Volume 67 / Nº 473 |Julho/Agosto/Setembro 2020
Receita de sucesso
Rendimento da safra superou os 8 mil quilos por hectare ao aliar fatores como clima, estratégia e inovação Páginas 18 a 22
O trabalho dos extensionistas Páginas 28 a 30
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Farinha de arroz está na merenda Páginas 38 e 39
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EDITORIAL
A revista Lavoura Arrozeira é uma publicação do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) Av. Farrapos, 3.999 Porto Alegre (RS) - Brasil CEP 90220-007 Fone +55 (51) 3288-0391 www.irga.rs.gov.br www.facebook.com/IrgaRS - @IrgaRS ISSN: 0023-9143.
Governador do Estado: Eduardo Leite Vice-governador: Ranolfo Vieira Jr. Secretário Estadual da Agricultura e Pecuária: Covatti Filho Presidente do Irga: Guinter Frantz Diretor Técnico: Ivo Mello Diretor Administrativo: João Alberto Antônio.
Produção da Revista Conselho Editorial: Camila Pilownic Couto, Danielle Almeida, Jaime Staffen, Julio Uriarte, Mara Grohs, Raquel Flores, Ricardo Kroeff, Sandra Möbus, Sergio Pereira.
Produção e execução: Padrinho Agência de Conteúdo Edição: Carlos Guilherme Ferreira - MTB 11.161 Colaboração: Pedro Pereira, Igor Morandi, Tatiana Bandeira, Tatiana Py Dutra, Sérgio Pereira, Raquel Flores, Kesia Ramires e área técnica do Irga (artigos técnicos). Capa: foto Cleiton Ramão, Irga. Tiragem: 9 mil exemplares. Impressão: Alfa Print Editora e Gráfica Ltda.
Atendimento ao leitor: revista@irga.rs.gov.br. Para assinar gratuitamente a Revista Lavoura Arrozeira acesse: www.irga.rs.gov.br/assinatura-da-revistalavoura-arrozeira Fone: (51) 3288-0391.
É permitida a reprodução de reportagens, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, obrigatoriamente, a opinião da revista.
Trabalho e recorde
A
reportagem de capa desta edição da Lavoura Arrozeira começa com um dito popular, e não há mal nenhum nisso: quando reflete a realidade, pode e deve ser usado. Vamos a ele: “A sorte vem para quem trabalha.” É o caso dos arrozeiros gaúchos. No momento em que o Estado vivenciou uma estiagem que provocou quebra em outros setores, a orizicultura atingiu uma produtividade recorde, superior a 8 mil quilos por hectare. Trata-se de uma combinação de fatores como o clima (neste caso, favorável ao arroz), semeadura no tempo certo (cedo), aconselhamento técnico no preparo da terra, integração de culturas e utilização de cultivares de alta qualidade. Tudo isso é contado entre as páginas 18 e 22, no texto assinado pelo repórter Pedro Pereira. Mas não para por aí: os ingredientes da receita da safra recorde são descritos, também, em outras reportagens da revista. As cultivares de alto rendimento IRGA 424 RI e IRGA 431 CL recebem detalhamento às páginas 23 e 24, a partir do conhecimento de ponta da gerente da Divisão de Pesquisa
Sumário Interatividade Foto do Leitor Coronavírus: prevenção Artigo técnico Teletrabalho do Irga Meteorologia Uso de falcões Drones na lavoura Reportagem de capa Cultivares Palavra do Especialista Guia dos Nates
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da Estação Experimental do Arroz (EEA) do Irga em Cachoeirinha, Flávia Tomita, e da pesquisadora Danielle Almeida, da Divisão de Melhoramento Genético. Aqui, um parêntese: as duas profissionais são exemplos da presença feminina nos quadros do Irga, também representada no setor de extensão rural, por meio da técnica orizícola Riela Fernandes dos Anjos. Ela fez sua parte para a safra ao ajudar produtores com suas orientações na região de Quaraí, onde atua. Riela resume com precisão a importância dos extensionistas do Irga: “Somos o meio de campo entre o produtor e a pesquisa. Nosso objetivo não é vender, mas fazer o melhor com o que nos é ofertado.” Esse senso de colaboração é fundamental em meio a uma pandemia que forçou a adaptações em uma rotina de trabalho já consolidada. E, mesmo assim, há outros motivos para comemoração: a farinha de arroz, subproduto do grão, agora é parte da merenda escolar da rede de ensino estadual. Mais um passo importante para a consolidação da importância do setor no cenário gaúcho.
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Extensão rural Selo ambiental Artigo técnico Carreira no Irga Barragem do Capané Provarroz – Merenda Provarroz – Campanha Livro de receitas Custos de produção Artigo técnico Semeadura 80 anos do Irga Notas Há 50 anos
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FOTO DO LEITOR
Belas lavouras O Concurso Cultural Sua Foto na RLA recebeu 3.736 votos (466 no Facebook e 3.270 no Instagram), com 26 fotos concorrentes. Parabéns aos participantes!
Francieli Tessele Segabinazi
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Vitor Wanger Richardt
Dionéia Soares Ribeiro
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199 votos Lavoura Arrozeira Nº 473 | Julho/Agosto/Setembro de 2020
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SEMENTES CONDESSA, DIVULGAÇÃO
PROTOCOLOS
Sementes Condessa, em Mostardas, dividiu os funcionários em grupos de quatro pessoas e adotou equipamentos de proteção, como máscaras
Propriedades no
enfrentamento à Covid-19 Pandemia de coronavírus começou em meio à colheita do arroz, obrigando os produtores a uma série de adaptações nos processos de trabalho TATIANA BANDEIRA tatiana@padrinhoconteudo.com
A
disseminação da pandemia de coronavírus no Estado não interrompeu os trabalhos na lavoura arrozeira. A colheita de da safra 2019/2020 ocorreu entre o fim de janeiro e o término de junho, enquanto a pandemia de Covid-19 chegou em março. Segundo o coordenador Regional da Planície Costeira Externa do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural em Santo Antônio da Patrulha, Vagner Santos, a expectativa era de uma safra normal:
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“Foram emitidos protocolos sanitários pelas autoridades de saúde, implementados pelos arrozeiros nas rotinas das propriedades, sem registro de contágio nas lavouras”. Ainda em março, o Irga orientou funcionários e arrozeiros e arrozeiras. Produtor e administrador da Sementes Condessa, em Mostardas, Geraldo Condessa Azevedo planta 2,6 mil hectares de arroz, entre outros grãos, e cria gado. Embora não tenha demitido nenhum dos 60 funcionários nem tenha parado as atividades, teve que fazer adaptações na propriedade quando já tinha colhido 25% da lavoura. Na fazenda, os trabalhos co-
meçaram em 20 de fevereiro e terminaram em 20 abril. Ele colheu 8,8 mil quilos por hectare. Em relação à pandemia, sua principal preocupação foi com as pessoas. “Temi que ficassem doentes durante a colheita. Buscamos recomendações com os órgãos de saúde. Reforçamos algumas medidas desde março: muitas, já tomávamos”. Ele explica as determinações : “Fechamos a propriedade, restringindo a entrada de pessoas externas para que os trabalhadores tivessem o mínimo de contato. Limpamos todas as máquinas com álcool em gel. Na época, dividimos o grupo de colheita em
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ESTÂNCIA DO CHALÉ, DIVULGAÇÃO
quatro pessoas, para que operassem isoladamente. Fechamos o refeitório que tinha bufê: os pratos estão sendo distribuídos em quentinhas. O transporte coletivo que trazia os colaboradores foi substituído por um valor que pagamos para que venham em seus próprios carros, individualmente. Também tomamos precauções com os caminhoneiros: os fornecedores pegavam os produtos mas não desciam dos caminhões”, relata. Azevedo detalha ainda o uso de máscaras e distanciamento social. Cada trabalhador utiliza seu próprio maquinário, colheitadeiras, tratores e caminhões, que são limpos ao começo e ao fim das atividades. As rotinas de cuidados foram mantidas. O produtor relata ainda que a maioria dos negócios atualmente é feita por vídeo, via Internet.
Estância do Chalé, em Cachoeira do Sul, comprou termômetro e álcool (acima); ao lado, aviso na Sementes Condessa
Estância do Chalé havia colhido 50%
Cuidados na pandemia
Camila Orofino de Lara, uma das gestoras da Estância do Chalé, em Cachoeira do Sul, planta 500 hectares de arroz. Com 27 funcionários, sem demitir nenhum durante a pandemia, ela diz que ainda cuida de cerca de 100 hectares de soja e cria de gado e ovinos. Na propriedade, a colheita de arroz começou em meados de fevereiro e foi até final de abril. Registrou a ordem de 8,7 mil quilos por hectare, considerada por ela uma produtividade boa. A pandemia chegou ao local em plena colheita de arroz e soja, sendo que 50% do arroz tinha terminado. “Não tivemos prejuízos. A atividade foi normal, não parou em nenhum momento e nem afetou a produção e colheita”, ressalta. Camila explica que isto só foi possível em razão da adoção de uma série de medidas contra a Covid-19. “Tiramos dúvidas da equipe, demos informações sobre a doença, formas de prevenção e contágio. Pedimos que os colaboradores saíssem da fazenda para a cidade só em casos de extrema necessidade, evitando aglomerações, fazendo somente as atividades fundamentais e seguindo com todas as recomendações de saúde e higiene. As instruções do Irga e do Sindicato Rural de Cachoeira do Sul auxiliaram nas orientações”, conta. Na propriedade também foi distribuído álcool em gel para todos os funcionários, máscaras e, mais recentemente, foram comprados termômetros eletrônicos. Além disso, os maquinários passam por higienização periódica. Tais procedimentos, segundo ela, não geraram investimentos financeiros sig-
A Lavoura Arrozeira adaptou orientações dadas desde março pelo Irga a funcionários e produtores. Elas continuam válidas:
nificativos, pois já eram uma política da fazenda. “Incluímos a compra de álcool em gel e máscaras em maior quantidade, mas nada que tenha representado alto custo”.
Informações claras contra a propagação das fake news Camila conta que a propriedade abordou a pandemia de forma muito clara, por meio de reuniões e até mesmo pelos grupos de WhatsApp, para evitar a disseminação de desinformação que pudesse vir a gerar pânico no ambiente de trabalho. “Nossa rotina não mudou muito. A entrada e saída da fazenda nunca foi proibida, Nossos funcionários têm toda a parte de dormitórios, alojamento e refeitórios aqui na propriedade. Recebem agora as viandas separadamente, com nome identificado. Geralmente, voltam para as suas casas nos finais de semana”, diz Camila. Os gestores também permaneceram mais na propriedade rural, evitando idas desnecessárias a Cachoeira do Sul ou a Porto Alegre. Outro ponto é que, em meados de março, a Estância do Chalé restringiu as visitas externas na propriedade, recebendo apenas o que fosse indispensável para o seguimento das atividades, como recebimento de óleo diesel, por exemplo.
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lPara quem mora no campo, evitar ir à cida-
de. Se for, ao retornar use sabão e álcool em gel para se higienizar; Se compartilhar maquinários e equipamentos, limpe-os após o uso; Diminua suas idas e de seus técnicos ao campo; Restrinja a chegada de fornecedores e o fluxo de pessoas na propriedade. Na fazenda, não esqueça de: Providenciar EPIs, como máscaras e luvas, para os funcionários; Usar sabão, desinfetante e álcool em gel nos maquinários e áreas físicas da fazenda; Fazer distanciamento social e evitar aglomerações em locais fechados; Não agendar visitas.
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Onde complicou Principais dificuldades durante a colheita de arroz nas propriedades:
lReceio das pessoas em executar as tarefas em conjunto;
l Morosidade, devido ao medo de contágio (como distanciamento dos colegas, por exemplo); Menor acesso de pessoas que não trabalham na propriedade. Distanciamento social.
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STEFANOPEZ, DEPOSITPHOTOS
ARTIGO TÉCNICO
Arroz na Itália
e a “pandemia” do século XVI Na época do Renascimento, plantio do cereal passou da proibição formal a uma rápida expansão de área, resultando em crescente aumento de demanda
Lavoura arrozeira na atualidade em Lomellina, na região italiana da Lombardia: registros dão conta de que o cultivo no país começou em 1468 IRGA/EEA, DEPARTAMENTO DE PÓS COLHEITA – CACHOEIRINHA – RS. GILBERTO WAGECK AMATO, Eng. Quim., M.Sc. – Pesquisador da Seção de Pós-Colheita. FERNANDO FUMAGALLI MIRANDA, Eng. Agr., M.Sc – Coordenador da Seção de Pós-Colheita. SÉRGIO IRAÇÚ GINDRI LOPES Eng. Agr., Ph.D. – Pesquisador da Seção de Pós-Colheita.
1. DIFUSÃO DO ARROZ NO MEDITERRÂNEO
C
omo é sabido, o arroz (Oryza sativa) é originário da Índia e da China, tendo chegado à Europa por meio dos árabes. Inicialmente, no mundo romano, o cereal esteve direcionado ao uso como medicamento no tratamento da diarreia, conforme
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citação do romano Horácio (65 a 8 a.C.). O cultivo de arroz no Mediterrâneo começa pela Espanha, vindo do Egito através dos árabes, após o ano 1.000 d.C. O cereal passa a ser relevante para os conquistadores árabes, como um importante alimento para os povos conquistados e, assim, na manutenção da paz local.
2. “CERTIDÃO DE NASCIMENTO” DO ARROZ NA ITÁLIA Consta que o registro mais antigo do cultivo de arroz na Península Itálica se encontra em Florença, datado de 1468. Sob a tutoria dos Médici, um senhor chamado Leonardo Colto dei Colti faz um apelo para o cultivo de arroz. O conteúdo do registro permite pressupor
que, àquele tempo, o cultivo do cereal fosse já bem conhecido.
3. ONTEM E HOJE: APLICAÇÃO DO CONHECIMENTO Hardware Ontem, o sextante, a bússola e o astrolábio. Hoje, os equipamentos da telemática e seus acessórios. Software Ontem, as cartas náuticas e o intercâmbio de informações em ambientes como a Escola de Sagres. Ou a simples troca de informação com marinheiros em qualquer taverna de porto. Hoje, os conhecimentos disponibilizados em teses, dissertações e pesquisas científicas e tecnológicas.
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Humanware Ontem, os comandantes, pilotos e experientes marinheiros (denominados “práticos”). Dentro do tema, um destaque para os oriundi Marco Polo (*1254-+1324), Cristoforo Colombo (*1451-+1506), Amerigo Vespucci (*1454+1512) e outros tantos que ajudam a expandir conhecimento de então. Hoje, pesquisadores e pessoas em geral que acreditam na permanente necessidade da geração e aplicação do conhecimento, sintetizado no texto que segue: “O silêncio dos laboratórios tem que atender o ruído das ruas e dos campos. Calar o plantio do conhecimento é condenar ao fracasso a colheita do progresso social e econômico”.
4. UMA PANDEMIA NA ITÁLIA: ECONOMIA X SAÚDE No século XV, o arroz na Península Itálica é tido como uma simples especiaria, transformando-se com o tempo em destacada fonte de alimentação dos lombardos. No atual ano de 2020 verifica-se que, tal como uma das origens do arroz na Europa, da China vem uma das pandemias mais impactante sobre a humanidade que se tem em registros históricos.
5. CINQUECENTO E A PANDEMIA DA MALÁRIA [Texto desenvolvido com base no artigo “A Península” de Lorenzo Costantini e Loredana Costantini Biasini. Museo d’Arte Orientale “Giuseppe Tucci”, Roma.] O século XVI é o período em que o estilo Renascentista se consolida em países do continente europeu como Portugal, Espanha, França e Alemanha, além de ocupar posição de destaque na Itália. Porém, àquela época, a proximidade das lavouras às áreas povoadas do norte italiano resultou na Pandemia da Malária. A proibição formal – do primeiro momento – vai cessando gradativamente à medida da relocação ecologicamente consciente das lavouras. Isso permite uma significativa expansão! Como resultado, a alta produtividade do arroz gera vantagem sobre os cereais tradicionais da época, como o trigo. Na História, os fatos se repetem! Ontem, tal
como hoje, o fato se torna tão importante, a ponto dos governantes fazerem prevalecer o fator econômico em detrimento do risco à saúde humana! Como consequência, o arroz passa a uma rápida expansão da área cultivada. E, com isso, inobstante o risco derivado do seu cultivo, os ganhos de espaço se devem também à crise alimentar registrada então em todo o Mediterrâneo Ocidental no século XVI. Como costuma acontecer, o sucesso do arroz resulta em aumento crescente na sua demanda! Naquele momento histórico, a carestia se alterna com a peste que grassa ... as colheitas resultam escassas! Como agravante, há grande dificuldade em aprovisionamento oriundo do exterior. Nessas condições, o arroz passa a ser visto como o cereal que pode fazer frente à demanda de uma população à beira da fome! Desde a Planície Padana, o cultivo do arroz se difunde tanto na Emilia como na Toscana, onde talvez a penetração se mostrara mais lenta em função da menor disponibilidade de água para destinar ao cultivo do novo cereal. A prevalência da Planície Padana sobre a Emilia Romagna segue nos dias atuais. Ao final do século XVII o arroz se cultivava mais no Vale do Pó, na Toscana e em qualquer área da Calábria e da Sicília. Em 1700, os arrozais do território milanês cobrem uma superfície de 20.000 hectares; um século e meio após, a área arrozeira da região de Verselle reúne 30.000 hectares. Esse fato passa a motivar expansão do cereal pela Planície Padana, a “Terra do Risoto”. Hoje, o local representa, no cultivo do arroz na Itália, o equivalente ao Rio Grande do Sul para o Brasil, a “Terra do Carreteiro”.
6. SUPLEMENTO – PANDEMIA DE 2019-2020: ECONOMIA X SAÚDE O mundo desperta 2020 com um caos total surgido no último trimestre de 2019. É pandemia da COVID-19, pautada pelo vírus SARS-CoV-2. Enquanto as autoridades debatem ações como as formas de isolamento – vertical ou horizontal –, a Ciência é demandada a resolver um problema em tempo compatível com a expectativa de sobrevivência de todos e cada um dos cidadãos. Um decano do jornalismo, Flavio
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Tavares sintetiza no seguinte: “A tempestade da COVID-19 interrompe e muda o fluxo da vida em todos os sentidos, como jamais verificado no mundo moderno. Ainda hoje, a ciência não sabe com exatidão se os vírus devem ser pesquisados como seres vivos ou como partículas inorgânicas”. Resumo da zoonose Trata-se de uma infecção humana causada pelo vírus SARS-CoV-2, provavelmente causada pela transmissão entre morcegos ou pangolins. Estes (segundo a revista científica Nature) são mamíferos assemelhados ao tatu-bola que poderiam ser o elo mais provável entre o Sars-Cov-2, morcegos e humanos. Resumo das terapias e fármacos para o tratamento da COVID-19 A prioridade da comunidade científica se concentra na avaliação de novas terapias, assim como o reposicionamento de fármacos antivirais. A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) levanta dados sobre a evolução pandêmica em todo o Brasil, de modo a orientar ações das autoridades nacionais de saúde no combate a essa pandemia. Sobre fármacos, surge uma polêmica sobre a utilização da cloroquina ou da hidroxicloroquina, fármacos indicados no combate à malária. A conceituada Sociedade Brasileira de Infectologia, tratando do confronto entre política e ciência, resume que “as evidências atuais que avaliam a utilização da hidroxicloroquina, conclui que ainda é precoce a recomendação de uso deste medicamento na COVID-19”. Igualmente sobre o tratamento com hidroxicloroquina e com o antibiótico azitromicina. Uma esperança! O arroz é considerado como o mais nobre dos cereais sob o ponto de vista nutricional, caracterizado por ter atributos como a proteína de mais alto valor biológico, baixo Índice Glicêmico e ser antialergênico (livre de glúten). Ao prover saúde, deixa a população mais resistente no combate à “corona”! Espera-se que um grão de arroz da Classe Longo Fino, com comprimento de 6,00mm ou mais, ou seja 12.000 vezes maior, faça “valer seu tamanho”. Assim, é um aliado para manter indivíduos mais saudáveis, esperando que estejam capacitados ao enfrentamento de um vírus “bandido”, de apenas cerca de 0,5 microns.
