LGBTQIA+
HISTÓRIA E LUTA POR RECONHECIMENTO CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE LOCAL A PARTIR DE EDIFÍCIOS DE USO PÚBLICO
LGBTQIA+
HISTÓRIA E LUTA POR RECONHECIMENTO CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE LOCAL A PARTIR DE EDIFÍCIOS DE USO PÚBLICO AUTOR:
LUCAS ESMERALDO SOBREIRA
ORIENTADORA:
Prof.ª Dr.ª Mariana de Souza Rolim
Trabalho Final de Graduação apresentado á Universidade Anhembi Morumbi como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. SÃO PAULO 2020
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edico este trabalho aos manos, manas e monas, as bichas, viados, yags, mariconas, padrão e afeminadas, as sapatões, entendidas, bofinhos e caminhoneiras, as travestis, bonecas, transsexuais e transgêneros, as bi e os do meio, as militantes e as no armário, as Drags, transformistas e toda pessoa que se sinta pertencente ao vale.
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qualquer pessoa que foi vítima de discriminação por ser e viver aquilo que é, e principalmente, para aqueles que hoje não estão mais presente entre nós por serem vítimas de LGBTQIA+fobia.
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eixo aqui minha total gratidão aos meus pais que se dedicaram em proporcionar a mim uma boa educação desde o princípio e que me apoiaram na escolha do curso de graduação. Também agradeço a eles e ao meu núcleo familiar por me apoiarem e respeitarem como pessoa frente as minhas expressões e orientação sexual, me sinto privilegiado quanto a esta problemática, pois sei quão complicado é a situação daqueles que não são respeitados por sua orientação e expressão sexual.
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gradeço também ao meu marido, por estar ao meu lado todos esses dias e estar sempre disposto a colaborar com o que fosse necessário e que não me deixou desistir de cursar a faculdade. Agradeço também ao meu círculo de amigos, pelas vivências e inserções no universo LGBTQIA+, que me fizeram enriquecer de conhecimentos fundamentais para propor este trabalho como manifesto de afirmação.
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gradeço a todos os provedores de conhecimento a que tive a oportunidade de aprender e compartilhar ideias durante essa trajetória dos saberes, agradeço principalmente a Prof.ª M.ª Thaís Vieira Gutto por toda orientação a que me dedicou para fundamentar e formalizar ideias para este trabalho e a Prof.ª Dr.ª Mariana de Souza Rolim que me orientou nos projetos e conclusão deste trabalho.
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ós nos empenharemos em desmoralizar esse conceito que alguns nos querem impor – que a nossa preferência sexual possa interferir negativamente em nossa atuação dentro do mundo em que vivemos. LAMPIÃO, 1978.
este Trabalho Final de Graduação, do curso de Arquitetura e Urbanismo, será abordado uma proposta de espaço público aliado a cultura e Direitos Humanos que destaque a importância das relações sociais como meio essencial para sanar a vulnerabilidade social dessa parcela populacional, além de promover a cultura LGBTQIA+ e o sentimento de pertencimento ao território. O projeto está localizado no Largo do Arouche, uma região central da cidade de São Paulo - SP, Brasil, e virá baseado em estudos que apresentam as dinâmicas sociais LGBTQIA+ na cidade desde 1920, demarcando o território e evidenciando potencialidades territoriais.
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RESUMO
objetivo da proposta é contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade igualitária, diversificada e respeitosa, promovendo as potencialidades do indivíduo e o sentimento que esse passa a ter sobre o território que conte a história do movimento a que pertence.
LGBT; Violência LGBT; Largo do Arouche; Revitalização; Arquitetura cultural.
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PALAVRAS-CHAVE
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violência à parcela populacional LGBTQIA+ matou no Brasil dos anos 2000 a 2019, 4.809 pessoas por conta de discriminação a sua expressão e/ou orientação sexual, essa problemática necessita ser discutida em sociedade de forma a diminuir ou sanar a violência discriminatória LGBTQIA+, promovendo uma sociedade diversificada baseada no respeito ao outro.
KEYWORDS
n this Final Graduation Work, from the Architecture and Urbanism course, a proposal for a public space combined with culture and Human Rights will be discussed, highlighting the importance of social relations as an essential means to remedy the social vulnerability of this population, in addition to promoting culture LGBTQIA+ and the feeling of belonging to the territory. The project is located in Largo do Arouche, a central region of the city of SĂŁo Paulo - SP, Brazil, and will come based on studies that present the LGBTQIA+ social dynamics in the city since 1920, demarcating the territory and showing territorial potential.
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he purpose of the proposal is to contribute to the development of an egalitarian, diversified and respectful society, promoting the individual’s potential and the feeling that he starts to have about the territory that tells the history of the movement to which he belongs.
ABSTRACT
LGBT; LGBT violence; Largo do Arouche; Revitalization; Cultural architecture.
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iolence against the LGBTQIA+ population killed in Brazil from the years 2000 to 2019, 4,809 people because of discrimination, their expression and/or sexual orientation, this problem needs to be discussed in society in order to reduce or remedy discriminatory LGBTQIA+ violence, promoting a diversified society based on respect for the other.
1.2 Um símbolo de amor e representatividade 1.3 A cidade de São Paulo 1.1.1 Um panorama estatístico: Intolerância 1.1.2 Por uma cidade afirmativa
2. ESPAÇO LGBTQIA+: AS RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS NO TERRITÓRIO BRASILEIRO
1.1 Um breve panorama
35
2.1 O direito a cidade como território 2.2 As dinâmicas de apropriação do território LGBTQIA+ de São Paulo 2.3 Territórios LGBTQIA+ passíveis de uma reafirmação
59 3. O LARGO DO AROUCHE
SUMÁRIO
13
1. LGBTQIA+: DE 1969 À UMA AFIRMAÇÃO DE DIREITO
INTRODUÇÃO
25
3.1 A requalificação 3.1.1 Perfil do usuário 3.1.2 Polaridades 3.1.3 Percepções 3.1.4 A proposta da Triptyque
3.2 Análise do território 3.3 Os terrenos 4.4 Parâmetros urbanísticos
4.4 LA Brea affordable housing
95
5.1 Conceito 5.2 Moodboard 5.3 Partido 5.4 Programa de Necessidades 5.4.1 Programa 5.4.2 Fluxogramas
5.5 Estudos de implantação 5.6 Estudos de volumetrias 5.7 Projeto
165
ANEXOS
4.3 Seattle office arts and culture
115
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
4.2 SESC Birigui
5. A PROPOSTA
4. ESTUDOS DE CASO
4.1 Parque Los Bajos
INTRODUÇÃO
representados pelos ‘+’ (LGBTQIA+) em decorrência de preconceito, a violência faz parte da vivência em sociedade, como vemos no fragmento extraído do relatório mundial sobre violência e saúde, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu a violência como uma intenção seguida da realização de ato violento, independentemente do tipo de ação produzida, os quais estão subdivididos em 3 categorias: a violência autodirigida, onde o indivíduo é o veículo da agressão, podendo cometer automutilação e suicídio; a violência interpessoal, subdividida em violência familiar na qual, por exemplo, pode haver abuso sexual ou maus tratos a idosos e violência comunitária que pode não ter relação pessoal e acontecem geralmente fora do lar; e por fim, a violência coletiva que se subdivide em violência social, onde geralmente são cometidos crimes de ódio, a violência política com os atos de guerra como exemplo, e a violência econômica onde ataques tem a finalidade de desintegrar a atividade econômica.
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aseado nos estudos da psicologia social, entende-se preconceito como uma atitude negativa, que o indivíduo está disposto a sentir, pensar e conduzir-se em relação a determinado grupo de forma negativa previsível (MORRIS e MAISTO, 2004). De acordo com Allport (1954) o homem não nasce preconceituoso, ele é ensinado a ter preconceito, podendo ter atitudes hostis a uma pessoa ou grupo de pessoas apenas por eles pertencerem a um grupo a qual atribui qualidades objetáveis, e enfatiza que o julgamento resiste aos fatos e ignora a verdade, de modo a cegar o indivíduo a respeito da qualidade alheia. Já para Adorno (1950) o preconceito vem de uma personalidade autoritária ou intolerante, onde as pessoas tendem a defender as normas e o respeito às tradições sociais e são hostis àqueles que desafiam as regras sociais. Com base nas teorias de Adorno (19050) e Allport (1954) concluísse que o preconceito é uma construção sociocultural, são crenças formadas e transmitidas de geração em geração onde um determinado afeto surge em resposta a uma ação vinculada as crenças socioculturais, que está vinculado diretamente ao comportamento, de forma que sentimentos positivos tendem a uma predisposição a aproximação, assim como sentimentos negativos tendem ao distanciamento e a aversão.
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Uso intencional da força física ou do poder real ou em ameaça contra si próprio, contra outra pessoa ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. (KRUG et al., 2002)
m termo que está diretamente relacionado aos conceitos de violência e preconceito é LGBTQIAfobia, e para contextualizar uma definição é preciso entender primeiro o que é fobia, que segundo o dicionário Michaelis (2020), definisse fobia como falta de tolerância, aversão, intolerância e rejeição; a partir deste conceito é possível montar a definição para LGBTQIAfobia, no caso sendo uma aversão a pessoas LGBTQIA+.
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Presidenta da Comissão da Diversidade Sexual do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Maria B. Dias, define LGBTQIAfobia como qualquer ato ou manifestação de ódio ou rejeição a Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transsexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais e Assexuais, além de ressaltar que o termo homofobia é o mais comum de uso e que também se refere ao grupo LGBTQIA+ como um todo (DIAS, 2010). É comum dentro do termo utilizado para o grupo como um todo existir termos mais específicos a fim de promover e representar causas específicas de um seguimento LGBTQIA+, como exemplo transfobia, termo utilizado para classificar atitudes ou sentimentos uito frequente na vida de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, negativos e/ou violentos contra pessoas trans., o que inclui travestis, transexuais e Transsexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais, Assexuais e outros transgêneros. Figura 1 | Charge Homofobia mata. Fonte: Charge de Ribs, adaptado pelo autor (2016)
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a visão de Borrilho (2010) o termo homofobia também é utilizado para representar toda a comunidade LGBTQIA+, e entender homo/ LGBTQIAfobia simplesmente a uma aversão, intolerância ou rejeição é limitar-se ao entendimento do ato fóbico e no modo como se pensam as soluções somente em medidas voltadas a minimizar os efeitos de sentimentos e atitudes de indivíduos ou de grupos homofóbicos. No fragmento extraído de seu livro, Borrilho define homofobia como um sentimento a quebra da heteronormatividade, e como resposta a essa quebra, o ato homofobico pode vir a acontecer a fim de manter uma hierarquia de poder, ele também ressalta que a homofobia pode vir a ser invisível aos olhos de quem não é a vítima, mas é cotidiana e está associada a um julgamento feito sem uma reflexão, aceito sem questionamento, favorecendo a heteronormatividade um status de poder.
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os 343 assassinatos contabilizados no ano de 2016, 173 eram gays (50%), 144 trans (travestis e transsexuais) (42%), 10 lésbicas (3%), 4 bissexuais (1%), incluindo 12 heterossexuais, como os amantes de transsexuais, parentes ou conhecidos que foram mortos por algum envolvimento com a vítima (GGB, 2016). Em 2017, 445 LGBTQIA+ morreram no brasil, sendo 387 vítimas de assassinatos e 58 suicídios, um aumento de 30% em comparação com os dados do ano anterior, a contagem foi de 1 a cada 19 horas. Seguindo a tendência dos anos anteriores, a causa mortis predominantemente foi o uso de arma de fogo (30,8%), seguido por armar brancas perfurocortantes (25,2%), sendo 37% das mortes ocorridas dentro da própria residência, 56% em vias públicas e 7% em estabelecimentos privados. Medo de que a valorização dessa identidade seja reconhecida; ela se manifesta, (GGB, 2017) entre outros aspectos, pela angústia de ver desaparecer a fronteira e a hierarquia da ordem heterossexual. [...] Invisível, cotidiana, compartilhada, a homofobia participa do senso comum, embora venha a culminar, igualmente, em uma verdadeira alienação dos heterossexuais. (BORRILHO, 2010)
aseando-se nas definições apresentadas, é possível compreender o quadro de violência e preconceito LGBTQIA+ no Brasil, sendo o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo, onde crimes contra pessoas LGBTQIA+ são recorrentes e dos mais diversos tipos. Em entrevista à Agência Brasil, Luiz Mott, que é Prof. Dr. em antropologia pela Unicamp e ativista LGBTQIA+ afirma:
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suficientes para afirmar que mataram mais LGBTQIA+ no Brasil do que nos 13 países com pena de morte para pessoas LGBTQIA+ em 2016. (GGB, 2016)
Há décadas o Brasil é campeão mundial nos crimes contra a população LGBT. Comparativamente ao EUA, por exemplo, matamos de 30 a 40 LGBT por mês, enquanto lá morrem 20 por ano. O principal motivo é a LGBTfobia individual e cultural, que incrementa os crimes letais no nosso país. (Mott, 2016)
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m 2018, o número de vítimas foi de 420, sendo 320 homicídios e 100 suicídios. Seguindo o padrão dos anos anteriores em termos absolutos predominam a morte de gays (45%), seguido de transsexuais e travestis (39%), lésbicas (12%), bissexuais (2%) e héteros (1%) que foram confundidos como homossexuais ou tinha envolvimento LGBTQIA+ (GGB, 2018). Em 2019, 329 LGBTQIA+ foram vítimas de morte violenta no Brasil, sendo 297 homicídios e 32 suicídios, onde 111 casos ocorreram dentro da residência da vítima e 218 em locais públicos ou de uso público, dos 329 casos, 50 aconteceram em São Paulo, o estado que apareceu em primeiro lugar no Ranking de mortes representando 15,2% do total compilado. Comparativamente aos anos anteriores, 2019 surpreende com uma redução de mortes violentas, 26% comparado a 2017, segundo o prof. Luiz Mott, a explicação mais plausível para a queda deve-se ao discurso homofobico do Presidente da República e sobretudo as mensagens aterrorizantes de seus seguidores em redes sociais, levando a minoria LGBTQIA+ a manter uma cautela maior, tendo um comportamento preventivo, evitando situações de risco onde seria uma próxima vítima, outra explicação plausível é a dificuldade em contabilizar os dados uma vez que não reconhecida a identidade LGBTQIA+ da vítima, os assassinatos não são tipificados como crime de ódio por LGBTQIAfobia (GGB, 2019).
undado em 1980 por Luiz Mott, o Grupo Gay da Bahia (GGB) é uma sociedade civil de direitos humanos homossexuais no Brasil, e vem contabilizando dados sobre as vítimas de LGBTQIAfobia há 40 anos no Brasil, com base em seus relatórios realizados a partir da coleta de notícias em veículos de imprensa, internet e informações pessoais, é perceptível o crescente número de assassinatos por motivação LGBTQIAfóbica, evidenciando que nos anos 2000 foram 130 assassinatos e com um salto de 100% em 2010 o número chegou a 260, GGB não divulgou seu relatório de mortes do primeiro semestre em 2016 a contagem foi de 343 vítimas. Em nenhum dos anos anteriores o número de 2020, mas os casos continuam a ser noticiados em veículos de havia chegado a esse patamar tão alto, mas foi superado no ano seguinte, como está evidenciado na fig. 3, uma pessoa a cada 25h era brutalmente assassinada, números imprensa.
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e acordo com o advogado Eduardo Michels, que é responsável pelas pesquisas de pessoas LGBTQIA+ mortas no Brasil desde 2011 do GGB, os dados estabelecidos na fig. 3 representam vidas perdidas por motivos LGBTQIAfóbicos, ele também afirma no fragmento abaixo retirado do relatório de 2017, que seus relatórios não partem de um dado oficial, já que não se tem uma base de dados oficial do governo que determinam a motivação LGBTQIAfóbica.
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tais números alarmantes são apenas a ponta de um iceberg de violência e sangue, pois não havendo estatísticas governamentais sobre crimes de ódio, tais mortes são sempre subnotificadas já que o banco de dados do GGB se baseia em notícias publicadas na mídia, internet e informações pessoais. A falta de estatísticas oficiais, diferentemente do que ocorre nos Estados Unidos, prova a incompetência e homofobia governamental. (Michels, 2017)
m dado oficial do governo são os relatórios de denúncias do Ministério da Mulher, da Criança e dos Direitos Humanos, as denúncias aqui apresentadas foram feitas pelo disque 100 no seguimento LGBTQIA+, registrando denúncias que vão de violência psicológica até violência sexual. Na fig. 4 podemos visualizar os tipos de casos registrados e o número de denúncias feitas no ano de 2018 em todo o território nacional, é notório que a discriminação e a violência psicológica foram os mais denunciados com os respectivos números, 1.189 e 803 denúncias. Os tipos de violência evidenciados na fig. 4 estão correlacionados, um pode vir a ser o resultado da ação de outro, como exemplo uma ameaça de morte, que está caracterizada em violência psicológica, pode vir a se tornar uma violência física com o assassinato do ameaçado. Entender algumas das tipologias de violência evidenciadas na fig. 4 é fundamental para ter a noção de como elas se correlacionam e influenciam umas as outras.
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m fator que representa uma origem para as demais violências evidenciadas na fig. 4 é a discriminação institucional, ela está presente em todas as instâncias da sociedade e algumas vezes é reproduzida de forma involuntária, mesmo quando não há a intenção para discriminar, por estar localizada em uma construção social perpetuada por gerações e influenciadas pelas crenças desses grupos. Pocahy (2007) demonstra a dinâmica da interação entre discriminação indireta e a sociedade de forma a construir parâmetro para determinar a discriminação institucional, ressaltando que em uma cultura heterossexista, condutas individuais e dinâmicas institucionais, formais e informais, reproduzem de forma intencional ou não os parâmetros de uma sociedade hegemonicamente heterossexual como norma sociocultural, naturalizando a heterossexualidade e restringindo, excluindo Figura 2 | Vítimas de LGBTQIAfobia. Fonte: Compilado pelo autor a partir dos sites: Veja, G1 e Opovo (2020)
e anulando o reconhecimento dos Direitos Humanos e as liberdades fundamentais daqueles que não se moldam nos parâmetros heteronormativos.
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Independentemente da intenção, a discriminação é um fenômeno que lesiona direitos humanos de modo objetivo. [...] Mesmo onde e quando não há vontade de discriminar, distinções, exclusões, restrições e preferências injustas nascem, crescem e se reproduzem, insuflando força e vigor em estruturas sociais perpetuadoras de realidades discriminatórias. [...] De fato, muitas vezes a discriminação é fruto de medidas, decisões e práticas aparentemente neutras, desprovidas de justificação e de vontade de discriminar, cujos resultados, no entanto, têm impacto diferenciado perante diversos indivíduos e grupos, gerando e fomentando preconceitos e estereótipos inadmissíveis. (POCAHY, 2007).
esta linha de raciocínio, Pocahy (2007) enfatiza a importância do contexto social e organizacional como origem dos preconceitos e comportamentos discriminatórios. Os parâmetros estabelecidos para discriminação institucional são percebidos na forma direta da discriminação subdivididos em três principais manifestações: a discriminação explícita, ocorre quando uma diferenciação injusta é explicitamente adotada, como quando a orientação ou expressão sexual é parâmetro para seleção; a discriminação na aplicação, ocorre quando independentemente das intenções do instrutor, a diferenciação ocorre de modo proposital na execução da medida; e a discriminação na elaboração ou tratamento, a qual atua de forma que possa inferir, literal e diretamente, a diferenciação, isto ocorre quando uma medida adota exigências que, aparentemente neutras, foram concebidas, de modo intencional, para causar prejuízo a certo indivíduo ou grupo, (POCAHY, 2007).
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construção social atual teve em sua formação os padrões heteronormativos e a partir dessa base em relação a uma discriminação institucional, a sociedade reproduz atos discriminatórios muito sem perceber a gravidade das ações por conta de uma padronização que determinou a tempos que uma diversidade sexual e uma afirmação de gênero iria contra a ideia do Homem hetero provedor da sociedade, esses padrões influenciariam as dinâmicas de viver em sociedade, pode-se notar como exemplo que a retirada do debate sobre diversidade sexual em escolas é uma forma adotada como discriminação Institucional, uma vez que o livre discurso proporciona questionamentos e compreensões que colaboram para uma reconstrução de padrões, ou as ideologias religiosas que defendidas como lei suprema invalidam posicionamentos de afirmação sexual e gênero, um outro exemplo de discriminação institucional é a dificuldade para ter travestis e transsexuais sem passibilidade em funções empregatícias ditas normais e uma facilidade maior para
LGBTQIA+ mortos no Brasil
Dados obtidos pelos GGB de 2000 a 2019 420
400
300
200
100
00 001 002 003 004 005 006 007 008 009 010 2011 012 013 014 015 016 017 018 019 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2
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Denúncias de violência ao Disque 100
Dados do segmento LGBTQIA+ para todo território nacional em 2018
Degradantes
14
Sexual
30
Patrimonial
33
Negligência Outros Institucional
51 97 194
Física Psicologica Discriminação
Figura 3 | Gráfico LGBTQIA+ mortos no Brasil. Fonte: GGB, adaptado pelo autor (2019) Figura 4 | Gráfico denúncias de violência ao disque 100. Fonte: MDH, adaptado pelo autor (2019)
463 803 1189
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encontrar as mesmas em trabalhos sexuais, uma vez que em meio a prostituição, m 2017 o número de denúncias copiladas foi de 1.720, desses casos 193 são homicídios, o número é 127% maior que o registrado em 2016. Já muitas vezes a noite e em determinados locais, ficam isoladas de uma sociedade em São Paulo o número anual de denúncias não sai dos 3 dígitos desde o início julgadora, também é exemplo de uma discriminação institucional a dificuldade para que agentes policiais e órgãos públicos caracterizem atos LGBTQIAfóbico como tal das coletas pelo disque 100 do MDH (Ver fig. 5), representando que a intolerância está presente e seus números demonstram uma constância durantes anos. Pode ou o que reconheçam a identidade de gênero de pessoas LGBTQIA+. entender a fig. 5 de duas formas, uma onde a vítima tem a coragem para fazer a denúncia a seu agressor, mostrando que se sentem mais encorajadas a denunciar por reconhecer seus direitos, mas deixa em aberta a ideia de que várias outras não chegam a denunciar por medo subnotificando os casos; a outra forma que se pode Dados do segmento LGBTQIA+ de 2011 ao 1ª semestre de 2019 analisar a fig. 5 é entendendo que a constância nas denúncias demonstram que não TOTAL ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ se houve avanços em relação a defesa dos direitos LGBTQIA+ e na disseminação dos ideais de igualdade, onde os números refletem que os agressores não se inibem 2011 24 18 16 8 17 21 10 18 5 9 19 32 197 em produzir atos de intolerância. 2012 44 25 14 32 33 30 41 36 47 38 41 24 405
Denúncias ao Disque 100 para SP
2013
39
32
27
30
25
32
23
18
26
29
23
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2014
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17
24
28
13
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9
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2015
13
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24
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45
38
238
2016
25
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27
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31
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21
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32
17
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277
2017
23
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33
15
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18
18
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2018
15
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24
23
26
19
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24
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28
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16
274
2019
23
19
15
21
20
23
-
-
-
-
-
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121
Nível de tolerância em São Paulo
Escala de 1 a 10
2018
23
2019
23
26 1
a
50 26
4
Intolerante
5
e
4
40 6
Nem intolerante, nem tolerante
7
a
4
MÉDIA
Queda significativa da nota 5,9 média
6,3
10
Tolerante
Não sabe/Não Respondeu
A
precariedade de coleta e compilação de dados de violência LGBTQIA+ demonstra que falta empenho de órgãos públicos em promover auxílio a minoria, grupo marginalizado dentro da sociedade devido aos aspectos de orientação e expressão sexual. Mais da metade dos Paulistanos já sofreu ou presenciou cenas de preconceito contra pessoas LGBTQIA+ em espaços públicos na cidade de São Paulo, segundo a pesquisa da diversidade realizada pela organização da sociedade civil Rede Nossa São Paulo em parceria com o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE, 2019). De acordo com a pesquisa, a população de São Paulo em uma escala de 1 à 10, tinha nota de 6,3 para tolerância a atos e ações LGBTQIA+ no ano de 2018 e esse número tem queda significativa no ano de 2019 com uma média de 5,9 (ver fig. 6), e tratando de regionalidade, o centro tem média de 6,1 de aceitação enquanto a região sul é muito mais intolerante com média de 5,4. Esta intolerância é fator da falta de segurança para a parcela LGBTQIA+ da população de São Paulo, evidenciando que a queda do ano de 2018 para 2019 demonstra a necessidade de uma discursão mais ampla em relação ao respeito às causas LGBTQIA+, buscando esclarecer e sensibilizar a todos, principalmente as parcelas menos favoráveis ao tema.
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om base na pesquisa, o gestor de projetos da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio afirma que a cidade de São Paulo é hostil para o público LGBTQIA+, e que por mais que a população LGBTQIA+ seja estimada em 5% da população da capital, 4 de cada 10 entrevistados já viveram ou presenciaram algum tipo de preconceito em espaços ou transportes públicos, evidenciando a necessidade de investimento em políticas públicas voltadas às questões de direitos LGBTQIA.
Figura 5 | Gráfico denúncias ao disque 100 para SP. Fonte: MDH, adaptado pelo autor (2019) Figura 6 | Gráfico nível de tolerância em SP Fonte: IBOPE, adaptado pelo autor (2019)
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ercebesse o quanto é necessária uma investida mais profunda em defesa da minoria, e que a informação e conhecimento são os melhores aliados para sanar o preconceito e os atos de violência. Em entrevista na semana de combate a LGBTQIAfobia em 17 de maio de 2018, o então ministro dos Direitos Humanos, omo relatado anteriormente pelo GGB, poucos assassinatos ocorreram na Gustavo Rocha afirmava: casa da vítima, evidenciando que as ruas são os lugares mais perigosos. Todas as pessoas podem estar sujeitas à violência. No entanto, a população Tendo como exemplo a situação de travestis e transsexuais que trabalham com LGBT é vítima de uma violência adicional: são agredidas e discriminadas por a prostituição, estar nas ruas, algumas vezes sem a presença de outras, é estar serem aquilo que são. Este é um exemplo de ódio e intolerância que precisamos combater enquanto sociedade. (Rocha, 2018) arriscando sua vida por aumentar a vulnerabilidade diante das inúmeras violências físicas e psicológicas a que são submetidas, de acordo com a Associação Nacional omo iniciativa, o extinto Ministério dos Direitos Humanos (MDH, de Travestis e Transsexuais (ANTRA, 2019) 64% dos assassinatos Trans ocorridos 2018) vinha fazendo um trabalho em promover o esclarecimento em em 2019 aconteceram nas ruas, sendo São Paulo o estado que mais matou trans em relação à naturalidade das múltiplas orientações e expressões sexuais, o intuito 2019, foram 21 assassinatos. De acordo com a pesquisa viver em São Paulo – direitos era levar informação para a população mais carente de conhecimento a fim de LGBT, depois dos espaços e transportes públicos, as escolas e faculdades, shoppings sanar a discriminação, como exemplo a campanha “deixe seu preconceito de e comércios, bares e restaurantes são os locais que tem a maior frequência em ações lado, respeite as diferenças” que tratava de explicar a vivência LGBTQIA+, de intolerância LGBTQIA+ (ver fig. 7), é notório que mesmo sendo locais privados, relatando formas de como tratá-los com respeito, mostrar a diversidade dentro da eles são de uso público e fazem parte da vivência em sociedade, evidenciando que comunidade e quão rica é a cultura LGBTQIA+, assim como a instituição do Pacto ter sofrido ou presenciado situações de discriminação em relação à identidade de Nacional de Enfrentamento a Violência LGBTQIAfóbica, onde em sua Clausula gênero ou expressão sexual nestes lugares impactam diretamente na percepção de Segunda, determinava as atribuições do pacto, como a criação de uma estrutura tolerância na cidade de São Paulo. para promoção de políticas para LGBTQIA+; instrumentalizar equipamentos nos órgãos estaduais para atendimento adequado à população LGBTQIA+; elaborar e estabelecer planos de ações para o enfrentamento à violência LGBTQIAfóbica; e cooperar com ações da sociedade civil para a promoção de ações que combatam a Cidade de São Paulo com evidência para os dois locais com mais incidência violência LGBTQIAfóbica.
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Esses dois espaços são os mais violentos com essa população. Neste sentido, é fundamental que o poder público, principalmente o Executivo, invista em políticas públicas que tirem a invisibilidade das questões relativas à população LGBT. (Sampaio, 2018)
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Locais com casos de discriminação
Espaços públicos
37
56
7
Transporte público
37
57
6
Escola / Faculdade
32
60
8
Shoppings e comércios
31
61
8
Bares e restaurantes
31
62
7
Trabalho
30
63
7
Família Estabelecimentos privados Sofreu ou presenciou
28
65
23
7
69 Não sofreu ou presenciou
8 Não sabe ou não respondeu
Figura 7 | Gráfico locais com casos de discriminação. Fonte: IBOPE, adaptado pelo autor (2019)
N
o programa do Governo Federal “Brasil sem Homofobia” (2004) foram determinadas diretrizes para atingir os objetivos de sanar a problemática da LGBTQIAfobia, tais como: apoio à projetos de fortalecimento de instituições públicas e não governamentais que atuem na promoção da cidadania homossexual e/ou no combate à/ homofobia; a capacitação de profissionais e representantes do movimento homossexual que atuem na defesa dos direitos humanos; disseminação de informação sobre direitos de promoção de autoestima homossexual; e o incentivo à denúncia de violações dos direitos humanos de segmento LGBTQIA+. Neste âmbito, se inseria o também extinto Ministério da Cultura (MinC), com projetos visando o direito à cultura, como exemplo a criação do grupo de trabalho da promoção da cidadania GLBT (2004), com o intuito de elaborar um plano para fomento, incentivo e apoio às produções artísticas e culturais que promovam a cultura e a não 19
discriminação; o lançamento de edital em apoio as paradas de orgulho LGBTQIA+ (2005) visando apoio massivo a produção de bens culturais e eventos de afirmação sexual e cultural; o estimulo e apoio a distribuição, circulação e acesso aos bens e serviços culturais com temática ligada ao combate à homofobia e a promoção da cidadania LGBTQIA+ por meio do edital de premiação de monografias, dissertações, teses, ensaios, e contos de temática LGBTQIA+ (2005) (MinC, 2007).
