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Distrib
Bebedouro
Jornal Regional de Bebedouro
Gratuuiição ta
nº 15
bons de bico
Janeiro de 2012
Cidadania
privataria tucana O PSDB comandou o maior roubo no Brasil, que movimentou US$ 2,5 bilhões
senhor faxina Aparecido Borba, 67 anos, limpa o lago da cidade. Na boa e de graça
Pág. 2
política Verônica Serra
José Serra
dem x prefeitura As acusações sobre a obra que mal começou e já está abandonada
Pág. 3 Ricardo Sérgio
FHC
memória
cultura
A jovem que respira arte Karina Minto deixou pra lá a Psicologia e a Tradução e agora só faz o que gosta Pág. 6
a suíça é logo ali Sinval, o craque de bola bebedourense que virou dirigente em Genebra
Pág. 7
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A Privataria
Cidadania
O homem que limpa o Lago Motorista dá exemplo de cidadania e disposição
Aos tucanos, como são chamados os políticos do Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB, não faltam professores de malandragem. Quem tem alguma dúvida vá às livrarias e adquira um exemplar de A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que nos revela como o PSDB operou a maior falcatrua brasileira, nos tempos da privatização, lesando o País de muitas formas: entregando empresas públicas ao capital privado nacional e internacional, alardeando que essas entregas eram um belo exemplo de modernidade enquanto levava no bico – literalmente – uma senhora grana advinda desses malfeitos espúrios. O livro revela os documentos secretos e mostra as fantásticas viagens que faziam as fortunas tucanas até alcançarem o seu ninho no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Dessa leitura, além da denúncia, fica-nos uma sensação de horror, de asco explícito, ainda mais porque tudo era apresentado ao grande público pela mídia comercial – conhecida nas eleições como o Partido da Imprensa Golpista (PIG) – como uma “grande saída”. Todos mentiram aos borbotões e jorraram suas golfadas sobre o povo brasileiro. É isso. Boa leitura!
vale o que vier Encaminho a Vossa Senhoria um rol de sugestões e metodologias para o ensino fundamental de escolas públicas estaduais e municipais visando a eficácia do ensino e da aprendizagem das crianças e de adolescentes, que eu intitulei “Projeto Construtivismo e Decoreba Juntos”. Sem mais para o momento, despeço-me. Marcos Antônio Marques, Bebedouro-SP
jornal on-line Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões jornalba@redebrasilatual.com.br
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editorial
Aparecido, o funcionário público que não aguenta ficar parado
Aparecido José Borba, de 67 anos, é funcionário público municipal há 32. Motorista do Departamento de Educação, ele é responsável pelo transporte dos alunos. Durante as férias escolares, para não ficar sem fazer nada o dia todo na garagem municipal, Aparecido resolveu limpar o Lago Artificial. As águas daquele que já foi um belo cartão postal de Bebedouro hoje encontram-se
tomadas por aguapés. O paisagismo, os bancos e o calçamento estão deteriorados, enfeando uma região que já foi bela e agradável para a prática de passeios e caminhadas. Se a Prefeitura não faz sua parte, Aparecido Borba resolveu fazer ele próprio. Por muitos dias, debaixo de sol, ele enfrenta o trabalho pesado de retirada das pragas aquáticas – os aguapés. “O lago está muito feio desse jei-
to, meu objetivo é deixá-lo limpo e bonito antes de terminarem as férias” – diz Borba, resoluto. O funcionário público conta que ele ouve de tudo. “Tem gente que passa e me dá os parabéns pela iniciativa, mas tem também aqueles que me chamam de tonto por eu estar no meio desse barro” – diz, sorrindo. Também há quem passe por lá e diga que o trabalho deveria ser feito pelo prefeito Italiano.
