e urbana das vias e espaços comuns; o restauro dos patrimônios históricos locais;
95
desenvolvimento da comunidade local
infraestrutura urbana
96
apoio financeiro público para a Associação dos Amigos do Sítio Paleontológico de Peirópolis; reabilitação da Fundação Peirópolis, para que se torne uma cooperativa dos moradores e incentive a economia local; subsídios para atrair a instalação de pequenos comércios e serviços ao bairro; divulgação dos atrativos culturais e turísticos de Peirópolis no âmbito regional; promoção de eventos culturais, turísticos, acadêmicos e esportivos no bairro; inclusão da educação infantil e do ensino médio na escola municipal Frederico Peiró; reforma da Unidade Básica de Saúde existente e a aquisição de uma ambulância exclusiva; a proposta de um novo projeto de iluminação pública e a distribuição de energia elétrica a todos os moradores; garantir meios alternativos de tratamento e fornecimento de água a todos os moradores; a construção de um terminal de mobilidade urbana;
Essas diretrizes, aliadas às propostas já estabelecidas pela Lei Complementar nº 543/2016, visam agregar mais qualidade de vida e bem estar aos moradores e visitantes de Peirópolis. E muitas das propostas apresentadas estão alinhadas aos princípios de uma “nova” vertente do urbanismo, o città slow. Isso poque pretendem: fortaceler a relação dos usuários entre si e com o espaço que habitam; controlar o crescimento desordenado, por meio de legislações de zoneamento e uso do solo e da conservação dos padrões arquitetônicos já consolidados no local; evitar o adensamento desequilibrado da população; promover a convivência sustentável da sociedade com o ecossistema do local; melhorar os serviços e infraestruturas sem descaracterizar a identidade e legibilidade dos espaços. possibilitar a autossuficiência e autonomia da comunidade.
perspectiva geral do plano de diretrizes urbanĂsticas
97
13 As ruas e calçadas são elementos fundamentais à vivência urbana: elas intermeiam os âmbitos público e privado e conectam a rede de lugares que compõem as cidades. O pedestrianismo, por sua vez, é o meio de locomoção mais democrático e importante para a relação dos usuários com as cidades, pois garante vida e dinamismo ao meio urbano. Em Peirópolis, muito disso se perde devido à escassez de calçadas ou vias que priorizam essa modalidade de locomoção. Para que o pedestrianismo se torne novamente o principal meio de transporte dos usuários de Peirópolis, é necessário readequar todo o sistema viário da área de projeto, implantando calçadas e tornando as vias mais estreitas em espaços compartilhados por automóveis, pedestres e ciclistas. As calçadas propostas foram projetadas para atender às instruções técnicas da NBR9050 de acessibilidade universal e promover uma experiência perceptiva mais agradável para os usuários, com canteiros de paisagismo e mobiliários urbanos. Já as vias compartilhadas têm como propósito a otimização do espaço, garantindo que todos transitem com segurança no mesmo espaço. Para isso, a correta sinalização e escolha dos materiais das vias é imprescindível.
98
mobilidade local e pedestrianismo diretrizes para requalificação viária
calçadas
vias convencionais
vias compartilhadas
- acessibilidade + mobiliário urbano; - revestimento cerâmico semipermeável; - larguras de 1,5 metros a 3,00 metros; - aumento da arborização (sombra); - iluminação das calçadas; - pavimentação das vias de maior fluxo; - exclusão das vagas de estacionamento; - inclusão da ciclofaixa; - diminuição das faixas carroçáveis; - velocidade máxima de 30 km/h; - faixas de pedestres elevadas, com diferenciação do piso; - velocidade máxima de 30 km/h; - arborização + canteiros de chuva; - revestimento cerâmico semipermeável; -iluminação pública; - acessibilidade + mobiliário urbano.
rua Estanislau Collenghi
praça
ciclofaixa canteiro + biovaleta
faixa carroçável via com duas mãos + estacionamento
calçada + mobiliário
ciclofaixa
canteiro + biovaleta
faixa carroçável via com duas mãos + estacionamento
terrenos inutilizados
calçada
corte esquemático_rua estanislau collenghi com ciclovia
corte esquemático_rua estanislau collenghi: calçada unilateral
99
vias compartilhadas - rua Maximiano Alonso - ruas sem nome - trecho da rua Herman Tormin - trecho da rua Antônio José Luiz
via compartilhada canteiro + biovaleta
corte esquemático_vias compartilhadas de maior circulação
100
via compartilhada via compartilhada canteiro + biovaleta
canteiro + biovaleta
canteiro + biovaleta
via compartilhada via compartilhada canteiro + biovaleta
corte esquemático_vias compartilhadas de menor circulação
canteiro + biovaleta
rua Durvalina Quintino da Cruz canteiro + biovaleta
terrenos faixa carroçável inutilizados via com duas mãos calçada unilateral
corte esquemático_rua durvalina quintino da cruz calçada unilateral
praça
faixa carroçável via com duas mãos ciclofaixa
calçada
corte esquemático_rua durvalina quintino da cruz com ciclofaixa
101
rua Antônio José Luiz
rua Herman Tormin
canteiro faixa carroçável via com uma mão + biovaleta espaço para eventos
ciclofaixa praça
corte esquemático_ rua antônio josé luiz
102
canteiro faixa carroçável via com uma mão + biovaleta
estacionamento
calçada
corte esquemático_ rua herman tormin
ciclofaixa
praça
perspectiva do cruzamento das ruas Estanislau Collenghi e Durvalina Quintino da Cruz
103
14 As infraestruturas verdes são medidas ecológicas que visam amortecer o impacto das atividades urbanas sobre o meio ambiente. Com o projeto viário e de espaços públicos proposto, uma grande área do bairro será semimpermeabilizada, perdendo parte da sua capacidade e velocidade de infiltração da água no solo. Paralelo a isto, se propõe soluções urbanísticas que visam manter a permeabilidade do solo e reaproveitar a água das chuvas: as biovaletas e os jardins de chuva. Tanto as biovaletas quanto os jardins de chuva são sistemas de biorretenção que se utilizam das ações naturais de filtragem e armazenamento de água para evitar alagamentos, armazenar e reaproveitar as águas pluviais, que serão utilizadas na horta comunitária e na irrigação da vegetação dos espaços públicos do bairro. Além dessas infraestruturas verdes, iniciativas comunitárias com o apoio do poder municipal podem solucionar os problemas com o lixo produzido pelo bairro. A coleta seletiva deve ser ensinada aos moradores, para que os recicláveis possam servir de matéria prima para o artesanato local e os orgânicos possam ser reaproveitados nos processos de compostagem, como adubo natural, e distribuído a toda a comunidade local.