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REPRODUÇÕES
TELETRABALHO
As mudanças
na rotina do Irga Atendimento virtual, lives, teletrabalho e revezamento fazem parte da nova realidade do Instituto na quarentena IGOR MORANDI igor@padrinhoconteudo.com
A
pandemia de Covid-19 tornou o teletrabalho a realidade do Irga. Desde o dia 23 de março, toda a sede administrativa trabalha de casa, mas as divisões de pesquisa e funcionários que precisam estar presentes continuam como antes. Quase, porque alguns cuidados são necessários: máscara, álcool em gel, distanciamento e revezamento em salas que comportam mais de um trabalhador. A decisão foi estabelecida pela chefia do Instituto, em 17 de março. Todos os funcionários do Irga que fazem parte do grupo de risco estão afastados durante esse período. E, nas outras estações, as medidas impostas por cada cidade estão sendo seguidas e respeitadas. No interior do Estado, só está em teletrabalho quem é do grupo de risco. Os outros funcionários seguem normalmente, seguindo as medidas de segurança, como destaca o engenheiro agrônomo e assessor da Diretoria Técnica do Irga, Ricardo Machado Kroeff. “Nós estávamos em época de colheita dos ensaios e resultados das nossas pesquisas, e não perdemos nada. Tocamos tudo como deveria ser feito. A pesquisa e a extensão souberam como trabalhar presencialmente”, diz Kroeff. Os técnicos continuam visitando os produtores, porém, diferentemente de antes, agendam por WhatsApp. Esse canal de comunicação tem sido muito usado para manter contato, alertá-los quanto às medidas de segurança e para que eles encaminhem dúvidas.
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Na onda das lives RICARDO KROEFF Assessor da Diretoria Técnica do Irga
“Nós estávamos em época de colheita dos ensaios e resultados das nossas pesquisas, e não perdemos nada. Tocamos tudo como deveria ser feito. A pesquisa e a extensão acharam uma forma de trabalhar presencialmente” Ricardo Kroeff, no entanto, por ter um cargo administrativo, está em teletrabalho. Ele conta que prefere o convívio com os colegas, mas entende que esse método é necessário neste momento. Isso porque estar distante complica o contato e dificulta resoluções que aconteciam com uma visita a sala ao lado, para conversar com um colega de trabalho. “Agora preciso fazer uma reunião, mandar um e-mail e esperar que ele responda”, explica Kroeff. Mas o número de reuniões virtuais, de três a quatro por dia, pelo menos lembra o contato presencial anterior à pandemia. E não são só as reuniões que possibilitam essa lembrança: o Irga também está promovendo lives técnicas. Elas começaram em junho e têm duração de 1h. Os vídeos continuam disponíveis no canal do YouTube e no Facebook do Irga mesmo após o encerramento. E a iniciativa deu certo: a ideia é mantê-la mesmo após a pandemia.
l A primeira live ocorreu no dia 10 de junho,
mediada pelo assessor da Diretoria Técnica, Ricardo Kroeff. Foi sobre a viabilidade técnica e financeira do cultivo do milho no contexto da lavoura arrozeira, com Participação do Presidente do Irga, Guinter Frantz, do Diretor de Política Agrícola e coordenador do Programa Pró-Milho da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Ivan Bonetti, do Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e consultor técnico do Irga, Paulo Régis.
l A segunda live ocorreu no dia 24 de junho, e
apresentou os resultados da safra 2019/2020, na qual a produtividade bateu recorde. Contou com a participação do presidente do Irga, Guinter Frantz, do diretor técnico, Ivo Mello, da gerente da Divisão de Pesquisa, Flávia Tomita, e Ricardo Kroeff.
assistir às lives técnicas: lOnde https://www.facebook.com/IrgaRS/
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METEOROLOGIA
Início da safra
tem expectativa de La Niña Modelos indicam uma condição similar à da safra passada, quando o início da primavera foi mais chuvoso e, a partir de novembro, houve redução das chuvas Figura 1 Anomalia de precipitação registrada durante o trimestre maio, junho e julho de 2020 no Estado do Rio Grande do Sul e no Brasil.
houve
Fonte: INMET.
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Figura 2 Anomalia da Temperatura da Superfície do Mar no mês de julho de 2020. O retângulo na imagem mostra a região do Niño 3.4, a qual os centros internacionais utilizam para calcular o Índice Niño (índice que define eventos de El Niño e La Niña). A região Niño1+2 determina a qualidade, ou seja, a regularidade das chuvas no RS.
JOSSANA CEOLIN CERA
Meteorologista e Doutora em Engenharia Agrícola
O
outono e o inverno de 2020 ocorreram sob neutralidade climática. O trimestre maio-junho-julho registrou anomalia de precipitação positiva, embora algumas regiões do Estado tenham obtido chuvas abaixo da média em alguns momentos, que é o caso da região arrozeira do Rio Grande do Sul, como está destacado no mapa (Figura 1). Nos meses de julho e agosto praticamente não choveu na metade Sul do Estado, e este é o principal fator de preocupação do orizicultor, que espera pelas chuvas da primavera para que encham os reservatórios que irrigarão as lavouras. Atualmente, as condições ainda são de neutralidade climática, mas com viés negativo. As águas do Oceano Pacífico Equatorial estão cada vez mais frias (Figura 2), dando a entender que o padrão de La Niña está ocorrendo, mesmo sem o fenômeno estar configurado. O que ocorre é que as frentes frias, quando passam pelo Rio Grande do Sul, têm se desviado mais para o oceano, e este é um dos padrões da La Niña. As águas sub-superficiais, abaixo do nível do mar, a até 300 metros de profundidade, também estão com anomalias negativas, sugerindo a manutenção do resfriamento em superfície. As simulações numéricas dos centros americanos de meteorologia variam entre Neutralidade e La Niña, com peso maior para La Niña, em torno de 60% de probabilidade (Figura 3). Mas, como mencionado anteriormente, a atmosfera tem dado sinais de que reduzirá a frequência e o volume das precipitações, gerando uma situação de alerta aos produtores rurais, que tiveram muitos prejuízos na safra passada, com a falta de chuvas. Os modelos indicam uma condição bastante similar à da safra anterior, quando o início da primavera foi mais chuvoso e, a partir de meados de novembro, houve drástica redução das chuvas. Com isso, existe grandes chances de haver estiagem, novamente, na safra 2020/2021. Como a La Niña ainda não está, de fato, estabelecida, se faz necessário ter cautela nas tomadas de decisão. É importante, também, acompanhar a previsão climática e do tempo, para melhor manejar a sua lavoura.
Fonte: Adaptado de CPTEC.
Figura 3 Previsão probabilística de consenso do International Research Institute for Climate and Society (CPC/IRI), atualizada no início de agosto de 2020. As barras em azul significam probabilidade de La Niña, as cinzas de Neutralidade e as vermelhas de El Niño.
Fonte: Adaptado de IRI (Columbia University).
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Comemoração de
aniversário nas redes sociais Prevenção ao coronavírus impediu o Irga de comemorar os 80 anos, em 20 de junho, com evento presencial. Mas funcionários e o público postaram pela data
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FLÁVIA TOMITA Gerente da Divisão de Pesquisa do Irga
MANEJO DE PRAGAS
Solução pela
falcoaria
“Os prejuízos estavam tão grandes que perdemos vários experimentos em campo. Estamos otimistas com a continuidade e acreditamos que, com um controle prolongado da população, teremos resultados ainda melhores”
Três espécies são utilizadas pela Charrua no Irga: falcão peregrino, falcão-de-coleira e gavião-asa-de-telha. Cada um entra em ação conforme a necessidade do momento, tendo características únicas de voo. O serviço segue mesmo na época de plantio e colheita. “Continuamos voando os falcões e o gavião em horários diferentes para manter o condicionamento e determinar o local demos vários experimentos em como uma área de risco para as ouAves tras aves, já que sempre há predacampo”, conta a gerente da Diviutilizadas são de Pesquisa, Flávia Tomita. dores caçando”, diz o biólogo da na EEA Antes de recorrer à falcoaria, Charrua Falcoaria, Julian Stocker. o Irga buscou outras formas de Nesta safra, houve queda na Falcão peregrino Falcão-de-coleira afastar as aves: fogos de artifício perda dos experimentos em Gavião-asa-decampo e o número de aves invae falcão-robô para afugentá-las, telha além de redes para proteger parsoras diminuiu. Por isso, é necestes das lavouras, mas não adiantou. sário que esse trabalho seja contínuo Foi então que se decidiu investir em aves de para trazer frutos. “Estamos otimistas com a rapina, em abril de 2020. Por meio de uma lici- continuidade e acreditamos que, com um contação, a empresa Charrua Falcoaria, de Cano- trole prolongado da população, teremos resulas, foi selecionada para esse trabalho. tados ainda melhores”, destaca Flávia Tomita. Durante a época do arroz, todos os dias, no Por enquanto, a falcoaria não possui regulainício da manhã, um falcoeiro aguarda os in- mentação no Brasil, mas, de acordo com a Asvasores chegarem à EEA. Quando as aves são sociação Brasileira de Falcoeiros e Preservação avistadas, o falcão ou o gavião é solto para afu- de Aves de Rapina (ABFPAR), ela é bem aceita gentá-las. Esse processo é repetido ao longo do pelo Ibama. Além disso, a atividade tem apoio dia, enquanto houver pombos e chupins nas da Infraero para controle ecológico em sítios plantações. aeroportuários.
Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha, enfrentava perdas por conta da invasão de aves às lavouras e resolveu o problema usando falcões IGOR MORANDI igor@padrinhoconteudo.com
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falcoaria é uma arte milenar de criar, treinar e cuidar de falcões e outras aves de rapina. Ela é utilizada para capturar ou afastar animais legalmente. O Irga precisou dessa ajuda, porque as lavouras da Estação Experimental do Arroz (EEA), em Cachoeirinha, estavam sendo prejudicadas pela invasão de pombos e chupins há anos, e a cada safra a situação piorava. As duas espécies alimentam-se de sementes durante todo o processo de plantio e colheita. Sem um controle de população, o número de aves aumenta significativamente, porque os pombos se reproduzem muito rápido, e os chupins, por preferirem seus ovos nos ninhos de outras aves, têm mais filhotes ao ano. “Os prejuízos estavam tão grandes que per-
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TECNOLOGIA
Lavoura pelo ar
Drones qualificam o manejo Equipamentos ganham protagonismo no campo por acelerar tomada de decisão em tempo real ou na correção de problemas no solo. Uso vai da emergência à maturação TATIANA BANDEIRA tatiana@padrinhoconteudo.com
S
e há cerca de 10 anos os orizicultores gaúchos penavam para identificar problemas na propriedade, tendo que caminhar hectares a fio e checar no olho correções para garantir a produção, agora podem trabalhar com mais eficiência tendo a tecnologia como aliada. Graças aos drones e aos veículos aéreos não tripulados (VANTs), é possível ter uma visão geral e acompanhar a plantação com detalhes e em tempo real, acelerando processos e aumentando a produtividade. Usados em diferentes ciclos da lavoura, da emergência até a maturação, embora não influenciem no preço da saca do grão, permitem ao agricultor identificar sintomas com precisão, com voos a 120 metros do solo. “Por meio de fotos ou vídeos é possível decidir, até em tempo real, sobre os problemas. O custo-benefício é muito bom e, indiretamente, o agricultor se torna mais produtivo”, diz o pesquisador Cleiton Ramão, responsável pela Estação Regional do Irga em Uruguaiana. Ele informa que boa parte dos arrozeiros já usa a tecnologia no Estado. Mesma linha do que afirma o engenheiro agrícola Saulo Curcio, diretor técnico da empresa SC Agro Soluções.
Tipos de equipamento e usos na lavoura O drone é um tipo de VANT, mas na prática os VANTs são mais conhecidos como aparelhos de asa fixa. O primeiro é multirrotor, com pequenas hélices, o mais utilizado por arrozeiros no Estado, indicado para vistorias simples. O outro, comumente aplicado em grandes áreas, funciona como um mini-
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SAULO CURCIO Diretor técnico da empresa SC Agro Soluções
“Alcançaremos um estágio em que a máquina (drone) dirá exatamente onde está faltando nitrogênio, potássio e fósforo, como se fosse em uma ressonância. Devemos chegar em níveis de micronutrientes” -avião. Uma diferença entre os vários modelos, com preços variáveis, dependendo da tecnologia, é a duração do voo e uma maior cobertura sem troca de bateria. Os mais comuns custam a partir de R$ 4 mil, e a autonomia obedece à capacidade da bateria, em torno de 20 minutos a 25 minutos. Ambos carregam câmeras (sensores) que conseguem, via fotografias ou filmagens, registrar déficit ou excesso hídrico nas lavouras, deficiências nutricionais, insetos e outras pragas, ervas daninhas e doenças. Também monitoram populações de plantas de arroz e a adubação nitrogenada, entre outros, sendo esta última a mais aplicada no Rio Grande do Sul. Como exemplo, Ramão cita visualizar estágios da drenagem e coloração diferente na planta, o que, às vezes, pode indicar falha na aplicação do fertilizante, possibilitando fazer aperfeiçoamentos rapidamente. “O drone mostra algo que o olho humano não identifica. No caso da brusone, detecta que a planta está doente. É possível antecipar o diagnóstico, dependendo das condições de voo, em até uma semana, com
precisão de centímetros”, complementa Curcio. Ramão lembra, contudo, que a verificação de doenças é mais científica, feita em nível de pesquisa, não muito corriqueira no dia a dia da produção. Os drones mais equipados têm capacidade de fazer altimetria da área, coletando dados para modelação digital do terreno, que posteriormente geram mapas de análise ou de confecção de taipas. Eles também podem captar imagens infravermelhas, não vistas a olho nu, que indicam deficiência nutricional. Segundo Curcio, existem drones para uso de defensivo, mas é um mercado emergente, que por ora não tem um custo-benefício muito atrativo.
Operação e utilização das informações A operação dos drones – que funcionam a base de sinal de GPS, sinal de rádio e mais uma parafernália eletrônica e diferentes tecnologias de câmera – pode ser feita pelos próprios produtores ou por técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos, em situações mais complexas. Em trabalhos como verificação de sulcos para drenagem, normalmente os orizicultores contratam uma empresa que presta esse serviço. Após o sobrevoo são feitas análises, processadas via algoritmos, que são avaliadas pelos profissionais e entregues ao produtor rural em tempo de intervir. “É possível enxergar a lavoura como um todo. A junção de várias imagens cria um número, que gera os índices. A partir do relatório, o produtor toma as medidas adequadas para sanidade da lavoura”, detalha Curcio. Para o empresário, a grande dificuldade é a ausência de referências e exemplos. “Não existem parâmetros como há para a soja e para a cana-de-açúcar”, diz.
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FOTO SKYDRONES
O que diz a legislação
Modelos mais usados no RS
A norma da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para a operação de aeronaves não tripuladas no país é o Regulamento Brasileiro de Aviação Civil Especial nº 94. Não existe regra específica para utilização dos drones no setor agrícola. De 2019 a fevereiro de 2020 o órgão ouviu o segmento e levantou informações para atualização da normativa – que deve ser alterada até o final do ano. O objetivo é aumentar as condições de segurança nas operações dos equipamentos.
Há vários drones no mercado, para todos os bolsos. De acordo com Antônio Arns, engenheiro mecatrônico e diretor da empresa de agricultura de precisão ArnsTronic, entre os mais utilizados pelos orizicultores no Estado estão:
DJI MAVIC MINI FLY MORE
l Drone de pequeno porte, tem longo alcance e
grande autonomia. Não possui sensores de impacto, carrega uma câmera com resolução de 12 megapixels, menor em relação aos outros modelos. Está entre os drones ideais Valor para monitorar a lavoura: cada bateria ado aproxim permite um voo de 20 a 30 minutos, R$ 6.300 que é suficiente para cobrir 500 ha.
ARNS TRONIC
Raio-x dos drones DJI MAVIC 2 ZOOM FLY MORE
l O mercado global de 2016 a 2020 movimenl l l l l l l l
tou US$ 32,4 bilhões, especificamente na agricultura. Neste período, o uso no agro cresceu 172% e foram vendidas 799,5 mil unidades para uso comercial. No Brasil, é uma atividade que deve movimentar US$ 2 bilhões até o final de 2020. Em 2019 foram registrados mais de 79 mil drones na Anac. O segmento emprega no país mais de 100 mil profissionais, 26% deles na agricultura. Há, em média, 150 mil unidades em operação em território nacional, 7 mil delas no RS. No Estado, entre 20% a 30% dos arrozeiros utilizam os tipos mais comuns. As regiões arrozeiras que mais usam são a Zona Sul e a Fronteira Oeste. O perfil de produtor que usa a tecnologia é de médio a grande porte. (Fontes: Lúcio André de Castro Jorge, pesquisador da Embrapa Instrumentação, Anac e Saulo Curcio, engenheiro agrícola e diretor técnico da empresa SC Agro Soluções)
l Apresenta três baterias, carregador veicular
ARNS TRONIC
R$ 19.1 DJI PHANTOM 4 PRO V2
l É uma máquina mais robusta, para quem bus-
ca um drone mais sofisticado. Possui maior capacidade de resistência a ventos, porém vem com uma bateria. É um dos drones mais operados, por isso há bastante peças para reposição e sua manutenção é simples. É compatível com um grande número de aplicativos, Valor se comparado ao Mavic Zoom. Codo proxima a mo os demais, é aplicado em avaliações para mapeamento de áreas. R$ 17.190
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e carregador com corrente alternada. Tem a mesma capacidade de voo que o modelo anterior, porém consegue sobrevoar com ventos mais severos. É tido como um drone robusto e traz uma resolução de imaValor gem um pouco melhor se comparaado im x ro p a do a outros modelos. 00
ARNS TRONIC
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PRODUTIVIDADE
Caminho para uma
safra recorde Combinação de clima, estratégia e inovação levou produção orizícola gaúcha a recorde histórico, superando os 8 mil quilos por hectare. Nada disso seria possível, no entanto, se instituições e agricultores deixassem de lado o conhecimento, as técnicas de manejo e as tecnologias desenvolvidas nas últimas décadas Lavoura Arrozeira Nº 473 | Julho/Agosto/Setembro de 2020
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PEDRO PEREIRA pedro@padrinhoconteudo.com
O
resultado da safra 2020 do arroz gaúcho pode ser resumido com uma frase bastante popular: a sorte vem para quem trabalha. Tudo bem que o clima ajudou, mas os melhores indicadores foram alcançados por produtores que aprimoram a cada ano as técnicas de manejo e observam questões como período de semeadura e escolha de cultivares. Com índice de produtividade superior a 8,4 mil quilos por hectare, a orizicultura do Estado mostra maturidade para aproveitar o que a natureza oferece de melhor. A colheita é fruto de vários anos de evolução genética e tecnológica, guiada por diversos estudos realizados e acompanhados pelo corpo técnico do Irga. “As coisas foram feitas corretamente em um ano excepcional”, resume o engenheiro agrônomo Ricardo Kroeff, do Irga. É assim que ele explica a oportunidade aproveitada. De fato, as condições climáticas, tão severas com outras culturas, apresentaram-se praticamente perfeitas para o cultivo do arroz, seguindo à risca uma máxima repetida por quase todos os técnicos e produtores: é uma cultura que gosta de água no pé e sol na cabeça. A busca por produtividade parece óbvia, mas foi intensificada a partir da mudança de comportamento do consumidor ao longo das últimas décadas. “A evolução socioeconômica levou os brasileiros a comerem mais fast food e industrializados, derrubando o consumo de arroz. Com menor demanda, precisávamos ser mais produtivos com a mesma área, otimizando os custos da lavoura”, explica o engenheiro agrônomo Ivo Mello, diretor técnico do Irga. O resultado é satisfatório. “Tivemos algumas safras com produtividade boa. Em 10 anos, não houve nenhum desastre”, comemora Mello. Ainda assim, as últimas cinco safras foram de atuação ainda mais incisiva do Irga junto aos produtores, levando o melhor manejo por meio da equipe de extensionistas. A seguir, destacamos os ingredientes essenciais para o sucesso da safra do arroz gaúcho.