D
entre as áreas onde o grupo de trabalho em conjunto ao Ministério da Cultura atuou, destacou o apoio às Paradas do Orgulho LGBTQIA+, tendo em vista uma maior visibilidade na sociedade brasileira e o poder de mobilização dentro da própria comunidade LGBTQIA+, cabe destacar que as paradas são eventos culturais difundidos internacionalmente, e em São Paulo a parada é considerada um dos maiores eventos culturais público. A singularidade das paradas LGBTQIA+ no Brasil transforma o evento em uma distinta manifestação onde incorpora elementos tradicionais das linguagens artísticas e elementos culturais brasileiros, dando uma identidade original para a manifestação em território nacional. Um dos objetivos de apoio do MinC. as paradas foi o fortalecimento destas manifestações incentivando o crescimento e ampliando as expressões culturais durante o evento, como mostras de cinema e teatro, espetáculos musicais, palestras, debates e premiações de expressões artísticas LGBTQIA+ (MinC. 2007).
se expressão em sociedade. Existem diversas identidades dentro da comunidade LGBTQIA+, um exemplo é a própria sigla da comunidade, que evidencia a existência de grupos distintos dentro da comunidade e esses grupos também se expressão de forma independente, também é notório que as expressões vão além de gênero, elas são sexuais e de afirmação. Em ilustração para o jornal Le Monde Diplomatique, Caio Borges retrata identidades por meio de personalidades LGBTQIA+ brasileiras (Ver fig. 8), estas personalidades estão envolvidas nas formas de se produzir um cultua identitária e de afirmação LGBTQIA+ no Brasil, são eles atores e atrizes, cantores(as), artistas performáticos, lideranças políticas e ativistas ilustrados como heróis LGBTQIA+ em defesa e promoção da comunidade, é notória a diversidade de identidades apresentadas pela ilustração e o conjunto dessas identidade e de como elas se expressam no meio é que se configura uma cultura LGBTQIA+, vale resaltar que não se limita a esses, existem outros nomes que também trazem representatividade para a causa defendendo e expressando outras vertentes do movimento.
A
Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em seus princípios para cultura conceituasse que a cultura assume diversas formas no tempo e no espaço e está diretamente ligada a singularidade e a diversidade das identidades de grupos e sociedades, também afirma que a diversidade cultural é necessária para a humanidade, uma vez que configura uma herança comum, ela deve ser afirmada e reconhecida em benefício de gerações presentes e futuras, afirmasse também que é essencial garantir uma interação harmoniosa entre pessoas e grupos com identidade culturais diferentes. A UNESCO também define que o conteúdo cultural é um significado simbólico, de dimensão artística e valores culturais que tem origem em identidades ou expressam identidades, no qual a expressão cultural é o resultado criativo de um indivíduo, grupo ou sociedade e estas expressões tipificam as atividades, bens e serviços que são considerados como atributos, usos ou propósitos específicos que incorporam e transmitem a cultura (UNESCO, 2005).
T
endo como referência as definições da UNESCO (2005) é possível evidenciar a cultura LGBTQIA+ a partir das identidades e de como elas Figura 8 | Personalidades LGBTQIA+. Fonte: Le Monde Diplomatique Brasil/Caio Borges, adaptado pelo autor (2019)
P
odemos evidenciar várias expressões identitárias dos grupos LGBTQIA+ aqui, mas a produção cultural LGBTQIA+ vai além da expressão dos corpos como movimento de afirmação, a produção é vista e sentida, ela é palpável e imaterial, são sentimentos e sensações, são espaços de afirmação e de identidade. O festival MIX Brasil de Cultura da Diversidade a mais de duas décadas vem tendo como objetivo o respeito e a livre expressão da diversidade sexual, buscando novas perspectivas para a compreensão da comunidade, sendo distintas de preconceitos, fomentando o respeito, promovendo a cidadania e combate a toda e qualquer forma de LGBTQIAfobia. Hoje o festival é referência política e cultural nacionalmente e internacionalmente em questões relacionadas à cultura LGBTQIA+ e de minorias, em seus arquivos de premiações e programações se tem um acervo gigantesco de produções culturais LGBTQIA+ e estão listados como tal produção: curtas e longas metragens, peças teatrais, músicas e musicais, obras literárias e games (MIX BRASIL, 2019).
O
maior evento afirmativo que se traduz como expressão cultural LGBTQIA+ são as Paradas do Orgulho que acontecem em diversas localidades pelo mundo, todas as identidades são notadas, evidenciadas e festejadas, todos são aceitos para festejar como ato de afirmação e luta por direitos, mostram que estão presentes e querem ser notadas e respeitadas em sociedade por viverem suas identidades, uma dessas paradas reconhecidas internacionalmente e já considerada a maior do mundo é a Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo (Ver fig. 9) que em 2019 movimentou R$ 403 milhões na economia da cidade e reuniu 3 milhões de pessoas na Av. Paulista (PINHONI, 2019).
T
endo como base que os casos de violência LGBTQIA+ partem de uma aversão e intolerância, como foi evidenciado anteriormente aqui, e que a falta de conhecimento, crenças e ideologias comportamentais são fatores que geram essa intolerância, além de que nos tempos atuais, ainda é constante o número de casos de preconceito e a gravidade dos atos só aumentam, conclui-se que levar o conhecimento é a estratégia que melhor atende a necessidade de diminuir o número de pessoas intolerantes aos LGBTQIA+, onde o conhecimento é obtido por experienciar, pela vivencia numa cidade que está em modificação constante e em processos de afirmação, onde as dinâmicas de apropriação territorial proporcionam afirmação de causa, identidade e pertencimento ao local, além de proporcionar o status de local seguro, acolhedor e representativo para as causas LGBTQIA+. Figura 9 | Parada do Orgulho de São Paulo. Fonte: OGLOBO, adaptado pelo autor (2019) Figura 10 | Distrito Cultural de Castro. Fonte: Kevin N. Hume, adaptado pelo autor (2019)
21
U
ma referência é a cidade de São Francisco no estado da Califórnia, EUA, que tem Castro como o polo de atração mundial de público LGBTQIA+, sua trajetória começou com a ida da comunidade homossexual de São Francisco para o bairro e criando um centro urbano elegante e sofisticado em 1970, o ativista Harvey Milk, primeiro homem abertamente homossexual a ser eleito para cargo público nos EUA, lutou pelos direitos dos homossexuais, e mantinha residência e comércio na rua Castro, sendo uma grande personalidade local, foi um dos responsáveis pela história de resistência da comunidade em Castro. O bairro tem sua história de resistência LGBTQIA+ e os comércios da região são voltados para o público LGBTQIA+. Desde o começo da comunidade naquele local, pequenas lojas de proprietários homossexuais, o teatro, casas de banho e bares que movimentavam a região dia e noite. Hoje após todos os movimentos em prol da comunidade LGBTQIA+, castro continua com seus comércios típicos do bairro, os bares gays, as padarias e cafés, lojas de vestimentas típicas de LGBTQ+, o teatro e cinema, o museu, e todos os eventos de rua, além de toda a representação gráfica dos espaços (Ver fig. 10), que tornam o local um destino turístico para toda a comunidade LGBTQIA+.
A
cidade de São Paulo mesmo possuindo unidades que prestam serviços ao grupo LGBTQIA+, carece de mais polos de afirmação da minoria, sendo eles, pontos de cultura, entretenimento e socialização, apoio e acolhimento, além do incentivo de órgãos públicos. Essa pesquisa busca compreender as demandas LGBTQIA+ da cidade de São Paulo, e em resposta, desenvolver um projeto como iniciativa para sanar as problemáticas vistas anteriormente aqui. Estudar o tema aqui exposto, proporcionaria aos carentes de informação específica, a real situação que se encontra a cidade de São Paulo, frete a intolerância a diversidade de gênero e expressão sexual, e essa pesquisa tem como principal proposta, a disseminação e valorização da cultura LGBTQIA+ juntamente com o apoio e auxílio dos diretos humanos as vítimas de atos contra a minoria e em resposta a problemática identificada, o Centro de Apoio e Cultura LGBTQIA+ aqui proposto vem como um ponto local de resistência e autoafirmação, que proporcionaria a divulgação das identidades diversas a fim de valoriza-las e promove-las a outros grupos fora da comunidade, além da conquista física de um espaço que reafirme a condicionante LGBTQIA+ criando uma identidade local e pode vir a promover uma tendência para o turismo LGBTQIA+ como no caso de Castro em São Francisco EUA.
N
os capítulos seguintes estará disposto informações adicionais sobre a comunidade LGBTQIA+ e de como ela se relaciona com o espaço. No capítulo a seguir, será retratado a comunidade LGBTQIA+ em si, falando sobre um marco que deu um start ao movimento e dando um panorama geral que se afunila a fim de retratar as condicionantes paulistanas para o movimento.
N
o capítulo que o sucede, o espaço LGBTQIA+ Paulistano entra em foco no que retrata as afirmações e suas relações socioculturais a fim de caracterizar e desenvolver os territórios LGBTQIA+ de São Paulo. No terceiro capítulo o terreno é o objeto de estudo, os pontos positivos e negativos serão evidenciados, a história do local é contada a fim de fundamentar a afirmação do terreno para o projeto.
N
os dois últimos capítulos o projeto é o assunto, são evidenciados referências e estudos de caso que dão fundamento a proposta, além das condicionantes projetuais, programas de necessidades, memoriais e o projeto em sim.
O
que vão dizer de nós? Seus pais, Deus e coisas tais, quando ouvirem rumores do nosso amor, baby, eu já cansei de me esconder, entre olhares, sussurros com você, somos dois homens e nada mais.
E
les não vão vencer, baby, nada há de ser em vão, antes dessa noite acabar, dance comigo a nossa canção! E flutua, flutua, ninguém vai poder querer nos dizer como amar, e flutua, flutua, ninguém vai poder querer nos dizer como amar.
E
ntre conversas soltas pelo chão, teu corpo teso, duro, são, e teu cheiro que ainda ficou na minha mão. Um novo tempo há de vencer, pra que a gente possa florescer, e baby, amar, amar sem temer.
E
les não vão vencer, baby, nada a dizer em vão, antes dessa noite acabar, baby, escute, é a nossa canção, e flutua, flutua, ninguém vai poder querer nos dizer como amar, e flutua, flutua, ninguém vai poder querer nos dizer como amar. HOOKER, 2017
23
01
LGBTQIA+: DE 1969 À UMA AFIRMAÇÃO DE DIREITO
m movimento descentralizado que tem o mesmo propósito para existir e resistir, a defesa e promoção dos direitos daqueles que o compõe. A
sigla é composta pelas letras dos grupos pertencentes ao movimento, sendo eles: Lésbicas, que mantém relação homoafetivas entre mulheres; Gays, que mantém relações homoafetivas entre homens; Bissexuais, que se relacionam com 2 gêneros; Transsexuais, pessoas que nascem com o sexo biológico diferente do gênero com que se reconhecem; travestis, pessoas que nasceram com o sexo masculino e que se identificam com o gênero feminino, exercendo seu papel de gênero feminino; Queer, designado para pessoas que fogem das normas de gênero e heteronormatividade; Intersexuais, pessoas que nascem com características sexuais biológicas que não se encaixam nas categorias típicas do sexo feminino ou masculino; Assexual para pessoas que não sentem atração afetiva e/ou sexual por outras pessoas independente do gênero; e o símbolo + para incluir a todos que não se sintam representados pelas atuais letras da sigla (MDH, 2018).
H
oje a sigla do movimento vai além das 4 letras mais famosas “LGBT”, a necessidade de se sentir representado faz com que mais letras sejam
incluídas na sigla. Até o fim dos anos de 1980 o termo utilizado para o movimento era simplesmente “GAY” ou homossexual, que foi substituído por GLS até 1990 que se tornou LGBT, representando os núcleos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transsexuais. Foram adicionadas as letras “Q” para pessoas que se identificam como Queer, o “I” para pessoas intersexuais, o “A” para pessoas assexuais, o “P” e o “N” para pessoas pansexuais e não binarias e o sinal de “+” para representar quaisquer pessoas que não se sintam representadas por umas das letras na sigla. Dentre as variações possíveis para montar a sigla do movimento, a LGBT é a mais usual, mas todas as outras variações também estão corretas e podem ser usadas normalmente para representar a minoria.
1.1 Um Breve panorama
U
O
evento que proporcionou uma maior visibilidade para a defesa dos direitos de pessoas LGBTQIA+ foi o episódio da rebelião de Stonewall em 1969, um bar no village, bairro da cidade de Nova York, EUA, onde gays, lésbicas, travestis e drag queens em resposta às ações de investidas policiais com revistas humilhantes em bares gays de Nova York e cansadas de fugir quando percebia-se a presença dos policiais, unem-se em protestos intensos que duraram 5 dias, onde o número de apoiadores a causa aumentavam gradativamente conforme os dias iam passando, de modo a expulsar a presença policial da região. O acontecido em Stonewall se tornou base para a criação de 2 grupos importantes para o movimento LGBTQIA+, o Gay liberation front e o Gay activists alliance, traduzidos livremente em “frente de libertação gay” e “aliança de ativistas gays”; grupos esses responsáveis pela organização de atos em prol do movimento, e um ano após o início da revolta de 28 de junho de 1969, deu início a primeira parada do orgulho LGBTQIA+ nos EUA e desde então foram realizadas em diversos países, tornando o dia 28 de junho o dia internacional do orgulho LGBTQ+.
N
o Brasil, o movimento teve início em meio a Ditadura Militar de 1964 a 1985, como a disseminação de publicações impressas de cunho LGBTQ+ como o “Lampião da Esquina” e “ChanacomChana” (Ver fig. 11), tabloides que faziam oposição à ditadura, denúncias sobre abusos contra LGBTQIA+ e apoio as causas. Um episódio que marcou o movimento Lésbicas no Brasil foi o evento onde militantes foram proibidas de vender dias antes os tabloides no Ferro’s bar, intensamente frequentado pelo público lésbico na noite paulistana, e na noite do dia 19 de agosto de 1983, organizadas pelo Grupo Ação Lésbico-Feminista desafiaram a proibição, forçaram a entrada e leram o manifesto em prol dos seus direitos (Ver fig. 12), anos depois o dia 19 de agosto é considerado o dia do orgulho lésbico no Brasil (FACCHINI, 2003).
O
primeiro grupo de ativismo gay do brasil foi o SOMOS, fundado em 1978 em São Paulo, já em 1979 foi a vez de um número maior de lésbicas se juntarem ao grupo SOMOS e criarem uma subdivisão dentro do grupo, denominada lésbicas feministas, e só em 1992 é formado a primeira organização de travestis da América latina, no Rio de Janeiro (FACCHINI, 2003). O movimento ganhou mais visibilidade a partir dos anos de 1990, onde em 1995 após a 17ª conferência no Rio de janeiro da Associação Internacional de lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais e intersex, um grupo sai em marcha pela praia de Copacabana (Ver fig. 13). No ano seguinte foi a vez de São Paulo que na praça Roosevelt, reuniu um grupo
que reivindicava direitos LGBTQIA+ e a partir desse ato, coletivos começaram a planejar a primeira parada LGBTQIA+ do Brasil, que aconteceu em 1997 na Av. Paulista e percorreu ruas de São Paulo até a Praça da República (FACCHINI, 2003).
O
movimento é mais que um grupo de pessoas que estão na busca sem fim pela defesa da aceitação em sociedade, é um ato de ir em busca de igualdade social, sendo respeitadas pelo que são e tenham as mesmas condições de direitos legais de qualquer grupo social. O grupo é composto de grande ativismo político e atuações de cunho cultural promovendo o movimento na luta por direitos e na afirmação de existência. Mesmo não se tratando de um movimento centralizado, e tendo vários grupos, núcleos e organizações pelo mundo inteiro, os mesmos ideais são defendidos, com intensidades diferentes já que cada localidade tem sua pauta mais importante, mas os objetivos em comum são como exemplo a busca por criminalizar a LGBTQIAfobia como ato discriminatório, a luta pela descriminalização da homossexualidade em algumas localidades, o casamento igualitário, o direito a adoção, o reconhecimento da identidade de gênero e da expressão sexual etc.
Figura 11 | Capas dos tabloides. Fonte: Acervo Bajuba, adaptado pelo autor (2020) Figura 12 | Noite de 19 ago. 1983 no Ferro’s Bar Fonte: Reprodução, adaptado pelo autor (1983) Figura 13 | Marcha na 17ª conferência internacional LGBT. Fonte: Cidade em Movimento, adaptado pelo autor (2017)
27
1.2 Um símbolo de amor e representatividade
B
aker relata também que com o Bicentenário Norte Americano, ele percebeu que a bandeira Norte Americana entre em foco, estava em toda parte, nas artes, lembranças e publicidades, funcionava como uma mensagem, desse modo, percebeu a importância das bandeiras, “Descobri a profundidade em seu poder, sua qualidade transcendente e transformacional. Pensei na conexão emocional que eles mantêm.” (BAKER, 2019, tradução nossa), mais tarde, Baker se viu dançando no Winterland Ballroom, uma casa de shows em São Francisco EUA, em uma Show da Funkadelic, ele relata em seu livro que a comunidade se fazia presente e que faziam parte do show assim como a banda:
H
oje o maior símbolo de representatividade para a comunidade LGBTQIA+ é a famosa bandeira arco-íris, na qual teve sua primeira versão desenvolvida pelo artista e ativista Gilbert Baker em 1978 a pedido do também ativista Harvey Milk para celebrar o dia da liberdade gay de São Francisco, EUA, naquele ano. Até então o triângulo rosa era o símbolo do movimento gay, mas também fazia referência aos triângulos rosas usados na Segunda Guerra Mundial por Adolf Hitler para marcar os homossexuais, assim como a Estrela de Davi marcava os judeus, era uma ferramenta de opressão, e Baker sentia a necessidade de algo que representasse uma positividade, que celebrasse o amor. (BAKER, 2019)
B
aker relata ter como referência a bandeira dos EUA, com suas listras que representavam as colônias inglesas que fundaram os EUA, e pensou também na bandeira da Revolução Francesa, com suas três listras tricolores. Como essas duas bandeiras representavam uma revolução, concluiu que a comunidade gay também deveria ter uma bandeira que representasse uma revolução e proclamasse a ideias de poder homossexuais, uma vez que a comunidade local e internacional estavam em meio a uma batalha por direitos, exigindo mudanças de status, nas palavras dele “Esta foi a nossa revolução: uma visão tribal, individualista e coletiva.” (BAKER, 2019, tradução nossa).
I
Todo mundo estava lá: beatniks de North beach e zoots de bairro, os motoqueiros entediados de couro preto, os adolescentes na fila de trás se beijando. Havia garotas esbeltas e de cabelos compridos em trajes de dança do ventre, punks de cabelo rosa presos em segurança, suburbanos hippie, estrelas de cinema tão bonitas que deixavam você boquiaberta, gayboys musculosos com bigodes perfeitos, fadas de todos os gêneros em vestidos de brechós e sapatilhas de ganga. Nós montamos a bola de espelhos no LSD brilhante e no poder do amor. A dança nos fundiu, magica e purificadora. Estávamos todos em um turbilhão de cores e luzes. Era como um arcoíris. Um arco-íris. Foi nesse momento que eu soube exatamente que tipo de bandeira eu daria. Uma bandeira do arco-íris era uma escolha consciente, natural e necessária. O arco-íris veio da história mais antiga registrada como um símbolo de esperança. No livro de Genesis, apareceu como prova de uma aliança entre deus e todas as criaturas vivas. Também foi encontrado na história chinesa, egípcia e nativa americana. Uma bandeira do arco-iris seria nossa alternativa moderna ao triangulo rosa. Agora, os manifestantes que reivindicavam su liberdade no Stonewall inn Bar em 1969 teriam seu próprio símbolo de libertação (BAKER, 2019, tradução nossa)
nicialmente Baker desenhou uma bandeira de 8 faixas de cores (Ver fig. 15) com aproximadamente 9 metros de altura por 18 metros de comprimento, tingida e costurada por ele mesmo, cada cor significava um aspecto para o movimento LGBTQIA+ sendo eles: rosa para o sexo e o prazer carnal, vermelho para representar a vida, laranja simbolizava cura e o poder, amarelo para luz do sol e uma claridade da vida, verde para natureza e o amor pela mesma, turquesa para as artes e a magia, azul simboliza uma harmonia e pacificação, e o roxo para simbolizar o espírito, o desejo de vontade e a força. As cores faziam referência aos ideais e interesses das pessoas que faziam parte da comunidade e o quão simbólico e importante a bandeira era para o movimento, Baker em entrevista a Cable News Network (CNN) relatou como foi o momento em que pela primeira vez a bandeira era exposta em meio ao Dia do Orgulho Gay celebrado em 25 jun. 1978, a bandeira foi passada pelas | Figura 14 | Bandeira do orgulho LGBTQIA+ com 6 cores.. Fonte: Reprodução/Capricho, adaptado pelo autor (2019)
A
Quando subiu e o vento finalmente o tirou das minhas mãos, me surpreendeu. Vi imediatamente como todos ao meu redor possuíam a bandeira. Pensei: ‘É melhor do que eu jamais sonhei. (BAKER, 2015, tradução nossa)
1.3 A cidade de São Paulo
mãos de milhares de pessoas, como se soubessem que aquele era o novo símbolo de representatividade (BAKER, 2015).
C
omo objeto de estudo, a cidade de São Paulo entra em foco evidenciando uma percepção da população em relação as causas e direitos LGBTQIA+ e em contra partida é retratado possibilidades adotadas pela Prefeitura Municipal de São Paulo para uma mudança no cenário LGBTQIAfóbico existente na capital paulista.
pós o assassinato de Harvey Milk no final de 1978, a demanda pela 1.3.1 Um panorama estatístico: Intolerância bandeira aumentou e para atender a demanda, a Paramounte Flag e acordo com a pesquisa Viver em São Paulo: Respeito LGBT+, Company, empresa em que Baker trabalhava, passou a vender uma versão da bandeira a maioria relativa dos paulistanos afirmam que a administração usando tecido arco-íris com 7 faixas, tempo depois passou a vender um estoque Municipal tem feito pouco para combater a violência contra a população excedente de bandeiras arco-íris do movimento International Order of the Rainbow LGBTQIA+, com um percentual de 46% no ano de 2018 e 43% no ano de for Girls (IORG), traduzido livremente para Ordem internacional do Arco-iris para 2019, em contra partida aos 8% em 2018 e 10% em 2019 que consideram meninas, que também possuía 7 faixas, sendo elas: vermelho, laranja, amarelo, que o município fez muito, relatando que 6 em cada 10 paulistanos verde, turquesa, azul e violeta, em meio a esta situação e atrelado ao alto custo de consideram importantes a elaboração e implementação de políticas públicas se produzir a cor rosa em grande quantidade, Baker passou a produzir também suas municipais que promovam a igualdade de direitos a fim de se ver respeitado bandeiras com as 7 faixas, e em 1979 a bandeira é modificada novamente, em uma os direitos e as expressões sexuais e de gênero, onde uma valorização ação pública as bandeiras foram penduradas verticalmente nos postes da Market dos grupos minoritários seja o ideal para uma sociedade igualitária. Street, São Francisco EUA, e a faixa central da bandeira ficou escondida pelo próprio poste, a solução mais fácil e rápida adotada foi a retirada da faixa turquesa, A pesquisa também revela que é crescente a percepção de intolerância nas regiões resultando na atual bandeira de 6 faixas, vermelho, laranja, amarelo, verde, azul e sul e centro (Ver fig. 16), ressaltando que enquanto pretos/pardos de classe mais baixa percebem São Paulo como uma cidade mais intolerante com a população violeta usadas até hoje, 41 anos (BAKER, 2019). LGBTQIA+, as classes mais abastardas e brancos veem como indiferente, criando oje as 6 faixas são mais que uma bandeira, ela faz parte da comunidade evidencia territorial para áreas que necessitam de uma intervenção atuante na LGBTQIA+ em cores dispostas em vários acessórios como forma de promoção da igualdade e do respeito a diversidade (IBOPE, 2019). identificação e representatividade para a causa. Vale ressaltar que para uma melhor representatividade novas bandeiras específicas foram desenvolvidas para retratar os m todas as regiões de São Paulo, os espações públicos são os locais segmentos da comunidade. onde os moradores mais afirmam enfrentar sofrendo ou presenciando situações de discriminação em função de gênero ou expressão sexual (Ver fig. 17), são 882.632 mil habitantes declarando ter sofrido ou presenciado em pelo menos um ambiente dos investigados e 196.140 mil habitantes para todos os ambientes investigado, ter sofrido ou presenciado alguma discriminação em um ou mais desses locais impacta diretamente na avaliação para o grau de tolerância da cidade, nesse sentido a promoção da diversidade e do respeito contribui para sanar ou diminuir as iniciativas discriminatórias presentes nesses ambientes (IBOPE, 2019).
H
D
E
O
utro fator apontado pela pesquisa, é de que um quarto dos entrevistados não se informam ou não tem acesso à informação sobre os direitos LGBTQIA+, e dos que se informam, as fontes mais utilizadas são a internet e a Figura 15 | Replica da bandeira original com 8 cores em algodão tingido. Fonte: GLBT Historical Society, São Francisco, EUA. (1998)
29
televisão, cabe destacar também a importância desses meios como influenciadores e portadores da informação, e de como eles podem colaborar para uma melhor dinâmica de respeito as diversidades, mas evidencia a necessidade de locais físicos que tenham livre discurso para o debate das questões, como as escolas, universidades, grupos de discursões, centros acadêmicos e coletivos, assim como os centros de cultura e apoio e encontros, na fig. 18 está evidenciado os três meios mais populares de acesso as informações a respeito dos direitos LGBTQIA+ para cada região da cidade de São Paulo (IBOPE, 2019).
Percepção de tolerância LGBTQIA+
Dados para a cidade de São Paulo
2019
27
1
a
6.3
56 44
5
e
6
a
4
6,1
4
5,8
2
6,5 6,2
5 12
6,3 5,4
+
6
44
65
Transporte público
46
49
5
36
64
Escola / Faculdade
-
-
Não sabe/Não Respondeu
Sofreu ou presenciou
66
5
35
62
3
36
58
6
33
64
3
68
4
14
29
69
2
28
67
5
13
28
66
3
23
73
4
5
27
66
7
6
Estabelecimentos privados 20
4
28
56
55
58
2
38
32
38
66
Bares e restaurantes
55
2
40
5
Trabalho 21
57
27
55
14
68
41
8
40
10
Tolerante
61
Shoppings e comércios
Família -
31
1
82
13
35
55
10
36
60
4
35
54
11
36
60
4
33
53
14
34
62
4
29
60
11
31
62
7
32
55
13
30
65
5
32
56
12
29
64
7
26
64
10
32
22
65
13
Não sofreu ou presenciou
24
64 71
Sul
Nem intolerante, nem tolerante
30 7
6,5
10
48 27
3
-
43
Leste
Intolerante
6
41
25 31
4
46
45
22
22
2019
6,1
28
24
2018
6
52
21
6,6
41
24
21
1
51
Norte
27
2019
Sul
26
2018
2018
Leste
27
19
2019
Norte
28
21
2018
53
Espaços públicos
Oeste
25
2019
Oeste
28
Dados para a cidade de São Paulo
Centro
18
2018
Centro
MÉDIA
Casos de discriminação por região
4 5
Não sabe ou não respondeu
Figura 16 | Gráfico percepção de tolerância LGBTQIA+. Figura 17 | Gráficos Casos de discriminação por região. Fonte: IBOPE, adaptado pelo autor (2019)
Meios de informação sobre direitos LGBTQIA+
Evidênciando os três mais populares
Centro
Oeste
Internet - mídias sociais
31
Internet - sites e portais de notícias
41
Televisão
24
Internet - mídias sociais
35
Internet - sites e portais de notícias
24
Televisão
32
Não se informa sobre direitos LGBTQIA+
27
Não se informa sobre direitos LGBTQIA+
26
Não Sabe / Não respondeu
6
Não Sabe / Não respondeu
3
Televisão
37
Televisão
29
Internet - mídias sociais
28
Internet - sites e portais de notícias
23
Jornal
22
Internet - mídias sociais
21
Não se informa sobre direitos LGBTQIA+
23
Não se informa sobre direitos LGBTQIA+
27
Não Sabe / Não respondeu
7
Não Sabe / Não respondeu
17
Norte
Leste
Sul
São Paulo no total
Internet - sites e portais de notícias
29
Internet - sites e portais de notícias
27
Televisão
28
Internet - mídias sociais
30
Internet - mídias sociais
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Não se informa sobre direitos LGBTQIA+
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1.3.2 Por uma cidade afirmativa
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prefeitura de São Paulo em seu programa de metas da gestão de 20132016, decidiu por incluir como objetivo o combate a LGBTfobia e o respeito a diversidade sexual para a população. Como ação concreta, a prefeitura criou e instalou quatro Centros de Cidadania LGBTQIA+ que desenvolvem ações permanentes de combate a homofobia e respeito a diversidade. Além das sedes fixas da vila Buarque, Santo Amaro, São Miguel Paulista e Casa verde, o projeto contava com mais quatro unidades móveis, e o conjunto dessas unidades tem como ações o atendimento à vítimas de violência, discriminação e preconceito, com prestação de apoio jurídico, psicológico e de serviço social além de dar apoio aos serviços públicos municipais, mediação de conflitos, palestras, seminários e debates.
