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LAVOURA Volume 64 / Nº 467 /Agosto/Setembro/Outubro 2016

No rumo da produtividade Irga lança o Projeto 10 +, iniciativa com o apoio do Flar e que integrará produtores, técnicos e extensionistas. Objetivo é, em até três anos, aumentar o rendimento médio da lavoura arrozeira para 8,5 mil kg por hectare. Páginas 26 a 32

Resultados e análise da safra

Programa valoriza o consumo de arroz

Páginas 19 a 24

Páginas 34 e 35



EDITORIAL

LAVOURA

Pela produtividade A revista Lavoura Arrozeira é uma publicação do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) Av. Missões, 342 - Porto Alegre (RS) - Brasil CEP 90230-100 / Fone +55 (51) 3288-0400 www.irga.rs.gov.br www.facebook.com/IrgaRS - @IrgaRS ISSN: 0023-9143 ............................................................................ Governador do Estado: José Ivo Sartori Vice-governador: José Paulo Cairoli Secretário Estadual da Agricultura e Pecuária: Ernani Polo Presidente do Irga: Guinter Frantz Diretor Comercial: Tiago Sarmento Barata Diretor Técnico: Maurício Miguel Fischer Diretor Administrativo: Renato Caiaffo da Rocha Assessoria de comunicação: Luciara Schneid, Sérgio Pereira, Caroline Freitas e Raquel Flores. ...................................................................... Revista Lavoura Arrozeira Coordenação editorial: Luciara Schneid - MTB 7.540 Produção e execução: Padrinho Agência de Conteúdo Edição: Carlos Guilherme Ferreira - MTB 11.161 Colaboração: Camila Pilownic, Tiago Barata, Athos Gadea, Victor Hugo Kayser, Gilberto Amato, Luciara Schneid, Sérgio Pereira, Caroline Freitas. Capa: foto Roberto Vinícius. Impressão: Companhia Rio-Grandense de Artes Gráficas (Corag) Tiragem: 8 mil exemplares ...................................................................... Atendimento ao leitor: revista@irga.rs.gov.br (51) 3288.0455 ..................................................................... Para assinar gratuitamente a Revista Lavoura Arrozeira acesse: www.irga.rs.gov.br/assine É permitida a reprodução de reportagens, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, obrigatoriamente, a opinião da revista.

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omo instituição voltada à pesquisa tecnológica e à orientação dos produtores de arroz do Rio Grande do Sul, o Irga tem como compromisso a busca por caminhos que aumentem o rendimento da lavoura. Iniciativas como os projetos CFC e 10 certamente contribuíram para bons resultados – a saber, houve um aumento da produtividade média de 5,3 mil para 7,4 mil kg/ha, apenas no período entre 2002 e 2011. Mas é preciso fazer mais para encarar uma conjuntura de mercado até certo ponto complicada – sem falar nas intempéries climáticas, que castigaram o Estado na última safra e reduziram a zero o rendimento de alguns produtores. Diante disso, o Irga anuncia o lançamento do Projeto 10 +. Trata-se de uma iniciativa planejada em conjunto com o Flar (Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado), voltada para a integração entre pesquisa, extensão e produtores. A meta é ousada, mas tangível: elevar a produtividade média das lavouras de arroz gaúchas para 8,5 mil kg/ha, nos próximos três anos. Já se sabe que isso é possível, visto que alguns produtores não só atingiram como superaram esse rendimento. Para a reportagem de capa desta edição da Lavoura Arrozeira, visitamos Dona

Francisca, na Região Central do Estado, onde um grupo de produtores aderiu ao antigo Projeto 10, no início da última década, e colheu excelentes resultados. Por meio de alguma dose de ousadia, somada à cooperação entre os próprios produtores (que têm o hábito de visitar as lavouras vizinhas e ver o que é feito), esses arrozeiros de Dona Francisca driblam problemas recorrentes em outras regiões. A filosofia de trabalho afasta pontos como atrasos na época de semeadura e de irrigação, utilização de cultivares com baixo potencial produtivo e suscetíveis a doenças, controle problemático de ervas daninhas e, até mesmo, uso indiscriminado do sistema Clearfield. Diante desse bom exemplo (e de outros tantos Rio Grande afora), o Irga espera consolidar o Projeto 10 + como uma ferramenta de difusão de práticas de manejo de ponta entre outros produtores gaúchos. O Instituto identifica a necessidade de especial atenção para regiões como a Depressão Central e as Planícies Costeiras, e trabalhará para integrar pesquisa e extensão do Irga com produtores e técnicos da iniciativa privada. Com isso, haverá ganhos de produtividade para quem planta e, sem dúvida, de qualidade para quem consome o arroz das lavouras gaúchas.

Sumário – Lavoura Arrozeira Edição 467 Foto do leitor Interatividade Irga na Expointer Simpósio Curso de liderança Cotação do arroz Concurso do Irga Evento nos EUA Flar Mica Abertura da Colheita Artigo técnico Resultados da safra Resultados de pesquisa

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Reportagem de capa Farinha de arroz Valorização do arroz Soja em áreas baixas Clima Zoneamento com soja Artigo técnico Ações de RH / Irga Palavra do Produtor Ações administrativas Agenda Soja 6000 Pelos Nates Há 50 anos

26 33 34 36 38 40 41 45 46 48 50 51 52 54

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FOTO DO LEITOR

Um olhar especial para

belas lavouras

A cada edição da Lavoura Arrozeira, publicamos as fotos vencedoras do Concurso Fotográfico do Irga. Promovida pelo Facebook do Instituto, a iniciativa tem como objetivo trazer o olhar dos produtores e da comunidade arrozeira sobre a lida no campo e, claro, as belezas das lavouras gaúchas.

Leticia Medeiros

Leticia Medeiros

Leticia Medeiros

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Junior Krunt e Vitoria Krunt – Camaquã


INTERATIVIDADE

Lavoura Arrozeira on-line A conexão entre Irga, produtor e Lavoura Arrozeira não termina aqui na revista. Bem ao contrário: você já conhece o site e o Facebook do Instituto? Acesse pelo computador, tablet e celular e fique sempre por dentro do que está acontecendo no cenário arrozeiro gaúcho.

Qual tipo de conteúdo você vai encontrar? Previsão do tempo Prognósticos para os próximos 15 dias, para qualquer cidade.

Notícias Novidades do setor. Eventos e feiras. Acordos governamentais e comerciais. Notícias institucionais do Irga. Vídeos, áudios e fotos.

Como falar conosco? Há várias maneiras:

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umidade e precipitação. Facebook do Irga É bem fácil de achar. Na barra de busca do Facebook (na parte superior da tela), digite Irga RS. Aí basta clicar no botão CURTIR para seguir todas as notícias do Instituto. As atualizações são diárias.

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Telefone

(51) 3288-0400 Horário de atendimento Mapas agrícolas com umidade do

Twitter do Irga Siga o perfil @IrgaRS e fique por dentro dos nossos assuntos. Temos atualizações diárias.

solo, evapotranspiração, geada, dias sem chuva, estiagem agrícola e risco de incêndio.

Segunda a sexta-feira

8h30min às 12h 13h às 17h30min

Endereço

Previsão em gráficos. Médias climatológicas. Temperatura da superfície do mar.

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Bairro São Geraldo CEP 90230-100 - Porto Alegre - RS

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FOTO ASSESSORIA IRGA

NEGÓCIOS

Casa do Irga é um ponto de encontro na Expointer e abrigará as atividades promovidas pelo instituto, incluindo o famoso carreteiro

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o Canal Rural na qual palestras e debates relacionados à produção de arroz e soja são transmitidos ao vivo. – É um momento importante para fazermos contatos e consolidar negócios. O público sabe que a segunda-feira de Expointer é quando fazemos o Dia do Arroz – avalia o engenheiro agrônomo e gerente da Divisão de Pesquisa de Cachoeirinha, Rodrigo Schoenfeld. O cronograma prevê, ainda, outras iniciativas. Também no dia 29, ocorre o coquetel de lançamento da abertura oficial da 27ª Colheita do Arroz, que ocorrerá, na prática, em fevereiro do próximo ano. Outros destaques no calendário do instituto dentro da Expointer são o lançamento da cultivar BSIRGA 1642 IPRO (desenvolvida em parceria com a Bayer), um jantar da Bolsa Brasileira de Mercadorias, a visita do projeto Arroz Amigo (iniciativa que visa a divulgar aspectos positivos do grão) e o famoso carreteirão.

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ão tradicional quanto a própria Expointer é a participação do Irga na feira agropecuária. São, no mínimo, três décadas desde que a autarquia passou a atuar ativamente no evento. E, em 2016, não será diferente. Além de promover uma extensa programação sobre a cultura orízicola em seu estande – conhecido como “casa do Irga” e atuante desde 1993 –, a entidade também fará atividades fora de suas instalações na mostra, como é o caso do Dia do Arroz, que ocorre na espaço que é do grupo RBS. Este ano, a Expointer ocorre entre 27 de agosto e 4 de setembro. Durante a semana em que o encontro internacional de agronegócios toma conta do Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio, o Irga desenvolve uma série de ações. Segunda-feira, dia 29, é a data escolhida para o costumeiro Dia do Arroz, já conhecido por quem passa com frequência pela exposição. Trata-se de uma parceria com

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– Dia do Arroz – Evento que acontece na 29/08 casa da RBS e é televisionado pelo Canal Rural (10h - 12h/ almoço/ 14h-16h) – Coletiva de imprensa para o Lançamento da 27ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz (Casa do Irga, às 16h30) un

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Dia do Arroz, em 29 de agosto, é uma das grandes atrações no parque da feira em Esteio

O que o Irga terá de melhor na Expointer: e ir

na Expointer

Agenda de atividades

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Irga tem semana cheia

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– Lançamento da Cultivar BSIRGA 1642 IPRO (parceria entre o Irga e a Bayer) na Casa do Irga – Jantar da Bolsa Brasileira de Mercadorias na Casa do Irga – Jantar da Camil na Casa do Irga – Jantar do Arroz Amigo na Casa do Irga – Tradicional Carreteiro do Irga oferecido a todos os participantes da Feira


EVENTO

Simpósio em Pelotas discute a cadeia produtiva do arroz 6º SBQA abordou a busca por soluções para perdas qualitativas e quantitativas de grãos

Alta produtividade justifica evento

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Há uma justificativa para o Rio Grande do Sul sediar o Simpósio: dois estados do Sul contribuem com quase 78% da produção nacional (RS, com 69,3% e SC, com 8,5%). Além disso, o SBQA é o único encontro focado no uso do grão. Durante os processos de colheita, transporte e armazenamento, em torno de 10% da produção anual de arroz é perdida no país. Isso equivale a cerca de 1,2 milhão de toneladas. Outro problema, além das perdas quantitativas, é baixa qualidade de parte do que é colhido e seus derivados. Por isso o simpósio mostra-se fundamental para a rentabilidade dos produtores e dos beneficiadores. O 6º SBQA abordou o arroz com o enfoque de alimento, de análises de sua qualidade como tal, predominantemente a partir da pós-colheita. É uma visão diferente daquela do Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado (CBAI), que aborda, principalmente, a produção e os negócios envolvendo a cadeia. O simpósio gaúcho busca melhoria de qualidade, de armazenamento, de conservação, de industrialização e de propriedades nutricionais e nutracêuticas para aumentar a competitividade.

cadeia produtiva do arroz foi o mote das discussões durante o 6º Simpósio Brasileiro de Qualidade de Arroz (6º SBQA), que ocorreu na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM), em Capão do Leão, Campus Universitário da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Promovido pelo Laboratório de Pós-Colheita, Industrialização e Qualidade de Grãos (LabGrãos) e o Polo de Inovação Tecnológica em Alimentos da Região Sul (Polo de Alimentos) da UFPel, em conjunto com a Associação dos Engenheiros Agrônomos de Pelotas, o evento reuniu produtores e técnicos da área orizícola entre 3 e 5 de agosto. Entre os temas explorados durante o encontro, estiveram a busca por soluções para perdas qualitativas e quantitativas dos grãos, desde a colheita até a armazenagem. Também entraram na pauta alternativas que agreguem valor ao produto, aplicando coFOTO: DIGLIANE ANDRADE - CCS UFPEL

nhecimentos e experiências que contribuam para melhorias no setor. Participaram das atividades cientistas do Brasil e de outros países da América Latina, estudiosos e profissionais das áreas de produção, armazenagem, industrialização, controle de qualidade, culinária e nutrição. Em sua sexta edição, o simpósio deu continuidade à própria tradição: reuniu especialistas das áreas científicas, tecnológicas e acadêmicas, com produtores, armazenadores e industriais da cadeia produtiva do arroz. Com isso, fomenta a difusão de avanços tecnológicos em produção, conservação e processamento do grão e seus subprodutos. O cronograma foi composto por palestras, painéis, pôsteres de trabalhos científicos, exposição de produtos e processos, além de homenagens a figuras importantes para a produção arrozeira.

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GESTÃO

Curso aposta na

capacitação de lideranças Aulas estão divididas em três etapas e têm como objetivo preparar pessoas para postos de coordenação de profissionais

É

comum em empresas e órgãos públicos que, dentro de um plano de carreira ou com o passar do tempo, os colaboradores assumam cargos de gestão. Porém, tomar as rédeas da liderança de um grupo nem sempre é tão simples, e há quem não esteja bem preparado para assumir a função. É preciso habilidade para lidar com pessoas e firmeza de propósitos para não se tornar apenas chefe, mas, sim, um líder, que sabe conciliar a busca por resultados e a satisfação dos membros de sua equipe. É justamente para capacitar os gestores a melhorar seus desempenhos nas atividades de liderança que o Irga deu início, em julho deste ano, a um programa de cursos de liderança, direcionado a seus servidores. A iniciativa, dividida em três etapas (veja quadro), tem aulas ministradas pela assessora de Planejamento, Projetos e Gestão, Janice Garcia Machado, que é engenheira, mestre e especialista nas áreas. O intuito é preparar melhor os líderes para realizarem funções de coordenação de equipes, tanto internas quanto externas (um comitê, por exemplo). – A liderança requer conhecimentos, habilidades e atitudes específicas para a sua execução e desenvolvimento, as quais nem sempre são repassadas pelas formações acadêmicas do ensino técnico médio e superior. E embora nossa equipe tenha sido selecionada por seu excelente co-

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nhecimento técnico nas suas atividades administrativas, comerciais e tecnológicas, é preciso também capacitá-la nas questões relativas à gestão – afirma Janice. A ideia começou a tomar corpo a partir do planejamento estratégico, que identificou ser necessário preparar melhor alguns profissionais. Na primeira fase do projeto foram formadas duas turmas. A primeira, composta por sete alunos (todos esses chefes de Divisão), que concluíram o primeiro módulo nos dias 11, 12 e 13 de julho, à tarde. De acordo com Janice, as 12h iniciais integram o primeiro estágio do projeto: – A ideia é um trabalho mais prático, com muita dinâmica de grupo. Consideramos uma oportunidade dos participantes repensarem sobre as tarefas que realizam na sua atuação como líderes. A segunda turma tem seis coordenadores regionais e alguns líderes da Estação Experimental do Arroz (EEA) de Cachoeirinha, em 15 e 16 de agosto. Já os chefes de seção da sede e outros do interior do Estado estavam programados para os dias 22, 23 e 24 de agosto. – A previsão é ministrar no mínimo um módulo por ano, para um total de 90 líderes, entre servidores e terceirizados– complementa Janice. O restante do processo – mais cinco turmas –, ainda está sem data definida. Contempla colaboradores de outros níveis hierárquicos da autarquia.