sustentabilidade e ecologia
biovaletas árvores calçada
areia
canteiro
brita
terra ladrão
corte esquemático_ biovaletas
jardins de chuva árvores estacionamento área de alagamento terra
brita
ladrão com caixa de passagem
corte esquemático_ jardins de chuva
104
valeta
bacias de evapotranspiração (BET) e círculo das bananeiras As bacias de evapotranspiração e os círculos das bananeiras compõem as medidas dos sistemas de permacultura para o tratamento de esgoto doméstico. As BETs destinam-se ao tratamento das águas negras, ou seja, águas dos sanitários. Já o círculo das bananeiras, para as águas cinzas, que saem das máquinas de lavar, pias e etc. Ambas funcionam como um sistema de tratamento natural, utilizando uma filtragem inicial através de camadas de sedimentos diferenciados e a evapotranspiração realizada pelas espécies vegetais. Outra solução para as águas negras seriam as fossas sépticas biodigestoras que também tratam o esgoto e permitem a reutilização da água, através dos processos de decantação, fermentação e filtração.
tubos de inspeção
palmeiras
terra
areia
palha/grama
cascalhos
parede de fibrocimento
britas
corte esquemático_ bacia de evapotranspiração (BET)
camada de palha
bananeiras
grama buraco com restos de troncos
cano de escoamento terra
corte esquemático_ círculo das bananeiras
105
15
valorização e vivacidade dos espaços públicos
requalificação da praça Frederico Peiró
O projeto de requalificação da única praça de Peirópolis tem como objetivo propor um espaço público de qualidade, com diversas atividades para atender às demandas dos moradores e dos visitantes. A praça funcionará como elemento integrador e focal do bairro, o principal espaço para o encontro da comunidade. O novo projeto trará maior identidade e legibilidade ao lugar. Seu projeto será detalhado na próxima seção desse caderno.
Este espaço seria multifuncional e abrigaria os diversos eventos e atividades para moradores e visitantes. A ideia é se ter um espaço amplo e aberto para a realização de feiras, shows, eventos acadêmicos, ecológicos e culturais. Este espaço teria direta conexão com a praça, sendo a sua extensão. O projeto deste local será especificado na próxima seção desse caderno.
horta comunitária
requalificação paisagística
A ideia da horta comunitária é propor um espaço de interatividade, sustentabilidade e gestão compartilhada pelos moradores. Através dela, muitos poderão obter alimentos orgânicos gratuitos, desde de que participem da manutenção desse espaço. A ideia também é inspirar que isto seja feito em cada lar, e estimular a produção em pequena escala de alimentos para que os moradores troquem ou vendam esses produtos, estimulando a economia local e a independência dos moradores com relação aos mercados, já que não há nenhum instalado no bairro.
106
espaço para eventos ao ar livre
O tratamento paisagístico do bairro limitava-se apenas à praça Frederico Peiró, que ainda assim possuía grandes extensões gramadas e poucas áreas sombreadas. A partir do novo desenho da praça e do sistema viário, foram propostos grandes canteiros, que ora funcionam como ornamentais e ora como infraestruturas verdes, contribuindo para o embelezamento do bairro, maior quantidade de áreas sombreadas, escoamento das águas pluviais e diversidade vegetal. As tabelas vegetais serão apresentadas na próxima seção do caderno, junto ao projeto dos espaços livres.
16 desenvolvimento da comunidade local fortalecimento e apoio financeiro público para a Associação dos Amigos do Sítio Paleontológico de Peirópolis
A Associação dos Amigos do Sítio Paleontológico de Peirópolis é uma iniciativa de moradores que buscam representar o bairro perante o poder municipal, visando buscar melhorias e investimentos públicos para o local. A associação também promove eventos e atividades para atrair turistas e promover maior dinamismo na vida de Peirópolis. Muitos dos membros da associação trabalham para manter algumas instituições do bairro em funcionamento, como no caso da Casa do Turista.
reabilitação da Fundação Peirópolis
A Fundação Peirópolis surgiu no bairro em 1995 por iniciativa de Dirceu Borges e visava propor formas alternativas ao ensino convencional, como a educação em valores humanos e valores da natureza. A Fundação realizava diversos eventos e atividades culturais, acadêmicos e ecológicos. Todavia, por volta do ano 2000 teve suas atividades suspendidas, e hoje as suas instalações se encontram abandonadas. A ideia é tornar esta iniciativa pública e reabilitar a fundação para que esta se torne uma cooperativa, onde os moradores possam trocar conhecimentos e experiências técnicas e acadêmicas.
subsídios para atrair e manter pequenos comércios e serviços
Para que o local possua melhor oferta de comércios e serviços para seus moradores e visitantes, propõe-se que o poder municipal incentive a criação de pequenos empreendimentos no bairro por meio da concessão de facilidades e subsídios. Não se pretende trazer grandes empresas, mas desenvolver as já existentes, atrair microempreendedores e apoiar novas iniciativas locais.
divulgação dos atrativos culturais e turísticos de Peirópolis no âmbito regional
A promoção de Peirópolis na região, por meio de campanhas em meios de comunicação, apresentando suas riquezas naturais, a culinária, os patrimônios arquitetônicos e paleontológicos do local podem despertar o interesse de diversos visitantes, e favorecer o desenvolvimento de sua economia.
promoção de eventos no bairro por parte do poder municipal
Com o auxílio da Associação dos Amigos do Sítio Paleontológico de Peirópolis, a Fundação Cultural de Uberaba e a UFTM podem promover eventos culturais, acadêmicos e ecológicos com o intuito de valorizar os atrativos do local, trazer novas experiências aos moradores e dinamizar a economia do bairro.