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Expediente Rede Brasil Atual – Bebedouro Editora Gráfica Atitude Ltda. – Diretor de redação Paulo Salvador Editor João de Barros Revisão Malu Simões Diagramação Leandro Siman Telefone (11) 3241-0008 Tiragem: 10 mil exemplares Distribuição Gratuita
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política
Obra intermediada pelo DEM está abandonada Vereador Sensei argumenta que dinheiro não veio; Prefeitura diz que a empreiteira desistiu As obras daquele que deveria ser o Centro Educacional de Esporte e Lazer (CEEL), do bairro Santa Terezinha, estão abandonadas. No terreno há uma placa do Governo do Estado, que informa detalhes da obra. Há seis meses, foram iniciadas as fundações e erguidas as primeiras paredes do projeto. Depois, veio o abandono: o mato tomou conta do terreno, algumas paredes caíram com as chuvas e o tapume está destruído. Os recursos para a construção deveriam vir de uma emenda parlamentar solicitada pelo vereador Sensei, junto ao deputado estadual Gilson de Souza, ambos do DEM. Segundo alguns mo-
radores do bairro, o vereador democrata apareceu por lá e pediu para que eles tomassem conta da construção, que estaria parada, segundo ele, “porque a verba não teria vindo”. Mas a Prefeitura diz que a empreiteira contratada para realizar a construção teria desistido. Enquanto isso o bairro sofre. Moradores denunciam a existência de escorpiões no terreno, o que deixa as pessoas com medo, por causa das crianças. Criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, já teriam sido encontrados no local. Diante das diferentes justificativas dadas pela Prefeitura e pelo vereador, algumas perguntas ficam sem resposta. O
A placa fala da parceria governo do Estado e Prefeitura: belíssima parceria!
caso de desistência ou abandono da obra? Se não prevê, de quem foi o erro? Há até gente se perguntando se, por acaso, essa não seria uma emenda envolvida no escândalo da venda
dinheiro veio ou não veio? Se a obra está parada por desistência da empreiteira, por que ela desistiu? Quem paga o prejuízo? O contrato de prestação de serviço não prevê multa em
de emendas na Assembleia Legislativa (matéria da edição passada do jornal Brasil Atual-Bebedouro), sob o comando do governador Geraldo Alckmin.
música
RockTape, o som que desperta o jovem a participar Aldemir Marini Júnior, o Bugalú, de 26 anos, é vocalista; Kelson Palharini, de 24, toca os violões e a guitarra; Higor Brunozi Paganelli, de 23, é outro guitarrista; José Henrique Gomes, o Zelão, 24 anos, vai no baixo; e Kalil Maena, 20 anos, na bateria. A atual composição da Banda RockTape tem apenas um ano, mas seus componentes têm trajetória musical desde muito cedo. Todos passaram por outras bandas. E parece que vão longe. Na noite de 14 de dezembro, a banda lançou, no Kaza Bar, o projeto de concluir seu primeiro
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Apresentando só canções próprias e reflexivas, banda luta para sair do lugar comum
CD até o meio do ano. Com músicas próprias, classificadas de “reflexivas”, o grupo pretende despertar o jovem para partici-
par da sociedade. O trabalho já foi reconhecido e premiado, em outubro passado, no II Festival da Canção de Sertãozinho, com
a música O Tempo. Segundo Zelão, todos gostam das canções, porém ele destaca uma, Olhos Fechados, que “mexe com as pessoas na medida em que trás uma mensagem de esperança, de mudança por suas próprias mãos e vontade”. A banda participou de festivais em várias cidades da região – Jaboticabal, Sertãozinho e Ribeirão Preto – e pretende construir uma carreira que dê a seus integrantes a possibilidade de viver da música. Por enquanto, isso não é possível. Todos têm outras profissões para ganhar a vida,
mas boa parte dos salários custeia as despesas com as apresentações – Zelão é professor de português, Bugalú trabalha na área da educação, Kelson e Kalil com informática e Higor é publicitário. Todos têm experiência com a tietagem. Higor Paganelli conta que na última Exposição de Caminhões de Bebedouro, a Expocabe, a banda abriu a apresentação do grupo Calcinha Preta e, no final, foi abordada por algumas garotas que pediam autógrafos e para tirar fotos. “Ficamos surpresos e felizes” – conta Paganelli.