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prefeitura também possui um Conselho Municipal de Políticas LGBTQIA+ que atua como um órgão consultivo e propositivo, com a finalidade de elaborar, monitorar e avaliar políticas públicas destinadas aos direitos da população LGBTQIA+, além da Delegacia de crimes raciais e de intolerância (DECRADI), o Núcleo Especializado de Defesa da Diversidade e da Igualdade Racial, e a Coordenação de políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo.
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m 29 de novembro de 2019, foi inaugurado pela Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo, o Centro Cultural da Diversidade (CCD), que ocupa as instalações do Teatro Décio de Almeida Prado e da Biblioteca Anne Frank, na região sul da capital. A iniciativa tem como principal objetivo a ampliação e a divulgação da diversidade LGBTQIA+ no âmbito cultural, os equipamentos tiveram mudanças em suas estruturas, programações e acervo afim de atender ao objetivo do mesmo.
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m conjunto de programas e projetos também compõe as ações do município, como o programa Transcidadania que reintegra e devolve a cidadania de travestis e transsexuais em situação vulnerável, utilizando da educação como ferramenta de reintegração, dando oportunidade de conclusões de ensino fundamental e médio, qualificação profissional, além de acompanhamento jurídico, psicológico, social e pedagógico durante os 2 anos de permanência no programa. Outro Programa é o casamento coletivo igualitário, dando a oportunidade para casais homoafetivos que não possuam condições financeiras a realizar a união civil, ação já realizadas nos anos de 2017, 2018 e 2019, dando visibilidade a um direito já conquistado pela comunidade. Figura 18 | Meios de informação sobre direitos LGTQIA+. Fonte: IBOPE adaptado pelo autor (2017) Figura 19 | São Paulo com Respeito. Fonte: Prefeitura de São Paulo, adaptado pelo autor (2019)
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esenvolvido pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, o Centro de Referência e Defesa da Diversidade (CRDD) presta serviço as pessoas LGBTQIA+ que encontrasse em vulnerabilidade social. O objetivo é dar todo o suporte necessário para que aquele que procure o local, se sinta acolhido e importante, são oferecidos vários cursos dentro do CRDD, divididos em 3 categorias, sendo eles os cursos de capacitação: maquiagem, cabelereiro, barbearia etc; os cursos de ensino: idiomas e informática; e as oficinas com foco no bem estar, como danças e yoga.
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omo iniciativa para a saída da atual situação da cidade em relação as questões discriminatórias no contexto LGBTQIA+ e com propósito de incentivar uma melhor interação entre os grupos sociais, foram feitas as intervenções destacadas anteriormente neste capítulo por meio da Prefeitura Municipal, para colaborar com essas iniciativas a promoção de cultura LGBTIA+ proporciona uma maior diversidade cultural e uma aceitação comum em sociedade, consumimos cultura de diversas formas, cinema, música, teatro, museus, centros culturais e festividades muitas vezes por diversão ou relaxamento, mas também pela intenção de absorver sentimentos e sensações, e às vezes simplesmente passamos por locais e absorvemos o que está sendo exposto, usufruindo deste consumo intencional ou por oportunidade, a proposta de um Centro de Cultura pretende trabalhar inserindo o contexto LGBTQIA+ e a partir dessa inserção promover questionamentos sociopolíticos com intenção educacional a fim de sanar ou diminuir a discriminação sociocultural LGBTQIA+.
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o município de são Paulo, a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) é a responsável pelas políticas de tipificação da rede socioassistencial, que seguem as diretrizes da Portaria 46/2010 da própria SMADS, as diretrizes da Portaria dizem respeito aos serviços prestados e os recursos humanos necessários para cada equipamento, de modo geral, determina o que cada instalação deve ter estruturalmente e como deve funcionar para atender cada tipo de público.
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entre as diretrizes que norteiam as idéias para o projeto como resposta as problemáticas identificadas, pode-se aplicar a um Centro de Cultura e Apoio LGBTQIA+ as normas dos CRDD, de centros de acolhimento a pessoas em situação de rua e das repúblicas, de forma que caracterizada pelo conjunto das normas e diretrizes da SMADS, se adequando as necessidades e especificidades do perfil do usuário e proporcionando a integração das atividades que visam o atendimento, orientação, o acompanhamento, a capacitação, a cultura e o entretenimento de modo a atender as demandas do público LGBTQIA+. Figura 20 | XXIII Parada do Orgulho LGBTQ+ de SP. Fonte: Portal G1, adaptado pelo autor (2019) Figura 21 | Basta de Homofobia GLBT. Fonte: Portal G1, adaptado pelo autor (2015)
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u sou linda do meu jeito pois Deus não comete erros. Estou no caminho certo, baby, eu nasci assim. ão se cubra de arrependimentos, apenas ame-se e você estará bem. Estou no caminho certo, baby, eu nasci assim. [...]
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ão se esconda, seja uma rainha. Seja você pobre ou rico; seja você negro, branco, amarelo ou latino; seja você libanês ou oriental. Mesmo que as dificuldades da vida te façam sentir deslocado, provocado ou importunado, alegre-se e ame-se hoje, pois, baby, você nasceu assim.
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ão importa se você é gay, hetero ou bi, lésbica ou transexual. Eu estou no caminho certo, baby, eu nasci para sobreviver. Não importa se você é negro, branco ou amarelo, se é latino ou oriental. Eu estou no caminho certo, baby, eu nasci pra ter coragem.
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u sou linda do meu jeito pois Deus não comete erros. Estou no caminho certo, baby, eu nasci assim. GAGA, 2011 (traduzido livrimente)
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E S P A Ç O LGBTQIA+: AS RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS E O TERRITÓRIO BRASILEIRO
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ara tratar de uma apropriação territorial o indivíduo pertencente a um grupo vem afirmar sua identidade e a de seu grupo a fim de transmitir para o território suas características de modo a proporcionar sentimento de pertencimento ao local em questão. Sobre uma definição de uma identidade baseado nas ciências sociais em seus conceitos tradicionais Santos (1998) relata que uma identidade definia-se de acordo com o posicionamento de seus membros em relação as dinâmicas entre capital e trabalho, renda e status adquirido, ou com as representações consolidadas socialmente, mas partir dos anos 60, passou-se a afirmar que os próprios indivíduos construíam suas identidades dependendo dos processos de interações mantidas por estes indivíduos em um processo em busca da compreensão de si e de interações em sociedade, de modo que identidades coletivas retratam o conjunto de interações sociais e políticas, Santos (1998) também vem afirmar que a partir dos anos 80 uma idéia de memória é buscada a fim de se ter uma continuidade e permanência, fazendo parte do processo social em que a memória é uma parte essencial da construção de identidades coletivas (SANTOS, 1998). Desse modo, as identidades individuais em conjunto estruturam uma identidade coletiva que associada a memória e a um local, estabelecem uma apropriação territorial.
retratar do cotidiano LGBTQIA+, em espetáculos teatrais onde é personificado e questionado os gêneros, na literatura com um leque de possibilidades para retratar o universo LGBTQIA+ e todo o tipo de manifestação festiva que em seu discursos livres permitem as pessoas expressarem suas identidades e questionando padrões discriminatórios e reconstruindo padrões que promovam liberdade. Em afirmação, Louro comenta sobre o processo no brasil da seguinte forma:
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No Brasil, por essa época, a homossexualidade também começa a aparecer nas artes, na publicidade e no teatro. Alguns artistas apostam na ambiguidade sexual, ornando-a sua marca e, desta forma, perturbando, com suas performances, não apenas as plateias, mas toda a sociedade. A partir de 1975, emerge o Movimento de Libertação Homossexual no Brasil, do qual participam, entre outros, intelectuais exilados/as durante a ditadura militar e que traziam, de sua experiência no exterior, inquietações políticas feministas, sexuais, ecológicas e raciais que então circulavam internacionalmente. (LOURO, 2001)
iguras importantes entram em cena na década de 70, década considerada o boom guei por Trevisan (2018), as discussões pleiteavam continuamente os padrões heterossexuais, o cantor Caetano Veloso vinha com performances atípicas para o período ditatorial, colocando em debate definições para ser homem ou mulher. As atitudes de Caetano foram necessárias para abrir a possibilidade onde ter comportamentos em que o gênero não importa, deixando fluir entre masculino os anos 60 eclodiram os movimentos sociais e com eles os e feminino na identidade do indivíduo, Caetano fazia seu público consumir essas questionamentos e reivindicações, a categoria de identidade passou ideias e a partir daí questionar o padrão.
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a ser adjetivo de apropriação usado pelos movimentos sociais: identidades Ainda que repetisse explicitamente que não transava com homens, Caetano provocou furor quando, após voltar de Londres na década de 1970, subiu aos étnicas e de gênero, identidade de classe e social urbano, identidades juvenis e palcos brasileiros de bustiê e batom nos lábios, requebrando com trejeitos do idoso, etc. Os novos indivíduos sociais passaram a produzir representações campy de Carmem Miranda. [...] Ainda mais provocador em seus shows em uma tentativa de se afirmarem socialmente, e nesse sentido de uma busca posteriores - verdadeiros festivais de desmunhecação -, Caetano costumava beijar insistentemente na boca de cada um de seus músicos (e alguns deles eram por visibilidade social e direitos de causa, uma identidade homossexual é muito atraentes!), diante do público que urrava de delírio. Seu cancioneiro, influenciada a existir, resistindo em meio a conflitos no Golpe Militar de 64, de extrema sensibilidade e poesia, chegou a manifestar indisfarçável fascínio e se afirmando socialmente. O espaço se fez meio, não somente físico, mas erótico pela masculinidade. (TREVISAN, 2018) toda forma de se expressar passou a ser utilizada para questionar os padrões músico Ney Matogrosso também surgia com sua expressão não ortodoxa heteronormativos, onde as expressões artísticas foram e continuam sendo o e totalmente fora dos padrões, abertamente homossexual, ele fazia e meio de maior visibilidade para questionar padrões e se posicionar a favor do continua a fazer suas apresentações repletas de trejeitos e com trajes que questionam movimento, podendo ser notados por exemplo em músicas e músicos com as ideologias de gênero masculino, como vemos na Fig. 22. Ney usava de sua suas expressões cênicas e letras que vez ou outra fica claro ou subentendido visibilidade como ato político em meio a Ditadura Militar, seus shows difundiam
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uma identidade homossexual afeminada pouco vista, porque os homossexuais naquele período, preferirem o anonimato de seus “armários” por medo de repressão da sociedade e da própria ditadura que reprimia a liberdade. Ney Matogrosso se inseria numa estética glitter, [...]. Ora de rosto maquiladíssimo, peito nu e longas saias, ora cheio de penas, com chifres enormes na cabeça e minúsculo tapa-sexo, ele se notabilizou pelo rebolado frenético e voz de contralto. [...], Ney criou perplexidade na mídia. Homem? Mulher? Viado? Sua voz feminina [...] contrastava com seu corpo másculo e peito peludo. (TREVISAN, 2018)
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m meio a essas representações de gênero fluido, surgia os Dzi Croquettes, um grupo teatral que também embaralhava os padrões de gênero em suas
apresentações, em seus palcos se via uma ambiguidade onde homens barbados apresentavam em roupas femininas, sutiãs em peitos peludos, cílios postiços, calçados em meias de futebol e saltos altos, nem homem, nem mulher, em grande apresentação cheia de humor ambíguo. Os Dzi Croquettes foram responsáveis por trazer ao Brasil o que se tinha de mais questionador e contemporâneo no movimento Homossexual internacional (Ver fig. 23) (TREVISAN, 2018)Essas representações foram a vanguarda brasileira do artista afeminado e questionador da heteronormatividade, hoje dando espaço para outros músicos como Pabllo Vittar, um menino gay afeminado e Drag Queen, o qual ganhou o prêmio MTV EMA 2019 como melhor artista brasileiro (Ver fig. 24), a ter sua expressão sexual aberta e livre em âmbito nacional e internacional, sendo um símbolo de representatividade atual; ou o coletivo artístico As Travestidas (Ver fig. 25) que é um resultado de uma pesquisa de 14 anos sobre o universo de travestis e transformistas, retratando o conteúdo social do transformismo e a travestilidade por meio do entretenimento e reflexão no teatro, dança, audiovisual, fotografia, publicidade, designe, literatura e na música, mostrando-o para além dos estereótipos e preconceitos Figura 22 | Ney Matogrosso em programa do show “Seu tipo”. Fonte: Acervo Ney Matogrosso (1979) Figura 23 | Dzi Croquettes. Fonte: Portal G1 (2012)
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este período dos anos 70, acontece também pela primeira vez nas artes plásticas brasileira, uma exposição de pinturas com nus masculinos de Darcy Penteado, que exalavam o homoerotismo (TREVISAN, 2018), Trindade (2004) ressaltou que essas pinturas feitas por um homem, permitia pensar sobre o erotismo das pinturas sem estar vinculado a questão de gênero e, para mentes mais férteis, um apontamento para a arte homoerótica. Tratando da necessidade de uma produção literária Homossexual, em reunião na casa de Darcy Penteado, intelectuais, jornalistas e artistas homossexuais paulistas e cariocas, discutiam sobre publicações do gênero e entre 1976 e 1979 a cidade de São Paulo tinha em circulação uma coluna diária com assuntos abertamente homossexuais, a ‘Coluna do Meio’ de Celso Curi publicada no jornal Última Hora, o nome da coluna já fazia alusão em significados para a comunidade, Trindade (2004) definia o nome como “era algo que estava em algum ponto entre as imagens de homem e de mulher conhecidas socialmente; figura ambígua, que não ere nem uma coisa nem outra; estava no meio.” A coluna era ambiciosa por tratar da homossexualidade abertamente em um contexto de repressão da época, mas a coluna não se abalava e vinha carregada de frases cômicas e do universo homossexual como ‘o melhor da festa é o garçom’ e ‘ não cuspa no prato que lhe comeu’, havia uma exploração homoeróticas de desejo na seção ‘Colírio do Dia’ com as fotografias de homens atraentes além de proporcionar relações eróticas e afetivas por meio do ‘correio elegante’.
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rindade (2004) também ressalta sobre a coluna que “ela não estava circunscrita a uma classe social ou a um estilo de vida, pois, como parte de um jornal, poderia ser lida tanto por homossexuais assumidos [...] como pelos enrustido” uma vez que após ler a coluna os assumidos poderiam socializar abertamente discutindo os textos ali contidos, e os enrustidos poderia ter acesso a coluna ao adquirir o jornal sem levantar suspeitas sobre sua orientação sexual, mas não poderia vir a socializar com debates referentes a coluna, guardando para si os textos lidos. A seção ‘correio elegante’ proporcionava encontros secretos, talvez esse tipo de modalidade tenha sido os antecessores para novos estilos de socialização, como classificados de revistas eróticas; as salas de bate-papo online, como o bate-papo uol; e os novos aplicativos de relacionamento homoeróticos de hoje, como o Hornet, Grindr e scruff. Por se tratar de uma coluna aberta e de acesso fácil por estar em jornais, e “vir carregada de humor camp” (TREVISAN, 2018), gíria para um comportamento ou atitude exagerada, colaborou para uma normatização e uma ampliação do imaginário social, ligando a homossexualidade a comportamentos cômicos explorados num futuro em programas humorísticos e em novelas (TRINDADE, 2004). Figura 24 | Prêmio MTV EMA 2019: melhor artista brasileiro. Fonte: Cristina Quicler, adaptado pelo autor (2019) Figura 25 | Coletivo As Travestidas. Fonte: Portal G1 (2017)
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ambém na década de 70, um grupo de intelectuais paulistanos e cariocas se reúnem afim de produzirem para a impressa assuntos homossexuais, mas de uma forma mais conceituada e comprometida, o objetivo era criar um jornal feito por homossexuais e para homossexuais, onde se discutiu assuntos de temáticas diversas, de circulação semanal e em todas as capitais nacionais. Se reúnem acadêmicos, artistas plásticos, cineastas e escritores que refletiam as questões homossexuais, montando idéias para que em 1978, começa-se a circular como tabloide em preto e branco, o Lampião da Esquina (TREVISAN, 2018).
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ma iniciativa de tornar visível a homossexualidade para os outros grupos sociais de fora da comunidade, em seu conteúdo encontrava matérias e entrevistas, contos, críticas de cinema, teatro, literárias etc, algumas notas denunciavam e atacavam diretamente os atos de discriminações da sociedade em suas páginas também encontrava-se cartas que comprovavam um reconhecimento e visibilidade a qual o Lampião adquiriu. Em sua primeira edição, a primeira página já ressaltava a proposta do jornal: Mas um jornal homossexual, para que? A resposta mais fácil é aquela que nos mostrará empunhando uma bandeira [...]. Nossa resposta, no entanto, é essa: é preciso dizer não ao gueto e, em consequência, sair dele. O que nos interessa é destruir a imagem-padrão que se faz do homossexual [...]. Para acabar com essa imagempadrão, LAMPIAO não pretende soluçar a opressão nossa de cada dia, nem pressionar válvulas de escape. Apenas lembrará que uma parte estatisticamente definível da população brasileira [...], deve ser caracterizada como uma minoria oprimida. E uma minoria, é elementar nos dias de hoje, precisa de voz. [...] o que o LAMPIAO reivindica em nome dessa minoria é não apenas se assumir e ser aceito – o que nós queremos é resgatar [...] o fato de que os homossexuais são seres humanos e que, portanto, tem todo o direito de lutar por sua plena realização, enquanto tal. Para isso, estaremos em todas as bancas do país, falando da atualidade e procurando esclarecer sobre a experiencia homossexual em todos os campos da sociedade e da criatividade humana. Nós pretendemos, também, ir mais longe, dando voz a todos os grupos injustamente discriminados. [...] Falando da discriminação, do medo, dos interditos ou do silencio, vamos também soltar a fala da sexualidade no que ela tem de positivo e criador [...] Mostrando que o homossexual recusa para si e para as demais minorias a pecha de casta, acima ou abaixo das camadas sociais; que ele não quer viver em guetos, nem erguer bandeiras que o estigmatizem; que ele não é um eleito nem um maldito; e que sua preferência sexual deve ser vista dentro do contexto psicossocial da humanidade como um dos muitos traços que um caráter pode ter, LAMPIAO deixa bem claro o que vai orientar a sua luta: nós nos empenharemos em desmoralizar esse conceito que alguns nos querem
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impor – que a nossa preferência sexual possa interferir negativamente em nossa atuação dentro do mundo em que vivemos. (LAMPIAO, 1978)
endido em bancas de jornais até 1981, teve um total de 38 edições, incluindo a de número zero, inicialmente cada edição, vendia aproximadamente de 10 a 15 mil exemplares em todo o território nacional, onde inicialmente suas edições preocupavam em retirar o gay da margem social em discursos às minorias, mas em sua fase final, o tabloide se adaptava ao gueto e tornava-se mais ousado abordando conteúdos polêmicos e até ensaios sensuais (GRUPO DIGNIDADE, 1992). Alguns artigos relavam a necessidade de assumir-se socialmente, eventos em que haveria discursões sobre homossexualidade e movimentações políticas a qual o movimento estava envolvido. A homossexualidade ganhava cada vez mais espaço durante este período, tanto no meio físico como em imprensa, em consequência desse espaço, o lampião deixava de ser novidade, o que acaba por reduzir as vendas, impactando diretamente a produção do tabloide, até que chegou ao seu fim com uma notícia intitulada de “Morreu Lampião, o jornal das bichas” após 3 anos de circulação. Trindade (2004) afirmou sobre o lampião que ele “ajudavam a quebrar o silencio social em relação a Homossexualidade. Provendo seus leitores de autoestima e informações relevantes para seu modo de vida, fortaleciam a ideia de alteridade.”
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o mesmo tempo que o Lampião era redigido e comercializado, reuniões de pequenos grupos de militância aconteciam em São Paulo, e dessas reuniões o grupo foi crescendo e afirmando um discurso em prol das questões do dia a dia Homossexual a fim de montar estratégias de luta política. O grupo já constituído de importância como espaço de debates para um ponto comum, a homossexualidade, ainda não tinha um nome representativo. O conjunto dos movimentos sociais, artistas, acadêmicos e militantes, foram aos debates ocorridos na Universidade de São Paulo (USP) o principal meio para afirmar a importância do movimento homossexual no final dos anos 70, e a busca por agrupar-se tendo maior voz e visibilidade. O grupo rapidamente cresceu, demandando uma reestruturação, foi subdividido em grupos identitários onde as idéias eram discutidas de forma sistematizada (TRINDADE, 2004). Trevisan (2002) relatou sobre o dia 8 fev. 1979 “o resultado mais concreto do debate na USP foi uma surpreendente afluência de participantes no que, a partir dali consagrou-se definitivamente como Somos” e afirmou que o nome era “expressivo, afirmativo, paliodrômico, rico em semiótica e sem contra indicações, como dizia um documento por nós publicado na época.” O grupo Somos inseria a homossexualidade brasileira na política de identidades. 39
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Diversas contestações sociais do poder se insinuaram na sociedade das mais diversas formas e os questionamentos da heteronormatividade produzidos tanto no plano acadêmico como no mundo artístico e político, abriram espaço para que um ativismo homossexual se formasse em São Paulo e que uma identidade cultural fosse perseguida, assumida e promovida para e pelos homossexuais. (TRINDADE, 2004)
e oprimiram, eles não tinham como crer que podia confiar nessas instituições. Nesse contexto, uma testagem sanguínea virou parâmetro para aceitabilidade, mas o que seria um importante instrumento para ajudar a combater uma epidemia, ficou frustrada, uma vez que achar lugar para uma testagem voluntária onde o anonimato fosse realizado, uma gratuidade fornecida, e para os resultados positivos um bom serviço de aconselhamento psicológico acontecesse, criou ali o estigma entre conviver com a dúvida de ser positivo ou fazer uma testagem e não receber proteção a sua identidade e direitos humanos. (DANIEL e PARKER, 2018). Com base nos números crescentes de pacientes, montaram-se ambulatórios e equipes de custos acessíveis, a fim de proporcionar um melhor atendimento frente as necessidades físicas e psicológicas, mas se tratando dos pacientes, restava o medo e vergonha de conviver com AIDS, já que a realidade não os proporcionava uma sobrevida mais digna (TRINDADE, 2004).
ntra a década de 80, os grupos de movimentos sociais ganham mais espaço de visibilidade, e os grupos de militância homossexual mantinham-se presentes lutando contra a discriminação a que eram vítimas. O Movimento das Diretas favorecia para um clima políticosocial oportuno aos movimentos sociais, mas a visibilidade que o movimento homossexual recebeu não foi a mais favorável a causa, começava ali um episódio triste, que por muito foi tratado como o câncer gay, surgiram os primeiros casos de uma doença nos EUA que causou medo na comunidade gay, foi o início da era AIDS – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida. Logo m contra partida, grupos já existente começaram a fazer um trabalho associada as práticas homossexuais, a disseminação de informações pelas mídias significativo em apoio, um exemplo foi o GGB que se envolveu em ações que até então não se tinham bases cientificas suficientes, foi um dos causadores de políticas e disseminação de material educativo, assim como novos grupos surgem em grandes problemas sociais, fruto de julgamentos da moral e dos costumes. meados de 1985 para tratar da AIDS em especifico, como o GAPA, grupo de apoio Construída, na concepção popular, como maior do que a vida e como a prevenção a AIDS, formado em São Paulo por profissionais da saúde, ativistas e sinônimo de morte, a AIDS tomou forma no Brasil” (DANIEL e PARKER, entidades políticas, eles forneciam uma ajuda básica educando o público em geral 2018) e antes que realmente tenham afetado um número significativo de vidas, a e prestando um serviço de aconselhamento para soropositivos. No Rio de Janeiro doença espalhou pânico na comunidade Homossexual, os atos que começavam a ser lideranças sociais fundam a ABIA, Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS, notificados inevitavelmente davam espaço para atos discriminatórios e desumanos, que reuniam informações e preparavam material educativo para ser disseminado “no interior de Minas Gerais, um jovem que voltou para casa depois de ter contraído pelo país, era a luta pela cidadania e de direitos humanos para soropositivos e o vírus da AIDS no Rio de Janeiro foi apedrejado e expulso de sua cidade” (DANIEL homossexuais (DANIEL e PARKER, 2018). e PARKER, 2018), nas grandes cidades os hospitais começaram a ser procurados e m 1983 foi criado o primeiro programa governamental para a AIDS como o que acontecia com os pacientes era desumano, como relatado , “foram deixados, iniciativa de políticas públicas a combate à doença e assistência a doentes, às vezes, deitados nas entradas de emergência durante horas, enquanto seus parentes e em 1988 é criado o Pacto Nacional de AIDS no ministério da Saúde, que também tentavam arranjar permissão para que fossem atendidos” (DANIEL e PARKER, agia elaborando campanhas de combate e prevenção a doença, mas um boletim 2018). O preconceito a homossexualidade infelizmente associou-se a AIDS epidemiológico em 1993 mostrou uma realidade assustadora, 10.820 óbitos por e de certo modo desestabilizou o movimento de causa, por ter reestruturados as AIDS e 16.820 casos, nessa situação foi assinado o primeiro acordo de empréstimo derivações discriminatórias, os grupos já marginalizados agora sofrem com a AIDS com o banco mundial para o Projeto de Controle da AIDS e DST, a partir deste por aparentar legitimar o preconceito. acordo iniciasse a distribuição pelo sistema público de saúde de medicamentos para aniel e Parker (2018) ressaltaram que os homossexuais não poderia HIV/AIDS garantidos pela lei n. 9.313/1996. Com o aumento do número de casos e contar com uma comunidade organizada e capaz de fornecer apoio e o aparecimento de mulheres soropositivos, inicia um processo de desconstrução do informação, não tinha um local apropriado e receptivo, eles só tinham os hospitais e imaginário social, percebe que não era uma doença exclusiva a homossexualidade, instituições governamentais para procurar ajuda, logo essas que lhe estigmatizaram neste sentido, uma identidade homossexual começa a ganhar novos parâmetros, uma
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vez que delimitaram relações entre homens apenas como homossexuais, sujeitos até formalizadas, que acontecem trabalhos de educação, tanto como a prevenção para então rígidos, se fragmenta em novas e diferentes identidades (TRINDADE, 2004). infecção por HIV quanto para mudanças comportamentais, e finalmente dada a tal importância a estas comunidades uma identidade sexual e apoio social são mais mbora a discussão sobre a AIDS no Brasil tenha grande importância, e facilmente obtidos, facilitando as tais mudanças comportamentais (DANIEL e venha a revelar que as dinâmicas de relações em que ocorre as transmissões PARKER, 2018). não se restringem a homossexualidade, abrindo o campo para a bissexualidade e heterossexualidade, essas categorias têm bastante importância em um contexto m 1990 inicia uma década ainda marcada pelas perdas provenientes da cultural, principalmente no Brasil. Tradicionalmente, existe uma importância maior AIDS, e em decorrência dessa situação e dos grupos de ativismos em prol para configurações como passivo e ativo, do que em categorias de relações sexuais, da comunidade LGBTQIA+, as discursões em todo o território nacional tratavam um exemplo são homens que praticam relação sexual com outros homem fazendo de trazer um apoio a essa comunidade das mais diversas formas, as conferenciais uma posição ativa não necessariamente se considera homossexual e nem bissexual, de direitos GLS, mais pra frente adotam LGBT e promovendo pontuais passeatas uma vez que essas categorias seriam empregadas a aqueles que possuíam uma e encontros, trabalham para mudanças para direitos LGBTQIA+. Nasce em 1995 a posição passiva nas relações, em uma tradução básica, embora parceiros e papeis Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT) na cidade de Curitiba sexuais possam variar, eles tendem a ser mais significativos do que a escolha do em luta pelos Direitos Humanos e Civis dessa parcela da sociedade, promovendo objeto sexual na construção da identidade sexual (DANIEL e PARKER, 2018). a autoestima e uma construção da cidadania deles (ABGLT, 2020). Também foi o ano das primeiras Parada do Orgulho, mais especificamente em 1997 na cidade de aniel e Parker (2018) desenvolveram uma pesquisa a fim de etnógrafa as São Paulo e do festival Mix Brasil que consolidava um estilo de vida GLS da época. mudanças comportamentais e nas atitudes sexuais em meio a infecção por HIV, eles ressaltam que realmente existiu uma mudança em meio as populações s anos 2000 vieram com iniciativas governamentais para tratar das homossexuais e bissexuais do Brasil, como uma resposta a tal infecção, as mudanças relações de direitos e de identidades sexuais após pressão de movimentos relatadas não são uniformes e para muitos indivíduos, continuar lutando para a ter ativistas, como o ‘Brasil sem homofobia’ de 2004. Nesse período ficou cada vez mais sua vida sexual satisfatória e completa aliada a reduzir os riscos de infecção são presente em sociedade a existência dessa parcela populacional e as dinâmicas de mais importantes. A importância dos preservativos teve tanta importância como luta pelos seus direitos, e de 2000 a 2020 os ganhos em reconhecimento de direitos prevenção quanto o próprio risco de se infectar, mas o uso do preservativo não tem mostra um certo avanço alcançado à medida em que cada vez mais LGBTQIA+ uma consistência, entrevistados relatam que o uso é ocasionalmente e baseia-se no se fizeram presente em meio ao território para lutar questionando padrões tipo de relação, quando era ocasional ou parceiros fixos, e muito dos que usam discriminatórios, podendo ressaltar aqui o direito a uma união estável homoafetiva sempre reclamam da necessidade de usa-la, muito dessas inconsistências decorrem reconhecida pelo STF e em uma conversão para o direito ao casamento civil em a falta de informação no que concerne aos fatos da transmissão de HIV. Em resumo 2013 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a adoção já era um direito previsto eles definem que se existe uma mudança comportamental, ela está acontecendo no Estatuto da Criança e do Adolescente onde podem adotar qualquer pessoa maior inconsistentemente, mas ressalta que quanto mais alto o nível da mudança, mais de 18 anos e independente do estado civil e em relação a ter filhos, o direito a informações essa parcela populacional recebia, em contra partida quanto menos reprodução assistida foi reconhecida pelo CNJ em 2016 dando o direito a casais informações, menos a parcela populacional tinha uma mudança de comportamento. heterossexuais ou homossexuais ao registro de nascimento de filhos por meio de Eles também relatam que em um grupo onde há uma consistência maior em relação reprodução assistida, os direitos sucessórios que dão direito a herança por perda do a informações corretas está relacionada a uma identidade homossexual assumida e cônjuge ou companheiro em união estável, assim como direito ao seguro de Danos que de várias maneiras ocupam espaços sociais que de alguma forma oferecem apoio Pessoais causados por Veículos Automotores de via Terrestre (DPVAT) em 2004, a seus estilos de vida; enquanto uma inconsistência em mudanças comportamentais o direito a pensão por morte e auxilio redução reconhecido pelo STF em 2005, está relacionada a uma confusão sobre uma identidade sexual e falta de apoio social. o direito ao nome e a identidade de gênero (BRASIL, 2017), a criminalização da Em uma última análise eles relatam que é precisamente dentro de comunidades homofobia como crime de racismo pelo STF em 2019 e o direito a doação de sangue
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partir das dinâmicas no âmbito nacional evidenciadas aqui, é possível compreender as maneiras de como os processos de apropriação territorial acontecem na cidade da São Paulo, e desse modo demarcar as manchas de apropriação e propor soluções que evidencia essa apropriação proporcionando a sociedade como um todo, a visibilidade positiva que a parcela LGBTQIA+ necessita e dando a sensação de identidade local a estes.