IVO MELLO Diretor técnico do Irga
“O Irga tem extensionistas treinados para entregar conhecimento e os arrozeiros acreditaram nisso”
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PRODUTIVIDADE
Ingredientes: clima favorável A estiagem tão comentada no Rio Grande do Sul nos primeiros meses de 2020, que atrapalhou diversas culturas, acabou sendo positiva para o arroz. Mas, antes disso, houve outro efeito, menos comentado: as chuvas de outubro e novembro. Foi a combinação perfeita – depois de garantir a água no pé, veio a oferta luminosa necessária para a cabeça, casamento perfeito para a fotossíntese e posterior floração.
Ingrediente: cultivares de qualidade Uma das bases da atuação do Irga é o aperfeiçoamento genético de cultivares. Neste sentido, um dos expoentes dos últimos anos é o 424 RI, definido por Kroeff como uma revolução na lavoura. O produto foi responsável por quase metade de toda a área plantada no Estado na última safra – no total, cultivares do Irga cobriram mais de 60% das lavouras. “A Irga 424 RI tem grande adaptabilidade em todas as regiões do Estado e responde muito bem à adubação. Apresenta resistência a doenças e um grão de muita qualidade. É o resultado do trabalho da equipe de melhoramento”, ressalta Kroeff. Leia mais sobre as cultivares de alto rendimento às páginas 24 e 25.
Modo de preparo: semear cedo
Uma das principais bandeiras do Irga há cerca de 15 anos, a semeadura nos meses de setembro e outubro se mostrou especialmente eficaz nesta última safra. “Estudos apontaram que a época de maior luz é a fase reprodutiva da planta, então reproduzimos as experiências no nosso clima e descobrimos que em dezembro e janeiro há mais luz ofertada pela natureza”, detalha Kroeff. Para florescer em janeiro, o ideal é semear até outubro. Desde então o Irga desenvolve campanha para que os agricultores comecem o procedimento nos últimos dias de setembro e o concluam no mês seguinte. Com as chuvas de outubro do ano passado, quem semeou cedo mais uma vez teve vantagem. Acontece que nem sempre é possível, por
uma série de fatores que também se relacionam diretamente com a produtividade da lavoura, como a rotação de culturas e o descanso da terra. Uma das regiões que conseguiu plantar mais cedo foi a Fronteira Oeste. Não por acaso, foi a média mais alta de produtividade, superando os 9 mil quilos por hectare.
Modo de preparo: aconselhamento técnico De nada adiantaria essa rara combinação de fatores se os agricultores não fizessem a coisa certa. Cada erro acaba sendo um limitante de produção, por isso, a colaboração técnica do Irga e a consequente observância dos procedimentos corretos por parte dos produtores é fundamental para aproveitar o que a natureza oferece. Observando a evolução da produtividade desde 1921, quando o Irga começou a fazer o levantamento, percebe-se que os índices apresentam uma tendência de crescimento. “São ações que a gente vem corrigindo. Antigamente eram coisas macro, nas quais continuamos insistindo. Depois vieram complementos como o Projeto 10+, com dez tópicos. O erro em um deles já é limitante da produtividade”, ressalta Kroeff. “Temos variedades com potencial para 10, 12 toneladas por hectare, mas a média era de sete, beirando oito. Então por que não atingimos o potencial, que chega a 14 em algumas variedades? Exatamente porque se planta com menos cuidados no manejo”, completa Ivo Mello.
Modo de preparo: integração de culturas Outra bandeira do Irga é a integração da lavoura orizícola com outras culturas, principalmente a pecuária, por meio de pastagens, e o cultivo de soja. A prática ajuda no controle de pragas e ervas daninhas e vem crescendo à medida em que a instituição (e outras instituições de validação tecnológica) disponibilizam conhecimento para tanto. A cada safra uma fatia entre 25% e 35% das lavouras recebe soja em rotação com o arroz. A equipe técnica do Irga preconiza os sistemas de produção porque assim a terra não fica ociosa. Plantando pastagem é possível “colher carne”, como dizem os produtores. A pecuária pode garantir o fluxo de caixa de uma atividade que movimenta valores altos, mas tem resultado por vezes bastante apertado.
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PEDRO FLECK, DIVULGAÇÃO
Raio-X de uma excelente safra:
940.062 hectares plantados
8.401
quilos de produtividade média por hectare
Irga
Propriedade de Jorge Almeida, em Uruguaiana, tem cerca de 350 hectares plantados de arroz
O produtor que alcançou 12,6 toneladas por hectare O veterinário e agricultor Jorge Almeida planta cerca de 350 hectares de arroz em Uruguaiana, na Fronteira Oeste. Adepto das orientações do Irga há cerca de 20 anos, costuma ceder frações de terra para as pesquisas do instituto. A busca por excelência o tornou um exemplo de produtividade, chegando este ano a 12,6 toneladas por hectare. O produtor parece seguir à risca tudo o que o Irga preconiza: tradicionalmente inicia a semeadura no dia 20 de setembro; há 30 anos pratica a integração com pecuária; segue as instruções de fertilização de acordo com a cultivar escolhida; observa itens como velocidade de entrada de água e aplicação de ureia. “De tudo isso, o mais importante é a integração com a pecuária”, destaca. Segundo ele, o imediatismo é um problema sério para a lavoura arrozeira do Rio Grande do Sul. “Em função da descapitalização e de uma série de outras coisas, o pessoal acaba não tendo condições. Repete muito tempo a mesma área, o solo sofre com isso. Não tendo integração perde em produtividade”, lamenta Almeida. Com cerca de 30% da lavoura em área arrendada, ele dá outro exemplo que viabiliza a integração de culturas. “Tenho parceria com os donos: eles liberam a terra no
verão, jogo semente, eles usam a pastagem e me entregam em setembro para plantar. Isso é perfeito, dá para fazer”, aconselha. “Ao longo do tempo a lavoura orizícola vai sobreviver em cima dos sistemas de integração. Repetir todos os anos a mesma área está com os dias contados. É ruim para todo mundo: para o meio ambiente, para o produtor”, defende. O diretor técnico do Irga, Ivo Mello, destaca essa confiança dos agricultores para levar ao campo toda a expertise do instituto. “O Irga tem extensionistas treinados para entregar o conhecimento desenvolvido também por outras instituições, auxiliando no desenvolvimento quando as cultivares escolhidas são de origem diversa. Os arrozeiros acreditaram nisso”, atesta. A maré de sorte deixa também um recado. É comum que após safras exuberantes e picos no preço do arroz a área de plantação aumente no ano seguinte, levando o cultivo a áreas marginais e, assim, derrubando a produtividade. Por isso a orientação dos técnicos é que se mantenha o cultivo nas mesmas áreas (ou em quantidade equivalente). “O preço acaba caindo e todo mundo tem prejuízo. A dica é seguir plantando nas áreas que vão bem”, conclui o agrônomo do Irga Ricardo Kroeff.
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424RI
foi a cultivar mais utilizada
Ela cobriu
61%
da área plantada no Estado
Aproximadamente
340 mil
hectares em rotação com soja
O modelo perfeito Confira os tópicos do Projeto 10+, desenvolvido pelo Irga para ajudar os agricultores a alcançarem máxima produtividade:
lPlanejamento da lavoura lPreparo antecipado lÉpoca de semeadura lSementes certificadas lDensidade lAdubação de base lControle de plantas daninhas lAdubação de cobertura lManejo da irrigação lManejo integrado de doenças e pragas 21 21/09/2020 11:57:55
PRODUTIVIDADE
Ano a ano, os dados do Irga sobre o rendimento da lavoura arrozeira gaúcha Safra
Área colhida (hectares)
Produtividade média (kg/ha
Produtividade média (scs/ha)
1921/22 1922/23 1923/24 1924/25 1925/26 1926/27 1927/28 1928/29 1929/30 1930/31 1931/32 1932/33 1933/34 1934/35 1935/36 1936/37 1937/38 1938/39 1939/40 1940/41 1941/42 1942/43 1943/44 1944/45 1945/46 1946/47 1947/48 1948/49 1949/50 1950/51 1951/52 1952/53 1953/54 1954/55 1955/56 1956/57 1957/58 1958/59 1959/60 1960/61 1961/62 1962/63 1963/64 1964/65 1965/66
79.120 84.880 68.560 92.550 102.480 101.650 101.980 103.100 102.570 103.630 92.420 86.310 94.809 91.590 104.220 101.240 117.201 134.417 129.000 133.609 151.702 171.310 210.257 224.494 221.001 213.816 209.370 216.448 242.505 234.393 229.542 257.304 289.698 315.970 290.054 271.387 286.434 312.234 337.059 358.150 338.989 367.023 384.873 442.619 352.285
2.190 2.178 2.100 1.994 1.991 2.229 2.160 2.235 2.264 2.208 2.233 2.230 2.189 2.277 2.192 2.197 2.766 2.426 2.366 2.377 2.533 1.749 2.454 1.733 2.836 2.650 2.463 2.532 2.413 2.617 2.579 2.879 3.008 2.508 2.756 2.663 2.811 2.415 2.594 2.575 2.609 2.716 2.336 2.682 2.704
44 44 42 40 40 45 43 45 45 44 45 45 44 46 44 44 55 49 47 48 51 35 49 35 57 53 49 51 48 52 52 58 60 50 55 53 56 48 52 51 52 54 47 54 54
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8.401
ARROZ RS - ÁREA x PRODUTIVIDADE 1.400.000
8.100 7.949
7.908 1.200.000
1.088.727 1.000.000
1.120.112
1.170.338 1.045.336
1.078.833
1.125.782
7.780
1.084.884
7.900
1.106.527
1.077.959
7.700
984.081
7.675 7.508
7.497
940.062
7.500
7.439
800.000
7.300
7.251
ha
7.100
600.000 6.928
6.900
ÁREA (ha) Média=1.074.786
PRODUTIVIDADE (kg/ha) Média=7.439
400.000 6.700 200.000
6.500
6.454 0
6.300
SAFRAS Fonte: Dater-NATEs Elaboração: Política Setorial
Safra
1966/67 1967/68 1968/69 1969/70 1970/71 1971/72 1972/73 1973/74 1974/75 1975/76 1976/77 1977/78 1978/79 1979/80 1980/81 1981/82 1982/83 1983/84 1984/85 1985/85 1986/87 1987/88 1988/89 1989/90 1990/91 1991/92 1992/93
Área colhida Produtividade (hectares) média (kg/ha
354.124 396.904 406.443 420.627 380.124 392.152 418.318 435.295 468.585 548.311 578.152 530.847 573.256 589.995 589.261 612.774 669.567 703.972 726.135 719.971 756.215 771.320 796.413 664.730 791.250 856.658 940.049
2.898 2.976 3.047 3.464 3.545 3.701 3.426 3.553 3.849 3.603 3.551 3.621 3.122 3.776 4.082 4.583 4.171 4.665 4.744 4.900 4.650 5.005 5.124 4.629 4.950 5.553 5.180
Produtividade média (scs/ha)
Safra
Área colhida (hectares)
Produtividade média (kg/ha
Produtividade média (scs/ha)
58 60 61 69 71 74 69 71 77 72 71 72 62 76 82 92 83 93 95 98 93 100 102 93 99 111 104
1993/94 1994/95 1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/2000 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 2013/14 2014/15 2015/16 2016/17 2017/18 2018/19 2019/20
944.571 929.869 803.413 779.543 811.134 966.795 936.035 940.847 962.050 955.101 1.032.804 1.018.189 1.031.000 940.798 1.067.331 1.105.353 1.053.454 1.166.660 1.031.431 1.076.472 1.119.365 1.120.823 1.053.560 1.106.062 1.066.109 964.537 936.316
4.397 5.242 5.131 5.229 4.339 5.843 5.471 5.625 5.443 4.930 6.110 6.139 6.679 6.902 7.060 7.281 6.454 7.675 7.439 7.497 7.251 7.780 6.928 7.908 7.917 7.508 8.401
88 105 103 105 87 117 109 113 109 99 122 123 134 138 141 146 129 153 149 150 145 156 139 158 158 150 168
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SÉRGIO PEREIRA, IRGA
PESQUISA
IRGA 424 RI – Mais usada no RS na safra 2019/2020 Lidera o ranking das 10 mais utilizadas no RS na safra 2019/2020, com 49,6% da área semeada: cultivada em 463.500 hectares de um total de 934.537 no Estado. É uma das mais produtivas, embora tenha registrado suscetibilidade à brusone nas duas últimas safras, segundo Tomita, sendo recomendado monitoramento e a utilização de fungicidas caso necessário. Na safra 2019/2020 foram disponibilizados para os agricultores 586 mil sacos de 40kg de sementes certificadas. A região com maior número de hectares que a utiliza é a Fronteira Oeste, ocupando uma área de 174.952 (61,39%) na safra atual. Lançada em 2013, é também resistente a herbicidas do grupo químico das imidazolinonas e responsiva no manejo de adubação. Registrou produtividade média de 10,9 t/ha em ensaios.
IRGA 431 CL – Resistente à brusone e qualidade de grãos
Líder no Rio Grande do Sul, IRGA 424 RI registrou produtividade média de 10,9 t/ha em ensaios
As cultivares de alto rendimento Saiba mais sobre a IRGA 424 RI e a IRGA 431 CL, que estão entre as mais plantadas na última safra
A
s cultivares geradas pelo Irga ocuparam em torno de 61% da área total semeada com arroz na safra 2019/2020. Entre as variedades de alto rendimento estão a IRGA 424 RI e a IRGA 431 CL, que figuram entre as três mais plantadas na safra 2019/2020. As melhores linhagens
são avaliadas em testes de rendimento de grãos, que ocorrem em diferentes estações experimentais do arroz (EEAs) do Irga. “Nosso programa de melhoramento genético busca selecionar materiais com altas produtividades, entre outras características”, diz a gerente da Divisão de Pesquisa, Flávia Tomita.
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Lançada em 2018, foi a terceira mais utilizada na safra gaúcha 2019/2020, com 79.599 hectares semeados (8,52% da área total), embora registre apenas uma safra em lavouras comerciais, conforme Tomita. Destaca-se pela qualidade de grãos e alto rendimento de grãos inteiros, baixo índice de centro branco e resistência à brusone. Teve 229,7 mil sacos de sementes de 40kg certificadas disponibilizadas para as lavouras no Estado na safra 2019/2020 (conforme a Circular Nº 2, de agosto de 2019). A IRGA 431 CL apresenta parâmetros similares às cultivares BR-IRGA 409 e IRGA 417: alto valor comercial e ampla aceitação pela indústria arrozeira por serem classificadas como premium. “São características fundamentais para a aceitação dos consumidores brasileiros. A preferência nacional é pelo arroz da classe longo-fino, tipo 1, com a aparência de soltinho, macio e enxuto após a cocção. Adicionalmente, cozinhas industriais, como as de restaurantes e grandes refeitórios, valorizam o alto rendimento de panela e a possibilidade de reaquecimento do arroz previamente cozido”, explica Tomita.
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SÉRGIO PEREIRA, IRGA
PESQUISA
Investimento em pesquisa Os processos de seleção e condução são feitos em campo e demoram no mínimo 10 anos para a obtenção de uma cultivar na EEA de Cachoeirinha. Também são realizados ensaios de rendimento em diferentes locais para se obter dados de produtividade média. “O alto rendimento de grãos das lavouras gaúchas de arroz irrigado é reflexo do uso de cultivares mais produtivas aliadas à adoção de práticas de manejo recomendadas. Esta forma de trabalho levou a lavoura orizícola a atingir altos patamares de produtividade”, detalha a pesquisadora Danielle Almeida, da Divisão de Melhoramento Genético, lembrando que o sucesso do Programa de Pesquisa do Irga agrega competitividade ao arroz gaúcho. Como exemplo, o instituto investe na geração de inverno, que consiste em conduzir algumas etapas do processo de melhoramento em Estados em que há condições climáticas favoráveis para as plantas de arroz se desenvolverem no inverno. Para isso, arrenda uma área em Penedo (AL) com o objetivo de acelerar o tempo de lançamento de uma cultivar. A resistência à brusone é outro ponto fundamental quando se fala em melhoramento. Para a obtenção de variedades resistentes, é mantido um viveiro em Torres em condições favoráveis à ocorrência do fungo. Todos os genótipos são monitorados durante anos no local, até o lançamento da cultivar, se for o caso. O Irga produziu inúmeras publicações nas áreas técnica e científica, muitas delas desenvolvidas em parceria com outras instituições e universidades.
Tipos e área plantada As variedades do Irga são adaptadas a todas regiões de cultivo de arroz irrigado no RS, segundo o Zoneamento Agrícola do Ministério da Agricultura. A área plantada com as cultivares Irga (no geral) na safra 2019/2020 no Estado alcançou 61% (571.185 hectares), sendo que a área total semeada de arroz irrigado foi de 934.537 hectares. Além do RS, são plantadas em Santa Catarina, Piauí e Tocantins e exportadas para Argentina e outros países, como Uruguai e Paraguai, que produzem arroz originário das variedades do instituto.