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FOTO ASSESSORIA IRGA


Por dentro do programa do curso A gestão em liderança está dividida em três módulos de 12h divididas em três turnos de 4h:

Módulo 1 Liderança Básica

Módulo 2 Gestor de Equipes

Módulo 3 Liderança Avançada

Temas: Conceitos e Requisitos Legais: líder e liderança Estilos de Liderança Competências dos Líderes (consciência, motivação, influência, delegação e comunicação (feedback)

Temas: Conceitos: indivíduo, equipes Formação e desenvolvimento de equipes de alto desempenho Ferramentas de Liderança

Temas: Conceitos de Coaching Técnicas de Coaching Desenvolvimento de Habilidades de Liderança

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COMERCIALIZAÇÃO

Preço fica por três meses abaixo do custo de produção Conjuntura de mercado no início de 2016 apontou gasto médio para saca de 50kg em R$ 44,70, valor superado pela cotação apenas no dia 7 de junho

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uperando a barreira dos R$ 50 por saca, o preço do arroz em casca atinge um recorde nominal nas praças de comercialização no Rio Grande do Sul. Apesar disso, a conjuntura do mercado doméstico do arroz está longe de garantir plenas condições para a sustentabilidade econômica do setor produtivo. Nos três primeiros meses de comercialização da safra de arroz colhida neste ano, o preço de venda ficou, em média, abaixo do custo de produção. Conforme levantamento do Irga, o total gasto para produzir uma saca (50kg) chegou a R$ 44,70. Apesar da recuperação, a cotação somente foi superar essa cifra em 7 de junho passado. – Sem capital de giro, o produtor, em muitos casos, precisa vender o arroz assim que vai colhendo para ir pagando as contas, e não tem como esperar um preço melhor – afirma o diretor Comercial do Irga, Tiago Sarmento Barata. A safra colhida neste ano foi impactada por aumentos nos custo de produção, como a alta da energia e de insumos cotados em dólar, e a quebra provocada por condições climáticas adversas. O orizicultor enfrentou transtornos desde o preparo do solo, passando pelo plantio até a colheita. O custo do hectare calculado pelo Irga chegou a R$ 6.715, valor 17,8% acima da safra anterior, que já havia registrado elevação de 17% na planilha de despesas. – A lavoura vem sofrendo sistemática elevação nos custos, então o produtor busca no aumento da produtividade uma forma de equilibrar isso – acrescenta Tiago Barata. Na última safra, em razão dos estragos provocados por fenômenos meteorológicos, o rendimento ficou em 6.928 kg/ha – uma perda de 783 kg/ha comparada com a colheita 2014/2015, o que resultou na produção total de 7,3 milhões de toneladas de arroz, quantidade 16,2% menor em relação ao período anterior. Deixaram de ser colhidos 1,4 milhão de toneladas. Para se ter uma ideia do tamanho da perda, esse volume é suficiente para atender a 44 dias de consumo do grão no Brasil e é

em 33% superior ao volume produzido na Argentina. Um efeito da produção menor foi a elevação no preço pago ao produtor. Em 15 de julho, a saca estava em R$ 50,66, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Esalq/USP, alta de 10,04% em 30 dias e de 51,41% em 12 meses. Apesar da corrente valorização, Tiago Barata alerta que o arroz ainda é um alimento barato. – É importante que se diga que em nenhum país do mundo se compra arroz nos supermercados por preços menores do que no Brasil e que, diante das sistemáticas elevações nos custos de produção, a valorização do produto ao produtor é fundamental para garantir o abastecimento do mercado. Não é a frustração de safra que ameaça o abastecimento, mas sim o produtor frustrado. O adequado suprimento da demanda interna estará sempre garantido enquanto o produtor estiver motivado.

Previsão para a próxima safra aponta de 7,8 mil a 8 mil kg/ha O diretor Comercial do Irga projeta que, na próxima colheita, como não há informações de condições climáticas adversas, o produtor deverá colher entre 7,8 mil a 8 mil kg/ha de arroz, com a área se aproximando de 1,1 milhão de hectares no estado. – Há indicativo de que os preços estão firmes, e a tendência é que se manterão nesse patamar, mas buscando um ponto de equilíbrio – acrescenta. Frente aos custos em alta, o orizicultor, destaca Tiago Barata, também acaba contraindo mais empréstimos e provocando um endividamento, o que pode deixá-lo fora do crédito oficial, que tem um custo menor. – O que pode ameaçar a consolidação da área maior na próxima safra é a dificuldade de acesso ao crédito se o produtor estiver endividado – afirma o diretor Comercial do Irga.

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A safra de arroz 2015/2016

Cultura no Estado foi impactada pela alta da energia e clima adverso:

Fonte: Diretoria Comercial do Irga

FOTO CLAUDIO FACHEL, PALÁCIO PIRATINI

Alta de energia e de insumos cotados em dólar impactou nas despesas, com transtornos desde o preparo do solo até a hora da colheita Lavoura Arrozeira Nº 467 | Agosto/Setembro/Outubro 2016

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FOTO ASSESSORIA IRGA

EQUIPE

Novo concurso

abre 41 vagas de técnico orizícola Seleção realizada em 7 de agosto visa a substituir convênios e terceirizados

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m 2013, após 40 anos sem realizar um concurso público, o Irga promoveu uma seleção pública com 116 oportunidades. A entidade trabalha em um novo processo seletivo que pretende suprir os cargos ainda disponíveis. Desta vez, estão em disputa 41 das 75 vagas totais de Técnico Orizícola distribuídas entre oito unidades de atuação da autarquia pelo Rio Grande do Sul. As provas ocorreram em 7 de agosto, e a publicação do edital de encerramento está prevista para 15 de setembro. Os concorrentes que forem aprovados deverão ser nomeados para assumir o lugar de profissionais que prestam serviços ao Irga por meio de convênios e contratações de terceirizados. A seleção trará economia para a entidade, já que os valores para custear os futuros contratados serão menores do que o gasto com empresas de fora. Não existe uma previsão oficial para chamar os admitidos, mas o departamento administrativo direciona esforços para que isso ocorre o mais breve possível. – No que depender do Irga, faremos o possível para que os concursados sejam chamados ainda este ano – garante o diretor administrativo, Renato Caiaffo da Rocha. O concurso proporcionará ao Irga, ainda, fortalecimento do quadro de servidores. Dessa forma, é mais prático manter a continuidade nos trabalhos desenvolvidos e fazer com que as equipes se tornem comprometidas com a instituição e seu posicionamento estratégico, além de possibilitar maior controle e menor rotatividade.

Por dentro do concurso do Irga O edital foi publicado em 30/5/2016 e a empresa organizadora é a Fundação La Salle. As inscrições se encerraram em 20 de junho. 658 inscritos 105 para a habilitação de técnico em química 553 para agrícola. O concurso tem validade de dois anos a contar da data de publicação do Edital de Encerramento (previsto para 15/9/2016), com a homologação da classificação final dos candidatos aprovados por cargo, podendo ser prorrogado por igual período. As provas abrangem as seguintes disciplinas: Conhecimentos Específicos Língua Portuguesa Raciocínio Lógico Legislação Informática.

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Requisitos: Escolaridade de nível médio com formação de Técnico, reconhecida/ registrada pelo Ministério da Educação, com habilitação legal para o exercício da profissão e registro no respectivo órgão de fiscalização profissional nas áreas de extensão rural e pesquisa científica.

O que cada um faz: Os Técnicos Orizícolas lotados em um Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) desenvolvem atividades de extensão rural. Os profissionais alocados em Divisão de Pesquisa desenvolvem atividades nas áreas de Melhoramento vegetal, fitopatologia, biologia molecular, plantas daninhas, entomologia, manejo de cultivos, solos e fertilidade, solos-nutrição, mecanização agrícola, irrigação e drenagem, ambiental, fisiologia vegetal, pós-colheita, engenharia de alimentos, nutrição humana, agroecologia, sementes e laboratorial.


INTERCÂMBIO FOTO ASSESSORIA IRGA

Principais novidades O que os representantes do Irga destacam do Rice Market & Technology Convention

1º dia (31/5) Coquetel de boas-vindas: oportunidade de fazer contato com operadores do mercado internacional do arroz.

Mário Bergalo (brasileiro, produtor no Paraguai), Marco Antônio dos Santos (Meteorologista da Somar Meteorologia), Dwight Roberts (CEO da US Rice Producers Association), Guinter Frantz (presidente do Irga) e Tiago Barata (Diretor Comercial do Irga)

Irga participa de evento

arrozeiro nos EUA Rice Market & Technology Convention ocorreu em Houston e reuniu mais de 250 empresas

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inda que tenham hábitos alimentares tão diversificados quanto o dos brasileiros, os Estados Unidos são sempre lembrados pelo alto consumo de fast food. Mas há iniciativas em solo que colocam em pauta discussões sobre outros mercados do setor alimentício. É o caso do Rice Market & Technology Convention, evento organizado pela Associação dos Produtores de Arroz dos Estados Unidos (US Rice Producers Association) e que reúne produtores do grão de várias partes do planeta. Como já é tradição há, no mínimo, 10 anos, o Irga compareceu ao encontro. Este ano, as atividades ocorreram de cidade de Houston, no Texas, e contaram com aproximadamente 500 participantes de mais de 250 empresas que atuam na cadeia produtiva mundial do arroz. Em 2016, os representantes do Irga que esti-

veram na convenção – que completa cinco anos com o nome atual, mas é realizada há cerca de duas décadas – foram o presidente da entidade, Guinter Frantz, e o diretor comercial do Irga, Tiago Sarmento Barata. Barata participa do compromisso americano desde, pelo menos, 2006, e avalia que as discussões sobre tecnologia de produção, industrialização e mercados fazem valer a viagem. – Para nós, é o principal evento, onde estão os grandes representantes da cadeira produtiva do arroz. Além das palestras e discussões propostas, é sempre uma ótima oportunidade de fazemos networking e conhecermos outros operadores da cadeia produtiva – afirma Barata. Ele recorda que foi na edição de 2015 que foi dado o pontapé inicial de conversas entre Brasil e México. Tratam-se de negociações para um acordo fitossanitário para que os mexicanos possam consumir grãos brasileiros. – Eles exigem o uso de brometo de metila na produção, substância que é proibida no Brasil. Essa é uma das questões que estamos acertando – ressalta Barata. Em 2017, o Rice Market & Technology Convention deve ocorrer na República Dominicana.

2º dia (1º/6) Palestra com Robert Ziegler, ex-presidente do International Rice Research Institute (IRRI), e com Milo Hamilton, analista de mercado internacional de arroz e presidente da empresa Firstgrain. Ziegler, que tem experiência na condução de projetos de pesquisa e extensão do arroz nos continentes africano e asiático disse acreditar no potencial de crescimento da produção de arroz nos países da América do Sul. Hamilton destacou que o acesso à água tende a ser um fator que guiará o mercado mundial de arroz no futuro próximo. 3º dia (2/6) Discussões sobre mercados importantes para o arroz brasileiro. Entre eles, o argentino, colombiano, cubano, chileno, indiano e norte-americano. Houve também a participação do meteorologista brasileiro Marco Antônio dos Santos que, com a introdução do presidente do Irga, Guinter Frantz, traçou perspectivas climáticas para as principais regiões produtoras. 4º dia (3/6) Passeio pelo Estado de Louisiana, importante produtor de arroz dos Estados Unidos, com visita ao porto de Lake Charles, considerado o principal canal de exportação de arroz a granel dos EUA.

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FLAR

Encontro internacional reúne especialistas em

Cachoeirinha Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado (Flar) expande atuação no Sul da América para estimular o desenvolvimento de pesquisas

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O

desenvolvimento de pesquisas de novas cultivares e variedades de arroz, com foco nas características de solo, climáticas e de pragas mais comuns nas lavouras do Sul da América, está ganhando um novo estímulo. Ao sediar a reunião anual do Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado (Flar ) neste ano, a Estação Experimental de Cachoeirinha reuniu, nos dias 27 e 28 de julho, o representante do Flar sediado no Uruguai e com foco também no Brasil, Argentina e Chile. Pela primeira vez o órgão denomina um pesquisador para olhar mais de perto a região. O colombiano Yamid Sanabria Góngora, biólogo e doutor em melhoramento genético, disse estar entusiasmado com o novo trabalho no órgão, que reúne 18 países,

incluído a região do Caribe – Queremos fazer nesses países de clima temperado o mesmo que já fizemos com sucesso na região tropical, onde o Flar já estimulou o desenvolvimento de 21 variedades. Para o sul da América, temos apenas um cultivar criado com nosso apoio – explica Góngora. O pesquisador ressaltou a importância de os países do Cone Sul se olharem como uma rede. Góngora lembra que o clima, as doenças e o solo não têm fronteiras delimitadas e por isso as variedades aprimoradas em um país podem favorecer produtores de diferentes nacionalidades. – A brusone, por exemplo, se desenvolveu também em outros países nesta safra, não apenas no Brasil. É preciso explorar o

que cada um tem de melhor, como o Brasil no serviço de extensão rural, o Uruguai na qualidade e na exportação, o Chile com o frio intenso e a Argentina com o equilíbrio entre mercado externo e interno. Formar um rede, de países, produtores e indústrias. Essa é a meta – ressalta o diretor-executivo do Flar, Eduardo Graterol. Reunidos em Cachoeirinha, pesquisadores locais e estrangeiros trocaram experiências, números e estudos. Entre as novas parcerias firmadas pelos participantes, estão melhoramento genético e pesquisa e reforçar as estruturas e dar apoio na área de doenças fúngicas como a brusone, realizando a introgressão de genes de resistência a esta doença nos cultivares Irga 409 e 417. FOTO S ASSESSORIA IRGA

No encontro de Cachoeirinha, diretoria do Irga reforçou intuito de estabelecer parceria

Fundo foi criado para igualar produtividades Promover toda a região, além do Caribe, sempre foi o objetivo central do Fundo, entidade que tem o Brasil como um dos fundadores. O órgão foi criado a partir de um estudo da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 1990. A preocupação do FAO era ampliar a produção de umas das grandes fontes de carboidratos na dieta da população mundial. — A FAO queria entender as razões de tantas disparidades na produção de arroz em diferentes países da América Latina e Caribe, já que toda a região utilizava genótipos de alto potencial e rendimento. Havia ali um lapso e uma oportunidade de ganhos. A ideia era apoiar o desenvolvimento das produções em diferentes regiões, estudando necessidades caso a caso — explica o gaúcho Luciano Carmona, coordenador do programa de agrono-

mia e transferência de tecnologia do Flar. Do estudo o Flar tirou seu norte de trabalho, com apoio do Common Fund for Commodities (CFC), ao qual o Irga se integrou em 2003. A pesquisa da Fao indicou que era necessário combater deficiências principalmente por práticas de manejo inadequadas e debilidades nos programas de transferência de tecnologia. Foi naquele ano que se iniciou no Rio Grande do Sul (e também Portuguesa e Guarico na Venezuela) um programa para fortalecer a transferência de tecnologia. Os resultados do programa demonstraram que com o uso de práticas de manejo de forma integrada, aliado ao sistema de transferência de tecnologia “produtor a produtor”, foi possível incrementar os rendimentos em mais de 50%, mantendo-se ou reduzindo-se os custos de produção.

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15


FLAR

Conheça o Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado (Flar)

De 2003 a 2016: atividades realizadas em

18 Países Cerca de

1,2 mil dias de campo

18 mil

agricultores, técnicos e trabalhadores capacitados Área de impacto no Rio Grande do Sul :

572,2 mil hectares

Países membros:

Argentina

Bolívia

Brasil

Honduras

México

Nicarágua

Chile

Panamá

Colômbia Costa Rica

Peru

Equador

Rep. Trinidad e Dominicana Tobago

Guatemala

Guiana

Uruguai

Venezuela

Além do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), como sócio estratégico.