2.1 O direito a cidade como território
reconhecido pelo STF em 2020 suspendendo as normativas do Ministério da Saúde e da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
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ica evidente como o potencial de uma identidade sexual e coletiva influenciam comportamentos, e usa-los de forma direcionada, é possível obter diversos produtos como resultantes desse agrupamento, mas um grupo social também precisa de território a fim de proporcionar as devidas interações sociais a qual Daniel e Parker (2018) relatam ser fatores importantes para uma afirmação. Tendo como referência as identidade individuais correlacionadas a um coletivo e uma memória territorial, aparece a necessidade de definir o espaço. Milton Santos (2006) em A natureza do espaço, fala que a geografia do espaço acontece como o conjunto de fixos e fluxos, onde elementos fixos permitem modificar o lugar, na medida que os fluxos novos ou renovados recriam condicionantes ambientais e sociais, Santos (2006) também ressalta uma outra possibilidade onde a dinâmica ocorre relacionada a uma configuração territorial e as relações sociais, de modo que uma configuração territorial é formado por sistemas naturais diretamente influenciado pela interferência do homem a esses sistemas, sendo assim a configuração territorial existe somente aliada a relações sociais que usufruem do espaço. Desse modo, Santos definiu o espaço, onde o objeto a que se refere são coisas utilizadas pelo homem em um conjunto de intenções sociais: O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá. No começo era a natureza selvagem, formada por objetos naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois, cibernéticos, fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar como uma fábrica. [...], o espaço é marcado por esses acréscimos, que lhe dão um conteúdo extremamente técnico. O espaço é hoje um sistema de objetos cada vez mais artificiais, povoado por sistemas de ações igualmente imbuídos de artificialidade. (SANTOS, 2006)Milton Santos também define que o espaço é geográfico, não necessariamente é um objeto material, mas um conjunto de materialidades e imaterialidades entre objetos geográficos, objetos etnográficos, objeto antropológico, objeto sociológico, objeto econômico, objeto artístico, objeto estético e objeto religioso, de forma não dissociada, mas em conjunto a produzir uma geografia do espaço associada aos sistemas de ações. O conjunto desses objetos e ações no espaço, determina um valor social adquirido por uma lógica do histórico, sua datação e a causa de formação, associada a lógica das dinâmicas atuais sobre seu funcionamento e seu significado para a atualidade (SANTOS, 2006).
Figura 26 | Direto a cidade como território. Fonte: Jaelson Lucas / Prefeitura municipal de Curitiba, adaptado pelo autor (2014)
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Ocupar a cidade como espaço público e acessá-la em sua totalidade ideia conjunta de tempo e espaço é definida como um evento e, significa a ultrapassagem de um ato meramente pessoal/individual para um considerando a diversidade de possibilidades em que um evento possa processo político, coletivo e de resistência às formas discriminatórias e ao vir a acontecer, ele é um fator primordial na formação social de grupos e do espaço, complexo universo da desigualdade social, que produz e legitima lugares os eventos não se repetem, eles são elementos de atualidade em um determinado para determinados indivíduos; que obstaculiza a diversidade humana e que naturaliza a exploração do trabalho e as práticas de dominação ideológica e tempo e espaço, e por essas características, quando um evento acontece, ele faz cultural. (SILVA e SANTOS, 2016) mudanças, marca o território e cria história. Os eventos são ações, e toda ação tem um sujeito, de modo que, o sujeito que promove uma ação automaticamente eguindo a linha de raciocínio de Santos (2006), Norber-Schulz (2006), Silva realiza um evento, e consequentemente marca o tempo e o espaço, isto é, o evento e Santos (2016), as ações praticadas no espaço determinam um evento, que é uma ação decorrente da existência do homem e de como ele age na construção consequentemente marca o território de diversas formas, podendo criar elementos físicos ou sentimentos emocionais, desse modo, usufruir desses sentimentos ou social (SANTOS, 2006). elementos derivados do evento aplicados a uma localidade espacial, proporcionaria medida em que as ideias de lugar são definidas por Santos (2006) um sentimento de pertencimento do lugar. Levando essas ideias para o contexto de como um espaço geográfico composto por fixos e fluxos, em uma segmento LGBTQIA+, o evento que marcou o tempo e o espaço foi a revolta no relação onde o território é fruto das relações sociais que acontecem nele, essas Stonewall Inn, a partir deste momento criou-se naqueles que compartilhavam das relações marcam o espaço e determinam um valor social ao lugar, Norber-Schulz mesmas características o sentimento de pertencer ao acontecido e por meio desses (2006) baseando-se no conceito romano de Genius loci, um espirito guardião sentimentos criar o movimento de ativismo em prol da comunidade LGBTQIA+, e que dá vida ás pessoas e aos lugares, determina que a sobrevivência em tempos em consequência desses movimentos de ativismo, vários outros eventos acontecem passados, dependia da boa convivência com o lugar, e que hoje usamos ‘habitar’ e marcam novos territórios, e dessa cadeia de sequencias em que um evento cria como palavra pra definir a convivência com o lugar, de modo que elementos de outro evento como consequência, várias machas territoriais adquirem um espirito localização fornecem orientação para as pessoas criando uma imagem ambiental de lugar LGBTQIA+ e, a partir dessas manchas é possível determinar um local onde que da sensação de segurança emocional, essa segurança pode vir a se transformar um novo evento será proposto como elemento essencial para uma reafirmação da em uma identificação com o ambiente, essa identificação com o local diz respeito identidade do lugar e do sentimento de pertencer ao mesmo, desse modo, podemos a uma boa relação com o lugar, onde o homem vive o ambiente como portador analisar as manchas na cidade de São Paulo. de significados. O espírito do lugar é composto por objetos ou elementos de identificação como propriedades concretas do ambiente e que as pessoas de algum modo criaram relações a estes, de modo que a identidade humana pressupõe uma identidade de lugar dando base para o sentimento de pertencimento (NORBERSCHULZ, 2006).
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o Brasil, o Estatuto da Cidade determina que o uso da propriedade urbana deve favorecer o bem coletivo, a segurança e o bem estar de todos, de modo que a ocupação do espaço público pela sociedade cria novas formas de construção e vivencia de espaços públicos sociáveis que permitem uma reivindicação do direito de habitar o espaço da cidade. É direito da população de uma cidade que o desenho urbano e a gestão dos espaços públicos trabalhem de forma a produzir lugares inclusivos e seguros, a fim de promover uma redução de desigualdade e da criminalidade, Silva e Santos (2016) relatam que: 43
2.2 As dinâmicas de apropriação do território LGBTQIA+ de São Paulo
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urbanização e industrialização do início do século XX foi fator primordial para mudanças na cultura social do povo brasileiro, os grandes centros financeiros sofreram uma crescente aglomeração de população, onde São Paulo, que já produzia grande parte da safra cafeeira do Brasil, atraiu imigrantes internacionais e migrantes nacionais de regiões empobrecidas, tornando a metrópole agitada e com necessidade de crescimento espacial.
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ão somente o Vale do Anhangabaú e a Av. São João eram pontos de práticas homoeróticas, havia a Praça da República, os bordeis ao longo da Rua Barão de Itapetininga, o Jardim da Luz e os banheiros públicos que ofereciam acesso rápido a inúmeros homens dispostos a ter práticas sexuais, mas esses locais ofereciam risco de prisão por atentado ao pudor e os homens começaram a se destinar a lugares mais discretos e escuros, os cinemas, que com preços relativamente baratos eram locais acessíveis e seguros para as práticas sexuais entre homens. (GREEN, 2000.) Os cinemas não eram lugares apenas para práticas homoeróticas, era entretenimento para todos, e os filmes nacionais e internacionais despertavam interesse sobre os artistas, esses expostos em revistas ilustradas começaram a ditar moda, padrões femininos imitados por seus seguidores, muito deles homens que começaram a ficar mais femininas, as travestis, e as figuras másculas dos filmes e revistas despertavam interesse, fantasias e desejos sexuais. Os filmes tiveram grande importância referencial aos homossexuais em relação aos padrões femininos e masculinos em decorrência da popularidade dos mesmos.
centro da cidade se espremia numa elevação entre vales e rios, e a cidade crescia para as regiões periféricas. A fim de promover uma maior integração e mobilidade, foi construído sobre um dos vales uma ponte, o Viaduto do Chá, que fez a ligação periferia-centro sobre o Vale do Anhangabaú, essa ligação ajudou na criação de um novo distrito residencial e comercial onde a elite paulistana estabeleceu residência e em 1911 com a inauguração m decorrência da migração de burguesia para regiões mais afastadas do do Teatro Municipal, tornou da região centro da vida burguesa centro, os grandes casarões agora abrigavam pensões e bordeis, e em (GREEN, 2000). conjunto aos apartamentos, configuraram espaços mais seguros e de livre liberdade
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para homossexuais se expressarem e ter suas práticas sexuais, eram lugares para reunir amigos, fofocar e se vestirem como quiserem. Em relação as pensões, Green (2000) fala que em virtude de zelar pela moralidade, eram rigorosamente separadas por gêneros, desse modo foi possível que algumas pensões femininas servissem de fachada para bordeis, por outro lado, as pensões masculinas facilitavam a relação ajardinados em anexo ao Teatro Municipal (fig. 27), logo esse espaço tornou-se entre homens por não ser questionável o fato de 2 homens dividirem o mesmo ponto de encontro para homens com o intuito homoerótico, já que estava próximo quarto, já que era comum várias pessoas morarem no mesmo quarto nessas pensões. a hotéis baratos, quartos de aluguel, pensões, bordeis, edifícios de apartamentos de modo como viviam as pessoas consideradas desviantes da moral e bons aluguel nos arredores do centro e os cinemas luxuosos construídos em meados dos costumes no período entre os anos 20 e 40 era repleto de obstáculos, era anos 30 no início Avenida São João no centro (GREEN, 2000). crime as práticas homoeróticas e de expressão sexual, foram fortemente censurados
ocupação pela burguesia despertou nos urbanistas o interesse em melhorar a qualidade do Vale do Anhangabaú, que se modificou e foi considerado como o Central Park do Brasil com seus passeios, bancos, espaços abertos e
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Assim como na virada do século, em meio à agitação do centro da cidade, os homens atraídos por outros homens flertavam, fofocavam, socializavam-se e desfrutavam juntos das atividades culturais sem atrair muita atenção. À noite, deixavam-se ficar ao lado dos postes, demoravam-se nos bancos dos parques, trocavam olhares desejosos e, depois, retiravam-se para as sombras de um edifício ou para um quarto alugado[...]. (GREEN, 2000)
pelo governo, setores científicos e religiosos, além da sociedade. As socializações eram feitas às escondidas ou de modo a passarem despercebidas, muito das vezes no final da tarde e duravam o período noturno; as praças, parques, estações, banheiros públicos e cinemas se caracterizam como local de afirmação sexual através das práticas homoeróticas, já os bordeis, pensões, hotéis e apartamentos proporcionavam segurança e liberdade para se expressarem. Desse modo se caracteriza o início de afirmação e identidade local na cidade de São Paulo.
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Estado Novo, entra em cena como um período onde houve um o uso de práticas autoritárias para reestruturar o poder político e as relações de classe social entre 1937 a 1945, o corpo físico em si sofre uma remodelação evidenciando um novo modelo de masculinidade por parte do governo e a homossexualidade é deixada de lado em questões de pesquisa medica que até então eram intensamente explorada, decretado pelo Estado de São Paulo durante o Estado Novo, a prostituição deveria estar delimitada a acontecer na região do Bom Retiro, no intuito de promover uma limpeza no centro da cidade e regrar o comportamento da prostituição, com isso, a presença policial e autoridades sanitárias ocupavam em fiscalização a região do centro, levando os homossexuais que ocupavam a região do Vale do Anhangabaú desde os anos 20, a ter suas interações na região do Parque Dom Pedro; com a queda do Estado Novo em 1945, as mudanças começam a reestruturar as dinâmicas de relacionamentos e em 1953, um novo decreto volta a liberar a prostituição na cidade como um todo, levando mais uma vez a proliferação dos mesmos na região central, onde uma relação entre a prostituição e homossexualidade ocupam o mesmo espaço, talvez pela marginalização dos dois grupos, mas com toda certeza pela dificuldade de estarem inseridos a sociedade (GREEN, 2000). Com um crescimento econômico impulsionado na década de 50, São Paulo gerou um mercado em expansão, viu sua crescer sua população em busca de empregos vinda das áreas rurais e alavancou uma classe média urbana. A indústria passou a produzir inúmeros bens manufaturados e em resultado das relações feitas durante a Segunda Guerra com os EUA, a produção industrial e cultural norte americana inundou o mercado brasileiro e os veículos de informação foram os responsáveis pela formação de comportamento, padronizando uma linguagem e a cultura, o rádio e a televisão, jornais e revistas, filmes estrangeiros e revistas em quadrinhos dos EUA, passaram a informar aos leitores os novos padrões de moda, os estilos e os padrões de culturas internacionais. (GREEN, 2000)
as demonstrações públicas de estilos de vida se tornam mais frequentes avaliando e desafiando as noções de beleza, de moda e glamour; os bailes de carnaval tomam lugar de aceitar e proteger os LGBTQIA+, apresentando por meio da imprensa os gays e travestis ao cenário público em seus desfiles, e que posteriormente são aclamadas nas produções teatrais tradicionais por numerosos espectadores.
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or volta de 1958, o sociólogo José Fábio Barbosa da Silva escrevia sua dissertação de mestrado baseado em sua pesquisa sobre homossexualidade em São Paulo, Silva além de relatar as dinâmicas de socialização, mapeou o território que homossexuais paulistas ocupavam e revelou que enquanto dia, as regiões centrais de São Paulo, o centro antigo e o novo centro, que funcionavam como centro financeiro, ao anoitecer, ganhava uma vida homossexual de grande relevância, como já acontecia no início do século, relatou também a zona “T” definida pela convergência entre as Av. Ipiranga e São João como a principal região de encontro homossexual que tem sobrevivido até os dias atuais por fatores como: a Av. São João, que representa o topo da letra “T”, em uma se suas pontas faz uma conexão direta com o Vale do Anhangabaú, o principal território homossexual dos anos 20 e 30, enquanto que no outro sentido levava para o centro em expansão com os cinemas localizadas na mesma avenida, que ofereciam local mais discreto para aqueles que buscavam as práticas homoeróticas, e a hasta da zona “T” representado pela Av. Ipiranga tem como destino a Praça da República, que por sua exuberância e pelos banheiro públicos, atraiam homens a fim de ter praticas homoeróticas ali, desse modo, os homossexuais transitavam com bastante frequência na “zona T” e nos quarteirões adjacentes na busca de uma interação homoerótica, Barbosa da Silva revelou a importância da “zona T” e do seu entorno imediato, onde as relações passaram a acontecer com uma maior vivacidade, mas ainda sem deixar a discrição a que os homossexuais de classe mais alta que ali também frequentavam, ainda resguardavam, ele evidenciou o Café Mocambo na Rua do Timbiras, o Largo do s padrões de gênero considerados até então rigidamente definidos Paissandu, o banheiro público do Largo do Arouche, etc (GREEN, 2000). passaram a ter uma desconstrução, a cultura começara a questionar os São Paulo dos anos 50 ainda não possuía bares exclusivos à homossexuais, valores do homem e da mulher, enfraquecendo os papeis sexuais tradicionais, e e os bares do entorno da Biblioteca Municipal eram os que mais atendiam em decorrência dessas mudanças, também é notória as novas identidades sexuais e de gênero no universo LGBTQIA+. Neste período, uma expansão no campo a uma clientela diversa onde incluía-se os homossexuais, sendo eles o Bar do Jeca, homossexual começa, as opções de vida noturna na cidade se ampliam, novos Brahma, Paribar (Ver fig. 29), o Barbazul e o Arpége. Barbosa da Silva relatou que espaços começam a ser ocupados como bares da região da Av. São Luiz, fã-clubes no final dos anos 50 o Bar Anjo Negro atenda especialmente clientes homossexuais, e apresentações ao vivo das rádios proporcionavam novas interações homossexuais inclusive com apresentações de travestis, e o Nick’s Bar que se tornou dos locais dando sensação de pertencimento a um grupo, passaram a participar de concursos, favoritos dos homossexuais para reuniões de amigos (GREEN, 2000).
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té o final dos anos 60 existia a ‘Boca do Lixo’ que começava na esquina das Av. Ipiranga e São João, e seguia em direção ao Largo do Paissandu
como relatou Clovis, um interlocutor da pesquisa de Barbosa da Silva, Clovis relatou também que que a ‘Boca do Lixo’ era uma área de prostituição e por mais que estivesse interligadas pelas ruas do entorno, os mundos da prostituição não se misturava aos que frequentavam os bares como Barbazul e o Paribar (PERLONGHER, 1987). São Paulo em meados dos anos 60, era comtemplada com o Edifício Metropolitano e a Galeria Metrópole (Ver figura 30), a qual proporcionou aos homossexuais da época um novo espaço de interações sociais, a galeria tinha dispostos ambientes como o cinema, as lojas, bares, boates e livrarias. O edifício não se dedicava ao público Homossexual, mas se tornou o local de maior movimento e preferência homossexual de São Paulo, Clovis relatou a Barbosa da Silva que a galeria “Foi construída como espaço arquitetônico e urbanístico. Mas já quando estava em obras as bichas falavam ‘vamos invadir esse espaço, vai ser nosso, vai ser uma bicharada toda nessa galeria’” (GREEN, 2000), haviam bares gays como o Barroquinho que era um bar aberto em que os gays iam para socializar e beber, não haviam shows e nem era uma boate (SÃO PAULO, 2013), os passeios e escadas rolantes também se fizeram espaços ideais para as dinâmicas de interações homoeróticas praticadas até então, assim como as áreas ajardinadas no entorno da Biblioteca Municipal, logo a poucos metros da Galeria Metrópole (GREEN, 2000). Clovis também relata que o auge da Galeria Metrópole foi em 1966 e 1967 e que os efeitos da Ditadura Militar de 64 tardaram a chegar, e só em 69 que as represálias foram mais dura, Clovis relatou que “Foram fechadas as suas três portas, e em camburões e ônibus levaram preso todo mundo. Isso conseguiu diminuir a frequência, e a Galeria Metrópole caiu em declínio” (PERLONGHER, 1987). A galeria ainda sobreviveu em sua periferia pelos passeios das ruas que o contornavam, até que foi implementado o calçadão que interligava a galeria a Praça Dom José Gaspar, o autorama que acontecia entre a galeria e o Teatro Municipal também era espaços para a paquera que por volta dos anos 70, a homossexualidade era mais aceita (PERLONGHER, 1987). Figura 27 | Vale do Anhangabaú nos anos 20 e 30. Fonte: Bol, adaptado pelo autor (2017) Figura 28 | Cinema Art Palacio Fonte: Music Non Stop, adaptado pelo autor (2017)
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s anos 70, as boates foram parte importante do contexto homossexual, era a novidade do momento, e em decorrência delas, os lugares começam a diversificar e aos poucos sair do centro, exemplos são: a boate Hi-Fi na Rua Augusta, a boate K-7 como uma balada gay na Rua Bela Cintra que foi fechado e os donos abriram o Medieval na Rua Augusta, um recanto chique gay com vários shows incríveis com temas especiais e entradas triunfantes como a de Wilza Carla montada em um elefante (Ver fig. 31), outra boate de relevância era a Nostro Mondo na Rua da Consolação, que não tinha todo um glamour, mas era rica em programações como os concursos de travestis e homens pelados, uma boate que também marcou foi a Homo Sapiens ou HS inaugurado em 1978 na Marques de Itu onde todo mundo queria conhecer o HS inclusive os gringos e era para um público mais sofisticado, lá aconteciam shows de travestis e homens tirando a roupa no palco ou em concursos de beleza, no seu entorno surgiram bares como o Man’s Cautry, Batuk Bar e o ‘inferninho’ Val Improviso, também tinha o Gay Club localizado Rua Treze de Maio, o Cowboy com suas mesas com telefone para o flerte entre as mesas, o Off que abriu em 1979 na Rua Romilda Margarida Gabriel no Itaim e em 1986 se transforma em Espaço Teatral Off, as lésbicas se reunião no Ferro’s Bar em baixo do Viaduto Martinho Prado, entre as mais ricas o bar mais frequentado era o Moustache atrás do cemitério da consolação com mulheres glamurosas de terno e gravata, também havia a boate lésbica Dinossaurus para dançar e flertarem (SÃO PAULO, 2013).
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om o declínio da Galeria Metrópole, veio o auge da Rua Nestor Pestana, hoje próximo à Praça Roosevelt, que na época era um simples estacionamento a céu aberto, a comunidade homossexual se apropriou da Rua Nestor Pestana que não necessariamente era de uso exclusivos deles, Clovis ainda como interlocutor de Barbosa da Silva descrevia a rua como um local onde o “pessoal que fumava, transava LSD, ia maquiado com batom verde, purpurina no cabelo, penas na cabeça.” (PERLONGHER, 1987), um outro foco de local, era o Largo do Arouche, que começava a se tornar um ponto gay da cidade, acontecendo independente dos outros pontos, e que também era frequentados por pessoas de classe média, em contra partida o lado mais pobre também continuava a existir na ‘zona T’ e na Praça da República. Com as investidas policiais na Rua Nestor Pestana na busca por narcóticos, a parcela homossexual que ali conviviam socialmente começa a migrar parcialmente ao Largo do Arouche, apropriando-se aos poucos da Rua Vieira de Carvalho, até o auge da migração no final dos anos 70 (PERLONGHER, 1987). Antônio Bivar Figura 29 | Paribar em 1983 na Praça Dom José Gaspar. Fonte: Reprodução (2020) Figura 30 | Fotomontagem da inserção urbana do edifício e galeria metrópole Fonte: Arquivo Arq. (1964) Figura 31 | Wilza chega montada em elefante a boate Medieval. Fonte: Folha de São Paulo (1976) Figura 32 | Matéria Comerciantes apoiam rondas de Richetti Fonte: Folha de São Paulo (1980)
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(1980) retrata em especial um sábado à noite da efervescente vida do Largo do possibilidade para os recém assumidos ou recém chegados ao movimento, de passar por um ritual de iniciação em que os grupos de afirmação e identitários, forneciam Arouche: informação sobre suas condições sexuais em uma conscientização positiva.
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Do lado direito (entrando pela vieira de carvalho) ficam os bares com mesinhas na calçada. O décor lembra um pouco todos os caís do mundo, no seu passé: a iluminação é luz negra e o som é de discoteque. A clientela é ruidosa e mistura todos os sexos, tendências e idades, beirando a faixa dos 8 aos 80 anos. Do lado esquerdo do largo, na ampla calçada em frente a tradicional floricultura, uma ala mais jovem e bastante avant-garde reúne-se em grupos na calçada, nos balcões dos bares e lanchonetes, e riem, discutem, fofocam [...]. São animados, modernos, são a new wave gay de São Paulo: dos vários estilos de corte de cabelo a um ou outro brinco na orelha, aos modelinhos (foram os primeiros a vestir pantufas no verão e anoraks na meia estação). (BIVAR, 1980)
Largo era um espaço democrático, absorvia as demais variantes identidades e expressões sexuais, os bares virados para a praça davam visão a quem passava por ali, e tornavam o banheiro público que localizava no meio da praça, um local freneticamente quente, as Ruas Bento Freitas e Vieira de Carvalho também continham mais bares de vida movimentada pelos gays, enquanto que as travestir preferiam ocupar o final da praça em direção a Rua Rego de Freitas (PERLONGHER,1987). Bivar volta a ressaltar as áreas gays como o coração do movimento, e de como era passear pela região e observar as diversas identidades:
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Da rua Major Sertório, com o trottoir das travestis [...] passamos pela ‘Boca do luxo’ (império das mundanas) e saímos para a Avenidas Ipiranga. Uma volta pelas Avenidas São Luís – outrora elegante e arborizada, hoje passarela de gay quiet quality -, um passeio pelos calçadões e um look na esquina do pecado que é o cruzamento das Avenidas Ipiranga e São João (os mais sofisticados que não querem – mas não conseguem deixar de – dar uma passada, nem que rapidinha, por lá, já inventaram até um nome para o vício: ‘a síndrome da esquina’). Desse ponto crucial, o turista sobe um pouco e evita – ou atravessa – a Praça da República (onde costuma acontecer assaltos e até crimes, e onde impera o baixo gay), e chega à bonita Avenida Vieira de Carvalho, cheia de edifício art-déco e quartel-general do gay ‘macho’ e do gay ‘executivo’, enfim, do gay aparentemente sério: todos usam bigodes (símbolo de classe, status e masculinidade) e vestem-se com um aprumo que beira o conservador, de tão discreto. (BIVAR, 1980)
erlongher (1987) relata que a efervescência das ruas também foi um ato político, e que as confluência dos movimentos da época entre a vanguarda teatral, os intelectuais, universitários gays, as relações dos gays do ‘gueto’ e a militância paulista, deram espaço para organizassem em um grupo, o SOMOS, que proporcionaria a possibilidade de conhecer novas pessoas ou como ele cita, a
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ma nova onda de ‘limpeza’ da cidade, como a ocorrida no Estado Novo, pretendia confinar as travestis a uma zona da cidade, e tinham também o intuito de prender marginais, exploradores e desocupado. O então Coronel da PM Sydney Gimenez declarava que rondas policiais iriam recolher as travestis e determinalas a frequentar apenas as ruas especificas para elas, como citado pelo delegado de polícia Paulo Boncristiano que apenas alguns quarteirões nas proximidades do que era conhecido como ‘Boca do luxo’ e a ‘Boca do lixo’ e a partir de uma determinada hora da noite, as travestir poderiam se instalar nessas localidades. Essa ‘limpeza’ teve um apoio fundamental dos moradores e comerciantes das áreas as quais as identidades LGBTQIA+ do período se instalavam, como destacou a matéria da Folha de São Paulo (Ver fig. 32), onde Richetti recebeu cartas e telegramas, além de pelo menos 60 abaixoassinados com aproximadamente 2 mil assinaturas. No início das investidas, as batidas policiais aconteciam simultaneamente em várias regiões do centro de São Paulo, depois a polícia se instalava estrategicamente em locais para realizar essas batidas, como no Largo do Arouche, fazendo detenções arbitrarias a fim de ‘limpar’ a cidade. Claramente as investidas policiais proporcionaram mudanças no território LGBTQIA+, uma vez que delimitava territórios e os distinguia entre o gueto gay e as áreas das travestis, as travestis nas margens da Boca do luxo e os gays levados a se retirarem do Largo do Arouche concentram-se na Rua Marques de Itu, especificamente entre as Ruas Bento Freitas e Rego Freitas (PERLONGHER, 1987).