107
17 melhorias na infraestrutura urbana vias + calçadas iluminação pública
vias compartilhadas e praça
Para a adequação da iluminação pública no bairro, foram propostos dois tipos de luminárias, de forma que elas se adequem aos usos de suas áreas de instalação. Em todas as luminárias serão usadas lâmpadas de LED, que possuem maior intensidade luminosa e são mais rentáveis e sustentáveis.
distribuição da rede etétrica
Com o projeto de requalificação de Peirópolis, a ideia é que na área de intervenção a distribuição da rede elétrica se dê apenas via instalações subterrâneas, evitando a poluição visual causada pelos fios e postes de distribuição.
alturas - 9 m (maior) 5 m (menor) braços - 2,00 m (maior) 1,50 m (menor) material - aço galvanizado lâmpadas - LED
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altura - 5 m braço - 1,50 m material - aço galvanizado lâmpadas - LED
terminal de mobilidade urbana
O terminal de mobilidade urbana proposto se localizará nas proximidades da rotatória de acesso ao bairro e contará com sanitários e local para espera do transporte público. Apesar da demanda pequena, se deseja proporcionar maior comodidade para seus usuários e incentivar que mais indivíduos venham a utilizar desse meio de locomoção entre o bairro e as demais regiões da cidade de Uberaba. A planta da edicação e seus detalhes serão apresentados na próxima seção desse caderno.
perspectiva do terminal
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parte V
projeto de requalificação
18 o bairro: proposta geral Para a requalificação de Peirópolis, foram propostos quatro eixos de atuação principais, que consideraram todas as deficiências identificadas nos levantamentos realizados:
1. mobilidade urbana; 2. espaços públicos de lazer; 3. paisagem natural; 4. integração territorial; mobilidade urbana
Dentro dessa temática, a mudança na estrutura e no padrão das vias, conforme foi apresentado na seção anterior, têm a intenção de facilitar a locomoção pelo bairro, priorizando os meios de transporte ativos, ou seja, o pedestrianismo e o ciclismo, mas também propondo novas soluções para o transporte via automóveis. Para tal, foram implantadas mais calçadas, novos revestimentos, paisagismo adequado às vias, as vias compartilhadas, a ciclofaixa, os pontos de aluguel de bicicletas, um novo estacionamento e o terminal de mobilidade urbana.
espaços públicos de lazer
Os espaços públicos de lazer são importantes para a proporcionar a completa experiência urbana a seus usuários. Apesar do sucesso dos museus existentes, os espaços livres de Peirópolis atualmente não convidam os indivíduos a desenvolverem atividades e permanecerem um maior período de tempo ali. Por isso, foi proposto um plano de espaços livres integrados que disponibilizam aos usuários: – Áreas de descanso sombreadas (paisagismo); – Academia ao ar livre; – Banheiros públicos; – Horta comunitária; – Playground; – Área para piquenique; – Jardim Sensorial; – Espaço para eventos; Esse programa de atividades tem como espaço central a praça Frederico Peiró, única praça de Peirópolis. Por meio da integração do patrimônio existente, do projeto de requalificação paisagística, de novos mobiliários urbanos e novas atividades se pretende qualificar este espaço e restabelecer uma nova dinâmica, aproveitando melhor a área.
113
paisagem natural
Para que a paisagem urbana de Peirópolis fosse requalificada foi necessária uma nova proposta paisagística para o espaço. O bairro possuía demasiada homogeneidade vegetal, e assim perdia um pouco das riquezas do cerrado típico do local. O novo projeto de paisagismo do bairro conta com muitos canteiros de paisagismo ao longo das vias, que também funcionam como biovaletas , captando as águas pluviais e direcionando-as para os jardins de chuva. Além do paisagismo das vias, também foi proposto uma requalificação vegetal da praça e dos demais espaços públicos integrados a ela. As espécies escolhidas para a arborização dos canteiros das calçadas são apresentadas a seguir na tabela abaixo:
Tipo Gramíneas Herbáceas
Arbóreas
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Nome popular
Tabela espécies vegetais dos canteiros das calçadas Nomenclatura cientifica Família
Altura
Grama-São-Carlos
Axonopus compressus
Poaceae
Menos de 15 cm
Bromélia-sanguínea Liríope Lambari Periquito Pata-de-vaca Aroeira-mansa Jasmim-manga Resedá Cambuci
Guzmania sanguinea Liriope spicata Tradescantia zebrina Alternanthera sessilis Bauhinia forficata Schinus terebinthifolius Plumeria rubra Lagerstroemia indica Campomanesia phaea
Bromeliaceae Asparagaceae Commelinacae Amaranthaceae Fabaceae-Cercideae Angioespermae Apocynaceae Lythraceae Myrtaceae
15-25cm De 10 a 30 cm De 15 a 25 cm De 20-30 cm 5 a 9 metros 5 a 10 metros 3 a 9 metros 3 a 5 metros 10 a 20 metros
integração territorial
Foi notado ao longo dos levantamentos e análises realizados que Peirópolis, apesar de pequeno, é um bairro evidentemente fragmentado entre a área “turística”, espaço no entorno imediato da praça e dos patrimônios tombados, e a área “doméstica”, onde estão a maior parte das residências e chácaras do local. Isto porque do pouco investimento público recebido, quase que sua totalidade é investido no perímetro turístico e pouco é destinado às demais áreas do bairro. Dessa forma, neste projeto de requalificação buscou-se quebrar essa lógica de fragmentação e diluir os investimentos, homogeneizar as áreas e unificá-las através dos espaços públicos, sejam eles as ruas ou espaços de lazer. Os espaços públicos se tornam eixos de conexão e garantem a unidade territorial, atuando como ambientes de transição para as propriedades privadas. Para garantir essa unidade territorial, foi proposta a padronização dos materiais que seriam utilizados nos espaços públicos ao longo de todo o bairro, bem como faixas de pedestres elevadas e demais soluções de integração.