4 A privataria tucana
Privatização: livro denuncia Serra, família e amigos E conta como o PSDB comandou a maior falcatrua no Brasil, que movimentou US$ 2,5 bilhões
divulgação
Os tucanos comandaram o processo de privatização das empresas públicas na década de 1990, que movimentou US$ 2,5 bilhões e distribuiu propinas de US$ 20 milhões, segundo o livro A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., de 320 páginas – 200 de texto jornalístico e 120 de reprodução de provas. Baseado em documentos, Amaury mostra como o PSDB vendeu o patrimônio público a preço de banana. Entre a compra e a venda, funcionava a lavagem de dinheiro e suas conexões com a mídia e com o mundo político. Os envolvidos são gente do alto tucanato: o livro liga o ex-candidato do PSDB à presidência, José Serra, a um esquema de desvio e lavagem de dinheiro e
Serra, Verônica, FHC, Dantas, Preciado e as Ilhas Virgens Britânicas: tucanos bons de bico
o acusa de espionar adversários políticos. “Quando ministro da Saúde, Serra criou uma central de montagem de dossiês na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no governo FHC.” O livro afirma também que o esquema era feito por meio de empresas off-shore das Ilhas Virgens Britânicas, e foi idealizado pelo ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil e ex-tesoureiro da campanha de Serra e FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira. Outros esquemas semelhantes eram realizados pelo genro dele, Alexandre Bourgeois, por sua filha Verônica – que mantinha empresa em sociedade com a irmã do banqueiro Daniel Dantas – e pelo seu sócio, Gregório Marin Preciado.
Amaury Ribeiro Jr.
Como era o esquema de corrupção dos amigos e parentes de José Serra? O tesoureiro do Serra, o Ricardo Sérgio, criou um modus operandi de operar dinheiro do exterior, e eu descobri como funcionava o
esquema. Eles mandavam o dinheiro da propina para as Ilhas Virgens, um paraíso fiscal. Depois, simulavam operações de investimento para a internação de dinheiro. Usavam umas off-shores que simulavam investir dinheiro em empresas que eram deles mesmos no Brasil, numa ação muito amadora. Como você pegou isso? As transações estão em cartórios de títulos e documentos. Movimentou bilhões? Bilhões. Os banqueiros, ligados ao PSDB, formados na PUC do Rio, com pós-graduação em Harvard, sofisticaram a lavagem de dinheiro. A gente é simples, formado em jornalismo na Cásper Líbero, mas aprendeu a rastrear o di-
nheiro deles. Eles inventaram um marco para lavar dinheiro, seguido por criminosos como Fernando Beira-Mar, Georgina (de Freitas que fraudou o INSS). Os discípulos da Georgina foram condenados por operações semelhantes às que o Serra fez, que o genro dele, Alexandre Bourgeois, fez, que o Gregório Preciado fez, que o Ricardo Sérgio fez, que o banqueiro Daniel Dantas, que comandava a corrupção, fez. Serra espionava o Aécio? Está documentado. Ele contratou a Fence Consultoria, empresa que faz varreduras contra grampos clandestinos, no Rio de Janeiro. O Serra gosta de espionagem e manda espionar os inimigos dele. Ele contratou
a empresa de um coronel baixo nível da ditadura. O pretexto era que fazia negócio de contraespionagem. O doutor Ênio (Gomes Fontenelle, dono da Fence) trabalhou na equipe dele. Para espionar o Aécio. E a ex-governadora maranhense Roseana Sarney? Está no Diário Oficial. O agente era o Jardim (Luiz Fernando Barcellos), ligado ao Ricardo Sérgio. Mas a imprensa defende o Serra e não divulga. Dilma contra-atacou com arapongas também? Não. As pessoas que trabalhavam na campanha da Dilma eram ligadas ao mercado financeiro. Me chamaram porque vazava tudo. Os caras faziam uma reunião e, no dia
seguinte, estava na imprensa. Eu achava que era coisa do (ex-deputado tucano Marcelo) Itagiba ou do (candidato a vice-presidente, deputado do PMDB, Michel) Temer. Aí veio a surpresa: era o fogo-amigo do PT, de Rui Falcão (atual presidente do PT e deputado estadual).