IRGA 431 CL apresenta parâmetros como alto valor comercial e ampla aceitação pela indústria
Outras cultivares Algumas das cultivares mais semeadas na safra 2019/2020: GURI INTA CL
controle de arroz daninho. Apresenta excelente qualidade e alto rendimento industrial de grãos inteiros. É indicada para cultivo em todas as regiões orizícolas gaúchas.
l Foi a segunda mais semeada nas lavouras
gaúchas na safra 2019/2020, com 174.907 ha, ocupando 18,72% da área. Destaca-se pela qualidade de grãos e produtividade. É indicada para todas as regiões orizícolas do RS. Na Campanha, figura em 35,6% da área, superando os 30,3% da 424 RI.
BRS Pampeira
lÉ tida como cultivar de ciclo médio para o RS.
Os grãos são longo-fino, do tipo “agulhinha”, com rendimento de inteiros superior a 62%. Tem baixa incidência de centro-branco e textura solta e macia após a cocção. Destaca-se pela produtividade, tolerância ao acamamento e resistência a doenças.
PUITÁ INTA-CL
l Derivada da IRGA 417, é recomendada ex-
clusivamente para o sistema de produção Clearfield, que tem como principal objetivo o
Fontes: Irga e Agência Embrapa de Informação Tecnológica - Ageitec
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PALAVRA DO ESPECIALISTA
Impactos da adubação fosfatada a lanço no contexto da lavoura arrozeira IBANOR ANGHINONI Consultor Técnico do Irga
U
ma questão importante tem sido recorrente no âmbito da lavoura arrozeira no RS: posso fazer todo o meu adubo de base a lanço? Isto muito provavelmente para ganhar velocidade operacional na semeadura. Este é um raciocínio simplista, para não dizer simplório, pois ignora todo o conhecimento gerado pela Ciência, especialmente no âmbito da adubação fosfatada.
O que a ciência nos revela Praticamente todo o fertilizante fosfatado utilizado na lavoura arrozeira é solúvel. Em função disto, a sua dinâmica no solo e absorção pelo arroz depende de sua mobilidade, que é muito baixa, quer seja no sentido vertical no perfil do solo, quer seja em direção à superfície da raiz. Isto porque o fósforo se encontra predominantemente na forma de anion (H2PO4-) em solos ácidos, que é fortemente adsorvido (complexo de esfera interna) pelas cargas positivas da superfície de óxidos de ferro e alumínio, componentes da fração argila do solo. A força de ligação é tão forte que uma unidade de fósforo na solução do solo pode estar em equilíbrio com 400 unidades desse nutriente em solos arenosos e com mais de 1.000 unidades em solos argilosos. Como consequência, o fósforo praticamente não desce com a água em profundidade e a sua translocação ocorre somente via morte das raízes no perfil do solo ou pela erosão em superfície, adsorvido às partículas de solo. A movimentação de fósforo em direção às raízes ocorre fundamentalmente (em torno de 95%) por difusão, que é determinada pelo gradiente que se forma a partir de sua absorção; então, quanto maior a concentração na solução, maiores o gradiente e a difusão. Entretanto, mesmo em solos alagados, em que sua concentração (disponibilidade) aumenta
com o aumento do pH (reações de oxi-redução), a distância que o fósforo pode se difundir em direção às raízes em um ciclo de cultivo é menor que 2,00cm, que é maior do que 0,50cm que ocorre no mesmo solo em condição de ótima umidade (capacidade de campo), conforme verificado em planossolo, que é predominante da lavoura de arroz do RS. Isto significa que, embora esse nutriente esteja prontamente disponível, ele estando em distâncias maiores do que as verificadas, não será absorvido pelo arroz. Um outro aspecto importante nesse processo é o estímulo no crescimento radicular onde o fósforo se encontra no solo, que é determinado por mecanismo interno para atender a demanda da planta, no intuito de buscar esse nutriente onde ele se encontra mais disponível. Então, no caso do arroz irrigado, somente as raízes que estiverem na camada superficial menor que 2,00cm estarão aptas a absorver o fósforo aplicado na superfície do solo. No caso
Figura 1 EM LINHA
A LANÇO
Figura 1. Modo de aplicação do adubo fosfatado. Fonte: Menezes et al. (2012).
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da aplicação do adubo em linha a cada 15,0 a 17,5cm o fósforo se encontra em maior concentração ao longo dos sulcos de semeadura na região de alta densidade de raízes, resultando em maior absorção desse nutriente. Isto também ocorre quando comparado com a sua incorporação ao solo em que, neste caso, haverá contato com toda a camada de solo mobilizada, resultando em maior retenção pelo solo e menor disponibilidade para as plantas. Essa dinâmica diferenciada entre os modos de aplicação é mais evidenciada quando aplicação de doses baixas em solos pobres desse nutriente (classes Muito baixo e Baixo). Essa diferença deixa de existir no caso de solos bem supridos (Classes Alto e Muito alto), uma vez que, neste caso, a demanda do arroz é plenamente atendida pelo fósforo existente no solo. Todo esse conhecimento existe há quase 60 anos, mas é pouco compreendido e muito pouco utilizado.
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Como esse conhecimento pode ser estendido e verificado no contexto da lavoura arrozeira O aumento recente da produtividade do arroz irrigado no RS está relacionado à disponibilização de cultivares com maior potencial produtivo e à utilização das boas práticas de manejo, entre elas a adubação, introduzidas pelos projetos de transferência de tecnologia. Entretanto, concomitantemente a esse aumento de produtividade, a disponibilidade de fósforo no solo tem diminuído ao longo do tempo. Isto significa haver um balanço negativo entre entradas e saídas do solo. Atualmente 54% dos solos arrozeiros estão abaixo do teor crítico para o arroz irrigado e 89% estão abaixo do teor crítico para culturas do sequeiro, como a soja, o milho e pastagem. Nestas situações de carência de fósforo e adição de doses inferiores às demandas pelo solo e pelas culturas é quando o modo de aplicação de fósforo determina eficiência diferenciada de uso desse nutriente. Essa maior eficiência pela aplicação em linha em relação à aplicação à lanço na superfície do solo pelo arroz pode ser verificada ainda na fase de estabelecimento do arroz (Figura ao lado), que se manteve ao longo do ciclo resultando em uma produtividade de até 10 sacos/ha menor na aplicação a lanço e o adubo mantido na superfície do solo.
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Figura 2 – Gráficos comparativos
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-8 sacos
-56 sacos 5
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Figura 2. Estabelecimento e produtividade do arroz em função do modo de aplicação do adubo fosfatado no solo (Menezes et al., 2012 – Estação Experimental do Arroz/IRGA, Cachoeirinha RS)
Considerações O fósforo, por ser muito pouco móvel no solo, tem sua eficiência determinada pelo modo de sua aplicação. Essa eficiência diferenciada em favor da aplicação em linha no sulco da semeadura em relação à aplicação a lanço em superfície, ocorre predominantemente quando da aplicação de doses relativamente baixas (menores do que as exportadas pelas culturas) em solos pobres nesse nutriente (classes Baixo e Muito baixo). Essa diferença deixa de existir em solos com alta disponibilidade desse nutriente, porque a cultura tem sua demanda satisfeita pelo fósforo previamente existente no solo, não dependendo, por isto, do que é adicionado na forma de adubo. A incorporação do fósforo aplicado na superfície por ocasião do preparo do solo para o cultivo seguinte (preparo antecipado) promove reação intensa com o solo, diminuindo, em muito, o seu possível efeito residual.
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10 -10 sacos
-40 sacos 5
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SERVIÇO GUIA NATES
Saiba onde encontrar
apoio
Estado está dividido em 37 núcleos de assistência técnica (Nate) e, nesta página, você pode saber o telefone e endereço de cada um SÃO GABRIEL Endereço: Rua Duque de Caxias, S/Nº, São Gabriel Telefone: (55) 3232-6050
SÃO VICENTE DO SUL Endereço: Rua Carapé, 308, Centro, São Vicente do Sul Telefone: (55) 3257-1220
PELOTAS Endereço: Rua João Manoel, 301, Centro, Pelotas Telefone: (53) 3278-3236 - (53) 3278-3077
VIAMÃO Endereço: Rua Luiz Rossetti, 331, 2º andar, Centro, Viamão Telefone: (51) 3485-2531
CAMAQUÃ Endereço: Rua João Ferreira, 141, bairro Maria da Graça, Camaquã Telefone: (51) 3671-1414
SÃO LOURENÇO DO SUL Endereço: Rua Humaitá, 736, Centro - São Lourenço do Sul Telefone: (53) 3251-3141
CACHOEIRA DO SUL Endereço: Rua Marechal Floriano, 493, Cachoeira do Sul Telefone: (51) 3722-2090
RESTINGA SECA Endereço: Av. Eugênio Gentil Müller, 531, Centro, Restinga Seca Telefone: (55) 3261-1289
RIO PARDO Endereço: Rua General Osório, 71, bairro São João, Rio Pardo Telefone: (51) 3731-1356
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SANTA MARIA Endereço: Rua Appel, 475, Centro, Santa Maria Telefone: (55) 3222-4044
DOM PEDRITO Endereço: Rua Andrade Neves, 879, sala 899, Centro, Dom Pedrito Telefone: (53) 3243-1287
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ALEGRETE Endereço: Rua Barão do Amazonas, 94, Centro, Alegrete Telefone: (55) 3422-4640
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BAGÉ Endereço: Avenida Portugal, 495, Bairro Castro Alves, Bagé Telefone: (53) 3242-1073
ARROIO GRANDE Endereço: Av. Visconde de Mauá, 1.495, Centro, Arroio Grande Telefone: (53) 3262-1301
JAGUARÃO Endereço: Avenida Odilo Gonçalves, 643 (Sindicato Rural), Centro, Jaguarão Telefone: (53) 3261-2152
URUGUAIANA Endereço: Rua Gal. Flores da Cunha, 2055 - Centro - Uruguaiana Telefones: (55) 3412-1264 e (55) 3411-7516 GUAÍBA Endereço: Rua Otaviano M. de Oliveira Junior, 218, Centro, Guaíba Telefone: (51) 3480-2372 SANTA VITÓRIA DO PALMAR Endereço: Rua General Santa Vitória do Palmar Telefone: (53) 3263-1708
Deodoro,
1361,
Centro,
CACEQUI Endereço: Rua João Almeida Genro, 233, Centro, Cacequi Telefone: (55) 3254-1251 CANDELÁRIA Endereço: Rua Lopes Trovão, 456, 1º andar, Candelária Telefone: (51) 3743-1145 GENERAL CÂMARA Endereço: Rua Senador Florêncio, 50, General Câmara Telefone: (51) 3655-1213
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QUARAÍ Endereço: Rua Doutor Francisco Carlos Reverbel, 342, Centro, Quaraí Telefone: (55) 3423-1283 SANTANA DO LIVRAMENTO Endereço: Rua Vasco Alves, Santana do Livramento Telefone: (55) 3242-5244
1.100,
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109,
Bairro
Jardim
Formoso,
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Veja a relação completa dos profissionais que atendem em cada Nate em www.irga.rs.gov.br/coordenadorias-e-nates
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INTERCÂMBIO
Da teoria à prática
O trabalho dos extensionistas Conhecimento das pesquisas científicas é transmitido às lavouras de arroz por 99 técnicos do Irga que atendem a 8.140 orizicultores de 132 cidades gaúchas IGOR MORANDI igor@padrinhoconteudo.com
A
Extensão Rural é o elo entre a pesquisa científica e os produtores de arroz. Esse processo envolve diversos fatores e pessoas, mas o intermédio é feito por técnicos orizícolas. Eles mantêm contato com a rede de pesquisa do Irga e repassam o conhecimento aos orizicultores, para que eles atinjam melhores resultados desde o plantio até a colheita do arroz. O Irga é uma das poucas instituições do mundo que possui geração de conhecimento e que a estende à lavoura do produtor, segundo o assessor da Diretoria Técnica, Ricardo Machado Kroeff. “Não adianta gerar informação que fique nas gavetas das instituições”, salienta. E a Extensão do Irga não ocorre somente verbalmente, mas, também, por meio de demonstrações nas Estações Experimentais do Instituto, em Dias de Campo e em roteiros técnicos. Além de já não acontecer mais somente de forma presencial. Com os avanços tecnológicos, o WhatsApp é o principal meio para contato interno e externo dos técnicos orizícolas. Inclusive é usado para passar informações como previsão do tempo, preço do saco de arroz e avisos, além de contribuir para o atendimento aos produtores. A Extensão Rural do Irga atende a 132 cidades do interior do Rio Grande do Sul, totalizando 8.140 orizicultores assistidos. E, para fazer esse atendimento, são 99 profissionais formados em Agronomia ou em técnico agrícola. Destes, 76 são homens e 23 são mulheres. As mulheres são minoria. Isso não ocorre por alguma restrição por parte do Instituto,
mas por falta de recursos humanos. Uma das técnicas orizícolas do Irga é Riela Fernandes dos Anjos, que mora e exerce a profissão em Quaraí, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, desde 2017. Para ela, a área continua majoritariamente masculina, mas as mulheres vêm ganhando destaque por serem detalhistas, ativas e dedicadas. No entanto, o preconceito por uma mulher estar à frente do campo ainda está em processo de desconstrução. “Às vezes, lido com algumas situações de preconceito, mas finjo que não escuto”, conta Riela. Isso não abala a técnica, que é apaixonada pelo campo. E essa paixão é de família: Riela sempre esteve ligada ao agro, porque seus pais são pecuaristas. Já ela decidiu trabalhar com a lavoura de arroz. “Somos o meio de campo entre o produtor e a pesquisa. Nosso objetivo não é vender, mas fazer o melhor com o que nos é ofertado” destaca Riela. Nesse processo de levar conhecimento e novidades do setor aos produtores, os técnicos também aprendem. É uma troca, até porque cada lavoura é única, mas o objetivo de chegar a resultados melhores é constante. E isso encanta Riela. Ela atendeu a um pequeno produtor – grupo que mais gosta de dar assistência – durante a safra 2019/20, e, juntos, conseguiram aumentar a produtividade da lavoura com ajuste de manejo. Depois da colheita, o produtor entrou em contato com ela e falou que a safra havia sido ótima, pois conseguiu pagar as contas e sobrou dinheiro. “É gratificante quando você propõe a ideia e a pessoa abraça, faz dar certo”, completa. Essa não é a única história que marcou Riela. As visitas dos técnicos aos produtores são sempre lembradas. E, para quem exer-
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ce a profissão desde 2014, no Irga, como o técnico orizícola Enio Alves Coelho Filho, já são inúmeras as histórias que marcaram a sua trajetória. Ele relembra uma, recente, a intervenção no sistema de cultivo de arroz irrigado na região de Cerro Branco e Novos Cabrais, no centro do Estado. O trabalho fez com que essa área passasse a adotar a rotação de sistemas de cultivos, garantindo melhorias em diversos aspectos agrotécnicos e sociais. Mas ele destaca que só foi possível chegar a isso graças à oportunidade dada pelos agricultores. Enio Filho mora em Candelária e atende, além da sua cidade, Cerro Branco, Cruzeiro do Sul, Novo Cabrais, Santa Cruz do Sul, Vale do Sol, Venâncio Aires e Vera Cruz. E assim como Riela, a inspiração para atuar na lavoura arrozeira veio da família. “Quando jovem, via minha família trabalhando com dificuldades e acreditava que poderia ajudá-la a melhorar de alguma forma. Então encontrei no estudo técnico essa condição”, conta Filho. Para ele, trabalhar como extensionista é enxergar o que pode passar despercebido pelo produtor, além de proporcionar melhores resultados para a lavoura de quem ampara. “Nosso objetivo é auxiliar o produtor em pontos estratégicos, e, assim, buscar junto com ele melhores resultados socioeconômicos e ambientais”, diz Filho. Em 2018, Enio recebeu a Pá do Arroz, homenagem por seu trabalho como técnico estadual. Para ele, a família e o próprio Irga e colegas foram a sustentação para o que ocorreu e ainda vai acontecer em sua jornada profissional. “Para mim foi de imensa gratidão, pois nela vejo tudo o que fiz, venho fazendo e farei”, completa.
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ARQUIVO PESSOAL
INTERCÂMBIO RICARDO MACHADO KROEFF
“Não adianta gerar informação que fique nas gavetas das instituições” RIELA FERNANDES DOS ANJOS
“Somos o meio de campo entre o produtor e a pesquisa. Nosso objetivo não é vender, mas fazer o melhor com o que nos é ofertado” ENIO ALVES COELHO FILHO
Enio Coelho Filho (de branco), de Candelária, se desloca para atender as propriedades da região
Em quantas cidades do RS os técnicos do Irga atuam?
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Quantos produtores são assistidos pelo Irga?
7.500
“Quando jovem, via minha família trabalhando com dificuldades e acreditava que poderia ajudá-la a melhorar de alguma forma. Então encontrei no estudo técnico essa condição”
Quantos técnicos orizícolas o Irga tem? Mulheres: Homens:
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l Leva conhecimento adquirido por meio da
pesquisa científica aos orizicultores e busca, a partir das necessidades de cada produtor, colaborar com a execução de métodos que melhorem os resultados desde o plantio até a colheita do arroz. ARQUIVO PESSOAL
Adaptações para a pandemia Nesse momento, por conta da pandemia de Covid-19, o trabalho dos técnicos orizícolas foi adaptado às normas federais, estaduais e municipais. Os atendimentos continuam ocorrendo presencialmente, mas foram reduzidos e ocorrem em contato prévio com o produtor. Além disso, todos os protocolos de segurança e higiene necessários foram adotados. Por isso, as mídias sociais digitais do Irga são o foco da difusão de informações aos produtores, com posts e lives, durante esse período. E, claro, o WhatsApp é a ferramenta que possibilita uma proximidade maior entre técnicos e agricultores, tanto individualmente como em grupos. Como reforça Enio Filho, é em momentos de dificuldade que nos tornamos mais fortes e encontramos alternativas para seguir.
O que faz um extensionista?