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erlongher (1987) relata que entre 1982 e 1985, o processo de ocupação de espaços como pontos gays tem uma expansão em direção ás áreas de classe média e média alta dos Jardins, esse processo pode ser notado facilmente desde os princípios do processo de apropriação dos espaços LGBTQIA+, como exemplo no início do século 20 em que os homossexuais interagiam nas regiões do Vale do Anhangabaú que foi uma região da elite burguesa, em seguida com a decadência dessas áreas e a ascensão dos cinemas luxuosos, os homossexuais tendem a ir a esses locais, com o passar do tempo e a região se configurando como a Boca do lixo, os homossexuais tendem a ocupar as regiões entorno dos bares Pari e Barbazul e da Biblioteca Municipal, onde intelectuais e uma certa classe média frequentava, permanecem ali até a decadência da Galeria Metrópole como ponto gay e deslocam para o Largo do Arouche e Rua Vieira de Carvalho, uma região também frequentada pela classe média até que as investidas policiais levaram a saída da região e a busca
pelos novos espaços de classe média, esses processos evidencia a necessidade de demonstrar que os homossexuais de classes mais abastardas em primeiro, não queriam estar vinculados a marginalidade periférica, e em segundo, se colocavam a ocupar espaços que proporcionaria discursões intelectuais e locais que de certo modo não denegrisse o status social. Em virtude de um poder de consumo maior que daqueles que frequentavam o centro, uma parcela tende a ir para as Boates do Jardins.
do eletrônico passaram a frequentar mais pra frente o Floresta, Lov.E, D-Edge, um outro grupo GLS ainda frequentava os locais com estilos musicais como nos anos 70 e 80, sendo eles a Mad Queen e Gent’s em Moema, a Diesel na Brigadeiro Luiz Antônio, a Disco Fever na Augusta, a So-Go na Alameda Franca, Tunnel localizado na Rua dos Ingleses, uma que dura até os dias atuais é a Blue Space aberta em 1996 na Barra Funda e foi uma das responsável por popularizar as Drag Queens na realização de shows ou como hostesses e promoters dessas casas, exemplo de Drags da década hoje bastante prestigiadas por suas carreiras são: Silvetty Montilla, Salete os anos 80 surgiram novas boates como o Village Station Cabaret na Rua Campari, Nanny People, Marcia Pantera e Kaká di Polly (STEFFEN, 2017). Rui Barbosa, uma boate extremamente luxuosa, era um restaurante, um m Evento que marca a década para o movimento identitário e de bar, um espaços de shows, também tinha um cinema pornô gay, talvez o primeiro apropriação com toda certeza, foram os encontros de discursões sobre a Dark Room de São Paulo, a boate Shock que recebia lésbicas e gays e antes era o temática LGBTQIA+ e o início das Paradas do Orgulho, com a primeira de São Paulo Hunters uma boate gay já muito frequentado pelas lésbicas, o bar Feitiço’s na Vila Olimpia não tinha uma pista de dança e era um bar lésbico de paquera com música em 1997, que marcou o território com seu circuito da Av. Paulista, descendo pela Rua ao vivo, criando a tradição de bares lésbico ter música ao vivo, o Mistura fina que da Consolação até a região central de São Paulo onde a região já era marcada como se dizia a maior casa gay do brasil na Rua Major Sertório, a Malícia na Rua da território LGBTQIA+, essa visibilidade e a dispersão da região central iniciada nos Consolação inaugurada em 1986, o Corintho inaugurado em 85 ao lado do Shopping anos 70 proporcionaram processos decentralizados de apropriação territorial, como Ibirapuera em Moema, era uma boate de Elisa Mascaro, a mesma que em 70 surgia visto anteriormente, as boates, saunas, clubes e bares se dispersaram pela cidade com a Medieval e todo seu esplendor, com grandes espaços, um palco enorme onde em um movimento continuo até os dias atuais, é possível ver manchas pontuais apresentavam aproximadamente 26 pessoas ao mesmo tempo em megashows de espalhadas pela cidade, como a mancha LGBTQIA+ da Rua Frei Caneca onde após muito luxo (Ver fig. 33), ali foram realizadas festas lendárias marcando o local como uma atitude discriminatória de um segurança do Shopping Frei Caneca em 2003, a um império gay (SÃO PAULO, 2013). Os anos 80 foi também um retrocesso do militância organiza um protesto denominado ‘Beijaço’ onde 3 mil pessoas segundo universo gay frente a infecção por HIV e a morte de várias pessoas que compunham a administração do shopping informou, se beijaram ao som de músicas que falassem os elencos dos shows dessas boates por AIDS, levando uma decadência dos de beijos como relata uma matéria intitulada ‘Beijaço lota área em shopping de SP’ publicado na Folha de São Paulo no dia 04 ago. 2003 (Ver fig. 34), e após esse espetáculos até então realizados nessas boates. acontecimento e do apoio que o shopping prestou ao protesto, mesmo que de última s anos 90 foram marcados como a Era Clubber com as músicas hora, a região foi se tornando cada vez mais gay. eletrônicas, a Nation sendo uma das primeiras, acontecia em um porão m 2011, dois guias impressos mapearam locais LGBTQIA+ da cidade na Rua Augusta, em seguida vinha o Clube Massivo em 1991 na Alameda Itu que de São Paulo fazendo indicações aos turistas pertencentes a esta parcela tornou mais popular o estilo musical com a presença de astros globais, colunistas e celebridades, o Clube Massivo foi a porta aberta para os bares e clubes como AZE dos locais mais badalados, no Mini Guia Gay SP veio com reportagens temáticas, 70, Latino, Boutique, Bloom, Katz e o Sra. Krawitz, em 1995 surgia a Lôca na Frei entrevistas com personalidades e roteiros de locais, a primeira reportagem intitulada Caneca com um projeto de festa que revolucionava a noite GLS de São Paulo, a ‘Você vai se divertir muito’ de Ernest White conta sobre a cena LGBTQIA+ de São festa Grind com rock para o público GLS. Surgia também em meados dos anos 90 Paulo contextualizando como uma reflexo da própria metrópole, cheia de diversidade os afters em que a festa começava quando os outros clubes fechavam, entre 5 da e descentralizada, e relata que cada região tem seu estilo como no Jardins em que a manhã de domingo e ia até o meio dia ou até mais tarde em uma mistura de música parcela populacional LGBTQIA+ é mais estilosa e de classe média e alta, a região eletrônica, ecstasy e luz laser, onde ficou conhecido o bordão ‘Don’t forget your da Consolação é ancorada pela Augusta e Frei Caneca consolidadas como epicentro sunglasses!’ traduzido livremente em ‘não esqueça seus óculos escuros!’, o público gay, o Largo do Arouche e a Praça da República com estilos mais eróticos. Em
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49
uma listinha básica, o guia indica a The Week como a melhor casa noturna com os homens mais gostosos da cidade sem camisa, o Frey Café&Coisinhas como local ideal para um encontro no dito coração gay de São Paulo, o Spot como um dos melhores restaurantes pela comida e pessoas bonitas, a sauna Gêmeos como substituta da famosa 269 Chilli Pepper que estava fechada no período, e o shopping mais gay da cidade o Frei Caneca (SPTURIS, 2011).
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m um mapa (Ver fig. 35) o guia pontua restaurantes, bares e cafés, casas noturnas e locais que não entram nas categorias anteriores. Em restaurantes estão listados o Ritz na Alameda França, o Athenas na Rua Augusta, o Barão da Itararé na própria Rua Itararé, a Bella Paulista na Rua Haddock Lobo, Consulado Mineiro na Rua Cônego Eugênio, o Mestiço na Rua Fernando de Albuquerque, Spot na Alameda Ministro Rocha Azevedo. Nos bares e cafés a lista começa com o Volt na Rua Haddock Lobo, o Bar da Loca na Rua Frei Caneca, Farol Madalena na Rua Jericó, Frey Café&Coisinhas na Rua Frei Caneca, O Gato na Rua Frei Caneca, o Tubaína na Rua Haddock Lobo, Vermont República na Vieira de Carvalho. Se tratando das casas noturnas, o guia começa com a D-EDGE na Alameda Olga, A Lôca na Rua Frei Caneca, a Bubu Louge na Rua dos Pinheiros, Cantho Dance Club no Largo do Arouche, a Megga na Rua Achilles Orlando Curtolo, Sonique na Rua Bela Cintra, The L Club na Rua Luís Murat e a famosa The Week na rua Guaicurus. Como locais sem uma categoria o guia lista as academias Commando Fitness na Rua Augusta e a Gaviões na Rua Treze de Maio, como locais de compras a loja 2Meninos na Alameda lorena, a Acessórios Arco-íris na Rua Vitória e o consagrado Shopping Frei Caneca na Rua Frei Caneca, em saunas homoeróticas tem a Gêmeos Sex Club na Alameda Riberão Preto e a Termas Lagoa na Rua Borges Lagoa, além do grupo de ciclismo SP Gay Bikers que se encontram na Praça Cordeiro de Farias (SPTURIS, 2011).
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guia ressalta pontos turísticos já consagrados da cidade como a Estação da Luz, o Ibirapuera, Mercado Municipal, Pinacoteca, Terraço Itália e a Av. Paulista, e finaliza o impresso com uma lista de serviços de emergência, proteção, informações e transportes, além de uma lista de frases em inglês e traduzidas para o português para facilitar o diálogo entre turistas gringos e a comunidade LGBTQIA+ paulista (SPTURIS, 2011).
Figura 33 | Corintho em noite Broadway. Fonte: Music non stop, adaptado pelo autor (2017) Figura 34 | Beijos durante protesto feito no shopping Frei Caneca. Fonte: Folha de São Paulo (2003)
Figura 35 | Mapa do Mini Guia Gay SP. Fonte: SPTuris (2011)
51
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o Guia da DiverCidade de São Paulo também do ano de 2011, os textos estão escritos em português e inglês começando com um mapa das linhas de metrô de SP e de pontos turísticos famosos como MASP, Estação da Luz e Catedral da Sé, é seguido por reportagem sobre a cena LGBTQIA+ de São Paulo onde começa vangloriando a Parada do Orgulho de SP como a maior do mundo e ressalta que a capital é o paraíso de diversão para os LGBTQIA+, tendo mais de 80 estabelecimentos voltados para essa parcela populacional, dentre eles, bares e boates, restaurantes e cafés, lojas e saunas, e finaliza informando sobre o que está disposto no impresso. A matéria que dá boas vindas a cidade, é seguida por três mapas separados por áreas onde estão pontuados os locais LGBTQIA+ indicados pelo guia, sendo as áreas divididas em: Paulista/jardins, Pinheiros e centro, e para cada mapa uma lista de locais indicados como um destino LGBTQIA+, como exemplo no mapa de Pinheiros a indicação de número dois é a casa noturna Bubu Lounge Disco, no mapa da Paulista/Jardins a indicação de número um é a casa noturna A Lôca, e no mapa do centro a indicação de número três é a casa noturna Blue Space (Ver fig. 36 e37). Após a sequência de mapas que de certo modo traduz uma mancha descentralizada, o guia vem com reportagens indicativas, onde de acordo com a temática desejada, lhe informa o local e o que tem de bom por lá, começando com uma indicação do parque do Ibirapuera para se exercitar e aproveitar para ver belos corpos malhados, seguida por matérias que indicam lugares para um clima romântico ou se preferir um clima glamuroso, é indicado a Rua Oscar Freire por ser uma das oito ruas mais luxuosas do mundo com várias lojas, restaurantes e bares (SPTURIS, 2011).
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Guia conta também com uma lista de locais com seus respectivos endereços, divididos em categorias como: pontos turísticos, roteiros arquitetônicos, museus e centros culturais, shopping centers, feiras de artesanatos e antiguidades, bares, restaurantes, clubes e boates, Saunas, transportes na cidade, informações turísticas, organizações de segmento LGBTQIA+, uma lista de sites e portais de segmento LGBTQIA+, hotéis e estabelecimentos gay friendly, e termina o guia com um calendário anual de eventos onde cada mês lista eventos importantes como: janeiro com o dia da visibilidade Trans., em março o futebol de rua das drags, junho a Parada do Orgulho LGBTQIA+ e os eventos correlatos a ela, agosto com a semana de visibilidade lésbica, setembro com o concurso Mister Gay Brasil, em novembro o Festival Mix Brasil e o Miss World Transex, e finalizando com dezembro com a Corrida Gay de São Silvestre (SPTURIS, 2011).
Figura 36 | Mapa do guia DiverCidade com locais LGBTQIA+ na região central. Fonte: SPTuris (2011)
Figura 37 | Mapas do guia DiverCidade com locais LGBTQIA+ em Pinheiros e Paulista/Jardins. Fonte: SPTuris (2011)
53
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m 2013 a SPTuris lança um novo guia LGBTQIA+ para a cidade (Ver fig. 38), seguindo o mesmo esquema dos outros dois apresentados aqui, uma sequência de matérias temáticas com indicações, mapas pontuando localidades LGBTQIA+, e lista de eventos e endereços. O guia inicia as matérias com a temática da cultura e indica galerias de arte, museus, centros culturais, cinemas e teatros, seguido pela temática Gastronomia onde são indicados locais como padarias e locais para almoçar e jantar, a próxima matéria são locais para ir a noite como as baladas, bares e festas, o tema voltado as compras lista shoppings e feiras, o guia também lista os dez melhores pontos turísticos tradicionais da cidade como o Mercado Municipal, Sala São Paulo e o bairro da liberdade, também faz um roteiro indicando locais para todas as ocasiões especialmente para os turistas que pretendem passar uma semana na cidade. O guia Também conta com um calendário de eventos, como nos outros dois citados anteriormente, e marca eventos tradicionais e voltados ao segmento LGBTQIA+, e em seguida vem com o mapa onde está pontuado 89 locais como indicação para o público LGBTQIA+ (SPTURIS, 2013).
de certo modo, desenvolveram a região para as características do uso LGBTQIA+.
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utras regiões podem ser evidênciadas por também conter manchas de apropriação LGBTQIA+, como a região do joquei club e a região do parque do ibirapuera. Em decorrência desse conjunto de manchas ao logo dos anos, é possível identificar as regiões que podem ser passiveis de uma requalificação e reafirmação de pertencimento LGBTQIA+.
O
mapa é dividido em dez temáticas, sendo elas: cultura, cinema, teatro, galeria, compras, padarias e cafés, restaurantes, bares, baladas, e festas, para cada segmento foi determinado uma cor e enumerado os pontos no mapa e em seguida listados o nome dos locais e seus respectivos dados de localização. Os segmentos no geral fazem indicações de lugares genéricos e os pontos de bares, baladas e festas se referem a pontos mais segmentados ao público LGBTQIA+, como em bares onde estão listados os bares: Volt, Frey café&coisinhas, Caos, Blitz Haus, Bar da Diva. Se tradando das baladas, estão listadas A Lôca, Blue Space, Bofetada, Bubu Lounge, Freedom, Hot Hot, Chantho, Lions Night Club, Club Yacht, Tunnel, CODE Club e The Week (SPTURIS, 2013).
A
nalisando os pontos demarcados no mapa deste guia, é possível identificar as concentrações de estabelecimentos que, visivelmente marcam a região da Rua Augusta e Rua Frei Caneca, além da região central que retirando os marcadores vermelhos referente a cultura e focalizando em bares e baladas, a concentração é menor mas está na região da Republica (Ver fig. 39), é perceptível quer desde o movimento de saída da região central, as localidades de manchas de apropriação não tiveram grandes mudanças e em decorrências do uso de espaços como forma de lazer e prazer, as machas LGBTQIA+ na cidade desde 1920 marcam o território em decorrência dos lugares de práticas eróticas, lugares de convivência e paquera, e os espaços de diversão como as baladas e bares, e que Figura 38 | Capa do guia São Paulo LGBT. Fonte: SPTuris (2013)
Figura 39 | Mapa do São Paulo Guia LGBT. Fonte: SPTuris (2013)
55
2.3 Territórios LGBTQIA+ passiveis de reafirmação
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sufruindo do sentimento de pertencer ao movimento, aliado aos elementos físicos que promovem o mesmo sentimento de pertencimento, espaços foram habitados e demarcados como meio de ação política e social para o movimento LGBTQIA+. Em análise dos movimentos de habitar e se apropriar do espaço, foi possível detectar as machas na cidade e de como elas evoluíram, pode-se pontuar as manchas da seguinte forma: •
•
•
é a subprefeitura da Sé, nela é possível demarcar as manchas de uso do espaço para afirmação do movimento LGBTQIA+, que em sua grande maioria, acontece na região central da cidade. Nos mapas de Manchas de Apropriação Territorial e Mancha do Circuito da Parada do Orgulho (Ver fig. 41), respectivamente, evidencias os locais onde os LGBTQIA+ conviviam socialmente desde o de 1920 até os dias atuais e a mancha do circuito da Parada LGBTQIA+ eu tem como destino final a Vale do Anhangabaú: o período do início do século 20 marca o vale do região da República. Anhangabaú como um território onde os homossexuais se encontravam Região do entorno da República tem grande relevância para o contexto para socializar, independentemente do tipo de socialização; do movimento LGBTQIA+ da cidade de São Paulo, e uma das áreas a Zona T: os cruzamentos das Av. Ipiranga e Av. São João foi por muito que teve grande destaque histórico e que ate os dias atuais, continua a produzir uma tempo uma região de muita importância como mancha de apropriação afirmação local LGBTIA+, esse local é o Largo do Arouche, evidencia-lo como um derivado dos diversos tipos de socialização ali presentes, foi uma região espaço LGBTQIA+ é reafirmar a efervescência que este teve e que foi esquecida, é que influenciou as dinâmicas futuras que aconteceram nas regiões produzir um local que traduza o sentimento de pertencer ao mesmo e ao movimento, adjacente a ela; é reafirmar o Largo como um ponto focal de destino LGBTQIA+, é reafirmar a Rua Nestor Pestana: a rua foi destino para os homossexuais após o existência dessa parcela populacional na cidade de São Paulo, evidenciar o Largo declínio da Galeria Metrópole, não exclusivo para os homossexuais a LGBTQIA+ do Arouche é um ato político e sociocultural. região foi habitada por uma cultura hippie, mas também caiu em declínio pela frequência de batidas policiais;
A
•
Largo do Arouche: como um novo ponto de destino, em uma região esteticamente bonita, abrigou uma efervescência LGBTQIA+ considerado como o coração da macha de apropriação, também entrou em declínio levando a os fluxos LGBTQIA+ para a região da Av. Paulista;
•
Paulista: no processo de migração da mancha, a região da Consolação, Augusta e da Av. Paulista, abrigaram as boates e clubes que determinava o fluxo da comunidade LGBTQIA+ para a região e produziram ali a base para as dinâmicas futuras;
•
Circuito Parada do Orgulho: consagrado por acontecer da Av. Paulista, descer pela Rua da Consolação e chegar na região central da cidade, o circuito marca o território mostrando para o centro financeiro e cultural da cidade a afirmação de existir e resistir e leva o público do evento para o coração do movimento, o centro da cidade.
P
ara referenciar as manchas de apropriação na cidade de São Paulo, primeiro entra em destaque a área de ampliação (Ver fig. 40), a região em destaque Figura 40 | Localização da Subprefeitura da Sé com destaque para área das manchas de apropriação. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Manchas de apropriação territorial
Circuito Parada do Orgulho 1
1
2
2
3
3
4
1
Largo do Arouche
4
2
Vale do Anhangabaú
3
Rua da Consolação
4
Av. Paulista
Mancha Vale do Anhangabaú
Mancha Zona T
Mancha Galeria Metrópole, calçadõese autorama
Mancha Largo do Arouche e Rua Nestor Pestana
Mancha grande expansão sentido Av. Paulista
Mancha circuito Parada do Orgulho e destinos finais
Figura 41 | Mapas de machas de Apropriação. Fonte: Elaborado pelo (2017)
0m
400
1200
2800
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57
03
O L A R G O DO AROUCHE
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ste Capítulo vem detalhar as especificidades do largo do Arouche assim mercada pela degradação visual, qualidade urbana e má utilização de potenciais como as potencialidades da área para implementar uma intervenção, equipamentos. O Plano regional determina como objetivos para a Zona Santa evidenciando os usos e as dinâmicas do espaço a partir de mapas e dados do Ifigênia: GeoSampa e Planos Regionais. • Atender a demanda por equipamentos e serviços públicos de saúde, educação, argo do Ouvidor, Largo da Artilharia e Praça Alexandre Herculano, nomes assistência social e de cultura; empregados ao então Largo do Arouche, nomeado assim em homenagem • Atender a população em situação de vulnerabilidade social, dentre eles, a ao Tenente-general José Arouche de Toledo Rendon. Por volta de 1960, uma parcela LGBTQIA+; grande concentração de atividades e uma estrutura de modais de transportes falha, provocaram uma conturbação entre atividades, pessoas e veículos, em decorrência • Promover ações indutoras de desenvolvimento econômico local, dessa problemática, o poder público, por volta dos anos 70, investiu em ações de principalmente no comércio e serviços locais; solução para as problemáticas, dentre elas, o início da implementação do sistema de transporte coletivo e de alta capacidade, o metrô, e a descentralizada de atividades, • Qualificar os espaços livres públicos, seja eles vinculados a equipamentos ate que em nos anos 80, a rígidas regras de ocupação da centralidade da capital, levou públicos, comercio, transporte público, polos atrativos e a centralidade; um esvaziamento de grande vulnerabilidade a ponto de que na década seguinte, o • Atender a demanda por espaços livres públicos de lazer e esporte; Poder Público já investia no retrocesso dos processos até então empregados, um investimento em planos e intervenções localizadas (SÃO PAULO, 2016). • Promover a conservação da paisagem e do patrimônio material e imaterial
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A
tualmente a cidade de São Paulo tem sua mancha LGBTQIA+ espraiada, e dois polos de concentração se destacam, a rua augusta com sua efervescência de diversidade sociocultural, bares e boates, e o Largo do Arouche que também tem sua vivacidade e a maior concentração de estabelecimentos voltados para o segmento LGBTQIA+ da cidade, mas hoje encontrasse em uma região degradada. A escolha do Largo do Arouche como local de implantação para proposta de uma intervenção se deu em decorrência das especificidades do local, desde sua ocupação pela comunidade LGBTQIA+ na década de 70 o Largo mantem seus resquícios de apropriação territorial, são lojas, bares, boates e clubes, além do espaço físico da praça como palco para o ativismo. Reestruturar, requalificar, reconstruir, reabilitar, revitalizar e renovar, um conjunto de palavras para descrever um significado para a intervenção no Largo do Arouche, mas, além de proposta que qualificara a qualidade espacial do mesmo, a intervenção promovera uma identidade LGBTQIA+ para o Largo, criando um sentimento de pertencimento.
O
Largo do Arouche se encontra entre as zonas da Santa Ifigênia e Santa Cecilia do Plano Regional de planejamento e gestão urbana da prefeitura de São Paulo. A Zona Santa Ifigênia é uma área de uso misto, com vias de importância regional, boa infraestrutura de modais de transporte, uma boa representatividade em equipamentos culturais e entretenimento, além dos centros comerciais, mas é
local;
•
Melhorar a segurança pública local.
•
E como diretriz de planejamento de intervenções, determina:
•
Estudar possibilidade de implementação de centros de educação infantil, escolas municipais, creches, unidades de pronto atendimento, bibliotecas infantis, coleta seletiva de lixo eletrônico, equipamentos psicossociais e equipamentos voltados a populações LGBTQIA+, imigrantes ou em situação de rua;
•
Desenvolver ações de assistência social para atender a população em situação de rua, imigrantes, LGBTQIA+ e usuários de drogas;
•
Qualificar espaços livres públicos, garantindo acessibilidade universal, segurança e conforto para o pedestre, através de arborização, implantação de mobiliário urbano, informações de rede de transporte e melhoria da iluminação pública;
•
Aumentar e qualificar a arborização e paisagismo com aumento de áreas permeáveis;
•
Criar áreas de permanência e convivência no espaço público;
•
Qualificar e articular os principais percursos e pontos de conexões, diurnos e noturnos, dando prioridade ao pedestre, ao ciclista, e ao transporte público;
•
Promover ações indutoras de desenvolvimento econômico local com estímulo ao comércio e serviços locais;
•
Qualificar espaços livres públicos, especialmente os vinculados ao comercio e ao transporte público;
•
Melhorar a acessibilidade e mobilidade local.
Demarcar os Territórios de Interesse da Cultura e da Paisagem, com objetivo de possibilitar ações especificas da administração pública e a articulação entre e com agentes privados e comunidade, na coordenação de atividades culturais em cada território, potencializando o uso do espaço livre;
•
As diretrizes para intervenções projetuais nesta zona são:
•
Garantir a segurança e acessibilidade universal nas calçadas e cruzamentos de vias para pedestres e ciclistas;
•
Estudar, redistribuir e disciplinar zonas de estacionamento, embarque e desembarque de passageiros e áreas de carga e descarga;
•
•
Estudar o estreitamento do leito carroçável nas esquinas, o aumento das calçadas mediante implantação do traffic calming e a restrição de estacionamento de veículos em vias públicas;
Requalificar as vias, com tratamento das calçadas, esquinas, arborização viária, instalação de mobiliário urbano que propicie o convívio social e melhoria da iluminação pública;
•
Requalificar as praças que se encontram abandonadas;
•
Estudar proposta de intervenção para o Elevado Pres. João Goulart.
•
•
•
Qualificar as principais rotas e vias de pedestres, como calçadas, escadões, travessas, esquinas, principais cruzamentos viários, entorno de grandes equipamentos e viadutos;
Promover um estudo de um programa de comunicação visual para o circuito de compras, cultura, com implantação de sinalização vertical / horizontal e de iluminação / comunicação visual;
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ssas diretrizes nortearam as intervenções propostas, mas antes de ir ao terreno atual, fica necessário observar as modificações do espaço em uma • Estudar a viabilidade de retrofit com solução Habitacional de interesse social; cronologia que levara ao traçado atual do largo e a análise do seu entorno para definições de propostas (Ver fig. 42). • Elaborar plano especial de varrição e coleta de lixo pós-eventos. esde a Chácara do Tenente-general José Arouche, o Largo sofreu Zona Santa Cecilia engloba os distritos de Santa Cecilia, República e mudanças essenciais para o seu traçado, mas para adaptar-se as dinâmicas Consolação, acompanhando o eixo do Elevado João Goulart, minhocão, e dos veículos, tem hoje um traçado mais fragmentado com cinco pequenas praças e se caracteriza pelo boa estruturação urbana, com uma boa diversidade de comércios, serviços e habitação, assim como a Zona Santa Ifigênia, a região também se encontra uma maior, totalizando 6 praças delimitadas pela Av. São João, Rua Vitória, Av. em degradação visual, com uma grande concentração de cortiços, praças que servem Vieira de carvalho, Rua do Arouche, Rua Bento Freitas, Rua Rêgo Freitas, Rua de local para descarte irregular de lixo e uma grande parcela de população em Amaral Gurgel, Rua Dr. Frederico Steidel e Av. Duque de Caxias. situação de rua. Os objetivos para esta zona são: largo, em sua configuração atual, tem uma banca de revista e um mercado • Atender a demanda por equipamentos e serviços públicos sociais, de flores, mas se consolida como um simples espaço verde, sem demais especialmente de assistência social, lazer e esporte; atrativos que a qualifique como um ponto focal de atração, não exclusivo ao segmento • Atender a população em situação de vulnerabilidade social; LGBTQIA+ mas ao seu entorno como um todo.
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Igreja Santa Cecilia
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Elevado Pres. J. G.
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880
3
440
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Va. do Anhangabaú
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Praça Psa. Isabel
100
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Most. São Bento
5
5
1
LG. do Paissandu
4
4
2
Jardim da Luz
A área destacada em verde representa a chácara do Tenente General José Arouche de Toledo Rendon, e a área verde estrelada o um novo traçado do Largo do Arouche.
3
6
Praça da República
220
2
110
Igreja da Consolação
0m
1
1
Localização do Largo do Arouche
2
Chácara do tenente General José Arouche
A área destacada em verde representa a chácara do Tenente General José Arouche de Toledo Rendon.
LEGENDA
1810
1868 Figura 42 | Cronologia cartográfica do Largo do Arouche. Fonte: GeoSampa / Adaptado pelo autor (2020)
1890 1954 2020 63
1
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0m 100 200
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6
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1
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1
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4 5
2
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7
A área destacada em verde estrelado representa o Largo do Arouche em seu ultimo traçado antes da atual reforma.
6
3
A área destacada em verde estrelado representa o traçado do Largo do Arouche com a inserção da 7rotatória ao norte da grande praça, modificando o traçado da quadra ao nordeste da grande praça.
2
6
A área destacada em verde estrelado representa o traçado do Largo do Arouche com os dois traçados das praças.
5
3.1 A requalificação
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Largo do Arouche foi o ponto de discussão entre o Consulado Frances em São Paulo, o Institut pour la Ville em Mouvemente (IVM) e os escritórios de arquitetura Le Ready Make e Triptyque em 2017 para produzir uma revitalização e promoção da Virada Cultural de 2017, foram realizadas levantamentos quantitativos e pesquisa de opinião a fim de proporcionar uma ampla reflexão sobre o espaço do largo. A realização da pesquisa foi organizada em dias da semana e horários diferentes para identificar as variações de dinâmicas do espaço, de modo que a estrutura do trabalho se subdivide em: perfil do usuário, para identificar as identidades que usufruem do espaço; as polaridades, onde é levantado os motivos que trazem os frequentadores ao Largo; percepções, onde os entrevistados descreve sua opinião sobre o espaço físico, sugestões e anseios; e as entrevistas abertas.
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3.1.1 Perfil do usuário
pesquisa revelou que a ocupação do Largo doArouche é predominantemente masculina e que a maior parte do percentual de frequentadores entre 19 e 50 anos pertencem a parcela LGBTQIA+ da sociedade, também notou-se que poucas crianças frequentam o Largo, um fato que em comparação com anos anteriores, os entrevistados revelaram que era comum a presença de famílias com crianças no espaço. A parcela dos frequentadores que moram no Largo do Arouche representa 32%, evidenciando que a interação desses no local é de grande relevância, uma vez que removendo a parcela de pessoas em situação de rua, as outras parcelas de frequentadores correspondem a 56,6% e a de morados passa a ser 43,4%, desses 56,6% de frequentadores, 22,3% corresponde a pessoas que se deslocam de outras subprefeituras para frequentar o Largo por motivos de trabalho, uma parcela de 44,4%, para socializar com 33,3%, sendo o segmento LGBTQIA+ a grande maioria de motivos de socialização, e 22,2% vai para outros fins diversos. Tradando da parcela referente as pessoas em situação de rua, com 11,4%, notou-se que mais de uma vez, o largo era citado como um local com melhores condições para os que ali se instalavam a fim de passar a noite, por uma boa frequência de movimentação social e iluminação boa, fornecendo condições menos arriscadas a eles em comparação com outros espaços públicos do entorno também ocupado por pessoas em situação de rua (Ver fig. 43) (CIDADE, 2017).