16 Lavoura Arrozeira Nº 467 | Agosto/Setembro/Outubro 2016


EXTENSÃO

FOTO ASSESSORIA IRGA

Público presente ao curso de manejo foi formado por 60 profissionais ligados à lavoura de arroz e 60 técnicos do Irga

Troca de conhecimentos na

Estação Experimental Curso de Manejo Integrado do Cultivo de Arroz (MICA) reuniu novos engenheiros agrônomos, técnicos agrícolas e estudantes em Cachoeirinha durante três dias

M

ais que um curso, foram 24 horas para reforçar e relembrar temas básicos sobre o manejo do arroz e, também, para se atualizar sobre o que a cultura está exigindo no momento do produtor e do profissional do agronegócio, da pesquisa e da extensão rural. O Curso de Manejo Integrado do Cultivo de Arroz (MICA) teve 18 palestrantes em três dias de aulas, reunindo cerca de 60 técnicos do Irga e outros 60 profissionais ligados a lavoura de arroz, na Estação Experimental de Cachoeirinha. Em julho de 2017, haverá nova edição Neste ano o Irga retomou o treinamento para atuar na lavoura de arroz – já foram 3.500 profissionais de nível médio e nível superior. Quanto mais pessoas da área estiverem aptas a passar a mensagem do Irga, mais rápida será a difusão de tecnologia. Em sua estrutura com 40 escritórios regionais, o Irga não consegue atender aos quase 15 mil produtores no RS.. Para o técnico Tiago Cereza, funcionário do

O MICA em números 24 horas de curso 3 dias de aulas 18 temas abordados 18 palestrantes 60 profissionais do Irga participaram 60 profissionais da lavoura

Irga desde 2014, foi uma oportunidade de relembrar coisas técnicas, de aula, mas também de conversar com profissionais mais experientes. Cereza participou pela primeira vez do MICA, que reuniu novos engenheiros agrônomos e técnicos agrícolas que ingressaram recentemente no órgão, ou os que queriam

reciclagem e atualização. – Tinha muita gente de setores diferentes, com conhecimentos diferentes. Eu relembrei muita coisa que é importante e aprendi com os colegas de cursos, até mesmo nas rodas de conversa – conta o Cereza. Para Romeu Sergio Tietz, técnico agrícola da unidade de Camaquã, um dos momentos mais importantes foi discutir as necessidades que tem o produtor – tanto o que começou quanto o que já estiver trabalhando com a rotação de culturas, especialmente com a soja. – Esse foi e é um dos pontos fortes do MICA. O tema é bem atual e necessário, e sempre surge algo novo ou mais atualizado de um ano para o outro – avalia Tietz. Engenheiro agrônomo responsável pelo curso, Piero Sassi indica que a demanda por esse tipo de treinamento é alta: – Teve boa procura tanto entre as indicações internas, das regionais, quanto do público externo, formado por universitários.

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EVENTO

FOTO ASSESSORIA IRGA

Resultados de pesquisa, novos produtos e inovações serão mostradas aos produtores em seções como as Vitrines Tecnológicas

Abertura da Colheita do Arroz

será em Cachoeirinha Expectativa é de que o evento da Federarroz de 2017 seja ainda maior, já que terá parceria do Irga

A

nualmente, a Federarroz realiza um la no Estado e o mais importante da cultura grande evento para marcar o início de arroz no Brasil. da colheita de arroz no Estado. Em – Possuímos a expectativa de fazer a 2017, a expectativa é que seja ainda maior, maior edição do evento, sob os aspectos de pois será realizado em parceria com o Dia transferência de tecnologia, público, comerde Campo do Irga entre os dias 16 e 18 cialização, entre outros, fato potencializado de fevereiro, na Estação Experiem decorrência de ser realizado na mental do Arroz, em CachoEstação do Irga – afirma. eirinha. Tradicionalmente, a Programe-se Segundo o diretor Abertura da Colheita executivo da FederarAbertura da Colheita do tem por objetivo final roz, Anderson RiArroz em Cachoeirinha a transferência de incardo Levandowski De 16 a 18 de fevereiro de 2017 formação e tecnologia Belloli, a 27ª AbertuEstação Experimental do para potencializar a ra da Colheita do ArArroz – Cachoeirinha sustentabilidade do roz vem recebendo Acompanhe novidades setor. Belloli afirma investimentos para pelo site do Irga que a edição de 2017 ser um dos maiores www.irga.rs.gov.br terá mais investimentos eventos do setor agrícoe diversas novidades.

Na área de Vitrines Tecnológicas, em parcelas de campo de 15x10m, o Irga, empresas e demais expositores apresentarão resultados de pesquisas, novos produtos e inovações aos produtores. Seguindo a tendência de diversificação de culturas cada vez mais adotada pelos rizicultores do Estado, o evento terá também demonstrações em uma lavoura de soja. Paralelamente, serão realizados debates e palestras com foco na transferência de conhecimento e qualificação do produtor para a tomada de decisões em assuntos técnicos, tecnológicos, econômicos, entre outros. – Como em qualquer segmento, o produtor tem que estar bem informado, saber o que vai acontecer com o dólar, como isso afeta o negócio dele – exemplifica a coordenadora do evento, Angela Azevedo Velho. Além disso, ocorrerá uma feira em que empresas de serviços financeiros, corretagem, sementes, máquinas agrícolas, entre outros, apresentarão seus serviços e produtos aos rizicultores.

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ARTIGO TÉCNICO

Análise da safra 2015/16 do

arroz irrigado no RS VICTOR HUGO KAYSER Engenheiro agrônomo, MSc.

O

s produtores do Estado do Rio Grande do Sul enfrentaram um “El Niño” extremo na safra 2015/16, com o aquecimento da água superficial do Oceano Pacífico apresentando médias de temperatura no Pacífico Tropical acima de 0,5°C, no qual uma sequência de cinco médias acima desse patamar são indicativos para o fenômeno. O período de abril de 2015 a abril de 2016 (12 meses) se caracterizou pelas médias de temperaturas trimestrais acima desse patamar, chegando a 2,3°C em dezembro de 2015 – caracterizando um “El Niño” muito forte, como indicado na Figura 01. Figura 2: “El Niño” e produtividade do arroz irrigado, nas duas últimas décadas, no RS.

Na safra 2015/16, foram semeados 1.084.884 hectares e registrouse uma perda de 31.324 hectares (2,9%) em decorrência de um “El Niño” muito forte. Nos últimos 20 anos, em quatro safras, houve perdas de área acima de 25.000 hectares, e outras três nas quais as perdas foram superiores a 10.000 hectares, conforme a Tabela 01. Tabela 1: Perda de área de arroz nas duas últimas décadas. Figura 1: Médias trimestrais da temperatura média da superfície do Oceano Pacífico.

Esse foi de magnitude semelhante ao da safra 1997/98, que trouxe graves prejuízos. No período de 1950 a 2016, houve seis anos com “El Niño”: três classificados como muito fortes (1957/58, 1997/98 e esse verificado em 2015/16) e outros três fortes (1957/58, 1965/66 e 1972/73, conforme a fonte http://ggweather.com/enso/oni.htm, acessada em 4/7/2016). O efeito destas anomalias da temperatura no Oceano Pacífico Tropical – tanto “El Niño” como “La Niña” – tem repercussão em todo o planeta: no caso de “El Niño”, a região sul do Brasil enfrenta um período no qual as precipitações são mais frequentes e intensas, trazendo prejuízos com enchentes de grande intensidade; as chuvas prejudicam a semeadura das culturas de verão, a colheita das culturas de inverno e, neste caso, como o fenômeno perdurou até o final de colheita, trouxe prejuízos como atraso na colheita e/ou enchentes que acarretaram perdas de áreas. O fenômeno inverso da “La Niña” (esfriamento da superfície do Oceano Pacífico) acarreta um período de estiagem na Região Sul do Brasil, trazendo maiores prejuízos às culturas não irrigadas. No período de 1950 a 2016 há o registro de três “La Niñas” fortes: 1973/74, 1975/76 e 1988/89. Nas últimas duas décadas, o Estado teve quatro extremos de “El Niño” (Figura 2), sendo dois muito fortes (1997/98 e 2015/16) e dois moderados (2002/03 e 2009/10). Nestes, a produtividade média registrou queda em relação à safra imediatamente anterior.

Observa-se que, na safra 2003/04, apesar de se registrar uma perda de área de 10.819 hectares, em relação à safra imediatamente anterior houve um ganho de produção. Nos demais anos, os fenômenos climáticos tiveram influência na produção do arroz no Estado do Rio Grande do Sul, como se pode inferir pela Tabela 02. Tabela 2: Influência do “El Niño” e da ”La Niña” na produção de arroz do RS.

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ARTIGO TÉCNICO Na última safra, as perdas foram distintas nas diversas regiões do Estado, conforme a Tabela 03.

Tabela 5: Área semeada nas Regiões Orizícolas do RS – safra 2015/16.

Tabela 3: Safra 2015/16-RS, área semeada, área perdida, área colhida, produtividade e produção.

As áreas de maior produção foram, respectivamente, Fronteira Oeste, Zona Sul e na Campanha – Figura 04.

As áreas perdidas foram distintas nas várias regiões do Estado, sendo maiores na Depressão Central, onde representou 7,7% da área semeada, e na Fronteira Oeste, com uma perda de 4,4% da área semeada – Tabela 04. Tabela 4: Áreas perdidas nas regiões orizícolas do RS – safra 2015/16.

Figura 4: Produção de arroz na safra 2015/16, por Região Orizícola do RS.

Na safra 2015/16, a maior área semeada de arroz situou-se no município de Uruguaiana, ocupando 7,7% da área. Vinte municípios, como podemos observar na Tabela 06, ocuparam 67% da área de arroz. Tabela 6: 20 municípios com maior área semeada com arroz na safra 2015/16 no RS.

Em relação à área total perdida, 31.324 hectares, a maior perda ocorreu na Fronteira Oeste, com 44% do total, seguido pela Depressão Central, com 35% do total, acima de 10.000 hectares em cada uma, conforme Figura 03.

Em termos de produção, o município que obteve a maior produção estadual foi também Uruguaiana, com um montante de 612.288 toneladas, ocupando 8,4% da produção estadual, seguido por Santa Vitória As maiores áreas semeadas no Estado localizam-se na Fronteira do Palmar (7,6%) e Itaqui (6,2%). Oeste. As demais regiões tiveram peso aproximadamente semelhanNa safra 2015/16, 20 municípios respondem por 68,2% da produção tes, conforme se visualiza na Tabela 05. de arroz do Rio Grande do Sul, como demonstra a Tabela 07.

Figura 3: % de área perdida na Safra 2015/16, no RS.

20 Lavoura Arrozeira Nº 467 | Agosto/Setembro/Outubro 2016


Tabela 7: Safra 2015/16 e os 20 municípios maiores produtores de arroz no RS.

Em termos de distribuição de produtividade na safra 2015/16, nos 129 municípios acompanhados os dados são apresentados na Figura 05. Observa-se que 86% dos municípios tiveram uma produtividade média de até 7.500 kg.ha-1, e 14% foram superiores. Resultado acima da produtividade média ponderada do Estado – 6.928 kg.ha-1 – foi verificado em 57 municípios (44%). Figura 5: Distribuição de frequência das produtividades municipais na safra 2015/16 no RS.

Em relação às produções municipais, verifica-se que 29,5% dos municípios produziram entre 1.000 toneladas até 5.000 toneladas (Figura Pela análise da produtividade, destacam-se 20 municípios com pro- 06). No Estado, 57,4% dos municípios produziram até 20.000 toneladas. dutividade acima de 7.450 kg.ha-1: Chuí com 8.552 kg.ha-1, Rio GranFigura 6: Distribuição de frequência das de com 8.479 kg.ha-1 e Caraá com 8.400 kg.ha-1, como demonstra a produções municipais na safra 2015/16, no RS. Tabela 08. Essas produtividades foram superiores às da média verificada no Estado (6.928 kg.ha-1). Por outro lado, o município que apresentou a menor produtividade foi São Francisco de Assis, com 4.590 kg.ha-1. A Tabela 09 apresenta os 20 municípios com menor produtividade nessa safra. Tabela 8: 20 municípios com maior produtividade na safra 2015/16, no RS.

Tabela 9: 20 municípios de menor produtividade na safra 2015/16 no RS.

Na safra 2015/16, em termos de área semeada, 66,7% dos municípios tinham área semeada de até 5.000 hectares (Figura 07). Os 10 municípios com área superior a 30.000 ha representaram 47,3% da área semeada e 48,4% da produção estadual. Figura 7: Distribuição de frequência da área semeada municipal na safra 2015/16, no RS.

Comparativamente à safra anterior, houve uma redução na área semeada em 3,63%. A área colhida reduziu-se em 6% (em função das perdas de área), a produtividade média teve uma redução de 852 kg.ha-1 (-10,95%) e, consequentemente, a produção total diminuiu em 1.419.987 toneladas (redução de -16,29%). Veja a Tabela 10. Tabela 10: Comparativo das safras 2015/16 e 2014/15.

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SAFRA 2015/16

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FOTO ADOBE STOCK, DIVULGAÇÃO

Resultados

abaixo d’água Produção gaúcha de arroz foi perdida em cerca de 30 mil hectares devido ao excesso de chuva, causado por um efeito El Niño de alta intensidade

M

ais de 30 mil hectares semeados com arroz foram perdidos no Estado na safra 2015/2016, grande parte por adversidades climáticas originadas com o El Niño. A chuva e as enchentes provocadas pelo fenômeno afetaram desde cedo os campos gaúchos. Basicamente, houve excesso de precipitações pluviométricas e inundações em alguns dos piores períodos em que isso poderia ocorrer (na época do preparo do solo, no plantio e na colheita). O resultado foi uma das piores produtividades dos últimos anos: 6.800 quilos por hectare. Atrasos no plantio, custoa maiores e até mesmo perdas totais afetaram o resultado da conta nesse ano. Em um comparativo histórico, a produtividade no atual ciclo retrocedeu ao nível de 2009/2010, e quase 1 mil quilos a menos do que a safra passada, de 7,7 mil quilos. – Nesse último ano, teve produtor que plantou e não colheu nada – lamenta o chefe da Seção de Política Setorial do Irga, Victor Hugo Kayser. De acordo com estudos do engenheiro agrônomo, esse último El Niño teve magnitude semelhante ao da safra 1997/98, que trouxe graves prejuízos ao Rio Grande do Sul. Nas últimas duas décadas, o Estado teve quatro episódios extremos de El Niño: dois muitos fortes (1997/98 e 2015/16) e dois moderados (2002/03 e 2009/10), quando a produtividade média registrou expressiva queda em relação à safra imediatamente anterior, como ocorre agora. Para Kayser, o resultado da atual lavoura arrozeira no Rio Grande do Sul teve como atenuantes o bom desempenho de algumas regiões, especialmente a Fronteira Oeste, e o esmero de produtores que deram atenção ao preparo antecipado do solo. E ele ressalta que o Estado demonstrou ter avançado em questões de manejo ao enfrentar um El Niño com a alta intensidade. – Na safra que se encerrou, há quem teve boa produtividade, sim. E é graças a esse produtor

que fez o trabalho de casa que a média do Estado não caiu ainda mais — analisa o engenheiro agrônomo. Os maiores prejuízos ficaram com as regiões da Depressão Central – não por acaso, local em que estão as propriedades e os agricultores que menos costumam trabalhar com o preparo antecipado do solo. Já a Fronteira Oeste, especialmente municípios como Itaqui e Uruguaiana, registrou bons resultados. Ainda assim, pela extensa área cultivada com arroz, é justamente na região que estão 44% dos 31,3 mil hectares que tiveram sua produção totalmente perdida por problemas climáticos

Depressão Central sofreu muito com problemas de enchente A Fronteira Oeste semeou 313 mil hectares e perdeu 13,9 mil hectares (cerca de 4,4% do total). Proporcionalmente, os prejuízos foram maiores na Depressão Central: 7,7% das lavouras semeadas foram perdidas (11 mil hectares de cerca de 143 mil cultivados). – A Depressão Central teve problemas com enchentes do começo ao fim, principalmente com a alta do Rio Jacuí – explica Kayser. Por ali, houve boa produtividade basicamente apenas com produtores de ponta, como Guilherme Thom. Nos últimos anos (incluído a atual safra), ele alcançou médias entre 9 mil e 11 mil quilos. – Para nós, a grande virada, há muito tempo, foi uso adequado de sementes, em genética, quantidade, manejo e controle de pragas. Acho que boa base do nosso trabalho está focando na informação. Na internet, em cursos e mesmo com leitura, buscando livros técnicos e sobre agronegócio. Isso é o fundamental — avalia o produtor, engenheiro agrônomo e ex-integrante do quadro do Irga, atual secretário da cooperativa de Agudo.