Riela Fernandes dos Anjos é técnica orízicola do Irga e atua em Quaraí, na Fronteira Oeste
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SUSTENTABILIDADE
Irga entrega o
Selo Ambiental Iniciativa premia a sustentabilidade ambiental na produção do arroz, com ganhos em valor agregado
4 Irmãos, de Rio Grande. Desde o lançamento do Selo, ela conquista a certificação. IGOR MORANDI O diretor agrícola, Jorge Iglesias, conta que igor@padrinhoconteudo.com eles estão sempre tomando medidas de proteção ambiental. “O Selo é um amparo a safra 2019/2020, o Selo Ambien- legal e um destaque em relação à conduta tal do Irga não pôde ser entregue com o meio ambiente, funcionários e sociecomo de costume: a cerimônia dade”, afirma. não ocorreu por conta da pandemia de coAlém de ser uma honraria, o Selo Amronavírus. Mesmo assim, 47 empresas fo- biental pode ser usado nas embalagens do ram consideradas aptas para a certificação. produto – como faz a Granjas 4 Irmãos, Esse processo estava previsto para ocorrer nas notas fiscais e nas correspondências do individualmente em setembro, pelos téc- produtor ou empresa agrícola durante a sanicos dos Núcleos de Assistência Técnica e fra correspondente à concessão. Também é Extensão Rural (Nates), mantendo todos os possível expô-lo na propriedade, por meio cuidados necessários de higiene. de uma placa indicativa, seguindo o O Selo Ambiental da Lavoura modelo fornecido pelo Comitê de Arroz Irrigado do Rio GranGestor. de do Sul é uma parceria enPara conquistar o Selo, uma tre o Irga e a Secretaria Estasérie de quesitos é avaliada empreendimentos dual da Agricultura, Pecuária pelos técnicos dos Nates. Alrecebem o selo e Irrigação, que surgiu na saguns são amplos, como resambiental fra 2008/2009. O objetivo do peitar Áreas de Preservação programa é promover a sustenPermanente (APPs), e outros tabilidade ambiental na produção mais específicos sobre a estrutura de arroz, melhorando a gestão da prodo local, como lavagem das máquipriedade, reduzindo os custos e agregando nas agrícolas e das embalagens do produto, valor ao produto. uso de defensivos agrícolas registrados e de “O Selo é importante para as empresas equipamentos de proteção na hora de apliserem reconhecidas como referência na cá-los. O não cumprimento de alguns critéadoção de boas práticas agrícolas no ma- rios pode levar à eliminação do processo de nejo do arroz, bem como pelo atendimento certificação ou à perda de pontos. da legislação ambiental”, destaca o técnico Para a safra 2020/2021, tem novidade: o superior orizícola que está à frente do pro- Selo Ambiental estará de cara nova. A lograma, Rafael Santos. gomarca foi criada pelo próprio Instituto e Uma das empresas gaúchas que reconhe- a sua estreia deve ocorrer no próximo ano, ce essa importância há anos é a Granjas na cerimônia de entrega da certificação.
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Lista de agraciados Confira quem teve direito ao selo ambiental na safra 2019/2020: MUNICÍPIO EMPREENDIMENTO 1 Rio Grande Granjas 4 Irmãos S.A 2 Rio Grande Granja Santa Maria 3 Rio Grande FCosta Sementes 4 Jaguarão Granja Juncalzinho 5 Jaguarão Grupo Quero-Quero 6 Capão do Leão Agrícola Santo Antônio 7 Pelotas Estância da Graça 8 Jaguarão Granja Bretanhas S.A 9 S. V. do Palmar Agropecuária Canoa Mirim 10 Capivari do Sul Fazenda Capão de Fora 11 Capivari do Sul Parceria Irmãos Bueno 12 Capivari do Sul FAD Sementes 13 Palmares do Sul Fazenda Cabo Verde 14 Palmares do Sul Fazenda Pangaré 15 Palmares do Sul Fazenda Passo Fundo 16 Palmares do Sul Fazenda Nova 17 Glorinha Sementes Barcellos 18 Guarita Mostardas Fazenda Bela Vista 19 S. A. da Patrulha Fazenda Rincão 20 Itaqui Granja Pessegueiro 21 Itaqui Granja 3 de Outubro 22 Itaqui Granja Espinilho 23 Itaqui Granja Fundo Grande 24 Itaqui Granja Santa Zélia 25 Itaqui Granja Chalé 26 Uruguaiana Granja Kaiman 27 Uruguaiana Granja Três Angicos 28 Uruguaiana Granja Guará 29 Uruguaiana Arrozeira Curupy 30 Uruguaiana Granja Itaverá 31 Uruguaiana Águas Claras 32 Alegrete Agropecuária Parcianello Rincão de S. Miguel 33 Alegrete Agropecuária Parcianello Capivari 34 Itaqui Granja Três Figueiras 35 Alegrete Limarroz Sementes Alegrete 36 Alegrete Granja Casa Branca 37 Alegrete Granja Dom Angelo 38 Quaraí Granja do Pai Passo 39 Quaraí Limarroz Sementes Quaraí 40 Arambaré Sementes Terra Dura 41 Camaquã Granja Palma 42 Camaquã Estação AUD/IRGA 43 Cachoeira do Sul Estância do Chalé 44 Agudo Sítio do Clóvis 45 Cacequi Fazenda Boa Vista 46 São Gabriel Agropecuária Formosa 47 Jaguarão Granja Santa Maria
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ARTIGO TÉCNICO
Produção e renda via extensão rural do Irga
Artigo técnico fala sobre a extensão rural do Instituto como modificadora da produção e rentabilidade do arroz irrigado na região central do Rio Grande do Sul PEDRO TREVISAN HAMANN Eng. Agr, Irga – pedro-hamann@irga.rs.gov.br ALISSON GUILHERME FLECK Graduando, UFSM – alissongfleck@gmail.com MARA GROHS; Eng. Agr. Dra., Irga – mara-grohs@irga.rs.gov.br PABLO MAZZUCO DE SOUZA Eng. Agr., Irga – pablo-souza@irga.rs.gov.br GIONEI ALVES DE ASSIS DOS SANTOS Eng. Agr., Irga – gionei-santos@irga.rs.gov.br RICARDO TATSCH Eng. Agr. Msc., Irga – ricardo-tatsch@irga.rs.gov.br JOSÉ FERNANDO DE ANDRADE Eng. Agr., Irga – jose-andrade@irga.rs.gov.br LUIZ FERNANDO FLORES DE SIQUEIRA Eng. Agr., Irga – luiz-siqueira@irga.rs.gov.br DÉBORA DA CUNHA MOSTARDEIRO Eng. Agr., Irga – debora-mostardeiro@irga.rs.gov.br NELSON DA COSTA CARDOSO Eng. Agr., Irga – nelson-cardoso@irga.rs.gov.br ALESSANDRO ROCHA QUEIROZ Eng. Agr., Irga – alessandro-rocha@irga.rs.gov.br ANTÔNIO VERVLOET PAIM DE ARAÚJO Eng. Agr., Irga – antonio-araujo@irga.rs.gov.br FLAVIO JAIR HATZFELD SCHIRMANN Eng. Agr., Irga – flavio-schirmann@irga.rs.gov.br ENIO ALVES COELHO FILHO Tec. Agr., Irga – enio-filho@irga.rs.gov.br LIDIANE MENEZES STAHL Tec. Agr., Irga – lidiane-stahl@irga.rs.gov.br ROGER PEREIRA ALMADA Tec. Agr., Irga – roger-pereira@irga.rs.gov.br STEVE PICOLI Tec. Agr., Irga – steve-picoli@irga.rs.gov.br FERNANDO HENRIQUE PERSKE Tec. Agr., Irga – fernando-perske@irga.rs.gov.br CASSIO CESAR WILHELM Tec. Agr., Irga – cassio-wilhelm@irga.rs.gov.br MARCELO SILVA DE FREITAS Tec. Agr., Irga – marcelo-freitas@irga.rs.gov.br GIOVANI LUCIANO WRASSE Tec. Agr., Irga – giovani-wrasse@irga.rs.gov.br MILTON OLIVEIRA MACHADO Tec. Agr., Irga – milton-machado@irga.rs.gov.br ADRIANO MACHADO DIAS Tec. Agr., Irga – adriano-dias@irga.rs.gov.br MÁRCIO DA SILVA SABINO Tec. Agr., Irga – marcio-sabino@irga.rs.gov.br
Palavras-chave: extensão rural, arroz irrigado, rentabilidade, produtividade, Projeto 10+
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INTRODUÇÃO
A
lavoura de arroz vem passando por momentos de baixa rentabilidade devido aos altos custos de produção da cultura. Segundo a CONAB (2016), entre as safras 2007/08 e 2016/17 houve um incremento de 73% nos custos de produção de arroz no Brasil. Além disso, nas duas últimas safras, essas despesas cresceram ainda mais. Porém, os preços de comercialização do cereal não estão acompanhando essa evolução, fazendo com que haja a necessidade dos produtores serem cada vez mais eficientes, tanto nos aspectos técnicos quanto na gestão financeira da atividade. Vários fatores interferem na produtividade e, consequentemente, na rentabilidade do arroz irrigado. Nesse sentido, ao longo dos anos, o Instituto Rio Grandense do Arroz tem dedicado suas pesquisas a definir quais os principais fatores condicionantes da produtividade. Para divulgação e transferência aos orizicultores e técnicos das informações geradas ao longo das décadas foi criado, na safra 2002/03, um projeto de assistência técnica e extensão rural, com foco no manejo da cultura, chamado de Projeto 10. A partir da safra 2015/16, foi reformulado, com intuito de englobar aspectos de redução de custos e de rotação de culturas, passando a se chamar de Projeto 10+. Na safra 2017/18, 157 produtores participaram do projeto, que consiste na tranferência de tecnologia produtor a produtor, por meio da instalação de unidades demonstrativas em plantadores líderes, onde são realizados eventos de difusão como roteiros técnicos e dias de campo. Nesse sentido, o objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência desse projeto de assistência técnica e extensão desenvolvido pelo Instituto Rio Grandense do Arroz, na área de abrangência da Região Central, por meio do acompa-
nhamento técnico da cultura do arroz irrigado, bem como análise de custos em nível de propriedade rural.
MATERIAL E MÉTODOS Os produtores rurais foram assessorados pelos extensionistas da instituição, lotados nos núcleos de assistência técnica (Nates), os quais orientaram nas etapas de preparo de solo, escolha da cultivar e demais tratos culturais preconizados pelo Irga em área modelo definida previamente. Ao todo, na safra 2018/19, na Região Central, 40 produtores participaram do projeto, totalizando uma área de 982,2 hectares assistidos. Dentre esses, foram escolhidos 10 projetos de arroz, um de cada Nate, para serem aplicados questionários complementares, para que, além dos dados de manejo que são protocolares do projeto, também fossem obtidas informações como: sistema de cultivo e cultura antecedente, número de operações de preparo do solo, tipo de irrigação, mão-de-obra, arrendamento, armazenamento e secagem. Dessa forma, possibilitou-se realizar o cálculo completo dos custos variáveis e totais de produção das áreas em estudo. Foi utilizada como base a metodologia de custos oficiais do Irga. Além disso, o valor dos insumos foi obtido por meio desse levantamento e complementado com a tabela de custos da CONAB. O valor de venda do produto foi considerado de R$ 43,38/saco, na data-base de 15 de maio de 2019 (CEPEA).
RESULTADOS E DISCUSSÃO A área média das lavouras avaliadas foi de 12,49 hectares, sendo que a média de área total desses produtores foi de 66,51 hectares, semelhante à média da Região Central, que ficou
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ARQUIVO PESSOAL
Trabalho produzido pela equipe do Irga foi apresentado no Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado (CBAI), em Balneário Camboriú (SC), em 2019
em 67,47 hectares por unidade produtiva na safra 2018/19, o que indica boa representatividade quanto aos aspectos fundiários dos produtores escolhidos. Quanto à semeadura, 76% das áreas de arroz foram semeadas dentro do mês de outubro.No processo , a média de densidade foi de 92,3 kg ha-1, o que totalizou população estabelecida de 216 plantas m-2 de média nas lavouras, reflexo da utilização de sementes com alto vigor e germinação, com 90,4% e 92%, respectivamente. Em relação à adubação de base, foram utilizados, na média, 13kg de Nitrogênio (N), 60,7 de P2O5 e 97,6 de K2O kg ha-1, com diferentes formulações, e em cobertura 153,31 kg ha-1 de N, o que está de acordo com a recomendação da SOSBAI (2018). Em todas as áreas foi utilizada a cultivar IRGA 424 RI, com exceção de uma, em que foi usada a cultivar IRGA 431 CL. Os custos dos insumos envolvidos diretamente no manejo, que são sementes, tratamento de sementes, fertilizantes e agroquímicos, representam apenas 21% do custo total da lavoura. O valor total destes itens nas áreas avaliadas foi de 1.575,54 R$ ha-1 em um custo total médio de 7.256,44 R$ ha-1. O montante total é muito semelhante à média do Estado do RS, segundo levantamento anual do Irga.
Figura 1 Participação dos itens na composição do custo médio total das áreas avaliadas e comparativo entre o gasto com os insumos de manejo utilizados e a média do Estado.
Porém, apesar de ter sido utilizado mais fertilizantes nas áreas de P10+, representado 58% do custo de insumos, ante 46% no custo médio, o gasto com agroquímicos foi significativamente reduzido, representando um total de 25% ante 37% na média do RS (Figura 1). Isso corrobora com o propósito do projeto que incentiva
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os produtores a investirem mais em itens que tragam resposta da cultura, como fertilizantes, e atuem mais com manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas, de forma que possam economizar nestes itens, sem prejuízo à produtividade.
Segue >
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Tabela 1 Resultados de produtividade, custo total, receita total, lucro líquido, custo total por saco produzido e ponto de equilíbrio para cada área avaliada.
ARTIGO TÉCNICO Os resultados de produtividade, custo total, receita total, lucro líquido, custo total por saco produzido e ponto de equilíbrio para cada área avaliada são apresentados na Tabela 1. A produtividade média das lavouras de arroz foi de 9.777 kg ha-1, variando de 8.100 a 10.500 kg ha-1. O custo médio levantado foi de R$ 7.256,44 ha-1, com variação de R$ 6.607,05 ha-1 a R$ 8.181,74 ha-1. Isso representa, conforme a produtividade um custo média por saco produzido de R$ 37,25/saco, apresentando variação de R$ 34,38 a R$ 43,06 sc-1. O ponto de equilíbrio de produtividade, que é a quantidade produzida por hectare necessária para cobrir os custos totais de produção variou de 7.615,32kg ha-1 a 9.430,31 kg ha-1, com média 8.363 kg ha-1. A renda total variou de R$ 7.028 a R$ 9.109 ha-1, enquanto que o lucro líquido variou de R$ 52,40 a R$ 1.813,95 ha-1. (Figura 2). Segundo a Figura 3, houve uma tendência de aumento do custo com o crescimento de produtividade, e uma relação direta da produtividade com a renda. O maior custo das lavouras está ligado a fatores externos ao manejo cultural, como secagem fora da propriedade, irrigação a diesel, mão-de-obra e arrendamento. Dessa forma, pode-se observar uma tendência de aumento do lucro líquido com o aumento da produtividade. Cabe salientar que as áreas avaliadas possuem manejos muito bons. À época de semeadura, adubação e controle fitossanitário foram realizados nas doses e épocas recomendadas, proporcionando maiores níveis de produtividade do que em relação à média da região, de cerca de 7.200 kg ha-1 na safra 2018/19. Isso, em conjunto um maior controle de custos, sem o aumento desses, possibilitou que se obtivessem bons valores de lucro líquido nas áreas avaliadas, em contraponto à situação média das lavouras do Estado, que passam por períodos de resultados negativos.
Produtor
Município
1
Candelária
Produtividade Custo Receita (kg/ha) total total 8.100 R$6.975,16 R$7.027,56
Lucro líquido R$52,40
Custo total/sc R$43,06
Ponto de equilíbrio (kg/ha) 8.039,60
2
São Sepé
9.390
R$6.990,33 R$8.146,76
R$1.156,43
R$37,22
8.057,09
3 4 5 6 7 8 9 10
Formigueiro Agudo Restinga Seca Piratini Passo do Sobrado São Pedro do Sul Cachoeira do Sul Santa Maria Média
9.450 9.475 10.000 10.075 10.145 10.300 10.337 10.500 9.777
R$6.607,05 R$7.623,09 R$6.875,19 R$8.181,74 R$7.558,05 R$7.228,49 R$7.154,43 R$7.370,83 R$7.256,44
R$1.591,77 R$597,42 R$1.800,81 R$559,33 R$1.243,75 R$1.707,79 R$1.813,95 R$1.738,97 R$1.226,26
R$34,96 R$40,23 R$34,38 R$40,60 R$37,25 R$35,09 R$34,61 R$35,10 R$37,25
7.615,32 8.786,41 7.924,38 9.430,31 8.711,45 8.331,59 8.246,23 8.495,65 8.363,80
R$8.198,82 R$8.220,51 R$8.676,00 R$8.741,07 R$8.801,80 R$8.936,28 R$8.968,38 R$9.109,80 R$8.482,70
Figura 2 Custo total, renda e lucro líquido das áreas avaliadas, ordenadas por produtividade.
Figura 3 Relação entre rendimentos de grãos (Kg ha-¹) com o custo total e a receita total (R$ ha-¹) (E) e relação entre rendimentos de grãos (Kg ha -¹) com o lucro líquido (R$ ha-¹) (D).
CONCLUSÃO Conclui-se que há uma tendência de aumento do lucro líquido em relação ao aumento da produtividade, devido à sua relação direta com a renda. Há uma tendência, mais fraca, de aumento do custo com o aumento da produtividade, pois o maior custo das lavouras está ligado a fatores externos ao manejo cultural, como secagem fora da propriedade, irrigação a diesel e mão-de-obra. O Projeto 10+ apresentou-se como ferramenta efetiva e contribuiu para a lucratividade das áreas avaliadas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOSBAI, Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. 2018. IRGA – Instituto Rio Grandense do Arroz. Custo de produção médio ponderado do arroz irrigado do Rio Grande do Sul safra 2017/2018. Porto Alegre, 2018. Disponível em: http://stirga2018-admin.hml.rs.gov.br/upload/ arquivos/201805/18160831-custo-1-20180115091236custo-2017-18.pdf. Acesso em: 15 mai. 2019. Série de preços do arroz em casca do Cepea. Porto Alegre, 2018. Disponível em: https://irga-admin.rs.gov.br/ upload/arquivos/201811/22152919-cepea.pdf. Acesso em: 15 mai. 2019.
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CARREIRA
Irga conta com
progressões para os servidores O principal pré-requisito para a passagem de nível é obter especialização, mestrado, doutorado ou pós-doutorado
O
mês de junho foi de regulamentação de progressões para servidores do Irga. Agora, os funcionários especializados, mestres, doutores e pós-doutores podem solicitar progressão. Elas constituem a passagem de um nível para outro dentro das carreiras de Técnico Superior Orizícola e de Técnico Superior Administrativo. A Resolução 003/2020, prevista na Lei 13.930/12, foi publicada no dia 8 de junho, com as disposições e requerimentos para alteração do cargo nível I – onde todos começam – para os níveis II, III, IV ou V. Um dos pré-requisitos para a passagem é a instituição de ensino ser reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC) e, para cada nível, existe uma exigência (confira quadro).
A chefe da Divisão de Recursos Humanos, Sandra Mobus, destaca que a progressão é importante para valorizar e incentivar os servidores, além de ser aguardada desde 2017, ano em que os primeiros concursados terminaram o estágio probatório. “A progressão proporciona salários diferenciados de acordo com a titulação, incentivando os servidores a se capacitarem dentro de sua área de atuação”, diz Sandra. Do nível I ao II, o salário aumenta, em média, 15%, do II ao III e do III ao IV, em média 20%, e do IV ao V, aproximadamente 10%. Cumprindo todos os requisitos, os servidores que desejam solicitar progressão ao nível de sua titularidade devem apresentar, via protocolo, à Divisão de Recursos Humanos do Irga, o diploma ou certificado de conclusão do curso, junto com o histórico escolar autenticado e duas vias do anexo divulgado junto a resolução. Em até 30 dias sai o resultado sobre o pedido de progressão. Sendo deferida, em até 30 dias a minuta é encaminhada à Diretoria Administrativa do Irga, que examina a documentação e publica no Diário Oficial do Estado em até cinco dias.