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A entrevista com o autor das denúncias
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Silêncio ensurdecedor
De pronto tropeço em duas razões para o costumeiro silêncio ensurdecedor da mídia nativa. A primeira é tradição desse pseudojornalismo arcaico: não se repercutem informações publicadas pela concorrência. Tanto mais quando saem nas páginas impressas por quem não fala a língua dos vetustos donos do poder e até ousa remar contracorrente. A segunda razão é o próprio José Serra e o tucanato em peso. Ali, ai de quem mexe, é a reserva moral do País. Mino Carta, revista CartaCapital
ram. A seguir, estão os governistas PMDB e PSB (18 cada), PDT (17), PR (15) e PCdoB (13). Alguns oposicionistas – DEM (5), PSDB (4) e PPS (4) – também aderiram. No lançamento do livro, organizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé na sede do Sindicato dos Bancários, Protógenes afirmou que a iniciativa visa a proteger a integridade física do autor do livro. “Não poderíamos demorar
Censura combinada
Em 47 anos de trabalho nas redações nunca tinha visto nada igual, nem na época da ditadura, quando a gente não era proibido de escrever, apenas os censores não deixavam publicar. Foi como se todos houvessem combinado que o livro simplesmente não existiria. Esqueceram-se que o mundo foi revolucionado por um negócio chamado internet, em que todos nos tornamos emissores e receptores de informações, tornando-se impossível esconder qualquer notícia. Ricardo Kotscho, TV Record e Portal R7
ming’ e perder o Amaury”, lembrou. O jornalista corria o risco de “virar estatística”, segundo termos do delegado, “sofreria um ‘assalto’, diriam que reagiu”. A expectativa é de que o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), instale a comissão em fevereiro, depois do recesso. “Se a CPI for mesmo aberta, vou avisar que o que está no livro é pequeno”, adiantou Ribeiro Jr. O ano novo promete.
Propaganda política
A chamada “grande imprensa”, por ter mais responsabilidade que os blogueiros ditos independentes, mas que, na maioria, são sustentados pela verba oficial e fazem propaganda política, demorou mais a entrar no assunto, ou simplesmente não entrará, porque precisava analisar com tranquilidade o livro para verificar se ele realmente acrescenta dados novos às denúncias sobre as privatizações, e se tem provas. Merval Pereira, O Globo
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Michel Filho
no livro. As 185 assinaturas – 14 a mais do que o mínimo de um terço dos 513 membros da Câmara Federal – colhidas pelo deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) incluem gente de todas as colorações partidárias. Embora os líderes do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e do PT, Paulo Teixeira (SP), tenham preferido não assinar o pedido, para manter a “neutralidade” que a relação com outras legendas
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O governo FHC arrecadou R$ 85,2 bilhões com a venda das empresas públicas. Mas o país pagou R$ 87,6 bilhões para as empresas que assumiram esse patrimônio – R$ 2,4 bilhões a mais do que recebeu. O prejuízo veio porque o governo absorveu as dívidas das empresas, demitiu um monte de gente, emprestou dinheiro do BNDES aos compradores e aceitou como pagamento o uso de “moedas podres”, títulos do governo que valiam metade do valor de face. A “costura”, feita por Ricardo Sérgio, envolvia o pagamento de propina dos empresários que participavam do processo. O dinheiro era lavado em paraísos fiscais. Promoveu-se um desmonte das empresas públicas, fazendo-as parecer mais inoperantes do que eram – assim, quase foram pelo ralo o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Para a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, o livro prova a importância do combate do movimento sindical ao processo de privatização. “A velha imprensa não repercute as graves denúncias e mostra a sua parcialidade. Esperamos que o Ministério Público e a Polícia Federal investiguem esses crimes de que trata o livro e retomem para os cofres públicos todo o dinheiro desviado.”