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SAFRA 2015/16

Produção por regiões na safra 2015/16 DEPRESSÃO CENTRAL 837.154 Kg

11,9 %

CAMPANHA 1.116.953 Kg

TOTAL

,7% 28

,2% 19

% 19,2

15,3%

PLANÍCIE COSTEIRA INTERNA 976.308 Kg

Dez municípios com maior área plantada cultivam quase 50% da área total semeada com o grão no Estado FRONTEIRA OESTE 2.094.330 Kg

11,5%

PLANÍCIE COSTEIRA EXTERNA 870.535 Kg

ZONA SUL 1.404.183 Kg

7.299.462

100,0%

Municipio

Área semeada(ha)

% área

% acumulado

Uruguaiana

83.030

7,7%

7,7%

Itaqui

73.036

6,7%

14,4%

S.Vitória do Palmar

68.848

6,3%

20,7%

Alegrete

53.741

5,0%

25,7%

Dom Pedrito

45.89

24,2%

29,9%

Arroio Grande

42.28

13,9%

33,8%

São Borja

41.249

3,8%

37,6%

Mostardas

39.1203,

6%

41,2%

Camaquã

35.5073,

3%

44,5%

30.929

2,9%

47,3%

Cachoeira do Sul

Os Resultados Da Safra 2015/16 Áreas semeada e perdida, por região

Região Área (Ha)

Os 10 mais

Dez municípios com as maiores produtividades médias *Produtividade (kg/ha)

Semeada

Perdida

% Perdida

Fronteira Oeste

312.963

13.868

4,4%

Campanha

163.329

3.453

2,1%

Depressão Central

143.373

11.031

7,7%

Pl. Cost. Interna

146.416

1.394

1,0%

Rolante

8.250

Pl. Cost. Externa

138.551

235

0,2%

Capão do Leão

8.164

Zona Sul

180.252

1.343

0,7%

Taquara

8.150

1.084.884

31.324

2,9%

Piratini

8.080

Santa Vitória do Palmar

8.044

Caibaté

8.007

Sapiranga

7.950

Total

Perda de área na safra 2015/16 Proporcional à perda total do Estado em %. PL. COST. EXTERNA

ZONA SUL

1.343 (ha) 4,3%

1.394 (ha) 4,5% DEPRESSÃO CENTRAL

11.031 (ha) 35,2% FRONTEIRA OESTE

CAMPANHA

13.868 (ha) 44,3%

3.453(ha) 11,0% TOTAL

31.324

8.552

Rio Grande

8.479

Caraá

8.400

Dez municípios com com menor produtividade *Produtividade (kg/ha)

235 (ha) / 0,8% PL. COST. INTERNA

Chuí

100,0%

24 Lavoura Arrozeira Nº 467 | Agosto/Setembro/Outubro 2016

São Francisco de Assis

4.590

Alvorada

4.700

Cerrito

4.847

Dom Feliciano

4.946

Pinheiro Machado

5.000

Pedras Altas

5.095

Manoel Viana

5.100

Candiota

5.199

General Câmara

5.495

Cerro Grande do Sul

5.512


EXTENSÃO

Pesquisadores do Irga

apresentam resultados Entre as áreas destacadas, estão manejo de arroz e soja, fertilidade, plantas daninhas, doenças e genética

E

ntre os dias 28 e 30 de junho, o Irga realizou em sua Estação Experimental do Arroz (EEA), em Cachoeirinha, mais uma edição da Reunião Anual da Pesquisa, evento no qual são apresentados os resultados dos projetos realizados na última safra. Entre as 137 ações de pesquisa, o engenheiro agrônomo Rodrigo Schoenfeld, gerente da Divisão de Pesquisa do Irga, destaca as áreas de manejo das culturas do arroz e da soja, fertilidade, plantas daninhas, doenças, principalmente resistência à Brusone, melhoramento genético, buscando avançar mais rápido no processo de conversão de cultivares resistentes a herbicidas, desenvolvimento de cultivares do arroz com alta qualidade de grão e resistentes a doenças, toxidez de ferro, tecnologia de sementes e pós-colheita. É um longo caminho até que os trabalhos de pesquisa sejam concluídos e esses resultados cheguem até o produtor. Um exemplo é o desenvolvimento de novas cultivares, que leva em torno de 10 anos na média. – Há trabalhos que estão em seus se-

FOTO ASSESSORIA IRGA

gundo, terceiro e quarto anos. A partir do momento em que começam a apresentar resultados conclusivos, passam para a extensão rural e os extensionistas do Irga, que participaram da reunião, transformam em ações que serão transferidas para o produtor – explica.

Clima deve ajudar na próxima safra Quando são lançados materiais de alto potencial como o Irga 424 RI e ele chega por meio do quadro de extensão rural ao produtor, com o manejo ajustado nos trabalhos de pesquisa, o resultado é positivo. Lançada em 2015, a cultivar Irga 424 RI deve ocupar na safra 2016/17 em torno de 50% da área semeada de arroz no RS. Com potencial produtivo de 20 sacos acima de qualquer outra cultivar do mercado, afirma Schoenfeld: – Esses são exemplos do que a pesquisa do Irga produz.

Quem participou Os trabalhos foram apresentados conforme as seções de Pesquisa da EEA:

Agronomia: Alencar Junior Zanon (Ecofisiologia vegetal), Pablo Badinelli (Soja), Filipe Selau (Fertilidade), André Ulguim (Plantas daninhas), Darci Uhry (Soja), Elio Marcolin (Irrigação), Francisco Morais (Fertilidade), Danielle Almeida (Entomologia), Rafael Nunes (Ambiental), Paulo Regis Ferreira (Integração de práticas de manejo) e Mara Grohs (Ensaios de fertilidade em arroz); Melhoramento: Oneides Avozani (Melhoramento genético), Daniel Waldow (Híbridos e resultados de ensaios), Mara Lopes (Conversão para resistência à herbicida) e Liane Dorneles (Fisiologia e biotecnologia); Sementes: Flávia Tomita (Genética, básica e tecnologia de sementes) e Gustavo Soares (Genética e certificação); Pós-Colheita: Fernando Fumagalli (Secagem, armazenagem e qualidade arroz bioclimático) e Sérgio Lopes (Atraso da colheita).

Encontros ocorreram entre 28 e 30 de junho, na Estação Experimental de Cachoeirinha

Lavoura Arrozeira Nº 467 | Agosto/Setembro/Outubro 2016

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PROJETO 10 +

Uma nova etapa para o aumento da produtividade no cultivo do arroz

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FOTO ROBERTO VINÍCIUS


PROJETO 10 +

D

e 2002 a 2011, a produtividade média da lavoura de arroz no RS aumentou de 5.300 para 7.450 kg/ha, decorrente de ações de pesquisas nas áreas de manejo e cultivares e de iniciativas de transferência de tecnologias, como o Projeto 10 e o Projeto CFC, desenvolvidos pelo Irga e com larga utilização pelos orizicultores. Nas últimas cinco safras, a produtividade média está estabilizada na faixa dos 7.500 kg/ha. Na maioria das regiões produtoras, os atrasos na época de semeadura e na irrigação, o controle deficiente de plantas daninhas, aliado à utilização de cultivares suscetíveis a doenças e de baixo potencial produtivo têm sido os principais limitantes. Com objetivo de reverter esse processo, mais nas regiões da Depressão Central e Planícies Costeiras, o Irga buscou apoio do Flar (Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado) para retomar uma parceria estratégica integrando pesquisa, extensão e produtores, o Projeto 10 +. Com o envolvimento da pesquisa e extensão do Irga, com a participação dos produtores e dos técnicos da iniciativa privada, será possível dar um impulso ao projeto. O objetivo é elevar a produtividade média da lavoura para 8,50 toneladas/ha, nos próximos três anos. A proposta é retomar a metodologia de extensão, “produtor a produtor”, reunindo pessoas com entusiasmo e conhecimento em manejo que sejam abertas a inovações e aceitem o desafio de conduzir suas lavouras com estratégias para alta produtividade, reduzindo custos e aumentando a rentabilidade. O trabalho começa com a escolha de regiões prioritárias e estratégicas e, dentro dessas, com seleção de produtores. Com apoio dos técnicos, serão instaladas as lavouras demonstrativas, com as tecnologias preconizadas no projeto. Os extensionistas deverão também organizar os roteiros técnicos que serão realizados em várias fases de desenvolvimento da lavoura, com objetivo de demonstrar as técnicas utilizadas, promovendo integração e troca de experiências entre técnicos e produtores. A programação para a safra 2016/2017 prevê a instalação de 60 lavouras demonstrativas e a realização de 120 roteiros técnicos para atingir um público de 800 produtores, em 25 municípios de todas regiões arrozeiras. A meta é, até 2019, alcançar cem municípios arrozeiros com 240 lavouras demonstrativas e assistir mais de 2 mil produtores. O embasamento técnico do projeto está fundamentado em 10 pontos do manejo para as áreas, contemplando planejamento prévio da lavoura, preparo antecipado, semeadura na época recomendada, uso de semente certificada, densidade de semeadura adequada, adubação com base na expectativa de rendimento, controle de plantas daninhas na época e com produtos registrados, adubação de cobertura e irrigação no momento adequado, manejo integrado de doenças e pragas e, quando possível, a rotação de culturas com soja,

milho ou Integração Lavoura-Pecuária (ILP). O trabalho será realizado em conjunto entre extensionistas do órgão e os produtores envolvidos. Ao contrário das lavouras experimentais convencionais, apresentadas em feiras, nas áreas do arroz do Projeto 10 +, os “vizinhos” vão acompanhar a evolução da experiência (real), dentro de um cronograma pré-determinado de roteiros de campo. Uma das vantagens do sistema: a credibilidade de ver a lavoura demonstrativa avançar e a confiança nos dados apresentados por quem já conhece (veja no quadro). Em diferentes estágios de desenvolvimento da cultura. – O cenário da lavoura requer mudanças estratégicas no planejamento e manejo da lavoura para aproveitarmos de forma eficiente nossos recursos naturais e o potencial produtivo das variedades com genética Irga – alerta o engenheiro agrônomo Luciano Carmona, consultor do CIAT/Flar, que atua no projeto. O sinal amarelo para o setor acendeu, já que, nas últimas 5 safras, observa-se uma tendência de estagnação e, até mesmo, uma leve redução na produtividade média do Estado. Parte do problema pode ser explicada pelo uso massivo de variedades provenientes da Argentina que são altamente suscetíveis a doenças (Brusone), acarretando altíssimos custos para seu controle, redução da produtividade e contaminação do ambiente. Também contribui de forma importante para este cenário o uso indiscriminado da tecnologia Clearfield, que resultou em problemas de resistência às principais plantas daninhas infestantes de lavoura ao principal grupo químico de herbicidas utilizados pelos produtores, provocando perdas significativas em produtividade e, em muitos casos, dobrando os custos de controle, alerta Carmona

Clima deve ajudar na próxima safra O clima, no próximo ciclo, não deverá ser problema. As muitas perdas causadas pelo El Niño na safra 2015/2016 não devem se repetir. A perspectiva, com o La Niña ou período neutro, aumenta a expectativa de que preparo e plantio ocorrerão na hora certa. Ao contrário do ciclo anterior, agora o clima é um fator que pode ajudar produtores a alcançar 10 toneladas/ha. Para aproveitar esse período favorável, porém, o gerente da Divisão de Assistência Técnica do Irga, Athos Gadea, lembra que o produtor sempre precisa ponderar diversas questões que estão dentro e fora da porteira. – Sabemos que nem sempre o produtor consegue dar conta de tudo, há questões como arrendamento de terras, que às vezes disputa espaço com o gado, e mesmo de acesso ao crédito. Precisamos ajudar o produtor a buscar a sustentabilidade da lavoura de arroz. É o que estamos fazendo ao reforçar melhorias no manejo – explica Gadea.

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LUCIANO CARMONA Engenheiro agrônomo do Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado (Flar)

“Nas últimas safras, o uso indevido da tecnologia Clearfield com variedades provenientes da Argentina altamente suscetíveis à Brusone provocou um significativo aumento na utilização de agroquímicos. Isto impactou em aumento dos custos de produção.”

Roteiro de visitas 1 – O início das visitas se dá cerca de 30 dias após a semeadura, onde a lavoura demonstrativa é apresentada ao grupo. 2 – As tecnologias são apresentadas ao grupo pelo agricultor e os aspectos técnicos são reforçados pelos extensionistas. 3 – No início do período reprodutivo, o grupo retorna à lavoura para realizar um novo encontro. São demonstrados os resultados do manejo inicial. 4 – O último encontro ocorrerá na colheita, onde todo o manejo é repassado e são apresentados os resultados de produtividade.


Genética para

FOTOS: ROBERTO VINÍCIUS

alcançar a meta Um dos pilares do Irga para alcançar o Projeto 10 + é desenvolver a tecnologia e poder disseminá-la diretamente aos produtores, quebrando etapas de repasse de conhecimento e aplicabilidade. Dois dos investimentos em genética que estarão integrados ao projeto é o reforço no uso das cultivares IRGA 424 e IRGA 424 RI – que serão utilizadas nas lavouras demonstrativas. – No último ciclo, as duas cultivares ocuparam cerca de 20% da safra. No plantio 2016/2017, a meta é alcançar

50% das áreas semeadas. São variedades de alto potencial produtivo, altíssima adaptabilidade, rusticidade, além de responderem muito bem ao manejo – ressalta o engenheiro agrônomo do Fundo Latino-Americano de Arroz Irrigado (Flar), Luciano Carmona. De acordo com o engenheiro agrônomo do Irga, os sementeiros oficiais terão disponibilidade de semente para chegar a ocupar 50% das áreas. As duas variedades são mais resistentes a doenças como a Brusone, uma das que mais tem Estágio de solo preparado já no final de julho: prática está entre os 10 pontos de manejo recomendados pelo Projeto 10 + afetado as lavouras gaúchas.

A evolução da produtividade no Estado Produtividade média no Estado em quilos por hectare.

8 7 6 5 4 3 2 1 0

7.600 6.726

6.902

05/06 06/07

07/08

6.610 6.064

7.150

7.350 7.438

7.243

11/12 12/13

13/14

7.700 6.928

6.781

5.912

4.890

02/03 03/04 04/05

08/09 09/10

10/11

14/15

15/16

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PROJETO 10 +

FOTOS: ROBERTO VINÍCIUS

Grupo de produtores de Dona Francisca aderiu ao Projeto 10 em 2003, desde então, destaca-se pela produtividade acima da média

Um pacto para chegar a

11 toneladas No ciclo 2003/2004, um grupo de nove produtores de Dona Francisca, na Região Central do Estado, aderiu ao então recém-implantando Projeto 10. Foi uma experiência bem sucedida: em uma área de apenas 55 hectares, a média ficou em 8.989 kg/ha, enquanto o restante do município registrou 7.400 kg/ha. Sinal verde, então, para que a ideia se perpetuasse. Hoje são 27 os produtores que ainda seguem o ritual de troca de experiências in loco, visitando uns as lavouras dos outros e debatendo as técnicas utilizadas em cada uma delas. – Onde vamos, o proprietário nos mostra o que fez, como fez, fala sobre o solo, a preparação, as sementes. Explica tudo o que fez e como está, com tempo para que os outros produtores também falem, perguntem e contem o que estão fazendo. Isso é constante, é feito todos os anos – explica o engenheiro agrônomo José

Mário Tagliapietra, da Camnpal. Um exemplo está em André Inácio Pozzer. Mesmo com 30 hectares de perda na safra passada, devido à cheia do Rio Jacuí, ele investe em tecnologia. Usa nas terras uma plaina com laser acoplada ao trator. A tecnologia nivela melhor o solo, o que permite iniciar a irrigação mais cedo e diminui o consumo de água. Em 2011/2012, quando o grupo chegou a 10.324 quilos por hectare, em média, decidiu-se estabelecer um novo patamar: 11 mil quilos. Nesse meio tempo, o clima puxou os resultados para baixo, mas não afetou o ânimo dos produtores. – Apesar das quedas nos últimos quatro ciclos, com El Niño, perdas com chuva, frio e outros problemas, mantemos o desafio, leve o tempo que precisar – conta Tagliapietra. Para o engenheiro agrônomo da Camnpal,

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um dos produtores que bem representa o trabalho também é um dos mais engajados no projeto. Mesmo com alta produtividade, Rogério Pesarico, 47 anos, nunca deixou de lado o aprendizado em conjunto e o entusiasmo. – Ele é caprichoso, dedicado, persistente e interessado mesmo. Se há uma praga na lavoura, ele quer saber exatamente onde está, em que quantidade. Ele tem que enxergar de perto para poder atacar corretamente – elogia Tagliapietra. Os elogios são quase um coro entre o grupo, e nem poderia deixar de ser diferente. A produtividade média de Pesarico desde 2003 é de 9.989 quilos por hectare. Ou seja, ele já chegou lá. E foi adiante: na safra 2011/2012, colheu 11.100 quilos por hectare. Ao analisar o que pode estar segurando a produtividade nos últimos anos, em geral, o produtor avalia que as causas não estão apenas no clima. – Desde 2011, há mesmo uma queda, e não só por chuva e outras coisas. Temos problemas de maior resistência das doenças, das larvas, da escolha das variedades. Coisas de manejo também. O produtor precisa mexer com alguns procedimentos, porque este ano podemos dar uma virada para cima nessa curva – anima-se Pesarico.