Exigências para o servidor
l Ter cumprido o estágio probatório; l Trabalhar, pelos menos, há três anos no Irga e l l
um ano no nível ao qual pertence hoje; Não ter se afastado por motivos pessoais ou por cedência a outros órgãos públicos por mais de 60 dias; Não ter sido punido com pena de repreensão e/ou suspensão, com ou sem multa, nos últimos 12 meses;
Pré-requisitos de passagem Do nível I para o II Especialização correlata com a área de atuação.
l
l Do nível II para o III Um mestrado.
l Do III para o IV
Um doutorado.
l Do nível IV para o V Um pós-doutorado.
SÉRGIO PEREIRA, IRGA
Servidores do Irga em foto de fevereiro, em frente ao grafite da nova sede do instituto Lavoura Arrozeira Nº 473 | Julho/Agosto/Setembro de 2020
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INFRAESTRUTURA
Projeto vai adequar a
IGOR MORANDI igor@padrinhoconteudo.com
Barragem I do Capané Empresa licitada tem 255 dias para apresentar proposta de ajuste estrutural: reformas serão feitas após esta etapa, por meio de outra licitação
naugurada em 1948, a Barragem do Capané está em processo de mudanças. A represa, que fornece água para as plantações de arroz da região de Cachoeira do Sul, está sendo esquadrinhada para a elaboração de um projeto de adequação estrutural, ambiental e de segurança, seguindo as normas da Política Nacional de Segurança de Barragens (Lei nº 12.334/10). Esta primeira etapa teve início em 15 de junho, e, até a produção desta reportagem, os trabalhos seguiam sem interrupção, mesmo durante a pandemia. A empresa responsável foi contratada por meio de licitação e tem 255 dias para finalizar o projeto. Para a execução prática, outra licitação será feita. “O serviço consiste na contratação de empresa especializada para realizar o estudo, levantamento das características físicas, estruturais e das condições de estabilidade para elaboração de Projeto Executivo de Reforma
PEDRO HAMANN Coordenador da Região Central do Irga
“Quando a barragem foi construída, não foi executada uma estrutura de vertedouro, que garante a segurança em casos de eventos climáticos extremos” “O objetivo é possibilitar a utilização em capacidade máxima. Pelas soluções de engenharia discutidas até o momento, não haveria aumento dos taludes, mas uma reforma, sem alteração, em princípio, do tamanho do maciço”
FOTO IRGA
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e adequação do seu maciço e comportas e Elaboração do Plano de Segurança exigido por lei federal, além dos estudos ambientais da barragem e do entorno para atualização de sua licença ambiental”, explica o engenheiro civil Décio Collatto, do Irga, responsável por inspeções periódicas de segurança na Barragem do Capané. Mas esse projeto que oportunizará mudanças em um futuro próximo não está sendo elaborado por capricho ou em comemoração aos mais de 70 anos da barragem. É porque, em 1966, ela apresentou um incidente que levou à redução em seu nível de operação, conta o coordenador da Região Central do Irga, Pedro Hamann, também responsável pelas inspeções de segurança. É uma necessidade antiga. “Quando a barragem foi construída, não foi executada uma estrutura de vertedouro, que garante a segurança em casos de eventos climáticos extremos”, destaca Hamman. Isso porque, ao longo dos anos, as legislações foram atualizadas. E, tratando-se de barragens, após os casos Mariana e Brumadinho, precisaram ficar mais rigorosas. Em seu projeto original, a Barragem do Capané cotaria, em relação à profundidade, até 12m35cm, armazenando 107 milhões de metros cúbicos de água e irrigando aproximadamente 5.561 hectares de lavouras. No entanto, por conta da necessidade de
A construção
Em números
lA Barragem do Capané é a maior barragem de
l
irrigação da região do Atlântico Sul. Começou a ser construída a partir do Decreto Lei nº. 1.052, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, em 17 de janeiro de 1946, que aprovou a desapropriação de terras necessárias para as obras de barramento. A obra levou três anos e seis meses para ficar pronta, sendo inaugurada em 1948 e já cumprindo a sua finalidade de irrigação agrícola naquela safra.
reformas, hoje ela opera com cota máxima de 7m, irrigando em torno de 2.500 hectares de lavouras. “O objetivo é possibilitar a utilização em capacidade máxima. Pelas soluções de engenharia discutidas até o momento, não haveria aumento dos taludes, mas uma reforma, sem alteração, em princípio, do tamanho do maciço”, destaca Pedro Hamman. Quando o projeto entrar em prática, no próximo ano, além da reforma do maciço, o vertedouro será construído e as tomadas d’água serão inspecionadas e reformadas. O engenheiro Décio Collato espera que esse seja o início da solução para as necessidades da Barragem do Capané.
Área da bacia hidrográfica
196,0 km²
Área da bacia hidráulica
1.719 ha Capacidade máxima da bacia hidráulica
107 milhões de m³
Profundidade máxima do reservatório
12m35cm
Perímetro da bacia hidráulica
23,10 km
Capacidade máxima de irrigação
5.661 ha
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Farinha de arroz está na merenda escolar
Governo do Rio Grande do Sul sancionou projeto de lei que beneficiará, principalmente, os estudantes da rede pública celíacos ou alérgicos ao glúten TATIANA BANDEIRA tatiana@padrinhoconteudo.com
O
governo do Rio Grande do Sul sancionou, em 2 de julho, o Projeto de Lei 179/2017, que inclui a farinha de arroz e seus coprodutos sem glúten gerados no Estado na merenda da rede pública estadual de ensino. Com a nova legislação, serão assistidos especialmente os estudantes celíacos ou alérgicos ao glúten, que terão mais opções nos cardápios produzidos pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc). Proposto pelo deputado estadual Gabriel Souza (MDB), o PL passou antes pela Assembleia Legislativa e contempla uma bandeira antiga do Programa de Valorização do Arroz (Provarroz) do Irga, criado em 2015. Segundo a nutricionista responsável técnica do Departamento de Administração da Se-
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duc, Elaine Bif de Lagos Rodrigues, a implementação deve iniciar ainda em 2020, assim que as aulas, paralisadas em função da Covid-19, retornem. A adesão da farinha de arroz e os coprodutos deve ocorrer aos poucos, auxiliando não só alunos intolerantes ao glúten e celíacos. Atualmente, a Seduc utiliza o grão nas preparações, mas poucos derivados. O órgão está em processo anual de revisão dos cardápios, que são elaborados por nutricionistas e fornecidos às Coordenadorias Regionais de Educação. “Estamos avaliando como iremos inseri-los na merenda para beneficiar os alunos. É um produto nutricional muito bom, que vai contribuir na alimentação escolar”, diz Rodrigues. Ela não sabe precisar quantas crianças e adolescentes das 2.281 escolas da rede serão impactadas.
O uso nas receitas A farinha e derivados serão utilizados em pratos já existentes e novos. A Secretaria estuda quais derivados e quantidades serão comprados e como serão utilizados nos preparos. O critério para aquisição são as peculiaridades alimentares de cada região do RS. Rodrigues cita a farinha de arroz integral como um produto versátil, por exemplo, que pode ser colocado em diferentes receitas, como biscoitos, pães, bolos e cremes. No sistema público estadual, a alimentação escolar é descentralizada. São os colégios que decidem os insumos que compõem a merenda e quanto alimento deve ser adquirido, mediante repasse financeiro feito pela Seduc às escolas. Mas cada colégio recebe, com o cardápio, uma ficha técnica de como preparar os alimentos e seu valor nutricional, facilitando o trabalho das merendeiras.
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Farinha de arroz
Os números da merenda
É formada a partir de grãos inteiros de qualquer variedade e dos quebrados, gerados durante o polimento do cereal. Principais benefícios
l É rica em carboidratos complexos, fonte de
energia e de fibras solúveis. É hipoalergênica, não contém glúten. É ideal também para celíacos. Traz mais saciedade. É muito solúvel, possui alta digestibilidade, melhor absorção de nutrientes. Apresenta baixo teor de lipídios. Tem menor tempo de preparo pela ausência de glúten. É versátil, pode ser usada sozinha ou em pratos doces e salgados. Não tem gosto residual. A farinha de arroz integral é fonte de minerais, principalmente o magnésio, importante para absorção do cálcio.
As merendas fornecidas pela Secretaria Estadual da Educação (Seduc) incrementam bastante a alimentação dos estudantes do sistema público estadual de ensino.
SAÚDE
lA rede é composta por 2.281 mil escolas. lSão 797 mil alunos. lSão servidas cerca de 650 mil refeições/dia, em
l l l l l l l l
A doença celíaca
l É uma reação imunológica à fração proteica presente no trigo, centeio e cevada, causando um quadro inflamatório crônico no intestino. Isso interfere na absorção de nutrientes essenciais, como carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas, sais minerais e água, que pode levar à desnutrição. Para quem recebe o diagnóstico, o tratamento é uma dieta livre do consumo de glúten. Apesar de não ser considerada rara, estima-se que 1% da população mundial sofra com essa doença.
(Fonte: Seduc)
Divulgação: Escola Estadual Gaston Augusto Santos Cesar, de Tapes, já recebeu visita do Provarroz
Atuação do Provarroz O objetivo é conscientizar a população sobre os benefícios do arroz para a saúde por meio de palestras, oficinas e ações de marketing.
Mais de
20
universidades no RS receberam informações.
Cerca de
1 mil
merendeiras foram treinadas.
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l
FOTOS DIVULGAÇÃO IRGA
Confira outras informações sobre o Provarroz no QR Code.
l
(Fonte: Irga)
(Fontes: Irga e Seduc)
Conforme a coordenadora do Provarroz, Camila Pilownic Couto, a valorização da farinha de arroz e coprodutos do grão começou a partir de pleitos dos orizicultores do Litoral Norte. Em conjunto com o Irga e produtores de outras regiões, uniram-se para buscar esclarecer a população sobre as vantagens destes alimentos e estimular o consumo. “Não só os estudantes intolerantes ao glúten vão ser beneficiados. Os alunos de uma forma geral, as escolas, a sociedade gaúcha, todos ganham em saúde, em educação alimentar”, informa Camila. “Além disso, os produtores também terão seu produto valorizado, com preço mais atrativo, consequentemente aumentando o interesse da indústria e os ganhos para orizicultores. É um avanço muito significativo”, complementa. Pelotas, Camaquã, Capivari do Sul e Cristal estão entre os municípios – independentemente da nova legislação estadual – que já adotaram a farinha de arroz e derivados nas merendas escolares. Agora a ideia é ampliar a oferta dos produtos orizícolas gaúchos para além das fronteiras do RS. Para Camila, o ideal é que o consumo de arroz no país volte aos parâmetros dos anos 1980, quando era de 60 quilos por habitante/ano. A mudança nos hábitos e rotinas da população ocasionaram a diminuição do grão no prato do brasileiro.
três turnos. Há colégios que têm turnos diferentes e o número de refeições varia. A quantidade de merenda por aluno depende de quanto tempo permanecem na escola. Nem todos comem os alimentos ofertados, por isso, o número servido é inferior ao de crianças e adolescentes que estudam na rede. A Seduc compra mensalmente em torno 400 mil kg de arroz em grão, usados em 20 preparações nos cardápios. São 30 cardápios diferentes, adaptados por cada Coordenadoria Regional de Educação para respeitar as peculiaridades alimentares.
Mais de
10 mil
alunos de colégios e faculdades foram impactados.
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No celular
DIVULGAÇÃO
Para assistir ao vídeo, acesse o QR Code.
Provarroz faz campanha para
celebrar produtor Em duas versões, vídeo foi veiculado na programação da RBS TV e em GZH nos meses de junho e julho
O
Programa de Valorização do Arroz (Provarroz) do Irga promoveu a veiculação entre 26 de junho e 15 de julho de uma campanha publicitária para homenagear os produtores do grão – que, mesmo em meio a pandemia do novo coronavírus, não cessaram seu trabalho nas lavouras. O vídeo publicitário, nas versões de 30s e 1min15s, foi veiculado na grade da RBS TV, no site GZH e no canal do Irga no YouTube. O trabalho foi criado também para marcar a data comemorativa de 80 anos do Irga, completados em 20 de junho. Conforme a coordenadora do Provarroz, Camila Pilownic Couto, a peça foi feita para prestigiar o orizicultor não só no RS mas no Brasil. “Nós somos os maiores produtores do grão no país, responsáveis por 70% da produção brasileira. Desejamos criar um vínculo entre a valorização e a excelência do trabalho deles, que não parou nunca durante a pandemia, e a importância do prato para a população também. É um alimento cheio de saúde, que esteve sempre disponível ao brasileiro e, agora, neste momento, tem sido privilegiado, seja pelo seu valor, seja pela sua versatilidade e pelos benefícios que traz à saúde”, diz . Camila prossegue: “Os produtores encerraram a safra 2019/2020 e já preparam o solo para a safra 2020/2021. Um trabalho incansável que o Irga reconhece, aplaude e apoia durante os 80 anos de sua existência.”
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O filme estimula o arroz como protagonista nos pratos em muitas residências brasileiras. Mostra imagens durante o isolamento social, com famílias em quarentena, privilegiando uma alimentação saudável, e trazendo de volta o tradicional arroz e feijão em muitos cardápios, além de sugerir receitas mais elaboradas com o cereal, como risotos. As exibições ocorreram durante os programas Bom Dia RS, Jornal do Almoço, RBS Notícias, Encontro com Fátima Bernardes e Caldeirão do Huck, horários em que, normalmente, as pessoas costumam pensar e preparar as refeições. Especialmente sobre o distanciamento social, Camila lembra que o fato de muita gente estar mais em casa contribuiu para que se voltasse um pouco para a cozinha, usando o cereal. “O arroz tem um papel extremamente importante: é comida de verdade. Temos que tirar alguma coisa boa desse período de ficar em casa. A volta de um maior consumo de arroz é um dos pontos positivos”, explica.
O Provarroz
l É um programa criado pelo Irga em 2015
que tem como objetivo valorizar o consumo de arroz, conscientizando a população sobre os benefícios do alimento para a saúde.
Abertura da Colheita do Arroz 2021 A abertura da Colheita do Arroz 2021 será pela terceira vez consecutiva na Estação Experimental Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, nos dias 9, 10 e 11 de fevereiro, abordando a integração lavoura-pecuária. Conforme o Irga, as vitrines tecnológicas contarão com inovações na 31ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, que em 2021 terá como tema “Os novos rumos do sistema de produção”. O preparo da área já está concluído com cobertura de solo e aguardando a semeadura.
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Bolachinhas de leite condensado GASTRONOMIA
Sabores da
Confraria do Arroz
Novo livro trará receitas da região litorânea do Rio Grande do Sul e deve ser lançado em 2021
D
epois de Receitas - Arroz e Farinha de Arroz - Receitas típicas do Litoral Norte Gaúcho, organizado e lançado em 2018 pela Confraria do Arroz, que reúne mais de 30 receitas doces e salgadas regionais, o grupo prepara uma segunda publicação, prevista para 2021. Conforme a produtora rural Livia Pinzon de Carvalho, coordenadora da Confraria do Arroz, o título, ainda sem nome, compilará receitas inéditas. Diferentemente do primeiro – cuja tiragem foi de 5 mil exemplares, distribuídos gratuitamente em eventos (capa em destaque, no centro desta página) –, a nova obra terá receitas com os grãos cru e cozido, além da farinha e farelo de arroz. A adaptação e publicação de pratos típicos da região litorânea do Estado busca valorizar e estimular a agricultura familiar, fomentando a renda, o turismo e a economia baseados na cultura do arroz. Outro objetivo, com venda on-line, é que possa ser adquirido por pessoas de outros estados e países. “Pretendemos popularizar o uso do arroz, da farinha e dos derivados com eventos e cursos”, diz Carvalho, ao citar escolas, que poderão inseri-los em merendas escolares, como exemplo. Ela explica algumas vantagens do cereal: é hipoalergênicos, dá saciedade, é inodoro e não tem sabor pronunciado. A Confraria do Arroz foi criada em 2016, em Palmares do Sul, é apolítica, sem fins lucrativos, formada por mais de 30 mulhe-
res, produtoras e colaboradoras que buscam a valorização do cereal no contexto socioeconômico, divulgando receitas simples. Tem também a participação de um estudante que auxilia no marketing. As atividades ocorrem em municípios gaúchos, em feiras, escolas, universidades e cooperativas, por meio de palestras e oficinas. As participantes são, em maioria, de Palmares do Sul, Capivari do Sul, Mostardas, Santo Antônio da Patrulha e Viamão. Segundo a integrante da Confraria Daniela Speransa Machado, técnica administrativa do Irga em Santo Antônio da Patrulha, embora não haja uma parceria oficial com a autarquia, ela cede espaço para atividades do grupo na cidade. “O ano de 2019 foi muito produtivo, com a aprovação de um projeto da Confraria, a inclusão da farinha de arroz na merenda escolar do município. Fizemos oficinas ensinando receitas adequadas para as escolas, com merendeiras. Devido à pandemia, nossas atividades estão suspensas. O planejamento retomará assim que possível”, conta. “Com suas atividades, exploram as diversas maneiras de consumo da farinha de arroz, que até pouco tempo era tratada como um subproduto. A Confraria também faz trabalhos de desenvolvimento socioeconômico, com prefeituras e governos”, complementa o coordenador regional do Irga Planície Costeira Externa, Vagner Santos, de Santo Antônio da Patrulha.
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Ingredientes: Uma lata de leite condensado 200g de margarina 200g de amido de milho 300g de farinha de arroz ou um pouco mais até dar o ponto Uma colher de sopa de fermento para bolo (químico) Modo de preparo: Misture todos os ingredientes, amassando bem a massa. Faça bolachinhas. Leve ao forno pré-aquecido a 180ºC por mais ou menos 15 minutos.
Nhoque sem glúten
Ingredientes: Duas colheres de sopa de óleo Uma colher de chá de sal Três batatas grandes Uma xícara de farinha de arroz Modo de preparo: Cozinhe as batatas. Quando estiverem prontas, escorra a água e esmague bem. Acrescente sal, óleo e a farinha de arroz, misturando tudo até formar uma massa homogênea. Corte no tamanho e formato desejados e cozinhe em panela com bastante água fervente. Acrescente pequenas porções, para que não grudem ou passem do ponto, retirando da água assim que subir à superfície. Sirva com o molho de sua preferência. Uma boa dica é apostar no molho de nata com ervas finas ou em um molho vermelho bem encorpado.
