a jornada de Hayaan
a jornada de Hayaan
UMA HISTÓRIA POR
Laurence Alves, Mario Fajardo e Beatriz Cavalcante
Gosto muito de pĂĄssaros. Eles sĂŁo livres e podem tocar as nuvens.
Eu moro com minha mĂŁe e meu pai. Somos muito felizes juntos.
Meu sonho ĂŠ um dia ser um piloto e me juntar a eles no cĂŠu.
Minha mĂŁe vende cafĂŠ e meu pai sabe fazer comidas deliciosas.
Depois de comer e conversar com meus pais, ĂŠ hora de ir para a escola.
No caminho da escola costumo encontrar meus amigos Amira e Sayid.
Adoramos brincar de “fugir do monstro”, sempre é muito divertido.
Na escola eu aprendo muitas coisas novas. Minha vida ĂŠ tranquila e feliz.
AtĂŠ aquele dia...
Não lembro o que aconteceu. Só lembro de um clarão e muitas cinzas. E de repente...
Vejo monstros na cidade, destruindo tudo e atacando pessoas.
No minuto seguinte, os monstros comeรงam a jogar bombas na gente.
Eu tive sorte. Consegui me esconder com outras pessoas.
Uma dessas pessoas me mostra um mapa para fugir dali.
Tento encontrar meus pais, mas nĂŁo tive escolha. Tive que entrar no barco.
Na viagem de fuga, eu fico com medo. O mar ĂŠ muito violento.
O tempo passa. Estou cansado. Faminto. Sozinho.
Quando, de repente, vejo um pĂĄssaro vermelho no cĂŠu...
Ele nos guia para terra firme. É uma terra estranha, com pessoas diferentes.
Elas me recebem com conforto e ajuda.
E me levam para sua cidade, um lugar que eu nunca vi antes.
Elas falam uma língua que não entendo. Estou rodeado de pessoas...
...mas ainda me sinto só.
Uma mulher me estende a mão. Eu não entendo o que ela diz, mas eu confio.
Ela me leva até um lugar. Parece ser uma escola.
As outras crianças vêm correndo me ver...
E pela primeira vez em semanas, eu nĂŁo me sinto sozinho.
Comeรงo a acreditar que posso ser feliz nessa terra. Fazer novos amigos e contar a eles minha histรณria.
fim?
Uma nova chance Nos últimos anos, as guerras dentro do território sírio se agravaram de maneira avassaladora. O número de sírios buscando refúgio em países longe da zona de conflito desde seu início é de mais de 4,8 milhões.
ou apenas o começo?
Desde 2013, o Brasil tem emitido vistos especiais em processo simplificado para permitir que esses sobreviventes possam solicitar refúgio assim que chegarem, se tornando exemplo no acolhimento de refugiados e sendo
elogiado pela Organização das Nações Unidas (ONU), especialmente em amparar crianças refugiadas em escolas públicas. Desses refugiados que chegam em nosso país, quase 20% são crianças em idade escolar. A educação permite a inserção da criança e de seus familiares na comunidade local, amenizando traumas da travessia e choque social, além de dar esperança para um recomeço de vida.
Por que Alanqa? Alanqa vem da palavra árabe ءاقنعلاal-‘anqā’, que seria um pássaro similar à fênix. No início da história mostramos uma pomba branca que acompanha Hayaan, simbolizando a paz. Quando chega a guerra, o pássaro já não está mais lá. Após Hayaan sobreviver à
prova de fogo, nos é apresentado um pássaro vermelho, a Alanqa. Ela simboliza o renascimento das cinzas, uma nova esperança e um recomeço para Hayaan.