Os números do grupo de Dona Francisca O município de Dona Francisca cultivou na safra 2015/2016 aproximadamente 2.350 hectares com arroz irrigado, cuja área é 100% sistematizada e conta hoje com 140 produtores. O Projeto 10 foi implantado no município na safra 2003/2004, quando produtores aderiram ao programa FOTOS: ROBERTO VINÍCIUS

Em uma área de 55 hectares, a média ficou em

8.989 kg/ha

Enquanto a média do município esteve em

7.400 kg/ha

Na safra 2011/2012, a média do município ficou em

9.530 kg/ha

A do Projeto 10 atingiu

10.324 kg/ha

Participam do projeto, hoje,

27 produtores em uma área de

930 hectares Na safra 2015/2016, a média do município ficou em

7.200 kg/ha

A do Projeto 10 alcançou

7.800 kg/ha

Alta rentabilidade (kg/ha) Produtividade acima da média é comum na propriedade de Rogério Pesarico (ao lado)

12

8 6 4 2 0

9.050

9.400

9.871

10.250

10.825

11.100 10.088

9.950

9.600 9.600 9.300

(Enxurrada)

10

10.834

03/04 04/05 05/06 06/07 07/08 08/09 09/10 10/11 11/12 12/13 13/14 14/15 15/16 Média: 9.989

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PROJETO 10 +

Roteiro básico para a produtividade 10: como melhorar os resultados 1 – Rotação de Culturas

Prática fundamental para a manutenção de altas produtividades, por todas as vantagens conhecidas, mas principalmente para o manejo do arroz vermelho e como alternativa de segundo cultivo nas regiões onde se planta arroz irrigado em monocultivo intensificado.

2 – Agronomia de Precisão

Existem lacunas de produtividade na ordem de 3 toneladas por hectare em todos os países da América Latina e do Caribe. Ou seja, não existe um limitante genético e, sim, um limitante de manejo. Nesse contexto, foram identificados pontos-chave no manejo que, quando utilizados de forma conjunta e com precisão, invariavelmente sobem significativamente os rendimentos. Estes pontos são os seguintes: Planejamento da lavoura: é a garantia de eficiência dos processos de manejo, identifica limitantes e define planos de ação e estratégias de manejo. Preparo antecipado: considerandose que o período de plantio ideal para

altos rendimentos varia entre 15 e 45 dias em todas as zonas arrozeiras e invariavelmente coincidem com períodos de médio a altos níveis de precipitação pluviométrica, é fundamental ter áreas prontas para o plantio no período que antecede as épocas recomendadas, com rotação de culturas e com preparo de verão.

Adubação balanceada: aproveitar a variedade e oferta ambiental (fertilidade natural e oferta de luz conforme época de plantio) com especial cuidado no manejo do nitrogênio (ureia), que deve ser aplicado 80% antes do estágio de quatro folhas (V4), em condições de solo seco e incorporado imediatamente com água (máximo de três dias).

Época de plantio: o cultivo deve ser em uma época onde o período reprodutivo coincida com a maior oferta de luminosidade de cada ambiente em particular (preferencialmente, em outubro).

Manejo de plantas daninhas: inclui preparo antecipado e uso de ferramentas como dessecações, uso de herbicidas pré-emergentes e aplicações de pós-emergentes antes da adubação nitrogenada, com posterior inundação permanente.

Densidade de semeadura: como estratégia para o manejo de pragas, doenças e acamamento, recomenda-se população inicial entre 150-200 plantas/ m², que são obtidas com densidades entre 60-100kg/ha-1 de sementes. Semente certificada e, se necessário, com tratamento: prática muito importante que visa a controlar exclusivamente insetos que atacam o cultivo nas fases iniciais com eficiência e baixo impacto ambiental.

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Manejo integrado de doenças e pragas, baseado no uso de cultivares resistentes a doenças, hstóricos das áreas e monitoramento constante.

FOTOS ROBERTO VINÍCIUS

Tecnologia de plaina com laser acoplado funciona com receptor (detalhe) de sinal e deixa o solo bem nivelado

Manejo irrigação: trabalho com lâminas baixas sempre antes do estágio V4, complementando o controle de plantas daninhas, incorporando o nitrogênio (ureia) que foi aplicado em solo seco e auxiliando no controle de insetos-praga.


AUDIÊNCIA PÚBLICA

Em pauta, os benefícios da

farinha de arroz Objetivo do encontro em Porto Alegre foi estimular o consumo de arroz no RS

C

onforme dados do Irga, aproximadamente 70% da produção de arroz do Brasil vem do Rio Grande do Sul, mas os gaúchos consomem apenas 12% do que produzem. Com o objetivo de fomentar a valorização do arroz e de seus co-produtos no Estado, a Assembleia Legislativa discutiu em audiência pública, realizada em junho, os benefícios de sua farinha à saúde. Rica em carboidratos complexos, proteínas e fibras solúveis e livre de gorduras trans, a farinha de arroz também possui o menor índice glicêmico entre cereais, o que evita picos de açúcar no sangue. Por não ter glúten – diferentemente de trigo, centeio e aveia –, constitui uma importante alternativa para portadores de doença celíaca. É o que informa a nutricionista Cleusa Amaral, do Irga. – O glúten funciona como uma espécie de cola que gruda nas paredes do intestino. Estudos demonstram que o consumo do trigo está ligado ao aumento da obesidade da população e da hiperatividade infantil – afirma a nutri-

motivos para consumir farinha de arroz

1

> Rica em carboidratos complexos, proteínas e fibras solúveis

2 > Não tem gordura trans 3 > Menor índice glicêmico entre os

cereais

4 > Livre de glúten cionista Ana Laura Guimarães. Ela salientou ainda que consumir um simples pão cacetinho por dia resulta num aumento médio de 3,5 cm de quadril por ano. Uma pesquisa promovida pela Cooperativa

Agroindustrial Alegrete (Caal) apontou mais de 80% de aprovação por consumidores do gosto e da textura de alimentos de padaria elaborados com farinha de arroz. Propositor do encontro, o deputado Gabriel Souza (PMDB) defendeu a redução de impostos para incentivar a produção. A partir da discussão na audiência, ele pretende protocolar projeto de lei neste sentido. Mas não é a única movimentação: – A Secretaria da Fazenda verificou o quanto isso é uma cadeia produtiva importante para o Estado, já iniciando o encaminhamento da pauta para tributação em patamares menores – disse Souza, autor de projeto de lei para incluir arroz e derivados na merenda escolar. Já o diretor comercial do Irga, Tiago Sarmento Barata, afirmou que a falta de conhecimento sobre a farinha de arroz dificulta sua chegada às cozinhas dos gaúchos, mas avaliou que a desoneração pode ser determinante para reverter esse processo. FOTO ASSESSORIA IRGA

Lideranças reuniram-se na Assembleia Legislativa, em junho, para debater dados sobre o produto

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PROGRAMA DE VALORIZAÇÃO DO ARROZ

Irga amplia conhecimentos sobre os

benefícios do arroz Promovida pelo Provarroz, iniciativa para popularizar o cereal entre os mais jovens já atingiu um número superior a 300 merendeiras escolares apenas em 2016

B

ons hábitos podem e devem ser adquiridos desde cedo, principalmente se trouxerem benefícios à saúde. No caso do consumo de arroz, a novidade está na capacitação de merendeiras escolares promovida pelo Irga, em uma estratégia que faz todo o sentido: se a educação alimentar começa na infância e se consolida na adolescência, nada melhor do que criar bons multiplicadores. E, em 2016, este número já ultrapassa 300 merendeiras. – As pessoas não têm conhecimento sobre os benefícios que o arroz traz. E a multiplicação da informação é muito grande através das ações que estamos realizando – explica a coordenadora do Programa de Valorização do Arroz (Provarroz), Camila Pilownic. De fato, há muito a ser comunicado. Em execução desde 2015, o Provarroz ensina ao público que o arroz ajuda no tratamento de diabetes, não contém glúten, previne doenças cardiovasculares, não tem gordura trans e, não menos importante, transforma-se em um alimento delicioso nas mãos de quem conhece a arte da culinária.

Instruir merendeiras para obter resultados E nisso, convenhamos, as merendeiras escolares têm grande papel. Por elas passa o alimento de muitas crianças e adolescentes que encontram nas escolas a principal refeição do dia. Mais: em alguns casos, merendeiras e alunos criam laços de confiança, a ponto de elas exercerem papel de influência nos hábitos alimentares. Com o perdão do trocadilho, um prato cheio para consolidar o arroz na dieta.

Quando o cereal está servido, portanto, não se trata apenas de uma refeição saborosa, mas da presença de um elemento importante para a nutrição. E que, conforme o Ministério da Saúde, já ocupa a primeira posição de consumo no Brasil, na faixa dos 12 aos 17 anos de idade.

Equipe do Irga capacita na teoria e na prática Um cenário propício para expansão: no Rio Grande do Sul, o trabalho do Provarroz passou por mais de 20 municípios apenas em 2016. Entre estudantes de cursos de Nutrição, Gastronomia e Biologia, mais de 350 pessoas tiveram acesso aos ensinamentos da equipe de Eventos e Gastronomia do Irga. Capitaneado pela nutricionista Cleusa Amaral, o time trabalha em duas frentes: 1 – Discorre sobre benefícios e a parte nutracêutica do arroz, com apresentação da farinha de arroz (que torna um alimento mais leve e auxilia no processo de digestão); 2 – Promove uma aula prática sobre o manuseio da farinha de arroz, com a produção de alimentos como bolos e tortas. – Como as merendeiras têm um período curto para preparar a merenda escolar, busco preparações práticas para que, de fato, sejam inseridas no cardápio mais variações do arroz e uso da farinha de arroz – afirma Cleusa Amaral. Embora ainda não existam dados consolidados sobre os efeitos do Provarroz no consumo propriamente dito, a equipe do Irga faz um balanço positivo dos trabalhos. E confia que a educação alimentar desde cedo pode trazer ganhos na qualidade de vida.

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Faça você também Receita de cuca de arroz com frutas

Provarroz chegou às famílias de pequenos agricultores por meio da Semana Arrozeira de Alegrete

FOTOS ASSESSORIA IRGA

Capacitação de merendeiras e de produtoras

O Provarroz leva informações ao campo, às salas de aula das universidades e às escolas

Ingredientes 1 e ½ xícara de arroz cozido 2 e ½ xícaras de farinha de arroz ¾ xícara de óleo ¼ xícara de óleo para farofa 1 colher de sopa de fermento em pó 2 colheres de sopa de amido de milho 3 – 4 ovos 1 xícara de açúcar branco 1 xícara de açúcar mascavo 400 g de frutas diversas picadas, sem sementes, sem casca 50 g coco ralado Canela em pó a gosto 1 colher de sopa de fermento químico em pó Casca de laranja ou limão - opcional Modo de preparo: Numa vasilha, coloque as duas xícaras de farinha de arroz, o açúcar branco, as gemas, o óleo, o fermento, o amido de milho, a canela em pó, misture até formar uma farofa, acrescente o arroz cozido, misture bem. Em separado, pique bem as frutas que escolher, reserve. Numa vasilha, bata as claras em neve, após coloque a meia xícara de açúcar mascavo e as raspas da laranja, se assim optar. Farofa da cuca: Misture meia xícara de farinha de arroz, a meia xícara de arroz cozido, o coco ralado, outra metade do açúcar mascavo, misture, coloque as colheres do óleo para dar uma liga, misture bem até formar uma farofa, reserve. Montagem: Numa assadeira untada ou prato refratário, coloque parte da massa da cuca por todo o fundo do prato e acrescente as frutas espalhadas. Por cima, coloque a outra parte da massa. Cubra com as claras em neve bem batidas e, por cima, cubra com a farofa da cuca. Leve ao forno pré-aquecido em 200ºC, por 15 a 20 minutos.

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PESQUISA ALENCAR JUNIOR ZANON / DIVULGAÇÃO

Nova cultivar tem alcançado rendimentos em torno de 12% superiores à Tec Irga 6070 RR, lançada há três anos, também dentro da mesma parceria

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Soja em terras baixas

tem nova cultivar Parceria com a Bayer, a BSIrga 1642 IPro será apresentada na Expointer e se destaca pela maior tolerância ao excesso hídrico no solo

C

omo a dobradinha soja e arroz conquista cada vez mais o produtor no Estado, o Irga apresenta na Expointer 2016 uma nova cultivar da oleaginosa voltada para o plantio em terras baixas. A BSIrga 1642 IPro, resultado da parceria com a Bayer, tem como principal vantagem a maior tolerância ao excesso hídrico no solo e é aliada à tecnologia Intacta RR2 Pro. Disponível para produtores licenciados de sementes na metade sul já na safra 2016/2017, estará pronta para cultivo comercial no período seguinte. Conforme o engenheiro agrônomo Rodrigo Schoenfeld, gerente de Pesquisa do Irga, a nova cultivar tem alcançado rendimentos em torno de 12% superiores à Tec Irga 6070 RR, lançada há três anos também dentro da mesma parceria. – Mas a BSIrga 1642 IPro não veio para substituir a primeira – acrescenta. Selecionada pela equipe de pesquisadores do Irga e por melhoristas da Bayer, a variedade foi avaliada nas últimas três safras em mais de 20 experimentos em diversas regiões orizícolas da Macrorregião Sojícola 101, como Bagé (Campanha), Uruguaiana (Fronteira Oeste), Santa Vitória do Palmar (Zona Sul), Cachoeirinha (Depressão Central), Restinga Seca (Depressão Central) e Palmares do Sul (Planície Costeira Externa). O grupo de maturação relativa da nova cultivar é de 6.4, com tipo de crescimento indeterminado e peso de 1.000 grãos em torno de 180 gramas. Nas avaliações realizadas, a duração média do ciclo foi de 121 dias, e a altura média das plantas ficou em 97 centímetros. Como é de ciclo médio, permite ao produtor colher a soja em solo seco, não abrindo sulcos com as rodas das colhei-

tadeiras e permitindo semear forragens de inverno ou apenas montar as taipas se houver lavoura de arroz no ano seguinte. Mas a cultivar também pode ser plantada em terras altas. Os pesquisadores do Irga na área de Fitotecnia Dr. Alencar Junior Zanon, engenheiro agrônomo Darci Uhry Junior e Msc. Pablo Badinelli destacam que o principal objetivo do instituto é incentivar a rotação de culturas, por meio do aumento da produtividade média e melhoria da estabilidade produtiva das lavouras de soja em áreas de arroz irrigado. A rotação de culturas, explica Zanon, favorece a supressão do banco de sementes de espécies de difícil controle na atividade orizícola como arroz vermelho, capim arroz, grama boiadera e ciperáceas.