rações ilegais e dificultar novos desvios, a discussão precisa passar pelo Congresso Nacional. O primeiro passo, porém, é a investigação. Depois da chegada aos pontos de venda, não tardou para parlamentares de diferentes legendas fazerem menção à publicação e entrar na agenda o pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso. O fato relevante exigido pela Constituição para levar adiante a CPI da Privataria
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uma Comissão Parlamentar de Inquérito As perdas Por Para proteger o país de ope- está nos documentos contidos exige, 67 petistas o subscreve- muito para não perder o ‘ti-
Perda de critério
À perda de critério jornalístico somaram-se intenções comerciais e políticas dos grupos jornalísticos. Como justificar o escândalo em torno de um avião alugado que transportou o Lupi, a denúncia de que Orlando Silva recebeu dinheiro na garagem e ignorar documentos levantados por Amaury Ribeiro Jr.? Os argumentos de Merval Pereira foram uma tentativa desesperada de convencer o procurador geral da República de que há critério jornalístico que impede que os jornais divulguem o livro. Luis Nassif, jornalista
6 cultura
Karina Minto respira arte. E faz arte o tempo todo Formada em psicologia, essa tradutora e intér prete se encontrou mesmo no mundo artístico
karina minto
karina minto
Fragmentos da criação
Karina Minto e seus autorretratos premiados
Karina Ferreira Minto, de 35 anos, é bebedourense, filha do popular Brechó e da bancária aposentada Elvani Ferreira Minto. Ainda no primeiro grau, na Escola Estadual Dr. Paraíso Cavalcanti, ela nutria “grande admiração” pela professora de Português, Ana Soller – não por acaso viraria escritora e intérprete. Desde pequena, ela também demonstrava grande pendor artístico. Jovem, Karina cursa psicologia na Universidade Federal de Uberlândia, de 1993 a 1997, e, no ano seguinte, muda-se para a Itália em busca de mais conhecimento profissional e amadurecimento pessoal. Em 1999, em Trieste, na Itália, ela inicia o curso de pós-graduação de tradução. Dois anos depois, na Alemanha, aprofunda-se na língua germânica. Depois, volta ao Brasil, em 2002, para
Belo Horizonte, onde mora até hoje. Na capital mineira matricula-se no curso de Arte e Educação e dedica-se à serigrafia (o popular silk-screen). “Foi paixão à primeira vista, pois na psicologia o foco é a doença e na produção artística é a saúde, a vida” – diz com entusiasmo. Karina pensa como Carl Gustav Jung, o psiquiatra suíço fundador da psicologia analítica: “A arte não é apenas um processo de captura mas de transformação, o que permite viajar no tempo e no espaço”. Ela ainda cita Friedrich Nietzsche, o influente filósofo alemão do século 19: “Precisamos da arte para sobreviver”. Além da serigrafia, ela produz também colagens digitais e vídeos. Já participou de trinta exposições no Brasil, entre elas, a Exposição no Consulado Italiano, em São Paulo, e
na Livraria Cultura. No Japão foi premiada pelo trabalho da série Entrada no Paraíso. Já no irreverente trabalho Expulsão do Paraíso (veja texto ao lado), ela conta que sua escrita “beira o absurdo”. A artista está agora num projeto de arte urbana na internet – Barbaridades e Absurdos –, trabalho surrealista no qual ela anuncia falcatruas na venda, compra e troca de produtos. “Minha intenção é distribuir o anúncio pelas cidades e aguardar os e-mails a fim de investigar como anda a ética dos brasileiros” – diz. Em seguida, questiona: “Será que a corrupção é exclusividade da política ou é uma atitude recorrente aos cidadãos médios como nós?”. Esse trabalho será finalizado com uma ex-posição dos e-mails recebidos, preservando-se a identidade dos que fizeram encomendas.