Os principais materiais escolhidos para compor os espaços urbanos de Peirópolis foram: Flex Brick (semipermeável) Utilidade: revestimento de calçadas e vias compartilhadas Paralelepípedo (semipermeável) Utilidade: revestimento das vias convencionais
115
diagrama de intervenções no bairro
construção da horta urbana
requalificação da praça Frederico Peiró
vias que sofreram intervenções
construção do terminal de mobilidade urbana
legenda: espaços livres modificados
construção do estacionamento de automóveis
alterações de mobilidade urbana
contrução do espaço para eventos
116
patrimônios preservados
institucionais reformados
planta humanizada_1:2500 proposta geral do bairro
implantação proposta de requalificação de Peirópolis 1:2.500
19 a praça Frederico Peiró No projeto de requalificação proposto, a praça Frederico Peiró se tornaria o principal elemento urbano e paisagístico do bairro, pois funcionaria como agente articulador dos elementos públicos e privados e dos aspectos naturais e construídos da paisagem de Peirópolis. Por isso, no Plano de Diretrizes Urbanísticas, a requalificação dessa praça tem papel fundamental como medida capaz de transformar toda a dinâmica do local. Como ideia motriz do projeto de requalificação deste espaço tem-se a conexão dos elementos naturais com os patrimônios tombados ao longo de sua extensão, de modo a criar percursos mais agradáveis aos transeuntes e conectar toda o perímetro de intervenção do Plano. Desse forma, a praça transbordaria para os terrenos onde se instalarão a horta urbana e o espaço para eventos, com acessos via faixa de pedestres elevadas, de modo a expandir seu território e promover novas atividades aos usuários. Outro aspecto de destaque do território e que se mostrou como um facilitador do projeto foi a topografia da área de intervenção, considerada praticamente plana. Dessa forma, o terreno não carece de movimentações de terra para a requalificação da praça e também contribui para a sensação de integração e conectividade deste ambiente e o seu entorno.
programa de necessidades
O programa de necessidades idealizado foi proposto a partir da ánalise dos levantamentos físicos previamente realizados e das demandas apresentadas pelos usuários nas entrevistas. Assim, foram previstos os seguintes ambientes para a praça: – espaços para atividades de lazer; – áreas de descanso e permanência; – áreas para a prática de esportes; – acessibilidade universal; – requalificação paisagística; – espaço para eventos de médio e pequeno porte; – espaço para atividades infantis; – espaços de colaboração comunitária; – banheiros públicos; – restauro dos espaços culturais e educacionais; – comércios alimentícios e de souvenirs; A seguir, são apresentados o conjunto gráfico elaborado como masterplan do projeto de requalificação da praça, propondo a disposição dos espaços e a vegetação utilizada na nova conformação paisagística.
119
diagrama de espaรงos da praรงa Frederico Peirรณ
120
planta humanizada_1:750 a praรงa Frederico Peirรณ
implantação proposta para a praça Frederico Peiró 1:2.500
corte esquemรกtico AA_1:1000 a praรงa Frederico Peirรณ
corte AA & tabela de vegetação da praça Frederico Peiró 1:2.500
considerações projetuais O novo projeto da praça apresenta amplo programa de atividades que contam com uma diversidade de espaços a serem explorados por seus usuários, contemplando os eixos de lazer, cultura, ecologia e funcionalidade. Buscou-se atender às demandas dos moradores e dos visitantes, de modo que a praça não se tornasse apenas um espaço turístico mas também um ambiente que participe do cotidiano dos moradores do bairro e estimule a permanência e uso contínuo do lugar. Para tal, foi essencial: – A instalação de novos mobiliários urbanos como bancos, lixeiras, bebedouros e bicicletários. Esses elementos, apesar de simplórios, desempenham papel fundamental na experiência dos ambientes públicos por parte dos usuários; – A adequação do projeto conforme as normas de acessibilidade universal propostas na NBR9050, principalmente nas calçadas e banheiros públicos;
– O desenvolvimento de um espaço adequado para eventos culturais, educacionais ou de lazer, de modo a criar um maior movimento de pessoas no bairro, conectar os moradores com os visitantes e ainda proporcionar lucro econômico aos comerciantes e microempreendedores locais; – A requalificação paisagística, criando mais áreas sombreadas na praça e assim contribuindo para melhorar o microclima local, além de proporcionar uma paisagem mais agradável e acolhedora ao bairro; A seguir serão apresentados e descritos os principais espaços desenvolvidos para a praça, assim como seus anexos (espaço para eventos e horta urbana) e o terminal de mobilidade urbana.
– A proposição de espaços para o desenvolvimento das relações comunitárias, como a horta urbana, de modo a convidar os moradores a cuidar e partilhar do ambiente urbano;
125
área de piquinique Com área de 2.740 metros quadrados, este espaço totalmente revestido de grama batatais (resistente ao pisoteio) se destina ao lazer e socialização de seus usuários. Além disso, possui vegetação de médio e grande porte, com presença de ipês amarelos, jacarandás-de-minas, ipês roxos, farinhas-secas e cambucis, proporcionando áreas de sombra, favorecendo a permanência dos usuários mesmo em dias quentes. Equipado com grandes mesas e cadeiras de descanso, possui amplo espaço para pequenas refeições e descanso de grandes grupos. Além disso, também possui lixeiras, bicicletário e luminárias, favorecendo o conforto de seus usuários.