Perfil dos usuários
Gênero, Faixa Etária, Localidade Habitacional e Motivo de ida ao Largo
Gênero
Localidade Habitacional
Trans 4,2%
Pessoas em situação de rua 16%
Feminino 27,1% Masculino 68,7%
Centro 42,2%
Morador do Largo 4,5%
Outros 31,3% Faixa Etária Gênero 55 a 85 anos 29,2%
36 a 55 anos 27,1%
Motivo de ida ao Largo 19 a 35 anos 43,7%
Trabalhar 44,4%
Socializar 22,2%
Outros 22,2%
P
ara uma melhor identificação de relações sociais do Largo, a pesquisa dividiu-se em categorias pontuando os que ali moram, os usuários e os que trabalham no entorno imediato, evidenciando o potencial de usos do local por essas parcelas categorizadas. A subdivisão fornece as percepções dos frequentadores baseado na dinâmica de cada parcela, uma vez que os processos sociais ocorrem de maneira distinta para cada um deles, um exemplo são os que somente trabalham no entorno tendem a ter uma percepção baseada em uma frequência dos dias uteis e nos períodos diurnos, já moradores presenciam situações ao longo do dia e da noite, além do que vem a acontecer em dias com feriados e finais de semana onde a dinâmica do Largo tende a ter outras características. A pesquisa relata que os que somente são usuários, um percentual de 31,25% dos entrevistados, considera Figura 43 | Gráficos de perfil dos usuários do Largo do Arouche. Fonte: Cidade em Movimento, adaptado pelo autor (2017)
o Largo como um espaço tranquilo, enquanto os moradores e trabalhadores não considera o espaço como tranquilo, uma vez que estes tem uma percepção baseada em uma maior frequência do entorno. Na fig. 44, destacam-se as porcentagens para as categorias de que apenas usam, com 31,25%, os que apenas moram, 4,2%, e os que apenas trabalham, 16,7%, mas também revela que a maioria dos que frequenta o largo, pertence a mais de uma dessas categorias, como os que usam e trabalham com 20,85%, os que usam e moram com 12,5% e os que realizam as 3 categorias, usam, moram e trabalham, sendo 14,5%. Também está evidenciado na fig. 44 uma porcentagem para aqueles que apenas trabalham no largo, desses, 66,7% vem de outras subprefeituras da cidade de São Paulo, e para aqueles que somente usam os espaço, 50% se deslocam de outras subprefeituras (CIDADE, 2017).
Perfil dos usuários 31,25% USAM E MORAM Apenas MORAM, não usufruem do Largo
Apenas TRABALHAM
Outras subprefeituras 66,7%
Perfil dos usuários
Apenas USAM
4,2%
Há quanto tempo FREQUENTA o Largo 14,5% 20,85%
Subprefeitura da Sé 33,3%
frequência dos usuários também foi levantada como um parâmetro para determinar a importância do espaço como destino a várias gerações, uma parcela correspondente a 27% dos entrevistados frequentam o Largo a mais de 5 anos e 12,5% a mais de 30 anos, mas evidencia que o espaço também é destino para os as novas gerações com um percentual de 52,1% para aqueles que frequentam o Largo a menos de 5 anos, um dos motivos dos mais novos frequentarem o espaço, são festas e os eventos LGBTQIA+ que acontecem aos finais de semana. Outro quesito da pesquisa referente a frequência, foi o levantamento de quantas vezes o Largo do Arouche se tornou destino para os entrevistados, e a grande parcela dos entrevistados relatou frequentar o Largo diariamente, um total de 77,1%, mas deve salientar-se que essa parcela que frequenta diariamente incluem majoritariamente os entrevistados que estão no espaço durante os dias uteis e muitos deles são os que trabalham no entorno. A pesquisa também salienta que a precisão do cálculo percentual tende a evidencias a frequência para os dias uteis, uma vez que poucas entrevistas foram realizadas aos finais de semana (Ver fig. 45) (CIDADE, 2017).
12,5%
USAM, MORAM e TRABALHAM
De onde deslocam os que trabalham no Largo
Relação com o Largo do Arouche
A
N. resp. 8,3%
USAM e TRABALHAM 31 anos ou mais 12,5%
16,7%
21 a 30 anos 10,4%
De onde deslocam os que apenas usam o Largo
11 a 20 anos 8,3%
Subprefeitura da Sé 50%
Referente aos entrevistados
Sobre a FREQUENCIA que vão ao Largo Raramente 8,3%
Até 1 ano 12,5%
1 vez ao mês 6,3% 1 vez na semana 8,3%
1 a 5 anos 39,6%
Diariamente 77,1%
6 a 10 anos 8,3% Outras subprefeituras 50%
Figura 44 | Gráficos das relações sociais com o Largo do Arouche. Fonte: Cidade em Movimento, adaptado pelo autor (2017) Figura 45 | Gráfico de usuários e sua frequencia no Largo. Fonte: Cidade em Movimento, adaptado pelo autor (2017)
65
3.1.2 Polaridades
e o pesquisador ressalta que ficou evidente a intensa presença de público LGBTQIA+ Largo é um polo de atração pelos mais diversos tipos, pode-se evidenciar no período noturno, garantindo a efervescência e vitalidade do espaço durante a noite por exemplo a atração do largo como área verde pública, atraindo pessoas (Ver fig.47 e 48) (CIDADE, 2017). para diversos usos como lazer, socialização, espaço para treino físico ou passeios com cachorros, foi evidenciado também o motivo mais citado pela frequência é o fator de polo empregatício do entorno do Largo, são um conjunto de estabelecimentos Motivo pela frequência em numero de vezes citados voltados a população como lojas, hotéis, clubes, bares e restaurantes, outro fator de Liberdade LGBTQIA+ 1 polaridade é o histórico local como espaço LGBTQIA+ e os espaços destinados ao Localização 1 segmento que proporcionam uma efervescência para a região, e por fim, mas não Outros 2 menos importante, o espaço público como meio para eventos como carnaval ou de Passeio com pets 2 Treino físico 3 ativismo LGBTQIA+. A pesquisa afirma que a diversidade dos frequentadores é Ambiente 6 resultado da variedade dos usos do entorno, são pessoas de diversas classes sociais, 12 Socializar idades, e pertencentes a múltiplas orientações e expressões sexuais, e evidenciou o número de vezes que o motivo para ali frequentem se repetiam por outros frequentadores (Ver fig. 46), descreve liberdade LGBTQIA+ como local seguro para manter dinâmicas sociais LGBTQIA+, localização como facilidade para chegar ao Variações de uso por período espaço, outros como visitas eventuais a familiares ou amigos por exemplo, ambiente Conversar na praça como um espaço tranquilo e bem arborizado, e por fim, socializar onde abrange Exercícios 6,9% 3,8% Passeando com pets Passear com pets Conversar na praça eventos, festas ou simplesmente trocar conversas (CIDADE, 2017).
O
Polaridades
Polaridades
A
s variações de uso foram categorizadas em três divisões, os períodos de horários em que o entrevistador colhia as informações, evidenciando as dinâmicas presentes no espaço do largo para cada período. No período da manhã, a atividade de maior frequência é a de pessoas que estão ali a trabalho, aqueles que se destinam a seus estabelecimentos de trabalho como o mercado de flores e os garis que limpam o espaço, assim como aqueles que vão para as lojas e restaurantes, o período da tarde é marcado por 2 atividades, uma delas é o uso do Wi-fi de livre acesso, reunindo pessoas que ali param por vários minutos, e novamente a frequência dos que estão ali por questões de trabalho, o período da noite é marcado pela convivência social, são pessoas que se reúnem para conversar, há também aqueles que se encontram para conversar nas mesas dos bares e restaurantes do entorno da praça, evidenciando o potencial social do espaço. Outra característica também evidenciada na pesquisa é a de que pela manhã, a frequência de pessoa entre 56 a 85 anos, correspondem a 46,2% do total de frequentadores desse período, e com 30% do total para o período, os que menos frequentam o espaço são as pessoas entre 15 e 35 anos, já no período da tarde era mais evidente a presença de pessoas com idades entre 36 a 55 anos, 43,4% do total para o período, e ao anoitecer, 50% dos frequentadores são pessoas entre 15 e 35 anos,
24,2%
4,6%
9,2%
De passagem 18,3% Outros 6,9%
MANHÃ
Trabalho 41,3%
TARDE
De passagem 13,8% Usando Wi-fi 6,9%
Trabalho 32,1%
Usando Wi-fi 32,1% Esperando ônibus 15,4%
Passeando com pets 15,4%
NOITE
Conversar na praça 53,8%
De passagem 7,7% Trabalho 7,7%
Figura 46 | Gráfico de usuários e sua frequencia no Largo. Figura 47 | Gráfico de motivo pela frequência. Fontes: Cidade em Movimento, adaptado pelo autor (2017)
Antes eu vinha trazer meu sobrinho para jogar bola aqui nos finais de semana, tinha muita criança [...], hoje já é muito diferente, não tem mais crianças. William, 31 anos, mora no centro e trabalha no largo.
Polaridades
Variações de idade por período
15 a 25 anos 30%
56 a 85 anos 47%
Antes tinha barraca de flor dos dois lados, era a praça das flores. [...] As famílias frequentavam a praça no fim da tarde. Marquinho Alexandre, 82 anos, mercador de flores. Há uns anos o comércio e as boates funcionavam mais á noite, era mais seguro á noite porque tinha mais gente por aqui. Hoje as boates abrem menos e os comércios fecham mais cedo. Paulo, 39 anos, morador do largo.
15 a 25 anos 26,2% 56 a 85 anos 30,4%
MANHÃ
Antes minha mãe fazia crochê aqui na praça, enquanto eu ia nadar no rio ali embaixo. Eu também ia na praça para paquerar. Stephane, 58 anos, policial civil e moradora do largo.
TARDE
36 a 55 anos 23%
56 a 85 anos 39,1%
Antes, bem antes mesmo, era mais bem cuidado, ajardinado, tinha onde se sentar. José Dinosete, 60 anos, taxista do largo. Lembro que as pessoas jogavam vôlei bem no centro da praça, quando não havia bancos ali. As pessoas vinham jogar e também assistir. Tenho a impressão de que os moradores frequentavam mais o largo. João A. Mendes, 55 anos, pedagogo e gerente de parques, morador do largo.
15 a 25 anos 9,1%
Já me sentei muito nos bancos dessa praça, mas há muitos anos retiraram os bancos, eram lindos, antigos, meio redondos. Porque os moradores de rua dormiam neles. Interlocutor não identificado, 76 anos, moradora do largo.
NOITE
No fim da tarde todas as mães do meu prédio desciam com seus filhos e com cadeiras para se sentarem no largo, conversarem e tomarem conta das crianças, que brincavam por toda a praça. Lembro-me que era um grande espaço de confraternização. Erotilde, 75 anos, aposentada e moradora do largo desde 1986.
36 a 55 anos 51,8%
N
Depois do banheiro público o largo mudou muito, ficou mais limpo. Jorge dos Santos, 56 anos, cuida da manutenção do banheiro.
3.1.3 Percepções
Era muito comum e seguro andar á noite e de madrugada nos arredores do
esse quesito, as memorias e o imaginário foi o foco, as entrevistas largo há cerca de 2 anos. Sinto que com a desativação da ‘cracolandia’ aqui realizadas revelam características de importância essencial para a ficou mais perigoso. Ivo, 36 anos, tele atendente e morador do largo desde 2007 (CIDADE, 2017). memória e ao imaginário dos frequentadores. A exemplo de memória significativa, o pesquisador questionou os frequentadores a respeito de estabelecimentos ou pontos ssas transformações se tonaram quesito levantado pela pesquisa e, quando perguntados sobre a percepção de mudanças no Largo, 79,2% relatou de referência do entorno, e os mais citados fazem referência a estabelecimentos mais antigos, citados até pelos frequentadores mais jovens, evidenciando o papel perceber uma transformação do espaço ao longo do tempo em que frequentam o Largo, para esses, uma segunda pergunta foi direcionada, foi questionado sobre histórico do local (Ver fig. 49) (CIDADE, 2017). a qualidade das mudanças e 55,3% afirmam que as mudanças ocorreram de uma m entrevistas realizadas pela pesquisa, moradores e usuários mais antigos forma que melhoraram a qualidade do Largo, em contra partida, 39,5% afirmam que relatam que é perceptível as mudanças ocorridas, e que a maioria acredita houve uma piora do espaço com as mudanças ocorridas. Para melhor subdividir as que foi para pior. Os relatos são: respostas, a idade serviu de parâmetro de análise de percepção do espaço ao longo
E
E
Figura 48 | Gráficos para variações de uso do Largo baseado em Horários. Fonte: Cidade em Movimento, adaptado pelo autor (2017)
67
Percepções
dos anos e, aos que relataram uma melhora do espaço, 61,9% dos relatos foram de
As transformações do espaço
pessoas que frequentam ali a no máximo 5 anos, já em relação as afirmativas de Não 26,7%
piora, 60% foram relatos de pessoas que frequentavam o Largo a mais de 20 anos
Pior 39,5%
(Ver fig. 49) (CIDADE, 2017).
O
que mais ficou evidente como respostas dos entrevistados, é que a mudança principal foi a faixa de renda dos frequentadores, que tendeu
Qualidade das mudanças
Percebeu mudanças Sim 73,3%
a abranger classes mais baixas ao contrário de décadas anteriores, outro ponto também evidenciados foi o fato de que grandes mudanças espaciais não foi frequente na estrutura do próprio Largo. Uma moradora relata ao pesquisador que a origem dos frequentadores do largo antigamente era mais distinta, em grande maioria eram os moradores, e que a frequência de pessoas que não residem ali
Melhor 55,3%
Indiferente 5,2% 21 a 30 anos 9,5% 11 a 20 anos 9,5% 6 a 10 anos 9,5%
Não resp. 9,5%
Mais de 30 anos 8,7% 21 a 30 anos 4,4%
Até 1 ano 14,3%
Acreditam na melhora
1 a 5 anos 29%
Acreditam na piora
11 a 20 anos 29%
se tornou cada vez mais frequente na última década, com pessoas mais ecléticas que buscam aproveitar os potencialidades do largo. Na fig. 50 pode-se notar a
1 a 5 anos 47,6%
frequência com que algumas mudanças foram citadas e, a piora da manutenção
Percepções
do espaço foi o que mais se destaca como uma mudança ocorrida no espaço, evidenciando a necessidade de uma maior intervenção de manutenção, outro fator de mudança que também teve uma maior frequência relatada, mas dessa vez como ponto positivo, foi a mudança da base da PM que forneceu uma maior sensação de segurança (CIDADE, 2017). Para uma melhor compreensão de opiniões, o pesquisador tratou de questionar os frequentadores a respeito do que eles mais gostam e também o que eles não gostam no Largo do Arouche, e separou esses questionamentos em 2 grupos, os que moram no entorno do Largo e os que usufruem do largo ou trabalham no entorno (Ver fig. 51 e 52).
Mais movimentação na praça Havia Playgroud Mais iluminação Mais ônibus Mais violência Menos segurança Aumento público jovem Havia mais vegetação Pessoas mais comportadas Banheiro público Melhor manutenção do espaço Mais usuarios de drogas Pessoas em situação de rua Ambiente era mais familiar Mudança da base da PM Pior manutenção do espaço
1 1 1 1 1 1 1 1
3
6 a 10 anos 29%
O que mudou no Largo do Arouche
5 5 5
6 6
7 8
Figura 49 | Graficos Transformações do espaço. Figura 50 | Gráfico mudanças evidênciadas pelos frequentadores. Fontes: Cidade em Movimento, adaptado pelo autor (2017)
Percepções
A visão dos moradores
O QUE MAIS GOSTAM 1 1 2 2 3 4 5 5 5 O QUE MENOS GOSTAM 1 1 2 3 3 4 4
Restaurantes Diversidade de pessoas comércio e serviços Localização e modais de transporte Mercado de flores Outros Bares e eventos Sociabilidade Vegetação e espaço aberto Discriminação LGBTQIA+ Assaltos e furtos Falta de infraestrutura no Largo Outros Pessoas em situação de rua Público LGBTQIA+ Usuários de drogas Sujeira e abandono
7
Percepções Esculturas Encontros LGBTQIA+ Restaurantes História Mercado de flores Segurança Bares e eventos Wi-fi Sociabilidade Outros Tranquilidade Vegetação
1 1 1 1
Cine Arouche Pouco frequentado Confusão Falta de equipamentos Público LGBTQIA+ Pessoas em situação de rua Assaltos e furtos Não tem o que reclamar Usuários de drogas Sujeira e abandono
1 1 1
Sensações dos usuários
O QUE MAIS GOSTAM
2 2
N
a fig. 51 a opinião dos moradores evidenciam que as áreas verdes são os pontos mais positivos do Largo do Arouche, seguido pela potencialidade do espaço como local de socialização evidenciando os bares e eventos que também compõem o perímetro das praças como esse espaço de sociabilidade, e o que menos agrada aos moradores é a sujeira, criando uma sensação de abando do espaço, seguido pela presença negativa de usuários de drogas e por incrível que parece, apesar da histórica potencialidade, o público LGBTQIA+ não agrada a alguns moradores. Na fig. 52 está evidenciado as opiniões dos usuários e pessoas que trabalham no entorno, para eles as áreas verdes também é o ponto mais positivo do Largo, seguido pela tranquilidade do espaço e da potencial sociabilidade, e o que menos agrada a eles, assim como aos moradores, é a sujeira e os usuários de drogas, vale ressaltar que ‘não tenho o que reclamar’ foi citado o terceiro mais relatado quanto a questões de o que menos gostam do espaço. No contexto do todo, as áreas verdes foram citadas como o que mais tem importância no espaço, evidenciando a potencialidade de aliar os benefícios dessas áreas a outros elementos essenciais, como exemplo dispor de mobiliário urbano como mesas e bancos abaixo das sombras das copas de arvores e próximo as áreas ajardinadas, a sociabilidade também foi potencialidade nas mais bem evidenciadas, podendo compor um espaço mais integrando aliando por exemplo as mesas e bancos já dispostos as sobras das copas aos bares e restaurantes do entorno do largo. Uma potencialidade evidenciada sempre poderá esta aliada a outras, para melhor compor o espaço.
J
3
5
7 7
10
O QUE MENOS GOSTAM
3 3
4
5
6
10 10
14
á tratando do que menos agrada no contexto de todos os frequentadores, pode-se pontuar a falta de espaços para sentar-se, assim como mesas, a falta de uma instalação de bicicletário, uma melhor disposição de banheiros públicos e bebedouros, além de espaços para práticas de exercícios e esportivas. O pesquisador ainda sobre o que mais e menos agrada, questionou sobre o que o Largo do Arouche necessitava e, na fig. 53 está listado os itens mais citados como de maior importância a uma izstalação, a grande maioria dos interlocutores evidencia a extrema necessidade de banco, uma vez que estes haviam sidos retirados para que pessoas em situação de rua não usassem desses para dormir como relatou um interlocutor ao pesquisador, seguido pela importância de um espaço para exercícios físicos, mesas e parquinho para as crianças, o banheiro público também é visto como de extrema importância para alguns frequentadores, uma vez que colaboraria para reduzir ou extinguir o mal cheiro em alguns pontos do Largo, mas outros frequentadores questionaram a instalação do banheiro, apontando ele como um facilitador para práticas de prostituição. Vale evidenciar aqui que a cidade é feita por pessoas e para as pessoas e, produzir uma
Figura 51 | Gráfico a visão dos moradores. Figura 52 | Gráfico Sensaçôes dos usuários. Fontes: Cidade em Movimento, adaptado pelo autor (2017)
69
arquitetura de repressão, com retirada de bancos, espetos em muretas de canteiros e a falta de equipamentos para higiene pública, é produzir uma cidade elitista e segregatícia, a problemática de pessoas em situação de rua pode e deve ser resolvida com outra abordagem, mas é questão de estudo para outra ocasião, uma vez que este trabalho não tem como especifico a problemática de pessoas em situação de rua.
A
inda tratando das sugestões de melhorias para o Largo do Arouche, o pesquisador questionou os interlocutores sobre a necessidade de atividades a serem realizadas no espaço do largo e, na fig. 54 esta evidenciado as atividades em que os frequentadores mais gostariam de ver acontecer no largo, na grande maioria das respostas, eventos culturais foi o mais pediram os frequentadores, mais shows, exposições, feiras, atividades para crianças e idosos, também foi apontado, questões de assistência social, mutirões de saúde, assistência a pessoas em situação de rua, tratamento de situações que produzam vulnerabilidade social, assim como mais quiosques comerciais e uma valorização da área verde.
EXPOSIÇÕES ATIVIDADES PARA IDOSOS
OFICINAS PERIÓDICAS
FEIRAS
EVENTOS CULTURAIS SHOWS
ATIVIDADES INFANTIS
MULTIRÕES DE SAÚDE ASSISTÊNCIA SOCIAL
CONFRATERNIZAÇÕES
Percepções
Sugestões de melhorias físicas para o Largo do Arouche
Iluminação 1 Área para cachorros 1 Mais pontos de wi-fi 1 Fechamento das ruas do entorno 1 Realocar a banca de flores 1 Pintar vasos 1 Paineis multimídia 1 Outros 2 Espaço para meditação
2
Área coberta Fonte de água
2 2
Palco Quadras esportivas Chuveiros Mais bancas de flores
3 4 5 6
Melhor escoamento
6
Banheiros Mais Jardim
6 6
Mais espaço para caminhar Bebedouros
8 8
Parquinho para as crianças
12
Mesas
12
Academia Bancos
B
20 23
3.1.4 A proposta da Triptyque Arquitetura
aseado no relatório produzido pela Cidade em Movimento, onde concluiu-se que o Largo do Arouche tem um potencial para áreas verdes que devem ser explorados, assim como a potencialidade para oferecer atividades voltadas a saúde com aparelhos de exercícios físicos, a cultura com exposições e cinema, encontros com eventos sociais e shows, a importância de manter o largo como território cultural e apropriado pelo segmento LGBTQIA+ desde os anos 50 e 60, continuar a garantir a pluralidade de identidades de frequentadores e, por fim manter a manutenção do espaço a fim de garantir uma melhor sensação
Figura 53 | Gráfico sugestões de melhorias físicas para o Largo do Arouche. Figura 54 | Moodboard de atividades mais desejadas Fontes: Cidade em Movimento, adaptado pelo autor (2017)
O
nos indivíduos, o escritório de arquitetura Triptyque projetou uma requalificação projeto tem seus pontos positivos e está em fases de obras, ele compõe uma nova abordagem para o espaço das praças unificando-as em uma para o Largo do Arouche, tentando preservar a história do espaço enquanto inseria elementos contemporâneos. única praça fazendo uma ligação direta com os equipamentos do entorno imediato, primeira proposta de intervenção foi proporcionar uma iluminação seu novo traçado será levado em consideração para a elaboração da proposta deste extra na altura da copa das arvores de forma a servir aos pedestres e trabalho.
A
aos veículos, a segunda proposta foi a ampliação da área de praça e um sistema de drenagem de águas pluviais, como terceira intervenção, a Triptyque desenhou os novos mobiliários urbanos para o Largo, como exemplo um novo mercado de flores aberto para os dois lados em uma estrutura mais contemporânea, uma marquise metálica, assim como no mercado de flores, faz coberta para a banca de revista já existente aliada a um painel solar para tornar a banca autossuficiente e um jardim vertical alimentado pela agua da chuva coletada a partir das inclinações da marquise e, a instalações de quiosques como o de apoio, atendimento LGBTQIA+, posto da PM e café.
T
odo o conjunto de arvores existentes se manteve preservado e foi previsto a instalação de uma horta comunitária, para uma melhor condição sanitária, foi prevista a instalação de banheiros públicos com um design premiado, também foi previsto uma área para cães, um espaço infantil, além de um palco e uma arquibancada que permitiriam a livre expressão cultural pela população que ali frequenta.
U
m projeto que comtempla as necessidades apontadas pela pesquisa que serviu de base para a proposta, mas o que seria uma revitalização positiva, virou uma possível descaracterização do patrimônio tombado do Largo do Arouche como afirmou a Juíza Paula Micheletto, que decidiu por emitir uma liminar, em caráter provisório, que suspendia a obra alegando o possível risco de prejuízo ou danos ao patrimônio histórico, cultural, artístico, arquitetônico e urbanístico do Largo, ela afirmou haver a necessidade de um estudo mais detalhado a fim de diagnosticar os possíveis danos ao patrimônio (G1, 2019). Após 3 meses de paralização, a obra pode reiniciar, mas foi necessário alterar o projeto a fim de atender determinações para não descaracterizar o espaço, foram retirados da proposta os quiosques, a construção do palco e a arquibancada, os equipamentos desportivos e a horta, um ponto decisivo para que o projeto pudesse seguir a execução foi manter as guias de granito das vias, não elevando as mesmas e, manter a iluminação dos anos 20, além de que a reforma do mercado de flores ficou para uma segunda intervenção futura (AZEVEDO, 2019). Figura 55 | Mauque em isométrica intervenção no Largo. Figura 56 | Isométrica de inserção do projeto na quadra. Fontes: Estudio modulo, daptado pelo autor (2017)
71
Figura 57 | Fotomontagem de inserção angulo 1. Figura 58 | Fotomontagem de inserção angulo 2. Figura 59 | Fotomontagem de inserção angulo 3. Fonte: Estudio modulo, daptado pelo autor (2017)
3.2 Análise do território
12
2
3 11 1
10
4 8
9
5
6
7
2
Largo do Arouche Av. São João
4 5
3
Av. Duque de Caxias
6
1
Rua Bento Freitas
7
Praça da República
8
Av. Ipiranga
9
Antiga Escola Normal
10
Rua Jaguaribe
Elevado Pres. João G.
11
Rua Dona Veridiana
Hosp. central Sta. Casa
12
Igreja de Sta. Cecilia
Figura 60 | Localização do Largo do Arouche em foto aérea Fonte: Google, adaptado pelo autor (2020)
0m
50
100
200
FOTO LOCALIZAÇÃO N 400
73
N
essa foto aérea, está destacado em verde as quadras do entorno do Largo do Arouche, delimitado pela area tracejada, que formam a base dos mapas ultilizados nos levantamentos a seguir.
FOTO AÉREA COM DESTAQUE PARA PERÍMETRO MAPEADO N 0m
100
200
400
800
Figura 61 | Foto aérea com destaque de quadras. Fonte: Google, adaptado pelo autor (2020)
3
2
1
8
4
6
5
7
MAPA BASE PARA LEVANTAMENTOS N 0m
100
200
400
Figura 62 | Mapa base para levantamentos. Fonte: Elaborado pelo autor com dados do GeoSampa (2020)
800
Largo do Arouche
1
Av. Duque de Caxias
2
Av. São João
3
Av. Vieira de Carvalho
4
Av. Ipiranga
5
Elevado Pres. J. Goulart
6
Rua Marquês de Itu
7
Rua Dona Veridiana
8
75
O
mapa acima expõe as condicionantes do microclima local, oferecendo base para elaboração de soluções para o conforto ambiental da proposta. Também fica evidente no mapa que a região central é composta por edifícios em sua grande maioria sem recuo lateral, criando um adensamento visual continuo, e o que se vê como área não edificada são áreas verdes ou terrenos vazios.
Sol nascente Sol poente Sentido predominante de ventos quentes Sentido predominante de ventos frios Áreas ocupadas por edificações
0m
100
200
400
CONDICIONANTES AMBIENTAIS N 800
Figura 63 | Mapa de condicionantes ambientais. Fonte: Elaborado pelo autor com dados do GeoSampa (2020)
A
região possui uma boa concentração de áreas verdes, em especifico, a cobertura vegetal do Largo do Arouche proporcionam uma boa cobertura da incidência solar e um microclima mais confortavel, além da cobertura das copas, a área verde do Largo proporciona uma visão sem bloqueios visuais que colaboram para uma potencialidade do espaço, uma grande ilha verde.
Área de cobertura das copas de arvores
COBERTURA VEGETAL N 0m
100
200
400
Figura 64| Mapa de cobertura vegetal. Fontes: Elaborado pelo autor com dados do GeoSampa (2020)
800
Área verde Área de quadra 77
A
área mapeada em sua grande maioria, tem um zoneamento em ZC, zona de centralidade, e em decorrencia desse zoneamento, a intenção projetual é promover atividades típicas de ZC, além de uma qualificação paisagistica e do espaço público da cidade.
T
oda a região mapeada está inclusa na área de Território de Interesse da Cultura e da Paisagem - TICP, desse modo, os territórios com classificação em ZEPEC devem promover iniciativas culturais, educacionais e ambientais em áreas que concentrem grande número de espaços e atividades relevantes para a memória e a identidade cultural da cidade de São Paulo.
Praças e canteiros ZC - Zona de Centralidade ZEIS 3 ZEU ZM ZEM BIR BIR - Indicação APPa
ZONEAMENTO N 0m
100
200
400
800
Figura 65 | Mapa de zoneamento. Fonte: Elaborado pelo autor com dados do GeoSampa (2020)
H
á na região central de São Paulo uma grande diversidade de predominancias de usos, são em sua grande maioria comércios e serviçoes em edifícios de uso misto, onde possuem unidades de habitação, os térreos possuem fachada ativa voltada para a rua que, em grande maioria, funcionam em horário comércial.
Resid. Vertical Médio/alto padrão Comércio e serviços Resid. e comércio/serviço Equip. públicos e parques/praças
USO PREDOMINANTE DO SOLO N 0m
100
200
400
Figura 66 | Mapa de uso predominante do solo. Fonte: Elaborado pelo autor com dados do GeoSampa (2020)
800
Sem predominância Largo do Arouche 79
A
região central de São Paulo tem um adensamento que varia entre 146 a 30346 Hab./Há., uma potencialidade para a necessidade de equipar a região com espaços de livre acesso para momentos de socialização, cultura e lazer.