Expulsão do Paraíso
Eva saiu do paraíso com uma folha de alface na frente e outra atrás e veio parar no país dos filhos da puta, de indigentes de toda sorte, dos assassinos cruéis, dos fanáticos por futebol e dos foras da lei de todas as espécies. Desprovida de seus bens, inclusive de seus adereços pessoais, só lhe restou uma maçã – fruto de suas ações ilícitas – e duas folhas de alface que mal lhe permitiram cobrir suas partes íntimas. Endividada, com o nome sujo, com vários cartões de crédito próximos do vencimento e alguns filhos espalhados pelo mundo, Eva diz num tom que oscila entre o sarcástico e o irônico que a culpa é sempre da mulher. Afinal, que fim levou Adão? Devido ao fato de já ter nascido endividada, Eva tornou-se símbolo do capitalismo desenfreado. Junto com ela, foram criados o Fundo Monetário Internacional, a Bolsa de Valores, o Serviço de Proteção ao Crédito, a Serasa, as taxas
Por Karina Minto de câmbio, alíquotas nacionais e estrangeiras, juros, moras, investimentos, a indústria bélica, o consumismo e as agências de publicidade, feitas para vender sardinha por salmão e para garantir a felicidade de todos de modo indiscriminado. A primeira coisa que Eva fez ao sair da casa dos pais foi entrar em uma dessas lojas que oferecem o próprio cartão como sinal de exclusividade – não sei ao certo se Riachuelo ou Pernambucanas – e contraiu uma dívida secular como quem contrai uma doença incurável. Ao se deparar com tantos produtos pronunciou as seguintes palavras: “Pecado é não poder comprar” e continuou seu solilóquio fugaz: “Se eu não puder pagar à vista, parcelo no cartão em até 12 vezes sem entrada”. Casou-se várias vezes, teve muitos filhos, fez viagens, deu festas, mas nunca conseguiu saldar sua dívida. Arrependida somente por ter gastado além do que seu salário lhe permitia, hoje ela vende o próprio corpo no sinal. Objeto de consumo e sujeita às oscilações do real, durante sua fase áurea, Eva fez de tudo um pouco: sucções, streap-tease, massagem à romana, escaladas, dança do ventre, bocejo em clave de sol de frente, de bruços e de quatro. Sofreu tentativas de abuso por parte de clientes mal-intencionados, proliferou candidíase, HPV, se apaixonou, e desapaixonou.
7 memória
Sinval, o bebedourense que conquistou a Suíça Quase ninguém o conhece pelo nome, Sinval José de Campos. Porém, quando se fala em Nita ou Nitinha, apelido que ganhou da mãe, dona Margarida, seus contemporâneos sabem de quem se trata. Aos 44 anos, Sinval contagia pela empolgação com que fala e se dedica ao futebol. Morador de Genebra, ele é dirigente esportivo do time do Servete, onde trabalha com o ex-jogador da seleção portuguesa Costinha. Mas sua história é longa. Começa em Bebedouro, onde nasceu, em 6 de abril de 1967. Moleque bom de bola, tinha seu próprio time, o São Paulinho, em homenagem ao time do coração. Com ele disputava as “peladas” nos campos de terra batida, onde se sagrou campeão de vários torneios da garotada. Aos 15 anos, foi convidado pelo treinador Vianna a participar do time da antiga Procontel, extinta empresa de telefonia dos anos 1980. Todos diziam que o atacante era a reencarnação do estilo Garrincha e se maravilhavam com o seu jeito atre-
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“Nitinha” saiu daqui aos 16 anos. Hoje, ele é dirigente do clube Servete, em Genebra
Diversas fases da vida de Sinval, um jogador que ganhou o mundo e vive hoje na Suíça
vido de jogar. Durante um torneio em Campinas, um olheiro da Ponte Preta o viu e, depois de um teste rápido, foi convidado a ficar. Lá, o técnico Cilinho também se encantou com seu futebol e, aos 18 anos, o profissionalizou no time. Nessa época, o narrador esportivo Luciano do Vale referia-se à macaca como a “Ponte Preta de Sinval”. Chegou à Seleção Brasileira Juvenil, hoje Sub-20. Convocado,
participou de um torneio no Qatar e foi campeão com a seleção – ele foi considerado um mágico pelo Rei, que o presenteou com vários mimos. Em seguida, transferiu-se para o Servete, de Genebra, Suíça, que o projetou mundialmente – lá, ele ficou nove anos. Depois, foi para o Mérida da Espanha, onde permaneceu seis anos, e encerrou a carreira no Pachuca do México, time em que jogou um ano. Sinval
foi convocado para a Seleção Brasileira principal e participou da despedida do jogador
da seleção italiana Altobelli, com Zico, Careca, Casagrande, Tafarell e Mauro Galvão, também seu companheiro no clube suíço. Hoje, o ex-jogador tem uma Escola de futebol em Genebra, onde ensina e incentiva o futebol arte, que encanta os habitantes dos Alpes. Sinval é querido no país. Por isso, o time que defendeu o contratou como dirigente. Sinval gosta também de jogar tênis e de cavalgar. Tanto que é criador de cavalos das raças manga-larga e quarto de milha. Tem três filhos: Janaína, Lorry e Loic. O ex-craque bebedourense permanece nas terras frias do norte europeu até hoje. E faz o que mais gosta.