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IRGA, DIVULGAÇÃO
PLANEJAMENTO
O que pesa
na balança dos custos de produção? Despesas da safra sobem 13,34% em um contexto de alta do dólar e de pandemia de coronavírus TATIANA PY DUTRA tatianapydutra@gmail.com
E
m 13 de julho, o preço da saca do arroz teve recorde nominal desde o início da série histórica, em 2005: R$ 63,64. Foi uma boa notícia em uma temporada de produtividade recorde, ainda que com redução de área plantada. Porém, o custo médio de produção subiu 13,34%. Em parte, por culpa do câmbio. Conforme levantamento da Seção de Política Setorial do Irga, o custo por hectare da safra 2019/2020 foi de R$ 10.078, considerando uma média de produtividade de 7.788,26 kg/ ha (155,77 sacos/ha), ou R$ 64,70 a saca de 50 quilos. Na safra 2018/2019, a despesa foi calculada em R$ 8.892,62 por hectare e R$ 58,54 a saca (produtividade de 151,9 sacos/ha). Autor do estudo, o engenheiro agrônomo Victor Hugo Kayser explica que a alta interfere sensivelmente nas despesas de custeio da lavoura. Segundo os dois últimos levantamentos (feitos em maio de 2019 e em maio de 2020), houve valorização de quase 52%, e o preço disparou de R$ 39,22 para R$ 59,66. É a maior cotação desde 2015, mas como o grão produzido é moeda de referência para contratos do setor arrozeiro, o aumento se refletiu em outros itens da planilha. “Impacta no arrendamento de terras, no fornecimento de água por terceiros, na secagem, além dos custos com parte do pessoal
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cujos ganhos têm percentual da produção da lavoura, como capataz e aguador”, explica. A cotação do dólar, que subiu 46% em relação ao ano passado, pressiona o valor de alguns insumos. É o caso dos agroquímicos, cuja participação nas despesas escalou de 7,93% para 13,7% em cinco anos. Na safra 2019/2020, o investimento foi de R$ 1.380,61 por hectare.
Incentivo à exportação Em contrapartida, a flutuação da moeda americana não aumentou o valor dos combustíveis e fretes. Além disso, o custo de produção em dólar baixou de US$ 15,03 para US$ 11,36 o saco. A queda – a maior desde 2015 - é favorável para os exportadores do grão. “Isso barateia o valor do arroz no mercado internacional, ficando com preços muito competitivos na exportação”, afirma Kayser. Segundo o técnico orizícula Alamir Mora, do Irga Uruguaiana, entre os arrozeiros, o clima é de otimismo e pé no chão. “O mercado está aquecido. Com a valorização do dólar, as empresas locais também pagam mais. Depois de nos últimos anos ouvir os agricultores falando em parar de plantar, o pessoal está esperançoso”, comenta. O economista Alvaro Escher diz que é difícil prever se o preço do arroz e a alta demanda vão se manter, já que podem ter sido influenciados pelo cenário de pandemia. Dessa forma, aumentar a área plantada envolve risco. “Se os produtores correrem para aumentar a área, que vem caindo nos últimos anos, isso pode redundar, caso a normalidade volte, num aumento da oferta e o preço novamente despencar”, diz.
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PLANEJAMENTO
Por dentro dos números* Confira a evolução dos custos de produção (em real e dólar) e o preço do custo da saca nos últimos cinco anos:
Custo de produção (R$)
Custo que o produtor sente**
Variação do custo dos itens com maior participação no custo de produção nas últimas cinco safras:
Agroquímicos
Ano/Safra
Valor/ha (R$)
Variação (%)
Ano/Safra
Valor/ha
Variação (%)
Valor/Saca
2015/16
532,49
N/A
2015/16
6.715,33
N/A
44,71
2016/17
652,13
22,47
2016/17
7.097,59
5,69
48,48
2017/18
651,87
-0,04
2017/18
6.816,69
-3,96
45,21
2018/19
1.143,18
75,37
2019/20
1.380,61
20,77
Ano/Safra
Valor/ha (R$)
Variação (%)
2015/16
770,90
N/A
2016/17
579,83
-24,79
2018/19
8.892,02
30,44
58,54
2019/20
10.078,00
13,34
64,70
Adubo e base de cobertura
Custo de produção (US$)
Ano/Safra
Valor/ha
Variação (%)
Valor/Saca
2015/16 2016/17
1.657,14
N/A
11,03
2.123,74
28,16
14,51
2017/18
2.082,94
-1,92
13,81
2018/19
2.283,85
9,65
15,03
2019/20
1.769,06
-22,54
11,36
Reformas e Manutenções
Ano/Safra
Valor/Saca
Variação (%)
2015/16
40,60
N/A
2016/17
48,55
19,6
2017/18
36,28
-25,3
2018/19
39,32
8,4
2019/20
59,66
51,7
*Os dados para o levantamento são colhidos sempre no mês de maio.
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595,40
2,69
968,62
62,68
2019/20
935,73
-3,39
Ano/Safra
Valor/ha (R$)
Variação (%)
2015/16
548,41
N/A
2016/17
596,85
8,83
2017/18
620,82
4,02
2018/19
718,89
15,80
2019/20
717,62
-0,18
**A partir da safra 2018/19, o Irga refez parte da planilha do custo de produção no que se refere ao uso de adubo de base e cobertura e de agroquímicos em função da sua efetiva utilização na lavoura.
Arroz em casca (R$)
44
2017/18 2018/19
Terra arrendada***
Ano/Safra
Valor/ha (R$)
Variação (%)
2015/16
595,74
N/A
2016/17
694,41
16,56
2017/18
534,37
-23,05
2018/19
583,55
9,20
2019/20
907,93
55,59
***A elevação do custo de arrendamento na atual safra deve-se ao substancial aumento do preço do arroz em casca (59,7%) no período analisado.
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25/09/2020 08:47:27
RICARDO TATSCH, IRGA
ARTIGO TÉCNICO
Apesar da importância do arroz para o Vale do Rio Pardo, há uma lacuna para a rentabilidade e a manutenção dos produtores em sua atividade
Saúde financeira
Percepção dos orizicultores Artigo técnico aborda essa questão e, também, o grau de satisfação com a vida no meio rural do Vale do Rio Pardo (VRP): o uso de ferramentas de gestão RICARDO TATSCH Eng. Agr. MSc., Técnico Superior Orizícola do Irga ricardo-tatsch@irga.rs.gov.br
Palavras-chave: gestão rural, rentabilidade, busca por conhecimento, orizicultores.
INTRODUÇÃO
A
região do Vale do Rio Pardo está localizada na encosta do planalto meridional rio-grandense, formada por 23 municípios, com uma área de 13.172 km² e uma população estimada em 434 mil habitantes. O cultivo de arroz ocorre em 11 dos seus 23 municípios e, na safra 2017/18, abrangeu uma área de 32.709 hectares, 5,4% inferior ao registrado 10 anos atrás, quando
somava 34.574 hectares.Os municípios de Candelária, Rio Pardo e Pantano Grande são os que detêm as maiores áreas com 8.700, 8.500 e 4.600 hectares, respectivamente, representando 67% da área total cultivada na região. Arroz esse produzido por 296 produtores, quase 50% do total da região, 601 produtores. Com uma produtividade média de 7.642 quilogramas por hectare, a região produziu 250 mil toneladas do cereal na safra 2017/18 (IRGA, 2018). O presente artigo objetiva verificar a associação entre a percepção dos orizicultores sobre a saúde financeira e o grau de satisfação com a vida no meio rural do Vale do Rio Pardo (VRP) e o uso de ferramentas de gestão, sob a Perspectiva Orientada ao Ator (POA).
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Assim, apesar da importância da orizicultura para a região, verifica-se uma lacuna no que se refere à rentabilidade e consequente manutenção destes produtores de arroz em sua atividade. Com custos de produção cada vez mais elevados (IRGA, 2018), os produtores precisam ser muito eficientes para conseguirem a sustentabilidade do seu negócio. Na gestão de suas propriedades, os orizicultores vêm, de uma forma ou outra, gerindo sua unidade produtiva, mantendo-se ativos no meio rural. Sendo assim, é importante compreender como se dá a dinâmica de processos de interação entre controles e tomada de decisões nas propriedades rurais a partir da percepção dos orizicultores (TATSCH e DEPONTI, 2017).
Segue >
45 25/09/2020 08:47:44
ARTIGO TÉCNICO
MATERIAL E MÉTODOS Esse trabalho foi realizado em 2018 com 14 produtores de arroz dos municípios de Candelária, Rio Pardo e Pantano Grande, maiores produtores de arroz do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. Esses três municípios perfazem uma produção de 168 mil toneladas de arroz, representando 67% da produção do Vale do Rio Pardo e 2% do total produzido no Estado. A coleta de dados foi feita por observações no cotidiano do produtor e entrevistas estruturadas, através de questionário previamente elaborado. Os resultados foram discutidos com base nas respostas obtidas, buscando traçar o perfil geral dos produtores e de suas propriedades. Essa análise possibilitou a contextualização do ambiente vivido pelos orizicultores e a forma como esses percebem a realidade que os cerca. Para investigar essa realidade, optou-se pela abordagem teórica baseada na Perspectiva Orientada ao Ator (POA). Essa perspectiva traz o olhar dos atores que vivem esse cotidiano e ali desenvolvem estratégias que permitem a sua sobrevivência no meio rural. Para a análise dos dados também utilizou-se da estatística descritiva, da análise de correlação e da análise de conteúdo. A POA foi desenvolvida por Long (2001) e Ploeg (2008) como alternativa para a investigação dos processos de intervenção para o desenvolvimento. Diferencia-se das perspectivas precedentes porque busca investigar como os produtores percebem o mundo que os cerca, colocando-os como protagonistas do seu desenvolvimento (LONG e PLOEG, 2011). Assim, acredita-se que para pensar a gestão rural é importante valorizar a capacidade que os atores têm de transformarem e ressignificarem a realidade que os envolve. A utilização de técnicas de gestão seria capaz de minimizar algumas das problemáticas que perpassam o desenvolvimento rural. Isso porque proporcionam um melhor controle, redução dos custos de produção, maior competitividade e, consequentemente, a manutenção destes produtores e sua família na atividade. A bibliografia indica que há baixa utilização de técnicas de gestão pelos produtores rurais (BATALHA e SCARPELLI, 2002; CREPALDI, 2006; DEPONTI, 2014).
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Tabela 1 Custo médio de produção por hectare e saca, preço médio pago por saca de 50kg, produtividade média (sc ha-1) no RS e rentabilidade da lavoura orizícola, nas safras de 2008/2009 a 2017/2018, no Rio Grande do Sul. IRGA/Rio Pardo, RS, 2018.
R$/ Hectare
R$/ Saca
Preço Médio Anual Saca 50 kg (R$)
2008/2009
4.549,16
31,16
28,07
146,0
- 450,94
2009/2010
3.917,56
30,37
27,47
129,0
- 373,93
2010/2011
4.057,60
26,52
22,35
153,0
- 638,05
2011/2012
4.149,09
27,85
31,44
149,0
535,47
2012/2013
4.699,73
31,33
33,88
150,0
382,27
2013/2014
4.890,74
33,73
36,26
145,0
366,96
2014/2015
5.722,19
36,68
37,02
156,0
52,93
2015/2016
6.715,33
48,31
45,89
139,0
- 336,62
2016/2017
7.097,59
44,92
40,55
158,0
- 690,69
2017/2018
6.816,69
42,87
39,53
159,0
- 531,42
SAFRA
Custo
Produtividade Média no RS (sc/ha)
Rentabilidade (R$/ha)
Fonte: Organizado pelo autor com base em dados do IRGA até 2018.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Os orizicultores gaúchos obtiveram renda em apenas quatro das últimas dez safras agrícolas (2008/09 até 2017/18 (Tabela 1). Nas demais seis safras a produção não foi suficiente para cobrir os custos fixos e/ou variáveis, ficando com resultado negativo, o que pode ter causado endividamentos, sucateamentos de maquinários, redução na qualidade de vida e êxodo rural. Levando em conta essa realidade, buscou-se entender de que forma os produtores de arroz da região percebem a relação entre a saúde financeira e o grau de satisfação com a vida meio rural e qual a importância da gestão e do uso de ferramentas, sob a Perspectiva do Ator. Para isso, os orizicultores foram classificados segundo a área de sua unidade produtiva, e, posteriormente, foi aplicado o questionário para compreender a gestão rural a partir da percepção destes, além de obter informações sobre uso ou não de ferramentas contábeis e gerenciais. Dos 14 orizicultores entrevistados, sete possuem propriedades em Candelária, três em Pantano Grande e quatro em Rio Pardo.
Metade dos entrevistados cultivam o cereal em áreas inferiores a 50 hectares; um entre 51 e 100 hectares; cinco entre 101 e 200 hectares; e um em mais de 400 hectares. Na safra 2017/18, três dos entrevistados colheram entre quatro e seis toneladas por hectare; dois entre seis e sete toneladas; três entre sete e oito toneladas; cinco entre oito e nove toneladas e um acima de 10 toneladas de arroz por hectare. Oito entrevistados apresentaram produtividade abaixo da média do Estado, que foi de 7.949 quilogramas por hectare (IRGA, 2018). Comparando os dados de produtividade com o preço médio de venda do arroz, foi possível calcular o faturamento bruto que o cultivo desse cereal gerou por hectare. Quatro dos entrevistados faturaram menos de R$ 5 mil por hectare; quatro ficaram na faixa de R$ 5 mil e R$ 6 mil; dois entrevistados entre R$ 6 mil e R$ 7 mil e quatro acima dos R$ 7 mil por hectare. A base do custo médio de produção do arroz, calculado pelo IRGA para a Safra 2017/18, foi de R$ 5.513,42 em custos variáveis e R$ 1.303,26 em custos fixos, totalizando R$ 6.816,69 de custo total de produção por hectare (IRGA, 2018).
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Assim sendo, oito dos entrevistados não tiveram faturamento bruto suficiente para cobrir o valor dos custos variáveis, ficando com uma margem líquida negativa; dois conseguiram cobrir os custos variáveis, mas não os fixos, e apenas quatro dos entrevistados faturaram mais que R$ 6.816,69 por hectare – custos variáveis mais custos fixos – e obtiveram margem líquida positiva na operação. Os orizicultores também foram questionados sobre a gestão e a contabilidade realizada na propriedade. Oito entrevistados relataram realizar anotações de gastos para a contabilidade e, seis entrevistados afirmaram que não realizam. Quanto à organização das anotações em planilhas, apenas um produtor afirmou fazê-la. Sobre possuir um sistema de gestão financeira, também houve apenas uma resposta positiva. Entretanto, dez dos orizicultores fazem, de alguma forma, o planejamento ou previsão de gastos de cada safra. Foram elaboradas duas questões de compreensão subjetiva. Na primeira, os entrevistados quantificaram com notas de 1 a 10 a saúde financeira da propriedade, sendo 1 péssimo e 10 muito bom. Na segunda, quantificaram o grau de satisfação no meio rural, segundo o mesmo critério (Tabela 2). Estes dados demonstram que é possível fazer uma associação entre a percepção da saúde financeira das propriedades e o grau de satisfação dos orizicultores no meio rural pois, de certa forma, as notas para essas duas questões se correlacionaram, pois de acordo com a correlação de Pearson para este caso é de 0,8149. Para esta situação a correlação é forte, pois quando o coeficiente de correlação se aproxima de 1, nota-se um aumento no valor de uma variável quando a outra também aumenta, ou seja, há uma relação linear positiva. Ao questionar os meios que os atores buscaram para desenvolver a gestão rural, os entrevistados 07, 09, 10, 11 e 14 disseram que buscaram por iniciativa própria realizar cursos de gestão oferecidos pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) ou pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) oferecidos nos Sindicatos Rurais. Destaca-se a importância da busca por conhecimentos e da disponibilidade desses cursos promovidos pelo setor público. A entrevistada E13, que é graduada em Administração e pós-graduada em Economia Rural, demonstrou um conhecimento atípico na amostra investigada. Ela afirma que buscou a pós-graduação com o objetivo de am-
Tabela 2 Saúde financeira e grau de satisfação com a vida no meio rural dos produtos de arroz na Região do Vale do Rio Pardo. IRGA/Rio Pardo, RS, 2018. Entrevistado
Nota de 0 a 10 para:
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
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Fonte: Organizado pelo autor com base em dados do IRGA até 2018.
pliar os seus conhecimentos na área rural e que as técnicas de gestão aplicadas foram desenvolvidas quando trabalhava em uma área não relacionada à atividade rural. Portanto, vê-se uma gama de conhecimentos obtidos tanto no cotidiano quanto na busca formal por informações. Quanto à saúde financeira das suas propriedades, esse grupo de entrevistados (E13, E07, E09, E10, E11 e E14) deu nota sete ou superior (Tabela 2). Fato relevante, que deve ser levado em consideração, é a disponibilidade de tempo para fazer a contabilidade da propriedade, controlar os gastos e fazer a gestão do negócio. Dois entrevistados que afirmaram fazer a gestão do negócio (E04 e E13) encontram-se estabilizados financeiramente, com notas oito e nove para este quesito, e notas oito e sete para satisfação no meio rural (Tabela 2). Em seus relatos, ambos atribuem a sua capacidade de fazer uma boa gestão ao fato de possuírem disponibilidade de tempo para isto. Contribui para isso o fato de outros produtores afirmarem não ter tempo ou não considerarem a gestão e a contabilidade importantes. Considera-se aqui, portanto, que o envolvimento direto no cotidiano braçal do trabalho no meio rural é um limitador da gestão, fazendo com que outros fatores – como a produtividade – tornem-se mais importantes. Não se afirma, com isso, que a produtividade ou a gestão tenham importâncias inferiores ou superiores uma à outra, apenas que os produtores não consideram, em termos gerais, a importância de aplicarem técnicas de contabilidade e gestão em seus negócios.
CONCLUSÃO É importante atentar que os resultados apresentados são válidos para o grupo pesquisado não podendo ser extrapolados para a população, ou seja, não representam a po-
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pulação de produtores de arroz do Vale do Rio Pardo (VRP). Para os entrevistados analisados, a saúde financeira e a satisfação do produtor com o meio rural estão correlacionadas. Quanto melhor a saúde financeira, maior a satisfação no meio rural. As ferramentas contábeis e de gestão ainda são pouco difundidas no meio rural, não estando incorporadas às práticas cotidianas da maioria dos produtores rurais, em função do desconhecimento, do tempo de dedicação, da falta de compreensão de sua importância. No entanto, verificou-se que, para os entrevistados, há correlação positiva e forte entre saúde financeira e grau de satisfação e que estes produtores realizam algum tipo de gestão de sua propriedade rural. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BATALHA, M. O.; SCARPELLI, M. Gestão da cadeia agroindustrial. Brasília. Anais do Workshop: O agronegócio na sociedade da informação. Brasília DF: Programa Sociedade da Informação – MCT, 2002. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade rural: uma abordagem decisorial. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2006. DEPONTI, C. M. As agruras da gestão da propriedade rural pela Agricultura Familiar. Rev. Des. Regional, Santa Cruz do Sul, v. 19, ed. especial, p. 9-24, 2014. GIDDENS, A. A constituição da sociedade. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. IRGA – Instituto Rio Grandense do Arroz. Custo de produção médio ponderado do arroz irrigado do Rio Grande do Sul safra 2017/2018. Porto Alegre, 2018. Disponível em: http://stirga2018-admin.hml. rs.gov.br/upload/arquivos/201805/18160831-custo-120180115091236custo-2017-18.pdf. Acesso em: 14 dez. 2018. Produção municipal. Porto Alegre, 2018. Disponível em: <http://www.irga.rs.gov.br/conteudo/6911/safras>. Acesso em: 18 jul. 2018. Série de preços do arroz em casca do Cepea. Porto Alegre, 2018. Disponível em: https://irga-admin.rs.gov.br/ upload/arquivos/201811/22152919-cepea.pdf. Acesso em: 14 dez. 2018. LONG, N.; PLOEG, J.D. Heterogeneidade, ator e estrutura: para a reconstituição do conceito de estrutura. In: SCHEIDER, S.; GAZOLLA, M. (orgs.). Os atores do desenvolvimento rural – perspectivas teóricas e práticas sociais. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2011. p. 21-48. TATSCH, Ricardo; DEPONTI, Cidonea M. O perfil dos produtores de arroz do vale do rio pardo. In: VIII Seminário Internacional sobre Desenvolvimento Regional. Anais. Santa Cruz do Sul, 13, 14 e 15 set. 2017.