Introdução da soja permitiu aumento de produtividade Conforme os resultados do projeto intitulado “Lacuna de rendimento da cultura do arroz irrigado”, referente ao ano agrícola 2015/2016, coordenado por Alencar, a introdução da cultura da soja no sistema arroz-arroz proporcionou aumento de 11% na produtividade das lavouras que realizam rotação de culturas, comparado com as que fazem apenas monocultivo de arroz. – Além disso, produtores que têm soja para vender agora podem segurar a venda do arroz e tentar conseguir um preço melhor no segundo semestre – afirma Rodrigo Schoenfeld. Desenvolvida ao longo dos últimos oito anos, a nova cultivar foi lançada no 2º Encontro de Produção de Soja em Terras Baixas do Sul do Brasil, realizado no fim de junho, em Santa Maria.

A nova cultivar Tolerante ao excesso hídrico no solo, é alternativa para áreas de rotação com arroz irrigado:

Denominação: BSIrga 1642 IPro Biotecnologia: Intacta RR2 Pro Grupo de maturação relativa: 6.4 Peso de 1.000 grãos: cerca de 180 gramas Ciclo médio: 121 dias Tipo de crescimento: indeterminado

Fontes: Bayer e Irga

Ganhos no campo Vantagens da rotação arroz-soja:

Agrega benefícios na fertilidade do solo Interrompe ciclo de espécies de difícil controle, como arroz vermelho, capim arroz, grama boiadera e ciperáceas Favorece o estabelecimento e desenvolvimento de culturas de inverno Melhora os resultados do sistema de integração lavourapecuária, podendo diluir o custo de preparo do solo com a lavoura de arroz Deixa o solo em condições para plantio na época recomendada para o arroz, o que é importante para elevar a produtividade É uma ferramenta para o produtor agregar renda ao sistema de produção

Fonte: Irga

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ARTIGO TÉCNICO

Clima favorece Próxima safra não deve repetir as condições climáticas observadas no último ciclo, que foram prejudiciais para as áreas dos arrozeiros gaúchos PAULO ETCHICHURY paulo@somarmeteorologia.com.br

O

fenômeno El Niño que influenciou o comportamento do clima no último verão, com transtornos e prejuízos à lavoura de arroz do Rio Grande do Sul, já se enfraqueceu totalmente. No lugar de águas aquecidas sobre o oceano Pacífico equatorial, que caracterizam o El Niño, já se observam áreas com águas superficiais mais frias, dando indício de um novo fenômeno La Niña. Para as áreas produtoras de arroz do RS, o El Niño está associado a períodos chuvosos, sendo muito comum episódios de enchentes e inundações. Além disso, diminui a incidência de radiação solar, cujos fatores prejudicam o desempenho da lavoura de arroz. Já o La Niña provoca períodos de chuvas abaixo da média e eventos de estiagens e secas. Como chove menos, é natural que durante os meses de verão aumente a incidência da radiação solar, o que beneficia a lavoura de arroz. Cada vez mais a ocorrência de fenômenos climáticos desperta interesses e expectativas. Muitos questionam e não entendem por que o clima pode variar tanto de um ano para outro. Vale lembrar que as condições da atmosfera (clima) reagem às diferentes fontes de energia. A principal é o sol, que em função do movimento da terra em torno dele, define o ciclo sazonal, ou seja, as estações do ano. A segunda fonte de energia são os oceanos, cujo aquecimento ou resfriamento acabam influenciando no comportamento do clima nos continentes. No caso do Pacífico equatorial, trata-se de um ciclo interanual, embora não bem determinado, mas que influencia diretamente na qualidade das estações do ano em diversas partes do globo, inclusive no Estado.

Safra 2017 deve ter influência do La Niña Os principais Centros Internacionais de Meteorologia indicam para os próximos meses uma nova fase fria das águas do oceano Pacífico equatorial, que caracteriza o La Niña.

Porém, ainda não está totalmente definido e ocorrem algumas discordâncias sobre a intensidade e duração do fenômeno. Segundo o Serviço de Meteorologia Americano (NCEP/ NOAA), o resfriamento das águas no oceano Pacífico deve evoluir durante a primavera, culminando num padrão de La Niña no próximo verão. Os últimos episódios de La Niña foram observados nos verões de 2010/11 e 2011/12. Independentemente das indefinições e incertezas sobre a características do La Niña, o importante é entender que a principal alteração já ocorreu com o final do El Niño. Ou seja, na próxima safra não devem se repetir as condições climáticas observadas na safra passada. A redução dos volumes e frequência das chuvas observadas durante o inverno ilustra bem os efeitos do final do El Niño. Outro sintoma da mudança do padrão climático está relacionado ao comportamento da temperatura. Esse inverno está sendo bem mais frio que o passado, anomalamente quente devido ao El Niño. Fica evidente que estamos num momento de transição climática, o que aumenta ainda mais as incertezas e riscos na hora de definir as estratégias e planejamento da próxima lavoura.

O que o produtor pode esperar e deve ficar atento para a safra Nível de água das Barragens e Rios: como estamos saindo de um período chuvoso, a água para irrigação não representa problema. Em geral, as barragens e rios apresentam níveis que garantem o plantio de toda a área de arroz do Estado. É bom lembrar que, em anos de La Niña, é normal conviver com problemas de falta de água e redução de área plantada. Mas isso é problema só para o segundo semestre de 2017, caso o La Niña venha se estender ao longo de todo o próximo ano. Preparação das lavouras: A redução de chuvas no inverno e especialmente em agosto permitiu a preparação, nivelamento e drenagens das lavouras. Mas é importante o produtor ficar atento, pois como ainda estamos num período de transição climática, na primavera deve haver um aumento das chuvas.

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Plantio: Mesmo sem garantir uma condição de clima ideal, pode-se afirmar que neste ano não devem se repetir os problemas de extremos de chuvas enfrentados no ano passado. Porém, eventuais episódios de chuvas entre setembro e outubro podem temporariamente atrapalhar o plantio, mas não a ponto de comprometer e atrasar a instalação das lavouras. Temperaturas: Embora haja alternância entre períodos mais quentes e períodos frios, as condições de temperaturas mais baixas observadas neste inverno devem se estender pelo menos até o início de outubro. Já para o verão deve prevalecer uma condição típica da estação, com dias de grande amplitude térmica, devido a maior incidência de sol, com calor à tarde e noites mais frias. Porém, em anos de La Niña o problema de temperaturas baixas, associadas a ondas de frio antecipadas, sujeito a temperaturas mínimas abaixo de 14ºC, aumenta entre fevereiro e março. Luminosidade: Por serem períodos mais secos, nos verões de La Niña se observam elevados índices de luminosidade e radiação solar, condição imprescindível para garantir o potencial de produção da lavoura de arroz.


lavoura de arroz

FIGURA 1:

Mostra a anomalia da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) no início de agosto de 2016. As áreas no tom de azul representam anomalias de temperaturas negativas, ou seja, água mais fria. Enquanto as áreas nos tons de amarelo/ vermelho representam áreas com águas aquecidas. (Fonte dos dados: NOAA/NESDIS – USA)

FIGURA 2:

Mostra a previsão de anomalia da temperatura da superfície do mar (linha preta pontilhada) para o período de agosto de 2016 a abril de 2017. Já a linha preta contínua mostra as condições observadas no período de setembro de 2015 a julho de 2016. (Fonte dos dados: NWS/NCEP/CPC – NOAA) Lavoura Arrozeira Nº 467 | Agosto/Setembro/Outubro 2016

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ARROZ-SOJA

FOTO DANIELLE ALMEIDA

Maior zoneamento da soja favorece

a rotação de culturas Ministério da Agricultura ampliou o zoneamento de risco climático em Palmares do Sul, Mostardas, Santa Vitória do Palmar e Capivari do Sul

T

ende a aumentar ainda mais a rotação de soja com arroz em municípios do litoral gaúcho. O motivo é que o Ministério da Agricultura ampliou o Zoneamento Agrícola de Risco Climático para o cultivo da oleaginosa em Palmares do Sul, Mostardas, Santa Vitória do Palmar e Capivari do Sul. A medida era uma reivindicação de produtores da região. Os pesquisadores Dr. Alencar Junior Zanon, engenheiro agrônomo Darci Uhry Junior e Msc. Pablo Badinelli, do Irga, são os responsáveis pelo projeto intitulado “Determinação de épocas de semeadura e genótipos de soja adaptados a solos cultivados com arroz irrigado no Rio Grande do Sul”, que é liderado pelo Irga e tem o apoio de diversas instituições de ensino e pesquisa do Rio Grande do Sul. Ao longo das duas últimas safras foram realizados vários experimentos com a cultura da soja em diversas regiões e com cultivares de diferentes grupos de maturidade relativa, obtendo boa produtividade de soja, verificando, assim, a possibilidade de ajuste no zoneamento da soja na Macrorregião Sojícola 101, destaca o Dr. Zanon.

– Depois da análise, geramos um documento com resultados e o encaminhamos ao Ministério da Agricultura – explica o engenheiro agrônomo Rodrigo Schoenfeld, gerente de pesquisa do Irga. Com a ampliação do zoneamento, produtores desses municípios poderão contratar financiamentos oficiais e ter acesso ao seguro agrícola, o que deverá impulsionar o cultivo de soja em rotação ao arroz. – Em Mostardas, por exemplo, os 4 mil hectares que temos atualmente em rotação podem ser triplicados – projeta Schoenfeld. Conforme o gerente de Pesquisa do Irga, na região do litoral a combinação clima, solo e tecnologia vem proporcionando alta produtividade para a soja. O zoneamento começa a valer já na safra 2016/2017. O anúncio foi feito pelo secretário de política agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, no fim de junho. A partir dessa conquista, a projeção é de que o zoneamento agrícola da soja se amplie na metade sul gaúcha, juntamente com a expansão das áreas de cultivo. A participação de instituições de pesquisa e empresas privadas será importante para novas informações a respei-

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to do desempenho das atuais cultivares de soja (grupo de maturidade relativa) quando semeadas em diferentes épocas nas regiões arrozeiras do Estado. O Irga já vem conduzindo estudos de médio e longo prazos para comprovar a viabilidade técnica e econômica do cultivo da soja nas regiões orizícolas. Além da região litorânea, foram realizados experimentos a campo com cultivares de diferentes grupos de maturação em várias épocas de semeadura em Cachoeira do Sul, Itaqui, Pelotas, Alegrete e Uruguaiana. Os resultados iniciais indicam boa produtividade de soja com semeaduras antecipadas mesmo em municípios que apresentam uma janela estreita para a realização da semeadura ou que atualmente estão fora do Zoneamento Agrícola de Risco Climático da soja na Macrorregião Sojícola 101 – que engloba a metade sul do Rio Grande do Sul.


FOTO DARCI UHRY JUNIOR

Safra 2015/2016

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ÓLEO DE ARROZ

GILBERTO WAGECK AMATO – ENG. QUÍM., MSC. VICTOR HUGO KAYSER – ENG. AGRÔNOMO, MSC.

Consumo do arroz - breve diagnóstico A busca pelo crescimento no consumo do arroz deve ter como foco inicial a demanda por parte do consumidor. A partir daí devem se adequar os atores da oferta, seguindo, na Cadeia Produtiva, a ordem cronológica inversa: varejo–atacado–engenho–lavoura. Na busca do ganho, em todos e cada um dos elos, o “prego na bota” é a busca da justa distribuição entre os componentes da Cadeia. Um fato para minimizar o natural conflito entre os elos é sempre o mesmo: aumento do consumo! O histórico dos esforços despendidos pelas partes tem esbarrado na constatação da baixa elasticidade no consumo do arroz. Por outro lado, existe a tendência de o consumidor migrar das fontes de carboidratos para as de proteínas. Trata-se de um fato inerente à preservação e evolução humana, decorrente da sensação – real ou fictícia – do aumento no poder aquisitivo. Entre as alternativas, um caminho é a busca do aproveitamento total do cereal, através de uma maior atenção aos co-produtos do beneficiamento: casca, quirera e farelo. Isso, sem esquecer os tradicionais Subgrupos: Branco, Integral e o esquisito Mix (mistura branco com parboilizado).

Óleo de arroz As descrições antecedentes objetivam contextualizar o óleo – objeto do presente artigo – um elo perdido dentro da Cadeia Produtiva do arroz.

1. Farelo, a matéria-prima De maneira sintética, pode-se dizer que o farelo, co-produto do beneficiamento, é destinado em sua maior parte à ração animal. Obtido no polimento, provém das camadas externas do grão, entre a casca e o endosperma amiláceo. No beneficiamento do arroz branco, o germe passa a constituir o farelo, ao passo que no parboilizado permanece aderido ao grão.

Fig. 1 – Camadas tecnológicas do grão de arroz Um dos gurus da Tecnologia do Arroz Pós-Colheita, Dr. Salvador Barber, diretor da Española de Investigación de Desarrollo (Valência), há quatro décadas sintetizou o nascedouro dos problemas para um melhor aproveitamento do farelo em Boletim da FAO: “O problema é que o farelo é tratado como um rejeito no engenho”. Ao ignorar esta colocação, tem-se deixado de criar ganhos econômicos e nutricionais.

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2. Processo de obtenção do óleo do arroz O óleo é obtido através de dois processos de extração distintos: por solvente ou por prensagem a frio.

2.1. Extração por solvente Trata-se do processo clássico, usado para praticamente todos os óleos encontrados nas gôndolas mundo afora. O solvente n-hexana extrai quimicamente o óleo do farelo com altíssimo rendimento. Arroz em casca

Farelo

Óleo bruto

Óleo refinado

- Segunda etapa: Extração Ocorre por prensagem a frio, como em filtros de placas e marcos. O óleo é extraído sem a utilização de solventes.

2.3. Rendimentos e impactos na saúde: comparativo em frituras 2.3.1. Preço relativo em função da absorção

A tabela a seguir compara o dispêndio efetivo do uso de óleos vegetais em fritura. Como se vê, o óleo de soja, o mais vendido, tem o menor preço. O óleo de arroz é o segundo, tanto no preço de aquisição quanto no relativo. Entretanto, as qualidades ressaltadas nas Fig. 5 e Fig. 6, que tratam da qualidade comparativa (arroz x soja), demonstram importância do óleo de arroz. Mais ainda quando se leva em consideração a questão do colesterol Fig. 7.

Fig. 2 - Óleo de arroz: sequência de obtenção (%)

Absorção relativa

Preço médio

Preço relativo

Arroz

32,8

1.00

5,89

5,89

Milho

49,47

1,51

7,29

11,01

Girassol

48,71

1,49

6,88

10,25

Canola

45,45

1,39

6,76

9,40

Soja

41,23

1,26

3,92

4,94

Soja Orgânico

41,23

1,26

8,39

10,57

Óleo

2.2. Extração por prensagem a frio Trata-se de um processo físico, mais adequado a pequenas escalas, destinado à obtenção de um óleo mais nutritivo e isento de eventuais resíduos de solvente. Conserva melhor as características do óleo, chegando a um produto top, comparável ao azeite de oliva extra virgem. A eficiência de extração é menor que na extração química; pode chegar a 80% do óleo total contido no farelo. - Primeira etapa: Estabilização O farelo integral (“farelo gordo”) é umidificado em um primeiro reator buscando consistência física e adequação da umidade para tornar mais efetivo o tratamento por vapor, onde as enzimas são inativadas, evitando assim o ranço. A enzima mais resistente, a perioxidase, é inativada segundo sua curva de destruição térmica (TDT). Conforme a figura abaixo, constata-se que a 152ºC a inativação ocorre em 0,5min.

Absorção

(*)

(R$)

(**)

(*) Absorção Relativa = absorção de cada óleo em relação ao arroz. (**) Preço Relativo = preço de cada óleo em relação ao arroz, considerando o consumo na fritura. Nota: Preços médios coletados em 24/05/2016, em uma rede de Supermercados de Porto Alegre.

Fig. 4. Fritura de batata com diversos óleos 2.3.2. Impacto de sucessivas frituras sobre a saúde humana: arroz versus soja

Figura 3 - TDT da Perioxidase

Um importante registro no aspecto saúde-nutrição foi desenvolvido na UFPel por Paula Vergara e colaboradores. Trata-se do “Estudo do Comportamento de Óleos de Soja e de Arroz Reutilizados em Frituras Sucessivas em Batatas” (2006). Uma análise das figuras 5 e 6 revela que o fator do custo diminui sua significância.