Fã das legítimas Quando foi apresentado no Servete, um representante da Adidas, patrocinadora do time, deu-lhe um chinelo da marca. Sinval, de jeito simples e espontâneo, não teve dúvida e mandou: “não estou acostu-
mado com esse chinelo, prefiro o brasileiro havaianas”, o que desconcertou o representante da Adidas. Segundo Nitinha, vários jogadores do time passaram a usar o chinelo brasileiro depois disso.
A Casa do Adolescente precisa de sua ajuda Para oferecer oficinas de informática e artesanato aos jovens, ajude:
√ Bazar de Usados – Contribua doando roupas, sapatos, bolsas, eletrodomésticos, objetos de decoração, enfim, tudo que pode ser vendido e se transforme em recursos para a entidade. √ Amigo Contribuinte – Seja um amigo contribuinte da entidade. Doe a partir de R$ 10,00 e ajude a Casa a atender as crianças para erradicar o trabalho infantil e a evasão escolar. √ Destinando 1% do Imposto de Renda – Você e sua empresa ajudam a Casa destinando a ela 1% do IR, em caso de pessoa jurídica, e 6%, em caso de pessoa física. Fale com o seu contador. Você não paga nada a mais por isso e destina uma parte do imposto à Casa.
Rua: Mauro de Abreu Izique, 255 – Jardim Casagrande – Fone: (17) 3345-1622 – falar com Andreza ou Roberto
8 foto síntese – história demolida
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Horizontal – 1. Ato pelo qual se pode obter o produto final de um processamento digital, especialmente em programas de modelagem 2D e 3D 2. Cidade do Paraná 3. Monarca; A primeira vogal duplicada 4. Provocar, amolar 5. O, em alemão; rico, endinheirado 6. Antigo Testamento; Dar à luz em parto 7. Nome de uma estrela; Forma abreviada de altitude 8. Viseira de boné, quepe ou chapéu; Satélite da Terra 9. Pelado; Partir 10. Provocar a demora 11. Terreno cuja cultura se interrompeu para repouso; Impressão variável que a luz refletida pelos corpos produz no órgão da vista.
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Vertical – 1. Qualidade de raro; Sigla do Amapá 2. Pessoa que, como penitência ou por índole, vive solitária em lugar deserto; Ação 3. Sinal gráfico pelo qual se distingue cada um dos quatro grupos de cartas de um baralho; Long-play (Abrev.); (Quím.) Símb. de rutênio 4. Distrito Policial (Abrev.); Mulheres que têm avareza 5. Relativo ou pertencente à Eólia; Sigla de Alagoas; Sétima nota musical 6. Sigla do Rio Grande do Norte; Copa, em inglês; Homem pequeno 7. (Fem.) Que é falto de instrução, ignorante; Cidade da Mesopotâmia localizada na grande Babilônia, junto ao rio Eufrates, habitada na Antiguidade pelos caldeus 8. A última e a primeira letra do nosso alfabeto; Próprio do campo 9. Dá sustentação ao voo; Dissolvido, desfeito 10. Chegar ao porto.
vale o que vier As mensagens podem ser enviadas para jornalba@redebrasilatual.com.br ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.
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