Até 92 Hab./Há. 92 - 146 Hab./Há. 146 - 207 Hab./Há. 207 - 351 Hab./Há. 351 - 30346 Hab./Há. Largo do Arouche
DENSIDADE DEMOGRÁFICA N 0m
100
200
400
800
Figura 67 | Mapa de densidade demográfica. Fonte: Elaborado pelo autor com dados do GeoSampa (2020)
A
região mapeada apressenta um indici de vulnerabilidade social entre o nivel baixo e o baixíssimo, demonstrando que os individuos que ale residem, não estão em processo de exclusão social. Vale ressaltar que os grupos a margem da sociedade, como travestis/transexuais e pessoas em situação de rua, fazem uso frequente da região central da cidade.
Baixissima vulnerabilidade Vulnerabilidade muito baixa
VULNERABILIDADE SOCIAL N 0m
100
200
400
Figura 68 | Mapa de vulnerabilidade social. Fonte: Elaborado pelo autor com dados do GeoSampa (2020)
800
Vulnerabilidade baixa Largo do Arouche 81
N
o mapa ao lado, pode-se notar que a região do Largo do Arouche é composta por uma boa ligação com o restante da cidade, circundado por avenidas que permitem acesso a outros bairros e o Elevado João Goulart, vale ressaltar que o Elevado passa por um processo para deixar de ser uma via para veiculos, tendo sua estrutura removida ou transformada em um parque elevado.
Vias locais Vias coletoras Vias arteriais
HIERARQUIA VIÁRIA N
Via de Transito Rapido Quadras urbanas
0m
100
200
400
800
Figura 69 | Mapa de Hierarquia viária. Fonte: Elaborado pelo autor com dados do GeoSampa (2020)
O
entorno do Largo do Arouche possui uma malha bem estruturada de modais de transportes, a estação de metrô República esta a 250m de distancia do ponto 1 e a estação Santa Cecilia esta a 550m de distancia do ponto 1. A área também possui uma boa quantidade de pontos de ônibus bem distribuidos e uma rede cicloviaria bem interligada ao restante da cidade.
Estações de metrô Pontos de ônibus
MODAIS DE TRANSPORTE N 0m
100
200
400
Figura 70 | Mapa de modais de transporte. Fonte: Elaborado pelo autor com dados do GeoSampa (2020)
800
Ciclovias Quadras urbanas 83
A
região possua uma concentração boa de equipamentos, em sua grande maioria, espaços teatrais, na região também conta com o museu da diversidade localizado na estação de metro República e o centro de referência da diversidade localizado na Rua Major Sertorio, 292.
Hospital Assistência social Clube esportivo Academias Faculdades Ensino fundamental SENAC e SENAI Biblioteca Museu Teatro Espaço cultural
EQUIPAMENTOS URBANOS N
Volumes edificados Quadras urbanas
0m
100
200
400
800
Figura 71 | Mapa de equipamentos urbanos. Fonte: Elaborado pelo autor com dados do GeoSampa (2020)
Bar / Balada Loja de segmento LGBTQIA+ Sauna / Sex club Motel / Hotel
COMÉRCIO E SERVIÇOS LGBTQIA+ N 0m
100
200
400
Figura 72 | Mapa de comércio e serviços LGBTQIA+. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
800
Volume edificado Quadra urbana 85
4 3
1
1
1
2
1
Largo do Arouche
2
Quadra fiscal 050
3
Quadra fiscal 051
4
Quadra fiscal 052
FOTO AÉREA COM DESTAQUE PARA ÁREA DE INTERVENÇÃO N 0m
50
100
200
400
Figura 73 | Foto aérea com destaque de quadras para intervenção. Fonte: Google, adaptado pelo autor (2020)
741 742
739
8
ida Sã
743 744
Caxias
o Joã
o
de
745
739
Av en
Sã
3 2
de rv
Ca 746
747
748
o
alh
Elevado Presidente Presidente João João Goulart
5
74 4
74 74 74
ra
Santa
748
iei aV
La
Arouche
he uc ro oA ad Ru Rua Bento Freitas
Rua
747
nid
rgo
do
ou Ar
e Av
do
Arouche
Rua Rêgo Freitas
Elevado
he
Largo
do
6
uc
Largo
e
ch
che
La
74
746
o Ar
Arou
c
ou
Ar
he
744
do
o
745
Avenid a
o
Joã
1 74 42 7 43 7
o
rg La
0
74
o
Larg
Goulart
746
duque
ida
do
rgo
do
740
738
73
Av en
746
742
Mais proximo do nivel do mar
Isabel
743
744 745
746
RUAS E LOGRADOUROS | TOPOGRAFIA N 0m
50
100
200
400
Figura 74 | Mapa de ruas e logradouros. Figura 75 | Mapa de topografia. Fonte: Elaborado pelo autor com dados do GeoSampa (2020)
Mais distante do nivel do mar 87
O
entorno do Largo do Arouche possui poucos edifícios de grandes portes, sendo esses de uso residencial. A maioria dos edificios do entorno tem um gabarito de altura que vai até aproximadamente 45 metros de altura, e essa linha visual servira como referencia de gabarito para a proposta, assim como a incorporação dos edificio na testa das ruas.
0 a 3 metros 4 - 15 metros 16 - 30 metros 31 - 45 metros 46 - 60 metros 61 metros ou mais Quadra urbana
GABARITO DE ALTURA N 0m
50
100
200
400
Figura 76 | Mapa de gabarito de alturas. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
O
3.3 Os terrenos
s terrenos escolhidos para o desenvolvimento da proposta estão compreendidos entre a Rua Vitória, Av. São João, Av. Duque de Caxias, Largo do Arouche, Rua Rêgo Freitas, Rua Santa Isabel e Rua Bento Freitas, a proposta terá uma implantação em 3 terrenos, tendo como ligação o Largo do Arouche. Para uma melhor compreensão do espaço e da leitura, denominaremos de terreno ‘A’ o espaço compreendido pelo lote 0056 da quadra fiscal 051 setor 007, terreno ‘B’ o espaço compreendido pelos lotes 0354, 0073, 0074, 0075, 0076, 0208, 0002, 0353, 0006 e 0007 da quadra fiscal 051 do setor 007 e o terreno ‘C’ como o espaço compreendido pelo lote 0496 da quadra fiscal 050 do setor 007, o terreno ‘A’ possui uma área total de 742 m², o terreno ‘B’ uma área total de 2499 m² e o terreno ‘C’ uma área de 868 m².
3 4
8 9
5 6
10 7
11 12
2
N
os lotes 0056, 0354, 0075 e 0073, o uso atual é de estacionamento para veículos e o lote 0075 possui uma estrutura metálica de cobertura para o lote inteiro, no lote 0074, 0002 e 0353 o uso atual são lojas, no lote 0076 e no lote 0208 do Condomínio 04, funcionam bares, o lote 0006 tem predominância de uso residencial mas é de uso misto com escritórios ou consultórios, no lote 0007 funciona um típico hotel/motel da região central e no lote 0496 um posto de gasolina desativado classificado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, CETESB, como área reabilitada para uso declarado, AR. (Ver fig. 77 e 78).
1
IDENTIFICAÇÃO DOS LOTES N 0m
25
50
100
Figura 77 | Mapa indicação dos lotes. Fonte: Elaboradoo pelo autor (2020)
200
1
Lote 0496
5
Lote 0074
9
Lote 0076
2
Lote 0056
6
Lote 0007
10
Lote 0353
3
Lote 0354
7
Lote 0075
11
Lote 0002
4
Lote 0073
8
Lote 0006
12
Lote 0208 89
4 3 B 6 A
5
X 1
X
Largo do Arouche
A
Terreno ‘A’
B
Terreno ‘B’
C
Terreno ‘C’
1
Figura 79
2
Figura 80
3
Figura 81
4
Figura 82
5
Figura 83
6
Figura 84
7
Figura 85
7
2
C
DESTAQUE DOS LOTES N 0m
25
50
100
200
Figura 78 | Foto aérea com destaque para terreno e Larco do Arouche. Fonte: Google, adaptado pelo autor (2020)
1
2
3
4
5
6
Figura 79 | foto 1. Figura 80 | foto 2. Figura 81 | foto 3. Figura 82 | foto 4. Figura 83 | foto 5. Figura 84 | foto 6. Fonte: Elaborados pelo autor (2020)
91
3.4 Parâmetros urbanísticos
S
obre o zoneamento, é descrito na Lei 272/2015 que: as Zonas Centralidade (ZC) são porções do território voltadas à promoção de atividades típicas de áreas centrais ou de subcentros regionais ou de bairros, destinadas principalmente aos usos não residenciais, com densidades construtiva e demográfica médias, à manutenção das atividades comerciais e de serviços existentes e à promoção da qualificação dos espaços públicos; as Zonas Especiais de Preservação Cultural (ZEPEC) são porções do território destinadas à preservação, valorização e salvaguarda dos bens de valor histórico, artístico, arquitetônico, arqueológico e paisagístico, constituintes do patrimônio cultural do Município, podendo se configurar como elementos construídos, edificações e suas respectivas áreas ou lotes, conjuntos arquitetônicos, sítios urbanos ou rurais, sítios arqueológicos, áreas indígenas, espaços públicos, templos religiosos, elementos paisagísticos, conjuntos urbanos, espaços e estruturas que dão suporte ao patrimônioimaterial ou a usos de valor socialmente atribuído.
TERRENO ‘A’ - 742 m² Estruturação e qualificação urbana - MZURB
Macroárea
Estruturação metropolitana - MEM
Setor
Central
Zona
Zona de centralidade
Q. Ambiental
PA-1
Taxa permeabilidade
0,25
QA mínimo
0,45
Fatores
O
Largo do Arouche faz parte da mancha da Operação Urbana Centro, que visa promover melhorias urbanas através de parcerias público/privada, de modo a ceder direitos adicionais ao uso e ocupação do solo, acima dos já estabelecidos pelo zoneamento, sendo o objetivo principal, reforçar a importância da área central da cidade. Dentro do plano de Operação Urbana Centro, locais de lazer, educação e cultura, não serão computáveis no cálculo do coeficiente de aproveitamento do térreo, assim como as áreas de fruição pública aberta a circulação de pedestres nos pavimentos térreos e, exigências de reserva a estacionamentos também não se aplicam a esses locais. O remembramento de três lotes com somativa de 1.000m² ganha potencial construtivo computável e livre de ônus de 10% da área do terreno por lote remenbrado, tendo como limite de incentivo 100% da área do terreno sendo 10 ou mais lotes remenbrados, isso quer dizer que, o remembramento dos 10 lotes do terreno B com área de térreo de 2499m² tem 100% da sua área adicionada como potencial construtivo (SÃO PAULO, 2016).
Macrozona
Coeficiente T. O. máximo Gabarito Recuos
Cobertura vegetal e drenagem 0,5 CA mínimo - 0,3
CA básico - 1
CA máximo - 2
0,70 Altura máxima 48 metros Não se aplica
7
Quadro 1 | Dados terreno ‘A’. Figura 85 | Foto com vista para o Largo do Arouche. Fonte: Elaborados pelo autor (2020)
TERRENO ‘C’ - 868 m²
TERRENO ‘B’ - 2499 m² Macrozona
Estruturação e qualificação urbana - MZURB
Macrozona
Estruturação e qualificação urbana - MZURB
Macroárea
Estruturação metropolitana - MEM
Macroárea
Estruturação metropolitana - MEM
Setor
Central
Setor
Central
Zona
Zona de centralidade
Zona
Zona de centralidade
Q. Ambiental
PA-1
Q. Ambiental
PA-1
Taxa permeabilidade
0,25
Taxa permeabilidade
0,25
QA mínimo
0,60
QA mínimo
0,45
Fatores Coeficiente T. O. máximo Gabarito Recuos
Cobertura vegetal e drenagem 0,5 CA mínimo - 0,3
CA básico - 1
CA máximo - 2
0,70 Altura máxima 48 metros Não se aplica
Quadro 2 | Dados terreno ‘B’. Quadro 3 | Dados terreno ‘C’. Fonte: Elaborados pelo autor (2020)
Fatores Coeficiente T. O. máximo Gabarito Recuos
Cobertura vegetal e drenagem 0,5 CA mínimo - 0,3
CA básico - 1
CA máximo - 2
0,70 Altura máxima 48 metros Não se aplica
93
04
E S T U D O S DE CASO
O
s projetos escolhidos como referencial de estudos se baseiam nas intenções projetuais que aqui serão desenvolvidas, são 4 projetos distintos entre si e seus respectivos programas mas que compreendem as necessidades projetuais abordadas neste.
E
m primeira analise, o parque Los Bajos entra como referencial de praça aberta, uma vez que a região de intervenção se configura pelo Largo do Arouche e seu entorno, seguido pelo SESC Birigui que vem trazer referência de intervenção em áreas esportivas e de estruturas metálicas como material estrutural. O Seattle office arts and culture vem como insersor de novas dinâmicas espaciais para espaços culturais, o qual servira de referencial para o desenvolvimento dos espaços expositivos e de expressões dentro do segmento cultural da proposta, e por fim a residência assistencial em LA Brea, como um edifício de acolhimento habitacional para pessoas LGBTQIA+.
Figura 86 | Los Bajos. Figura 87 | SESC Birigui. Figura 88 | Seattle office of arts and culture. Figura 89 | LA Brea affordable housing. Fonte: Archdaily (2019) (imagens adaptadas pelo autor)
97
PARQUE LOS BAJOS LOCALIZAÇÃO: TIPOLOGIA DE USO:
Roquetas de mar, Espanha Parque / Espaço público
ANO DE INÍCIO:
2015
ANO DE CONCLUSÃO:
2017
ÁREA DO TERRENO:
62.872,64m2
ÁREA CONSTRUÍDA:
1.016,40m2
ARQUITETOS:
Emac Arquitetura
ESTRUTURA:
Concreto Armado
Figura 90 | Foto aérea parque Los Bajos. Fonte: Joan Roig / Archdaily (2019)
C
omo os arquitetos descreveram, o terreno era um espaço intermediário, localizado entre a avenida e a cidade, entre o mar e o campo, a praça e a cidades, mas era um ‘não lugar’, uma ilha que dava as costas para tudo e todos, impedindo qualquer tipo de relação urbana e sociocultural. A intenção projetual foi produzir uma paisagem para a cidade e um lugar de relações para a população, foi pensado um espaço público como lugar onde culturas são fundadas, um espaço que favorecesse e garantisse a igualdade e relações sociais, favorecendo laços com a vizinhança e uma relação identitária com a própria cidade (ARCHDAILY, 2019).
N
a fig. 92, os eixos de fluxos se caracterizavam em apenas dois sentidos, os veículos em suas vias já definidas e o cruzamento de pedestres pela quadra no sentido leste/oeste, com a disposição dos equipamentos dentro da quadra de forma desconexa de um volume único, foi possível produzir novos fluxos e pontos de partida/encontros onde pedestres possam vir a realizar novas dinâmicas sociais, além de criar novas rotas de acesso com a cidade onde de qualquer rua do entorno, é possível ter acesso ao espaço público, outro fator que também tem relevância, foi a conexão criada com os dois equipamentos já existentes no perímetro, o pavilhão esportivo e a praça dos touros. O programa atende uma diversidade de equipamentos a fim de atingir parcelas sociais e de faixa etária distintas integrando no mesmo espaço, são espaços para exercícios e práticas esportivas, espaços comerciais, áreas para uso cultural como o auditório a céu aberto e a biblioteca, locais para as crianças brincarem, como as fontes de piso e os equipamentos infantis, além de área para passear com pets.
N 0
Figura 91 | Mapa de implantação projeto Los Bajos. Fonte: Archdaily (2019)
20
60
100 m
99
N
Eixos de viários existentes Cafeteria Auditorio a céu aberto Quadras esportivas
Eixos de pedestres Jogos infantis Área pet Fontes de piso Praça dos touros (preexistência)
Novos eixos de pedestres Biblioteca Pista de skate Área para pratica de petanca Pavilhão esportivo (preexistência)
Ponto de interação social Equip. para exercícios Bancos Estacionamentos
Figura 92 | Mapa de fluxos e programa projeto Los Bajos. Figura 93 | Cortes projeto Los Bajos. Fonte: Archdaily (2019)
PARQUE LOS BAJOS PONTOS POSITIVOS:
Quadra aberta; Flexível á dinâmicas de usos diferentes; Acessível aos pedestres de vários pontos; Proporciona uso do espaço para uma diversidade de pessoas.
Os pontos possitivos aqui foram destacados como aspectos que serão empregados a proposta projetual.
Figura 94 | Foto edifícios do Los Bajos e a cidade. Fonte: Joan Roig / Archdaily (2019)
101
SESC BIRIGUI LOCALIZAÇÃO: TIPOLOGIA DE USO: ANO DE INÍCIO: ANO DE CONCLUSÃO:
Birigui - SP, Brasil Centro de atividades 2017
ÁREA DO TERRENO:
9.525m2
ÁREA CONSTRUÍDA:
7.586m2
ARQUITETOS: ESTRUTURA:
Teuba Arquitetura Metalica
Figura 95 | Foto acesso principal SESC Birigui. Fonte: Nelson Kon e Felipe Inácio / Archdaily (2019)
C
om uma volumetria responsável por estabelecer o diálogo com a cidade, o edifício consiste predominantemente em dois pavimentos em estrutura metálica, que segue a linha de gabarito do local inserido, um volume inserido na malha urbana em seu traçado, nível e fluxos de água. O projeto teve como ideal projetual os padrões LEED, a implantação teve a mínima intervenção no terreno, o percurso do córrego foi preservado e adaptado a necessidade futura de tornar as margens e o percurso em um parque linear, a estrutura metálica é fixada somente com parafusos para permitir uma reutilização diferente das vigas em outro local sem gerar detritos, os fechamentos foram dispostos com caixilhos e divisórias permitindo o máximo de flexibilidade dos espaços, os vidros possuem fator de proteção solar, diminuindo a entrada de calor mas permitindo a entrada e o aproveitamento máximo da luz solar, o edifício também conta com ventilação cruzada permanente, criando uma renovação constante.
O
programa conta com áreas de convivência, biblioteca, teatro, área de exposição, salas de uso variado, sala de ginastica, quatro piscinas sendo duas dedicadas a prática esportiva de biribol, uma quadra de vôlei de areia, uma quadra poliesportiva e um campo de futebol gramado, além de um refeitório e áreas abertas para convivência. As áreas de circulação claramente criam eixos dentro da disposição dos ambientes, as circulações verticais acontecem por meio de escadas no edifício principal, nas áreas de piscina contêm rampas de acesso de um pavimento a outro e, o edifício conta com um elevador para pessoas com deficiência física. (Ver fig. 97 e 98)
Rua Manuel Domingues
Ventura
N
Figura 96 | Implantação projeto SESC Birigui. Fonte: Archdaily (2019)
103
N
Elevação 01 Pav. Térreo
Corte A.A
Pav. Intermediario
Corte D.D
Áreas esportivas
Áreas de uso comum
Áreas culturais
Áreas técnicas e de serviço
Eixos de circulação Pav. Superior Figura 97 | Plantas Baixas pav. térreo, intermediario e superior. Figura 98 | Elevação 01 e cortes A.A e D.D. Fonte: Archdaily / adaptado pelo autor (2019)
SESC BIRIGUI PONTOS POSITIVOS:
Estrutura metalica; Aproveitamento da iluminação e ventilação natural; Campo de visão livre, sensação de espaço aberto; Programa de necessidades diversificado.
Os pontos possitivos aqui foram destacados como aspectos que serão empregados a proposta projetual.
Figura 99 | Foto interna SESC Birigui. Fonte: Nelson Kon e Felipe Inácio / Archdaily (2019)
105
SEATTLE OFFICE ARTS CULTURE LOCALIZAÇÃO: TIPOLOGIA DE USO:
Seattle, EUA Centro cultural
ANO DE INÍCIO:
2008
ANO DE CONCLUSÃO:
2019
ÁREA DO TERRENO:
-
ÁREA CONSTRUÍDA:
17.500m2
ARQUITETOS:
Schacht Aslani Architects
ESTRUTURA:
Tijolo estrutural / Metalica
Figura 100 | Foto interna da área d exposição. Fonte: Benjamin Benschneider / Archdaily (2019)
U
m projeto de restauro de uma antiga estação deu espaço para que o escritório de artes e cultura de Seattle atendesse as demandas por um espaço cultural na região e por meio do projeto do escritório Schacht Aslani, o último andar da King Street Station se torna um espaço dinâmico para as artes e a cultura, uma área de 1.500m² que abrigava o uso compartilhado para reuniões, escritórios e a grande galeria de exposições e apresentações, tudo acontece a partir de um loob público que faz a ligação entre a grande galeria com os escritórios e um Studio para artistas residentes. A estrutura histórica do edifício restaurado traz uma ambiente cheio de adornos em mármore, aliados aos típicos tijolos vermelhos e a estrutura metálica, mas o espaço ARTS não reflete esse tratamento adotado nos outros ambientes do edifício restaurado, um espaço sem adornos e revestimentos, o espaço ARTS traduz uma transparência que absorve identidades quando uma exposição é proposta ali.
O
grande diferencial da grande galeria, é seu sistema de paredes, que permitem mudanças de posição sempre que os artistas veem necessidade de reconfigurar o espaço, criando novas telas que permitem expressar novas sensações pela simples mudança das barreiras visuais, se adequando a necessidade dos eventos e exposições de maneiras distintas. Essas variedades foi possível pelo projeto de um sistema de trilhos em uma trama quadriculada, baseados nos trilhos da própria estação, que suspendem oito paredes moveis que podem percorrer o espaço em várias direções, criando variadas disposições de bloqueios, um sistema de iluminação atende as variações do espaço, sem ditar um traçado para as paredes.
O
resultado é um espaço totalmente flexível e adaptável, se transformando com facilidade para diversas posições espaciais atendendo as necessidades especificas para cada exposição que ali venha a acontecer.
Figura 101 | Foto interna da disposição angular das paredes moveis. Fonte: Benjamin Benschneider / Archdaily (2019)
107
Figura 102 | Volumetrias das dinâmicas de movimentação das paredes. Figura 103 | Planta Baixa e ampliação da área de exposição. Fonte: Archdaily / adaptado pelo autor (2019)
SEATTLE OFFICE ARTS CULTURE PONTOS POSITIVOS:
Flexibilidades das paredes; espaço aberto e livre de barreiras visuais, acontecendo somente quando intecional; Variedade de tipologias de uso, adequando-se as necessidade de cada intervenção.
Os pontos possitivos aqui foram destacados como aspectos que serão empregados a proposta projetual.
Figura 104 | Foto interna área social do escritorio. Fonte: Benjamin Benschneider / Archdaily (2019)
109
LA BREA AFFORDABLE HOUSING LOCALIZAÇÃO: TIPOLOGIA DE USO: ANO DE INÍCIO: ANO DE CONCLUSÃO:
Los Angeles, EUA Habitação 2014
ÁREA DO TERRENO:
-
ÁREA CONSTRUÍDA:
4.645m2
ARQUITETOS: ESTRUTURA:
Patrick Tighe e John V. Mutlow Concreto Armado
Figura 105 | Foto fachada do residencial. Fonte: Patrick Tighe e Bran Arifin / Archdaily (2019)
U
m projeto de uso misto entre habitação e comercio é destinado a parcela LGBTQIA+, são jovens antes sem moradia por terrem sidos expulsos de casa, pessoas com deficiência e pessoas com HIV / AIDS, uma organização instalada na mesma avenida onde o residencial se encontra, é a responsável por prestar a assistência aos moradores do La Brea.
O
programa conta com 32 unidades habitacionais, em uma maximização do adensamento que permitiu dispor de um espaço livre mais amplo destinado a socialização, o pátio central, o seu térreo conta com um espaço comercial voltado para a rua e um estacionamento interno.
O
edifício se configura da seguinte forma: um térreo com 20 vagas de estacionamento na parte interna, a fachada ativa cotem o acesso ao ponto comercial e ao edifício residencial, as unidades habitacionais estão dispostas em quatro pavimentos em dois volumes, tendo um átrio central como área de convivência que também proporciona ventilação e iluminação natural, sendo um ponto focal dentro do projeto. Uma casca lateral faz proteção solar para o edifício e proporciona uma privacidade para as varandas dos apartamentos, sobre o volume dos edifícios foi empregado os sistemas de aquecimento de água e geração de energia a partir do sol.
Figura 106 | Foto átrio interno do hall de acesso do residencial. Fonte: Patrick Tighe e Bran Arifin / Archdaily (2019)
111
Pav. Térreo
Pavimento tipo
1ª Pavimento
Pav. Cobertura
Áreas de uso comum
Corte A.A
Corte B.B
Área comercial e técnica Circulações verticais
Unidade Habitacional
Estacionamento Figura 107 | Plantas Baixas pav. térreo, 1ª pav, tipo e superior. Figura 108 | Cortes A.A e B.B. Fonte: Archdaily / adaptado pelo autor (2019)
LA BREA AFFORDABLE HOUSING PONTOS POSITIVOS:
Relação unidade habitacional com o atrio interno; Térreo se relacionando de forma mista com a rua; Unidade habitacional compacta que atende a necessidade de habitação assistencial.
Os pontos possitivos aqui foram destacados como aspectos que serão empregados a proposta projetual.
Figura 109 | Foto átrio interno de socialização do residencial. Fonte: Patrick Tighe e Bran Arifin / Archdaily (2019)
113
05
A PR O PO S TA
• Legitimar o território LGBTQIA+ do Largo do Arouche, garantindo suporte institucional a essa parcela populacional, promovendo visibilidade, liberdade e o direito a cidade como território apropriado; • Construir elementos que marquem o território LGBTQIA+, garantindo o sentimento de pertencimento ao local e promovendo uma desconstrução do padrão heteronormativos e evidenciando a necessidades especificas dessa população, visando proporcionar uma reparação histórica pelas repressões, ataques e assassinatos, além atender à necessidade programática de políticas públicas a fim de minimizar a vulnerabilidade social desses indivíduos; • Unificar o espaço fragmentado do Largo do Arouche pela decorrência dos fluxos de veículos, garantindo uma igualdade no tratamento urbanístico do espaço público, para pedestres e veículos; • Produzir uma arquitetura de pessoas para pessoas, que atendam às necessidades sociais produzindo espaços de diversidade, afirmação e igualdade, tendo como norte as questões de identidades LGBTQIA+.
5.1 Conceito
A
pós leitura das situações de violência e do entendimento de que uma sociedade igualitária e que respeite o outro indivíduo por suas próprias características é preciso descontruir padrões e educar novos indivíduos e, tendo revisado a história, as fundamentações teóricas e uma leitura mais aprofundada do território, é possível construir uma proposta para o desenho urbano que promova soluções a algumas das problemáticas do segmento LGBTQIA+. Desse modo, fica aqui evidenciado que este trabalho tem como finalidade:
O
maior símbolo de representatividade LGBTQIA+, a bandeira arco íris, tem significados específicos para cada cor, significados esses que podem e vão ser traduzidos em arquitetura.
SEXO VIDA CURA SOL NATUREZA ARTES HARMONIA FORÇA
ATRAENTE SENSUALIDADE MEMÓRIAS PERMANÊNCIA
SENSORIAL
ESTÍMULO
ENTUSIASMO
EXISTÊNCIA
ASSISTÊNCIA SOCIAL
APOIO
VIVÊNCIA
MOTIVAÇÃO TRATAMENTO
RECUPERAÇÃO
SORORIDADE MÉTODO
MELHORA BRILHO
LUGAR
CLARIDADE
VARIEDADE
EFICIÊNCIA PASSEIO
CLIMA VEGETAÇÃO
COMPORTAMENTOS FESTIVIDADES HABILIDADES
IDENTIDADES
UNIFORMIDADE EQUILÍBRIO
SIMETRIA
INTENSIDADE
Figura 110 | Ilustração bandeira LGBTQIA+ e significados. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
ÁREAS VERDES
CONTEMPLAÇÃO VARIEDADE
ESPAÇOS CULTURAIS
PERTINÊNCIA INSERÇÃO REFINAMENTO
INFLUÊNCIA
RESISTÊNCIA POTÊNCIA
ELEGÂNCIA
ILUMINAÇÃO NATURAL
CONVIDATITO
PERSPECTIVA
EXPRESSÕES
ASSISTÊNCIA MÉDICA
RECUPERAÇÃO
ENERGIA AQUECIMENTO
ESTRUTURAS LEVES
FLUIDEZ
INTEGRAÇÃO INT./EXT.
ELOQUÊNCIA IMPORTÂNCIA
EXPRESSIVIDADE 117
5.2 moodboardard
Figura 111 | Moodboard de referencial projetual. Fonte: Elaborado pelo autor com base em imagens do Archdaily (2020)
119
5.3 Partido Arquitetonico
S
ubdividido, as ações para se produzir a proposta deveram se materializar em ações de reestruturar o espaço público e a criação de novos espaços arquitetônicos de modo que sigam as diretrizes do conceito projetual. Se tratando da reestruturação do espaço público, as ações são:
• Dispor equipamentos específicos para atender as necessidades dessa parcela populacional, sendo eles: a cultura, o lazer, a assistência social, assistência médica e, assistência jurídica;
• Remodelar o Largo do Arouche, através da conexão dos espaços fragmentados das praças, unificando as praças as quadras do entorno, criando uma iluminação adicional aos novos pontos de encontros sociais e dispondo de equipamentos e mobiliário urbano para uma melhor ligação com os demais pontos de encontro;
• Desenho de mobiliário urbano e identidade visual, para compor o espaço do largo, com objetivo de dar característica única e se atrativo de novos usos, eventos e ocupações, garantindo uma melhor diversidade, flexibilidade e integração dos usos.