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รกrea de piquinique
playground
playground A área do playground conta com 3.645,50 metros quadrados. Seu espaço de circulação foi revestido com cimento queimado, formando trajetos a serem percorridos entre as áreas de grama batatais repletas de mobiliários interativos, equipamentos infantis e árvores de médio e grande porte. Além desses elementos, possui diversos bancos, lixeiras, bebedouros e luminárias. Na imagem ao lado está ilustrado o sistema de redes criado embaixo das árvores, que pode ser utilizado para o descanso e entretenimento dos usuários, e permite que eles se deitem ou sentem na rede e aproveitem a sombra da vegetação.
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playground O playground ainda conta com diversas áreas de diversão para crianças e adultos. Uma das esculturas de dinossauros já existente na praça atual é aproveitada para criar um brinquedo de escalar e completa as atividades do parque. Outro ambiente que compõe o playground está representado na imagem ao lado: o gramado com balanços, onde foram instalados cinco estruturas de madeira maciça, além de bancos para o descanso e permanência dos usuários. Ao fundo, nota-se as fontes interativas instaladas no chão, junto a ralos que escoam a água lançada, permitindo que adultos e crianças se refresquem nos dias mais quentes.
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playground
academia ao ar livre
academia ao ar livre O canteiro de grama batatais que abriga a academia ao ar livre conta com 515 metros quadrados, porém o piso de revestimento cerâmico com textura amadeirada ocupa apenas 124,68 metros quadrados. Nesse piso foram instalados os equipamentos de academia ao ar livre, que contam com bicicletas, esquis, simuladores de caminhada, aparelho de rotação dupla diagonal, simuladores de cavalgada, leg press, remadas, extensoras e aparelho de rotação vertical. Nas calçadas de acesso à academia, foram instalados lixos, bebedouros e luminárias de modo a atender os usuários desse ambiente. A vegetação apresenta espécies arbustivas e também arbóreas de médio e grande porte, que favorecem no sombreamento do espaço. A academia ao ar livre foi desenvolvida devido à demanda notável de ambientes destinados a atividade física por parte dos moradores apresentada ao longo das entrevistas.
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jardim sensorial O jardim sensorial foi criado na intenção de proporcionar um ambiente educativo e ecológico, para que adultos e crianças experienciem as sensações perceptivas através de uma vivência natural. Ele possui um total de área de 1.143,70 metros quadrados, sendo percorridos por caminhos feitos em deck de madeira certificada e tratada. As espécies vegetais propostas para o jardim estão na tabela abaixo, contendo plantas de diversos tipos e que podem ser degustadas e experimentadas pelos transeuntes.
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jardim sensorial
banheiros públicos Devido à ausência de banheiros públicos nos espaços livres do bairro, foi proposto a construção de duas unidades na praça. Uma delas se localiza próxima à academia ao ar livre e o outro no espaço para eventos. Ambos possuem a mesma planta, com um total de 96 metros quadrados cada, e contam com banheiros femininos e masculinos, dois banheiros adaptados para portadores de necessidades especiais, um fraldário, dois corredores, uma área de circulação e um depósito de material de limpeza (DML). Abaixo, está representada a planta técnica das instalações dos banheiros públicos. E ao lado, uma perspectiva do banheiro próximo à academia ao ar livre.
circulação wc
dml
13,95 m²
6,6 m²
25,5 m²
fraldário 4,5 m²
13,95 m²
pne
corredor
corredor
pne
3,46 m²
9,18 m²
7,29 m²
3,46 m²
planta técnica_ wc público
136
wc
banheiros pĂşblicos
20
espaço para eventos
O espaço para eventos foi interligado à praça Frederico Peiró através de uma faixa de pedestres elevada revestida do mesmo piso da praça, da calçada e do novo espaço. O terreno escolhido possui área de 14.600 metros quadrados, porém não será utilizada toda a sua extensão, sendo mantida da forma como está uma área de 3.000 metros quadrados ao fundo do terreno. O local já possui duas edificações, a antiga Máquina de Beneficiar Arroz e a antiga Casa Bolívia, ambas tombadas pelo poder municipal de Uberaba. A ideia é restaurar estes edifícios porém não utilizá-los por ora. Seria utilizado o espaço livre remanescente, através da instalação do flex brick e de canteiros de chuva bem como a construção de um grande pergolado com mesas e uma infraestrutura móvel para shows; além da instalação de luminárias, lixos, bebedouros, bancos para descanso e um banheiro público. Este espaço seria multifuncional, podendo abrigar desde pequenos eventos como feiras dos próprios produtores locais, bem como viradas culturais, apresentações e cinemas ao ar livre.
138
espaรงo para eventos
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a horta urbana
A horta urbana é um espaço idealizado para proporcionar uma vivência comunitária mais rica aos moradores de Peirópolis. A proposta é que ela se instale no terreno ao lado da atual Casa do Turista e em frente à praça. Sua conexão com a praça também seria feita através de uma faixa de pedestres elevada, com a extensão do piso das calçadas e dos demais espaços públicos. Propõe-se que esta tenha um total de 1.454,50 metros quadrados. Seriam instaladas uma estufa de 147 metros quadrados, cinco grandes canteiros retangulares de 60 metros quadrados cada e dois canteiros circulares de 20 metros quadrados cada. Nestes canteiros seriam permitidos se plantar diversas espécies de hortaliças, legumes e frutos para complementar a alimentação dos moradores do bairro. Os moradores poderão fazer usofruto das instalações desde que contribuam para o cuidado e manutenção das plantações, e este controle ficaria sobre responsabilidade da Associação dos Amigos do Sítio Paleontológico de Peirópolis.