SEGUE Lavoura Arrozeira Nº 467 | Agosto/Setembro/Outubro 2016

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ÓLEO DE ARROZ

Acidez

Sobre a figura 5, a pesquisa registra que a Acidez é um indicador sobre o estado de conservação dos óleos e gorduras. Os ácidos graxos livres aumentam durante a sequência de frituras devido à alta temperatura e a troca de umidade com o alimento. No teste padrão, os dois óleos têm comportamento semelhante até o quarto ciclo. A partir daí, o óleo de soja dispara, com a acidez ultrapassando o limite de 0,3 (ANVISA, 1999), marcado em vermelho no gráfico. O consumidor pode detectar esse efeito pelo “encharcamento” do alimento que está sendo fritado. Já o óleo de arroz permanece abaixo desse limite.

Índice de Peróxidos Este indicador retrata a degradação oxidativa dos óleos, limitado em 10 meq/kg (ANVISA, 1999), marcado em vermelho no gráfico. Valores acima desse limite indicam a formação de compostos secundários, definindo a perda de qualidade e aumento na toxidez.

Fig. 5. Conteúdo de Acidez dos óleos de soja e de arroz após sucessivas frituras

Óleos vegetais que rebaixam o colesterol O nível de colesterol é um dos sinalizadores de doenças cardiovasculares. Em publicação do National Institute of Nutrition in Japan, o Dr. Shinjiro Suzuki destaca a importância do óleo de arroz para a saúde humana: “O óleo de arroz é muito efetivo na manutenção do balanço do colesterol no sangue”.

Vantagens do óleo de arroz Aporta mais antioxidantes que o azeite de oliva mais virgem.

Fig.6. Índice de Peróxidos dos óleos de soja e de arroz após sucessivas frituras

Contém antioxidantes naturais, como tocoferóis e tocotrienóis (formas de Vitamina E) e gama-orizanol. Fornece uma taxa naturalmente balanceada entre ácidos saturados e insaturados. Tem o mais alto Ponto de Fuligem (Smoke Point), 232° C, item importante em cozimentos e frituras. É o mais estável em frituras, no seu estado natural. Suporta mais ciclos de fritura, com tempo de utilização de 20% a 30% mais longo que o óleo de soja parcialmente hidrogenado. Não agrega sabor estranho aos alimentos, nem “gosto de graxa” às frituras. Economize dinheiro e ganhe em saúde usando óleo de arroz, o mais indicado para frituras!

Fig.7. Efeito do rebaixamento do nível de colesterol por vários óleos vegetais

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AÇÕES DE RH

FOTO ASSESSORIA IRGA

Mais vagas de estágio A ampliação das vagas de estágio de 30 para 60 é uma das principais iniciativas para melhorar o fluxo de trabalho da autarquia. O pleito do diretor administrativo, Renato Caiaffo da Rocha, iniciado em final de 2015, foi acatado pela Secretaria da Fazenda e dará novo gás para suprir demandas acumuladas e novas. – Queremos fortalecer os trabalhos e criar um espírito de renovação no órgão, propiciando um canal eficiente para o acompanhamento de avanços tecnológicos e conceituais. Consideramos que, ao mesmo tempo em que a entidade abre espaço para que estudantes se aperfeiçoem, ganha em produtividade com as boas práticas que ele pode trazer – explica Sandra. Ciclos de palestras estão entre as ações promovidas internamente pelo Irga

Irga investe em capacitações e

amplia vagas de estágio Divisão de Recursos Humanos promove uma série de cursos direcionada a suas áreas de atuação e também ao sistema PROA, do governo do RS

U

ma instituição, para funcionar bem e por completo, precisa que os diferentes setores que a compõem tenham condições de operar adequadamente. Isso significa qualificar os colaboradores e prover condições adequadas de trabalho para que se possa exigir um bom desempenho de cada seção – o que, consequentemente, resultará no bom funcionamento do todo. Ciente disso, o Departamento Administrativo do Irga, por meio da Divisão de Recursos Humanos (DRH), tem sido pró-ativo e apostado em atividades de aprimoramento profissional. São capacitações ligadas à área comportamental, que vêm para complementar os treinamentos específicos voltados para pesquisa e extensão, já organizados pelo Departamento Técnico. Nesse sentido, está sendo ministrado pela servidora Janice Garcia Machado o curso de “Liderança para Servidores do Irga”. O curso abrange todos os servidores do Irga que desempenham funções de liderança, inde-

pendentemente de serem chefes, sendo que esse primeiro módulo abrange o seguinte conteúdo: 1 - Conceitos e Requisitos Legais: líder e liderança; 2 - Estilos de Liderança; 3 Competências dos Líderes: Consciência, Motivação, Influência, Delegação e Comunicação (Feedback). Os chefes de Divisão realizaram o treinamento nos dias 11, 12 e 13 de julho e as demais turmas estão sendo programadas. Os servidores estão participando ainda de cursos direcionados a suas áreas de atuação na Fundação para o Desenvolvimento dos Recursos Humanos do Estado do RS sobre temas como Elaboração de Termo de Referência, Projeto Básico e Edital, Extensão em Implantação de Centros de Documentação e/ou Memória, Gestão por Competências entre outros, visando a aprimorar seus conhecimentos. Foram realizados também dois treinamentos visando a capacitar os servidores responsáveis pela tramitação de processos no órgão a usar o PROA, novo sistema implantado pelo Governo

do Rio Grande do Sul que permite a tramitação digital de processos administrativos por meio de atividades de cadastramento e movimentações efetuadas pelo próprio usuário. As ações de qualificação incluem ainda um ciclo de palestras, apresentando os trabalhos desenvolvidos pelos departamentos do Irga, visando a demonstrar a todos os servidores a atuação de cada departamento. A primeira apresentação foi a do Departamento Técnico, na sede da autarquia, na qual o gerente de Pesquisa do Irga, Rodrigo Schoenfeld, apresentou a Divisão de Pesquisa, e os servidores Paulo Antonio Bassotto e Ricardo Machado Kroeff explicaram o funcionamento da Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater). – Os encontros têm por objetivo fornecer uma visão holística da autarquia aos servidores, ou seja, uma visão de todo o negócio, para que cada vez mais o órgão seja visto não como um conjunto de departamentos que executam atividades isoladas, mas, sim, como em conjunto único, um sistema aberto em contínua interação. A ideia é de que até o final do ano os Departamentos Administrativo e Comercial e o Gabinete da Presidência também se apresentem – afirma a chefe da Divisão de RH, Sandra Mobus.

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PALAVRA DO PRODUTOR

FOTOS ROBERTO VINÍCIUS

Em harmonia com a

lavoura Constante aprendizado mantém família Hoerbe, de Cachoeira do Sul, unida e com sucesso nos negócios

Daniel formou-se em Agronomia e trabalha ao lado do pai, Fernando, que também deu seguimento a um negócio familiar

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T

er um olhar crítico em relação ao passado e uma visão realista sobre o futuro são atitudes que ajudam a manter os negócios da família Hoerbe prósperos mesmo em um cenário de incertezas. No ramo agropecuarista desde o século passado, com foco na plantação de arroz, o núcleo comandado hoje pelos agrônomos Fernando (pai) e Daniel (filho) aposta na rotação entre arroz, soja e criação de gado de corte. Todas as atividades tocadas sob os cuidados da empresa criada em 2000, a Agropecuária Harmonia, com sede às margens da Barragem do Capané, em Cachoeira do Sul. – O nome já diz o que buscamos: harmonia, seja com funcionários, a natureza ou as práticas que adotamos – revela Fernando Hoerbe. O agrônomo formado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em 1984 é a terceira geração a prosseguir com as atividades profissionais voltadas ao campo. Quem começou essa história foi o avô dele, Ernesto, que investiu no plantio de arroz por volta dos anos 1920. O pai de Fernando, Arlindo, deu seguimento, pelos idos de 1950, já em Cachoeira. – Praticamente desmamei da mãe e fui tomar água da barragem – diverte-se Fernando. Mas, para que a lida campeira fosse bem-sucedida durante esses quase cem anos, foi preciso empenho, planejamento e adaptação às novas tecnologias. Hoje os Hoerbe plantam 800 hectares (sendo metade de arroz e a outra de soja) de terra divididos em três propriedades. Boa parte da extensão (aproximadamente 600 hectares) é arrendada. – Cuidamos das terras como se fossem nossas – garante Daniel, justificando um dos procedimentos adotados pela família que colaboram para o bom relacionamento com os arrendadores. Trabalhando oficialmente com o pai desde 2010, ano em que colou grau em Agronomia, também na UFSM, Daniel comenta a opção de cultivar soja como um fator de segurança:

– Plantávamos (soja) desde os anos 1970, para controle do arroz vermelho. Porém, hoje, é para diversificar, pois a lavoura de arroz não se sustenta sozinha. Além disso, melhora a fertilidade. A boa relação com os donos das terras e a rotatividade no plantio de grãos são reflexos de uma premissa básica que norteia todas as ações dos Hoerbe: planejamento. – Temos um programa de gerenciamento que nos dá informações sobre custos e recebimentos. A partir daí, vamos tomando decisões para nossos projetos futuros levando em consideração o histórico que temos – conta Daniel. – A gente não pensa em fazer nada sem planejar – complementa o pai.

Iniciativas pesam no bolso, mas valem a pena Parte dessa programação prévia inclui, ainda, um processo constante de reciclagem de conhecimento por meio da troca de experiências com técnicos do Irga e outros produtores. Além disso, há investimento constante na capacitação e bem-estar dos 12 funcionários, melhorias na terra (e qualificação da drenagem) e aquisição de equipamentos para não depender de terceiros na hora de beneficiar o produto (secagem e armazenamento, por exemplo) e que facilitem o serviço de quem trabalha na plantação e na colheita dos grãos. São iniciativas que pesam no bolso, mas que diminuem custos mais à frente. – Nunca houve uma lavoura tão cara quanto a do ano passado (2015). Mas sabemos que temos de fazer o que precisa ser feito e não podemos ser imediatistas – analisa Daniel. Pegando o gancho dos altos preços, Fernando dá sua opinião a respeito do pessimismo que paira sobre o setor orizícola: – Somos realistas. Estamos sempre aprendendo, e isso ajuda a nos mantermos no mercado. Contudo, creio que muita gente menos estruturada pode ficar pelo caminho.

Boas práticas adotadas pelos Hoerbe

Detalhe do solo nas terras onde houve plantio de soja

1 – Planejamento Todas as ações são pensadas e planejadas com antecedência, do preparo da terra ao investimento em equipamentos. A ideia é não dar margem para surpresas e estar preparado para percalços causados pelo clima. 2 – Investimento nos funcionários É a filosofia de valorização das pessoas, o que contribui para um melhor rendimento no trabaho. Passar por capacitação, boa moradia, bem-estar e respeito integral à legislação trabalhista. 3 – Não usar produtos piratas Além de ser a atitude mais correta, evita problemas com a qualidade dos produtos. Tudo é certificado e com origem conhecida. 4 – Trocar informações com técnicos e produtores Apesar de terem

conhecimento técnico da lavoura e, inclusive, participarem do manejo, os proprietários fazem constante intercâmbio com outras fontes e frequentam eventos.

5 – Estar preparado para eventuais intempéries climáticas A previsão do tempo, como diz Fernando, nem sempre é certeira. Mas o planejamento antecipado da lavoura ajuda a minimizar possíveis danos. 6 – Investir em equipamentos ou processos que possam cortar gastos Já que os valores de comercialização nem sempre são os melhores, uma maneira de segurar a lucratividade é investir em processos que garantam um manejo com menores custos, sem perda de produtividade e qualidade.

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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Investimentos estruturais melhoram a

comunicação Por meio da Diretoria Administrativa, Irga investe em modernização de equipamentos, internet mais veloz e, ainda, promove reformas estruturais

C

om o objetivo de facilitar a troca de informações entre os servidores e a comunicação com o público externo, bem como melhorar o ambiente interno, o Irga investe em melhorias na área de Tecnologia da Informação (TI) e em reformas estruturais. Desde 2015, a Divisão de Tecnologia da Informação (DTI), por meio de sua Diretoria Administrativa, realiza adequações nos canais de comunicação da autarquia – como o aumento da velocidade da internet, troca e modernização de equipamentos, aquisição de softwares para otimizar o trabalho e treinamento dos funcionários. – Estamos focados na comunicação. Isso ajudará nossos servidores a terem agilidade – afirma o diretor administrativo Renato Caiaffo Rocha. Em outra frente, estão sendo feitas, também, reformas estruturais e manutenção em unidades do instituto espalhadas pelo RS, para garantir a conservação dos imóveis. – Trata-se da manutenção e recuperação do patrimônio público. Queremos modernizar as instalações já existentes e construir novas – garante o diretor. – Sabemos que, para a autarquia atuar como um todo e cumprir sua missão, o Administrativo tem de funcionar bem. É isso que estamos buscando – revela. Para que seja possível viabilizar as benfeitorias elencadas pela direção, e que o Departamento Administrativo se esforça para implementar, é preciso que o Governo do Estado reconheça a importância do Irga. Algo que já é trabalhado pela diretoria do Instituto: – Temos que atuar também politicamente, ação que nos toma tempo, mas que traz resultados. Queremos mostrar ao governo que o investimento do presente reverterá em mais produção e arrecadação, fortalecendo o Estado. A nossa condição nos legitima para tanto, pois gastamos menos do que arrecadamos.

Portanto, já estamos contribuindo. Para o chefe da Seção de Informática da Divisão de Tecnologia da Informação, Alberto I. V. de Andrade, o aumento da banda larga na sede em Porto Alegre, na Estação Experimental e nos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) espalhados pelo Estado é crucial para o avanço tecnológico da entidade. Para complementar o reforço, o Irga criou uma Central de Apoio (para facilitar e manter o acesso de dados a todos os usuários) e uma sala de videoconferência na sede administrativa Além disto, está instalando o Sistema PROA nas seis Coordenadorias Regionais. Outra novidade é a nuvem de transferência de arquivos (FTP), que facilita o compartilhamento de informação com colaboradores internos ou externos da organização. Além disso, houve compra de novos equipamentos, mais modernos e com maior eficiência, para manter a empresa competitiva no mercado e diminuir custos. A segurança também foi contemplada com a compra de um equipamento de monitoramento (DVR) com capacidade para 32 câmeras. Estão previstos para 2016 mais investimentos: computadores, impressoras multifuncionais, servidores, distribuidores de sinal entre outros equipamentos.

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Equipe da Divisão de Tecnologia da Informação ajudou a implementar uma Central de Apoio com acesso de dados a todos os usuários Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) receberam internet mais veloz


FOTOS ASSESSORIA IRGA

De olho nas estruturas A Diretoria Administrativa também dedica atenção para a parte estrutural das instalações do Irga. Em 2015, foram feitos levantamentos e diagnósticos sobre a situação dos inúmeros bens e, posteriormente, o planejamento das ações de reparos e recuperações de imóveis classificados como urgentes, envolvendo a Divisão de Pesquisa, a Sede e os Nates. Os trabalhos se iniciaram pela reforma da Biblioteca, demonstrando a preocupação com o patrimônio físico e intelectual. Seguiram-se correções do projeto do Centro de Excelência do Arroz, a retomada e conclusão das obras do estacionamento e passarelas e a readequação do Prédio de Defensivos, ambos localizados na Estação Experimental de Cachoeirinha.