• Inserção de novos programas para o espaço do Largo, baseado nos anseios levantados pela pesquisa evidenciado aqui anteriormente, garantindo uma maior atratividade para o espaço baseada na opinião dos frequentadores;
• Reforma do desenho do mercado de flores, incluindo mais espaços comerciais, voltados para todos os lado do largo, sem produzir uma fachada cega; • Instalação de marcadores de identidade visual, que identifiquem o espaço como território apropriado LGBTQIA+.
A
gora, se tratando das novas arquiteturas para o entorno imediato do largo, fica como ações e diretrizes projetuais:
• Criar uma rede de equipamentos urbanos que se instale em terrenos obsoletos do entorno do Largo, criando uma conexão entre as espacialidades e promovendo um fechamento arquitetônico mais uniforme do largo; • Dispor de pontos de atratividade por meios dos equipamentos, garantindo novas dinâmicas de percursos dentro do espaço do largo, distribuindo a ocupação para o entorno como um todo e não somente em pontos específicos;
• Criar um memorial em homenagem a vítimas de LGBTQIAfobia.
A
s ações projetuais que vierem a intervir no Largo do Arouche deveram seguir as seguintes diretrizes e conceitos:
• Manter as características notáveis e de importância para a arquitetura e para a identidade histórica do lugar, como o traçado dos canteiros, a massa arbórea, a amplitude da praça, a desobstrução visual, preservação de monumentos e pontos de referências; • Promover novos elementos qualitativos, que diversifique os usos, melhoria na distribuição de mobiliário e equipamentos, iluminação de melhor qualidade, uma nova pavimentação adequada para os novos espaços do largo que não descaracterize o espaço e que seja acessível aos pedestres; • Os novos edifícios devem ser projetados de maneira que mantenham relação com o Largo, valorizando igualmente o Largo e as novas áreas edificadas; • Potenciar as características das zonas de centralidades, em específico na região do Largo do Arouche, como os térreos com funções públicas ou de acesso público, sendo áreas de comércios e serviços, atraindo uma maior diversidade de usos e frequentadores, as fachadas deveram ser ativas e bem resolvidas, o gabarito deverá seguir o skyline do entorno garantindo uma melhor integração e compreensão visual;
• As dinâmicas sociais devem ser fator determinante nas propostas de intervenção, exaltando as múltiplas identidades dos indivíduos que ali frequentam e dando a devida liberdade de adaptar o espaço a partir das dinâmicas desses mesmos indivíduos, fornecendo características de sentimentos entre o indivíduo e o lugar.
5.4 Programa de necessidades
• A inserção dos edifícios devem explorar as perspectivas visuais dos edifícios nos espaços livres e vias que incidem no local de implantação destes, a fim de promover uma multiplicidade sensorial do espaço, a imprevisibilidade e uma quebra da monotonia visual;
O
programa baseasse nas necessidades da população LGBTQIA+, para a rede de equipamentos urbanos foi proposto distribuir o programa pelos terrenos selecionados no entorno do largo, definindo as funções de uso para cada novo edifício e estabelecendo diretrizes de implantação e concepção arquitetônica, potencializando as relações entre a arquitetura, o entorno edificado, o largo e as dinâmicas sociais do espaço. São equipamentos propostos aqui: • Museu de arte, cultura e memória LGBTQIA+: proporcionando a valorização e a memória LGBTQIA+ na cidade de São Paulo, estabelecendo relação do movimento com o espaço e atendendo a demanda por espaços culturais nas zonas de centralidades. • Casa da arte: destinada a ser ponto de referência para artistas e frequentadores que busquem aprender e produzir arte, contendo uma galeria para que se possa vender o material produzido ali, gerando renda para esses. • Biblioteca: Dispor de um apanhado de material do segmento LGBTQIA+, tornando o espaço centro referencial de pesquisa da temática e também espaço para absorver literatura LGBTQIA+
• Anfiteatro: espaço de uso publico destinado a receber e proporcionar apresentações para os frequentadores do Largo, podendo ter programação fixa de apresentações e o uso do deposito e camarins. • Monumento em memória as vítimas de LGBTQIAfobias: ponto focal destinado a homenagear pessoas vítimas de discriminação. • Centro de apoio a pessoas LGBTQIA+: proporcionar capacitação a pessoas LGBTQIA+, atendendo uma demanda por iniciativas educacionais que melhore as condições sociais dos indivíduos, além de propor espaço para que esses possam tomar iniciativas de trabalho. Um edifício para complementar o programa da prefeitura dos centros de cidadania LGBTQIA+. 121
• Centro médico: Criar um ponto de referência a necessidade de apoio médico e psicológico, sendo um edifício de apoio ao programa da prefeitura de centros de cidadania LGBTQIA+, proporcionando acesso a atendimentos clínicos especializados, psicológico e social. • Residência de acolhimento: um equipamento de apoio ao serviço social, propondo residência para pessoas LGBTQIA+ expulsas de casa e sem condições para se estabilizarem sozinhas, o espaço fornecera quartos individuais para esses, enquanto os mesmos trabalham e estudam nos edifícios do complexo multifuncional LGBTQIA+ para se capacitar e após uma independência, fornecer a vaga para outra pessoa. • Centro de apoio jurídico: edifício que proporcione apoio jurídico a vítimas de discriminação para que se possa ser tomada as devidas medidas. • Delegacia especializada em crimes LGBTQIA+: criar um ponto referencial para fazer denúncias, que proporcione um sentimento de segurança por conta da localização e especialização.
1.1.7 1.1.8 1.1.9 1.1.10 1.1.11 1.1.12 1.1.13 1.1.14 1.1.15 1.1.16 1.1.17 1.1.18 1.1.19 1.1.20 1.1.21
• Centro de esporte e lazer: Atender a necessidade por programas esportivos frente a uma falta de equipamentos desde tipo, equipado com diversas modalidades esportivas, o centro esportivo, segue o modelo SESC.
5.4.1 Programa 1. SETOR CULTURAL 2.211M2 1.1 MUSEU DE ARTE, CULTURA E MEMÓRIA LGBTQIA+ 1434M2 ÁREA ÁREA QUANT. m2 T. 1.1.1 Hall de acesso 1 100 100 1.1.2 Sala de exposições 3 300 900 1.1.3 Banheiros 3 20 60 1.1.4 Café / Lanchonete 1 80 80 1.1.5 Sala diretoria 1 8 8 1.1.6 Sala de reunião 1 10 10
Sala administrativa comum Arquivo Almoxarifado Recursos Humanos (RH) Lavabo Copa Sala curador Sala de curadoria Hall de acesso funcionários Vestiário Descanço funcionários Depósito Material de Limpeza Gerador Condensadores de ar Depósito de lixos
1 1 1 1 2 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1
20 5 5 20 4 10 8 80 10 15 30 15 10 15 10
20 5 5 20 8 10 8 80 10 30 30 15 10 15 10
1.2 CASA DA ARTE 350M2 QUANT. 1.2.1 1.2.2 1.2.3 1.2.4 1.2.5 1.2.6 1.2.7 1.2.8 1.2.9 1.2.10 1.2.11
Hall de acesso Sala multiuso Banheiros Ateliê / Sala de aula Oficina de manutenção Galeria de arte Sala administrativa comum Arquivo Almoxarifado Lavabo Copa
1 1 3 2 1 1 1 1 1 2 1
ÁREA m2 6 60 10 50 30 50 30 5 5 4 6
ÁREA T. 6 60 30 100 30 50 30 5 5 8 6
1.2.12 Depósito material de limpeza 1.2.13 Deposito de Lixo 1.2.14 Condensadores de ar
1 1 1
8 5 10
1.3 BIBLIOTECA 247M2 QUANT. 1.3.1 1.3.2 1.3.3 1.3.4 1.3.5 1.3.6 1.3.7 1.3.8 1.3.9 1.3.10 1.3.11 1.3.12
Hall de acesso / Controle Acervo de livros Banheiros Área de leitura Sala administrativa comum Arquivo Almoxarifado Café / Lanchonete Triagem / Catalogação / Restauro Depósito material de limpeza Depósito de Lixo Condensadores de ar
1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1
ÁREA m2 6 60 10 30 15 3 3 50 30 5 5 10
2. SETOR DE ASSISTENCIA MÉDICA E SOCIAL 1830M2
8 5 10
ÁREA T. 6 60 30 30 15 3 3 50 30 5 5 10
2.1.1 2.1.2 2.1.3 2.1.4 2.1.5 2.1.6 2.1.7 2.1.8 2.1.9 2.1.10 2.1.11 2.1.12 2.1.13 2.1.14
2.1 CENTRO DE APOIO A PESSOAS LGBTQIA+ 345M2 ÁREA QUANT. m2 Recepção / Controle 1 30 Banheiros 3 20 Coworking 1 60 Área de convivência 1 30 Sala de aula 4 15 Sala para oficinas 2 30 Sala administrativa comum 1 15 Arquivo 1 5 Almoxarifado 1 5 Lavabo 2 4 Copa 1 7 Depósito material de limpeza 1 5 Depósito de Lixo 1 5 Condensadores de ar 1 10
ÁREA T. 30 60 60 30 45 60 15 5 5 8 7 5 5 10
2.2 CENTRO MÉDICO 450M2 1.4 ANFITEATRO 180M
2
1.4.1 1.4.2 1.4.3 1.4.4
Área de palco Arquibancada Depósito Camarins
ÁREA QUANT. m2 1 30 1 60 1 60 1 30
ÁREA T. 30 60 60 30
2.2.1 2.2.2 2.2.3 2.2.4 2.2.5 2.2.6 2.2.7 2.2.8
Quadro 4 | Programa de necessidades. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
1 3 1 5 5
ÁREA m2 40 15 30 6 6
ÁREA T. 40 45 30 30 30
5
6
30
1 1
15 8
15 8
QUANT. Recepção / Área de espera Banheiros Consultório de primeiros socorros Consultório de assistência social Contultório médico Consultório especializado em LGBTQIA+ Depósito de material médico Sala diretoria
123
2.2.9 2.2.10 2.2.11 2.2.12 2.2.13 2.2.14 2.2.15 2.2.16 2.2.17 2.2.18 2.2.19 2.2.20 2.2.21 2.2.22 2.2.23
Sala de reuniões Sala administrativa comum Arquivo Almoxarifado Recursos humanos (RH) Lavabo Copa Hall de acesso funconários Vestiário Descanço Funcionários Depósito material de limpeza Gerador Condensadores de ar Depósito de lixo Depósito de lixo hospitalar
1 1 1 1 1 2 1 1 2 1 1 1 1 1 1
15 20 5 5 20 4 19 10 15 30 15 10 15 10 10
2.3 RESIDENCIA DE ACOLHIMENTO 1.035M2 ÁREA QUANT. m2 2.3.1 Ponto comercial 5 30 2.3.2 Acesso e controle ao residencial 1 25 2.3.3 Área de convivência 2 60 2.3.4 Unidade habitacional 30 15 2.3.5 Cozinha Coletiva 3 15 2.3.6 Refeitório Coletivo 3 25 2.3.7 Lavanderia Coletiva 1 100 2.3.8 Sala administrativa 1 20 2.3.9 Lavabo 2 4 2.3.10 Copa 1 7 2.3.11 Depósito material de limpeza (DML) 1 5
15 20 5 5 20 8 19 10 30 30 15 10 15 10 10
ÁREA T. 150 25 120 450 45 75 100 20 8 7 5
2.3.12 Depósitos de lixo 2.3.13 Condensadores de ar
1 1
20 10
20 10
3. SETOR DE DIREITOS HUMANOS 413M2 3.1 CENTRO DE APOIO JURÍDICO A PESSOAS LGBTQIA+ 205M2 ÁREA ÁREA QUANT. m2 T. 3.1.1 Recepção / Área de espera 1 30 30 3.1.2 Banheiro 3 20 60 3.1.3 Sala individual de atendimento 5 6 30 3.1.4 Sala administrativa comum 1 30 30 3.1.5 Arquivo 1 5 5 3.1.6 Almoxarifado 1 5 5 3.1.7 Sala de reuniões 1 15 15 3.1.8 Depósito material de limpeza (DML) 1 5 5 3.1.9 Copa 1 10 10 3.1.10 Depósito de lixo 1 5 5 3.1.11 Condensadores de ar 1 10 10 3.2 DELEGACIA ESPECIALIZADA EM CRIMES LGBTQIA+ 208M2 ÁREA ÁREA QUANT. m2 T. 3.2.1 Recepção / Área de espera 1 30 30 3.2.2 Banheiro 3 10 30 3.2.3 Sala de delegado 3 9 27 3.2.4 Sala de armas 1 5 5 3.2.5 Sala de reuniões 1 15 15 3.2.6 Sala de policiais 1 30 30 3.2.7 Sala de reconhecimento 1 7 7 3.2.8 Sala de audiência 3 4 12 3.2.9 Arquivo 1 5 5
3.2.10 Almoxarifado 3.2.11 Copa 3.2.12 Depósito de lixo Depósito Material de limpeza 3.2.13 (DML) 3.2.14 Condensadores de ar 3.2.15 Acesso presos 3.2.16 Depósito 3.2.17 Cela
1 1 1
5 10 5
5 10 5
1
5
5
1 1 1 2
10 6 2 4
10 6 2 8
4.1.18 4.1.19 4.1.20 4.1.21
Depósito de lixo Condensadores de ar Gerador Ponto comercial
1 1 1
20 15 10 2
20 15 10 200
5.4.1 Fluxogramas LARGO DO AROUCHE CULTURA
ASSISTÊNCIA MÉDICA E SOCIAL
DIREITOS HUMANOS
LAZER E ESPORTES
4. SETOR DE LAZER E ESPORTE 4.231M2 4.1 CENTRO ESPORTIVO 4.231M2 QUANT. 4.1.1 4.1.2 4.1.3 4.1.4 4.1.5 4.1.6 4.1.7 4.1.8 4.1.9 4.1.10 4.1.11 4.1.12 4.1.13 4.1.14 4.1.15 4.1.16 4.1.17
Recepção Banheiro Quadra poliesportiva Campo sintético Academia Vestiário Sala de jogos Sala multiuso Piscina Café / Lanchonete Área de convivência Sala diretoria Sala administrativa comum Recursos humanos (RH) Lavabo Depósito material esportivo Depósito material de limpeza (DML)
1 6 1 1 1 2 1 2 1 1 1 1 1 1 2 3 2
ÁREA m2 30 20 450 450 450 100 200 300 450 150 450 8 30 30 4 50 5
ÁREA T. 30 120 450 450 450 200 200 600 450 150 450 8 30 30 8 150 10
CULTURA MUSEU DE ARTE, CULTURA E MEMÓRIA LGBTQIA+
CASA DA ARTE
BIBLIOTECA
ANFITEATRO
SALAS DE EXPOSIÇÃO
ATELIÊS
ACERVO
PALCO
CAFÉ / LANCHONETE
SALA MULTIUSO
SETOR DE CONVIVÊNCIA
ARQUIBANCADA
ADMINISTRAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO
CAFÉ / LANCHONETE
DEPÓSITO
ACERVO
SETOR DE SERVIÇO
ADMINISTRAÇÃO
CAMARINS
SETOR TÉCNICO
SETOR DE SERVIÇO
Quadro 4 | Programa de necessidades. Figura 112 | fluxograma Largo do Arouche. Figura 113 | Fluxograma cultura. Fontes: Elaborados pelo autor (2020)
MONUMENTO EM MEMÓRIA AS VÍTIMAS DE LGBTQIAFOBIAS
SETOR TÉCNICO
SETOR DE SERVIÇO
125
ASSISTÊNCIA MÉDICA E SOCIAL CENTRO DE APOIO A PESSOAS LGBTQIA+
CENTRO MÉDICO
DIREITOS HUMANOS CENTRO DE APOIO JURIDICO A PESSOAS LGBTQIA+
RESIDENCIA DE ACOLHIMENTO
DELEGACIA ESPECIALIZADA EM CRIMES A LGBTQIA+
SALAS DE CAPACITAÇÃO
RECEPÇÃO
ÁREA DE CONVIVÊNCIA
RECEPÇÃO
SALAS PARA OFICINAS
CONSULTÓRIO DE PRIMEIROS SOCORROS
UNIDADE HABITACIONAL
SALAS INDIVIDUAIS
SALAS DE DELEGADO
COWORKING
CONSULTÓRIOS DE ASSISTEÊNCIA SOCIAL
COZINHAS E REFEITORIOS
ADMINISTRAÇÃO
SALAS DE INTERROGATORIO
SETOR DE CONVIVÊNCIA
CONSULTÓRIOS MÉDICOS
PONTOS COMERCIAIS
SETOR DE SERVIÇOS
ADMINISTRAÇÃO
CONSULTÓRIOS ESPECIALIZADOS EM LGBTQIA+
ADMINISTRAÇÃO
SETOR DE SERVIÇO
ADMINISTRAÇÃO
SETOR DE SERVIÇO
RECEPÇÃO
SALA DE RECONHECIMENTO SALA DE AUDIÊNCIA
SETOR DE CUSTODIA
SETOR DE SERVIÇO
SETOR DE SERVIÇO
ASSISTÊNCIA MÉDICA E SOCIAL CENTRO MÉDICO
RECEPÇÃO QUADRA POLIESPORTIVA
PISCINA
ACADEMIA
VESTIARIOS
SALA DE JOGOS
SALA MULTIUSO
ADMINISTRAÇÃO
SETOR DE SERVIÇOS
Figura 114 | Fluxograma assistência médica e social. Figura 115 | Fluxograma direitos humanos. Figura 116 | Fluxograma lazer e esporte Fonte: Elaborados pelo autor (2020)
5.5 Estudos de implantação
C
om a intenção de promover uma ligação de maior intensidade no espaço fragmentado do largo, foi disposto elementos de atração como solução encontrada para comtemplar essa necessaria interligação.
P
artindo das praças do Largo do Arouche, a unificação em 2 praças é a solução adotada de forma que seja mantida a linha de ônibus que crusa pela Rua Rêgo Freitas até a Av. Duque de Caxias e o acesso dos ônibus que vem pela Rua Rêgo Freitas e usa um acesso pelo Largo para chegar ao terminal Amaral Gurgel. Na via que faz divisa entre o mercado de flores e a quadra do terreno ‘A’, foi proposto o alargamento dos passeios e um trexo de uso misto para a passagem de veiculos em baixa velociade e que venham a parar ali com função de carga e descarga. O desenho da ciclovia foi redefinido de forma mais retilinea e um canteiro central que o separa da via de veiculos foi adicionado a proporcionar uma maior segurança aos ciclistas.
Q
uanto as novas instalações, o programa foi disposto em terrenos e em pontos do Largo de forma a criar uma maior criculaçao e integração das partes do Largo.
Terrenos de implantação Expositor fixo cultura LGBTQIA+ Marcador de identidade visual LGBTQIA+ N ALTERAÇÕES ESPACIAIS
Figura 117 | Maquete eletronica com implantação. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Monumentos no Largo
Mercado de flores
Marcadores de identidade visual
Rua de uso misto (Traffic calming)
Linha de expositores
Alargamento de passeio
Instalações arquitetonicas fixas
Ciclovia 127
Anfiteatro Biblioteca e Residência de acolhimento
Área de interação infantil e Pet place
Museu de arte, cultura e memória LGBTQIA+
Memorial a vítimas de LGBTQIAfobia
Centro de apoio social, médico e juridico Casa da Arte
Delegacia e Centro de esporte e lazer
LOCAIS DESTINADOS PARA AS INSTALAÇÕES
N
Figura 118 | Mapa de implantações propostas. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Faixas de pedestres N
Trajetos orgânicos de pedestres DINÂMICAS DE FLUXOS EXISTENTES
Figura 119 | Mapa de fluxos existentes. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Fluxos de chegada ao Largo do Arouche 129
Faixas de pedestres Trajetos induzidos aos pedestres Pedestres induzidos a permanência Instalações arquitetonicas propostas
N NOVAS DINÂMICAS DE FLUXOS INDUZIDOS
Figura 120 | Mapa de fluxos induzidos. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
5.6 Estudos de Volumetria
A
s volumetrias dos edifícios propostos seguem um padrao de blocos enfileirados e/ou empilhados, deslocados e fora de padrão dentro do eixo vertical e horizontal de cada terreno. Dentro de cada conjunto de blocos de um mesmo edifício, um bloco com as circulações verticais servem de eixo para conectar os outros blocos empilhados na volumetria do edifício como um todo. Na figura 121 os volumes em preto representam as edificações elevadas ao gabarito maximo, desconsiderando valores de Taxa de ocupação e Coeficiente de aproveitamento.
O
terreno ‘A’ que esta sendo comtemplado com o Museu de Arte, Cultura e Memória LGBTQIA+ foi definido como área de detalhamento projetual da proposta deste trabalho.
Delegacia e Centro esportivo Casa da arte Centro de apoio social, médico e juridico
Museu de arte, cultura e memória LGBTQIA+
Biblioteca e Residencia de acolhimento
N
Figura 121 | Volumetria de gabarito max. do complexo. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
131
Eixo de circulação vertical do Centro esportivo Eixo de circulação Vertical do Museu de arte, cultura e memória LGBTQIA+ Eixo de circulação vertical da Residencia de acolhimento
Eixo de Circulação vertical da Casa da arte Eeixo de circulação vertical do Centro de apoio social, médico e juridico
Figura 122 | Volumetria eixos de circulação vertical. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
V
olumetria do terreno ‘A’ elevado ao gabarito maximo. As restrições que intervem na volumetria atual são os indicies de ocupação do solo e o coeficiente de aproveitamento, desse modo, o volume atual foi rebaixado deixando somente uma volumetria de circulações verticais do edificio.
E
ssa volumetria ficara responsavel por receber as intalaçoes de caixa de escadas, elevadores e em sua cobertura como ponto mais alto da volumetria, o reservatorio de agua do edifício. O eixo vertical também sera responsavel por fazer as ligações entre os volumes dos outros setores do edifício. Volumetria de circulações verticais
Figura 123 | Volumetria gabarito máximo. Figura 124 | Volume eixo vertica. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
133
U
m volume responsavel por atender ao programa do setor de serviço foi implantado no térreo de modo que facilite o acesso dos funcionarios com uma ligação direta com a rua, assim como facilitar os fluxos entre suas funções dentro da edifícação.
Volumetria Setor de Serviço
A
partir do eixo criado pelo volume de circulações verticais, um volume responsavel por fazer a ligação entre a rua, a circulação vertical e os demais pavimentos da edificção, é implantado atendendo as funcões de hall acesso.
Volumetria do hall de acesso público
Figura 125 | Acréscimo volumetrico rosa. Figura 126 | Acréscimo volumetrico amarelo. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
Volumetria setor administrativo
Volumetria salas de exposição
Figura 127 | Volumetria setor tecnico e adm. Figura 128 | Volume salas de exposição. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
135
O
s três volumes das salas de exposição foram intercalados pelas volumetrias dos setores tecnicos e administrativo.
Figura 129 | Volumetria parcial. Figura 130 | Intercalação volumes. Figura 131 | Volumetria intercalada. . Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
O
s recortes nas volumetrias das figuras 131 e 132 foram dispostos de maneira a produzir uma vista em agulo direto para o Largo do Arouche e no ultimo pavimento, um novo recorte foi executado de modo a criar uma área de mirante com vista para as copas das arvores do Largo e do Skyline dos edificios.
Recorte angular na volumetria
Figura 132 | Recorte volumes exposição. Figura 133 | Recorte volumes setor adm e serviço. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
137
U
m elemento horizontal foi inserido de forma a criar uma continuidade da volumetria rosa, criando a continuidade das fachada na testada da rua e a inversĂŁo de uso nos dois ultimos pavimentos.
Elemento horizontal
Novo recote de volumetria
Figura 134 | Novo recorte ultimo pavimento. Figura 135 | Inserção marquise volume rova. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
+ 45.00
+ 30.45 + 25.375
+ 20.30
+ 15.225
+ 10.15
+ 5.075
0.00
Figura 136| Volumetria final Figura 137 | Volumetria explodida . Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
139
E
studo 1 para elemento de fachada: um sistma de estrutura metalica em perfil ‘I’ ordenados em forma de losango e coloridos nas cores da bandeira LGBTQIA+ em degrade de cores do rosa ao roxo.
Figura 138 | Estudo 1 elemento de fachada. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
E
studo 2 para elemento de fachada: um sistema de cabos e/ou faixas em malha tensionada, criando novas inclinações na volumetria da fachada do edifício. Esse sistema de cabos/faixas são ordenados em blocos e coloridos individualmente criando blocos coloridos na fachada, as cores ultilizadas são as 8 cores da bandeira LGBTQIA+, dispostos de forma aleatoria pela fachada.
Figura 139 | Estudo 2 elemento de fachada. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
141
746.07 746.10
V V
5.7 Projeto
743.49
745.66 746.08
4
7.32
746.31
743.14 746.21
741.77
741.81
V
746.17
745.30
10
A
14
746.38 746.32 1
746.30
V
746.17
741.83
741.70
746.74
9.99
746.
11
745.69
2
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
742.37
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
3
746.42
V
V
742.04
746.26
743.45 744.71
743.21
745.04
746.10
V
746.61
4 6.7
74
742.13 746.29 V
V
V
74
5
V
56
6.
74
V
V
V
C
12 14
B
11
G
14
9.19 F
VISTA
2
15 14 13 12 11 10 9
21 20 19 18 17 16
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
8 7 6 5 4 3 2 1
sobe
28 27 26 25 24 23 22 0,00
VISTA 1
E
5.05 D
5.05 C
5.05
A
B
C
12 1 4
10
14
6.50 A
PLANTA BAIXA - PAV. TÉRREO N
B
11
14
Figura 140 | Localização. Figura 141 | PB pav. Térreo. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
0m
2m
6m
14m
143
C
12 14
B
11
G
14
9.19
4
2
21 20 19 18 17 16
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
15 14 13 12 11 10 9
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
7.32
F
VISTA
8 7 6 5 4 3 2 1
3
2
sobe
14
9.99
A
28 27 26 25 24 23 22
10
1
VISTA
+5,075
1
E
5.05 D
5.05 C
A 6.50
0m
A
2m
B
6m
10
11
14m
5.05 B
PLANTA BAIXA - 1ª PAVIMENTO N 14
Figura 142 | PB. 1ª pavimento. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
14
C
12 14
B
11 14
G
9.19
4
2
7.32
F
VISTA
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
15 14 13 12 11 10 9
2
21 20 19 18 17 16
3
8 7 6 5 4 3 2 1
sobe
14
9.99
A
28 27 26 25 24 23 22
10
+10,15
1
VISTA 1
E
5.05 D
5.05 C
5.05
10 1 4 B
A
6.50 A
PLANTA BAIXA - 2ª PAVIMENTO N
B
11
14
Figura 143 | PB. 2ª pavimento. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
0m
2m
6m
14m
145
C
12 14
B
11 14
G
9.19
4
2
7.32
F
VISTA
2
sobe
14
9.99
A
28 27 26 25 24 23 22
10
+15,225
1
VISTA
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
21 20 19 18 17 16
PRODUCED BY AN AUTODESK STUDENT VERSION
15 14 13 12 11 10 9
8 7 6 5 4 3 2 1
3
1
E
5.05 D
5.05 C
A
6.50 A
14
0m
B
2m
11
6m
10 1 4 B
PLANTA BAIXA - 3ª PAVIMENTO N 14m
5.05
Figura 144 | PB. 3ª pavimento. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
C
12 14
B
11
G
14
9.19
4
2
7.32
F
VISTA
15 14 13 12 11 10 9
2
21 20 19 18 17 16
3
8 7 6 5 4 3 2 1
sobe
14
9.99
A
28 27 26 25 24 23 22
10
+20,3
1
VISTA 1
E
5.05 D
5.05 C
5.05
10 1 4 B
A
6.50 A
PLANTA BAIXA - 4ª PAVIMENTO N
B
11
14
Figura 145 | PB. 4ª pavimento. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
0m
2m
6m
14m
147
C
12 14
B
11 14
G
9.19
4
2
7.32
F
VISTA
15 14 13 12 11 10 9
2
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21 20 19 18 17 16
8 7 6 5 4 3 2 1
3
sobe
14
9.99
A
28 27 26 25 24 23 22
10
25,375
1
VISTA 1
E
5.05 D
5.05 C
A
6.50 A
0m
B
2m
11 14
6m
10 1 4 B
PLANTA BAIXA - 5ª PAVIMENTO N 14m
5.05
Figura 146 | PB. 5ª pavimento. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
C
12 14
B
11 14
G
9.19
4
2
7.32
F
VISTA
15 14 13 12 11 10 9
21 20 19 18 17 16
8 7 6 5 4 3 2 1
3 2
sobe
9.99
14
1
28 27 26 25 24 23 22
A
VISTA
30,45
1
E
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10
5.05 D
5.05 C
5.05
10 B
A
14
6.50 A
PLANTA BAIXA - 6ª PAVIMENTO N
B
11
14
0m
Figura 147 | PB. 6ª pavimento. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
2m
6m
14m
149
C
12 14
B
11
G
14
9.19
4
2
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7.32
F
VISTA
3 2
A
14
9.99
10
1
VISTA 1
E
5.05 D
5.05 5.05
10
A
B
6m
2m
6.50
0m
A
14m
C
PLANTA DE COBERTURA N B
11
14
Figura 148 | Planta de cobertura. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
14
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CORTE AA N 0m
Figura 148 | Corte AA. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
2m
6m
14m
151
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CORTE BB N 14m
6m
2m
0m
Figura 149 | Corte BB. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
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CORTE CC N 0m
Figura 150 | Corte CC. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
2m
6m
14m
153
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VISTA 1 - FACHADA PRINCIPAL N 14m
6m
2m
0m
Figura 151 | Fachada principal. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
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VISTA 2 - FACHADA LATERAL DIREITA N 0m
Figura 152 | Fachada lateral direita. Fonte: Elaborado pelo autor (2020)
2m
6m
14m
155
157
159
161
163
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