140
horta urbana
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o terminal de mobilidade urbana
Atualmente, Peirópolis conta com apenas um ponto de ônibus instalado na Rua Estanislau Collenghi, composto por um banco e um abrigo para proteção da chuva. O novo terminal de mobilidade urbana será uma pequena edificação de apoio instalada na rotatória principal de acesso à Peirópolis. Sua localização foi escolhida conforme a facilidade para que os ônibus possam pegar os passageiros sem ter que permear as demais áreas do bairro. O edifício terá 59,85 metros quadrados e será dividido em dois banheiros (feminino e masculino), um banheiro adaptado à portadores de necessidades especiais (PNE), um depósito de materiais de limpeza (DML), um corredor e a área de espera dos passageiros. Nesta área de espera, também serão instalados lixos, bebedouro e bancos, além de um espaço reservado a portadores de necessidades especiais.
circulação 19,1 m²
corredor 7,29 m²
dml
circulação
4,2 m²
3,7 m²
planta técnica_terminal de mobilidade urbana
142
wc
wc
7,48 m²
7,35 m²
terminal de mobilidade urbana
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considerações finais
Peirópolis se caracteriza por um núcleo de desenvolvimento da cidade de Uberaba que está estagnado ao longo do tempo. Todas as medidas urbanas já realizadas pelo poder público foram incompletas e se tornaram obsoletas e insuficientes, sendo necessário um novo olhar para que o bairro possa voltar a se desenvolver de forma sustentável e adequada. Por isso, neste trabalho foi proposto um projeto de requalifcação urbana para o local. Os projetos de requalificação urbana têm como intenção melhorar a qualidade de vida da população e a vivência dos indivíduos nos espaços públicos. Através de melhorias na infraestrutura e novas propostas de atividade no bairro, propõe-se uma nova dinâmica para este espaço, buscando aproximar a sua escala aos olhos do pedestre e criar atrativos para a permanência das pessoas nas áreas comuns. Por meio de medidas que priorizam as experiências humanas e valorizam a identidade do local é possível transformar as experiências humanas no meio urbano. Os quatro eixos principais de atuação do projeto – mobilidade urbana, espaços públicos de lazer, paisagem natural e integração territorial – foram desenvolvidos através da reestruturação do sistema viário, do projeto do
144
terminal de mobilidade urbana e da nova proposta de integração da praça Frederico Peiró a dois novos espaços públicos: a horta urbana e o espaço para eventos. Acredita-se que o papel do arquiteto e urbanista como manipulador do espaço seja criar lugares onde as pessoas almejam e desfrutam vivenciar cotidianamente. Devemos promover a função social da propriedade, viabilizar a sustentabilidade urbana e possibilitar a coexistência dos diversos usos e atividades, considerando a linha tênue entre o funcional e o estético. Para tornar Peirópolis em uma nova experiência para seus usuários, o projeto de requalificação proposto visou transformá-lo em um bairro mais vivo, seguro, saudável e sustentável – princípios difundidos por Jan Gehl no livro Cidade para Pessoas. E acredita-se que por meio das medidas aqui sugeridas, do apoio do poder municipal e da construção diária do senso de comunidade, Peirópolis poderá construir uma nova forma de reinventar sua vivência urbana.
parte VI
referencial teรณrico e anexos
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referencial teórico
livros ARGAN, Giulio. A História da Arte como História da Cidade. São Paulo: Martins e Fontes, 2005. CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. São Paulo: Ed. Unesp, 2001. CHOAY, Françoise. O Urbanismo: Utopias e Realidades, uma Antologia. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2005. CULLEN, Gordon. Paisagem urbana. Lisboa: Edições 70, 1993. GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2015. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, Ed. Atlas, 2002. JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
KÜHL, Beatriz Mugayar. Preservação do patrimônio arquitetônico da industrialização. São Paulo: Ateliê Editorial, 2009. LAMAS, José. Morfologia urbana e desenho da cidade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2011. LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997. ROSSI, Aldo. A arquitetura da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 2001. LORENZI, Harri. Plantas para jardim no Brasil: herbáceas, arbustivas e trepadeiras. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2015.
teses e artigos BEZERRA, Josué Alencar. Como definir o bairro? Uma breve revisão. Revista Geotemas, v. 1, n. 1, p. 21-31, 2011. CARILI, Clayton França; VALE, Marília Maria Brasileiro Teixeira. “A CONSERVAÇÃO DAS ESTAÇÕES FERROVIÁ-
RIAS, REFLEXÕES: O CASO DO TRIÂNGULO MINEIRO E ALTO PARANAÍBA”. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, v. 23, n. 32, p. 62-83, 2016.
RIBEIRO, Luiz Carlos Borges. “Geoparque Uberaba – terra dos dinossauros do Brasil.” Unpublished Ph. D. thesis, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2014.
CARILI, Clayton França. “As estações ferroviárias do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba e suas interfaces: história e conservação.” Tese de Mestrado, Universidade Federal de Uberlândia, 2015.
RIBEIRO, Luiz Carlos Borges et al. “O patrimônio paleontológico como elemento de desenvolvimento social, econômico e cultural: Centro Paleontológico Price e Museu dos Dinossauros, Peirópolis, Uberaba (MG).” Carvalho et al. Paleontologia: Cenários de Vida, v. 4, p. 842-852, 2011.
FERREIRA, Pedro Filipe; SEABRA, Cláudia P.; PAIVA, Odete. “Slow cities (Cittaslow): Os espaços urbanos do movimento slow.” Revista Turismo & Desenvolvimento, v. 5, n. 21, p. 191-193, 2014. KNOX, Paul L. Creating ordinary places: Slow cities in a fast world. Journal of urban design, v. 10, n. 1, p. 1-11, 2005. KÜHL, Beatriz Mugayar. “Algumas questões relativas ao patrimônio industrial e à sua preservação.” Revista do IEEE América Latina, Brasília, v. 4, p. 1-10, 2006. KÜHL, Beatriz Mugayar. “Patrimônio industrial: algumas questões em aberto.” Arq. urb, n. 3, p. 23-30, 2010.