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FOTO RAQUEL FLORES, IRGA
MANEJO
À espera das sementes
Embora a semeadura comece em setembro, o trabalho com o solo já tem início na colheita: desafio é lidar com uma janela de plantio apertada
Preparação antecipada do solo visa reduzir atrasos na semeadura TATIANA PY DUTRA tatianapydutra@gmail.com
A
semeadura do arroz começa em setembro, mas o processo de preparação do solo – fundamental para a produtividade das lavouras – não é feito de véspera. Os procedimentos se iniciam já na colheita do grão, que, segundo o Irga, deve ser feita com o solo já seco. “Existe uma lenda de que o grão do arroz quebra se não tem água até o final do ciclo da cultura. Atrasar a operação da colheita, ou seja, colher o arroz com a umidade abaixo do recomendado é que pode levar à quebra” afirma a coordenadora da Estação Regional de Pesquisa do Irga de Cachoeira do Sul, Mara Grohs. Para o início da colheita, é aconselhado que a umidade do grão esteja entre 22% e 24%. O processo precisa ser rápido porque a umidade baixa conforme aumenta a temperatura e, a partir de 20%, o arroz começa a quebrar – diminuindo a qualidade do grão e o preço de venda. A colheita com o solo seco é uma alternativa, já que diminui a necessidade de correção do microrrelevo. Além disso, o revolvimento da terra irá desestruturá-la, podendo atrasar a semeadura seguinte. “O agricultor vai ter de preparar o solo em uma época de muito frio e umidade. (No inverno) é difícil passar uma grade nas
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terras baixas, e a drenagem é dificultada. Por isso, muitas áreas não estarão prontas para a safra em setembro/outubro. A época da semeadura competirá com o preparo do solo, e isso poderá levar a uma perda de produtividade na ordem de 50 a 75kg de grão por hectare a cada dia de atraso. O produtor já começa a perder sem nem colocar a semente no solo”, diz Mara. Como a colheita da última safra ocorreu durante período de estiagem, muitas áreas foram colhidas no seco (ou provenientes da rotação com soja), o que facilitou o preparo antecipado. Assim, nas áreas em que o produtor optou pela manutenção da palha, a preocupação passa a ser o manejo durante a entressafra. “Se o produtor colher 10 toneladas de grãos de arroz, terá 10 toneladas de palha entrando no inverno, quando é difícil decompor o material orgânico. Temos de usar estratégias para acelerar o processo. A mais barata é a presença do gado”, conta a agrônoma. Dono de uma propriedade rural em Cachoeira do Sul, Fernando Hoerbe aprova a associação. O gado come a palha e os rebrotos e, além disso, o pateio dos animais ajuda a compactar o material no solo, facilitando sua degradação. Economicamente, também é vantajoso. “Você não gasta com diesel, trator, implemento para mexer nesse solo. Um componente muito caro na lavoura de arroz é a mobilização do solo. Com essa estratégia, a gente não gasta e consegue, até, tirar gado gordo, com alguma suplementação”, diz Hoerbe, que estima economia de R$ 1 mil a R$ 1,5 mil por hectare com o sistema.
Passos importantes É fundamental que o solo esteja preparado antes de setembro, porque a janela de plantio é apertada. Iniciando-se o período chuvoso, a semeadura sofrerá atrasos e a produtividade acabará comprometida. Confira outras recomendações do Irga para um cultivo bem-sucedido:
1. O primeiro passo é drenar o solo. 2. Em seguida, é preciso fazer o
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manejo da palha restante da colheita para evitar rebrotes e a ressemeadura de plantas daninhas. A queima é desaconselhada, porque afeta diretamente a fertilidade do solo, além da microbiota. O ideal é adotar estratégias para a decomposição do material orgânico. Há a roçada, o rolo-faca (no seco), mas a mais barata é a presença do gado na lavoura. Após espalhar a palha uniformemente na área, com a ajuda do espalhador da colheitadeira, o gado pode ser liberado para comer o material. O pateio ainda ajudará a compactar a palha junto ao solo, facilitando a decomposição. Refaça os drenos da área porque os micro-organismos que atuam na decomposição necessitam de oxigênio para seu metabolismo. Ou seja, o solo precisa estar seco para que o processo avance. Planeje o próximo plantio e a próxima colheita. O ideal é que se escalone o plantio dimensionando o maquinário para a colheita. Para que a próxima colheita seja feita no seco, suprima a irrigação a partir de 15 dias após a floração da lavoura.
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NOTAS
Estação meteorológica é instalada em Cachoeira do Sul O Irga foi contemplado em 19 de agosto com a instalação de uma estação meteorológica em Cachoeira do Sul, onde fica a Estação Regional de Pesquisa da autarquia. Essa ação realizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) irá qualificar ainda mais os trabalhos desenvolvidos pela Estação de Pesquisa. O gerente da Divisão de Assistência Técnica e Extensão Rural (Dater), Luciano Medeiros, comenta que, em meados de março, o meteorologista da SEAPDR, Flávio Varone, apresentou um projeto ao Irga sobre a instalação de estações meteorológicas nas regiões onde ocorreram a deriva do defensivo químico 2.4D. “Conseguimos então receber a estação meteorológica na estrutura já existente no campo da estação de pesquisa da Barragem do Capané. Essa unidade de medição meteorológica, totalmente automática, será uma enorme contribuição para nossa estação. Ainda estamos carentes de mais estações meteorológicas e ficaremos atentos aos próximos projetos e oportunidades que nos sejam oferecidos”, acrescenta Medeiros.
Responsável pelo projeto estadual, o meteVarone explica que trata-se de uma iniciativa público-privada que busca melhorar o monitoramento das condições climáticas nas regiões do Estado do RS. Além da estação cedida ao Irga, outras 19 estão sendo instaladas em diferentes localidades e culturas. Além de contribuir com a geração de dados científicos, as informações captadas na estação ficarão à disposição dos produtores e técnicos da região em torno da Barragem do Capané e também das demais pessoas interessadas. Isso será possível já que a estação meteorológica estará conectada à internet e os dados serão disponibilizados em tempo real. Basta ao usuário instalar em seu celular o aplicativo chamado WeatherLink. “O custo desse equipamento é de R$ 15 mil, e a única contrapartida que o Irga necessitou dar é o fornecimento da internet e a manutenção da limpeza onde a estação foi instalada”, ressalta a engenheira agrônoma Mara Grohs, responsável pela Estação de Pesquisa. Além disso, o equipamento pode ser instalado no campo experimental, a 900 metros do ponto da internet.
São Gabriel inicia semeadura na metade final de agosto Em São Gabriel, na região da Campanha, a semeadura de arroz começou no final de agosto. O técnico orizícola Rogério Cantarelli, do 1º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) do Instituto Rio Grandense do Arroz, informa que os trabalhos se iniciaram em uma propriedade da localidade do Inhatinhum. Outras cidades do Estado também registraram áreas semeadas na mesma época, como Santo Antônio da Patrulha e Alegrete. “Essas são semeaduras mais precoces. No caso de Santo Antônio da Patrulha, onde a semeadura é no sistema pré-germinado, vamos acompanhar o desenvolvimento da lavoura e o efeito destas baixas temperaturas”, comenta o diretor técnico do Irga, Ivo Mello.
Sensoriamento remoto confirma a área de lavoura FOTOS IRGA, DIVULGAÇÃO
Flávio Varone, meteorologista da SEAPDR, e Mara Grohs, engenheira do Irga, na estação
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Informações fornecidas pelo satélite Sentinel-2 sobre as áreas de arroz irrigado no Estado na safra 2019/2020 revelaram número praticamente idêntico ao levantamento realizado pelas equipes dos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural do Instituto Rio Grandense do Arroz. O sensoriamento remoto identificou uma área total de 946.154 hectares, muito perto dos 946.326 hectares (uma diferença de apenas 172) estimados pelo Irga em setembro de 2019, por meio de acompanhamento direto nas lavouras. O trabalho das seis coordenadorias regionais da autarquia, executado anualmente e de forma descentralizada, é realizado pelas equipes dos Nates em todos os 127 municípios produtores de arroz do RS. Esse levantamento é feito diretamente junto aos produtores, in loco, e com acompanhamento periódico pelos extensionistas, o que garante precisão na informação. Os dados do satélite são disponibilizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a partir de uma parceria com o Irga e a Agência Nacional de Águas (ANA). É possível consultar os mapeamentos agrícolas de arroz irrigado e outras culturas por satélite no site da Conab: www.conab.gov.br.
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NOTAS
Irga lança a 6ª Circular Técnica De autoria dos professores Paulo Régis Ferreira da Silva, Enio Marchesan e Ibanor Anghinoni, foi lançada em julho a sexta Circular Técnica do Instituto Rio Grandense do Arroz. “Milho no contexto da lavoura arrozeira: potencialidades, desafios e avanços” é o tema desse novo estudo divulgado pela autarquia. Recentemente, o Irga aderiu ao programa Pró-Milho/RS, da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado, por acreditar no potencial dessa cultura em rotação com o arroz. “A grande vantagem do cultivo do milho nessas áreas (de arroz irrigado) relaciona-se à possibilidade de se usar outras moléculas de herbicidas, que controlam eficientemente essas espécies de plantas daninhas”, destacam os autores na introdução desta sexta circular.
O instituto já lançou outras cinco circulares: “Manejo da adubação nitrogenada de cobertura no arroz irrigado no Sul do Brasil”; “Irga 431 CL: resistência à brusone e excelente qualidade de grãos”; “A lavoura arrozeira – bem conduzida – contribui para reduzir a emissão de gazes de efeito estufa”; “A quebra da resistência à brusone e o manejo de doenças em arroz irrigado”; e “Compactação do solo: um dos grandes desafios para o cultivo da soja em terras baixas”. A Circular Técnica é um posicionamento institucional da autarquia. A primeira foi lançada em julho do ano passado. A Comissão de Pesquisa do Irga listou aproximadamente 20 assuntos que, no futuro, serão transformados em circulares. O projeto gráfico e a diagramação são de autoria da servidora Raquel Flores. FOTOS REPRODUÇÃO
Irga de Camaquã faz live com resultados da safra
Use o QR code para acessar as Circulares Técnicas
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Ocorreu em 18 de agosto a live organizada pelo 3º Núcleo de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nate) do Irga. A transmissão ao vivo apresentou os resultados da safra 2019/2020 na região do Irga de Camaquã. Foram confirmadas as participações do coordenador regional do instituto na Planície Costeira Interna, Cleo Soares; do responsável pelo 3º Nate da autarquia, Marcelo Ferreira Ely; da diretora-presidente do Sindicato Rural de Camaquã, Maria Tereza Scherer Mendes; do presidente da Associação dos Arrozeiros de Camaquã e conselheiro do Irga, José Carlos Gross; do presidente da Associação dos Usuários do Perímetro de Irrigação do Arroio Duro (AUD), Celso Bartz; e do chefe de Irrigação da AUD, Everton Fonseca. Para rever a live, basta acessar a página do Irga no Facebook (www.facebook.com/ IrgaRS) ou no YouTube (www.youtube. com/c/IrgaRS_arroz).
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NOTAS
SERGIO PEREIRA, IRGA
Abertura da Colheita do Arroz 2021 A abertura da Colheita do Arroz 2021 será pela terceira vez consecutiva na Estação Experimental Terras Baixas, da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão, nos dias 9, 10 e 11 de fevereiro, abordando a integração lavoura-pecuária. Conforme o Irga, as vitrines tecnológicas contarão com
inovações na 31ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas, que em 2021 terá como tema “Os novos rumos do sistema de produção”. O preparo da área já está concluído com cobertura de solo e aguardando a semeadura. Na foto, a Abertura da Colheita de 2020.
Irga emite esclarecimento e retoma patrocínios A partir da possibilidade de realização de eventos de forma virtual e da necessidade de dar seguimento aos trabalhos da Comissão de Patrocínios, o Irga cancelou a suspensão sobre recebimento de propostas de patrocínios publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), em 16 de abril. Houve dois adendo ao edital 002/2019, que trata da seleção pública de projetos para patrocínio pelo Irga em 2020. 1 - Fica incluído no subitem 1.1.1.1: O
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proponente deverá observar todas as recomendações das autoridades sanitárias, o distanciamento controlado estabelecido pelo Estado do Rio Grande do Sul, bem como pelas Prefeituras Municipais, evitando aglomerações e, preferencialmente, realização de eventos virtuais; 2 - Fica incluída no subitem 1.2.1.: O proponente deverá oportunizar plataforma virtual para a disponibilização do espaço para palestra técnica do Irga.
Habilitação para comercializar cultivares Foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) o Aviso de Habilitação nº 001/2020, que trata do cadastro de produtores multiplicadores de sementes de cultivares de titularidade do Irga para a safra 2020/2021. O prazo para inscrição se encerrou em 3 de agosto e quem se habilitou está credenciado para multiplicar e comercializar as sementes certificadas das cultivares IRGA 424 RI e IRGA 431 CL, de titularidade do Irga, e as cultivares de domínio público BR/ IRGA 409 e IRGA 417. Neste tipo de processo, podem se candidatar pessoas físicas ou jurídicas, estabelecidas no Rio Grande do Sul, devidamente inscritas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e com o Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) de produtor de arroz em vigor e sem penalidades junto ao Mapa.
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Regionais do Irga detalham dados da safra REPRODUÇÃO
Os coordenadores das seis regionais do Irga detalharam os dados da safra 2019/2020 em transmissões via internet. Todos os encontros foram acompanhados pelo presidente do Irga, Guinter Frantz, pelo diretor técnico, Ivo Mello, e pelo diretor administrativo, João Alberto Antônio. Seguindo a determinação do Governo do Estado de distanciamento social, o Irga, cumprindo a normativa de divulgar os resultados da safra para o seu Conselho Deliberativo, dividiu os números desta safra pelas seis regionais. Assim, os coordenadores apresentaram, por meio de videoconferências na plataforma Zoom, o detalhamento dos dados de cada regional. O engenheiro agrônomo do Irga Ricardo Kroeff comenta a iniciativa: “essas reuniões internas são curtas, objetivas e muito importantes para vermos tudo com clareza e para que possamos traçar objetivos”.
Roteiro técnico pela Zona Sul do Estado De 27 a 30 de julho, servidores do Irga realizaram visitas técnicas na Zona Sul do Estado em 12 propriedades focadas em sistemas integrados de produção. O objetivo principal da iniciativa foi a integração entre a pesquisa do instituto com produtores que estão inovando por meio de sistemas integrados de produção. Participaram da gira os extensionistas rurais da Zona Sul e os responsáveis pelas estações regionais de pesquisa da região Central, Mara Grohs, e da Zona Sul, Roberto Carlos Wolter. O coordenador regional da Zona Sul, André Matos, conduziu o evento técnico. “Concluímos uma semana em que pudemos compartilhar com nossa pesquisadora Mara Grohs um pouco de nossa realidade cada vez mais voltada para um sistema integrado de produção, onde o ar-
Irga prepara relatório sobre estiagem na safra
Confira o roteiro
l27/7 – Propriedades de Rafael Bussatto e Henrique Medeiros (Nate de Arroio Grande); l 28/7 – Estação Regional de Pesquisa Zona Sul, l l
Estância São Miguel (Matheus e Marlon Fraga) e Agropecuária Canoa Mirim (Nate de Santa Vitória do Palmar); 29/7 – Granjas 4 irmãos e propriedades de Eduardo Prates (Nate de Rio Grande), Carlos Alberto Irribarrem Junior e Carlos Alberto Irribarrem (Nate Pelotas); 30/7 – Grupo Quero-Quero (João Paulo Silveira e Paulo Nolasco), Bruno Piúma e João Moraes (Nate de Jaguarão).
roz, soja e a pecuária caminham juntos nas propriedades. Com certeza um momento de muito aprendizado e troca de experiências”, acrescenta Matos. DIVULGAÇÃO
A meteorologista do Irga, Jossana Cera, preparou um relatório sobre a estiagem na safra 2019/2020 no Rio Grande do Sul. O trabalho traz um resumo sobre a precipitação no Estado, dentro de um contexto da lavoura orizícola. Abaixo, o trecho inicial: “A safra 2019/2020 foi muito conturbada no Rio Grande do Sul, visto que ocorreram chuvas muito abundantes durante boa parte da primavera e, da metade de novembro em diante, houve escassez de chuvas, caracterizando uma das maiores estiagens do Estado. Até pouco tempo atrás, especulava-se que a safra teria ocorrido sob neutralidade climática, no entanto, no início de junho, a NOAA determinou que a safra 2019/2020 foi de um El Niño de fraca intensidade.” O trabalho completo pode ser acessado no site do Irga. Confira o relatório sobre a estiagem.
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ALMANAQUE
Há 50 anos
na Lavoura Arrozeira FOTOS ARQUIVO/ IRGA
Janeiro e fevereiro de 1969 O Núcleo Agrícola de Itapuã, localizado em Viamão, é o destaque da edição 247. A reportagem da jornalista Maria Helena Resende mostra os resultados da política de reforma agrária nesta área de cerca de 2 mil hectares. A revista também dedica espaço à pose do presidente do Irga Ubirajara de Jesus Pereira (1969-1975), nomeado pelo então governador Peracchi Barcellos. A edição ainda traz reportagem com orientações para o controle dos inços.
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Março e abril de 1969 Na edição 248, a capa é ilustrada com foto da Barragem do Duro, em Camaquã. Com capacidade para 150 milhões de metros cúbicos de água acumulada, a barragem contribuiu para irrigação de mais de 70 lavouras na safra 1967/1968, totalizando mais de 5 mil hectares. Outra matéria enfoca algumas recomendações para o controle de pragas no arroz armazenado. A edição ainda traz reportagem sobre a Granja Minuano, localizada no município de São Borja.
Maio e junho de 1969 Em reportagem de cinco páginas, a Lavoura Arrozeira explica como o Irga classificava o arroz destinado à comercialização. A matéria explica os critérios para classificação do cereal, a partir das melhorias implementadas no laboratório que a autarquia mantinha em seu depósito da Avenida Missões, na capital. A edição 249 também traz matéria sobre a brusone na Colômbia, que na época era o maior problema dos produtores de arroz daquele país.
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