Projetos dão melhores condições de trabalho

Obras em andamento Na Estação Experimental do Arroz:

Patrimônio na sede;

Reforma da rede elétrica de média e baixa tensão; Reforma dos telhados dos Auditórios 1 e 2; Reforma do telhado do prédio do Pós-colheita; Reforma do alojamento; Reforma das instalações elétricas do Prédio Anexo da UBS;

Em Cachoeira do Sul

Na sede

Reforma do refeitório da sede do Irga e ampliação do Almoxarifado; Construção da sala do

Execução do Laboratório da Estação Experimental Em Uruguaiana

Execução da instalação da entrada de energia na Estação Experimental Projetos planejados para 2017/2018:

Reforma e modernização da Unidade de Beneficiamento de Sementes da EEA; Construção do Centro de Excelência em Difusão

de Tecnologia Orizícola; Construção da nova sede do IRGA; Execução do vertedouro da Barragem do Capané em Cachoeira do Sul; Construção de Casas de Arrozeiros para auxiliar nas atividades de extensão; Construção de muro de divisa da EEA em Cachoeirinha; Contínua atividade de manutenção e reformas dos imóveis existentes. Fonte: Eng. Civil Décio Collatto,Chefe da Seção de Engenharia,Obras e Serviços - Irga

No ano de 2016 estas ações não pararam. A equipe de Engenharia, sob a responsabilidade do engenheiro civil Décio Collatto, continua em sintonia com a importância e a necessidade do desenvolvimento de projetos e reformas dos demais imóveis, com o objetivo de promover, além da conservação do patrimônio do Irga, a melhoria do ambiente de trabalho aos seus servidores, criando melhores condições para o desenvolvimento das suas atividades. – Muito há de se fazer ainda e neste contexto e muitos projetos estão em andamento. O importante é a determinação e disposição da atual diretoria, seja para ultrapassar as dificuldades, seja para superar os desafios, objetivando dar suporte para que o Irga possa estar preparado para o futuro – afirma o diretor Renato Rocha.

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CALENDÁRIO

AGENDA DE EVENTOS DO IRGA

Confira a programação, com destaque para a Expointer OUTRAS INFORMAÇÕES Site oficial do Irga - www.irga.rs.gov.br

Telefone: (51)

3288-0400 I LÁCIO PIRATIN BARCELLOS, PA FOTO: DANIELA

27/08 a 04/09 39ª Expointer

Parque de Exposições Assis Brasil – Esteio

Reunião

11 e 12/10

Técnica

Expofeira

Sindicato Rural Arroio Grande

de Pelotas

06/09

19/10

27/10

06/12

Expofeira de Santa Vitória do Palmar

Expofeira de Arroio Grande

Técnico

Associação Rural – Pelotas

50 Lavoura Arrozeira Nº 467 | Agosto/Setembro/Outubro 2016

Roteiro

Santa Vitória do Palmar


FOTO ASSESSORIA IRGA

PRODUTIVIDADE

Programação DEMANDAS DO PROGRAMA SOJA 6000 Rodrigo Schoenfeld, Engenheiro agrônomo e gerente da Divisão de Pesquisa do Irga CASE KINZEL CONSULT. CAPIVARI DO SUL Cristiano Kinzel CASE SEMENTES TERRA DURA CAMAQUÃ Roberto Longaray Jaeger CASE ECKERT CONSULTORIA TAPES Arnaldo Eckert Encontro em Santa Maria gerou pedido para que se promovam novos roteiros técnicos e seminários

CASE RIO PARDO Ricardo Tatsch, Engenheiro agrônomo Irga

Projeto Soja 6000

CASE AGROPECUÁRIA PARCIANELLO Geovano Parcianello, Engenheiro agrônomo

produz 57% acima da safra Dados positivos foram revelados no 2º Encontro de Produção de Soja em Terras Baixas do Sul do Brasil, em Santa Maria

S

anta Maria recebeu entre os dias 20 e 21 de junho o 2º Encontro de Produção de Soja em Terras Baixas do Sul do Brasil. O evento reuniu a cadeia produtiva para discutir a cultura da soja em terras baixas, as estratégias de transferências de tecnologia e os resultados das 24 lavouras demonstrativas do Projeto Soja 6000 conduzidas na safra 2015/2016. No seu primeiro ano, o Projeto Soja 6000 atingiu a média de 75,5 sacos por hectare. Resultado 57% superior à média do Rio Grande do Sul nessa safra, que foi a maior da história em área e produção. Conforme o gerente de Pesquisa do Irga, Rodrigo Schoenfeld, entre os fundamentos da Soja 6000 se destacam época de semeadura, escolha de cultivares, calagem e

adubação, drenagem, plantabili- próxima safra. Entre as principais dade, monitoramento e controle demandas, destacam-se roteiros de pragas e doenças e irrigação. técnicos e seminários regionaliza– Temos a convicção que a épo- dos. Nos próximos meses o Irga ca de semeadura em soja será um lançará um manual com as princidivisor de águas como foi no ar- pais estratégias do projeto. O evenroz irrigado. Os resultados da to também registrou o lançapesquisa mostram mento de uma nova que os maiores cultivar de soja: a Soja rendimentos são BSIRGA 1642 6000 obtidos com seIPro (leia mais às meaduras entre a páginas 36 e 37). Lançado pelo Irga em segunda quinzeVale lembrar 2015, o projeto tem como objetivo desenvolver na de outubro e a que o projeto práticas de cultivo para primeira quinzeSoja 6000 foi aumentar a produtividade na de novembro – lançado pelo explica Schoenfeld. Irga em 2015 Além da aprepara desenvolver sentação dos resultados das práticas de cultivo a fim áreas do Soja 6000, o encontro em de aumentar a produtividade de Santa Maria serviu para os pro- soja, operacionalizar um sistema dutores discutirem quais serão as de transferência de informações, próximas ações do projeto para a criar e difundir tecnologias.

CASE EL PROGRESSO DOM PEDRITO Rodrigo Amaral CASE PROATEC CONSULTORIA ALEGRETE Rafael Ramos, engenheiro agrônomo e consultor PAINEL PROJETO SOJA 600: ONDE PODEMOS MELHORAR? Moderador: Rodrigo Schoenfeld. Debatedores: engenheiros agrônomos Enio Marchesan (UFSM) e Dirceu Gassen PALESTRA: TENDÊNCIAS DO AGRONEGÓCIO E MERCADO DA SOJA Consultor Fernando Muraro RESULTADOS SOJA 6000 Dr. Alencar Junior Zanon e Rodrigo Schoenfeld, engenheiros agrônomos BSIRGA 1642 IPRO Adilson Ludwig - Bayer

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PELOS NATES

Fique por dentro do que ocorre

nas regionais do Irga FOTOS ASSESSORIA IRGA

Irga Alegrete promove café da manhã para apresentação de resultados

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Nates da Região Central têm Seminários de Resultados

O

s dez Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) da Região Central realizaram nos meses de maio, junho e julho, Seminários de Resultados da Safra 2015/16. Com público total de 1.474 participantes, que cultivam uma área de 57.418 hectares de arroz irrigado (40% da área da região), os eventos tiveram palestras com temas relacionados aos projetos da autarquia. Manejo da Cultura do Arroz e de Soja em Várzea, Prognóstico Climático, Perspectivas de Mercado, dentre outros foram os assuntos discutidos durante os eventos. Os objetivos dos Seminários são apresentar os resultados da safra 2015/16 de cada Nate, bem como os trabalhos realizados pelos extensionistas locais, transferir tecnologia aos produtores e dar subsídios para auxiliar na tomada de decisão para a safra seguinte, explica o engenheiro agrônomo Pedro Hamann, coordenador regional da Depressão Central (DC).

Nate de São Gabriel realiza a campanha Arroz para todos

N

o dia 25 de junho, foi realizada a distribuição dos alimentos arrecadados na campanha Arroz para Todos, promovida pelo 1º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) de São Gabriel. Foram arrecadados cerca de 520 quilos de alimentos, que beneficiaram 300 pessoas de seis bairros mais necessitados da cidade. Para a realização do evento, o Irga contou com alguns parceiros, como o Lions Clube São Gabriel, através do integrante José Vargas, que apoiou e ofereceu o suporte

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necessário, do início ao fim do evento; o Senac-RS, que colaborou com alimentos arrecadados por seus alunos em uma gincana; Grupo de Trilheiros Vai que Dá, que preparou um delicioso carreteiro servido durante o evento. Os presidentes dos bairros fizeram a seleção das famílias que mais necessitavam, e produtores, empresas, comerciantes e amigos fizeram suas doações, o que garantiu o sucesso da campanha. O diretor Comercial do Irga, Tiago Barata, também ofereceu suporte para a realização da campanha. O Irga São Gabriel agradece a todos que, por sua vez contribuíram com essa iniciativa, proporcionando a alegria de algumas famílias e levando alimento para quem precisa.

café da manhã promovido pelo 9º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) de Alegrete, para apresentar os resultados da safra 2015/2016, reuniu 51 participantes no dia 25 de julho. O encontro ocorreu no Hotel Alegrete - Bistrô. O evento começou com o técnico agrícola Nilton Cesar Janissek de Oliveira, do Irga, que divulgou os números da safra de Alegrete e Manoel Viana. “Na safra 2015/16, tivemos uma redução na área semeada de 6.087 ha ou 9,7% em relação à área da safra passada, nos municípios que abrangem o 9° Nate (Alegrete e Manoel Viana)”, explicou Oliveira. Segundo ele, essa redução se deve principalmente às chuvas de inverno, que prejudicaram o preparo de solo, ao alto custo de produção e à previsão de El Niño, que se confirmou. Além dessas 6.087 hectares, que deixou de ser plantada, houve a perda de mais 5.650 hectares por enchente. Em Alegrete, foi semeada uma área de 53.741 hectares e perdidos 4.398 hectares. A produtividade ficou em 7.243 quilos por hectare. Manoel Viana, responsável pelo plantio de 2 789 hectares, teve 1.252 hectares perdidos e a produtividade foi de 5.100 quilos por hectare. Após, o coordenador da Fronteira Oeste do Irga, engenheiro agrônomo Ivo Mello, mostrou os resultados da safra de arroz na região e de todo o Estado.


Camaquã realiza ciclo de palestras do 1º Encontros do Campo e 7º Seminário do Arroz Irrigado

P

or meio do 3º Núcleo de Assistência Técnica (Nate), o Irga organizou, com a Associação dos Arrozeiros de Camaquã, durante o mês de junho, ciclo de palestras do 1º Encontros do Campo e o 7º Seminário do Arroz Irrigado, com a participação de mais de 500 pessoas. Os eventos tiveram o apoio da Associação dos Usuários

do Perímetro de Irrigação do Arroio Duro (AUD) e do Sindicato Rural de Camaquã e a parceria do Programa/ Portal Conexão Rural. Os ciclos de palestras foram abertos oficialmente no dia 2 de junho, e ocorreram ainda outros dois encontros, nos dias 9 e 16. A programção culminou com a realização do 7º seminário, no dia 30. Pela manhã foram apresentados

os resultados da safra 2015/2016 de arroz, pelo diretor técnico do Irga, Maurício Fisher e pelo chefe do 3º Nate de Camaquã, Marcelo Ferreira Ely. Na sequência, foi realizado painel que tratou de custos, comercialização e política do setor arrozeiro. Participaram o economista chefe do Sistema Farsul, Antônio da Luz; o diretor comercial do Irga, Tiago Barata; o vice-presidente da Federarroz, Alexandre Velho, e o diretor comercial da Cesa, Lúcio Nunes. À tarde, o tema foi a integração

lavoura-pecuária, com a participação do empresário Luiz Roberto Saalfeld; dos engenheiros agrônomos Cristiano Gotuzzo, do Senar RS, e Jamir Luis Silva da Silva, da Embrapa; e do veterinário Carlos Suñe, que apresentou o histórico da Estância Guatambú, de Dom Pedrito,considerada modelo no país neste tipo de atividade. Assim como o do dia 30, os encontros anteriores foram marcados pela excelente resposta do público, que mesmo com as noites frias que fizeram em junho, lotaram o Restaurante do Sindicato Rural. Produtores que foram atraídos pela escolha criteriosa dos temas, apresentados por profissionais técnicos de grande reputação em suas áreas. Com um apelo mais técnico, os debates da noite abordaram temas como transferência de tecnologia, manejo e rastreabilidade. A cultura da soja em terras baixas teve uma noite exclusiva, com a apresentação dos resultados do projeto Soja 6000. A irrigação de lavouras e o controle de plantas invasoras também tiveram um capítulo próprio nos encontros.

Zona Sul realiza seminários em Arroio Grande, Pelotas, Jaguarão e Santa Vitória do Palmar

O

s Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) ligados à Coordenadoria Regional da Zona Sul realizaram no mês de junho os seus Seminários de Resultados. O 11º Nate de Arroio Grande recebeu público de 115 pessoas, entre produtores de arroz e soja da região, consultores e representantes de revendas, no restaurante do Sindicato Rural de Arroio Grande, no dia 23. Os resultados foram apresentados pelo engenheiro agrônomo Claudio Pereira, e o pesquisador da unidade de Cachoeirinha do Irga, Claudio Ogoshi falou sobre Manejo da doenças do arroz. O consultor Valmir Menezes abordou as Estratégias de Manejo para a próxima safra. No mesmo dia, em Pelotas, o 2º e 33º Nates de Pelotas e Rio Grande respectivamente fizeram a apresentação dos seus resultados para mais de 80 produtores, no auditório da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Pelotas (AEAPel). Estes produtores representam uma área plantada com arroz e soja de 21,2 mil hectares. Eles foram recepcionados com um café da manhã. O engenheiro agrônomo Igor Kohls abriu o encontro com a apresentação dos resultados da safra do 2° Nate

Pelotas. Na sequência, o técnico orizícola Edegar M. Bortowski apresentou os resultados da safra do 33° Nate Rio Grande. A primeira palestra da manhã foi apresentada pelo pesquisador do Irga/Cachoeirinha, engenheiro agrônomo Claudio Ogoshi, que abordou como tema o Manejo de Doenças da Cultivar IRGA 424 RI e também Manejo Integrado de Doenças em anos de La Niña.

O segundo palestrante, engenheiro agrônomo Valmir Menezes, da Oryza & Soy, apresentou as estratégias para o manejo de Arroz Irrigado, além de apresentar os resultados de pesquisa de arroz e soja das estações de pesquisa de Arroio Grande e Capivari do Sul. O evento fechou com a apresentação do Painel de Soja em Rotação, onde os produtores Carlos Alberto Iribarrem Junior e Evercí

Lobato, do município de Capão do Leão, e Eduardo Prates e João Carlos Lacerda, de Rio Grande, apresentaram o manejo que utilizam em suas propriedades para obterem uma estabilidade produtiva de soja nas áreas em rotação com o arroz irigado. O 16° Nate de Santa Vitória do Palmar e Chuí realizou no dia 16 o seu seminário de resultados quando reuniu mais de 150 produtores.

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ALMANAQUE

Há 50 anos na Revista Lavoura Arrozeira DE 1966 JULHO E AGOSTO

e o conjunta de julho Há 50 anos, a ediçã a lav cu cir ira ze ro Ar Lavoura agosto da Revista o eç pr tos referentes ao pelo Estado com tex oca, ao tratamento ép mínimo da safra à na oz e a então crise das sementes de arr do Sul. de an Gr Rio o solava orizicultura que as ução od l evidenciou a pr A matéria principa à de ida dando continu da fazenda Butiá, reiros tagens sobre lavou or rep uma série de plano : m bé tam u abordo gaúchos. A revista e l ção internaciona de açudagem, situa o da ado, e fez um resum erc perspectiva de m s no o tad Es no de arroz situação da lavoura julho. meses de junho e

BRO DE 1966 SETEMBRO E OUTU

agem pada por uma im Com a capa estam sede , us De sição Menino do Parque de Expo sição po Ex ª 29 da e l Naciona da 33ª Exposição a ur ais, a Revista Lavo Estadual de Anim atéria m a su ou dic de Arrozeira também uma entos. O texto fazia principal a esses ev reram or oc e qu s ira fe o das análise e um resum o. agosto daquele an entre 27 e 31 de suas em m bé m ta u lui A publicação inc da to tu ta Es ões sobre o páginas informaç ia nc idê inc a o m mas co Terra e destacou te do os eç culação sobre os pr s do imposto de cir va no o tã resultados de en para adubo e os bons , da ain , ço pa z. Houve es variedades de arro ud e m as. ação e sementes ensaios sobre adub

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