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legislações municipais UBERABA. Lei nº 5.349, de 19 de maio de 1994. Autoriza o Poder Executivo a realizar o tombamento da ESTAÇÃO FERROVIÁRIA DE PEIRÓPOLIS. Uberaba, 1994. UBERABA. Lei Complementar nº 186, de 1º de fevereiro de 2000. Institui as normas urbanísticas e diretrizes básicas para o desenvolvimento urbano do Bairro PEIRÓPOLIS e dá outras providências. Uberaba, 2000. UBERABA. Decreto Municipal nº 2544, de 12 de julho de 2000. RATIFICA O TOMBAMENTO DO BEM QUE MENCIONA, FEITO PELA LEI 5.349, DE 19 DE MAIO DE 1.994, PARA OS FINS DO ART. 54, DO DECRETO Nº 1.234, DE 10/07/98, E CUMPRIMENTO DA LEI Nº 6.542, DE 18/01/98 QUE “DISPÕE SOBRE O ESTABELECIMENTO DE NORMAS PARA A PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE UBERABA. Uberaba, 2000. UBERABA. Lei Complementar nº 359, de 11 de outubro de 2006. Institui o Plano Diretor do Município de Uberaba, e dá outras providências. Uberaba, 2006.
UBERABA. Lei Complementar nº 543, de 15 de dezembro de 2016. Altera a Lei Complementar no 186/2000, que “Institui as normas urbanísticas e diretrizes básicas para o desenvolvimento urbano do Bairro Peirópolis” e dá outras providências. Uberaba, 2016. FUNDAÇÃO CULTURAL. Dossiê de tombamento do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico do Bairro Peirópolis. Uberaba, 2000.
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ment/earth-sciences/unesco-global-geoparks/frequently-asked-questions/what-is-a-unesco-global-geopark/ (acessado em 01/04/18) http://vfco.brazilia.jor.br/estacoes-ferroviarias/1960-sudeste-CMEF/linha-Catalao-Jaguara-Araguari.shtml (acessado em 25/05/2018) http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/mapas/1898redeCMEF. shtml (acessado em 25/05/2018) http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias-historia/1944-datas-abertura-trilhos/CMEF-Mogiana-Estrada-Ferro.shtml (acessado em 25/05/2018) http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias-historia/1907-CIB/1907-Ferrovias-extensao-trilhos.shtml (acessado em 25/05/2018) http://solucoesparacidades.com.br/wp-content/uploads/2013/04/AF_Jardins-de-Chuva-online.pdf (acessado em 25/11/2018) http://www.espiral.fau.usp.br/arquivos-artigos/2008-Na-
te&Paulo.pdf (acessado em 25/11/2018) http://www.cittaslow.org.uk/page.php?Pid=8PLv=1 (acessado em 25/11/2018)
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anexos Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Campus Bauru
ENTREVISTA NO BAIRRO PEIRÓPOLIS – MORADOR (A) Trabalho Final de Graduação Proposta de Requalificação Urbana do Bairro Peirópolis - MG DATA DA APLICAÇÃO: _____/_____/_________ HORÁRIO: _____________ GÊNERO DO ENTREVISTADO:
Masculino
FAIXA ETÁRIA: Criança 1. HÁ QUANTOS ANOS VIVE AQUI?
Feminino Adolescente
Adulto
Menos de cinco anos
De dez anos a vinte anos
De cinco a dez anos
Mais de vinte anos
2.
Idoso
O QUE VOCÊ MAIS GOSTA NO BAIRRO?
___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 3. DE MODO GERAL, COMO VOCÊ AVALIA AS RUAS EXISTENTES NO BAIRRO? Estão em boas condições. Acredito que necessitam de pequenos reparos. Acredito que precisam de muitas melhorias.
4. O QUE FAZ FALTA EM PEIRÓPOLIS? *Podem ser marcadas mais de uma opção. Mais Postos de Saúde
Mais áreas destinadas à prática de esporte
Mais Escolas/ Creches
Posto Policial e de Bombeiros
Um Centro Cultural
Adequações no sistema de saneamento básico
Mobiliários Urbanos (bancos, lixeiras, etc)
Infraestrutura/ Investimento Turístico
Um terminal rodoviário
Incentivos à preservação ecológica/ paleontológica
Melhoramentos nas ruas e calçadas
Outro:____________________________________
5. VOCÊ CONSIDERA O BAIRRO SEGURO? Sim
Não
POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 6. O BAIRRO É BEM CUIDADO PELA PREFEITURA? Sim
Não
POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 7. PARA VOCÊ, QUAIS SÃO AS CONSTRUÇÕES MAIS IMPORTANTES DO BAIRRO? *Podem ser marcadas mais de uma opção. Museu dos Dinossauros
Casa do Turista
Fundação Peirópolis
Outro:__________________________________
Sede do CCCP 8. QUAIS MEIOS DE TRANSPORTE VOCÊ UTILIZA PARA SE LOCOMOVER NO BAIRRO? *Podem ser marcadas mais de uma opção. Carro/Moto
Bicicleta
Ônibus
A pé
9. VOCÊ ACHA AS ÁREAS DE ESTACIONAMENTO DE AUTOMÓVEIS SUFICIENTES? Sim Não POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 10. CONSIDERA O TRANSPORTE PÚBLICO PARA O BAIRRO EFICIENTE? Sim Não POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 11. VOCÊ CONSIDERA A ILUMINAÇÃO PÚBLICA DO BAIRRO: Excelente
Ruim
Boa
Péssima
POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
12. O QUE VOCÊ ACHA DA PRAÇA DO BAIRRO? Excelente
Ruim
Boa
Péssima
POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 13. O QUE VOCÊ ACHA DA CONSERVAÇÃO DOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS DO BAIRRO? Excelente
Ruim
Boa
Péssima
POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 14. O QUE VOCÊ ACHA DA ARBORIZAÇÃO DO BAIRRO? Excelente
Ruim
Boa
Péssima
POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 15. O QUE VOCÊ MUDARIA NO BAIRRO? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 16. QUAL A PRIMEIRA PALAVRA OU PENSAMENTO QUE TE VEM À CABEÇA QUANDO PENSA EM PEIRÓPOLIS? ___________________________________________________________________________________________________________________________ 17. CONSIDERA O BAIRRO: Movimentado sempre
Vazio sempre
Eventualmente movimentado
18. QUAIS ATIVIDADES OU EVENTOS VOCÊ GOSTARIA DE TER COM MAIOR FREQUÊNCIA EM PEIRÓPOLIS? Culturais e/ou Turísticos
Acadêmicos/ Científicos
Ecológicos
Esportivos
Outros: ________________
19. VOCÊ USA COM FREQUÊNCIA A PRAÇA DO BAIRRO? Sim Não SE SIM, O QUE VOCÊ MAIS GOSTA OU COSTUMA FAZER NESSE ESPAÇO? ___________________________________________________________________________________________________________________________
20. COMO VOCÊ AVALIA A OFERTA DE COMÉRCIOS E SERVIÇOS NO BAIRRO? Excelente
Ruim
Boa
Péssima
POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ 21. QUE NOTA, NO GERAL, VOCÊ DARIA PARA O BAIRRO?
péssimo
1
2
3
4
5
excelente
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação Campus Bauru ENTREVISTA NO BAIRRO PEIRÓPOLIS – VISITANTE Trabalho Final de Graduação Proposta de Requalificação Urbana do Bairro Peirópolis - MG DATA DA APLICAÇÃO: _____/_____/_________ HORÁRIO: _____________ GÊNERO DO ENTREVISTADO:
Masculino
FAIXA ETÁRIA: Criança 1. POR QUE VEIO À PEIRÓPOLIS?
Feminino Adolescente
Adulto
Visita ao Museu de Paleontologia
Prática de Esportes
Visita às atrações eco turísticas
Pela comida e doces caseiros
Estudos (de qualquer grau ou interesse).
Outro:____________________________
Idoso
Lazer/ Passeio 2. QUANTO TEMPO FICOU/ PRETENDE FICAR NO BAIRRO? Menos de uma hora
O dia inteiro
Entre 1h a 3h
Mais do que um dia
Mais de 3h e menos que um dia
Outro: ____________________________
3. O QUE VOCÊ MAIS GOSTOU NO BAIRRO? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________
4.
DE MODO GERAL, COMO VOCÊ AVALIA AS RUAS EXISTENTES NO BAIRRO?
Estão em boas condições. Acredito que necessitam de pequenos reparos. Acredito que precisam de muitas melhorias. 5. O QUE FAZ FALTA EM PEIRÓPOLIS? *Podem ser marcadas mais de uma opção. Lojas
Áreas destinadas à prática de esporte
Eventos e atividades
Mais Hotéis ou locais para hospedagem
Mobiliários Urbanos (bancos, lixeiras, etc)
Mais restaurantes e locais de alimentação
Terminal rodoviário e estacionamentos
Incentivos a visitas ecológicas/ paleontológicas
Melhoramentos nas ruas e calçadas
Mais árvores ou áreas sombreadas
Mais informação sobre o local
Outro:____________________________________
Mais praças (áreas livres públicas)
6. VOCÊ ACHOU O BAIRRO SEGURO? Sim POR QUE?
Não
___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 7. PARA VOCÊ, QUAIS SÃO AS CONSTRUÇÕES MAIS IMPORTANTES DO BAIRRO? *Podem ser marcadas mais de uma opção. Museu dos Dinossauros
Casa do Turista
Fundação Peirópolis
Outro:__________________
Sede CCCP
8. QUAIS MEIOS DE TRANSPORTE VOCÊ UTILIZOU PARA VIR AO BAIRRO OU SE LOCOMOVER NELE? *Podem ser marcadas mais de uma opção. Carro/Moto
Bicicleta
Ônibus
À pé
9. O QUE VOCÊ ACHOU DA PRAÇA FREDERICO PEIRÓ? Excelente
Ruim
Boa
Péssima
POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 10. O QUE VOCÊ ACHA DA CONSERVAÇÃO DOS EDIFÍCIOS PÚBLICOS DO BAIRRO? Excelente
Ruim
Boa
Péssima
POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 11. O QUE VOCÊ ACHA DA ARBORIZAÇÃO DO BAIRRO? Excelente
Ruim
Boa
Péssima
POR QUE? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ 13. QUAL A PRIMEIRA PALAVRA OU PENSAMENTO QUE TE VEM À CABEÇA QUANDO PENSA EM PEIRÓPOLIS? ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________
14. QUAIS ATIVIDADES OU EVENTOS VOCÊ GOSTARIA QUE ACONTECESSE COM MAIOR FREQUÊNCIA EM PEIRÓPOLIS? *Podem ser marcadas mais de uma opção. Culturais e/ou Turísticos
Acadêmicos/ Científicos
Ecológicos
Esportivos
Outros: ________________
15. COMO VOCÊ AVALIA A OFERTA DE COMÉRCIOS E SERVIÇOS NO BAIRRO? Excelente
Ruim
Boa
16. VOCÊ CONSUMIU OU COMPROU ALGO EM PEIRÓPOLIS? Sim
Não
SE SIM, O QUE? *Podem ser marcadas mais de uma opção. Doces Caseiros
Artesanato
Comida típica
Bebidas (água, refrigerante, etc)
Pacotes de passeio/ guias
Outro:_________________
17. QUE NOTA, NO GERAL, VOCÊ DARIA PARA O BAIRRO? péssimo
1
2
3
4
5
excelente
Péssima